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Eletrotécnica e

Eletrônica
PROFESSOR
Me. Fábio Augusto Gentilin

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula
Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head
de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda Sutkus de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine Cristina da Silva Gerência
de Design Educacional Guilherme Gomes Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência
de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo Ribeiro Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame

PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Galan Designer Educacional Antonio Eduardo Nicacio, Bárbara Neves,
Giovana Vieira Cardoso Curadoria Carla Fernanda Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira Editoração Matheus Silva
de Souza Ilustração Welington Vainer Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel, Matheus Alexander de Oliveira
Guandalini Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. GENTILIN, Fábio Augusto.

ELETROTÉCNICA E ELETRÔNICA. Fábio Augusto Gentilin. Maringá


- PR: Unicesumar, 2021.

320 P.
ISBN: 978-65-5615-873-0
“Graduação - EaD”.

1. Eletrotécnica 2. Eletrônica. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 621.31

Impresso por:
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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A UniCesumar celebra mais de 30 anos de história
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade,
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos Tudo isso para honrarmos a
diariamente para que nossa educação à distância nossa missão, que é promover
continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos a educação de qualidade nas
sobre quatro pilares que consolidam a visão diferentes áreas do conhecimento,
abrangente do que é o conhecimento para nós: o formando profissionais
intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. cidadãos que contribuam para o
desenvolvimento de uma sociedade
A nossa missão é a de “Promover a educação de
justa e solidária.
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade justa
e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um
gênio importante para o cumprimento integral desta
missão: o coletivo. São os nossos professores e
equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma
transformação na forma de pensar e de aprender.
É assim que fazemos juntos um novo conhecimento
diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos como este


produzidos anualmente, com a distribuição de mais de
2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos
acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos
EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta
Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10
maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário Quintana
diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda
o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as
pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a
sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Me. Fábio Augusto Gentilin

Olá, caro(a) estudante! É um privilégio poder participar desta etapa de


sua formação, compartilhando minha experiência com você, somando
conhecimento e contribuindo com a realização do seu objetivo que é
ser um profissional de grande sucesso.

Antes de começarmos os estudos neste livro, gostaria de fazer uma


pergunta a você que está projetando sua carreira: você sabe como tudo
começou para a minha carreira e o que faço em meu tempo livre? Fique
comigo e vou te explicar com detalhes!

Sou natural de uma zona rural de Maringá, cidade localizada no norte


do Paraná. Filho de imigrantes italianos, criado nos moldes tradicionais,
sempre tive curiosidade em descobrir o “porquê” das coisas. Ainda meni-
no, aos cinco anos, ficava tentando deduzir como seria o funcionamento
por dentro de uma fechadura, que mais tarde, ao ver desmontada, fez
todo sentido, pois a curiosidade me motivava (e ainda motiva).

Aos 13 anos já havia descoberto minha vocação para a eletrônica, passo


muito importante, que permitiu meu ingresso aos 15 anos em um curso
técnico por correspondência em eletrônica rádio e TV (na época não
Aqui você pode havia internet e as informações eram trocadas por cartas).
conhecer um
pouco mais sobre Meu entusiasmo pelo mundo da eletrônica só aumentava e meu tempo
mim, além das livre era para estudar, consertar, aprender cada vez mais. Parecia uma
informações do esponja que absorvia todo tipo de conhecimento técnico no tema Eletrô-
meu currículo. nica. Isso me proporcionou um gosto especial pela área que, mais tarde,
se tornaria o ponto mais alto de minha carreira: a docência.

Passei por algumas indústrias que somaram, aproximadamente, 10 anos


de experiência antes de ingressar na área acadêmica, onde até hoje atuo
aos 14 anos de carreira como professor do ensino superior.
Ainda enquanto jovem, eu sempre gostei de desenvolver circuitos e placas
eletrônicas, além de realizar manutenções em aparelhos onde os com-
ponentes em conjunto podiam realizar tarefas fantásticas, por exemplo,
os aparelhos de TV, videocassetes, CD players, computadores, aparelhos
de rádio, monitores de vídeo, impressoras a jato de tinta, impressoras
matriciais ou até a laser.

Sempre tentava entender a física por trás de tantas funções e isso me


fazia exercitar de uma forma velada um sentimento de humildade, pois,
ao estudar aqueles diagramas eletrônicos tão complexos, deparava-me
com a questão: “como podem ser tão inteligentes esses projetistas de
equipamentos tão fantásticos!? – será que um dia eu conseguirei desen-
volver algo tão interessante e útil?”. Até hoje estou me esforçando para
um dia chegar a isso.

Ainda continuo a desenvolver minhas pesquisas, hoje na área da instru-


mentação eletrônica e na área de veículos não tripulados de carga. Pre-
tendo, em um futuro próximo, ter alguns produtos que possam contribuir
com o nosso país nessas áreas que carecem de soluções nacionais viáveis.

No meu vídeo, convido você a saber mais sobre meu local de trabalho e
alguns detalhes técnicos que vão provocar a sua curiosidade. Não deixe
de assistir!

https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13936
REALIDADE AUMENTADA

Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.

RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM

Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido

PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo


Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line.
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
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ELETROTÉCNICA E ELETRÔNICA

Quando você abre o refrigerador em sua casa, em um dia quente, e pega aquela bebida gelada para se refrescar ou liga
o ar-condicionado em seu quarto para tornar o ambiente mais agradável, está fazendo uso de recursos que fazem parte
de um modo de vida moderno e dos quais, atualmente, somos todos dependentes. Um desses recursos é a energia
elétrica. Você, provavelmente, utiliza este recurso todos os dias, seja em casa ou no trabalho, mas, qual seria a utilidade
da energia elétrica se não existissem dispositivos feitos para serem utilizados com este recurso?
Com certeza, sem aplicações específicas, a energia elétrica não tem qualquer utilidade, por isso precisamos de dis-
positivos que a utilizem como força motriz para a execução das tarefas previstas para cada um. Por exemplo, um motor
elétrico precisa de energia elétrica para produzir movimento em seu eixo, já um amplificador de áudio utiliza a energia
elétrica para elevar o volume de um som, um forno elétrico precisa de energia elétrica para aquecer alimentos ou peças
em processos industriais, além, é claro, dos famosos dispositivos computacionais que quase todas as pessoas utilizam
atualmente, os smartphones, computadores, tablets, entre outros da mesma natureza.
É válido reconhecer que os dispositivos eletrônicos evoluem a cada dia, graças aos materiais cada vez menores e à
possibilidade de uso de software embarcado em pequenas plataformas de controle que possibilitam a implementação de
dispositivos inteligentes cada vez menores e mais poderosos em termos de funções e aplicações industriais e domésticas.
O preparo do profissional de mercado em um cenário moderno e competitivo deve prever o conhecimento de
um mundo computacional, ou seja, baseado na digitalização, processo este capaz apenas graças à eletrônica e aos
sistemas embarcados, logo, a importância de estudarmos estes temas, além dos assuntos relativos à energia elétrica,
evidentemente.
E você com certeza não quer ficar de fora desse conhecimento, não é mesmo? Afinal, você merece ser um profissional
de destaque, então corre logo fazer essa nossa experimentação, para ver o quanto você está antenado(a) no mundo
dos dispositivos movidos à energia elétrica.
Vamos começar o nosso estudo de um ponto inicial, em que você pode realizar uma simples busca pelos dispositivos
de sua casa, classificando-os em termos de potência elétrica.
Você, neste momento, deve relacionar 10 dispositivos que tenha em sua casa, os maiores que tiver, por exemplo,
refrigerador, forno de micro-ondas, chuveiro elétrico, ar-condicionado etc.
Anote em uma planilha o modelo, marca e tensão de funcionamento (127 V ou 220 V) de cada um, combinado com
suas potências logo na sequência, informação prevista em etiqueta normalmente posicionada na parte traseira dos
dispositivos, como no exemplo a seguir:

Item marca modelo tensão potência corrente


x zebra XYZ345 127 V 2000 W 15,75 A
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Após ter a relação de todos os dispositivos, faça uma conta simples para cada um deles, preenchendo o valor da
corrente que cada dispositivo necessita para funcionar com a tensão informada e a potência máxima prevista. A
conta é a seguinte:
Corrente = potência / tensão
Assim, para o item “x” da relação de exemplo, teríamos:
Corrente = 2000 / 127
Corrente = 15,75 A
Preencha todos os demais campos, de 1 a 10 com seus dispositivos e, ao final, some todas as correntes de todos eles.
Ao somar as correntes dos 10 dispositivos, compare o valor obtido com o valor da corrente de operação de seu
disjuntor no quadro de distribuição de sua casa.
Responda: quando todos os dispositivos estiverem ligados ao mesmo tempo, o disjuntor ainda permanecerá
ligado ou vai desligar o circuito?
Você deve ter observado que, ao olhar para os condutores de eletricidade utilizados em diferentes equipamen-
tos, é possível notar que, em alguns casos, o condutor é mais espesso, e em outros é mais fino, ou seja, eles podem
ter áreas de seção transversal maior e menor, respectivamente, mas afinal, qual a relação entre as dimensões dos
condutores e a potência dos equipamentos?
Além disso, o que ocorre quando aumentamos o número de dispositivos em uma instalação elétrica e não atua-
lizamos os condutores utilizados?
Há diferenças entre dispositivos alimentados em 220 V e 127 V, tratando-se do mesmo modelo e capacidade de
potência? Por quê?
Os sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica atuam para viabilizar o funcionamento
dos dispositivos elétricos e eletrônicos que fazem parte do modo de vida moderno. Sem a energia elétrica, certamente,
teríamos que retornar ao tempo onde as máquinas eram acionadas a vapor e um computador seria inviável. Imagine
como seria sua vida sem os dispositivos elétricos ou eletrônicos e ao mesmo tempo, sem a eletricidade.
Cada equipamento elétrico e eletrônico possui tecnologia própria e foi projetado para funcionar com a energia
elétrica, assim, seu uso e suas limitações dependem da gestão desse recurso de maneira apropriada, de modo a
contemplar condutores adequados, demandas, tempo de uso, entre outras características.
A eletrotécnica estuda os princípios elétricos aplicados na geração, transmissão e distribuição de energia e os
dispositivos elétricos que movimentam cargas, aquecem e iluminam ambientes, entre outras funções.
A eletrônica estuda os componentes, circuitos e dispositivos que atuam com semicondutores e demais elementos
presentes em equipamentos industriais e de uso residencial, permitindo o controle, conectividade, instrumentação
e demais tarefas que dependem da energia elétrica para seu funcionamento.
O uso combinado da eletrônica analógica e eletrônica digital, dos sistemas embarcados, e da eletrotécnica
possibilitam o controle sobre uma variável importantíssima sob o ponto de vista gestor de um Engenheiro de Produ-
ção, que é a eficiência energética.
O conjunto de informações relativas ao estudo da Eletrotécnica e da Eletrônica compõe os temas deste livro e se
dividem ao longo das 9 unidades para que você possa conhecer um pouco a respeito da Energia Elétrica aplicada e
seus efeitos.
O conhecimento destas tecnologias confere ao estudante entender os sistemas de geração, transmissão e distribuição
de energia elétrica, conhecimento que lhe permitirá analisar em uma indústria o perfil da carga e da demanda necessária
ao processo de manufatura, além de conhecer as principais medidas elétricas realizadas com o uso de instrumentos de
medição e seus métodos de segurança necessários para garantir o funcionamento de um processo industrial.
O leitor deste livro também deverá aplicar seus conhecimentos na identificação dos principais componentes
eletrônicos utilizados em circuitos presentes nos equipamentos industriais com suas diferentes tecnologias e aplica-
ções, inclusive no que tange a eficiência energética, viabilizando a análise dos principais métodos de acionamentos
de máquinas elétricas mais utilizados na indústria, a fim de inferir sobre sua viabilidade e utilização.
Ainda neste livro, o conhecimento agregado deve permitir ao estudante analisar os sistemas de iluminação de sua
planta industrial e inferir sobre as técnicas de luminotécnica necessárias.
Munidos das informações que norteiam nossos estudos, podemos, a partir de agora, relembrar alguns pontos
importantes e que compõe a base deste livro, de forma que você, estudante, deve preencher nos campos que se
conectam ao termo eletrotécnica e eletrônica, palavras-chave que destacamos na leitura feita até aqui, como no
exemplo “EFICIÊNCIA ENERGÉTICA”. Procure no texto anterior mais palavras em destaque e as escreva nos campos
em branco do mapa conceitual a seguir.
1
13 2
35
INTRODUÇÃO À MEDIDAS
ELETROTÉCNICA ELÉTRICAS

3
71 4
109
INSTALAÇÕES MÁQUINAS
ELÉTRICAS ELÉTRICAS E
ACIONAMENTOS

5 147 6
193
ELETRÔNICA ELETRÔNICA
DIGITAL
7 8
217 253
ELETRÔNICA ELETRÔNICA
ANALÓGICA APLICADA

9
277
INSTRUMENTAÇÃO
INDUSTRIAL
1
Introdução à
Eletrotécnica
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender sobre os


materiais condutores, semicondutores e isolantes utilizados em
eletrotécnica. Além de conhecer suas características, limitações e
aplicações que permitem a fabricação de componentes elétricos e
eletrônicos, utilizados para sistemas de distribuição de energia e
componentes eletrônicos.
UNICESUMAR

Quando pensamos em ligar um aparelho eletroele- isolar a corrente elétrica em aparelhos energizados,
trônico na tomada de nossas residências, normal- pois são materiais com características conhecidas
mente, pensamos na segurança envolvida neste pela humanidade desde sua origem.
processo, ou mesmo, na possibilidade de receber A necessidade em se limitar o contato com super-
um choque elétrico durante a ligação do dispositi- fícies energizadas é uma característica de segurança
vo. Ao mesmo tempo, desde que acompanhamos a aplicada aos equipamentos que possuem a eletricida-
existência dos equipamentos elétricos e eletrônicos, de como fonte de energia motriz ou de alimentação.
aprendemos a reconhecer os elementos que nos pro- Esta tecnologia implica na circulação de corrente
tegem do contato direto com a eletricidade e pode- elétrica dada em função de uma diferença de po-
mos observar que há um padrão construtivo neles. tencial. Para que esta diferença permaneça, além da
Da mesma forma, podemos observar que as di- segurança ao contato direto, devemos isolar um po-
mensões dos cabos que alimentam o ventilador são tencial do outro, assim os condutores de potenciais
diferentes das dimensões do cabo que energiza o (positivo e negativo ou sinais) são cobertos com uma
chuveiro elétrico, além disso, se olharmos atenta- capa isolante de material polimérico (considerado
mente pela janela e observarmos os cabos da rede não condutivo), deste modo, os potenciais não se
elétrica, notamos que há uma diferença de espessura misturam e a corrente elétrica pode circular nor-
(bitola ou diâmetro) para alguns cabos que condu- malmente pela carga alimentada.
zem a energia elétrica diretamente para nossas casas, Por outro lado, a necessidade por utilizar tecno-
respeitando sempre a um padrão, este que em regiões logias mais avançadas levou o homem a desenvolver
industriais da cidade, são totalmente diferentes da componentes de estado sólido (sem partes móveis)
área residencial. que pudessem substituir os elementos eletromecâni-
Temos também uma questão relacionada às cos (conhecidos como relés e válvulas). A partir daí,
dimensões dos aparelhos eletrônicos, que tem se passamos a ter o advento dos materiais que deram
apresentado cada vez menores, tornando-se mais origem aos diodos, transistores, circuitos integrados,
portáteis com baterias recarregáveis e telas intera- entre outros. O material responsável por tudo isso é
tivas, com tamanhos e recursos diversos, a exemplo classificado como semicondutor, com implemen-
dos aparelhos celulares e demais gadgets com incrível tações estáveis dadas em um período que ocorre,
capacidade de conectividade, interação, processa- principalmente, após a segunda guerra mundial. Esta
mento e armazenamento de dados. tecnologia se tornou indispensável para que tenha-
Você já havia observado tudo isso e saberia ex- mos os dispositivos eletrônicos dos quais nossas vi-
plicar como os materiais condutores, semiconduto- das se tornaram dependentes, desde smartphones,
res e isolantes podem contribuir para viabilizar os internet, computadores, carros, aviões e tantos outros.
exemplos citados? Procure observar os condutores que interligam
Nesta mesma linha de raciocínio, você sabe quais o chuveiro elétrico à rede da concessionária. Veja
propriedades permitem que os materiais exerçam a que eles possuem determinado diâmetro, resultan-
capacidade de isolar ou conduzir a eletricidade con- do em uma área dada em mm². Agora compare o
forme a necessidade, de modo a permitir a fabricação diâmetro do cabo do chuveiro com diâmetro do
dos dispositivos que utilizamos na atualidade? cabo utilizado para carregar a bateria do seu smart-
Os materiais isolantes são utilizados há muito phone. Você deve notar que há uma diferença entre
tempo, antes mesmo da sua necessidade direta em eles e existe um porquê!

14
UNIDADE 1

Nesta experimentação, iremos fazer uma análise dos diferentes casos citados para entendermos o
porquê de cada situação:

1ª situação: supondo que o chuveiro elétrico é alimentado em 220 V, com potência de


7000 W, com dois condutores de 4,0 mm cada, conduzindo uma corrente máxima de 32 A.
2ª situação: o carregador de baterias do smartphone, com cabo USB, considerando a ten-
são padrão de 5 V, com dois condutores de 0,644 mm (22 AWG) cada, conduzindo uma
corrente máxima de 1 A.

Com base nos exemplos do chuveiro e do smartphone, faça você um comparativo de diâmetros de
cabos de alimentação de dois aparelhos elétricos que você tenha em casa, podendo ser refrigerador,
aparelho de ar-condicionado, ferro de passar roupas, secador de cabelos, lavadora de roupas, cafeteira
etc., relacionando os mesmos parâmetros utilizados nos exemplos (tensão, corrente e potência), que
são dados na etiqueta de especificações elétricas de todos os aparelhos comercializados no Brasil.
O objetivo desse exercício é entender a relação entre a tensão e a camada de isolação aplicada e
entre a corrente e o diâmetro dos condutores em cada caso.
Vamos, agora, analisar cada caso para entender o porquê das dimensões da camada de isolação
e também dos diâmetros dos condutores de cobre. Vamos começar interpretando os números que
temos no Quadro 1:

Diâmetro dos Corrente Potência Tensão de


Dispositivo
condutores elétrica consumida alimentação

Chuveiro elétrico 4,0 mm 32 A 7000 W 220 V


Carregador
de baterias do 0,644 mm 1A 5W 220 V
smartphone
Refrigerador 2,5 mm 2,7 A 600 W 220 V
Aparelho de
ar-condicionado 4,0 mm 5A 1100 W 220 V
12000 BTUs
Ferro de passar
2,5 mm 4,5 A 1000 W 220 V
roupas
Secador de
4,0 mm 9A 2000W 220 V
cabelos
Lavadora de
2,5 mm 6,81 A 1500 W 220 V
roupas
Cafeteira 1,5 mm 2,7 A 600 W 220 V
Forno elétrico 4,0 mm 7,95 1750 W 220 V

Quadro 1 - Relação de dispositivos e suas especificações elétricas / Fonte: o autor.

15
UNICESUMAR

Observe que para os dispositivos dados nos exemplos, o diâmetro dos condutores varia de acordo
com a potência consumida por ele (W), enquanto a tensão de alimentação permanece constante, logo
há uma relação direta com a corrente de alimentação de cada equipamento, sendo que por definição,
o cobre, que é a principal matéria-prima utilizada para a fabricação de cabos elétricos, apresenta fun-
cionamento adequado para uma taxa de 3 A/mm² de área de condutor.
Assim, conclui-se que, para dispositivos com maiores potências, são necessários maiores diâme-
tros de cabo, enquanto para aparelhos de correntes menores, a espessura dos condutores é pequena,
mas a camada de material isolante é sempre a mesma, pois a isolação prevê proteção adequada para a
tensão de 220 V, que, na prática, suporta ainda mais do que este valor, pois normalmente há margens
de segurança para garantir a proteção de pessoas e equipamentos que atuam em eletricidade. E na
sua casa, qual a tensão e a potência de cada dispositivo? Você possui dispositivos alimentados em 127
V? Você já se perguntou por que, afinal, temos cabos com maior espessura do que outros ou quais as
diferenças entre um chuveiro elétrico de 7000 W, quando é alimentado em 220 V, e um modelo de
mesma potência que é alimentado em 127 V?

16
UNIDADE 1

Nesta unidade, estudaremos um pouco a respeito da Eletrotécnica e de suas principais características


sob a ótica de um Engenheiro de Produção, uma vez que, sob o ponto de vista do gestor do fluxo de
materiais, a contratação de demanda de energia elétrica representa um custo significativo e que deve
ser utilizado com responsabilidade.
Primeiramente, vamos incluir você, estudante, no universo da Eletrotécnica, conceituando alguns
pontos estruturais elementares que se fazem necessários para o entendimento do estudo até o final da
unidade. Quando nos referimos à eletricidade, nos deparamos com várias definições que se referem
ao movimento de elétrons em materiais condutores ou à presença de características elétricas de um
material em específico. Nesta unidade, abordaremos a eletricidade no âmbito prático, pressupondo
o campo de atuação do engenheiro de produção, mas sem deixar de lado os conceitos fundamentais.
Ao observarmos a natureza, notamos que nos dias mais secos (com baixa umidade relativa do ar)
é comum presenciarmos pessoas levando choques elétricos ao descer de seus carros ou ao tocar a
maçaneta de uma porta. É interessante notar a atração ou a repulsão que um copo plástico descartá-
vel sofre quando aproximamos as mãos dele depois de uma longa caminhada. Estes e muitos outros
efeitos naturais estão relacionados à eletricidade e fazem parte do nosso dia a dia (COTRIM, 2003).

17
UNICESUMAR

Basicamente, a Eletrostática e a Eletrodinâmica explicam claramente cada um dos fenômenos citados,


o que não é o objetivo deste livro, mas que precisam ser citados para o entendimento dos conceitos
futuros. A maioria (senão todos) dos materiais na natureza manifestam características elétricas de
acordo com a natureza de sua composição.
Sabemos que cada material é composto de moléculas e que cada molécula, por sua vez, é formada
pela ligação entre átomos com as suas próprias características eletrônicas, por exemplo, o número de
elétrons na sua camada de valência (órbita ou camada mais distante do núcleo). Esta característica
define a capacidade de condução de corrente elétrica que um determinado material possui.

Título: Ciência e Engenharia dos Materiais


Autor: Donald R. Askeland, 4ª edição
Olá, estudante! O conhecimento da ciência dos materiais permite o en-
tendimento da estrutura capaz de conduzir corrente elétrica e determina
o potencial que cada material representa e o classifica entre condutor,
isolante ou semicondutor.
Esta obra de Donald R. Askeland apresenta um sólido entendimento das
correlações entre a estrutura, o processamento e as propriedades dos
materiais – tema central na moderna Ciência dos Materiais. Traz um texto atualizado com as mais
recentes pesquisas e aplicações.

Antes de entrarmos no assunto dos materiais, façamos uma analogia que nos permita entender me-
lhor a função de cada estrutura. Por exemplo, quando falamos de corrente elétrica, nos referimos ao
movimento dos elétrons livres em um condutor, “pulando” de átomo em átomo vizinho, de modo a
configurar um movimento orientado pela polaridade do gerador ou fonte. Imagine se o condutor
elétrico fosse um tubo, e dentro dele introduzíssemos bolas de gude de modo a preencher todo o seu
volume interno. Este seria nosso condutor elétrico em repouso.
Se em uma das extremidades desse tubo conseguíssemos inserir uma bola de gude a mais, o
resultado seria que, neste momento, a bola de gude da outra extremidade seria empurrada pelas
demais e sairia do tubo, pois cada uma das bolas intermediárias empurra umas às outras de modo
a promover esta transferência de energia mecânica. Caso pudéssemos introduzir bolas de gude
ininterruptamente na entrada do tubo, teríamos, da mesma maneira, bolas na mesma proporção
saindo do outro lado do tubo, conforme mostrado na Figura 1.

18
UNIDADE 1

Tubo com bolas de gude em repouso

Tubo com bolas de gude em movimento


Força de Movimento
entrada resultante

Uma bola empurra a outra


Figura 1 - Corrente elétrica: analogia com um tubo e bolas de gude / Fonte: Gentilin (2019).

Descrição da Imagem:a figura mostra uma representação esquemática para entender o que é um condutor elétrico. Temos a ilustra-
ção de dois tubos com esferas representando bolas de gude em seu interior. Ambos possuem 8 bolas em seu interior, sendo que o
primeiro tubo possui suas bolas em repouso. No segundo tubo, há uma bola a mais em sua entrada e outra em sua saída (totalizando
10 bolas), de modo que, ao aplicar uma força de entrada (simbolizada por uma seta) na esfera do lado esquerdo, todas as outras são
empurradas e a última, à direita, muda de posição (simbolizando o movimento resultando). O movimento das bolas que transmitem a
força aplicada é análogo ao movimento dos elétrons no condutor.

Isto seria uma movimentação de bolas de gude dentro de um tubo e, portanto, uma “corrente de
bolas de gude”. Na eletricidade, as bolas de gude podem ser relacionadas com os elétrons e, nesta
analogia simples, o condutor seria o tubo, e a força que insere as bolas de um lado do tubo seria
como a diferença de potencial entre os polos da pilha.
Circuito elétrico simples
Chave

Pilha

Lâmpada

Fio

Figura 2 - Circuito elétrico simples

Descrição da Imagem: a figura mostra um circuito com uma pilha na posição vertical com polo positivo para cima e o polo negativo
para baixo. A pilha se encontra do lado esquerdo na imagem e seu polo positivo está conectado a um terminal de uma chave fechada
(localizado na parte superior e central da imagem). O outro terminal está ligado à uma lâmpada, que está do lado esquerdo na imagem.
Seu outro extremo conecta-se ao terminal negativo da pilha, fechando o circuito, em forma de retângulo.

19
UNICESUMAR

Corrente elétrica
Na Figura 2, observamos um circuito elétri-
Átomos dos
co composto de uma fonte de energia elétrica elementos metálicos
(pilha), condutores de cobre, um interruptor e
uma lâmpada. A pilha é o agente propulsor da Elétrons
livres
corrente elétrica, que só pode ocorrer se um
caminho fechado existir. Este caminho fechado
é o que denominamos de “circuito elétrico”.
Quando a pilha está carregada, afirmamos que
há uma diferença de potencial elétrico entre os po-
Nêutrons
los positivo e negativo da pilha. Isto significa que Prótons
há mais elétrons em um extremo da pilha (polo
negativo) do que no outro (polo positivo), então
há uma constante insistência desses elétrons pre-
sentes no polo negativo em se recombinar com o Figura 3 - Fluxo de corrente elétrica em um condutor metálico

polo positivo, pois, na natureza, há uma constante


Descrição da Imagem: a figura mostra um condutor metálico
necessidade de equilíbrio, que atua no sentido de em corte e uma representação dos elétrons livres, nêutrons e
prótons em seu interior dentro dos átomos do material que o
manter para cada carga positiva, uma negativa. compõe para representar a corrente elétrica.
Quando há um caminho para que esses elé-
trons possam sair do polo negativo e chegar até
o polo positivo, então há um circuito fechado, ou Perceba que quando todas as cargas positivas
circuito elétrico, assim como em uma corrida de do polo positivo receberem uma carga negativa,
carros, os quais percorrem uma pista fechada. Da podemos dizer que o sistema está em equilíbrio
mesma forma, os elétrons se locomovem no con- e, neste caso, a pilha está descarregada. Para
dutor de cobre. Uma vez estabelecido o circuito, facilitar o entendimento do estudo da corrente
os elétrons iniciam um movimento por meio elétrica, imagine que o átomo, provido, basica-
desse caminho impulsionados pela diferença de mente, de elétrons, prótons e nêutrons, possui
potencial da pilha, força esta que é tão intensa elétrons mais fortemente unidos ao núcleo. Es-
quanto maior for a diferença de concentração de ses elétrons apresentam maior dificuldade em
elétrons entre o polo positivo e o polo negativo. se libertar do núcleo do átomo e, por sua vez,
A Figura 3 mostra uma representação de um ocupam órbitas mais próximas do núcleo, já os
condutor elétrico sendo percorrido pela corrente elétrons mais distantes do núcleo estão fraca-
elétrica. Note que os elétrons “livres” são aqueles mente ligados ao núcleo, assim, se aplicarmos
que se deslocam de átomo a átomo no condutor. energia nesse átomo, por exemplo, energia po-
Para que esses elétrons possam ser livres, ou seja, tencial elétrica, esses elétrons posicionados na
se “libertar” de seus átomos originais e “saltar” camada de valência podem ser estimulados a
para o próximo átomo, é necessário que seja in- se desprender da órbita de seu átomo original
troduzida uma energia que, neste caso, se dá por e migrar para a órbita do átomo vizinho (como
conta da diferença de potencial entre os polos as esferas do tubo que assumem a posição das
positivo e negativo da pilha. outras quando empurradas).

20
UNIDADE 1

No momento em que os elétrons de um átomo entram em movimento de átomo em átomo,


temos o que conhecemos como corrente de elétrons ou “corrente elétrica”. É importante salientar
que um átomo com um elétron em sua camada de valência apresenta maior facilidade em for-
necê-lo para o processo descrito do que um átomo que tem mais de um elétron em sua última
órbita. A facilidade com que os elétrons se movimentam em um dado condutor depende das
características de cada material que o compõe. Este é um dos aspectos que classifica um material
como condutor, semicondutor ou isolante.
Normalmente, consideramos um material como condutor quando ele apresenta, em sua camada
de valência, um elétron (por exemplo, o cobre). A Figura 4 mostra a configuração de um átomo
de cobre, onde fica visível o único elétron em sua camada de valência.
Embora haja cobre em abundân-
cia na natureza, este material, 29 Cobre Cu
quando processado na forma de
condutores elétricos, é de custo
elevado e, muitas vezes, é mis-
turado a outros tipos de mate-
riais para conferir a resistência
mecânica necessária, assim, di-
ficilmente encontraremos con-
dutores comerciais compostos de
cobre puro.
Outros materiais que possuem
a mesma característica do cobre
em conduzir corrente elétrica
são, por exemplo, o ouro e a prata.
Estes materiais são de valor ex-
tremamente elevado, o que não
justificaria o uso em condutores
elétricos de uso comum, sendo
ambos utilizados na fabricação
de componentes eletrônicos es- Massa atômica: 63.546
pecíficos e em aplicações onde Configuração eletrônica: 2, 8, 18, 1
outras características exigem que Figura 4 - Átomo de Cobre (Cu): um elétron na camada de valência
os materiais em questão sejam
utilizados. A Figura 5 mostra a Descrição da Imagem: a figura mostra a configuração do átomo de cobre. Os elé-
trons dispostos em cada camada em torno do núcleo, onde a camada de valência
configuração eletrônica do ouro apresenta apenas um elétron, portanto, condutor.
e da prata.

21
UNICESUMAR

79 Ouro Au 47 Prata Ag

Au

Massa atômica: 196,96 Massa atômica: 107,86


Configuração eletrônica: 2, 8, 18, 32, 18, 1 Configuração eletrônica: 2, 8, 18, 18, 1
Figura 5 - Configuração eletrônica do ouro e da prata: (a) ouro e (b) prata. Um elétron na camada de valência

Descrição da Imagem: temos duas imagens lado a lado. Ambas mostram átomos em suas configurações eletrônicas. Do lado esquerdo,
temos o átomo de ouro, e do lado direito o átomo de prata. Cada um apresenta os elétrons que correspondem às suas estruturas e
um ponto em comum entre eles: apenas um elétron na camada de valência.

Materiais classificados como semicondutores simples apresentam, em sua composição, átomos de


um mesmo material com quatro elétrons em sua camada de valência (tetravalentes), como é o caso do
silício (Si) e do germânio (Ge), de acordo com a configuração eletrônica dada na Figura 6.

14 Silício Si 32 Germânio Ge

Massa atômica: 28.085 Massa atômica: 72,63


Configuração eletrônica: 2, 8, 4 Configuração eletrônica: 2, 8,18, 4
Figura 6 - Átomos de semicondutores: silício e germânio. Quatro elétrons na camada de valência

Descrição da Imagem: temos duas imagens mostrando dois átomos em suas configurações eletrônicas. À esquerda, o átomo de silício,
e à direta, o átomo de germânio, onde cada um apresenta os elétrons que correspondem às suas estruturas e um ponto em comum
entre eles: quatro elétrons na camada de valência, portanto, semicondutores.

22
UNIDADE 1

O Silício é encontrado e
em abundância na crosta Átomo de
terrestre e o seu processa- e Si e
Silício
mento produz inúmeras
aplicações como matéria- e
-prima para a fabricação
de diversas áreas, desde e e e e
pequenos componentes
eletrônicos até painéis e Si e e Si e e Si e e Si e
fotovoltaicos, utilizados
para a conversão de ener-
e e e e
gia solar em energia elétri- e e e e
ca. Quando um material
é composto puramente e Si e e Si e e Si e e Si e
de átomos de Silício (por
exemplo), temos a repre-
e e e e
sentação dada na Figura e e e e
7. Note que, para cada
elétron de um átomo, há e Si e e Si e e Si e e Si e
outro correspondente no
e e e e
átomo adjacente, assim,
não há predominância e e e e
negativa ou positiva, pois,
neste caso, temos uma e Si e e Si e e Si e e Si e
pastilha composta pura-
e e e e
mente por um único tipo
de átomo. Figura 7 - Ligação covalente de átomos de semicondutor (Si) / Fonte: Gentilin (2019).
Há derivações dos se-
micondutores que são Descrição da Imagem: essa figura mostra um átomo de silício acima e uma representação
abaixo de 16 átomos de silício juntos, formando uma molécula (ou pastilha) de silício, onde
necessárias para a fabrica- cada um dos quatro elétrons da camada de valência (de cada átomo de silício) se liga com o
elétron do átomo adjacente, formando ligações covalentes entre si.
ção de componentes ele-
trônicos que, por sua vez,
dependem da mistura de átomos de outros materiais com mais ou com menos elétrons em suas
camadas de valência, junto de uma estrutura-base constituída de átomos semicondutores. Este
processo é denominado dopagem e tem como objetivo atribuir ao material características elétricas
predominantemente positivas (P) ou negativas (N).

23
UNICESUMAR

Na fabricação de componentes eletrônicos como diodos, transistores e circuitos integrados,


é necessário produzir semicondutores do tipo P e do tipo N (Figura 8). Nos materiais do tipo P,
há maior concentração de portadores positivos denominados de “lacunas”, e nos materiais semi-
condutores do tipo N, há a predominância de portadores de cargas negativas, que são os elétrons.

Figura 8 - Semicondutores integrados: funções computacionais embarcadas

Descrição da Imagem: temos a imagem de uma placa de circuito impresso com componentes semicondutores soldados em sua
superfície, além de alguns componentes, como capacitores e resistores, cristal, diodos e transistores.

O processo de dopagem do semicondutor silício para se obter um material do tipo P consiste em


adicionar pequenas quantidades de átomos trivalentes, ou seja, com três elétrons em sua camada de
valência, como é o caso do alumínio, do gálio, do índio e do boro. Neste caso, a pastilha de material do
tipo P terá muitos átomos tetravalentes de silício e alguns átomos trivalentes de boro, por exemplo, e com
isto, haverá sempre a falta de um elétron para se recombinar com o elétron do átomo de silício, assim,
há o surgimento de uma estrutura denominada de “lacuna” (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).
As lacunas são classificadas como os portadores positivos do semicondutor. Quando há predo-
minância de lacunas em uma porção de material semicondutor, afirmamos que este material possui
portadores majoritários do tipo P (Figura 9).

24
UNIDADE 1

e e
Átomo de Átomo de
Silício e Si e B Boro
e e
(tetravalente) (trivalente)
e

e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
Lacuna
e e e e

e Si e e Si e B e e Si e

e e e e
e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
Figura 9 - Formação do semicondutor do tipo P: dopagem com elemento trivalente / Fonte: Gentilin (2019).

Descrição da Imagem: a figura mostra um átomo de silício e um átomo de Boro acima e uma representação abaixo de 15 átomos
de silício e 1 átomo de boro, juntos formando uma molécula (ou pastilha) de silício dopado com boro. Cada um dos quatro elétrons
da camada de valência (de cada átomo de silício) se liga com o elétron do átomo adjacente, formando ligações covalentes entre si e
para o átomo de boro, que tem apenas 3 elétrons na camada de valência, falta um elétron para se recombinar com o átomo de silício,
formando-se uma lacuna não preenchida, o que resulta na pastilha de semicondutor do tipo P.

Quando se deseja produzir materiais semicondutores com portadores majoritários do tipo N (mais
eletronegativos), utiliza-se o processo de dopagem do semicondutor com elementos pentavalentes,
assim, haverá mais elétrons sem recombinação no material. Alguns exemplos de materiais pentavalentes
utilizados na dopagem de semicondutores são: o antimônio, o arsênio e o fósforo, conforme Figura 10
(CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).

25
UNICESUMAR

e e
Átomo de e e Átomo de
Silício e Si e As Arsênio
(tetravalente) e e (pentavalente)
e

e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e Elétron
e “sobrando” e e
e e e e
e
e Si e e Si e e As e e Si e

e e e e
e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
Figura 10 - Formação do semicondutor do tipo N: dopagem com elemento pentavalente / Fonte: Gentilin (2019).

Descrição da Imagem: a figura mostra um átomo de silício e um átomo de arsênio acima e uma representação abaixo de 15 átomos de
silício e 1 átomo de arsênio, juntos formando uma molécula (ou pastilha) de silício dopado com arsênio. Cada um dos quatro elétrons
da camada de valência (de cada átomo de silício) se liga com o elétron do átomo adjacente, formando ligações covalentes entre si.
Para o átomo de arsênio, que tem 5 elétrons na camada de valência, sobra um elétron que não é recombinado com o átomo de silício,
que só tem 4 elétrons disponíveis e, desta forma, temos um elétron sem ligação, resultando na pastilha de semicondutor do tipo N.

Perceba que, o átomo de arsênio apresenta cinco elétrons, portanto, pentavalente. Quando este átomo
é combinado com átomos de silício, há “sobra” de elétrons, pois o silício só pode se recombinar com
quatro elétrons (tetravalente), então, o material composto da dopagem de semicondutor puro (Si ou Ge)
com elemento pentavalente (As) produz portadores majoritários negativos, e essa porção de material
é denominada de semicondutor do tipo N.
Praticamente todos os dispositivos eletrônicos utilizam semicondutores que são responsáveis pe-
las telecomunicações modernas, tendo larga utilização na fabricação de componentes eletrônicos e
optoeletrônicos utilizados em computadores, aparelhos de TV, smartphones etc.

26
UNIDADE 1

Olá, estudante! Neste momento, convido você a acompanhar este pod-


cast sobre tipos de dispositivos semicondutores, onde irei falar a respeito
dos principais componentes utilizados pelos equipamentos eletrônicos
da atualidade, como diodos, transistores, tiristores, MOSFETs, circui-
tos integrados, entre outros. Não deixe de acessar, vou falar sobre a
aplicação de cada um e você ficará surpreso de como depende desses
recursos em seu dia a dia e talvez ainda não saiba.

O LED (light-emitting diode), ou Diodo Emissor de Luz, é um tipo de semicondutor que emite luz
quando percorrido pela corrente elétrica. A sua cor é determinada pela sua dopagem, ou seja, pela
mistura de átomos de diferentes configurações eletrônicas ao semicondutor para produzir o efeito
luminoso desejado. A emissão de luz se dá no momento em que ocorre a corrente elétrica por
meio da junção semicondutora e o elétron salta de um nível de energia mais alto, para um nível de
energia mais baixo, emitindo luz neste processo, diferentemente dos diodos comuns, em que essa
energia é dissipada na forma de calor (GENTILIN, 2019).

É comum remeter a materiais como a borracha, o plástico e o vidro quando nos referimos a materiais
isolantes, pois estes materiais, normalmente, são utilizados quando o efeito de isolação é desejado.
Mas, afinal, isolação em relação a quê?
Quando nos referimos a materiais isolantes, é preciso lembrar que o termo isolante poderia se referir,
por exemplo, à isolação acústica ou à isolação térmica, mas não é este o contexto desta unidade, pois
este tópico se refere à isolação elétrica. Se é isolação elétrica, devemos isolar o que se refere ao elétron
em movimento, ok? Nesta linha de pensamento, devemos nos recordar do que foi apresentado nos
assuntos anteriores com uma breve ideia do que seria a corrente elétrica, que é a movimentação dos
elétrons em um meio condutor.
Esses elétrons que se movem devem estar em algum lugar para que possam sair se deslocando.
Nós vimos que eles fazem parte de um determinado átomo e, normalmente, são elétrons livres, pois
são fracamente presos ao núcleo e ficam posicionados na camada de valência. O que ocorre é que, na
maioria dos materiais isolantes, o número de elétrons presentes na camada de valência é de oito elé-
trons ou mais e, com isto, dificilmente seria possível fazer com que estes portadores de cargas negativas
entrassem em movimento, ou seja, promover a corrente elétrica em um material composto de átomos
com oito elétrons na camada de valência seria praticamente inviável, mas há limites!
Como devemos imaginar, na natureza, não encontramos todos os materiais compostos apenas por um
único tipo de elemento, ou seja, há combinações de impurezas com elementos-base em maior quantidade
e outros que conferem atributos desejados, como resistência à tração, pressão, temperatura etc. Impureza é

27
UNICESUMAR

toda a substância diferente do material mais predo- Equação 1: Primeira Lei de Ohm
minante na amostra, exemplo: boro é a impureza
adicionada ao silício para promover a dopagem e
a formação do material semicondutor do tipo P .
Contemplando essas características, observa-
mos que alguns materiais possuem a capacidade
de isolar eletricamente superfícies dentro de limi-
tes significativos, mas até quanto posso considerar
segura essa isolação? Vamos entender os limites.
Considere o circuito da Figura 11. A fonte de
tensão V é a responsável por “impulsionar” os elé-
trons a passarem pelo caminho sinuoso do resistor
R , logo a corrente elétrica I depende da intensi-
dade de força aplicada para ser maior ou menor.

Figura 12 - Georg Simon Ohm - físico e matemático alemão


(16 de março de 1789 - 6 de julho de 1854)

Descrição da Imagem: A imagem mostra uma ilustração em


grafite do busto de Georg Simon Ohm.

Figura 11 - Primeira lei de Ohm: a resistência e a corrente elé-


trica – dependência entre grandezas / Fonte: Gentilin (2019).

Descrição da Imagem: a figura mostra o desenho de um cir- Na próxima unidade, abordaremos com detalhes
cuito elétrico formado por uma fonte de tensão e um resistor
ligados em paralelo e a corrente formada como consequência.
cada elemento relacionado à corrente elétrica,
neste momento, observe apenas a relação entre as
grandezas. A intensidade de corrente I (medida
A equação que define o funcionamento desse cir- em Ampère) é diretamente proporcional à tensão
cuito é descrita pela primeira lei de Ohm (SA- V (medida em Volt). Isto significa que quanto
DIKU; ALEXANDRE, 2009). maior a tensão V , maior a corrente I . Em termos
de elétrons, significa mais elétrons passando pelo
V
R= = [W] condutor por intervalo de tempo. Mas o que isto
I
tem a ver com os materiais isolantes?
logo Sim! Os isolantes! Estes materiais têm a ver
com o denominador dessa Equação 1, a parte
V
I
= = [ A] chamada de resistência R (medida em W ). É
R
este o ponto. Imagine que o valor do resistor R

28
UNIDADE 1

da Equação 1 seja de 1.000.000 W . Se a tensão V for de 12 V , qual será o valor da corrente I no


circuito? Utilizando a Equação 1 e substituindo os valores, fica:

V 12
I 1, 2.10 5 A ou 12 mA
R 1.000.000

Se alterarmos o valor de R , diminuindo-o pela metade (para 500.000 W ), automaticamente o


valor da corrente dobraria, logo, conclui-se que a corrente é inversamente proporcional à resis-
tência, e quanto maior o valor da resistência, menor a corrente.
Os materiais isolantes são aqueles que apresentam valor de resistência elevada, logo, a cor-
rente que pode circular por meio deles é muito baixa ou insignificante. Então, todo material ou
meio que apresente oposição à circulação de corrente pode assumir características isolantes? Na
verdade, não, mas os materiais isolantes aplicados a pequenas diferenças de potencial (Volts) não
permitem fluxos de correntes ou são tão pequenas que chegam a ser desprezíveis.
Normalmente, para isolar a corrente elétrica, utiliza-se materiais como o plástico, a borracha,
a cerâmica, o fenolite, a fibra de vidro, o vidro, entre outros, mas lembre-se: a capacidade de isolar
a diferença de potencial que um dado material ou meio possui está relacionada a mais do que o
próprio material. Tem a ver com as condições climáticas (umidade relativa do ar), distância entre
os elementos, frequência dos sinais etc.

Há, no Brasil, normas que regulamentam as atividades profissionais e que, normalmente, fazem
referência à ABNT e, para o caso em questão, no que tange às instalações elétricas, temos a norma
ABNT NBR 5410, que se refere a instalações elétricas de baixa tensão.
Na NBR 5410, estão definidas as regras para instalações elétricas e aterramento, uso de materiais
isolantes, cuidados com a proteção e demais regras a serem seguidas pelo profissional que atua
em eletricidade na área de instalações elétricas. Já a norma que se refere à segurança em serviços
com eletricidade é a norma NR-10, que trata de procedimentos de segurança individuais e coletivas
(GENTILIN, 2019).

Para uma última análise sobre este assunto, podemos nos referir aos materiais isolantes quando
olhamos para uma placa de circuito impresso de um equipamento eletrônico, cujos componentes
estão isolados pelo material da placa que, normalmente, é de fibra de vidro, fenolite ou cerâmica,
já no caso de um poste, os condutores estão afastados por espaçadores ou isoladores ou, ainda,
agrupados, mas com capas de plástico capazes de isolar milhares de Volts, como podemos ver
na Figura 13.

29
UNICESUMAR

Em nossas casas, é comum ob-


servarmos as tomadas e os plu-
gues que interligam os eletrodo-
mésticos à rede elétrica, todos
revestidos de plástico, mas, por
dentro, possuem terminais com
potenciais elétricos de elevado
valor e, portanto, devem ser
protegidos do contato direto ou
acidental. A Figura 14 mostra
um exemplo comum do uso de
tomadas elétricas em uma ré- Figura 13 - Condutores elétricos isolados: a capa plástica isola os materiais conduto-
gua. Este caso é bastante crítico res de potenciais.

e oculta um perigo silencioso


Descrição da Imagem: a figura mostra quatro condutores isolados, cada um de uma
que pode originar incêndios e cor diferente, sendo envolvidos por uma camada isolante comum aos quatro, em que
está montada uma malha de aterramento e em sua camada externa há uma camada
catástrofes, dependendo da si- de isolação de material polimérico constituindo um cabo multipolar.
tuação.

Figura 14 - Régua de tomadas: sobrecarga silenciosa

Descrição da Imagem: a figura mostra uma régua de tomadas, onde temos 2 tomadas ligadas diretamente nela e mais dois adaptadores
que ampliam a capacidade para ligar mais dispositivos. Ao todo temos 8 dispositivos que estão todos plugados em seus conectores.

30
UNIDADE 1

O corpo humano não é um organismo elétrico e, no entanto, todas


as suas células recebem estímulos elétricos por meio de membranas.
Este potencial elétrico é produzido por um gradiente eletroquímico
que, por meio do sistema nervoso central, atua nos tecidos dos
músculos e resulta nos movimentos.
O que ocorre é que o potencial elétrico enviado aos tecidos
para promover um movimento é muito pequeno, da ordem de
 3

milivolts 1 mV  0, 001 V ou 10 V . Quando recebemos
um choque elétrico, o potencial normalmente é da ordem de
Volts (ou de centena de Volts), e o impacto que nosso organis-
mo recebe é semelhante ao de realizar um esforço descomunal
(COTRIM, 2003). O impacto desta exposição a um potencial
muito elevado resulta em contrações musculares de mesma pro-
porção, ou seja, de milhares de vezes a intensidade normalmente
recebida pelo organismo.
Embora um homem adulto tenha 65% de seu corpo constituído
por água, temos outros tecidos e demais elementos que constituem
ossos e órgãos e que juntos apresentam dada resistência à circulação
dos elétrons da ordem de 500 a 500.000 W , dependendo da parte
do corpo e de cada indivíduo. Desta forma, podemos estimar o
valor da corrente elétrica que um choque elétrico pode promover
por meio dos tecidos do corpo humano (COTRIM, 2003).
Chegamos ao final desta unidade, onde estudamos o compor-
tamento dos materiais condutores, isolantes e semicondutores,
compondo informações fundamentais para o entendimento dos
assuntos que abordaremos nas próximas unidades, onde a corrente
elétrica atua de acordo com a tensão e produz efeitos importantís-
simos, os quais utilizamos todos os dias e impactam diretamente
sobre nosso modo de vida.
O estudo desta unidade agrega conhecimentos acerca dos tipos
de materiais que são frequentemente utilizados na fabricação de
elementos condutores, semicondutores e isolantes. Estes conheci-
mentos são importantes para que você possa atuar em ambientes
profissionais onde há equipamentos e máquinas elétricas operando,
como indústrias de manufatura, indústrias de alimentos, indús-
trias químicas e petroquímicas, indústria eletrônica e indústrias
de processamento de matéria-prima em geral. Nestes ambientes,
a análise de cada caso, deve ser realizada para permitir o correto
dimensionamento de condutores e elementos de isolação para
proteção de pessoas e equipamentos.

31
Chegamos ao final desta unidade e agora podemos recordar os principais elementos que apren-
demos até esta etapa, por meio de um mapa conceitual, com os principais termos, onde você
poderá associar ao eixo da Introdução à Eletrotécnica. Com base nos termos associados à
Eletrotécnica, você deve criar seu próprio mapa conceitual, com o significado para cada termo em
suas posições correspondentes. Segue um exemplo com as palavras que você pode utilizar e colo-
car os significados

Semicondutores
Corrente elétrica

Condutores
Isolantes
ELETROTÉCNICA
Resistência elétrica

Semicondutor do tipo N

Semicondutor do tipo P

Circuito elétrico

32
1. Os diodos são os componentes responsáveis por várias ações em circuitos, como a retificação
e regulação de sinais. Dentre os materiais utilizados na fabricação de diodos, há várias tecno-
logias que permitem afirmar que:

a) Os diodos podem ser fabricados em ouro, pois apresenta ótima qualidade, porém, alto custo.
b) Os diodos são fabricados de SiO2 que representa uma fusão de dióxido de enxofre com silício,
extremamente forte e ótimo semicondutor.
c) Os diodos Zener apresentam a capacidade de regular a corrente de um circuito.
d) Os materiais mais utilizados para a fabricação de diodos são o Silício, o Germânio e o Per-
manganato de potássio enriquecido.
e) Os diodos semicondutores são fabricados em Silício e Germânio e recebem a dopagem de
elementos trivalentes e pentavalentes com o intuito de se produzir pastilhas do tipo “p” e do
tipo “n”, respectivamente.

2. Os materiais semicondutores permitem a fabricação de diodos, transistores e circuitos inte-


grados. Sobre os materiais semicondutores, é correto afirmar que:

a) Os materiais do tipo “n” podem ser produzidos a partir de uma mistura de bauxita e titânio
junto do silício, pois são materiais com muitos elétrons livres.
b) As pastilhas de silício do tipo “p” podem ser obtidas misturando-se elementos pentavalentes
ao silício, pois diminuiria os elétrons livres, ficando mais positivo.
c) Quando uma pastilha é do tipo “n” significa que ela é composta de um semicondutor e de
elementos pentavalentes, por exemplo: antimônio, o arsênio e o fósforo.
d) Quando um elétron sobra em uma ligação entre semicondutor e materiais dopantes, significa
que o resultado será uma pastilha do tipo “p”.
e) Os semicondutores são conhecidos por possuírem uma estrutura tetravalente composta de
6 elétrons na camada de valência.

33
3. A formação de pastilhas de semicondutores do tipo P e N depende da dopagem de um semi-
condutor tetravalente com átomos de materiais trivalentes ou pentavalentes. Dada a figura a
seguir, assinale a alternativa correta:

e e
Átomo de e e
Silício e Si e
(tetravalente) e e
e

e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e Elétron
e “sobrando” e e
e e e e
e
e Si e e Si e e e e Si e

e e e e
e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
e e e e

e Si e e Si e e Si e e Si e

e e e e
Fonte: Gentilin (2019).

a) Trata-se da representação da formação de uma pastilha do tipo “n”, pois o elemento associado
ao silício possui menos elétrons que o semicondutor.
b) Refere-se à composição de uma pastilha do tipo “n”, uma vez que o átomo misturado ao se-
micondutor possui 5 elétrons na camada de valência e, assim, o elétron que sobra representa
que a pastilha terá portadores majoritários negativos.
c) Refere-se a uma pastilha do tipo “n”, pois o arsênio é um elemento pentavalente e, com isso,
um elétron não se recombinará com o silício, com isso, a pastilha terá portadores majoritários
positivos.
d) A Figura 15 apresenta a dopagem na etapa de fabricação de uma pastilha do tipo “p”, onde
um elemento trivalente é associado ao semicondutor.
e) Trata-se de uma pastilha do tipo “p” porque o elétron livre é trocado na ligação dativa e, assim,
fica positivamente polarizado.

34
2
Medidas elétricas
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, o estudante terá a oportunidade de aprender sobre


as principais medidas elétricas e suas relações, a fim de interpretar o
funcionamento de dispositivos elétricos e inferir sobre seu consumo
de energia, por meio da interação entre as variáveis relacionadas:
tensão, resistência, corrente, potência, trabalho e energia.
UNICESUMAR

Você já se deparou com aquela situação onde olhou para a conta de energia
elétrica e não entendeu o porquê do valor apresentado? Ou mesmo ficou
sem entender por que, ao tocar entre os polos positivo e negativo de uma
bateria de carro, não sentimos choque elétrico, enquanto que, se tocarmos
no condutor fase da tomada, a experiência é tão desagradável a ponto de
até causar a morte de uma pessoa?
A relação de dependência entre as variáveis resistência, tensão e corrente
elétricas definem como o sistema elétrico pode operar em termos de limi-
tações físicas e suas interações em máquinas, instrumentos e, até mesmo,
em tecidos do corpo humano.
Há muito tempo, aprendemos a respeitar os efeitos da eletricidade, sejam
estes, aplicados no funcionamento de máquinas industriais em ambientes
profissionais e também máquinas de uso doméstico, efeitos estes que relacio-
nam a potência de cada aplicação diretamente com a tensão de alimentação
disponível e a corrente consumida pelo dispositivo, de acordo com a carga
representada (resistiva ou indutiva).
Quando alimentamos cargas com tensão elétrica, temos como re-
sultado o consumo de energia que leva em consideração a potência
consumida pelo equipamento durante determinado intervalo de tempo,
potência esta que depende da tensão e da corrente elétrica circulante em
seus condutores de alimentação.
A energia elétrica, então, representa um indicador importante que devemos
sempre relacionar com o consumo que nossos equipamentos representam em
termos de cargas que podem ou não ser viáveis em nossas casas ou empresas,
dado que seu uso deve se justificar diante do custo que sua operação representa
dentro de um processo produtivo.
O conhecimento das variáveis mais frequentemente utilizadas na eletrotécni-
ca é de extrema importância para a interpretação e análise dos sistemas elétricos
aplicados na alimentação e manutenção de processos produtivos industriais e
confere poder de inferência ao profissional que domina essa tecnologia para fins
gestores com indicadores de desempenho energéticos, agregando a capacidade
de tomadas de decisões estratégicas na cadeia de gestão de uma empresa.
Agora, sugiro a você analisar a instalação elétrica de sua residência e, ao
identificar os dispositivos elétricos instalados, listar 10 equipamentos que mais
consomem energia elétrica, em ordem decrescente de potência.
Este exercício vai fazer você pensar a respeito de qual dispositivo con-
some mais energia e quanto tempo você utiliza cada um enquanto realiza
suas tarefas diárias.
Para listar os equipamentos, você deve preencher uma lista, conforme o
exemplo dado no item 1, na sequência da Tabela 1.

36
UNIDADE 2

Tensão de Potência Tempo de uso


Item Nome do dispositivo
alimentação (V) elétrica (kW) diário médio (h)

1 Chuveiro elétrico 220 5,4 0,25


2
3
4
5
6
7
8
9
10
Tabela 1 - Listagem de dispositivos de uma residência / Fonte: o autor.

Com os dados obtidos no levantamento feito de seus dispositivos, agora é possível determinar qual o
custo do uso destes, uma vez que, de posse do valor da tarifa paga em sua região por kWh, por exem-
plo, R$ 1,00 por kWh, basta multiplicar o valor da potência consumida por unidade de tempo, que,
no nosso caso, é de 0,25 hora (o que equivale a 15 minutos diários) e totalizar, ao final, multiplicando
o resultado por 30, criando uma coluna a mais na sua tabela com o custo mensal médio para o uso de
cada equipamento. Anote seu memorial de cálculo e resultados aqui no Diário de Bordo.

37
UNICESUMAR

Na natureza, há diversas variáveis que foram no-


meadas para que possamos interagir e estudar os
fenômenos que nos cercam. Estes nomes, muitas
vezes, remetem ao sobrenome do pesquisador que
descobriu o efeito, como a grandeza temperatura
que, na maioria dos países, é medida em Celsius,
em homenagem ao astrônomo sueco Anders Cel-
sius (1701-1744), ou a grandeza potência que é
medida em Watts em homenagem às descobertas
realizadas por James Watt (1736-1819).
Além destes exemplos, há muitos casos onde
grandezas importantes e frequentes em nosso
meio se manifestam e recebem denominações
relacionadas aos seus respectivos pesquisadores.
Nesta seção, serão abordadas as principais gran-
dezas elétricas mais utilizadas e as suas caracte-
rísticas: tensão, corrente e resistência elétrica. Figura 1 - James Watt - matemático e engenheiro britânico.
Viveu entre 19 de janeiro de 1736 e 25 de agosto de 1819
As três primeiras grandezas estudadas na
maioria dos cursos que envolvem a eletricidade, Descrição da Imagem:a imagem apresenta o esboço em gra-
fite do cientista James Watt.
definitivamente, são essas: a resistência, a tensão e
a corrente. Para explicar cada uma delas, devemos
retornar o nosso olhar para as seções anteriores,
onde falamos a respeito da Primeira Lei de Ohm é um tipo de tensão proveniente da conver-
(SADIKU; ALEXANDER, 2013). são eletromecânica de energia (LOURENÇO;
A tensão elétrica é a força que impulsiona os CRUZ; JUNIOR, 1996).
elétrons, é o agente motivador, que faz com que
eles entrem em movimento. É comum associar f .e.m=. V= R.I = [V ]
a tensão elétrica com a força eletromotriz, que Equação 1

38
UNIDADE 2

Normalmente, já temos o contato com a tensão elétrica logo cedo, quando ainda somos crianças e
ganhamos um brinquedo eletrônico que precisa de pilhas para funcionar. Se você pegar a sua pilha
e olhar nas inscrições laterais, deverá ver algo em torno de 1, 5 V . Esse é o valor da tensão da pilha.
É o valor da capacidade que a pilha tem em “empurrar” os elétrons por meio dos condutores em um
circuito fechado. Quanto maior a tensão, maior a corrente elétrica.
As pilhas e as baterias são classificadas como acumuladores ou fontes de tensão. Há diferentes
tipos de acumuladores, sendo recarregáveis ou não e possuem diferentes tensões disponíveis, como:
1, 2 V ; 1, 5 V ; 3 V ; 6 V ; 9 V ; 12 V ; 24 V etc. (Figura 2).
Os acumuladores recarregáveis podem ter valores diferenciados, de acordo com o seu projeto, por
exemplo, 4, 7 V , encontrado em baterias de aparelhos celulares ou em células de baterias de laptops.

Figura 2 - Diferentes modelos de acumuladores: pilhas e baterias

Descrição da Imagem:a imagem apresenta uma foto de vários modelos de pilhas diferentes, que representam fontes de tensão elétrica.

A tensão elétrica é medida em Volt ( V ) e representada pela letra u , fazendo menção ao físico
italiano Alessandro Volta (1745-1827), desenvolvedor da pilha elétrica, em 1799. A tensão é aquela
grandeza que se relaciona com a diferença de potencial (também dada em Volt), que se refere à
comparação entre dois pontos com cargas.
Quando há diferença de concentração de cargas, então podemos dizer que a diferença de po-
tencial (d.d.p.) é diferente de zero, e podemos, com isso, promover o fenômeno da corrente elétrica.
O instrumento utilizado para medir a tensão elétrica é o voltímetro (Figura 3) e normalmente se
encontra nos formatos digital e analógico.

39
UNICESUMAR

a b

Figura 3 - Voltímetros (a) analógico e (b) digital (uma das funções do multímetro)

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas fotos de instrumentos de medição de tensão, em (a) um voltímetro analógico dotado
de um ponteiro que aponta valores em escalas impressas ao fundo de seu mostrador, e em (b) é exibida a foto de um multímetro
moderno digital, que tem em uma de suas funções a escala de voltímetro.

A medição de tensão pode


ocorrer a partir de uma
bateria, pilha ou fonte de
alimentação, que são exem-
plos de fontes de tensão. A
Figura 4 mostra um exem-
plo de medição de tensão
elétrica em uma fonte de
alimentação de bancada:
A Figura 4 apresen-
ta, à esquerda, a fonte de
alimentação de bancada,
que pode ser ajustada para
fornecer valores de tensão
possíveis entre os limites
de 0 a 30 V e, à direita, o
multímetro digital, instru-
mento multimedidas, com
a escala de tensão selecio-
nada. Na Figura 5, o dia-
Figura 4 - Medição de tensão elétrica em fonte de alimentação ajustável / Fonte: o autor.
grama elétrico representa
os instrumentos conforme Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto de um setup formado por uma fonte
de alimentação eletrônica variável e um multímetro digital na escala de tensão em corrente
a Figura 4 (fonte de tensão contínua, realizando a medição da tensão de saída da fonte (ligação em paralelo).
e voltímetro).

40
UNIDADE 2

Figura 5 - Diagrama elétrico de medição de tensão: fonte de tensão e voltímetro / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o desenho do símbolo de uma fonte de tensão associada em paralelo com o símbolo de
um voltímetro.

Para realizar a medição da tensão elétrica, utili-


za-se o voltímetro associado em paralelo com a
fonte de tensão, posicionando os terminais do
instrumento com a polaridade de acordo com a
do instrumento (positivo do voltímetro no polo
positivo da bateria, ou gerador e negativo do vol-
tímetro no polo negativo da bateria ou no gera-
dor). A polaridade invertida pode ser visualizada
com o sinal de negativo (-) na tela do voltímetro
digital, mas pode representar a colisão da agulha
do voltímetro analógico, causando avarias. Logo,
faz-se importante identificar a polaridade antes
de utilizar instrumentos analógicos.
b

A tensão pode ser: Vcc e Vca, que significam tensão em


corrente contínua e tensão em corrente alternada, respec-
tivamente, devido ao seu comportamento no domínio do
tempo. A tensão contínua é aquela que encontramos nos
terminais de uma pilha ou de uma bateria e tem polari- Figura 6 - Bateria veicular (a) e bateria para dispositivos
portáteis; (b): identificação dos polos positivo e negativo
dade constante no tempo, ou seja, uma vez que tenhamos
uma diferença de potencial, esta será entre dois terminais Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas ima-
gens, sendo uma com um desenho representativo de
fixos positivo (+) e negativo (-). A Figura 6 mostra exem- uma bateria veicular e a outra a foto de uma bateria uti-
plos de baterias e seus polos positivo e negativo distintos lizada em aparelhos eletrônicos. Em ambos os exemplos
há a identificação dos polos positivo (+) e negativo (-).
(LOURENÇO; CRUZ; JUNIOR, 1996).

41
UNICESUMAR

A tecnologia desenvolvida até o nosso tempo aprendeu a armazenar energia de diversas maneiras,
seja na contenção de águas para acionar turbinas em uma hidrelétrica ou na compressão de molas
para realizar esforço e, além disso, há a possibilidade de armazenar energia elétrica (em corrente con-
tínua) por meio do uso de baterias, que recebem este nome pelo fato de poderem ser recarregadas.

O sinal de tensão sempre corresponde a uma referência que chamamos de potencial zero ou “negativo”,
assim, a diferença de potencial ocorre entre o terminal negativo até o terminal positivo. Se o valor da
tensão for de 1, 3 V , significa que há potencial de 1, 3 V entre o terminal negativo e o terminal positivo.
A tensão Vcc  é contínua no domínio do tempo. No entanto, essa denominação permite haver a
variação do valor da tensão dentro dos limites fixados entre os terminais positivo e negativo.
Vejamos o exemplo dado na Figura 7. No tempo t1 , a tensão era de 12, 7 Vcc , e no tempo t2 , a
tensão passou a ser 11, 8 Vcc . Perceba que mesmo o valor da tensão sofrendo variação, ela permanece
contínua, pois se refere a uma variação com referência ao terminal negativo (zero) e que permaneceu
dentro do quadrante, sem alternância para nível inferior à referência.

U (V) Voltímetro
12,7
Polo negativo – + Polo positivo
11,8
– +

BATERIA

0
t1 t2 t (min)
Figura 7 - Tensão de descarga da bateria: valor contínuo variável / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico que mostra o comportamento da tensão de descarga de uma bateria no domínio
do tempo e a maneira de realizar a medição de tensão em paralelo, com o desenho de uma bateria e um voltímetro associado em paralelo.

Caso a tensão tenha um comportamento variável de um valor máximo positivo até um valor máxi-
mo negativo, passando pela referência zero, podemos classificar esse sinal de tensão como de tensão
alternada, assim denominado Vca .
Normalmente, a tensão alternada tem esse comportamento devido à forma com que foi produzida:
em uma máquina rotativa conhecida como alternador (Figura 8).

42
UNIDADE 2

Essa máquina faz parte do que conhe-


cemos como gerador que, acionado
por uma força externa (queda d’água de
uma represa em uma hidrelétrica, motor
a combustão interna de um gerador esta-
cionário etc.), produz a tensão alternada
de acordo com a velocidade de rotação do
eixo e o seu movimento circular.
Se nos recordarmos da trigonometria,
podemos pensar em termos de funções
e, assim, explicar melhor o que ocorre.
Veja, na Figura 9, que a partir de 0° para a
Figura 8 - Alternador utilizado em geradores de energia elétrica: tensão
direita da interseção dos eixos x e y , po- alternada
demos ver o avanço do sinal aumentando
seu valor de 0 até 1 em y , atingindo o Descrição da Imagem: a imagem apresenta um alternador em corte
com vista das partes internas.
p
ponto  90 . Depois deste momento,
2
o sinal diminui de 1 até zero em y no
ponto onde o eixo x é igual a p  180 .
Note que, deste ponto em diante, o si-
nal inicia uma jornada que se dá abaixo
do eixo " x " , produzindo valores negati-
vos de " y " . Quando isto ocorre, dizemos
que o sinal tende a −1 e atinge esse valor

p
em 3  270 .
2
Logo após esse ponto, o sinal retorna
ao ponto zero em 2p  360  0 , fina-
lizando o seu ciclo de trabalho ou ope-
ração, definindo o seu período. Deste
momento em diante, o sinal começa um
novo ciclo idêntico ao anterior.
Este processo ocorre de maneira se-
melhante no gerador de tensão alternada.
Cada giro completo do eixo da turbina
ou da máquina síncrona é um período
Figura 9 - Função seno: comportamento que descreve a tensão alter-
completo, de 0 a 360° e, por convenção, nada
deve ter esse comportamento cíclico 60
Descrição da Imagem: a imagem apresenta o gráfico de comportamen-
vezes por segundo, caracterizando, assim, to de um sinal senoidal onde, no eixo, “y” temos a amplitude com valor
a frequência de 60 Hz da rede elétrica máximo igual a 1 e no eixo “x” temos o domínio medido em valores de
p desde −2p até2p .
que temos no Brasil.

43
UNICESUMAR

Para entender um pouco da geração de tensão alternada, convenhamos que, quando o eixo
de um alternador está em repouso, este está no referencial zero. Quando o seu eixo inicia o seu
movimento, os seus terminais iniciam a conversão de energia mecânica aplicada no eixo em
energia elétrica, comportando-se de acordo com a função seno já recapitulada anteriormente
(KAGAN; OLIVEIRA; BORBA, 2005).

Você já pensou sobre armazenar energia elétrica em corrente alternada? Como seria o equipamento
capaz de armazenar tensão elétrica alternada? Quais seriam as vantagens em se investir em um
projeto que faça isto?

Figura 10 - Gerador de uma fase: sinal alternado de tensão (Vca)

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama representativo de um gerador de tensão alternada monofásico, onde é
possível ver, à esquerda, as partes internas tendo comportamento rotacional em torno de um eixo, formando o rotor com campo
magnético rotativo, que gira dentro de um espaço confinado e cercado de bobinas que são cortadas pelo fluxo magnético induzido
pelo campo girante do rotor, produzindo como resultado o sinal dado à direita que varia de 0 até 360°, de acordo com a rotação do
eixo da máquina, produzindo como resultado um sinal senoidal.

Agora, você pode entender de maneira mais clara como ocorre a formação do sinal de tensão alternada.
Converta apenas as coordenadas dadas entre as Figura 9 e Figura 10, entendendo que onde chamamos de “ y
”, na Figura 9, é amplitude de tensão na Figura 10, e o que é “ x ” na Figura 9 é ângulo em graus na Figura 10.

44
UNIDADE 2

Veja, na Figura 10, que em 0° , a amplitude de tensão é igual a zero. Na medida em que o eixo
inicia o seu movimento (semiciclo positivo) variando de 0° até 90° , a amplitude aumenta até
o seu valor máximo, que poderia ser 127 V , 220 V , dependendo da capacidade do alternador.
Quando o movimento ultrapassa os 90° , a amplitude diminui até novamente encontrar o ponto “
0 ”, onde o ângulo é de 180° . Deste ponto em diante, tem início o semiciclo negativo e a alternância
de positivo para o negativo (por este motivo é que se denomina alternada a amplitude de tensão).
Partindo dos 180° para os 270° , o sinal alternado de tensão diminui até atingir o seu valor
extremo negativo, que seria −127 V , −220 V , dependendo do gerador, pois a polaridade do sinal
(-) indica que o valor da tensão é negativo em relação à referência zero. Após este ponto, o sinal
aumenta novamente e chega até os 360° com zero de amplitude ( 0 V ). É neste momento que se
inicia um novo período.
O sistema de geração mostrado representa a geração monofásica de tensão alternada. A Figura
11 mostra como são os sinais provenientes de um gerador trifásico, onde cada fase produz tensão
com frequência de 60 Hz , mas com defasagem de 120° entre si.

Figura 11 - Alternador de um gerador trifásico: fases defasadas em 120° entre si.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama representativo de um gerador de tensão alternada trifásico, onde é possível
ve,r à esquerda, as partes internas tendo comportamento rotacional em torno de um eixo formando o rotor com campo magnético
rotativo, que gira dentro de um espaço confinado e cercado de bobinas que são cortadas pelo fluxo magnético induzido pelo campo
girante do rotor, produzindo como resultado o sinal dado à direita que varia de 0 até 360°, de acordo com a rotação do eixo da máqui-
na, produzindo como resultado três sinais senoidais defasados de 120° entre si.

Este tipo de gerador (trifásico) é útil em instalações industriais onde há máquinas acionadas meca-
nicamente por motores elétricos.

45
UNICESUMAR

Já lhe ocorreu que, em dias secos, após uma caminhada ao ar livre, quando você se aproximou de
alguém ou de um objeto e estendeu a sua mão, antes mesmo de tocá-lo, houve um choque elétri-
co? Uma faísca? Este fenômeno só ocorre quando há diferença de potencial entre os corpos que
se aproximam até uma distância suficiente para, desta forma, a isolação do ar não ser o bastante
para impedir que os elétrons do corpo mais eletronegativo migrem ao outro corpo, a fim de se
recombinar com as outras cargas de potencial positivo.

A corrente elétrica é a grandeza que só


existe se houver um caminho fechado
para sua circulação, conforme a Figura
12. Este conceito, geralmente, é aplica-
do a circuitos elétricos com condutores
metálicos, mas também sabemos que há
circulação de corrente elétrica por ou-
tros meios, como gases, líquidos e mate-
riais sólidos não metálicos, dependendo Figura 12 - Corrente elétrica: dependência de um caminho fechado para
fluir / Fonte: o autor.
da tensão e da frequência aplicadas.
A Figura 13 mostra um instrumento
Descrição da Imagem: esta imagem apresenta um diagrama elétrico com
conhecido como amperímetro, utiliza- uma fonte de tensão (V) à esquerda ligada em paralelo a um resistor (R)
à direita e a corrente “I” sendo representada com sentido que vai do polo
do para medir a intensidade de corrente positivo da fonte de tensão para o resistor.
elétrica em um circuito.

Figura 13 - Amperímetro: instrumento utilizado para


medir corrente elétrica

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a foto de


um instrumento analógico dotado de uma escala im-
pressa com valores variando de 0 a 200 com unidade de
medida “A”, o que denota um amperímetro analógico.

46
UNIDADE 2

A Figura 14 apresenta um
exemplo de medição de cor-
rente, onde a fonte de tensão
impulsiona os elétrons a cir-
cularem pelo circuito e pela
carga alimentada (resistor).
Na Figura 15, é exibido
o diagrama elétrico da me-
dição de corrente elétrica.
Observe que o amperíme-
tro deve ser associado em
série com a carga alimen-
tada. Caso a ligação do
instrumento não seja em
série, pode haver avarias no
amperímetro e, por este mo-
Figura 14 - Medição de corrente elétrica: circuito em corrente contínua / Fonte: o autor.
tivo, alguns instrumentos
modernos (multímetros) Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto onde uma fonte de alimentação va-
riável é utilizada para alimentar o circuito composto de um resistor e um multímetro digital,
são protegidos internamen- na escala de amperímetro, este que é ligado em série e na escala de corrente contínua.
te por fusíveis.

Figura 15 - Diagrama elétrico da medição de corrente: amperímetro associado em série com a carga / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama onde um amperímetro é associado em série com a carga alimentada para
medir a corrente impulsionada por uma fonte de tensão em corrente contínua.

A corrente elétrica é medida em Ampère (A) em homenagem ao físico francês André-Marie Ampère
(1775-1836) e representada pela letra i. Essa grandeza é a consequência de uma cadeia de eventos
anteriores. Costuma-se dizer que a tensão é a causa, e a corrente é a consequência, pois se não há força
(diferença de potencial) para impulsionar os elétrons de um condutor a saírem de seus átomos e sal-
tarem em direção ao próximo adjacente, então não haverá corrente (BALBINOT; BRUSAMARELLO,
2011). Veja a representação na Figura 16.

47
UNICESUMAR

I (mA) Amperímetro
250
– +
200
– +

BATERIA

0
t1 t2 t (min)
Figura 16 - Corrente de descarga de uma bateria: diminui a sua amplitude na mesma proporção que a tensão / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico que mostra o comportamento da corrente de descarga de uma bateria no
domínio do tempo e a maneira de realizar a medição de corrente em série, com o desenho de uma bateria e um amperímetro associado
em série com o resistor de carga R.

Perceba que, à medida que a bateria descarrega por meio da resistência R , o valor da corrente em t1
diminui de 250 mA para 200 mA em t2 .

A corrente elétrica pode ser medida por diferentes métodos, desde casos intrusivos, onde há a
necessidade de abrir o circuito e inserir um instrumento em série com a carga (Figura 16), ou po-
demos utilizar instrumentos de medição que realizam a leitura da corrente sem contato, apenas
pelo campo magnético produzido como consequência do movimento dos elétrons nos condutores,
como é o caso dos alicates amperimétricos, ou alicates amperímetros.

A corrente elétrica é definida como a variação de cargas elétricas Q em um intervalo de tempo t ,


assim, a corrente elétrica pode ser equacionada como a Equação 2:

DQ
=i = [ A]
Dt
Equação 2

48
UNIDADE 2

Normalmente, relacionamos a corrente elétrica a em função do movimento dos elétrons, como o efeito
variáveis que podemos mensurar mais facilmente, Joule, que se manifesta dissipando energia em forma
como a tensão e a resistência, logo, nos referimos de calor, ou o próprio campo magnético que surge
à corrente elétrica como a Primeira Lei de Ohm, em torno do condutor percorrido pela corrente, que
onde a corrente é diretamente proporcional à tensão depende diretamente de sua amplitude.
e inversamente proporcional à resistência. A corrente alternada tem uma característica os-
Da mesma forma que a tensão, a corrente, con- cilatória que depende do comportamento da fon-
sequentemente, pode assumir características con- te de tensão geradora, ou seja, sabemos que para
tínuas e alternadas, ou seja, se a sua amplitude no haver corrente é necessário que haja tensão, logo,
tempo varia de sua referência até um valor máximo, se a tensão for contínua, na maioria dos casos, a
sem alternar de quadrante (ou corrente terá comportamen-
inverter o seu sinal), podemos to contínuo, porém, se a fon-
afirmar que se trata de corren- te de tensão for alternada, a
te contínua ou “ CC ”, normal- corrente terá as mesmas ca-
mente encontrada em pilhas, racterísticas, pois a corrente
baterias, saída de fontes de ali- é função da tensão.
mentação de computadores ou A Figura 17 mostra um
carregadores de celular. exemplo de sistema trifásico
Se o sinal de corrente, porém, (três fases com corrente alter-
alternar entre os quadrantes (ha- nada). Perceba que quando a
vendo alteração de polaridade), corrente de qualquer uma das
esta é denominada corrente al- fases está com a sua amplitude
ternada, ou “ CA ”, normalmente máxima, 120° depois, outra
encontrada na rede elétrica dispo- fase também está com o seu
nibilizada pela concessionária lo- máximo potencial. Na mesma
cal ou por geradores estacionários. figura, observe como exemplo
O que você deve sempre se lembrar em relação quando a fase “ B ” está em 90° , a sua amplitude é
à corrente elétrica é que ela é a consequência de um máxima, e quando o ângulo é igual a 210° , a fase “ A
conjunto de fatores, ou seja, da existência de uma ” é a que apresenta o seu potencial máximo. O com-
diferença de potencial e de um circuito fechado que portamento senoidal é dado em função da tensão
interliga a fonte de diferença de potencial até uma alternada, que ocorre na mesma forma e no mesmo
carga que, em nossas representações, foram adotadas ângulo. Este efeito se repete com a fase “ C ” e con-
como resistores. tinuará assim enquanto fluir corrente pelo circuito.
Quando existe corrente elétrica circulando por
um circuito, há diversos efeitos que passam a surgir

49
UNICESUMAR

Figura 17 - Corrente alternada em sistema trifásico: defasadas em 120°/ Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma representação gráfica dos sinais senoidais das três fases defasadas em 120 graus
em que a amplitude varia de -1 até 1 e os sinais de 0 até 360 graus em comprimento.

A corrente elétrica é responsável por determinar as dimensões dos condutores, sendo que há várias
regras normatizadas a serem respeitadas, incluindo fatores de correção por temperatura e agrupamento
dos condutores. A regra gira em torno de um número que se define para o cobre como 3 A por mm²
de área de seção transversal do condutor, ou seja, um cabo de 1 mm�pode conduzir uma corrente de
até 3 A (sem levar em consideração fatores de correção por agrupamento ou temperatura, apenas
para uma referência) (COTRIM, 2003).
A maioria das literaturas da área define a resistência elétrica como “a propriedade de um material
em se opor à circulação de corrente elétrica”, mas esta mesma resistência, ao definir o valor da corrente
elétrica, influencia diretamente em seu valor e, consequentemente, no diâmetro dos condutores, além
de determinar a capacidade de fornecimento de energia que uma fonte de alimentação deve apresentar.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma fileira de resistores de carvão de 250 mW para montagem em placa de circuito impresso.

50
UNIDADE 2

A composição físico-química de um condutor define como os elétrons do material formado podem ser
mais ou menos “livres” para circular. Desta forma, quando se deseja limitar a corrente em um circuito,
manipula-se o tipo de material que constitui a resistência elétrica de modo a obter um componente
denominado “resistor”, ou “resistência”, que é comercializado para atender às necessidades de cada caso.
Na indústria, pode-se verificar resistores de tamanhos que variam desde milímetros (utilizados em
circuitos eletrônicos), como resistências tubulares de centímetros ou metros de comprimento, fabricadas
em espiral para atender a necessidades específicas, por exemplo, fornos de altas temperaturas, prontos
para suportar potências de milhares de Watts (isto será abordado mais adiante).
A Figura 18 mostra um exemplo de resistência de aquecimento utilizada em fornos elétricos do-
mésticos. Este tipo de elemento resistivo é fabricado para atender a aplicações de potências elevadas
e de baixa precisão.

Figura 18 - Resistência de aquecimento de um forno elétrico: potência elevada e baixo valor de resistência

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma resistência de aquecimento de um forno elétrico emitindo luz por conta da alta
temperatura superficial.

Os pequenos resistores, aqueles utilizados em circuitos eletrônicos, possuem encapsulamentos pa-


dronizados que podem suportar de miliWatts até alguns Watts de potência, pois são fabricados para
atender a aplicações de precisão (Figura 19).

51
UNICESUMAR

Quando procuramos uma


empresa de Engenharia Elé-
trica para contratar um ser-
viço de instalação elétrica, é
muito comum a equipe de
projeto perguntar qual é a
carga instalada (que depende
muito dos tipos de cargas: po-
dem ser indutivas, capacitivas
e resistivas), pois dadas as ca-
racterísticas da carga é que os
condutores e conexões serão
dimensionados.
É válido lembrar que, na
maioria das casas, há dispo-
sitivos que operam como re-
sistências, como é o caso do
chuveiro elétrico, do secador
de cabelos, do forno elétrico,
do ferro de passar etc. Todos
estes exemplos apontam para
um mesmo efeito: aqueci-
mento ou, em outras palavras,
o Efeito Joule.
A resistência elétrica é de-
finida pelas Leis de Ohm e é
representada pela letra “ R ”.
Recebe a sua unidade Ohm (
W ) em homenagem ao físico
alemão Georg Simon Ohm
(1789-1854).
A Primeira Lei de Ohm (já
mencionada), refere-se à inte-
ração entre a tensão e a cor-
rente e é dada pela Equação
Figura 19 - Resistores aplicados em circuito eletrônicos
1. Isolando-se a resistência na
Equação 1, fica a Equação 3:
Descrição da Imagem: a imagem apresenta exemplos de resistores, sendo que, à esquerda,
temos resistores de carvão para montagem em furos de placas de circuito impresso, no meio
V
R= = [W] temos a foto de um resistor SMD sendo movido por uma pinça e, à direita, temos resistores
I de fio e de carvão em diversos encapsulamentos diferentes de acordo com a potência.

Equação 3

52
UNIDADE 2

Leve sempre em consideração Classificação Material Resistividade ( Wm )


que todo condutor apresenta
uma dada resistência, princi- Prata 1, 6  108
palmente o cobre, a qual pode
variar de acordo com a tempe- Cobre 1, 7  108
ratura. Para ilustrar esta pro-
priedade, há um coeficiente de Alumínio 2, 8  108
resistividade ρ de acordo com a Metais
Segunda Lei de Ohm, em que a Tungstênio 5  108
resistência elétrica é diretamen-
te proporcional à resistividade Platina 10, 8  108
do material ( r ) e o seu com-
primento ( L ), porém, inversa- Ferro 12, 0  108
mente proporcional à sua área
de seção transversal ( A ) (Equa-
Latão 8, 0  108
ção 4):

L Ligas Constantã 50, 0  108


R  r  [W]
A
Equação 4 Níquel-Cromo 110, 0  108
A resistividade do material ( r
) é dada em Wm e sofre varia- Mineral Grafite 4000  108 a 8000  108
ção de acordo com a tempera-
tura. O Quadro 1 apresenta a Água Pura 2, 5 × 103
resistividade elétrica de alguns
materiais para a temperatura de Vidro 1010 a 1013
20 °C .
Para temperaturas diferen- Porcelana 3, 0 × 1012
tes desse valor, deve-se calcular
o novo valor de resistividade Isolantes Mica 1013 a 1015
utilizando a Equação 5:
Baquelite 2, 0 × 1014
ρ  ρ0  1  α  DT 
Equação 5 Borracha 1015 a 1016

Âmbar 1016 a 1017


Quadro 1 - Resistividade elétrica dos materiais
Fonte: adaptado de Lourenço, Cruz e Júnior (1996).

53
UNICESUMAR

Em que:
r = Resistividade do material à temperatura T [ Wm ].
r0 = Resistividade do material à temperatura T0 [ Wm ].
DT  T  T0 = variação de temperatura [ °C ].
a = Coeficiente de temperatura do material [ C 1 ].

O Quadro 2 apresenta o coeficiente de temperatura de alguns materiais:

Classificação Material a [ C 1 ]
Prata 0, 0038

Alumínio 0, 0039

Metais Platina 0, 0039

Cobre 0, 0040

Tungstênio 0, 0048

Níquel-Cromo 0, 00017

Ligas Niquelina 0, 00023

Latão 0, 0015

Mineral Grafite −0, 0002 a − 0, 0008


Quadro 2 - Coeficiente de temperatura / Fonte: adaptado de Lourenço, Cruz e Júnior (1996).

O instrumento utilizado para medir a resistência elétrica é denominado Ohmímetro, também em


homenagem ao inventor Georg Simon Ohm. O instrumento dispõe de terminais que se conectam ao
resistor e faz com que uma corrente circule por ele, conforme indicado na Figura 20.

Figura 20 - Medição de resistência elétrica / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama de circuito formado por um resistor sob teste e um ohmímetro associado
em paralelo com seus terminais, indicando a corrente gerada pelo instrumento para realizar o teste no componente.

54
UNIDADE 2

Com o aquecimento dos cabos, a resistência tende a aumentar e, com isso, surge um efeito deno-
minado “queda de tensão”, pois, como o condutor representa uma resistência que varia conforme
a temperatura sofre alterações, este condutor, percorrido pela corrente elétrica, passa a dissipar
potência e, com isto, parte da energia que deveria ser transferida para a carga alimentada é perdida
“pelo caminho” nos condutores.
O comprimento dos condutores influencia muito no efeito da resistência do condutor e, assim,
quanto maior a distância entre a instalação da fonte de energia, mais energia é perdida ao longo
dos condutores.

É em função da oposição à corrente que for apresentada pelo resistor sob teste que o instru-
mento indica o seu valor, pois é de acordo com a queda de tensão sobre o resistor em teste que
é calculado e indicado o valor de sua resistência, podendo ocorrer em um visor analógico por
meio de um ponteiro em uma escala graduada ou em um instrumento digital, com display de
cristal líquido.
A Figura 21 apresenta dois tipos de instrumentos que podem ser utilizados, o analógico
(a) e o digital (b). É necessário considerar que o instrumento analógico apresenta a sua escala
crescente de resistência invertida em relação à escala de tensão, sendo que o menor valor de
fundo de escala de tensão é o maior valor de resistência do fundo de escala do instrumento.

a b

Figura 21: Ohmímetro: (a) analógico e (b) digital

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois exemplos de instrumentos de medidas elétricas denominados multímetros, onde um
é analógico e outro é digital e ambos podem ser utilizados para a medição de resistência, corrente e tensão elétrica, além de mensurar
ganho de transistores, continuidade e, até mesmo, capacitância, frequência e temperatura em modelos digitais. O instrumento analógico
possui ponteiro que se desloca sobre escalas impressas ao fundo e possui um espelho para evitar erro por paralaxe.

55
UNICESUMAR

É importante ressaltar que, para medir uma a


resistência, é necessário que ela esteja livre
de potencial, ou seja, desconectada do cir-
cuito, pois qualquer corrente que circule
pelo elemento em teste durante a leitura de
resistência pode interferir no valor ou até
danificar o instrumento de medição.
A medição de resistência vista a partir de
um instrumento real é dada na Figura 22:

Figura 22: Medição de resistência


elétrica: resistor com código de
cores, ou seja, (a) medição e (b)
resistor fixo às garras (tipo jacaré)
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a ima-


gem apresenta a medição de
resistência realizada por um
multímetro digital na escala de
resistência elétrica utilizando-
-se garras jacaré para facilitar
o acesso aos terminais do re-
sistor de potência.

56
UNIDADE 2

Os resistores possuem um código de cores para definir o seu valor ôhmico, respeitando a sequência de
cores e o padrão utilizado para a sua fabricação (SEDRA; SMITH, 2012). Assim, apenas combinando
as cores de um resistor é possível determinar o valor de sua resistência e a sua tolerância. A Figura 23
apresenta uma tabela de cores para resistores:

Figura 23 - Tabela de cores para resistores

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma tabela de cores para resistores, onde é possível definir o valor de resistência por
meio da combinação das cores lidas sobre o componente, em que preto tem valor 0, marrom equivale a 1, vermelho vale 2, laranja tem
valor 3, amarelo vale 4, verde tem valor 5, azul vale 6, violeta tem valor 7, cinza vale 8 e branco tem valor 9. Faixas douradas podem
representar a precisão de 5% e prata de 10%.

57
UNICESUMAR

Todas as variáveis mencionadas até aqui podem ser medidas utilizando um único instrumento mo-
derno denominado “multímetro” ou “multiteste”, que reúne, no mesmo instrumento, as funções de
amperímetro, voltímetro e ohmímetro, e em modelos mais equipados, há funções como frequencí-
metro, capacímetro, indutímetro e até funções gráficas que permitem acompanhar um sinal e o seu
comportamento. A Figura 24 apresenta alguns modelos de mão utilizados com frequência no dia a
dia do profissional atuante em indústrias e em bancadas de manutenção.

Figura 24 - Multímetro: reúne em um único instrumento várias funções / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto com três multímetros, sendo um analógico e dois digitais.

Para ilustrar os conceitos vistos até aqui, vamos realizar a solução de alguns exercícios contemplando
a tensão, a corrente e a resistência:

Exercícios resolvidos

Exercício 1: um dado condutor de cobre de seção cilíndrica apresenta diâmetro de 6, 0 mm e com-


primento de 1, 5 m e está sendo aplicado para alimentar um equipamento com tensão de 220 V e
8
corrente de 20 A . A resistividade deste material (à temperatura de 20 °C ) é de 1, 7  10 Wm .

58
UNIDADE 2

Calcule:
a) O valor da resistividade do material para a temperatura de 50 °C .
b) O novo valor de resistência do condutor para a nova temperatura de 50 °C .

Solução:
a) Levando-se em conta que o material que compõe o condutor é o cobre (resistividade =
1, 7  108 Wm @ 20 °C ) e que o seu diâmetro de 6, 0 mm ( 6, 0  103 m ) com comprimen-
to de 1, 5 m , fica:
1º passo: determinação da resistência “ R0 ”:
Primeiramente, precisamos calcular a área para substituir na variável A . Como o condutor apresenta
seção cilíndrica, calcula-se a área onde temos a variável A na Equação 4, assim:

L
R0  ρ 
A
D
fazendo A  π  r 2 , e sabendo que r  fica:
2
L L
R0  ρ  2
 R0  ρ 2
πr D
π 
2
substituindo os valores, fica:
1, 5
R0  1, 7  108  2
 6, 0.103 
π 
 2
 
R0  9, 0  104 W

b) Aplicamos a nova temperatura para calcular o valor da resistividade do material para a tempe-
8 1
ratura de 50 °C . Por tabela, sabemos que r0cobre  1, 7.10 Wm e α 0, 0040 °C :

Substituindo os valores na Equação 5, fica:

ρ  ρ0  1  α  ∆T 
substituindo os valores, temos:
ρ  1, 7  108  [1  0, 0040  150  20 ]
ρ  2, 58  108 Ωm

8
Com esta informação ( r  2, 58  10 Wm ), podemos calcular o valor da resistência oferecida pelo
condutor a 50 °C (desconsiderando os efeitos da dilatação do material):

59
UNICESUMAR

L
R50 C  ρ 
A
1, 5
R50 C  2, 58.108  2
 6, 0.103 
π 
 2
 
R50 C  1, 368  103 W ou 1, 368 mW

Respostas:
8
a) O valor da resistividade do cobre para a temperatura de 50 °C é r  2, 58  10 W.m .
3
b) A resistência do condutor sob a temperatura de 50 °C será de 1, 368  10 W .

Exercício 2: Um chuveiro elétrico alimentado com 127 V consome corrente de 43, 3 A na posição
inverno. Já na posição verão, o chuveiro passa a consumir a corrente de 23, 62 A .

Calcule:
a) O valor da resistência quando o chuveiro estiver na posição inverno.
b) O valor da resistência quando o chuveiro estiver na posição verão.

Solução:

Na posição inverno, a corrente é de 43, 30 A , e a tensão é de 127 V , logo, temos pela Equação 3:

V 127
R= = = 2, 93 W
I 43, 3
Na posição verão, a corrente é de 23, 62 A , e a tensão é de 127 V , logo, temos pela Equação 3:

V 127
R= = = 5, 37 W
I 23, 62

A resistência tende a aumentar quando há o aumento de temperatura no condutor. Esta proprie-


dade é mais pronunciada nos metais puros, que são classificados como materiais com coeficiente
positivo de temperatura.
Já nos gases ionizados e no grafite, a resistência diminui com o aumento de temperatura, sendo
assim, classificados como materiais com coeficiente negativo de temperatura.
Fonte: Lourenço, Cruz e Júnior (1996).

60
UNIDADE 2

Quando o assunto é energia, todos nós lembramos da conta de luz. Isto é fato! Principalmente em
tempos onde só se fala em alternativas para economizar recursos e tornar mais eficiente aquele equi-
pamento ou processo.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta as comportas de uma usina hidrelétrica semiabertas com a saída de água da barragem.

Vivemos em uma fase de desenvolvimento constante das soluções energéticas para todos os fins, sejam
corporativos ou domésticos, sempre apontando para soluções do tipo “onde custaria menos para fazer
mais”, ou “em busca da bateria que podemos recarregar em um segundo e a sua carga teria a duração
de um mês”. Somos dependentes das tecnologias que consumimos e, para aproveitar as suas vantagens,
precisamos conhecer os seus limites.
Esta seção tem como objetivo contemplar uma das mais importantes partes do estudo da eletrici-
dade, a potência elétrica. Potência esta que não existe apenas na eletricidade, mas será abordada de
maneira complementar ao que já foi estudado em relação à tensão, à corrente e à resistência.

61
UNICESUMAR

Iniciaremos o estudo da potência elétrica partindo da tensão (que produz o movimento dos elé-
trons) e da corrente (que faz com que seja produzido calor). Adotemos uma analogia com a mecânica,
imaginando quando uma força aplicada a um corpo produz movimento e, portanto, realiza trabalho,
convertendo a energia potencial em energia cinética.
Associamos esse fato à fonte de tensão, que nada mais é do que a fonte de energia potencial
disponível, na forma de terminais positivo (+) e negativo (-). Quando essa fonte é associada
a uma determinada carga (pode ser um resistor), surge o que chamamos de corrente elétrica
(que é a movimentação dos elétrons, logo, a energia potencial da fonte de tensão convertida
em energia cinética).
Como a fonte de tensão produz movimento dos elétrons livres e estes colidem uns com os outros
de modo a produzir calor (mais pronunciadamente em materiais com características resistivas),
há o surgimento da dissipação de calor. Como acontece na superfície de um ferro de passar ou
dentro de um forno elétrico.
Em eletricidade, a velocidade com que a tensão realiza o trabalho (representado pela letra “ t
” – medido em Joules) para que um elétron possa entrar em movimento, saindo de uma posição
inicial e chegando a uma posição final, é chamada de potência elétrica, e a letra que simboliza
esta variável é P . Logo, a unidade de medida de potência elétrica é Joule por segundo ( J s ), mas
convencionado como Watt, ou simplesmente W , em homenagem a James Watt (1736-1819), que
idealizou e desenvolveu vários estudos e descobertas relacionadas à potência.
Devemos considerar que se a energia (representada pela letra E ) é a capacidade de realizar
trabalho, associando a energia E à potência P , podemos afirmar que a Equação 6:

t E
P
= = = [ J ] = [W ]
Dt Dt s
Equação 6

Em que a potência elétrica é igual ao trabalho realizado pelo elétron ao se deslocar de um ponto
“ A ” até um ponto “ B ” durante um intervalo de tempo Dt , ou potência elétrica é a energia E
consumida em um intervalo de tempo Dt .
De maneira mais prática, relembrando dos conceitos de causa-consequência (tensão-corrente),
concluímos que o produto da tensão pela corrente define a potência elétrica (Equação 7):

P  V  I  [W ]
Equação 7

62
UNIDADE 2

O instrumento utilizado para medir a potência elétrica é o Wattímetro, que utiliza a tensão e a corrente
para calcular o valor da potência e pode indicar a sua amplitude por meio de uma tela de cristal líquido
nos modelos digitais, ou por meio de um ponteiro em uma escala graduada nos modelos analógicos.

b c

Figura 25 - Alicate Wattímetro: (a) exemplo de uso em CC, (b) exemplo de uso em CA e (c) modelo analógico

Descrição da Imagem: a imagem apresenta três instrumentos utilizados para a medição da potência elétrica, sendo o Wattímetro
digital em corrente contínua e alternada e o Wattímetro analógico.

63
UNICESUMAR

É muito importante que o estudante entenda a potência sempre relacionada aos eventos naturais
à sua volta, não apenas na eletricidade ou eletrotécnica, mas na capacidade de realizar o trabalho
que uma força tem dentro de um intervalo de tempo. Por exemplo, quando um motor elétrico
aciona um eixo de uma esteira que transporta caixas em um depósito, para realizar o trabalho de
deslocar as caixas, que representam carga (peso), esse motor tem a capacidade de deslocar a caixa
de A até B em um intervalo de tempo.
Se um segundo motor possui a capacidade de transportar a mesma carga em menos tempo,
podemos dizer que o segundo motor é mais potente do que o primeiro, pois consegue realizar
mais trabalho por intervalo de tempo.

Algumas áreas da ciência ou alguns países podem adotar unidades diferentes para as mesmas
grandezas e, muitas vezes, deparamo-nos com conversões entre unidades de potência, quando
observamos sendo medida em CV, W ou HP, porém, deve sempre se lembrar que seja aplicada na
área mecânica ou elétrica, a potência representa o mesmo conceito.

Não poderíamos deixar de estudar a energia “ E ”, já mencionada anteriormente. Neste material,


ela assume o papel de “Energia Elétrica Consumida por um circuito dentro de um intervalo de
tempo”. No Brasil, assumimos que essa energia é aquela que contratamos e pagamos todos os meses
na tarifa, cujo próprio nome diz: “conta de energia”.
A energia consumida relaciona a potência elétrica “ P ” (medida em kW) consumida durante
um período que, normalmente, é de um mês, mas a unidade do tempo, neste caso, é a hora ( h ),
então a energia elétrica é aplicada às instalações elétricas medida em kWh . Logo:

E  P  Dt  [kWh]
Equação 8: energia - relação entre a potência consumida em um intervalo de tempo.

O instrumento que realiza a medição da energia é o medidor de consumo de energia elétrica, e todos
os consumidores das redes concessionárias devem utilizá-lo para que seja totalizada a potência
consumida ao longo do período. A Figura 26 apresenta dois modelos que descrevem as inovações
tecnológicas no desenvolvimento dos instrumentos de medição de consumo de energia elétrica.

64
UNIDADE 2

Figura 26 - Medidor de consumo de energia elétrica: (a) modelo tradicional eletromecânico e (b) modelo moderno digital

Descrição da Imagem:a imagem apresenta exemplos de medidores de consumo de energia elétrica, sendo que um é o modelo tradi-
cional analógico e outro um modelo moderno digital.

65
UNICESUMAR

Olá, estudante! Neste podcast, convido você a aprender mais sobre o


consumo de energia elétrica e a responsabilidade no uso eficiente deste
recurso tão valioso, do qual dependemos para garantir o funcionamento
dos recursos e dispositivos que tanto utilizamos no dia a dia.

Exemplo 1: Para ilustrar o estudo da energia, adotaremos um caso simples, porém, de uso de todos:
o banho.
Considerando que uma pessoa utiliza um chuveiro elétrico para tomar banho e este opera com
potência de 5800 W (posição inverno) durante um tempo médio de 10 minutos, quanto seria o valor
pago pela energia elétrica consumida durante esse banho ao longo de um mês, sabendo que, na loca-
lidade, o custo do kWh é de R$ 0, 5 ?

Solução:

Primeiramente, precisamos entender que o chuveiro fica ligado durante 10 minutos, o que, em horas,
equivale a 0, 16 h . Aproximando o mês para 30 dias, fica:

Dt  0, 16  30  Dt  4, 8 h

Consumindo a potência de 5800 W = 5, 8 kW , pelo tempo de 4, 8 h , ao custo de R$ 0, 5 por


kWh , fica:

E  P  Dt  5, 8  4, 8  27, 840 kWh

Precificando, o custo do banho ( Cbanho ) fica:

Cbanho  27, 840  0, 5  R$ 13, 92

66
UNIDADE 2

Logo, se o kWh custar R$ 0, 5 , o preço do banho seria de R$ 13, 92 mensais (sem os impostos).
Nos casos em que nos referimos à energia proveniente de acumuladores, como pilhas e bate-
rias, não utilizamos um medidor de consumo de energia, pois não somos tarifados por este uso,
mas podemos estimar a capacidade de fornecimento temporal de um acumulador utilizando o
conhecimento adquirido de energia.
Vamos exemplificar utilizando o caso de uma bateria de um smartphone que tem a capacidade
de fornecer 1800 mAh com tensão de 5, 0 V . Considerando que o smartphone consuma uma
potência de 0, 5 W , quanto tempo a bateria poderia mantê-lo funcionando?
Para esse exemplo, devemos considerar a bateria 100% carregada. Inicialmente, precisamos
definir qual a capacidade de potência fornecida pela bateria, os dados da corrente e da tensão. Assim:

P  V .I  P  5  1800  103  P  9 W

A informação é que a bateria tem capacidade de manter a corrente de 1800 mA por uma hora
1800 mAh  mantendo a tensão nominal em 5 V . Desta forma, podemos afirmar que essa bateria
possui energia de 9 Wh . Se o aparelho consome 0, 5 W , será possível mantê-lo em funcionamento
durante o período dado por:

E 9
E  P  Dt  Dt    18 h
P 0, 5
Concluímos então que a bateria do smartphone poderá mantê-lo em pleno funcionamento por 18 h.
Após este tempo, a corrente informada pelo fabricante da bateria ( 1800 mAh ) pode não mais perma-
necer a mesma e, com isto, pode haver decremento da tensão e o aparelho deverá desligar.
O domínio das principais grandezas elétricas é fundamental para a interpretação do funcio-
namento de máquinas e equipamentos em ambientes profissionais industriais, por exemplo, na
análise do consumo de energia, inferência sobre desempenho e rendimento de máquinas, manu-
tenção industrial, eficiência energética, entre outras áreas inerentes aos processos mantidos por
energia elétrica.
Dado à profunda dependência que a indústria, comércio e nossas próprias vidas apresentam em
relação à energia elétrica, torna-se um pré-requisito a qualquer profissional que utilize recursos
elétricos para realizar suas tarefas diárias, o conhecimento e o domínio das grandezas elétricas e
suas relações.

67
A partir deste, esboce seu próprio mapa conceitual com o significado de cada termo, a fim de fixar
Olá, caro(a) estudante! Chegamos ao final desta unidade e, nesta etapa de nosso aprendizado, é
muito importante resgatar os principais conceitos estudados até aqui, por meio de nosso mapa

Resistência Trabalho
Tensão Energia
MEDIDAS ELÉTRICAS
Resistividade Multímetro

68
Potência Wattímetro
Fonte: o autor.

os conceitos estudados até aqui.


Descrição da Imagem:a imagem apresenta um mapa conceitual com o termo central “MEDIDAS ELÉTRICAS” e os demais termos interligados a este: RESISTÊNCIA,
TENSÃO, RESISTIVIDADE, POTÊNCIA, TRABALHO, ENERGIA, MULTÍMETRO e WATTÍMETRO.
conceitual.
2 kW de potência durante 4 h
1. Uma máquina de mistura de tintas opera com motor elétrico de
por dia e 5 dias por semana em média. Sabendo que um mês tem 4, 5 semanas (em média):

a) Calcule o consumo mensal de energia elétrica que o referido motor representa em kWh .
b) Considerando que o custo do kWh é de R$ 0, 55 , quanto custa por mês para que esse
motor seja utilizado?

3, 0 mm ,
2. Qual o valor da resistividade elétrica de um condutor de platina com seção circular de
sendo que a resistência indicada pelo ohmímetro é de 0, 073 W e o comprimento é de 1, 0 m ?

3. Considere dois condutores de cobre com diferença de potencial de 24 V entre si, conduzindo
corrente de 2.400 A . Calcule o que se pede:

a) Qual a corrente que circulará por meio do corpo de uma pessoa que tocar os dois condutores
ao mesmo tempo, considerando que a resistência da região do corpo da pessoa é da ordem
de 100.000 W ?
b) Considerando que a corrente elétrica mínima para promover uma parada cardíaca (fibrilação
ventricular) é de 30 mA , há risco de morte no caso proposto?

4. Em uma residência há dois chuveiros, sendo o chuveiro “A” alimentado em 127 V , e o chu-
veiro “ B ” alimentado em 220 V . Ambos os equipamentos fornecem potência de 5400 W
. Responda:

a) Qual dos dois chuveiros consome mais energia por mês, considerando que os dois operam
igualmente durante 15 minutos por dia, 30 dias por mês (considerar R$ 0, 55 o custo de
1 kWh )?
b) Em que aspecto, considerando os modelos deste problema, um chuveiro pode ser mais
econômico do que outro?
c) Sabendo que a resistência elétrica do chuveiro entra em contato com a água e a sua superfície
não é blindada, ou seja, a fase (vivo) entra em contato com a água, como pode o chuveiro não
dar choque elétrico? Explique o porquê de sua resposta com subsídios.

69
5. Na etiqueta de um carregador de baterias utilizado em smartphones estão impressos os se-
guintes dados: tensão de saída de 5V e corrente de saída de 1, 5 A . Considerando os dados
do carregador, assinale a alternativa correta:

a) A capacidade de corrente do carregador é de 1500 mA e a potência máxima é de 7, 5 W .


b) A potência máxima do carregador é de 7, 5 V , pois a bateria do celular representa uma
resistência de 33 W .
c) A resistência da bateria é de 3, 33 W−1 .
d) O uso desse carregador custa R$ 3, 93 por dia para carregar uma bateria de 1400 mAh .
e) A capacidade de corrente do carregador é de 15.000 mA e a potência máxima é de 75 kW .

6. Um liquidificador com potência de 1000 W e alimentado em 127 V consome corrente de


7, 87 A . Calcule a corrente de um liquidificador de mesma potência se a sua tensão de ali-
mentação fosse de 220 V .

70
3
Instalações Elétricas
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, o estudante terá a oportunidade de aprender so-


bre as Instalações elétricas e suas normas regulamentadoras, os
Sistemas Elétricos de Potência (SEP) que se dividem entre as etapas
de Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, além de
estudar os fundamentos elementares de Luminotécnica.
UNICESUMAR

Você já ficou sem acesso à energia elétrica enquanto estava utilizando algum equipamento elétrico
ou eletrônico? Talvez enquanto tomava seu banho em um dia frio?
Pois é, a maioria dos itens de uso diário que utilizamos com grande frequência dependem da
eletricidade para funcionar e estamos tão acostumados a utilizar o tempo todo que no instante
em que a energia elétrica é interrompida ficamos totalmente impotentes, sem saber o que fazer.
Você já passou por uma situação assim, seja para carregar a bateria de seu smartphone, para
acender as luzes da casa ou aquecer um alimento?
Fazemos parte de uma civilização cada vez mais dependente de energia elétrica, seja para a
produção de alimentos, transporte, comunicações, entretenimento, entre outras atividades que
compreendem a vida moderna das pessoas.
Somos profundamente impactados quando ocorre a interrupção do fornecimento de energia
elétrica, de modo que ficamos impacientes e as vezes até demoramos para reagir por conta do
hábito de utilização dos recursos.
E energia elétrica é o resultado da utilização da tensão elétrica, que promove a corrente e, por
sua vez, resulta na potência elétrica em um intervalo de tempo, isso é o que nossos registradores de
consumo de energia nos informam todos os meses quando pagamos a conta de luz em nossas casas
ou empresas, assim, o ponto de atenção para a responsabilidade do uso desde recurso tão valioso.
Na atualidade, há diversas fontes de energia elétrica em plena atividade, como as usinas hidrelé-
tricas, termelétricas, eólicas, solares e até mesmo aquelas que utilizam a biomassa para converter
energia da decomposição de matéria orgânica em energia elétrica, processos que normalmente
denominamos de geração de energia.

72
UNIDADE 3

Para que essa energia possa chegar até nossas casas ou empresas é necessário ter uma infraestrutura
capaz de transmiti-la por meio de cabos adequados, com os potenciais corretos e economicamente viá-
veis, pois esse fator impacta nas dimensões dos condutores que entregam a energia elétrica às estações de
condicionamento capazes de transformar os potenciais de transmissão em potenciais de distribuição em
níveis seguros para o uso doméstico e industrial. Além de tudo isso, se fazem necessários e obrigatórios os
sistemas de proteção e seccionamento de rede para permitir a manobra e preservar a segurança das pessoas.
Olá, estudante, neste momento, você deve realizar uma experimentação que irá apurar seu conhecimento
de Eletrotécnica. Você deverá realizar buscas na internet pelos termos:
• Geração de energia por PCH.
• Geração de energia por aerogerador.
• Geração de energia por placas fotovoltaicas de silício amorfo e monocristalino.
• Geração de energia por usina termelétrica.
• Geração de energia distribuída.
• Geração de energia off-grid.
• Geração de energia on-grid.

Conhecidos os termos da pesquisa dada anteriormente, você, estudante, deverá inferir sobre a tecnologia
que melhor se aplica em sua região, levando em consideração a disponibilidade de recursos para a geração
de energia (insolação diária, presença de grandes rios, presença de ventos, disponibilidade de matéria or-
gânica em abundância ou resíduos para queima em caldeiras).
Deve, além disso, cruzar o percentual de uso de cada tecnologia de geração dada e organizar em forma
de lista, sendo da fonte de energia de maior potencial de uso para a de menor potencial de uso em sua
região dentro do território nacional.
De posse da lista organizada de fontes de energia, como você, estudante, conclui sobre qual é a mais
viável fonte de energia em sua leitura, pensando em um futuro de pelo menos 50 anos, onde as demandas
por energia elétrica só devem aumentar? Você pode também escolher fontes mistas, de acordo com sua
análise, e, assim, combinar a sazonalidade de uma com outra, por exemplo, solar + eólica, e assim por diante.

73
UNICESUMAR

As instalações elétricas ocorrem de acordo com normas que definem parâmetros de segurança e
padronização. Todo profissional atuante deve se alinhar a essas normas para poder executar serviços
em eletricidade.
De acordo com o potencial elétrico envolvido, há normas distintas que definem as regras específicas
para trabalhos em instalações elétricas, como por exemplo:
• NBR 14039:2003 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.
• NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão.
• NBR 5444 - Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.
• NBR 5419 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas.

Além da norma de segurança em instalações e serviços em eletricidade - NR 10.


De acordo com a norma NBR 5410, seguem algumas definições básicas relacionadas a instalações
elétricas de baixa tensão.
O aterramento elétrico é o recurso utilizado para atribuir segurança a pessoas, equipamentos e
para a instalação elétrica em uma edificação. O aterramento é a ligação ao potencial mais neutro de
todos, a terra aos dispositivos de segurança e proteção. Consiste em uma haste de metal (eletrodo de
aterramento) aterrada no solo e condutores que percorrem toda a instalação elétrica. Normalmente, é
utilizado para proteger a instalação de descargas atmosféricas, interligando o para-raios, para desviar
potenciais elevados e perigosos e para desviar ruídos provenientes do funcionamento de equipamentos
elétricos e eletrônicos.
De acordo com a norma NBR 5410, há alguns esquemas de aterramento que determinam como os
demais possíveis esquemas podem ser realizados. São eles: esquemas TN, TT e IT.
O esquema TN utiliza um condutor diretamente aterrado, sendo as carcaças (ou massas) dos
dispositivos ligadas a esse condutor por meio de condutores de proteção específicos. Esse esquema de
aterramento permite três variações: TN-S, TN-C-S e TN-C, diferenciando-se de acordo com a dispo-
sição dada entre o condutor neutro e o condutor de proteção, conforme Figura 1.

74
L1 L1
L2 L2
L3 L3
N PEN PE
PE N

Aterramento Massas Massas Aterramento Massas Massas


da alimentação da alimentação
TN-S TN-C-S

L1
L2
VIRAR PÁGINA
PARA VISUALIZAR

75
L3
PEN

Aterramento Massas Massas


da alimentação
TN-C
Figura 1 - Esquema de aterramento TN e suas variantes / Fonte: ABNT (2004, p. 15 - 16).

Descrição da Imagem:a figura apresenta três esquemas de aterramento, sendo eles TN-S, TN-C e TN-C-S. Em cada esquema são apresentadas as três fases L1, L2 e L3, além do condutor neutro
(N) e de proteção PE que é interligado à haste de aterramento quando aplicado no esquema TN-S. Também é apresentado o condutor PEN, que consiste, ao mesmo tempo, no condutor de
proteção e de aterramento. Os esquemas de ligação apresentam a forma com que cada carga é associada às fases e suas carcaças ao aterramento, sendo que, no TN-S, o condutor PE e neutro
são interligados, podendo as massas serem interconectadas ao neutro ou ao PE. No caso do esquema TN-C, as massas são aterradas no terminal PEN, enquanto no caso do esquema TN-C-S há
o condutor PEN e o terminal N, onde um novo PE ocorre em parte do circuito. Nesse caso, as massas são atribuídas ou ao PEN ou aos terminais PE e N.
UNIDADE 3
UNICESUMAR

O esquema TN-S é aquele onde condutor neutro e o condutor de proteção são distintos, porém,
interligados.
Já no esquema TN-C-S, as funções dos condutores neutro e de proteção são combinadas em
um único condutor em algumas partes, podendo ter ramos do circuito com dois condutores.
No esquema TN-C, as funções do condutor neutro e de proteção são combinadas em um úni-
co condutor integralmente. Talvez esse seja o esquema mais comum em instalações residenciais
(ABNT, 2004).

Imagine se todos pudessem realizar suas instalações elétricas de acordo com seu conhecimento,
sem a necessidade de padronização ou atendimento a normas? Como seria a aparência de nossas
cidades e casas? E em termos de acidentes com eletricidade, o que mudaria?

O esquema TT apresenta a característica de que cada dispositivo tem seu próprio eletrodo de
aterramento, mesmo existindo o condutor de aterramento da instalação elétrica disponível. É
utilizado quando os dispositivos desempenham funções específicas e requerem individualização
de aterramento, como, por exemplo, instrumentos de medição e instrumentação, equipamentos
com elevada emissão de ruído conduzido (EMI conduzido) etc.
L1 L1
L2 L2
L3 L3
N N
PE
PE PE
Massas Massas

Aterramento Massas Massas Aterramento


da alimentação da alimentação
Figura 2 - Esquema de aterramento TT / Fonte: ABNT (2004, p. 16).

Descrição da Imagem: a figura apresenta o esquema de aterramento TT, onde termos as cargas e suas massas interligadas à rede
e há a possibilidade de haver a haste de aterramento única para todos os dispositivos interligados pelo condutor N ou uma haste de
aterramento para cada equipamento, constituindo um PE para cada um individual.

No esquema de aterramento IT, todas as partes energizadas (vivas) são isoladas da terra ou em
um ponto da instalação é aterrado com a utilização de uma impedância (resistência elétrica),
conforme a Figura 3 (ABNT, 2004).

76
L2 L2
L3 L3
N N
1) 1)

PE PE
Impedância

Massas Aterramento Massas


da alimentação

A B

L1 L1 L1
L2 L2 L2
L3 L3 L3

77
N N N
1) 1) 1)

PE PE PE PE
Impedância Massas Massas Impedância Impedância

Aterramento Aterramento Massas Massas Aterramento Massas Massas


da alimentação da alimentação da alimentação

B.1 B.2 B.3

Figura 3 - Esquema de aterramento IT / Fonte: ABNT (2004, p. 17).

Descrição da Imagem: a figura apresenta o esquema de aterramento TT, onde termos as cargas e suas massas interligadas à rede e há uma impedância que interliga o condutor N à haste de aterra-
mento em que podemos ter hastes de aterramento individuais para cada uma das cargas (em B.1), uma haste de aterramento para um grupo de cargas (em B.2) e o agrupamento de cargas com um
condutor de aterramento comum interligado diretamente à haste de aterramento enquanto o aterramento do condutor N passa pela impedância e, posteriormente, à haste de aterramento (em B.3).
UNIDADE 3
UNICESUMAR

O equipamento elétrico se destina ao uso da eletricidade para realizar uma ou mais funções elétricas,
como, por exemplo, atuar na geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica. Além disso, tam-
bém podem utilizar a energia elétrica para realizar funções aplicadas a máquinas, transformadores ou
dispositivos de medição, proteção e controle. Há equipamentos elétricos que atuam na conversão de
energia elétrica em outra forma de energia, como, por exemplo, a energia térmica, a energia mecânica,
a energia sonora etc. (COTRIM, 2003).

Título: Instalações elétricas


Autor: Ademaro A. M. B. Cotrim, 5 edição.
Conhecida pelos técnicos brasileiros como a ´bíblia´ dos projetistas de
instalações elétricas de baixa tensão (nas áreas residencial, comercial e
industrial), esta obra possui uma base teórica bastante sólida em total
equilíbrio com sua parte prática, que inclui novos exercícios, exemplos
e tabelas que dão ao leitor uma visão geral das instalações elétricas.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Aparelho elétrico é o termo para designar determinados equipamentos de uso da eletricidade e os


equipamentos de medição, conforme os exemplos (COTRIM, 2003):
• Aparelho eletrodoméstico: são aparelhos de uso residencial, como máquinas de lavar roupas,
chuveiro, liquidificador, aspirador etc.
• Aparelho eletro profissional: são aparelhos destinados ao uso profissional com eletricidade, por
exemplo: máquinas de escrever elétricas, computadores, impressoras etc.
• Aparelho de iluminação: são aparelhos destinados a iluminação de ambientes, por exemplo:
lâmpadas, reatores, luminárias e seus acessórios etc.

A linha elétrica é composta de um conjunto de um ou mais condutores e seus elementos de fixação e


proteção. Seu objetivo é transportar energia elétrica ou transmitir seus sinais (COTRIM, 2003).
O dispositivo elétrico é aquele que exerce uma função dentro de um circuito elétrico, que pode
ser de manobra, comando, proteção ou controle, podendo ser parte integrante de uma unidade maior
dentro da instalação.

78
UNIDADE 3

Nas ações de manobra, os dispositivos atuam comutando o acionamento de máquinas e dispositivos,


por exemplo. Podemos citar os disjuntores, chaves seccionadoras e contatores como sendo dispositivos de
comutação que realizam manobras de circuitos.
Atuando como comando, os dispositivos elétricos atuam na ação destinada à realização da manobra
enquanto que, na proteção, os dispositivos elétricos atuam no sentido de atuar automaticamente para pro-
teger a instalação elétrica de possíveis situações críticas, como sobrecargas, sobretensões, curto-circuito etc.
Os dispositivos de controle atuam estabelecendo o funcionamento de equipamentos elétricos de modo
que exerçam suas funções em determinadas situações que podem ser configuradas ou programadas de
acordo com a necessidade.
A carga elétrica determina o regime de exigência ao qual um circuito se submete, ou seja, o tipo e a
intensidade de esforço representada pela entidade acoplada ao circuito, exigindo da instalação e da fonte
de energia proporcional estrutura para condicionar seu funcionamento pleno.
Há, basicamente, três tipos de cargas elétricas: resistivas, capacitivas e indutivas.
As cargas resistivas são aquelas representadas pelos chuveiros elétricos, ferros de passar, fornos elétricos etc.
Na maioria dos casos, assumem a função de elementos que convertem a energia elétrica em energia térmica.
As cargas capacitivas são utilizadas em circuitos onde deseja-se corrigir o fator de potência e introduzem
reatância capacitiva ao circuito. Normalmente, são representadas por bancos de capacitores de correção
de fator de potência. Esse tipo de carga assume armazenamento de tensão e mesmo sem fornecimento de
energia, pode acumular tensão residual.
No caso das cargas indutivas, temos como exemplo os motores elétricos, transformadores, eletroímãs
etc. Esse tipo de carga, normalmente, compreende grande parcela de carga instalada em plantas industriais
com máquinas movidas a motor elétrico e aponta para uma característica marcante: potência reativa. Essa
característica pode comprometer o sistema elétrico da empresa uma vez que atinge limite máximo imposto
pela concessionária de energia e implica em multa.
O baixo fator de potência de motores elétricos e o superdimensionamento de motores e transforma-
dores podem causar o aumento de potência reativa, o que pode ser minimizado com o uso de banco de
capacitores de correção de fator de potência.
Assim como a carga elétrica, a potência instalada define todas as cargas dentro de uma instalação elé-
trica em termos de potência total, levando em conta o consumo de corrente de cada elemento associado à
instalação e sua tensão de trabalho.
Um exemplo seria realizar o levantamento da potência individual de cada um dos dispositivos de uma
instalação, desde iluminação até dispositivos como chuveiros, motores, máquinas etc. e realizar sua soma
de todos os elementos. No Quadro 1, segue um exemplo da potência instalada em uma determinada filial
de uma empresa:

79
UNICESUMAR

POTÊNCIA INSTALADA - FILIAL NORTE

Item Quantidade Descrição Potência individual (W) Potência do circuito (W)

Lâmpada LED -
1 75 50 3.750
iluminação
2 16 Motor trifásico 3.000 48.000
3 10 Chuveiro elétrico 5.400 54.000
4 2 Forno elétrico 10.000 20.000
Aparelho de ar
5 7 condicionado 1.600 11.200
12000 BTU
    Potência total (W): 136.950

Quadro 1 - Potência instalada do exemplo / Fonte: o autor.

É válido lembrar que quando um dispositivo elétrico é novo, normalmente consome a potência definida
pelo fabricante em sua etiqueta de identificação e especificações elétricas, porém, ao longo de seu uso,
os dispositivos podem aumentar seu consumo de energia, por conta do desgaste natural das peças ou
condições de operação, tornando a monitoração da potência instalada dever de grande importância
para a sustentabilidade do processo.
O conceito de falta elétrica ou simplesmente fuga elétrica resume-se ao evento de circulação de
corrente elétrica por um caminho diferente do usual, podendo ser para o potencial de terra (aterramen-
to) ou por meio de outro elemento condutor associado, como é o caso de condutores que se tocam e
configuram o curto-circuito. Pode ocorrer de maneira direta (contato direto), acidental ou proposital.
A falha elétrica ocorre quando, por exemplo, há falta de isolação entre um ou mais condutores e o
potencial do condutor estabelece a corrente elétrica por um caminho diferente do usual, por exemplo,
quando os condutores de cobre isolados por uma camada fina de esmalte aquecem excessivamente
dentro de um motor elétrico, atingindo temperatura que rompe a isolação, permitindo que a corrente
flua pelas chapas de metal do estator e através da carcaça do motor, frequentemente conhecido como
“fuga para a carcaça ou terra”.
A falta pode ser configurada também quando ocorre um arco entre as partes de potenciais diferentes
e, assim, estabelece-se o fluxo de corrente.
Os termos sobrecarga, sobrecorrente e sobretensão apresentam semelhança no que se refere ao
elemento em sua denominação “sobre” que remete a ultrapassar seu limite seguro ou operacional para
o qual foi projetado, assim, sobrecarga é configurado quando a carga acoplada a um circuito ultrapassa
seu limite operacional, por exemplo, o motor de uma bomba de recalque que, em seu funcionamento
normal, teve seu eixo bloqueado e, assim, passou a exigir mais corrente para suprir a demanda iminente,
porém, sobrecarregando o sistema elétrico. Esse tipo de evento pode causar o sobreaquecimento do
enrolamento do motor e sua queima.

80
UNIDADE 3

Para proteger a instalação elétrica contra sobrecargas, são utilizados relés de sobrecarga, que são
equipados de um elemento bimetálico capaz de se inflexionar quando determinada temperatura ocorra
nos condutores de potencial e, com isso, ocorra a abertura do circuito de comutação (desligamento
do contator, por exemplo), protegendo a instalação do evento de sobrecarga. A Figura 4 apresenta um
exemplo de relé de sobrecarga utilizado no acionamento de motores de indução trifásicos.

Figura 4 - Relé de sobrecarga

Descrição da Imagem: a figura apresenta um relé de sobrecarga, componente que é fabricado para montagem abaixo do contator.
É possível ver seu painel de ajustes onde a corrente nominal do motor deve ser selecionada e seus terminais estão expostos acima
para conexão ao contator.

A sobrecorrente tem a mesma conotação de sobrepor os limites operacionais, mas, nesse caso, no
quesito corrente elétrica, ou seja, é quando um condutor assume mais corrente que aquela para o qual
foi projetado, fazendo com que haja colisões demasiado entre os elétrons no condutor e, por conse-
quência, haja sobreaquecimento, levando à ruptura da camada de isolação dos condutores.

81
UNICESUMAR

Isso pode acarretar na fuga à ter-


a
ra ou no curto-circuito entre outros
condutores próximos. Um exemplo
seria o motor da bomba anterior-
mente citado, em que a corrente au-
menta a níveis críticos por conta do
bloqueio do eixo do motor e, assim,
a corrente no enrolamento estatórico
atinge patamares elevadíssimos, pro-
movendo o aumento de temperatura
dos condutores e, consequentemente,
pode ser detectado por um elemento
bimetálico ou elemento fusível que
atua para proteger a instalação do
evento ao qual se sujeita. Os fusíveis
e os disjuntores são exemplos de dis- b
positivos de proteção contra sobre-
corrente elétrica (Figura 5).

Figura 5 - Dispositivos de pro-


teção contra sobrecorrente - (a)
fusíveis e (b) disjuntor

Descrição da Imagem: a figura


apresenta três imagens, sen-
do duas delas (esquerda e do
meio – figura (a)) modelos de
fusíveis, respectivamente, dia-
zed e fusível de vidro rápido,
e na figura (b) um exemplo de
um disjuntor para montagem
em trilho DIN de 32 mm.

82
UNIDADE 3

Para reunir em um só dispositivo ação de proteção contra sobrecarga e sobrecorrente, foi desenvolvi-
do o disjuntor-motor, que atua de acordo com o relé de sobrecarga e conforme o disjuntor, protegendo
a instalação quando ocorre um dos dois eventos, sobrecarga ou sobrecorrente, respectivamente, além de
proteger contra eventos de curto-circuito. A Figura 6 apresenta um exemplo do uso de disjuntor-motor.

Figura 6 - Disjuntor-motor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma instalação elétrica de um painel de comando industrial onde observamos disjuntores
motores à esquerda, onde sua chave se encontra na posição desligado. Os demais componentes da imagem são comutadores à relé.

Quando ocorre o evento de sobrecorrente, o elemento fusível atua, fundindo seu elo fusível e torna-se
inutilizado (a menos que seja recondicionado), necessitando ser substituído. O disjuntor pode ser
rearmado e atua na proteção sempre que houver sobrecorrente, sem a necessidade de substituição. No
caso do disjuntor-motor, este dispositivo substitui os fusíveis e o relé de sobrecarga, pois contempla
tanto a proteção contra sobrecorrente, curto-circuito e sobrecarga.
A sobretensão é quando a tensão atinge níveis elevados acima de seus limites operacionais, podendo
resultar na ruptura da isolação entre os condutores ou em danos a componentes associados ao circuito.
Esse evento pode ser resultado de contato entre condutores, quando um condutor de potencial elevado
entra em contato com outro condutor de menor potencial, fazendo com que um valor de tensão acima
do desejado para o referido circuito seja aplicada, causando danos aos dispositivos a ele associados.

83
UNICESUMAR

É frequente registrar eventos de sobretensão quando motores de elevadas potências são desligados
de maneira abrupta, causando oscilações na tensão da rede ou, até mesmo, quando ocorrem descargas
atmosféricas que atingem os condutores de eletricidade, levando potenciais de tensão elevadíssimos
aos dispositivos, causando danos irreversíveis.
Para minimizar os danos causados pela sobretensão existem dispositivos capazes de monitorar o referido
evento e seccionar o circuito para proteger as instalações e dispositivos associados. São os conhecidos mo-
nitores de fase ou relés de falta de fase, que atuam monitorando os níveis de tensão e comparando-os com
valores limite, sobre os quais a rede deve atender, caso ocorra evento de sobretensão, por exemplo, um contato
muda de estado e o elemento de comutação (contator, por exemplo) é desligado, protegendo as instalações
elétricas. É bastante difundido seu uso nos eventos de falta de fase, ou seja, quando uma das fases não está
presente ou apresenta potencial abaixo do normal. A Figura 7 apresenta um exemplo de monitor de fase.

Figura 7 - Monitor de fase ou relé de falta de fase

Descrição da Imagem: a figura apresenta um exemplo de um monitor de fase moderno com mostrador de LCD e controles analógicos
para ajustes de tempo de retardo, subtensão e sobretensão intrínseca.

84
UNIDADE 3

Outro dispositivo aplicado a eventos de sobretensão, mas aplicável a eventos transitórios e descargas
atmosféricas, é o varistor. Este componente é capaz de operar com a tensão da rede no sentido de con-
duzir os potenciais excessivos para o terminal de terra, ou seja, desviam para o eletrodo de aterramento
todo potencial acima da tensão da rede, com isso, apenas a tensão de operação é transferida para a carga.
Os varistores ou supressores de surto, também conhecidos como DPS (Dispositivos de Proteção
contra Surtos), apresentam curva de atuação em velocidade muito elevada, podendo atender a deman-
das da ordem de nano segundos, com isso, transitórios de tensão (oscilações de tensão) que ocorram
muito rapidamente podem ser desviados para o aterramento por meio desse dispositivo de proteção.
A Figura 8(a) apresenta um diagrama contemplando o exemplo de uma instalação elétrica com dis-
positivos de proteção contra sobretensão (supressores) denominado de proteção em três níveis para
fornecimento de energia, tipo 1 e tipo 2 instalados separadamente, e tipo 3. Já em (b), há uma foto com
exemplos desses dispositivos (PHOENIX CONTACT, 2014).

Figura 8 - Proteção em três níveis para fornecimento de energia, tipo 1 e tipo 2 instalados separadamente, e tipo 3 – (a) diagra-
ma elétrico e (b) fotos dos dispositivos físicos / Fonte: Phoenix Contact (2014, p. 12).

Descrição da Imagem: a figura apresenta imagens de um diagrama de instalação de DPSs e exemplos de DPSs e seu aspecto físico
(mecânico) com fixação em trilho DIN de 32 mm, além de uma imagem que demonstra o painel de inspeção de estado, onde, na cor
verde, está operante e vermelho deve ser substituído.

85
UNICESUMAR

O evento de curto-circuito é uma situação onde ocorre uma corrente de falta entre dois condutores,
em outras palavras, há circulação de corrente em baixa impedância “ Z ” (baixa resistência “ R ” à cir-
culação dos elétrons), o que resulta em alta amplitude de corrente, pois, se a impedância tende a zero
a corrente tende ao infinito, dada uma tensão “ V ”, de acordo com a Equação 1:

V V
I
= =
R Z
Fazendo I tendendo ao infinito ( I   ), temos:

V
I 
Z 0
Equação 1

“Se a impedância entre os condutores tende a zero, a corrente tende ao infinito”.


Assim, durante o curto-circuito, a corrente de falta que flui em baixa impedância entre os condutores
tende a valores elevados e precisam ser limitados para que a instalação elétrica mantenha sua inte-
gridade. Para proteger as instalações elétricas de eventos de curto-circuito utilizam-se, normalmente,
fusíveis e disjuntores.
A corrente diferencial-residual, representada pela sigla IDR, é pela definição:
“A soma dos valores instantâneos das correntes que percorrem todos os condutores energizados
(vivos) do circuito considerado, em dado ponto P” (COTRIM, 2003, p. 5).
Em resumo simplificado para a leitura do estudante de Engenharia de Produção, considere que em
um sistema trifásico, temos três fases A, B e C, além do condutor Neutro (N) (Figura 9):

Figura 9 - Sistema trifásico / Fonte: o autor.

Devemos reconhecer que, no ponto P, a soma das correntes I1 , I 2 , I 3 e I N deve ser igual a zero
(Equação 2), assim, a corrente diferencial residual é igual a zero:

I1  I 2  I 3  I N  0
Equação 2:

86
UNIDADE 3

Corrente no sistema trifásico


Caso a soma das correntes da Equação 1 for diferente de zero,
significa que há corrente diferencial-residual “ I DR ”, ou seja, há
corrente de fuga ou de falta entre uma das fases e a terra. Assim,
podemos afirmar que (Equação 3):

I DR  I1  I 2  I 3  I N
Equação 3:

Corrente diferencial-residual.
Na prática, o ponto P pode ser uma pessoa que acidentalmente
tem contato com um dos condutores energizados (vivos) e quando
a corrente circula através de seu corpo até a terra, onde ele está
apoiado sobre seus pés, atinge determinado valor que pode ser
letal. Para proteger as pessoas desse efeito, existe um dispositivo de-
nominado Disjuntor Residual Diferencial, ou simplesmente “DR”.
Esse dispositivo é instalado na entrada de alimentação de
uma edificação e monitora a corrente de fuga entre os condu-
tores alimentadores e a terra. Na iminência de fuga de corrente
para a terra, em caso de choque elétrico ou mal funcionamento
de um equipamento elétrico ou eletrônico, este DR atua de
modo a desenergizar a rede elétrica da edificação, protegendo
as pessoas contra choques elétricos.

Olá, estudante! Convido você a


ouvir este podcast que fala sobre
dispositivos de proteção e ma-
Um caso curioso ocorre quando um chuveiro elétrico comum é nobra elétrica. Aqui, você terá a
instalado em uma instalação que tenha DR. Caso a resistência oportunidade de saber mais sobre
do chuveiro não seja blindada, ocorrem fugas entre as fases e curiosidades e fatos importantes
a terra e o disjuntor atua para proteger o sistema impedindo sobre disjuntores, dispositivos DR,
o funcionamento do chuveiro, logo, em instalações com DR, relés de sobrecarga e demais dis-
recomenda-se o uso de chuveiros com resistências blindadas. positivos.

87
UNICESUMAR

O Sistema Elétrico de Potência (SEP) é composto dos segmentos de Geração, Transmissão e


Distribuição de energia elétrica. Toda a infraestrutura necessária para gerar, transportar e entregar
a energia elétrica produzida ao usuário final, doméstico ou corporativo está envolvido pelo SEP.
Quando a energia é gerada na usina, ela é transmitida pelas linhas de transmissão e chega até as
subestações nas cidades, onde poderá ser distribuída para uso dos clientes (usuários domésticos
ou empresas, por exemplo).
Na matriz energética brasileira, a mais tradicional forma de se gerar energia é a partir de usinas
hidroelétricas, porém, há outras fontes de energia que se dividem em usinas termoelétricas, parques
eólicos, usinas solares, usinas nucleares, microgeração com biodigestores etc.
As políticas nacionais evoluíram (talvez tardiamente) com relação ao uso das energias renováveis
no sentido de explorar o potencial energético da geração eólica e solar, mas ainda muito deve ser
feito para avançarmos no uso de aerogeradores (geradores eólicos) e sistemas à base de painéis
solares, por exemplo, no que chamamos de bitributação ou ICMS que é tributado (praticamente)
duas vezes, que ocorria na maioria dos estados brasileiros e que atualmente está diminuindo, de
forma a tornar mais viável o investimento e novas alternativas energéticas.

88
UNIDADE 3

a b

c d

Figura 10 - Geração de energia: (a) usina nuclear, (b) usina eólica, (c) usina solar e (d) usina hidroelétrica

Descrição da Imagem: a figura apresenta quatro imagens, sendo em (a) uma foto das torres de resfriamento de uma usina nuclear, em
(b) uma foto de uma usina eólica com seus geradores eólicos instalados às margens de uma estrada, em (c) uma foto de uma instalação
de placas solares fotovoltaicas e em (d) uma foto de uma barragem de uma usina hidrelétrica.

No processo de geração de energia elétrica, devemos reconhecer as


demandas de geração a partir de cogeração de energia, com base
no aproveitamento de resíduo industrial, por exemplo, nas usinas
REALIDADE
de álcool e açúcar que processam a cana-de-çúcar para produção
AUMENTADA
de álcool e açúcar, e seu resíduo é o bagaço de cana que, em outro
momento da história, era considerado um problema para se elimi-
nar e gerava custos de descarte e hoje é utilizado como combustível
para as caldeiras que acionam a turbina do gerador de eletricidade,
que alimenta o próprio processo em termos elétricos e seu exce-
dente chega a ser comercializado, alimentando pequenas cidades
próximas à localidade da usina.

A energia elétrica que utilizamos na atualidade é comercializa-


da sob altos custos, dado aos métodos e fontes disponíveis,
Olá estudante! Você sabe como funcio-
sendo de uso restritivo e limitado ao poder aquisitivo das na uma turbina utilizada em uma usina
hidrelétrica? Nesta realidade aumen-
pessoas. Quais seriam outros métodos que poderiam possivel- tada você poderá acompanhar em 3D
mente substituir no futuro as fontes atuais de energia elétrica como a energia elétrica funciona em
conjunto com as demais estruturas.
de maneira sustentável e acessível a todos?

89
UNICESUMAR

No que tange os sistemas de transmissão de energia elétrica, entendemos o processo de conduzir a


eletricidade para as localidades onde serão condicionadas a potenciais de distribuição. No processo
de transmissão, a energia elétrica percorre o caminho entre a usina geradora de energia e a sua cidade
e para vencer toda essa distância é que o potencial elétrico é elevado, pois quanto menor a corrente,
menor será a área de seção transversal do condutor, ou seja, se a corrente for menor, os condutores
serão mais finos e, com isso, mais baratos.
Por outro lado, para se conseguir uma diminuição no diâmetro dos condutores, é preciso aumentar a
tensão elétrica, isso exige isolações maiores e, com isso, os condutores de transmissão são posicionados
em linhas elevadas, suportadas por torres de transmissão, conforme mostrado na Figura 11.

Figura 11 - Torres de linhas de transmissão de energia elétrica

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto onde há duas torres de transmissão de energia elétrica, onde os cabos são mon-
tados em altura elevada do solo devido aos potenciais elevados de tensão elétrica que são conduzidos.

Assim como o formato da eletricidade que recebemos em nossas residências, a eletricidade é


transportada quase que em toda a sua totalidade da usina até nossas cidades em corrente alter-
nada, pois é o formato mais econômico e, portanto, mais eficiente de transmitir energia elétrica
na maioria dos casos, entretanto, há linhas de transmissão em corrente contínua, como é o caso
do “Elo de corrente contínua” com sistema de transmissão formado por duas linhas conduzindo
±600 kV (600 mil volts) gerados em corrente alternada e convertidos para corrente contínua
antes de serem transmitidos.

90
UNIDADE 3

A extensão da linha do elo de corrente contínua é de, aproximadamente, 810 km e percorre a distân-
cia entre as subestações de Foz do Iguaçu (PR) e Ibiúna (SP). Como a distribuição é feita em corrente
alternada para uso dos consumidores, a conversão de corrente alternada para corrente contínua (CA/
CC) é feita por meio de oito conversores em cada subestação. Esse sistema começou a operar em 1984.
A Figura 12 apresenta o aspecto de uma subestação de energia elétrica.

Figura 12 - Subestação de energia - fim das linhas de transmissão e início da distribuição

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma subestação de energia elétrica formada por torres, comutadoras, terminais
e cabos elétricos de alta tensão.

Quando a energia é transmitida, os potenciais variam desde sua geração até sua distribuição, apresen-
tando as seguintes opções (COTRIM, 2003):
• Potencial de geração: 12 kV a 24 kV.
• Potencial de Transmissão: 138 kV a 735 kV (grandes consumidores).
• Potencial de Sub-transmissão 23 kV a 138 kV (cidades menores ou indústrias de médio porte).
• Potencial de distribuição industrial: 4,16 kV a 34,5 kV (pequenas indústrias e shoppings).
• Potencial de distribuição residencial: menor que 1000 V (residências, microempresas e comércio).

Quando o assunto é distribuição, podemos concluir, por meio das informações, que os potenciais
entregues às empresas são elevados e significam ponto de atenção com a segurança nessas áreas.

91
UNICESUMAR

É a distribuição, dentro do SEP que entrega e mantém funcionando a energia elétrica para permitir
que sua vida funcione conforme o esperado, nos potenciais de nossos eletrodomésticos, dispositivos
eletrônicos, computadores, iluminação etc. Para conseguir que os potenciais se ajustem aos padrões
dos equipamentos domésticos, é necessário que haja conversão de potenciais, para isso utilizamos
transformadores de distribuição, conforme mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Transformador de distribuição de energia elétrica

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de um transformador de distribuição montado em uma estrutura metálica
de uma torre, onde os potenciais de alta tensão são aplicados em seus terminais superiores e os potenciais transformados são
disponibilizados em sua lateral.

No Brasil, é comum que os transformadores de distribuição sejam fornecidos para converter a tensão
de 13,8 kV em tensões de 220 V medidas entre as fases e 127 V medidas entre uma fase e o condutor
neutro, dependendo da região do país. Por exemplo, no estado do Paraná, a tensão encontrada nas
tomadas da maioria das residências é de 127 V, já em Santa Catarina, a tensão é, normalmente, de 220
V (KAGAN; OLIVIRA; BORBA, 2005).

92
UNIDADE 3

Normalmente, nos casos onde o sistema é de 127 V, o terminal neutro (N) é aterrado (secundário do
transformador ligado em estrela), assim, o retorno de qualquer potencial que entre em contato com o
condutor neutro será conduzido para a terra (COTRIM, 2003).
Imagine-se estudando, lendo um bom livro, preparando-se para uma avaliação em uma sala silen-
ciosa e climatizada (Figura 14), uma mesa ajustada e espaçosa, sentado em uma poltrona confortável,
tempo, clima e silêncio ideais, mas, imagine que a luz não está adequada. Há pouca luminosidade!
Infelizmente a leitura não será das melhores. Pensando nesse aspecto como exemplo, essa leitura deve
indicar alguns pontos importantes para o entendimento de algumas tecnologias e suas aplicabilidades.

Figura 14 - Sala de estudo - iluminação deve ser adequada a leitura

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto do interior de um quarto de estudo com uma escrivaninha e uma poltrona. Sobre a
escrivaninha há uma vitrola, papéis, uma caneca decorativa, um livro aberto, um violão, além de um vaso com planta e objetos decorati-
vos diversos distribuídos na prateleira fixada na parede acima da escrivaninha que possui uma janela com cortina na parede adjacente.

93
UNICESUMAR

A Luminotécnica é a área da eletricidade que estuda os sistemas de iluminação, baseado nas caracterís-
ticas de cada ambiente a ser iluminado e nas tecnologias disponíveis a serem aplicadas, respeitando-se
normas que definem a intensidade de iluminação que cada ambiente deve oferecer para permitir as
ações esperadas em cada situação.
Alguns termos indispensáveis devem ser definidos para o entendimento dos assuntos dessa seção:

• Eficiência Luminosa: é a relação entre o fluxo luminoso emitido pela lâmpada


e a potência consumida. Sua unidade de medida é o lm/W e o seu símbolo é “n”
(EMPALUX, 2021).
• Intensidade Luminosa: é a quantidade de luz emitida por uma fonte luminosa em
uma determinada direção. Utilizada em lâmpadas refletoras, onde a intensidade
luminosa está ligada ao ângulo do fecho. Sua unidade de medida é a Candela - Cd
cujo símbolo é “I” (EMPALUX, 2021).
• Fluxo Luminoso: é a quantidade de luz emitida por uma lâmpada em todas as
direções. Sua unidade de medida é o lúmen (Im) e seu símbolo é “O” (EMPALUX,
2021). Corresponde à quantidade de luz produzida em 1 segundo por uma radia-
ção eletromagnética com X = 555 nm e fluxo radiante de 1/680 W (COTRIM, 2003).
• Iluminância: é a quantidade de luz que chega a um ponto. Sua unidade de medida
é o Lux e seu símbolo é “E”.

A luminária é o aparelho que reúne todos os recursos para que a luz seja produzida na intensi-
dade e direção desejada. Para isso, contempla toda a estrutura mecânica e elétrica para fixação e
manutenção adequadas.
O dimensionamento da quantidade de elementos necessários em um dado ambiente depende
das necessidades específicas e recomendadas pela norma NBR 5413, conforme o Quadro 2 (ABNT,
1992) e não será detalhado neste livro por exigir pré-requisitos técnicos do curso de Engenharia
Elétrica, sendo, portanto, abordadas nessa seção as informações mais relevantes de orientação ao
profissional da área de Engenharia de Produção.
Há métodos utilizados para determinar o número de luminárias em cada área, levando em
conta sua classificação, conforme o Quadro 2, e dependem da tecnologia da luminária escolhida,
por exemplo, se o ambiente exige o uso de lâmpadas LED ou mesmo de lâmpadas de vapor de
mercúrio. Para tanto, faz-se necessário conhecer um pouco sobre cada tecnologia em uso.

94
UNIDADE 3

Iluminância por classe de tarefas visuais

CLASSE ILUMINÂNCIA (lux) Tipo de atividade

20 - 30 - 50 Áreas públicas com arredores escuros.


A
50 - 75 - 100 Orientação simples para permanência curta.
(Iluminação geral
para áreas usadas Recintos não usados para trabalho contínuo;
interruptamente ou 100 - 150 - 200
depósitos.
com tarefas visuais
simples) Tarefas com requisitos visuais limitados,
200 - 300 - 500
trabalho bruto de maquinaria, auditórios.

B Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho


500 - 750 - 1000
médio de maquinaria, escritórios.
(Iluminação geral
para área de Tarefas com requisitos especiais, gravação
trabalho) 1000 - 1500 - 2000
manual, inspeção, indústria de roupas.
Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica
2000 - 3000 - 5000
C de tamanho pequeno.
(Iluminação adicional Tarefas visuais muito exatas, montagem de
para tarefas visuais 5000 - 7500 - 10000
microeletrônica.
difíceis)
10000 - 15000 - 20000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia.

Quadro 2 - Iluminância por classe de tarefas visuais / Fonte: ABNT (1992, on-line).

Nessa seção, serão apresentados os principais ti-


pos de lâmpadas utilizados na atualidade e suas
principais características e aplicações.
A lâmpada incandescente foi, sem dúvidas, o
modelo mais tradicional encontrado na maioria
das residências há décadas e que nos últimos anos
veio sendo substituída por modelos mais eficientes.
É composta de base, bulbo, filamento e demais
suportes internos confinados com o gás. O fila-
mento é espiralado e fabricado em Tungstênio
devido ao alto ponto de fusão e baixo ponto de
evaporação que lhe conferem a maior eficácia
sobre a maioria dos metais. A Figura 15 apresenta
uma lâmpada incandescente comum.

Figura 15 - Lâmpada incandescente

Descrição da Imagem: a figura apresenta a foto de uma lâm-


pada incandescente, formada por elemento de tungstênio dis-
posto no topo de uma torre de vidro montado no interior de um
bulbo de vidro selado em sua base por uma base de metal com
rosca e fechamento em material epóxi e terminal de contato.

95
UNICESUMAR

A luz nesse tipo de lâmpada é resultado do aquecimento do filamento de Tungstênio, que é per-
corrido pela corrente elétrica e atinge elevada temperatura em contato com os gases Nitrogênio ou
Argônio (que são, normalmente, usados na fabricação desse tipo de lâmpada). Já o Criptônio é um
tipo de gás inerte que apresenta menores perdas, mas seu uso é restrito a lâmpadas especiais por conta
de seu custo elevado.
O material da sua base é, geralmente, alumínio, níquel ou latão e pode ser roscado (identificado pela
letra “E” de Edison) ou do tipo baioneta (identificado pela letra “B”) (COTRIM, 2003).
As lâmpadas de descarga emitem luz por conta da contínua descarga elétrica em um gás ou vapor
ionizado. Em alguns casos, há a combinação com a luminescência de fósforos, que são excitados pela
radiação da descarga (COTRIM, 2003). Este tipo de lâmpada exige o uso de limitador de corrente ou
reator associado ao seu circuito.
Nas lâmpadas de descarga, há eletrodos de Tungstênio e um metal emissivo, além do gás (que pode
ser a base de mercúrio ou sódio, por exemplo), o qual preenche seu bulbo de vidro alcalino-silicato
transparente (no caso de lâmpadas de baixa pressão de mercúrio ou fluorescentes tubulares).
Para seu acionamento, é necessário o uso de um reator, que tem como objetivo limitar a corrente
elétrica de seu acionamento, além de utilizar ignitores ou starters que facilitam a ionização do gás
dentro do bulbo, facilitando a condução de elétrons e, consequentemente, a emissão de luz. A Figura
16 apresenta uma lâmpada de descarga típica.

Figura 16 - Lâmpada de descarga

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma mão segurando uma lâmpada de descarga que é montada em um bulbo
e vidro cilíndrico e uma base de metal para fixação por meio de rosca.

96
UNIDADE 3

Em uma lâmpada fluorescente tubular, a luz é produzida pela ativação de pós fluorescentes por
meio da energia ultravioleta da descarga no interior do bulbo.
Normalmente, o formato de seu bulbo é tubular e longo, apresentando um eletrodo em cada
extremidade e confina vapor de mercúrio sob baixa pressão junto de uma pequena quantidade
de gás inerte para facilitar a partida.
A composição do pó fluorescente ou fósforo que reveste as paredes interiores desse tipo de
lâmpada determina a cor da luz emitida e sua faixa de potências pode variar entre 15 até 110 W,
podendo ou não necessitar de ignitor. A Figura 17 apresenta uma lâmpada fluorescente tubular.

Figura 17 - Lâmpada fluorescente tubular

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma lâmpada fluorescente tubular, com corpo cilíndrico e em cada extremidade
terminais metálicos para contato com conectores elétricos ligados a um reator.

Nesse tipo de lâmpadas, são utilizados reatores que, atualmente, apresentam rendimento mais elevado, pelo
fato de serem eletrônicos e aplicarem sinal de alta tensão em frequência mais elevada, acionando a lâmpada
mais rápido e com rendimento mais elevado, comparado aos modelos tradicionais. Esse tipo de lâmpada
contempla várias características da lâmpada fluorescente tubular, com a vantagem de ter apenas uma base
de fixação, as características positivas da lâmpada incandescente, porém, consumindo menos energia com
maior eficiência energética e luminosa, pois converte mais energia elétrica em luz do que em aquecimento.
A partir de meados de 1998, no Brasil, as pessoas passaram a substituir suas lâmpadas incandescentes por
modelos fluorescentes compactos, e depois desse momento, vários modelos mais eficientes e menores foram
sendo lançados. É bastante comum que na embalagem do produto sejam disponibilizadas pelo fabricante da-
dos comparativos entre a potência necessária em
uma lâmpada fluorescente compacta para equi-
valer a uma lâmpada incandescente e é notório
que uma lâmpada incandescente que consuma
100 W produza a mesma intensidade luminosa
que uma lâmpada fluorescente compacta de 24 W,
por exemplo. A Figura 18 mostra alguns modelos
de lâmpadas fluorescentes compactas.
Este modelo normalmente está disponível
entre as faixas de potência entre 5 e 55 W, sendo
Figura 18 - Lâmpada fluorescente compacta
que essa referência pode sofrer alterações de acor-
do com a necessidade de cada fabricante, atua- Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de três lâm-
padas fluorescentes em formatos compactos, para montagem em
lizando a faixa de oferta de potências comerciais soquete, sendo uma com tubos retos e duas espirais.
(COTRIM, 2003).

97
UNICESUMAR

É comum encontrarmos esse modelo nas faixas de potências entre 80 e 1.000 W. Utiliza um reator para
seu acionamento e apresenta dois eletrodos (principal e auxiliar) unidos por meio de um resistor que
emite luminescência suficiente para ionizar o gás interno e iniciar a descarga. A Figura 19 mostra um
exemplo de lâmpada de vapor de mercúrio e sua utilização.
A lâmpada de vapor de mercúrio, normalmente, é utilizada na iluminação pública, mas atualmente,
os programas de eficiência energética estão substituindo esse modelo por lâmpadas mais eficientes,
como a lâmpada LED, por exemplo.
Esse tipo de lâmpada não reproduz as
cores com riqueza, pois o arco de mercúrio
emite boa parte de sua energia luminosa na
região do espectro luminoso de ultravio-
leta. Artifícios como utilizar revestimento
de fósforo no interior de seu bulbo produz
um componente vermelho que melhora a
reprodução de cor (COTRIM, 2003).
Essa tecnologia de lâmpadas apresenta
as características das lâmpadas de mer-
Figura 19 - Lâmpada a vapor de mercúrio
cúrio, porém, para aumentar sua eficácia e
a reprodução de cores, é adicionado iodeto Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma luminá-
ria instalada em via pública com lâmpada a vapor de mercúrio, que
em sua construção, como é o caso do índio, consiste em bulbo de vidro com cor leitosa. A luminária está montada
tálio e sódio. Na Figura 20, é possível ver um em um poste de iluminação e possui revestimento interno reflexivo
à base de alumínio.
exemplo de lâmpada de vapor metálico.

Figura 20 - Lâmpada de vapor metálico / Fonte: Philips ([2022a], on-line).

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma lâmpada de vapor metálico, composta por bulbo de vidro semicilíndrico
com três diâmetros e conexão metálica com rosca para soquete.

Sua utilização é dedicada à iluminação de ambientes como estádios e vias públicas em centros de
cidades, onde há a necessidade de realçar detalhes e cores com nitidez e a faixa de potências para esse
modelo de lâmpada é de 400 a 2000 W (COTRIM, 2003).

98
UNIDADE 3

Trata-se de uma arquitetura mista entre


lâmpada incandescente e lâmpada de des-
carga, pois apresenta filamento e eletrodo
dentro de um bulbo de vidro revestido
com fósforo e preenchido com gás. Essa
lâmpada emite luz agradável dado a soma
das características do filtro exercido pela
camada de fósforo com o aquecimento
estabelecido pelo filamento (COTRIM,
2003). Sua aparência pode ser vista em um
modelo mostrado na Figura 21.
Este tipo de lâmpada não requer reator
para seu acionamento e deve ser ligada di-
retamente à rede elétrica, assim como uma
lâmpada incandescente comum. Ela possui
sódio, mercúrio e xenônio no interior de
seu bulbo de vidro, que atuam na limitação
e estabilização da luz, além da condução do
calor produzidos.
Para suportar a temperatura de 700 °C
no vapor de sódio, é utilizado vidro duro
e componentes internos de alumínio sin-
terizado e sua utilização se dá, principal-
mente, em iluminação pública em alturas
elevadas, dado a sua capacidade de operar Figura 21 - Lâmpada de luz mista
em faixas satisfatórias de reprodução de
cores e intensidade luminosa (COTRIM, Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma Lâmpada
de luz mista, que consiste em bulbo de vidro com cor leitosa e conexão
2003). A Figura 22 apresenta o aspecto fí- metálica com rosca para soquete.
sico desse tipo de lâmpada.

Figura 22 - Lâmpada de sódio de alta pressão / Fonte: Philips ([2022b], on-line).

Descrição da Imagem: Esta figura apresenta uma foto de uma Lâmpada de sódio de alta pressão, composta por bulbo de vidro cilíndrico
com três diâmetros e conexão metálica com rosca para soquete.

99
UNICESUMAR

A mais inovadora e revolucionária


tecnologia dos últimos anos no que se
refere à iluminação, sem dúvidas, é a
tecnologia de lâmpadas LED. LED,
que significa “Diodo Emissor de Luz”
e que foi adaptado ao uso como lâmpa-
da nos últimos anos e já ocupa lugar de
destaque nas residências e prédios cor-
porativos, além de ambientes públicos
com abrangência mundial. A Figura 23
apresenta modelos que ilustram a ideia
de lâmpada LED.

Figura 23 - Lâmpadas LED

Descrição da Imagem: a figura


apresenta fotos de lâmpadas LED
para utilização em instalações resi-
denciais com fixação por rosca em
soquete padrão. Há três modelos
sendo mostrados nessa imagem,
onde um deles é de uma lâmpada
LED branca em encapsulamento he-
misférico e as demais com projeção
direcional.

100
UNIDADE 3

Há, entretanto, diversos tipos de invólucros para essa tecnologia de lâmpadas, sendo que diferentes
aplicações determinam seu aspecto, variando desde uso em residências, faróis de veículos automotores,
iluminação pública, lanternas e, até mesmo, equipamentos médico-hospitalares (Figura 24).

Figura 24 - Exemplo de iluminação pública utilizando-se lâmpada LED

Descrição da Imagem: a figura apresenta duas fotos de lâmpadas LED utilizadas em iluminação pública. Na primeira foto, são mos-
trados um painel solar fotovoltaico e uma luminária LED, ambos instalados sobre um poste em altura elevada, enquanto na segunda
foto, há três refletores com LEDs para iluminação de áreas externas.

101
UNICESUMAR

As vantagens do uso da lâmpada LED estão associadas ao seu baixo consumo de energia, eficiência
luminosa, vida útil, tamanho reduzido, resistência mecânica, baixa dissipação de calor etc. Com relação
ao custo, há muito o que melhorar, pois ainda se trata de um item fabricado essencialmente no exterior
e, por esse motivo, há tarifas que incidem sobre a importação do produto, mas com o fortalecimento das
indústrias e de fornecedores nacionais certamente será mais interessante a relação de custo-benefício
desse tipo de tecnologia de lâmpada.
A Figura 25 apresenta uma relação da eficiência luminosa em diferentes tipos de lâmpadas. Ob-
serve que uma lâmpada incandescente tem a capacidade de produzir uma taxa de luz por unidade de
potência na ordem de 10 a 15 lm/W, enquanto uma lâmpada de vapor de sódio consegue produzir de
80 a 150 lm/W, isso significa que a eficiência de cada tipo se justifica pela tecnologia utilizada, relação
custo benefício, aplicação etc. que devem ser avaliados em cada caso.

Figura 25 - Eficiência Luminosa em lâmpadas / Fonte: adaptada de EMPALUX (2021, on-line).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico com colunas empilhadas, em que, no eixo vertical (eixo y), temos a escala de lm/W,
enquanto no domínio (eixo x), temos as tecnologias de lâmpadas, sendo elas LED, vapor de sódio, vapor de mercúrio, vapor metálico,
luz mista, fluorescente, halógena e incandescente. Para cada tecnologia, há um valor de lm/W, em que a lâmpada de vapor de sódio se
apresenta superior às demais com faixa variando entre 80 a 150 lm/W, seguida pela tecnologia LED com faixa variando entre 70 a 130
lm/W, depois vapor metálico (75 a 100 lm/W) e fluorescentes com faixa variando entre 50 a 100 lm/W. Na sequência, as lâmpadas de
vapor de mercúrio operam entre 45 e 55 lm/W, as de luz mista entre 20 e 35 lm/W, as alógenas com faixa de 15 a 25 lm/W e, finalmente,
as incandescentes com valores entre 15 e 55 lm/W.

Analisando em termos de vida útil, que se define como a expectativa de durabilidade de uma fonte
luminosa, considera-se que o fim da vida útil de uma fonte luminosa ocorre em torno de 70% do seu
fluxo luminoso (EMPALUX, 2021). Veja como é a vida útil para cada uma das tecnologias abordadas
nessa sessão (Figura 26):

102
UNIDADE 3

Figura 26 - Vida útil de uma fonte luminosa / Fonte: EMPALUX (2021, on-line).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico com colunas empilhadas, em que, no eixo vertical (eixo y), temos a escala de horas,
enquanto no domínio (eixo x), temos as tecnologias de lâmpadas, sendo elas LED, vapor de sódio, vapor de mercúrio, vapor metálico,
luz mista, fluorescente, halógena e incandescente. Para cada tecnologia, há um valor de horas de vida útil, em que a lâmpada de vapor
de sódio se apresenta igual à tecnologia LED com até 32000 h de durabilidade, depois vapor de mercúrio com duração total de 24000
h, seguido por vapor metálico com 15000 horas, luz mista com 10000 horas, fluorescentes com 4000 horas, no mínimo, e 8000 horas,
no máximo, halógenas de 1500 a 2000 horas e as incandescentes com, no máximo, 1000 horas de vida útil e, no mínimo, 750 horas.

Note que a lâmpada LED oferece vida útil entre 20.000 h e 32.000 h, enquanto as lâmpadas incandes-
centes oferecem, no máximo, 1000 h de tempo de vida útil.
O conhecimento de instalações elétricas, sistemas elétricos de potência e luminotécnica conferem ao
profissional a capacidade de analisar as tecnologias utilizadas em seu ambiente profissional e inferir sobre
a mais viável, uma vez que a energia elétrica consiste em um recurso de custo elevado para obtenção, além
de exigir gestão adequada em termos de segurança e viabilidade, assim, a imersão nos assuntos abordados
nessa unidade permitem ao Engenheiro atuar no sentido de avaliar a melhor estratégia aplicada na geração
de energia, nos sistemas de iluminação e, até mesmo, o cumprimento das normas de instalações elétricas.
Você irá utilizar esses conhecimentos para atuar diretamente em ambientes profissionais com a
análise dos serviços prestados em eletricidade, no cumprimento de normas e substancialmente no uso
das tecnologias voltadas à segurança em eletricidade, desde os elementos de proteção até mesmo os
condutores utilizados e os esquemas de aterramento, além, é claro, de inferir sobre a melhor tecnologia
de luminotécnica, que se aplica em cada caso, analisando os dados estudados nesta unidade.
Nesta unidade, abordamos assuntos relacionados às instalações elétricas e às normas técnicas,
que regem seu dimensionamento e utilização, fatores primordiais a serem respeitados para tra-
balhos em eletricidade.

103
UNICESUMAR

Para finalizar, foram ex-


postos conceitos relacio-
nados à Luminotécnica, com
vistas aos dados que se fazem
relevantes a um Engenheiro de
Produção no que se refere ao sis-
tema de iluminação a ser utilizado.
Certamente já passamos por mo-
mentos onde a energia elétrica foi in-
terrompida por motivos de mal tempo ou
um acidente qualquer que deixou o bairro
ou mesmo parte da cidade por longas horas
sem energia elétrica. Este fenômeno nos faz
refletir o quanto somos adaptados e dependentes
da eletricidade e de nossos equipamentos.
Quando alguma parte do processo de geração,
transmissão ou de distribuição de energia deixa de
funcionar corretamente, sempre passamos por transtor-
nos que podem interferir, até mesmo, na maneira com que
nos comunicamos atualmente, pois a internet pode deixar de
funcionar, o telefone (embora tenha sistema de baterias e gera-
dor diesel na central telefônica) pode interromper suas atividades
e, com isso, o conforto de uma vida no século XXI passa a parecer
mais com o século XVIII, onde não havia luz elétrica, porém, naquele
tempo, as pessoas estavam preparadas para isso e, hoje, não estamos.
A mesma ideia se aplica aos sistemas de iluminação que trazem a cla-
ridade às nossas ruas e casas e correspondem a uma despesa significativa
para usuários domésticos e industriais. É também um dos principais mo-
tivos que leva o governo a impor o horário de verão, que se aplica para que o
consumo de energia elétrica da iluminação pública não coincida com o momen-
to em que a maioria das pessoas está em casa tomando banho.
É importante ressaltar que os tipos de sistemas de iluminação que estudamos
nesta unidade permitem a seleção pela tecnologia mais sustentável, de modo que con-
verta a maior parte da energia consumida em energia útil ou, neste caso, luz, pois, o uso
das lâmpadas é, na maioria dos casos, de longo prazo e na medida em que podemos optar
por tecnologias mais eficientes, optamos por instalações que respeitam o meio ambiente e,
assim, podem ser sustentáveis.
Todos esses assuntos foram trabalhados para dar sequência nas demais unidades deste livro
que pretende oferecer as noções fundamentais de Eletrotécnica e Eletrônica.

104
Assim, chegamos ao final desta unidade e, agora, é o momento de relembrar os principais termos
que estudamos até aqui. Para isso, observe o mapa conceitual dado a seguir (Figura 27):

Luminotécnica
Curto-circuito

Sobretensão

DPS
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
NBR 5410

Aterramento

Sobrecarga
Potência instalada

Com base no modelo, você deve montar seu próprio mapa conceitual com o significado de cada
termo dado.

105
1. Em uma instalação elétrica residencial, uma criança tocou com o dedo na tomada e recebeu
choque elétrico e o dispositivo DR atuou desligando a rede para proteger a vida da criança.
Descreva como o dispositivo DR detectou o evento de choque elétrico.

2. O aterramento elétrico está presente na maioria das instalações elétricas e deve seguir o que
está previsto na norma NBR 5410. De acordo com os conceitos de aterramento elétrico, é
correto afirmar que:

a) O aterramento elétrico se aplica apenas em casos onde a carga instalada ultrapassa os


22 MW .
b) Deve ser implementado em todas as instalações.
c) Só devem ter aterramento elétrico os imóveis com data de construção posterior a 2015.
d) Os esquemas de aterramento mais frequentes são o TNC-IT e o TTNCS.
e) A haste de aterramento só pode ser fabricada em latão, pois é considerado um ótimo condutor
e não oxida em contato com o solo, enquanto o cobre não permite essa utilização por conta
da ferrugem provocada em contato com o solo.

3. Quando um indivíduo entra em contato direto com uma das fases de uma instalação elétrica,
pode haver a circulação de corrente para o circuito de terra, resultando em graves danos quan-
do o fluxo da corrente atinge órgãos vitais do corpo. Sobre os conceitos relativos à corrente
diferencial-residual, é correto afirmar que:

a) Os efeitos do choque diminuem se o indivíduo utilizar luvas e calçados isolados, pois são feitos
de materiais que dificultam a circulação de corrente elétrica.
b) A corrente que circula no ato do choque não importa e sim a tensão, pois a corrente não
circula por tecido humano, apenas a tensão elétrica.
c) A corrente diferencial é aquela medida entre uma fase e o neutro da instalação e não inclui
o terminal de aterramento.
d) Os dispositivos capazes de proteger as pessoas de choques elétricos são denominados de
DRs, que significam Disjuntores Reversos e seu uso é obrigatório segundo a NBR 5410.
e) A corrente diferencial-residual é a soma das correntes das fases multiplicada pela corrente
do neutro de uma instalação.

4. O uso de aterramento elétrico em uma instalação residencial pode evitar choques elétricos
quando pessoas entram em contato com seus eletrodomésticos, como no caso de chuveiros,
refrigeradores e máquinas de lavar. Em caso de uma descarga atmosférica que atinge um poste
e seus condutores, o que ocorreria a uma pessoa que está tomando banho em um chuveiro
de 5400 W alimentado em 127 V sem o devido aterramento?

106
5. Assinale a alternativa que apresenta o valor da corrente que circulará pela resistência do chu-
veiro da questão 4, considerando que o potencial do raio é de 500.000.000 V .

a) 358, 78.108 A.
b) 28, 3.108 A .
c) 1, 67.108 A .
d) 0, 735.105 A .
e) 13, 4.106 A .

6. Assinale a alternativa que apresenta o valor da potência dissipada no chuveiro no momento


da descarga atmosférica da questão 5.

a) 12, 876.1012 W .

b) 33, 585.1016 W .
c) 1, 133.1015 W .
d) 138, 44.1023 W .
16
e) 8, 389.10 W .

107
108
4
Máquinas elétricas e
acionamentos
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, o estudante terá a oportunidade de aprender so-


bre os principais tipos de máquinas elétricas e seus parâmetros
construtivos, além de conhecer os acionamentos elétricos mais
tradicionalmente utilizados e aqueles que remetem à eficiência
energética, por exemplo, chaves estáticas soft starters e inversores
de frequência.
UNICESUMAR

Você já parou para pensar quanta energia é necessária para tirar


um elevador do repouso e se deslocar até o andar desejado?
Além disso, você sabe como é possível que seu movimento seja tão
suave ao ponto de nem identificarmos se está subindo ou descendo?
E quanto à economia de energia, você sabe qual método de
acionamento elétrico pode ser mais econômico para o acionamento
de um motor de indução trifásico assíncrono com rotor do tipo
gaiola de esquilo (o mesmo utilizado para deslocar um elevador
pelos andares de um edifício)?
Nesta unidade, iremos estudar cada um desses pontos para que
você possa entender o porquê de cada questão.
A energia elétrica por si somente não tem quase utilidade, pre-
cisa ser aplicada em algum dispositivo que possa convertê-la em
algo útil, por exemplo, o movimento de um eixo ou o aquecimento
em um forno, assim é possível que a energia elétrica tenha utili-
dade, porém, seu uso depende de gestão responsável e sustentável.
Daí o conceito de máquinas elétricas, que surgiram e estão sendo
diuturnamente otimizadas pelo mundo, a fim de se obter modelos
eficientes, com o mínimo de perdas.
As máquinas elétricas são dispositivos versáteis que permitem
a movimentação de cargas, transporte, manutenção, fabricação
e tantos outros processos que conhecemos. São, na maioria das
vezes, associadas aos motores elétricos que exercem tarefas com
peças móveis e dependem totalmente da indução eletromagnética
para funcionar.
As aplicações industriais que utilizam motores devem esco-
lher modelos com elevado fator de potência e, ao mesmo tempo,
dimensionar sua capacidade para a carga a qual são associados,
sob o risco de superdimensionar o motor para a aplicação e gerar
potência reativa, que pode representar um desperdício para a in-
dústria. Este fator, quando é multiplicado pelo volume de motores
de uma planta industrial que pode chegar às centenas ou até aos
milhares de motores, em alguns casos pode representar um grande
problema a ser solucionado.
O uso eficiente da energia elétrica é uma obrigação de todas as
indústrias, desta forma, o conhecimento das tecnologias de acio-
namentos de máquinas é fundamental para entender qual melhor
se adéqua à cada caso, por exemplo, entre o acionamento direto
e o uso de inversores de frequência, a eficiência energética é um
dever de cada profissional que atua na indústria.

110
UNIDADE 4

Baseado no conceito das máquinas elétricas que conhecemos na Sugestão: acesse o


atualidade, você deve realizar uma pesquisa na internet comparando link da WEG motores:
diferentes tipos de motores elétricos em termos de fator de potência
e eficiência. Como sugestão, o estudante pode acessar um dado fabri-
cante e selecionar pelo menos 4 tipos diferente de motores, acessar
seus manuais e obter as informações relativas ao fator de potência
de cada um com 50% e com 100% de sua capacidade nominal.
Olá, estudante! Você já deve ter acessado a internet e pesquisado
acerca dos diferentes tipos de motores elétricos, não é mesmo? Neste
espaço dedicado à sua reflexão, você deve anotar, no seu Diário de
Bordo, suas conclusões acerca da comparação entre o fator de potência de um motor de alto ren-
dimento com um motor de uso geral.
Dado a essa análise, você consegue concluir sobre qual tecnologia de motor melhor se aplica ao
acionamento de um elevador, sabendo-se que ele irá variar sua carga de vazio até totalmente cheio
em centenas de deslocamentos diários em um edifício residencial, então, aproveite este espaço para
anotar sua descoberta.

111
UNICESUMAR

Certas aplicações específicas su-


gerem o uso de diferentes tipos de
máquinas elétricas, que podem se
diferenciar facilmente em relação
à dinâmica de seu uso, logo, des-
tacaremos, nesta unidade, as má-
quinas que operam de maneira
estática e aquelas que promovem
o movimento para realizar as suas
ações, as máquinas de operação
dinâmica.
Para explicar com maiores detalhes, devemos nos referir a alguns princípios de eletromagnetismo
que serão tratados de maneira simplificada.
O eletromagnetismo teve os seus estudos iniciados por Michael Faraday que, em 1831, permitiu o
desenvolvimento da maioria das tecnologias que utilizamos atualmente em termos de recursos elétri-
cos, dos quais somos praticamente dependentes em nosso modelo de vida. Nesta seção, abordaremos
o eletromagnetismo básico que permite o entendimento do funcionamento das máquinas elétricas.
Antes de iniciar os estudos com
o eletromagnetismo, resgataremos
o nosso conhecimento básico rela-
cionado aos itens mais próximos.
Por exemplo, um simples ímã. Um
ímã é um elemento que produz na-
turalmente fluxo magnético que, ao
encontrar um condutor metálico em
seu caminho (propagação), tem como
resultado o surgimento de uma dife-
rença de potencial (d.d.p.) induzida.
Podemos concluir com isto que,
quando um condutor “corta” o espaço
de propagação de campo magnético,
há uma tensão induzida nos terminais
deste condutor, mas é necessário que
o ímã esteja em movimento para que
essa d.d.p. se sustente. Figura 1 - indução eletromagnética
A indução eletromagnética é
um fenômeno que podemos ob- Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma bobina de cobre enrolada em
torno de um núcleo tubular com um ímã que se desloca dentro de seu interior
servar quando movimentamos por meio da ação do movimento da mão que o segura, produzindo força eletro-
motriz que é exibida por meio de um galvanômetro de bobina móvel conectado
um ímã no núcleo de um indutor, em paralelo com a bobina.
conforme a Figura 1.

112
UNIDADE 4

Esse fenômeno é reversível, ou


seja, quando um campo mag-
nético encontra um condutor,
há o surgimento de uma d.d.p.,
e quando uma corrente percor-
re um condutor metálico, surge
um campo magnético em torno
desse condutor. Esta reversibili-
dade será abordada no funcio-
namento das máquinas elétricas
apresentado nesta unidade.
As máquinas estáticas são
aquelas que, na execução de
suas ações, não promovem
movimento significativo ou
não possuem partes móveis.
O movimento significativo se
refere ao fato de o movimento
realizado ter função para a re-
ferida máquina. Por exemplo:
o movimento ocorrido nos
condutores do indutor de um
transformador percorrido por
corrente elétrica (que é ínfimo)
não faz parte da ação esperada
para a referida máquina elétri-
ca. Como exemplo, podemos
citar os transformadores, os
reatores, as bobinas, os eletroí-
mãs etc. (Figura 2).
Neste tipo de máquina, a
corrente elétrica que percorre
os seus condutores promove
ações que remetem à conver-
são de potenciais elétricos e,
portanto, não se espera movi- Figura 2 - Exemplos de máquinas estáticas

mentos de seu funcionamento,


Descrição da Imagem: a imagem apresenta três figuras representando elementos
mesmo que existam implicita- indutivos, sendo, acima um toroide, no centro um transformador de distribuição
e abaixo, um transformador utilizado em aparelhos eletrônicos.
mente entre os condutores de
seu bobinado.

113
UNICESUMAR

O funcionamento das máquinas estáticas, como no caso do transformador, é o seguinte: o trans-


formador é um dispositivo que possui enrolamentos de cobre em forma de bobinas para que o fluxo
magnético se concentre em uma dada região de interesse: o núcleo. O campo magnético produzido
com a circulação de corrente ( I ) pelo enrolamento primário se propaga pelo núcleo e induz uma
d.d.p. no enrolamento secundário, conforme a Figura 3.

Figura 3 – Transformador / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama elétrico de um transformador associado em seu enrolamento primário à rede
elétrica e seu enrolamento secundário em aberto com corrente apenas no enrolamento primário e d.d.p. no enrolamento secundário.

No caso do transformador ideal, sem levar em consideração as perdas existentes, a potência do primário
( PP ) é igual a potência do secundário ( PS ), conforme a Equação 1 (KOSOW, 2005):

PP = PS
Equação 1

Sabendo que P  V  I e substituindo na Equação 1, fica (Equação 2):

VP  I P  VS  I S
Equação 2

Em que:
VP : Tensão no enrolamento primário.
I P : Corrente no enrolamento primário.
VS : Tensão no enrolamento secundário.
I S : Corrente no enrolamento secundário.

114
UNIDADE 4

De acordo com a Equação 2, há uma relação direta entre a corrente do primário ( I P ) e a corrente
do secundário ( I S ), pois o campo magnético produzido pela circulação de corrente no enrolamento
primário tem como consequência uma d.d.p. induzida no secundário (Figura 4).

Figura 4 - Transformador com carga acoplada / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama elétrico de um transformador associado em seu enrolamento primário à rede
elétrica e seu enrolamento secundário associado a uma carga resistiva com corrente em ambos os enrolamentos.

Se acoplarmos uma carga nos terminais do enrolamento secundário, surgirá uma corrente I S que
depende do valor da resistência da carga, conforme a Equação 3:
VS
IS
= = [ A]
RL
Equação 3

Em que:
RL : resistência na carga ( W ).

Para atender à igualdade da Equação 1, em que PP = PS , quando há o surgimento de uma corrente


no secundário, haverá como consequência uma corrente proporcional no enrolamento primário. Esse
princípio permite que, ao variarmos o valor de RL , haja uma variação de I P de mesma proporção. Esse
conceito é de fundamental importância para o entendimento do funcionamento das máquinas elétricas.
As máquinas dinâmicas são aquelas que, ao serem percorridas pela corrente elétrica, promovem
movimento, normalmente, em uma parte móvel acoplada magneticamente a uma parte estática da
mesma máquina. Como exemplos, podemos citar os motores elétricos, solenoides, relés, contatores
etc., conforme a Figura 5.

115
UNICESUMAR

Certamente, quando nos re-


ferimos às máquinas dinâmi-
cas, nos lembramos mais fre-
quentemente dos motores que,
como o próprio nome diz, são
utilizados para mover algo.
Esta máquina elétrica possui
um conjunto de componentes
que, por sua vez, promovem
o movimento de um eixo por
ação de um campo magnético
produzido no interior de sua
estrutura.
O mais frequente tipo de
motor em ambiente industrial
é o motor de indução trifásico,
que consiste em uma máqui-
na dinâmica com três enro-
lamentos conectados à rede
elétrica. Diferentemente do
transformador, o motor pos-
sui partes móveis ligadas a um
eixo, ao qual acoplamos cargas
mecânicas.

Figura 5 - Exemplos de máquinas


elétricas dinâmicas

Descrição da Imagem: a imagem


apresenta três figuras, sendo, na
parte de cima, um motor elétrico;
no centro um contator; e abaixo
um relé.

116
UNIDADE 4

O fato curioso é que se fi-


zermos uma analogia entre
o motor e o transformador,
podemos comparar o enro-
lamento primário do trans-
formador com o enrola-
mento do estator do motor
(Figura 6). Esses dois casos
são semelhantes e operam
estaticamente, ou seja, sem
movimento, logo, o estator
consiste na parte estática de
um motor de indução.
O rotor do motor de in-
dução é semelhante ao en-
rolamento secundário de
um transformador, só que,
neste caso, há movimento
no rotor e não no transfor-
mador. O rotor é suportado
por mancais e rolamentos
para que o seu eixo possa
entrar em movimento ro-
tacional livremente.
O comportamento da Figura 6 - Enrolamento do estator de um motor (parte estática)

corrente em termos de
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um estator de um motor de indução, onde é
causa e consequência é possível observar os enrolamentos de cobre inseridos nas ranhuras do núcleo de chapas
semelhante no sentido da e a carcaça com base para fixação em torno de sua estrutura.

dependência entre as enti-


dades do primário e secun-
dário, mas com um impli-
cante: no motor de indução
trifásico, os condutores do O que aconteceria com a corrente nos condutores do enrola-
rotor estão em curto-cir- mento primário de um motor elétrico se o seu eixo estivesse
cuito, e no transformador bloqueado?

há uma carga com resistên-


cia RL maior do que zero.

117
UNICESUMAR

Isso faz com que, quando energizado, o enrolamento do primá-


rio produzirá corrente elevadíssima para que o rotor inicie o
seu movimento à medida que o eixo acoplado ao rotor atinge
REALIDADE
velocidade nominal (ou próxima disso). Nesta proporção, há a
AUMENTADA
diminuição do valor da corrente até que se atinja a velocidade
nominal e, com isso, o valor da corrente nominal.
A Figura 7 mostra um motor de indução trifásico com os seus
principais componentes (rotor, estator, unidade de ventilação e
tampas de proteção).

Olá estudante! Você sabe como fun-


ciona um motor de indução trifásico
com rotor de gaiola de esquilo? Nesta
realidade aumentada você poderá
acompanhar em 3D um motor aberto
e seus componentes internos em
movimento.

Figura 7 - Motor elétrico de indução trifásico em vista explodida

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma representação em vista explodida de um motor de indução trifásico de rotor de
gaiola de esquilo com seus elementos internos e externos sendo mostrados, em que pode se observar o rolamento esquerdo, tampa
esquerda, rotor de gaiola de esquilo com eixo, carcaça com caixa de ligações, base de fixação e estator, tampa direita, hélice da unidade
de ventilação e tampa da unidade de ventilação do motor.

Existem diversos tipos diferentes de motores elétricos acionados em corrente contínua e alternada,
desde motores pequenos utilizados em nossos aparelhos smartphones (no circuito de vibração) até
motores de centenas de cavalos de potência utilizados por indústrias em todo o mundo.
As características de cada tecnologia justificam a sua utilização, que depende do tipo de carga a
ser acionada e até do grau de proteção contra partículas de poeira ou água. Neste livro, adotaremos o
motor assíncrono de gaiola de esquilo como o objeto de nosso estudo.
Normalmente, as máquinas elétricas estáticas realizam tarefas de conversão de potenciais elétricos,
como os transformadores, que podem ser elevadores, isoladores ou rebaixadores de tensão elétrica.

118
UNIDADE 4

No sistema elétrico de potência, quando a usina hidrelétrica gera energia e a transmite para que
possa ser utilizada pelas pessoas em suas casas e empresas, o potencial elétrico não está adequado ao
uso e, portanto, precisa ser rebaixado para que ele possa alimentar um eletrodoméstico, por exemplo,
pois a tensão é distribuída em milhares de volts e chega às nossas residências no formato de 127 V
ou 220 V . Neste caso, o papel do transformador é rebaixar a tensão de 13, 8 kV (por exemplo) para
os potenciais que podemos utilizar em nossos equipamentos.
Nos casos onde há risco de choques elétricos, são utilizados, normalmente, transformadores isola-
dores, que oferecem a mesma tensão da entrada na saída, porém, não possuem a referência no terminal
de terra, como é o caso dos transformadores de distribuição e, com isso, o contato em um dos terminais
desse transformador não teria uma corrente circulando para a terra e, desta forma, não causaria choque
elétrico, como no caso da rede de distribuição.
Quando um equipamento opera em 220 V e, na instalação, temos a disposição apenas de 127 V ,
utiliza-se o transformador elevador, que permite a elevação de potencial para a utilização do equipa-
mento alimentado em tensão mais elevada.
É sempre importante observar que o transformador é uma máquina elétrica que converte um potencial
em outro, e a potência dessa máquina deve ser respeitada, pois além de haver perdas no processo de conversão,
as quais geram aquecimento,
ultrapassar a capacidade de
potência do transformador
faz com que a sua tempera-
tura atinja níveis elevados e,
assim, os condutores podem
entrar em curto-circuito, pois
há a ruptura da camada iso-
lante envolvente, danificando
permanentemente essa má-
quina.
Há transformadores que
são utilizados para o acio-
namento de motores elé-
tricos, onde um circuito de
comando varia as saídas do
transformador de modo que
o motor assuma diferentes
níveis de tensão no tempo
e, assim, possa ser aciona- Figura 8 - Transformador utilizado em acionamento de motores (partida compensadora)
do com carga acoplada e, ao
mesmo tempo, uma partida Descrição da Imagem: a imagem apresenta um transformador trifásico com núcleo
envolvido por cada uma das bobinas, de modo que podemos observar os terminais dos
“um pouco mais suave” do respectivos enrolamentos disponíveis em terminais parafusados em base não condutiva
acima dos enrolamentos.
que a partida direta.

119
UNICESUMAR

Há também o exemplo dos reatores utilizados nos sistemas de iluminação, que promovem a elevação de
tensão utilizada para ionizar o gás presente dentro de uma lâmpada e que representa baixo rendimento,
ou seja, baixa taxa de conversão de energia, com perdas que comprometem a eficiência energética.
Com o advento da eletrônica e os dispositivos aplicados no controle de velocidade de motores, foi
possível desenvolver recursos cada vez mais eficientes para converter potenciais com alto rendimento e
baixos níveis de desperdício de energia elétrica. É o caso dos conversores estáticos e das fontes chaveadas.
As fontes chaveadas são dispositivos que convertem a tensão da rede elétrica, normalmente dis-
ponível entre as tensões de 100 V a 240 V , em corrente alternada com tensões de valores diversos e
em corrente contínua, como 3, 3 V , 5 V , 12 V , 24 V etc., isoladas da rede elétrica por um circuito
eletrônico que opera em alta frequência (acima de 100 kHz ).
Os conversores estáticos, utilizados para o acionamento de motores elétricos trifásicos, apresentam, ge-
ralmente, chaveamento interno em alta frequência e comutação das fases de saída variando de 0 a 60 Hz
(chegando a valores próximos de 300 Hz , de acordo com o modelo), para que um motor assíncrono possa
ser acionado de maneira suave e controlada, com o mínimo desperdício de energia elétrica possível. Como
exemplo, temos os inversores de frequência e os soft-starters, conforme mostrado na Figura 9.

Figura 9 - Modelo de conversor estático: acionamento de motores elétricos trifásicos

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto com três inversores de frequência, sendo de diferentes modelos entre si e com
tamanhos semelhantes.

120
UNIDADE 4

Os conversores estáticos utilizados para acionar motores elétricos são conhecidos também como
“chaves estáticas”, pois comutam a rede elétrica de maneira rápida e eficiente e não possuem partes
móveis, como no caso dos contatores, daí o termo “estático”.

Os motores elétricos trifásicos são, sem dúvida, os Normalmente, um motor de alto rendimento
dispositivos que mais representam o ambiente in- é aquele que converte a maior parte da potência
dustrial quando o assunto é movimento, seja no de entrada em potência útil em seu eixo, chegan-
interior de uma máquina ou no transporte de mate- do a números próximos a 95% ( h=95%) .
riais dentro de uma planta industrial, representando Os motores elétricos modernos são aciona-
grande parte do consumo de energia elétrica. dos por conversores estáticos (inversores ou
Alinhado com o uso responsável da energia soft-starters, mas também há outras técnicas
elétrica, os fabricantes de motores elétricos pas- de acionamento utilizadas que fazem com que
saram a utilizar, nos últimos anos, materiais e o motor seja conectado à rede elétrica abrup-
técnicas com a denominação de motores de alto tamente e haja picos de corrente. Isto pode
rendimento, ou seja, que possuem elevada taxa danificar a rede e os demais dispositivos nela
de conversão de potência de entrada para a saída. conectados, além de diminuir a vida útil do
Em termos práticos, imagine um motor que te- próprio motor.
nha uma potência nominal de 5.000 W  5 kW  Quando um motor elétrico é utilizado para
e rendimento de 85% . Essa é a potência que o acionar uma esteira que transporta produtos
motor consumirá quando estiver assumindo a sua sensíveis, é muito importante não haver um
carga máxima em seu eixo, mas não significa que acionamento abrupto, ou a carga sobre a esteira
ele está entregando essa amplitude de potência à poderia cair e quebrar, logo, a partida deve ser a
máquina, pois há perdas durante o processo de mais suave possível. Este feito é realizado com
conversão e, no exemplo dado, o motor deverá a utilização dos conversores estáticos e redu-
ter uma perda de 15% neste processo. tores de velocidade, que multiplicam o torque
A capacidade percentual que uma máqui- do motor e, ao mesmo tempo, reduzem a sua
na elétrica possui de converter na saída a po- velocidade.
tência recebida em sua entrada, é denominado O torque de um motor é a força de rota-
rendimento, representado pela letra h , o qual ção que o eixo do motor realiza para vencer o
relaciona a potência da saída com a potência momento de inércia da máquina (ou conjuga-
da entrada. Uma máquina é tão melhor quanto do resistente da máquina). Quando o motor
mais próximo de 1  ou 100%  for seu rendi- é conectado à rede elétrica, há o surgimento
mento, mas, na prática, não temos esta situação de um campo eletromagnético que promove
em condições normais de uso. o movimento do rotor.

121
UNICESUMAR

O campo magnético produzido nos enrolamentos do estator do motor opera de acordo com a
frequência da tensão que o alimenta, assim, se um motor opera em 60 Hz , ele possui um campo
magnético denominado “campo girante”, que atua com velocidade síncrona ( N S ) proporcional a
esta frequência. A expressão que define a relação entre a velocidade síncrona, a frequência ( f ) e
o número de polos de um motor é dada na Equação 4:

120  f
NS   [rpm]
p
Equação 4

Onde p é o número de polos do motor que depende exclusivamente de suas características construtivas.
Quando o rotor do motor elétrico assíncrono inicia o seu movimento, podemos dizer que o seu
conjugado (torque) está vencendo a inércia que o mantinha em repouso e, quando a rotação nominal
do eixo do motor é atingida, significa que esse momento de inércia foi vencido e o motor se encontra
em velocidade nominal.
Durante esse processo, podemos entender que, no instante inicial, o eixo do motor estava em repouso
com velocidade N N = 0 rpm , e a velocidade do campo girante atua sobre o rotor com a velocidade
síncrona igual a relação dada na Equação 4, logo, se a frequência da rede for de 60 Hz e o motor for
de 4 polos, teremos a velocidade síncrona ( N S ) de:

120  f
NS   1800 rpm
4
Em acionamento de motores elétricos trifásicos é comum utilizar o termo “escorregamento” ( s )
para definir a diferença entre a velocidade síncrona ( N S ) e a velocidade do eixo do motor ( N N ), de
acordo com a Equação 5. A sua unidade de medida é o rpm (rotações por minuto) e pode ser expressa
como fração da velocidade síncrona (Equação 6) ou também em % de escorregamento (Equação 7).
O escorregamento pode ser calculado pelas equações (Equação 5, Equação 6 e Equação 7):

s (rpm)  N S  N P  [rpm]
Equação 5

ou

NS  N N
s
NS
Equação 6

122
UNIDADE 4

ou
NS  N N
s (%)   100  [%]
NS
Equação 7

Como o motor em estudo é assíncrono e a velocidade do eixo do rotor ( N N ), teoricamente, nunca


se iguala à velocidade do campo girante ( N S ), pois quando o motor está vazio (sem acoplamento
de carga ao eixo), é possível que a velocidade do eixo do rotor se aproxime da velocidade de cam-
po girante, por motivos construtivos, sempre haverá escorregamento, mesmo que em pequena
escala, pois o eixo do motor girará em uma velocidade que tende à velocidade de campo girante,
na tentativa de se igualar a ela. Na medida em que a carga no eixo do motor aumenta, a tendência
é aumentar o escorregamento.
Neste raciocínio, podemos determinar o valor da velocidade nominal de um motor a partir da
Equação 8:

 s% 
N N  N S  1    [rpm]
 100 
Equação 8

Assim, para o caso de um motor sem carga acoplada, com escorregamento praticamente nulo, fica:

 0 
N N  N S  1    N S  (1)  N S
 100 
 NN  NS

Este efeito é bastante visível quando observamos o funcionamento de um eletrodoméstico que utiliza
motor, como um liquidificador. Quando inserimos uma substância muito densa para ser triturada,
como gelo, por exemplo, o motor parte com velocidade menor até vencer a resistência da substância
e, à medida em que esta é triturada, a hélice consegue, de forma gradativa, girar livremente e, assim, o
motor atinge a velocidade nominal ( N S ).
Embora no exemplo dado, o motor do eletrodoméstico e o motor trifásico sob estudo não sejam os
mesmos tipos de motores, a condição é semelhante e ocorre com frequência no ambiente industrial,
quando uma máquina acionada por motor elétrico sofre oscilação na carga acoplada ao eixo. Em outras
palavras, o aumento de torque para vencer o esforço exigido pela máquina.

123
UNICESUMAR

Essa oscilação na velocidade do eixo, cuja consequência é o surgimento ou o aumento do escorre-


gamento, é um assunto que tratamos com técnicas de acionamento de motores utilizando dispositivos
inteligentes, os quais realizam a monitoração da velocidade do eixo e estimulam o motor para que este
se mantenha constante (ou próximo disso) à velocidade nominal. Estamos falando das chaves estáticas
denominadas inversores de frequência.

Quando o eixo de um motor é bloqueado, há elevação na corrente elétrica que circula pelos con-
dutores que o alimentam na tentativa de vencer a condição do bloqueio. Até que ponto é seguro
para o motor continuar a aumentar a corrente e, com isso, a temperatura em todo o acionamento?

Exemplo resolvido: Determine o escorregamento percentual de um motor de IV polos, operando


na frequência de 50 Hz , sabendo que a velocidade em seu eixo é de 620 rpm .

Dados do exemplo:
Frequência: 50 Hz .
Polos do motor: IV = 4 polos.
N N = 620 rpm

Solução:
1º passo: cálculo da velocidade síncrona ( N S ) para o motor: de acordo com os dados do exemplo,
a frequência da rede de alimentação é de 50 Hz e o número de polos é de 4, temos:

120  50
NS   1500 rpm
4
2º passo: cálculo do escorregamento percentual s  %  do motor com 620 rpm no eixo:
NS  N N 1500  620
s (%)   100   100  58, 66 %
NS 1500
s(%) = 58, 66 %

3º passo: conclusão.
O resultado encontrado de escorregamento percentual nos permite concluir que, naquele dado mo-
mento, o eixo do motor está com um escorregamento que corresponde a 58, 66% da velocidade síncrona,
ou seja, inferior à velocidade que o campo girante impõe que o eixo esteja 1500 rpm  , pois, certamente,
naquele instante de tempo, o motor ainda não venceu totalmente o momento de inércia representado pela
carga acoplada ao eixo, logo, está em uma aceleração que deve tender à velocidade nominal ( N S ).

124
UNIDADE 4

Quando um motor elétrico opera muito tempo em velocidade baixa, o sistema de ventilação for-
çada (hélice acoplada internamente ao eixo) não é capaz de promover circulação de ar suficiente
para trocar calor com o ambiente externo e, com isso, pode ocorrer sobreaquecimento do motor,
resultando em redução do tempo de vida útil ou, até mesmo, na queima de seus enrolamentos.

A partir desta etapa de nosso estudo, iremos conhecer os métodos de acionamentos elétricos mais
utilizados na indústria para a partida de motores de indução trifásicos, desde topologias simples (de
baixo investimento, mas com poucos recursos de controle e grande impacto na rede) até partidas com
controle em malha fechada que custam mais, porém, oferecem diversos recursos e compromisso com
o uso responsável de energia elétrica.
No acionamento de motores de indução pelo método da partida direta, os enrolamentos do motor
são conectados diretamente à rede elétrica por meio de um dispositivo de comutação (FRANCHI, 2007).
A partida direta, sem dúvida, é a mais simples das topologias de partidas de motores de indução e
consiste em ligar o motor à rede elétrica pressionando um botão e a desligá-lo pressionando outro botão.
Parece simples sob o ponto de vista operacional, porém, é devastador para a rede elétrica quando o
motor apresenta características de médio e grande porte, pois quando um motor elétrico é acionado
diretamente ligado à rede elétrica, a corrente de partida é de 5 a 6 vezes o valor da corrente nominal
do motor (aquela que é consumida quando o eixo do motor está girando em velocidade nominal),
conforme mostrado na Figura 10 (WEG, 2004).

125
UNICESUMAR

Figura 10 - Curva torque x velocidade e corrente x velocidade / Fonte: Weg S.A. (2004, p. 30).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico da corrente e do torque percentuais no domínio da velocidade percentual, onde
é possível ver uma curva tracejada pontilhada que descreve uma trajetória parabólica com concavidade para baixo indicando um valor
alto de torque que e decrescente até a marca de 100% da velocidade e sua corrente variando entre 5 e 6 vezes seu valor nominal até
que a velocidade atinja seu máximo valor, além disso, há uma outra curva que representa o torque de partida, torque mínimo e torque
máximo, que intercepta o gráfico tracejado pontilhado no ponto de torque intermitente decaindo até o torque de corrente nominal.

Olá, estudante! Convido você a ouvir este podcast onde falaremos sobre
o desempenho de motores elétricos em seus diferentes tipos de acio-
namentos. Aproveite essa oportunidade de aprender mais sobre essas
incríveis máquinas que movem a indústria pelo mundo.

Observe, na Figura 10, que o torque é proporcional à corrente e que, no momento inicial, onde o motor
está desligado ( % de velocidade igual a zero), o torque de partida é muito elevado e diminui à me-
dida em que a velocidade tende a 100% , assim, a corrente, quando ocorre a partida, é muito elevada,
e diminui conforme a velocidade do eixo se aproxima de seu valor máximo. A Figura 11 mostra os
diagramas elétricos de uma chave de partida direta.

126
UNIDADE 4

Figura 11 - Chave de partida direta: (a) diagrama de comando e (b) diagrama de força / Fonte: Weg S.A. (2013, p. 4).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois diagramas elétricos, sendo o da esquerda o diagrama de força do acionamento direto
de um motor trifásico e o da direita o diagrama de comando, em que é possível verificar os componentes do acionamento e suas ligações,
como motor, contator, relé de sobrecarga, botões liga, desliga e contato do relé de sobrecarga, além das fases e fusíveis de proteção.

Este tipo de partida é indicado para pequenas máquinas com motores de potências reduzidas, bastante
comum em máquinas de pequeno e médio porte com baixa inércia de partida.
No acionamento de motores de indução pelo método da partida estrela-triângulo, os enrolamentos
do motor são conectados à rede elétrica mediante dois estágios, inicialmente associando o motor em
estrela com corrente menor e, logo após, o tempo ajustável, os enrolamentos são associados em triân-
gulo (Figura 12), onde cada bobina é ligada em paralelo com duas fases e, portanto, esse acionamento
assume a rede elétrica de maneira mais “suave”, comparado com o acionamento direto.

127
UNICESUMAR

Figura 12 - Associação de bobinas na ligação estrela-triângulo: (a) estrela e (b) triângulo / Fonte: Weg S.A. (2016, p. 19).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois diagramas. O da esquerda representa uma ligação estrela de bobinas de um motor
trifásico, e o da direita representa a ligação em triângulo das bobinas do estator de um motor trifásico.

O diagrama elétrico (de comando) utilizado para esse tipo de chave de partida é mostrado na Figura 13:

Figura 13 - Diagrama de comando da chave


de partida estrela-triângulo.
Fonte: Weg S.A. (2016, p. 21).

Descrição da Imagem: a imagem apre-


senta um diagrama de comando de uma
chave estrela-triângulo onde há botões
liga, desliga e contato do relé de sobre-
carga FT1, contatores K1, K2 e K3, além
de um relé de tempo KT1, uma lâmpada
de estado, há também contatos auxilia-
res dos contatores estarem dispostos
em intertravamentos lógicos que impe-
dem o acionamento simultâneo entre
os comandos.

128
UNIDADE 4

O diagrama elétrico de força para esse tipo de acionamento é visto na Figura 14:

Figura 14 - Diagrama de força da chave de partida estrela-triângulo / Fonte: Weg S.A. (2016, p. 21).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama de força de uma chave estrela-triângulo onde há motor e relé de sobrecarga
FT1, contatores K1, K2 e K3, fusíveis de proteção e transformador para circuito de comando.

Esse tipo de ligação exige que o motor possua 6 terminais acessíveis para ligação das bobinas ao circuito
de acionamento. A ideia é que, no primeiro estágio (estrela) do acionamento, as bobinas são associadas
como fossem receber a tensão de trabalho UT vezes 3 (assim fica UT × 3 ) , mas recebem a tensão
de trabalho e, com isto, a corrente é reduzida. Após determinado tempo, na associação do segundo
estágio (triângulo), as bobinas são associadas diretamente à rede elétrica e, assim, assumem a corren-
te nominal prevista para a sua impedância. A Figura 15 apresenta o comportamento do torque e da
corrente em um acionamento do tipo estrela-triângulo.

129
UNICESUMAR

Figura 15 - Curva de torque e corrente na partida estrela-triângulo / Fonte: Weg S.A. (2004, p. 40).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico que demonstra o comportamento das correntes em uma ligação triângulo e
em uma ligação em estrela para a partida de um motor de indução trifásico, além dos respectivos conjugados de partida. Na curva que
representa a corrente em estrela podemos observar que, quando o tempo atinge o limiar de t1, onde podemos observar o conjugado
de partida em estrela, que desde o início do acionamento tem valores menores e aumenta interceptando a curva da corrente em estrela
até a comutação para triângulo, momento onde há um pico de corrente e então o motor é ligado totalmente direto à rede elétrica, com
o conjugado e corrente em triângulo.

Onde ID e CD são, respectivamente, a corrente e o conjugado em triângulo, e IY e CY são, res-


pectivamente, a corrente e o conjugado em estrela. Observe que a corrente em estrela é muito menor
do que a corrente em triângulo, e que no tempo t1 ocorre a comutação de estrela para triângulo, onde
há um pico de corrente ( IY ).
Esta característica permite que um motor seja acionado de maneira menos impactante (para a rede
e para a carga), pois primeiro inicia-se o movimento do eixo com baixa intensidade de corrente, e logo
após vencer o momento de inércia da máquina (quando o torque do motor já está reduzido), associa-se
então as bobinas à rede diretamente, mas com baixo impacto, ou seja, ainda há certo impacto na rede,
porém, muito menor do que aquele que seria em acionamento direto, visível na curva ID da Figura 15.
Mesmo sendo mais suave do que a chave de partida direta, esse tipo de acionamento ainda é
impactante e envolve muitos componentes, sendo um acionamento de grandes dimensões, embora
atualmente os fabricantes ofereçam soluções compactas para essa opção.

130
UNIDADE 4

No acionamento de motores de indução pelo método da partida compensadora, os enrolamentos


do motor são conectados à rede por meio de um transformador que rebaixa a tensão a níveis inferiores
à tensão nominal durante um intervalo de tempo ajustável e, posteriormente, associa o motor direto na
rede elétrica. Com isso, a corrente de partida é menor e mais suave do que a corrente de partida direta.
Normalmente, o acionamento de motores com chave compensadora é utilizado quando temos
uma carga elevada acoplada ao motor, então um transformador reduz a tensão da partida por um
intervalo de tempo curto, pois a temperatura nos enrolamentos do transformador pode aumentar
durante a partida, e o motor só deve ser acoplado à rede após parte (ou a totalidade) da inércia da
carga acoplada ter sido vencida.
O diagrama de força é mostrado na Figura 16, e o diagrama de comando é mostrado na Figura 17
para a chave compensadora.

Figura 16 - Chave de partida compensadora: diagrama de força / Fonte: Weg S.A. (2013, p. 34).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama de força de um acionamento com chave compensadora, em que podemos
observar o contator K3 que aciona o fechamento em estrela do extremo do transformador T1, enquanto os demais terminais são
conectados ao contator K2. Os taps do transformador em 80% são ligados aos terminais do relé de sobrecarga FT1 (que também está
ligado com cada terminal do motor trifásico na outra extremidade), além disso, os taps tem ligação com os terminais do contator K1, o
qual apresenta em seus contatos de entrada as fases L1, L2 e L3 interligadas por meio dos fusíveis F1, F2 e F3.

131
UNICESUMAR

Figura 17 - Chave de partida compensadora: diagrama de comando / Fonte: Weg S.A. (2013, p. 34).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama de comando da chave de partida compensadora, com as fases A e B passando
pelos fusíveis F21 e F22, além do relé de sobrecarga FT1, de onde o sinal é então submetido a contato de S0 (chave desliga). Após este
estágio, as malhas de acionamento dos contatores K1, K2 e K3, além do temporizador KT1, descrevem os intertravamentos entre os
contatos auxiliares dos contatores e botão liga (S1).

A partida com chaves estáticas oferece suavidade no acionamento de um motor de indução, característica
inexistente nos acionamentos anteriormente citados. Essa característica é possível graças ao advento da ele-
trônica embarcada e de recursos de eletrônica de potência que permitem o controle do disparo de tiristores,
os quais conduzem a corrente para o motor. Assim, é possível estabelecer uma partida sem picos de corrente
que, por sua vez, impactam no funcionamento de outros equipamentos instalados na mesma rede elétrica.
Os benefícios do uso de soft-starters são inúmeros, mas podemos elencar os principais:
• Partida e parada de motores elétricos com rampa de aceleração e desaceleração de tempos
programáveis.
• Proteções contra sobrecarga e curto-circuito embutidas no mesmo equipamento.
• Tamanho reduzido.
• Possibilidade de integração com sistema de automação industrial.
• Acesso a parâmetros remotamente.
• Facilidade na instalação etc.

132
UNIDADE 4

A Figura 18 apresenta um exemplo de instalação elétrica onde o acionamento do motor é realizado


por um soft-starter.

Figura 18 - Exemplo de instalação do acionamento de um motor com soft-starter / Fonte: Weg S.A. (2015, p. 118).

Descrição da Imagem: esta imagem apresenta um diagrama de instalação de um motor trifásico acionado por uma soft-starter, em que
a esquerda temos a soft-starter e seus terminais de entrada conectados à rede elétrica por meio de fusíveis e uma chave seccionadora
e em sua saída os terminais U, V e W, conectados aos terminais do motor que possui carcaça aterrada.

Na Figura 19, podemos observar a curva de partida e de parada do motor de uma bomba (gira-
-para). Veja que há um tempo dedicado para realizar a partida (configurável em um parâmetro
denominado P102) e um tempo dedicado à parada da máquina (configurável pelo parâmetro
P104). As rampas de partida e parada mostradas representam os tempos de aceleração e desace-
leração do motor, respectivamente.

133
UNICESUMAR

Figura 19 - Gráfico da partida e da parada de um motor elétrico utilizado em controle de bombas / Fonte: Weg S.A. (2015, p. 145).

Descrição da Imagem: esta imagem apresenta um gráfico que mostra o comportamento da tensão na saída do inversor com rampas
de acionamento definidos pelos parâmetros P102 e P104 em termos de rampas de acionamento e desaceleração, respectivamente,
além dos parâmetros de amplitude P101 e de rampas intermediárias de desaceleração do motor P103 e P105.

Quando pretendemos manter controle sobre a partida, parada e a velocidade do eixo de um motor,
mesmo depois de acionado, precisamos de um equipamento que reúna recursos tecnológicos que per-
mitam a variação de corrente com precisão, a alta velocidade de resposta, a robustez, o alto rendimento
e o acesso a parâmetros funcionais. Estes atributos se aplicam ao inversor de frequência.
O inversor de frequência é um equipamento que realiza as funções de um soft-starter referentes à par-
tida e à parada de um motor por
meio de rampas de aceleração e
de desaceleração, e ainda permite
que o motor assuma diferentes
velocidades ao longo do tempo,
por meio de controle sobre a fre-
quência e a tensão disponibiliza-
da ao motor. Com isso, podemos
afirmar que podemos controlar a
velocidade do eixo de um motor
mesmo depois do acionamento
deste. A Figura 20 apresenta um
exemplo de inversores de fre- Figura 20 - Inversores de frequência atuando no controle de velocidade de moto-
res elétricos
quência instalados em uma planta
industrial onde há máquinas que Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto de uma instalação de inversores
exigem o acionamento e o contro- de frequência com seis inversores montados em uma parede, onde um modelo é maior
e fica à esquerda e os demais cinco são de um mesmo tamanho estando à direita deste.
le sobre a velocidade.

134
UNIDADE 4

Normalmente, os inversores de frequência utilizam, para esse fim, IGBTs em suas etapas de po-
tência, responsáveis por comutar a tensão ao motor, controlado por microcontrolador com um
programa que realiza o cálculo (milhares de vezes por segundo) do quanto deve ser disponibilizado
de energia para o motor ao longo de seu acionamento.
Este tipo de partida permite que o operador defina qual a velocidade do eixo de uma máquina
por meio de potenciômetro no painel frontal do inversor, ou remotamente no painel de controle
da máquina, por meio de comunicação de rede remotamente em uma sala de controle, ou por
meio de sinais por conectores denominados bornes.
O acesso aos parâmetros de um inversor de frequência permite ao sistema de automação mo-
nitorar qual o consumo de energia que o motor representa e isto pode ser armazenado de maneira
organizada para que sejam tomadas decisões estratégicas em relação ao histórico de uso, pois
um mesmo motor pode passar a consumir mais energia depois de determinado tempo devido a
desgastes e a demais situações que precisam ser monitoradas, além de prever possíveis falhas por
meio de manutenção preventiva ou preditiva.
A Figura 21 apresenta um exemplo de ligação de um inversor de frequência a um motor elétrico
de indução trifásico.

Figura 21 - Ligação do inversor de frequência em motor elétrico / Fonte: Weg S.A. (2008, p. 3-11).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama de ligação de um motor elétrico de indução trifásico ao inversor de frequência,
onde a rede elétrica passa pela seccionadora e depois pelos fusíveis, sendo conectada à entrada do inversor de frequência, já em sua
saída, temos a ligação do inversor ao motor trifásico com PE aterrado.

135
UNICESUMAR

O inversor de frequência é conhecido por produzir distorção harmônica (ruído) que pode interferir
no funcionamento de outros equipamentos instalados nas proximidades dele, então recomenda-se que
os condutores metálicos que conduzem sinais de comunicação, como, cabos de rede de comunicação,
devem ser instalados separadamente das vias onde os cabos de potência passam. Esse cuidado previne
falhas de comunicação e minimiza a chance de perdas de dados.

Como seria possível controlar a velocidade de um motor elétrico se os comandos enviados pelo
dispositivo de controle se perdessem por conta de ruídos provenientes de equipamentos como o
inversor de frequência?

O analisador de espectro é o
instrumento capaz de men-
surar a intensidade de cada
componente de frequência
que um sinal possui, assim,
é possível estudar como o
ruído está afetando determi-
nado sinal de dados quando
um motor é acionado.
A Figura 22 mostra o
exemplo de um analisador
de espectro e um sinal sob
estudo. Este equipamento
é capaz de demonstrar o
sinal obtido em função da
frequência, possibilitando Figura 22 - Analisador de espectro e sinal obtido em estudo

que seja avaliada a sua in-


Descrição da Imagem: a imagem apresenta a foto de um analisador de espectro e um sinal
fluência sobre a frequência sendo amostrado como exemplo com a amplitude variando no domínio da frequência.
do sinal de comunicação.

136
UNIDADE 4

Em ambientes industriais, é comum a utilização de redes industriais que conduzem dados do pro-
cesso até os dispositivos e controladores em um ambiente onde há condutores repletos de ruídos
radiados e conduzidos, então isolar os dados dos ruídos requer técnicas que envolvam a utilização
de filtros e blindagens especiais.

O uso de recursos que tornam o acionamento de


motores mais suave e com níveis reduzidos de des-
perdício de energia permitiu o desenvolvimento
de tecnologias cuja eficiência energética é possível,
ou seja, estas tecnologias deixam de ser utópicas
e passam a fazer parte da realidade da indústria e
das instalações que utilizam motores. A eficiên-
cia energética é uma das maiores preocupações
no segmento de energia e será o nosso próximo
assunto desta unidade.
Quando falamos a respeito de energia elétrica, é comum lembrar de algo parecido com uma torre de
transmissão de energia, além de raios, postes etc. Sim, pois esta é, sem dúvida, a forma mais frequente
com que costumamos “ver” como a energia chega até nós.
Sabemos que a eletricidade é invisível, logo, para que possamos sentir a sua presença, precisamos
aplicá-la a algo que realize algum trabalho, senão ela não teria sentido ou função. Este uso da energia
vem sendo experimentado pela humanidade há muitos anos, desde que as primeiras experiências apli-
cadas foram desenvolvidas a partir do século XIX com a invenção da lâmpada por Thomas Edison, em
1879. Houve outros experimentos com eletricidade anteriores a este momento, porém, a invenção da
lâmpada marcou a sua descoberta, tida como uma das primeiras e mais relevantes experiências da área.
Atualmente, já temos bons exemplos da utilidade da eletricidade em nossas vidas, seja em âmbito
industrial ou residencial. Quase todo o conforto que desejamos nos moldes modernos depende da
eletricidade para funcionar, como o uso dos fabulosos e cada vez mais surpreendentes smartphones,
até computadores que só funcionam graças ao trabalho realizado pela eletricidade. Até mesmo os re-
frigeradores que temos em nossas casas, na maioria dos casos, são elétricos, assim como os fornos de
micro-ondas ou as nossas lâmpadas, ou os nossos chuveiros que, quase sempre, são elétricos.

137
UNICESUMAR

Como seria a vida das pessoas se algum fenômeno natural condenasse o uso de eletricidade no
planeta e nenhum dispositivo eletroeletrônico pudesse funcionar? A qual tempo da História retor-
naríamos e como viveríamos?

As pessoas estão cada vez mais dependentes da eletricidade, seja para conservar os seus alimentos ou para
se comunicar, trabalhar, dirigir etc. Logo, faz cada vez mais sentido nos preocuparmos com o seu uso,
com o quanto temos e o quanto cada equipamento que utilizamos consome. Vimos, anteriormente, neste
livro, que a eletricidade, ao realizar um trabalho, pode dissipar calor, sendo esta capacidade relacionada
diretamente com o rendimento de uma máquina, que é mais eficiente quando converte mais energia de
sua entrada para sua saída, ou seja, perde menos energia ao realizar o seu trabalho e a converte em algo útil.
Em outras palavras, podemos fazer uma analogia com o conceito de consumo de combustível de
carros. Imagine dois carros: A e B. Considere que o carro A possui uma autonomia de 12 km / litro ,
e o carro B pode fazer 6 km / litro . Em uma viagem de 120 km de distância, o carro A consumiu 10
litros, e o carro B consumiu 20 litros do mesmo combustível e ambos chegaram ao destino ao mesmo
tempo. Qual é o carro mais eficiente?
Certamente você já respondeu que é o carro A. Isto é óbvio, pois o B consome exatamente o dobro
do combustível para realizar o mesmo trabalho. Com certeza, o A possui motor silencioso, motor ajus-
tado, aerodinâmica adequada etc., enquanto o B apresenta motor barulhento, carcaça pesada, motor
com recursos de corrida etc. Para o objetivo do exemplo dado, o carro A é o mais eficiente, pois realiza
a função para a qual ele foi concebido e consome menos recursos energéticos para isso.
Na eletricidade também é assim. É preciso ficar atento(a) e sempre fazer uso responsável da energia
que temos à disposição, pois está cada vez mais caro obtê-la, e a cada dia novos meios de sua obtenção
vêm sendo desenvolvidos, seja em fontes renováveis (usinas solares, eólicas, termoelétricas, biomassa
etc.), ou por meio de reações químicas ou mesmo pela queima de combustíveis fósseis.
Vem crescendo a cada dia o número de pessoas que investem em energia solar com a intenção de
diminuir as despesas com a energia fornecida pela concessionária. Este cuidado com o uso da energia
é resultado de muito esforço para melhorar a qualidade do seu uso, que resulta em realizar as mesmas
tarefas com menos energia. Este pensamento permite que uma cidade que consome menos energia
para manter os seus serviços, a tenha “sobrando” para outras pessoas utilizarem e, com isso, é possível
que o rateio desse uso resulte em redução dos preços.
Por outro lado, quando há muitas pessoas utilizando a energia elétrica ao mesmo tempo, as con-
cessionárias podem não conseguir atender à necessidade, e para sanear este problema, são instituídas
as tarifas de horário de ponta (18h às 21h), quando o uso da eletricidade em nossas casas coincide
com o momento em que o sistema de iluminação pública (que corresponde a uma das maiores cargas
instaladas em nossas cidades) entra em operação.

138
UNIDADE 4

Já nos deparamos, algumas vezes, com si-


tuações onde precisávamos utilizar o telefone
celular e não havia carga na bateria, o que cau-
sou muito transtorno. Há aparelhos que mesmo
novos suportam apenas um dia de carga, graças
aos seus recursos de comunicação e à tela co-
lorida sensível ao toque.
Para tornar mais eficientes as nossas insta-
lações elétricas, devemos contemplar nossos
equipamentos, sempre verificando qual o con-
sumo de energia de cada um. No Brasil, exis-
te uma etiqueta que prevê, em uma escala de
consumo, o comportamento do equipamento,
como um aparelho de ar-condicionado ou um Figura 23 - Escala de eficiência energética
refrigerador. A Figura 23 apresenta a escala de
eficiência energética que permite ao usuário Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma figura da
escala de eficiência que determina o quão é eficiente um
identificar o consumo de energia de seu ele- equipamento, variando de A++ (menor indicador), seguido
de A+ e A em escala decrescente de tamanho. Depois deste
trodoméstico ou mesmo do seu carro, desde indicador, há os indicadores B, C, D, E, F e G, em que B é menor
o mais eficiente ou econômico  A    até o do que C e assim sucessivamente até o indicador G.

menos eficiente (G).


Assim, é possível decidir se vamos dirigir o carro A ou o carro B em nossas instalações.
A monitoração do consumo de energia de cada dispositivo é fundamental para que possamos
avaliar se é viável manter um equipamento ou se devemos substituí-lo, pois enquanto o equipamento
está novo, é possível que ele se enquadre na escala informada pelo fabricante, mas após alguns anos
de uso, o desgaste natural das peças pode tornar uma máquina, ainda funcional, em um transtorno
desperdiçador de energia, o que corresponde a prejuízo ativo.
A partir de agora, serão apresentadas algumas tecnologias utilizadas na atualidade para promover a efi-
ciência energética e possibilitar o uso responsável deste recurso do qual dependemos tanto: a energia elétrica.
Atualmente, é comum observar construções modernas de edificações que já contemplam instala-
ções de sistemas de geração de energia fotovoltaica e, até mesmo, eólicas, fato que não se observava há
menos de cinco anos. Esta realidade aponta para uma tendência que teve início no Brasil na década
de 90 e que apenas agora ganhou força, graças ao alinhamento governamental que está aplicando po-
líticas que viabilizam a comercialização e o uso dessa tecnologia de geração de energia, porém, ainda
engatinhamos na direção do desenvolvimento e da autonomia para o uso destes valiosos recursos.
A matriz energética brasileira é mantida (na maior parte) pelas usinas hidrelétricas, além da con-
tribuição das usinas eólicas, térmicas e solares. Atualmente, é possível a conexão de microgeração de
energia à rede de distribuição da concessionária de energia. Este processo pode gerar créditos para a
troca por demanda consumida pelo mesmo responsável pela geração. Em outras palavras, um usuário
da rede elétrica que consome energia em sua unidade de consumo, pode abater parte deste consumo
com os créditos da energia gerada e entregue à rede.

139
UNICESUMAR

Quando a geração é conectada à rede, podemos dizer que ela é classificada como on-grid (Figura
24) e funciona conforme comentado antes.

Figura 24 - Instalação de sistema de geração fotovoltaica on-grid

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto de uma casa com 29 painéis solares fotovoltaicos instalados em seu telhado.

Quando a geração de energia não é conectada à rede da concessionária, o sistema de geração é clas-
sificado como off-grid (Figura 25), e o potencial energético produzido é consumido pelos próprios
dispositivos nele conectados ou armazenado em baterias para uso posterior.

140
UNIDADE 4

Sistema residencial de painéis solares

Painel solar
Inversor

Controlador
de Carga

Aparelhos alimentados
em corrente alternada

Baterias

Figura 25 - Instalação de sistema de geração fotovoltaica off-grid

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama representando uma instalação de um sistema de geração fotovoltaica off-grid,
interligando os painéis fotovoltaicos ao controlador de carga e às baterias, além de ter um inversor para aplicações em dispositivos de
corrente alternada e uma figura de uma casa mais abaixo à direita.

141
UNICESUMAR

Há menos de um ano, muitos estados brasileiros tanto na geração de energia solar quanto nos siste-
possuíam a incidência de carga tributária eleva- mas eólicos, os quais ganham cada vez mais espaço
da sobre a energia, que era entregue à rede pela na matriz energética mundial. A Figura 26 mostra
microgeração de energia fotovoltaica, fazendo uma planta residencial com sistema de geração
com que aquele que gera energia e a entrega alternativa baseado em geração solar e eólica.
para o sistema de distribuição pague pelo envio, Na Figura 26, é possível notar que existe a pos-
e depois pague novamente pelo uso final em sua sibilidade de uma residência ou ambiente comer-
unidade de consumo. cial utilizar geração de energia alternativa, seja
Este processo era denominado de bitributação e ela on-grid ou off-grid. A segunda opção tem o
tornava inviável o investimento em equipamentos agravante de estar relacionado às baterias. Estas
que retornavam o valor em longo prazo (cerca de têm vida útil reduzida e custam muito caro. Por
12 anos para uma instalação residencial comum). este motivo, a conexão à rede no sistema on-grid
Com a redução dos impostos para a compra e o uso ainda é o mais viável.
das tecnologias de geração distribuída, os projetos O assunto relacionado à geração alternativa de
com painéis fotovoltaicos se tornaram mais viáveis, energia certamente é muito amplo e não haveria
entretanto, ainda há muito a se fazer para evoluir como mostrar todas as tecnologias existentes, po-
nesse processo, uma vez que um painel de boa qua- rém, são estas as mais utilizadas atualmente. Na
lidade ainda não apresenta eficiência satisfatória. sequência, serão abordados os dispositivos que
A eficiência de um painel solar é a capacidade permitem a qualificação da energia para o uso de
percentual que este dispositivo tem em converter máquinas elétricas.
a energia solar incidente em energia elétrica, ou Conforme estudamos nesta unidade, há dis-
seja, se um painel solar apresenta eficiência ener- positivos que permitem a partida e a parada de
gética de 17% , logo, de toda a potência luminosa motores elétricos utilizando recursos de eletrônica
incidente sobre a sua superfície, apenas 17% serão de potência. Esta técnica de acionamento permite
convertidos em energia elétrica ou energia útil. que a partida de um motor seja suave, diminuindo
Os motivos que limitam a eficiência dessa o desperdício de energia e também os prejuízos
tecnologia que há mais de 20 anos se desenvol- com partidas de motores, pois cada vez que um
ve para uso comercial es- tão relacionados motor é acionado por chave de partida direta, toda
ao material atualmente explorado para a fabri- a corrente consumida entre 0% e 100% de sua ve-
cação dos painéis, o silício. No Brasil, ele é abun- locidade nominal acima da corrente nominal de
dante, mas ainda não temos tecnologia para fa- trabalho é utilizada para vencer o momento de
bricar os módulos fotovoltaicos com eficiência inércia, já no acionamento por chave estática, a
superior e, assim, ficamos na dependência de corrente nominal é quase a mesma do aciona-
países com mais desenvolvimento tecnológico mento, havendo mínimo desperdício durante as
para processar a matéria-prima que temos em partidas sucessivas.
painéis com valor agregado. Este fato nos remete ao uso responsável da
A tendência é que mais pessoas utilizem recur- eletricidade, principalmente no acionamento de
sos de microgeração de energia elétrica nos próxi- motores em máquinas e processos que realizam
mos anos e que este fator permita o crescimento do ciclos de liga e desliga repetitivos ao longo de seu
mercado de equipamentos e recursos energéticos, turno de trabalho.

142
UNIDADE 4

Energia alternativa para sua residência

Painel solar
Inversor

Controlador de carga

Aparelhos alimentados
em corrente alternada

Baterias

Turbina eólica

Figura 26 - Energias alternativas: produzindo a própria energia elétrica

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama representando uma instalação de um sistema de geração híbrido fotovoltaico
e eólico off-grid, com um aerogerador e a interligação dos painéis fotovoltaicos ao controlador de carga e às baterias, além de ter um
inversor para aplicações em dispositivos de corrente alternada e uma figura de uma casa mais abaixo à direita.

A indústria de equipamentos de ar-condicionado e refrigeradores apostou na tecnologia de inversores


para a fabricação de seus dispositivos, de modo que os aparelhos mais econômicos são equipados
com este recurso, o qual permite minimizar o número de vezes que o motor é ligado e desligado
ao longo de seu funcionamento.

143
UNICESUMAR

Nesta unidade, abordamos assuntos importantes referentes aos tipos de máquinas elétricas, aos
principais tipos de acionamentos elétricos e à eficiência energética, assuntos correlatos que ge-
ram certa dependência dado ao fato de que o funcionamento das máquinas elétricas influencia
diretamente na maneira com que a energia elétrica é administrada.
Nesta unidade, abordamos assuntos relacionados às máquinas elétricas e às suas principais
características básicas, como transformadores e motores de indução trifásicos.
Atualmente, houve grande evolução no segmento de máquinas elétricas e de acionamentos
norteados pela necessidade de se obter maior eficiência e, com isso, menos despesas com desperdí-
cios de energia. Em alguns países, as exigências são ainda mais rigorosas do que no Brasil e, assim,
os equipamentos movidos a energia elétrica precisam oferecer conversão de energia próxima de
valores unitários, ou seja, quase sem perdas.
Com base nos princípios funcionais esperados para uma máquina elétrica e na busca pela
eficiência energética, são desenvolvidas técnicas de acionamentos que permitem minimizar as
perdas com partidas de motores e, ao mesmo tempo, aumentar a vida útil das máquinas. Esta foi a
contribuição das chaves estáticas (soft-starters e inversores de frequência) diante de topologias de
acionamentos por elementos de comutação (contatores), que geram correntes de partida elevadas
e desperdícios de energia.
A eficiência energética está, sem dúvida, relacionada ao uso da energia com responsabilidade.
Para isso, precisamos utilizar a eletrônica para desenvolver equipamentos mais eficientes e co-
nectáveis a bases computacionais, pois precisamos mensurar para controlar, como no caso dos
dispositivos utilizados na Internet das Coisas (IoT).
As diversas inovações que a ciência proporcionou, nos últimos 20 anos, no segmento de eletrô-
nica e máquinas elétricas, permitiu que a indústria usufrua, atualmente, da possibilidade de integrar
os seus recursos em palavras de dados, as quais percorrem os barramentos de rede e fornecem
importantes informações para a tomada de decisão estratégica por parte do gestor do processo.
No estudo da eletrônica, que será feito nas próximas unidades deste livro, você terá a oportuni-
dade de conhecer um pouco mais sobre as tecnologias que são aplicadas à melhoria dos processos
industriais e baseadas em componentes eletrônicos que substituem os antigos transformadores
de baixa frequência, pesados e de grandes dimensões, pelo chaveamento de alta frequência com
controle de potência e de pequenas dimensões.
Ao estudar máquinas elétricas, você se torna apto a analisar processos industriais em ambien-
tes profissionais no âmbito de sustentabilidade, podendo inferir sobre a tecnologia que deve ser
utilizada em cada caso e sua viabilidade, dado ao perfil de uso, por exemplo, na prospecção de
tecnologias de motores e acionamentos mais eficiente que podem contribuir com a economia de
energia elétrica e no aumento do fator de potência.

144
Chegamos ao final desta unidade e agora vamos revisitar os principais termos que estudamos nesta
etapa de nosso aprendizado. Com base no mapa conceitual dado na figura a seguir, você deve
reconhecer cada termo relacionado ao termo máquinas elétricas e criar seu próprio mapa conceitu-
al onde deve inserir o significado de cada termo.

Motor de indução Partida com soft-starter

Partida estrela-triângulo Partida compensadora

MÁQUINAS ELÉTRICAS
Partida direta Escorregamento

Partida com inversor de frequência Número de polos

Figura 27 - Mapa conceitual da unidade 4 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um mapa conceitual onde a ideia central é máquinas elétricas e os termos
associados são: motor de indução, partida estrela-triângulo, partida direta, partida com inversor de frequência, partida com
soft-starter, partida compensadora, escorregamento e número de polos.

145
1. Um transformador alimenta uma carga com tensão no seu secundário de 12 V e corrente
de 2 A . Se a tensão no enrolamento do transformador é de 127 V , qual a corrente no en-
rolamento primário?

2. Calcule o escorregamento percentual para os casos:

a) Motor de VI polos, com 450 rpm de velocidade nominal e acionado com frequência de
60 Hz .
b) Motor de IV polos, com 1450 rpm de velocidade nominal e acionado com frequência de
50 Hz .

3. Explique as diferenças entre máquinas estáticas e máquinas dinâmicas.

4. Determine como é possível reduzir o custo de energia elétrica referente às partidas de motores
elétricos de indução trifásicos. Apresente argumentos que confirmem as suas afirmações.

5. Uma empresa com consumo de energia de 500 kWh dedicados apenas à iluminação adotou
um sistema de energia solar para a economia da tarifa junto à concessionária, porém, ao rea-
lizar os cálculos, a empresa descobriu que o retorno do investimento se dará ao longo de seis
anos. Aponte uma solução que poderia reduzir o tempo de retorno do investimento. Utilize
argumentos que sustentem o seu posicionamento.

6. A eficiência energética é um parâmetro que define o quanto utilizamos a energia de maneira


útil e inteligente. Dado este conceito, defina como é possível otimizar a eficiência energética de
uma indústria com máquinas e processos já operantes há cinco anos e que, aparentemente,
não possui indicadores negativos de desempenho.

146
5
Eletrônica
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender sobre noções


básicas de eletrônica em aplicações com exemplos de componentes
e os circuitos fundamentais utilizados nos principais equipamentos
de uso pessoal e industrial, que compõe a base para o entendimento
das próximas unidades deste livro.
UNICESUMAR

Periodicamente, precisamos conectar nosso smart- circuitos integrados dedicados à monitoração e ao


phone ao carregador de baterias para que possamos controle da carga e da descarga desses elementos acu-
utilizá-lo durante um novo ciclo, que pode ser de um muladores, de modo que os ciclos de carga e uso do
dia inteiro ou mesmo de algumas horas, dependendo dispositivo não comprometam sua vida útil, o que
do local e das condições de uso. Este processo ocorre era comum em gerações anteriores de dispositivos
com frequência em quase todos os dispositivos por- alimentados por baterias recarregáveis que, ao final
táteis modernos que possuem baterias internas, essas de um ciclo curto de uso, próximo de 2 anos, as cé-
que tem a capacidade de acumular carga em corrente lulas não suportavam mais cargas e que, atualmente,
contínua, com ciclos controlados por circuitos eletrô- observamos dispositivos de uso diário com baterias
nicos especializados para cumprir tal tarefa de modo utilizadas há mais de 5 anos operando normalmen-
a preservar a integridade dos elementos da bateria que te, um exemplo disso é a tecnologia NiCd (níquel
pode ter diversas tecnologias. cádmio) muito utilizada na fabricação de baterias
Diante disso, você sabe quais são os circuitos ele- utilizadas em laptops, smartphones e demais gadgets
trônicos envolvidos na construção de um carregador (dispositivos eletrônicos portáteis) em geral.
de baterias de um smartphone e por que precisamos A fim de demonstrar algumas aplicações da ele-
converter a tensão da rede elétrica dada em corrente trônica na elaboração dos dispositivos eletrônicos
alternada para corrente contínua? portáteis e também daqueles que são continuamente
Os dispositivos portáteis agregam cada vez mais conectados à rede elétrica para desempenhar suas
funções que facilitam a vida das pessoas, desde a funções, essa unidade irá mostrar as principais tec-
simples exibição das horas em um relógio digital até nologias utilizadas e relevantes para que um estu-
mesmo as aplicações de geoposicionamento dado dante de Engenharia de Produção possa interpretar
por meio de rastreadores satelitais e os tão utilizados seu uso e inferir sobre as limitações estruturais pre-
smartphones, laptops e tablets, que reúnem acesso di- sentes em cada tecnologia.
versas possibilidades de interação na vida do homem Caro(a) aluno(a), neste momento, iremos realizar
contemporâneo graças aos aplicativos dedicados. uma atividade prática para que você tenha uma imer-
Para garantir as funcionalidades dos dispositivos são dentro do conhecimento de eletrônica aplicada.
portáteis, deve haver uma plataforma de hardware ca- Para isso, você vai monitorar os ciclos de carga e des-
paz de embarcar os programas (sistemas operacionais, carga de seu smartphone ou outro dispositivo móvel
aplicativos etc.) com alimentação elétrica estável e ade- alimentado à bateria recarregável.
quada aos delicados componentes envolvidos nos cir- A ideia é que, com o uso do seu dispositivo móvel
cuitos eletrônicos que são digitais e analógicos dentro com a bateria 100% carregada e de um relógio, você
de aplicações distintas, onde as tolerâncias e os níveis de relacione em intervalos de 30 em 30 minutos o horá-
tensão variam de acordo com cada caso, sendo possível rio com a leitura do percentual de carga disponível na
observar que, em alguns circuitos integrados mais sen- bateria até o ciclo completo de descarga. O resultado
síveis, a tensão de alimentação não pode oscilar mais do deve ser anotado em uma planilha ou quadro com
que poucas dezenas de milivolts, o que poderia resultar duas colunas, sendo à esquerda a coluna do tempo
em danos irreversíveis à sua estrutura semicondutora. dividida em 30 e 30 minutos e a coluna da direita
Baseando-se nas necessidades dos dispositivos com os respectivos valores de percentual de carga,
móveis, a eletrônica atual se adequou às tecnologias conforme o exemplo dado a seguir, supondo que o
disponíveis de fabricação das baterias e produziu experimento teve início às 8:00 h:

148
UNIDADE 5

Horário Percentual de carga

8:00 h 100%
8:30 h 97%
9:00 h 85%
9:30 h 72%

Você deve criar sua planilha com o número de linhas necessário para permitir que seja estudado o
comportamento da curva de descarga da bateria e, com isso, inferir sobre seu tempo de uso e autonomia.
Ao final do levantamento dos dados, você pode utilizar um programa matemático, como o MS Excel,
GNU Octave, Scilab ou outro de sua preferência para plotar o gráfico de descarga da bateria e, então,
analisar o comportamento e vida útil em regime de uso normal.
Já sabemos que, dependendo do local em que estamos e das condições de uso (diferentes aplicativos,
no caso de um smartphone, tempo de uso etc.), a bateria pode descarregar mais lentamente ou mais
rapidamente, então o ideal seria repetir esse procedimento por, pelo menos, 5 ciclos de descarga em uso
para podermos calcular a média dos valores ao longo do tempo e ter um parâmetro real mais aproximado.
Ao reunir todos os dados de um período de tempo em que houve 5 ciclos de descarga da bateria de
um smartphone, foi constatado que ele possui uma autonomia média de 4,3 h de uso, ou seja, há a ne-
cessidade de recarga durante o dia para que o usuário possa continuar a usufruir do equipamento, o que
pode ser impraticável durante uma viagem onde você pode estar em deslocamento em lugares onde não
há condições de recarga, entre outros desafios, então, convido você a refletir sobre o uso dos dispositivos
eletrônicos portáteis e sua autonomia de uso dado às condições obtidas com os dados de utilização.
• Como você propõe aumentar a autonomia de seu dispositivo portátil?
• Qual a tecnologia pretende utilizar para resolver este problema?
• Quais os aplicativos podem estar contribuindo para que a bateria se descarregue mais rapidamente?
• Anote sua solução às questões dadas no campo diário de bordo.

149
UNICESUMAR

Nesta unidade, estudaremos a eletrônica sob o ponto de vista de um Engenheiro de Produção, que visa
a entender a dinâmica de um processo, estudar as suas limitações e a propor soluções para aumentar o
desempenho geral com o uso de recursos tecnológicos existentes na atualidade.
Serão abordadas as principais características da Eletrônica em duas partes: eletrônica digital e eletrônica
analógica. Primeiramente, antes de entrar em detalhes sobre essas duas partes, introduziremos o conceito
geral da Eletrônica em uma linguagem que pretende transmitir os conceitos básicos para o entendimento
desta revolucionária tecnologia que invadiu o mundo em que vivemos.
A Eletrônica é definida como o ramo da ciência que utiliza componentes associados em circuitos para a
realização de tarefas e funções específicas vinculadas ao movimento do elétron em suas malhas. Em outras
palavras, a Eletrônica estuda o movimento dos elétrons em diferentes componentes que podem realizar
tarefas como armazenar dados, processar informações, emitir luz etc.
Não há apenas uma aplicação para a eletrônica, ao contrário disto, há infinitas aplicações. Desde emitir
luz por meio de um diodo emissor de luz (LED) até controlar as funções de um satélite em órbita, ou mesmo
processar todos os dados da internet enquanto realizamos uma pesquisa em um site de busca.
Atualmente, vivemos em um mundo repleto de Eletrônica. Não há uma adaptação dela a nós, e sim
o contrário, as pessoas é que precisam se ajustar a essa realidade. Isto é muito fácil de perceber quando
observamos um idoso adquirindo um smartphone e iniciando o aprendizado da nova ferramenta para
acessar a sua conta bancária.

150
UNIDADE 5

Quase não há mais espaço para a evolução sem a dependência dos recursos eletrônicos, pois praticamente
todo o mercado conhecido depende da Eletrônica, seja para movimentar dinheiro no banco ou para dar
partida em seu automóvel. Quando o assunto é telecomunicações, essa dependência aumenta ainda mais.

Você já pensou para imaginar qual o impacto de ficar sem conectividade com a internet por um
mês, sem “contato” com outras pessoas por meio dela? Avalie em termos pessoais e profissionais.

A Eletrônica existe sempre quando temos um circuito formado por componentes eletrônicos,
especialmente fabricados para realizar tarefas específicas e necessárias para que uma ação dese-
jada seja realizada. Por exemplo, para que a sua estação favorita de rádio seja sintonizada, alguns
componentes devem ser associados e alimentados devidamente dentro do seu rádio, assim como
no aparelho celular ou smartphone.
A seguir, abordaremos alguns componentes eletrônicos e as suas funções para o entendimento
básico do funcionamento de circuitos eletrônicos, assunto que também será abordado na sequência.
Para iniciar o nosso estudo da Eletrônica, começaremos pela parte tangível, ou seja, aquilo
que se pode ver. Assim, é mais produtivo em termos de memorização dos termos associados às
suas formas visuais e à funcionalidade, logo, esta seção será dividida em componentes não semi-
condutores (também conhecidos como componentes passivos) e componentes semicondutores.
Os componentes não semicondutores são aqueles que, em sua composição, são feitos de mate-
riais como cerâmica, cobre, carvão, cromo e outros metais que não são semicondutores.
Os resistores são componentes que podem ser fabricados em diversos tipos de materiais,
como o filme metalizado, o carvão, o níquel cromo etc., e as suas principais funções são limi-
tar a corrente elétrica, dividir a tensão ou produzir calor a partir da circulação de corrente
elétrica (aquecimento de água, ambientes, fornos etc.), pois o resistor também atua com o efeito
Joule (aquecimento).
A Figura 1 mostra alguns tipos de resistores utilizados em eletrônica, adequados para o uso
em placas de circuito impresso.

151
UNICESUMAR

Figura 1 - Tipos de resistores

Descrição da Imagem: essa figura apresenta duas fotos, sendo uma com cinco resistores de fio, carvão e filme metalizado em encapsula-
mentos de tecnologia PTH (que possuem terminais inseridos por meio de furos) com valores ôhmicos diversos e na outra foto temos diver-
sos resistores de tecnologia SMD (com terminais inseridos na superfície de uma placa de circuito impresso) em valores de 1, 0 Ohm cada.

O resistor é dimensionado levando-se em conta a sua potência, logo, as suas dimensões e a necessi-
dade de maior área de dissipação de calor dependem deste parâmetro. Assim, um resistor de 5 W é
construído para suportar a potência de até 5 W sem que a temperatura nessas condições danifique
a sua estrutura, da mesma forma que um resistor de 1 / 8 W 1 / 8 W  0, 125 W  é fabricado para
esta amplitude de potência apenas.
Os diferentes tipos de encapsulamentos de resistores dependem de seu uso, podendo ser fixados
em uma placa de circuito impresso por meio de furos ou na própria superfície. A Figura 2 mostra o
desenho de um resistor e o seu projeto dimensional para a montagem em placa de circuito impresso
por meio de furos (through-hole).

Figura 2 - Resistor em etapa de projeto: montagem por meio de furos (through-hole) em placa de circuito impresso
Fonte: Mitzner (2007, p. 103).

Descrição da Imagem: essa figura apresenta uma representação de um resistor PTH e da posição onde ele deve ser montado em
uma placa de circuito impresso, onde é possível observar as dimensões entre o desenho do componente físico e a compatibilidade do
desenho da posição da placa em duas dimensões, em que LP é a distância entre os terminais e, portanto, os furos na placa e WB é a
largura do componente e da figura retangular de sua posição na placa.

152
UNIDADE 5

Na Figura 3, é possível ver alguns resistores já fixados e soldados na placa de circuito impresso (PCI).

Figura 3 - Componentes montados e soldados na PCI: técnica de montagem por meio de furos do inglês: through-hole (PTH)

Descrição da Imagem: foto de uma placa eletrônica com componentes discretos montados, como exemplo, resistores e capacitores
instalados por meio de furos (PTH).

Olá estudante! Convido você a ouvir este podcast em que estarei falando
sobre as tecnologias de fabricação das placas de circuito impresso, onde
você vai aprender mais sobre essa engenhosa estrutura capaz de inter-
ligar os componentes de maneira segura e eficiente, de modo a garantir
o funcionamento da maioria dos aparelhos que utilizamos diariamente.

Quando o resistor possui características de altas potências e dissipação de calor em temperaturas


elevadas, é necessário o uso de dissipadores de calor, que são normalmente perfis de alumínio
fabricados para alojar o resistor em seu interior e conduzir o calor produzido na sua superfície
para a atmosfera de maneira eficiente.

153
UNICESUMAR

Figura 4 - Resistor de potência montado em dissipador de calor

Descrição da Imagem: foto de um resistor de potência com dissipador de calor, onde é possível ver apenas o dissipador e os terminais
do resistor.

Uma outra configuração de resistores é dada no encapsulamento projetado para a montagem em superfí-
cie (SMD – Surface-Mount Device), que pode ter diferentes tamanhos de acordo com a necessidade para
o mesmo valor de resistência ôhmica, assim como nos resistores com encapsulamentos through-hole. O
Quadro 1 mostra alguns encapsulamentos mais comuns utilizados na fabricação de resistores.

ENCAPSULAMENTOS DE RESISTORES SMD

DIMENSÕES DIMENSÕES
ENCAPSULAMENTO
(mm) (mils)

2512 6, 30 × 3, 10 0, 25 × 0, 12
2010 5, 00 × 2, 60 0, 20 × 0, 10
1812 4, 6 × 3, 0 0, 18 × 0, 12
1210 3, 20 × 2, 60 0, 12 × 0, 10
1206 3, 0 × 1, 5 0, 12 × 0, 06
805 2, 0 × 1, 3 0, 08 × 0, 05
603 1, 5 × 0, 08 0, 06 × 0, 03
402 1 × 0, 5 0, 04 × 0, 02
201 0, 6 × 0, 3 0, 02 × 0, 01
Quadro 1 - Tipos de encapsulamentos de resistores SMD / Fonte: adaptado de Mitzner (2007).

154
UNIDADE 5

Perceba que há encapsulamentos extremamente pequenos, por exemplo, o encapsulamento 201 , que
apresenta 0, 6 × 0, 3 mm de tamanho. Este tipo de componente é de difícil substituição, pois o seu ta-
manho e a massa reduzidos dificultam até o posicionamento e a soldagem, que normalmente é feita
por meio de soprador de ar quente. A Figura 5 mostra uma placa de circuito impresso com diversos
componentes soldados em SMT (Surface-Mount Technology). Observe aqueles componentes que
possuem o sufixo R antes de um número, por exemplo: R1076 ou R281 . Estes são os resistores.

Figura 5 - Componentes SMD em PCI: destaque para os pequenos resistores. Perceba que para diferentes resistores, há tama-
nhos distintos de acordo com a sua potência.

Descrição da Imagem: foto de uma placa de circuito impresso com componentes soldados por meio da tecnologia de superfície (SMD),
onde é possível observar circuitos integrados, resistores, capacitores, diodos, indutores e transformadores.

A potência dissipada por um resistor depende da queda de tensão sobre o seu corpo multiplicado
pela corrente que circula por seu elemento resistivo e, desta maneira, podemos encontrar para um
mesmo valor ôhmico diferentes potências disponíveis. Ex.: resistor de 10 kW x 1 W , resistor de
10 kW x 5 W e resistor de 10 kW x 10 W . Mesma resistência disponível em várias potências.

155
UNICESUMAR

É importante salientar que os resistores são sensíveis à variação de temperatura e, como a sua tempe-
ratura de corpo pode variar quando percorrido pela corrente elétrica, podemos verificar variação no
valor da resistência (valor ôhmico), o que não é interessante quando utilizamos esse componente em
circuitos de precisão, como instrumentos eletrônicos, por exemplo.
Para contornar essa sensibilidade à temperatura, alguns modelos de resistores são fabricados em
materiais com estabilidade térmica mais apurada, de modo que, para determinadas faixas de variação
de temperatura, não há variação significativa de resistência. Normalmente, os resistores com esta ca-
pacidade são fabricados em filme metalizado (VISHAY FOIL RESISTORS, 2018).
O parâmetro que determina a estabilidade térmica é o TCR (Temperature Coefficient of Resistance),
que é medido em ppm / °C (partes por milhão por grau Celsius). Este parâmetro é importante para
a escolha do resistor a ser utilizado, e a sua definição é dada por:

R2  R1
TCR   106  [ ppm]
R1  T 2  T 1
Equação 1

Em que:
TCR é o coeficiente de temperatura da
resistência, R2 é o valor da resistência na
temperatura de operação ( W ), R1 é o valor
da resistência na temperatura da sala (sem
circulação de corrente) ( W ), T1 é a tempe-
ratura de operação ( °C ) e T1 é a tempe-
ratura da sala ( °C ). A Figura 6 apresenta
um gráfico que demonstra o TCR para
dois tipos de resistores diferentes, sendo
um resistor fabricado em tecnologia Z-Foil
e outro resistor com tecnologia NiCr (Ní-
quel-Cromo). Observe a variação de TCR
com a variação da temperatura da sala.
Exemplo resolvido:
Calcule o valor do TCR para o resistor
Figura 6 - Gráfico do TCR em dois resistores diferentes
de 10 kW (valor nominal), sabendo-se Fonte: Vishay Foil Resistors (2018, p. 5).

que a temperatura da sala de testes é de


25, 4 °C , a resistência apresentada nesta Descrição da Imagem: gráfico representando o coeficiente de tempera-
tura da resistência em função do desvio da temperatura da sala para duas
temperatura é de 10, 06 kW , e que ao in- tecnologias de resistores, sendo um resistor fabricado em tecnologia Z-Foil
e outro resistor com tecnologia NiCr (Níquel-Cromo). No gráfico há duas
serir o resistor em regime de operação, ele curvas onde uma representa o resistor de NiCr e a outra o resistor Z-Foil,
em que para diferentes valores de desvio de temperatura, há comporta-
passou a apresentar o valor ôhmico de kW mentos distintos de TCR. É possível observar que, para a mesma faixa de
variação de temperatura, o resistor Z-Foil se apresentou mais estável do
com a temperatura de 35, 7 °C . que o resistor de NiCr.

156
UNIDADE 5

Solução: Conforme já estudamos anteriormente sobre a


De acordo com a Equação 1, temos: resistência elétrica, há resistores que utilizam códi-
gos de cores para indicar o seu valor ôhmico e to-
R2  R1
TCR   106  [ ppm] lerância. Normalmente, para resistores com código
R1  T 2  T 1
de cores de seis faixas, a 6ª faixa indica o coeficiente
Substituindo os valores, fica: de temperatura em ppm / °C (Figura 7).
O capacitor é um componente muito utili-
10, 33  103  10, 06  103 zado em circuitos eletrônicos e tem a função de
TCR   106
10, 06  10   35, 7  25, 4 
3
armazenar tensão elétrica. É dotado de duas placas
TCR  2, 605  109 ppm / c isoladas entre si. A estas placas são conectados
terminais que podem ser:

4 Faixas 2,7 kΩ 10%

5 Faixas 68 kΩ 5%
6 Faixas 560 kΩ 5%

1º Dígito 2º Dígito 3º Dígito Multiplicador Tolerância Coeficiente de


temperatura

k
k
k 0,5%
0,25%
0,1%
0,01
0,1
Código de Cores para Resistores 1k = 1 000
1M = 1 000 000

Figura 7 - Tabela de cores para resistores de quatro até seis faixas

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma tabela de cores para resistores de 4, 5 e 6 faixas, onde é possível observar que as cores
significam valores numéricos, sendo representadas por meio de faixas pintadas no corpo cilíndrico do resistor. As cores recebem os valores
de 0 até 9, respectivamente, começando em zero para preto, 1 para marrom, 2 para vermelho, 3 para laranja, 4 para amarelo, 5 para verde, 6
para azul, 7 para roxo, 8 para cinza e 9 para branco. As duas primeiras faixas representam o valor ôhmico de um resistor de 4 faixas, enquanto
a terceira faixa representa o multiplicador, assim, um resistor com as faixas marrom, preto e vermelho, tem o valor 10.102 Ω, que equivale
a 1000 Ω, já a quarta faixa corresponde à tolerância que se for, por exemplo, dourado vale 5%. Se a faixa fosse prata, valeria 10% para esse
resistor. Para resistores de 5 e 6 faixas, a terceira faixa ainda representa um dígito de valor ôhmico, sendo mais preciso, onde a quarta faixa
o multiplicador, a quinta faixa a tolerância e, por fim, no caso de 6 faixas, o coeficiente de temperatura na sexta faixa, que para marrom é de
100 ppm, vermelho 50 ppm, laranja 15 ppm e amarelo 25 ppm.

157
UNICESUMAR

Positivo e negativo distintos definidos em cada um dos terminais, como no caso de capacitores polariza-
dos, por exemplo, os capacitores eletrolíticos, conforme podemos ver na Figura 8 ou, então, capacitores
sem polarização (qualquer terminal pode ser positivo ou negativo), conforme podemos ver na Figura 9.
Os capacitores são amplamente
Separador
utilizados em circuitos de tempo,
ou seja, osciladores. Esses circuitos
operam com uma variável deno-
minada “frequência”, que pode ser
Caneco
definida como o número de ciclos
completos que um sinal percorre
durante o tempo de 1 segundo.
Como exemplo, podemos apontar
a corrente alternada do sistema de
distribuição elétrica no Brasil, que é Lâmina do Terminal
de 60 oscilações por segundo, logo, Anodo (+)
60 Hz . Veja o gráfico da função Lâmina do
seno na Figura 10: quando o sinal + Catodo (-) +

inicia, o seu ciclo possui 0° com Figura 8 - Capacitor eletrolítico: polarização definida nos terminais
amplitude também igual a zero.
Descrição da Imagem: desenho de um capacitor eletrolítico aberto e suas partes
Depois de um tempo, o sinal passa internas sendo exibidas, onde é possível observar uma lâmina denominada anodo
(terminal positivo) e a lâmina negativa denominada de catodo, além da camada isolante
a aumentar o valor de sua amplitu- entre as lâminas (ou placas) denominado dielétrico.
de na mesma proporção que au-
menta o seu ângulo até o seu valor
máximo com amplitude igual a 1
no ângulo de 90° .
A partir desse estágio, o sinal
decresce até 180° e passa por 0
novamente, seguindo até a sua am-
plitude mínima, em −1 no ângulo
de 270° , de onde passa a aumentar
o seu valor até novamente alcan-
çar o valor 0 no ângulo de 360°
. Neste estágio, há o fim do ciclo.
Deste ponto em diante, inicia-se
outro ciclo.
Cada ciclo possui um período Figura 9 - Capacitores diversos sem polaridade
de duração de tempo, que pode
Descrição da Imagem: a figura apresenta 10 fotos de diferentes tipos de capacitores,
ser mais rápido (sinais de altas sendo 1 capacitor cerâmico, 1 capacitor de tântalo, 5 capacitores de poliéster, 2 capa-
citores de polipropileno e 1 capacitor de plate. Os nomes dos materiais utilizados nos
frequências) ou mais lento (sinais dielétricos são os nomes dados a cada tecnologia do capacitor.
de baixas frequências).

158
UNIDADE 5

y=seno(α)

Figura 10 - Função seno

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma representação gráfica de uma curva senoidal, que varia entre os valores -1 e 1 no eixo
da imagem (y) de acordo com a variação do ângulo α com variação de ângulo no eixo do domínio (x) de 0° até 360°.

O período “ T ” é o tempo em segundos que um ciclo completo (de 0° a 360° ) leva para acontecer,
já a frequência “ f ” é o inverso do período e, assim, o cálculo que define a relação entre período e
frequência é dado na Equação 2 (BOYLESTAD, 2004):

1
T= = [s]
f
Equação 2

Assim, para a frequência da rede elétrica (sistema de distribuição brasileiro) de 60 Hz , o período que
o sinal da tensão apresenta é de:

1 1
T= = = 0, 016666 s
f 60
Isto é, a cada 0, 016666 segundo (aproximadamente 0, 0167 s ), um ciclo completo é percorrido pelo
sinal que vai de 0 até a sua máxima amplitude, e deste valor passa por 0 , vai até a sua mínima ampli-
tude e retorna a 0 , de onde reinicia o ciclo e um novo período, conforme a Figura 11.

159
UNICESUMAR

Figura 11 - Período de um sinal de 60 Hz / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma representação gráfica de um sinal senoidal que varia de -1 até 1 para diferentes valores
de tempo em segundos, variando entre 0 e 0,0167 segundo, que representa o período do sinal de 60 Hz.

Normalmente, os capacitores assumem funções que podem ser de:


• Filtro.
• By-pass.
• Acoplamento ou desacoplamento de sinais etc.

Utilizado como filtro, o capacitor atua, por exemplo, em circuitos de fontes de alimentação no estágio poste-
rior à retificação do sinal. Como by-pass, é comum observar os capacitores sendo utilizados para desviar as
componentes de alta frequência do sinal de alimentação para o terminal de terra, como na alimentação de
um circuito integrado sensível. Já na aplicação como acoplamento ou desacoplamento de sinais, o capacitor
realiza o papel de conectar o sinal com características de corrente alternada a um circuito amplificador que
opera em corrente contínua. É muito comum essa situação em amplificadores de áudio ou sinais diversos.

O físico alemão Heinrich Rudolph Hertz (1857-1894) desenvolveu pesquisas com ondas eletro-
magnéticas que permitiram o desenvolvimento das telecomunicações atuais e diversos estudos
relacionados às correntes e tensões alternadas. A unidade de medida de frequência é o “hertz” ou
“ Hz ”, em homenagem a este pesquisador.
Fonte: adaptado de Boylestad (2004).

160
UNIDADE 5

A capacitância é a medida da capacidade de armazenamento de cargas “ Q ” que um capacitor possui


em determinado potencial elétrico “ V ”, conforme a Equação 3:

Q
C= = [F ]
V
Equação 3

Em que “ C ” é a capacitância em farads (representado pela letra F ou seus múltiplos e submúltiplos,


ex.: µF , nF , pF etc.), Q é a carga elétrica armazenada entre as suas placas em coulombs ( C ) e “ V ”
é a diferença de potencial entre as placas, medida em volts V  .
Em termos mais tangíveis, podemos determinar a capacitância em função da área de suas placas
A , da constante dielétrica do capacitor ou permissividade relativa er e da distância entre as placas
d , conforme a Equação 4:

A
C e=
= r [F ]
d
Equação 4

Note que, à medida em que a distância entre as placas diminui, a capacitância aumenta, logo, quanto
mais fina for a camada isolante, maior será a capacidade de armazenamento de cargas, levando em
consideração que o capacitor opera com restrições de tensão de trabalho, ou seja, a tensão máxima
que pode ser aplicada entre os seus terminais sem que ocorram danos permanentes ao componente,
conforme a Figura 12:

Figura 12 - Capacitor de placas


Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apre-


senta um desenho de um capacitor e
suas placas A e B e o dielétrico, além
de representar a distância que separa
as placas que possuem terminas 1 e 2
para as placas A e B, respectivamente.

161
UNICESUMAR

O dielétrico do capacitor é a camada isolante que separa as duas placas e pode ser composta de
vários tipos de materiais, cada um com suas propriedades específicas. Alguns exemplos de dielé-
tricos são: ar (vácuo), poliéster, polipropileno, papel, stiroflex, óxido de alumínio etc. Para cada
tipo de dielétrico, há um valor de constante er , por este motivo, utilizamos o termo “ r ” subscrito
que remete a relativo, ou seja, er é a constante dielétrica relativa de um determinado material ou
permissividade relativa que compõe o dielétrico do capacitor e que pode ser consultada em uma
tabela, conforme mostrado no Quadro 2:

Material er
Vácuo 1
Água 30 − 88 (dependendo da temperatura)
Vidro 3, 7 − 10
PTFE (Teflon) 2, 1
Polietileno (PE) 2, 25
Poliamida 3, 4
Polipropileno 2, 2 − 2, 36
Poliestireno 2, 4 − 2, 7
Dióxido de titânio 86 − 173
Titanato de estrôncio 310
Titanato de estrôncio com bário 500
Titanato de bário 1250 − 10.000 (dependendo da temperatura)
Polímeros conjugados 1.8 até 100.000 (dependendo do tipo)
Titanato de cobre e cálcio > 250.000
Quadro 2 - Constantes dielétricas de alguns materiais / Fonte: adaptado de Clipper Controls ([2018], on-line).

A permissividade relativa ( er ) pode ser descrita como a permissividade do material do dielétrico


do capacitor em relação à permissividade do vácuo e, para calculá-la, precisamos saber o valor de ɛ,
que é a permissividade de um determinado material. De posse desta informação, podemos obter a
permissividade relativa a partir da relação dada na Equação 5:

e
er =
e0
Equação 5

162
UNIDADE 5

12
Em que e0 é a permissividade do vácuo. O seu valor é de 8, 8541878  10 F/m (Farads por metro). Há,
entretanto, fontes de informações que já fornecem os valores de constantes dielétricas na internet e podem
ser consultados para maiores informações e projetos específicos (CLIPPER CONTROLS, [2018], on-line).

Exemplo resolvido:
Calcule a capacitância do capacitor de placas com área de 0, 013 cm² separadas entre si por uma
6
camada isolante fabricada em poliamida de espessura igual a 1, 73  10 m .

Solução:
Dados:

er = 3, 4

2 2
Conversão da área dada em cm para m :
1 m2 = 1 m  1 m, sendo 1 m = 100 cm, fica:
100 cm  100 cm = 10.000 cm2
aplicando-se regra de 3 simples, fica:
10.000 cm2 = 1 m2
0,013 cm2 = x m2
10.000 x = 0,013
0, 013
x=
10.000
x  1, 3  106 m2

= , 013 cm²
0= 1, 3  106 m2

d = 1, 73  106 m

Cálculo da capacitância
A
C  er  [F ]
d
1, 3  106
C  3, 4  25, 549 F
1, 73  106
C  25, 549 F

163
UNICESUMAR

ou

C = 25, 549 F

Uma das características importantes do capacitor é sua reatância capacitiva “ X C ”, que consiste em
uma restrição à passagem de corrente, que é inversamente proporcional à frequência de seu sinal, ou
seja (Equação 6) (BOYLESTAD, 2004):

1
XC   [W]
2p  f C
Equação 6

Em que 2× p é uma constante, C é o valor da capacitância do capacitor e f é a frequência do sinal.


Essa informação nos permite concluir que, em sinais de corrente contínua com frequência igual a 0 , a
reatância capacitiva tende ao infinito, ou seja, é um circuito aberto, e com sinais de corrente alternada
ou de frequências maiores do que 0 , a reatância capacitiva diminui à medida em que a frequência
aumenta, pois são inversamente proporcionais.
Já o indutor é um dos componentes mais utilizados tanto quanto os capacitores e resistores. Está presen-
te em diversos dispositivos, como motores, relés, transformadores, eletroímãs, solenoides, autofalantes etc.
A indutância é medida em Henry (H) e seus múltiplos e submúltiplos (1 H , 1 mH , 20 µH etc.).
Essa grandeza depende da geometria do indutor e dos materiais que o compõem que dependem da
aplicação. Por exemplo, em transformadores de distribuição, normalmente são utilizados condutores
de cobre enrolados em núcleo de aço-silício, já em circuitos de conversores que operam em altas fre-
quências, o núcleo é em ferrite.
Uma das características importantes do indutor, representado pela letra “ L ” é a sua reatância indutiva
X L , que corresponde a uma restrição à passagem de corrente que depende da frequência (Equação
7) (BOYLESTAD, 2004).

X L  2  p  f  L  [W]
Equação 7

Diferentemente dos capacitores, nos indutores, a reatância indutiva ( X L ) aumenta quando a fre-
quência aumenta e diminui se a frequência diminui, logo, são diretamente proporcionais. Este efeito
influencia diretamente no acionamento de motores de indução que, ao serem acionados por um in-
versor de frequência, devem manter o torque constante e, para que isto ocorra, a tensão deve ser adi-
cionada na mesma proporção da frequência em escala, conforme podemos observar na Figura 13 com
a curva V / F (tensão/frequência).

164
UNIDADE 5

Figura 13 - Curva V/F de acionamento de motor de indução / Fonte: adaptado de WEG S.A. (2004).

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma representação gráfica de uma tensão variando no domínio da frequência, onde, para
cada valor de tensão, há um valor correspondente de frequência variando de 0 a 380 V com frequência variando proporcionalmente
de 0 a 60 Hz, onde os valores se estabilizam sem mais alterações.

Como podemos observar na Figura 13, à medida em que a tensão é fornecida ao motor, na mesma
proporção é inserida a frequência, assim, podemos manter a corrente constante no estator do motor,
da ordem da sua corrente nominal. A Equação 8 mostra a relação entre a corrente, a tensão e as resis-
tências do enrolamento do motor (WEG, S.A., 2004):

V
I  [ A]
X L2  R2

Equação 8

Na Equação 8 , I é a corrente que circula pela bobina do estator do motor de indução. Perceba que
V é a tensão fornecida ao motor de acordo com a escala da Figura 13, onde, na medida em que V
aumenta, f aumenta proporcionalmente e, com isso, X L também aumenta, pois, de acordo com a
Equação 7, são diretamente proporcionais.
Se X L aumenta na Equação 8, automaticamente, haveria um efeito inverso em I que deveria
diminuir, uma vez que é inversamente proporcional, porém se adiciona tensão V proporcionalmente
para estabilizar o valor da corrente que se mantém constante.

165
UNICESUMAR

Na Equação 8, a variável R se refere à resistência do enrolamento de cobre que pouco representa


influência acima de 30 Hz comparado ao valor de reatância indutiva X L (WEG S.A., 2004).

Quando motores de indução e transformadores são superdimensionados, podem produzir baixo


fator de potência, pois aumentam a potência reativa de uma instalação que é monitorada pela
concessionária, e essa pode aplicar multas à empresa responsável pela baixa qualidade do uso da
energia em seus equipamentos e processos.
Fonte: adaptado de Franchi (2007).

Há inúmeras aplicações de indutores, capacitores e resistores que gostaríamos de abordar, mas que
seriam além dos propósitos deste livro, logo, as próximas seções serão referentes a tópicos aplicados
desses componentes como integrantes da Eletrônica de maneira abrangente.
A partir desta parte do nosso estudo, serão abordados os componentes que se destacam por permitir
a integração de funções em um circuito de reduzidas dimensões, o controle de potência, os recursos de
inteligência embarcada, a emissão de luz em diversos comprimentos de onda e muito mais. Estamos
nos referindo aos semicondutores.
Os diodos são os mais simples semicondutores que abordaremos neste livro. São estruturas fabri-
cadas para funções específicas, como: retificação de sinais, regulação de tensão, sintonia de sinais de
áudio e vídeo, emissão de luz, acoplamento de sinais etc.
Abordaremos, aqui, os diodos em sua funcionalidade e os principais tipos (MALVINO, 1995).
O diodo semicondutor é composto de uma junção pn que recebe essa nomenclatura graças à
sua arquitetura baseada na junção de duas pastilhas de semicondutor, sendo uma com portadores
majoritários positivos ( p ), e a outra com portadores majoritários negativos ( n ).
A Figura 14 mostra a estrutura interna de um diodo retificador onde podemos observar as pasti-
lhas de semicondutor compostas de portadores majoritários positivos, dando origem ao elemento do
tipo p , e a pastilha com portadores majoritários negativos, que dão origem ao elemento do tipo n . A
junção das duas pastilhas é denominada de camada de depleção.
O símbolo do diodo também é representado na Figura 14, onde podemos observar a presença
dos terminais A de anodo e K de catodo. Observe que o terminal A se refere à pastilha do tipo p
enquanto o terminal K se refere à pastilha do tipo n do diodo.
O diodo pode ser polarizado direto ou inversamente e apresenta comportamentos característicos
que definem a sua região de operação.

166
UNIDADE 5

Figura 14 - Diodo semicondutor: estrutura interna e símbolo / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: essa figura apresenta desenhos da representação dos diodos semicondutores, onde é possível observar seu
símbolo, aspecto físico do encapsulamento comercial e a representação das pastilhas do tipo “p” e “n”, além da camada de depleção
formada na junção entre as pastilhas.

O diodo pode ser polarizado direto ou inversamente e apresenta comportamentos característicos


que definem a sua região de operação.
Na polarização direta do diodo, o potencial positivo da fonte de tensão é conectado ao terminal
anodo do diodo ( A ) e o potencial negativo é ligado no catodo ( K ) dele. Com a tensão aumen-
tando (eixo x do gráfico da Figura 15), os elétrons estimulados pela fonte repelem os elétrons do
material semicondutor da pastilha do catodo do diodo, estes que migram para a região da camada
de depleção, atraindo os portadores da pastilha vizinha (anodo) a se agruparem na periferia da
junção pn , promovendo o estreitamento da camada de depleção.
A concentração de elétrons de um lado e de cargas positivas do outro aumenta até que a ten-
são da fonte atinga, aproximadamente 0, 7 V , onde ocorre a tensão de joelho. Neste momento, a
corrente flui plenamente por meio da junção, conforme a Figura 15. Essa é a configuração mais
comum para a polarização de diodos retificadores ou de sinal.

167
UNICESUMAR

Figura 15 - Polarização direta do diodo / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho que representa o circuito de polarização direta de um diodo retificador de
silício, onde é possível observar uma fonte de tensão variável conectada ao diodo com o positivo ligado ao anodo (A) e o negativo da
fonte ligado ao catodo (K) do diodo e a representação da corrente “i” que circula por meio deste componente. Além disso, há também
um gráfico da corrente em função da tensão no diodo onde podemos observar que a curva plotada no quadrante positivo para valores
de tensão e corrente possui valores pequenos de corrente entre os valores de tensão entre 0 e 0,7 V e para valores maiores de 0,7 V a
corrente tende a valores muito altos de corrente. Região conhecida como joelho. Nota-se que, na medida em que a tensão aumenta,
a camada de depleção diminui até que haja circulação de corrente na junção, em torno de 0,7 V.

Na polarização reversa (diodo inversamente polarizado), o terminal catodo do diodo é ligado ao potencial
positivo da fonte de tensão e o terminal anodo é conectado ao potencial negativo da fonte. Com isso, há o
afastamento dos potenciais que antes ficavam na periferia da camada de depleção e agora passam às bordas
externas das pastilhas, atraídos pelos potenciais da fonte que possuem polaridades opostas (Figura 16).

Figura 16 - Polarização reversa do diodo / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho que representa o circuito de polarização reversa de um diodo retificador de silício,
onde é possível observar uma fonte de tensão variável conectada ao diodo com o negativo ligado ao anodo (A) e o positivo da fonte ligado
ao catodo (K) do diodo e a representação da corrente “i” que circula por meio deste componente. Além disso, há também um gráfico da
corrente em função da tensão no diodo onde podemos observar que a curva plotada no quadrante negativo para valores de tensão e
corrente possui valores pequenos de corrente reversa entre os valores de tensão entre 0 e VR, e para valores menores do que VR, ocorre
a ruptura do diodo. Região conhecida como avalanche. Nota-se que, na medida em que a tensão diminui (valores de tensão negativa), a
camada de depleção aumenta até que haja a ruptura da junção, em torno de VR, onde o valor depende de cada modelo de diodo.

168
UNIDADE 5

Com o aumento da tensão reversa, há o aumento da camada de depleção que pode atingir determina-
do valor, tal que ocorre o efeito avalanche, onde o diodo é permanentemente inutilizado (ruptura da
junção). Normalmente, este efeito ocorre acima dos 50 V para os diodos retificadores. Há, entretanto,
diodos que são projetados para operar na região reversa (inversamente polarizados): são os diodos
reguladores zener, que possuem uma tensão reversa do valor da sua tensão nominal e que pode ser de
diversos valores como 4, 7 V , 12 V , 24 V etc. Os diodos zener são utilizados quando se deseja limitar
uma tensão em um valor específico para que seja fixado um valor de tensão de referência, por exemplo.
A maior parte dos diodos são fabricados com silício (Si), que é o material semicondutor mais
abundante atualmente, mas há algumas tecnologias que utilizam materiais como germânio, Arseneto
de Gálio (GaAs), Arseneto de Gálio Índio (InGaAs), fosforeto de Índio (InP) etc. e dependendo da
aplicação, que pode ser desde a fabricação de diodos retificadores ou mesmo de dispositivos optoele-
trônicos, como fotodetectores ou diodos emissores de luz (LED).
Há muitas aplicações para os diodos e as suas funções norteiam os seus projetos e, assim, diferentes
diodos apresentam diferentes propósitos, sendo:
• Diodo retificador: é utilizado para retificar sinais. Aplicado em circuitos de fontes de alimen-
tação e muitos outros onde se deseja bloquear um semiciclo de um sinal alternado e conduzir
o outro, a fim de se produzir, como resultado, um sinal contínuo.
• Diodo Zener: muito utilizado para regular tensões de referência de potencial em circuitos ou
para regular a tensão de alimentação de um determinado componente ou circuito.
• Diodo Schottky: é um diodo que opera em frequências elevadas, em aplicações inviáveis aos
diodos retificadores que não atendem às altas velocidades de comutação. Esse diodo não apre-
senta camada de depleção e quando utilizado para retificar sinais de baixas tensões.
• Diodo varactor ou varicap: é um diodo com efeito capacitivo que varia a sua capacitância
em função da tensão aplicada em seus terminais (utiliza a variação da largura da camada de
depleção para atuar como um capacitor variável). Este diodo é muito utilizado em circuitos de
sintonia de FM e VHF, presente nos circuitos de rádio e TV.
• LED: Diodo Emissor de Luz. Este, sem dúvida, é conhecido pela maioria das pessoas da
atualidade, pois é muito utilizado em dispositivos portáteis e em diversos equipamentos
elétricos para emitir luz de acordo com o status de funcionamento. A luz emitida pelo LED
se dá pelo salto do elétron de uma órbita para outra durante a circulação de corrente pela
junção, corrente esta que tem limites de acordo com o fabricante. Já a cor do LED depende
do material utilizado para a fabricação da pastilha de semicondutor e a sua dopagem, e não
apenas da cor da lente (MALVINO, 1995).

No caso do LED e de demais diodos, é importante salientar que quando ocorre a condução de corrente
pela junção, a corrente pode atingir valores elevadíssimos, tendendo, teoricamente, ao infinito. Logo,
para estabelecer a corrente de operação do diodo, analisaremos o caso do LED e do dimensionamento
de seu circuito de limitação de corrente.
Primeiramente, devemos identificar o modelo de LED que temos. Neste exemplo, adotaremos um
LED de 5 mm com as especificações dadas pelo fabricante:

169
UNICESUMAR

VD = 2, 0 V (é a tensão de trabalho do LED).


I L = 10 mA (é a corrente adotada para este LED).
VS = 12 V (é a tensão da fonte que utilizaremos para acionar o LED).

Para limitar a corrente no LED, precisamos utilizar um resistor em série de acordo com a Figura 17.

Figura 17 - Polarização do LED / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho de um circuito de polarização de um LED com um gráfico representando a corrente
no domínio da tensão para este componente. O circuito é dotado de uma fonte de tensão com um resistor associado em série com o LED
em polarização direta e o gráfico mostra a curva da corrente variando pouco entre 0 e 0,7 V e assumindo valores maiores de 0,7 V onde
é limitada pelo resistor RL.

Cálculo do valor da resistência do resistor limitador RL :


VS  VD 12  2
RL   3
 1  103 W
IL 10  10
ou

RL = 1 kW

170
UNIDADE 5

Cálculo do valor da potência do resistor limitador RL:


- como a tensão do LED é de 2 V e temos 12 V na fonte, os restantes 10 V ficarão sobre o resistor
GaAs, logo, a tensão VRL é de: VRL  VF  VD  12  2  10 V , assim, se VRL = 10 V , e circula por ele
uma corrente de 10 mA , de acordo com a equação da potência, fica:

P = V .I

Em que:
P P=
= RL ?
V V=
= RL 10 V
I  I L  10  10 3 A = 10 mA

Adaptando a equação da potência, fica:

PRL  VRL .I L  10  10  103 = 100 mW

Resultado:
O resistor, para atender ao LED especificado, deve ser de 1 kW x 100 mW .
Comercialmente, esse resistor será comercializado em potência de 1 / 8 W  0, 125 W  125 mW  ,
o que atende à potência para o caso dado.
Os demais componentes abordados por essa unidade dependem diretamente dos diodos para
existir e funcionar. Utilizam a mesma teoria de funcionamento dos diodos agregados a situações e
associações que produzem componentes com a capacidade de controle e armazenamento de dados
que os processos industriais modernos solicitam.
Os transístores se dividem em famílias, as quais, nesta unidade, abordaremos apenas as mais
frequentes: transístor bipolar e transístor MOSFET. Este componente nasceu com o propósito de am-
plificar sinais de tensão e corrente e pode ser utilizado, hoje, por inúmeras aplicações, desde o simples
acendimento de uma lâmpada controlada remotamente até a fabricação de poderosos microproces-
sadores que utilizam milhões de transístores em seus projetos.
O transístor bipolar é um dispositivo com duas junções, como se fossem dois diodos associados,
mas com algumas peculiaridades, conforme a Figura 18. Observe que no transístor bipolar há a pre-
sença das estruturas: Base, Coletor e Emissor.

171
UNICESUMAR

Figura 18 - Polarização de um transístor bipolar / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: essa figura apresenta um desenho de um circuito de polarização de um transistor bipolar NPN e os símbolos de
dois transistores bipolares, sendo um NPN e outro PNP. No circuito, podemos observar um resistor ligando a base ao terminal positivo da
fonte de alimentação e o emissor ao negativo desta mesma fonte que também é interligado ao negativo de outra fonte que tem o positivo
ligado a um resistor que em seu outro terminal está ligado ao terminal coletor do transistor.

Existe uma junção entre a base e o emissor (BE) e uma outra junção entre a base e o coletor (BC). A
base é onde inserimos o sinal de controle para o transístor. É um sinal de baixa intensidade que será
amplificado no coletor e terá como caminho final o emissor que assume a soma das correntes, pois,
de acordo com a Equação 10, fica:

ie  ic  ib
Equação 10

Em que: ie é a corrente no emissor, ic é a corrente que circula pelo coletor e ib é a corrente que circula
pela base do transístor. O ganho de corrente de coletor “ bcc ” na configuração emissor comum é dado
por Sedra e Smith (2012):
ic
bcc ≡
ib
Equação 11

172
UNIDADE 5

Da Equação 11, podemos deduzir que a corrente de base ( ib ) pode ser obtida por:
ic
ib ≡
bcc
Equação 12

Assim, a corrente do coletor depende da corrente da base e do ganho fixado em projeto. Normalmente,
ao analisar a folha de dados de um transistor (datasheet), podemos selecionar um valor de ganho que
esteja dentro da faixa de operação deste componente, estabelecendo-se uma reta de carga, e daí dimen-
sionar a corrente na base para produzir, como efeito disso, a corrente desejada no coletor, respeitando
sempre os limites operacionais do componente.
Normalmente, os transístores bipolares são oferecidos como NPN e PNP, tendo as mesmas carac-
terísticas, porém, com polaridades opostas, sendo úteis em aplicações onde há a necessidade de cada
modelo.
De acordo com a necessidade, as indús-
trias de transístores fabricam os componen-
tes com características voltadas a alguma
tendência do mercado, por exemplo, mode-
los que se aplicam a circuitos de transmisso-
res de rádio têm características de fabricação
específicas para esta aplicação, e aqueles apli-
cados em comutação de correntes elevadas
em baixas frequências já atendem a outras
necessidades e, por este motivo, há uma gama
de modelos e de encapsulamentos que su-
portam diferentes valores de potência e dis-
sipação de calor. A Figura 19 mostra alguns
modelos de encapsulamentos utilizados na
fabricação de transístores.
Figura 19 - Encapsulamentos de transístores
Uma grande parte do uso dos transístores
se resume a controlar a potência sobre deter- Descrição da Imagem: a figura apresenta 11 tipos diferentes de
minada carga utilizando, para isso, um pe- encapsulamentos de semicondutores, onde podemos ver encap-
sulamentos utilizados para a fabricação de transistores, circuitos
queno sinal, ou seja, com um sinal de apenas integrados e diodos.

alguns milivolts  mV  , é possível produzir


ações de grandes potências, como o volume de áudio de uma caixa de som que recebe o sinal de um
instrumento musical com poucos milivolts e com baixa potência, o qual, ao passar pelo estágio de
amplificação, produz um som que pode ser ouvido a centenas de metros.

173
UNICESUMAR

Além disso, os transístores podem ser utilizados no projeto de circuitos integrados, onde assumem
funções específicas de acordo com a necessidade, mas, para fins de entendimento de um Engenheiro
de Produção, são assumidas duas áreas de atuação desse componente:
• Amplificador e
• Chave.

Como amplificador, o transístor amplifica o sinal de entrada no circuito devidamente polarizado


para obter, como resultado, o sinal de entrada multiplicado por um ganho. Assim, um sinal de baixa
intensidade pode acionar uma carga de grandes proporções, como acionar um alto-falante de grande
potência, o enrolamento de um transformador, um motor de passo etc.
No caso de transístores atuando como chave, podemos fazer uma analogia com um interruptor que,
ao receber um sinal de entrada, liga uma carga, e na ausência desse sinal, desliga a carga. Por exemplo,
uma lâmpada cujo circuito com capacidade de pequeno sinal aciona utilizando um transístor, pois a
lâmpada exige corrente acima da capacidade máxima do circuito de acionamento, e o transístor assume
esta responsabilidade conduzindo a corrente da lâmpada pelos terminais coletor-emissor.
A Figura 20 mostra dois exemplos de circuitos com transístores, sendo o da esquerda um amplifi-
cador de áudio, e o da direita, um circuito onde o transístor atua como chave.

Figura 20 - Modos de atuação do transistor: amplificador e chave / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama eletrônico de um circuito amplificador com polarização por divisor resistivo com
transistor bipolar NPN e um outro circuito de um transistor bipolar NPN atuando como chave.

Na operação como chave, a corrente ib pode ser obtida analisando a tensão do circuito de acionamen-
to como sendo vi , a tensão da junção base-emissor ( vBE ) como sendo de 0, 7 V para transístores
de silício, e o resistor limitador de corrente na base Rb (na Figura 20 aparece como R5 ), conforme
Equação 13:
vi  vBE
ib 
Rb
Equação 13

174
UNIDADE 5

Exercício resolvido:
• Calcule a corrente no coletor de um transistor de silício, onde a tensão de acionamento é de
5, 0 V , o ganho bcc = 150 , e o resistor utilizado para limitar a corrente na base é de 4, 7 kW .

Solução:
• Cálculo da corrente na base ( ib ):
vi  vBE 5  0, 7
ib    0, 9148 mA
Rb 4, 7  103
ou

ib ≈ 915 µA

• Cálculo da corrente no coletor ( ic ):

ic
bcc   ic  bcc  ib  ic  150  915  106
ib
ic  137, 25 mA

Os transístores bipolares controlam a corrente no coletor de acordo com a corrente aplicada na base,
assim, é possível variar a intensidade luminosa da lâmpada da Figura 20 (ligada no coletor do transís-
tor), variando a corrente na base pelo circuito de acionamento.
Os transístores consistem na base dos principais dispositivos eletrônicos que utilizamos na atuali-
dade e são os protagonistas do mundo de inovação que podemos utilizar em termos de dispositivos
inteligentes e plataformas embarcadas. Sem esse dispositivo, não teríamos os computadores, celulares,
injeção eletrônica nos veículos, nem sistemas automatizados que temos hoje.
O MOSFET (Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor) é um transistor que atua dife-
rentemente do transistor bipolar. Essa tecnologia se baseia no campo elétrico formado no interior do
componente para controlar a abertura e o fechamento de um canal, por onde flui, por sua vez, a corrente
elétrica utilizada para acionar uma carga que pode ser a bobina de um transformador ou motor, um
alto-falante ou, até mesmo, resistências de aquecimento de um forno.
Algumas vantagens substanciais dos MOSFETs é que esta tecnologia opera dissipando muito
menos calor do que os transístores bipolares, portanto, com maior eficiência aliada à velocidade de
comutação, permitindo o controle com precisão em circuitos de resposta ultrarrápida, como em fontes
chaveadas, por exemplo.
A desvantagem é que o MOSFET não apresenta a linearidade que os transístores bipolares pos-
suem em sua arquitetura funcional, sendo, desta forma, útil para determinadas aplicações, enquanto
os bipolares o são em outras.

175
UNICESUMAR

Esta unidade contemplará apenas


o tipo de MOSFET mais comum, que
é o tipo “enriquecimento”. Esse compo-
nente conta com três terminais: Gate,
Dreno e Source, conforme Figura 21:
A estrutura dos MOSFETs é am-
plamente utilizada para a fabricação
de circuitos integrados dada as suas
dimensões extremamente reduzidas
que possibilitam a integração em ele-
vada escala (VLSI – Very Large Scale
Integration) em mais de 200 milhões
de transístores em uma mesma pas- Figura 21 - MOSFETs e sua simbologia

tilha de circuito integrado (SEDRA;


SMITH, 2012). A Figura 22 apresen- Descrição da Imagem: a figura apresenta desenhos para símbolos de transistores
de efeito de campo do tipo MOSFET, onde é possível observar os terminais Gate,
ta a estrutura física do MOSFET e as Dreno e Source em encapsulamentos com e sem dissipadores de calor.

suas características internas:


Observe, na Figura 22, que há
uma camada de Si O2 no topo de
cada uma das configurações. Essa
camada isolante é nada mais do que
sílica (principal matéria-prima para
o vidro), que isola o terminal “Gate”
ou “porta” do canal do MOSFET. O
canal é por onde a corrente a qual se
deseja controlar circulará (entre os
terminais Dreno e Source).
Quando se aplica potencial po-
sitivo, por exemplo, no Gate, ocorre
uma reação e uma atração (ou repul-
são) dos portadores do canal, depen-
dendo do tipo do MOSFET, se ele
é de canal P (portadores majoritá- Figura 22 - Estrutura física do MOSFET em algumas configurações
rios positivos) ou se ele é de canal N
(portadores majoritários negativos). Descrição da Imagem: a figura apresenta desenhos em corte das pastilhas se-
micondutoras que formam os transistores E-MOSFET e D-MOSFET. Nas pastilhas,
Assim, um sinal pulsante no Gate é possível ver a região dos canais (P e N) e das pastilhas N e P, respectivamente,
pode ligar ou desligar várias vezes em que os terminais D e S estão conectados. Além disso, é possível observar a
camada isolante entre o gate e o canal formada por dióxido de silício.
por segundo o fluxo de corrente no
MOSFET e, assim, controlar uma
carga ligada em seu Dreno.

176
UNIDADE 5

Essa técnica é muito utilizada em fontes de alimentação chaveadas, as mesmas utilizadas nos com-
putadores, carregadores de baterias de celulares etc. Para essas aplicações, os encapsulamentos são
parecidos com os já mostrados anteriormente (Figura 23) para montagem em placa de circuito
impresso com soldagem via furação ou SMD.

Figura 23 - Encapsulamentos de MOSFETs

Descrição da Imagem: a figura apresenta 5 tipos diferentes de encapsulamentos utilizados para a fabricação de MOSFETs, onde pode-
mos ver encapsulamentos de tecnologia PTH em transistores de sinal até transistores de potência para montagem em placas de circuito
impresso e fixação em dissipadores de calor (modelos de potência).

Há, entretanto, aplicações onde os MOSFETs são solicitados em grande escala, para correntes de cen-
tenas de amperes. Nesses casos, os encapsulamentos são diferentes e admitem montagem com cabos
diretamente parafusados em seu gabinete, como mostra a Figura 24.

Figura 24 - MOSFETs para altas correntes

Descrição da Imagem: a figura apresenta 3 tipos diferentes de encapsulamentos utilizados para a fabricação e MOSFETs de potência,
onde a ligação de seus terminais é feita por meio de cabos, dado ao valor elevado da corrente que conduzem.

177
UNICESUMAR

Figura 25 - Símbolo do IGBT / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho do símbolo do transistor IGBT, onde é possível observar os terminais Gate,
Coletor e Emissor.

Assim como os MOSFETs, há também os IGBTs (IGBT - Insulated Gate Bipolar Transistor) ou Transístor
Bipolar de Porta Isolada, que são uma junção da tecnologia bipolar com o MOSFET, reunindo as carac-
terísticas dos dois dispositivos. São amplamente utilizados em acionamentos elétricos e fazem parte dos
circuitos dos inversores de frequência.
A isolação entre o Gate (porta) do IGBT e o canal formado pelo coletor-emissor dele permite a atuação
com a alta impedância de entrada de um MOSFET e com as características de acionamento de um tran-
sístor bipolar (Figura 25).
Além dos transístores, há dispositivos semicondutores que podem controlar a potência de outros dis-
positivos. São os tiristores, assunto das próximas seções.
Controlar a quantidade de potência que um dispositivo pode desenvolver (a temperatura em um
chuveiro, a velocidade do eixo de um motor, a corrente na saída de um transformador etc.) é desafiador e
solicita o uso de componentes especiais que permitam o controle do fluxo de corrente a partir de sinais de
entrada. Alguns tipos de semicondutores permitem o controle sobre a corrente a partir de pulsos que são
inseridos em um terminal específico: são os conhecidos tiristores, largamente utilizados em equipamentos
que incluem o controle de potência em seus projetos, como chuveiros eletrônicos, acionamento de motores
de indução com velocidade variável etc.
O nosso estudo dos tiristores abordará os mais comuns tipos:
• SCR.
• TRIAC.

178
UNIDADE 5

Na Figura 26, podemos observar a simbologia para os tiristores, além de um semicondutor utilizado
para o disparo denominado DIAC.

Figura 26 - Tiristores

Descrição da Imagem: a figura apresenta símbolos dos tiristores diac e triac, onde é possível comparar com o símbolo do diodo e o
encapsulamento para montagem em dissipador de calor e por meio de cabos.

Os tiristores são utilizados quando há a necessidade de controle de potência em frequências que


normalmente tangem os 60 Hz , o que limita a sua aplicação em grandes dimensões, pois com tal
velocidade, os elementos magnéticos geralmente são de grande porte e pesados (transformadores),
como no caso de fontes de alimentação tiristorizadas comparadas com fontes chaveadas.
Nas fontes chaveadas, a frequência interna chega a operar em faixas de 400 kHz ou mais e, por este
motivo, os elementos magnéticos são menores e mais leves, enquanto nas fontes lineares a diferença de
peso (massa) pode ser da ordem de 10 vezes, ou seja, uma fonte linear de 2 kW pode pesar em torno
de 50 kg com as dimensões de um refrigerador, enquanto uma fonte chaveada da mesma potência
pesa em torno de 5 kg e apresenta as dimensões aproximadas de um livro de 600 páginas.

179
UNICESUMAR

Nas instalações elétricas, os tiristores foram muito utilizados em circuitos de acionamento de ilu-
minação com temporização (minuterias) e controle de velocidade para motores monofásicos (venti-
ladores de teto) (Figura 27), além de atuar nos estágios de saída das chaves estáticas das soft-starters.

Figura 27 - Tiristores: encapsulamentos e utilização prática

Descrição da Imagem: esta figura apresenta três fotos de tiristores, sendo a primeira com alguns encapsulamentos PTH, a segunda com
encapsulamento para fixação em dissipador de calor e cabos e a terceira de um espelho de acionamento de um ventilador com interruptor
e potenciômetro deslizante.

Uma maneira de minimizar o


tamanho dos circuitos utiliza-
dos nos equipamentos eletrô-
nicos foi encapsulá-los em um
único invólucro com terminais
que possam acessar o seu con-
teúdo interno. Esta ideia utili-
zando os semicondutores, es-
pecialmente o silício, permitiu
que muitos circuitos pudessem
ser miniaturizados em micrô- Figura 28 - Circuito integrado de uma memória EPROM (826408)
metros e encapsulados em
invólucros padronizados no Descrição da Imagem: a figura apresenta a foto de uma mão de um homem seguran-
do um encapsulamento de uma memória EPROM, que possui janela de quartzo para
mercado, conforme exemplo permitir seu apagamento.
dado na Figura 28.

180
UNIDADE 5

Observe, na Figura 28, que


o encapsulamento é grande
para que possa ser manipu-
lado com facilidade. Na ver-
dade, o circuito está na parte
quadrada inserida na janela
de vidro do componente, que
representa menos de 10% do
tamanho total do encapsula-
mento. Os terminais metálicos
interligam a sensível pastilha
de semicondutor ao mundo
externo, permitindo que o
componente seja inserido em
uma placa de circuito interno
onde exercerá as suas funções.
Há muitos tipos diferentes
de encapsulamentos disponí-
veis para circuitos integrados e
um mesmo tipo de encapsula-
mento pode atender a diversos
modelos de circuitos integra-
dos diferentes, que podem ser
famílias lógicas em alto nível
de integração, tecnologias
C-MOS, TTL, circuitos oscila-
dores, memórias, amplificado-
res operacionais, circuitos de-
dicados, microcontroladores,
transceivers etc. (Figura 29).

Figura 29 - Encapsulamentos de cir-


cuitos integrados e aplicação e placa
de circuito impresso

Descrição da Imagem: a figura


apresenta três fotos, sendo a pri-
meira diferentes tipos de encap-
sulamentos SOIC para circuitos in-
tegrados SMD, a segunda circuitos
integrados em encapsulamentos
DIP (PTH) e a terceira uma foto de
uma placa de circuito impresso com
componentes montado em tecno-
logias PTH e SMD.

181
UNICESUMAR

O grande boom dos circuitos integrados se deu na década de 70 (embora já havia sido desenvol-
vidos alguns projetos na década de 60), onde os primeiros microprocessadores já delineavam o
caminho dos primeiros computadores pessoais que revolucionariam a vida das pessoas em todo
o mundo com inovações irreversíveis. Graças aos circuitos integrados, podemos ter smartphones,
tablets, computadores etc.
Sem o desenvolvimento dos circuitos integrados, um computador pessoal talvez nunca pudesse
ser construído dado as dimensões gigantescas e o descomunal consumo de energia elétrica, como o
computador ENIAC que, em 1946, consumia 160 kW de potência.
Atualmente, a miniaturização é do nível de nanômetros e a integração de transistores e demais
componentes em um circuito integrado é tão grande que funções de um computador podem ser
concentradas em um único componente capaz de realizar tarefas automáticas e milhares de cál-
culos por segundo, como no caso dos microcontroladores e microprocessadores que temos em
nossos smartphones modernos.
Não podemos deixar de citar os maiores responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias que
temos na atualidade em termos de circuitos integrados programáveis, o Z80 , o mais imponente mi-
croprocessador entre as décadas de 70 e 80, o qual inspirou a maioria dos demais microprocessadores
modernos que até hoje utilizam a sua arquitetura em seu núcleo. A Figura 30 mostra um exemplo do
microprocessador em encapsulamento DIP.

Figura 30 - Microprocessador Z80

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto do microprocessador Z80 em um encapsulamento DIP de 40 pinos.

A partir de agora, serão apresentados exemplos de circuitos eletrônicos onde são aplicados alguns dos
componentes já mencionados nesta unidade, por exemplo, circuitos de fontes de alimentação, onde
são aplicados componentes eletrônicos para ilustrar o seu uso em aplicações fundamentais da Eletrônica.

182
UNIDADE 5

As fontes de alimentação são os circuitos essenciais para o funcionamento da maioria dos


dispositivos da atualidade. Seus circuitos são constituídos por etapas de conversão da corrente
alternada, variando, geralmente, entre 100 e 240 V para corrente contínua em níveis de tensão
aceitáveis pelos circuitos integrados e demais elementos. Neste livro, reconhecemos as fontes de
alimentação lineares e chaveadas.
As fontes de alimentação lineares são aquelas que convertem a tensão alternada da rede elétrica
da concessionária em níveis de tensão contínua com o uso de transformador de entrada, onde
ocorre a isolação entre a tensão de entrada e a tensão de saída. O uso do transformador de entrada
agrega robustez, mas ocupa grandes proporções e peso no projeto da fonte.
As fontes lineares normalmente possuem alguns estágios entre a rede elétrica e a carga, sendo
(Figura 31).

Figura 31 - Diagrama de blocos de uma fonte de alimentação linear regulada / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama de blocos de uma fonte de alimentação linear regulada, com os estágios inter-
mediários entre a rede elétrica e a saída para a carga: proteção, transformação, retificação, filtro e regulação.

Proteção: é onde ocorre a proteção contra curto-circuito e descarga atmosférica (em casos
especiais) e é constituído de fusíveis e varistores.
Transformação: é onde, normalmente, ocorre o rebaixamento da tensão alternada. Pode
ter mais de um estágio, onde uma ou mais tensões são derivadas. O estágio de transforma-
ção apresenta o transformador monofásico que isola a tensão da rede dos demais circuitos.
Retificação: é o estágio onde a tensão alternada passa a ser contínua. Normalmente, é
composta de diodos retificadores.
Filtro: é responsável por linearizar o sinal pulsante resultante do estágio de retificação e
utiliza capacitores para realizar essa tarefa (normalmente eletrolíticos).
Regulação: esse estágio mantém a tensão de saída constante e regulada para que haja
estabilidade no valor da tensão nominal mesmo que a tensão de entrada sofra variações.
Este estágio é composto por circuitos integrados reguladores de tensão ou diodos zener,
de acordo com a necessidade.

183
UNICESUMAR

A Figura 32 apresenta uma fonte de alimentação com três tensões de saída, sendo uma saída simples
(tensões reguladas por U3) e as demais simétricas, pois apresenta potencial positivo e negativo com
referência comum (tensões reguladas por U1 e U2).

Figura 32 - Exemplo de fonte de alimentação linear regulada / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico de uma fonte de alimentação linear regulada, com múltiplas saídas
reguladas, sendo uma saída em +5 V, uma saída em -12 V e outra saída em +12 V.

A fonte de alimentação chaveada não apresenta isolação da rede elétrica por meio de um transforma-
dor (conforme na fonte linear) e atua com comutação em alta frequência (acima de 50 kHz , podendo
chegar a 500 kHz ou mais) para converter a tensão de entrada em valores de saída de acordo com a
necessidade. As fontes de alimentação chaveadas são utilizadas na maioria dos equipamentos atuais,
como computadores, monitores, carregadores de baterias, televisores, CLPs etc.
O fato deste equipamento utilizar comutação em alta frequência promove propagação de distor-
ção harmônica (radiada e conduzida) em componentes de frequências, as quais podem interferir no
funcionamento de equipamentos próximos. Para minimizar essa interferência eletromagnética, são
implementados filtros nos circuitos dessas fontes, deste modo, a maioria das fontes chaveadas é orga-
nizada nos moldes do diagrama de blocos da Figura 33.

Figura 33 - Diagrama de blocos de uma fonte chaveada típica / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama de blocos de uma fonte de alimentação chaveada, com os estágios intermediários
entre a rede elétrica e a saída para a carga: proteção, filtro de EMI, retificação, filtro, comutação em alta frequência, retificação, filtro e regulação.

184
UNIDADE 5

Os estágios de proteção, retificação e filtro são semelhantes aos utilizados nas fontes lineares, já os demais
são compostos de:
Filtro e EMI (Electromagnetic Interference): este estágio é responsável por filtrar os ruídos de entrada
e de saída da fonte para que esta não emita distorção aos demais equipamentos e para que não sofra in-
fluência destes.
Comutação em alta frequência: esse estágio é composto de circuito de controle de comutação em alta
frequência, que consiste em manter a tensão da saída constante, mesmo com variação de carga na saída
(dentro dos limites do projeto) e mantém controle sobre os níveis de corrente, a fim de proteger a integridade
dos componentes por meio de estratégias em alta frequência, como o PWM (Pulse Width Modulation).
Regulação e filtro: neste estágio, o sinal de corrente contínua pulsante é filtrado e regulado, além de ser
filtrado para que as componentes de alta frequência não sejam transferidas para a carga.
A Figura 34 mostra um exemplo de diagrama eletrônico de uma fonte de alimentação chaveada com
topologia de conversor flyback.

Figura 34 - Conversor Flyback: presente na maioria dos dispositivos eletrônicos modernos / Fonte: Philips Semiconductors (1994, p. 1.106).

Descrição da Imagem: a figura apresenta o diagrama eletrônico de uma fonte de alimentação chaveada com topologia flyback, onde a tensão
de entrada em corrente alternada é aplicada ao circuito de retificação e filtragem e sua saída temos a tensão em corrente contínua. Esse
conversor conta com isolação entre as tensões de entrada e saída graças ao uso de um transformador de alta frequência.

O conversor flyback é uma topologia de fonte chaveada que se aplica, muito frequentemente, na maioria
dos equipamentos eletrônicos modernos, como computadores, monitores, televisores, carregadores
de baterias para celulares e demais dispositivos móveis etc. devido às dimensões reduzidas, ao baixo

185
UNICESUMAR

custo e à densidade de potência, o que atende às necessidades da maioria dos circuitos eletrônicos
atualmente fabricados para uso doméstico e industrial.
No exemplo da Figura 34, foi utilizado um modelo de circuito integrado muito comum na fabricação de fon-
tes chaveadas, o UC3842 , que apresenta uma ampla família de controladores PWM para conversores flyback.
Entretanto, há outros aplicados também a outras topologias, as quais serão estudadas mais tarde neste livro.

Os conversores flyback compõem praticamente todos os equipamentos eletrônicos que utilizamos.


Estão cada vez menores e com maior capacidade graças ao desenvolvimento de novos materiais
para a fabricação de componentes que operam em frequências cada vez maiores e, consequente-
mente, com dimensões reduzidas.

Além das fontes de alimentação, será apresentado um circuito utilizado quando há a necessidade de condução
de corrente em dois sentidos (não simultâneos), uma ponte H. Este circuito é empregado no acionamento
de um motor de corrente contínua de um robô e utilizado para deslocar este para frente (corrente em um
sentido) ou para trás (corrente no sentido inverso). Outro exemplo é o acionamento de uma pastilha de
efeito Peltier para promover o aquecimento ou o resfriamento de uma superfície.
A Figura 35 mostra o circuito da referida ponte H, que recebe, nos terminais denominados “carga”, a
conexão do motor ou da pastilha de efeito Peltier.

Quando precisamos empregar um motor de corrente contínua para acionar um eixo com potência
constante, é necessário manipular as suas corrente e tensão de maneira rápida, sem que este
perca potência. Assim, a PWM se aplica e permite controle sobre a velocidade e o torque do motor
utilizado ou a temperatura na pastilha de efeito Peltier.

Bem, estamos chegando ao final de nossa unidade! O conhecimento de eletrônica adquirido permitirá a você,
enquanto profissional, interpretar as tecnologias utilizadas nos ambientes profissionais, como, por exemplo,
os componentes e principais circuitos utilizados pelos equipamentos industriais, como os tipos de fontes
de alimentação, limitações e aplicações no controle e acionamento de motores elétricos, características dos
componentes mais utilizados, a exemplo dos resistores, capacitores, diodos, transistores e de tecnologias de
placas de circuito impresso com componentes montados por soldagem em superfície e por meio de furos.
O conhecimento dessa tecnologia permite ao profissional inferir sobre a manutenção e o uso correto
das tecnologias que atualmente dependem da eletrônica para desempenhar suas funções.

186
VIRAR PÁGINA
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187
Figura 35 - Ponte H – estágio de potência: acionamento em quatro quadrantes / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta o diagrama eletrônico do estágio de potência de uma ponte H, onde os quatro quadrantes de condução são acionados por circuitos optoacoplados em etapas
push-pull com um transistor MOSFET por quadrante, onde no centro da ponte H temos a conexão para carga. Este circuito é alimentado em 12 V.
UNIDADE 5
Com base no mapa conceitual da Figura 36, desenhe o seu próprio mapa conceitual com o significa-
temas que vimos até aqui, revisitando esta unidade em busca do significado para cada termo pre-
Então, caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade e agora podemos resgatar os principais

Resistores Tabela de cores para resistores


PTH Capacitor
ELETRÔNICA
TCR Frequência

188
do de cada termo associado ao termo central.

SMD (Surface-Mount Technology) Indutância


Figura 36 – Mapa conceitual da unidade 5
sente no mapa conceitual a seguir:

Descrição da Imagem:a figura apresenta um mapa conceitual com os principais termos estudados nesta unidade, onde no centro do mapa temos o termo Eletrônica
e nos campos associados temos os termos resistores, PTH, SMD, TCR, tabela de cores para resistores, capacitor, frequência e indutância.
1. Os resistores são componentes capazes de oferecer uma imposição à circulação de corrente
elétrica e o valor de sua resistência pode variar de acordo com a temperatura. Conforme os
seus conhecimentos sobre resistores, assinale a alternativa correta:

a) O parâmetro que determina a estabilidade térmica de um resistor é o TCR, e é medido em


W1 / C , pois a sua função é informar o quanto um resistor é capaz de conduzir eletricidade
com a variação de temperatura.
b) Há diferentes tipos de encapsulamentos de resistores no mercado, sendo que, para cada tipo,
há valores de resistência distintos que não ocorrem em outros grupos de encapsulamentos.
c) O parâmetro que determina a estabilidade térmica de um resistor é o TCR, e é medido em
ppm / °C .
d) Os resistores de níquel cromo são mais estáveis que os resistores de tecnologia Z-Foil.
e) Os resistores utilizam códigos de cores para determinar o seu valor de resistência, e uma faixa
define o TCR que, normalmente, é a 2ª faixa em um resistor de quatro faixas.

2. Os capacitores são componentes fundamentais para a elaboração de circuitos eletrônicos,


desde os mais simples até os mais complexos. Com base nos tipos funcionamento dos capa-
citores, assinale a alternativa correta:

a) Os capacitores são utilizados em circuitos de tempo e a sua capacitância depende da área de


suas placas e da distância entre elas, além de uma constante dielétrica definida pelo material
de sua composição.
b) Em um capacitor, a área de suas placas é inversamente proporcional à sua capacitância.
c) Um capacitor eletrolítico não permite polarização, logo, pode ser associado em qualquer
posição no circuito.
d) A constante dielétrica do Titanato de Bário é dez vezes menor do que a da poliamida.
e) A reatância capacitiva é diretamente proporcional ao valor da capacitância e ao produto do
quadrado da frequência.

3. O diodo é um dos semicondutores mais utilizados em circuitos eletrônicos, o que possibilita


a fabricação de dispositivos inteligentes integrados. Em relação aos diodos semicondutores,
assinale a alternativa correta:

a) O LED é um tipo de diodo que pode ser associado inversamente polarizado para emitir luz.
b) O diodo Schottky não possui camada de depleção e, por isto, ele se adequa a condições
especiais de alta velocidade.
c) O diodo varicap não se aplica a circuitos de sintonia, pois o seu efeito capacitivo poderia
atrasar o sinal e não poderia operar em altas frequências.
d) A cor emitida pelo LED depende apenas da frequência do sinal aplicado em seus terminais.
e) A corrente que circula por um LED é inversamente proporcional à tensão aplicada para a sua
alimentação.

189
4. Analise a figura a seguir, onde uma lâmpada é acionada a partir de um transístor bipolar. De
acordo com o conhecimento de transístores bipolares, assinale a alternativa correta.

a) A corrente que circula pelo coletor independe da corrente da base.


b) Este transístor é de efeito de campo.
c) A lâmpada brilhará mais se a tensão da fonte de tensão variável for menor.
d) A corrente do emissor é igual a diferença entre a corrente na base e a corrente no coletor.
e) O ganho de corrente no coletor depende da corrente da base, assim, quanto maior a corrente
na base, maior o brilho da lâmpada.

5. Os MOSFETs são aplicados em diversos tipos de equipamentos onde há a necessidade de


comutação de cargas indutivas em altas velocidades e possuem uma variação que reúne
a tecnologia bipolar ao efeito de campo, que produz o IGBT. Baseando-se nesta afirmação,
assinale a alternativa correta:

a) Os MOSFETs não permitem montagem em placas de circuito impresso, limitando-se apenas


a aplicações onde cabos devem acessar os seus terminais.
b) Os IGBTs são conhecidos por não possuírem isolação entre a sua porta (Gate) e o canal (cole-
tor-emissor), assim, eles podem ser utilizados em inversores de frequência e alto desempenho.
c) Os amplificadores de áudio não podem utilizar transístores, pois isto distorceria a qualidade
de reprodução de som e, assim, utilizam apenas circuitos integrados.
d) Nos MOSFETs existe uma camada de vidro que isola o Gate do canal do transístor, permitindo
que a corrente seja controlada entre o dreno e o source.
e) Os circuitos integrados não utilizam transístores em sua composição, pois esta tecnologia é
muito lenta e aqueceria em demasia os encapsulamentos.

190
6. As aplicações de eletrônica digital e analógica permitem inúmeras possibilidades, desde o
projeto de simples fontes de alimentação até a elaboração de complexos computadores. Com
base nos conhecimentos adquiridos nessa unidade, assinale a alternativa correta:

a) As fontes de alimentação lineares são mais robustas do que as fontes comutadas ou chaveadas,
pois contam com transformador de entrada, simplificando o projeto, mas encarecendo a sua
fabricação e aumentando significativamente o seu peso se comparadas às fontes chaveadas.
b) Os sinais analógicos são aqueles que representam as variáveis mais antigas, aquelas que só
podemos medir com o uso de um ponteiro e de uma escala graduada e possuem valores
definidos no domínio do tempo.
c) A eletrônica digital é totalmente independente da eletrônica analógica, podendo ser utilizada
para resolver os mesmos problemas de maneira singular.
d) O RFID é um recurso que foi desenvolvido em 1992 pela Texas Instruments e aplica-se na
identificação de itens com TAGs personalizados.
e) Um sinal alternado é todo sinal que oscila, mesmo sem inverter o seu sinal, ou seja, de positivo
para negativo e de negativo para positivo.

191
192
6
Eletrônica Digital
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender sobre a eletrô-


nica digital, onde são utilizados os sistemas de numeração binário e
decimal. Além disso, irá estudar a introdução à lógica combinacional,
que relaciona o estado de variáveis de forma combinada e também
da lógica sequencial, utilizada para eventos que relacionam o sincro-
nismo entre a lógica e um “ritmo” imposto pelo “clock” do sistema.
UNICESUMAR

Você já parou para se perguntar como é possível um computador ou smartphone realizar tantas
tarefas, processar tantos aplicativos e, além disso, efetuar chamadas de voz e vídeo?
Atualmente, é muito comum observar termos que remetem à inteligência artificial ou mesmo
o reconhecimento de padrões, redes neurais artificiais e outras tecnologias embarcadas em equi-
pamentos modernos, capazes de realizar tarefas complexas que auxiliam na qualidade de vida das
pessoas e na produtividade da indústria. Contudo, todos esses recursos só podem ser viabilizados
graças a uma tecnologia base, a Eletrônica Digital. E você, sabe como ela funciona?
Todas as tarefas de um computador (seja um PC, Laptop, smartphone ou desktop) dependem,
de alguma maneira, de lógica digital para realizar o processamento de seus dados.
Sabendo-se que os dispositivos programáveis, microprocessadores ou microcontroladores que
compõe os circuitos lógicos das bases embarcadas desses dispositivos são baseados em bits, e, por
sua vez, são entidades digitais, é tão importante o entendimento desta tecnologia.
Cada informação que produzimos ou consumimos com o uso de dispositivos computacionais
é convertida em bits digitais antes de ser processada, armazenada e operacionalizada por meio de
periféricos que podem inserir, exibir ou processar os dados que podem ser referentes a uma infor-
mação de voz, imagem, textos, entre outras, que frequentemente veiculamos nas mídias disponíveis.
Com o advento da internet, as possibilidades aumentaram exponencialmente e, na atualidade,
o uso de computadores se tornou tão necessário que não podemos imaginar, por exemplo, um
comércio que não realize a venda de produtos sem aceitar pagamento por meio de um cartão
magnético ou mesmo por aproximação, tecnologias essas que permitem o acesso à conta bancária
do usuário mediante apresentação de uma senha pessoal, viabilizando a aquisição rápida de um
bem de consumo, rápido, simples e eficiente. Tudo isso graças aos sistemas digitais que dão suporte
aos sistemas operacionais e softwares e suas especificidades.
As telecomunicações evoluíram nas últimas décadas graças aos sistemas de digitalização, onde,
atualmente, podemos nos comunicar de diferentes maneiras, trafegando voz e imagem, realizando
transações comerciais, pagamentos, transferências e tomando decisões cada vez mais rápido, solu-
ções que foram implantadas em nossa forma de vida e que vieram para ficar, graças às tecnologias
possíveis por meio da eletrônica digital.
Caro(a) estudante, para entendermos melhor as tecnologias digitais, assim como a eletrônica
digital, nesta etapa de nosso aprendizado, iremos propor um levantamento fundamental para que
você possa conhecer melhor as tecnologias das quais você já faz uso e que dependem da eletrônica
digital para funcionar. Desta forma, ao analisar cada termo a seguir, marque um “X” na coluna
correspondente ao recurso que se aplica em cada dispositivo. Caso tenha dúvidas, realize uma
pesquisa na internet para saber mais sobre cada elemento e, então, preencha o Quadro 1 a seguir.

194
Tecnologia

Dispositivo Microprocessador
Portas Inteligência TCP/ Sistema
Wi-fi Bluetooth Flip-flop Memória ou
lógicas artificial IP operacional
Microcontrolador

Computador
PC
Tablet
Smartphone
Relógio
digital
GPS
Smartwatch
CLP
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PARA VISUALIZAR

195
MP3 player
Câmera
digital
Telefone sem
fio
smarttv
Forno de
Micro-ondas
DVD player
Robô
industrial
Tomógrafo
Quadro 1 - Dispositivos e tecnologias / Fonte: o autor.
UNIDADE 6
UNICESUMAR

Analise as três situações a seguir:


Situação 1: imagine que você esteja em seu trabalho ou em sua casa e precise enviar uma mensagem
instantânea para avisar alguém de uma situação emergencial causada por um acidente.
Situação 2: você precisa de uma informação para realizar o pagamento de uma conta que vence hoje, mas
esqueceu o boleto em casa e não tem acesso aos dados para efetuar o pagamento.
Situação 3: você está em uma viagem à trabalho e chegou à cidade de destino, onde precisa localizar um
endereço para visitar determinada empresa, porém, nunca veio a esta cidade e não conhece a melhor rota
para chegar ao local desejado.
O que você faria em cada uma das situações?
Uma das opções para a situação 1 seria utilizar um computador ou aparelho smartphone para enviar uma
mensagem instantânea a alguém acerca da situação emergencial que está ocorrendo, que pode ser um acidente
grave e requer cuidados imediatos, fazendo uso de aplicativos de envio de mensagens rápidas, por exemplo.
Para a situação 2, uma solução seria enviar uma mensagem, por meio de um programa específico para
mensagens instantâneas a uma pessoa com acesso ao boleto e, então, obter os dados de pagamento ou solicitar
os dados por meio de correio eletrônico (e-mail) à empresa que emitiu o documento.
Para a situação 3, por meio de um smartphone ou smartwatch, é possível fazer uso de um programa
navegador que utiliza os dados fornecidos pelo satélite e então rotear as trajetórias disponíveis e com menor
trânsito naquele instante, informação valiosa, pois algum trecho da estrada pode estar passando por obras
ou mesmo ter um engarrafamento por conta de um acidente e a melhor rota pode não ser a mais curta e
sim aquela que flui mais facilmente.
Em ambos os casos se fez necessário o uso de tecnologias eletrônicas de base digital, que dependem de
lógica combinacional e sequencial embarcada, como no caso dos smartphones, computadores, smartwatches,
laptops etc. associados aos sistemas operacionais e aplicativos específicos, daí fica uma reflexão intrigante:
como é possível haver relação direta entre programas e eletrônica? Em outras palavras, como é possível a
interação entre hardware e software? Anote suas considerações no seu Diário de Bordo.

196
UNIDADE 6

Quando capturamos uma imagem com a câmera


de um smartphone e a armazenamos em sua me-
mória, registramos um momento para a visualiza-
ção futura. Assim, uma nuvem que estava no céu
no instante em que fotografamos o pôr do sol agora
não está mais lá, enquanto em nosso dispositivo
móvel podemos desfrutar da beleza gravada na
memória por tempo indeterminado.
Essa foto pode parecer bem colorida e com alta
definição, mas acredite, não passa de um arranjo de
bits. Isto mesmo, zeros e uns (000 e 111s) armazena-
dos em um componente eletrônico quase invisível.
É difícil de acreditar, não é mesmo?
A eletrônica digital evoluiu significativamente nos últimos anos e proporcionou tecnologias que facilitam
a vida das pessoas e a solução de problemas de maneira automática em tarefas que antes dependiam da in-
tervenção humana, tarefas essas que hoje podem ser programadas e automatizadas por software embarcado.
Essa revolução aconteceu nas últimas décadas e mudou a vida das pessoas. Bem-vindo(a) ao mundo
digital! O mundo onde a lógica prevalece e os dispositivos funcionam com base na tomada de decisões
de programas embarcados, como no aparelho de ar-condicionado ou no sistema de injeção eletrônica dos
carros modernos que simplesmente estabilizam as variáveis (temperatura e aceleração do motor, respecti-
vamente) sem a necessidade de intervenção humana.
Os sinais digitais, ou sinais discretos, são definidos em apenas dois níveis, ou seja, podem
assumir apenas dois valores distintos, ou 0 ou 1. Em outras palavras, um sinal digital permite
que possamos prever qual será o valor a ser assumido no tempo, sendo ligado ou desligado, não
havendo valores intermediários possíveis.

Figura 1 - Exemplo de sinal digital: apenas dois níveis possíveis / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem:a figura apresenta um gráfico de um sinal digital sobre um plano cartesiano bidimensional, em que o eixo y
representa o nível lógico variando entre 0 e 1, e o eixo x representa o domínio do tempo dado em ms. O sinal digital apresentado sobre
o gráfico é dotado de espaços de tempo em nível lógico 1 e espaços de tempo em nível lógico 0 com larguras variáveis, onde enquanto
em nível lógico 1 o sinal representa “ligado” e enquanto em nível lógico 0 o sinal representa desligado.

197
UNICESUMAR

Este tipo de sinal é utilizado largamente em computadores, telecomunicações, memórias, dados


armazenados em pendrives ou cartões de memória etc. Certamente, a maior parte do que se produz
em termos de informações atualmente é digital por meio de imagens, textos, números e demais
formas de expressão que utilizamos.
A ideia por trás de um sistema digital é bastante complexa, embora pareça simples, dadas as
características limitadas do sinal, as suas aplicações vêm evoluindo desde o grande advento de seu
uso em meados da década de 70, onde a maioria dos principais componentes foi, de fato, utilizada
em sistemas comerciais, tais como calculadoras, computadores pessoais, videogames etc.
Diversas famílias de componentes que atuam com eletrônica digital são desenvolvidos desde
então e, atualmente, o mercado oferece soluções microcontroladas cada vez mais poderosas em
termos de recursos embarcados em módulos minúsculos que podem controlar processos com-
plexos, dada a sua capacidade de interação com software, pois em termos de hardware, sabemos
que os processadores só processam dados digitais (considerando as operações da ULA), logo, um
microcontrolador que atua diretamente com seu firmware (código embarcado no microcontro-
lador) possui maior interação com os programas se comparado a circuitos não digitais.
Os sistemas de numeração surgiram para permitir a manipulação de dados por parte de sis-
temas digitais e, ao longo do tempo, foram desenvolvidos sistemas diferentes de acordo com as
estruturas existentes em termos de hardware e software. Como exemplo, podemos citar o sistema
decimal, que é aquele ao qual estamos acostumados e que permite a expressão de números 0, 1, 2,
... ... 9, 10, 11, ... .... 20, ... 30, ... ... 100, ... 200, ... etc.
O sistema binário permite apenas 0 ou 1 que, atualmente, é o sistema mais utilizado em eletrô-
nica digital. Já os sistemas octal e hexadecimal são sistemas de numeração que utilizam sequências
diferenciadas, sendo de 0 até 7 (8 = octal) e de 0 até F (F = 15).
O sistema octal possui 8 dígitos, sendo 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. É utilizado em computadores digitais
e apresenta a seguinte estrutura dada no Quadro 2 (TOCCI; WIDMER, 2003):

84 83 82 81 80 8-1 8-2 8-3 8-4 8-5


Quadro 2 - sistema de numeração octal / Fonte: adaptado de Tocci e Widmer (2003).

A equivalência entre os sistemas binário e octal pode ser dada da seguinte maneira (Quadro 3):

Dígito octal 0 1 2 3 4 5 6 7
Equivalente binário 000 001 010 011 100 101 110 111
Quadro 3 - Equivalência entre sistema octal e binário / Fonte: adaptado de Tocci e Widmer (2003).

O sistema hexadecimal também é muito utilizado em computação e opera com 16 caracteres, sendo: 0,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E e F, onde a equivalência dos valores é dada conforme o Quadro 4:

198
UNIDADE 6

Hexadecimal Decimal Binário

0 0 0000
1 1 0001
2 2 0010
3 3 0011
4 4 0100
5 5 0101
6 6 0110
7 7 0111
8 8 1000
9 9 1001
A 10 1010
B 11 1011
C 12 1100
D 13 1101
E 14 1110
F 15 1111
Quadro 4 - Equivalência entre os sistemas de numeração decimal, hexadecimal e binário
Fonte: adaptado de Tocci e Widmer (2003).

Os sistemas de numeração são amplamente utilizados em computação em termos de processamento


de dados e dimensionamentos de sistemas digitais. Neste livro, iremos abordar, de maneira elementar, o
que tange à conversão entre bases para atender ao projeto da disciplina aplicada ao curso de Engenharia
de Produção, entretanto, o aluno pode aprofundar seu conhecimento nesse assunto consultando as
referências citadas neste capítulo.
Para demais conversões, o estudante poderá também realizar as conversões utilizando-se uma
calculadora científica comum que normalmente inclui esse recurso.
Na eletrônica digital, há termos para descrever classes diferentes de lógicas, sendo elas a lógica
combinacional e a lógica sequencial, que iremos descrever com detalhes na sequência, entretanto,
há um ponto comum nas duas tecnologias que devemos salientar neste ponto, que se refere às famílias
lógicas TTL (Lógica transistor-transistor) e MOS (semicondutor de óxido metálico – metal-oxide-
-semiconductor) ou CMOS (MOS complementar), que utiliza tanto transistores MOSFET de canal P
como de canal N em sua composição (TOCCI; WIDMER, 2003).
Os circuitos lógicos combinacionais e sequenciais podem ser implementados em ambas as famílias
(TTL e CMOS), onde as principais diferenças entre as famílias TTL e CMOS são:

199
UNICESUMAR

• Os circuitos TTL utilizam transistores bipolares, enquanto os circuitos CMOS utilizam MOS-
FETs.
• O CMOS permite uma densidade muito maior de funções lógicas em um único chip em com-
paração ao TTL.
• Os circuitos TTL consomem mais energia em comparação com os circuitos CMOS em repouso.
• Os chips CMOS são muito mais suscetíveis à descarga estática em comparação com os chips TTL.

As diferenças entre as lógicas combinacional e sequencial são dadas de acordo com a análise de entrada
e saída, conforme o descrito a seguir:

Circuito lógico combinacional

O valor da saída depende da combinação dos valores das variáveis de entrada.

Circuito lógico sequencial

O valor da saída depende do histórico de valores nas variáveis de entrada.


A lógica combinacional é aquela que reserva as “combinações” entre níveis lógicos e, normalmen-
te, produz resultados baseados neste critério. Assim, temos à disposição elementos denominados de
“portas lógicas” que atuam com as operações básicas:
• “E” ou “AND” (multiplicação)
• “OU” ou “OR” (soma)
• “NÃO” ou “NOT” (negação)

Quando são combinados dados na entrada de uma porta lógica E, entre “zero” e “um” (0 X 1), sabemos
que o resultado será sempre 0, pois qualquer valor multiplicado por 0 é igual a 0, então, 0 E 1 = 0. Na
tabela verdade da porta lógica E, com duas entradas “A” e “B” e saída “S”, temos:

A B S
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Quadro 5 - Tabela verdade da lógica E / Fonte: o autor.

Quando estimulamos as entradas A e B com cada combinação dada em cada linha do Quadro 2, temos
as respostas esperadas em S para esta porta.
O símbolo da porta lógica E (AND) é dado na Figura 2:

200
UNIDADE 6

Figura 2 - Símbolo para a porta lógica “E” / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma porta lógica E com duas entradas (A e B) e uma saída “S”.

Em que:
S = A.B
Equação 1

Já para a lógica OU, consideramos como uma operação de soma entre os valores aplicados em suas
entradas, mas que em termos binários fica assim: 1 + 1 = 1.
Na tabela verdade da porta lógica OU, com duas entradas “A” e “B” e saída “S”, temos:

A B S
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 1
Quadro 6 -Tabela verdade da lógica OU / Fonte: o autor.

Quando estimulamos as entradas A e B com cada combinação dada em cada linha do Quadro 6, temos
as respostas esperadas em S para essa porta.
O símbolo da porta lógica OU é dado na Figura 3:

Figura 3 - Símbolo para a porta lógica «OU” / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma porta lógica OU com duas entradas (A e B) e uma saída “S”.

201
UNICESUMAR

Em que:
S= A + B
Equação 2

E a lógica NOT (NÃO) inverte o valor aplicado na entrada em sua saída, ou seja, se entrar 1, sai 0, e
se entrar 0, sai 1.
A A
0 1
1 0
Quadro 7 -Tabela verdade da lógica NOT / Fonte: o autor.

Quando estimulamos a entrada A com cada combinação dada em cada linha do Quadro 7, temos as
respostas esperadas em S para essa porta.
O símbolo da porta lógica NOT é dado na Figura 4:

Figura 4 - Símbolo para a porta lógica «NOT” / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma porta lógica NOT com uma entrada ( A ) e uma saída “ A ”.

Em que:
A= A
Equação 3

Caro(a) estudante! Quer saber mais sobre as portas lógicas e circuitos


integrados digitais? Então não deixe de acessar este podcast, onde irei
falar sobre vários tipos de circuitos lógicos importantes e exemplos de
aplicações. Conto com seu prestígio!

202
UNIDADE 6

A combinação das três portas (NÃO, E e OU) permite a construção das demais portas existen-
tes. A Figura 5 mostra os símbolos para essas e outras portas lógicas disponíveis no mundo da
eletrônica digital.
As portas da Figura 5 atendem plenamente à solução da maioria dos problemas. Para atuar
em lógica combinacional, onde o resultado de uma expressão lógica depende apenas do estado
lógico das entradas, sem levar em Símbolos para portas lógicas
consideração outros parâmetros
variáveis, por exemplo, o tempo,
o sincronismo ou a contagem de
eventos, situações que solicitam a
implementação de uma lógica que
envolve, além do estado lógico das
entradas, seu estado anterior e tam-
bém o sincronismo que remete aos
elementos de contagem, tempori-
zação etc. Para atender a esses ca-
sos, existe a lógica sequencial. OR NOR
EXCLUSIVO EXCLUSIVO
Na lógica sequencial, os eventos
ocorrem de acordo com pulsos que
podem ser oriundos de um oscila-
dor com base de tempo estabelecida
(clock) e combina também sinais de Buffer Inversor
bloqueio (reset) que podem definir
Figura 5 - Portas lógicas básicas
o fim de uma contagem ou tempo-
rização. Descrição da Imagem: a figura apresenta os símbolos das portas lógicas AND,
OR, XOR, Buffer, NAND, NOR, XNOR e NOT.
Os recursos utilizados para
transmitir dados entre dispositi-
vos, como entre a memória e o processador, ou mesmo entre a memória e o mostrador (display)
de um dispositivo que exibe um vídeo ou foto depende da gestão complexa dos dados, o que
exige tecnologia adequada, por exemplo: Flip-Flops, Latches, multiplexadores, registradores de
deslocamento etc.
Quando um sistema de controle digital precisa realizar uma tarefa, o processador deve armazenar o
estado anterior da tarefa que estava sendo executada para que, quando finalizar a tarefa atual, ele possa saber
onde retornar e continuar o ciclo lógico. Desta maneira, há a necessidade de não apenas combinar estados,
mas analisar sequências e estabelecer prioridades com base em variáveis que podem representar limites de
tempo, contagem ou condições impostas do sistema, como o estouro de um contador, por exemplo.

203
UNICESUMAR

Figura 6 - Flip-Flop: (a) diagrama funcional e (b) diagrama lógico / Fonte: Nexperia (2017, p. 20).

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois diagramas, sendo o diagrama funcional em blocos e o diagrama lógico, onde o circuito
interno de um Flip-Flop é descrito. Nesta representação, é possível identificar os termos de entrada e saída.

Os Flip-Flops são estruturas capazes de armazenar o estado lógico de um bit, sendo, desta forma,
útil para a construção de algumas tecnologias de memórias utilizadas até mesmo em computa-
dores pessoais, e justamente é esta a grande diferença existente entre a lógica combinacional e
a sequencial: a capacidade de armazenar o estado lógico anterior por grande ou indeterminado
intervalo de tempo, mais conhecido como memória, e os Flip-Flops são, sem dúvida, os princi-
pais elementos desse componente indispensável à existência de computadores ou de dispositivos
computacionais da atualidade (TOCCI; WIDMER, 2003).
Quando um mostrador digital exibe um caractere, como uma letra de uma palavra em uma
mensagem exibida no LCD (Liquid Crystal Display – mostrador de cristal líquido) de um dispo-
sitivo eletrônico, por exemplo, estamos utilizando a lógica sequencial, pois cada segmento em um
display de LEDs ou caractere de um LCD é sequenciado conforme pulsos de sincronismo de clock.

204
UNIDADE 6

Figura 7 - Mostradores digitais (displays) - (a) tecnologia de 7 segmentos de LEDs e (b) tecnologia de LCD

Descrição da Imagem:a figura apresenta duas fotos, uma acima outra abaixo, na foto acima é exibido um mostrador com 10 displays
de 7 segmentos, em que cada um assume um caractere numérico de 0 a 9; e na foto abaixo é mostrado um display de cristal líquido
(LCD) de 2 linhas por 16 colunas com a mensagem impressa “Online Learning”. Esse LCD está conectado a uma placa microcontrolada
que produz os dados a serem exibidos na tela.

205
UNICESUMAR

A mesma tecnologia orquestrada por pulsos de clock é utilizada no processamento de dados e nas
comunicações entre dispositivos em rede, como exemplo da comunicação síncrona entre compo-
nentes eletrônicos de um circuito em uma placa de computador, onde uma frequência de clock,
normalmente da ordem de bilhões de Hertz (GHz), é imposta ao microprocessador, memória
RAM, barramentos de dados etc.
Veja um exemplo de clock (representado aqui como “SCK”), aplicado na troca de dados envol-
vidos na comunicação SPI de um microcontrolador PIC (Figura 8), onde cada bit (0 a 7) em SDO
é veiculado de acordo com o ritmo imposto pelo SCK.

Figura 8 - Sequenciamento de dados - Interação entre o Clock (SCK) e os bits a serem transmitidos em uma comunicação SPI
Fonte: adaptada de Microchip Technology (2006, p. 132).

Descrição da Imagem:a figura apresenta um diagrama que representa o clock de um microcontrolador e seu efeito sobre as operações
internas de troca de dados sobre o protocolo SPI, onde cada dado é inserido sequencialmente de acordo com os bits 0 a 7 do pino SDO.

Os exemplos mostrados apresentam tecnologias que são utilizadas em sistemas sequenciais e que,
obrigatoriamente, precisam contar com a existência de um sincronismo (provido pelo clock) para
que seu funcionamento ocorra, assim como a organização das tarefas necessárias a cada uma, a
exemplo dos barramentos de dados internos de uma dada tecnologia de microprocessadores que
utiliza um ciclo de máquina para movimentar um conjunto de dados para determinada posição
de memória e no próximo ciclo recebe a próxima instrução e assim sucessivamente.
O clock normalmente é provido por um circuito capaz de gerar o sinal de pulsos com frequência
constante denominado oscilador, o qual deve ser imune às variações de temperatura, porém, que
na prática existe certa influência, mas em pequena escala. Tal circuito utiliza, na grande maioria
dos casos, um cristal de quartzo devidamente calibrado que, associado ao circuito eletrônico,
produz o sinal desejado de clock, conforme podemos ver na Figura 8. O cristal é alojado em um
encapsulamento metálico de valor nominal 25,0 MHz, no caso desta figura.

206
UNIDADE 6

Figura 9 - Circuito microcontrolado com oscilador à cristal de quartzo.

Descrição da Imagem:a figura apresenta uma foto de uma placa eletrônica com vários componentes, sendo eles conectores, capacitores
e demais componentes discretos, além de um cristal ressoador e um circuito integrado microcontrolador.

O circuito integrado (CI) digital é fabricado em


uma única pastilha de semicondutor (geralmente
o silício) conhecido como substrato, o qual deno-
minamos de “chip” e então é alocado em um en-
capsulamento plástico que pode assumir diversas
formas de acordo com padrões mundialmente
conhecidos, como por exemplo, o padrão DIP
(Dual In-line Package).
Neste encapsulamento, a pastilha de semicon-
dutor se conecta ao mundo externo por meio de Figura 10 - Encapsulamento DIP de 300 mm com janela de
quartzo (EPROM).
terminais que são cuidadosamente conectados à
minúscula pastilha por meio de fios finos, conforme
Descrição da Imagem:a figura apresenta um encapsulamen-
podemos ver na foto de um encapsulamento DIP de to DIP de 300 mm de uma memória EPROM, onde é possível
ver a pastilha de semicondutor por meio de uma janela de
300 mm que abriga uma memória do tipo EPROM quartzo e seus condutores de fio fino.
(Erasable Programmable Read Only Memory).

207
UNICESUMAR

Observe, na Figura 10, os finos fios que interligam a pastilha retangular localizada no centro da janela
de cristal de quartzo. Esses fios de espessura delgada interligam os pontos do circuito da delicada
pastilha de semicondutor aos terminais que podem então ser introduzidos em um circuito eletrônico,
atribuindo a rigidez necessária à inserção e retirada e suportar os rigores mecânicos e térmicos da
soldagem que ocorre com frequência em componentes eletrônicos.
Há diferentes tipos de encapsulamentos que podem assumir diferentes tipos de circuitos integrados,
sendo as famílias de encapsulamentos classificadas normalmente como aquelas que são montadas em
placas de circuito impresso (PCI) por meio de furos, conhecido como PTH (Pin Through-hole techno-
logy) e aquelas onde os componentes são montados sobre a superfície da PCI, não sendo necessários
os furos, tecnologia conhecida como SMD (Surface-mount technology).
Podemos ter uma noção básica de alguns tipos de encapsulamentos observando a Figura 10. Nesta
figura, é possível ver um panorama dos diferentes tipos de famílias de encapsulamentos de circuitos
integrados (não sendo exclusividade de circuitos digitais, pois há diversos componentes integrados
analógicos que utilizam os mesmos modelos de encapsulamentos que os CIs digitais).

Figura 11 - Encapsulamentos de circuitos integrados – desde a tecnologia DIP até os CSPs, BGAs, TQFPs e PGAs
Fonte: adaptado de Vishay (2001, p. 2).

Descrição da Imagem:a figura apresenta desenhos da vista superior em perspectiva isométrica dos encapsulamentos DIP, ZIP, SKINNY
DIP, SHRINK-DIP, PGA, SOP, SOJ, SSOP, TSOP, QFJ, QFP, TQFP/LQFP, TCP, BGA/LGA e CSP.

208
UNIDADE 6

Observe que a tecnologia DIP prevê a fixação do componente por meio de furos (PTH), podendo o
CI ser fixado na placa por meio de soldagem eletrônica ou mesmo por meio de um soquete (mostrado
na Figura 11) que permite a inserção e a retirada do circuito integrado (soquete DIP).
Já as tecnologias de superfície (SMD) que derivam da tecnologia DIP fornecem a possibilidades
com números maiores de terminais, ampliando a capacidade de atendimento a várias entradas e saídas
de um sistema de controle ou barramentos de dados em grades volumes.

Figura 12 - Placa de circuito impresso com soquete ZIF - Zero Insertion Force (“Força de Inserção Zero”).

Descrição da Imagem:a figura apresenta uma placa de circuito impresso de um gravador de memórias e microcontroladores com
conector ZIF e conector USB.

Os circuitos integrados digitais possuem classificações que são dadas em função da capacidade de
integração de portas lógicas, sendo assim, definidos pela sua complexidade ou número de portas ló-
gicas que podem reunir em um único encapsulamento. Essa classificação de complexidade pode ser
descrita como visto no Quadro 8:

COMPLEXIDADE POTAS POR CHIP

Integração em pequena escala (SSI) Menor do que 12


Integração em média escala (MSI) 12 a 99
Integração em larga escala (LSI) 100 a 9999
Integração em escala muito larga (VLSI) 10000 a 99999
Integração em escala ultra-larga (ULSI) 10000 a 999999
Integração em escala giga (GSI) 1000000 ou mais
Quadro 8 - Complexidade dos circuitos integrados digitais em função do número de portas lógicas
Fonte: adaptado de Tocci e Widmer (2003, p. 121).

209
UNICESUMAR

As câmeras digitais normalmente utilizam memórias de acesso rápido para permitir o armazena-
mento da imagem obtida com a máxima velocidade possível, necessário ao registro de eventos onde
a parte fotografada realiza movimento.

Com o uso de portas lógicas (de lógica combinacional com dispositivos de lógica sequencial), a partir
da união de circuitos integrados comercializados com as funções definidas (das famílias TTL e CMOS),
com os devidos pinos de entrada e saída, é possível elaborar circuitos que atendam ao propósito de
digitalizar, controlar ou trocar dados entre processos discretos, como a interação entre barramentos
de dados, interfaceamento de entrada e saída e diversas outras aplicações que, ao longo das décadas,
foram realidade no mundo da eletrônica, entretanto, o inconveniente desta tecnologia baseada em
componentes dedicados é o espaço físico e a rigidez do projeto.
Ao utilizar componentes de lógica fixa, como, por exemplo, o circuito integrado 7402, que é um CI
com 6 portas lógicas NOU em seu encapsulamento DIP de 14 pinos, mesmo que sejam necessárias
apenas 3 portas, as demais 3 sem uso permanecem na placa ocupando espaço importante e isso pode
se repetir com outros CIs montados na mesma PCI.
Para solucionar este problema, foram desenvolvidos os dispositivos programáveis, que são
representados pelos PLDs ou “Dispositivos de Lógica Programável” – termo que vem do inglês
“Programmable Logic Devices”.
Esses componentes podem ser “customizados” com suas expressões lógicas dadas em função da
necessidade por meio de um software onde o projetista estabelece as portas lógicas e recursos com-
binacionais que deseja respeitando a quantidade de elementos e pinos que podem ser configurados
como entradas e saídas em seu encapsulamento.

Como seria possível tornar dispositivos computacionais pequenos ao ponto de poderem ser car-
regados no bolso de uma camisa, com a capacidade de processamento e troca de informações no
volume de dados que veiculamos na atualidade e na velocidade que precisamos, se não fossem os
dispositivos de lógica programável?

Não é difícil lembrar das icônicas máquinas caça-níquel, que são badaladas em países onde sua utilização
é legalizada, rodando programas de jogos de azar que permitem ganhos controlados para propósitos
específicos. Lógica que está armazenada em um dispositivo PLD, como o PAL (Programmable Array

210
UNIDADE 6

Logic – ou matriz lógica programável), ou mesmo uma GAL (Generic array logic – arranjo lógico
genérico) por exemplo, que foram amplamente utilizados por motivos óbvios: proteger o código do
programa da máquina contra cópias ou alterações.
É evidente que os PLDs possuem aplicações diversas que podem ser desde a multiplexação de pinos
de um microprocessador até a gestão de dados entre dispositivos em um barramento de dados, como
em placas de computadores e dispositivos complexos.
A flexibilidade dos PLDs permite a execução de projetos arrojados e a sua interação com os dis-
positivos microcontroladores convencionais e os DSPs (processadores digitais de sinais), além dos
FPGAs (field-programmable gate array ou matriz de portas programáveis), conforme podemos ver na
Figura 12, esses que representam a versão mais moderna dos PLDs, onde os projetos mais versáteis são
desenvolvidos para controle discreto em processamento de dados de alta performance e velocidade.

Figura 13 - FPGA VIRTEX-5 XILINX - a maior escolha oferecida por qualquer família FPGA.

Descrição da Imagem:a figura apresenta a foto de uma placa eletrônica com diversos componentes de tecnologia SMD, entre eles e
em destaque, um FPGA em encapsulamento BGA (FF323/FFG323).

Para programar PLDs, por exemplo, os FPGAs, é necessário o uso de programas dedicados que podem
fazer uso de linguagens específicas, como o caso do VHDL (VHSIC Hardware Description Language)
que significa “Linguagem de descrição de hardware VHSIC”, onde a sigla VHSIC vem de “Very High
Speed Integrated Circuits”, significando “Circuitos integrados de altíssima velocidade”. No ambiente
de programação, é possível ao programador utilizar uma linguagem textual ou simplesmente projetar
seu circuito lógico utilizando portas lógicas a partir de uma biblioteca do programa e, ao compilar o
projeto, o componente FPGA é gravado com o código resultante.

211
UNICESUMAR

Neste vídeo, você poderá conhecer o ambiente Intel® Quartus® Prime,


que consiste em um ambiente de desenvolvimento dedicado para FPGAs
desta marca. Acesse o QR Code:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Há uma infinidade de recursos, componentes, circuitos


e aplicações que fazem uso da eletrônica digital, o que a
torna muito abrangente, mas no que tange ao entendi-
mento de um estudante de Engenharia de Produção, este
material se reserva a apontar as principais características
para fins de esclarecimento básico sobre o assunto.
Vale lembrar que nos equipamentos industriais, onde
temos o controle de processos baseado em controladores
eletrônicos, inversores de frequência, redes de compu-
tadores, redes industriais, interfaces homem-máquina e
tantos outros exemplos de dispositivos com tecnologia
embarcada, os sistemas digitais são aplicados abundan-
temente no projeto das plataformas onde o software
interage com o hardware, compondo uma harmonia
fundamental entre os dispositivos físicos e as instruções
de programas que os manipulam.
Nos equipamentos industriais mais poderosos, en-
contramos uma harmonia entre FPGAs e Microcon-
troladores, por exemplo, de tecnologia ARM de 32 bits,
com 4 ou mais núcleos e encapsulamentos cada vez me-
nores, dissipando cada vez menos energia em forma de
calor, resultado das implementações de transistores mais
eficientes e rápidos, que podem processar maior volu-
me de dados no tempo, consumindo menor potência,
comparados com tecnologias anteriores. Na Figura 14, é
possível ver um exemplo prático de uma unidade central
de processamento (CPU) de um típico CLP industrial
de grande porte. Observe que há duas CPUs nesse CLP,
que são facilmente identificadas pelas chaves inseridas
em seus painéis frontais.

212
UNIDADE 6

Figura 14 - Módulo de computação ControlLogix 1756 - CPU - Processador Intel Atom Dual-core 1.46 GHz

Descrição da Imagem:a figura apresenta a foto de um CLP montado em bastidor em painel elétrico, composto de fonte de alimentação,
2 CPUs, cartões de comunicação de rede Ethernet e cartões de entradas e saídas. A mão de uma pessoa segura um cartão de rede que
está sendo inserido no CLP. Há também luzes de sinalização montadas acima do bastidor do CLP.

Neste exemplo, as CPUs utilizadas possuem microprocessadores dual-core, ou seja, elas possuem dois
núcleos cada, permitindo, ao mesmo, processar maiores volumes e dados, graças às tecnologias de
eletrônica digital embarcadas na fabricação de componentes com escala giga de integração.
O conhecimento da eletrônica digital insere o profissional no mercado, onde é necessário o domínio
de lógica para a implementação de projetos e solucionar problemas de engenharia, por exemplo, nos
ambientes profissionais, onde é necessário prospectar a melhor tecnologia para controlar um processo
industrial e atuar com lógica combinacional e sequencial, programação e interfaces digitais capazes
de interagir com o usuário em máquinas e equipamentos industriais.
O uso de PLDs em projetos de automação de processos é uma atualidade e flexibiliza as estraté-
gias que podem ser customizadas e ajustadas, alterando-se linhas de programação para automatizar
o acionamento de motores, monitorar variáveis de processo, trocar dados entre dispositivos e, assim,
permitir a conectividade para sistemas de IoT (internet das coisas) e a visibilidade de indicadores de
desempenho industriais.
Além disso, o conhecimento de eletrônica digital explica como ocorre o processamento de dados e a
relação entre software e hardware, descrevendo seus elementos por meio de dispositivos que permitem
a manipulação dos bits em termos de armazenamento e operações lógicas.

213
Caro(a) estudante. Chegamos ao final de mais uma unidade de nosso livro e, agora, iremos resga-
tar alguns termos que aprendemos ao longo dessa etapa. A seguir, veja um mapa conceitual onde
você poderá rever termos contidos ao longo de nosso estudo. Convido você a ler cada um dos
termos e produzir o seu próprio mapa conceitual com o significado de cada termo apresentado no
mapa mental a seguir.

NAND Flip-flop TQFP


Memória Lógica sequencial
XOR Buffer
CMOS NOT

ELETRÔNICA DIGITAL
FPGA GAL

TTL XNOR PLD AND

OU Latche Lógica combinacional

Mapa conceitual da unidade 6. / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem:a figura apresenta um mapa conceitual com a mensagem central “Eletrônica Digital” e as demais
interligada a esta, sendo: TTL, FPGA, CMOS, memória, NAND, XOR, flip-flop, Buffer, TQFP, lógica sequencial, NOT, GAL, AND,
PLD, lógica combinacional, latche, XNOR e OU.

214
1. As portas lógicas são amplamente utilizadas para compor os circuitos lógicos, podendo haver
lógica AND, OR e NOT. De acordo com a necessidade, a combinação dessas portas lógicas pode
dar origem as demais. Para as portas lógicas desta unidade, assinale a alternativa correta:

a) Em uma porta lógica AND de 5 entradas e uma saída, uma combinação de entrada com os
valores binários para cada entrada 01010 tem como resultado 1.
b) Em uma porta lógica NOR de 4 entradas e uma saída, uma combinação de entrada com os
valores binários para cada entrada 1010 tem como resultado 1.
c) Uma porta inversora ou NOT tem a forma A+B=C.
d) O buffer é uma porta de ação AND invertida.
e) As lógicas XNOR e XOR são aplicadas apenas em sistemas sequenciais.

2. A lógica sequencial é responsável por sistemas que envolvam o tempo, sincronismo e o valor
histórico das variáveis de entrada, enquanto a lógica combinacional atua em sua saída em
função da combinação entre as sentenças de entrada. Sobre os circuitos lógicos, assinale a
alternativa correta:

a) Um circuito lógico combinacional não pode interagir com um circuito lógico sequencial, dado
que os componentes não são compatíveis.
b) Os Flip-Flops são oriundos da lógica combinacional.
c) As memórias são componentes da lógica sequencial, pois são desprovidas de clock.
d) A comunicação assíncrona não utiliza clock, entretanto, a comunicação serial síncrona depende
do clock para sincronizar o envio e o recebimento de dados, como o exemplo do protocolo
SPI serial.
e) A lógica sequencial A.B = S é característica de uma porta lógica AND.

3. Os dispositivos programáveis PLDs são dotados de capacidade de integração elevada, de tal


forma que milhares de portas lógicas podem ser implementadas em um único chip. Sobre os
PLDs estudados nessa unidade, assinale a alternativa correta.

a) O FPGA é um dispositivo que pode ser programado na linguagem VHDL, que é uma linguagem
de descrição de hardware.
b) A GAL é o mais avançado tipo de PLD, tendo núcleo mais sofisticado que os microprocessa-
dores e possuindo lógica analógica interna.
c) A PAL é um tipo de microcontrolador de 64 bits com proteção de gravação e cópia, por este
motivo é utilizado nos caça-níqueis.
d) O FPGA opera em baixas velocidade e tem a capacidade de apenas 16 portas lógicas por chip.
e) A arquitetura interna do CPLD é do tipo Von Newman.

215
216
7
Eletrônica Analógica
Me. Fábio Augusto Gentilin

Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprender sobre a eletrô-


nica analógica, seus principais fundamentos, tipos de dispositivos,
limitações em termos de tecnologias, tipos de sinais e os circuitos
com diodos, tema onde irá conhecer os circuitos responsáveis pela
conversão entre corrente alternada e corrente contínua, aplicados
na maioria dos dispositivos eletrônicos conectáveis à rede elétrica.
UNICESUMAR

Toda vez que você conecta o carregador de ba- que são movidos à bateria, fenômeno que justi-
terias do seu smartphone na tomada de energia fica um aparato eletrônico capaz de prover sua
para recarregá-lo está utilizando a eletrônica recarga em formatos padronizados de tensão e
analógica para fazer isso. Você sabia? Acredi- potência, substituindo, em alguns casos, as pi-
to que sim, afinal, já passou por outra unidade lhas convencionais, com custos elevados, baixa
onde é possível entender este assunto, porém, autonomia e sem retorno.
você saberia descrever como é possível um sinal A eletrônica analógica está presente em to-
alternado ser convertido em um sinal contínuo das as fontes de alimentação dos dispositivos
com o uso de semicondutores? E quais os tipos eletrônicos, carregadores de baterias, drivers
de circuitos retificadores e seus componentes? para controle de velocidade e acionamento de
A conversão de sinais é uma das principais motores, conversores de potência etc., logo, sua
funções da eletrônica analógica. Seja mani- relevância que nos motiva a estudar tão impor-
pulando a forma de onda e sua potência para tante tecnologia nesta unidade.
alimentar circuitos eletrônicos ou, até mesmo, Imagine que você esteja dentro de uma loja
para amplificar sinais ou transmitir dados em escolhendo os eletrodomésticos de sua casa
sistemas de telecomunicações, os circuitos de nova (visite um site da sua loja preferida e co-
eletrônica analógica são implementados com mece a pesquisar tudo o que gostaria de ter em
propósitos distintos e são amplamente utilizados sua casa e que possua recursos tecnológicos).
na atualidade. Você está, então, diante da seleção dos se-
Assim como no exemplo dado, o carregador guintes itens:
de baterias de um dispositivo móvel precisa con- • Máquina de lavar.
verter o sinal de corrente alternada para corrente • Refrigerador.
contínua e, então, converter seu potencial para • Lava louças.
valores admissíveis, preservando a segurança, a • Forno de micro-ondas.
eficiência e, ao mesmo tempo, a estabilidade da • Computador PC.
resposta do sistema. • Impressora laser.
Na atualidade, a gama de dispositivos que de- • Roteador de rede Ethernet TCP/IP.
pendem da eletrônica analógica para funcionar • Smartphone.
é colossal. Estima-se que a maioria das pessoas é • Portão eletrônico.
dependente das tecnologias baseadas na eletrô- • Chuveiro eletrônico.
nica analógica, pois grande parte dos dispositi- • Cafeteira automática.
vos eletrodomésticos modernos é eletrônico ou • Smart TV.
possui recursos que dependem dessa tecnologia. • Aspirador de pó à bateria.
Atualmente, assistimos à cada dia o aumento
das opções de dispositivos elétricos com a capa- Tendo a lista dos itens relacione onde a eletrô-
cidade de operar desconectados da rede elétrica, nica analógica está presente, informando quais
a exemplo das ferramentas elétricas, brinquedos, são os circuitos em cada equipamento que são
instrumentos de medição, lanternas LED, entre baseados em eletrônica analógica e sua função
outros, que, cada vez mais, apresentam modelos no funcionamento do equipamento.

218
UNIDADE 7

Dado ao avanço das tecnologias baseadas em sistemas embarcados e o fato de que dispositi-
vos alimentados à bateria recarregável estão sendo a realidade em diversas partes do mundo, a
eletrônica analógica precisa estar cada vez mais presente e eficiente para atender às demandas
de mobilidade, alinhada à necessidade dos dispositivos móveis e também aos veículos elétricos,
que desde simples patinetes até a grandes veículos, como carros ou ônibus, já possuem opções
com propulsão elétrica, porém, todas essas tecnologias utilizam baterias que, ao final de sua vida
útil, precisam ser substituídas. Daí convido você a refletir comigo: para onde vão as baterias dos
dispositivos elétricos que tem acionamento baseado em baterias? Qual solução é adotada para ter
o menor impacto possível sobre a natureza e viabilizar o descarte das baterias de maneira correta?
Anote sua proposta de solução no Diário de Bordo a seguir.

219
UNICESUMAR

A eletrônica analógica talvez seja a mais antiga das eletrônicas. Esta área do conhecimento teve o
seu início antes mesmo do surgimento dos semicondutores, já com os circuitos concebidos a partir
do uso de válvulas termiônicas (Figura 1) que são amplamente utilizadas até hoje na fabricação de
amplificadores de áudio, devido à sua capacidade de reproduzir com fidelidade os sons que a maioria
dos dispositivos semicondutores poderiam distorcer, dadas às suas características de funcionamento.

Figura 1 - Válvulas termiônicas

Descrição da Imagem:Fotografia de 13 exemplares de válvulas termiônicas utilizadas em circuitos eletrônicos de amplificadores de


áudio e rádio difusão.

220
UNIDADE 7

Os receptores de rádio e amplifica-


dores são exemplos de uso massivo
de válvulas que, ao longo de décadas,
faziam parte de seus circuitos. No en-
tanto, atualmente, o uso de válvulas
eletrônicas restringe-se a algumas
aplicações especiais, pois as suas ca-
racterísticas de fragilidade, tensão de
trabalho, rendimento etc. não se com-
param ao nível de sofisticação que os
semicondutores chegaram, mesmo
para aplicações em áudio e sinais de
pequena amplitude. Temos a Figura
2, que apresenta o aspecto visual de
um amplificador de áudio dos anos
50 e também de um amplificador
atualmente fabricado com sua placa
eletrônica e componentes de estado
sólido (semicondutores de silício).
O modelo mostrado na Figura 2
(a) era o tipo de equipamento que os
músicos dispunham para amplificar
o som de seus instrumentos musicais
há décadas passadas, com capacidade
de reprodução de áudio de qualidade,
entretanto, com baixo rendimento e
sensibilidade ao impacto e demais
fragilidades térmicas, ao passo em
que, na Figura 2 (b), podemos obser-
var os componentes de um amplifica- Figura 2: Amplificadores: (a) modelo valvulado de 1950 e (b) modelo atual com
transistores semicondutores.
dor que pode ser transportado mais
facilmente por conta de seus com- Descrição da Imagem:a figura apresenta duas fotos, sendo a primeira acima com um
ponentes em encapsulamentos, além amplificador valvulado com as válvulas sendo exibidas na parte superior do gabinete,
e na outra foto abaixo em que há uma placa eletrônica de um amplificador moderno
de amplificar o áudio de entrada com composto de componentes como capacitores eletrolíticos, resistores, indutores e
transístores fixados em um dissipador de calor.
qualidade muito próxima ao modelo
com válvulas.
Atualmente, os modernos smartphones possuem sistemas de som embarcado, com amplificador e
recursos ultrassensíveis que podem reproduzir músicas com qualidade extraordinária dentro de um
equipamento que, por sua vez, cabe dentro do bolso e possui a capacidade de armazenar um acervo
musical gigantesco, dependendo apenas do tamanho de sua memória.

221
UNICESUMAR

Há também exemplos de microdispositi-


vos com funções inteligentes, por exemplo,
pronunciar o nome da música e do artista ou
o nível atual de carga da bateria (sem ter que
olhar para um mostrador). A Figura 3 mostra
um exemplo de MP3 player que pode arma-
zenar dezenas, senão centenas de músicas em
sua memória, com 29 mm x 31,6 mm, pesan-
do 12,5 gramas, aproximadamente (APPLE,
2017, on-line)2.
Podemos notar que, com o avanço das tec-
nologias, o tamanho dos dispositivos dimi-
nuiu e este fato permitiu o surgimento de uma
nova eletrônica. Para entender melhor sobre
essa tecnologia, serão abordados assuntos que
destacam as suas principais características.
Um sinal analógico descreve o comporta-
Figura 3: MP3 player: armazenamento e reprodução de
mento natural de uma variável, tal como ela áudio customizado

se manifesta, aumentando ou diminuindo a


Descrição da Imagem:fotografia da mão esquerda de uma
sua intensidade na mesma velocidade, trans- pessoa segurando um iPod shuffle prateado enquanto há
mitindo a noção de sua dinâmica. Em outras mais seis modelos em cores diversas sobre uma mesa ao
fundo da imagem.
palavras, considere um altímetro analógico
utilizado no painel de instrumentos de uma
aeronave (Figura 4).
Esse instrumento permite a noção da al-
titude que a aeronave desenvolve durante o
voo. Uma alteração na elevação ou na queda
de altitude é rapidamente detectada e exibi-
da pelo instrumento que, então, manifesta tal
grandeza por meio do giro dos seus ponteiros,
que é tão rápido quanto à variação de alti-
tude. Essa noção é necessária para o piloto
controlar a aeronave sem a total dependência
de instrumentos digitais, os quais, em caso
de pane elétrica, podem não mais funcionar,
enquanto, na maioria dos instrumentos ana- Figura 4 - Altímetro de um helicóptero
lógicos, não há dependência da eletricidade
para funcionar. Descrição da Imagem:fotografia de um mostrador analógico
de um altímetro utilizado em aeronaves, que consiste em um
visor redondo com três ponteiros e os números de 0 a 9.

222
UNIDADE 7

Como seria a reação de um piloto de avião se o altímetro fosse apenas digital e o tempo com que
o instrumento exibe a altitude é mais lento do que a variação desta? Seria possível realizar uma
manobra evasiva em caso de variação brusca?

Este mesmo exemplo pode se estender a um velocímetro analógico de um carro que, por meio de um
ponteiro, pode informar ao condutor a velocidade, e a sua modulação permite entender o quão rápido o
veículo assumiu a nova velocidade em caso de aceleração ou desaceleração. Essa característica é importante
quando precisamos observar um fenômeno natural que possui comportamento variável em determinado
intervalo de tempo, podendo assumir qualquer valor dentro de limites finitos, porém sem uma definição.
Um exemplo de sinal analógico é a temperatura de um ambiente, que pode variar entre um valor mínimo e
um valor máximo, mas pode assumir qualquer valor dentro desses intervalos, conforme mostrado na Figura 5.

Figura 5 - Gráfico de um termômetro: registro do comportamento analógico da variável

Descrição da Imagem: a figura apresenta um gráfico oriundo de um registrador de temperatura, onde é possível verificar a tendência
da variável termina ao longo do tempo impressa em um papel milimetrado.

223
UNICESUMAR

Perceba que não há como prever exatamente o valor caso de problemas com lotes de produto.
que a temperatura assumirá, no entanto, sabemos É comum associarmos o termo analógico com o
quais são seus limites. Normalmente, quando tra- comportamento de uma variável natural, por exem-
tamos de sinais analógicos, nos referimos a sinais plo, a temperatura. Assim, o sensor que realiza a
provenientes de sensores, os quais realizam a medi- medição dessa variável produz um sinal que é aná-
ção de variáveis que possuem esse comportamento, logo ao comportamento da variação térmica, por-
como a intensidade luminosa, a vazão, a temperatura, tanto, analógico. Deste modo, os sinais que sofrem
a pressão, o nível etc. variações no tempo sem valor definido possuem
Para processar os sinais analógicos, podemos rea- características que os classificam como analógicos.
lizar o seu registro, conforme mostrado na Figura Os sinais, de maneira geral, podem ser alternados
5, onde os dados estão confinados a uma página de ou contínuos.
papel ou podemos digitalizar o sinal por meio de Um sinal contínuo é aquele que se propaga no
conversores analógico-digitais. Estes convertem o mesmo quadrante, por exemplo, dado um sinal que
sinal analógico em um arranjo de bits que pode ser percorre o quadrante positivo, se este não alternar
armazenado na memória para registro. para o quadrante negativo, se a sua variação for sem-
Algumas entidades são resistentes ao uso de regis- pre positiva (amplitude igual ou maior do que 0), não
tradores de variáveis digitais pelo fato de permitirem houve alternância de quadrantes, assim, é classificado
adulteração, portanto, para manter o registro de tem- como um sinal contínuo, conforme Figura 6 (a).
peratura de uma câmara fria em um abatedouro ou Um sinal alternado é aquele que transita do
laticínio, é comum o uso de um registrador de tem- quadrante positivo para o negativo, e por essa tran-
peratura eletromecânico e um digital para manter sição ou alternância entre o semiciclo positivo e o
o registro da variável no formato impresso e digital, negativo, classifica-se por sinal alternado, conforme
respectivamente, a fim de comprovações futuras em Figura 6 (b).

Figura 6 - Tipos de sinais: (a) sinal contínuo e (b) sinal alternado / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois desenhos de dois sinais diferentes, sendo o da esquerda um sinal contínuo com valores
variáveis em tensão, permanecendo apenas no quadrante positivo; e no desenho da direita um sinal alternado, onde transita entre
os quadrantes positivo e negativo da tensão no domínio do tempo dado em ms. A diferença básica entre os dois sinais é que o sinal
contínuo, de comportamento oscilante, varia com valores positivos com relação ao eixo “y”, da amplitude de tensão, já o sinal alternado
varia no tempo com valores que oscilam entre valores positivos e negativos com relação ao eixo “y”.

224
UNIDADE 7

Exemplos de sinais contínuos são as pilhas e baterias, e os sinais alternados são típicos da rede elétrica
da concessionária, sinais de áudio etc.
Há diversas análises que podem ser feitas em termos de sinais classificando-os como periódicos,
determinísticos etc. que não serão abordados por este livro (HSU, 1995).

Os dataloggers, ou registradores digitais de dados, são os dispositivos capazes de registrar o valor


de variáveis ao longo do tempo e armazená-los na memória para fins de consulta futura.

Na próxima seção, serão apresentados alguns circuitos de eletrônica analógica para fins de enten-
dimento básico sobre o assunto.
Os circuitos de eletrônica analógica seguem os conceitos já citados anteriormente, referindo-se
a sinais que podem assumir qualquer valor no tempo dentro de seus limites mínimo e máximo.
Por exemplo, podemos observar com frequência circuitos desse tipo nos amplificadores de áudio
utilizados para instrumentos musicais nos receptores de rádio mais elaborados e também nos
antigos (atualmente, há receptores integrados).
Quando precisamos amplificar o sinal de um sensor utilizado para medir uma variável, deve-
mos entender os limites de operação deste sensor, por exemplo, um sensor de temperatura que
opera entre os limites de 55 C até 150 °C . Essa variação, conhecida como SPAN ou alcance,
é a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo que um sensor pode medir de uma variável.
No caso do exemplo, o SPAN é:

SPAN  150 °C - (-55 ° )  205 °C

Considerando que o sensor incrementa um sinal de 10 mV / °C (10 milivolts por grau Celsius)
(TEXAS INSTRUMENTS, 2017), quando a temperatura for de 55 C , o sinal oriundo do sensor
será de 0 V , e quando a temperatura atingir 150 °C , o valor máximo da tensão na saída do sensor
( U MÁX ) será de 2, 05 V , conforme mostrado na Figura 7, pois:

U MÁX 205 °C 10 mV = 2, 05 V

Assim, esquematicamente, fica:

225
UNICESUMAR

Na escala da esquerda, temos uma faixa de


temperatura que varia de -55 °C até 150 °C,
com ponto central em 102,5 °C, já na escala
da direita, diretamente alinhada com a escala
da esquerda em seus valores inferior, central e
superior, com faixa de valores de 0 V na escala
inferior, 1,025 V no ponto central e 2,05 V em
seu valor máximo.
Como os controladores industriais operam
com sinais padronizados entre 0 e 5 V (micro-
controlador) ou 0 a 10 V  CLP  , um sinal va-
riando entre 0 e 2, 05 V não atende exatamente Figura 7 - Relação entre a variável temperatura e o sinal do
ao padrão e deve ser condicionado, assim, um sensor / Fonte: o autor.
circuito amplificador deve ser utilizado para
Descrição da Imagem: a figura apresenta duas escalas ver-
amplificar o sinal de modo que este, ao variar ticais, sendo uma utilizada para mostrar a faixa de variação
de temperatura e a outra escala mostrando os valores pro-
de 0 e 2, 05 V , forneça uma variação de acordo porcionais de tensão na saída de um sensor.

com o padrão do controlador.


Para amplificar sinais, existem diversos circuitos amplificadores operacionais de precisão ofere-
cidos pelo mercado e que são muito utilizados pelos fabricantes de instrumentos e equipamentos
industriais modernos nos circuitos de condicionamento analógico, como é o caso dos modelos
INA115, OPA187, INA1620 etc.
Na sequência, será apresentado um exemplo de circuito de condicionamento de sinais para exem-
plificar o uso de circuitos de eletrônica analógica em aplicações industriais.

Olá, estudante! Nesse podcast, irei falar sobre “circuitos de condiciona-


mento de sinais utilizados em instrumentação eletrônica”. Não deixe de
acompanhar mais este podcast que traz assuntos relevantes para sua
formação e prepara você para o mercado de trabalho.

O circuito da Figura 8 mostra um exemplo de condicionamento de sinais para o sistema de medição


baseado na reflexão difusa do infravermelho próximo, onde, na etapa de conversão de corrente em
tensão, é inserido o sinal do sensor que, posteriormente, passa por amplificação (GENTILIN et al., 2016).

226
UNIDADE 7

Figura 8 - Circuito de condicionamento de sinal / Fonte: Gentilin et al. (2016, p. 20).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama eletrônico onde é possível identificar dois estágios com amplificadores opera-
cionais (AOPs), em que, no primeiro estágio, um fotodetector é inserido entre as entradas inversora e não inversora do AOP com seu
catodo ligado à entrada inversora, estágio este onde ocorre a conversão de corrente em tensão, sinal este que é aplicado ao segundo
estágio, em que o AOP aplica um ganho de -10 vezes o sinal oriundo do primeiro estágio.

Na Figura 9, observamos um estágio responsável pelo ajuste do sinal em termos de ganho e desvio (offset).

Figura 9 - Estágios de ajustes e detecção de pico do sinal / Fonte: Gentilin (2012, p. 26).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um circuito com AOP onde dois sinais de entrada são aplicados à trimpots, que permitem o
ajuste do sinal que será entregue à entrada inversora do AOP que possui realimentação negativa dada por um resistor de 50 kW .

227
UNICESUMAR

Os circuitos apresentados pela Figura 8 e pela Figura 9 são exemplos de eletrônica analógica
atuando no condicionamento de sinais. Circuitos como esses são comuns em instrumentos de
medição em todas as áreas.
Há, entretanto, uma infinidade de circuitos de eletrônica analógica em que podemos citar
os circuitos ressonantes ou de sintonia, frequentemente utilizados nos equipamentos de rádio.
Atualmente, em dispositivos móveis, como aparelhos de celular, por exemplo, é comum encon-
trar circuitos de sintonia de rádio FM. A Figura 10 mostra um exemplo de circuito de rádio FM
fabricado para atender ao projeto de dispositivos móveis.

Figura 10 - Circuito de sintonia integrado TEA5767/68 / Fonte: Philips Semiconductors (2002, p. 2).

Descrição da Imagem: a figura apresenta o circuito interno de sintonia de um rádio FM integrado e seus estágios internos, além dos
componentes externos. O que podemos ver dentro do retângulo maior é o circuito integrado, com seus estágios internos, como ganho,
sintonia, ajuste de frequência, controle automático de ganho, fonte de alimentação, demodulador, multiplexador, interface de comuni-
cação digital I²C e demais periféricos internos; já externos ao retângulo maior da imagem, temos os componentes e circuitos externos,
como o circuito tanque ressonante, cristal ressonador e demais capacitores e resistores de polarização.

228
UNIDADE 7

Não podemos deixar de citar que, quando nos conectamos a uma rede sem fio (Wi-Fi) ou trocamos dados
entre dispositivos utilizando o Bluetooth, estamos utilizando “rádios” que enviam e recebem dados sem
a necessidade de condutores metálicos. A sua relevância, embora microscópica dada à miniaturização
atual, é de extrema grandeza e aplicabilidade. A Figura 11 apresenta um diagrama funcional de um com-
ponente eletrônico microcontrolador com a capacidade de se comunicar por meio da tecnologia Wi-Fi.

Figura 11 - Diagrama funcional do microcontrolador com capacidade de comunicação Wi-Fi / Fonte: Espressif Systems (2018, p. 6).

Descrição da Imagem: a figura apresenta o diagrama em blocos de um circuito integrado microcontrolador com capacidade de co-
municação wi-fi. Internamente, esse circuito integrado possui blocos com funções especiais de um rádio digital, transmissor e receptor
(transceiver), como circuito PLL, cristal ressoador, VCO, detector de RF, circuitos de recepção e transmissão, memória, plataforma MAC,
microcontrolador e sistema digital embarcado para tratamento dos dados.

Como seria a vida das pessoas contemporâneas se simplesmente não houvesse mais comunicação
sem fio entre dispositivos? Quais as adaptações seriam necessárias para continuar a se comunicar
sem o uso de tecnologias wireless?

Devemos reconhecer também a utilização de uma tecnologia que avança a cada dia em aplicações e usos
no Brasil, seja no controle de acesso ou na logística dentro de empresas, ou mesmo no campo. A tecnologia
que permite a identificação de um objeto ou indivíduo sem contato e com dados substanciais é o RFID
(Radio-Frequency Identification, do inglês “identificação por rádio frequência”), e utiliza circuitos de ele-
trônica analógica para operar, permitindo o acesso de pessoas ou animais, identificação de produtos em
linhas de produção automaticamente, acesso de veículos por cancelas em vias públicas etc. (Figura 12).

229
UNICESUMAR

Pagamento Pagamento
em dinheiro automático
APENAS RFID

Figura 12 - Controle de acesso de veículo com RFID

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho que representa uma praça de pedágio com duas vias, sendo uma para paga-
mento manual e outra por meio de tecnologia RFID, com abertura automática da cancela.

A tecnologia RFID utiliza um equipamento que emite campo magnético no espaço e uma etiqueta
ou TAG com dados gravados na memória. Quando a etiqueta entra no espaço de alcance do campo
magnético do leitor, o próprio campo pode induzir a uma tensão capaz de alimentar o circuito
contido na etiqueta e, desta forma, ela envia os seus dados, que são interpretados pelo leitor.
Os dados podem ser customizados e conter informações importantes sobre o indivíduo ou
apenas um código único que, ao ser reconhecido, é associado ao usuário ou ao produto, assim,
um TAG pode ser utilizado para identificar pessoas, objetos, animais, veículos etc.
A Figura 13 mostra alguns exemplos de uso da tecnologia RFID, onde em (a) podemos observar
um rebanho de ovelhas sendo monitorado por um drone equipado com leitor RFID, enquanto em
(b) são mostrados TAGs normalmente utilizados para o controle de acesso a ambientes restritos,
em (c), observamos um exemplo de utilização do RFID em controle de estoque de vestuário.

Dados históricos indicam que a tecnologia RFID teve início durante a Segunda Guerra Mundial, onde
a sua principal função era a espionagem, e foi utilizada pela KGB (organização de serviços secretos
da União Soviética) para espionar um embaixador americano em 1945.
Fonte: adaptado de Armourcard (2013, on-line)3.

230
UNIDADE 7

Estudamos, na unidade 5, uma


introdução aos dispositivos se-
micondutores, onde foi possível
ter acesso ao funcionamento dos
diodos e transistores bipolares.
Nesta etapa de nosso estudo, para
analisarmos o funcionamento
dos diodos em circuitos elétri-
cos, iremos abordar, inicialmente,
o conceito prático de sinais em
corrente contínua e em corrente
alternada, que produz conteúdo
mínimo para entendimento dos
próximos conceitos.
A rede elétrica que alimenta
nossas instalações residenciais e
industriais utiliza sinais em cor-
rente alternada com frequência de
60 Hz e amplitude que pode va-
riar de acordo com a região entre
127 V e 220 V. O comportamento
do sinal de tensão alternada (VCA)
é periódico e recebe essa defini-
ção (alternado) porque alterna do
quadrante de valores positivos de
tensão para o quadrante de valo-
res negativos de tensão no domí-
nio do tempo.
Observe a Figura 14. A tensão
senoidal dada por VCA apresenta
sinal periódico e cíclico que per-
corre os 360° desde sua origem até
o final do ciclo, onde se iniciaria
um novo sinal. Quando dividimos
o ciclo completo (360°) em duas Figura 13 - Exemplos de utilização de RFID.
partes, sendo a parte positiva de-
nominada de semiciclo positivo Descrição da Imagem: a figura apresenta três fotos, sendo a primeira (a) um
pasto com ovelhas, onde cada uma possui um sinal de transmissão RFID. A
e a parte negativa o semiciclo ne- segunda foto (b) mostra etiquetas RFID (TAGs) para chaveiro e uma placa de
circuito impresso de um leitor RFID. Já na terceira foto (c) temos uma camisa
gativo, podemos analisar o com- com etiqueta RFID.
portamento do diodo.

231
UNICESUMAR

Na Figura 14 há um circuito com diodo sendo estudado em cada um dos tempos t1 e t2 , respec-
tivamente (a) e (b), onde os diferentes semiciclos são aplicados ao diodo.

Figura 14 - Circuito com diodo em corrente alternada / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho com um circuito retificador à diodo, onde um sinal alternado é aplicado em seu anodo
por meio de uma fonte CA, e em seu catodo há uma carga resistiva com referência na fonte de sinal. Há duas representações, onde na pri-
meira o sinal é aplicado com seu semiciclo positivo e na segunda o semiciclo negativo, com o sinal de resposta no catodo em ambos os casos.

Perceba que, na Figura 14 (a), o semiciclo positivo da tensão alternada é aplicado no anodo do diodo
D1 que durante este intervalo de tempo se encontra diretamente polarizado, havendo a condução do
semiciclo para a carga R1 . É importante considerar que, no caso de um diodo real, iremos adotar a
tensão sobre o diodo de 0, 7 V , e que a tensão na carga ( VR1 ) fica (Equação 1):
Equação 1

VR1  VCA  VD1

Em que VD1 é a tensão sobre o diodo D1.

232
UNIDADE 7

Quando analisamos o
tempo t2, encontramos
a situação onde ocorre
o semiciclo negativo de
VCA e, nesse instante, o
diodo D1 se encontra
inversamente polarizado,
não conduzindo o sinal
para a carga. Essa situa-
ção pode ser observada
na Figura 14 (b).
A partir desse ponto,
será apresentada uma
situação prática real, ob-
tida a partir de um osci-
loscópio em um circuito Figura 15 - Sinal de tensão alternada - comportamento periódico / Fonte: o autor.
onde um sinal alternado
é aplicado. Observe a Fi- Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal alternado obtido diretamente da tela de um
osciloscópio digital, com frequência de 59,985 Hz (aproximadamente 59,99 Hz) e amplitude de 50,4
gura 15, onde um sinal al- Vpp. Os demais valores de tensão RMS, tensão média e período do sinal são, respectivamente,
de: 17,8 V, 162 mV e 16,67 ms.
ternado de amplitude de
25, 2 VP (tensão de pico)
ou 50, 4 VPP (tensão pico
a pico) possui frequência
de 59, 99 Hz (aproxima-
damente 60 Hz ).
Quando o sinal alter-
nado da Figura 15 passa
por um diodo retificador,
apenas um semiciclo é
conduzido por vez, pois,
ora o diodo se apresenta
diretamente polarizado
com relação ao sinal apli-
cado, ora inversamente
Figura 16 - Sinal de meia onda - condução e corte no diodo / Fonte: o autor.
polarizado, conforme a
Figura 16. Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal contínuo de meia onda obtido diretamente
da tela de um osciloscópio digital, com amplitude de 25,2 V.

233
UNICESUMAR

Quando o diodo está diretamente polarizado a corrente flui pela junção “pn”, porém, quando o sinal
alternado inverte a polaridade da tensão para o semiciclo negativo, o diodo se encontra inversamente po-
larizado e “corta” a condução de corrente, ficando o sinal “ceifado” durante esse período que corresponde à
metade de um ciclo completo ( 360° ou 2p ).
A Figura 17 mostra o sinal alternado e a identificação de seu período ( T ) de tempo, onde é possível
identificar os quadrantes positivos (+) e negativos (-). Nesses intervalos de tempo, a tensão assume valores
positivos e negativos conforme a função que a descreve: seno, daí o nome “sinal senoidal”.
Para o sinal da Figura 17, o período “ T ” é de 16, 6 ms , o que é definido pela relação dada na Equação
2 (SEDRA; SMITH, 2012):
Equação 2

1
T= = [ s]
f

Substituindo-se o valor da frequência (60 Hz) em f , fica:

1
T
= = 16, 6 ms
60

Figura 17 - Sinal alternado e sua polaridade no domínio do tempo / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal alternado obtido diretamente da tela de um osciloscópio digital, com frequência de 59,985
Hz e amplitude de 50,4 Vpp, porém, com a identificação dos picos de tensão e do período do sinal. Os demais valores de tensão RMS, tensão
média e período do sinal são, respectivamente, de: 17,8 V, 162 mV e 16,67 ms.

234
UNIDADE 7

A tensão RMS (Root-Mean-Square) ou “valor eficaz” é o valor da tensão de pico “ vP ” que equivale
ao valor (25,2 V) dividido por 2 , conforme Equação 3 (SEDRA; SMITH, 2012):
Equação 3

vRMS  vP  2

A notação RMS é útil quando analisamos circuitos em corrente alternada e observamos que com a
variação da corrente no tempo, há a necessidade de utilizar um parâmetro médio que permita entender
sua amplitude, sendo assim, tenhamos em mente que a tensão ou corrente, por exemplo, podem ser
analisadas sob o ponto de vista de pico ( VP , I P ), quando desejamos entender sua amplitude máxima
pontual (regime transitório) ou por valores médios RMS ( VRMS , I RMS ), quando precisamos analisar
o circuito em regime permanente (operação de longo período).

A medição de tensão em alta frequência exige que o instrumento tenha a funcionalidade TRUE RMS
para permitir que o valor real da tensão seja mensurado e exibido em seu mostrador. Você conhece
exemplos do uso dessa tecnologia?

A partir desta etapa, iremos apresentar alguns circuitos com diodos em suas aplicações mais clássicas,
abordando a sua utilização em estágios de retificação de sinais alternados oriundos da rede elétrica,
tipicamente encontrados em fontes de alimentação lineares e chaveadas, remetendo ao conceito de
transformador monofásico que já mencionamos na Unidade 4 em máquinas estáticas.
Para as fontes de alimentação lineares, há uma particularidade relacionada ao uso de transformador
no estágio de entrada e que se faz necessário introduzir o conceito neste momento para referência em
estudos futuros deste livro.
Os transformadores monofásicos são amplamente utilizados em diversas aplicações que podem
ser normalmente:
• Elevar sinais (transformador elevador).
• Rebaixar sinais (transformador rebaixador).
• Acoplar sinais (transformador de acoplamento).

Em algumas aplicações especiais existem terminologias que remetem a transformadores isoladores


(que isolam o sinal de entrada do sinal de saída, trocando sua referência) e autotransformadores, que
são utilizados para elevação ou rebaixamento de sinais.

235
UNICESUMAR

O objetivo do no nosso estudo é entender os fenômenos que ocorrem no processo de conversão de


energia descoberto por Faraday, em 1831 (KOSOV, 2005), onde uma tensão era induzida em um condu-
tor metálico quando este era cortado por linhas de campo magnético. Este processo permitiu a pesquisa
da maior parte dos fenômenos que relacionam a eletricidade e a construção da maioria dos dispositivos
elétricos que temos na atualidade, pois desencadeou as pesquisas com a indução eletromagnética.
Baseado no conceito da indução eletromagnética, o transformador é composto, basicamente,
de um enrolamento primário e um enrolamento secundário, onde a tensão de entrada é aplicada no
primário e a tensão de saída é induzida no secundário, conforme Figura 18.

Figura 18 - transformador monofásico.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho representando um transformador monofásico enrolado em seu núcleo físico com
sinal de tensão U(t) aplicado em seu enrolamento primário e um sinal U(t) é amostrado em sua saída com amplitude maior do que a entrada,
portanto, transformador elevador.

A estrutura que permite o enrolamento dos condutores isolados de cobre é denominada núcleo e, como
o exemplo dado na Figura 18, refere-se a um núcleo de chapas de aço-silício, comumente utilizado em
projetos de fontes lineares (CIPELLI; MARKUS; SANDRINI, 2006).

Figura 19 - Transformador monofásico: Diagrama elétrico / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho representando o diagrama elétrico de um transformador monofásico com enrola-
mento primário e secundário distintos.

236
UNIDADE 7

Quando um sinal alternado U  t  , com frequência f é aplicado no enrolamento primário de um


transformador ( TR1 ), uma tensão U '  t  , de mesma frequência é induzida no seu enrolamento secun-
dário, graças ao efeito da indução eletromagnética que flui por meio do núcleo (de chapas), este que
conduz o fluxo magnético f produzido pela circulação de corrente i no condutor do enrolamento
primário, conforme Figura 20.

Figura 20 - Transformador monofásico: tensão induzida.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho representando o diagrama elétrico de um transformador monofásico com enrolamento
primário e secundário distintos, as correntes e campos magnéticos e seus devidos sentidos são mostrados no desenho, onde a corrente “i” é
aquela que circula no enrolamento primário e “i’” é dada no enrolamento secundário, de tal forma que como consequência, são produzidos,
respectivamente os campos magnéticos “ϕ” e “ϕ’”, sendo “ϕ” no enrolamento primário e “ϕ’” no secundário.

O fluxo magnético f do enrolamento primário induz a força eletromotriz (ou diferença de potencial)
U '  t  no enrolamento secundário, que, ao ser conectada a uma carga R1 , permite a circulação da
corrente i ' , este que, por sua vez, produz o fluxo f ' .
Para um transformador ideal (ou sem perdas), a relação de potências se faz verdadeira (MARTIG-
NONI, 1971):
Equação 4

PP = PS

Em que PP é a potência do enrolamento primário e PS é a potência do secundário do transformador.


Sabendo-se que:
Equação 5

P = V .I

237
UNICESUMAR

Equação 6

VP  I P  VS  I S

Em que: VP é a tensão no enrolamento primário, I P é a corrente no enrolamento primário, en-


quanto que VS é a tensão no enrolamento secundário, I S é a corrente no enrolamento secundário.
De acordo com a Figura 20, adote as relações de igualdade:
U (t ) = VP
U '(t ) = VS
i = IP
i ' = IS

Assim, quando a corrente do secundário do transformador variar, para sustentar a igualdade, haverá
a necessidade de compensar essa variação por meio de f e, consequentemente i , no enrolamento
primário de TR1 , uma vez que mantendo-se constante U  t  .
Esse princípio nos permite entender a utilização de fusíveis em série com o enrolamento primário
do transformador, para que quando uma variação na corrente do enrolamento secundário seja limítrofe
a ponto de não comprometer o projeto do transformador.
A relação de tensão nos enrolamentos depende do número de espiras, que são calculados com base em
um parâmetro conhecido como “relação de espiras por volt” ou simplesmente “espiras/volt”. Esse parâmetro
é calculado conforme o projeto do transformador e depende do tipo e dimensões do núcleo utilizado.
Assim, a tensão desejada para cada enrolamento define o número de espiras, conforme Equação 7:
Equação 7

N x  (espiras / volt )  Venrolamento

Em que N é o número de espiras e x é o enrolamento em questão, podendo ser enrolamento primário


ou secundário (um mesmo transformador pode ter múltiplos enrolamentos primários ou secundários).
Assim, para o caso de um enrolamento primário, o número de espiras ( N P ) seria:
Equação 8

N P  (espiras / volt )  VP

Ou, para o caso de um enrolamento secundário, o número de espiras ( N S ) fica:

238
UNIDADE 7

Equação 9

N S  (espiras / volt )  VS

Exemplo numérico: suponha um transformador monofásico com as características: VP = 127 V ,


relação de transformação de 10:1, espiras / volt = 7, 3 espiras , fica:
Cálculo do número de espiras do enrolamento primário do transformador ( N P ):

N P  espira / volt  VP
N P  7, 3  127
N P  927, 1 espiras
N P  928 espiras

Cálculo do número de espiras do enrolamento secundário do transformador ( N S ):


Como a relação de transformação é de 10:1, então temos que o transformador é rebaixador numa
escala de 10 vezes, ou seja, se a tensão de entrada (enrolamento primário) é de 127 V, a tensão na saída
(enrolamento secundário) será de:

VP
VS =
10
127
VS =
10
VS = 12, 7 V

Substituindo na Equação 9, fica:

N S  espira / volt  VS
N S  7, 3  12, 7
N S  92, 7 espiras
N S  93 espiras

Ao utilizar transformadores, deve-se sempre respeitar a sua capacidade de potência, caso contrário,
ele poderá aquecer e romper a isolação entre os enrolamentos, causando curto-circuito e, conse-
quentemente, danos irreversíveis ao componente com possibilidade de incêndio.

239
UNICESUMAR

A maioria dos equipamentos eletrônicos utiliza corrente contínua (CC) para alimentar seus circuitos,
o que facilita a utilização, inclusive, de sistemas de alimentação portáteis, por exemplo, baterias recarre-
gáveis. Por conta dessa característica, para que estes dispositivos possam ser conectados à rede elétrica
da concessionária que opera em corrente alternada (CA), é necessário a implementação de fontes de
alimentação capazes de converter a corrente alternada da rede de alimentação que opera acima dos 100
volts em corrente contínua com potenciais adequados aos circuitos eletrônicos, da ordem de poucos
volts em corrente contínua.
Para permitir a construção de fontes de alimentação que convertam o sinal de corrente alternada em
corrente contínua, faz-se necessário a utilização de diodos associados de modo a formarem circuitos
denominados “retificadores” de sinal, como é o caso do “Retificador de onda completa em ponte”.
O Retificador de onda completa em ponte é amplamente utilizado em estágios de retificação
de entrada em fontes de alimentação lineares e chaveadas e até em estágios de saída em fontes de
alimentação chaveadas. É composto de quatro diodos associados de modo a conduzir a corrente
de acordo com o sinal alternado de entrada, mantendo-se constante a polaridade de saída, con-
forme apresentado na Figura 21.

Figura 21 - Ponte retificadora: (a) diagrama elétrico e (b) símbolo composto / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta duas representações para a ponte retificadora de diodos, onde em (a) podemos ver a associação
dos diodos, sendo dois arranjos, onde dois diodos com os anodos comuns e no outro arranjo são dois diodos com os catodos comuns. O
primeiro arranjo é ligado no segundo sendo seus catodos ligados nos anodos do segundo arranjo, enquanto na representação (b) temos um
losango que representa o símbolo da ponte retificadora com um diodo inscrito e dois terminais.

As pontes retificadoras são utilizadas em quase todos os conversores CA-CC conhecidos, pois permi-
tem a retificação do sinal de corrente alternada e podem ser oferecidos em encapsulamentos únicos,
onde os quatro diodos são reunidos em um só componente especialmente fabricado para este fim.

240
UNIDADE 7

O arranjo de diodos forma uma estrutura capaz de retificar o sinal alternado proveniente de um trans-
formador, por exemplo, ou mesmo diretamente da rede elétrica com apenas dois terminais. A Figura
22 apresenta um exemplo:

Figura 22 - Retificador de onda completa em ponte / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um circuito com estágio de transformação e outro estágio de retificação em ponte de diodos, onde
o sinal alternado completo é aplicado aos diodos e a retificação em onda completa pode ser vista no gráfico mais abaixo.

Observe que, na Figura 22, a tensão da rede CA (Corrente Alternada) é aplicada ao enrolamento pri-
mário do transformador “ TR1 ” e no seu enrolamento secundário temos a ponte retificadora. Perceba
que nos terminais onde os condutores do enrolamento secundário estão conectados, há dois pontos
de medição: “ A ” e “ B ”.

241
UNICESUMAR

Observe que, no ponto “ A ”, estão conectados


os diodos D4 e D1 , catodo e anodo, respecti-
vamente. Da mesma forma, no ponto “ B ”, onde
os diodos D3 e D2 estão conectados, catodo e
anodo, respectivamente.
Nos terminais onde os catodos dos diodos D1
e D2 estão unidos, observamos a conexão de um
resistor R1 , que representa a carga alimentada
por este circuito, o qual, se seguirmos sua outra
extremidade, encontramos os anodos dos diodos
D3 e D4 juntos. Observe que temos dois pontos
entre os terminais de R1 denominados de ponto
“ C ” e ponto “ D ”.
A análise que deve ser feita é: qual a função
dessa ponte de diodos?
O objetivo deste estágio composto por quatro
Figura 23: Sinais entre os pontos: Conversão CA-CC
diodos é realizar a conversão do sinal de corrente Fonte: o autor.

alternada para o sinal de corrente contínua. A ló-


Descrição da Imagem: a figura apresenta o sinal senoidal e
gica pode ser observada analisando o sinal entre em onda completa representando os sinais de entrada e saída,
os pontos A e B , fazendo a comparação com o respectivamente, de uma ponte retificadora.

sinal entre os pontos C e D , conforme a Figura 23.


Observe que, enquanto o sinal senoidal alternado amostrado entre os pontos A e B (aplicados na
entrada da ponte retificadora) possui período “ T ” que é a soma de t1 + t2 , o sinal na saída da ponte
retificadora, observado entre os pontos C e D , possui período “ T ' ” que equivale a t1 ou t2 e, por
sua vez, ocorre com o dobro da frequência de T , logo, é verdade que:
Equação 10

T  2T '

ou
Equação 11

T
T'=
2
Calculando em termos de frequência, podemos adaptar a Equação 2 que nos informa em termos do
período T :

242
UNIDADE 7

1
T=
f

 f 
Multiplicando-se os dois lados da equação por   , fica:
T 

 f  1  f 
  T   
T  f T 
Equação 12

1
f =
T
E adaptando-se para f ' , fica:
Equação 13

1
f '=
T'
Substituindo a Equação 11 na Equação 13, temos:
 1 
f ' 
T 
 2

Resultando na Equação 14:


Equação 14

1
T 
f ' 
2
Substituindo a Equação 2 na Equação 14, temos:

1
 1 
f 
f '
 2 
 

e finalmente:

243
UNICESUMAR

Equação 15

f '  2 f

Exemplo resolvido:
Um sinal de corrente alternada de 60 Hz foi aplicado em um retificador de onda completa. Calcule
a frequência na saída entre os terminais + e − da ponte retificadora.
Solução:
Dados:

f = 60 Hz

Para calcular a frequência na saída da ponte retificadora, podemos facilmente utilizar a Equação 15:

f '  2 f
f '  2  (60)
f '  120 Hz

Observe que, para um sinal de 60 Hz , aplicado a um circuito retificador de onda completa, a frequên-
cia do sinal de saída é o dobro da frequência do sinal de entrada ( 120 Hz ). Este resultado é devido a
conversão do sinal senoidal de 60 Hz em sinal de corrente contínua pulsante.
Observe que o sinal alternado de 60 Hz apresenta período T igual a:

1 1
T= = = 0, 0166 s
f 60
ou

T = 16, 6 ms

Já para o sinal contínuo de 120 Hz , temos que:

1 1
T=' = = 0, 0083 s
f ' 120
ou

T ' = 8, 3 ms

Este resultado significa que T ' consome a metade do tempo que T para realizar o mesmo trabalho,
apresentando o dobro da frequência.

244
UNIDADE 7

É possível utilizar uma ponte retificadora na entrada de alimentação de um circuito de corrente


contínua para proteger o circuito contra inversão de polaridade, assim, mesmo que o positivo for
trocado pelo negativo, o circuito sempre irá funcionar.

No circuito retificador de onda completa com tomada central, o sinal senoidal é provido pelo en-
rolamento secundário de um transformador com derivação central denominada “tomada central”.
Essa derivação consiste em disponibilizar um condutor conectado diretamente do ponto central do
enrolamento secundário do transformador, conforme mostrado na Figura 24.

Figura 24 - Transformador monofásico com tomada central no enrolamento secundário / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um transformador com enrolamento primário simples e um enrolamento secundário
com tomada central.

A utilização de transformadores com tomadas também é muito comum nos denominados “auto-
transformadores”, porém, a tomada não é central e sim ao longo de um enrolamento e permite
que duas ou mais tensões sejam disponibilizadas para alimentar dispositivos e acionar máquinas,
como por exemplo, na chave de partida compensadora.

Considere um transformador rebaixador (que rebaixa a tensão da entrada para a saída ou do enrola-
mento primário para o enrolamento secundário) com uma relação de 10 : 1 , ou seja, quando o trans-
formador receber 100 V no enrolamento primário, apresentará 10 V no enrolamento secundário.
Considere que a relação de espiras é de 4 espiras/volt, (significa que durante o projeto do trans-
formador, chegou-se à conclusão de que cada 4 espiras enroladas no núcleo, seria equivalente a 1 V
), assim, para o enrolamento primário de 100 V ( VP = 100 V ), haveria uma relação de espiras de:

245
UNICESUMAR

espPRIMÁRIO  VP  esp / volt

Substituindo-se os valores em VP e esp / volt , fica:

espPRIMÁRIO  100  4

espPRIMÁRIO = 400

Como o transformador do exemplo apresenta relação de transformação de 10:1, logo, com a tensão
VP = 100 V , no secundário ( VS ) teremos:

VP
VS =
10
100
VS =
10
VS = 10 V

Como sabemos o valor da tensão VS , podemos estudar seu comportamento aplicado no circuito
retificador de onda completa com tomada central. A Figura 25 apresenta o circuito.

Figura 25 - Circuito retificador de onda completa com tomada central. (a) e (b) - mesmos circuitos com representações alternativas
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois circuitos um ao lado do outro, sendo em ambos um estágio de transformação e
retificação com carga e transformador utilizando secundário em tomada central com dois diodos retificadores e referência GND in-
terligada. No desenho da esquerda (a), o GND está conectado à tomada central do transformador, e no desenho da direita (b) há uma
forma alternativa de representação utilizando-se símbolos de referência comum GND sem interligação direta. Em ambos os circuitos
temos o sinal alternado aplicado no primário do transformador enquanto na carga temos um sinal retificado pelos diodos D1 e D2.

Perceba que na Figura 25 (a) e (b), há duas representações que na verdade referem-se ao mesmo cir-
cuito, porém em (a) com o símbolo da referência (GND) está em um ponto comum e em (b) GND
está nos pontos onde este potencial está conectado. O que você deve entender é que em ambos os
casos, GND está conectado na tomada central e na carga RL conforme a Figura 25.

246
UNIDADE 7

No circuito da Figura 25, a análise deve ser feita da seguinte maneira: quando a tensão VS alterna de
0 até 10 V e de 0 até -10 V, temos um cenário semelhante ao já estudado no tópico anterior, mostrado
na Figura 23, porém, agora temos apenas dois diodos D1 e D2 , com o objetivo de conduzir o sinal de
onda completa para a carga associados ao enrolamento secundário de um transformador com tomada
central, conforme a Figura 26:

Figura 26 - Retificador de onda completa com tomada central / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta três representações de circuitos de estágios de transformação e retificação com transfor-
mador em tap central. Na primeira representação, temos o sinal alternado aplicado no primário do transformador e a representação
dos diodos; na segunda representação há o mesmo desenho da primeira, com a diferença que o sinal de entrada representa apenas
o semiciclo positivo e o diodo que o conduz representado por um curto-circuito, enquanto o outro diodo é um circuito aberto. Já na
terceira representação, temos o mesmo desenho da segunda, porém com a diferença entre o semiciclo que é negativo e temos, então,
a inversão dos diodos, onde o que conduz é aberto e o que estava aberto passa a conduzir.

247
UNICESUMAR

Perceba, na Figura 26, que temos o sinal da rede sendo aplicado no enrolamento primário do trans-
formador TR1 e como resultado temos a tensão induzida em seu enrolamento secundário VS , que,
neste caso, varia de acordo com o sinal de entrada ao longo do tempo.
Como os diodos D1 e D2 estão associados com seus respectivos anodos nas extremidades do en-
rolamento secundário do transformador, observamos, na Figura 26, (a) que o diodo D1 se comporta
como um curto-circuito durante o semiciclo positivo (tempo t1 ) e D2 neste período se comporta
como um circuito aberto.
Consequentemente, no semiciclo negativo (tempo t2 ), o diodo D2 se comporta como um curto-
-circuito e D1 , neste período, comporta-se como um circuito aberto. Dessa forma, cada diodo conduz
um semiciclo por vez e, com isso, o sinal de saída fica com o aspecto da Figura 27:

Figura 27 - Sinal de tensão na carga - retificador de onda completa com tomada central / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal de tensão retificada na saída do estágio de retificação com os pulsos em onda
completa nos tempos t1 e t2, respectivamente.

No caso do LED (e da maioria dos demais diodos), é importante salientar que quando ocorre a con-
dução de corrente pela junção, a corrente pode atingir valores elevadíssimos, tendendo, teoricamente,
ao infinito. Logo, para estabelecer a corrente de operação do diodo, analisaremos o caso do LED e do
dimensionamento de seu circuito de limitação de corrente (MALVINO, 1995).
Primeiramente, devemos identificar o modelo de LED que temos. Neste exemplo, adotaremos um
LED de 5 mm com as especificações dadas pelo fabricante:

VD = 2, 0 V (é a tensão de trabalho do LED).


I L = 10 mA = (é a corrente adotada para este LED).
VS = 12 V (é a tensão da fonte que utilizaremos para acionar o LED).

Para limitar a corrente no LED, precisamos utilizar um resistor em série de acordo com a Figura 28.

248
UNIDADE 7

Figura 28 - Polarização do LED. / Fonte: Gentilin (2019, p. 185).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um circuito com diodo LED e um resistor associado em série, uma fonte de tensão e o
gráfico da corrente no domínio da tensão variando entre 0 e 0,7 V enquanto a corrente varia entre 0 e 10 mA, onde se estabiliza.

Cálculo do valor da resistência do resistor limitador RL :


VS  VD 12  2
RL   3
 1  103 W
IL 10  10
ou

RL = 1 kW

Cálculo do valor da potência do resistor limitador RL:


• como a tensão do LED é de 2 V e temos 12 V na fonte, os restantes 10 V ficarão sobre o re-
sistor RL , logo, a tensão VRL =
é de: VRL V= F � VD 12� 2 = 10 V , assim, se VRL = 10 V
, e circula por ele uma corrente de 10 mA , de acordo com a equação da potência, fica:

P = V .I

Em que:
P P=
= RL ?

V V=
= RL 10 V

I  I L  10  10 3 A = 10 mA

249
UNICESUMAR

Adaptando a equação da potência, fica:

PRL  VRL .I L  10  10  103 = 100 mW

Resultado:
O resistor, para atender ao LED especificado, deve ser de 1 kW x 100 mW .
Comercialmente, o resistor mais próximo deste valor de potência é comercializado em
1 / 8 W  0, 125 W  125 mW  , o que atende à potência para o caso dado.
Os demais componentes abordados por esta unidade dependem diretamente dos diodos para
existir e funcionar. Utilizam a mesma teoria de funcionamento dos diodos agregados a situações e
associações que produzem componentes com a capacidade de controle e armazenamento de dados
que os processos industriais modernos solicitam.

As tecnologias baseadas em LED vão muito além da formação de imagens em mostradores coloridos
ou sinalização de eventos em painéis de equipamentos eletrônicos. Os LEDs são amplamente utili-
zados na área médica para tratamento e diagnóstico de doenças, onde, por meio da luz, o paciente
pode tratar doenças como o câncer, por exemplo.

O conhecimento de eletrônica analógica que adquirimos aqui, nos permite, como profissionais, a capa-
cidade de atuar em ambientes profissionais onde é necessário interpretar os sinais analógicos advindos
de sensores em malhas de instrumentação, na interpretação de estágios de retificação e filtragem. Assim,
chegamos ao fim desta unidade, que apresentou os principais temas relacionados aos diodos que são
conceitos-chave para o entendimento dos demais assuntos relacionados à eletrônica analógica, como
os circuitos com transistores, por exemplo, assunto das próximas unidades.

250
Caro(a) estudante! Chegamos ao final de mais uma unidade de nosso livro e para avaliar os
aprendizados até aqui, analise o mapa conceitual a seguir, que servirá de base para que você possa
elaborar o seu próprio mapa conceitual com exemplos de uso de cada termo citado a seguir:

Ponte retificadora
Retificador TAG

Onda completa ELETRÔNICA ANALÓGICA RFID

Meia onda Sinal alternado


Sinal contínuo

Figura 29 - Mapa conceitual da unidade 7 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um mapa conceitual com o termo central “Eletrônica Analógica” e os demais
termos associados: Retificador, Onda completa, Meia onda, Sinal contínuo, Ponte retificadora, Sinal alternado, TAG e RFID.

251
1. Os diodos são utilizados em diversas aplicações onde a retificação de sinais é uma das mais
comuns. Sobre a utilização e polarização de diodos, é correto afirmar que:

a) O anodo do diodo deve ser interligado no polo negativo da fonte de alimentação para pola-
rização direta.
b) Quando um diodo é polarizado diretamente, a corrente que flui por meio da junção pn é
apenas de prótons, pois nesse tipo de polarização os elétrons estão em repouso enquanto
os prótons se movimentam.
c) Se um diodo for polarizado inversamente, haverá a ruptura instantânea, independentemente
do valor da tensão reversa.
d) A polarização direta permite o funcionamento dos diodos retificadores e a polarização reversa
dos diodos zener.
e) Os diodos retificadores podem ser utilizados como diodos zener, tendo apenas que ser po-
larizados inversamente.

2. Os transformadores são muito utilizados quando desejamos diminuir a amplitude de um sinal


alternado e também podem atuar para aumentar ou isolar sinais. Sobre os transformadores,
é correto afirmar que:

a) Os transformadores são utilizados para converter corrente alternada em corrente contínua.


b) Os transformadores elevadores são responsáveis por elevarem a tensão e rebaixarem a cor-
rente, pois a potência do enrolamento primário é igual à potência do enrolamento secundário
ao quadrado.
c) Quando um transformador é utilizado em uma fonte de alimentação, a corrente no enrola-
mento primário sempre será igual a corrente do enrolamento secundário.
d) O valor da potência do secundário será o dobro da potência do enrolamento primário em
um transformador rebaixador.
e) O transformador rebaixador pode ser utilizado em fontes de alimentação e o dimensiona-
mento de sua potência depende da tensão fornecida e da corrente consumida pela carga.

3. Dado um transformador rebaixador com enrolamento primário projetado para 127 V em uma
relação de 10:1 e corrente de enrolamento secundário de 2 A, é correto afirmar que:

a) O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário e a potência no enrolamento


primário é de 300 W.
b) O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário com potência de 25,4 W.
c) O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário e a corrente é de 12 A no enro-
lamento primário.
d) A potência do transformador será de 50,8 W.
e) A corrente do enrolamento primário será igual à corrente do enrolamento secundário.

252
8
Eletrônica Aplicada
Me. Fábio Augusto Gentilin

Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade, você terá a oportunidade de


aprender sobre as principais aplicações da eletrônica industrial e
como ocorre a interação entre eletrônica analógica e eletrônica
digital neste ambiente, além disso, você também poderá compreen-
der os fundamentos de eletrônica de potência e suas aplicações no
ambiente industrial.
UNICESUMAR

Você, provavelmente, já sintonizou uma estação de trônica industrial estão cada vez mais envolvidos
rádio para ouvir uma música ou acompanhar uma de recursos de telecomunicações, pois os dados do
partida de um esporte de seu interesse em um rádio processo de manufatura são cada vez mais importan-
analógico e percebeu que, ao girar o botão de sinto- tes e o acesso a esses recursos pode ser estabelecido
nia, o sinal de áudio melhorava até um determinado por meio de tecnologias de telemetria com o uso de
limite acima, onde a partir daquele ponto, começava transmissão de dados via rádio, como no caso de
a ficar ruidoso e, se retornasse a valores inferiores, sensores industriais, rádios de comunicação, equi-
ocorria o mesmo, sendo, então, a intensidade do pamentos de controle industrial, entre outros.
sinal limpo estabelecido entre dois limites inferior Além disso, para que as tecnologias de acesso aos
e superior de frequência, mas, você sabe como a dados do processo possam funcionar, há a neces-
sintonia de uma estação de rádio é possível? sidade da gestão da energia entregue aos circuitos
Muitos princípios utilizados para que uma cada vez menores, mais eficientes e delicados. São
informação de rádio referente a uma partida os conversores de tensão, que convertem potenciais
de futebol ou uma música sejam transmitidas, elétricos para níveis adequados à alimentação dos
são utilizados também para a comunicação en- circuitos dedicados mais importantes de nossos dis-
tre dispositivos industriais e, até mesmo, os tão positivos computacionais.
utilizados smartphones, tablets, computadores e A partir disso, caro(a) estudante, gostaria de con-
laptops. Princípios que dependem da imunidade vidá-lo a realizar um exercício para dar sentido a
ao ruído e da compatibilidade eletromagnética tudo o que estamos estudando aqui nesta unidade,
para que o seu funcionamento seja garantido. que faz menções a tecnologias de eletrônica indus-
Os dispositivos eletrônicos aplicados em ele- trial e eletrônica de potência.

254
UNIDADE 8

O exercício consiste em você realizar uma pesquisa sobre os seguintes temas que estão relacionados
a itens presentes no ambiente industrial e representam grande relevância nos processos industriais:
• Inversor de frequência para sistemas de energia solar.
• Inversor de frequência para sistemas de energia eólica.
• Fonte de alimentação chaveada.

Após realizar sua pesquisa, responda qual o valor da frequência de chaveamento de cada equipamento
ou tecnologia estudada e qual a técnica de chaveamento é utilizada para controlar a tensão na saída
desses dispositivos.
Computadores, smartphones, gadgets..., tantos dispositivos modernos nos rodeiam e oferecem
cada vez mais recursos para facilitar a vida das pessoas, seja no transporte, alimentação, hospedagem,
entregas, acesso médico, entre tantas outras opções. Tudo funciona muito bem, mas, há um calcanhar
de Aquiles: a alimentação elétrica.
Se a energia elétrica faltar, a bateria do smartphone irá se esgotar, o computador desktop e os gadgets
deixarão de funcionar, a internet é desconectada.
Diante de tal limitação energética, você consegue imaginar uma situação onde poderíamos garantir
os recursos tecnológicos que temos sem a dependência dos dispositivos que convertem os níveis de
tensão da rede elétrica para valores adequados aos circuitos de nossos dispositivos?
Como seria nossa vida sem os elementos de eletrônica industrial ou da eletrônica de potência?
Anote sua reflexão no Diário de Bordo.

255
UNICESUMAR

Nesta seção, estudaremos algumas aplicações de Eletrônica


que são referenciais para o estudante de Engenharia de Pro-
dução e que permitem analisar a sinergia entre as tecnologias
analógica e digital, de modo a examinar as interações e os
benefícios de seu uso.
Ao longo de nossos estudos, tivemos a oportunidade de
conhecer algumas tecnologias envolvendo a Eletrônica em
termos de componentes e até alguns exemplos de circuitos.
Nesta unidade, conceituaremos algumas aplicações de ele-
trônica analógica e digital combinadas para que o estudante
de Engenharia de Produção possa entender a importância da
sinergia entre essas duas áreas tão importantes, dividindo os
principais conceitos em três partes:
• Aplicações de instrumentação eletrônica.
• Aplicações de controle.
• Aplicações de comunicação de dados.

A instrumentação é a área da eletrônica aplicada respon-


sável pelo desenvolvimento de instrumentos que permitem
a medição de variáveis por meio de elementos sensíveis ele-
troeletrônicos, como sensores multivariáveis (nível, vazão,
temperatura, pressão, umidade etc.).
Os instrumentos eletrônicos são capazes de realizar a
conversão da variação do sinal proveniente do elemento sen-
sível para um sinal elétrico padronizado em níveis de tensão
capazes de serem interpretados por um controlador, como
no exemplo visto na unidade anterior, onde um sensor de
temperatura varia o seu sinal de saída em 10 mV a cada grau
Celsius. Este sinal, até então analógico, é condicionado e, pos-
teriormente, entregue ao controlador microprocessado, que
é digital, possibilitando a sua interação com plataformas de
software, tão frequentes atualmente em nosso meio.
Para que um CLP possa processar os dados analógicos de
um processo industrial, é necessário o uso de placas de cir-
cuitos capazes de converter os sinais dos sensores de campo
(analógicos) para sinais digitais, interpretáveis pelo micro-
controlador da CPU para posterior disponibilização a base
de dados da empresa onde computadores e servidores podem
acessar, registrar e processar os valores de acordo com a ne-
cessidade (Figura 1).

256
UNIDADE 8

CLP
Sinal analógico Sinal analógico Sinal digital CPU

Padrão Circuito de Sinal


Conversor Barramento
SENSOR elétrico condicionamento condicionado analógico/ de dados Microprocessador
digital
Processo
Cartão de entradas analógicas

Barramento de dados
industrial

Servidores Sinal digital

Sinal digital

Interface de
comunicação

Estação
de trabalho
Figura 1 - Conversão de dados analógicos em digitais / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama em blocos de um processo de conversão de dados analógicos em digitais,
onde, na extremidade esquerda, temos a representação de um sensor aplicado em um processo industrial com uma variável analógica
e seu sinal sendo aplicado em um circuito de condicionamento de um CLP, o qual introduz sua saída em um conversor analógico-digital
e finalmente os dados digitalizados são inseridos na CPU e via interface de comunicação, são entregues à estação de trabalho PC e
servidores por meio de barramentos de dados.

Observe que o sinal analógico oriundo do sensor passa por uma conversão analógico-digital para
que possa ser interpretado pelo circuito digital microprocessado na CPU e, então, ser processado e
encaminhado via interface de comunicação para servidores e computadores de estações de trabalho.
Ao longo do processo de conversão e do processamento dos sinais, os circuitos analógicos e digitais
operam em parceria, de modo a complementar as necessidades da arquitetura de um controlador
que permite a integração de dados de natureza analógica em tecnologias digitais, como é o caso dos
computadores e redes de dados.
Em específico, podemos citar que as aplicações em instrumentação normalmente possuem dois aspectos:
um aspecto relativo às características da variável a ser mensurada e outro aspecto que se relaciona à
digitalização (processo de converter o valor da variável analógica em um dado digital). Muitos estudantes,
neste momento, podem se perguntar: “Por que digitalizar?”. A resposta é simples: não podemos operar
com dados analógicos em computadores, pois os microprocessadores só realizam processamentos
digitais e, assim, precisamos converter as variáveis analógicas em digitais para viabilizar este processo.
A conversão de dados analógicos em digitais é realizada por circuitos que recebem o sinal condi-
cionado na entrada e produzem um dado número de bits na saída e que pode ser maior ou menor de
acordo com a resolução do circuito conversor analógico-digital (ADC). Assim, quanto maior o número
de bits de um ADC, maior será a definição do sinal de entrada em bits na saída, ou seja, mais bits de
resolução significa traduzir o sinal de entrada analógico em sinal de saída digital com mais detalhes.

257
UNICESUMAR

Uma analogia bastante tangível para esse


caso é o que fazemos quando desejamos
medir uma dada distância entre os pontos
A e B utilizando uma régua simples. O que
ocorre é que a menor distância medida pela
( )
régua é 1, 0 mm 1, 0.10−3 m , sendo assim,
entre 1, 0 mm e outro, não sabemos exata-
mente qual é o valor da distância caso a me-
dida esteja intermediária entre dois traços
de 1, 0 mm , que pode ser uma dimensão de
uma peça mecânica, por exemplo, e teremos
a incerteza sobre essa medida. Para resolver
esses casos, existem os instrumentos de me-
dição com maior resolução e que podem
( )
medir entre µm 10−6 m , como é o caso
do micrômetro.
Na conversão de um sinal analógico para
digital é a mesma situação. Se utilizamos
um ADC de maior resolução, o sinal é mais
detalhado, enquanto em um sinal de baixa
resolução, temos grande incerteza sobre o
valor mensurado, assim, podemos observar
sensores que informam o valor com uma
casa decimal e outro que informam 6 casas
decimais à direita da vírgula (ou ponto), de
acordo com a necessidade de cada caso e
onde seja justificado o seu uso, já que quan-
to maior a resolução de um instrumento,
maior é seu valor em termos de investimen-
to (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011).
A Figura 2 (a) mostra um exemplo de
multímetro com mostrador de 3 ½ dígi-
tos, limitado a medições com poucas casas
decimais, adequado para medir grandezas
elétricas onde não se exige alta precisão. Já Figura 2: Instrumentos de medição eletrônicos: (a) 3 ½ dígitos e (b)
7 ½ dígitos para o multímetro de 7 ½ dígitos
na Figura 2 (b), podemos observar outro Fonte: Keithley (2018).

instrumento, mas com a capacidade de 7


Descrição da Imagem: a figura apresenta duas fotos de multímetros
½ dígitos em seu mostrador, indicado para digitais, sendo a foto acima um modelo de mão com 3 ½ dígitos e a foto
abaixo (foto b), um multímetro digital de 7 ½ dígitos para uso em bancada.
atuar em laboratório de pesquisa com ajus-
tes de circuitos de precisão.

258
UNIDADE 8

Os circuitos de eletrônica
analógica que se aplicam à
instrumentação devem ser
imunes a influências exter-
nas que classificamos como
ruídos. Os ruídos são aque-
les sinais indesejados que
se misturam com o sinal de
interesse. Por exemplo: um
sensor produz um sinal de
0 a 50 mV, corresponden-
do à variação de pressão de
3 a 15 psi para a etapa de
condicionamento, porém,
há ruídos que se misturam
ao sinal e introduzem uma
leitura incorreta da variável,
fazendo com que o instru-
mento seja inconfiável.
Os ruídos, normalmente,
ocorrem na forma condu-
zida (por meio dos condu-
tores de alimentação dos
sensores) ou irradiada (por
meio de ondas eletromag-
néticas). Existem, ainda,
Figura 3 - Sinais com ruído e sinais filtrados: (a) Exemplo de sinal com ruído e (b)
ruídos que são produzidos sinais filtrados.
no instante em que ocorre
Descrição da Imagem: a figura apresenta duas imagens, sendo a imagem acima um sinal
a condução de corrente no com ruído e a imagem abaixo apresenta dois sinais limpos, isentos de ruídos, onde o sinal
superior é do tipo “dente de serra” e o inferior um sinal retangular.
semicondutor.
Uma característica que
os sinais ruidosos apresentam é a frequência, que, normalmente, é diferente da frequência do sinal
mensurado, e quando o sinal de ruído se mistura ao sinal de interesse, este passa a apresentar um
sinal composto por várias componentes de frequência. A Figura 3 mostra dois sinais onde em
(a) observamos o sinal de interesse somado ao sinal de ruído e em (b) observamos sinais sem os
componentes de sinais ruidosos de alta frequência, apenas os sinais desejados filtrados (limpos).
O sinal de interesse (do sensor) possui frequência de 1 kHz e o sinal de ruído manifesta uma
frequência de 40 kHz (aproximadamente). Com o uso de técnicas de filtragem de sinal utilizando
um filtro passa-baixa sintonizado em 1 kHz ± 100 Hz, apenas o componente de 1 kHz passa ao
estágio seguinte enquanto o componente de 40 kHz é retido no filtro.

259
UNICESUMAR

É bastante comum encontrarmos problemas com ruídos quando existem equipamentos próxi-
mos ao instrumento que operam com chaveamento em altas frequências, como o caso de reatores
eletrônicos, máquinas de solda, inversores de frequência, fontes chaveadas etc. Para evitar a influên-
cia dos sinais ruidosos, são utilizadas técnicas de filtragem (para ruídos conduzidos) e blindagem
(para ruídos irradiados), assim, os equipamentos atendem a normas de compatibilidade eletro-
magnética, termo conhecido internacionalmente como EMC (Electromagnetic Compatibility).

A norma ABNT NBR IEC 61000-4-3:2014 estabelece definições e regras para Compatibilidade Eletro-
magnética (EMC): Ensaios e técnicas de medição - Ensaio de imunidade a campos eletromagnéticos
de radiofrequências irradiados, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Máquinas e Equipamentos
Mecânicos (ABNT/CB-04).
Fonte: adaptado de ABNT (2014).

Para que um equipamento eletrônico possa ser comercializado no Brasil, ele deve atender às normas de
compatibilidade eletromagnética. Um exemplo é a Anatel, que estabelece rigores para atendimento às
normas aplicáveis a todo tipo de equipamento eletrônico que utilize meios de comunicação eletrônica,
assim, um smartphone, por exemplo, deve apresentar um selo da Anatel indicando que passou por testes
e atende às normas estabelecidas, caso contrário, não poderia ser comercializado em território nacional.
Em outros países, existem outras normas vigentes de acordo com os rigores necessários e as
características de cada região, sendo mais ou menos criteriosas, de acordo com a necessidade. Em
todos os casos, os dispositivos eletrônicos normalmente são submetidos a testes em laboratório
em um procedimento denominado homologação para atender às normas estabelecidas, conforme
registro da Figura 4, em que um drone é submetido a testes de compatibilidade eletromagnética,
a fim de atender às exigências normativas.

Imagine se não houvesse normas para regulamentar o uso de dispositivos que utilizam telecomu-
nicações. Como seria possível que um telefone se comunicasse em meio a tantos tipos diferentes
de meios de comunicação que se sobrepõem em frequência e em padrões elétricos? Certamente
um seria o ruído do outro e poucos conseguiriam completar uma simples chamada.

260
UNIDADE 8

Uma vez atendidas, as nor-


mas e os equipamentos
apresentarem condições
de operar em ambiente
específico sem que o seu
funcionamento interfira
no funcionamento dos de-
mais ou sem que os demais
possam influenciar no seu
funcionamento normal, o
equipamento recebe um
selo de atendimento à nor- Figura 4 - Drone sendo submetido a testes de EMC em laboratório de homologa-
ção especializado.
ma para a qual foi testado
e aprovado, como o selo da Descrição da Imagem: a figura apresenta um drone sendo testado em uma sala isolada
de ruídos para homologação em laboratório de testes.
Anatel, por exemplo.

Um Celular Legal apresenta o selo Anatel, que indica a certificação do aparelho e garante ao con-
sumidor a compatibilidade com as redes de telefonia celular brasileiras, a qualidade dos serviços e
a segurança do consumidor, segundo os requisitos estabelecidos pela Anatel, além de condições
de garantia e assistência técnica. O selo, normalmente, está localizado no corpo do aparelho, atrás
da bateria, ou no manual.
Fonte: Anatel (2015).

Na área de controle, a eletrônica analógica tem suas contribuições mais relevantes na elaboração de
circuitos de controle de processos industriais e demais máquinas que exijam este recurso, como veí-
culos automotores, aeronaves etc.
Quando o assunto é controle, é comum ouvir profissionais da área se referirem às ações de controle
(PID – Proporcional, Integral e Derivativo, por exemplo), mas os elementos de controle que realizam
essas técnicas são, na maior parte dos casos, eletrônicos, ou seja, são circuitos que realizam o proces-
samento de sinais de entrada e produzem um sinal de saída para que um elemento final de controle
possa atuar, por exemplo, uma válvula que deve abrir ou fechar tão mais rápido ou lento quanto se
deseja, de acordo com a dinâmica do processo e das ações de controle.
Para controlar um processo industrial, é necessário que o circuito tenha a capacidade de comparar
os valores das variáveis de entrada e de saída. Sendo assim, é possível estabelecer um sinal de erro ou
de desvio entre o valor desejado (setpoint) e o valor atual (variável do processo).

261
UNICESUMAR

Há controladores analógicos baseados em amplificadores operacionais, que se tratam de circuitos


integrados analógicos capazes de integrar sinais e realizar operações diversas, como amplificar um
sinal de baixa intensidade, por exemplo, e que, associado a componentes externos, como resistores
e capacitores, consiste em circuitos aplicáveis em controladores analógicos, conforme mostrado no
exemplo de um controlador PID da Figura 5.

vcc

Sensor
27.0
PV Proporcional
vout

+

vcc Derivativa

– DV

+ –
+ MV
+
SP Integral
Referência

+

Figura 5 - Controlador analógico PID / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um circuito de um controlador analógico PID, onde temos o setpoint declarado como SP
e o sinal do sensor como sendo PV. Essas duas informações (SP e PV) passam por um subtrator com AOP que, em sua saída, produz
o sinal de erro ou desvio (DV), que é aplicado a três estágios em paralelo: proporcional, derivativo e integral, cuja saída é comum aos
estágios e aplicam-se ao AOP de saída MV.

Olá, estudante! Convido você a ouvir este podcast em que irei falar sobre
tecnologias de controle que utilizam estratégia PID, como o exemplo
citado no circuito, com exemplos de SP, PV, MV e tipos de laços de
feedback mais utilizados.

262
UNIDADE 8

Observe, no circuito da Figura 5, que o exemplo apresenta um controlador de temperatura, onde o


sinal de saída (MV) atua em um aquecedor, de acordo com a necessidade, verificado pela diferença
(DV) entre os sinais do sensor de temperatura (PV) e o sinal de referência (SP). É em função de DV
que os estágios Proporcional, Integral e Derivativo (PID) vão atuar, tão rápido ou tão lento quanto se
deseja e de acordo com os valores dos resistores e capacitores associados em suas malhas.
Atualmente, a maioria dos controladores, é baseada em microcontroladores, assim, possuem ajustes
realizados por software, mas a ideia do uso de eletrônica analógica é bastante válida e aplicável onde
o espaço físico é limitado e os ajustes realizados não necessitam de intervenção remota, além do custo
envolvido no projeto, que se torna mais acessível quando o controlador é analógico (fator importante
para a fabricação em grande escala).
Quando empunhamos os nossos smartphones ostensivamente com o intuito de acessar as últimas
notícias do grupo de contatos ou das redes sociais, estamos fazendo uso da tecnologia que estamos
estudando neste momento.
Toda vez que acessamos um site, fazemos o download de um arquivo ou simplesmente enviamos
uma mensagem para um colega, estamos operando um aplicativo específico que de nada serviria caso
a eletrônica não existisse para permitir a sua interatividade. Neste exemplo, as eletrônicas analógica e
digital estão juntas, tanto na troca de dados pelo meio eletromagnético (rede Wi-Fi, por exemplo) quanto
no processamento e na digitalização dos dados de entrada e saída em seu dispositivo computacional.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a decodificação da comunicação do exército inimigo se tornou


um dos principais objetivos das tropas aliadas, permitindo salvar muitas vidas, uma vez que a posse
da informação de pontos de ataque permitia a tomada de decisões estratégicas.
Quais seriam as informações estratégicas de nosso tempo? Como decodificar dados que represen-
tam situações críticas no ambiente industrial com as tecnologias atuais?

Quando uma estação de rádio é sintonizada e podemos ouvir a música que está sendo transmitida
ou a fala enigmática do narrador da partida de futebol, estamos utilizando a eletrônica analógica e
podemos utilizar a eletrônica digital, pois há circuitos de receptores de FM que, atualmente, podem
ser integrados em um chip de silício e (conforme vimos anteriormente), estão presentes em muitos
modelos de smartphones modernos.
Entretanto, ao ligar este rádio e variarmos as estações, estamos, na verdade, realizando a seleção da
estação que desejamos ouvir. Esse processo consiste em alterar o ponto de oscilação de um circuito
que entra em ressonância com a frequência da estação que desejamos sintonizar e que, na verdade, a
frequência nada mais é do que a portadora da estação. Essa portadora é uma onda que “transporta”
os dados transmitidos, como a música, a fala etc., assim como mostrado na Figura 6.

263
UNICESUMAR

EMISSORA DE RÁDIO RECEPTOR DE RÁDIO

Portadora Antena Antena


Modulador Demodulador
Circuito
Σ Amplificador de Σ Amplificador
sintonia
Processamento Processamento
Áudio digital de sinais digital de sinais

Figura 6 - Transmissão de sinal de rádio / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama em blocos da transmissão de rádio difusão, onde de um lado temos o sistema
de transmissão e a direita temos o sistema de recepção. Na transmissão, o sinal de áudio é convoluído com o sinal da portadora, mo-
dulado e amplificado, depois transmitido por meio de uma antena. Já no receptor, o sinal é detectado pela antena, filtrado pelo circuito
ressonante de sintonia, demodulado e posteriormente amplificado para ser aplicado ao alto falante e ouvido pelos nossos ouvidos.

A portadora é um sinal com comprimento de onda definida (geralmente é a frequência da rádio que sinto-
nizamos), e os sinais de áudio a serem transmitidos, como a fala ou uma música, por exemplo, apresentam
comportamento variável no tempo.
No estágio do demodulador, os sinais (portadora e áudio) são reunidos em um só na forma de um
sinal composto, que é amplificado, a fim de ter potência suficiente para ser transmitido sem fios por meio
de uma antena no formato eletromagnético.
Uma vez no espaço, o sinal composto (áudio e portadora) induz magneticamente nas antenas dos re-
ceptores próximos (dentro de um raio de distância finita) uma diferença de potencial que é, então, captada
pelo circuito de sintonia. Este devidamente “filtra” a frequência sintonizada para que o demodulador realize
a separação entre a portadora e o sinal de áudio, que é reforçado pelo amplificador para, desta forma, excitar
o alto-falante, que reproduz o áudio originalmente transmitido.
Em todos os estágios dados na Figura 6, podemos observar a presença ou da eletrônica analógica (circuito
de sintonia, amplificador) ou da eletrônica digital (demodulador – processamento digital de sinais). Atualmente,
as tecnologias de transmissão de dados são adeptas do uso das duas eletrônicas, formando-se uma apenas,
mas com estágios distintos, de acordo com a sua dinâmica, podendo ser integrados em chips ou montados
com componentes discretos, sempre servindo ao mesmo objetivo: permitir a comunicação entre dispositivos.
Em receptores de rádio digitalizados, normalmente encontrados em painéis de veículos automotores, é
comum observar o circuito de sintonia e os estágios de amplificação (estágio de potência) representados por
circuitos analógicos, assim como o gerenciamento todo realizado por um ou mais microcontroladores, que
permitem memorizar as estações preferidas, ajustar a equalização do som, exibir a estação em mostrador
digital, informar o nome da estação ou da música a ser reproduzida, entre outros.
A relação de uso das eletrônicas analógica e digital é praticamente infinita, observada em eletrodomés-
ticos, equipamentos industriais e hospitalares, gadgets etc. O entendimento esperado de um estudante de
Engenharia de Produção, neste momento, é o fato de a união das tecnologias permitir o desenvolvimento
de soluções mais completas e eficientes, maximizando a produtividade e a confiabilidade de sistemas ana-
lógicos antes sem indicadores de desempenho, possíveis atualmente graças a digitalização de processos.

264
UNIDADE 8

Os amplificadores operacionais integrados são componentes que surgiram com o intuito de atender
a projetos de eletrônica analógica durante a década de 60 e o seu avanço permitiu o desenvolvimento
de diversas soluções que hoje atuam no interfaceamento de sinais analógicos para o mundo digital.
Fonte: Pertence (2015).

Até aqui, estudamos a eletrônica aplicada a algumas importantes áreas, como a instrumentação
eletrônica e o controle. A partir desta etapa, iremos abordar o tema “Eletrônica de Potência” com
ênfase nos conversores estáticos.
O estudo da eletrônica de potência é bastante amplo e remete a diversas áreas, desde a geração
de energia elétrica e a conversão eletromecânica até elementos de conversores estáticos, muito
comuns em fontes de alimentação chaveadas em alta frequência.
Poderíamos estudar continuamente as características de componentes eletrônicos ou circuitos,
mas este não seria o objetivo deste livro, então, esta unidade se restringirá ao ramo da eletrônica
de potência representado pelos conversores eletrônicos e as suas principais características.
Os conversores chaveados são processadores de potência que recebem, na sua entrada, de-
terminada potência e a convertem em sua saída do modo mais eficiente possível, minimizando as
perdas ao longo do processo e que ocorrem mesmo nos melhores projetos, pois há a dissipação
de energia em forma de calor, as correntes parasitas, a resistência elétrica dos condutores etc.
(Figura 7) (MELLO, 1996).

Figura 7 - Conversor de potência / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho representativo de um conversor como um retângulo onde, à esquerda deste,
há uma seta que aponta para o retângulo com o texto “Potência de Entrada”, acima do retângulo há um arco de concavidade para
baixo orientado para a esquerda com o texto “Perdas de carga” e à direita do retângulo uma seta que sai de sua lateral e aponta para
o texto “Potência de saída”.

265
UNICESUMAR

A ideia que originou os conversores provém do princípio de Antoine Lavoisier com a sua máxima: “na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Sendo assim, não se cria energia, mas sim
se converte um determinado potencial em outro por diferentes motivos, por exemplo: a necessidade de
alimentar um circuito com 12 Vcc e o potencial disponível é 220 Vca, neste caso, um conversor rebai-
xador deve ser utilizado, já no caso onde a tensão da rede é de 127 Vca e precisarmos de um potencial
de 415 Vcc, o conversor é elevador. Quando a tensão de entrada possui valor igual à tensão de saída,
então se utiliza um conversor isolador.
Existem conversores CC-CC (corrente contínua para corrente contínua), CC-CA (corrente contí-
nua para corrente alternada), CA-CC (corrente alternada para corrente contínua) e CA-CA (corrente
alternada para corrente alternada).
A justificativa para cada tipo de conversor se dá de acordo com a necessidade. Por exemplo, para
alimentar o microprocessador de seu computador, que opera em 3,3 Vcc a partir da tensão da rede da
concessionária de 127 Vca, é necessário utilizar um conversor CA-CC rebaixador isolado, pois além
dos valores de tensão serem extremamente maiores, a frequência de um sinal alternado da rede deve
ser convertida para um sinal de corrente contínua e, assim, promover o funcionamento do referido
componente.
As técnicas de converter potenciais e as suas características são diversas, inclusive compartilham
as suas funcionalidades em um universo onde há tecnologias de conversores que operam em alta fre-
quência, conhecidos como conversores chaveados, e os conversores que operam com a frequência da
rede da concessionária (60 Hz) que, normalmente, são maiores e mais pesados, mas muito robustos.
Os conversores chaveados são muito utilizados em circuitos de fontes de alimentação, por exemplo,
onde temos a tensão de entrada maior do que a tensão de saída, e a corrente de entrada é alternada e a
de saída é contínua. Perceba que há dois pré-requisitos neste exemplo: amplitude de tensão e formato
da corrente (contínua ou alternada).
Um conversor chaveado realiza a conversão de corrente alternada para contínua, portanto, trata-
-se de um conversor CA-CC (corrente alternada para corrente contínua). Existem diversos tipos de
conversores chaveados, entre eles, abordaremos os conversores CC-CC, citando os exemplos a seguir.
Conversores não isolados:
• Buck.
• Boost.
• Buck-Boost.
• Cuk.
• Sepic.
• Zeta.

E um modelo de conversor isolado:


• Flyback.

Todos os conversores apresentados na sequência serão ilustrados com a fonte de tensão de entrada e
a carga acoplada em sua saída, conforme mostrado na Figura 8.

266
UNIDADE 8

Figura 8 - Exemplo de conversor CC-CC e identificação de entrada e saída / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC não isolado genérico
com a representação das tensões de entrada e saída e seus componentes.

Os conversores que serão apresentados na sequência, de Buck até Zeta, possuem a mesma referência
entre a entrada e a saída e, assim, são classificados como não isolados.

Há diversos outros tipos de conversores importantes como as topologias Half-bridge, Full-Bridge,


Push-Pull, entre outros, que fazem parte dos conversores industriais e proporcionam a alimenta-
ção das centrais telefônicas necessárias para que as telecomunicações funcionem. Eles também
merecem toda a nossa atenção.
Fonte: adaptado de Mello (1996).

O conversor Buck apresenta a característica de reduzir a tensão de saída em relação à entrada, man-
tendo-se a mesma polaridade entre a saída e a entrada (MELLO, 1996).

Figura 9 - Conversor Buck / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Buck com a represen-
tação de seus componentes.

A sua configuração, formada pelo indutor e o capacitor, favorece o baixo índice de ruído para a carga,
porém, tem elevado ruído para a fonte de entrada (Figura 9).

267
UNICESUMAR

O conversor Boost tem a característica de elevar a tensão de entrada na saída, ou seja, é um con-
versor elevador de tensão. Essa tecnologia é utilizada com frequência em estágios intermediários de
conversores chaveados de potências da ordem de 2 kW e tem como principal objetivo atuar na correção
do fator de potência do retificador (Figura 10).

Figura 10 - Conversor Boost / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Boost com a repre-
sentação de seus componentes.

Esse conversor apresenta alto índice de ruído na saída e a polaridade da carga é a mesma da fonte de entrada.
O conversor Buck-Boost é capaz de elevar ou rebaixar a tensão da saída em relação à tensão de
entrada, e a polaridade da tensão na carga é invertida da tensão da fonte de entrada. O nível de ruído
deste conversor é elevado, tanto para a carga quanto para a fonte de entrada (Figura 11).

Figura 11 - Conversor Buck-Boost / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Buck-Boost com a
representação de seus componentes.

No conversor Cuk, a tensão da saída tem polaridade invertida em relação à tensão de entrada e as-
sume-se que a sua operação é de elevador e rebaixador de tensão de acordo com a necessidade do
projeto (Figura 12).

268
UNIDADE 8

Figura 12 - Conversor Cuk / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Cuk com a represen-
tação de seus componentes.

A sua topologia utilizando indutores na entrada e na saída resulta em baixos níveis de ruído tanto
para a tensão de entrada quanto para a tensão de saída e os seus indutores podem ser montados no
mesmo núcleo.
No conversor Sepic, a polaridade da tensão na carga é a mesma da fonte de entrada e, assim, pode
promover tensão na saída maior ou menor do que na entrada. Já o ruído para a fonte de entrada é baixo
e elevado para a carga devido aos pulsos de corrente que circulam pelo diodo (Figura 13).

Figura 13 - Conversor Sepic / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Sepic com a represen-
tação de seus componentes.

Um exemplo de aplicação é como regulador de tensão, por exemplo, em circuitos de excitação onde o
chaveamento do transistor permite controlar a amplitude de tensão na saída.
O conversor Zeta tem como características o alto nível de ruído na entrada, a mesma polaridade da
entrada na saída e baixo ruído nesta. No conversor Zeta, é possível elevar ou abaixar o valor da tensão
de saída de acordo com as necessidades do projeto (Figura 14).

269
UNICESUMAR

Figura 14 - Conversor Zeta / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Zeta com a represen-
tação de seus componentes.

Sem dúvida, o conversor Flyback é um dos mais utilizados (se não for o mais encontrado) atualmen-
te em aplicações onde é necessário alimentar uma placa-mãe de computador, carregar a bateria do
aparelho celular ou do laptop, alimentar os circuitos de seu aparelho de TV ou monitor de vídeo etc.
O conversor Flyback apresenta isolação entre a tensão de entrada e de saída e, com isto, pode operar
com tensões de entrada elevadas e tensões de saída de poucos volts, pois conta com transformador de
alta frequência (Figura 15).
A sua comutação ocorre no enrolamento primário de um transformador que induz em seu secun-
dário uma tensão diretamente proporcional ao número de espiras do referido enrolamento e, assim,
o sinal pulsante aplicado na base do transistor é replicado no secundário, onde é, posteriormente,
retificado, filtrado e entregue à carga.

Figura 15 - Conversor Flyback / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama elétrico do estágio de potência de um conversor CC-CC Flyback com a repre-
sentação de seus componentes.

270
UNIDADE 8

O transformador pode ter múltiplos enrolamentos secundários e, com isto, permite que haja várias
tensões de saída, adequado a circuitos onde existe a necessidade de vários níveis de tensão, como 5 V,
3,3 V, 12 V, -12 V etc.
Ao estudarmos tantos tipos diferentes de conversores CC-CC, pode ficar a grande dúvida: mas
na prática, onde esses conversores podem ser utilizados? Quais equipamentos possuem conversores
como esses em seus circuitos? A resposta é abrangente, mas podemos afirmar que, em várias situações,
temos diferentes oportunidades de utilizar conversores CC-CC, como por exemplo, na composição
dos circuitos de fontes chaveadas de grandes potências, inversores de frequência para acionamento
de motores elétricos de indução e aqueles que convertem a corrente contínua das placas fotovoltaicas
em potenciais aplicáveis à rede elétrica em sistemas de geração distribuída de energia. A Figura 16
mostra um exemplo de uma usina solar, onde a energia elétrica é convertida pelas placas fotovoltaicas.

Figura 16 - Profissional checando os inversores aplicados em geração distribuída de energia.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma foto de uma instalação de campo de placas fotovoltaicas e seus inversores de frequência
em um sistema de geração distribuída.

271
UNICESUMAR

Atualmente, as comunicações eletrônicas, aquelas que ocorrem por meio de computadores e dis-
positivos portáteis são, sem dúvida, indispensáveis, mas para que essas comunicações funcionem,
dependemos dos equipamentos que produzem a alimentação elétrica de todo o sistema. Como
seria possível a existência das tecnologias de comunicações eletrônicas se não existissem as fontes
de alimentação adequadas ao volume de potência necessário para tal aplicação?

Essa certamente é uma das aplicações mais pro-


missoras da atualidade, que se estende à geração
de energia eólica (aerogerador), cuja tecnologia
também exige o uso de inversores instalados para
compatibilizar os potenciais elétricos gerados
com as fases da rede em uma linha de distribui-
ção de energia elétrica.
Na próxima unidade, estudaremos um pouco
de Eletrônica aplicada nos instrumentos de medi-
da industriais, em uma área conhecida como “ins-
trumentação industrial”. Não deixe de conferir!
Finalizamos esta unidade estudando a eletrô-
nica aplicada à instrumentação, onde tivemos a
oportunidade de absorver o conhecimento das
tecnologias aplicadas da eletrônica, este que per-
mite ao profissional a análise dos equipamentos
de campo mais utilizados na atualidade, criando
a habilidade de diferenciar cada dispositivo em
sua aplicação adequada, no exemplo de instru-
mentos eletrônicos que realizam medições em
sinais com características específicas que exigem
maior precisão, como no caso de sinais elétricos
e multímetros com mais e menos casas decimais
em seus mostradores.
Também é importante salientar a importância
do conhecimento das topologias de eletrônica de
potência dos conversores utilizados para a con-
versão de energia elétrica em potenciais de tensão
adequados, por exemplo, na geração alternativa de
energia e na alimentação de dispositivos eletrônicos.

272
Chegamos ao final desta etapa de nosso aprendizado e, para fixar o conhecimento adquirido, conv-
ido você a revisitar alguns termos que são importantes pilares para o entendimento do tema desta
unidade.
Por meio do mapa conceitual a seguir, você deve interpretar cada termo e, com base neles,
construir seu próprio mapa conceitual.

Conversores CC-CC
Instrumentação eletrônica PID

Controle ELETRÔNICA APLICADA Flyback

Comunicação de dados Buck-Boost


Conversão A/D

Figura 17 - Mapa conceitual da unidade 7.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um mapa conceitual com o termo central “Eletrônica Aplicada” e os termos asso-
ciados: Instrumentação eletrônica, Controle, Comunicação de dados, Conversão A/D, Buck-Boost, Flyback, PID e Conversores
CC-CC.

273
1. Uma empresa interessada em comercializar seus equipamentos eletrônicos no Brasil, na
área de telecomunicações, deve, inicialmente, adequar-se às normas vigentes nacionais, caso
contrário, a empresa não poderá comercializar os seus produtos. Sendo assim, assinale a
alternativa correta.

a) A Anatel atribui um selo de conformidade aos produtos que atendem às normas para operar
com vibrações na área de instrumentação industrial, e para que um produto atuante neste
segmento possa ser comercializado, precisa do selo desta entidade.
b) Os equipamentos de telecomunicações devem obter o selo da Abrinq ou da Anvisa para que
possam atuar no Brasil.
c) A ABNT define as normas para que os equipamentos possam atender às exigências técnicas, e
entidades, como a Anatel, utilizam essas normas para os seus procedimentos de homologação.
d) Para itens de instrumentação, não é necessário utilizar normas, pois, no Brasil, não há regras
para o uso de telecomunicações, sendo, assim, podemos utilizar qualquer frequência em
nossos equipamentos de rádio, sem restrições.
e) Os instrumentos industriais brasileiros seguem exclusiva e integralmente apenas as normas
internacionais vigentes e atualizadas pela Nema.

2. Os circuitos eletrônicos aplicados ao controle de processo podem ser compostos de eletrôni-


ca analógica e digital, pois a interação com sensores e atuadores depende de componentes
discretos e o algoritmo de controle pode estar na memória de um microcontrolador dedicado.
Com base nas afirmações, assinale a alternativa correta.

a) A estratégia de controle PID pode ser implementada com o uso de amplificadores operacionais,
embora, atualmente, seja implementada com o uso de microcontroladores.
b) Os microcontroladores não permitem a implementação de estratégias de controle baseado
em PID, pois a velocidade de resposta do processo é maior do que a capacidade de resposta
do microcontrolador.
c) Os circuitos analógicos só permitem a implementação de estratégia de controle PI (Proporcional
+ Integral), ficando a ação de controle derivativa possível apenas por meio de lógica digital.
d) Não é possível mesclar tecnologias analógico + digital em controle de processo, pois os mi-
crocontroladores emitem ruído elevado que compromete a resposta dos amplificadores
operacionais.
e) Nas aplicações de controle, a eletrônica analógica pode atender a todas as áreas, inclusive
com estratégias PID, pois a frequência máxima permitida pelos circuitos analógicos é de 100
kHz. Frequências superiores são restritas aos circuitos integrados digitais.

274
3. Quando um circuito analógico é projetado para operar como instrumento eletrônico, a preocu-
pação com o ruído é muito grande, pois este pode comprometer o funcionamento. De acordo
com esta afirmação, assinale a alternativa correta.

a) Os ruídos conduzidos e irradiados não comprometem os sinais de circuitos analógicos, apenas


os dos circuitos digitais.
b) A compatibilidade eletromagnética é simples e todos os equipamentos possuem, assim, ruídos
emitidos por um equipamento defeituoso que não influenciam no funcionamento dos demais,
dispensando normas de homologação.
c) A eletrônica aplicada no projeto de sensores deve levar em conta que os ruídos conduzidos
são aqueles que são transportados pelas ondas eletromagnéticas por meio da indução e das
antenas, já o irradiado percorre os cabos para chegar até os equipamentos.
d) Os sinais oriundos dos sensores devem ser amplificados para que possam se adequar aos
padrões elétricos do controlador disponível.
e) Um sinal com frequência de 40 kHz não permite ser somado a um sinal de 1 kHz, pois sinais
de frequências diferentes não permitem operação de soma, apenas subtração.

275
276
9
Instrumentação
Industrial
Me. Fábio Augusto Gentilin

Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade, você terá a oportunidade de


aprender sobre as noções fundamentais da instrumentação indus-
trial, variáveis de processos industriais, tipos de instrumentos, téc-
nicas de medição, limitações dos sistemas de medição e eletrônica
embarcada para aquisição de dados industriais.
UNICESUMAR

Você já assistiu a um programa de previsão do tempo e ficou se perguntan-


do como é possível estimar as condições climáticas? Ou então, ao abrir um
pacote de biscoitos, já parou para pensar como eles são padronizados, com
a cor sempre uniforme, mesmo passando por processos que os submetem a
altas temperaturas?
Para obter os resultados assertivos com a previsão do tempo ou com as
cores dos alimentos industrializados, é necessário utilizar sensores que ofere-
cem dados do processo ao sistema de controle – é assim que a instrumentação
industrial contribui para o controle automático de uma manufatura.
Os instrumentos industriais são projetados para detectar e coletar dados
do processo de modo a possibilitar o controle de variáveis de interesse, como,
por exemplo: a temperatura, a vazão, o nível, a pressão, o PH, a turbidez etc.
Atualmente, há diversas tecnologias imersas no ambiente industrial de-
dicadas a mensurar cada uma das variáveis de interesse, onde, para realizar
essa tarefa, utilizam diferentes tecnologias, que podem utilizar elementos
sensíveis ao calor, à pressão, à distância, até mesmo à luz, que pode inferir
em variáveis que estão presentes em amostras de determinado produto que
passa por processo de controle de qualidade industrial.
O ato de medir e quantificar variáveis é fundamental na indústria e de-
pende de técnicas além de equipamentos adequados que permitem a conexão
com os dados do processo aos dispositivos e sistemas de controle automático
industriais modernos, por meio de sinais elétricos que são transportados
através de meios físicos de diferentes naturezas, como cabos e ondas de rádio.
Toda essa tecnologia com um objetivo comum: mensurar as variáveis do
processo industrial para que possamos controlar e registrar seu comporta-
mento no domínio do tempo.
Nesta etapa do nosso estudo, iremos propor uma experimentação para
que você possa conhecer mais como as variáveis que estão ao seu redor sejam
estimadas, começando pela temperatura.
Vamos considerar as seguintes situações onde a temperatura é importante
em nosso dia a dia:
• - Temperatura do motor de um carro.
• - Temperatura da água de um chuveiro.
• - Temperatura interna de um refrigerador.
• - Temperatura do ar ambiente onde estamos agora.
• - Temperatura de um forno onde um bolo está sendo assado.
• - Temperatura de uma sanduicheira.
• - Temperatura de um ferro de passar roupas.

278
UNIDADE 9

Realize uma pesquisa na internet ou em literaturas de seu alcance para definir o tipo de sensor que é
utilizado para medir e controlar a temperatura em cada um dos casos citados.
Quando estamos dirigindo um carro, devemos nos preocupar com o trânsito, porém, as condições
de funcionamento do veículo devem ser favoráveis ou, então, o mesmo não irá avançar. A temperatu-
ra do motor de um veículo automotor se faz fundamental, dado que se o valor da amplitude térmica
atingir patamares críticos, ele pode sofrer avarias permanentes.
A mesma preocupação em controlar a temperatura se estende a outros casos, seja para monitorar e
controlar a temperatura da água de um banho, a temperatura de armazenamento de nossos alimentos
dentro de um refrigerador, o conforto que um ambiente pode ou não oferecer dado à sua a tempera-
tura, a temperatura de um forno quando assamos um bolo ou mesmo quando um ferro de passar ou
sanduicheira se desligam automaticamente por terem atingido a temperatura de operação. Esses são
apenas alguns exemplos simples onde podemos citar uma das mais influentes variáveis de processo
industrial: a temperatura.
Mas, como seria possível controlar a temperatura de cada um dos exemplos citados se não houves-
sem os sensores de temperatura e suas diferentes tecnologias?
E para os casos onde, na indústria, não é possível ter contato com a superfície dado às altíssimas
temperaturas e o controle dela depende da leitura da temperatura em tempo real? Como isso é possível?
Anote suas reflexões em seu Diário de Bordo.

279
UNICESUMAR

Nesta seção, abordaremos o presente tema no


contexto da indústria e que remete aos elemen-
tos sensíveis utilizados em automação industrial,
os quais permitem a visibilidade de processos e
a tomada de decisões estratégicas: a instrumen-
tação industrial.
Essa área da Engenharia é responsável por pro-
jetar e implantar dispositivos capazes de mensu-
rar as mais diversas grandezas da indústria, como:
vazão, nível, pressão, temperatura, pH etc.
A eletrônica embarcada está presente na maio-
ria dos dispositivos modernos que atuam na ins-
trumentação e capazes de converter a variação
de uma grandeza em um sinal elétrico que, por
sua vez, pode ser transmitido a uma entidade Figura 1 - Sensor eletrônico industrial: eletrônica analógica e
digital no mesmo equipamento
de processamento e controle e, posteriormente,
armazenado para análise e histórico. A Figura
Descrição da Imagem: fotografia apresentando um transmis-
1 mostra um transmissor industrial, frequente- sor utilizado em processos industriais em malhas de controle.
Esse transmissor possui mostrador digital onde é exibido o
mente utilizado em processos industriais onde se valor da variável para que possa ser visualizado no local, além
de contar com teclas de navegação em sua face frontal, logo
deseja mensurar variáveis como o nível, a vazão, a abaixo do mostrador numérico.
temperatura ou a pressão, por exemplo.

280
UNIDADE 9

Os instrumentos industriais eletrônicos mais utilizados na indústria são os sensores industriais que
evoluem a cada dia, permitindo a monitoração de parâmetros cada vez mais específicos e importantes
para o controle de qualidade dos produtos de uma manufatura.
Quando pensamos nas mais modernas tecnologias utilizadas na medição de dados de processo, nos
deparamos com a família dos transmissores, capazes, inclusive, de armazenar certa “inteligência” embar-
cada em alguns casos, o que remete à lógica de controle em alguns, onde o instrumento possui a função de
operar um elemento final de controle, como uma válvula em uma linha de vapor, por exemplo (Figura 2).

Figura 2 - Válvulas de controle automático em linhas de vapor.

Descrição da Imagem: fotografia apresentando tubulações de vapor e válvulas de controle acopladas às tubulações e indicadores de
temperatura locais.

Essa possibilidade permite que um equipamento seja, ao mesmo tempo, sensor e controlador do
processo, além de fornecer os dados em formato padronizado para o acesso a bases computacionais,
como redes corporativas e bancos de dados relacionais.
No que se refere aos circuitos eletrônicos utilizados para a medição de variáveis em ambiente indus-
trial, esta unidade se limitará ao atendimento das principais e mais predominantes variáveis de processo:
• Temperatura.
• Pressão.
• Vazão.
• Nível.

281
UNICESUMAR

Faremos uma análise do princípio básico de funcionamento de cada sensor em relação à Eletrônica
envolvida para a leitura do valor da variável, mas, antes, devemos entender a estrutura mínima para que
um sensor possa fornecer os dados desde a fase de aquisição até o seu armazenamento pós-processa-
mento. Na Figura 3, podemos observar a figura do sensor dentro da estrutura de aquisição de sinais.

Figura 3 - Diagrama em blocos de um sensor industrial moderno / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama em blocos de um sensor com seus elementos internos e a representação
de sua conexão com um barramento de rede onde há outros dispositivos, como o CLP, PC, servidores e IHM.

Observe que o sensor é dividido em cinco blocos, onde estão presentes as funções de elemento sensível, con-
dicionamento de sinal, processamento digital de sinal, armazenamento interno e interface de comunicação.
O elemento sensível deve ser identificado como a parte do sensor que detecta a variável de interesse
e produz sinal proporcional à sua variação. Neste estágio, o padrão do sinal elétrico normalmente é de
baixa amplitude e deve ser condicionado pelo próximo estágio.
No estágio de condicionamento de sinal, o sinal de baixa amplitude do elemento sensível é am-
plificado, linearizado e filtrado para que tenha condições de ser aplicado ao estágio de processamento.
O estágio de processamento digital de sinal é onde os dados já condicionados são processados em
termos de análise estatística para que o valor mensurado seja definido e possa ser armazenado em memória.
O armazenamento interno consiste em memória retentiva, normalmente do tipo flash, com o
funcionamento semelhante ao de um pendrive. Esse recurso permite ao sensor a implementação da
função de registrador, pois armazena uma quantidade finita de dados que podem ser utilizados para
futuras análises e para a produção de gráficos analíticos.
Uma vez armazenados, os dados podem ser disponibilizados por meio de interface de rede e, assim,
compartilhados com controladores lógico-programáveis, computadores pessoais, servidores de dados,
interfaces homem-máquina etc.

282
UNIDADE 9

Nossa análise permite reconhe-


cer a interação do sensor com as de-
mais bases. Assim, é possível analisar
cada um dos tipos separadamente.
A medição de temperatura é
realizada por diversos métodos,
onde a maioria dos casos aplicados
envolve as tecnologias baseadas em
termistores (ou termoresistências
- RTDs), termopares e sensores ele-
trônicos integrados.
Os termistores são os elementos
sensíveis à temperatura que apre-
sentam variação de resistência
elétrica quando ocorre a variação
de temperatura em sua superfície.
Nos termistores que apresentam Figura 4 - Curva de resposta da resistência em função da temperatura em
PTCs. / Fonte: TDK Corporation (2018, p. 7).
coeficiente positivo de tempera-
tura (PTC), quando a temperatu-
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico da resposta da resis-
ra aumenta, a resistência elétrica tência em função da temperatura para quatro tipos diferentes de PTC, onde é
possível observar o comportamento de cada tecnologia diante de uma variação
também aumenta, e nos termis- de temperatura. Podemos ver que, para valores iniciais de resistência entre 0
e 20 Ohms, até valores da ordem de milhões de Ohms, notamos que há uma
tores que apresentam coeficiente região de estabilidade entre 0 e 100 °C e a partir daí o valor das resistências
dos quatro sensores sobre exponencialmente, atingindo valores próximos de
negativo de temperatura (NTC), milhões de Ohms.
quando a temperatura aumenta, a
resistência diminui.
Na instrumentação industrial, em termos de termistores, normalmente utiliza-se o PTC como
elemento sensível com curva de resposta de valores padronizados. No caso do PT100 (exemplo
de PTC industrial e conhecido no Brasil como termorresistência), quando a temperatura é igual a
0 °C , a resistência elétrica é de 100 W . Quando a temperatura aumenta, a resistência a acompanha,
e quando a temperatura diminui, a resistência também diminui na mesma proporção com curva
de resposta, conforme a Figura 4.

Os termistores também são utilizados em circuitos de proteção contra sobrecarga, partida suave
em fontes de alimentação, circuitos de bloqueio por sobretemperatura etc. e estão presentes na
maioria dos equipamentos eletroeletrônicos modernos, desde ferros de passar até fontes de ali-
mentação de computadores.

283
UNICESUMAR

O termo mais conhecido para este tipo de medidor de temperatura é o RTD (Resistance Temperature
Detector), que atua monitorando a variação de resistência de uma junção bimetálica, a qual é, normal-
mente, fabricada em platina. Este tipo de elemento sensível é capaz de realizar medidas com erros de
até 0, 0001 °C (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011).
Os valores de resistência pelas temperaturas dados pela norma DIN-IEC-751 para termistores
(ou termorresistências) podem ser consultados em tabela (LAKE SHORE CRYOTRONICS, 2014). O
comportamento gráfico da resistência em função da temperatura é mostrado na Figura 5, que apresenta
a variação de 200 até 660 C , faixa de trabalho dos RTDs do tipo PT100.
Geralmente, esse tipo de sensor é alocado em bainha de metal com cabeçote, onde os dados da
temperatura são transmitidos por meio de cabo, com ligações que podem variar de dois a quatro fios.
Dentro do cabeçote, é instalado o circuito de condicionamento para converter o padrão elétrico do
RTD para padrão de 4 a 20 mA ou em protocolo de comunicação de rede industrial, dependendo
da tecnologia de cada caso.

Figura 5 - Resistência em função da temperatura para RTDs de platina / Fonte: Lake Shore Cryotronics (2014, p.1-2).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico da resistência em função da temperatura medida em um RTD de platina, onde valores
de resistência variam entre 0 e 350 ohms no eixo “y” para valores de temperatura no eixo “x” em graus Celsius variando entre -200 e 660 °C.

Observe que a curva se aproxima de uma reta, e que se utilizarmos o coeficiente estatístico de verifi-
2
cação R (mínimos quadrados) sobre o conjunto de dados, constatamos que essa aproximação é de
0,99921. Mesmo assim, para a determinação de valores de resistência para diferentes temperaturas,
devemos utilizar as seguintes regras:
Para temperaturas abaixo de 0 °C :
Equação 1

R(t )  R0  [1  A  t  B  t 2  C  (t  100)  t 3 ]

284
UNIDADE 9

Em que:
• R (t ) = resistência do termômetro de platina, medido em W à temperatura t ( t em °C ).
• R0 = resistência a 0 °C [ W ].
• A, B e C = são coeficientes de calibração e seus valores são:
• A = 3, 9083  103 ( C 1 ).
• B = 5, 775  107 ( C 2 ).
12 4
• C = 4, 183  10 ( C ).
Para temperaturas acima de 0 °C :
Equação 2

R(t )  R0  (1  A  t  B  t 2 )

Exemplo de cálculo:
Calcule a resistência de um RTD de platina para a temperatura de 14 C .
De acordo com a Equação 1, fica:

R(t )  R0  [1  A  t  B  t 2  C  (t  100)  t 3 ]

Substituindo os valores na equação, fica:

R(t )  100  [1  3, 9083  103  (14)  (5, 775  107 )  (14)2  (4, 183  1012 )  ((14)  100)  (14)3 ]
R(t ) = 94, 516 W
Arredondando, temos:
R(t ) = 94, 52 W

Ao compararmos o valor obtido no cálculo com o valor dado pela norma DIN-IEC-751 (LAKE
SHORE CRYOTRONICS, 2014) para a resistência do RTD em uma temperatura de - 14 °C , temos a
confirmação, conforme Quadro 1.

ITS-90 °C 0 1 2 3 4 5

-40 84,27 83,87 83,48 83,08 82,69 82,29


-30 88,22 87,83 87,43 87,04 86,64 86,25
-20 92,16 91,77 91,37 90,98 90,59 90,19
-10 96,09 95,69 95,30 94,91 94,52 94,12
0 100 99,61 99,22 98,83 98,44 98,04

Quadro 1 - Verificação do resultado: valores de resistência em função da temperatura (vista parcial)


Fonte: Lake Shore Cryotronics (2014, p. 1).

285
UNICESUMAR

O mesmo raciocínio deve ser utilizado para obter o valor da resistência para temperaturas acima de
0 °C , porém utilizando a Equação 2.
O encapsulamento deste tipo de sensor é composto de uma estrutura que é fixada ao ponto onde
se deseja realizar a medição da temperatura. Por exemplo, um tubo por onde é conduzido determi-
nado fluido (vapor ou água). A Figura 6 mostra uma representação do encapsulamento do sensor de
temperatura RTD com bainha metálica, bulbo e cabeçote.
Perceba que a conexão deste instrumento ocorre por meio de base roscada diretamente na tubula-
ção do processo e em uma abertura selada denominada poço de medição, devidamente ocupada com
líquido de preenchimento para transferir o calor para o corpo do sensor que, por sua vez, apresenta
variação de resistência com a temperatura.

Terminais de liga
Selo de platina
epóxi Bulbo ou sensor

Bainha
metálica

Capa isolante Detalhe da bainha metálica Preenchimento com


pó de óxido de magnésio

Detalhe do instrumento completo

Bainha
Base roscada para metálica
Cabeçote fixação do poço
de medição
Instrumento
instalado
Poço de na tubulação
Capa isolante
medição

Vazão de
Condutores fluido
para o CLP
Tubulação
Detalhe do instrumento montado na tubulação

Figura 6 - PT100: detalhes construtivos e de instalação mecânica / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama mecânico que representa um encapsulamento utilizado por sensores de tempe-
ratura com vistas em corte e aspectos de montagem na tubulação onde um fluxo de vazão passa no interior de um tubo e o contato com
o sensor é dado em um poço de medição. Também são mostrados detalhes internos do sensor como terminais de platina, bulbo, bainha,
condutores, cabeçote e base roscada para fixação.

Na Figura 7 são mostradas fotos dos sensores com cabeçote prontos para a montagem no processo
industrial.

286
UNIDADE 9

Figura 7 - Sensor de temperatura industrial

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma foto com dois cabeçotes e bainhas utilizadas por sensores de temperatura industriais.

O RTD é percorrido por uma corrente elétrica que varia de acordo com o valor da temperatura. Assim, o
circuito de condicionamento realiza a medição da amplitude térmica a partir da queda de tensão de um
resistor shunt, por exemplo, que é proporcional à variação de corrente na malha do RTD, conforme a Figura 8.

Resistor Circuito de
i shunt VRSH condicionamento
RTD
+ –

Fonte de
tensão Instrumento de medição
Figura 8 - Diagrama em blocos do circuito interno do instrumento / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama elétrico resumido de um instrumento de medição onde podemos observar um
sensor RTD sendo percorrido pela corrente “i” estimulada por uma fonte de tensão. A corrente passa por um resistor shunt que produz queda
de tensão proporcional, e um circuito de condicionamento realiza sua aquisição.

287
UNICESUMAR

De acordo com a Figura 8, o RTD é percorrido Corrente Queda de tensão


no shunt do shunt
por uma corrente devidamente produzida por
uma fonte de tensão interna do instrumento. i (mA) VRSH (mV)
100 50
Essa corrente percorre um resistor shunt, que
é um resistor com estabilidade térmica e valor
ôhmico ínfimo, calibrado para apresentar de-
terminada queda de tensão VRSH quando um
valor conhecido de corrente circular por ele.
Por exemplo, o modelo de shunt 50 25
100 mA / 50 mV , indica que quando uma
corrente de 100 mA passar por este compo-
nente, haverá uma queda de tensão sobre ele
de 50 mV . Valores intermediários ocorrem em
escala linear, conforme a Figura 9. 0 0
Com base nessa tecnologia, o circuito de Figura 9 - Escalas de queda tensão no shunt em função da
corrente / Fonte: o autor.
condicionamento pode relacionar a variação
de queda de tensão ( DVRSH ) com a variação Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma represen-
de temperatura ( DT ) diretamente proporcio- tação que mostra a comparação entre escalas de corrente e
queda de tensão proporcionais no resistor do shunt.
nais, ou seja, podem ser descritas pela equação
diferencial dada na Equação 3, onde a taxa de
variação de temperatura ( T ) no intervalo de tempo ( t ) é diretamente proporcional à variação
de resistência do shunt ( RSH ) no intervalo de tempo ( t ), e também diretamente proporcional à
queda de tensão no shunt ( VRSH ) no intervalo de tempo ( t ).
Equação 3

T RSH VRSH
 
t t t
Aqui, caro(a) aluno(a), a conclusão que você deve considerar é que: em um RTD, com a variação
de temperatura, ocorre uma variação de resistência e, associando esse fator à circulação de cor-
rente, é possível estimar a variação de amplitude térmica por meio da monitoração da queda de
tensão sobre um resistor, lembrando-se que, no caso do RTD, é necessária uma fonte de tensão
para promover a corrente circulante pelo sensor, a fim de estimar a temperatura.
O termopar é uma tecnologia de medição de temperatura baseada no efeito Seebeck, onde uma
junção bimetálica dada conforme a Figura 10, com junção fria e junção quente, permite a análise
do efeito da diferença de temperatura sobre a associação de metais com densidades eletrônicas
diferentes, aqui denominados arbitrariamente como metal A e metal B .

288
UNIDADE 9

Metal "A"
Junção fria Junção quente
Ta=Tamb i Tb=T+ΔT

Metal "B" Fonte de calor

Variação de temperatura (ΔT)

Figura 10 – Termopar / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama elétrico da junção de dois metais “A” e “B” e o aquecimento de um dos extremos
produzindo a corrente “i” que caracteriza o efeito Seebeck.

Perceba que, no lado esquerdo da Figura 10, temos a junção fria, onde a temperatura Ta é a mesma
temperatura ambiente ( Tamb ). Entretanto, do lado direito da mesma figura, observamos que houve
um acréscimo de calor ( Tb ), promovendo uma diferença de temperatura entre a junção fria e junção
quente. Essa condição faz com que os elétrons das junções dos metais envolvidos entrem em movi-
mento impulsionados pela diferença de temperatura, ocasionando o surgimento de uma corrente “ i ”
na malha formada pelas junções.
Ora, se há uma variação de corrente que é diretamente proporcional à variação de temperatura,
temos uma situação onde é possível associar esse fato a uma variação de f.e.m. (força eletromotriz)
ou tensão elétrica dada em mV . Esta relação permite que sensores sejam fabricados com o princípio
de que, em um termopar, a variação de temperatura promove uma variação de f.e.m., que são
diretamente proporcionais.
Semelhante aos RTDs, os termopares são encapsulados em bainhas e fixados por cabeçotes no pro-
cesso e devem utilizar condutores com ligas metálicas semelhantes às ligas metálicas dos termopares,
além de respeitar a polaridade dos condutores para não imprimir desvios à medida de temperatura,
conforme mostrado na Figura 11.

Como seria possível controlar a qualidade de alimentos como carnes, laticínios, bebidas etc. em
câmaras frigoríficas, sem a monitoração da temperatura?

289
UNICESUMAR

Condutores de liga metálica


semelhante ao termopar tipo J Temperatura
no cabeçote
Registrador/ “TC”
controlador
de temperatura

Cabeçote
Temperatura
no instrumento
“TI”

Termopar tipo J

Temperatura
no processo
“TP”

Figura 11 - Esquema de ligações de um termopar industrial / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama de instalação de um termopar industrial entre o registrador de temperatura,
cabeçote e o sensor de temperatura com a descrição de seus elementos.

A medição de temperatura utilizando termo- TIPO DE TERMOPAR FAIXA ( °C )


pares consiste, na verdade, em medir a ten-
B 38 a 1800
são em mV que uma liga bimetálica fornece.
Para realizar a medição corretamente, deve- C 0 a 2300
mos identificar a junta de medição, que é onde
E 0 a 982
o sensor tem contato com a temperatura do
processo (duto de vapor, forno etc.) e a junta- J 184 a 760
-fria ou de referência, que se trata da junção K −184 a 1260
no cabeçote, conforme mostrado na Figura 11.
Nos termopares, para cada valor de tempe- N −270 a 1300
ratura, há um valor de f.e.m. dado em mV e, R 0 a 1593
assim como nos RTDs, há uma relação direta
S 0 a 1538
e precisa que deve ser respeitada de acordo
com o tipo termopar, sendo os principais ti- T −184 a 400
pos e faixas de medição de temperatura dados Quadro 2 - Tipos de termopares e suas faixas de temperatu-
ra / Fonte: adaptado de Balbinot e Brusamarello (2011).
no Quadro 2.

290
UNIDADE 9

As tabelas de valores de mV para temperatura em cada tipo de termopar podem ser acessadas di-
retamente no site do fabricante e, assim, servir de referência para consultas aos valores necessários à
compensação da junta-fria ou junta de referência. Um exemplo de fabricante nacional que disponibiliza
todas as tabelas de valores de mV é a empresa Salcas (SALCAS, [2018], on-line).
É importante saber que os termopares apresentam códigos de cores de acordo com a norma
ANSI MC-96.1 (FIRSTCAPITOL, 2018). Cada tipo pode ser fabricado com ligas de diferentes
metais, por exemplo: cobre-constantã (tipo T ), ferro-constantã (tipo J ), cromel-alumel (tipo K )
etc. de acordo com as faixas de temperaturas e aplicações com determinadas resistências à corrosão,
estabilidade térmica, linearidade etc.
A fabricação de sensores de temperatura baseados em termopares é verificada por processos de
calibração, onde existem equipamentos denominados “forno de calibração ou calibrador de banho
térmico” que submetem o sensor a variações de temperaturas para que seja verificada a sua resposta
e, assim, a sua calibração, conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12 - Processo de calibração de termopar

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um termopar industrial sendo submetido a um banho para calibração.

291
UNICESUMAR

As aplicações de sensores de temperatura são diversas e não há como apresentar todas as situações
possíveis, mas podemos citar alguns casos mais relevantes:
• Fornos industriais (indústria alimentícia, química, metalúrgica etc.).
• Mancais de eixos industriais (turbinas de cogeração, máquinas operatrizes etc.).
• Reações químicas industriais.
• Temperatura de cura para pintura, fundição etc.
• Temperatura de fluidos de processo (líquidos, gases etc.).
• Temperatura de ambiente industrial em estágio de burn-in (teste de desempenho limiar).
• Controle de qualidade etc.

Além dos sensores de temperatura com encapsulamento mencionados anteriormente, existem


sensores de temperatura adequados ao uso em placas de circuito impresso ou até mesmo dentro
de invólucros metálicos, porém, já são disponibilizados em encapsulamentos plásticos e oferecem
os dados da temperatura em padrão elétrico definido, informando a variação térmica em termos
de tensão ( V / °C ), em corrente ( mA / °C ) ou até mesmo por meio digital, com pacotes de dados
(bits). Veja alguns exemplos no Quadro 3.

MODELO FAIXA DE MEDIÇÃO PADRÃO ELÉTRICO

LM 35 55 C a 150 C 10 mV / °C
AD592 25 C to  105 C 1 µA / K
DS18 B20 55 C a 125 C 1−Wire digital
Quadro 3 - Sensores de temperatura eletrônicos integrados / Fonte: o autor.

Olá, caro(a) aluno(a)! Convido você a ouvir este podcast que fala sobre
os sensores eletrônicos. Vou falar sobre as tecnologias utilizadas e as
possibilidades para o setor de instrumentação industrial em termos
aplicados. Não deixe de participar!

Os encapsulamentos dos sensores de temperatura eletrônicos podem variar desde a montagem em


superfície (SMD) até a montagem em placas por meio de furos (through-hole). Diferentes fabricantes
adotam os mais diversos tipos de encapsulamentos de acordo com suas especificidades. Seguem alguns
tipos mais comuns (Figura 13).

292
UNIDADE 9

Os sensores eletrônicos apresen-


tam faixas de temperaturas de até
150 °C (aproximadamente), in-
feriores aos sensores baseados em
elementos RTDs ou termopares
que podem atingir milhares de
°C , dependendo do tipo, entre-
tanto, representam uma solução
de baixo custo adequada à me-
dição de temperatura interna de
instrumentos e equipamentos de
precisão.
Uma informação importante
que remete ao uso de sensores
integrados é quando temos um
equipamento que realiza medi-
ções de variáveis em ambientes
onde a temperatura não é con-
trolada, por exemplo, um espec-
trofotômetro, que deve realizar
a medição de uma amostra com
concentração de umidade, por
exemplo, e independentemen-
te da temperatura da sala onde
o equipamento está, a leitura
deve ser a mesma, para a mesma Figura 13 - Encapsulamentos dos sensores eletrônicos: (a) TO-92, (b) SOIC 8 pinos.
amostra, ou seja, a temperatura
Descrição da Imagem: a imagem apresenta fotos de dois encapsulamentos de sensores
ambiente não pode influenciar eletrônicos: TO-92 e SOIC 8. Podemos observar que o tipo TO-92 é fabricado para montagem
nas medidas de um instrumento. por meio de furos e o modelo SOIC 8 é projetado para montagem em superfície (SMD).

Para minimizar as influências


da temperatura sobre um processo de medição, vários instrumentos de precisão utilizam sensores de tem-
peratura internamente aos seus gabinetes para realizar a compensação automática de temperatura sempre
que houver a medição de sua variável, assim, quando o instrumento é calibrado em temperatura controlada
de 25 °C , por exemplo, o fabricante do instrumento o submete a testes para estimar a sua curva de resposta
em função da temperatura, assim, obtém a função de transferência que representa a resposta do sistema e o
quanto precisa compensar a leitura realizada por software, seja adicionando ou subtraindo valores ao valor
mensurado, a fim de corrigi-lo, de acordo com a temperatura mensurada no ambiente onde o instrumento está.
A Figura 14 mostra um esquema de ligação entre o sensor de temperatura (baseado em RTD ou
termopar) e o transmissor de temperatura. Há uma abertura na lateral do corpo do transmissor para
permitir a visualização do circuito eletrônico interno.

293
UNICESUMAR

Cabo de
Transmissor de temperatura interligação
(vista lateral)
Cabeçote

Sensor de
temperatura
na placa

Placa de circuito impresso


do transmissor Sensor de temperatura
do processo

Figura 14 - Esquema de interligação entre sensor e transmissor de temperatura / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama mecânico de uma placa de circuito impresso de um transmissor de temperatura
interligada ao cabeçote do sensor.

Na figura 14, há a existência de um


sensor de temperatura integrado
montado na placa de circuito im-
presso. Este componente é neces-
sário para que o transmissor possa
realizar a compensação automáti-
ca de temperatura, corrigindo por
softwares embarcados a influên-
cia da temperatura do ambiente
onde o transmissor se encontra,
pois, normalmente, é instalado
em processos onde pode variar
de 10 C até 50 °C exposto às
intempéries da natureza, e ainda
assim, deve medir com precisão a
Figura 15 - Transmissores de temperatura instalados em processo industrial
temperatura informada pelo sen-
sor de temperatura do processo. A
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um bastidor industrial com oito trans-
Figura 15 mostra vários transmis- missores de temperatura industriais, os quais realizam a medição desta variável em
pontos distintos e transmitem seu valor por meio de condutores elétricos a redes de
sores de temperatura industriais dispositivos industriais.
montados.

294
UNIDADE 9

A temperatura, sem dúvida, é a variável mais abundante em


qualquer ambiente e ela também influencia na maioria dos
processos. Nosso estudo se reserva em apresentar essa faixa
de assuntos relacionados à medição eletrônica de temperatura
e, na sequência, abordaremos as demais variáveis de processo
já mencionadas, por exemplo, a pressão.
A pressão é uma variável que submete muitos processos a
seus efeitos, como o processo de aquecimento de água em uma
caldeira, onde a pressão é variável de importante monitoração
devido aos riscos de explosão que este processo contempla.
A variável pressão se refere à força aplicada em determina-
da área e pode ter a influência da própria ação gravitacional
da qual, obviamente, nos lembramos todos os dias quando
caminhamos pela terra, local onde todos os corpos estão sub-
metidos a esta força gravitacional.
Quando estudamos a variável pressão, devemos nos lembrar dos conceitos básicos relativos
a ela. Por exemplo: pressão relativa ( PREL ), que consiste na pressão de um ambiente específico,
confinado (a pressão dentro de um pneu de um carro, ou dentro de uma bola de futebol ou mesmo
dentro da linha pneumática de uma indústria). É denominada relativa porque é relativa a uma
referência, que é a base para os estudos de pressão: a pressão atmosférica ( PATM ).
A pressão atmosférica é a pressão exercida sobre a atmosfera terrestre em todos os corpos aqui
depositados. Quando nos referimos à pressão absoluta ( PABS ), estamos informando que temos a
pressão atmosférica somada com a pressão relativa, logo (Equação 4):

PABS  PREL  PATM


Equação 4

Há vários métodos de medição de pressão, cuja escolha da melhor técnica depende da necessidade
e do local onde ocorrerá a medição. Por exemplo, em um laboratório de testes, há instrumentos que
utilizam colunas de líquido que quebrariam facilmente se fossem utilizadas no processo industrial,
já neste ambiente, encontramos sensores encapsulados em bases metálicas com transdutores ro-
bustos ao impacto, às vibrações, à umidade, à poeira e às variações de temperatura abruptas. Esta
unidade se reserva em apresentar técnicas que envolvam a Eletrônica para mensurar a pressão.
Atualmente, boa parte dos processos industriais modernos utiliza sensores baseados em células
capacitivas. Esse tipo de sensor é capaz de converter a variação de pressão em variação de capa-
citância de uma cápsula sensível e, assim, processar o dado do processo em um padrão elétrico
padronizado internamente no transmissor de pressão. A Figura 16 apresenta o desenho de uma
cápsula capacitiva de um transmissor de pressão (SMAR AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL, 2014).

295
UNICESUMAR

CH CL

Posição do diafragma,
quando P1=P2

Diafragma sensor
P1 P2
H L

Placas fixas dos


capacitores CH e CL

(a)

(b)
Figura 16 - Sensor capacitivo de um transmissor de pressão / Fonte: adaptado de SMAR Automação Industrial (2014).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta o diagrama interno de uma célula capacitiva utilizada em transmissores de pressão diferencial
com a identificação de suas partes internas e também de seu aspecto mecânico de montagem. Quando P1=P2, o diafragma encontra-se na
posição central, quando a pressão varia entre uma das placas (H ou L), o diafragma assume nova posição e, com isso, varia sua distância com
relação às placas fixas e, consequentemente, varia a capacitância do sensor.

Observe, na Figura 16(a), a vista em corte da célula capacitiva (sensor) e os seus componentes
internos, já em (b), a vista externa do sensor montado com “flat cable” (cabo plano) para a conexão
à placa eletrônica do instrumento.
A medição de pressão por este método consiste na diferença de pressão aplicada entre as ex-
tremidades H (P1) (High) e L (P2) (Low), alta e baixa pressões, respectivamente, que resulta em
variação da capacitância CH e CL (capacitância de alta e de baixa pressão). O circuito eletrônico
da placa de controle do transmissor processa os valores de capacitância e correlacionam com a
variação de pressão, informando, em mostrador digital, a sua amplitude e disponibilizando os
dados por meio de protocolo de comunicação de rede industrial ou saída analógica de 4 a 20 mA .
Esse método permite a medição de pressão diferencial em tanques de processos químicos pres-
surizados e o seu princípio funcional permite a medição de outras variáveis, como nível e vazão.
Há sensores eletrônicos de pressão que também são largamente utilizados em instrumentação
de precisão eletrônica, como exemplo, a família de sensores MPX5700, que oferecem faixas de
medição de 0 a 700 kPa e são fornecidos em encapsulamentos para montagens em placas de
circuito impresso, conforme a Figura 17.

296
UNIDADE 9

MPX5700A/D MPX5700AP/GP/GP1 MPX5700DP MPX5700AS/GS MPX5700ASX


CASE 867-08 CASE 867B-04 CASE 867C-05 CASE867E-03 CASE 867F-03

Figura 17 - Encapsulamentos de sensores de pressão eletrônicos / Fonte: NXP Freescale Semiconductor (2012, p. 1).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta cinco desenhos de encapsulamentos de sensores de pressão diferencial eletrônicos. É possível
notar que todos são projetados para montagem em placas de circuito impresso por meio de furos. Eles possuem entradas de alta e baixa
pressão, com modelos adequados a detecção da pressão atmosférica e diferencial de pressão relativa.

No caso dos sensores de pressão eletrônicos da família MPX5700, o sinal de pressão diferencial (en-
tre a pressão relativa e a pressão atmosférica) é um sinal de tensão proporcional e com escala linear,
conforme mostrado na Figura 18.

5.0
Função de Transferência:
4.5
Vout = Vs*(0.0012858*P+0.04) ± Erro
4.0 Vs = 5.0 Vdc
Temperatura = 0 a 85 °C
3.5
Típico
3.0
Saída (V)

2.5
Máximo Mínimo
2.0

1.5

1.0

0.5

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Pressão diferencial (kPa)

Figura 18 - Sinal de saída do sensor em função da pressão diferencial / Fonte: NXP Freescale Semiconductor (2012, p. 4).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um gráfico com curvas de saída de um sensor em função da pressão diferencial e seus níveis
típico, máximo e mínimo, com tensão variando no eixo “y” entre 0 e 5,0 V para valores de pressão diferencial variando entre 0 e 800 kPa.

297
UNICESUMAR

De acordo com os dados do fabricante, a curva característica do sen-


sor envia um sinal de, aproximadamente, 0 V a quase 5 V quando a
pressão varia de 0 a 700 kPa em escala linear, dentro de uma faixa
de temperatura que pode variar entre 0 e 85 °C com alimentação
de 5 V .
O fabricante informa, ainda, que a tensão de saída ( Vout ) é:

Vout  Vs  (0, 0012858  P  0, 04)  erro

Em que:
Vout é a tensão de saída do sensor.
Vs é a tensão de alimentação do sensor.
P é a pressão mensurada (kPa).

Assim, com este padrão de fornecimento de sinal, esse tipo de sensor


se adequa ao uso com a maioria dos tipos de microcontroladores do
mercado alimentados com tensão de 5 V .
A medição de vazão (ou de fluxo) de um determinado fluido é
a medição da taxa de variação de volume (que se desloca em deter-
minado circuito ou caminho) por unidade de tempo, podendo ser
em uma tubulação fechada ou em um canal aberto (BALBINOT;
BRUSAMARELLO, 2011).
Há diversos métodos de medição de vazão sendo implementados
na indústria, desde os medidores que utilizam rotâmetros até medido-
res que utilizam a pressão diferencial com o uso de sensor capacitivo.
A indústria de transmissores eletrônicos para a medição de vazão
oferece métodos totalmente inovadores que atuam com eletrodos
e variação de temperatura, vórtices formados pelo movimento do
fluido, pressão diferencial, efeito Coriolis, eletromagnético etc. Esta
unidade abordará a técnica de pressão diferencial que permite o uso
de vários tipos de transmissores, em placas de orifício, bocais, tubos
de Venturi etc.
A característica básica da medição de vazão em canais fechados
(tubulação) é a inserção de uma obstrução para a passagem do fluido,
onde surge então a pressão diferencial, que consiste na diferença en-
tre a pressão na área denominada montante da obstrução e na parte
de sua jusante. Montante é a região que coincide com a direção do
deslocamento do fluido e encontra a obstrução, já a jusante é o que
está após a obstrução, levando em conta o sentido de deslocamento
do fluido, conforme mostrado na Figura 19.

298
UNIDADE 9

Obstrução
Abertura para
passagem de fluido

Montante Jusante
Sentido do
deslocamento
do fluido
Alta pressão Baixa pressão

Tubulação FT

Medidor de vazão
por pressão diferencial
(transmissor)
Figura 19 - Definição de pressão diferencial entre montante e jusante / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama onde é possível observar o sentido de deslocamento de fluido em uma tubulação,
onde há uma obstrução e as pressões de montante (alta pressão) e de jusante (baixa pressão), pontos onde há tomadas de impulso ligadas
ao transmissor de pressão diferencial.

Para exemplificar esse princí-


pio, adotamos um elemento de
obstrução tradicionalmente
utilizado na indústria, a placa
de orifício, que apresenta baixo
custo, mas alta perda de carga e é
utilizada normalmente na medi-
ção de vazão de fluidos de baixa
concentração de sólidos em sus-
pensão (embora haja aplicações
que apresentem exceções) e cuja
perda de carga que, neste caso, é
irrecuperável, não seja um pro-
blema para o processo. A Figura Figura 20 - Medição de vazão por pressão diferencial
Fonte: Endress+Hauser (2018, p. 5).
20 mostra um exemplo de mon-
tagem deste tipo de obstrução e o Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama em 3D que mostra uma tubu-
lação com flange por onde circula fluido e uma obstrução que produz pressão diferencial
seu respectivo transmissor (EN- a qual é conectada ao transmissor de pressão diferencial.
DRESS+HAUSER, 2018):

299
UNICESUMAR

Perceba que o instrumento acessa via tomadas de impulso (tu-


bos que acessam a parte interna da tubulação) as pressões atuantes
na montante e jusante do elemento que obstrui a passagem do
REALIDADE
fluido (placa de orifício). Na medida em que o fluido se movimenta,
AUMENTADA
existe pressão diferencial entre os referidos pontos (montante e
jusante) e, assim, sob o mesmo princípio já mencionado relativo
ao sensor de pressão capacitivo, o transmissor realiza a medição
da variável vazão.
Há mais elementos de obstrução que oferecem menores perdas
de carga e diminuem a turbulência no interior da tubulação. Como
exemplo, podemos citar o tubo de Venturi (Figura 21), que aplica
uma obstrução suave na tubulação e apresenta pressão diferencial, a
qual pode ser mensurada pelo transmissor, com baixa ou nenhuma
perda de carga.

Olá estudante! Você sabe como fun-


ciona a medição de vazão de fluido
industrial utilizando-se um transmissor
de vazão e placa de orifício? Nesta
realidade aumentada você poderá
acompanhar em 3D uma tubulação
Fluxo e a medição de vazão por pressão
diferencial.

Pressão
diferencial

Figura 21 - Tubo de Venturi: medição de vazão por pressão diferencial

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um tubo de Venturi e a pressão diferencial que é exibida com o auxílio de colunas de líquido.

Perceba que há “afundamento” maior do fluido do lado esquerdo do tubo que comunica a montante e
a jusante do medidor, indicando a diferença de pressão entre os dois lados. É justamente esse degrau
de pressão que permite a medição por meio deste método.
Há vários métodos de medição de nível na indústria, entre eles, a medição feita por sensores de
proximidade, que atuam com a capacitância do fluido ou sólido no interior de um reservatório. Nesta
seção, abordaremos mais um método de medição que utiliza também a pressão diferencial e permite
a determinação da altura de um fluido dentro de um reservatório.

300
UNIDADE 9

A Figura 22 apresenta um exemplo de medição de nível de fluido em reservatório utilizando a


pressão diferencial. Neste caso, conhece-se a pressão quando o tanque de armazenamento apresenta
ao estar vazio e também quando está totalmente cheio. A partir dessa informação, o transmissor realiza
a medição e determina os diferentes níveis ao longo do processo.

Nível máximo
Altura máxima

Nível mínimo

Transmissor
Figura 22 - Medição de nível de reservatório por pressão diferencial / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um processo de medição de nível por meio de pressão diferencial, onde um transmissor de
pressão recebe a pressão na base do tanque e em sua parte superior, onde é calculada a pressão diferencial que é proporcional ao nível
no interior do tanque.

O princípio de medição de nível por pressão diferencial é dado pela definição (Equação 5):

P = h.r
Equação 5

Em que P é a pressão da coluna de líquido, h é a altura em metros e r é a densidade do fluido. A ideia


é que, de acordo com a altura do fluido dentro do reservatório, a densidade, mantendo-se constante, a
pressão varia e então é calculada a diferença de pressão entre pressão de alta ( H ) e de baixa ( L ).

Há outros métodos utilizados para a medição de nível que também tangem ao uso de transmissores

301
UNICESUMAR

e utilizam outros princípios físicos, como o ultrassom. Esse método consiste na emissão de uma onda
sonora até a superfície do fluido armazenado e na monitoração do tempo em que a reflexão da onda
percorre para retornar à superfície do sensor.
A Figura 23 mostra como um processo de controle de nível interage com o seu sensor e os elementos
de acionamento para que o reservatório se mantenha com a quantidade de fluido desejada.

CONTROLE PID DE NÍVEL EM TANQUE

Sensor de nível
ultrassônico

Tanque
de água

PLC
Painel de
Válvula controle
Bomba Solenóide
Fluxo de
d'água saída de
Suprimento
de água água

Figura 23 - Malha de controle de nível com sensor ultrassônico

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um diagrama representativo de um processo de controle de nível, utilizando-se bomba que
deposita líquido na parte superior de um tanque, onde há um sensor de nível ultrassônico, o qual emite som para a superfície do fluido que
preenche o tanque e seu sinal é interligado ao CLP que está montado no quadro de comando, este que também controla a vazão de saída
do tanque, por meio de uma válvula solenoide.

302
UNIDADE 9

Normalmente, existem, em processos industriais, agitadores dentro do reservatório que são


acionados para manter os sólidos do fluido sempre em mistura para evitar a decantação e isto
pode imprimir erro de leitura, pois quando o agitador está acionado, há ondulação na superfície
do fluido e, com isso, o sensor ultrassônico pode realizar a leitura incorreta, além do agravante
da formação de espuma na superfície.
Para resolver esse problema, os sensores ultrassônicos são acoplados a guias de onda, que
consistem em um tubo que é instalado diretamente na saída de som do sensor e vai até o fundo
do reservatório. Dentro desse tubo é inserido um flutuador que, por sua vez, é mais pesado que
a espuma e mais leve do que o líquido, assim, ele sempre estará na superfície, e as ondas vão até
ele e retornam, minimizando as chances de erro de medida.
Chegamos ao final desta unidade, onde tivemos a oportunidade de estudar sobre a instrumen-
tação industrial que é amplamente utilizada nas indústrias modernas, para fins de alinhamento
e compatibilidade com padrões internacionais de qualidade e com a indústria 4.0.
O conhecimento da eletrônica aplicada na instrumentação e a própria instrumentação em
termos aplicados permitirá a você, como profissional, interpretar os ambientes profissionais
industriais e atuar diretamente com processos de medição de temperatura, nível, vazão, pressão
e entender qual a melhor tecnologia para cada caso, dado que em ambientes industriais existem
situações onde deseja-se mensurar a mesma variável de diferentes maneiras, por exemplo, a
temperatura, que pode ser tomada em um fluido confinado em um reservatório ou na superfície
de um motor elétrico, exigindo diferentes instrumentos e técnicas.
Também podemos citar como exemplo a medição de vazão, que pode ser relacionada com
o volume de água que passa em uma tubulação fechada em um intervalo de tempo, por meio
de uma obstrução e pressão diferencial, ou mesmo a vazão em um canal aberto, por meio de
uma calha Parshall.
A eletrônica está presente nos instrumentos de medição modernos, isso não podemos ne-
gar, logo, o conhecimento de seus circuitos e métodos de medição forma, no profissional que
estuda esta unidade, competências e habilidades que o tornarão apto a entender e atuar com as
tecnologias mais adequadas para cada situação.

303
Chegamos ao final de mais uma unidade de nosso livro e, como de costume, chegou a hora de
revisitar os principais termos que estudamos nessa etapa de nossos estudos por meio da leitura do
mapa conceitual a seguir. Após realizado o resgate dos conceitos de cada termo, você deverá criar
seu próprio mapa conceitual com o significado de cada elemento.

Medição de vazão
Medição de temperatura Sensor analógico

Medição de nível INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL Pressão diferencial

Medição de pressão Termopar


Sensor digital

Figura 24 - Mapa conceitual da unidade 9 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um mapa conceitual com o termo central “Instrumentação industrial” e os
termos associados: Medição de temperatura; Medição de nível; Medição de pressão; Medição de vazão; sensor digital;
sensor analógico; pressão diferencial e termopar.

304
1. O uso de RTDs para a medição e temperatura é difundida na indústria mundial, sendo que
a sua estabilidade e o seu erro permitem precisão adequada para a maioria dos processos.
Com base nos conhecimentos de RTDs, calcule a resistência de um RTD de platina para a
temperatura de 27 C e assinale a alternativa correta:

a) 150, 25 W .
b) 89, 40 W .
c) 2, 38 W .
d) 447, 76 W .
e) 1573, 75 W .

2. Os transmissores eletrônicos permitem o registro das variáveis em tempo real para fins de
análise e monitoração. Sobre sensores e transmissores, assinale a alternativa correta.

a) Os transmissores podem realizar compensação de temperatura automaticamente, pois a


temperatura pode influenciar na leitura de uma variável.
b) Os sensores que utilizam célula capacitiva não possuem estágio de condicionamento, pois a
célula já realiza todas as medidas automaticamente.
c) A medição de nível por ultrassom só pode ser realizada em sólidos, pois os líquidos podem
entrar em movimento, inviabilizando as leituras.
d) A medição de vazão por placa de orifício não apresenta perda de carga.
e) O transmissor de vazão com tubo de Venturi é mais adequado quando a perda de carga não é
importante para o processo, pois o transmissor apresenta elevados níveis de perda de carga.

3. O uso de sensores eletrônicos pode substituir, em alguns casos, o uso de sensores tradicional-
mente encontrados para a medição de temperatura, onde os dados de um sensor eletrônico
podem ser enviados para o dispositivo de controle já condicionado e com resolução de até
12 bits. Sobre os sensores eletrônicos, é correto afirmar que:

a) O exemplo citado se refere ao sensor LM92, que possui protocolo de comunicação ICSP e
pode enviar seus dados com resolução de 10 bits por meio de um único condutor.
b) O exemplo citado se refere ao sensor LM35, que possui protocolo de comunicação I²C e pode
enviar seus dados condicionados para o microcontrolador por meio de três condutores.
c) O exemplo citado se refere ao sensor DS18B20, que possui protocolo de comunicação wi-fi
e pode enviar seus dados com resolução de até 8 bits por meio de dois condutores.
d) O exemplo citado se refere ao sensor LM339, que possui protocolo de comunicação MIWI e
pode enviar seus dados com resolução de até 12 bits por meio de dois condutores.
e) O exemplo citado se refere ao sensor DS18B20, que possui protocolo de comunicação 1-Wire
e pode enviar seus dados com resolução de até 12 bits por meio de um único condutor.

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UNIDADE 8

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PERTENCE, A. J. Eletrônica Analógica - Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos. 8. ed.


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308
UNIDADE 9

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309
UNIDADE 1

1. E. Os diodos semicondutores são fabricados em Silício e Germânio e recebem a dopagem de ele-


mentos trivalentes e pentavalentes com o intuito de se produzir pastilhas do tipo “p” e do tipo “n”,
respectivamente. É uma característica construtiva dos semicondutores, uma vez que sua estrutura
atômica é tetravalente.

2. C. Quando uma pastilha é do tipo “n” significa que ela é composta de um semicondutor e de ele-
mentos pentavalentes por exemplo: antimônio, o arsênio e o fósforo, já que esses elementos
apresentam um elétron a mais do que o silício, que fica sem se recombinar após a dopagem e,
com isso, a pastilha resultante será predominantemente negativa, ou, do tipo n.

3. B. Refere-se à composição de uma pastilha do tipo “n”, uma vez que o átomo misturado ao semicon-
dutor possui 5 elétrons na camada de valência e, assim, o elétron que sobra representa que a
pastilha terá portadores majoritários negativos, já que átomos com 5 elétrons na camada
de valência, ao se combinarem com átomos de 4 elétrons (como por exemplo, o semicon-
dutor silício), têm um dos elétrons “livres”, ou, sem ligação, caracterizando o tipo “n”.

UNIDADE 2

1.

a. Solução:

Dados:

=P kW
2= 2000 W

Tempo: 4 h x 5 dias = 20 h / semana

20 h x 4, 5 semanas / mês = 90 h / mês

E  P.Dt  [kWh]
E  2000  90  180 kWh
Logo:

R: o consumo mensal de energia elétrica é de 180 kWh .

b. Solução:

C  E (kWh).Tarifa
C  180  0, 55
C  R$ 99, 00

310
Logo:

R: para que esse motor seja utilizado, o valor mensal será de C = R$ 99, 00 .

2.

Solução:

Dados:

Diâmetro = 3,0 mm, Acircular  p  r 2  p  ( D )2 , assim:


2
3
Acircular  p  (3, 0  10 )2
2
Acircular  7, 068  106 m2

Se R = 0, 073 W e

Comprimento de 1, 0 m.

L R A
R  r platina   r platina 
A L
0, 073 W  7, 068  106 m2
r platina 
1, 0 m
r platina  5,16  106 W
m

R: a resistividade do condutor de platina será de 5, 16  106 W


m.
3.

Solução:

Dados:

I = 2400 A
U = 24 V

R pessoa = 100.000 W

311
V 24
I 
R 100.000
I=240  106 A
Logo:

R: a corrente que circulará pelo corpo da pessoa será de 240  106 A .

b. R: não há risco de morte, dado pela corrente de 240  106 A ( 240 µA ) que é muito menor

do que a corrente de 30 mA , porém, salvo essa resposta para a resistência da parte do corpo onde

R = 100.000 W . Em outras regiões do corpo, deve ser recalculado o valor da corrente.

4.

a. Solução:

Dados:

Chuveiro “A” alimentado em 127 V e o chuveiro “B” alimentado em 220 V .

Ambos com potência de 5400 W .

I chuveiro A  5400  42, 51 A


127
I chuveiro B  5400  24, 54 A
220
Dt  15 minutos = 0,25 h  30 dias = 7,5 h/mŒ
s
Pchuveiro A  Pchuveeiro B  5400 W
da�, fica:
E  P  Dt  5400  7, 5  40, 5 kWh
Cálculo do custo ( C ):

C  P  tarifa
C  40, 5  0, 55  22, 27
C  R$ 22,27 por mΠs.
R: os dois chuveiros consomem a mesma energia, pois operam durante o mesmo tempo e fornecem
a mesma potência de 5400 W = R$ 22,27 por mês.

312
b. Solução:

Dados:

I chuveiro
= 5400
= 42, 51 A
A 127
I chuveiro
= 5400
= 24, 54 A
B 220

R: o chuveiro B de 220 V pode ser mais econômico em relação aos condutores da instalação

elétrica, pois podem ser mais finos, uma vez que a corrente que circula é de 24, 54 A em 220 V

, enquanto em 127 V , para a potência de 5400 W , a corrente seria de 42, 51 A , logo com

condutores de maior diâmetro e de custo mais elevado.

Solução:

R: com o devido uso do condutor de aterramento do chuveiro ligado corretamente ao condutor da


instalação (que está conectado ao eletrodo de aterramento), o potencial presente na resistência
não isolada produz corrente elétrica pela água no interior do chuveiro e que flui pelo terminal de
aterramento próximo da resistência.

Caso não haja a conexão do condutor-terra do chuveiro com o condutor de aterramento, a corrente
tende a circular pela água e pelo corpo do usuário do chuveiro, podendo causar choque elétrico.

5.

a. Solução:

Resposta correta: alternativa A.

I = 1, 5 A

P  V  I  5  1, 5  7, 5 W

R: a capacidade de corrente do carregador é de 1500 mA , e a potência máxima é de 7, 5 W .

6.

a. Solução:

P
I  1000 / 220  I  4, 54 A
V
R: a corrente consumida pelo motor do liquidificador alimentado em 220 V será de 4, 54 A .

313
UNIDADE 3

1. Quando um indivíduo entra em contato direto com a rede, há circulação de corrente do ponto de
contato para o aterramento, configurando o desbalanceamento da soma das correntes das fases
e do neutro que devem ser iguais a zero, nesse caso, será diferente de zero e, assim, o dispositivo
aciona seu sistema de proteção que desenergiza imediatamente o ponto de contato.

2. B.

3. A.

4. Os elétrons impulsionados pelo raio tendem a se deslocar até o ponto mais neutro, que normal-
mente é a superfície da terra, assim, é possível que uma pessoa tomando banho em um chuveiro
elétrico sem aterramento possa receber a descarga por estar imersa em água durante a circulação
do fluxo de elétrons quando o raio atinge o poste de distribuição, assim, um chuveiro sem aterra-
mento corresponde a um sério risco de choque elétrico.

5. C. Solução:

Dados:

Potencial do raio: 500.000.000 V

Potência do chuveiro 5400 W

Tensão do chuveiro 127 V

Cálculo da corrente em 127 V :

P 5400
I   I  42, 51 A
V 127
Cálculo da resistência do chuveiro:

V 127
R   R  2, 98 W
I 42, 51
Cálculo da corrente em 500.000.000 V :

V 500.000.000
I   I  1, 67  108 A
R 2, 98

R: A corrente que irá circular pela resistência do chuveiro será de 1, 67 × 108 A .

6. E. Solução:

314
Dados:

I  1, 67  108 A

V  500.000.000  500  106 V

Cálculo da potência dissipada pela resistência quando percorrida por uma descarga de
500.000.000 V :

PD  V  I  500  106  1, 67  108


PD  8, 389  106 W

R: A potência dissipada pela resistência do chuveiro enquanto percorrida pela corrente (que
6
foi impulsionada pela descarga atmosférica de 500.000.000 V ) foi de 8, 389 × 10 W .

UNIDADE 4

1. Dados:

VP = 127 V

VS = 127 V

IS = 2 A

IP = ?

Solução:

VP  I P  VS  I S

VS  I S 12  2
IP    0, 188 A
VP 127
= , 188 A ou I P 189 mA
I P 0=

2. Dados:

Calcule o escorregamento percentual para os casos:

315
a) Motor de VI polos, com 450 rpm de velocidade nominal e acionado com frequência de 60 Hz .

b) Motor de IV polos, com 1450 rpm de velocidade nominal e acionado com frequência de 50 Hz .

Solução:

a) 1º passo: cálculo da velocidade síncrona  N S  para o motor:


De acordo com os dados do exemplo, a frequência da rede de alimentação é de 60 Hz e o nú-

mero de polos é de 6, temos:

120  60
NS   1200 rpm
6
2º passo: cálculo do escorregamento percentual s % do motor com 450 rpm no eixo:

NS  N N 1200  450
s (%)   100   100  62, 5 %
NS 1200
s(%) = 62, 5 %

b) 1º passo: cálculo da velocidade síncrona ( N S ) para o motor:

De acordo com os dados do exemplo, a frequência da rede de alimentação é de 50 Hz e o nú-

mero de polos é de 4 , temos:

120  50
NS   1500 rpm
4
2º passo: cálculo do escorregamento percentual s % do motor com 1450 rpm no eixo:

NS  N N 1500  1450
s (%)   100   100  3, 33 %
NS 1500
s(%) = 3, 33 %

3.

R: As máquinas estáticas apresentam as seguintes características:

• Operam sem partes móveis.


• Exigem baixa manutenção.
• São pouco flexíveis.

316
As máquinas dinâmicas são conhecidas por:

• Possuem partes em movimento.


• Consumirem altos níveis de corrente de partida.
• Permitem economia de energia com acionamentos estáticos.

4. Para reduzir o custo de energia com acionamento de motores de indução trifásicos, é necessário
utilizar chaves de partida estáticas, como inversores de frequência ou soft-starters, pois a partida
suave desse tipo de acionamento reduz a corrente de partida característica das chaves de partida
direta que, normalmente, é de cinco a seis vezes maior do que a corrente nominal do motor utili-
zado em plena carga.

5. Para reduzir o tempo de retorno dos investimentos, seria interessante reduzir a carga tributária que
incide sobre a compra dos painéis solares e demais itens do projeto, assim como a fabricação destes
no Brasil, que possui matéria-prima em abundância para a fabricação dos painéis fotovoltaicos.

6. Primeiramente, é necessário mensurar para sempre controlar. Desta forma, a instrução é: realizar
uma medição sistemática do consumo individual de energia das máquinas da empresa e cruzar o
consumo que cada uma deveria ter em plena carga. Dessa forma, seria possível avaliar qual delas
está com consumo elevado ou necessitando de ações corretivas, pois quando uma máquina consome
mais energia do que o necessário, significa que o seu rendimento está baixo e, consequentemente,
a sua eficiência energética. Isto pode significar a manutenção ou até a troca da máquina.

UNIDADE 5

1. C. Pois, o TCR é o parâmetro utilizado para determinar a estabilidade térmica de um resistor e sua
unidade de medida é ppm / °C .

2. A. Pois a capacitância de um capacitor depende da área de suas placas e da distância que as separa,
além da constante dielétrica que é definida pelo tipo de material que o compõe.

3. B. Pois, diferentemente dos demais diodos, essa tecnologia não possui camada de depleção assim,
este diodo atua em aplicações de alta velocidade.

4. E. Pois, em um transistor bipolar, o ganho de corrente dado em seu coletor depende da corrente da
base, assim, quanto maior a corrente na base, maior a corrente no coletor e, consequentemente,
o efeito emitido pela carga acoplada nele.

5. D. Nos MOSFETs, a camada dióxido de silício isola o gate do canal do transistor e o controle de
corrente ocorre por meio de tensão aplicada no gate.

6. A. As fontes de alimentação lineares possuem transformadores que as tornam mais robustas do


que as fontes chaveadas, porém, por conta da presença do transformador, essas fontes apresen-
tam maior peso e podem sofrer aquecimento que denota o baixo rendimento comparada à opção
comutada em alta frequência.

317
UNIDADE 6

1. B. Para a combinação de entrada 1010 na lógica OU, fica:

1+0+1+0 = 1.

2. D. A comunicação serial síncrona utiliza o clock para sincronizar o envio e o recebimento de dados.
A rede de dispositivos exemplo do protocolo SPI serial.

3. A. A sigla FPGA remete à linguagem de descrição de hardware VHDL, ambiente onde esta tecnologia
pode ser programada.

UNIDADE 7

1. D. “A polarização direta permite o funcionamento dos diodos retificadores e a polarização reversa


dos diodos zener”, uma vez que a tensão zener se dá na tensão reversa do diodo.

2. E. “O transformador rebaixador pode ser utilizado em fontes de alimentação e o dimensionamento


de sua potência depende da tensão fornecida e da corrente consumida pela carga”, uma vez que
a potência é produto da tensão pela corrente.

3. B. “O transformador fornece 12,7 V no enrolamento secundário com potência de 25,4 W”, uma vez
que, se sua relação de transformação é de 10:1, a tensão de 127 V é rebaixada para 12,7 V e com
uma corrente de 2 A, a potência do transformador fica 12,7 x 2 = 25,4 W.

UNIDADE 8

1. C. Dado que, por definição no Brasil, a ABNT define as normas técnicas para atuação em diversas
áreas e, assim, garantir a padronização e compatibilidade com normas internacionais e, com isso,
para que os equipamentos possam atender às exigências técnicas, a exemplo da Anatel, que utiliza
as normas da ABNT para os seus procedimentos de homologação.

2. A. Dado que devido às suas características de implementação de ganho proporcional e de tempos


integral e derivativos, a estratégia de controle PID pode ser implementada com o uso de ampli-
ficadores operacionais, porém, com o advento da eletrônica em sistemas embarcados, o uso de
microcontroladores se faz efetivo nas tecnologias atuais, como controladores dedicados e CLPs,
viabilizado pela flexibilidade do software que permite ajustes e conectividade ao equipamento.

3. D. Dado que, para garantir a padronização e compatibilidade com diferentes controladores e dis-
positivos sensores, os sinais oriundos dos sensores devem ser amplificados para que possam se
adequar aos padrões elétricos do controlador disponível, uma vez que, na maioria dos casos, os
sinais que os sensores obtêm são de pequenas amplitudes de tensão e corrente.

318
UNIDADE 9

1. B.

Solução: sabendo-se que: t  27 C

De acordo com a Equação 1 e dos valores dados para os coeficientes A, B e C :

R(t )  R0  [1  A  t  B  t 2  C  (t  100)  t 3 ]

A = 3, 9083  103 ( C 1 ).

B = 5, 775  107 ( C 2 ).

C = 4, 183  1012 ( C 4 ).

Substituindo os valores na Equação 1, fica:

R(t )  100  [1  3, 9083  103  (27)  (5, 775  107 )  (27)2  (4, 183  1012 )  ((27)  100)  (27)3 ]
A resistência de um RTD de platina para a temperatura de 27 C é R(t ) = 84, 40 W .

2. A. Os transmissores possuem sensores de temperatura em seus circuitos internos para que sejam
capazes de medir o valor da amplitude térmica no local onde estão instalados e realizar a compen-
sação de temperatura automaticamente, dado que a temperatura influencia na leitura da maioria
das variáveis na indústria.

3. E. O sensor de temperatura DS18B20 é um modelo de sensor que utiliza o protocolo de comunica-


ção 1-Wire, que, por meio de um único condutor, envia os dados produzidos pelo sensor, este que
converte a temperatura em sinal digital e o disponibiliza para um microcontrolador.

319
320

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