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1) Leia atentamente a lição, com sua Bíblia aberta, para ler todos os textos
citados.
2) Alunos regulares, após a leitura, podem acessar o fórum de discussão do dia, e
encaminhar algum comentário se desejar, ou fazer alguma pergunta referente
ao assunto.
3) Você também pode interagir com os comentários e perguntas dos demais
alunos.
4) O professor ministrará alguns pontos desse texto na aula “ao vivo”.
Introdução
I. Razão X Emoção
Um cristão deveria ser alguém com discernimento. Não poderia engolir tudo
que ouvisse por aí sem considerar atentamente o que está ouvindo. O caos da
irracionalidade moderna não deveria atingir a fé. Mas infelizmente, hoje em dia, as
grandes doutrinas da Palavra de Deus estão quase que esquecidas. Em geral, as
pessoas sabem muito pouco sobre os atributos de Deus, as naturezas de Cristo, ou
sobre o verdadeiro significado do batismo com o Espírito Santo. E quando sabem,
parecem não ter muito interesse a respeito. Se as questões escatológicas causam
Disciplina: Introdução à Bíblia
Professor: Dr. Leandro Lima
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discussão, por outro lado são apenas superficiais, em assuntos selecionados, muito
mais voltadas para especulações sobre o milênio ou o arrebatamento do que para
conteúdo substancial. Uma das razões dessa falta de conteúdo tem a ver com as obras
teológicas publicadas. Boas obras de teologia, muitas vezes, estão em linguagem
inacessível para os não iniciados. Enquanto isso as prateleiras das livrarias cristãs
estão cheias de livros de autoajuda, que prometem soluções milagrosas em apenas
“alguns passos”, mas que não trazem verdadeiro crescimento na graça e no
conhecimento de Deus (2Pe 3.18). O fato é que ser cristão hoje está se tornando
apenas questão de sentimentalismo. E as vezes, até de gosto pessoal. No senso
comum dos nossos dias, o cristão verdadeiro não é aquele que “sabe” mais, e sim
aquele que “sente” mais (teve “experiências”). Evidentemente os sentimentos são
importantes, e não são algo a ser desprezado. Porém, a ênfase exagerada no
sentimentalismo é uma das marcas do relativismo do mundo pós-moderno. Até
porque, sentimentos podem ser coisas extremamente subjetivas e relativas.
De acordo com a Bíblia, como cristãos, devemos estar “sempre preparados
para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós” (1Pd
3.15). Esperança é algo que aponta para o futuro. Mas a certeza do futuro se constrói a
partir de um passado e de um presente sólidos. A fé deve ser bem fundamentada e
amplamente convincente não somente no aspecto emocional, mas também no
racional. Todo cristão sincero deve chegar a um estágio em sua vida em que precisa
perguntar a si mesmo: “Será que minha religião é verdadeira?” É claro que respostas
pré-fabricadas não satisfazem e nem devem satisfazer a ninguém. Como diz Michael
Horton, todo cristão deveria ser indisposto a aceitar com o coração uma fé que falha
em convencer sua mente1. Mas a verdade é que, muitas vezes, a igreja se torna o local
onde as mentes são menos exigidas. O fato é que quando os rituais substituem a vida,
“verdades”, que podem ou não ser verdadeiras, são decoradas e repetidas quase que
com desinteresse pela maioria dos “fiéis”. Infelizmente, os cristãos são acostumados a
não pensar a respeito de sua fé. São como papagaios, ensinados a repetir coisas que
não entendem, apenas para causar admiração nos outros.
1
Ver Michael Horton. As Doutrinas da Maravilhosa Graça. p. 19.
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fraquezas tenham que ser postas a lume, desde que a verdade de Deus brilhe ainda
mais forte diante de nossos olhos. É certo que quando confrontamos nossas crenças
pessoais com a Escritura percebemos que muitas vezes essas crenças se demonstram
infundadas. A razão é que, talvez, jamais tenhamos estudado seriamente o assunto de
uma perspectiva bíblica. De qualquer forma, nosso apego pela Escritura deverá ser
maior do que qualquer coisa, até mesmo do que nossos gostos pessoais.
2
Alister McGrath entende que a elitização da teologia tem sido uma das coisas mais
prejudiciais nesses dias modernos. ele diz: “O distanciamento da academia das realidades da
vida diária está estritamente ligado, ao menos na percepção popular, com o elitismo da
academia” (Alister E. McGrath. “Theology and The Futures of Evangelicalism”. In The
Futures of Evangelicalism. Ed. Craig Barholomew, Robin Parry e Andrew West, p. 27).
3
Ver John Stott. A Mensagem de Atos, p. 87.
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4
Aqui já deixamos de lado todo tipo de especulações ou naturalismo.
5
Anselmo falou sobre a necessidade de entender a fé, e que isso é uma espécie de “desejo” da
fé (Ver Karl Barth. Fé em Busca de Compreensão, p. 28).
6
A perspectiva adotada aqui é de que a fé pode ser compreendida, porém, não no sentido
iluminista de que se crê apenas naquilo que se pode compreender (Ver Stanley J. Grenz &
Roger E. Olson. Teologia do Século 20, p. 16). Muitas coisas da fé permanecem além da
compreensão humana, mas jamais recebemos a permissão para cruzar os braços.
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que teriam sido compiladas por alguém depois do Exílio. Esta abordagem ficou
conhecida como Crítica das Fontes. Posteriormente falou-se em crítica das formas,
crítica das tradições, crítica da redação, etc. O que todas essas abordagens têm em
comum é a perspectiva de crítica da Escritura sem respeito ao seu caráter inspirado.
Este pressuposto de abordagem não rejeita o cristianismo, mas não está disposto a
aceitar que tudo o que está registrado na Bíblia é verdadeiro. Após tantos estudos e
especulações, no entendimento de tais estudiosos, pouca coisa na Escritura permanece
como verdadeira e acima de qualquer suspeita. Os adeptos desta abordagem são
geralmente rotulados de “liberais”. Como já foi dito, o início desta abordagem se deu
no iluminismo, e ela permanece até hoje como a forma mais predominante nos meios
acadêmicos teológicos do mundo todo, embora com muitas variações.
Não é o propósito dessa obra discutir profundamente esta questão, e o
estudante mais interessado deverá se preocupar em pesquisar outras fontes, várias das
quais estão na bibliografia do curso. Justifica-se a opção pela primeira forma de
abordagem (conservadora) por ser a forma histórica mais praticada, por ser a que não
violenta os escritos bíblicos, e por ser a que mantém as verdades essenciais do
cristianismo. O pressuposto da dúvida, embora tenha dado alguma colaboração para o
aprofundamento acadêmico, tem causado esfacelamento no cristianismo mundial,
retirando sua base de fé, comprometendo o ensino bíblico sobre a Redenção, e assim
demolindo a própria estrutura do cristianismo. Além disso, é necessário que se
esclareça que todas as teorias racionalistas permanecem apenas como teorias,
carecendo de provas documentais. Amplo trabalho apologético (defesa da fé) tem sido
feito pelos conservadores no sentido de rebater as teorias racionalistas. De fato, até
hoje, não há razões suficientes para se abandonar o pressuposto de fé na integridade
das Escrituras.
Conclusão