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DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis
Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Eletrônica Digital.
Emerson Charles Martins da Silva; Luiz Sperandio; Larissa Vilxenski
Calsavara.
Impresso por: CDD - 22 ed. 621.38 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-65-5615-166-3
Equipe Produção de Materiais
Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
Meu nome é Emerson Charles Martins da
Silva, passei a infância numa cidade bem
pequena, aproximadamente, na época,
uns 3 mil habitantes, e esta história se
inicia em meados da década de 80, apro-
ximadamente, em 1985 (com dez anos de
idade), eu já era um garoto muito curioso,
desmontava as coisas em casa, quando es-
tragadas, tentava consertar, às vezes, aca-
bava estragando coisas boas, mas a curio-
sidade era muito grande e, nessa época,
não existiam as informações disponíveis
de hoje, então, tinha que me contentar
com os livros da escola, muitas vezes, já
antigos e com poucas informações novas
para aquela época. Então, sentia que ne-
Aqui você pode cessitava de mais conhecimento.
conhecer um
pouco mais sobre Foi aí que, em 1988, com, aproximadamen-
mim, além das te, 12 anos de idade, vi um anúncio em
informações do
meu currículo. uma revista de um curso de eletrônica, rá-
dio e TV por correspondência. Meu pai me
presenteou com o curso, todo mês bus-
cava as apostilas na agência dos correios
e íamos estudando, logo, se tivéssemos
dúvida em relação ao material, tínhamos
que mandar uma carta lá para a sede do
curso e essa carta demorava, às vezes, 30,
60 dias para voltar com a resposta.
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
Saltando para minha adolescência, quando
ganhei um computador, foi mais um mun-
do de conhecimento que se apresentava a
mim. Mais uma vez, aprendi a usar, a es-
tragar, a desmontar e a consertar. Foi nes-
ta época (por volta de 2002), que tive meu
primeiro contato com a programação. Foi
utilizando uma plataforma de chat online
chamada mIRC, na qual os comandos para
configurar, acessar salas e iniciar bate-pa-
pos eram muito semelhantes a linhas de
código de programação. Então, eu descobri
que o código-fonte do script (nome dado ao
programa da plataforma mIRC) era aberto
Aqui você pode e totalmente editável. Gastei horas e horas
conhecer um abrindo e editando arquivo por arquivo,
pouco mais sobre criando, assim, um script personalizado.
mim, além das
informações do Mais adiante, ao concluir o Ensino Médio,
meu currículo. essas duas áreas de interesse (eletricidade
e computação) foram decisivas nas minhas
escolhas acadêmicas: automação industrial
Quem é Luiz Sperandio. e engenharia elétrica.
Como diz meu psicólogo, “para entender- Deixando o passado de lado, hoje, sou pro-
mos quem é, temos que conhecer quem fessor em cursos de engenharia e entusias-
era”. Um garoto inquieto, que gostava de ta quando o assunto é tecnologia. Adoro ler,
ler, entender as coisas, e fazer algo com conhecer e usar tecnologia em geral (TVs,
cada compreensão nova. Adorava Lego aparelhos de som, computadores, videoga-
e construir novos brinquedos a partir de mes, celulares, microcontroladores, auto-
outros quebrados (às vezes, de forma mação etc.). Sou bebedor assíduo de tereré
proposital, só para desmontar e usar as e kombucha, sendo, um dos meus hobbies
peças – que meus pais não leiam isto). Já atuais, a produção artesanal de kombucha.
nesta época, uma coisa me fascinava: a Outros hobbies são pilotar motocicleta, pe-
eletricidade. Era a maior diversão mexer dalar, cozinhar, afiar facas (experimente, é
com fios, pilhas, lâmpadas, interruptores, terapêutico, além de que ninguém merece
motores elétricos etc. De forma lúdica e cozinhar com facas sem fio) e jogar RPG. Um
empírica, acredito que aprendi muita coi- dia, aprenderei música e violão, mas ainda
sa sobre isso. não consegui paciência para isso.
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
em computadores, já que gamers preci-
sam de boas máquinas para rodar seus
jogos. Como sempre gostei muito de ficção
científica também, aos 17 anos, me mudei
para Florianópolis para cursar engenha-
ria de controle e automação na UFSC. Um
curso que tinha eletrônica, programação,
inteligência artificial e robótica na grade
curricular me pareceu ideal.
EU INDICO: enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a
discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
ELETRÔNICA DIGITAL
1 11 2 35
3 57 4 83
Circuitos
Simplificação de
Combinacionais na
circuitos lógicos
Prática
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
5 111 6 131
Circuitos aritméticos
somadores e Circuitos Sequenciais I
subtratores
7 151 8 173
Circuitos
Sequenciais II Contadores
9 197
Dispositivos Lógicos
Programáveis
PROVOCAÇÕES
INICIAIS
ELETRÔNICA DIGITAL
Você já teve a necessidade de ligar para o atendimento automático de algum banco para verificar serviços,
saldos, extratos ou outros assuntos?
Em caso positivo, já se perguntou como os sistemas de atendimento telefônico automático identificam
as teclas digitadas? Os sistemas de atendimento automático reconhecem as teclas digitadas por meio de
um conversor de frequência único e universal que representa cada tecla pressionada. Você pode fazer o
teste ligando para uma central de uma empresa de telefonia, por exemplo, o sistema pedirá para digitar
algumas teclas, em que poderá confirmar se a tecla digitada corresponde à tecla pedida pela gravação.
Após a experiência, note que, ao digitar alguma tecla, você ouve um som, este som é aquele que a central
identifica como o som único de cada tecla, basicamente, todos os equipamentos que utilizam essa técnica
trabalham com este decodificador.
A eletrônica digital, entre outras aplicações, faz a tradução da linguagem humana para a linguagem de
máquina, dessa forma, podemos nos comunicar com qualquer equipamento eletrônico digital.
O campo da engenharia estuda, em grande escala, o desenvolvimento de máquinas para as mais diversas
áreas, desde a indústria de eletrodomésticos até computadores, aviões, equipamentos médicos etc. O
engenheiro tem, como atribuição, desenvolver máquinas que desenvolvam funções análogas aos huma-
nos e, com isso, essas máquinas devem ter a capacidade de interagir com sistemas combinacionais e
sequenciais, relacionando a combinação de estado de sensores, temporização e contagem sincronizadas,
por exemplo.
Agora que sabemos um pouco da aplicação da eletrônica digital, você já se sente preparado(a) ou curio-
so(a) para seguirmos os estudos?
Antes de iniciarmos a imersão no mundo da Eletrônica Digital, você seria capaz de listar dez exemplos
de máquinas e equipamentos que você utiliza em casa e no trabalho que realizam tarefas automáticas
que dependem da combinação de eventos, por exemplo, o pressionar de um botão ou a temporização
para finalizar uma tarefa?
1 Sistemas de
Numeração
Me. Emerson Charles Martins da Silva
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Você já deve ter ouvido falar que as máquinas eletrônicas, os equipamentos digitais, entendem somente os
números 0 e 1, mas já se perguntou como eles fazem as operações com números decimais? Como eles fazem
a contagem de produtos passando, um a um, por uma linha de produção? Ou como a calculadora faz ope-
rações com 0 e uns? Como ela faz a operação com 0 e uns e nos mostra o resultado em números decimais?
Os sistemas eletrônicos digitais são desenvolvidos com circuitos ou blocos lógicos conversores de siste-
mas de numeração ou códigos. Um sistema de numeração é uma forma de representar números, dados ou
valores de forma consistente e que consigamos apresentar dados que representam valores únicos e possamos,
também, fazer operações com esses valores, tais como as operações matemáticas algébricas e lógicas. Dessa
forma, os circuitos digitais possuem a capacidade de fazer operações em diferentes sistemas de numeração.
Faremos um teste utilizando a internet. Em qualquer site de busca, digite: “calculadora de conversão
de bases”, serão mostrados alguns sites gratuitos para conversão de bases online. Em qualquer uma dessas
calculadoras, digite um número decimal qualquer e peça para a calculadora transformar em binário, depois,
em hexadecimal, depois, em octal. Serão mostrados números que representam a quantidade que você digitou
em decimal, mas agora, em um sistema de numeração diferente. Anote os resultados desses números, eles
serão úteis até o final dos estudos desta unidade.
Após esta experiência com a calculadora online, vimos que um dado pode ser representado em sistemas
diferentes, mas representa sempre o mesmo valor quantitativo. Em eletrônica digital, este recurso de conver-
são entre bases é utilizado devido às características do sistema e, muitas vezes, por causa da dificuldade que
os sistemas digitais têm de manipular dados que são corriqueiros para o mundo analógico dos humanos.
Assim, a escolha do tipo de tecnologia de um projeto digital passa, também, pelo tipo de dado que o sistema
manipulará.
Agora que sabemos um pouco onde podemos aplicar a eletrônica digital, você já se sente preparado(a)
ou curioso(a) para seguirmos nos estudos?
Conforme citado anteriormente, os circuitos digitais fazem, também, as operações entre sistemas de
numeração, dessa forma, precisamos, agora, conhecer os sistemas de numeração mais utilizados na área de
eletrônica digital e como fazer transformações de um sistema para o outro.
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UNIDADE 1
O sistema decimal, para nós, é muito familiar. Quando crianças, aprendemos a quantificar algumas
coisas, como mostrar nos dedos da mão a nossa idade, quantas balas ganhamos, tudo isso sem saber-
mos, ainda, ler e escrever, logo, o sistema decimal já nos é conhecido.
O sistema decimal é formado por dez números distintos, são eles: 0,1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Todos
os outros números são formados pela combinação desses dez, não existe nenhum outro número, no
sistema decimal, que não seja a combinação desses números apresentados. Dessa forma, em caso de
um número formado por mais de um desses, só precisamos saber o quanto cada um representa dentro
de um valor, ou seja, se for um número decimal formado pela combinação desses dez números, cada
número representará determinado grau de importância dentro desse valor. Cada número representa
uma parcela maior ou menor desse valor, assim, chamamos o sistema de numeração decimal de sis-
tema de base 10.
Vamos, agora, a um exemplo de como os números são formados na base 10, mas esse exemplo
representa a formação de um número para qualquer base.
O valor total é apresentado pela soma dos números (individuais), multiplicados pela (base elevada
à posição dele no número), sendo que a posição sempre começa com 0, da direita para a esquerda.
Vamos ao exemplo do número 35910 (lê-se 359 na base 10).
3x102+5x101+9x100
Leia-se:
3 x base 10 elevada à posição 2 + 5 x base 10 elevada à posição 1 + 9 x base 10
elevada à posição 0.
Então, temos: (3 x 100) + (5 x 10) + (9 x 1) = 300 + 50 + 9 = 359.
Dá para notar que o número 3 tem um significado maior no número 359, ou seja, ele, quando mul-
tiplicado pela base elevada à posição, representa 300, dizemos, então, que ele é o algarismo mais sig-
nificativo. O número 9 representa a menor parte do número 359, ele, quando multiplicado pela base
elevada à posição, representa somente o 9, dizemos, então, que ele é o algarismo menos significativo.
O sistema binário é o sistema mais utilizado para operações lógicas, é o sistema mais utilizado pelas
máquinas digitais.
O sistema binário é formado por apenas dois números distintos, são eles: 0 e 1. Todos os outros
números são formados pela combinação desses dois, não existe nenhum outro número, no sistema
binário, que não seja a combinação desses números apresentados. Dessa forma, em caso de um nú-
mero formado por mais de um desses, só precisamos saber o quanto cada número representa dentro
de um valor, ou seja, se for um número binário formado pela combinação desses dois números, cada
um representará determinado grau de importância dentro desse valor. Cada número representa uma
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UNICESUMAR
parcela maior ou menor desse valor, chamamos o sistema de numeração binário de sistema de base 2.
Vamos, agora, a um exemplo de como os números são formados na base 2.
O valor total é apresentado pela soma dos números (individuais) multiplicados pela (base elevada
à posição dele no número), sendo que a posição sempre começa com 0, da direita para a esquerda.
Vamos ao exemplo do número 1012 (lê-se 101 na base 2).
Então, temos: (1 x 4) + (0 x 2) + (1 x 1) = 4 + 0 + 1 = 510. V
Dá para notar que o número 1 da posição dois tem um significado maior no número 510, ou seja, ele,
quando multiplicado pela base elevada à posição, representa 4, dizemos, então, que ele é o algarismo mais
significativo. O número 1 da posição 0 representa a menor parte do número 510, ele, quando multiplicado
pela base elevada à posição, representa somente 1, dizemos, então, que ele é o algarismo menos significativo.
Essa formação do número binário, ou formação de qualquer base, já faz a transformação da base para um
número decimal, ou seja, o número 1012 na (base 2) representa o mesmo valor que o número 510 (base 10).
No sistema binário, cada dígito recebe o nome de bit (binary digit), o conjunto de 4 bits recebe
o nome de nibble, e o grupo de 8 bits recebe o nome de byte, termos que são utilizados, com
muita frequência, na área da informática.
Fonte: Capuano e Idoeta (2011).
O sistema octal, apesar de ser o menos utilizado, tem sua importância dentro dos sistemas digitais.
Ele é formado por oito números distintos, são eles: 0,1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Todos os outros números
são formados pela combinação desses oito, não existe nenhum outro número, no sistema octal, que
não seja a combinação desses apresentados. Dessa forma, em caso de um número formado por mais
de um desses, só precisamos saber o quanto cada número repre-
senta dentro de um valor, ou seja, se for um número octal formado
pela combinação desses oito, cada um representará determinado
grau de importância dentro desse valor. Cada número representa
uma parcela maior ou menor desse valor, chamamos o sistema de
numeração octal de sistema de base 8.
Quer ter mais informações sobre os assuntos que estamos estu-
dando? Preparei um podcast especial que vai te ajudar a entender
melhor sobre eletrônica digital, vamos lá?
Vamos, agora, a um exemplo de como os números são formados
na base 8, mas esse exemplo representa a formação de um número
para qualquer base.
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UNIDADE 1
O valor total é apresentado pela soma dos números (individuais), multiplicados pela (base elevada
à posição dele no número), sendo que a posição sempre começa com 0, da direita para a esquerda.
Vamos ao exemplo do número 1458 (lê-se 145 na base 8).
É possível notar que o número 1 tem um significado maior do número 10110, ou seja, ele, quando
multiplicado pela base elevada à posição, representa 64, dizemos, então, que ele é o algarismo mais sig-
nificativo. O número 5 representa a menor parte do número 10110, ele, quando multiplicado pela base
elevada à posição, representa somente o 5, dizemos, então, que ele é o algarismo menos significativo.
Por último, conheceremos o sistema hexadecimal. Este é formado por 16 caracteres distintos, em que
são utilizados números e letras para representar um valor, são eles: 0,1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F.
Todos os outros números hexadecimais são formados pela combinação desses 16 caracteres, não existe
nenhum outro número no sistema hexadecimal que não seja a combinação desses números e letras
apresentados. Dessa forma, em caso de um número formado por mais de um desses, só precisamos
saber o quanto cada número representa dentro de um valor, ou seja, se for um número hexadecimal
formado pela combinação desses 16 números/letras, cada número/letra representará determinado
grau de importância dentro desse valor. Cada número representa uma parcela maior ou menor desse
valor, chamamos o sistema de numeração hexadecimal de sistema de base 16.
Vamos, agora, a um exemplo de como os números são formados na base 16, mas esse exemplo
representa a formação de um número para qualquer base.
O valor total é apresentado pela soma dos números (individuais), multiplicados pela (base elevada
à posição dele no número), sendo que a posição sempre começa com 0, da direita para a esquerda.
Um detalhe diferente dos outros sistemas apresentados até agora, é que temos, no sistema hexade-
cimal, as letras que representam valores numéricos, conforme a tabela a seguir.
Tabela 1 - tabela de conversão decimal-hexadecimal
VALOR 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 A B C D E F
CORRESPONDÊNCIA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Fonte: o autor.
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UNICESUMAR
Dá para notar que o número 2 tem um significado maior do número 64910, ou seja, ele, quando mul-
tiplicado pela base elevada à posição, representa 512, dizemos, então, que ele é o algarismo mais signi-
ficativo. O número 9 representa a menor parte do número 64910, ele, quando multiplicado pela base
elevada à posição, representa somente o 9, dizemos, então, que ele é o algarismo menos significativo.
Utilizando um número com letras.
Vamos ao exemplo do número A2F16 (lê-se A2F na base 16).
Agora, temos um número formado, também, por letras A2F16, em que, consultando a tabela, temos
que A = 10 e F=15. Para fazermos o cálculo, devemos substituir essas letras pelos valores numéricos
correspondentes da Tabela 1.
Dessa forma, temos: (A x 256) + (2 x 16) + (F x 1) = (10 x 256) + (2 x 16) + (15 x 1) = 260710.
As informações de algarismo menos significativo e mais significativo são iguais aos outros sistemas
de numeração já apresentados.
Vimos, até o momento, que, para transformar um número de uma base qualquer para a base 10, faz-se
o somatório dos algarismos multiplicados pela base elevada posição.
Veremos, agora, para transformar um número de base 10 para qualquer uma das outras bases,
sendo elas binário, octal ou hexadecimal.
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
TRANSFORMAÇÃO DE UM NÚ-
Efetuamos, então, sucessivas divisões do número MERO DE BASE 2 PARA BASE 8
675 por 16 (base requerida), utilizando sempre
divisões inteiras até o ponto onde não se consegue A transformação do número da base 2 (número
mais dividir e ter, como resultado, um número binário) para a base 8 (octal) consiste em separar o
inteiro. Em vermelho, estão os valores dos restos número binário em grupos de três bits, da direita
das divisões que devem ser sempre menores do para a esquerda, e cada número desse será repre-
que o divisor. sentado por um número octal. Como é separado
Neste caso, devemos substituir por letras os em números de três bits, esse número pode variar
números entre 10 e 15 que possam aparecer, por entre 000 e 111, ou seja, de 0 a 7, que são todas
ser um sistema hexadecimal, dessa forma, temos as possibilidades de combinações da base octal.
que o número 67510 = 2A316. Vamos a um exemplo de transformação de um
número da base 2 para base 8.
01110111101011012 para base 8:
TRANSFORMAÇÃO DE UM NÚ-
MERO DE BASE 8 PARA BASE 2
(000)(111)(011)(010) (101)(101)
A transformação de um número da base 8 (base
octal) para base 2 (base binária) consiste em sepa- 0 7 3 6 5 5
rar os algarismos da base 8 e representar, cada um
deles, em números binários de três bits da direita Veja que, para dividir, sempre em grupos de três,
para esquerda, ou seja, esses números de três bits foram acrescentados mais dois zeros à esquerda,
podem variar entre 0002 e 1112, que seriam nú- dessa forma, temos:
meros de 0 até 7. 01110111101011012 = 7366558.
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UNIDADE 1
TRANSFORMAÇÃO DE UM NÚMERO
DE BASE 16 PARA BASE 2
4 A 5 8
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UNICESUMAR
bit de transporte bt
a desenvolver os circuitos digitais que realizam 11
essas operações. Dentre elas, estão as operações +
de adição, subtração, divisão e multiplicação, cuja 1
operação de divisão é a mais complexa de ser rea- 10
lizada por um circuito digital.
Dentro da operação de adição, a única combina-
OPERAÇÃO DE ADIÇÃO NO ção que teremos que analisar com mais cuidado
SISTEMA BINÁRIO é a soma de 1 + 1, se fossem números decimais,
teríamos, como resultado, o número 2, na operação
Como citamos anteriormente, os circuitos digitais com números binários, esse resultado tem de ser
fazem as operações lógicas e aritméticas, na maioria o mesmo, mas, para representar o número dois
dos casos, no sistema binário, dessa forma, nesse pri- em binário, necessitamos de dois dígitos. Assim,
meiro caso, aprenderemos a operação de adição com na operação 1 + 1, o resultado é 0 e vai um bit de
todas as possíveis combinações para o sistema biná- transporte (bt) para ser somado na próxima coluna
rio, que são elas: (0+0), (0+1), (1+0) e (1+1), onde: da esquerda. Como, para este exemplo, não temos
+0
número na próxima coluna, o mesmo “desce” para
o valor do resultado, conforme a solução. Temos,
0
então, como resultado da soma 1 + 1, o número
0 102, que representa o número 2 em decimal.
Vemos que, na soma 0 + 0, temos, como resultado, Vamos a um exemplo de soma de números de
um número 0, ou seja, um resultado com apenas mais de um bit:
um bit, dessa forma, não temos necessidade de 11012+10002
transportar nenhum valor para a próxima coluna.
11 101
+0 + 1 000
1
1 10 101
Vemos, também, que, na soma 0 + 1, temos, como Verificamos que surgiu um bt somente a partir da
resultado, um número 1, ou seja, um resultado coluna quatro (direita para esquerda), dessa forma,
com apenas um bit, dessa forma, não temos ne- temos, como resultado, 101012, que pode ser com-
cessidade de transportar nenhum valor para a provado se transformarmos em decimal, assim, te-
próxima coluna. mos soma 1101 (1310) + 1000(810) = 10101 (2110).
20
UNIDADE 1
A operação de subtração no sistema binário segue os mesmos princípios da matemática básica com
algumas observações que temos para os sistemas digitais, para que eles consigam efetuar uma opera-
ção de subtração. Para nós, humanos, é muito simples ver que uma operação resultou em um valor
negativo, mas, para um sistema digital, isso é uma tarefa um pouco mais trabalhosa.
Em uma operação de subtração efetuada por um sistema digital, a primeira operação é verificar se
o subtraendo é maior que o minuendo, por um circuito comparador. Se o subtraendo for maior que
o minuendo, essa operação resultará em um valor negativo, e o sistema digital necessita fazer, neste
caso, uma representação desse número negativo para que o sistema possa entender e realizar as ope-
rações. Uma das técnicas que temos para representar um número negativo é o complemento de dois,
ou seja, quando detectado, pelo circuito comparador, que o resultado é negativo, o circuito necessita
fazer uma conversão, o complemento de dois é umas das maneiras de representar um valor negativo.
Outras serão adicionadas mais à frente, tais como os circuitos digitais que executam as tarefas de
operações algébricas.
Na operação de subtração no sistema binário, temos, então, as quatro possibilidades, são elas:
-0 -1 -1 -0
0 0 1 1 1
0 1 0 1 1
Vemos que, na subtra- Vemos, também, que, Da mesma forma, na Dentro da operação de
ção 0 - 0, temos, como na subtração 1 - 0, subtração 1 - 1, temos, subtração, a única
resultado, número 0, ou temos, como resultado, como resultado, o combinação que
seja, um resultado com um número 1, ou seja, número 0, também um teremos que analisar,
apenas um bit, dessa um resultado com resultado com apenas com mais cuidado, é a
forma, não temos apenas um bit, dessa um bit, dessa forma, subtração de 0 - 1. A
necessidade de forma, não temos não temos necessidade operação 0 - 1 resulta
transportar nenhum necessidade de de transportar nenhum em 1 e temos um bit 1
valor para a próxima transportar nenhum valor para a próxima de transporte, que vai
coluna. valor para a próxima coluna. para a próxima coluna
coluna. da direita para esquerda,
mas, na posição abaixo
da linha do minuendo,
demonstraremos isso
com mais clareza na
subtração de números
de mais de um bit.
Sabemos que, em uma operação com números decimais qua (1 – 0) = -1, mas pode-se observar que, na
subtração representada aqui, aparece o valor 11, que, em binário, representa o número 3, dessa forma,
teremos que representar essa valor em complemento de 1, quando necessário.
21
UNICESUMAR
11002-10012. 3 2 1 0
1 0 0 1 minuendo
3
colunas
2 1 0
-1 1 1
1 1 1 1 subtraendo
1 1 0 0 minuendo
1 1 0 1 0 resultado principal
- 1 1
1 0 0 1 subtraendo
Explicando o procedimento, temos:
0 0 1 1 resultado principal • Na coluna 0, temos: 1 (minuendo) - 1
(subtraendo), resultando em 0 no resul-
Explicando, então, a operação, começando da pri- tado principal da coluna 0, sem bt para a
meira coluna da direita para esquerda, chamare- próxima coluna.
mos de coluna 0: • Na coluna 1, temos: 0 (minuendo) - 1 (sub-
• Temos, na coluna 0, 0 (minuendo) - 1 (sub- traendo), resultando em 1 no resultado
traendo), que resulta em 1 (no resultado principal da coluna 1 e com 1 de trans-
principal) e transporta 1 para a coluna 1 na porte para coluna 2, entre o minuendo e
posição entre o minuendo e o subtraendo. o subtraendo.
• Próxima operação: na coluna 1, temos 0 • Na coluna 2, temos: 0 (minuendo) - 1 (bt
(do minuendo) - 1 (bit de transporte da da operação anterior), resultando em 1 e já
operação anterior), que resulta, então, em transportando bt para coluna 3, daí temos
1, e transporta 1 para coluna 2, dessa for- 1 (resultado dessa operação - 1 (subtraen-
ma, esse resultado 1 subtrai o 0 (subtraen- do coluna 2), resultando em 0 no resultado
do coluna 1), resultando em 1 no resultado principal da coluna 2.
principal da coluna 1. • Na coluna 3, temos 1 (minuendo) - 1 (bt
• Agora, na coluna 2, temos 1 (do minuen- que veio da operação anterior) = 0, esse 0,
do) - 1 (bit de transporte anterior) que re- então, subtrai 1 do subtraendo da terceira
sulta em 0, assim, fazemos esse 0 - 0 (do coluna que dá no resultado principal 1 (ter-
subtraendo coluna 2), resultando em 0 no ceira coluna) e envia um bt para a quarta
resultado principal da coluna 2. coluna, como nela não tem nenhum valor,
• Por último, na terceira coluna, temos 1 (do “desce” o 1 para o resultado principal da
minuendo) - 1 (do subtraendo) resultando coluna 4.
em 0 no resultado principal coluna 2.
Dessa forma, temos que 10012 - 11112 = 110102,
Logo, então, temos que 11002 - 10012 = 00112, se transformarmos em decimal, temos 910 - 1510
se transformarmos em decimal, temos que 1210- = 2610, veja, então, em decimal, teríamos que
910=310. possuir o valor - 610 e não 2610, assim, agora,
Exemplo: b) operação com subtraendo maior aprenderemos a representar esse número 2610
que o minuendo, dessa forma, teremos um resul- em valor que representa, numericamente, o valor
tado negativo. verdadeiro negativo.
22
UNIDADE 1
23
UNICESUMAR
6. Os passos de 2 a 4 ou 5 deverão ser realizados quatro vezes para dividendo de quatro bits.
7. Após a última iteração, a metade esquerda do registrador do resto deve ser deslocada para a
direita, e a posição vazia da extrema esquerda preenchida com 0.
8. O quociente aparecerá na metade direita do registrador do resto.
9. O resto verdadeiro aparecerá em sua metade esquerda.
Dica rápida de como verificar se o resultado de uma subtração foi negativo: se o resultado da
subtração estourou, ou seja, se apareceu um bit 1 à esquerda, a mais que o valor do minuendo
ou subtraendo (o que for maior), então, a subtração resultou em valor negativo.
Neste caso, o resultado foi negativo, então, o di- os passos por mais duas vezes.
visor é somado de volta ao resto, restaurando seu
valor, ou seja, despreza a subtração realizada e dá Resto = 01010000
um shift para a esquerda e, novamente, no regis- Metade esquerda – Divisor
trador de resto, e a posição vazia é preenchida
com 0.
0 1 0 1
Resto = 00101000 1
0 0 1 1
Vamos repetir, mais três vezes, os passos 2 a 4 (ou 5).
Metade esquerda – Divisor.
0 0 1 0
Temos, agora, um resultado positivo, então, rea-
0 0 1 0
1 1 1 1 lizamos o passo 5.
0 0 1 1 O resultado da subtração é substituído na parte
esquerda do resto, então, desloca-se uma posição
1 1 1 1 1 à esquerda e acrescenta 1 na extrema direita:
Novamente, resultado negativo. Desloca o resto Substituindo, temos = 00100000
para esquerda e acrescenta 0 à direita, repetimos
24
UNIDADE 1
0 0 1 0 complemento de 1
+
0 0 0 1 soma uma unidade ao complemento de 1
0 0 0 1 complemento de 2
25
UNICESUMAR
1 1 0 1 0 número principal
1
0 0 1 0 1 complemento de 1
+
0 0 0 1 1 soma uma unidade ao complemento de 1
0 0 0 1 0 complemento de 2
Temos, agora, o resultado representado em complemento de 2, dessa forma, temos 001102, que equivale
a 610, ou seja, para um circuito digital é o valor -610, que confirma o valor correto da subtração 910-1510.
Você anotou os números e os resultados da experiência proposta no início desta unidade, aquela que
você fez conversões na calculadora online. Faça, agora, a transformação passo a passo dos números
inseridos para as bases requeridas, se os valores foram os mesmos, você entendeu, corretamente, como
a calculadora fez para mostrar os resultados.
26
O mapa, a seguir, mostra uma relação de entradas de dados à esquerda, em um
sistema digital ao centro, e algumas saídas de dados que podem ser obtidas de
operações aritméticas.
ATENDIMENTO
SISTEMA AUTOMÁTICO
DECIMAL TELEFÔNICO
SISTEMA PAINEL DE
BINÁRIO DISPLAYS
SISTEMAS
DIGITAIS
SISTEMA RELÓGIO E
OCTAL CALCULADORAS
SISTEMA DE
SISTEMA SENHA DE
HEXADECIMAL SEGURANÇA
MAPA MENTAL
Faça você, também, seu mapa mental, utilizando as mesmas entradas em um sis-
tema digital, mostrando mais possibilidades de saídas.
MA
MAL SISTEMA
DECIMAL
MA
SISTEMA
RIO
BINÁRIO
SISTEMASSISTEMAS
DIGITAIS DIGITAIS
MA SISTEMA
AL OCTAL
MA SISTEMA
CIMAL HEXADECIMAL
27
MAPA MENTAL
28
1. Sobre o sistema de base 10, que é o mais utilizado no cotidiano das pessoas, pode-se afirmar que:
a) É composto pelos números 0,1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
b) Pode ser representado, também, por letras.
c) As máquinas digitais não necessitam fazer nenhuma conversão desse sistema para outro, pois
já fazem operações com facilidade no sistema decimal, que aprendemos desde crianças.
d) Possui dez algarismos diferentes, de 0 a 9.
e) O valor total do número decimal é apresentado pela soma dos números (individuais), multipli-
cados pela base (elevada à posição dele no número), sendo que a posição sempre começa com
2. Sobre o sistema de base 2, também conhecido como binário, pode-se afirmar que:
a) Não é possível representar valores negativo nesse sistema.
b) Para transformar um número binário em decimal, basta fazer sucessivas divisões.
c) A transformação do número da base 2 (número binário) para a base 8 (octal) consiste em separar
o número binário em grupos de três bits da direita para esquerda.
d) Não são utilizados em equipamentos (máquinas) digitais.
e) Para representar um número binário negativo, uma das maneiras é utilizar a representação em
complemento de 2, então, basta somar o valor 2 ao número que se deseja representar.
3. Para acessar um local de segurança que possui uma porta com sistema de senha, a pessoa de-
verá digitar os números decimais 4,9,3 em sequência. Para que seja liberada a porta, o sistema
deverá entender quais números binários de quatro bits na sequência correta?
a) 10012,11012 e 00112.
b) 10012,10012 e 01012.
c) 01002,01112 e 00112.
d) 01002,10012 e 00112.
e) 01002, 10012, e 10112.
29
4. Quando digitamos valores para uma operação em uma calculadora, a mesma faz a conversão
dos números decimais digitados para números binários, faz a operação e fornece o resultado,
novamente, em números decimais. Se inserimos os números decimais 39 e 12, respectivamente,
qual seria o resultado da soma e da subtração desses números, respectivamente, na memória
da calculadora, ou seja, ainda na base 2?
a) 1000112 e 0111112.
b) 1100112 e 0110112.
c) 1100112 e 1110112.
d) 1100012 e 1110102.
AGORA É COM VOCÊ
e) 0110112 e 1100112.
30
1. D. O sistema de numeração decimal é formado por 10 algarismos diferentes, de 0 a 9, qualquer outro
número formado além desses é combinação dos mesmos.
2. C. A transformação do número da base 2 (número binário) para a base 8 (octal) consiste em separar o
número binário em grupos de três bits da direita para esquerda e representa-los com algarismos de 0 a 7.
3. D. O sistema terá de fazer conversão dos números decimais para números binários por meio de divisões
sucessivas por dois, conforme solução a seguir.
4. B. O sistema terá de fazer conversão dos números decimais para números binários por meio de divisões
sucessivas por 2, em seguida realizar a soma e a subtração dos números conforme solução a seguir.
31
CAPUANO, F. G.; IDOETA, I. V. Elementos de eletrônica digital. São Paulo: Érica, 2011.
32
33
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
34
2 Lógica
Combinacional
Me. Emerson Charles Martins da Silva
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Em nossas atividades diárias, tomamos decisões que, geralmente, são intuitivas e automáticas, e, também,
são em função de algum acontecimento ou de alguma informação que recebemos. Mas e as máquinas
digitais? Você sabe como elas tomam decisões? Como elas conseguem nos dar uma resposta em função
de uma informação?
Pois bem, o matemático George Boole (1815-1864) modelou e criou uma forma de representação do
comportamento dos sistemas digitais, dessa forma, seremos capazes de entender essas informações. Os
sistemas digitais estão em muitas situações do nosso dia a dia, como elevadores, prensas, cancelas de esta-
cionamento e em muitos outros sistemas que, muitas vezes, não paramos para pensar como funcionam.
Podemos, então, fazer um teste. Ao utilizar um elevador, você pode pressionar qualquer andar no teclado,
mas verá que o elevador só se movimentará se a porta estiver totalmente fechada e, caso esteja aberta ou
alguém ou algo obstruir o fechamento total, mesmo recebendo comando para se movimentar, o elevador não
deve se mover. É este tipo de análise que o sistema digital faz, ele verifica se todas as condições necessárias
foram atendidas, para este caso, a única condição que analisamos foi a porta fechada, o sistema verifica se
ela está fechada ou não e toma a decisão ou de se locomover ou se movimentar ou de ficar parado.
Para nós, humanos, é óbvio que o elevador só pode se movimentar com a porta fechada ou se estivermos
analisando a cancela de estacionamento, por exemplo, para nós, também é óbvio que a cancela só pode
fechar quando não há um carro embaixo dela. Em uma prensa de uma indústria, ela só deverá fechar se,
embaixo, não houver nada além da peça a ser prensada, mas o sistema digital tem de ser informado destas
condições, então, sensores são colocados ao longo das máquinas para informar se esta ou aquela condição
está ou não sendo atendida, dessa forma, sempre que desenvolvemos o sistema digital, precisamos dar todas
as informações que ele necessita para o correto funcionamento, mesmo que, para nós, sejam informações
intuitivas.
DIÁRIO DE BORDO
36
UNIDADE 2
Não podemos falar de sistemas digitais sem falar em lógica combinacional. Ela é uma ferramen-
ta que faz o processamento das informações de entrada de um sistema, levando em consideração so-
mente as combinações das mesmas, ou seja, não faz análise de tempo ou da sequência de como essas
combinações acontecem, ficando implícito, neste momento dos estudos, que todas as modificações
nas entradas acontecem ao mesmo tempo. Dessa forma, a saída pode ter seu valor alterado em fun-
ção, simplesmente, da combinação das entradas, por isso, damos o nome lógica combinacional.
Três elementos serão abordados, aqui, para o entendimento inicial de como descrever o comportamento
combinacional de um circuito, são eles: funções lógicas, portas lógicas e tabela verdade.
A função E ou AND transporta, para saída, o valor verdadeiro sempre que todas as entradas forem
verdadeiras. Considerando, neste momento, um valor verdadeiro como 1 e valor falso como 0, toda vez que
as entradas de uma função AND forem verdadeiras, a saída será verdadeira, basta que uma das entradas
seja falsa para que a saída também seja falsa. Teoricamente, podemos adotar uma lógica AND com infinitas
entradas, mas, na utilização prática, devemos nos atentar aos dispositivos disponíveis no mercado que têm
o número de portas e entradas limitadas para que sejam utilizadas em um projeto.
Para um primeiro exemplo, temos um bloco lógico AND com duas entradas A e B, e uma saída S,
conforme a Figura 1.
A
& S
B
S =� AxB (1)
que também pode ser escrito como a função 2:
S = A.B (2)
em ambos os casos das equações 1 e 2, lê-se: A and B ou também A e B.
As portas lógicas são os elementos que executam as funções lógicas. Temos três portas lógicas básicas
e, pela combinação delas, obtemos os circuitos combinacionais. Apresentaremos todas as possibilidades
de combinações das entradas e a resposta que teremos na saída em função do tipo de lógica que será
executada, internamente, ao circuito.
37
UNICESUMAR
A
S
B
Vimos, na Tabela 1, que basta que uma das entradas esteja em nível lógico 0 para que a saída tenha
valor 0, não importando o número de entradas existentes. Veja, na Figura 3, o exemplo de uma porta
lógica de três entradas, sua função lógica e sua tabela verdade.
S=A.B.C A B C S
0 0 0 0
0 0 1 0
A 0 1 0 0
B S 0 1 1 0
C 1 0 0 0
1 0 1 0
1 1 0 0
1 1 1 1
Uma lógica AND pode ser implementada em um sistema de acionamento de uma serra, por exemplo,
para garantir a segurança do operador, a serra (saída) só será acionada se dois botões (entradas) loca-
lizados separados e longe da serra, forem pressionados ao mesmo tempo, se acaso o operador tirar a
mão de um dos botões, a serra deverá parar.
A função OU ou OR transporta para a saída o valor verdadeiro, desde que, pelo menos, uma das
entradas seja verdadeira, considerando o valor verdadeiro 1 e o valor falso, 0. Para a função OU, a saída
só será falsa se todas as entradas forem falsas.
A função OU pode ser escrita como a função 3:
S � A B (3)
lê-se: A ou B ou também A or B.
38
UNIDADE 2
A
S Tabela 2 - Tabela verdade porta OU
B
A B S
0 0 0
Figura 4 - Porta lógica OU
0 1 1
Fonte: o autor.
1 0 1
Temos, então, todas as possibilidades de combinação de entradas 1 1 1
Fonte: o autor.
da porta lógica OU de duas entradas na Tabela 2.
Teoricamente, podemos adotar portas OU de infinitas entradas, mas, ao iniciar um projeto, devemos
nos atentar às limitações físicas dos componentes eletrônicos a serem utilizados no projeto. A Figura
S=A+B+C A B C S
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 1
A
B S 0 1 1 1
C 1 0 0 1
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1
5 nos mostra a tabela verdade e a porta lógica para a função lógica OU de três entradas.
Figura 5 - Tabela verdade, porta lógica e função OU
Fonte: o autor.
A função não, not ou inversora é a única que possui somente 1 entrada. Só temos duas possibilidades
de entrada, ou seja, se a entrada for 0, a saída será 1, se a entrada for 1, a saída será 0.
Se tivermos um bloco inversor com entrada A e saída S, a função que representa a lógica inversora
corresponde à função 4:
S =� A (4).
A barra em cima de uma variável, ou uma função, representa a inversão do valor, ou seja, a complemen-
tação. Se a variável é 1, ela barrada é 0, se a variável é 0, ela barrada é 1, se a função está toda barrada,
logo, o resultado final de toda função será complementado.
39
UNICESUMAR
A S
A A
S S
B B
Pela Figura 7, vemos que o resultado da saída da função AND é aplicado na entrada da porta inversora,
dessa forma, temos que a saída da porta inversora é o valor da saída da porta AND invertida, ou seja,
complementada, assim, temos a função NAND mostrada na função 5:
Tabela 4 - Tabela verdade função NAND
S = A.B (5) A B S
0 0 1
0 1 0
1 0 0
para este sistema, então temos que a Tabela 4 a 1 1 0
Fonte: o autor.
seguir:
Dá para verificar que é a tabela verdade da lógica AND, mas com todas saídas invertidas.
Se combinarmos, agora, uma porta lógica OU com uma porta lógica NOT, teremos o circuito
combinacional, ou porta lógica NÃO OU ou NOR ou também chamado de NOU.
40
UNIDADE 2
A porta lógica NOR apresenta, na saída, os valores da porta lógica OR invertidos. Podemos repre-
sentar a porta NOR pela função 6:
Tabela 5 - Tabela lógica NOR de duas entradas
S A B (6)
A B S
0 0 1
a Tabela 5 mostra todas as possíveis combinações 0 1 0
para a lógica NOR de duas entradas. 1 0 0
1 1 0
Fonte: o autor.
Verificando a Tabela 5, vemos que ela representa a tabela da lógica OR com todos os valores de saídas in-
vertidos.
A Figura 8 apresenta o bloco lógico NOR e, também, a porta utilizada para representação.
A A
S
B B
Figura 8 - Bloco lógico e porta lógica NOR exclusivo com mais de uma de duas variáveis, de-
Fonte: o autor.
ve-se utilizar circuitos de duas entradas em cascata.
O circuito combinacional ou exclusivo (XOR) A função lógica que representa o circuito XOR
faz parte de tipos de circuitos especiais que apare- é mostrada na função 7:
cem sempre nos sistemas digitais. É um circuito S AB AB (7)
combinacional que, por meio da combinação de mas a equação simplificada que mais utilizamos
duas portas AND, uma porta OU e duas portas em circuitos digitais é apresentada na função 8:
INVERSORAS que fornecem, para a saída, um S A B (8)
sinal verdadeiro (1), sempre que as entradas forem nos dois casos das funções 7 e 8, lê-se A ou ex-
diferentes em um sinal falso (0) e sempre que as clusivo B.
entradas forem iguais (TOCCI; WIDMER; MOSS, O circuito combinacional XOR é construído
2011). Este tipo de circuito lógico só existe com pela seguinte combinação de portas, conforme a
duas entradas, caso se queira fazer operação, ou Figura 9:
A B
41
UNICESUMAR
A
S
B
Outro circuito especial que encontramos bastante em sistemas digitais é o NOU exclusivo, também
conhecido como XNOR ou comumente chamado circuito coincidência. É um circuito também
combinacional formado por portas lógicas OU, AND e INVERSORA, que produz, na saída, um sinal
verdadeiro, sempre que as entradas forem iguais, e um sinal falso sempre que as entradas forem diferentes
(TOCCI; WIDMER; MOSS, 2011), dá para verificar que a tabela verdade desse circuito combinacional
é igual à tabela verdade no circuito XOR com os valores invertidos.
Temos, então, na Tabela 7, os valores de entradas e saídas possíveis para a lógica XNOR, esse circuito
também só existe com duas entradas e, caso tenhamos que fazer uma lógica XNOR com mais de duas
variáveis, devemos fazê-la de duas em duas, em cascata.
Tabela 7 - Tabela verdade lógica XNOR
A B S
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Fonte: o autor.
Temos, porém, uma forma mais simplificada de representar a função coincidência, que é pela função 10:
S A B (10)
lê-se A coincidência B.
42
UNIDADE 2
A B
Exemplos resolvidos
Solução:
a) Uma dica é você separar, em soma de produtos, e tratar o que está dentro de parênteses como
um termo só. Verificamos que temos três parcelas separadas por sinais de +, que representa
a lógica OU, dessa forma, temos uma porta OU de três entradas, fazendo a lógica com as três
parcelas, ao mesmo tempo, da seguinte forma:
A B C D
A+(B.C)+D
B.C
43
UNICESUMAR
b) Da mesma forma, separaremos em três parcelas para aplicar na porta OU, essa maneira cha-
ma-se soma de produtos.
A B C D
C S= A+C+(B.D)
B.D
A B C D
Y S
Solução:
Primeiramente, retiraremos a saída de cada parcela. Dessa forma, temos:
• As variáveis C e D são entradas da porta NAND, e X é a saída da porta NAND, logo: X = C.D
• A variável A, entra na porta inversora, logo na saída da porta inversora, temos: Y = A
• Por fim, as variáveis B e C são entradas da porta AND, dessa forma, a saída da porta AND é:
Z = B.C
• A saída S é uma porta lógica NOR de três entradas, sendo a equação de saída: S X Y Z
• Substituindo os valores de X, Y e Z, temos, então, a saída S em função das entradas A, B, C e D na
forma: S C.D A ( B.C )
44
UNIDADE 2
Solução:
• Para retirarmos a função lógica da saída S, temos que retirar a soma dos produtos cujos resul-
tados em S sejam iguais a 1, os que são resultados iguais a 0 não nos interessam. Consideramos,
também, para as variáveis A, B e C que, onde os valores delas foram iguais a 0, então, essa variável
será barrada, e onde ela assume o valor 1, ela será representada sem barra.
• Notamos que temos S=1 somente nas linhas 0, 3 e 5, então, somaremos somente os produtos
dessas linhas, assim temos:
b) S ( A.B.C ) A.B.C A.B.C
Solução:
Usando os mesmos critérios do exercício anterior, utilizaremos somente as combinações de entrada
onde a saída S é igual a 1, colocando barra nas variáveis de entrada com valor 0.
Então, temos:
S A.B.C A.B.C A.B.C A.B.C A.B.C , utilizamos somente os valores das linhas
1, 2, 3, 6 e 7.
45
UNICESUMAR
46
UNIDADE 2
A B C
Solução:
Utilizaremos o mesmo método do exercício anterior, mas, agora, temos três variáveis de entrada,
então, calculando o número de combinações, temos 2n = 23 = 8 possíveis combinações, conforme tabela.
Passo 1: para a combinação de entrada 000, temos, na saída da porta inversora 0 e na saída da
temos, na saída da porta inversora 1 e na saída da porta OU, o valor 0, assim, temos, na entrada do
porta OU, o valor 0, assim, temos na entrada do circuito combinacional XNOR (circuito coinci-
circuito combinacional XNOR (circuito coinci- dência), os valores 0 e 0, sempre que as entradas
dência) os valores 1 e 0, relembrando que, para a da XNOR forem iguais, a saída será 1.
lógica XNOR, sempre que os valores de entradas Passo 6: para a combinação de entrada 101,
forem diferentes, a saída é 0. temos, na saída da porta inversora 0 e na saída
Passo 2: para a combinação de entrada 001, da porta OU, o valor 1, assim, temos, na entrada
temos, na saída da porta inversora 1 e na saída da do circuito combinacional XNOR (circuito coin-
porta OU, o valor 1, assim, temos, na entrada do cidência), os valores 0 e 1, para a lógica XNOR,
circuito combinacional XNOR (circuito coinci- sempre que os valores de entradas forem diferen-
dência), os valores 1 e 1, sempre que as entradas tes, a saída é 0.
da XNOR forem iguais, a saída será 1. Passo 7: para a combinação de entrada 110,
Passo 3: para a combinação de entrada 010, temos, na saída, da porta inversora 0 e na saída
temos, na saída da porta inversora 1 e na saída da da porta OU, o valor 1, assim, temos, na entrada
porta OU, o valor 1, assim, temos, na entrada do do circuito combinacional XNOR (circuito coin-
circuito combinacional XNOR (circuito coinci- cidência), os valores 0 e 1, para a lógica XNOR,
dência), os valores 1 e 1, sempre que as entradas sempre que os valores de entradas forem diferen-
da XNOR forem iguais, a saída será 1. tes, a saída é 0.
Passo 4: para a combinação de entrada 011, Passo 8: para a combinação de entrada 111,
temos, na saída da porta inversora 1 e na saída da temos, na saída da porta inversora 0 e na saída
porta OU, o valor 1, assim, temos, na entrada do da porta OU, o valor 1, assim, temos, na entrada
circuito combinacional XNOR (circuito coinci- do circuito combinacional XNOR (circuito coin-
dência), os valores 1 e 1, sempre que as entradas cidência), os valores 0 e 1, para a lógica XNOR,
da XNOR forem iguais, a saída será 1. sempre que os valores de entradas forem diferen-
Passo 5: para a combinação de entrada 100, tes, a saída é 0.
47
UNICESUMAR
As portas lógicas e os circuitos combinacionais (AND, OR, NOT, NAND, NOR, XOR e XNOR) podem
ser encontrados em circuitos integrados específicos para essas funções, o que facilita bastante o desen-
volvimento dos circuitos digitais. Agora que aprendemos as funções lógicas, portas lógicas e alguns
circuitos combinacionais, notamos que os sistemas digitais têm sua linguagem própria e necessitamos
saber como nos comunicar nessa linguagem para que o sistema realize as funções da maneira correta.
48
No mapa mental, a seguir, fiz uma análise resumida das lógicas AND e OR e de
como elas funcionam.
ENTRADAS
AeB BASTA QUE UMA
LÓGICA DAS ENTRADAS
OR ESTEJA EM “1”,
QUE A SAÍDA
SERÁ “1”
Baseado no mapa apresentado, preencha o mapa, a seguir, com uma análise simples
do comportamento das lógicas XOR E XNOR.
MAPA MENTAL
LÓGICA
LÓGICA
ANDAND
ENTRADAS
AeB
RADAS
LÓGICA
AeB OR
LÓGICA
OR
49
MAPA MENTAL
50
1. Se reportando, agora, à retirada de um circuito lógico a partir de uma função lógica, apresente
o circuito lógico equivalente das duas funções a seguir.
a)
b)
A B C S
0 0 0 1
0 0 1 1
3. A lógica XNOR é um circuito combinacional formado por algumas portas lógicas. Se referindo a
ela, assinale a alternativa correta.
a) Sempre que as entradas forem de valores iguais, a saída recebe estado lógico 0.
b) A equação da função XNOR é: S A.B A.B
c) É também chamada de circuito coincidência.
d) A equação da função XNOR é: S A.B A.B
e) É conhecida como circuito diferenciador.
51
4. Para o circuito da figura a seguir, apresente os valores da saída S por meio do preenchimento
da tabela.
A B C
S
AGORA É COM VOCÊ
A B C S
0 0 0
0 0 1
0 1 0
0 1 1
1 0 0
1 0 1
1 1 0
1 1 1
52
1. a. Precisamos fazer a soma dos produtos, desenhando cada parcela separada pelo sinal de +,
conforme a sequência a seguir, e executar a lógica OU com todas elas.
A B C
B+C
Saída da porta
XOR, lógica entre
S os produtos
b. Aqui, devemos fazer a lógica XOR entre os produtos, desenhando cada parcela separada pelo sinal de
+, conforme a sequência a seguir, e aplicar a lógica XOR com todas elas.
A B C D A Saída da porta
B.C OU, soma de
S produtos
D.B
2. D. Para retirar a função lógica da tabela verdade, nos preocupamos somente com as combinações em que
a saída S é igual a 1, sabendo que as entradas (ABC), quando barradas, são nível lógico 0 e não barradas
nível lógico 1. Assim, separamos as parcelas com o sinal de + e temos, neste caso, apenas quatro combi-
nações com a saída S em 1.
3. C. É também chamada de circuito coincidência, pois sempre que as entradas coincidirem de serem iguais,
0 ou 1, a saída será verdadeira, ou seja, igual a 1.
53
4. Temos que colocar todas as oito combinações possíveis nas entradas (ABC) e analisar a lógica das portas
até a saída S.
Caso 000:
Na saída da porta NOR, temos 1, na saída da porta OR, temos 0, dessa forma, valores diferentes entrando
em uma porta XOR, temos 1 na saída.
Caso 001:
Na saída da porta NOR, temos 0, na saída da porta OR, temos 0, dessa forma, valores iguais entrando em
uma porta XOR, temos 0 na saída.
Caso 010:
Na saída da porta NOR, temos 0, na saída da porta OR, temos 1, dessa forma, valores diferentes entrando
em uma porta XOR, temos 1 na saída.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
Caso 011:
Na saída da porta NOR, temos 0, na saída da porta OR, temos 1, dessa forma, valores diferentes entrando
em uma porta XOR, temos 1 na saída.
Caso 100:
Na saída da porta NOR, temos 1, na saída da porta OR, temos 1, dessa forma, valores iguais entrando em
uma porta XOR, temos 0 na saída.
Caso 101:
Na saída da porta NOR, temos 0, na saída da porta OR, temos 1, dessa forma, valores diferentes entrando
em uma porta XOR, temos 1 na saída.
Caso 110:
Na saída da porta NOR, temos 0, na saída da porta OR, temos 1, dessa forma, valores diferentes entrando
em uma porta XOR, temos 1 na saída.
Caso 111:
Na saída da porta NOR, temos 0, na saída da porta OR, temos 1, dessa forma, valores diferentes entrando
em uma porta XOR, temos 1 na saída.
Assim, basta preencher a tabela com os valores de saída.
A B C S
0 0 0 1
0 0 1 0
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1
54
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2011.
REFERÊNCIAS
55
MEU ESPAÇO
56
3 Circuitos
Combinacionais
na Prática
Me. Emerson Charles Martins da Silva
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Você sabe como o sistema de ar-condicionado opera para manter a temperatura sempre próxima do
valor que você define?
A combinação de sentenças de entrada no estágio de controle de um aparelho de ar-condicionado
utiliza termostatos e pressostatos para entender a diferença entre o valor desejado e o valor atual da
temperatura, combinando suas sentenças. Mas como a lógica combinacional dessas sentenças pode
definir a tomada de decisão para ligar ou desligar o aparelho?
Na ciência, especialmente na física e/ou na matemática, os pesquisadores passam a vida tentando
modelar os acontecimentos e fenômenos cotidianos em modelos matemáticos e tentam descrever uma
regra geral para eles. Na eletrônica digital, também é possível transformar algumas situações ou alguns
comportamentos em letras e números e criar algumas regras de solução para situações corriqueiras.
No caso do controle de temperatura baseado em um sistema de ar-condicionado, quando a pressão
ou a temperatura atinge determinados valores, contatos associados aos elementos sensíveis (à pressão
dentro de um capilar ou à temperatura) mudam de estado e sua combinação pode inferir em aciona-
mento do compressor do sistema de resfriamento.
58
UNIDADE 3
Com certeza, você já viu esses painéis de chamada de senha nas salas de espera de diversos estabelecimentos,
como aqueles painéis em que você retira uma senha e aguarda atendimento. Como o sistema, por exemplo,
mostra, no painel, o número 7, em decimal, se, dentro de sua memória, esse número está na base 2, que,
neste caso, seria 1112? Em sua residência, deve ter algum equipamento que faça essa conversão, verifique,
novamente, o forno micro-ondas. Verificou? Quando você digita o tempo de cozimento, ele mostra os valores
sempre em decimal, correto? Caro(a) estudante, você usa isso sempre, nem se deu conta do que acontece lá.
DIÁRIO DE BORDO
Iniciaremos nossa escrita com circuitos combinacionais, mas com a intenção de explorá-los na
prática, ok? Existem várias maneiras de traduzir um problema prático do nosso mundo real para um
sistema digital, mas todas elas se resumem a um processo que consiste em você criar um sistema e
descobrir, no seu problema, quais são as entradas e quais são as saídas para esse sistema. As entradas são
os dados que você oferecerá a ele, as saídas apresentarão os resultados das operações que esse sistema
fará com os dados fornecidos na entrada. No momento, estamos tratando de um sistema combina-
cional que não envolve nem temporização, nem contagem, o sistema combinacional fará as operações
lógicas com os dados das entradas e apresentará o resultado na saída (CAPUANO; IDOETA, 1997).
59
UNICESUMAR
A representação do sistema combinacional, neste momento, poderá ser feita da seguinte forma:
Caso 1 – Guilhotina
Em uma empresa gráfica, temos uma guilhotina de corte de papel, conforme a Figura 2:
60
UNIDADE 3
Temos, então, que fazer algumas convenções de • Logo, teremos uma tabela verdade com
acordo com o funcionamento que desejamos da duas entradas e uma saída, vamos a ela:
máquina. Vamos a elas: Tabela 1 - Tabela verdade guilhotina
• Nesse sistema, temos uma saída (cilindro
A B G
atuador) que avança a guilhotina, o chama-
remos de G. De acordo com a combinação Caso 0 0 0 0
de entrada, teremos o acionamento ou não Caso 1 0 1 0
de G.
• O recuo de G é automático, sem que ne- Caso 2 1 0 0
cessite de nenhum comando, o mesmo será Caso 3 1 1 1
recuado por uma mola. Fonte: o autor.
• Para o avanço de G, o sistema tem que en-
viar 1 para saída, caso o sistema envie 0, Caso 0:
G retorna ao estado inicial (recuado, para No caso 0, temos 0 para A e 0 para B, pelas
cima). nossas convenções, ambos os botões estão libera-
• Por motivos de segurança do operador dos, logo, a guilhotina estará recuada, recebendo
da máquina, a guilhotina somente deverá nível lógico 0.
avançar se o operador pressionar o botão A Caso 1:
e o botão B (que estão em locais separados) No caso 1, temos botão A em 0 (liberado) e
ao mesmo tempo, pois isso evitará que o botão B em 1 (pressionado), mas, por motivos
operador esteja com a mão embaixo da de segurança, a guilhotina deverá estar recuada,
guilhotina ajustando os papéis, e a prensa recebendo 0 do sistema.
seja acionada, provocando um acidente. Caso 2:
• Adotaremos a convenção de que, quan- No caso 2, temos botão A em 1 (pressionado) e
do o botão estiver pressionado, enviará ao botão B em 0 (recuado), então, a guilhotina deverá
sistema o nível lógico 1, quando estiver li- estar recuada por motivos de segurança.
berado, enviará ao sistema o nível lógico 0. Caso 3:
• Caso o operador retire a mão de um dos No caso 3, temos botão A em 1 (pressionado) e
botões, o sistema desativará a guilhotina. botão B também em 1 (pressionado), dessa forma,
• Dividiremos a tarefa em três passos, são as mãos do operador estão acionando os botões ao
eles: elaboração da tabela verdade, reti- mesmo tempo e, assim, a guilhotina deverá descer
rada da função lógica oriunda da tabela e cortar os papéis de forma segura.
verdade, apresentação do circuito lógico
que realizará a tarefa. 2º passo: retirada da função lógica oriunda da
tabela verdade:
1º passo: elaboração da tabela verdade: Recordando a Unidade 2, sabemos que, na
• Temos duas entradas: botão A e botão B. tabela verdade, o que nos interessa são as saídas
• Temos apenas uma saída que o sistema com resultados em 1, neste caso, somente com
deverá acionar ou não, é a guilhotina G. as entradas A e B em nível lógico 1 (as duas sem
barra) é que teremos a saída acionada (1).
61
UNICESUMAR
A B
Assim, a função lógica da saída será representada
pela função 1:
G = A.B (1)
VL VIOL VD Vdesc
62
UNIDADE 3
Vamos, então, aos três passos para resolver esse sistema, relembrando-os: montagem da tabela verdade,
retirada da função ou das funções lógicas das saídas, montagem do circuito lógico.
Temos, agora, um sistema com três entradas (cores primárias) e quatro saídas (cores secundárias
+ válvula de descarte):
1º passo: elaboração da tabela verdade. A Tabela 2 representa o funcionamento do sistema:
Tabela 2 - Tabela verdade: misturador de tintas
VAm VAz Vm VL VIOL VD Vdesc
Caso 0 0 0 0 0 0 0 0
Caso 1 0 0 1 0 0 0 1
Caso 2 0 1 0 0 0 0 1
Caso 3 0 1 1 0 1 0 0
Caso 4 1 0 0 0 0 0 1
Caso 5 1 0 1 1 0 0 0
Caso 6 1 1 0 0 0 1 0
Caso 7 1 1 1 0 0 0 1
Fonte: o autor.
63
UNICESUMAR
Análise dos oito casos possíveis 2º passo: retirada da função lógica oriunda da tabela verdade. Neste
das combinações das entradas: caso, temos quatro saídas, dessa forma, teremos quatro funções ló-
Caso 0: todas as entradas fe- gicas, uma para cada saída, assim, utilizaremos as combinações de
chadas. Conforme nossas con- entradas onde a respectiva saída assume nível lógico 1. Vamos a elas:
venções, todas as saídas deverão Função da saída da cor laranja (VL):
estar fechadas. A função 2 apresenta o único caso em que teremos a fabricação
Caso 1: somente a tinta pri- da cor laranja, dessa forma, a função de VL é:
mária vermelha está aberta. VL = VAmVAz. .Vm (2).
Conforme convenções, as saí- A função 3 apresenta o único caso em que teremos a fabricação da
das secundárias deverão estar cor violeta:
fechadas e somente a válvula de VIOL = VAmVAz . .Vm (3).
descarte aberta. A função 4 apresenta o único caso em que teremos a fabricação
Caso 2: somente a tinta pri- da cor verde:
mária azul está aberta. Confor- VD = VAmVAz. .Vm (4).
me convenções, as saídas secun- A função 5 apresenta os casos em que teremos a saída de descarga
dárias deverão estar fechadas e ativada, que são quatro casos. Temos de fazer essa soma de quatro
somente a válvula de descarte produtos.
aberta. Vdesc (VAmVAz
. .Vm) (VAmVAz
. .Vm) (VAmVAz
. .Vm) (VAmVAz
. .Vm)
Caso 3: estão abertas as tin- (5).
tas azul e vermelha, logo, será 3 passo: apresentação do circuito lógico que realizará a tarefa. De-
º
fabricada a cor violeta (VIOL senhamos cada função separada, conforme mostrado na Figura 5.
ligada) e desligada a Vdesc.
VAm VAz Vm
Caso 4: somente a tinta
primária amarela está aberta.
Conforme convenções, as saí-
das secundárias deverão estar
fechadas e somente a válvula de
VL
descarte aberta.
Caso 5: estão abertas as tin-
VIOL
tas amarela e vermelha, logo,
será fabricada a cor laranja (VL
VD
ligada) e desligada a Vdesc.
Caso 6: estão abertas as tin-
tas azul e amarela, logo, será fa-
bricada a cor verde (VD ligada)
e desligada a Vdesc. Vdesc
Caso 7: todas as entradas
abertas. Conforme convenções,
as saídas secundárias deverão
estar fechadas e somente a vál- Figura 5 - Circuito lógico do misturador de tintas
vula de descarte aberta. Fonte: o autor.
64
UNIDADE 3
O display da Figura 6 é um dispositivo eletrônico formado por um conjunto de leds, são 8 leds formando
os 7 segmentos e o ponto decimal. Existem dois tipos de displays numéricos, os de ânodo comum e os
de cátodo comum, a diferença entre eles está no nível lógico que devemos fornecer para que ele seja
aceso ou apagado (TOCCI; WIDMER, 2003).
O led (diodo emissor de luz) é o componente básico na formação do display, no momento, o que
necessitamos saber sobre o led é: um dispositivo da família dos semicondutores que possui uma
junção que separa um material do tipo N (negativo) e do tipo P (positivo). Esse dispositivo, quando
alimentado por uma tensão que consegue vencer a barreira de potencial dessa junção, que é de, aproxi-
madamente, 2,0 volts (podendo variar muito este
valor de acordo com a aplicação do led), emitirá
luz. Esta luz se difere em função das características
de fabricação e podemos ter leds de várias cores
diferentes, como também bicolores, tricolores e de
alto brilho. Os leds, há muito tempo, são utilizados
na iluminação residencial, de ruas, de veículos,
nos televisores a leds e muitas outras aplicações.
O símbolo do led é apresentado na Figura 7,
em que temos o terminal ânodo (A) e o terminal
cátodo (K). Para que o led emita luz, o mesmo
deve ser polarizado diretamente, ou seja, o ânodo
tem que ser polarizado positivamente em relação
ao cátodo, dessa forma, sempre que o ânodo for
mais positivo que o cátodo ao ponto de a diferença
de potencial ser maior que a tensão de ruptura da
junção, os elétrons saltarão de um material para
outro, vencendo barreira de potencial e, assim,
emitindo luz (MALVINO, 1995). Figura 7 - Led comum: imagem e símbolo
65
UNICESUMAR
A imagem do led da Figura 7 (vermelho) mostra o mais comum cátodo comum, deve ser forne-
encontrado no mercado, mas os leds são fabricados de muitas cido 0 ou 1 para ser acionado
formas e tamanhos diferentes, logo, podem ser utilizados nas mais (CAPUANO; IDOETA, 1997).
variadas aplicações. O display de ânodo co-
Como a corrente do led é pequena, no momento da energização, mum é um tipo de display que
devemos saber suas características para podermos aplicar a tensão tem todos os ânodos do con-
ideal e, assim, ele trabalhar sem exceder sua corrente a ponto de junto de leds interligados, e,
queimar. Dessa forma, utilizamos, sempre, um resistor limitador para acionarmos cada led, de-
de corrente para que o led possa ser alimentado com valores de vemos aplicar tensão 0V (que,
tensão maiores do que o indicado, mas o resistor, além de limitar no momento, trataremos como
a corrente, também divide a tensão total aplicada com o led, fa- nível 0) nos terminais cátodos
zendo com que o mesmo trabalhe dentro de suas características dos leds e uma tensão positiva
(MALVINO, 1995). no comum (ânodos +v), que
O display de 7 segmentos, então, na verdade, é formado por um trataremos como nível lógico
conjunto de leds que, de acordo com a polarização, se ânodo ou 1, conforme a Figura 8 mostra.
ÂNODO
f a
g a
b
66
UNIDADE 3
01 EXEMPLO Para mostrar o número 2, temos que acionar os leds a, b, g, e, d e apagar os leds f, c.
Como, na Figura 8, temos um display do tipo ânodo comum precisamos aplicar o
nível 0V nos segmentos que desejamos acender e o nível +V (nível 1) nos segmentos
que desejamos apagar, como também aplicar +V (nível 1) no ânodo comum dos leds.
O display tipo cátodo comum é um tipo que tem todos os cátodos do conjunto
de leds interligados. Para acionarmos cada led, devemos aplicar tensão +V (nível 1)
nos terminais ânodos dos leds e uma tensão 0V (nível 0) no comum (ânodos 0V),
conforme a Figura 9 mostra (TOCCI; WIDMER, 2003).
CÁTODO
f a
g b a
e DC g
d c
CÁTODO
Figura 9 - Display de cátodo comum
Fonte: o autor.
67
UNICESUMAR
1º passo: elaboração da tabela verdade. Para esse sistema, pela Figura 10, temos 3 entradas (A, B, C)
e temos 7 saídas (a, b, c, d, e, f, g), dessa forma, nossa tabela verdade é apresentada na Tabela 3:
Tabela 3 - Tabela verdade: decodificador
A B C a b c d e f g
Caso 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0
Caso 1 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0
Caso 2 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1
Caso 3 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1
Caso 4 1 0 0 0 1 1 0 0 1 1
Caso 5 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1
Caso 6 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1
Caso 7 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
Fonte: o autor.
• Caso 0: entradas ABC = 000. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
0, assim, temos que ligar todos os leds, exceto o led g, assim, o display mostrará o número 0.
• Caso 1: entradas ABC = 001. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
1, assim, temos que ligar somente os leds “b”, “c” e apagar os outros.
• Caso 2: entradas ABC = 010. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
2, assim, temos que apagar os leds “c” e “f ” e ligar os demais.
• Caso 3: entradas ABC = 011. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
3, assim, temos que apagar os leds “e” e “f ” e ligar os demais.
• Caso 4: entradas ABC = 100. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
4, assim, temos que apagar os leds “a”, “d e “e”, mas ligar os demais.
68
UNIDADE 3
• Caso 5: entradas ABC = 101. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
5, assim, temos que apagar os leds “b” e “e”, mas ligar os demais.
• Caso 6: entradas ABC = 110. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
6, assim, temos que apagar os leds “a” e “b” e ligar os demais.
• Caso 6: entradas ABC = 111. Neste caso, queremos que o display mostre, em decimal, o número
7, assim, temos que acender os leds “a”, “b”, “c” e apagar os demais.
2º passo: retirada da função lógica oriunda da tabela verdade. Dessa forma, teremos uma função
lógica para cada saída, de um total de 7. Pela tabela verdade, utilizaremos somente as combinações
onde a saída assume valor 1.
A função 6 que representa a saída de letra a:
3º passo: apresentação do circuito lógico que realizará a tarefa do decodificador. Teremos que retirar
um circuito para cada função lógica.
69
UNICESUMAR
70
UNIDADE 3
Podemos, também, mostrar algumas mensagens com letras nos displays de 7 segmentos e, devido à
limitação na disposição dos leds, não temos como formar todas as letras do alfabeto, mesmo assim, dá
para usar este recurso sempre que possível, dada a facilidade de manuseio deste componente.
Agora, mostraremos uma mensagem com letras no display de 7 segmentos, do tipo cátodo comum.
Desenvolveremos um decodificador de 2 entradas, em que, de acordo com as combinações de 00 a 11,
em binário, teremos a mensagem PARE, conforme a Figura 18.
As letras serão apresentadas uma de cada vez, de acordo com a combinação de entrada, como mostra
a Tabela 4.
Tabela 4 - Combinações da mensagem PARE
Casos Comb A B a b c d e f g
0 P 0 0 1 1 0 0 1 1 1
1 A 0 1 1 1 1 0 1 1 1
2 R 1 0 0 0 0 0 1 0 1
3 E 1 1 1 0 0 1 1 1 1
Fonte: o autor.
71
UNICESUMAR
Para preencher a Tabela 4, devemos analisar as quatro combinações de entradas, como segue:
• Caso 0: entradas AB = 00. Neste caso, queremos que o display mostre a letra P, assim, temos que
desligar os segmentos “c” e “d” e ligar os demais.
• Caso 1: entradas AB = 01. Neste caso, queremos que o display mostre a letra A, assim, temos
que desligar somente o segmento “d”, mas ligar os demais.
• Caso 2: entradas AB = 10. Neste caso, queremos que o display mostre a letra “r” em minúsculo,
conforme a Figura 18, assim, temos que ligar os segmentos “e” e “g” e desligar os demais.
• Caso 3: entradas AB = 11. Neste caso, queremos que o display mostre a letra E, assim, temos que
desligar os segmentos “b” e “c”, mas ligar os demais.
Após montarmos a Tabela 4, vamos ao segundo passo, que é retirar as funções lógicas da tabela verdade.
Temos, novamente, 7 saídas, uma para cada segmento, de “a” até “g”. Como já sabemos, para montar as
funções lógicas, só nos interessam as situações das saídas que estão em nível lógico 1.
Logo, as saídas serão:
c = A.B (15)
d = A.B (16)
Sempre que uma tabela verdade apresentar, para as saídas, nível lógico 0 em todas as com-
binações, podemos ligar essa saída para o GND do circuito, e o oposto também é válido, ou
seja, sempre que uma saída estiver em nível 1 na tabela verdade em todas as combinações,
podemos ligar essa saída diretamente para +Vcc da alimentação do circuito.
Fonte: o autor.
72
UNIDADE 3
Antes de montarmos o circuito lógico, analisaremos as funções lógicas obtidas. Temos duas situações
interessantes para simplificar nosso circuito lógico, são elas:
• Situação 1: as funções das saídas “a” e “f ” são iguais, isso significa que as duas saídas, “a” e “f ”,
serão ligadas e desligadas sempre ao mesmo tempo, dessa forma, podemos interligá-las, eco-
nomizando, assim, algumas portas lógicas.
• Situação 2: as saídas “e”, assim como as saídas “g”, estão ligadas em todas as combinações, vejam
que, na tabela, para qualquer combinação, estas duas estarão sempre em 1, dessa forma, pode-
mos ligá-las à alimentação do circuito, ou seja, podemos ligar para +Vcc do circuito, já que, em
qualquer situação, as mesmas estarão acionadas. Nesta condição, também podemos representar,
simplesmente, como e = g = 1.
O terceiro passo, agora, é montar o circuito lógico de acordo com as funções lógicas, o mesmo é apre-
sentado na Figura 19.
73
UNICESUMAR
74
O mapa, a seguir, mostra uma
relação de entradas e saídas
em um sistema digital, se re-
ferindo ao que construímos
juntos, nesta unidade.
Faça você, também, seu mapa mental, utilizando as mesmas entradas em um sistema digital,
mostrando mais possibilidades de saídas para decodificadores de 7 segmentos. Vamos lá?
MEU ESPAÇO
75
1. Em engenharia, um profissional deve analisar cada combinação de sentenças para propor uma
solução lógica que resolva o problema dado. No caso da solução de um problema com lógica
combinacional, quais passos devem ser seguidos?
a) Conversão dos dados para hexadecimal.
b) Conversão dos dados para sistema binário.
c) Montagem da tabela verdade, retirada da função ou das funções lógicas das saídas, montagem
do circuito lógico.
d) Somente montagem da tabela verdade.
e) Somente retirada das funções lógicas
AGORA É COM VOCÊ
A B S a) S A.B A.B .
0 0 1 b) S A.B A.B .
0 1 0 c) S A.B A.B .
1 0 1 d) S A.B A.B .
1 1 0 e) S = 1.
76
4. O display de led é um recurso luminoso que permite a exibição de valores numéricos e alfanu-
méricos, de acordo com a necessidade e do tipo do display. Em um display de 7 segmentos do
tipo cátodo comum, desejamos mostrar a mensagem SIGA, como segue:
comb A B a b c d e f g Apresente:
a) A funções lógicas para as
S 0 0 1 0 1 1 0 1 1 saídas de “a” até “g” da
tabela.
I 0 1 0 1 1 0 0 0 0
b) O circuito combinacional
que realizará a tarefa re-
G 1 0 1 0 1 1 1 1 1
presentada pela tabela.
A 1 1 1 1 1 0 1 1 1
77
1. C. Primeiramente, é necessário analisar o problema e, então, montar a tabela verdade, obter a função (ou
funções) lógica(s) das saídas e, finalmente, montar o circuito lógico correspondente.
2. B. Temos duas situações cuja saída tem valor 1, neste caso, em que temos a combinação 00, assim, as duas
entradas AB são barradas, e o segundo caso é para a combinação de entrada 10, dessa forma, somente
a entrada B é barrada.
3. D. Trata-se de um display ânodo comum, em que, para acender um segmento, necessita de 0, assim, apa-
gando os segmentos “b” e “e”, e acendendo os demais, temos a combinação da letra S.
4. Vemos, pela tabela, que as saídas “a”, “f” e “g” são ligadas e desligadas juntas, dessa forma, são iguais,
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
assim, temos:
a f g A.B A.B A.B , as três saídas “a”, “f” e “g” são iguais e podem ser interligadas.
b A.B A.B .
c = 1 - como a saída “c” está ligada em todas as combinações de entrada, podemos simplesmente ligá-la
d A.B A.B .
e A.B A.B .
78
CAPUANO, F. G.; IDOETA, I. V. Elementos de eletrônica digital. 26. ed. São Paulo: Érica, 2007.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S. Sistemas digitais: princípios e aplicações. São Paulo: Pearson, 2003.
REFERÊNCIAS
79
MEU ESPAÇO
80
81
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
82
4 Simplificação de
circuitos lógicos
Me. Emerson Charles Martins da Silva
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
A diminuição em tamanho e
consumo dos equipamentos
eletrônicos tem a ver com, ba-
sicamente, duas estratégias da
engenharia. A primeira é de-
senvolver componentes e cir-
cuitos com tecnologias cada
vez melhores nestes requisitos, a
segunda é trabalhar com circui-
tos otimizados, ou seja, de for-
ma que se possa simplificar os
hardwares e softwares a ponto
de eliminar situações repetidas,
deixando o sistema mais leve e
com menos consumo.
Quando os processos produtivos avançam, a complexidade também aumenta, e analisar seu com-
portamento dinâmico requer ferramentas que permitam, rapidamente, o entendimento de cada inte-
ração em uma máquina com diversas sentenças de entradas e de saídas, por exemplo. Sabendo desta
necessidade é que a análise dos sistemas digitais requer simplificação de suas expressões, para permitir
a interpretação e implementação de recursos.
Para simplificar a combinação de sentenças de entrada e a resposta na saída de sistemas de controle,
por exemplo, é possível utilizar ferramentas de análise algébrica capazes de traduzir a relação combina-
cional de entradas em poucas variáveis agrupadas. Este processo requer o uso de conceitos de álgebra
de Boole, técnica que descreve as regras para a manipulação das variáveis lógicas em um sistema digital.
84
UNIDADE 4
Neste momento, sugiro que você, futuro(a) engenheiro(a), faça duas experiências. Caso não tenha,
em casa, um telefone celular do início da década de 90 ou um televisor desta mesma época, vá a uma
assistência técnica de eletrônica/celulares e peça para ver um equipamento destes: pegue na mão, fique
atento(a) a cada detalhe: estrutura, peso, por exemplo. Compare com os que você tem em casa e anote
as diferenças. Se achar necessário, fotografe os equipamentos, ao retornar da experiência, responda à
pergunta: por que alguns aparelhos smartphones modernos possuem rádio FM integrado e não rádio
AM (analise esta situação em termos de hardware)?
Após a experiência de comparação dos equipamentos da década de 90, você deve ter chegado à conclu-
são da diferença em tamanho e complexidade dos equipamentos. As fontes de alimentação utilizadas
pelas centrais telefônicas das décadas de 80 e 90, com capacidade de 2000 W, por exemplo, pesavam
em torno de 50 kg, ocupavam 1 m³ de volume e produziam ruído audível ao ouvido humano.
A partir do ano 2000, novas tecnologias permitiram a miniaturização de suas dimensões. Para a
mesma potência de 2000 W, o conversor tinha 2 kg e media o mesmo que um caderno universitário
de dez matérias. A evolução nos permite melhorar o custo e o tempo de desenvolvimento desses
equipamentos, mas as funções e as lógicas exigidas não são suprimidas, elas existem e estão, ainda,
nos equipamentos, mas implementadas de uma forma otimizada.
Dadas as experiências que a evolução tecnológica trouxe, como você, estudante, acredita que serão
os dispositivos eletrônicos nos próximos dez anos, em termos de smartphones e computadores?
DIÁRIO DE BORDO
85
UNICESUMAR
A
corresponde, simultaneamente, às entradas A e
B , dessa forma, o valor que for, na saída, referente
S0 S1
às entradas A=0 e B=0, transportaremos para a
A
posição S0 do mapa.
A posição de saída S1 corresponde, simulta-
S2 S3
neamente, às entradas A e B , dessa forma, o
Figura 1 - Mapa de Karnaugh para 2 variáveis valor que for, na saída, referente às entradas A=0 e
Fonte: o autor. B=1, transportaremos para a posição S1 do mapa.
Vamos entender o mapa: temos que analisar, sem- A posição de saída S2 corresponde, simulta-
pre, a quais entradas uma saída pertence simulta- neamente, às entradas A e B , dessa forma, o
neamente, assim, descrevemos todas as situações, valor que for, na saída, referente às entradas A=1 e
a seguir, para o mapa de 2 variáveis de entradas. B=0, transportaremos para a posição S2 do mapa.
86
UNIDADE 4
A 0 1
A 1 1
Figura 2 - Mapa do exemplo
Fonte: o autor.
comparar se o circuito admite ou não simplifica- Agora, aprenderemos como retirar os termos co-
ção e, caso positivo, se teve uma redução signifi- muns, para que possamos tentar simplificar as fun-
cativa do circuito. ções. Para os mapas de 2 variáveis, primeiramente,
Extraindo, então, da Tabela 2, as saídas com procuramos os valores de saídas em 1 dos vizinhos
valores em 1, temos: na horizontal ou na vertical, nunca na diagonal.
Na Figura 4, temos o mapa do exemplo com as
S A.B A.B A.B (1) marcações dos vizinhos na horizontal e na verti-
cal, neste caso, temos os dois.
87
UNICESUMAR
A 0 1
ção significativa, isso quer dizer que eliminamos
os casos repetidos do circuito, agora, podemos
montar um mais simples, deixando claro que o
A B
0
Figura 6 - Mapa da função XOR
Fonte: o autor.
88
UNIDADE 4
Tabela 4 - Tabela função XNOR Tabela 5 - Tabela com 3 variáveis de entrada e saídas no-
meadas
A B S
A B C S
0 0 1 0 0 0 S0
0 1 0 0 0 1 S1
0 1 0 S2
1 0 0
0 1 1 S3
1 1 1 1 0 0 S4
Fonte: o autor. 1 0 1 S5
1 1 0 S6
Transportando para o mapa de Karnaugh, temos
a Figura 7. 1 1 1 S7
Fonte: o autor.
A 1 0 B B
A 0 1 A S0 S1 S3 S2
Fonte: o autor.
89
UNICESUMAR
90
UNIDADE 4
a) Como já sabemos, neste caso, nos preocupamos apenas com as combinações onde as saídas
estão em nível lógico 1. Temos, então, a função lógica da Tabela 6.
B B
A 1 0 1 1
A 0 1 1 1
C C C
Figura 11 - Termos vizinhos
Fonte: o autor.
Figura 9 - Circuito equivalente da função lógica (3) • Todos os elementos vizinhos pertencem,
Fonte: o autor.
simultaneamente, à região B, logo, esta as-
c) Transportando os dados da Tabela 6 para sociação fica somente B.
o mapa da Figura 10. • Temos, ainda, mais duas posições em 1,
devemos associar todos os elementos 1
B B do mapa. Um elemento, mesmo que tenha
sido utilizado em uma associação, pode
A 1 0 1 1 ser utilizado novamente, se for para me-
lhor simplificação da função lógica. Dessa
C C C B B
Figura 10 - Mapa de Karnaugh da Tabela 6
Fonte: o autor.
A 1 0 1 1
A 0 1 1 1
d) Agora, retiraremos a função lógica sim-
plificada, associando os vizinhos, come-
çando com o número de 4 elementos vi-
zinhos, se houver.
• Temos, primeiramente, 4 vizinhos na
C C C
horizontal e na vertical, conforme a Figura 12 - Segundo agrupamento de elementos
Figura 11. Fonte: o autor.
91
UNICESUMAR
B
pertencem, ao mesmo tempo, à região A
e, também, à região C, dessa forma, esta B
parcela fica A.C.
• Temos, ainda, o elemento S0 para associar.
Veja que ele não tem vizinho na vertical e
A 1 0 1 1
A 0 1 1 1
na horizontal, mas o mapa de Karnaugh
nos permite, neste caso, fechar o mapa em
forma de cilindro, de forma que as duas
posições mais à esquerda fiquem vizinhas
das 2 posições mais à direita, fazendo com C C C
que as posições S0 e S4 fiquem vizinhas
das posições S2 e S6, conforme marcado Figura 13 - Terceiro passo do agrupamento
Fonte: o autor.
em azul, na Figura 13.
Comparando o circuito da Figura 9 com o da Figura 14, notamos que, para este exemplo, tivemos um
nível de simplificação enorme, o que, na prática, nos dará facilidade de montagem, um circuito menor
em dimensões e, também, com menos consumo de energia, pois diminuiu muito o número de portas
lógicas e, consecutivamente, de circuitos integrados. Simplificaremos, então, o circuito do exemplo 3-b
da Unidade 2. Para aquele exemplo, temos a Tabela 7:
92
UNIDADE 4
B B
A 0 1 1 1
A 0 0 1 1
C C C
Figura 15 - Mapa de Karnaugh da Tabela 7
Fonte: o autor.
Vamos, agora, às simplificações:
• Começando, sempre, com o maior número de termos, neste
caso, temos 4 termos vizinhos marcados em amarelo, esses
termos pertencem, simultaneamente, à região B, logo, esta
parcela da função fica somente B, conforme a Figura 16.
93
UNICESUMAR
C C C
0 0 0 1 S1
0 0 1 0 S2
0 0 1 1 S3
Figura 16 - Agrupamentos de termos da Tabela 7 0 1 0 0 S4
Fonte: o autor. 0 1 0 1 S5
0 1 1 0 S6
0 1 1 1 S7
• A seguir, temos um termo sozinho (S1) que
1 0 0 0 S8
está vizinho com S3, na horizontal, devemos 1 0 0 1 S9
associar os dois, onde marcamos em verme- 1 0 1 0 S10
1 0 1 1 S11
lho. Dessa forma, os dois pertencem, simul-
1 1 0 0 S12
taneamente, às regiões A e C, assim, a outra 1 1 0 1 S13
parcela fica A.C , conforme a Figura 17. 1 1 1 0 S14
1 1 1 1 S15
B
Fonte: o autor.
B O mapa de Karnaugh para tabelas de 4 variáveis
94
UNIDADE 4
Novamente, aprenderemos a transportar os valores da tabela verdade para o mapa de Karnaugh, res-
peitando as posições corretas. Assim, analisaremos todos os casos.
Temos que analisar, sempre, à quais entradas uma saída pertence, simultaneamente, assim, des-
crevemos todas as situações, a seguir, para o mapa de 4 variáveis de entradas.
95
UNICESUMAR
referente às entradas A=1 e B=1 e B=0 e Para chegarmos ao melhor patamar de simplifica-
D=1, transportaremos para a posição S13 ção, temos que tentar associar o maior número de
do mapa. elementos comuns possíveis (em 1). Para o mapa
• A posição de saída S14 corresponde, si- de 4 entradas, temos 16 possíveis combinações,
multaneamente, às entradas A e B e C ou seja, 16 posições para agruparmos da seguinte
e D , dessa forma, o valor que for, na saída, forma:
referente às entradas A=1 e B=1 e B=1 e • Devemos agrupar o maior número de ter-
D=0, transportaremos para a posição S14 mos comuns (em 1) possíveis, começando
do mapa. com 16 (se houver), depois, 8 (se houver),
• A posição de saída S15 corresponde, si- depois, 4 (se houver) e, por fim, 2 elementos.
multaneamente, às entradas A e B e C • Não é possível agrupar qualquer outro nú-
e D , dessa forma, o valor que for, na saída, mero de elementos diferentes destes citados.
referente às entradas A=1 e B=1 e B=1 e • No caso de apenas 2 elementos, não pode-
D=1, transportaremos para a posição S15 mos agrupar na diagonal, somente na ver-
do mapa. tical e horizontal.
96
UNIDADE 4
A Figura 19, a seguir, mostra o mapa de Karnaugh Temos, então, que verificar, na associação da Fi-
com os valores da Tabela 9 transportados. Note gura 20, à quais entradas elas pertencem, simul-
que mantivemos a marcação das posições para taneamente. A parcela da função resultante da
facilitar a identificação. Figura 20 fica: A.B , pois os 4 elementos perten-
cem, ao mesmo tempo, apenas a estas duas regiões.
C C Olhando, agora, temos mais uma associação
de 4 elementos, são eles: S10, S11, S14 e S15 (mar-
1 1 1 1 B cados em verde). Dessa forma, podemos associar
A
S0 S1 S3 S2
conforme a Figura 21, veja:
1 1 0 0
S4 S5 S7
B S6
0 0 1 1 C C
A
S12 S13 S15 S14
0 0 1 1 B 1 1 1 1 B
A
S0 S1 S3 S2
S8 S9 S11 S10
D D D 1 1 0 0
S4 S5
B S7 S6
1 1 0 0
S4 S5 S7
B S6
Mapa de Karnaugh é um método de sim-
A
S12 S13 S15 S14 ch (1952) e aperfeiçoado pelo engenheiro
0 S8 0 1 S9 S11 1 BS10
de telecomunicações Maurice Karnaugh.
Por esse método, podemos mapear os
97
UNICESUMAR
S A.B ( A C ) (9)
A terceira observação é a comparação da função lógica (10) retirada da tabela verdade sem a simpli-
ficação, com a função (9). Veja que tivemos um nível grande de simplificação.
S ( A.B.C.D A.B.C.D A.B.C.D A.B.C.D A.B.C.D A.B.C.D
(10)
A.B.C.D A.B.C.D A.B.C.D A.B.C.D)
98
UNIDADE 4
Postulado da complementação:
• Se A=1, logo, A = 0 , e se A=0, logo, A = 1. Dessa forma, se barrarmos 2 vezes uma variável, ela
terá o valor inicial (sem barra).
0 0 0
• Postulado da adição: analisando as 4 possibilidades de adição, temos: 0 1 1
1 0 0
1 1 1
A 1 1
A 0 A
• Dessa forma, podemos adotar as identidades: .
A A A
A A 1
99
UNICESUMAR
Podemos, também, utilizar algumas das propriedades da álgebra matemática, são elas:
• Propriedade comutativa: podemos utilizar na adição e na multiplicação. Dessa forma, temos:
A+B = B+A e, também, A.B = B.A.
• Propriedade associativa na adição: A+(B+C) = (A+B)+C = (A+C)+B = A+B+C.
• Propriedade associativa na multiplicação: A.(B.C) = (A.B).C = (A.C).B = A.B.C.
• Propriedade distributiva: A.(B+C) = A.B+A.C.
Temos dois teoremas que são chamados de teo- Não existe uma regra de qual ferramenta aplicar
remas de De Morgan, são eles: primeiro, devemos analisar cada caso individual-
mente e podemos até chegar a resultados um pouco
1. O complemento do produto é igual à diferentes, mas o nível de simplificação sempre será
soma dos complementos. o mesmo e, se aplicarmos os valores 0 e 1 na função
• A.B A B . final, obrigatoriamente, devemos ter o mesmo
resultado de saída para tabela verdade.
2. O complemento da soma é igual ao pro- A melhor maneira de aprender os conceitos for-
duto dos complementos. necidos é na prática, vamos, então, a alguns exem-
• A B A.B plos. Para a função lógica (11), a seguir, apresente a
função reduzida aplicando álgebra de Boole.
Primeiramente, podemos isolar a variável A, que é comum a todas as parcelas, aplicando a proprie-
dade distributiva.
S A( B.C C B) (12)
Notamos, agora, entre parênteses, que podemos aplicar o teorema de De Morgan, em que a soma
do complemento é o complemento do produto.
S A( X . X ) (14)
S = A (15)
100
UNIDADE 4
O que significa S=A? significa que o valor da saída depende somente da variável “A”. Se A=1, logo S=1
e se A=0, logo S=0 independente dos valores de B e C. Vamos a mais um exemplo de redução de ex-
pressão utilizando álgebra booleana.
Quando temos barras passando por toda função, ou parte dela, podemos utilizar os teoremas de De
Morgan para separar essas barras, dessa forma, quando temos barras em cima de barras, podemos
começar a eliminar aquelas de baixo. Aplicaremos, então, De Morgan no primeiro parênteses somen-
te em A.C e no segundo parêntese todo.
S ( A C B D) C.( A C D) (17)
Temos uma barra no primeiro parêntese, podemos aplicar De Morgan, novamente, e “quebrar essa
barra” (o complemento da soma é igual ao produto dos complementos), ao mesmo tempo, aplicaremos
a propriedade distributiva na segunda parcela.
S C. A (C.D)( AB 1) (20)
S C. A (C.D)(1) (21)
101
UNICESUMAR
Você deve ter notado, no decorrer desta unidade, que, de uma ideia
inicial de um sistema digital, passamos por uma análise de sim-
plificação de nosso hardware. Notamos, também, que, em quase
todos os casos, conseguimos um nível de redução significativo e,
consecutivamente, de custos de um projeto digital. Essa tarefa tem
de ser inerente ao engenheiro que venha a trabalhar com sistemas
digitais, um grande diferencial na área de projetos.
Quanto à comparação entre a tecnologia de tubos de raios cató-
dicos (TRC) utilizada nos televisores antigos e as utilizadas, atual-
mente, nos modernos smartphones, notamos uma brutal mudança
graças às tecnologias inovadoras que surgiram após novos materiais
serem desenvolvidos pela ciência, o que permitiu o aumento da
frequência de chaveamento dos circuitos internos dos dispositivos.
Com isso, tivemos a miniaturização de diversos dispositivos,
como computadores, telefones celulares, televisores, rádios, fontes
de alimentação etc. Fato que responde, também, à questão rela-
tiva ao rádio FM integrado em pequenos dispositivos, como os
smartphones, por exemplo. A onda de rádio que atua na faixa de
MHz (alta frequência), assim, pode operar com componentes pe-
quenos, possíveis de serem fabricados com os materiais que temos
na atualidade. Já a faixa de AM opera em kHz, baixa frequência, o
que exige componentes de maiores dimensões, não integráveis em
equipamentos tão reduzidos.
102
A partir deste momento, resgataremos o conhecimento acumulado até aqui para ve-
rificar características do processo de simplificação de expressões. No mapa, a seguir,
são apresentadas duas vantagens conseguidas com a simplificações das expressões.
DIMINUIÇÃO
DE TAMANHO
MAPA DE
KARNAUGH
SIMPLIFICAÇÃO
DE EXPRESSÕES
Apresente, no seu
ÁLGEBRA DE mapa, mais duas
BOOLE
vantagens consegui-
DIMINUIÇÃO das com a simplifi-
DE CONSUMO
cação de expressões
booleanas.
MAPA MENTAL
MAPA DE
KARNAUGH
SIMPLIFICAÇÃO
DE EXPRESSÕES
ÁLGEBRA DE
BOOLE
103
1. Um processo de controle lógico foi decodificado e a expressão que o descreve é dada a seguir.
Pelo método de simplificação por álgebra de Boole, simplifique a expressão dada:
S A B .C D. C B
Vamos desenvolver um sistema digital decodificador para 7 segmentos, de 2 entradas, que mostra
a palavra PARE, conforme a combinação de entradas da tabela a seguir:
casos comb A B a b c d e f g
0 P 0 0 1 1 0 0 1 1 1
1 A 0 1 1 1 1 0 1 1 1
2 R 1 0 0 0 0 0 1 0 1
3 E 1 1 1 0 0 1 1 1 1
104
4. A utilização de ferramentas de simplificação de expressões lógicas permite a otimização de códigos
e circuitos lógicos. Sobre a simplificação por diagrama de Karnaugh, assinale a alternativa correta:
a) Existem casos que não permitem simplificação, tais como lógica XOR e OR.
b) Podemos associar 2 elementos na vertical e diagonal para simplificar os termos.
c) Em um mapa de Karnaugh de 4 entradas, podemos associar 16, 8, 6, 4 e 2 elementos por vez,
começando, sempre, pelo maior.
d) Os elementos de um mapa de Karnaugh que já foram associados podem ser utilizados, nova-
mente, em outra associação, para simplificar, ainda mais, a expressão.
e) A lógica XNOR é também simplificada por diagrama de Karnaugh, apresentando bom nível de
105
1. S A B .C D. C B .
Aplicando De Morgan nos dois colchetes, temos:
S ( A B) C D C B .
S ( A.B) C D (C.B) .
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
S ( A.B) C (1 B) D .
Como 1 B 1 , temos:
S ( A.B) C D .
2. a) Como nos preocupamos onde a saída é 1, temos a expressão completa antes da simplificação.
c)
B B
A 1 0 1 0
A 0 0 0 1 • Veja que, no mapa de Karnaugh da
questão 2, não temos 1 vizinhos nem
na horizontal, nem na vertical, logo, esse
106
a) Simplificação por Karnaugh
a)
B B
A 1 1
A 0 1
Logo, temos: f A B .
b)
B B
A 1 1
A 0 1
• Função do segmento “b” simplificado por Karnaugh:
b = A.
• Função do segmento “c” simplificado por Karnaugh:
c)
B B
A 1 1
A 0 1
c = A.B .
107
• Função do segmento “d” simplificado por Karnaugh:
d)
B B
A 0 0
A 0 1
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
d = A.B .
• Função do segmento “e” e “g” simplificado por Karnaugh:
e) e g)
B B
A 1 1
A 1 1
• Os segmentos “e” e “g” estão em nível lógico 1 em todas as combinações de entrada, logo, os mesmos
podem ser ligados ao +Vcc do circuito.
108
CAPUANO, F. G.; IDOETA, I. V. Elementos de eletrônica digital. São Paulo: Érica, 2011.
REFERÊNCIAS
109
MEU ESPAÇO
110
5 Circuitos aritméticos
somadores e
subtratores
Me. Emerson Charles Martins da Silva
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Como você está entrando no mundo da eletrônica digital, dos somadores e subtratores, podemos rea-
lizar uma dinâmica importante para o seu aprendizado. Gostaria que você listasse cinco dispositivos
que conheça e que necessitam de operações de soma e subtração. Vejamos, a seguir, dois exemplos:
• Uma máquina de enrolar transformadores que deve realizar a soma de enrolamentos de uma
bobina com a outra para acumular o total de espirais enroladas.
• Máquina de embalagens que possui 200 caixas e, à medida que o processo automático retira
caixas de uma pilha, o valor é decrementado do total para que, ao final das 200 unidades, uma
lâmpada seja acionada, informando o momento da inserção de mais caixas.
E aí, conseguiu pensar em mais alguns exemplos para efetivar o seu exercício?
112
UNIDADE 5
Como seria possível determinar, automaticamente, o momento correto quando um atuador robótico
deve interromper seu funcionamento, chegando ao fim de sua trajetória de solda, sem o uso de estru-
turas de incremento e decremento eletrônicas?
Os robôs de solda utilizam servomecanismos que são acionados para atuar em trajetórias predefinidas, em
que cada grau de liberdade realimenta a base de controle com sua posição atual, podendo, assim, posicionar a
ferramenta em qualquer posição do espaço tridimensional limitado pelas suas dimensões (GENTILIN, 2020).
Para que o posicionamento possa ocorrer, entretanto, cada servoatuador deve realizar um movimento
finito, que depende de um número de graus variante no tempo. Um encoder absoluto ou incremental informa
ao circuito de controle pulsos que correspondem a cada grau de giro do eixo. O movimento de cada atuador
tem um valor total de pulsos a serem executados pelo curso do eixo até o fim de sua trajetória. Esta, quando
tem início, deve incrementar ou decrementar de sua posição atual o valor total a ser cumprido.
Pensando neste exemplo, como seria possível incrementar ou decrementar valores a ponto de de-
terminar a posição do eixo da máquina, utilizando elementos de eletrônica digital?
DIÁRIO DE BORDO
113
UNICESUMAR
Agora que sabemos simplificar expressões por Mas a expressão 1 nos lembra um dos casos que
diagrama de Karnaugh, podemos retirar expres- não admitem simplificação e, também, nos lembra
sões simplificadas para as saídas “S” e “CO”. a função do circuito combinacional XOR, dessa
Transportando, então, a saída “S” para o mapa forma, podemos substituir a expressão 1 por:
de Karnaugh, temos, na Figura 1:
S A B (2)
s)
B B Agora, transportaremos os dados da saída CO
para o mapa de Karnaugh, conforma a Figura 2.
A 0 1 co)
B B
A 1 1 A 0 1
Figura 1 - Tabela verdade para saída “S”
A 0
Fonte: o autor.
CO = A.B (3)
114
UNIDADE 5
Podemos, agora, montar o circuito que faz a ope- entradas em “0”, a saída assume nível lógico
ração de adição com números de apenas 1 bit “0”, dessa forma, a saída CO=0.
(mostrado na Figura 3). A este tipo de circuito • Combinação A=1 e B=1. Em uma porta
damos o nome de meio somador ou também XOR, sempre que as entradas forem iguais, as
utilizamos o termo em inglês half adder. saídas assumem nível lógico “0”, logo, a saída
S=0. Em uma porta lógica AND, sempre que
A B temos as duas entradas em “1”, a saída assume
nível lógico “1”, dessa forma, a saída CO=1.
“0”, dessa forma, a saída CO=0. O circuito meio somador faz a soma de números
• Combinação A=1 e B=0. Em uma porta de apenas 1 bit, mas isso nem sempre é suficiente.
XOR, sempre que as entradas forem diferen- Agora, aprenderemos como somar números de mais
tes, as saídas assumem nível lógico “1”, logo, de 1 bit, mas, para isso, desenvolveremos um circuito
a saída S=1. Em uma porta lógica AND, capaz de realizar esta tarefa e, com a junção de vários
sempre que temos, pelos menos, uma das destes, podemos somar números de “n” bits.
115
UNICESUMAR
Para somar o número de A com o número B de Conforme fazemos na aritmética, somamos bit a
2 bits da Figura 5, estudaremos o somador com- bit, da direita para a esquerda; a soma de A0 com
pleto, também chamado, em inglês, de full adder. B0 resulta em S0 e pode ou não ter 1 bit de trans-
porte CO0 (saída). Na coluna 1, temos a soma de
A1 com B1 e, como resultado, a soma S1, podendo
CI1 ter ou não o bit de transporte CO0, lembrando que,
A 1 A0
em caso de resultar 1 bit de transporte da coluna
“0” (saída CO), esse bit será transportado para a
+ entrada da coluna 1, somando-se a A1 e B1.
B 1 B0 Como na entrada da soma da coluna “0” não
tem nenhum dado somando com A0 e B0, não te-
116
UNIDADE 5
s) B B
A 0 1 0 1
A 1 0 1 0
ci ci ci
Figura 7 - Dados da saída S transportados para mapa de Karnaugh
Fonte: o autor.
Notamos, no mapa da Figura 7, que não possuímos termos em 1 vizinhos, logo, não temos como sim-
plificar com associação. Escreveremos, então, a expressão lógica completa e verificaremos se há alguma
simplificação por fatoração. A função 4 mostra a expressão lógica completa da saída “S”.
• A expressão 4 mostra a soma dos termos das posições (S1+S2+S4+S7) do mapa de Karnaugh
(TOCCI; WIEDMER, 2003).
Por fatoração, simplificaremos a expressão (4). Primeiramente, evidenciaremos nos termos onde
for comum e, também , assim, temos:
117
UNICESUMAR
Resolvendo os parênteses, notamos que aparecem as funções XNOR e XOR, respectivamente, da es-
querda para a direita, assim, temos:
A B A B (7)
Reescrevendo, temos:
Fazendo
S A B X , A B X (9)
Substituindo, temos:
S Ci X (11)
Retomando o valor de X, temos, então, a expressão final para o circuito somador completo.
S Ci A B , reorganizando: S A B Ci (11)
118
UNIDADE 5
A B Ci
Co
119
UNICESUMAR
B2 A2 Ci2 B1 A1 Ci1 B0 A0
Para montarmos o circuito lógico do somador de 3 bits da Figura 10, temos que nos atentar para o
número de entradas (temos 8) e de saídas (temos 6) e aplicar nas expressões lógicas do meio somador e
do somador completo. Dessa forma, temos o circuito lógico na Figura 11 (CAPUANO; IDOETA, 1997).
Ci2 B2 A2 Ci1 B1 A1 BO AO
S0
Co0
S1
Co1
S2
Co2
120
UNIDADE 5
B B
Pelas regras de simplificação
s) por diagrama de Karnaugh,
vemos, na Figura 12, que não
A 0
temos vizinhos nem na hori-
A expressão lógica 13 nos, lembra mais uma vez, de um circuito combinacional conhecido, a XOR,
logo, podemos reescrever 13 como:
S A B (14)
Agora, transportaremos os dados da saída Co para o mapa de Karnaugh, conforme a Figura 13.
121
UNICESUMAR
co)
B B
A 0 1
A 0 0
Figura 13 - Mapa de Karnaugh para saída Co
Fonte: o autor.
Co = A.B (15)
A B
XOR
S
AND
CO
122
UNIDADE 5
• Combinação A=0 e B=0. Em uma porta XOR, sempre que as entradas forem iguais, as saídas
assumem nível lógico “0”, logo, a saída S=0. Em uma porta lógica AND, sempre que temos, pe-
los menos, uma das entradas em “0” (entrada B), a saída assume nível lógico “0”, dessa forma, a
saída CO=0.
• Combinação A=0 e B=1. Em uma porta XOR, sempre que as entradas forem diferentes, as saídas
assumem nível lógico “1”, logo, a saída S=1. Em uma porta lógica AND, sempre que temos as
duas entradas em “1”, que é o caso, agora, pois o “0” de A é aplicado em uma inversora, a saída
assume nível lógico “1”, dessa forma, a saída CO=1.
• Combinação A=1 e B=0. Em uma porta XOR, sempre que as entradas forem diferentes, as saí-
das assumem nível lógico “1”, logo, a saída S=1. Em uma porta lógica AND, sempre que temos,
pelos menos, uma das entradas em “0” (entrada B), a saída assume nível lógico “0”, dessa forma,
a saída CO=0.
• Combinação A=1 e B=1, em uma porta XOR, sempre que as entradas forem iguais, as saídas
assumem nível lógico “0”, logo, a saída S=0. Em uma porta lógica AND, sempre que temos, pe-
los menos, uma das entradas em “0” (entrada B), a saída assume nível lógico “0”, dessa forma, a
saída CO=0.
Confirmamos, então, que os resultados da análise das combinações conferem a tabela verdade
do circuito meio subtrator.
Para uma simplificação, podemos representar o circuito da Figura 14 em um bloco, mostrando
apenas suas entradas e saídas, deixando implícito o que tem dentro do bloco, conforme a Figura 15:
b a
MEIO
O circuito meio subtrator é também conhecido,
SUBTRATOR no inglês, como half- subtractor – (HS).
O circuito meio subtrator faz a subtração de
números de apenas 1 bit, mas isso nem sempre é su-
ficiente. Para efetuarmos subtração de números de
“n” bits, temos que desenvolver um circuito capaz
co s de realizar essa tarefa, dessa forma, estudaremos,
agora, o circuito subtrator completo, também
Figura 15 - Bloco do circuito meio subtrator
Fonte: o autor. conhecido, no inglês, como full subtractor (FS).
123
UNICESUMAR
124
Chegamos ao final desta unidade e realizaremos o resgate de todos os principais
conceitos que são fundamentais para seu aprendizado. Analise o mapa conceitual
dado a seguir:
MAPA MENTAL
125
1. Em uma máquina utilizada para envasar refrigerantes, um sensor de proximidade detecta a pre-
sença das garrafas que passam por uma esteira de transporte. O líquido refrigerante é envasado
até que o volume contido no tanque de armazenamento atinja 10%, momento em que o envase
deve ser interrompido. Sobre o uso de somador e subtrator no circuito de controle de envase,
assinale a alternativa correta:
a) O somador permite que o número de garrafas seja incrementado e o envase possa ser inter-
rompido quando o volume total envasado for equivalente a 90% do total do tanque.
b) O subtrator pode subtrair o volume de refrigerante de cada garrafa do total armazenado no
tanque, pois utiliza a estrutura carry on simétrico.
c) O subtrator pode incrementar a quantidade de garrafas finalizada.
AGORA É COM VOCÊ
d) Uma garrafa que passa pelo sensor representa o decremento do total de garrafas.
e) O volume de refrigerante de cada garrafa é monitorado pelo sensor de proximidade descrito
na questão.
2. Em operações lógicas binárias, é muito comum a soma de bits que podem ocorrer entre duas
variáveis, “a” e “b”. Com base na técnica de soma de 2 números binários de 1 bit apenas, assinale
a alternativa correta:
a) A soma de um número “a” e um número “b” produz, como resultado, o número “s”, em que é
opcional ter 1 bit de transporte, conhecido como carry out, que determina a paridade do sinal.
b) A soma de um número “a” e um número “b” produz, como resultado, o número “s”, em que sem-
pre haverá 1 bit de transporte, conhecido como carry on.
c) A soma de um número “a” e um número “b” produz, como resultado, o número “s”, em que a
sobra do índice é conhecida como carry in.
d) A soma de um número “a” e um número “b” produz, como resultado, o número “s”, em que é
necessário ter 1 bit de desvio, conhecido como latch.
e) A soma de um número “a” e um número “b” produz, como resultado, o número “s”, em que é
possível ou não ter 1 bit de transporte, conhecido como carry out.
3. A soma de bits é uma operação utilizada por diversas tecnologias, sobretudo em cálculos e
comparações entre bits. Para testar se o circuito faz a soma correta de dois números de 1 bit é
necessário:
a) A combinação A=0 e B=0. Em uma porta XOR, as saídas assumem nível lógico “1”, logo, a saída S=0.
b) A combinação A=0 e B=0. Em uma porta XOR, as saídas assumem nível lógico “0”, logo, a saída S=1.
c) A combinação A=0 e B=0. Em uma porta XOR, as saídas assumem nível lógico “0”, logo, a saída S=0.
d) A combinação A=0 e B=0. Em uma porta XOR, as saídas assumem nível lógico “1”, logo, a saída S=2.
e) A combinação A=0 e B=0. Em uma porta XOR, as saídas assumem nível lógico “1”, logo, a saída S=3.
126
1. A. Quando o total de garrafas atingir 90%, significa que o tanque está em 10% de seu volume.
2. E. Ao somar 2 números binários, podemos ter 1 bit de transporte denominado carry out.
3. C. A operação de “a” e “b” aplicada a uma porta XOR resulta que as saídas assumem nível lógico “0”, logo,
a saída S=0.
127
CAPUANO, F. G.; IDOETA, I. V. Elementos de Eletrônica Digital. 26. ed. São Paulo: Érica, 1997.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S. Sistemas Digitais: Princípios e Aplicações. São Paulo: Pearson, 2003.
REFERÊNCIAS
128
129
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
130
6 Circuitos Sequenciais I
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Este tipo de problema é solucionado por meio Note que esta é uma característica muito cla-
de circuitos sequenciais. Basicamente, eles são ra no circuito sequencial: a realimentação, ela é
compostos por circuitos combinacionais associa- muito presente em sistemas de controle. O ter-
dos a elementos de memória. mo sequencial foi escolhido devido aos sistemas
A parte combinacional recebe tanto os esta- deste tipo apresentarem uma sequência temporal
dos das entradas externas quanto os estados das de entradas, saídas e estados internos. Ademais,
saídas dos elementos de memória responsáveis existe uma infinidade de produtos utilizados por
por armazenar estados de saídas do circuito com- você que, certamente, fazem uso de circuitos se-
binacional, gerando, então, as saídas externas do quenciais, como calculadoras, câmeras digitais,
sistema digital. Assim, as saídas a serem geradas controladores de semáforos, cronômetros, entre
pelo sistema dependem tanto das entradas exter- outros. A ilustração, a seguir, mostra este arranjo
nas atuais quanto das próprias saídas atuais. básico que compõe um circuito sequencial.
DIÁRIO DE BORDO
132
UNIDADE 6
Vamos, agora, fazer um experimento mental, pro- para no meio do percurso. Seu colega, então, aper-
posto por Vahid (2008), com situações práticas ta novamente o botão, e o portão começa a fechar.
para entendermos a diferença de um circuito com- Vamos refletir sobre a primeira situação ex-
binacional e de um circuito sequencial? perimentada. Note que, para a campainha tocar,
Na primeira situação, trata-se do acionamento de basta você apertar o botão, independentemente
uma campainha residencial. Imagine que você chega de quantas vezes você já apertou, ou mesmo, há
à casa de seu colega e aperta o botão da campainha, quanto tempo apertou pela última vez. Perceba
então, ela toca. Se você apertar novamente, a campa- que não há um elemento de memória neste sis-
inha tocará novamente e, quantas vezes você apertar, tema, a saída depende, unicamente, da entrada.
tantas vezes a campainha tocará (a menos que você Assim, trata-se de um circuito combinacional.
quebre o botão de tanto apertar). Seu colega abre a Agora, analisaremos a segunda situação. Perce-
porta para lhe receber, um tanto enfurecido pela ba que, cada vez que o botão era pressionado, uma
quantidade de vezes que você tocou a campainha. ação diferente era feita, levando em consideração
Na segunda situação, trata-se do acionamento as ações anteriores. Note que há uma sequência
de um portão eletrônico. Você e seu colega irão de das ações a serem executadas e, para isso, faz-se
carro, hoje, à universidade. A garagem da casa dele necessário o uso de elementos de memória para
possui portão eletrônico, assim, para saírem com guardar quais foram as ações anteriores. Assim,
o carro, seu colega aperta o botão do controle de trata-se de um circuito sequencial.
acionamento remoto do portão, que, então, come- Entendido o que são os circuitos sequenciais
ça a abrir. No meio do processo de abertura, ele e suas aplicações, estudaremos os conceitos e as
aperta, acidentalmente, o botão de novo, e o portão teorias acerca desses circuitos.
133
UNICESUMAR
Caro(a) estudante, você compreendeu, por meio Apesar de parecer uma característica simples
de exemplos simples e corriqueiros, qual a dife- e com pouco impacto, o tempo de propagação
rença entre um sistema combinacional e um sis- dos componentes nem sempre é fixo, podendo
tema sequencial. Você estudou os sistemas combi- apresentar variações por diversos motivos. Este
nacionais nas unidades anteriores, certo? Agora, o fato dificulta e muito a realização de projetos de
foco será nos sistemas sequenciais. Para começar, circuitos sequenciais assíncronos, por isso, sempre
primeiramente, devemos entender o comporta- que possível, são evitados.
mento temporal dos circuitos sequenciais e, para De forma a contornar esta dificuldade com os
tal, tais circuitos são classificados em dois grupos: circuitos assíncronos, foram, então, desenvolvidos
síncronos e assíncronos. os circuitos sequenciais síncronos. Este tipo de
Segundo Güntzel e Nascimento (2001), em circuito controla a troca de estados por meio de
um circuito sequencial assíncrono, a saída gerada um sinal de relógio (mais conhecido pelo termo
é atualizada assim que ocorre uma mudança de em inglês, clock). Trata-se de um sinal periódico
estado em uma ou mais entradas. Assim, o atraso (se repete ao longo do tempo), os parâmetros mais
entre a mudança na entrada e a mudança na saída importantes de um sinal de clock são: borda de
está associado ao tempo de propagação pelas por- subida, borda de descida, nível baixo, nível
tas lógicas tanto do trecho combinacional quanto alto, período e frequência. A Figura 2 ilustra
da própria memória (que, logo mais, veremos que um sinal de clock, apresentando seus principais
também é composta por portas lógicas). parâmetros.
134
UNIDADE 6
O período, denotado pela letra T, é o tempo que o sinal leva para se repetir, e sua unidade de medida é o
segundo (s). Ou seja, trata-se do tempo entre duas bordas de subida (ou descida) sucessivas. A partir do
período, deriva-se outro parâmetro igualmente útil e importante: a frequência. Denotada pela letra f, é
definida como o inverso do período, e sua unidade de medida é o hertz (Hz). Matematicamente falando:
1
f =
T
Ainda, o sinal de clock determina quando os elementos de memória registrarão os valores presentes
em suas entradas e, para que isso ocorra, de forma adequada, o atraso no trecho combinacional deve
ser inferior ao período do sinal de clock. Vamos ao Exemplo 1 para fixar estes conceitos de tempo de
atraso e sinal de clock.
01 EXEMPLO Um certo sistema digital síncrono é controlado por um sinal de clock de 500 MHz.
Qual é o maior atraso permitido no circuito combinacional para que o sistema fun-
cione adequadamente?
Resolução
Como vimos anteriormente, para pleno funcionamento do sistema, o atraso deve ser
inferior ao período do sinal de clock. Assim:
1 1
T 2 109 s 2 ns
f 500 10 6
Temos, então, que o atraso no circuito combinacional deve ser inferior a 2 ns.
Agora, entenderemos, por meio de um exemplo didático, como funciona a análise
das entradas e saídas de um sistema digital controlado por um sinal de clock. Utili-
zaremos um sistema do tipo caixa-preta, isto é, não sabemos como é formado, quais
circuitos o compõem, mas sabemos como serão as saídas para cada entrada possível,
e é isso que nos interessa neste momento.
135
UNICESUMAR
136
UNIDADE 6
R
Q
S Q
R Q
Q
S
(a) (b)
137
UNICESUMAR
Tomando por base o que sabemos sobre por- resulta em Q = 0 , na sequência, a operação lógica
tas NOR e o arranjo apresentado na Figura 4, NOR de Q = 0 e S = 1 resulta em Q = 0 . Note
analisaremos o comportamento do latch SR. que, tanto Q quanto Q estão em nível baixo. Mas
Considere inicialmente, que as entradas R e S lembra-se que Q é o oposto de Q ? Temos aí a
, e também a saída Q , estão em nível baixo. A chamada condição inválida, na qual o estado do
operação lógica NOR de Q = 0 e S = 0 resulta latch é imprevisível, por isso, não deve ser apli-
em Q = 1 , já a operação lógica NOR de R = 0 cada. Deve-se ter isso claro na mente ao utilizar
e Q = 1 , resulta em Q = 0 . Note que o latch não latch SR: não pode ocorrer a condição inválida!
apresenta mudança de estado enquanto per- Como futuros(as) engenheiros(as), gostamos
manecer nestas condições. Agora, alteraremos mesmo é de números, tabelas e gráficos, certo?
a entrada S para nível alto. A operação lógica Então, reuniremos todos esses dados de nosso ex-
NOR de Q = 0 e S = 1 resulta em Q = 0 , na perimento mental com o latch SR em uma tabela
sequência, a operação lógica NOR de R = 0 e verdade. Ela está apresentada na Tabela 1.
Q = 0 resulta em Q = 1 . Assim, aplicando nível
Tabela 1 - Tabela verdade do latch SR
alto na entrada S e nível baixo na entrada R ,
Entradas Saídas
estamos colocando o latch em estado SET. Comentários
Agora, retornaremos a entrada S para ní- SR QQ
vel baixo. A operação lógica NOR de Q = 1 e 0 0 NC NC Mantém estado atual
S = 0 resulta em Q = 0 , na sequência, a ope- 1 0 1 0 SET
ração lógica NOR de R = 0 e Q = 0 resulta em
Q = 1 . Note que, mesmo levando a entrada S , 0 1 0 1 RESET
138
UNIDADE 6
02 EXEMPLO Dadas na Figura 5, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas S e R de
um latch SR, determine a forma de onda gerada na saída Q , considerando que, ini-
cialmente, o latch está em estado RESET.
Resolução
Como, inicialmente, o latch SR está em estado RESET, isto significa que, inicial-
mente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apre-
sentada na Figura 6.
Q
Figura 6 - Formas de onda nas entradas e saída de um latch SR no Exemplo 2
Fonte: adaptada de Floyd (2007).
139
UNICESUMAR
R
Q
Q
EN
Q
Q
S
(a) (b)
Figura 7 - Latch SR controlado: diagrama lógico (a) e símbolo lógico (b)
Fonte: adaptada de Floyd (2007), Güntzel e Nascimento (2001).
1 1 0 1 0 SET
1 0 1 0 1 RESET
1 1 1 1 1 Condição inválida
Fonte: adaptada de Güntzel e Nascimento (2001).
03 EXEMPLO Dadas, na Figura 8, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas EN , S e
R de um latch SR controlado, determine a forma de onda gerada na saída Q , con-
siderando que, inicialmente, o latch está em estado RESET.
EN
140
UNIDADE 6
Resolução
Como, inicialmente, o latch SR controlado está em estado RESET, isto significa que,
inicialmente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apre-
sentada na Figura 9.
EN
D
D Q
Q
EN EN
Q
Q
(a) (b)
141
UNICESUMAR
04 EXEMPLO Dadas, na Figura 11, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas EN e D de
um latch D controlado, determine a forma de onda gerada na saída Q , considerando
que, inicialmente, o latch está em estado RESET.
EN
Resolução
Como, inicialmente, o latch D controlado está em estado RESET, isto significa que,
inicialmente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apre-
sentada na Figura 12.
EN
142
UNIDADE 6
Para receber uma informação pelo barramento, um dispositivo fica conectado a ele por meio de um latch
D. Quando esse dispositivo deseja receber um dado do barramento, então, sua entrada EN vai para
nível alto e, assim, o dado presente na entrada D (conectada ao barramento) é replicado na saída Q
A partir daí, a entrada EN retorna a nível baixo, liberando o barramento para que outro dispositivo
o utilize, e o dado coletado continua armazenado na saída Q pelo tempo que for necessário (eis, aqui,
a capacidade de memória do latch!), (FLOYD, 2007).
Caro(a) aluno(a), assim concluímos o estudo dos latches e, também, demos nossos primeiros pas-
sos no mundo dos circuitos digitais sequenciais. Na próxima unidade, conversaremos a respeito dos
flip-flops, que são dispositivos baseados nos latches, mas controlados por um sinal de clock.
Como vimos, os circuitos digitais sequenciais têm, como característica fundamental, a realimentação
do estado atual junto às entradas, de forma que o próximo estado será definido a partir das entradas e
do estado atual. Note que há uma sequência de estados que o circuito assumirá, ou seja, uma atuação
temporal. Este comportamento nos permite utilizar circuitos sequenciais quando precisamos de me-
mória de estado ou de bit para a solução de determinado problema. Este é o caso, por exemplo, da
operação do portão eletrônico que analisamos no início da unidade. Cada vez que apertamos o botão
do controle remoto, uma ação é realizada considerando as entradas (botão e sensores fim-de-curso) e
o estado atual. Se você parar para pensar, verá que este tipo de comportamento é aplicado em soluções
e equipamentos dos mais diversos tipos, como o botão liga/desliga de um eletroeletrônico, o botão
abrir/fechar da porta de elevador, entre outros.
143
Chegamos ao fim de mais uma unidade e, como de costume, temos novos conteúdos
e aprendizados a compreender e a fixar. Para orientar e facilitar este processo, propo-
nho a você preencher o mapa mental da unidade, alimentando-o com as informa-
ções mais importantes que estudamos. Desafio você a dar, “de cabeça”, sequência ao
preenchimento do mapa, ou seja, sem consultar o texto. Ao concluir, aí sim, consulte
o texto para verificar se faltou alguma informação relevante ou se entendeu, de forma
equivocada, algum ponto.
Síncronos e Assíncronos
CIRCUITOS SEQUENCIAIS I
MAPA MENTAL
Latches
Latch SR
Latch SR controlado
Latch D controlado
144
1. Dadas as formas de onda aplicadas nas entradas S e R de um latch SR, determine a forma de
onda da saída Q , considerando que o estado inicial é de nível baixo.
EN
145
3. Dadas as formas de onda aplicadas nas entradas EN e D de um latch D controlado, determine
a forma de onda da saída Q , considerando que o estado inicial é nível baixo.
EN
D
AGORA É COM VOCÊ
146
3.
2.
1.
Q
EN
147
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
GÜNTZEL, J. L.; NASCIMENTO, F. A. Introdução aos Sistemas Digitais. Florianópolis: UFSC, 2001.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2011.
VAHID, F. Sistemas digitais: projeto, otimização e HDLs. Porto Alegre: Bookman, 2008.
REFERÊNCIAS
148
149
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
150
7 Circuitos
Sequenciais II
Me. Luiz Carlos Campana Sperandio
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
152
UNIDADE 7
DIÁRIO DE BORDO
E aí, como foi a experiência? Ao realizarem a primeira parte do experimento,
tenho certeza que um de vocês falou “eureca” primeiro. Acertei?
Isto aconteceu porque nenhum de vocês tinha uma referência, então, contaram
conforme a própria percepção do tempo. Já na segunda parte, acredito que tenham
falado “eureca” juntos. Isto se deve a vocês terem utilizado a mesma referência de
tempo, que era a batida do metrônomo.
Mas e o segundo experimento? Neste, vocês devem ter sentido certas dificul-
dade e lentidão para realizar a primeira parte, sem o uso do metrônomo, pois um
não sabia quando o outro tomaria uma ação. Contudo, ao ligar o metrônomo e
agirem a cada batida, como tinham a mesma referência, sabiam o momento exato
quando o outro estava agindo.
Por fim, ao acelerarem as batidas no metrônomo, conseguiram acelerar, tam-
bém, o processo de entregar/receber a bolinha.
Note, ao trabalhar com dois ou mais elementos distintos em um processo,
como ter uma referência é essencial para que os elementos trabalhem em sincro-
nismo e seja possibilitado, inclusive, o aumento da velocidade de trabalho. Este é
o papel do clock, sobre o qual estávamos conversando, e veremos, a seguir, como
uma referência para o controle dos dispositivos de um sistema digital síncrono.
153
UNICESUMAR
Para iniciar nosso estudo dos circuitos sequenciais síncronos, conheceremos seu dispositivo mais
elementar: o flip-flop. Segundo Güntzel e Nascimento (2001), os flip-flops são circuitos derivados
dos latches controlados, apresentando uma diferença simples, mas muito significativa, em comparação
com tais latches: ao invés de permanecerem ativos durante todo o intervalo em que o sinal de controle
estiver em nível alto, os flip-flops são ativos apenas no curtíssimo intervalo quando há a mudança
de nível do sinal de controle, com isso, a troca de estado do flip-flop só pode ocorrer dentro desse
intervalo da transição. Entre uma transição e outra do nível do sinal de controle, o flip-flop se mantém
desativado, mantendo o último estado adquirido.
Caro(a) aluno(a), quando falamos de flip-flops ou outros circuitos e dispositivos síncronos, o
controle destes é feito por meio de um recém-conhecido nosso: o sinal de clock. Como vimos, o sinal
de clock é periódico, ou seja, alterna de nível baixo para nível alto (e vice-versa) em um intervalo de
tempo constante, de forma que o sinal seja um “trem” de pulsos de mesma largura. Há pouco, dissemos
que o flip-flop é ativo na transição do nível do sinal de clock, certo? A este processo damos o nome
de disparo pela borda.
Repare, então, que existem dois tipos de transição: disparo pela borda de subida (nível baixo
para nível alto) e disparo pela borda de descida (nível alto para nível baixo). A definição de um
flip-flop é disparada pela borda de subida ou pela borda de descida, não é configurável ou algo pareci-
do, mas é definida pela construção do flip-flop. A indicação do tipo de disparo do flip-flop é feita por
meio de símbolos na entrada de controle (C): se houver apenas um triângulo dentro do bloco, então,
o disparo é por borda de subida; se houver um círculo junto ao triângulo, então, o disparo é por borda
de descida. Esta simbologia é apresentada na Figura 1.
Figura 1 - Flip-flop D disparado por boda de subida (a) e disparado por borda de descida (b)
Fonte: Floyd (2007, p. 394).
154
UNIDADE 7
Assim como os latches (inclusive por serem derivados deles), existem modelos distintos de flip-flops, e
os estudaremos a partir de agora. Para começar, vamos ao flip-flop SR. O símbolo lógico do flip-flop
SR é apresentado na Figura 2.
S Q
R Q
Segundo Floyd (2007), o flip-flop SR apresenta as mesmas funções lógicas do latch SR controlado.
Quando S = 0 e R = 0 , o flip-flop não muda de estado, permanecendo a mesma saída anterior, ou
seja, Q = Q0 . Quando S = 1 e R = 0 , então, na borda de disparo, o flip-flop vai para o estado SET, ou
seja, Q = 1 . Quando S = 0 e R = 1 , então, na borda de disparo, o flip-flop vai para o estado RESET,
ou seja, Q = 0 . Por fim, quando S = 1 e R = 1 , ocorre a condição inválida, não sendo possível dizer
qual será o estado do flip-flop, por isso, deve ser evitada. Como de costume, reuniremos estes dados
na tabela verdade do flip-flop SR, apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 - Tabela verdade do flip-flop SR disparado por borda de subida
Entradas Saídas Comentários
C S R Q Q
↑ 1 0 1 0 SET
↑ 0 1 0 1 RESET
↑ 1 1 1 1 Condição inválida
Fonte: adaptada de Güntzel e Nascimento (2001).
155
UNICESUMAR
A Tabela 1 apresenta os dados referentes ao flip-flop SR disparado pela borda de subida (↑), mas es-
tes são válidos para o modelo disparado por borda de descida (↓). Para compreender melhor e fixar,
vamos ao Exemplo 1.
01 EXEMPLO Dadas, na Figura 3, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas C , S e R
de um flip-flop SR com disparo na borda de subida, determine a forma de onda ge-
rada na saída Q , considerando que, inicialmente, o flip-flop está em estado RESET.
1
CLK 1 2 3 4 5 6
0
1
S
0
1
R
0
Resolução
Como, inicialmente, o flip-flop SR está em estado RESET, isto significa que, inicial-
mente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apresentada
na Figura 4.
1
CLK 1 2 3 4 5 6
0
1
S
0
1
R
0
1
Q
0
156
UNIDADE 7
D S Q S Q
CLK C C
R Q R Q
(a) (b)
Figura 5 - Estrutura lógica (a) e símbolo lógico (b) do flip-flop D com disparo pela borda de subida
Fonte: Floyd (2007, p. 398-399).
Como você já deve suspeitar, o flip-flop D apresenta as mesmas funções lógicas do latch D. Quando
D = 1 , então, na borda de disparo, o flip-flop vai para o estado SET, ou seja, Q = 1 . Quando D = 0 ,
então, na borda de disparo, o flip-flop vai para o estado RESET, ou seja, Q = 0 . A tabela verdade do
flip-flop D é apresentada na Tabela 2.
Tabela 2 - Tabela verdade do flip-flop D disparado por borda de subida
Entradas Saídas Comentários
C D Q Q
↑ 1 1 0 SET
↑ 0 0 1 RESET
Fonte: adaptada de Güntzel e Nascimento (2001).
Essa tabela que acabamos de ver apresenta os dados referentes ao flip-flop D disparado pela borda de
subida (↑), mas, novamente, os mesmos são válidos para o modelo disparado por borda de descida
(↓). Apesar da aplicação deste flip-flop ser mais simples que a do flip-flop SR, ainda assim, vamos ao
Exemplo 2 para fixar.
157
UNICESUMAR
02 EXEMPLO Dadas, na Figura 6, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas C e D de
um flip-flop D com disparo na borda de subida, determine a forma de onda gerada
na saída Q , considerando que, inicialmente, o flip-flop está em estado RESET.
CLK
Resolução
Como, inicialmente, o flip-flop D está em estado RESET, isto significa que, inicial-
mente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apresentada
na Figura 7.
CLK
158
UNIDADE 7
Por último, caro(a) aluno(a), trataremos, agora, do flip-flop JK, que não possui um latch com com-
portamento análogo a ele. Segundo Floyd (2007), as letras J e K que denotam suas entradas foram
atribuídas em homenagem a Jack Kilby, inventor do circuito integrado. O símbolo lógico do flip-flop
JK é apresentado na Figura 8.
J Q
CLK C
K Q
O flip-flop JK apresenta as mesmas funções lógicas do flip-flop SR, mas com a grande vantagem de não
possuir a condição inválida quando ambas as entradas estão em nível alto. Quando J = 0 e K = 0
, o flip-flop não muda de estado, permanecendo a mesma saída anterior, ou seja, Q = Q0 . Quando
J = 1 e K = 0 , então, na borda de disparo, o flip-flop vai para o estado SET, ou seja, Q = 1 . Quando
J = 0 e K = 1 , então, na borda de disparo, o flip-flop vai para o estado RESET, ou seja, Q = 0 . Por
fim, quando J = 1 e K = 1 , então, na borda de disparo, o flip-flop inverte o estado, operação esta
chamada de toggle. Reunimos estes dados na tabela verdade do flip-flop JK, apresentada na Tabela 3.
Tabela 3 - Tabela verdade do flip-flop JK disparado por borda de subida
Entradas Saídas
Comentários
C S R Q Q
↑ 1 0 1 0 SET
↑ 0 1 0 1 RESET
↑ 1 1 Q0 Q0 Toggle
Fonte: adaptada de Güntzel e Nascimento (2001).
A tabela anterior apresenta os dados referentes ao flip-flop JK disparado pela borda de subida (↑), mas
os mesmos são válidos para o modelo disparado por borda de descida (↓). Para compreender melhor,
vamos ao Exemplo 3.
159
UNICESUMAR
03 EXEMPLO Dadas, na Figura 9, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas C , J e K
de um flip-flop JK com disparo na borda de descida, determine a forma de onda
gerada na saída Q , considerando que, inicialmente, o flip-flop está em estado RESET.
1
1 2 3 4 5
CLK
0
1
J
0
1
K
0
Resolução
Como, inicialmente, o flip-flop JK está em estado RESET, isto significa que, inicial-
mente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apresentada
na Figura 10.
1
1 2 3 4 5
CLK
0
1
S
0
1
K
0
1
Q
0
Toggle Repouso Reset Set Set
160
UNIDADE 7
Uma aplicação muito útil de flip-flops é como divisor de frequência de uma onda periódica
retangular. Quando este tipo de onda é aplicada na entrada de clock de um flip-flop JK na
configuração toggle ( J=K=1), na saída Q , será gerada uma onda do mesmo tipo, porém com
metade da frequência do sinal de clock. Concatenando mais um flip-flop JK na configuração
toggle, mas aplicando, na entrada de clock, a saída Q do flip-flop anterior, teremos mais uma
divisão por 2 na frequência da onda, ou seja, a frequência da onda original sofreu uma di-
visão por 4. Podemos seguir concatenando um após o outro, de forma que a frequência da
onda gerada no último flip-flop será uma divisão por 2n da frequência original, em que n é a
quantidade de flip-flops concatenados.
Agora que sabemos como é o funcionamento lógico dos flip-flops, caro(a) aluno(a), desenvolveremos
um projeto empregando o flip-flop D e as portas lógicas, trata-se de um sistema de chamada de aeromoça
em voos comerciais. O projeto é composto por quatro elementos: o botão “chamar”, o botão “cancelar”, a
lâmpada azul de sinalização e o sistema de chamada. Este arranjo está apresentado na Figura 11.
O sistema deve funcionar da seguinte forma: se o botão “chamar” for pressionado, a lâmpada deve
acender; se o botão “cancelar” for pressionado, a lâmpada deve apagar; se nenhum dos botões for pres-
sionado, a lâmpada deve manter seu estado. Precisamos, agora, converter este funcionamento descritivo
em um sistema digital, utilizando, como dispositivo principal, um flip-flop D. Assim, o que precisamos
definir é o circuito combinacional que determina a entrada D do flip-flop. Para isso, lembra-se qual o
primeiro passo? Tenho certeza de que você falou “montar a tabela verdade do problema”! Vamos a ela!
161
UNICESUMAR
Como você já está craque em simplificar expressões booleanas, deixarei contigo esta tarefa. Você en-
contrará a seguinte equação:
D = Chamar + Cancelar ⋅ Q
Que simplicidade se tornou, não? É lindo demais! Analisando a equação, precisaremos, então, para
montar o sistema, além do flip-flop D, de uma porta lógica OR (OU) de duas entradas, uma porta
lógica AND (E) de duas entradas e uma porta NOT (inversora). A implementação do sistema é apre-
sentada na Figura 12.
Botão “chamar”
D Q´ Lâmpada
azul
Botão “cancelar”
Clk Q
162
UNIDADE 7
Vimos, até aqui, os flip-flops e as suas entradas síncronas, as quais têm seu efeito sobre a saída do flip-
-flop sincronizado com o sinal de clock. Entretanto, segundo Tocci, Widmer e Moss (2011), os flip-flops
também possuem entradas assíncronas que atuam independentemente das síncronas e do clock, são
também chamadas de entradas de sobreposição, visto que podem ser usadas para sobrepor todas as
outras. É como se essas entradas assíncronas tivessem mais prioridade sobre a saída que as entradas
síncronas, podendo colocar o flip-flop em estado alto ou baixo em qualquer instante. Normalmente,
estão presentes duas entradas assíncronas: PRESET e CLEAR . A barra em cima do nome não é à
toa: essas entradas são ativas em nível baixo. A Figura 13 apresenta o símbolo lógico do flip-flop JK
com tais entradas assíncronas.
PRE
J Q
K Q
CLR
163
UNICESUMAR
04 EXEMPLO Dadas, na Figura 14, as formas de onda dos sinais aplicados nas entradas C , PRE
e CLR de um flip-flop JK com disparo na borda de subida, e que J= K= 1 ,
determine a forma de onda gerada na saída Q , considerando que, inicialmente, o
flip-flop está em estado RESET.
CLK 1 2 3 4 5 6 7 8 9
PRE
CLR
Resolução
Como, inicialmente, o flip-flop JK está em estado RESET, isto significa que, inicial-
mente, Q = 0 . Assim, basta traçar a forma de onda da saída Q , que está apresentada
na Figura 15.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
CLK
PRE
CLR
Q
Preset Toggle Clear
164
UNIDADE 7
165
Chegamos ao fim de mais uma unidade e, como de costume, temos novos conteú-
dos e aprendizados a compreender e a fixar. Para orientar e facilitar este processo,
proponho a você que preencha o mapa mental desta unidade, alimentando-o com as
informações mais importantes que estudamos. Para facilitar o início da construção
do mapa mental, esbocei a estrutura básica com tópicos a se trabalhar. Mas isto
não sairá de graça: desafio você a dar sequência, “de cabeça”, ao preenchimento do
mapa, sem consultar o texto. Ao concluir, aí sim, consulte o texto para verificar se
faltou alguma informação relevante ou se entendeu, de forma equivocada, algum
ponto. Agora vai lá, mão na massa!
Flip-flop SR
Flip-flops
MAPA MENTAL
Flip-flop D
Circuitos sequenciais II
Entradas assíncronas
Flip-flop JK
166
167
MAPA MENTAL
1. A saída Q de um flip-flop SR disparado por borda é mostrada em relação ao sinal de clock, na
figura a seguir. Determine as formas de onda nas entradas S e R que são necessárias para
produzir essa saída, sabendo que o flip-flop é do tipo disparado por borda de subida.
AGORA É COM VOCÊ
2. Desenhe a saída Q em relação ao clock para um flip-flop D com as entradas, conforme mostra a
figura a seguir. Considere a entrada de clock ativa na borda de subida e a saída Q , inicialmente,
em nível baixo.
CLK
168
3. Determine a forma de onda de Q em relação ao clock se os sinais mostrados, na figura a seguir,
forem aplicados nas entradas do flip-flop JK. Considere a saída Q , inicialmente, em nível baixo.
CLK
PRE
J
J Q
K C
CLR CLR
169
1.
CLK
Q
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
2.
CLK
3.
CLK
PRE
CLR
170
FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
GÜNTZEL, J. L.; NASCIMENTO, F. A. Introdução aos Sistemas Digitais. Florianópolis: UFSC, 2001.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 11. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2011.
VAHID, F. Sistemas digitais: projeto, otimização e HDLs. Porto Alegre: Bookman, 2008.
REFERÊNCIAS
171
MEU ESPAÇO
172
8 Contadores
Esp. Larissa Vilxenski Calsavara
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Nesta unidade, uniremos tudo o que você aprendeu nas unidades anteriores
para montar as estruturas úteis e utilizadas em quase todos os compo-
nentes eletrônicos: contadores. Estes são importantes não somente para
armazenar informação, mas também para inserir tempo, sincronia e lógica
sequencial entre elementos.
UNICESUMAR
Você tem um relógio digital perto de você? Pode ser o relógio do micro-ondas, do painel do carro, o
relógio que você usa no pulso. Agora, responda à seguinte pergunta: para cada um dos 6 dígitos de um
relógio digital de 12 horas, até qual número cada um dos dígitos tem que contar?
174
UNIDADE 8
Agora, mantenha estas informações em mente, pois elas serão necessárias para que possamos concluir
esta unidade!
DIÁRIO DE BORDO
175
UNICESUMAR
Contadores são circuitos digitais que variam os seus estados, de acordo com um sinal de clock
e respeitando uma sequência. São utilizados, principalmente, para contagens, divisão e medição de
frequência e tempo, geração de formas de onda e conversão de analógico para digital (CAPUANO;
IDOETA, 2012).
Eles fazem isso por meio de flip-flops ligados entre si, em que cada flip-flop tem um estado de saída
com valor de 0 ou 1. Isto quer dizer que o número de bits de um contador corresponde ao número
de flip-flops, por exemplo, dois flip-flops teriam as possibilidades de estado 00, 01, 10 e 11, ou seja,
contariam de 0 a 3. Mas, além de registrar números, os contadores também dependem de outro fator,
que é o sinal de clock, os valores das saídas de cada flip-flop são atualizados conforme recebem pulsos
desse sinal. Os contadores podem ser divididos em assíncronos e síncronos, e começaremos
aprendendo o primeiro tipo.
Esta classificação está relacionada a como os flip-flops recebem o pulso de clock. No caso dos as-
síncronos, eles têm este nome porque os flip-flops não mudam de estado ao mesmo tempo em que o
sinal de clock.
Então, agora, entenderemos, com detalhes, como esses contadores funcionam. Observe a figura
que mostra um contador de 2 bits.
nível ALTO
FF0 FF1
J0 Q0 J1 Q1
CLK
C C
Q0
K0 K1
O sinal de clock (CLK) é aplicado somente ao primeiro flip-flop (FF0) na entrada C. O segundo flip-flop
(FF1) receberá o seu sinal de clock da saída Q0 de FF0. O FF0 muda de estado na borda positiva de
cada pulso de clock, ou seja, na descida, enquanto FF1 muda somente quando houver uma transição
positiva de Q0 do FF0 (FLOYD, 2007).
O flip-flop que recebe o clock (FF0, neste exemplo) sempre representará o bit menos significativo
(LSB), enquanto o último representará o bit mais significativo (MSB).
Perceba que os sinais de disparo de clock não acontecerão, simultaneamente, nos dois flip-flops, já
que há um tempo inerente de propagação. Apesar de muito rápido, esse tempo não é diferente de 0 e,
quanto mais flip-flops, mais significativo será esse tempo. Por isso, esta configuração é chamada de
assíncrona.
Agora, analisaremos o diagrama de temporização para entender melhor o que está acontecendo. Na
Figura 2, temos 4 pulsos de clock em FF0, representados na primeira linha, abaixo dela, as mudanças
de estado das saídas Q de cada flip-flop.
176
UNIDADE 8
CLK 1 2 3 4
Q
0
Saídas Q (LSB)
0
Q (MSB)
1
Figura 2 - Diagrama de temporização para o contador da Figura 2 Tabela 2 - Sequência de estados biná-
Fonte: Floyd (2007, p. 444). rios para o contador da Figura 2
PULSO DE
Q1 Q0
Este diagrama mostra as formas de onda das saídas Q0 e Q1 em CLOCK
relação aos pulsos de clock. As transições estão sendo mostradas Valor inicial 0 0
como simultâneas para simplificar, mas lembre-se de que este con-
1 0 1
tador é assíncrono, então, sempre haverá um pequeno atraso entre
os pulsos Q0 e Q1. 2 1 0
Perceba que a frequência de pulsos de Q1 é a metade da frequen- 3 1 1
cia de Q0. Por isso, o FF1 representa o bit mais significativo e, tam-
4 (recicla) 0 0
bém, os contadores podem funcionar para a divisão de frequência
Fonte: Floyd (2007, p. 445).
e a geração de formas de onda (CAPUANO; IDOETA, 2012).
Observe, também, que esse contador tem quatro possíveis esta- Mas, pensando no nosso projeto
dos, o que já era de se esperar para um contador de 2 bits (2n, onde de fazer um relógio, contar de 0 a
n = 2 é igual a 4). A sequência de estados é representada na tabela, a 3 não será o suficiente, não é mes-
seguir, e, depois de chegar ao valor 3, o contador volta ao seu estado mo? Então, aumentaremos nossa
original. Dizemos, também, que ele é reciclado. sequência de flip-flops para 4 bits:
Q0 Q1 Q2 Q3
T0 Q0 T1 Q1 T2 Q2 T3 Q3
CK
CLR
177
UNICESUMAR
As saídas são representadas por Q0, Q1, Q2 e Q3, como você deve imaginar, Q0 representa o bit menos
significativo, enquanto Q3 representa o bit mais significativo. Então, esse contador terá a seguinte
tabela de estados:
Tabela 3 - Sequência de estados binários para o contador da Figura 4
DESCIDAS
Q0 Q1 Q2 Q3
DE CLOCK
6º 1 0 1 0 (Q0 = 1, Q1 e Q2 permanecem).
8º 1 1 1 0 (Q0 = 1).
Isto quer dizer que, agora, fizemos um contador que representa números de 0 a 15 em um ciclo, ou
seja, com 16 estados. Isto faz sentido, já que 24 = 16.
Finalmente, temos a representação gráfica de todas as saídas em relação ao pulso de clock na Figura 4:
178
UNIDADE 8
CLOCK
Q0 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0
0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0
Q1
0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0
Q2
0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0
Q3
Um efeito que acontece nos contadores assíncronos é o atraso de propagação, por isso, eles também são
conhecidos como contadores ondulantes (ripple counters). Isto ocorre porque o pulso de entrada do clock
é “sentido” pelo primeiro flip-flop, mas este efeito não chega, imediatamente, ao segundo flip-flop por causa
do tempo até o primeiro flip-flop processar a informação e disparar o pulso para o segundo flip-flop, o
que acontece, sucessivamente, em todos os flip-flops, causando uma propagação do atraso (FLOYD, 2007).
Para comparação, pense em um semáforo que está vermelho em uma rua com muitos carros parados.
Quando o sinal muda para o verde, o primeiro carro acelerará para atravessar o cruzamento, mas o carro
que está atrás dele não começará, imediatamente, a acelerar também, terá um tempo até perceber que
o carro da frente está andando. Isso acontecerá de carro em carro, até que você, aluno(a), que está lá na
sexta posição, pegará o sinal fechado de novo, porque os carros não começam a se movimentar todos ao
mesmo tempo, no momento em que o semáforo mudou para o estado “verde”.
Para ilustrar este efeito de clock ondulante, observe a imagem, a seguir, que representa um contador
assíncrono de 3 flip-flops.
CLK 1 2 3 4
Q0
Q1
Q2
t t
PHL (CLK a Q0 ) PHL (CLK a Q0 )
t t
t
PLH PLH ( Q0 a Q1 ) PLH ( Q0 a Q1 )
t
(CLK a Q ) PLH ( Q1 a Q2 )
2
179
UNICESUMAR
A transição do nível baixo para o nível alto de Q0 ocorre com um tempo de atraso, representado pela
sigla tPLH. Perceba que esse tempo se acumula a cada mudança de estado do contador e, ao chegar ao
bit mais significativo, teremos o valor de tPLH multiplicado por 3, como atraso.
Este atraso cumulativo é uma grande desvantagem, pois limita a taxa na qual o contador pode rece-
ber pulsos de clock. Isso porque o atraso acumulado máximo (o que acontece no bit mais significativo)
tem que ser menor do que o período da onda de clock (FLOYD, 2007).
01 EXEMPLO Retirado do livro Sistemas Digitais, de Floyd (2007): um contador binário assín-
crono de 4 bits é mostrado na figura a seguir. Cada flip-flop é disparado por borda
negativa e tem um atraso de propagação de 10 ns. Determine o tempo de atraso de
propagação total a partir da borda de disparo de um pulso de clock até a mudança
correspondente que pode ocorrer no estado de Q3. Determine, também, a frequência
máxima de clock na qual o contador pode operar.
nível ALTO
FF0 FF1 FF2 FF3
Q0 Q1 Q2 Q3
J0 J1 J2 J3
CLK C C C C
K0 K1 K2 K3
(a)
CLK 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Q0
Q1
Q2
Q3
(b)
Solução: Para o tempo de atraso total, o efeito de CLK8 (ou CLK16) tem que propagar
por meio de quatro flip-flops antes da mudança de Q3, assim:
t p (tot ) 4 10ns 40ns
180
UNIDADE 8
nível ALTO
FF0 FF1
Q0
J0 J1 Q1
C C
K0 K1 Q1
CLK
Figura 7 - Contador síncrono de 2 bits
Fonte: Floyd (2007, p. 452).
As entradas de clock de ambos os flip-flops estão ligadas ao mesmo sinal, conforme des-
crevemos na definição do contador síncrono. Mas esta não é a única diferença, perceba,
também, que as entradas J e K do segundo flip-flop estão usando a saída Q do flip-flop
anterior como entrada, e não um nível alto comum, como era feito no assíncrono.
Agora, analisar a operação desse contador com mais detalhes, considerando que es-
tamos no estado inicial, com o contador resetado. Ao receber o primeiro sinal de clock,
FF0 comuta e a saída Q0 vai para o nível alto. O que acontecerá, então, com FF1, quando
suas entradas J1 e K1 receberem este sinal? Como existe um atraso de propagação entre
a entrada e a saída do primeiro flip-flop (FF0), o segundo flip-flop (FF1) só terá uma
mudança de estado, em sua saída, quando acontecer o segundo pulso de clock.
181
UNICESUMAR
CLK1 CLK2
1 1
Q0 Atraso de propagação de FF0 Q0 Atraso de propagação de FF0
0 0
(a) (b)
CLK3 CLK4
1
Q0 1 Q0 Atraso de propagação de FF0
Atraso de propagação de FF0
0 0
1 1
Q1 Q1 Atraso de propagação de FF1
0
(c) (d)
Mas você, estudante, deve estar se perguntando: como assim, atraso? O objetivo do
contador síncrono não era, justamente, acabar com este problema? Não exatamen-
te. Esse atraso ainda acontece entre um flip-flop e outro, mas a grande diferença é
que esse atraso não se propagará e acumulará quanto maior for a sequência de
flip-flops.
Analisaremos, mais uma vez, o nosso diagrama de temporização. Perceba que
ele é igual ao diagrama do contador assíncrono, porque, como os tempos de atraso
são pequenos, não os consideraremos nestes diagramas, mas tenha estes efeitos em
mente quando estiver trabalhando com componentes de alta performance, em que
o seu efeito pode ser relevante.
1 2 3 4
CLK
Q0
Q1
182
UNIDADE 8
(a)
nível ALTO
FF0 FF1 Q0 Q1 FF2
Q0 Q1
J1 J2 Q2
J0
C C C
K0 K1 K2
CLK
CLK 1 2 3 4 5 6 7 8
Q0
Q1
Q2
Primeiro, analisaremos Q0. Ele mudará de estado a cada pulso de clock, já que é o
bit menos significativo. Para que isto aconteça, suas entradas J0 e K0 precisam ser
mantidas no nível alto o tempo todo. Ao observarmos Q1, perceba que seu estado
mudará toda vez que a saída Q0 for nível 1, o que acontece nos pulsos de clock 2, 4, 6
e 8. Lembrando que Q0 está conectado às duas entradas do segundo flip-flop (FF1).
183
UNICESUMAR
Analisaremos o terceiro flip-flop, o FF2. Você deve ter percebido que tem algo a
diferente: temos uma porta lógica AND que não tinha aparecido antes! Por que ela
está aí?
Para que o terceiro flip-flop mude de estado na hora certa para respeitar a se-
quência binária do nosso contador, é necessário que tanto Q0 quanto Q1 estejam no
nível alto. Esta condição é detectada, justamente, pela porta lógica AND. Se ela não
estivesse ali, Q2 mudaria de estado a cada 3 pulsos de clock, e não a cada 4 pulsos,
que é o desejado para nós.
Finalmente, analisaremos a última configuração de contador que precisamos,
antes de motar nosso relógio: o contador síncrono de 4 bits.
nível ALTO
FF0 FF1 Q0 Q1 FF2 Q 0 Q 1Q 2 FF3
Q0 Q1 G1 G2
J1 J2 J3 Q3
J0 Q2
C C C C
K0 K1 K2 K3
CLK
(a)
Q0 Q1 Q 0 Q 1Q 2 Q0 Q1 Q 0 Q1 Q2
CLK
Q0
Q1
Q2
Q3
(b)
Perceba que, desta vez, temos duas portas lógicas AND, pelo mesmo motivo que as
tínhamos no contador de 3 bits. Queremos que o flip-flop FF3 mude de estado so-
mente quando os outros 3 flip-flops anteriores estiverem no nível alto. Por isto, temos,
como entradas dessa porta AND, a saída Q2 do flip-flop anterior ao FF3 e, também, a
saída da outra porta AND, que testava se os dois primeiros flip-flops estavam em nível
alto. Desta forma, garantimos que o contador respeitará a tabela de estados a seguir:
184
UNIDADE 8
Você se lembra do nosso desafio, proposto no início desta unidade, de determinar quais os
números possíveis em cada dígito de um relógio? Então, você deve ter percebido que o máxi-
mo que cada dígito conta é de 0 a 9, ou seja, precisamos de 10 estados. Mas nosso contador
vai de 0 a 15, já que ele tem 4 bits. Precisamos, assim, adaptá-lo ao que chamamos de um
contador de década.
Observe a tabela de estados da figura seguinte. Para que nosso contador conte somente
até 9, ele deve parar na décima linha da tabela, contando de 0000 a 1001 somente, e
“pulando” os valores de 1010 até 1111, que representam os valores de 10 a 15. A seguir,
podemos observar como fazer isso, adicionando algumas portas lógicas AND e OR
ao nosso circuito original do contador de 4 bits:
185
UNICESUMAR
nível ALTO
C C C C
Q3
K0 K1 K2 K3
CLK
CLK 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0
Q0
0 0 1 1 0 0 1 1 0 0 0
Q1
Q2 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0
Q3
O que este circuito faz é entrar no modo reciclagem após atingir o estado 1001. A
equação para esta situação é:
J3 = K3 = Q0Q1Q2 + Q0Q3
que é implementada por meio das portas lógicas AND e OR conectadas às entradas
J3 e K3 do flip-flop FF3.
Finalmente, chegamos à etapa final de nosso projeto, pois já temos em mãos todas
as informações necessárias para montar nosso relógio, que 1podemos
Hz observar na
próxima figura. 1 Hz
FF0 Contador de horas Contador de minutos (divisor por 60) Contador de segundos (divisor por 60)
Q CTR DIV 10 CTR DIV 6 CTR DIV 10 CTR DIV 6 CTR DIV 10
EN
C
FF0 Contador de horas EN EN EN
Contador de minutos (divisor por 60)
EN
Contador de segundos (divisor por 60)
C C C C
Q CTR DIV 10 CTR DIV 6 CTR DIV 10 CTR DIV 6 CTR DIV 10
EN
C EN EN EN EN
C C C C
186
UNIDADE 8
O primeiro aspecto que definiremos é nosso sinal de clock. Sua frequência será de 1 Hz, formando
uma onda com período de 1 segundo.
Os contadores de minutos e segundos são formados, cada um, por dois contadores: um para as
unidades, que conta até 9 (representado pela caixa CTR DIV 10), e um para as dezenas, que conta
até 5 (representado pela caixa CTR DIV 6). Na Figura 14, podemos ver, em mais detalhes, esses dois
contadores:
SR
nível ALTO
Para o
CLK próximo
Decodificação do estado 6 contador
TC = 59
Para habilitar o
Decodificação próximo CTR
Q3 Q2 Q1 Q0 Q3 Q2 Q1 Q0 do estado 59
unidades dezenas
A parte que divide por 10, você já sabe como funciona, pois, ele foi discutido na parte dos contadores
de década. O contador que divide por 6 faz algo semelhante: ele usa um contador de década com uma
sequência truncada, por meio de um decodificador da contagem 6, para resetar o contador de forma
assíncrona. A contagem final (59) também é decodificada para habilitar o próximo contador da cadeia
(FLOYD, 2007).
O contador de horas é formado por um contador de década para as unidades e somente um flip-
-flop para as dezenas. O contador de década avança passando por todos os estados de 0 a 9 e, no pulso
de clock, que o recicla de volta para 0, o flip-flop das dezenas é setado em J = 1 e K = 0. Assim, temos
o número 1 no display das dezenas. A contagem total, agora, é 10, já que o contador das unidades se
encontra zerado. Em seguida, a contagem total avança para 11 e, em seguida, para 12.
No estado 12, a saída Q2 do contador de década é nível alto, o flip-flop ainda está setado e, assim,
a saída da porta decodificadora do estado 12 é nível baixo, isto ativa a entrada PE do contador de
década. No próximo pulso de clock, o contador de década é presetado para o estado 1, por meio das
entradas de dados, e o flip-flop é resetado para J = 0 e K = 1. Desta forma, o contador resetará de 12
para 1 ao invés de retornar a 0. A próxima figura ilustra este funcionamento com mais detalhes.
187
UNICESUMAR
0 0 0 1
D3 D2 D1 D0
PE
Q
CLK
Q3 Q2 Q1 Q0
Decodificação do estado 9
Decodificação do
estado 12
8 4 2 1 8 4 2 1
Para o display das unidades Para o display das dezenas Agora, veremos os diagramas de
de horas de horas
conexões para os CIs (circuitos
Figura 15 - Diagrama lógico de um contador que divide por 12 integrados) dos contadores que
Fonte: Floyd (2007, p. 482). vimos nesta unidade.
14 13 12 11 10 9 8 16 15 14 13 12 11 10 9 16 15 14 13 12 11 10 9
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
CI contador binário assíncrono CI contador de década BCD síncrono CI contador binário síncrono de 4 bits
de 4 bits 74LS93 com clear assíncrono 74F162 com clear assíncrono 74HC161
16 15 14 13 12 11 10 9 16 15 14 13 12 11 10 9
C D0 D1 D 2 D 3 ENP Q Q0 G DN/UP Q2 Q 3
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
A seguir, uma imagem de como um circuito destes é vendido, em que cada uma destas saídas é um
dos pinos que conectamos à placa do dispositivo que estamos elaborando.
188
UNIDADE 8
Normalmente, os circuitos integrados vêm com um documento chamado datasheet. Nele, está espe-
cificado, com detalhes, o que cada entrada e saída faz no componente, para que você consiga montar
corretamente.
Estudante, nesta unidade, ao unir todos os conceitos das unidades anteriores, conseguimos criar um
relógio. Isto quer dizer que você, como futuro(a) engenheiro(a), agora, possui todos os conhecimentos
necessários para implementar um dispositivo deste tipo!
Você também é capaz de usar contadores de flip-flops para diversas outras aplicações. Uma delas
é o frequencímetro, um circuito que pode medir e mostrar a frequência de um sinal, outra aplicação é
com os circuitos integrados de registradores. Há, também, outro exemplo de aplicação: em semáforos.
Você pode usar os contadores para simular cada um dos possíveis estados de um semáforo e enviar
sinais elétricos ao sistema.
Você também percebeu que a reflexão que fizemos no início da unidade, a qual, na hora, deve ter
parecido estranha, foi fundamental para conseguirmos projetar os contadores divisores de décadas,
de 60 e de 12. Ser engenheiro(a) também é isso: olhar para elementos do dia a dia com outros olhos, se
perguntar como eles funcionam, qual a lógica digital que está por trás dos equipamentos que nos cercam
e, depois de estudar eletrônica digital, o funcionamento dos equipamentos eletrônicos não é mais um
mistério. É mais uma peça de conhecimento que, agora, você tem para montar este quebra-cabeças que
é a engenharia. Quanto mais peças você tiver, mais clara será a imagem de como o mundo funciona.
189
Para ver se você realmente
aprendeu os conceitos des-
ta unidade, proponho que
complete o mapa mental, a
5 bits
seguir, da seguinte forma:
para cada tipo de contador
2 bits
nos balões vazios, desenhe
os flip-flops e as portas lógi-
cas. Ao desenhar, você me-
morizará muito mais do que
somente olhar para as figu-
Síncronos
ras que estavam prontas! Se
quiser, pode, também, fazer
outros exemplos que não
estejam no diagrama.
Contadores
MAPA MENTAL
Assíncronos
3 bits
2 bits
190
191
MAPA MENTAL
1. Você, estudante de engenharia que mora no Brasil, prefere trabalhar com relógios de 24 horas
e não com os de 12 horas, como aprendemos nesta unidade. Por isso, seu primeiro desafio será
usar flip-flops JK e qualquer outra lógica necessária para construir um contador assíncrono de
módulo 24.
Adaptado de Tocci, Widmer e Moss (2003).
2. Estudante, imagine que você queira que o seu relógio também funcione como um temporizador
que faz contagem decrescente. Isto é possível de fazer utilizando os contadores! Então, nesta
atividade, implemente, usando flip-flops e portas lógicas, um contador crescente-decrescente
de 3 bits, que realize a seguinte contagem:
AGORA É COM VOCÊ
012345676543210
Um contador deste tipo terá uma entrada extra além do clock: um estado que diz se ele está no
modo crescente ou decrescente. O modo crescente tem nível alto, enquanto o decrescente
tem nível baixo.
Dica: analise a tabela, a seguir, da contagem de 0 a 7, pensando nos estados de cada saída du-
rante a subida e durante a descida e, também, nas transições.
Pulso de
Cresc. Q2 Q1 Q0 Decr.
clock
0 0 0 0
1 0 0 1
2 0 1 0
3 0 1 1
4 1 0 0
5 1 0 1
6 1 1 1
7 1 1 1
Sequência crescente-decrescente para um contador de 3 bits
Fonte: Floyd (2007 p. 460).
192
3. Contadores assíncronos são o tipo mais simples de contadores binários porque podem ser mon-
tados com poucos componentes. Entretanto eles têm uma grande desvantagem, que é o tempo
de atraso de propagação. Essa desvantagem limita a frequência máxima que um contador pode
ter, por isso, é importante saber calcular este valor.
#1 #2 #3 #4 #5
Entrada
1000 ns
100 ns
C
150 ns
#1 #2 #3 #4 #5
Entrada
100 ns
A
50
ns
B
50
ns
C
150 ns
Diagramas de temporização
Fonte: Tocci, Widmer e Moss (2003, p. 289).
193
1. São necessários 5 flip-flops: Q0– Q4 sendo Q4 o bit mais significativo. Concecte as saídas
de Q3 e Q4 em uma porta NAND, cuja saída deve ser conectada em todos os CLRs.
J 0 K0 1
J1 K1 (Q0 CRESCENTE ) Q0 DECRESCENTE )
J 2 K2 (Q0 Q1 CRESCENTE ) Q0 Q1 ( DECRESCENTE )
A figura, a seguir, representa a implementação do contador crescente-decrescente:
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
CRESCENTE
Q 0 • CRESCENTE
HIGH
FF0 FF1 FF2
Q2
J0 J1 J2
Q0 Q1
CRESCENTE/
C C C
DECRESCENTE
Q0 Q1 Q2
K0 K1 K2
DECRESCENTE
Q 0 • DECRESCENTE
CLK
1
f max
n t PD
Então substituindo os valores, temos que:
1
a. f max 6, 6 MHz
3 50 109
1
b. f max 10, 4 MHz
4 24 109
194
CAPUANO, F.; IDOETA, I. Sistemas Digitais: Circuitos combinacionais e sequenciais. 41. ed. São Paulo: Érica,
2012.
FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 8. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2003.
REFERÊNCIAS
195
MEU ESPAÇO
196
9 Dispositivos Lógicos
Programáveis
Esp. Larissa Vilxenski Calsavara
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Se você chegou até aqui, já aprendeu muitos dos conceitos e componentes
básicos que formam os dispositivos eletrônicos que tanto usamos em nosso
dia a dia. Agora, ao estudar a nossa unidade final, você entenderá o fun-
cionamento dos dispositivos lógicos programáveis, conseguirá descrever o
que são um SPLD e um CPLD e, também, como um SPLD realiza operações
de soma e multiplicação.
UNICESUMAR
Estudante, você já sabe como funcionam os seus aparelhos eletrônicos? O seu computador e o seu
celular são formados por diversos componentes, eletrônicos ou não. Mas todos eles têm uma peça
fundamental que poderíamos comparar ao nosso cérebro. Você sabe qual é essa peça? Estamos falando
do processador ou CPU (unidade central de processamento).
Um processador nada mais é do que uma combinação de portas lógicas, transistores e outros
componentes básicos, todos juntos em um só circuito. Nesta unidade, faremos uma introdução a este
tipo de dispositivo.
198
UNIDADE 9
199
UNICESUMAR
Por que estamos falando dos transistores e processadores? Para contextualizar você, estudante, sobre
o fato de que os projetos digitais das antigas gerações apresentavam um grande número de chips
contendo portas básicas (AND e OR), mas, com o avanço da tecnologia, os projetos passaram a usar
circuitos de alta densidade, incluindo dispositivos mais complexos, como contadores, controladores,
registradores e decodificadores, o que permitiu mais flexibilidade nas implementações com o uso de
módulos programáveis (CODÁ, 2014).
Um tipo de componente que auxiliou este avanço são os dispositivos lógicos programáveis (PLDs),
que permitem uma quantidade muito maior de portas lógicas e de outros componentes, em um espaço
muito menor e com custo reduzido. É exatamente isso que aprenderemos a seguir.
DIÁRIO DE BORDO
200
UNIDADE 9
Os dispositivos lógicos programáveis (PLD) são, como o próprio nome já diz, circuitos programáveis
pelo usuário. Isto quer dizer que eles não possuem uma função lógica definida até serem configurados,
eles possuem uma grande quantidade de portas lógicas (AND, OR, NOT), flip-flops e de registradores
e todos fazem parte do mesmo circuito integrado (CI). A programação é feita por meio de campos
elétricos induzidos no dispositivo (CODÁ, 2014).
A estrutura interna de um PLD é formada por um array que conecta vários barramentos aos blocos
lógicos do circuito, entradas e saídas e blocos de memória. Os PLDs podem ser divididos em duas
categorias: os simples e os complexos, ou SPLD e CPLD.
Então, começaremos aprendendo o funcionamento do SPLD. Os dispositivos SPLD são subdi-
vididos em dois tipos: PAL e GAL. PAL quer dizer Lógica de Arranjo Programável e GAL quer dizer
Lógica de Arranjo Genérico.
Os SPLD do tipo PAL são programáveis somente uma vez, então depois de inserir a lógica desejada,
o seu dispositivo sempre funcionará daquela maneira. Já os do tipo GAL podem ser reprogramados.
Um dispositivo PAL nada mais é que um conjunto de portas AND conectadas a um arranjo específico
de portas OR. Normalmente, eles são conectados por fusíveis e, por isso, são programáveis somente
uma vez, pois, uma vez que o fusível é queimado, não pode voltar. A Figura 2 ilustra as conexões de
um dispositivo PAL com os fusíveis intactos:
_ _
A A B B
201
UNICESUMAR
Esta estrutura permite qualquer lógica de soma e produto, limitada a uma quantidade de variáveis de
acordo com o tamanho do dispositivo. Conforme vimos nas unidades anteriores, qualquer expressão
pode ser representada por uma combinação de portas lógicas AND e OR. Por isso, essa configuração
é versátil, ou seja, programável.
Esta imagem está representando um dipositivo PAL com duas entradas e uma saída, mas, normal-
mente, eles contêm bem mais entradas e saídas. Um arranjo programável é, basicamente, uma matriz
de condutores que formam linhas e colunas com uma conexão programável em cada ponto do cruza-
mento, onde cada uma dessas conexões é um fusível. Ao programar a ausência ou a presença de cada
fusível, qualquer combinação das variáveis de entrada (e suas versões barradas) pode ser aplicada a
uma porta AND para formar qualquer produto desejado. As portas AND são conectadas a uma porta
OR criando uma saída de soma de produtos (FLOYD, 2007).
01 EXEMPLO Implemente a lógica, a seguir, em um dispositivo PAL com duas entradas e uma saída:
X AB AB AB
Solução:
_ __
X = AB + AB + A B
202
UNIDADE 9
Agora, falaremos sobre o outro tipo de SPLD, o GAL : conforme falamos anteriormente, este dispositivo
permite que você o programe mais de uma vez, com lógicas diferentes. Ele tem a mesma organização
do dispositivo PAL, mas ao invés de usar fusíveis, ele usa tecnologias reprogramáveis, como uma
EEPROM (E2CMOS), conforme a Figura 4:
_ _
A A B B
+v
+v
+v
+v
S +Vcc
Mas afinal, o que é uma EEPROM? Para res- 0
ponder a esta pergunta, primeiro, entenderemos
o que é uma PROM.
A memória PROM (Memórias de Apenas
Leitura Programáveis) é como um grande deco-
dificador de endereços representado por portas
AND de múltiplas entradas. De acordo com as
saídas dessas portas AND conectadas às portas Fusível
OR, determina-se se a saída será 0 ou 1.
D
0
Figura 5 - Célula de uma PROM
Fonte: Codá (2014).
203
UNICESUMAR
Mas como já percebemos, fusíveis não podem ser reprogramáveis, o que pode ser inconveniente
para certas aplicações. Por isso, foi criada a EPROM, que usa transistores do tipo MOS com gate
flutuante (CODÁ, 2014).
DD
S0
D
0
“gate” flutuante
Esses transistores conduzem eletricidade ou não utilizando armazenamento de carga. Se você se lem-
bra de nossa discussão no início desta unidade, este tipo de dispositivo é essencial em todos os nossos
eletrônicos, justamente por esta característica de reprogramabilidade.
204
UNIDADE 9
O nosso foco, neste livro, não é estudar este tipo de componente eletrônico. Isto, você, estudante, apren-
derá em disciplinas futuras. Mas, claro, se já estiver ansioso(a) para aprender mais sobre o assunto,
fazer uma pesquisa para aprofundar o aprendizado nunca é demais!
Voltando, então, à nossa linha de raciocínio: agora, você sabe, superficialmente, o que é uma PROM
e uma EPROM. A EEPROM é mais uma evolução da mesma estrutura, que pode ser reprogramada
no próprio circuito, sem equipamentos adicionais (apagadores e programadores) (CODÁ, 2014).
Analise, novamente, a Figura 3. Ela representa um SPLD que contém somente 2 entradas e 1 saída.
Você percebe algum problema nesta representação? Esta figura não é muito “enxuta”. Imagine utilizar
este modelo para um dispositivo de 4 entradas e 4 saídas, por exemplo, que é uma configuração bas-
tante comum. Conheceremos, então, uma forma mais simplificada de representar este tipo de circuito,
na figura a seguir:
Linhas de entrada
Buffer de _ _
entrada A A B B
A
Conexão fixa
B
Linha única com um corte representando múltiplas
entradas na porta AND (nesse caso, 2 entradas)
2 AB
_
Linhas de 2 AB _ __
termos-produto X = AB + AB + AB
2
__
AB
As entradas dos dispositivos PAL ou GAL costumam ter buffers para evitar sobrecarga por um gran-
de número de entradas de portas AND nas quais elas são conectadas; o símbolo do triângulo, na Fi-
gura 7, representa um buffer que gera a variável e o seu complemento. Estes dispositivos têm um
grande número de linhas de interconexões programáveis, e cada porta AND tem muitas entradas. As
conexões feitas no arranjo deste exemplo são indicadas com um X no ponto de cruzamento para um
fusível intacto, e a ausência do X para um fusível aberto. Este exemplo da figura mostra a função ló-
gica AB + AB + AB programada.
205
UNICESUMAR
Agora, veremos uma arquitetura um pouco mais complexa de um PLD com 4 entradas e 4 saídas, já
que a maioria deles não terá somente uma saída, como nos exemplos anteriores.
Entradas
D C B A Matriz OR D C B A
(programável)
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
DCBA
fusível
Matriz AND O 3 = AB + CD; O2 = ABC fusível intacto
(conexões permanentes) O 1 = ABCD + ABCD; queimado
O 3 O2 O 1 O 0 O 0 = A + BD + CD O 3 O2 O 1 O 0
Todos os
fusíveis intactos Saídas
À esquerda, temos o dispositivo intacto antes de ser programado. À direita, temos os fusíveis quei-
mados produzindo as seguintes saídas:
O0: A + BD + CD
O1: ABCD + ABCD Y AB AC
O2: ABC
O3: AB + CD
206
UNIDADE 9
Aprenderemos mais um conceito que será importante para a compreensão dos PLD complexos: as
macrocélulas . Uma macrocélula é formada, normalmente, por uma porta OR associada a alguma
lógica de saída, ela pode variar em complexidade, dependendo do tipo de PAL ou GAL. Uma macro-
célula pode ser configurada para operar com lógica combinacional registrada ou uma combinação dos
dois. A lógica registrada utiliza um flip-flop para realizar uma função lógica sequencial (FLOYD, 2007).
Macrocélula
Arranjo OR
I1
Porta Lógica
I2 de saída O1
OR
I3
I4
Arranjo AND
programável Porta Lógica
O2
OR de saída
PAL: Programável
uma vez
Porta Lógica
de saída
O3
OR
GAL: Reprogramável
Porta Lógica
de saída Om
OR
In
207
UNICESUMAR
A Figura 10, a seguir, ilustra três tipos básicos de macrocélulas: a parte (a) representa uma macrocélula
simples com porta OR e um inversor que se assemelha a um circuito aberto para desconectar, com-
pletamente, a saída. A saída do inversor pode ser de nível alto, baixo ou desconectado, na parte (b),
observamos uma macrocélula que pode ser entrada ou saída. Quando a saída é usada como entrada,
o inversor é desconectado e a entrada vai para o buffer conectado no arranjo AND. Na parte (c),
temos uma macrocélula que pode ser programada para ter uma saída de estado ativo alto ou estado
ativo baixo ou ela pode ser usada como uma entrada. Uma entrada para uma porta EX-OR pode ser
programada para nível alto ou baixo.
A partir do
Controle tristate arranjo de Entrada/saída (I/O)
portas AND
A partir do
arranjo de Saída
portas AND
(a) Saída combinacional (ativa em nível baixo). Uma saída (b) Entrada/saída combinacional (ativa em nível baixo)
ativa em nível alto seria mostrada sem o pequeno círculo
no símbolo da porta tristate.
A partir do
arranjo de Entrada/saída (I/O)
portas AND
Fusível
programável
208
UNIDADE 9
Falaremos sobre o segundo tipo de dispositivo lógico programável, o CPLD . A letra C significa
complexo, porque um CPLD nada mais é do que um arranjo de vários SPLDs com interconexões
programáveis. A Figura 11 ilustra a arquitetura de um dispositivo deste tipo.
Bloco de Bloco de
arranjo lógico arranjo lógico
I/O (LAB)
I/O
(LAB)
SPLD SPLD
Bloco de Bloco de
arranjo lógico arranjo lógico
I/O I/O
(LAB) (LAB)
SPLD SPLD
PIA
Bloco de Bloco de
arranjo lógico arranjo lógico
I/O (LAB) (LAB) I/O
SPLD SPLD
Bloco de Bloco de
arranjo lógico arranjo lógico
I/O (LAB) (LAB)
I/O
SPLD SPLD
Esta arquitetura pode variar de acordo com cada fabricante e cada modelo, então, este diagrama que
apresentamos é um CPLD genérico. Cada um dos SPLDs, nesta imagem, é chamado de LAB, que significa
bloco de arranjo lógico. As interconexões programáveis são chamadas de PIA (arranjo de interconexões
programáveis), que alguns fabricantes também chamam de AIM (matriz de interconexões avançadas).
Os LABs e suas interconexões são programadas por software, a maioria das CPLDs são reprogra-
máveis e usam tecnologia de processo de EEPROM ou SRAM. O consumo de potência pode variar de
alguns miliwatts a algumas centenas de miliwatts, as tensões de alimentação CC são, tipicamente, de
2,5 V a 5 V, dependendo do dispositivo. Alguns fabricantes que produzem CPLDs são Altera, Xilinx,
Lattice e Cypress (FLOYD, 2007).
Quando falamos de PLDs, eles estão presentes em, praticamente, todos os circuitos eletrônicos que
utilizamos no nosso dia a dia. Um exemplo simples e mais visual do que ele pode fazer é o mapeamento
de teclados. Como entrada, temos as teclas apertadas pelo usuário e esta combinação de teclas deve
obedecer uma lógica e gerar uma saída. Se este teclado estiver travando o acesso a uma porta por senha,
por exemplo, ela abrirá somente se for digitada a sequência correta.
209
No mapa mental, a seguir, estão os tópicos e subtópicos que foram estudados
nesta unidade. Para cada um deles, tem uma lista vazia para você preencher com
os principais conceitos e ideias. Por exemplo, em PAL, o primeiro item dentro do
seu balão poderia ser “programável somente uma vez”.
CPLD
Dispositivos lógicos
programáveis
MAPA MENTAL
SPLD
um destes balões
tópicos vazia, a
PAL (lista com
seguir, de cada
para o aluno
preencher)
GAL
210
211
MAPA MENTAL
1. “Um PLD é um circuito com muitas portas, flip-flops e registradores que estão interconectados no
chip. Quando dizemos que um PLD é programável é porque a função específica do circuito pode
ser escolhida pelo usuário por meio das conexões que devem ser abertas e das que devem ficar
intactas. Este processo pode ser feito pelo fabricante, de acordo com as instruções do cliente,
ou pode ser feito pelo próprio cliente
Adaptado de Tocci, Widmer e Moss (2003).
2. O arranjo da figura, a seguir, representa um dispositivo PAL com alguns fusíveis queimados,
representados pelas marcas X. Qual será a expressão de saída gerada por esse dispositivo?
_ _ _
A A B B C C
Dispositivo PAL
Fonte: adaptado de Floyd (2007, p. 698).
212
3. Na figura, a seguir, temos um dispositivo PAL que ainda não teve nenhuma conexão progra-
mada. Você, estudante, deve programá-lo para implementar as funções listadas, a seguir. Para
isto, assinale, com um X, a conexão efetuada em cima do desenho. Se necessário, simplifique as
expressões para que elas caibam neste arranjo.
a) Y ABC ABC ABC
_ _ _
A A B B C C
_ _ _
A A B B C C
213
1. B. I - Falsa: os dois tipos são PAL e GAL; II - verdadeira; III - verdadeira; V - verdadeira.
ABC + BC + ABC
a)
_ _ _
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
A A B B C C
b) Para que a expressão caiba nesse arranjo, é necessário reduzi-la utilizando Karnaugh. A expressão simpli-
ficada será: Y AB AC
214
BROEKHUIJSEN, N. AMD’s 64-Core EPYC and Ryzen CPUs Stripped: A Detailed Inside Look. Tom’s Hard-
ware, 23 oct. 2019. Disponível em: https://www.tomshardware.com/news/amd-64-core-epyc-cpu-die-desig-
n-architecture-ryzen-3000. Acesso em: 12 nov. 2020.
FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 8. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2003.
REFERÊNCIAS
215
MEU ESPAÇO
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