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Instruções:
Introdução
Deus se revelou de muitas formas, como diz a Bíblia (Hb 1.1-2), porém, houve
um processo pelo qual esta revelação foi registrada, ou seja, escrita e preservada nas
páginas da Escritura Sagrada. Esse registro é o que recebeu o nome que chamamos de
“Inspiração".
Na revelação de Deus há o momento do ato propriamente dito em que Deus
revelou algo de si mesmo. Esse ato foi uma tarefa exclusiva de Deus. A inspiração foi
o momento de registrar essa revelação. Portanto, o registro foi uma tarefa divina e
humana.
Inspiração precisa ser definida como a influência divina sobre os escritores da
Bíblia a fim de preservá-los de erros, e para que registrassem com toda a fidelidade os
eventos revelatórios de Deus.
Nalgumas vezes, os escritores presenciaram os atos revelatórios (Boa parte dos
Evangelhos e de Atos, por exemplo). Em alguns casos, como nos salmos, o ato da
revelação coincidiu com a escrituração, pois, no momento em que o salmista
meditava sobre algum assunto, tomava a pena para escrever e acontecia
simultaneamente a revelação e o registro. Isto pode ser visto também nas epístolas.
Mas em outros casos, houve momentos de intervalo entre o ato divino da revelação e
sua escrituração, como por exemplo, quando o profeta recebia a visão, e somente a
registrava posteriormente. É só lembrar que ninguém estava presente quando os
eventos de Gn 1.1-2 aconteceram, mas a inspiração garantiu que o escritor do Gênesis
registrasse o evento. De qualquer forma, todo o processo, desde o ato revelatório até o
momento da escrituração é revelação de Deus. A inspiração não é uma atividade à
parte da revelação. Fazemos essa distinção nesse estudo apenas para entender os dois
momentos, que as vezes aconteceram juntos e as vezes separados.
Adão tenha transmitido coisas que havia recebido diretamente de Deus a seus filhos, e
esses às gerações seguintes. Desta forma o conhecimento a respeito do Jardim do
Éden, da expulsão do Jardim, da torre de Babel, do Dilúvio, foi transmitido de pai
para filho, e provavelmente assim essas histórias chegaram até Moisés, que escreveu
o Pentateuco (Js 4.6, 21). Porém, também chegaram em outros lugares e pessoas. Isto
explicaria o fato de haver relatos antigos em outras culturas primitivas, que se
parecem com os relatos bíblicos da criação e do dilúvio. É importante, porém, que
seja notado que estas tradições podem muitas vezes ter sido danificadas ao longo da
história. De qualquer modo, não significa que Moisés e os outros escritores bíblicos
fizeram seus registros sobre a base exclusiva destas tradições. É possível que as
tradições tenham colaborado, mas foi a inspiração divina que garantiu que fosse
registrada a pura e exclusiva verdade divina.
Quanto à tradição escrita, sabe-se que há muitos escritos antigos que não são
bíblicos, mas que eram tidos em grande consideração, e por certo, continham dados
históricos bastante precisos. Estes livros podem ter sido usados como ajuda no
processo de registro da Escritura. São exemplos bem claros disto os seguintes livros:
O Livro das Guerras do SENHOR (Nm 21.14). O Livro dos Justos (Js 10.13; 2Sm
1.18). O Livro das Crônicas de Samuel, o vidente; Natã, o vidente; e Gade, o vidente
(1Cr 29.29). O Livro da História de Salomão (1Rs 11.41). O Livro da História de
Semaías, o profeta e de Ido, o vidente (2Cr 12.15). Você já havia pensado a respeito
desses livros citados? Não é interessante que os escritores bíblicos os tenham
mencionado? Porém, eles não eram inspirados. Todos esses livros se perderam, e
nenhum mais existe, porém, foram úteis no registro da revelação de Deus.
Um excelente exemplo do uso de tradições escritas e orais para o registro da
revelação de Deus vem do Novo Testamento, para ser mais preciso, dos escritos de
Lucas. Ele escreveu: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração
coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que
desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra,
igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua
origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que
tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído” (Lc 1.1-4). Lucas diz
claramente que tinha conhecimento de outros escritos que relatavam a vida de Jesus, e
que fez uma longa e acurada pesquisa histórica para relatar os fatos. Isso em hipótese
alguma tornou desnecessária a inspiração, porém, transparece no texto essa pesquisa
histórica, pois de fato, Lucas é o que tem mais detalhes da vida de Jesus,
especialmente de seu nascimento e infância. Provavelmente, só uma conversa com a
própria Maria poderia render todas as informações que Lucas registra. Será que ele se
encontrou pessoalmente com Maria, e ela contou todas aquelas coisas para ele?
escrito uma carta anterior aos Coríntios (1Co 5.9) e outra para a igreja de Laodicéia
(Cl 4.16). Possivelmente fossem aplicáveis apenas para a situação daquelas igrejas, ou
quem sabe, muito semelhantes com outras cartas de Paulo. O fato é que não temos
como saber o porquê de o Espírito não ter preservado essas cartas para a posteridade.
Só podemos dizer que Deus, em seu processo de seleção, não julgou que elas
deveriam ser preservadas, bem como muitas outras revelações que não chegaram até
nós.
Sobre isso, eu tenho uma pergunta para você: já pensou se a carta de Paulo aos
Laodicenses fosse encontrada hoje? Teríamos que incluí-la na Bíblia? O que você
acha? Eu vou dar a minha opinião no final deste estudo.
Inspiração Mecânica
Essa teoria concebe o ato da Inspiração como uma espécie de ditado divino.
Dessa forma, Deus teria ditado literalmente todas as palavras que foram registradas na
Bíblia. Ao homem não coube qualquer participação emocional ou inteligente na obra.
Ele foi apenas um instrumento, praticamente inanimado, que Deus usou para registrar
sua Palavra. Esta teoria lembra um pouco a ideia espírita da “psicografia”. Ela faz da
Bíblia um livro totalmente divino, uma espécie de “telegrama celestial”.
A principal falha desta teoria pode ser verificada ao se observar que a Bíblia não
tem uma uniformidade literária. É difícil conciliar a ideia de ditado divino com a
percepção de que há aspectos variados e estilos pessoais na Bíblia. Se tudo fosse
“ditado” deveria haver uma uniformidade de estilo, o que não ocorre.
Geralmente, os estudiosos rotulados de “fundamentalistas” advogam esta teoria.
Os “fundamentalistas” são os mais radicais em defesa do conservadorismo bíblico. A
intenção é boa, mas para evitar qualquer possibilidade de erro, concebem a inspiração
como um ditado. Assim a Bíblia seria totalmente divina. Entretanto, essa teoria não
nos parece fazer justiça ao caráter literário da Bíblia.
Inspiração “Mental”:
Essa teoria é praticamente o oposto da teoria da inspiração mecânica. Muitos
teólogos defendem a ideia de que os pensamentos dos autores bíblicos foram
inspirados, mas que eles foram livres para registrar suas ideias. A inspiração mental
advoga inspiração apenas dos conceitos e não das palavras.
É no liberalismo teológico que a idéia da Inspiração Mental encontra maior
aceitação. Uma vez que os teólogos liberais têm dificuldades em acreditar que Deus
se revelou através de atos e principalmente de palavras, preferem pensar que foi o
autor quem teve uma espécie de “elevação” em seu raciocínio, o qual desta forma
pode ser considerado inspirado. Esta ideia elimina completamente a noção de uma
ação direta do Espírito sobre os homens na produção dos livros da Bíblia. O autor
bíblico seria inspirado como qualquer outro autor pode ser na composição de uma
poesia ou de uma música. Desse modo, Deus não é o autor da Bíblia, ele apenas é a
fonte da vida dos autores bíblicos que falaram, com palavras imperfeitas, aquilo que
vem de Deus.
No conceito mental de inspiração, a Bíblia está condicionada à cultura de cada
povo, e às vezes não passa do registro da experiência religiosa de um povo numa
determinada situação. Porém, pode haver momentos em que o escritor se elevou de si
mesmo e produziu algo que pode ser considerado divino. Neste sentido, as vezes se
fala no liberalismo que somente algumas coisas na Bíblia seriam a “pura” Palavra, e o
resto é palavra de homens. Daí o método “desrespeitoso” como abordam a Bíblia,
ainda que prefiram dizer “científico”, procurando aqui ou ali indicações de
imprecisões ou pistas que os remetam a outras situações históricas, que consideram
mais importantes e dignas de crédito do que aquilo que a Bíblia relata.
Essa teoria não faz justiça ao que a Bíblia representa para a fé cristã, e é
extremamente perigosa.
Conclusão
A Escritura é um livro maravilhoso justamente porque foi inspirado por Deus. É
um livro único. Excepcional. Apesar de conter vários livros nele, no fundo, tem uma
única história. Foi escrito para nos dar conhecimento da salvação.
Agora, a minha opinião sobre a Carta aos Laodicenses. Mesmo que ela fosse
encontrada hoje, não deveria ser incluída na Escritura. Aquela carta, apesar de ter
saído da pena de Paulo, não deve ser considerada "inspirada". Nem tudo o que Paulo
escreveu foi inspirado. Ele deve ter escrito muitas notas sobre produtos que deviam
ser comprados para construir tendas, ou mesmo outros conselhos para seus discípulos.
Devemos ver a inspiração ligada à preservação. O mesmo Espírito que inspirou o
texto, o preservou para a igreja inteira. Se a carta fosse encontrada hoje, ela não teria
sido preservada para a igreja inteira. Portanto, poderíamos lê-la e aprender com ela,
mas não deveríamos considerá-la como "Bíblia".
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