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Estudos

Ambientais
Urbanos
Me. Rebecca Manesco Paixão
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Distância; PAIXÃO, Rebecca Manesco. Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
Estudos Ambientais Urbanos. Rebecca Manesco Paixão. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2021.
224 p.
“Graduação - Híbridos”. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
1. Estudo. 2. Ambiental. 3. Urbano. 4. EaD. I. Título.
Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
ISBN 978-65-5615-387-2 e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
CDD - 22 ed. 363.7 Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Design Educacional Débora Leite; Head de
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de
Souza Filho; Head de Metodologias Ativas
Impresso por: Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de
Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência
de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro
Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla
Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo
de Produção de Materiais Nádila de Almeida
Toledo; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e
Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Flávio Augusto


NEAD - Núcleo de Educação a Distância Carraro.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Designer Educacional Kaio Gomes; Jociane
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Karise Benedett .
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira.
Editoração Matheus Silva de Souza.
Ilustração Welington Vainer.
Realidade Aumentada Autoria.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Seja bem-vindo(a), é com muito prazer que apresento a você o livro


especialmente preparado para fornecer uma base de conhecimentos
para a consolidação da disciplina intitulada de “Estudos Ambientais Ur-
banos”. Trata-se de uma disciplina fundamental para que você adquira
conhecimentos relativos à proteção dos recursos naturais, bem como
sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos e/ou atividades.
Além disso, você também será introduzido à avaliação de impactos
ambientais, sobre alguns estudos ambientais que fazem parte do pro-
cesso de licenciamento ambiental, com destaque ao gerenciamento de
resíduos sólidos e, por fim, faremos uma passagem sobre algumas das
principais legislações ambientais brasileiras, cujo conhecimento é de
extrema importância acadêmica e profissional.
Para apresentação dos conteúdos, desenvolveu-se o assunto em 9 Uni-
dades, interdependentes, conforme veremos a seguir. Na Unidade 1,
estudaremos sobre as riquezas encontradas na natureza que podem
ser utilizadas para o suprimento das atividades humanas, os chamados
recursos naturais. Também aprofundaremos nossos conhecimentos
sobre os recursos água, solo e ar, bem como sobre a poluição destes e
formas de evitá-la ou controlá-la.
Na Unidade 2, veremos como a relação homem versus natureza foi
sendo alterada com o passar do tempo, de modo que este passou a
consumir desenfreadamente os recursos naturais, acarretando em di-
versos problemas ambientais. Neste sentido, dada a necessidade de
proteção do meio ambiente, estudaremos também sobre o desenvol-
vimento sustentável, definido como o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente, sem comprometer as necessidades futuras.
Por fim, abordaremos sobre a educação ambiental, um importante
instrumento para o uso consciente dos recursos naturais, assim como
para a conservação do meio ambiente.
No contexto do desenvolvimento sustentável, na Unidade 3, vere-
mos que empreendimentos e/ou atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
causadoras de degradação ambiental, necessitam de licenciamento
ambiental, ou seja, procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia à localização, instalação, ampliação e
a operação de tais empreendimentos e/ou atividades.
Na Unidade 4, você será introduzido ao conceito de impactos ambien-
tais, bem como à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA). Você estu-
dará que a AIA é um importante instrumento de política ambiental,
formado por um conjunto de procedimentos que auxiliam no exame
sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta e de suas
alternativas. Por fim, nesta unidade, destaca-se o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
Na Unidade 5, abordaremos sobre as metodologias empregadas no
processo de AIA, com ênfase aos métodos Ad Hoc, checklists, matri-
zes de interação, redes de interação, overlays, modelos de simulação
e análise custo-benefício.
Na Unidade 6, você conhecerá alguns dos estudos ambientais que
fornecem subsídio para a análise da licença ambiental requerida para
um empreendimento e/ou atividade. Neste sentido, abordaremos sobre
o Estudo de viabilidade ambiental (EVA), Plano de controle ambiental
(PCA), Relatório de controle ambiental (RCA), Plano de recuperação
de áreas degradadas (PRAD), Plano de gerenciamento de resíduos só-
lidos (PGRS), Plano de controle de poluição ambiental (PCPA), Plano
de gerenciamento de riscos (PGR), Estudo de impacto de vizinhança
(EIV) e Relatório de impacto de vizinhança (RIV).
APRESENTAÇÃO

Na Unidade 7, você poderá aprofundar seus conhecimentos no que diz


respeito à questão dos resíduos sólidos, bem como sobre o gerencia-
mento destes, dando-se uma maior ênfase aos resíduos da construção
civil, dada a importância do gerenciamento destes no âmbito urbano.
Na Unidade 8, estudaremos sobre a gestão ambiental, e veremos que
ela não traz somente benefícios ao meio ambiente, mas também pode
trazer benefícios econômicos e estratégicos para um determinado em-
preendimento que a adote. Também estudaremos sobre a NBR ISO
14.001, que trata dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA).
Por fim, na Unidade 9, você será introduzido a algumas legislações
ambientais importantes a você, como acadêmico e futuro profissional,
tais como: Política Nacional de Recursos Hídricos, Leis de Crimes
Ambientais, Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Política
Nacional de Resíduos Sólidos e o Código Florestal.
O material não tem a pretensão de esgotar os temas abordados ao longo
das unidades, mas trazer orientações sobre os assuntos mais relevantes.
Assim, para que seu aprendizado seja efetivo, é necessário que você se
dedique.
Um grande abraço e boa leitura!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Me. Rebecca Manesco Paixão


Possui graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Universitário de Maringá
(UNICESUMAR-2014) e licenciatura em Matemática pela mesma instituição (UNICESUMAR-2017).
É Mestre em Engenharia Química pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
da Universidade Estadual de Maringá (UEM-2017), atuando na linha de pesquisa: Gestão,
Controle e Preservação Ambiental. Atualmente é doutoranda em Engenharia Química pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá
- UEM. Tem experiência com licenciamento ambiental, gerenciamento de resíduos sólidos
e tratamento de água e de efluentes líquidos, como professora de cursos presenciais e a
distância e na elaboração de materiais didáticos.

Link para acesso ao currículo lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.


do?id=K4367457U5
Recursos Naturais

15

Meio Ambiente e
Sociedade

37

Licenciamento
Ambiental

57
Avaliação
de Impactos Resíduos Sólidos
Ambientais

79 155

Metodologias
para Identificação
Gestão Ambiental
de Impactos
Ambientais

107 179

Legislação
Estudos Ambientais
Ambiental

129 201
Me. Rebecca Manesco Paixão

Recursos Naturais

PLANO DE ESTUDOS

A Água O Ar

Recursos Naturais O Solo

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Propiciar o entendimento do conceito recursos naturais.


• Apresentar ao aluno conceitos importantes relacionados ao recurso água e estudar as principais formas de poluição
desse recurso.
• Apresentar ao aluno conceitos importantes relacionados ao recurso solo e estudar as principais formas de poluição
desse recurso.
• Apresentar ao aluno conceitos importantes relacionados ao recurso ar e estudar as principais formas de poluição desse
recurso.
Recursos
Naturais

Olá, caro(a) aluno(a), para começarmos nossos es-


tudos sobre os recursos naturais, primeiramente,
precisamos entender o conceito que possuem. Eles
podem ser entendidos como todas as riquezas que
se encontram disponíveis na natureza e que podem
ser utilizadas pelo ser humano para suprimento de
suas necessidades. Dentre os recursos naturais, os
mais importantes são a água e o ar, uma vez que
dependemos deles para nossa sobrevivência.
Venturi (2006) cita que o recurso natural pode
ser definido como qualquer elemento ou aspecto da
natureza que esteja em demanda, que seja passível
de ser utilizado, ou que esteja sendo utilizado direta
ou indiretamente pelo homem para satisfazer suas
necessidades físicas e culturais, em determinado
tempo e espaço. Neste sentido, perceba que os re-
cursos naturais são providos pela natureza e não
podem ser criados ou manufaturados pelo homem,
como o plástico.
Além disso, um recurso natural pode passar da
condição de livre para bem econômico, de acordo
com sua disponibilidade, isto é, conforme o homem
se apropria dos recursos, estes adquirem valor eco-
nômico e passam a ser transacionados no mercado
de bens e valores (PHILIPPI JR.; SILVEIRA, 2005).
A exemplo o recurso solo, no mercado imobiliário
brasileiro, cuja única forma de apropriação deste recurso é por meio da compra e venda.
Os recursos naturais podem ser renováveis e não renováveis:
• Recursos naturais renováveis: são inesgotáveis, ou seja, não se esgotam na natureza, visto que
sua renovação é permanente, como a luz solar, os ventos etc. No entanto, é importante salientar
que alguns recursos renováveis podem se tornar não renováveis em consequência do mau uso
que deles fazemos.
• Recursos naturais não renováveis: são esgotáveis, visto que sua renovação não é feita em tempo
hábil para a utilização pelo homem, como o carvão mineral, petróleo, pedras preciosas, ferro etc.

Os termos renováveis e não renováveis têm sido empregados para se referir às formas econômicas e
racionais de utilização dos recursos naturais, de modo que os renováveis não se esgotem por mau uso,
e os não renováveis rapidamente deixem de existir (DULLEY, 2004). Neste sentido, é muito impor-
tante que atuemos na conservação desses recursos tão importantes para nós. Alguns recursos naturais
possuem capacidade de recuperação, mas dependendo do grau de degradação imposto, o recurso
degradado pode não ter condições de retornar ao seu estado natural.
À título de ilustração, um recurso hídrico possui capacidade de autodepuração dos poluentes nele
depositados; no entanto, se a quantidade de efluentes líquidos for superior a sua capacidade de absorção,
o corpo d’água pode não se recuperar e atingir tal grau de degradação que não permita a vida aquática,
comprometendo seus usos e, até mesmo, acarretar doenças de veiculação hídrica.

Os recursos naturais são ditos renováveis se voltarem a estar disponíveis, caso contrário são não
renováveis.
Fonte: Dulley (2004, p. 22).

Nesta unidade denominada de “Recursos Naturais”, não poderíamos deixar de estudar sobre a água, o
ar e o solo. Por isso, você poderá aprofundar seus conhecimentos no que diz respeito a esses recursos,
bem como sobre a poluição deles.

20% da população mundial, que habita, principalmente, os países do hemisfério norte, consomem
80% dos recursos naturais e energia do planeta e produz mais de 80% da poluição e da degradação
do meio ambiente.
Fonte: Consumo Sustentável (2005).

UNIDADE 1 17
A ÁGUA

Caro(a) aluno(a), embora saibamos que a maior


parte do planeta Terra é coberta por água – apro-
ximadamente dois terços (⅔) –, apenas uma pe-
quena parcela é utilizável para as atividades hu-
manas, conforme ilustra a Figura 1.

18 Recursos Naturais
0,9%
Outros
reservatórios

29,9% 2,5%
Água ÁGUA DOCE 68,9%
subterrânea Calotas Polares

97,5%
ÁGUA SALGADA

Figura 1 - Distribuição de água no mundo / Fonte: a autora.

Assim, perceba que apenas 2,5% da água dispo- O homem utiliza a água para diversos fins, que po-
nível em nosso planeta é doce; e ainda, dessa pe- dem ser classificados em usos consuntivos (quando
quena parcela, apenas 0,3% se encontra nos rios há perdas entre o que é retirado e o que retorna ao
e lagos, formas de mais fácil acesso às atividades sistema natural) e em uso não consuntivo.
humanas, e de onde provém a maior quantidade • Uso consuntivo: abastecimento humano,
da água que consumimos. abastecimento industrial, irrigação e des-
Em termos globais, a água disponível no mun- sedentação de animais.
do é superior ao total consumido pela popula- • Uso não consuntivo: recreação e lazer,
ção, mas essa distribuição é desigual e não está harmonia paisagística, geração de energia
de acordo com o tamanho da população e suas elétrica, preservação da fauna e da flora,
necessidades pessoais, bem como para as neces- navegação, pesca, e diluição de despejos.
sidades da indústria e da agricultura. Além da má
distribuição e das perdas, a crescente degradação Dentre os vários usos da água, o abastecimento
dos recursos hídricos acaba por tornar a água im- humano é considerado o mais nobre e prioritário,
própria para diversos usos. Neste sentido, em mui- visto que o homem depende deste recurso para
tas regiões do mundo há problemas relacionados sua sobrevivência. Neste sentido, a água que nós
à água, seja pela escassez desse recurso ou por sua bebemos deve obedecer a critérios específicos
qualidade inadequada. estabelecidos pela legislação vigente, no caso do
Brasil a Portaria nº 2.914/2011 (BRASIL, 2011), de
forma a chegar ao consumidor apresentando ca-
racterísticas sanitárias e toxicológicas adequadas.
Além disso, alguns usos da água, sejam eles
A América detém a maior parte da água doce consuntivos ou não consuntivos, podem acar-
do mundo (45%), seguida da Ásia (28%), Europa retar em alterações de sua qualidade, a exemplo
(15,5%) e África (9%). E ainda, o Brasil está entre as das indústrias que lançam seus efluentes líquidos
nações mais ricas do mundo em termos de água, nos corpos hídricos receptores, muitas vezes sem
disponibilizando um total de 8.225 km3/hab.ano. tratamentos adequados, e até mesmo na irrigação,
Fonte: Calijuri e Cunha (2013, p. 248). em que fertilizantes e pesticidas podem acabar
infiltrando-se nos corpos d’água.

UNIDADE 1 19
Poluição das Águas

A poluição das águas diz respeito à introdução de poluentes (químicos, radioativos


ou organismos patogênicos) que podem torná-la imprópria para um determinado
uso. Os poluentes, sejam eles nas formas de matéria ou energia, são capazes de
alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas das águas.

Poluição ambiental: resultante das atividades e intervenções humanas que liberam


formas de matéria (microrganismos, partículas etc.) ou energia (radiação, ondas
sonoras etc.) em desacordo com padrões ambientais estabelecidos, e que podem
afetar negativamente a qualidade de vida dos seres vivos.

De acordo com Derisio (2012), a poluição das águas pode ter origem em quatro
tipos de fontes, a saber:
• Poluição natural: não está associada à atividade humana, como chuvas e
escoamento superficial, salinização e decomposição de vegetais e animais
mortos.
• Poluição industrial: compreende os resíduos líquidos gerados nos pro-
cessos industriais em geral.
• Poluição urbana: proveniente dos habitantes de uma cidade, que geram
esgotos domésticos lançados direta ou indiretamente nos corpos d’água.
• Poluição agrossilvipastoril: decorrente das atividades ligadas à agricul-
tura e pecuária, por meio da utilização de defensivos agrícolas, fertilizantes,
excrementos de animais e erosão.

Além dessas fontes de poluição citadas, também se deve considerar a poluição


acidental, a qual é decorrente do derramamento de substâncias nos corpos d’água,
a exemplo de acidentes de derramamento de petróleo.
Quanto às fontes de poluição dos corpos d’água (Figura 2), elas podem ser
pontuais, cujo lançamento da carga poluidora é feito pontualmente em um de-
terminado local, ou difusas, quando os poluentes alcançam o corpo d’água de
forma dispersa, não havendo um ponto específico para a entrada do poluente.
Neste sentido, caro(a) aluno(a), os poluentes podem chegar aos corpos d’água por
diversas formas, seja por meio do lançamento direto, precipitação, escoamento
pela superfície do solo ou por infiltração.

20 Recursos Naturais
As fontes de poluição pontual podem ser facilmente identificadas e, portanto, seu
controle é mais fácil e rápido, comparativamente com as fontes difusas.

Zona rural

Plantação

Alimentação
de animais Cidade

Fontes
difusas
Subúrbio

Fontes pontuais
Fábrica

Figura 2 - Poluição da água por fontes pontuais e difusas / Fonte: Braga et al. (2005, p. 83).

Podemos citar alguns exemplos de poluentes das águas superficiais, como: efluentes
líquidos domésticos, efluentes líquidos industriais, águas pluviais carregando impu-
rezas da superfície do solo, resíduos sólidos, sedimentos, dejetos animais, agrotóxicos,
fertilizantes e pesticidas.

UNIDADE 1 21
Mota (2012) e Calijuri e Cunha (2013) enume- Assim, observe que as ações de caráter preven-
ram que as consequências da poluição da água tivo são mais eficazes no controle da poluição, do
podem ser de caráter sanitário, ecológico, social que as de caráter corretivo, visto que são menos
ou econômico, como: onerosas, pois evitam o surgimento dos prejuízos
• Prejuízos ao abastecimento humano. que já discutimos.
• Agravamento dos problemas de escassez No Brasil, existem resoluções que tratam do con-
de água de boa qualidade, como as doenças trole da poluição dos recursos hídricos, baseando-
de veiculação hídrica. -se no critério do corpo receptor conjugado com o
• Elevação do custo do tratamento de água, lançamento de efluentes líquidos (DERISIO, 2012).
que se reflete no preço a ser pago pela po- Neste sentido, a Resolução CONAMA nº 357/2005,
pulação. alterada pela Resolução CONAMA nº 430/2011,
• Prejuízos a outros usos da água, como in- dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e di-
dustrial, irrigação, pesca etc. retrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
• Desvalorização das propriedades margi- como estabelece as condições e padrões de lança-
nais. mentos de efluentes líquidos.
• Prejuízos à fauna aquática, promovendo Com relação ao corpo hídrico receptor, são esta-
desequilíbrios ecológicos. belecidos padrões de qualidade em função de seus
• Degradação da paisagem. usos preponderantes. Assim, as águas do território
nacional são divididas em termos de salinidade, ou
Caro(a) aluno(a), perceba que são vários os po- seja, águas com valores iguais ou inferiores a 0,5%
luentes dos corpos d’água que podem trazer di- são ditas doces; águas com valores entre 0,5% e 30%
versos prejuízos aos seus usos. Neste sentido, é são ditas salobras; e águas com valores iguais ou
muito importante que haja o controle da poluição superiores a 30% são denominadas de salinas. Para
desse recurso. cada um desses tipos de água, os mananciais são
enquadrados em classes, de forma a definir critérios
ou condições a serem atendidos.
Controle da Poluição da Água Além disso, as referidas resoluções determinam
que os efluentes líquidos, independentemente da
O controle da poluição da água pode englobar fonte poluidora, só podem ser lançados nos cor-
ações de caráter preventivo e corretivo. As ações pos hídricos desde que obedeçam determinadas
corretivas visam corrigir o dano já causado, de condições no que se refere aos parâmetros físicos,
forma a eliminar ou reduzir a carga poluidora químicos e biológicos.
já existente, a exemplo de acidentes ambientais, Para finalizarmos este tópico, observe que o con-
como o derramamento de petróleo que ocorreu sumo da água no planeta tende a aumentar, acompa-
no Alasca em 1989, cuja água contaminada foi tra- nhando a tendência de aumento populacional e de
tada por meio da biorremediação. As ações pre- desenvolvimento industrial. Assim, torna-se muito
ventivas visam evitar que a poluição do recurso importante manejar adequadamente os recursos
ocorra, como a adoção de estações de tratamento hídricos compatibilizando seus diversos usos, de
de efluentes líquidos em uma indústria, capaz de forma que esse recurso natural seja mantido em
tratar o efluente, tornando-o apto a ser disposto quantidade e em qualidade para as presentes e fu-
no corpo hídrico receptor. turas gerações.

22 Recursos Naturais
O SOLO

Para Braga et al. (2005, p. 126),


[...] o solo pode ser conceituado como um
manto superficial formado por rocha desa-
gregada e, eventualmente, cinzas vulcânicas,
em mistura com matéria orgânica em de-
composição, contendo ainda, água e ar em
proporções variáveis e organismos vivos.

Neste contexto, são quatro os componentes princi-


pais que constituem o solo: elementos e partículas
minerais, matéria orgânica, ar e água. O solo é um
recurso que suporta toda a cobertura vegetal, sem o
qual os seres vivos não poderiam existir. É utilizado
como: fundação para edificações, aterros e estradas;
elemento de fixação e nutrição de vegetais; para o
armazenamento de combustíveis fósseis; para o
armazenamento de água; e também pode ser ex-
traído para posterior utilização na construção civil.
O solo apresenta diferentes camadas que fun-
cionam como um “filtro” capaz de reter todas as
impurezas nele depositadas; mas com o passar do
tempo, essas impurezas passam a se acumular, ge-
rando uma gradativa queda na qualidade do solo
para a agricultura, para uma comunidade vegetal
nativa ou para os microrganismos que vivem em
meio ao substrato (CHUPIL, 2014).

UNIDADE 1 23
Neste sentido, dados todos os usos que o solo pode ter, esse recurso deve ser ma-
nejado adequadamente com vistas a não degradação, visto que o solo leva séculos ou
até mesmo milhões de anos para se formar sob a ação de agentes naturais, e em um
pequeno intervalo de tempo pode ser degradado pela atividade antrópica.
A degradação do solo está relacionada a sua perda de qualidade ou à diminuição
da sua capacidade produtiva. E pode ser causada pela ação do homem, por meio do
lançamento inadequado de resíduos sólidos, desmatamento, queimadas, impermea-
bilização, aplicação de fertilizantes e pesticidas, acidentes no transporte de cargas etc.
Sánchez (2001, p. 82) define a degradação do solo como:


(I) a perda de matéria devido à erosão ou a movimentos de massa, (II) o acúmulo
de matéria alóctone (de fora do local) recobrindo o solo, (III) a alteração negativa
de suas propriedades físicas, tais como sua estrutura ou grau de compacidade, (IV)
a alteração das características químicas, (V) a morte ou alteração das comunidades
de organismos vivos do solo.

A agricultura é uma das principais atividades humanas modificadoras do solo, a exem-


plo do monocultivo, que pode acarretar em perda de biodiversidade e da variabilidade
genética das espécies na região e, ainda, facilitar a ocorrência de processos erosivos.

O Mar do Aral, no Uzbequistão, é um exemplo desastroso de degradação por práticas agrícolas inadequa-
das, em que projetos de irrigação mal planejados, conduzidos pela antiga União Soviética, na década de
60, levaram à degradação ambiental de grandes proporções, com o quase desaparecimento de um dos
maiores lagos do mundo, à salinização excessiva das águas e do solo e à decadência econômica da região.
Fonte: adaptado de Calijuri e Cunha (2013).

Além disso, você deve se atentar que a ocupação urbana também é responsável pela
degradação do recurso solo. De acordo com Calijuri e Cunha (2013), o processo de
ocupação urbana se inicia com o desmatamento e posterior impermeabilização da
cobertura do solo, de forma a modificar o balanço hídrico e provocar, com frequência,
problemas de erosão, assoreamento e inundações.
Esse cenário é comum na maioria das cidades, em que o solo não consegue desem-
penhar sua função, em decorrência do manejo sem planejamento das águas pluviais, da
disposição inadequada de resíduos sólidos, da contaminação em postos de combustíveis
e em áreas industriais, e até mesmo devido à ocupação de áreas instáveis sujeitas a riscos
geológicos. Observe a Figura 3, que ilustra um exemplo de ocupação urbana irregular.

24 Recursos Naturais
Figura 3 - Ilustração de ocupação urbana irregular / Fonte: Ocupação Urbana (2011, on-line)¹.

Erosão é o destacamento e transporte de partículas sólidas do solo, como resultado de


agentes naturais, como a água e o vento, de forma que esse processo é intensificado pela
ação humana. A remoção dessas partículas sólidas pode causar alterações de relevo,
riscos às obras civis, empobrecimento do solo e, até mesmo, assoreamento dos rios.

Controle da Poluição do Solo

Vimos que a degradação do solo está diretamente relacionada a práticas que preju-
diquem sua qualidade, como a introdução de poluentes, a exemplo dos fertilizantes,
resíduos sólidos, produtos químicos e outros que podem saturar o solo, desertificar,
alterar a topografia e diversas outras consequências. Dessa forma, torna-se necessário
a adoção de medidas de controle da poluição do solo.

UNIDADE 1 25
Assim como no controle da poluição da água, no controle
da poluição do solo podem ser utilizadas ações preventi-
vas e corretivas. As ações preventivas estão relacionadas
ao ordenamento do uso e ocupação do solo, por meio de
técnicas ambientalmente adequadas que não coloquem
o meio ambiente em risco. Nas áreas rurais, Braga et al.
(2005, p. 140) citam que estas medidas estão relacionadas
às “práticas conservacionistas” que permitem a exploração
do solo, sem depurá-lo significativamente.
Dentre as técnicas utilizadas, destaca-se o preparo do
solo para plantio em curvas de nível; terraceamento; estru-
turas para desvio que terminem em poços para infiltração
das águas; controle das voçorocas; preservação nativa nas
áreas de grande declive e nas margens de cursos de água.
As ações corretivas dizem respeito à recuperação do
solo já degradado. No caso de processos erosivos, em que
a camada de solo removido ainda é delgada, permane-
cendo à superfície os horizontes superiores, o plantio de
vegetação é indicado a fim de repor a fertilidade e produti-
vidade do solo. No entanto, em casos mais graves, torna-se
necessário intervenções por meio de obras de engenharia
hidráulica, engenharia de solos e engenharia agronômica
(BRAGA et al., 2005).
Neste sentido, caro(a) aluno(a), perceba que a mudança
de consciência da população para com os cuidados com o
meio ambiente, mais especificamente o solo, também pode
ser considerada como medida de controle da poluição,
envolvendo a utilização de materiais recicláveis, uso de
defensivos agrícolas menos persistentes, como inseticidas
fosforados, proteção das florestas, evitando o desmata-
mento e outros.
Além disso, quanto ao aspecto legal, no Brasil temos a
Resolução CONAMA nº 420/2009, alterada pela Resolu-
ção CONAMA nº 460/2013 (CONAMA, 2013) que


dispõe sobre critérios e valores orientadores de qua-
lidade do solo quanto à presença de substâncias quí-
micas e estabelece diretrizes para o gerenciamento
ambiental de áreas contaminadas por essas substân-
cias em decorrência de atividades antrópicas.

26 Recursos Naturais
O AR

A troposfera compreende a camada de ar que pos-


sui 12 km de espessura acima da crosta terrestre e
onde o homem desenvolve suas atividades (DE-
RISIO, 2012). Do ponto de vista climático, a tro-
posfera possui importância fundamental, uma vez
que essa camada é responsável pela ocorrência das
condições climáticas do nosso planeta. Acima da
troposfera, encontra-se a estratosfera, uma cama-
da muito importante do ponto de vista ambiental,
uma vez que é nela que se encontra a camada mais
espessa de ozônio, possibilitando a ocorrência das
reações importantes para o desenvolvimento das
espécies vivas (BRAGA et al., 2005).
O ar atmosférico é composto por uma mistu-
ra de gases, principalmente nitrogênio (78,11%),
oxigênio (20,95%), argônio (0,93%) e dióxido de
carbono (0,03%); ainda, pode-se encontrar em sua
composição: hidrogênio, metano, óxido nitroso
e gases nobres, como neônio, hélio e criptônio,
além de vapor-d’água, ozônio, dióxido de enxo-
fre, dióxido de nitrogênio, amônia, monóxido de
carbono, partículas sólidas em suspensão e outros
componentes variáveis em função das atividades
humanas, os quais podem alterar ou introduzir
alguns componentes (MOTA, 2012).

UNIDADE 1 27
Já vimos que o ar é um recurso natural indispen- luz solar, a exemplo do ozônio (O3), peroxia-
sável aos seres vivos, e essencial à manutenção da cetilnitrato (PAN) e peróxido de hidrogênio
vida na Terra. Além disso, o ar é utilizado na comu- (H2O2). Ainda, no contexto dos poluentes
nicação, no transporte, na combustão, em processos secundários, o trióxido de enxofre (SO3)
industriais e também como diluidor de resíduos pode reagir com o vapor de água para pro-
gasosos. duzir o ácido sulfúrico (H2SO4), que se pre-
Dados todos os usos do ar, como resultado de cipita originando a chamada “chuva ácida”.
seu uso indiscriminado, surge a poluição desse re-
curso, o que acarreta em impactos sobre as pessoas,
animais, vegetais e materiais.

Chuva ácida é um fenômeno causado pela intera-


Poluição do Ar ção de óxidos com vapor d’água, capaz de formar
substâncias ácidas, como ácido sulfúrico e ácido
A poluição do ar é definida como a presença ou o nítrico, que se precipitam na forma de chuva.
lançamento de substâncias, cujas altas concentrações Esta pode provocar diversos danos, como a des-
podem torná-lo impróprio à saúde; inconveniente truição das florestas, a destruição de construções
ao bem-estar público; danoso aos materiais, à fauna e patrimônios históricos e a contaminação dos
e a flora; e prejudicial à segurança, ao uso e gozo da recursos hídricos.
propriedade. Essas substâncias são denominadas de
poluentes atmosféricos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(WHO, 2005, on-line)², os poluentes atmosféricos E, dentre as fontes de poluição, podemos destacar
são classificados em primários e secundários: as de origem natural e as de origem antrópica.
• Poluentes primários: são aqueles emitidos Quanto às fontes de poluição do ar de origem natu-
diretamente das fontes poluidoras para a at- ral, cita-se os vulcões, a desnitrificação por bactérias
mosfera, como: e a decomposição anaeróbia da matéria orgânica.
• material particulado (fumos, poeiras, Quanto às fontes de poluição de origem antrópica,
névoas). tem-se várias, como: as indústrias, os veículos auto-
• monóxido de carbono (CO). motores, queima da vegetação, queima de combustí-
• dióxido de carbono (CO2). veis fósseis, queima de resíduos sólidos, aplicação de
• óxidos de nitrogênio (NO e NOx). agrotóxicos, aplicação de “sprays” e dentre diversas
• compostos de enxofre (SOx, H2S). outras atividades humanas que podem liberar po-
• hidrocarbonetos. luentes atmosféricos.
• clorofluorcarbonos. Você se lembra que as fontes de poluição podem
• Poluentes secundários: são aqueles forma- ser pontuais ou difusas? Como exemplos de fon-
dos na atmosfera por meio de reações quími- tes pontuais de poluentes atmosféricos se tem as
cas, a partir dos poluentes primários. Entre indústrias, que podem liberar pontualmente gases
eles, destaca-se os oxidantes fotoquímicos, e materiais particulados nocivos; quanto às fontes
resultantes da reação entre os hidrocarbone- difusas, um exemplo comum que nos deparamos
tos e os óxidos de nitrogênio, na presença de em nosso dia a dia são os veículos automotores.

28 Recursos Naturais
Como sabemos, a poluição atmosférica pode re-
sultar em várias consequências para o meio am-
biente e para a saúde dos seres vivos. Dentre seus
principais impactos, destaca-se:
• Desfiguração da paisagem.
• Redução da visibilidade.
• Danos à saúde humana, acarretando em
doenças do aparelho respiratório, como:
asma, bronquite, enfisema, câncer, irritação
dos olhos etc.
• Danos à vegetação, por meio da redução da
fotossíntese e também alterações no cres-
cimento e na produção de frutos.
• Alterações das características climáticas,
podendo acarretar em maior precipitação,
redução da radiação e iluminação, e até
mesmo em aumento da temperatura.

Controle da Poluição do Ar

Dados todos os danos que a presença dos poluentes atmosféricos pode causar, a Resolu-
ção CONAMA nº 003/90 (CONAMA, 1990) dispõe sobre os padrões de qualidade do
ar no Brasil. Em seu artigo 1º, a referida resolução define que os padrões de qualidade do
ar representam: “as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão
afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à
flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral” (CONAMA, 1990, p. 01).

UNIDADE 1 29
Neste sentido, caro(a) aluno(a), é importante adotar medidas de controle da poluição
atmosférica como forma de atender a legislação vigente e evitar os danos que ela pode causar.
Assim, a emissão de gases e materiais particulados nocivos deve ser controlada na fonte
poluidora, compreendendo, por exemplo, a adoção de filtros nas chaminés das indústrias.
Além disso, é importante que, por meio do planejamento territorial, sejam tomadas
algumas medidas nas cidades, conforme Mota (2012) destaca:
• Localização das fontes poluidoras em local afastado, como em zonas industriais,
a exemplo da Figura 4.
• Utilização de barreiras, sejam elas naturais ou artificiais, com vistas a evitar a
propagação dos poluentes.
• Distribuição adequada das edificações, de forma a garantir a circulação do ar e
consequente dispersão dos poluentes.
• Incentivo ao transporte coletivo.

Ventos predominantes

Zona residencial, Zona comercial Área Zona


escolas, hospitais e de serviços verde industrial
Figura 4 - Exemplo de uso do solo visando à qualidade do ar em áreas urbanas
Fonte: adaptada de Mota (2012).

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.


Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unidade, sabe-se que o ser humano não
consegue sobreviver sem ar e, dessa forma, ele é obrigado a utilizar esse recurso nas
condições em que este se encontra. Diferentemente da água e do solo, que podem
ser tratados, com raríssimas exceções, pode-se tratar o ar já poluído. Assim, devemos
utilizar desse recurso de modo a não provocar mudanças em sua composição e, con-
sequentemente, trazer prejuízos à nossa saúde e ao meio em que vivemos.

30 Recursos Naturais
1. Os recursos naturais envolvem elementos ou partes do meio ambiente físico
e biológico que possam ser úteis e acessíveis ao homem, como solo, minerais,
fauna, flora dentre outros. Assim, explique o que são os recursos naturais e
as formas que podem ser encontrados na natureza quanto a sua exploração.

2. Nós vimos que são diversos os usos da água pelos seres vivos, os quais podem
ser classificados em usos consuntivos e não consuntivos. Quanto aos usos con-
suntivos, qual das alternativas não faz parte desse grupo:
a) Abastecimento público.
b) Dessedentação de animais.
c) Irrigação.
d) Geração de energia elétrica.
e) Abastecimento industrial.

3. Estudamos que a degradação do solo está diretamente relacionada à perda de


sua qualidade. Sobre esse assunto, leia as afirmações que seguem e assinale V
para verdadeiro e F para falso:
( ) O solo é composto, principalmente, por elementos e partículas vegetais, ma-
téria orgânica, ar e água.
( ) A degradação do solo pode envolver a perda de matéria devido à erosão ou
a movimentos de massa.
( ) No controle da poluição de solos, as medidas preventivas visam recuperar o
meio já degradado.
( ) Um problema muito comum resultante da impermeabilização dos solos nas
cidades são as inundações.

A sequência correta é:
a) V-V-V-V.
b) V-F-F-F.
c) F-V-F-V.
d) F-V-V-V.
e) V-F-V-F.

31
LIVRO

Gestão dos recursos naturais: uma visão multidisciplinar


Autor: Erivaldo Moreira Barbosa, Rogaciano Cirilo Batista e Maria de Fátima
Nóbrega Barbosa
Editora: Ciência Moderna
Sinopse: no livro “Gestão dos Recursos Naturais: Uma Visão Multidisciplinar”, o
leitor encontrará informações sobre teorias, instituições, métodos, planejamento,
suporte à decisão, indicadores, avaliação e monitoramento dos recursos naturais
por meio do viés multidisciplinar. O leitor encontrará, ainda, informações acerca
do desenvolvimento sustentável, agroecologia e sustentabilidade.

LIVRO

Conservação dos recursos naturais e sustentabilidade: um enfoque geo-


gráfico
Autor: Thiago Kich Fogaça, Monyra Guttervill Cubas e Bruna Daniela de Araujo
Taveira
Editora: Intersaberes
Sinopse: a problemática ambiental passou a ser tema de destaque no mundo
à medida que a escassez de recursos naturais tem sido agravada em virtude
do consumo indiscriminado. Embora muitas pessoas e empresas já tenham
mudado suas atitudes com relação ao meio ambiente, muito ainda precisa
ser feito. No contexto atual de desenvolvimento, é emergencial descobrirmos
mais maneiras de utilizar esses recursos de forma sustentável e de reduzir os
impactos ambientais.

32
LIVRO

Introdução ao controle de poluição ambiental


Autor: José Carlos Derisio
Editora: Oficina de Textos
Sinopse: o controle da poluição ambiental ganha cada vez mais relevância para
a indústria, que precisa atender aos requisitos da legislação, de normas técnicas
e das exigências de consumidores e investidores. O livro aborda os principais
usos da água, do ar e do solo; os tipos de poluição que os afetam e os danos
provocados; parâmetros e métodos para avaliação de qualidade; técnicas de
controle de poluição e aspectos legais e institucionais.

FILME

Home: nosso planeta, nossa casa


Ano: 2009
Sinopse: o fotógrafo Yann Arthus-Bertrand foca nos temas que mais importam,
como a perda da diversidade, globalização da agricultura, o crescimento popu-
lacional e da pobreza e, acima de tudo, a beleza deste mundo.

WEB

O vídeo “O dinheiro faz o mundo girar (Money, money)”, produzido pela WWF,
ilustra o poder destrutivo e o egocentrismo do homem e as consequências
que este pode trazer ao meio ambiente quando da exploração intensiva dos
recursos naturais.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

33
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.

BRASIL. Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dis-


põe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade. Brasília: DOU, 2011.

CALIJURI, M. do C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e


gestão. Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2013.

CHUPIL, H. Acidentes ambientais e planos de contingência. Curitiba: Intersaberes, 2014.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 003, de 28 de junho


de 1990. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR. Conama, 1990.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março


de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes,
e dá outras providências. Conama, 2005.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 420, de 28 de dezembro


de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presen-
ça de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas
contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Conama, 2009.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 430, de 13 de maio de


2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera
a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CO-
NAMA. Conama, 2011.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 460, de 30 de dezem-


bro de 2013. Altera a Resolução CONAMA nº 420, de 28 de dezembro de 2009, que dispõe
sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias
químicas e dá outras providências. Conama, 2013.

CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de Educação para o consumo sustentável. Brasília:


Consumers International/MMA/MEC/IDEC, 2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.
br/dmdocuments/publicacao8.pdf. Acesso em: 23 fev. 2021.

34
DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina
de Textos, 2012.

DULLEY, R. D. Noção de natureza, ambiente, meio ambiente, recursos ambientais e recursos


naturais. Agric., v. 51, n. 2, p. 15-26, 2004.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. 5. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2012.

PHILIPPI JR. A.; SILVEIRA, V. F. Controle da qualidade das águas. In: PHILIPPI JR. A. Sa-
neamento, Saúde e Ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São
Paulo: Manole, 2005.

SÁNCHEZ, L. E. Desengenharia. O passivo ambiental na desativação de empreendimentos


industriais. São Paulo: EDUSP, 2001.

VENTURI, L. A. B. Recurso natural: a construção de um conceito. GEOUSP - Espaço e


Tempo, n. 20, p. 9-17, 2006.

REFERÊNCIAS ON-LINE
¹Em: http://ocupacaourbana.blogspot.com.br/2011/09/ocupacao-urbana-irregular.html.
Acesso em: 23 fev. 2021.

²Em: http://www.who.int/phe/health_topics/outdoorair/outdoorair_aqg/en/. Acesso em:


23 fev. 2021.

35
1. Os recursos naturais são as riquezas que a natureza nos dá e que podem ser transformados de forma a
torná-los valiosos e úteis. Quanto à exploração do homem, os recursos naturais podem ser renováveis,
a exemplo do vento, e não renováveis, a exemplo do petróleo.

2. D.

3. C.

36
Me. Rebecca Manesco Paixão

Meio Ambiente
e Sociedade

PLANO DE ESTUDOS

Desenvolvimento
Sustentável

Relação Homem versus Educação Ambiental


Natureza

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender a relação entre o homem e a natureza.


• Entender o histórico e conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável.
• Definir educação ambiental.
Relação Homem
Versus Natureza

Na Unidade 1 deste material, nós vimos que o


homem sempre utilizou os recursos naturais para
sua sobrevivência. Inicialmente, o ser humano vi-
via da caça e da pesca e utilizava a pele dos animais
como vestimenta; em seguida, houve o empre-
go de instrumentos para a confecção de objetos,
ferramentas e armas; e com o advento do fogo,
da agricultura e de novas formas de organização
familiar, o homem deixou de ser nômade e passou
a se fixar em um só lugar.
Assim, ao longo da história, o homem foi sen-
do capaz de alterar o espaço geográfico a ponto
de produzir uma “natureza artificial”. Observe a
definição para espaço geográfico, adotada por
Santos (1997, p. 51):


[...] um conjunto indissociável, solidário e
também contraditório, de sistemas de ob-
jetos e sistemas de ações, não considerados
isoladamente, mas como um quadro único
na qual a história se dá. No começo era a
natureza selvagem, formada por objetos na-
turais, que ao longo da história vão sendo
substituídos por objetos fabricados, objetos
técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos cadas, principalmente devido ao crescimento
fazendo com que a natureza artificial tenda populacional e a intensificação das atividades
a funcionar como uma máquina. humanas, como industrialização, agropecuária,
mineração etc. A corrida pelo desenvolvimento
Para Nagali (2014), o processo de consumo e apro- a todo custo acarretou em grandes desastres
priação dos recursos naturais foi acelerado em ambientais, e dentre eles, pode-se citar em or-
dois momentos da história: com o surgimento dem cronológica.
da moeda e com a revolução industrial. A moeda • 1952: o grande nevoeiro na cidade de Lon-
contribuiu para a aceleração do processo de tro- dres, Inglaterra, conhecido como “big smo-
cas e passou a ser responsável pelo aumento da ke”, originado pela emissão de poluentes da
quantidade de resíduos gerados pelo homem. Na queima de combustíveis fósseis, e que se
revolução industrial, a medida em que o homem acentuou por uma inversão térmica cau-
dinamizou os processos produtivos e passou a sada por uma densa massa de ar frio.
produzir mais em menos tempo, houve um au- • 1956: primeiro caso de intoxicação por mer-
mento do uso e apropriação dos recursos naturais, cúrio em Minamata, Japão, devido à conta-
transformando cada vez mais o espaço. minação do oceano por toneladas de mer-
Assim, nas palavras de Fogaça et al. (2017, p. 26): cúrio lançadas por uma indústria, afetando


uma diversidade de espécies de peixes.
[...] com o caótico crescimento econômico, • 1981: o crescimento industrial desgover-
a industrialização trouxe vários problemas nado em Cubatão, Brasil, tornou essa a
ambientais, como a alta concentração po- cidade mais poluída do mundo, devido à
pulacional, resultante da urbanização ace- grande quantidade de gases tóxicos que
lerada; o consumo desenfreado de recursos eram produzidos e liberados diretamente
naturais; a poluição e o desmatamento. na atmosfera.
• 1984: vazamento de gases tóxicos prove-
Dessa forma, se no começo existia uma relação nientes de uma indústria de agrotóxicos
de equilíbrio entre homem e natureza, esse equi- em Bhopal, na Índia.
líbrio foi quebrado com o surgimento das pri- • 1986: a explosão de um reator em Cher-
meiras civilizações humanas, em que o homem nobyl, na Ucrânia, liberou radiação capaz
passou a extrair os recursos naturais além da de atingir o nível 7 na Escala Internacional
capacidade de regeneração, o que trouxe diversas de Eventos Nucleares.
consequências ao meio em que vivemos, como a • 1989: derramamento de petróleo do na-
alteração das paisagens, a poluição da água, do vio Exxon Valdez no Alasca, que espalhou
solo e do ar, e até mesmo a geração de resíduos cerca de 40 milhões de litros da substância
cada vez mais diversos. na água.
Neste cenário, se por um lado o desenvol- • 2015: no município de Mariana, Brasil,
vimento industrial e tecnológico é sinônimo uma barragem contendo lama contamina-
de progresso, por outro, implica em problemas da pelo processo de mineração se rompeu.
ambientais que se agravaram nas últimas dé-

UNIDADE 2 39
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Além dos referidos acidentes ambientais, hou-


veram alguns fatos que motivaram movimentos
para despertar uma nova consciência em toda a
sociedade. Lanfredi (2006) apud Passos (2009)
destaca alguns desses fatos: a água que em breve
será objeto de grandes disputas entre os Estados;
o ar, pelo fato de cada vez mais estar poluído, re-
presentando um perigo no que diz respeito ao
efeito estufa e, ainda, podendo causar uma série
de doenças; o solo, que mesmo com sua espe-
cial influência no clima e na vegetação, tem sido
intensamente degradado; a fauna, caracterizada
pela falta de proteção aos animais; e, por fim, o
desmatamento das florestas, responsáveis pelo
equilíbrio do clima.

40 Meio Ambiente e Sociedade


Os problemas ambientais são antigos, visto que desde que o homem existe, ele modifica o meio
em que vive; no entanto, a percepção das consequências reais de suas atividades para com o meio
ambiente é recente. E, à medida que cresciam os problemas ambientais, também cresciam as dis-
cussões sobre essa problemática.

Perceba, caro(a) aluno(a), que o surgimento de graves problemas, como as chuvas ácidas, aquecimento
global, buraco na camada de ozônio, poluição dos rios e oceanos, extinção de espécies vivas e todos os
outros já discutidos, todos com reflexos sobre o homem, levaram-o a procurar compreender melhor
os fenômenos naturais e a entender que deve agir como parte integrante do sistema natural; assim, o
homem não deve apenas adotar uma postura crítica para a defesa do meio ambiente, mas deve pro-
mover medidas de educação voltadas ao respeito ao meio ambiente e à garantia de atendimento das
necessidades das presentes e futuras gerações (PASSOS, 2009; MOTA, 2012).
Nas palavras de Trennepohl e Trennepohl (2016, p. 679):


[...] o homem precisa pôr toda a sua capacidade criativa em ação e, principalmente, agir em conjunto
como espécie intelectualmente evoluída, para tentar reverter, ou pelo menos frear, o processo de
destruição de seu único habitat possível e da própria existência.

Efeito estufa é o aquecimento do clima na Terra, resultado da concentração de gás carbônico e outros
poluentes gasosos na atmosfera. Os gases de efeito estufa, dentre eles metano, ozônio, clorofluor-
carbonos e óxido nitroso, absorvem a radiação infravermelha emitida pelo aquecimento solar do
planeta e refletem parte dessa energia térmica de volta para a Terra.

Como resultado da problemática ambiental, destaca-se o relatório “Os Limites do Crescimento”, pu-
blicado em 1972, por iniciativa do Clube de Roma que citava a tendência de um colapso no planeta,
se fossem mantidas “[...] as atuais tendências de crescimento da população mundial - industrialização,
poluição, produção de alimentos e diminuição dos recursos naturais” (MEADOWS et al., 1978 apud
CALIJURI; CUNHA, 2013, p. 699).

UNIDADE 2 41
cípios eram (ROCHA, 2003):
• O “Homem” fica com o dever solene de
proteger e melhorar o meio ambiente
O primeiro Dia da Terra foi realizado nos Es- para as gerações presentes e futuras.
tados Unidos, na data de 22 de abril de 1970, • Os recursos naturais devem ser preserva-
como manifestação por parte da população dos para as presentes e futuras gerações.
a todos os problemas de ordem ambiental. • Deve ser mantida a capacidade de re-
produção dos recursos renováveis para
o futuro.
• A fauna e a flora devem ser preservadas
Ainda, neste mesmo ano (1972), houve, em Es- por serem patrimônio da humanidade.
tocolmo, a Conferência Mundial sobre o Meio
Ambiente Humano, também conhecida como Caro(a) aluno(a), perceba que durante a Confe-
Conferência de Estocolmo, o primeiro encontro rência de Estocolmo, chegou-se a uma conclu-
mundial que tratou da necessidade de harmoni- são diferente da proposta pelo Clube de Roma,
zação global entre meio ambiente, economia e ou seja, a solução não era produzir menos, mas
sociedade, e que contou com a participação de produzir melhor; dessa forma, fez-se necessário
113 países, inclusive o Brasil; traçava-se, assim, um produzir de modo a racionalizar a utilização
caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. dos recursos naturais, diminuir o desperdício,
Aqui, caro(a) aluno(a), cabe destacar um con- bem como reduzir a geração de resíduos nos
fronto que marcou a referida conferência, que foi processos industriais, sejam eles sólidos, líqui-
entre os países desenvolvidos e em desenvolvi- dos ou gasosos.
mento, uma vez que enquanto os primeiros esta- O conceito de desenvolvimento sustentável
vam preocupados com as possíveis consequências foi evoluindo desde sua consolidação. E, assim,
da degradação ambiental, os países em desenvol- vários documentos importantes foram publi-
vimento acreditavam que propor um programa cados, dando uma melhor base científica ao
internacional voltado à conservação do meio conceito. Em 1980, o termo desenvolvimento
ambiente poderia frear seu desenvolvimento, ou sustentável foi utilizado em um documento in-
seja, era uma forma injusta de compensar toda a ternacional, o relatório intitulado de “Estratégia
degradação ambiental que os países desenvolvi- Mundial de Conservação”, lançado pelas insti-
dos já haviam causado. No entanto, mesmo após tuições IUCN (International Union for Con-
algumas resistências, os países em desenvolvimen- servation of Nature), UNEP (United Nations
to se sensibilizaram para com a responsabilidade Environmental Programme) e WWF (World
de preservação do meio ambiente. Wide Fund for Nature), que alertara para a
Como resultado da Conferência de Estocolmo, necessidade de esforços globais coordenados
em nível internacional, houve a tomada de uma para o desenvolvimento sustentável, de modo a
nova postura frente à questão ambiental. Foram assegurar a manutenção dos ecossistemas, pro-
estipulados 26 princípios que orientariam a co- movendo uso racional dos recursos naturais e
munidade internacional quanto às suas ações fu- preservando a diversidade genética (CALIJURI;
turas; os quatro principais objetivos destes prin- CUNHA, 2013).

42 Meio Ambiente e Sociedade


O princípio do desenvolvimento sustentável pode ser conceituado
como o direito que os homens possuem para desenvolverem e
realizarem suas potencialidades, individual e socialmente, bem
como o direito de assegurar as mesmas condições favoráveis às
futuras gerações.
Fonte: adaptada de Milaré (2001).

Em 1987, o termo desenvolvimento sustentável foi consagrado no


Relatório de Brundtland, intitulado de “Nosso Futuro em Comum”
da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo definido como
“[...] desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem
as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988 apud CALIJURI;
CUNHA, 2013, p. 699). Neste sentido, observe, caro(a) aluno(a), que
o tripé do desenvolvimento sustentável é formado pelas dimensões
social, econômica e ambiental, de modo a compatibilizar todas as
atividades humanas com o meio ambiente.

EIO AMBIENTE
M biente natural
am vi
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Um

el
De Eco tentá
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Desenvolvimento
Sustentável
IAL edade

Economi NO
ECO
O Soci

Ambiente
as
a

Social
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C

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Nu S Igualitário MI ciente
A

UNIDADE 2 43
De acordo com Sachs (1993), diversos eventos internacionais, incluindo a Conferência das
Nações Unidas de Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD (Rio 92) - consagra-
ram a percepção de desenvolvimento sustentável. Assim, os compromissos firmados nessa
conferência consolidaram a perspectiva de se redirecionarem os processos de crescimento
vigentes para um novo modelo de desenvolvimento regido pela integração e sustentabili-
dade nas suas dimensões sociais, econômicas, ecológicas, geopolíticas e culturais.
A Rio 92 ficou conhecida como a “Cúpula da Terra” e “chamou a atenção do mundo
para a dimensão global dos perigos que ameaçam a vida no planeta e, por conseguinte,
para a necessidade de uma aliança entre todos os povos em prol de uma sociedade sus-
tentável” (CNUMAD, 1995, on-line). Como produto dessa conferência, foram assinados
alguns documentos, dentre eles a Agenda 21.

A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a cons-


trução de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia
métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Fonte: MMA
([2021], on-line)1.

Por fim, para se alcançar o desenvolvimento sustentável, a Cúpula das Nações Uni-
das para o Desenvolvimento Sustentável, em 2015, estabeleceu 17 objetivos (MMA,
[2021], on-line)2:
1. Erradicação da pobreza.
2. Fome zero.
3. Boa saúde e bem-estar.
4. Educação de qualidade.
5. Igualdade de gênero.
6. Água limpa e saneamento.
7. Energia acessível e limpa.
8. Emprego digno e crescimento econômico.
9. Indústria, inovação e infraestrutura.
10. Redução das desigualdades.
11. Cidades e comunidades sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis.
13. Combate às alterações climáticas.
14. Vida de baixo d’água.
15. Vida sobre a terra.
16. Paz, justiça e instituições fortes.
17. Parcerias em prol das metas.

44 Meio Ambiente e Sociedade


Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Houveram a Rio+10 e a Rio+20 que marcaram, respectivamente, os 10 e 20 anos que


se passaram desde a Rio 92. Ambas convenções objetivaram reformular tratados e
acordos, e evoluir na discussão sobre a busca de soluções e planejamentos para o
desenvolvimento sustentável, em escala global. A Rio+10, também conhecida como a
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorreu em Joanesburgo, África
do Sul; e a Rio+20 aconteceu em sua localidade de origem, Rio de Janeiro, Brasil.

Neste sentido, para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, devemos nos lembrar


que existem recursos naturais que são finitos, e que devem ser manejados adequa-
damente, com vistas a preservá-los para as presentes e futuras gerações. Também
se torna importante readequarmos a economia a essa nova forma de pensar e de
produzir, de modo a prevenir toda a poluição ambiental que as atividades humanas
podem acarretar.
Para mudarmos a forma de como concebemos a natureza, um conceito que
se torna importante é o de educação ambiental, um processo desafiador de cons-
cientização e reeducação dos hábitos do homem para com o meio ambiente, de
modo que haja um equilíbrio entre ambos.

No ano de 1977, houve, em Tbilisi, antiga URSS, a Conferência Intergovernamental


sobre Educação Ambiental; tal evento foi um marco na internacionalização das
discussões sobre a educação ambiental.

UNIDADE 2 45
Educação
Ambiental

No Brasil, o Estado legitima a questão da edu-


cação ambiental como um fator necessário para
um meio ambiente sadio, por meio da Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA):

46 Meio Ambiente e Sociedade



A Política Nacional do Meio Ambiente tem
por objetivo a preservação, melhoria e recu-
peração da qualidade ambiental propícia à
vida, visando assegurar, no País, condições A educação ambiental é um processo perma-
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos nente no qual os indivíduos e a comunidade
interesses da segurança nacional e à prote- tomam consciência do seu meio ambiente e ad-
ção da dignidade da vida humana, atendi- quirem conhecimentos, habilidades, experiên-
dos os seguintes princípios: cias, valores e a determinação que os tornam
[...] capazes de agir, individual ou coletivamente,
X - educação ambiental a todos os níveis na busca de soluções para os problemas am-
de ensino, inclusive a educação da comu- bientais, presentes e futuros.
nidade, objetivando capacitá-la para parti- Fonte: UNESCO (1987 apud ADAMS, [2021],
cipação ativa na defesa do meio ambiente” on-line)3.
(BRASIL, 1981, on-line).

Ainda, a Constituição Federal brasileira de 1988 foi a


primeira a incluir um capítulo dedicado inteiramen- Em seu artigo 2º, a lei nº 9.795/99 (BRASIL,
te ao meio ambiente. O referido documento cita, em 1999) declara que a educação ambiental deve
seu artigo 225, § 1º, VI, que para assegurar a efetivi- estar articulada em todos os níveis e modali-
dade do direito que todos temos ao meio ambiente dades da educação, em caráter formal e não
ecologicamente equilibrado, o Poder Público deverá formal. Por caráter formal, entende-se a edu-
“promover a educação ambiental em todos os níveis cação ambiental na educação escolar, incluindo
de ensino e a conscientização pública para a preser- a educação básica, educação superior, educação
vação do meio ambiente” (BRASIL, 1988, on-line). especial, educação profissional e educação de
No Brasil, a educação ambiental é objeto de lei jovens e adultos; por caráter não formal, diz
específica, por meio da lei nº 9.795/99, que dispõe respeito às ações e práticas educativas voltadas
sobre a educação ambiental e institui a Política Na- para a sensibilização de toda a sociedade, no que
cional de Educação Ambiental (PNEA). A referida se refere à manutenção da qualidade ambiental.
lei conceitua a educação ambiental como: Assim, são vários os atores sociais responsá-


veis por difundir a educação ambiental, incluin-
Processos por meio dos quais o indivíduo do o Poder Público, as instituições de educação,
e a coletividade constroem valores sociais, os órgãos do Sistema Nacional do Meio Am-
conhecimentos, habilidades, atitudes e biente, os meios de comunicação, as empresas
competências voltadas para a conservação públicas ou privadas e a sociedade de maneira
do meio ambiente, bem de uso comum do geral. E, se todos os envolvidos realizarem suas
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua funções, poderemos garantir a qualidade do
sustentabilidade” (BRASIL, 1999, on-line). meio ambiente.

UNIDADE 2 47
Ainda, a PNEA estabelece, em seu artigo 5º, alguns objetivos fundamentais da educação ambiental, são eles:


I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e com-
plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos,
científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do
equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inse-
parável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais,
com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos
para o futuro da humanidade” (BRASIL, 1999, on-line).

48 Meio Ambiente e Sociedade


Neste sentido, Pelicioni (2005) cita que a educação ambiental deve ser um processo permanente e
contínuo, com enfoque humanístico e participativo, de modo a desenvolver habilidades necessárias
para a solução dos problemas ambientais. Dessa forma, caro(a) aluno(a), a educação ambiental, seja no
caráter formal ou não formal, deve ocorrer continuamente, com vistas a sensibilização da sociedade
para com as questões ambientais; e quanto maior for o nível de educação ambiental da população, mais
eficazes serão as ações voltadas para a qualidade do meio ambiente. Observe a Figura 1, em que Dias
(2004) explica os princípios da educação ambiental:

EDUCAÇÃO
AMBIENTAL

Desenvolver

Conhecimento
Compreensão para adquirir Valores
Habilidades Mentalidades
Motivação Atitudes

necessário para lidar com

e encontrar Questões/Problemas
Soluções Ambientais
sustentáveis

Figura 1 - Educação Ambiental: Princípios e Práticas / Fonte: adaptada de Dias (2004).

Perceba que tanto em âmbito nacional como internacional, é valorizado o importante papel da edu-
cação ambiental diante dos problemas ambientais. Nas palavras de Teixeira et al. (2011, p. 228), todos
os atores sociais “[...] reconhecem na educação ambiental uma das possibilidades de proporcionar a
melhoria na qualidade de vida a partir de ações educativas que oportunizem mudanças nas relações
entre o homem e o meio sócio-ambiental”.
Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unidade, nós vimos que a relação homem versus natureza
foi sendo alterada com o passar do tempo e se o equilíbrio entre essa relação foi quebrado após a revo-
lução industrial, principalmente após os anos 60, houve em todo o mundo sensibilização para com a
problemática ambiental; neste sentido, o desenvolvimento sustentável aliado à educação ambiental se
tornam instrumentos imprescindíveis para o uso consciente dos recursos naturais e a garantia destes
para as presentes e futuras gerações.
No contexto do desenvolvimento sustentável, atualmente, fazem-se presentes tecnologias alterna-
tivas que possibilitam a redução dos impactos que o homem causa ao meio ambiente, por exemplo a
utilização das tecnologias para tratamento de efluentes líquidos, adoção de filtros nas chaminés que
evitam a poluição atmosférica, construção de aterros sanitários para disposição de resíduos sólidos etc.

UNIDADE 2 49
1. Nós estudamos que a relação do homem com o meio ambiente sempre
existiu, de forma que esta foi se alterando com a civilização do ser humano.
Sabendo disso, assinale a alternativa incorreta.
a) A revolução industrial acentuou a exploração dos recursos naturais pelo
homem.
b) A busca pelo desenvolvimento a todo custo acarretou em diversos acidentes
ambientais, principalmente nos países em desenvolvimento, visto que estes
não tinham tecnologia adequada.
c) No início, existia uma relação de equilíbrio entre homem e natureza, visto
que ele retirava somente o que era necessário para sua sobrevivência.
d) A utilização desenfreada dos recursos naturais trouxe diversas consequên-
cias ao meio ambiente, dentre elas a poluição do solo, da água e do ar.
e) O estilo de vida voltado para o consumismo também foi um dos fatores que
levou ao uso irracional dos recursos naturais.

2. No que se refere ao histórico das conferências a nível mundial para com as


questões ambientais, houve a Conferência de Estocolmo. Sabendo disso,
considere as afirmações a seguir.
I) A Conferência de Estocolmo foi realizada no século XVIII, ao final da Revo-
lução Industrial, como forma de conter todos os prejuízos gerados pela
industrialização.
II) O aumento de problemas ambientais, como a modificação das paisagens
naturais, chamou a atenção da população, e foi um dos fatores que mo-
tivaram a ocorrência da Conferência de Estocolmo.
III) A partir da Conferência de Estocolmo, foram estabelecidos princípios que
orientaram a comunidade internacional quanto às suas ações e, dentre
eles, cita-se a preservação dos recursos naturais.

50
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão corretas.

3. Nesta unidade, nós discutimos sobre a educação ambiental e como ela pode
ser utilizada para conscientizar a população sobre a necessidade de preser-
vação do meio ambiente. Conceitue a educação ambiental e cite como ela
deve estar articulada com a educação nacional.

51
LIVRO

Acidentes ambientais e planos de contingência


Autor: Henrique Chupil
Editora: Intersaberes
Sinopse: esta obra é destinada aos profissionais da área ambiental e aos inte-
ressados no assunto. Entre os conteúdos presentes, estão conceitos necessá-
rios para a compreensão dos efeitos de acidentes ambientais, o histórico dos
principais acidentes e noções básicas de legislação.

LIVRO

Educação ambiental e sustentabilidade


Autor: Arlindo Philippi Jr. e Maria Cecília Focesi Pelicioni
Editora: Manole
Sinopse: incluindo novos temas de grande relevância na atualidade, a obra foi
estruturada em 5 partes, composta por Introdução, Fundamentação Ambiental,
Fundamentação em Educação Ambiental, Métodos e Estratégias de Educação
Ambiental e Estudos Aplicados à Educação Ambiental. Conta com a participação
de especialistas de diversas áreas, que abordam o tema sob perspectiva inter-
disciplinar, demonstrando a importância das relações da educação ambiental
com saúde, ambiente, direito, cidadania, política, cultura e sustentabilidade.

52
FILME

A última hora (The 11th Hour)


Ano: 2007
Sinopse: é um documentário dirigido por Leonardo DiCaprio, que faz um alerta
à humanidade sobre os problemas ambientais que o mundo sofre e apresenta
um conjunto de soluções práticas para restaurar os ecossistemas do planeta,
tendo a contribuição de cientistas, ambientalistas e políticos.

WEB

O documentário “A história das coisas (The story of stuff)”, de apenas 20 minu-


tos, apresenta uma visão crítica a respeito da sociedade do consumo. Mostra
todas as etapas que produtos que consumimos passam, desde a extração dos
recursos naturais, fabricação, distribuição, consumo pelo homem e descarte de
resíduos no próprio meio ambiente.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

53
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, 1981. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 24 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 24 fev. 2021.

CALIJURI, M. do C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Rio de Janeiro:
ELSEVIER, 2013.

CNUMAD. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Agenda 21, 1995.
Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf. Acesso em: 04 set. 2017.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.

FOGAÇA, T. K. et al. Conservação dos recursos naturais e sustentabilidade: um enfoque geográfico. Curi-
tiba: Intersaberes, 2017.

MILARÉ, E. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. 5. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2012.

NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

PASSOS, P. N. C. de. A Conferência de Estocolmo como ponto de partida para a proteção internacional do meio
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ROCHA, J. M. da. Política internacional para o meio ambiente: avanços e entraves pós conferência de Estocolmo.
Rev. Cent. Ciênc. Admin., v. 9, n. 2, p. 229-240, 2003.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XII: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio
Nobel, 1993.

54
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.

TEIXEIRA, L. A. et al. A teoria, a prática, o professor e a educação ambiental: algumas reflexões. Olhar de
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JR., A.; FREITAS, V. P. de.; SPÍNOLA, A. L. S. Direito ambiental e sustentabilidade. São Paulo: Manole, 2016.
(Coleção Ambiental, v. 18).

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2Em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/
134-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods. Acesso em: 24 fev. 2021.

3Em: http://www.apoema.com.br/definicoes.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.

55
1. B.

2. D.

3. A educação ambiental é definida como um processo, a partir do qual os indivíduos e a coletividade cons-
troem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação
do meio ambiente. De acordo com a PNEA, a educação ambiental é um componente fundamental da edu-
cação nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, tanto
em caráter formal quanto não formal.

56
Me. Rebecca Manesco Paixão

Licenciamento Ambiental

PLANO DE ESTUDOS

Licença Ambiental Custos do Licenciamento


Ambiental

Licenciamento Ambiental Etapas do Licenciamento Importância do


Ambiental Licenciamento Ambiental

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conceituar licenciamento ambiental.


• Diferenciar as licenças ambientais existentes.
• Definir as etapas do licenciamento ambiental.
• Apresentar os custos advindos do processo de licenciamento ambiental.
• Realçar a importância do licenciamento ambiental no contexto de proteção do meio ambiente.
Licenciamento
Ambiental

Caro(a) aluno(a), nós vimos que as atividades hu-


manas podem causar degradação do meio am-
biente; neste sentido, no Brasil, existem leis que
buscam compatibilizar a atividade econômica do
país, com a preservação do meio ambiente.
De acordo com Sánchez (2008), o licenciamen-
to ambiental brasileiro começou em alguns esta-
dos em meados da década de 70, e foi incorporado
à legislação federal como um dos instrumentos
da Lei nº 6.938/81, a qual dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A referida
lei, declara que:


a construção, instalação, ampliação e funcio-
namento de estabelecimentos e atividades
utilizadores de recursos ambientais, efetiva
ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental dependerão de prévio licencia-
mento ambiental (BRASIL, 1981, on-line).

Assim, perceba que o licenciamento ambiental é


exigido para a construção e instalação de empreen-
dimentos/atividades, e também para a ampliação
de estabelecimentos já existentes, assim como para
seu funcionamento. Além disso, observa-se que o Neste sentido, observe, caro(a) aluno(a), que o licen-
fechamento ou a desativação de empreendimen- ciamento ambiental é um dos mais importantes ins-
tos/atividades utilizadores de recursos ambientais trumentos da PNMA, que objetiva compatibilizar a
efetiva ou potencialmente poluidores, ou capazes preservação do meio ambiente com o desenvolvi-
de causar degradação ambiental, não eram objeto mento econômico e social, de modo que um direito
de autorização ambiental, de acordo com a PNMA, não comprometa o outro; assim, o licenciamento
de forma que essa última fase do ciclo de vida dos ambiental tem caráter preventivo, ou seja, visa evitar
empreendimentos não era percebida como capaz que um empreendimento/atividade cause danos ao
de causar danos ambientais. meio ambiente, seja em sua implantação, operação
Foi somente no ano de 2002 que se encon- ou desativação.
trou na legislação brasileira especificações sobre É importante destacar que a PNMA cria o SIS-
o encerramento de empreendimentos/atividades. NAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, do
Observe o Decreto nº 47.400/2002, que estabelece: qual o CONAMA – Conselho Nacional do Meio


Ambiente faz parte. E dessa forma, tanto a Lei nº
[...] os empreendimentos sujeitos ao licen- 6.938/81 quanto o Decreto nº 99.274/90 atribuem
ciamento ambiental deverão comunicar ao ao CONAMA a competência de estabelecer normas
órgão competente do SEAQUA a suspensão e critérios para o licenciamento de empreendimen-
ou o encerramento das suas atividades. tos/atividades utilizadores de recursos ambientais e
§ 1.º - A comunicação a que se refere o efetiva ou potencialmente poluidoras. Assim, o CO-
“caput”, deverá ser acompanhada de um NAMA, no exercício de suas competências, instituiu
Plano de Desativação que contemple a si- uma série de resoluções que tratam a respeito do
tuação ambiental existente e, se for o caso, licenciamento ambiental, sendo as mais importan-
informe a implementação das medidas de tes: Resoluções nº 001/86 e 237/97.
restauração e de recuperação da qualidade A Resolução CONAMA nº 237/97 define o li-
ambiental das áreas que serão desativadas cenciamento ambiental como:


ou desocupadas.
§ 2.º - O órgão competente do SEAQUA [...] procedimento administrativo pelo qual o
deverá analisar o Plano de Desativação, ve- órgão ambiental competente licencia a loca-
rificando a adequação das propostas apre- lização, instalação, ampliação e a operação de
sentadas, no prazo de 60 dias. empreendimentos e atividades utilizadoras
§ 3.º - Após a restauração e/ou recupera- de recursos ambientais, consideradas efetiva
ção da qualidade ambiental, o empreende- ou potencialmente poluidoras ou daquelas
dor deverá apresentar um relatório final, que, sob qualquer forma, possam causar de-
acompanhado das respectivas Anotações gradação ambiental, considerando as dispo-
de Responsabilidade Técnica, atestando o sições legais e regulamentares e as normas
cumprimento das normas estabelecidas no técnicas aplicáveis ao caso (CONAMA, 1997,
Plano de Desativação. art. 1º, § 1º).
§ 4.º - Ficará o declarante sujeito às penas
previstas em lei, em caso de não cumpri- Dessa forma, observe, caro(a) aluno(a), que o licen-
mento das obrigações assumidas no rela- ciamento ambiental é definido como um procedi-
tório final (BRASIL, 2002, on-line). mento administrativo, ou seja, algo que se estende

UNIDADE 3 59
temporalmente e que requer providências em uma de licenciamento ambiental, a depender do uso dos
sequência encadeada, de modo a abranger todas as recursos naturais e da capacidade do empreendi-
variáveis que podem afetar negativamente o meio mento causar degradação ambiental ou ser efetiva
ambiente e que tem como produto final a autoriza- ou potencialmente poluidor, cabendo ao empreen-
ção do empreendimento/atividade, sob o atestado dedor a consulta ao órgão ambiental competente.
de cumprimento da legislação vigente.
No entanto, nas palavras de Sánchez (2008, p. 80):


[...] não há direito líquido e certo de um
empreendedor obter uma licença ambien- O mercado, cada vez mais, exige empresas li-
tal, mas cabe ao agente público (órgão li- cenciadas e que cumpram a legislação ambien-
cenciador) analisar o projeto pretendido e tal. Além disso, os órgãos de financiamento e
seus impactos ambientais para decidir da de incentivos governamentais, como o BNDES,
conveniência ou não de conceder a licença condicionam a aprovação dos projetos à apre-
(autorização), e quais condições podem ser sentação da Licença Ambiental.
impostas para que esta seja concedida. Fonte: Firjan (2004, p. 4).

Contudo, quais são as atividades ou empreendi-


mentos sujeitos ao licenciamento ambiental? Em
seu Anexo I, a Resolução CONAMA nº 237/97 Tipos de Licenciamento
traz uma lista de empreendimentos/atividades Ambiental
que estão sujeitos ao licenciamento ambiental, a
exemplo das atividades de extração e tratamento Quanto aos tipos de licenciamento ambiental, Tei-
de minerais; indústrias de produtos minerais não xeira (2010) classifica em quatro tipos, dependendo
metálicos; indústrias metalúrgicas; indústrias da potencialidade de causar impacto ambiental: li-
mecânicas; indústrias de material elétrico, eletrô- cenciamento complexo, licenciamento ordinário, li-
nico e de comunicações; indústrias de materiais cenciamento simplificado e licenciamento corretivo.
de transporte; indústrias de madeira; indústrias Segundo Farias (2006), a maior parte das atividades
de papel e celulose; indústrias de borracha; in- licenciadas são do tipo licenciamento ordinário, pois
dústrias de couros e peles; indústrias químicas; em termos numéricos, são poucas as atividades que
indústrias de produtos de matéria plástica; in- podem ser consideradas efetiva ou potencialmente
dústrias têxtil, de vestuário, calçados e artefatos poluidoras.
de tecidos; indústrias de produtos alimentares e • Licenciamento complexo: quando a ati-
bebidas; indústrias de fumo; indústrias diversas; vidade ou o empreendimento é capaz de
obras civis; serviços de utilidade; transporte, ter- causar significativo impacto ambiental. Ne-
minais e depósitos; turismo; atividades diversas; cessita de apresentação de EIA (Estudo de
atividades agropecuárias e atividades que se uti- Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório de
lizam de recursos naturais. Impacto Ambiental), que será abordado com
Entretanto, devemos compreender que, além mais profundidade na Unidade 4, apoiados
das atividades contidas nessa lista, também po- no Termo de Referência fornecido pelo ór-
dem existir outras atividades que serão passíveis gão ambiental.

60 Licenciamento Ambiental
• Licenciamento ordinário: quando a ati- Neste sentido, de acordo com a Resolução CO-
vidade ou o empreendimento não apresen- NAMA nº 237/97, compete ao IBAMA (Institu-
ta significativo impacto ambiental. Neste to Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
caso, EIA e RIMA são substituídos por Naturais) a concessão de licenças ambientais
outro estudo ambiental menos complexo, a empreendimentos/atividades: (a) localizados
exigido pelo órgão ambiental. ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em
• Licenciamento simplificado: quando país limítrofe; (b) localizados ou desenvolvidos
a atividade ou empreendimento causam no mar territorial; (c) localizados ou desenvol-
baixo impacto ambiental, de acordo com o vidos na plataforma continental; (d) localizados
artigo 12, § 1º, da Resolução CONAMA nº ou desenvolvidos na zona econômica exclusi-
237/97. Poderá ser solicitado um Relatório va; (e) localizados ou desenvolvidos em terras
Ambiental Simplificado (RAS). indígenas ou em unidades de conservação do
• Licenciamento corretivo: quando a ati- domínio da União; (f) localizados ou desen-
vidade ou empreendimento opera sem a volvidos em dois ou mais estados; (g) cujos im-
licença ambiental. Neste caso, o órgão am- pactos ultrapassem os limites do país; (h) cujas
biental poderá embargar a atividade, ainda atividades envolvem material radioativo; e (i)
que cumulada com outra sanção, a fim de militares (CONAMA, 1997, art. 4°).
estimular a requisição de licenciamento Compete aos estados e ao Distrito Federal o
ambiental. licenciamento de empreendimentos/atividades:
(a) desenvolvidos em mais de um município; (b)
localizados ou desenvolvidos nas florestas e de-
Competências do mais formas de vegetação natural de preserva-
Licenciamento Ambiental ção permanente; (c) cujos impactos ambientais
diretos ultrapassem os limites territoriais de um
Caro(a) aluno(a), no estudo do licenciamen- ou mais municípios (CONAMA, 1997, art. 5º).
to ambiental, é importante compreendermos as Ainda, compete ao órgão ambiental municipal
competências para o licenciamento ambiental. A o licenciamento de empreendimentos/atividades
Constituição Federal de 1988, no que diz respeito de impacto ambiental local e daquelas que lhe fo-
à preservação do patrimônio público em geral e, é rem delegadas pelo estado por instrumento legal
claro, do meio ambiente, estabelece, em seu artigo 23, ou convênio (CONAMA, 1997, art. 6º).
que é de competência de todos os entes federados,
União, estados, Distrito Federal e municípios:


III - proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os Tenha sua dose extra de
monumentos, as paisagens naturais notáveis conhecimento assistindo
e os sítios arqueológicos; ao vídeo. Para acessar,
VI - proteger o meio ambiente e combater a use seu leitor de QR Code.

poluição em qualquer de suas formas;


VII - preservar as florestas, a fauna e a flora
(BRASIL, 1988, on-line).

UNIDADE 3 61
Licença
Ambiental

Nós vimos que o licenciamento ambiental é defi-


nido como um procedimento administrativo ne-
cessário a um dado empreendimento que requer
certas providências e cujo objetivo é a autoriza-
ção legal da atividade econômica, sob atestado de
cumprimento da legislação para o controle am-
biental. Assim, enquanto o licenciamento ambien-
tal é um procedimento, a licença ambiental é o
documento produto do licenciamento ambiental.
A licença ambiental, de acordo com a Resolução
CONAMA, é definida como:


[...] ato administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente, estabelece as con-
dições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas
pelo empreendedor, pessoa física ou jurí-
dica, para localizar, instalar, ampliar e operar
empreendimentos ou atividades utilizado-
ras dos recursos ambientais consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental (CONAMA,
1997, artigo 1º, § 2º).

62 Licenciamento Ambiental
Empreendimento atuando em harmonia
com o meio ambiente.

Empreendimento sem medidas de controle ambiental,


causando poluição da água, do solo e do ar.

E para a obtenção da licença ambiental, os impactos ambientais decorrentes da implantação e opera-


ção do empreendimento deverão ser previstos, corrigidos, mitigados e/ou compensados, assim como
introduzidas práticas adequadas de gestão na operação, na perspectiva da contribuição do empreen-
dimento à qualidade ambiental e à sua sustentabilidade (IBAMA, 2002).

É de se esperar que a tramitação da documentação para obtenção das licenças ambientais deman-
de tempo proporcional à complexidade do projeto, o que acaba por gerar críticas ao procedimento
administrativo, licenciamento ambiental, visto que os empreendedores anseiam o início rápido de
suas atividades.

Empreendimento atuando em harmonia


com o meio ambiente.

UNIDADE 3 63
Caro(a) aluno(a), atente-se que a licença ambien- Licença Prévia (LP)
tal não é concedida em um único documento, mas
sim nas diversas fases de um empreendimento, Na primeira etapa de obtenção do licenciamento
como forma do órgão ambiental obter conhe- ambiental, o empreendedor procurará o órgão
cimento aprofundado de todos os aspectos do ambiental competente e definirá junto a este a
empreendimento que podem causar dano am- documentação necessária a ser levantada, projetos
biental; neste sentido, o processo de licenciamen- e estudos necessários.
to ambiental não termina com a obtenção da li- A licença prévia aprovará a localização e ates-
cença ambiental, e após a emissão desta, o órgão tará a viabilidade ambiental do empreendimento,
ambiental poderá modificar as condicionantes após exame dos impactos ambientais gerados por
estabelecidas, bem como as medidas de contro- ele, dos programas de redução e mitigação dos
le e adequação e, ainda, suspender ou cancelar a impactos negativos e maximização dos impactos
licença quando houver: “violação ou inadequação positivos. Para o caso de empreendimentos efetiva
de quaisquer condicionantes ou normas legais, ou potencialmente causadores de danos ambien-
omissão ou falsa descrição de informações rele- tais, a emissão da LP dependerá da aprovação do
vantes que subsidiaram a expedição da licença, Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo
e superveniência de graves riscos ambientais e Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente
de saúde” (CONAMA, 1997, art. 19). Além disso, (IBAMA, 2002; TCU, 2007), conforme preconi-
para o caso de empreendimentos/atividades que zado na Resolução CONAMA nº 001/86. Para o
provoquem perda de biodiversidade e de recursos caso de dispensa de apresentação do EIA/RIMA,
naturais, a compensação ambiental é obrigatória o empreendedor deverá apresentar um Relatório
no processo de licenciamento ambiental, com de Controle Ambiental (RCA), conforme preconi-
fundamento no EIA (IBAMA, 2002). zado na Resolução CONAMA nº 10/90, ou outros
Para cada uma das fases de um empreendi- estudos ambientais exigidos pelo órgão ambiental.
mento/atividade, citadas anteriormente, é ne- Caro(a) aluno(a), neste sentido, observe que
cessária uma licença adequada. São elas: licença a concessão da licença prévia é condição para a
prévia, licença de instalação, licença de operação continuidade do processo de licenciamento am-
e licença simplificada. Veremos com mais detalhes biental, e é um sinal verde para o empreendedor
cada uma delas a seguir. seguir adiante com o projeto do empreendimen-
to/atividade. O Tribunal de Contas da União
(TCU, 2007, p. 17) ainda destaca a importância
dessa fase, uma vez que é nela em que:
a) São levantados os prováveis impactos am-
Licença prévia: exigida para o planejamento do bientais e sociais.
empreendimento; licença de instalação: exigida b) São avaliadas a magnitude e abrangência
para a instalação/construção da obra; licença de dos impactos.
operação: exigida para a operação/funcionamen- c) São formuladas medidas para minimizar
to do empreendimento; e licença simplificada: ou eliminar os impactos.
pode englobar duas ou três dessas licenças. d) São ouvidos os órgãos ambientais e órgãos
e entidades setoriais, em cuja área de atua-
ção se situa o empreendimento.

64 Licenciamento Ambiental
e) São discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos ambien-
tais, bem como as medidas mitigadoras e compensatórias.
f) É tomada a decisão sobre a viabilidade ambiental do empreendimento.

Por fim, cabe ao órgão ambiental estabelecer o prazo de validade de cada licença. De acordo
com a Resolução CONAMA nº 237/97 (art. 18, I): “o prazo de validade da licença prévia (LP)
deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas
e projetos relativos ao empreendimento/atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos”.

Licença de Instalação (LI)

Após a obtenção da licença prévia, deverá ser solicitado, junto ao órgão ambiental, a licença
de instalação com o projeto de construção do empreendimento, incluindo neste as medidas
de controle ambiental determinadas previamente. Para requerer a LI, o empreendedor deverá
cumprir alguns requisitos, como: comprovar o cumprimento das condicionantes estabelecidas
na LP; apresentar planos, programas e projetos ambientais detalhados e respectivos crono-
gramas de implementação; e apresentar detalhamento das partes dos projetos de engenharia
relacionados com as questões ambientais (TCU, 2007).
Observe, caro(a) aluno(a), que a concessão dessa licença implica na autorização das obras
do empreendimento, cabendo ao órgão ambiental o monitoramento das condicionantes
determinadas.
A Resolução CONAMA nº 237/97 (art. 18, II) cita que: “o prazo de validade da licença
de instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos”.

Licença de Operação (LO)

Por fim, após a obtenção da licença de instalação, deverá ser solicitado, junto ao órgão am-
biental, a licença de operação, a qual aprova a forma de convívio do empreendimento com o
meio ambiente e estabelece condicionantes para a continuidade da operação. Ela é concedida
após verificação do cumprimento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores,
e contém medidas de controle ambiental e condicionantes que deverão ser cumpridas para
o funcionamento do empreendimento (TCU, 2007).
A licença de operação é concedida por um período finito: “o prazo de validade da licença
de operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4
(quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos” (CONAMA, 1997, art. 18, III).
Além disso, no prazo de 120 dias antes da expiração da LO, deverá ser requerida a Re-
novação da Licença de Operação (RLO) junto ao órgão ambiental para a continuidade das
atividades do empreendimento.

UNIDADE 3 65
Licença Simplificada

Conforme previsto na Resolução CONAMA nº 237/97, artigo 12, § 1º: “poderão ser
estabelecidos procedimentos simplificados para os empreendimentos/atividades de
pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respec-
tivos Conselhos de Meio Ambiente”. Neste tipo de licença ambiental, as três fases do
licenciamento ambiental podem ser reunidas em apenas uma ou duas fases, levando
em consideração a gravidade dos impactos ambientais a serem causados pelo em-
preendimento. Assim, o órgão ambiental poderá emitir uma única licença, composta
pela localização, instalação e operação do empreendimento, de acordo com o artigo
5º da Resolução CONAMA nº 412/2009, ou após atestar a viabilidade do empreen-
dimento, por meio da licença prévia, autoriza sua instalação e operação, mediante à
concessão de uma única licença de instalação e operação (LIO), conforme previsto
na Resolução CONAMA nº 387/06.
Neste contexto, caro(a) aluno(a), segundo Teixeira (2010), este tipo de licença sim-
plificada pode ser concedida a: empreendimentos elétricos com pequeno potencial
de impacto ambiental, sistema de esgotamento sanitário, projetos de assentamento de
reforma agrária e empreendimentos destinados à construção de habitações de interesse
social, entre outros.

Regularização de Empreendimento não Licenciado

Caro(a) aluno(a), haverá necessidade de licença ambiental de regularização quando


as obras do empreendimento ou suas atividades se iniciam sem as devidas licenças de
instalação e operação, respectivamente. No entanto, Oliveira (1998, p.127) destaca que,
nesses casos, nem sempre o licenciamento ambiental é concedido:


[...] analisada a questão, caso seja inviável a instalação ou operação do empreendi-
mento no local onde estava sendo realizada, por razões ambientais, a licença deve ser
negada e intimado o responsável a restabelecer as condições ambientais existentes
antes de sua intervenção, inclusive via judicial. Apenas se for viável a instalação e
operação do empreendimento no local é que se admite tenha prosseguimento o
processo de licenciamento.

Para permissão e regularização de empreendimentos em que a instalação e operação é


viável, foi estabelecido, pelo artigo 79, da Lei nº 9.605/98, o Termo de Compromisso, que
serve para permitir que as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pelas empresas que
estão irregulares tomem as devidas ações corretivas, atendendo às exigências impostas
pelas autoridades ambientais. Após a celebração do Termo de Compromisso, ficam
suspensas as autorizações administrativas impostas ao empreendimento (TCU, 2007).

66 Licenciamento Ambiental
ETAPAS DO
Licenciamento Ambiental

Quanto às etapas do procedimento de licencia-


mento ambiental, elas devem obedecer ao pro-
posto no artigo 10º da Resolução CONAMA
nº 237/97, entre as quais, algumas podem ser
dispensadas. Na primeira etapa, serão definidos
quais documentos, projetos e estudos serão neces-
sários para iniciar o processo de licenciamento.
Em seguida, é requerida a licença ambiental pelo
empreendedor, dando-se a devida publicidade, a
qual é regulamentada pela Resolução CONAMA
nº 006/86, e deve ocorrer em três fases: no pedido
da licença, na concessão e também na renovação,
e deve ser feita em Jornal Local e Diário Oficial.
Após, os documentos serão analisados pelo
órgão ambiental e realizadas vistorias técnicas
quando necessário. Quando couber, serão soli-
citados esclarecimentos e complementações dos
documentos, projetos e estudos ambientais apre-
sentados e também uma audiência pública, de
acordo com a regulamentação pertinente que, em
seguida, poderão ser solicitados esclarecimentos e
complementações pelo órgão ambiental.

UNIDADE 3 67
Por fim, haverá a emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico, de deferimento ou indeferimento do pedido de licença ambiental. A Figura
1 ilustra todas estas etapas, resumidamente.

Definições dos
Requerimento Análise do
projetos e
da licença processo
estudos
ambiental
ambientais

Audiência Solicitação de
esclarecimentos e Vistorias
pública técnicas
complementações

Solicitação de Emissão do
esclarecimentos e parecer técnico:
complementações deferimento ou
da audiência indeferimento

Figura 1 - Etapas do licenciamento ambiental / Fonte: a autora.


Segundo Milaré (2013), essas etapas do licenciamento ambiental podem ser resumidas
em três fases: fase deflagratória, na qual o interessado requer a licença; fase ins-
trutória, em que será realizada a arrecadação dos componentes que irão contribuir
com a decisão administrativa; e, por fim, a fase decisória, em que a licença é ou não
aprovada pelo órgão ambiental.

68 Licenciamento Ambiental
CUSTOS DO
Licenciamento Ambiental

Caro(a) aluno(a), o processo de licenciamento


ambiental envolve custos, todos a cargo do pro-
ponente. Alguns desses custos são:
• Contratação de profissional para elaboração
dos estudos ambientais (EIA, RIMA etc.).
• Contratação de empresa de consultoria
ambiental para interagir com o órgão am-
biental, podendo ou não ser a mesma que
elaborou os estudos ambientais.
• Despesas relativas a reuniões e/ou audiên-
cias públicas, quando necessário.
• Despesas com publicações em jornal de
veiculação pública, de modo a tornar pú-
blico a solicitação, concessão e renovação
da licença ambiental.
• Pagamento das taxas de emissão das licen-
ças e da análise dos projetos, cobradas pelo
órgão ambiental, e que variam de acordo
com a licença (LP, LI ou LO) e com o poten-
cial poluidor ou porte do empreendimento.
• Despesas relativas à implementação de ati-
vidades voltadas ao atendimento das con-
dicionantes da licença ambiental.

UNIDADE 3 69
Dessa forma, observe que o licen-
ciamento ambiental é um proces-
so custoso, uma vez que o propo-
nente do projeto irá gerar gastos
com a contratação de consultores
ambientais para lidarem com a
documentação, bem como para
elaborarem os estudos ambientais
exigidos pelo órgão ambiental;
além das despesas com taxas para
emissão da licença, publicação em
jornal de circulação e, até mesmo,
com reuniões ou audiências públi-
cas, se for o caso. Ainda, dentro do
contexto dos custos, a implantação
de todas as medidas exigidas pelo
órgão ambiental é muito importan-
te, por exemplo a instalação de uma
estação de tratamento de efluentes,
filtros nas chaminés etc.

70 Licenciamento Ambiental
IMPORTÂNCIA DO
Licenciamento Ambiental

Para finalizarmos nosso estudo sobre licenciamento


ambiental, caro(a) aluno(a), gostaria de destacar a
importância desse procedimento administrativo.
Milaré (2009) cita que o licenciamento ambiental
é um importante instrumento de gestão ambiental,
em que, por meio dele, a Administração Pública
exerce o controle sobre as atividades humanas que
interferem nas condições ambientais, compatibili-
zando o desenvolvimento econômico com a preser-
vação do equilíbrio ecológico. Dessa forma, o direito
de empreender é limitado para garantir que este não
exceda os limites de utilização dos recursos natu-
rais, protegendo o meio ambiente e garantindo a
qualidade de vida da população (TEIXEIRA, 2010).
O Tribunal de Contas da União (TCU, 2007)
explica que com o atendimento da legislação re-
ferente ao licenciamento ambiental, o empreen-
dedor poderá gerenciar o planejamento de sua
empresa no atendimento à demanda de seus
clientes, garantindo sua atuação compatível com
o meio ambiente. O empreendedor, ainda, evita
o comprometimento da empresa em termos de
produção e prejuízo da sua imagem junto aos
clientes que valorizam a “produção limpa” e “am-
bientalmente correta” (MILARÉ, 2013).

UNIDADE 3 71
Lembre-se que, após a obtenção da licença ambiental, o órgão ambiental esta-
belece as condições, restrições, exigências e medidas de controle ambiental que
deverão ser obedecidas pelo empreendedor e, caso contrário, a licença poderá
ser cassada e pode dar ensejo à responsabilidade civil, administrativa e até penal
(FINK, 2000).
O não cumprimento dessa exigência legal, que é o licenciamento ambiental,
também é entendido como crime ambiental. A Lei nº 9.605/98 institui:


[...] Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção,
de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (BRASIL,
1998, on-line).

Além disso, a Lei nº 9.605/98 traz a pena de detenção de um a três anos e multa
para o não cumprimento da obrigação de relevante interesse ambiental (art. 68)
e pena de reclusão de três a seis anos e multa para o profissional que elaborar ou
apresentar no licenciamento ambiental concessão florestal ou qualquer outro
procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou par-
cialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão (art. 69).
Não somente pela questão legal, o licenciamento ambiental também tem sua
importância baseada na gestão ambiental. Impactos ambientais acarretados pelos
empreendimentos, como contaminação dos recursos hídricos por efluentes in-
dustriais, poluição do ar por emissões atmosféricas, degradação do solo e dentre
outras formas de poluição ambiental, que já estudamos, afetam a qualidade de vida
das populações, como a proliferação de doenças de veiculação hídrica e também
a economia de sobrevivência, uma vez que, por exemplo, peixes desaparecem e
pescadores ficam sem renda (MMA, 2009).
Assim, espera-se que as empresas deixem de ser problema e façam parte das
soluções, de forma que considerem o meio ambiente em suas decisões e adotem
concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para aumentar a
capacidade de suporte do planeta (BARBIERI, 2007).

72 Licenciamento Ambiental
1. Nesta unidade, nós estudamos sobre o licenciamento ambiental, um importan-
te instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que garante a
compatibilização da atividade econômica do país, com a preservação do meio
ambiente. Assim, defina licenciamento ambiental e o diferencie de licença am-
biental.

2. O licenciamento ambiental é composto por etapas, conforme proposto pela


Resolução CONAMA nº 237/97. Discorra sobre elas.

3. Nesta unidade, nós estudamos que a licença ambiental é o documento produto


do licenciamento ambiental. No que se refere às licenças ambientais, assinale
a alternativa incorreta.
a) A licença prévia é concedida na fase de planejamento de um empreendimento
ou atividade.
b) A licença de instalação autoriza a instalação do empreendimento e o início da
atividade.
c) A licença de operação autoriza a operação da atividade ou empreendimento.
d) A licença simplificada pode ser obtida por empreendimentos de pequeno po-
tencial de impacto ambiental.
e) A licença de regularização poderá ser emitida quando as obras do empreen-
dimento ou suas atividades se iniciam sem as devidas licenças de instalação e
operação, respectivamente, como no caso de empreendimentos antigos.

73
LIVRO

Licenciamento ambiental municipal


Autor: Andrea Cristina de Oliveira Struchel
Editora: Oficina de textos
Sinopse: este livro, voltado ao licenciamento ambiental municipal, contribui para
a capacitação de gestores, agentes públicos e privados ligados à atividade de
licenciamento e controle ambiental dos órgãos municipais do meio ambiente.
Apresenta diversos aspectos teóricos, como a doutrina jurídica e os conceitos
técnicos, mas também traz experiências práticas e informações sobre como
importantes cidades estão lidando com o licenciamento em seu dia a dia. Público
a quem se destina: profissionais e pesquisadores das áreas de Gestão Pública,
Direito, Arquitetura e Urbanismo, Meio Ambiente, Engenharia Ambiental, Eco-
logia, Biologia e demais interessados em licenciamento ambiental.

WEB

O Caderno de licenciamento ambiental elaborado pelo Ministério do Meio Am-


biente (MMA), no ano de 2009, é uma leitura muito interessante sobre esse
importante instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que é
o licenciamento ambiental.
Conheça um pouco mais sobre o conteúdo por meio do QR Code.

74
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2007.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.

BRASIL. Decreto n° 47.400, de 4 de dezembro de 2002. Regulamenta dispositivos da Lei Estadual n.º 9.509,
de 20 de março de 1997, referentes ao licenciamento ambiental, estabelece prazos de validade para cada modali-
dade de licenciamento ambiental e condições para sua renovação, estabelece prazo de análise dos requerimentos
e licenciamento ambiental, institui procedimento obrigatório de notificação de suspensão ou encerramento
de atividade, e o recolhimento de valor referente ao preço de análise. São Paulo: Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo, 2002. Disponível em: https://www.cetesb.sp.gov.br/Institucional/documentos/dec47400.
pdf?_ga=2.113996623.999914392.1614259088-749466505.1614259088. Acesso em: 25 fev. 2021.

BRASIL. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas
de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. 1990. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D99274compilado.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 006, de 24 da janeiro de 1986. Dispõe sobre
a aprovação de modelos para publicação de pedidos de licenciamento. Diário Oficial da União, Brasília, 1986.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 387, de 27 de dezembro de 2006. Estabe-
lece procedimentos para o Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2006.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 412, de 13 de maio de 2009. Estabelece
critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de
habitações de Interesse Social. Diário Oficial da União, Brasília, 2009.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, 1986.

75
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II. Diário Oficial da União,
Brasília, 1990.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe
sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
Diário Oficial da União, Brasília, 1997.

FARIAS, T. Fases e procedimentos do licenciamento ambiental. Fórum de Direito Urbano e Ambiental,


FDUA, Belo Horizonte, v. 5, n. 27, p. 3289-3427, 2006.

FINK, D. R. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora forense uni-
versitária, 2000.

FIRJAN. Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Manual de Licenciamento ambiental: guia
de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2004. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/
sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf. Acesso em: 25 fev. 2021.

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Guia de Procedimentos do Licenciamento Ambien-


tal Federal. Brasília: MMA/IBAMA/BID/PNUD, 2002. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/
sqa_pnla/_arquivos/Procedimentos. Acesso em: 25 fev. 2021.

MILARÉ, É. Direito do ambiente. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

MILARÉ, É. Direito do Ambiente. 8. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.

MMA. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de Licenciamento Ambiental. Brasília: MMA, 2009. Disponível
em: http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_arquivos/pnc_caderno_licenciamento_ambiental_01_76.
pdf. Acesso em: 25 fev. 2021.

OLIVEIRA, A. I. A. O licenciamento Ambiental. São Paulo: Editora Iglu, 1998.

SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.

TCU. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Cartilha de Licenciamento Ambiental. 2. ed. Brasília: TCU,
2007. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2059156.PDF. Acesso em 25. Fev. 2021.

TEIXEIRA, D. M. Os procedimentos do Licenciamento Ambiental. Boletim Científico ESMPU, v. 9, n. 32/33,


p. 37-69, 2010.

76
1. O licenciamento ambiental é definido como procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia à localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, que são consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou da-
quelas que possam causar degradação ambiental.

A licença ambiental é definida como um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, para todas as atividades do empreendimento ou atividade que necessita de licenciamento,
incluindo: localizar, instalar, ampliar e operar.

2. De acordo com a Resolução CONAMA nº 237/97, as etapas do licenciamento ambiental são:

Definição pelo órgão ambiental competente, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários
ao início do processo de licenciamento.

Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos necessários,


dando-se a devida publicidade.

Análise pela equipe técnica do órgão ambiental competente, dos documentos, projetos e estudos ambien-
tais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias.

Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente.

Audiência pública, quando couber.

Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de


audiências públicas.

Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico.

Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

3. B.

77
78
Me. Rebecca Manesco Paixão

Avaliação de Impactos
Ambientais

PLANO DE ESTUDOS

Histórico da Avaliação de Plano Básico Ambiental


Impactos Ambientais

Impactos Ambientais Processo de Avaliação de Impactos Ambientais de


Impactos Ambientais um Projeto de Área de
Lazer

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Definir o que são impactos ambientais.


• Conhecer o histórico da avaliação de impactos ambientais.
• Descrever o processo de avaliação de impactos ambientais.
• Conceituar o plano básico ambiental no contexto do licenciamento ambiental.
• Enumerar os impactos ambientais que um projeto de área de lazer pode causar.
Impactos
Ambientais

Caro(a) aluno(a), nas unidades anteriores, nós


vimos que as atividades humanas podem causar
modificações do meio em que vivemos, sejam
positivas ou negativas. Essas modificações são
denominadas de impactos ambientais e estes
devem ser previstos e avaliados antes mesmo
da implantação de um empreendimento/ativi-
dade, como forma de eliminá-los, controlá-los,
mitigá-los ou compensá-los.
Assim, antes de aprofundarmos nossos co-
nhecimentos no que diz respeito à avaliação
desses impactos ambientais causados pelo ho-
mem, é importante conceituarmos o que são
impactos ambientais. Uma definição que en-
contramos para o termo é a dada pela Resolução
CONAMA nº 001/86:

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indire-
tamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986, art. 1º).

Observe que a definição adotada pela Resolução CONAMA nº


001/86 indica que o impacto ambiental está relacionado com a in-
trodução de matéria ou energia, capazes de alterar as propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio, ou seja, há uma conotação
negativa imposta ao conceito de impacto ambiental, muito seme-
lhante à definição de poluição ambiental, que vimos na Unidade 1.

Impacto ambiental e poluição ambiental possuem conceitos dife-


rentes. O ato de poluir, como o despejo inadequado de efluentes
líquidos nos corpos hídricos receptores, pode causar impactos
ambientais, porém, nem todo impacto ambiental está associado
à emissão de poluentes, como a construção de barragens.

No entanto, uma outra definição encontrada na literatura explica


que impacto ambiental representa “[...] qualquer modificação do
meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em
parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização”
(ABNT, 2004, ISO 14.001).
Desta forma, de acordo com a NBR ISO 14.001/2004, o impacto
ambiental é decorrente de atividades humanas capazes de alterar
o meio ambiente, não necessariamente de maneira adversa. Um
dos principais impactos positivos que encontramos é a criação de
empregos; neste caso, trata-se de um impacto social e econômico;
mas também existem impactos positivos relacionados ao meio
ambiente, a exemplo de um projeto de coleta e tratamento de efluen-
tes líquidos que, consequentemente, promovem uma melhoria na
qualidade das águas.

UNIDADE 4 81
No conceito de impacto, tem-se três referências: a de ordem social:
a saúde, a segurança e o bem-estar da população e as atividades
sociais; a de ordem econômica: a segurança e as atividades econô-
micas; e a última, ordem de caráter natural: a biota, as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos
ambientais.
Fonte: Silvestre ([2021], p. 3).

Quanto aos impactos negativos, já estudamos vários exemplos an-


teriormente, como a emissão de poluentes gasosos que podem de-
gradar a qualidade do ar e, ainda, trazer prejuízos à saúde humana.
Você se lembra?

A regularização de um curso de água, como consequência da


construção de um reservatório, é classificada como um impacto
positivo, quando se considera o aspecto das inundações, mas
admitida como negativo, quanto à diminuição da fertilização
das margens pela deposição da matéria orgânica, que ocorreria
com as cheias.
Fonte: adaptado de Mota (2012).

De acordo com Sánchez (2008), o impacto ambiental causado por


uma ação humana pode implicar na supressão, inserção ou so-
brecarga (introdução de fatores além da capacidade de suporte
do meio, que geram desequilíbrio) de elementos no ambiente. O
Quadro 1 agrega essas implicações ao meio, derivadas dos impactos
ambientais.

82 Avaliação de Impactos Ambientais


Impacto Ambiental
Supressão de elementos Inserção de elementos Sobrecarga
Supressão da vegetação Introdução de espécie exótica Introdução de poluentes
Redução do habitat ou da
Introdução de componentes
Destruição de habitats disponibilidade de recursos
construídos (como barragens)
para uma dada espécie
Supressão de referências
Aumento da demanda por bens
físicas à memória (como locais
e serviços públicos
sagrados)

Quadro 1 - Impactos ambientais que implicam na supressão, inserção ou sobrecarga de elementos no


meio / Fonte: adaptado de Sánchez (2008).

Ainda, os impactos ambientais podem ser diretos ou indiretos; direto quando se


relaciona a uma determinada ação inicial ou indireto quando decorre de uma
consequência de primeira ordem (também pode ser chamado de impacto secun-
dário ou de enésima ordem). Mota (2012) exemplifica essa situação da seguinte
forma: a retirada da vegetação de um local provoca o aumento do escoamento
superficial da água, o que pode aumentar a erosão do solo, a qual pode acarretar
assoreamento do corpo d’água, o que, consequentemente, resulta no aumento da
turbidez, e assim por diante.
Ademais, no contexto da classificação dos impactos ambientais, além da clas-
sificação quanto à natureza (positivo ou negativo) e quanto à forma (direto ou
indireto), tem-se a classificação quanto à magnitude, duração, alcance, reversibi-
lidade e abrangência. Observe:
• Classificação quanto à magnitude: pequena, média ou de grande intensidade.
• Classificação quanto à duração: temporário, permanente ou cíclico.
• Classificação quanto à temporalidade: imediato, de médio ou de longo
prazo.
• Classificação quanto à reversibilidade: reversível ou irreversível.
• Classificação quanto à abrangência: local ou regional.

Para finalizarmos este tópico, nós vimos que o impacto ambiental é resultado de
uma ação humana, quer implique na supressão, inserção ou sobrecarga de ele-
mentos. Assim, não podemos confundir causa com efeito, ou seja, uma construção
humana não é um impacto ambiental, mas pode causar impactos ambientais,
sejam eles positivos ou negativos, diretos ou indiretos, reversíveis ou irreversíveis
etc. E um projeto típico trará diversas alterações ao meio, de forma que todas
essas deverão ser consideradas na elaboração do estudo de impactos ambientais.

UNIDADE 4 83
Histórico da Avaliação
de Impactos Ambientais

Dada a possibilidade das atividades humanas cau-


sarem impactos ao meio ambiente, a legislação
ambiental brasileira exige, de determinados em-
preendimentos e atividades considerados efetiva ou
potencialmente causadores de significativa degra-
dação do meio ambiente, a elaboração de Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto
no Meio Ambiente (RIMA), dentro do processo de
avaliação de impactos ambientais (AIA), de forma a
avaliar as consequências dessas atividades no meio,
bem como controlar e corrigir os danos causados.
O termo avaliação de impactos ambientais (AIA)
entrou na literatura ambiental a partir da legislação
norte americana que criou esse importante instru-
mento de planejamento ambiental. A política nacio-
nal do meio ambiente dos Estados Unidos (National
Environmental Policy Act – NEPA) entrou em vigor
em 1970 e se transformou em modelo para legisla-
ções similares em diversos países, incluindo o Brasil.
A lei norte americana atribui responsabilida-
des para o Governo Federal e, ainda, fixa obje-
tivos que revelam que o termo meio ambiente,
além dos componentes físicos e biológicos, in-
cluía aspectos sociais e culturais. Para o atingi-
mento destes objetivos, a lei previu, na seção 102,
alguns dispositivos a serem cumpridos:

84 Avaliação de Impactos Ambientais


g) Nas tomadas de decisões, utilizar uma Neste sentido, a partir da década de 70, vários
abordagem sistemática e interdisciplinar países adotaram a AIA: a Alemanha, em 1971;
que proporcione o uso das ciências natu- Canadá, em 1973; França e Irlanda, em 1976; e
rais e sociais, bem como das técnicas de Holanda, em 1981. E desde a sua criação, a AIA
planejamento ambiental. e os estudos de impactos ambientais têm sido
h) Identificar e desenvolver métodos e proce- considerados como um importante instrumento
dimentos que certifiquem que os valores para a discussão do planejamento das atividades
ambientais não quantificados sejam con- humanas, de forma que estas atinjam os anseios
siderados na tomada de decisões. conservacionistas, sociais e econômicos da socie-
i) Incluir, em qualquer recomendação ou dade (GOULART; CALLISTO, 2003).
relatório sobre propostas de legislação e Um grande impulso para a difusão interna-
outras ações federais que afetem signi- cional da AIA foi a sua discussão na Conferên-
ficativamente a qualidade do ambiente cia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
humano, uma declaração detalhada do e Desenvolvimento (CNUMAD), a Rio 92, que
responsável sobre: já estudamos anteriormente, com a inclusão do
• O impacto ambiental da ação proposta. princípio:


• Os efeitos ambientais adversos que não
puderem ser evitados, caso a proposta [...] a avaliação de impacto ambiental,
seja implementada. como um instrumento nacional, deve ser
• Alternativas à ação proposta. empreendida para atividades propostas
• A relação entre os usos locais e de curto que tenham probabilidade de causar um
prazo do ambiente humano, e a manu- impacto adverso significativo no ambiente
tenção e melhoria da produtividade a e sujeitas a uma decisão da autoridade na-
longo prazo. cional competente (SÁNCHEZ, 2008, p. 58).
• Qualquer comprometimento de recur-
sos (irreversível e irrecuperável) que Além disso, durante o período preparatório da Rio
seriam envolvidos se a ação proposta 92, e também nos anos que se seguiram, outros
fosse implementada. países incorporaram a AIA em suas legislações,
como o Peru, em 1990; Tunísia, em 1991; Bolívia
Perceba que, resumidamente, a NEPA se aplica e Bulgária, em 1992; Chile, Uruguai e Nicarágua,
às decisões do governo federal que possam acar- em 1994; Romênia, em 1995; e Costa do Marfim,
retar em alterações do meio ambiente, ou seja, a em 1996 (SÁNCHEZ, 2008).
AIA resultou de um processo político que bus-
cou atender a uma demanda social que estava
mais madura nos Estados Unidos; além disso, ela Avaliação de Impactos
evoluiu e se modificou conforme foi aplicada em Ambientais no Brasil
outros contextos culturais e políticos, dentro do
princípio de prevenção da degradação ambiental, No Brasil, a primeira experiência com AIA ocor-
e como forma de subsidiar o processo decisório da reu no ano de 1972, quando o Banco Mundial
instalação de empreendimentos/atividades modi- solicitou a realização deste processo para fins de
ficadoras do meio ambiente (SÁNCHEZ, 2008). financiamento do projeto da Hidrelétrica de So-

UNIDADE 4 85
bradinho. Além disso, outros projetos também Dois anos depois do surgimento da PNMA, foi
foram realizados seguindo as normas de agên- regulamentado o Decreto nº 88.351/83, que re-
cias internacionais, por falta de leis ambientais laciona a AIA aos sistemas de licenciamento de
nacionais, como a usina hidrelétrica de Tucuruí empreendimentos/atividades efetiva e potencial-
e o terminal porto-ferroviário Ponta da Madeira mente poluidores; este Decreto determina, em
(BARBIERI, 2004; BRASIL, 1995). seu artigo 17, § 1º, que: “[...] caberá ao Conama
Foi no ano de 1981, que o Brasil definiu um fixar os critérios básicos, segundo os quais serão
grande marco na legislação ambiental, incluindo exigidos estudos de impacto ambiental para fins
a AIA como um dos instrumentos da Política Na- de licenciamento”.
cional de Meio Ambiente (PNMA), para atingir Ainda, a incorporação da AIA à legislação bra-
alguns de seus objetivos, como: sileira foi confirmada e fortalecida com o artigo


225 da Constituição Federal de 1988, que cita:


I - à compatibilização do desenvolvimento
econômico-social com a preservação da Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
qualidade do meio ambiente e do equilí- gicamente equilibrado, bem de uso comum
brio ecológico; do povo e essencial à sadia qualidade de
[...] vida, impondo-se ao Poder Público e à cole-
III - ao estabelecimento de critérios e pa- tividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
drões de qualidade ambiental e de nor- para as presentes e futuras gerações.
mas relativas ao uso e manejo de recursos § 1º Para assegurar a efetividade desse di-
ambientais; reito, incumbe ao Poder Público:
[...] [...]
V - à difusão de tecnologias de manejo IV - exigir, na forma da lei, para instala-
do meio ambiente, à divulgação de dados ção de obra ou atividade potencialmente
e informações ambientais e à formação causadora de significativa degradação do
de uma consciência pública sobre a ne- meio ambiente, estudo prévio de impacto
cessidade de preservação da qualidade ambiental, a que se dará publicidade (BRA-
ambiental e do equilíbrio ecológico; SIL, 1988, on-line).
VI - à preservação e restauração dos re-
cursos ambientais com vistas à sua utili- No ano de 1986, o CONAMA, por meio da Re-
zação racional e disponibilidade perma- solução nº 001/86, estabeleceu as definições, res-
nente, concorrendo para a manutenção ponsabilidades, critérios básicos e as diretrizes
do equilíbrio ecológico propício à vida; gerais para o uso e implementação da AIA como
VII - à imposição, ao poluidor e ao preda- um dos instrumentos da PNMA. Ela deixa claro
dor, da obrigação de recuperar e/ou inde- que o proponente de um determinado projeto
nizar os danos causados e, ao usuário, da sujeito a apresentar a AIA deverá levar ao órgão
contribuição pela utilização de recursos ambiental dois documentos importantes: estudo
ambientais com fins econômicos (BRA- de impacto ambiental (EIA) e relatório de impacto
SIL, 1981, on-line). ambiental (RIMA).

86 Avaliação de Impactos Ambientais


Neste sentido, observe, caro(a) aluno(a), que EIA/RIMA objetivam avaliar todas
as possíveis alterações que um empreendimento/atividade pode acarretar ao am-
biente (físico, biológico, econômico e social), de modo a propor alternativas menos
impactantes, bem como confrontando com a hipótese de não execução do projeto. E,
a exigência legal de EIA e RIMA cabe ao órgão ambiental, seja ele municipal, estadual
ou, até mesmo, o IBAMA e servirá como orientação para a decisão de concessão ou
não da licença ambiental.
Você deve estar se perguntando: “quais são os empreendimentos/atividades que
necessitam de elaboração de EIA/RIMA”? A Resolução CONAMA nº 001/86, em seu
artigo 2º, traz uma lista de todos os tipos de empreendimentos/atividades modifica-
dores do meio ambiente, que obrigatoriamente precisam elaborar ambos os estudos,
como requisito para obtenção da licença ambiental, dentre eles:


. Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
. Ferrovias;
. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
. Aeroportos;
. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários;
. Linhas de transmissão de energia elétrica;
. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
. Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
. Extração de minério;
. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária,
acima de 10MW;
. Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos,
cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);
. Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
. Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante
interesse ambiental;
. Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.

No entanto, assim como para o licenciamento ambiental, atente-se que é pratica-


mente impossível elaborar uma listagem completa de empreendimentos/atividades
que necessitam da elaboração de EIA/RIMA, cabendo ao proponente do projeto a
consulta ao órgão ambiental.

UNIDADE 4 87
Processo de Avaliação
de Impactos Ambientais

Caro(a) aluno(a), nas palavras de Moreira


(1992, p. 33), a AIA é definida como:


Instrumento de política ambiental, forma-
do por um conjunto de procedimentos,
capaz de assegurar, desde o início do pro-
cesso, que se faça um exame sistemático
dos impactos ambientais de uma ação
proposta (projeto, programa, plano ou
política) e de suas alternativas, e que os
resultados sejam apresentados de forma
adequada ao público e aos responsáveis
pela tomada de decisão, e por eles sejam
considerados.

Como funções desse processo, Glasson, The-


rivel e Chadwick (1999) descrevem: auxilia no
processo decisório, ajuda a elaboração de pro-
jetos e propostas de desenvolvimento, e um ins-
trumento para o desenvolvimento sustentável.

88 Avaliação de Impactos Ambientais


Caro(a) aluno(a), a AIA é constituída de uma Dessa forma, segundo a Associação de Avaliação
série de atividades sequenciais, e a esse conjunto de Impactos Ambientais, os objetivos do proces-
de atividades é dado o nome de processo de ava- so de AIA são:


liação de impactos ambientais. Sánchez (2008,
p. 92) define esse processo como: “conjunto de Assegurar que as considerações ambien-
procedimentos concatenados de maneira lógi- tais sejam explicitamente tratadas e incor-
ca, com a finalidade de analisar a viabilidade poradas ao processo decisório; antecipar,
ambiental de projetos, planos e programas, e evitar, minimizar ou compensar os efeitos
fundamentar uma decisão a respeito”; o mesmo negativos relevantes biofísicos, sociais e
autor descreve algumas das características desse outros; proteger a produtividade e a capa-
processo: cidade dos sistemas naturais assim como
• Conjunto estruturado de procedimentos: os processos ecológicos que mantém suas
os procedimentos estão interligados, de funções; promover o desenvolvimento
forma a atender aos objetivos da AIA. sustentável e otimizar o uso e as oportu-
• É regido por lei ou regulamentação espe- nidades de gestão de recursos (IAIA; IEA,
cífica: os principais componentes do pro- 1999, p. 4).
cesso são previstos em lei ou outra figura
jurídica que tenha instituído a AIA em Neste sentido, caro(a) aluno(a), pode-se dizer
uma determinada jurisdição. que o processo de AIA objetiva, principalmente,
• É um processo documentado: os requisitos a compatibilização de desenvolvimento econô-
a serem atendidos são estabelecidos pre- mico e social, com a própria qualidade do meio
viamente, e em cada caso, o cumprimento ambiente, ou seja, busca promover o desenvol-
deles deve ser demonstrado com a ajuda vimento sustentável com base no equilíbrio das
de registros documentais (por exemplo, três dimensões: social, econômica e ambiental,
a elaboração do EIA, o parecer de análise que já estudamos anteriormente.
técnica, as atas de consulta pública etc.). Além disso, a AIA também facilita a gestão
• Envolve diversos participantes: são di- ambiental do futuro empreendimento, uma vez
versos os envolvidos no processo de AIA, que a aprovação do projeto implica em compro-
como o proponente do projeto, a autori- missos assumidos pelo empreendedor, como a
dade responsável, o consultor ambiental, implantação das medidas mitigatórias e com-
o público afetado, dentre outros. pensatórias de impactos advindos do projeto,
• É voltado para a análise de viabilidade am- bem como cronograma de execução das medidas
biental de uma proposta. e programas de monitoramento.

UNIDADE 4 89
Etapas do Processo de Aia

Quanto às etapas do processo de AIA, Sánchez (2008) as resume em


três: triagem, análise detalhada e pós-aprovação (em caso de o em-
preendimento ter sido aprovado), conforme demonstrado na Figura 1.

Apresentação de uma proposta


Etapa inicial: triagem
A proposta pode causar impactos
ambientais significativos?

Não Talvez Sim

Avaliação ambiental inicial


Licenciamento Licenciamento apoiado
ambiental em estudo de
convencional impacto ambiental

Análise detalhada
Determinação do
escopo do estudo

Elaboração do Elaboração do
EIA e Rima EIA e Rima

Consulta pública

Decisão

Reprovação Aprovação
Etapa
pós-aprovação
Monitoramento e gestão ambiental

Acompanhamento
Figura 1 - Processo de Avaliação de Impacto Ambiental
Fonte: Sánchez (2008, p. 96).

De acordo com a Figura 1, primeiramente, o proponente de um


projeto apresentará sua proposta a uma organização que possua
um mecanismo institucionalizado de decisão, podendo ser uma
empresa privada, um organismo financeiro, uma agência de desen-
volvimento ou, ainda, um órgão governamental.

90 Avaliação de Impactos Ambientais


A organização será responsável por identi- Estando finalizado o EIA, este será analisado por
ficar se a proposta causa impactos ambientais uma equipe técnica do órgão ambiental; esta equipe
significativos; em caso negativo, o empreendi- será encarregada de verificar se o estudo descreve
mento passará pelo processo de “licenciamento adequadamente o projeto, faz-se um levantamento
convencional”, ou seja, todas aquelas etapas que adequado de todos os impactos que podem ser ge-
já estudamos na Unidade 3, incluindo a solici- rados e também verifica se são propostas medidas
tação das licenças ambientais prévia, de insta- mitigadoras capazes de atenuar suficientemente os
lação e de operação. Contudo, em caso positivo, impactos negativos.
o empreendimento passará pelo processo de A consulta pública é uma etapa muito importan-
licenciamento apoiado em estudo de impac- te do processo de AIA, em que o RIMA é disponibi-
to ambiental. Também há a possibilidade de lizado e há uma consulta a todos os interessados no
não se conhecer sobre os potenciais impactos projeto, bem como aqueles que serão diretamente
da proposta e, neste caso, será solicitada uma afetados. Sánchez (2008) destaca que existem dife-
avaliação prévia dos impactos ambientais, por rentes procedimentos de consulta, sendo a audiência
meio de um estudo ambiental denominado de pública um dos mais conhecidos.
RAP - Relatório Ambiental Preliminar. Além disso, essa etapa pode ocorrer em diferen-
Aqui, cabe ressaltar que a decisão quanto tes momentos no processo de AIA, como na etapa
à necessidade de elaboração ou não do EIA/ de preparação dos termos de referência, na etapa
RIMA, comumente, baseia-se em listas de pro- de decisão da necessidade de elaboração do EIA e,
jetos que necessitam de tais estudos, a exemplo até mesmo, durante a realização deste estudo; no
da lista já apresentada anteriormente (CONA- entanto, o momento mais comum em que ela é rea-
MA 1986, art. 2º), bem como a localização do lizada é após a conclusão do EIA, uma vez que, nesse
empreendimento e a possibilidade de afetar os momento, haverá uma descrição mais completa de
recursos naturais. todas as implicações da implantação do empreen-
Em caso positivo de elaboração dos estudos dimento, de modo a auxiliar a tomada de decisão.
de impactos ambientais, é necessário a deter- Na etapa de decisão, existem três possibilidades:
minação do escopo do estudo, ou seja, de sua aprovar o empreendimento incondicionalmente,
abrangência e profundidade, uma vez que, ape- aprová-lo com condições e não autorizar o em-
sar de existir um conteúdo genérico estabeleci- preendimento. Lembrando que a decisão final pode
do pela própria regulamentação, estas normas caber à autoridade ambiental, à autoridade da área
podem variar em casos particulares, neste senti- de tutela a que se subordina o empreendimento, ou
do, o plano de trabalho para elaboração do EIA ao governo.
deverá ser elaborado em função dos impactos Em caso de aprovação do empreendimento, o
que podem ocorrer com a execução do projeto. processo de AIA segue para a última etapa, a de
Após a determinação do escopo, o propo- pós-aprovação, em que a implantação do empreen-
nente seguirá para a etapa de elaboração do dimento deverá ser acompanhada da implemen-
EIA por profissionais devidamente habilitados tação das medidas que visam reduzir, eliminar ou
por seu conselho de classe; esta etapa demanda compensar todos os impactos negativos e, ainda,
tempo e custos por parte do proponente. potencializar impactos positivos.

UNIDADE 4 91
Quanto à elaboração do EIA, a Resolução CONA-
MA nº 001/86 estabelece que:


O monitoramento das medidas também ocorre [...] o estudo de impacto ambiental, além de
nas fases de operação e de desativação do em- atender à legislação, em especial os princí-
preendimento. Esta etapa poderá incluir fiscali- pios e objetivos expressos na Lei de Política
zação por parte do órgão ambiental, supervisão Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às
por parte do empreendedor e/ou auditoria, seja seguintes diretrizes gerais:
esta de caráter público ou privado. I - Contemplar todas as alternativas tecno-
lógicas e de localização de projeto, confron-
tando-as com a hipótese de não execução
Elaboração do EIA/RIMA do projeto;
II - Identificar e avaliar sistematicamente os
Conforme já mencionado, no Brasil, a Resolução impactos ambientais gerados nas fases de
CONAMA nº 001/86 trata da questão da AIA, de implantação e operação da atividade;
forma que todas as etapas citadas anteriormente III - Definir os limites da área geográfica a
estão contempladas na referida resolução. Quanto ser direta ou indiretamente afetada pelos im-
a determinação do escopo do EIA, o parágrafo pactos, denominada área de influência do
único do artigo 5º cita que: projeto, considerando, em todos os casos, a


bacia hidrográfica na qual se localiza;
Ao determinar a execução do estudo de lV - Considerar os planos e programas go-
impacto ambiental o órgão estadual com- vernamentais, propostos e em implantação
petente, ou o IBAMA ou, quando couber, na área de influência do projeto, e sua com-
o Município, fixará as diretrizes adicionais patibilidade (CONAMA, 1986, art. 5º).
que, pelas peculiaridades do projeto e carac-
terísticas ambientais da área, forem julgadas O artigo 6º da Resolução CONAMA nº 001/86 de-
necessárias, inclusive os prazos para conclu- fine os requisitos mínimos que o EIA deverá conter:


são e análise dos estudos (CONAMA 1986,
art. 5º, parágrafo único). O estudo de impacto ambiental desenvolverá,
no mínimo, as seguintes atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influên-
cia do projeto completa descrição e análise
dos recursos ambientais e suas interações, tal
O EIA é entendido como uma modalidade da AIA, como existem, de modo a caracterizar a situa-
sendo considerado como um importante instru- ção ambiental da área, antes da implantação
mento de compatibilização do desenvolvimento do projeto, considerando:
econômico-social com a preservação da quali- a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e
dade ambiental. Sua elaboração é obrigatória o clima, destacando os recursos minerais, a
para a instalação de empreendimento/atividade topografia, os tipos e aptidões do solo, os cor-
considerada degradadora do meio ambiente. pos d’água, o regime hidrológico, as correntes
marinhas, as correntes atmosféricas;

92 Avaliação de Impactos Ambientais


b) o meio biológico e os ecossistemas natu-
rais - a fauna e a flora, destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor
científico e econômico, raras e ameaçadas de O diagnóstico ambiental do empreendimento é
extinção e as áreas de preservação permanente; composto pela descrição e análise dos recursos
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupa- ambientais e suas interações, da forma como
ção do solo, os usos da água e a sócio-eco- existem, de modo a caracterizar a situação am-
nomia, destacando os sítios e monumentos biental da área antes da implantação do em-
arqueológicos, históricos e culturais da co- preendimento, considerando os meios: físico,
munidade, as relações de dependência entre biológico e socioeconômico.
a sociedade local, os recursos ambientais e a
potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do
projeto e de suas alternativas, através de Quanto ao RIMA, o artigo 9º da Resolução CO-
identificação, previsão da magnitude e in- NAMA nº 001/86 trata de seu conteúdo mínimo:


terpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os [...] o relatório de impacto ambiental -
impactos positivos e negativos (benéficos RIMA refletirá as conclusões do estudo de
e adversos), diretos e indiretos, imediatos impacto ambiental e conterá, no mínimo:
e a médio e longo prazos, temporários e I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua
permanentes; seu grau de reversibilidade; relação e compatibilidade com as políticas se-
suas propriedades cumulativas e sinérgicas; toriais, planos e programas governamentais;
a distribuição dos ônus e benefícios sociais. II - A descrição do projeto e suas alternati-
III - Definição das medidas mitigadoras vas tecnológicas e locacionais, especificando
dos impactos negativos, entre elas os equi- para cada um deles, nas fases de construção
pamentos de controle e sistemas de trata- e operação a área de influência, as matérias
mento de despejos, avaliando a eficiência primas, e mão-de-obra, as fontes de ener-
de cada uma delas. gia, os processos e técnica operacionais, os
lV - Elaboração do programa de acompa- prováveis efluentes, emissões, resíduos de
nhamento e monitoramento (os impactos energia, os empregos diretos e indiretos a
positivos e negativos, indicando os fatores e serem gerados;
parâmetros a serem considerados (CONA- III - A síntese dos resultados dos estudos de
MA, 1986, art. 6º). diagnósticos ambiental da área de influên-
cia do projeto;
Dessa forma, o EIA objetiva identificar, classificar IV - A descrição dos prováveis impactos
e avaliar todos os impactos que podem ser ad- ambientais da implantação e operação da
vindos de um empreendimento/atividade, sejam atividade, considerando o projeto, suas al-
estes nos meios físicos, biológicos, econômicos e ternativas, os horizontes de tempo de inci-
sociais, de modo a propor medidas mitigadoras dência dos impactos e indicando os méto-
dos impactos negativos, bem como acompanhá- dos, técnicas e critérios adotados para sua
-los e monitorá-los. identificação, quantificação e interpretação;

UNIDADE 4 93
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e co-
mentários de ordem geral)” (CONAMA, 1986, art. 9º).

Ainda, a referida resolução destaca que o EIA deverá ser elaborado por uma equi-
pe multidisciplinar devidamente habilitada por seu conselho de classe (art. 7º),
podendo ser composta por engenheiros, arquitetos, biólogos, geógrafos, dentre
outros, e que a partir deste, será elaborado o RIMA, apresentado de forma clara
e objetiva, facilitando sua compreensão. Além disso, ele pode ser ilustrado com
mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de for-
ma a facilitar o entendimento da população quanto às vantagens e desvantagens
do projeto, bem como suas consequências ambientais (art. 9º, parágrafo único).

IO estudo de impacto ambiental (EIA) é redigido em linguagem técnica; enquanto


que o relatório de impacto ambiental (RIMA) é redigido em linguagem não formal,
uma vez que se trata de um resumo dos dados levantados pelo estudo, acessível
ao público em geral.

No artigo 11, a Resolução CONAMA nº 001/86 destaca que o RIMA será aces-
sível ao público que tiver interesse no projeto, de forma que este terá um prazo
para encaminhar seus comentários. A Resolução ainda destaca que, sempre que
necessário, promoverá a realização de audiência pública para informar sobre o
projeto e seus impactos, e para discussão do RIMA.

94 Avaliação de Impactos Ambientais


Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Caro (a) aluno (a), é importante destacar que para o caso de empreendimentos
potencialmente poluidores, mas que os impactos ambientais são considerados de
pequeno porte, poderá ser solicitado o Relatório Ambiental Simplificado (RAS)
em vez de EIA/RIMA. A Resolução CONAMA nº 279/2001 define RAS como:


[...] os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apre-
sentados como subsídio para a concessão da licença prévia requerida, que
conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da
região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos
impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação
(CONAMA, 2001, art. 2º, I).

O RAS poderá ser solicitado a empreendimentos de pequeno potencial de impac-


to ambiental, conforme citado anteriormente, a exemplo das usinas hidrelétricas
e sistemas associados, usinas termelétricas e sistemas associados, sistemas de
transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações) e usinas
eólicas e outras fontes alternativas de energia (CONAMA, 2001). Além dis-
so, a Resolução CONAMA nº 412/2009 prevê a realização do RAS para novos
empreendimentos habitacionais de interesse social, incluindo as atividades de
infraestrutura de saneamento básico, viária e energia.

De acordo com o anexo I da Resolução CONAMA nº 279/2001, que estabelece proce-


dimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos
com pequeno potencial de impacto ambiental, o RAS deve conter: descrição do projeto,
diagnóstico e prognóstico ambiental e medidas mitigadoras e compensatórias.

UNIDADE 4 95
Plano Básico
Ambiental

Caro(a) aluno(a), o plano básico ambiental (PBA)


é um estudo ambiental que apresenta, detalha-
damente, todas as medidas de mitigação dos
impactos ambientais, bem como as medidas de
monitoramento propostas no EIA.
Mota (2012) cita que, embora este documento
não conste na legislação vigente como exigência
para o licenciamento ambiental, muitos órgãos
ambientais têm exigido o PBA como requisito a
ser apresentado após a emissão da licença prévia,
visando autorizar o início das obras de empreen-
dimentos de grande porte (para emissão da licen-
ça de instalação). Observe a Figura 2, que ilustra o
esquema de procedimentos para o licenciamento
ambiental, com elaboração de EIA/RIMA e PBA.

96 Avaliação de Impactos Ambientais


EMPREENDEDOR ÓRGÃO DE CONTROLE AMBIENTAL
Solicita a Licença Prévia
para o empreendimento.
Emite termo de referência
para elaboração do
EIA/RIMA.
Providencia a elaboração
do EIA/RIMA com base
no termo de referência.
Promove audiência pública
para discussão do EIA/RIMA.
Analisa e aprova o EIA/RIMA.
Eimite a Licença Prévia.
Detalha os Programas
Ambientais propostos no
EIA/RIMA, que constituem o PBA.
Solicita a Licença de Instalação.

Analisa e aprova o PBA.


Emite a Licença de Instalação (LI).
Implanta o empreendimento.
Solicita a Licença de
Operação.
Confere as instalações do
empreendimento.
Emite a Licença de Operação (LO).
Inicia a operação do
empreendimento.

Figura 2 - Procedimentos para obtenção de licenças ambientais com elaboração de EIA/RIMA / Fonte: Mota (2012, p. 375).

UNIDADE 4 97
Impactos Ambientais de um
Projeto de Área de Lazer

Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta uni-


dade, em que pudemos aprofundar nossos
conhecimentos sobre a avaliação de impactos
ambientais, trouxe um exemplo, de uma lista-
gem de impactos ambientais que podem ser
decorrentes de um projeto de área de lazer em
zona litorânea, citado por Mota (2012). O Qua-
dro 2 traz a listagem dos impactos decorrentes
de tal projeto, em que utiliza-se as seguintes
legendas: (+) positivo; (-) negativo; (P) pequena;
(M) média; (G) grande; (CT) curta duração;
(MD) média duração; (PM) permanente.

98 Avaliação de Impactos Ambientais


Avaliação do impacto
Medidas
Ação Impacto
mitigadoras
tipo intensidade duração
execução da via movimentos de terra - M MD supressão vegetal
de acesso - erosão mínima possível;
supressão da - P PM indenização justa;
vegetação aplicação de
desapropriação de - M PM água para reduzir
propriedades poeiras;
disciplinamento
transtornos à - M MD
do horário de
população
trabalho;
emissão de ruídos e - P MD sinalização
poeiras durante as obras;
riscos de acidentes - M MD sinalização após
durante as obras construção da via;
geração de emprego/ + M MD medidas de
renda (obras) proteção dos
melhoria do tráfego/ + G PM trabalhadores.
acesso
redução do tempo de + G PM
percurso/economia
de combustível
incremento do + G PM
turismo
valorização das + G PM
propriedades
marginais
redução de acidentes + G PM
(sinalização da via)
reforma e movimentos de terra - M MD controle dos
construção - erosão movimentos de
de barracas transtornos aos - G MD terra/erosão;
comerciais proprietários atuais fornecer
condições para
transtornos aos - M MD funcionamento
usuários temporário
melhoria das + G PM das barracas
condições de higiene existentes;
novas oportunidades + M PM isolamento das
de emprego obras.
melhoria do comércio + M PM
incentivo ao turismo + G PM

UNIDADE 4 99
Avaliação do impacto
Medidas
Ação Impacto
mitigadoras
tipo intensidade duração
construção de movimentos de terra - M MD controle dos
estacionamento impermeabilização - M PM movimentos de
terra;
transtornos à - M MD pavimentação
população e usuários permeável;
paisagismos/ + P PM isolamento das
arborização obras;
incentivo ao turismo + G PM desvios
melhoria das + G PM temporários de
atividades produtivas tráfego;
sinalização
temporária.
exploração supressão vegetal - - G PM desmatamento
das áreas de danos à vegetação gradual, quando
empréstimo danos à fauna - M MD necessário;
descobrimento
movimentos de terra G MD mínimo do solo;
- erosão
acumulação do
recuperação riscos de acidentes - P MD material fértil;
das áreas recuperação da + M PM recomposição
degradadas superfície do solo da superfície do
recomposição da + M PM terreno;
vegetação espalhamento
de material fértil
sobre o solo;
recomposição
vegetal.

Quadro 2 - Listagem de impactos de um projeto de uma área de lazer / Fonte: Mota (2012, p. 398).

Caro(a) aluno(a) por meio do Quadro 2, vimos que os impactos decorrentes do projeto foram divididos
nas etapas: execução da via de acesso, construção de barracas comerciais, execução de estacionamento
e exploração de áreas de empréstimo. Assim, a partir da divisão das etapas, foi possível classificar os
impactos em tipo, intensidade e duração, bem como listar as medidas mitigadoras a serem adotadas.

100 Avaliação de Impactos Ambientais


1. Nesse estudo, nós vimos que os impactos ambientais gerados pelas atividades
humanas podem ser diretos ou indiretos. Sabendo disso, assinale a alternativa
correta, no que diz respeito ao conceito de impacto direto:
a) É resultado de uma cadeia de ações.
b) É um impacto de grande magnitude.
c) É um impacto irreversível.
d) É resultado de uma determinada ação inicial.
e) É um impacto positivo.

2. No processo de avaliação de impactos ambientais, é exigido o estudo de impac-


tos ambientais, também conhecido como EIA. Sobre esse estudo, considere as
afirmativas que seguem:
I) Deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto,
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto.
II) Deve ser elaborado pelo proponente do projeto, independentemente de sua
formação acadêmica.
III) Deve ser elaborado em linguagem clara, evitando termos técnicos, podendo
ser composto de gráficos e figuras ilustrativas, que auxiliam na visualização
dos impactos ambientais.
IV) Deve definir medidas mitigadoras dos impactos negativos levantados.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I, III e IV estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas I e IV estão corretas.
e) Apenas I, II e IV estão corretas.

3. A avaliação de impactos ambientais é um importante instrumento da Política


Nacional de Meio Ambiente (PNMA), cujo processo é composto por diversas
etapas. Descreva resumidamente as etapas do processo de avaliação de im-
pactos ambientais.

101
LIVRO

Avaliação de Impacto Ambiental. Conceitos e métodos


Autor: Luis Enrique Sánchez
Editora: Oficina de textos
Sinopse: estudos de avaliação de impactos ambientais vêm ganhando extraor-
dinária importância para empreendedores e instâncias oficiais que licenciam
as atividades econômicas, à medida que, na sociedade, cresce a consciência
ambiental e as decisões devem ser tomadas em base de estudos técnicos sérios
e bem fundamentados. Este livro trata da realização desses estudos. Combi-
nando clareza e rigor teórico, o texto apresenta e analisa as várias tarefas da
preparação de estudos ambientais, ligando a técnica ao contexto legal, sempre
com referência a boas práticas internacionais.

WEB

Você pode saber um pouco mais sobre os impactos ambientais provocados pela
urbanização assistindo aos vídeos produzidos pela Rede Minas da série Desafios
do Século XXI - O legado da Rio+20, que trata dos impactos ambientais gerados
pelo homem no ambiente urbano, principalmente no que diz respeito à questão
dos resíduos sólidos, resíduos líquidos e meios de transporte.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Saiba um pouco sobre o Manual para elaboração de estudos para o licencia-


mento com avaliação de impacto ambiental, acessando o QR Code.

102
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.001. Sistemas de Gestão Ambiental. 2004.

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.

BRASIL. Avaliação de Impacto Ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: IBAMA/
DIRPED/DEPES/DITAM, 1995. 134 p.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.

BRASIL. Decreto nº 88.351, de 1° de junho de 1983. Regulamenta a Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e a
Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõem, respectivamente, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e
sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, e dá outras providências. 1983. Disponível
em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/decreto-88351-1-junho-1983-438446-publica-
caooriginal-1-pe.html. Acesso em: 25 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 25 fev. 2021.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n º 412, de 13 de maio de 2009. Estabelece
critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de
habitações de Interesse Social. Diário Oficial da União, Brasília, 2009.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, 1986.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 279, de 27 de junho de 2001. Estabelece
procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno po-
tencial de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, 2001.

GLASSON, J.; THERIVEL, R.; CHADWICK, A. Introduction to Environmental Impact Assessment. 2. ed.
London: UCL Press, 1999.

103
GOULART, M.; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de água como ferramenta em estudos de impacto
ambiental. Revista da FAPAM, v. 2, n. 1, 2003.

IAIA. International Association for Impact Assessment; EIA. Institute of Environmental Assessment. Principles
of Environmental Impact Assessment Best Practice. USA, 1999.

MOREIRA, I. V. D. Vocabulário básico de meio ambiente. Rio de Janeiro: Feema/Petrobrás, 1992.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. 5. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2012.

SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.

SILVESTRE, M. Princípio do Desenvolvimento Sustentável no Direito Ambiental e instrumentos legais


de sustentabilidade no que tange a algumas atividades geradoras de energia elétrica. Disponível em:
http://www.conhecer.org.br/download/DIREITO%20AMBIENTAL/leitura%20anexa%205.pdf. Acesso em:
25 fev. 2021.

USA. United States of America. National Environmental Policy Act. 1970. Disponível em: https://www.fsa.
usda.gov/Internet/FSA_File/nepa_statute.pdf. Acesso em: 25 fev. 2021.

104
1. D.

2. D.

3. As etapas do processo de avaliação de impactos ambientais estão demonstradas na Figura 2. Em sequência,


as etapas são: apresentação da proposta, triagem, determinação do escopo, elaboração do EIA e do RIMA,
análise técnica do EIA, decisão, e por fim, monitoramento e gestão ambiental.

105
106
Me. Rebecca Manesco Paixão

Metodologias para
Identificação de
Impactos Ambientais

PLANO DE ESTUDOS

Métodos de Avaliação de
Impactos Ambientais

Introdução aos Métodos Métodos Tradicionais de Avaliação


para Identificação dos e Métodos Calcados na Utilização
Impactos Ambientais de Pesos Escalonados

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Introduzir sobre os métodos de identificação e avaliação de impactos ambientais.


• Explanar sobre os métodos de avaliação de impactos ambientais e suas divisões.
• Explanar sobre os métodos tradicionais de avaliação, a exemplo da análise custo-benefício, e sobre os métodos calcados
na utilização de pesos escalonados, como metodologias espontâneas (Ad Hoc), listas de controle (checklists), matrizes
de interação, redes de interação (networks), superposição de mapas (overlays) e modelos de simulação.
Introdução aos Métodos
para Identificação dos
Impactos Ambientais

Caro(a) aluno(a), na Unidade 4, nós estudamos


sobre os impactos ambientais, bem como sobre o
processo de Avaliação de Impactos Ambientais,
também conhecido como AIA, e como este está
inserido na questão legal brasileira no âmbito do
licenciamento ambiental. No entanto, você deve
estar se perguntando: como é que se qualifica e
quantifica os impactos provenientes de um deter-
minado empreendimento ou atividade?
Foi pensando nessa pergunta que dediquei a
Unidade 5 ao estudo das metodologias existen-
tes para identificação dos impactos que podem
ocorrer no planejamento, instalação, operação e,
até mesmo, na desativação de um determinado
empreendimento/atividade.
Você verá que os métodos de AIA, segundo
Moura e Oliveira (2009), envolvem, além da inter
e multidisciplinaridade, as questões de subjetivi-
dade, os parâmetros que permitam quantificação
e os itens qualitativos e quantitativos.
O levantamento dos impactos advindos de
um empreendimento/atividade, independen-
temente da metodologia adotada, é resulta-
do de um consenso entre a equipe multidis-
ciplinar, que dá um determinado valor, nota
ou classificação aos impactos. Reflita sobre!

Por meio das metodologias de AIA, utiliza-se


métodos e técnicas que possibilitam coletar, ana-
lisar, comparar e organizar informações sobre os
impactos gerados nas dimensões do meio físico,
biológico e socioeconômico, conforme já estuda-
mos anteriormente. Para relembrar:
• Meio físico: envolve o solo, subsolo, a água,
o ar, o clima, o ruído, a geologia e a geo-
morfologia.
• Meio biológico: envolve o ecossistema
aquático e terrestre.
• Meio socioeconômico (antrópico): envolve
o uso e ocupação do solo, dinâmica popu-
lacional, a organização social e a estrutura
produtiva e de serviços.

UNIDADE 5 109
Métodos de Avaliação
de Impactos Ambientais

De acordo com a Resolução CONAMA nº 001/86,


já estudada anteriormente, a metodologia de ava-
liação dos impactos ambientais deve identificar,
prever a magnitude e interpretar a importância
dos impactos, de modo a:
• Determinar se os impactos são positivos
ou negativos.
• Determinar se os impactos são diretos ou
indiretos.
• Determinar a temporalidade dos impac-
tos (imediatos ou de médio e longo prazo;
temporários, permanentes, cíclicos ou re-
correntes).
• Determinar seu grau de reversibilidade
(reversível ou irreversível).
• Determinar suas propriedades cumulati-
vas e sinérgicas.
• Determinar a distribuição dos ônus e be-
nefícios sociais.

Aqui, cabe ressaltar que a descrição dos impac-


tos deve ser por meio de enunciados sintéticos,
concisos, precisos e autoexplicativos, evitando
ambiguidades na sua interpretação (SÁNCHEZ,
2008). Observe alguns exemplos:

110 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


• Proliferação de vetores. Caro(a) aluno(a), por meio do exposto, perce-
• Perda de terras agrícolas. ba que existem muitos métodos para a avaliação
• Aumento da demanda de bens e serviços. de impactos; assim, estudaremos os principais e
usualmente utilizados em um EIA. Convém lem-
No entanto, Sánchez (2008) destaca que nem brar que não existe um método que se ajuste a
sempre os enunciados que descrevem os im- todos os tipos de empreendimentos/atividades,
pactos ambientais são encontrados da maneira de forma que, muitas vezes, são utilizados mais
descrita anteriormente nos EIAs. Muitas vezes, de um método para estes casos.
encontram-se enunciados vagos, como “impac- A escolha e definição da metodologia de AIA
tos sobre a fauna”. Dessa forma, é muito impor- consiste em definir os procedimentos lógicos, téc-
tante que a equipe multidisciplinar adote uma nicos e operacionais, permitindo que complete-se
metodologia que possa descrever corretamente o processo (MOURA; OLIVEIRA, 2009). Assim,
todos os impactos que serão gerados pelo em- os impactos advindos do projeto auxiliarão na
preendimento, seja na etapa de planejamento, elaboração do estudo, indicando quais as infor-
implantação, operação ou desativação. mações necessárias para prever a magnitude dos
Os métodos de AIA podem ser subdivididos impactos, avaliar sua importância e propor medi-
de duas formas: métodos tradicionais de ava- das de gestão, de forma a maximizar os impactos
liação, a exemplo da análise custo-benefício, e positivos e, ainda, evitar, reduzir ou compensar os
métodos calcados na utilização de pesos esca- impactos negativos (SÁNCHEZ, 2008).
lonados. Este último pode, ainda, ser de dois
tipos (GARCIA, 2014):
• Métodos preponderantemente de identifi-
cação e sintetização de impactos, incluin-
do metodologias espontâneas (Ad Hoc),
listas de controle (checklists), matrizes de Os métodos de análise de impactos ambien-
interação, redes de interação (networks) e tais são utilizados para ordenar (ex.: checklists),
superposição de mapas (overlays). agregar (ex.: matrizes, diagramas), quantificar
• Métodos preponderantemente de avalia- (ex.: modelos de simulação) e representar gra-
ção, de modo a explicitar bases de cálculos ficamente (ex.: overlays, matrizes, diagramas)
ou ótica de diferentes atores, a exemplo das informações geradas nos estudos.
metodologias quantitativas, modelos de Fonte: adaptado de IBAMA (1995).
simulação e projeção de cenários etc.

UNIDADE 5 111
Métodos Tradicionais de
Avaliação e Métodos
Calcados na Utilização de
Pesos Escalonados

Caro(a) aluno(a), neste tópico, veremos detalha-


damente sobre os métodos de avaliação de impac-
tos ambientais tradicionais e aqueles calcados na
utilização de pesos escalonados.

Metodologias Espontâneas
(Ad Hoc)

Do latim, a palavra Ad Hoc significa “para essa


finalidade” ou “para o momento”, e neste sentido,
o método Ad Hoc consiste em reuniões com espe-
cialistas, baseando-se em seu conhecimento e nos
diagnósticos da área de estudo. Nesse método, os
impactos, geralmente, são identificados por meio
de brainstorming (tempestade de ideias), emba-
sando-se na experiência profissional do grupo
de especialistas, os quais propõem os impactos
com base em seu histórico de participação em
outros projetos similares; por fim, os impactos são
caracterizados e sintetizados por meio de tabelas
ou matrizes.

112 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


O Quadro 1 ilustra a aplicação do método em que são qualificados os impactos sobre os diferentes
componentes ambientais, em que se utiliza as seguintes legendas: (EL) efeito nulo; (P) problemático;
(EP) efeito positivo; (CP) curto prazo; (EN) efeito negativo; (LP) longo prazo; (B) efeito benéfico; (R)
reversível; (EA) efeito adverso; e (I) irreversível.
Quadro 1 - Ilustração do método Ad Hoc de impacto ambiental x área ambiental
Impacto ambiental
Área ambiental
EL EP EN B EA P CP LP R I
Vida selvagem X X X
Espécies ameaçadas X
Vegetação X X X
Vegetação exótica X
Aragem X X X X
Características do solo X
Drenagem natural X
Água subterrânea X X
Ruído X X
Pavimentação X
Recreação X
Qualidade do ar X X X X
Comprometimento estético X
Áreas virgens X X X X
Saúde e segurança X
Valores econômicos X X X
Utilidades públicas (incluindo escolas) X X X
Serviços públicos X
Compatibilidade com planos regionais X X X

Fonte: adaptado de Rau e Wooten (1980 apud BRAGA et al., 2005).

UNIDADE 5 113
Neste método, leva-se em consideração apenas Normalmente, são listados os fatores a serem
as opiniões dos especialistas, não formalizan- considerados na avaliação como o local do im-
do fórmulas matemáticas e nem critérios qua- pacto, o impacto gerado, a fase em que ocorrerá,
li-quantitativos para qualificação dos impac- a existência de programas e medidas etc. Como
tos. Assim, como principal desvantagem deste vantagens desse método, cita-se a simplicidade,
método, destaca-se o alto grau de subjetividade rapidez e baixo custo.
dos resultados, bem como a tendenciosidade na Como desvantagens, este método não iden-
coordenação e na escolha dos participantes que tifica impactos diretos e indiretos, não possi-
avaliarão os impactos do projeto. bilita realizar inter-relações entre os impactos,
Como principais vantagens desse método, não considera as relações causa-efeito e, ainda,
cita-se sua utilização para casos com escassez pode ser considerado estático. Além disso, pou-
de dados, fornecendo orientação para outras cas vezes pode-se utilizar uma lista de controle
avaliações, além de apresentar uma estimativa sem que esta seja adaptada às características
rápida e de baixo custo da evolução dos impactos próprias do projeto, uma vez que são listas ge-
de forma organizada e compreensível ao público. néricas por categoria de projeto.
Existem quatro classes de métodos de
checklist relacionados ao nível de avaliação do
impacto: simples, descritivo, escalar e peso-es-
calar (ABDON, 2004).
• Lista de controle simples: enumera os fa-
tores ambientais e seus indicadores. Pode
ser elaborada em forma de questionário
para auxiliar no planejamento do EIA.
• Lista de controle descritiva: listas de parâ-
metros ambientais relacionados a fontes de
informações, com orientação para realizar
estimativas, previsão e análise de impactos.
Também pode ser em forma de questioná-
rio, em que perguntas em cadeia dão tra-
tamento integrado à análise dos impactos.
Listas de Controle • Lista de controle escalar: associa fatores
(checklist) e impactos ambientais a uma escala de
valores.
O método checklist, também conhecido como • Lista de controle peso-escalar: associa fa-
lista de controle, é uma “evolução” do Ad Hoc tores e impactos ambientais a uma escala
e um dos mais utilizados na AIA. Baseia-se em de valores e com o grau de importância
listas (descritivas, comparativas ou questioná- dos impactos.
rios) disponíveis para um grande número de
empreendimentos-padrão, que servem de guia O Quadro 2 ilustra um extrato de uma lista de
para o levantamento dos dados e informações controle preparada quando da introdução das
necessários ao estudo. exigências de AIA na África do Sul.

114 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


Quadro 2 - Extrato de lista de verificação de características ambientais
O projeto proposto poderia ter um impacto significativo ou poderia
sofrer alguma restrição em relação a alguns dos itens seguintes?
1. Características socioeconômicas do público afetado

1.1. Situação econômica e empregatícia dos grupos sociais afetados


Base econômica da área.
Distribuição de renda.
Indústria local.
Taxa e escala de crescimento do emprego.
Fuga de mão de obra dos empregos atuais.
Atração de mão de obra dos empregos atuais.
Atração de mão de obra de outros locais.
Permanência de pessoas de fora após o término das obras.
Oportunidades de trabalho para recém-egressos de escolas.
Tendências de desemprego de curto e longo prazo.
1.2. Bem-estar
Incidência de crime, abuso de drogas ou violência.
Número de pessoas sem-teto.
Adequação dos serviços públicos.
Adequação de serviços sociais como creches e abrigos para crian-
ças de rua.
Qualidade de vida.
2. Uso atual e potencial do solo e características da paisagem

2.1. Considerações gerais aplicáveis a todos os projetos


Compatibilidade de usos do solo na área.
Qualidade estética da paisagem.
Sentido de lugar.
Preservação de vistas cênicas e feições valorizadas.
Revitalização de áreas degradadas.
Necessidade de zonas-tampão para processos naturais, como
erosão costeira, movimento de dunas e mudanças em canais flu-
viais etc.
3. Características ecológicas do local e entorno

3.3. Comunidades naturais e seminaturais


Importância local, regional ou nacional das comunidades naturais
(por exemplo, econômica, científica, conservacionista e educativa).
Funcionamento ecológico de comunidades naturais devido à destrui-
ção física do hábitat, redução do tamanho da comunidade, qualidade
do fluxo da água subterrânea, presença ou introdução de espécies
exóticas invasoras, barreiras ao movimento ou migração de animais etc.

Fonte: adaptado de Department of Environmental Affairs (1992 apud SÁN-


CHEZ, 2008).

UNIDADE 5 115
Segundo Sánchez (2008), a lista original, cujo ex-
trato se encontra no Quadro 2, traz 328 itens ou
características que podem ser afetadas por um
projeto qualquer ou que podem representar al-
guma forma de restrição.

Matrizes de Interação

De acordo com o IBAMA (1995), a matriz de in-


teração consiste em uma forma de organização
de informações, que permite a visualização das
relações entre indicadores relativos ao meio na-
tural e relativos ao meio antrópico.
A matriz é composta de duas listas dispostas
no formato de linhas e colunas; em uma das listas
são elencadas as atividades do projeto, e na outra,
os principais processos ambientais. Para indicar
a interação entre os componentes do projeto e
os elementos ambientais, pode-se utilizar letras,
números ou cores para representar as informações
sobre os impactos.
Os impactos positivos e negativos do meio fí-
sico, biológico e socioeconômico são alocados no
eixo vertical da matriz de acordo com a fase em
que o empreendimento se encontra e com as áreas
de influência (MORATO, 2008).
O Quadro 3 apresenta um exemplo de matriz
de interação da implantação de pastagem exótica
na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari. Em que se
🔲
utiliza as seguintes legendas: ( ) impacto nega-
tivo; (🔳) impacto positivo.

116 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


Quadro 3 - Matriz de interação da implantação de pastagem exótica
Fases Implantação Operação Processos
Ações/etapas Instalação Supressão Preparo Manejo Construção Demanda
Manejo Comercia- Assorea-
Meio ambiente de acam- da vegeta- do solo e das pasta- de benfei- de bens e Erosão Inundação
do gado lização mento
pamentos ção plantio gens torias serviços
FÍSICO

Água superficial
Quantidade 🔲 🔳 🔲 🔲
Qualidade 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲
Atmosfera/Clima
Qualidade do ar 🔲 🔲 🔲
Temperatura 🔲 🔲
Balanço hídrico 🔲 🔲
Solos
Fertilidade 🔲 🔳 🔲 🔲 🔲
Capacidade
de infiltração
e retenção de
🔲 🔳 🔲 🔳 🔲 🔲
água
Morfologia dos
rios
🔲 🔲 🔲
BIOLÓGICO

Flora
Perda de
hábitat
🔲 🔲 🔲 🔲 🔲

UNIDADE 5
Cerradão de
mata
🔲 🔲 🔲
Cerrado 🔲 🔲 🔲
Campo 🔲 🔲

117
118
Fases Implantação Operação Processos
Ações/etapas Instalação Supressão Preparo Manejo Construção Demanda
Manejo Comercia- Assorea-
Meio ambiente de acam- da vegeta- do solo e das pasta- de benfei- de bens e Erosão Inundação
do gado lização mento
pamentos ção plantio gens torias serviços
Áreas úmidas 🔲 🔲
APP - morro 🔲 🔲
APP - rios 🔲 🔳 🔲 🔲 🔲
Perda de
biodiversidade
🔲 🔲 🔲 🔲
Fauna
Aves 🔲 🔲 🔲
Terrestre 🔲 🔲 🔲 🔲
Aquática 🔲 🔲 🔲
SOCIOECONÔMICO

Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


Uso da terra
Vegetação
nativa
🔲 🔲 🔲 🔲
Pecuária 🔳 🔳 🔲 🔲
Agricultura 🔲
Transporte 🔲 🔲 🔲 🔲 🔲
Renda 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔲 🔲 🔲
Emprego 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔳 🔲 🔲 🔲
Serviços 🔳 🔲 🔲
Bens e insumos 🔳 🔳 🔳 🔳 🔲 🔲 🔲
Arrecadação de
impostos
🔳 🔳 🔳 🔳 🔲 🔲 🔲
Fonte: adaptado de Abdon (2004).
Como vantagens desse método, destaca-se que este apresenta
boa disposição visual do conjunto de impactos diretos do projeto
e facilidade de elaboração. Como desvantagens: não identifica
impactos indiretos, pode haver subjetividade na atribuição da
magnitude dos impactos, não analisa as interações entre os fa-
tores e não considera as características espaciais dos impactos.

Tenha sua dose extra de conhecimento assis-


tindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor
de QR Code.

Matriz de Leopold

Uma das matrizes de interação mais difundidas é a matriz de


Leopold, elaborada, em 1971, para o Serviço Geológico do In-
terior dos Estados Unidos. A matriz de Leopold é uma matriz
bidimensional que contém 100 colunas, que representam as ações
do projeto, e 88 linhas relativas aos fatores ambientais, o que
resulta em 8.800 possíveis interações.
Obviamente, é difícil trabalhar com uma matriz de tamanha
magnitude, e dessa forma, na prática, utiliza-se matrizes redu-
zidas, como o exemplo ilustrado no Quadro 4. Nessas matrizes,
assinala-se todas as possíveis interações entre as ações e os fatores
e, em seguida, estabelece-se em uma escala de 1 a 10 a magnitude
e a importância de cada impacto, identificando se ele é positivo
(+) ou negativo (-); a magnitude é indicada no canto superior
esquerdo, enquanto que a importância é indicada no canto in-
ferior direito. Por fim, calcula-se o índice global.

UNIDADE 5 119
Quadro 4 - Extrato da matriz de Leopold

Transporte por caminhões II G.c.


Processamento de minério II D.f.
Sítios industriais e edifícios B.b.

Escavações de superfície II C.b.


Detonação e perfuração II C.a.
Linhas de transmissão II B.h.

Disposição de rejeitos II H.c.


Estradas e pontes II b.d.

Vazamentos II J.b.
A.2.d. Qualidade da água 2 1 2 1
2 1 2 4
A.3.a. Qualidade da atmosfera 2
3
A.4.b. Erosão 2 1 2
2 1 2
A.4.c. Sedimentação 2 2 2
2 2 2
B.1.b. Arbustos 1
1
B.1.c. Gramíneas 1
1
B.1.f. Plantas aquáticas 2 2 1
2 3 4
B.2.c. Peixes 2 2 1
2 2 4
C.2.e. Camping e caminhadas 2
4
C.3.a. Vistas cênicas e paisagem 2 2 2 2 2 3
3 1 3 3 1 3
C.3.b. Qualidade do ambiente selvagem 4 4 4 4 2 2 1 1 3 3 2
5
2
5
3
5
C.3.h. Espécies raras e importantes 2 5 2 5 5
5 10 4 10 10
C.4.b. Saúde e Segurança 3
3
Fonte: Leopold et al. (1971 apud SÁNCHEZ, 2008, p. 204).

Moura e Oliveira (2009) destacam que enquanto a valoração da magnitude é relativamente objetiva,
uma vez que se refere ao grau de alteração provocado pela ação sobre o fato ambiental, a pontuação da
importância é subjetiva, pois envolve a atribuição do peso relativo ao fator afetado no âmbito do projeto.
Como vantagens do método, destaca-se que o ele permite uma fácil compreensão dos resultados,
aborda fatores biofísicos e sociais e acomoda dados qualitativos e quantitativos. Como desvantagem,
cita-se a não identificação das inter-relações entre os impactos, o que pode levar à dupla contagem,
além da subjetividade e, ainda, o difícil manuseio, visto que o número de componentes aumenta cada
vez mais, gerando matrizes cada vez maiores e de difícil visualização.

120 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


Leopold e colaboradores aplicaram seu método à análise dos im-
pactos ambientais de uma mina de fosfato, selecionando 9 ações
e 13 componentes ambientais, resultando em 117 interações pos-
síveis, das quais consideraram que somente 40 eram pertinentes
ao projeto que analisaram.
Fonte: adaptado de Sánchez (2008).

Redes de Interações (network)

O método de redes de interações e relações de causa-confissões-efei-


tos permite melhor identificação dos impactos e suas inter-relações
(GARCIA, 2014), o que não é possível com os métodos que vimos
anteriormente.
Por meio das redes de interações, é possível identificar efeitos,
bem como indicar ações corretivas e mecanismos de controle, cons-
truindo conexões entre os vários efeitos ambientais. Além disso,
permite identificar impactos primários, secundários e demais or-
dens, de modo a compor a cadeia de impactos diretos e indiretos
provenientes de um determinado empreendimento/atividade.
As redes de interações também visam orientar as medidas miti-
gadoras que possam ser aplicadas, bem como propor programas de
manejo, monitoramento e controle ambiental. Dessa forma, como
vantagens desse método, destaca-se: simplicidade de elaboração,
baixo custo e boa visualização das ações e seus efeitos. No entanto,
como desvantagens, cita-se que sua construção pode gerar redes
complexas, o que acaba por dificultar a valoração dos impactos e,
além disso, não destaca a importância relativa dos impactos.
A Figura 1 exemplifica uma rede de interação construída adotan-
do-se como ponto de partida os processos impactantes e os demais
impactos indiretos decorrentes daqueles. Da esquerda para a direita,
foi considerado o meio físico, biológico e antrópico.

UNIDADE 5 121
Ocupação desordenada do solo urbano de ambientes ribeirinhos conflitantes com a legislação
em vigor, loteamentos localizados em: áreas de acentuado declive e topos de morros

Desmatamento

Diminuição das Alteração da


Exposição do solo espécies vegetais paisagem e relevo Nível 1
– – –

Diminuição da Diminuição
capacidade de da oferta de Geração de
absorção/retenção alimentos empregos Nível 2
de água no solo – à fauna – +

Aumento do Redução/ extinção


Perda do
escorrimento da população
ambiente natural Nível 3
superficial das faunística terrestre
para o lazer
águas pluviais – e inciofaunística – –

Arraste de Aumento na
partículas sólidas e Degradação arrecadação de
assoreamento dos do ambiente impostos Nível 4
corpos d'água – aquático municipais
– +

Figura 1 - Rede de interação dos impactos decorrentes da pressão imobiliária


Fonte: Soares et al. (2006, p. 8).

Caro(a) aluno(a), perceba, por meio da Figura 1, que cada ação do projeto, no caso o des-
matamento, gera mais de um impacto que, por sua vez, provocam uma cadeia de impactos.

Superposição de Dados Gráficos (overlays)

Overlays é um método de superposição de dados gráficos que objetiva realçar detalhes


que necessitam de ênfase especial, auxiliando na formulação e visualização de alternati-
vas. As cartas podem ser geradas por meio do uso de papel transparente ou translúcido
sobre um mapa ou, ainda, por meio da utilização de mapas computadorizados.
Segundo o IBAMA (1995), os dados sobre os principais fatores ambientais (clima, geo-
logia, fisiologia, hidrologia, pedologia, vegetação, uso do solo, vida silvestre) previamente
analisados e ordenados de acordo com seu valor para o desenvolvimento das atividades
previstas são registrados nos mapas transparentes, com diferentes graus de sombreamento.
Assim, as áreas mais escuras representam fatores favoráveis para o desenvolvimento da
atividade, enquanto que as áreas sem sombreamento são menos favoráveis.

122 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


Além disso, para cada conjunto de áreas som- Modelos de Simulação
breadas, de acordo com seu grau, é feita uma inter-
pretação de sua aptidão de uso, como: conservação, Os modelos de simulação buscam reproduzir a
recreação passiva, recreação ativa, uso residencial e estrutura e/ou características mais significativas
uso comercial e industrial (IBAMA, 1995). de sistemas reais, de modo a representar o com-
Esse método é muito útil para a escolha do me- portamento dos parâmetros físicos, biológicos e
lhor traçado de projetos lineares, como rodovias, socioeconômicos, bem como as relações e intera-
dutos e linhas de transmissão, sendo também útil ções entre causa e efeito de determinadas ações.
na elaboração de diagnósticos ambientais (BRA- Assim, após as simulações para as várias alter-
GA et al., 2005). Como vantagens desse método, nativas, é possível conhecer o estado ambiental
têm-se a boa disposição visual, dados mapeáveis antes e depois da implantação de cada uma das
e possibilidade de montagem de cenários. Como alternativas, por meio das variáveis que caracte-
desvantagens, há difícil integração dos fatores so- rizam cada componente ambiental (BRAGA et
cioeconômicos e o método não admite fatores am- al., 2005).
bientais não mapeáveis. Como vantagens desse método, cita-se sua ca-
A Figura 2 apresenta um mapa resultante de pacidade preditiva, possibilidade de utilizar uma
uma avaliação ambiental das alternativas de corre- grande quantidade de dados e possibilidade de
dores para construção de um gasoduto. O resultado relacionar os fatores citados anteriormente. Como
obtido é superposto ao mapa de uso de solo e ve- desvantagens, os modelos de simulação requerem
getação da área de estudo (GARCIA, 2014). A área equipamentos caros e apropriados, pessoal técni-
azul indica o corredor viável, considerando áreas co e experiente, além de apresentar complexidade
protegidas, áreas alagadas e rodovias existentes. matemática.

Figura 2 - Mapa com seleção de alternativa de corredor para implantação de um gasoduto


Fonte: Matos et al. (2008 apud GARCIA, 2014, p. 149).

UNIDADE 5 123
Análise Custo-benefício

O método de análise custo-benefício objetiva computar os custos e os benefícios de


um projeto ou de suas alternativas, de modo a compará-los e ordená-los por meio
da relação custo-benefício ou do benefício líquido (diferença entre os benefícios e
os custos) que lhes correspondem. É utilizado na avaliação e otimização de projetos
em vários setores, não somente como metodologia de AIA (BRAGA et al., 2005).
Para a comparação das alternativas baseadas no benefício líquido (BL), calcula-
-se para cada uma delas o valor da equação que segue, dando-se preferência às que
correspondam aos maiores valores (BRAGA et al., 2005):
r
( Bt − Ct )
VP( BL) = ∑
(1 + r )
t
t =0

Em que:
r

∑t −0
somatório no período de 0 a t (unidade de tempo).

Bt valores computados para os benefícios correspondentes à alternativa em análise,


previstos para a data t.

Ct valores computados para os custos correspondentes à alternativa em análise,


previstos para a data t.

(1 + r )fator de atualização a ser aplicado ao BL da data tt ( Bt − Ct ) para trans-


t

formá-lo no seu valor presente (ou valor atual à data 0) com uma taxa de desconto r.
VP: valor presente da alternativa em análise.
Para Braga et al. (2005), a dificuldade de aplicação do método se baseia na ava-
liação, sob um mesmo padrão de medida, dos bens e serviços ambientais gerados
(benefícios ambientais) e dos bens e serviços utilizados ou comprometidos pelo
projeto (custos ambientais).
Caro(a) aluno(a), para finalizamos esta unidade, atente-se que o diálogo entre o
profissional com formação ambiental, versado nas metodologias que foram estudadas,
e o especializado nas técnicas envolvidas no desenvolvimento do empreendimento,
é o melhor caminho para a seleção dos métodos a serem utilizados na AIA.

124 Metodologias para Identificação de Impactos Ambientais


1. Sobre as metodologias para avaliação de impactos ambientais, leia as assertivas
que seguem.
I) A concepção do método de AIA deve atender somente ao disposto no Termo
de Referência.
II) Os métodos de AIA podem necessitar de adaptações às particularidades de
cada caso.
III) Os métodos de AIA são utilizados para ordenar, agregar, quantificar e repre-
sentar graficamente as informações geradas nos estudos.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas II está correta.
b) Apenas III está correta.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.

2. Esse método traz uma lista dos impactos ambientais mais comuns advindos
de uma grande variedade de projetos. Assinale a alternativa que diz respeito a
esse método.
a) Ad Hoc.
b) Matrizes de interação.
c) Modelos de simulação.
d) Overlays.
e) Checklists.

3. Conceitue o método denominado de redes de interação e produza um diagrama


de interação, semelhante ao exemplo citado no tópico Redes de Interações,
indicando as possíveis consequências do processo de urbanização sobre os
processos de escoamento das águas superficiais.

4. Sobre o método de matrizes de interação, discorra sobre suas vantagens e


desvantagens.

125
LIVRO

Avaliação de Impactos Ambientais


Autor: Katia Cristina Garcia
Editora: InterSaberes
Sinopse: com o objetivo de introduzir a avaliação de impactos ambientais (AIA),
esta obra apresenta os conceitos básicos que envolvem esse instrumento es-
sencial para a elaboração de projetos e a implantação de empreendimentos.
Além disso, a autora Katia Cristina Garcia discorre sobre as metodologias mais
usuais para a avaliação dos impactos e sobre as aplicações práticas desses
instrumentos em estudos e relatórios de impacto ambiental brasileiros, a fim
de que você amplie a sua visão acerca do assunto.

LIVRO

Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sus-


tentável
Autor: Benedito Braga, Ivanildo Hespanhol, João G. Lotufo Conejo, José Carlos
Mierzwa, Mario Thadeu L. de Barros, Milton Spencer, Monica Porto, Nelson Nucci,
Neusa Juliano e Sérgio Eiger
Editora: Pearson Prentice Hall
Sinopse: o livro é escrito por um grupo de professores pioneiros no estudo e
no ensino da engenharia ambiental, procurando relacionar a engenharia com
outras áreas do conhecimento, além de apresentar a questão do conflito entre
os aspectos socioeconômicos e os ambientais.
Comentário: sugiro a leitura do capítulo 14, que trata da Avaliação de Impactos
Ambientais, abordando também suas metodologias de identificação.

126
ABDON, M. de M. Os impactos ambientais no meio físico - erosão e assoreamento na bacia hidrográfica do
Rio Taquari, MS, em decorrência da pecuária. 322 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental)
- Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986.
Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União,
Brasília, 1986.

GARCIA, K. C. Avaliação de impactos ambientais. Curitiba: Intersaberes, 2014.

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Avaliação de impacto
ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas. Brasília: IBAMA, 1995.

MORATO, S. A. Curso de metodologia para avaliação de impacto ambiental. MMA/PNUD/BRA, 2008.

MOURA, H. J. T. de; OLIVEIRA, F. C. de. O uso das metodologias de avaliação de impacto ambiental em estudos
realizados no Ceará. Revista Pretexto, v. 10, n. 4, p. 79-98, 2009.

SÁNCHEZ, L. H. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.

SOARES, T. S. et al. Impactos ambientais decorrentes da ocupação desordenada na área urbana dos municípios
de Viçosa, estado de Minas Gerais. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, ano IV, n. 8, 2006.

127
1. E. 4. Vantagens da matriz de interação: fácil elabora-
ção e compreensão dos dados; aborda fatores
2. E. biofísicos e sociais; fornece boa orientação para
o prosseguimento dos estudos; aborda dados
3. O método denominado de redes de interação
qualitativos e quantitativos.
consiste, principalmente, em elaborar diagramas
que permitem identificar os impactos indiretos Desvantagens: o estabelecimento de pesos pode
resultantes de um impacto direto. ser subjetivo; não identifica inter-relações entre
os impactos, o que pode levar à dupla contagem;
Um diagrama de interação sobre as consequên-
e não identifica impactos indiretos.
cias da urbanização sobre os processos de escoa-
mento de águas superficiais pode ser elaborado
como segue:

Urbanização

Impermeabilização do solo

Redução da taxa de infiltração


de água (aumento do
coeficiente de deflúvio)

Aumento do escoamento
superficial

Aumento do aporte hídrico


para cursos d'água

Aumento rápido da vazão


dos cursos d'água

Aumento rápido da vazão


dos cursos d'água

Danos e perdas econômicas

Fonte: Sánchez (2008, p. 212).

128
Me. Rebecca Manesco Paixão

Estudos Ambientais

PLANO DE ESTUDOS

Elaboração, Avaliação e
Implantação de Estudos
Ambientais

Estudos Ambientais Medidas e Programas


Ambientais

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer alguns estudos ambientais exigidos no processo de licenciamento ambiental.


• Descrever como se dá a elaboração, avaliação e implantação de estudos ambientais.
• Discorrer sobre as medidas e programas ambientais que os empreendimentos podem adotar.
Estudos
Ambientais

Caro(a) aluno(a), na Unidade 3 deste livro, nós es-


tudamos sobre o licenciamento ambiental e vimos
que, dentre algumas exigências deste procedimento
administrativo, tem-se os estudos ambientais. Des-
sa forma, nesta unidade, iremos aprofundar nossos
conhecimentos no que diz respeito à esses estudos.
De acordo com a Resolução CONAMA nº
237/97, os estudos ambientais são definidos como:


[...] todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos ambientais relacionados à localiza-
ção, instalação, operação e ampliação de uma
atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença re-
querida, tais como: relatório ambiental, pla-
no e projeto de controle ambiental, relatório
ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de
área degradada e análise preliminar de risco
(CONAMA, 1997, art. 1º, III).
Neste sentido, observe que os estudos ambientais objetivam avaliar a viabilidade ambiental de um
determinado empreendimento/atividade, bem como subsidiar o processo decisório do licenciamento
ambiental, além de estabelecer o compromisso do empreendedor em relação às medidas a serem ado-
tadas para minimização dos impactos adversos e para maximização dos efeitos benéficos decorrentes
do planejamento, implantação, operação e desativação do empreendimento/atividade.
A referida resolução define, ainda, que “[...] os estudos necessários ao processo de licenciamento
deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor” (CO-
NAMA, 1997, art. 11) e que ambos, empreendedor e profissional elaborador do estudo ambiental, são
responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções civis, penais e administrativas.
Dessa forma, caro(a) aluno(a), na presente unidade, apresentarei alguns dos estudos ambientais mais
comuns exigidos pelos órgãos ambientais para o processo de licenciamento ambiental a uma ampla
gama de empreendimentos/atividades. No entanto, é importante ressaltar que cada caso é singular e,
assim, é importante que você esteja constantemente se atualizando, bem como procurando o órgão
ambiental sempre que necessário.
Dentre os estudos ambientais requeridos como subsídio ao processo de licenciamento, pode-se citar:
• Relatório ambiental simplificado (RAS).
• Plano básico ambiental (PBA).
• Estudo de impacto ambiental (EIA).
• Relatório de impacto ambiental (RIMA).
• Estudo de viabilidade ambiental (EVA).
• Plano de controle ambiental (PCA).
• Relatório de controle ambiental (RCA).
• Plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD).
• Plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS).
• Plano de controle de poluição ambiental (PCPA).
• Plano de gerenciamento de riscos (PGR).
• Estudo de impacto de vizinhança (EIV).
• Relatório de impacto de vizinhança (RIV).

Os Termos de Referência (TR) objetivam estabelecer as diretrizes, conteúdo mínimo e abrangência


do estudo ambiental exigido, sendo, portanto, instrumento orientador para seu desenvolvimento.
O TR deve ser elaborado criteriosamente, com base nas informações disponíveis sobre o empreen-
dimento, sobre o local em que será implantado, bem como da legislação pertinente.
Fonte: adaptado de IBAMA (2002) e MMA (2009).

UNIDADE 6 131
Caro(a) aluno(a), alguns dos estudos ambientais citados anterior- dispõe sobre o licenciamento
mente já foram apresentados neste livro, como EIA, RIMA, RAS ambiental de atividades de ex-
e PBA. Assim, aprofundaremos nossos conhecimentos quanto tração mineral, classes I e III a
aos outros estudos, ao longo desta unidade. IX, o PCA deverá ser entregue
pelo empreendedor ao órgão
ambiental no pedido da licença
Estudo de Viabilidade Ambiental de instalação, de modo a propor
(EVA) a minimização dos impactos
ambientais negativos avaliados
O estudo de viabilidade ambiental objetiva apresentar, analisar na fase da licença prévia.
e definir as melhores alternativas de localização de um determi- Geralmente, o PCA fica in-
nado empreendimento/atividade, bem como os riscos, vantagens cluso no RCA em processos de
e desvantagens do projeto, de modo que o empreendedor possa licenciamento ambiental mais
selecionar a melhor alternativa que atenda suas expectativas simplificados do que aqueles em
legais, econômicas e de preservação do meio ambiente. que se exige EIA/RIMA. Quan-
do incluso no RCA, o estudo é
exigido já no pedido de licen-
ça prévia do empreendimento,
mas, em alguns casos, pode ser
Atente-se que este estudo subsidia a tomada de decisão, por parte solicitado quando do pedido da
do órgão ambiental, quanto à viabilidade ambiental e econômica licença de instalação.
da implantação e operação do empreendimento. Quanto ao relatório de con-
trole ambiental (RCA), o estudo
possui escopo semelhante ao do
EIA/RIMA, mas sem demandar
Plano de Controle Ambiental (PCA) altos níveis de especificidade.
e Relatório de Controle Ambiental Segundo IBAMA (2002), o RCA
(RCA) deverá conter informações relati-
vas à: caracterização do ambien-
Originalmente, o plano de controle ambiental era um estudo exigi- te em que se pretende instalar o
do para a concessão da licença de instalação de atividade de extra- empreendimento, sua localização
ção mineral de todas as classes previstas no Decreto-lei nº 227/67. frente ao Plano Diretor Munici-
No entanto, atualmente, tem sido exigido a empreendimentos/ pal, alvarás e documentos simila-
atividades que não gerem impactos ambientais significativos, como res, bem como o plano de contro-
atividades de avicultura, de beneficiamentos de metais, fábricas de le ambiental, capaz de identificar
ração etc., de modo a identificar e propor medidas mitigadoras as fontes de poluição ou degrada-
relacionadas aos impactos que podem ser gerados da implantação ção ambiental e propor medidas
e operação do empreendimento, bem como para corrigir não de controle. O conteúdo para
conformidades identificadas, com relação ao cumprimento das elaboração do RCA é estabeleci-
medidas mitigadoras e de controle ambiental. do caso a caso, de acordo com as
De acordo com o art. 5º da Resolução CONAMA nº 009/90, que exigências do órgão ambiental.

132 Estudos Ambientais


Legalmente, a resolução CONAMA nº 10/90 exige RCA no caso de dispensa de apresentação do EIA/
RIMA para obtenção da licença prévia de atividade de extração mineral da Classe II. No entanto, caro(a)
aluno(a), o RCA também pode ser exigido por alguns órgãos ambientais para o licenciamento ambiental
de outros empreendimentos/atividades, a exemplo da indústria moveleira, gráficas, sistemas de abasteci-
mento de água etc.

Termo de Referência do PCA


1. Descrição e caracterização do empreendimento - identificação do interessado, do responsável téc-
nico, caracterização do empreendimento (natureza da atividade, número de funcionários, período
de funcionamento etc.) e sua respectiva localização.
2. Caracterização da área de influência direta e indireta do empreendimento - delimitar, justificar
e mapear as áreas de influência direta e indireta do empreendimento, nos meios físico, biológico
e antrópico, para as fases de implantação e operação.
3. Caracterização da área de estudo - localizar o empreendimento, considerando os municípios atin-
gidos, bacia hidrográfica, coordenadas geográficas etc.
4. Avaliação de impactos ambientais - identificar e descrever os principais impactos ambientais e so-
cioeconômicos, positivos e negativos, que podem ocorrer nas etapas de planejamento, implantação,
operação e desativação do empreendimento.
5. Medidas de controle e mitigação dos impactos - propor medidas para minimizar, mitigar ou
compensar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos.
6. Programas de monitoramento - apresentar programas de acompanhamento da evolução dos im-
pactos ambientais causados pelo empreendimento em suas diversas etapas, bem como cronograma
e responsável pela execução.
7. Conclusão.
8. Referência bibliográfica.

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)

O plano de recuperação de áreas degradadas é exigido após um empreendimento ser punido adminis-
trativamente por causar degradação ambiental, ou também como parte integrante do licenciamento
ambiental de atividades degradadoras ou modificadoras do meio ambiente, a exemplo de áreas cujos
empreendimentos instalados se destinam à exploração de recursos minerais, previsto pela Constituição
Federal de 1988: “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente” (BRASIL, 1988, on-line).
Neste sentido, de acordo com o Decreto nº 97.632/89, os empreendimentos que se destinam à explo-
ração dos recursos minerais devem, quando da apresentação de EIA/RIMA, submeter à aprovação do
órgão ambiental o PRAD, de modo que a recuperação da área degradada proposta no estudo objetive o
retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o
uso do solo, visando a obtenção de um meio estável (BRASIL, 1989, on-line).

UNIDADE 6 133
Termo de Referência do PRAD

Caro(a) aluno(a), a Instrução normativa nº 4/2011, do IBAMA, traz o Termo de Referência contendo
as diretrizes para elaboração do PRAD e, no geral, ele segue os seguintes conteúdos:
1. Informações gerais - identificação do interessado, do responsável técnico, caracterização da
área de estudo e sua respectiva localização.
2. Origem da degradação - identificação da área degradada ou alterada, com a descrição da ativi-
dade causadora do impacto e os seus efeitos no meio ambiente, além da causa da degradação.
3. Caracterização regional e local - informações sobre o clima, bioma, fitofisionomia e bacia
hidrográfica.
4. Caracterização da área a ser recuperada - descrever a situação da área antes da degradação ou
alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual após a degradação; deve, ainda, con-
templar informações sobre o relevo, solo e subsolo, hidrografia e cobertura vegetal.
5. Da implantação - o projeto deverá objetivar a recuperação da área degradada, sendo descritas
as medidas que serão adotadas na contenção da degradação ambiental, além das medidas de
manutenção e monitoramento. Também devem ser informados os métodos e técnicas de re-
cuperação que serão utilizados para alcançar os objetivos propostos.
6. Da manutenção (tratos culturais e demais intervenções) - devem ser apresentadas as medidas
de manutenção da área a ser recuperada, detalhando os tratos culturais e as intervenções ne-
cessárias durante o processo de recuperação.
7. Do monitoramento da recuperação - os métodos que serão adotados no monitoramento para
avaliação do processo de recuperação deverão ser detalhados, devendo detectar os sucessos e
insucessos das estratégias utilizadas.
8. Cronograma e estimativa de custos.
9. Conclusão.
10. Referência bibliográfica.

134 Estudos Ambientais


Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

O plano de gerenciamento de resíduos sólidos é um estudo ambiental,


cuja elaboração e execução é obrigatória aos geradores
de resíduos sólidos, responsáveis
por seu correto gerenciamento.
O PGRS é capaz de identificar
a tipologia e quantidade de
resíduos gerados por um de-
terminado empreendimen-
to; além disso, baseado nos
princípios da não geração
e minimização da gera-
ção de resíduos sólidos,
propõe ações relativas
ao manejo dos resíduos,
envolvendo as etapas de
segregação, acondicionamento, ar-
mazenamento, coleta, transporte,
tratamento, destinação final dos re-
síduos sólidos e disposição final dos rejeitos
(BRASIL, 2010, on-line).
Caro(a) aluno(a), atente-se que o PGRS deverá ser
elaborado de acordo com os resíduos que são gerados pelo empreendimento objeto de estudo; neste
sentido, pode haver o plano de gerenciamento de resíduos industriais, da construção civil, de serviços
de saúde, dentre outros. Na Unidade 7, aprofundaremos o conhecimento aos resíduos sólidos, bem
como sobre o gerenciamento dos resíduos da construção civil.

UNIDADE 6 135
Termo de Referência do PGRS
1. Descrição e caracterização do empreendimento - identificação do interessado, do responsável
técnico, caracterização do empreendimento (natureza da atividade, número de funcionários,
período de funcionamento etc.) e sua respectiva localização.
2. Levantamento e diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos gerados pelo empreendimento.
3. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos - é proposta a correta forma de gerenciamento dos
resíduos sólidos, incluindo as etapas de segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento,
transporte, tratamento, destinação e disposição final.
4. Implantação e operação - aponta medidas a serem tomadas para implantação do plano propos-
to; também deve indicar os programas de educação ambiental, e como ocorrerá a capacitação e
treinamento dos funcionários.
5. Plano de monitoramento e documentação - aponta as medidas a serem tomadas para monitora-
mento do processo e documentação para o correto gerenciamento.
6. Conclusão.
7. Referência bibliográfica.

Plano de Controle de Poluição Ambiental (PCPA)

O plano de controle de poluição ambiental é um estudo de instalações, equipamentos e obras destina-


das ao controle da poluição ambiental causada pela emissão de poluentes sólidos, líquidos, gasosos e
ruídos, por atividades consideradas potencial ou efetivamente poluidoras, que oferecerem elementos
para a análise da viabilidade de atendimento aos limites e padrões ambientais estabelecidos pelo órgão
ambiental, quando da operação da atividade ou empreendimento (IAP, 2009a, 2017).

136 Estudos Ambientais


Termo de Referência do PCPA estimativa de custos e cronograma de
implantação do sistema de tratamento.
Caro(a) aluno(a), a Resolução SEMA/COMDE- 9. Plantas - anexar as plantas dos sistemas de
MA nº 003/2017 traz no termo de referência I tratamento para efluentes líquidos, emis-
as diretrizes para elaboração e apresentação de sões atmosféricas e resíduos sólidos.
projetos de controle de poluição ambiental em 10. Conclusão.
empreendimentos industriais e, no geral, ele segue 11. Referência bibliográfica.
os seguintes conteúdos:
1. Descrição e caracterização do empreen-
dimento - identificação do interessado, Plano de Gerenciamento de
do responsável técnico, caracterização Riscos (PGR)
do empreendimento (natureza da ativi-
dade, número de funcionários, período O plano de gerenciamento de riscos, ou também
de funcionamento etc.) e sua respectiva denominado de plano de análise de risco (PAR),
localização. é um estudo exigido para empreendimentos ou
2. Informações sobre o processamento in- atividades que envolvam substâncias tóxicas e/ou
dustrial - incluir dados sobre matérias- inflamáveis, como indústrias químicas, indústrias
-primas, produtos, processos e operações alimentícias, usinas termelétricas a gás etc.
industriais. Neste sentido, o PGR busca avaliar modelos
3. Informações sobre a água utilizada no de dispersão de poluentes, de manejo de produtos
processo, incluindo sistema de coleta de potencialmente perigosos e simular, previamente
águas pluviais. à implantação da atividade, as possíveis conse-
4. Informações sobre os efluentes líquidos, quências de sua futura operação para a população
incluindo os industriais e os esgotos sa- da área de implantação do empreendimento e
nitários - inserir dados sobre o sistema para a qualidade ambiental da região (IBAMA,
de coleta, tratamento e disposição final. 2002). Assim, pode-se dizer que o estudo objetiva
5. Informações sobre as emissões gasosas - prevenir a ocorrência de acidentes que possam
incluir dados sobre as fontes de poluição causar danos ambientais e aos seres vivos.
atmosférica e formas de tratamento. Segundo IAP (2009b), o PGR também pode
6. Informações sobre os resíduos sólidos - determinar a estruturação de dois outros tipos
apresentar dados sobre os resíduos sólidos de planos para aplicação em caso de emergência:
gerados, incluindo medidas adotadas para • Plano de ação para emergência: exigido para
seu gerenciamento. atividades cujo nível de risco seja igual a três
7. Memorial técnico - apresentar as carac- ou quatro; este plano detalha a ação interna
terísticas prováveis dos efluentes finais: de uma empresa em caso de emergência.
emissões atmosféricas, efluentes líquidos • Plano de contingência: detalha a ação con-
e resíduos sólidos. junta de empresas privadas e dos órgãos
8. Cronograma e estimativa de custos - apre- públicos em caso de emergência de grande
sentar especificações de equipamentos, porte.

UNIDADE 6 137
Termo de Referência modo a dominar e minimizar as possí-
1.
Descrição e caracterização do empreen- veis emergências.
dimento - identificação do interessado, 11. Plano de contingência - as análises de
do responsável técnico, caracterização risco devem indicar quais as possíveis
do empreendimento (natureza da ativi- emergências para a atividade, e contem-
dade, número de funcionários, período plá-las nos planos de contingência, com
de funcionamento etc.) e sua respectiva as ações a serem tomadas, inclusive com
localização. o envolvimento da população do entor-
2. Plano de gerenciamento de riscos - deve no do empreendimento, se aplicável.
conter a identificação, bem como me- 12. Organização e auditorias - o PGR deve
didas para eliminação ou controle dos ser periodicamente auditado de modo a
riscos. verificar se o programa está efetivamen-
3. Plano de ação - deve descrever as ações te sendo adotado na prática.
a serem feitas, responsáveis e prazos. 13. Conclusão.
4. Normas e procedimentos operacionais 14. Referência bibliográfica.
- as atividades do empreendimento que
podem acarretar em acidentes devem
ser descritas em procedimentos opera- Estudo de Impacto de
cionais ou normalizadas. Vizinhança (EIV) e Relatório
5. Treinamento - a empresa deverá forne- de Impacto de Vizinhança
cer um programa anual de treinamento (RIV)
dos funcionários.
6. Manutenção de equipamentos críticos - O EIV/RIV é um estudo exigido para a apro-
equipamentos e instrumentos que fazem vação de empreendimentos que causam grande
parte das ações de eliminação ou con- impacto urbanístico e ambiental. Neste sentido,
trole de risco devem fazer parte de um cumpre as exigências do artigo 2º da Resolução
programa de manutenção, passando por CONAMA nº 001/86; além disso, também é
inspeções/calibrações periódicas. exigido nos Planos Diretores municipais e na
7. Investigação de acidentes/incidentes - o Lei Federal nº 10.257/2001 que dispõe sobre o
empreendimento deve estabelecer uma Estatuto da Cidade.
sistemática para registro e investigação Caro(a) aluno(a), observe que o referido
de acidentes/incidentes. estudo ambiental se torna fundamental para
8. Informações sobre os produtos quími- o desenvolvimento sustentável de uma cida-
cos manuseados. de. Neste sentido, o EIV/RIV deve realizar um
9. Gerenciamento de modificações - o em- levantamento dos efeitos positivos e negativos
preendimento deve contar com um pro- do empreendimento ou atividade quanto à qua-
cedimento para gerenciar as possíveis lidade de vida da população residente na área
modificações de projeto e/ou processo. e suas proximidades (BRASIL, 2001), além de
10. Gerenciamento de emergência - o em- contemplar medidas para minimizar, mitigar
preendimento deve implantar e manter ou compensar os efeitos adversos, bem como
uma organização de emergências, de potencializar efeitos benéficos.

138 Estudos Ambientais


Segundo o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2. Área de influência - descrever a área de
2001), o EIV deverá analisar, no mínimo, as se- influência direta em um raio de 300 me-
guintes questões: adensamento populacional, tros, e indireta em um raio de 1000 metros.
equipamentos urbanos e comunitários, uso e 3. Impactos do empreendimento sobre a área
ocupação do solo, valorização imobiliária, ge- de vizinhança e proposição de medidas -
ração de tráfego e demanda por transporte pú- os impactos devem ser analisados infor-
blico, ventilação e iluminação, paisagem urbana mando em qual área de influência se en-
e patrimônio natural e cultural. contra (direta ou indireta), caracterizando
o ambiente natural e construído, antes e
depois da instalação do empreendimento
Termo de Referência do EIV ou atividade. Quanto aos impactos, deve-
1. Descrição e caracterização do empreen- -se considerar os seguintes: no meio físico,
dimento - identificação do interessado, no meio biológico, no meio antrópico, na
do responsável técnico, caracterização estrutura urbana instalada, na morfologia
do empreendimento (natureza da ativi- urbana, sobre o sistema viário e durante a
dade, número de funcionários, período fase de obra do empreendimento.
de funcionamento etc.) e sua respectiva 4. Quadro resumo das medidas.
localização. 5. Conclusão.
6. Referência bibliográfica.

UNIDADE 6 139
Exemplo de EIV

Caro(a) aluno(a), dada a importância do EIV no contexto urbano,


este será aprofundado utilizando como base o estudo elaborado para
regularização e ampliação do Hospital Beneficência Portuguesa,
localizado na cidade o Rio de Janeiro.
Cabe destacar que o estudo foi conduzido pela empresa Zênite
- Arquitetura, Meio Ambiente e Engenharia Ltda, cuja equipe foi
composta por uma arquiteta e urbanista, um geógrafo e uma bióloga.
De acordo com o zoneamento municipal, a área do empreendi-
mento se encontra em Macrozona de Ocupação Controlada, ZR3
(Zona Residencial 3), conforme ilustra a Figura 1:

Figura 1 - Localização do empreendimento conforme zoneamento municipal / Fonte: Zenite (2017, on-line).

O estudo realiza a análise dos seguintes impactos relativos aos aspec-


tos: adensamento populacional, uso e ocupação do solo, valorização
imobiliária, equipamentos urbanos, equipamentos comunitários,
paisagem urbana e patrimônio natural e cultural, e impacto socioe-
conômico na população residente ou atuante no entorno. Para essa
análise, a equipe adotou a metodologia de reconhecimento das áreas
de influência em dois níveis: da vizinhança imediata (localizada nos
lotes e quadras lindeiros ao empreendimento) e vizinhança mediata
(situada na área de influência do projeto e que por ele pode ser
atingida), conforme ilustra a Figura 2:

140 Estudos Ambientais


Figura 2 - delimitação da área de vizinhança imediata e mediata. / Fonte: Zenite (2017, p. 18).

O Quadro 1 traz uma síntese da identificação dos impactos, avaliações e mitigações ou compensações
propostas pelo estudo, observe:
Quadro 1 - Síntese dos Impactos e das Mitigações e/ou Compensações do Empreendimento por Aspecto Analisado
Aspecto Mitigação e/ou
Impacto Avaliação
Analisado Compensação
Garantia da função social da
Adensamento direto e
Adensamento propriedade utilizada como
indireto: aumento de Não necessária
populacional atividades geradoras de
funcionários e usuários.
emprego e renda.
Uso e parâmetros urbanísticos
Uso e ocupação
Uso institucional. compatíveis com a legislação e Não necessária
do colo
entorno.
Sombreamento já existente,
Sombreamento de sistema em períodos espaçados, lotes
Sombreamento viário, parte de lotes vizinhos com ocupação vertical, Não necessária
vizinhos. e atendimento dos recuos
conforme legislação vigente.
O empreendimento não
Empreendimento existente,
representa novo obstáculo
Ventilação promoverá pouco impacto ao Não necessária
de difícil transposição aos
entorno.
ventos predominantes.
Ruídos durante a fase de
Ruídos de máquinas da obra dentro dos parâmetros
Poluição sonora construção civil durante a e horários admissíveis da Não necessária
obra. legislação vigente, e atividade
não geradora de ruído.

UNIDADE 6 141
Aspecto Mitigação e/ou
Impacto Avaliação
Analisado Compensação
Material particulado em
Emissões inerentes e em
suspensão e geração de
níveis compatíveis às obras
Poluição odores emitidos pelas
de construção civil e atividade Não necessária
atmosférica máquinas, veículos,
não geradora de poluição
equipamentos e produtos
atmosférica.
durante a obra.
Não identificada
Incompatibilidade
incompatibilidades entre Atividade compatível com o
de usos com o Não necessária
o empreendimento e entorno.
entorno
Entorno.
Permeabilidade Não haverá prejuízo na
Sem alteração. Não necessária
do solo taxa de permeabilidade.
Oferta a ser suprida através
Atração de do incremento do mercado
Demanda por atividades
atividades instalado, ou através da Não necessária
de comércio e serviços.
complementares substituição de uso dos lotes
da vizinhança imediata.
Geração de empregos
Impacto na
durante a obra e na
microeconomia Impacto positivo. Não necessária
fase de operação do
local
Empreendimento.
O empreendimento está
localizado em área com
Aumento do consumo de
abastecimento de água Não necessária
água.
potável de forma contínua,
através da rede existente.
O empreendimento está
Aumento da geração de localizado em área com
Não necessária
esgoto. captação de esgotos sanitários
através de rede existente.
Diminuição da vazão de Dentro do limite estabelecido
Não necessária
Equipamentos águas pluviais. pela legislação.
urbanos Há capacidade de
Aumento da geração de atendimento e o
Não necessária
resíduos. empreendimento contará com
coleta seletiva.
Alteração do consumo de O projeto atenderá as
Não necessária
Energia. diretrizes da concessionária.
Aumento de pontos de Concessionárias: há
Não necessária
telefonia. capacidade de atendimento.
O projeto atenderá as
Consumo de gás. diretrizes da concessionária Não necessária
de gás.

142 Estudos Ambientais


Aspecto Mitigação e/ou
Impacto Avaliação
Analisado Compensação
Creche: aumento da Empreendedor fornece auxílio
Não necessária
demanda. creche.
Atividade não gerará
Pré-escola. Não necessária
demanda.
Atividade não gerará
Equipamentos Ensino fundamental I. Não necessária
demanda.
comunitários
Atividade não gerará
Ensino fundamental II. Não necessária
demanda.
Saúde: aumento da
Atividade suprirá a demanda Não necessária
demanda
Lazer. atividade não gerará demanda. Não necessária
Empreendimento não alterará
Paisagem urbana
Não haverá alteração da a paisagem urbana pois a
e patrimônio Não necessária
paisagem urbana. área já está consolidada ao
natural e cultural
entorno.
Esse assunto será tratado A ser avaliado
Vegetação Supressão de 5 árvores. em processo específico de em processo
licenciamento ambiental. específico
Atividade não geradora de
Poluição visual Não identificado impacto. Não necessária
poluição visual.
Não há patrimônio a ameaçar
Bens de interesse
Não identificado impacto. a integridade ou interferir na Não necessária
do patrimônio
percepção no entorno.

Fonte: Zenite (2017, p. 43).

Dessa forma, o estudo cita que as intervenções no empreendimento são positivas, permitindo aumentar
a demanda por saúde à população moradora do entorno. Além da geração de 120 empregos diretos
na fase de obra, e de outros empregos na fase de funcionamento.
E ainda, a qualidade ambiental possuirá melhora com relação a aspectos de funcionalidade urbana,
e o incremento nas relações sociais contribuirá para um aumento do cenário no entorno.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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UNIDADE 6 143
Elaboração, Avaliação
e Implantação
de Estudos Ambientais

Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, foi


apresentado alguns itens básicos que devem
estar contidos nos estudos ambientais. No en-
tanto, é importante ressaltar que cada órgão
ambiental, que exige tais estudos, poderá mo-
dificar os termos de referência já existentes, de
acordo com as necessidades específicas de cada
empreendimento/atividade, uma vez que não
existe uma “receita de bolo” que seja aplicável
a todos os projetos. Assim, é importante que o
profissional elaborador dos estudos verifique
qual o conteúdo que está sendo exigido para
determinado empreendimento junto ao órgão
ambiental.
De modo geral, sabemos que os estudos
ambientais devem descrever as metodologias
e ações que deverão ser tomadas para se alcan-
çar um determinado objetivo final, no caso a
compatibilização da atividade econômica com
a proteção ambiental. Neste sentindo, MMA
(2009) propõe um roteiro básico de termo de
referência para EIA/RIMA e outros estudos
ambientais, observe:

144 Estudos Ambientais


1 Identificação do empreendedor
Nome ou razão social, número dos
registros legais, endereço, telefone etc.
6 Diagnóstico ambiental da
área de influência
Descrição e análise do meio natural e
socioeconômico da área de influência

2 Caracterização do empreendimento direta e indireta, e de suas interações


antes da implantação do
Caracterização e análise do projeto, sob o empreendimento.
ponto de vista tecnológico e locacional.

3 Métodos e técnicas utilizados para a


realização dos estudos ambientais
Detalhamento dos métodos e técnicas
7 Prognóstico dos impactos
ambientais do plano ou programa
proposto e de suas alternativas
Comparação entre o projeto proposto
escolhidos para a elaboração do estudo e cada uma de suas alternativas; e
ambiental (EIA/RIMA, PCA, RCA, EVA,
identificação e análise dos efeitos
EIV/RIV etc.), bem como dos recursos
ambientais dos impactos positivos e
metodológicos que levem ao diagnóstico
negativos do projeto, e das
ambiental; à identificação dos recursos
possibilidades tecnológicas e
tecnológicos necessários para mitigar os
econômicas de prevenção, mitigação e
impactos negativos e maximizar os
impactos positivos; às medidas de controle reparação dos efeitos negativos.
e monitoramento dos impactos.

4 Definição da área de influência do


empreendimento
8 Controle ambiental do
empreendimento: alternativas
econômicas e tecnológicas para a
mitigação dos danos potenciais
Delimitação da área de influência direta e sobre o ambiente
indireta do empreendimento,
considerando os critérios ecológicos, Avaliação do impacto ambiental da
sociais e econômicos. alternativa do projeto, por meio da
interação dos resultados da análise dos
meios físico, biológico e

5 Especialização da análise e da
apresentação dos resultados
Elaboração de base cartográfica
socioeconômico; análise e seleção das
medidas eficazes para mitigação dos
impactos negativos e maximização dos
referenciada geograficamente, para os impactos positivos, além de medidas
registros dos resultados dos estudos. compensatórias ou reparatórias.

Caro(a) aluno(a), atente-se que para a elaboração e implantação dos estudos ambientais, independentemente
de qual seja, é importante escolher um profissional devidamente habilitado por seu conselho de classe.
Dependendo da abrangência do projeto, uma equipe multidisciplinar composta por diversos profissio-
nais (dentre eles: engenheiros, arquitetos, biólogos, geógrafos, advogados etc.) será essencial para levantar
um eficiente diagnóstico ambiental da área em estudo. Lembre-se que a escolha da equipe adequada para
elaboração do estudo irá determinar a qualidade dele.
Os profissionais responsáveis pela elaboração do estudo ambiental serão também responsáveis pela
organização dos dados levantados por meio de referências bibliográficas e dados levantados a campo,
principalmente no que se refere aos meios físico, biológico e socioeconômico do local em que se pretende
instalar determinado empreendimento/atividade.
Por fim, após o estudo ambiental ser devidamente redigido e entregue ao órgão ambiental como parte dos
requisitos para obtenção da licença ambiental, este será avaliado por profissionais capacitados e experientes.
A aprovação do estudo ambiental implica na devida implantação das medidas descritas no projeto por parte
do proponente do empreendimento/atividade; cabendo ao órgão ambiental, por fim, a responsabilidade
de controlar e fiscalizar seu cumprimento.

UNIDADE 6 145
Medidas e
Programas Ambientais

Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unidade,


nós vimos que os estudos ambientais devem propor
medidas de controle e mitigação que visem adequar
a atividade econômica da empresa com as exigências
ambientais. Além disso, o monitoramento dessas ati-
vidades também é muito importante, pois é requisito
fundamental para a renovação da licença ambiental
dos empreendimentos/atividades, tanto por parte do
empreendedor como por parte do órgão ambiental.

Biorremediação é a técnica biológica empregada


em uma área contaminada, visando a remoção
ou contenção dos contaminantes.

146 Estudos Ambientais


No contexto das medidas que podem ser adota- • Plano de gestão ambiental (PGA): visa
das por um empreendimento, pode-se ter: estabelecer diretrizes para o monitoramen-
to e a supervisão ambiental dos impactos
provenientes da implantação e operação
MEDIDA PREVENTIVA do empreendimento. Podem ser utilizadas
Adotada para prevenir que um dano as bases da norma NBR ISO 14.001 para
ambiental ocorra.
orientar sua elaboração.
Exemplo: adoção de sistema para
tratamento de efluentes líquidos antes • Programa de comunicação social: visa
do despejo no corpo hídrico receptor. estabelecer diretrizes para divulgação das
atividades do empreendimento, permitindo
MEDIDA CORRETIVA a participação e o envolvimento de todas as
Adotada para recuperar o ambiente já partes interessadas, até mesmo a população
degradado, de modo a restabelecer a situação
anterior à ocorrência do evento adverso. direta ou indiretamente afetada por suas ati-
Exemplo: biorremediação de uma área vidades. Por meio deste programa, podem
degradada por derramamento de petróleo.
ser utilizados vários canais de comunicação,
como jornais, rádio, televisão etc.
MEDIDA COMPENSATÓRIA
busca repor os bens socioambientais • Programa de educação ambiental: visa à
perdidos em decorrência de ações diretas ou participação individual e coletiva na gestão
indiretas do empreendimento.
Exemplo: no caso de poluição da água, pode
do uso sustentável, na conservação dos re-
haver indenização aos pescadores da região. cursos naturais e na concepção e aplicação
das decisões que afetam a qualidade do
MEDIDA POTENCIALIZADORA meio ambiente. Garante a participação de
Busca maximizar um impacto positivo
decorrente da implantação do
todos os atores sociais, afetados direta ou
empreendimento. indiretamente pela atividade do empreen-
Exemplo: geração e manutenção de dimento.
empregos diretos e indiretos.
• Programa de monitoramento da qua-
lidade da água: objetiva analisar a qua-
lidade da água antes e após a instalação
do empreendimento, por meio de análises
biológicas e físico-químicas.
• Programa de monitoramento de ruí-
Quanto aos programas ambientais, segundo IBA- dos: especifica medidas necessárias para
MA (1995), estes objetivam planejar o controle redução e manutenção dos ruídos gerados
permanente da qualidade ambiental. Devem ser pelo empreendimento a níveis aceitáveis.
propostos como forma de acompanhar a evolução
dos impactos previstos, a eficiência e a eficácia No entanto, caro(a) aluno(a), além destes cita-
das medidas de controle, bem como verificar a dos, o órgão ambiental também pode solicitar:
necessidade de adotar medidas complementares. programa de controle de tráfego, programa de
Normalmente, os seguintes planos e progra- monitoramento da qualidade do ar, programa de
mas são exigidos pelos órgãos ambientais nos monitoramento da qualidade do solo, programa
termos de referência (GARCIA, 2014): de indenização de terras e benfeitorias etc.

UNIDADE 6 147
1. No que diz respeito aos impactos nos meios físico, biológico e socioeconômico,
vimos que um empreendimento pode adotar algumas medidas, como pre-
ventivas, corretivas, compensatórias e potencializadoras. Discorra sobre essas
medidas e dê exemplos.

2. Sobre os estudos ambientais exigidos no processo de licenciamento ambiental,


discorra em que casos o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é
exigido e o conteúdo que deve conter.

3. Dentre os estudos ambientais exigidos no processo de licenciamento ambien-


tal, tem-se o Plano de Controle de Poluição Ambiental (PCPA). Sabendo disso,
discorra sobre ele.

148
WEB

Acesse o conteúdo que trata sobre a “Coleção cadernos técnicos de regula-


mentação e implementação de instrumentos do estatuto da cidade” disponível
em: http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2017/10/CAPACIDADES4.pdf.
Acesso em: 26 fev. 2021.Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Você pode acessar um exemplo de EVA referente à ampliação do Terminal de


Cargas Fernão Dias, por meio do link: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/
secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/20565103000E1504R0_vol_I_ca-
racterizacao.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021. Para acessar, use seu leitor de
QR Code.

WEB

Você pode acessar o PCA e RCA de um loteamento no município de Santana


do Paraíso/MG, acessando o link: http://www.universalisconsultoria.com.br/
projetos/0038.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021. Para acessar, use seu leitor de
QR Code.

WEB

O PRAD para plantio compensatório no Parque Estadual Telma Ortegal pode ser
acessado por meio do link: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2017-01/
prad_telma_ortegal_semarh.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

149
WEB

Acesse o plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS) de


uma unidade de pronto atendimento (UPA) disponível em: http://www.instituto-
datario.com.br/documental/PGRSS%20Mesquita%20Pronto.pdf. Acesso em: 17
abr. 2018. Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Acesse o Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR) para a operação do Porto


de São Francisco do Sul, disponível em: http://www.apsfs.sc.gov.br/wp-content/
uploads/2014/11/SGA-PGR-00.pdf. Acesso em: 26 fev. 2021.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

WEB

Acesse o EIV/RIV de um empreendimento comercial por meio do link: https://


jundiai.sp.gov.br/planejamento-e-meio-ambiente/wp-content/uploads/si-
tes/15/2014/09/EIV_RIV_Proc_16239-7_13.pdfhttp://www.farroupilha.rs.gov.br/
arquivos/EIV_Liziane_Imoveis.pdf. Acesso em: 17 abr. 2018.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

150
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.

BRASIL. Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII,
da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências. 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d97632.htm#:~:text=DECRETO%20No%2097.632%2C%20DE,1981%2C%20
e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 26 fev. 2021.

BRASIL. Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967. Dá nova redação ao Decreto-lei nº 1.985, de 29


de janeiro de 1940 (Código de Minas). 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del0227.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 10.257, 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição federal, estabelece
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ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm. Acesso em: 26 fev. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei
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CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986.
Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União,
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CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 009, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classes I, III a IX. Diário Oficial
da União, Brasília, 1990.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 10, de 6 de dezembro de 1990. Dispõe
sobre normas específicas para o licenciamento ambiental de extração mineral, classe II. Diário Oficial da União,
Brasília, 1990.

CONAMA. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe
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GARCIA, K. C. Avaliação de impactos ambientais. Curitiba: InterSaberes, 2014.

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151
IAP. Instituto Ambiental do Paraná. Termo de referência padrão Plano de Gerenciamento de Riscos ou
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IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Avaliação de impacto
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IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Guia de Procedimentos
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IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução normativa nº
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MMA. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009.

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Disciplina a Licença Ambiental Unificada – LAU, no município de Maringá. SEMA/COMDEMA: Maringá, 2017.

ZENITE. EIV Estudo de Impacto de Vizinhança Hospital Beneficência Portuguesa. 2017. Disponível em:
https://wp.rededorsaoluiz.com.br/wp-content/uploads/2019/12/EIV-Benefic%C3%AAncia-Portuguesa-rev3.
pdf. Acesso em: 18 abr. 2018.

152
1. As medidas a serem adotadas por um empreendimento podem ser: preventivas, corretivas, compensatórias
e potencializadoras. Como exemplos, pode-se citar:
Medida preventiva: adotar filtro nas chaminés das indústrias, para prevenir a poluição atmosférica.
Medida corretiva: adotar técnicas para conter a contaminação do solo, como a fitorremediação.
Medida compensatória: indenizar moradores de uma região que sofreu contaminação ambiental.
Medida potencializadora: priorizar a contratação de mão de obra local.

2. O PGRS é exigido para o licenciamento ambiental de empreendimentos que gerem resíduos sólidos, como
as indústrias. O PGRS deve realizar um levantamento dos resíduos sólidos gerados pelo empreendimento,
bem como propor um correto gerenciamento destes, baseado na minimização e não geração, incluindo
as etapas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento, destinação
e disposição final.

3. O plano de controle de poluição ambiental é um estudo de instalações, equipamentos e obras destinadas


ao controle da poluição ambiental causada pela emissão de poluentes sólidos, líquidos, gasosos e ruídos,
por atividades consideradas potencial ou efetivamente poluidoras, que oferecerem elementos para a aná-
lise da viabilidade de atendimento aos limites e padrões ambientais estabelecidos pelo órgão ambiental,
quando da operação da atividade ou empreendimento.

153
154
Me. Rebecca Manesco Paixão

Resíduos Sólidos

PLANO DE ESTUDOS

Características dos Gerenciamento de


Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos

Introdução aos Resíduos Classificação dos Resíduos Resíduos Sólidos da


Sólidos Sólidos Construção Civil

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Introduzir o conceito de resíduos sólidos.


• Caracterizar os resíduos sólidos física, química e biologicamente.
• Apresentar a classificação que os resíduos sólidos recebem de acordo com a PNRS.
• Definir como que se dá o gerenciamento de resíduos sólidos.
• Discutir sobre os resíduos sólidos da construção civil e seu gerenciamento.
Introdução aos
Resíduos Sólidos

Caro(a) aluno(a), na Unidade 6, foi apresentado


o plano de gerenciamento de resíduos sólidos
(PGRS), um estudo ambiental muito importante
do ponto de vista de compatibilização do desenvol-
vimento econômico com a preservação ambiental.
E, para a elaboração deste estudo, é interessante
aprofundarmos nossos conhecimentos no que diz
respeito ao que são resíduos sólidos, suas caracte-
rísticas e a classificação que estes recebem.
Sabe-se que o consumo desenfreado dos recur-
sos naturais, associado ao crescimento populacio-
nal, acarreta em diversos problemas ambientais,
dentre eles a geração de resíduos. Estes resíduos
são gerados em quase todas as atividades huma-
nas e compreendem uma grande diversidade de
materiais, como: papel, vidro, madeira, restos de
alimentos, computador, pneu, pilha, bateria, gar-
rafas, lâmpadas, remédios e muitos outros.
Do dicionário, o lixo é definido como: sujeira,
imundice, coisa velha, inútil e sem valor; já na
linguagem técnica, lixo é sinônimo de resíduo
sólido. A denominação “resíduo” vem do latim,
residuu, e significa o que sobra de determinadas
substâncias; enquanto que a palavra sólido diz res-
peito ao seu estado, diferenciando-o de líquidos e
gases (BIDONE; POVINELLI, 1999).
De acordo com a Política Nacional de Resí- A PNRS também traz uma nova denomina-
duos Sólidos (PNRS), os resíduos sólidos são ção aos resíduos sólidos que não apresentam


conceituados como: possibilidade de reintegração na cadeia produ-


[...] material, substância, objeto ou bem tiva, os chamados rejeitos, observe:
descartado resultante de atividades huma- [...] resíduos sólidos que, depois de esgota-
nas em sociedade, a cuja destinação final das todas as possibilidades de tratamento
se procede, se propõe proceder ou se está e recuperação por processos tecnológicos
obrigado a proceder, nos estados sólido disponíveis e economicamente viáveis,
ou semissólido, bem como gases contidos não apresentem outra possibilidade que
em recipientes e líquidos cujas particula- não a disposição final ambientalmente
ridades tornem inviável o seu lançamento adequada (BRASIL, 2010, on-line).
na rede pública de esgotos ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técni- Assim, perceba, caro(a) aluno(a), que os rejeitos
ca ou economicamente inviáveis em face são aqueles resíduos sólidos que não possuem
da melhor tecnologia disponível (BRASIL, consumidor potencial ou exijam para isso pro-
2010, on-line). cessos tecnológicos inviáveis, procedendo sua
distribuição em aterros.
Essa definição, que inclui resíduos líquidos e ga-
sosos, costuma causar surpresa a quem não está
familiarizado com a área. Neste sentido, Calijuri
e Cunha (2013) explicam que quanto aos gases,
se o gás contido em um recipiente não pudesse
ser considerado como resíduo sólido, ele deveria Em média, o brasileiro que vive nas grandes ci-
ser completamente retirado do recipiente, o que dades produz um quilo e 100 gramas (1,1 kg)
muitas vezes é inviável; e quanto aos líquidos, sua de lixo diariamente, levantando uma questão:
a consideração como resíduos sólidos permite o que fazer com ele? Pensando em conscienti-
que líquidos perigosos sejam acondicionados zar a população, o Ministério do Meio Ambiente
em tambores e dispostos em aterros de resíduos (MMA) elaborou um folheto chamando a aten-
industriais; além disso; também são considera- ção para o princípio dos 3R (reduzir, reutilizar e
dos como resíduos sólidos todos aqueles que se reciclar), contendo algumas informações sobre
encontram no estado semissólido, o que permite como gerar menos resíduos e minimizar seu im-
que lodos provenientes de Estações de Tratamen- pacto sobre o meio ambiente, além de promover
to de Água (ETA) e de Tratamento de Efluentes a geração de trabalho e renda.
(ETE) sejam gerenciados como resíduos sólidos, Fonte: adaptado de Araújo (2013).
podendo ser dispostos em aterro.

UNIDADE 7 157
Características dos
Resíduos Sólidos

Caro(a) aluno(a), os resíduos sólidos produzidos


pelas atividades humanas possuem características
físicas, químicas e biológicas, cujo conhecimento
destas auxilia na otimização de sua gestão.

Características Físicas
• Peso específico aparente: diz respeito ao
peso dos resíduos em função do volume
por eles ocupado (kg/m3).
• Composição gravimétrica: refere-se ao
percentual (em peso) dos diferentes com-
ponentes em relação ao peso total do re-
síduo.
• Teor de umidade: reflete o percentual (em
peso) de água em uma amostra de resíduo.
• Geração per capita: diz respeito à quanti-
dade de resíduo que cada habitante gera
diariamente.
• Compressividade: também conhecido
como grau de compactação, indica o po-
tencial de redução de volume que o resíduo
pode sofrer, quando submetido a uma de-
terminada pressão.

158 Resíduos Sólidos


Características Químicas
• Poder calorífico inferior: refere-se à
energia (na forma de calor) que uma de-
terminada massa de resíduo irá depender,
ao ser submetida a um processo térmico.
• pH: o potencial hidrogeniônico (pH) de
uma amostra de resíduo irá indicar se ele
é ácido (pH<7), neutro (pH=7) ou básico
(pH>7).
• Composição química: diz respeito às
análises da presença de macro e micronu-
trientes, muito importantes para os mi-
crorganismos no processo de degradação
da matéria orgânica.
• Proporção Carbono/Nitrogênio (C/N):
compreende ao grau de decomposição de
uma determinada massa de resíduo, em
condições aeróbias ou anaeróbias.

Características Biológicas

Espécies microbiológicas: diz respeito às es-


pécies microbiológicas (população microbiana e
agentes patogênicos) presentes em uma determi-
nada massa de resíduo, responsáveis pela degra-
dação da matéria orgânica.

UNIDADE 7 159
Classificação dos
Resíduos Sólidos

Caro(a) aluno(a), corriqueiramente, os resí-


duos sólidos são classificados quanto às suas
características físicas (secos ou molhados) ou
químicas (orgânicos ou inorgânicos). Observe
alguns exemplos:
• Características físicas:
» Secos: papéis, plásticos, metais, vidros,
isopor, lâmpadas, cerâmicas, porcela-
nas, madeira etc.
» Molhados: resíduos orgânicos, como
restos de alimentos, cascas e bagaços de
frutas, verduras, legumes etc.
• Características químicas:
» Orgânicos: resíduos biodegradáveis,
como restos de alimentos, cascas e ba-
gaços de frutas, verduras, legumes, os-
sos, aparas e podas de jardim etc.
» Inorgânicos: resíduos não biodegradá-
veis, como os produtos manufaturados,
a exemplo de vidros, metais, porcelana,
cerâmica, lâmpadas etc.

160 Resíduos Sólidos


De acordo com a lei nº 12.305/2010, que dispõe papel, plástico, papelão, metal, cinzas, lodo,
sobre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos óleos, madeira, borracha, vidro etc.
(PNRS), estes podem ser classificados de duas for- • Agrícolas: resíduos resultantes das ati-
mas: quanto à origem e quanto à periculosidade. vidades de agricultura e pecuária, como
Atente-se que o conhecimento dessas classifica- embalagens de agrotóxicos, adubo, ração,
ções é fundamental para o sucesso do gerencia- dejetos da criação de animais, restos de
mento dos resíduos. colheita etc.
• De serviços de saúde: resíduos gerados
nos serviços de saúde, como hospitais, la-
Classificação quanto à boratórios, postos de saúde e outros, en-
Origem globando resíduos como: agulhas, seringas,
vidro, carcaças, algodão, sangue etc.
Caro(a) aluno(a), a classificação dos resíduos sóli- • Da construção civil: resíduos gerados
dos quanto à origem é importante no que diz res- nas construções, reformas e demolições
peito à atribuição de responsabilidades. Quanto de obras de construção civil, como: tijolo,
à origem, os resíduos sólidos são classificados de solo, cimento, madeira, entulhos etc.
acordo com o processo que lhes deu origem, po- • Da mineração: resíduos gerados na ativi-
dendo ser: domiciliar, comercial, público, industrial, dade de pesquisa, extração ou beneficia-
agrícola, de serviços da saúde, da construção civil, mento de minérios, como solo, rejeitos da
da mineração e serviços de transporte. São elas: mineração etc.
• Domiciliar: é também conhecido como • De serviços de transporte: resíduos
residencial, originado nas residências ur- originados em portos, aeroportos e fer-
banas, como restos de alimentos, papel, rovias, como restos de alimentos, papel,
vidro, plástico, lata, fralda descartável, plástico etc.
papel higiênico etc. Também podem ser
gerados resíduos como pilhas, lâmpadas,
baterias e pneus. Classificação quanto à Peri-
• Comerciais: resíduos provenientes de culosidade
estabelecimentos comerciais e presta-
dores de serviços, como restaurantes, Para a NBR 10.004/2004, quanto à periculosidade,
bancos, lojas, supermercados etc. Podem os resíduos sólidos são classificados em:
gerar resíduos similares aos domiciliares, • Resíduos classe I - Perigosos: resíduos
como restos de alimentos, papel, papelão, que, em função de suas propriedades físi-
vidro, plástico, lata etc. cas, químicas ou infectocontagiosas, pos-
• Públicos: resíduos originados dos serviços suem características de inflamabilidade,
de limpeza urbana, incluindo os resíduos corrosividade, reatividade, toxicidade e
de varrição, podas de árvores, animais patogenicidade. Podem apresentar riscos
mortos, entulhos em geral etc. à saúde pública e ao meio ambiente. São
• Industriais: resíduos gerados nos pro- exemplos: produtos químicos, produtos ra-
cessos industriais em geral, possuindo ca- dioativos, pilhas e baterias, lâmpadas fluo-
racterísticas e composição variada, como: rescentes, resíduos perfurocortantes etc.

UNIDADE 7 161
• Resíduos classe II - Não perigosos: sub-
classificados em duas categorias: classe II
A e classe II B.
» Resíduos classe II A - Não inertes:
resíduos que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I -
Perigosos ou de resíduos classe II B -
Inertes. Podem ter propriedades como:
biodegradabilidade, combustibilidade
ou solubilidade em água. São exemplos:
restos de alimentos, papel, poda de ár-
vore etc.
• Resíduos classe II B - Inertes: resíduos
não combustíveis e inertes; quando subme-
tidos ao contato dinâmico e estático com
água destilada ou deionizada, à tempera-
tura ambiente, não têm nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez,
dureza e sabor. São exemplos: tijolo, vidro,
concreto etc.

Caro(a) aluno(a), para saber mais sobre a classifi-


cação dos resíduos quanto à periculosidade, con-
sulte a NBR 10.004 do ano de 2004 e seus anexos.

162 Resíduos Sólidos


Gerenciamento de
Resíduos Sólidos

Caro(a) aluno(a), agora que você já foi introduzi-


do aos conceitos de resíduos sólidos, bem como
conhece suas características e classificações, pode-
mos discutir sobre o seu gerenciamento. O geren-


ciamento dos resíduos sólidos é definido como:
[...] conjunto de ações exercidas, direta ou
indiretamente, nas etapas de coleta, trans-
porte, transbordo, tratamento e destinação
final ambientalmente adequada dos resí-
duos sólidos e disposição final ambiental-
mente adequada dos rejeitos, de acordo
com plano municipal de gestão integrada
de resíduos sólidos ou com plano de ge-
renciamento de resíduos sólidos (BRASIL,
2010, on-line).

Neste contexto, observe que o gerenciamento dos


resíduos sólidos engloba todas as etapas referentes
a eles, ou seja, desde a geração até a destinação
final ambientalmente adequada dos resíduos só-
lidos e disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos, observando-se a ordem de prioridade
ilustrada na Figura 1, conforme artigo 9º da Lei
nº 12.305/2010.

UNIDADE 7 163
Assim, deve-se priorizar a não geração dos resíduos sólidos, seguido da redução da geração
destes, de modo que o plano de gerenciamento de resíduos sólidos busque por soluções de menor
impacto ambiental e menor custo para o gerador do resíduo e/ou a sociedade.
Não geração Redução
1 2
Disposição final
ambientalmente 6 3 Reutilização
adequada dos rejeitos

5 4
Tratamento dos
resíduos sólidos Reciclagem
Figura 1 - Ordem de prioridade no gerenciamento de resíduos sólidos

Reutilização: aproveitamento dos resíduos sem que ele passe por transformações físicas.
Reciclagem: aproveitamento dos resíduos como matéria-prima para novos produtos, por meio de
sua transformação.
Fonte: Calijuri e Cunha (2013).

O Quadro 1 traz a relação do processo que pode dar origem aos resíduos sólidos, com a possível classificação
de acordo com a periculosidade e o responsável pelo gerenciamento dos resíduos, de acordo com a PNRS.

Origem Possíveis classes Responsável


Domiciliar II A, II B Prefeitura
Comercial II A, II B Prefeitura ou Gerador do resíduo
Público II A, II B Prefeitura
Industrial I, II A, II B Gerador do resíduo
Agrícola I, II A, II B Gerador do resíduo
Serviços de Saúde I, II A, II B Gerador do resíduo
Construção civil I, II A, II B Gerador do resíduo
Serviços de transporte I, II A, II B Gerador do resíduo
Mineração I, II A, II B Gerador do resíduo

Quadro 1 - Origem, possíveis classes e responsáveis pela geração dos diversos tipos de resíduos sólidos
Fonte: adaptado de Ribeiro e Morelli (2009, p. 27) e Brasil (2010, on-line).

164 Resíduos Sólidos


Perceba que, de acordo com o Quadro 1, a prefeitura é responsável gerenciamento de resíduos só-
pela destinação dos resíduos domiciliares, públicos e também dos lidos, nelas incluído o controle
gerados em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços. da disposição final ambiental-
No entanto, caso estes estabelecimentos gerem resíduos perigosos ou mente adequada dos rejeitos”
resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua na- (BRASIL, 2010, on-line).
tureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos Além de satisfazer o con-
domiciliares pelo poder público municipal, eles serão responsáveis teúdo mínimo que estudamos
pelo gerenciamento de seus resíduos, assim como os geradores de na Unidade 6, o PGRS poderá
resíduos industriais, agrícolas, de serviços de saúde, da construção contemplar os itens: histórico
civil, da mineração e os resíduos de portos, aeroportos e ferrovias. da empresa, fluxograma dos
De acordo com a Lei Estadual nº 12.493/99, que dispõe sobre o processos, definição das maté-


manejo dos resíduos sólidos gerados no Estado do Paraná: rias-primas utilizadas, identi-
[...] as atividades geradoras de resíduos sólidos, de qualquer nature- ficação dos pontos de geração
za, são responsáveis pelo seu acondicionamento, armazenamento, dos resíduos, caracterização dos
coleta, transporte, tratamento, disposição final, pelo passivo am- resíduos, definição dos riscos
biental oriundo da desativação de sua fonte geradora, bem como operacionais, das remediações
pela recuperação de áreas degradadas (PARANÁ, 1999, art. 4º). e passivos, identificação dos
resíduos pós-consumo do pro-
duto, verificação se os produtos
pós-consumo serão classifica-
dos como domiciliares, e se não,
O gerador dos resíduos sólidos permanece responsável por estes e a definição da logística reversa
eventuais danos ou acidentes destes decorrentes, mesmo após ter para coleta dos resíduos, e iden-
efetuado a destinação final por terceiros devidamente licenciados tificar se há responsabilidades
pelos órgãos ambientais competentes. compartilhadas pelo ciclo de
Fonte: Franco ([2021], on-line). vida, verificar alternativas de
reutilização, reciclagem e tra-
tamento dos resíduos, além da
Assim, os estabelecimentos geradores de resíduos sólidos, descritos definição da melhor forma de
no Quadro 1, serão responsáveis por elaborar e implementar o pla- destinação (JARDIM; YOSHI-
no de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS). Neste contexto, DA; FILHO, 2012). Estes itens
a empresa deverá designar um responsável técnico devidamente poderão ser mudados e/ou am-
habilitado, que será responsável pela “elaboração, implementação, pliados de acordo com o inte-
operacionalização e monitoramento de todas as etapas do plano de resse dos gestores.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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UNIDADE 7 165
Etapas do Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Caro(a) aluno(a), o gerenciamento de resíduos sólidos proposto para um determinado


estabelecimento deve obedecer às etapas presentes na Figura 2, observe:

Minimização
Redução

Geração

Segregação

Reutilização Tratamento
Reciclagem prévio

Acondicionamento

Armazenamento
intermediário
Coleta e transportes
internos

Armazenamento
externo

Coleta e transportes
externos

Transbordo

Tratamento Disposição final

Resíduos
Tratados

Figura 2 - Etapas do manejo de resíduos sólidos que devem estar contempladas no PGRS
Fonte: a autora.

166 Resíduos Sólidos


Após os resíduos serem gerados, estes devem ser segregados, ou seja,
separados, no momento e local de geração, conforme sua classifi-
cação quanto à periculosidade e suas características. O recipiente
acondicionador deve ser constituído de material compatível com
as características dos resíduos, com a geração diária e com a fre-
quência de coleta; além disso, deve possuir coloração específica,
acompanhado de símbolos que designam sua função.
Os acondicionadores deverão ser armazenados até o momento
da coleta, em ambiente exclusivo, de fácil acesso, isolado, abrigado e
protegido de eventos naturais. A coleta e o transporte se referem à
etapa em que os resíduos serão coletados junto ao gerador e encami-
nhados para a etapa seguinte. Perceba que, de acordo com a Figura 2,
em um determinado estabelecimento, a coleta e o transporte poderão
ser internos, do local de acondicionamento até o local de armazena-
mento temporário, ou deste até o local de armazenamento externo;
e também poderá ser externa, do local de armazenamento externo
até o local de tratamento, estações de transbordo ou disposição final.
O tratamento dos resíduos consiste na adoção de técnicas que
possibilitam a estabilização e redução de seu volume, podendo ser
conduzido no próprio estabelecimento gerador de resíduos ou em
outro estabelecimento. Dentre as técnicas de tratamento de resí-
duos sólidos, cita-se: compostagem, coprocessamento, incineração,
micro-ondas, autoclave etc.
Por fim, a disposição final se refere à distribuição dos rejeitos
em aterros sanitários. Estes contam com diversas tecnologias que
garantem a proteção do meio ambiente e da saúde dos seres vivos,
incluindo impermeabilização do solo, por meio de camadas de
argila e geomembranas, captação e tratamento do chorume e dos
gases, e além disso, há o recobrimento dos resíduos com camadas
de solo, frequentemente, para evitar a propagação de vetores trans-
missores de doenças.

Toda etapa de manuseio dos resíduos sólidos deve se dar por


profissionais devidamente treinados, dotados de equipamentos
de proteção individual (EPI) e/ou coletivo (EPC), com vistas à pro-
teção de sua saúde.

UNIDADE 7 167
Resíduos Sólidos da
Construção Civil

Caro(a) aluno(a), para colocar em prática seus


conhecimentos sobre resíduos sólidos e o geren-
ciamento destes, aprofundaremos nosso estudo
no que diz respeito ao gerenciamento dos resíduos
sólidos da construção civil. Sabe-se que, em mo-
mentos de economia acelerada, há o crescimento
da atividade de construção civil, o que reflete di-
retamente na quantidade de resíduos gerados por
essa atividade, incluindo os resíduos perigosos
provenientes de materiais de pintura.
A Resolução CONAMA nº 307/2002, alte-
rada pelas Resoluções nos 348/2004, 431/2011,
448/2012 e 469/2015, estabelece diretrizes, crité-
rios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil (RCC). Segundo a referida


Resolução, os RCC são os resíduos:
[...] provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de constru-
ção civil, e os resultantes da preparação e
da escavação de terrenos, tais como: tijolos,
blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, ma-
deiras e compensados, forros, argamassa,
gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc.”
(CONAMA, 2002, art. 2º, I).

168 Resíduos Sólidos


Perceba, caro(a) aluno(a), a heterogeneidade de composição dos RCC; neste contex-
to, estes resíduos são classificados em quatro classes (CONAMA, 2002; 2004; 2011;
2012; 2015):
• Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

j) de construção, demolição,
reformas e reparos de pa-
vimentação e de outras
obras de infraestrutura,
inclusive solos provenien-
tes de terraplanagem.

k) de construção, demoli-
ção, reformas e reparos de
edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos,
telhas, placas de revesti-
mento etc.), argamassa e
concreto.

l) de processo de fabricação
e/ou demolição de peças
pré-moldadas em concre-
to (blocos, tubos, meios-
-fios etc.) produzidas nos
canteiros de obras.

• Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,


papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobi-
liárias e gesso.
• Classe C: resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplica-
ções economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação.
• Classe D: resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como
tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à
saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais
que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

UNIDADE 7 169
Caro(a) aluno(a), o gerenciamento dos RCC é de responsabilidade do ge-
rador, sendo composto pelas etapas de segregação, acondicionamento, ar-
mazenamento, coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final
ambientalmente adequada dos resíduos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, como proposto pela PNRS. Além disso, para Nagalli
(2014), nas obras de construção civil, devem ser adotadas estratégias de não
geração, minimização, reutilização e reciclagem:

RECICLAGEM NÃO GERAÇÃO


Envolve o Inclui ações que evitam a
encaminhamento dos geração dos resíduos, como
resíduos (como papel, escolher um processo construtivo
plástico, latas de ou material que não
embalagem) para requeira embalagens.
beneficiamento.
1
4
2
REUTILIZAÇÃO
Envolve o aproveita-
3 MINIMIZAÇÃO
Envolve ações
voltadas a agregar
mento do resíduo para o tecnologias na otimização
mesmo uso na obra, como o dos processos, podendo
reaproveitamento de fôrmas de incluir a capacitação
madeira ou metálicas utiliza- profissional.
das em concretagens.

170 Resíduos Sólidos


Grande parte dos RCC poder ser reutilizados, reciclados e/ou transformados em agregados, com
características muito similares ao produto original. A exemplo dos tijolos, blocos, telhas, tubos, meios-
-fios que, após passarem por processos de trituração e granulagem, as frações são separadas em
areia, brita, pedrisco e outros, que passam a ser comercializados como matéria-prima secundária.

Quanto às etapas de gerenciamento, os RCC deverão ser segregados, acondicionados e transportados


internamente de acordo com as instruções contidas no Quadro 2, que contempla alguns dos resíduos
mais comuns gerados nas obras de construção civil.

Identificação dos Classe Acondicionamento Transporte interno Armazenamento


resíduos
Solos (pequeno Empilhamento
A Carrinhos ou giricas Caçamba estacionária
volume) manual
Alvenaria, concreto,
argamassa Empilhamento
A Carrinhos ou giricas Caçamba estacionária
e cerâmicas manual
(pequeno volume)
Caçamba estacionária
Madeira Sacos/bombonas e
B Manual ou caixa tipo roll on/
(fragmentos) baías roll off
Sacos/bombonas e
Metal (fragmentos) B Manual Caçamba estacionária
baías
Abrigo coberto para
dispor resíduos soltos
Sacos/bombonas, ou contidos em big
Papel e papelão B pequenos fardos e Manual bags, associados
big bags ou não a caçamba
estacionária ou caixa
tipo roll on /roll off
Sacos/bombonas, e
Plástico B Manual
big bags
Gesso B Sacos Manual Caçamba estacionária
Resíduos não Baía associada à
recicláveis e não C Sacos Manual caçamba estacionária
perigosos
Amianto D Big bags Manual Caminhão Basculante
(fragmentos)
No interior de
bombona ou tambor
em abrigo coberto,
Solo contaminado D Sacos Manual contido, ventilado e
(pequeno volume) com acesso restrito
associado à caçamba
estacionária

Quadro 2 - Etapas do gerenciamento dos RCC: acondicionamento, transporte interno e armazenamento.


Fonte: SINDUSCON (2015, p. 44).

UNIDADE 7 171
A Figura 3 apresenta exemplos de elementos para acondicionamento dos RCC como:
(A) bombonas para pequenos volumes; (B) baias sinalizadas para acondicionar re-
síduos de madeira e metal; (C) caçamba estacionária contendo resíduos de madeira;
e (D) caixa roll on/roll off contendo resíduos de madeira.

Figura 3 - Exemplos ilustrativos. / Fonte: SINDUSCON (2015, p. 44 e 47).

Observe, caro (a) aluno(a), que o Quadro 2 contempla o transporte interno dos RCC
até o local de armazenamento; assim, quanto ao transporte externo, este consiste na
coleta dos resíduos e seu posterior deslocamento até o destino (normalmente áreas
de transbordo e triagem, aterros de inertes ou usinas de reciclagem).
Nagalli (2014) cita que o transporte externo dos RCC pode ser conduzido por ca-
minhões da própria empresa ou de uma empresa terceirizada contratada. Para resíduos
não perigosos, costuma-se utilizar caminhões ou caçambas estacionárias; já para os
resíduos perigosos, uma empresa especializada deverá ser responsável pelo transporte.
Por fim, os RCC deverão ser dispostos de acordo com suas classes:
Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encami-
nhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros
(CONAMA, 2012, art. 10, I).
Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de arma-
zenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura (CONAMA, 2002, art. 10, II).
Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade
com as normas técnicas específicas (CONAMA, 2002, art. 10, III).
Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade
com as normas técnicas específicas (CONAMA, 2012, art. 10, IV).

Dessa forma, caro(a) aluno(a) observe que, em geral, os RCC são encaminhados
para as áreas de transbordo e triagem (ATTs), os aterros de RCC (classe A) e às áreas
de reciclagem, os quais devem estar implantados e operar em conformidade com
as condições estabelecidas, respectivamente, nas normas ABNT NBR 15.112/2004,
15.113/2004 e 15.114/2004 (SINDUSCON, 2015).

172 Resíduos Sólidos


1. A lei nº 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e para
os efeitos desta lei, dois termos são diferenciados: resíduos sólidos e rejeitos.
Conceitue ambos os termos.

2. A Política Nacional de Resíduos Sólidos dispõe diretrizes relativas à gestão inte-


grada e ao gerenciamento de resíduos sólidos. Sabendo que para este último
é estabelecida uma ordem de prioridade, discuta sobre ela.

3. Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com sua periculosidade.


Para ser considerado como resíduo sólido classe I, de acordo com a ABNT NBR
10.004/2004, o resíduo deve possuir as seguintes propriedades, EXCETO:
a) Inflamabilidade.
b) Toxicidade.
c) Corrosividade.
d) Não pode ser inerte.
e) Biodegradabilidade.

173
LIVRO

Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Construção Civil


Autor: James C. Hunter
Editora: Oficina de Textos
Sinopse: o livro aborda a classificação e a quantificação de resíduos e sua co-
leta, transporte e destinação; explica a importância do gerenciamento para a
redução de resíduos na fonte, sua reutilização e reciclagem e seu descarte am-
bientalmente correto. Além disso, apresenta a legislação brasileira e as normas
técnicas referentes ao tema.

FILME

Lixo extraordinário
Ano: 2010
Sinopse: filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo
Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos
maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio
de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com
o objetivo de retratá-los.

WEB

Conheça um pouco mais sobre “Gestão ambiental de resíduos da constru-


ção civil - avanços institucionais e melhorias técnicas” no material elaborado
pela Sinduscon, disponível em: http://www.sindusconsp.com.br/wp-content/
uploads/2015/09/MANUAL-DE-RES%C3%8DDUOS-2015.pdf. Acesso em: 01 mar.
2021. Para acessar, use seu leitor de QR Code.

174
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos sólidos - classificação. ABNT, 2004.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.112: Resíduos da construção civil e resíduos volu-
mosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. ABNT, 2004.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação. ABNT, 2004.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.114: Resíduos sólidos da construção civil - Áreas
de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. ABNT, 2004.

ARAÚJO, A. C de. Pense antes de jogar fora. Ministério do Meio Ambiente, 2013. Disponível em: https://
antigo.mma.gov.br/informma/item/9295-pense-antes-de-jogar-fora.html. Acesso em: 01 mar. 2021.

BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos: EESC/USP, 1999.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 01 mar. 2021.

CALIJURI, M. C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.

CONAMA. Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, Brasília, 2002.

CONAMA. Resolução nº 348, de 16 de agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho
de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Diário Oficial da União, Brasília, 2004.

CONAMA. Resolução nº 431, de 24 de agosto de 2011. Altera o art. 3º da Resolução nº 307, de 5 de julho
de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, estabelecendo nova classificação para o gesso.
Diário Oficial da União, Brasília, 2011.

CONAMA. Resolução nº 448, de 18 de janeiro de 2012. Altera os arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 da Reso-
lução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA. Diário Oficial da
União, Brasília, 2012.

CONAMA. Resolução nº 469, de 29 de julho de 2015. Altera a Resolução CONAMA no 307, de 05 de julho
de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Diário Oficial da União, Brasília, 2015.

175
FRANCO, J. G. de O. Responsabilidade Legal. Momento Engenharia Ambiental, [2021]. Disponível em:
http://www.momentoambiental.com.br/~momentoambiental/?url=momento/responsabilidade-legal. Acesso
em: 01 mar. 2021.

JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J. V. M. Política Nacional Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
São Paulo: Manole, 2012.

NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

PARANÁ. Lei nº 12493 de 22 de janeiro de 1999. Estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios
referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos
resíduos sólidos no Estado do Paraná, visando controle da poluição, da contaminação e a minimização de seus
impactos ambientais e adota outras providências. Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, 1999.

RIBEIRO, D. V.; MORELLI, M. R. Resíduos sólidos: Problema ou oportunidade? Rio de Janeiro: Interciência,
2009.

SINDUSCON. Gestão ambiental de resíduos da construção civil - avanços institucionais e melhorias téc-
nicas. São Paulo: SINDUSCON SP, 2015.

176
1. Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, cuja destinação final se procede, propõe-se proceder ou se está obrigado a proceder nos estados
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação
por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade
que não a disposição final ambientalmente adequada.

2. Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não
geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambiental-
mente adequada dos rejeitos.

3. E.

177
178
Me. Rebecca Manesco Paixão

Gestão Ambiental

PLANO DE ESTUDOS

Gestão Ambiental ISO 14.001 - Sistemas de


Empresarial Gestão Ambiental

Introdução à Gestão As Normas ISO 14.000


Ambiental

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Introduzir conceitos importantes relacionados à gestão ambiental.


• Definir gestão ambiental empresarial.
• Apontar as normas da série ISO 14.000.
• Descrever sobre a NBR ISO 14.001 e os sistemas de gestão ambiental.
Introdução à
Gestão Ambiental

Caro(a) aluno(a), dados todos os problemas am-


bientais causados pelo desenvolvimento a todo
custo, já estudado anteriormente, a gestão ambien-
tal surgiu da necessidade do ser humano se rela-
cionar melhor com o meio em que vive e, assim,
estabelecer estratégias para compatibilizar suas
atividades econômicas com a proteção ambiental.
A gestão ambiental, segundo Barbieri (2007,
p. 25) é definida como:


[...] diretrizes e atividades administrativas
e operacionais como planejamento, dire-
ção, controle, alocação de recursos e outras
realidades com o objetivo de obter efeitos
positivos sobre o meio ambiente, quer re-
duzindo ou eliminando os danos ou pro-
blemas causados pelas ações humanas, quer
evitando que eles surjam.

Nesse sentido, observe que a gestão ambiental


não traz somente benefícios ao meio ambiente,
mas também pode trazer benefícios econômicos
e estratégicos para um determinado empreendi-
mento que a adote. Quando bem aplicada, a gestão
ambiental pode melhorar a imagem da empresa
perante o mercado interno e externo, cumprir com as exigências legais e ainda reduzir custos diretos e
indiretos. Custos diretos pela diminuição do desperdício de recursos naturais e de matérias-primas, e
custos indiretos representados pelas sanções e indenizações relacionadas aos danos ao meio ambiente
ou à saúde dos trabalhadores da empresa e também da população que possui proximidade geográfica.

As estratégias de gestão ambiental adotadas pelas empresas visam melhorar tanto sua imagem
quanto a de seus produtos perante o consumidor. Como exemplo de produto verde, tem-se as em-
balagens PET, que além de mais resistente comparada ao plástico, é 100% reciclável e não contém
substâncias tóxicas.

De acordo com Macedo (1994 apud KRAEMER et al., 2013), a gestão ambiental pode ser dividida
em quatro níveis:
• Gestão de processos: avaliação da qualidade ambiental de todas as atividades, equipamentos
e máquinas da empresa.
• Gestão de resultados: avaliação da qualidade ambiental dos processos de produção da empresa,
em função de seus efeitos ou resultados ambientais.
• Gestão de sustentabilidade (ambiental): avaliação da capacidade de resposta do ambiente,
com relação aos processos produtivos da empresa que nele são realizados e que o afetam.
• Gestão do plano ambiental: avaliação sistemática dos elementos constituintes do plano de ges-
tão ambiental, aferindo-o e adequando-o de acordo com o desempenho ambiental da empresa.
Caro(a) aluno(a), o Quadro 1 apresenta exemplos de cada um desses níveis, observe:

Gestão de processos Gestão de Gestão de Gestão do plano


resultados sustentabilidade ambiental
Exploração de recursos Emissões gasosas Qualidade do ar Princípios e
compromissos
Transformação de recursos Efluentes líquidos Qualidade da água Política ambiental
Acondicionamento de Resíduos sólidos Qualidade do solo Conformidade legal
recursos
Transporte de recursos Particulados Abundância e diversidade Objetivos e metas
da flora
Aplicação e uso de recursos Odores Abundância e diversidade Programa ambiental
da fauna
Quadros de riscos Ruídos e vibrações Qualidade de vida do ser Projetos ambientais
ambientais humano
Situações de emergência Iluminação Imagem institucional Ações corretivas e
preventivas

Quadro 1 - Visão geral da gestão ambiental / Fonte: Kraemer et al. (2013, p. 9).

UNIDADE 8 181
Gestão
Ambiental Empresarial

Caro(a) aluno(a), na Unidade 6, nós estudamos


que no contexto do licenciamento ambiental de
um determinado empreendimento/atividade,
poderá ser solicitado o programa de gestão am-
biental, o qual envolve medidas que possibilitam
a organização aumentar sua eficiência operacio-
nal, bem como reduzir seus impactos ambientais
negativos.
No que diz respeito a esse programa, as empre-
sas podem desenvolver três tipos de abordagens
frente aos problemas ambientais: controle da po-
luição, prevenção da poluição e estratégica
(Quadro 2).

182 Gestão Ambiental


Abordagens
Características
Controle da poluição Prevenção da poluição Estratégica
Cumprimento da
Preocupação legislação e resposta Uso eficiente dos
Competitividade
básica às pressões das insumos
comunidades
Postura típica Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa
-Corretivas, preventivas e
-Corretivas
antecipatórias
-Uso de tecnologias -Corretivas e preventivas
-Antecipação de
de remediação e de -Conservação e
problemas e captura de
Ações típicas controle no final do substituição de insumos
oportunidades utilizando
processo -Uso de tecnologias soluções de médio e longo
-Aplicação de normas limpas prazos;
de segurança
-Uso de tecnologias limpas.
Percepção dos Redução de custo
empresários e Custo adicional e aumento da Vantagens competitivas
administradores produtividade
Envolvimento da
Esporádico Periódico Permanente e sistemático
alta administração
-Atividades ambientais
Crescente envolvimento disseminadas pela
Ações ambientais de outras áreas, como organização;
Áreas envolvidas confinadas nas áreas produção, compras,
geradoras de poluição desenvolvimento de -Ampliação das ações
produto e marketing ambientais para toda a
cadeia produtiva.

Quadro 2 - Diferentes abordagens da gestão ambiental empresarial / Fonte: Barbieri (2007, p. 119).

O controle da poluição é o primeiro passo para a empresa adotar a gestão ambiental. Nesta abordagem,
a organização adota uma postura reativa, cujos esforços organizacionais são direcionados apenas para
o cumprimento da legislação ambiental e atendimento das pressões da comunidade. Em geral, nessa
abordagem, utiliza-se dois tipos de tecnologia: remediação e end of pipe control (controle no final do
processo); a remediação se aplica a situações de acidentes ambientais, em que o dano ambiental já foi
causado; e já a tecnologia de controle no final do processo visa impedir que a poluição seja liberada
na natureza, a exemplo dos filtros nas chaminés.
Na abordagem preventiva, a variável ambiental está inserida na área produtiva, objetivando utilizar
eficientemente os insumos, ainda que comece a se expandir para todo o espaço organizacional. Neste tipo
de abordagem, os métodos de prevenção da poluição estão baseados nos 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar.
Por fim, na abordagem estratégica, as atividades ambientais se encontram difundidas por toda a
organização, e há um sistemático envolvimento da alta administração. A empresa enxerga a gestão
ambiental não como um gasto, mas como uma vantagem competitiva.
No que diz respeito a essa última abordagem, a série de normas ISO 14.000 surgem como um auxílio
na implantação de uma efetiva gestão ambiental nas organizações.

UNIDADE 8 183
grama, não somente o meio ambiente é be-
neficiado, mas também a própria empresa,
visto que para evitar a produção de po-
Com uma eficiente gestão ambiental na empresa, luentes, é preciso utilizar menos materiais
o meio ambiente deixa de ser um custo adicional com mais eficiência e, assim, a empresa
e passa a ser uma vantagem competitiva. tem menos gastos com materiais e com o
tratamento dos poluentes.
• Design for environment: envolve decisões
ligadas à produção da empresa e à utili-
Modelos de Gestão zação dos produtos, levando em conta o
Ambiental nas Empresas impacto ambiental dessas escolhas.
• Modelos baseados na natureza: basea-
Caro(a) aluno(a), implantar a gestão ambiental do na famosa lei de Lavoisier “na natureza
em uma empresa nem sempre é uma tarefa fácil, nada se cria, nada se perde, tudo se trans-
e é nesse sentido que Curi (2012) propõe quatro forma”, o modelo propõe a reutilização de
modelos de gestão que as empresas criaram para resíduos de produção de uma empresa
se tornar mais sustentáveis: atuação responsável, como insumo para outra. Como exemplo
produção mais limpa (P+L), design for environ- desse modelo, Curi (2012) cita que, no Bra-
ment e modelos baseados na natureza. sil, a petroquímica Copesul gastava US$
• Atuação responsável: a Associação Bra- 50 por tonelada para se livrar do resíduo
sileira da Indústria Química (ABIQUIM) sulfocáustica, e teve seu cenário alterado
criou o programa “atuação responsável” quando passou a vender seu resíduo para
com o objetivo de as empresas contribuí- uma fábrica de celulose que o utiliza em
rem para o desenvolvimento sustentável sua cadeia produtiva; nesse caso, o que era
do setor, fazendo com que meio ambiente, resíduo passou a ser lucro para a Copesul.
crescimento econômico e responsabilida-
de social sejam parte da gestão da empresa. Além desses, a ecoeficiência também se enqua-
A adoção ao programa passou a ser obri- dra nos modelos de gestão ambiental. Introduzida,
gatória em 1998 para todas as empresas em 1992, pelo Business Council for Sustainable
associadas. Development, a ecoeficiência se alcança pela en-
• Produção mais limpa: o Programa das trega de produtos e serviços com preços compe-
Nações Unidas para o Meio Ambien- titivos que satisfaçam as necessidades humanas e
te (PNUMA), em 1990, criou a ideia de melhorem a qualidade de vida, enquanto reduzem
produção mais limpa como forma das os impactos ao meio ambiente e o uso de recur-
empresas investirem em tecnologias mais sos, mantendo a capacidade de carga estimada
modernas de produção, visando aumentar do Planeta; ou seja, uma empresa é ecoeficiente
a eficiência do uso dos recursos naturais, quando reduz a intensidade de materiais e energia
bem como a minimização dos impactos requeridos nos produtos e serviços, bem como
ambientais decorrentes dos processos, aumenta a durabilidade e reciclabilidade dos pro-
serviços ou produtos. Por meio desse pro- dutos (BARBIERI, 2007).

184 Gestão Ambiental


As Normas
ISO 14.000

Foi na Conferência das Nações Unidas sobre o


Meio Ambiente e o Desenvolvimento que surgiu
a proposta da criação de um grupo, Organiza-
ção Internacional para Padronização (ISO), para
promover estudos para o processo de elaboração
de normas de gestão ambiental. Assim, no ano de
1993, foi criado o Comitê Técnico 207, que ficou
incumbido de elaborar uma série de normas dire-
cionadas para o meio ambiente, o que deu origem
à série ISO 14.000 (BRAGA et al., 2005).
As normas da série ISO 14.000 estabelecem
padrões para a implantação e a orientação de um
SGA nas organizações, os quais visam (ABNT,
1997 apud MAZZAROTO; BERTÉ, 2013, p. 108):


Estabelecer, implementar, manter e aprimo-
rar um sistema de gestão ambiental;
Assegurar a conformidade com sua política
ambiental definida;
Buscar conformidade com a norma na au-
toavaliação, na relação com as partes envol-
vidas, ou buscar certificação.

UNIDADE 8 185
Neste sentido, as normas da série ISO 14.000
abordam sobre os sistemas de gestão ambien-
tal (NBR ISO 14.001), diretrizes para auditoria
ambiental (NBR ISO 19.011), rótulos e decla-
rações ambientais (NBR ISO 14.020), avaliação
do desempenho ambiental (NBR ISO 14.031)
e análise do ciclo de vida (NBR ISO 14.040).
Todas elas são de extrema importância para as
empresas, visto que garantem aumento de pro-
dutividade, diminuição dos desperdícios com
matéria-prima, energia, água e outros insumos,
bem como reduz a geração de resíduos sólidos.

Durante a Conferência das Nações Unidas para


o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED),
foi proposta a criação de um grupo na ISO para
elaboração de normas de gestão ambiental. No
Brasil, a participação ocorre por meio da Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é
associada à ISO e tem direito a voto.
Fonte: adaptado de Derisio (2012).

A NBR ISO 14.001, dentro da série de normas


ISO 14.000, é a mais utilizada nas organizações,
pois além de ser a única certificável, fornece os
requisitos e as diretrizes para a implantação do
SGA, capaz de promover melhorias ambientais.
Além disso, segundo Moraes, Pugliesi e Queiroz
(2014), atua como mecanismo de integração
para a aplicação das demais normas da série.
A NBR ISO 14.001 pode ser implementa-
da em organizações públicas ou privadas, de
pequeno ou grande porte, destinadas às ativi-
dades industriais, comerciais, agroindustriais
e de serviços.

186 Gestão Ambiental


ISO 14.001 - Sistemas
de Gestão Ambiental

Caro(a) aluno(a), vimos que a NBR ISO 14.001


é a norma internacional sobre sistema de gestão
ambiental (SGA), pertencente à série de normas
ISO 14.000. Ela especifica os requisitos que uma
organização deve levar em conta para ter um SGA
implementado e em funcionamento.
De acordo com a Resolução CONAMA nº
306/2002 (anexo I), o SGA é definido como:


[...] parte do sistema de gestão global que
inclui estrutura organizacional, atividades
de planejamento, responsabilidades, práti-
cas, procedimentos, processos e recursos
para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política
ambiental da instalação.

UNIDADE 8 187
Neste contexto, o SGA é uma tentativa de promover o desenvolvi-
mento sustentável, constituindo-se de um conjunto de procedimentos
sistematizados desenvolvidos para que as questões ambientais sejam
integradas à administração global de um empreendimento, contem-
plando a política ambiental da empresa, a implementação do sistema
em si e seu monitoramento e avaliação. Logo, seu sucesso depende do
comprometimento de todos os níveis e funções da organização e, além
disso, para a eficácia do SGA nas empresas, é imprescindível a educação
ambiental, uma vez que, somente por meio da sensibilização e cons-
cientização dos funcionários, serão possíveis as mudanças de hábitos.
A Figura 1 ilustra o processo de melhoria contínua que envolve
as etapas do SGA proposto pela NBR ISO 14.001.

Melhoria contínua

Política Ambiental

Análise pela
Administração
Planejamento

Implementação
Verificação e Operação

Figura 1 - Modelo de sistema de gestão ambiental - NBR ISO 14.001


Fonte: ABNT (2004a, p. 6).

A política ambiental da empresa deve ser proativa e não somente


reativa, ou seja, deve ser baseada no planejamento prévio dos
possíveis efeitos ambientais, visando antecipar que os impactos
ambientais ocorram.

188 Gestão Ambiental


• Política ambiental: a política ambiental deve demonstrar o com-
prometimento da alta administração da organização com o meio
ambiente, de modo a apresentar os princípios de ação relativos
ao desempenho e responsabilidade ambiental. A política deve:
ser apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais das
atividades; incluir comprometimento com a melhoria contínua
e com a prevenção da poluição; incluir comprometimento para
cumprir com as normas e regulamentos ambientais e outros requi-
sitos subscritos; fornecer estrutura para o estabelecimento e análise
dos objetivos e metas ambientais; documentada, implementada e
mantida; comunicada a todos que trabalham na organização; e
estar disponível ao público.
• Planejamento: a organização deve fazer um planejamento, com
base na política ambiental, definindo objetivos e metas que in-
cluam “os comprometimentos com a prevenção de poluição, com
o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos
pela organização e com a melhoria contínua” (ABNT, 2004a, p. 5).
Nesta etapa, é importante considerar os aspectos ambientais, ou
seja, elemento das atividades, produtos ou serviços da organização
que podem interagir com o meio ambiente, causando algum tipo
de impacto ambiental.
• Implementação e Operação: a implementação e operação do SGA
deve se dar de forma a atingir os objetivos e metas estabelecidas.
Nesta etapa, devem ser definidos recursos, funções e responsabilida-
des, formas de comunicação, documentação, controle operacional
e preparo e resposta às emergências.
• Verificação e Ações Corretivas: a organização deve desenvolver
procedimentos para monitorar e medir as principais caracte-
rísticas das operações e atividades que podem causar impacto
significativo no meio ambiente e, além disso, deve estabelecer
procedimentos referentes às ações corretivas que devem ser to-
madas para eliminar as causas reais ou potenciais que poderiam
resultar em impacto ambiental.
• Revisão do gerenciamento: com o propósito de melhoria contí-
nua, a alta administração deve frequentemente revisar o SGA para
assegurar que ele continue adequado e efetivo. Existem diversas
maneiras de se avaliar o SGA, e uma delas é a auditoria; de tempo em
tempo, é importante chamar uma equipe de auditores para verificar
se as atividades estão em ordem e, assim, utiliza-se os resultados
obtidos nas auditorias do sistema para verificar a necessidade de
mudança na política, nos objetivos e em outros elementos do SGA.

UNIDADE 8 189
Caro(a) aluno(a), a implantação do sistema de gestão ambiental em
um determinado empreendimento é baseada no Ciclo do PDCA
(Plan, Do, Check and Act), ou seja, um procedimento sistematizado
e estruturado para o planejamento, implantação, verificação e revi-
são das estratégias. De acordo com a NBR ISO 14.001, a metodologia
do PDCA pode ser descrita como:

• Planejar: estabelecer objetivos e processos necessários para


se atingir os resultados desejáveis, de acordo com a política
ambiental da organização.
• Executar: implementar os processos.
• Verificar: monitorar e medir os processos em conformidade
com a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais
e outros, e relatar os resultados.
• Agir: agir para melhorar continuamente o desempenho do
sistema de gestão ambiental.

Baseado no ciclo do PDCA, Moraes, Pugliesi e Queiroz (2014) ela-


boraram um esquema ilustrativo das principais etapas, que vimos
anteriormente, para a implantação da ISO 14.001, observe:

190 Gestão Ambiental


PLANEJAR DESENVOLVER / FAZER
Requisitos de Gestão Implementação e operação
Ambiental
Estrutura e responsabilidade
Requisitos gerais Treinamento, conscientização e competência
Política ambiental
Comunicação
Planejamento Documentação
Aspectos ambientais
Controle de documentos
Requisitos legais e outros Controle operacional
Objetivos e metas e programas Preparação de respostas a emergências
de gestão ambiental

P D

A C

AGIR / ANALISAR CHECAR / VERIFICAR


Análise crítica pela Verificação
administração Monitoramento e medição
Avaliação do atendimento a requisitos
legais e outros
Não conformidade, ação corretiva e
ação preventiva
Controle de registros
Auditoria interna

Figura 2 - Principais etapas de implantação da ISO 14.001, segundo a metodologia PDCA


Fonte: Moraes, Pugliesi e Queiroz (2014, p. 47).

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo.


Para acessar, use seu leitor de QR Code.

O ciclo do PDCA é traduzido em 5 princípios, de acordo com o Manual de auditoria


ambiental (SILVA; PRZYBYSZ, 2014, p. 105):


[...] princípio 1: conhecer o que deve ser feito; assegurar comprometimento com
o SGA e definir a política ambiental.
Princípio 2: elaborar um plano de ação para atender aos requisitos da política
ambiental.

UNIDADE 8 191
Princípio 3: assegurar condições para o cumprimento dos tificável (ou seja, para a organi-
objetivos e metas ambientais e implementar as ferramentas zação obter o reconhecimento
de sustentação necessárias. de que ela implementou com
Princípio 4: realizar avaliações quali-quantitativas periódicas eficiência o SGA) também pode
da conformidade ambiental da empresa. ser utilizado para que a empre-
Princípio 5: revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os sa possa emitir uma autodecla-
objetivos e metas e as ações implementadas para assegurar ração de conformidade com a
a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa. norma, de modo a se posicionar
melhor no mercado. Neste sen-
Segundo Silva e Przybysz (2014), o principal desafio das em- tido, as normas não podem ser
presas ao implementar um SGA baseado na norma ISO 14.001 consideradas como barreiras
consiste em fazer com que elas adotem uma mudança de pos- pelas empresas, mas como um
tura e estejam preparadas para a concorrência e sobrevivência imprescindível instrumento de
no mercado. Ao aceitarem os desafios das normas ISO 14.000, gestão ambiental, que garante
as empresas devem estar cientes dos benefícios, mas também qualidade aos processos e pro-
dos riscos de implementar o processo. Os benefícios vão des- dutos, bem como cumprimento
de posição de destaque no mercado, como ganho ambiental das leis ambientais.
por meio de prevenção de impactos ambientais e da melhoria Segundo Moraes, Pugliesi e
do desempenho ambiental. Derisio (2012) enumera os quatro Queiroz (2014, p. 79), a certifi-
principais benefícios: cação ambiental se trata de “[...]
• Diferencial competitivo: melhoria da imagem, conquista um mecanismo de governança,
de novos mercados e aumento da produtividade. um catalizador de mudanças
• Melhoria organizacional: gestão ambiental sistemati- socioambientais aplicável e
zada, conscientização ambiental dos funcionários e in- acessível a pequenos e grandes
tegração da qualidade ambiental à gestão dos negócios empreendimentos”. Neste senti-
da empresa. do, caro(a) aluno(a), atua com a
• Minimização de custos: eliminação de desperdícios, con- finalidade da busca pela garan-
quista da conformidade ao menor custo e racionalização tia de qualidade ambiental.
dos recursos humanos, físicos e financeiros. Para uma organização ob-
• Minimização dos riscos: segurança legal, segurança ter a certificação ambiental, ela
das informações, minimização dos acidentes ambientais, deve cumprir três exigências
minimização dos riscos dos produtos e identificação de básicas expressas na NBR ISO
vulnerabilidades. 14.001:
• Ter um SGA implantado.
Quanto aos riscos, estes estão relacionados à exposição ou a • Cumprir a legislação
divulgação dos problemas ambientais decorrentes de suas ati- ambiental aplicável ao
vidades e a avaliação dos custos envolvidos no processo de cer- local da instalação.
tificação. Neste sentido, como o SGA é uma norma voluntária, • Assumir um compro-
cabe à empresa a decisão de implementá-lo, tendo por base uma misso de melhoria contí-
análise de custo e benefício. nua de seu desempenho
Em uma empresa, apesar do SGA ter sido concebido para ser cer- ambiental.

192 Gestão Ambiental


O processo de certificação envolve três entidades: o organismo nor-
malizador, o organismo credenciador e o organismo certificador. O
organismo normalizador, como a ISO, é responsável por criar normas.
O organismo credenciador tem o papel de escolher e autorizar os
organismos que podem emitir a certificação; no Brasil, essa é a fun-
ção do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (SINMETRO), mas quem credencia na prática é o Insti-
tuto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(INMETRO). Por fim, o organismo certificador avalia se as empresas
devem ou não receber a certificação.
Caro(a) aluno(a), você deve estar se perguntando: quando é que
a empresa solicita a certificação? A certificação deve ser proposta
após a implantação do SGA na organização, sendo composta por
uma pré-auditoria e pela auditoria de certificação. Esta última eta-
pa também é a primeira, visto que este é um processo cíclico, e a
organização deve gerenciar constantemente o SGA, e no período
estipulado pelo certificador, ela deverá buscar a recertificação, con-
forme ilustrado na Figura 3.

Auditoria ambiental é definida como um processo sistemático e


documentado de verificação, que é executado para obter e avaliar,
de forma objetiva, evidências que determinam se as atividades,
eventos, sistemas de gestão e condições ambientais se encontram
especificados ou as informações relacionadas a estes estão em
conformidade com os critérios de auditoria estabelecidos; além
disso, também serve para comunicar os resultados desse processo.
Fonte: adaptado de CONAMA (2002).

De acordo com FIESP (2007), a auditoria ambiental na qual se


fundamenta o processo de certificação ambiental pode ser de 1ª,
2ª ou 3ª parte. A auditoria de 1ª parte é interna à empresa; a au-
ditoria de 2ª parte é aquela realizada de empresa para empresa,
como no caso de auditoria de fornecedor, em que a empresa audita
seu fornecedor de matéria-prima; e a auditoria de 3ª parte está
relacionada a um organismo certificador.

UNIDADE 8 193
Independentemente da auditoria ambiental ser de 1ª, 2ª ou
3ª parte, ela serve como ferramenta diagnóstica, que gera uma
série de dados que podem ser classificados em conformidades,
não conformidades ou sugestões de melhoria (MAZZAROTO;
BERTÉ, 2013).

Contato com a certificadora

Pré- auditoria

Auditoria - Fase 1

Auditoria - Fase 2

Atividades de
Recomendado Não
acompanhamento

Sim

Emissão de certificado
Auditorias
periódicas

Auditorias de
Manutenção da
recertificação
certificação SGA

Figura 3 - Etapas da certificação ambiental


Fonte: Moraes, Pugliesi e Queiroz (2014, p. 80).

Apesar da certificação de qualidade ambiental apresentar inú-


meros benefícios à organização que possui um SGA implantado,
bem como aos seus produtos e processos, algumas empresas
podem apresentar algumas dificuldades para adoção de tal siste-
ma, como: falta de tempo e dinheiro, baixa prioridade aos temas
ambientais, pequenas pressões dos mercados internos e externos,
bem como baixas pressões financeiras e entre outros.

194 Gestão Ambiental


Relatório Ambiental

Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta unida- pria empresa, visto que o gestor ambiental poderá
de, é importante deixar claro que apesar da NBR comparar os relatórios dos últimos anos, a fim de
ISO 14.001 não obrigar a elaboração de relatórios verificar o desempenho do SGA.
ambientais para comunicação social, ela é a favor No que diz respeito ao relatório ambiental,
de que as empresas o elaborem como forma de foi criada a norma ISO 14.004 para enumerar as
comunicar à sociedade o que ela tem feito para informações que devem estar presentes, observe
conservar o meio ambiente e diminuir o impacto a Figura 4.
negativo de suas atividades. Além disso, a NBR ISO 14.063 define a ne-
O relatório ambiental elaborado pela empresa, cessidade de comunicação entre a empresa e as
para comunicação social, deve apresentar infor- partes interessadas. Essa comunicação pode ser
mações que interessem a sociedade em linguagem de dois tipos: comunicação ad hoc ou comuni-
acessível. Nesse relatório, o objetivo é explicar, de cação planejada; o primeiro tipo de comunicação
forma clara, como as atividades da empresa afe- serve para atender uma necessidade inesperada,
tam o bem-estar da sociedade e do meio ambiente como no caso de um acidente ambiental, em que
(CURI, 2012). Nos relatórios ambientais que devem a empresa comunica à sociedade sobre suas atitu-
ser entregues aos órgãos ambientais, deve-se uti- des para conter os danos ambientais; no caso da
lizar termos técnicos, bem como fornecer infor- comunicação planejada, as empresas costumam
mações específicas sobre os impactos ambientais. publicar relatórios de sustentabilidade com o ob-
Caro(a) aluno(a), atente-se que a elaboração jetivo de explicar à sociedade o impacto ambiental
do relatório ambiental é importante não somente de suas atividades (CURI, 2012).
para dar satisfação à sociedade e ao órgão am- Caro(a) aluno(a), assim, encerramos esta uni-
biental, como também pode ser útil para a pró- dade sobre gestão ambiental.

Declaração da
Informações Compromisso
administração
sobre acidentes com a melhoria
ambientais contínua

Aspectos
Investimentos em Relatório ambientais de
meio ambiente e ambiental produtos e
redução de custos serviços

Cumprimento das Geração de Política e metas


obrigações legais resíduos e consumo ambientais
de recursos, água e
energia
Figura 4 - Alguns itens indispensáveis do relatório ambiental, segundo a norma ISO 14.004 / Fonte: Curi (2012, p. 120).

UNIDADE 8 195
1. No que diz respeito à gestão ambiental empresarial, as empresas podem de-
senvolver três tipos de abordagens frente aos problemas ambientais: controle
da poluição, prevenção da poluição e estratégica. Diferencie esses três tipos de
abordagens.

2. A NBR ISO 14.001 estabelece os requisitos para que uma organização desenvolva
e implemente a política e objetivos que levem em consideração os requisitos
legais e informações sobre os aspectos ambientais significativos. Assim, no
contexto dos sistemas de gestão ambiental, diferencie os conceitos: aspecto
ambiental e impacto ambiental.

3. O Ciclo PDCA é um método iterativo de gestão de quatro passos (Plan, Do, Check,
Act), usado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos de uma
organização. Sabendo disso, explique a aplicação do ciclo do PDCA no contexto
da gestão ambiental.

196
LIVRO

Sistema de gestão ambiental


Autor: Cesar Silva e Leane Chamma Barbar Przybysz
Editora: InterSaberes
Sinopse: o livro traz ferramentas imprescindíveis para uma correta gestão dos
aspectos ambientais nas empresas, tendo como foco o sistema de gestão am-
biental (SGA) editado pela International Organization for Standardization (ISO),
que publica normas técnicas para uma gestão sustentável.

LIVRO

Gerenciamento dos aspectos e impactos ambientais


Autor: Ricardo Melito Caldas
Editora: Pearson
Sinopse: o livro trata sobre a gestão ambiental, sendo dividido em 4 unidades:
Unidade 1 - contextualização da gestão ambiental; Unidade 2 - sistema de ges-
tão ambiental; Unidade 3 - operacionalização da gestão ambiental; e Unidade
4 - controle da gestão ambiental.

WEB

No Brasil, a ISO 14.001 é editada pela ABNT, com sua última versão publicada
em 6/10/2015. Após a publicação dessa nova edição, as organizações terão um
prazo de transição de três anos para adequarem seu SGA.
Consulte o documento disponibilizado pela FIESP no ano de 2015 para fi-
car por dentro das alterações, no link: http://www.ciesp.com.br/wp-content/
uploads/2015/09/dma-iso-14001-2015-v4.pdf
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

197
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.000. Sistemas de Gestão Ambiental, especifi-
cações e diretrizes para uso. ABNT, 1997.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.001. Sistemas de Gestão Ambiental - Requisitos
com orientações para uso. ABNT, 2004a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.004. Sistemas de Gestão Ambiental - Diretrizes
gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. ABNT, 2004

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.020. Rótulos e declarações ambientais - Prin-
cípios gerais. ABNT, 2002.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.031. Gestão Ambiental - Avaliação de desem-
penho ambiental - Diretrizes. ABNT, 2004.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.040. Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de
vida - Princípios e estrutura. ABNT, 2001.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.063. Gestão Ambiental - Comunicação am-
biental - Diretrizes e exemplos. ABNT, 2009

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 19.011. Diretrizes para auditoria de sistemas de
gestão. ABNT, 2012.

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 306, de 5 de julho de 2002.
Estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais. Conama, 2002.

CURI, D. Gestão ambiental. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.

198
FIESP. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Melhore a competitividade com o Sistema de Gestão
Ambiental - SGA. São Paulo: FIESP, 2007.

KRAEMER, E. P. et al. Gestão ambiental e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. In: X
Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia (SEGET), 2013. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/
arquivos/artigos13/52118614.pdf. Acesso em: 01 mar. 2021.

MAZZAROTO, A. A. V. de S.; BERTÉ, R. Gestão ambiental no mercado empresarial. Curitiba: InterSaberes,


2013.

MORAES, C. S. B. de.; PUGLIESI, É.; QUEIROZ, O. T, M. M. Gestão e certificação ambiental nas organizações e
as normas da série 14000. In: MORAES, C. S. B. de.; PUGLIESI, É. (Orgs). Auditoria e certificação ambiental.
Curitiba: InterSaberes, 2014. p. 19-90.

SILVA, C.; PRZYBYSZ, L. C. B. Sistema de gestão ambiental. Curitiba: InterSaberes, 2014.

199
1.

Controle da poluição: a empresa se preocupa apenas em cumprir a legislação ambiental, apresenta postura
reativa; a empresa enxerga a gestão ambiental como um custo adicional.
Prevenção da poluição: a empresa se preocupa com uso eficiente dos insumos, apresenta postura proa-
tiva (sem abrir mão da reativa); considera a gestão ambiental como meio de reduzir custos e aumentar a
produtividade.
Abordagem estratégica: empresa se preocupa com a produtividade, adota postura proativa; enxerga a
gestão ambiental como vantagem competitiva.

2. De acordo com a NBR 14.001, aspecto ambiental é o elemento das atividades ou produtos ou serviços de
uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Um aspecto significativo pode ter um impacto
significativo.
Impacto ambiental representa qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte,
no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização.

3. No contexto da gestão ambiental, o ciclo do PDCA pode ser descrito da seguinte maneira (NBR ISO 14.001):
Planejar: estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em concordância com
a política ambiental da organização.
Executar: implementar os processos.
Verificar: monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental, objetivos, metas,
requisitos legais e outros, e relatar os resultados.
Agir: agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão ambiental.

200
Me. Rebecca Manesco Paixão

Legislação Ambiental

PLANO DE ESTUDOS

Legislação Ambiental
Brasileira

Política Ambiental Pública Principais Leis Ambientais


Brasileiras

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os instrumentos de política ambiental.


• Apresentar a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA).
• Apresentar algumas das principais legislações ambientais brasileiras.
Política
Ambiental Pública

Caro(a) aluno(a), conforme estudamos anterior-


mente, antes da Conferência de Estocolmo, o go-
verno só tomava atitudes para a defesa do meio
ambiente depois de acontecer acidentes ambien-
tais. Foi somente após a década de 70 que essa
situação começou a mudar com a criação de leis
voltadas para a gestão ambiental pública.

O conceito de gestão ambiental pública se refere


ao conjunto de políticas que o país cria visando
aliar o estímulo do crescimento econômico e o
cuidado com a natureza.
Fonte: adaptado de Curi (2012).

De acordo com Curi (2012), para fazer valer sua


política ambiental, o governo precisa lançar mão
de instrumentos explícitos ou implícitos; os pri-
meiros são normas cujo objetivo é conservar o
meio ambiente, já os implícitos impõem regras
sobre outro assunto que, coincidentemente, be-
neficia o meio ambiente, a exemplo do sistema de
rodízio de carros que São Paulo adota.
Nesta unidade, estudaremos apenas sobre os instrumentos ex-
plícitos que são divididos em duas categorias principais:
• Instrumentos de comando e controle: subdivide-se em
padrões de qualidade ambiental, padrões de emissão e pa-
drões tecnológicos.
• Instrumentos econômicos: subdivide-se em instrumentos
fiscais e instrumentos de mercado.

Os instrumentos de comando e controle são “[...] um conjunto de


regras que ditam a relação dos cidadãos e das empresas com o meio
ambiente” (CURI, 2012, p. 63). Neste sentido, objetiva-se controlar os
impactos ambientais negativos e evitar a degradação ambiental. Dentre
suas subdivisões, os padrões de qualidade ambiental estabelecem os
níveis máximos de poluentes na água, no solo e no ar para cada região.
Os padrões de emissão estabelecem o máximo de poluição que uma
fábrica, uma casa ou um veículo pode emitir no meio ambiente. Por
fim, os padrões tecnológicos visam orientar as empresas na escolha
de equipamentos e materiais, em busca da sustentabilidade.

O que diferencia os padrões de qualidade ambiental dos padrões


de emissão é que, no primeiro, limita-se o total de substâncias
nocivas que pode-se tolerar; no segundo, não importa o total, mas
sim o individual por fonte poluidora.

Os instrumentos econômicos também buscam a conservação do


meio ambiente por meio de instrumentos fiscais e de mercado,
baseando-se nos princípios do poluidor-pagador, usuário-paga-
dor e protetor-recebedor. Por meio dos instrumentos fiscais, de
tributos, transfere-se dinheiro das empresas para os cofres públi-
cos; os tributos geralmente são cobrados para remediar problemas
ambientais provocados pela própria empresa. Além dos impostos,
o governo também pode utilizar subsídios, cujo dinheiro vai dos
cofres públicos para as empresas, ou seja, o governo pode abrir mão
da arrecadação de alguns impostos para as empresas conscientes.
Por fim, por meio dos instrumentos de mercado uma empresa
pode comprar ou vender créditos de carbono, que funcionam como uma
autorização para a emissão de determinada quantidade de poluentes.

UNIDADE 9 203
Legislação Ambiental
Brasileira

Caro(a) aluno(a), diferentemente do que ocorre


em outras áreas do direito, no direito ambien-
tal não há um código específico sobre o meio
ambiente, mas um conjunto de leis que regula-
mentam vários temas ambientais, que objetivam
a proteção e conservação da qualidade do meio
ambiente, sob penalidade de não cumprimento.
A lei nº 6.938/81, que institui a Política Nacio-
nal de Meio Ambiente (PNMA), mudou a concep-
ção de meio ambiente no Brasil, cujos problemas
ambientais deixaram de ser tratados em outras
áreas jurídicas, como o direito penal e o direito
civil, e passaram a ser tratados com base no direito
ambiental. Além disso, foi a primeira lei que abor-
dou o meio ambiente como um todo, abrangendo
não somente a poluição industrial e o uso dos
recursos naturais, mas os diversos aspectos do
meio ambiente e as várias formas de degradação.
A PNMA objetiva a:


[...] preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvol-
vimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade
da vida humana (BRASIL, 1981, on-line).

204 Legislação Ambiental


Dentre seus instrumentos, destaca-se o estabelecimento de
padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental, a
avaliação de impactos ambientais, o licenciamento ambiental,
dentre outros, procedimentos esses ratificados e assegurados na
Constituição Federal de 1988.
A PNMA cria um sistema de coordenação de políticas pú-
blicas do meio ambiente, denominado de Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA). O Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) faz parte do SISNAMA, e é responsá-
vel por estabelecer normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, estabelecer
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção
da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
recursos ambientais, dentre outras competências. Além disso,
o SISNAMA também conta com os poderes locais (estaduais
e municipais) que são responsáveis pela fiscalização do cum-
primento das normas legais, bem como do efetivo controle da
poluição ambiental (LSA, [2021], on-line).
No ano de 1989, houve a criação do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),
cuja finalidade é a de executar e fazer executar as políticas e dire-
trizes governamentais definidas para o meio ambiente. Em 1992,
foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA) com a missão
de formular, planejar, coordenar, supervisionar e controlar a po-
lítica de meio ambiente brasileira e as diretrizes governamentais
para o meio ambiente.

Por se tratar de uma República Federativa, no Brasil, o estabele-


cimento das normas de controle ambiental considera três níveis
hierárquicos. À União cabe o estabelecimento de normas gerais vá-
lidas a todo território nacional; aos Estados cabe o estabelecimento
de normas peculiares; e aos Municípios cabe o estabelecimento
de normas que atendam aos interesses locais.
Fonte: Braga et al. (2005).

UNIDADE 9 205
Principais Leis
Ambientais Brasileiras

Caro(a) aluno(a), neste tópico, veremos algumas


das principais legislações ambientais brasileiras.
No entanto, é importante deixar claro que cita-
remos apenas algumas das leis ambientais bra-
sileiras e, neste sentido, há muitas outras com as
quais você deve estar familiarizado. Além disso,
atente-se que as leis estão em constantes processos
de reavaliação e adequação, assim é necessário que
você se mantenha atualizado.

Lei Nº 9.433/97 - Política


Nacional de Recursos
Hídricos

A lei nº 9.433/97 institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema Na-
cional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
conhecido como Lei das Águas.
A lei objetiva assegurar e disponibilizar água
em qualidade suficiente às presentes e futuras ge-
rações, utilização racional dos recursos hídricos, a
prevenção e defesa contra eventos hidrológicos crí-
ticos, bem como incentivar e promover a captação
e aproveitamento de águas pluviais. Neste sentido, a

206 Legislação Ambiental


lei conta com a participação do Poder Público e da coletividade para
o uso consciente desse imprescindível recurso natural, garantindo-
-lhe o direito de uso e instituindo deveres e obrigações aos usuários.
Para a implantação da PNRH, a lei prevê a utilização dos se-
guintes instrumentos (BRASIL, 1997, on-line):


I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segun-
do os usos preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

• Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que


visam fundamentar e orientar a implementação da PNRH e o
gerenciamento dos recursos hídricos (BRASIL, 1997, on-line).
• O enquadramento dos corpos de água em classes visa asse-
gurar as águas em qualidade compatível com os usos mais
exigentes e diminuir os custos de combate à poluição das
águas, mediante ações preventivas e permanentes (BRASIL,
1997, on-line). A Resolução CONAMA nº 357/2005 dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambien-
tais para o seu enquadramento.
• O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos
tem como objetivo assegurar o controle qualitativo e quan-
titativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos
de acesso à água (BRASIL, 1997, on-line).
• A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva reconhe-
cer a água como bem econômico e dar ao usuário uma in-
dicação de seu real valor, incentivar a racionalização do uso
da água e obter recursos financeiros para o financiamento
dos programas e intervenções contemplados nos planos de
recursos hídricos (BRASIL, 1997, on-line). Para a fixação do
valor da cobrança, deverão ser observados:


I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume
retirado e seu regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos
ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as
características físico-químicas, biológicas e de toxidade do
afluente (BRASIL, 1997, on-line).

UNIDADE 9 207
• O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sis-
tema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de
informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes
em sua gestão (BRASIL, 1997, on-line).

A água é um recurso natural limitado, e em situações de escassez,


seu uso prioritário é destinado ao consumo humano e a desse-
dentação de animais.

Lei Nº 9.605/98 - Lei de Crimes


Ambientais

A Constituição Federal de 1988 dedicou o capítulo VI inteiramente


às questões do meio ambiente, e em seu art. 225, § 3º, ela cita que:


[...] as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am-
biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obri-
gação de reparar os danos causados.

Neste sentido, em 1998, foi promulgada a lei nº 9.605/98, que dispõe


sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente.
A lei composta de 82 artigos define os crimes ambientais relati-
vos à degradação do meio ambiente, às respectivas penas e critérios
para a aplicação dessas, bem como apresenta conceitos relacionados
à infração administrativa e à coo-
peração internacional para
preservação do meio
ambiente (BRAGA et
al., 2005).
No que diz respeito
à lei nº 9.605/98, mere-
ce destaque o Capítulo III
- Da Poluição e outros Crimes Am-
bientais, observe:

208 Legislação Ambiental



Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou
que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocu-
pação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada,
ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas,
ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrup-
ção do abastecimento público de água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos
ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em
desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou re-
gulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo an-
terior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a auto-
ridade competente, medidas de precaução em caso de risco
de dano ambiental grave ou irreversível (BRASIL, 1998,
on-line).

Caro(a) aluno(a), para saber mais sobre as infrações e penas


previstas na lei de crimes ambientais, consulte a lei nº 9.605/98
na íntegra. Além disso, no contexto da lei de crimes ambientais,
é importante destacar a responsabilidade pelos atos ou condutas
lesivas ao meio ambiente:


[...] quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes comina-
das, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o
auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurí-
dica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar
de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la
(BRASIL, 1998, on-line).

UNIDADE 9 209
• Unidades de proteção
integral: objetivam pre-
servar a natureza, sendo
admitido apenas o uso
indireto de seus recursos
naturais. São compostas
pelas seguintes categorias:
estação ecológica, reserva
biológica, parque nacio-
nal, monumento natural
e refúgio de vida silvestre.
• Unidades de uso susten-
tável: objetivam compa-
tibilizar a conservação
da natureza com o uso
Lei Nº 9.985/2000 - Sistema Nacional sustentável de parcela
de Unidades de Conservação dos seus recursos natu-
rais. São compostas pelas
A lei nº 9.985/2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de seguintes categorias: área
Conservação da Natureza (SNUC), bem como estabelece critérios de proteção ambiental,
e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de área de relevante interesse
conservação. ecológico, floresta nacio-
Contudo, o que são unidades de conservação? A referida lei traz nal, reserva extrativista,
a seguinte definição: reserva de fauna, reserva


de desenvolvimento sus-
[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as tentável e reserva particu-
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, lar do patrimônio natural.
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de admi- Caro(a) aluno(a), no que diz
nistração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção respeito à presente lei, é impor-
(BRASIL, 2000, on-lne). tante destacar o art. 36, que trata
do licenciamento ambiental de
Neste sentido, a lei busca a conservação do espaço territorial, bem empreendimentos/atividades de
como de seus recursos ambientais, como forma de contribuir para a significativo impacto ambiental,
manutenção da diversidade biológica do território nacional, prote- uma vez que, baseado no EIA/
ger as espécies ameaçadas de extinção, proteger paisagens naturais, RIMA, “o empreendedor é obri-
proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos, dentre outros gado a apoiar a implantação e
objetivos. manutenção de unidade de con-
As unidades de conservação integrantes do SNUC são divididas servação do Grupo de Proteção
em dois grupos: Integral” BRASIL, 2000, on-line).

210 Legislação Ambiental


Lei Nº 12.305/2010 - Política associação de catadores de materiais reutilizáveis
Nacional de Resíduos Sólidos e recicláveis, a educação ambiental etc.
Caro(a) aluno(a), quanto à elaboração dos
A lei nº 12.305/2010 dispõe sobre a Política Na- planos de resíduos sólidos, é importante desta-
cional de Resíduos Sólidos (PNRS) e se aplica a car que estes devem ser elaborados pela União,
toda pessoa física ou jurídica, de direito público Estados, Municípios, bem como pelos grandes
ou privado, responsáveis, direta ou indiretamen- geradores de resíduos. Observe os planos de
te, pela geração de resíduos sólidos e as que de- resíduos sólidos que devem ser elaborados se-
senvolvam ações relacionadas à gestão integrada gundo a PNRS:


ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.
Dentre os princípios da PNRS, destaca-se: I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
a prevenção e a precaução poluidor-pagador e II - os planos estaduais de resíduos sólidos;
o protetor-recebedor, o desenvolvimento sus- III - os planos microrregionais de resíduos
tentável, a responsabilidade compartilhada pelo sólidos e os planos de resíduos sólidos de
ciclo de vida, a ecoeficiência, a razoabilidade e a regiões metropolitanas ou aglomerações
proporcionalidade, dentre outros. urbanas;
Neste sentido, como instrumentos da PNRS, IV - os planos intermunicipais de resíduos
cita-se os planos de resíduos sólidos, a coleta se- sólidos;
letiva, os sistemas de logística reversa e outras V - os planos municipais de gestão inte-
ferramentas relacionadas à implementação da grada de resíduos sólidos;
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida VI - os planos de gerenciamento de resí-
dos produtos, o incentivo à criação e ao desenvol- duos sólidos (BRASIL, 2010, on-line).
vimento de cooperativas ou de outras formas de

UNIDADE 9 211
Além disso, um importante instrumento da PNRS diz respeito à res-
ponsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida, ou seja, um conjunto
de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, impor-
tadores, distribuidores e comerciantes, bem como dos consumidores
para manejo dos resíduos sólidos. Por meio da logística reversa, é
garantido o retorno dos resíduos sólidos ao fabricante, que deverá dar
um destino final ambientalmente adequado. De acordo com a PNRS,
são obrigados a estruturar e implementar os sistemas de logística re-
versa, mediante o retorno dos produtos após o uso pelo consumidor,
os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:


I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros pro-
dutos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso [...];
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de
luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes (BRASIL,
2010, on-line).

Neste sentido, observe, caro(a) aluno(a), nossa responsabilidade,


como consumidores, de dispormos corretamente para coleta os
resíduos que são sujeitos à logística reversa. A Figura 1 ilustra o
ciclo da logística reversa:

Fornecedores Fabricantes Atacadistas Consumidor


Varejistas final

CICLO DA LOGÍSTICA REVERSA


Matéria-prima Resíduos

Indústria de Transporte Cooperativas Coleta seletiva


reciclagem de catadores

Figura 1 - Ciclo da logística reversa / Fonte: Sweda ([2021, on-line)1.

212 Legislação Ambiental


controle e prevenção dos incêndios florestais, bem
como prevê instrumentos econômicos e finan-
ceiros para o alcance de seus objetivos (BRASIL,
Logística reversa: “instrumento de desenvol- 2012, on-line).
vimento econômico e social caracterizado por A presente lei reconhece que as florestas exis-
um conjunto de ações, procedimentos e meios tentes no Brasil e as demais formas de vegetação
destinados a viabilizar a coleta e a restituição nativa, reconhecidas de utilidade às terras que
dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para revestem, são bens de interesse comum a todos
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros os habitantes do país, exercendo-se os direitos de
ciclos produtivos, ou outra destinação final am- propriedade com as limitações da legislação em
bientalmente adequada”. geral e especialmente do Código Florestal (BRA-
Fonte: Brasil (2010, on-line). SIL, 2012, on-line).
Assim, a utilização e exploração da vegetação,
as ações ou omissões contrárias às disposições do
presente código são consideradas uso irregular da
Lei Nº 12.651/2012 - propriedade. Neste sentido, caro(a) aluno(a), o uso
Código Florestal irregular de uma área protegida pelo código, como
as APPs ou a RL, enseja responsabilidade não só
O código florestal instituído pela lei nº 12.605/2012 do proprietário, mas do possuidor e também do
estabelece normas gerais sobre a proteção da ve- detentor, seja pessoa física ou jurídica.
getação, áreas de preservação permanente (APPs) Agora que você já se familiarizou com o Códi-
e as áreas de reserva legal (RL); a exploração flo- go Florestal, é importante aprofundarmos nossos
restal, o suprimento de matéria-prima florestal, conhecimentos no que diz respeito a dois concei-
o controle da origem dos produtos florestais e o tos importantes:

UNIDADE 9 213
Tenha sua dose extra de conhecimento assistin-
do ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR
Code.

Área de Preservação Permanente (APP)

A APP pode ser definida como área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hí-
dricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas (BRASIL, 2012, on-line);
De acordo com o Código Florestal, as APPs podem ser de dois tipos:
• APP declarada de interesse social, incluindo as áreas cobertas
com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma
ou mais finalidades, como: contenção de erosão do solo, proteção
de restingas ou veredas, proteção de várzeas, abrigo de fauna ou
flora ameaçados de extinção, proteção de sítios de excepcional
beleza ou de valor científico, cultural ou histórico e proteção de
áreas úmidas (BRASIL, 2012, on-line).
• APP por força de lei, cuja localização esteja situada em (BRASIL,
2012, on-line):
» Faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, na largura demonstrada na Figura 2.
» Áreas no entorno de lagos e lagoas naturais, com largura
mínima de 100 metros em zonas rurais (exceto para corpo
d’água com até 20 hectares de superfície, cuja faixa marginal
será de 50 metros); e de 30 metros em zonas rurais.
» Áreas no entorno de reservatórios d’água artificiais, decorren-
tes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais,
na faixa definida na licença ambiental do empreendimento.
» Áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
no raio mínimo de 50 metros.
» Restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues.
» Manguezais em toda sua extensão.

214 Legislação Ambiental


Mata ciliar Largura do rio
Raio 50m
10 - 50m

30m
50 - 200m

30m
200 - 600m

30m < 600m

30m

Figura 2 - APP em faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente / Fonte: adaptado de Duft (2014, on-line).

obras de infraestrutura destinada às concessões e


aos serviços públicos de transporte, sistema viário,
saneamento, energia etc. Por interesse social, enten-
Agora você conhece algumas das áreas de pre- de-se, por exemplo, obras destinadas à implantação
servação permanente consideradas pelo Código de instalações destinadas à captação e condução de
Florestal. Sugiro a leitura do artigo 4º na íntegra água e efluentes líquidos tratados. Por fim, quanto
para ficar por dentro de todas as APPs situadas às atividades de baixo impacto ambiental, pode-
na zona rural ou urbana. mos exemplificar a abertura de trilhas para turismo,
abertura de vias de acesso para pessoas e animais
obterem água etc.

Caro(a) aluno(a), atente-se que a vegetação situa-


da em APP deve ser mantida pelo proprietário da Reserva Legal (RL)
área, seja pessoa física ou jurídica, de direito público
ou privado. E ainda, tendo ocorrido a supressão da A reserva legal é definida como área localizada no
vegetação nessa área, o proprietário é obrigado a interior de uma propriedade ou posse rural, com
promover a recomposição da vegetação. a função de assegurar o uso econômico de modo
O artigo 8º da lei nº 12.651/2012 ressalta que sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,
a intervenção ou a supressão de vegetação nativa auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos
em APP somente ocorrerá nas hipóteses de utili- ecológicos e promover a conservação da biodiver-
dade pública, de interesse social ou de baixo im- sidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna
pacto ambiental. Por utilidade pública, entende-se silvestre e da flora nativa (BRASIL, 2012, on-line).

UNIDADE 9 215
A reserva legal só é aplicável a propriedades e posses rurais no
Brasil, devendo ser conservada com cobertura vegetal nativa.

O percentual da propriedade rural a ser destinado à reserva legal é


definido para cada região do Brasil, observe a Figura 3:
• Localizado na Amazônia Legal: 80% no imóvel situado em
área de florestas; 35% no imóvel situado em área de cerrado;
e 20% no imóvel situado em área de campos gerais.
• Localizado nas demais regiões do país: 20% do imóvel.

80% 20%
DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE
Na Floresta localizada No Cerrado da
na Amazônia Legal Amazônia Legal

20% 20%
DA PROPRIEDADE DA PROPRIEDADE
Na mata Atlântica Nas áreas de
campos gerais

Área preservada Área que pode ser desmatada

Figura 3 - Tamanho da reserva legal / Fonte: a autora.

216 Legislação Ambiental


Segundo o art. 3º, da Lei nº 12.605/2012, a Amazônia Legal com-
preende os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia,
Amapá e Mato Grosso, assim como as regiões situadas ao norte
do paralelo 13° S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do
meridiano de 44° W, do Estado do Maranhão.
Fonte: Brasil (2012, on-line).

Quanto à localização da reserva legal, quem a define é o órgão


estadual integrante do SISNAMA, que deverá aprová-la após a
inclusão do imóvel no cadastro ambiental rural. Sua localização
deverá levar em consideração o plano de bacia hidrográfica, o zo-
neamento ecológico econômico, o plano diretor e a proximidade
com áreas protegidas.

Cadastro Ambiental Rural (CAR): registro público eletrônico de


âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com
a finalidade de integrar as informações ambientais das proprie-
dades e posses rurais, compondo base de dados para controle,
monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate
ao desmatamento.
Fonte: Brasil (2012, on-line).

Por fim, você deve estar se perguntando, a reserva legal pode ser
dispensada? O Código Florestal prevê três exceções à sua obrigato-
riedade, são elas: empreendimentos de abastecimento público de água
e tratamento de esgoto, áreas destinadas à exploração de potencial de
energia hidráulica nas quais funcionem empreendimentos de geração
de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de trans-
missão e de distribuição de energia elétrica, e em áreas adquiridas
ou desapropriadas, com o objetivo de implantação e ampliação de
capacidade de rodovias e ferrovias (BRASIL, 2012, on-line).

UNIDADE 9 217
1. Segundo a lei nº 12.651/2012, a Área de Preservação Permanente (APP) é uma
área protegida com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Assim, descreva o tamanho da mata ciliar que deve ser respeitada de acordo
com a largura do rio.

2. Para fazer valer sua política ambiental, o governo precisa lançar mão de instru-
mentos explícitos ou implícitos. Os instrumentos explícitos são divididos em
duas categorias principais: instrumentos de comando e controle, e instrumen-
tos econômicos. Sabendo disso, explique a importância dos instrumentos de
comando e controle no que diz respeito à gestão ambiental pública.

3. A lei nº 12.305/2010 dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).


Sobre a PNRS, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Os consumidores têm responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida de
todos os produtos adquiridos.
( ) Os fabricantes de pilhas e baterias devem implementar sistemas de logística
reversa.
( ) A logística reversa viabiliza a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
fabricante, o qual poderá utilizá-los no próprio setor produtivo, ou dar uma
outra destinação final ambientalmente adequada.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

218
LIVRO

Direito ambiental e sustentabilidade


Autor: Arlindo Philippi Jr., Vladimir Passos de Freitas e Ana Luiza Silva Spínola
Editora: Manole
Sinopse: o livro dividido em 40 capítulos reúne reflexões teóricas, conceituais e
legais sob a ótica do Direito Ambiental, considerando que ele está em constante
evolução, desenvolvimento e inovação.

219
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938,
de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto
de 2001; e dá outras providências. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/
lei/l12651.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e
altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

220
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição
Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 02 mar. 2021.

CURI, D. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

DUFT, D. Quanto deve medir uma APP (Área de Preservação Permanente) de um rio. Inteliagro, 2014. Disponível
em: https://www.inteliagro.com.br/quanto-deve-medir-uma-app-area-de-preservacao-permanente-de-um-rio/.
Acesso em: 02 mar. 2021.

LSA. Lopes da Silva & Associados. Cartilha de meio ambiente - A legislação brasileira e a responsabilidade social
das empresas. [2021]. Disponível em: http://www.lopesdasilva.adv.br/cartilhas/edicao2.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021.

REFERÊNCIA ON-LINE
Em: https://sweda.com.br/politica-de-logistica-reversa/. Acesso em: 02 mar. 2021.
1

221
1. Com base nas faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, a
APP deve possuir largura mínima de:

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura.

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta)


metros de largura.

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura.

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seis-
centos) metros de largura.

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros.

2. Os instrumentos de comando e controle estabelecem regras aos cidadãos e às empresas no


que diz respeito ao meio ambiente. São subdivididos em padrões de qualidade ambiental,
padrões de emissão e padrões tecnológicos.

Padrões de qualidade ambiental: estabelecem os níveis máximos de poluentes na água, no


solo e no ar para cada região.

Padrões de emissão: estabelecem o máximo de poluição que uma fábrica, uma casa ou um
veículo pode emitir no meio ambiente.

Padrões tecnológicos: orientam as empresas na escolha de equipamentos e materiais que


causam menor poluição ambiental.

3. D.

222
CONCLUSÃO

Chegamos ao final do livro Estudos Ambientais Urbanos, lembrando que sua


participação nas aulas e a leitura das unidades são essenciais para o aprendizado
e também para levantar questões que o(a) remeta a pensar e a reformular suas
ideias sobre os diferentes temas abordados.
Na Unidade 1, tratamos de conceitos gerais sobre os recursos naturais renová-
veis e não renováveis, com ênfase aos recursos água, solo e ar, e a poluição deles.
Na Unidade 2, discutimos sobre a relação homem versus natureza, e como ela
foi sendo alterada com o passar do tempo. Também vimos um conceito impor-
tante que busca compatibilizar as atividades econômicas com o meio ambiente,
o chamado desenvolvimento sustentável.
Na Unidade 3, vimos sobre o procedimento administrativo denominado licen-
ciamento ambiental, as licenças ambientais prévia, de instalação e de operação,
assim como algumas etapas que constituem esse procedimento.
Na Unidade 4, conceituamos os impactos ambientais e vimos sobre a Avaliação
de Impactos Ambientais (AIA), um processo composto de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) regulamentados pela
legislação CONAMA nº 001/86. Na Unidade 5, abordamos sobre alguns métodos
adotados para identificação e avaliação dos impactos ambientais advindos de
empreendimentos e/ou atividades modificadoras do meio ambiente.
Na Unidade 6, estudamos alguns dos estudos ambientais que são exigidos no
processo de licenciamento ambiental, incluindo o gerenciamento de resíduos
sólidos abordado com mais profundidade na Unidade 7.
Por fim, nas Unidades 8 e 9 vimos, respectivamente, sobre a gestão ambiental
e algumas legislações ambientais brasileiras importantes para seu conhecimento
acadêmico e profissional.
Dessa forma, caro(a) acadêmico(a), espero ter contribuído para o seu processo
de ensino/aprendizagem, assim como para formar cidadãos mais conscientes, de
forma a garantir um meio ambiente com quantidade e qualidade às presentes e
futuras gerações.
Desejo sucesso para você!
224

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