Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
OREMOS: Senhor, eu creio que estás vivo e que renovas a vida; eu creio que estás presente nos
que não duvidam e creem, eu creio que onde dois ou três se reúnem no teu nome, tu estás no meio
deles; eu creio que escutas a minha oração; eu creio que as tuas palavras são espírito e vida; eu
creio que a experiência da tua ressurreição muda a minha vida; eu creio que esta experiência
acontece através do meu próximo, em particular dos mais necessitados; eu creio que não há
ressurreição sem compaixão, perdão, fraternidade e solidariedade; eu creio que posso proclamar a
vitória da ressurreição sobre cada situação de dor, de sofrimento e de morte. Eu creio que sem ti,
nada posso fazer de bom. Amém.
Após a mística inicial, o condutor do encontro dar continuidade apresentando o tema. Dê um tempo
para que quem se sentir à vontade para partilhar sobre a mística inicial e o tema. (Logo após o
condutor pode dizer as formas de alimentarmos a nossa espiritualidade, que é através da ORAÇÃO
como acabamos de fazer na nossa mística inicial, na AÇÃO, ou seja, e na VIDA COMUNITÁRIA, na
nossa MISSAO, ambas são momentos de espiritualidade com Deus, sua palavra e suas ações
concretas. Por fim convida a todos para ouvir a palavra de Deus com o canto de aclamação)
TEXTO 01
A vida espiritual é um caminho a ser traçado passo a passo, neste caminho, buscamos uma
vida nova em Cristo, um maior amor à pessoa do Espírito Santo, um caminho de verdadeira fé, mas
além da oração, devemos ter uma vida espiritual voltada a ação e engajamento nas lutas e
movimentos sociais, ser sal e luz na vida do outro. Em nosso mundo, são muitas as religiões, muitos
os modos de expressar louvor a Deus. Deus aceita todo louvor feito de bom coração, mas que se
revela ao seu Povo dizendo que não lhe bastam apenas palavras bonitas e elogiosas: Ele quer um
coração que seja justo. Nossa espiritualidade não pode se resumir à contemplação (necessária),
mas deve transformar-se em atos. A espiritualidade cristã não é vivida somente em particular, mas
também em grupo. Tudo o que é importante para cada um torna-se importante para a comunidade.
Olhar para o céu, sim, mas com os pés firmes no chão. A Bíblia é de uma clareza inconfundível:
experimentar Deus e agir são momentos de um mesmo processo. Quando refletimos sobre os
problemas do País (desemprego, saúde, drogas e demais problemas sociais, etc.) e para eles
buscamos soluções por meio de nossas lutas e ações populares e social, estamos sendo tão
“espirituais” quanto nos retiros ou momentos de oração diante do sacrário. Porém, ela não quer dizer
que uma coisa substitua, seja mais importante ou elimine a outra, mas tão somente que as duas
(Oração e ação) se completam e fazem parte de uma mesma dimensão integral do ser humano, que
então chamamos de espiritualidade. Quando associamos espiritualidade apenas com retiros,
isolamento, oração, meditação, música suave, montanhas etc., deixamos de ver que esses
momentos orantes são, na realidade, apenas um momento específico de algo maior. Portanto, o
primeiro passo que devemos dar quando queremos construir a nossa espiritualidade cristã é saber
que, em seu fundamento, ela se refere a nossa vida como um todo. Ao falarmos da espiritualidade
de Jesus Cristo, não estamos nos referindo apenas aos seus momentos de oração no Horto das
Oliveiras, mas também às suas ações concretas: a partilha do pão, as curas, a expulsão dos
vendilhões do templo, a coragem de enfrentar o terrível Herodes, Pilatos e o Sinédrio, as denúncias
mordazes à hipocrisia das autoridades políticas e religiosas etc. A verdadeira espiritualidade cristã é
aquela que nos leva ao seguimento dos passos de Jesus, aquela que converte a nossa vida também
na sua dimensão ativa, e não simplesmente contemplativa.
Enfim, o desafio que cabe a nós e àqueles que querem viver autêntica espiritualidade cristã
está em concretizar o Espírito e espiritualizar a ação concreta, estendendo a experiência de Deus à
nossa história real. Só assim poderemos experimentar a Deus em sua plenitude.
TEXTO 2
Na Pastoral da Juventude do Meio Popular, como em outros segmentos que tem como
princípio base a Teologia da Libertação, a mística é uma forma de manifestação da espiritualidade,
onde se apresentam vários elementos que a incorporam, tais como: religiosidade popular, natureza,
corporeidade e afetividade.
Leonardo Boff bem lembra que a espiritualidade significa cultivar um lado do ser humano: seu
espírito, pela meditação, pela interiorização, pelo encontro consigo mesmo com Deus. A mística,
então, se apresenta ai como o elemento fundamental para que essa espiritualidade nasça e se
estabeleça para uma proposta coletiva, da partilha, da comunhão dos empobrecidos em busca da
verdadeira lição de luta, de solidariedade, deixada por Jesus Cristo. Dom Pedro Casaldáliga, bispo
emérito de São Félix do Araguaia, fortalece ainda o que foi dito: pode-se viver a mística-
espiritualidade em dois sentidos, a saber:
a) de forma personalizada, consciente e livre, que abranja todas as dimensões do ser da pessoa
humana (alma e corpo, pensamento e vontade, sexo e fantasia, palavra e ação, interioridade e
comunicação, contemplação e luta, gratuidade e compromisso), pois cada pessoa a vive de forma
única;
b) de forma encarnada na história, hoje e aqui, na América Latina e nas comunidades, com suas
dores e alegrias.
Um marco forte e presente na Mística do Meio Popular são os quatro elementos, que não são
somente símbolos ou conceitos abstratos, mas refere-se às forças vitais da natureza, da vida, que
se apresentam em toda a criação e que podem ser percebidas pelo sentido físico, na manifestação
da fé. O fogo que nos aquece, que nos ilumina, a água que mata a nossa sede, nos purifica, o ar,
que enche nossos pulmões e faz com que gritemos, com que busquemos vida e a terra que nos traz
o alimento, o pão. Pensar em mística é se aproximar dos elementos de Deus, que já estão aqui
perto de nós e nesse aproximar-se não há como negar as mazelas, da corrupção, da miséria, dos
homicídios da nossa realialidade. A mística do meio popular é carregada de uma espiritualidade da
mudança, da reinvidicação, que busca a não alienação dos e das jovens comprometidos e não
comprometidos com as lutas populares.
Quando no hino da PJMP dizemos que “pelos campos, cidades e vilas, no trabalho ou então
desempregados, nas caatingas, nas fábricas e nas filas” queremos dizer que a nossa espiritualidade
permanece e persiste com a nossa mística em todos esses cantos, é dizer que na fartura ou na fome
não nos renderemos, é a lição do ver-julgar-agir-celebrar-festejar é o compromisso nosso com Jesus
Cristo, com o Cristo que não morreu de gripe, de tuberculose, mas que morreu defendendo seus
princípios e denunciando o sistema opressor.
Amém, Axé, Awerê, Aleluia, Oxente!