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Princípios de

eletricidade e
magnetismo
Princípios de eletricidade
e magnetismo

Cibele Abreu Makluf


© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Makluf, Cibele Abreu


M235p Princípios de eletricidade e magnetismo / Cibele Abreu
Makluf. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional
S.A., 2016.
184 p.

ISBN 978-85-8482-463-2

1. Eletricidade. 2. Magnetismo. 3. Eletromagnetismo. I.


Título.

CDD 537

2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1 | Princípios de eletricidade 9


Seção 1 - Eletrostática 13
1.1 | Carga elétrica 13
1.2 | Condutores e isolantes 16
1.3 | Princípios da eletrostática 17
1.4 | Lei de Coulomb 18
1.5 | Campo elétrico 21
1.6 | Linhas de força de um campo elétrico 25
1.7 | Potencial elétrico 27
1.8 | Energia potencial elétrica 29

Seção 2 - Correntes elétricas em movimento 35


2.1 | Corrente elétrica 35
2.2 | Tensão elétrica e resistência 41
2.3 | Lei de Ohm 47
2.4 | Associação de resistores 48
2.5 | Instrumentos básicos de medidas elétricas 53
2.5.1 | Amperímetro 53
2.5.2 | Voltímetro 53
2.5.3 | Ohmímetro 53
2.5.4 | Wattímetro 54

Unidade 2 | Campo magnético e forças magnéticas 59


Seção 1 - Introdução ao magnetismo 63
1.1 | Ímã e suas características 66
1.2 | Materiais magnéticos e não magnéticos 70
1.3 | Lei de Coulomb para o magnetismo 71
1.4 | Campo magnético e linhas de campo magnético 72
1.5 | Fluxo magnético 73
1.6 | Densidade de campo magnético 74
1.7 | Permeabilidade magnética 75
1.8 | Relutância magnética 77
Seção 2 - Movimento de partículas carregadas em um campo magnético 81
2.1 | Movimento de partículas carregadas em um campo magnético 81
2.2 | Força magnética 84
2.3 | Potencial de um polo magnético 90
2.4 | Potencial de um dipolo magnético 91
2.5 | O efeito Hall 92

Unidade 3 | Fontes de campo magnético 99


Seção 1 - Campo eletromagnético 103
1.1 | Campo magnético criado por correntes 105
1.2 | Lei de Ampère 110
1.2.1 | Aplicações da lei de Ampère 111

Seção 2 - Força magnética sobre correntes 119


2.1 | Forças magnéticas sobre correntes 119
2.2 | Força magnética entre dois fios condutores paralelos 123
2.3 | Torque sobre uma espira percorrida por corrente – momento magnético 125
Seção 3 - Fontes de campo magnético 131
3.1 | Fontes do campo magnético 131
3.1.1 | Campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo 131
3.2 | Campo magnético gerado no centro de uma espira circular 133
3.3 | Campo magnético gerado no centro de uma bobina longa ou solenoide 135
3.4 | Campo magnético gerado por um toroide 138

Unidade 4 | Indução eletromagnética 145


Seção 1 - Indução eletromagnética 149
1.1 | Introdução 149
1.2 | O fluxo magnético 151
1.2.1 | Variação do fluxo magnético 153
1.3 | Lei de Faraday 155
1.4 | Lei de Lenz 157

Seção 2 - Força eletromotriz 165


2 | Força eletromotriz produzida pelo movimento 165
2.1 | Campos elétricos induzidos 168
2.2 | Força magnetizante (campo magnético indutor) 170
2.3 | Força magnetomotriz 172
2.4 | Correntes de Foucault 173
2.5 | Circuitos magnéticos 175
2.5.1 | Campo magnético 175
2.5.2 | Indutor 178
2.5.3 | Perdas em materiais ferromagnéticos 178
Apresentação
Caro aluno, o estudo dos princípios de eletricidade e magnetismo é de
extrema importância e proporcionou o desenvolvimento em diversas áreas,
sobretudo as ligadas à Engenharia. Os fenômenos elétricos e magnéticos estão
ligados diretamente aos acontecimentos de nosso cotidiano. Podemos citar o
acendimento de uma lâmpada, os relâmpagos, o funcionamento de um motor
elétrico, de um celular, entre outros. Nada disso seria possível sem os estudos
realizados nessa área.

Sabendo da importância que a eletricidade e o magnetismo têm para o ser


humano, vamos entender esses conceitos e descobrir de que forma ocorrem os
fenômenos elétricos e magnéticos.

O estudo da eletricidade pode ser dividido em: eletrostática, eletrodinâmica e


eletromagnetismo, sendo que, ao longo das unidades, você conhecerá cada um
desses conceitos.

Na unidade 1, você verá as os conceitos da eletrostática, que é o estudo das


cargas elétricas em repouso, em que analisaremos as características e interações
entre as cargas elétricas, a força e o campo elétrico, e o potencial elétrico. Em
um segundo momento, serão apresentados os conceitos de Eletrostática, que
é o estudo das cargas em movimento, e serão abordadas as características das
correntes elétricas, as resistências elétricas e suas associações possíveis, além dos
instrumentos utilizados nas medições elétricas.

Na unidade 2, iremos nos dedicar ao magnetismo, que é o estudo de fenômenos


magnéticos. Serão apresentados os conceitos sobre os ímãs, o campo magnético
e suas linhas de campo, a força magnética, bem como as características do
potencial dos polos e dipolos magnéticos e a interpretação do efeito Hall.

Na unidade 3, você verá o estudo do eletromagnetismo, que trata das interações


entre os campos elétricos e magnéticos. Será apresentado o campo magnético
criado através de correntes elétricas e a força magnética a que as correntes estarão
submetidas nesse campo, as leis que regem esse estudo, que são as leis de Biot-
Savart e de Ampére, bem como diferentes fontes que são capazes de gerar um
campo magnético.

Na unidade 4, serão apresentados outros importantes conceitos ligados


ao eletromagnetismo, como o estudo da indução eletromagnética, do fluxo
magnético e os fundamentos das Leis de Faraday e Lenz.
Caro aluno, inicia-se aqui seu processo de aprendizado em Princípios de
Eletricidade e Magnetismo. É muito importante a sua dedicação nesse momento
para que possamos, juntos, realizar essa tarefa com sucesso. Trace planos e metas
para aperfeiçoar o seu processo de aprendizagem, procurando sempre aprofundar
seus estudos através de outras fontes, a fim de estender seu conhecimento sobre
o tema proposto.

Bom trabalho!
Unidade 1

Princípios de Eletricidade
Cibele Abreu Makluf

Objetivos de aprendizagem:

Nesta unidade, você será levado a estudar e compreender:

• Os principais conceitos sobre a eletricidade.

• A eletricidade estática.

• As propriedades da força e do campo elétrico.

• A importância do potencial elétrico.

• Os conceitos teóricos e características das correntes elétricas.

• Os fundamentos da Lei de Ohm.

• De que forma os resistores podem ser associados.

Seção 1 | Eletrostática
• Cargas elétricas.

• Forças e campos elétricos.

• Potencial elétrico.

Seção 2 | Correntes elétricas em movimento


• Corrente elétrica.
U1

• Resistência elétrica.

• Lei de Ohm.

• Associação de resistores.

• Instrumentos de medidas elétricas.

10 Princípios de eletricidade
U1

Introdução à unidade

Caro aluno, você terá, nesta unidade, uma introdução aos conceitos de
eletricidade. Sabemos da importância que a eletricidade tem para o ser humano e
quanto desenvolvimento ela proporcionou. Por isso, vamos juntos entender esses
conceitos e descobrir de que forma ocorrem vários fenômenos elétricos que
fazem parte do nosso cotidiano, como os relâmpagos.

Vamos iniciar nosso estudo vendo conceitos de eletrostática, como as


características das cargas elétricas, as forças e o campo elétrico, bem como o
potencial elétrico.

Na sequência, vamos iniciar o estudo de eletrodinâmica, em que veremos


alguns conceitos e características das correntes elétricas, as particularidades das
resistências elétricas, descobrindo qual sua função dentro de um circuito e como
elas podem ser associadas, bem como alguns instrumentos principais utilizados
para as medições elétricas.

Você é essencial nesse processo de aprendizagem.

Bom trabalho!

Princípios de eletricidade 11
U1

12 Princípios de eletricidade
U1

Seção 1

Eletrostática

Caro aluno, esta seção apresenta as três partículas elementares que formam o
átomo. Você verá de que maneira os corpos são carregados eletricamente e como
calcular uma carga elétrica.

Falaremos sobre as cargas elétricas e as linhas de campo que elas carregam.


Definiremos e explicaremos os campos elétricos e o surgimento das forças
elétricas, além das particularidades e como calcular o potencial elétrico para um
conjunto de cargas.

Todos esses conceitos são importantes para a compreensão de muitos


fenômenos da eletricidade e do magnetismo, como o funcionamento de motores
elétricos, o surgimento de um relâmpago, entre outros.

Vamos lá?

Bons estudos!

Introdução à eletricidade

A eletricidade estuda os fenômenos ligados às cargas elétricas. Podemos citar:

• Eletrostática: temos o estudo das cargas em repouso, bem como dos


processos de eletrização, das forças eletrostáticas, do campo elétrico e do
potencial elétrico.

• Eletrodinâmica: temos o estudo das cargas em movimento, bem como da


corrente elétrica e dos elementos dos circuitos.

1.1 Carga elétrica

A matéria é constituída por átomos, sendo o núcleo atômico composto por:

Princípios de eletricidade 13
U1

• Prótons (partículas de carga positiva).

• Nêutrons (partículas sem carga).

Ao redor do núcleo, na eletrosfera, temos:

• Elétrons (partículas de carga negativa).

Foi comprovado de maneira experimental que um próton afasta outro próton,


um elétron afasta outro elétron e prótons e elétrons se atraem mutuamente,
ou seja, cargas de mesmo sinal se afastam e de sinais opostos se atraem. Esse
fenômeno é conhecido como princípio da atração e repulsão e é mostrado na
Figura 1.1. Os nêutrons são eletricamente neutros, e não são afetados por cargas
elétricas, não as atraem ou repelem.

Figura 1.1 | Princípio da atração e repulsão

Fonte: O autor.

A carga elétrica é representada por Q ou q e sua unidade é o Coulomb (C). Esse


valor é determinado através da carga elétrica elementar (e) onde:

e = 1.6 x 10-19

A carga elementar nada mais é que uma quantidade mínima (quantum) de carga,
sendo essa indivisível. As cargas dos prótons e elétrons são idênticas e opostas, tal
que:

Qp = +e = 1,6 x 10-19C

Qe = -e = -1,6 x 10-19C

A Tabela 1.1 mostra resumidamente as propriedades das três partículas


elementares:

14 Princípios de eletricidade
U1

Tabela 1.1 | Propriedades das partículas elementares


Partícula Massa (grama) Massa relativa Carga elétrica Carga relativa
(Coulomb)
Próton (+) 1,7 x 10-24 1 1,6 x 10-19C +1
Nêutron (0) 1,7 x 10-24
1 0 0
Elétron (-) 9,1 x 10-28 1/1836 -1,6 x 10-19C -1
Fonte: O autor.

Um átomo eletricamente neutro poderia ganhar ou perder prótons


e elétrons, e tornar-se carregado. Entretanto, os prótons estão
fortemente ligados aos nêutrons no interior do núcleo atômico
devido às forças nucleares. Para modificar o conteúdo de prótons em
um átomo, você precisa atuar de maneira muito violenta sobre ele
(por exemplo, por fissão nuclear, como em uma bomba atômica, ou
pela fusão nuclear, como ocorre no interior do Sol). Portanto, todos
os fenômenos elétricos do dia a dia são causados por elétrons, pois
são eles que têm mobilidade, na parte mais exterior do átomo, em
uma região conhecida como eletrosfera.

De forma geral, os corpos são neutros eletricamente, pois possuem números


iguais de prótons e elétrons em sua composição. Lembre-se, a carga de elétrons e
dos prótons é igual em módulo, mas oposta no sinal. Se os números de prótons e
elétrons são diferentes, dizemos que o corpo está eletrizado, conforme mostramos
a seguir.

np = ne: corpo eletricamente neutro.

np > ne: corpo eletricamente positivo.

np < ne: corpo eletricamente negativo.

Princípios de eletricidade 15
U1

A quantidade de carga de um corpo é quantizada, o que significa que ela sempre


aparece em “pacotes inteiros”, múltiplo da carga das partículas presentes em seu
interior. Levando em consideração que o elétron contribui com (–e) na carga total
e o próton contribui com (+e) na carga total, dessa forma, temos:

Q = (np - ne) . e

Onde np é o número de prótons e ne o número de elétrons.

Q > 0, o corpo está eletrizado positivamente.

Q < 0, o corpo está eletrizado negativamente.

Q = 0, o corpo está eletricamente neutro.

1.2 Condutores e isolantes

A facilidade com que os elétrons se movimentam dentro de um material o


classifica como um bom ou mau condutor. Nos bons condutores, existe uma
facilidade para a movimentação dessas cargas; podemos citar como exemplos os
metais, o corpo humano e a água da torneira. Já nos maus condutores, também
conhecidos como isolantes, não há movimentação de cargas; é o caso do plástico,
da borracha e da água destilada. Fique atento: um isolante pode ser forçado a se
tornar um condutor se for submetido a um potencial elétrico muito elevado.

Em um dia seco, antes de entrar em casa, você esfrega os pés


em um tapete de fibras, sendo este um mau condutor. O atrito
entre os seus pés e as fibras do tapete gera correntes elétricas
que ficam armazenadas no seu corpo. Quando você toca na
maçaneta metálica para abrir a porta, o que acontece?

16 Princípios de eletricidade
U1

A pesquisa científica permite a criação de materiais com propriedades muito


úteis. Os semicondutores, por exemplo, possuem propriedades intermediárias
entre os condutores e os isolantes. Um exemplo, muito útil na indústria de
equipamentos eletrônicos, são as ligas de silício e germânio. Temos também os
materiais considerados supercondutores ou condutores perfeitos, pelos quais as
cargas se movimentam sem nenhuma resistência. Por exemplo, o mercúrio torna-
se supercondutor a temperaturas extremamente baixas, cerca de -269 °C.

liMA, Hugo. Condutores e isolantes. Universidade de santa


Cecília. disponível em: <https://drive.google.com/file/
d/0B4dWrkB2lh2soedlnHhPrFVfWUk/view?usp=sharing>. Acesso
em: 03 mar. 2016.

1.3 Princípios da eletrostática

A eletrostática possui dois princípios:

a) Atração e repulsão: as cargas com sinais iguais se afastam e as de sinais


opostos se atraem.

b) Conservação de cargas elétricas: Em um sistema eletricamente isolado, a


soma algébrica das cargas positivas e negativas é constante. A Figura 1.2 mostra
esse princípio.

Figura 1.2 | Princípio da conservação de cargas

Fonte: O autor.

Princípios de eletricidade 17
U1

Após a interação dos corpos A e B, a carga total final e a carga total inicial são
iguais.

1.4 Lei de Coulomb

De acordo com experimentos realizados por Coulomb, considerando duas


cargas e quaisquer, conclui-se:

Propriedade 1: o módulo da força elétrica é proporcional ao inverso do


quadrado da distância entre as cargas.

Propriedade 2: trata-se de uma força central, ou seja, a direção da força coincide


com a direção da linha que une as duas cargas.

Dessa forma, podemos escrever que a força sobre q1 exercida por q2 é:


Kq1q2
F21 =
(r21)2

E a força elétrica sobre q2 exercida por q1 é:


Kq1q2
F12 =
(r12)2

Onde r12=r21 representa a distância entre as cargas q1 e q2. Se as cargas tiverem


mesmo sinal, a força será de repulsão, e, se forem de sinais opostos, a força será de
atração. O fator K da equação é chamado de constante de proporcionalidade e seu
valor depende do meio onde as cargas estão inseridas. No caso do vácuo, temos:
1
K=
4πε0

Onde ε0 = 8,85 . 10-12C2/N . m2 é a permissividade do vácuo.

Forma vetorial da lei de Coulomb

A força, como um vetor, possui propriedades direcionais, como é mostrado na


Figura 1.3.

18 Princípios de eletricidade
U1

Figura 1.3 | Sentido das forças eletrostáticas

Fonte: Adaptado de Filho (2012).

Na Figura 1.3, temos a orientação vetorial entre duas cargas elétricas para (a)
cargas positivas, (b) cargas negativas e (c) para cargas opostas, sendo que a força
de atração ou repulsão atua ao longo da linha que as une.

Vamos observar agora a Figura 1.4, na qual os vetores das forças entre duas
cargas de mesmo sinal são demonstrados.

Figura 1.4 | Vetores de força para duas cargas com mesmo sinal

Fonte: Adaptado de Filho (2012).

O módulo da força eletrostática, em termos vetoriais, pode ser representado


por:
→ Kq1q2
F12 = r^12
(r12)
2


Sendo que F12 a força exercida de q1 sobre q2, r12 representa o módulo do
→ ^ →
vetor r12 e r12 indica o vetor unitário do sentido de r12 :

→ r12
r12 =
r12

Princípios de eletricidade 19
U1


Já a força exercida de q2 sobre q1 é F21 , que pode ser expressa por:
→ Kq1q2
F21 = r^21
(r21)
2

^ ^
Como foi dito, r21 possui sentido oposto a r12 , o que determina que:
→ →
F12 = - F21

GUssoW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. são Paulo: Bookman,


2007.

exemplo de aplicação

Considere duas partículas de mesmo sinal, como mostra a figura a seguir, sendo
q1 = 5µC e q2 = 7µC. Elas estão separadas a uma distância d = 4 m e se encontram
no vácuo. Qual o módulo das forças de interação entre essas partículas? Dado que
K, no vácuo, vale K = 9 . 109 N . m2 / C2 .

Resolução:
Kq1q2 9 . 109 x 5-6 x 7 . 10-6
F= =
(r)2 (4)2

F = 19,7 . 10-3 N

20 Princípios de eletricidade
U1

Caro aluno, a videoaula a seguir traz os conceitos da lei de Coulomb,


abrangendo esses conceitos de forma interativa e interessante. o vídeo
está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=449UV7-
r0Gc>. Acesso em: 17 fev. 2016.

1.5 Campo elétrico

As cargas elétricas criam em sua volta uma região de perturbação eletrostática,


que é bem descrita em termos de um campo elétrico. Ele está presente no espaço
e influencia qualquer carga q nessa região, causando uma força F.

A força F pode ser de atração ou repulsão, dependendo do sinal de Q.

O campo elétrico é representado, em cada ponto do espaço, por um vetor



simbolizado por E . Em um determinado ponto, seu módulo E é chamado
intensidade de campo elétrico.

Figura 1.5 | Campo elétrico

Fonte: Flores (2012).

Observando a Figura 1.5, a carga Q forma um campo elétrico no espaço à sua


volta. É inserida uma carga de prova q, sendo que nesse exemplo ela foi colocada
em cima do ponto P1. Observa-se o surgimento de uma força elétrica que atua

Princípios de eletricidade 21
U1

sobre essa carga de prova q. Dessa forma, podemos definir a intensidade do


campo elétrico nesse ponto P1:

→ F
E=
q

As unidades geralmente utilizadas são:

• F: N (Newton).

• q: C (Coulomb).

• E: N/C (Newton/Coulomb).

Em relação à direção e sentido do vetor campo elétrico em um determinado


ponto, esses são dados pela direção e sentido da força que atua em uma carga de
prova positiva colocada nesse ponto. Isso é demonstrado na Figura 1.6.

Figura 1.6 | Vetor campo elétrico para carga positiva

Fonte: Adaptado de Flores (2012).

Analisando a Figura 1.6, vamos focar primeiramente no ponto P1. Imaginemos


que uma carga de prova positiva foi colocada nesse ponto. Pelo que já foi estudado,
sabemos que essa carga vai ser repelida com uma força para a direita. Da mesma
forma, nesse ponto, o vetor campo elétrico seria também horizontal e no sentido da
direita. No caso do ponto P2, temos, portanto, um vetor vertical e voltado para cima,
já que ele teria uma força de repulsão também nessa direção e sentido, mantendo
no caso a carga de prova positiva. Para os pontos P3 e P4, seguimos a mesma linha,
e os sentidos e direções dos seus vetores podem ser vistos na Figura 1.6.

22 Princípios de eletricidade
U1

Vamos dar outro exemplo, sendo que a carga Q agora está eletrizada
negativamente, como pode ser observado na Figura 1.7. Iniciaremos novamente
pelo ponto P1. Nesse caso, é observado que ela seria atraída por Q com força para
esquerda; sendo assim, o vetor campo elétrico será também para esquerda. Dessa
mesma forma, nos pontos P2, P3 e P4, teremos os vetores campo elétrico.

Figura 1.7 | Vetor campo elétrico para carga negativa

Fonte: Adaptado de Flores (2012).

Perceba que o campo elétrico pode ser definido independentemente da carga


de prova. A carga de prova nos permite verificar a existência do campo elétrico,
observando a força resultante, como mostra a Figura 1.8.

Figura 1.8 | Campo elétrico em função da carga Q

Fonte: Adaptado de Firmino (2010).

A intensidade do campo elétrico será calculada por:


K |Q|
E=
d2

A constante K, como já foi visto anteriormente, é a constante de


proporcionalidade e seu valor depende do meio em que as cargas estão inseridas.

Princípios de eletricidade 23
U1

A Figura 1.9 traz os sentidos dos campos elétricos.

Figura 1.9 | Sentido do campo elétrico

Fonte: Firmino (2010).

A Figura 1.9 pode ser resumida em:

F
Intensidade: E =
|q|


Direção: mesma de F (na reta que une as cargas).

Sentido: q>0 é o mesmo da Força.

q<0 é contrário ao da Força.

exemplo de aplicação

Uma carga de prova de q = 6µC está sujeita a uma força de intensidade F = 12


N. Determinar o módulo do campo elétrico.

24 Princípios de eletricidade
U1

Resolução:
F 12
E= = = 2 . 106 N/C
|q| 6 . 10-6

1.6 Linhas de força de um campo elétrico

As linhas de força são linhas imaginárias construídas em torno de uma carga


elétrica ou de uma distribuição de cargas, com a finalidade de demonstrar o
comportamento do campo elétrico em certa região do espaço. Podemos definir
também como a linha que é tangente, em um dado ponto, ao vetor campo elétrico
nesse mesmo ponto. A Figura 1.10 mostra alguns exemplos de linhas de força.
Podemos observar na figura que as linhas produzidas por somente uma carga
puntiforme são retas que passam por essa carga; já para mais de uma carga, as
linhas de campo são curvas.

Figura 1.10 | Linhas de campos elétricos

Fonte: Filho (2012).

Podemos observar a Figura 1.11, em que os vetores campo elétrico


correspondem, respectivamente, aos pontos A, B, C e D, sendo que a linha de
força que passa por esses pontos é tangente aos vetores de campo.

Princípios de eletricidade 25
U1

Figura 1.11 | Vetores do campo elétrico

Fonte: Firmino (2010).

As diferentes linhas de força não se cruzam em nenhum ponto. A intensidade


do campo elétrico é proporcional à densidade das linhas, isto é, quanto mais
próximas as linhas se encontram, mais intenso é o campo.

Sabemos que as linhas de força nunca se cruzam, mas você


consegue imaginar como os estudiosos chegaram a essa
conclusão? O que aconteceria se elas se cruzassem?

A definição de linha de força é puramente geométrica, mas algumas conclusões


podem ser destacadas:

• Conhecendo uma dada linha de força, por exemplo, pode-se saber a direção
do campo elétrico em qualquer ponto sobre ela (direção da tangente à
linha de força nesse ponto).

• Vamos imaginar que uma carga q foi adicionada em um ponto A de uma


linha de força, como pode ser visto na Figura 1.12. Temos que o campo
elétrico é tangente à linha de força nesse ponto. A força que atua na carga
q pode ser calculada e tem a mesma direção do campo elétrico. Assim,
podemos concluir que também é tangente à linha de força no ponto A.
Dessa forma, em cada ponto, a tangente à linha nos mostrará a direção da
força que irá atuar em uma determinada carga, naquele ponto.

26 Princípios de eletricidade
U1

Figura 1.12 | Vetor campo elétrico e força

Fonte: Firmino (2010).

GUSSOW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. São Paulo: Bookman,


2007.

1.7 Potencial elétrico

Relembrando os conceitos de mecânica, quando temos uma força paralela


ao movimento de um corpo, gerando deslocamento, podemos dizer, então, que
essa força realizou trabalho sobre o corpo. Esse trabalho pode ser calculado pela
expressão:

W = F . d . cos θ

onde θ é ângulo formado entre a direção do deslocamento do corpo e a força


aplicada. Sendo:

W: Trabalho [J (Joules)].

F: Força que atua no corpo [N (Newton)].

d: Deslocamento [m (metros)].

Agora, iremos pensar em conceitos de eletrostática. Vamos imaginar que uma


carga de prova q positiva está sendo deslocada, como mostra a Figura 1.13, do
ponto A para o ponto B, com uma velocidade constante.

Princípios de eletricidade 27
U1

Figura 1.13 | Deslocamento de uma carga no campo elétrico

Fonte: O autor.

O trabalho que a força F teve de realizar para mover a carga do ponto A para
o ponto B é medido. A diferença de potencial entre esses dois pontos pode ser
expressa pela equação seguinte. É importante lembrar que o potencial elétrico é
a capacidade dos corpos eletrizados realizarem trabalho, ou seja, se atraírem ou
repelirem conforme as forças geradas em um campo elétrico.
WAB
VA - VB =
q

Ou
WAB
∆V=
q

Onde:

• VA é o potencial elétrico no ponto A.

• VB é o potencial elétrico no ponto B.

• WAB é o trabalho para deslocar a carga do ponto A para o B.

• q é a carga.

• ∆V é a variação de potencial.

A unidade é Joules/Coulomb=Volts

Normalmente, é considerado que o ponto A está no infinito, o que determina


que o seu potencial seja nulo. Dessa forma, a equação pode ser reescrita:

28 Princípios de eletricidade
U1

W
V=
q

É importante salientar que o que é relevante no cálculo de trabalho é a diferença


de potencial, e não o valor absoluto de cada um dos potenciais.

Outro ponto importantíssimo é a possibilidade de calcular o potencial gerado


por cargas pontuais diretamente. Temos:

K.q
V=
r

Para mais de uma carga pontual, o potencial será a soma dos potenciais gerados
por cada carga (princípio da superposição):
n n
K . qi
V= Σ Vi = Σ
i=1 i=1
ri

Onde ri representa a distância entre cada carga qi e o ponto onde se calcula o


potencial elétrico.

Exemplo de aplicação

Sendo uma partícula onde q= 2 . 10-5 se deslocando em um campo elétrico do


ponto A para o B. O trabalho realizado pela força elétrica é de W = 4 . 10-3J. Qual
será a diferença de potencial entre os dois pontos?

Resolução:

W 4 . 10-3
∆V= = = 200V
q 2 . 10-5

1.8 Energia potencial elétrica

Temos a realização de trabalho também pelas forças elétricas, pois há energia


potencial armazenada em um campo elétrico. O potencial elétrico é definido
como a capacidade que um corpo carregado possui para atrair ou afastar outras
cargas elétricas, ou seja, sua capacidade de realizar trabalho.

Um campo elétrico criado pelo corpo carregado com carga Q e a inserção de


uma carga q sofrendo a ação de uma força F. Dessa forma, F realiza trabalho sobre
a partícula, sendo que ela adquire energia. São as grandezas força e deslocamento

Princípios de eletricidade 29
U1

da partícula que irão determinar o trabalho, sendo que essas dependem da


posição da partícula no campo elétrico. A energia potencial elétrica Ep adquirida
vai depender do ponto P onde ela estiver.
→ →
É conhecido que em cada ponto P do campo a força é expressa por F = q . E ,
sendo que a força é diretamente proporcional à carga q, logo o trabalho W e a energia
potencial da partícula Ep também serão proporcionais a q. Dessa forma, podemos
definir o potencial elétrico em um dado ponto P por:
Ep
V=
q

onde V é o potencial elétrico (unidade J/C=Volts), Ep é a energia potencial e q


é a carga.

Adotamos os mesmos referenciais utilizados no potencial para a energia


potencial elétrica. Sendo assim, considerando um campo elétrico gerado por uma
carga Q, o potencial elétrico por convenção é:

• No infinito, ele é nulo.

• Para Q positivo, o potencial é crescente e positivo.

• Para Q negativo, o potencial é crescente e negativo.

Exemplo de aplicação

Sendo uma carga de q=-6µC colocada em um determinado ponto P onde o


potencial elétrico é V = 2 . 104 V, determine sua energia potencial elétrica.

Ep
V= → Ep = V . q = 2 . 104 x (-6 . 10-6) = -0,12J
q

30 Princípios de eletricidade
U1

GUSSOW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. São Paulo: Bookman,


2007.

1. Considerando um corpo condutor de eletricidade, que


possui prótons e elétrons, responda às questões a seguir:
a) Ele estará eletrizado de forma negativa ou positiva?
b) Qual o valor da carga elétrica?

2. Podemos afirmar, em relação à natureza dos corpos


extensos, em situações típicas de nosso dia a dia, carregados
ou neutros eletricamente, que:

I - Sendo um corpo carregado, podemos dizer que em seu


interior o número de elétrons é diferente do número de
prótons.
II - Um corpo carregado possui cargas elétricas.
III - Um corpo neutro não possui cargas elétricas.
IV - Não é possível carregar eletricamente dois corpos de
materiais distintos por meio do atrito.
V - Um corpo neutro possui prótons e elétrons em mesmo
número.
Estão corretas as afirmações:

a) I, II e III.
b) I, II e V.
c) I e IV.
d) II, IV e V.
e) II, III e V.

Princípios de eletricidade 31
U1

3. Temos duas cargas no vácuo, QA=-4µC e QB=9µC,


conforme mostra a figura:

Considere K = 9 . 109 N . m2/C2. Qual o campo resultante


em P?

4. Vamos considerar o triângulo da figura, onde duas cargas


Q1 = 3µC Q2=5µC estão localizadas nos vértices A e B do
triângulo equilátero. Qual seria o potencial elétrico em C?

5. A figura a seguir representa uma superfície equipotencial.


Determine qual o trabalho para transportar uma carga
q=5µC do ponto A para o B.

32 Princípios de eletricidade
U1

Princípios de eletricidade 33
U1

34 Princípios de eletricidade
U1

Seção 2

Correntes elétricas em movimento

Caro aluno, esta seção apresenta a corrente elétrica e a densidade de corrente.


Iremos nos aprofundar no assunto, calculando sua intensidade e interpretando o
sentido dessas correntes em relação ao campo elétrico.

Em seguida, estudaremos os circuitos elétricos e uma de suas principais


componentes, a resistência elétrica. Além disso, serão apresentados quais parâmetros
determinam esse tipo de elemento e que tipos de associação podem ser feitos com
os resistores. Discutiremos a lei de Ohm, e finalizando a seção, veremos os principais
instrumentos utilizados para a medição das grandezas elétricas.

Vamos lá?

Bons estudos!

2.1 Corrente elétrica

Um gerador elétrico é um equipamento que transforma energia mecânica em


energia elétrica. Basicamente, ele tem como função manter uma diferença de
potencial elétrico (ddp) entre os terminais ou polos A e B, dado por VA - VB. Temos
também o exemplo das pilhas, que Figura 1.14 | Pilha ligada a um condutor
são muito usadas como fonte de
energia elétrica e também para
manter a diferença de potencial, e,
portanto, o movimento dos elétrons.
A Figura 1.14 traz uma pilha ligada a
um condutor.

Fonte: O autor.

Princípios de eletricidade 35
U1

O maior potencial é considerado o polo positivo, e o menor é o polo negativo.

Dizemos que um condutor elétrico se encontra em equilíbrio eletrostático


quando os elétrons se encontram livres e se movimentam de forma desordenada.
Quando →ele é ligado aos polos do gerador, passa a estar sujeito a um campo
elétrico E , no sentido do polo positivo para o negativo, como mostra a Figura 1.15.

Figura 1.15 | Condutor ligado ao gerador

Fonte: Adaptado de Franco (2013).

→ →
Nela, os elétrons estão sob a ação de uma força elétrica, Fe, onde Fe = q . E

Essa força tem sentido contrário a E , já que os elétrons estão carregados
negativamente. Ela faz com que os elétrons adquiram um movimento ordenado,

no sentido e direção de Fe .

Corrente elétrica é o movimento ordenado das cargas elétricas.

1. intensidade da corrente

Sendo um condutor ligado a um gerador, os elétrons atravessam uma seção


transversal de um condutor em um dado ∆t (intervalo de tempo), como mostra
a Figura 1.16. Dessa forma, o valor absoluto da carga elétrica que passa por essa
seção transversal pode ser expresso por:

∆q = n . e

Onde

• n é o número de elétrons;

• e a carga elementar, 1.6 . 10-19C.

36 Princípios de eletricidade
U1

Figura 1.16 | Elétrons atravessando uma seção transversal de um condutor

Fonte: O autor.

A intensidade média de corrente elétrica é definida como:


∆q
I =
∆t
Unidade: Ampère (A)

A corrente pode ser contínua ou alternada. Dizemos que ela é contínua quando
o sentido do campo elétrico (portanto, o sinal da diferença de potencial) não muda
com o tempo. Para a corrente alternada, temos uma mudança periódica no sentido
do campo elétrico. Perceba que os polos do gerador devem, nesse caso, inverter
periodicamente seu sinal. O polo positivo, após algum tempo, torna-se negativo. A
Figura 1.17 traz exemplos dessas duas correntes de intensidade constante, sendo o
primeiro gráfico para a corrente contínua e o segundo para a alternada.

Figura 1.17 | Gráfico de corrente contínua e alternada

Fonte: Queiroz (2014).

Podemos observar, no primeiro gráfico, de corrente contínua, que a diferença


de potencial nos polos do gerador não inverte. Os elétrons movem-se sempre no
mesmo sentido, em média. No segundo gráfico, o fluxo de elétrons dentro do
fio ocorre de maneira a ter troca do sentido da corrente várias vezes, portanto os
elétrons fazem um movimento de vaivém no fio.

Princípios de eletricidade 37
U1

O movimento de vaivém da corrente alternada traz grandes benefícios,


por isso essa corrente foi adotada em nossa rede elétrica. Com ela
é mais fácil transmitir voltagens altas, a uma maior distância e com
menores perdas. Nesse sentido, a corrente alternada se torna bem
mais eficaz na transmissão que a corrente contínua.
A frequência com que a corrente faz essa troca depende de país para
país, mas no Brasil um ciclo ocorre a 60 Hz; sendo assim, a troca de
sentido ocorre a aproximadamente 120 vezes por segundo.

A corrente alternada permite a utilização em circuitos de alguns componentes


que não permitiriam a movimentação contínua dos elétrons. São exemplos os
capacitores e os transformadores.

2. Sentido da corrente

Dentro de um condutor metálico, o sentido dos elétrons será contrário ao do


→ →
campo elétrico, sendo Fe = q . E , e q carga negativa (elétrons).

Devemos ficar atentos, pois, por convenção, determinou-se que o sentido da


grandeza física corrente elétrica deve ser igual ao do campo elétrico dentro de um
condutor, e nessas condições ela é chamada de corrente convencional. Observe
a Figura 1.18.

Figura 1.18 | Sentido convencional

Fonte: Adaptado de Franco (2013).

38 Princípios de eletricidade
U1

Você se deparou com uma vítima que está ligada a um


condutor de energia e está recebendo uma descarga elétrica.
Como você procederia para tentar salvá-la?

exemplo de aplicação

Em uma seção reta de um fio, a cada 2 segundos passam 5 . 1018 elétrons. Qual
é a corrente elétrica que percorre o fio?
∆q
I =
∆t
∆q= n . e = 5 . 1018 x 1,6 . 10-19 = 8 . 10-1C
8 . 10-1
I = 4 . 10-1 = 400mA
2

3. densidade de corrente

Vamos considerar um campo elétrico uniforme E , contendo uma carga de
prova q. Como vimos anteriormente, essa carga sofre a ação de uma força, como
mostrado na Figura 1.19, definida por:
→ →
F=q.E

Unidade: Newton (N)

Figura 1.19 | Força em uma carga submetida a campo elétrico

Fonte: Adaptado de Junior e Aquino (2010).

Princípios de eletricidade 39
U1

De acordo com a lei de Newton, sendo essa carga livre, ela irá se movimentar,
sofrendo uma aceleração determinada por:


a= F
m
Unidade de aceleração: m/s2

Sendo m a massa da partícula carregada em kg.

Uma partícula submetida a uma força elétrica constante por tempo suficiente
atingiria grandes velocidades, próximas à velocidade da luz. Entretanto, um meio
condutor é muito diferente de um vácuo perfeito. Em meios líquidos, gasosos ou
sólidos, temos colisões constantes entre as partículas e, como consequência, é
transferida uma parcela de sua energia.

Sendo o campo E constante, em meio homogêneo, essas colisões restringem
o movimento da carga a uma velocidade média constante, que podemos chamar

velocidade de deriva ou de deslocamento, representada por Vd . Ela possui a
mesma direção do campo elétrico.
→ →
V=µ.E

Onde µ é a constante de mobilidade.

Vamos observar agora uma seção reta uniforme S apresentada na Figura 1.20.

Figura 1.20 | Cargas em uma seção de um condutor

Fonte: Junior (2010).

Suponha um meio condutor com uma densidade → volumétrica ρ de elétrons


livres, movendo-se com uma velocidade de deriva Vd . Em um tempo ∆t, os elétrons
movem-se a uma distância ∆L = Vd . ∆t. Assim, em um volume S . ∆L teremos uma
carga ∆q = ρS∆L atravessando a seção transversal S, e a corrente elétrica pode,
então, ser definida por:

∆q ∆L
I= =ρ.S. = Vd . ρ . S .
∆t ∆t

40 Princípios de eletricidade
U1

Unidades:

• I: corrente elétrica (A).



• Vd : velocidade de deriva (m/s).

• ρ: densidade volumétrica de carga (C/m3).

• S: área da seção atravessada (m2).

• ∆L: comprimento da seção (m).

Considerando a equação de corrente, vista anteriormente, vamos dividi-la pela


área da seção S, obtendo dessa forma a densidade de corrente J:
I
J=
S
Unidade: A/m2

GUssoW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. são Paulo: Bookman,


2007.

2.2 tensão elétrica e resistência

Observando a Figura 1.21, vamos supor um aparelho elétrico colocado entre os


pontos A e B, sendo que esses possuem um potencial VA e VB e a ddp entre os dois
pontos é ∆V = VB - VA.

Figura 1.21 | Circuito elétrico

Fonte: Adaptado de Franco (2013).

Princípios de eletricidade 41
U1

Essa diferença de potencial também é chamada de tensão elétrica. Vimos


anteriormente que, quando é estabelecida uma tensão nos terminais de um
condutor, o campo elétrico provoca uma corrente elétrica, através do movimento
ordenado dos elétrons. O choque desses elétrons com os átomos do condutor
produz calor. Certos materiais condutores oferecem maior resistência a essa
passagem da corrente elétrica do que outros. A essa propriedade damos o nome
de resistência elétrica.

Podemos dizer, em outros termos, que uma parte da energia do gerador é


transformada em energia elétrica (energia da movimentação dos elétrons da
corrente) e outra parte em energia térmica, que chamamos de efeito Joule.

Quanto maior a resistência elétrica, maior será a dificuldade


para a passagem de corrente.

1. Resistores

Alguns fatores como material, dimensão do condutor e temperatura determinam


a resistência elétrica.

• Unidade de resistência elétrica: Ohm.

• Símbolo: Ω.

No caso de alguns condutores utilizados nas redes elétricas, transformadores e


motores, buscam-se os menores valores de resistência, reduzindo, assim, a perda
de energia. Nos circuitos eletrônicos, a corrente é limitada através de resistores. Os
resistores são um elemento físico, em geral fios ou filmes metálicos.

Embora na maioria dos casos estejamos interessados na menor resistência


possível, transmitindo a energia elétrica com o mínimo de perdas, em algumas
situações nosso maior interesse é na geração de calor, como no caso dos
aquecedores. São exemplos fogões, chuveiros e secadores elétricos, entre muitos
outros. Os elementos utilizados para esse fim são os resistores, comercialmente
denominados de resistências.

• Simbologia

Em um circuito, os símbolos que representam um resistor são:

42 Princípios de eletricidade
U1

Figura 1.22 | Simbologia dos resistores

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

AFONSO, Antonio; FILONI, Enio. Eletrônica: circuitos elétricos.


Instituto Paula Souza. Disponível em: <https://drive.google.com/
file/d/0B4DWrkB2Lh2sWkZQOVFwdnNTMkE/view?usp=sharing>.
Acesso em: 04 mar. 2016.

2. Resistividade

A resistência elétrica dos materiais condutores depende de alguns parâmetros:

• Comprimento do fio (L).

• Área da seção transversal (A).

• Temperatura.

• Material.

Figura 1.23 | Condutor

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

Princípios de eletricidade 43
U1

A. Influência do material: resistividade

A resistividade ρ é propriedade de cada material. A Tabela 1.2 mostra a


resistividade de alguns materiais.

Unidade: Ω . m

Tabela 1.2 | Valores de resistividade para diferentes materiais


Material ρ (Ω . m)
Prata 1,6 . 10-8
Cobre 1,7 . 10-8
Ouro 2,3 . 10-8
Alumínio 2,8 . 10-8
Tungstênio 4,9 . 10-8
Platina 10,8 . 10-8
Ferro 11,0 . 10-8
Nicromo 110 . 10-8

B. Influência do comprimento

Sendo apenas o comprimento variado, como mostra a Figura 1.24, conclui-se


que:

A resistência elétrica é diretamente proporcional ao comprimento do condutor.

Figura 1.24 | Variação de comprimento do condutor

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

C. Influência da área da seção transversal do condutor

De acordo com a Figura 1.25, diferentes diâmetros de fios foram utilizados e


pode-se concluir que:

44 Princípios de eletricidade
U1

A resistência elétrica é inversamente proporcional à área da seção transversal do


condutor.

Figura 1.25 | Área da seção transversal

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

D. Cálculo da resistência

Dessa forma, pode-se concluir que:

A resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional ao


comprimento e à resistividade, e inversamente proporcional à área da seção
transversal.

Sendo: R = ρ . L
A
Onde:

• R é a resistência elétrica (Ω).

• ρ é a resistividade elétrica do material (Ω . m).

• L é o comprimento do condutor (m).

• A é a área da seção transversal do condutor (m2).

Exemplo de aplicação

A resistência de um chuveiro elétrico é feita de um fio de níquel enrolado. Calcule


o comprimento do fio do resistor desse chuveiro; sabendo que a resistência R =
7,8 Ω, a área da seção transversal do fio vale 1 . 10-6 m2 e a resistividade do níquel
é de ρ = 7,8 . 10-8 Ω . m

Princípios de eletricidade 45
U1

Resolução:
R = ρ . L → 7,8 = 7,8 . 10-8 x L
A 1 . 10-6
L = 100 m

E. Influência da temperatura sobre a resistência elétrica

O aumento da temperatura, para grande parte das substâncias, ocasiona uma


maior resistência elétrica, já que ocorre uma maior movimentação das partículas
e, portanto, maior número de colisões entre essas partículas e os elétrons livres no
interior do condutor.

Existem exceções, como o grafite, em que o aumento do número de elétrons


livres predomina sobre o grau de agitação das moléculas, fazendo com que a
resistividade diminua com o aumento da temperatura.

R = R0 (1+α∆θ)

Onde:

• R é a resistência elétrica nova na temperatura final θf.

• R0 é a resistência elétrica nova na temperatura final θ0.

• ∆θ = θf - θ0, é a variação de temperatura (°C).

• α é o coeficiente de temperatura do material (°C-1).

A Tabela 1.2 traz alguns valores de α:

Tabela 1.2 | Valores e temperaturas

Material α(°C-1)
Platina 3,0 . 10-3
Alumínio 3,2 . 10-3
Cobre 3,9 . 10-3
Prata 4,0 . 10-3
Tungstênio 4,5 . 10-3
Ferro 5,0 . 10-3
Nicromo 0,2 . 10-3

46 Princípios de eletricidade
U1

Com a variação da temperatura, a resistividade pode ser equacionada por:

ρ = ρ0 (1+α∆θ)

Onde:

• ρ é a resistividade do material na temperatura final θf.

• ρ0 é a resistividade do material na temperatura inicial θ0.

2.3 lei de ohm

Vamos analisar a Figura 1.26, na qual temos um resistor, a uma temperatura


constante, que passa uma corrente de intensidade i, com uma ddp entre seus
terminais.

Figura 1.26 | Circuito

Fonte: Adaptado de Franco (2013).

Ao mudar a diferença de potencial de forma sucessiva para U1, U2, ..., temos,
respectivamente, as correntes I1, I2,.... Em um resistor bem comportado, que siga
a lei de Ohm, verifica-se que o quociente das diferenças de potencial por suas
respectivas correntes gera uma característica constante do condutor, como
mostrado a seguir.
U U U
= 1 = 2 = cte = R
I I1 I2
A 1º lei de Ohm relaciona a diferença de potencial com a passagem da corrente
elétrica, ou seja:
U
R =
I
Unidade: Ohm (Ω)

Princípios de eletricidade 47
U1

Exemplos de aplicação

Ao ser estabelecida uma ddp de 50V entre os terminais de um resistor,


estabelece-se uma corrente elétrica de 5A. Qual a resistência entre os terminais?

Resolução:
U 50
R= = = 10 Ω
I 5

2.4 Associação de resistores

Circuitos elétricos utilizados na indústria, em geral, são muito complexos,


associando muitos componentes. Entretanto, existem maneiras de simplificar
a análise, por meio de regras, como as que apresentaremos a seguir. Podemos
sempre definir uma resistência equivalente, substituindo um conjunto de
resistências associadas. A resistência equivalente (Req) transmitirá a mesma corrente
que o sistema substituído, quando submetida a uma mesma ddp.

A. Associação em série

Nesse tipo de associação, temos a mesma corrente passando por todos os


resistores do circuito. Entretanto, cada resistência é submetida a uma parcela
diferente da ddp total entre os pontos A e B. Observe a Figura 1.27.

Figura 1.27 | Circuito em série

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

Nesse tipo de associação, a resistência equivalente é a soma das resistências do


circuito, como representado a seguir:

Req = RAB = R1 + R2 + ... + RN

Exemplo de aplicação

A diferença de potencial entre dois resistores é de 220V, como mostra a figura


a seguir. Qual é a diferença de potencial entre os extremos do resistor de 10Ω?

48 Princípios de eletricidade
U1

Resolução:

Req = R1 + R2 = 100 + 10 = 110Ω

Utot 220
I= = = 2A
Req 110

U1 = R1 . I = 10 . 2 = 20V

B. Associação em paralelo

Nesse tipo de associação, temos a mesma tensão para todos os resistores, uma
vez que todas estão conectadas diretamente aos pontos A e B. Por outro lado, por
cada resistência passará uma corrente elétrica distinta. Observe a Figura 1.28.

Figura 1.28 | Circuito em paralelo

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

O inverso da resistência é equivalente, nesse caso, à soma dos inversos das


resistências do circuito. Dessa forma:

1 1 1 1 1 1
= = + + + ... +
Req RAB R1 R2 R3 RN

Princípios de eletricidade 49
U1

Exemplo de aplicação

Considere o circuito da figura, no qual temos três resistores em paralelo.


Determine o valor da resistência do resistor R e da corrente i.
R

0,3A 20Ω 0,8A

i 15Ω

Resolução:

A diferença de potencial é a mesma para todos os resistores:

U = 20 . 0,3 = 6V

Determinando a corrente:

U = 6 = 15 . i → i = 0,4A

Determinando a corrente que passa pelo resistor R, conhecemos a corrente


total que se divide entre os três resistores.

Itot = 0,8 = 0,4 + 0,3 + I'

I' = 0,1A

Determinando o Resistor R:

U = R . I → 6 = R . 0,1 → R = 60Ω

• Casos particulares de associações em paralelo

⇒ Duas resistências diferentes:

Nesse caso, temos duas resistências diferentes em paralelo, como mostra a


Figura 1.29.

Figura 1.29 | Circuito em paralelo

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

50 Princípios de eletricidade
U1

Temos, então:

1 1 1 1 R2 + R1
= = + =
Req RAB R1 R2 R2R1
1 R2R1
=
Req R2 + R1

⇒ Resistores de mesmo valor:

Observe a Figura 1.30, em que todos os resistores têm o mesmo valor R0.

Figura 1.30 | Circuito em paralelo com resistores iguais

Fonte: Afonso e Filoni (2011).

A resistência equivalente é determinada por:


1 1 1 1 1+1+1 3
= + + = =
Req R0 R0 R0 R0 R0

R0
Req=
3
Percebam que, para n resistores de mesmo valor, teríamos:
R0
Req=
n

C. Associações mistas

Como o próprio nome diz, temos associações paralelas e em série combinadas.


A simplificação para se encontrar a resistência equivalente deve acontecer
parcialmente em cada associação. O método a ser utilizado consiste na nomeação
de nós e terminais da associação com letras.

Princípios de eletricidade 51
U1

Nós são pontos do circuito onde a corrente se divide.


Terminais são pontos do circuito entre os quais se quer determinar a
Req.

Exemplo de aplicação

Encontrar a resistência equivalente do circuito a seguir:

Resolução:

Inicialmente, devemos encontrar o valor da associação de resistores em


paralelo:
1 1 1
= +
Req 20 30

Fazendo o mínimo múltiplo comum, temos:

1 3+2 1 5 60
= → = → Req = = 12Ω
Req 60 Req 60 5

Temos, agora:

52 Princípios de eletricidade
U1

Duas resistências em série:

Req = 12 + 50 = 62 Ω

2.5 Instrumentos básicos de medidas elétricas

Os instrumentos de medidas elétricas medem algumas grandezas vistas, como


a corrente, a tensão, a potência e a energia. Veremos agora os instrumentos
responsáveis por essas medidas:

2.5.1 Amperímetro

Esse instrumento é usado para a medição das correntes elétricas. Ele deve estar
ligado em série com o circuito ou elemento que se deseja medir, sendo que o
circuito deve ser aberto nesse local. Devido a isso, para garantir que haja precisão
nas medições, a resistência interna dos amperímetros deve ser bem pequena
comparada com os circuitos.

Esse tipo de instrumento pode medir correntes contínuas ou alternadas,


podendo possuir, de acordo com a qualidade do instrumento, várias escalas, para
uma maior precisão de medidas.

2.5.2 Voltímetro

Esse instrumento é utilizado para medir a tensão elétrica de um circuito. A


exibição desse valor pode se dar através de ponteiro móvel ou um mostrador digital.

As diferenças de tensão entre pontos em um circuito devem ser medidas


colocando o voltímetro em paralelo com a seção do circuito entre os dois pontos.
Para garantir a precisão nas medidas, a resistência interna desse instrumento deve
ser muito grande em comparação com as resistências do circuito.

Eles podem também medir tensões contínuas ou alternadas, dependendo da


qualidade do instrumento.

2.5.3 Ohmímetro

Esse instrumento mede a resistência elétrica. Os ohmímetros precisos possuem


um circuito eletrônico responsável por fornecer uma corrente constante através
da resistência e outro circuito que mede a tensão V; sendo assim, a resistência é

Princípios de eletricidade 53
U1

calculada através da equação R=V/I.

Para altas precisões, os ohmímetros com as características citadas acima não


são adequados. São utilizados, portanto, um ohmímetro de precisão que possui
quatro terminais, os chamados contatos de Kelvin.

2.5.4 Wattímetro

Esse instrumento é usado para medir a potência elétrica. Ele possui quatro
ponteiras, que devem ser ligadas em série para a medição de corrente e em
paralelo para medir a tensão do equipamento ou circuito.

BELCHIOR, Fernando. Medidas Elétricas. Universidade Federal


de Itajubá, 2014. Disponível em: <https://drive.google.com/file/
d/0B4DWrkB2Lh2sOXVvcEJweE5LaXM/view?usp=sharing>. Acesso
em: 25 fev. 2016.

SENAI. Medidas Elétricas. 1996. Disponível em: <https://drive.


g o o g l e . c o m / f i l e / d / 0 B 4 D W r k B 2 L h 2 s b F V TT 0 x w c D d w b H M /
view?usp=sharing>. Acesso em: 25 fev. 2016.

Mensagem Final ao Aluno

Caro aluno, vimos nesta unidade importantes conceitos sobre a eletrostática


e a eletrodinâmica. Você agora é capaz de entender vários aspectos sobre a
eletricidade. É importante que você busque mais informações sobre o assunto
para desenvolver um entendimento mais amplo.

Lembre-se: você é a principal ferramenta do seu conhecimento!

Bons estudos!

54 Princípios de eletricidade
U1

1. Sendo um condutor metálico percorrido por uma


corrente de 5A:
a) Qual é a quantidade de partículas que irá atravessar a
seção transversal desse condutor?
b) Que tipo de partícula se move no condutor?

2. Em circuitos elétricos, é comum a utilização de fusíveis,


um fio é projetado para fundir, abrindo o circuito, se a
corrente ultrapassar certo valor. Suponha que o material
a ser usado em um fusível é fundido quando a densidade
de corrente ultrapassar 440 A/cm2. Que diâmetro do fio
cilíndrico deve ser usado para fazer um fusível que limite a
corrente em 0,5A?

3. Se o comprimento e o diâmetro de um resistor forem


duplicados, o que acontece com sua resistência?
a) É dividida por 4.
b) É dividida por 2.
c) A mantém.
d) É multiplicada por 2.
e) É multiplicado por 4.

4. Considere um resistor de fio metálico, que tem uma


resistência de 60Ω. Foi observado que, ao cortar 3 m do fio,
essa resistência passou a ser de 15Ω. Qual o comprimento
total desse fio?

5. Dado o circuito a seguir:

Princípios de eletricidade 55
U1

Determine:
a) A resistência equivalente da associação.
b) A intensidade da corrente elétrica em cada resistor.
c) A intensidade da corrente elétrica total.

56 Princípios de eletricidade
U1

Referências

AFONSO, Antonio; FILONI, Enio. Eletrônica: circuitos elétricos. Instituto Paula


Souza, 2011.

FILHO, José. Carga elétrica e a lei de coulomb. Ceará: Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia, 2012.

FIRMINO, Sandro. Campo elétrico. Rio Grande do Sul: Pontifícia Universidade


Católica do Rio Grande do Sul, 2010.

FLORES, Carlos. Campo elétrico e potencial elétrico. Rio Grande do Sul:


Universidade Federal de Santa Maria, 2012.

FRANCO, Fabio. Corrente elétrica. Rio Grande do Norte: Instituto Federal de


Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2012a.

FRANCO, Fabio. Resistência elétrica. Instituto Federal de Educação, Ciências e


Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2012b.

GRAÇA, Cláudio. Eletromagnetismo. Notas de aula do Departamento de Física


CCNE. Universidade Federal de Santa Maria, 2012.

HAROLD, Marcos. Carga e Matéria. Salvador: Organização Educacional Farias


Brito, 2013.

JUNIOR, Naasson; AQUINO, Claudio. Corrente elétrica. Universidade Estadual


Paulista, 2010.

KREBS, Paulo. A carga elétrica e a lei de Coulomb. Rio Grande do Sul:


Universidade Federal de Pelotas, 2012.

LIMA, Marcos. Potencial elétrico. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012.

QUEIROZ, Alan. Corrente contínua e alternada. Rio Janeiro: Universidade Federal


do Rio de Janeiro, 2014.

TELES, Lara. Notas de aula de eletricidade e magnetismo. Instituto de


Tecnologia da Aeronáutica (ITA), 2008.

WEULER, A. et al. Potencial elétrico. Pará: Universidade do Estado do Pará, 2008.

Princípios de eletricidade 57
Unidade 2

Campo magnético e
forças magnéticas
Cibele Abreu Makluf

Objetivos de aprendizagem:

Nesta unidade, você terá a oportunidade de estudar e compreender:

• As propriedades dos ímãs e como eles interagem entre si.

• As características das linhas de um campo magnético e fluxo


magnético.

• O movimento de partículas carregadas em um campo magnético e


no fluxo magnético.

• Como analisar a força magnética.

• Como analisar o potencial de um polo e um dipolo magnético.

Seção 1 | Introdução ao magnetismo


• Magnetismo.

• Linhas de campo magnético e fluxo magnético.

• Parâmetros de magnetismo.
U2

Seção 2 | Movimento de partículas carregadas em um


campo magnético
• Movimento de partículas carregadas no campo magnético.

• Força magnética.

• Potencial de um polo magnético.

• Potencial de um dipolo magnético.

• Efeito Hall.

60 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Introdução à unidade
Caro aluno, nesta unidade faremos uma introdução aos conceitos do magnetismo.
Ele é peça fundamental no desenvolvimento de diversas áreas, sobretudo ligadas à
Engenharia. Sabemos que ímãs são peças fundamentais em muitos equipamentos
elétricos e eletrônicos. Além disso, os conhecimentos de magnetismo são
importantes para a fabricação de motores elétricos, celulares, laptops, entre outros
aparatos que utilizamos diariamente.

Vamos começar nosso estudo vendo os conceitos iniciais de magnetismo,


como a formação dos campos magnéticos, as linhas de campo formadas, entre
outras características.

Na sequência, vamos entender como as partículas carregadas se movimentam


dentro de um campo, devido à força magnética à qual são submetidas, além das
características do potencial do polo e dipolo magnéticos.

Você é essencial nesse processo de aprendizagem.

Bom trabalho!

Campo magnético e forças magnéticas 61


U2

62 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Seção 1

Introdução ao magnetismo

Caro aluno, esta seção apresenta os conceitos introdutórios sobre o


magnetismo, explicando as principais características dos ímãs. Veremos como são
formadas as linhas de campo magnético e suas particularidades.

Serão apresentados também os conceitos da densidade de campo, fluxo


magnético, permeabilidade magnética e relutância, mostrando a importância
desses conceitos no campo magnético.

Todos esses conceitos são relevantes para a compreensão dos fenômenos que
envolvem o magnetismo.

Vamos lá?

Bons estudos!

Introdução ao magnetismo

Possivelmente, você já manuseou um ímã e pôde perceber nele algumas


propriedades características desse objeto, como a atração de objetos de ferro ou
de uma liga metálica que tenha esse material na sua composição. Outro fato ocorre
quando aproximamos dois ímãs e percebemos que, dependendo de como estão
posicionados, eles podem se atrair ou se repelir.

Você sabia que o planeta Terra tem em sua volta um campo magnético? É ele
que causa o movimento das bússolas, que são muito úteis para ajudar quem pratica
caminhadas na natureza ou navegação a encontrar seu caminho. Ele também é
responsável por nos proteger das partículas de alta energia do Sol. Sem a existência
do campo magnético, não haveria vida na Terra da forma que conhecemos.
Veremos, ao longo da unidade, como ele se manifesta.

Campo magnético e forças magnéticas 63


U2

O campo magnético na Terra

o planeta terra se comporta como se fosse um grande ímã. o seu


campo magnético é representado pelas linhas de indução que saem
do polo norte magnético e entram pelo polo sul magnético, como
mostra a Figura 2.1.
Figura 2.1 | Campo magnético terrestre

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

Analisando a Figura 2.1, podemos ver que as linhas de indução saem


de uma região próxima ao polo sul geográfico da terra e entram
em outra próxima ao polo norte geográfico. de acordo com isso,
podemos entender por que a agulha imantada de uma bússola aponta
para o norte terrestre, já que lá se encontra o polo sul do campo
magnético da terra e, como sabemos, os polos magnéticos de tipos
diferentes são atraídos.
em relação à bússola, ela não aponta exatamente para o norte da
terra, mas sim para uma região próxima, já que os polos geográficos
e magnéticos encontram-se um pouco desalinhados. esse desvio
entre o norte geográfico e a orientação da bússola é chamado de
declinação magnética, como mostra a Figura 2.2.

64 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Figura 2.2 | Declinação magnética

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

o que se acredita sobre a existência do campo magnético terrestre


é que ele seja gerado por uma corrente de magma carregada
eletricamente, presente no interior da terra. em breve, estudaremos a
maneira como correntes elétricas podem gerar campos magnéticos,
então será possível compreender o fato com maior detalhamento.

o que aconteceria se o planeta terra perdesse seu campo


magnético?

Campo magnético e forças magnéticas 65


U2

1.1 Ímã e suas características

Os ímãs podem ser naturais ou artificiais e são encontrados em diversos formatos.


Geralmente, são utilizados em aplicações tecnológicas como motores e geradores
eletromagnéticos, dínamos de automóveis, disco rígido de computadores. Vamos
ver algumas de suas propriedades.

A. Polos Magnéticos

Ao aproximarmos um ímã de limalhas de ferro, é observado que essas são atraídas


de forma mais intensa pelas extremidades do ímã, como mostra a Figura 2.3. As
extremidades de um ímã são chamadas de polos magnéticos.

Figura 2.3 | Limalhas de ferro em contato com um ímã

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

B. Orientação Norte-Sul

Ao suspender um ímã de maneira que ele possa girar livremente, veremos que ele
naturalmente se alinha com uma direção especial. Essa direção é aproximadamente
o eixo norte-sul da Terra. Dessa forma, convencionou-se que a extremidade que
aponta para o norte geográfico seria o polo norte do ímã (denotado N), e, para o sul,
o polo sul do ímã (denotado S). Observe a Figura 2.4, na qual uma agulha magnética
se alinha com o campo magnético da Terra.

66 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Figura 2.4 | Agulha magnética se alinhando com o campo magnético da Terra

Sul
geográfico

Norte
geográfico

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

C. Atração e repulsão

Quando aproximamos dois ímãs, como eles interagem? Eles podem se atrair ou
se repelir. Se colocarmos os dois ímãs para girar livremente, descobrindo e marcando
qual o polo norte e o polo sul em cada um deles, e depois aproximarmos os polos,
notaremos que:

• Caso os polos magnéticos sejam do mesmo tipo, irão se repelir.

• Caso sejam diferentes, irão se atrair.

A força magnética entre esses polos, de atração ou repulsão, irá variar de forma
parecida com a Lei de Coulomb para cargas elétricas, vista na unidade anterior, ou
seja, a força varia com o inverso do quadrado da distância entre eles.

Figura 2.5 | Forças de repulsão e atração nos ímãs

(continua)

Campo magnético e forças magnéticas 67


U2

Fonte: O autor.

d. inseparabilidade dos polos

Ao partir um ímã, cada pedaço será individualmente um novo ímã, com seu
próprio polo norte e sul. Ao tomar qualquer dos pedaços e cortar ao meio, teremos
dois outros ímãs, de forma que seu tamanho muda, mas suas características
continuam as mesmas. Observe a Figura 2.6.

Figura 2.6 | Divisão de um ímã

Fonte: O autor.

Dessa forma, não importa quantas vezes você divida um ímã, sempre haverá o
surgimento dos dois polos.

Não existe na natureza um monopolo magnético (um único polo separado).

exemplos de aplicação

Observe a figura a seguir:

68 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Um ímã se aproxima de uma bola de metal. Podemos afirmar, em relação à bola:

a) Ela será atraída pelo polo norte e repelida pelo polo sul.

b) Ela será atraída pelo polo sul e repelida pelo polo norte.

c) Ela será atraída por qualquer um dos polos do ímã.

d) Ela será repelida por qualquer um dos polos do ímã.

e) Ela será repelida pela parte mediana do ímã.

Resolução:

A alternativa correta é a letra C.

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

Os ímãs são utilizados em diversas aplicações tecnológicas, como


nos discos rígidos mecânicos de computadores (HDs), onde um disco
metálico é recoberto por uma fina camada de material magnético
(ímãs microscópicos). Para efetuar a gravação de uma determinada
trilha, um pequeno eletroímã, que faz parte da cabeça de leitura e
gravação do HD, aplica seu campo magnético sobre as moléculas de
óxido de ferro da superfície de gravação, causando o alinhamento das
partículas com esse campo magnético. Dependendo da orientação
dos ímãs, temos um bit 0 ou um bit 1, que representam a menor
quantidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida.

Campo magnético e forças magnéticas 69


U2

1.2 Materiais magnéticos e não magnéticos

Os materiais magnéticos são aqueles que reagem fortemente a campos


magnéticos. Além de serem atraídos por ímãs, eles podem ser transformados em
ímãs por um processo conhecido como magnetização. Os materiais magnéticos
possuem uma característica magnética em seus átomos ou moléculas, de
maneira que cada átomo é um pequenino ímã. Entretanto, em geral, os átomos
estão distribuídos desorganizadamente no corpo, com seus polos norte e sul
desalinhados, de maneira que o corpo composto não age como um ímã. Mas
existem diversos processos que permitem a formação de um ímã a partir de um
material magnético, como veremos a seguir. Os materiais que não possuem tais
características internas, ou que reagem muito pouco a campos magnéticos, são
chamados não magnéticos, como o alumínio ou os plásticos.

Uma forma simples de magnetizar alguns tipos de materiais é através da


aplicação de um campo magnético forte o suficiente para alinhar as estruturas
magnéticas internas do próprio material. O ferro é um exemplo típico de material
em que isso funciona.

Existem diferentes tipos de magnetismo na natureza, sendo esses


classificados de acordo com a intensidade e a diferença de seus
efeitos. São: ferromagnetismo, paramagnetismo e diamagnetismo.
O fenômeno conhecido como ferromagnetismo é a capacidade que
certos materiais, como o ferro, níquel ou o cobalto, têm de reagir
a um campo magnético. É baseado na atração desses materiais por
ímãs ou na persistência da magnetização na ausência do campo
magnético, criando os ímãs permanentes. Quando um material
ferromagnético é exposto a um campo magnético, seus dipolos
atômicos serão alinhados ao campo, criando um ímã. Para que ocorra
a sua desmagnetização, um campo magnético na direção oposta
pode ser aplicado, ou ainda através da elevação da temperatura. Um
exemplo de ferromagnetismo são os ímãs de geladeira.
O paramagnetismo pode ser visto nos materiais que necessitam estar
sob a ação de um campo magnético para a magnetização. Caso o
campo magnético seja retirado, o material irá se desmagnetizar.
Quando magnetizados, são considerados ímãs de baixa intensidade.
Todos os materiais existentes podem ser considerados materiais
diamagnéticos. Esse fenômeno consiste na repulsão que esse material
sofre quando é exposto a um campo magnético, já que apresenta um

70 Campo magnético e forças magnéticas


U2

momento dipolar magnético com sentido oposto ao campo. essa é


uma propriedade de difícil percepção, sendo praticamente impossível
percebê-la caso o material possua uma das outras propriedades citadas.

sAMBAQUi, Ana; MArQUes, luis. Apostila de eletromagnetismo.


instituto Federal de educação, Ciências e tecnologia de santa
Catarina. disponível em: <https://drive.google.com/file/
d/0B4dWrkB2lh2snHU2M2tCszFnWWM/view?usp=sharing>.
Acesso em: 28 fev. 2016.

1.3 lei de Coulomb para o magnetismo

Como vimos na unidade anterior, Coulomb, através dos seus experimentos,


contribuiu muito para a eletrostática. Para o magnetismo, também realizou alguns
experimentos com ímãs. Ele colocou dois ímãs separados a certa distância, como
pode ser visto na Figura 2.7.

Figura 2.7 | Experimentos de Coulomb

Fonte: Freitas e Zancan (2011).

Medindo a força entre eles, Coulomb chegou à seguinte equação:


hm1m2
F=
(r12)2

Campo magnético e forças magnéticas 71


U2

Onde:

• F: força magnética [Newton (N)].

• h: constante magnética do meio.

• m: massa magnética [Weber (Wb)].

• d: distância entre os corpos [metros (m)].

Assim como em eletrostática introduzimos o conceito de carga


elétrica para podermos medir a força entre corpos eletrizados, em
magnetismo é possível introduzir o conceito de massa magnética
para que possamos medir a força entre corpos magnetizados.

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

1.4 Campo magnético e linhas de campo magnético

O campo magnético atua na região em torno de um ímã, onde há a ação


das forças magnéticas de repulsão ou de atração. As chamadas linhas de campo
magnético são a representação visual desse campo. Essas linhas ainda podem ser
chamadas de linhas de indução magnética ou linhas de fluxo magnético. Elas são
linhas imaginárias, saindo do polo norte e entrando no polo sul, como pode ser
visto na Figura 2.8.

72 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Figura 2.8 | Linhas de campo magnético

Fonte: Dias (2011).

As linhas de campo magnético nunca se cruzam, sendo sempre linhas fechadas


que saem do polo norte e entram no polo sul do ímã.

É observado que, quando há uma maior concentração de linhas, significa que


mais intenso será o campo elétrico na região, portanto, mais intensa será a força
magnética gerada. As linhas saem ou entram de forma perpendicular à superfície
do polo e são tangentes ao campo magnético, como mostra a Figura 2.9.

Figura 2.9 | Linhas de campo magnético tangentes ao campo

Fonte: O autor.

1.5 Fluxo magnético

O fluxo magnético φ se refere à quantidade de linhas de campo que entram na


área de uma superfície. A Figura 2.10 mostra o fluxo magnético.

Campo magnético e forças magnéticas 73


U2

Figura 2.10 | Fluxo magnético

Fonte: O autor.

kg . m2
Unidade: Weber: 1 Weber = 1Wb - 1T . m2 = 1
s2 . A

1.6 densidade de campo magnético

A relação entre o fluxo magnético e a área de uma superfície, sendo essa


perpendicular à direção do fluxo, é chamada de densidade de campo magnético
(B). Essa grandeza ainda pode ser chamada de densidade de fluxo magnético, ou
simplesmente campo magnético.
φ
B=
A
Onde:

• B: densidade de fluxo magnético [Tesla (T)].

• φ: fluxo magnético [Weber (Wb)].

• A: área da seção perpendicular ao fluxo (m2).

• 1T = 1Wb/m2.

Vamos analisar a Figura 2.11. Podemos observar que a direção do vetor B é
sempre tangente às linhas em qualquer ponto, sendo que o vetor da densidade de
campo magnético será o mesmo das linhas de campo.

74 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Figura 2.11 | Vetor densidade de campo magnético

Fonte: Sambaqui e Marques (2012).

Onde houver um maior número de linhas de campo, teremos uma grande


densidade de campo; caso as linhas estejam mais espaçadas, a densidade de
campo será menor.

Exemplo de aplicação

Sabendo que um ímã natural produz um fluxo magnético de 2mWb a uma


determinada distância na direção de seu alinhamento N-S, qual será a densidade de
fluxo magnético que atravessa uma chapa quadrada de lado 2 cm que se encontra
perpendicular ao ímã nessa posição?

Resolução:

A = L x L = 0,02 x 0,02 = 4 . 10-4 m2


φ 2 . 10-3
B= = = 5T
A 4 . 10-4

1.7 Permeabilidade magnética

Podemos observar diferentes comportamentos para materiais magnéticos


e não magnéticos colocados na área das linhas de campo de um ímã. Os não
magnéticos, como o vidro, causam pouca alteração na distribuição das linhas. Os
materiais magnéticos, como o ferro, causam distorção nas linhas mais próximas,
que se concentram em seu interior. Vide Figura 2.12.

Campo magnético e forças magnéticas 75


U2

Figura 2.12 | Linhas de campo em materiais magnéticos e não magnéticos

Fonte: Sambaqui e Marques (2012).

Testando distintos objetos de mesmo tamanho e formato, mas de diferentes


composições, a influência mais ou menos intensa nas linhas de campo pode ser
descrita por meio da permeabilidade magnética µ dos materiais. Então, podemos
definir a permeabilidade magnética como a facilidade com que as linhas de campo
atravessam um material. A permeabilidade do vácuo é:
Wb
µ0 = 4 π . 10-7
A.m
Os materiais não magnéticos possuem a permeabilidade bem próxima à do
vácuo. Temos também:

• Materiais diamagnéticos: permeabilidade é um pouco menor que a do


vácuo.

• Materiais paramagnéticos: permeabilidade é um pouco maior que a do


vácuo.

• Materiais ferromagnéticos: permeabilidade centenas a milhares de vezes


maior que a do vácuo.

Dessa forma, temos a permissividade relativa:


µm
µr =
µ0
Onde:

• µr: permissividade relativa do material.

• µm: permissividade de um dado material.

• µ0: permissividade no vácuo.

76 Campo magnético e forças magnéticas


U2

1.8 relutância magnética

Chamamos de relutância magnética a medida de oposição que um meio


oferece para se estabelecer e concentrar as linhas de campo magnético. Podemos
calculá-la por:
I
ℜ=
µ.A
Onde:

• ℜ: relutância magnética [A/Wb].

• I: comprimento médio do caminho magnético das linhas de campo [m].

• µ: permeabilidade do meio [Wb/A·m].

• A: área da seção transversal [m2].

Princípio de relutância mínima é quando se tem dois materiais com


permeabilidades diferentes como caminho magnético para as linhas de campo,
estas se dirigem para o de maior permeabilidade. Observe a Figura 2.13.

Figura 2.13 | Campos magnéticos de alta e baixa relutância

Ferro

Vidro
Fonte: Sambaqui e Marques (2012).

Podemos observar na Figura 2.13 que o ferro, um material com alta


permeabilidade, terá maior concentração das linhas e representará um caminho de
menor relutância para estas. Já no caso do vidro, com baixa permeabilidade, não
há uma grande concentração das linhas de campo, representando um caminho
de alta relutância.

Campo magnético e forças magnéticas 77


U2

1. Sobre o magnetismo, podemos afirmar que:

I - Ao cortar um ímã em pedaços, todos os ímãs formados


apresentam os dois polos, não importando o tamanho do
pedaço.
II - Ao cortar um ímã no meio, cada um dos pedaços ficará
com um polo.
III - Os materiais ferromagnéticos não têm propriedades
magnéticas e não podem ser atraídos por ímãs.
IV - Ao aproximar dois polos iguais de um ímã, haverá uma
força de repulsão, e se os polos forem diferentes haverá
uma força de atração.
V - A Terra possui as características de um ímã, gerando
seu próprio campo magnético.
São corretas:

a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I e IV.
d) I, IV, V.
e) II e IV.

2. Uma bussola foi colocada perto de um ímã que gera


um campo magnético bem mais intenso do que o campo
magnético da Terra. Qual a figura que representa de que
forma a agulha da bússola irá permanecer?

78 Campo magnético e forças magnéticas


U2

3. Um ímã natural produz um fluxo magnético de 5µWb em


uma determinada região à frente dele, na direção do eixo
N-S. Calcule a densidade de fluxo que atravessa um círculo
metálico de raio 1 cm que está perpendicular a esse ímã.

4. Observe as figuras a seguir:

Através de experimentos, foi notado que P atrai S e repele


T, Q repele U e atrai S. Diante dessas conclusões, podemos
afirmar que:

a) as barras PQ e TU são ímãs;


b) as barras PQ e RS são ímãs;
c) as barras RS e TU são ímãs;
d) as três barras são ímãs;
e) só a barra PQ é um ímã.

Campo magnético e forças magnéticas 79


U2

5. Uma placa retangular de lados 10,5 m e 13,2 m é


atravessada por um campo magnético uniforme de
intensidade 1,45 mT. Qual é, aproximadamente, o fluxo
magnético sobre a placa?

a) 2,10 Wb.
b) 0,20 Wb.
c) 1,03 Wb.
d) 0,83 Wb.
e) 3,15 Wb.

80 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Seção 2

Movimento de partículas carregadas em um


campo magnético
Caro aluno, esta seção apresenta como as partículas carregadas reagem à
presença de um campo magnético, dando origem a uma força magnética que
depende da carga da partícula e, de uma maneira muito especial, também de sua
velocidade.

Veremos ainda as características do potencial de polo e de um dipolo magnético


e discutiremos o efeito Hall.

Todos esses conceitos são importantes para a compreensão dos fenômenos que
envolvem o magnetismo.

Vamos lá?

Bons estudos!

2.1 Movimento de partículas carregadas em um campo magnético

Vimos em eletricidade que a presença de um campo elétrico é comprovada


através da inserção de uma carga de prova q no local. Para o campo magnético
temos um caso semelhante:

• A dimensão da força magnética que a partícula sofre dependerá de sua


carga, de sua velocidade e também do campo magnético presente no meio.

• Sendo a velocidade da partícula paralela à direção do campo, teremos uma


força nula.

• A força é perpendicular ao plano formado entre velocidade e campo.

• O sentido da força em uma carga positiva é contrário ao de uma carga


negativa.

• A intensidade da força é proporcional ao seno do ângulo entre a velocidade


e o campo.

Campo magnético e forças magnéticas 81


U2

Todas as características acima podem ser resumidas na seguinte equação (note


o produto vetorial de dois vetores):
→ → →
F mag = qv x B

Unidade: Tesla (T)

Onde:

• F mag : força magnética.

• Q: carga da partícula.

• v : velocidade da partícula.

• B : campo magnético.

Figura 2.14 | Força eletromagnética

Fonte: Silva (2012).

Exemplo de aplicação

Uma partícula de carga q=1µC entra em um campo elétrico B = 3 . 102 T com


velocidade de v = 0,1 m/s. Qual é a força magnética a que essa partícula estará
sujeita, sabendo que há um ângulo de 30 graus entre os vetores velocidade e campo
elétrico?

Resolução:
→ → →
F mag = qv x B = q . B . v . sen(θ) = 1 . 10-6 . 0,1 . 3 . 102 . 0,5 = 1,5 . 10-5N

Vamos comparar o que já descobrimos sobre a força magnética com nossos


conhecimentos prévios de eletricidade? Podemos tirar algumas conclusões:

• A força elétrica é paralela ao campo elétrico; já a força magnética é


perpendicular ao campo.

• A força elétrica atua sobre cargas em repouso e em movimento; já a


magnética, apenas sobre cargas em movimento.

82 Campo magnético e forças magnéticas


U2

• A força elétrica realiza trabalho no deslocamento de uma partícula, a força


magnética não.

A força magnética não realiza trabalho sobre cargas elétricas, pois


essa força é sempre perpendicular ao seu deslocamento. A força
magnética não causa variação na energia cinética da partícula, uma
vez que ela é responsável somente por uma alteração na direção do
movimento. em sistemas macroscópicos de cargas em movimento,
entretanto, pode haver realização de trabalho.
Um exemplo: um fio condutor retilíneo, submetido a um campo
magnético, é percorrido por uma corrente i. é observado um
deslocamento do fio, paralelo à direção da força magnética que surge
neste, como mostra a Figura 2.15, caso haja um campo magnético
entrando na folha.

Figura 2.15 | Fio transportando corrente

Fonte: Vieira et al. (2010).

na primeira situação, a corrente é nula; sendo assim, nada acontece


com o fio, já que as cargas estão em repouso e não sofrem a ação do
campo magnético. na segunda situação, é estabelecida uma corrente
no sentido de baixo para cima, surgindo uma força F para a esquerda,
sendo que o fio se desloca também para a esquerda. nesse caso, há
realização de trabalho no fio devido à força magnética. na terceira

Campo magnético e forças magnéticas 83


U2

situação, a corrente é invertida, surgindo, dessa forma, uma força


magnética para a direita, sendo que o fio também será deslocado para
a direita. novamente, houve realização de trabalho no fio devido à
força magnética.
Como explicar o trabalho realizado?
A força magnética que age no fio é a soma das forças que atuam nas
cargas individuais que carregam a corrente, sendo que em cada uma
dessas cargas a força magnética é perpendicular ao deslocamento
desta. se as cargas não estivessem ligadas ao fio, elas percorreriam
uma trajetória circular, mas, como estão ligadas ao fio, as ligações
químicas que as mantêm presas ao fio fazem com que elas tentem
defletir (puxar) o fio. Aí está o segredo desse trabalho realizado devido
a uma força magnética que age em um fio.

2.2 Força magnética

A direção e o sentido da força magnética são determinados corretamente


quando efetuamos o produto vetorial da velocidade pelo campo magnético,
como na equação acima. Podemos utilizar também a regra da mão direita, como
mostra a Figura 2.16.

Figura 2.16 | Regra da mão direita

Fonte: Souza (2013).

84 Campo magnético e forças magnéticas


U2

O sentido da velocidade é indicado pelo polegar, e sentido do campo magnético


é mostrado pelos quatro dedos juntos e estáticos. Já o sentido da força depende
da carga. Caso ela seja positiva, a palma da mão indica o sentido, caso ela seja
negativa, a indicação de sentido será pelas costas da mão.

Podemos definir a intensidade da força magnética por:

F = |q| . v . B . sen(θ)

Onde:

• F: força de origem magnética.

• q: carga elétrica lançada no campo.

• v: velocidade de lançamento da carga no campo.

• B: intensidade do campo magnético.

• θ: ângulo entre a direção do campo e o vetor velocidade.

Exemplo de aplicação

Uma carga de 4µC é lançada a uma velocidade de 5.103m/s em um campo


magnético de intensidade 8T. Sendo de 60° o ângulo formado entre v e B,
determine a intensidade da força magnética que irá atuar nessa carga.

Resolução:

F = |q| . v . B . sen(θ)

F = 4. 10-6 . 5 . 103 . 8 . sen(60) 0,139N

O motor elétrico tem a função de transformar energia elétrica em


energia mecânica. Ele pode ser encontrado em diversos equipamentos
como ventiladores, secadores de cabelo, entre outros.
O princípio do seu funcionamento se dá por um fio condutor que é
percorrido por uma corrente elétrica e encontra-se imerso em uma
região de campo magnético, sofrendo a ação de uma força que é
perpendicular ao plano formado entre o fio e o campo magnético.
Observe a Figura 2.17:

Campo magnético e forças magnéticas 85


U2

Figura 2.17 | Princípio de funcionamento de um motor

Eixo de rotação →
Fm


Fm

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

dessa forma, o princípio de funcionamento de um motor é uma


espira retangular que se encontra imersa em um campo magnético e
percorrida por uma corrente elétrica, sendo que as forças magnéticas
exercidas em cada um de seus lados formam um binário, fazendo-a
girar em torno de um eixo.

Vamos ver alguns casos do resultado da força magnética em diferentes tipos


de movimento.

1. Carga colocada em repouso no campo magnético

Dada a equação acima, observamos que a força magnética e a velocidade


são diretamente proporcionais. Dessa forma, se a velocidade for nula, também
teremos uma força magnética nula. Caso a força magnética seja a única força que
poderia agir na carga, não haverá aceleração e ela continuará em repouso.

2. Carga lançada em movimento paralelo ao campo magnético

Quando uma carga é colocada em movimento de forma paralela ao campo,

86 Campo magnético e forças magnéticas


U2

temos, portanto, θ = 0° ou θ = 180°. Analisando a equação acima e sendo sen (0°)


= sen (180°), a força magnética também será nula. Dessa forma, caso seja a força
magnética a única força a agir nessa carga, ela não terá aceleração e irá descrever
um movimento retilíneo uniforme. A Figura 2.18 mostra essa situação.

Figura 2.18 | Cargas com movimento paralelo ao campo

Fonte: O autor.

Teremos uma força magnética nula caso uma carga esteja


em repouso ou se ela for lançada de forma paralela ao campo
magnético.

3. Carga lançada em movimento perpendicular ao campo magnético

Sendo agora a carga lançada de forma perpendicular ao campo, logo a força e


a velocidade têm direções perpendiculares entre si, como foi mostrado na Figura
2.18. A força magnética vai variar a direção da partícula de carga, agindo como
uma força centrípeta, e a carga irá realizar um movimento circular uniforme.

A força magnética será responsável por manter o movimento circular da


partícula: Fmag = Fcp

É determinado que:

• O valor máximo da força magnética será:

Campo magnético e forças magnéticas 87


U2

Fmax = |q| . v . B

• A força magnética será uma força centrípeta:

Fmag = Fcp

A Figura 2.19 mostra a representação desse movimento.

Figura 2.19 | Movimento circular uniforme no campo magnético

Fonte: Abud (2008).

Sendo, portanto, um movimento circular, podemos definir alguns parâmetros


importantes.

A. Raio

Como vimos, a Fmag = Fcp, então:


m . v2
q.a.B=
R
R= m . v
q.B
Exemplo de aplicação

Uma carga de 500 µC e massa de 10 mg faz um movimento circular uniforme a


uma velocidade de 2 m/s em um campo elétrico de intensidade 20 T. Qual o raio
dessa trajetória?

Resolução:

R = m . v = 10 . 10 . 2
-3
= 2m
q.B 500 . 10-6 . 20

88 Campo magnético e forças magnéticas


U2

B. Período

O período (T) pode ser calculado através da equação:

T = 2πR = 2πm
v Bq

4. Carga lançada obliquamente ao campo magnético



Sendo um campo uniforme B , uma carga q adentra obliquamente às linhas

desse campo. A velocidade v terá duas componentes: uma será paralela às linhas
de campo e outra, perpendicular às linhas, ou seja:
→ → →
v = vx+ vy

A força magnética para esse caso será:


→ → → → → →
Fmag= q ( v x + v y) x B = qv x x B + qv y x B
→ →
Note que v y e B possuem a mesma direção, o que determina que:
→ →
qv y x B = 0

Dessa forma, podemos concluir que a força magnética:


→ →
Fmag= qv x x B

Uma partícula com carga em um campo uniforme, na direção oblíqua às


linhas de campo, ficará submetida a uma força magnética constante e na direção
→ →
perpendicular ao plano definido por v x e B . Sendo assim, essa partícula
→ →
descreverá uma trajetória circular que será definida por F mag e por v x em um
movimento circular uniforme.

A força magnética é a resultante das forças que agem sobre essa partícula. Como
foi visto, ela não possui uma componente no eixo y, determinando, portanto, um

movimento retilíneo uniforme com velocidade constante v y nesse eixo.

Assim, teremos que o movimento da carga é uma composição de:


→ →
• Movimento retilíneo uniforme: v y e B .

• Movimento circular uniforme determinado pela força magnética e por v x
sendo Fmag= Fcp, sendo que o movimento será helicoidal uniforme, como mostra a
Figura 2.20.

Campo magnético e forças magnéticas 89


U2

Figura 2.20 | Movimento helicoidal uniforme

Fonte: Abud (2008).

edMinister, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. rio de Janeiro:


editora Artmed, 2006.

2.3 Potencial de um polo magnético

O potencial gravitacional pode ser definido como a energia potencial de


uma unidade de massa em um campo gravitacional, sendo que esse potencial é
calculado a uma distância r do centro de gravidade do corpo que produz o campo
gravitacional, determinando dessa maneira o trabalho que foi realizado para levar
a massa unitária do ponto r até o infinito. Sabemos que:

U = - GM
r
O U é o trabalho que foi realizado para mover a massa unitária da distância r até
o infinito e corresponde ao potencial gravitacional nesse ponto.

Analogamente, vamos definir o potencial magnético W a uma distância r de um


polo magnético de intensidade p:

90 Campo magnético e forças magnéticas


U2

µ0 . p
W=
4πr

2.4 Potencial de um dipolo magnético

A Figura 2.21 mostra dois polos magnéticos (p+) e (p-), que se encontram
separados a uma distância d. A linha pontilhada define o eixo do dipolo, sendo que
nessa região o campo magnético possui simetria rotacional.

Figura 2.21 | Geometria para cálculo do potencial de um par de polos magnéticos

Fonte: Molina (2009).

O potencial magnético W a uma distância r, em relação ao ponto médio do par


de polos, será a soma dos potenciais dos polos p+ e p-, em relação às distâncias r+
e r-; dessa forma, temos:
µ .p 1 1 µ . p r - - r+
W= 0 ( - ) = 0 ( )
4π r+ r - 4π r+ . r-
Sendo d<<< r, podemos aproximar:
d
r+ ≅ r - cos (θ)
2
r- ≅ r + d cos (θ')
2
Sendo θ = θ' , temos:

Campo magnético e forças magnéticas 91


U2

r- - r+ ≅ d (cosθ' + cosθ) ≅ dcosθ


2
r+ . r- ≅ (r - d cosθ) (r+ d cosθ')
2 2
r+ . r- ≅ r +
2 rd cosθ' - rd cosθ - d cosθ cosθ'
2

2 2 4
r+ . r- ≅ r2 - d (cosθ)2 ≅ r2
2

4
Dessa forma, teremos:
µ0pdcosθ
W= = µ0mcosθ
4πr2 4πr2
Sendo m = p definido como o momento magnético do dipolo.

O potencial magnético do dipolo, diferentemente do potencial


gravitacional, é inversamente proporcional ao quadrado da
distância r e tem uma variação que depende do ângulo θ.

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

2.5 O efeito Hall

O pesquisador Edwin Hall descobriu que, quando um condutor que conduz


uma corrente elétrica é colocado sobre a ação de um campo magnético, há o
aparecimento de uma voltagem em direção ao plano que contém a corrente e o
campo magnético aplicado.

A Figura 2.22 mostra o experimento realizado, em que Hall observou o


aparecimento de uma diferença de potencial VH entre as bordas de um condutor
retangular, submetido a um campo magnético H. Dessa forma, VH passou a ser
chamada de voltagem Hall e sua observação ficou conhecida como o efeito Hall.

92 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Figura 2.22 | Experimento de Hall

Fonte: Luz (2007).

A voltagem Hall é uma consequência do desvio de portadores de carga provocado


pela força magnética que está atuando. O desvio acaba sendo contrabalanceado
pela força eletrostática de repulsão das cargas elétricas de mesmo sinal, que ficam
mais próximas.
→ → →
qv x H = q E H

onde E H é o campo elétrico de Hall e dado por:
→ → →
EH= v x H

Sabendo o valor de E H, e considerando w a largura da placa condutora, o
módulo de VH é dado por:

VH = EH . w = v . H . w

Sendo o campo elétrico Hall uniforme, o número de portadores (n) que estão
presentes no condutor pode ser obtido através da corrente (I) que atravessa o
condutor:

I = n . q . A . v
I
n=
q.A.v
Sendo A = w.d, a área do condutor, onde d é a espessura da amostra.
Rearranjando as equações, temos:
(I . H)
VH =
(n . q . d)
Assim, medir a tensão Hall é uma técnica apropriada para calcular o número de
portadores presentes em um determinado condutor.

Campo magnético e forças magnéticas 93


U2

As descobertas do efeito Hall são de extrema importância para


a indústria eletrônica.

Mensagem final ao aluno

Caro aluno, chegamos ao fim da unidade 2 e você pôde estudar importantes


conceitos do eletromagnetismo. Eles são essenciais para compreender os
fenômenos do nosso dia a dia, que vão desde o campo magnético terrestre até o
funcionamento de um motor elétrico.

É importante que você aprofunde o estudo dos temas discutidos, estendendo


dessa forma o seu conhecimento.

Lembre-se: você é a principal ferramenta do seu conhecimento!

Bons estudos!

1. Uma partícula de carga q=2,46mC é lançada com


v=4,97 m/s em um campo elétrico de intensidade B=3,15
T, conforme mostra a figura. Qual a força magnética nessa
partícula?

94 Campo magnético e forças magnéticas


U2

2. Temos uma partícula carregada em um dado campo


magnético. Podemos afirmar, referente à sua força
magnética, que:

I - Ela pode gerar um movimento circular.


II - Se a partícula estiver em movimento, ela nunca será nula.
III - Se a partícula estiver em repouso, ela irá acelerar essa
partícula.
IV - Ela pode acelerar a partícula na direção e sentido de
seu movimento.
V - Será sempre perpendicular à direção do movimento da
partícula.
Estão incorretas as alternativas:

a) I, II e III.
b) I e IV.
c) I, III e IV.
d) II, III, IV.
e) I e V.

3. Uma carga de q= 400µC e m = 20 mg desenvolve um


movimento circular uniforme com v = 5 m/s em um campo
elétrico de intensidade B = 10 T, como mostra a figura.
Sendo a força magnética a única a atuar nessa partícula
e considerando o meio como o vácuo, determine o raio
dessa trajetória.

Campo magnético e forças magnéticas 95


U2

4. Uma partícula carregada negativamente se move com v


= 300 m/s de forma paralela a um tubo de raios catódicos.
Sendo aplicado um campo magnético, B = 5 T, paralelo a
esse tubo, qual será a intensidade da força magnética que
agirá nessa partícula?

5. Na figura a seguir, existe um campo magnético em torno


do ponto P, na direção BA. Uma carga positiva é inserida
nesse campo com uma velocidade v, sendo que uma força
irá atuar sobre essa partícula. Podemos afirmar, em relação
à força magnética, que:

a) terá a mesma direção e sentido


do campo;
b) terá a mesma direção e sentido
da velocidade;
c) ela irá se anular;
d) terá sentido contrário ao do
campo;
e) será perpendicular ao plano
formado pela velocidade e pelo
campo.

96 Campo magnético e forças magnéticas


U2

Referências

ABUD, Ricardo. Força magnética. São Paulo: USP, 2008.

DIAS, Rodrigues. Campo magnético e forças magnéticas. Universidade Federal


de Juiz de Fora, 2011.

FREITAS, José; ZANCAN, Marcos. Eletricidade. Colégio Técnico Industrial de Santa


Maria. 2011.

LUZ, Mario. Efeito Hall em supercondutores a campos magnéticos nulos. São


Paulo: Universidade de São Paulo, 2007.

MOLINA, Eder. Campo Magnético. São Paulo: USP, 2009.

MUSSOI, Fernando. Fundamentos de eletromagnetismo. Centro Federal de


Educação Tecnológica de Santa Catarina, 2005.

OLIVEIRA, Vagner; VEIT, Eliane; ARAÚJO, Ives. Uma proposta de ensino de


tópicos de eletromagnetismo via instrução pelos colegas e ensino sob
medida para o ensino médio. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

SAMBAQUI, Ana; MARQUES, Luis. Apostila de eletromagnetismo. Instituto


Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Santa Catarina, 2010.

SILVA, Carlos. Campos Magnéticos. Faculdade de Algarves, 2012.

SOUZA, Renan. Eletromagnetismo. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2013.

VIEIRA, Marcelo et al. Paradoxo da realização de trabalho pela força magnética.


Paraíba: Encontro Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia. Universidade
Estadual da Paraíba, 2010.

Campo magnético e forças magnéticas 97


Unidade 3

Fontes de campo
magnético
Cibele Abreu Makluf

Objetivos de aprendizagem:

Nesta unidade, você terá a oportunidade de estudar e compreender:

• A natureza do campo magnético produzido por uma única partícula


em movimento.

• A descrição de um campo magnético produzido por um elemento de


corrente.

• Os cálculos envolvidos em um fio retilíneo que transporta corrente.

• As leis de Ampère e Biot-Savart e suas particularidades em relação ao


campo magnético.

• As aplicações da lei de Ampère nos campos magnéticos.

• As fontes geradoras de campo magnético.

Seção 1 | Campo eletromagnético


• O campo eletromagnético.

• Campo magnético criado por correntes.

• Lei de Biot-Savart.

• Lei de Ampère.
Seção 2 | Força magnética sobre correntes
• Forças magnéticas sobre correntes.

• Forças magnéticas entre dois fios paralelos.

• Torque sobre uma espira percorrida por corrente – momento


magnético.

Seção 3 | Fontes de campo magnético


• Campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo.

• Campo magnético gerado no centro de uma espira circular.

• Campo magnético gerado no centro de uma bobina longa ou


solenoide.

• Campo magnético gerado por um toroide.


U3

Introdução à unidade
Caro aluno, nesta unidade serão apresentados outros conceitos importantes
sobre o eletromagnetismo. Vamos conhecer outras fontes geradoras de campo
magnético, além dos ímãs, descobrindo e entendendo suas funcionalidades e
aplicações no nosso cotidiano, por exemplo, o funcionamento de uma campainha,
disjuntores e amplificação de caixas de som.

Vamos iniciar nossos estudos vendo os conceitos sobre o campo magnético


criado por correntes, a força magnética a que essas correntes elétricas podem ser
submetidas dentro desse campo, além das particularidades da força magnética
quando temos dois condutores em paralelo percorridos por corrente.

Na sequência, vamos conhecer importantes leis essenciais para o entendimento


do eletromagnetismo, como a Lei de Biot-Savart e a Lei de Ampère. Além disso,
analisaremos as principais fontes geradoras de campo magnético e suas principais
características.

Você é essencial nesse processo de aprendizagem. Bom trabalho!

Fontes de campo magnético 101


U3

102 Fontes de campo magnético


U3

Seção 1

Campo eletromagnético

Caro aluno, a primeira seção apresenta conceitos e características sobre o


campo magnético originado por correntes elétricas. Veremos as particularidades
das linhas de campo magnético e a simbologia usada para sua representação, bem
como o uso da regra da mão direita para descobrir o sentido das correntes e do
campo magnético.

Para finalizar, serão apresentados os princípios das Leis de Biot-Savart e a lei de


Ampère.

Vamos lá?

Bons estudos!

Campo eletromagnético

De acordo com os estudos de Hans Oersted, uma corrente elétrica tem a


capacidade de alterar a agulha magnética de uma bússola. Os experimentos de
Oersted mostravam que, enquanto a corrente elétrica percorria o fio, a agulha da
bússola se movia, ficando na direção perpendicular ao fio, comprovando, assim,
que existia um campo magnético produzido por uma corrente. Dessa forma, o
campo gerava uma força magnética que poderia mudar a orientação da bússola,
como mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1 | Experimento de Oersted

Fonte: Dias (2011).

Fontes de campo magnético 103


U3

A Figura 3.2 mostra de forma mais detalhada a movimentação da agulha


magnética, orientando-se numa direção perpendicular ao fio, evidenciando a
presença de um campo magnético produzido pela corrente.

Figura 3.2 | Inclinação da agulha imantada no experimento de Oersted

Fonte: Dias (2011).

O campo magnético que tem origem elétrica é definido como


campo eletromagnético.

MUSSOI, Fernando. Fundamentos de eletromagnetismo.


Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina.
2005. Disponível em: <https://drive.google.com/file/
d/0B4DWrkB2Lh2scll4WElQdnAwb2M/view?usp=sharing>. Acesso
em: 21 mar. 2016.
SAMBAQUI, Ana; MARQUES, Luis. Apostila de eletromagnetismo.
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Santa
Catarina. 2010. Disponível em: <https://drive.google.com/file/
d/0B4DWrkB2Lh2sS29XWkxZOHFFbVE/view?usp=sharing>. Acesso
em: 21 mar. 2016.

104 Fontes de campo magnético


U3

O pesquisador concluiu, dessa forma, que todo condutor que estiver


sendo atravessado por uma corrente elétrica criará, em volta de si, um campo
eletromagnético.

Assim, o princípio dos fenômenos magnéticos foi definido:

Estando duas cargas elétricas em movimento, haverá entre elas uma força
magnética além da força elétrica.

Você sabia que o campo magnético da terra se inverte de tempos


em tempos, sendo que esse intervalo equivale a milhões de anos?
Essa inversão foi observada com os estudos de minerais que estão
alinhados com o campo magnético em determinadas rochas. Dessa
forma, os polos trocariam de lugar, ou seja, onde se localiza hoje
o polo sul, teríamos o polo norte e vice-versa. Teríamos, em razão
disso, as bússolas apontando para a Antártida ao invés do Polo Norte,
e outro aspecto que seria afetado diz respeito aos animais, que
precisam do campo terrestre e ficariam vagando perdidos, sem rumo.

Em decorrência dessas descobertas, foi possível estabelecer o princípio básico


de todos os fenômenos eletromagnéticos:

1. Uma corrente elétrica, passando por um condutor, produz um campo


magnético ao redor do condutor como se fosse um ímã, ou quando duas cargas
elétricas estão em movimento manifesta-se entre elas uma força magnética, além
da força elétrica (ou força eletrostática).

2. Um condutor percorrido por corrente elétrica, colocado em um campo


magnético, fica sujeito a uma força.

3. Supondo um condutor fechado, colocado em um campo magnético, a


superfície determinada pelo condutor é atravessada por um fluxo magnético;
sendo que, se o fluxo variar, aparecerá no condutor uma corrente elétrica, e esse
fenômeno é chamado indução eletromagnética.

1.1 Campo magnético criado por correntes

O pesquisador André Ampère, além de outros estudiosos, investigou as

Fontes de campo magnético 105


U3

características do campo magnético comprovado por Oersted.

Foi observado que as linhas do campo magnético são envoltórias e concêntricas,


como mostra a Figura 3.3.

Figura 3.3 | Linhas de campo devido a uma corrente elétrica

Fonte: Adaptado de Mussoi (2005).

Vamos analisar a Figura 3.3. O sentido das linhas de campo magnético geradas
por uma corrente no condutor é dado pela Regra de Ampère ou Regra da Mão
Direita.

Regra de Ampère ou Regra da Mão Direita → Determina o


sentido das linhas de campo magnético, considerando o
sentido convencional da corrente elétrica.

edMinister, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

106 Fontes de campo magnético


U3

A. A regra de Ampère ou regra da mão direita

Essa regra diz que, utilizando a mão direita, você envolve o condutor, com o
polegar apontando para o sentido convencional da corrente e os demais dedos
indicarão o sentido das linhas de campo que envolve o condutor, como mostrado
na Figura 3.4.

Figura 3.4 | Regra da mão direita para correntes

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

O sentido das linhas de campo ou de um vetor que seja perpendicular a um plano


(plano do papel, por exemplo) pode utilizar a seguinte simbologia, apresentada na
Figura 3.5:

Figura 3.5 | Simbologia do sentido das linhas de campo

Fonte: O autor.

Em (a), temos a representação de um fio, uma linha de campo ou ainda um


vetor perpendicular ao plano no sentido de saída do plano. Já em (b), temos as
mesmas representações, porém o sentido de entrada no plano. A Figura 3.6 mostra
essa representação.

Fontes de campo magnético 107


U3

igura 3.6 | Simbologia para representar sentido das linhas de campo no plano

Fonte: O autor.

Dessa forma, um campo magnético que é gerado por um condutor atravessado


por correntes pode ser representado, como mostra a Figura 3.7, pela perspectiva de
suas linhas de campo, mostradas na parte superior dessa figura, ou pelos símbolos,
mostrados na parte inferior dessa mesma figura.

Figura 3.7 | Representações do campo magnético

Fonte: Mussoi (2005).

exemplo de aplicação

Considere um condutor retilíneo percorrido por uma corrente elétrica, como


mostra a Figura 3.8. Determine a representação do vetor campo magnético B no
ponto P.

108 Fontes de campo magnético


U3

Figura 3.8 | Condutor retilíneo percorrido por corrente

Fonte: O autor.

Resolução:

Através da regra da mão direita, o polegar será posicionado no sentido da


corrente, e os demais dedos representam o vetor de campo magnético. Dessa
forma, no ponto, o vetor estará saindo e pode ser representado por:

lei de Biot-savart

A lei de Biot-Savart (Figura 3.9) fala que, em um fio condutor com elemento

de comprimento dS , percorrido por uma corrente elétrica I, o campo magnético

dB age em um determinado ponto P, como mostra a Figura 3.9, e cumpre as
seguintes considerações:
→ → → →
I. O vetor dB é perpendicular a dS e a r , sendo que r é o vetor posição
em um dado ponto P.
→ →
II. O módulo dB |dB| do vetor é inversamente proporcional a r2.

III. O |dB| é proporcional à corrente I e ao elemento de comprimento ds.
→ → →
IV. O |dB| é proporcional ao seno do ângulo formado entre dS e r .

Figura 3.9 | Lei de Biot-Savart

Fonte: Cardoso (2009).

Fontes de campo magnético 109


U3

Através dessas considerações, podemos expressar matematicamente a lei de


Biot-Savart:
→ →
dB = km I dS x ^r
r2
Onde:
µ0
km = 4 π = 10 Tm/A
-7

• ^r é o vetor unitário dirigido do elemento condutor até o ponto P.


10-7 Tm
Sendo µ0 a permeabilidade no vácuo: 4 π x
A
Podemos, dessa forma, generalizar a equação para calcular um campo
magnético gerado por uma distribuição de correntes:

µ0 x I dS ^r
B= ∫
4π r2

1.2 lei de Ampère

A lei de Ampère traz uma relação geral entre a corrente elétrica em um condutor,
sendo ele de qualquer forma, e o campo magnético produzido por ele. Considere
um condutor que passa certa corrente através de uma área relativa a uma linha de
campo, como mostrado na Figura 3.10.

Figura 3.10 | Linhas de campo em torno de um condutor atravessado por uma corrente

Fonte: Mussoi (2005).

Considerando o vetor de linha de campo de comprimento infinitesimal dl, ou


seja, de comprimento muito pequeno, tendendo a zero, ele será paralelo ao vetor
densidade de campo magnético B. Dessa forma, a lei de Ampère é dada por:

110 Fontes de campo magnético


U3

B . dl = µ0Iliq

Onde:

• B: vetor densidade de campo magnético [T].

• dl: vetor de comprimento infinitesimal paralelo ao vetor B[m].

• Iliq: corrente passando na área do condutor envolvida pela linha de campo


em análise [A].

Portanto, essa equação é válida para qualquer situação em que os campos e


os condutores permaneçam constantes e não variam no tempo, além de estarem
sem a presença de materiais magnéticos.

Exemplo de aplicação

Considere um fio infinito que se encontra no vácuo atravessado por uma


corrente de 300 A. Qual é o campo magnético a 5 cm do seu eixo? Sendo µ= 4π
x 10-7 T.m/A.

Resolução:
µ.I 4 π . 10-7 x 300 1,2 . 10-4
B= = = = 12 . 10-4T
2πr 2 π x 5 . 10-2 10-1

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Editora Artmed, 2006.

1.2.1 Aplicações da lei de Ampère

A. Fio retilíneo longo

Suponha um fio retilíneo muito longo conduzido por uma corrente I,


como mostra a Figura 3.11. Pode-se verificar experimentalmente que o campo
magnético em um ponto P, a uma distância r próxima ao fio, e em sua região
central, é tangente a uma circunferência centrada no fio e que passa por esse

Fontes de campo magnético 111


U3

ponto (essa circunferência se situa em um plano perpendicular ao fio). Tomemos


a circunferência de raio r, situada no plano perpendicular ao fio, como→ o nosso
laço amperiano (percurso de integração), de tal modo que o sentido de ds seja o
→ → →
mesmo que de B . O ângulo entre B e ds é, então, zero. Dessa forma:
→ →
B . ds = B . ds . cos 0 = B . ds

Figura 3.11 | Fio reto longo conduzindo corrente


B


ds
r

Percurso de
integração (laço
amperiano) i

Fonte: Araújo e Moreira (2011).

A simetria das linhas de campo nos permite dizer que B tem o mesmo valor em
todos os pontos da circunferência de raio r (percurso de integração) e pode ser
colocado fora da integral:
B ds = µ0 . Iliq

onde a integral é simplesmente o perímetro da circunferência 2πr:


µ0I
B2πr = µ0I ∴ B =
2πr
Essa equação nos permite calcular a intensidade do campo magnético de um
longo fio reto que é conduzido por uma corrente I, a uma distância r do centro
do fio.

B. Cabo coaxial

A Figura 3.12 mostra um longo cabo coaxial formado por um condutor cilíndrico
de raio R1 envolvido por uma casca cilíndrica condutora de raio R2. O condutor
carrega uma corrente I uniformemente distribuída sobre sua seção reta. A casca
cilíndrica conduz uma corrente de mesma intensidade, mas de sentido oposto.
Calculemos B(r), sendo r uma distância genérica medida radialmente a partir do
eixo do condutor cilíndrico. Vejamos primeiramente o caso r < R1:

112 Fontes de campo magnético


U3

Figura 3.12 | Longo cabo coaxial formado por um condutor de raio R1 e envolto por uma
casca cilíndrica condutora de raio R2

R2
i
R1

Fonte: Araújo e Moreira (2011).

A partir da simetria do problema e da regra da mão direita, conclui-se que a



direção de B em cada plano perpendicular ao eixo é tangente a circunferências
concêntricas em torno do eixo e o sentido do traçado imaginário dessas
circunferências é anti-horário.

Escolhamos agora um percurso fechado conveniente à aplicação da lei de


Ampère; sendo assim, uma circunferência de raio r < R1, como mostra a Figura 3.13.

A partir da simetria do problema, pode-se concluir que B é tangente ao
→ →
percurso de integração, formando um ângulo de 0º com ds ( ds é também

tangente à circunferência e aponta no sentido de B ). Além disso, o módulo de

B , ainda desconhecido, é constante sobre todo o percurso de integração. Pode-
se, então, aplicar a Lei de Ampère e explicitar o produto escalar da integral
→ →
B . ds :
→ →
B . ds = µ0 . Iliq ∴ Bds cos0 = µ0 . Iliq ∴ Bds = µ0 . Iliq

Como B é constante sobre o percurso, ele pode ser colocado fora do símbolo de
→ → →
integral: B ds = µ0 . Ienv, mas ds é a integral de um elemento de circunferência
sobre toda a circunferência (integral fechada), sendo isso simplesmente o perímetro
da circunferência 2πr.

Logo:
µ0Iliq
B2πr = µ0Iliq ∴ B =
2πr

Fontes de campo magnético 113


U3

Figura 3.13 | Circunferência de raio r < R1

Fonte: Araújo e Moreira (2011).

O próximo passo é calcular a Iliq que atravessa a superfície delimitada pelo


percurso de integração. Nesse exemplo, o disco é delimitado pelo círculo de
raio r. A corrente liquida é uma fração da corrente conduzida pelo condutor, pois
o percurso de integração tem um raio r qualquer, menor do que R1, sendo que
a corrente que atravessa a superfície delimitada pelo percurso de integração é
apenas parte da corrente conduzida pelo condutor de raio R1.

Como a corrente está uniformemente distribuída na seção reta do condutor,


I I
pode-se nele definir uma densidade de corrente J1= A = πR 2 , sendo que J1
1
representa a corrente por unidade de área através da seção reta do condutor.
Para esse caso, queremos saber qual a corrente que atravessa a área de πR12 (área
delimitada pelo percurso de integração):

Iliq = J1πr2 = I πr2 = I r2


πR12 R12
Observe que se r = R1, a corrente líquida é igual à corrente conduzida pelo fio
(Iliq =I), como era esperado. Feito o cálculo da corrente, podemos escrever:
r2 ∴ B = µ0I
B2πr = µ0I r2
R12 2π R12
Essa expressão nos dá B(r) para r < R1.

Para R1 < r < R2, como mostra a Figura 3.14, as considerações iniciais acerca

de B e do percurso de integração são as mesmas, exceto que o percurso de
integração deverá ter um raio genérico r entre R1 e R2:

114 Fontes de campo magnético


U3

Figura 3.14 | Circunferência de raio R1 < r < R2

Fonte: Araújo (2011).

→ →
B . ds = µ0Iliq

Bds cos 0°= µ0Iliq ∴ Bds = µ0Iliq

B ds = µ0Iliq ∴ B2πr = µ0Iliq

Nesse caso, porém, Iliq é a própria corrente que percorre o condutor interno,
pois a área delimitada pelo percurso de integração abrange toda a seção reta do
condutor de raio R1. Então:

B = µ0I
2πr
É a expressão de B(r) para R1 < r < R2.

Examinemos o caso r > R2, como mostra a Figura 3.15, sendo que as suposições

acerca da direção e sentido de B são as mesmas. É claro que o fato de que as
correntes são iguais e opostas já nos leva a pensar que nessa região o campo será
nulo. Porém, como não temos certeza disso, suponhamos que B é diferente de
zero e que sua direção é tangente a círculos concêntricos tal como nos casos
anteriores. Quanto ao sentido, suponhamos que seja o do campo da casca, pois
essa está mais próxima do ponto considerado.

Fontes de campo magnético 115


U3

Figura 3.15 | Circunferência de raio r> R2

Fonte: Araújo (2011).

→ →
B . ds = µ0Iliq ∴ Bds cos 0°= µ0Iliq

Bds = µ0Iliq ∴ B2πr = µ0Iliq

Nesse caso, o percurso de integração encerra as duas correntes que são iguais
e opostas. Logo, Iliq será nula: B2πr = 0 de onde vem que B = 0, pois r é um raio
genérico e 2π uma constante. Portanto, é nulo o campo magnético na região r>R2.

→→
1. A expressão ∫ B ds é:

a) igual ao trabalho magnético através de um caminho


fechado;
b) igual à corrente através de uma superfície que engloba
um caminho fechado;
c) será sempre nula;
d) igual à energia potencial magnética entre dois pontos;

116 Fontes de campo magnético


U3

e) igual à velocidade com que um elétron percorre o condutor.

2. Considere um fio condutor de raio R por onde passa


uma corrente I. Supondo que a densidade de corrente no
fio seja uniforme, calcule o campo magnético em todo o
espaço usando a lei de Ampère.

3. Num condutor cilíndrico, pode passar uma corrente


máxima de 60 A, sem que ocorra fusão de nenhuma parte
do fio em consequência do efeito Joule. O módulo de B
na superfície do fio é igual a 8,5 . 10-3. Encontre o diâmetro
do fio.

4. Um solenoide com n = 30 espiras/m carrega uma


corrente I = 300 A. Calcule o campo dentro do solenoide.

5. Um longo cabo coaxial é constituído por dois condutores


concêntricos cujas dimensões estão especificadas na figura
a seguir. Os dois condutores são percorridos, em sentidos
opostos, por correntes i de mesma intensidade. Calcule o
campo magnético B num ponto do condutor interno, que
dista r do seu centro (r < a).

Fontes de campo magnético 117


U3

118 Fontes de campo magnético


U3

Seção 2

Força magnética sobre correntes

Caro aluno, a segunda seção apresenta os conceitos sobre a força magnética


que pode ser gerada em um fio condutor percorrido por uma corrente, focando
nas suas características principais e no cálculo de sua intensidade. É apresentada
também a ação dessa força em dois fios condutores em paralelo.

Veremos, ainda, os conceitos de torque e momento magnético de uma espira


percorrida por uma corrente.

Vamos lá?

Bons estudos!

2.1 Forças magnéticas sobre correntes

Vimos na unidade anterior que uma carga está submetida a uma força magnética
ao se movimentar dentro de um campo magnético. Foi estudado também que a
movimentação de partículas negativas (elétrons) gera uma corrente elétrica dentro
de um fio condutor, por exemplo. Dessa forma, se um fio de certo comprimento
L estiver sendo percorrido por uma corrente e for colocado em um meio onde há
um campo magnético, ele poderá ser submetido a uma força magnética. Vamos
analisar a Figura 3.16.

Fontes de campo magnético 119


U3

Figura 3.16 | Força magnética sobre um fio

Fonte: Adaptado de Abud (2008).

Na Figura 3.16 (a), podemos observar que a corrente é nula; sendo assim,
não agirá sobre esse fio. Para (b) e (c), temos corrente elétrica percorrendo o
fio, havendo a existência de uma força, como pode ser visto na Figura 3.16. O
sentido dessa força foi determinado aplicando-se a regra da mão direita, que foi
vista na unidade anterior, lembrando que, por convenção, o sentido da corrente é
determinado considerando que ela foi produzida por cargas positivas.

A. intensidade da força

Vamos considerar um fio condutor retilíneo com um dado comprimento


L percorrido por uma corrente. Sendo uma carga q que se movimenta a uma
velocidade v, sofre a ação de uma força que é dada pela expressão:

Fmag = q . v . B . sinθ

Onde:

• Fmag = força magnética.

• q = carga elétrica lançada no campo.

• v = velocidade de lançamento da carga no campo.

• B = intensidade do campo magnético.

• θ = ângulo entre a direção do campo e o vetor velocidade.

120 Fontes de campo magnético


U3

Para um fio condutor, há vários elétrons livres (cargas) se movimentando, sendo


que o número de cargas que se movimentam no fio será representado por n;
assim, reescrevemos a equação acima:

Fmag = n . q . v . B . sinθ

Vimos, na unidade 1, que a intensidade de corrente elétrica pode ser definida por:
q
i = ∆t

Para o nosso caso, como temos várias cargas, sendo essa quantidade
representada por n, essa equação é melhor representada por:
n.q
i=
∆t
Essa expressão pode ser reescrita por i . ∆t = n . q, e, substituindo na equação
da força magnética, temos:

Fmag = B . i . ∆t . v . sinθ

Temos também que a velocidade multiplicada pelo tempo representa a variação


de espaço percorrido, sendo que, para um fio condutor, esse espaço percorrido
pelos elétrons em movimento será exatamente o tamanho do seu comprimento
L, (v . ∆t = L), assim:

Fmag = B . i . L . sinθ

Exemplo de aplicação

Considere um condutor retilíneo atravessado por uma corrente de I = 4 A,


com comprimento L = 0,5 m. Ele está na região de um campo elétrico B = 10-3 T
e forma um ângulo de 30° com a direção desse campo. Qual é a força magnética
no condutor?

Resolução:

Fmag = B . i . L . sinθ

Fmag = 10-3 . 4 . 0,5 . sin (30) = 10-3 . 4 . 0,5 . 0,5

Fmag = 10-3 N

Veja que o ângulo θ é formado pela posição do fio condutor e o campo


magnético B. Há algumas situações que devem ser verificadas com muito cuidado:

A. O fio paralelo ao campo magnético

Fontes de campo magnético 121


U3

Caso tenhamos essa situação, a força magnética será nula, como mostra a
Figura 3.17.

Figura 3.17 | Fio condutor paralelo ao campo magnético

Fonte: O autor.

→ Como mostra a Figura 3.17, o fio condutor está paralelo ao campo magnético
B ; sendo o θ = 0°, temos:

Fmag = B . i . L . sin 0° = 0

B. direção do fio perpendicular ao campo magnético

Caso o fio condutor esteja perpendicular ao campo, teremos a força magnética


na sua intensidade máxima. Observe a Figura 3.18.

Figura 3.18 | Fio condutor paralelo ao campo magnético

Fonte: O autor.

122 Fontes de campo magnético


U3

Fmag = B . i . L . sin 90° = B . i . L

Na regra da mão direita, o polegar deixa de indicar a velocidade


e passa a indicar a corrente convencional.

edMinister, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

2.2 Força magnética entre dois fios condutores paralelos

Observe a Figura 3.19, na qual temos dois fios condutores retos e paralelos, que
possuem correntes elétricas i1 e i2:

Figura 3.19 | Dois fios condutores em paralelo

Fonte: Adaptado de Abud (2008).

Fontes de campo magnético 123


U3

Para cada um dos fios, teremos uma força magnética dada por:

Fmag = B1 . i2 . L

Sabemos que, quando aproximamos dois objetos carregados, eles estarão


sujeitos ao campo do outro; sendo assim, sobre o fio 2 temos o campo elétrico
gerado pela corrente que atravessa o fio 1. Podemos definir esse campo como:
µ . i1
B1 =
2πd
Sendo µ a permissividade magnética do material.

Dessa forma, substituindo na equação anterior, temos:


µ . i1 . i2 .L
Fmag =
2πd

Se as correntes tiverem o mesmo sentido, a força será de atração


e, se elas tiverem sentidos contrários, a força será de repulsão.

exemplo de aplicação

Considere dois condutores em paralelo com 2 metros de comprimento e


separados por uma distância de 2 cm, como mostra a figura a seguir. Eles são
percorridos por correntes de intensidade i1 = 1 A e i2 = 2 A. Qual a força magnética
entre eles, considerando que se encontrem no vácuo (µ = 4 π x 10-7 T. m / A )?

124 Fontes de campo magnético


U3

Resolução:
µ . i1 . i2 .L 4 π . 10-7 . 1 . 2 . 2 16 . 10-7
Fmag = = = = 4 . 10-5 N
2πd 2 π . 2 . 10-2 4 . 10-2

Como as correntes estão em direções opostas, a força magnética é de repulsão.

2.3 Torque sobre uma espira percorrida por corrente – momento magnético

Uma espira estará sujeita à ação de forças quando for colocada em um campo
magnético, e a ação dessas forças a faz rotacionar em relação ao eixo. Considere
uma espira retangular com lados L e d, sendo que L se encontra perpendicular ao
plano do papel, como apresenta a Figura 3.20.

Sabemos que a força em um dado elemento dL de um condutor que conduz
corrente pode ser expressa por:
→ → →
dF = I ( dL x B )
→ →
Sendo que a normal n ao plano da espira faz um ângulo θ com B , a força
magnética responsável pelo torque pode ser representada por:

Ft = I L B senθ

Dessa forma, podemos definir o torque resultante em uma espira como:

T = 2Ft d = I L B senθ
2
Unidade [N.m]

Fontes de campo magnético 125


U3

Figura 3.20 | Torque sobre uma espira imersa em um campo magnético, conduzindo
corrente

Fonte: Junior e Aquino (2010).

Para a espira dada, temos L . d = A, sendo que A representa a área da espira:

T = I A B senθ

Pode ser definido o momento magnético [m] de uma espira, que é dado por:

m=NIA

Unidade: A . m2

Sua representação vetorial é:



m =m. ^
an
^
A regra da mão direita define a orientação de an .

O torque pode ser definido como:


→ → →
T = mx B

126 Fontes de campo magnético


U3

Exemplo de aplicação

Uma bobina retangular com 200 espiras de 0,3 x 0,15 m2 com uma corrente de
5,0 A está em um campo uniforme de 0,2 T. Encontre o momento magnético e o
torque máximo na bobina.

Resolução:

A = 0,3 x 0,15 = 0,045m2

m = nIA = 200 x 5 x 0,045 = 45A . m2

Tmax = m . B = 45 x 0.2 = 9 N . m

1. Uma carga q=0,1µC a uma velocidade v=2,5m/s entra


perpendicularmente a um campo magnético, sofrendo
uma força magnética Fmag= 5.10-4N.

a) Determine o campo magnético.


b) Esquematize as grandezas envolvidas.

2. Uma espira é atravessada por uma corrente elétrica


contínua. Em relação ao vetor campo magnético dentro
da espira, podemos afirmar que:

a) ele é constante e perpendicular ao plano da espira;


b) ele é nulo;
c) ele forma um ângulo de 60° com o plano da espira;
d) ele é variável e perpendicular ao plano da espira;
e) eles estão em planos diferentes.

3. Observe a figura a seguir, em que um condutor com


comprimento de L = 0,20 m é atravessado por uma
corrente I = 20A, gerando um campo magnético B = 5 . 10-3
T. Podemos afirmar, em relação à força magnética, que:

Fontes de campo magnético 127


U3


a) ela será paralela ao plano, com direção de B e terá
intensidade de Fmag= 1 . 10-2N;
b) ela será normal ao plano, com direção para dentro da
página e terá intensidade de Fmag= 2 . 10-2N;
c) ela será paralela, na direção de A, e terá intensidade de
Fmag= 2 . 10-2N;
d) ela será nula;
e) ela será normal ao plano, na direção do observador e
terá intensidade de Fmag= 10-2N.

4. Considere três fios iguais que se encontram em paralelo


e são atravessados por correntes de mesma intensidade e
mesmo sentido, como mostra a figura a seguir. Sendo a
força que o fio 1 faz sobre o fio 2 simbolizada por F12 e a
força que o fio 1 faz sobre o fio 3, F13, qual o valor de F12 ?
F13

128 Fontes de campo magnético


U3

5. Considere dois fios retilíneos e paralelos, como mostra a


figura, sendo percorridos por correntes de igual intensidade,
mas de sentidos opostos. Determine o campo magnético em:

a) Meia distância entre eles.


b) A uma distância “a” acima do fio 1.

Fontes de campo magnético 129


U3

130 Fontes de campo magnético


U3

Seção 3

Fontes de campo magnético

Caro aluno, esta seção trará os conceitos sobre as fontes de campo magnético,
mostrando diferentes tipos de condutores que, ao serem percorridos por corrente
elétrica, geram um campo magnético.

Veremos, então, o campo gerado em torno de um condutor retilíneo, de uma


espira circular, de um solenoide e de um toroide, mostrando as características de
cada condutor, como calcular a densidade de campo magnético em cada caso e
o comportamento das suas linhas de campo.

Vamos lá?

Bons estudos!

3.1 Fontes do campo magnético

Sabemos que os ímãs naturais ou os ímãs permanentes que são feitos através
de materiais magnetizados geram campos magnéticos. Esses campos podem
também ser gerados pelas correntes elétricas em condutores.

3.1.1 Campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo

Imagine um condutor retilíneo que é atravessado por uma corrente: a


intensidade do seu campo magnético dependerá da intensidade dessa corrente.
Se tivermos uma corrente intensa, teremos, por consequência, um campo intenso,
com muitas linhas de campo distribuídas longe do condutor. Para uma corrente
com pouca intensidade, teremos, portanto, poucas linhas de campo, mas mais
próximas ao condutor, como pode ser observado na Figura 3.21.

Fontes de campo magnético 131


U3

Figura 3.21 | Campo elétrico em função da intensidade da corrente

Fonte: adaptado de Mussoi (2005).

O vetor B, que é denominado de densidade de campo magnético ou densidade


de fluxo magnético, será tangente às linhas de campo em qualquer ponto (Figura
3.22).

Figura 3.22 | Vetor B tangente às linhas de campo

Fonte: Mussoi (2005).

O vetor de densidade de campo magnético B sempre será


tangente às linhas de campo.

132 Fontes de campo magnético


U3

Dessa forma, a densidade do campo B, em um dado ponto P, será diretamente


proporcional à corrente no condutor e inversamente proporcional à distância
entre o centro do condutor e o ponto, dependendo do meio.

Isso pode ser representado por:


µ0 . I
B=
2πr
Onde:

• B: densidade de campo magnético no ponto P [T].

• r: distância entre o centro do condutor e o ponto P [m].

• I: intensidade da corrente no condutor [A].

• µ0: permeabilidade magnética no vácuo: 4πr . 10-7 [ T . m ]


A
A equação acima é para condutores longos, ou seja, se a distância de r for bem
menor que o comprimento L do condutor.

Exemplo de aplicação

Considere um fio condutor retilíneo bem extenso atravessado por uma corrente
de 2 A. Qual o campo magnético a uma distância de 50 cm?

Resolução:
µ0.I 4π . 10-7 . 2 4 . 10-7
B= = = = 8 . 10-7 T
2πr 2πr 0,5

3.2 Campo magnético gerado no centro de uma espira circular

Uma espira circular pode ser definida como um fio condutor que é curvado,
formando um anel circular. Dessa forma, quando uma espira é atravessada por
uma corrente, haverá a formação de um campo magnético ao seu redor.

As linhas de campo magnético formadas em uma espira circular podem ser


determinadas pela regra da mão direita.

Os campos magnéticos de uma espira circular podem ser calculados através de:
µ. I
B=
2r
Onde:

• B: densidade de campo magnético no centro da espira circular [T].

• r: raio da espira [m].

Fontes de campo magnético 133


U3

• I: intensidade de corrente na espira circular [A].

• µ: permeabilidade magnética do meio [ T . m ].


A
A Figura 3.23 mostra que as linhas de campo geradas em um condutor em
formato de espira estão concentradas em seu interior.

Figura 3.23 | Linhas de campo em uma espira circular

Fonte: Mussoi (2005).

A Figura 3.24 traz o uso da regra da mão direita para determinação das linhas
de campo.

Figura 3.24 | Regra da mão direita em espiras circulares

Fonte: Mussoi (2005).

exemplo de aplicação

Dada uma espira circular que se encontra no vácuo com um diâmetro de 4 cm


e atravessada por uma corrente de 8 A, qual o campo elétrico no centro da espira?

Resolução:

134 Fontes de campo magnético


U3

µ.I 4π . 10-7 x 8
B= = = 8π . 10-5 T
2r 2 . 2 . 10-2

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

3.3 Campo magnético gerado no centro de uma bobina longa ou solenoide

Chamamos de solenoide uma bobina longa obtida através de um fio condutor


isolado, enrolado em espiras iguais, distribuídas lado a lado com espaçamentos
iguais entre si. Ao ser atravessado por uma corrente, teremos a formação de um
campo magnético no interior das suas espiras.

As linhas de campo também são orientadas conforme a regra da mão direita,


sendo que será observado que no interior dos solenoides essas linhas são de fato
paralelas, com mesmo sentido e mesmo espaçamento, o que caracteriza um
campo uniforme nessa área.

Externamente ao solenoide, temos um campo bem intenso nas suas


extremidades, havendo, portanto, uma grande quantidade de linhas de campo.
Já na região longe das extremidades, tem-se um campo magnético de baixa
intensidade, para o caso de um solenoide real, sendo que para um ideal (solenoide
no qual o seu comprimento é muito maior que o diâmetro das espiras) esse campo
deveria ser nulo.

O comportamento desse condutor ao ser atravessado por uma corrente é


parecido com um ímã de barra, em que uma das suas extremidades é o polo norte
e a outra, o polo sul.

Fontes de campo magnético 135


U3

Figura 3.25 | Campo magnético de um ímã e de um solenoide

Fonte: Mussoi (2005).

Dessa forma, podemos definir a intensidade do campo magnético dentro do


solenoide como:
µ.N.I
B=
L
Onde:

• B: densidade de campo magnético [T].

• N: número de espiras do solenoide.

• I: intensidade de corrente que percorre o solenoide [A].

• L: comprimento longitudinal do solenoide [m].

• µ: permeabilidade magnética do meio (núcleo do solenoide) [ T . m ].


A
Nota: Não confunda o comprimento longitudinal do solenoide com o
comprimento do condutor do solenoide.

O campo magnético solenoide possui as seguintes


características:

Dentro de um solenoide, considerando o campo magnético


como uniforme, as linhas de campo serão paralelas entre si.

E, quanto mais comprido for o solenoide, mais uniforme será


seu campo magnético interno e mais fraco o campo magnético
externo.

136 Fontes de campo magnético


U3

Podemos inserir no interior de um solenoide um material ferromagnético


(objeto de ferro), constituindo um eletroímã e aumentando o campo magnético. Os
eletroímãs são usados para transporte e seleção de sucatas, disjuntores, caixas de som,
amplificadores de música, entre outros. A Figura 3.26 traz um exemplo de eletroímã.

Figura 3.26 | Eletroímã

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

em um eletroímã, o campo magnético só existe quando a corrente


elétrica está passando. Um bom exemplo é a campainha de casa.
Quando ela é acionada, o circuito eletrônico dentro do sino se
fecha em um ciclo elétrico, e ele é então acionado, permitindo que a
eletricidade flua e gerando um campo magnético, como consequência
causando o barulho da campainha.
e na amplificação de sons, qual a função dos eletroímãs?

exemplo de aplicação

Considere um solenoide percorrido por uma corrente de 0,4 A, e possuindo


10 mil espiras por metro. Qual será o campo magnético no interior do solenoide?
Dado µ=4π x 10-7 T.A /m.

Resolução:
µ.N.I 4π . 10-7 x 10.000 x 0,4
B= = = 16π . 10-4 T
L 1

Fontes de campo magnético 137


U3

3.4 Campo magnético gerado por um toroide

Um toroide ou uma bobina toroidal nada mais é que um solenoide no formato


de anel, sendo que o seu núcleo pode ser constituído de ar ou de algum material
ferromagnético. A Figura 3.27 mostra um modelo de toroide.

Figura 3.27 | Toroide

Fonte: Mussoi (2005).

É observado nos toroides que eles têm uma grande capacidade de concentração
das linhas de campo. Dessa forma, o campo magnético em um toroide pode ser
calculado por:
µ.N.I
B=
2.π.r
Onde:

• B: densidade de campo magnético no interior do toroide [T].

• N: número de espiras da bobina toroidal.

• I: intensidade de corrente no condutor da bobina [A].

• r: raio médio do toroide [m].

• µ: permeabilidade magnética do meio no interior das espiras do toroide


(núcleo) [ T . m ].
A

Observe que o raio médio do toroide consiste no raio da circunferência no


meio do núcleo do toroide, como mostra a Figura 3.28. Tenha sempre o cuidado

138 Fontes de campo magnético


U3

de não o confundir com o raio externo ou interno, nem com o raio das espiras.

Figura 3.28 | Núcleo do toroide

Fonte: Mussoi (2005).

O sentido das linhas de campo que se encontram no núcleo de um toroide


também é determinado pela regra da mão direita, como mostra a Figura 3.29.

Figura 3.29 | Sentido das linhas de campo no toroide

Fonte: Mussoi (2005).

Os toroides possuem grande utilização para medir características


comportamentais dos materiais magnéticos, devido à sua capacidade de
concentração de quase todas as linhas de campo dentro do núcleo.

Fontes de campo magnético 139


U3

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

Exemplo de aplicação

Considere um toroide de 1000 voltas, com raio interno de 1 cm e raio externo


de 2 cm, percorrido por uma corrente de 1,5 A. Qual será o campo magnético a
uma distância de 1, 10 cm da origem? Dado µ= 4π x 10-7 T . A /m.

Resolução:
µ.N.I 4 . π . 10-7 x 1000 x 1,5 6 . 10-4
B= = = = 2,7 . 10-2T
2.π.r 2 . π . 1,10 . 10-2
2,2 . 10-2

1. Sabemos que um solenoide possui espiras iguais,


distribuídas lado a lado com espaçamento igual. Podemos
afirmar, em relação a essas espiras:

a) Elas se atraem.
b) Elas se repelem.
c) Não há nenhuma ação entre elas.
d) Elas se anulam.
e) Elas possuem uma tensão induzida.

2. Considere uma espira circular no vácuo percorrida por


uma corrente de I = 9A. O diâmetro dessa espira é dado
por d = 6πcm. Calcule o valor de densidade de campo
magnético.

3. Considere uma espira circular percorrida por uma


corrente elétrica constante. Em relação ao campo

140 Fontes de campo magnético


U3

magnético no centro da espira, podemos afirmar que:

a) ele será nulo;


b) ele será constante e perpendicular ao plano;
c) ele será variável e perpendicular ao plano;
d) ele será constante e paralelo ao plano;
e) ele será variável e paralelo ao plano.

4. Dado um condutor retilíneo com comprimento de L =


0,20 m sendo atravessado por uma corrente elétrica i = 2 A,
esse é colocado em um campo magnético de intensidade
B=2.10-4T. Determine a força magnética para:

a) O condutor retilíneo colocado de forma paralela às


linhas de campo.
b) O condutor retilíneo colocado de forma perpendicular
às linhas de campo.

5. Considere duas espiras dispostas perpendicularmente,


tendo o mesmo raio de 2πcm e atravessadas por uma
corrente de i1 = 4A e i2 = 3A. Qual será a resultante do vetor
campo magnético? Dado µ = 4 π x 10-7 T.A/m.

Mensagem final ao aluno

Caro aluno, chegamos ao fim de mais uma unidade e você pôde ver importantes
conceitos do eletromagnetismo. Eles são essenciais para que você entenda os
conceitos de campo eletromagnético e como podem ser gerados os campos
magnéticos através das correntes elétricas em condutores. Essas fontes de campo
eletromagnético são utilizadas para as funcionalidades comuns do dia a dia, como
ligar um interruptor, válvulas de controle, ignição de um automóvel, entre outros.

É importante que você aprofunde os estudos nos temas discutidos, estendendo,


dessa forma, o seu conhecimento.

Lembre-se: você é a principal ferramenta do seu conhecimento!

Bons estudos!

Fontes de campo magnético 141


U3

142 Fontes de campo magnético


U3

Referências

ABUD, Ricardo. Força magnética. São Paulo: USP, 2008.

ARAÚJO, Ives; MOREIRA, Marco. Breve Introdução à Lei de Gauss para a


eletricidade e à Lei de Ampère – Maxwell. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, 2011.

CARDOSO, Celso. Fontes do campo magnético. São Paulo: UEP, 2009.

DIAS, Rodrigo. Fontes de campo magnético. Universidade Federal de Juiz de


Fora, 2011.

EDMINISTER, Joseph A. Teoria e problemas de eletromagnetismo. Porto Alegre:


Bookman, 2006.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. 3, Livros Técnicos


e Científicos. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora S.A., 2012.

HAYT, J. R.; William H. Eletromagnetismo. 8. ed., Rio de Janeiro: LTC, 2006.

JUNIOR, Naasson; AQUINO, Claudio. Eletromagnetismo. Universidade Estadual


Paulista, 2010.

KRAUS, John Daniel. Electromagnetics. 4th ed. New York: McGraw-Hill, 1992.

MUSSOI, Fernando. Fundamentos de eletromagnetismo. Centro Federal de


Educação Tecnológica de Santa Catarina. 2005.

OLIVEIRA, Vagner; VEIT, Eliane; ARAÚJO, Ives. Uma proposta de ensino de


tópicos de eletromagnetismo via instrução pelos colegas e ensino sob
medida para o ensino médio. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2010.

SADIKU, Matthew N. O. Elementos de eletromagnetismo. 5. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2012.

Fontes de campo magnético 143


Unidade 4

Indução
eletromagnética
Cibele Abreu Makluf

Objetivos de aprendizagem:

Nesta unidade, você terá a oportunidade de estudar e compreender:

• Os principais conceitos sobre a indução eletromagnética.

• Os princípios do fluxo magnético.

• Como calcular um fluxo magnético.

• Os fundamentos da lei de Faraday e da Lei de Lenz.

• Como calcular a força eletromotriz produzida em um movimento.

• Os principais conceitos dos campos elétricos induzidos.

Seção 1 | Indução eletromagnética

• Indução eletromagnética.

• Fluxo eletromagnético.

• Lei de Faraday.

• Lei de Lenz.
U4

Seção 2 | Força eletromotriz


• Força eletromotriz produzida pelo movimento.

• Campos elétricos induzidos.

• Corrente de Foucault.

• Circuitos magnéticos.

Indução eletromagnética
146
U4

Introdução à unidade
Caro aluno, você verá, nesta unidade, alguns conceitos sobre o eletromagnetismo.
Vamos estudar a indução eletromagnética. Ela é responsável por muitos processos do
nosso dia a dia, como a produção de energia elétrica.

Vamos iniciar nosso estudo vendo os conceitos da indução eletromagnética e as


particularidades do fluxo magnético.

Na sequência, estudaremos os fundamentos das leis de Faraday e de Lenz,


essenciais para o entendimento dos fenômenos eletromagnéticos, por exemplo, o
funcionamento do transformador e a geração de energia elétrica, e veremos também
algumas importantes características dos circuitos magnéticos.

Você é essencial nesse processo.

Bom trabalho!

Indução eletromagnética
147
U4

Indução eletromagnética
148
U4

Seção 1

Indução eletromagnética

Caro aluno, esta seção apresenta os conceitos da indução eletromagnética.


Você verá de que forma a variação do campo magnético induz uma força
eletromotriz e como calcular o fluxo magnético na superfície de uma espira.

Falaremos também sobre os fundamentos de importantes leis da indução


eletromagnética, a Lei de Faraday e a Lei de Lenz.

Todos esses conceitos são importantes para a compreensão de muitos


fenômenos da eletricidade e do magnetismo, por exemplo, saber como funciona
um transformador.

Vamos lá?

Bons estudos!

Introdução

Conforme foi visto na Unidade 3, Oersted, através dos seus experimentos,


descobriu que a corrente elétrica é capaz de gerar campo magnético. Dessa forma,
os estudos prosseguiram e outros cientistas pesquisaram para saber se o inverso
seria possível, ou seja, se o campo magnético seria capaz de gerar correntes. Michael
Faraday descobriu que isso era possível, já que ele estabeleceu uma corrente elétrica
no condutor variando seu campo magnético através da sua superfície.

Uma das experiências de Faraday é apresentada na Figura 4.1.

Indução eletromagnética
149
U4

Figura 4.1 | Modelo das experiências de Faraday

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

Uma espira encontra-se ligada em um galvanômetro, como mostra a Figura 4.1,


sendo esse um equipamento usado para medir baixas intensidades de corrente
elétrica, e, não tendo nenhuma fonte para criar uma força eletromotriz, é esperado
que o medidor não detecte correntes elétricas no condutor.

A força eletromotriz ou FEM é uma propriedade do dispositivo,


principalmente de geradores, de produzir correntes elétricas em
circuitos. É uma grandeza escalar, e devemos ter o cuidado de não a
confundir com a diferença de potencial elétrico (ddp), já que possuem
a mesma unidade.

Se movimentarmos um dos polos do ímã (afastando ou aproximando) em


relação à espira da Figura 4.1, verificaremos que ocorre uma deflexão no ponteiro do
galvanômetro, mostrando que há corrente. Se o ímã for colocado em repouso em
relação à espira, o galvanômetro não indicará mais a presença de corrente elétrica.

Foi percebido que, ao aproximarmos o polo norte de um ímã da espira, o


ponteiro do amperímetro é defletido em um sentido, e, ao ser afastado o polo
norte da espira, o ponteiro é defletido no sentido contrário, sendo que, quanto
mais rápido esse movimento de aproximar ou afastar o ímã da espira, mais intensa
será a corrente produzida, chamando esse processo de indução eletromagnética.
Chamamos a corrente gerada de corrente elétrica induzida e da força eletromotriz

Indução eletromagnética
150
U4

de força eletromotriz induzida.

o microfone é formado por um ímã permanente, que é envolto por


uma bobina móvel e uma membrana. Quando as ondas sonoras
chegam ao microfone, temos a vibração dessa bobina, fazendo com
que a membrana também vibre. o ímã faz com que tenhamos um
campo magnético dentro do microfone, e a movimentação dessas
ondas sonoras faz com que uma tensão elétrica seja induzida na
bobina. os sons do microfone são transformados dessa forma em
oscilação de tensão dentro da bobina.

Tela de proteção

Membrana

Bobina móvel ligada à


mebrana

Ímã fixo

1.2 o fluxo magnético

O fluxo magnético (φ) na espira com área A que se encontra em um campo B


uniforme é:

φ = B . A . cosθ

Sendo θ o ângulo entre B e a normal n a espira. Observe a Figura 4.2.

Unidade: Weber [Wb]

Indução eletromagnética
151
U4

Figura 4.2 | Fluxo magnético

Fonte: Nascimento et al. (2012).

Caso tenhamos n espiras, a equação pode ser reescrita:

φ = n . B . A . cosθ

Onde n é o número de espiras.

Observe a Figura 4.3.

Figura 4.3 | Fluxo de acordo com

Fonte: Nascimento et al. (2012).

Observa-se na Figura 4.3 a que a espira está inclinada em relação ao vetor B.


Dessa forma, ela será atravessada por uma quantidade de linhas de indução menor
se comparada com o exemplo b, em que a espira se encontra perpendicular ao vetor
B, o que indica que o fluxo magnético será menor em a do que em b. No exemplo c,

Indução eletromagnética
152
U4

a espira encontra-se paralela ao campo, não sendo, portanto, atravessada por linhas
de indução, e o fluxo será zero.

Fluxo magnético (φ) mede o número de linhas de indução que cruzam a


superfície da espira.

Se o fluxo magnético de um circuito variar com a passagem do tempo, surge no


circuito uma força eletromotriz induzida.

Exemplo de aplicação

Um campo magnético atua perpendicularmente sobre uma espira circular de raio


10 cm, gerando um fluxo de indução magnética de 1 Wb. Qual o campo magnético?

Resolução:

A = πr2 → 3,14 . (0,1)2 = 0,0314m2

φ = B . A . cosθ
φ φ
B = A . cosθ → A secθ
1
B= sec0° → B ≅ 31,83 T
0,0314

1.2.1 Variação do fluxo magnético

A. Intensidade do campo magnético

A intensidade do campo magnético está ligada ao número de linhas de indução.


Assim, quanto mais intenso for o campo, maior o número de linhas atravessando a
superfície, e, consequentemente o fluxo através dela será aumentado.

O fluxo magnético é aumentado quando aproximamos a espira circular do polo


norte de um ímã, já que durante essa aproximação as linhas de campo que estão
saindo do polo norte do ímã entram na superfície da espira.

Se afastarmos da espira o polo norte do ímã, o fluxo será diminuído. Isso é


ocasionado porque as linhas de campo que cruzam a superfície da espira irão diminuir.

B. Área da superfície

A área da superfície da espira determina o número de linhas de campos que irão


atravessá-la, ou seja, se tivermos uma grande área, um maior número de linhas de
campo irá atravessar essa superfície. Assim, maior será o fluxo magnético.

C. Ângulo

A variação do fluxo magnético está diretamente ligada à variação do ângulo entre

Indução eletromagnética
153
U4

as linhas de campo e o vetor normal. Para conseguir essa variação, basta girar uma
espira dentro de um campo constante.

edMinister, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

o alto-falante é formado por um ímã permanente envolvido por uma


bobina móvel, que se encontra conectada a um cone, geralmente
de papelão. Quando o alto-falante se encontra conectado a um
microfone, ele faz a conversão da tensão elétrica em som. A corrente
elétrica que vem do microfone atravessa a bobina, sendo que esta
está sujeita ao campo magnético gerado pelo ímã. A bobina é então
movimentada através das forças magnéticas que são geradas por esse
campo, ocasionado a vibração do cone. temos também a vibração do
ar que se encontra junto ao cone, ocorrendo, portanto, a reprodução
do som que foi absorvido pelo microfone.

Cone

Bobina
móvel

Ímã

Alto-falante

Indução eletromagnética
154
U4

Exemplo de aplicação

Considere uma espira de área 2,4 . 10-1 m2 colocada perpendicularmente a um


campo B de 3 . 10-2 T. Determine o fluxo magnético.

Resolução:

Como a espira está perpendicular ao campo B, o θ=0°.

θ = B . A . cosθ

θ = 3 . 10-2 x 2,4 . 10-1 x cos(0°)

θ = 7,2 . 10-3 Wb

1.3 Lei de Faraday

Através dos seus experimentos, Faraday concluiu que uma força eletromotriz é
induzida e gera uma corrente elétrica induzida por meio de uma variação do fluxo
magnético na superfície da espira. Em outras palavras, isso significa que, sempre
que houver a variação (aumento ou diminuição) dos números de linhas de campo
magnético por meio de uma superfície de um condutor, uma força eletromotriz,
que é responsável pela geração de corrente elétrica, será induzida no condutor.
Observe a Figura 4.4.

Figura 4.4 | Ímã e uma espira circular

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

Como vimos anteriormente, ao aproximarmos a espira do polo norte do ímã,


teremos um aumento do fluxo na sua superfície e pode ser verificado que uma
corrente elétrica induzida irá surgir na espira, já que houve variação na quantidade
de linhas de campo. Se o movimento agora fosse de afastamento, teríamos da
mesma forma uma variação do fluxo e uma corrente induzida, já que o afastamento
do ímã causa uma diminuição no número de linhas do campo que atravessa a área
da espira. A diferença entre as duas situações é que, quando aproximamos o polo
norte do ímã, a corrente elétrica é gerada em um sentido, e quando afastamos, a
corrente induzida gerada será no sentido oposto.

Indução eletromagnética
155
U4

A geração de corrente elétrica induzida não se dá apenas pelo afastamento


ou aproximação de um ímã de uma espira. Para que isso ocorra, basta que
tenhamos uma variação do fluxo magnético na espira, que pode ser conseguida,
como mencionamos anteriormente, através da variação: intensidade do campo
magnético, área da superfície ou ângulo.

A lei da indução eletromagnética de Faraday:

A força eletromotriz induzida (fem) na espira condutora é proporcional


à variação das linhas de campo magnético que cruzam a espira em um
determinado tempo.

Isso significa que:

• Quanto maior a variação do fluxo, maior a intensidade da força eletromotriz


induzida.

• Quanto mais rapidamente ocorrer a variação do fluxo (menos tempo),


maior a fem induzida e, por consequência, maior corrente induzida.

Dessa forma, a Lei de Faraday pode ser escrita:


∆φ dφmag
ε=- =-
∆t dt
Unidade: Volts (v)

O sinal negativo é um indicativo de que a fem se opõe a quem a originou, e é a


chamada lei de Lenz, que veremos em detalhes mais à frente.

Onde:

• ε: fem induzida.

• ∆φ: variação de fluxo.

• ∆t: intervalo de tempo.

Nas hidrelétricas, a energia potencial do volume de água represado


é transformada em energia elétrica por um processo fundamentado

Indução eletromagnética
156
U4

na Lei de Faraday. Esse processo é baseado no movimento dos


eletroímãs que se encontram junto ao eixo do rotor da turbina, que
se encontra abaixo do nível da água, e ela gira ao sofrer a ação da
água em direção a suas pás. O movimento do eletroímã faz com que
os enrolamentos do estator fiquem imersos em um fluxo magnético
variável, surgindo, dessa forma, uma tensão de 15.000 V, que é elevada
através das subestações elevadoras para cerca de 300.000 V. Dessa
forma, através das linhas transmissoras, a tensão vai sendo distribuída
para as estações abaixadoras e então aos consumidores, sendo que
para residências a tensão que chega será de 127 V e 220 V.

Exemplo de aplicação

Considere uma espira circular de 300 voltas e com um raio de 4 cm, sendo que
o eixo dessa espira forma um ângulo de 30° com o campo magnético, e esse varia
a uma taxa de 85 T/s. Qual o módulo da força eletromotriz produzida na espira?

Resolução:

A = π(0,04)2 = 5 . 10-3 m2

φ = N . B . A . cosθ

φ = 300 . 85 . 5 . 10-3 . cos(30)

φ = 111Wb
∆φ 111
|ε| = = = 111V
∆t 1

1.4 Lei de Lenz

A lei de Lenz determina o sentido da corrente elétrica que foi induzida no


condutor:

Em um condutor, sua fem induzida terá sentido oposto à variação que a induziu.

Vamos observar a Figura 4.5, em que temos novamente um ímã e uma barra
circular.

Indução eletromagnética
157
U4

Figura 4.5 | Ímã aproximado de uma espira

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

Ao aproximarmos a espira do polo norte do ímã, haverá o aumento do fluxo


com geração de corrente induzida. O sentido dessa corrente será contrário a essa
variação. Devido a isso, surgirá entre o ímã e a espira uma força de repulsão, em
que a face da espira que se encontra voltada para o ímã estará se comportando
dessa forma como o polo magnético norte. Para que isso ocorra, a corrente elétrica
induzida deve estar no sentido anti-horário sob ponto de vista do observador.

Para que o ímã seja empurrado em direção à espira, vencendo a força repulsiva
que surge, é necessária a ação de um agente externo. A energia que foi fornecida
pelo agente para aproximar o ímã e a espira será, então, convertida em fem induzida
e, por consequência, em corrente elétrica.

Diferença de FEM e fem

A Força eletromotriz ou (FEM), definida pelo símbolo ε, é a


propriedade que um dispositivo tem de produzir corrente
elétrica no circuito. Ela é escalar, não devendo haver confusão
com a diferença de potencial elétrico (ddp), já que possuem a
mesma unidade (volts).

Para explicar a fem, observe a figura a seguir, em que temos

Indução eletromagnética
158
U4

um condutor reto que se movimenta em um campo B, gerado


por um ímã, sendo que o campo magnético é uniforme e está
perpendicular ao plano do fio.

Os elétrons livres que se encontram dentro do condutor também


serão submetidos à força de origem magnética atuante no
condutor, sendo que a regra da mão direita determina o seu
sentido. Esses elétrons se concentram na parte inferior do condutor
e, como consequência, a outra extremidade ficará positiva.

As cargas que se concentram nos extremos do condutor


geram um campo elétrico E, devido a isso, serão submetidas
a uma força elétrica (Fe), que terá o sentido oposto à força
magnética. Quando houver um equilíbrio dessas forças
(elétrica e magnética), surgirá uma ddp entre os extremos do
fio equivalente à força eletromotriz, que, para o caso mostrado,
será denominada de força eletromotriz induzida.

Agora, vamos observar a Figura 4.6, em que o polo norte do ímã está sendo
afastado da espira.

Indução eletromagnética
159
U4

Figura 4.6 | Afastamento de um ímã e uma espira

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

Como já foi visto, com o afastamento da espira do polo norte do ímã, haverá
uma diminuição do fluxo magnético. Conforme acontece com a aproximação, no
afastamento a corrente elétrica induzida também será gerada no sentido oposto à
variação. Teremos agora uma força de atração entre o ímã e a espira, e a face da
espira que se encontra voltada para o ímã irá se comportar como o polo sul. Para que
isso ocorra, é necessário que a corrente elétrica induzida esteja no sentido horário.

Aproximando a espira e o polo norte do ímã, teremos uma


corrente induzida no sentido anti-horário. Caso agora a
aproximação ocorra entre a espira e o polo sul do ímã, o sentido
da corrente induzida será horário.

Afastando a espira do polo norte do ímã, teremos uma corrente


induzida no sentido horário. Caso afastemos da espira o polo
sul do ímã, o sentido da corrente será anti-horário.

Outra forma de analisar a lei de Lenz está na Figura 4.7. Vemos uma haste
condutora em contato com guias metálicas, sendo que a haste pode deslizar sobre
as guias metálicas. As guias e a haste encontram-se numa região com um campo
magnético uniforme, que entra no plano da figura de forma perpendicular.

Indução eletromagnética
160
U4

Figura 4.7 | Haste condutora e guias metálicas

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

Na Figura 4.7, a podemos observar a área formada pela haste e pela guia metálica,
que é atravessada por linhas de campo perpendiculares ao plano. Para o caso b, a
haste foi movimentada para a direita, aumentando a quantidade de linhas de campo
que cruzam a área entre as guias metálicas e a haste, variando o fluxo magnético.
Dessa forma, como foi visto, quando ocorre a variação do fluxo, temos a geração
de uma corrente induzida, que produz um campo magnético induzido oposto à
variação do fluxo magnético no indutor.

A lei de Lenz pode ser também anunciada como:

A corrente elétrica induzida possui sentido tal que gera um campo magnético
induzido contrário à variação do campo magnético no indutor.

Indução eletromagnética
161
U4

Você sabia que os cartões de banco têm uma tarja magnética formada
por partículas minúsculas magnetizáveis repartidas em uma sequência
de áreas magnetizadas e não magnetizadas? Essa sequência é o
código binário que possui os dados do dono do cartão. O aparelho
que faz a leitura do cartão é constituído de bobina, que se encontra
enrolada em um núcleo formado de ferro. Quando inserimos o cartão
em um caixa eletrônico, por exemplo, ocorre a indução de uma
corrente variável na bobina. Dessa forma, um computador recebe os
sinais elétricos, decodificando as informações contidas no cartão.

1. Em uma espira circular, podemos afirmar, em relação à


sua corrente induzida:

a) Ela será nula se o fluxo que atravessa a espira se mantiver


constante.
b) Ela terá sentido igual à variação do fluxo.
c) Ela será inversamente proporcional à variação do fluxo
ao longo do tempo.
d) Ela será maior proporcionalmente ao aumento da
resistência da espira.
e) Ela não irá se alterar, qualquer que seja a resistência da
espira.

2. Considere uma espira quadrada de lado 2 cm imersa em


um campo uniforme de 2 T. Qual o fluxo de indução para:

a) Plano da espira em paralelo às linhas de indução.


b) Plano da espira perpendicular às linhas de indução.
c) A reta normal formando um θ = 60° com as linhas de
indução.

Indução eletromagnética
162
U4

3. Considere uma espira retangular que possui as seguintes


dimensões: 15 cm de largura e 20 cm de comprimento, e
está em um campo de indução magnética de 10 T, como
mostra a figura. É formado um ângulo de 30° entre as
linhas de indução e o plano da espira. Qual será o fluxo de
indução magnética?

4. Um fluxo magnético atravessa uma espira de acordo


com a expressão em função do tempo: φB=6t2 + 7t, onde
t é segundos e φB em mWb. Qual o valor da fem induzida
quando o tempo for 2s?

5. Observe a figura a seguir, em que um ímã se encontra em


um carrinho em movimento a uma velocidade constante
sobre um trilho. O trilho é envolvido por uma espira
metálica. Em relação à corrente elétrica, podemos afirmar:

a) Será sempre nula.


b) Só existirá se o ímã estiver próximo da espira.
c) Só existirá se o ímã estiver dentro da espira.
d) Só existirá se o ímã se afastar da espira.
e) Existirá se o ímã se aproximar ou se afastar da espira.

Indução eletromagnética
163
U4

Indução eletromagnética
164
U4

Seção 2

Força eletromotriz

Caro aluno, esta seção apresenta os conceitos e particularidades da força


eletromotriz produzida pelo movimento dos campos elétricos induzidos.

Falaremos também sobre as correntes de Foucault, muito utilizadas em


aparelhos do nosso dia a dia, como detectores de metais e freios magnéticos.
Além disso, veremos os circuitos magnéticos, importantes por estabelecer uma
ponte entre o eletromagnetismo e sua aplicação no funcionamento das máquinas
elétricas.

Todos esses conceitos são importantes para a compreensão de muitos


fenômenos da eletricidade e do magnetismo.

Vamos lá?

Bons estudos!

2. Força eletromotriz produzida pelo movimento

A força eletromotriz (fem) pode ser definida como o trabalho para se deslocar
uma carga em um circuito.

Observe a Figura 4.8, em que temos um condutor PQ que se encontra em um



campo uniforme B .

Figura 4.8 | Condutor em campo uniforme

Fonte: Elaborada pelo autor.

Indução eletromagnética
165
U4


Quando o condutor se movimentar com uma dada velocidade v constante,

de forma perpendicular ao seu comprimento e ao campo B , as partículas que se
encontram carregadas em seu interior serão submetidas a uma força magnética
→ → →
dada por F = qv x B , sendo que esta terá a mesma direção do condutor. O
sentido da força irá depender da carga: se a carga for positiva, a força será no
sentido QP; caso a carga seja negativa, o sentido será PQ. Podemos notar pela
figura que, na extremidade P, temos um excesso de cargas positivas, enquanto
para Q temos de cargas negativas.

Vamos supor agora que um condutor móvel se desloque através de outro


condutor imóvel em formato de U, como mostra a Figura 4.9.

Figura 4.9 | Movimento do condutor no campo

Fonte: O autor.

Inicialmente sobre o condutor bcd não há forças agindo, já que ele se encontra
parado. Podemos observar que temos a formação de um circuito fechado abcd,
com a geração de uma corrente com o sentido horário. Como essa corrente
flui no circuito, as cargas excedentes que se encontravam nas extremidades do
condutor vão diminuindo, e uma força magnética faz com que os elétrons livres
do condutor se movimentem de P para Q. Enquanto houver movimentação no
condutor, haverá um contínuo deslocamento dos elétrons livres no sentido anti-
horário. Assim, o condutor móvel será um gerador de fem.

Podemos, então, definir a fem de movimento utilizando a fem ε:


→ → → → → → →
ε = E . dl = . F . dl = ( v x B ) . dl
q

Sabemos que a velocidade v não é nula somente no segmento PQ que possui
um dado comprimento l. Dessa forma, a integral no percurso fechado abcd pode
ser reduzida a:
→ → →
ε = ∫ ( v x B ) . dl
a

ε=B.l.v

Indução eletromagnética
166
U4

Sendo l em metros e v em m/s.



Ao movimentarmos o condutor a uma velocidade v , surge uma diferença de
potencial VPQ nas extremidades da haste que pode ser representada por:

VPQ = E . l = v . l . B

Onde E é o campo elétrico.

Quando a haste estiver em contato com outro condutor em forma de U, temos:

VPQ = ε = B . l . v = R . I

Chamamos ε de tensão elétrica induzida.

Unidade: Volts.

De forma generalizada, podemos resumir a fem do movimento:


→ → →
F = qv . B
→ →
dW = F . dl

dW = q d ε
→ → →
q d ε = ( qv x B ) . dl
→ → →
d ε = ( v x B ) . dl
→ → →
ε = ∫ ( v x B ) . dl

DIONÍSIO, Paulo Henrique. A força eletromotriz de movimento


e os fundamentos da teoria eletromagnética clássica. Revista

Indução eletromagnética
167
U4

Brasileira de Ensino de Física, v. 32, n. 4, 2010. disponível em:


<https://drive.google.com/file/d/0B4dWrkB2lh2sazg5a3BFVjkta0U/
view?usp=sharing>. Acesso em: 9 mar. 2016.

exemplo de aplicação

Considere um fio condutor de 60 cm de comprimento se movendo a uma


velocidade de 40 m/s, perpendicular às linhas de um campo magnético de
intensidade 12 T. Qual será sua tensão elétrica induzida?

Resolução:

ε=B.l.v

ε = 12 . 60 x 10-2 . 40

ε = 288V

2.2 Campos elétricos induzidos

Dado um solenoide de n espiras, como mostra a Figura 4.10.

Figura 4.10 | Solenoide

Fonte: Dias (2012).

Indução eletromagnética
168
U4

O campo gerado por esse solenoide por onde flui corrente (I) é:

B = n . µ0 . I

Sendo n número de espiras.

A densidade de campo magnético na parte central de solenoide é:


µ . n . I
B=
l
Onde l é o comprimento longitudinal do solenoide em metros.

Na espira de área A, teremos um fluxo magnético com mesmo sentido e



direção de B e é dado por:

φB = B . A = B . A

φB = µ0 . n . I . A

Dessa forma, quando a corrente que circula na espira variar no tempo, a fem
induzida pode ser escrita por:
dφB
ε=
dt
ε = -µ0 . n . A . dI
dt

Considerando uma resistência da bobina R, a corrente induzida I’ pode ser


determinada por:

I'= ε = µ0 . n . A dI
R R dt

A força que irá agir sobre as cargas, forçando-as a se mover ao longo do circuito,
é o campo elétrico induzido no condutor que foi produzido através da variação do
fluxo magnético.

Dessa forma, quando uma volta é completada pela carga q, temos:


→ →
W = q E . dl = q . ε

Assim o campo elétrico induzido não será conservativo, já que a integral de


linha do campo elétrico no circuito fechado não é nula.

Mas ela é igual a:

Indução eletromagnética
169
U4

→ →
ε= E . dl
dφB
ε =-
dt
→ → dφ
E . dl = - dtB

Essa equação só pode ser utilizada quando o percurso na integração se mantiver


constante.

Ainda podemos definir a equação de Maxwell para a lei de indução de Faraday,


utilizando o teorema de Stokes.
→ → →
E . dl = ∫ (∇ x E ) . dA
s


- dφB ∂B
= ∫ (- ) . dA
dt s ∂t


→ ∂B
∇x E =-
∂t

2.2 Força magnetizante (campo magnético indutor)

Em uma bobina, caso seja mantida constante sua corrente e seja alterado o
material que constitui o núcleo, que se refere à permeabilidade magnética do meio
(µ), teremos uma alteração na densidade de fluxo magnético.

O vetor campo magnético indutor (que também pode ser chamado de força

magnetizante), representando por H , corresponde ao campo magnético que
é criado pela corrente elétrica na bobina, não dependendo da permeabilidade
magnética do material do núcleo.

Dessa forma, a densidade de campo magnético é definida por:


µ.n.I
B=
l
B n.I
=
µ l
E podemos definir:
B
H=
µ

Indução eletromagnética
170
U4

O campo magnético indutor H de uma bobina é:


n.I
H=
l
Onde:

• H: campo magnético indutor [Ae/m].

• n: espiras do solenoide.

• I: corrente no condutor [A].

• l: comprimento do núcleo magnético [m].


→ →
A orientação do vetor H é semelhante ao vetor B , não dependendo da
permissividade magnética do meio.

Os vetores de densidade de campo magnético ( B ) e de densidade de campo

magnético indutor ( H ) podem ser relacionados por:
→ →
B =µ. H

A densidade de fluxo B é a consequência da força magnetizante H em um


dado meio µ.

Em um condutor retilíneo, a força magnetizante H será:


I
H=
2πr
Para um material ferromagnético, é verificado que sua permeabilidade
magnética não é constante, sendo isso mostrado na curva de magnetização do
material (Figura 4.11).

Os materiais ferromagnéticos são aqueles que se magnetizam de


forma intensa ao serem colocados em um campo magnético, tornando
o campo magnético resultante bem mais intenso. Como exemplos
desses materiais, temos o níquel, o ferro, o cobalto e suas ligas.

Indução eletromagnética
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U4

Figura 4.11 | Curva de magnetização para material ferromagnético

Fonte: Sambaqui e Marques (2010).

2.3 Força magnetomotriz

Podemos definir a força magnetomotriz (fmm) em uma bobina como o


agente que produz fluxo magnético no núcleo de um circuito magnético. Ela
é definida por:

fmm = n . I

Sendo:

• fmm: força magnetomotriz [Ae].

• n: espiras do solenoide.

• I: corrente no condutor [A].

Podemos ainda definir:


µ . n . I
B=
l
e
n . I
H=
l
Como fmm = n . I, então:
fmm
H=
l
fmm = H . l

Onde:

• H: Campo magnético indutor [Ae/m].

Indução eletromagnética
172
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• l: comprimento médio do caminho magnético [m].

Podemos definir a relutância magnética:


l
ℜ=
µ.A
e
B
µ=
H
E pode ser reescrita como:
H.l
ℜ=
B.A
O fluxo já foi definido anteriormente como:

φ=B.A

Temos, então:
fmm
φ=

Onde:

• φ: fluxo magnético [Wb].

• ℜ: relutância magnética [Ae/Wb].

Exemplos de aplicação

Uma bobina de 25 espiras é percorrida por uma corrente de 4 A. Qual a


força magnetomotriz total nessa bobina?

Resolução:

fmm = n . I

fmm = 25 x 4 = 100 Amperes - espiras

2.4 Correntes de Foucault

Anteriormente, vimos a indução magnética em um condutor disposto


em um campo magnético, e agora veremos que também é possível que
essa indução magnética ocorra em um bloco metálico através de um fluxo
magnético variável.

Vamos supor que tenhamos um bloco de ferro em que sua face ABCD
esteja perpendicular em relação ao campo magnético, que é variável, como

Indução eletromagnética
173
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apresentado na Figura 4.12.

Figura 4.12 | Blocos de ferro

Fonte: Nascimento et al. (2012).

Vamos considerar a área da face como A. Ela será atravessada por um fluxo

φ=| B | . A. Caso o campo magnético seja variável, teremos também um fluxo
variável. Na Figura 4.12, haverá no bloco metálico uma indução eletromagnética
com o surgimento de correntes induzidas em forma de círculos, que estarão

em planos perpendiculares a B .

São denominadas correntes de Foucault as correntes que por indução


aparecem em um material condutor, quando esse está sujeito a um fluxo
magnético variável.

Para que se possam diminuir as perdas por causa das correntes de Foucault,
o bloco metálico é laminado, ou seja, várias lâminas finas são juntadas, como
mostra a Figura 4.12b.

Para que ocorra a diminuição das perdas pelas correntes de Foucault,


partes de ferro de máquinas elétricas devem ser laminadas, e não
blocos inteiros (maciços).

Indução eletromagnética
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U4

Um bom exemplo da ocorrência das correntes de Foucault são os


detectores de metais. Esse tipo de equipamento é utilizado para
verificação de objetos de metal no corpo ou na bagagem.
Seu funcionamento é baseado na indução eletromagnética. Ele é
constituído de uma bobina que, ao ser percorrida por uma corrente
elétrica, gera um campo magnético em seu núcleo. Quando ocorre a
aproximação de um objeto de metal, a variação do fluxo magnético
estimula as correntes de Foucault no objeto de metal. Como essas
correntes são variáveis, elas produzem também campos variáveis que
induzem novas correntes na bobina, e como consequência a corrente
original será alterada. Essa variação de corrente é identificada por um
amperímetro, acionando os alarmes sonoros e luminosos.

EDMINISTER, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. Rio de Janeiro:


Artmed, 2006.

2.5 Circuitos magnéticos

2.5.1 Campo magnético

Um circuito magnético é formado por uma bobina de n espiras que se


encontram enroladas no núcleo de um dado material ferromagnético, conforme
a Figura 4.13.

Indução eletromagnética
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Figura 4.13 | Elementos de um circuito magnético

Fonte: Sambaqui e Marques (2010).

Através da lei de Ampère, podemos definir a seguinte equação para o circuito


da Figura 4.13.

n . I = H . l

Onde:

• H: densidade de campo magnético [A esp/m].

• B: densidade de fluxo (T).

• n: número de espiras.

• I: corrente elétrica (A).

• l: caminho magnético médio [m].

Podemos relacionar a força magnetomotriz, com o fluxo magnético e a


relutância magnética, como mostrado na Seção 2.3, de forma semelhante a da
Lei de Ohm:

n . I = φ . ℜ

Assim, podemos dizer que a força magnetomotriz é semelhante à diferença


de potencial na eletricidade, o fluxo magnético é similar à corrente elétrica e a
relutância está para um circuito magnético como a resistência para um circuito
elétrico. Essa analogia pode ser vista na Figura 4.14.

Indução eletromagnética
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Figura 4.14 | Analogia entre circuito elétrico e circuito magnético

Fonte: Sambaqui e Marques (2010).

o estator e o rotor de uma máquina elétrica são feitos de material


ferromagnético e encontram-se separados por um espaço vazio,
denominado entreferro, que é preenchido com ar.
Quando um entreferro é adicionado a um circuito magnético,
passamos a ter duas relutâncias, que são a do entreferro e a do
material ferromagnético. A permeabilidade magnética do entreferro,
quando comparada com o material ferromagnético, é bem pequena,
ocasionando uma relutância bem maior. Assim, a relutância do
material ferromagnético pode ser desprezada.
Figura 4.15 | Circuito magnético com entreferro

Fonte: Sambaqui e Marques (2010).

Indução eletromagnética
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2.5.2 indutor

O capacitor armazena as cargas elétricas, produzindo um campo elétrico.


De forma semelhante, temos o indutor, que armazena a energia de um dado
campo magnético e produz um campo magnético próximo a ele.

A simbologia do indutor é apresentada na Figura 4.16:

Figura 4.16 | Simbologia utilizada para indutor

Fonte: Sambaqui e Marques (2010).

Quando o indutor é atravessado por corrente elétrica, tem-se a geração de um


fluxo magnético φ. A indutância de um indutor pode ser calculada por:
n.φ
L=
I
Onde L é a indutância do indutor e sua unidade é o Henry (H).

Podemos calcular a energia que é armazenada no indutor:


1
EL =
. L . I2
2
Onde EL é a energia armazenada no indutor e sua unidade é Joules (J).

2.5.3 Perdas em materiais ferromagnéticos

Em um circuito magnético, que é atravessado por uma corrente alternada,


temos a produção de um campo magnético. Para esse caso, a densidade de
fluxo magnético B, em relação ao campo indutor H, será em formato de laço,
como mostra a Figura 4.17. Esse laço é chamado de laço de histerese, e mostra o
comportamento não linear de um material ferromagnético.

Indução eletromagnética
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Figura 4.17 | Laço de histerese

Fonte: Sambaqui e Marques (2010).

As perdas por histerese em um dado material ferromagnético serão proporcionais


à área do laço. Essa perda ocorre por causa da energia que é usada para rotacionar
os domínios magnéticos para a direção de um campo magnético externo.

Em um material ferromagnético, temos dois tipos de perdas: histerese e


por correntes parasitas. A perda por correntes parasitas se dá devido à indução
magnética, já que o núcleo do material está sujeito a um campo variável. Dessa
forma, a perda por histerese pode ser definida como:

PH = KH . Bnmax . f

onde o coeficiente n varia entre 1,25 e 1,5. A densidade de fluxo máxima (Bmax)
e a constante KH dependem do material ferromagnético e a frequência (f) depende
da frequência do campo magnético aplicado.

As partes de um transformador podem ser vistas na Figura 4.18:

Indução eletromagnética
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Figura 4.18 | Transformador

Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010).

o enrolamento de espiras n1 é denominado de primário e está ligado


a uma fonte de força eletromotriz alternada, que produz corrente
elétrica alternada, sendo que para a corrente alternada, temos a
variação de intensidade e sentido com o tempo. no enrolamento
primário, a corrente elétrica aumenta sua intensidade até um valor
considerado máximo, aumentando ainda o campo magnético e o
fluxo magnético através do enrolamento de espiras n2, denominado
de secundário. Com a variação do fluxo magnético no secundário,
temos a geração de uma força eletromotriz induzida, e também
temos a indução de uma corrente elétrica nesse enrolamento de
espiras. Quando a corrente elétrica é diminuída no primário, o fluxo
magnético também irá diminuir, e uma fem e uma corrente, ambas
induzidas, serão geradas, já que houve a variação do fluxo magnético.
A variação de fluxo magnético também é causada pela alteração do
sentido da corrente elétrica, e não só pela sua intensidade.
Caso o enrolamento primário esteja ligado a uma fonte de fem contínua,
como pilha ou bateria, não teremos variação de fluxo no enrolamento
secundário, e não teremos a geração de uma fem induzida.
é sempre desejado que não ocorram perdas de energia em um
transformador, mas sempre teremos alguma perda. Um transformador
ideal é aquele em que não há perdas, e temos a seguinte relação:

Indução eletromagnética
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np εp
ns = εs

onde:
np: espiras do primário.
ns: espiras do secundário.
εp: fem do primário.
εs: fem induzida no secundário.

dizemos que temos um transformador rebaixador de tensão quando


np > ns, já que a fem induzida no secundário ( εs ) é menor que a fem
do primário ( εp ). Caso np< ns , temos um transformador elevador de
tensão, em que a fem induzida no secundário é maior que a fem do
primário.
Ainda para um transformador ideal, a potência de entrada do gerador
(Ip . εp) é igual à potência de saída (Is . εs). dessa forma:

Ip . εp = Is . εs

1. O anel mostrado na figura é atravessado por um fluxo


magnético de φ=37mWb. O fluxo vai se tornar nulo quando
a corrente que o produz for interrompida, no intervalo de
1 ms. Qual será a intensidade média da força eletromotriz?

2. O gráfico a seguir mostra a relação de um campo que


varia no tempo para uma espira quadrada de 10 cm de lado.
Sendo a resistência elétrica do fio da espira R=0,2Ω, qual
o valor da corrente induzida na espira entre t = 0 e t = 2 s?

Indução eletromagnética
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3. Uma barra metálica de 2m se movimenta em um campo


magnético a uma velocidade de v=216km/h. Uma diferença
de potencial de V=3.10-3V é gerada nas extremidades dessa
barra. Qual o valor do campo de indução magnética?

4. Em um campo magnético, é inserida uma espira circular


com área A=1m2. É observado que esse campo diminui
a uma taxa de B=2T/s. Qual é a intensidade da corrente,
considerando a resistência do fio da espira R=4Ω?

5. Calcule o campo magnético indutor no núcleo de um


solenoide, sendo esse de ferro, conforme a figura a seguir.
Sabendo que a corrente que circula o solenoide é 2 A, g =
0,25 cm e n = 200 e.

Indução eletromagnética
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Referências

DIAS, Rodrigo. Indução eletromagnética. Universidade Federal de Juiz de Fora,


2012.

EDMINISTER, Joseph A. Teoria e problemas de eletromagnetismo. Porto Alegre:


Bookman, 2006.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 3. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2012.

HAYT, J. R.; WILLIAM, H. Eletromagnetismo. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

KRAUS, John Daniel. Electromagnetics. 4th ed. New York: McGraw-Hill, 1992.

MIRANDA, P. Força eletromotriz induzida. Universidade de Lisboa, 2010.

NASCIMENTO, Clovis et al. Eletromagnetismo. Universidade de São Paulo, 2012.

OLIVEIRA, Vagner; VEIT, Eliane; ARAÚJO, Ives. Uma proposta de ensino de


tópicos de eletromagnetismo via instrução pelos colegas e ensino sob
medida para o ensino médio. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

SADIKU, Matthew N. O. Elementos de eletromagnetismo. 5. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2012.

SAMBAQUI, Ana; MARQUES, Luis. Apostila de eletromagnetismo. Instituto


Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Santa Catarina, 2010.

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