Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ambientais
Urbanos
Me. Rebecca Manesco Paixão
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Distância; PAIXÃO, Rebecca Manesco. Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
Estudos Ambientais Urbanos. Rebecca Manesco Paixão. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2021.
224 p.
“Graduação - Híbridos”. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
1. Estudo. 2. Ambiental. 3. Urbano. 4. EaD. I. Título.
Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
ISBN 978-65-5615-387-2 e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
CDD - 22 ed. 363.7 Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Design Educacional Débora Leite; Head de
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de
Souza Filho; Head de Metodologias Ativas
Impresso por: Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de
Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência
de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro
Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla
Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo
de Produção de Materiais Nádila de Almeida
Toledo; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e
Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock.
15
Meio Ambiente e
Sociedade
37
Licenciamento
Ambiental
57
Avaliação
de Impactos Resíduos Sólidos
Ambientais
79 155
Metodologias
para Identificação
Gestão Ambiental
de Impactos
Ambientais
107 179
Legislação
Estudos Ambientais
Ambiental
129 201
Me. Rebecca Manesco Paixão
Recursos Naturais
PLANO DE ESTUDOS
A Água O Ar
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Os termos renováveis e não renováveis têm sido empregados para se referir às formas econômicas e
racionais de utilização dos recursos naturais, de modo que os renováveis não se esgotem por mau uso,
e os não renováveis rapidamente deixem de existir (DULLEY, 2004). Neste sentido, é muito impor-
tante que atuemos na conservação desses recursos tão importantes para nós. Alguns recursos naturais
possuem capacidade de recuperação, mas dependendo do grau de degradação imposto, o recurso
degradado pode não ter condições de retornar ao seu estado natural.
À título de ilustração, um recurso hídrico possui capacidade de autodepuração dos poluentes nele
depositados; no entanto, se a quantidade de efluentes líquidos for superior a sua capacidade de absorção,
o corpo d’água pode não se recuperar e atingir tal grau de degradação que não permita a vida aquática,
comprometendo seus usos e, até mesmo, acarretar doenças de veiculação hídrica.
Os recursos naturais são ditos renováveis se voltarem a estar disponíveis, caso contrário são não
renováveis.
Fonte: Dulley (2004, p. 22).
Nesta unidade denominada de “Recursos Naturais”, não poderíamos deixar de estudar sobre a água, o
ar e o solo. Por isso, você poderá aprofundar seus conhecimentos no que diz respeito a esses recursos,
bem como sobre a poluição deles.
20% da população mundial, que habita, principalmente, os países do hemisfério norte, consomem
80% dos recursos naturais e energia do planeta e produz mais de 80% da poluição e da degradação
do meio ambiente.
Fonte: Consumo Sustentável (2005).
UNIDADE 1 17
A ÁGUA
18 Recursos Naturais
0,9%
Outros
reservatórios
29,9% 2,5%
Água ÁGUA DOCE 68,9%
subterrânea Calotas Polares
97,5%
ÁGUA SALGADA
Assim, perceba que apenas 2,5% da água dispo- O homem utiliza a água para diversos fins, que po-
nível em nosso planeta é doce; e ainda, dessa pe- dem ser classificados em usos consuntivos (quando
quena parcela, apenas 0,3% se encontra nos rios há perdas entre o que é retirado e o que retorna ao
e lagos, formas de mais fácil acesso às atividades sistema natural) e em uso não consuntivo.
humanas, e de onde provém a maior quantidade • Uso consuntivo: abastecimento humano,
da água que consumimos. abastecimento industrial, irrigação e des-
Em termos globais, a água disponível no mun- sedentação de animais.
do é superior ao total consumido pela popula- • Uso não consuntivo: recreação e lazer,
ção, mas essa distribuição é desigual e não está harmonia paisagística, geração de energia
de acordo com o tamanho da população e suas elétrica, preservação da fauna e da flora,
necessidades pessoais, bem como para as neces- navegação, pesca, e diluição de despejos.
sidades da indústria e da agricultura. Além da má
distribuição e das perdas, a crescente degradação Dentre os vários usos da água, o abastecimento
dos recursos hídricos acaba por tornar a água im- humano é considerado o mais nobre e prioritário,
própria para diversos usos. Neste sentido, em mui- visto que o homem depende deste recurso para
tas regiões do mundo há problemas relacionados sua sobrevivência. Neste sentido, a água que nós
à água, seja pela escassez desse recurso ou por sua bebemos deve obedecer a critérios específicos
qualidade inadequada. estabelecidos pela legislação vigente, no caso do
Brasil a Portaria nº 2.914/2011 (BRASIL, 2011), de
forma a chegar ao consumidor apresentando ca-
racterísticas sanitárias e toxicológicas adequadas.
Além disso, alguns usos da água, sejam eles
A América detém a maior parte da água doce consuntivos ou não consuntivos, podem acar-
do mundo (45%), seguida da Ásia (28%), Europa retar em alterações de sua qualidade, a exemplo
(15,5%) e África (9%). E ainda, o Brasil está entre as das indústrias que lançam seus efluentes líquidos
nações mais ricas do mundo em termos de água, nos corpos hídricos receptores, muitas vezes sem
disponibilizando um total de 8.225 km3/hab.ano. tratamentos adequados, e até mesmo na irrigação,
Fonte: Calijuri e Cunha (2013, p. 248). em que fertilizantes e pesticidas podem acabar
infiltrando-se nos corpos d’água.
UNIDADE 1 19
Poluição das Águas
De acordo com Derisio (2012), a poluição das águas pode ter origem em quatro
tipos de fontes, a saber:
• Poluição natural: não está associada à atividade humana, como chuvas e
escoamento superficial, salinização e decomposição de vegetais e animais
mortos.
• Poluição industrial: compreende os resíduos líquidos gerados nos pro-
cessos industriais em geral.
• Poluição urbana: proveniente dos habitantes de uma cidade, que geram
esgotos domésticos lançados direta ou indiretamente nos corpos d’água.
• Poluição agrossilvipastoril: decorrente das atividades ligadas à agricul-
tura e pecuária, por meio da utilização de defensivos agrícolas, fertilizantes,
excrementos de animais e erosão.
20 Recursos Naturais
As fontes de poluição pontual podem ser facilmente identificadas e, portanto, seu
controle é mais fácil e rápido, comparativamente com as fontes difusas.
Zona rural
Plantação
Alimentação
de animais Cidade
Fontes
difusas
Subúrbio
Fontes pontuais
Fábrica
Figura 2 - Poluição da água por fontes pontuais e difusas / Fonte: Braga et al. (2005, p. 83).
Podemos citar alguns exemplos de poluentes das águas superficiais, como: efluentes
líquidos domésticos, efluentes líquidos industriais, águas pluviais carregando impu-
rezas da superfície do solo, resíduos sólidos, sedimentos, dejetos animais, agrotóxicos,
fertilizantes e pesticidas.
UNIDADE 1 21
Mota (2012) e Calijuri e Cunha (2013) enume- Assim, observe que as ações de caráter preven-
ram que as consequências da poluição da água tivo são mais eficazes no controle da poluição, do
podem ser de caráter sanitário, ecológico, social que as de caráter corretivo, visto que são menos
ou econômico, como: onerosas, pois evitam o surgimento dos prejuízos
• Prejuízos ao abastecimento humano. que já discutimos.
• Agravamento dos problemas de escassez No Brasil, existem resoluções que tratam do con-
de água de boa qualidade, como as doenças trole da poluição dos recursos hídricos, baseando-
de veiculação hídrica. -se no critério do corpo receptor conjugado com o
• Elevação do custo do tratamento de água, lançamento de efluentes líquidos (DERISIO, 2012).
que se reflete no preço a ser pago pela po- Neste sentido, a Resolução CONAMA nº 357/2005,
pulação. alterada pela Resolução CONAMA nº 430/2011,
• Prejuízos a outros usos da água, como in- dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e di-
dustrial, irrigação, pesca etc. retrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
• Desvalorização das propriedades margi- como estabelece as condições e padrões de lança-
nais. mentos de efluentes líquidos.
• Prejuízos à fauna aquática, promovendo Com relação ao corpo hídrico receptor, são esta-
desequilíbrios ecológicos. belecidos padrões de qualidade em função de seus
• Degradação da paisagem. usos preponderantes. Assim, as águas do território
nacional são divididas em termos de salinidade, ou
Caro(a) aluno(a), perceba que são vários os po- seja, águas com valores iguais ou inferiores a 0,5%
luentes dos corpos d’água que podem trazer di- são ditas doces; águas com valores entre 0,5% e 30%
versos prejuízos aos seus usos. Neste sentido, é são ditas salobras; e águas com valores iguais ou
muito importante que haja o controle da poluição superiores a 30% são denominadas de salinas. Para
desse recurso. cada um desses tipos de água, os mananciais são
enquadrados em classes, de forma a definir critérios
ou condições a serem atendidos.
Controle da Poluição da Água Além disso, as referidas resoluções determinam
que os efluentes líquidos, independentemente da
O controle da poluição da água pode englobar fonte poluidora, só podem ser lançados nos cor-
ações de caráter preventivo e corretivo. As ações pos hídricos desde que obedeçam determinadas
corretivas visam corrigir o dano já causado, de condições no que se refere aos parâmetros físicos,
forma a eliminar ou reduzir a carga poluidora químicos e biológicos.
já existente, a exemplo de acidentes ambientais, Para finalizarmos este tópico, observe que o con-
como o derramamento de petróleo que ocorreu sumo da água no planeta tende a aumentar, acompa-
no Alasca em 1989, cuja água contaminada foi tra- nhando a tendência de aumento populacional e de
tada por meio da biorremediação. As ações pre- desenvolvimento industrial. Assim, torna-se muito
ventivas visam evitar que a poluição do recurso importante manejar adequadamente os recursos
ocorra, como a adoção de estações de tratamento hídricos compatibilizando seus diversos usos, de
de efluentes líquidos em uma indústria, capaz de forma que esse recurso natural seja mantido em
tratar o efluente, tornando-o apto a ser disposto quantidade e em qualidade para as presentes e fu-
no corpo hídrico receptor. turas gerações.
22 Recursos Naturais
O SOLO
“
[...] o solo pode ser conceituado como um
manto superficial formado por rocha desa-
gregada e, eventualmente, cinzas vulcânicas,
em mistura com matéria orgânica em de-
composição, contendo ainda, água e ar em
proporções variáveis e organismos vivos.
UNIDADE 1 23
Neste sentido, dados todos os usos que o solo pode ter, esse recurso deve ser ma-
nejado adequadamente com vistas a não degradação, visto que o solo leva séculos ou
até mesmo milhões de anos para se formar sob a ação de agentes naturais, e em um
pequeno intervalo de tempo pode ser degradado pela atividade antrópica.
A degradação do solo está relacionada a sua perda de qualidade ou à diminuição
da sua capacidade produtiva. E pode ser causada pela ação do homem, por meio do
lançamento inadequado de resíduos sólidos, desmatamento, queimadas, impermea-
bilização, aplicação de fertilizantes e pesticidas, acidentes no transporte de cargas etc.
Sánchez (2001, p. 82) define a degradação do solo como:
“
(I) a perda de matéria devido à erosão ou a movimentos de massa, (II) o acúmulo
de matéria alóctone (de fora do local) recobrindo o solo, (III) a alteração negativa
de suas propriedades físicas, tais como sua estrutura ou grau de compacidade, (IV)
a alteração das características químicas, (V) a morte ou alteração das comunidades
de organismos vivos do solo.
O Mar do Aral, no Uzbequistão, é um exemplo desastroso de degradação por práticas agrícolas inadequa-
das, em que projetos de irrigação mal planejados, conduzidos pela antiga União Soviética, na década de
60, levaram à degradação ambiental de grandes proporções, com o quase desaparecimento de um dos
maiores lagos do mundo, à salinização excessiva das águas e do solo e à decadência econômica da região.
Fonte: adaptado de Calijuri e Cunha (2013).
Além disso, você deve se atentar que a ocupação urbana também é responsável pela
degradação do recurso solo. De acordo com Calijuri e Cunha (2013), o processo de
ocupação urbana se inicia com o desmatamento e posterior impermeabilização da
cobertura do solo, de forma a modificar o balanço hídrico e provocar, com frequência,
problemas de erosão, assoreamento e inundações.
Esse cenário é comum na maioria das cidades, em que o solo não consegue desem-
penhar sua função, em decorrência do manejo sem planejamento das águas pluviais, da
disposição inadequada de resíduos sólidos, da contaminação em postos de combustíveis
e em áreas industriais, e até mesmo devido à ocupação de áreas instáveis sujeitas a riscos
geológicos. Observe a Figura 3, que ilustra um exemplo de ocupação urbana irregular.
24 Recursos Naturais
Figura 3 - Ilustração de ocupação urbana irregular / Fonte: Ocupação Urbana (2011, on-line)¹.
Vimos que a degradação do solo está diretamente relacionada a práticas que preju-
diquem sua qualidade, como a introdução de poluentes, a exemplo dos fertilizantes,
resíduos sólidos, produtos químicos e outros que podem saturar o solo, desertificar,
alterar a topografia e diversas outras consequências. Dessa forma, torna-se necessário
a adoção de medidas de controle da poluição do solo.
UNIDADE 1 25
Assim como no controle da poluição da água, no controle
da poluição do solo podem ser utilizadas ações preventi-
vas e corretivas. As ações preventivas estão relacionadas
ao ordenamento do uso e ocupação do solo, por meio de
técnicas ambientalmente adequadas que não coloquem
o meio ambiente em risco. Nas áreas rurais, Braga et al.
(2005, p. 140) citam que estas medidas estão relacionadas
às “práticas conservacionistas” que permitem a exploração
do solo, sem depurá-lo significativamente.
Dentre as técnicas utilizadas, destaca-se o preparo do
solo para plantio em curvas de nível; terraceamento; estru-
turas para desvio que terminem em poços para infiltração
das águas; controle das voçorocas; preservação nativa nas
áreas de grande declive e nas margens de cursos de água.
As ações corretivas dizem respeito à recuperação do
solo já degradado. No caso de processos erosivos, em que
a camada de solo removido ainda é delgada, permane-
cendo à superfície os horizontes superiores, o plantio de
vegetação é indicado a fim de repor a fertilidade e produti-
vidade do solo. No entanto, em casos mais graves, torna-se
necessário intervenções por meio de obras de engenharia
hidráulica, engenharia de solos e engenharia agronômica
(BRAGA et al., 2005).
Neste sentido, caro(a) aluno(a), perceba que a mudança
de consciência da população para com os cuidados com o
meio ambiente, mais especificamente o solo, também pode
ser considerada como medida de controle da poluição,
envolvendo a utilização de materiais recicláveis, uso de
defensivos agrícolas menos persistentes, como inseticidas
fosforados, proteção das florestas, evitando o desmata-
mento e outros.
Além disso, quanto ao aspecto legal, no Brasil temos a
Resolução CONAMA nº 420/2009, alterada pela Resolu-
ção CONAMA nº 460/2013 (CONAMA, 2013) que
“
dispõe sobre critérios e valores orientadores de qua-
lidade do solo quanto à presença de substâncias quí-
micas e estabelece diretrizes para o gerenciamento
ambiental de áreas contaminadas por essas substân-
cias em decorrência de atividades antrópicas.
26 Recursos Naturais
O AR
UNIDADE 1 27
Já vimos que o ar é um recurso natural indispen- luz solar, a exemplo do ozônio (O3), peroxia-
sável aos seres vivos, e essencial à manutenção da cetilnitrato (PAN) e peróxido de hidrogênio
vida na Terra. Além disso, o ar é utilizado na comu- (H2O2). Ainda, no contexto dos poluentes
nicação, no transporte, na combustão, em processos secundários, o trióxido de enxofre (SO3)
industriais e também como diluidor de resíduos pode reagir com o vapor de água para pro-
gasosos. duzir o ácido sulfúrico (H2SO4), que se pre-
Dados todos os usos do ar, como resultado de cipita originando a chamada “chuva ácida”.
seu uso indiscriminado, surge a poluição desse re-
curso, o que acarreta em impactos sobre as pessoas,
animais, vegetais e materiais.
28 Recursos Naturais
Como sabemos, a poluição atmosférica pode re-
sultar em várias consequências para o meio am-
biente e para a saúde dos seres vivos. Dentre seus
principais impactos, destaca-se:
• Desfiguração da paisagem.
• Redução da visibilidade.
• Danos à saúde humana, acarretando em
doenças do aparelho respiratório, como:
asma, bronquite, enfisema, câncer, irritação
dos olhos etc.
• Danos à vegetação, por meio da redução da
fotossíntese e também alterações no cres-
cimento e na produção de frutos.
• Alterações das características climáticas,
podendo acarretar em maior precipitação,
redução da radiação e iluminação, e até
mesmo em aumento da temperatura.
Controle da Poluição do Ar
Dados todos os danos que a presença dos poluentes atmosféricos pode causar, a Resolu-
ção CONAMA nº 003/90 (CONAMA, 1990) dispõe sobre os padrões de qualidade do
ar no Brasil. Em seu artigo 1º, a referida resolução define que os padrões de qualidade do
ar representam: “as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão
afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à
flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral” (CONAMA, 1990, p. 01).
UNIDADE 1 29
Neste sentido, caro(a) aluno(a), é importante adotar medidas de controle da poluição
atmosférica como forma de atender a legislação vigente e evitar os danos que ela pode causar.
Assim, a emissão de gases e materiais particulados nocivos deve ser controlada na fonte
poluidora, compreendendo, por exemplo, a adoção de filtros nas chaminés das indústrias.
Além disso, é importante que, por meio do planejamento territorial, sejam tomadas
algumas medidas nas cidades, conforme Mota (2012) destaca:
• Localização das fontes poluidoras em local afastado, como em zonas industriais,
a exemplo da Figura 4.
• Utilização de barreiras, sejam elas naturais ou artificiais, com vistas a evitar a
propagação dos poluentes.
• Distribuição adequada das edificações, de forma a garantir a circulação do ar e
consequente dispersão dos poluentes.
• Incentivo ao transporte coletivo.
Ventos predominantes
Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unidade, sabe-se que o ser humano não
consegue sobreviver sem ar e, dessa forma, ele é obrigado a utilizar esse recurso nas
condições em que este se encontra. Diferentemente da água e do solo, que podem
ser tratados, com raríssimas exceções, pode-se tratar o ar já poluído. Assim, devemos
utilizar desse recurso de modo a não provocar mudanças em sua composição e, con-
sequentemente, trazer prejuízos à nossa saúde e ao meio em que vivemos.
30 Recursos Naturais
1. Os recursos naturais envolvem elementos ou partes do meio ambiente físico
e biológico que possam ser úteis e acessíveis ao homem, como solo, minerais,
fauna, flora dentre outros. Assim, explique o que são os recursos naturais e
as formas que podem ser encontrados na natureza quanto a sua exploração.
2. Nós vimos que são diversos os usos da água pelos seres vivos, os quais podem
ser classificados em usos consuntivos e não consuntivos. Quanto aos usos con-
suntivos, qual das alternativas não faz parte desse grupo:
a) Abastecimento público.
b) Dessedentação de animais.
c) Irrigação.
d) Geração de energia elétrica.
e) Abastecimento industrial.
A sequência correta é:
a) V-V-V-V.
b) V-F-F-F.
c) F-V-F-V.
d) F-V-V-V.
e) V-F-V-F.
31
LIVRO
LIVRO
32
LIVRO
FILME
WEB
O vídeo “O dinheiro faz o mundo girar (Money, money)”, produzido pela WWF,
ilustra o poder destrutivo e o egocentrismo do homem e as consequências
que este pode trazer ao meio ambiente quando da exploração intensiva dos
recursos naturais.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
33
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.
34
DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina
de Textos, 2012.
PHILIPPI JR. A.; SILVEIRA, V. F. Controle da qualidade das águas. In: PHILIPPI JR. A. Sa-
neamento, Saúde e Ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São
Paulo: Manole, 2005.
REFERÊNCIAS ON-LINE
¹Em: http://ocupacaourbana.blogspot.com.br/2011/09/ocupacao-urbana-irregular.html.
Acesso em: 23 fev. 2021.
35
1. Os recursos naturais são as riquezas que a natureza nos dá e que podem ser transformados de forma a
torná-los valiosos e úteis. Quanto à exploração do homem, os recursos naturais podem ser renováveis,
a exemplo do vento, e não renováveis, a exemplo do petróleo.
2. D.
3. C.
36
Me. Rebecca Manesco Paixão
Meio Ambiente
e Sociedade
PLANO DE ESTUDOS
Desenvolvimento
Sustentável
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
“
[...] um conjunto indissociável, solidário e
também contraditório, de sistemas de ob-
jetos e sistemas de ações, não considerados
isoladamente, mas como um quadro único
na qual a história se dá. No começo era a
natureza selvagem, formada por objetos na-
turais, que ao longo da história vão sendo
substituídos por objetos fabricados, objetos
técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos cadas, principalmente devido ao crescimento
fazendo com que a natureza artificial tenda populacional e a intensificação das atividades
a funcionar como uma máquina. humanas, como industrialização, agropecuária,
mineração etc. A corrida pelo desenvolvimento
Para Nagali (2014), o processo de consumo e apro- a todo custo acarretou em grandes desastres
priação dos recursos naturais foi acelerado em ambientais, e dentre eles, pode-se citar em or-
dois momentos da história: com o surgimento dem cronológica.
da moeda e com a revolução industrial. A moeda • 1952: o grande nevoeiro na cidade de Lon-
contribuiu para a aceleração do processo de tro- dres, Inglaterra, conhecido como “big smo-
cas e passou a ser responsável pelo aumento da ke”, originado pela emissão de poluentes da
quantidade de resíduos gerados pelo homem. Na queima de combustíveis fósseis, e que se
revolução industrial, a medida em que o homem acentuou por uma inversão térmica cau-
dinamizou os processos produtivos e passou a sada por uma densa massa de ar frio.
produzir mais em menos tempo, houve um au- • 1956: primeiro caso de intoxicação por mer-
mento do uso e apropriação dos recursos naturais, cúrio em Minamata, Japão, devido à conta-
transformando cada vez mais o espaço. minação do oceano por toneladas de mer-
Assim, nas palavras de Fogaça et al. (2017, p. 26): cúrio lançadas por uma indústria, afetando
“
uma diversidade de espécies de peixes.
[...] com o caótico crescimento econômico, • 1981: o crescimento industrial desgover-
a industrialização trouxe vários problemas nado em Cubatão, Brasil, tornou essa a
ambientais, como a alta concentração po- cidade mais poluída do mundo, devido à
pulacional, resultante da urbanização ace- grande quantidade de gases tóxicos que
lerada; o consumo desenfreado de recursos eram produzidos e liberados diretamente
naturais; a poluição e o desmatamento. na atmosfera.
• 1984: vazamento de gases tóxicos prove-
Dessa forma, se no começo existia uma relação nientes de uma indústria de agrotóxicos
de equilíbrio entre homem e natureza, esse equi- em Bhopal, na Índia.
líbrio foi quebrado com o surgimento das pri- • 1986: a explosão de um reator em Cher-
meiras civilizações humanas, em que o homem nobyl, na Ucrânia, liberou radiação capaz
passou a extrair os recursos naturais além da de atingir o nível 7 na Escala Internacional
capacidade de regeneração, o que trouxe diversas de Eventos Nucleares.
consequências ao meio em que vivemos, como a • 1989: derramamento de petróleo do na-
alteração das paisagens, a poluição da água, do vio Exxon Valdez no Alasca, que espalhou
solo e do ar, e até mesmo a geração de resíduos cerca de 40 milhões de litros da substância
cada vez mais diversos. na água.
Neste cenário, se por um lado o desenvol- • 2015: no município de Mariana, Brasil,
vimento industrial e tecnológico é sinônimo uma barragem contendo lama contamina-
de progresso, por outro, implica em problemas da pelo processo de mineração se rompeu.
ambientais que se agravaram nas últimas dé-
UNIDADE 2 39
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Perceba, caro(a) aluno(a), que o surgimento de graves problemas, como as chuvas ácidas, aquecimento
global, buraco na camada de ozônio, poluição dos rios e oceanos, extinção de espécies vivas e todos os
outros já discutidos, todos com reflexos sobre o homem, levaram-o a procurar compreender melhor
os fenômenos naturais e a entender que deve agir como parte integrante do sistema natural; assim, o
homem não deve apenas adotar uma postura crítica para a defesa do meio ambiente, mas deve pro-
mover medidas de educação voltadas ao respeito ao meio ambiente e à garantia de atendimento das
necessidades das presentes e futuras gerações (PASSOS, 2009; MOTA, 2012).
Nas palavras de Trennepohl e Trennepohl (2016, p. 679):
“
[...] o homem precisa pôr toda a sua capacidade criativa em ação e, principalmente, agir em conjunto
como espécie intelectualmente evoluída, para tentar reverter, ou pelo menos frear, o processo de
destruição de seu único habitat possível e da própria existência.
Efeito estufa é o aquecimento do clima na Terra, resultado da concentração de gás carbônico e outros
poluentes gasosos na atmosfera. Os gases de efeito estufa, dentre eles metano, ozônio, clorofluor-
carbonos e óxido nitroso, absorvem a radiação infravermelha emitida pelo aquecimento solar do
planeta e refletem parte dessa energia térmica de volta para a Terra.
Como resultado da problemática ambiental, destaca-se o relatório “Os Limites do Crescimento”, pu-
blicado em 1972, por iniciativa do Clube de Roma que citava a tendência de um colapso no planeta,
se fossem mantidas “[...] as atuais tendências de crescimento da população mundial - industrialização,
poluição, produção de alimentos e diminuição dos recursos naturais” (MEADOWS et al., 1978 apud
CALIJURI; CUNHA, 2013, p. 699).
UNIDADE 2 41
cípios eram (ROCHA, 2003):
• O “Homem” fica com o dever solene de
proteger e melhorar o meio ambiente
O primeiro Dia da Terra foi realizado nos Es- para as gerações presentes e futuras.
tados Unidos, na data de 22 de abril de 1970, • Os recursos naturais devem ser preserva-
como manifestação por parte da população dos para as presentes e futuras gerações.
a todos os problemas de ordem ambiental. • Deve ser mantida a capacidade de re-
produção dos recursos renováveis para
o futuro.
• A fauna e a flora devem ser preservadas
Ainda, neste mesmo ano (1972), houve, em Es- por serem patrimônio da humanidade.
tocolmo, a Conferência Mundial sobre o Meio
Ambiente Humano, também conhecida como Caro(a) aluno(a), perceba que durante a Confe-
Conferência de Estocolmo, o primeiro encontro rência de Estocolmo, chegou-se a uma conclu-
mundial que tratou da necessidade de harmoni- são diferente da proposta pelo Clube de Roma,
zação global entre meio ambiente, economia e ou seja, a solução não era produzir menos, mas
sociedade, e que contou com a participação de produzir melhor; dessa forma, fez-se necessário
113 países, inclusive o Brasil; traçava-se, assim, um produzir de modo a racionalizar a utilização
caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. dos recursos naturais, diminuir o desperdício,
Aqui, caro(a) aluno(a), cabe destacar um con- bem como reduzir a geração de resíduos nos
fronto que marcou a referida conferência, que foi processos industriais, sejam eles sólidos, líqui-
entre os países desenvolvidos e em desenvolvi- dos ou gasosos.
mento, uma vez que enquanto os primeiros esta- O conceito de desenvolvimento sustentável
vam preocupados com as possíveis consequências foi evoluindo desde sua consolidação. E, assim,
da degradação ambiental, os países em desenvol- vários documentos importantes foram publi-
vimento acreditavam que propor um programa cados, dando uma melhor base científica ao
internacional voltado à conservação do meio conceito. Em 1980, o termo desenvolvimento
ambiente poderia frear seu desenvolvimento, ou sustentável foi utilizado em um documento in-
seja, era uma forma injusta de compensar toda a ternacional, o relatório intitulado de “Estratégia
degradação ambiental que os países desenvolvi- Mundial de Conservação”, lançado pelas insti-
dos já haviam causado. No entanto, mesmo após tuições IUCN (International Union for Con-
algumas resistências, os países em desenvolvimen- servation of Nature), UNEP (United Nations
to se sensibilizaram para com a responsabilidade Environmental Programme) e WWF (World
de preservação do meio ambiente. Wide Fund for Nature), que alertara para a
Como resultado da Conferência de Estocolmo, necessidade de esforços globais coordenados
em nível internacional, houve a tomada de uma para o desenvolvimento sustentável, de modo a
nova postura frente à questão ambiental. Foram assegurar a manutenção dos ecossistemas, pro-
estipulados 26 princípios que orientariam a co- movendo uso racional dos recursos naturais e
munidade internacional quanto às suas ações fu- preservando a diversidade genética (CALIJURI;
turas; os quatro principais objetivos destes prin- CUNHA, 2013).
EIO AMBIENTE
M biente natural
am vi
áv
Um
el
De Eco tentá
e C Natu ente
sen nôm ve
ntá do
Su onst ral
Su
l
vo ic l
bi
ste ruí
ve
s
Am
lvim o
en
to
Desenvolvimento
Sustentável
IAL edade
Economi NO
ECO
O Soci
Ambiente
as
a
Social
u
r
C
tri fi
Nu S Igualitário MI ciente
A
UNIDADE 2 43
De acordo com Sachs (1993), diversos eventos internacionais, incluindo a Conferência das
Nações Unidas de Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD (Rio 92) - consagra-
ram a percepção de desenvolvimento sustentável. Assim, os compromissos firmados nessa
conferência consolidaram a perspectiva de se redirecionarem os processos de crescimento
vigentes para um novo modelo de desenvolvimento regido pela integração e sustentabili-
dade nas suas dimensões sociais, econômicas, ecológicas, geopolíticas e culturais.
A Rio 92 ficou conhecida como a “Cúpula da Terra” e “chamou a atenção do mundo
para a dimensão global dos perigos que ameaçam a vida no planeta e, por conseguinte,
para a necessidade de uma aliança entre todos os povos em prol de uma sociedade sus-
tentável” (CNUMAD, 1995, on-line). Como produto dessa conferência, foram assinados
alguns documentos, dentre eles a Agenda 21.
Por fim, para se alcançar o desenvolvimento sustentável, a Cúpula das Nações Uni-
das para o Desenvolvimento Sustentável, em 2015, estabeleceu 17 objetivos (MMA,
[2021], on-line)2:
1. Erradicação da pobreza.
2. Fome zero.
3. Boa saúde e bem-estar.
4. Educação de qualidade.
5. Igualdade de gênero.
6. Água limpa e saneamento.
7. Energia acessível e limpa.
8. Emprego digno e crescimento econômico.
9. Indústria, inovação e infraestrutura.
10. Redução das desigualdades.
11. Cidades e comunidades sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis.
13. Combate às alterações climáticas.
14. Vida de baixo d’água.
15. Vida sobre a terra.
16. Paz, justiça e instituições fortes.
17. Parcerias em prol das metas.
UNIDADE 2 45
Educação
Ambiental
“
veis por difundir a educação ambiental, incluin-
Processos por meio dos quais o indivíduo do o Poder Público, as instituições de educação,
e a coletividade constroem valores sociais, os órgãos do Sistema Nacional do Meio Am-
conhecimentos, habilidades, atitudes e biente, os meios de comunicação, as empresas
competências voltadas para a conservação públicas ou privadas e a sociedade de maneira
do meio ambiente, bem de uso comum do geral. E, se todos os envolvidos realizarem suas
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua funções, poderemos garantir a qualidade do
sustentabilidade” (BRASIL, 1999, on-line). meio ambiente.
UNIDADE 2 47
Ainda, a PNEA estabelece, em seu artigo 5º, alguns objetivos fundamentais da educação ambiental, são eles:
“
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e com-
plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos,
científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do
equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inse-
parável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais,
com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos
para o futuro da humanidade” (BRASIL, 1999, on-line).
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Desenvolver
Conhecimento
Compreensão para adquirir Valores
Habilidades Mentalidades
Motivação Atitudes
e encontrar Questões/Problemas
Soluções Ambientais
sustentáveis
Perceba que tanto em âmbito nacional como internacional, é valorizado o importante papel da edu-
cação ambiental diante dos problemas ambientais. Nas palavras de Teixeira et al. (2011, p. 228), todos
os atores sociais “[...] reconhecem na educação ambiental uma das possibilidades de proporcionar a
melhoria na qualidade de vida a partir de ações educativas que oportunizem mudanças nas relações
entre o homem e o meio sócio-ambiental”.
Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unidade, nós vimos que a relação homem versus natureza
foi sendo alterada com o passar do tempo e se o equilíbrio entre essa relação foi quebrado após a revo-
lução industrial, principalmente após os anos 60, houve em todo o mundo sensibilização para com a
problemática ambiental; neste sentido, o desenvolvimento sustentável aliado à educação ambiental se
tornam instrumentos imprescindíveis para o uso consciente dos recursos naturais e a garantia destes
para as presentes e futuras gerações.
No contexto do desenvolvimento sustentável, atualmente, fazem-se presentes tecnologias alterna-
tivas que possibilitam a redução dos impactos que o homem causa ao meio ambiente, por exemplo a
utilização das tecnologias para tratamento de efluentes líquidos, adoção de filtros nas chaminés que
evitam a poluição atmosférica, construção de aterros sanitários para disposição de resíduos sólidos etc.
UNIDADE 2 49
1. Nós estudamos que a relação do homem com o meio ambiente sempre
existiu, de forma que esta foi se alterando com a civilização do ser humano.
Sabendo disso, assinale a alternativa incorreta.
a) A revolução industrial acentuou a exploração dos recursos naturais pelo
homem.
b) A busca pelo desenvolvimento a todo custo acarretou em diversos acidentes
ambientais, principalmente nos países em desenvolvimento, visto que estes
não tinham tecnologia adequada.
c) No início, existia uma relação de equilíbrio entre homem e natureza, visto
que ele retirava somente o que era necessário para sua sobrevivência.
d) A utilização desenfreada dos recursos naturais trouxe diversas consequên-
cias ao meio ambiente, dentre elas a poluição do solo, da água e do ar.
e) O estilo de vida voltado para o consumismo também foi um dos fatores que
levou ao uso irracional dos recursos naturais.
50
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão corretas.
3. Nesta unidade, nós discutimos sobre a educação ambiental e como ela pode
ser utilizada para conscientizar a população sobre a necessidade de preser-
vação do meio ambiente. Conceitue a educação ambiental e cite como ela
deve estar articulada com a educação nacional.
51
LIVRO
LIVRO
52
FILME
WEB
53
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, 1981. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 24 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 24 fev. 2021.
CALIJURI, M. do C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Rio de Janeiro:
ELSEVIER, 2013.
CNUMAD. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Agenda 21, 1995.
Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf. Acesso em: 04 set. 2017.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.
FOGAÇA, T. K. et al. Conservação dos recursos naturais e sustentabilidade: um enfoque geográfico. Curi-
tiba: Intersaberes, 2017.
MILARÉ, E. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001.
NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.
PASSOS, P. N. C. de. A Conferência de Estocolmo como ponto de partida para a proteção internacional do meio
ambiente. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 6, p. 1-25, 2009.
PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental: evolução e conceitos. In: PHILIPPI JR., A. Saneamento, Saúde e
Ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São Paulo: Manole, 2005. (Coleção ambiental:
2). p. 584-599.
ROCHA, J. M. da. Política internacional para o meio ambiente: avanços e entraves pós conferência de Estocolmo.
Rev. Cent. Ciênc. Admin., v. 9, n. 2, p. 229-240, 2003.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XII: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio
Nobel, 1993.
54
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
TEIXEIRA, L. A. et al. A teoria, a prática, o professor e a educação ambiental: algumas reflexões. Olhar de
professor, v. 14, n. 2, p. 227-237, 2011.
TRENNEPOHL, C.; TRENNEPOHL, T. Licenciamento ambiental: uma análise constitucional. In: PHILIPPI
JR., A.; FREITAS, V. P. de.; SPÍNOLA, A. L. S. Direito ambiental e sustentabilidade. São Paulo: Manole, 2016.
(Coleção Ambiental, v. 18).
REFERÊNCIAS
1Em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21. Acesso em: 24 fev. 2021.
2Em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/
134-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods. Acesso em: 24 fev. 2021.
55
1. B.
2. D.
3. A educação ambiental é definida como um processo, a partir do qual os indivíduos e a coletividade cons-
troem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente. De acordo com a PNEA, a educação ambiental é um componente fundamental da edu-
cação nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, tanto
em caráter formal quanto não formal.
56
Me. Rebecca Manesco Paixão
Licenciamento Ambiental
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
“
a construção, instalação, ampliação e funcio-
namento de estabelecimentos e atividades
utilizadores de recursos ambientais, efetiva
ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental dependerão de prévio licencia-
mento ambiental (BRASIL, 1981, on-line).
“
Ambiente faz parte. E dessa forma, tanto a Lei nº
[...] os empreendimentos sujeitos ao licen- 6.938/81 quanto o Decreto nº 99.274/90 atribuem
ciamento ambiental deverão comunicar ao ao CONAMA a competência de estabelecer normas
órgão competente do SEAQUA a suspensão e critérios para o licenciamento de empreendimen-
ou o encerramento das suas atividades. tos/atividades utilizadores de recursos ambientais e
§ 1.º - A comunicação a que se refere o efetiva ou potencialmente poluidoras. Assim, o CO-
“caput”, deverá ser acompanhada de um NAMA, no exercício de suas competências, instituiu
Plano de Desativação que contemple a si- uma série de resoluções que tratam a respeito do
tuação ambiental existente e, se for o caso, licenciamento ambiental, sendo as mais importan-
informe a implementação das medidas de tes: Resoluções nº 001/86 e 237/97.
restauração e de recuperação da qualidade A Resolução CONAMA nº 237/97 define o li-
ambiental das áreas que serão desativadas cenciamento ambiental como:
“
ou desocupadas.
§ 2.º - O órgão competente do SEAQUA [...] procedimento administrativo pelo qual o
deverá analisar o Plano de Desativação, ve- órgão ambiental competente licencia a loca-
rificando a adequação das propostas apre- lização, instalação, ampliação e a operação de
sentadas, no prazo de 60 dias. empreendimentos e atividades utilizadoras
§ 3.º - Após a restauração e/ou recupera- de recursos ambientais, consideradas efetiva
ção da qualidade ambiental, o empreende- ou potencialmente poluidoras ou daquelas
dor deverá apresentar um relatório final, que, sob qualquer forma, possam causar de-
acompanhado das respectivas Anotações gradação ambiental, considerando as dispo-
de Responsabilidade Técnica, atestando o sições legais e regulamentares e as normas
cumprimento das normas estabelecidas no técnicas aplicáveis ao caso (CONAMA, 1997,
Plano de Desativação. art. 1º, § 1º).
§ 4.º - Ficará o declarante sujeito às penas
previstas em lei, em caso de não cumpri- Dessa forma, observe, caro(a) aluno(a), que o licen-
mento das obrigações assumidas no rela- ciamento ambiental é definido como um procedi-
tório final (BRASIL, 2002, on-line). mento administrativo, ou seja, algo que se estende
UNIDADE 3 59
temporalmente e que requer providências em uma de licenciamento ambiental, a depender do uso dos
sequência encadeada, de modo a abranger todas as recursos naturais e da capacidade do empreendi-
variáveis que podem afetar negativamente o meio mento causar degradação ambiental ou ser efetiva
ambiente e que tem como produto final a autoriza- ou potencialmente poluidor, cabendo ao empreen-
ção do empreendimento/atividade, sob o atestado dedor a consulta ao órgão ambiental competente.
de cumprimento da legislação vigente.
No entanto, nas palavras de Sánchez (2008, p. 80):
“
[...] não há direito líquido e certo de um
empreendedor obter uma licença ambien- O mercado, cada vez mais, exige empresas li-
tal, mas cabe ao agente público (órgão li- cenciadas e que cumpram a legislação ambien-
cenciador) analisar o projeto pretendido e tal. Além disso, os órgãos de financiamento e
seus impactos ambientais para decidir da de incentivos governamentais, como o BNDES,
conveniência ou não de conceder a licença condicionam a aprovação dos projetos à apre-
(autorização), e quais condições podem ser sentação da Licença Ambiental.
impostas para que esta seja concedida. Fonte: Firjan (2004, p. 4).
60 Licenciamento Ambiental
• Licenciamento ordinário: quando a ati- Neste sentido, de acordo com a Resolução CO-
vidade ou o empreendimento não apresen- NAMA nº 237/97, compete ao IBAMA (Institu-
ta significativo impacto ambiental. Neste to Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
caso, EIA e RIMA são substituídos por Naturais) a concessão de licenças ambientais
outro estudo ambiental menos complexo, a empreendimentos/atividades: (a) localizados
exigido pelo órgão ambiental. ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em
• Licenciamento simplificado: quando país limítrofe; (b) localizados ou desenvolvidos
a atividade ou empreendimento causam no mar territorial; (c) localizados ou desenvol-
baixo impacto ambiental, de acordo com o vidos na plataforma continental; (d) localizados
artigo 12, § 1º, da Resolução CONAMA nº ou desenvolvidos na zona econômica exclusi-
237/97. Poderá ser solicitado um Relatório va; (e) localizados ou desenvolvidos em terras
Ambiental Simplificado (RAS). indígenas ou em unidades de conservação do
• Licenciamento corretivo: quando a ati- domínio da União; (f) localizados ou desen-
vidade ou empreendimento opera sem a volvidos em dois ou mais estados; (g) cujos im-
licença ambiental. Neste caso, o órgão am- pactos ultrapassem os limites do país; (h) cujas
biental poderá embargar a atividade, ainda atividades envolvem material radioativo; e (i)
que cumulada com outra sanção, a fim de militares (CONAMA, 1997, art. 4°).
estimular a requisição de licenciamento Compete aos estados e ao Distrito Federal o
ambiental. licenciamento de empreendimentos/atividades:
(a) desenvolvidos em mais de um município; (b)
localizados ou desenvolvidos nas florestas e de-
Competências do mais formas de vegetação natural de preserva-
Licenciamento Ambiental ção permanente; (c) cujos impactos ambientais
diretos ultrapassem os limites territoriais de um
Caro(a) aluno(a), no estudo do licenciamen- ou mais municípios (CONAMA, 1997, art. 5º).
to ambiental, é importante compreendermos as Ainda, compete ao órgão ambiental municipal
competências para o licenciamento ambiental. A o licenciamento de empreendimentos/atividades
Constituição Federal de 1988, no que diz respeito de impacto ambiental local e daquelas que lhe fo-
à preservação do patrimônio público em geral e, é rem delegadas pelo estado por instrumento legal
claro, do meio ambiente, estabelece, em seu artigo 23, ou convênio (CONAMA, 1997, art. 6º).
que é de competência de todos os entes federados,
União, estados, Distrito Federal e municípios:
“
III - proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os Tenha sua dose extra de
monumentos, as paisagens naturais notáveis conhecimento assistindo
e os sítios arqueológicos; ao vídeo. Para acessar,
VI - proteger o meio ambiente e combater a use seu leitor de QR Code.
UNIDADE 3 61
Licença
Ambiental
“
[...] ato administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente, estabelece as con-
dições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas
pelo empreendedor, pessoa física ou jurí-
dica, para localizar, instalar, ampliar e operar
empreendimentos ou atividades utilizado-
ras dos recursos ambientais consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental (CONAMA,
1997, artigo 1º, § 2º).
62 Licenciamento Ambiental
Empreendimento atuando em harmonia
com o meio ambiente.
É de se esperar que a tramitação da documentação para obtenção das licenças ambientais deman-
de tempo proporcional à complexidade do projeto, o que acaba por gerar críticas ao procedimento
administrativo, licenciamento ambiental, visto que os empreendedores anseiam o início rápido de
suas atividades.
UNIDADE 3 63
Caro(a) aluno(a), atente-se que a licença ambien- Licença Prévia (LP)
tal não é concedida em um único documento, mas
sim nas diversas fases de um empreendimento, Na primeira etapa de obtenção do licenciamento
como forma do órgão ambiental obter conhe- ambiental, o empreendedor procurará o órgão
cimento aprofundado de todos os aspectos do ambiental competente e definirá junto a este a
empreendimento que podem causar dano am- documentação necessária a ser levantada, projetos
biental; neste sentido, o processo de licenciamen- e estudos necessários.
to ambiental não termina com a obtenção da li- A licença prévia aprovará a localização e ates-
cença ambiental, e após a emissão desta, o órgão tará a viabilidade ambiental do empreendimento,
ambiental poderá modificar as condicionantes após exame dos impactos ambientais gerados por
estabelecidas, bem como as medidas de contro- ele, dos programas de redução e mitigação dos
le e adequação e, ainda, suspender ou cancelar a impactos negativos e maximização dos impactos
licença quando houver: “violação ou inadequação positivos. Para o caso de empreendimentos efetiva
de quaisquer condicionantes ou normas legais, ou potencialmente causadores de danos ambien-
omissão ou falsa descrição de informações rele- tais, a emissão da LP dependerá da aprovação do
vantes que subsidiaram a expedição da licença, Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo
e superveniência de graves riscos ambientais e Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente
de saúde” (CONAMA, 1997, art. 19). Além disso, (IBAMA, 2002; TCU, 2007), conforme preconi-
para o caso de empreendimentos/atividades que zado na Resolução CONAMA nº 001/86. Para o
provoquem perda de biodiversidade e de recursos caso de dispensa de apresentação do EIA/RIMA,
naturais, a compensação ambiental é obrigatória o empreendedor deverá apresentar um Relatório
no processo de licenciamento ambiental, com de Controle Ambiental (RCA), conforme preconi-
fundamento no EIA (IBAMA, 2002). zado na Resolução CONAMA nº 10/90, ou outros
Para cada uma das fases de um empreendi- estudos ambientais exigidos pelo órgão ambiental.
mento/atividade, citadas anteriormente, é ne- Caro(a) aluno(a), neste sentido, observe que
cessária uma licença adequada. São elas: licença a concessão da licença prévia é condição para a
prévia, licença de instalação, licença de operação continuidade do processo de licenciamento am-
e licença simplificada. Veremos com mais detalhes biental, e é um sinal verde para o empreendedor
cada uma delas a seguir. seguir adiante com o projeto do empreendimen-
to/atividade. O Tribunal de Contas da União
(TCU, 2007, p. 17) ainda destaca a importância
dessa fase, uma vez que é nela em que:
a) São levantados os prováveis impactos am-
Licença prévia: exigida para o planejamento do bientais e sociais.
empreendimento; licença de instalação: exigida b) São avaliadas a magnitude e abrangência
para a instalação/construção da obra; licença de dos impactos.
operação: exigida para a operação/funcionamen- c) São formuladas medidas para minimizar
to do empreendimento; e licença simplificada: ou eliminar os impactos.
pode englobar duas ou três dessas licenças. d) São ouvidos os órgãos ambientais e órgãos
e entidades setoriais, em cuja área de atua-
ção se situa o empreendimento.
64 Licenciamento Ambiental
e) São discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos ambien-
tais, bem como as medidas mitigadoras e compensatórias.
f) É tomada a decisão sobre a viabilidade ambiental do empreendimento.
Por fim, cabe ao órgão ambiental estabelecer o prazo de validade de cada licença. De acordo
com a Resolução CONAMA nº 237/97 (art. 18, I): “o prazo de validade da licença prévia (LP)
deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas
e projetos relativos ao empreendimento/atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos”.
Após a obtenção da licença prévia, deverá ser solicitado, junto ao órgão ambiental, a licença
de instalação com o projeto de construção do empreendimento, incluindo neste as medidas
de controle ambiental determinadas previamente. Para requerer a LI, o empreendedor deverá
cumprir alguns requisitos, como: comprovar o cumprimento das condicionantes estabelecidas
na LP; apresentar planos, programas e projetos ambientais detalhados e respectivos crono-
gramas de implementação; e apresentar detalhamento das partes dos projetos de engenharia
relacionados com as questões ambientais (TCU, 2007).
Observe, caro(a) aluno(a), que a concessão dessa licença implica na autorização das obras
do empreendimento, cabendo ao órgão ambiental o monitoramento das condicionantes
determinadas.
A Resolução CONAMA nº 237/97 (art. 18, II) cita que: “o prazo de validade da licença
de instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos”.
Por fim, após a obtenção da licença de instalação, deverá ser solicitado, junto ao órgão am-
biental, a licença de operação, a qual aprova a forma de convívio do empreendimento com o
meio ambiente e estabelece condicionantes para a continuidade da operação. Ela é concedida
após verificação do cumprimento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores,
e contém medidas de controle ambiental e condicionantes que deverão ser cumpridas para
o funcionamento do empreendimento (TCU, 2007).
A licença de operação é concedida por um período finito: “o prazo de validade da licença
de operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4
(quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos” (CONAMA, 1997, art. 18, III).
Além disso, no prazo de 120 dias antes da expiração da LO, deverá ser requerida a Re-
novação da Licença de Operação (RLO) junto ao órgão ambiental para a continuidade das
atividades do empreendimento.
UNIDADE 3 65
Licença Simplificada
Conforme previsto na Resolução CONAMA nº 237/97, artigo 12, § 1º: “poderão ser
estabelecidos procedimentos simplificados para os empreendimentos/atividades de
pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respec-
tivos Conselhos de Meio Ambiente”. Neste tipo de licença ambiental, as três fases do
licenciamento ambiental podem ser reunidas em apenas uma ou duas fases, levando
em consideração a gravidade dos impactos ambientais a serem causados pelo em-
preendimento. Assim, o órgão ambiental poderá emitir uma única licença, composta
pela localização, instalação e operação do empreendimento, de acordo com o artigo
5º da Resolução CONAMA nº 412/2009, ou após atestar a viabilidade do empreen-
dimento, por meio da licença prévia, autoriza sua instalação e operação, mediante à
concessão de uma única licença de instalação e operação (LIO), conforme previsto
na Resolução CONAMA nº 387/06.
Neste contexto, caro(a) aluno(a), segundo Teixeira (2010), este tipo de licença sim-
plificada pode ser concedida a: empreendimentos elétricos com pequeno potencial
de impacto ambiental, sistema de esgotamento sanitário, projetos de assentamento de
reforma agrária e empreendimentos destinados à construção de habitações de interesse
social, entre outros.
“
[...] analisada a questão, caso seja inviável a instalação ou operação do empreendi-
mento no local onde estava sendo realizada, por razões ambientais, a licença deve ser
negada e intimado o responsável a restabelecer as condições ambientais existentes
antes de sua intervenção, inclusive via judicial. Apenas se for viável a instalação e
operação do empreendimento no local é que se admite tenha prosseguimento o
processo de licenciamento.
66 Licenciamento Ambiental
ETAPAS DO
Licenciamento Ambiental
UNIDADE 3 67
Por fim, haverá a emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico, de deferimento ou indeferimento do pedido de licença ambiental. A Figura
1 ilustra todas estas etapas, resumidamente.
Definições dos
Requerimento Análise do
projetos e
da licença processo
estudos
ambiental
ambientais
Audiência Solicitação de
esclarecimentos e Vistorias
pública técnicas
complementações
Solicitação de Emissão do
esclarecimentos e parecer técnico:
complementações deferimento ou
da audiência indeferimento
68 Licenciamento Ambiental
CUSTOS DO
Licenciamento Ambiental
UNIDADE 3 69
Dessa forma, observe que o licen-
ciamento ambiental é um proces-
so custoso, uma vez que o propo-
nente do projeto irá gerar gastos
com a contratação de consultores
ambientais para lidarem com a
documentação, bem como para
elaborarem os estudos ambientais
exigidos pelo órgão ambiental;
além das despesas com taxas para
emissão da licença, publicação em
jornal de circulação e, até mesmo,
com reuniões ou audiências públi-
cas, se for o caso. Ainda, dentro do
contexto dos custos, a implantação
de todas as medidas exigidas pelo
órgão ambiental é muito importan-
te, por exemplo a instalação de uma
estação de tratamento de efluentes,
filtros nas chaminés etc.
70 Licenciamento Ambiental
IMPORTÂNCIA DO
Licenciamento Ambiental
UNIDADE 3 71
Lembre-se que, após a obtenção da licença ambiental, o órgão ambiental esta-
belece as condições, restrições, exigências e medidas de controle ambiental que
deverão ser obedecidas pelo empreendedor e, caso contrário, a licença poderá
ser cassada e pode dar ensejo à responsabilidade civil, administrativa e até penal
(FINK, 2000).
O não cumprimento dessa exigência legal, que é o licenciamento ambiental,
também é entendido como crime ambiental. A Lei nº 9.605/98 institui:
“
[...] Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção,
de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (BRASIL,
1998, on-line).
Além disso, a Lei nº 9.605/98 traz a pena de detenção de um a três anos e multa
para o não cumprimento da obrigação de relevante interesse ambiental (art. 68)
e pena de reclusão de três a seis anos e multa para o profissional que elaborar ou
apresentar no licenciamento ambiental concessão florestal ou qualquer outro
procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou par-
cialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão (art. 69).
Não somente pela questão legal, o licenciamento ambiental também tem sua
importância baseada na gestão ambiental. Impactos ambientais acarretados pelos
empreendimentos, como contaminação dos recursos hídricos por efluentes in-
dustriais, poluição do ar por emissões atmosféricas, degradação do solo e dentre
outras formas de poluição ambiental, que já estudamos, afetam a qualidade de vida
das populações, como a proliferação de doenças de veiculação hídrica e também
a economia de sobrevivência, uma vez que, por exemplo, peixes desaparecem e
pescadores ficam sem renda (MMA, 2009).
Assim, espera-se que as empresas deixem de ser problema e façam parte das
soluções, de forma que considerem o meio ambiente em suas decisões e adotem
concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para aumentar a
capacidade de suporte do planeta (BARBIERI, 2007).
72 Licenciamento Ambiental
1. Nesta unidade, nós estudamos sobre o licenciamento ambiental, um importan-
te instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que garante a
compatibilização da atividade econômica do país, com a preservação do meio
ambiente. Assim, defina licenciamento ambiental e o diferencie de licença am-
biental.
73
LIVRO
WEB
74
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2007.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Decreto n° 47.400, de 4 de dezembro de 2002. Regulamenta dispositivos da Lei Estadual n.º 9.509,
de 20 de março de 1997, referentes ao licenciamento ambiental, estabelece prazos de validade para cada modali-
dade de licenciamento ambiental e condições para sua renovação, estabelece prazo de análise dos requerimentos
e licenciamento ambiental, institui procedimento obrigatório de notificação de suspensão ou encerramento
de atividade, e o recolhimento de valor referente ao preço de análise. São Paulo: Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo, 2002. Disponível em: https://www.cetesb.sp.gov.br/Institucional/documentos/dec47400.
pdf?_ga=2.113996623.999914392.1614259088-749466505.1614259088. Acesso em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas
de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. 1990. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D99274compilado.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 006, de 24 da janeiro de 1986. Dispõe sobre
a aprovação de modelos para publicação de pedidos de licenciamento. Diário Oficial da União, Brasília, 1986.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 387, de 27 de dezembro de 2006. Estabe-
lece procedimentos para o Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2006.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 412, de 13 de maio de 2009. Estabelece
critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de
habitações de Interesse Social. Diário Oficial da União, Brasília, 2009.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, 1986.
75
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II. Diário Oficial da União,
Brasília, 1990.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe
sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
Diário Oficial da União, Brasília, 1997.
FINK, D. R. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora forense uni-
versitária, 2000.
FIRJAN. Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Manual de Licenciamento ambiental: guia
de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2004. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/
sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf. Acesso em: 25 fev. 2021.
MILARÉ, É. Direito do ambiente. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
MILARÉ, É. Direito do Ambiente. 8. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de Licenciamento Ambiental. Brasília: MMA, 2009. Disponível
em: http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.
pdf. Acesso em: 25 fev. 2021.
SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
TCU. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Cartilha de Licenciamento Ambiental. 2. ed. Brasília: TCU,
2007. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2059156.PDF. Acesso em 25. Fev. 2021.
76
1. O licenciamento ambiental é definido como procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia à localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, que são consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou da-
quelas que possam causar degradação ambiental.
A licença ambiental é definida como um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, para todas as atividades do empreendimento ou atividade que necessita de licenciamento,
incluindo: localizar, instalar, ampliar e operar.
Definição pelo órgão ambiental competente, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários
ao início do processo de licenciamento.
Análise pela equipe técnica do órgão ambiental competente, dos documentos, projetos e estudos ambien-
tais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias.
3. B.
77
78
Me. Rebecca Manesco Paixão
Avaliação de Impactos
Ambientais
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 4 81
No conceito de impacto, tem-se três referências: a de ordem social:
a saúde, a segurança e o bem-estar da população e as atividades
sociais; a de ordem econômica: a segurança e as atividades econô-
micas; e a última, ordem de caráter natural: a biota, as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos
ambientais.
Fonte: Silvestre ([2021], p. 3).
Para finalizarmos este tópico, nós vimos que o impacto ambiental é resultado de
uma ação humana, quer implique na supressão, inserção ou sobrecarga de ele-
mentos. Assim, não podemos confundir causa com efeito, ou seja, uma construção
humana não é um impacto ambiental, mas pode causar impactos ambientais,
sejam eles positivos ou negativos, diretos ou indiretos, reversíveis ou irreversíveis
etc. E um projeto típico trará diversas alterações ao meio, de forma que todas
essas deverão ser consideradas na elaboração do estudo de impactos ambientais.
UNIDADE 4 83
Histórico da Avaliação
de Impactos Ambientais
“
• Os efeitos ambientais adversos que não
puderem ser evitados, caso a proposta [...] a avaliação de impacto ambiental,
seja implementada. como um instrumento nacional, deve ser
• Alternativas à ação proposta. empreendida para atividades propostas
• A relação entre os usos locais e de curto que tenham probabilidade de causar um
prazo do ambiente humano, e a manu- impacto adverso significativo no ambiente
tenção e melhoria da produtividade a e sujeitas a uma decisão da autoridade na-
longo prazo. cional competente (SÁNCHEZ, 2008, p. 58).
• Qualquer comprometimento de recur-
sos (irreversível e irrecuperável) que Além disso, durante o período preparatório da Rio
seriam envolvidos se a ação proposta 92, e também nos anos que se seguiram, outros
fosse implementada. países incorporaram a AIA em suas legislações,
como o Peru, em 1990; Tunísia, em 1991; Bolívia
Perceba que, resumidamente, a NEPA se aplica e Bulgária, em 1992; Chile, Uruguai e Nicarágua,
às decisões do governo federal que possam acar- em 1994; Romênia, em 1995; e Costa do Marfim,
retar em alterações do meio ambiente, ou seja, a em 1996 (SÁNCHEZ, 2008).
AIA resultou de um processo político que bus-
cou atender a uma demanda social que estava
mais madura nos Estados Unidos; além disso, ela Avaliação de Impactos
evoluiu e se modificou conforme foi aplicada em Ambientais no Brasil
outros contextos culturais e políticos, dentro do
princípio de prevenção da degradação ambiental, No Brasil, a primeira experiência com AIA ocor-
e como forma de subsidiar o processo decisório da reu no ano de 1972, quando o Banco Mundial
instalação de empreendimentos/atividades modi- solicitou a realização deste processo para fins de
ficadoras do meio ambiente (SÁNCHEZ, 2008). financiamento do projeto da Hidrelétrica de So-
UNIDADE 4 85
bradinho. Além disso, outros projetos também Dois anos depois do surgimento da PNMA, foi
foram realizados seguindo as normas de agên- regulamentado o Decreto nº 88.351/83, que re-
cias internacionais, por falta de leis ambientais laciona a AIA aos sistemas de licenciamento de
nacionais, como a usina hidrelétrica de Tucuruí empreendimentos/atividades efetiva e potencial-
e o terminal porto-ferroviário Ponta da Madeira mente poluidores; este Decreto determina, em
(BARBIERI, 2004; BRASIL, 1995). seu artigo 17, § 1º, que: “[...] caberá ao Conama
Foi no ano de 1981, que o Brasil definiu um fixar os critérios básicos, segundo os quais serão
grande marco na legislação ambiental, incluindo exigidos estudos de impacto ambiental para fins
a AIA como um dos instrumentos da Política Na- de licenciamento”.
cional de Meio Ambiente (PNMA), para atingir Ainda, a incorporação da AIA à legislação bra-
alguns de seus objetivos, como: sileira foi confirmada e fortalecida com o artigo
“
225 da Constituição Federal de 1988, que cita:
“
I - à compatibilização do desenvolvimento
econômico-social com a preservação da Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
qualidade do meio ambiente e do equilí- gicamente equilibrado, bem de uso comum
brio ecológico; do povo e essencial à sadia qualidade de
[...] vida, impondo-se ao Poder Público e à cole-
III - ao estabelecimento de critérios e pa- tividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
drões de qualidade ambiental e de nor- para as presentes e futuras gerações.
mas relativas ao uso e manejo de recursos § 1º Para assegurar a efetividade desse di-
ambientais; reito, incumbe ao Poder Público:
[...] [...]
V - à difusão de tecnologias de manejo IV - exigir, na forma da lei, para instala-
do meio ambiente, à divulgação de dados ção de obra ou atividade potencialmente
e informações ambientais e à formação causadora de significativa degradação do
de uma consciência pública sobre a ne- meio ambiente, estudo prévio de impacto
cessidade de preservação da qualidade ambiental, a que se dará publicidade (BRA-
ambiental e do equilíbrio ecológico; SIL, 1988, on-line).
VI - à preservação e restauração dos re-
cursos ambientais com vistas à sua utili- No ano de 1986, o CONAMA, por meio da Re-
zação racional e disponibilidade perma- solução nº 001/86, estabeleceu as definições, res-
nente, concorrendo para a manutenção ponsabilidades, critérios básicos e as diretrizes
do equilíbrio ecológico propício à vida; gerais para o uso e implementação da AIA como
VII - à imposição, ao poluidor e ao preda- um dos instrumentos da PNMA. Ela deixa claro
dor, da obrigação de recuperar e/ou inde- que o proponente de um determinado projeto
nizar os danos causados e, ao usuário, da sujeito a apresentar a AIA deverá levar ao órgão
contribuição pela utilização de recursos ambiental dois documentos importantes: estudo
ambientais com fins econômicos (BRA- de impacto ambiental (EIA) e relatório de impacto
SIL, 1981, on-line). ambiental (RIMA).
“
. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
. Ferrovias;
. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
. Aeroportos;
. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários;
. Linhas de transmissão de energia elétrica;
. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
. Extração de minério;
. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária,
acima de 10MW;
. Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos,
cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);
. Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
. Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante
interesse ambiental;
. Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.
UNIDADE 4 87
Processo de Avaliação
de Impactos Ambientais
“
Instrumento de política ambiental, forma-
do por um conjunto de procedimentos,
capaz de assegurar, desde o início do pro-
cesso, que se faça um exame sistemático
dos impactos ambientais de uma ação
proposta (projeto, programa, plano ou
política) e de suas alternativas, e que os
resultados sejam apresentados de forma
adequada ao público e aos responsáveis
pela tomada de decisão, e por eles sejam
considerados.
“
liação de impactos ambientais. Sánchez (2008,
p. 92) define esse processo como: “conjunto de Assegurar que as considerações ambien-
procedimentos concatenados de maneira lógi- tais sejam explicitamente tratadas e incor-
ca, com a finalidade de analisar a viabilidade poradas ao processo decisório; antecipar,
ambiental de projetos, planos e programas, e evitar, minimizar ou compensar os efeitos
fundamentar uma decisão a respeito”; o mesmo negativos relevantes biofísicos, sociais e
autor descreve algumas das características desse outros; proteger a produtividade e a capa-
processo: cidade dos sistemas naturais assim como
• Conjunto estruturado de procedimentos: os processos ecológicos que mantém suas
os procedimentos estão interligados, de funções; promover o desenvolvimento
forma a atender aos objetivos da AIA. sustentável e otimizar o uso e as oportu-
• É regido por lei ou regulamentação espe- nidades de gestão de recursos (IAIA; IEA,
cífica: os principais componentes do pro- 1999, p. 4).
cesso são previstos em lei ou outra figura
jurídica que tenha instituído a AIA em Neste sentido, caro(a) aluno(a), pode-se dizer
uma determinada jurisdição. que o processo de AIA objetiva, principalmente,
• É um processo documentado: os requisitos a compatibilização de desenvolvimento econô-
a serem atendidos são estabelecidos pre- mico e social, com a própria qualidade do meio
viamente, e em cada caso, o cumprimento ambiente, ou seja, busca promover o desenvol-
deles deve ser demonstrado com a ajuda vimento sustentável com base no equilíbrio das
de registros documentais (por exemplo, três dimensões: social, econômica e ambiental,
a elaboração do EIA, o parecer de análise que já estudamos anteriormente.
técnica, as atas de consulta pública etc.). Além disso, a AIA também facilita a gestão
• Envolve diversos participantes: são di- ambiental do futuro empreendimento, uma vez
versos os envolvidos no processo de AIA, que a aprovação do projeto implica em compro-
como o proponente do projeto, a autori- missos assumidos pelo empreendedor, como a
dade responsável, o consultor ambiental, implantação das medidas mitigatórias e com-
o público afetado, dentre outros. pensatórias de impactos advindos do projeto,
• É voltado para a análise de viabilidade am- bem como cronograma de execução das medidas
biental de uma proposta. e programas de monitoramento.
UNIDADE 4 89
Etapas do Processo de Aia
Análise detalhada
Determinação do
escopo do estudo
Elaboração do Elaboração do
EIA e Rima EIA e Rima
Consulta pública
Decisão
Reprovação Aprovação
Etapa
pós-aprovação
Monitoramento e gestão ambiental
Acompanhamento
Figura 1 - Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
Fonte: Sánchez (2008, p. 96).
UNIDADE 4 91
Quanto à elaboração do EIA, a Resolução CONA-
MA nº 001/86 estabelece que:
“
O monitoramento das medidas também ocorre [...] o estudo de impacto ambiental, além de
nas fases de operação e de desativação do em- atender à legislação, em especial os princí-
preendimento. Esta etapa poderá incluir fiscali- pios e objetivos expressos na Lei de Política
zação por parte do órgão ambiental, supervisão Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às
por parte do empreendedor e/ou auditoria, seja seguintes diretrizes gerais:
esta de caráter público ou privado. I - Contemplar todas as alternativas tecno-
lógicas e de localização de projeto, confron-
tando-as com a hipótese de não execução
Elaboração do EIA/RIMA do projeto;
II - Identificar e avaliar sistematicamente os
Conforme já mencionado, no Brasil, a Resolução impactos ambientais gerados nas fases de
CONAMA nº 001/86 trata da questão da AIA, de implantação e operação da atividade;
forma que todas as etapas citadas anteriormente III - Definir os limites da área geográfica a
estão contempladas na referida resolução. Quanto ser direta ou indiretamente afetada pelos im-
a determinação do escopo do EIA, o parágrafo pactos, denominada área de influência do
único do artigo 5º cita que: projeto, considerando, em todos os casos, a
“
bacia hidrográfica na qual se localiza;
Ao determinar a execução do estudo de lV - Considerar os planos e programas go-
impacto ambiental o órgão estadual com- vernamentais, propostos e em implantação
petente, ou o IBAMA ou, quando couber, na área de influência do projeto, e sua com-
o Município, fixará as diretrizes adicionais patibilidade (CONAMA, 1986, art. 5º).
que, pelas peculiaridades do projeto e carac-
terísticas ambientais da área, forem julgadas O artigo 6º da Resolução CONAMA nº 001/86 de-
necessárias, inclusive os prazos para conclu- fine os requisitos mínimos que o EIA deverá conter:
“
são e análise dos estudos (CONAMA 1986,
art. 5º, parágrafo único). O estudo de impacto ambiental desenvolverá,
no mínimo, as seguintes atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influên-
cia do projeto completa descrição e análise
dos recursos ambientais e suas interações, tal
O EIA é entendido como uma modalidade da AIA, como existem, de modo a caracterizar a situa-
sendo considerado como um importante instru- ção ambiental da área, antes da implantação
mento de compatibilização do desenvolvimento do projeto, considerando:
econômico-social com a preservação da quali- a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e
dade ambiental. Sua elaboração é obrigatória o clima, destacando os recursos minerais, a
para a instalação de empreendimento/atividade topografia, os tipos e aptidões do solo, os cor-
considerada degradadora do meio ambiente. pos d’água, o regime hidrológico, as correntes
marinhas, as correntes atmosféricas;
“
terpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os [...] o relatório de impacto ambiental -
impactos positivos e negativos (benéficos RIMA refletirá as conclusões do estudo de
e adversos), diretos e indiretos, imediatos impacto ambiental e conterá, no mínimo:
e a médio e longo prazos, temporários e I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua
permanentes; seu grau de reversibilidade; relação e compatibilidade com as políticas se-
suas propriedades cumulativas e sinérgicas; toriais, planos e programas governamentais;
a distribuição dos ônus e benefícios sociais. II - A descrição do projeto e suas alternati-
III - Definição das medidas mitigadoras vas tecnológicas e locacionais, especificando
dos impactos negativos, entre elas os equi- para cada um deles, nas fases de construção
pamentos de controle e sistemas de trata- e operação a área de influência, as matérias
mento de despejos, avaliando a eficiência primas, e mão-de-obra, as fontes de ener-
de cada uma delas. gia, os processos e técnica operacionais, os
lV - Elaboração do programa de acompa- prováveis efluentes, emissões, resíduos de
nhamento e monitoramento (os impactos energia, os empregos diretos e indiretos a
positivos e negativos, indicando os fatores e serem gerados;
parâmetros a serem considerados (CONA- III - A síntese dos resultados dos estudos de
MA, 1986, art. 6º). diagnósticos ambiental da área de influên-
cia do projeto;
Dessa forma, o EIA objetiva identificar, classificar IV - A descrição dos prováveis impactos
e avaliar todos os impactos que podem ser ad- ambientais da implantação e operação da
vindos de um empreendimento/atividade, sejam atividade, considerando o projeto, suas al-
estes nos meios físicos, biológicos, econômicos e ternativas, os horizontes de tempo de inci-
sociais, de modo a propor medidas mitigadoras dência dos impactos e indicando os méto-
dos impactos negativos, bem como acompanhá- dos, técnicas e critérios adotados para sua
-los e monitorá-los. identificação, quantificação e interpretação;
UNIDADE 4 93
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e co-
mentários de ordem geral)” (CONAMA, 1986, art. 9º).
Ainda, a referida resolução destaca que o EIA deverá ser elaborado por uma equi-
pe multidisciplinar devidamente habilitada por seu conselho de classe (art. 7º),
podendo ser composta por engenheiros, arquitetos, biólogos, geógrafos, dentre
outros, e que a partir deste, será elaborado o RIMA, apresentado de forma clara
e objetiva, facilitando sua compreensão. Além disso, ele pode ser ilustrado com
mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de for-
ma a facilitar o entendimento da população quanto às vantagens e desvantagens
do projeto, bem como suas consequências ambientais (art. 9º, parágrafo único).
No artigo 11, a Resolução CONAMA nº 001/86 destaca que o RIMA será aces-
sível ao público que tiver interesse no projeto, de forma que este terá um prazo
para encaminhar seus comentários. A Resolução ainda destaca que, sempre que
necessário, promoverá a realização de audiência pública para informar sobre o
projeto e seus impactos, e para discussão do RIMA.
Caro (a) aluno (a), é importante destacar que para o caso de empreendimentos
potencialmente poluidores, mas que os impactos ambientais são considerados de
pequeno porte, poderá ser solicitado o Relatório Ambiental Simplificado (RAS)
em vez de EIA/RIMA. A Resolução CONAMA nº 279/2001 define RAS como:
“
[...] os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apre-
sentados como subsídio para a concessão da licença prévia requerida, que
conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da
região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos
impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação
(CONAMA, 2001, art. 2º, I).
UNIDADE 4 95
Plano Básico
Ambiental
Figura 2 - Procedimentos para obtenção de licenças ambientais com elaboração de EIA/RIMA / Fonte: Mota (2012, p. 375).
UNIDADE 4 97
Impactos Ambientais de um
Projeto de Área de Lazer
UNIDADE 4 99
Avaliação do impacto
Medidas
Ação Impacto
mitigadoras
tipo intensidade duração
construção de movimentos de terra - M MD controle dos
estacionamento impermeabilização - M PM movimentos de
terra;
transtornos à - M MD pavimentação
população e usuários permeável;
paisagismos/ + P PM isolamento das
arborização obras;
incentivo ao turismo + G PM desvios
melhoria das + G PM temporários de
atividades produtivas tráfego;
sinalização
temporária.
exploração supressão vegetal - - G PM desmatamento
das áreas de danos à vegetação gradual, quando
empréstimo danos à fauna - M MD necessário;
descobrimento
movimentos de terra G MD mínimo do solo;
- erosão
acumulação do
recuperação riscos de acidentes - P MD material fértil;
das áreas recuperação da + M PM recomposição
degradadas superfície do solo da superfície do
recomposição da + M PM terreno;
vegetação espalhamento
de material fértil
sobre o solo;
recomposição
vegetal.
Quadro 2 - Listagem de impactos de um projeto de uma área de lazer / Fonte: Mota (2012, p. 398).
Caro(a) aluno(a) por meio do Quadro 2, vimos que os impactos decorrentes do projeto foram divididos
nas etapas: execução da via de acesso, construção de barracas comerciais, execução de estacionamento
e exploração de áreas de empréstimo. Assim, a partir da divisão das etapas, foi possível classificar os
impactos em tipo, intensidade e duração, bem como listar as medidas mitigadoras a serem adotadas.
101
LIVRO
WEB
Você pode saber um pouco mais sobre os impactos ambientais provocados pela
urbanização assistindo aos vídeos produzidos pela Rede Minas da série Desafios
do Século XXI - O legado da Rio+20, que trata dos impactos ambientais gerados
pelo homem no ambiente urbano, principalmente no que diz respeito à questão
dos resíduos sólidos, resíduos líquidos e meios de transporte.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
102
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.001. Sistemas de Gestão Ambiental. 2004.
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.
BRASIL. Avaliação de Impacto Ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: IBAMA/
DIRPED/DEPES/DITAM, 1995. 134 p.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Decreto nº 88.351, de 1° de junho de 1983. Regulamenta a Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e a
Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõem, respectivamente, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e
sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, e dá outras providências. 1983. Disponível
em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/decreto-88351-1-junho-1983-438446-publica-
caooriginal-1-pe.html. Acesso em: 25 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 412, de 13 de maio de 2009. Estabelece
critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de
habitações de Interesse Social. Diário Oficial da União, Brasília, 2009.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, 1986.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 279, de 27 de junho de 2001. Estabelece
procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno po-
tencial de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, 2001.
GLASSON, J.; THERIVEL, R.; CHADWICK, A. Introduction to Environmental Impact Assessment. 2. ed.
London: UCL Press, 1999.
103
GOULART, M.; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de água como ferramenta em estudos de impacto
ambiental. Revista da FAPAM, v. 2, n. 1, 2003.
IAIA. International Association for Impact Assessment; EIA. Institute of Environmental Assessment. Principles
of Environmental Impact Assessment Best Practice. USA, 1999.
SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
USA. United States of America. National Environmental Policy Act. 1970. Disponível em: https://www.fsa.
usda.gov/Internet/FSA_File/nepa_statute.pdf. Acesso em: 25 fev. 2021.
104
1. D.
2. D.
105
106
Me. Rebecca Manesco Paixão
Metodologias para
Identificação de
Impactos Ambientais
PLANO DE ESTUDOS
Métodos de Avaliação de
Impactos Ambientais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 5 109
Métodos de Avaliação
de Impactos Ambientais
UNIDADE 5 111
Métodos Tradicionais de
Avaliação e Métodos
Calcados na Utilização de
Pesos Escalonados
Metodologias Espontâneas
(Ad Hoc)
UNIDADE 5 113
Neste método, leva-se em consideração apenas Normalmente, são listados os fatores a serem
as opiniões dos especialistas, não formalizan- considerados na avaliação como o local do im-
do fórmulas matemáticas e nem critérios qua- pacto, o impacto gerado, a fase em que ocorrerá,
li-quantitativos para qualificação dos impac- a existência de programas e medidas etc. Como
tos. Assim, como principal desvantagem deste vantagens desse método, cita-se a simplicidade,
método, destaca-se o alto grau de subjetividade rapidez e baixo custo.
dos resultados, bem como a tendenciosidade na Como desvantagens, este método não iden-
coordenação e na escolha dos participantes que tifica impactos diretos e indiretos, não possi-
avaliarão os impactos do projeto. bilita realizar inter-relações entre os impactos,
Como principais vantagens desse método, não considera as relações causa-efeito e, ainda,
cita-se sua utilização para casos com escassez pode ser considerado estático. Além disso, pou-
de dados, fornecendo orientação para outras cas vezes pode-se utilizar uma lista de controle
avaliações, além de apresentar uma estimativa sem que esta seja adaptada às características
rápida e de baixo custo da evolução dos impactos próprias do projeto, uma vez que são listas ge-
de forma organizada e compreensível ao público. néricas por categoria de projeto.
Existem quatro classes de métodos de
checklist relacionados ao nível de avaliação do
impacto: simples, descritivo, escalar e peso-es-
calar (ABDON, 2004).
• Lista de controle simples: enumera os fa-
tores ambientais e seus indicadores. Pode
ser elaborada em forma de questionário
para auxiliar no planejamento do EIA.
• Lista de controle descritiva: listas de parâ-
metros ambientais relacionados a fontes de
informações, com orientação para realizar
estimativas, previsão e análise de impactos.
Também pode ser em forma de questioná-
rio, em que perguntas em cadeia dão tra-
tamento integrado à análise dos impactos.
Listas de Controle • Lista de controle escalar: associa fatores
(checklist) e impactos ambientais a uma escala de
valores.
O método checklist, também conhecido como • Lista de controle peso-escalar: associa fa-
lista de controle, é uma “evolução” do Ad Hoc tores e impactos ambientais a uma escala
e um dos mais utilizados na AIA. Baseia-se em de valores e com o grau de importância
listas (descritivas, comparativas ou questioná- dos impactos.
rios) disponíveis para um grande número de
empreendimentos-padrão, que servem de guia O Quadro 2 ilustra um extrato de uma lista de
para o levantamento dos dados e informações controle preparada quando da introdução das
necessários ao estudo. exigências de AIA na África do Sul.
UNIDADE 5 115
Segundo Sánchez (2008), a lista original, cujo ex-
trato se encontra no Quadro 2, traz 328 itens ou
características que podem ser afetadas por um
projeto qualquer ou que podem representar al-
guma forma de restrição.
Matrizes de Interação
Água superficial
Quantidade 🔲 🔳 🔲 🔲
Qualidade 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲
Atmosfera/Clima
Qualidade do ar 🔲 🔲 🔲
Temperatura 🔲 🔲
Balanço hídrico 🔲 🔲
Solos
Fertilidade 🔲 🔳 🔲 🔲 🔲
Capacidade
de infiltração
e retenção de
🔲 🔳 🔲 🔳 🔲 🔲
água
Morfologia dos
rios
🔲 🔲 🔲
BIOLÓGICO
Flora
Perda de
hábitat
🔲 🔲 🔲 🔲 🔲
UNIDADE 5
Cerradão de
mata
🔲 🔲 🔲
Cerrado 🔲 🔲 🔲
Campo 🔲 🔲
117
118
Fases Implantação Operação Processos
Ações/etapas Instalação Supressão Preparo Manejo Construção Demanda
Manejo Comercia- Assorea-
Meio ambiente de acam- da vegeta- do solo e das pasta- de benfei- de bens e Erosão Inundação
do gado lização mento
pamentos ção plantio gens torias serviços
Áreas úmidas 🔲 🔲
APP - morro 🔲 🔲
APP - rios 🔲 🔳 🔲 🔲 🔲
Perda de
biodiversidade
🔲 🔲 🔲 🔲
Fauna
Aves 🔲 🔲 🔲
Terrestre 🔲 🔲 🔲 🔲
Aquática 🔲 🔲 🔲
SOCIOECONÔMICO
Matriz de Leopold
UNIDADE 5 119
Quadro 4 - Extrato da matriz de Leopold
Vazamentos II J.b.
A.2.d. Qualidade da água 2 1 2 1
2 1 2 4
A.3.a. Qualidade da atmosfera 2
3
A.4.b. Erosão 2 1 2
2 1 2
A.4.c. Sedimentação 2 2 2
2 2 2
B.1.b. Arbustos 1
1
B.1.c. Gramíneas 1
1
B.1.f. Plantas aquáticas 2 2 1
2 3 4
B.2.c. Peixes 2 2 1
2 2 4
C.2.e. Camping e caminhadas 2
4
C.3.a. Vistas cênicas e paisagem 2 2 2 2 2 3
3 1 3 3 1 3
C.3.b. Qualidade do ambiente selvagem 4 4 4 4 2 2 1 1 3 3 2
5
2
5
3
5
C.3.h. Espécies raras e importantes 2 5 2 5 5
5 10 4 10 10
C.4.b. Saúde e Segurança 3
3
Fonte: Leopold et al. (1971 apud SÁNCHEZ, 2008, p. 204).
Moura e Oliveira (2009) destacam que enquanto a valoração da magnitude é relativamente objetiva,
uma vez que se refere ao grau de alteração provocado pela ação sobre o fato ambiental, a pontuação da
importância é subjetiva, pois envolve a atribuição do peso relativo ao fator afetado no âmbito do projeto.
Como vantagens do método, destaca-se que o ele permite uma fácil compreensão dos resultados,
aborda fatores biofísicos e sociais e acomoda dados qualitativos e quantitativos. Como desvantagem,
cita-se a não identificação das inter-relações entre os impactos, o que pode levar à dupla contagem,
além da subjetividade e, ainda, o difícil manuseio, visto que o número de componentes aumenta cada
vez mais, gerando matrizes cada vez maiores e de difícil visualização.
UNIDADE 5 121
Ocupação desordenada do solo urbano de ambientes ribeirinhos conflitantes com a legislação
em vigor, loteamentos localizados em: áreas de acentuado declive e topos de morros
Desmatamento
Diminuição da Diminuição
capacidade de da oferta de Geração de
absorção/retenção alimentos empregos Nível 2
de água no solo – à fauna – +
Arraste de Aumento na
partículas sólidas e Degradação arrecadação de
assoreamento dos do ambiente impostos Nível 4
corpos d'água – aquático municipais
– +
Caro(a) aluno(a), perceba, por meio da Figura 1, que cada ação do projeto, no caso o des-
matamento, gera mais de um impacto que, por sua vez, provocam uma cadeia de impactos.
UNIDADE 5 123
Análise Custo-benefício
Em que:
r
∑t −0
somatório no período de 0 a t (unidade de tempo).
formá-lo no seu valor presente (ou valor atual à data 0) com uma taxa de desconto r.
VP: valor presente da alternativa em análise.
Para Braga et al. (2005), a dificuldade de aplicação do método se baseia na ava-
liação, sob um mesmo padrão de medida, dos bens e serviços ambientais gerados
(benefícios ambientais) e dos bens e serviços utilizados ou comprometidos pelo
projeto (custos ambientais).
Caro(a) aluno(a), para finalizamos esta unidade, atente-se que o diálogo entre o
profissional com formação ambiental, versado nas metodologias que foram estudadas,
e o especializado nas técnicas envolvidas no desenvolvimento do empreendimento,
é o melhor caminho para a seleção dos métodos a serem utilizados na AIA.
2. Esse método traz uma lista dos impactos ambientais mais comuns advindos
de uma grande variedade de projetos. Assinale a alternativa que diz respeito a
esse método.
a) Ad Hoc.
b) Matrizes de interação.
c) Modelos de simulação.
d) Overlays.
e) Checklists.
125
LIVRO
LIVRO
126
ABDON, M. de M. Os impactos ambientais no meio físico - erosão e assoreamento na bacia hidrográfica do
Rio Taquari, MS, em decorrência da pecuária. 322 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental)
- Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986.
Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União,
Brasília, 1986.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Avaliação de impacto
ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: IBAMA, 1995.
MOURA, H. J. T. de; OLIVEIRA, F. C. de. O uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos
realizados no Ceará. Revista Pretexto, v. 10, n. 4, p. 79-98, 2009.
SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
SOARES, T. S. et al. Impactos ambientais decorrentes da ocupação desordenada na área urbana dos municípios
de Viçosa, estado de Minas Gerais. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, ano IV, n. 8, 2006.
127
1. E. 4. Vantagens da matriz de interação: fácil elabora-
ção e compreensão dos dados; aborda fatores
2. E. biofísicos e sociais; fornece boa orientação para
o prosseguimento dos estudos; aborda dados
3. O método denominado de redes de interação
qualitativos e quantitativos.
consiste, principalmente, em elaborar diagramas
que permitem identificar os impactos indiretos Desvantagens: o estabelecimento de pesos pode
resultantes de um impacto direto. ser subjetivo; não identifica inter-relações entre
os impactos, o que pode levar à dupla contagem;
Um diagrama de interação sobre as consequên-
e não identifica impactos indiretos.
cias da urbanização sobre os processos de escoa-
mento de águas superficiais pode ser elaborado
como segue:
Urbanização
Impermeabilização do solo
Aumento do escoamento
superficial
128
Me. Rebecca Manesco Paixão
Estudos Ambientais
PLANO DE ESTUDOS
Elaboração, Avaliação e
Implantação de Estudos
Ambientais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
“
[...] todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos ambientais relacionados à localiza-
ção, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença re-
querida, tais como: relatório ambiental, pla-
no e projeto de controle ambiental, relatório
ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de
área degradada e análise preliminar de risco
(CONAMA, 1997, art. 1º, III).
Neste sentido, observe que os estudos ambientais objetivam avaliar a viabilidade ambiental de um
determinado empreendimento/atividade, bem como subsidiar o processo decisório do licenciamento
ambiental, além de estabelecer o compromisso do empreendedor em relação às medidas a serem ado-
tadas para minimização dos impactos adversos e para maximização dos efeitos benéficos decorrentes
do planejamento, implantação, operação e desativação do empreendimento/atividade.
A referida resolução define, ainda, que “[...] os estudos necessários ao processo de licenciamento
deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor” (CO-
NAMA, 1997, art. 11) e que ambos, empreendedor e profissional elaborador do estudo ambiental, são
responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções civis, penais e administrativas.
Dessa forma, caro(a) aluno(a), na presente unidade, apresentarei alguns dos estudos ambientais mais
comuns exigidos pelos órgãos ambientais para o processo de licenciamento ambiental a uma ampla
gama de empreendimentos/atividades. No entanto, é importante ressaltar que cada caso é singular e,
assim, é importante que você esteja constantemente se atualizando, bem como procurando o órgão
ambiental sempre que necessário.
Dentre os estudos ambientais requeridos como subsídio ao processo de licenciamento, pode-se citar:
• Relatório ambiental simplificado (RAS).
• Plano básico ambiental (PBA).
• Estudo de impacto ambiental (EIA).
• Relatório de impacto ambiental (RIMA).
• Estudo de viabilidade ambiental (EVA).
• Plano de controle ambiental (PCA).
• Relatório de controle ambiental (RCA).
• Plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD).
• Plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS).
• Plano de controle de poluição ambiental (PCPA).
• Plano de gerenciamento de riscos (PGR).
• Estudo de impacto de vizinhança (EIV).
• Relatório de impacto de vizinhança (RIV).
UNIDADE 6 131
Caro(a) aluno(a), alguns dos estudos ambientais citados anterior- dispõe sobre o licenciamento
mente já foram apresentados neste livro, como EIA, RIMA, RAS ambiental de atividades de ex-
e PBA. Assim, aprofundaremos nossos conhecimentos quanto tração mineral, classes I e III a
aos outros estudos, ao longo desta unidade. IX, o PCA deverá ser entregue
pelo empreendedor ao órgão
ambiental no pedido da licença
Estudo de Viabilidade Ambiental de instalação, de modo a propor
(EVA) a minimização dos impactos
ambientais negativos avaliados
O estudo de viabilidade ambiental objetiva apresentar, analisar na fase da licença prévia.
e definir as melhores alternativas de localização de um determi- Geralmente, o PCA fica in-
nado empreendimento/atividade, bem como os riscos, vantagens cluso no RCA em processos de
e desvantagens do projeto, de modo que o empreendedor possa licenciamento ambiental mais
selecionar a melhor alternativa que atenda suas expectativas simplificados do que aqueles em
legais, econômicas e de preservação do meio ambiente. que se exige EIA/RIMA. Quan-
do incluso no RCA, o estudo é
exigido já no pedido de licen-
ça prévia do empreendimento,
mas, em alguns casos, pode ser
Atente-se que este estudo subsidia a tomada de decisão, por parte solicitado quando do pedido da
do órgão ambiental, quanto à viabilidade ambiental e econômica licença de instalação.
da implantação e operação do empreendimento. Quanto ao relatório de con-
trole ambiental (RCA), o estudo
possui escopo semelhante ao do
EIA/RIMA, mas sem demandar
Plano de Controle Ambiental (PCA) altos níveis de especificidade.
e Relatório de Controle Ambiental Segundo IBAMA (2002), o RCA
(RCA) deverá conter informações relati-
vas à: caracterização do ambien-
Originalmente, o plano de controle ambiental era um estudo exigi- te em que se pretende instalar o
do para a concessão da licença de instalação de atividade de extra- empreendimento, sua localização
ção mineral de todas as classes previstas no Decreto-lei nº 227/67. frente ao Plano Diretor Munici-
No entanto, atualmente, tem sido exigido a empreendimentos/ pal, alvarás e documentos simila-
atividades que não gerem impactos ambientais significativos, como res, bem como o plano de contro-
atividades de avicultura, de beneficiamentos de metais, fábricas de le ambiental, capaz de identificar
ração etc., de modo a identificar e propor medidas mitigadoras as fontes de poluição ou degrada-
relacionadas aos impactos que podem ser gerados da implantação ção ambiental e propor medidas
e operação do empreendimento, bem como para corrigir não de controle. O conteúdo para
conformidades identificadas, com relação ao cumprimento das elaboração do RCA é estabeleci-
medidas mitigadoras e de controle ambiental. do caso a caso, de acordo com as
De acordo com o art. 5º da Resolução CONAMA nº 009/90, que exigências do órgão ambiental.
O plano de recuperação de áreas degradadas é exigido após um empreendimento ser punido adminis-
trativamente por causar degradação ambiental, ou também como parte integrante do licenciamento
ambiental de atividades degradadoras ou modificadoras do meio ambiente, a exemplo de áreas cujos
empreendimentos instalados se destinam à exploração de recursos minerais, previsto pela Constituição
Federal de 1988: “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente” (BRASIL, 1988, on-line).
Neste sentido, de acordo com o Decreto nº 97.632/89, os empreendimentos que se destinam à explo-
ração dos recursos minerais devem, quando da apresentação de EIA/RIMA, submeter à aprovação do
órgão ambiental o PRAD, de modo que a recuperação da área degradada proposta no estudo objetive o
retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o
uso do solo, visando a obtenção de um meio estável (BRASIL, 1989, on-line).
UNIDADE 6 133
Termo de Referência do PRAD
Caro(a) aluno(a), a Instrução normativa nº 4/2011, do IBAMA, traz o Termo de Referência contendo
as diretrizes para elaboração do PRAD e, no geral, ele segue os seguintes conteúdos:
1. Informações gerais - identificação do interessado, do responsável técnico, caracterização da
área de estudo e sua respectiva localização.
2. Origem da degradação - identificação da área degradada ou alterada, com a descrição da ativi-
dade causadora do impacto e os seus efeitos no meio ambiente, além da causa da degradação.
3. Caracterização regional e local - informações sobre o clima, bioma, fitofisionomia e bacia
hidrográfica.
4. Caracterização da área a ser recuperada - descrever a situação da área antes da degradação ou
alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual após a degradação; deve, ainda, con-
templar informações sobre o relevo, solo e subsolo, hidrografia e cobertura vegetal.
5. Da implantação - o projeto deverá objetivar a recuperação da área degradada, sendo descritas
as medidas que serão adotadas na contenção da degradação ambiental, além das medidas de
manutenção e monitoramento. Também devem ser informados os métodos e técnicas de re-
cuperação que serão utilizados para alcançar os objetivos propostos.
6. Da manutenção (tratos culturais e demais intervenções) - devem ser apresentadas as medidas
de manutenção da área a ser recuperada, detalhando os tratos culturais e as intervenções ne-
cessárias durante o processo de recuperação.
7. Do monitoramento da recuperação - os métodos que serão adotados no monitoramento para
avaliação do processo de recuperação deverão ser detalhados, devendo detectar os sucessos e
insucessos das estratégias utilizadas.
8. Cronograma e estimativa de custos.
9. Conclusão.
10. Referência bibliográfica.
UNIDADE 6 135
Termo de Referência do PGRS
1. Descrição e caracterização do empreendimento - identificação do interessado, do responsável
técnico, caracterização do empreendimento (natureza da atividade, número de funcionários,
período de funcionamento etc.) e sua respectiva localização.
2. Levantamento e diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos gerados pelo empreendimento.
3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos - é proposta a correta forma de gerenciamento dos
resíduos sólidos, incluindo as etapas de segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento,
transporte, tratamento, destinação e disposição final.
4. Implantação e operação - aponta medidas a serem tomadas para implantação do plano propos-
to; também deve indicar os programas de educação ambiental, e como ocorrerá a capacitação e
treinamento dos funcionários.
5. Plano de monitoramento e documentação - aponta as medidas a serem tomadas para monitora-
mento do processo e documentação para o correto gerenciamento.
6. Conclusão.
7. Referência bibliográfica.
UNIDADE 6 137
Termo de Referência modo a dominar e minimizar as possí-
1.
Descrição e caracterização do empreen- veis emergências.
dimento - identificação do interessado, 11. Plano de contingência - as análises de
do responsável técnico, caracterização risco devem indicar quais as possíveis
do empreendimento (natureza da ativi- emergências para a atividade, e contem-
dade, número de funcionários, período plá-las nos planos de contingência, com
de funcionamento etc.) e sua respectiva as ações a serem tomadas, inclusive com
localização. o envolvimento da população do entor-
2. Plano de gerenciamento de riscos - deve no do empreendimento, se aplicável.
conter a identificação, bem como me- 12. Organização e auditorias - o PGR deve
didas para eliminação ou controle dos ser periodicamente auditado de modo a
riscos. verificar se o programa está efetivamen-
3. Plano de ação - deve descrever as ações te sendo adotado na prática.
a serem feitas, responsáveis e prazos. 13. Conclusão.
4. Normas e procedimentos operacionais 14. Referência bibliográfica.
- as atividades do empreendimento que
podem acarretar em acidentes devem
ser descritas em procedimentos opera- Estudo de Impacto de
cionais ou normalizadas. Vizinhança (EIV) e Relatório
5. Treinamento - a empresa deverá forne- de Impacto de Vizinhança
cer um programa anual de treinamento (RIV)
dos funcionários.
6. Manutenção de equipamentos críticos - O EIV/RIV é um estudo exigido para a apro-
equipamentos e instrumentos que fazem vação de empreendimentos que causam grande
parte das ações de eliminação ou con- impacto urbanístico e ambiental. Neste sentido,
trole de risco devem fazer parte de um cumpre as exigências do artigo 2º da Resolução
programa de manutenção, passando por CONAMA nº 001/86; além disso, também é
inspeções/calibrações periódicas. exigido nos Planos Diretores municipais e na
7. Investigação de acidentes/incidentes - o Lei Federal nº 10.257/2001 que dispõe sobre o
empreendimento deve estabelecer uma Estatuto da Cidade.
sistemática para registro e investigação Caro(a) aluno(a), observe que o referido
de acidentes/incidentes. estudo ambiental se torna fundamental para
8. Informações sobre os produtos quími- o desenvolvimento sustentável de uma cida-
cos manuseados. de. Neste sentido, o EIV/RIV deve realizar um
9. Gerenciamento de modificações - o em- levantamento dos efeitos positivos e negativos
preendimento deve contar com um pro- do empreendimento ou atividade quanto à qua-
cedimento para gerenciar as possíveis lidade de vida da população residente na área
modificações de projeto e/ou processo. e suas proximidades (BRASIL, 2001), além de
10. Gerenciamento de emergência - o em- contemplar medidas para minimizar, mitigar
preendimento deve implantar e manter ou compensar os efeitos adversos, bem como
uma organização de emergências, de potencializar efeitos benéficos.
UNIDADE 6 139
Exemplo de EIV
Figura 1 - Localização do empreendimento conforme zoneamento municipal / Fonte: Zenite (2017, on-line).
O Quadro 1 traz uma síntese da identificação dos impactos, avaliações e mitigações ou compensações
propostas pelo estudo, observe:
Quadro 1 - Síntese dos Impactos e das Mitigações e/ou Compensações do Empreendimento por Aspecto Analisado
Aspecto Mitigação e/ou
Impacto Avaliação
Analisado Compensação
Garantia da função social da
Adensamento direto e
Adensamento propriedade utilizada como
indireto: aumento de Não necessária
populacional atividades geradoras de
funcionários e usuários.
emprego e renda.
Uso e parâmetros urbanísticos
Uso e ocupação
Uso institucional. compatíveis com a legislação e Não necessária
do colo
entorno.
Sombreamento já existente,
Sombreamento de sistema em períodos espaçados, lotes
Sombreamento viário, parte de lotes vizinhos com ocupação vertical, Não necessária
vizinhos. e atendimento dos recuos
conforme legislação vigente.
O empreendimento não
Empreendimento existente,
representa novo obstáculo
Ventilação promoverá pouco impacto ao Não necessária
de difícil transposição aos
entorno.
ventos predominantes.
Ruídos durante a fase de
Ruídos de máquinas da obra dentro dos parâmetros
Poluição sonora construção civil durante a e horários admissíveis da Não necessária
obra. legislação vigente, e atividade
não geradora de ruído.
UNIDADE 6 141
Aspecto Mitigação e/ou
Impacto Avaliação
Analisado Compensação
Material particulado em
Emissões inerentes e em
suspensão e geração de
níveis compatíveis às obras
Poluição odores emitidos pelas
de construção civil e atividade Não necessária
atmosférica máquinas, veículos,
não geradora de poluição
equipamentos e produtos
atmosférica.
durante a obra.
Não identificada
Incompatibilidade
incompatibilidades entre Atividade compatível com o
de usos com o Não necessária
o empreendimento e entorno.
entorno
Entorno.
Permeabilidade Não haverá prejuízo na
Sem alteração. Não necessária
do solo taxa de permeabilidade.
Oferta a ser suprida através
Atração de do incremento do mercado
Demanda por atividades
atividades instalado, ou através da Não necessária
de comércio e serviços.
complementares substituição de uso dos lotes
da vizinhança imediata.
Geração de empregos
Impacto na
durante a obra e na
microeconomia Impacto positivo. Não necessária
fase de operação do
local
Empreendimento.
O empreendimento está
localizado em área com
Aumento do consumo de
abastecimento de água Não necessária
água.
potável de forma contínua,
através da rede existente.
O empreendimento está
Aumento da geração de localizado em área com
Não necessária
esgoto. captação de esgotos sanitários
através de rede existente.
Diminuição da vazão de Dentro do limite estabelecido
Não necessária
Equipamentos águas pluviais. pela legislação.
urbanos Há capacidade de
Aumento da geração de atendimento e o
Não necessária
resíduos. empreendimento contará com
coleta seletiva.
Alteração do consumo de O projeto atenderá as
Não necessária
Energia. diretrizes da concessionária.
Aumento de pontos de Concessionárias: há
Não necessária
telefonia. capacidade de atendimento.
O projeto atenderá as
Consumo de gás. diretrizes da concessionária Não necessária
de gás.
Dessa forma, o estudo cita que as intervenções no empreendimento são positivas, permitindo aumentar
a demanda por saúde à população moradora do entorno. Além da geração de 120 empregos diretos
na fase de obra, e de outros empregos na fase de funcionamento.
E ainda, a qualidade ambiental possuirá melhora com relação a aspectos de funcionalidade urbana,
e o incremento nas relações sociais contribuirá para um aumento do cenário no entorno.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
UNIDADE 6 143
Elaboração, Avaliação
e Implantação
de Estudos Ambientais
5 Especialização da análise e da
apresentação dos resultados
Elaboração de base cartográfica
socioeconômico; análise e seleção das
medidas eficazes para mitigação dos
impactos negativos e maximização dos
referenciada geograficamente, para os impactos positivos, além de medidas
registros dos resultados dos estudos. compensatórias ou reparatórias.
Caro(a) aluno(a), atente-se que para a elaboração e implantação dos estudos ambientais, independentemente
de qual seja, é importante escolher um profissional devidamente habilitado por seu conselho de classe.
Dependendo da abrangência do projeto, uma equipe multidisciplinar composta por diversos profissio-
nais (dentre eles: engenheiros, arquitetos, biólogos, geógrafos, advogados etc.) será essencial para levantar
um eficiente diagnóstico ambiental da área em estudo. Lembre-se que a escolha da equipe adequada para
elaboração do estudo irá determinar a qualidade dele.
Os profissionais responsáveis pela elaboração do estudo ambiental serão também responsáveis pela
organização dos dados levantados por meio de referências bibliográficas e dados levantados a campo,
principalmente no que se refere aos meios físico, biológico e socioeconômico do local em que se pretende
instalar determinado empreendimento/atividade.
Por fim, após o estudo ambiental ser devidamente redigido e entregue ao órgão ambiental como parte dos
requisitos para obtenção da licença ambiental, este será avaliado por profissionais capacitados e experientes.
A aprovação do estudo ambiental implica na devida implantação das medidas descritas no projeto por parte
do proponente do empreendimento/atividade; cabendo ao órgão ambiental, por fim, a responsabilidade
de controlar e fiscalizar seu cumprimento.
UNIDADE 6 145
Medidas e
Programas Ambientais
UNIDADE 6 147
1. No que diz respeito aos impactos nos meios físico, biológico e socioeconômico,
vimos que um empreendimento pode adotar algumas medidas, como pre-
ventivas, corretivas, compensatórias e potencializadoras. Discorra sobre essas
medidas e dê exemplos.
148
WEB
WEB
WEB
WEB
O PRAD para plantio compensatório no Parque Estadual Telma Ortegal pode ser
acessado por meio do link: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2017-01/
prad_telma_ortegal_semarh.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
149
WEB
WEB
WEB
150
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.
BRASIL. Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII,
da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d97632.htm#:~:text=DECRETO%20No%2097.632%2C%20DE,1981%2C%20
e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 26 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.257, 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição federal, estabelece
diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.
CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986.
Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União,
Brasília, 1986.
CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 009, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classes I, III a IX. Diário Oficial
da União, Brasília, 1990.
CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II. Diário Oficial da União,
Brasília, 1990.
CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe
sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
Diário Oficial da União, Brasília, 1997.
IAP. Instituto Ambiental do Paraná. Termo de referência padrão Plano de Controle Ambiental. 2017.
Disponível em: http://creaweb.creapr.org.br/IAP/arquivos/PLANO_CONTROLE_AMBIENTAL_PADRAO.
pdf. Acesso em: 20 nov. 2017.
151
IAP. Instituto Ambiental do Paraná. Termo de referência padrão Plano de Gerenciamento de Riscos ou
Análise de Riscos. 2009a. Disponível em: http://creaweb.crea-pr.org.br/IAP/arquivos/PGR_PLANO_GEREN-
CIAMENTO_RISCOS.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021.
IAP. Instituto Ambiental do Paraná. Termo de referência padrão Projeto de controle de poluição ambiental.
2009b. Disponível em: http://creaweb.crea-pr.org.br/IAP/arquivos/PCPA_PROJETO_CONTROLE_POLUI-
CAO_AMBIENTAL_PADRAO.pdf Acesso em: 26 fev. 2021.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Avaliação de impacto
ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: IBAMA/DIRPED/DEPES/DITAM, 1995.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Guia de Procedimentos
do Licenciamento Ambiental Federal. Brasília: MMA/IBAMA/BID/PNUD, 2002. Disponível em: http://
www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/Procedimentos. Acesso em: 26 fev. 2021.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução normativa nº
4, de 13 de abril de 2011. Brasil: IBAMA, 2011.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009.
ZENITE. EIV Estudo de Impacto de Vizinhança Hospital Beneficência Portuguesa. 2017. Disponível em:
https://wp.rededorsaoluiz.com.br/wp-content/uploads/2019/12/EIV-Benefic%C3%AAncia-Portuguesa-rev3.
pdf. Acesso em: 18 abr. 2018.
152
1. As medidas a serem adotadas por um empreendimento podem ser: preventivas, corretivas, compensatórias
e potencializadoras. Como exemplos, pode-se citar:
Medida preventiva: adotar filtro nas chaminés das indústrias, para prevenir a poluição atmosférica.
Medida corretiva: adotar técnicas para conter a contaminação do solo, como a fitorremediação.
Medida compensatória: indenizar moradores de uma região que sofreu contaminação ambiental.
Medida potencializadora: priorizar a contratação de mão de obra local.
2. O PGRS é exigido para o licenciamento ambiental de empreendimentos que gerem resíduos sólidos, como
as indústrias. O PGRS deve realizar um levantamento dos resíduos sólidos gerados pelo empreendimento,
bem como propor um correto gerenciamento destes, baseado na minimização e não geração, incluindo
as etapas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento, destinação
e disposição final.
153
154
Me. Rebecca Manesco Paixão
Resíduos Sólidos
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
“
conceituados como: possibilidade de reintegração na cadeia produ-
“
[...] material, substância, objeto ou bem tiva, os chamados rejeitos, observe:
descartado resultante de atividades huma- [...] resíduos sólidos que, depois de esgota-
nas em sociedade, a cuja destinação final das todas as possibilidades de tratamento
se procede, se propõe proceder ou se está e recuperação por processos tecnológicos
obrigado a proceder, nos estados sólido disponíveis e economicamente viáveis,
ou semissólido, bem como gases contidos não apresentem outra possibilidade que
em recipientes e líquidos cujas particula- não a disposição final ambientalmente
ridades tornem inviável o seu lançamento adequada (BRASIL, 2010, on-line).
na rede pública de esgotos ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técni- Assim, perceba, caro(a) aluno(a), que os rejeitos
ca ou economicamente inviáveis em face são aqueles resíduos sólidos que não possuem
da melhor tecnologia disponível (BRASIL, consumidor potencial ou exijam para isso pro-
2010, on-line). cessos tecnológicos inviáveis, procedendo sua
distribuição em aterros.
Essa definição, que inclui resíduos líquidos e ga-
sosos, costuma causar surpresa a quem não está
familiarizado com a área. Neste sentido, Calijuri
e Cunha (2013) explicam que quanto aos gases,
se o gás contido em um recipiente não pudesse
ser considerado como resíduo sólido, ele deveria Em média, o brasileiro que vive nas grandes ci-
ser completamente retirado do recipiente, o que dades produz um quilo e 100 gramas (1,1 kg)
muitas vezes é inviável; e quanto aos líquidos, sua de lixo diariamente, levantando uma questão:
a consideração como resíduos sólidos permite o que fazer com ele? Pensando em conscienti-
que líquidos perigosos sejam acondicionados zar a população, o Ministério do Meio Ambiente
em tambores e dispostos em aterros de resíduos (MMA) elaborou um folheto chamando a aten-
industriais; além disso; também são considera- ção para o princípio dos 3R (reduzir, reutilizar e
dos como resíduos sólidos todos aqueles que se reciclar), contendo algumas informações sobre
encontram no estado semissólido, o que permite como gerar menos resíduos e minimizar seu im-
que lodos provenientes de Estações de Tratamen- pacto sobre o meio ambiente, além de promover
to de Água (ETA) e de Tratamento de Efluentes a geração de trabalho e renda.
(ETE) sejam gerenciados como resíduos sólidos, Fonte: adaptado de Araújo (2013).
podendo ser dispostos em aterro.
UNIDADE 7 157
Características dos
Resíduos Sólidos
Características Físicas
• Peso específico aparente: diz respeito ao
peso dos resíduos em função do volume
por eles ocupado (kg/m3).
• Composição gravimétrica: refere-se ao
percentual (em peso) dos diferentes com-
ponentes em relação ao peso total do re-
síduo.
• Teor de umidade: reflete o percentual (em
peso) de água em uma amostra de resíduo.
• Geração per capita: diz respeito à quanti-
dade de resíduo que cada habitante gera
diariamente.
• Compressividade: também conhecido
como grau de compactação, indica o po-
tencial de redução de volume que o resíduo
pode sofrer, quando submetido a uma de-
terminada pressão.
Características Biológicas
UNIDADE 7 159
Classificação dos
Resíduos Sólidos
UNIDADE 7 161
• Resíduos classe II - Não perigosos: sub-
classificados em duas categorias: classe II
A e classe II B.
» Resíduos classe II A - Não inertes:
resíduos que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I -
Perigosos ou de resíduos classe II B -
Inertes. Podem ter propriedades como:
biodegradabilidade, combustibilidade
ou solubilidade em água. São exemplos:
restos de alimentos, papel, poda de ár-
vore etc.
• Resíduos classe II B - Inertes: resíduos
não combustíveis e inertes; quando subme-
tidos ao contato dinâmico e estático com
água destilada ou deionizada, à tempera-
tura ambiente, não têm nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez,
dureza e sabor. São exemplos: tijolo, vidro,
concreto etc.
“
ciamento dos resíduos sólidos é definido como:
[...] conjunto de ações exercidas, direta ou
indiretamente, nas etapas de coleta, trans-
porte, transbordo, tratamento e destinação
final ambientalmente adequada dos resí-
duos sólidos e disposição final ambiental-
mente adequada dos rejeitos, de acordo
com plano municipal de gestão integrada
de resíduos sólidos ou com plano de ge-
renciamento de resíduos sólidos (BRASIL,
2010, on-line).
UNIDADE 7 163
Assim, deve-se priorizar a não geração dos resíduos sólidos, seguido da redução da geração
destes, de modo que o plano de gerenciamento de resíduos sólidos busque por soluções de menor
impacto ambiental e menor custo para o gerador do resíduo e/ou a sociedade.
Não geração Redução
1 2
Disposição final
ambientalmente 6 3 Reutilização
adequada dos rejeitos
5 4
Tratamento dos
resíduos sólidos Reciclagem
Figura 1 - Ordem de prioridade no gerenciamento de resíduos sólidos
Reutilização: aproveitamento dos resíduos sem que ele passe por transformações físicas.
Reciclagem: aproveitamento dos resíduos como matéria-prima para novos produtos, por meio de
sua transformação.
Fonte: Calijuri e Cunha (2013).
O Quadro 1 traz a relação do processo que pode dar origem aos resíduos sólidos, com a possível classificação
de acordo com a periculosidade e o responsável pelo gerenciamento dos resíduos, de acordo com a PNRS.
Quadro 1 - Origem, possíveis classes e responsáveis pela geração dos diversos tipos de resíduos sólidos
Fonte: adaptado de Ribeiro e Morelli (2009, p. 27) e Brasil (2010, on-line).
“
manejo dos resíduos sólidos gerados no Estado do Paraná: rias-primas utilizadas, identi-
[...] as atividades geradoras de resíduos sólidos, de qualquer nature- ficação dos pontos de geração
za, são responsáveis pelo seu acondicionamento, armazenamento, dos resíduos, caracterização dos
coleta, transporte, tratamento, disposição final, pelo passivo am- resíduos, definição dos riscos
biental oriundo da desativação de sua fonte geradora, bem como operacionais, das remediações
pela recuperação de áreas degradadas (PARANÁ, 1999, art. 4º). e passivos, identificação dos
resíduos pós-consumo do pro-
duto, verificação se os produtos
pós-consumo serão classifica-
dos como domiciliares, e se não,
O gerador dos resíduos sólidos permanece responsável por estes e a definição da logística reversa
eventuais danos ou acidentes destes decorrentes, mesmo após ter para coleta dos resíduos, e iden-
efetuado a destinação final por terceiros devidamente licenciados tificar se há responsabilidades
pelos órgãos ambientais competentes. compartilhadas pelo ciclo de
Fonte: Franco ([2021], on-line). vida, verificar alternativas de
reutilização, reciclagem e tra-
tamento dos resíduos, além da
Assim, os estabelecimentos geradores de resíduos sólidos, descritos definição da melhor forma de
no Quadro 1, serão responsáveis por elaborar e implementar o pla- destinação (JARDIM; YOSHI-
no de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS). Neste contexto, DA; FILHO, 2012). Estes itens
a empresa deverá designar um responsável técnico devidamente poderão ser mudados e/ou am-
habilitado, que será responsável pela “elaboração, implementação, pliados de acordo com o inte-
operacionalização e monitoramento de todas as etapas do plano de resse dos gestores.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
UNIDADE 7 165
Etapas do Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Minimização
Redução
Geração
Segregação
Reutilização Tratamento
Reciclagem prévio
Acondicionamento
Armazenamento
intermediário
Coleta e transportes
internos
Armazenamento
externo
Coleta e transportes
externos
Transbordo
Resíduos
Tratados
Figura 2 - Etapas do manejo de resíduos sólidos que devem estar contempladas no PGRS
Fonte: a autora.
UNIDADE 7 167
Resíduos Sólidos da
Construção Civil
“
Resolução, os RCC são os resíduos:
[...] provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de constru-
ção civil, e os resultantes da preparação e
da escavação de terrenos, tais como: tijolos,
blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, ma-
deiras e compensados, forros, argamassa,
gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc.”
(CONAMA, 2002, art. 2º, I).
j) de construção, demolição,
reformas e reparos de pa-
vimentação e de outras
obras de infraestrutura,
inclusive solos provenien-
tes de terraplanagem.
k) de construção, demoli-
ção, reformas e reparos de
edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos,
telhas, placas de revesti-
mento etc.), argamassa e
concreto.
l) de processo de fabricação
e/ou demolição de peças
pré-moldadas em concre-
to (blocos, tubos, meios-
-fios etc.) produzidas nos
canteiros de obras.
UNIDADE 7 169
Caro(a) aluno(a), o gerenciamento dos RCC é de responsabilidade do ge-
rador, sendo composto pelas etapas de segregação, acondicionamento, ar-
mazenamento, coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final
ambientalmente adequada dos resíduos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, como proposto pela PNRS. Além disso, para Nagalli
(2014), nas obras de construção civil, devem ser adotadas estratégias de não
geração, minimização, reutilização e reciclagem:
UNIDADE 7 171
A Figura 3 apresenta exemplos de elementos para acondicionamento dos RCC como:
(A) bombonas para pequenos volumes; (B) baias sinalizadas para acondicionar re-
síduos de madeira e metal; (C) caçamba estacionária contendo resíduos de madeira;
e (D) caixa roll on/roll off contendo resíduos de madeira.
Observe, caro (a) aluno(a), que o Quadro 2 contempla o transporte interno dos RCC
até o local de armazenamento; assim, quanto ao transporte externo, este consiste na
coleta dos resíduos e seu posterior deslocamento até o destino (normalmente áreas
de transbordo e triagem, aterros de inertes ou usinas de reciclagem).
Nagalli (2014) cita que o transporte externo dos RCC pode ser conduzido por ca-
minhões da própria empresa ou de uma empresa terceirizada contratada. Para resíduos
não perigosos, costuma-se utilizar caminhões ou caçambas estacionárias; já para os
resíduos perigosos, uma empresa especializada deverá ser responsável pelo transporte.
Por fim, os RCC deverão ser dispostos de acordo com suas classes:
Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encami-
nhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros
(CONAMA, 2012, art. 10, I).
Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de arma-
zenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura (CONAMA, 2002, art. 10, II).
Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade
com as normas técnicas específicas (CONAMA, 2002, art. 10, III).
Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade
com as normas técnicas específicas (CONAMA, 2012, art. 10, IV).
Dessa forma, caro(a) aluno(a) observe que, em geral, os RCC são encaminhados
para as áreas de transbordo e triagem (ATTs), os aterros de RCC (classe A) e às áreas
de reciclagem, os quais devem estar implantados e operar em conformidade com
as condições estabelecidas, respectivamente, nas normas ABNT NBR 15.112/2004,
15.113/2004 e 15.114/2004 (SINDUSCON, 2015).
173
LIVRO
FILME
Lixo extraordinário
Ano: 2010
Sinopse: filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo
Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos
maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio
de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com
o objetivo de retratá-los.
WEB
174
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos sólidos - classificação. ABNT, 2004.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.112: Resíduos da construção civil e resíduos volu-
mosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. ABNT, 2004.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação. ABNT, 2004.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.114: Resíduos sólidos da construção civil - Áreas
de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. ABNT, 2004.
ARAÚJO, A. C de. Pense antes de jogar fora. Ministério do Meio Ambiente, 2013. Disponível em: https://
antigo.mma.gov.br/informma/item/9295-pense-antes-de-jogar-fora.html. Acesso em: 01 mar. 2021.
BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos: EESC/USP, 1999.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 01 mar. 2021.
CALIJURI, M. C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
CONAMA. Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, Brasília, 2002.
CONAMA. Resolução nº 348, de 16 de agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho
de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Diário Oficial da União, Brasília, 2004.
CONAMA. Resolução nº 431, de 24 de agosto de 2011. Altera o art. 3º da Resolução nº 307, de 5 de julho
de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, estabelecendo nova classificação para o gesso.
Diário Oficial da União, Brasília, 2011.
CONAMA. Resolução nº 448, de 18 de janeiro de 2012. Altera os arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 da Reso-
lução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA. Diário Oficial da
União, Brasília, 2012.
CONAMA. Resolução nº 469, de 29 de julho de 2015. Altera a Resolução CONAMA no 307, de 05 de julho
de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Diário Oficial da União, Brasília, 2015.
175
FRANCO, J. G. de O. Responsabilidade Legal. Momento Engenharia Ambiental, [2021]. Disponível em:
http://www.momentoambiental.com.br/~momentoambiental/?url=momento/responsabilidade-legal. Acesso
em: 01 mar. 2021.
JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J. V. M. Política Nacional Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
São Paulo: Manole, 2012.
NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.
PARANÁ. Lei nº 12493 de 22 de janeiro de 1999. Estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios
referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos
resíduos sólidos no Estado do Paraná, visando controle da poluição, da contaminação e a minimização de seus
impactos ambientais e adota outras providências. Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, 1999.
RIBEIRO, D. V.; MORELLI, M. R. Resíduos sólidos: Problema ou oportunidade? Rio de Janeiro: Interciência,
2009.
SINDUSCON. Gestão ambiental de resíduos da construção civil - avanços institucionais e melhorias téc-
nicas. São Paulo: SINDUSCON SP, 2015.
176
1. Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, cuja destinação final se procede, propõe-se proceder ou se está obrigado a proceder nos estados
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação
por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade
que não a disposição final ambientalmente adequada.
2. Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não
geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambiental-
mente adequada dos rejeitos.
3. E.
177
178
Me. Rebecca Manesco Paixão
Gestão Ambiental
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
“
[...] diretrizes e atividades administrativas
e operacionais como planejamento, dire-
ção, controle, alocação de recursos e outras
realidades com o objetivo de obter efeitos
positivos sobre o meio ambiente, quer re-
duzindo ou eliminando os danos ou pro-
blemas causados pelas ações humanas, quer
evitando que eles surjam.
As estratégias de gestão ambiental adotadas pelas empresas visam melhorar tanto sua imagem
quanto a de seus produtos perante o consumidor. Como exemplo de produto verde, tem-se as em-
balagens PET, que além de mais resistente comparada ao plástico, é 100% reciclável e não contém
substâncias tóxicas.
De acordo com Macedo (1994 apud KRAEMER et al., 2013), a gestão ambiental pode ser dividida
em quatro níveis:
• Gestão de processos: avaliação da qualidade ambiental de todas as atividades, equipamentos
e máquinas da empresa.
• Gestão de resultados: avaliação da qualidade ambiental dos processos de produção da empresa,
em função de seus efeitos ou resultados ambientais.
• Gestão de sustentabilidade (ambiental): avaliação da capacidade de resposta do ambiente,
com relação aos processos produtivos da empresa que nele são realizados e que o afetam.
• Gestão do plano ambiental: avaliação sistemática dos elementos constituintes do plano de ges-
tão ambiental, aferindo-o e adequando-o de acordo com o desempenho ambiental da empresa.
Caro(a) aluno(a), o Quadro 1 apresenta exemplos de cada um desses níveis, observe:
Quadro 1 - Visão geral da gestão ambiental / Fonte: Kraemer et al. (2013, p. 9).
UNIDADE 8 181
Gestão
Ambiental Empresarial
Quadro 2 - Diferentes abordagens da gestão ambiental empresarial / Fonte: Barbieri (2007, p. 119).
O controle da poluição é o primeiro passo para a empresa adotar a gestão ambiental. Nesta abordagem,
a organização adota uma postura reativa, cujos esforços organizacionais são direcionados apenas para
o cumprimento da legislação ambiental e atendimento das pressões da comunidade. Em geral, nessa
abordagem, utiliza-se dois tipos de tecnologia: remediação e end of pipe control (controle no final do
processo); a remediação se aplica a situações de acidentes ambientais, em que o dano ambiental já foi
causado; e já a tecnologia de controle no final do processo visa impedir que a poluição seja liberada
na natureza, a exemplo dos filtros nas chaminés.
Na abordagem preventiva, a variável ambiental está inserida na área produtiva, objetivando utilizar
eficientemente os insumos, ainda que comece a se expandir para todo o espaço organizacional. Neste tipo
de abordagem, os métodos de prevenção da poluição estão baseados nos 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar.
Por fim, na abordagem estratégica, as atividades ambientais se encontram difundidas por toda a
organização, e há um sistemático envolvimento da alta administração. A empresa enxerga a gestão
ambiental não como um gasto, mas como uma vantagem competitiva.
No que diz respeito a essa última abordagem, a série de normas ISO 14.000 surgem como um auxílio
na implantação de uma efetiva gestão ambiental nas organizações.
UNIDADE 8 183
grama, não somente o meio ambiente é be-
neficiado, mas também a própria empresa,
visto que para evitar a produção de po-
Com uma eficiente gestão ambiental na empresa, luentes, é preciso utilizar menos materiais
o meio ambiente deixa de ser um custo adicional com mais eficiência e, assim, a empresa
e passa a ser uma vantagem competitiva. tem menos gastos com materiais e com o
tratamento dos poluentes.
• Design for environment: envolve decisões
ligadas à produção da empresa e à utili-
Modelos de Gestão zação dos produtos, levando em conta o
Ambiental nas Empresas impacto ambiental dessas escolhas.
• Modelos baseados na natureza: basea-
Caro(a) aluno(a), implantar a gestão ambiental do na famosa lei de Lavoisier “na natureza
em uma empresa nem sempre é uma tarefa fácil, nada se cria, nada se perde, tudo se trans-
e é nesse sentido que Curi (2012) propõe quatro forma”, o modelo propõe a reutilização de
modelos de gestão que as empresas criaram para resíduos de produção de uma empresa
se tornar mais sustentáveis: atuação responsável, como insumo para outra. Como exemplo
produção mais limpa (P+L), design for environ- desse modelo, Curi (2012) cita que, no Bra-
ment e modelos baseados na natureza. sil, a petroquímica Copesul gastava US$
• Atuação responsável: a Associação Bra- 50 por tonelada para se livrar do resíduo
sileira da Indústria Química (ABIQUIM) sulfocáustica, e teve seu cenário alterado
criou o programa “atuação responsável” quando passou a vender seu resíduo para
com o objetivo de as empresas contribuí- uma fábrica de celulose que o utiliza em
rem para o desenvolvimento sustentável sua cadeia produtiva; nesse caso, o que era
do setor, fazendo com que meio ambiente, resíduo passou a ser lucro para a Copesul.
crescimento econômico e responsabilida-
de social sejam parte da gestão da empresa. Além desses, a ecoeficiência também se enqua-
A adoção ao programa passou a ser obri- dra nos modelos de gestão ambiental. Introduzida,
gatória em 1998 para todas as empresas em 1992, pelo Business Council for Sustainable
associadas. Development, a ecoeficiência se alcança pela en-
• Produção mais limpa: o Programa das trega de produtos e serviços com preços compe-
Nações Unidas para o Meio Ambien- titivos que satisfaçam as necessidades humanas e
te (PNUMA), em 1990, criou a ideia de melhorem a qualidade de vida, enquanto reduzem
produção mais limpa como forma das os impactos ao meio ambiente e o uso de recur-
empresas investirem em tecnologias mais sos, mantendo a capacidade de carga estimada
modernas de produção, visando aumentar do Planeta; ou seja, uma empresa é ecoeficiente
a eficiência do uso dos recursos naturais, quando reduz a intensidade de materiais e energia
bem como a minimização dos impactos requeridos nos produtos e serviços, bem como
ambientais decorrentes dos processos, aumenta a durabilidade e reciclabilidade dos pro-
serviços ou produtos. Por meio desse pro- dutos (BARBIERI, 2007).
“
Estabelecer, implementar, manter e aprimo-
rar um sistema de gestão ambiental;
Assegurar a conformidade com sua política
ambiental definida;
Buscar conformidade com a norma na au-
toavaliação, na relação com as partes envol-
vidas, ou buscar certificação.
UNIDADE 8 185
Neste sentido, as normas da série ISO 14.000
abordam sobre os sistemas de gestão ambien-
tal (NBR ISO 14.001), diretrizes para auditoria
ambiental (NBR ISO 19.011), rótulos e decla-
rações ambientais (NBR ISO 14.020), avaliação
do desempenho ambiental (NBR ISO 14.031)
e análise do ciclo de vida (NBR ISO 14.040).
Todas elas são de extrema importância para as
empresas, visto que garantem aumento de pro-
dutividade, diminuição dos desperdícios com
matéria-prima, energia, água e outros insumos,
bem como reduz a geração de resíduos sólidos.
“
[...] parte do sistema de gestão global que
inclui estrutura organizacional, atividades
de planejamento, responsabilidades, práti-
cas, procedimentos, processos e recursos
para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política
ambiental da instalação.
UNIDADE 8 187
Neste contexto, o SGA é uma tentativa de promover o desenvolvi-
mento sustentável, constituindo-se de um conjunto de procedimentos
sistematizados desenvolvidos para que as questões ambientais sejam
integradas à administração global de um empreendimento, contem-
plando a política ambiental da empresa, a implementação do sistema
em si e seu monitoramento e avaliação. Logo, seu sucesso depende do
comprometimento de todos os níveis e funções da organização e, além
disso, para a eficácia do SGA nas empresas, é imprescindível a educação
ambiental, uma vez que, somente por meio da sensibilização e cons-
cientização dos funcionários, serão possíveis as mudanças de hábitos.
A Figura 1 ilustra o processo de melhoria contínua que envolve
as etapas do SGA proposto pela NBR ISO 14.001.
Melhoria contínua
Política Ambiental
Análise pela
Administração
Planejamento
Implementação
Verificação e Operação
UNIDADE 8 189
Caro(a) aluno(a), a implantação do sistema de gestão ambiental em
um determinado empreendimento é baseada no Ciclo do PDCA
(Plan, Do, Check and Act), ou seja, um procedimento sistematizado
e estruturado para o planejamento, implantação, verificação e revi-
são das estratégias. De acordo com a NBR ISO 14.001, a metodologia
do PDCA pode ser descrita como:
P D
A C
“
[...] princípio 1: conhecer o que deve ser feito; assegurar comprometimento com
o SGA e definir a política ambiental.
Princípio 2: elaborar um plano de ação para atender aos requisitos da política
ambiental.
UNIDADE 8 191
Princípio 3: assegurar condições para o cumprimento dos tificável (ou seja, para a organi-
objetivos e metas ambientais e implementar as ferramentas zação obter o reconhecimento
de sustentação necessárias. de que ela implementou com
Princípio 4: realizar avaliações quali-quantitativas periódicas eficiência o SGA) também pode
da conformidade ambiental da empresa. ser utilizado para que a empre-
Princípio 5: revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os sa possa emitir uma autodecla-
objetivos e metas e as ações implementadas para assegurar ração de conformidade com a
a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa. norma, de modo a se posicionar
melhor no mercado. Neste sen-
Segundo Silva e Przybysz (2014), o principal desafio das em- tido, as normas não podem ser
presas ao implementar um SGA baseado na norma ISO 14.001 consideradas como barreiras
consiste em fazer com que elas adotem uma mudança de pos- pelas empresas, mas como um
tura e estejam preparadas para a concorrência e sobrevivência imprescindível instrumento de
no mercado. Ao aceitarem os desafios das normas ISO 14.000, gestão ambiental, que garante
as empresas devem estar cientes dos benefícios, mas também qualidade aos processos e pro-
dos riscos de implementar o processo. Os benefícios vão des- dutos, bem como cumprimento
de posição de destaque no mercado, como ganho ambiental das leis ambientais.
por meio de prevenção de impactos ambientais e da melhoria Segundo Moraes, Pugliesi e
do desempenho ambiental. Derisio (2012) enumera os quatro Queiroz (2014, p. 79), a certifi-
principais benefícios: cação ambiental se trata de “[...]
• Diferencial competitivo: melhoria da imagem, conquista um mecanismo de governança,
de novos mercados e aumento da produtividade. um catalizador de mudanças
• Melhoria organizacional: gestão ambiental sistemati- socioambientais aplicável e
zada, conscientização ambiental dos funcionários e in- acessível a pequenos e grandes
tegração da qualidade ambiental à gestão dos negócios empreendimentos”. Neste senti-
da empresa. do, caro(a) aluno(a), atua com a
• Minimização de custos: eliminação de desperdícios, con- finalidade da busca pela garan-
quista da conformidade ao menor custo e racionalização tia de qualidade ambiental.
dos recursos humanos, físicos e financeiros. Para uma organização ob-
• Minimização dos riscos: segurança legal, segurança ter a certificação ambiental, ela
das informações, minimização dos acidentes ambientais, deve cumprir três exigências
minimização dos riscos dos produtos e identificação de básicas expressas na NBR ISO
vulnerabilidades. 14.001:
• Ter um SGA implantado.
Quanto aos riscos, estes estão relacionados à exposição ou a • Cumprir a legislação
divulgação dos problemas ambientais decorrentes de suas ati- ambiental aplicável ao
vidades e a avaliação dos custos envolvidos no processo de cer- local da instalação.
tificação. Neste sentido, como o SGA é uma norma voluntária, • Assumir um compro-
cabe à empresa a decisão de implementá-lo, tendo por base uma misso de melhoria contí-
análise de custo e benefício. nua de seu desempenho
Em uma empresa, apesar do SGA ter sido concebido para ser cer- ambiental.
UNIDADE 8 193
Independentemente da auditoria ambiental ser de 1ª, 2ª ou
3ª parte, ela serve como ferramenta diagnóstica, que gera uma
série de dados que podem ser classificados em conformidades,
não conformidades ou sugestões de melhoria (MAZZAROTO;
BERTÉ, 2013).
Pré- auditoria
Auditoria - Fase 1
Auditoria - Fase 2
Atividades de
Recomendado Não
acompanhamento
Sim
Emissão de certificado
Auditorias
periódicas
Auditorias de
Manutenção da
recertificação
certificação SGA
Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unida- pria empresa, visto que o gestor ambiental poderá
de, é importante deixar claro que apesar da NBR comparar os relatórios dos últimos anos, a fim de
ISO 14.001 não obrigar a elaboração de relatórios verificar o desempenho do SGA.
ambientais para comunicação social, ela é a favor No que diz respeito ao relatório ambiental,
de que as empresas o elaborem como forma de foi criada a norma ISO 14.004 para enumerar as
comunicar à sociedade o que ela tem feito para informações que devem estar presentes, observe
conservar o meio ambiente e diminuir o impacto a Figura 4.
negativo de suas atividades. Além disso, a NBR ISO 14.063 define a ne-
O relatório ambiental elaborado pela empresa, cessidade de comunicação entre a empresa e as
para comunicação social, deve apresentar infor- partes interessadas. Essa comunicação pode ser
mações que interessem a sociedade em linguagem de dois tipos: comunicação ad hoc ou comuni-
acessível. Nesse relatório, o objetivo é explicar, de cação planejada; o primeiro tipo de comunicação
forma clara, como as atividades da empresa afe- serve para atender uma necessidade inesperada,
tam o bem-estar da sociedade e do meio ambiente como no caso de um acidente ambiental, em que
(CURI, 2012). Nos relatórios ambientais que devem a empresa comunica à sociedade sobre suas atitu-
ser entregues aos órgãos ambientais, deve-se uti- des para conter os danos ambientais; no caso da
lizar termos técnicos, bem como fornecer infor- comunicação planejada, as empresas costumam
mações específicas sobre os impactos ambientais. publicar relatórios de sustentabilidade com o ob-
Caro(a) aluno(a), atente-se que a elaboração jetivo de explicar à sociedade o impacto ambiental
do relatório ambiental é importante não somente de suas atividades (CURI, 2012).
para dar satisfação à sociedade e ao órgão am- Caro(a) aluno(a), assim, encerramos esta uni-
biental, como também pode ser útil para a pró- dade sobre gestão ambiental.
Declaração da
Informações Compromisso
administração
sobre acidentes com a melhoria
ambientais contínua
Aspectos
Investimentos em Relatório ambientais de
meio ambiente e ambiental produtos e
redução de custos serviços
UNIDADE 8 195
1. No que diz respeito à gestão ambiental empresarial, as empresas podem de-
senvolver três tipos de abordagens frente aos problemas ambientais: controle
da poluição, prevenção da poluição e estratégica. Diferencie esses três tipos de
abordagens.
2. A NBR ISO 14.001 estabelece os requisitos para que uma organização desenvolva
e implemente a política e objetivos que levem em consideração os requisitos
legais e informações sobre os aspectos ambientais significativos. Assim, no
contexto dos sistemas de gestão ambiental, diferencie os conceitos: aspecto
ambiental e impacto ambiental.
3. O Ciclo PDCA é um método iterativo de gestão de quatro passos (Plan, Do, Check,
Act), usado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos de uma
organização. Sabendo disso, explique a aplicação do ciclo do PDCA no contexto
da gestão ambiental.
196
LIVRO
LIVRO
WEB
No Brasil, a ISO 14.001 é editada pela ABNT, com sua última versão publicada
em 6/10/2015. Após a publicação dessa nova edição, as organizações terão um
prazo de transição de três anos para adequarem seu SGA.
Consulte o documento disponibilizado pela FIESP no ano de 2015 para fi-
car por dentro das alterações, no link: http://www.ciesp.com.br/wp-content/
uploads/2015/09/dma-iso-14001-2015-v4.pdf
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
197
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.000. Sistemas de Gestão Ambiental, especifi-
cações e diretrizes para uso. ABNT, 1997.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.001. Sistemas de Gestão Ambiental - Requisitos
com orientações para uso. ABNT, 2004a.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.004. Sistemas de Gestão Ambiental - Diretrizes
gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. ABNT, 2004
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.020. Rótulos e declarações ambientais - Prin-
cípios gerais. ABNT, 2002.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.031. Gestão Ambiental - Avaliação de desem-
penho ambiental - Diretrizes. ABNT, 2004.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.040. Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de
vida - Princípios e estrutura. ABNT, 2001.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.063. Gestão Ambiental - Comunicação am-
biental - Diretrizes e exemplos. ABNT, 2009
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 19.011. Diretrizes para auditoria de sistemas de
gestão. ABNT, 2012.
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 306, de 5 de julho de 2002.
Estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais. Conama, 2002.
CURI, D. Gestão ambiental. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.
198
FIESP. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Melhore a competitividade com o Sistema de Gestão
Ambiental - SGA. São Paulo: FIESP, 2007.
KRAEMER, E. P. et al. Gestão ambiental e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. In: X
Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia (SEGET), 2013. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/
arquivos/artigos13/52118614.pdf. Acesso em: 01 mar. 2021.
MORAES, C. S. B. de.; PUGLIESI, É.; QUEIROZ, O. T, M. M. Gestão e certificação ambiental nas organizações e
as normas da série 14000. In: MORAES, C. S. B. de.; PUGLIESI, É. (Orgs). Auditoria e certificação ambiental.
Curitiba: InterSaberes, 2014. p. 19-90.
199
1.
Controle da poluição: a empresa se preocupa apenas em cumprir a legislação ambiental, apresenta postura
reativa; a empresa enxerga a gestão ambiental como um custo adicional.
Prevenção da poluição: a empresa se preocupa com uso eficiente dos insumos, apresenta postura proa-
tiva (sem abrir mão da reativa); considera a gestão ambiental como meio de reduzir custos e aumentar a
produtividade.
Abordagem estratégica: empresa se preocupa com a produtividade, adota postura proativa; enxerga a
gestão ambiental como vantagem competitiva.
2. De acordo com a NBR 14.001, aspecto ambiental é o elemento das atividades ou produtos ou serviços de
uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Um aspecto significativo pode ter um impacto
significativo.
Impacto ambiental representa qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte,
no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização.
3. No contexto da gestão ambiental, o ciclo do PDCA pode ser descrito da seguinte maneira (NBR ISO 14.001):
Planejar: estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em concordância com
a política ambiental da organização.
Executar: implementar os processos.
Verificar: monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental, objetivos, metas,
requisitos legais e outros, e relatar os resultados.
Agir: agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão ambiental.
200
Me. Rebecca Manesco Paixão
Legislação Ambiental
PLANO DE ESTUDOS
Legislação Ambiental
Brasileira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 9 203
Legislação Ambiental
Brasileira
“
[...] preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvol-
vimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade
da vida humana (BRASIL, 1981, on-line).
UNIDADE 9 205
Principais Leis
Ambientais Brasileiras
“
I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segun-
do os usos preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
“
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume
retirado e seu regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos
ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as
características físico-químicas, biológicas e de toxidade do
afluente (BRASIL, 1997, on-line).
UNIDADE 9 207
• O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sis-
tema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de
informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes
em sua gestão (BRASIL, 1997, on-line).
“
[...] as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am-
biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obri-
gação de reparar os danos causados.
“
[...] quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes comina-
das, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o
auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurí-
dica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar
de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la
(BRASIL, 1998, on-line).
UNIDADE 9 209
• Unidades de proteção
integral: objetivam pre-
servar a natureza, sendo
admitido apenas o uso
indireto de seus recursos
naturais. São compostas
pelas seguintes categorias:
estação ecológica, reserva
biológica, parque nacio-
nal, monumento natural
e refúgio de vida silvestre.
• Unidades de uso susten-
tável: objetivam compa-
tibilizar a conservação
da natureza com o uso
Lei Nº 9.985/2000 - Sistema Nacional sustentável de parcela
de Unidades de Conservação dos seus recursos natu-
rais. São compostas pelas
A lei nº 9.985/2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de seguintes categorias: área
Conservação da Natureza (SNUC), bem como estabelece critérios de proteção ambiental,
e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de área de relevante interesse
conservação. ecológico, floresta nacio-
Contudo, o que são unidades de conservação? A referida lei traz nal, reserva extrativista,
a seguinte definição: reserva de fauna, reserva
“
de desenvolvimento sus-
[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as tentável e reserva particu-
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, lar do patrimônio natural.
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de admi- Caro(a) aluno(a), no que diz
nistração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção respeito à presente lei, é impor-
(BRASIL, 2000, on-lne). tante destacar o art. 36, que trata
do licenciamento ambiental de
Neste sentido, a lei busca a conservação do espaço territorial, bem empreendimentos/atividades de
como de seus recursos ambientais, como forma de contribuir para a significativo impacto ambiental,
manutenção da diversidade biológica do território nacional, prote- uma vez que, baseado no EIA/
ger as espécies ameaçadas de extinção, proteger paisagens naturais, RIMA, “o empreendedor é obri-
proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos, dentre outros gado a apoiar a implantação e
objetivos. manutenção de unidade de con-
As unidades de conservação integrantes do SNUC são divididas servação do Grupo de Proteção
em dois grupos: Integral” BRASIL, 2000, on-line).
“
ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.
Dentre os princípios da PNRS, destaca-se: I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
a prevenção e a precaução poluidor-pagador e II - os planos estaduais de resíduos sólidos;
o protetor-recebedor, o desenvolvimento sus- III - os planos microrregionais de resíduos
tentável, a responsabilidade compartilhada pelo sólidos e os planos de resíduos sólidos de
ciclo de vida, a ecoeficiência, a razoabilidade e a regiões metropolitanas ou aglomerações
proporcionalidade, dentre outros. urbanas;
Neste sentido, como instrumentos da PNRS, IV - os planos intermunicipais de resíduos
cita-se os planos de resíduos sólidos, a coleta se- sólidos;
letiva, os sistemas de logística reversa e outras V - os planos municipais de gestão inte-
ferramentas relacionadas à implementação da grada de resíduos sólidos;
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida VI - os planos de gerenciamento de resí-
dos produtos, o incentivo à criação e ao desenvol- duos sólidos (BRASIL, 2010, on-line).
vimento de cooperativas ou de outras formas de
UNIDADE 9 211
Além disso, um importante instrumento da PNRS diz respeito à res-
ponsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida, ou seja, um conjunto
de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, impor-
tadores, distribuidores e comerciantes, bem como dos consumidores
para manejo dos resíduos sólidos. Por meio da logística reversa, é
garantido o retorno dos resíduos sólidos ao fabricante, que deverá dar
um destino final ambientalmente adequado. De acordo com a PNRS,
são obrigados a estruturar e implementar os sistemas de logística re-
versa, mediante o retorno dos produtos após o uso pelo consumidor,
os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:
“
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros pro-
dutos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso [...];
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de
luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes (BRASIL,
2010, on-line).
UNIDADE 9 213
Tenha sua dose extra de conhecimento assistin-
do ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR
Code.
A APP pode ser definida como área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hí-
dricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas (BRASIL, 2012, on-line);
De acordo com o Código Florestal, as APPs podem ser de dois tipos:
• APP declarada de interesse social, incluindo as áreas cobertas
com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma
ou mais finalidades, como: contenção de erosão do solo, proteção
de restingas ou veredas, proteção de várzeas, abrigo de fauna ou
flora ameaçados de extinção, proteção de sítios de excepcional
beleza ou de valor científico, cultural ou histórico e proteção de
áreas úmidas (BRASIL, 2012, on-line).
• APP por força de lei, cuja localização esteja situada em (BRASIL,
2012, on-line):
» Faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, na largura demonstrada na Figura 2.
» Áreas no entorno de lagos e lagoas naturais, com largura
mínima de 100 metros em zonas rurais (exceto para corpo
d’água com até 20 hectares de superfície, cuja faixa marginal
será de 50 metros); e de 30 metros em zonas rurais.
» Áreas no entorno de reservatórios d’água artificiais, decorren-
tes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais,
na faixa definida na licença ambiental do empreendimento.
» Áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
no raio mínimo de 50 metros.
» Restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues.
» Manguezais em toda sua extensão.
30m
50 - 200m
30m
200 - 600m
30m
Figura 2 - APP em faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente / Fonte: adaptado de Duft (2014, on-line).
UNIDADE 9 215
A reserva legal só é aplicável a propriedades e posses rurais no
Brasil, devendo ser conservada com cobertura vegetal nativa.
80% 20%
DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE
Na Floresta localizada No Cerrado da
na Amazônia Legal Amazônia Legal
20% 20%
DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE
Na mata Atlântica Nas áreas de
campos gerais
Por fim, você deve estar se perguntando, a reserva legal pode ser
dispensada? O Código Florestal prevê três exceções à sua obrigato-
riedade, são elas: empreendimentos de abastecimento público de água
e tratamento de esgoto, áreas destinadas à exploração de potencial de
energia hidráulica nas quais funcionem empreendimentos de geração
de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de trans-
missão e de distribuição de energia elétrica, e em áreas adquiridas
ou desapropriadas, com o objetivo de implantação e ampliação de
capacidade de rodovias e ferrovias (BRASIL, 2012, on-line).
UNIDADE 9 217
1. Segundo a lei nº 12.651/2012, a Área de Preservação Permanente (APP) é uma
área protegida com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Assim, descreva o tamanho da mata ciliar que deve ser respeitada de acordo
com a largura do rio.
2. Para fazer valer sua política ambiental, o governo precisa lançar mão de instru-
mentos explícitos ou implícitos. Os instrumentos explícitos são divididos em
duas categorias principais: instrumentos de comando e controle, e instrumen-
tos econômicos. Sabendo disso, explique a importância dos instrumentos de
comando e controle no que diz respeito à gestão ambiental pública.
218
LIVRO
219
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938,
de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto
de 2001; e dá outras providências. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/
lei/l12651.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e
altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
220
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição
Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.
DUFT, D. Quanto deve medir uma APP (Área de Preservação Permanente) de um rio. Inteliagro, 2014. Disponível
em: https://www.inteliagro.com.br/quanto-deve-medir-uma-app-area-de-preservacao-permanente-de-um-rio/.
Acesso em: 02 mar. 2021.
LSA. Lopes da Silva & Associados. Cartilha de meio ambiente - A legislação brasileira e a responsabilidade social
das empresas. [2021]. Disponível em: http://www.lopesdasilva.adv.br/cartilhas/edicao2.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021.
REFERÊNCIA ON-LINE
Em: https://sweda.com.br/politica-de-logistica-reversa/. Acesso em: 02 mar. 2021.
1
221
1. Com base nas faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, a
APP deve possuir largura mínima de:
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura.
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seis-
centos) metros de largura.
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros.
Padrões de emissão: estabelecem o máximo de poluição que uma fábrica, uma casa ou um
veículo pode emitir no meio ambiente.
3. D.
222
CONCLUSÃO