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Marcos Tuler
Superior, Gestão e Supervisão Es- educadores cristãos não era o “fazer pedagógico”, ou seja, não acessível, direto e organiza-
colar e Psicopedagogia, mestre em do, e, ao folhear as páginas
estava na utilização dos métodos e técnicas de ensinar, e, sim,
Educação, conferencista, articulista. a seguir, você, professor de
em como aprender para ensinar.
É membro da Casa de Letras Emílio Escola Dominical, descobri-
Conde, membro correspondente O principal propósito é fornecer aos professores de Teologia rá a importância das técnicas
da Academia Evangélica de Letras e Bíblia, leigos, voluntários ou veteranos, conhecimentos ele- didáticas nos procedimentos
do Brasil, e autor dos livros Manual mentares, porém fundamentais de didática, visando auxiliá-los destinados à orientação do
do Professor de Escola Dominical, em suas atividades na Escola Dominical e demais áreas da ensino das Sagradas Escrituras.
Recursos Didáticos para a Escola educação cristã. Boa leitura!
Dominical, Dicionário de Educação
Espero que, especialmente os professores de Escola Dominical,
Cristã, Ensino Participativo para a
ao término da leitura deste livro, estejam realmente habilitados,
Escola Dominical e Abordagens e
através do aprendizado de técnicas de ensino, a orientarem a
Práticas da Pedagogia Cristã, todos
publicados pela CPAD. aprendizagem de seus alunos nas mais diversas atividades edu-
cacionais da igreja.
Didática Essencial
Marcos Tuler
Marcos Tuler
1ª Edição
Rio de Janeiro
2019
Todos os direitos reservados. Copyright © 2019 para a língua
portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
1ª edição: 2019
Tiragem: 3.000
Aos educadores cristãos de todo o Brasil e aos meus
alunos, responsáveis por minha constante necessidade
de aprimoramento.
Paulo Freire
PREFÁCIO
E
ra o mês de outubro de 1999 quando, ao ler o Mensageiro da Paz,
Órgão Oficial das Assembleias de Deus no Brasil, deparei-me
pela primeira vez com o nome de Marcos Tuler. O artigo “Deus
não fala em off”, assinado por ele, abria a seção Edificação do jornal
naquela época.1 Poucos meses depois, quando foi lançada a revista
Ensinador Cristão, já em seu primeiro número, seria a vez de lê-lo em
sua área de maior atuação — a Educação Cristã. No ano seguinte,
tive o privilégio de conhecê-lo, e ouvi-lo, em setembro de 2001, na
Assembleia de Deus em Curitiba, por ocasião da 3ª Conferência de
Escola Dominical da CPAD. À época, eu havia sido contatado pela
Casa para fazer a cobertura jornalística do evento como free-lancer. Em
2002, veio seu best-seller, Manual do Professor de Escola Dominical, também
publicado em espanhol pela Editorial Patmos. Essa obra que lhe ren-
deu o antigo Prêmio Abec (hoje Areté), na categoria “autor revelação”.
Não é segredo o fato de o pentecostalismo ser conhecido, desde
sempre, por pregadores inflamados pelo Espírito de Deus. Ensinadores
também nunca faltaram ao movimento. Educadores, porém, no sentido
técnico da palavra, não são tão comuns. Atuante na área educacional das
Assembleias de Deus por mais de quatro décadas, desde 1974 tínhamos
a figura do pastor Antonio Gilberto que, inegavelmente, foi o maior teó-
logo e educador da denominação. Desde então, não havia alguém com
destaque nesse quesito. Marcos Antonio Tuler — que, antes de trabalhar
na CPAD, havia procurado ingressar em sua adolescência no IBAD (Ins-
tituto Bíblico das Assembleias de Deus), e estudado precocemente no IBP
1
TULER, Marcos. Artigo: Deus não fala em off. Mensageiro da Paz. Ano
LXIX. Nº1351. Rio de Janeiro: CPAD, outubro de 1999, p.8.
Didática Essencial
2
Até 1974, quem foi encarregado pela publicação da revista era chamado
“diretor responsável”, pois ainda não existia um departamento específico
de Educação Cristã ou de Escola Dominical.
8
Prefácio
9
Introdução
A
palavra didática vem do grego didaktiké e significa arte de
ensinar. É uma disciplina pedagógica de caráter prático e
normativo, que tem por objetivo específico a técnica do en-
sino, isto é, a técnica de incentivar e orientar eficazmente os alunos
na sua aprendizagem. A palavra foi empregada pela primeira vez em
1629, pelo professor Ratke em seu livro Principais Aforismas Didáticos.
Porém, a expressão foi realmente consagrada por Comenius em sua
obra Didática Magna.
Ser didático é ser simples, claro, acessível, direto e organizado.
Imagine quantos alunos poderão perder o interesse diante de um
professor, confuso, desorganizado, que não tem a mínima noção de
como iniciar, desenvolver e concluir uma aula. Desses, há aos montes
por aí. Não porque queiram ou não tenham o menor interesse de
se aprimorarem em sua prática docente, mas por não possuírem a
mínima noção de didática.
Hoje, a didática não é considerada apenas uma arte, no sentido
de depender muito mais da intuição do professor, mas também uma
ciência, em razão das pesquisas sobre como melhor ensinar. Dessa
forma, podemos afirmar que a didática estuda os procedimentos des-
tinados a orientar a aprendizagem do aluno do modo mais eficiente
possível, com vistas no alcance dos objetivos visados previamente.
Marcos Tuler
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Sumário
Dedicatória........................................................................................5
Prefácio.............................................................................................7
Introdução.......................................................................................11
Capítulo 1:
O Professor Vocacionado e sua Capacidade de Incentivar o Aluno....17
Capítulo 2:
O Professor e o Processo de Ensino-Aprendizagem.......................29
Capítulo 3:
Objetivos e Técnicas de Ensino......................................................45
Capítulo 4:
Recursos Didáticos..........................................................................57
Capítulo 5:
O Professor e o Estudo....................................................................71
Capítulo 6:
O Professor e a Prática da Leitura..................................................89
Capítulo 7:
O Professor e a Pesquisa...............................................................107
Capítulo 8:
Educação, Desenvolvimento e Aprendizagem..............................123
Didática Essencial
capítulo 9:
Plano, Organização e Coerência..................................................137
Capítulo 10:
O Professor e o Conteúdo de Ensino............................................147
16
Capítulo 1
O Professor
Vocacionado e sua
Capacidade de
Incentivar o Aluno
Neste capítulo você aprenderá:
O significado de vocação autêntica; A importância das aptidões na-
turais específicas para o magistério; As diferenças entre motivação e
incentivos; As principais técnicas de incentivos do aluno.
a) Sociabilidade
A educação e o ensino são fenômenos de interação psicológica
e social. O professor egocêntrico, fechado e que é incapaz de abrir e
Didática Essencial
manter contatos sociais com certo calor e entusiasmo, não está talhado
para a função do magistério; esta exige comunicabilidade e dedicação
à pessoa dos alunos e aos seus problemas.
Há professores que quando terminam suas aulas apressam-se
em deixar a sala, dizendo que já cumpriram sua missão e programa.
Saem, literalmente, em disparada para não responderem às possíveis
perguntas, dúvidas ou queixas dos estudantes. Não têm interesse no
aluno como pessoa, como indivíduo que tem necessidades, curiosida-
des, expectativas, e esperanças. O professor vocacionado tem prazer
de estar ao lado, no meio e com os seres humanos.
b) “Amor paedagogicus”
A palavra hebraica hanak, “educar”, tem uma raiz original que
quer dizer “dedicar” ou “consagrar”. Sei que isso pode parecer
romantismo exagerado de minha parte, mas educadores cristãos
autênticos amam e se dedicam a seus alunos. Isso significa que o
professor deve ir além da simples simpatia e interesse por eles. O
mestre vocacionado deseja imensamente auxiliar seus pupilos em
seus problemas, necessidades e expectativas. O professor desenvolve
um puro sentimento de empatia, ou seja, coloca-se no lugar do aluno
para sentir o que ele está sentindo, como se estivesse no lugar dele.
Um autêntico educador importa-se mais com a pessoa do aluno que
com a frieza do conteúdo e currículo.
Xenofonte, grande filósofo da antiguidade, disse: “Nunca pude
aprender nada com aquele mestre: ele não me amava”.
2. Aptidões Específicas
São atributos ou qualidades pessoais que exprimem certa dispo-
sição natural ou potencial para um determinado tipo de atividade
ou de trabalho. São características específicas da personalidade que,
comumente, completam o quadro com a vocação e que, quando
cultivadas, asseguram a capacidade profissional do indivíduo. Para o
magistério, as aptidões mais importantes são as seguintes:
b) Boa apresentação
Há os que não concordam ou simplesmente ignoram, mas a boa
apresentação do professor é extremamente importante para a assimilação
do conteúdo didático. Como cativar a atenção de um aluno que não
consegue deixar de reparar a negligente aparência de seu professor?
Roupas amarrotadas, gravatas tortas no pescoço, cabelos desalinhados,
unhas sujas, barba por fazer, maus odores e outros desleixos costumam
despertar mais a atenção dos alunos do que o conteúdo em si mesmo.
e) Linguagem fluente,
clara e simples
Para sua O tom de voz do professor
Reflexão deve ser igual ao de uma conversa
e a forma de expressão deve ser
“Ser didático é, o diálogo. A linguagem deve ser
antes de tudo, simples: não há necessidade de se
ser simples, usar frases rebuscadas, recheadas
acessível, claro”. de termos técnicos ou de palavras
(Rafael Grisi) pouco usadas. Deve ser direta,
ou melhor, ir diretamente ao
assunto que está sendo tratado.
3. Preparo Especializado
O conhecimento amplo e sistemático da matéria ou da respectiva
área de estudo é condição essencial e indispensável para a eficiência
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O Professor Vocacionado e sua Capacidade de Incentivar o Aluno
Exemplos:
ææ Uma pessoa muito ocupada e cheia de responsabilidades
pinta quadros, nas suas poucas horas de lazer, pelo prazer de
pintar, sem visar a qualquer outro fim (motivação intrínseca).
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Didática Essencial
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O Professor Vocacionado e sua Capacidade de Incentivar o Aluno
b) Participação ativa
Todo ensino tem de ser ativo; toda aprendizagem não pode dei-
xar de ser ativa, pois ela somente se efetiva pelo esforço pessoal do
aprendiz, visto que ninguém pode aprender por alguém. O professor
deve solicitar, quer no início, quer no decurso de qualquer atividade,
a opinião, a colaboração, a iniciativa e o trabalho do próprio aluno.
Essa técnica é usada no início e meio.
c) Êxito inicial
O professor deve facilitar por todos os meios possíveis uma perfeita
compreensão das ideias expostas e debatidas, prevendo e aplainando
as dificuldades que os trabalhos possam apresentar. O aluno que con-
segue compreender bem o assunto ou resolver as questões propostas
logo no início, sentir-se-á disposto a dar seguimento ao processo de
aprendizagem. Essa técnica é usada somente na fase inicial.
d) O insucesso inicial
O insucesso deve ser de cunho passageiro, já que o professor deve
orientar o aluno a vencer as dificuldades, tão logo seja possível. É uma
técnica incentivadora valiosa quando se trata de um assunto aparen-
temente fácil ou que o aluno supõe já ter dominado suficientemente.
O professor deve apresentar questões um pouco acima da capacidade
atual dos alunos, para fazer com que eles sintam a necessidade de estu-
dar o tema que julgam já conhecer ou pensam dominar plenamente.
Essa técnica é usada somente no início do processo.
e) Apresentação de tarefas
Consiste em pedir aos alunos que cumpram determinadas tarefas
tais como, fazer uma pesquisa, trazer determinado objeto ou realizar
alguma atividade em casa com a finalidade de utilizar os resultados
dessas ações na próxima aula. Essas são, sem dúvida alguma, exce-
lentes maneiras de incentivar a classe.
g) Auto e heterocompetição
O aluno deve ser orientado no sentido de desejar o seu progresso
individual, com fundamento na comparação de seus resultados atuais
com seu próprio rendimento anterior. A competição individual deve ser
afastada do quadro escolar pelos seus aspectos deseducativos. Já a com-
petição entre grupos será usada eventualmente, pois tem muitos aspectos
positivos e alguns poucos negativos. Essa técnica é usada no final.
Responda
1. Quais são as três principais características de uma pessoa voca-
cionada para o magistério?
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Didática Essencial
Saiba Mais
BORDENAVE, Juan Díaz; PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de
Ensino-Aprendizagem. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
CARVALHO, Irene Mello. O Processo Didático. Rio de Janeiro: Fun-
dação Getúlio Vargas, 1972.
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O Professor Vocacionado e sua Capacidade de Incentivar o Aluno
Pesquise
Faça uma pesquisa em sua Escola Dominical. Entreviste alguns pro-
fessores e faça as seguintes perguntas: Que tipo de aproveitamento
terá o aluno cujo professor exerça suas atividades por obrigação?
Você é um professor vocacionado? Em que deve basear-se a escolha
dos professores da Escola Dominical? De que maneira você tem
incentivado seus alunos?
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Capítulo 2
O Professor e o
Processo de Ensino-
-Aprendizagem
Neste capítulo você aprenderá:
O que é aprender? O que é ensinar? Como evoluíram os conceitos
de aprender e ensinar? Qual a importância da comunicação para o
processo ensino-aprendizagem?
I. O que É Aprender
Até o século XVI, aprender era apenas memorizar. No presente,
sabemos que a simples memorização de textos e palavras não prepara
Didática Essencial
para a vida das pessoas (isso será aprofundado mais adiante). Todas
as informações, todos os dados da experiência devem ser trabalhados
de maneira consciente e crítica por quem os recebe.
A aprendizagem em
sua plenitude acon-
tece quando o aluno
Para sua Reflexão compreende o objeto
de estudo, reconstrói
“A aprendizagem se
realiza através da o caminho de inven-
conduta ativa do aluno, ção ou descoberta e
que aprende mediante o o aplica de modo a
que ele faz e não o que estabelecer relação
faz o professor.” direta entre teoria e
(Ralph W. Tyler) prática.
Aprender não é
atividade fácil, banal;
requer total dedica-
ção e interesse por parte do aprendiz. Ninguém aprende sem estar
completamente interessado, e envolvido no objeto e no processo da
aprendizagem. Tudo o que aprendemos até hoje, só aprendemos por-
que desejamos e decidimos aprender. Há um provérbio popular que
diz que podemos levar um cavalo até o ribeiro de águas, mas fazê-lo
beber é impossível. O cavalo somente beberá se quiser, se desejar. O
mesmo acontece com a aprendizagem. O mestre precisa encontrar o
“foco de interesse” de seus alunos se pretende ensiná-los de verdade.
Finalmente, concordo quando Schmitz diz que a aprendizagem
é “um processo de aquisição e assimilação, mais ou menos conscien-
te, de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir”
(Schmitz, E.F. p. 53).
2. Aprendizagens significativas
Para David Ausubel, psicólogo da educação, o mais impor-
tante no processo de ensino é que a aprendizagem seja significa-
tiva. Isto é, o material a ser aprendido faça sentido para o aluno.
Isso acontece quando a nova informação “ancora-se” nos con-
ceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz.
Nesse processo, a nova informação interage com uma estrutura de
conhecimento específica que Ausubel chama de conceito subsunçor.
Essa é uma expressão que tenta traduzir o termo inglês subsumer.
Quando o material a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já
32
Didática
Essencial Em que deve basear-se as es-
Ao longo de dezesseis anos, viajei por nosso imenso país, colhas dos professores, a fim
especialmente pelo interior do Norte brasileiro, lecionando de incentivar o aprendizado
matérias teológicas e pedagógicas em cursos de formação de de seus alunos? Você costu-
Pastor, pedagogo, ba- professores de Escola Dominical. [...] Depois de certo tempo, ma variar seus procedimentos
charel em Teologia, pós- insistindo no ensino de procedimentos e na utilização de re- e dinâmicas de ensino? Ser
-graduado em Docência cursos didáticos, percebi que a grande dificuldade daqueles didático é ser simples, claro,
Marcos Tuler
Superior, Gestão e Supervisão Es- educadores cristãos não era o “fazer pedagógico”, ou seja, não acessível, direto e organiza-
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Educação, conferencista, articulista. a seguir, você, professor de
em como aprender para ensinar.
É membro da Casa de Letras Emílio Escola Dominical, descobri-
Conde, membro correspondente O principal propósito é fornecer aos professores de Teologia rá a importância das técnicas
da Academia Evangélica de Letras e Bíblia, leigos, voluntários ou veteranos, conhecimentos ele- didáticas nos procedimentos
do Brasil, e autor dos livros Manual mentares, porém fundamentais de didática, visando auxiliá-los destinados à orientação do
do Professor de Escola Dominical, em suas atividades na Escola Dominical e demais áreas da ensino das Sagradas Escrituras.
Recursos Didáticos para a Escola educação cristã. Boa leitura!
Dominical, Dicionário de Educação
Espero que, especialmente os professores de Escola Dominical,
Cristã, Ensino Participativo para a
ao término da leitura deste livro, estejam realmente habilitados,
Escola Dominical e Abordagens e
através do aprendizado de técnicas de ensino, a orientarem a
Práticas da Pedagogia Cristã, todos
publicados pela CPAD. aprendizagem de seus alunos nas mais diversas atividades edu-
cacionais da igreja.
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