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HISTÓRIA ANTIGA ORIENTAL

A HISTÓRIA DOS HEBREUS: BASES E


FUNDAMENTOS

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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1. Relativizar a importância da Bíblia como fonte de informação sobre o povo hebreu, na medida em que se trata

de um documento de natureza literário-religiosa;

2. compreender a importância do estudo arqueológico para a comprovação ou refutação dos testemunhos

oferecidos pela Bíblia;

3. perceber na Bíblia a influência de outros povos com os quais os hebreus estabeleceram relação de

proximidade, inclusive de subjugação, como foi o caso dos egípcios e dos babilônios;

4. analisar as razões que provocaram o deslocamento do povo hebreu para as margens do Rio Nilo e que

acabaram por reduzi-los ao status de escravos;

5. relacionar o processo conhecido como Êxodo à formação das doze tribos de Israel e a liderança dos juízes;

6. reconhecer que, a partir da união das tribos, surgiu pela primeira vez entre os hebreus um Estado com o

governo centralizado, exército permanente e organização burocrática;

7. relacionar a elevada tributação e o trabalho compulsório dos camponeses surgidos com a formação do Estado

ao descontentamento da população;

8. analisar os motivos que levaram os hebreus ao Cisma com a formação dos reinos de Israel e o de Judá;

9. correlacionar a fragilidade resultante do Cisma à invasão assíria e ao cativeiro na Babilônia;

10. analisar as invasões seguintes ao território hebreu como um desdobramento iniciado pelo Cisma.

Bons estudos!

1 Por que estudar os hebreus?


Uma cultura do Ocidente é inegavelmente influenciada por religiões monoteístas. Cristianismo, judaísmo e

islamismo todas, analisadas mais profundamente, como na mesma tradição: a hebraica na figura do velho

testamento

Vamos tentar um desafio?

Os Antropólogos falam que um dos seus grandes desafios é transformar o estranho em particular e o particular

em estranho ... Sabe o que isso significa? Experimente as nossas tradições sociais para compreender a história.

Vamos então um pequeno resumo dos caminhos que trilharemos nesta aula.

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Hebreus

Hebreus: Porque estudamos os Hebreus? O mundo ocidental: cultura; Século XIX: arqueologia religiosa. Livro:

Pentateuco ou Tora. Javistas; Eloístas; Tradição oral; A escrita dos livros.

Hebraico

O nascimento Hebraico: Repensando Abraão. A tradição nômade: reflexão sobre a busca. A influência babilônica.

Estrutura clânica. Monoteísmo: Panteão Babilônico; Criação do mundo; Dilúvio; Deus dos hebreus.

Para começar a pensar em questões, nos valores de Julio Cezar Lazzari Jr. na Terra Prometida dos

Neopentecostais:

Muitos movimentos messiânicos surgiram na história. Conquistas, poder, domínio, saúde e paraíso terrestre são

promessas. comuns nesses movimentos. Comumente a população de um povo deposita a esperança de viver

essas coisas na figura de um líder, geralmente um político com status divino ou um religioso com influência

política. Uma história demonstra como muitos desses movimentos usam promessas da Bíblia,

descontextualizam-nas e transferem-se para suas épocas. Normalmente, o Messias é o líder do movimento, ou o

que os usuários desfrutam da prosperidade no Terra e a liberação da exploração de ricos e do Estado. O poder

estabelecido é ameaçado, ou o que gera violentas por parte dos governos locais ou até nacionais.

O desejo de viver em um lugar paradisíaco é corroborado pela informação de Jacqueline Hermann (2000, p. 87):

“Uma idéia criativa da Terra sem Mal, alcançada com uma vitória da santidade, incorpora as direções que se

aproximam do paraíso espiritual [... ] ”. Assim, seja na Terra, seja no céu, essa busca é nossa insatisfação interior

com o presente parece não se limitar a uma ou outra religião e / ou movimento. A esperança messiânica que

mais influencia os outros movimentos vem do judaísmo e a base está nos textos de Tanak ou, como é conhecido

pelos cristãos, ou Antigo Testamento da Bíblia. Os hebreus foram escravos no Egito, na Assíria e na Babilônia.

Foram dominados pelos selecionados e romanos.Nada mais natural do que esperar um Messias Libertador, com

fervor nacionalista. Ele deveria ser valioso como Davi, trazer paz e justiça (Is. 9: 7), sendo uma espécie de juiz-

rei, que seria a justiça contra os pobres e castigaria dos perversos (Is. 11: 4), salvar prosperidade econômica ao

seu povo (Is 35: 7; 65:21). Esse Messias deve fazer Israel sobressair entre outros países (Mq. 4: 1-2) e dar a

Israel uma terra prometida por Abraão (Gn. 15: 7-21). Os judeus que esperavam ou que eram libertados pelo

império romano, restaurando o reino de Israel, algo que até os discípulos de Jesus, que jamais pretendiam fazer

qualquer coisa estranha, esperavam (At. 1: 6).

A esperança messiânica dos judeus, principalmente dos mais patrióticos como os zelotes, por vezes leva a sofrer

ataques de armas por parte do Império Romano, envenenando ou sentindo um sentimento ultranacionalista dos

filhos de Jacó que era repulsa ao domínio de qualquer país estrangeiro prometido. E Roma, capital de um

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império que abrange 120 milhões de pessoas na época, não tolera nenhum tipo de rebelião. Os judeus estão

aguardando o Messias até os dias atuais. Na teoria cristã pré e pós-milenarista, essas promessas feitas em Israel

englobam a Igreja, sendo reformadas pelo texto do Apocalipse (20). Ali, Jesus é rei e governa junto com os fiéis,

com aqueles que foram mortos por amor à Palavra.Certamente ou escritor bíblico, estava pensando em

perseguir sofrido pelos cristãos por parte do Império Romano, os quais, em ressurreição, viver um reino de mil

anos de paz, justiça e bondade. Como o texto neotestamentário não obtém maiores detalhes, como promessas

feitas em Israel nas Escrituras Hebraicas que serve para criar uma idéia do milênio, reciclar ou especificar, dar-

lhe um colorido paraíso terrestre. O cenário de dificuldades e perseguições severas serve para alimentar uma

esperança de uma vida melhor em outro mundo,

Fique ligado
Dentro da discussão do Hebreus, há uma trajetória longa e o problema que as pessoas trazem,
que muitas vezes não são exibidas com aspectos da história, mas sim com o aspecto da fé.
A moral ocidental, de alguma forma, é definida, é compensada, é declarada sem sentido
claramente judaico-cristão. Os nossos deuses não são heróis dentro de um sentido ocidental,
ele é onipresente.
Parte-se de uma ideia de que todo o processo de criação de livros é o mais conhecido é o dos
livros derivados dessa organização: corão, livros hebraicos, em especial a Tora e a Bíblia.

São compostos desse tipo de leitura, por exemplo, uma tradução ocidental, muito mais forte,
um grupo de livros que fica como presente e que, na estrutura mercantilista, se espalha como
um todo pelo mundo. A leitura de um cristianismo, seja ele na vertical que for.

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Figura 1 - Cruz

A leitura do cristianismo está presente no mundo ocidental durante o momento ou uma fase da ideia da razão.

No século XVII e no XVIII, a religião não some, ganha explicações lógicas, questionamentos de que o problema

não é a religião e sim Roma. Mas, se mantém um fundamento, um papel, uma leitura de uma estrutura que vai

pensar a moral, um pensar nas relações de poder baseado em elementos cristãos. Tão baseado quando

observamos a Mesopotâmia, mesmo com alguns traços egípcios.

A busca pelos elementos arqueológicos, muitas vezes, estavam baseadas no texto bíblico. É a informação que

tinha a torre de Babel, a informação que tinha o êxodo pelo sinal. A busca é muito clara em torno dessas figuras,

em torno desses elementos que ficam com uma tradição que o ocidental enxerga como seu. É claro que há fatores

greco-romanos, mas, é a síntese, a reorganização, a lógica desses elementos estruturada em torno de uma moral

judaico-cristã que marca o ocidente.

Quando se remete à religião, não é para estudar os judeus, especialmente, mas, principalmente estudar o velho

testamento, buscar elementos do velho testamento. A organização pós-Abraão, na melhor das hipóteses, se situa

em torno de 1500 a.C.

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Precisa-se entender que o texto foi escrito pensado e difundido por homens. Por isso, temos a sua busca, no

século XIX, por uma arqueologia religiosa. Uma arqueologia que parece distante, afastada.

No século XIX, a lógica era o que se precisava demonstrar o que era verdadeiro (já foram achadas pelo menos 6

arcas de Noé e, cada uma delas com mais certeza de que a outra). O fundamento é justamente essa lógica

presente no século XIX, que hoje, em fatores mercantilistas, volta a ser aplicada.

Não há aqui fator religioso, o que existe é um fator que quer afirmar poder dentro da estrutura social. E quem

dominasse, quem tivesse mais materiais arqueológicos, tinha de alguma forma o seu poder demonstrado de

forma mais magnânima.

Figura 2 - Igreja

Saiba mais
Tem-se o cristianismo católico apostólico Romano do conselho, segundo o Vaticano que, já
notando essas preocupações, afirmara o seguinte: Pregação só no novo testamento. Isso para
esvaziar uma clara proximidade de uma tradição que é vista acoplada de uma ideia judaico-
cristã.
Só com João Paulo II é que se faz a menção de desculpa, se apresentando a sinagoga, no século
XX e que, aliás, tem uma análise fantástica no livro "Olhos de Madeira“, no artigo chamado “O
lapso de Woityla“, de Carlo Ginzburg.

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A tradição do Pentateuco e, especificamente, a Torá, serão escritas posteriormente. Como em boa parte das

sociedades desse período, as tradições, as histórias e discussões tem um elemento de oralidade. Isso significa,

justamente, que a tradição é transmitida de grupo a grupo, de pai para filho.

No momento dessa tradição escrita, nós não podemos falar em hebreus, mas em clãs próximos que têm traços

culturais, que se relacionavam, que tem hierarquia entre si e que vão ser responsáveis pela manutenção dessa

história. Obviamente, essa história vai tender especificidades, interpretações independentes dos grupos nos

quais estão sendo manifestadas.

Fique ligado
Há traços de uma ocupação datada de aproximadamente 1250 a. C., dados que, provavelmente,
começam a contar os primeiros elementos, claramente influenciados por grupos babilônicos,
que têm histórias desde 2000 a. C, tornando-se presentes na sociedade. Cada um deles, tal qual
Assur e Babilônia, tende a reconstituir esses serviços, direcionando-o direto para suas cidades,
para seus grupos. A tradição oral está mais próxima do século XIII aC.

Sobre a questão da Bíblia de Jerusalém, uma bíblia organizada pela Paulus e direcionada aos estudiosos faz uma

introdução bastante interessante sobre a origem dos escritos bíblicos. A bíblia faz uma introdução sobre o

Pentateuco.

2 Organização da Bíblia
Os cinco primeiros livros da Bíblia formam um conjunto que os judeus denominam "Lei" ou Torá. O primeiro

testemunho certo dessa denominação encontra-se no prefácio do Eclesiástico, e ela já era de uso corrente no

começo da nossa era, por exemplo, no Novo Testamento (Mt 5,17; Lc 10,26; cf. Lc 24, 44). Bem entendido, o

termo "Lei" não se aplica somente à parte legislativa, como mostra tal citação do NT(cf. Mc 12,26; Lc 20,37). O

desejo de obter cópias manejáveis desse grande conjunto fez com que se dividisse seu texto em cinco rolos de

tamanho quase igual. Daí provém o nome que lhe foi dado nos círculos de língua grega: he pentateuchos

(subentendido biblo), "O livro em cinco volumes", que foi transcrito em latim como Pentateuchus (subentendido

liber) onde a palavra portuguesa Pentateuco. Por sua vez, os judeus da língua hebraica também deram o nome

de "os cinco quintos da lei".

Essa divisão em cinco livros está marcada para a era da versão grega dos Setenta. Este - e seu uso na Igreja -

intitulado os volumes segundo o seu conteúdo: Gênesis (porque começa pelas origens do mundo), Êxodo

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(porque começa com a saída do Egito), Levítico (porque contém a lei dos sacerdotes da tribo de Levi), Números

(por causa dos recursos dos caps. 1-4) e Deuteronômio (ou uma segunda lei de acordo com uma interpretação

grega). Mas em hebraico os judeus designados, e ainda designam, cada livro da primeira palavra ou da primeira

palavra importante do seu texto: Bereshit "No princípio"; Shemôt, "eis os nomes"; Wayyiqra "Iahweh chamou";

Bemidbar, "Iahweh falou a Moisés no deserto"; Debarîm, "eis como palavras".

O Gênesis divide-se em duas partes desiguais: uma história primitiva, sendo assim como o histórico da história

da salvação, qual a Bíblia inteira vai falar; ela remonta às origens do mundo e estende sua perspectiva à

humanidade inteira. Relaciona a criação do universo e do homem, a queda original e suas conseqüências, e a

perversidade crescente, castigada pelo dilúvio. A partir de Noé, uma terra se repovoa, as listas genealógicas cada

vez mais restritas concentram finalmente o interesse em Abraão, pai do povo eleito. Uma história patriarcal

evoca uma figura dos grandes antepassados: Abraão, o homem da fé, cuja obediência é recompensada por Deus,

que promete, ele, uma posteridade e seus descendentes, um Terra Santa; Jacó ou homem da astúcia, que suplanta

seu irmão Esaú, rouba a ajuda de seu pai Isaac e vence em esperteza seu laboratório Labão. Mas nada serviu

todas essas habilidades se Deus não tivesse preferido o Esaú desde antes do seu nascimento e não tivesse

renovado como promessas da aliança conduzidos por Abraão. Entre Abraão e Jacó, Isaac é uma figura bastante

apagada, cuja vida é narrada, principalmente na visão de seu pai ou filho. Os doze filhos de Jacó são os

antepassados ​dos Doze Tribos de Israel. Um deles é consagrado ao final da Gênesis: os caps. 37 - 50 são uma

biografia de José, o homem da sabedoria. Esta narração, que difere dos precedentes, desenvolve sem intervenção

direta de Deus e sem nova revelação, mas toda ela é uma lição: a virtude dos sábios é Entre Abraão e Jacó, Isaac é

uma figura bastante apagada, cuja vida é narrada, principalmente na visão de seu pai ou filho. Os doze filhos de

Jacó são os antepassados ​dos Doze Tribos de Israel. Um deles é consagrado ao final da Gênesis: os caps. 37 - 50

são uma biografia de José, o homem da sabedoria. Esta narração, que difere dos precedentes, desenvolve sem

intervenção direta de Deus e sem nova revelação, mas toda ela é uma lição: a virtude dos sábios é Entre Abraão e

Jacó, Isaac é uma figura bastante apagada, cuja vida é narrada, principalmente na visão de seu pai ou filho. Os

doze filhos de Jacó são os antepassados ​dos Doze Tribos de Israel. Um deles é consagrado ao final da Gênesis: os

caps. 37 - 50 são uma biografia de José, o homem da sabedoria. Esta narração, que difere dos precedentes,

desenvolve sem intervenção direta de Deus e sem nova revelação, mas toda ela é uma lição: a virtude dos sábios

recompensada e a providência divina convertem-se em bem como faltas dos homens.

O Gênesis forma um todo completo: é uma história dos antepassados. Os três livros formados em outro bloco, no

qual, dentro do contexto da vida de Moisés, narram-se a formação do povo eleito e o estabelecimento da sua lei

social e religiosa.

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O excesso de desenvolvimento de dois temas principais: a libertação do Egito e a Aliança no Sinai; esses temas

são interligados pelo tema da caminhada no deserto. Moisés, que recebeu a revelação do nome de Iahweh na

montanha de Deus, é o condutor dos israelitas libertados pela escravidão. Numa teofania impressionante, Deus

faz a aliança com o povo e as suas leis. Mal for concluído, o pacto é violado pela adoração do ouro, mas Deus

perdoa e renova a Aliança. O grande conjunto dos caps. 25-31 e 35-40 relacionam a construção da tenda, local de

culto na época do deserto.

O Levítico, de caráter quase exclusivo legislativo, interrompe a narração dos acontecimentos. Conteúdo: um

ritual dos sacrifícios; o cerimônia e investimento dos sacerdotes, aplicando a Aarão e seus filhos; como normas

relacionadas ao puro e ao impulso, que termina com o ritual do grande dia das Expiações; e a "lei da santidade",

que inclui um calendário litúrgico e se fecha com bênçãos e maldições. Em forma de apêndice, o cap. 27

determinar como condições de resgate de pessoas, animais e bens consagrados a Iahweh.

Números retomados ou tema da caminhada pelo deserto. A partida do Sinai é preparada por um recenseamento

do povo e pelas grandes ofertas feitas para a dedicação ao Tabernáculo. Após a celebração da segunda Páscoa, os

israelitas deixam uma montanha de santa e chegam, depois de várias etapas, a Cades, de onde fazem uma

tentativa frustrada de penetrar em Canaã pelo sul. Depois de estada em Cades, olhe para uma nova via e chegue

às estações de Moab, em frente a Jericó. Vencidos ou madianitas, como tribos de Gad e Rúben se estabelecem na

Transjordânia. Uma lista é retomada como etapas do Êxodo. Uma lista é retomada como epatas do Êxodo. Em

torno dessas narrações, são agrupadas as prescrições que completam a legislação do Sinai ou que preparam o

estabelecimento em Canaã.

O Deuteronômio tem estrutura particular: é um código de leis civis e religiosas, enquadrando um grande

discurso de Moisés. Este conjunto, por sua vez, é precedido pelo primeiro discurso de Moisés e seguindo o

terceiro discurso e também de trechos relacionados ao fim de Moisés: missão de Josué, cântico e bênçãos de

Moisés e sua morte. O código deuteronômico retoma, em parte, como leis promulgadas no deserto. Os discursos

gravam os grandes acontecimentos do Êxodo, o Sinai e a conquista que começou; ressaltar seu sentido religioso,

sublinhar ou alcançar a lei e exortar à fidelidade.

3 Composição literária da Bíblia


A composição desta vasta coletânea era atribuída a Moisés pelo menos desde o início de nossa era, e Cristo e os

apóstolos se conformaram com essa opinião. Mas como as tradições mais antigas já declararam explicitamente

que Moisés eram ou redutor de todo o Pentateuco. Quando o próprio Pentateuco diz, que é muito raro, que

"Moisés Escrito", aplica essa fórmula a alguma passagem específica. Efetivamente, o estudo moderno desses

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livros aponta diferenças de estilo, repetições numerosas, principalmente leis, e desordens nos relacionamentos,

que impedem o Pentateuco de fazer uma obra que tenha sido desativada toda a mão de um autor.

Depois de longas hesitações, no fim do século XIX, uma teoria conseguiu impor-se aos críticos, principalmente

por influência dos trabalhos de Graf e Wellhausen: o Pentateuco seria uma compilação de quatro documentos

diferentes quanto à idade e ao ambiente de origem, mas todos eles muito posteriores para Moisés. Teria

reproduzido duas obras narrativas: o Javista, que desde o relato da criação dos EUA ou o nome de Iahweh, com o

qual Deus se revelou em Moisés, e o Eloísta que desenha Deus, pelo nome comum de Elohim; javista critérios

escritos no século IX em Judá, o Eloísta um pouco mais do Norte, os dois documentos usados ​foram reunidos

apenas; depois de Josias, o Deuteronômio os critérios foram adicionados; e depois do Exílio, o código Sacerdotal,

que continha, especialmente leis, com algumas narrações, critérios que foram compilados a essa compilação, a

qual serviço arcabouço e de moldura.

Essa teoria documental clássica, que, aliás, estava ligada a uma evolução das idéias religiosas em Israel, era

frequentemente questionada e outros autores apenas aceitavam com alterações mais ou menos consideráveis;

ela poderia ser até rejeitada em bloco por diferentes razões, Não se esqueça de que a teoria documental é apenas

uma hipótese e elaborada por tentar explicar certo número de fatos literários. Seria fácil (ou seja, que faz o

habitual hoje), argumenta que a partir de um fato que jamais ocorreu o verdadeiro consenso quanto à partição

preciosa de textos entre os diferentes documentos propostos. Agora, se as conclusões da hipótese documentada

puderem ser usadas há 20 anos, elas parecerão desde então desmanteladas, tanto quanto o panorama das

certezas sobre a composição literária do Pentateuco parece aflitivo.

A "nova crítica" é um questionário sistemático das conclusões às perguntas conduzidas ou ao trabalho lento de

bibliotecas há vários séculos. Há 20 anos como diferenças de um médico para outro tipo de ser considerado, até

mesmo consideráveis, mas uma hipótese de conjunto era a mesma: hoje não existe mais uma hipótese geral

comumente admitida; propõem-se antes de diferentes modelos para explicar a origem do Pentateuco. Assitir-se

mesmo à rejeição pura e simples de todo o trabalho de julgamento julgado autorizado ou inoperante para a

compreensão de textos, até mesmo o contrário de uma aproximação que considere como Escritura. No entanto,

mesmo que não tenhamos questões em questão, ainda que ignoremos ou não, se mantemos as últimas pesquisas

que indicam um pouco para todos os sentidos e posições que excluem mutuamente, o número certo de

indicações de base pode usar o leitor para melhor compreender que ele lê; é por isso que propomos aqui, mesmo

que estejamos conscientes dos limites definidos que propomos. ”

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Saiba mais
Uma tradição que declara uma figura de Moisés como escritor do Pentateuco é de
aproximadamente 150 a. C., contexto em que o mundo hebraico já era de dominação romana
na região.

Antes desse momento, já havia passado por dominações assírias, babilônicas e persas. O que garante uma

identidade desse grupo frente a tantas influências foi uma história histórica presente no texto bíblico, que

valoriza, forma especial, uma relação religião e história com a identificação do grupo.

Explicação que nos permite entender o século XX, antes da organização do Estado de Israel, os judeus não perder

o centro de sua identidade.

Uma tradução de textos, conforme exposto, tem dados a partir do século XIII, mas somente a partir do século VI

aC existe uma clareza de um grupo que produz uma tradição, sendo reafirmados.

Esses escritos, não estão envolvidos no momento da organização das cidades de Israel e Judá - ou no momento

dos Escribas.

Esses escribas vão solidificar uma tradição através da escrita. Essa tradição escrita acaba por possibilitar que,

independente da localização extinta, da exposição política, consiga obter uma presença de um grupo

independente de uma terra.

Os livros escritos vão ter, normalmente, sua tradição marcada em dois cliques específicos, mas apenas, os dois

cliques que se manifestam mais claramente com o posicionamento dos escribas escritos dentro de sua prática,

dentro de sua organização social.

O interessante é que esses grupos não desenvolvem no mesmo período. Fala-se de tradições javistas e eloístas.

Uma tradição mais ocidental, uma javista do século V aC e uma tradição eloísta no século VI aC, com um

posicionamento mais central do espaço asiático. Ambos os posicionamentos, vão ter diferenças quando se

analisa os materiais mais antigos.

Só que, a partir do momento em que buscar um coesão social, dá sentido a essa reorganização. Mais do que isso,

ultrapassa o sentido dos livros formadores, dos livros que representam uma lei (ou Torá é uma lei) e começa a

constituir uma série de outros livros para a força a respeito desse trabalho, dessa tradição.

A dispersão de livros ocorre por que são clãs, grupos diversos presentes nessa organização. Mais do que isso,

século XX, os materiais que existem tanto entre os animais como os cristãos não são originais, ambos foram

reescritos, compilados.

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São tradições diferentes, traduções diferentes.

Figura 3 - Cristo crucificado

As traduções diferentes podem trazer controvérsias.

Por exemplo, em referência ao momento da crucificação, já no Novo Testamento, uma frase que foi dada por

Jesus.

Todo o conteúdo dado por Paulo, uma interpretação posterior, fala que Jesus já sabia que viria para ser o

cordeiro, dentro daquela lógica, no entanto, naquele momento, a frase que os principais relatos apresentam é

“Meu pai, meu pai, porque me abandonastes?”; só que, existem outras linhas que defendem que o texto correto

seria “Meu pai, meu pai, como me glorificastes!".

Não temos como saber qual é o verdadeiro sentido, uma vez que ambas as correlações são válidas dentro da

organização propostas à leitura.

Se é uma tradição de clãs familiares e que vários deles reproduzem isso, ficam os livros dos clãs que assumem ou

garantem uma posição diferenciada. Os demais não terão a sua expressão, a sua continuidade.

Não dá para falar do nascedouro claro de uma civilização, mas, quando se organiza uma história no sentido de

um livro, é lógico que deve-se colocar o nascedouro. Em qualquer tradição buscam-se as origens.

Existem discussões enormes sobre qual seria o período abraânico desde o período da antiguidade e até hoje não

se consegue determiná-lo. Criam-se aproximações que vão postergar essas discussões.

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A tradição não pode ser criada do nada. Deve-se, no mínimo, trazer esses elementos da tradição, discuti-los, para

se tornarem presentes na sociedade.

4 Nesse sentido, quem é Abraão? Qual a promessa que


Abraão recebe?
Existem dois elementos: Abraão seria pai de uma grande nação e terra prometida. Se é uma tradução moderna,

ela acaba criando um problema. Pai do que? Pai de um povo, só que povo é um contexto moderno. Povo é a ideia

da associação em torno de um elemento central no qual se identifica suas lideranças, suas fronteiras e suas

castas sociais.

Terra é provavelmente a construção amarrada no aramaico. Esse mesmo termo, quando chega ao latim, aparece

como patriae, que muita gente traduz como Pátria, mas o sentido é de dominação de uma terra, e como terra

entende-se obter direito sobre ela. A Terra pode não ter fronteira, mas isso não quer dizer que ela não tenha um

senhor. Quando se entra em uma terra sem ser o senhor dela, tem que pagar e se submeter ao seu domínio.

Então a promessa de Terra é a promessa de uma autonomia do clã, uma cidade própria.

O texto fala de um Abraão que nega a divindade dos seus pais. Isso normalmente é interpretado como uma

quebra do politeísmo e a ascensão de um movimento monoteísta. Deve-se entender que isso é feito em um

momento em que o monoteísmo não está estabelecido. Ele diz que é o deus dos hebreus.

A ideia não é monoteísta no todo, nesse sentido é politeísta. Os outros deuses não desaparecem, mas existe, sem

dúvida, um monoteísmo de grupo, uma nova identificação em que o reconhecimento de uma divindade própria,

que rompe com o panteão, é vital.

É uma ideia presente nos textos originalmente politeístas, de grupos especialmente mesopotâmicos e egípcios. O

deus de um grupo aparece entre os Assírios que cultuavam Assur; e Marduk, que chega a ser constituído como

maior de todos os deuses. No Egito Athon, quando foi constituído como o principal deus, teria expulsado os

demais deuses do Egito.

Quando se faz isso, não se diz que não existem outros deuses, apenas que esse é o "meu" deus. Entende-se essa

organização, percebe-se o relato de maneira diferente das tradicionais.

As tribos aramaicas, uma ou um conjunto delas, vai dar origem aos hebreus, não o inverso. Outros arameus

depois entram em conflito, mas uma dessas tribos, quando, claramente com tradições nômades, tem dificuldade

do controle da terra, tem controle divergente em torno dos babilônios, em torno de vários grupos da

Mesopotâmia, o sentido de terra ganha outra forma. O sentido do tema quer dizer, domínio no qual não se é

subjugado por ninguém.

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Essa organização social é marcada, justamente, pelo discurso atribuído a Abraão, que rompe muito claramente

com a manifestação e com a leitura, dos seus pais e com os deuses de seus pais, pois provavelmente adotavam o

panteão que já existia.

E com a quebra, vocês dizem que tem seu próprio representante e, mais que isso, ele está próximo, não é

distante, não é justo. No caso de Esaú e Jacó, pode-se ver isso claramente: Esaú é o protetor do pai e de seus bens,

Jacó jamais manteve essa relação.

No momento em que vai ser mantido o direito da progenitude, tem-se a utilização de um subterfúgio para que o

mais jovem ganhe esse direito.

Dado esse subterfúgio, espera-se, dentro da moral cristã, que aquele que usou do mal seja punido. Isso não

acontece e ele acaba sendo o protegido de Yahweh, segue o caminho sempre envolto nos favores divinos.

Naquele, a providência divina não está ligada a uma ideia de justiça, mas de cumprir os desígnios. Está ligada com

o que é melhor dentro daquela leitura do deus, próprio para transformação do grupo.

Os hebreus vão se tornar monoteístas relacionados com a sua própria organização social.

O monoteísmo está ligado ao momento da formação dos reinos após a saída de Moisés do Egito.

A religião é um processo vital para compreender os hebreus como grupo. É fundamental entender que eles são

construídos. Ela não é um modelo pronto, fechado, que brota por conta de uma ligação. Chega-se a ter todos os

elementos conhecidos, só que esses elementos são construídos paulatinamente.

O tempo desse processo é de, aproximadamente, 1250 a 150 a.C.

Deve-se entender que ele está saindo de uma estrutura clânica e está estruturada, por conta dessa ruptura,

provavelmente no século XIII ou em torno desse século e, obviamente, vai encontrar uma série de resistências.

Esse grupo, provavelmente, não é o único que vai se opor em torno de outros grupos. Dentro daquela associação

existiram grupos diversos.

Dentro dessa leitura é que se consegue entender a formação das chamadas 12 tribos. Elas são o conjunto reunido

em torno desta tradição, mas que, de alguma forma, se separam e, ao mesmo tempo, se solidificam, dando uma

ideia de identidade por um novo fator cultural, o binômio história-religião.

Muito é dito que era possível, pelo que se entende de estrutura egípcia, que o grupo ou importantes grupos desta

tradição, tivessem sido fundamentados, estabelecidos a partir dessa quebra. Fala-se de séculos onde isso é

afirmado e está em torno de uma tradição moral para o Egito. (Relembremos a estela de Djoser, que lembra a

história de José).

Esse grupo vai começar a "beber" de uma série de elementos egípcios, ainda que, provavelmente, de um Egito

que, no primeiro momento, tenha amenizado bastante a questão do modelo faraônico de escravidão.

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Saiba mais
A partir do momento em que é estabelecido o Novo Império, o inimigo estrangeiro é vencido,
os demais grupos estrangeiros presentes no Egito passam a negociar com esse novo poder.
Existe uma tendência, e essa é mais aceitável, que esses grupos passam mais ser cobrados,
passam mais tempo a manter as corvéias, passam a ter um quadro de escravidão maior no
Egito.
O que não significa, até por conta da estrutura anterior, que haverá hebreus somente em uma
posição subalterna nessa sociedade.

Pode-se buscar desde elementos declarados por José até traços em torno da figura de Moisés.

Figura 4 - Figura representativa de Moisés

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Quando, ainda por uma rota difícil, no século VII ou VIII, chega a quem conhece a Palestina, o atual espaço de

Israel e afirma uma nova forma de organização política-social.

Se Abraão é uma tradição, ele tem um dos discursos mais fortes, vai à busca de terras prometidas. Dessa forma,

tem-se elementos de uma nova organização política.

Figura 5 - Mesquita

Esse grupo, quando se estabelece, vai se unificar com outros grupos de tradição hebraica que sempre estiveram

na região. Durante o processo de saída é mantido uma estrutura nômade que terá seus representantes e daí vem

os juízes. Assim, é o primeiro momento em que se inicia a transformação da figura dos escribas.

Essa saída dura aproximadamente entre 100 e 150 anos. Ninguém estava fugindo, estavam procurando um lugar

para por fim a um longo processo de imigração, com aquela mesma ideia, com aquela mesma afirmação: chegar à

terra prometida. Não é a toa que há diversos acordos políticos quando eles chegam à Canaã e batalhas

memoráveis. Mas, também há crises da organização política, como o chamado Cisma - com a divisão de dois

reinos, e mais complexo - o direcionamento de parte do grupo em direção a Iaweh como o Deus único; e parte do

grupo seguindo Baal. O caminho está definido, a organização política, as cidades de tradição hebraica e a

necessidade de se equilibrar entre os vizinhos poderosos vão indicar de maneira cada vez mais clara na direção

de um rei, e de uma categoria teológica algumas vezes ensaiada, mas afirmada neste momento com a presença

do monoteísmo. Mas isto são cenas dos próximos capítulos.

O que vamos aprender na próxima aula:


• As formações dos reinos de Israel e Judá;
• a formação de uma religião monoteísta;
• a função social do messias, dos profetas e do cativeiro da babilônia.

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CONCLUSÃO
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

Nesta aula, você:


• Compreender que estudar a história hebraica é se libertar de fundamentos religiosos;
• Aprender que Abraão é um símbolo da transição de estruturas nômades para práticas sedentárias;
• Analisar os aspectos da saída dos hebreus do Egito na formação de sua história, em especial no
momento em que foram produzidos, época dos escribas, com o fundamento de oferecer legitimidade ao
próprio conjunto.

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