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História Antiga Ocidental

Aula 6 - A origem de Roma e o início da


República
INTRODUÇÃO

Nesta aula, conheceremos um pouco sobre a origem da civilização romana. Como uma pequena vila, perdida no meio
da Península Itálica, tornou-se um dos maiores Impérios da História.

Para entender esse processo, temos de voltar a um período em que Roma não era sequer autônoma, ou seja, durante
os séculos em que estava estreitamente ligada a um povo próximo: os etruscos.

A seguir, analisaremos os elementos que contribuíram para a passagem da Monarquia para a República e
consequentes mudanças advindas dessa transformação.
OBJETIVOS

Comparar a explicação sobre a origem mitológica romana com a explicação histórica.

Analisar algumas características das cidades-estados etruscas.

Identificar as principais instituições políticas existentes em Roma durante o domínio etrusco.

Determinar os motivos que levaram Roma a obter sua autonomia em relação à Etrúria.

Caracterizar as diferenças surgidas na política romana após a obtenção de sua autonomia.

Explicar os motivos que levaram Roma ao seu processo expansionista inicial.

Especificar as razões que levaram os plebeus a iniciarem seus conflitos contra os patrícios.
PRIMEIROS OCUPANTES DO TERRITÓRIO
A geografia da Itália é bastante privilegiada. Situada em uma península, seu litoral é banhado pelos mares
Mediterrâneo, Tirreno e o Adriático, este sendo o segundo maior de toda a Europa.

Fonte: gmstockstudio / Shutterstock

Roma, em seus primórdios, era uma pequena vila perdida no meio dessa península. Situada na Planície do Pó, era uma
região beneficiada pelo acesso a rios caudalosos - o Tibre e o Pó.

A localização de Roma ofereceu grandes suprimentos de água em todas as estações e acesso a solos férteis. Por volta
do século XVI a. C, já haviam homens praticando uma economia pastoril seminômade. Esses indivíduos dominavam
técnicas de metalurgia com o bronze e decoravam cerâmicas.

É possível que já falassem a língua indo-europeia que, mais tarde, se transformou no latim. É bastante provável
também que, a partir da Idade de Bronze, esses povoamentos tenham continuado sem interrupção.

Segundo a tradição, Roma foi fundada em 753 a.C. Essa data, porém, é totalmente mítica, muito tardia para os
vestígios da arqueologia. Essa crença surgiu a partir do relato deixado pelo poeta romano Virgílio e pelo historiador
também romano Tito Lívio.

, A ORIGEM MITOLÓGICA DE ROMA


De acordo com a lenda...
Enéas, um príncipe troiano, filho de um mortal (rei de Troia) e da deusa Vênus, fugiu de sua cidade durante a Guerra de Troia.
Acompanhado de alguns homens, seguiu para a península Itálica, onde seu filho Ascânio fundou uma cidade, chamada Alba
Longa.
Numitor e Amúlio, descendentes de Enéas, estão presentes no relato da lendária fundação de Roma.

Provavelmente, os romanos criaram essa lenda


para enaltecer a origem de sua civilização,
envolvendo deuses e nobres.
leoks / Shutterstock
Rômulo e Remo, irmãos gêmeos, eram filhos do deus grego Ares (ou Marte, seu nome latino), e da mortal Réia Sílvia,
filha de Numitor, rei de Alba Longa. Amúlio, irmão do rei Numitor, deu um golpe de Estado, apoderou-se da coroa e fez
de Numitor seu prisioneiro.

Réia Sílvia foi confinada à castidade, para que Numitor não viesse a ter descendência. Entretanto, Marte desposou Réia,
que deu a luz aos gêmeos Rômulo e Remo. Amúlio, rei usurpador, ao saber do nascimento das crianças, jogou-as no rio
Tibre.A correnteza jogou à margem os irmãos que foram encontrados por uma loba, Capitolina, que teria amamentado
e cuidado dos dois até que foram achados pelo pastor Fáustulo que, junto com sua esposa, criou-os como filhos.

Fonte: Wikipedia

A ORIGEM MITOLÓGICA DE ROMA: O RETORNO DE REMO


Quando adulto, Remo se indispôs com pastores vizinhos. Estes o tomaram e levaram a presença do rei Amúlio, que o
encarcerou.

Fáustulo revelou a Rômulo as circunstâncias de seu nascimento e o jovem foi ao palácio para libertar o irmão.

Matou Amúlio e libertou seu avô Numitor. Para recompensar os netos, Numitor deu-lhes o direito de fundar uma cidade
junto ao rio Tibre.

Os dois consultaram os presságios e seguiram até a região destinada à construção da cidade.

Remo dirigiu-se ao Aventino e viu seis abutres sobrevoando o monte. Rômulo, indo ao Palatino, avistou doze aves e fez
então um sulco por volta da colina, demarcando o Pomerium, recinto sagrado da nova cidade.
Fonte: <//www.historialivre.com/antiga/romalenda.htm>. Com adaptações.

Remo, enciumado por não ser o escolhido, escarneceu do irmão e, em um salto, atravessou o sulco, sendo morto por
Rômulo, que o enterrou no Aventino e deu o nome à sua cidade (Roma) em homenagem ao irmão.

ETRÚRIA
Durante séculos, Roma teria sido dominada por seus vizinhos do norte, os etruscos. Suas cidades-estados floresceram
nos séculos VII e VIII a.C. Os etruscos nos reservaram poucos detalhes sobre sua história. Sabemos que dominavam a
ourivesaria, cujos detalhes lembram em muito a arte oriental desse período. Os gregos também teriam contribuído para
sua arte.

Como haviam fundado colônias ao sul da Península Itálica, os gregos precisavam de cobre e ferro dos etruscos.

Em troca, davam aos a eles vasos pintados cheios de âmbar, estanho e chumbo.

Fonte: Aleksandr Pobedimskiy / Shutterstock e ntv / Shutterstock


Fonte:

Ao que parece, a Etrúria não era unificada sob o domínio de um único rei. Eram cidades-estados como a Grécia, com
suas diferenças sociais, políticas e econômicas. Esse aspecto é de grande importância para o entendimento da Roma
primitiva.

Roma teria sido influenciada, de tempos em tempos, por essa ou aquela cidade etrusca. Pela proximidade geográfica,
provavelmente Tarquínia, Ceveteri ou Veios. Roma estava no meio do caminho para a Campânia, onde os etruscos
comercializavam com os gregos e possuía planícies muito férteis. Dessa forma, era necessário subjugá-la para ter
acesso facilitado a essas benesses. Não tardou para essa influência virar dominação de fato. Foi estabelecida uma
monarquia etrusca.

ESTRUTURA DA ROMA PRIMITIVA – MONARQUIA ETRUSCA


Durante o domínio etrusco (VI-VIII a. C), Roma era uma monarquia. Essa é a primeira fase da história romana. Sua
organização administrativa era baseada na divisão da população. Ali se organizaram três tribos (TRIBUS) e essas
foram divididas em dez cúrias (CURIAE) – cada uma composta de um certo número de famílias ou clãs.

O Senado foi uma instituição presente em todas as fases da história romana. Teria nascido dessa divisão, pois conta
com 300 membros, ou seja, 10 de cada cúria/100 de cada tribo.

Esses senadores eram escolhidos pelo rei entre os pater familiae, chefes de clãs. As cúrias também se reuniam para
formar uma antiga assembleia, chamada de Comitia Curiata, que possibilitava a ratificação das decisões do monarca,
depois de consulta ao Senado.

Desse sistema curial parece ter surgido também a base para a mais antiga organização militar de Roma. A monarquia
etrusca foi derrubada devido ao crescimento de Roma, utilizada como rota comercial por eles. A data mais provável é
510 a.C. No entanto, os romanos ficaram temerosos de uma possível reconquista e ainda, do assédio de povos ao
redor.
Fonte: Wikipedia

REPÚBLICA – PRIMEIROS SÉCULOS


Na maior parte dos séculos seguintes, Roma testemunhou lutas constantes e, para afirmar sua autonomia,
empreendeu as chamadas guerras defensivas, ou seja, guerras com o objetivo de proteção fronteiriça. Ao adotar essa
política, os romanos, pouco a pouco, dominaram os latinos, os équos , volscos, sabinos e seus antigos opressores, os
etruscos.

Nessa época, os romanos estavam reorganizando suas estruturas políticas, conforme o modelo a seguir:

Cônsules

Em número de dois, eleitos pela assembleia, com vétuo mútuo. Possuíam poder
administrativo, comando do exército, interpretação e execução da lei.

Senado

Aumento de influência após a queda da monarquia. Não possui poder Executivo; era órgão
consultivo dos magistrados eleitos em questões de política externa e interna, finanças e
religião.

Comitia Centuriata

Assembleia composta pelos cidadãos romanos. As centúrias dos mais abastados tinha
maior peso que as demais. Além disso, os membros do Consulado eram nomeados entre os
senadores escolhidos por eles.

Censores

Eram dois, invariavelmente ex-cônsules. Exerciam o recenseamento dos cidadãos, a


orientação sobre as construções públicas e a fiscalização da conduta moral dos cidadãos.

Pretores

Ligados à Justiça, tinham cargo vitalício.

Edis

Encarregados da preservação das cidades, abastecimento, da polícia, dos mercados.

Questores

Função administrativa, ligados à cobrança de impostos.


SOCIEDADE ROMANA
A sociedade romana era dividida em duas grandes camadas: patrícios e plebeus.

Fonte: Irina-PITTORE / Shutterstock

Os patrícios, desde o início da Monarquia, estabeleceram uma instituição, que, em um primeiro momento, coloca de um
lado patrícios, de outro, os plebeus – a relação de patronagem.

Essa relação envolve dois indivíduos: o patrício e o cliente. O cliente era um homem livre que se colocou sob proteção
do outro, o patrono, ajudando-o a ter êxito na vida pública, defendendo seus interesses na medida do possível. Em
troca, o patrono defendia os negócios dos clientes e lhes dava apoio financeiro e jurídico. Esse vínculo garantia uma
certa estabilidade social.

No entanto, como vimos, muitos plebeus se propuseram e começaram a liderar movimentos de protestos, pela falta de
acesso a magistraturas. Os plebeus de menores posses aderiram não por almejarem acesso à política, e sim melhores
condições de vida.

Muitos desse homens eram cooptados para lutar por Roma (soldados-cidadãos) e não recebiam retribuição pelo seu
feito. Os territórios conquistados tornavam-se ager publicus (terras públicas), excluindo os plebeus.

Comentário
,
Nessa situação, eram frequentes os períodos de escassez de cereais, o que provocavam a fome.

AS CONSEQUÊNCIAS DA DESASTROSA SITUAÇÃO DESSE PERÍODO


ROMANO
Um grande número de plebeus, voltando da guerra e vendo suas terras arruinadas, endividaram-se desesperadamente.
Segundo as leis romanas da época, quem não pudesse pagar suas dívidas e não tivesse como angariar recursos,
transformava-se em um homem atado (nexus), um homem reduzido à servidão.

Fonte:
Com o passar do tempo, os plebeus se conscientizaram de sua importância para os patrícios. Começaram a organizar
secessões, ou seja, separação do resto da comunidade.

Ao que parece, a primeira delas teria ocorrido em 494 a.C., quando um grupo de plebeus subiu o Monte Aventino (fora
das muralhas de Roma) e ameaçou fundar uma nova comunidade.

A ameaça funciona, pois as autoridades patrícias viram-se obrigadas a atender a algumas reivindicações. Surgiu o
cargo de tribuno da plebe, que estava obrigado a interceder contra os atos de qualquer autoridade, afim de proteger os
plebeus contra execução e perseguição.

Os tribunos não eram funcionários do Estado ou uma magistratura, mas faziam um juramento para tentar salvaguardar
os plebeus. Quebrar esse juramento provocava a maldição e a pena de morte. Os primeiros ocupantes desses tribunais
forma plebeus de posses e ambição.

Essa questão tem um papel essencial nas próximas reivindicações dos plebeus.

Para evitar novos conflitos, dez patrícios, os decenviri, prepararam o primeiro código de lei escrito e divulgado entre os romanos; a
Lei das XII Tábuas, em 451 a.C. Esse documento tratava de direitos e deveres dos cidadãos romanos (civis romani) e a relação
entre os eles, sendo, durante séculos, a única lei romana.
Embora tenha gozado de grande prestígio, este documento não atendeu às aspirações plebeias, o que provocou nos anos
seguintes novas concessões. Em 376 a.C. foi criada a Lei Licínia Sextia, que obrigava que um dos cônsules fosse plebeu.15 anos
depois foi permitido aos plebeus o acesso ao cargo de censor.
Essas mudanças criaram uma nova elite, não mais totalmente patrícia e sim, mesclada pelos plebeus enriquecidos. Os plebeus de
menor posição foram auxiliados pela criação de um cargo, o pretor, exclusivamente deles.
Essas medidas não apaziguaram Roma totalmente, mas criaram um período de relativa calmaria, o que permitiu seu
expansionismo para além das fronteiras da península.

Glossário

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