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Eletricidade

Básica
Me. Igor Rossi Fermo
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Distância; SPERANDIO, Luiz Carlos Campana; FERMO, Igor Rossi; Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
SEKI, Leonardo Tocio Mantovani. Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente

Eletricidade Básica. Luiz Carlos Campana Sperandio; Igor Ros-
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
si Fermo; Leonardo Tocio Mantovani Seki.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019.
208 p. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
“Graduação - Híbridos”. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James

1. Eletricidade 2. Básica.
Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
ISBN 978-65-5615-541-8 Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
CDD - 22 ed. 6.213.192 Design Educacional Débora Leite; Head de
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de
Souza Filho; Head de Metodologias Ativas
Impresso por: Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de
Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência
de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro
Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla
Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo
de Produção de Materiais Nádila de Almeida
Toledo; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e
Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Fabio Augusto Gentilin


NEAD - Núcleo de Educação a Distância Designer Educacional Tacia Rocha.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira,
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Erica Fernanda Ortega e Silvia Carolina Gonçalves.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Isabela Mezzaroba Belido.
Ilustração Bruno Pardinho e Welington Vainer.
Realidade Aumentada Matheus Alexander Guanda-
lini, Maicon Douglas Curriel e Cesar Henrique Seidel .
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Olá, caro(a) estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina Eletricidade Básica.


Aqui, estudaremos diversos conceitos e conteúdos a respeito da Eletricidade
de forma direta e simplificada. Vamos estudar desde os conceitos físicos mais
básicos, passando por técnicas de análise de circuitos elétricos, sistemas de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, até o entendimento do
básico em instalações elétricas residenciais e acionamentos elétricos indus-
triais. Nosso objetivo nesta disciplina é entender um pouco sobre a energia
elétrica e suas aplicações, servindo como um ponto de partida neste estudo.
Dando início aos estudos, na Unidade 1, aprenderemos o que é carga elétrica,
tensão elétrica, corrente elétrica e potência elétrica, que são conceitos físi-
cos essenciais para tudo que virá a seguir no livro. Também veremos como
mensurar o consumo de energia elétrica, baseado nos conceitos estudados.
Na Unidade 2, iniciaremos o aprendizado sobre as leis de Ohm, as quais abor-
dam o comportamento da resistência elétrica e as propriedades dos materiais
quando submetidos a tensões e correntes elétricas. Em seguida, partiremos
para as leis de Kirchhoff, que são a base para a análise de circuitos elétricos,
das quais derivam-se outras técnicas de análise de circuitos. Aprenderemos
também sobre a topologia de circuitos e finalizaremos a unidade com o
aprendizado sobre circuitos em série e paralelo e associação de resistores.
Chegamos à Unidade 3, em que aprenderemos duas técnicas poderosas
para a análise de circuitos: análise nodal e análise de malhas. Estas analises
são baseadas em uma aplicação sistemática das leis de Kirchhoff (ora LKC,
ora LKT).
Na Unidade 4, aprenderemos a aplicar teoremas que simplificam a análi-
se de circuitos complexos, que são os teoremas de Thévenin e de Norton.
Estes teoremas são aplicados somente em circuitos lineares, logo, iniciare-
mos apresentando os conceitos de linearidade, superposição, método para a
transformação de fontes, aplicação dos teoremas citados e como encontrar
a máxima transferência de potência.
Na Unidade 5, iniciaremos uma jornada sobre os circuitos de corrente e
tensão alternada, que é a forma utilizada em nossas casas, indústrias e demais
setores de nossa sociedade. Aprenderemos, inicialmente, sobre senoides,
fasores e domínio da frequência, então estudaremos o comportamento dos
principais elementos de circuito quando submetidos à tensão e corrente
alternadas. Iremos aprender também sobre o comportamento da potência
em circuitos de tensão alternada e sobre fator de potência, que é de extrema
importância para o uso da energia elétrica com uma melhor eficiência.
Chegando à Unidade 6, veremos de forma mais conceitual e informativa
como é realizada a geração de energia elétrica e os princípios utilizados para
tal em diversos tipos de usinas geradoras de energia. Dando continuidade ao
fluxo da energia, entenderemos como ocorre a transmissão de energia das
usinas até os centros consumidores e, por fim, como é feita a distribuição da
energia a cada unidade consumidora.
Na Unidade 7, aprenderemos os princípios de funcionamento de máquinas
elétricas (rotativas e transformadores) e os dispositivos utilizados para o
acionamento e proteção destas máquinas e das instalações, compreendendo
que muitos deles são obrigatórios em dadas situações por norma.
A Unidade 8 apresentará os princípios de instalações elétricas e como elabo-
rar um projeto elétrico básico de uma residência de acordo com as normas
vigentes. Aprenderemos a realizar o levantamento de cargas, dividir a instala-
ção em circuitos, dimensionar condutores elétricos, quadro de distribuição e
demais componentes, tudo de acordo com a norma NBR 5410. Para finalizar
a unidade, apresentaremos uma rotina de experimentos a ser realizada na
bancada de instalações elétrica, em que são contemplados experimentos de
ligações comuns de uma instalação elétrica residencial.
Chegando ao final de nossa jornada, na Unidade 9, estudaremos sobre os
princípios de acionamentos elétricos industriais, em que serão apresentados
métodos de partida de motores elétricos trifásicos, máquinas presentes em
qualquer indústria. Veremos desde os conceitos de cada método de partida,
o que difere um do outro, suas aplicações, vantagens e desvantagens e o
diagrama de instalação de cada método apresentado.
Temos certeza que você gostará do que verá nas próximas páginas e, ao fim
da disciplina, irá se aprofundar ainda mais nesse estudo da Eletricidade. Sem
mais delongas, vamos ao trabalho!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Prof. Me. Igor Rossi Fermo


Possui Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá, sobre
desenvolvimento de um equipamento de solda automatizado para termopares e fabricação
de sensores e Graduação em Engenharia Elétrica também pela Universidade Estadual de
Maringá; atualmente, cursa doutorado em Engenharia Química na Universidade Estadual de
Maringá sobre processamento digital de imagens. É autor de artigos científicos e desenvolve
pesquisas na área de algoritmos para processamento de imagens, processamento digital de
imagens, modelos matemáticos e desenvolvimento de sensores.
Link para o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8139023564331967

Eng. Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki


Possui especialização em Engenharia Elétrica: Sistemas Elétricos de Potência pela Escola
Superior de Planejamento e Gestão (ESPC). Estudou Engenharia Elétrica na Universidade Es-
tadual de Maringá (UEM) e é projetista de instalações elétricas prediais, projetos de geração
de energia elétrica. Já atuou com manutenção industrial.
Link para o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2189859623420159

Prof. Me. Luiz Carlos Campana Sperandio


Possui Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2018) e
Graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Também
possui graduação em Tecnologia em Automação Industrial pela Unicesumar (2009). Atuou
como Professor no SENAI CTM (2016). Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, atuando,
principalmente, nos seguintes temas: Controle e Automação, Sistemas Embarcados, Eletrô-
nica, Instrumentação, Manutenção Industrial. Atualmente é Professor Mediador dos cursos
híbridos de Engenharia na Unicesumar.
Link para o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9455495489332770
A Física da
Eletricidade

13

Leis
Fundamentais

35

Análise
de Circuitos

59
Teoremas de Dispositivos e
Circuitos Elétricos Máquinas Elétricas

79 135

Princípios
Princípios de
da Corrente
Instalações Elétricas
Alternada (CA)

97 161

Geração e Princípios de
Distribuição de Acionamentos
Energia Elétrica Elétricos Industriais

117 189
52 Comportamento de tensão e corrente em
circuitos série e paralelo

121 Como funciona uma usina hidrelétrica.


154 Atuação de um disjuntor

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

A Física da Eletricidade

PLANO DE ESTUDOS

Tensão Elétrica Potência e Energia

Carga Elétrica Corrente Elétrica

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Definir o que são cargas elétricas. • Definir potência e energia e a relação entre ambas, a fim
• Entender o que é tensão elétrica ou diferença de potencial. de entender o consumo de energia elétrica.
• Conceituar o que é corrente elétrica a partir da definição
de carga elétrica.
Carga
Elétrica

Ao estudar a eletricidade de um modo geral, será


comum você se deparar com o termo Eletromag-
netismo. Esse é o campo da Física que explica a
relação existente entre os fenômenos elétricos e
magnéticos. Esses fenômenos, segundo registros
históricos, começaram a ser estudados na Grécia
antiga, ao constatarem que um pedaço de âmbar,
ao ser friccionado, conseguia atrair pequenos ma-
teriais, como pedaços de palha. Também cons-
tataram que uma determinada pedra era capaz
de atrair pequenos pedaços de ferro. A Figura 1
ilustra como você pode, de forma bastante sim-
ples, realizar um experimento similar ao que os
gregos fizeram.
Figura 1 - Exemplo de atração eletrostática

Conforme a Figura 1 aponta, após pentear os cabelos, no quadro 1, você pode atrair pequenos pedaços
de papel com o pente, como ilustra o quadro 2. Aliás, hoje já sabemos que a atração entre o âmbar e a
palha é resultado de uma força elétrica, enquanto a atração entre a pedra e o ferro é resultado de uma
força magnética. Grandes cientistas contribuíram no desenvolvimento das teorias do Eletromagnetismo
tal como conhecemos hoje, em especial Hans Christian Oersted, Michael Faraday e James Clerk Maxwell.
Para iniciar nossos estudos, vamos, então, a alguns questionamentos. Você sabe o que é a Eletrici-
dade? Sabe como cargas elétricas se comportam e interagem com os corpos?
Vamos imaginar a seguinte situação: é sexta-feira, você acorda extremamente animado, afinal o fim
de semana está batendo à sua porta! Como de costume, você toma o seu café da manhã e se prepara
para ir ao trabalho. Está um pouco frio e há um bom tempo não chove significativamente. Então, você
decide vestir um belo casaco de lã. Tudo pronto, você pega a sua mochila e sai. Ao tocar na maçaneta
do carro, uma surpresa: você leva um pequeno choque, até mesmo conseguiu ver e ouvir a descarga
elétrica. Quando chega no serviço e vai cumprimentar um dos colegas, novamente sente um choque.
O ambiente está mais quente e você resolve tirar a blusa. Ao fazer isso, você sente que ela está “colada”
ao seu corpo, e novamente vê o desprendimento de pequenas fagulhas e até ouve pequenos estalos.
Aposto que você já levou um desses pequenos choques, não é mesmo? E por que isso acontece? Está
relacionado com alguma das informações descritas ou trata-se apenas de coincidência?

UNIDADE 1 15
Se houve choque elétrico, então tem eletricida- A carga elétrica é uma propriedade intrínseca
de envolvida nessa situação, resta entendermos das partículas que compõem a matéria. Assim,
de que forma. Para haver uma descarga elétrica todos os corpos apresentam cargas elétricas. En-
entre dois corpos, é necessário que estejam ele- tretanto, geralmente os corpos são eletricamente
trizados, isto é, carregados eletricamente. O que neutros, o que significa que possuem a mesma
define se um corpo está eletrizado é a diferença quantidade de cargas positivas e cargas negativas.
entre a quantidade das cargas elétricas positivas Quando há um desequilíbrio entre a quantidade
e das cargas negativas. dessas cargas, então o corpo está eletricamente car-
Em um dia úmido, as cargas em excesso em regado (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009).
nossos corpos acabam se dissipando pelo próprio Exceto nos casos de soluções iônicas (em que
ar, pois a umidade o torna condutor. Entretanto, temos íons positivos e íons negativos), as cargas
quando a umidade relativa do ar está baixa, as car- elétricas positivas são os prótons e as cargas elé-
gas elétricas tendem a não ser eliminadas dos cor- tricas negativas são os elétrons. Como os prótons
pos, acumulando cada vez mais, até que haja algum constituem o núcleo do átomo e os elétrons orbitam
contato entre dois corpos para que ocorra uma ao redor do núcleo de forma mais livre, conforme
descarga elétrica e os neutralize eletricamente. podemos ver na Figura 3, em um processo de eletri-
Certo, entendemos que esse choque é uma des- zação ou de descarga elétrica ocorre a transferência
carga elétrica. Contudo, de onde vem essas cargas apenas de elétrons. Assim, um corpo com carga elé-
elétricas? Como os corpos ganham ou perdem trica positiva perdeu elétrons, enquanto um corpo
cargas elétricas? com carga negativa ganhou elétrons.

16 A Física da Eletricidade
Figura 3 - Estrutura atômica, evidenciando os prótons e elétrons

Vamos, agora, discutir essas propriedades e parâmetros de uma


forma conceitual, fazendo uso da Matemática para nos auxiliar na
explicação da Física da Eletricidade.
A carga elétrica (denotada por q ) é uma propriedade elétrica de
partículas elementares que compõem os átomos, sendo elas os pró-
tons (positivos) e elétrons (negativos). A unidade de medida da carga
elétrica é o coulomb (C). A carga elétrica de um elétron, representada
19
por e , é igual a 1, 602 10 C . O próton apresenta carga de mesma
magnitude, porém positiva (ALEXANDER; SADIKU, 2013).

Repare quão pequena é a carga elétrica de um elétron, sendo da


ordem de 1019 . Isso significa que em 1 C de carga contém
6, 24 10 18
elétrons!

Como você pôde notar, cargas elétricas não estão apenas nos corpos
eletrizados, mas sim em todos os corpos e matérias. Os corpos neutros
apresentam um equilíbrio entre cargas positivas e negativas, enquanto
os corpos eletrizados apresentam um desequilíbrio (mais cargas positi-
vas ou mais cargas negativas). A seguir, estudaremos o que proporciona
o deslocamento e transferência de cargas elétricas: a tensão elétrica.

UNIDADE 1 17
Tensão
Elétrica

Agora que já sabemos o que são as cargas elétricas,


vamos começar a estudar a dinâmica delas para
entendermos o que é a energia elétrica, que prova-
velmente é a forma de energia mais útil em nossa
sociedade contemporânea. Para isso, vamos tomar
como exemplo um átomo de cobre que, em sua úl-
tima camada de distribuição eletrônica, apresenta
apenas um elétron. Se esse elétron se desprender
desse átomo, teremos então duas partículas distin-
tas: um íon positivo (carga positiva) e um elétron
livre (carga negativa) (BOYLESTAD, 2012).
Como já vimos, a carga elétrica de um elétron é
muito pequena, então vamos considerar que hou-
ve esse desprendimento de elétrons de 6, 24 ⋅10
18

átomos de cobre, resultando, assim, em uma carga


de 1 C e em uma carga de −1 C . Se gastarmos
energia e separarmos essas duas cargas, criamos
uma região positiva e uma negativa, com dife-
rentes níveis de energia potencial elétrica, já que
teve consumo de energia para separá-las. A essa
diferença de potencial, damos o nome de tensão
elétrica.

18 A Física da Eletricidade
Tensão elétrica (ou diferença de potencial) é a energia consumida, em joules (J), ao deslocar uma
carga elétrica de 1 C. A unidade de medida da tensão elétrica é o volt (V).

A Figura 4 ilustra essa relação entre carga elétrica, energia e tensão elétrica. Note que, se a distância a
ser percorrida pela carga aumenta, há maior consumo de energia, o que significa que há maior tensão
elétrica entre a região positiva e a região negativa. Note também que, se a concentração na região po-
sitiva e negativa são maiores, é necessário maior consumo de energia para o deslocamento da carga
elétrica, o que também significa que há maior tensão elétrica entre as duas regiões.

Figura 4 - Representação da tensão elétrica entre duas regiões


Fonte: adaptada de Boylestad (2012).

Dada a definição de tensão elétrica, podemos agora expressá-la matematicamente como:

W
V=
q
em que V é a tensão elétrica, dada em volts (V); W é a energia, dada em joules (J); e q é carga elétrica,
dada em coulombs (C). Veja, a seguir, dois exemplos da aplicação dessa expressão.

UNIDADE 1 19
01 EXEMPLO Calcule a tensão elétrica entre dois pontos, visto que são necessários 100 J de
energia para mover, entre esses dois pontos, uma carga elétrica de 20 C.
Solução
W 100
V
= = =5V
q 20

02 EXEMPLO Determine a energia gasta ao mover uma carga de 40 µC entre dois pontos com
diferença de potencial de 5 V.
Solução

W  q  V  40 106  5  200 106 J  200  J

Como vimos, a tensão elétrica está relacionada com a separação das cargas elétricas.
Existem diversas maneiras de se produzir uma tensão elétrica, uma delas é por meio
de reação química, na qual há a separação dos íons positivos e negativos em uma
solução – esse é o mecanismo de funcionamento das pilhas e baterias. Outras fontes
de tensão fazem uso de sistemas mecânicos, como é o caso dos geradores em usinas
de geração de energia, em sistemas eólicos e, até mesmo, em veículos. Mais adiante,
estudaremos melhor sobre geração de energia elétrica.

20 A Física da Eletricidade
Corrente
Elétrica

Caro(a) estudante, agora que você já sabe que a


tensão elétrica está relacionada à energia para
deslocamento das cargas elétricas, vamos, então,
estudar sobre esse deslocamento de cargas.
Se você pudesse ver os elétrons em um fio de
cobre, o que veria é um movimento aleatório, em
que uns elétrons vão para um lado, outros vão
para outro lado. No entanto, ao conectar uma ex-
tremidade desse fio ao polo negativo de uma bate-
ria (fonte de tensão elétrica) e a outra extremidade
ao polo positivo, conforme mostra a Figura 5, os
elétrons passarão a se deslocar de forma ordenada,
no sentido do polo negativo para o polo positivo.
A esse movimento ordenado de cargas elétricas,
damos o nome de corrente elétrica.

UNIDADE 1 21
Figura 5 - Movimento dos elétrons ao conectar um fio de cobre a uma bateria
Fonte: adaptada de Boylestad (2012).

Dada a definição de corrente elétrica, podemos


agora expressá-la matematicamente como:

q
Corrente elétrica é a quantidade de carga elétri- i=
t
ca, em coulombs (C), que atravessa uma área em
um intervalo de tempo de 1 segundo. A unidade em que i é a corrente elétrica, dada em ampères
de medida da corrente elétrica é o ampère (A). (A); q é carga elétrica, dada em coulombs (C); e
t é o tempo, dado em segundos (s).

Quando os estudos e aplicações da energia elétrica se iniciaram, acreditava-se que em um condutor


ocorria o deslocamento de cargas elétricas positivas, resultando, assim, em uma corrente elétrica que
flui do maior potencial (polo positivo) para o menor potencial (polo negativo). Anos mais tarde, desco-
briu-se, então, que ocorre o fluxo de elétrons e que estes possuem carga negativa. Entretanto, a essa
altura muita coisa já estava desenvolvida e os cientistas adaptados a trabalhar com a ideia de fluxo de
cargas positivas. Diante disso, ficou convencionado que continuariam a trabalhar com a corrente de
cargas positivas. Assim, há duas classificações:
Corrente real: fluxo de cargas negativas que ocorre do menor potencial para o maior potencial.
Corrente convencional: fluxo de cargas positivas que ocorre do maior potencial para o menor potencial.
Daqui em diante, sempre que falarmos de corrente elétrica, estamos nos referindo à corrente convencional.

22 A Física da Eletricidade
Vamos, agora, a dois exemplos para fixar e ficar mais clara a aplicação dessa ex-
pressão da corrente elétrica.

03 EXEMPLO Em um certo circuito elétrico, a quantidade de carga que atravessa a seção transversal
do fio condutor em um intervalo de 50 ms é de 0,2 C. Determine a corrente elétrica
que passa por esse fio.
Solução

q 0, 2 200 103
i   4A
t 50 103 50 103
04 EXEMPLO Determine o tempo necessário para que 8 ⋅10 elétrons atravessem uma certa área,
16

considerando que a corrente elétrica é de 2 mA.


Solução
q  n  e  8 1016 1, 602 1019  12, 816 103 C

q 12, 816 103


t   6, 408 s
i 2 103

Se você já passou pela experiência de levar um choque elétrico ao conectar ou


desconectar um aparelho a uma tomada, então sabe que a eletricidade acarreta
alguns efeitos fisiológicos. O que você ainda pode não saber é que mesmo correntes
relativamente baixas podem ser muito perigosas. Estudos revelam que correntes
elétricas de 50 mA são suficientes para provocar graves choques, e correntes acima
de 100 mA já podem ser fatais. Quando está seca, a pele do corpo humano apresenta
boa resistência à passagem de corrente; entretanto, quando está molhada ou há
um ferimento, essa resistência diminui drasticamente. É por isso que devemos ter
muito cuidado ao mexer com eletricidade em áreas úmidas.

Conforme apresentado, podemos então concluir que a corrente elétrica é o des-


locamento ordenado de cargas elétricas (normalmente elétrons) ocasionado pela
diferença de potencial (tensão elétrica) entre dois pontos. Já que temos envolvidos,
nesse processo, potencial elétrico e deslocamento, podemos então analisar potência
e energia. É o que faremos na sequência.

UNIDADE 1 23
Potência
e Energia

Quando vamos a uma loja para comprar um ele-


trodoméstico novo, por exemplo um aparelho de
som, ou uma ferramenta elétrica, por exemplo
uma furadeira, é comum querermos duas infor-
mações: tensão elétrica, para saber se é compa-
tível com a tensão em nossa casa, e a potência
do equipamento, para saber se ele dá conta do
trabalho ou se consome muita energia. Tensão e
corrente nós já estudamos. Então, vamos agora
definir potência e energia.

Potência é a velocidade com que um traba-


lho (conversão de energia) é realizado. Trata-
-se então da quantidade de energia converti-
da em um intervalo de tempo de 1 segundo.
A unidade de potência elétrica é o watt (W).

24 A Física da Eletricidade
Assim, podemos dizer que um grande equipamento elétrico tem mais potência que um pequeno
porque converte uma quantidade maior de energia elétrica em outra forma de energia (mecânica,
térmica etc.) no mesmo intervalo de tempo. Dada essa definição de potência, podemos agora expres-
sá-la matematicamente como:
W
P=
t
em que P é a potência, dada em watts (W); W é a energia, dada em joules (J); e t é o tempo, dado
em segundos (s).
Note que essa expressão da potência apresenta termos em comum com as expressões de tensão
e corrente elétrica. Será, então, que podemos expressar a potência elétrica em função da tensão e da
corrente? Vamos ao trabalho:

W
V W V q
q

q
i  q  i t
t

W V  q V i t
P   P  V i
t t t

Essa expressão de que potência é igual à tensão multiplicada pela corrente é extremamente importante
e útil para nós. Normalmente, nos equipamentos elétricos, por exemplo, o motor elétrico da Figura 6,
encontramos as informações de tensão elétrica e potência, mas ao projetarmos uma instalação elétri-
ca, por exemplo, precisamos da corrente elétrica para dimensionarmos cabos, disjuntores e tomadas.

Figura 6 - Conversão de energia em motor elétrico


Fonte: adaptada de Boylestad (2012).

UNIDADE 1 25
energia de um equipamento elétrico na escala de
segundos não é algo muito prático, visto que nor-
Tenha sua dose extra de malmente os equipamentos permanecem ligados
conhecimento assistindo ao no decorrer de horas. Assim, foi definida uma
vídeo. Para acessar, use seu nova unidade para expressar a energia elétrica
leitor de QR Code. consumida: o kilowatt-hora (kWh). A expressão
matemática para energia elétrica consumida, em
kilowatt-hora, fica:
Você deve ter percebido que utilizamos o conceito P (W)  t (h)
de energia para definir a potência. Ocorre que po- W (kWh) 
1000
tência e energia diferem entre si apenas no tempo.
Para que se converta uma certa quantidade de Como você pode perceber, essa forma de expres-
energia, é necessária a aplicação de uma potência sar o consumo de energia elétrica é muito mais
ao longo de um certo período de tempo. prática, pois basta multiplicar a potência do equi-
pamento elétrico pela quantidade de horas que ele
fica ligado e dividir por 1000. É dessa forma que
as concessionárias de energia elétrica medem o
consumo de seus clientes, utilizando, para isso, o
Energia é a quantização do trabalho realizado. A medidor de kilowatts-horas, como o apresentado
unidade de energia é o joule (J). na Figura 7.

Partindo destas definições, podemos então ex-


pressar matematicamente a energia como:

W  P t
em que W é a energia, dada em joules (J); P é a
potência, dada em watts (W); e t é o tempo, dado
em segundos (s).
Note que medir a energia em joules implica
em considerar o segundo como unidade de tem-
Figura 7 - Medidor de consumo de energia elétrica
po. Para efeitos práticos, analisar o consumo de

26 A Física da Eletricidade
05 EXEMPLO Uma bateria fornece uma corrente elétrica de 1 A a uma lâmpada, que permanece
acesa por 20 segundos. Sabendo-se que, nesse processo, foi consumido 2,5 kJ de
energia, determine a tensão elétrica aplicada na lâmpada.
Solução
q  i  t  1  20  20 C

W 2, 5 103
V   125 V
q 20

06 EXEMPLO Calcule a quantidade de energia consumida durante 1 mês, em kWh, por uma lâm-
pada de 60 W de potência que fica acesa durante 8 horas por dia.
Solução
t (h)  8 (h/dia)  30 (dias)  240 h

P (W)  t (t) 60  240


W (kWh)    14, 4 kWh
1000 1000
Você pôde perceber até aqui que na eletricidade tudo está interligado, e um conceito
leva a outro. Aprendeu o que é carga elétrica, compreendeu que a tensão elétrica é a
diferença de potencial entre os pontos de deslocamento da carga elétrica e que esse
deslocamento ordenado de cargas é a corrente elétrica. Viu que potência e energia
têm uma relação intrínseca e que podemos calculá-las utilizando valores de tensão
e corrente.
Os conceitos e definições de tensão, corrente, potência e energia que discutimos
aqui são básicos no estudo da Eletricidade e nos acompanharão em todas as unidades
seguintes.

UNIDADE 1 27
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Calcule a quantidade de elétrons deslocados entre dois pontos, sabendo que a


diferença de potencial é de 40 mV e que foi consumido 200 µJ de energia.
a) 1, 521 ⋅1016 .

b) 3,121 ⋅1016 .

c) 5, 621 ⋅1016 .

d) 1,121 ⋅1019 .

e) 8, 721 ⋅1013 .

2. Se 500 C de carga percorrem um fio em 3 minutos, qual é a corrente elétrica,


em ampères?
a) 1,502 A.
b) 4,528 A.
c) 2,778 A.
d) 10,421 A.
e) 5,687 A.

3. A diferença de potencial entre dois pontos de um circuito elétrico é de 12 V.


Se 0,2 J de energia são dissipados em um período de 10 ms, qual é a corrente
elétrica que passa por esses dois pontos?
a) 1,6667 A.
b) 4,5021 A.
c) 9,3847 A.
d) 6,8941 A.
e) 2,7456 A.

28
4. A potência dissipada por um componente é de 80 W. Quanto tempo será ne-
cessário para que sejam dissipados 1280 J de energia?
a) 2 s.
b) 5 s.
c) 10 s.
d) 14 s.
e) 16 s.

5. Por quanto tempo você pode usar um videogame com R$ 2,00, sabendo que a
potência do aparelho é de 150 W e que o custo de 1 kWh de eletricidade é de
R$ 0,50?
a) 5,234 h.
b) 10,845 h.
c) 40,391 h.
d) 26,667 h.
e) 15,254 h.

29
LIVRO

Introdução à Análise de Circuitos


Autor: Robert L. Boylestad
Editora: Pearson
Sinopse: esse livro traz exemplos e problemas inéditos que, junto com uma abor-
dagem teórica altamente didática, enriquecem a obra com aplicações práticas
em MultiSim® e PSpice®. Além disso, mostrando total sintonia com as novidades
da área, o livro apresenta tópicos recentes, como memristores, touchpads de
computadores, iluminação fluorescente versus incandescente, medidores de
carga, baterias de íon-lítio e células de combustível. Tudo isso deixa claro porque
Introdução à análise de circuitos é referência na área e, portanto, imprescindível
para estudantes de engenharia e tecnologia, bem como de profissionais que
atuam nesses setores.
Comentários: sem dúvidas, este livro é uma grande referência no estudo da
eletricidade e dos circuitos elétricos. Possui uma abordagem muito didática
que facilita o entendimento, trazendo diversos exemplos resolvidos e exercícios
propostos.

30
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física – Volume 3: Eletromagnetismo. 8. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2009.

31
1. B.

V  40 mV  40 103 V

W  200  J  200 106 J


W W 200 106
V  q  3
 5 103 C
q V 40 10
q 5 103
q  ne  n    3,121 1016 elétrons
e 1, 602 1019
2. C.

q = 500 C

=t 3=
min 180 s
q 500
i
= = = 2, 778 A
t 180
3. A.

V = 12 V

W = 0, 2 J

t  10 103 s

W W 0, 2
V q   16, 667 103 C
q V 12
q 16, 667 103
i   1, 6667 A
t 10 103

32
4. E.

P = 80 W
W = 1280 J
W W 1280
P t    16 s
t P 80

5. D.

P = 150 W

R$ 2, 00
=W = 4 kWh
R$ 0, 50

P (W)  t (h) 1000  W (kWh) 1000  4


W (kWh)   t (h)    26, 667 h
1000 P (W) 150

33
34
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Leis Fundamentais

PLANO DE ESTUDOS

Leis de Kirchhoff

Leis de Ohm Associação de Resistores

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conceituar as leis de Ohm. • Associar resistores e calcular um divisor de tensão e divisor


• Estudar a topologia de circuitos elétricos e as leis de Kirchhoff. de corrente.
Leis
de Ohm

Olá, aluno(a)! Em um primeiro olhar na imagem


que abre este tópico, os traços parecem comple-
xos, com um monte de símbolos desconhecidos e
linhas que parecem não fazer sentido algum, mas
um circuito elétrico nem sempre é algo tão com-
plexo e impossível de ser solucionado. Circuitos
elétricos estão presentes ao nosso redor, muitas
vezes, mais do que imaginamos, desde um smar-
tphone de última geração até mesmo uma simples
tomada na parede de nossas casas.
Com as ferramentas adequadas e o conheci-
mento de leis simples de circuitos elétricos, um
grande e complexo circuito se torna simples de
ser compreendido. As leis de Ohm são o primeiro
passo para o início da compreensão dos circuitos
elétricos. Vamos aprender?
Resistência Elétrica – Como já comentamos, cada material se comporta
2ª Lei de Ohm de uma forma diferente com relação à passagem
de uma corrente elétrica entre suas extremidades.
Começamos este tema sobre a lei de Ohm te con- Existe uma relação direta entre a geometria do
tando que ao nosso redor existem os mais diver- material e a resistência elétrica que ele apresenta:
sos tipos de materiais, cada qual possui um com- de uma forma genérica, a resistência elétrica pode
portamento diferente quando submetido a uma ser descrita como uma função do comprimento
diferença de potencial e, consequentemente, ao ( L) em m, da área da secção transversal ( A) em
surgimento de uma corrente elétrica. A oposição m2 e das propriedades do material, que é repre-
ou resistência à passagem de uma corrente elétrica sentada pela resistividade do material ( r ). Em
através de um material é denominada resistên- homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm,
cia elétrica, representada em circuitos elétricos a unidade de resistência elétrica no SI é expressa
pela letra R. A Figura 1 mostra as notações mais em Ohms, representada pela letra grega ômega
utilizadas para representar um resistor em um maiúscula W. A fórmula da resistência elétrica
circuito elétrico. que é conhecida como a segunda lei de Ohm é
representada por

L
R=r
A
A Figura 2 mostra como as variáveis da equação
podem corresponder a um condutor elétrico.

Figura 1 - Representação gráfica de um resistor em um


diagrama de circuito elétrico

Em circuitos elétricos, podemos identificar o valor


de uma resistência elétrica e sua precisão por 
meio de um código de 4 faixas de cor impres-
so no resistor. Vale observar, contudo, que há
código de cores com mais cores. Há resistores
com até seis faixas, em que as faixas adicionais Figura 2 - Representação de um material ao qual se deseja
calcular a resistência elétrica
representam o coeficiente de temperatura.
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).

UNIDADE 2 37
A equação apresentada se aplica somente a materiais com geometria regular, como condutores
elétricos; caso a estrutura a ser analisada possua deformidades, outros métodos são utilizados para
o cálculo da resistência elétrica.

Aprofundando-se um pouco nos elementos da tes e nem maus condutores. Os semicondutores


fórmula, destacamos a letra grega r, que represen- são amplamente empregados em componentes
ta a resistividade do material, expressa em ohms- eletrônicos, sendo os materiais mais comuns o
-metro. A resistividade do material é uma caracte- Germânio e o Silício.
rística referente à estrutura atômica do material, a Quanto aos materiais isolantes, são materiais
qual pode classificar os materiais em três grandes que são péssimos condutores de eletricidade, o
grupos: condutores, semicondutores e isolantes. que faz com que possuam uma resistência ex-
Veja, aluno(a), a classe dos condutores, como tremamente alta. Suas principais aplicações são
seu próprio nome diz, é composta por materiais em suportes para condutores de eletricidade e
bons condutores de eletricidade. Os materiais que equipamentos de proteção para manutenção em
se destacam nesse grupo e que são amplamente co- redes elétricas, sendo os mais comuns mica e
nhecidos são o Alumínio e o Cobre, extremamente porcelana.
utilizados na fabricação de fios e cabos elétricos. A título de curiosidade, o Quadro 1 apresenta
Os materiais semicondutores, por sua vez, as- os valores de resistividade dos principais materiais
sim são chamados pelo fato de não serem excelen- utilizados em cada área.
Quadro 1 - Resistividade dos materiais
Material Resistividade (Ω m) Classificação
Prata 1,64 ⋅ 10-8 Condutor
Cobre 1,72 ⋅ 10-8 Condutor
Alumínio 2,8 ⋅ 10-8 Condutor
Ouro 2,45 ⋅ 10-8 Condutor
Carbono 4 ⋅ 10-5 Semicondutor
Germânio 47 ⋅ 10-2 Semicondutor
Silício 6,4 ⋅ 102 Semicondutor
Papel 1010 Isolante
Mica 5 ⋅ 1011 Isolante
Vidro 1012 Isolante
Teflon 3 ⋅ 1012 Isolante
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 27).

38 Leis Fundamentais
A classificação de um material quanto à sua boa condução ou não de corrente elétrica possui uma
relação direta com os elétrons que o material possui na sua camada de valência.

Vale lembrar que embora seja dito que a resistência elétrica possui um valor constante, ela pode
sofrer alterações devido a fatores externos, principalmente a temperatura. Em altas temperaturas,
a resistência tende a aumentar; em baixas temperaturas, a resistência diminui.

Um conceito muito utilizado além da resistência elétrica é a condutância elétrica, que nada mais é que
o inverso da resistência elétrica, ou seja, a disposição de um determinado material em conduzir ele-
tricidade. A condutância é representada pela letra G e é definida matematicamente como:

1
G=
R
−1
A unidade de condutividade elétrica no SI é o siemens (S), que é equivalente a W , porém você também
pode se deparar com a letra grega ômega invertida  ou até mesmo mho.

Todos os conceitos referentes à condutância elétrica são o inverso dos conceitos aplicados à resistência elé-
trica, ou seja, se um material possui alta resistência elétrica, ele possui uma baixa condutância e vice-versa.

Primeira Lei de Ohm

Como você deve se lembrar o que estudamos na Unidade 1, os principais componentes da eletricidade
são: tensão elétrica, corrente elétrica e potência elétrica. Nesta unidade, no tópico anterior, introduzimos
o conceito de resistência elétrica; as grandezas elétricas tensão, corrente e resistência se interconectam
por meio da 1ª Lei de Ohm.

UNIDADE 2 39
Segundo Alexander e Sadiku (2013), a lei de Ohm afirma que a tensão V em um resistor é diretamen-
te proporcional à corrente que flui através dele, que matematicamente é representado por V i .

1V
Realizando uma rápida análise dimensional, podemos afirmar que 1 Ω , ou seja, 1 ohm equivale a
A
1 volt por ampère. Ao decorrer da disciplina, é muito importante que você esteja familiarizado com as
unidades de representação das grandezas elétricas no SI, pois isto o ajudará na resolução de exercícios.

A proporcionalidade entre os níveis de tensão


V e a intensidade da corrente elétrica i é repre-
sentada pela constante de proporcionalidade R,
a resistência elétrica que acabamos de aprender.
Em posse destes conceitos, podemos apresentar
a primeira lei de Ohm.
V  R i

Assim como já citamos, a resistência elétrica,


embora considerada uma constante, pode ser
afetada por elementos externos, sendo o prin-
cipal deles a temperatura. Com o aumento da
temperatura, a resistência elétrica tende a au-
mentar, assim como com a queda, a resistência
tende a diminuir.
Os resistores que possuem uma relação li-
near entre tensão e corrente são ditos resistores
ôhmicos ou lineares, enquanto os resistores que
não possuem uma relação linear são chamados
de resistores não ôhmicos ou não lineares. A Fi-
gura 3 apresenta a ilustração das curvas carac-
terísticas de resistores lineares e não lineares.

Figura 3 - Curva característica, as variáveis são i (eixo x)


e v (eixo Y)
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).

40 Leis Fundamentais
Caso você opte por realizar a análise do gráfico
Dois pontos que valem um destaque especial são
V × i e, por meio dele, determinar a resistên-
os extremos dos valores que a resistência elétrica
cia elétrica do material ou do resistor de um pode assumir.
circuito, a resistência pode ser determinada • R = 0 – Quando a resistência elétrica as-
pela inclinação da curva, de acordo com a fun- sume o valor 0, este caso é conhecido como
V curto-circuito. A Figura 4 ilustra um caso
ção trigonométrica tgq= = R. Para o nosso
i de curto-circuito.
estudo, tomaremos por definição de que todo
resistor atende à lei de Ohm, tendo sua resis-
tência constante.

Na microeletrônica, quase que a totalidade de


dispositivos não obedece à lei de Ohm, ou seja,
a resistência é um valor dependente da tensão
aplicada V.
Fonte: adaptado de Halliday e Resnick (1993).

Ao aplicar a lei de Ohm em um circuito, você deve


Figura 4 - Circuito com resistência próxima de zero
sempre estar atento ao sentido do fluxo da cor- Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).
rente elétrica e também à polaridade da tensão
sobre o resistor.

Não existe corrente elétrica negativa; se porventu- Neste ponto, vale um destaque, pois, na prática,
ra o aluno venha a se deparar com um sinal nega- os condutores elétricos possuem uma resistência
tivo para a corrente elétrica, isto indica apenas que elétrica, mesmo que muito baixa, ela ainda é exis-
o sentido tomado para a análise do circuito está tente. No caso de uma resistência elétrica R  0,
ao contrário, e a fórmula da lei de Ohm deve ser classifica-se o condutor como um condutor ideal,
alterada para V R i , uma vez que a resistência ou seja, até o momento esta propriedade existe
elétrica é um valor que varia de 0 a . somente para suposições.

UNIDADE 2 41
• R   – Quando a resistência elétrica as-
sume um valor muito alto ou próximo ao
infinito, o caso é conhecido como circuito
aberto, pois devido à alta resistência, não
flui nenhuma corrente elétrica pelo circuito,
que na prática é como se o circuito estivesse
aberto. A Figura 5 ilustra o caso no qual a re-
sistência elétrica assume um valor infinito.

Figura 6 - Resistores fixos

Além dos resistores fixos, em alguns casos, é ne-


cessário que a resistência do circuito possa ser
variável, ou seja, que ela possa ser ajustada sem a
necessidade de troca do elemento como um todo.
Para estes casos, existem resistores que têm resis-
Figura 5 - Circuito com resistência elétrica infinita tência variável; o símbolo que os representa em
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).
um circuito elétrico está apresentado na Figura 7.
Na grande maioria dos casos, os resistores que
compõe um circuito elétrico possuem um valor de
resistência fixa, ou seja, possui um valor constante.
A Figura 6 mostra os diversos tipos de resistores
fixos que podem ser encontrados no mercado.

Figura 7 - Simbologia de resistores variáveis em circuitos


elétricos

42 Leis Fundamentais
Os resistores variáveis apesar de, a um primeiro contato, não serem muito utilizados em circuitos
elétricos, estão muito mais presentes em nossa vida do que imaginamos. A principal aplicação é refe-
rente à regulagem de volume do som emitido por um rádio, no qual, variando a resistência elétrica do
elemento, conseguimos aumentar a dissipação de potência no circuito do equipamento, entregando
uma potência maior para o autofalante, por exemplo. A Figura 8 mostra resistores variáveis mais co-
muns comercialmente.

Figura 8 - Resistores variáveis do tipo (a) trimmer e (b) potenciômetro

Como você já deve ter observado nas figuras, ao contrário dos resistores fixos, os resistores variá-
veis possuem três terminais, portanto, muito cuidado ao analisar circuitos elétricos que possuem
resistores variáveis.

Efeito joule
P  i2  R
A passagem da corrente elétrica em um condutor Ou
provoca um aumento de temperatura e calor é V2
P=
liberado. Em uma escala microscópica, essa ener- R
gia é consequência das colisões entre os elétrons
e a estrutura cristalina do material. No caso de A aplicação mais comum do efeito joule é o chu-
resistores, essa dissipação de calor é bem mais veiro elétrico, em que a corrente elétrica atravessa
acentuada do que em um condutor. O valor da um resistor de níquel-cromo ou outro material
dissipação resistiva pode ser encontrado por meio de alto ponto de fusão, que dissipa calor e aquece
da substituição da lei de Ohm na fórmula da po- a água. Outro exemplo você visualiza na figura
tência, o que podemos representar como a seguir:

UNIDADE 2 43
Figura 9 - Churrasqueira elétrica

A Figura 9 mostra uma churrasqueira elétrica:


observa-se que a resistência elétrica blindada é
responsável pelo aquecimento do alimento.
Nesse tópico, aprendemos sobre a resistência
elétrica e o seu comportamento de acordo com os
materiais; também aprendemos sobre a propor-
cionalidade entre resistência, tensão e corrente
elétrica. Analisamos os casos especiais de resis-
tência elétrica ( R = 0) e ( R  ) assim como
o efeito joule (dissipação resistiva). Com esses
conceitos, poderemos avançar para o próximo
tópico, que será fundamental para a análise de
circuitos elétricos.

44 Leis Fundamentais
Leis de
Kirchhoff

Chegou o momento, aluno(a), de apresentarmos


as leis de Kirchhoff, desenvolvidas pelo físico ale-
mão Gustav Robert Kirchhoff. Ao todo são duas
leis: a lei de Kirchhoff para corrente (LKC), ou lei
dos nós; e a lei de Kirchhoff para tensão (LKT),
ou lei das malhas.
As leis de Kirchhoff compõem o princípio da
análise de circuitos elétricos, porém, para a sua
aplicação, primeiramente é necessário o conhe-
cimento sobre a topologia dos circuitos.
Preparado(a)? Então, vamos para o tópico se-
guinte.

Topologia de Circuitos

Os elementos que compõe um circuito elétrico


podem ser conectados das mais diversas formas.
Dentro destas conexões, podemos subdividir
um circuito elétrico em partes, sendo elas: ramo,
nó e laço.
O ramo é a representação de um único ele-
mento no circuito, seja ele um resistor, uma fonte
de tensão, uma fonte de corrente ou qualquer ou-
tro elemento do circuito.

UNIDADE 2 45
O nó é o ponto no qual dois serem percorridos para que retornemos ao ponto de partida, sen-
ou mais ramos se conectam. do eles: passando pelo resistor de 2 W , passando pelo resistor de 3
Normalmente, em circuitos W , passando pela fonte de corrente de 2 A ou, ainda, realizando a
elétricos, um nó é representa- associação dos resistores 2 W e 3 W como aprenderemos adiante.
do por um ponto; caso um ou Como você observou, em nenhum dos caminhos que citei, o mesmo
mais nós sejam ligados por um ponto foi percorrido duas vezes.
fio de conexão, todos os pontos Caso o caminho percorrido para formar um laço contenha pelo
conectados passam a ser um menos um ramo que não esteja contido em nenhum outro laço,
único nó. A Figura 10 demons- diz-se que ele é um laço independente. As vantagens de um laço inde-
tra a afirmação: ao analisar o pendente são de que eles originam equações independentes. Adiante
circuito da Figura 10, obser- você irá compreender melhor essa afirmação e seus benefícios.
va-se que, no ponto b, todos os a 5Ω b
nós são conectados por um fio
condutor e, da mesma forma
acontece no ponto c, portanto
o circuito possui 3 nós.
10 V 2Ω 3Ω 2A
Por sua vez, o laço é um ca-
minho fechado dentro de um
circuito. O laço pode ser visto
como um caminho a ser per-
corrido dentro de um circuito, c
porém com algumas restrições:
Figura 10 - Circuito elétrico
o laço deve se iniciar em um Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).
ponto, passar por elementos de
circuito e retornar ao ponto de O teorema fundamental da topologia afirma que uma rede com b
partida; no entanto, o caminho (ramos), n (nós) e l (laços independentes) é expressa por b  l  n 1 .
não deve se sobrepor, ou seja,
não é permitido que se passe
pelo mesmo lugar duas vezes.
Novamente, tomaremos
Tenha sua dose extra de conhecimento
o circuito da Figura 10 como assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
exemplo. Tomando como pon- leitor de QR Code.
to de partida o ponto a, existem
3 possibilidades de caminhos a

46 Leis Fundamentais
Lei de Kirchhoff das Lei de Kirchhoff da Tensão
Correntes (LKC) (LKT)

A lei de Kirchhoff das correntes (LKC) estabelece A Lei de Kirchhoff da tensão enuncia que a soma
que a soma das correntes que entram ou saem em das tensões (elevações ou quedas) em um laço é
um determinado nó do circuito é igual a 0. Matema- igual a 0. A LKT é baseada na lei de conservação
ticamente, a lei de Kirchhoff pode ser expressa como da energia. A lei pode ser representada matema-
N ticamente por:
 in  0 M
n 1
 vm  0
Em que n corresponde ao número de ramos e in m 1

a i-ésima corrente que adentra ou sai de um de- Em que M são as tenções no laço e vm é a m-ésima
terminado nó. Para exemplificar a LKC, tomemos tensão no laço.
por exemplo a Figura 11. Para demonstrar a aplicação da LKT, utiliza-
remos o circuito da Figura 12.

Figura 12 - Correntes em um nó
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).

Figura 11 - Correntes em um nó
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).
Antes de iniciar a análise do circuito, você deve
Como convenção, iremos atribuir o sinal posi- se atentar novamente à convenção de sinais que
tivo (+) para correntes que entram no nó e o si- será utilizada, sempre levando em consideração
nal negativo (-) para correntes que saem de um a polaridade das fontes de tensão no circuito,
determinado nó. Analisando o nó da Figura 11, assim como o sentido em que será percorrido o
obtemos: i1  i3  i4  (i2 )  (i5 )  0 , rearran- circuito; no nosso caso, será adotado o sentido
jando a expressão, obtemos: i1  i3  i4  i2  i5 , horário.
o que prova a LKC.

UNIDADE 2 47
Percorrendo o circuito, obtemos:
V1  V2  V3  V4  V5  0 ; como
você pode perceber, o sinal da
tensão é decorrente do polo que
primeiro é tocado ao percorrer
o circuito; caso façamos a op-
ção por percorrer o circuito no
sentido anti-horário, obtemos:
V1  V2  V3  V4  V5  0 ; rearran-
jando as equações, chegamos a
V2  V3  V5  V1  V4 .
Podemos afirmar que as
tensões fornecidas pelas fontes
V1 e V4 são integralmente con-
sumidas por V2 , V3 e V5 (essa
afirmação é aplicável em cir-
cuitos ideais; em circuitos reais
existe a queda de tensão devido
à resistência dos condutores).
As leis de Kirchhoff são o
princípio da análise de circui-
tos elétricos. É dela que partem
as principais técnicas, então de-
vemos sempre nos lembrar das
duas leis enunciadas, lei de Kir-
chhoff para tensão (somatório
de tensões em um laço é igual
a zero) e lei de Kirchhoff para
corrente (somatório de corren-
tes que entra ou sai de um nó é
igual a zero).

48 Leis Fundamentais
Associação
de Resistores

Aluno(a), chegamos ao último tópico desta uni-


dade, cujo objetivo é discutir sobre resistores. Es-
tes podem ser combinados de forma a se obter
uma configuração desejada em circuito elétrico.
As formas mais comuns existentes de associação
que abordaremos neste livro são as configurações
série e paralelo de resistores e suas peculiaridades.

Associação de Resistores
em Série

Diz-se que dois resistores estão em série quando


ambos estão conectados em sequência em um
circuito, ou seja, compartilham o mesmo nó, e
são atravessados pela mesma corrente. A Figura
13 mostra um circuito com uma fonte de tensão
e dois resistores em série.

UNIDADE 2 49
Figura 13 - Circuito com resistores em série
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).

Figura 14 - Circuito de resistor equivalente


Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).

De uma forma genérica, podemos representar a re-


sistência equivalente de um circuito em série como:
Em caso de a mesma corrente atravessar dois N
elementos, não necessariamente significa que Req   Rn
eles estejam conectados em série. n 1

Para demonstrar as propriedades do circuito,


utilizaremos a técnica da LKT que acabamos
de aprender; aplicando no circuito, obtemos: Observe que a resistência total de um circuito
V  V1  V2  0; agora, aplicando a lei de Ohm em série não é afetada pela ordem de conexão,
em cada resistor e isolando a variável corrente, mas sim pela quantidade de resistores.
V
chegamos a i  R  R . Como você pode observar na
1 2
equação, os dois resistores podem ser substituídos
por uma resistência equivalente Req  R1  R2 , O circuito com resistores em série também é co-
com isto podemos afirmar que a resistência equi- nhecido como divisor de tensão, pois embora os
valente de uma associação de resistores em série resistores sejam percorridos pela mesma corren-
é a soma das resistências. A representação do cir- te, a tensão da fonte é dividida entre os resistores
cuito com a resistência equivalente é mostrada proporcionalmente no valor de cada resistência.
na Figura 14. Para determinar a tensão em cada resistor, pri-
meiramente, devemos aplicar a lei de Ohm em
cada resistor V1  i  R1 e V2  i  R2 ; agora subs-
tituímos nas leis de Ohm a equação da corrente
que encontramos com LKT, o que nos resulta em
R1 R2
V 
1 V e V 
2 V
.
R1  R2 R1  R2

50 Leis Fundamentais
Associação de Resistores em
Paralelo

Dois resistores estão conectados em paralelo Em que Rn é o n-ésimo resistor em paralelo do


quando partilham a mesma tensão de alimenta- circuito.
ção, ou seja, possuem 2 pontos em comum, mas
tome cuidado: nem sempre quando dois resistores Um caso especial da associação de resistores é
possuem a mesma tensão eles estão em paralelo. quando todos os resistores possuem a mesma re-
A configuração de resistores em paralelo tam- sistência, então, a resistência equivalente é dada
bém é conhecida como divisor de corrente, pois por Req = R .
n
a corrente elétrica do circuito é dividida entre os
resistores. A Figura 15 mostra um circuito com
resistores em paralelo.

Em uma rápida análise, podemos perceber que,


ao contrário da associação em série, na asso-
ciação em paralelo, quanto maior o número de
resistores, menor será a resistência equivalente.

Agora voltaremos à nossa análise do circuito com


dois resistores em paralelo. Como já obtido, a re-
1 1 1
Figura 15 - Circuito com resistores em paralelo sistência equivalente do circuito é Req  R1  R2 ; rear-
Fonte: adaptada de Alexander e Sadiku (2013).
ranjando a equação, chegamos a R  RR  RR , portanto,
eq
1 2
1 2
Aplicando a LKC ao nó a, obtemos i  i1  i2 ; apli- para 2 resistores, a resistência equivalente é igual o
cando a lei de Ohm em cada um dos resistores e produto das resistências dividido pela soma, mas
não se esquecendo que na configuração em pa- não se esqueça: esta regra é válida somente para
ralelo os resistores estão sujeitos à mesma tensão 2 resistores; para associações com mais resistores,
V
e dividem a corrente do circuito, obtemos i1 = R1 e deve-se utilizar a regra da soma dos inversos que
V
i2 =
R2
. Agora que encontramos a corrente em cada já foi apresentada.
resistor, vamos substituir as correntes na LKC, o Como já enunciamos, a associação de resisto-
que nos resulta i  RV  RV  V  ( R1  R1 )  RV . Como você res em paralelo é também conhecida como divisor
1 2 1 2 eq
pode observar, neste caso, a resistência equiva- de corrente; para obter a proporção de corrente
lente é apresentada de uma forma diferente, pois que atravessa cada resistor, basta que façamos a
1 1 1
Req R1 R2 . Em posse dessa informação, podemos substituição da lei de Ohm com a resistência equi-
 
R R
afirmar que a resistência equivalente de resistores valente do circuito V  Req  i  R 1 R2  i na equação
1 2
em paralelo é regida pela seguinte equação: da lei de Ohm individual de cada resistor, o que
R i
nos resulta nas seguintes equações i1  2 e
1 1 1 1 R1  i .
R1  R2
    i2 
Req R1 R2 Rn R1  R2

UNIDADE 2 51
No divisor de corrente, a maior corrente está
associada ao menor resistor.

Em uma rápida observação, para que o aluno não se


confunda na aplicação das fórmulas, a corrente i1
está associada ao resistor R2, ao contrário do divisor
de tensão.
Nesta unidade, você aprendeu sobre a resis-
tência elétrica e como ela varia de acordo com os
materiais e também a sua relação com primeira lei
de Ohm. Aprendemos os princípios básicos da to-
pologia de circuitos elétricos e sobre as leis de Kir-
chhoff, que são as principais ferramentas na aná-
lise de circuitos elétricos. Conceituamos a ligação
entre elementos de circuito série e paralelo, assim
como as suas principais peculiaridades (divisores
de tensão e corrente) e também aprendemos como
calcular a resistência equivalente de um circuito.
Apesar do número de tópicos ser elevado, o con-
teúdo não possui alta complexidade e servirá como
base para a evolução das técnicas de análise de
circuitos elétricos que iremos desenvolver a seguir.

Comportamento de tensão e cor-


rente em circuitos série e paralelo

52 Leis Fundamentais
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Calcule a resistência elétrica de um fio de cobre e de alumínio, ambos de 250


cm de comprimento e bitola de 10 mm². Dados ral  2, 8  108 ercu  1, 72  108, as
resistências dos fios de cobre e alumínio são, respectivamente:
a) 4,3 mW e 7 mW.
b) 0,43 W e 0,7 W.
c) 4, 3  107 W e 7  107 W.
d) 4, 3 104 W e 7  104 W.
e) 4,3  Ω e 7 µ Ω.

2. As leis de Ohm são de suma importância na análise e compreensão de um


circuito elétrico. De acordo com as leis de Ohm, julgue as seguintes afirmações
sobre circuitos elétricos:
I) De acordo com as leis de Ohm, a resistência é uma constante de proporcio-
nalidade entre tensão e corrente.
II) A condutividade é o inverso da resistência elétrica.
III) Existem somente resistores com valores fixos.
IV) O efeito joule é a conversão de energia elétrica em calor.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I e IV estão corretas.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

53
3. A disposição de elementos em um circuito elétrico é fundamental na análise de
um circuito elétrico. Sobre circuitos elétricos, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Em um divisor de tensão, a maior tensão fica sobre o resistor de maior resis-
tência.
( ) Em um circuito paralelo, a maior corrente passa pelo resistor de maior resis-
tência.
( ) Em um circuito em série, ambos os resistores estão sobre a mesma tensão.

Assinale a alternativa correta.


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

4. A topologia de circuitos e as leis de Kirchhoff são elementos fundamentais


para a análise de um circuito elétrico. A respeito de circuitos elétricos, julgue as
seguintes afirmações:
I) De acordo com a lei de Kirchhoff das tensões, a somatória de tensões em um
caminho fechado é igual a 0.
II) Um laço é qualquer caminho fechado no interior de um circuito.
III) Um ramo pode representar mais de um elemento em um circuito.
IV) A lei de Kirchhoff das correntes afirma que o somatório de correntes em um
nó é igual a 1.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I e IV estão corretas.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

54
LIVRO

Fundamentos de circuitos elétricos


Autor: Charles K. Alexander e Matthew N. O. Sadiku
Editora: Bookman
Sinopse: é um dos livros mais completos sobre circuitos elétricos, utilizado por
várias instituições como referência para a disciplina de circuitos elétricos.

WEB

Neste site, você encontra uma grande descrição dos itens que compõem um
circuito elétrico e suas associações. Nele estão disponíveis diversas ilustrações
de possíveis configurações de circuitos; também são disponibilizados vídeos a
respeito das principais aplicações e curiosidades, juntamente com exercícios
de fixação para o conteúdo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

55
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1994. Volume 4.

56
1. A.
250  102 2
250  10
Rcu  1, 72  108   4, 3mW e Ral  2, 8  108   7 mW
10  106 10  106

2. C.

3. B.

4. A.

57
58
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Análise de Circuitos

PLANO DE ESTUDOS

Análise Nodal com Análise de Malha com


Fontes de Tensão Fontes de Corrente

Análise Nodal Análise de Malha

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender sobre as análises nodal em circuitos. • Compreender as análises de malha em circuitos com fonte
• Estudar as análises nodal em circuitos com fonte de tensão. de corrente.
• Traçar as análises de malha em circuitos.
Análise
Nodal

Olá, aluno(a)! Após ter passado e aprendido as leis


fundamentais da teoria de circuitos (Ohm e Kir-
chhoff) na Unidade 2, vamos iniciar a aplicação
de análises profundas. Iniciaremos pela análise de
nodal, que é baseada na aplicação sistemática da
lei de Kirchhoff para correntes (LKC). Esta forne-
ce um procedimento genérico para realização de
análises de circuitos utilizando as tensões nodais
como sendo as variáveis de um dado circuito.
A análise nodal aplica a LKC para determinar
tensões desconhecidas no circuito. Neste método,
temos interesse em encontrar as tensões nodais.
Dado um circuito com n nós, sem fontes de tensão,
a análise de circuitos nodal contém três passos.
• Selecionar um nó como nó de referência.
Atribuir tensão V1 , V2 , ...Vn−1 , para os res-
tantes n −1 nós. As tensões são referências
em relação ao nó de referência.
• Aplicar a LKC em cada um dos ( n −1 ) nós
restantes. Usar a lei de Ohm para expres-
sar a corrente nos ramos em termos das
tensões nodais (não aplicar a LKC no nó
de referência).
• Resolver o sistema de equações para obter
as tensões não conhecidas.
Para iniciar a análise, é necessário selecionar um No passo seguinte, aplicaremos a LKC para cada
nó, a fim de que este seja o nó de referência para o nó do circuito, com exceção do nó de referência.
decorrer da análise. O nó de referência é chamado A fim de facilitar nossa interpretação, vamos rees-
de terra, pois assume potencial zero. Você é quem crever o circuito, conforme mostrado na Figura
determina qual será este nó. 1(b).
Após fazer esta seleção do nó de referência, Iniciando a aplicação da LKC no nó 1, temos
será feita a atribuição das tensões dos demais nós. a seguinte equação:
Utilizaremos a Figura 1(a) como exemplo. O nó
I s1  I s 2  I1  I 2
0 será nosso nó de referência, o qual terá a ten-
são nula (V = 0 V), enquanto aos nós 1 e 2 são Por outro lado, no nó 2, obtemos a seguinte relação:
atribuídas as tensões V1 e V2, respectivamente.
I s2  I 2  I 3
Lembrando que a tensão de nó é definida tendo
como referência o nó escolhido anteriormente. Aplicando a lei de Ohm, a fim de encontrar as
correntes desconhecidas do circuito, em termos
das tensões nodais, I1 , I 2 e I 3 , temos que

I  Valto  Vbaixo R
Logo, podemos concluir que as correntes são
equivalentes às seguintes equações em termos
de tensão e resistência ou tensão e condutância,
respectivamente:

V1  0 ou I = G V
I1  ( ) 1 1 1
R1

V1  V2 ou I  G (V  V )
I2  ( ) 2 2 1 2
R2

V2  0 ou I = G V
I3  ( ) 3 3 2
R3
Substituindo as equações anteriores nas equações
iniciais obtidas pela LKC, temos os seguintes re-
sultados, respectivamente:
V1 (V1  V2 )
I s1  I s 2  
R1 R2

(V1  V2 ) V2
I s2  
R2 V3

Figura 1 - Circuitos típicos para análise nodal Podemos, também, fazer a substituição em termos
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 148).
da condutância.

UNIDADE 3 61
O terceiro passo na análise
nodal é resolver as equações
para as tensões nodais. Apli-
cando a LKC para N −1 nós,
teremos n −1 equações simul-
tâneas, com as equações obtidas
anteriormente. Para obtermos
as tensões nodais V1 e V2 da
Figura 1, podemos utilizar qual-
quer método padrão, como o
método da substituição, método
da eliminação, regra de Cramer
ou inversão de matriz.

Para utilizar os dois últimos


métodos citados, é necessário
colocar as equações em matri-
zes. Logo, podemos escrever a
matriz da seguinte maneira:

 G1  G2 G2   v1   I1  I 2 
     
 G2 G2  G3   v2   I 2 

Considerando a relação tensão,


corrente e condutância.
A análise nodal é uma ferra-
menta poderosa na análise de
circuitos, sendo que consiste em
três etapas para sua aplicação e
pode ser solucionada por meio
de sistemas de equações ou por
resolução em matrizes.

62 Análise de Circuitos
Análise Nodal com
Fontes de Tensão

Até agora fizemos a aplicação da análise nodal


em circuitos com fontes de correntes, mas e se o
circuito apresentar, dentre os seus elementos, uma
fonte de tensão, tem diferença?
Vamos tomar como base para nossa análise o
circuito apresentado na Figura 2.

UNIDADE 3 63
Observando a Figura 2, po-
demos notar que os nós 2 e 3
formam um supernó. Seguin-
do com nossa análise, utilizare-
mos os mesmos três passos já
mencionados, com exceção do
supernó, o qual será tratado de
uma maneira diferente.
Este tratamento diferencia-
do se dá pelo fato que, em uma
análise nodal, é imprescindível
o uso da LKC; desta maneira,
é necessário que se conheça a
Figura 2 - Um circuito com fontes de tensão e um supernó corrente a qual está circulando
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 155).
por cada elemento do circuito.
O circuito contém quatro nós. Fazendo a aplicação dos passos já apren- A fim de se encontrar as re-
didos, temos um nó ao qual foi denominado como o nó de referência lações das correntes do supernó,
e determinamos os nós com suas respectivas tensões ( v1 , v2 , v3 ). aplicando a LKC nele, podemos
Após esta determinação, nos deparamos com duas possibilidades: concluir que:

• Caso 1 i1  i4  i2  i3
Caso a fonte de tensão do circuito esteja conectada entre o nó
determinado como nó de referência e um nó de não referên- Ou, substituindo os termos de
cia, a tensão no nó que não é de referência será equivalente à correntes por suas equivalentes
tensão da fonte de tensão, observando, é claro, sua polaridade. relações de tensão e resistência:
Para o circuito da Figura 2, podemos concluir que v1 = 10 V.
v1  v2 v1  v3 v2  0 v2  0
  
• Caso 2 2 4 8 6
Caso a fonte de tensão estiver associada entre dois nós, os Para aplicar a LKT no supernó,
quais não são os de referência, eles formarão um nó genérico será necessário redesenhá-lo, a
ou podemos chamá-lo de supernó. Neste caso, será necessá- fim de compreender as tensões
rio aplicar não somente a LKC na análise, como também a da malha; desta maneira, ele fi-
LKT, a fim de encontrar as variáveis. cará conforme a Figura 3.

Um supernó é constituído quando se tem uma fonte de tensão associada entre dois nós, os quais
não são de referência, e quaisquer elementos conectados em paralelo com ele.

64 Análise de Circuitos
Figura 3 - Aplicação da LKT em um supernó
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 155).

Com isso, temos a seguinte relação:

v2  5  v3  0

Ou seja,

v2  5  v3  0

Após isso, fazendo a análise com as equações já aparentadas, con-


seguimos obter as tensões nodais do circuito em questão.
Quando tratamos de supernós em nossas análises, devemos ter
em mente que ele possui algumas características, como:
• Um supernó não possui uma tensão própria.
• Um supernó solicita a aplicação da LKC e da LKT em sua
análise.
• As fontes de tensão dentro do supernó fornecem uma equa-
ção de restrição necessária para determinar as tensões nodais
do circuito em questão.

Logo, podemos compreender como realizar a análise de circuito,


com fontes de tensão, sendo que estas podem estar entre o nó de re-
ferência e outro nó, ou em dois nós os quais não são os de referência.
Desta maneira, finalizamos nossos estudos sobre o método de
análises de nodais, sabendo como realizar a análise de circuitos
com fontes de corrente e tensão, independentemente de onde estas
fontes estejam associadas no circuito.

UNIDADE 3 65
Análise
de Malha

Agora, aluno(a), para iniciarmos a análise de ma-


lhas neste tópico, precisamos entender a definição
de malha, como também saber que ela se aplica
somente em circuitos “planar”, que, na prática, são
aqueles aos quais podem ser desenhados em um
plano sem nenhum ramo dele se cruzar.

Uma malha é um laço que não contém qualquer


outro laço dentro dele.

Logo, nesta análise, estamos voltados à aplicação


da LKT, a fim de obter a corrente de malha em um
dado circuito. Desta maneira, a análise é realizada
mediante uma sequência de três passos:
• Inicia-se atribuindo as correntes de malhas
I1 , I 2 , ..., I n para as n malhas.
• Segue-se fazendo a aplicação de LKT para
cada uma das n malhas, utilizando a lei
de Ohm, a fim de expressar a tensão em
termos das correntes de malha.
• Finaliza-se a análise resolvendo as n equa-
ções resultantes para determinar as corren-
tes de malha.

66 Análise de Circuitos
A fim de ilustrar o método proposto, vamos uti-  R1  R3  R3   i1   V1 
   
R2  R3   i2   V2 
lizá-lo na análise do circuito da Figura 4. Como
  R3
já citado, o primeiro passo nos leva à seguinte
análise, atribuindo as correntes de malhas i1 e Logo, como estamos trabalhando com a relação
i2 às respectivas malhas 1 e 2. em forma matricial, temos a liberdade de empre-
Dando sequência à nossa análise, vamos para gar qualquer técnica, a fim de resolver todas as
a segunda etapa, aplicando LKT nas malhas 1 e equações de maneira simultânea, chegando aos
2; desta maneira, obtemos as seguintes equações: valores de i1 e i2 .
Atentando-se à figura, temos clareza das se-
V  R1i1  R3 (i1  i2 )  0 guintes relações:
I1 = i1
R2i2  V2  R3 (i2  i1 )  0
I 2 = i2

Para concluir o processo, vamos para o terceiro I 3  i1  i2


e último passo, no qual é necessário determinar Desta maneira, é possível fazer uma análise de ma-
a corrente de malha. Desta maneira, a fim de se lhas em circuitos com estas características, sendo
obter os resultados, inserimos os termos em uma elas que o circuito apresenta elementos bipolos e
matriz e temos a seguinte relação de igualdade: fontes de tensão somente.

Figura 4 - Circuitos típicos para análise de malha


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 139).

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

UNIDADE 3 67
Análise de Malha com
Fonte de Corrente

Olá, aluno(a)! Até agora fizemos a aplicação da


análise de malha em circuitos com fontes de ten-
são, mas e se o circuito apresentar, dentre os seus
elementos, uma fonte de corrente, tem diferen-
ça? É semelhante à análise nodal com fontes de
tensão?
Vamos tomar como base, para nossa análise, o
circuito apresentado na Figura 5.

68 Análise de Circuitos
Figura 5 - Um circuito com fonte de corrente
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 145).

O circuito contém duas malhas, pelas quais temos a corrente i1


e i2, sendo que a primeira malha é composta por uma fonte de
tensão e dois resistores em série e a segunda malha apresenta uma
fonte de corrente e dois resistores em série.
Este circuito se enquadra no primeiro caso, de análises de malha
com fontes de corrente.

• Caso 1
Caso a fonte de corrente do circuito esteja associada em so-
mente uma malha, temos que a corrente desta é equivalente à
corrente da fonte, observando, é claro, sua polaridade.
Para o circuito da Figura 5, vamos escrever duas equações,
a fim de encontrar os valores de cada corrente.
10  4i1  6(i1  i2 )  0

Logo, podemos concluir que


i1  2 A

• Caso 2
Caso a fonte de corrente estiver associada entre duas malhas, será
necessário criar uma supermalha, na qual removeremos a fonte
de corrente e qualquer outro elemento associado a ela em série.

Uma supermalha é constituída quando duas malhas possuem


uma fonte de corrente em comum.

Observando a Figura 6, podemos notar um circuito que apresenta


uma super malha.

UNIDADE 3 69
Conforme mostrado na Figura
7, o resultado da remoção da
fonte de corrente é uma super-
malha como a periferia de duas
malhas, e vamos abordá-la de
forma diferenciada.
Este tratamento diferencia-
do se dá pelo fato que, em uma
análise de malhas, é impres-
cindível o uso da LKT; desta
maneira, é necessário que se
conheça a tensão de cada um
Figura 6 - Circuito com uma super malha dos ramos do circuito.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 146).
A fim de se encontrar as
Seguindo com nossa análise, utilizaremos os mesmos três passos já men- relações das tensões na super-
cionados, com exceção da supermalha, sendo assim, vamos reescrever o malha, aplicando a LKT nela,
circuito sem ela, o que nos resultará no circuito mostrado na Figura 7. podemos concluir que:

20  6i1  10i2  4i2  0


Ou seja, temos como resultado
a relação de que
6i1  14i2  20

Quando aplicamos a LKC a um


nó no ramo em que existe a in-
terseção das duas malhas, temos
a seguinte relação:
Figura 7 - Circuito reescrito, com a remoção da fonte de corrente
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 146). i2  i1  6

Desta forma, quando fazemos a


resolução das equações, temos
os seguintes valores:
Utilizamos muito em nossas análises de circuitos elétricos as leis
de Gustav Kirchhoff. Ele foi um físico alemão, viveu em meados i1  3, 2 A
do século XIX e, além de suas grandes contribuições nas áreas de
circuitos elétricos, foi um grande pesquisador de várias outras i2 = 2, 8 A
áreas, como a espectrologia e radiação.
Quer saber mais, acesse: https://www.youtube.com/ Quando tratamos de superma-
watch?v=QjHNMD5RInM . lhas em nossas análises, deve-
Fonte: adaptado de Alexander e Sadiku (2013). mos ter em mente que ela possui
algumas características, como:

70 Análise de Circuitos
• Uma supermalha não possui uma corrente que podem surgir durante a análise, caso o
própria. circuito tenha fontes de corrente em alguns
• Uma supermalha solicita a aplicação da pontos exclusivos, como entre duas malhas ou
LKC e da LKT em sua análise. uma malha isolada.
• As fontes de corrente dentro da superma- Nesta unidade, conseguimos conhecer novas
lha fornecem uma equação de restrição técnicas poderosas para análises de circuitos, a
necessária para determinar as correntes análise nodal e a análise de malha. Conhecemos
de malha do circuito em questão. as particularidades de cada método, sendo estes
as fontes de tensão na análise nodal e as fontes
Logo, podemos compreender como realizar a de corrente na análise de malhas.
análise de circuito, com fontes de corrente, sendo Fomos apresentados aos conceitos de super-
que estas podem estar em malhas isoladas ou em nó e supermalha e como solucioná-los quando
intercepções de malhas. nos deparamos com circuitos, nos quais eles
Agora podemos realizar análises de circuito estão presentes.
com elementos bipolos e com fontes de tensão Desta maneira, somos capazes de aplicar estes
e de corrente, entendendo as particularidades dois métodos para a análise de circuitos.

UNIDADE 3 71
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Dado um circuito conforme a figura a seguir, faça a análise e determine o valor


da corrente I 3 , a qual está circulando nele. Após determinar, selecione a alter-
nativa que corretamente responde ao valor obtido:

a) I 3 = 0 A.
b) I 3 = 1 A.
c) I 3  1 A.
d) I 3  10 A.
e) I 3 = 15 A.

2. Conhecendo os conceitos referentes às análises de circuito nodal e de malha,


com fontes de tensão e de corrente, são dadas as seguintes afirmativas. Analise
cada uma delas:

I) Supernó é formado quando se tem uma corrente de tensão associada entre


o nó de referência e qualquer outro.
II) Caso uma fonte de corrente de um circuito esteja associada em uma malha
somente, esta é caracterizada como supermalha.
III) Uma supermalha é formada por duas malhas com fontes de tensão em
comum.
IV) Caso uma fonte de tensão esteja conectada entre o nó de referência e qual-
quer outro nó, a tensão deste nó que não é o de referência será equivalente
à da fonte.

72
Assinale a alternativa correta.

a) Apenas I e II estão corretas.


b) Apenas I e IV estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. Levando em consideração o método e cada uma de suas etapas para realização


da análise de malha, em circuito sem fontes de corrente, assinale Verdadeiro
(V) ou Falso (F) em cada uma das alternativas:
( ) Faz a atribuição das correntes para as malhas para todas as malhas do circuito.
( ) Aplica LKC em cada uma das malhas, a fim de encontrar as equações que
representem o circuito.
( ) Aplica a LKT em cada uma das malhas, a fim de encontrar as equações que
representem o circuito.

Assinale a alternativa correta.

a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

73
LIVRO

Análise de Circuitos Elétricos com aplicações


Autor: Matthew N. O. Sadiku, Sarhan M. Musa, Charles K. Alexander
Editora: AMGH Editora Ltda
Sinopse: com uma abordagem pedagógica dinâmica idealizada para guiar os
alunos que estão no início do curso, este é o livro perfeito para o estudo das dis-
ciplinas Circuitos Elétricos I e II, Análise de Circuitos, Eletricidade e Eletrotécnica.
Comentário: o livro apresenta, de maneira bem didática, toda a explanação dos
conteúdos referentes a circuitos elétrico, trazendo sempre aplicações práticas
destes conteúdos e mostrando em que ele será usado na prática.

FILME

O jogo da imitação
Ano: 2014
Sinopse: em 1939, a recém-criada agência de inteligência britânica MI6 recruta
Alan Turing, um aluno da Universidade de Cambridge, para entender códigos
nazistas, incluindo o “Enigma”, que criptógrafos acreditavam ser inquebrável.
A equipe de Turing, incluindo Joan Clarke, analisa as mensagens de “Enigma”,
enquanto ele constrói uma máquina para decifrá-las. Após desvendar as co-
dificações, Turing se torna herói. Contudo, em 1952, autoridades revelam sua
homossexualidade, e a vida dele vira um pesadelo.

WEB

Indicamos que assista a este vídeo de aplicação de análise nodal, sendo que ele
apresenta a resolução de dois circuitos: um circuito com duas fontes de corrente
e um circuito com duas fontes de tensão, sendo um deles um supernó. Desta
maneira, é mais fácil ver a explanação passo a passo para aplicação do método
em uma análise.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

74
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos. 5. ed. São Paulo: AMGH, 2013.

SADIKU, M. N. O.; MUSA, S. M.; ALEXANDER, C. K. Análise de circuitos Elétricos com Aplicações. 5. ed.
São Paulo: AMGH, 2014.

75
1. A.
Como já estão determinadas as malhas e suas correntes, primeiro vamos obter as correntes de malhas
por LKT, sendo assim, temos para a malha 1

15  5i1  10(i1  i2 )  10  0 , simplificando é equivalente a 3i1  2i2  0


Para malha 2
6i2  4i2  10(i2  i1 )  10  0 , simplificando é equivalente a i1  2i2  0

Após isso, vamos isolar i1 da segunda equação e substituindo na equação da primeira, logo, temos que

6i2  3  2i2  1  i2  1 A e i1 = 1 A
Sendo i3  i1  i2  i3  0 A
2. B.

3. E.

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77
78
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Teoremas de
Circuitos Elétricos

PLANO DE ESTUDOS

Transformação Teorema de
de fontes Norton

Linearidade e Teorema de Máxima transferência


superposição Thévenin de potência

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Estudar os teoremas de circuitos elétricos e as proprie- • Aprender como aplicar o teorema de Thévenin.
dades de linearidades e superposição. • Aprender como aplicar o teorema de Norton.
• Aprender a realizar transformação de fontes de corrente • Aprender a extrair a máxima transferência de potência
em fontes de tensão e vice-versa. de um circuito.
Linearidade e
Superposição

Olá, aluno(a)! Nesta unidade, vamos discutir o


quão necessário foi desenvolver novos teoremas
em função do avanço da complexidade dos circui-
tos elétricos, com o intuito de facilitar as análises.
Muitos desses novos teoremas foram desenvolvi-
dos para circuitos lineares. Sendo assim, convido
você para embarcar nesta jornada, a fim de en-
tender a linearidade e a superposição.
Segundo Sadiku, Musa e Alexander (2014),
linearidade é conceituada como a relação cons-
tante de causa e efeito. Sendo assim, quando em
um determinado momento, em um determinado
circuito, ocorre uma variação de alguma unidade
(seja ela tensão corrente, entre outras), existe a
alteração proporcional de outra unidade no cir-
cuito. Logo, a linearidade exige que se a entrada é
alterada (multiplicada ou acrescentada) por uma
constante, igualmente a saída do sistema deve ser
alterada pela mesma constante.
Assim, os elementos lineares são aqueles em
que a relação entre tensão/corrente satisfaz as
condições de alterações citadas anteriormente.
Resistores, capacitores, indutores e fontes lineares
são exemplos de elementos lineares. Os diodos,
os transistores e os amplificadores operacionais
(AMP-OP) são elementos não lineares.
Observe o circuito da Fi-
gura 1: ele não contém fontes
independentes. A entrada do
circuito é uma fonte de tensão
Vs , a qual está conectada a
uma carga resistiva R. Vamos
considerar a saída do circuito Figura 1 - Um circuito linear
sendo a corrente que flui na Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 183).
carga R.
O princípio da linearidade conceitua que em todos os momentos em que houver uma mudança no valor
da entrada (no caso, a tensão Vs ), ocorrerá uma mudança proporcional na saída (no caso, a corrente I s ).

Entendendo a propriedade da
linearidade, conseguimos en-
tender a ideia da superposição.
Segundo Sadiku, Musa e Ale-
xander (2014), o princípio da
superposição é uma ferramenta
que vem para o auxílio nas aná-
Figura 2 – Aplicação do teorema de superposição
lises de circuitos lineares com Fonte: os autores.
mais de uma fonte independente.
Desta maneira, a análise do circuito é realizada com uma fonte de cada vez, e se finaliza a análise fazendo
a adição da contribuição de cada uma delas.
Sendo assim, para se conseguir realizar a análise de cada fonte independente por vez, devemos con-
siderar todas as outras fontes independentes de tensão como curto circuito, e as fontes independentes
de corrente como circuitos abertos (SADIKU; MUSA; ALEXANDER, 2014).
A Figura 2 demonstra três etapas com a aplicação dessa ferramenta.
Devemos ter em mente que quando utilizamos superposição, para a análise de um circuito, teremos
muito trabalho, pois será necessário realizar diversas análises, a fim de encontrar a contribuição de cada
fonte independente isolada, para a saída final. No entanto, a técnica simplifica a análise de circuitos
complexos, pois desligamos todas as fontes, menos uma, no seu processo de aplicação.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

UNIDADE 4 81
Transformação
de Fontes

Utilizando os métodos de análise nodal ou análise


de malha, conseguimos fazer a inspeção do circui-
to quando todas as fontes de tensão ou corrente
são independentes. Logo, se conseguimos realizar
a transformação de uma fonte de tensão em uma
fonte de corrente, pode auxiliar muito nas análises.
Para Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 187)
a “transformação de fonte é o processo de substi-
tuição de uma fonte de tensão Vs em série com
um resistor R por uma fonte de corrente I s em
paralelo com um resistor R ou vice-versa”.
A Figura 3 apresenta duas fontes equivalentes.
Caso as fontes mantenham as mesmas relações de
tensão e corrente nos terminais a e b, podemos
concluir que elas apresentam esta igualdade.
Tendo como base para esta conclusão a lei de
Ohm, temos as seguintes situações:
Caso as fontes sejam desligadas, a resistência
do circuito, visto pelos terminais a-b será R.
Caso os terminais a-b sejam curto-circuitados,
a corrente que circulará do nó a para o nó b será
equivalente a seguinte expressão I sc = Vs / R, con-
sequentemente I sc = I s , logo I s = Vs / R .

82 Teoremas de Circuitos Elétricos


Sendo assim, as condições para que ocorra uma transformação
de fontes são:

Vs
Vs = I s R ou I s =
R
A transformação de fontes pode ser aplicada a fontes dependentes.
Entretanto, para esta aplicação, é necessário que as variáveis depen-
dentes sejam manipuladas.

Figura 3 - Transformação de fontes independentes


Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 188).

Você sabia que existe uma sociedade tecno-profissional interna-


cional voltada ao estudo de avanços tecnológicos nos campos
teóricos e práticos da engenharia voltada à computação, eletrônica
e eletricidade?
O IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers) congrega
mais de 400 mil associados, em cerca de 150 países.
Para saber mais, acesse: http://www.ieee.org.br/
Fonte: IEEE ([2020], on-line)1.

Devemos ter o cuidado de observar a polaridade das fontes ao


realizar a transformação delas, pois caso seja cometido o equívoco
de se alterar as polaridades, a condição de igualdade já não será
mais válida.
A transformação de fontes é uma ferramenta poderosa que pode
auxiliar de maneira significativa na resolução da análise de circuitos
complexos, principalmente pelo fato dela não causar distorção na
parte remanescente do circuito.

UNIDADE 4 83
Teorema
de Thévenin

Aluno(a), você sabia que, em diversas aplicações


práticas, apenas um elemento do circuito varia de
acordo com o tempo, e os outros elementos são fi-
xos? Pois é! E, às vezes, esses elementos são a carga
do circuito. Haveria algum meio de fazer toda a
análise do circuito de maneira simplificada, sendo
que, caso a carga varie, não seja necessário rea-
lizar todas as análises do circuito novamente?
Veja só que interessante! Para Alexander e
Sadiku (2013), o teorema de Thévenin faz a afir-
mativa de que um circuito linear de dois nós (ter-
minais) tem condições de ser substituído por um
circuito equivalente, formado por uma fonte de
tensão Vth em série com um resistor Rth , em que
o primeiro termo é referente à tensão de circuito
aberto nos terminais, e o segundo termo é a resis-
tência equivalente quando as fontes independen-
tes forem desativadas (iguais a zero).
A fim de obter a tensão e resistência equiva-
lente de Thévenin, vamos realizar a análise do
circuito da Figura 4. Portanto, vamos considerar
os dois circuitos presentes na Figura 4, com suas
relações de tensão e corrente, sendo equivalentes
em seus terminais.

84 Teoremas de Circuitos Elétricos


Figura 4 - Substituindo um circuito linear de dois terminais
pelo seu equivalente de Thévenin: (a) circuito original; (b) Figura 5 - Determinando Vth e Rth
circuito equivalente de Thévenin Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 123).
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 191).
Caso seja eliminada a carga dos circuitos, a Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 191) estabele-
tensão nos nós a e b deverão ser equivalentes. cem quatros passos para a aplicação do teorema
Continuando com a hipótese de a carga estar de Thévenin:
desconectada, faremos o desligamento de todas 1. Inicie fazendo a remoção temporária da
as fontes independentes dos circuitos (sendo porção do circuito que não será substituída
que as fontes de tensão são substituídas por pelo equivalente de Thévenin. Marque os
curtos-circuitos e as fontes de corrente substi- terminais da porção restante.
tuídas por circuitos abertos), logo, a resistência 2. Siga fazendo a determinação da resistência
do circuito será Rth. de Thévenin Rth como o elemento resistivo
No processo de determinação da resistência visto pela perspectiva dos terminais com
equivalente de Thévenin, teremos uma parti- todas as fontes anuladas.
cularidade, visto que vamos focar no estudo 3. Determine a tensão de Thévenin Vth como
de circuitos que contenham apenas fontes in- a tensão de circuito aberto entre os terminais
dependentes. do circuito.
Após o desligamento de todas as fontes inde- 4. Finalize construindo o circuito equivalen-
pendentes, a resistência de entrada da rede será te de Thévenin, conectando Vth e Rth em
vista pelos nós a e b, conforme a Figura 5(b). série. Lembre-se de observar a polaridade
adequada para a tensão. Reconecte a porção
do circuito que foi removida no passo 1.

UNIDADE 4 85
Respondendo à indagação inicial do tópico,
sendo um circuito linear com uma carga variável,
podemos fazer a sua substituição por um circuito
equivalente de Thévenin, fazendo a remoção da
carga. O circuito se comportara da mesma ma-
neira que o circuito anterior.
Logo, considere o circuito linear da Figura 6,
em que a carga é RL, a qual a corrente que circula
é I L e a tensão é VL . Fazendo a análise matemá-
tica, temos que:
VTh
IL 
RTh  RL
RL
VL  I L RL  VTh
RTh  RL

Podemos observar que o equivalente de Thévenin


é um divisor de tensão e que a tensão VL se dá
por inspeção.

Figura 6 - (a) Circuito com uma carga original; (b) Circuito


equivalente de Thévenin
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 124).

O teorema de Thévenin é extremamente impor-


tante para análise de circuitos, pois tem o poder de
simplificar circuitos robustos e complexos em um
modelo que contém uma única fonte de tensão
independente e um único resistor.

86 Teoremas de Circuitos Elétricos


Teorema
de Norton

Agora que você já aprendeu acerca do teorema de


Thévenin, deixo este questionamento para abrir
uma nova discussão nesta unidade: seria possível
aplicar a mesma ideia de equivalência proposta
pelo teorema de Thévenin, porém fazendo a equi-
valência com uma fonte de corrente em paralelo
com um resistor?
Alexander e Sadiku (2013, p. 150) contam que
“após cerca de 43 anos da publicação do teorema
de Thévenin, E. L. Norton, engenheiro norte-a-
mericano da Bell Telephone Laboratories, propôs
um teorema semelhante”. O teorema proposto foi
nomeado Teorema de Norton, cuja proposta é que
um circuito linear de dois nós pode ser substi-
tuído por um circuito equivalente formado por
uma fonte de corrente I N em paralelo com um
resistor RN . Nesse teorema, a fonte de corrente é
a corrente de curto-circuito através dos terminais
e a resistência equivalente nos nós quando todas
as fontes independentes forem desligadas.

UNIDADE 4 87
Dessa maneira, podemos dizer que a Figura 7(a) pode ser substituída pela Figura 7(b).

Figura 7 - Substituindo um circuito linear de dois terminais pelo seu equivalente de Norton: (a) circuito original; (b)
circuito equivalente de Norton
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 196).

O processo para a obtenção dos valores de IN e RN se dá de maneira equivalente ao método de Thévenin.


Logo, podemos ir diretamente para as 4 etapas de aplicação do teorema.
Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 196) estabelecem quatro passos para a aplicação do teorema
de Norton, conforme ilustrada na Figura 8:

Siga fazendo a Determinação corrente de


da resistência de Norton Rn,
como a resistência vista entre
os terminais a e b do circuito,
com todas as fontes anuladas.

Figura 8 – Passo a passo para aplicação do teorema de Norton


Fonte: os autores.

O teorema de Norton e de Thévenin apresentam diversas semelhanças, como:


• a RN e Rth serem equivalentes

VTh
• I N =
RTh
Com isso, vemos que, ao entendermos como aplicar um dos dois métodos, o outro é muito semelhante.
A aplicação dos dois métodos lembra muito a transformação de fontes, sendo assim, ao se compreender
um destes tópicos, os demais serão de rápido e fácil aprendizado.

88 Teoremas de Circuitos Elétricos


Máxima Transferência
de Potência

Em muitas situações práticas, um circuito é pro-


jetado para fornecer potência a uma carga. Deste
modo, é necessário otimizar todo o sistema, mi-
nimizando as perdas de potência no processo de
transmissão e distribuição.

Figura 9 - Circuito para demonstrar a máxima transferência


de potência
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 196).

O equivalente de Thévenin é útil para encontrar


a máxima potência que um circuito linear pode
entregar a carga. Utilizaremos a Figura 9 para fa-
zermos algumas considerações.
Assumindo que a resistência RL pode ser ajus-
tada, todo o circuito pode ser substituído pelo seu
equivalente de Thévenin, exceto a carga. Sendo
assim, a potência entregue é:

UNIDADE 4 89
a equação geral para potência
VTh
P  i ² RL  ( )² RL da carga.
RTh  RL Visto que conseguimos ex-
trair o ponto de máxima trans-
Para um determinado circuito, Vth e Rth são fixos, variando a carga ferência de potência para uma
RL. A potência entregue à carga varia conforme o gráfico da Figura carga, a aplicação do teorema
10. Neles podemos observar que a máxima transferência de potência base para tal pode ser Thévenin
ocorre quando existe a igualdade RL e Rth. ou Norton, dada as suas seme-
lhanças e igualdades.
Nesta unidade, conseguimos
conhecer novas propriedades
de circuitos, como a linearidade
e a superposição. Em cima des-
tas propriedades, aprendemos a
realizar transformação de fontes
(de tensão em fontes de corren-
te e vice-versa) e consolidamos
a base para o aprendizado de
novos teoremas.
Fomos apresentados aos
Figura 10 - Gráfico para demonstrar a máxima transferência de potência
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 134). teoremas de Thévenin e Nor-
ton e suas aplicações, a fim de
Notamos, pelo gráfico da Figura 10, que a potência transferida para se conhecer o ponto de máxima
a carga pode ir de zero a Rth , dependendo do valor de RL . transferência de potência de cir-
Desta maneira, fazendo a análise matemática, a potência máxima cuitos para uma carga.
do circuito é dada pela seguinte equação Desta maneira, somos capa-
zes de aplicar estes teoremas em
VTh ²
Pmax = circuito, simplificando a análi-
4 RTh
se de circuitos complexos e ex-
Sendo esta equação válida somente quando Rth = RL . Para qualquer traindo informações essenciais
outra situação, calculamos a potência entregue à carga utilizando para fins práticos.

A potência máxima é transferida a uma carga quando a resistência de carga for igual à resistência
de Thévenin quando vista da carga (Rth  RL).

90 Teoremas de Circuitos Elétricos


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Analise o circuito da figura a seguir e assinale a alternativa que apresenta o Vth


e Rth do equivalente de Thévenin para o circuito à esquerda dos terminais a-b.

Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 193).

a) Vth = 10 V e Rth = 26 Ω.
b) Vth = 4 V e Rth = 4 Ω.
c) Vth = 10 V e Rth = 40 Ω.
d) Vth = 4 V e Rth = 40 Ω.
e) Vth = 40 V e Rth = 4 Ω.

2. Dado o circuito da figura a seguir, assinale a alternativa que apresenta o valor de


V0 antes e depois da transformação da fonte de corrente em fonte de tensão.

Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 189).

91
a) V0 = 40 V, após a transformação V0 = 40 V
b) V0 = 30 V, após a transformação V0 = 35 V
c) V0 = 30 V, após a transformação V0 = 30 V
d) V0 = 32, 5 V, após a transformação V0 = 35 V
e) V0 = 6 V, após a transformação V0 = 6 V

3. Dado o circuito da figura a seguir, assinale a alternativa que apresenta o valor


de RL que resultará na máxima potência transferida.

Fonte: Nilsson e Riedel (2009, p. 90).

a) RL = 2 Ω.
b) RL = 20 Ω.
c) RL = 25 Ω.
d) RL = 150 Ω.
e) RL = 360 Ω.

92
LIVRO

Circuitos elétricos
Autor: Yaro Burian Jr., Ana Cristina C. Lyra
Editora: Pearson
Sinopse: apoiado em mais de três décadas de experiência em ensino, procu-
ra oferecer a estudantes e professores dos cursos de exatas – sejam eles de
engenharia elétrica, engenharia da computação, engenharia de automação e
controle ou engenharia mecânica – uma visão moderna e completa da área de
circuitos elétricos.

FILME

A vida por um fio


Ano: 2015
Sinopse: o irmão de Beau morreu eletrocutado, e agora ele dedica sua vida à
sobrinha, Bailey, e tem o sonho de mandá-la para a faculdade. Assim como o
irmão, ele é eletricista e trabalha em meio a fios que transportam até 500 mil volts
de eletricidade. O problema é que uma tempestade terrível está se formando
em uma cidadezinha do Texas, e Beau e seus eletricistas terão de sobreviver a
esse terrível pesadelo.

WEB

O artigo elaborado pela ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fo-


tovoltaica) traz as mudanças que estão acontecendo no setor de geração de
energia, principalmente a inclusão de energia renováveis tomando espaço, antes
ocupado por meios de geração com combustíveis fosseis.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

93
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos. 5. ed. São Paulo: AMGH, 2013.

SADIKU, M. N. O.; MUSA S. M.; ALEXANDER C. K. Análise de circuitos Elétricos com Aplicações. 5. ed.
São Paulo: AMGH, 2014.

NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009

REFERÊNCIA ON-LINE

Em: http://www.ieee.org.br/organizacao/. Acesso em: 24 jun. 2020.


1

94
1. D.

Inicia-se removendo o resistor R e se anula a fonte de tensão a 0V

Em seguida, procuramos a resistência equivalente do circuito, sendo assim, o produto pela soma de 28  30
é 12; somando ao resistor em série de 28Ω, temos Rth equivalente a 40 Ω

A fim de encontrar a Vth , consideramos o circuito aberto nos terminais a-b, logo não ocorre passagem de
corrente no resistor de 28Ω, assim temos uma malha com uma fonte de 10V e uma resistência equivalente
de 50Ω, fazendo a análise da corrente I = V / R , a corrente é de 0,2A.

A tensão nos terminais a-b é equivalente à tensão no resistor de 20 Ω, logo a equivale a 4 Ω.

2. A.

A resistência equivalente do circuito é dada pelo produto da soma dos resistores, 10  20 que nos resulta a
Req = 6, 67 Ω. Tendo esta informação, temos que a tensão de V0 é dada pela lei de Ohm, V0  6 6, 67  40
V. Na transformação de fontes, a relação tensão/corrente deve se manter equivalente, logo a tensão antes
e depois da transformação no ponto será a mesma.

3. C.

Sabendo que o valor de RL para que ocorra a máxima transferência de potência é quando é equivalente
a Rth . A resistência de Thévenin para o circuito à esquerda dos nós a-b pode ser dada anulando a fonte
de independente. E fazendo a resistência equivalente, temos o produto pela soma de <<Eqn080.eps>>, o
que é equivalente a 25 Ω.

95
96
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Princípios da Corrente
Alternada (CA)

PLANO DE ESTUDOS

Fasores Potência CA

Tensão CA e corrente CA Impedância

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender sobre corrente e tensão senoidal e suas carac- • Definir o conceito de Impedância.
terísticas. • Aprender sobre potência em CA.
• Conceituar a representação fasorial de sinais senoidais.
Tensão CA
e Corrente CA

Olá, aluno(a)! Até agora, todas as análises de cir-


cuitos elétricos que fizemos utilizavam somente
fontes de tensão contínua, pois por um contexto
histórico, desde a sua descoberta, a energia elétrica
em tensão contínua foi o principal meio de forne-
cimento de energia utilizado. No final do século
XIX, uma nova forma de tensão foi descoberta,
a tensão alternada, e juntamente com ela se deu
início a um acirrado debate entre os defensores
da tensão contínua, liderados por Thomas Edison,
e defensores da tensão alternada, liderados por
George Westinghouse, com ambos defendendo
os benefícios de cada forma de tensão.
Hoje, todos nós sabemos que a fonte de tensão
alternada venceu esta batalha, e é a principal for-
ma de tensão utilizada nas redes elétricas. Nesta
unidade, aprenderemos sobre os princípios da
tensão e corrente alternada, que genericamente é
tratada como CA, vamos lá?
Onda Senoidal t é a variável de tempo, que indica o tempo trans-
corrido. A variável f representa a fase do sinal. Na
Popularmente, uma tensão ou corrente elétrica Figura 1, é possível observar o comportamento da
representados por uma onda senoidal são chama- fase em um sinal, ela é responsável por “adiantar”
dos de tensão ou corrente alternada, uma vez que ou “atrasar” um sinal senoidal em relação a outro
o sinal alterna entre um valor máximo e mínimo sinal; no caso específico da figura, temos os casos
em um certo. Agora, conheceremos melhor estes de f = 0 e f ≠ 0 . Quando f = 0, dizemos que as
parâmetros e como eles afetam o sinal senoidal. senoides estão em fase; quando f ≠ 0 , dizemos
Uma tensão senoidal é regida pela seguinte que as senoides estão fora de fase.
equação: A principal característica de uma função alter-
nada é o seu período T, que é definido por:
v(t )  Vm  sen(ω  t  φ)

T
ω
Apesar de aparentar uma alta complexidade, o
período significa apenas a cada quanto tempo
Segundo Alexander e Sadiku (2013), uma senoide dura um ciclo completo da nossa função. A Figura
é um sinal que possui a forma da função seno 2 apresenta um ciclo de uma função senoidal.
ou cosseno.

Para um melhor entendimento, faremos o uso da


Figura 1 para detalhar os parâmetros da equação.

Figura 2 - Um ciclo de um sinal senoidal


Fonte: Boylestad (2012, p. 454).

Figura 1 - Sinal senoidal


O valor inverso do período T é conhecido como
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 333).
frequência, que representa a quantidade de ciclos
Vm é a amplitude do sinal, ou seja, os valores má- que ocorrem em um intervalo de tempo de 1 s,
ximo e mínimo que o sinal senoidal pode assumir. portanto:
w é a frequência angular do sinal, é por meio dela
1
que se define a quantidade de oscilações que irão f =
T
ocorrer em um determinado intervalo de tempo.

UNIDADE 5 99
A Figura 3 ilustra o comportamento da frequência
de um sinal senoidal.

Figura 3 - Frequência de um sinal senoidal


Fonte: Boylestad (2012, p. 455).

Na Figura 3, podemos observar um período de


0,4 s, o que representa uma frequência de 2,5 Hz.

As senoides podem ser expressas tanto pela fun-


ção seno quanto pela função cosseno. As funções
seno e cosseno estão relacionadas de acordo
com as seguintes relações:
sen(ω t 180o ) sen(ω t )
o
cos(ω t 180 ) cos(ω t )
sen(ω t 90o ) cos(ω t )
o
cos(ω t 90 ) ∓ sen(ω t )

Neste tópico, aprendemos sobre as senoides e seus


principais parâmetros, assim como o seu compor-
tamento de acordo com as funções trigonométri-
cas, frequência, período e amplitude.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

100 Princípios da Corrente Alternada (CA)


Fasores

Uma forma mais simples de expressar uma senoi-


de é no formato fasorial. Neste formato, em vez
de trabalharmos com as funções seno e cosseno,
utilizamos números complexos.
Os fasores têm origem nos números comple-
xos, porém iremos deixar de lado todo o referen-
cial matemático existente por detrás dos números
complexos e nos concentrar na parte que real-
mente irá facilitar nosso entendimento de tensões
e corrente em circuitos CA.
Para dar início ao sistema fasorial, observe a
Figura 4.

Figura 4 - Diagrama fasorial de V e I


Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 339).

UNIDADE 5 101
Deixe de lado a referência aos números comple- O fasor é apenas uma representação complexa
xos que existem no diagrama fasorial; imagine-o da magnitude e da fase de uma senoide, como é
como um relógio que pode ter vários ponteiros. demonstrado pela expressão:
Imagine que o tamanho desses ponteiros repre-
senta a amplitude da tensão ou da corrente, ou v(t )  Vm cos(ω  t  φ)  V  Vm φ
seja, Vm e I m . Agora imagine que esses ponteiros
giram no sentido anti-horário. No diagrama, po- Observem que a variável frequência (w ⋅t ) não
demos observar que os ponteiros estão distancia- é mais apresentada nas equações fasoriais, temos
dos por um ângulo f , que nada mais é que a fase. uma representação somente em função de ampli-
Quando o ângulo f é igual a 0, os ponteiros estão tude e fase, a frequência é omitida nas equações
sobrepostos, ou seja, um em cima do outro; quan- devido ao fato de ser uma constante; no entanto,
do o ângulo φ > 0, diz-se que um determinado a resposta do problema no formato senoidal con-
sinal está adiantado, ou quando, φ < 0 diz-se que tinua dependente da frequência. O domínio dos
o sinal está atrasado em relação ao outro. fasores é conhecido como domínio da frequência.
Representando isto que acabamos de aprender, Neste tópico, aprendemos sobre fasores e como
matematicamente resulta: representar senoides no formato fasorial, assim
como os principais fatores que devem ser levados
v  vm f
em conta em uma análise fasorial. Agora iremos
aprender como os fasores se comportam com os
I  I m f elementos de circuito.

O estudante deve estar sempre atento aos seguintes detalhes:


• v(t ) é a representação no domínio do tempo, enquanto Vm φ é a representação fasorial no
domínio da frequência, portanto não depende do tempo.
• v(t ) é sempre real, enquanto V φ, quase na totalidade das vezes, é um número complexo.
m
• A análise de fasores é aplicável somente quando a frequência é constante.

Fasores e Elementos Resistores


de Circuito
Supondo que uma corrente i  I m  cos(ω  t  φ) atra-
Agora que sabemos como a tensão e a corrente vesse um resistor R, a tensão sob o resistor que é
se comportam no sistema fasorial e no sistema regida pela lei de Ohm é v  R  i  I m  cos(ω  t  φ). Al-
senoidal, analisaremos como cada elemento pas- terando para a forma fasorial, obtemos V  R  I mf;
sivo de circuito (resistor, capacitor e indutor) se uma vez que I m ∠f é a representação fasorial de i,
comporta sob tensão e corrente CA. obtemos V  R  I , o que indica que a relação entre
tensão e corrente no domínio fasorial continua a
ser a lei de OHM. A Figura 5 apresenta o diagrama
fasorial do resistor.

102 Princípios da Corrente Alternada (CA)


Embora também seja correto dizer que a tensão
está adiantada em relação à corrente, por conven-
ção, utiliza-se sempre a tensão como referência.

Capacitores

Figura 5 - Diagrama fasorial do resistor Suponha que a tensão no capacitor seja ex-
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 344).
pressa por v  Vm  cos(ω  t  φ) , uma vez
que a corrente no capacitor é expressa por
Indutores dv
i = C , realizando as substituições, chegamos a
dt
i  ω  C  Vm  sen(ω  t  φ). Aplicando as identi-
Supondo que uma corrente i  I m  cos(ω  t  φ) dades trigonométricas e realizando a conver-
di
e que a tensão no indutor é dada por v = L , são fasorial, obtemos i  ω  C Vm φ  90o , uma
dt o j 90o
então obtemos que a tensão no indutor é vez que Vm 90  V e e j
v  ω  L  I m  sen(ω  t  φ). Realizando a trans-
formação por meio da identidade trigonométrica I
e alterando a equação para forma fasorial, obte- I  j  w  C V  V 
o o j w C
mos V  ω  L  I m φ  90 , como I m 90  I
o
j 90
ee = j a tensão no indutor é expressa por: Novamente encontramos uma diferença de fase
entre tensão e corrente de 90°, porém, neste caso,
V  j w  L I a corrente está adiantada em relação à tensão. A
Figura 7 mostra o diagrama fasorial do capacitor.
Como podemos observar, existe uma diferença de
fase entre tensão e corrente. Neste caso, a corrente
está atrasada em 90° em relação à tensão. A Figura
6 apresenta o diagrama fasorial para o indutor

Figura 7 - Diagrama fasorial do capacitor


Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 345).
Figura 6 - Diagrama fasorial indutor.
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 344).

UNIDADE 5 103
Não se esqueça das relações que acabamos de aprender. Em
resistores, tensão e corrente estão em fase; em capacitores e
indutores, tensão e corrente estão defasadas em 90°; para ca-
pacitores, a corrente está adiantada; e indutores, a corrente está
atrasada – estas relações são a base dos circuitos CA.

Neste tópico, pudemos compreender um pouco mais sobre os faso-


res. Aprendemos como cada elemento de circuito se comporta em
CA e como isto é alterado para o diagrama fasorial; tudo o que vimos
é a base para um novo termo que iremos aprender: a impedância.

104 Princípios da Corrente Alternada (CA)


Impedância

Agora que aprendemos como cada elemento de


circuito se comporta sob um circuito CA, pode-
mos introduzir mais conceitos a respeito deles. No
tópico anterior, encontramos que a relação entre
tensão e corrente para cada elemento passivo de
um circuito CC – se nos lembrarmos quando
aprendemos a lei de Ohm – representa a resistên-
cia. Porém, nos circuitos CA, os elementos capaciti-
vos e indutivos possuem um comportamento bem
diferente, em que a lei de Ohm escrita na forma
fasorial é definida por:

V
V  Z I  Z 
I
A nova variável Z representa, de uma forma ge-
nérica, a “resistência” do sistema. Z é dita impe-
dância do sistema.

Segundo Alexander e Sadiku (2013), a impedân-


cia de um circuito é a razão entre a tensão faso-
rial e a corrente fasorial. A impedância é medida
em Ohms Ω.

UNIDADE 5 105
A impedância representa a dificuldade que um circuito senoidal re-
presenta ao fluxo de uma corrente elétrica. A Impedância para cada
elemento de circuito é apresentada pelo Quadro 1, nela também estão
dispostas a relação dos elementos de circuito com a frequência do sis- A parte real de R=Re{Z}
tema, que consiste na principal diferença entre os circuitos CC e CA. é a resistência do cir-
Quadro 1 - Impedância de acordo com os elementos de circuito cuito; a parte imagi-
Elemento Impedância Resposta em frequência nária de x  I m {Z } é
chamada de reatância.
CC  w  0  Z R  R
R Z=R A reatância pode
w    ZR  R ser capacitiva ou in-
1 CC  w  0  ZC   dutiva, e a forma de
C Z identificar essa ca-
j w C w    ZC  0 racterística é o sinal.
CC  w  0  Z L  0 Quando o sinal é posi-
I Z  j w  L tivo (+), dizemos que a
w    ZL  
Fonte: os autores. reatância é indutiva, já
quando o sinal é nega-
tivo (-), dizemos que a
reatância é capacitiva.

Memorizar o sinal da reatância é de extrema importância para a


análise de circuitos CA, portanto, guarde que: quando o sinal é
positivo (+), dizemos que a reatância é indutiva; quando o sinal é
negativo (-), dizemos que a reatância é capacitiva.

Analisando o Quadro 1, podemos extrair informações essenciais para Neste tópico, aprendemos
a compreensão dos circuitos CA; podemos observar o comportamen- o que é impedância e como
to diferente de cada elemento no circuito, principalmente se fizermos ela se comporta em circuitos
a comparação com os circuitos CC. O elemento resistivo é o único que CA. Também aprendemos
permanece com o mesmo comportamento tanto em CC como em que os elementos de circuito
CA. O capacitor, que em CC se comportava como um circuito aberto possuem um comportamen-
quando carregado, no caso de um circuito CA, apresenta um fluxo to totalmente diferente em
de corrente, com cargas e descargas sucessivas. No caso do indutor, circuitos CA, excetuando-se
que em circuitos CC era apresentado como um curto-circuito, com pelo resistor, e o principal: este
o aumento da frequência da fonte, ele apresenta um acréscimo de sua comportamento diferenciado
impedância; quando a frequência é muito alta e tende ao infinito, o está ligado à frequência da
indutor passa a se comportar como um circuito aberto. fonte. Agora que possuímos
Como a impedância é um valor complexo, ele pode ser represen- a base de conhecimento em
tado em coordenadas retangulares ou polares (fasorial), as equações circuitos CA, podemos avan-
que representam a impedância nos dois sistemas de coordenadas são: çar para um dos tópicos mais
importantes, a análise de po-
Z  R  jX  Z  Z f
tência em CA.

106 Princípios da Corrente Alternada (CA)


Potência CA

A potência é o elemento mais importante em um


sistema de energia elétrica, pois ela representa a
taxa com que um objeto recebe energia. Em cir-
cuitos CA, a potência possui um comportamento
diferente do que quando comparado a circuitos
CC. Neste capítulo, introduziremos novos con-
ceitos de potência elétrica.

Potência Instantânea
e Média

A potência instantânea absorvida é simplesmente


o produto entre tensão e corrente, assim como já
aprendemos em circuitos CC, porém devemos nos
lembrar que, em circuitos CA, estamos trabalhan-
do com senoides, o que torna o resultado dessa
multiplicação diferente. A potência instantânea é
representada por:

p (t )  v(t )  i (t )

UNIDADE 5 107
Em que v(t )  Vm cos(ω  t  φv ) e I (t )  I m cos(ω  t  φi ) , o Agora iremos analisar parte a
resultado desta multiplicação é: parte a equação da potência mé-
dia. Como você pode observar, a
1 1
p (t )   Vm  I m  cos(φv  φi )   Vm  I m  cos(2ω  t  φv  φi ) potência média pode ser separa-
2 2
da em duas partes, uma constan-
Como você pode perceber, as coisas ficaram um pouco mais compli- te e outra variável. Como você
cadas se comparadas a circuitos CC; mas, a grosso modo, podemos deve se lembrar das aulas de cál-
observar que a potência instantânea resulta em 2 componentes, culo, a média de uma constante
uma independente do tempo (t ) e dependente da fase (f ) e outra é a própria constante; a integral
dependente do tempo e de maior frequência. A Figura 8 apresenta de uma função periódica em
o gráfico da potência instantânea. um determinado período é zero,
podemos reduzir a equação da
potência média para:

1
P  Vm I m  cos(fv  fi )
2
A grande vantagem da potên-
cia média é a sua invariância no
Figura 8 - Gráfico da potência instantânea tempo, o que torna o seu cálculo
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 407).
bem mais fácil.
T
Observando o gráfico, podemos identificar que o período é TP = 2 , uma Sobre a potência média,
vez que temos o dobro da frequência. Outro ponto que vale um destaque existem dois casos especiais
é que a onda possui sua maior parte localizada no eixo positivo, e uma que devem ser destacados,
pequena parte da onda é negativa. Quando a potência p (t ) é positiva, quando fV = fi e quando
isto significa que a potência é transferida pela fonte e absorvida pelo fV  fi  90 .
circuito. Quando p (t ) é negativa significa que a fonte está absorvendo Quando fV = fi , dizemos
energia do circuito, este fenômeno é possível somente pelos elementos que tensão e corrente estão em
de armazenamento no circuito (capacitores e indutores). fase, o que é característica de um
Como você pode observar, a potência instantânea é dependente do circuito puramente resistivo que
tempo, isto faz com que ela seja difícil de ser mensurada, o que faz a absorve potência todo o tempo.
potência média ser mais adequada, como iremos ver no tópico a seguir. Quando fV  fi  90 ,
A potência média é a média da potência instantânea em um temos um circuito puramente
determinado intervalo de tempo. Matematicamente, podemos re- reativo e nenhuma potência é
presentar a potência média como: absorvida.
1
T Nesta seção, aprendemos
P
T  p(t )dt sobre o comportamento da
0 potência instantânea e da po-
Substituindo os valores da potência instantânea, obtemos: tência média em circuitos CA
T T e, principalmente, como elas se
1 1 1 1
P    Vm I m cos(φv  φi )dt    Vm I m cos(2ωt  φv  φi )dt comportam em circuitos resisti-
T 02 T 02
vos, capacitivos e indutivos.

108 Princípios da Corrente Alternada (CA)


Um circuito que possui uma carga puramente O cálculo do valor RMS demonstrado nesta seção
resistiva sempre absorve potência, enquanto um é válido somente para sinais senoidais.
circuito que possui uma carga puramente reativa
não absorve nenhuma potência média.
Nesta seção, aprendemos sobre o valor RMS e
como efetuar o seu cálculo, o valor RMS é extre-
Valor RMS ou Valor Eficaz mamente comum na análise de circuitos CA. Em
circuitos CA, normalmente, os valores de tensão
O valor RMS ou eficaz é resultado da necessidade e corrente são especificados em valores RMS ou
de mensurar a eficiência de uma fonte de corrente seu valor de pico, uma vez que seus valores mé-
ou tensão de fornecer potência para uma carga dios são 0.
resistiva.
O valor eficaz é a raiz quadrada da média do
quadrado de um sinal periódico, que é conhecido
como raiz do valor médio quadrático (root-mean-
-square) ou, simplesmente, RMS. A uma primeira As companhias de eletricidade costumam es-
impressão parece algo bem complicado, porém, pecificar a tensão de fornecimento de energia
para um melhor entendimento, iremos demons- elétrica em valores RMS, e não em seu valor de
trar como funciona matematicamente. pico. Portanto, a tensão de 127 V ou 220 V forne-
Para qualquer função periódica y (t ) , o valor cida pela concessionária de energia elétrica diz
RMS é dado por: respeito ao seu valor RMS.
T
1 2
T 0
RMS  y dt
Potência Aparente e Fator
de Potência
Para demonstrar o cálculo, suponha que deseja-
mos calcular o valor RMS da tensão Já aprendemos sobre potência média e potência
v(t )  Vm cos(ωt  φ) , o que nos resulta em instantânea, agora aprenderemos sobre a potência
1
T
2 2
T
Vm2 1 aparente e o fator de potência.
T 0 T 0 2
VRMS  Vm cos ( ω t  φ ) dt  (1  cos(2ωt ))dt
, Na seção anterior, aprendemos
portanto VRMS é: que a potência média é expressa por
P  VRMS  I RMS  cos(fv  fi )
Vm
VRMS = A potência aparente é definida como o pro-
2
duto de VRMS e I RMS e é representada pela letra
A mesma análise se aplica para a corrente elétrica, S, portanto a potência aparente é definida como:
portanto, para encontrar o valor eficaz de um si-
nal senoidal, basta efetuar a divisão de sua ampli- S  VRMS  I RMS
tude por 2 .

UNIDADE 5 109
A potência média pode ser expressa como: Quando o fator e potência é 1, significa
que corrente e tensão estão em fase, portanto
P  S  cos(fv  fi ) fV  fi  0 e cos(0)  1 , que representa uma
carga puramente resistiva.
A potência aparente é medida em VA (Volt-Am- Quando analisamos uma carga puramente rea-
pere) para que não seja confundida com a potên- tiva, podendo ela ser puramente capacitiva ou
cia real, que é medida em Watts. puramente indutiva, temos que fV  fi  90 e
De acordo com Alexander e Sadiku (2013), a cos(90)  0 , o que faz com que a potência média
potência aparente recebe este nome, pois se parece seja 0.
com o produto entre tensão e corrente, igualmente Analisando entre os casos extremos, podemos
nos circuitos CC. obter duas situações, o fator de potência adianta-
O fator cos(fv − fi ) é conhecido como fator do ou atrasado. Quando temos um fator de po-
de potência; também pode ser definido como: tência adiantado, significa que a corrente elétrica
está adiantada em relação à tensão, característica
P
FP   cos(fv  fi ) atribuída a cargas capacitivas, como aprendemos
S
nas seções anteriores. Quando temos um fator de
O fator de potência é adimensional, pois se trata potência atrasado, significa que a corrente elétrica
da razão entre potência média e potência aparente. está atrasada em relação à tensão, característica
O ângulo fv − fi é conhecido como ângulo do atribuída a cargas indutivas.
fator de potência. Ao observarmos um diagrama Nesse tópico, aprendemos sobre a potência
fasorial, fica ainda mais simples de compreender aparente e sobre a sua relação com a potência mé-
o fator de potência, pois ele representa o cosseno dia. Vimos também sobre o fator de potência, que
da diferença de fase entre tensão e corrente. O mensura a taxa de aproveitamento da potência de
fator de potência varia ente 0 e 1. um sistema e varia de 0 a unidade.

As companhias de energia elétrica fixam um fator de potência mínimo de 0,92 atrasado. Quando
o cliente opera com o fator de potência abaixo do indicado, ele está sujeito a multas pesadas. Para
solucionar o problema, deve fazer a correção do fator de potência, que é feito com a adição de banco
de capacitores ao circuito. O que ocasiona o baixo fator de potência é o excesso de cargas indutivas,
porém este fenômeno é mais comum na indústria.

110 Princípios da Corrente Alternada (CA)


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre senoides, a amplitude, período,


frequência e fase da senoide v  t   127  cos  25t  120  são, respectivamente:

a) 127 ; 0, 1 s ; 40 Hz ; 95º .
b) 127 ; 25 s ; 0, 04 Hz ; 120° .
c) 127 ; 0, 25 s ; 4 Hz ; 120º .
d) 127 ; 2, 5 s ; 4 Hz ; 120° .
e) 179 ; 0, 25 s ; 0, 04 Hz , 120° .

2. Com base no conhecimento sobre fasores, a representação fasorial dos sinais


v  t   180  cos  59t  120  , i  t   75  cos 10t  90  e a diferença de fase são,
respectivamente:
a) 180∠120 , 75∠90 e 30°
b) 127∠120 , 75∠90 e 45°
c) 180∠120 , 53∠90 e 50°
d) 180∠120 , 75∠90 e 30
e) 127∠120 , 53∠90 e 30°

3. Os circuitos CA são praticamente a totalidade dos sistemas elétricos atuais.


Com base no comportamento dos elementos de circuito sob uma tensão CA, é
correto afirmar que:
I) O resistor é o único elemento de circuito que não causa um adiantamento
ou atraso de fase da tensão em relação à corrente em circuitos CA.
II) O capacitor, quando em um circuito CA, causa um atraso da corrente em
relação à tensão de 90°.
III) Um indutor, quando em um circuito CA, causa um atraso da corrente em
relação à tensão de 95°.
IV) Todos os elementos de circuito se comportam da mesma forma em CC e CA.

111
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

4. A potência é um dos elementos mais importantes em circuitos CA, pois ela


representa a taxa com que um equipamento recebe energia. Com base nos
conhecimentos sobre potência em CA, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Um circuito com uma carga puramente resistiva recebe potência o tempo todo,
enquanto um circuito com uma carga puramente reativa não recebe potência.
( ) O valor RMS é proveniente da raiz quadrada média de um sinal periódico; em
Vm
sinais senoidais esse valor é definido como VRMS = .
2
( ) O fator de potência FP é a razão entre a potência média e a potência aparente,
e assume valores entre 0 e 1.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

112
FILME

A batalha das correntes


Ano: 2019
Sinopse: no final do século 19, Thomas Edison e George Westinghouse travam
uma disputa sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade. Edison
faz uma campanha pela utilização da corrente contínua; Westinghouse defende
a corrente alternada.

113
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: Mc Graw
Hill, 2013.

BOYLESTAD, R. L. Análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012.

114
1. C.

Vm = 127

2P 2P 1 1
T
= = = 0, 25s f= = = 4 Hz f  120
w 25 T 0, 25

2. A.

180∠120 75∠90
fv  fi  120  90  30
3. C.

4. E.

115
116
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Geração e Distribuição
de Energia Elétrica

PLANO DE ESTUDOS

Geração de
energia elétrica

Origem da Transmissão e distribuição


energia de energia elétrica

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender como são originadas as formas de energia em • Estudar como é realizada a transmissão e distribuição de
nosso planeta. energia elétrica aos diversos setores econômicos.
• Conhecer as formas de geração de energia elétrica e os
princípios de funcionamento.
Origem
da Energia

Agora que você já está por dentro dos conceitos


básicos da eletricidade em corrente contínua (CC)
e em corrente alternada (CA), e já compreende a
dinâmica dos circuitos elétricos, vamos mudar
um pouco o enfoque do nosso estudo para as-
suntos mais aplicáveis, mas fazendo uso do que
já aprendeu até aqui, é claro. Para começar, vamos
falar a respeito da geração da energia elétrica da
forma como utilizamos em nossas casas, empre-
sas, indústrias, fazendas e demais setores de nossa
sociedade e economia.
Antes de entrar de cabeça nas formas de ge-
ração de energia elétrica, gostaria de fazer uma
reflexão a respeito da energia em nosso planeta.
Você saberia me dizer qual é a nossa principal
fonte de energia? Aquela que faz o ar e a água
se moverem, que fornece energia aos seres vivos
que darão origem à biomassa e aos combustíveis
fósseis. Acredito que eu tenha citado o elemento
que você diria ser nossa principal fonte de energia,
mas citei como sendo, na verdade, um produto
dela. E agora?
A nossa principal fonte de energia é o Sol. Sim, o Sol – aquela estrela que está a, aproximadamente,
150 milhões de quilômetros de nós! Basicamente, trata-se de uma esfera incandescente, de 1,391
milhão de quilômetros de diâmetro, composta, em sua maior parte, de hidrogênio e hélio. No núcleo
do Sol ocorrem reações termonucleares, a origem de toda essa energia.

Segundo Villalva (2012), a energia proveniente do


Sol chega até nós, aqui na Terra, nas formas de
luz e calor, e em quantidade suficiente para
atender milhares de vezes a nossa demanda
energética. Assim, é aproveitada apenas
uma pequena parte dessa energia que,
em contrapartida, representa quase a
totalidade da energia que utilizamos:
• Biomassa e combustíveis fós-
seis: conversão da energia
solar em energia química
por meio da fotossíntese dos
seres produtores nas cadeias
alimentares.
• Água dos rios: evaporação,
chuvas e degelos provocados
pela energia solar.
• Ventos: diferenças de tempe-
ratura e pressão atmosférica
devido à energia solar.

Estima-se que o Sol tenha, ainda, 8 bilhões


de anos pela frente, de forma que podemos
considerá-lo como uma fonte de energia
inesgotável para nós. Concluída essa reflexão,
vamos falar agora das fontes de energia que
aqui utilizamos para a geração de energia elétrica.

Figura 1 - Sol

UNIDADE 6 119
Geração de
Energia Elétrica

Bom, já sabemos que praticamente toda a energia


da Terra é proveniente do Sol, mas infelizmen-
te essa energia não está pronta para nosso uso.
Como vimos, ela se apresenta de diversas formas,
como energia química, térmica e cinética. Quando
falamos do uso da energia na forma de energia
elétrica, então precisamos fazer a conversão das
formas de energia apresentadas em energia elé-
trica. Vamos, agora, compreender como ocorrem
as formas mais importantes e empregadas de ge-
ração de energia elétrica.

Energia Hidrelétrica

Esta é, sem dúvidas, a forma de gerar energia


elétrica mais expressiva no Brasil. Para que seja
possível construir uma usina hidrelétrica em um
determinado ponto de um rio, dois fatores são
essenciais: água em abundância e possibilidade
de criar um grande desnível com a construção
de uma barragem. Veja, na Figura 2, a fotografia
de uma usina hidrelétrica, em que fica evidente a
importância dos dois fatores mencionados.

120 Geração e Distribuição de Energia Elétrica


Figura 2 - Usina hidrelétrica

Ao represar um trecho de um rio com uma barragem, é gerado um


acúmulo de água nesse ponto e, consequentemente, a elevação do
nível da água, armazenando, assim, grande energia potencial. Na
sequência, a água escoa por meio de um duto, convertendo ener-
gia potencial em energia cinética. Em um certo ponto desse duto,
é colocada uma turbina, de forma que a passagem da água faz as
pás da turbina girar. O eixo da turbina é, então, acoplado ao eixo
de um gerador elétrico, convertendo a energia cinética em energia
elétrica. Por fim, essa energia elétrica passa por um transformador
para elevar a tensão elétrica ao padrão de transmissão. Mais adiante,
falaremos melhor sobre isso. Veja, na realidade aumentada, a dinâ-
mica desse processo.
A partir da descrição do princípio de funcionamento de uma
usina hidrelétrica, fica clara a ideia de que, quanto maior for o des-
nível de água produzido pela barragem, maior será o potencial de
geração de energia elétrica dessa usina. Como a água do rio é um
recurso inesgotável, renovando-se por meios das chuvas, a energia Como funciona uma
usina hidrelétrica.
hidrelétrica configura uma fonte renovável de energia; mas nem
tudo “são flores”: a construção de uma usina hidrelétrica ocasio-
na um grande impacto natural, visto que, ao represar o rio com a
barragem, uma imensa área no entorno será alagada, modificando
completamente a região.

UNIDADE 6 121
Energia
Termelétrica

Muitos países, principalmente


aqueles com poucos recursos
hídricos, fazem grande uso de
usinas termelétricas para gera-
ção de energia elétrica. Nesse
sistema de geração, são utili-
zados como fontes de energia
algum processo que gere calor.
Dentre eles, podemos destacar:
• Queima de combustíveis
fósseis.
• Energia nuclear.
• Queima de biomassa.
• Energia solar térmica. Figura 3 - Usina termelétrica

O princípio de funcionamento de uma usina termelétrica, independentemente de sua fonte de calor,


é a produção de vapor a partir do aquecimento de água. Ao transformar água em vapor em uma tu-
bulação fechada, há um grande aumento de pressão por conta da expansão desse fluido, convertendo
a energia térmica em energia cinética. A partir desse momento, o processo se torna semelhante ao da
usina hidrelétrica. Em um ponto da tubulação, é colocada uma turbina, de forma que o deslocamento
do vapor pressurizado na tubulação faz a turbina girar. Acopla-se, então, um gerador elétrico ao eixo da
turbina, convertendo energia cinética em energia elétrica. Ao realizar esse trabalho, perdendo energia,
o vapor retorna ao estado líquido (água) e inicia novamente o ciclo. Por fim, a energia elétrica gerada
passa por transformador para adequar a tensão elétrica ao padrão para transmissão.
Caracterizado o processo, vamos falar um pouco sobre as fontes de calor que citamos anteriormente.
As fontes mais antigas e, ainda, mais empregadas em termelétricas são os combustíveis fósseis, dentre
eles podemos citar carvão mineral, óleo e gás. Essas matérias-primas se formaram a partir da degra-
dação lenta de matéria orgânica ao longo de milhões de anos, de forma que podemos classificá-las
como fontes não renováveis de energia. Se continuarmos com seu uso da forma que ainda fazemos,
certamente irá esgotar. Entretanto, o problema do uso de combustíveis fósseis não é apenas que uma
hora irão acabar, a queima deles produz gases e partículas que são lançados na atmosfera, poluindo o
meio ambiente e contribuindo para o aquecimento global.
Outra fonte de calor produzida por meio da queima é a biomassa. Trata-se de matéria orgânica ve-
getal, como madeira, descartes agrícolas, cana-de-açúcar, entre outros. Note que essas matérias-primas
são oriundas de plantio, assim, podemos classificar a biomassa como uma fonte renovável de energia.
A queima de biomassa também gera emissão de carbono na atmosfera, mas como no crescimento
dos vegetais eles capturam carbono, acaba que essa conta fica equilibrada e esta pode ser considerada
uma fonte limpa de energia.

122 Geração e Distribuição de Energia Elétrica


Uma fonte que vinha ganhando bastante impor- só é válido enquanto a usina está funcionando
tância no mundo todo é a energia nuclear. Nesse normalmente. Em casos de problemas ou aci-
sistema, a produção de calor ocorre por meio da fis- dentes, a situação se inverte e passa a ser um
são nuclear de elementos radioativos, como o urâ- grande risco para a região em que a usina está
nio e o plutônio. Estes elementos são encontrados implantada e até para o planeta como um todo.
na natureza, de forma que não podem ser repostos O vazamento e contaminação por radiação afeta
e produzidos. Assim, trata-se de uma fonte não re- todas as formas de vida, levando a graves doen-
novável. Entretanto, é uma das mais limpas que ças e mortes, inutilizando uma grande área por
existem, visto que no processo não são liberados até milhares de anos. Exemplos da gravidade
gases ou partículas que poluam o meio ambiente. em acidentes com usinas nucleares são os ca-
Além disso, a construção de uma usina nuclear não sos de Chernobyl, em 1986, e Fukushima, em
exige um relevo específico, não requer represamen- 2011. Após esse último, diversos países pararam
to de rios e inundações de áreas naturais. os investimentos em energia nuclear, vindo até
Veja que a energia nuclear é muito interes- mesmo a desativar usinas que estavam em pleno
sante, eficiente e com poucos impactos, mas isso funcionamento.

O acidente nuclear em Chernobyl é o maior e mais emblemático acidente envolvendo usinas nu-
cleares. Ocorreu em 26 de abril de 1986, na cidade de Pripyat, Ucrânia, que na época era território
da União Soviética. Após uma falha em um teste de segurança, houve uma explosão em um dos
reatores da usina, fazendo com que o núcleo do reator ficasse exposto à atmosfera. Com isso, ma-
teriais radioativos foram lançados ao ar e dispersos por meio dos ventos. Estima-se que milhares de
pessoas faleceram em decorrência da contaminação por radiação, principalmente de câncer. Este
acidente está registrado em diversas obras, como livros, documentários e filmes. Mais recentemen-
te, em 2019, o canal de televisão HBO produziu a minissérie Chernobyl, composta por 5 episódios
em que são apresentados todos acontecimentos do acidente. Sua exibição teve grande audiência e
aceitação do público, críticos e comunidade científica. Caso não tenha visto, vale a pena!
Fonte: adaptado de Helerbrock ([2020], on-line)1.

Por fim, temos o uso da energia solar como fonte de calor em uma usina termelétrica. Seu funcio-
namento se baseia no uso de espelhos para refletir e concentrar os raios solares em uma câmara ou
tubulação de aquecimento de água, produzindo o vapor para movimentar a turbina. Note que se trata
de uma fonte de energia renovável e extremamente limpa, porém é uma tecnologia recente e pouco
empregada até o momento.

UNIDADE 6 123
Energia Solar
Fotovoltaica

Além do emprego da energia


solar como fonte de calor, po-
demos utilizá-la na geração de
energia elétrica por meio do
chamado efeito fotovoltaico.
Funciona da seguinte forma:
quando a luz solar incide sobre
a placa fotovoltaica, os fótons de
luz sensibilizam a placa e pro-
movem o deslocamento dos
elétrons livres, gerando uma
diferença de potencial nos ter-
minais da placa. Se fecharmos
um circuito nesses terminais,
teremos, então, a formação de
uma corrente elétrica. As pla-
cas fotovoltaicas, apresentadas
na Figura 4, são produzidas com
duas camadas de material semi-
condutor, o silício. Figura 4 - Placas fotovoltaicas para geração de energia elétrica

A quantidade de energia elétrica produzida em um sistema fotovoltaico varia de acordo com a intensidade
da luz que incide sobre as placas fotovoltaicas e, é claro, a quantidade de placas que compõem o sistema. As
placas fotovoltaicas comercializadas atualmente, em 2020, produzem entre 50 e 250 W de potência cada uma.
O sistema fotovoltaico é bastante promissor e vem sendo aplicado em escalas cada vez maiores. A
grande vantagem dele é que pode ser instalado em qualquer local com incidência de luz solar, como
telhados e coberturas de todo tipo, o que torna todas as edificações potenciais micro geradoras de
energia elétrica. Além disso, no processo de geração de energia, não é emitido nenhum tipo de gás ou
partícula poluente, sendo assim uma fonte de energia renovável e limpa.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

124 Geração e Distribuição de Energia Elétrica


Energia Eólica

Para concluir esse estudo das


formas de geração de energia elé-
trica, vamos falar agora de mais
uma fonte renovável e limpa, e
que, assim como a fotovoltaica,
é bastante promissora e vem ga-
nhando mais espaço a cada ano:
a energia eólica. Trata-se de um
sistema que converte a energia
cinética dos ventos em energia
elétrica. As mais empregadas
atualmente possuem uma hélice
de três pás que gira com a ação
dos ventos, e em seu eixo é aco-
plado um gerador, convertendo
esse movimento em eletricida-
de. São normalmente instaladas
no topo de torres eólicas, como
é apresentado na Figura 5, mas
também existem geradores eóli-
cos de pequeno porte para serem
instalados no topo de edifícios.
Figura 5 - Geradores eólicos de grande porte

Concluído nosso estudo a respeito das formas de geração de energia elétrica, imagino ter ficado
claro que, com os impactos do aquecimento global já estarem evidentes, a tendência mundial é a
implementação cada vez maior de sistemas de geração que sejam renováveis e limpos, promovendo
sustentabilidade ao setor elétrico.

UNIDADE 6 125
Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica

Agora que já sabemos como é gerada a energia


elétrica, vamos estudar como ela é transmitida
aos diversos setores e distribuída aos clientes. Da-
remos mais ênfase em como ocorre no sistema
brasileiro.
Os cabos condutores, independentemente da
aplicação, são dimensionados a partir do valor
da corrente elétrica que passará por eles. Quanto
maior a corrente elétrica, maior deve ser o diâme-
tro do cabo. Como já sabemos, a potência elétrica
é dada pela tensão multiplicada pela corrente. Em
sua residência, a tensão elétrica na tomada é de
127 V ou 220 V, certo?
Agora pense: qual seria o diâmetro dos cabos
necessário para transportar energia elétrica para
alimentar uma cidade inteira, se essa transmissão
fosse feita com tensão de 127 V ou 220 V? Chega
a ser inimaginável! É por isso que transmissão
e distribuição são realizadas em alta tensão, de
forma a transmitir grande potência com valores
de corrente aceitáveis.

126 Geração e Distribuição de Energia Elétrica


De acordo com Nilsson e Riedel (2015), para analisar tensão elétrica em sistemas trifásicos, precisa-
mos definir tensão de fase e tensão de linha.
• Tensão de fase: é a diferença de potencial entre uma fase e o neutro.
• Tensão de linha: é a diferença de potencial entre duas fases distintas.
Numericamente, a relação entre tensão de fase e tensão de linha é dada por:

Vlinha 3 V fase

No Brasil, em algumas regiões, temos que a tensão de fase é de 127 V e a tensão de linha é de 220
V, enquanto que em outras regiões a tensão de fase é de 220 V e a tensão de linha é de 380 V.

Segundo Creder (2016), normalmente a tensão A partir desse estágio, a energia elétrica é distri-
elétrica na saída dos geradores em usinas é de 13,8 buída por todo o centro consumidor por meio de
kV, o que não é considerada suficientemente alta postes (distribuição aérea) ou dutos subterrâneos
para transmissão. Assim, após a geração da energia (distribuição subterrânea). Nos postes, os cabos
trifásica em corrente alternada, ela é encaminhada das três fases em alta tensão ficam posicionados no
a uma subestação elevadora. Nesse estágio, a ten- topo. Em pontos estratégicos da rede de distribui-
são elétrica será elevada, por meio de transforma- ção são colocados transformadores abaixadores,
dores, a um dos valores usuais em nosso país: 69 que levam a tensão elétrica para o nível de baixa
kV, 138 kV, 400 kV ou 500 kV. Adequado o nível tensão, pronto para ser entregue aos consumidores.
de tensão elétrica, agora a energia será transmitida Nos postes, os transformadores são posicionados
aos centros consumidores por meio de torres de abaixo dos cabos de alta tensão, enquanto que na
transmissão de alta tensão. A Figura 6 apresenta rede subterrânea são colocados em câmaras sub-
uma subestação e uma torre de transmissão. terrâneas. Na distribuição aérea, os cabos de baixa
Ao chegar a um centro consumidor, a energia tensão (três fases + neutro) são posicionados no
elétrica passa da fase de transmissão para a fase de poste abaixo do transformador abaixador.
distribuição, em que o primeiro passo é baixar a Por fim, cada consumidor é conectado à rede
tensão elétrica a um nível adequado e seguro para de baixa tensão por um ramal de entrada e um
distribuição, sendo a tensão mais utilizada 13,8 kV, medidor de energia consumida, aquele que já vi-
mas alguns locais também utilizam 34,5 kV. Esses mos lá na Unidade 1. A Figura 7 ilustra, de forma
valores de tensão ainda são classificados como alta bastante clara, a distribuição aérea, desde os cabos
tensão (superiores a 1 kV). Essa adequação da ten- de alta tensão até o ramal de entrada e medidor
são elétrica é feita em uma subestação abaixadora. do consumidor.

UNIDADE 6 127
Figura 6 - À frente, uma torre de transmissão e, ao fundo, uma subestação

O ramal de entrada pode ser monofásico, bifásico ou trifásico, de acordo com a carga demandada
pelo consumidor e a concessionária de energia elétrica da região:
• Monofásico (uma fase + neutro): até 8 kW em algumas regiões; até 12 kW em outras.
• Bifásico (duas fases + neutro): entre 8 e 15 kW em algumas regiões; entre 12 e 25 kW em outras.
• Trifásico (três fases + neutro): entre de 15 e 75 kW em algumas regiões; entre 25 e 75 kW em outras.

A partir do medidor de energia, passamos da fase ração de energia elétrica, sendo elas hidrelétrica,
de distribuição para a fase de projeto e instalação termelétrica (tendo como exemplos de fontes de
elétrica, que poderá ser predial ou industrial. Mas calor os combustíveis fósseis, biomassa, elementos
isso já é assunto para outras unidades. radioativos e, até mesmo, o próprio calor origi-
Nesta unidade, nós compreendemos que a nário do Sol), fotovoltaica e eólica. Aprendemos
maior parte da energia consumida em nosso como ocorre a transmissão e distribuição da ener-
planeta tem origem no Sol, que chega até nós gia elétrica, que nesses processos são empregados
na forma de luz e calor, então parte é convertida diferentes níveis de tensão elétrica, manipuladas
naturalmente em energia química (combustíveis por meio de subestações e transformadores, de
fósseis, biomassa) e energia cinética (rios, ventos). forma a tornar esses processos viáveis física e eco-
Estudamos a respeito de diversas formas de ge- nomicamente.

128 Geração e Distribuição de Energia Elétrica


No Brasil, algumas regiões utilizam como padrão de baixa tensão a tensão elétrica entre fase-neutro
de 220 V e fase-fase de 380 V, enquanto que outras regiões utilizam a tensão entre fase-neutro de
127 V e fase-fase de 220 V.

Rede de A. T.

Fios para ligação de


transformadores

Transformador abaixador
N
A
B
C
Poste particular
ição
de d istribu Rede de B. T.
Ramal

Fio ou cabo para


aterramento neutro
do transformador
Ramal de entrada

Medidor

Haste de aterramento
Haste de aterramento de rede de distribuição
para entrada de
consumidores

Figura 7 - Rede de distribuição aérea de energia elétrica até o consumidor final


Fonte: Creder (2016, p. 29).

UNIDADE 6 129
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A energia elétrica é gerada nas usinas, normalmente, com tensão elétrica de


13,8 kV. Em seguida, essa energia passa por uma subestação elevadora. Assinale
a alternativa de explica corretamente a função de uma subestação elevadora.
a) Eleva a potência da energia para ser enviada aos consumidores.
b) Eleva a corrente elétrica para que mais energia chegue até os consumidores.
c) Eleva a tensão elétrica para que a energia seja transmitida com menor corrente.
d) Eleva a tensão elétrica para proporcionar maior potência energética.
e) Eleva a corrente elétrica para diminuir as perdas na transmissão.

2. Uma usina hidrelétrica gera energia com tensão de 13,8 kV e potência de 10


MW. A transmissão é feita com tensão de 230 kV e a distribuição em alta tensão
é de 13,8 kV. Supondo que não há perdas nesse processo, calcule a corrente de
transmissão iT e a corrente de distribuição iD .
a) iT = 43, 48 A e iD = 724, 64 A .
b) iT = 72, 46 A e iD = 724, 64 A .
c) iT = 43, 48 A e iD = 434, 80 A .
d) iT = 18, 12 A e iD = 181, 16 A .
e) iT = 21, 74 A e iD = 434, 80 A .

3. Temendo os efeitos das mudanças climáticas e o esgotamento de certas fontes


de energia, tem-se buscado e desenvolvido de fontes alternativas. Explique e
exemplifique o que são fontes renováveis e limpas.

130
LIVRO

Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações


Autor: Marcelo Gradella Villalva
Editora: Érica
Sinopse: Com linguagem didática e acessível, este livro foi planejado para pro-
porcionar um aprendizado objetivo e didático dos principais temas que norteiam
a energia solar fotovoltaica. Inicia com introdução sobre energia e eletricidade;
exemplos de energias renováveis; geração distribuída de energia elétrica; a energia
solar fotovoltaica no Brasil, suas normas, benefícios e conceitos básicos; caracte-
rísticas, funcionamento e conexões das células e módulos fotovoltaicos. Abrange
os componentes e as aplicações dos sistemas autônomos e exemplos de dimen-
sionamento; uso de baterias, tipos existentes e controlador de carga; principais
características dos inversores e os sistemas fotovoltaicos conectados à rede.

131
CREDER, H. Instalações elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.

VILLALVA, M. G. Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2012.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/chernobyl-acidente-nuclear.htm. Acesso em: 8 jun. 2020.

132
1. C.

2. A.
P 10  106
iT    43, 48 A
VT 230  103

P 10  106
iD    724, 64 A
VD 13, 8  103

3. Fontes de energia renováveis são aquelas que não se esgotam com o uso, que se renovam naturalmente
ou pela ação do homem. Fontes limpas são aquelas que, no processo de geração de energia elétrica, não
emitem gases, partículas ou outros poluentes no meio ambiente. Exemplos de fontes renováveis e limpas:
energia eólica, energia solar fotovoltaica e energia solar térmica.

133
134
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Dispositivos e
Máquinas Elétricas

PLANO DE ESTUDOS

Dispositivos de
Transformadores
seccionamento e proteção

Máquinas Contatores e dispositivos


elétricas de proteção de sobrecarga

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender os princípios de funcionamento e tipos de má- • Estudar contatores e dispositivos de proteção para mo-
quinas elétricas. tores.
• Traçar os princípios de funcionamento de transforma- • Conhecer dispositivos de seccionamento e suas funções.
dores.
Máquinas
Elétricas

Olá, aluno(a)! Após ter aprendido sobre geração


e distribuição de energia elétrica na Unidade 6,
vamos iniciar a estudo sobre máquinas e dispo-
sitivos elétricos.
Uma máquina elétrica pode ser um gerador ou
um motor. Caso faça a conversão de energia me-
cânica em energia elétrica, ela é considerada um
gerador. Caso faça a conversão de energia elétrica
em energia mecânica, ela é considerada um motor.
Usinas hidrelétricas são um exemplo em que
máquinas elétricas são usadas como geradores.
Segundo Pinto (2014, p. 45), uma “hidrelétrica
é composta por: (a) Estruturas Hidráulicas; (b)
Turbinas; e (c) Equipamentos Elétricos”. A Figura
1 mostra de que maneira cada um destes com-
ponentes é utilizado para a geração de energia
elétrica.
Vemos, na Figura 1, os princípios de uma usi-
na hidrelétrica, tais como o acúmulo de água da
barragem, a regulagem de vazão pelas comportas
e a turbina movimentada pela vazão de água, que
move o gerador, fornecendo energia à linha.
O funcionamento de máquinas elétricas, se-
gundo Petruzella (2013), está relacionado ao mag-
netismo e correntes elétricas. Vamos fazer uma
breve revisão sobre esses pontos.
Reservatório

Barragem

Casa de força

Linhas de
energia
Gerador

Comporta Turbina

Figura 1 - Esquema de uma usina hidrelétrica mostrando seus componentes


Fonte: Pinto (2014, p. 42).

Um ímã permanente atrai e mantém materiais Como mostra a Figura 2, existem diversas linhas
magnéticos, graças à sua força magnética, deno- de fluxo em um ímã permanente em barra; logo,
minada campo magnético. Na Figura 2, vemos as quanto maior for a distância das linhas em rela-
linhas de fluxo do campo magnético; as linhas de ção ao polo oposto, menos força tem o campo.
fluxo têm sentido de N para S e quanto maior o A passagem de corrente elétrica por um con-
número de linhas de fluxo, mais forte é o campo. dutor gera um campo magnético semelhante ao
mostrado na Figura 2. Contudo, esse condutor in-
Linhas de fluxo tensidade proporcional à intensidade de corrente
e tem a forma de círculos concêntrico. A Figura 3
ilustra este fenômeno.
Sentido do Sentido das
N fluxo de elétrons linhas de fluxo

Figura 3 - Campo magnético em torno de um condutor


retilíneo com passagem de corrente
Figura 2 - Campo magnético de um ímã permanente em barra Fonte: Petruzella (2013, p. 114).
Fonte: Petruzella (2013, p. 114).

UNIDADE 7 137
Vemos, na Figura 3, um condutor associado aos dois polos de uma Petruzella (2013) resume o pro-
bateria, com isso ocorre a circulação de corrente e a geração de um cesso de rotação pelos seguintes
campo magnético. Quando se tem uma bobina, o campo magné- passos:
tico resultante é semelhante ao de um ímã permanente, conforme • Polos magnéticos iguais
mostrado na Figura 4. se repelem, fazendo a
armadura (ou induzido)
Polo N Polo S começar a rotacionar,
saindo da inércia.
• Após o início da rotação,
a força de atração entre
os polos opostos torna-
-se forte suficiente para
manter o ímã permanen-
te em rotação
Bobinas do estator • O eletroímã continua a
Polo S de um motor típico Polo N
rotação até o ponto onde
os polos opostos estejam
Figura 4 - Campo magnético produzido por uma bobina transportando uma corrente
Fonte: Petruzella (2013, p. 115). alinhados. Neste ponto, o
rotor normalmente para
A Figura 4 nos mostra a orientação do fluxo magnético, em bo- por causa da atração en-
binas de um motor típico. A mudança na orientação do fluxo é o tre os polos opostos.
que permite a mudança no sentido de rotação do eixo de motores. • Comutação é o processo
Inclusive, é oportuno trazer Petruzella (2013, p.115), que explica de inversão da corrente



a diferença entre campos magnéticos: de armadura quando os
O campo magnético de uma bobina de fio é muito maior que polos opostos da arma-
o campo magnético em torno do fio antes de ele assumir a dura e do campo estão
forma de uma bobina e pode ser ainda mais reforçado com a frente a frente, inverten-
colocação de um núcleo de ferro no centro da bobina. O núcleo do a polaridade do cam-
de ferro apresenta menor resistência às linhas de fluxo do que po induzido.
o ar, aumentando assim a força do campo. É exatamente esta • Os polos iguais da ar-
a forma como uma bobina do estator do motor é construída: madura e do campo en-
utilizando uma bobina de fio com um núcleo de ferro. tão se repelem, fazendo
a armadura continuar a
Quanto às leis que tratam do magnetismo, uma das mais conheci- rotação.
das é que polos “iguais” se repelem e que polos “opostos” se atraem.
Este princípio é a base para produzir uma força de rotação em uma A rotina para a rotação de um
máquina elétrica. Tendo em mente que o eletroímã é a parte móvel motor pode ser ilustrada pela
(armadura), e o ímã permanente é a parte fixa (estator) da máquina, Figura 5.

138 Dispositivos e Máquinas Elétricas


Repulsão
Armadura
Atração Rotação
Estator N N
S N S N
S S

Rotação

Figura 5 - Princípio de funcionamento de um motor


Fonte: Petruzella (2013, p. 115).

O processo demonstrado na Figura 5 é equivalente para um gerador, porém, em vez dele ser alimentado
por energia elétrica, a energia que alimenta o sistema é a energia mecânica.
Motores são classificados de acordo com o tipo de energia usada (CC ou CA) e seu princípio
de funcionamento. Existem várias classificações principais dos motores de uso comum e cada uma
especifica um tipo de aplicação. A Figura 6 mostra uma classificação dos tipos de motores comuns.
- Ímã permanente
Motores
- Enrolamento série - Fase dividida
CC
- Enrolamento shunt - Com capacitor de partida
- Enrolamento composto - Capacitor permanente
- Capacitor de partida/
Gaiola de capacitor de trabalho
Universal
esquilo - Partida por fase dividida/
capacitor de trabalho
Monofásico Indução - Polos sombreados

- Repulsão
Rotor
- Partida por repulsão
bobinado
- Indução por repulsão

- Histerese
Síncrono - Relutância
Motores - Ímã permanente
CA
Rotor
bobinado
Indução
Gaiola de
esquilo
Polifásico

Síncrono

Figura 6 - Classificação de motores


Fonte: Petruzella (2013, p. 115).

UNIDADE 7 139
A Figura 6 mostra a classificação dos motores
elétricos. Vemos que os motores podem ser classi-
ficados quanto à sua alimentação, CA ou CC, caso
seja CA pela quantidade de fases que o alimentam,
como outras características construtivas.

A WEG é uma empresa brasileira que atua em


diversos segmentos, como automação industrial
e predial, geradores e motores elétricos de baixa
tensão, transformadores e subestações, entre
outros. A empresa disponibiliza um guia de es-
pecificação de motores elétricos, contemplando
as noções fundamentais para a construção de
motores e todas as características e adicionais
que podem estar presentem em um.
Quer saber mais, acesse: https://static.weg.net/
medias/downloadcenter/h32/hc5/WEG-motores-
eletricos-guia-de-especificacao-50032749-
brochure-portuguese-web.pdf
Fonte: WEG. Guia de especificação. Motores
elétricos. Jaraguá do Sul: Weg, 2020.

As máquinas elétricas são uma das mais úteis


invenções na história da humanidade, estando
presentes em inúmeras indústrias, de diversos se-
tores em todo o mundo. Conhecer os princípios
de funcionamento das máquinas, como motores
é essencial para o aprofundamento dos estudos
sobre eletricidade.

140 Dispositivos e Máquinas Elétricas


Transformadores

Veja, aluno(a), uma das máquinas essenciais


para que o modelo de vida moderna seja possí-
vel são os transformadores. Eles estão presentem
em nossas vidas em vários locais, provavelmente
você já viu um deles pela rua; mas o que eles
fazem e como funcionam?
Segundo Petruzella (2013), eles são utilizados
para transferir energia de um circuito de corrente
alternada para outro. Sendo assim, esta transfe-
rência de energia pode realizar o aumento ou a
diminuição da tensão, não alterando a frequência
em que os circuitos trabalham, como também
conserva os níveis de potência entre os circuitos
(ocorrendo uma pequena quantidade de perdas).
Para que um transformador funcione, é ne-
cessário que ele esteja associado a um circuito de
corrente alternada (CA), pois as correntes elétricas
que serão induzidas nele necessitam de alterações
no campo magnético.
A fim de entender o princípio de funciona-
mento e os componentes que constituem um
transformador, vamos utilizar o circuito exem-
plificado pela Figura 7, que nos mostra um trans-
formador monofásico.

UNIDADE 7 141
Caminho do
fluxo magnético

4A
1A

Fonte CA 100 V Enrolamento Enrolamento 25 V Carga 100 VA


de 100 VA primário secundário

Núcleo
Figura 7 - Versão simplificada de um transformador monofásico
Fonte: Petruzella (2013, p. 64).

O circuito ilustrado pela Figu- • Caso o primário possua uma quantidade maior de espiras
ra 7 apresenta um circuito com que o secundário, temos um transformador abaixador, que
transformador. Vemos que a reduz a tensão.
tensão e corrente elétrica varia • Caso o primário possua uma quantidade menor de espiras que
do enrolamento primário para o secundário, temos um transformador elevador, que aumenta
o secundário, porém a potência a tensão.
se mantém constante. • Caso o primário possua a mesma quantidade de espiras que
Petruzella (2013) afirma que o secundário, a tensão do secundário será equivalente a do
um transformador, em sua for- primário. Esse é o caso de um transformador de isolamento.
ma mais simples, é formado por • Autotransformadores são compostos por uma grande bobina
quatro componentes: de fio, a qual pode servir tanto como o primário quanto como
• Núcleo: que proporciona o secundário.
um caminho para as li- • A quantidade de volt-ampères (VA), no primário de um trans-
nhas magnéticas de força. formador, será igual ao do secundário subtraindo as pequenas
• Enrolamento primário: quantidades de perdas.
o qual recebe energia da
fonte. A relação de tensão e corrente em um transformador ideal (aquela
• Enrolamento secundário: que não considera as perdas) segue a seguinte equação:
que recebe energia do
enrolamento primário e Espiras Primário Tensão Primário Corrente Secundário
 
passa para a carga. Espiras Secundário Tensão Secundário Corrente Primário
• Encapsulamento: que
protege a estrutura. A relação entre tensão e corrente em um transformador segue
a lei de Ohm, visto que a potência de entrada será equivalente
Petruzella (2013) descreve os à de saída. Logo, as grandezas se ajustam nesta relação.
fundamentos de um transfor- Tomando como base o circuito da Figura 7, façamos estas
mador da seguinte maneira: relações.

142 Dispositivos e Máquinas Elétricas


A tensão de entrada é de 100 V e a de saída 25 mador é utilizado, normalmente, em entradas
V, logo temos uma relação de 4:1 no número de de serviço de industrias. As concessionárias de
espiras do primário para o secundário. energia elétrica possuem normas técnicas espe-
A corrente do circuito de entrada é de 1A, e a cificando locais e finalidades para certos tipos
potência equivale a 100VA, sabendo que a potên- de transformadores.
cia será mantida, temos que P = IV ; no primário, Desta maneira, finalizamos nossos estudos so-
temos que 100  100 1; no secundário, teremos bre os transformadores. Sabendo sua função e as
100  25 4. relações entre a entrada e a saída, temos base para
A Figura 8 ilustra um transformador a óleo avançarmos com nossos estudos sobre máquinas
e seus componentes. Este modelo de transfor- e sobre dispositivos elétricos.

Tubo de enchimento
do conservador de óleo

Indicador de Válvula de
nível do óleo alívio de pressão
Relé de Buchholz
Conservador Terminal Válvula de
de óleo primário explosão

Terminal
secundário
Termômetro
indicador de
temperatura

Radiadores

Visor do nível do óleo

Tanque

Válvula de
drenagem

Base
Figura 8 - Transformador de distribuição e seus componentes
Fonte: Mamede (2017, p. 546).

UNIDADE 7 143
Contatores e Dispositivos
de Proteção de Sobrecarga

Agora que já estudamos sobre máquinas elétricas,


vamos iniciar nossos estudos sobre os dispositivos
necessários (e/ou usuais) para o acionamento de
motores.
Para tanto, iniciamos a apresentação destes dis-
positivos pelos contatores, seguindo pelos relés
complementares, que podem ser associados aos
contatores, principalmente relé de sobrecarga.

Contatores

Contatores são dispositivos muito comuns em


painéis de equipamentos elétricos, principalmen-
te para o uso em partida e controle de motores.
Vamos, então, entender o princípio de funciona-
mento dos contadores.
Para Mamede (2017), um contator é um dis-
positivo voltado à interrupção de um circuito em
carga ou vazio. Para Petruzella (2013), os contato-
res magnéticos são utilizados para estabelecer ou
interromper repentinamente a alimentação de um
circuito elétrico, geralmente cargas acima de 15 A.
Os contadores são acionados quando a bobina é
energizada. O dispositivo possui, em sua composi-
ção, dois circuitos: o de potência e o de acionamento.

144 Dispositivos e Máquinas Elétricas


Mamede (2017, p. 570) explica o seu princípio tos móveis a se fecharem sobre os contatos


de funcionamento da seguinte maneira: fixos aos quais estão ligados os terminais
O seu princípio de funcionamento ba- do circuito.
seia-se na força magnética que tem ori-
gem na energização de uma bobina e na O uso mais comum de um contator é em conjunto
força mecânica proveniente do conjunto com um relé de sobrecarga, estes dois associados
de molas preso à estrutura dos contatos em um dispositivo para partida de motores de
móveis. Quando a bobina é energizada, sua corrente alternada, segundo Petruzella (2013).
força eletromecânica sobrepõe-se à força A Figura 9 ilustra um contator, mostrando um
mecânica das molas, obrigando os conta- componente e ligação.

Lado da linha Lado da linha

Lado da carga
Contatos
fixos Lado da carga

Contatos
móveis

Bobina

Armadura móvel
de ferro ou êmbolo
Lado da linha

Contatos
Bobina
Lado da carga
Símbolo para diagramas
Figura 9 - Contator Magnético de três polos
Fonte: Petruzella (2013, p. 177).

UNIDADE 7 145
Quando a bobina de um contator é energizada, a corrente se estabiliza. Devido a esta corrente de
ela atrai a armadura móvel de ferro (ou êmbolo), partida, os motores necessitam de dispositivos
o que ocasiona o encontro dos contatos fixos e especiais para proteção contra sobrecarga, que
móveis, fazendo com que o potencial localizado possam suportar estas variações que ocorrem du-
nos terminais da linha esteja conectado aos ter- rante a partida e outras sobrecargas prolongadas.
minais da carga. Logo, segundo Petruzella (2013), os disposi-
Mamede (2017) faz a recomendação de se ana- tivos de proteção contra sobrecarga se destinam
lisar os seguintes pontos na compra de contator: a proteger os motores, os circuitos de aciona-
• Tensão nominal. mento dos motores e os condutores do circuito
• Frequência nominal. secundário dos motores contra aquecimento ex-
• Corrente nominal. cessivo devido a sobrecargas no motor e falhas
• Número mínimo de manobras. na partida. A sobrecarga do motor pode incluir
• Tensão nominal da bobina. condições, tais como um motor operando com
• Número de contatos: NA (normalmente uma carga excessiva ou com baixas tensões de
aberto) e NF (normalmente fechado). linha ou, ainda, no caso de um motor trifásico, a
perda de uma fase.
Após entendido o funcionamento dos contato- Os dispositivos de proteção contra sobrecarga
res, vamos para os dispositivos que podem ser do motor são mais frequentemente integrados
acoplados junto a eles. Estes dispositivos comple- no dispositivo de partida do motor. Trata-se da
mentam os contatores, realizando a proteção da proteção do motor contra curto-circuito.
linha, componentes e carga. Os relés de sobrecarga atendem aos requisitos
de proteção especial dos circuitos de acionamento
de Motores. Petruzella (2013) traz três caracterís-
Dispositivos de Proteção ticas sobre estes relés:
de Sobrecorrente • Permitem sobrecargas temporárias, sem
interromper o circuito.
Como já mencionado, o contator é um dispositivo • Atuam abrindo o circuito, caso a corrente seja
de comutação. Dispositivos de proteção têm o ob- elevada o suficiente para provocar danos ao
jetivo de proteger a instalação elétrica, não a carga motor ao longo de um período de tempo.
acionada. Quando já houve evento de sobrecarga • Podem ser rearmados, após uma sobrecarga.
ou curto-circuito, a carga já apresentou falha e,
portanto, os dispositivos de proteção protegem as O autor também complementa mais três pontos
instalações de falhas que a carga possa representar. sobre os relés de sobrecarga:
Petruzella (2013) nos relata que quando um • São especificados por uma classe de dis-
motor de corrente alternada é energizado, a cor- paro, a qual define o período necessário
rente de partida em seu semiciclo inicial normal- para que o relé dispare em uma condição
mente chega a ser 20 vezes maior que a corrente de sobrecarga.
nominal. A corrente de partida opera entre quatro • Apresentam um indicador de disparo, que
e oito vezes a corrente nominal quando o motor é mostra a ocorrência deste incidente.
acoplado à rede em acionamento direto. Chegan- • São classificados como térmicos, magné-
do o motor a sua velocidade de funcionamento, ticos ou eletrônicos.

146 Dispositivos e Máquinas Elétricas


Mamede (2017) faz a recomen- Contator
dação de se analisar os seguintes Dispositivo de partida
pontos na escolha de um relé de
sobrecarga de contator:
• Potência do motor no SIEMENS

qual vai proteger. SIEMENS


• Faixa de ajuste desejada.
• Tipo do contator no qual
vai ser acoplado.

Com isso, vimos este outro dis-


positivo frequentemente utiliza- SIEMENS
do para a proteção de motores,
conhecendo seu funcionamento,
SIEMENS
características e suas aplicações.
A Figura 10 mostra como é
feita a ligação de um relé de so-
brecarga em um contator. Exis-
tem diversos fabricantes destes
componentes, porém o encaixe
perfeito, conforme mostrado pela Relé de sobrecarga
Figura 10, na maioria das vezes,
Figura 10 - Associação de um contator com um relé de sobrecarga
só é possível por dispositivos da Fonte: Petruzella (2013, p. 197).
mesma marca e linha de modelos.
O uso de dispositivos para
acionamento de motores, como
contatores, é muito comum em
industrias e até em residências, Tenha sua dose extra de conhecimento
como em portões eletrônicos. Os assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
dispositivos de proteção contra leitor de QR Code.

sobrecorrentes, como os relés de


sobrecarga, dificilmente serão
encontrados em residências, mas
são extremamente utilizados em
equipamentos industriais.

UNIDADE 7 147
Dispositivos de
Seccionamento e Proteção

Olá, aluno(a)! Até agora aprendemos sobre dis-


positivos voltados às máquinas elétricas. Cabe,
então, a seguinte questão: quais os dispositivos
utilizados na proteção de circuitos prediais?
Para Creder (2016), todos os condutores de
fase de uma instalação devem ser protegidos por
dispositivos de seccionamento automático contra
sobrecorrentes. Esta proteção deve proteger os
condutores, não necessariamente a proteção dos
equipamentos ligados a esses condutores.
Logo, apresentamos, a seguir, alguns dispositi-
vos de proteção, suas características e aplicações.

Disjuntores

Segundo Mamede (2017), o disjuntor é um equi-


pamento que é responsável por realizar o co-
mando e proteção de circuitos, cuja finalidade
é conduzir, continuamente, a corrente de carga
sob condições nominais e interromper correntes
anormais de sobrecarga e de curto-circuito.
Mamede (2017) apresenta dois tipos de cons-
trução de disjuntores, aberto e caixa moldada, e
cinco tipos de operação: termomagnéticos, so-
mente térmicos, somente magnéticos, limitadores
de corrente e disjuntores eletrônicos.

148 Dispositivos e Máquinas Elétricas


A fim de se selecionar um disjuntor, para utili- Fusíveis
zação em determinado ponto do sistema, Mame-
de (2017) recomenda que se verifique os seguintes Creder (2016) define fusível como um dispositivo
elementos do sistema: de proteção contra sobrecorrente, composto por
• Corrente nominal de operação. um elemento fusível (elo) ou lâmina de liga metá-
• Capacidade de interrupção. lica de baixo ponto de fusão, que se funde quando
• Tensão nominal. a intensidade de corrente elétrica superar o valor
• Frequência nominal. que poderia danificar o isolamento dos condu-
• Faixa de ajuste dos disparadores. tores ou danos em outros elementos do circuito.
• Tipo (termomagnético, limitador de cor- Mamede (2017, p. 565) explica o funcionamen-



rente, somente magnético ou somente tér- to de um fusível como:
mico). A atuação de um fusível é proporcionada
• Acionamento (manual ou motorizado). pela fusão do elemento metálico, quan-
do percorrido por uma corrente de valor
A Figura 11 apresenta um disjuntor caixa molda- superior ao estabelecido na sua curva de
da e seus componentes, desde seus terminais de característica tempo × corrente. Após a
conexão, placa de identificação, seletor de ajuste fusão do elemento fusível, a corrente não
e alavanca. é interrompida instantaneamente, pois a
Disjuntores são um dos mais importantes dis- indutância do circuito a mantém por um
positivos de proteção. Estão presentes em diversas curto intervalo de tempo, circulando pelo
aplicações, tanto prediais como em equipamentos do arco formado entre as extremidades do
elétricos na indústria. elemento metálico sólido.

Terminal de fonte

Alavanca
Placa de de manobra
identificação
Caixa de
baquelite
Seletor
de ajuste

Terminal
de carga
Figura 11 - Vista frontal de um disjuntor de baixa tensão
Fonte: Mamede (2017, p. 561).

UNIDADE 7 149
Creder (2016) cita três tipos de fusíveis: cilíndrico,
D (Diazed) e NH, sendo que cada um apresenta
as seguintes características de aplicações:
• Fusíveis cilíndricos são comumente uti-
lizados em máquinas e painéis elétricos.
A corrente nominal destes varia entre 1 a Figura 12 - Fusível cilíndrico
100A. A Figura 12 apresenta três fusíveis
com correntes nominais diferentes.
• Fusíveis diazed são utilizados na proteção
Tampa
de curtos-circuitos em instalações elétricas.
Apresentam três tamanhos (DI, DII e DIII)
e a corrente nominal varia de 2 a 100A. A DII = 21mm
Φ=
Figura 13 mostra um fusível diazed, com DIII = 27mm
sua base para conexão em trilhos DIN e
seus acessórios de proteção e fixação. Fusível
• Fusíveis NH são aplicados na proteção de
sobrecorrente de curto-circuito em instala-
ções elétricas industriais. Apresentam até 6
tipos de tamanho e corrente nominal de 6 a
1250A. A Figura 14 mostra um fusível NH, Anel de proteção
com sua base para conexão do dispositivo
e os terminais para conexão dos cabos de
entrada e saída.
Base
A fim de se selecionar um fusível, deve se especificar
os seguintes elementos, segundo Mamede (2017):
• Corrente nominal.
• Tamanho da base - fusível NH (Figura 14). Figura 13 - Fusível Diazed, base e acessórios
• Capacidade de ruptura. Fonte: Creder (2016, p. 141).
• Característica da curva tempo × corrente Fusível
Terminal de carga Terminal de fonte
(rápido ou com retardo).
• Componentes como no fusível Diazed,
composto por: base, tampa, parafuso de
ajuste, anel de proteção e fusível (Figura 13).

Para exemplificar os elementos dos fusíveis, tra-


zemos as Figura 12, 13 e 14.

Terminal de pressão Base

Figura 14 - Base para fusível NH


Fonte: Mamede (2017, p. 567).

150 Dispositivos e Máquinas Elétricas


Como já citado, os fusíveis são utilizados em equipamentos elé- A Figura 15 mostra que a intensi-
tricos, para proteção de motores, relés, entre outros. Logo, o campo dade de corrente elétrica, por um
de aplicação para esse dispositivo é vasto. determinado período de tempo,
gera certas reações fisiológicas
nos seres humanos. A fim de
Dispositivo Diferencial Residual (DR) evitar danos à saúde, a linha de
atuação de um DR é de 30 mA.
A NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão (ABNT, 2004) de- Mamede (2017) define as
fine dispositivos de proteção à corrente diferencial residual (DR) como zonas de 1 – 5, da Figura 15, da
um dispositivo de seccionamento mecânico ou associado a disposi- seguinte maneira:
tivos destinado a provocar a abertura de contatos quando a corrente • Zona 1: não provoca
diferencial residual atinge um valor dado em condições especificadas. distúrbios perceptíveis.
De acordo com Mamede (2017), dado um dimensionamento • Zona 2: não provoca
de um DR, este pode promover a segurança à vida de usuários de distúrbios fisiológicos


energia elétrica ou a propriedade do consumidor. prejudiciais.
Todas as atividades biológicas desenvolvidas pelo corpo hu- • Zona 3: provoca distúr-
mano são resultantes de impulsos enviados pelo cérebro na bios fisiológicos sérios,
forma de corrente elétrica de baixíssimo valor. Porém, quando o porém reversíveis, como
indivíduo entra em contato com qualquer parte viva de um cir- parada cardíaca, parada
cuito elétrico, uma corrente passa a circular por esse indivíduo respiratória e contrações
juntamente com a corrente fisiológica própria. O resultado é musculares.
uma alteração nas funções vitais do indivíduo que pode levá-lo • Zona 4: provoca distúr-
à morte (MAMEDE, 2017, p. 593). bios fisiológicos severos e,
geralmente, irreversíveis,
como fibrilação cardíaca
30 mA

5 e parada respiratória.
10.000 • Zona 5: representa a
5.000 faixa de atuação do dis-
2.000 positivo de proteção DR
Tempo (ms)

1.000 para a corrente de fuga


500
1 2 3 4 de 30 mA.
200
100
50 Vemos que a utilização de um
20 DR é essencial para a segurança
0,1 0,5 2 10 50 200 1.000 10.000 das pessoas.
0,2 1 5 20 100 500 Creder (2016) aponta que
Corrente (ma)
um DR é constituído por três
Figura 15 - Curva tempo x corrente das reações fisiológicas dos seres humanos elementos: contatos fixos e mo-
Fonte: Mamede (2017, p. 593).
veis; transformador diferencial;
e disparador diferencial (ou relé
polarizado).

UNIDADE 7 151
Em condições normais de um DR, segundo Vemos, pela Figura 16, que o equipamento
Creder (2016), o fluxo resultante no núcleo do elétrico é alimentado após o dispositivo de pro-
transformador, oriundo das correntes que circu- teção, situados na caixa de entrada do circuito
lam nos condutores de alimentação, é nulo, sendo e no quadro terminal. Esta ligação é necessária
assim não é gerada nenhuma força eletromotriz para que a pessoa que for utilizar o equipamento
na bobina secundária. esteja segura contra quaisquer correntes resi-
Creder (2016) explica que a atuação do DR duais que colocam em risco a sua saúde.
acontece no momento em que o fluxo resultan- Mamede (2017), seguindo a NBR 5410
te no núcleo do transformador for diferente de (ABNT, 2004), traz premissas básicas para apli-
zero (quando existir uma corrente diferencial- cação de DR em instalações elétricas:
-residual), esta gerará uma força eletromotriz na • O uso do dispositivo DR não dispensa,
bobina secundária, e uma corrente percorrerá a em qualquer hipótese, o condutor de pro-
bobina do núcleo do disparador. teção.
Assim que esta corrente for igual ou superior • Os dispositivos DR devem garantir o sec-
à corrente Diferencial-Residual (DR) nominal de cionamento de todos os condutores do
atuação do dispositivo, o fluxo criado no núcleo circuito protegido.
do disparador pela corrente proveniente da bobina • O circuito magnético do dispositivo DR
secundária do transformador provocará a desmag- deve envolver todos os condutores vivos
netização do núcleo, abrindo o contato da parte dos circuitos protegidos, inclusive o con-
móvel e os contatos principais do dispositivo. dutor neutro.
A Figura 16 apresenta um exemplo de instala- • O circuito magnético do dispositivo DR
ção elétrica protegida por dispositivos de proteção não deve envolver, em nenhuma hipótese,
diferencial-residual. o condutor de proteção.
Trafo (Poste)

Rede aérea (BT) Quadro terminal


L1
L2
L3
N
Circuito de
Proteção geral distribuição (N)
Ramal de entrada (aéreo) F
F
N

PE DR
DR (PE)
kWh

Caixa de entrada Terminal de Ligação


aterramento equipotencial Terminal de PE
principal principal aterramento
do quadro
Circuito terminal
(Ra ) Aterramento do neutro (RA)
do trafo (concessionária)
Aterramento das massas

Figura 16 - Instalação alimentada por rede pública BT utilizando dispositivos DR


Fonte: Creder (2016, p.159).

152 Dispositivos e Máquinas Elétricas


• Devem-se selecionar os circuitos elétricos Dispositivos de Proteção
e os respectivos dispositivos DR de tal for- Contra Sobretensões
ma que as correntes de fuga que possam Transitorias (DPS)
circular durante a operação dos referidos
circuitos não ocasionem a atuação intem- Conforme a própria descrição deste dispositivo,
pestiva dos dispositivos. ele se destina à proteção contra sobretensões tran-
• Para tornar possível o uso do dispositivo sitórias nas instalações de edificações e abrange
DR nos esquemas TNC, deve-se conver- linhas de energia, como linhas de sinal (telefonia,
tê-lo imediatamente antes do ponto de por exemplo).
instalação do dispositivo no esquema A NBR 5410 exige que a proteção contra so-
TNCS. bretensões transitórias, sendo um dos dispositivos
• Deve ser obrigatório o uso de dispositivos para a esta situação o DPS, nas seguintes situações:
DR: • “quando a instalação for alimentada por li-
- Nos circuitos que alimentam pontos de nha total ou parcialmente aérea, ou incluir
utilização situados em locais conten- ela própria linha aérea, e se situar em região
do banheira ou chuveiro elétrico; nos sob condições de influências externas AQ2
circuitos que alimentam tomadas de (mais de 25 dias de trovoadas por ano);
corrente localizadas em áreas externas • quando a instalação se situar em região sob
à edificação. condições de influências externas AQ3”
- Nos circuitos que, em áreas de habi- (ABNT, 2004, p. 69).
tação, alimentam pontos de utilização
situados em cozinhas, copas-cozinhas, E caso seja necessário o uso do dispositivo, a nor-
lavanderias, áreas de serviço, garagens ma traz critérios sobre o uso e local.
e demais dependências internas mo- • “quando o objetivo for a proteção contra
lhadas em uso normal ou sujeitas a sobretensões de origem atmosférica trans-
lavagens, cujos pontos estejam a uma mitidas pela linha externa de alimentação,
altura inferior a 2,5 m. bem como a proteção contra sobretensões
- Nos circuitos que, em edificações não de manobra, os DPS devem ser instalados
residenciais, alimentam pontos de to- junto ao ponto de entrada da linha na edi-
mada situados em cozinhas, copas-co- ficação ou no quadro de distribuição prin-
zinhas, lavanderias, áreas de serviço, cipal, localizado o mais próximo possível
garagens e, em geral, em áreas internas do ponto de entrada
molhadas em uso normal ou sujeitas a • quando o objetivo for a proteção contra
lavagens. sobretensões provocadas por descargas
atmosféricas diretas sobre a edificação ou
Logo, o uso de DRs em determinadas instalações em suas proximidades, os DPS devem ser
é obrigatório, para a proteção dos usuários e pro- instalados no ponto de entrada da linha na
teção do patrimônio. edificação” (ABNT, 2004, p. 130).

UNIDADE 7 153
A Figura 17 apresenta um flu- Nesta unidade, conseguimos conhecer máquinas elétricas, tais
xograma para a conexão do DPS, como motores, geradores, transformadores e dispositivos para acio-
sendo assim, deve se responder namento e proteção destas. Conhecer os princípios de funcionamento
às perguntas dele e fazer a ava- destas máquinas e dispositivos fornece-nos base para prosseguir com
liação das possibilidades para a os estudos sobre a eletricidade.
instalação do dispositivo. Fomos apresentados aos dispositivos de seccionamento e proteção,
Para concluir, a norma traz os como contatores, disjuntores, fusíveis entre outros. Estes dispositivos
critérios para seleção do disposi- são comuns em instalações elétricas e em painéis de acionamento de
tivo, sendo como: nível de prote- equipamentos industriais. Sabendo sua função, seus princípios de
ção, máxima tensão de operação funcionamento e os requisitos para escolha, temos condições para
contínua, suportabilidade a so- realizar análises em campo.
bretensões temporárias, corrente O estudo sobre eletricidade é vasto, sendo assim, a cada nova
nominal de descarga e/ou cor- máquina ou dispositivo que temos domínio, estamos mais aptos a
rente de impulso e suportabili- desenvolver novas soluções, resolver problemas e tomar decisões na
dade à corrente de curto-circuito. área de Engenharia Elétrica (u).
De acordo com os critérios da
norma, o uso de DPS está (ou de- A linha elétrica de SIM
energia que chega à
veria estar) presente na maioria edificação inclui
neutro?

das instalações elétricas, sejam NÃO O neutro


c}
será aterrado no
NÃO
elas residenciais ou industriais. barramento de
equipotencialização
principal da edificação?
(BEP, ver 5, 4, 2, 1)
Dois
b} esquemas de
SIM conexão são possíveis? d}

ESQUEMA DE CONEXÃO 1 ESQUEMA DE CONEXÃO 2 ESQUEMA DE CONEXÃO 3


Os DPS devem ser ligados: Os DPS devem ser ligados: Os DPS devem ser ligados:
- a cada condutor de fase, - a cada condutor de fase, - a cada condutor de fase,
de um lado, e de um lado, e de um lado, e
- ao BEP ou à barra PE do - ao BEP ou à barra PE do - ao condutor neutro,
quadro, de outro (ver nota a) quadro, de outro (ver nota b) de outro;
e ainda: e ainda:
L1 L1
L2 L2 - ao condutor neutro, - ao condutor neutro,
L3 L3 de um lado, e de um lado, e
- ao BEP ou à barra PE do - ao BEP ou à barra PE do
DPS DPS DPS DPS DPS DPS quadro, de outro (ver nota a) quadro, de outro (ver nota a)

PE PEN L1 L1
BEP BEP ou L2 L2
barra PE L3 L3
DPS DPS DPS
L1 L1 N N
L2 L2 DPS DPS DPS DPS
L3 L3
BEP ou
DPS DPS DPS DPS DPS DPS barra PE
PE PE PEN PE BEP ou
N barra PE
barra PE
BEP ou
barra PE

Figura 17 - Esquema de conexão do DPS no ponto de entrada da linha de energia


ou no quadro de distribuição principal da edificação
Atuação de um disjuntor Fonte: ABNT (2004, p. 164).

154 Dispositivos e Máquinas Elétricas


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Para o acionamento de motores elétricos de corrente alternada, podem ser


utilizados diversos dispositivos, sendo estes responsáveis pela comutação, pro-
teção do equipamento e proteção dos condutores. Sobre os relés de sobrecarga,
assinale a alternativa que corresponde a uma de suas características.
a) Após a atuação do dispositivo, é necessário substituí-lo.
b) O dispositivo atua comutando os contatos, após as bobinas serem energizadas.
c) O dispositivo atua abrindo o circuito quando a corrente que esteja circulando
por ele seja elevada o suficiente para danificar o motor ao longo de um período
de tempo.
d) O dispositivo atua abrindo o circuito, quando a tensão nos terminais do motor
for maior que a tensão nominal.
e) O dispositivo atua após um período de tempo pré-configurado.

2. Dispositivos de proteção são essenciais e obrigatórios em certos cenários, pelas


normativas de instalações elétricas. Com isso, é essencial entender a função de
cada dispositivo. Analise as seguintes afirmativas sobre dispositivos de proteção:
I) DPS são dispositivos de proteção contra sobretensões.
II) DR são dispositivos para proteção de curtos-circuitos.
III) Fusíveis são dispositivos de proteção contra sobretensões.
IV) Disjuntores são dispositivos de proteção de sobrecarga e de curto-circuito.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e IV estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

155
3. Transformadores são máquinas elétricas extremantes importantes para o sis-
tema de energia elétrica. Eles estão presentes desde a saída de usinas até em
pequenos dispositivos eletrônicos, como fontes para notebook.
Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) Transformadores realizam a transformação de um potencial de tensão para
outro, seja este CA ou CC.
( ) A transformação de tensão em um transformador segue a relação exponencial
dada entre o número de bobinas do enrolamento primário pelo secundário.
( ) Não ocorre mudança na potência e na frequência na entrada e saída de um
transformador.

Assinale a alternativa correta:


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-V.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

156
LIVRO

Motores elétricos e acionamentos


Autor: Frank D. Petruzella
Editora: AMGH
Sinopse: idealizada para apresentar uma variedade de tipos de motores e sis-
temas de acionamento, esta obra oferece uma visão geral do funcionamento,
da seleção, da instalação e da manutenção de um motor elétrico.

157
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5410:2004 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio
de Janeiro: ABNT, 2004.

CREDER, H. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

MAMEDE, F. J. Instalações Elétricas Industriais. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

PETRUZELLA, D. F. Motores elétricos e acionamentos. Porto Alegre: AMGH, 2013.

PINTO, M. O. Engenharia Elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados. Rio de Janeiro: LTC, 2014.

WEG. Guia de especificação. Motores elétricos. Jaraguá do Sul: Weg, 2020.

158
1. C.

2. A.

3. C.

159
160
Me. Igor Rossi Fermo
Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Princípios de
Instalações Elétricas

PLANO DE ESTUDOS

Quadros de Atividades
Distribuição Práticas

Princípios de Dimensionamento
Instalações Elétricas de Condutores

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender sobre os princípios de instalações elétricas. • Dimensionar condutores de acordo com as normas vi-
• Apresentar um quadro de distribuição e seus compo- gentes.
nentes. • Proporcionar atividades práticas sobre instalações elé-
tricas.
Princípios de
Instalações Elétricas

Olá aluno(a)! Você já observou como as instala-


ções elétricas estão presentes em nossas vidas?
Em quase todos os lugares que estejamos, seja
uma casa simples em uma área remota, longe dos
grandes centros, ou até mesmo em uma indústria
de qualquer tamanho, a eletricidade se tornou um
item de necessidade básica para todos nós.
Na Unidade 7, você teve a oportunidade de
aprender sobre alguns elementos de uma insta-
lação elétrica e aprendeu um pouco sobre o por-
quê e como eles são utilizados. Nesta unidade,
aprenderemos quais são os passos para projetar
uma instalação elétrica de acordo com as nor-
mas vigentes, bem como utilizar e dimensionar
os principais componentes de uma instalação
elétrica. Vamos lá?

Levantamento de Cargas

O primeiro passo para elaborar um projeto de


uma instalação elétrica é possuir a planta baixa do
ambiente no qual será realizado o projeto, pois de
acordo com o tamanho da construção é que será
feito o levantamento de cargas do local. A Figura
1 mostra um exemplo de planta baixa.
Figura 1 - Planta baixa de um ambiente

As cargas mínimas de iluminação e quantidade de tomadas a serem disponibilizadas em um ambiente são


determinadas pela NBR 5410, que rege todas as regras referentes a uma instalação elétrica em baixa tensão.

Em posse da planta baixa, o primeiro passo é rea- de acordo com a atividade que será desenvolvida
lizar a alocação das cargas por cômodo do local; no local, pois existem atividades que requerem uma
nela temos que dispor a localização da carga e a melhor iluminação. Citamos os trabalhos com de-
potência prevista que será consumida pela carga. talhes e precisão e outros que requerem um menor
Para instalações elétricas prediais/residenciais, índice de iluminação, como uma área de lazer.
existem basicamente 3 tipos de cargas: Outra alternativa para determinar a carga de
• Iluminação. iluminação é referente às cargas mínimas por am-
• Tomadas de uso geral (TUG). biente que são determinadas pela NBR 5410. Des-
• Tomadas de uso específico (TUE). sa maneira, utiliza-se técnicas de luminotécnica
em ambientes específicos para uma determinada
atividade; e em ambientes residenciais ou de uso
Iluminação geral, aplica-se a NBR 5410. Como nosso material
tem o propósito de noções básicas de instalações
Quando falamos de iluminação, podemos utilizar, elétricas, iremos abordar somente a NBR 5410.
majoritariamente, dois métodos para determi- De acordo com essa norma, cada cômodo deve
nar a carga referente à iluminação, cálculos de possuir, no mínimo, um ponto de iluminação no
luminotécnica ou atender às exigências mínimas teto com acionamento via interruptor. Com relação
apresentadas pela NBR 5410. à potência prevista para cada ponto, a norma estabe-
Dentro da luminotécnica existem vários méto- lece que ambientes com até 6 m² devem possuir um
dos de cálculo que ajudam a determinar tipo, quan- ponto de, no mínimo, 100 VA; em ambientes com
tidade e modelo de lâmpadas que serão utilizadas mais de 6 m², devem ser previstos 100 VA para os
no ambiente. No entanto, eles basicamente variam primeiros 6 m² e 60 VA para cada 4 m² adicionais.

UNIDADE 8 163
Vale ressaltar que estas são as cargas mínimas que devem ser previstas por ambiente, caso o projetista
entenda que elas são insuficientes, pode adicionar mais pontos. Com relação à potência aparente
prevista, ela não está relacionada com a potência das lâmpadas que serão utilizadas, mas sim com
o levantamento de cargas para dimensionamento do circuito elétrico.

Quadro 1 - Quantidade mínima de tomadas de uso geral por ambiente


Tomadas de Uso
Geral (TUGs) Ambiente Quantidade mínima

Uma tomada a cada 5 m de pe-


Quartos, salas e dormitórios
rímetro.
As tomadas de uso geral são
aquelas em que são ligados Pelo menos 1 ponto próximo
Banheiros
ao lavabo.
equipamentos móveis ou por-
Um ponto de tomada para 3,5
táteis. O número de tomadas Cozinha, copas e áreas de serviço m de perímetro + pelo menos
de uso geral em um ambiente 2 tomadas na bancada da pia.
é determinado de acordo com Pelo menos 1 ponto de tomada
Varandas
a destinação do ambiente. próximo ao acesso.
Quanto às tomadas de uso Pelo menos um ponto em am-
geral (TUGs), a NBR 5410 bientes com área igual inferior
a 2,25 m².
determina a quantidade mí- Um ponto de tomada para am-
nima e a potência mínima de bientes com área entre 2,25 e
Demais locais
6 m².
acordo com o ambiente. Para
Um ponto de tomada para cada
um melhor entendimento, 5 m de perímetro de um am-
preparamos o Quadro 1 para biente com área superior a 6
m².
resumir as regras de quanti- Fonte: os autores.
dade mínima e potência por
ambiente.
Outro ponto de extrema relevância é a potência mínima atribuída a cada tomada em um ambien-
te; no caso da potência, existem apenas duas regras. A potência mínima das tomadas localizadas em
banheiros, cozinhas, áreas de serviço e áreas similare deve ser de 600 VA para as 3 primeiras tomadas;
para as demais, é admissível 100 VA por tomada. Para os demais cômodos, a potência mínima das
tomadas deve ser de 100 VA.

164 Princípios de Instalações Elétricas


Tomadas de Uso Específico (TUEs)

As tomadas de uso específico são aquelas destinadas Em que I p é a corrente de projeto (A), S é a po-
a equipamentos fixos ou estacionários e que pos- tência aparente (VA), V a tensão de alimentação
suam uma corrente nominal superior a 10 A. A nor- (V), cos(f) o fator de potência e h o rendimento.
ma ainda estabelece que as tomadas de uso específico Os casos mais comuns de TUEs são chu-
(TUEs) devem estar localizadas a, no máximo, 1,5 m veiros, torneiras elétricas, fornos elétricos,
do equipamento que irão alimentar (ABNT, 2008). condicionadores de ar, bombas para piscina e
O cálculo da potência de uma tomada de uso aparelhos de micro-ondas (CAVALIN; CER-
específico deve levar em conta o equipamento que VELIN, 2005).
será alimentado usando as seguintes fórmulas. Como você pode notar, ao contrário das TUGs,
as TUEs não possuem um número mínimo por
P
Ip = ambiente, sendo previstas apenas quando existi-
V
rem equipamentos que demandem uma corrente
Para circuitos monofásicos e bifásicos, I p é a nominal acima de 10 A, quantas forem necessá-
corrente de projeto (A), P é a potência do equi- rias.
pamento (W) e V a tensão de alimentação (V). Nesta seção, introduzimos os princípios bá-
Caso o circuito seja trifásico, deve ser utilizada sicos para a elaboração de um projeto elétrico,
a seguinte equação desde o levantamento de cargas, levando em conta
a norma vigente, como determinar as potências
S
Ip  para circuitos de iluminação, tomadas de uso geral
3  V  cos(φ)  η
e tomadas de uso específico.

A norma NBR 5410 estabelece que a conexão de equipamentos aquecedores elétricos de água ao
ponto de utilização deve ser realizada por meio de conexão direta, sem o uso de tomada de corrente.
Esse caso se aplica a aquecedores, chuveiros e torneiras elétricas. Este erro é comumente encontrado
em residências, pois por uma questão estética ou de praticidade, essas conexões são realizadas com
plugues e tomadas em vez bornes ou conectores apropriados.
Fonte: adaptado de ABNT (2008).

UNIDADE 8 165
Quadros de
Distribuição

Aluno(a), o quadro de distribuição é o lugar onde


se concentram todos os dispositivos de distribui-
ção da instalação elétrica, assim como os disposi-
tivos de segurança, proteção, manobra e comando
de uma instalação elétrica. É no quadro de distri-
buição que chegam os condutores de alimentação
vindo do sistema de medição da concessionária
ou de qualquer outra forma de alimentação em
que se encontre a residência.
Do quadro de distribuição partem o que cha-
mamos de circuitos terminais, que alimentam os
pontos de tomada e iluminação do ambiente. Es-
ses quadros de distribuição devem atender a uma
série de exigências que listamos a seguir:
• Locais de fácil acesso: muitas pessoas es-
colhem locais de difícil acesso para alocar
quadros de distribuição sob a justificativa
de serem “feios”, devido a isto os alocam
atrás de portas e armários, impedindo seu
acesso para manutenção ou em casos de
emergência.
• Identificação dos componentes: todos
os componentes do quadro devem estar
devidamente identificados, de forma a dei-
xar clara sua função no quadro.

166 Princípios de Instalações Elétricas


• Espaços reserva: o quadro de distribui- lhar um pouco sobre os componentes do quadro
ção deve contemplar espaços para futuras e sua respectiva importância:
ampliações ou instalação de novos equipa- • Disjuntores termomagnéticos: têm por
mentos. A NBR 5410 estabelece um parâ- finalidade proteger a instalação elétrica e
metro de cálculo para os circuitos reservas, equipamentos elétricos contra sobrecargas
que são apresentados no Quadro 2. e curtos-circuitos.
Quadro 2 - Dimensionamento de circuitos reserva para • Interruptores ou disjuntores residuais:
quadros têm por objetivo a proteção dos usuários
Quantidade Número de contra choques elétricos, comumente
de circuitos circuitos reserva chamados de proteção de vida, pois são
Até 6 2 acionados por corrente de fuga, como vi-
mos anteriormente. Neste tópico, é bom
7 a 12 3
relembrar a diferença entre interruptores e
13 a 30 4 disjuntores residuais: os interruptores são
Acima de 30 0,15 x Quantidade de circuitos acionados somente com a corrente residual,
Fonte: adaptado de ABNT (2008). e os disjuntores residuais são acionados por
corrente de curto-circuito, temperatura e
correntes residuais, ou seja, são a união de
interruptores residuais e disjuntores.
Ao dimensionar o circuito de alimentação do • Dispositivo de proteção contra surtos:
quadro, deve ser levado em conta a os espaços comumente chamado de DPS, tem por
reservas. objetivo proteger equipamentos conec-
tados à rede elétrica de variações bruscas
de tensão, como no caso de uma descarga
• Localização: além de ser disposto em um atmosférica sobre a rede de alimentação.
local de fácil acesso, é desejável que o qua- • Barramento de interligação entre fa-
dro fique alocado em um local próximo ses: realiza a conexão entre os ramais de
das cargas, pois isto fará com que a distân- alimentação e os disjuntores do circuito.
cia do quadro a qualquer tomada ou ponto • Barramento de neutro: realiza a conexão
de iluminação seja reduzida, o que ajudará entre o condutor neutro e seus circuitos.
na economia de condutores. • Barramento de proteção: realiza a cone-
xão entre o condutor de proteção (Terra)
e os condutores de proteção dos circuitos.
Componentes
de um Quadro

Um quadro de distribuição é composto de vários Tenha sua dose extra de


dispositivos; a seguir, apresentamos os seus com- conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
ponentes e descrevemos brevemente sua função,
leitor de QR Code.
uma vez que vimos, na unidade anterior, o seu
funcionamento detalhado. A seguir, iremos deta-

UNIDADE 8 167
Divisão da Instalação em Circuitos

Após a determinação do local ou dos locais nos alocados em circuitos exclusivos, quantos forem
quais serão dispostos os quadros de distribuição, a necessários. Não se deve esquecer de dimensionar
instalação elétrica deve ser dividida em partes me- disjuntores residuais ou interruptores residuais
nores, que chamamos de circuitos. Os circuitos irão com corrente de disparo de 30 mA para tomadas
agrupar os pontos de iluminação, TUGs e TUEs que em áreas molhadas.
foram determinados no levantamento de cargas. Circuitos de iluminação devem ter sua potên-
A divisão em circuitos deve atender algumas cia limitada – recomenda-se um limite de 15 a 20
particularidades, de forma a proporcionar uma A em circuitos de iluminação. A limitação se deve
maior funcionalidade e praticidade ao usuário por fatores de segurança e de dimensionamento
do sistema. Apresentaremos alguns critérios que de condutores, pois quanto maior a corrente de
devem ser atendidos na divisão dos circuitos. um circuito, consequentemente, maior a seção do
No caso das TUEs, como a corrente nominal condutor que será utilizado.
excede 10 A , devem ser previstos circuitos inde- Circuitos de tomada de uso geral também de-
pendentes para cada TUE. Vale lembrar que, no vem ter sua corrente limitada a valores próximos
caso de uma TUE em área molhada, deve ser pre- de 30 A , também decorrente de fatores de segu-
visto o uso de um interruptor residual ou disjun- rança, para que condutores não tão espessos sejam
tor residual com corrente de disparo de 30 mA . utilizados e para que uma residência não tenha
Circuitos de iluminação e tomadas devem um grande número de tomadas desativadas em
ser preferencialmente separados, de forma que o caso de algum surto elétrico.
mesmo cômodo não tenha luzes e tomadas desa- Em locais em que a alimentação do quadro seja
tivadas em caso de manutenção ou surto. realizada por mais de uma fase, recomenda-se que os
Circuitos de tomadas de cozinhas, lavanderias circuitos sejam distribuídos da maneira mais equili-
e áreas e serviço devem ser, preferencialmente, brada possível, a fim de evitar sobrecargas nas fases.

Um circuito elétrico é o conjunto de equipamentos e condutores ligados ao mesmo dispositivo de


proteção. Um circuito elétrico pode ser dividido em circuitos de distribuição, que atendem várias
cargas e circuitos terminais que atendem uma carga específica.
Fonte: adaptado de Cavalin e Cervelin (2006).

Antes de dimensionar um disjuntor, certifique-se dos valores de corrente que o fabricante dispo-
nibiliza comercialmente para se certificar que a corrente de atuação do dispositivo irá satisfazer as
condições citadas.

168 Princípios de Instalações Elétricas


Dimensionamento de
Equipamentos de Proteção

Após a divisão dos circuitos, devem ser dimen-


sionados os equipamentos de proteção para cada
um deles. A proteção de cada circuito é majori-
tariamente realizada por meio de disjuntores
termomagnéticos, que têm por função proteger
a instalação elétrica e os equipamentos contra
danos que possam ser causados por sobrecarga
e curto-circuito.
O primeiro passo para o correto dimensiona-
mento de um disjuntor é o cálculo da corrente de
projeto, que é dada por:

P
Ip =
V
Em que:
• I p - Corrente de projeto ( A ).
• P - Potência do circuito ( W ).
• V - Tensão de alimentação ( A ).

Para que um disjuntor possa atuar corretamente


sem causar danos à instalação elétrica do local, a
seguinte condição deve ser satisfeita.
I p ≤ In ≤ I z

Em que:
• I p - Corrente de projeto ( A ).
• I n - Corrente nominal do dispositivo de
proteção ( A ).
• I z - Corrente suportada pelo condutor ( A).

Uma vez que a condição seja satisfeita, é garantido


que, em caso de surto, o dispositivo de proteção
irá atuar antes que ocorra algum dano à instalação
elétrica e seus componentes.

UNIDADE 8 169
Dimensionamento
de Condutores

Neste tópico, caro(a) aluno(a), ressaltamos que o


dimensionamento de condutores, assim como o
dimensionamento de disjuntores, leva em conta
a corrente do circuito. Uma vez que já tenha sido
dimensionado o disjuntor, é extremamente fácil
dimensionar o condutor elétrico do circuito.
O dimensionamento de um condutor leva
em conta o material do qual o condutor é feito,
a corrente elétrica que o condutor deverá trans-
portar, o ambiente no qual o condutor está e a
quantidade de condutores carregados dentro de
um eletroduto, todos estes fatores são combinados
e apresentados na tabela disposta na NBR 5410.
Tomando como base a tabela 33 da NBR 5410,
em que são apresentadas as linhas elétricas, é pos-
sível determinar em qual condição se encontra o
condutor, como exemplo, vamos apresentar, na
Tabela 1, um fragmento da tabela 33 da NBR 5410.

170 Princípios de Instalações Elétricas


Tabela 1 - Tipos de linhas elétricas presentes na tabela 33 NBR 5410

Método de
Método de
instalação Esquema ilustrativo Descrição
referência 1)
número

Condutores isolados ou cabos unipolares


1 Face em eletroduto de seção circular embutido A1
interna em parede termicamente isolante 2)

Cabo multipolar em eletroduto de seção


2 Face circular embutido em parede A2
interna
termicamente isolante 2)

Condutores isolados ou cabos unipolares


em eletroduto aparente de seção circular
3 sobre parede ou espaçado desta menos B1
de 0,3 vez o diâmetro do eletroduto
Cabo multipolar em eletroduto em
eletroduto aparente de seção circular
4 sobre parede ou espaçado desta menos B2
de 0,3 vez o diâmetro do eletroduto

Condutores isolados ou cabos unipolares


5 em eletroduto aparente de seção B1
não-circular sobre parede

Cabo multipolar em eletroduto aparente


6 B2
de seção não-circular sobre parede

Condutores isolados ou cabos


7 unipolares em eletroduto de seção B1
circular embutido em alvenaria

Cabo multipolar em eletroduto de seção


8 circular embutido em alvenaria B2

Fonte: ABNT (2008, p. 90).

Uma vez localizado a condição na qual o condutor está submetido, é possível realizar seu dimensio-
namento com base na tabela 36 ou 37 da NBR 5410. A tabela 36 representa o dimensionamento de
condutores que possuem o isolamento em PVC; na tabela 37, é apresentado o dimensionamento de
condutores com isolamento em EPR ou XLPE. A Tabela 2 apresenta a tabela 36 da NBR 5410.

UNIDADE 8 171
Tabela 2 - Dimensionamento de condutores de acordo com a norma NBR 5410 (tabela 36)
Métodos de referência indicados na Tabela 33
nominais
Seções

A1 A2 B1 B2 C D
mm²

Número de condutores carregados


2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)
Cobre
0,5 7 7 7 7 9 8 9 8 10 9 12 10
0,75 9 9 9 9 11 10 11 10 13 11 15 12
1 11 10 11 10 14 12 13 12 15 14 18 15
1,5 14,5 13,5 14 13 17,5 15,5 16,5 15 19,5 17,5 22 18
2,5 19,5 18 18,5 17,5 24 21 23 20 27 24 29 24
4 26 24 25 23 32 28 30 27 36 32 38 31
6 34 31 32 29 41 36 38 34 46 41 47 39
10 46 42 43 39 57 50 52 46 63 57 63 52
16 61 56 57 52 76 68 69 62 85 76 81 67
25 80 73 75 68 101 89 90 80 112 96 104 86
35 99 89 92 83 125 110 111 99 138 119 125 103
50 119 108 110 99 151 134 133 118 168 144 148 122
70 151 136 139 125 192 171 168 149 213 184 183 151
95 182 164 167 150 232 207 201 179 258 223 216 179
120 210 188 192 172 269 239 232 206 299 259 246 203
150 240 216 219 196 309 275 265 236 344 299 278 230
185 273 245 248 223 353 314 300 268 392 341 312 258
240 321 286 291 261 415 370 351 313 461 403 361 297
300 367 328 334 298 477 426 401 358 530 464 408 336
400 438 390 398 355 571 510 477 425 634 557 478 394
500 502 447 456 406 656 587 545 486 729 642 540 445
630 578 514 526 467 758 678 626 559 843 743 614 506
800 669 593 609 540 881 788 723 645 978 865 700 577
1000 767 679 698 618 1012 906 827 738 1125 996 792 652
Alumínio
16 48 43 44 41 60 53 54 48 66 59 62 52
25 63 57 58 53 79 70 71 62 83 73 80 66
35 77 70 71 65 97 86 86 77 103 90 96 80
50 93 84 86 78 118 104 104 92 125 110 113 94
70 118 107 108 98 150 133 131 116 160 140 140 117
95 142 129 130 118 181 161 157 139 195 170 166 138
120 164 149 150 135 210 186 181 160 226 197 189 157
150 189 170 172 155 241 214 206 183 261 227 213 178
185 215 194 195 176 275 245 234 208 298 259 240 200
240 252 227 229 207 324 288 274 243 352 305 277 230
300 289 261 263 237 372 331 313 278 406 351 313 260
400 345 311 314 283 446 397 372 331 488 422 366 305
500 396 356 360 324 512 456 425 378 563 486 414 345
630 456 410 416 373 592 527 488 435 653 562 471 391
800 529 475 482 432 687 612 563 502 761 654 537 446
1000 607 544 552 495 790 704 643 574 878 753 607 505
Fonte: ABNT (2008, p. 101).

172 Princípios de Instalações Elétricas


Nesta seção não contemplaremos o dimensionamento de condutores levando em consideração a
queda de tensão em longas distâncias, uma vez que o foco é uma instalação elétrica residencial.
Entretanto, em casos em que longas distâncias separam uma carga de um quadro ou uma fonte,
deve-se levar em conta a queda de tensão nos condutores de alimentação.

Para uma demonstração, considere o seguinte 41, neste caso, adotamos o primeiro valor superior,
exercício. que é 41; ao seguir a linha onde se encontra o
número 42 para o lado esquerdo da tabela, encon-
Exemplo 1: Realize o dimensionamento de um tramos a seção do condutor que deve ser utiliza-
2
condutor para o circuito elétrico de uma residên- do, que é de 6 mm .
cia que possua um chuveiro de 7500 W e que seja
alimentado com a tensão de 220 V no sistema
bifásico. Os condutores estão dispostos em ele-
trodutos embutidos em alvenaria.
Com base na potência do chuveiro e em sua Neste exemplo, adotamos condutores de cobre;
tensão de alimentação, podemos calcular a cor- caso tenha preferência por utilizar condutores
rente de projeto, que é dada por: de alumínio, você deve utilizar a parte inferior da
tabela 39, que é destinada ao dimensionamento
P 7500
I=
p = = 34, 1 A de condutores de alumínio. Como você pode ob-
V 220
servar na tabela, os condutores de alumínio são
2
Com o valor da corrente, podemos iniciar a análise utilizados para seções a partir de 16 mm e para
da Tabela 2, que foi reproduzida da norma. Nela, correntes acima de 55 A. Na prática, os conduto-
identificamos que o eletroduto embutido em alve- res de alumínio são mais utilizados em redes de
naria é representado pelo código ‘B1’, ao verificar a distribuição, o que faz com que dificilmente se-
tabela existe, caso em que são previstos condutores jam utilizados no interior de residências.
unipolares ou multipolares. Neste exemplo, fare-
mos opção por condutores unipolares de cobre.
Na tabela 39 da norma, iremos até a coluna Nesta seção, aprendemos como dimensionar
com o código ‘B1’, nela podemos observar que condutores para circuitos elétricos utilizando a
existe a possibilidade para dois ou três condutores NBR 5410, que compõe as principais regras de
carregados. Como nosso exercício apresenta que dimensionamento de instalações elétricas em bai-
o sistema de alimentação é em 220 V no sistema xa tensão. Além da técnica de dimensionamento
bifásico, o número de condutores carregados é 2. que aprendemos, existem outras, como dimensio-
Nesta coluna, iremos encontrar a correspondên- namento de condutores subterrâneos, quedas de
cia a 34,1 A. Como você pode observar, na tabela tensão entre outros casos específicos, porém elas
não existe o valor 34,1 A, existem somente 32 ou não serão abordadas neste material.

UNIDADE 8 173
Atividades
Práticas

Nesta seção, aprenderemos um pouco sobre como


funciona a montagem de circuitos básicos de uma
instalação elétrica. O objetivo destas práticas é
fazer com que você tenha maior intimidade com o
conteúdo, realizando a união entre teoria e prática.
Os experimentos propostos nesta unidade
seguirão uma sequência ordenada, levando em
consideração a montagem de um quadro de dis-
tribuição, a sua divisão em circuitos e, por fim,
os esquemas de ligação de circuitos de tomada e
iluminação.

Ligação Quadro
de Distribuição

Esta prática tem por objetivo proporcionar conhe-


cimentos referentes à montagem de um quadro
elétrico de acordo com as normas de segurança
(NR10) e normas de instalações elétricas (NBR
5410), aplicando os conhecimentos já adquiridos
ao longo da unidade. A Figura 2 mostra o diagra-
ma esquemático que iremos utilizar para a nossa
atividade prática.

174 Princípios de Instalações Elétricas


Procedimento Prático
L1 L2(N)

A seguir, estão descritos alguns


Interruptor
Diferencial 30mA passos a serem seguidos, para
Residual (DR)
que você desenvolva as ativida-
Dispositivo de
Proteção contra
des práticas.
L1 L2(N) Surto (DPS) 1. Garanta que todas as
energias da bancada es-
Disjuntor Bipolar
L1 L2(N) de 40A 40A tejam sem alimentação,
bloqueando a possibi-
Disjuntor Monopolar 20A lidade de reenergiza-
40A GERAL de 20A
ção, e realize o teste de
L1 GERAL
tensão nos terminais de
Disjuntor Monopolar 10A
de 10A saída em que a prática
20A 10A
será realizada por meio
de um detector de ten-
são certificado. Realize
uma análise visual nos
TOMADAS

ILUMINAÇÃO

L2(N) GERAL

cabos que serão utiliza-


dos para a prática, veri-
Figura 2 - Diagrama esquemático quadro de distribuição ficando a ausência de
Fonte: OWNTEC (2020, p. 76).
fiação exposta e demais
Materiais que serão utilizados: possíveis danos.
2
• Cabos com derivação axial e conexão de 4 mm . 2. Conecte um cabo de 4
• Interruptor – IDR (Módulo Quadro de Distribuição mm2 do borne de ali-
(04.122.001.2-2)). mentação fase (L1) do
• Dispositivos de proteção contra surtos - DPS (Módulo Qua- quadro de comando ao
dro de Distribuição (04.122.001.2-2)). borne “L1” do quadro de
• Disjuntor bipolar 40 A (Módulo Quadro de Distribuição distribuição.
(04.122.001.2-2)). 3. Conecte um cabo de 4
• Disjuntor monopolar 20 A (Módulo Quadro de Distribuição mm2 do borne de ali-
(04.122.001.2-2)). mentação Neutro (L2)
• Disjuntor monopolar 10 A (Módulo Quadro de Distribuição do quadro de comando
(04.122.001.2-2)). ao borne “L2(N)” do
• Aterramento (Módulo Quadro de Distribuição (04.122.001.2- quadro de distribuição.
2)). 4. Conecte um cabo de
2
• Barramento de distribuição (Módulo Barramento 4 mm do borne ater-
(04.119.001.2-8)). ramento do quadro de
comando ao borne de
aterramento do quadro
de distribuição.

UNIDADE 8 175
2
5. Conecte um cabo de 4 mm no borne de 16. Conecte um cabo de 4 mm do borne
alimentação “L1” do quadro de distribui- inferior do disjuntor monopolar de 10
ção ao borne superior do Dispositivo de A ao borne superior central do Barra-
proteção contra surtos (DPS) da esquerda. mento de distribuição. Este será deno-
2
6. Conecte um cabo de 4 mm no borne de minado Iluminação no Barramento de
alimentação “L2(N)” do quadro de distri- distribuição dentro do Módulo Barra-
buição ao borne superior do DPS da direita. mento.
2
7. Conecte um cabo de 4 mm do borne 17. Conecte um cabo de 4 mm do borne
inferior do DPS da esquerda ao borne de inferior direito do disjuntor bipolar
aterramento do quadro de distribuição. C40 ao borne superior direito do Bar-
2
8. Conecte um cabo de 4 mm do borne ramento de distribuição. Este será de-
inferior do DPS da direita ao borne de nominado L2(N) Geral no Barramento
aterramento do quadro de distribuição. de distribuição dentro do Módulo Bar-
2
9. Conecte um cabo de 4 mm no borne de ramento.
alimentação “L1” do quadro de distribui-
ção ao borne superior “L1” do interruptor Resultado
diferencial residual (IDR).
10. Conecte um cabo de 4 mm2 no borne de A atividade proposta fez com que você tivesse o
alimentação “L2(N)” do quadro de dis- conhecimento a respeito de como funciona, na
tribuição ao borne superior “L2(N)” do prática, as conexões no interior de um quadro
interruptor diferencial residual (IDR). de distribuição e seus respectivos dispositivos
2
11. Conecte um cabo de 4 mm no borne de proteção e manobra.
inferior “L1” do IDR ao borne superior Esta prática remete ao que é comumente
esquerdo do disjuntor bipolar C40. adotado em residências, em que se tem a en-
2
12. Conecte um cabo de 4 mm no borne in- trada de energia elétrica para o quadro de dis-
ferior “L2(N)” do IDR ao borne superior tribuição, proveniente da concessionária, para
direito do disjuntor bipolar C40. então criar os circuitos das tomadas, ilumina-
2
13. Conecte um cabo de 4 mm no borne in- ção e aterramento ao longo da residência com
ferior esquerdo do disjuntor bipolar C40 as devidas proteções.
ao borne superior do disjuntor monopolar
de 20 A .
2
14. Conecte um cabo de 4 mm no borne su- Circuitos de Iluminação
perior do disjuntor monopolar de 20 A ao
borne superior do disjuntor monopolar Conforme aprendemos sobre iluminação, este
de 10 A . tópico tem o objetivo de apresentar as formas
2
15. Conecte um cabo de 4 mm do borne de acionamento de circuitos de iluminação de
inferior do disjuntor monopolar de 20 A lâmpadas simples e lâmpadas fluorescentes
ao borne superior esquerdo do Barramen- mais utilizadas. Aprenderemos também como
to de distribuição. Este será denominado são realizadas as ligações das lâmpadas em
Tomadas no Barramento de distribuição interruptor simples e paralelo, que também é
dentro do Módulo Barramento. conhecido como chave hotel.

176 Princípios de Instalações Elétricas


Ligação em interruptor simples • Lâmpada fluorescente 8 W T5 (Módulo
lâmpada fluorescente (04.116.001.2-5)).
Esta prática tem o objetivo de simular a instalação • Barramento de distribuição (Módulo bar-
de lâmpadas comuns e fluorescentes com reatores ramento (04.119.001.2-8)).
eletrônicos em uma residência, sempre levando
em conta as normas de instalações elétricas em Procedimento prático circuitos de
baixa tensão NBR 5410 e norma de segurança iluminação (lâmpada fluorescente)
NR10. A Figura 3 mostra o diagrama elétrico das
ligações a serem realizadas. A seguir, estão descritos alguns passos a serem
ILUMINAÇÃO ILUMINAÇÃO
seguidos, para que você possa desenvolver as ati-
vidades práticas.
1. Garanta que todas as energias da bancada
estejam sem alimentação, bloqueando a
possibilidade de reenergização, e realize o
teste de tensão nos terminais de saída em
VM

VM
L1

que a prática será realizada por meio de


Vermelhos

REATOR ELETRÔNICO

um detector de tensão certificado. Realize


1X8

uma análise visual nos cabos que serão


Azuis

utilizados para a prática, verificando a


L2(N)

ausência de fiação exposta e demais pos-


AZ

AZ

síveis danos.
2. Este anexo pode receber a alimentação
de energia elétrica (L1, L2(N) e aterra-
mento) de duas formas distintas, sendo:
diretamente do quadro de comando ou
L2(N) GERAL

L2(N) GERAL

a partir do Barramento de distribuição,


Figura 3 - Diagrama esquemático ligação lâmpada comum e
montado, no experimento, sobre qua-
fluorescente com reator dros de distribuição. Ambos fornecem
Fonte: OWNTEC (2020, p. 87). proteção aos usuários, no entanto, a ali-
Para esta prática, iremos utilizar: mentação proveniente do Barramento de
• Montagem ligação de Quadro de Distri- distribuição, montado no experimento
buição Residencial. sobre quadros de distribuição, remete
• Cabos com derivação axial e conexão de ao procedimento comumente adotado
2
4 mm . em residências. Desta forma, os passos
• Interruptor simples (Módulo inter- seguintes serão descritos com alimen-
ruptor paralelo e Interruptor Simples tação proveniente do Barramento de
(04.100.001.2-8)). distribuição.
2
• Lâmpada soquete E27 (Módulo duplo so- 3. Conecte um cabo de 4 mm do borne de
quete de lâmpada E27 (04.118.001.2-7)). iluminação do centro do Barramento de
• Reator eletrônico 1x8 W (Módulo lâmpada distribuição ao borne superior esquerdo
fluorescente (04.116.001.2-5)). do interruptor simples.

UNIDADE 8 177
2
4. Conecte um cabo de 4 mm do borne su- do Barramento de distribuição montado
perior direito do interruptor simples ao no experimento sobre quadros de distri-
borne esquerdo “L1” do reator eletrônico. buição. Ambos fornecem proteção aos
2
5. Conecte um cabo de 4 mm do borne direi- usuários. No entanto, a alimentação pro-
to “L2(N)” do reator ao borne direito “L2(N) veniente do Barramento de distribuição,
Geral” do Barramento de distribuição. montado no experimento sobre quadros
6. Realize as ligações do reator, conforme in- de distribuição, remete ao procedimen-
dicadas no diagrama deste experimento, to comumente adotado em residências.
deixando as cores iguais no mesmo lado. Desta forma, os passos seguintes serão
7. Coloque a lâmpada fluorescente no so- descritos com alimentação proveniente
quete e gire-a até escutar um “click”. do Barramento de distribuição.
2
8. Garanta que não haja nenhum cabo plu- 3. Conecte um cabo de 4 mm do borne de
gado com folga ou solto. iluminação do centro do Barramento de
9. Energize a bancada. distribuição ao borne superior esquerdo
10. Comute a tecla do interruptor simples do do interruptor simples.
2
qual foram realizadas as conexões. 4. Conecte um cabo de 4 mm do borne su-
11. Estando a tecla comutada para um dos perior direito do interruptor simples ao
lados, a lâmpada da qual foram realizadas borne superior esquerdo do soquete de
as ligações deverá acender. lâmpada E27.
2
5. Conecte um cabo de 4 mm do borne su-
Procedimento Prático Módulo Duplo perior direito do soquete de lâmpada E27
Soquete de Lâmpadas E27 ao borne direito “L2(N) Geral” do Barra-
mento de distribuição.
A seguir, estão descritos alguns passos a serem se- 6. Garanta que não haja nenhum cabo plu-
guidos, para que você desenvolva as atividades prá- gado com folga ou solto.
ticas referentes à iluminação com lâmpadas E27. 7. Energize a bancada.
1. Garanta que todas as energias da bancada 8. Comute a tecla do interruptor simples do
estejam sem alimentação, bloqueando a qual foram realizadas as conexões.
possibilidade de reenergização, e realize o 9. Estando a tecla comutada para um dos
teste de tensão nos terminais de saída em lados, a lâmpada da qual foram realizadas
que a prática será realizada por meio de um as ligações deverá acender.
detector de tensão certificado. Realize uma
análise visual nos cabos que serão utiliza- Resultado
dos para a prática, verificando a ausência
de fiação exposta e demais possíveis danos. A atividade desenvolvida permite reconhecer e
2. Este anexo pode receber a alimentação de classificar as principais características de instala-
energia elétrica (L1, L2(N) e aterramento) ções de circuitos de iluminação com interruptores
de duas formas distintas, sendo: direta- simples utilizados frequentemente em residências
mente do quadro de comando ou a partir e demais ambientes.

178 Princípios de Instalações Elétricas


ILUMINAÇÃO
Ligação em interruptor paralelo

Esta prática tem por objetivo simular a instalação de lâmpadas com


o uso de interruptores em paralelo, que também são conhecidos
como chave hotel. O interruptor paralelo é constituído por 3 bor-
nes com parafusos na sua parte interna. A ligação é dada por meio
da união em paralelo entre dois interruptores, em que um borne
central de um interruptor recebe a fase, o borne centro do outro
interruptor recebe o retorno da lâmpada e dois bornes laterais de
um interruptor se ligam aos bornes laterais do outro interruptor,
efetivando a ligação em paralelo. Toda a prática segue as normas
NBR 5410 e NR10. A Figura 4 mostra o diagrama esquemático das
ligações da chave hotel.
Para este experimento, iremos utilizar:
• Montagem do quadro de distribuição residencial.
• Cabos com derivação axial e conexão de 4 mm.
• Dois interruptores paralelos (Módulo Interruptor paralelo
e Interruptor Simples (04.100.001.2-8).
• Lâmpada soquete E27 (Módulo Duplo Soquete de Lâmpada
E27 (04.118.001.2-7)).
• Barramento de distribuição (Módulo Barramento
(04.119.001.2-8)).

Procedimento prático interruptor paralelo

A seguir, estão descritos alguns passos a serem seguidos, para que


você desenvolva as atividades práticas referentes ao acionamento
de lâmpadas por interruptor paralelo.
1. Garanta que todas as energias da bancada estejam sem
alimentação, bloqueando a possibilidade de reenergização,
e realize o teste de tensão nos terminais de saída em que a
prática será realizada por meio de um detector de tensão
certificado. Realize uma análise visual nos cabos que serão
L2(N) GERAL

utilizados para a prática, verificando a ausência de fiação


exposta e demais possíveis danos.
2. Este anexo pode receber a alimentação de energia elétrica
(L1, L2(N) e aterramento) de duas formas distintas, sen-
do: diretamente do quadro de comando ou a partir do
Barramento de distribuição montado na prática referen-
Figura 4 - Diagrama esquemático liga-
te a quadros de distribuição. Ambos fornecem proteção ção lâmpada em interruptor paralelo
aos usuários. No entanto, a alimentação proveniente do Fonte: OWNTEC (2020, p. 91).

UNIDADE 8 179
Barramento de distribuição, montado re- Resultado
ferente a quadros de distribuição, remete
ao procedimento comumente adotado em A atividade desenvolvida permite reconhecer e
residências. Desta forma, os passos seguin- classificar as principais características de instala-
tes serão descritos com alimentação pro- ções de circuitos de iluminação com interruptor
veniente do Barramento de distribuição. paralelo (chave hotel ou “Three Way”).
2
3. Conecte um cabo de 4 mm do borne de
iluminação do centro do barramento de
distribuição ao borne inferior esquerdo Circuito de Tomada
do interruptor paralelo no módulo do
interruptor paralelo. Esta prática tem por objetivo simular a instalação
2
4. Conecte um cabo de 4 mm do borne de tomadas de uso geral (TUG) e tomadas de uso
central direito do módulo do interruptor específico (TUE), seguindo as normas estabeleci-
paralelo (superior direito do interruptor das pela NBR 5410, que rege as instalações elétri-
paralelo, interruptor simples) ao borne cas em baixa tensão, e NR10, no que diz respeito
inferior direito do segundo módulo do à segurança em eletricidade.
interruptor paralelo. Esta prática é uma continuação da montagem
2
5. Conecte um cabo de 4 mm do borne de um quadro de distribuição; caso ele não esteja
inferior direito do interruptor paralelo do montado, o primeiro passo é a sua montagem,
módulo interruptor paralelo, interruptor como na prática anterior.
simples, ao borne superior direito do se- Para esta prática, iremos utilizar:
gundo módulo do interruptor paralelo. • Montagem ligação de quadro de distribui-
2
6. Conecte um cabo de 4 mm do borne es- ção residencial.
querdo do segundo módulo do interrup- • Cabos com derivação axial e conexão de
2
tor paralelo ao borne superior esquerdo 4 mm .
do soquete de lâmpada E27. • Tomadas TUG (Módulo Tomada 10 A
2
7. Conecte um cabo de 4 mm do borne (127 V ) e tomada 10 A Vermelha (220
superior direito do soquete de lâmpada V ) (04.106.001.2-4)).
E27 ao borne direito “L2(N) Geral” do • Tomadas TUE (Módulo Interruptor Inter-
Barramento de distribuição. mediário e Tomada 20 A (04.103.001.2-1)).
8. Garanta que não haja nenhum cabo plu- • Aterramento (Módulo Quadro de Distri-
gado com folga ou solto. buição (04.122.001.2-2)).
9. Energize a bancada. • Barramento de distribuição (Módulo Bar-
10. Comute a tecla de um dos interruptores ramento (04.119.001.2-8)).
dos quais foram realizadas as conexões.
11. Estando a tecla comutada para um dos
lados, a lâmpada da qual foram realizadas Procedimento prático
as ligações deverá acender, para o outro tomadas de uso geral (TUG)
apagar. O mesmo deve ocorrer para o se-
gundo interruptor paralelo do circuito de A seguir, estão descritos alguns passos a serem segui-
forma independente. dos, para que você desenvolva as atividades práticas.

180 Princípios de Instalações Elétricas


1. Garanta que todas as energias da bancada 7. Conecte algum equipamento elétrico 220
estejam sem alimentação, bloqueando a V ou 127 V (de acordo com a instala-
possibilidade de reenergização, e realize o ção realizada) em cada uma das tomadas,
teste de tensão nos terminais de saída em como carregador de celular ou furadeira,
que a prática será realizada por meio de para validar a atividade.
um detector de tensão certificado. Realize 8. Energize a bancada.
uma análise visual nos cabos que serão
utilizados para a prática, verificando a
ausência de fiação exposta e demais pos-
síveis danos.
2. Este anexo pode receber a alimentação de No caso desta prática, ambas as tomadas foram
energia elétrica (L1, L2(N) e aterramento) conectadas na tensão de 220V , no entanto, a
de duas formas distintas, sendo: direta- diferenciação de tomadas nas cores branca e
mente do quadro de comando ou a partir vermelha são utilizadas quando, em um mesmo
do Barramento de distribuição monta- ambiente, é necessário ter tensões distintas,
do no experimento de montagem de um como, por exemplo, tomadas 127 V e tomadas
quadro de distribuição. Ambos fornecem 220V .
proteção aos usuários. No entanto, a ali- Fonte: OWNTEC (2020, p. 81).
mentação proveniente do barramento de
distribuição, montado no experimento de
montagem de um quadro de distribui- Procedimento prático tomadas
ção, remete ao procedimento comumente de uso específico (TUE)
adotado em residências. Desta forma, os
passos seguintes serão descritos com ali- A seguir, estão descritos alguns passos a serem
mentação proveniente do Barramento de seguidos, para que você possa desenvolver as
distribuição. atividades práticas referentes a tomadas de uso
2
3. Conecte um cabo de 4 mm de um dos específico.
bornes tomadas da esquerda do Barra- 1. Garanta que todas as energias da bancada
mento de distribuição ao borne superior estejam sem alimentação, bloqueando a
esquerdo “L1” do “Tomadas TUG”. possibilidade de reenergização, e realize o
2
4. Conecte um cabo de 4 mm do borne teste de tensão nos terminais de saída em
direito “L2(N) Geral” do Barramento de que a prática será realizada por meio de um
distribuição ao borne superior direito detector de tensão certificado. Realize uma
“L2(N)” do “Tomadas TUG”. análise visual nos cabos que serão utiliza-
2
5. Conecte um cabo de 4 mm do borne dos para a prática, verificando a ausência
aterramento do módulo quadro de dis- de fiação exposta e demais possíveis danos.
tribuição ao borne superior central “ater- 2. Esta prática pode receber a alimentação de
ramento” do “Tomadas TUG”. energia elétrica (L1, L2(N) e aterramento)
6. Garanta que não haja nenhum cabo plu- de duas formas distintas, sendo: diretamen-
gado com folga ou solto. te do quadro de comando ou a partir do

UNIDADE 8 181
Barramento de distribuição montado no Qual é o resultado?
experimento de quadros de distribuição.
Ambos fornecem proteção aos usuários. A atividade desenvolvida permite reconhecer
No entanto, a alimentação proveniente do e classificar os principais tipos de tomadas elé-
Barramento de distribuição, montado no tricas. Tomadas elétricas são resumidamente
experimento de quadros de distribuição, pontos de conexão que fornecem a eletricidade
remete ao procedimento comumente ado- para plugues/aparelhos conectados a ela. Os
tado em residências. Desta forma, os passos tipos mais comuns são utilizados em circuitos
seguintes serão descritos com alimentação monofásicos ou bifásicos que não possuem
proveniente do Barramento de distribuição. aterramento e são constituídos por dois ter-
2
3. Conecte um cabo de 4 mm de um dos minais. Os plugues de três terminais passaram
bornes tomadas da esquerda do Barramen- a ser utilizados em aparelhos que necessitam
to de distribuição ao borne inferior esquer- de aterramento, como ar-condicionado, refri-
do “L1” da tomada 20 A . geradores e computadores, por exemplo. No
2
4. Conecte um cabo de 4 mm do borne di- caso em que há disponibilidade de duas tensões
reito “L2(N) Geral” do Barramento de dis- distintas (127 V e 220 V ) em um mesmo am-
tribuição ao borne inferior direito “L2(N)” biente, a diferenciação comumente é feita por
da tomada 20 A . meio da instalação de tomadas de cores distin-
2
5. Conecte um cabo de 4 mm do borne ater- tas, como no caso deste experimento, branca e
ramento do módulo quadro de distribuição vermelha.
ao borne inferior central “aterramento” da Tomadas do tipo TUG (tomadas de uso
tomada 20 A . geral) possuem característica de uso em equi-
6. Garanta que não haja nenhum cabo pluga- pamentos cuja corrente máxima se limita a
do com folga ou solto. 10 A , por exemplo, a maioria dos eletrodo-
7. Conecte algum equipamento elétrico mésticos residenciais (liquidificador, geladeira,
127/220 V de acordo com a montagem, ventilador, ferro elétrico etc).
na tomada, como motor de portão elétrico, Tomadas do tipo TUE (tomadas de uso es-
para validar a atividade. pecífico) possuem característica de uso para
8. Energize a bancada. equipamentos cuja corrente fica acima dos
10 A e abaixo dos 20 A , por exemplo, ar-con-
dicionado, motor de portão elétrico, forno elé-
trico, micro-ondas etc.
Neste tópico, aprendemos um pouco com
No caso desta prática, para a validação da ativi- funciona uma instalação elétrica na prática,
dade, será difícil a utilização de um equipamento/ nele tivemos a oportunidade de executar os ex-
eletrodoméstico com a corrente maior que 20 A, perimentos na bancada didática e compreender
sendo possível para validação a utilização de um como funcionam as conexões entre circuitos e
equipamento simples. alimentação elétrica, assim como os dispositi-
vos de proteção da instalação.

182 Princípios de Instalações Elétricas


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A energia elétrica é considerada um item de necessidade básica atualmente, a insta-


lação elétrica é o meio pelo qual um equipamento recebe energia elétrica para o seu
funcionamento. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre instalações elétricas,
é correto o que se afirma em:
a) Uma instalação elétrica é composta de pontos de iluminação, tomadas de uso geral e
tomadas de uso específico somente.
b) O número de tomadas de uso geral em um cômodo é limitado a uma tomada a cada
2,25 m2 .
c) Segundo a NBR 5410, é permitido somente um ponto de tomada de uso específico
por cômodo em uma residência.
d) A potência destinada a um ponto de luz deve ser a potência da lâmpada que será
utilizada no local.
e) Um quadro de distribuição elétrico abriga equipamentos de seccionamento de circuitos
e de proteção dos circuitos e dos usuários.

2. O quadro de distribuição é onde ficam localizados os equipamentos de proteção da


instalação elétrica e dos usuários. Com base nos conhecimentos a respeito de quadros
de distribuição e seus componentes, julgue as afirmações a seguir.
I) O disjuntor é um equipamento de proteção que tem por finalidade proteger o usuário
da instalação elétrica.
II) O Dispositivo de proteção contra surtos (DPS) tem por finalidade proteger os circuitos
do quadro contra sobretensões.
III) O interruptor diferencial é o único dispositivo do quadro destinado à proteção contra
choques elétricos.
IV) De acordo com a norma, em um quadro elétrico não é obrigatório o uso de um
interruptor/disjuntor residual (DR) e dispositivo de proteção contra surtos (DPS).

183
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. Uma instalação elétrica é o meio pelo qual os equipamentos recebem energia


elétrica em uma residência. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre
instalações elétricas, julgue as seguintes afirmativas e assinale Verdadeiro (V)
ou Falso (F).
( ) O dimensionamento de um condutor elétrico leva em consideração somente
a corrente que será transportada.
( ) Um quadro de distribuição elétrica deve ser localizado em um local de fácil
acesso.
( ) Os circuitos de uma instalação elétrica podem ser divididos em quantos forem
necessário.

Assinale a alternativa correta.


a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.

184
LIVRO

Instalações elétricas prediais


Autor: Geraldo Cavalin e Severino Cervelin
Editora: Érica
Sinopse: o livro de instalações elétricas prediais, de Geraldo Cavalin e Severino
Cervelin, é um dos mais completos que existe; nele são contemplados todos
os itens referentes a instalações elétricas prediais juntamente com explicações
detalhadas sobre como executar uma instalação elétrica.

185
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão. Rio
de Janeiro: ABNT, 2008.

CAVALIN, G.; CERVELIN, S. Instalações elétricas prediais. São Paulo: Érica, 2005.

MTE. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade.


MTE, 2016.

OWNTEC. LME 01 – Estudo de instalações elétricas: Manual de instruções Bancada de Instalações Elétricas.
Santa Cruz do Sul, 2020.

186
1. E.

2. B.

3. D.

187
188
Prof. Me. Igor Rossi Fermo
Prof. Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki
Prof. Me. Luiz Carlos Campana Sperandio

Princípios de Acionamentos
Elétricos Industriais

PLANO DE ESTUDOS

Partida Partida
direta compensadora

Características da partida Partida


de motores elétricos estrela-triângulo

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Analisar características de tensão, corrente e velocidade • Estudar a aplicação da partida estrela-triângulo e suas
na partida de motores elétricos. características.
• Entender como é realizada a partida direta de um motor • Compreender o funcionamento da partida compensadora.
trifásico.
Características da
Partida de Motores Elétricos

Olá, aluno(a)! Chegamos na reta final de nosso


estudo sobre Eletricidade Básica. Na unidade
anterior, você estudou a respeito das Instalações
Elétricas com foco na aplicação residencial. Em
se tratando da aplicação industrial, muitos dos
princípios são essencialmente os mesmos, dadas
as devidas proporções. Vamos aqui focar em um
equipamento que está presente em todas as indús-
trias e suas características são distintas do que se
vê em um ambiente residencial. Estamos falando
do motor elétrico trifásico.
Segundo Franchi (2018), um dos momentos
mais críticos é a partida de motores elétricos. Para
romper o estado de inércia e entrar em operação,
a partida de um motor requer uma corrente elé-
trica de seis a oito vezes mais elevada que a cor-
rente nominal do motor. A esse comportamento
da corrente de partida damos o nome de pico de
corrente. Assim, esse pico de corrente depende das
condições de partida do motor, principalmente
da carga aplicada em seu eixo. A Figura 1 traz um
gráfico relacionando a corrente de partida com a
velocidade angular do motor.
I partida I partida

I rb
V1 = V

In V2 = 0.6V

N
Nn Ns N
Figura 1 - Relação entre corrente de partida e velocidade Figura 2 - Comparativo entre curvas I partida x N com 100%
do motor e 60% da tensão nominal
Fonte: adaptada de Franchi (2018). Fonte: adaptada de Franchi (2018).

Perceba que, no momento da partida do motor, Essa aplicação de menor tensão elétrica na parti-
a corrente de partida, I partida é máxima e equi- da de motores elétricos configura uma excelente
valente à corrente com o rotor bloqueado, Irb , e forma de realizar a partida em situações que não
isso ocorre porque nesse instante a velocidade do suportem um pico de corrente tão elevado. Essa
motor, N , é nula. Conforme o motor vai ganhando técnica é empregada na partida estrela-triângulo e
velocidade, a corrente vai diminuindo. Quando na partida compensadora, enquanto que a partida
atinge a velocidade nominal do motor, N n , a cor- direta é realizada sem redução na tensão, com pico
rente atinge seu valor nominal, In . de corrente máximo.
Em inúmeras aplicações faz-se necessário redu- Neste tópico, você compreendeu que a partida
zir a corrente de partida, visto que uma corrente elétrica de um motor é o momento mais críti-
elevada pode ativar os dispositivos de proteção co em sua operação, demandando uma corrente
e até sobrecarregar a rede elétrica da instalação. de partida com pico até oito vezes maior que a
Segundo Mamede Filho (2017), uma corrente de corrente nominal do motor. Também viu que, se
partida mais amena traz algumas vantagens, como: aplicada uma tensão de partida menor que a no-
• Maior vida útil ao motor e demais disposi- minal, há uma redução na corrente de partida. A
tivos do circuito. seguir, vamos conhecer primeiro como é feita a
• Maior segurança às equipes de operação e partida direta.
manutenção.
• Redução nos custos de operação.

Como já sabemos, a corrente é função da tensão


aplicada, e isso não é diferente quando falamos
de motores elétricos. A Figura 2 mostra o mesmo A decisão entre qual método de partida é mais
gráfico da Figura 1, mas agora com duas curvas: a adequado em uma determinada aplicação re-
curva 1 (superior) é resultado da aplicação de 100% quer análise da capacidade da instalação, carga
da tensão nominal; a curva 2 (inferior) é resultado a ser considerada e capacidade da rede de ali-
da aplicação de 60% da tensão nominal. Note que mentação.
o comportamento é o mesmo, porém a curva 2 Fonte: Mamede Filho (2017, p. 282).
apresenta valores de corrente significativamente
inferiores aos da curva 1.
UNIDADE 9 191
Partida
Direta

A partida direta de um motor elétrico trifásico é


o método mais simples de acionamento, em que
são empregados, normalmente, apenas fusíveis,
contatores, relés térmicos e botões de impulso.
Quando acionado, as três fases são ligadas dire-
tamente ao motor, ocorrendo o pico máximo de
corrente elétrica.

A partida direta de um motor só pode ser reali-


zada se forem satisfeitas as seguintes condições:
• A corrente nominal da rede é alta o suficiente
para que a corrente de partida seja irrelevante.
• O motor é de baixa potência (até 5 cv), apresen-
tando corrente de partida pouco significativa.
• A máquina a ser movimentada não requer acio-
namento lento e progressivo.
• A partida do motor é feita a vazio (sem carga),
de forma que atinja rapidamente a velocidade
nominal.
Fonte: adaptado de Mamede Filho (2017).

192 Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais


L
Como já vimos anteriormente, ao realizar a par- L1 L2 L3
95
tida direta de um motor trifásico, a corrente de FT1
96 F1’ F2’ F3
partida é máxima no instante inicial (em que a
S0
velocidade é nula), e reduz progressivamente con-
forme o motor ganha velocidade, até que atinja 13 K1 K1 K1
S1
velocidade e corrente nominais de operação. Esse K1
14 FT1
comportamento é evidenciado na Figura 3.
I/I n H1
6
K1 M
~3
N
Figura 4 - Diagrama de comando (à esquerda) e diagrama
5 de força (à direita) da partida direta
Fonte: Franchi (2018, p. 179).

Vamos começar a análise pelo diagrama de for-


4
ça. De acordo com Franchi (2018), as três fases
( L1 , L2 , L3 ) são conectadas a um fusível cada
3 uma ( F1 , F2 , F3 ), que então são conectados ao
contator ( K 1 ). Na saída do contator está acopla-
do o relé térmico ( FT1 ), que então conecta-se ao
2 motor, concluindo o circuito de força. Ao fechar
o contator, há a partida do motor.
Agora vamos analisar o diagrama de comando.
1
Segundo Franchi (2018), a fase ( L ) é conectada a
um fusível, que então é ligado ao contato do relé
0 N/Ns térmico ( 95/96-FT1 ). A seguir, o circuito passa
0 0.25 0.5 0.75 1 por um botão de impulso ( S0 ), do tipo “normal-
mente fechado”, responsável por desligar o motor.
Figura 3 - Relação entre corrente e velocidade na partida direta
Fonte: adaptada de Franchi (2018). Na sequência, temos dois caminhos paralelos: no
primeiro há o botão de impulso ( S1 ), do tipo “nor-
malmente aberto”, responsável por ligar o motor,
Diagramas de ligação da energizando a bobina do contator ( K 1 ) que vem
partida direta logo abaixo, fazendo com que o contator feche; no
segundo caminho há o contato de selo do contator
A Figura 4 nos apresenta o diagrama de comando ( 13/14-K 1 ), que mantém o contator fechado após
e o diagrama de força em uma partida direta de um o operador soltar o botão de ligar e, por fim, a lâm-
motor trifásico, trazendo todos os dispositivos em- pada ( H1 ), que sinaliza o fechamento do contator.
pregados. Note que, apesar dos dispositivos serem Como você pôde ver, o acionamento de um mo-
os mesmos, o circuito de comando é independente tor por partida direta é simples e até assemelha-se
do circuito de força, de forma que a corrente de ao acionamento de uma lâmpada em nossas casas,
alimentação do motor não passa pelo circuito de salvo as devidas proporções. Vamos agora estudar a
comando, garantindo segurança ao operador. partida estrela-triângulo, também muito difundida.

UNIDADE 9 193
Partida
Estrela-Triângulo

Quando uma das condições para aplicação da


partida direta não é satisfeita, então faz-se ne-
cessário adotar um tipo de acionamento que
proporcione menor corrente de partida. Como
vimos, uma forma de se fazer isso é reduzindo a
tensão aplicada no motor no momento da par-
tida. Esse é o princípio explorado pela partida
estrela-triângulo.

Para ser possível realizar a partida estrela-triân-


gulo, é necessário que o motor elétrico tenha
seis terminais acessíveis e seja de dupla tensão
nominal (220/380 V, 380/660 V). Somente esses
nos permitem fazer a ligação de suas bobinas no
modo estrela (tensão menor) e no modo triân-
gulo (tensão maior).
Fonte: Mamede Filho (2017, p. 282).

194 Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais


I/I n
Segundo Franchi (2018), funciona da seguinte 6
forma: o motor parte no modo estrela, em que
a tensão aplicada é 58% da tensão nominal ( 5
Vn / 3 ), e após a velocidade atingir entre 75% Partida direta
e 85% da velocidade nominal, é feita a comuta- 4

ção para o modo triângulo, em que é aplicada a


tensão nominal ( Vn ). Na prática, é estipulado o 3

tempo que leva para o motor atingir tal veloci- Partida


2 estrela-triângulo
dade, sendo assim aplicado um temporizador
para realizar a comutação da ligação estrela
1
para triângulo.
Essa menor tensão faz com que a corrente
0 N/Ns
de partida seja, aproximadamente, 1/3 da cor- 0 0.25 0.5 0.75 1
rente de partida direta, conforme apresentado Figura 5 - Relação entre corrente e velocidade na partida
na Figura 5. Como consequência, o conjugado estrela-triângulo, em comparação com a partida direta
(ou torque) de partida também é reduzido a Fonte: adaptada de Franchi (2018).
1/3 de seu valor nominal, o que configura a
partida estrela-triângulo quase que exclusiva Diagramas de ligação da
para partida de motores a vazio (sem carga). partida estrela-triângulo
Note que, ao comutar de estrela para triângulo,
há um pico de corrente, então se o momento da A Figura 6 apresenta o diagrama de comando e o
comutação não for definido adequadamente, diagrama de força em uma partida estrela-triân-
pode haver um elevado pico de corrente, per- gulo de um motor trifásico, trazendo todos os
dendo o benefício da partida estrela-triângulo. dispositivos empregados.
R
L1 L2 L3

F1,2,3 95 FT1
96
1
SH0
2
3 13 13 23 26 28 13
K1 K2 K3 H1 K1 K3 K1 KT1 K2
4 14 14 24 25 14
16 18 21
KT1 K3
FT1 15 22
21
K2
M 22
A1 A1 A1 A1 5
~3 K1 K2
KT1 H1
K3

A2 A2 A2 A2 6
S
Figura 6 - Diagrama de força (à esquerda) e diagrama de comando (à direita) da partida estrela-triângulo
Fonte: adaptada de Franchi (2018).

UNIDADE 9 195
Segundo Franchi (2018), ao Ainda de acordo com Franchi (2018), ao findar o tempo con-
pressionar o botão de impulso figurado no temporizador, seu contato 18-15 é aberto, abrindo
SH1 , é acionado o temporizador o contator K 3 . Após 100 ms, o contato 28-25 do temporizador
KT1 , que alimenta, por meio de se fecha, energizando a bobina do contator K 2 e a lâmpada H1 .
seu contato 18-15, a bobina do Ao fechar o contator K 2 , fecha-se o seu contato 13-14, forman-
contator K 3 . Ao fechar o con- do um selo que mantém energizado o próprio contator K 2 e
tator K 3 , fecha-se seu contato a lâmpada H1 . Como o contator K1 se manteve fechado por
13-14, energizando a bobina do conta de seu selo no contato 23-24, o motor passa a operar no
contator K1 . Ao fechar o con- modo triângulo. Para desligar o motor, basta pressionar o botão
tator K1 , fecha-se os seus con- de impulso SH 0 , desenergizando as bobinas do temporizador
tatos 13-14 e 23-24, formando e dos contatores K1 e K 2 .
um selo que mantém energizado Como você pôde perceber, a partida estrela-triângulo é mais
o temporizador e um selo que complexa que a partida direta, exigindo mais dispositivos de
mantém energizado o próprio comando. Ainda assim é altamente empregada nas indústrias,
contator K1 . Assim, inicia a par- visto que são comuns situações em que se faz necessário reduzir
tida do motor no modo estrela. o pico da corrente de partida.

196 Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais


Partida
Compensadora

Vamos, agora, para o último modo de partida que


estudaremos neste material, a partida compen-
sadora. Assim como a partida estrela-triângulo,
trata-se de um modo de partida em que a corrente
de partida é reduzida por meio da redução da
tensão aplicada.
Na partida compensadora, a redução da tensão
se dá com o uso de um autotransformador trifási-
co com derivações, ligado em série com as bobi-
nas do motor. Após concluída a partida, o motor
recebe a tensão nominal e o autotransformador
é desconectado. Segundo Mamede Filho (2017),
os autotransformadores mais comuns utilizados
em partida compensadora apresentam derivações
de 65% e 80%. Este tipo de partida é utilizada em
motores de grande potência, operando com cargas
de grande atrito, como máquinas acionadas por
correias transportadoras.

UNIDADE 9 197
De acordo com Franchi (2018), a partida compensadora é executada em três etapas:
1. O autotransformador é ligado em estrela, então o motor é conectado à rede por intermédio
do autotransformador. Assim, a partida ocorre com tensão reduzida por conta da relação de
transformação, escolhida por meio da derivação.
2. Quando atinge a velocidade de equilíbrio no final do primeiro período, a ligação estrela do au-
totransformador é aberta.
3. Por fim, o motor é conectado diretamente à rede e o autotransformador desconectado do circuito.

A Figura 7 apresenta o com- I/I n


6
portamento da corrente de
partida ao acionar um motor
por meio de uma partida com- 5 Partida direta
pensadora. Note que a curva
é muito semelhante à curva
da partida estrela-triângu- 4
lo, o que já era de se esperar,
visto que ambas atuam com o
3 Partida compensadora
mesmo princípio: redução da
tensão na partida. Ao utilizar a
derivação de 65%, a tensão de 2
partida será 42% da tensão em
partida direta. Se for escolhi-
da a derivação de 80%, então a 1
tensão será 64% da tensão em
partida direta.
0 N/Ns
0 0.25 0.5 0.75 1

Figura 7 - Relação entre corrente e velocidade na partida compensadora, em


comparação com a partida direta
Fonte: adaptada de Franchi (2018).

Diagramas de ligação da partida compensadora

A Figura 8 apresenta o diagrama de comando e o diagrama de força em uma partida compensadora


de um motor trifásico, trazendo todos os dispositivos empregados.

198 Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais


R
1
F21
95 2
L1 L2 L3 FT1
98 96
X1
F1,2,3 T1
X2
1
SH0
2

3 13 13
H1
K1 K2 K3 4 K2 14 K1 14

13 21 43 21
15
KT1 K1 K2 K3 22
18 16 K3 14 22 44
100% 100% 100%
FT1 80% 80% 80% 31
K1
65% 65% 65% 32 5
A1 A1 A1 A1
0% 0% 0% H1
K3 K2 KT1 K1
M A2 A2 A2 A2 6
~3 S

Figura 8 - Diagrama de força (à esquerda) e diagrama de comando (à direita) da partida compensadora


Fonte: adaptada de Franchi (2018).

De acordo com Franchi (2018), ao pressionar o K1 e a lâmpada H1 . Ao acionar o contator K1 ,


botão de impulso SH1 , é acionada a bobina do seu contato 13-14 se fecha formando um selo que
contator K 3 , fechando o lado secundário do au- o mantém acionado, e o seu contato 21-22 se abre,
totransformador. Também é fechado o contato desenergizando o contator K 2 . A partir desse mo-
13-14 do contator K 3 , acionando a bobina do mento, o motor está conectado diretamente à rede.
contator K 2 , conectando o autotransformador à Para desligar o motor, basta pressionar o botão
rede. O contator K 2 se mantém energizado pelo de impulso SH 0 , desenergizando o contator K1 .
selo com seu próprio contato 13-14, e o contator Como você pôde perceber, a partida compen-
K 3 se mantém acionado pelo selo formado pelo sadora apresenta aplicação muito próxima da par-
seu contato 13-14 e pelo contato 13-14 do conta- tida estrela-triângulo. O uso do autotransforma-
tor K 2 . Além disso, o contato 43-44 do contator dor permite que motores de apenas três terminais
K 2 energiza o temporizador KT1 . Assim, inicia a acessíveis possam ser acionados por uma partida
partida do motor com a tensão reduzida. que opera com tensão reduzida.
Após findar o tempo configurado no tempo- De forma a fechar essas análises que fizemos
rizador, o contato 15-16 do temporizador se abre, desses três tipos de partidas de motores, confira,
desligando o contator K 3 e, com isso, fechando o no Quadro 1, as vantagens e desvantagens de cada
contato 21-22, energizando a bobina do contator partida.

UNIDADE 9 199
Quadro 1 - Comparativo entre vantagens e desvantagens dos modelos de partida estudados

VANTAGENS DESVANTAGENS
• Baixo custo, poucos dispositivos e • Ocasiona grande queda de tensão na rede.
fácil instalação. • Dispositivos de acionamento devem ser
• Conjugado (torque) de partida ele- superdimensionados devido à elevada cor-
Partida direta
vado. rente de partida.
• Partida rápida. • Limite da queda de tensão e potência do
motor impostos pelas concessionárias.
• Baixo custo, comparando à partida • Se a velocidade do motor não for de, ao
compensadora. menos, 90% de sua velocidade nominal no
• Pouco espaço ocupado no painel. instante da comutação, o pico de corrente
Partida será semelhante ao da partida direta.
• Sem limite de manobras.
estrela-triângulo • O motor deve apresentar dupla tensão no-
minal e, ao menos, seis terminais acessíveis.
• A tensão da rede deve ser igual à tensão
da ligação triângulo do motor.
• Ao comutar o motor do autotrans- • Há limitação de manobras.
formador para a rede, o motor não • Custo mais elevado devido ao autotrans-
é desligado, apresentando o se- formador.
gundo pico reduzido.
• Maior espaço ocupado e peso agregado ao
• É mais versátil, possibilitando es- painel devido ao autotransformador.
Partida colher a derivação mais adequada.
compensadora
• A tensão da rede pode ser igual à
tensão da ligação estrela ou triân-
gulo no motor.
• Requer apenas três terminais
acessíveis no motor.
Fonte: adaptado de Franchi (2018) e Mamede Filho (2017).

Além dessas partidas de motores que estudamos, máxima de partida. Estudamos a partida compen-
existem outras formas e equipamentos, por exem- sadora que, em essência, tem o mesmo objetivo da
plo as soft-starters e os inversores de frequência. partida estrela-triângulo, mas faz usa de um au-
Esses dispositivos são desenvolvidos e atuam com totransformador para reduzir a tensão de partida.
base na chamada Eletrônica de Potência. Como é Por fim, agregamos em um quadro as vantagens
um ramo tecnológico muito vasto, deixemos esse e desvantagens de cada uma desses três tipos de
assunto para uma outra conversa. partida de motores elétricos.
Nesta unidade, analisamos as relações entre
tensão, corrente e velocidade e como influenciam
na partida de motores elétricos, entendendo que
uma boa estratégia para reduzir o pico na corrente
Tenha sua dose extra de
de partida é reduzir a tensão de partida. Enten-
conhecimento assistindo ao
demos como é feita a partida direta, na qual há vídeo. Para acessar, use seu
a corrente de partida máxima. Vimos também leitor de QR Code.
como funciona a partida estrela-triângulo, a qual
utiliza tensão de partida reduzida, e a partida é
realizada com, aproximadamente, 1/3 da corrente

200 Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A partida estrela-triângulo é amplamente empregada no setor industrial, tendo


o objetivo de diminuir o pico de corrente na partida de motores elétricos. Com
base nos diagramas de comando e força apresentados, explique como funciona
a partida estrela-triângulo.

2. A partida compensadora é um modo de partida de motores elétricos trifásicos,


que tem por objetivo a redução do pico de corrente de partida. Com base nesse
modo de partida, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) Só é possível implementar em motores com seis terminais acessíveis.
( ) A comutação da ligação do autotransformador para a rede é feita manualmente
pelo operador.
( ) Ao fazer uso da derivação de 65%, a tensão de partida reduz 58%.

Assinale a alternativa correta.


a) V-V-V.
b) V-F-V.
c) F-V-V.
d) F-F-V.
e) F-F-F.

201
3. Motores elétricos estão presentes na grande maioria dos equipamentos in-
dustriais que necessitam realizar algum tipo de movimento em sua operação.
Com base nas formas de partida de motores elétricos estudados, assinale a
alternativa correta.
a) A partida direta pode ser realizada sempre que a instalação elétrica suportar
a corrente de partida.
b) Apesar da redução na corrente de partida, não há redução no conjugado (tor-
que) de partida no acionamento estrela-triângulo.
c) Na partida estrela-triângulo, a comutação deve ocorrer somente após a velo-
cidade do motor ultrapassar 90% de sua velocidade nominal, caso contrário
não há expressiva queda na corrente de partida.
d) Na partida compensadora, a tensão da rede deve ser igual à tensão da ligação
estrela do motor.
e) Na partida direta, a corrente de alimentação do motor passa pelo circuito de
comando, acionando diretamente o motor elétrico.

202
LIVRO

Instalações Elétricas Industriais


Autor: João Mamede Filho
Editora: LTC
Sinopse: em 2010, quando foi publicada a 8° edição de Instalações Elétricas
Industriais, já haviam sido mencionadas as ameaças de restrição de geração,
motivadas pelos ciclos hidrológicos incertos. Essa situação colocava em risco
o abastecimento de energia elétrica do Brasil, ainda traumatizado pelo racio-
namento ocorrido em 2002. Nesses últimos sete anos, o país tem vivenciado
periodicamente a mesma preocupação com a regularidade do fornecimento de
energia elétrica aos consumidores, notadamente os da classe industrial. Para
controle dos gastos, foram criadas as bandeiras verde, amarela e vermelha nas
contas de energia, em função dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas do
Sistema Interligado Nacional (SIN), influenciados pela baixa recarga das represas.
O sinal de alerta (representado pelas bandeiras amarela e vermelha) é acom-
panhado por uma majoração do valor pago pelo consumo de energia. Essas
incertezas continuam preocupando o consumidor industrial em relação à res-
trição de fornecimento regular de energia elétrica. A garantia desse suprimento
passa, normalmente, pela geração própria de energia nesses estabelecimentos,
porém associada a elevados investimentos. Assim, o autor teve o cuidado de
manter e atualizar o capítulo de Usinas de geração industrial. Por essas razões,
Instalações Elétricas Industriais continua sendo o mais referenciado livro para
estudantes e profissionais do setor, sempre com o que há de mais importante e
atual no cenário da energia elétrica no país. Único livro que contém a atualização
da norma NBR 5419/2015 – Proteção contra descargas atmosféricas.

203
FRANCHI, C. M. Electrical machine drives: fundamental basics and practice. Boca Raton: Taylor & Francis,
2018.

MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

204
1. Segundo Franchi (2018), ao pressionar o botão de impulso SH1 , é acionado o temporizador KT1 , que ali-
menta, por meio de seu contato 18-15, a bobina do contator K 3 . Ao fechar o contator K 3 , fecha-se seu
contato 13-14, energizando a bobina do contator K1 . Ao fechar o contator K1 , fecha-se os seus contatos
13-14 e 23-24, formando um selo que mantém energizado o temporizador e um selo que mantém energi-
zado o próprio contator K1 . Assim inicia a partida do motor no modo estrela.

Ainda de acordo com Franchi (2018), ao findar o tempo configurado no temporizador, seu contato 18-15
é aberto, abrindo o contator K 3 . Após 100 ms, o contato 28-25 do temporizador se fecha, energizando a
bobina do contator K 2 e a lâmpada H1 . Ao fechar o contator K 2 , fecha-se o seu contato 13-14, formando
um selo que mantém energizado o próprio contator K 2 e a lâmpada H1 . Como o contator K1 se mante-
ve fechado por conta de seu selo no contato 23-24, o motor passa a operar no modo triângulo. Para des-
ligar o motor, basta pressionar o botão de impulso SH 0 , desenergizando as bobinas do temporizador e
dos contatores K1 e K 2 .

2. E.

3. C.

205
206
CONCLUSÃO

Caro(a) estudante, chegamos ao fim de nosso estudo de Eletricidade Básica. De


forma a fechar esse aprendizado, vamos relembrar o que estudamos até aqui.
Na Unidade 1, definimos o que são cargas elétricas, entendemos o que é ten-
são elétrica (ou diferença de potencial), conceituamos o que é corrente elétrica
a partir da definição de carga elétrica, definimos o que é potência, energia e a
relação entre ambas, a fim de entender o consumo de energia elétrica.
Na Unidade 2, aprendemos sobre as leis de Ohm, que definem a resistência
elétrica e a proporcionalidade entre tensão e corrente elétrica. Apresentamos
as leis de Kirchhoff, que descrevem o comportamento de tensão e corrente em
um circuito. Por fim, estudamos sobre associação de resistores, como calcular
a resistência equivalente de um circuito e os circuitos divisores de tensão e de
corrente.
Na Unidade 3, aprendemos a aplicar a análise de malha e a análise nodal.
Conhecemos o passo a passo necessário para a aplicação destes métodos em
circuitos, que consistem na aplicação das leis de Kirchhoff e as particularidades
de cada método (análise de malhas com fontes de correntes e análise nodal
com fontes de tensão).
Conforme nosso objetivo inicial, na Unidade 4, aprendemos a realizar aná-
lises de circuitos complexos de maneira simplificada, com os teoremas de
Thévenin e Norton. Utilizando as propriedades existentes em circuitos lineares,
aprendemos a superposição, transformação de fontes e como extrair a máxima
transferência de potência em circuitos.
Na Unidade 5, aprendemos sobre a corrente alternada, a forma mais comum
de tensão utilizada no fornecimento de energia elétrica e também como se
comportam os elementos de circuito em tensão alternada. Apresentamos a
potência em corrente alternada e como calculá-la.
Chegando à Unidade 6, entendemos como é originada as formas de energia
em nosso planeta, conhecemos diversas formas de geração de energia elétrica
e seus princípios de funcionamento e, por fim, estudamos como é realizada a
transmissão e distribuição de energia elétrica aos diversos centros e unidades
consumidoras.
Na Unidade 7, aprendemos o princípio de funcionamento de motores
(máquinas rotativas) e de transformadores, e também alguns dispositivos de
acionamento e proteção para a instalação. Logo, sabemos identificar a função
destes dispositivos e as principais informações necessárias para a escolha destes.
Na Unidade 8, apresentamos uma breve introdução a instalações elétricas,
apresentando seus componentes e como dimensioná-los, além de atividades
práticas referentes a ligações comuns utilizadas em instalações elétricas resi-
denciais.
Concluindo nosso estudo em Eletricidade Básica, na Unidade 9, analisamos
as características de tensão, corrente e velocidade na partida de motores elétri-
cos. Entendemos como é realizada a partida direta, a partida estrela-triângulo
e a partida compensadora de um motor trifásico, analisando características,
vantagens, desvantagens e aplicações de cada método de partida.
Estudante, tenha certeza que tudo o que estudou aqui será de grande valia na
sua formação de Engenheiro(a). E como o estudo nunca é demais, aprofunde-se
no estudo da Eletricidade. Um grande abraço!

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