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Instruções
Introdução
1
Kerygma é o termo grego para “mensagem” ou “proclamação” no NT. Foi o termo que a igreja
usou para descrever qual era a mensagem que ela tinha para anunciar ao mundo. Swanson define
Kerygma como “pregação, proclamação, mensagem”. Ver James Swanson, A Dictionary of
Biblical Languages With Semantic Domains: Greek (New Testament). Oak Harbor, WA:
Logos Research Systems, Inc., 1997, Tópico 3060. (Ver Mt 12.41; Lc 11.32; Rm 16.25; 1Co 1.21;
2.4; 15.14; 2Tm 4.17; Tt 1.3).
2
Jürgen Moltmann. Teologia da Esperança. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 30.
3
Gerhard Hörster. Introdução e Síntese do Novo Testamento. Curitiba: Editora Esperança,
1996, p. 7.
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humano com Deus, que se aproximou de nós por meio de Jesus Cristo. Os escritores do
NT têm o objetivo de levar os seus leitores a esse encontro”4.
João deixou isso bem claro ao finalizar seu Evangelho: “Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Os escritos do Novo Testamento são escritos
históricos, mas são muito mais do que isso. São os mais poderosos instrumentos do
Espírito Santo utilizados por quase dois mil anos para transformar a vida das pessoas
que entraram em contato com eles. Não importa se, num primeiro momento, essas
pessoas se aproximaram desses escritos com fé ou com dúvida, desde que tiveram o
ouvido atento para ouvir o que eles tinham a dizer, eles produziram transformações.
Jesus costumava encerrar suas proclamações com a enigmática e, ao mesmo
tempo, clara declaração: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mt 11.15; 13.9; 13.43;
Mc 4.9; Lc 8.8; 14.35). Embora muitos tenham “ouvidos”, nem todos estão dispostos a
utilizá-los para ouvir no sentido em que Jesus falou. Toda a busca pelo Jesus histórico
e os esforços da crítica moderna ou do existencialismo teológico não têm conseguido
levar as pessoas a um encontro com Jesus porque, em última instância, essas correntes
teológicas ou filosóficas não estão dispostas a aceitar a integridade e o poder do Novo
Testamento. Antes de “ouvi-lo”, preferem gritar suas próprias concepções sobre ele.
O objetivo deste curso é “ouvir” o Novo Testamento. Estudantes não devem se
aproximar dele como juízes que decidirão subjetiva e, ou, aleatoriamente o que deve
ser aceito e o que não deve ser. Estudantes não devem julgá-lo com os critérios vagos
dos frágeis métodos científicos modernos, ou dos endurecidos preconceitos humanistas
de todos os tempos. Estudantes devem ouvi-lo, dentro de seu próprio contexto e com
toda a força e o poder de sua proclamação, ainda que isto abale suas concepções e
reduza a pó suas formulações teológicas anteriores.
Queremos mais uma vez ouvir aquela voz suave e ao mesmo tempo firme,
repercutindo às margens do Mar da Galileia, chamando seus discípulos para uma vida
única, cheia de significado e de sentido. A mensagem que fez com que aqueles homens
vivessem e morressem por Jesus Cristo, e justamente por causa dessa disposição,
fossem usados para transformar o mundo, é a única que vale a pena querer ouvir através
dos estudos do Novo Testamento.
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Gerhard Hörster. Introdução e Síntese do Novo Testamento. Curitiba: Editora Esperança,
1996, p. 7.
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Em relação ao Antigo Testamento, a autoria mosaica do Pentateuco foi rejeitada e, em seu lugar,
foi desenvolvida uma complexa teoria de fontes. Assim o Pentateuco foi dividido em diversas
ramificações que seguiriam fontes anteriores e que teriam sido compiladas por alguém depois do
Exílio. Essa abordagem ficou conhecida como Crítica das Fontes. Posteriormente falou-se em
crítica das formas, crítica das tradições, da redação, etc. Essas metodologias foram aplicadas
também ao Novo Testamento.
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Leonhard Goppelt. Teologia do Novo Testamento. São Leopoldo/Petrópolis: Sinodal/Vozes,
1976, p. 22.
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É preciso fazer uma distinção entre a abordagem do Kerygma em Bultmann e a abordagem de
Dodd. Bultmann vê o Kerygma como a proclamação em si do Evangelho. Dodd vê o Kerygma
como o conteúdo da proclamação da Igreja Primitiva que é paralelo em Paulo, Atos e Evangelhos,
consistindo dos principais eventos relacionados a vida de Jesus, como as profecias que o
antecederam, sua descendência davídica, sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão, e sua
segunda vinda (Ver C. H. Dodd. Apostolic Preaching and its Developments. London: Hodder,
1936, 1963). A existência do Kerygma apontado por Dodd é um forte argumento em favor da
unidade do Novo Testamento (Ver Donald Guthrie. New Testament Theology. Downers Grove,
IL: Inter-Varsity Press, 1981, p. 57-58).
8
Ver Rudolf Bultmann. Demitologização. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1999. De qualquer
modo, Bultmann rejeitaria a historicidade de qualquer evento sobrenatural, e talvez do próprio
Jesus, pois não há como reconciliar, na visão de Bultmann, o Cristo da Fé com o Jesus Histórico.
J. Jeremias tem uma outra forma de falar do Jesus histórico. Ele procura descobrir nos Evangelhos
a ipssissima vox (voz literal) de Jesus, a partir do entendimento de que Jesus falou em aramaico.
(Cf. J. Jeremias. Teologia do Novo Testamento. 2ª Edição. São Paulo: Editora Teológica &
Editora Paulus, 2004).
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Conzelmann, por exemplo, torna a figura de Jesus um pouco mais histórica do que Bultmann,
mas ainda se mantém dentro do padrão existencialista (Ver Hans Conzelmann. An Outline of the
Theology of the New Testament. London: SCM, 1969).
10
Geralmente ligado ao nome de Childs. Ver: Brevard Childs. The New Testament as Cânon:
An Introduction. Filadéfia: Fortress Press, 1985. Ver também: Brevard Childs. Biblical
Theology of the Old na New Testaments: Theological Reflection on the Christian Bible.
Minneapolis: Fortress Press, 1993.
11
Ver Donald Guthrie. New Testament Theology. Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press, 1981,
p. 50.
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