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Revista de Jovens e Adultos da

Convenção Batista Fluminense


Edição 80

A Cidadania do Reino
e o Sermão do Monte
Pr. Luciano Cozendey
Revista evangélica trimestral da Convenção Batista
Fluminense.
O intuito desta revista é servir de material de edu-
cação cristã acerca do que é ensinado na Palavra
de Deus, pela leitura e interpretação dos escrito-
res destas lições.
Esta revista não é um manual para a vida cristã,
mas um material de auxílio educacional. Antes de
tudo leia a Bíblia, que é a Palavra de Deus.

Publicada pela Convenção Batista Fluminense,


produzida pelo Departamento de Educação Cristã,
juntamente com o Departamento de Comunicação.

(21) 9 9600-6132 | contato@batistafluminense.org.br


Rodovia BR-101, KM 267 - Praça Cruzeiro, Rio Bonito/RJ
(CEP 28.800-000)
Sumário
7 Primeiras Palavras

13 Palavra do Redator

15 Apresentação

20 Lição 1 O Reino de Deus

28 Lição 2 O Caráter do Cristão

35 Lição 3 O Testemunho do Reino

42 Lição 4 Jesus e a Lei

50 Lição 5 Deus Conhece a Intenção do


Coração

57 Lição 6 Uma Oração Genuína

64 Lição 7 Oração Modelo

72 Lição 8 O Jejum como Disciplina Cristã

79 Lição 9 Perspectivas do Reino

85 Lição 10 Olhos Bons e Generosos

92 Lição 11 Liberdade Diante da Tirania das


Coisas Materiais

98 Lição 12 Confiança Inegociável

107 Lição 13 Nossos Relacionamentos


Cristãos

115 Ficha Técnica


PrimeirasPrimeiras
PalavrasPalavras

Pr. Amilton Ribeiro Vargas


Diretor Executivo da CBF
Ovelha do Pr. Jônatas
Soares

Prezado irmão em Cristo,


Espero que esta mensagem chegue com você
e todos que lhes são amados muito bem!
A Convenção Batista Fluminense é uma organi-
zação comprometida com iniciativas evangelísti-
cas, missionárias, espirituais e sociais. Atuamos a
quase 120 anos em muitas áreas que têm edifica-
do a vida de muita gente. Crescemos no número
de igrejas, nos últimos 10 anos em aproximada-
mente 20%, contra um crescimento populacional
de 1%. Nossos projetos sociais têm crescido com
impacto muito positivo em nosso Estado.
Estamos há mais de 15 anos entregando a

7
Primeiras Palavras

Revista Palavra e Vida gratuitamente à grande


maioria desses anos, sem quaisquer cobranças.
Não tem sido fácil custeá-la, bem como os demais
projetos, com as ofertas designadas que recebe-
mos, bem como com o Plano Cooperativo.
Temos experimentado um crescimento mi-
raculoso em todas as áreas de nossa atuação.
Queremos continuar empreendendo com fé e
esperança, porém precisamos de sua ajuda. À
semelhança do que Paulo experimentou na vi-
são do jovem macedônico que lhe dizia “pas-
sa à Macedônia e ajuda-nos” (Atos 16:9), Paulo
imediatamente obedeceu por entender que essa
era a vontade de Deus. Sei que muitos já tem
contribuído e suas igrejas também, mas não tem
sido o suficiente para o custeio, daí pela primeira
vez em 10 anos, fazer esse pedido direto. Caso
o amado irmão possa ajudar-nos, envie um PIX
para a chave (contato@batistafluminense.org.br),
clique adiante ou leia o QR CODE. Deixa Deus te
usar e abençoe com uma oferta generosa.
Receba nossos Abraços fraternais, no amor de
Cristo!
8
Primeiras Palavras

Muito obrigado!
Fraternalmente,
Amilton Vargas
PS. Querido Pastor e companheiro de jugo,
muito obrigado pelas ofertas e participação de
sua igreja. Perdoe ter solicitado essa oferta dire-
tamente pela Revista. O desafio é muito grande
e as demandas são muito intensas, ore por nós!
Deus continue usando poderosamente sua vida,
família e ministério para Glória de Jesus Cristo!

9
Palavra do Redator
Palavra do Redator

Pr. Samuel Pinheiro


Diretor do Departamento
de Educação Cristã da
CBF e Coordenador
Acadêmico da FABERJ

Amados irmãos e irmãs,

Com muita alegria, apresentamos a revista do


primeiro trimestre de 2024. Este material é uma
fonte valiosa para o crescimento espiritual, dedica-
do ao estudo profundo do Sermão da Montanha.

Expressamos nossa gratidão ao Pr. Luciano


Cozendey por sua instrumentalidade, contribuin-
do para a elaboração deste conteúdo edificante.
Também estendemos nossos agradecimentos ao
Pr. Valtair Miranda, cuja dedicação e talento bri-
lharam na revista do quarto semestre de 2023.

Agradecemos a Deus por nos permitir sermos

13
Palavra do Redator

instrumentos de bênção na vida de todos que se


dedicam ao estudo e reflexão através deste ma-
terial. A Sua graça continua a nos guiar e inspirar.

Um especial agradecimento à nossa dedicada


equipe de trabalho, cujo esforço conjunto tornou
possível a criação desta revista. É uma alegria
servir ao Senhor lado a lado com indivíduos tão
comprometidos.

E, por fim, agradecemos a você, nosso leitor,


por escolher este material para seu estudo. Sua
participação é vital na construção deste proces-
so, e esperamos que este conteúdo enriqueça
sua jornada espiritual.

Com gratidão e bênçãos,

A Equipe Editorial

14
Apresentação
Apresentação

Quem escreveu

Pr. Luciano Cozendey


Luciano Cozendey dos Santos tem 45 anos,
natural de Nova Frigurgo, no Rio de Janeiro. É
formado pelo Seminário Batista de Niterói, com
mestrado e doutorado em Ciências da Religião
(Cohen University and Theological Seminary
L.A), licenciatura plena em Filosofia (FASE), Pós-
Graduação em Docência do Ensino Superior
(FACETEN), Liderança Avançada no instituto
Haggai (Campinas), Psicanálise Clínica - ABPC e
Pós-Graduação em Medicina Pssicossomática
(Faculdade Redentor). Preside a Primeira Igreja
Batista em Rio Bonito, RJ. É casado com Janine
Cozendey e pai de Davi e Ana Sophia Cozendey.

15
O Reino de Deus – Lição 1

Lição 1
Texto Base: Mateus 5.1-12

O Reino de Deus
Objetivo – Ao final do estudo desta lição, você com-
preenderá a importância de princípios e valores apre-
sentados por Jesus para aqueles que vivem e de-
sejam o reino de Deus. Perceberá o claro contraste
entre os padrões do povo de Deus e os padrões dos
que não servem a Deus.

Observamos no Sermão do Monte um grande


interesse por parte das
Leitura Diária pessoas que buscam co-
SEG Mc 1.15 nhecer os ensinamentos
TER Mt 6.33 de Jesus, embora, não
QUA Rm 14.17 obstante, percebamos
QUI 1 Co 6.9-11 ser pouco conhecido e,
SEX Mt 7.21 certamente, os princípios
SÁB Mt 5.19-20
aqui elencados menos
DOM Gl 5.22
obedecidos. O Senhor
20
Voltar para o sumário
O Reino de Deus – Lição 1

Jesus é claro ao descrever como ficam a vida e a


comunidade cristã quando são conduzidos pela
graça de Deus e como nos conduz a uma com-
preensão clara de como deve ser a vida neste
Reino. Pois, a concepção de Reino de Deus é
primordial para seguirmos na direção da cruz de
Cristo (Marcos.1:15).
Não há um trecho no Sermão do Monte em que
não seja estabelecido esse contraste entre a abor-
dagem cristã e a não cristã. Segundo John R. W.
Stott, o Sermão do Monte representa o esboço
mais abrangente, em todo o Novo Testamento, da
contracultura cristã. “Eis aí um sistema de valores
cristãos, um padrão ético, uma devoção religiosa,
uma atitude para com o dinheiro, uma ambição,
um estilo de vida e uma teia de relacionamentos:
tudo completamente diferente do mundo que não
é cristão”. Portanto, no versículo 23 de Mateus
4, encontramos agrupados três termos que, em
grande parte, resumem o ministério de Jesus: en-
sinar, pregar e curar.
21
O Reino de Deus – Lição 1

1. Jesus está ensinando na


sinagoga
Sinagogas eram permitidas em qualquer lu-
gar onde 10 cabeças de famílias se reunissem.
Sinagoga significa assembleia e, provavelmente,
surgiram durante o exílio quando os judeus fo-
ram impedidos de ir ao templo. Após 70 d.C com
a destruição do templo, as sinagogas adquiriram
ainda mais importância.
O verso 23 afirma que Jesus pregava o evan-
gelho do Reino que também é um chamado ao
arrependimento.
O que chamamos de sermão da montanha é
apresentado por Mateus como ensino.
Mateus 5.2 “e ele passou a ensiná-los, dizen-
do:”. Mateus 7.28-29, no final do Sermão do Reino,
lemos que: “Quando Jesus acabou de proferir es-
tas palavras, estavam as multidões maravilhadas
da Sua doutrina; porque Ele as ensinava como
quem tem autoridade e não como os escribas.
Temos uma ideia clara a respeito deste Reino com-
parando dois textos: Marcos 9.45, Marcos 9.47, e
22
O Reino de Deus – Lição 1

a ideia do único caminho a este Reino (Mateus


5,6,7):
Carson, em sua exposição sobre o sermão do
monte, afirma que “O reino dos céus é o exercí-
cio da soberania de Deus com ligação direta com
seus propósitos de salvação”.
Mateus 7.13-14 “Entrai pela porta estreita; larga
é a porta e espaçoso o caminho que conduz para
a perdição, e são muitos os que entram por ela”
por estreita ser a porta, e apertado o caminho
que conduz para a vida, e são poucos os que
acertam com ela.
Os que estão no Reino tem a vida, e os que
não estão no Reino, precisam receber a vida de
Deus.

2. A quem é dirigido?
O sermão é dirigido a todos os que seguem
a Jesus, aplicando-se as suas promessas e exi-
gências a todos os cristãos. O Kerygma (prega-
ção, proclamação) e a didache (ensino), podem
ser distinguidos (Kerygma era uma proclamação
23
O Reino de Deus – Lição 1

para o mundo, e didache, instrução para a Igreja).


O Sermão da Montanha é ensinado em um con-
texto de misericórdia. Ele é precedido por uma de-
claração sumária do ministério de Jesus de curar,
ensinar e pregar (Mt 4:23) e é seguido por dez
relatos de misericordiosas curas e cuidado, com
um quadro tocante da compaixão de Jesus pelas
multidões negligenciadas. É vida de Deus e não
um “manifesto de marketing” (John F MacArthur
Júnior)”.
Enquanto a pregação de Jesus a respeito do
Reino e as curas miraculosas atraíam multidões,
Mateus 5 inicia com o Senhor Jesus vendo as
multidões e se preparando para ensiná-las (v 1-2).

3. Características daqueles que


fazem parte do Reino de Deus

a) Arrependimento (Lucas 15:10)


Berkhof ensina que arrependimento “É uma
mudança operada na vida consciente do peca-
dor, por meio da qual abandona o pecado”. P. S.
24
O Reino de Deus – Lição 1

Watson aponta para “uma mudança de mente”.


Observamos em Mateus 11.5 que não se tra-
ta apenas de escutar, mas de dispor o coração
para aceitar o que se escuta. O Senhor Jesus é
Salvador, mas também é Senhor de nossas vidas.

b) Desejo de aprender
As pessoas foram além da cura miraculosa, que-
riam saber mais, desejavam compreender me-
lhor. O Senhor Jesus nos convida: “Tomem sobre
vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou
manso e humilde de coração, e vocês encontra-
rão descanso para as suas almas” (Mateus 11:29).

c) Prática (Tiago 1.21-22)


Vida com Deus, escolhas diárias e princípios
eternos são imprescindíveis. Praticar é escolher
e isso é inevitável. Neste Reino, não existe sin-
cretismo condescendente na vida com Deus. É
preciso escolher! E a prática diária revela o cami-
nho que escolhemos. Lembre-se que a “porta é
estreita e apertado o caminho que conduz a vida
e são poucos os que acertam com ela” (Mateus
25
O Reino de Deus – Lição 1

7.13-14).

Conclusão

Você faz parte deste do Reino de


Deus?
Esteja atento ao caminho que parece fácil, fre-
quentemente identificado como “largo e confor-
tável”. Ele oferece amplo espaço para diversas
opiniões e flexibilidade moral. Tolerância e per-
missividade são traços distintivos daqueles que
seguem por esse caminho. Restrições morais, li-
mites contra pensamentos ou comportamentos
pecaminosos são ignorados. O Senhor Jesus
está transmitindo a mensagem de que no Reino
de Deus as coisas não seguem essa mesma dire-
ção, e exploraremos isso nos estudos seguintes.

Para pensar e agir


1. Você tem uma compreensão clara do que
Jesus ensinou sobre Seu Reino e como isso im-
pacta nossas escolhas diárias?
26
O Reino de Deus – Lição 1

2. Você tem buscado apreender mais sobre a


vontade de Deus preconizada nas Escrituras e
ensinada por Jesus, antes de tomar decisões?
3. As características explicitas do Reino de Deus
são refletidas a outros naturalmente ou as suas es-
colhas e práticas não condizem com o que Cristo
ensinou?
4. Ore por sua vida e peça ao Senhor te ajude
a viver para a Sua glória.

27
O Caráter do Cristão – Lição 2

Lição 2
Texto Base: Mateus 5.3-12

O Caráter do Cristão
Objetivo – ao final deste estudo você entenderá que
as bem-aventuranças apresentam o caráter ilibado e
diversificado do povo cristão e como as normas do
Reino de Deus estão ligadas ao comportamento fiel
do povo de Deus.

Alguns afirmam que as bem-aventuranças são


prescrições de Jesus para a felicidade humana.
Quando pensamos em
Leitura Diária bem-aventuranças, pre-
SEG Lc 16.10-11 cisamos entender a pa-
TER 1 Pe 3.16 lavra. Nas versões mais
QUA Cl 3.23 antigas, foi traduzida por
QUI 2 Co 8.21 beatitude, que deriva do
SEX Lc 18:10-14 latim Beatus. Outros tra-
SÁB 1 Pe 3.13-15
duzem essas beatitudes
DOM Fp 2.22
como macarismos, termo
28
Voltar para o sumário
O Caráter do Cristão – Lição 2

derivado do grego Makarios (feliz). Tanto beati-


tude quanto macarismo são termos oriundos de
palavras cuja melhor tradução é bênção. Carson,
em sua definição, vai além de feliz e abençoado,
porque afirma que os abençoados, em geral, são
profundamente felizes, mas a bênção não pode
se reduzir a felicidade. Ser abençoado está liga-
do a aprovação e não pode haver bênção maior
do que ser aprovado por Deus O autor come-
ça e termina com a mesma expressão: deles é o
Reino dos céus (versos 3,10). O que observamos
são duas molduras e prometem a mesma recom-
pensa: o Reino do céu. Por isso, Jesus é objetivo
em descrever o caráter equilibrado e diversifica-
do do povo cristão.

1. Discípulos, qualidades
espirituais e bênçãos prometidas
Os humildes de espírito (Mt 5.3) têm reconheci-
mento pessoal da falência espiritual, consciência
da própria condição diante de Deus e arrepen-
dimento sincero. É um esvaziamento do senso
de justiça própria, autoestima moral e vanglória
29
O Caráter do Cristão – Lição 2

pessoal. “… Pois quem se exalta será humilhado,


e quem se humilha será exaltado” (Lc 18.10-14).
Os que choram (Mt 5.4) reconhecem seu es-
tado diante de Deus. Esse choro é o pesar pelo
próprio pecado. É a tristeza de alguém que vê a
si mesmo clara e sinceramente. Como afirmou o
profeta Isaías (6.5): quando ele viu o Rei, o Senhor
dos exércitos, viu a si. Seu próprio estado.
Os mansos herdarão a terra (Mt 5.5). Enquanto
a pobreza de espírito diz respeito a opinião so-
bre mim mesmo em relação a Deus, mansidão
diz respeito ao relacionamento com Deus e com
o próximo. Não está ligado ao medo, fraqueza e
insegurança, está ligado ao desejo consciente de
pôr os interesses dos outros na frente dos nos-
sos. Mansidão está ligada ao firme compromisso
com o Senhor quando privilégios são ameaçados.
Como afirma o Dr Martyn Lloyd Jones “o manso
aprendeu a deixar nas mãos de Deus, principal-
mente quando acha que está sofrendo injusta-
mente”. Eles se deleitarão em abundância de paz
(Sl 37.11)
Os que tem fome e sede de justiça serão far-
30
O Caráter do Cristão – Lição 2

tos (Mt 5.6). O individuo marcado pela pobreza de


espírito, que chora pelo pecado pessoal e social,
que se aproxima de Deus e dos outros com mansi-
dão, também deve ser caracterizado pela fome e
sede de Justiça. A ideia de desejar muito a ponto
de considerar a vida. Dr Martyn Lloyd Jones mais
uma vez nos ensina, dizendo que “este é um óti-
mo teste para aplicarmos a nós mesmos. Se esse
versículo não estiver entre as declarações mais
abençoadas das Escrituras, precisamos rever os
fundamentos do nosso cristianismo”. A justiça ex-
posta aqui é um padrão de vida consoante a von-
tade de Deus. Quem tem fome e sede de justiça,
deseja viver conforme a vontade de Deus. Essa
pessoa não está a deriva em um mar de religio-
sidade vazia. A fartura de justiça repousa sobre
aqueles que tem fome e sede de justiça.
Os misericordiosos (Mt 5.7). A interpretação
aqui não é legalista. Pois a misericórdia de Deus
não depende da nossa. A misericórdia está liga-
da a angústia e ao abatimento. É uma resposta
induzida pela situação de infidelidade e desam-
paro, enquanto a graça é uma resposta amorosa
31
O Caráter do Cristão – Lição 2

quando não se merece amor. O que nos é eluci-


dado, é que quem não é misericordioso é igno-
rante a respeito do seu próprio estado, por achar
que não precisa de misericórdia. Na verdade, não
recebe porque não dá, mas, sim, porque acha
que não precisa. O povo de Deus deve ter plena
consciência de sua miséria espiritual a ponto de
entender os “setenta vezes sete” ensinados por
Jesus (Mt 18.21-22).
Os puros de coração (Mt 5.8). Pureza de cora-
ção é pré-requisito indispensável para a comu-
nhão com Deus (Sl 24.3-4). Deus é bom para com
os de coração limpo (Sl 73.1). Limpo, do grego
“bar” significa sincero. Não podemos confundir
pureza de coração com observância de regras. É
mais do que isso, está ligado à nossa essência.
Os pacificadores, filhos de Deus (Mt 5.9). As
bênçãos são para os pacificadores. Isso vai além
de ser pacífico ou ansiar as pazes, é para os que
estabelecem a paz. Os filhos de Deus têm cará-
ter; por isso, têm ações concretas e estabeleci-
das à luz do que se espera deles. Eles refletem o
caráter de Deus.
32
O Caráter do Cristão – Lição 2

Os perseguidos devido à justiça (Mt 5.10). Não


são aqueles que defendem alguma causa polí-
tico-religiosa. São os que sofrem perseguição
devido à justiça — (dikaiosune – estado daquele
que é o que se deve ser. 1 Pe 3.13-15). São os cris-
tãos que estão determinados a viver como Jesus
vive. Essa bem-aventurança serve de teste para
todas as outras, porque diante do mundo caído
em que vivemos, todo ato de justiça transparen-
te e genuína será odiado (Jo 15.18-20; 2 Tm 3.12).

Conclusão
Amados, reconhecer a necessidade e a viabili-
dade de um novo nascimento é crucial. Essa com-
preensão impede que interpretemos o Sermão
do Monte com otimismo ingênuo ou desespero
total, como enfatizado por John Stott. O Senhor
Jesus proferiu o sermão tanto para seus discípu-
los quanto para aqueles que aspiravam a se tor-
nar discípulos. Portanto, o elevado padrão que
Ele estabeleceu é pertinente para ambos os gru-
pos. Estamos diante de uma fonte inesgotável de
riqueza, expressa em palavras simples e ideias
33
O Caráter do Cristão – Lição 2

profundas. Diante disso, que todos vivamos para


a Sua glória.

Para pensar e agir


1. Como discípulo de Cristo, quais são as quali-
dades espirituais que você precisa trabalhar em
sua vida?
2. Em quem ou onde você estriba as escolhas
que faz? Percebe que Deus as aprova?
3. O padrão de Deus, estabelecido por Jesus,
é para os filhos de Deus, para os que pertencem
ao Reino de Deus. Ao olhar para a sua vida, você
consegue ver claramente a manifestação destes
padrões?

34
O Testemunho do Reino – Lição 3

Lição 3
Texto Base: Mateus 5.13-16

O Testemunho do
Reino
Objetivo – Ao final deste estudo você compreende-
rá a importância do Cristão como testemunha, sua
responsabilidade e integridade diante de Deus.

No último encontro, falamos sobre o caráter cris-


tão. Definimos bem-aventurado por bênção, pois,
aquele que vive da ma-
Leitura Diária neira que Jesus ensinou,
SEG Jo 8.14 é abençoado. Definimos
TER Fp 1.27-30 que abençoado está li-
QUA At 1.8 gado a aprovação e não
QUI Jo 15.26 pode haver bênção maior
SEX 1Jo 5.11 do que ser aprovado por
SÁB 1Pe 2.12
Deus. Hoje, Jesus conti-
DOM Mt 5.16
nua se dirigindo aos seus
35
Voltar para o sumário
O Testemunho do Reino – Lição 3

ouvintes na segunda pessoa e pontuando a im-


portância do cristão como testemunha. Não é pos-
sível seguir as normas do Reino exclusivamente
no íntimo, porque a justiça de uma vida diligen-
temente cristã chamará a atenção. As bem-aven-
turanças e as normas do Reino, praticadas com
integridade em um mundo caído, são aspectos
principais do testemunho cristão e esse testemu-
nho desencadeia, naturalmente, a perseguição.
Nos versos 13-16, Jesus cria metáforas expressi-
vas para retratar como os discípulos que vivem
assim deixam marcas no mundo. Nós temos a
responsabilidade do cristão estabelecida em três
quadros: sal, luz e uma cidade situada sobre o
monte.

1. O ministério do povo cristão


O ministério pertence essencialmente ao povo
de Cristo, aos remidos, os que foram arrancados
com raiz e tudo. (Remidos = resgatados, libertos do
cativeiro, justificados, Ef 1.7). A palavra Redenção
(apolutrosis no grego), significa libertação efetua-
da pelo pagamento de resgate. “Ele nos liber-
36
O Testemunho do Reino – Lição 3

tou do império das trevas e nos transportou para


o reino do Filho do seu amor, no qual temos a
redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).
Somos povo de Deus e não existe império que
impeça a ação do Senhor sobre seus filhos. Pinçar
algumas palavras ilumina a nossa consciência:
Ele tirou (resgatou do perigo, livrou); potestade /
reino (alguém a quem pertencia o poder); trevas
(Escuridão — pessoas em condição de escuridão
moral, sob a influência de satanás). Transportou
(methistemi – retirar, remover, afastar, mudar de
lugar e de condição). Reino (Basiléia = a ideia de
que agora a pessoa passa a ter direito a recom-
pensa e privilégios deste reino) não pode existir
domínio das trevas porque o cristão foi liberto,
resgatado, perdoado.

2. O sal da terra
Nesse contexto, observamos a preparação dos
discípulos para assumirem o papel de testemu-
nhas (v. 13 “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal for
insípido (sem sabor), como lhe restaurar o sabor?
Para nada mais presta senão para, lançado fora,
37
O Testemunho do Reino – Lição 3

ser pisado pelos homens”). Na antiguidade, o sal


era utilizado principalmente como conservante,
essencial para preservar alimentos, já que não
havia a opção de congelamento. Além disso, o
sal era empregado para realçar o sabor. Na épo-
ca de Jesus, o sal do Mar Morto consistia em uma
mistura de sal e outras substâncias. Exposto ao
tempo, o sal poderia perder suas propriedades,
tornando-se algo que aparentava ser sal, mas que
havia perdido sua essência. Alguns pensadores
sugerem que Jesus estava destacando que, da
mesma forma que não faz sentido ter um sal sem
sabor, também não é proveitoso ter um cristia-
nismo sem sabor. O Senhor Jesus afirma que o
mundo, sem a presença de discípulos que vivem
com integridade em seu chamado, se deteriora.
A presença do cristão retarda a decadência mo-
ral e espiritual. Portanto, o texto enfatiza que o
sal que perde sua capacidade de salgar torna-se
inútil, sendo lançado fora e pisoteado pelos ho-
mens. Assim como o sal não pode se deteriorar
para que seja útil em combater a deterioração, o
cristão não pode se misturar com nada que rou-
38
O Testemunho do Reino – Lição 3

be sua essência.

3. A luz do Mundo
Os cristãos são comparados à luz do mundo
nos versículos 14-16. Jesus apresenta duas fon-
tes de luz: a luz de uma cidade situada sobre o
monte e a luz de uma lâmpada sobre um pedes-
tal. A luz da cidade impede que as trevas sejam
absolutas, enquanto a luz da lâmpada, colocada
em um local estratégico, ilumina toda a casa (a
lamparina era posicionada no velador, um local
cavado na rocha a meia altura). A luz menciona-
da por Jesus refere-se à capacidade dos discí-
pulos de testemunharem e iluminarem. Aqueles
que testemunham não se escondem, assim como
uma cidade no alto de um monte não pode ser
oculta. Não são colocados sob um alqueire, mas
em um local estratégico para que a luz se propa-
gue e alcance a todos. Sem Cristo, somos com-
parados a lâmpadas apagadas. Cristo é a luz em
nós que nos possibilita iluminar (Jo 8.12). Como
afirmou Wesley L. Duewel no livro “Em chamas
para Deus”: “Devemos oferecer o melhor de nós
39
O Testemunho do Reino – Lição 3

e depois esperar que Deus acrescente o Seu fogo


sagrado”.

Conclusão
Pudemos observar a descrição do caráter es-
sencial dos discípulos de Jesus, ensinada median-
te metáforas que denotam sua influência positiva
no mundo. O cristão não pode contribuir para o
caos; crer, confessar e ensinar a verdade tam-
bém fazem parte das “boas obras” que revelam
o quanto fomos regenerados. Assim como o sal
pode perder sua salinidade, a luz em nós pode
transformar-se em trevas. Em outras palavras,
como discípulos de Jesus, não devemos escon-
der a verdade que conhecemos nem a verdade
do que somos. Não devemos nos vangloriar pela
diferença de vida, mas devemos desejar que nos-
so cristianismo seja perceptível por todos com
quem convivemos. Refugiar-se no invisível é uma
negação do chamado (John Sttot). Pregar o evan-
gelho e auxiliar as pessoas é como esfregar sal
nas feridas causadas pelo pecado. O caráter e a
influência do cristão, conforme definidos nas me-
40
O Testemunho do Reino – Lição 3

táforas do sal e da luz, estão interligados. Nosso


caráter é a base de nossa influência e testemu-
nho, pois dependem dele.

Para pensar e agir

1. Fomos remidos pelo Senhor, resgatados da


nossa velha maneira de viver e, uma vez libertos,
vivemos para a Sua glória. Existe alguma área em
sua vida que precise de mais atenção? Coloque-a
diante do Senhor.

2. Sabemos que a integridade abençoa e a fal-


ta dela deteriora o mundo. Tem relação com com-
pletude e inteireza. Diante disso, como está o seu
testemunho cristão?

3. Sem Cristo somos lâmpadas apagadas, quan-


to mais comunhão com ele, mais propagaremos
a Sua luz. Avalie sua comunhão com Cristo e ore
para ser cada dia mais intensa.
41
Jesus e a Lei – Lição 4

Lição 4
Texto Base: Mateus 5.17-20

Jesus e a Lei
Objetivo – Ao final deste estudo você compreenderá
a relação entre a pregação do reino e as escrituras
do Antigo testamento. E como o próprio Jesus vê o
seu lugar na história.

É inviável aderir estritamente às diretrizes do


Reino somente em contextos privados, pois a justiça
manifestada na vida do crente atrairá a atenção. As
bem-aventuranças, que
Leitura Diária
representam as normas
SEG Mt 22.37-40
TER Jo 1.14
do Reino aplicadas com
QUA Ef 2.8-9 diligência em meio a um
QUI 2Tm 2.1 mundo marcado pelo
SEX Rm 6.14-18 pecado, desempenham
SÁB Rm 13.8-10
um papel crucial no
DOM Mt 5.17-18
testemunho cristão.
42
Voltar para o sumário
Jesus e a Lei – Lição 4

Os versículos citados estão presentes exclu-


sivamente no Evangelho de Mateus, proporcio-
nando uma compreensão contrastante com a in-
terpretação farisaica da Lei mosaica e a evasão
antinomiana da lei. Enquanto o farisaísmo repre-
senta uma abordagem legalista, o antinomianis-
mo representa uma posição de extrema negação,
recusando-se a aceitar qualquer obrigação legal
ou mandamento divino. Essa dicotomia aborda
tanto a dispensação da graça quanto a rejeição
das normas de conduta estabelecidas pela lei.
Em contraposição ao legalismo, surge o antino-
mianismo. À luz da compreensão de que toda a
lei se resume nos dois maiores mandamentos
apresentados por Jesus Cristo nos Evangelhos,
a observância da lei moral é essencial (Gl 5.14).

1. Um Cuidado necessário
Lutero trouxe, dentre várias contribuições, a
ideia da palavra latina incurvitas, que significa vi-
rado para dentro. Dando-nos a compreensão de
que nossa natureza é interesseira, egocêntrica
e egoísta e por mais que todas essas caracte-
43
Jesus e a Lei – Lição 4

rísticas sejam bastante, a condição de incurvita


tem um efeito ainda mais revelador. Acreditamos
que podemos alcançar a justiça por esforço pró-
prio, e esse pensamento decorre da nossa con-
dição egocêntrica, “voltada para dentro” e, por
isso, empenhamos esforços para atingir uma po-
sição correta diante de Deus de maneira ansiosa.
Lutero afirmava que “É muito difícil para um ho-
mem acreditar que Deus é gentil com ele, pois,
por essa ótica, o coração humano não consegue
entender isso”. Nosso desafio é olharmos para a
graça de Deus, porque quando focamos em nós
mesmos e em nossos próprios esforços, é então
que temos as raízes do legalismo.
O legalismo e o antinomianismo não são so-
luções entre si, mesmo sendo opostos. A solução
para ambos está na graça.
É possível presumirmos que os fariseus acusa-
vam Jesus de estar destruindo a Lei. Então Jesus
volta ao tema do Reino (mencionado três vezes
em Mt 5.19-20) e agora correlaciona com a lei e
os profetas.
Perceba que essa perícope serve de introdu-
44
Jesus e a Lei – Lição 4

ção aos cinco blocos de textos que compõem o


restante do capítulo. Do homicídio, do adultério,
dos julgamentos, da vingança e do amor ao pró-
ximo.

Jesus está afirmando que veio para cumprir a


lei (pleroo = preenche ao máximo, consumar, rea-
lizar). Nada ficará de fora (v. 18: I – menor letra do
alfabeto grego, til – um pequeno traço que for-
mava parte de uma letra hebraica). O que Jesus
está ensinando é que nem mesmo a menor parte
da lei perecerá. Quando Jesus diz “eu vos digo”,
ele mostra que ele está acima da lei. A salvação
é dádiva de Deus em misericórdia e perdão, mas
os seus requisitos para isso não se relaxam. Não
toleramos licenciosidade em nome de liberdade.
A nossa justiça precisa exceder, em muito, a dos
fariseus e escribas. Jesus, ao interpretar as escri-
turas, eleva os padrões morais e éticos, pois a lei
pessoal é maior do que rituais (v. 20).
45
Jesus e a Lei – Lição 4

2. A lei pessoal é maior do que os


rituais
Enquanto os fariseus colocavam o sábado e o
lavar de mãos em destaque, Jesus está dizendo
que o relacionamento de Deus com o homem é
o que importa. O que segue, dos versos 21 a 48,
são ilustrações do que Jesus queria dizer quando
falou em cumprimento da lei:

A essência do homicídio (v. 21-16)


Jesus fala do sentimento de ira e de desprezo
que são tão perigosos quanto os crimes propria-
mente ditos.

Desejo e adultério (v. 27-30)


Para os judeus, seduzir uma mulher solteira ou
uma esposa não judia, não era considerado adul-
tério. Jesus vai no ponto — Jesus considerou o
adultério como pecado contra qualquer mulher.
Como uma questão de atitude ou intenção (v. 28).
O ensinamento é que o consentimento é o pri-
meiro passo do pecado.
46
Jesus e a Lei – Lição 4

Os juramentos (v. 33-37)

Este parágrafo é uma conclamação para a sim-


ples honestidade, que torna os juramentos des-
necessários. Era costume torcer um juramento.
Buscar saídas para não cumprir palavras ao mes-
mo tempo que fingiam observá-los. A ideia deles
era de que um juramento é obrigatório se Deus
estiver envolvido. Jesus protesta não tanto con-
tra os juramentos, como contra a desonestidade
que se escondia por detrás das ficções legais.

Da vingança (v. 38-42)

Jesus repudia toda a ideia de vingança. Ninguém


deve resistir ao mal com mal, mas vencer o mal
com o bem (Rm 12.21). No mundo temos insultos,
ressentimentos, ofensas — esse princípio de dar
a outra face deve ser aplicado diariamente. Jesus
admoesta os seus seguidores para irem além do
que podia ser tomado ou requerido por lei.
47
Jesus e a Lei – Lição 4

Do amor ao próximo (v. 43-48)

O judeu entendia que amar ao próximo era amar


outro judeu. O fariseu restringia possivelmente a
outro fariseu. Jesus diz: amai os vossos inimigos e
orai pelos que vos perseguem (v. 44). Jesus está
falando a pessoas incurvitas – virados para den-
tro, que vida crista é autonegação e autodoação.

Conclusão
O Antigo Testamento aponta para o Messias e
o Reino que Ele inauguraria. É exatamente o que
Jesus está apresentando aos que desejavam co-
nhecer mais do Seu Reino. Ele está exaltando a
obediência e a justiça.

Amados, o sermão do monte não é sentimenta-


lismo barato para conduzir ninguém a filantropia.
Percebemos que Jesus tempera tudo com amor,
mas não reduz o valor da justiça. O que vimos é
que a justiça que Jesus apresenta sobrepõe o
que os religiosos conheciam (Rm 3.21-24).
48
Jesus e a Lei – Lição 4

Para pensar e agir

1. Olhar para os próprios esforços é encontrar

com as raízes do legalismo. É perigoso! Porque

às vezes toleramos licenciosidade em nome de

liberdade. Como você se relaciona com a pala-

vra de Deus?

2. Valorizar as pessoas e enxergar o coração

nos ajudam a julgar com equidade. O relaciona-

mento de Deus com os homens aponta para essa

prioridade. Para isso é necessário autodoação e

autonegação. Como você avalia isso em sua vida?

3. O comportamento cristão precisa apontar

para Cristo. É mais do que sentimentalismo, é de-

cisão de amar como Jesus amou. Como tem sido

sua vida cristã, na prática?


49
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

Lição 5
Texto Base: Mateus 6.1-4

Deus Conhece
a Intenção do
Coração
Objetivo – Ao final deste estudo você compreenderá
o alerta de Jesus contra o autoengano e a vaidade.

Na última exposição, vimos o Senhor Jesus con-


frontando o legalismo e o antinomianismo, que
mesmo sendo opostos,
Leitura Diária
não eram soluções entre
SEG Pv 15.3
TER Hb 4.13 si. A solução está na gra-
QUA Mt 15.7-8 ça e o Senhor Jesus alerta
QUI Mt 12.34 sobre a necessidade do
SEX Sl 19.14 cumprimento da lei, com
SÁB 1Co 10.31
integridade. Jesus se di-
DOM Mt 5.16
rige a pessoas incurvitas
50
Voltar para o sumário
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

(virados para dentro), apontando que vida crista


é autonegação e autodoação.

Em Mt 5.48, observamos uma exigência aos


seus seguidores, nada menos do que a perfei-
ção (teleios – amadurecimento, integridade.)
“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o
vosso Pai Celeste”.

Jesus tem consciência da natureza do homem


para o autoengano e por isso faz um alerta im-
portante: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça
diante dos homens, com o fim de serdes vistos
por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto
de vosso Pai Celeste” (Mt 6.1). Guardai-vos = pro-
secho = trazer um navio para a terra e atracá-lo
e Justiça = misericórdia, piedade. A perfeição e
o cuidado são necessários porque cidadãos do
Reino de Deus não podem viver de aparência.
Pois, aparência de piedade não é piedade (v. 5.48;
6.1).
51
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

1. O Senhor nos vê
Dois textos importantes apontam para o nosso
Deus que é justo e julga com equidade e amor:
Pv 15:3 “Os olhos do Senhor estão em toda parte,
observando atentamente, os maus e os bons” e
Hb 4:13 “Nada, em toda a criação, está oculto aos
olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto
diante dos olhos daquele a quem havemos de
prestar contas”.
As obras fundamentais da piedade judaica
eram: dar esmolas (6.2-4); orar (6.5-15); e jejuar
(6.16-18). No início do sermão do monte, Jesus de-
lineia os aspectos fundamentais do caráter cris-
tão por meio das bem-aventuranças. Ele destaca
que a justiça esperada dos cristãos deve ultra-
passar a dos fariseus e escribas, evitando a ma-
nipulação de princípios para a realização de seus
próprios desejos. Esse comportamento compro-
mete a integridade e resulta na falta de honra a
Deus. Como John Stott expressou, “Os cristãos
não devem impor limites artificiais”.
52
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

2. A justiça do cristão não tem


limites
Existe uma ênfase dada à diferença que o cris-
tão deve ter, tanto dos fariseus quanto dos pa-
gãos, dos religiosos e dos irreligiosos, da igre-
ja e do mundo. “E, quando orardes, não sereis
como os hipócritas” (v. 5). “Dirigindo-se aos gen-
tios. Não vos assemelheis, pois, a eles” (v. 8). Um
comportamento que não cabe à igreja de Cristo.
Parece que Jesus já previu o que aconteceria no
seio de muitas “igrejas” hoje.
A diferença essencial na religião é que a jus-
tiça autêntica do cristão não é um simples com-
portamento, mas manifestação do coração. Uma
das grandes dificuldades hoje é a vaidade. Todo
mundo quer ser visto. Nossas boas obras devem
ser públicas para que nossa luz brilhe; e nossa
devoção religiosa deve ser secreta para mani-
festarmos o sentimento adequado.
Temos o exemplo da esmola (ações de mise-
ricórdia). Jesus diz que os hipócritas representa-
vam um papel, e os discípulos não deveriam ter
53
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

essa prática, pois a prática cristã deve ser com o


sentimento correto: glorificar a Deus. São os mo-
tivos por trás das expressões religiosas que dão
a estas o seu significado (Mt 15.7-8; Mt 12.34).
A religião como espetáculo é falsa e fútil. Se
não há valor moral, ético e espiritual, é hipocrisia.

3. A ordem de Jesus
“Não saiba a tua mão esquerda o que faz a di-
reita” (v. 3) porque o objetivo é a glorificação a
Deus (Mt 5.16). Enquanto o hipócrita quer a glória
para si, os discípulos desejam a glória de Deus.
O enredo bíblico nos mostra que a queda nos
deixou profundamente disfuncionais em nossas
emoções. Valorizamos o trivial e nos entediamos
com a grandeza. O Apóstolo Paulo nos exorta em
1 Coríntios 10.31: “Portanto, quer comais, quer be-
bais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para
a glória de Deus” (glória = doxa — uma opinião a
respeito de alguém que resulta em louvor).
Será que o hipócrita não teve um encontro com
Deus? Não nasceu de novo? Pois, o homem que
54
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

entende a grandeza de Deus não busca glória


para si. Como Davi expressou “As palavras dos
meus lábios e o meditar do meu coração sejam
agradáveis na Tua presença, Senhor” (Sl 19.14).

O Senhor Jesus não somente aponta a direção


como também aponta a recompensa em secre-
to “para a tua esmola ficar em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará” (v. 4).

Conclusão
Cuidado! Precisamos manter o navio atracado.
As ondas do legalismo e da hipocrisia vão bater
contra ele, mas em Cristo, está seguro.

Não é difícil entender o porquê o coração deve


ser guardado (Pv 4.23). Perder o coração nos faz
fantasiar diante do Deus que sabe quem somos.
A inclinação do coração determina a caminhada
da Igreja e, por isso, o nosso coração precisa es-
tar confirmado em santidade, isento de culpa, na
presença de nosso Deus e Pai (1Ts 3.13).
55
Deus Conhece a Intenção do Coração – Lição 5

Para pensar e agir

1. Se o autoengano está ligado ao desejo do

coração, precisamos submetê-lo, atracá-lo em

Cristo. Você alinha o seu coração com a vontade

de Deus?

2. Se os limites do cristão não podem ser artifi-

ciais, por desonrarem a Deus, e precisam exceder

os comportamentos deste tempo, ao olhar para

sua vida, como descreveria seu comportamento

hoje?

3. Representar um papel não é adequado. É

preciso integridade para que a glória de Deus

seja nosso objetivo. Você tem buscado glorificar

a Deus em tudo o que faz?


56
Uma Oração Genuína – Lição 6

Lição 6
Texto Base: Mateus 6.5-8

Uma Oração
Genuína
Objetivo – Ao final deste estudo você compreende-
rá que a negligência da oração é uma das principais
causas da estagnação na vida cristã.

Estudamos na última exposição sobre o fato de


Deus conhecer a intenção do nosso coração, o
perigo da vaidade e a ne-
Leitura Diária cessidade de integrida-
SEG Jr 29.13 de para com Deus. Após
TER Tg 4.8
o exemplo das esmolas,
QUA Sl 139.4
QUI 2 Co 6.6
Cristo ensina-nos a res-
SEX Lc 18.1-8 peito da oração.
SÁB Mt 6.7-8
A oração transforma
DOM 2 Cr 7.14
tudo. Por isso, “devemos
57
Voltar para o sumário
Uma Oração Genuína – Lição 6

orar e continuar orando até começarmos a orar


de verdade” (A.W.Tozer).
A palavra “orar”, em suas mais diversas formas,
é encontrada 370 vezes na Bíblia, de acordo com
Strong.
Thabiti Anyabwile, em seu livro “9 marcas”,
quando pergunta o que é um membro de uma
igreja saudável, ele destaca a oração “Orar não é
pleitear uma causa diante de um Deus indispos-
to, é pensar os pensamentos de Deus à maneira
de Deus”.
Estamos diante de um contexto que adverte
contra o erro de fazer da oração um balbuciar
ininteligível como é feito pelos pagãos. Mais uma
vez vemos um esforço para impressionar homens.
Só devemos tomar cuidado com o contexto no
verso 6 e achar que devemos orar somente no
quarto. Não existe direcionamento para isso, mais
uma vez está ligado ao fato da vaidade humana
de desejar holofotes.
Existe uma advertência de se tentar controlar
a Deus para se obter vantagem egoísta. Além
58
Uma Oração Genuína – Lição 6

disso, não há uma proibição a sincera repetição.


No Getsêmani Jesus orou três vezes dizendo as
mesmas palavras (Mateus 26.44). Precisamos en-
tender que não é o muito falar, não é informar a
Deus porque Ele já sabe o que falaremos antes
de falarmos (Salmo 139.4).

1. Padrões de conduta
O antigo (hipócritas e gentios) e o novo (discí-
pulos de Cristo). Por Cristo ser o novo legislador
de nossas vidas, temos interpretações e discer-
nimentos a respeito da conduta ideal aos discí-
pulos. Sabemos que o Senhor Jesus difere até
mesmo dos rabinos.
O evangelho de Mateus não pode ser humilha-
do à posição de um documento judaico. Porque
foi escrito quando o cristianismo já tinha cinquenta
anos. De fato, visava ser um manual de instrução
cristã. Nele, um padrão de conduta mais elevado
é estabelecido.
Jesus está penetrando o coração dos seus dis-
cípulos com espiritualidade. Vai além de dogmas
estabelecidos pelos Rabinos e está acima da prá-
59
Uma Oração Genuína – Lição 6

tica de líderes religiosos de cada tempo.


O verso 6 esclarece mais um pouco nossa cons-
ciência: “Tu, porém, quando orares, entra no teu
quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará.” Quarto — tameion — contração
de um suposto derivado de tamias (dispensador
ou distribuidor) câmara de armazenamento, de-
pósito; um quarto interno; câmera secreta. Lugar
onde ninguém suspeitaria encontrar alguém
orando. Um lugar reservado para você e Deus.
Uma oração que não estabelecer intimidade e
contato genuíno com Deus é inútil.
Jesus presume que seus seguidores deem es-
molas e orem, e insiste, repelindo a motivação
errada.

2. A sinceridade do coração na
oração
O que deve caracterizar nossas orações?
Jesus menciona-os:
a) Integridade diante de Deus (v. 6).
60
Uma Oração Genuína – Lição 6

b) Os pagãos acreditavam que, repetindo mui-


tas vezes o nome de seu deus, seriam atendidos
(v. 7).
Jesus ensina que a sinceridade reflete o cará-
ter cristão e a convicção de fé. Como lemos em
Hebreus 10:22: “Assim, aproximemo-nos de Deus
com um coração sincero e com plena convicção
de fé, tendo os corações aspergidos para nos
purificar de uma consciência culpada e os nos-
sos corpos lavados com água pura”.
O apóstolo Paulo testemunhou que se reco-
mendava pela bondade e amor sincero (2 Co 6:6).
Pois, “precisamos de unção espiritual extraordi-
nária e não de poder intelectual extraordinário”.
(Spurgeon).

3. Não desanime
Em Lucas 18.1-8, na parábola do juiz iníquo,
aprendemos que não podemos desanimar dian-
te das intempéries da vida.
Analisando Mateus 6.7-8 e Lucas 18.1-8, pode-
mos chegar à conclusão de que o que importa
61
Uma Oração Genuína – Lição 6

não é o tamanho da oração, e sim, a atitude do


coração. Além disso, orar sem cessar é impera-
tivo. Muitos têm a tendência de desistir de orar.
Pressionados pelas circunstâncias tendem a jo-
gar a toalha, mas nós que pertencemos ao Reino
de Deus, precisamos perseverar.
Jesus ensina a olhar para Deus como Pai.
“Orarás a teu Pai…” Pois, o mesmo Pai que recom-
pensa é o que conhece nossas necessidades.

Conclusão
Deus está convidando a todos os que o escu-
tam. “Se o meu povo, que se chama pelo meu
nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e
se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o
ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua
terra” (2 Crônicas 7:14).
Deus nos convoca a oração (Jeremias 29.13;
Tiago 4.8). Gregory Frizell em seu livro Retorno a
santidade fala-nos do extremo desprazer de Deus
com adoração insincera e rituais vazios. Warren
Wiersbe diz que “as ofertas nas mãos sem uma
fé obediente no coração, tornam-se sacrifícios de
62
Uma Oração Genuína – Lição 6

tolos”.

Para pensar e agir


1. A prática da oração em sua vida cristã agra-
da a Deus?
2. Os discípulos oram sem cessar e recebem
de Deus a provisão e direcionamento para a vida.
Você tem a prática de levar tudo a Deus em ora-
ção, confiando em seu poder?
3. A fé obediente no coração é imprescindível
no Reino de Deus. Você, ao orar, está pronto a
obedecer se Deus disser “sim”, “não”, ou “espe-
re”?

63
Oração Modelo – Lição 7

Lição 7
Texto Base: Mateus 6.9-15

Oração Modelo
Objetivo – Ao final deste estudo você compreende-
rá que precisamos aprender muito a respeito da ora-
ção. E, que a maioria de nós, ainda é pouco mais do
que um aprendiz nesta área.

No último estudo, falamos sobre a oração ge-


nuína. Observamos que o propósito da ênfase
de Jesus sobre o “segredo” quando se trata de
oração é purificar nossas
Leitura Diária
motivações. Pois, uma
SEG Lc 11.1-4
oração que não estabele-
TER Mt 5.23-24
Mt 25.31-46
ce contato genuíno com
QUA
QUI 1 Jo 5.1 Deus é inútil.
SEX Lc 11.1 À luz do texto proposto,
SÁB Rm 8.26-27
examinaremos a oração
DOM 1 Tm 2.8
modelo de Mateus em
64
Voltar para o sumário
Oração Modelo – Lição 7

paralelo com Lucas 11.1-4. Lucas apresenta algo


mais curto, primitivo, enquanto Mateus adapta
ao uso mais congregacional. Dá ênfase ao fato
da consciência de que não podemos excluir nin-
guém quando nos achegamos a Deus. Como o
princípio de Mateus 5.23-24 “Se, pois, ao trazeres
ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o
altar, a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com
teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”.
Em Mateus vemos um equilíbrio entre a proximi-
dade e a transcendência de Deus com a intimida-
de familiar. Deus é pai, mas permanece transcen-
dente, por isso, solenidade e reverência devem
fazer parte de nosso relacionamento.

1. Quem tem Deus por Pai não é


egoísta
Esse paradoxo que exige respeito e honra faz
parte do todo na vida cristã: Deus está em Cristo
e nós encontramos Cristo nas outras pessoas.
Pois, no Reino de Deus, não se faz acepção de
pessoas.
65
Oração Modelo – Lição 7

D. A. Carson afirma que: “antes das petições,


vem a compreensão de que o cristão não deve
orar em magnífico isolamento e deve entender
que espiritualidade e isolamento exacerbado são
conflituosos” (1 João 5.1).
Nesta compreensão, ao me dirigir ao nosso Pai,
minha preocupação é com o nosso Pão de cada
dia, nossos pecados e nossas tentações — não
somente com as minhas.
Os apontamentos a seguir nos ajudarão a per-
manecer sinceros e inculpáveis em nossa cami-
nhada neste Reino:
• Ele está nos céus — portanto, não rompa o limi-
te da intimidade.
• Venha o Teu reino — disposição a submissão
imediata ao seu Reino.
• Seja feita a Tua vontade — o desejo para que a
vontade de Deus se cumpra.
• O pão nosso de cada dia — suprimento para as
necessidades diárias.
• Observe o v. 12 — perdoa as nossas dívidas —
está ligado também ao que pode estar nos de-
66
Oração Modelo – Lição 7

vendo.
• Não nos deixe cair em tentação — nossa justi-
ça própria é vencida pela consciência de neces-
sidade de ajuda.

2. Quem tem Deus por Pai, vence a


amargura
Temos uma súplica para evitar a tentação: en-
tre o pedido referente ao perdão no verso 12 e
seu esclarecimento nos versos 14 e 15, apresenta
possivelmente a principal tentação enfrentada: a
amargura.
Carson fala da tentação de manter um verniz
de religião verdadeira mesmo quando os pensa-
mentos secretos estão tomados por corrupção.
A amargura pode ser uma resposta pecamino-
sa ao sofrimento, causada pela incredulidade na
justiça e soberania de Deus mesmo quando o
seu propósito é oculto. A amargura é um proble-
ma interno que, se mantida, se manifesta exter-
namente (Hb 12.15). É como uma raiz que brota e
contamina a muitos. Ela começa no coração, mas
67
Oração Modelo – Lição 7

em algum momento se manifesta em atitudes de


ressentimento. Enquanto não manifestada, é en-
coberta com mentira, mas em algum momento
se torna pública. A primeira manifestação de res-
sentimento, da ira não resolvida, é o bloqueio na
comunicação. Quem guarda ressentimento age
como se estivesse tudo bem, mas, na verdade,
não está. O seu ódio é encoberto com engano
(Pv 26.24-26).

3. Quem tem Deus por pai, vence a


hipocrisia religiosa
Tudo isso se encaixa com os versos de 1 a 18 —
a destruição da hipocrisia religiosa. O fato é que
precisamos aprender muito a respeito da oração
sincera. A maioria de nós ainda é pouco mais do
que um aprendiz.
A verdade não deve ser relativizada, construí-
da segundo interesses e aplicada levando-se em
conta o prestígio ou a importância social das pes-
soas. Ela precisa ser vista como bússola, norte
para as ações da vida e sustentáculo para qual-
quer construção na dimensão ética, moral ou espi-
68
Oração Modelo – Lição 7

ritual. Daí ser imperiosa uma avaliação sobre nós


mesmos para superarmos quaisquer tendências
ou atitudes que reflitam hipocrisia, considerando
o desafio de alcançarmos a autêntica expressão
de fé, visto que fomos chamados para ser dife-
rentes, fazer diferente e frutificar; sendo sensí-
veis quanto à realidade que nos cerca; à voz do
Divino Mestre e Sumo Pastor, Jesus Cristo, an-
dando com Ele e sendo fiéis aos seus ensinos. A
vida precisa de equilíbrio entre responsabilidade
e privilégios e tudo depende se estivermos n’Ele
e Ele em nós. Precisamos vencer a hipocrisia,
para alcançarmos uma expressão autêntica de
fé. (Do grego hypokrinein ou hypokrisía, que sig-
nificava inicialmente “separar gradualmente” ou
“representar um papel”, “fingir”. Na antiga Grécia,
os atores de teatro durante as apresentações fin-
giam ser outras pessoas. E o que eles faziam no
palco era uma “hipocrisia” (do grego hypokhri-
nesthai), que significava “fingimento”. Essa pala-
vra era aplicada à ação de interpretar uma peça
teatral. Com o tempo, hipócrita passou a indicar
qualquer pessoa falsa ou fingida, e foi com esse
69
Oração Modelo – Lição 7

sentido que entrou na língua portuguesa, por vol-


ta do século XIV (Emanuel – Luciano Cozendey,
pág. 17 e 41).

Conclusão
Na oração do Pai nosso aprendemos: redenção,
autoridade, adoração, governo, submissão, pro-
visão, perdão, proteção, libertação e segurança.
Além disso, a importância de equilíbrio em nossa
relação com Deus e a importância da espirituali-
dade que nos aproxima ao invés de afastar-nos.
No evangelho de Lucas 11.1, a oração do Pai
nosso nasce do desejo dos discípulos em apren-
der a orar. Expressa uma espécie de insuficiên-
cia que lateja no coração humano. Como escreve
Abraham Heschel, no tratado que escreveu so-
bre a oração: “Não nos recusamos a orar. Apenas
sentimos que nossa língua está presa, que nossa
mente está inerte, que nossa visão está embaça-
da (HESCHEL, 1974, p.20).
Precisamos conversar sobre oração e orar, pois,
oramos menos do que deveríamos. Precisamos
buscar a motivação correta com valores corretos
70
Oração Modelo – Lição 7

para uma vida correta diante dele (Rm 8.26-27).


Como apontou o Pr. Billy Graham quando tinha
99 anos: “Dobre seus joelhos e ore até que você
e Deus se tornem amigos íntimos”.

Para pensar e agir


1. A comunhão é dádiva de Deus em seu Reino.
Você tem amigos de oração? Se não, por quê?
2. Nós somos filhos de Deus que é nosso Pai
Amoroso e querido. Você compartilha com ele as
suas amarguras e tristezas? Faça isso agora!
3. Ao orar, você o faz com motivações corretas
e valores corretos ao Reino de Deus?

71
O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

Lição 8
Texto Base: Mateus 6.16-18

O Jejum como
Disciplina Cristã
Objetivo – Ao final deste estudo você será desafia-
do a vivenciar essa disciplina espiritual em sua vida,
aprendendo com o Senhor Jesus.

Como afirmou o pastor Luiz Sayão “O jejum é a


oração do corpo”.
A prática do jejum re-
Leitura Diária
porta aos egípcios (3000
SEG Mt 4.2
a.C.), que já tinham a prá-
TER At 13.1-3
QUA Is 58 tica para melhorar a saú-
QUI 2 Co 9.24-27 de, deixando de alimen-
SEX Êx 24.17-18 tar-se durante três dias.
SÁB 2 Co 11.27
Além disso, é sabido que
DOM Mt 6.16-18
na Grécia Antiga, o jejum
72
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O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

era prescrição para tratamento de doenças. Hoje,


sabemos que desinflama o corpo e traz muitos
benefícios.
Mas, e o jejum bíblico como disciplina espiritual?
O que o Senhor Jesus desejava ensinar aos que
almejavam conhecer mais a respeito do Reino de
Deus?
Estamos diante do terceiro exemplo de piedade
exibicionista que Jesus apresenta. Alguns desfi-
guravam o rosto a fim de mostrarem aos homens
o que estavam fazendo.
Não há uma recriminação sobre o jejum, pois
Jesus supõem que seus discípulos vão jejuar e
quando praticassem esta disciplina, ensina que
deveriam “ungir a cabeça e lavar o rosto” (v. 17).
Não existe um menosprezo a respeito do jejum.
Os fariseus jejuavam duas vezes por semanas,
às segundas e às quintas. João Batista e seus
discípulos também jejuavam regularmente. Mas,
os discípulos de Jesus não jejuavam.
Encontramos referência ao jejum em toda a
Bíblia.
73
O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

Moisés – 40 dias antes de pegar a Lei: Ex


24:17-18
Povo de Israel: Lv 16.31; At 27.9
Elias – 40 dias: 1 Rs 19.8
Davi – 7 dias: 2 Sm 12.16-18
Ninivitas (até os animais): Jn 3.5
Daniel – 21 dias: Dn 10.1-13
Ester – 3 dias: Et 4.15.16
Jesus – 40 dias: Mt 42 e Lc 4.2
Ap. Paulo – 3 dias: At 9.9, 2 Co 11.27
Igreja Primitiva – Atos 13.1-3

1. Definição
Jejum refere-se à prática de se abster de co-
mida e bebida como um exercício religioso. Essa
abstinência pode ser total, cobrindo um único
dia ou estendendo-se por um período mais lon-
go, seja por costume ou opção alimentar. Embora
originalmente implicasse uma completa privação
de alimentos, o jejum pode ser interpretado de
maneira flexível, permitindo abstenção parcial em
74
O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

diferentes durações. Nas Escrituras, o jejum era


frequentemente associado à renúncia e à auto-
disciplina, expressando a ideia de “jejuar” e “hu-
milhar-se diante de Deus” (conforme registrado
em Sl 35:13 e Is 58:3-5).
Se o sentimento não for correto, será uma práti-
ca vazia, hipócrita e sem propósito. Alguns dese-
jam aplausos dos homens e outros, tão somente
a bênção de Deus.

2. Objetivo de Jesus
Como evidenciado anteriormente, Jesus par-
te do pressuposto de que seus discípulos prati-
cavam o jejum e os instrui sobre os porquês e o
modo de fazê-lo. Seja por arrependimento, ora-
ção, autodisciplina ou amor solidário, existem só-
lidas fundamentações bíblicas para o jejum na
vida cristã. Independentemente das motivações
individuais, Jesus reconhece que o jejum desem-
penha um papel significativo na vida do cristão.
O objetivo do jejum não consiste em autopro-
moção, mas em disciplinar-se; não visa à constru-
ção de uma reputação, mas expressa humildade
75
O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

diante de Deus e cuidado pelos necessitados.


Se esses propósitos forem atingidos, experimen-
taremos recompensas significativas.
O Senhor Jesus destaca que orar é buscar a
Deus, dar é servir aos outros, e jejuar é uma prá-
tica de disciplina pessoal. No entanto, a hipocrisia
pode comprometer a integridade dessas práticas,
transformando-as em oportunidades para exibi-
ção pessoal. Não devemos ser meros especta-
dores de nossas próprias representações, como
observou Bonhoeffer.

3. O caminho apontado por Jesus


(Is 58.6-7)
O jejum era praticado em datas especiais no
calendário judaico, como no dia da expiação (Lv
23.27). Era convocado quando havia escassez
de chuvas. Algumas pessoas tinham essa prática
por autodisciplina moral e religiosa, como sinal
de profundo arrependimento e quebrantamento
diante do Senhor.
Qual foi o problema que Jesus está resistindo?
76
O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

O que inicialmente representava autodisciplina


acabou por se deteriorar, transformando-se em
uma oportunidade para uma ostentação pom-
posa de falsa retidão. O que antes simbolizava
humildade passou a ser um indicativo de autos-
suficiência moral. Fica evidente que empreendi-
mentos especiais demandam orações específi-
cas, e isso inclui o jejum.
Se a disciplina por si só já é uma questão com-
plexa, a autodisciplina é ainda mais desafiadora
(conforme 2 Tm 2.5; 2 Co 9.24-27), uma vez que a
batalha do cristão é contra si mesmo. A autodisci-
plina é imperativa, e o jejum, como uma renúncia
voluntária de alimento, constitui uma maneira de
fortalecer nosso autocontrole.
Carson ressalta que “a verdadeira beleza da
justiça não deve ser manchada pela fraude”.

Conclusão
Em Mateus 6.16-18 aprendemos muitas coisas
importantes que Jesus ensinou a respeito do je-
jum:
77
O Jejum como Disciplina Cristã – Lição 8

a) Não dá para interpretar um papel. Tem que


ser de verdade.
b) Não podemos esquecer que Deus tudo vê.
O jejum é uma disciplina espiritual e uma nega-
ção do eu, ele precisa honrar e glorificar a Deus,
por ser uma oferta a Ele. Esta é a beleza da vida
cristã, a comunhão íntima e sincera com o Pai.
Isso nos ajudará a discernir a Sua voz e a termos
objetivos claros e transparentes na vida cristã.

Para pensar e agir


1. Mais uma vez estamos diante da vida prática
e verdadeira aos olhos de Deus. Somos levados
a percebermos as intenções do coração. Você
costuma praticar essa disciplina espiritual?
2. Quando percebemos o jejum como discipli-
na, ao olhar para sua vida você percebe que de-
veria praticá-la mais?
3. A proposta do jejum é nos tornar mais santos
diante de Deus e nos ajudar a vencer as fraudes
que teimam em pressionar-nos. Que tal come-
çarmos a prática do jejum intencional?
78
Perspectivas do Reino – Lição 9

Lição 9
Texto Base: Mateus 6.19-21

Perspectivas do
Reino
Objetivo – Ao final deste estudo você será desafiado
a ser cuidadoso em seus atos e escolhas com base
nos verdadeiros valores do reino de Deus.

Na última exposição, aprendemos sobre o jejum


bíblico e observamos que se relacionava com a
renúncia e a autodiscipli-
Leitura Diária na. Se o sentimento não
SEG Cl 3.1-2 for correto, tudo o que fi-
TER 1 Tm 6.10 zermos será uma prática
QUA Pv 18.12 vazia. Mais uma vez a hi-
QUI 1 Jo 2.16-17 pocrisia é repreendida,
SEX Lc 12.15 pois o efeito dela é des-
SÁB Mt 6.1-18
truir a integridade de prá-
DOM Mt 6.19-34
ticas como oração, servi-
79
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Perspectivas do Reino – Lição 9

ço, jejum e disciplina.


Os versículos expostos adiante nos apresenta-
rão três metáforas sobre lealdade inabalável aos
valores do Reino: 19-21 o tesouro, 22-23 a luz, 24
a escravidão.
Hoje, apreciaremos os versos 19-21.
Já aprendemos que na busca da justiça do
Reino, precisamos nos certificar de que nossas
obras de justiça, especificamente as religiosas,
sejam isentas de hipocrisia. E evitamos a hipocri-
sia garantindo que nosso objetivo final seja agra-
dar a Deus. Por isso, todos os nossos atos devem
estar conforme as perspectivas do Reino.

1. O objetivo da vida
Quando o Senhor Jesus ensina sobre não acu-
mular tesouros na terra (ajuntar, armazenar, esto-
car), aponta para o objetivo da vida. É necessário
um equilíbrio entre ter e se permitir dominar. A es-
colha está entre encontrar os seus valores finais
nos tesouros que perecem, ou nos que perma-
necem. Precisamos ter ciência de que comparti-
80
Perspectivas do Reino – Lição 9

lhamos aquilo em que colocamos nosso coração.


O texto afirma que os tesouros na terra são pe-
recíveis porque não existe segurança permanen-
te nas coisas materiais (traça, ferrugem e ladrões:
são ameaças à segurança). Independente da clas-
se social e intelectual, se nossos objetivos forem
escusos e hipócritas, a corrosão e a insatisfação
serão reais.
Tesouros na terra fazem a alegria dos ladrões
que entravam facilmente nas casas (as paredes
da maioria das casas da Palestina eram de barro
cru, que se esfarelava facilmente).

2. O foco certo
Os tesouros no céu não expõem as pessoas a
nenhuma perda. Não tem traça, a ferrugem, nem
ladrão. Lá não tem inflação! Esses tesouros são
resultantes da aprovação divina que serão dadas
aos discípulos na consumação do Reino.
Jesus não está condenando todo tipo de rique-
za, nem de roupa. Não está proibindo coisas, mas
o amor as coisas. Não é o dinheiro a raiz de todos
81
Perspectivas do Reino – Lição 9

os males, mas o amor ao dinheiro (1 Tm 6.10).


O amor ao dinheiro aguça a vaidade e a tem-
porariedade e a transitoriedade são característi-
cas da vaidade, pois “antes da queda o coração
do homem se envaidece…” (Pv 18.12; Pv 21.14, 1 Jo
2.16-17).
Na perspectiva do Reino de Deus, precisamos
ser comprometidos com os valores estabeleci-
dos por Deus. “Trocar o eterno pelo temporal é
um mau negócio” (D A Carson).

3. A motivação certa
A Bíblia nos dá alguns exemplos de pessoas
que se perderam:
Acã desobedeceu a Deus porque roubou coi-
sas destinadas à destruição. Ele tomou das coi-
sas condenadas (Js 7.21).
O jovem rico que amava o dinheiro, deseja-
va a vida eterna, mas tinha o coração dominado
pelas riquezas e por isso não se alegra com a in-
tervenção de Jesus em sua história porque tinha
motivações erradas.
82
Perspectivas do Reino – Lição 9

Precisamos ter cuidado em acumular com mo-


tivações erradas, pois nosso coração estará lá (v.
21). O coração do homem sempre está nas coisas
que ele acumula. Precisamos cultivar uma lealda-
de inabalável aos valores do Reino de Deus e ter
prazer em tudo o que Deus aprova. Buscar (em-
penhar-se em procurar até encontrar) as coisas
lá do Alto (Cl 3.1-2)

Conclusão
Lucas 12.15 “Então, lhes recomendou: tende
cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avare-
za; porque a vida de um homem não consiste na
abundância dos bens que ele possui”.
Perceba que Mateus 6.1-18 descreve a vida par-
ticular do cristão. Em Mateus 6.19-34 trata dos ne-
gócios públicos no mundo.
Como cristãos, cada ação que empreendemos,
mesmo que aparentemente secular, possui uma
dimensão espiritual. A maioria de nós exerce a
profissão no ambiente secular e manifesta o sa-
grado em meio a sociedade (Cl 3.23-24)
83
Perspectivas do Reino – Lição 9

John Sttot mais uma vez brilhantemente nos diz


que “o tesouro no céu é seguro. Medidas de pre-
caução para protegê-lo são desnecessárias. Não
precisa de apólices de seguro, por ser indestru-
tível”.

Para pensar e agir


1. Observando o que estudamos, podemos afir-
mar que nossas perspectivas são as perspectivas
do Reino de Deus?
2. Seus objetivos glorificam a Deus, são equili-
brados e salpicados dos valores que Jesus ensi-
nou?
3. Você se preocupa com o verdadeiro lucro
na vida cristã?

84
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

Lição 10
Texto Base: Mateus 6.22-23

Olhos Bons e
Generosos
Objetivo – Ao final deste estudo você será desafia-
do a buscar em Deus a direção para ter uma visão
correta de sua vontade.

Na perspectiva do Reino de Deus falamos sobre


os tesouros do Reino. Aprendemos que na busca
da justiça do Reino, pre-
Leitura Diária cisamos nos certificar de
SEG Sl 119.37 que nossas obras de jus-
TER 2 Rs 6.16-17 tiça, especificamente as
QUA Mt 15.14 religiosas, sejam isentas
QUI Ap 3.18 de hipocrisia. Evitamos a
SEX Mt 8.18 hipocrisia garantindo que
SÁB Sl 121.1
nosso objetivo final seja
DOM Hb 12.2
agradar a Deus. Além dis-
85
Voltar para o sumário
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

so, é imprescindível que todos os nossos atos


estejam conforme as perspectivas do Reino.
Esta é mais uma metáfora que trará essa com-
preensão. Os olhos são a candeia do corpo,
eles permitem ao corpo encontrar seu caminho.
Precisam ser bons (Haplous – saudável, inteiro,
para nos guiar para o que é bom).
Com base nos versos anteriores que nos im-
pulsionam a acumularmos tesouros no céu, mais
uma vez aprendemos que devemos focar nos te-
souros que permanecem.
Broadman diz que a mesquinhez deixa a pes-
soa nas trevas e a generosidade propicia a luz.
Renê Descartes, em seu Tratado das Paixões,
apresenta a generosidade como uma desperta-
dora do real valor que a pessoa tem de si mes-
ma. E nós sabemos que não há cristianismo sem
generosidade.
Além disso, o nosso destino é revelado nas coi-
sas que nos dedicamos. Porque o nosso coração
está onde estiver o nosso tesouro (Mt 6.21).
86
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

1. O olho bom é necessário


O olho bom focaliza com precisão os objetivos.
Ele é a candeia do corpo — por que candeia?
Porque captam e transmitem uma imagem e o
nosso cérebro processa e interpreta o que esta-
mos vendo para poder atribuir sentido.
A interação entre os olhos e o cérebro é indis-
pensável. Muitos têm a capacidade de ver, porém
não compreendem verdadeiramente. A visão é o
canal pelo qual nosso cérebro percebe o mun-
do, permitindo-nos observar, perceber e identi-
ficar objetos. Ter uma visão clara contribui para
uma compreensão mais aprofundada no âmbito
espiritual. (2 Rs 6.16-17).
Se nossa visão for burlada, somos manipulá-
veis. As mágicas, propagandas e outras ferramen-
tas deste tempo desejam isso. Quantas pessoas
ao caírem em si dizem: eu não via o que estava
fazendo. “Se um cego guiar outro cego, ambos
cairão na cova” (Mt 15.14; Is 42.7)
Aplicada ao problema de possessões materiais,
se a pessoa divide a sua atenção entre Deus e
87
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

as coisas materiais, provavelmente não esteja fo-


cando bem em nenhum dos dois.

2. O olho da desconfiança
O olho mau (poneros = mesquinhez) é o cami-
nho de uma vida em trevas, que se fecha para
Deus, para a beleza do Reino de Deus e repre-
senta a desconfiança. Quem não vê, não discer-
ne.
Quando olhamos para o adjetivo “bom”, em-
pregado na Septuaginta (versão da Bíblia he-
braica traduzida em etapas para o grego), tem o
sentido de sinceridade, de propósito, é lealdade.
Enquanto o olho mau está ligado ao egoísmo, o
olho bom, a generosidade, é o que está fixo em
Deus.
Não podemos ter verdades superficiais e fin-
gidas, não podemos fechar os olhos e ceder à
dúvida. Os valores do Reino de Deus são inego-
ciáveis.
Aquele que, como cristão, permanece leal à
verdade em todas as situações, cria uma base
88
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

sólida para a confiança por parte dos outros. Em


todos os relacionamentos humanos, a mentira, a
decepção, as promessas falsas e os contratos não
cumpridos, promovem, todos, a desconfiança. E
a desconfiança é como uma rachadura em uma
parede ou uma fenda em uma represa. Trará pro-
blemas sérios se não for detectado e corrigido.

3. A luz da generosidade
“Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14a). Não está
ligado ao que ela é em si. Mas a luz que ela emite.
O povo de Deus ilumina. Um coração iluminado,
aberto para Deus, que vence às trevas da mes-
quinhez e da desconfiança, ilumina. O povo de
Deus torna a luz manifesta, propaga seus raios,
espalha e brilha como uma tocha. O cristão que
vive os valores do Reino de Deus brilha.
A prática da generosidade é uma virtude es-
sencial que abrange não apenas o oferecimento
de bens materiais, mas também a dedicação de
tempo, a companhia, orientações, alegria e até
mesmo a própria presença ao próximo.
A capacidade de enxergar é crucial para perce-
89
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

ber não só a nós mesmos, mas também as pes-


soas ao nosso redor e as oportunidades que se
apresentam. Como mencionado em João 4.35:
“Não dizeis vós que ainda há quatro meses até
a ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e
vede os campos, pois já branquejam para a cei-
fa.” A generosidade, assim, se revela como um
reflexo luminoso do que habita em nosso cora-
ção, irradiando por todo o nosso ser.

Conclusão
A palavra grega para olhos é ophthalmos,
podendo também significar metaforicamente
como olhos da mente ou faculdade de conhe-
cer. Perceba que nada pode ficar de fora, todo o
nosso ser precisa ser preenchido por essa cons-
ciência de que Deus nos mostra o caminho para
uma vida feliz e abençoadora.
Uma vida mesquinha advém da cegueira espi-
ritual que nos afasta de Deus, rouba o discerni-
mento espiritual e a sinceridade de propósito.
Se o olho faz tropeçar e não observarmos a
trave existente, então temos olhos e não vemos.
90
Olhos Bons e Generosos – Lição 10

Precisamos da luz de Cristo que nos impulsione

a levantarmos os olhos, pois nem olhos viram e

nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no

coração humano o que Deus tem preparado para

aqueles que o amam (Mt 5.29; Mt 7.3; Mt 8.18; 1 Co

2.9). Sejamos generosos, propaguemos a luz de

Deus.

Para pensar e agir

1. Nesta perspectiva do Reino de Deus ter cla-

reza de propósitos é imprescindível. Você conse-

gue decidir com firmeza de quem viu e entendeu

a vontade de Deus?

2. Se a generosidade, a luz do contexto, é com-

partilhar a luz do céu, como você tem feito isso?

3. Em qual área de sua vida você precisa que

Deus abra seus olhos? Ore por isso.


91
Liberdade Diante da Tirania das Coisas Materiais – Lição 11

Lição 11
Texto Base: Mateus 6.24

Liberdade Diante da
Tirania das Coisas
Materiais
Objetivo – Ao final deste estudo você será desafiado
a ser leal a Deus e identificar se suas escolhas agra-
dam a Deus e o que tem dominado sua vida.

Falando sobre as perspectivas do Reino de


Deus, vimos que nossos
Leitura Diária
olhos bons nos guiam
SEG Mt 12.25
TER Lc 12.13-21
para o que é bom e nos
QUA Mt 6.33 ajudam a focar no que
QUI Mt 25.31-46 permanece. Aplicada ao
SEX Lc 12.15 problema de possessões
SÁB Fp 4.12-13
materiais, possivelmente,
DOM Ec 5.19
se a pessoa divide a sua
92
Voltar para o sumário
Liberdade Diante da Tirania das Coisas Materiais – Lição 11

atenção entre Deus e as coisas materiais, pode


ser que não esteja se focalizando bem em ne-
nhum dos dois. Aprendemos sobre o egoísmo e
a generosidade e como isso influencia a vida do
cristão.
Nessa premissa, reconhecemos que os valores
do Reino de Deus são inegociáveis. Observamos
em todos os apontamentos a respeito dos valores
do Reino de Deus que a única alternativa que te-
mos diante disso tudo é o próprio Reino de Deus.

1. A escolha está entre pilares


Encontrar os valores finais nos tesouros que
perecem ou que permanecem (19-21). Encontrar
os valores finais entre a mesquinhez, que deixa a
pessoa nas trevas, ou a generosidade, que pro-
picia a luz (22-23). E, encontrar os valores finais
entre a adoração a Mamom ou a Deus (25-24).
Esta parábola é entendida em uma compreen-
são a respeito da escravidão. Quando um senhor
possuía direitos legais sobre um escravo, ele tinha
autoridade sobre ele. Dupla propriedade dificul-
tava porque a dedicação seria incompleta para
93
Liberdade Diante da Tirania das Coisas Materiais – Lição 11

um dos dois. Observe, portanto, que Jesus não


valida a escravidão em momento algum, o texto
nem aponta nessa direção. É uma parábola. Além
disso, Jesus também não valida o ódio, mas apon-
ta para a dificuldade de se viver assim e para o
desafio dos senhores que dominam. Podem ser
aprisionadas pelas coisas materiais (Mamom sig-
nifica: alguma coisa em que se deposita confian-
ça, riqueza, tesouro).

2. Nosso amor e lealdade devem


ser dirigidos a Deus
O amor profundo e a principal lealdade devem
ser dirigidos ao Pai. Entenderemos mais claramen-
te ao lermos a parábola do fazendeiro rico em
Lucas 12.13-21, com destaque no verso 15 “Então,
lhes recomendou: tende cuidado e guardai-vos
de toda e qualquer avareza; porque a vida de
um homem não consiste na abundância dos bens
que ele possui”.
Jesus advertiu que a pessoa pode ser pos-
suída pelas coisas que pensa possuir.
Portanto, aqui Jesus adverte contra a tirania das
94
Liberdade Diante da Tirania das Coisas Materiais – Lição 11

coisas. O único escape contra o domínio das coi-


sas materiais é a submissão inegociável ao go-
verno de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33).
Quando lemos odiar e amar, ou aborrecer e
amar, entendemos que se refere a rejeitar e a
aceitar. Se Deus não tiver exclusividade, nossas
ações demonstrarão que o rejeitamos. Já parou
para pensar que Jesus diz que o dinheiro é o ri-
val e não satanás?

3. Qual a intensão de Jesus?


Jesus estava preocupado com o que fazemos
do dinheiro. Analisando o texto de Mateus 25.31-
46, do grande julgamento, Jesus aponta o que
os benditos de Seu Pai deveriam fazer: Dar de
comer aos que tinham fome, de beber aos que
têm sede, hospedar os forasteiros, vestir, visitar
os enfermos e presos, etc. Os que não fizerem
isso, são chamados de malditos
Mas, ao observarmos o texto que lemos, so-
mos esclarecidos de que a primeira preocupação
de Jesus era sobre o que o dinheiro faz de nós.
Ele pode cegar (olho mau), escravizar (Mamom) e
95
Liberdade Diante da Tirania das Coisas Materiais – Lição 11

destruir.
O dinheiro não é mau, ele pode ser usado para
servir a Deus e aos homens; mas o amor ao di-
nheiro faz com que pessoas foquem nas coisas
que não fazem parte do Reino de Deus (1 Tm 6.10).
Conclusão
Na vida cristã, devemos escolher qual é nossa
lealdade principal. Um senhor sempre terá prefe-
rência (v.24: “ninguém pode servir a dois senho-
res”…). Ninguém pode porque não será capaz,
não terá habilidade nem recursos, não será apto,
competente. Por mais que você queira, você não
conseguirá (Mt 12.25).
Precisamos ser sinceros e admitir que, encon-
trar um meio-termo nessa área, é muito desafia-
dor, pois nossa régua é, muitas vezes, no que va-
mos ganhar.
Portanto, perceba que as três metáforas que
vimos até aqui se unem para exigir lealdade ina-
balável aos valores do Reino.
96
Liberdade Diante da Tirania das Coisas Materiais – Lição 11

Para pensar e agir


1. Diante das escolhas da vida, você se preo-
cupa com valores que permanecem ou com va-
lores que perecem?
2. Quando falamos de liberdade de tirania das
coisas materiais, o problema está em focar nas
coisas que não fazem parte do Reino de Deus.
Como você lida com isso?
3. Você é uma pessoa abençoadora? Comente.

97
Confiança Inegociável – Lição 12

Lição 12
Texto Base: Mateus 6.25-34

Confiança
Inegociável
Objetivo – Ao final deste estudo você será desafia-
do a observar suas verdadeiras necessidades, a va-
lorizar a provisão do céu, com motivações corretas e
valores inegociáveis.

Jesus advertiu contra a tirania das coisas e ensi-


nou que o único escape contra o domínio das coi-
Leitura Diária sas materiais é a submis-
SEG Mt 9.23
são ao governo de Deus.
TER Lc 18.27 Vimos que as três metá-
QUA Fp 4.13 foras anteriores (tesouro
QUI Nm 23.19 que nem traça, nem fer-
SEX Rm 8.31 rugem, nem ladrões rou-
SÁB Cl 3.2 bam; olhos como candeia
DOM Jo 16.33
do corpo; servir a dois se-
98
Voltar para o sumário
Confiança Inegociável – Lição 12

nhores) se unem para exigir lealdade inabalável


aos valores do Reino para podermos escolher
qual nossa lealdade principal. Muitas vezes a cri-
se e as pressões revelam as escolhas do nosso
coração e tendem a dividi-lo. Aprendemos que
a ideia do texto é que ninguém pode viver divi-
dido entre senhores, pelo fato de não ser capaz,
não ter habilidade nem recursos, ou seja, não terá
competência para isso.
Mais uma vez Mateus em sua tese aponta a
questão da ambição. A vontade de Deus e a von-
tade do homem se entrelaçam.
Um dos grandes problemas para a nossa com-
preensão está no fato dessa passagem ser lida
isoladamente, fora de seu contexto. Perceba que
o termo “por isso” está ligando ao que veio antes.
É o que levou Jesus a essa conclusão.
Antes de nos convocar a agir, Ele nos convoca
a pensar. Convida-nos a examinar clara e friamen-
te as alternativas expostas, pesando-as cuidado-
samente.
99
Confiança Inegociável – Lição 12

1. Cuidado com o que divide


convicções
Portanto, qual das alternativas possui uma maior
resistência ao longo do tempo? Desejamos exer-
cer nossa liberdade e objetividade nas ativida-
des cotidianas, ou optamos por servir ao Senhor
supremo? A decisão que tomamos envolve re-
fletir sobre qual dos dois merece nossa devoção
mais profunda. Somente após termos internali-
zado em nossas mentes a durabilidade relativa
entre os dois tesouros (um corruptível e o outro
incorruptível) e o valor comparativo entre os dois
senhores (Deus e Mamom), estaremos prepara-
dos para fazer essa escolha.
E quando tivermos feito a nossa escolha a res-
peito do tesouro celeste, da luz e de Deus, es-
taremos preparados para ouvir as orientações
seguintes. Observe que a nossa escolha básica
quanto a qual dos dois mestres desejamos servir
afetará radicalmente nossa atitude para com am-
bos.
Não devemos andar ansiosos por conta das
100
Confiança Inegociável – Lição 12

situações que tendem a nos deixar distraídos.


(Merimnate – pode ser traduzido por “não se re-
parta” ou “não se distraia”). A ansiedade é inú-
til, pois por ela a pessoa não consegue sequer
acrescentar um côvado à sua estatura. Embora
o côvado seja uma medida linear (cerca de meio
metro), o termo pode referir-se à duração da vida.
É mais provável que “a ansiedade encurte a vida
do que a prolongue”.
O Senhor Jesus está ensinando que nossas
necessidades, por mais honestas que sejam,
não podem suplantar nosso compromisso com
o Reino de Deus e sua Justiça. Pois as necessi-
dades são oportunidades de vivermos diferentes
dos pagãos que não confiam em Deus (Rm 8.32;
Mt 6.30; Mt 7.11).

2. Cuidado com a ambição


Se focarmos nos versos 32 e 33, o apontamen-
to de como os gentios se portavam, vemos Jesus
falando sobre a busca dos discípulos. As inquie-
tudes humanas que sobrevoam a consciência.
Nesse contexto, o Senhor Jesus introduz a ques-
101
Confiança Inegociável – Lição 12

tão da ambição.
Todos os indivíduos procuram algum propósi-
to. É atípico vagar sem metas ou objetivos defini-
dos. Buscamos uma razão para existir, algo que
confira significado à nossa jornada. Embora o ter-
mo “ambição” geralmente tenha uma conotação
negativa, relacionada a um desejo intenso de al-
cançar o sucesso, essa palavra pode igualmente
expressar aspirações fervorosas que são altruís-
tas, piedosas e não centradas no ego. Em resu-
mo, é viável cultivar “ambições para Deus”. Aqui,
a ambição se refere aos objetivos que estabe-
lecemos para nossa vida e à motivação que nos
impulsiona a alcançá-los.
John Sttot afirma que “A ambição de uma pes-
soa é aquilo que a impele: revela a mola principal
de suas ações, suas mais secretas motivações”.
Mais uma vez vemos duas alternativas possí-
veis de alvos na vida: buscarmos o controle ou
darmos o controle a Deus, escolheremos a justi-
ça humana ou a justiça divina?
O verso 31 destaca, de maneira notável, a tría-
102
Confiança Inegociável – Lição 12

de de preocupações que permeiam o mundo:


“Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que co-
meremos? Que beberemos? Ou: com que nos
vestiremos?”. Exatamente o que os gentios pro-
curam (v. 32). Apenas observando os anúncios em
diversos meios, podemos encontrar uma repre-
sentação vívida e contemporânea do que Jesus
ensinou há aproximadamente dois mil anos.
Jesus Cristo não apenas reconheceu, mas tam-
bém valorizou as necessidades do corpo huma-
no. Ele é o Criador do corpo e demonstra Seu
cuidado por ele. Em Suas instruções sobre a ora-
ção, destaca a petição por “o pão nosso de cada
dia”. O que Ele está enfatizando é que tornar-se
excessivamente preocupado com o conforto ma-
terial é uma atitude equivocada.

3. Confie no Deus provedor


É crucial esclarecer o que Jesus está desenco-
rajando e as razões por trás dessa advertência.
Ele não está proibindo o pensamento; pelo con-
trário, está encorajando a reflexão, ao nos instruir
a observar como Deus cuida das aves e flores.
103
Confiança Inegociável – Lição 12

Além disso, Ele não desaprova a previdência. A


Bíblia já endossa a sabedoria da formiga (Pv 6.6),
que se prepara no verão para enfrentar o inver-
no. Da mesma forma, os pássaros, elogiados por
Jesus, planejam para o futuro, construindo ninhos,
incubando ovos e alimentando seus filhotes.
A ênfase está na ideia de que Deus está aten-
tamente cuidando de nós e provendo assistência
constante. A imagem retratada é a de levantar al-
guém nos braços. Não há nada aqui que proíba
os cristãos de planejar ou tomar medidas sensa-
tas para seu sustento. O que Jesus desencoraja
não é o pensamento racional nem a previdência,
mas a ansiosa preocupação.
É crucial esclarecer o que Jesus está desenco-
rajando e as razões por trás dessa advertência.
Ele não está proibindo o pensamento; pelo con-
trário, está encorajando a reflexão, ao nos instruir
a observar como Deus cuida das aves e flores.
Além disso, Ele não desaprova a previdência. A
Bíblia já endossa a sabedoria da formiga (Pv 6.6),
que se prepara no verão para enfrentar o inver-
no. Da mesma forma, os pássaros, elogiados por
104
Confiança Inegociável – Lição 12

Jesus, planejam para o futuro, construindo ninhos,


incubando ovos e alimentando seus filhotes.
A ênfase está na ideia de que Deus está aten-
tamente cuidando de nós e provendo assistência
constante. A imagem retratada é a de levantar al-
guém nos braços. Não há nada aqui que proíba
os cristãos de planejar ou tomar medidas sensa-
tas para seu sustento. O que Jesus desencoraja
não é o pensamento racional nem a previdência,
mas a ansiosa preocupação.

Conclusão
O cerne da questão está no verso 33: “Buscai,
pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça,
e estas coisas vos serão acrescentadas” (buscar
— imperativo presente; no grego: zeteo = buscar
até encontrar). A ideia é a de busca incessante.
Irmãos, podemos buscar, pois o nosso Deus tem
a provisão necessária.
Mais uma vez o Senhor Jesus está mostrando
um conjunto de valores essenciais. Para que fa-
çamos as coisas pelos motivos certos (Mt 6.1-8,16-
18); a priorizar as coisas eternas e não os tempo-
105
Confiança Inegociável – Lição 12

rais (Mt 6.19-24) e, a procurar em primeiro lugar o

Reino de Deus (Mt 6.32-33).

Assim, se nos aproximarmos de Deus confor-

me a Sua vontade, Ele nos ouvirá (1 Jo.5.14). Pois

para Ele nada é impossível (Lc 18.27).

Para pensar e agir

1.Você já havia percebido que a ansiedade se

dá pela divisão do coração. Alimentá-lo de prin-

cípios e valores nos ajudará a adorar somente ao

nosso Deus. Como está seu coração?

2. Você confia que Deus pode agir a qualquer

momento e te ajudar?

3. Confiar nos faz depositar tudo aos pés do

Senhor. Como tem sido a sua vida de dependên-

cia a Deus?
106
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

Lição 13
Texto Base: Mateus 7.1-12

Nossos
Relacionamentos
Cristãos
Objetivo – Ao final deste estudo você será desafia-
do a viver para a glória de Deus e mesmo diante de
muitas alternativas e pressões deste mundo, perma-
necer fiel.

Ao chegar até aqui, po-


Leitura Diária
demos perceber a enor-
SEG Ef 5.21
me capacidade que os
TER Ef 4.32
QUA Sl 1.1-2 homens têm em auto en-
QUI Sl 133.1 ganar-se, de buscar justi-
SEX Jo 7.24 ça própria e de se entre-
SÁB Mt 15.14
gar a prepotência. Existe
DOM Lc 9.62
uma facilidade de adulte-
107
Voltar para o sumário
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

rarmos, com habilidade, princípios e valores do


Reino.

Já fomos instruídos e advertidos por Jesus a


não exercermos a nossa justiça (Mt 6.1), levando-
-nos a um autoexame que exige a adesão since-
ra aos valores do Reino.

Tudo o que foi apontado no decorrer deste es-


tudo, o caráter, a influência, a justiça, a piedade e
a ambição do cristão, influenciam nossos relacio-
namentos. Estes valores são de grande importân-
cia porque vivemos em comunidade. Nesta pre-
missa, precisamos auxiliar os irmãos a confiarem
em Deus, a investirem na comunhão e a repeli-
rem o falso ensino.

Mais uma vez alternativas e perigos são apre-


sentados: não devemos julgar (7.1-5). Não deve-
mos agir sem discernimento (7.6) e não devemos
desistir de buscar a Deus tendo a mesma atitude
e confiança que uma criança tem em relação a
seus pais (7.7-11).
108
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

1. O perigo do julgamento (7.1-5)


A atitude crítica e discriminatória conduz a um
juízo de valor que nem sempre é justo. Algumas
pessoas se acham superiores a outras, mais espi-
rituais, íntegras e prestativas, como se Deus não
tivesse parte nisso.
Perceba em Mateus 6 que o amor ao dinheiro
e a ansiedade brotam da falta de confiança e ar-
ruínam o caráter cristão. No capítulo 7, vemos o
mesmo com esse tipo de zelo injurioso.
Começamos a ser orientados por Cristo já no
verso 1 dizendo que “não devemos julgar, para
não sermos julgados”. É exposto a nós o critério
de ver adequadamente sem que exista trave em
nossos olhos (v. 5; Jo 7.24).

2. O perigo de agir sem


discernimento (7.6)
Após nos prevenir contra atitudes críticas, Jesus
nos chama a atenção para a importância do dis-
cernimento, especialmente no que diz respeito à
escolha das pessoas a quem compartilhamos as
109
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

riquezas do evangelho.
Se você estiver atento aos textos bíblicos, ob-
serve que os primeiros 5 versículos se destinam
a pessoas que julgam as outras. Enquanto ape-
nas um é usado para falar das que não tem bom
senso. Penso que temos uma avaliação precisa
de onde está o perigo maior (v. 6: cães — kuon
— uma metáfora para pessoa com mente impura,
imprudente).
Os cães a que a passagem se refere não são
animais de estimação que abanam a cauda quan-
do avistam o dono. São selvagens que andam
em bando buscando comida pelas ruas, cheios
de carrapichos. E o porco na Palestina não sig-
nificava somente uma abominação para o judeu.
Alguns estudiosos pensam que provavelmente
era um parente do javali europeu, capaz de vio-
lência inegável. Os dois animais juntos são figu-
rativos de pessoas violentas, perversas e que
vivem em abominação. Os dois aparecem nova-
mente em 2 Pedro 2.22 “Com eles aconteceu o
que diz certo adágio verdadeiro: o cão voltou ao
seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a re-
110
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

volver-se no lamaçal”.
Amados irmãos, o que aprendemos com Jesus
é que as verdades preciosas não são agradáveis
para os cães e porcos, eles se enfurecem.
O discernimento nos ajudará a entender que
devemos amar a todos, mas nem todos receberão
de bom grado (Mt 15.14). A essência do discerni-
mento é saber que não se pode esperar que re-
gras simples produzam respostas infalíveis. Pois,
“A esperança para as pessoas perdidas está na
soberania de Deus e na realidade evidente da
verdadeira vida cristã” (James Montgomery).

3. O perigo de não ter persistência


confiante (7.11)
O entusiasmo desprovido de perseverança as-
semelha-se a uma catarse, uma ilusória manifes-
tação de vida espiritual que rapidamente perde
força, titubeia e se extingue. É como se tivesse
brotado em solo rochoso, sem raízes profundas,
superficial (Mt 13.20-21; cf. 13.1-9). O que resultou
na falha dessa pessoa? A falta de persistência.
Um verdadeiro cristão é marcado pela constân-
111
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

cia (Lc 9.62).


O texto destaca algo muitas vezes negligen-
ciado: a oração. Não se trata de uma oração iso-
lada, mas, no contexto do Sermão do Monte, de
uma oração que reflete uma busca fervorosa por
Deus. Esse ato de pedir refere-se à busca das vir-
tudes que Jesus acabou de apresentar; o buscar
envolve procurar a presença de Deus; o bater re-
presenta uma abordagem intensa à porta da sala
celestial com todo o nosso coração (Jr 29.13).
Assim como a ansiedade, a falta de confiança
está baseada em motivações erradas. (Tg 4.2b,3)

Conclusão
Amados irmãos, os nobres princípios delinea-
dos no Sermão do Monte nos conduzem à per-
cepção de que, no Reino de Deus, qualquer
avanço espiritual é inteiramente dependente da
graça divina. Nada supera em importância essa
realidade. Embora não tenhamos conhecimento
completo das palavras proferidas por Jesus na-
quele dia nas colinas da Galileia, o Evangelho de
Mateus, no capítulo 7, revela que o Senhor abor-
112
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

da os derradeiros mal-entendidos possíveis. Em


seguida, atinge o ápice no versículo 12: “Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam,
assim fazei-o vós também a eles; porque esta é
a Lei e os Profetas”.
Consoante aos requisitos do Reino de Deus,
essa regra é um meio rápido de testar: a perfei-
ção exigida em Mateus 5.48, o amor menciona-
do em Mateus 5.43a e a verdade retratada em
Mateus 5.33.
No ensinamento de Jesus é incontestável o va-
lor holístico de Mateus 22.37-39 “Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de todo o teu entendimento”. Este é o
grande e primeiro mandamento. O segundo, se-
melhante a este, é: amarás o teu próximo como
a ti mesmo”.
Precisamos de um ardente desejo de nos apro-
ximarmos de Deus com humildade e persistência,
pedindo, buscando e batendo.
Fomos conduzidos ao Reino de Deus (a por-
ta é estreita; v. 13-14). Precisamos ter cautela (a
113
Nossos Relacionamentos Cristãos – Lição 13

ideia de um navio atracado, seguro) para não ce-

dermos às investidas dos falsos profetas (15-23)

e, sobretudo, com prudência, escolhendo edifi-

car sobre o fundamento adequado, Cristo Jesus,

nosso Salvador (24-27).

Para pensar e agir

1. Decida autoavaliar-se hoje diante do que es-

tudou e responda: como você pode auxiliar a seus

irmãos a fazerem o mesmo?

2. Se o discernimento está ligado à prática cor-

reta de princípios do Reino de Deus, você consi-

dera que discerne bem diante dos desafios?

3. Buscar ao Senhor com entusiasmo é fruto de

uma íntima comunhão com Ele. O que você pode

fazer para potencializar este relacionamento?


114
Ficha Técnica
Ficha Técnica

Revista de Educação Cristã da Convenção


Batista Fluminense
Autor: Pr. Luciano Cozendey dos Santos
Redator: Pr. Samuel Pinheiro
Revisão Bíblico Doutrinária:
Pr. Flávio da Silva Chaves
Pr. Isaac Vieira de Araújo
Pr. Ronaldo Gomes de Souza
Pr. Antônio Carlos Mageschi
Pr. Osvaldo Reis do Amaral Barros
Pr. Manoel Lincoln de Jesus Meneses
Pr. Erick Ramos de Castro
Revisão e Copidesque:
Ir. Elen Priscila Ribeiro Barbosa
Diagramação e Design: Davi Silveira

A ilustração da capa contém um apelo simples aos


símbolos da lição, que trata das características dos
cidadãos do Reino de Deus à partir da leitura do
Sermão do Monte.
O Reino é representado por um palácio, com um
detalhe em azul representando a luz do interior
que se diferencia do ambiente externo. O Monte
é representado pela sua silhueta, com uma simu-
lação do sol, cuja cor se assemelha à apresentada

115
Ficha Técnica

na ilustração do palácio, demonstrando o reflexo


da luz de Cristo nos cidadãos do Reino.

Convenção Batista Fluminense


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Diretor Executivo: Pr. Amilton Ribeiro Vargas


Diretoria da Convenção
Batista Fluminense
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2° Vice-Presidente: Pr. Pedro Elizio
3° Vice-Presidente: Prof.ª Esmeralda Augusto
1° Secretária: Pr.ª Raquel Miranda
2° Secretária: Tania Maria
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