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Educação Cristã II

Heitor Belini

1. Introdução:

A maioria dos cristãos que já passaram dos seus trinta anos de idade com
certeza já ouviu o versículo “A letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor. 3:6) em
relação aos estudos dentro do ambiente eclesiástico. Esse texto, completamente
fora de contexto, é usado para desencorajar o ingresso em seminários teológicos
ou a preocupação em se estruturar uma classe de ensino ou EBD.

Usar este versículo para argumentar contra o papel da educação dentro das
igrejas mostra exatamente a falta de conhecimento com relação a importância
que Deus, sua palavra e seu povo deram a ela. Falaremos um pouco a respeito
dessa importância neste trabalho, mas também falaremos como podemos ser
educadores eficientes no ambiente da igreja local.

2. O papel do ensino na vida cristã:

Conforme já mencionamos em outro trabalho e nosso texto de referência fala, a


educação tem um papel vital na vida cristã. Isso é apontado não só pela Bíblia,
o que já seria suficiente, mas também por materiais históricos complementares.
Aliás, é bom esclarecermos que seu papel não é vital apenas na vida cristã, mas
também no conhecimento que o povo judeu tinha da palavra de Deus. Aproveito
este momento em que estamos fazendo essa diferenciação para já usarmos de
exemplo como a educação é importante no nosso entendimento dos planos de
Deus. Parece óbvio a diferença que existem entre judeus e cristãos, mas se nos
dispusermos a conversar com alguns irmãos sobre esses termos ou então a
diferença entre uns e outros, podemos esbarrar em confusões que seriam
facilmente resolvidas se nos preocupássemos mais com o ensino em nossas
igrejas.

Algo que, com urgência, devemos entender é que o aprendizado de aspectos


que preenchem a nossa caminhada cristão não pode ser plenamente suprido
com “apenas” cultos. Evidentemente aprendemos muito nos cultos, mas eles não
pensados para ser um momento que se pareça mais com uma aula, onde temos
a oportunidade de tirar nossas dúvidas ou começar alguma discussão (no bom
sentido do termo). Esse é papel da Escola Bíblica, do seminário, ou seja, lá como
se chame o ministério de ensino da igreja.

Voltemos a falar sobre o povo de Israel do Antigo Testamento. Sua identidade é


formada a partir da transmissão oral do papel de Deus, de sua lei, dos patriarcas
e dos grandes milagres, e disciplinas, operados pelo Senhor. É uma obrigação,
entre os judeus, que os velhos transmitam conhecimento as crianças. Desde a
tenra idade as crianças aprendem o “Shemá Israel (Ouça, Israel)” que,
basicamente, consiste no texto de Deuteronômio 6. Vejamos um trecho desta
oração: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o
Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as
suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu
coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando
estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se
deitar e quando se levantar.” Deuteronômio 6:4-7. Já no terceiro ano de vida as
crianças passam a frequentar escolas que lhes ensinam as práticas religiosas e
a partir dos 6 ou 7 anos o estudo passa a ser confiado a um professor particular.

Seria um erro pensar que a educação dentro do contexto judaico se resume


apenas a Torá, a Bíblia judaica. Ela visa ao desenvolvimento do ser humano
como um todo, em suas facetas intelectual, emocional, comportamental e moral,
e propõe uma prática voltada a todas as atitudes do indivíduo, no seu dia a dia,
desde as mais simples até aquelas consideradas mais complexas e difíceis de
lidar. Para ilustrar o tamanho do efeito dessa cultura educacional, vamos falar
sobre o Prêmio Nobel. Esse importantíssimo prêmio anualmente destaca
contribuições para o desenvolvimento da Química, da Medicina, da Física, da
Literatura e da Paz. Você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com
os judeus. A questão é que mesmo contando com apenas 0,2% da população,
os judeus já conquistaram 22% de todos os “Prêmios Nobel” da história.

Muito bem. Falamos bastante sobre os judeus e ainda não começamos a falar o
que isso tudo tem a ver com nós cristãos. A questão é que, infelizmente, com
apenas alguns poucos parágrafos com poucas pesquisas nós já podemos
perceber a diferença entre a educação, e aqui eu destaco o aspecto religioso,
entre os judeus e os cristãos. É claro que há exceções e muitas famílias têm
ensinado seus filhos a respeito da Bíblia desde o início de suas vidas. Também
temos igrejas que se destacam quanto ao seu programa de ensino bíblico. Mas
estamos falando de exceções e não da regra. É preciso dizer, mais uma vez,
que o ensino tem papel fundamental em nossa caminhada. É através dele que
aprendemos os conceitos básicos de nossa fé quando nos convertemos, mas
que também nos ajuda a nos aprofundar quando já somos cristãos mais
maduros. Tenho absoluta certeza que a maioria daqueles a quem eu
perguntasse concordaria quanto a essa importância. Mas, por que então temos
tanta dificuldade em desenvolver os ministérios de ensino em nossas igrejas?

Levando em consideração o contexto em que eu me encontro, acredito que o


principal desafio está na disposição dos membros em aprender e para que haja
uma mudança quanto a isso, faz-se necessária uma mudança de cultura dentro
de nossas igrejas. É necessário que falemos mais a respeito da educação cristã.
Além disso, é preciso que pessoas verdadeiramente comprometidas e
capacitadas se disponibilizem para ensinar seus irmãos. A estrutura deve ser
bem idealizada, tanto em questão de ambiente quanto de aplicação dos ensinos.
Não nos faltam exemplos bíblicos e cotidianos de métodos que possam ser
usados dentro de nossas igrejas para ensino. Jesus foi nosso maior exemplo de
alguém que ensinava com amor e métodos eficazes. Quem não se lembra de ao
menos uma de suas parábolas?

3. Considerações Finais:

Concluímos que a é indispensável que, enquanto igreja, valorizemos e nos


preocupemos com a questão do ensino dentro de nossas igrejas. Nós
costumamos a negligenciar o importantíssimo papel dos mestres na vida cristã.
Lembrem-nos que dentre os cinco ministérios, um deles é o de ensino por parte
dos mestres. É necessário que haja empenho da comunidade em reconhecer e
desenvolver seus mestres e providenciar as ferramentas necessárias para que
eles desempenhem seu chamado.
Em contrapartida, aqueles que dentre nós são chamados a ser mestres, que haja
empenho e amor, pois ainda que tenhamos pleno conhecimentos da palavra de
Deus, se não tivermos amor por Ele e pela sua igreja, de nada valeria. Que,
assim como o apóstolo Paulo diz em Romanos 12:7, aquele que ensina, faça
com todo seu empenho.

4. Bibliografia:

A Educação como Prática Fundamental na Igreja – Davi Marcola

http://www.hottopos.com/mirand15/anaszp.htm#_ftn3

https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/o-minimo-que-voce-precisa-
saber-sobre-israel/

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