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O presente trabalho versa sobre o período de exceção instaurado pelo Golpe de Estado
desferido contra o então Presidente João Goulart na segunda metade do século XX, centrando
seu estudo tanto na construção do aparato normativo que serviu de base de Poder ao Regime
Não obstante a fase que se seguiu a 1964 ser marcada pela truculência e pela violência
perpetrada pelos agentes do Estado ditatorial com o contumaz vilipêndio a direitos humanos e
arbítrios de toda sorte (prisões abusivas, violação de lares e correspondências sem autorização
casuísticos dos chefes da insurreição. Nos primeiros dez anos do Regime, militares e juristas
construíram uma larga estrutura jurídica destinada a atribuir legalidade às ações do Governo
Militar e a permitir o seu amplo domínio sobre os setores político, econômico e social da
nação.
a sua base de Poder e obteve sustentação para seus atos de exceção? Para responder a tal
intento, o trabalho divide-se em três eixos: em primeiro plano, objetiva-se discorrer sobre o
sobre o aparelho do Estado e sua presença ostensiva na cena política acabaram por importar
uma
bem preciso, de “transitologia”5 possui três características que a distinguem das análises
macroorientadas: (i) ênfase no estudo dos atores políticos – seus interesses, valores,
estratégias etc. (em
fatores endógenos de cada país no estudo do curso do processo de transição (e não a fatores
globais do tipo “transformações no processo de acumulação capitalista”); e (iii) adoção de um
conceito minimalista e pouco exigente de “democracia” (à la Schumpeter: a democracia é um
método de seleção de lideranças), única forma, imaginou-se, de dar conta de uma série de
casos bastante diferentes entre si. Talvez o ponto mais problemático dessas abordagens tenha
sido seu excessivo conjunturalismo (REIS, REIS & VELHO,
dos atores “estratégicos”. O artigo trata da história política brasileira do golpe político-militar
de 1964 ao segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. Escrito sob a forma de um
resumo explicativo, três temas unificam a narrativa sobre a transição do regime ditatorial-
militar para o regime liberal-democrático: o militar, o político e o burocrático. Procura-se
estabelecer inferências causais entre o conteúdo, o método, as razões e o sentido da mudança
política a partir de 1974 e a qualidade do regime democrático na década de 1990. A explicação
destaca a necessidade de se analisar dois espaços políticos diferentes, mas combinados: as
transformações no sistema institucional dos aparelhos do Estado e as evoluções da cena
política. Conclui-se que as reformas econômicas neoliberais não apenas prescindiram de uma
verdadeira reforma política que aumentasse a representação, e de uma reforma do Estado que
favorecesse a participação. As reformas neoliberais tiveram como precondição o arranjo
autoritário dos processos de governo herdados do período político anterior.
política brasileira; regime ditatorial-militar; transição política; democracia; neoliberalismo.
Conclusão
Ante o exposto, o artigo intentou, a priori, verificar e conceituar noções sobre os regimes
qual a base de poder utilizada pelo Regime para manter-se no controle do Estado e qual o
modus operandi empregado para conferir juridicidade ao exercício irrestrito do Poder político.
Assim, restou demonstrado que o Governo de Exceção buscou sustentação não somente pelo
atributo da força (qual Chile e Argentina, onde os governos despóticos seguiram o caminho da
extralegalidade), mas sim pela positivação dos atos tirânicos em textos e estatutos normativos,
de 1964 foram os Atos Institucionais, responsáveis por criarem no próprio Estado duas ordens
jurídicas- uma legítima e outra paralela. A primeira erigiu-se de baixo para cima pelos
cidadãos. A segunda, a seu turno, construiu-se em sentido inverso, de cima para baixo,
do Poder lograram êxito nos pleitos parlamentares de 1966 e 1970, com triunfo de aliados da
ordem castrense, mas começaram a solapar a partir de 1974, marco associado ao início da
do que por uma conquista advinda da luta do povo. Aliás, conforme ser visto, não foi a
protagonizado por experientes lideranças políticas civis que realizaram amplas articulações
da política tradicional teve por fio condutor o consenso, onde o diálogo e a negociação entre a
outorgada” no qual o Poder retornou aos civis, mas não sem a guarida atenta dos militares,