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Gestão de Compras,

Estoque e Custos
Maria Françoise da Silva Marques
Missão
“Promover a educação de qualidade nas
diferentes áreas do conhecimento, forman-
do profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária”

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva


Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
Educação a Distância; MARQUES, Maria Françoise da Silva da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Gestão de Compras, Estoque e Custos. Maria
Françoise da Silva Marques
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
146 p.
Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de
“Curso de Graduação em Gastronomia - EaD”.
Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações
1. Gestão. 2. Compras. 3. Estoque 4. Custos EaD. I. Título.
Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de
Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane
 CDD - 22ª Ed. 641
Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Produção de Conteúdo Juliano de Souza, Supervisão do Núcleo de
Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador de
Contéudo Alexandre Gimenes da Cruz, Projeto Gráfico e Editoração
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho, Designer Educacional
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050- Paulo Victor Souza e Silva, Revisão Textual Nayara Valenciano,
900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock e Istockphoto.
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palavra do reitor
Reitor
Wilson de Matos Silva

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um as demandas institucionais e sociais; a realização de


grande desafio para todos os cidadãos. A busca por uma prática acadêmica que contribua para o desen-
tecnologia, informação, conhecimento de qualida- volvimento da consciência social e política e, por fim,
de, novas habilidades para liderança e solução de a democratização do conhecimento acadêmico com a
problemas com eficiência tornou-se uma questão de articulação e a integração com a sociedade.
sobrevivência no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar
Cada um de nós tem uma grande responsabilida- almeja ser reconhecida como uma instituição uni-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos versitária de referência regional e nacional pela qua-
fará grande diferença no futuro. lidade e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar competências institucionais para o desenvolvimento
assume o compromisso de democratizar o conheci- de linhas de pesquisa; consolidação da extensão uni-
mento por meio de alta tecnologia e contribuir para versitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial
o futuro dos brasileiros. e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade
No cumprimento de sua missão – “promover a interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
educação de qualidade nas diferentes áreas do conhe- trativa; compromisso social de inclusão; processos
cimento, formando profissionais cidadãos que con- de cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
tribuam para o desenvolvimento de uma sociedade como também pelo compromisso e relacionamento
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar permanente com os egressos, incentivando a educa-
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com ção continuada.
boas-vindas

Pró-Reitor de EaD
Willian V. K. de Matos Silva

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade A apropriação dessa nova forma de conhecer


do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores
Essa é a característica principal pela qual a de agregação de valor, de superação das desigualdades,
UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, Logo, como agente social, convido você a saber
é importante destacar aqui que não estamos falando cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar
mais daquele conhecimento estático, repetitivo, a tecnologia que temos e que está disponível.
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
renovável em minutos, atemporal, global, demo- modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as
cratizado, transformado pelas tecnologias digitais tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipa-
e virtuais. mentos e aplicações estão mudando a nossa cultura
De fato, as tecnologias de informação e comuni- e transformando a todos nós.
cação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Priorizar o conhecimento hoje, por meio da
lugares, informações, da educação por meio da conec- Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o
tividade via internet, do acesso wireless em diferentes contato com ambientes cativantes, ricos em infor-
lugares e da mobilidade dos celulares. mações e interatividade. É um processo desafiador,
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets acelera- que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
ram a informação e a produção do conhecimento, que oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem
não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD
em segundos. da Unicesumar se propõe a fazer.
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boas-vindas
Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino
Kátia Solange Coelho Fabrício Lazilha

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está conceitos teóricos em situação de realidade, de ma-
iniciando um processo de transformação, pois quando neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou pro- estes materiais têm como principal objetivo “provocar
fissional, nos transformamos e, consequentemente, uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
transformamos também a sociedade na qual estamos forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
inseridos. De que forma o fazemos? Criando opor- em busca dos conhecimentos necessários para a sua
tunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de formação pessoal e profissional.
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. mento e construção do conhecimento deve ser apenas
O Centro Universitário Cesumar mediante o geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou
durante todo este processo, pois conforme Freire seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual
(1996): “Os homens se educam juntos, na transfor- de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as-
mação do mundo”. sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além
Os materiais produzidos oferecem linguagem disso, lembre-se que existe uma equipe de professores
dialógica e encontram-se integrados à proposta pe- e tutores que se encontra disponível para sanar suas
dagógica, contribuindo no processo educacional, dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
complementando sua formação profissional, desen- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
volvendo competências e habilidades, e aplicando segurança sua trajetória acadêmica.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Apresentação do Livro

Professora Especialista
Maria Françoise da Silva Marques

Olá, aluno(a), seja bem-vindo à disciplina de Gestão de compras, estoque


e custos. Nesta disciplina, você aprenderá conceitos importantes e funda-
mentais para suas práticas administrativas na gestão de materiais, gestão
de estoques e custos envolvidos no processo, que vai desde a elaboração do
pedido de compras aos fornecedores dos materiais até a entrega do produto
ou serviço entregue ao cliente.
Na Unidade 1, estudaremos sobre a administração de materiais e estoques,
em que serão abordados temas, como a classificação dos materiais e o fluxo
desses materiais no processo produtivo. Também serão abordados conceitos
sobre estoques e sua importância para o setor produtivo. Aprenderemos,
também, sobre armazenamento de materiais, produtos e insumos e quais
tipos de estoque são adotados para garantir que a produção se mantenha em
pleno funcionamento, mediante um planejamento e controle adequados. Os
custos de manutenção do estoque e suas definições também serão apresen-
tados nesta primeira unidade.
Na Unidade 2, abordaremos assuntos relacionados à administração de
compras. Entre os conceitos estudados, teremos a conceituação do que é a
compra e sua importância para a gestão da empresa e resultado nos lucros
obtidos.
Você, também, aprenderá sobre qual a melhor forma de administrar o
setor de compras de sua empresa, sua organização e escolha de comprado-
res e fornecedores, capazes de gerar resultados positivos, em uma atividade
caracterizada como cíclica, mas que envolve particularidades de acordo com
a situação do mercado na qual está inserida.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 7

Conceitos sobre tipos de compras e qualidade dos produtos adquiridos também


serão abordados, bem como algumas práticas sanitárias e medidas de segurança
com relação a produção e comércio de alimentos. Além disso, veremos a im-
portância que a escolha adequada dos seus fornecedores, mediante cadastros
criteriosos pode ajudar na aquisição de produtos de procedência correta e,
ainda, dificultar que a sua empresa tenha problemas por negociações deficientes.
Serão abordadas as metodologias de Just in Time e Material Requeriments
Planning utilizadas no planejamento do setor produtivo e aquisição de maté-
rias-primas, mas que também são utilizadas nos demais setores da empresa.
Técnicas de distribuição de materiais e produtos serão estudadas no decorrer
desta unidade, assim como alguns meios de calcular o quanto e o que comprar,
no intuito de manter o equilíbrio entre estoques e necessidade da produção.
Na Unidade 3, estudaremos conceitos e terminologias sobre custos, mas
também teremos uma abordagem sobre a Classificação ABC, método que
divide os itens em classes A, B ou C de acordo com volume financeiro que
cada item representa para a empresa. Veremos conceitos e fórmulas do custo
de reposição, custo de armazenagem, variáveis, fixos, diretos e indiretos, e
mais alguns outros custos, igualmente, importantes.
Você, também, irá conhecer sobre custeio, sobre custo de capital, incluin-
do o capital de giro e seus elementos do ativo e passivo circulante, que serão
detalhados nos itens registrados. Será abordado o conceito de demonstrações
contábeis, entre elas, o Balanço Patrimonial, o DRE e o Fluxo de Caixa. Esses
demonstrativos são fundamentais para a gestão de sua empresa, pois assim
você terá informações sobre a liquidez de seus negócios.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Tire o máximo de proveito de todo o conteúdo abordado em nossa discipli-


na. Certamente, os conhecimentos aqui disponibilizados ajudarão você a
ter sucesso no seu empreendimento, a partir da elaboração de uma gestão
prudente de todos os processos que envolvem a produção de bens e serviços.
Então, vamos em frente!
SUMÁRIO
UNIDADE 1

Administração de
Materiais e Estoques
15 Conceito de Materiais
27 Conceito de Estoques
37 Planejamento
de Estoques
e Controle

UNIDADE 2

Administração de Compras
63 Conceito de Compras
79 Cadastro de Fornecedores
83 Planejamento, Recebimento
e Distribuição de Materiais

UNIDADE 3

Apuração e Administração
de Custos
107 Conhecer Conceitos e
Terminologias sobre Custos

123 Gestão do Capital


127 Demonstrações Contábeis
Legendas de
Ícones

dica do chef habilidades mão na massa saiba mais

fatos e dados minicaso reflita recapitulando

Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar
sugestões. Habilidades: elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade
prática. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos.
Minicaso: aplicação prática do conteúdo. Reflita: informações relevantes que proporcionam a reflexão de
determinado conteúdo. . Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos.
Saiba mais: Informações adicionais ao conteúdo.
Administração de Materiais e Estoques
MARIA FRANÇOISE DA SILVA MARQUES
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Conceito de Materiais
• Conceito de Estoque
• Planejamento e controle de Estoques

Objetivos de Aprendizagem
• Entender o que são materiais e suas classificações.
• Aprender sobre estoque e sua importância na produção.
• Conhecer os tipos de estoque e suas classificações.
• Conhecer as funções primordiais do estoque e formas de controle.
• Entender a influência do estoque na formação de preço de venda.
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Introdução
Olá, caro(a) aluno(a), para fazer o gerenciamento adequado dos materiais e estoque de uma
organização, é importante que você compreenda que independente do segmento estudado
ou trabalhado, todo o processo produtivo gera uma transformação que modificará os recursos
materiais para um produto acabado ou serviço prestado, isso tudo mantendo a produtividade
eficiente e lucrativa.
Independentemente da importância do material, deve-se sempre tomar cuidado com suas
necessidades específicas, isso vai do armazenamento ao controle das condições de estoque, pois
as características de cada material definem as condições de acondicionamento.
Assim, quando falamos em produto e serviço, podemos dizer que ambos se diferenciam por
suas qualidades, ou seja, o produto é algo que pode ser tocado, é algo visível, composto de mate-
riais na sua fabricação e que pode ser destinado, tanto ao mercado de consumo, para o consumo
final propriamente dito quanto para o mercado industrial, no qual será transformado em um
outro bem. Como exemplo, é possível citar os bens alimentícios, equipamentos, automóveis,
computadores, entre outros.
Em relação ao serviço, este muitas vezes não pode ser tocado ou ser visto e se caracteriza
por uma ação ou atividade prestada a um terceiro, por exemplo, o ensino em uma faculdade,
uma propaganda, uma consultoria, uma consulta médica e muitos outros mais, ou seja, são bens
que não possuem um corpo físico, também chamados de bens intagíveis.
Sendo assim, para a produção, tanto de bens quanto de serviços, a empresa necessitará de
recursos materiais que servirão de insumos para a fabricação de um determinado produto ou
para a prestação do serviço ao qual se propõe.
Um restaurante, por exemplo, necessita de materiais e insumos que utilizará na preparação de
suas refeições. Os insumos serão os produtos, a mão de obra, os utensílios, as horas trabalhadas,
que compõem a preparação dos alimentos e a organização e manutenção do estabelecimento.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 15

Conceito de
Materiais

Caro(a) aluno(a), toda a empresa é construída por processos produ-


tivos, que, juntos, formam uma cadeia de tarefas para transformar
um ou mais materiais em um produto final que pode ser comercia-
lizado. Para que essa cadeia funcione de forma correta, entretanto,
é importante que você, aluno(a), compreenda minuciosamente o
que são materiais.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Para Chiavenato (2014), os materiais são Embora não seja complexo, o conceito de ma-
os recursos utilizados para a produção de um terial é muito amplo e encontra-se presente
determinado produto acabado. Em conceitos nas mais diversas áreas, respondendo por uma
de administração ou economia, comumente parcela significativa do custo dos produtos
se diz que os materiais são bens de natureza acabados.
tangível, ou seja, são recursos físicos destina- Os materiais podem assumir os mais
dos à concretização de um objetivo específico diversos tipos: podem ser sólidos, lí-
ou, ainda, são bens físicos que podem ser to- quidos, gases ou plasma. De acordo
com suas propriedades físico-quími-
cados e que serão utilizados na produção de
cas, os materiais podem ser classifica-
outros bens. dos em: metais, cerâmicas, polímeros,
compósitos ou eletrônicos. Requerem
acondicionamentos diferentes e meios
diferentes de transporte, estocagem e
processamento, além dos mais diversos
cuidados na sua manipulação e no seu
processamento (CHIAVENATO, 2014,
p. 43).

Bens de natureza tangível são aqueles


bens que podem ser tocados, que exis- Ainda, segundo Chiavenato (2005), os ma-
tem fisicamente, ou seja, que possuem
teriais percorrem uma sequência de etapas
corpo físico, por exemplo, uma máquina,
um carro etc. por meio de uma série de máquinas e equipa-
Alguns autores preferem chamar mate- mentos ou utensílios, para, finalmente, che-
rias de insumos, porque representam os
garem ao seu resultado final como produtos
elementos utilizados para a consecução
de outros bens que são produzidos para
ou serviços.
comercialização. Na definição de Teixeira (2010), a admi-
Podemos utilizar, como exemplo de mate- nistração correta dos recursos materiais deve
rias, o ferro e o aço no processo produtivo
basear-se em alguns procedimentos básicos,
de construção. Já, no processo produti-
vo de pães e biscoitos de uma padaria, por exemplo, o que deverá ser comprado, como
são considerados insumos: o ovo, leite e e quando realizar a compra, bem como em que
farinha.
lugar realizar a compra e de qual fornecedor,
Fonte: Chiavenato (2005, p. 28). qual o preço pagar por esses materiais e em qual
quantidade efetuar essa compra. Você já tinha
pensado a respeito?
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 17

E
ssas etapas são fundamentais para
ajudar você na gestão dos materiais
que irá utilizar, ou seja, todo o plane-
jamento e controle desde o momento
da compra, passando por todos os processos de
produção até a finalização e venda do produto
ou serviço, deverão estar inseridos dentro de
critérios que o ajude a gerenciar a sua empresa
da forma mais eficaz possível

Digamos que você está em uma cozinha


de um restaurante. Com base nas informa-
ções obtidas até o momento, que materiais
você citaria como exemplo no processo
produtivo dos diversos pratos oferecidos
pelo restaurante?

Fonte: a autora.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Classificação de materiais
A classificação, conforme define o dicionário prioridades em suas rotinas operacionais. Ou
Michaelis (online), é o ato ou efeito de classi- seja, uma adequada classificação de materiais
ficar e de distribuir por classes. Usando a pre- deverá proporcionar uma alocação correta de
missa desse conceito, você aluno(a) concorda todos os materiais, de forma que não exista
que a classificação de materiais é o processo desperdícios nem perda de qualidade.
de catalogar ou reunir materiais e, a partir de A classificação dos materiais, contudo, vai
características similares, é possível classificá-los além apenas de separar os materiais ou insumos
de diversas maneiras, entre elas, a aplicação, a em grupos de acordo com suas qualidades, por
durabilidade, a relevância ou qualquer outros isso, essa separação deverá levar em considera-
aspectos desejados? ção a flexibilidade desses materiais, sua abran-
Sendo assim, a classificação dos materiais gência e sua praticidade.
visa estabelecer procedimentos para racionalizar Para Teixeira (2010), algumas formas de
e controlar o estoque, permitindo que se obte- classificação são indispensáveis, dentre elas,
nha informações a nível de gerenciamento, além temos a classificação por tipo de demanda, por
de permitir a administração eficaz desses insu- materiais críticos e por materiais obsoletos e
mos, possibilitando ao responsável, determinar inservíveis.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 19
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Por outro lado, Chiavenato (2005) define a clas- fluxo ou estágios que percorrem na produção,
sificação de materiais a partir da modificação ou seja, pelo processo pelo qual passam. Tal
que esses materiais sofrem de acordo com o classificação é apresentada da seguinte forma:

Figura1: Classificação dos materiais de acordo com seu fluxo


Fonte: adaptado de Chiavenato (2005, p. 33-37).

• Matérias-primas: caracterizam-se pelos


insumos ou materiais básicos necessários
à produção. São os itens iniciais que fazem
parte do processo produtivo da empresa e
A classificação crítica de materiais está, são comprados de um fornecedor.
diretamente, ligada com o impacto que • Materiais em processamento: é quando
a ausência do material fará no processo
o produto está em fabricação, ou seja, são
produtivo, ao deixar inoperantes as ati-
vidades da empresa devido a sua falta. aqueles materiais que se encontram em
Financeiramente falando, os custos de ar- processamento ou que estão prestes a ser
mazenamento são relativamente menores
processados, sendo assim, já não fazem
do que os custos de se ter uma produção
parada.
parte do almoxarifado ou depósito.
Na cozinha de um restaurante, um exemplo • Materiais semiacabados: são aqueles
de material crítico seria o gás, supondo em processo mais avançado que os ma-
que não haja reposição automática, pois,
teriais em processamento, ou seja, são
sem ele, as atividades da cozinha ficam pa-
ralizadas, gerando altos custos pela perda materiais em processo de acabamento
de produção em relação aos custos de sua ou, parcialmente, acabados.
armazenagem. • Materiais acabados: são os materiais
Fonte: a autora. já terminados que serão anexados ao
produto e, quando anexados, formam
o produto acabado.
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• Produtos acabados: são os produtos já ou são menos relevantes entram no grupo de


terminados cujo processamento foi com- IMPORTÂNCIA MÉDIA e o último grupo, o de
pletado, caracterizando-se pela fase final IMPORTÂNCIA REDUZIDA, que é formado
do processo. por materiais que podem ser substituídos por
outros similares.
Naturalmente, essa avaliação deve ser feita
pelos responsáveis pelo controle de produção,
estoque, compras e todas as áreas que forem in-
terligadas ou envolvidas no processo produtivo.
Mas qual é a função de classificar os ma-
Existe a possibilidade da própria empresa teriais? Principalmente padronizar as infor-
fabricar suas matérias-primas, essa ação
mações dos materiais e, por consequência,
é chamada verticalização, em que o pro-
cesso de produção de matéria-prima se deixar mais clara e objetiva a identificação dos
torna interno, sendo a empresa sua própria insumos por suas características. Por exem-
fornecedora. plo, se temos macarrão instantâneo, macarrão
Fonte: Chiavenato, I. (2005, p. 33). sêmola, macarrão sem glúten, entre outros,
isso indica que esses materiais podem ser
sub-classificados durante a sua armazenagem.
Seguindo essa ideia de classificar os mate-
Quanto à classificação dos materiais ainda é pos- riais por características, a divisão, ainda, poderá
sível fazê-la pelo seu valor de consumo anual, que ser feita por peso, por marca, por data de fabri-
deverá ser feita a separando o que é essencial e o cação, vencimento e mais outras definições e
que é acessório. Ou, ainda, levando-se em consi- critérios, a fim de facilitar a localização e escolha
deração se o material é perecível ou não, se possui do material necessário.
periculosidade ou não e, por isso, a análise adequa-
Para classificar um material é necessário
da para compras e para estocagem é fundamental. utilizar os seguintes passos:
Existe, também, a classificação por impor- • Dar a descrição do material se-
tância operacional e, nessa situação, os materiais gundo suas características físicas e
são classificados em 3 grupos, a saber: materiais específicas;
• Descrever o material segundo sua
que são relevantes e não possuem substitutos
forma genérica;
entram no grupo de MUITO IMPORTANTE, já • Descrever o material segundo o seu
os materiais que possuem substitutos similares nome específico;
Gestão de Compras, Estoque e Custos

• Descrever o material, usando uma


terminologia única, para evitar Você já parou para pensar que os materiais
duplicidade; estocados e parados representam um custo
• Não utilizar a marca como nome do ma- adicional? Lembre-se sempre da premissa
terial[...] (SEVERO FILHO, 2006, p. 48).
de redução de custo, pois, em alguns casos,
Sobre as definições apresentadas anteriormente, esse custo é desnecessário para a empresa,
conclui-se que a classificação é feita para que pois o fluxo deverá ser acelerado, constante
os materiais estejam prontos para entrar no e padrão.
processo produtivo, atendendo os padrões ne- Mas o que é este fluxo de materiais? Este
cessários de qualidade, garantindo um produto fluxo representa a movimentação dos
final que satisfaça as necessidades do cliente materiais envolvendo “todas as entradas
e saídas de materiais em uma empresa,
sem desperdício de tempo e dinheiro.
assim como a acumulação de estoques
(CHIAVENATO, 2014, p. 44)”.
Fluxo de materiais
Para que o processo produtivo não seja inter- Aplicaremos os conceitos de administração de
rompido por falta de materiais, é necessário materiais na cozinha de um restaurante. Não é
gerenciamento quanto ao que será utilizado, recomendado um grande estoque de produtos
sempre levando em consideração a redução de alimentícios a ponto de ficarem parados por
custos, evitando desperdício de matéria-prima. muito tempo, devido aos prazos de validade e
Conforme Rosa (2012), administrar ma- porque alguns materiais apresentam caracterís-
teriais é controlar as atividades que garantam ticas relevantes que podem se perder, como o
o abastecimento de materiais para a empresa sabor e a textura. Como exemplo disso, temos
no tempo certo e na quantidade necessária, peixes, carnes, laticínios, legumes, verduras e
com o menor custo possível, ou seja, é garantir enlatados que se tiverem em grande quantidade,
que o fluxo de materiais aconteça conforme a gera riscos de perdas.
necessidade do processo produtivo. Um fluxo de materiais eficaz é aquele em
A denominada gestão dos materiais que as matérias-primas são repostas constan-
vem da importância de integrar fluxo temente, a armazenagem ocorre de acordo com
de materiais e suas funções de suporte.
as limitações de tempo e de espaço, de acordo
“Isso inclui as funções de compras, de
acompanhamento, gestão de estoques, com procedimentos de segurança e de controle
gestão de armazenagem, planejamento de armazenagem, utilização e distribuição com
e controle de produção e gestão de dis-
tribuição física (SLACK; CHAMBERS; o intuito de reduzir ao máximo os custos da
JOHNSTON, 2002, p. 427)”. empresa.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 23

Em algumas situações adversas, o fluxo constante materiais em processamento, depois, para ma-
pode sofrer paradas e, nessas ocasiões, a produ- teriais semiacabados que são transformados em
ção torna-se mais lenta ou estagnada, dificultan- um ou mais produtos.
do a movimentação de determinados materiais. Ainda, nesse processo, os materiais são
No exemplo seguinte, é possível perceber transformados em materiais acabados, ou
que o material em seu caminho passa por diver- seja, peças e outros componentes utilizados
sos processos, são transformados, adaptados, na montagem, em que, finalmente, se torna-
alterados, modificando-se no decorrer desse rão produtos acabados (SLACK, CHAMBERS
percurso, passando de matéria-prima para E JOHNSTON, 2002).

Figura 2: Fluxo de Materiais


Fonte: adaptado de Slack; Chambers; Johnston (2002, p. 428).

Conforme Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014), Por outro lado, o serviço, na maioria das vezes,
é difícil estabelecer a diferença entre o que é um inclui um produto denominado bem facilitador.
produto e o que é um serviço, pois a aquisição Um exemplo disso são os ingredientes e produ-
de um produto está, intrinsecamente, ligada à tos para um restaurante. Vamos entender um
prestação de um serviço, por exemplo, a insta- pouco mais desse assunto.
lação de um equipamento.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 25

Bens facilitadores e serviço principal prestado, por exemplo,


serviços facilitadores a manutenção em veículo automotivo
O processo produtivo de uma empresa pode ser (serviço principal) ou, ainda, hospeda-
de bens físicos ou serviços, contudo, durante a gem em hotéis que tenham restaurantes
produção, esse processo tende a envolver ambos. que podem servir refeições no quarto do
Sendo esses bens conhecidos como bens físicos hóspede, sempre que ele desejar. Esses
e serviços facilitadores. serviços facilitam a venda do serviço
A respeito disso, os autores Fitzsimmons e principal ao qual estão vinculados.
Fitzsimmons (2014) esclarecem as diferenças Entretanto, os serviços produzidos por
entre eles: um restaurante são mais do que “facili-
• Bens facilitadores: são aqueles bens con- tadores”. São parte essencial do que o
consumidor está pagando. O restaurante
sumidos ou, então, utilizados pelo clien-
é tanto uma operação de produção que
te enquanto lhe é prestado um serviço. produz produtos alimentícios, quanto
Por exemplo, em um hospital, são con- um fornecedor de serviços, como suges-
tões, ambiente e atividades relacionadas
sumidos medicamentos e alimentação
a servir a comida (SLACK; CHAMBERS;
enquanto o paciente está em tratamento, JOHNSTON, 2002, p. 41).
que é o serviço prestado pelo hospital.
Quando falamos de um restaurante, o Podemos concluir que a administração de
serviço prestado é a refeição principal, en- materiais em uma empresa é um conjunto de
tretanto, são servidos aos clientes os ape- atividades destinadas a suprir as necessidades
ritivos que deixarão a espera pelo prato do processo produtivo, e que a gestão correta
pedido mais agradável, talheres e pratos dessas atividades está, intrinsecamente, ligada
para servir a refeição também são dispo- ao sucesso dessa empresa.
nibilizados como parte do serviço, sem Para se ter sucesso em um empreendimen-
contar que pode ser oferecida uma área to, questões fundamentais como a escolha cor-
reservada para as crianças brincarem. reta dos materiais a serem utilizados bem como
• Serviços facilitadores: podem ser os a adequação correta de cada produto em sua
serviços de informações sobre o serviço classificação, assim como conhecer os estágios
principal, ou seja, avisos, comunicados, pelos quais esses produtos passam no processo
documentação complementar, detalha- produtivo, são alguns dos pontos-chave impor-
mento do serviço e da fatura, bem como tantes para o bom andamento das atividades
facilidade em realizar o pagamento do da empresa.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 27

Conceito de
Estoques

Caro(a) aluno(a), depois de estudar o fluxo de materiais, você pôde


observar que existem vários processos ou caminhos pelos quais
os materiais percorrem até se tornarem produtos acabados. Entre
esses processos, acontece o recebimento de materiais (insumos).
No recebimento, sempre deverá ser feita uma conferência
do material, garantindo que ele esteja de acordo com o pedido de
compra. No caso de um restaurante, deverá ser verificado, também,
se o material está dentro das especificações de qualidade e segu-
rança, inclusive segurança sanitária.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Armazenagem
Conforme vimos, anteriormente, as quantida- enlatados, farinha, arroz e outros, e que
des recebidas devem estar de acordo com o que não necessitam de refrigeração. É neces-
foi pedido e dentro dos padrões de acondicio- sário, contudo, que o ambiente seja seco,
namento no transporte conforme as normas fresco e bem ventilado com temperatura
da vigilância sanitária. Durante o recebimento, que não ultrapasse aos 21ºC. Quanto à
o manuseio dos materiais deve ser cuidadoso, organização, o ideal é que os suprimentos
para impedir perdas decorrentes de manipula- e alimentos sejam dispostos em ordem
ção incorreta. sistemática e em prateleiras adequadas,
Cuidados devem ser tomados para identifi- agrupados pelas suas características e
car materiais danificados ou inadequados para datados, para que os primeiros a entrar
o consumo e, em seguida, uma armazenagem na estocagem sejam os primeiros a serem
adequada é outro procedimento que deverá ser usados. o ideal, também, é que sejam dis-
adotado. postos em ordem alfabética, facilitando

A armazenagem é o ponto em que as a sua localização.


operações de negócios em alimentação • Armazenamento refrigerado e con-
inspecionam os produtos e assumem a gelado: esse tipo de armazenamento é
propriedade legal e física dos itens pe-
destinado aos alimentos que necessitam
didos. O objetivo do recebimento é as-
segurar que os alimentos e suprimentos de refrigeração por serem perecíveis. É
entregues respeitem as especificações importante que após a entrega os pro-
preestabelecidas de qualidade e quanti-
dutos sejam armazenados rapidamente,
dade (PAYNE-PALACIO; THEIS, 2015,
p. 190). como exemplo, as carnes, ovos, laticí-
nios, frutas e verduras. Quanto à orga-
Ainda, segundo as autoras Payne-Palacio e Theis nização, os produtos que emitem odores
(2015), a armazenagem para produtos do ramo devem ser mantidos afastados daqueles
alimentício apresenta duas formas: armaze- que absorvem odores, o melhor é ter re-
namento seco e armazenamento refrigerado frigeradores separados para cada tipo
e congelado: de produto, uma vez que a temperatura
• Armazenamento seco: esse método ideal para conservação de verduras é di-
de armazenagem é propício para ali- ferente da temperatura para laticínios,
mentos que não são perecíveis, ou seja, por exemplo.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 29

O local de armazenagem de alimentos A definição de estoque pode ser apresentada


resfriados e congelados deve ser dotado de
“[...] como a acumulação armazenada de recur-
instrumentos que permitam controle (e
preferencialmente registro) das condições sos materiais em um sistema de transformação.
de temperatura e umidade do ar. Uma (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p.
temperatura de 22 a 26º C, com umidade 381)” ou, ainda, estoque é “[...] certa quantidade
relativa (UR) do ar entre 50 a 60% UR.
de matéria-prima ou produto acabado que ainda
[...] As várias áreas das empresas de ali- não foi consumido ou comprado/entregue ao
mentos devem ser planejadas segundo
cliente [...] (ROSA, 2012, p. 89)”.
um fluxo de produção o mais racional
possível, evitando-se cruzamentos e re-
trocessos que possam facilitar a ocor-
rência de contaminação (MADEIRA e Por que o estoque é importante?
FERRÃO, 2002, p. 172).
A questão de manter um estoque de materiais
O ideal é que as empresas trabalhem com um possui opiniões dúbias, por um lado acredita-
armazenamento reduzido ao máximo, ou seja, -se que manter estoques pode ser um custo que
um estoque mínimo. Infelizmente, é difícil ter impacta no capital da empresa, devido a alguns
essa condição, pois as empresas precisam estar riscos que decorrem do armazenamento, como
preparadas para demandas variáveis, tornando a deterioração, perdas, entre outros. Manter
o estoque necessário. um certo nível de estoque, porém, proporcio-
na determinada segurança quanto às situações
inesperadas, além de se obter os materiais por
um custo reduzido ao realizar compras em uma
quantidade elevada.
Todo e qualquer tipo de operação de produ-
ção terá uma certa quantidade materiais arma-
Na disciplina de Higiene e Segurança, zenados. Por exemplo, um hotel terá itens de
abordamos um pouco mais sobre ar-
alimentação, produtos de toalete e materiais de
mazenamento e a manipulação dos
alimentos, assim como suas formas de limpeza armazenados. Já um hospital mantém,
conservação. em seu estoque, gazes, medicamentos, instru-
mentos, materiais de limpeza e oxigênio. Já
uma distribuidora de autopeças mantém em
Gestão de Compras, Estoque e Custos

seu estoque peças e componentes para poder para atender aos mais variados gostos dos clien-
prestar assistência técnica. tes ou, ainda, algumas unidades a mais de gás
É possível perceber, que, conforme o local para se utilizar nos fogões. Imagine você ter a
analisado, alguns materiais podem ter mais produção de alimentos suspensa por falta de
importância do que outros, por exemplo: em gás em um restaurante?
uma empresa de desenvolvimento de software, Dessa forma, se faz fundamental um con-
os materiais de limpeza têm menos importância trole específico para regular do estoque, que
do que em um hospital, pois, certamente, em contribuirá tanto para a proteção dos produtos
um hospital a falta de limpeza prejudicaria a quanto para a redução dos custos. O registro de
prestação de serviços médicos. Por outro lado, controle dos materiais é um dos procedimentos
em uma empresa de software, a falta de materiais que deverá ser adotado, pois é fundamental
de limpeza não influenciaria, diretamente, na para manter o estoque de acordo com as ne-
produção. cessidades de uso.
De qualquer forma, em qualquer empresa, E, por falar em controle, uma das mais
sempre será necessário algum tipo de estoque importantes tarefas que o administrador do
em função da disponibilidade de entrega pelos estoque deve ter é o compromisso em realizar
fornecedores de matérias-primas ou por de- inventários regulares de seus estoques e de ter
mandas inesperadas, ou seja, há situações em atualizadas todas as informações apuradas,
que determinado material fica impossibilitado tanto de quantidade e validade dos produtos
de ser suprido, instantaneamente, quando é quanto de localização desses itens que estão
demandado e, por isso, há a necessidade de ser estocados. Para compreender melhor o que
estocado. significa inventário, segue a definição de Rosa
Em um restaurante, por exemplo, serão (2012, p. 134) de que o “inventário é a relação
necessários produtos para limpeza, mas em de todos os produtos que a organização guarda
uma quantidade razóavel, pois mesmo que a em seu estoque, como a matéria-prima ou as
limpeza seja um fator muito importante para peças e as partes para a produção ou os pro-
o processo produtivo, é menos imprescindível dutos acabados para venda”.
do que em um hospital em que a frequência da Para Chiavenato (2005), o estoque possui
higienização é elevada. algumas funções primordiais e, na tabela se-
Em contrapartida, no restaurante, será pre- guinte, é possível observar quais são essas
ciso ter, em estoque, diferentes tipos de bebidas funções:
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 31

Tabela 01: Principais funções do estoque


Garantir o abastecimento Demora ou atraso no fornecimento de materiais.
de materiais à empresa,
Sazonalizadade no suprimento.
neutralizando os efeitos de:
Riscos de dificuldade no fornecimento.
Proporcionar economias Por meio da compra ou produção de lotes econômicos.
de escala:
Pela flexibilidade do processo produtivo.
Pela rapidez e eficiência no atendimento às necessidades.
Fonte: adaptado de Chiavenato (2005, p. 68).

Tipos de estoque
Para que não tenhamos desequilíbrios em em- normal e a demanda que possa ser ex-
presas comerciais, no processo de compra e cedente em casos que não seja possível
venda de mercadorias ou, ainda, no processo ressuprimento ágil.
de produção em empresas industriais, o estoque Em outras palavras, o estoque de prote-
bem planejado é uma etapa fundamental para o ção tem como função proteger a produ-
processo, tanto de produção quanto de comer- ção ou o sistema produtivo diante das
cialização. Sendo assim, de acordo com Slack, variações da demanda e do tempo de
Chambers e Johnston (2002), alguns tipos de reposição no decorrer do tempo. Para o
estoque são necessários: cálculo do estoque de proteção, a fórmula
• Estoque de proteção: esse tipo de es- da figura 3 pode ser uma opção.
toque também é chamado de estoque Supondo que a intenção é reduzir os
isolador ou estoque de segurança, sendo efeitos de variações dentro de um perí-
caracterizado por compensar a impre- odo equivalente a um mês, para que isso
cisão decorrente do fornecimento de seja possível, é necessário determinar
materiais e da demanda de produtos. uma reserva de estoque que propicie o
Um exemplo clássico é o supermercado equilíbrio, tanto dos custos de capital
ou varejo, locais de difícil previsão exata referentes às faltas em estoque, quanto
da quantidade a ser demandada de de- dos custos referentes à maior estocagem
terminado bem e, por proteção, é feito de materiais.
um estoque com intuito de manter uma Rosa (2012) nos dá uma fórmula prática
quantidade suficiente, preferencialmen- para o cálculo do estoque de proteção,
te, superior à média contabilizada, de partindo de uma demanda variável com
tal forma que possa suprir a demanda um intervalo de reabastecimento fixo.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

ES = Intervalo reabastecimento O termo Lead Time significa o período entre


médio x Demanda Média o início e o término de uma atividade, seja ela
Dias úteis
produtiva ou não. Ou seja, é o tempo que de-
Figura 3: Fórmula para cálculo do Estoque de Proteção
ou Segurança. Fonte: adaptado Rosa (2012, p. 96).
corre entre a entrada do material e a saída do
produto ou serviço acabado.
• Estoque de ciclo: esse tipo de estoque Segundo Endeavor Brasil (2016), Lead Time
ocorre em empresas que trabalham com de reposição é fundamental para a avaliação do
a produção de diversos tipos de produtos nível dos estoques, sendo assim, quanto mais
ou em casos em que a produção passe por elevado for o Lead Time, maior será o estoque
vários estágios. Por exemplo, uma empre- de ciclo ou demanda média diária.
sa fabrica quatro tipos de produtos, mas Em suma, o Lead Time compreende todas
não os pode produzir simultaneamente, as etapas que ocorrem desde a realização do
no entanto, as vendas de ambos podem pedido até o momento da entrega dos materiais
ocorrer conjuntamente. Nesse caso, a na empresa, ou seja, é a medida de tempo gasto
empresa fará uma divisão na sua produ- no processo produtivo em que se transformam
ção, separando em distintos momentos a matérias-primas em produtos acabados.
produção de cada tipo de produto separa- • Estoque de antecipação: é, também, co-
damente, por isso é chamado de estoque nhecido como estoque sazonal, utilizado
de ciclo, pois sempre haverá um estoque quando a produção de uma empresa é
que deverá compensar o fornecimento antecipada para suprir uma demanda
irregular de algum produto. Para ser pos- futura e previsível. Esse tipo de armaze-
sível calcular a estimativa do Estoque de nagem acontece, geralmente, em função
Ciclo, é utilizada a fórmula abaixo que de sazonalidade ou em situações em que
apresenta o consumo regular de deter- o fornecimento é inconstante e signifi-
minado produto durante o período de cativo, comumente ocorridas em setores
ressuprimento. alimentícios. Por exemplo, a produção
dos ovos de Páscoa é bem antecipada,
garantindo atender a demanda que está
EC = Demanda Média Diária x por vir.
Lead Time Médio de Reposição em dias
Esse modelo de estoque, também, é
utilizado em produções que são in-
Figura 4: Fórmula para cálculo de Estoque de Ciclo
Fonte: adaptado de Seibel (2016, p. 5, online). fluenciadas por safras produtivas. Na
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 33

indústria de enlatados, a produção de Normalmente, ocorre devido à limitação


alguns tipos de enlatados aumenta ou de espaço físico ou por recursos finan-
diminui conforme o desempenho da ceiros reduzidos.
safra produzida. Segundo Santos (2012), o estoque
• Estoques no canal de distribuição: esse máximo é a maior quantidade possível de
modelo ocorre quando há dificuldade materiais a ser armazenada no estoque,
em se realizar o transporte de material sendo suficiente para o consumo. No
instantaneamente entre o fornecedor e o cálculo do estoque máximo, é possível
consumidor. Também chamado de esto- utilizar a fórmula seguinte, ressaltando
que em trânsito, trata-se de um depósito que o estoque máximo é composto pelas
transitório entre produtor e comprador. variáveis Consumo e Intervalo de tempo
Por exemplo, mercadorias que se encon- de aquisição:
tram, temporariamente, em um atacado
para serem entregues ao varejo, essa situ-
ação caracteriza-se como um estoque no EM = Estoque mínimo +
canal de distribuição. Outro exemplo é Cosumo médio mensal x Intervalo
de aquisição
um fabricante de autopeças que encami-
nha sua produção para os distribuidores
Figura 5: Fórmula para cálculo do estoque máximo
regionais, que, posteriormente, irão re- Fonte: adaptado de Santos (2012, p. 131).

passar para os distribuidores locais que


negociarão com as concessionárias, para, • Estoque Mínimo: assim como no
assim, o produto ser oferecido para os Estoque Máximo, a empresa também
clientes finais. possui uma quantidade de estoque sufi-
• Estoque de contingência: esse modelo ciente para cobrir o estoque de proteção,
é caracterizado quando as empresas ar- assim como a demanda prevista para o
mazenam materiais para se precaverem período analisado. O estoque serve de
de possíveis falhas que possam ocorrer base para serem realizados os pedidos
no sistema de controle. de ressuprimento (Santos, 2012). Para
• Estoque Máximo: é o termo utilizado o cálculo do Estoque Mínimo, é funda-
para definir uma quantidade estipula- mental levar em consideração o estoque
da e estocada de determinados mate- de proteção, tempo para entrega e o con-
riais que irão impedir novas compras. sumo diário.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Classificação de estoque
O eficaz controle de estoque terá resultado no também, aumento de preços pela falta de maté-
sucesso da empresa ou negócio, uma vez que, ria-prima para utilização no processo produtivo.
um grande acúmulo de estoque poderá repre- Segundo Chiavenato (2005), o estoque é com-
sentar um custo elevado além de um recurso posto por matérias-primas, materiais em pro-
financeiro que não está sendo bem aplicado. cessamento, materiais semiacabados, materiais
Por outro lado, um estoque muito reduzido acabados e produtos acabados que são necessá-
poderá representar falta de materiais para a pro- rios para uso na produção de outros produtos
dução, reduzindo a lucratividade, podendo gerar, e serviços.

Tabela 02: Classificação dos estoques


Estoque de matérias-primas São os insumos e os materiais básicos iniciais utilizados na
produção de outros e serviços. A empresa é dependente
destes materiais que em sua maioria são adquiridas de
fornecedores externos e estocados em almoxarifados.
Estoque de materiais São os materiais em processo de produção ou que estão por
em processamento serem processados nas etapas de processo de produção. Não são
mais considerados materiais iniciais por não estarem mais no
almoxarifado nem são ainda produtos acabados. Estes materiais
encontram-se em alguma das etapas do processo produtivo.
Estoque de materiais São os materiais que estão parcialmente acabados e por isso
Semiacabados encontram-se em um estágio mais avançado que os materiais em
processamento devido a faltarem apenas alguns acabamentos para
tornarem-se materiais acabados ou mesmo produto acabado.
Estoque de materiais São os materiais denominados componentes ou peças isoladas que
acabados estão prontos para serem anexados ao produto acabado. Em outras
palavras, estes materiais juntos constituirão o produto acabado.
Estoque de Produtos São produtos já finalizados que passaram por todas
acabados as etapas anteriores no processo de produção.
Fonte: Chiavenato (2005, p. 69-71).

O estoque de ciclo de produção refere-se


Ainda, é possível que se classifique os estoques ao estoque necessário de suprimentos
de acordo com o papel exercido na empresa. para atender à demanda de produção em
razão do lote de produção e do volume
O estoque de trabalho refere-se ao que
de produção que a organização está tra-
está disponível nos depósitos de distri-
buição para atender à demanda real que balhando (ROSA, 2012, p. 95).
a organização possui e tem de entregar
para os seus consumidores. Até esse momento, foi possível compreender
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 35

a importância, para a empresa, a respeito do


armazenamento adequado de materiais e,
consequentemente, da formação de estoques
devidamente gerenciada, considerando-se as
características peculiares de cada tipo de ma-
terial adquirido para o processo produtivo.
Aprendemos, também, sobre os diferentes
tipos de estoques e em que circunstância um ou
outro tipo será mais adequado para o sistema
de produção que a empresa possui. Lembre-se
de que os estoques são classificados de acordo
com as etapas pelas quais passam dentro do
processo produtivo.
Para que esses estoques tenham o armaze-
namento e saída favoráveis à produção e lucra-
tividade da empresa, será necessário entender
como planejar e controlar esses estoques, a
fim de obter o melhor desempenho possível
da gestão.

Alguns produtos sofrem variações expres-


sivas de valor e, assim, produtores podem
formar estoque especulando um ganho
maior com o aumento do produto [...].

Fonte: Rosa (2012, p. 92).


Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 37

Planejamento e
Controle de Estoques

O estoque, como já vimos, é uma das estratégias mais importantes


da empresa, por manter disponíveis ao uso alguns tipos de mate-
riais necessários à produção.
Por meio dessa estratégia, a empresa pode obter vantagens
competitivas se dispor ao seu cliente, em tempo reduzido, o pro-
duto que o consumidor deseja, deixando seus concorrentes em
desvantagem. Os clientes, pela prontidão no atendimento, não
hesitarão em pagar um pouco a mais para ter essa agilidade.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Essa estratégia só é possivel com o planejamento tem uma previsão estipulada, mas existe uma
e o controle de estoques, muito utilizados em frequente variação nos pedidos. Sendo assim,
empresas que trabalham com uma quantidade além dos materiais e/ou produtos estarem esto-
significativa de produtos diferenciados. cados, uma pré-preparação deverá ser realizada
No caso de uma pizzaria, por exemplo, é a fim de agilizar a entrega do produto ao cliente.
necessário ter em estoque os produtos de seu De acordo com Tubino (200, p. 41), os es-
cardápio, uma vez que a demanda de sabores toques têm funções principais, a saber:

Figura 6: Principais funções do estoque


Fonte: adaptado de Tubino(2007, p. 41).

Como vimos, os estoques têm funções prin- seguintes questionamentos: por que é ne-
cipais que visam facilitar para a empresa e, cessário manter estoques e em que quantida-
consequente, para a gerência, ou seja, uma de? O que causa o desequilíbrio nos estoques
adequada gestão dos materiais armazenados. que são mantidos nas empresas e como esses
Segundo Filho (2006), os problemas desequilíbrios se originam? E como traba-
enfrentados pelas empresas, no que tange lhar para conseguir manter o equilíbrio dos
a gestão dos estoques, estão ligados aos estoques?
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 39

Sabemos, que, enquanto a produção se baixos é que o estoque representa um investi-


mantém focada em operações internas de mento monetário temporário (KRAJEWSLI;
acordo com a demanda externa e as limitações RITZMAN; MALHOTRA, 2009, p. 385)”.
internas; a gestão dos estoques tem a função de Há, contudo, alguns custos relacionados
minimizar os atritos dessa relação, equilibrando à manutenção dos estoques que resultam do
a demanda externa com as limitações internas armazenamento de produtos por determinado
de forma que a empresa consiga adquirir um período de tempo, sendo proporcional à média
equilíbrio que a favoreça financeiramente. da quantidade de mercadorias que estão dispo-
A partir desse entendimento, o que significa níveis. Segundo os autores supracitados, estes
planejar e controlar a produção e os estoques? custos são:
Significa garantir que as funções desenvolvidas • Custo de capital: é, também, chamado
para coordenar todo o processo da produção de custo de oportunidade em que o di-
mantenha os produtos produzidos nas quanti- nheiro investido em estoques poderia ser
dades certas e prazos certos e, para tanto, deverá utilizado para uma outra finalidade, ou
obter informações de todas as áreas da empresa seja, é o dinheiro que fica imobilizado no
como vendas, compras, atendimento ao cliente, armazenamento desses produtos.
produção e outras (SEVERO FILHO, 2006). Por representar um ativo na empresa,
aconselha-se a utilização de mecanismos
Custos de estoques que avaliem as condições desse custo,
O gerenciamento de estoques vai exigir que o ge- sendo que o custo de capital é respon-
rente responsável obtenha informações referen- sável por aproximadamente 15% dos
tes à demanda prevista, à quantidade disponível gastos com armazenamento e 80% dos
no estoque juntamente de pedidos já realizados custos totais do estoque.
de acordo com a necessidade da empresa. Além Uma opção para avaliar as condições de
disso, deverá ter a capacidade de prover um su- investimento do estoque, como um ativo
primento capaz de atender as prioridades da da empresa, é o “Custo do Capital Médio
empresa com qualidade e baixos custos. Ponderado” que representa a média do
Segundo os autores Krajewski, Ritzman e retorno desejado sobre o valor das ações
Malhotra (2009), há pressões para manter os e taxa de juros da dívida da empresa, utili-
estoques baixos ou altos e o gerente deverá saber zando-se da ponderação pela proporção de
as vantagens ou desvantagens de manter um ou patrimônio líquido e dívida em sua cartei-
outro. “A razão principal para manter estoques ra, calculado, preferencialmente, ao ano.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Trata-se, portanto, de uma combinação • Custo de encargos e seguros: os custos


de ativos de curto e de longo prazos, uma relacionados aos encargos estão relacio-
vez que, alguns estoques se destinam a nados à depreciação dos bens que são
suprimentos sazonais e outros são des- aplicados na produção, como máquinas
tinados a suprimentos futuros de longo e equipamentos. Os custos também se
prazo. Sendo assim, são considerados os relacionam aos encargos sociais e finan-
custos mais intangíveis e subjetivos da ceiros ligados, diretamente, à manuten-
empresa devido as suas características ção do estoque. O aumento de encargos
tão particulares. ocorre quando são aumentados os custos
• Custo de armazenamento: conhecido, para armazenagem dos estoques. O valor
também, como custo de posse, é repre- do seguro, tanto das mercadorias, espaço
sentado pela soma do custo de capital físico e máquinas ou equipamentos, será
com outros custos variáveis responsá- maior ou menor a depender das condi-
veis pela manutenção do estoque. Entre ções do produto armazenado e do local
esses custos variáveis, podemos citar os onde é mantido. Algumas situações pas-
custos de armazenamento, de manuseio, síveis da cobertura de seguro são garan-
de seguro, de perdas entre outros. tias que se relacionam aos incêndios, às
Estudos demonstram que para manter tempestades e às perdas por roubo.
um item no estoque, seu custo de ma- • Custo de perdas: essa modalidade de
nutenção varia entre 15% a 35% de seu custo apresenta até três formas:
valor anual e ocorre mais precisamente • Furto ou roubo: representa um per-
quando a empresa aluga espaço para a centual elevado no valor das vendas
armazenagem, sendo que o custo pode- que deixam de ocorrer por apropiação
ria ser aplicado em outras áreas. indébita, isso pode acontecer tanto
Entre esses custos, ainda se encontram por funcionários quanto por clientes.
os custos operacionais relacionados ao • Obsolescência: esse custo é caracteri-
espaço de armazenamento dos materiais, zado por materiais que estão armaze-
que podem ser custos de iluminação, refri- nados e não podem ser vendidos pelo
geração, calefação, equipamentos e outros. seu valor total ou, ainda, não poderá
Vale lembrar, que, para mercadorias que ser usado, devido às modificações ou
estão em trânsito, esses custos não serão modernizações ou por uma demanda,
considerados por serem irrelevantes. excessivamente, baixa desse produto.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 41

Entre os custos, a obsolescência re- • Custos de falta de estoque: esse tipos


presenta um gasto significativo para a de custos, segundo Balou (2006), se
empresa. Um mercado que sofre muito caracterizam pelo fato de um pedido
com o custo de obsolescência é o de encomendado não poder ser atendido
calçados. As mudanças de estilo entre pelo fornecedor, dificultando a disponi-
as estações e suas coleções sempre mais bilidade de materiais, produtos ou bens
modernas, acabam deixando alguns no estoque.
itens ultrapassados. Uma das estraté- • Custos de vendas perdidas: ocasionado
gias utilizadas para reduzir esse custo pela falta de estoque, esse tipo de custo
de obsolescência são as promoções que acontece quando o cliente desiste do
aumentam a venda do produto. pedido de compra e, por consequência,
• Deterioração: esse custo se refere aos a empresa deixa de lucrar.
produtos que estragaram ou tiveram • Custos de pedidos atrasados: esses tipos
danos físicos, por exemplo, comidas de custos ocorrem quando o cliente não
e bebidas quando atingem sua data desiste da compra apenas a adia, ou seja,
de validade são descartadas e acabam retarda seu recebimento. Esse custo se
representando custos às empresas, por baseia, principalmente, em questões
isso não é aconselhável a formação de operacionais, entre elas, o transporte
grandes estoques de bens propícios à não programado e utilização de canal
deterioração. de distribuição distinto daquele adota-
do regularmente, fatores que geram um
Os custos de roubos, obsolescência e deterio- custo extra para a empresa.
ração são considerados custos de risco de esto-
cagem e caracterizam-se por apresentar perda Os dois custos acima, vendas perdidas e pedidos
direta de valor nos produtos. atrasados, podem impactar ainda nas vendas
• Custos de impostos: são calculados futuras não realizadas, pois o cliente estará pro-
com base no nível de estoque na data penso para substituir seu produto por outros
utilizada para análise. O custo referen- materiais substitutos, o que pode levá-lo a ad-
te aos impostos não representa parcela quirir produtos em outras empresas.
significativa no montante dos custos de Trazendo-se novamente as definições de
armazenagem de estoques, contudo, im- Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), gerar
pactam na formação do lucro. estoques também ocasiona aceleração e melhora
Gestão de Compras, Estoque e Custos

da pontualidade na entrega de bens e serviços Em contrapartida, uma quantidade exces-


por parte da empresa, devido à redução das siva de produção irá necessitar de grandes
faltas e pedidos em espera. quantidades de materiais em estoque au-
É importante, contudo, que você saiba que mentando outros custos.
ao decidir manter uma quantidade significativa • Custo de mão de obra e equipamen-
de produtos no estoque, a manutenção desse tos: para a utilização adequada da mão
estoque mais elevado gera outros custos que são: de obra e dos equipamentos, a gerência
• Custo do pedido: esse tipo de custo poderá manter estoques, a fim de reduzir
acontece sempre que a empresa realiza o retrabalho na preparação de pedidos de
um novo pedido de compra para um for- produção que não ocorreram devido à
necedor ou um novo pedido de produção falta de materiais em estoque, ou seja, já
para a fábrica. O responsável por realizar vimos que existem custos na preperação
os pedidos de compra deverá selecionar o de pedidos, tanto de compras ao forne-
que pedir, decidir qual será o fornecedor cedor quanto de solicitação da produção,
e negociar as condições de pagamento. sendo assim, manter em estoque mate-
Esses procedimentos, incluindo o tempo riais para dar andamento à produção não
gasto na preparação dos pedidos, devem gerará o custo de fazer novos pedidos.
ser caracterizados como custo de pedido. Também poderá ser programada a uti-
• Custo de setup: é o custo decorrente da lização do estoque para demandas sazo-
preparação ou ajuste de uma máquina nais, quando já será possível trabalhar
para a produção de outro produto, ou seja, com os estoques formados ou quando
quando paramos a produção de um produ- a produção atual estiver em baixa. Para
to e precisamos que a mesma máquina pro- tanto, utiliza-se do estoque e do tempo
duza outro produto distinto. É levado em que sobra para a fabricação dos produtos
consideração todo o dispêndio de tempo de demandas futuras.
e serviço para a preparação da máquina, • Dessa forma, aproveitando o estoque
incluindo a limpeza de ferramentas uti- formado e a mão de obra disponível,
lizadas no preparo. Para a redução desse será possível diminuir gastos com horas
custo, não é aconselhável que seja efetuada extras nos períodos de pico de produção
a preparação para a produção de pequenos e, em períodos de baixa produção, esse
lotes, pois, considerando os custos envol- aproveitamento dificultará a existência
vidos no preparo, o retorno será mínimo. de demissões ou ociosidade na empresa.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 43

Poucos gerentes têm consciência dos


custos resultantes dos elevados estoques.

Fonte:FILHO
Fonte: SEVERO Filho (2006, p. 67).

Assim, em períodos de produção alta, custos de transportes:


não será necessária a aquisição de novos • Custos Fixos: são aqueles aplicados
equipamentos, pois parte da produção já à manutenção e depreciação dos pro-
foi confeccionada no decorrer de perío- dutos, ou seja, seguro do veículo e da
dos anteriores. carga, impostos, seguro obrigatório e
• Custo de transporte: trata-se, aqui, dos outros, que não variam com a distância
custos referentes à logística, os quais percorrida.
devem causar o mínimo de impacto • Custos Variáveis: referem-se a com-
possível nos lucros da empresa, ou seja, bustível, pneus, pedágios e outros que
é necessária uma política que trate a lo- variam de acordo com a distância e o
gística dos materiais de forma que os caminho percorridos.
custos sejam os menores possíveis. • Custos Diretos: são todos os custos
Entre os fatores que influenciam no aplicados, diretamente, na atividade,
custo de transporte, têm-se o estoque, como o pagamento ao motorista.
a armazenagem, o tipo de transporte, • Custos Indiretos: referem-se à admi-
propriamente, dito e as quantidades de nistração do processo e não se aplicam,
pedidos efetuadas. Configura-se como diretamente, na atividade.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

SEVERO FILHO (2006) apresenta uma síntese,


pois os custos citados acima não aparecem, clara-
mente, nas demonstrações contábeis e financei-
ras da empresa, ou seja, não são minuciosamente
detalhados no Plano de Contas ou Demonstrativo O plano de contas é o detalhamento de
do Resultado do Exercício, e o resultado final é contas contábeis da escrituração financeira
desperdício, pois, muitas vezes, ocorrem situa- da empresa.
O demonstrativo do resultado do exercício
ções em que na dúvida por não haver controle
é um relatório que apresenta, de forma
preciso dos estoques, são adquiridos mais produ- sintética, as atividades operacionais e não
tos do que o necessário e viável, representando operacionais da empresa.

custos sobre esses estoques que variam entre 30%


e 50% do valor médio dos estoques.

Tabela 3: Custos anuais de estocagem


Itens de custo Custos anuais de estocagem
Custos financeiros do dinheiro imobilizado 20% a 30%
Custos de aramazenagem (espaço, pessoal, energia etc.) 5% a 10%
Obsolescência, materiais estragados e perdidos 5% a 10%
Custos totais de estocagem 30% a 50%
Fonte: Filho (2006, p. 67).

Avaliação de materiais

Os materiais adquiridos pelas empresas pos- • Preço de Compra: é o valor do produto


suem tipos de preços que deverão ser tratados, apresentado na nota fiscal de entrada.
cuidadosamente, pois assim como represen- Trata-se do preço sem os custos perten-
tam o lucro da empresa, também representam centes a esse produto, contudo, serve de
uma quantidade correspondente de impostos base para o cálculo dos demais preços.
a serem pagos. Conforme detalha Costa (2013) • Preço de Custo: refere-se ao preço de
esses preços são: compra constante na nota fiscal de entrada
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 45

Quando a empresa compra mercadorias


somado dos custos diretos desse mate- para revender ou matéria-prima para a
rial. Entre os custos do material estão: o fabricação de um produto, é comum o
Imposto Sobre Produtos Industrializados destaque do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) e/ ou
- IPI, o frete e outros encargos. Imposto sobre Produtos Industrializados
• Preço de venda: O preço de venda é (IPI) nas notas fiscais. Estes impostos,
aquele correspondente ao preço de custo dependendo da situação, poderão ser
recuperáveis ou não.
total somado à sua margem de lucro.
O imposto é denominado de recuperável,
quando o seu valor pago em uma opera-
ção é compensado numa outra operação.
Para tanto, ele precisará incidir na entra-
Preço de Custo Total = Preço de Compra da da mercadoria ou da matéria-prima e
+ IPI + Frete + Encargos - ICMS também na saída da mercadoria ou do
produto. Se o imposto não é recuperá-
vel, ele irá integrar o custo de aquisição
Figura 7: Cálculo de preço de custo total para em-
presas comerciais. Fonte: Costa (2013, p. 124). (ARAÚJO; CABRAL, p. 4-5, online).

Com relação ao preço de venda, Costa (2013)


Preço de Custo Total = Preço de Compra nos diz que existem diferentes tipos, por exem-
- IPI + Frete + Encargos - ICMS
plo, preço de venda à vista, preço de venda a
prazo, venda no varejo, no atacado, entre outros.
Figura 8: Cálculo de preço de custo total para em-
presas industriais. Fonte: Costa (2013, p. 124). E, assim, também nos fornece a fórmula para o
cálculo do preço de venda.
Em outras palavras, o preço de custo total do
produto pode ser calculado por meio das seguin-
tes variáveis: são somados os valores do produto Preço de Venda = Preço de Custo
Total + Margem de Lucro
+ valor do frete + valor do seguro (caso tenha)
+ gastos alfandegários para produtos impor-
Figura 9: Cálculo do preço de venda
tados + outras despesas incluídas na compra, Fonte: Costa (2013, p. 125).

(caso tenha) + impostos sobre a compra não


recuperáveis diminuídos dos impostos sobre a Segundo a definição de Endeavor Brasil (2015),
compra recuperáveis - descontos na nota fiscal, a margem de lucro se caracteriza como a por-
quando houver. centagem de lucro que a empresa terá sobre
Gestão de Compras, Estoque e Custos

suas vendas, sendo um dos principais fatores o de avaliação dos custos dos materiais. São 3 os
fato de empresário conhecer para poder colocar principais métodos utilizados:
preço em seus produtos ou serviços. • Custo médio: segundo Costa (2013),
Vale lembrar que lucro e margem de lucro, esse é o primeiro dos métodos utiliza-
de acordo com a Endeavor Brasil (2015, online) dos para realizar a avaliação do estoque.
são coisas distintas, uma vez que o lucro é o Neste método é utilizado o cálculo entre
valor total que a empresa ganha em cada venda o valor do saldo em estoque do material
depois de pagos todos os valores (custos) envol- e seu saldo físico. Essa avaliação é a mais
vidos na produção desse bem ou serviço, bem adequada para apuração dos estoques ao
como as despesas de comercialização. preço de custo.
Sendo assim, em um restaurante, um prato • PEPS (Primeiro a entrar, primeiro a
de determinada refeição vendida a R$ 30,00, sair): esse outro método avalia os esto-
que teve um custo total de R$ 15,00, gerará um ques de acordo com as baixas que eles
lucro de R$ 15,00. sofrem e de acordo com o valor das uni-
Já a margem de lucro é o valor recebido pela dades mais antigas até as mais recentes,
empresa e que está embutido no preço, ou seja, deixando o saldo do estoque mais valo-
é a porcentagem a mais que a empresa coloca rizado e de acordo com o preço de custo
em seus produtos para serem vendidos. mais atual.
Para calcular a margem de lucro, utilize a • UEPS (Último que entra, primeiro
seguinte fórmula: que sai): é o inverso do PEPS, pois esse
método de cálculo é feito de acordo com
as baixas do estoque pelo valor dos ma-
Margem de Lucro= Lucro x 100 teriais mais recentes até os mais antigos
Receita
e, dessa forma, o estoque ficará valoriza-
do pelo preço de custo da unidade mais
Figura 10: Cálculo da margem de lucro
Fonte: Endeavor Brasil (2015, online). antiga.

Avaliação de estoques Na unidade 3, trataremos de outros custos que


Da mesma forma que a avaliação de materiais também são importantes para a administração
é importante, avaliar os estoques também é es- de materiais e estoques, incluindo a administra-
sencial e deverá receber sua parcela de atenção. ção de compras, assunto a ser tratado em nossa
Sendo assim, podemos nos utilizar dos métodos próxima unidade.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 47

considerações finais
M
uito bem, aluno(a), encerramos a nossa primeira unidade.
Estudamos aspectos importantes para a Administração de
Materiais e de Estoques e, também, como é importante a gestão
correta dos materiais na empresa e que as atividades, como a
aquisição, o transporte, a manutenção, e o armazenamento de materiais, além
dos custos que envolvem todas essas ações, sejam adequadas ao processo
produtivo.
Aprendemos sobre a classificação dos materiais a serem representados,
os processos que racionalizam e controlam os estoques e, assim, garantam
agilidade no fluxo sem desperdício de tempo e recursos financeiros, além
de compreender quais materiais se encaixam no fluxo de materiais, sendo
todos os estágios de transformação dos materiais no processo produtivo até
se tornarem um produto final disponível no mercado.
Abordamos, também, sobre armazenagem de materiais. Possibilitando
o entendimento dos tipos de armazenamento aos quais os materiais devem
ser submetidos pensando sempre em manter suas características inalteradas.
Juntamente a isso, compreendemos como o processo de armazenagem
e estocagem influencia nos custos da empresa. E, para preservar a saúde
financeira do negócio, aprendemos, também, sobre os tipos de estoques e
quais são as circunstâncias mais adequadas para manter um ou outro tipo
com base em cálculos simplificados, porém de resultados precisos e que o
ajudarão a trabalhar sua gestão de forma mais segura possível com a ajuda
de um elaborado planejamento e controle de seus estoques. Isso fará com
que você, aluno(a), analise os preços de custos e margem de lucro que sua
administração está trazendo para a sua empresa.
Na próxima unidade, estudaremos a segunda parte desse processo que
tratará da administração de compras da empresa em que você aprenderá
sobre a importância de uma gestão adequada em compras que gere reflexos,
inclusive, na lucratividade de seus negócios.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

atividades de estudo

1. Administrar recursos materiais baseia-se em alguns procedimentos básicos, por exemplo,


o que deverá ser comprado, como e quando realizar a compra, de qual fornecedor, qual o
preço pagar por esses materiais e em qual quantidade efetuar essa compra. Tão importante
quanto essas atividades, é saber classificar os materiais adquiridos, sendo assim, no que
consiste a classificação dos materiais?
a. Visa estabelecer procedimentos para racionalizar e controlar o estoque, permitindo a ob-
tenção de informações para o gerenciamento dos insumos e a racionalização das rotinas
operacionais.
b. Consiste em, apenas, separar os materiais de acordo com suas características, entre elas,
o tamanho, o peso e a data de validade.
c. Tem a função de destinar os materiais para a produção no momento exato e em quanti-
dades solicitadas.
d. Classificar materiais é a atividade de evitar o desperdício de matérias-primas durante o
transporte e o processo produtivo.
e. Não há uma definição exata do que seja a classificação de materiais, apenas se referindo a
separação aleatória de produtos

2. Segundo Teixeira (2010), algumas formas de classificação são indispensáveis e, dentre elas,
temos a classificação por tipo de demanda, por materiais críticos e por materiais obsoletos
e inservíveis. De acordo com o estudo na unidade 1, marque a alternativa correta.
I. A classificação quanto ao tipo de demanda está subdividida em material de estoque, que
são aqueles disponíveis para a produção e são de fácil reposição, e os materiais de não
estoque são aqueles de demanda imprevisível e de reposição por encomenda.
II. Os materiais críticos são aqueles que dependem de um único fornecedor, que têm es-
cassez no mercado por ser difícil de produzir ou ter um valor elevado, ter alto custo de
armazenagem, dificuldade de transporte ou, ainda, por ser perecível.
III. Os materiais obsoletos são aqueles não mantidos em estoque por serem materiais
específicos para reposição de máquinas e equipamentos.
IV. Os materiais inservíveis se caracterizam como antigos e ultrapassados, que não têm
utilidade por estarem deteriorados, mas que ainda podem ser vendidos no mercado.

Assinale a alternativa correta:


GASTRONOMIA • UNICESUMAR 49

atividades de estudo
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

3. A classificação dos materiais, também, pode ser feita a partir de sua modificação ou do
seu fluxo, que são os caminhos pelos quais os produtos passam durante os processos da
produção. De acordo com esse fluxo, marque a alternativa correta:
a. Materiais semiacabados são aqueles materiais que se encontram em processamento ou
que estão prestes a serem processados, pois já estão fora do almoxarifado ou depósito.
b. Materiais em processamento são aqueles cujo processo está mais avançado que os mate-
riais semiacabados, ou seja, são materiais em processo de acabamento ou, parcialmente,
acabados e prontos a serem anexados ao produto final.
c. Materiais acabados são aqueles que se caracterizam pelos insumos ou materiais básicos
necessários à produção.
d. Matérias-primas são os materiais já terminados que serão anexados ao produto e, quando
anexados, formam o produto acabado.
e. Produtos acabados são os produtos já terminados nos quais foi completado o processamento
e se caracterizam pela fase final do processo.

4. A eficiência do fluxo de materiais é importante por muitas razões, dentre elas, para a entrega
do produto ao cliente no momento certo, quantidade e preço combinado. Além disso, é
fundamental para a redução dos custos totais da produção. O cuidado com o planejamento
do suprimento de materiais deve ser tomado desde a compra das matérias-primas até a
entrega do produto ou serviço final. Quanto ao fluxo de materiais, assinale Verdadeiro
(V) ou Falso (F):
( ) O fluxo de materiais representa a movimentação dos materiais envolvendo todas as
entradas e saídas de materiais em uma empresa, assim como a acumulação de estoques.
( ) A função do fluxo de materiais é padronizar as informações dos itens, identificando-os,
de forma clara e objetiva, de acordo com suas características, por exemplo, temos
macarrão instantâneo, macarrão sêmola, macarrão sem glúten e assim por diante.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

atividades de estudo

( ) Quando as matérias-primas são repostas constantemente e a armazenagem ocorre de


acordo com as limitações de tempo e de espaço, com procedimentos de segurança e
de controle de armazenagem, além da utilização e distribuição que reduzam os custos
da empresa, consideramos esse processo um fluxo de materiais eficaz.
( ) No fluxo de materiais, se percebe os diversos caminhos pelos quais os materiais
passam, em que são transformados, adaptados, alterados, modificando-se no decor-
rer desse percurso, passando de matéria-prima para materiais em processamento,
depois, para materiais semiacabados para serem transformados em um ou mais
produtos.

5. Dentro de uma empresa, os estoques desempenham função muito importante, agindo como
regulador para o abastecimento da produção, por outro lado, também, são o diferencial
diante da concorrência, impulsionando as vendas; atendendo às necessidades dos clientes
e evitando esperas indesejadas. Diante desse contexto, assinale a alternativa correta
a. Entre as funções principais do estoque está a garantia do abastecimento de materiais,
neutralizando os efeitos de investimentos em ações e debêntures da empresa.
b. Uma das funções principais do estoque é proporcionar economia de escala por meio da
compra ou produção de lotes econômicos.
c. Apesar de o estoque ser importante para a empresa, não possui funções principais relevantes.
d. Não é função do estoque proporcionar economias de escala por meio da rapidez e eficiência
no atendimento às necessidades.
e. Entre as funções principais do estoque não está presente a garantia de abastecimento de
materiais para evitar dificuldade de compra em períodos de sazonalidade.

6. Conhecer e entender sobre os tipos de estoque de uma empresa é fundamental para o


gestor que trabalha com produtos. O tipo de estoque ideal evita que a empresa tenha de-
sequilíbrios nos processos de compra e venda de materiais para a produção.Diante dessa
afirmação, marque Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas alternativas abaixo.
( ) O estoque de proteção ou de segurança ocorre em empresas que trabalham com a
produção de diversos tipos de produtos ou em casos em que a produção passa por
vários estágios, situação em que os produtos diferentes não podem ser produzidos
simultaneamente.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 51

atividades de estudo
( ) O estoque por antecipação ou sazonal ocorre quando há a dificuldade de realizar o
transporte do material, instantaneamente, entre o fornecedor e o consumidor, ou
seja, é um estoque que, ainda, está indisponível ao consumidor.
( ) O estoque de segurança é utilizado para compensar a imprecisão decorrente do for-
necimento de materiais e da demanda de produtos e tem como função proteger a
produção ou o sistema produtivo diante das variações da demanda e do tempo de
reposição no decorrer do tempo.
( ) O estoque de ciclo ocorre em empresas que trabalham com a produção de diversos
tipos de produtos, por exemplo, uma empresa que fabrica quatro tipos de produtos,
mas que não os pode produzir, simultaneamente, porém as vendas de ambos podem
ocorrer conjuntamente.
( ) O estoque de antecipação, também chamado de estoque sazonal, é formado pela
antecipação da produção pela empresa para suprir um demanda futura previsível e,
geralmente, ocorre em função de demandas sazonais ou em situações em que o for-
necimento é inconstante e significativo.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

leitura complementar

Caro(a) aluno(a), a seguir, disponibilizamos para você uma ótima leitura que comple-
tará o seu conhecimento. O artigo trata da relação com a Administração de Materiais
e Estoques. Aproveite essa oportunidade de conhecer conceitos novos e rever alguns
que você já estudou.

Administração de materiais
Controlar o consumo das matérias primas para que a previsão de gasto seja cum-
prida. Estoques são mantidos para que a produção não tenha seu ciclo produtivo
interrompido.

• A Administração de Materiais não se relaciona, exclusivamente, com o controle de


estoques, mas envolve um amplo campo de relações interdependentes materiais e
financeira e que precisam ser bem administradas para reduzir custos e evitar des-
perdícios, alavancando os resultados da empresa como um todo.
• A administração de materiais consiste em vários processos, identificação e sele-
ção de fornecedores, levantamento de demanda, encaminhamento de pedidos/
ordens de compras aos fornecedores, follow-up (acompanhamento dos pedidos
junto aos fornecedores), recebimento dos materiais, inspeção das características
técnicas e se estão em conformidade, armazenamento e distribuição.
• Identificação e seleção de fornecedores: é um processo fundamental para o bom
andamento das operações internas da empresa, pois os fornecedores devem ser,
criteriosamente, avaliados, bem como seus produtos. Os aspectos que devem ser
analisados são: o comprometimento, a seriedade, a pontualidade, a qualidade,
o preço e a entrega. De uma forma geral, os que apresentarem melhor custo
benefício serão os aprovados.
• Levantamento de demanda: integra uma série de atividades, consumo das
matérias primas/ ficha técnica do produto (essa atividade auxilia no controle
do consumo das matérias-primas para que a previsão de gasto seja cumprida),
PCP (planejamento e controle da produção), análise das necessidades de compra,
considerando e abatendo os itens existentes em estoque atualmente.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 53

leitura complementar
• Encaminhamento de pedidos/ordens de compra aos fornecedores: de acordo
com a demanda levantada no processo anterior e obedecendo a disponibilida-
de financeira da empresa (dinheiro disponível em caixa e metas de compra),
os pedidos são elaborados e encaminhados aos fornecedores com as entregas
planejadas e programadas para que os estoques não se acumulem. Os pedidos,
quando gerados, saem acompanhados de um número que servirá de controle
interno e, ainda, para conferência das matérias-primas no ato da entrega.
• Follow-up (acompanhamento dos pedidos junto aos fornecedores): esse acompa-
nhamento se faz necessário e é uma ferramenta muito importante para o bom
andamento e a não interrupção da produção, pois, com esse processo, consegui-
mos sempre nos antecipar caso algum material seja entregue atrasado e ou não
seja enviado na data prevista. A partir daí conseguimos tomar decisões e ações
alterando os produtos que serão fabricados para que a produção não seja afetada.
• Recebimento dos materiais: quando os pedidos/ordens de compra forem emiti-
dos e enviados aos fornecedores, uma cópia deve ser encaminhada para o setor
de almoxarifado, em que o responsável usará a mesma para conferência das
matérias primas e insumos, em quantidades, valores e volumes.
• Inspeção das características técnicas: para executar essa atividade, é necessário
ter muito conhecimento técnico das matérias primas e insumos utilizados na
empresa, conhecer bem os fornecedores e, acima de tudo, estar alinhado quanto
aos critérios de aceitação da empresa. O ideal é que a organização forneça
treinamentos, equipamentos e condições necessárias aos colaboradores para
executarem a inspeção. Uma pasta contendo a padronização e ou informações
dos materiais utilizados no processo deverá estar disponível para ser utilizada
na conferência, equipamentos necessários para checar as características técnicas
também devem estar à disposição dos funcionários.
• Armazenamento: após a inspeção e depois de serem aprovados as matérias
primas e insumos, os mesmos são armazenados no almoxarifado, em um local
pré-determinado onde serão conservadas suas características e respeitadas suas
particularidades para que se possa obter melhor rendimento, desempenho e
maior qualidade.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

leitura complementar

• Distribuição: se possível, o material deve ser armazenado/alocado o mais próximo


de onde será utilizado/manufaturado, pois se evita custos desnecessários com
transportes e deslocamentos e, ainda, não se corre riscos de danificar os materiais.

Estoques são mantidos para que a produção não tenha seu ciclo produtivo interrompido,
uma vez que isso aconteça, a empresa poderá sofrer graves prejuízos, como arranhar a
própria marca, tornando-se um prejuízo incalculável, portanto, esse abastecimento deve
ser feito de forma consciente, sem deixar de suprir a demanda dos setores da empresa
e nem acumular altos estoques. A grande questão é determinar a quantidade ideal de
estoque e alinhar as compras de matérias-primas de acordo com o fluxo de caixa da em-
presa, pois cada empresa, cada segmento exige uma particularidade específica. O certo é
que é muito importante ter disciplina, planejamento e organização. Quanto maior for a
rotatividade dos estoques, mais eficiente será a administração de materiais e, com isso,
o retorno financeiro retorna mais rápido para a empresa.

Fonte: Benfica, D. (2016, online).


GASTRONOMIA • UNICESUMAR 55

material complementar
CUSTO DO CAPITAL MÉDIO PONDERADO
Você pode conhecer mais sobre o Custo do Capital Médio Ponderado acessando o ma-
terial da FIESP - Federação da Indústria do Estado de São Paulo no link <http://www.
arsesp.sp.gov.br/ConsultasPublicasBiblioteca/Contribui%C3%A7%C3%A3o%20
FIESP.pdf>.

FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDAS


Você poderá conhecer mais a fundo sobre a formação do preço de vendas, aces-
sando o material “Curso Técnico em Operações Comerciais” disponibilizado pelo
MEC - Ministério da Educação e Cultura no link <http://redeetec.mec.gov.br/images/
stories/pdf/eixo_gest_neg/contabilidade/060912_cont_a14.pdf>.

Nota: para você conhecer mais sobre esses conceitos de lucro e como calculá-los, acesse o
link disponível em: <https://endeavor.org.br/lucro-bruto/>, o artigo intitulado “Lucro bruto: um
dado indispensável para a saúde financeira da sua empresa” que será bastante esclarecedor.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

referências

ARAÚJO, S. M. de; CABRAL, M. S. da C. Curso técnico em operações comerciais - operações com


mercadorias/preços de vendas. Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/
eixo_gest_neg/contabilidade/060912_cont_a14.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2016.
A SUA empresa é lucrativa? Qual é a sua margem de lucro? Endeavor Brasil. Disponível em: <https://
endeavor.org.br/margem-de-lucro/>. Acesso em: 03 jan. 2016.
BALOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos /logística empresarial. 5 ed. Porto Alegre:
Bookman, 2006.
BENFICA, D. Administração de materiais. Administradores. Disponível em: <http://www.adminis-
tradores.com.br/artigos/negocios/administracao-de-materiais/68866/>. Acesso em: 11 fev. 2016.
CHIAVENATO, I. Gestão de materiais: uma abordagem introdutória. 3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
. Planejamento e controle da produção. Barueri, SP: Manole, 2008.
. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005 - 3ª reimpressão.
COSTA, F. J. C. L. Introdução à administração de materiais em sistemas informatizados. Ebook.
Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=4POWlLFn6uUC&pg=PA126&dq=avalia-
ção+de+estoques&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjVrKr12YzKAhUFh5AKHVlYCy0Q6AEIJTA-
C#v=onepage&q=avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20estoques&f=false>. Acesso em: 03 jan. 2016.
Dicionário Michaelis. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.
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CALCULAR o lead time significa conhecer o intervalo exato entre o recebimento de um pedido e
a entrega dele ao cliente. Endeavor Brasil. Disponível em:<https://endeavor.org.br/lead-time/>.
Acesso em: 10 mar. 2016.
FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Administração de serviços: operações, estratégia e
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KRAJEWSKI, L; RITZMAN, L; MALHOTRA, M. Administração de produção e operações. São
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MADEIRA, M.; FERRÃO, M. E. M. Alimentos conforme a lei. Barueri, SP: Manole, 2002. Disponível
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PAYNE-PALACIO, J; THEIS, M. Gestão de negócios em alimentação: princípios e práticas. Barueri,
SP: Manole, 2015.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 57

referências
QUANTO tempo sua empresa leva para processar e entregar um pedido? Lead time é a resposta.
Endeavor Brasil. Disponível em: <https://endeavor.org.br/lead-time/>. Acesso em: 02 jan. 2016.
ROSA, R. de A. Gestão de operações e logística. 2 ed. reimp. Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES-
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SANTOS, F. Contabilidade pública. 1 ed. Recife: Ed. Clube de Autores, 2012.
SEIBEL, S. Planejamento e controle da produção. Disponível em: http://www.joinville.udesc.br/
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SEVERO FILHO, J. S. Administração de logística integrada: materiais, PCP e marketing. 2 ed. rev.
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SLACK, N; CHAMBERS, S; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
TEIXEIRA, C. Administração de recursos materiais para concursos: teoria e exercícios do CESPE
comentados. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.
TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

gabarito

RESOLUÇÃO
1. A
2. A
3. E
4. V; F; V; V
5. B
6. F; F; V; V; V
Administração de Compras
MARIA FRANÇOISE DA SILVA MARQUES
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Conceito de compras
• Cadastro de fornecedores
• Planejamento, recebimento e distribuição de materiais

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o significado de compras.
• Aprender sobre administração de compras.
• Conhecer a programação e o ciclo de compras.
• Aprender sobre recebimento e controle de qualidade das compras.
• Conhecer conceitos de mercado e fornecedores.
• Aprender sobre o que e o quanto comprar.
61

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a), na Unidade 1, conhecemos os conceitos referentes ao estoque dos mate-
riais e sobre o fluxo desses materiais.
Também aprendemos sobre a armazenagem dos materiais a serem usados na produção
desses produtos. A classificação dos materiais, também, foi abordada e você pôde perceber, que,
para cada momento da produção, esses materiais recebem um nome específico.
A administração de materiais é um conjunto de ações desenvolvidas na empresa que tem
o propósito de suprir a produção com os materiais que são necessários à atividade produtiva.
Entre as ações que se desenvolvem, você terá que definir o quanto precisará comprar de materiais
para suprir a produção e como irá gerenciar os estoques.
Você terá, ainda, que saber qual será o ponto de equilíbrio entre o consumo dos produtos
produzidos e dos estoques que foram formados para suprir o processo produtivo.
Você já estudou que o estoque tem a função de maximizar a produção e suprir a demanda
interna (da produção) e externa (dos clientes). Mas não é só isso, o objetivo principal do estoque
é otimizar o investimento que foi feito em materiais, minimizando o capital que foi investido,
mas, para isso, é necessário planejar o que deverá ser comprado, uma vez que nenhuma empresa
consegue trabalhar sem estoque. Entretanto uma empresa que mantém seu capital em estoque
com pouco giro também se verá prejudicada, financeiramente, no decorrer do tempo. Sendo
assim, nesta unidade, você aprenderá como gerenciar o departamento de compras.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 63

Conceito
de Compras

Olá, aluno (a), nesta unidade, trabalharemos sobre a Gestão de


Compras, outro fundamental passo para uma administração
eficaz do seu negócio e que não poderia ficar de fora devido a sua
importância.
Entre os assuntos que abordaremos aqui, estão as ações do
que deverá ser comprado para suprir o processo produtivo, como
esses materiais deverão ser comprados, quando e onde podem ser
adquiridos, de qual fornecedor e por qual preço e também por qual
quantidade deverão ser adquiridos.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Essas ações fazem parte da Administração de abastecida para atender às necessidades da pro-
materiais, assunto que iniciamos na primeira dução, assim, as reposições habituais serão ne-
unidade e que, agora, daremos continuidade. cessárias, a fim de garantirem que a produção
É importante lembrar que quando falamos não pare por falta de materiais.
em compras de materiais, algumas divergên- Imagine um restaurante, que, em pleno
cias internas na empresa podem surgir. Entre horário de almoço identifica a falta de vegetais
essas divergências, podemos citar o caso de um para a salada. Seria inconcebível não é mesmo?
restaurante, em que o setor de compras requer Alguns outros tipos de alimentos poderão ser
que sejam mantidos estoques elevados para que substituídos, por exemplo, o purê de batatas
sejam supridas todas as necessidades possíveis poderá ser substituído por macarrão, mas as
dos clientes, já, por outro lado, o setor financeiro saladas, dificilmente, você conseguirá substituir
não deseja estoques altos devido aos custos que por outra coisa com as mesmas características.
envolvem esse tipo de situação, os quais já foi Nesse sentido, ter o seu fornecedor de ali-
possível aprender um pouco quando estudamos mentos com a responsabilidade de entregas
a primeira unidade. pontuais e de acordo com o que foi pedido, com

Cabe à Administração de Materiais todas uma negociação de preços conveniente e favo-


as atividades referentes à aquisição de rável, será essencial para garantir a existência
matérias-primas para abastecimento da do seu restaurante.
organização, como o controle de esto-
Muito bem, mas o que significa compras?
que e a decisão de repô-lo, a escolha de
fornecedores, os processos de compra, a Segundo Chiavenato (2005), é todo o processo
armazenagem e a entrega para a produ- entre encontrar o fornecedor e adquirir os ma-
ção, tudo isso sincronizado com as neces-
teriais com negociações de preços, acompanha-
sidades de produção (ROSA, 2012, p. 34).
das de condições de pagamento, passando pelo
Ao pesquisar sobre qualquer tipo de empresa que processo de acompanhamento desses materiais
produza, comercialize ou preste serviços, veremos e do recebimento do pedido.
que haverá sempre, na cadeia dessa produção ou O termo “compra” pode ser definido
do fornecimento, o fornecedor de suprimentos, como a aquisição de um bem ou de um
direito pelo qual se paga um preço esti-
ou seja, fornecedor de materiais, matérias-primas,
pulado. Assim, o termo ‘comprar’ pode
insumos, equipamentos, utensílios etc. desde o ser definido como um conjunto de ações
primeiro instante de sua primeira produção. que as organizações devem realizar para
adquirir todos os produtos e os serviços
Como vimos, anteriormente, o estoque é necessários para a sua produção e/ou seu
algo importante no sentido de manter a empresa funcionamento. (ROSA, 2012, p. 116).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 65

Na disciplina de Gestão de Alimentos,


aprofunde seus conhecimentos a cerca
dos setores de gestão, entre eles, o de-
partamento de compras.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Para que esse processo todo se realize, a empresa


deverá contar com um setor de compras com
uma ou mais pessoas responsáveis pelas funções
de escolha destes fornecedores, negociação dos
preços dos suprimentos a serem adquiridos, re-
cebimento das mercadorias ou materiais e, por
fim, providenciar a destinação dos pagamentos
ao setor responsável.
Rosa (2012) nos diz que o objetivo do setor
de compras é adquirir os materiais, equipamentos
ou produtos necessários para a produção, ou seja,
produtos que tenham qualidade, que cheguem no
prazo contratado e que sejam comprados, de prefe-
rência, pelo menor preço possível, para suprirem a
produção e o funcionamento da organização.
Ressalto que uma gestão correta das com-
pras é tão importante e necessária quanto à
gestão dos estoques, isso porque a competi-
tividade da empresa depende desses fatores.

Preços mais competitivos na venda, são pos-


síveis quando compramos mercadorias com
valores mais acessíveis, tornando o produto
mais rentável e lucrativo. Aluno(a), perceba
que planejar as compras tem impacto em um
resultado final satisfatório, não é mesmo?
Fonte: Chiavenato (2005).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 67

Administração de compras
Para uma administração adequada e eficaz do
setor de compras de uma empresa, são neces- sem a devida experiência, não sendo conside-
sárias algumas medidas para o bom andamen- rado peça-chave para a competitividade da or-
to comercial das negociações. Vamos estudar ganização. Hoje, felizmente, é visto de outra
algumas dessas medidas consideradas as mais forma, ou seja, as empresas reconhecem que o
importantes para a gestão de compras. setor ou departamento de compras é essencial
A confiabilidade no fornecedor deverá para que a empresa seja competitiva, pois as
estar em pauta na decisão de compra. Um compras feitas com precisão garantirão redução
fornecedor confiável que cumpre prazos de de custos e aumento dos lucros.
entregas e tem preços competitivos garantirá Ainda, segundo o autor, o responsável pelo
que a empresa não seja obrigada a manter es- departamento de compras deverá se manter
toques de segurança muito elevados por medo atualizado e informado, com boa capacidade
de não ter o suprimento, assim, não você corre de negociação e de relacionamento interpes-
o risco de ter sua produção interrompida em soal. O comprador deverá ter, também, uma
virtude de faltas. boa comunicação e saber trabalhar em equipe,
É importante ressaltar, que, segundo ou seja, trabalhar em harmonia com as demais
Rosa (2012), aquele setor de compras que áreas da empresa, conhecer conceitos e práticas
antigamente era considerado apenas um setor de gestão e de logística.
de apoio, burocrático e administrado por alguém É importante não se esquecer, é claro, que a
Gestão de Compras, Estoque e Custos

pessoa responsável pelas compras precisa de Essas condições deverão contemplar o menor preço
conhecimentos em finanças para conseguir boas possível de mercado, ter a qualidade prometida e,
negociações, além disso, conhecimento sobre os de preferência, que as condições da compra ainda
produtos do mercado em que a empresa está sejam melhores do que foi combinado, além, é claro,
inserida e de ter alguns conhecimentos gerais de atender a demanda com rapidez de entrega.
sobre economia e sobre a legislação, principal- Garantir que a organização das compras
mente, em questões tributárias que impactam esteja de acordo com a metodologia da empresa,
no preço dos produtos. também, é importante, sendo que cada empresa
O setor de compras irá suprir o estoque terá o seu melhor método de organização, assim
dos materiais que a empresa necessita, pois como ter ótimos fornecedores é uma das peças-
é o fornecedor o responsável por fabricar ou, -chave para o sucesso da empresa. E, como já
então, negociar materiais ou matérias-primas imaginamos, comprar não é assim uma tarefa
e insumos para que a produção de seu cliente das mais fáceis, pois requer bastante estudo
se mantenha em pleno funcionamento. de mercado, pesquisa de preços e atenção às
O fornecedor irá, por meio de um contrato inovações, assim como o conhecimento de for-
ou pedido de compras, realizar a entrega dos ma- necedores novos com outras novidades para
teriais solicitados dentro do prazo estabelecido incrementar nossa produção.
e nas condições acertadas no ato da negociação. Embora saiamos da rotina algumas vezes,

Pense em um restaurante, um bistrô, uma


cafeteria. Pensou? Agora, imagine temperos
novos, ingredientes diferentes, importados,
por que não? Imagine o que essas novidades
fariam por nossos restaurantes no quesito
inovação e lançamento de novos cardápios?

Fonte: a autora.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 69

efetuando compras de novidades daqui e dali, a ter uma organização de compras centralizada,
a atividade de comprar possui um ciclo de com- que permitirá que todas elas tenham vanta-
pras e, segundo Chiavenato (2005), essa ativi- gens na hora de adquirir os materiais dos quais
dade é cíclica e repetitiva. necessitam.

Cíclica porque envolve um ciclo de Entre as vantagens obtidas com as com-


etapas que necessariamente devem ser pras realizadas numa central única, temos
cumpridas, cada qual a seu tempo e uma ganhos com descontos devido à quantidade
após a outra. Repetitiva porque o ciclo é
de materiais comprados ser mais elevada con-
acionado cada vez que surge a necessida-
de de se adquirir determinado material siderando-se uma compra individual. Outra
(CHIAVENATO, 2005, p. 103). vantagem apresentada é a homogeneidade dos
materiais que são adquiridos e, também, a pa-
Como funciona este ciclo? dronização para a realização dessas compras,
Serão analisadas as ordens de compras, pri- garantidas pela experiência dos compradores
meiramente, e, em seguida, é feita uma pesquisa responsáveis.
para encontrar o fornecedor adequado. Quando Algumas empresas, contudo, ainda prefe-
encontrado o fornecedor, se dará o processo de rem a descentralização de suas compras e as
negociação dos materiais com esse fornecedor justificativas apresentadas podem ser das mais
selecionado, a partir daí haverá o acompanha- diversas, tais como, a diferença latente entre as
mento do pedido que foi realizado até o mo- localidades que podem, por razões culturais e/
mento do recebimento do material adquirido. ou sociais, diferenciarem uma metodologia de
Assim, é importante mencionar sobre a compra da outra.
organização dessas compras que forem reali- Como exemplo, é possível citar uma rede de
zadas, ou seja, grandes empresas tendem a or- restaurantes. Digamos que alguns desses res-
ganizar suas compras de acordo com algumas taurantes encontrem-se no litoral e outros em
características comuns, entre elas, as exigências grandes centros ou, até mesmo, em pequenas
provenientes do processo de produção e suas cidades. Nesse caso, parte-se do princípio que
necessidades, assim como pela disponibilidade as compras realizadas para uma região litorânea,
do fornecimento pelo mercado e disponibilidade deverá, em grande parte, diferenciar-se da ali-
financeira. mentação mais habitual ocorrida em um grande
De qualquer forma, tirando algumas di- centro empresarial em uma grande cidade.
ferenças, a maioria das empresas apresentam Sendo assim, mesmo que a organização
algumas similaridades entre si, ou seja, tendem de compras seja menos flexível, será adotada a
Gestão de Compras, Estoque e Custos

política de compras individuais, pois esse tipo, padronização das mercadorias, considerando
também, pode apresentar algumas vantagens, o exemplo anterior, é uma situação justificável
por exemplo, o envolvimento mais próximo devido às peculiaridades de cada localidade.
com os fornecedores e, por consequência, um Chiavenato (2005) nos traz um exemplo
atendimento mais específico das necessidades de estrutura organizacional típica do órgão de
da empresa do local analisado, assim como uma compras, que poderá ser utilizada, tanto em
maior agilidade na entrega dos produtos, pois situações de compra centralizada como de
o lote de compra será menor. compra descentralizada. Observe a figura 11
Mesmo que não seja possível obter as para entender essa estrutura.
vantagens citadas em uma compra centraliza- Staff significa um grupo qualificado de pessoas
da, como a obtenção de um desconto maior e que possuem aptidão ou competência.

Figura 11: Estrutura organizacional típica do órgão de compras


Fonte: adaptado de Chiavenato (2005, p. 102).

Perceba que em nosso estudo Staff significa os as ordens anteriores, verificando questão de
compradores que possuem a competência para preços e prazos; realizar negociações com seus
realizar a função. fornecedores anteriores ou solicitar orçamentos
Comprar vai exigir de você pesquisa e se- de novos, fazer o acompanhamento e controle
leção de fornecedores e, consequentemente, de suas mercadorias.
de mercado. Você terá de analisar ordens de Para que todo esse processo se efetive,
compras recebidas que conterão os produtos é necessário que você entenda o que é o
requisitados para compra e compará-las com mercado.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 71

Mercado
Quando estudamos compras, as chamamos de e distribuição, chamamos esses percursos de
ações que têm o objetivo de garantir os alimen- canais de mercado. A distribuição entre uma
tos, suprimentos e equipamentos para atender origem e um destino é chamado de canal. Sendo
o processo produtivo, mas além de tudo isso, assim, quando o produtor entrega sua colhei-
estamos, diretamente, falando de mercado. ta à armazenagem, dizemos que é um canal.
O mercado é o meio pelo qual ocorre a transfe- Quando o local de armazenagem, por exemplo,
rência de propriedade, mas, também, pode ser con- um moinho, entrega esse material a uma em-
siderado como a localização geográfica de produção presa de manufatura, essa transferência é outro
de alimentos. Nesse caso, é chamado de mercado canal e, assim, sucessivamente.
primário por Payne-Palacio e Theis (2015, pg. 158). Todas essas etapas gerarão custos que serão
Quando os materiais percorrem vários agregados ao preço até a venda do produto ao
canais entre o produtor (mercado primário) e consumidor final. Veja a seguir a figura que ilus-
o consumidor, ou seja, passa pelo cultivo, colhei- tra alguns dos canais de mercado existentes para
ta, armazenagem, processamento, transporte a transferência de propriedade de materiais.

Figura 12: Canais de mercado e transferência de propriedade


Fonte: Payne-Palacio e Theis (2015, p. 160).
Gestão de Compras, Estoque e Custos

É no mercado que ocorrem as trocas de infor-


mações entre vendedores e compradores e essa
troca, não necessariamente, ocorre pessoalmen-
te. Outras formas de trocar informações aconte-
Quantas vezes já ouvimos falar em apre-
ce por meio de telefonemas, emails, associações ensão de palmitos ilegais sem nenhum
comerciais e outras mais. controle da vigilância sanitária e, que, em
É importante ressaltar que ao se tratar de certos casos, colocaram em risco a vida de
pessoas que os consumiram? Perceba com
mercado de alimentos, ele é fiscalizado por pro-
isso a importância da procedência dos ali-
gramas governamentais de inspeção, garantia mentos que consumimos.
e qualidade para impedir bactérias, doenças e Fonte: a autora.
utilização de produtos químicos que possam ser
prejudiciais à saúde. No Brasil, o órgão responsá-
vel por esses cuidados de fiscalização é a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
Os cuidados com a saúde humana são Segundo Payne-Palacio e Theis (2015, p. 168),
muitos importantes e o comprador deve ava- existem alguns métodos relacionados à ativi-
liar, com cuidado, seu fornecedor e a origem dos dade de comprar que são utilizados em deter-
materiais e produtos, principalmente, quando minadas situações a depender da metodologia
se trata de produtos alimentícios e, mais preci- aplicada pela empresa.
samente, produtos de origem animal e vegetal. • Compras informais ou no mercado
O selo de qualidade de alguns desses pro- aberto: são mais utilizadas em negócios
dutos são indicativos de produtos fiscalizados de alimentação menores e se baseiam em
e selecionados, por exemplo, o carimbo azul uma cotação para com o fornecedor que
que vem nas carnes, quando as compramos, pode ser diária, semanal ou mensal, de
representa que aquela carne passou pelos pro- acordo com a necessidade da empresa.
cessos de qualidade e está certificada para ser A negociação é feita após a análise de
comercializada no mercado. preço, prazo, entrega e qualidade.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 73

• Compras por licitação formal competitiva: É possível perceber que decidir o que deverá ser
nesse tipo de compras são informadas aos comprado, quando se trata de alimentos, não é
vendedores/fornecedores as qualidades e tarefa muito fácil e, por isso, exige uma avaliação
especificações dos produtos para que sejam bem cuidadosa do comprador. Essa avaliação
elaboradas as cotações dentro de períodos pode ser quanto à forma, ou seja, se o produto
pré-estabelecidos e apresentados os valo- será comprado em fatias ou inteiro e quanto à
res para aquisição das mercadorias, assim temperatura, sendo que a compra poderá ser de
como as demais condições para a compra. produtos secos, congelados e resfriados.

EMPRESA Pedido de compra nº :

Fornecedor: Código fornecedor


Endereço: Fone:

Por este PC autorizamos o fornecimento abaixo descrito, conforme


as condições especificadas no verso.
Item Código Quantidade Descrição Preço Unitário Valor Total

Valor total deste Pedido de Compra


Embalagem: Frete:
Transportador Data(s) de entrega:
Condições de pagamento: Data do PC:
Figura 13: Exemplo de pedido de compra (PC)
Fonte: Chiavenato (2005, p. 107).

Obviamente que os custos dos produtos terão vantagem de terem sabor e textura incompa-
variações dependendo do tipo de condições ráveis, já os alimentos pré-prontos têm a van-
que forem adquiridos, sendo forma natural ou tagem de economia de tempo e mão de obra
pré-preparados. Esses custos devem considera- para o preparo. Há que se considerar que a ar-
dos no momento da escolha tanto do produto mazenagem para os dois tipos, que, por sua vez,
quanto do fornecedor. podem requerer adaptações diferenciadas em
Os alimentos naturais ou frescos têm a alguns casos, além é claro, de buscar a qualidade.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

A qualidade pode se referir à integralidade, à limpeza ou a estar livre de


substâncias indesejáveis. Pode denotar um grau de perfeição em termos de
forma, uniformidade ou tamanho ou de estar livre de manchas. Também pode
descrever a extensão de características desejáveis, como cor, sabor, aroma,
textura, maciez e maturidade (PAYNE-PALACIO e THEIS, 2015, p. 174).

Para analisarmos melhor a qualidade de alguns que são necessárias. No quadro seguinte, pode-
produtos, Payne-Palacio e Theis (2015) definem, mos visualizar essas descrições.
para alguns tipos de alimentos, as características

Produto Descrições de análise da qualidade

Carnes Quantidade de nervos, maturidade do animal, cor,


firmeza, textura, gordura, ossos e rendimento.

Aves Quantidade de carne, cobertura de gordura e aparência.

Ovos Na casca: limpeza, rigidez, forma da casca, tamanho


e textura. No interior: condição da gema e da
clara, assim como no tamanho da célula de ar.

Queijo cheddar Sabor, aroma, corpo, textura, acabamento, aparência e cor.

Produtos agrícolas frescos Uniformidade de tamanho, limpeza,


cor, ausência de defeitos.

Frutas frescas Cor, firmeza, estar madura, sem manchas,


uniformidade e simetria no tamanho.

Legumes frescos Sabor, textura tenra e suculenta, uniformidade


no tamanho, forma, cor, maciez, firmeza.

Frutas e legumes enlatados Cor, uniformidade no tamanho, ausência de


defeitos, sabor, consistência, acabamento,
limpeza, maturidade, textura e corte.

Quadro 01: Descrição da qualidade de produtos


Fonte: adaptado de Payne-Palacio e Theis (2015, p. 175).

A forma de agir de um setor de compras vai administrativa-financeira dessa empresa. O


depender do tamanho e da metodologia apli- importante é que o ato de comprar deve ser
cados pela empresa, assim como se as com- simples, analisando a qualidade dos produtos
pras são realizadas de modo centralizado ou e o que os fornecedores têm a oferecer, suas
descentralizado e, também, pela organização condições, preços e prazos de entrega.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 75

Quanto menos burocracia envolver o pro-


cesso de compra e a entrega dos produtos na
sua empresa, mais agilidade e lucratividade
você tende a ter. Preocupe-se em identificar
as necessidades e especificações; desenvolva
uma metodologia para a realização dos pedidos;
procure realizar diversas cotações de preços; e
selecionar aquele fornecedor que melhor atenda
às suas necessidades; receba e confira as mer-
cadorias que você adquire e as armazene em
locais específicos e adequados às condições de
cada tipo de produto.
Esses são os primeiros passos para o sucesso
do seu departamento de compras, que, como
já foi citado antes, representa grande parte da
lucratividade da sua empresa, se for bem admi-
nistrado, o que garantirá na cadeia de processos,
o sucesso de seu negócio.

Célula de ar em ovos: bolsa de ar na parte


larga do ovo, causada pela contração do
conteúdo durante a refrigeração após
postura. A célula aumenta de tamanho,
de acordo com a idade do ovo.

Fonte: EMBRAPA (2016, online).


Gestão de Compras, Estoque e Custos

A gestão da qualidade
das matérias-primas
Quando se fala em gestão de qualidade
Veja bem, você aprendeu a importância da esco- no processamento e manipulação de ali-
lha do fornecedor, dos preços dos produtos, dos mentos, são obrigatórios sistemas como:
prazos de entrega e da armazenagem, porém, Boas Práticas de Fabricação (BPF), Análise
de Perigos e Pontos Críticos de Controle
é preciso entender como proceder no quesito (APPCC), Programas de Qualificação de
gestão da qualidade dos alimentos adquiridos. Fornecedores, Sistemas de Rastreabilidade,
Com relação aos produtos de origem animal, além dos aplicados a toda e qualquer em-
presa como o Sistema ISO (International
questões de higiene e sanitárias são fundamen-
Organization for Standardization),
tais e estão, diretamente, relacionadas à segu- Qualidade Total, entre outros (GERMANO
rança dos alimentos. e GERMANO [orgs.], 2013 p. 98).

As medidas de segurança deverão ser tomadas


desde o momento da produção até que se efetue
a comercialização, protegendo a qualidade do
produto; evitando que ele se deteriore ou sofra
contaminações, não esquecendo do transpor-
te e armazenamento adequados e, incluindo a
manipulação desses produtos.
Segundo Germano e Germano (2013), para
diminuir os riscos na distribuição de carnes,
transporte e entrega, os fornecedores apenas
poderão entregar carnes e subprodutos quando
estes estiverem refrigerados até no máximo 7ºC,
mantidos em embalagens com rótulos íntegros
e visíveis com todas as suas especificações.
Quando se tratar de carnes exóticas, por exem-
plo, avestruz, rãs, jacarés e outros, é importante veri-
ficar as instruções adequadas a cada tipo específico,
por exemplo, a carne de avestruz deverá ser mantida
até 2ºC, já a carne de rã é portadora de salmonella
spp e deve ser consumida muito bem cozida.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 77

aos cuidados de contaminação, armazenamento


e entrega. Por ser uma carne, particularmente,
sensível e portadora de diversos microorganis-
mos, a manipulação deverá respeitar critérios
Ovos, leites, carnes ou frutos do mar. Todos
esses alimentos podem conter salmonella,
minuciosos para evitar qualquer tipo de con-
bactéria que oferece sérios riscos à saúde taminação e deterioração. Entre as garantias,
por agir de forma rápida no organismo, pro- têm-se a certificação, a rastreabilidade, a legis-
vocando sintomas como febre, náusea, diar-
lação, o padrão microbiológico e a rotulagem.
reia, dores abdominais, calafrios e mal-estar.
São muitos os alimentos que necessitam
Fonte: Portal Brasil (2016, online).
de cuidados especiais, entre eles, o mel e os
produtos vegetais, mas pelos alimentos cita-
dos anteriormente você já teve uma ideia do
quanto é importante a procedência dos produtos
Quando falamos em aves, os cuidados são igual- que você adquirirá para o seu restaurante. Não
mente importantes e as ferramentas da gestão basta, apenas, que você encontre preço e prazo
da qualidade das aves são: com seu fornecedor, mas é imprescindível que
• Análise de Perigos e Pontos Críticos de a qualidade dos produtos comprados esteja no
Controle (APPCC). topo da sua lista de prioridades.
• As Boas Práticas de Fabricação.
• Os Procedimentos Padronizados de
Higiene Operacional.
• Serviço de Inspeção Federal (SFI)
(Germano e Germano, 2013, p. 145).

O objetivo dessas ferramentas é garantir que


as aves que cheguem ao mercado não tenham
problemas de hematomas, fraturas, fraude e
contaminação. E, assim como as aves, os ovos
devem ter um rigoroso processo de produção
para que não ocorram contaminações.
Peixes é outro tipo de carne que deverá ter
um processo de produção severo com relação
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 79

Cadastro
de Fornecedores

Em razão da grande quantidade de produtos utilizados em um


restaurante, que possui diversos tipos de produtos a serem compra-
dos, utilizam-se carnes, legumes, verduras, frutas, bebidas e outros
suprimentos destinados a atender às necessidades de produção.
Será necessário, como controle das compras a serem realizadas
ou já efetivadas, que seja feito um cadastro dos fornecedores com
todas as informações já levantadas.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Alguns critérios para a escolha dos fornecedores capacidade técnica no caso de produtor, atestado
que comporão esse cadastro são: a idoneidade de capacidade financeira ou de idoneidade da em-
comercial, a capacidade produtiva e técnica e a presa fornecedora, assim como cópia do balanço
tradição no mercado. social e da lista de produtos oferecidos.
Para dar andamento ao processo de documen- Com esses documentos, será possível rea-
tação, será necessário, primeiramente, uma análi- lizar análises:
se dos documentos apresentados pelo fornecedor • Econômico-financeira: para atestar a
para preencher o cadastro. Entre os documentos capacidade de solvência da empresa e
a serem apresentados estão o contrato social da sua regularidade no mercado de crédito
empresa ou documento equivalente, atestado de (bancos, por exemplo).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 81

• Social: para identificar alguma irregula- • Condicione o recebimento da mercado-


ridade por parte dos sócios; ria àquilo que foi pedido, considerando
• Análise jurídica: que ajuda a identi- quantidade e qualidade. Deixe todas as
ficar falência, concordata ou outra orientações e regulamentações por escri-
irregularidade. to e assinado, inclusive, a não cobrança
• Análise técnica: para identificar se a em- de frete se houver devolução.
presa possui autorização e qualificação • Busque, em seus registros, tudo que for
para fornecer os produtos. relacionado às compras anteriores com
o mesmo fornecedor.
O próximo passo é realizar a aprovação do ca- • Selecione seus fornecedores de acordo
dastro a partir da análise desses e de outros com a essencialidade, ou seja, aqueles
documentos que precisam ser reunidos para, cuja falta não prejudica a produção, os
que, posteriormente, possa-se fazer a seleção que interferem em alguma porcentagem
dos fornecedores que são potenciais e, assim, e aqueles que não podem faltar em hi-
avaliar o desempenho comercial dos escolhidos pótese alguma, mas lembre-se, nenhum
bem como seus prazos de entrega, a qualidade fornecedor vai produzir apenas para você
do produto e o desempenho desses produtos e, por isso, é necessária a programação
quando em uso. E como já mencionado, an- de produção e venda.
teriormente, as questões de preços, prazos de • Evitar a repetição de compras com o
entregas e a presteza do fornecedor diante de mesmo fornecedor e os mesmos vende-
alguma emergência. dores, pois é preciso diversificar e manter
Fique atento às outras situações que pode- a ética sem realizar compras com benefí-
rão lhe favorecer, ou seja: cios pessoais e não favoráveis à empresa.
• Solicite que os preços sejam cotados, in- • E não esqueça: qual será o prejuízo
dividualmente, e que todas as despesas para sua empresa se uma entrega, que
sejam colocadas no orçamento. é essencial, não se realizar conforme
• Solicite um orçamento de produtos si- contratado?
milares ou alternativos, à parte, para
ajudá-lo na decisão de compra. Essas e outras orientações são importantes para
• Peça ao fornecedor a garantia dos que você não venha a sofrer prejuízos devido a
produtos ou serviços prestados à sua negociações mal feitas ou má índole de alguma
empresa. empresa fornecedora.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 83

Planejamento, Recebimento e
Distribuição de Materiais

Quando estamos trabalhando com empresas muito pequenas,


nas quais os fluxos de entrada e saída de materiais não são tão
intensos, é possível que consigamos realizar o controle do estoque
e de toda a empresa por meio de planilhas financeiras, como as do
Microsoft Excel®, por exemplo, pois esse é um excelente software
e atende muito de nossas necessidades.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

A
o falarmos em empresas de porte melhorando a produção e o atendimento ao
médio a grande, precisamos agir de cliente por meio do planejamento dos recursos
maneira diferente, pois o controle produtivos e planejamento da produção, previ-
será muito acirrado e, muitas vezes, são de vendas, acompanhamento das compras
não envolverão apenas a atividade intensa do e contabilização dos custos. O MRP I se traduz
estoque, mas diversas outras áreas da empresa, pelo cálculo de quanto material de determinado
igualmente, complexas. tipo será necessário e em qual momento.
De qualquer forma, os mecanismos de con- O MRP I é um programa de computador e,
trole são ótimos para ajudá-lo a gerenciar toda para ser utilizado, as empresas deverão manter
a sua empresa de forma eficaz e simples, seja seus dados em arquivos de computador para
ela do tamanho que for. que quando o programa for rodado, ele possa
Entre esses mecanismos, você pode utili- identificar esses arquivos e atualizá-los.
zar, por exemplo, o Just in Time, ferramenta de As primeiras entradas utilizadas no pla-
gestão de estoque de matérias-primas e compo- nejamento de materiais que serão necessárias
nentes capazes de manter a produção sem in- são os pedidos dos clientes e a previsão da de-
terrupções, utilizando exatamente no momento manda. O MRP realizará o cálculo com base
em que são necessários - não antes, para não se na combinação desses dois dados para uma
que não se transforme em estoque e nem depois demanda futura; todas as outras necessidades
para que os clientes fiquem na espera. calculadas pelo sistema são derivadas desse
Outro exemplo é o Material Requeriments primeiro cálculo e, por isso, esse sistema é
Planning, hoje chamado de MRP I. Sua principal chamado de sistema de demanda dependente
função é reduzir o investimento em estoque, (SLACK; CHAMBERS, 2002).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 85

Sistemas de demanda dependente: de-


rivados de alguma outra decisão tomada
dentro da empresa.
Sistemas de demanda independente: são
aqueles adequados para os casos em que a
demanda está fora do controle da empresa.

(SLACK; CHAMBERS, 2002, p. 329).


Gestão de Compras, Estoque e Custos

O MRP apoia o administrador de mate- materiais necessários à produção, chamado de


riais no planejamento da produção e na
MRP II. Segundo Chiavenato (2008), o MRP II
compra do que é preciso, no momento
certo, desde que este seja o mais longo parte de um plano mestre que define os esto-
possível, visando eliminar estoques e ques, a lista de materiais, a disponibilidade de
produzir listas de insumos ou de peças
mão de obra e equipamentos e, a partir daí, gerar
casadas com as operações de fabricação
ou de montagem, ou seja, a demanda as ordens de compras ou ordens de produção
(ROSA, 2012, p. 105). interna.

O MRP II envolve funções de plane-


Na figura 14, você poderá perceber os compo- jamento empresarial, previsão de
nentes que fazem parte do planejamento das vendas, planejamento dos recursos
necessidades de materiais de uma empresa para produtivos, planejamento da produ-
ção, planejamento das necessidades de
a utilização do MRP I. Você não precisa pensar produção, controle e acompanhamento
apenas em grandes indústrias, utilize como da fabricação, compras e contabilização
base, para seu entendimento, a preparação de de custos e criação e manutenção da in-
fraestrutura de informação industrial.
refeições para atendimento de um buffet de
(CHIAVENATO, 2008, p. 45).
casamento, por exemplo.

Em contrapartida, o “JIT visa atender à demanda,


instantaneamente, com qualidade perfeita e sem
desperdícios (SLACK; CHAMBERS, 2002, p. 355).”

O JIT é uma filosofia de gerenciamen-


to com abordagem sistêmica utiliza-
do para a maximização dos recursos
de uma organização, portanto, trans-
Figura 14: Desenho esquemático de necessidades de materiais (MRP I)
Fonte: Slack; Chambers(2002, p. 329).
cende a questão de um método para
controlar o estoque. No entanto, uma
consequência natural da implantação
No conceito de MRP, ainda, temos o planeja- do JIT, dentre as diversas existentes, é
mento dos recursos de manufatura ou produção a redução do nível de estoque (ROSA,
como um todo, não se detendo, apenas, aos 2012, p. 104).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 87

Figura 15: As diferentes visões de utilização de capacidade nas abordagens (a) tradicional e (b) JIT
Fonte: Slack e Chambers (2002, p. 359).

A filosofia do JIT está fundamentada em


fazer bem as coisas simples, em fazê-las
cada vez melhor e em eliminar todos os
desperdícios em cada passo do processo.
De fato, pode-se argumentar que as origens
do JIT estão na reação da Toyota japonesa
ao “choque do petróleo”, o qual aumentou
os preços do produto no início dos anos
70. A resultante necessidade de aprimora-
mento da eficiência da manufatura forçou
a Toyota a acelerar o desenvolvimento dos É preciso eliminar desperdícios em qualquer
então embrionários conceitos do JIT. tipo de produção ou serviços que estivermos
(SLACK; CHAMBERS, 2002, p. 360). realizando e o desperdício é toda atividade que
não é capaz de gerar algum valor. Entre as fontes
de desperdício, temos:
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Ação O que gera o desperdício?

Superprodução Produzir mais do que é imediantamente necessário

Tempo de espera Má utilização de máquina e ineficência da mão de obra

Movimentação do estoque dentro da fábrica de um


Transporte
local devido a vários pontos de estocagem.

Processo Trabalhos ou retrabalhos devido a má elaboração de projetos.

Estoque Níveis elevados de estoque.

Movimentação Funcionários fora do seu posto de trabalho.

Produção defeituosos Custos de material e mão de obra deperdiçados em refugos

Quadro 02: Ações que geram desperdícios


Fonte: adaptado de Slack e Chambers (2002, p. 361-362).

E já que estamos falando em planejamento dos a atuação no ramo de comidas prontas


recursos para a produção e redução de desper- congeladas e tem uma produção que
dícios, é importante falar que essa produção se será distribuída para diversos centros
tornará em produtos acabados. Esses produtos de distribuição.
acabados serão divididos em duas categorias, • Vantagens: redução dos custos de
quando a empresa tiver centros de distribuição, transporte para reposição, pois é
chamadas de Método de Empurrar Estoques e aproveitada ao máximo a capacidade
Método de Puxar Estoques. Ambos têm suas do veículo transportador, há a simpli-
vantagens e desvantagens e custos diferenciados ficação do processo de elaboração dos
para a empresa. Vamos entender essas diferen- pedidos, já que o CD central produz
ças de acordo com Rosa (2012). todos eles, bem como é escolhida
• Método de Empurrar Estoques: a data de envio e, para a produção,
ocorre quando a empresa possui vários pode ser realizado um lote ótimo de
Centros de Distribuição - CD e envia do produção que será despachado para
seu CD central aos demais CD’s, seus os outros CD’s.
produtos, baseando-se em uma estima- • Desvantagens: relaciona-se com o
tiva de consumo para cada CD. Essa es- cálculo estimado da demanda nos
timativa, vale lembrar, é calculada pelo CD’s, já que em algumas circuns-
CD central para todos os demais CD’s. tâncias poderão ocorrer faltas não
Você pode considerar, nesse exemplo, calculadas, aumentando o custo pela
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 89

reposição não programada ou, ainda,


pode ocorrer aumento elevado nos
estoques devido a estimativa não
ser realizada pelo CD que recebe o
produto.
• Método de Puxar Estoques: diferente
do método anterior, são os demais CD’s
que realizam os pedidos ao CD central
de acordo com as suas necessidades
individuais.
• Vantagens: torna o planejamento do
estoque mais preciso, assim a empre-
sa terá estoques menores e custos
reduzidos para com a manutenção
do estoque.
• Desvantagens: como haverá pedidos
de tamanhos variados, isso pode
aumentar o custo com o transpor-
te, a produção também não terá
lotes ótimos produzidos, pois as
quantidades terão variações.

O gerenciamento dos estoques pelo Método de


Puxar Estoques pode ser trabalhado de acordo
com a demanda, ou seja, os níveis de estoque
acompanharão a demanda que permite que o
estoque seja mantido ao mínimo.
Independente da forma que você venha
adotar para gerenciar suas compras, estoques
e forma de armazenamento, o importante é você
tenha um bom planejamento para lhe ajudar a
tomar as decisões mais acertadas.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Quanto comprar?
Muito bem aluno(a), você já aprendeu que os que haja a falta de produtos com alta saída.
produtos precisam ter qualidade e que é neces- Como se tratam de coisas muito conflitantes,
sário escolher de forma criteriosa seus forne- você pode ter produtos em estoque (dinheiro
cedores. Já vimos, também, as vantagens de investido) e não ter saída desses produtos e
ter maiores ou menores estoques, mas como não ter dinheiro porque investiu em algo que
decidir o quanto comprar e quando a compra não sai do estoque. Esse dinheiro parado gera
deverá ser feita? custos para a empresa e também disperdícios
Já se sabe que o procedimento para reali- de dinheiro e de mercadoria que vem a estragar.
zar compras está ligado, diretamente, à política O cuidado deve ser redobrado com relação ao
interna da empresa e sua necessidade de supri- que deve ser comprado.
mentos, na qual são estabelecidos os parâmetros Uma das soluções que pode ser aplicada é
conforme o andamento da produção. a compra em lote econômico, que representa a
Entre esses parâmetros, é possível citar quantidade de mercadoria a ser comprada, mi-
a demanda, as definições para reposição, as nimizando os custos tanto de aquisição quanto
compras em lote, o tempo de espera, utilizado de estocagem.
para a entrega dos pedidos aos clientes, algumas O Lote Econômico de Compras (LEC)
restrições da própria empresa, a sazonalidade, considera a demanda e o lead time constantes,
as preferências, o preço, a análise de produtos além de que o fornecedor pode suprir o que for
similares, entre outros. pedido, pois não há limitação para o tamanho
Quando se trata de um restaurante, é pos- do lote. Outro ponto considerado são os custos
sível adotar a prática de preparar os alimen- por estocagem de cada unidade de produto por
tos (pratos) e controlar o consumo para poder pedido ou por ordem de compra.
chegar ao resultado final com relação ao giro O LEC é “[...] um método que permite iden-
desses pratos, ou seja, quais dos pratos tive- tificar com maior exatidão a quantidade de re-
ram maior ou menor aceitação. E, ainda pode abastecimento que proporciona o menor custo
ser aplicada essa mesma prática com relação às total possível, possibilitando que as decisões de
bebidas, por exemplo. compra adotem um critério de decisão com maior
O ideal é que o restaurante não tenha des- exatidão (MARQUES e ODA, 2012, p.127)”.
perdício de alimentos por conta de uma decisão Segundo Marques e Oda (2012), a fórmula
não acertada e, muito menos, que tenha arma- mais simplificada e que melhor traz o resultado
zenado produtos que não têm saída ou, ainda, para o Lote Econômico de Compras é:
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 91

Você terá, a partir desse cálculo, que a melhor


quantidade a ser comprada deste produto “XYZ”
será de 59 lotes econômicos de compra, ou
melhor dizendo, o tamanho ideal do lote a ser
Figura 16: Cálculo para o Lote Econômico de Compras comprado é 59, sendo que essa quantidade tende
Fonte: Marques e Oda (2012, p.127).
a proporcionar o menor custo para a compra.
Em que: Utilizando-se desses dados, ainda, pode-
LEC = Lote Econômico de Compras mos calcular, segundo nos indica Marques e
Cp = Custo do pedido Oda (2012), o Tempo de Intervalo Entre os
Ce = Custo de estoque anual Pedidos. Para esse cálculo, utilizaremos a se-
D = Demanda anual guinte fórmula:

Vamos fazer um cálculo de exemplo para faci-


litar a compreensão. Digamos que queremos
calcular o LEC para um determinado produto
que chamaremos de “XYZ”. Os dados que temos
para calcular são: O Custo do pedido - Cp é de Figura 18: Cálculo para o Tempo de intervalo entre pedidos
Fonte: Marques e Oda, (2012, p.128).
R$ 240,00 por pedido; o Custo de estoque - Ce
anual por item é de R$ 220,00; a Demanda anual Assim, utilizando os dados do exercício anterior,
desse produto é de 1.600 produtos por ano. teremos:
Sendo assim, vamos ao cálculo:

Figura 19: Exemplo de cálculo para TEP


Fonte: adaptado de Marques e Oda (2012, p. 128).

Temos, portanto, um total de 3,69% equivalen-


tes a um ano, ou seja, 13,47 dias que arredon-
dando nos dá 14 dias, como sendo o tempo de
Figura 17: Exemplo de cálculo para LEC
Fonte: adaptado de Marques e Oda (2012, p. 127). intervalo entre cada pedido.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Em outras palavras, a Verticalização se carac-


teriza como uma estratégia em que a empresa
se propõe a fazer tudo, ou seja, a empresa é
responsável pela produção de todas as etapas,
Figura 20: Simplificação do cálculo de equivalência anual para
número de dias desde a matéria-prima até a finalização com a
Fonte: a autora.
entrega do serviço ou produto acabado ao clien-
Na intenção de manter um equilíbrio no esto- te. Enquanto a Horizontalização se caracteriza
que, sem faltas ou excessos de materiais, decidir pela aquisição de matérias-primas de terceiros
a quantidade de materiais a serem comprados é para reduzir custos, entre eles, o custo de deter
uma das decisões mais importantes da empresa. a tecnologia para poder produzir determinados
O quanto pedir e quando pedir deve considerar materiais.
o ritmo de consumo do estoque e, também, A empresa pode executar todas essas
o tempo que o fornecedor tem para supri-lo, funções ou adquirir os serviços ou pro-
além de, é claro, considerarmos os custos en- dutos de terceiros, dependendo do grau
de horizontalização ou de verticalização
volvidos nos processos de ressuprimento desses
do seu processo produtivo ou de apoio.
estoques. Estes, por sua vez, estão relacionados
Sendo assim, com base nos cálculos do com as políticas empresariais ou com as
características de infraestrutura, locali-
LEC, é possível ter um bom método para o
zação da planta, existência de fornece-
controle de suas compras e redução de custos dor, do próprio processo produtivo, do
de armazenagem. mercado ou do seu produto (CALDAS e
A partir desse entendimento, podemos AMARAL, 2002, p. 86).

conhecer dois outros conceitos muito impor-


tantes para a gestão dos materiais de sua em- Uma adequada e eficiente gestão de compras deve
presa e para a gestão dos estoques também. ser voltada para a estratégia e não apenas para
Quando a empresa define seu fluxo de produ- a ação de efetuar as compras. O foco deve ser
ção também decide produzir suas próprias ma- em gerar lucros e não de gerar custos. Por isso,
térias-primas e outros produtos internamente. o comprador certo é peça fundamental da boa
Esse processo interno de produção chama-se estratégia, pois o departamento de compras terá
Verticalização. de equilibrar o fluxo contínuo de materiais ne-
Já na situação em que a empresa adquire cessários à produção de forma que represente o
ou compra produtos de terceiros, o processo é mínimo possível de investimento, obedecendo aos
chamado de Horizontalização. padrões de qualidade que toda empresa requer.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 93

Em suma, a sua empresa ou o seu restaurante


deverá aplicar as melhores práticas para gerir
seus estoques e sua produção, decidindo o que
deverá ser fabricado ou comprado, assim como
deverá estabelecer métodos de controle que pos-
sibilitem saber quando será o melhor momento
para realizar a compra e em que quantidade,
de forma que o processo produtivo não seja
prejudicado.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

considerações finais

Muito bem, caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade e aqui
aprendemos sobre o conceito da ação de comprar e como é importante ad-
ministrar de forma adequada as compras na sua empresa.
Durante a leitura você foi apresentado(a) a métodos, conceitos e apli-
cações que tornam o controle do seu estoque mais eficaz. E tudo começa
com a seleção de compradores e fornecedores de forma criteriosa, sempre
priorizando aqueles com características benéficas para o seu restaurante ou
empresa. Além disso, você, agora, sabe como uma empresa precisa organizar
seu departamento de compras e quais são os métodos e formas mais eficientes
de explorar o mercado no qual a empresa está inserida.
Conhecemos, também, alguns cuidados que devemos tomar, quanto à
qualidade da matéria-prima/alimentos da compra até a comercialização do
seu produto, garantindo os padrões de qualidade. Além disso, deve ser feito
um estudo minucioso dos fornecedores criando um cadastro detalhado. Todos
esses fatores são essenciais para um planejamento eficaz de suas compras que
também favorece o recebimento dentro do que foi contratado.
Aprendemos, ainda, o conceito e a função de instrumentos importantes
para a gestão de compras, o JIT e o MRP I e II. Esses são mecanismos capa-
zes de ajudar você a fazer a sua gestão por meio de controles mais precisos
e que ajudarão a eliminar custos desnecessários e suprir às necessidades de
produção de forma mais eficientemente, além de favorecer a distribuição de
seus produtos de forma mais econômica.
Entre os métodos que existem para ajudar no gerenciamento do que e
do quanto comprar, foram apresentados o Lote Econômico de Compras e o
Tempo de Reposição dos Pedidos, além das estratégias de verticalização e
horizontalização.
Sendo assim, tudo apresentado aqui vai ajudar você a tomar as melhores
decisões em questões relacionadas às compras.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 95

atividades de estudo
1. Quando você pesquisar sobre qualquer tipo de empresa, indiferente dela produzir,
comercializar, prestar serviços ou o conjunto de ambos, em qualquer situação,
haverá um fornecedor de materiais ou insumos para suprir essas etapas. Assim,
dizemos que cabe à administração de materiais o controle dessas atividades.
Dentro desse conceito, marque a resposta correta.
a. A administração de materiais é responsável pelo registro de bens, direitos e
obrigações patrimoniais da empresa.
b. Cabe à administração de materiais gerenciar a aquisição de matérias-primas para
abastecimento da organização, o controle de estoque e a decisão de repô-lo, a
escolha de fornecedores, os processos de compra, a armazenagem e a entrega
para a produção, tudo isso, sincronizado com as necessidades produtivas.
c. A administração de materiais é responsável por executar as atividades relacio-
nadas às vendas e entregas dos produtos, ou seja, trata-se do planejamento
logístico de entrega de produtos.
d. Cabe à administração de materiais tarefas relacionadas às demonstrações con-
tábeis básicas da empresa, bem como a emissão de demonstrativos financeiros.
e. Cabe à administração de materiais a função de coordenar as atividades de en-
trega de produtos aos clientes e o gerenciamento de conflitos entre a produção,
o departamento de compras e a logística.

2. O setor de compras de uma empresa é peça fundamental para os negócios,


pois é a partir da compra planejada de matérias-primas para a produção que
a empresa obtém lucros com as vendas. O setor de compras que antigamente
era tido como burocrático e administrado de forma “amadora”, hoje em dia
deu espaço para um setor envolto em planejamentos e boas práticas de gestão.
Diante dessa afirmação, analise as alternativas abaixo:
I. O responsável pelo departamento de compras deverá se manter atualiza-
do e informado, com boa capacidade de negociação e de relacionamento
interpessoal.
II. O responsável pelo departamento de compras deve ter boa comunicação e
saber trabalhar em equipe, trabalhar em harmonia com as demais áreas da
empresa, conhecer conceitos e práticas de gestão e de logística.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

atividades de estudo

III. O responsável pelo departamento de compras precisa ter conhecimentos em


finanças para conseguir boas negociações, além de, é claro, do conhecimento
sobre os produtos, do mercado em que a empresa está inserida e de ter alguns
conhecimentos gerais sobre economia e sobre a legislação, principalmente,
em questões tributárias que impactam no preço dos produtos.
IV. O responsável pelo departamento de compras irá suprir o estoque dos mate-
riais que a empresa necessita e é o responsável por fabricar ou, então, negociar
materiais ou matérias-primas e insumos para que a produção de seu cliente
se mantenha em pleno funcionamento.

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas I, II e III estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

3. A teoria nos diz que a atividade de comprar não é das mais fáceis, pois requer
bastante estudo de mercado, pesquisa de preços e atenção às inovações, assim
como o conhecimento de fornecedores novos com outras novidades para in-
crementar nossa produção. Além disso, é uma atividade cíclica porque algumas
etapas se repetem uma após a outra e sempre que há a necessidade de aquisição
de materiais para suprir a produção. Sendo assim, considere as alternativas
abaixo e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) No ciclo de compras, primeiramente, são analisadas as ordens de compras
e, em seguida, é feita uma pesquisa para encontrar o fornecedor adequado.
( ) Após analisar as ordens de compras e encontrar o fornecedor que atende
ao que se está procurando, passa-se para a negociação dos materiais com
esse fornecedor selecionado.
( ) A partir do momento em que é fechada a compra com o fornecedor escolhido,
haverá o acompanhamento do pedido que foi realizado até o momento do
recebimento do material adquirido.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 97

atividades de estudo
( ) O comprador deverá emitir toda a documentação da vigilância sanitária
para os produtos perecíveis e guias de importação dos produtos antes de
serem transportados.

4. São características da descentralização das compras as seguintes informações.


Marque Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) As similaridades de preferências dos clientes permite que todas as empresas
tenham vantagens na hora de adquirir os materiais dos quais necessitam.
( ) A diferença entre as localidades devido às razões culturais e/ou sociais,
gostos e preferências, facilita a adesão dessa metodologia de compra.
( ) Os ganhos com descontos devido à quantidade de materiais comprados é
mais vantajosa pela quantidade adquirida em um único pedido.
( ) Os produtos comprados dessa forma possuem a homogeneidade dos ma-
teriais que são adquiridos e também uma padronização.
( ) O contato mais próximo com os fornecedores, o atendimento mais espe-
cífico das necessidades da empresa do local analisado e maior agilidade na
entrega dos produtos.

5. Para garantir que a compra realizada tenha procedência, qualidade e atendas às


necessidades exigidas, alguns métodos são utilizados em determinadas situações
a depender da metodologia aplicada pela empresa. Baseando-se no que você
aprendeu nesta unidade, analise as afirmativas abaixo.
I. As compras informais são mais utilizadas em negócios de alimentação me-
nores e se baseiam em uma cotação que pode ser diária, semanal ou mensal,
de acordo com a necessidade da empresa.
II. Em compras por licitação, o fornecedor encaminha para o comprador as
qualidades e especificações dos produtos e o comprador irá elaborar suas
cotações dentro de períodos pré-estabelecidos.
III. Quando ocorre a compra por licitação, o comprador apresentará os valores para
aquisição das mercadorias, assim como as demais condições para a compra.
IV. Nas compras no mercado aberto, a negociação é feita após a análise de preço,
prazo, entrega e qualidade.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas a alternativa I está correta.
b. Apenas as alternativas II e IV estão corretas.
c. Apenas a alternativa IV está correta.
d. Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.
e. Apenas as alternativas I e IV estão corretas.

6. O controle das compras, quando há uma diversidade grande de produtos, como


acontece em um restaurante, é fundamental e, para isso, é importante que seja
feito um cadastro dos fornecedores com todas as informações já levantadas.
Num segundo momento, serão analisados os documentos apresentados pelo
fornecedor para o preenchimento do cadastro. A partir dessa documentação,
você poderá realizar algumas análises mais detalhadas. De acordo com o que
você aprendeu, marque a alternativa INCORRETA.
a. Você poderá realizar uma análise econômico-financeira para atestar a capacidade
de solvência da empresa e sua regularidade no mercado de crédito (bancos, por
exemplo).
b. Você poderá realizar uma análise social para identificar alguma irregularidade
por parte dos sócios.
c. Você poderá realizar uma análise técnica para identificar se a empresa possui
autorização e qualificação para fornecer os produtos.
d. Você poderá realizar uma análise socioambiental para identificar irregularidades
sanitárias no transporte.

7. Quando a empresa tem intenção de manter um equilíbrio no estoque, sem faltas


ou excessos de materiais, decidir a quantidade de materiais a serem comprados
é uma das decisões mais importantes. Para isso, a empresa pode se utilizar do
Lote Econômico de Compras que representa a quantidade de mercadoria a ser
comprada que irá minimizar os custos tanto de aquisição quanto de estocagem.
A partir desse entendimento, dois outros conceitos são igualmente importantes
para a gestão de estoques, a verticalização e horizontalização. Marque a alter-
nativa correta.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 99

atividades de estudo
a. A Verticalização é quando a empresa define seu fluxo de produção e também
pode decidir produzir suas próprias matérias-primas e outros produtos interna-
mente. E a Horizontalização é quando a empresa adquire ou compra produtos
de terceiros.
b. A Horizontalização é quando a empresa define seu fluxo de produção e também
decide produzir suas próprias matérias-primas e outros produtos internamente.
E a Verticalização é quando a empresa adquire ou compra produtos de terceiros.
c. A Horizontalização é quando a empresa produz um tipo de produto de cada vez,
para diminuir custos de mão de obra e matéria-prima.
d. A Verticalização é quando a empresa produz seus produtos com pequenas
interrupções para verificação da máquina ou equipamento e esse processo se
chama Lead Time.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

S
leitura complementar

erá muito importante para você o conhecimento do Decreto 30.691 de 29 de março


de 1952, que trata do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal. Observe o quão interessante é essa lei e como ela abrange vários tipos
de produtos animais e vegetais que você utiliza ou irá utilizar em sua produção. Vamos
à leitura dos dois primeiros artigos e veja como a manipulação dos produtos é importante e você
deve estar atento a isso.
Art. 1º Este Regulamento estabelece as normas que regulam, em todo o território nacional, a
inspeção e a fiscalização industrial e sanitária de produtos de origem animal, destinadas
a preservar a inocuidade, a identidade, a qualidade e a integridade dos produtos e a saúde
e os interesses do consumidor, executadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento nos estabelecimentos registrados ou relacionados no Serviço de Inspeção
Federal. (Redação dada pelo Decreto nº 7.216, de 2010)
Art. 2º Ficam sujeitos a inspeção e reinspeção previstas neste Regulamento os animais de açougue,
a caça, o pescado, o leite, o ovo, o mel e a cêra de abelhas e seus produtos o subprodutos
derivados.
§ 1º A inspeção a que se refere o presente artigo abrange, sob o ponto de vista industrial e
sanitário a inspeção «ante» e «post-mortem» dos animais, o recebimento, manipulação,
transformação, elaboração, preparo, conservação, acondicionamento, embalagem,
depósito rotulagem, trânsito e consumo de quaisquer produtos e subprodutos, adi-
cionados ou não de vegetais, destinados ou não à alimentação humana.
§ 2º A inspeção abrange também os produtos afins tais como: coagulantes, condimentos,
corantes, conservadores, antioxidantes, fermentos e outros usados na indústria de
produtos de origem animal.

Fonte: Brasil (1952, online).


GASTRONOMIA • UNICESUMAR 101

ADMINISTRAÇÃO DE VAREJO
Fauze Najib Mattar

Sinopse: esse livro é um manual completo de gestão de


varejo para auxiliar tanto profissionais quanto estudantes
desse importante setor da economia nacional a entenderem
a sua dinâmica e a conhecerem os conceitos, técnicas e
metodologias para poderem atuar com sucesso. Ao longo
dos seus 14 capítulos divididos em 3 partes, os leitores são
expostos ao ambiente do varejo e aos conceitos, métodos
e técnicas que fundamentam as decisões e a gestão no varejo. Cada
capítulo contém, além do texto, ricas ilustrações e fotos, exemplificando
o conteúdo apresentado, casos ilustrativos e exercícios e questões para
serem resolvidos. Além disso, cada exemplar da obra traz um código
individual (PIN) por meio do qual o leitor poderá acessar no site da
editora1 diversos artigos, casos, pesquisas e exemplos.

Comentário: a leitura é recomendada para todos, mas, principalmente,


para quem tem interesse de começar uma franquia. Esse livro traz uma
abordagem ampla sobre varejo, franquias, comportamento do consumi-
dor, gestão financeira e de mercadorias e serviços. Vale a pena conferir
esse material que também está disponível (parte dele) no Google Livros2
no endereço.

1
Site da editora Elsevier <www.elsevier.com.br>.
2
Parte do livro disponível no Google Livros <https://books.google.com.br/books?id=20i6ZxjN4fUC&pg=PA397&d-
q=administra%C3%A7%C3%A3o+de+compras+e+suprimentos&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjPpJahr-
PbKAhUCk5AKHUQ9Bng4ChDoAQgnMAI#v=onepage&q=administra%C3%A7%C3%A3o%20de%20
compras%20e%20suprimentos&f=false>.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

referências

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. DEPARTAMENTO


DE INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL. DIVISÃO DE NORMAS TÉCNICAS.
Regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal: aprovado pelo
Decreto n. 30.691, de 29 mar. de 1952 [...]. Ministério da Agricultura, 1952.
CALDAS, R W.; AMARAL, C. A. A. do. Mudanças, razão das incertezas: Introdução à gestão do
conhecimento. Brasília: CLA Editora, 2002.
CHIAVENATO, I. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005 - 3ª reimpressão.
. Planejamento e controle da produção. 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2008.
EMBRAPA/SEDE. Manual de Segurança e Qualidade para Avilcultura de Postura. Qualidade
e Segurança dos Alimentos. Projeto PAS Campo. Convênio CNI/SENAI/SEBRAE/EMBRAPA,
2004. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/18216/1/
MANUALSEGURANCAQUALIDADEaviculturadepostura.pdf>. Acesso em: 23 de jan. 2016.
GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. [orgs.]. Sistema de gestão: qualidade e segurança dos
alimentos. Barueri, SP: Manole, 2013.
MARQUES, C. F., ODA, É. Atividades técnicas na operação logística. Curitiba: IESDE, 2012.
PAYNE-PALACIO, J.; THEIS, M. Gestão de negócios em alimentação: princípios e práticas. Barueri,
SP: Manole, 2015.
PORTAL BRASIL. Higiene no preparo de alimentos evita contaminação por Salmonela. Portal
Brasil. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2015/01/higiene-no-preparo-de-alimen-
tos-evita-contaminacao-por-salmonella>. Acesso em: 23 jan. 2016.
ROSA, R. de A. Gestão de operações e logística. 2 ed. reimp. Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES-
UAB: 2012.
SLACK, N.; CHAMBERS, S; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2002.

GABARITO
1. B 5. E
2. D 6. D
3. V; V; V; F 7. A
4. F; V; F; F; V
Apuração e Administração de Custos
MARIA FRANÇOISE DA SILVA MARQUES
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Conceitos e terminologias sobre custos


• Gestão do Capital
• Demonstrações contábeis

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e analisar o método de gerenciamento - Classificação
ABC dos itens de estoque.
• Aprender as diferenças entre Estoque Mínimo e Estoque
Máximo e método de cálculo.
• Aprender sobre Custo de Reposição, Custo de Armazenagem,
Custo de Produção e Custo de Transformação.
• Conhecer os demais custos que se relacionam com a administra-
ção de materiais e estoques.
• Entender o que significa custeio e como esse conceito está atrela-
do à produção.
• Compreender o que são Ativos e Passivos Circulantes e
Demonstrações Contábeis ligadas à gestão de custos.
105

Introdução
Olá caro(a) aluno(a), iniciamos o estudo da unidade 3 de seu material e, nesta unidade, você irá
aprender conceitos mais detalhados sobre custos que servirão de embasamento e complemento
do que você vem aprendendo no decorrer desta disciplina.
Nas unidades anteriores, você aprendeu sobre a gestão de materiais e de estoques e como
agir da forma mais eficaz para manter seus materiais armazenados em equilíbrio com as ne-
cessidades da produção. Também aprendeu sobre a administração de compras, outro ponto
fundamental para manter sua empresa longe de problemas, a partir da gestão correta do
departamento de compras. Entre as medidas adotadas para essa gestão, estão a escolha seleta
de seus compradores e fornecedores por meio de métodos que servirão de garantia na hora de
optar entre um e outro, além de métodos para realizar um estudo de mercado e primar pela
qualidade dos materiais adquiridos.
Em alguns momentos, durante o estudo das unidades já estudadas foram dadas pinceladas
sobre alguns custos que envolvem a administração de materiais, estoques e compras, porém
será nesta terceira unidade que você terá o aprofundamento desses e outros conceitos que são
de extrema importância para a gestão de sua empresa como um todo, mas, principalmente, da
parte financeira.
Fique atento(a) a toda análise, terminologias e cálculos que serão apresentados aqui, pois
esse conteúdo fará toda a diferença para a lucratividade de seus negócios, possibilitando que
você tenha sucesso em seus empreendimentos.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 107

Conhecer Conceitos e
Terminologias sobre
Custos

Você já aprendeu que a previsão do que será demandado é base-


ada nos históricos dos materiais que existem na empresa e, que,
ao analisarmos sua movimentação, teremos uma estimativa do
comportamento de utilização desses materiais. Sendo assim, ao
termos um cálculo, mesmo que aproximado daquilo que teremos
de demanda futura, poderemos elaborar um planejamento dos
demais processos que se relacionam com as compras e com a
produção da empresa, entre eles, o custo de matérias-primas,
armazenamento, entre outros.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Mas antes de iniciarmos os cálculos de nossos • Itens de classe A: são aqueles itens mais
custos, gastos e demonstrações contábeis, importantes para a empresa, pois o
vamos conhecer um pouco sobre uma ferra- volume financeiro investido neles é de
menta gerencial que auxilia a gestão de materiais grande relevância, ou seja, seu custo uni-
e estoques, de forma que haja redução de gastos tário é elevado e requer um cuidado mais
desnecessários, impedindo que os estoques se criterioso sobre seus estoques e movimen-
tornem um desperdício. tações, uma vez que representam cerca de
65% a 75% do montante das movimenta-
Classificação ou curva abc ções de estoque e representam de 10% a
Se quisermos identificar os itens mais importan- 20% dos itens cadastrados nesse estoque.
tes em nosso estoque ou, ainda, classificar forne- • Itens de classe B: são aqueles itens que se
cedores, vendedores e clientes, podemos fazer uso encontram em situação intermediária e
da CLASSIFICAÇÃO ABC. Esse método também seu controle não necessita ser tão rigoroso.
propicia que tenhamos informações sobre o giro Representam algo em torno de 20% a 25%
dos produtos em estoque e o custo despendido das movimentações de estoque e 20% a
com esses produtos. “O processo de classificação 40% dos itens cadastrados no estoque.
consiste em identificar e escalonar os itens em • Itens de classe C: esses itens se carac-
classes A, B e C, de acordo com o volume finan- terizam por seu baixo valor financeiro
ceiro que cada um representa nas movimentações e baixa movimentação e, por isso, seu
da empresa (COSTA, 2002, p. 139).” controle não é tão rígido, tendo de 5%
Vamos analisar esse escalonamento em um a 10% de valor movimentado e algo em
restaurante e ver se o gestor estabelece estraté- torno de 45% a 60% dos itens cadastra-
gias para gerenciar materiais, vendas, compras, dos no estoque.
inventários, produção, clientes e fornecedores Um dos aspectos mais importantes e exi-
e outros elementos que façam parte da empre- gidos no gerenciamento dos estoques diz
sa. Essa ferramenta (análise da curva ABC) vai respeito, naturalmente, ao seu valor de
capital investido, que chega a ser o valor
ajudar muito na análise do volume financeiro
mais elevado do balanço patrimonial de
de períodos curtos e longos em relação ao custo uma empresa. Uma das formas mais utili-
e ao consumo médio para cada material. zadas para o gerenciamento dos materiais
em estoque consiste na classificação ABC
Vamos, primeiramente, entender a classifica-
de materiais, também conhecida como
ção em itens de classe A, B ou C, de acordo com “curva ABC” de materiais (PEINADO;
Costa (2002), se caracteriza da seguinte forma: GRAEML, 2007, p. 645).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 109

Sendo assim, vamos utilizar como exem- a quantidade desse produto em estoque,
plo um restaurante para essa classificação. o valor unitário e o valor total (quanti-
Segundo a teoria, nem todos os itens têm a dade x valor unitário).
mesma importância com relação ao capital 2. Feito isso, ordene os itens da plani-
que foi investido, ou seja, podemos manter lha de acordo do valor total em ordem
uma quantidade elevada de determinado item crescente.
em estoque que tenha baixo custo unitário e 3. O terceiro passo será calcular o valor
que não represente um montante elevado em total acumulado, o percentual unitário
valores financeiros, como o arroz. Em contra- do item e o percentual acumulado.
partida, manter uma alta quantidade de pro-
dutos no estoque que tenha um custo unitário
elevado e que represente uma fatia significativa
dos custos financeiros, não é aconselhável, por
exemplo, vinhos caros e importados.
Nesse exemplo, teremos os vinhos caros e
O sistema ERP é utilizado para transações
importados na classificação A e o arroz, clas- contábeis, controle de compras emitidas e
sificado como C. Ainda temos o itens da clas- outras transações de registro financeiro e
contábil necessários para detalhamentos
sificação B, que são os itens intermediários e,
financeiros.
nesse caso, vamos considerar os refrigerantes,
Fonte: Pound; Bell e Spearman (2015).
a água e outros.
Certo! Mas como calcular a Classificação
ABC dos itens do seu estoque? Para isso, você
poderá utilizar programas de gestão para empre-
sas, como o ERP (Enterprise Resources Planning)
ou, ainda, se utilizar de planilhas eletrônicas,
como a do Microsoft Excel®. O importante é
relacionar os itens do seu estoque da seguinte
forma:
1. Colocar em uma planilha a sequên-
cia crescente de códigos de todos os
materiais estocados. Ao lado de cada
código, coloque a descrição do produto,
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Vamos utilizar um exemplo reduzido com itens terão muitos outros itens a serem listados, mas,
e valores para melhor exemplificar o que foi ex- aqui, serão utilizados apenas alguns para efeito
plicado acima. Certamente, em um restaurante de demonstração.

Quadro 3: Classificação de ma-


teriais e inventário
Fonte: a autora.

Perceba, no quadro 3, que nossos itens já estão total e só então foi calculado o Valor Acumulado
em ordem com todos os valores calculados, con- e o percentual (%) Acumulado conforme indi-
forme informado, ou seja, começamos a planilha cação na figura.
ordenando os itens pelo Código um a um em O próximo passo, agora, é elaborar um
ordem crescente. Feito isso, foi calculado o Valor resumo e um gráfico da curva ABC para que
Total de cada item, logo em seguida, os itens você perceba como se apresenta a classificação
foram ordenados de forma crescente pelo valor dos itens listados anteriormente.

Quadro 4: Quadro resumo


para classificação ABC
Fonte: a autora.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 111

Observação: Utilizamos os dois primeiros itens que têm impacto financeiro menor sobre o
com maior percentual sobre os estoque para a estoque, foram utilizados o demais itens da
classificação A (ITEM0014 e ITEM0015), já, tabela (ITEM0009, ITEM0002, ITEM0006,
para a classificação B, foram utilizados os itens ITEM0007, ITEM0010, ITEM0001 e
intermediários de percentual entre 9,05% e ITEM0008). Lembrando que as quantidades
2,38% (ITEM0013, ITEM0012, ITEM0011, identificadas no quadro 4, são os somatórios dos
ITEM0005, ITEM0003 e ITEM 0004) e para itens dentro da classificação e não da quantidade
a classificação C, ou seja, para aqueles itens em estoque dos mesmos.

Gráfico 1: Representação da Curva ABC


Fonte: a autora.

O que você observa no gráfico 1 é o que já fala- Agora veja só, você poderá utilizar a Classificação
mos, anteriormente, ou seja, a menor quanti- ou Curva ABC para gerenciar as diversas áreas de
dade do seu estoque (os vinhos), equivalentes sua empresa, entre elas, você poderá analisar seus
a 13,33% da quantidade total é responsável fornecedores, seus clientes, suas vendas e, claro,
pelo maior valor de investimento, 65,65% do seus materiais em estoque. Mas não paremos por
valor total, enquanto que a maior quantidade de aqui, não! Vamos em frente porque temos muito o
estoque (46,67% do total) representam apenas que aprender. Nosso próximo passo será estudar
9,79% do valor financeiro investido. sobre custos, sendo assim, acompanhe!
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Classificação de custos
Retomando o que já havíamos visto anteriormen- Vamos a um exemplo prático:
te, o ponto de equilíbrio do estoque é necessário Um restaurante usa por dia, em média, 5
para que não haja faltas para a produção e nem quilos de arroz, porém, em um dia especí-
estoque em demasia que possa deixar seu dinheiro fico da semana, o consumo poderá chegar
parado. Pois bem, contudo, quando devemos repor a 25 quilos, ou seja, 20 quilos a mais que
esse estoque? Qual é o momento ideal? Vejamos. média normal diária. O fornecedor do qual
O estoque, segundo Chiavenato (2005), são adquiridos os quilos de arroz, pede,
deve oscilar entre os limites máximo e mínimo em média, uma semana para a entrega do
para que a partir disso possa-se calcular o Ponto produto pedido. Diante dessa diferença de
do Pedido ou o momento de realizar o pedido consumo, como você irá fazer o controle
de reposição. Vale lembrar que o cálculo se uti- do seu estoque?
liza do Estoque de Segurança que já vimos na Muito bem, pelos dados afirmados, ante-
unidade 1 e que representa a quantidade que riormente, temos, então, que nosso estoque
fica no estoque, utilizada quando há extrema mínimo deverá ser de 25 quilos, consideran-
necessidade, pois como o próprio nome diz, do 5 dias de consumo normal no restaurante.
trata-se de um estoque que servirá de cobertura Por precaução, é aconselhável mantermos
para eventuais contratempos. Sendo assim, o em estoque, o mínimo de 50 quilos de arroz,
Estoque Mínimo representa o momento de para o caso de ocorrerem dois dias de pico
realizar um novo pedido de compra e ele é cal- na semana e manter o estoque seguro, pois a
culado da seguinte forma: entrega nova acontece em 7 dias. Usando da
fórmula para o cálculo do estoque mínimo,
chegaremos à conclusão de que sempre que
Estoque mínimo = ER + dt o estoque chegar em 85 quilos, você terá
de fazer um novo pedido de compras, ou
Figura 21: Fórmula de cálculo do Estoque Mínimo
Fonte: Chiavenato (2005, p. 83). seja, 85 quilos é o seu ponto do pedido para
Em que: compra de arroz em seu restaurante.
ER = Estoque de Reserva ou Estoque de
Segurança
Estoque mínimo = ER + dt
d = consumo médio do material Estoque mínimo = 50 + 5x7 = 85 quilos
t = tempo de espera médio, em dias, para a
Figura 22: Cálculo do estoque mínimo
reposição do material Fonte: a autora.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 113

Já o Estoque Máximo é representado da seguin-


te forma: Estoque Mínimo somado ao Lote de
Compra que você já aprendeu como se calcula
na unidade anterior. Podemos utilizar a seguinte
Para o cálculo do Estoque Máximo, você
equação: precisará calcular o valor do lote econô-
mico de compra e, para isso, precisará
ter em mãos os outros dados que são:
o custo do pedido, o custo do estoque
Estoque Máximo = Emín + lote de compra
anual e a demanda anual do produto.
Que tal você utilizar o cálculo do LEC
Figura 23: Fórmula de cálculo do Estoque Máximo
Fonte: Chiavenato (2005, p. 84). da unidade 2 e simular esses dados para
chegar ao valor do seu estoque máximo
agora que você já tem o valor de seu
O Custo é algo inerente a qualquer tipo de ne- estoque mínimo?
gócio e está intrinsecamente ligado ao processo
produtivo de um produto ou serviço e nada mais
é do que um gasto financeiro ou econômico para
a atividade fim da empresa. Em sua composição,
estão elencados o preço de aquisição da matéria-
Custo de Reposição = PU + ACR
prima, o preço despendido com a mão de obra
direta ou indireta e o custo com equipamentos Figura 24: Fórmula de cálculo do custo do estoque de reposição
Fonte: Chiavenato (2005, p. 91).
e máquinas.
Sendo assim, quando falamos em reposi- Em que:
ção de estoque, a nova compra também terá um PU = Preço unitário do material
custo que chamamos de Custo de Reposição, ACR = Acréscimo do Custo de Reposição
lembrando que a avaliação do estoque consi- em porcentagem (%)
dera o preço de mercado atual que poderá ter
variações diante da aquisição feita em outra Assim como a nova compra pode ter custos,
ocasião, ou seja, o custo de reposição é o valor armazenar esses produtos também dispende da
atual do material ou matéria-prima que pode quantidade do material no estoque (Q), o tempo
ser maior ou menor do que a compra feita ante- que o material permanece armazenado (T),
riormente. Para calcularmos o custo referente assim como seu preço (P) e taxas eventuais de
à reposição do estoque, utilizamos a seguinte armazenagem (I). Para calcularmos o Custo de
fórmula: Armazenagem, utilizamos a seguinte fórmula:
Gestão de Compras, Estoque e Custos

• Custo fixo: o custo fixo, no curto prazo,


Custo de Armazenagem = Q x T x P x I
2 será constante, não importando a quan-
tidade produzida, ou seja, são custos
Figura 25: Fórmula de cálculo do custo de armazenagem
Fonte: Chiavenato (2005, p. 92). invariáveis. Entre eles, está o aluguel
da empresa que será o mesmo, ainda
Quanto à variabilidade, os custos se compor- que a produção seja maior ou menor,
tam de acordo com a produção, ou seja, mudam sua redução só ocorre na diluição desse
conforme muda o volume de produção na em- valor diante da quantidade produzida.
presa. Santos (2013) define essa classificação Exemplificando: se o custo do aluguel é
em custos variáveis e fixos e os descreve da R$ 5.000,00 e você produz 10 unidades
seguinte forma: de torta, terá um custo de R$ 500,00
• Custo variável: caracteriza-se por ser por unidade, mas se você produzir 100
constante por unidade, ou seja, é, di- unidades de torta, seu custo unitário será
retamente, proporcional ao volume de de R$ 50,00, porém o valor do aluguel
atividade produtiva na empresa, assim, ainda será os mesmos R$ 5.000,00.
se o restaurante produzir uma torta, terá
o custo de produção para uma torta, mas Temos, também, os custos diretos e indire-
se produzir cinco tortas, seu custo será tos e sua classificação está ligada à facilidade
equivalente à utilização de materiais para ou à dificuldade de apuração, vejamos onde
a produção de cinco tortas. ocorrem:

Figura 26: Custos diretos


Fonte: adaptado de Santos (2013, p. 21).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 115

Para calcular o Custo Direto, é muito simples,


você utiliza a seguinte fórmula “C = P x Q”, em
que C representa o custo do recurso, P represen-
ta o preço unitário do recurso e Q a quantidade
do recurso. De acordo com Ching; Marques e
Prado (2010), conforme figura 28.
Para o cálculo dos custos indiretos, não tem
segredo, digamos que o valor dos impostos do
restaurante seja de R$ 5.000,00 no mês “x”.
Para sabermos o quanto desse valor equivale a
8 horas trabalhadas por dia no mês, utilizamos
Figura 28: Custos indiretos
o seguinte raciocício: Fonte: adaptado de Santos (2013, p. 21).

O valor de 5.000 será dividido por 30


dias (5.000/30), o que dará o equivalente a Em que:
R$ 166,67 por dia. Se trabalhamos 8 horas MP = Matérias-primas
diárias no mês, teremos que cada hora será o MOD = Mão de obra direta
equivalente de R$ 20,85, ou seja, R$ 166,67, CIF = Custos indiretos de fabricação
dividido por 8 horas (166,67/8). Isso significa
que por hora trabalhada no mês, tivemos um Vamos a um exemplo para explicar melhor o
custo indireto com os impostos da ordem de cálculo do custo de produção. Primeiramente,
R$ 20,85. é necessário que sejam separados os custos e
• Custo de produção: se caracteriza pelo vamos calcular o preço da matéria-prima. Para
valor de todos os bens e serviços que a apuração do custo da matéria-prima, utiliza-se
são consumidos no processo produti- o valor pago pelo produto e que consta na nota
vo. Calcula-se o custo de produção pela fiscal. Desse valor, serão diminuídos os descon-
seguinte fórmula: tos dados pelo fornecedor, se houver, depois
serão somados os valores do frete, do seguro,
outras despesas que envolveram a compra mais
Custo de produção = MP+MOD+CIF os impostos não recuperáveis e descontaremos
os impostos recuperáveis. Nós já vimos essa
Figura 27: Fórmula para cálculo do custo de produção plo
Fonte: Santos (2013, p. 22). classificação lá na unidade 1.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Suponhamos que nosso cálculo fique assim:


Custo de produção = MP+MOD+CIF
(+) valor da matéria-prima = R$ 200,00 Custo de produção = 193,50+181,82+55
(-) desconto promocional = R$ 5,00 Custo de produção = R$ 430,32
(+) valor do frete = R$ 10,00
Figura 29: Cálculo do custo de produção
(+) valor do seguro = R$ 0,00 Fonte: a autora.

(+) outras despesas = 2,00 • Custo de transformação: são os custos


(+) impostos não recuperáveis = R$ 22,50 derivados da transformação da matéria-
(-) impostos recuperáveis = R$ 36,00 -prima em produto acabado e que agre-
Custo da matéria-prima = R$ 193,50 gam a mão de obra direta e os custos
indiretos de fabricação, sendo calculado
Agora, calcularemos o custo referente à mão da seguinte forma:
de obra. Digamos que a nossa empresa tenha
um gasto com encargos do funcionário João
no valor de R$ 2.000,00 e digamos que João Custo de transformação = MOD+CIF

trabalhe 220 horas mensais. Nesse caso, a


Figura 30: Fórmula para cálculo do custo de transformação
hora trabalhada de João será de R$ 9,09 (R$ Fonte: Santos (2013, p. 23).

2.000,00/220 horas) e para a produção do pro- Em que: MOD = Mão de obra direta
duto que utiliza a matéria-prima que iremos CIF = Custos indiretos de fabricação
adquirir, João gastou 20 horas, assim, mul-
tiplicamos o valor da hora de João (R$ 9,09) Quanto tratamos de produção, além dos custos,
pela quantidade de horas gastas na produção existem três principais filosofias de custeio.
do produto (20 horas), temos, então, que João Segundo Santos (2013), essas filosofias possi-
custou R$ 181,82 como mão de obra para a bilitam a interpretação e aplicação do custo de
empresa. produção, porém a dificuldade está em saber
Como outros custos indiretos da fabricação, como são valorados os estoques em relação aos
utilizaremos o aluguel proporcional, embora custos fixos, se estes custos são ou não agrega-
existam outros como o seguro, a depreciação, dos no estoque.
entre outros. Utilizaremos,portanto, como custo Na definição de CUSTEIO TOTAL, uma
proporcional o valor de R$ 55,00 como custos destas filosofias, é suposto que os custos e as
indiretos da fabricação (parte referente ao alu- despesas indiretas fixas serão incluídas tanto
guel proporcional). no estoque quanto nos produtos vendidos e
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 117

o custeio rateará a totalidade dos custos fixos Por último, segundo essa filosofia, temos o
entre os produtos independente do nível de CUSTEIO DIRETO, quando os custos e as des-
atividade da empresa. Já, no CUSTEIO POR pesas indiretas fixas não são incluídos nem nos
ABSORÇÃO, também são considerados os estoques e nem no custo dos produtos vendidos,
custos e despesas indiretas fixas nos estoques pois são consideradas gastos e serão lançadas
e nos produtos vendidos, portanto, apenas no Demonstrativo de Lucros e Perdas.
serão distribuídas algumas despesas fixas Observe os exemplos seguintes apresentados
e somente no nível de atividade normal da por Santos (2013, p. 26-30) que facilitarão e muito
empresa. seu entendimento sobre o que acabamos de falar.

Exemplo

Como ilustração, suponhamos a análise de despesas de uma empresa que possui custos fixos na ordem
de R$ 10.000,00, com o nível de atividade normal da produção em 1.000 unidades. Nesse caso, o custo
fixo por unidade será de R$ 10,00 (R$ 10.000,00/1.000 un.). Porém, se houver variações na produção,
isto é, se ela baixar para 800 unidades ou aumentar para 1.250 unidades, como serão avaliados os custos
se considerarmos a filosofia do custeio total e por absorção?

Se o nível de atividade baixar para 800 unidades:


• Custeio total> Custo fixo unitário = R$ 10.000,00/800 = R$ 12,50 por unidade.
Nesse caso, o custo unitário do produto aumentou em função da redução do nível de atividade.
• Custeio por absorção > Custo fixo unitário= R$ 10,00 por unidade.
No caso do custeio por absorção, o custo unitário do produto continua no mesmo patamar do nível
de atividade. Sendo assim, a queda da atividade gerou uma perda de 200 unidades, causando uma
despesa de R$ 2.000,00 (R$ 10,00 x 200 un.), que deverá ser lançada como prejuízo.

Se o nível de atividade aumentar para 1.250 unidades:


• Custeio total > Custo fixo unitário = R$ 10.000,00 / 1.250 = R$ 8,00 por unidade.
Aqui, a situação se inverte, pois há uma redução do custo por unidade que, na verdade, não ocorre em
função do nível de atividade estabelecido. Nesse caso, o ganho real não é identificado corretamente.
• Custeio por absorção > Custo fixo unitário = R$ 10,00 por unidade.
Avaliando essa situação, é possível verificar que o custo médio também não se modificou em função
do nível de atividade estabelecido. Se a produção aumentou em 250 unidades e o custo unitário é
de R$ 10,00, teremos uma receita extra de R$ 2.500,00 (R$ 10,00 x 250 un.), que poderá ser lançada
como receita no demonstrativo de lucros e perdas.

Quadro 5: Ilustração de custeio total e custeio por absorção


Fonte: Santos (2013, p. 26-27).
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Exemplo

Vamos supor que determinada empresa vendeu 1.000 unidades do produto x ao preço unitário de R$
10,00 e que a produção desse produto no período tenha sido de 1.100 unidades, sendo que os custo
variáveis por unidade representam R$ 6,00 e os custos fixos unitários R$ 2,00. Além desses custos , as
despesas de vendas e administrativas somam R$ 900,00, dos quais R$ 400,00 são representados por
custos variáveis e os restantes R$ 500,00 por custos fixos gerais.

Análise de custo com base no custeio total

Itens Custo Unitário (R$) Total (R$)


Vendas de 1.000 unidades 10,00 10.000,00

Produção total de 1.100 unidades

Custos variáveis por unidade 6,00 6.600,00

Custos fixos por unidade 2,00 2.200,00

Custo derivado de produção 8,00 8.800,00

Estoque final: 100 unidades 8,00 (800,00)

Custo dos produtos vendidos 1.000 8,00 8.000,00

Margem bruta 2.000,00

Despesas totais de vendas e administrativas, (900,00)


sendo R$ 400,00 as despesas variáveis

Lucro líquido 1.100,00

Repare que o estoque final de 100 unidades foi contabilizado ao custo de R$ 8,00 por unidade e
valorizado por 800,00.
As despesas de vendas e administrativas variáveis e fixas foram absorvidas diretamente, sem a classificação
após a margem bruta, resultando no lucro de R$ 1.100,00.
É importante ressaltar que o exemplo é simples, não considerando aspectos como tributos e demonstrativos
formais.
A nossa intenção é apresentar o processo de análise e conceituação das filosofias de custeio.
Quadro 6: Análise de custo com base no custeio total
Fonte: Santos (2013, p. 27-28).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 119

Exemplo

Análise de custo com base no custeio total

Itens Custo Unitário (R$) Total (R$)


Vendas de 1.000 unidades 10,00 10.000,00

Produção total de 1.100 unidades

Custos variáveis por unidade 6,00 6.600,00

Estoque final (100 unidades x 6,00) 600,00 (600,00)

Custos variáveis dos produtos vendidos 6.000,00

Despesas variáveis de vendas 400,00

Custos variáveis totais = CPV 6.400,00


+ despesas variáveis

Margem de contribuição (R$ 3.600,00


10.000,00 - R$ 6.400,00)

Custos fixos de fabricação (R$ 2,20 x 1.100) (2.200,00)

Despesas fixas administrativas e de vendas (500,00)

Lucro líquido 900,00

Observe que os estoque foram valorizados por R$ 6,00, ou seja, os custos unitários variáveis de produção
foram lançados a conta do estoque por R$ 600,00 (100 unidades x R$ 6,00).
Outra diferença é a margem de contribuição que representa as vendas totais menos os custos variáveis
totais, gerando R$ 3600,00 de margem para cobrir os custos e as despesas fixas e produzindo um lucro
de R$ 900,00.

Quadro 7: Análise de custo com base no custeio direto


Fonte: Santos (2013, p. 29-30).
Gestão de Compras, Estoque e Custos

as propagandas, a manutenção dos veículos uti-


lizados no transporte de entrega, entre outras. A
despesa também é chamada de custo do período.
No quadro seguinte, é possível observar a
No Brasil, o controle mais efetivo dos
custos aconteceu após a entrada de re- diferença entre custo e despesa, assim como a di-
cursos em abundância, na década de 1970, ferença entre custos diretos e indiretos. Observe:
conhecida como a época do milagre brasi-
leiro. Havia recurso disponível para quem Custos de Outros Custos
tivesse em sua contabilidade um sistema transformação (não de transformação)
que determinasse e indicasse, de forma Custo Custo direto: material
do produto e mão de obra
clara, os custos incorridos.
Custo indireto: apoio
As empresas eram obrigadas, então, a im-
à manufatura
plantar um controle efetivo sobre os custos,
Custo Distribuição
os quais estavam ligados à contabilidade, do período
daí a denominação contabilidade de custos. Vendas/Marketing
Fonte: (CORTIANO, 2014, p. 34) Pesquisa/
desenvolvimento
Despesas gerais
e administrativas
Quadro 8: Relação entre custo e despesa, custo direto e indireto
Fonte: Ching, Marques e Prado (2010, p. 198).

É importante que você saiba a diferença entre


custos, gastos e despesas, pois são coisas dis- Perceba como é importante para a gestão de
tintas. Embora algumas pessoas utilizem essas sua empresa entender como os custos estão
palavras como sinônimos, elas apresentam relacionados com as atividades fim, ou seja, você
particularidades que as diferenciam. O GASTO agora sabe que a variação na produção irá afetar
é um dispêndio financeiro que a empresa faz o montante dos custos que serão gerados e que
para adquirir um produto ou um serviço, por outras áreas também estão ligadas a isso, por
exemplo, gastos com mão de obra, imobilizados exemplo, o departamento de marketing, o de-
etc. Já o CUSTO é também um gasto, mas que partamento financeiro e outros. Todas as ações
é utilizado na produção, por exemplo, matéria- tomadas na empresa geram custo, ou despesa
-prima ou insumos que gerarão outros bens e ou gasto e, por isso, manter, em detalhes, todas
serviços, além de energia elétrica, pessoal da as operações é fundamental, de forma que não
cozinha, queijos, tomates e outros materiais. A se disponha de recursos sem saber qual é a ver-
DESPESA representa gastos após a finalização do dadeira demanda e sem saber se haverá retorno
produto acabado, como a entregas dos produtos, positivo frente ao dispêndio que será feito.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 121

Nosso próximo passo, agora, é conhecer um


pouco da parte financeira do processo produ-
tivo, então, vamos em frente.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 123

Gestão
do Capital

Uma empresa sólida deve ter uma administração capaz de geren-


ciar suas finanças, pois sua saúde financeira é fundamental para
a tomada de decisões, inclusive de investimentos, inovações em
produtos e estrutura física.
“Capital é o valor líquido dos ativos de uma empresa
(CHIAVENATO, 2014, p. 57).” Diante dessa afirmação do autor,
podemos dizer que o capital se caracteriza por ser o conjunto de
todos os recursos que estão à disposição da empresa, sendo que
esse capital pode ser composto de capital próprio (proprietários e
acionistas) ou de terceiros (empréstimos, estoque, fornecedores
e outros).
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Segundo Chiavenato (2014), temos, ainda, uma pagamentos a funcionários, temos a indicação
subdivisão em dois outros tipos de capital que são: de liquidez da empresa, ou seja, sabemos se a
• Capital fixo: que se constitui dos ativos empresa conseguirá cumprir seus compromis-
imobilizados (edifícios, fábricas, máqui- sos financeiros ou não.
nas, equipamentos, instalações, veículos O cálculo do capital de giro normalmente
e outros). é realizado para o período de um ano e tem o
• Capital de giro: se relaciona às vendas objetivo de gerenciar os ativos e passivos circu-
realizadas, diariamente, à vista ou a lantes da empresa.
prazo e é responsável pelos recursos de
manutenção dos estoques, pagamento
de fornecedores, entre outros. Pode-se
dizer que o capital de giro é o financiador
da continuidade operacional da empresa.
Na disciplina de Empreendedorismo,
aprenderemos a elaborar o plano de negó-
O Capital de giro é composto de disponibi-
cios e trabalharemos os índices financeiros
lidades da empresa que são caixa e bancos, e as formas de alocação de capital fixo e
investimentos, contas a receber e estoques. capital de giro.

Quando descontados desses elementos, os va-


lores referentes aos impostos, fornecedores,

Figura 31: Gestão do Capital de


Giro - Ativos Circulantes
Fonte: adaptado de Chiavenato (2014, p. 63).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 125

Figura 32: Gestão do Capital de Giro - Passivos Circulantes


Fonte: adaptado de Chiavenato (2014, p. 63).

Os ativos circulantes devem ter uma


liquidez compatível com a composição muitos gestores não o conhecem, o que acaba
dos prazos de vencimentos das dívidas, gerando muitos problemas de insolvência, ou
principalmente os de curto prazo. Isso seja, o não pagamento das contas por falta
significa que os ativos circulantes devem
ter um prazo para se transformarem em
de dinheiro. Uma solução para esse problema
dinheiro e um risco de transformação é você conseguir ganhar prazos estendidos
em dinheiro. As contas devem ser pagas nos pagamentos de seus fornecedores e, em
nos vencimentos e os ativos circulantes
contrapartida, antecipar ao máximo o rece-
devem ter sua liquidez aprazada com
datas de vencimentos das contas a pagar bimento de seus clientes. A grande dica é:
(CHIAVENATO, 2014, p. 64). receba de seus clientes antes de pagar seus
fornecedores, pois isso evitará que você
Lembre-se de que a diferença entre o ativo tenha de recorrer a financiamentos ou outras
circulante e o passivo circulante é o que dará formas de ter dinheiro em caixa para saldar
o Capital de Giro Líquido e, infelizmente, as dívidas.
Gestão de Compras, Estoque e Custos
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 127

Demonstrações
Contábeis

Uma empresa organizada e bem estruturada também deverá apre-


sentar seus demonstrativos contábeis ou financeiros ao final de
cada período de apuração. Além de ser uma obrigação tributária,
a entrega dos demonstrativos, entre eles, o demonstrativo dos
resultados, fornece informações importantes quanto à situação
financeira e patrimonial da sua empresa, possibilitando uma análise
passada, presente e futura de seus resultados. E isso é bom para
você planejar e tomar medidas adequadas, caso seja necessário.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Os demonstrativos contábeis trazem um con- demonstração financeira da empresa, que


junto de informações detalhadas por meio de mostra detalhadamente como está o patri-
uma estrutura de lançamentos. Entre esses lan- mônio. “[...] Assim como os demais relatórios
çamentos, temos as obrigações trabalhistas, as contábeis, constitui-se um autêntico modelo de
obrigações fiscais e as outras obrigações. Vamos representação da situação econômica e finan-
por parte. ceira de determinado patrimônio (LUZ, 2015,
Segundo Müller (2009), essas obrigações p. 120)”.
são divididas da seguinte forma: É chamado de Balanço, pois apresenta
um equilíbrio entre suas contas do Ativo,
Obrigações • Salários a pagar.
Passivo e Patrimônio Líquido, possibilitando
trabalhistas • INSS a recolher.
• FGTS a pagar. que você veja e acompanhe a evolução de
Representam as
• IR retido na fonte
obrigações da seu patrimônio no decorrer dos períodos
a recolher.
empresa com
• Provisão para o analisados.
relação à folha
13º salário.
de pagamento
• Provisão para férias.
Obrigações fiscais • ICMS a recolher.
• IPI a recolher.
Representam as
• Imposto de Renda.
obrigações com
• PIS.
tributos, entre eles
• Cofins.
impostos, taxas e
• Contribuição social.
contribuições.
• ISS.
• IPTU. É muito importante que você conhe-
ça cada um dos elementos citados no
Outras obrigações • Adiantamento
quadro de obrigações da empresa,
a clientes.
Representam as além de outros elementos referentes
• Contas a pagar.
demais obrigações às contas contábeis, para que você possa
• Arrendamento
devidas pela
mercantil a pagar. administrar com mais precisão a partir
empresa.
• Comissões a pagar. do entendimento do que significa cada
• Dividendos a pagar. uma dessas contas. Sendo assim, procu-
• Juros a pagar.
re ler sobre o assunto que é facilmente
• Outras contas a pagar.
encontrado nos mais diversos livros de
Quadro 9: Obrigações da empresa contabilidade. A internet também lhe
Fonte: adaptado de Müller (2009, p. 93).
fornece muitos conteúdos, mas escolha
sempre sites confiáveis para fazer sua
Entre as Demonstrações Contábeis, temos pesquisa.

o BALANÇO PATRIMONIAL da empresa.


O Balanço Patrimonial é a mais importante
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 129

BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa 5.000,00 Impostos a recolher 6.000,00
Bancos 75.000,00 Constribuições 5.000,00
a recolher
Duplicatas a 3.000,00 Fornecedores 35.000,00
receber (clientes)
Estoque de mercadorias 80.000,00 Salários a pagar 18.000,00
Imobilizado Patrimônio Líquido
Instalações 200.000,00 Capital Social 400.000,00
Veículos 60.000,00 Lucro do exercício 49.000,00
Equipamentos 60.000,00
Máquinas 30.000,00

TOTAL 513.000,00 TOTAL 513.000,00


Quadro 10: Balanço Patrimonial
Fonte: a autora.

Na figura da estrutura simplificada apresentada somatório final as duas colunas, apresentam o


do Balanço Patrimonial, você pode identificar mesmo valor.
os elementos que viemos aprendendo durante Para entender melhor ainda o que signifi-
o percurso de nossas unidades. Observe que as cam essas contas, vamos a um detalhamento
contas apresentam um equilíbrio, ou seja, no de acordo com os conceitos de Müller (2009).

Figura 33: Ativo Circulante


Fonte: adaptado de Müller
(2009, p. 124-130).
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Figura 34: Passivo Circulante


Fonte: adaptado de Müller (2009, p. 134-139).

O foco desta unidade é você ganhar conheci- e operacional antes e depois do pagamento
mento para administrar sua empresa, seu res- dos impostos e, consequente, seu lucro ou
taurante, enfim, o seu negócio, de forma que prejuízo.
consiga gerenciar corretamente sua produção
e os custos e despesas ou gastos provenientes
dos processos da empresa. Por isso não vamos
fazer um estudo detalhado sobre contabilidade,
mas sim conhecer as principais demonstrações
contábeis que irá utilizar.
Pois bem, você aprendeu sobre o Balanço
Patrimonial e agora irá conhecer a Demonstração
do Resultado do Exercício - DRE, outra ferra-
menta gerencial e contábil fundamental de con-
trole e análise.
O DRE traz um detalhamento resumido de
todas as receitas, despesas e custos incorridos
Figura 35: Demonstração do Resultado do Exercício resumida
na empresa, assim como traz o lucro bruto Fonte: Athar (2005, p. 54).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 131

Analisando os dados acima, temos as se- Contribuição Social Sobre o Lucro


guintes descrições conforme Athar (2005): Líquido.
• Receita bruta com vendas: é o total do • Lucro líquido do exercício: é o resultado
faturamento da empresa. final, quando veremos se a empresa teve
• Deduções: são os impostos sobre as vendas, lucro ou prejuízo.
vendas canceladas e descontos dados.
• Receita líquida com vendas = Receita Observe que aqui foi apresentado um exemplo
bruta com vendas (-) as deduções. pequeno de DRE, normalmente existem muitas
• Custos: são os diversos custos que outras contas que são elencadas para a apuração
podem ser aplicados na empresa. do lucro ou prejuízo. De qualquer forma, já foi
• Lucro operacional bruto: é o lucro bruto possível ter uma ideia da importância desse
que se origina das operações da empresa. demonstrativo para avaliar suas receitas e des-
• Despesas operacionais: são as despesas pesas e, a partir daí, tomar decisões que possam
necessárias para serem vendidas às mer- definir as estratégias de sua empresa.
cadorias e para administrar a empresa. Por último, falaremos sobre o Fluxo de
• Outras receitas operacionais: são receitas Caixa. Para Bangs Jr. (1999, p. 68), “o fluxo de
que se originam de outras atividades da caixa ocupa-se com o dinheiro em movimen-
empresa, mas não das vendas. to [...]”. Quando uma venda se transforma em
• Resultado de equivalência patrimonial: é caixa? Quando uma conta é paga?
o lucro ou prejuízo decorrente da partici- A partir daí vemos a importância dessa
pação da empresa em outras sociedades. ferramenta para o controle de nossas contas,
• Lucro operacional líquido: é o lucro resul- não é mesmo?
tante das primeiras somas e subtrações. O autor ainda nos traz a seguinte definição,
• Resultado não operacional: é o resultado veja que interessante a clareza com que expõe
entre as despesas e receitas originadas de seu pensamento:
outras atividades, mas não provém dos
O fluxo de caixa começa com vendas. As
negócios da própria empresa. vendas dirigem qualquer empresa e se
• Lucro antes do imposto de renda: como você for levantar dinheiro para novos
o próprio nome diz é o lucro antes do investimentos, novas dívidas ou para
ficar no negócio, precisará ter lucro ope-
desconto do IR. racional. Isto só é possível se as receitas
• PIR e CSSL: o PIR é a Previsão para de vendas forem maiores do que as des-
o Imposto de Renda e a CSSL é a pesas (BANGS JR., 1999, p. 68).
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Os valores que envolvem o detalhamento do e o marketing por qualquer forma de divulgação,


fluxo de caixa são os valores das vendas que as despesas de telefone, água e luz, assim como
foram realizadas à vista. As receitas obtidas por as despesas que ocorrerem com a manutenção
meio das contas a receber acontecem quando de máquinas e equipamentos da produção, por
as vendas forem realizadas a prazo e lançadas. exemplo, o conserto dos fornos elétricos, refri-
O valor dos salários pagos e dos impostos inci- geradores e outros. Se forem pagos juros para
dentes sobre estes salários, ou seja, sobre a folha fornecedores ou de empréstimos, também serão
de pagamento também fazem parte do deta- lançados no fluxo de caixa.
lhamento do fluxo de caixa. Ainda temos para Para ficar mais claro, observe o quadro 8,
lançar no fluxo de caixa as despesas variáveis, pois é um exemplo de como serão lançados os
por exemplo, o pagamento de IPVA dos veículos valores no demonstrativo. Lembrando que os
da empresa e os fretes que foram contratados, valores são acompanhados mês a mês, justamen-
as comissões pagas aos vendedores, o aluguel do te para que você tenha o controle da evolução
estabelecimento, o seguro da empresa e dos ve- ou retrocesso de suas receitas e despesas além
ículos, as despesas ocorridas com a propaganda disso, você pode fazer tudo no Microsoft Excel®.

Quadro 9: Fluxo de Caixa


Fonte: a autora.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 133

Muito bem, aluno(a), veja quantas formas você


aprendeu para gerenciar sua empresa. Agora que
você possui “a faca e o queijo” na mão, aproveite
seus conhecimentos e mãos à obra!
Gestão de Compras, Estoque e Custos

considerações finais

C
hegamos ao final desta unidade e veja quanto conhecimento você obteve
sobre custos e demonstrativos financeiros. Lembre-se sempre: não adianta
saber produzir um bom produto e ter bons relacionamentos nos negócios,
você precisa saber gerenciar sua empresa, seu restaurante, sua panificadora
ou sua loja de refeições rápidas, não importa qual seja o seu negócio.
Você aprendeu nesta unidade como classificar seus produtos pela Classificação ABC
e ver quais são os produtos que custam mais financeiramente e que devem ser contro-
lados bem de perto. Vimos, também, a classificação dos custos, entre eles, o custo de
reposição, que, como o nome diz, traz o custo que iremos ter para repor o estoque. Além
disso, vimos o custo de armazenagem que nos dirá quanto custa manter os produtos em
estoque. Os custos diretos e indiretos, também, foram abordados, assim como o custo
de produção e de transformação.
Tivemos uma abordagem muito interessante também sobre custeio total, custeio
por absorção e custeio direto e, ainda, aprendemos sobre a diferença entre gasto, custo e
despesas, termos muito comumente utilizados como sinônimos, mas que são distintos
entre si.
Você também aprendeu sobre a gestão do capital e, dentro desse assunto, vimos o
que significa capital de giro e fixo, sobre a importância das demonstrações contábeis,
como é feito o balanço patrimonial e como estão relacionados ao ativo e passivo circu-
lantes nesse demonstrativo. Vimos, também, sobre o DRE, ferramenta importante para
planejar sua empresa e controlar a liquidez de seus negócios e, por fim, mas não menos
importante, você aprendeu sobre fluxo de caixa.
Todos esses conceitos são importantes para que a sua administração e controle
produzam resultados positivos. Utilize essas ferramentas e tenha bons negócios e muito
sucesso em seus empreendimentos.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 135

atividades de estudo
1. A Classificação ABC de materiais é muito utilizada para gestão, pois essa ferra-
menta tem a finalidade de classificar os itens de seu estoque em grau de impor-
tância, podendo ser analisados aqueles itens de maior e menor custo. Diante
dessa afirmação, marque a resposta INCORRETA.
a. A Classificação ou Curva ABC propicia que tenhamos informações sobre o giro
dos produtos em estoque e o custo despendido com estes produtos.
b. Pela classificação ABC, também, é possível classificar fornecedores, vendedores
e clientes, além de identificar aqueles itens mais importantes em nosso estoque.
c. O processo de Classificação ABC consiste em identificar e escalonar os itens em
classes A, B e C, de acordo com o volume financeiro que cada um representa nas
movimentações da empresa.
d. Pela Classificação ABC, é possível analisar o volume financeiro de períodos
curtos e longos em relação ao custo e ao consumo médio para cada material.
e. A classificação ABC é o principal indicador para saber se um produto ou serviço
é interessante para sua empresa, pois mostra a receita obtida por meio da venda
de produtos.

2. Ao estudar sobre a gestão de estoques e de materiais, verificamos que o lucro da


empresa pode ser afetado pelas variáveis que envolvem as receitas e os custos
da empresa. E, por isso, é fundamental que as quantidades de produtos que são
produzidas e vendidas devem estar em equilíbrio com as despesas e custos que
lhes pertencem. Assim, é correto afirmar que.
I. Para o cálculo do estoque máximo, são utilizadas as variáveis estoque mínimo,
lote econômico de compra e custo de armazenamento, representados da
seguinte forma: EM = Emin + LEC + CA.
II. O estoque deve oscilar entre os limites máximo e mínimo para que a partir
desse ponto possamos calcular o Ponto do Pedido ou momento de realizar
o pedido de reposição.
III. Para o cálculo do estoque mínimo, é utilizado o valor do estoque de segurança
que representa a quantidade que fica no estoque e que é utilizada quando há
extrema necessidade, pois trata-se de um estoque que servirá de cobertura
para eventuais contratempos.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

atividades de estudo

IV. É correto afirmar que o estoque máximo é a quantidade máxima de produtos


no estoque que indica o ponto de parada na realização de novos pedidos
de compras, seja por falta de espaço para acomodação dos itens ou falta de
recursos financeiros para a aquisição.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

3. Os custos são inerentes aos negócios da empresa, não importando a qual seg-
mento ela se dedique. São caracterizados como o somatório dos gastos neces-
sários para adquirir as matérias-primas para o estoque, bem como os demais
dispêndios incorridos na empresa. Analise as afirmativas e assinale Verdadeiro
(V) ou Falso (F):
( ) Custo de Reposição se refere ao custo diretamente proporcional ao volume
de atividade produtiva na empresa, ou seja, são custos invariáveis, entre
eles, o aluguel da empresa.
( ) O Custo Variável é constante no curto prazo, e será constante não impor-
tando a quantidade produzida, pois sua redução só ocorre na diluição desse
valor diante à quantidade produzida.
( ) O Custo de Armazenagem se refere aos gastos com despesas de veículos,
manutenção de máquinas, salários dos gerentes e depreciações.
( ) O Custo Direto é atribuído diretamente ao produto e pode ser custos com
matérias-primas, embalagens, salários pagos à mão de obra na produção.
( ) O Custo de Produção se caracteriza pelo valor de todos os bens e serviços
que são consumidos no processo produtivo.

4. Por definição, o custeio é o ato ou efeito de custear ou de financiar despesas


ou gastos de algo, por exemplo, de uma produção de um restaurante. Podemos
considerar o custeio como formas adotadas pela empresa para agregar ao preço
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 137

atividades de estudo
de venda, os custos que obteve no processo de fabricação. Diante desse contexto,
marque a resposta correta.
a. No Custeio Total, são considerados os custos e despesas indiretas fixas nos
estoque e nos produtos vendidos. Apenas serão distribuídas algumas despesas
fixas e somente no nível de atividade normal da empresa.
b. No Custeio por Absorção é suposto que os custos e as despesas indiretas fixas
serão incluídas tanto no estoque quanto nos produtos vendidos e o custeio
rateará a totalidade dos custos fixos entre os produtos.
c. O Custeio Direto ocorre quando os custos e as despesas indiretas fixas não são
incluídos nem nos estoques e nem no custo dos produtos vendidos, pois são
consideradas gastos e serão lançadas no Demonstrativo de Lucros e Perdas.
d. O Custeio Total se caracteriza por custos derivados da transformação da maté-
ria-prima em produto acabado e que agregam a mão de obra direta e os custos
indiretos de fabricação.
e. O Custeio por Absorção se caracteriza pelo valor de todos os bens e serviços
que são consumidos no processo produtivo.

5. Para uma adequada gestão do seu restaurante, é importante que você diferencie
gastos, despesas e custos. Financeiramente, na realização do fluxo de caixa, são
encontradas algumas terminologias para referir-se a custos. Contudo, existem
diferenças e entre as afirmativas abaixo, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Gasto é todo dispêndio financeiro que a empresa faz para adquirir um pro-
duto ou um serviço, por exemplo, gastos com mão de obra, imobilizados
etc.
( ) O Custo que também é um gasto, é utilizado na produção, por exemplo,
matéria-prima ou insumos que gerarão outros bens e serviços, além de
energia elétrica, pessoal da cozinha e água.
( ) A Despesa representa gastos após a finalização do produto acabado, por
exemplo, as entregas dos produtos e as propagandas de marketing.
( ) A Despesa é o dinheiro gasto pela empresa na produção no que será vendido
aos clientes, ou seja, alimentos comprados pelo restaurante para a produção
de pratos.
Gestão de Compras, Estoque e Custos

6. Gerenciar o capital da empresa é manter, continuamente, monitorado e con-


trolado o capital, mediante apuração, análises financeiras e contábeis mensais
e anuais para medir sua liquidez. O Capital de giro é composto pelas disponibi-
lidades da empresa que são caixas e bancos, investimentos, contas a receber e
estoques. Diante dessa afirmativa, marque a resposta correta.
a. O ativo circulante é composto de caixa, estoques, duplicatas a receber e outros
títulos negociáveis. Essas contas são elencadas em ordem decrescente de li-
quidez, ou seja, são dispostas de acordo com a rapidez em que poderão ser
transformadas em dinheiro.
b. O passivo circulante corresponde às duplicatas e títulos a pagar, salários e juros,
que são os bens e direitos da empresa e podem ser convertidos rapidamente
em dinheiro.
c. O capital de giro líquido são os financiamentos para aquisição de ativo imobili-
zado, são as obrigações da empresa para com terceiros que devem ser pagas em
um período de um ano, além de ser o balanço patrimonial da empresa.
d. O balanço patrimonial da empresa é a ferramenta mais importante, pois re-
presenta o planejamento dos recursos que a empresa possui, integrando todos
os processos ou dados da empresa em uma única demonstração, que, ao final,
garantirá o controle financeiro e fiscal.
e. Todas as alternativas estão corretas.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 139

leitura complementar
Margem de Contribuição
O termo Margem de Contribuição tem um significado igual ao termo Ganho Bruto sobre as Vendas.
Isso indica para o empresário o quanto sobra das vendas para que a empresa possa pagar suas
despesas fixas e gerar lucro. Vamos explicar um pouco mais esta questão: se é preciso comprar o
que é vendido e ainda pagar algumas despesas que só ocorrem quando se vende, como é o caso
de Impostos sobre a Venda e das Comissões dos vendedores, quanto sobra para a empresa pagar
despesas fixas e ter lucro? É essa sobra que consideramos como sendo a Margem de Contribuição.
Em qualquer que seja o segmento, Indústria, Comércio ou Serviços, é perfeitamente possível e fácil
se apurar o valor e o percentual respectivo da Margem de Contribuição.

Mas por que esse nome, Margem de Contribuição?


Isso tem um sentido:
• Margem por que é a diferença entre o Valor da Venda (preço de venda) e os Valores dos
Custos e das Despesas específicas destas Venda, ou seja, valores também conhecidos por
Custos Variáveis e Despesas Variáveis da venda.
• Contribuição porque representa em quanto o valor das vendas contribui para o pagamento
das Despesas Fixas e também para gerar Lucro. Para encontrar a Margem de Contribuição,
é preciso realizar a seguinte conta: Margem de Contribuição é igual ao valor das Vendas
menos o valor dos Custos Variáveis e das Despesas Variáveis.
Ou se preferir numa fórmula, isso tudo fica assim:

Margem de contribuição = Valor das Vendas - (Custos Variáveis + Despesas Variáveis)


Ou ainda
+ Valor total das Vendas ou + Preço de Venda (unitário)
- Despesas Variáveis Totais ou - Despesas Variáveis (unitárias)
- Custo Variável Total ou - Custo Variável (unitário)
= Margem de Contribuição ou = Margem de Contribuição (unitária)

Nota: A 1ª coluna é para o caso da venda total e a 2ª coluna é para o caso do cálculo produto a produto,
ou grupo de produtos.

O valor encontrado em qualquer uma das formas apresentadas para o cálculo da Margem de
Contribuição representa o quanto a empresa consegue gerar de recursos para pagar as Despesas
Gestão de Compras, Estoque e Custos

leitura complementar

Fixas e obter Lucro. Quando o valor da Margem de Contribuição for superior ao valor total das
Despesas Fixas, no caso da 1ª coluna da tabela da página anterior, a empresa estará gerando lucro
e, quando for inferior, o resultado será entendido como prejuízo.
A Margem de Contribuição Total da Empresa representa também a margem média, pois considera
tudo o que é vendido. É normal termos em qualquer empresa produtos/serviços com preços, custos
e despesas diferentes uns dos outros. Por isso, é muito importante apurar a margem de contribui-
ção de cada produto/serviço, que é o caso demonstrado na 2ª coluna da tabela da página anterior.
Atenção! Ao analisar a margem de contribuição unitária (conforme a 2ª coluna da tabela da
página anterior) de qualquer produto/serviço em sua empresa, lembre-se que nenhum deles
deverá apresentar margem que não contribui, ou seja, quando o valor do preço de venda é
inferior à soma dos valores de despesas variáveis e dos custos variáveis, não contribuindo
portanto, para pagar as despesas fixas e gerar lucro. A margem que não contribui pode ser
aceitável em uma empresa quando estiver relacionada a alguma estratégia promocional de
vendas, isto é, com total conhecimento de seus gestores. Mas ainda assim, deve-se avaliar
se as vendas de outros produtos, agregadas ou não à promoção, apresentam margens que
compensem a margem de contribuição negativa (preço de venda inferior aos custos variá-
veis e despesas variáveis) de algum produto/serviço que esteja nesta condição. Entretanto,
o objetivo principal do empresário, nesta questão, deve ser a busca constante da melhor
margem de contribuição para seus produtos, e isso dependerá sempre das negociações que
puder fazer para reduzir os valores dos custos e das despesas variáveis. Ter o valor do preço
de venda aumentado é também uma saída, mas isso não poderá ser feito se o preço reajus-
tado deixar de proporcionar competitividade frente aos concorrentes. Para ficar mais claro,
vamos agora explicar o que são cada um dos elementos que foram citados nos cálculos da
Margem de Contribuição:
• Valor Total das Vendas ou Vendas Brutas Totais: é o Faturamento Total, consideradas as
vendas à vista e as vendas a prazo e refere-se ao volume financeiro dos negócios realizados
pela empresa, ou seja, é a quantidade vendida de produtos multiplicada pelos seus respec-
tivos Preços de Venda.
• Custos Variáveis: nas pequenas empresas, podemos afirmar que os custos variáveis refe-
rem-se aos valores pagos especificamente para adquirir o que a empresa se propõe a vender
aos seus clientes. Desta forma, para cada segmento de empresa temos:
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 141

leitura complementar
• Comércio: o valor de aquisição das mercadorias, observando, quando necessário, o acréscimo
do valor de frete e do IPI e outros valores pagos na aquisição das mercadorias. Também
quando for o caso, descontado o valor de Crédito do ICMS.
• Indústria: o valor gasto na elaboração dos produtos, como matéria-prima, insumos, em-
balagens e etiquetas. Note que para facilitar, não são considerados os valores de salários
fixos, nem mesmo do pessoal da produção, porque são valores pagos mensalmente. Desta
maneira, estes salários não devem integrar o valor total dos custos variáveis para o cálculo
da Margem de Contribuição.
• Serviços: os valores gastos especificamente para realizar os serviços referem-se aos mate-
riais/peças aplicados na execução do serviço. Por exemplo: em uma assistência técnica em
eletrodomésticos, na realização de um serviço, as peças de reposição são consideradas como
Custo Variável, pois só serão utilizadas se a venda de serviços acontecer, caso contrário,
não. Já os salários dos funcionários são pagos integralmente independente de terem sido
vendidos serviços ou não, e devem ser considerados como despesas fixas, não integrando
os valores de custos variáveis, para o cálculo da Margem de Contribuição.
• Despesas Variáveis: são aos valores pagos especificamente pelas vendas realizadas e são pra-
ticamente as mesmas para os segmentos de Indústria, Comércio e Serviços. Normalmente
referem-se a:
• Impostos sobre as Vendas: valor ou percentual dos impostos respectivos das notas fiscais
emitidas, portanto, só acontecem quando forem realizadas vendas. Considerar os impostos
federais, estaduais e municipais conforme a natureza da empresa.
• Comissão de Vendas: valores pagos aos funcionários ou representantes pelas vendas
realizadas. Normalmente é estabelecido um percentual a ser pago pelas vendas que cada
um realiza. Portanto, se não ocorrerem vendas, não ocorrem as comissões. Por isso, a
comissão é considerada como despesa variável e não fixa.
SEBRAE (2004, online)
Gestão de Compras, Estoque e Custos

material complementar

CUSTOS: ANÁLISE E GESTÃO


Evandir Megliorini / Editora Pearson

Sinopse: essa nova edição totalmente revisada e amplia-


da de Custos mantém a linguagem acessível e a didática
única, repleta de exemplos e exercícios, que fizeram da obra
uma referência. Além disso, traz dois novos capítulos - um
sobre ética na apuração dos custos e outro sobre custos
que ocorrem fora do ambiente de produção -, mantendo o
livro atualizado com as discussões mais recentes da área.
Indicado para estudantes de ciências contábeis, administração e eco-
nomia, Custos é também indispensável na biblioteca de gestores que,
para tomarem decisão, precisam lidar com tópicos como apuração de
resultados e avaliação de estoques.

Comentário: para você aprofundar seus conhecimentos em custos,


margem de contribuição, custeio e demonstrações contábeis, sugiro
o livro “Custos: análise e gestão”, 3 edição, de Evandir Megliorini, da
Editora Pearson, ano 2011. Esse livro, muito bem detalhado, traz diversos
exemplos práticos e muitas sugestões de exercícios que ajudará você
a ficar afiado(a) para gerenciar a sua empresa.

Para conhecer a curva ABC pelo lado das vendas, acesse o contéudo: seu estoque é um pro-
blema? Veja o passo a passo com cálculos semelhantes ao que você aprendeu, mas com foco
no faturamento de uma empresa.
<http://ecommerce.uol.com.br/impulso-digital/temas/diagnostico-e-planejamento/seu-estoque-e-um-pro-
blema-conheca-a-curva-abc.html#rmcl>.

Ficou curioso sobre o ERP? Acesse o site <http://portalerp.com/> e conheça este e outros
assuntos focados na gestão de empresas.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 143

material complementar
Quer saber mais sobre Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSSL? É muito interessante.
Acesse o link da Receita Federal do Brasil <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/
tributos/CSLL#>.

Que tal aprender um pouco mais sobre o assunto, acessando a página do SEBRAE - SÃO PAULO
no link <http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/guias_cartilhas/na_gestao_fi-
nanceira_manual_participante.pdf>. Aproveite e coloque em prática o que você aprendeu.

GABARITO
1. E
2. D
3. F; F; F, V; V
4. C
5. V; V; V; F
6. A
Gestão de Compras, Estoque e Custos

Conclusão

Caro(a) aluno(a), após o percurso realizado no envolvem esses estoques. O tema avaliação de
aprendizado desta disciplina, você pôde obter materiais nos trouxe o entendimento da for-
conhecimentos que irão facilitar a gestão da sua mação dos preços e você pôde aprender sobre
empresa, seja essa empresa pequena, média ou a administração de compras da empresa, outra
grande. A aplicação da administração de ma- peça fundamental para a diminuição dos custos
teriais, de estoque e dos recursos financeiros e aumento dos lucros nos negócios, passando
são fundamentais para garantir o sucesso do pela definição de mercado e, consequentemente,
seu negócio. As práticas abordadas, aqui, junta- sobre a qualidade dos materiais adquiridos, não
mente com outras aplicações voltadas à gestão esquecendo da importância do fornecedor nesse
lhe darão o suporte para administrar de forma processo. Visto isso, foram abordados aspectos
adequada todos os setores ou áreas pertencen- relativos à apuração e administração de custos,
tes à empresa, possibilitando a diminuição dos que você deve concordar comigo, é extremamen-
custos e aumento dos lucros. te importante para o gestor, o conhecimento dos
Como assuntos abordados nesta discipli- demonstrativos contábeis e financeiros para que
na, tivemos a definição do que são materiais, se possa garantir que a empresa tenha liquidez
recursos utilizados para a produção de determi- mediante o acompanhamento e o controle dos
nado produto acabado, também chamados de recebimentos e pagamentos que ocorrem em
insumos. Você aprendeu sobre como os mate- todas as áreas.
riais se classificam, como se realiza o fluxo ou Sendo assim, após ter em mãos todos esses
a movimentação destes materiais no processo mecanismos de gestão, é hora de por em práti-
produtivo. Também estudamos sobre estoque ca esses conhecimentos para seguir adiante e
e as formas de armazenagem dos materiais es- rumo ao sucesso.
tocados, inclusive, abordando os custos que Boa sorte em sua caminhada!
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 145

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