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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 375 | FEVEREIRO DE 2021

expediente
Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO

Editor
DIÁCONO
JORGE AMÉRICO DE OLIVEIRA JUNIOR

Equipe de produção
ANTÔNIO CARLOS FERNANDES
DANIELA FREITAS DA SILVA
EVANDRO LÚCIO CORRÊA
JOSÉ EDUARDO DUARTE
LUCIANA OLIVEIRA MEZETTI SILVA
MARIA ELIETE CASSIANO MOREIRA
MARIVALDA CEZÁRIO SANTOS TOBIAS
MESSIAS DONIZETE FALEIROS
ROBERTO CAMILO ÓRFÃO MORAIS
SIMARA APARECIDA TOTI
VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA

Revisão
VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA

Telefone
35 3551.1013

E-mail
guaxupe.ascom@gmail.com

Os Artigos assinados não representam necessariamente a opi-


nião do Jornal.

Uma Publicação da Diocese de Guaxupé

www.guaxupe.org.br
editorial

A
Campanha da Fraternidade já não é algo novo no agir da
Igreja. Em 1961, 3 padres responsáveis pela CÁRITAS ide-
alizaram uma campanha para assistir aos pobres. Essa
pequena iniciativa, um ano depois, na Quaresma de 1962, em
Natal, Rio Grande do Norte ficou conhecida como a 1ª Campa-
nha da Fraternidade.

Foi tão contagiante a iniciativa, que em 1963, a Campa-


nha da Fraternidade já era um compromisso assumido por 16
dioceses do nordeste brasileiro, e então, no ano de 1964, marca
também anos difíceis e decisivos para a democracia, a Campa-
nha da Fraternidade foi lançada a nível nacional pela CNBB.

O Objetivo da Campanha da Fraternidade é sempre o diálo-


go da Igreja com a sociedade. E, para que realmente ela produza
efeitos, vale a pena recordar as palavras do cardeal Dom Aloísio
Lorscheider, OFM no ano de 1971: “para a eficácia da campanha,
devemos acreditar nela!”.

O tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano


é um forte apelo à paz, à unidade e ao diálogo entre os cristãos:
“Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef
2, 14a). E o lema insiste que a unidade seja sempre um compro-
misso oblativo: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”.

O Santo Padre faz constantemente apelos e constrói pontes


para a unidade dos cristãos. No entanto, o diálogo não pode ser
encarado apenas como compromisso formal. Não basta a apro-
ximação física dos membros das comunidades cristãs, é preciso
que os corações e as almas dos cristãos se fundam consciente-
mente para um autêntico e comprometedor diálogo gerador de
paz e testemunho.
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Dom José Lanza Neto,
Bispo da Diocese de Guaxupé

voz do pastor
FRATERNIDADE E DIÁLOGO:
UM COMPROMISSO DE AMOR
“Cristo é a nossa paz:
do que era divido fez uma unidade”
(Ef 2, 14a)

U
m grande e propício sopro do Espírito Santo fez com que
nós, cristãos, uníssemo-nos em uma Campanha da Fra-
ternidade Ecumênica (CFE), que acontece a cada cinco
anos.

O Espírito do Senhor nos conduz com a sensibilidade do


Evangelho para aflorarmos a unidade e nos darmos as mãos em
torno de circunstâncias desafiadoras e abrangentes, promoven-
do a convergência de irmãos e irmãs mesmo de denominações
distintas, rompendo limites e preconceitos. Isso ocorre porque
homens e mulheres, iluminados pela fé em Cristo, acreditam na
força da Boa Nova que se faz presente na vida, inspirando com
liberdade, a paz, a justiça e a verdade. Caminhamos há mais de
20 anos e atingimos grandes conquistas como expressões for-
tes e concretas de um trabalho em conjunto.

Cada uma das campanhas realizadas sinaliza que o diálogo


é o nosso melhor testemunho para o mundo. A fé comum nos
lembra que Cristo é a nossa paz e o nosso ânimo e sabemos
o quanto o Mestre Jesus se faz essencial para prosseguirmos
pelo caminho da unidade na diversidade. O Evangelho nos une
em torno do núcleo do testemunho cristão e, ao mesmo tempo,
acolhe as diversas experiências de vivência e celebração da fé.

Movidos pela ação divina, decidimos por testemunhar a fé


em sintonia com nossos princípios mais fundamentais, com a
manifestação da diversidade como meio de se chegar a mais

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irmãos e irmãs, concretizando o desafio de viver a Campanha
da Fraternidade Ecumênica 2021. Com ela, afirmamos nosso
compromisso amoroso com a fraternidade e o diálogo, porque
o próprio Cristo fez uma unidade daquilo que era dividido (cf. Ef
2, 14a).

Em sintonia com o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-


-Religioso, no documento Diálogo e Anúncio, destacamos quatro
formas de diálogo pelas quais se tornam favoráveis o caminho
para a vivência do diálogo entre as diversas tradições religiosas:

“O diálogo da vida, onde as pessoas se esforçam por viver


num espírito de abertura e de boa vizinhança, compartilhando
as suas alegrias e tristezas, os seus problemas e as suas preo-
cupações.

O diálogo das obras, onde os cristãos e os outros colabo-


ram em vista do desenvolvimento integral e da libertação da
gente.

O diálogo dos intercâmbios teológicos, onde os peritos pro-


curam aprofundar a compreensão das suas respectivas heran-
ças religiosas e apreciar os valores espirituais uns dos outros.

O diálogo da experiência religiosa, onde pessoas radicadas


nas próprias tradições religiosas compartilham as suas riquezas
espirituais, por exemplo, no que se refere à oração e à contem-
plação, à fé e aos caminhos da busca de Deus e do Absoluto”.
(DA, 42)

Com a participação ativa de todas as Igrejas-membro do


Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), além da Igreja Be-
tesda de São Paulo e do Centro Ecumênico de Serviços à Evan-
gelização e à Educação Popular, foi desenvolvida a Oração da
CFE 2021, com a qual concluímos este texto:

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Deus da vida, da justiça e do amor,
Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade
e por concederes a graça de vivermos a comunhão na di-
versidade.

Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica,


ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo
como compromisso de amor, criando pontes que unem
em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio.

Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a


toda a humanidade,
em especial, aos mais pobres e fragilizados,
a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor
e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperan-
ças,
caminhando pelas veredas da amorosidade.

Por Jesus Cristo, nossa paz,


no Espírito Santo, sopro restaurador da vida.
Amém.

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Rosângela Martelli é pedagoga, pós-graduada em gestão da edu-
cação e leiga da Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Alfenas/MG

opinião
A SAÚDE DO ESPÍRITO

P
ara mantermos a fé é necessário a saúde do espírito. Com
certeza nos preocupamos com nossa saúde física, mas
você já se preocupou com a saúde do seu espírito? Pode-
mos afirmar que a saúde do espírito reflete na saúde física. En-
tão, quando cuidamos de nossa saúde espiritual, agimos a favor
de nossa própria vida.

E para termos uma vida plena, necessitamos de paz em


todos os sentidos. Buscamos o tempo todo bem-estar e satisfa-
ção em todos as áreas, mas o que fazemos para obtê-la?

É estritamente necessário que criemos um hábito para cui-


darmos da saúde do nosso “eu” espiritual, buscarmos a comu-
nhão com Deus e assim podermos partilhar da sua paz.

Como poderemos cuidar da saúde do espírito? Primeira-


mente, precisamos fazer uma análise de nossa vida, verificar-
mos o que está bem e onde precisaremos corrigir, muitas vezes
achamos que não precisamos melhorar em nada, mas há sem-

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pre algo em que possamos contribuir e também nos curar. Prin-
cipalmente, as cicatrizes que carregamos em nossas vidas que
muitas vezes nos impedem de estarmos em plena comunhão
conosco e com os outros.

As palavras de Deus são fonte de saúde física, mental e


espiritual, sendo assim, necessitamos exercitar nossa fé. A fé
move montanhas e sabemos que somos filhos amados de Deus,
portanto, Ele, cuida de todas as nossas necessidades. Precisa-
mos crer e confiar que tudo está a nosso favor, entregar nossas
vidas sem medo e ter a certeza que estamos protegidos pelo
amor de Jesus Cristo.

Sejamos a “luz” que irradia o amor que Jesus Cristo nos


ensinou, e com toda a certeza, estaremos em plena saúde espi-
ritual.

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Rosane Brigagão é Catequista na Paróquia São José - Machado/MG

devoção
MARIA: MÃE E
MODELO PARA OS CRISTÃOS

“D
isse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque
achaste graça diante de Deus” (Lc 1,30). Incontes-
tável! Maria foi a mulher preferida de Deus, aquela
que foi escolhida para trazer ao mundo a divindade em forma
humana, a quem o filho de Deus pousou os olhos pela primeira
vez. Como não lhe render graças? Maria é digna não só por ter
dado ao Salvador a carne pela qual seríamos salvos, mas por ter
ouvido a Palavra de Deus e cumprido fielmente a sua vontade.
É modelo de santidade, aliás, é a maior entre todos os Santos.

Inúmeros são seus títulos (mais de mil), e cada um re-


presenta uma particularidade local, um fato ou aparições. Em
todos esses acontecimentos denotam-se a fé e a justa devoção
à Mãe de Deus.

A devoção à Nossa Senhora Desatadora dos Nós, é uma


das devoções que, particularmente, acho belíssima. Conta-se

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que ela apareceu na Alemanha quando um artista reproduziu
uma imagem da Virgem tendo como inspiração a frase de Santo
Irineu de Lyon: “o nó da desobediência de Eva foi desatado pela
obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua
incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé”. A obra
de arte foi colocada na Igreja e começaram a ocorrer relatos de
graças obtidas pelos fiéis que lá frequentavam, devido às inú-
meras orações a Maria, surgindo então o título.

Os motivos são diversos e inquestionáveis quanto a de-


voção à Maria. E esta devoção nasce naturalmente na alma do
cristão, porque Maria sendo aquela que gerou o filho de Deus,
sem dúvidas, nos ensina a buscar os fundamentos na própria
Palavra de Deus.

“Todas gerações a proclamariam bem-aventurada” (Lc 1,


48), ou seja, reconheceriam a sua excelência; “Ave, cheia de
graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28), afirmação do Deus único
inserido nela; “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o
fruto do teu ventre”(Lc 1,39) o mesmo termo BENDITO aplicado
a Jesus e a ela, sem diferença.

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu


Senhor?” (Lc 1, 43), aqui temos o reconhecimento da grandeza
de sua maternidade. “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e
os peitos que te amamentaram!” (Lc 11, 27), nesse louvor glori-
ficamos o Filho por meio da Mãe. Ao engrandecer a Maria, com
efeito, em nada diminuímos a Cristo, de quem, por quem e para
quem são todas as coisas (cf. Rm 11, 36). Não há caminho mais
curto para o coração do Filho do que recorrer àquela pela qual
Ele mesmo quis entrar no mundo: Ad Iesum per Mariam, já que
por Maria, Ele veio a nós.

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Vatican News

igreja em ação
NOMEADO O NOVO NÚNCIO
APOSTÓLICO PARA O BRASIL

O
Santo Padre nomeou o novo Núncio Apostólico para o
Brasil. Trata-se de Sua Excelência Reverendíssima, Dom
Giambattista Diquattro, Arcebispo titular de Giromonte,
até agora Núncio Apostólico na Índia e Nepal.

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Nascido em Bolonha, Emília-Romanha, Itália, em 18 de mar-
ço de 1954 é arcebispo, diplomata, teólogo e canonista. Foi or-
denado sacerdote em 1981. Recebeu seu mestrado em Direito
Civil na Universidade de Catânia, também doutorado em Direi-
to Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma
e mestrado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade
Gregoriana em Roma.

Entrou para o Serviço Diplomático da Santa Sé em 1º de


maio de 1985, serviu em missões diplomáticas nas representa-
ções pontifícias na República Centro-Africana, República Demo-
crática do Congo e Chade, nas Nações Unidas em Nova York, e
mais tarde, na Secretaria de Estado do Vaticano e na Nunciatura
Apostólica na Itália.

O Papa João Paulo II o nomeou núncio apostólico no Pana-


má em 2 de abril de 2005. Bento XVI o nomeou núncio apostó-
lico na Bolívia em 21 de novembro de 2008 e em 21 de janeiro
de 2017, e recentemente, o Papa Francisco o nomeou Núncio
Apostólico na Índia e no Nepal.

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Assessoria de Comunicação da CNBB

PAPA FRANCISCO ABRE


MINISTÉRIOS DO LEITORADO E
ACOLITADO ÀS MULHERES

E
is que adentramos em um novo ano, com a firme certeza
de que Deus é o nosso guia, sua bondade resplandece no
coração dos seus filhos, para juntos iniciarmos essa nova
jornada com muita fé, e, sobretudo trazendo a ousadia de avan-
çarmos para águas mais profundas, conforme Jesus nos pede
(Lc 11, 4). Pois, como discípulos e missionários do Senhor, a Igre-
ja, conta com cada um de nós, para refletirmos a alegria do Rei-
no de Deus, presente no mundo.

O Papa Francisco modificou um cânon o Código de Direito


Canônico e agora está institucionalizado o acesso das mulheres
aos ministérios do leitorado e acolitado. Na carta apostólica em
forma de Motu Proprio Spiritus Domini, divulgada na segunda-
-feira, 11 de janeiro, Francisco estabeleceu que esses ministérios
sejam de agora em diante também abertos às mulheres, de for-

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ma estável e institucionalizada, com um mandato especial.

Desse modo, foi alterado o cânon 230, parágrafo primeiro


do Código de Direito Canônico, que agora passa a ter a seguinte
redação:

“Os leigos que tenham a idade e os dons determinados por


decreto da Conferência Episcopal poderão ser assumidos esta-
velmente, mediante o rito litúrgico estabelecido, nos ministérios
de leitores e acólitos; no entanto, tal atribuição não lhes confere
o direito de apoio ou de remuneração da Igreja”.

A realidade da Igreja no Brasil e de outras partes do mun-


do já tem a presença das mulheres como leitoras da Palavra
de Deus durante as celebrações litúrgicas, no serviço do altar,
como ministrantes ou como dispensadoras da Eucaristia. Com
a alteração, fica institucionalizada a abertura para homens e
mulheres desempenharem tais funções, antes reservadas para
seminaristas durante a preparação para o ministério ordenado.
Eram as chamadas “ordens menores”.

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Renan Beraldo é seminarista e estudante de Teologia

em pauta
UMA IGREJA EM CAMPANHA
V Campanha da Fraternidade Ecumênica

“Cristo é a
nossa paz:
do que era dividido,
fez uma unidade”. (Ef 2.14a)

“Fraternidade e
diálogo: compromisso
de amor”

ARTE: ATELIÊ15

28 de Março

V
ivenciada durante a Quaresma, mas com ressonância ao
longo de todo o ano, a Campanha da Fraternidade de
2021 é ecumênica, isto é, em conjunto com outras deno-
minações cristãs. Com o objetivo geral de “através do diálogo
amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspira-
dos e inspiradas no amor de Cristo, convidar comunidades de
fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar

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caminhos para a superação das polarizações e das violências
que marcam o mundo atual”. Então, o CONIC – Conselho Nacio-
nal de Igrejas Cristãs no Brasil – define como tema da CF 2021
“Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. E o lema vem
da Carta aos Efésios (2, 14): “Cristo é a nossa paz: do que era
dividido, fez uma unidade”.

Esta é a quinta ocorrência ecumênica da Campanha da


Fraternidade, sendo, por esse motivo, encabeçada por uma co-
missão composta pelos membros efetivos do CONIC, a saber:
Aliança de Batistas do Brasil; Igreja Católica Apostólica Romana;
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; Igreja Evangélica de Confis-
são Luterana no Brasil; Igreja Presbiteriana Unida; Igreja Sirian
Ortodoxa de Antioquia, mas também pela Igreja Betesda de São
Paulo, como igreja observadora, e pelo Centro Ecumênico de
Serviços à Evangelização e à Educação Popular (Ceseep), como
membro fraterno.

Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade Ecumênica de


2021 faz-se culminância de muitas partilhas e escutas realizadas,
mas também o ponto de partida de novas e maiores iniciativas
concretas em vista da superação das diferenças que concorrem
para o afastamento das diversas denominações cristãs. É preci-
so promover e valorizar as conexões que as unem.

No influxo desse desejo por fraternidade e unidade, o di-


álogo é preconizado como estilo de vida: tornar-se convicto da
própria identidade, mas buscar compreender o outro; abrir-se
para o outro entendendo que a escuta é uma forma de cuidado;
crescer no diálogo para promover a paz, a boa vontade e a su-
peração das barreiras, polarizações e divisões.

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Numa dimensão ética, relacional, o diálogo é a forma de se
conhecer as motivações, as intenções profundas, o sentido dos
gestos e ações e o interior do mundo cultural e existencial de
uma pessoa ou de uma sociedade. Isso exige alteridade e em-
patia, saber dar as razões de sua posição, mas também ser justo,
bom e generoso para com a posição alheia. Ganham destaque
a pluralidade e o intercâmbio de experiências, de que decorrem
duas possibilidades: uma bastante fecunda, em que as pessoas
se sentem enriquecidas, em dinâmicas que comportam mutuali-
dades, encontros e partilhas, isto é, que as pessoas conheçam e
se deem a conhecer, acolham e sejam acolhidas. E uma menos
ou nada fecunda, em que as pessoas, desafortunadamente, se
sentem ameaçadas e se conservam na retaguarda, querendo
vedar fronteiras e se blindar.

Urge fazer da vida um espaço de convivência, de concórdia


e de (re)conciliação, uma extensão do Evangelho. Jesus, Deus hu-
manado, o Sagrado no meio dos homens e do mundo, derruba
os muros de separação e inimizade (aludindo à barreira que apar-
tava os gentios e os judeus no Templo de Jerusalém), quer entre
Deus e os homens, quer entre os homens mesmos. Eis que em
sua trajetória histórica, Jesus estabelece várias formas de diálogo
e encontro, propugnando a cultura da paz, em que não há espaço
para rivalidades e hostilidades, mas somente para uma serena
caminhada ao rumo à comunhão com irmãos e com o Senhor.

Por iniciativa de Deus, os povos todos Lhe são aproxima-


dos pelo sangue de Jesus, e esse novo povo, plural, mas coeso,
tem em Cristo sua pedra angular, seu ponto de convergência,
seu modelo, seu pressuposto, seu ápice.

Por isso se diz: Ele é a nossa paz.

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Comunidade Mariana Resgate, Paróquia Nossa Senhora Aparecida Alfenas/MG

os leigos
O LEIGO CONSAGRADO
NA VIDA DA IGREJA

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A
partir do Concílio Vaticano, II a Igreja resgata a atenção
ao papel do leigo, uma vez que a missão deste, como ba-
tizado, é de dar testemunho do próprio Cristo no mundo
através das mais diversas formas de atuação no meio secular.
O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Assim, todo e qualquer
leigo, em virtude dos dons que lhe foram concedidos, é ao mes-
mo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria
Igreja segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4, 7)” (CIC §913).
O Cristão que assume uma consagração de vida por meio de
uma Nova Fundação tem um chamado de levar a Luz da Salva-
ção, com auxílio do carisma próprio a que pertence para aqueles
com quem convivem no seu dia-a-dia, seja na família, na escola,
no trabalho, entre outros.

Neste contexto, a Comunidade Mariana Resgate atua nas


mais diversas realidades dentro da nossa Diocese de Guaxupé,
levando o Evangelho de forma efetiva aos corações das pesso-
as que sofrem em um mundo secularizado e indiferente.

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Simara Toti é psicóloga e leiga

os santos também riem


SANTO TOMÁS DE AQUINO

“Q
ue a minha alegria esteja em vós e que a vossa
alegria seja completa” (Jo 15,11). Esse é um desejo
e uma ordem de Deus para todos os seus, desde
sempre e para sempre.

Em 1225 nascia o menino Tomás em Aquino na Itália.

Com apenas 19 anos, abandona a faculdade e decide se-


guir sua vocação religiosa tornando-se dominicano.

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Ele escreveu inúmeras obras, privilegiando a razão e a von-
tade humana, formulando assim, um novo pensamento filosófi-
co cristão. Em 1567, foi intitulado Doutor da Igreja.

Um dia, um irmão chamou Tomás de Aquino:

__ Venha rápido à janela, irmão Tomás, um elefante voa!

Tomás correu à janela e todos riram de sua ingenuidade.

São Tomás respondeu:

__ Prefiro acreditar que um elefante seja capaz de voar do


que imaginar que um religioso possa mentir.

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Marivalda Tobias é psicóloga

fé e saúde
UM CENÁRIO QUE
EXIGE A MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO:
PANDEMIA COVID-19

N
os últimos meses, vimos aumentar de forma crescente o
número de pessoas contaminadas, e consequentemente
de mortes em decorrência do COVD-19. Quarentenas fo-
ram impostas pelos governos, isolamento social foi necessário,
e assim, outras restrições tiveram de ser alinhadas em toda so-
ciedade.

E há onze meses, posterior ao primeiro caso de COVID-19


no Brasil, ainda sofremos com o aumento de doentes e milhares
de mortes.

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Sonhos, planos e expectativas para um ano que se inicia ti-
veram de ser suspensos frente a um potente e misterioso inimi-
go, que pouco ou quase nada se sabe sobre ele. A vida mudou
e a rotina alterou na tentativa de manter a vida.

A medida que o tempo foi passando, a população “relaxou”


aos cuidados necessários e não só voltaram para a vida rotinei-
ra, como também, muitos deixaram de ter atenção necessária e
tão importante para evitar a transmissão do Corona vírus. Isto,
talvez reflita o fato das pessoas se sentirem acuadas e sem a
liberdade de ir e vir.

O que imaginávamos ser uma situação que seria controlada


em alguns meses, retorna às nossas vidas matando e deixando
severas sequelas na vida de muitas pessoas.

Este quadro em saúde pública retrata a falta de consciên-


cia da população, que traz como resultado o agravo dos casos
positivados e, isto, fica evidenciado, posterior aos feriados pro-
longados, festas de final de ano, com aglomeração de pessoas
e viagens para locais em que o uso de máscara ficou esquecido,
como se o vírus estivesse de “férias”.

Toda esta situação coloca em questionamento a consciência


e a responsabilidade de cada indivíduo frente ao cenário atual.
Portanto, a mudança de comportamento faz-se necessária para
que a contaminação diminua.

Podemos dizer que, a consciência social é uma potente


arma contra este inimigo desconhecido e a mudança de com-
portamento poderá trazer a vitória para a sociedade.

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Segundo o diretor presidente da ANVISA, Antônio Barra Tor-
res, mesmo com o desenvolvimento de vacinas, a vitória sobre o
coronavírus passa pela mudança de comportamento social.

Este é um momento de repensar atitudes, rever valores e


agir com compromisso não só individuais, mas, também coleti-
vo, levando-se em conta a transmissibilidade do vírus. Somos
cada um responsável pelo cenário de saúde em nosso país, em
nossas cidades.

É importante que se pense nesses fatores que impactam o


comportamento da população, não só nesse momento das res-
trições de contato social, mas também na chegada da vacina.

“Estar em meio ao processo de pandemia, tem me propor-


cionado um “olhar para dentro”, algo que toda distração do co-
tidiano não me era permitido realizar. E, esse “olhar para den-
tro” trouxe questionamentos, mudança de foco e alteração de
perspectivas, que até então eram sólidas. Entretanto, diante de
toda pressão exterior e o interior sendo remexido, a ansiedade
se fez presente, por causa do novo que se estabelecia no exte-
rior e também do velho que queria dar lugar ao novo e estava e
continua fazendo ressignificações no interior.

Diante disso, como se organizar? Como não perder sua es-


sência? Digo, com toda certeza, apenas pela fé, pelo exercício
diário de pensar que não estou só, de que Deus se faz presente
nas pequenas e nas grandes coisas. Mesmo que as derrotas se
façam presentes ou até mesmo a incerteza por mudar o foco, o
caminho... mesmo assim há aprendizado, há um Deus que não
se cansa de me cuidar”.

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Iêzo Antônio de Oliveira Venâncio é Ministro da Palavra e leigo atuante
na Paróquia Santa Rita de Cássia, em Cássia/MG

símbolos
O SIGNIFICADO DAS CINZAS
QUE RECEBEMOS

O
uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testa-
mento. Mardoqueu, sabendo do decreto do rei contra o
povo judeu vestiu-se de saco e cobriu-se de cinzas (Es-
ter 4,1).

Os Ninivitas ao ouvirem Jonas, se converteram, também o


Rei levantou do seu trono cobriu-se de saco e sentou-se sobre
cinzas (Jonas 3,6).

“Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Se tivessem sido fei-


tos em Tiro e Sidônia os milagres feitos em vosso meio, há muito
teriam se convertido sob o cilício e cinzas” (Mt 11,21).

A Igreja usa as cinzas feitas com os ramos do “Domingo de


Ramos”. O sacerdote as abençoa e impõe na fronte dos fiéis di-
zendo: Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15) ou Tu és pó
e em pó hás de tornar (Gn 3,19).

Reflitamos sobre nossa maneira de ser, agir e viver.


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rezando pelas vocações
CONHEÇA A HISTÓRIA
DO SEMINARISTA DIOGO

E
mbora desde criança eu pensasse na possibilidade de me
tornar padre, somente na adolescência e início da juventu-
de que o chamado vocacional começou a falar mais forte
na minha vida.

“Ser padre não vale a pena, vale a vida!”. Quando eu ouvi


pela primeira vez essa frase ela me disse muito, pois, desde o
acompanhamento vocacional e a participação com mais afinco

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na paróquia, o meu maior desejo era dedicar-me a vida em prol
do Reino de Deus. Eu participei do ENJOOC (Encontro de Jovens
Cristãos com Cristo) na minha paróquia de origem, em Cássia-
-MG. De fato, nesse retiro juvenil eu me encontrei com Cristo e,
na ocasião, pude dar o primeiro passo em busca do acompa-
nhamento vocacional. O testemunho familiar cristão também fa-
voreceu para que eu percorresse esse caminho, pois meus pais
sempre foram católicos. De todo modo, costumo dizer que meu
chamado vocacional nasceu no seio da comunidade, no meio do
povo de Deus, que ora sem cessar pelas vocações.

Faz 4 anos que estou no seminário, sinto-me feliz e realiza-


do. Neste ano de 2021, inicio a Teologia, a etapa configurativa
da formação. Com muita fé e alegria tenho percorrido esse lon-
go e belo caminho formativo.

#EuSouUmaVocação #RezePorMim

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Prof. Toninho Fernandes

fé e política
POLÍTICA E RELIGIÃO

(Este texto foi escrito por mim e publicado no Jornal “Folha Machadense”
em 05/11/1994. Decidi por bem, publicá-lo novamente, com algumas alterações,
tendo em vista às eleições municipais que aconteceram recentemente).

É
muito comum ouvir a expressão popular que política e re-
ligião não se misturam. Fico pensando até que ponto tal
expressão tem sua validade ou sentido. São por demais
abrangentes ambos os temas. Certa vez, lendo um pequeno en-
saio literário, que me vem à memória neste momento, escrito
por Jean Daniélou, cujo título era “Oração, problema político”,
fiquei fascinado pelo tema; o jesuíta francês demonstrava que
a oração não é possível numa cidade ou sociedade nas quais
faltem condições indispensáveis. Comecei a entender a tese de
que religião e política tinham por certo de caminhar juntas, em-
bora os objetivos finais fossem diferentes. Convencidos de que
“é impossível a contemplação do espírito se o corpo está debili-
tado pela inanição, pela falta de moradia, pela falta de escolas,
pela falta de saúde, etc.”, (li esta reflexão, não me lembro onde)
e tomei como defesa certa de que política e religião tinham que

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trabalhar num mesmo sentido – “para o bem do homem”.

O cristão que entra num compromisso político sem a cons-


ciência de que toda a ação libertadora do homem passa pela
denúncia das estruturas de pecado, não sabe realmente qual o
seu papel de cristão. “Ao abraçar esta causa, o cristão-político
não pode exercer tal função como profissional”. Para o políti-
co profissional, a política significa meio de vida, maneira fácil
de conseguir vantagens pessoais, trocando de partidos sempre
que se sente ameaçado em seu interesse. Para o cristão, a polí-
tica torna-se uma maneira privilegiada de levar mais a vida aos
outros pela sua contribuição no sentido de tornar as instituições
mais humanas e justas.

A Igreja tem consciência de que dada a fragilidade huma-


na, por constantes aliciamentos, ligados ao ambiente perverso
de corrupção em que, no geral, se processa a atividade política,
o cristão bem encaminhado no compromisso político, acaba por
ser tragado pela vantagem de um sistema corrupto, onde a am-
bição pelo poder ou pelo prazer passa por cima de todas as con-
vicções éticas e religiosas. O cristão por outro lado, deve saber
que o caminho da política é sinuoso, escorregadio e traiçoeiro.

No Concílio Vaticano II, o Cardeal Suenens (Malines – Bru-


xelas) evidenciou: “Posso declarar, sem a menor dúvida e com
toda a humildade, que aqueles que dizem que a religião não tem
qualquer relação com a política, não sabem o que é religião”.

Este tema é de certo modo polêmico, mas é bom buscar


nas Sagradas Escrituras uma posição final acerca do assunto,
o que me convence ainda mais da consonância entre política e

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religião. “Quando dominam os justos, alegra-se o povo, quando
o governa o ímpio o povo geme” (Provérbios 29, 2).

O que não é permitido é fazer da religião um espaço para


politicagem barata e sem frutos, confundindo os papéis, por-
quanto, o homem, imagem e semelhança de Deus, precisa ser
respeitado no mais sagrado de seus direitos: a liberdade e a
vida.

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Samuel Almeida é seminarista e estudante de Teologia

doutrina
EUCARISTIA, ALIMENTO
E MISSÃO PARA A IGREJA
PEREGRINA

I
nspirado na Exortação Evangelii Gaudium de nosso pontífice, o
Papa Francisco, este artigo tem a intenção de reforçar em nós
a compreensão dos principais destinatários da graça de Deus
presente na Eucaristia, fonte de vida e alimento para nós. O santo
padre nos ensina que “A Eucaristia, embora constitua a plenitude
da vida sacramental, não é um prêmio para os perfeitos, mas um
remédio generoso e um alimento para os fracos” (EG 47). Em toda
sua obra fica evidente o ardente desejo do santo padre que a
Igreja seja uma comunidade de acolhida e conversão, sobretudo
aos mais necessitados, aos fracos e caídos.

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No mistério da Eucaristia celebramos um Deus que se parte,
que se fragmenta em pequenos pedaços de pão para que, ao re-
cebê-lo, possamos unir nossa limitada condição existencial a sua
plenitude divina, estabelecendo, portanto, comunhão entre o céu
e a terra. Esse vínculo nos transforma, faz com que nossas fragili-
dades sejam dissolvidas em um Deus que venceu a própria morte
para dar-nos a vida, e vida em abundância. Somos congregados
em um só corpo, cuja cabeça e fonte de todo vínculo é o próprio
Cristo (Rm 12,5), um Deus que, amando tanto os seus, se entrega
inteiramente para que Nele possam ser justificados.

Ao mesmo tempo em que somos regenerados, é nos confe-


rida a missão de, ao estabelecer comunhão plena com esse Deus
amor, sermos também dispensadores dessa Graça, pois o próprio
Jesus nos ensina que “Assim como o Pai que vive me enviou, e eu
vivo pelo Pai, também o que de mim se alimenta viverá por mim”
(Jo 6, 57). Ainda na Carta de São Paulo aos Romanos, somos ad-
moestados de que nossa vida, nossos dons são todos congrega-
dos em um só corpo, de modo que devem ser empregados em
favor da edificação do reinado da paz em meio aos homens, em
meio a um mundo sedento de Deus, afinal não se ascende uma
vela para colocá-la debaixo da mesa (Mt 5,15).

Fica evidente, portanto, como este sacramento não constitui


um prêmio aos justos, mas a própria justificação e reerguimento
dos mais fracos e caídos, unindo-os de forma íntima e sagrada,
ao próprio Cristo que os santifica. A Igreja, portanto, se torna a
dispensadora da graça de Deus, realizando em sua memória (Lc
22,19), por meio de seus ministros, a transubstanciação do pão e
do vinho em Eucaristia para reunir e congregar todos em uma só
fé, em um só coração, em um só Deus de Amor e de bondade.

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Paulo Márcio de Faria e Silva é leigo atuante na Igreja Nossa Senho-
ra Aparecida- Alfenas/MG

ao redor do altar
APROXIMEMO-NOS DA EUCARISTIA

“C
ada vez que nós comungamos, mais nos assemelha-
mos a Jesus, mais nos transformamos em Jesus...
Como o pão e o vinho são convertidos no Corpo
e Sangue do Senhor, assim aqueles que os recebem com fé,
são transformados em Eucaristia viva”. Essas belas palavras do
Papa Francisco podem ser lidas como uma verdadeira síntese
da importância da Eucaristia na vida do cristão: a nossa transfor-
mação no próprio Cristo! Não por acaso, durante a celebração
litúrgica, o sacerdote eleva esse pedido a Deus: “Fazei que, ali-
mentando-nos do Corpo e Sangue do vosso Filho, cheios do seu
Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito”.
Lemos no catecismo da Igreja “A Eucaristia é fonte e cume de
toda a vida cristã ... na santíssima Eucaristia está contido todo o
tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Pás-
coa”; ora, se acreditamos que Cristo está presente na Eucaristia,
ao recebê-la, entramos em contato íntimo e profundo com Ele
que nos disse “quem come a minha carne e bebe o meu san-
gue permanece em mim e eu nele” (Jo, 6, 56). O próprio Papa
Francisco nos convida: “Aproximemo-nos da Eucaristia: receber
Jesus nos transforma n’Ele, nos faz mais fortes”.
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Roberto Camilo Orfão Morais é mestre em Educação e Leigo,
Machado/MG

espiritualidade
CORAGEM EM 2021

I
niciar o ano com tantos desafios, em um país em que muitos
não têm medo do vírus, mas têm medo da vacina, com ín-
dice crescente de homicídio, resta buscar uma das virtudes
centrais do ser humano, a Coragem. Relembro o profeta, Dom
Paulo Evaristo Arns com seu lema episcopal “Ex Spe in Spem”,
ou seja, “De Esperança em Esperança”, Coragem!!!! Proclamava
o Cardeal!

A Esperança, subentende acreditar, como escreveu o gran-


de poeta Thiago de Mello: “Faz escuro, mas eu canto, porque a
manhã vai chegar”, já a Coragem não se refere apenas ao ama-
nhã, mas principalmente ao presente, por isso é patético querer
ser corajoso no futuro. A Esperança segundo André Comte-S-
ponville é uma virtude para os crentes, ao passo que a Cora-
gem é para qualquer pessoa. Pode-se perguntar sobre o que é
necessário para ser corajoso, basta ter vontade, que por sua vez

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não deve ser confundida com força. Para o filosofo Emmanuel
Kant, vontade pressupõe uma deliberação da razão, distinta dos
desejos, soberana em relação a eles.

O problema é que a coragem pode servir tanto para o bem


como para o mal. O negacionista, obscurantista corajoso, sem-
pre será um negacionista obscurantista, um assassino que tem
a coragem de matar a ex-esposa na frente dos filhos, sempre
será um assassino. Muitos genocidas de plantão se fossem um
pouco mais covardes, estariam prejudicando um menos as pes-
soas. A Coragem só se torna uma virtude (capacidade de fazer o
bem), quando se põe a serviço do próximo, com respeito a vida
e rompe com o excesso de amor próprio.

Quando vejo a coragem dos profissionais da saúde que es-


tão à frente do combate ao COVID 19, medito a afirmativa de
Aristóteles, “as pessoas corajosas só agem pela beleza do gesto
corajoso”, portanto, é belo a coragem de tantos heróis anôni-
mos espalhados no Brasil e no mundo. Enquanto indivíduos, a
tragédia provocada por essa Pandemia não é nossa culpa, mas
como pensamos e a enfrentamos é nossa responsabilidade, en-
tão devemos ter amor à vida e termos Coragem.

Em tempos que o discernimento está ausente daqueles que


deveriam dar exemplo de coragem (virtude), quando vejo ódio e
mentiras nas redes sociais, leio com gratidão o poema “Invictus”
de autoria do poeta inglês William Ernest Henley (1849-1903),
que inclusive inspirou Nelson Mandela:
“Da noite escura que me cobre
Como uma cova de lado a lado
Agradeço a todos os deuses

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A minha alma invencível.

Nas garras ardis das circunstâncias


Não titubei e sequer chorei.
Sob os golpes do infortúnio
Minha cabeça sangra, ainda erguida.

Além deste vale de ira e lágrimas


Assoma-se o horror das sombras
E apesar dos anos ameaçadores
Encontram-me sempre destemido.

Não importa quão estreita a passagem


Quantas punições ainda sofrerei,
Sou o senhor do meu destino
E o condutor da minha alma”

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comunicações
aniversários fevereiro
Natalício
03 Seminarista Leonardo Domingues Miranda
05 Seminarista Gustavo Rocha Sandi
06 Seminarista Miguel Bispo Carvalho
06 Padre Ronei Mendes Lauria
08 Padre Eduardo Pádua Carvalho
09 Seminarista Samuel Medeiros Silva
10 Padre Michel Donizetti Pires
12 Padre Renato César Gonçalves
14 Seminarista Ricardo Ribeiro Calori
14 Padre Sérgio Aparecido Bernardes Pedroso
18 Padre Claudemir Lopes
18 Frei Lázaro de Freitas, OFMCap.
19 Padre Júlio César Agripino
Ordenação
03 Padre Adriano Mateus Mendonça Teodozio (Religioso)
04 Padre Pedro Miguel
05 Padre Alessandro de Oliveira Faria
05 Padre José Natal de Souza
05 Padre Júlio César Martins
05 Padre Ronaldo Aparecido Passos
05 Padre Ronei Mendes Lauria
06 Padre Benedito Clímaco Passos
08 Frei Lázaro de Freitas, OFMCap.
09 Monsenhor Enoque Donizetti de Oliveira
10 Padre Pedro Bauer da Cunha (Religioso)
11 Padre Valdenísio Justino Goulart
11 Padre Renato César Gonçalves
13 Padre Janício de Carvalho Machado
14 Padre Rodrigo Costa Papi
15 Padre Marcos Alexandre Justi, O.Cist.
15 Padre André (Aparecido) Batista de Oliveira
20 Padre Sandro H. Almeida dos Santos
21 Padre Antônio Carlos Melo
22 Padre Guaraciba Lopes de Oliveira
22 Padre Luciano Campos Cabral
22 Padre Vítor Aparecido Francisco
26 Padre Paulo Sérgio Barbosa
27 Padre José Benedito dos Santos

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chancelaria do bispado

O Reverendíssimo Senhor Pe. Sidney S. Carvalho, Chance-


ler do Bispado, comunica que Sua Excelência Reverendíssima
Dom José Lanza Neto, bispo diocesano de Guaxupé:

Nomeia o Diácono Filipe Cancian Zanetti para a Paróquia


Nossa Senhora do Carmo em Paraguaçu/MG para exercer o seu
ministério diaconal.

Nomeia o Diácono Gustavo Henrique Fernandes Correia


para a Paróquia Santa Terezinha em Itaú de Minas/MG para exer-
cer o seu ministério diaconal.

Nomeia o Jorge Américo de Oliveira Junior para a Paró-


quia Nossa Senhora da Assunção em Cabo Verde/MG para exer-
cer o seu ministério diaconal.

Padre Gentil Lopes de Campos Junior nomeado para o


ofício de Pároco para a Paróquia São Benedito na cidade de
Passos/MG, no dia 21 de janeiro de 2021.

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Padre Gilvair Messias da Silva nomeado para o ofício de
Vigário Paroquial para a Paróquia São Paulo Apóstolo na cidade
de Poços de Caldas/MG, no dia 20 de janeiro de 2021.

Padre José Eduardo Aparecido Silva nomeado para o ofí-


cio de Administrador Paroquial para a Paróquia São Francisco
e Santa Clara na cidade de Poços de Caldas/MG, no dia 20 de
janeiro de 2021.

Padre Juliano Borges Lima nomeado para o ofício de Rei-


tor para o Seminário Diocesano São José na cidade Guaxupé/
MG, no dia 21 de janeiro de 2021.

Padre Leandro José de Melo nomeado para o ofício de


Vigário Paroquial para a Paróquia Santa Rita de Cássia na cida-
de de Cássia/MG, no dia 21 de janeiro de 2021.

Padre Mateus de Jesus Donizetti Albino nomeado para


o ofício de Vigário Paroquial para a Paróquia Nossa Senhora do
Carmo na cidade de Campestre/MG, no dia 23 de janeiro de
2021.

Padre Reginaldo Vieira Santos nomeado para o ofício de


Administrador Paroquial para a Paróquia Santa Barbara na cida-
de de Guaranésia/MG, no dia 23 de janeiro de 2021.

Padre Vitor Aparecido Francisco nomeado para o ofício


de Vigário Paroquial - Paróquia São Benedito/ Passos/MG, no
dia 21 de janeiro de 2021.

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