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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 2


UNIDADE 2 – RELIGIÃO ....................................................................................... 4
2.1 O QUE É E PORQUE ESTUDAR RELIGIÃO ............................................................. 4
2.2 VÁRIOS OLHARES PARA A RELIGIÃO: DA SOCIOLOGIA À TEOLOGIA, DO PSICOLÓGICO
AO ANTROPOLÓGICO .............................................................................................. 6

UNIDADE 3 – RELIGIÃO NO MUNDO ANTIGO ................................................. 13


3.1 O CRISTIANISMO NA ANTIGUIDADE ................................................................... 17
3.2 CULTURAS PAGÃS – A PLURALIDADE DESDE O TEMPO ANTIGO ............................ 22
UNIDADE 4 – RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE EXTREMO ................. 30
4.1 BUDISMO ...................................................................................................... 30
4.2 HINDUÍSMO ................................................................................................... 30
4.3 TAOÍSMO ...................................................................................................... 31
4.4 XINTOÍSMO.................................................................................................... 32
4.5 CONFUCIONISMO ........................................................................................... 33
UNIDADE 5 – RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE MÉDIO ....................... 35
5.1 A REGIÃO ...................................................................................................... 35
5.2 O JUDAISMO ................................................................................................. 35
5.3 O CRISTIANISMO ........................................................................................... 36
5.4 O ISLAMISMO ................................................................................................ 38
UNIDADE 6 – RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS
............................................................................................................................. 40
UNIDADE 7 – OUTRAS RELIGIÕES .................................................................. 46
7.1 MEDIUNISMO E ANIMISMO ............................................................................... 46
7.2 ZOROASTRISMO ............................................................................................ 47
UNIDADE 8 – HIERARQUIA ECLESIÁSTICA .................................................... 49
UNIDADE 9 – O MUNDO É PLURAL .................................................................. 63
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 66
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Sabemos que a religiosidade é uma das nossas características


peculiares. Até mesmo aqueles que se consideram ateus e agnósticos também
tem suas justificativas e defesas para o serem, portanto, a religião nos lhes passa
desapercebida.

Dos primeiros símbolos que nos colocavam em contato com o ser


supremo até os dias atuais muita coisa mudou e hoje desenvolvemos uma
capacidade mais racional de analisar, refletir e respeitar as diversas crenças que
existem ao longo do Planeta Terra.

Segundo Domezi (2011), as tradições religiosas antigas estão muito vivas


em nosso quotidiano. Basta que pousemos um olhar mais minucioso e analítico
sobre a nossa sociedade para que elementos peculiares das religiões possam ser
identificados.

Uma primeira destas características é facilmente notada no culto aos


mortos, pois o mistério inerente ao fim da vida é sem dúvida uma das maiores
realidades que causam até hoje perplexidade nas pessoas. É em outras palavras
o limite intransponível do ser humano nessa questão que o impulsiona a encontrar
sentido para isso no “além”.

Outra característica é o animismo que se resume em uma forma antiga de


religião que acredita em uma força maior, uma energia sobrenatural que parte de
alguém ou de algo que não o próprio crente. Algo que extrapola a realidade
visível, mas que está presente em tudo e em todos.

Não se pode também deixar de citar aqui, a crença em um “pai” comum e


criador, a qual é observada em muitas culturas, e que na qual o ser humano
sempre tem um tratamento especial no momento da criação, por meio do qual o
criador modela o ser humano lhe conferindo alma, vida e pensamento.

É interessante perceber por meio das narrativas de diversos povos que as


ideias de justiça e bondade são inerentes ao criador sendo ele incorruptível, e
desse modo, o mal só poderia surgir das criaturas. O que claramente pode ser
visto em nossa sociedade de maioria cristã.
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
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O xamanismo, vindo dos povos siberianos da Ásia Setentrional (portanto,


muito antiga) é outra das características mais presentes em nossa sociedade. É
uma filosofia de vida e visa o reencontro do homem com os ensinamentos e
fluxos da natureza e com seu próprio mundo interior.

Apesar de sermos um país multicultural, habitado praticamente desde a


descoberta por povos vindos da África, pouco sabemos das religiões tribais que
são de origem primitiva, nas quais suas tradições são transmitidas de maneira
oral por meio de contos, mitos, rituais, festas e fábulas; todas contendo uma visão
de mundo, linguagem e organização próprias. O que também pode de certa forma
englobar quase que todas as outras religiões por estarem fundadas sobre o
mesmo terreno.

Enfim, são religiões que mantém certos princípios que norteiam muitas de
nossas mais basilares leis como, por exemplo, o senso de comunidade e
solidariedade, apreciação dos valores e critérios tradicionais, visão holística do
mundo e das pessoas, inclusão de todos, harmonia entre tradição e progresso
(DOMEZI, 2011).

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha


como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia,
fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os
temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não
se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático
da obra, não serão expressas opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo
dos estudos.

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UNIDADE 2 – RELIGIÃO

2.1 O que é e porque estudar religião


Segundo Chiavenato (2002), foram os romanos os primeiros a usarem a
palavra religião significando dever de fidelidade ao Estado ou religio, isto é, o
cidadão romano devia comportar-se religiosamente – com lealdade ao Estado e
às autoridades – e como no Império Romano, o Estado era religioso, a relação
entre Estado e Religião aconteceu naturalmente.

Cícero (106-46 a.C.) dizia que religião vem de relégere, voltar a ler,
recordar. Para alguns teólogos, ele queria dizer que os homens diligentes
“voltavam a ler” o que se referia ao culto aos deuses.

Três séculos depois o escritor cristão Lactâncio (240-320) desenvolveu a


ideia de religião como a identificação sentimental entre o homem e Deus, já
pensando no Deus cristão, criador do mundo e de tudo que nele havia.

Religio, como os romanos entenderam originariamente ou na


interpretação de Lactâncio, passou a exprimir tanto a lealdade ao Estado – pelo
acatamento das leis, códigos morais, entre outros – como a identidade
sentimental, a crença em um só Deus; nesse caso, cristão.

Com mais frequência, afirma-se que a palavra religião vem do latim


religare, que significa amarrar. Os cristãos geralmente preferem essa explicação.
Lactâncio usou religare para afirmar que o homem “voltava a atar seus vínculos
com Deus”. Mas é interessante observar que mesmo no contexto religioso,
religare pode ter outro significado: “Religare religionibus bona alicujus”, pode ser
traduzido como “Consagrar a alguma divindade os bens de outros” - o que é muito
característico na luta entre o cristianismo e o paganismo a partir dos séculos III e
IV. No entanto, Santo Agostinho (354-430) preferia como origem da palavra
religião o reeligere, reeleger – os homens, depois da mensagem de Jesus Cristo,
reelegeram o Deus cristão.

Enfim, a palavra religio-religião sofreu variações de significado à medida


que o Estado e a igreja cresciam e enfrentavam os acontecimentos históricos.

Mas vamos tentar entender o que é religião?


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Assim como a explicação para a origem da palavra religião muda de


acordo com certos interesses, o conceito de religião também se modifica pelos
tempos. A religião não pode ser entendida da mesma forma quando se trata das
sociedades tribais, dos gregos, dos romanos, entre outros (CHIAVENATO, 2002).

A pergunta o que é religião? tem de ser respondida levando-se em conta


as características e as categorias religiosas de cada época. Esta pergunta não
permite resposta genérica. Porque a religião não é a mesma em diferentes
épocas e sociedades.

Para os primeiros cristãos romanos, por exemplo, a religião era a fuga da


vida real, o “ópio” que as livrava espiritualmente das coisas deste mundo. O
cristianismo primitivo não continha em si nenhum componente filosófico, mas uma
alienação específica, conformando o homem a sofrer resignadamente neste
mundo, sem vontade política de modificá-lo.

Na Idade Média, a religião adquiriu um conteúdo filosófico e teológico


muito forte. Nesse período de quase mil anos, a religião ocupou o espaço político:
a vida se fez em torno ou em relação aos conceitos religiosos. Os reis eram
consagradas pela Igreja; os papas ditavam a moral e os costumes – quase
sempre com exemplos nada dignificantes. A teologia condicionava a ciência,
permitindo-lhe o progresso ou sufocando-a em dogmas e proibições absurdas.

O cristianismo do Império Romano e o da Idade Média pouco tinham em


comum. Se as características religiosas diferem em cada época, são diferentes
também as suas formas de relação com o poder político e econômico. Se
recuarmos à Palestina do tempo de Jesus, veremos que a religião representava
as tendências políticas de cada classe, sem que isso implicasse participação ativa
dentro do organismo do Estado.

Nessas sociedades e nessas épocas, a religião é diferente em cada


circunstância e em cada momento – e para cada classe. É preciso observar as
diferenças para não incidir no erro de uma resposta genérica. Também é preciso
cuidado para não tornar a crítica da religião um simples reducionismo. Destacar
as condições socioeconômicas nas quais as religiões se desenvolveram – e o
cristianismo em particular – não significa explicar o fenômeno religioso apenas
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pela estrutura econômica. A religião não é só um meio que os grupos de poder


usam para preservar sistemas políticos ou econômicos.

Porém, a pergunta o que é religião?, apesar de complexa, pode ser


respondida objetivamente em uma frase. Se cada momento exige uma
interpretação e um entendimento específico, objetivamente, pode-se chegar a
uma velha e tradicional resposta básica, que tem causado horror e satisfação há
mais de cem anos: “religião é o ópio do povo”. Ao contrário do que parece, a
afirmação de Marx não reduz a religião a nada: abre um leque espantoso de
análise radical, em que a raiz é o próprio homem. Mas existem características
radicalmente diversas de ser esse ópio do povo.

2.2 Vários olhares para a religião: da sociologia à Teologia, do psicológico


ao antropológico
Segundo Teixeira (2014), a peculiaridade do olhar sociológico sobre o
fenômeno religioso consiste em trazer a questão para suas formas concretas de
inserção no tempo. O fenômeno está aí, acontecendo em expressões efetivas.
São representações e crenças, são ritos específicos que traduzem, como indica
Emile Durkheim (sociólogo francês,1858-1917), um sistema de forças bem vivo.
Esse sentimento não pode ser ilusório, pois esteve sempre acompanhando a
dinâmica da humanidade: tem correspondência com algo no real. Trata-se de um
sentimento demasiado geral e que traduz a presença no humano de uma força
dinamogênica inusitada, que o ajuda a suportar as dificuldades da existência e
também superá-las.

Como pontua Durkheim, a religião tem como função ajudar a viver,


suscitar um agir, tudo isso animado por um sentimento peculiar de poder que
eleva o ser humano acima de suas potencialidades, auxiliando-o a fazer frente às
provas do dia a dia. Ela é mais um sistema de forças que de ideias.

Perceber e classificar as coisas como sagradas ou profanas faz com que


as crenças religiosas sejam quase uma irmandade. Vejamos pela ótica de
Durkheim: as coisas sagradas envolveriam um círculo de objetos de extensão
infinitamente variável, tendo como peculiaridade uma percepção de dignidade

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singular – e superioridade – com respeito às coisas profanas. O caráter sagrado,


por sua vez, não é algo intrínseco a uma coisa reconhecida como sagrada, mas é
um dado acrescentado. Quando se fala em força religiosa, o que está em jogo é
um sentimento inspirado pela coletividade em seus membros e que vem projetado
e objetivado.

Resumindo: para Durkheim, a religião é parte essencial da vida social e


como as representações religiosas são representações coletivas (Ritos) nesse
sentido a religião é um produto do coletivo.

Georg Simmel (sociólogo alemão, 1858-1918) também dá sua


contribuição ao estudo, diferenciando de imediato em sua obra os conceitos de
religiosidade e religião, postulando que se diferem pelo fato de que a Religião é
criada pela Religiosidade e não o contrário. A Religiosidade seria uma “disposição
de ânimo interior”, e a religião uma fase mais avançada, uma objetivação da fé.

Karl Rahner (1904-1984), citado por Teixeira (2014), foi um dos grandes
teólogos do século XX, dedicando-se a compreender os traços dessa “experiência
transcendental” que, a seu ver, opera em todos os seres humanos, tendo também
um papel fundamental no incentivo à abertura da igreja católica-romana às
diversas tradições religiosas.

Para ele, não há como desvencilhar-se desse dinamismo que atua na


consciência subjetiva, como traço necessário e insuprimível, mesmo que ocorra
de forma anônima ou atemática. Cada consciência subjetiva estaria assim
animada por esse “caráter ilimitado de abertura”. Enquanto ser de transcendência,
o ser humano está sempre, e antes de qualquer ato de liberdade, situado e
orientado na atmosfera de um “mistério santo e absolutamente real”. É esse
mistério, simultaneamente transcendente e familiar, o que existe “de mais
evidente”, colocado sempre à disposição do humano.

Segundo Rahner, esta experiência transcendental do sujeito vem


marcada por universalidade, podendo ocorrer de forma atemática e mesmo
“arreligiosa”, independente de uma experiência religiosa explícita. É uma
experiência original, ontologicamente fundada. Ela acontece de fato onde quer
que o sujeito atue de forma livre e profunda a sua existência. É algo que se
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disponibiliza para todos, e que pode ocorrer “até mesmo em formas e


conceituação que aparentemente nada têm de religioso” (RAHNER, 1989, p. 164).
Ocorre quando o sujeito se vê defrontado, no âmbito de suas atividades
cotidianas, com o “abismo de sua existência”, com a profundidade que escapa ao
burburinho tranquilo das coisas familiares (TEIXEIRA, 2014).

Em discussões sobre perspectivas psicológicas sobre religião,


enfrentamento e cura, Paiva (2007) pontua que o comportamento religioso é
variado em sua significação. Em outras palavras, como as formas religiosas são
históricas, a psicologia só se aplicará com competência a uma modalidade
religiosa se apreender seu sentido. Numa cultura, por exemplo, em que saúde e
doença são consideradas holisticamente extensões da relação com a divindade,
como na antiguidade organizada ao redor da religião (VERGOTE, 2001), a cura
só pode ser religiosa, pela definição dos termos.

Por outro lado, numa cultura moderna, em que se reconhece a autonomia


dos diversos segmentos da vida individual e social, a saúde e a doença não têm
de passar pela definição religiosa ou, se o fazem, é num sentido bastante
peculiar. Se tomarmos o caso do cristianismo, encontraremos entendimentos
diversos dessa relação na antiguidade e na modernidade. O interessante é que
subsistem em geral nas pessoas dimensões antigas e modernas, de modo que
idealmente às vezes nos comportamos como pré-modernos, vendo por exemplo
na saúde a bênção de Deus e na doença sua punição, e às vezes como
modernos, vendo na saúde o resultado de feliz disposição genética, de recursos
econômicos e de conhecimento para cuidar da higiene e da alimentação (PAIVA,
2007).

Num viés mais metodológico, diz Teixeira (2014) que a abordagem


psicológica da religião busca uma aproximação do fenômeno tendo em conta
suas tensões e polarizações constitutivas. O objetivo proposto é o de observar a
conduta dos sujeitos e das instituições, com particular atenção aos aspectos
subjetivos.

Como indicou com acerto Edênio Valle (1998 apud TEIXEIRA, 2014),
ainda que reconhecendo os inúmeros desacordos que dividem os praticantes

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dessa disciplina, a aproximação psicológica ao fenômeno religioso guarda alguns


traços importantes:

As definições deixam claro que as religiões reais – com seu peso


institucional e sócio-histórico – e a religiosidade, sua face subjetiva,
acontecem no jogo das múltiplas relações que se estabelecem entre o
sujeito religioso, o grupo religioso ao qual se afilia e o universo das
crenças e valores vigentes naquela dada sociedade, grupo ou época,
considerados, inclusive, seus respectivos modelos civilizatórios e
respectivos estágios de desenvolvimento tecnológico-científico e político-
organizativo. Neste contexto de extraordinária complexidade, o psicólogo
tenta chegar à opção vivencial e à realidade psicológica e humana dos
indivíduos, assim como essa aparece em seu comportamento religioso
(VALLE, 1998, p. 260 apud TEIXEIRA, 2014).

O olhar psicológico, aninhado num ramo específico das ciências da


religião, busca examinar os fenômenos e manifestações religiosas tendo em vista
a polifonia de suas dimensões comportamentais. É, porém, um olhar que se
encontra ainda em estágio de construção, mesmo com uma história que já soma
quase cento e cinquenta anos. Esse caminho veio recentemente traçado por
Jacob Belzen, da Universidade de Amsterdã, que sintetiza de forma muito feliz os
passos até agora percorridos pela Psicologia da Religião. A forma como se
concebeu ou se exerceu esse campo temático foi muito diversificada: ora se
firmou a serviço do religioso, ou então a serviço da crítica à religião ou do
conhecimento científico. Perspectivas que se vinculam a um dos três caminhos
são recorrentes. Mas uma outra perspectiva, sublinhada por Belzen, vem também
se firmando, e é bem sugestiva. Trata-se do caminho nomeado como
“Parecerista” (do alemão Rezensentin).

Para usar uma metáfora do mundo da música, esta perspectiva tem como
foco principal a atenção desperta para os que praticam a música, no caso, os
executantes da religião. E o autor justifica esta posição: “Os psicólogos da religião
que exercem sua profissão como Pareceristas sobre uma religião ou
comportamento religioso não se sentem chamados a escrever sobre religião em
geral, mas sim sobre um comportamento religioso concreto” (BELZEN, 2013, p.
326-7).

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Esse modo de procedimento é distinto de certa concepção exteriorista ou


neutra, bem vigente neste campo, que destaca o pesquisador do objeto de seu
estudo em vista de uma maior cientificidade. Ao contrário, os que seguem a nova
orientação estão bem cientes da importância de uma maior aproximação da
religiosidade particular para uma interpretação correta das manifestações
subjetivas do exercício da religiosidade. Esta nova ocular vem assim recuperar a
dimensão hermenêutica da Psicologia da Religião, instrumentando-a com novos
atributos para conhecer o sujeito religioso tanto a partir de fora como de dentro de
sua prática religiosa (TEIXEIRA, 2014).

Por fim, no viés antropológico, ao iniciar estudos sobre a Antropologia da


Religião, Oliveira (2012) nos apresenta dois textos que revelam o quanto as
religiões significam para a humanidade.

Vejamos:

1) À primeira vista, pode-se pensar que todos saibam o que significa a


palavra religião e religioso. Talvez tal pressuposição esteja certa enquanto se
refere às manifestações mais ostensivas. Mas quando se trata de precisar a
essência da religião logo surgem dificuldades sem fim. Quem poderá fixar os
limites entre o verdadeiramente religioso e o puramente cultural, folclórico ou
social? [...]. Se compararmos o fenômeno religioso com o fenômeno social ou
similar, podemos dizer que designamos a estrutura especial do homem definida
por sistema de relações com os outros homens [...]. No fundo de toda a situação
verdadeiramente religiosa, encontra-se a referência aos fundamentos últimos do
homem: quanto à origem, quanto ao fim e quanto à profundidade. O problema
religioso toca o homem em sua raiz ontológica. Não se trata de fenômeno
superficial, mas implica a pessoa como um todo. Pode caracterizar-se o religioso
como zona do sentido da pessoa. Em outras palavras, a religião tem a ver com o
sentido último da pessoa, da história e do mundo (ZILLES, 2004, p. 5-6).

2) Para entender a condição humana nos seus aspectos mais profundos e


misteriosos, nós certamente devemos levar em conta a religião. Esta ajuda a
formar estruturas imaginativas e elementares sobre como nos orientamos ou
deveríamos nos orientar no cosmos. A religião dá forma e ensaia no ritual nossos

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mais importantes laços, uns com os outros e com a natureza, e provê a lógica
tanto ao porque destes laços serem importantes como ao o que significa estar
comprometido com eles (NEVILLE, 2005, p. 37).

Sendo uma realidade que toca o ser humano na essência de seu ser e de
sua existência, ela não pode deixar de ser analisada no âmbito acadêmico como
veremos adiante. Além disso, a religião tem uma relação toda especial com o ser
humano, bem diferente de outros fenômenos antropológicos. Ela, por exemplo,
está na raiz de muitas normas e valores da nossa sociedade; influi na
compreensão que os seres humanos têm de si mesmos e na identidade de muitos
povos e nações.

Para um número muito grande de pessoas, a religião oferece motivação


para viver, ajuda a resolver problemas humanos sérios e dá respostas para
muitas questões (LEMOS, p. 129-142).

Somente por essa condição já poderíamos encerrar nossas


considerações acerca de suas relações com a Antropologia, mas vamos caminhar
só um pouco mais.

Concordamos com Silva Junior (2005) ao inferir que ter um olhar


antropológico para as relações humanas – dentre elas a religião – é mergulhar
nestas relações como elas se dão nas suas diferenças culturais, históricas,
econômicas, políticas e psicológicas e o fundamentalismo, “enquanto atitude
daquele que confere caráter absoluto ao seu ponto e vista” (BOFF, 2002) que
vem crescendo sobremaneira desde meados do século XX, nos faz atentar para a
necessidade de buscar explicações da realidade mais concretas e pluralistas e
fugir um pouco a esse sentimento de saber dominante, característico do
fundamentalismo.

Nesse sentido, a Antropologia da Religião nos ajuda a compreender como


o ser humano foi e continua sendo visto por ele mesmo e por uma das suas mais
significativas e originais manifestações, a religião. Não se trata de fazer uma
análise de cada uma das religiões, mesmo aquelas mais conhecidas. Na
Antropologia da Religião, faz-se uma análise científica do fenômeno religioso,
enquanto experiência antropológica, isto é, do ser humano (OLIVEIRA, 2012).
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Na análise das diversas visões antropológicas advindas das diferentes


culturas e religiões há um esforço para se perceber a riqueza de cada uma delas,
desfazendo preconceitos, reconstruindo nosso pensar, mesmo sem renunciar à
necessária crítica.

Pode-se, então, dizer que a Antropologia da Religião é uma antropologia


da transcendência, no sentido que produz significados para além daquilo que se
dá no cotidiano. Não é apenas um retorno às tradições religiosas, mas a
interpretação dessas, visando a percepção de novas realidades que vão surgindo
dentro delas, a partir do seu contato com a modernidade e a pós-modernidade. O
que se quer com a Antropologia da Religião não é tanto conhecer as causas e dar
explicações para o fenômeno religioso, mas estudar e conhecer o sentido que a
experiência religiosa confere às ações e situações do cotidiano.

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UNIDADE 3 – RELIGIÃO NO MUNDO ANTIGO

Voltando à nossa história da Teologia, entre os pré-socráticos, já surgiu


um distanciamento da teologia mitológico-religiosa, voltando-se para uma teologia
racional-filosófica:

Xenófanes (século VI, a.C.) critica, duramente, o antropomorfismo da


concepção de Deus. Em grandes linhas, podemos dizer que os pré-
socráticos substituem o deus mítico pelo “deus dos filósofos” que é eterno,
imutável e rege o mundo transcendente na imanência, como ser racional e
espiritual;

Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) distanciam-se dos mitos


da religião grega e dos poetas para inaugurar um enfoque verdadeiramente
racional na questão de Deus;

para Platão, a teologia é o discurso filosófico, purificado dos elementos


míticos, sobre Deus;

Aristóteles cita a filosofia teológica como filosofia primeira, entre as três


ciências teóricas, ao lado da matemática e da física. Segundo ele, trata da
causa primeira, do motor imóvel que tudo move sem ser movido e dos
primeiros princípios não empíricos do ser e do pensamento (ZILLES,
2013).

Mas, essa concepção de teologia cedo também encontrou objeções


críticas por parte do ceticismo, sobretudo contra as provas da existência de Deus
(deuses) e de seus atributos. Os epicureus rejeitam a teologia por razões
pragmáticas e morais, pois veem nela o perigo do medo diante dos deuses, o qual
conduz a uma vida inquieta e insegura, dificultando a ataraxia e a autarquia. A
origem grega da palavra teologia pesa sobre seu destino histórico até hoje. Tanto
a palavra quanto o conceito são, pois, uma criação típica do gênio filosófico grego
em sua reflexão sobre o princípio último (arché) de todas as coisas, através do
logos. A sua associação com a mitologia pagã explica a reserva inicial do
cristianismo de apropriar-se do termo.

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O cristianismo, baseando-se em São Paulo e em São João, primeiro


tende a rejeitar e depois desenvolve, com os meios da própria filosofia grega, uma
apologética (século II). Orígenes, invocando o cânon dos livros sagrados,
entretanto já fixado, coloca os fundamentos de uma teologia cristã autônoma,
indicando, como base de legitimação, a Escritura, a doutrina da Igreja e a razão.
Foi, pois, entre os padres gregos, com Orígenes e Eusébio de Cesareia, que a
palavra teologia passou a designar o discurso sobre o Deus de Jesus Cristo.

Para Eusébio, os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo


Testamento são os verdadeiros teólogos. Clemente e Orígenes, pensadores da
Escola de Alexandria, referem-se aos “antigos teólogos dos gregos” e aos
“teólogos dos persas”, mas reclamam o título de “verdadeira teologia” para o
discurso cristão. Para Clemente, Orfeu é teólogo, mas Moisés também. Com o
historiador Eusébio de Cesareia (263-339), surge a teologia eclesiástica, sem
associação com a religiosidade pagã. A palavra adquire sua acepção clássica na
obra de Dionísio Areopagita (século V-VI), que distingue entre teologia apofática
(negativa), catafática (afirmativa) e mística.

Santo Agostinho (354-431) ainda prefere falar de “doutrina cristã” para


referir-se ao conjunto dos mistérios cristãos, pois o uso do termo teologia, no
Ocidente, demorou mais para ser introduzido. Os latinos preferiam outros termos
como doctrina sacra, sacra scriptura, sacra pagina, entre outros. A teologia nasce
no interior da fé. Por sua própria natureza, a fé aspira a ver, a compreender.

No período do século IV ao VII, os padres assumiram as ideias


fundamentais de Platão, do neoplatonismo, do estoicismo e da gnose, enquanto
não contradizem a revelação. Assim, desenvolveu-se a doutrina da graça
(Agostinho), da Trindade e da Cristologia. Depois de um longo intervalo de
silêncio, Anselmo de Cantuária (1033-1109), a Escola de São Victor e Pedro
Abelardo (1079-1142) desenvolveram uma teologia crítica da Igreja e da fé. Pedro
Lombardo (1100-1160) reuniu seus resultados no Comentário das Sentenças, que
se tornou o manual de teologia dogmática até a alta escolástica. A teologia chega
a um ponto alto com os franciscanos Boaventura (1217-1274) e J. Duns Scotus
(1266-1308) e com o aristotelismo assumido pelos dominicanos Alberto Magno
(1193-1280) e Tomás de Aquino (1224-1274).
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Continuando com as sábias e explicativas palavras de Zilles, na patrística,


a catequese em preparação à iniciação cristã exigia que se interpretassem e
comentassem os textos canônicos (como testemunhos normativos) às pessoas
ainda não iniciadas na fé cristã. Por isso, cedo surgiu a questão dos sentidos da
Escritura. E quando pagãos atacam o cristianismo, os padres saem em sua
defesa (apologética). Defendem sua moralidade e, a partir de Justino, teólogo
leigo, também sua racionalidade passa a ocupar, cada vez mais, um lugar central,
como já é o caso do Contra Celso, de Orígenes (185-253). À teologia atribui-se a
função de defender a coerência e a credibilidade do cristianismo perante as
razões religiosas e filosóficas do paganismo. Para isso, a fé cristã é traduzida
para dentro da cultura e linguagem filosóficas do helenismo.

A exegese e a catequese expressam-se em linguagem, elaborando


conceitos, buscando as razões do cristianismo, como exigências internas da
própria fé. Passa a distinguir-se entre fé e conhecimento (gnosis), entre sabedoria
e conhecimento, para responder às exigências intelectuais do próprio crente.
Assim, aos poucos, a teologia se organiza como esforço da inteligência
especulativa. Dependendo das fontes escriturísticas, tratadas pela exegese, surge
uma nova organização, uma nova armadura intelectual (a teologia), em busca de
uma autocompreensão especulativa da fé, forjando uma linguagem oficial da
Igreja. Desse modo, ao introduzir termos não bíblicos (consubstancial) na
profissão de fé pública, o Concílio de Niceia (325) já provou que o trabalho
teológico é importante na Igreja.

Tornou-se clássica a formulação condensada de Santo Anselmo de


Cantuária com a qual quis intitular a obra que, mais tarde, chamaria Proslogion:
fides quaerens intellectum. Anselmo propõe-se a tarefa de “crer para
compreender” e “compreender para amar”.

Segundo essa definição, a teologia vive do esforço do crente por pensar e


exprimir a própria fé, com todos os recursos da razão. Segundo Anselmo, é a fé
que procura, é a fé que busca a inteligência. A fé é o ponto de partida da pesquisa
filosófica na teologia. Para os medievais, a teologia é, pois, a interpretação
racional da revelação de Deus, aceita na fé. Quem crê, ou seja, aceita a
revelação de Deus, é um ser racional e, por isso, a fé já implica atividade racional
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e o crente naturalmente procura compreender e penetrar o significado da palavra


divina. Esse intellectus fidei, na sua modalidade mais elaborada, é a teologia. A
ligação da teologia à fé e à revelação divina distingue-a de qualquer filosofia e
ciência da religião. Ela emerge do “mundo da fé”, embora este seja mais amplo e
mais rico que o “mundo da teologia”. A teologia não dispensa nem supera a fé e,
muito menos, elimina os mistérios. A ciência da religião reflete sobre o fenômeno
cultural da religião em geral ou duma religião particular, sem ter,
necessariamente, um compromisso com a fé.

O ponto de partida da teologia cristã é a revelação que Deus fez de si


mesmo, ao longo da história de Israel, história que culmina em Jesus Cristo, a
palavra feita carne (Jo 1,14. São João diz: “E o Verbo se fez carne e armou tenda
entre nós; vimos a sua glória, a glória de Unigênito do Pai, cheio de graça e
verdade”.). A revelação judaico-cristã tem a caraterística específica de ser, ao
mesmo tempo e de maneira inseparável, palavra e história. Deus não se limita a
escrever um livro, pois também se manifesta nos acontecimentos da história. Por
isso, equivocam-se aqueles que consideram a revelação um simples “corpo de
verdades doutrinais”, pois ela é, antes de tudo, a “automanifestação” de Deus, na
história da salvação, que se consuma em Jesus Cristo. Ora, a revelação,
enquanto Palavra de Deus na palavra humana, é inseparável de um testemunho
humano e, portanto, não há revelação sem teologia. A linguagem da revelação já
é um meio interpretativo, baseado no diálogo vivo de Deus com o homem.

Por outro lado, a teologia não é apenas uma exigência da revelação, mas
já se encontra, potencialmente, na fé de todo o crente. A fé, como resposta à
Palavra de Deus, é também conhecimento, de acordo com as exigências próprias
de um espírito humano, historicamente condicionado. A fé busca uma
compreensão sempre mais completa da Palavra de Deus. Todo crente que reflete
sobre sua fé, em função da cultura de uma época, já é um teólogo, ao menos em
sentido amplo.

A teologia, certamente, não é ciência no sentido moderno. Entretanto, não


se lhe pode negar certa categoria científica, sobretudo, quando se trata de
disciplinas como exegese, história das doutrinas e das instituições, história
eclesiástica, entre outras. Também a teologia especulativa, que pretende mostrar
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a lógica interna da fé e proporcionar uma compreensão mais perfeita dos


mistérios cristãos, utiliza todos os recursos da razão filosófica. Quando Tomás de
Aquino e muitos outros medievais afirmam o caráter científico da teologia, este
tem um significado histórico mais restrito, resultante da aplicação do conceito
aristotélico de ciência, o que encerra o risco, evitado pelo Aquinate mas não por
muitos de seus seguidores, de reduzir a teologia a uma teologia de conclusões. A
teologia é elaborada pela razão do crente – credo ut intelligam, pois o teólogo é
um crente que reflete, criticamente, sobre sua fé.

Enfim, a teologia é o esforço humano por compreender melhor a


Revelação, que é histórica e é transmitida pela Igreja em atos históricos. Ela se
realiza em sucessão histórica, implicando sempre, e essencialmente, um
momento transcendental. Ela compromete o testemunho de seu autor enquanto
se apresenta como apelo e tarefa, e não simplesmente como doutrina a conhecer
(ZILLES, 2013).

3.1 O cristianismo na antiguidade


De maneira geral, por cristianismo antigo entende-se o cristianismo dos
quatro primeiros séculos da Era Cristã, cujo período vai desde o nascimento da
Igreja, no evento Pentecostes (cf. At 2), em que os discípulos de Jesus Cristo
receberam o Espírito Santo para anunciar o seu Evangelho (c. 30 d.C.) até a
queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). Esse período de quatro
séculos e meio é dividido, por sua vez, em duas grandes etapas: da pregação
apostólica (c. 30 d.C.) à “guinada constantiniana” (313 d.C.) ou até o Concílio de
Niceia (325) e daí até a queda de Roma (476 d.C.) (OSA, 2014).

A maioria dos discípulos e discípulas de Jesus era constituída de judeus.


A primeira expansão do cristianismo deu-se nesse ambiente, a língua, costumes,
tradições, práticas judaicas foram reinterpretadas à luz da mensagem de Jesus.
Desde o século II a.C., os judeus encontravam-se espalhados pelo mundo
helenizado (diáspora). Em Antioquia, capital da província da Síria, os seguidores
de Cristo foram, pela primeira vez, chamados “cristãos” (cf. At 11, 26). A partir das
sinagogas e comunidades judaicas helenizadas, expandiu-se o cristianismo fora
do contexto judaico tradicional. Por fim, o cristianismo expandiu-se até Roma,
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alcançando as fronteiras do Império Romano, no contexto do mundo gentio ou


pagão.

O mundo no qual o cristianismo antigo se expandiu, apesar de sinais de


decadência, era um mundo vigoroso. No século I da era cristã, a civilização
romana, herdeira da civilização helenística, tinha alcançado sua plena expansão.
É o período do império de Augusto (30 a.C.) e Tibério (14-37d.C.). Roma estende
seu domínio civilizador, com a pax augusta, uma paz militarizada, aos confins do
Oriente. No século II, com os imperadores Antoninos, ainda temos a ordem, o
direito e uma administração eficaz, dentro de um Estado relativamente liberal.
Mesmo com a grande crise do século III, sob Diocleciano (284-305), sua história
ganha um novo impulso: em seu governo instaura-se uma monarquia absoluta,
apoiada em um poderoso aparelho administrativo (OSA, 2014).

Muitas culturas, muitos povos, muitos deuses. O Império romano tinha


grande tolerância pela religião dos povos dominados. Tinham até em Roma um
“panteão”, um templo para todas as divindades do Império. Os romanos exigiam
apenas que se observasse o culto imperial, de caráter cívico, com suas
cerimônias públicas, das quais todos os cidadãos do Império deveriam participar,
para oferecer sacrifícios e rezar pelo Imperador: dominus ac divus (senhor e
deus). A religião oficial era a base da unidade imperial. Atentar contra ela era
crime. Os cristãos, ao afirmarem que seu único Senhor era o Cristo, passaram a
ser considerados suspeitos, estranhos e inimigos do Estado.

Num mundo marcado por muitas inseguranças, miséria, opressão e


escravidão, proliferavam muitas religiões vindas do Oriente e que se tornaram
muito populares. Eram os cultos de Hórus, Ísis e Osíris (Egito); Mitra (Pérsia);
Asclépio e Esculápio estavam entre os deuses “salvadores” mais populares.
Essas religiões tinham um caráter iniciático: exigiam conversão ou uma
passagem, um novo nascimento, um período de iniciação nos “mistérios” e uma
cerimônia de iniciação. Os “iniciados” ingressavam na “fraternidade”, tornavam-se
irmãos, associados à divindade, sua vida ganhava um novo sentido, era-lhes
prometida a eternidade. O Império tratava-as como superstitio, religio nova, e
considerava-as ilícitas. O cristianismo foi classificado como uma dessas religiões.

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Os filósofos consideravam o politeísmo uma “alegoria” das realidades


superiores, que eles tinham superado através do exercício da ascese e da razão,
em busca da verdadeira doutrina ou filosofia. Muitos sistemas filosóficos
procuravam responder às grandes questões das origens e finalidade do universo,
de todas as coisas, dos problemas ligados ao homem e suas relações na polis e
com o mundo divino, do significado da justiça, da felicidade, da imortalidade.
Normalmente postulavam a existência de um Deus, princípio ou causa
transcendente, com um mundo superior, imaterial. Não poucas pessoas vindas
desse universo cultural buscarão a “verdadeira filosofia”, que encontrarão no
cristianismo.

Nesse universo plural, despertou no século I um movimento de caráter


sincrético, que amalgamou elementos de muitas tradições culturais, religiosas e
filosóficas. Era o gnosticismo: através da gnose, um conhecimento superior,
revelado aos capazes desse conhecimento, os gnósticos, o homem podia
conhecer os mistérios do mundo divino e salvar-se. No século II e III há uma
explosão de seitas e grupos gnósticos, existentes tanto entre os pagãos, como
entre os judeus e cristãos.

Jesus anunciou e inaugurou a Boa Nova do Reino num contexto plural.


Sua mensagem difundiu-se num mundo plural. Sua mensagem e sua pessoa, sua
vida foram transmitidas, primeiramente, numa mentalidade semítica, tendo depois
de buscar uma linguagem helenizada para se fazer compreender e daí,
sucessivamente, germânica, céltica, entre outras. É natural que houvesse
diferentes interpretações de sua pessoa e sua obra. Já no Novo Testamento
encontramos várias “teologias” e advertências contra os anticristos, falsos
profetas. Dentre as primeiras “escolhas” parciais (“heresias”), que não davam
conta de compreender corretamente Jesus Cristo e sua mensagem ou que
extrapolavam seu conteúdo, encontramos os docetas (Jesus tinha “aparência” de
homem, negavam portanto sua “humanidade”) e os ebionitas (era o Messias, um
homem vindo de Deus, mas não o Filho de Deus, negavam sua “divindade”). Em
torno dessas duas verdades proclamadas e da maneira de viver e praticar a
mensagem de Jesus, surgiram, nos três primeiros séculos, muitas heresias e
dissensões ou cismas: gnosticismo (vários ramos), montanismo, milenarismo,
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subordinacionismo, adocionismo, modalismo, maniqueísmo, entre tantas outras


(OSA, 2014).

Para enfrentar esses desafios, já no final do século II e durante todo o


século III, as Igrejas realizam reuniões com seus dirigentes para buscar resolver
os problemas e encontrar a unidade nas coisas essenciais. São os sínodos ou
concílios. Nesse sentido, o encontro ocorrido em Jerusalém, por volta do ano 49
d.C., é considerado, simbolicamente, o primeiro concílio do cristianismo. Esses
concílios tratavam de questões doutrinais e questões da vida prática. No final,
davam determinações sobre os aspectos tratados, através dos cânones
dogmáticos e disciplinares, com uma “carta sinodal” a ser enviada às Igrejas
irmãs. Baseado nessa feliz experiência, o Imperador Constantino convocou, em
325, o 1º Concílio Ecumênico, para enfrentar o problema do Arianismo.

Na busca de compreender o Cristo e sua mensagem, a salvação, o


significado da Igreja, dando respostas às heresias e dissensões, aprofundando a
fé cristã, desenvolve-se a teologia cristã. Nesse sentido, o processo de
elaboração da doutrina cristã usou dos recursos culturais da civilização greco-
romana: a língua grega e latina, a retórica, a filosofia, o direito, práticas,
costumes, instituições. A esse apropriar-se da cultura, utilizando o que ela tem de
melhor para expressar a mensagem de Cristo, desde dentro, comumente chama-
se inculturação. Esse fenômeno foi uma característica constante da expansão
cristã. A próxima etapa dar-se-á no mundo germânico.

Durante os três primeiros séculos da era cristã, o cristianismo foi


perseguido, primeiro pelos judeus e depois pelos romanos. Até o incêndio de
Roma, sob o governo de Nero (c. 64), os cristãos praticamente passaram
despercebidos, confundidos com uma seita do judaísmo, que gozava de certa
liberdade e alguns privilégios. Possivelmente tenham sido os judeus a
denunciarem a Nero os cristãos como causadores do incêndio.

Somaram-se a isso os preconceitos populares, que viam os cristãos como


gente que odiava o gênero humano, ateus, ímpios, sacrílegos e acusados de
praticarem abominações e infâmias. Na verdade, os cristãos não eram
“separatistas”, mas não seguiam os costumes idolátricos e pagãos, como certas

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festas públicas, a frequência ao teatro, não aprovavam a luta de gladiadores, a


prostituição, adoração de estátuas ou a divinização do imperador.

Corriam no meio do povo boatos de que, em suas reuniões secretas, os


cristãos adorariam a cabeça de um asno, com sacrifício de crianças, seguido de
canibalismo, com uniões incestuosas e orgias (todos se chamavam “irmãos” e
praticavam o “ósculo da paz”!) (OSA, 2014).

Os intelectuais e as autoridades classificavam a religião dos cristãos


como superstitio, sendo posteriormente condenada pelo Estado como
associatioillicita, religio nova ereligioillicita, por atentar contra a unidade e a
sacralidade do Império. A legislação evoluiu, no primeiro século, de certa
tolerância com o fato de ser cristão até a condenação pelo simples fato de ser
cristão. Ser cristão acabava sendo um crime de lesa majestade.

As perseguições dos dois primeiros séculos foram esporádicas, locais ou


regionais, intermitentes, motivadas por denúncias ou ações pontuais. Já as
perseguições do terceiro século e início do quarto foram desencadeadas pela
autoridade imperial, através de decretos, de caráter geral, com o objetivo de
exterminar o cristianismo.

Na primeira fase aconteciam por incitamento popular, submetidas


posteriormente à apreciação dos magistrados. As autoridades visavam controlar a
fúria popular e as desordens públicas. No entanto, o cristianismo já era
considerado ilegal. Mas ainda são de caráter intermitente, seguindo-se longos
períodos de tolerância e de paz.

Com Sétimo Severo, em 202, inicia-se uma nova prática: em certas


ocasiões, a própria autoridade promove as perseguições. Neste momento, o alvo
são os catecúmenos (os que se preparavam para o batismo), os neófitos (os
recém-batizados) e os catequistas (que os preparavam). O objetivo era impedir
que alguém se tornasse cristão (OSA, 2014).

Em meados do século III, iniciam-se as perseguições sistemáticas, com o


objetivo de exterminar efetivamente o cristianismo. Décio foi o primeiro a decretar
uma perseguição geral (250-251). Apesar de curta, atingiu tal intensidade e
extensão nunca dantes vistas. O objetivo, mais do que fazer mártires, era fazer
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apóstatas. De fato, muitos sucumbiram e traíram sua fé ou comunidade (os lapsi),


abrindo-se um problema no interior da Igreja. Em 257, Valeriano desencadeou
nova perseguição: visava principalmente o clero e as propriedades da Igreja, mas
também afetava o povo, com uma série de interdições que colocavam em risco
sua segurança, confisco de bens, exílio, prisões. A última perseguição violenta foi
a de Diocleciano (303-313).

Calcula-se que o número de mártires variasse entre cem e duzentos mil.


De toda forma, ao longo de todo este período, os cristãos viveram em permanente
insegurança e sofreram hostilidades por parte do povo.

Em 313, os imperadores Licínio e Constantino assinaram conjuntamente


um documento, o Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto aos cristãos e
a outras religiões. Chegava ao fim a era da perseguição aos cristãos. Iniciava-se
uma nova etapa, denominada por alguns historiadores como a guinada ou virada
constantiniana (MATOS, 1997; PIERINI, 1998; MONDONI, 2014).

Constantino concedeu aos cristãos, além da liberdade de culto, uma série


de isenções e privilégios, dando terras, propriedades, prestígio e poder à Igreja
Católica. Em 380, o imperador Teodósio transforma o cristianismo em religião
oficial do Império Romano: é a fase da “Igreja Imperial” ou “Era de Ouro da
Patrística”.

Nessa nova etapa, reformula-se o catecumenato; desenvolve-se a liturgia


e a disciplina eclesiástica; a teologia patrística chega ao seu ápice; é também o
período de grandes cismas e heresias; os dogmas cristológicos e trinitários
alcançam sua formulação mais plena; aprimora-se a organização da Igreja no
território do Império, com as dioceses, paróquias e patriarcados; surge a vida
religiosa, com o monacato; há um novo surto missionário em direção aos povos
“bárbaros”. É a época dos concílios ecumênicos: Niceia (325), Constantinopla I
(381); Éfeso (431) e Calcedônia (451) (OSA, 2014).

3.2 Culturas pagãs – a pluralidade desde o tempo antigo


Mesmo que em poucas linhas, precisamos falar das culturas pagãs, afinal
de contas, como poderemos concluir ao final do tópico, desde os tempos antigos,
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a pluralidade já se fazia presente e, digamos, coerente e aceita por aqueles


povos.

Quem nos conta essa parte da história são os doutores Packer, Tenney e
White Jr (2002), cujo livro intitulado “O mundo do Antigo Testamento” encontra-se
disponível para download em site que colocamos nas referências.

Os israelitas dos tempos do Antigo Testamento entraram em contato com


cananeus, egípcios, babilônios e outros povos que adoravam deuses falsos. Deus
advertiu o seu povo a que não imitasse seus vizinhos pagãos, mas os israelitas
lhe desobedeceram. Repetidas vezes descambaram para o paganismo.

Estudar as culturas pagãs nos leva a compreender que houve um tempo


em que o homem tentou responder às perguntas supremas da vida antes de
encontrar a luz da verdade divina. Também, chegamos a entender o mundo em
que Israel vivia — um mundo do qual a nação foi chamada para ser radicalmente
diferente, tanto no terreno étnico como no ideológico.

Os autores advertem algumas precações ao proceder a esta leitura e


estudo por alguns motivos como estarmos a mais de dois mil anos daquela
cultura e ainda não termos evidências suficientes para comprovar cientificamente
e totalmente a sua história.

Outro motivo é o reconhecimento de que vivemos, cada dia mais, numa


sociedade pluralista na qual cada pessoa é livre para crer ou descrer, conforme
preferir. No entanto, os povos antigos achavam necessário ter algum tipo de
religião. Um agnóstico ou “livre-pensador” teria passado por maus momentos
entre os egípcios, os gregos e os romanos. A religião estava por toda a parte. Era
o âmago da sociedade antiga. O indivíduo adorava as divindades de seu vilarejo,
cidade ou civilização. Se ele se mudava para uma nova casa ou viajava por um
país estrangeiro, o dever obrigava-o a mostrar respeito pelas divindades do lugar.

Alguns aspectos eram comuns entre as religiões pagãs, como, por


exemplo, todas elas participavam da mesma visão do mundo, que se centrava na
localidade e seu prestígio. As diferenças entre as religiões dos sumérios e dos
assírio-babilônios ou entre as religiões dos gregos e dos romanos eram muito
pequenas.
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Eram muitos os deuses! Em sua maioria, essas religiões eram politeístas,


o que significa que reconheciam muitos deuses e demônios. Uma vez admitido ao
panteão (coleção de divindades de uma cultura), o deus não poderia ser dele
eliminado. Ele havia ganho “estatura divina”.

Cada cultura herdava ideias religiosas de seus predecessores ou as


adquiria na guerra. Por exemplo, o que Nanna (deus da Lua) era para os
sumérios, Sin era para os babilônios. O que Inanna (deusa da fertilidade e rainha
do céu) era para os sumérios, Ishtar era para os babilônios. Os romanos
simplesmente assumiram os deuses gregos e lhes deram nomes romanos. Assim,
para os romanos, Júpiter era igual a Zeus, deus do firmamento; Minerva equivalia
à Atena como deusa da sabedoria: Netuno correspondia a Posêidon como deus
do mar; e assim por diante. Em outras palavras, a ideia que se tinha do deus era
a mesma; apenas o invólucro cultural era diferente. Assim, uma cultura antiga
podia absorver a religião de outra sem mudar a marcha nem interromper o passo.
Cada cultura não só reivindicava os deuses de uma civilização anterior,
reclamava como seus os mitos da outra, introduzindo apenas mudanças
insignificantes.

Os principais deuses, muitas vezes estavam associados a algum


fenômeno natural. Assim. Utu/Shamash é a um tempo o Sol e o deus do Sol;
Enki/Ea é tanto o mar como o deus do mar; Nanna/Sin é a Lua e também o deus
da Lua. As culturas pagãs não faziam distinção alguma entre um elemento da
natureza e a força por trás desse elemento. O homem antigo lutava contra as
forças naturais que ele não podia controlar, forças que poderiam ser ou benéficas
ou malévolas. Chuva em quantidade suficiente garantia uma safra abundante,
mas chuva em demasia destruiria essa colheita. A vida era de todo imprevisível,
especialmente levando-se em conta que os deuses eram considerados como
caprichosos e excêntricos, capazes de fazer o bem ou o mal. Os seres humanos
e os deuses participavam do mesmo tipo de vida; os deuses tinham a mesma
sorte de problemas e frustrações que os seres humanos. Este conceito chama-se
marasmo.

Desse modo, quando o Salmo 19:1 diz: “Os céus proclamam a glória de
Deus e o armamento anuncia as obras das suas mãos”, ele zomba das crenças
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dos egípcios e dos babilônios. Esses povos pagãos não podiam imaginar que o
Universo cumprisse um plano divino total.

Os egípcios também associavam seus deuses a fenômenos da natureza:


Shu (ar), Rê/Hórus (Sol), Khonsu (Lua), Nut (firmamento), e assim por diante. A
mesma tendência aparece na adoração hitita de Wurusemu (deusa do Sol), Taru
(tempestade), Telipinu (vegetação), e diversos deuses de montanha. Entre os
cananeus, El era o sumo deus do céu, Baal era o deus da tempestade, Yam era o
deus do mar, e Shemesh e Yareah eram os deuses do Sol e da Lua
respectivamente. Por causa dessa desnorteante linha de divindades da natureza,
o pagão jamais poderia falar de um “universo”. Ele não fazia ideia de uma força
central que a tudo une, e pela qual todas as coisas existem. O pagão acreditava
viver num “multiverso”.

Outro traço comum da religião pagã era a iconografia religiosa ou


adoração de imagens (fabricação de imagens ou totens para adoração). Todas
essas religiões adoravam ídolos: só Israel era oficialmente anicônica (isto é, não
tinha imagens, não tinha nenhuma representação pictórica de Deus). O segundo
mandamento proibia imagens de Jeová, como os bezerros de Arão e de Jeroboão
(Êxodo 32: 1 Reis 12:26ss.).

Mas religião anicônica nem sempre era a história toda. Os israelitas


adoraram ídolos pagãos enquanto na escravidão do Egito (Josué 24:14), e muito
embora Deus banisse seus ídolos (Êxodo 20:1-5), os moabitas induziram-nos de
novo à idolatria (Números 25:1-2). Idolatria foi a mina dos diligentes de Israel em
diferentes períodos de sua história, e Deus finalmente permitiu que a nação fosse
denotada “por causa dos seus sacrifícios” a ídolos pagãos (Oséias 4:19).

A maioria das religiões pagãs retratava seus deuses de maneira


antropomórfica (isto é, como seres humanos). Na verdade, só um perito pode
olhar para um retrato de deuses e de mortais babilônios e dizer quem é quem. Os
altistas egípcios comumente representavam seus deuses como homens ou
mulheres com cabeças de animais. Horus era um homem com cabeça de falcão:
Sekhmet era uma mulher com cabeça de leoa; Anúbis era um chacal. Hator uma
vaca e assim por diante. Os deuses hititas podem ser reconhecidos por algum

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outro objeto distintivo, como um capacete com um par de chifres. Os deuses


gregos também eram retratados como humanos, mas sem as berrantes
características das divindades semíticas.

Outra característica desses povos pagãos passava pelo sentimento de


autossalvação. E a explicação da importância da representação dos deuses como
seres humanos vem de Gênesis.

Os capítulos iniciais do Gênesis dizem que Deus criou o homem à sua


imagem (Gênesis 1:27), mas os pagãos tentaram fazer deuses à sua própria
imagem. Quer dizer, os deuses pagãos eram meramente seres humanos
ampliados. Os mitos do mundo antigo diziam que os deuses tinham as mesmas
necessidades que os seres humanos, as mesmas fraquezas e as mesmas
imperfeições. Se houvesse diferença entre os deuses pagãos e os homens, era
só de grau. Os deuses eram seres humanos feitos “maiores do que a vida”. Com
frequência eram projeções da cidade ou da comuna.

Por fim, a característica do sacrifício! A maioria das religiões pagãs


sacrificava animais para acalmar seus deuses, e algumas até sacrificavam seres
humanos. Visto como os adoradores pagãos criam que seus deuses possuíam
desejos humanos, eles também ofereciam aos deuses ofertas de alimento e de
bebida (cf. Isaías 57:5-6: Jeremias 7:18).

Os cananeus acreditavam que os sacrifícios possuíam poderes mágicos


que levavam o adorador a cair nas graças e no ritmo do mundo físico. Contudo,
os deuses eram caprichosos, e por isso os adoradores às vezes ofereciam
sacrifícios para garantir vitória sobre os inimigos (cf. 2 Reis 3:26-27). Talvez seja
por isso que os reis decadentes de Israel e de Judá consentiam nos sacrifícios
pagãos (cf. 1 Reis 21:25-26; 2 Reis 16:13). Desejavam obter ajuda mágica no
combate aos babilônios e aos assírios — de preferência a ajuda dos mesmos
deuses que haviam dado vitória aos seus inimigos.

As religiões politeístas antigas operavam em dois níveis: a religião oficial


do estado religioso arcaico e a religião popular, pouco mais que superstição.

Vale saber que cada sistema religioso antigo tinha um deus principal,
mais poderoso do que os restantes. Para os egípcios, este podia ser Rê (ou Rá),
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Horus ou Osíris; para os sumários e acadianos, podia ser Enlil, Enki/Ea, ou


Marduque; para os cananeus, seria El; para os gregos, Zeus. Na maioria dos
casos, os pagãos edificavam templos e elaboravam liturgias que eram recitadas
em honra desses sumos deuses. Em geral, o rei presidia a essa adoração,
atuando como representante do deus numa refeição ritual, num casamento ou
num combate. Essa era a religião oficial.

Os deuses da religião oficial estavam por demais afastados do homem


local para que tivessem algum valor prático.

O Egito antigo dividia-se em distritos chamados nomes. Nos primeiros


tempos do Egito havia 22 destes no Alto Egito (a região Sul) e vinte na área do
delta ao Norte. Cada nome tinha uma cidade-chave ou capital e um deus local
que era cultuado nesse território. Igualmente na Mesopotâmia, cada cidade era
consagrada a um deus ou deusa.

No Oriente Próximo antigo, a religião oficial era orientada para o estado,


enquanto a religião popular era orientada para a localidade geográfica. O homem
antigo não via incompatibilidade entre crer em deuses “lá do alto” e “cá de baixo”
— todos competindo por sua atenção e sujeição ou prestação de serviços. Este
era o reconhecimento parcial do problema último da imanência e da
transcendência.

Eis que os antigos começaram a afastar-se da superstição pura e


deificaram vários ideais abstratos sob os nomes de deuses antigos.

Na Mesopotâmia, “Justiça” e “Retidão” aparecem como divindades


menores no cortejo de Utu/Shamash, o deus do Sol; eram chamadas Nig-gina e
Nig-sisa, respectivamente. O “chefe” delas era Shamash, o deus mesopotâmio da
lei. Os pensadores antigos imaginavam essas ideias abstratas como deuses, de
preferência a tratar com as próprias ideias.

Os egípcios, mais do que ninguém, fizeram isso. Alguns dos principais


deuses egípcios enquadram-se nesta categoria, como por exemplo Atum, que
expressa o conceito de universalidade. O nome Amon significa “escondido” — os
egípcios pensavam que ele era um deus sem forma, invisível, que podia estar em
qualquer parte e qualquer pessoa podia adorá-lo. Por esse motivo, mais tarde
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eles enxertaram a ideia de Amon em Rê, e o deus passou a ser Amen-Rê, “o rei
da eternidade e guarda dos mortos”. Os templos mais maciços da história egípcia
foram construídos em honra de Amen-Rê em Camaque. A deusa Maat era outra
ideia que se tornou deus entre os egípcios. Supunha-se que ela personificava a
verdade e a justiça e era a força cósmica da harmonia e da estabilidade.

Os cananeus representavam a verdade e a justiça mediante os deuses


Sedeque e Mishor, que deviam estar sob as ordens do deus She-mesh. Todavia,
muito embora os pensadores pagãos pudessem lidar mais facilmente desse modo
com essas ideias, poucos dos deuses estiveram à altura dos ideais dos
pensadores, segundo a lenda. A religião dos cananeus deu continuação ao antigo
desejo de harmonia sexual com a natureza, o que estimulava especialmente os
rituais obscenos.

A verdade é que na antiguidade, as religiões pagãs da Mesopotâmia


nunca saíram de seu molde politeísta. W. W. Hallo (1971 apud PACKER,
TENNEY e WHITE Jr, 2002), estudioso das religiões antigas, fala da “antipatia
intransponível com relação a um monoteísmo exclusivo” da parte dos
mesopotâmios. A mesma coisa pode se dizer de outros povos da antiguidade:
persas, cananeus, gregos e romanos.

O Egito, também politeísta, foi exceção em sua décima oitava dinastia. O


faraó Amenotepe (Amenófis) IV (1387-1366 a.C.) proscreveu a adoração de todos
os deuses, exceto Aton (o “disco solar”), e depois mudou seu próprio nome para
Akhnaton. Antes de Akhinaton, as divindades egípcias muitas vezes se haviam
fundido ou ligado com um único deus-conceito (geralmente Rê): isto, porém, não
é monoteísmo. Mas os egípcios chamavam o deus Aton de “único deus, que não
tem outro igual”. Isso tinha efeitos políticos de longo alcance e não poderia ter
sido realizado sem o apoio do exército e dos sacerdotes. Mas a religião de
Akhinaton estava longe de dizer: “Ouve. Israel, o Senhor nosso Deus é o único
Senhor” (Deuteronômio 6:4). A “reforma” de Aklinaton foi, contudo, de curta
duração, e seus sucessores purgaram o Egito dessa “heresia”. O antigo
sacerdócio político voltou ao poder e deu apoio ao seu próprio faraó.

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No mundo antigo, só Israel era totalmente monoteísta. Mas asseguremo-


nos de entender o que isso significa. Monoteísmo não é simplesmente uma
questão de número. Talvez a declaração mais sucinta seja a de W. F. Albright,
que diz que o monoteísmo é “a crença na existência de um único Deus, que é o
Criador do mundo e o doador de toda vida... [é] tão superior a todos os seres
criados... que permanece absolutamente único”. Isso fazia que Israel fosse
radicalmente diferente de seus vizinhos pagãos (PACKER; TENNEY; WHITE JR.,
2002).

Guarde...

É chamada de politeísmo, a crença na existência de diversos deuses,


comum no Egito, Grécia e Roma Antigas e outras civilizações. As principais
divindades são geralmente ligadas às forças da natureza, são antropomórficas e
imortais.

O politeísmo foi deixado de lado com o avanço do cristianismo, religião


monoteísta (crença em um único deus), e atualmente é encontrado em religiões
ou cultos de origem africana.

No entanto, existe uma discussão em relação ao monoteísmo do


cristianismo. Para alguns estudiosos, o cristianismo é politeísta, pois prega a
crença na Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) (PACIEVITCH, 2015).

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UNIDADE 4 – RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE


EXTREMO

4.1 Budismo
O Budismo originou-se na Índia, mas ao longo os séculos rapidamente
migrou e se expandiu por grande parte do oriente extremo, sendo uma das mais
antigas e maiores religiões do mundo. Nasceu de ensinamentos dados há
aproximadamente 2.500 anos atrás por Gautama Buda, “O Despertado” ao norte
da Índia.

Um dos fundamentos principais do Budismo foi definido pelo Buda como


as Quatro Verdades Nobres. Isto é, a vida é sofrimento. O sofrimento é causado
por afeições e aversões, embora haja uma maneira de escaparmos deste
sofrimento. O fim do sofrimento é a Iluminação que pode ser alcançada através
da prática do Budismo (AMCBR, 2015; SILVA, 1999).

Desde o tempo de Buda, esta religião cresceu e se desenvolveu em três


ramos principais. Os ramos Mahayana e Hinayana dão enfoque ao Budismo como
religião e código moral da mesma maneira que o Cristianismo é adotado no
ocidente. O terceiro ramo principal do Budismo é o Vajrayana, bastante parecido
com o Budismo Zen Japonês, conhecido como o “caminho curto”. Em Zen e
Vajrayana, o Budismo não é visto como religião per se, mas como um estilo de
vida.

As práticas gêmeas de meditação e consciência plena são utilizadas para


o alcance da Iluminação com extrema rapidez. O praticante usa todos os
aspectos de sua vida diária como instrumentos para progredir no caminho da
Iluminação. A Iluminação é um estado através do qual o ciclo de nascimento e
morte é quebrado, por onde se obtém completa compreensão da vida. Na prática
Vajrayana e Zen, reconhece-se que a Iluminação pode ser alcançada nesta vida
atual! (AMCBR, 2015).

4.2 Hinduísmo
O hinduísmo é a mais antiga de todas as maiores religiões do mundo.
Algumas tradições do hinduísmo remontam a mais de 3 mil anos. Ao longo dos
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séculos, no entanto, seus seguidores – chamados hinduístas – vêm aceitando


muitas ideias novas e acrescentando-as às antigas. Mais de 800 milhões de
pessoas praticam o hinduísmo em todo o mundo. A maioria delas vive na Índia,
onde essa religião começou.

Segundo a Enciclopédia Escolar Britannica (2015), o hinduísmo não teve


um fundador e não possui uma organização central. Ninguém criou uma relação
de crenças que todos os hinduístas devam seguir. Mas todos os hinduístas
respeitam os Vedas, um conjunto antigo de textos sagrados.

Os hinduístas acreditam num poder espiritual chamado brāman. Brāman


é a fonte de toda existência e está presente em tudo e em todos os lugares. A
alma humana, chamada atman, faz parte do brāman universal. Em geral, os
hinduístas acreditam que quando alguém morre, a atman renasce em outro corpo.
Para eles, uma alma pode voltar muitas vezes na forma humana, animal ou até
vegetal. Essa ideia é conhecida como reencarnação. O ciclo de renascimento
continua até que se aceite que a atman e o brāman são a mesma coisa. A maioria
dos hinduístas acha que libertar-se desse ciclo é o objetivo mais elevado da
pessoa.

Os hinduístas devem agir de acordo com o princípio da ahimsa, que quer


dizer “não violência”. Isso significa que nunca se deve desejar causar dano a
alguém ou a alguma coisa. Eles acham que muitos animais são sagrados, em
especial a vaca. Os hinduístas piedosos são vegetarianos.

Os hinduístas adoram muitos deuses. O deus Vishnu é considerado


protetor e preservador da vida. O deus Shiva representa as forças que a criam e
também a destroem. A deusa suprema é chamada mais comumente de Shakti.
Como Shiva, ela pode ser bondosa ou feroz, dependendo da sua forma. Os três
principais ramos do hinduísmo moderno distinguem-se pela devoção a Vishnu,
Shiva e Shakti. (ENCICLOPÉDIA ESCOLAR BRITANNICA, 2015).

4.3 Taoísmo
Tao é, ao mesmo tempo, o caminho, o caminhante e o ato de caminhar.
Filosoficamente, pode ser interpretado como o Absoluto.

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O Taoísmo é uma tradição espiritual que propõe o retorno do homem a


um estado de consciência e vida plena, ao Tao.

Os meios para o retorno ao Tao englobam as artes (Su), a lei (Fa) e o


caminho (Tao). As artes procuram restaurar o equilíbrio das energias da pessoa
através de conhecimentos de saúde, de oráculos, de destino, de leitura da
natureza ou do homem. O Fa é o conjunto de métodos místicos que restauram a
ordem, a organização, a lei interior e exterior através da força espiritual. E o Tao,
como meio, tem na meditação o caminho espiritual por excelência.

O Taoísmo é uma tradição espiritual milenar de origem chinesa. O


ensinamento filosófico e a prática espiritual (meditação, alquimia e rituais), são
praticados na Sociedade Taoísta do Brasil, oficialmente ligada e reconhecida pela
Sociedade Taoísta da China. Fundada em 1990 pelo sacerdote Wu Jyh Cherng,
que trouxe o puro conhecimento da tradição, adquirido com os mais
representativos mestres iluminados vivos.

4.4 Xintoísmo
Segundo apontamentos de Machado (2015), Xintoísmo é a única religião
que pode ser considerada genuinamente japonesa, tendo origens mesclando-se
com a do próprio povo japonês. Há dois milênios percebe-se sua predominância
no misticismo do país. A denominação adaptada do chinês xin-tao, que
significa “via dos deuses”, só foi aceita por volta do século XI, embora muitos
utilizem o termo kami-no-michi, com a mesma significação.

Ao contrário do Budismo, de origem indiana e influência chinesa, o


Xintoísmo é dominante apenas no Japão, embora sua prática não exija o
abandono ou recusa de outras formas de manifestação de crença religiosa. Não
se trata de uma crença exclusivista, pois convive pacificamente e até
complementa-se com outras religiões.

Muitos estudiosos nem consideram o Xintoísmo uma religião, devido ao


fato de não terem sido criados códigos de leis explícitas, filosofia escrita e
definida, profetas ou um livro sagrado, que contivesse os dogmas para quem a
segue. Entretanto, a forma ostensiva com que o xintoísmo comanda a vida de

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seus praticantes, é perceptível não só em seus rituais, mas nos demais aspectos
da vida, o que garante a posição de uma das grandes religiões do mundo.

Xinto, ou Kami-no-michi, pode ser traduzido como o Caminho para os


Deuses, mas o significado é bem mais amplo. Seria o estudo filosófico do espírito,
da essência e da divindade. No caso, divindade pode ter uma forma humana,
animal ou qualquer elemento da natureza, como montanhas, rios, trovões, vento,
ondas, árvores e pedras. Pode-se dizer que o xintoísmo está bastante ligado à
natureza, no sentido de que se propaga a proteção ao meio ambiente, através do
culto aos elementos da natureza (TEMPLO XINTOÍSTA DO BRASIL).

Os textos mais antigos que falam do Japão estão nos livros “Kojiki” e
“Nihon Shoki”, escritos nos séculos VII e VIII. Ambos falam do xintoísmo e de
seus deuses, explicando a origem do Japão, misturando folclore, lendas e
história.

Muitas festividades tradicionais japonesas são do xintoísmo. Por exemplo.


Tanabata Matsuri, Hanami, Seijin Shiki e Shichi-go-san.

Calcula-se que haja 119 milhões de praticantes do xintoísmo no Japão. O


número é elevado porque os japoneses praticam alguns rituais do budismo em
algumas ocasiões (culto aos antepassados, por exemplo), e também praticam
determininados rituais do xintoísmo no seu dia-a-dia (HANDA, 2015).

4.5 Confucionismo
O princípio básico do confucionismo é conhecido pelos chineses como
junchaio (ensinamentos dos sábios) e define a busca de um caminho superior
(Tao) como forma de viver bem e em equilíbrio entre as vontades da terra e as do
céu. Confúcio é mais um filósofo do que um pregador religioso. Suas ideias sobre
como as pessoas devem comportar-se e conduzir sua espiritualidade se fundem
aos cultos religiosos mais antigos da China, que incluem centenas de imortais,
considerados deuses, criando um sincretismo religioso. O Confucionismo foi a
doutrina oficial na China durante quase 2 mil anos, do século II até o início do
século XX. Fora da China, a maioria dos confucionistas está na Ásia,
principalmente no Japão, na Coréia do Sul e em Cingapura (SILVA, 1999).

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Na doutrina do Confucionismo não existe um deus criador do mundo, nem


uma igreja organizada ou sacerdotes. O alicerce místico de sua doutrina é a
busca do Tao, conceito herdado de pensadores religiosos anteriores a Confúcio.
O Tao é a fonte de toda a vida, a harmonia do mundo. No confucionismo, a base
da felicidade dos seres humanos é a família e uma sociedade harmônica. A
família e a sociedade devem ser regidas pelos mesmos princípios: os
governantes precisam ter amor e autoridade como os pais; os súditos devem
cultivar a reverência, a humildade e a obediência de filhos.

Confúcio, nascido em meados do século VI a.C. ensina que o ser humano


deve cultuar seus antepassados mortos, de forma a perpetuar o mesmo respeito
e amor que tem por seus pais vivos. De acordo com a doutrina, o ser humano é
composto de quatro dimensões: o eu, a comunidade, a natureza e o céu – fonte
da autorrealização definitiva. As cinco virtudes essenciais do ser humano são
amar o próximo, ser justo, comportar-se adequadamente, conscientizar-se da
vontade do céu, cultivar a sabedoria e a sinceridade desinteressadas. Somente
aquele que respeita o próximo é capaz de desempenhar seus deveres sociais. O
único sacrilégio é desobedecer à regra da piedade (SILVA, 1999).

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UNIDADE 5 – RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE


MÉDIO
O Oriente Médio é o berço das três religiões monoteístas: Judaísmo,
Cristianismo e Islamismo. Em qualquer documento, artigo, pesquisa que seja,
iremos encontrar exatamente essa informação.

Evidentemente que cada uma destas religiões reivindica para si a certeza,


a maneira correta de praticar, adorar e respeitar a Deus e seus mandamentos.

Como diz Santos (2002), praticamente as regras de convivência


propostas por Deus são as mesmas nas três religiões, porém sabemos que até o
presente momento tem sido muito difícil a situação dessa convivência no Oriente
Médio.

5.1 A região
O Oriente Médio é a região conhecida por ser o berço das três maiores
religiões monoteístas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo (predominante por
lá nos dias atuais) e também região de intensos conflitos religiosos, políticos e
militares.

5.2 O Judaismo
O Judaísmo, historicamente a mais antiga das religiões, está relacionado,
em sua origem e segundo a Bíblia, com a revelação de Deus a Moisés e a
passagem, para suas mãos, do Decálogo ou Tábuas da Lei, documento
normativo de costumes e das relações do Homem com Deus e com seus
semelhantes. A entrega teria sido no Monte Sinai, na península do mesmo nome.
O local da entrega logo tornou-se sagrado. Foi sob essa legislação que os
hebreus edificaram seus costumes e organizaram administrativamente o território
que Deus lhes concedera – a Terra Santa (1850 a.C). Esta versão se reporta ao
tempo em que os hebreus deixaram o Egito, depois de séculos de escravidão.

Depois da segunda destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos


(70 d.C), construíram-se as Sinagogas e um novo código de comportamento é
criado para os judeus: o TALMUD. Esse Iivro-código de comportamento é

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constituído pelo Documento-Base (representado pelas Tábuas da Lei) e pelo


acréscimo de novas normas elaboradas pelo rabino lehudah MANASSI (200 d.C.)
e que consistem na compilação das leis orais vigentes no grupo e, ainda, as “leis
ou ensinamentos” (“Torah”), contidos nos cinco primeiros livros da Bíblia:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

5.3 O Cristianismo
O segundo monoteísmo do ponto de vista cronológico, o Cristianismo –
surge com o anúncio e confirmação da vinda do enviado de Deus, o Messias que,
para os Cristãos, é Jesus. Entretanto, para os judeus, este enviado de Deus ainda
não chegou; e para os muçulmanos, quem foi trazido à terra para falar a verdade
divina (a quem se denominaria MESSIAS), não foi Jesus, mas Maomé.

O Cristianismo difundiu-se a partir do Oriente Médio, estendendo-se pela


Europa, Américas, África e Ásia, acompanhando todas as epopeias de conquistas
ocorridas na Antiguidade, Idades Média, Moderna e Contemporânea.

Nos primeiros tempos, passou uma imagem de desconfiança, ao fazer


concorrência aos direitos do Imperador de Roma, quando separou poderes:

“... a César, o que é de César; a Deus o que é de Deus.”

Depois de cerca de três séculos de perseguições, os cristãos têm


reconhecida a sua fé, oficialmente, cm 313 d.C, pelo Édito de Milão.

Concomitantemente à conversão do imperador Constantino ao


Cristianismo, segue-se uma era de afirmação filosófica, territorial, econômica e
política. Vejamos:

Agostinho, Jerônimo, Tomás de Aquino afirmam-se pela Idade Média,


balizando a doutrina;

os invasores vindos do Leste são convertidos;

crescem os espaços reservados à entidade social Igreja;

aliam-se forças para combater os mouros e retomar o Santo Sepulcro;

impõem-se pactos entre o Estado e a Igreja;

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combatem-se os adversários da Igreja como os do Estado, usando-se


como suporte a Inquisição;

conquistam-se territórios coloniais, com a espada dos reis e a cruz de


Cristo; e,

concedem-se indulgências, a troco de aumento do poder e do prestígio e


do espaço territorial da Igreja.

Até hoje, a influência política do Cristianismo pode ser encontrada na


introdução de algumas Constituições de países republicanos ocidentais. Muito
embora correspondendo a poderes separados, Igreja e Estado ainda guardam
grandes vínculos e respeito entre si. Nos planos internacional e supranacional, o
Papa ainda assume uma figura de grande mediador e conselheiro de decisões
sociais e políticas que envolvem sociedades de diversos países (SANTOS, 2002).

Discordâncias histórico-religiosas marcam também divergências no


comportamento da sociedade, segundo os ensinamentos e as proposições de
vida ditadas pelos livros sagrados para os seguidores de cada uma das três
religiões. As diferenças partem do próprio contexto do Velho e do Novo
Testamentos. A primeira grande divergência é entre judeus e cristãos. O texto do
Velho Testamento, em grande parte reconhecido também pelos muçulmanos,
está muito presente nos cultos e nas tradições judaicas. A proposta
comportamental básica passa pelo binômio crime-castigo, preconizado pelo
Código de Hamurabi (“Fez, paga”; “olho por olho, dente por dente”; ao ladrão,
corta-se-lhe a mão”, entre outros).

Opondo-se a essa proposta, o Novo Testamento revela as “Boas Novas”


trazidas por Jesus e seus Apóstolos (novidades boas, notícias boas, nova visão
da vida, da existência e das relações do homem com seu semelhante e com
Deus). Entre estas boas novidades está a substituição do castigo – uma
constante no Velho Testamento – pelo arrependimento e pelo perdão – a tônica
do Novo.

Em relação, ainda, ao Velho Testamento, os muçulmanos consideram


que Moisés é o “Pai dos Profetas” e admitem que Jesus é mais um dos antigos
profetas, tanto quanto Isaías, Jeremias e Ezequiel, chamados “Grandes Profetas”.
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Mas não o Messias, aquele que seria o enviado de Deus e que traria a verdadeira
vontade do Todo-Poderoso (SANTOS, 2002).

5.4 O Islamismo
A religião dos Muçulmanos tem início com Maomé, um pastor da tribo
Koreichita que, segundo se conta, recebeu em sonho ou em transe, o Arcanjo
Gabriel que, de 610 (quando Maomé tinha 40 anos), até 22 anos mais adiante,
repassou a Maomé a palavra de Deus. Esta ocorrência tem certa semelhança
com a entrega das Tábuas da Lei a Moisés.

Os intérpretes dos preceitos religiosos muçulmanos enfatizam que, na


verdade:

Deus havia revelado sua vontade aos Judeus e aos Cristãos pela voz de
seus Mensageiros. Mas eles desobedeceram às ordens de Deus e
dividiram-se em seitas cismáticas. O Alcorão acusa os Judeus de terem
corrompido as Escrituras, e os Cristãos, de adorarem Jesus como o filho
de Deus, quando Deus nunca teve filho e quer ser adorado com absoluta
exclusividade. Tendo assim desencaminhado, judeus e cristãos devem
ser chamados de novo para a senda da retidão, a religião verídica
fundada por Abraão e que Maomé, o último dos profetas, veio pregar
(CHALITA, s.d).

A origem da proposta de “evangelização” muçulmana, montada sobre


uma fácies agressiva e celebrada na frase “a fé, a ferro e fogo”, tem seus
fundamentos nos dogmas da religião de Maomé, em particular os de número 3 e
5. São os seguintes:

1. Deus é único e onipotente.

2. Outros elementos da religião muçulmana são a ressurreição dos


mortos, o juízo final (sic), a Geena (Inferno) e o Paraíso.

3. Maomé é o mensageiro de Deus encarregado de transmitir Sua palavra


aos homens.

“[...] Crentes são aqueles que creem em Deus e em Seu Mensageiro”


(Alcorão, 24:62).1

1
O Alcorão divide-se em 114 suras ou capítulos, divididos em versículos, no total de 6.236.
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“[...] Para aqueles que não creem em Deus e em Seu Mensageiro,


preparamos um fogo flamejante'' (Alcorão, 48:13).

4. O Alcorão não classifica os homens conforme sua raça, cor,


nacionalidade, cultura, posses econômicas, classes sociais.

“[...] Todos os homens são iguais ante Deus. O que os distingue é sua fé”.

“[...] Com certeza. Deus separará, no dia do Ressurreição, os que creem


dos judeus, nazarenos, magos e idólatras. (22:17)

5. Além das verdades em que o muçulmano deve crer, há cinco deveres


que lhe são prescritos: a prece, o jejum, o pagamento do tributo dos pobres, a
peregrinação à Meca e a guerra santa.

“[...] São realmente crentes os que creem em Deus e em Seu Mensageiro,


que não duvidam e que lutam, com sua vida e suas posses, pela causa de Deus”.
(49:15)

As ideias de “fogo flamejante”, preparado para os que não creem no Deus


dos Muçulmanos e em Seu Porta-Voz, a discriminação explícita dos “judeus,
nazarenos, magos e idólatras”, a doação da “vida pela causa de Deus” e a de
“guerra santa” são, portanto, comportamentos previsíveis já que fazem parte do
contexto cultural, religioso e político dos muçulmanos. Isto explica, por exemplo, a
solidariedade entre os Estados do Oriente que professam essa religião e,
sobretudo, sua oposição manifesta a tudo aquilo que envolve a rivalidade entre
povos de cultos diferentes dos deles – no caso, cristãos e judeus (SANTOS,
2002).

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UNIDADE 6 – RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS E


AFRO-BRASILEIRAS
Precisamos de imediato concordar com Piazza (1991) ao nos lembrar que
o erro mais comum que se comete a respeito dos povos africanos é supor que
todos são da mesma raça e tiveram a mesma origem, o que leva a supor
igualmente que tenham os mesmos costumes e a mesma religião.

Sem entrar em pormenores, devemos reter ao menos os seguintes dados:

o povo mais antigo da África é o dos pigmeus, os quais apertados pela


invasão de outros povos, se refugiaram nas densas florestas da África
congolesa, onde puderam guardar intatos por milênios os seus costumes
originais;

são igualmente muito antigos os bosquímanos e hotentotes, estabelecidos


ao sul de Angola;

uma raça de pele clara, aparentada com os berberes do Saara, invadiu há


muito tempo a África do Norte, empurrando para o sul os povos negros, ou
misturando-se com eles;

Pelo ano 2000 a.C., deu-se a invasão dos semitas, que também se
misturaram aos africanos negros;

por fim, os árabes instalaram-se na região do Sudão e do lago Tchad,


empurrando os negros para o litoral ocidental (600 d.C.).

Isso permite compreender que, ao lado de elementos muito arcaicos,


encontramos na África de hoje outros elementos de origem egípcia e mesmo
asiática, como também, em matéria religiosa, um vago culto ao deus solar e o
crescente culto dos mortos.

Ritos de iniciação, danças, fetichismo, cultos são alguns dos elementos


que se misturam e fazem uma diversidade de crenças no continente africano.

É importante sabermos que a crença na vida depois da morte está muito


difundida na África. Vários mitos falam de que a morte não estava nos planos do
criador, mas adveio ao homem por culpa deste, ou de um mensageiro infiel que

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não soube dar ao homem a boa nova da imortalidade, trocando a mensagem pela
notícia da morte universal. Isto é: a morte é um “acidente imprevisto” nos planos
do criador, mas que este permite por fins pedagógicos (PIAZZA, 1991).

Em relação ao que chamamos de religiões e matrizes africanas no Brasil,


elas remontam evidentemente ao período da escravidão, por volta da segunda
metade do século XVI, quando começou o tráfico dos povos negros, que diga-se
de passagem, não se deram sem recusa. Eles resistiram das mais variadas
formas inclusive motins, levantes e conspirações.

A intersecção (mistura) de diversos povos de diferentes regiões do


continente africano, pelo menos a princípio, foi bastante significativa para a
indução desses fracassos. “[...] A mistura de etnias atrapalhou bastante as
alianças entre os negros com fins conspiratórios [...]” (LOBO, 2008, p. 166 apud
SANTOS, 2011). A confluência das mais diversas etnias tentando sobreviver num
espaço e ambiente limitado e hostil obrigava-os a concorrer pelo alimento,
espaço, posição e pela própria sobrevivência, o que implicava em rivalidades e
acirramentos de conflitos.

Para os povos africanos suas religiões não estão dissociadas do seu


cotidiano, isto é, de suas vidas terrenas, òrun (mundo sobrenatural) e àiyé (mundo
natural), ìye (vida) e ikú (morte) são, para nossos ancestrais negros, existências
simultâneas e paralelas, determinando suas formas de pensar e agir,
desconhecidas, ocultas e/ou dissimuladas para os “senhores brancos”. Contudo,
as religiões, mais uma vez, como em África, aqui no Brasil serão o centro da vida
desses povos, o objetivo e a razão nuclear para resistir e viver, a despeito de
todas as adversidades.

As religiões de matrizes africanas nesses contextos funcionavam para


além da fé, também como elemento facilitador do reagrupamento dos diversos
grupos étnicos aqui presentes e como elemento capaz de promover a interação
dos variados credos dos povos oriundos das diferentes regiões africanas, de onde
viviam (SANTOS, 2011).

Dentre as religiões que encontramos no Brasil podemos citar:

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a) Umbanda: são as práticas mais elevadas e voltadas para o bem. Na


realidade, é uma religião brasileira formada através de elementos de outras
religiões como o catolicismo ou espiritismo juntando ainda elementos da cultura
africana e indígena.

A palavra é derivada de “u´mbana”, um termo que significa “curandeiro”


na língua banta falada na Angola, o quimbundo. A umbanda tem origem nas
senzalas em reuniões onde os escravos vindos da África louvavam os seus
deuses através de danças e cânticos e incorporavam espíritos.

O culto umbandista é realizado em templos, terreiros ou Centros


apropriados para o encontro dos praticantes no qual entoam cânticos e fazem uso
de instrumentos musicais como o atabaque. Apesar disso, quando o Umbanda foi
criado, não existiam manifestações musicais, como cânticos e utilização de
instrumentos.

b) Quimbanda: em Angola significa adivinho ou médico indígena de


Benguela. No Brasil, pai de terreiro do culto banto, ao mesmo tempo médico,
feiticeiro e adivinho. Utiliza rituais selvagens provocados pelo sangue dos animais
sacrificados e queima de pólvora e outros rituais relacionados a inferioridades dos
espíritos (BRANDI, 2010). No Brasil tomou o significado de magia negra, em
oposição à Umbanda, que representa as forças da magia branca. Não procurou
adaptar-se à mitologia do catolicismo como o Candomblé.

c) Candomblé: no Candomblé, todo e qualquer espírito deve ser afastado


principalmente na hora da iniciação, para não correr o risco de um deles
incorporar na pessoa e se passar por orixá, o Iyawo recolhido é monitorado dia e
noite, recorrendo-se ao Ifá ou jogo de búzios para detectar a sua presença. A
cerimônia só ocorre quando este confirma a ausência de Eguns no ambiente de
recolhimento. Afastam todo e qualquer espírito (egun), ou almas penadas, forças
negativas, influências negativas trazidas por pessoas de fora da comunidade.
Acredita-se que pessoas trazem consigo boas e más influências, bons e maus
acompanhantes (espíritos), através do jogo de Ifá poderá se determinar se essas
influências são de nascimento Odu, de destino ou adquiridas de alguma forma.

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Os espíritos são cultuados, nas casas de Candomblé, em uma casa em


separado, sendo homenageados diariamente uma vez que, como Exu, são
considerados protetores da comunidade.

d) Macumba: é um ritual muito antigo. Diz Herculano Pires que a


Macumba é um instrumento de sopro, geralmente, de bambu, que é tocado para
chamar os espíritos do mato, é o “despacho”, ao contrário do que se pensa, não é
a oferenda de comidas e bebidas que é colocada nas encruzilhadas, mas o envio
de espíritos inferiores para atacar as pessoas visadas (BRANDI, 2010).

Curiosidade...

Segundo a Revista Mundo Estranho (nov. 2015,


http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-a-ligacao-entre-os-santos-
catolicos-e-os-orixas), cada um dos 16 orixás – as entidades cultuadas no
candomblé e na umbanda – corresponde a um ou mais santos católicos.

Para quem não conhece o porquê dessa relação, podemos resumir assim
a história:

Na época da escravidão, chegaram ao país os primeiros africanos de


origem iorubá, um povo que ocupava a região onde hoje ficam Nigéria, Benin e
Togo. A religião dos iorubás era o candomblé, mas eles aportaram no Brasil como
escravos e não podiam cultuar suas divindades livremente – porque a religião
oficial do Brasil era (e é) o catolicismo. Por causa dessa proibição, os escravos
começaram a associar suas divindades com os santos católicos para exercerem
sua fé disfarçadamente. Como os santos católicos são bem numerosos, existem
divindades que são identificadas com mais de um santo. Por exemplo: Oxóssi, o
rei da caça, é associado a São Jorge e a São Sebastião. “Essa relação com um
ou outro santo depende da região do país, variando de acordo com a
popularidade do santo no local”, diz o sociólogo Reginaldo Prandi, autor do livro
Mitologia dos Orixás.

Claro que a associação não é exata: ao contrário dos santos católicos, os


orixás são entidades com virtudes e defeitos, e seus seguidores acreditam que
eles conhecem o destino de cada um dos mortais. Na Umbanda é diferente. Ela é
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uma religião genuinamente brasileira, surgida na década de 30 no Rio de Janeiro


a partir da combinação de elementos do candomblé, do catolicismo e do
espiritismo. Assim como o candomblé, a umbanda também cultua os orixás. Mas
os umbandistas representam essas divindades com imagens diferentes, além de
cultuarem outros três espíritos, o preto-velho, o caboclo e a pomba-gira. Nenhum
deles aparece no candomblé.

As cinco principais entidades do candomblé e da umbanda se relacionam


com as católicas assim:

ORIXÁ: Iemanjá
SANTA CATÓLICA: Nossa Senhora da Conceição
Iemanjá é a deusa dos grandes rios, mares e oceanos. Na umbanda, ela é cultuada como mãe de
muitos orixás e identificada com Nossa Senhora da Conceição, uma das manifestações católicas
da Virgem Maria, mãe de Jesus. No candomblé, ela é representada como uma negra e usa roupas
africanas.

ORIXÁ: Iansã
SANTA CATÓLICA: Santa Bárbara
Esposa de Xangô, a Iansã do candomblé e da umbanda é a deusa dos raios, dos ventos e das
tempestades. Na doutrina católica, ela corresponde à Santa Bárbara, também uma protetora
contra raios, tempestades e trovões.

ORIXÁ: Xangô
SANTO CATÓLICO: São Jerônimo e São João
Tanto para o candomblé quanto para a umbanda, Xangô é o deus do trovão e da justiça. Ele é
associado a dois santos católicos: São Jerônimo, que no final do século 4 traduziu alguns livros da
Bíblia do hebraico e do grego para o latim, ou São João, que pregava a conversão religiosa e
batizou Jesus

ORIXÁ: Ogum
SANTO CATÓLICO: Santo Antônio e São Jorge
Para a umbanda e o candomblé, Ogum é o orixá da guerra, capaz de abrir caminhos na vida. Por
isso, costuma ser identificado com Santo Antônio, o “santo casamenteiro”, ou com São Jorge,
santo guerreiro que é representado matando um dragão.

ORIXÁ: Oxalá
SANTO CATÓLICO: Jesus

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Na umbanda e no candomblé, Oxalá é a divindade que criou a humanidade, por isso, ele se
equivale a Jesus, uma das manifestações do Deus triuno do catolicismo (pai, filho e espírito
santo). Além de ter modelado os primeiros seres humanos, Oxalá também inventou o pilão para
preparar inhame e é considerado o criador da cultura material.

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UNIDADE 7 – OUTRAS RELIGIÕES

A Doutrina Espírita classifica os fenômenos naturais do psiquismo


humano em duas categorias básicas: os mediúnicos e os anímicos (do grego,
anima=alma), Os primeiros são intermediados pelos médiuns: “médium é toda
pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos. Essa faculdade
é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo.
(…).” (KARDEC, 2011, P. 257).

Os segundos, mais propriamente denominados de emancipação da alma,


pela Codificação Espírita, são produzidos pelo próprio Espírito encarnado.

O intercâmbio entre um plano e outro da vida pode, então, ser


regularmente estabelecido por meio de duas vias: a mediúnica e a anímica. Pela
via mediúnica, o Espírito renasce como médium, pessoa possuidora de uma
organização física apropriada, sensível. Pela outra via, a comunicação é realizada
pelo próprio encarnado, quando este se encontra no estado de emancipação da
alma, vulgarmente conhecido no meio espírita como anímico ou, ainda, de
desdobramento espiritual.

As duas vias de comunicação usualmente se sobrepõem, de forma que


não é fácil discernir quando um fenômeno é exclusivamente mediúnico ou
anímico. A prática mediúnica é denominada mediunismo, a anímica de animismo.

7.1 Mediunismo e Animismo


Brandi (2010) explica que a expressão mediunismo, criada por
Emmanuel, designa as formas primitivas de mediunidade que fundamentam as
crenças e a religião primitivas. Primitivismo, adoração inclusive de objetos
inanimados, broches, talismãs, amuletos, entre outros, o fetichismo nas crenças
indignas e religiões africanas.

A diferença entre Mediunismo e Mediunidade está na conscientização do


problema mediúnico.

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A mediunidade é o mediunismo desenvolvido, racionalizado e submetido


à religião religiosa, filosófica e às pesquisas científicas necessárias ao
esclarecimento dos fenômenos, sua natureza e suas leis.

O mediunismo divide-se em vários ramos correspondentes, as noções


africanas de que procedem. Existem as mais e as menos elevadas como a
Umbanda, Quimbanda, Candomblé e Macumba.

A Mediunidade é a faculdade humana pela qual se estabelece a relação


entre homens e espíritos. Não é um poder oculto que se possa desenvolver
através de práticas, rituais ou pelo poder misterioso, desenvolve-se naturalmente
nas pessoas de maior sensibilidade para captação mental, de coisas e fatos do
mundo espiritual que nos cerca e nos afeta, com as suas vibrações afetivas e
psíquicas.

Mediunidade é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento


mais ou menos dócil, aos espíritos em geral. O bom médium é aquele que
constrói boas qualidades morais e constantemente cultiva bons pensamentos,
possui o hábito da oração e da leitura (BRANDI 2010).

Pieri (2002) refere-se a animismo como a crença dos povos antigos ou


daqueles que ainda não foram aculturados pelo contato com a cultura ocidental,
na qual todas as coisas naturais têm alma, isto é, são animadas.

7.2 Zoroastrismo
Sousa (2015) nos conta de maneira simples mas didática, que o
zoroastrismo é uma religião de caráter dualista, que surgiu entre os séculos 628 a
551 a.C., ainda hoje ela é praticada por algumas populações do Irã e da Índia.

As doutrinas do zoroastrismo são encontradas em um livro sagrado


conhecido como Zend Avesta. Entre outros pontos, essa obra ensina a negação
de qualquer tipo de prática mágica, refutava a adoração de várias divindades e a
realização de sacrifícios envolvendo o uso de sangue. Além disso, pregava que
cada indivíduo poderia seguir um dos dois caminhos oferecidos por Mazda e
Arimã. O compromisso com a verdade e o amor ao próximo garantiriam uma vida
eterna no Paraíso.
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Para aqueles que optavam por viver uma vida em corrupção aliada ao
espírito do mal, era reservada uma vida de tormentos que seria sofrida em uma
espécie de inferno. Na luta entre o bom e o mal, os persas seguidores desta
religião acreditavam que um salvador chegaria à Terra com a missão de acabar
com o mundo e salvar todos que seguiram fielmente os princípios do
zoroastrismo. Nesse momento, todos os mortos ressuscitariam para também
serem submetidos ao julgamento divino.

A expressão dessa religião persa não foi marcada pela construção de


imagens, templos ou a realização de cultos que viessem a representar a
supremacia de seu único deus. Para simbolizarem a figura de Mazda, os
praticantes do zoroastrismo costumavam manter acesa a chama do “fogo eterno”.
Na visão maniqueísta do zoroastrismo, o imperador da nação persa era
considerado um representante do bem que deveria sempre buscar a vitória do
bem sobre o mal.

Atravessando os séculos, o zoroastrismo ainda é praticado por algumas


populações orientais do Irã e da Índia, onde são popularmente conhecidos como
“parsis”. Em território iraniano, local onde originalmente a civilização persa se
desenvolveu, os praticantes do zoroastrismo constituem uma minoria religiosa.
Das quase 70 milhões de pessoas que vivem no Irã, mais de 99% da população
se declaram adepta ao islamismo.

Segundo alguns teólogos e historiadores, as determinações desta crença


persa parece visivelmente influenciar o judaísmo, que posteriormente sedimentou
uma significativa parte dos ensinamentos cristãos. Dessa maneira, podemos
apontar um forte indício das trocas culturais que se desenvolveram entre hebreus
e persas durante a Antiguidade (SOUSA, 2015).

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UNIDADE 8 – HIERARQUIA ECLESIÁSTICA

Por definição, hierarquia, palavra de origem grega (hierárkhios) significa


ordem, graduação, categoria existente numa corporação qualquer, nas forças
armadas, nas classes sociais, entre outras.

Em se tratando da religião católica, envolve a totalidade do clero e a sua


graduação, além de ordenar, classificar os nove coros de anjos.

Eclesia, por sua vez, também palavra de origem grega (ekklesia) se


reporta à assembleia política de cidadãos dos Estados da Grécia antiga,
especialmente Atenas. Com foco na religião, é a organização cristã da Igreja.

A hierarquia eclesiástica é então a ordem sob a qual a igreja está


organizada, tendo como único líder supremo o Senhor Jesus Cristo. Através da
Bíblia Sagrada vemos que tanto no Novo quanto no Velho Testamento, Deus tem
uma especial atenção à organização e formação de seus representantes na terra.
Vamos tomar como exemplo os doze escolhidos de Jesus Cristo, chamados
apóstolos, (Lucas 6.12-18):

12 - E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a


noite em oração a Deus;

13 - E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze


deles, a quem também deu o nome de apóstolos;

14 - Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e


João; Filipe e Bartolomeu;

15 - Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;

16 - E Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor;

17 - E, descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande


número de seus discípulos, e grande multidão de povo de toda a Judéia, e
de Jerusalém, e da costa marítima de Tiro e de Sidom; os quais tinham
vindo para o ouvir e serem curados das suas enfermidades;

18 - Como também os atormentados dos espíritos imundos; e eram


curados.
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Embora houvesse muitos seguidores, Jesus faz uma seleção criteriosa e


chama apenas 12 para o ministério. Ele vai ensinar e testar os 12, durante 3 anos
vão aprender à servir, se humilhar, perdoar, negar-se a si mesmos, e amar.
Exatamente como Jesus. Paulo declara:

1CO 11:1 - Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.

Quando falamos em funções ou cargos eclesiásticos muitos pensam


apenas na autoridade exercida, esquecendo-se do que Jesus disse em Mateus
20.25-28:

25 - Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que
pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes
exercem autoridade sobre eles;

26 - Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-
se grande seja vosso serviçal;

27 - E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;

28 - Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.

Podemos perceber que a hierarquia na igreja existe para a organização


do culto e bom serviço do Reino de Deus (BRITO, 2014).

Vejamos a hierarquia em algumas das igrejas:

A) Igreja Católica Apostólica Romana

A Igreja Católica tem uma estrutura altamente hierarquizada, sendo o seu


Chefe o Papa. A expressão “Santa Sé” significa o conjunto do Papa e dos
dicastérios da Cúria Romana, que o ajudam no governo de toda a Igreja.

A Igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são em ordem


descendente:

i) Papa, que é o Sumo Pontífice e chefe da Igreja Católica, o guardador


da integridade e totalidade do depósito da fé, o Vigário de Cristo na Terra, o Bispo
de Roma e o possuidor do Pastoreio de todos os cristãos, concedido por Jesus

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Cristo a São Pedro e, consequentemente, a todos os Papas. Esta autoridade


papal (Jurisdição Universal) vem da fé de que ele é o sucessor direto do Apóstolo
São Pedro. Na Igreja latina e em algumas das orientais, só o Papa pode designar
os membros da Hierarquia da Igreja acima do nível de presbítero. Aos Papas,
atribui-se infalibilidade, desde o Concílio Vaticano I, em 1870. Por essa
prerrogativa, as decisões papais em questões de fé e costumes (moral) são
infalíveis. Todos os membros da hierarquia respondem perante o Papa e a sua
corte papal, chamada de Cúria Romana.

ii) Cardeais são os conselheiros e os colaboradores mais íntimos do


Papa, sendo todos eles bispos (alguns só são titulares). Aliás, o próprio Papa é
eleito, de forma vitalícia (a abdicação é rara, porque já não acontecia desde a
Idade Média) pelo Colégio dos Cardeais. A cada cardeal é atribuída uma igreja ou
capela (e daí a classificação em cardeal-bispo, cardeal-presbítero e cardeal-
diácono) em Roma para fazer dele membro do clero da cidade. Muitos dos
cardeais servem na Cúria, que assiste o Papa na administração da Igreja. Todos
os cardeais que não são residentes em Roma são bispos diocesanos.

iii) Patriarcas são normalmente títulos possuídos por alguns líderes das
Igrejas Católicas Orientais sui juris. Estes patriarcas orientais, que ao todo são
seis, são eleitos pelos seus respectivos Sínodos e depois reconhecidos pelo
Papa. Mas alguns dos grandes prelados da Igreja Latina, como o Patriarca de
Lisboa e o Patriarca de Veneza, receberam também o título de Patriarca, apesar
de ser apenas honorífico e não lhes conferirem poderes adicionais.

iv) Arcebispos (Metropolita ou Titular) são bispos que, na maioria dos


casos, estão à frente das arquidioceses. Se a sua arquidiocese for a sede de uma
província eclesiástica, eles normalmente têm também poderes de supervisão e
jurisdição limitada sobre as dioceses (chamadas sufragâneas) que fazem parte da
respectiva província eclesiástica.

v) Bispos (Diocesano, Titular e Emérito) são os sucessores diretos dos


doze Apóstolos. Receberam o todo do sacramento da Ordem, o que lhe confere,
na maioria dos casos, jurisdição completa sobre os fiéis da sua diocese.

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vi) Presbíteros ou Padres são os colaboradores dos bispos e só têm um


nível de jurisdição parcial sobre os fiéis. Alguns deles lideram as paróquias da sua
diocese.

vii) Monsenhor é um título honorário para um presbítero, que não dá


quaisquer poderes sacramentais adicionais.

viii) Diáconos são os auxiliares dos presbíteros e bispos e possuem o


primeiro grau do Sacramento da Ordem. São ordenados não para o sacerdócio,
mas para o serviço da caridade, da proclamação da Palavra de Deus e da liturgia.
Apesar disso, eles não consagram a hóstia (parte central da Missa) e não
administram a Unção dos enfermos e a Reconciliação.

B) Congregação Cristã do Brasil

Segundo os estatutos da Congregação Cristã no Brasil, suas atividades


são conduzidas por um ministério organizado, servindo sem expectativas de
receber salário, distribuído segundo as necessidades de cada localidade,
constituído por anciãos, cooperadores do ofício ministerial e diáconos. Somente
os anciãos e diáconos são ministros ordenados (I Tim. 4:14).

Para todos os cargos de ministério, auxiliares de jovens e menores,


músicos oficializados, encarregados de orquestras e administradores, devem ser
batizados conforme a doutrina seguida pela Congregação Cristã no Brasil e em
todos os outros países (por imersão, seguindo a formula: “Irmão em nome de
Jesus Cristo te batizo, Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo”).

i) Ancião – responsável pelo atendimento da Obra, realização


de batismos, santas ceias, ordenação de novos obreiros (anciães e diáconos),
apresentação de Cooperadores do Ofício Ministerial e Cooperadores de Jovens e
Menores, atendimento das Reuniões para Mocidade, encarregado de conferir
ensinamentos à igreja, cuidar dos interesses espirituais e do bem-estar da igreja,
entre outras funções; atualmente o Ancião-Presidente é Jorge Couri; atende na
sede localizada no bairro do Brás em São Paulo.

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ii) Diácono – responsável pelo atendimento assistencial e material à


igreja. É auxiliado por irmãs obreiras chamadas de “Irmãs da Obra da Piedade”.
Assim como o ancião, atende a diversas congregações de sua região.

iii) Cooperador do Ofício Ministerial – responsável pela cooperação nos


ensinamentos e presidência dos cultos oficiais e das Reuniões de Jovens e
Menores em uma determinada localidade (desde que não haja um Cooperador de
Jovens e Menores responsável pelo atendimento dessa localidade), não podendo
realizar batismos, Santa Ceia, Reuniões para Mocidade, Ordenações, dentre
outras coisas que só cabem ao Ancião ou ao Diácono.

Além dos ministros previsto em estatuto acima citados, há outros cargos


ou funções:

iv) Cooperador de Jovens e Menores – responsável de atender as


Reuniões de Jovens e Menores de sua comum congregação.

v) Músico – membro habilitado e depois de passar por testes musicais é


oficializado para tocar nos cultos e demais serviços.

vi) Encarregado de Orquestra – músico oficializado, designado para


coordenar o ensino musical aos interessados e organizar ensaios musicais da
Orquestra da Congregação.

vii) Auxiliar de Jovens e Menores – são jovens, homens ou mulheres


solteiros, designados para preparar e organizar os recitativos das Reuniões de
Jovens e Menores individuais ou em grupo e cuidar da ordem e da organização
durante a reunião.

viii) Administração – ministério material, constituído por Presidente,


Tesoureiro, Secretário, Auxiliares da Administração, Conselho Fiscal e Conselho
Fiscal Suplente. Os administradores são eleitos a cada três anos e o Conselho
Fiscal anualmente, durante a Assembleia Geral Ordinária. É permitida a
recondução ao cargo.

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C) Judaismo

No judaísmo, os Kohanim (singular kohen, plural kohanim, dos nomes


Cohen, Cahn, Kahn, Kohn, Kogan, entre outros.) são sacerdotes hereditários
através da ascendência paterna. Essas famílias são da tribo dos Leviim (Levitas),
e são tradicionalmente aceitos como os descendentes de Aarão. Em Êxodo
30:22-25, Deus ordena a Moisés que fizesse uma unção de óleo santo para
consagrar os sacerdotes de todas as gerações que virão. Durante os tempos dos
dois Templos judeus em Jerusalém, os levitas foram responsáveis por diários e
especiais feriados judaicos, bem como oferendas e sacrifícios no templo
conhecido como o Korban.

Desde o fim do Segundo Templo e, portanto, a cessação de cerimônias


sazonais e diárias, e sacrifícios, os Cohanim no judaísmo tradicional (judaísmo
ortodoxo e, em certa medida, o judaísmo conservador) têm continuado a realizar
uma série de cerimônias sacerdotais, e mantiveram-se sujeitos, em especial no
judaísmo ortodoxo, a uma série de regras especiais, nomeadamente restrições
sobre o casamento, a pureza ritual, e outros requisitos.

O judaísmo ortodoxo acredita que os Cohanim futuramente servirão em


um novo e restaurado Templo. Em todos os ramos do judaísmo, os rabinos não
executam quaisquer funções sacerdotais como propiciação, sacrifício, ou
sacramento. Em vez disso, sua função religiosa principal é servir como um juiz
autoritário e expositor da lei judaica. Os rabinos também geralmente exercem
funções de liderança social e aconselhamento pastoral.

O supremo pontífice era o sumo sacerdote; seguia-se o segundo


sacerdote, 2Rs 25.18, que provavelmente era denominado o pontífice da casa de
Deus, 2Cr 31.13; Ne 11.11, e o magistrado do templo, At 4.1; 5.24.

Os pontífices de que fala o Novo Testamento eram os sumos sacerdotes,


membros da família dos antigos sacerdotes e funcionavam irregularmente. A lei
que regulava o acesso às funções do sumo sacerdócio havia caído em olvido –
esquecimento, em consequência das perturbações políticas e do domínio
estrangeiro. Os pontífices eram investidos em seu oficio ou dele despojados à
mercê dos governos dominantes (DAVIS, 2005).
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D) Igreja Evangélica Missão Redenção

Segundo Brito (2013), a IEMIR tem um caráter evangelístico, procurando


seguir os passos dos apóstolos e, por fim, de Cristo na pregação do evangelho a
toda a criatura. Sua estrutura é composta por:

i) Aspirantes – pessoas que tem o desejo expressado voluntariamente


para a vida eclesiástica, ou que receberam o chamado para fazer parte dessa
obra. Tem como objetivo aprender as sagradas escrituras, as ordenanças da
igreja e sua liturgia. Não é uma nomeação, e sim um estado de observação
mútua, no qual o aspirante pode avaliar seu desejo de ser um obreiro, e o corpo
de obreiros avalia suas competências morais e bíblicas.

ii) Cooperadores – são ordenados ao cooperado, homens e mulheres,


que foram devidamente instruídos, e/ou demonstraram chamado patente diante
da Igreja de Cristo. Sua atuação é genérica, auxiliando irmãos e outros obreiros
nas mais diversas tarefas.

iii) Diáconos – os deveres dos diáconos ou diaconisas estão ligados mais


a preparação de cerimonias e auxílio na condução destas, como: batismos, santa
ceia, casamentos, cruzadas evangelistas, reuniões e cultos diversos. Podem, de
acordo com a necessidade, dirigir congregações, ministrar a santa ceia e
propagar o ensino da Palavra de Deus. Não podendo realizar batismos (exceto
em casos de extrema urgência, ou previamente outorgados) ou realizar qualquer
tipo de ordenação. Após o diaconato, pode-se ir ao presbitério ou evangelismo, de
acordo com a vocação dada pelo Espírito Santo, ou mesmo permanecer no
diaconato.

iv) Presbíteros – são em resumo copastores, encarregado de conferir


ensinamentos à igreja, cuidar dos interesses espirituais e do bem-estar da igreja,
entre outras funções conforme a orientação de seu pastor. Atuam também como
pastores, podendo realizar todas os ritos da igreja exceto a ordenação, embora
possa indicar pessoas para o Curso de Oficiais na Igreja Sede de seu Setor.

v) Evangelistas – o evangelista pode assumir congregações com o


objetivo de organizá-las e desenvolver projetos evangelísticos adequados a cada
região. É responsável pelos programas e métodos evangelísticos da igreja, em
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conjunto com o corpo de obreiros e membros. Pode abrir novas igrejas, conforme
a orientação do Pastor Setorial, e/ou Pastor Presidente. Sua meta e a divulgação
do Evangelho de Jesus Cristo.

vi) Missionários – pessoas chamadas por Deus para levar o evangelho


além de suas fronteiras culturais, não exercem uma atividade eclesiástica
específica, mas podem, sendo outorgados, abrir igrejas e desenvolver eventos
evangelísticos. Atuam preferencialmente fora do país, e/ou fora do estado.

vii) Pastores – o pastorado é o grau máximo reconhecido pelo ministério,


mulheres também podem ser ordenadas, as funções do Pastor vão desde a
ministração de ritos como: batismo, casamento, santa ceia, ministração da
palavra, até a gerência administrativa da igreja, criação de departamentos,
organização de eventos, entre outros. O pastor(a) poderá atuar na condução de
uma ou mais igrejas.

viii) Pastor Local – conduz uma única congregação, pode indicar pessoas
para a ordenação na sede do seu setor.

ix) Pastor Setorial – conduz várias igrejas de uma determinada região,


com o auxílio dos Pastores Locais, pode realizar ordenações até o nível do
presbitério.

x) Pastor Presidente – líder da igreja, gestor e responsável pela


organização jurídica, encarregado de conferir ensinamentos à igreja, cuidar dos
interesses espirituais e do bem-estar da igreja, gerir os setores e igrejas afiliadas.
É também o guardião da identidade do ministério zelando pela Sã Doutrina e a
Genuína Pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Comissionado por Deus para
tem a missão de levar a palavra aos confins da terra (www.iemir.org.br).

Segundo Brito (2013), a maioria das denominações evangélicas seguem


padrões parecidos com os citados, mudando-se apenas a nomenclatura e ou
quantidade de ordenações usadas.

Abaixo temos um comparativo do que diz a Bíblia e o que acreditam


algumas das correntes religiosas:

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a) Cristianismo Bíblico (NT-Bíblia Sagrada) (At.11:26)

Fundador – Jesus Cristo, filho de Deus Bendito (1 Co.3:11);

Mensagem – Jesus morreu para salvar os pecadores (1Co.15:3-8);

Igreja – formada por aqueles que são salvos (1 Co.1:2);

Deus – é a Trindade - três pessoas em um Deus (Mt.28:19; Jesus: 2ª


pessoa da Trindade, filho de Deus-Pai (1Jo.5:11-14);

salvação – pela Graça, através da Fé só em Jesus (At.15:11);

ressurreição – Jesus subiu no corpo que morreu (At.1:9);

escrituras – Bíblia- única Palavra de Deus (66 livros) (2 Tm.3:16).

b) Nome do grupo: Catolicismo Romano

fundador – Jesus, sobre a pedra que é Pedro (considerado como primeiro


Papa);

mensagem – sacramentos, caridade, culto a Maria e aos Santos;

igreja – os membros da Igreja Católica Apostólica Romana;

Deus – Trindade três pessoas em um Deus; Jesus: Deus em carne. 2ª


pessoa da Trindade;

salvação – fora da Igreja Católica Apostólica Romana não há Salvação;

ressurreição de Jesus – sim;

escrituras – a Bíblia (+ 7 livros apócrifos) + a tradição (Dogmas).

c) Nome do grupo: Legião da Boa Vontade – LBV

fundador – Alziro Zarur, 04-03-1949;

mensagem – assim como Jesus, todos poderão alcançar a perfeição após


muitas reencarnações;

igreja – todos são cristãos independentes da religião;

Deus – impessoal; Jesus não é Deus nem teve corpo humano;


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salvação – através da caridade e reencarnações sucessivas;

ressurreição de Jesus – não;

escrituras – livros da LBV.

d) Nome do grupo: Espiritismo Kardecista

fundador – Dr. Hippolyte Léon Denizard Rivail, vulgo Allan Kardec (1857);

mensagem – assim como Jesus, todos poderão alcançar a perfeição após


muitas reencarnações;

igreja – o Espiritismo é a Igreja restaurada e o Consolador prometido por


Jesus;

Deus – não é Pessoa; Jesus não é Deus nem teve corpo humano;

salvação – através da caridade e por reencarnações sucessivas;

ressurreição de Jesus – não;

escrituras – livros de Allan Kardec e outros.

e) Nome do grupo: Testemunhas de Jeová

fundador – Charles Taze Russell (1852-1916), fundado em 1881;

mensagem – Jesus abriu a porta para conquistarmos nossa salvação;

igreja – 144.000 ungidos que irão para o céu;

Deus – Jeová, que é uma só Pessoa; Jesus – não é Deus; é o Arcanjo


Miguel, a primeira e única criatura de Jeová;

salvação – obedecendo as ordens da Sociedade Torre de Vigia;

ressurreição de Jesus – não;

escrituras – bíblia deles (Tradução do Novo Mundo) + literaturas dos


líderes.

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f) Nome do grupo: Maçonaria

fundadores – Anderson e Desagulliers (Londres, 1717);

mensagem – buscar o próprio aperfeiçoamento;

igreja – —;

Deus – impessoal como força superior; Jesus – um grande mestre


semelhante à Buda, Maomé, entre outros;

Salvação – erguer templos à virtude e cavar masmorras aos vícios;

ressurreição de Jesus – não;

escrituras – rituais e manuais secretos.

g) Nome do grupo: Adventistas do Sétimo Dia

fundador – Ellen Gould White(1860);

mensagem – crer em Jesus e observar a Lei;

igreja – somente os adventistas;

Deus – trindade, três pessoas em um Deus; Jesus – Deus em carne. 2ª


pessoa da Trindade;

Salvação – guardando o sábado e os mandamentos;

ressurreição de Jesus – sim;

escrituras – Bíblia e livros de Ellen White.

h) Nome do grupo: Mormonismo

fundador – Joseph Smith (1805-1844), fundado em 1830;

mensagem – alcançar a divindade pelas ordenanças do evangelho


mórmon;

igreja – membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

Deus – tríade 3 deuses; Jesus – não é Deus, é irmão de Lúcifer e dos


homens;
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Salvação – salvação pelas boas obras da igreja mórmon;

ressurreição de Jesus – sim;

escrituras – a Bíblia, Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios, Pérola de


Grande Valor.

i) Nome do grupo: Teosofia

fundador – Madame Helena Blavatsky (1831-1891) fundada em 1875;

mensagem – —;

igreja – —;

Deus – Deus é um princípio; Jesus – um grande Mestre;

salvação – —;

ressurreição de Jesus – não;

escrituras – A Doutrina Secreta, Isis sem Véu, A Chave para a Teosofia e


A Voz do Silêncio.

j) Nome do grupo: Moonismo

fundador – Sun Myung Moon (1920);

mensagem – Moon é o Rei dos reis, e Senhor dos senhores, e o Cordeiro


de Deus;

igreja – Igreja da Unificação;

Deus – Deus é tanto positivo como negativo. Não há Trindade. Deus


precisa de Moon para fazê-lo feliz; Jesus – Jesus foi um homem 9 perfeito,
não Deus. Jesus falhou em sua missão. Moon vai completar sua obra;

Salvação – obediência e aceitação dos verdadeiros pais (Moon e sua


esposa);

ressurreição de Jesus – Jesus não ressuscitou fisicamente;

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61

escrituras – princípio divino por Sun Myung Moon, Esboço do Princípio,


Nível 4 e a Bíblia.

k) Nome do grupo: Cientologia

fundador – Ron Hubbard (1954);

mensagem – todos são – thetans, espíritos imortais com poderes


ilimitados;

igreja – —; Deus – rejeita o Deus revelado na Bíblia. Raramente


mencionado. Jesus – Jesus não morreu pelos pecados de ninguém;

salvação – salvação é a libertação da reencarnação;

ressurreição de Jesus – —;

escrituras – dianética: A Ciência Moderna da Saúde Mental, e outros de


Hubbard, e A Chave para a Felicidade.

l) Nome do grupo: Hinduísmo

fundador – —;

mensagem – o homem deve se conformar com sua condição para alcançar


uma vida melhor na próxima encarnação;

igreja - —;

Deus – o absoluto. Um espírito universal (Brahman). Vários deuses são


manifestações dele; Jesus – é um mestre ou avatar (uma encarnação de
Vishnu);

ressurreição de Jesus – sua morte não foi expiatória;

salvação – libertação dos ciclos de reencarnação, e absorção em Brahman


alcançadas através da Yoga e meditação;

ressurreição de Jesus – —;

escrituras – Vedas, Upanishads, Bhagavad Gita.

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m) Nome do grupo: Budismo

fundador – Buda (Siddartha Gautama, em 525 a.C.);

mensagem – o alvo da vida é o Nirvana para escapar do sofrimento Igreja


– —; Deus – não existe. Buda é considerado por alguns como uma
consciência universal iluminada; Jesus – —;

salvação – o Nirvana (inexistência) que pode ser alcançado seguindo-se o


Caminho das Oito Vias; Ressurreição de Jesus – —;

escrituras – A Tripitaka (Três Cestos), que têm mais de100 volumes.

n) Nome do grupo: Islamismo

fundador – Maomé (610 d.C.);

mensagem – só Allah é Deus e Maomé o seu profeta;

igreja – —; Deus – Alá, um juiz severo. Não é descrito como amoroso. É


um dentre mais de 124 mil profetas enviados por Deus a várias culturas.
Jesus – não é Deus, não foi crucificado, voltará para viver e morrer;

salvação – o equilíbrio entre as boas e más obras determina o destino


eterno no paraíso ou no inferno;

ressurreição de Jesus – não ressuscitou, porque não morreu;

escrituras – Corão e Hadith. A Bíblia é aceita, mas considerada


corrompida.

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63

UNIDADE 9 – O MUNDO É PLURAL

Fechamos nosso módulo já pedindo desculpas por não contemplar as


inúmeras crenças religiosas vigentes, mas afirmando que cada uma tem sua
importância e aceitação mediante a consciência pessoal.

Verdade seja dita: as religiões preservam um patrimônio espiritual valioso


e plural, pois registram um conjunto significativo de experiências, valores,
métodos e itinerários espirituais que, no curso dos séculos, têm inspirado milhares
de pessoas e comunidades. Ao lado do cristianismo, esse patrimônio compõe o
tesouro milenar da experiência religiosa humana, objeto não só de estudo, mas
também de diálogo entre os seguidores das diferentes religiões. Com efeito, o
diálogo da experiência religiosa é uma via específica do diálogo inter-religioso que
tem promovido o encontro, a compreensão recíproca e a convergência das
religiões em aspectos comuns, como a valorização da transcendência, a visão
sagrada do tempo e do cosmos, o respeito pela pessoa humana, a promoção da
justiça, o cuidado ecológico e a paz (MAÇANEIRO, 2014).

Cristãos e não cristãos não só podem como devem cooperar para a


promoção dos valores humanos e espirituais; o que nos levaria a todos a uma rica
experiência religiosa, em resposta às grandes questões suscitadas no espírito
humano pelas circunstâncias da vida. Os intercâmbios em nível da experiência
religiosa podem tornar as discussões teológicas mais vivas. E estas, por sua vez,

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podem iluminar as experiências e encorajar relações mais estreitas (PONTIFÍCIO


CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO. Documento Diálogo e
Anúncio. São Paulo: Loyola, 1996; Diálogo e anúncio n.43)

O “diálogo da experiência religiosa” nos possibilita reconhecer e discernir


os valores espirituais das religiões, pontuando as diferenças e também as
convergências, já que “a maior parte das grandes religiões têm procurado a união
com Deus na oração e também indicado os caminhos para obtê-la” (Carta sobre
alguns aspectos da meditação cristã nº 16).

Cientes de que “a Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões


existe de verdadeiro e santo”2 não convém “desprezar, sem prévia consideração,
tais indicações, só por não serem de origem cristã. Poder-se-á, ao contrário,
colher nelas o que contêm de útil, tendo o cuidado de nunca perder de vista a
concepção cristã da oração, sua lógica e suas exigências, porque só dentro desta
totalidade, esses fragmentos poderão ser reformados e incluídos” (Carta sobre
alguns aspectos da meditação cristã nº 16).

Uma sugestão importante para os cristãos “é a aceitação humilde de um


mestre experimentado na vida de oração que conheça suas normas; desse
aspecto sempre se teve consciência na experiência cristã, desde os tempos
antigos, particularmente à época dos Padres do deserto. O mestre –
experimentado no sentire cum ecclesia [sentir com a Igreja] – não deve somente
guiar e chamar a atenção sobre certos perigos, mas, como pai espiritual,
introduzir de maneira viva, de coração a coração, na vida de oração, que é dom
do Espírito Santo” (Carta sobre alguns aspectos da meditação cristã nº 16).

Outro resultado valioso do diálogo das experiências religiosas são as


solicitações de releitura e aprofundamento de nossa fé cristã, em face da outra
religião. No encontro e diálogo sobre os diferentes caminhos espirituais, as
religiões pedem de nós o esclarecimento de pontos tradicionais do cristianismo, a
respeito da Palavra de Deus, da Trindade, da comunicação/encarnação do Verbo
e da mediação sacramental da Igreja. Além desses pontos tradicionais, há casos

2
Declaração NOSTRA AETATE, n. 2, sobre a igreja e as religiões não-cristãs. Disponível em:
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
ii_decl_19651028_nostra-aetate_po.html
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em que o diálogo inter-religioso solicita de nós o desenvolvimento de novas


perspectivas do dado revelado. Afinal, a plenitude da verdade recebida em Jesus
Cristo não dá aos cristãos, individualmente, a garantia de terem assimilado de
modo pleno esta mesma verdade.

Como fecha Maçaneiro (2014): em última análise, a verdade não é algo


que possuímos, mas uma Pessoa por quem nos devemos deixar possuir. Trata-
se, portanto, de um processo sem fim. Embora mantendo intacta a sua
identidade, os cristãos devem estar dispostos a aprender e a receber dos outros e
por intermédio deles os valores positivos de suas tradições (Diálogo e anúncio nº
49).

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