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QUALIDADE
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Aliciane Kolm
Design Educacional
Deborha Caroline Arrias
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Marcus Vinicius Machado
Distância; PARDO, Paulo.
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Gestão da Qualidade. Paulo Pardo. Ana Carolina Martins Prado
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2022.
Projeto Gráfico
208 p.
Jaime de Marchi Junior
“Graduação - EaD”. José Jhonny Coelho
Arte Capa
1. Gestão. 2. Qualidade . 3. EaD. I. Título. Arthur Cantareli Silva
ISBN 978-85-459-0417-5 Editoração
Matheus Felipe Davi
CDD - 22 ed. 658.5
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Revisão Textual
Talita Dias Tomé
Gabriel Bruno Martins
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Marta Sayuri Kakitani
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Matheus Felipe Davi
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR
GESTÃO DA QUALIDADE
SEJA BEM-VINDO(A)!
Prezado(a) aluno(a) é um grande prazer trabalhar com você esta disciplina tão relevante
para as organizações, que é a Gestão da Qualidade. Este é um tema que a maioria dos
empresários e gestores considera muito bom. Grosso modo, em uma analogia que é
comum no Brasil, é mais ou menos como o futebol, temos milhões de supostos técnicos,
mas faz tempo que não ganhamos um título mundial pela seleção, não é mesmo?
Tratar a qualidade como um tema corriqueiro, que todos dominam, pode guardar um
grande perigo: por não utilizar adequadamente as ferramentas da qualidade, deixamos
de considerar alguns aspectos importantes de controle, que envolvem processos e pro-
dutos que impactam negativamente sobre quem realmente interessa, que são os clien-
tes da organização.
Assim, neste livro consideraremos aspectos fundamentais da Qualidade. Vejamos al-
guns pontos que serão abordados ao longo de nossas cinco unidades:
Na Unidade I, apresentaremos um panorama geral da Gestão da Qualidade, com o históri-
co da qualidade em nível organizacional, como isso afeta os gestores em seu desempenho,
alguns conceitos iniciais sobre ferramentas da qualidade e de certificação da qualidade.
Na unidade II, consideraremos conceitos de padronização e melhoria, fundamentais para
a gestão da qualidade e detalharemos as chamadas 7 ferramentas básicas da qualidade.
A unidade III abordará outras ferramentas da qualidade bastante utilizadas, que facili-
tam o engajamento das pessoas e a confecção de planos de ação e melhorias de pro-
cesso. Apresentaremos, também, o Prêmio Nacional de Qualidade – PNQ, que é o maior
prêmio brasileiro de qualidade.
A unidade IV abordará os processos e os agentes da qualidade, as características de um
modelo de gestão da qualidade e a certificação da qualidade em relação aos benefícios
às partes interessadas.
Finalizando, a unidade V vai tratar da atualização que a norma de qualidade mais utiliza-
da no mundo, a ISO 9001, adotou em 2015. Também consideraremos aspectos relativos
às auditorias de qualidade, a coordenação da qualidade em cadeias de produção e os
custos da qualidade.
São temas relevantes, porém é importante frisar que não têm a pretensão de esgotar
o assunto. A literatura sobre o tema qualidade é ampla, com diversos especialistas es-
crevendo o tempo todo sobre o assunto. Além disso, normas são atualizadas periodica-
mente e é prudente e oportuno manter-nos sempre atentos ao que há de novo nesse
importante universo da qualidade.
Em nome da Unicesumar e da nossa equipe de trabalho, desejamos a você um ótimo
estudo!
Prof. Me. Paulo Pardo.
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
34 Certificação da Qualidade
37 Estudo de Caso
40 Considerações Finais
46 Referências
47 Gabarito
UNIDADE II
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
51 Introdução
52 Padronização e Melhoria
76 Considerações Finais
87 Referências
88 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
FERRAMENTAS DE GESTÃO
91 Introdução
128 Referências
129 Gabarito
UNIDADE IV
133 Introdução
165 Referências
166 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
169 Introdução
201 Referências
203 Gabarito
205 CONCLUSÃO
Professor Me. Paulo Pardo
I
ADMINISTRAÇÃO DA
UNIDADE
QUALIDADE – ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar o histórico da Qualidade.
■ Considerar a importância da Qualidade para os gestores.
■ Conhecer as ferramentas da Qualidade e as certificações da
qualidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Breve histórico da qualidade
■ Abordagem da qualidade para os gestores
■ A gestão pela qualidade total e as ferramentas da qualidade
■ Certificação da qualidade
■ Estudo de caso
15
INTRODUÇÃO
rentemente óbvia, não é tão simples assim definir esse conceito. Na verdade, há
aspectos objetivos e subjetivos ao se tentar definir qualidade.
O fato é que o consumidor entende plenamente o conceito, de acordo com
seu próprio ponto de vista. Ele sabe avaliar rapidamente quando um produto
ou serviço não tem qualidade. Portanto, é preciso enxergar não só aspectos téc-
nicos internos, mas aspectos subjetivos, do ponto de vista do cliente. Porém,
como o gestor pode proceder para entender o que é qualidade do ponto de vista
do cliente? Ouvir o cliente é uma recomendação mais que necessária, de fato, é
vital. Muitas empresas até disponibilizam canais de comunicação com o cliente,
como um Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), mas poucas, de fato, param
para tentar interpretar aquilo que o cliente expressa por meio desses canais. É
preciso mudar essa cultura.
Esse desafio da qualidade já ocupa a literatura da administração há um bom
tempo. Alguns expoentes dessa área são bem conhecidos. Empresas são citadas
como modelo de qualidade, por exemplo, o caso da Toyota. No entanto, todas
as empresas, não importa o porte ou segmento econômico, devem ter a quali-
dade como seu foco de atuação.
Nesta unidade, teremos a oportunidade de rever conceitos fundamentais
sobre a qualidade, seu histórico, suas ferramentas, certificações que estão dis-
poníveis para as empresas e outros fatores muito importantes em sua formação.
Bons estudos!
Introdução
16 UNIDADE I
Caro(a) aluno(a), você certamente concordará que todos nós sabemos o que é
qualidade, não é mesmo? Pois bem, o que é qualidade para você?
Ao fazer essa pergunta para meus alunos, ouço várias declarações interes-
santes, diferentes, embora não conflitantes. Geralmente, as respostas giram em
torno de conceitos já mapeados e expostos por Paladini (2004), tais como:
■ Qualidade é algo abstrato, sem vida própria, indefinido.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Qualidade é algo inatingível, um estado ideal sem contato com a realidade.
■ Qualidade é sinônimo de perfeição.
■ A Qualidade nunca muda.
■ Qualidade é um aspecto subjetivo das pessoas.
■ Qualidade é a capacidade que um produto ou serviço tem de sair con-
forme seu projeto.
■ Qualidade é um requisito mínimo de funcionamento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gigantesca promovida por um grupo de cientistas (entre eles Walter Shewhart,
Harold Dodge, Harry Romig, W. Edwards Deming e Joseph M. Juran) e que pas-
sou a ser conhecida como a Era do Controle Estatístico da Qualidade.
Em 1931, Shewhart publicou o livro “Economic control of quality of manufac-
tured product” em que expunha os princípios do controle da qualidade no processo
produtivo via procedimentos estatísticos (MARSHALL JUNIOR et.al., 2008).
Esse controle foi implementado durante o processo produtivo e não apenas
no final, estruturando, por meio de fluxos de trabalho e as diversas fases da pro-
dução, como o consumo de matéria-prima, insumos, mão de obra, fornecendo
informações sobre anomalias e documentando essas ocorrências para possibi-
litar a tomada de ação pelos gestores.
Também ficou claro que não era prático nem economicamente viável ter um
controle sobre cada produto saído das linhas de produção. Efetuou-se, então, o
método de controle por amostragem, tornando-se mais confiável à medida que
os controles sobre os processos de produção se tornavam mais eficazes.
Marshall Junior et al,(2008) trazem à nossa atenção que, devido ao avanço
desses métodos, várias sociedades de engenheiros dedicados especificamente
à Qualidade foram formadas nos EUA, na Europa e no Japão. Principalmente,
após a II Guerra Mundial, essas sociedades (principalmente a Japanese Union of
Scientists and Engineers - JUSE, no Japão) foram importantes para reconstruir a
indústria japonesa, arrasada pela Guerra.
Bem, o resultado todos nós sabemos. O Japão tornou-se uma potência indus-
trial, tecnológica e, apesar de suas dimensões territoriais serem infinitamente
menores que as do Brasil, estamos a anos-luz do desenvolvimento japonês.
desempenho.
■ Necessidade de envolvimento de todos os funcionários, de todos os níveis
hierárquicos, assim como fornecedores e clientes, nos processos de melho-
ria da qualidade, com o objetivo de obter o comprometimento e a confiança
recíproca.
■ Necessidade de manter e aperfeiçoar as técnicas clássicas da qualidade
existentes.
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Qualidade:
■ Não são os fornecedores do produto, mas aqueles para quem eles
servem – os clientes, usuários e aqueles que os influenciam ou re-
presentam – que têm a última palavra quanto a até que ponto um
produto atende às suas necessidades e satisfaz suas expectativas.
Veja que oferecer um nível de serviços adequado aos nossos clientes não é tarefa
simples. Bem, você já deve estar acostumado com a complexidade, caso seja um
gestor em uma organização. Então, essa afirmação não deve surpreendê-lo(a),
não é mesmo?
O fato é que precisamos compreender, diante das diferentes compreensões
da qualidade que vimos no início desta unidade, como atender às diferentes
expectativas dos nossos clientes.
Podemos começar revisitando algumas definições de qualidade que menciona-
mos no início. Embora bastante diversas, podemos chegar a uma conclusão clara
o que se busca é a satisfação do cliente. Para isso, o produto ou serviço deve ser
adequado ao uso – qualquer que seja – que o cliente pretende dar ao produto ou
serviço. É interessante que a própria ISO adota uma conceituação de qualidade que
vem ao encontro dessa ideia a de que qualidade é o “grau no qual um conjunto de
características satisfaz a requisitos” (ISO, 2005 apud CARPINETTI, 2012, p. 23).
Assim, independente do que você ofereça ao seu cliente, alguns conjuntos
de atributos de seu produto e/ou serviço serão avaliados por ele.
No Quadro 1 a seguir, podemos observar como classificar esses atributos à
luz dos requisitos de qualidade dos clientes ou usuários.
ATRIBUTO DESCRIÇÃO
Desempenho técnico ou Grau com que o produto cumpre a sua missão ou
funcional função básica.
Facilidade ou conveniên- Inclui o grau com que o produto cumpre funções
cia de uso secundárias que suplementam a função básica.
Disponibilidade Grau com que o produto encontra-se disponível
para uso quando requisitado (por exemplo: não está
“quebrado”, não se encontra em manutenção etc.).
Confiabilidade Probabilidade que se tem de que o produto, estando
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disponível, consegue realizar sua função básica sem
falhar, durante um tempo predeterminado e sob
determinadas condições de uso.
Mantenabilidade (ou Facilidade de conduzir as atividades de manuten-
manutenibilidade) ção no produto, sendo um atributo do projeto do
produto.
Durabilidade Vida útil média do produto, considerando os pontos
de vista técnico e econômico.
Conformidade Grau com que o produto encontra-se em conformi-
dade com as especificações de projeto.
Instalação e orientação Orientação e facilidades disponíveis para conduzir as
de uso atividades de instalação e uso do produto.
Assistência técnica Fatores relativos à qualidade (competência, cortesia
etc.) dos serviços de assistência técnica e atendimen-
to ao cliente (pré, durante e pós-venda).
Interface com o usuário Qualidade do ponto de vista ergonômico, de risco de
vida e de comunicação do usuário com o produto.
Interface com o meio Impacto no meio ambiente, durante a produção, o
ambiente uso e o descarte do produto.
Estética Percepção do usuário sobre o produto a partir de
seus órgãos sensoriais.
Qualidade percebida e Percepção do usuário sobre a qualidade do produto
imagem da marca a partir da imagem e reputação da marca, bem como
sua origem de fabricação (por exemplo, “made in
Japan”).
Fonte: Carpinetti (2012, p. 12 e 13).
Perceba, pelo quadro, que a forma como seu cliente avaliará seu produto ou serviço,
ou mesmo as próprias instalações de sua empresa, são dimensões de percepção
diferentes, dependendo do que for considerado. Acredito que você deva ter se sur-
preendido com tantos fatores a serem levados em conta em relação à sua atividade.
Para cada atributo mencionado no Quadro 1, o cliente cria uma expectativa
antecipada, ou seja, antes mesmo de receber o produto ou serviço, o cliente já
o espera com certo nível de exigência. Ao, efetivamente, receber o produto ou
serviço, automaticamente, o cliente fará uma comparação (muitas vezes até imper-
ceptível) em relação ao que esperava. Caso sua expectativa tenha sido atendida,
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ele ficará satisfeito. No caso da expectativa ter sido superada, o nível de satisfa-
ção poderá chegar ao ponto chamado de “encantamento”, um grau elevadíssimo
de satisfação. Por outro lado, caso a sensação do que foi recebido em comparação
com o que era esperado for negativa, é evidente que o cliente ficará insatisfeito e
esse grau de insatisfação pode chegar ao ponto da perda do cliente e, ainda pior,
da replicação dessa insatisfação para outros clientes efetivos ou potenciais. Essa
ideia de comparação entre a expectativa e o atendimento em relação à qualidade
do produto ou serviço recebe o nome de Qualidade Percebida.
A possibilidade de alguns desses itens mencionados não atenderem à expec-
tativa do cliente cria um risco que deve ser gerenciado. Temos que entender
como a Qualidade pode nos auxiliar a enfrentar os desafios e esses riscos exis-
tentes nas organizações, independentemente de seu porte.
Sim, porque o risco de erros, de não conformidades, de retrabalho, de desperdí-
cio e – consequência disso – da insatisfação dos clientes, está presente o tempo todo.
Diante disso, a pergunta inevitável é: o que fazer?
Bem, podemos utilizar os princípios da qualidade para gerenciar esses ris-
cos e atribuir uma confiabilidade maior aos negócios.
Para você entender como um gestor deve lidar com momentos de crise, veja
o roteiro de análise e providências sugerido por Christopher (2007), cujo foco é
uma possível disrupção em um processo logístico, processo básico em qualquer
empreendimento. Esse roteiro encontra-se em nossa Leitura Complementar, ao
final desta unidade.
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de contingências, garantindo a manutenção da qualidade em suas operações.
Antes de utilizar-se de qualquer ferramenta, é importante lembrar que a
Qualidade nas empresas, seja de que forma for, deve ser tratada com uma visão
gerencial, estratégica. Os grandes promotores da Qualidade Total entenderam
isso muito rapidamente.
Para isso, os conceitos de Gestão da Qualidade devem ser compreendidos
em todas as dimensões pelos gestores. Por exemplo, Carpinetti (2012, p. 32)
lembra que Juran (um dos nomes mais importantes na história da Qualidade),
[...] conceituou a GQT (ou TQM- Total Quality Management) como ‘o
sistema de atividades dirigidas para se atingir clientes satisfeitos (deli-
ghted), empregados com responsabilidade e autoridade (empowered),
maior faturamento e menor custo”. Já o Departamento de Defesa dos
EUA conceituou a GQT como “atividades de melhoria contínua envol-
vendo todos em uma organização em um esforço totalmente integrado
na direção da melhoria do desempenho em cada nível da organização.
Esta melhoria de desempenho é direcionada para satisfazer objetivos
como qualidade, custo, prazo, missão e objetivos. [...] Essas atividades
são focadas no aumento da satisfação do cliente/usuário”. Ainda uma
outra conceituação para a GQT diz: “TQM é uma estratégia de fazer
negócios que objetiva maximizar a competitividade de uma empresa
através da melhoria contínua da qualidade dos seus produtos, serviços,
pessoas, processos e ambiente.’
PDCA
A Definir P
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as metas
Agir Métodos
corretamente para atingir
as metas
Verificar os Educar e
resultados treinar
da tarefa
executada
Executar a
C tarefa D
Imagine uma situação em que você, como gestor(a), deseja lançar um ser-
viço a ser ofertado aos seus clientes.
Em Gestão da Qualidade, nada se faz sem Planejamento. Aliás, Planejamento
sempre é a etapa mais importante. Os gurus da Qualidade recomendam que é
justamente nessa fase que deve ser investido o maior percentual do tempo dis-
ponível para o projeto. Assim, aplicando essa recomendação, você planejaria esse
serviço em todas as suas variáveis, tais como a forma como pretende oferecê-lo,
qual público atenderá, quanto custará, onde estará disponível, quem será o res-
ponsável pelo serviço e por que esse serviço seria vantajoso para sua empresa.
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O fato é que problemas todas as organizações têm. Isso porque, para a Gestão
da Qualidade, problema é um resultado indesejado. Assim, por exemplo, um
resultado abaixo de uma meta estabelecida é um problema. Um alto índice de
reclamações dos clientes é um problema. Problemas não devem ser negligencia-
dos, devem sim ser tratados, gerenciados e eliminados quando possível.
Vamos verificar na Figura 2, a seguir, como o PDCA poderia ser utilizado
como ferramenta do MASP.
Figura 02 - Etapas do Método de Análise e Solução de Problemas (MASP)
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PDCA Fluxograma Fase Objetivo
OS SEIS SIGMA
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Uma das ferramentas consideradas mais efetivas é o Seis Sigma (em inglês: Six
Sigma) – uma ferramenta estatística poderosa, que visa identificar variações nos
[...]processos. A meta – muitas vezes inalcançável, porém não abandonada – é
atingir zero de variações.
Conforme Carpinetti (2012), o Seis Sigma nasceu na Motorola, na década
de 1980, e o programa funcionou tão bem que possibilitou à Motorola ganhar
o Prêmio Malcom Baldrige de Qualidade Americana (o mais cobiçado prêmio
de Qualidade do mundo), em 1988. Um engenheiro da Motorola chamado Bill
Smith é tido como o grande responsável pelo desenvolvimento desse programa,
que ganhou o mundo por meio de ex-funcionários da empresa Motorola que fun-
daram a Six Sigma Academy, nos anos 1990. Porém, o termo Seis Sigma é uma
marca registrada da Motorola, que também replica o conhecimento da ferramenta
na Motorola University mediante cursos de capacitação (CARPINETTI, 2012).
Mello (2011) destaca que outras empresas de classe mundial como a Caterpillar,
Citibank, Ford, GE, Nokia, Belgo, 3M e Du Pont também incorporaram a uti-
lização dessa ferramenta, obtendo resultados expressivos. Para se ter uma ideia
de quanto é possível ganhar (muitas vezes por deixar de perder com desperdí-
cios) com o programa Seis Sigma, a Motorola obteve ganhos de 2,2 bilhões de
dólares no período que vai do final da década de 1980 e o início da década 1990
(MARSHALL JUNIOR et al., 2008).
Christopher (2007) explica que o Seis Sigma é uma metodologia de aprimo-
ramento contínuo, direcionada para os dados, que procura controlar processos
e melhorar sua capacidade. A metodologia em si segue o ciclo de cinco etapas
DMAAC (original, em inglês: DMAIC):
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No entanto, a captura dos dados para o controle estatístico é imprescindível, e
esses dados devem ser confiáveis.
Isso porque, conforme Mello (2011), o Seis Sigma busca melhoria dos pro-
cessos com o objetivo de reduzir os defeitos a 3,4 peças por milhão em números
absolutos ou oferecer 99,9997% de aproveitamento, em números relativos. Ou,
dito de outra forma, busca-se praticar o defeito quase zero.
Para conseguir isso, segue-se a ideia de aprimoramento contínuo, conforme
visto anteriormente. Em termos numéricos, o Seis Sigma estabelece os níveis de
aproveitamento demonstrados no Quadro 2, a seguir:
Quadro 2 - Defeitos por milhão e índice de aproveitamento do processo por nível de Sigma
NÍVEL DO PERCENTUAL DE
Nº DE DEFEITOS POR MILHÃO
SIGMA APROVEITAMENTO DO PROCESSO
2σ 308.537 69,15
3σ 66.807 93,32
4σ 6.210 99,379
5σ 233 99,97670
6σ 3,4 99,999660
Fonte: Mello (2011, p. 152).
De acordo com Mello (2011), a maioria das empresas trabalha com nível 3σ, ou
seja, muito abaixo do proposto pelo Seis Sigma.
Um programa como o Seis Sigma exige que a organização pense a qualidade
como uma estratégia da empresa, envolvendo desde seus níveis hierárquicos mais
altos até seus funcionários da operação. Para o Seis Sigma, cada nível hierárquico
PRIORIZAÇÃO DE RISCOS
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operações.
G = Gravidade 3. Redução efetiva no nível de serviço das opera-
ções.
4. Séria deterioração no nível de serviço das ope-
rações.
5. O nível de serviço nas operações é quase zero.
1. Detectabilidade é muito alta.
2. Considerável aviso de falha antes da ocorrência.
PD = Probabilidade de
3. Algum aviso de falhas antes da ocorrência.
detecção
4. Pouco aviso de falhas antes da ocorrência.
5. Detectabilidade é efetivamente zero.
1. Probabilidade de uma vez em muitos anos.
2. Probabilidade de uma vez em muitos meses de
operação.
PO = Probabilidade de
3. Probabilidade de uma vez em algumas semanas
Ocorrência
de operação.
4. Probabilidade de ocorrência semanal.
5. Probabilidade de ocorrência diária.
AS 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE
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CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE
Sem dúvida, você conhece várias empresas que exibem um certificado ISO, como
ISO 9001, 14001 ou outra certificação. O que exatamente é essa certificação e o
que as empresas ganham com isso?
Antes de qualquer coisa, vamos conhecer um pouco mais sobre a Certificação
pela ISO.
ISO é a designação da International Organization for Standardization, enti-
dade fundada em 1946 e que tem sede em Genebra, Suíça. Uma observação:
ISO não é sigla para essa organização, mas vem de um radical grego (“isos”) que
significa igual. Muito apropriado, aliás, pois a ISO objetiva estabelecer padrões
para gestão, produtos e serviços em âmbito internacional.
O principal motivo de existirem normas internacionais é facilitar o comér-
cio entre países, pois esses padrões estabelecem requisitos mínimos esperados
por parte dos consumidores desses países para adquirirem produtos e serviços
oriundos de outros países. É uma forma de auxiliar a transpor barreiras comer-
ciais e tornar o comércio internacional mais justo e seguro.
Com o passar do tempo, normas de várias séries foram editadas, como as focadas
no meio ambiente (série 14000), segurança e saúde ocupacional (série 18000),
produtos alimentícios (série 22000), responsabilidade social (série 26000), segu-
rança da informação (série 27000), gestão de risco (série 31000) e gestão de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por que obter uma certificação pela ISO? Basicamente, uma certificação fun-
ciona como uma espécie de atestado, uma comprovação de boas práticas de
gestão. Uma empresa que trabalha focada na Qualidade buscaria de forma natu-
ral uma certificação de seu Sistema de Gestão da Qualidade, que mostraria para
seu público interessado que, de fato, a empresa tem na Qualidade um de seus
principais pilares, ou, conforme Carpinetti (2012, p. 50),
o sistema da qualidade ISO 9001 se tornou uma referência importante
para as empresas que desejam melhorar sua capacidade de gerenciar a
qualidade, com eficiência e eficácia no atendimento dos requisitos de
seus clientes. Isso porque o modelo de gestão da qualidade estabelecido
pela ISO 9001 requer que a organização estabeleça uma visão sistêmica
de seus processos e atividades de realização de produto para gerenciar
o atendimento dos requisitos dos clientes por todo o ciclo do produto.
A ISO 9001 requer ainda que a organização gerencie seus recursos físi-
cos e humanos para garantir a eficácia do sistema de gestão da qualida-
de e que a direção assuma a responsabilidade pela definição de política
e objetivos da qualidade e análise crítica para melhoria contínua do
sistema da qualidade.
Certificação da Qualidade
36 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Muitos empresários até gostariam de implantar uma ISO e receber a certi-
ficação que lhes dará maior visibilidade e credibilidade, mas ressentem-se
quanto aos custos envolvidos. Para uma pequena empresa, dependendo do
método, se convencional, compartilhado ou on-line, os valores podem girar
em torno de R$45.000,00, R$25.000,00 e R$2.500,00 respectivamente.
Fonte: adaptado de Como funciona... (on-line)1.
ESTUDO DE CASO
onde construiu sua primeira fábrica no Brasil e ali, em 1960, começou a fabricar
seus equipamentos. A primeira máquina produzida foi a Motoniveladora 12E.
Em 1973, adquiriu uma área de quatro milhões de metros quadrados em
Piracicaba, onde instalou sua segunda fábrica, inaugurada em 1976. Como parte
do plano estratégico da Corporação de simplificar processos e reduzir custos,
para aumentar a competitividade de seus produtos no mundo, a Caterpillar
Brasil se modernizou e consolidou, em 1993, suas operações administrativas e
industriais na unidade de Piracicaba. A empresa conta hoje com uma estrutura
fabril moderna, organizada e flexível, que proporciona tecnologia e qualidade
e alta velocidade para atender às necessidades dos clientes. Sua área construída
é de 214 mil de metros quadrados, e possui área total de 3,8 milhões de metros
quadrados. Assim como abriga uma área de demonstração e treinamento para
revendedores e também o Clube dos Empregados da Caterpillar (CEC).
Líder absoluta de mercado em seus segmentos de atuação, a Caterpillar vem
investindo, ao longo dos seus 57 anos de Brasil, em alta tecnologia, adotando os
mais modernos conceitos de excelência para flexibilizar suas operações, produ-
zir cada vez melhor e oferecer produtos e serviços da mais alta qualidade. Esses
investimentos permitiram-lhe desenvolver forte perfil exportador. A empresa
está entre as 30 maiores exportadoras brasileiras.
Sua linha de produtos é composta de 35 modelos de classe mundial entre
escavadeiras hidráulicas, compactadores, carregadeiras de rodas, motonivela-
doras, retroescavadeiras e tratores de esteiras, além de ferramentas e acessórios
especiais para seus equipamentos. Em outubro de 2001, ingressou no mercado
de energia, com a produção de grupos geradores de 36a 750 kVA.
Estudo de Caso
38 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
minou de seu processo produtivo, das peças e dos componentes, as substâncias
nocivas à saúde e à atmosfera, como o cromato de chumbo da tinta, o cádmio
e o amianto das peças e substâncias clorofluorcarbonadas, que prejudicam a
camada de ozônio. Investiu na suspensão das tubulações e tanques de óleos para
evitar possíveis contaminações do solo e do lençol freático. Tem obtido bons
resultados na reciclagem de óleos, papéis, metais e plásticos. Há muitos anos,
co-processa seus resíduos industriais sólidos (lama industrial e borra de tinta)
em fornos de cimento. No ano passado, inaugurou um prédio novo, denomi-
nado Prédio C, que incorpora tecnologias sustentáveis de iluminação, sistema
de reuso de água de chuva, aquecimento solar e ventilação natural. A Caterpillar
reutiliza cerca de 60% da água que consome para fins sanitários e recicla 97%
dos resíduos sólidos gerados.
Entre os diversos projetos que participa, destacam-se a criação da Agenda
21 de Piracicaba e o Projeto Pequeno Cidadão, que, em parceria com o Sesi-
Piracicaba, cuida de 100 adolescentes da região mais pobre do município. Em
sua parceria com a Apae, mantém na fábrica aprendizes que desenvolvem terapia
ocupacional na empresa. É, também, uma grande apoiadora da cultura local. Um
exemplo dessa ação é a instalação da Biblioteca Máquina do Saber no Terminal
Central de Ônibus de Piracicaba, em parceria com o Instituto Brasil Leitor e a
Prefeitura do Município.
Estudo de Caso
40 UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nossas necessidades serão atendidas. Portanto, sob a visão do cliente, a gestão
da qualidade é absolutamente fundamental. Do cachorro-quente da esquina ao
automóvel de luxo, queremos qualidade em tudo. Se você pensar pelo lado do
cliente, é preciso garantir que a qualidade será uma estratégia de sua empresa.
Porém, é preciso interpretar o que é qualidade para seus clientes, ou seja, quais
atributos de qualidade que eles consideram de valor. Essa interpretação exige
conhecimento do comportamento do consumidor. É preciso ouvi-lo, disponi-
bilizando canais de contato, bem como, se possível, até mesmo perguntar a ele
o que considera sendo um atributo de valor.
A segunda ótica é a do gestor. Esse personagem não pode correr um risco
desnecessário de fazer seu negócio fracassar por não conseguir atender às necessi-
dades de seus clientes por absoluta falta de qualidade em seus produtos e serviços.
Assim, a importância da Gestão da Qualidade para os gestores ficou claramente
definida e estabelecida.
Evidentemente que em uma unidade não seria possível nos aprofundarmos
em todos os detalhes das ferramentas da Qualidade que consideramos. Por isso,
teremos em outros estudos uma retomada desses conteúdos, com mais infor-
mações. Porém, mesmo assim, gostaria de pedir-lhe que busque uma ampliação
dessa abordagem. Existem excelentes livros sobre esse tema que devem compor
seus estudos.
Mãos à obra e sucesso!
■ Alternativas limitadas.
■ Associação com áreas geográficas, setores e produtos de alto risco (como guer-
ra ou zonas de enchente, ou setores economicamente abalados como o das
empresas aéreas).
■ Pontos de acesso inseguros para infraestrutura importante.
Observe que o enfoque ainda está nos processos internos e não em eventos potenciais
externos. Sob muitos aspectos, o impacto de uma disrupção não depende da maneira
exata que esses elementos falharam. Caso o seu principal fornecedor falhe por causa de
um incêndio em uma planta, um terremoto, um ataque terrorista ou crise econômica,
talvez você tenha o mesmo plano de resposta.
4. Cenários como modelos
Organizações que apresentam os melhores desempenhos, continuamente, avaliam seus
pontos fortes e fracos criando cenários baseados no espectro total de crises anteriores.
5. Desenvolver respostas
Depois que os executivos avaliam o impacto de cenários alternativos de crises na ca-
deia de suprimentos, eles têm o conhecimento detalhado das vulnerabilidades de suas
operações, e como esses pontos fracos relacionam-se com as metas de desempenho e
receita. O entendimento desses pontos fracos no negócio esclarecerá decisões vitais.
A elaboração de um perfil de riscos também revelará oportunidades para reduzir os ris-
cos e aumentar os ganhos. Planos de atenuação de risco podem ser divididos em duas
amplas categorias: redundância e flexibilidade. Métodos tradicionais de gerenciamento
de riscos dão grande ênfase a soluções redundantes, como aumentar estoque, preparar
backup de TI e de sistemas de telecomunicações, e promover contratos de longo prazo
com o fornecedor. Embora sejam eficazes como proteção contra riscos potenciais, esses
métodos são acompanhados de custos mais elevados que podem, potencialmente, co-
locar as organizações em desvantagem competitiva.
Respostas flexíveis, no entanto, utilizam as capacidades da cadeia de suprimentos que
não só gerenciam o risco, mas, simultaneamente, aumentam a capacidade competitiva
da organização. Exemplos:
■ Design do produto visa à agilidade – componentes compatíveis e diferenciação
postergada.
■ Práticas de manufatura compatíveis, flexíveis e prontamente transferíveis.
■ Redução do lead time – duração e variabilidade.
■ Planejamento dinâmico do estoque.
■ Treinamento polivalente para os empregados.
44
Apollo 13
Ano: 1995
Sinopse: Três astronautas americanos a caminho de uma missão na
Lua sobrevivem a uma explosão, mas precisam retornar rapidamente
à Terra para poderem sobreviver, pois correm o risco de ficarem sem
oxigênio. Além disso, existe o risco de, mesmo retornando, a nave
ficar seriamente danificada, por não suportar o imenso calor na
reentrada da órbita terrestre.
Comentário: Este filme é interessante para estudantes de qualidade,
pois mostra o que pode ocorrer quando falhas não são detectadas. O
custo e consequência das falhas têm potencial desastroso.
Material Complementar
46
REFERÊNCIAS
Referências On-Line
1
Em: <http://certificacaoiso.com.br/iso-9001/como-funciona-certificacao>. Acesso
em: 21 jun. 2016.
2
Em: <http://www.camarapiracicaba.sp.gov.br/camara-destaca-os-60-anos-da-ca-
terpillar-brasil-18169>. Acesso em: 21 jun. 2016.
47
REFERÊNCIAS
GABARITO
1.
■ Era da Inspeção.
■ Era do Controle Estatístico da Qualidade.
■ Era da Garantia da Qualidade.
■ Era da Gestão Estratégica da Qualidade.
2. Probabilidade que se tem de que o produto, estando disponível, consegue re-
alizar sua função básica sem falhar, durante um tempo predeterminado e sob
determinadas condições de uso.
3. Para a Gestão da Qualidade, problema é um resultado indesejado. Assim, por
exemplo, um resultado abaixo de uma meta estabelecida é um problema. Um
alto índice de reclamações dos clientes é um problema. Problemas não devem
ser negligenciados, devem sim ser tratados, gerenciados e eliminados quando
possível.
Professor Me. Paulo Pardo
FERRAMENTAS DA
II
UNIDADE
QUALIDADE
Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar os conceitos de padronização e melhoria.
■ Conhecer as ferramentas básicas da qualidade e apresentar situações
de aplicação das ferramentas da qualidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Padronização e melhoria
■ As ferramentas de gerenciamento da qualidade
51
INTRODUÇÃO
Introdução
52 UNIDADE II
PADRONIZAÇÃO E MELHORIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para que não ocorram essas variações e se reduza a variabilidade dos processos
de produção, a padronização torna-se vital no controle e melhoria da qualidade
nas empresas. Um sistema de qualidade eficiente gera a chamada repetibilidade,
que é obtida por meio de padronização (uma combinação de técnicas na qual se
determinam padrões para os procedimentos operacionais).
Nesse sentido, Marshall Júnior et al. (2008) destacam a fundamental impor-
tância da padronização para as organizações:
A padronização é de fundamental importância para as organizações.
Um dos maiores sucessos da produção em massa, caracterizada pelo
desenvolvimento da linha de montagem da Ford e pela administração
científica da produção, foi a padronização de peças e componentes. A
passagem da produção artesanal para a produção em massa só foi pos-
sível devido ao desenvolvimento de sistemas e padrões que tornaram as
peças e componentes intercambiáveis, podendo ser utilizadas em pro-
cessos seriados (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008, p. 87).
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
53
2. Controle do planejamento;
7. Controle do processo;
Padronização e Melhoria
54 UNIDADE II
12. Treinamento;
É importante destacar que a ISO 9000 não é a única maneira de se atingir a padro-
nização, apesar de ser uma das melhores, ou pelo menos a mais utilizada, tendo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em vista seu caráter de aceitação praticamente universal. Mas há outras formas
para o alcance da padronização de processos, como normas específicas para
diversas áreas, entre as quais se destacam principalmente as telecomunicações e
a automobilística, entre outras. Para que você tenha ideia, Haro e Caten (2003,
p. 1) detalham as seguintes normas relacionadas à indústria automobilística:
QS-9000, das montadoras americanas Chrysler, Ford e General Mo-
tors, a VDA 6, criada pelas montadoras alemãs Volkswagen, Audi e
Mercedes-Benz, a EAQF pertencente às montadoras francesas Renault,
Peugeot e Citroen e a AVSQ da italiana Fiat.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
55
Por conta dessa observação de Montgomery (2004), você pode perceber que a
ISO 9000 não garante, por si só, que não ocorram variabilidades nos processos,
mas certamente auxilia na manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade da
empresa, o que é essencial para outros desdobramentos, como o uso de ferra-
mentas para a promoção e garantia da qualidade. Aí sim teremos condições de
assegurar os padrões exigidos pelos clientes.
Podemos afirmar que a padronização é essencial, pois possibilita uma aná-
lise crítica, além da melhoria dos procedimentos e métodos da empresa, gerando
uma perspectiva concreta do que será analisado e melhorado. Nesse aspecto,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Marshall Júnior et al. (2008, p. 88) afirmam que “a trilogia Juran contempla, de
certa forma, a importância da padronização e da melhoria”.
A TRILOGIA DE JURAN
Padronização e Melhoria
56 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cumprimento dos objetivos definidos no planejamento durante as operações. De
acordo com Marshall Júnior et al. (2008), esse processo consiste nos seguintes passos:
■ Avaliação do desempenho.
■ Comparação do desempenho obtido com as metas.
■ Atuação a partir das diferenças.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
57
Planejamento da
Qualidade
Custo da Má Controle da
Qualidade Qualidade
Melhoria da
Qualidade
Zona Original
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do Control
de Qualidade
(CQ)
Nova Zona
Desperdício do CQ
Crônico
(oportunidade de
melhorias)
Início das
Operações
Marshall Júnior et al. (2008, p. 90) destacam que “o diagrama da trilogia de Juran
é um gráfico com as variáveis tempo no eixo horizontal e custo da não-qualidade
(deficiências da qualidade) no eixo vertical”.
Analisando o diagrama demonstrado anteriormente, observamos que a ati-
vidade inicial é o planejamento da qualidade, quando se determina quem são
os clientes e as suas necessidades. Na sequência, são desenvolvidos os projetos
de produto e processo associados capazes de atender a essas necessidades. Por
fim, os colaboradores são capacitados a implementar os planos (MARSHALL
JÚNIOR, et al., 2008).
A Figura 1 aponta que 20% do trabalho deve ser refeito como resultado da
não-qualidade. Esse desperdício pode se tornar crônico se houver deficiências
apresentadas no processo de planejamento.
Padronização e Melhoria
58 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
números sobem, significa que a situação piora. A redução do custo da não-qua-
lidade é decorrente da redução das deficiências dos processos (MARSHALL
JÚNIOR et al., 2008).
De acordo com Juran (1992, p. 9), “a qualidade pode ser definida segundo
dois contextos: a) sob a ótica de resultados e b) sob a ótica de custos”. Dessa
forma, é importante percebermos que a qualidade menor gera diminuição dos
resultados e uma maior qualidade implica em custos.
AS FERRAMENTAS DE GERENCIAMENTO DA
QUALIDADE
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
59
6. Fluxograma.
7. Gráfico de Controle.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conforme Shiba, Graham e Walden (1997), para que a análise das causas
seja passível de ensino e difusão, deve existir um claro processo pelo qual você
possa considerar causas possíveis de um dado problema. Esse processo gira jus-
tamente em torno da construção de um diagrama de causa e efeito.
Na Figura 2, apresenta-se visualmente o diagrama de causa e efeito:
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que têm algum vínculo com o processo que está sob análise. Assim, garante-se
que não se excluirá nenhum aspecto relevante.
É importante lembrarmos de que o gerenciamento envolve o entendimento
de processos, ou seja, um conjunto de entradas é transformado em um conjunto
de saídas. Assim, poderíamos pensar em um gráfico de causa e efeito desde sua
concepção, como um processo, ilustrado na Figura 3, a seguir:
Figura 3 - Diagrama de causa-e-efeito ilustrando um processo
Processos
Causas EFEITO
Mão de obra Métodos ou
Máquina
Pessoas Procedimentos
RESULTADOS
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
63
FOLHA DE VERIFICAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para uma aplicação efetiva das ferramentas da qualidade, é essencial que se tenha
em mãos dados confiáveis, que possam ser tratados e transformados em informa-
ções que subsidiarão a tomada de decisão. Para coletar dados, uma importante
ferramenta da qualidade disponível é a Folha de Verificação.
Para Werkema (2006), a Folha de Verificação é uma ferramenta gerencial
importante e representa um meio de facilitar, organizar e padronizar a coleta e
registro de dados, para que a sua posterior compilação e análise sejam otimiza-
das. Uma Folha de Verificação é um formulário, no qual estão impressos os itens
a serem examinados, para facilitar a coleta e o registro dos dados.
Trivellato (2010, p. 27) destaca os principais objetivos na utilização da Folha
de Verificação:
■ Facilitar o trabalho de quem realiza a coleta de dados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
veiro
6. Defeitos no sistema tele-
9
fônico
7. Falta de toalhas ou co-
10
bertas
8. Outras categorias 20
Total 78
Fonte: Marshall Júnior et al. (2008, p. 109).
HISTOGRAMA
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
65
Classes Frequência
0-3 2
4-7 10
8-11 24
12-15 13
16-19 12
20-23 4
24-27 2
28-31 3
Total 70
Fonte: Barros e Bonafini (2014, p. 45).
Figura 6 – Histograma
Frequência
30
25 24
20
15
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
13
12
10
10
5 4
2 2 3
0 Classes
0-3 4-7 8-11 12-15 16-19 20-23 24-27 28-31
GRÁFICO DE PARETO
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
67
Com base nos dados coletados de um problema, uma vez tabulados, é pos-
sível construir uma ferramenta gerencial muito útil, chamada de gráfico de
Pareto. Esse gráfico é composto de barras verticais que ordenam as frequên-
cias das ocorrências de uma determinada característica a ser medida da maior
para a menor, permitindo a priorização dos problemas. Ele dispõe as informa-
ções de uma maneira que as torna claras, facilitando a priorização das ações e
permitindo ao gestor focar nos problemas realmente merecedores de atenção
(WERKEMA, 2006).
Marshall Júnior et al. (2008) destacam que o Gráfico de Pareto é elaborado
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
0 0%
Longas filas Lent. caixas Gerente Outros
Sendo que o gráfico para efeitos pode ser utilizado para ordenar problemas nas
cinco dimensões da Qualidade Total:
■ Qualidade: por exemplo, número de devoluções de produtos, nú-
mero de reclamações de clientes, percentual de produtos defeitu-
osos, etc.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
69
DIAGRAMA DE DISPERSÃO
30
por funcionário/mês
25
20
15
10
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5
0
0 5 10 15 20 25
Marshall Júnior et al. (2008) advertem que esse diagrama serve apenas para
demonstrar a intensidade da relação entre as variáveis selecionadas, não garan-
tindo que uma variável seja causa de outra, ou melhor, não garantindo a relação
causa-efeito. Dependendo da dispersão apresentada no diagrama, é possível a iden-
tificação dos diferentes níveis de correlação: positiva, negativa ou sem correlação.
Os gráficos ou diagramas de dispersão podem ter diversos comportamentos,
dependendo se as variáveis analisadas tem correlação ou não e se uma possível
correlação é forte, fraca ou nula. Veja, na Figura 9, a seguir, os possíveis resulta-
dos de um gráfico de dispersão.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
71
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FLUXOGRAMA
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
73
FLUXOGRAMA
Início
Definição de expectativas
técnicas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Apresentação da proposta ao
cliente Não
Sim Sim
FIM
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Início
Acordar
Tomar café
Não Sim
Assistir à TV Dia de sol? Ir à praia
Almoçar
Não Sim
Jogar futebol Cansado? Cochilar
Passear
Jantar
Dormir
Fim
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
75
Veja que nosso exemplo é bastante simples, mas poderíamos aplicar para qual-
quer processo.
CARTAS DE CONTROLE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para a elaboração da carta de controle deve-se calcular estatisticamente o limite
superior (LSC), o limite inferior (LIC) e a média (M) de um processo. Os dados
do processo, dentro desses limites, caracterizarão, na maior parte das vezes, que
ele está estatisticamente sob controle (estável) e que as flutuações são consisten-
tes e inerentes ao processo. Os dados fora desses limites caracterizam ocorrências
indesejáveis, merecedoras de uma análise pormenorizada (MARSHALL JÚNIOR
et al., 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), esta unidade foi muito proveitosa para conhecermos algu-
mas ferramentas da Qualidade que são intensamente utilizadas no gerenciamento
de organizações.
Ao lidar com o gerenciamento da rotina, é importante garantir que os pro-
cessos sejam estáveis, que contribuam para a previsibilidade dos resultados. Essa
previsibilidade é importante para assegurar a qualidade que, em última instân-
cia, é julgada pelo cliente final.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
77
É evidente que o cliente interno também se beneficia por ter processos roti-
nizados e controlados. Esse benefício advém do fato de que as tarefas dentro de
um processo serão encadeadas com qualidade entre os diversos envolvidos na
execução. Todos serão responsáveis em assegurar a qualidade e não apenas um
setor ou departamento.
Importante destacar que as ferramentas apresentadas serão mais eficazes
quanto maior for a aderência às premissas de sua utilização, ou seja, utilizar as
ferramentas certas no momento certo.
Vale lembrar, também, que várias dessas ferramentas utilizam-se de princí-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pios estatísticos. Por conta disso, alguns gestores exercitaram seus conhecimentos
nesse ramo das ciências matemáticas ou aprimoraram-se na utilização de aplica-
tivos informatizados que lhes deem condições de trabalharem com os números
gerados.
De qualquer forma, tanto do ponto de vista acadêmico, de geração e disse-
minação do conhecimento, quanto da gestão efetiva das organizações, na busca
constante por resultados positivos das operações, obter o conhecimento a res-
peito dessas ferramentas é fundamental.
Não há pretensão de esgotar o assunto, até mesmo porque são inúmeras as
publicações sobre o tema em livros, revistas especializadas e artigos científicos.
Você realmente precisa desenvolver o hábito de complementar seus conheci-
mentos com pesquisas adicionais. Bons estudos!
Considerações Finais
78
Passo 1 - com base nas informações obtidas na folha de Pareto do nosso exemplo, reali-
zar a soma dos dados para cada tipo de problema.
RECLAMAÇÃO FREQUÊNCIA
Lentidão nos caixas 194
Longas filas 337
Dificuldade para falar com o gerente 49
Outros 20
81
RECLAMAÇÃO FREQUÊNCIA
Longas filas 337
Lentidão nos caixas 194
Dificuldade para falar com o gerente 49
Outros 20
Soma das ocorrências 600
Passo 4 - verificar o percentual por tipo de reclamação. Neste caso, multiplica-se o nú-
mero de reclamações por filas longas (337) por (100), dividido pela soma total de ocor-
rências (600).
82
F R E Q U Ê N C I A % DA
RECLAMAÇÃO FREQUÊNCIA
ACUMULADA FREQUÊNCIA
Longas filas 337 337 56.16
Lentidão nos caixas 194 531 32,33
Dificuldade para falar com o
49 580 8,16
gerente
Outros 20 600 3,33
Soma das ocorrências 600 2048 99,98% = 100%
Passo 5 - verificar o percentual acumulado por tipo de reclamação. Neste caso, multi-
plica-se o número de reclamações por filas longas acumuladas (337) por (100), dividido
pela soma total de ocorrências (2048).
% DA
FREQUÊNCIA % DA
RECLAMAÇÃO FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA
ACUMULADA FREQUÊNCIA
ACUMULADA
Longas filas 337 337 56.16 16.45%
Lentidão nos caixas 194 531 32,33 26,93%
Dificuldade para falar
49 580 8,16 28,32%
com o gerente
Outros 20 600 3,33 29,20%
Soma das ocorrências 600 2048 99,98% = 100% 100,9% = 100%
Agora, com estes dados, já podemos construir o gráfico de Pareto, veja nosso exemplo
no Gráfico 2.2.
83
400 100%
350 90%
80%
300
70%
250 60%
200 50%
50 40%
30%
100
20%
50 10%
0 0%
Longas filas Lent. caixas Gerente Outros
Apesar de os dados da Tabela 2.4 serem bem significativos, o Gráfico 2.2 oferece me-
lhor visualização da escala de importância dos dados. A grande utilidade desse tipo de
gráfico é mostrar os dados de forma rápida e objetiva, sem a necessidade de grandes
análises, o que toma o processo decisório em relação ao problema mais rápido.
De acordo com Campos (1992, p. 199), o método da análise de Pareto permite:
■ Dividir um grande problema com um grande número de problemas menores,
que são mais fáceis de serem resolvidos.
■ Como o método de análise de Pareto é baseado sempre em fatos e dados, ele
permite priorizar projetos.
■ Da mesma forma, o método permite o estabelecimento de metas concretas e
atingíveis.
Para que fique mais clara a funcionalidade desse método, observe o esquema represen-
tado na Figura 2.11:
84
Perceba que o método pode abarcar uma série imensa de situações que um gestor se
depara, utilizando-o desde o planejamento até a solução de problemas da rotina do
dia-a-dia.
Fonte: Barros e Bonafini (2014, p. 48-51).
MATERIAL COMPLEMENTAR
A utilização de ferramentas da qualidade resolve, segundo algumas pesquisas, até 95% dos
problemas de gestão de uma organização. No artigo que você encontrará no link a seguir,
demonstra-se com detalhes a utilização das chamadas 7 ferramentas da qualidade. Não deixe de ler!
Em: <http://www.citisystems.com.br/7-ferramentas-da-qualidade/> .
Gestão da qualidade
Isnard Marshall Júnior et al.
Editora: FGV
Sinopse: O livro nos oferece uma ampla noção sobre importância da gestão
da qualidade para as organizações. Conceitos fundamentais, modelos de
gestão, estratégias para padronização e melhoria de sistemas, ferramentas
para gerenciamento e aperfeiçoamento de processos organizacionais são
apenas alguns dos importantes assuntos abordados.
87
REFERÊNCIAS
Referências On-Line
1
Em:<www.fnq.org.br>. Acesso em 29 mai. 2016.
GABARITO
1. alternativa A.
2. alternativa C.
3. alternativa E.
4. alternativa A.
Professor Me. Paulo Pardo
III
UNIDADE
FERRAMENTAS DE GESTÃO
Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer outras ferramentas da gestão de Qualidade.
■ Apresentar métodos específicos de gestão da Qualidade.
■ Explorar os fundamentos do Prêmio Nacional da Qualidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Outras ferramentas da qualidade.
■ Os métodos específicos de gestão.
■ O Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ
91
INTRODUÇÃO
Introdução
92 UNIDADE III
ESTRATIFICAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em uma organização, por vezes, um resultado indesejado pode ser reflexo de
um processo que faz parte de um sistema muito maior. Porém, como saber qual
processo contribui para esse problema? O gestor pode colher informações e tabu-
lá-las, de forma a conseguir ter um cenário detalhado, usando para isso uma
ferramenta da qualidade, conhecida como estratificação.
Trivellato (2010, p. 26) afirma que a ferramenta de estratificação “é a divi-
são de um determinado grupo de dados em diversos subgrupos de acordo com
fatores desejados, os quais são conhecidos como fatores de estratificação”. Se o
gestor avaliar as causas que exercem influência nos processos de produção que
podem causar algum tipo de variação, esses serão considerados possíveis fatores
de estratificação. Alguns fatores são classificados como fatores naturais para a
estratificação, ou seja, naturalmente têm impacto sobre os processos de produção,
tais como: turnos, máquinas, tempo, métodos, pessoas, medidas, matéria-prima,
condições ambientais, entre outros.
Nesse sentido, Marshal Júnior et al. (2008, p. 107) exemplificam:
Pode-se imaginar como informação global o número de acidentes em
uma indústria. Essa informação não ajuda a compreender o problema.
Quando o total de ocorrências é estratificado por departamento, turno,
por dia da semana, por tipo, por categoria, entre outras classificações
(estratos), porém, fornece valiosas informações sobre onde, efetiva-
mente, ocorre o problema para que este seja, então, tratado de forma
sistemática.
FERRAMENTAS DE GESTÃO
93
Estratificação
Nº de acidentes: 180
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
100
90
60
50
30 30
A B C X Y Z
Turnos Departamentos
Fonte: Marshall Júnior et al. (2008, p. 107).
planta de produção
1ª estratificação
setor de montagem setor de pintura
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das borrachas dos vidros da porta da porta
2ª estratificação
Fonte: Seleme e Stadler (2012, p. 67).
Pearson (2011) destaca que a estratificação é uma das mais simples ferramentas
da qualidade de que se dispõe para diagnósticos gerenciais. Pode-se, por exem-
plo, em uma vinícola, saber a quantidade de uvas que um trabalhador pode
colher ao longo de um dia de trabalho. Se estratificarmos mais, por exemplo,
dividindo os trabalhadores em mulheres e homens, por turnos de trabalho, por
meses do ano etc. Até chegar ao ponto de identificar que um desvio de produti-
vidade é causado por condições ergonômicas inadequadas no posto de trabalho.
Muito útil, não acha?
BRAINSTORMING E VARIAÇÕES
FERRAMENTAS DE GESTÃO
95
■ liberação da criatividade;
■ capacidade de síntese;
■ delimitação de tempo;
ETAPA DETALHAMENTO
O grupo deve ser composto por um líder que conheça o
problema e/ou necessidade, um secretário que anotará as
1. Definição da ideias na medida que surgem, pessoas ligadas à solução do
equipe problema e pessoas de outros setores que possam auxiliar
de forma criativa. Este grupo geralmente não ultrapassa 12
pessoas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O líder, na abertura da reunião, define as regras acerca da
metodologia a ser adotada, definindo se utilizará a forma
estruturada ou a não estruturada, introduz o tema a ser
2. Introdução do trabalhado, mostrando a importância que cada participante
tema tem no processo, e pergunta se todos entenderam; caso
haja necessidade, o problema pode ser redefinido e ele pede
que todos estejam concentrados nos objetivos e participem
efetivamente.
Permite-se um tempo para pensarem acerca do problema e
para que comecem a coleta de ideias, na qual cada partici-
pante vai falando e suas ideias são anotadas no flip-chart
3. Geração de
pelo secretário. Essa parte da dinâmica deve durar até o
ideias
esgotamento das ideias. O líder deve estar atento para que
o assunto a ser abordado não seja desviado, prejudicando o
resultado esperado.
Nesta etapa, o grupo deverá remover as ideias que não aju-
4. Análise e sele- dam na busca do resultado e agrupar as que serão aproveita-
ção de ideias das, observando que a participação no grupo é igualitária e
não devem prevalecer as monopolizações e imposições.
5. Priorização das As ideias relacionadas como importantes devem ser hierar-
ideias quizadas, permitindo que sejam realizadas.
Fonte: baseado em Custódio (2015).
FERRAMENTAS DE GESTÃO
97
A MATRIZ GUT
MATRIZ GUT
Problemas G U T GxUxT
1. Concepção do imóvel em não-confor-
5 4 1 20
midade com as expectativas do mercado.
2. Demora na formação do grupo de
5 5 4 100
investidores.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3. Retração dos investidores por tendên-
4 3 3 36
cias macroeconômicas
4. Desistência de 25% dos investidores
5 5 2 50
durante a execução da obra.
5. Esfriamento do mercado imobiliário. 4 3 3 36
6. Mão de obra adequada não disponível
5 5 3 75
no momento requisitado.
7. Planejamento de custos inconsistente,
4 3 3 36
com incorrência em gastos não-orçados.
8. Planejamento de compras inconsisten-
5 3 2 30
te.
9. Aumento do preço de insumos básicos
5 5 4 100
e de acabamento.
10. Longos períodos de chuvas. 4 3 2 24
FERRAMENTAS DE GESTÃO
99
5W2H
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
How much? Quanto custa? Quanto vai custar? O valor
FERRAMENTAS DE GESTÃO
101
Quadro 5 – 5W2H
PLANO DE AÇÃO
Dessa forma, todo o plano de ação estará mapeado, com um cronograma defi-
nido, responsáveis designados, custos estabelecidos, motivo para que a ação seja
executada e a descrição de ação detalhada.
É uma ferramenta poderosa para qualquer tipo de plano de ação, seja para
um planejamento estratégico, tático ou operacional de uma organização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse sentido, os mesmo autores destacam os principais métodos específicos de
gestão: 5S, seis sigma, desdobramento da função qualidade (QFD), benchmarking,
reengenharia e análise de valor, cujo detalhamento será apresentado a seguir.
O PROGRAMA 5S
Essa ferramenta, que possui um poder muito grande de engajamento dos cola-
boradores, pode ser também considerada uma espécie de filosofia de ação e
comportamento pessoal e organizacional. Por conta disso, é chamada de pro-
grama, pois não há uma data para seu encerramento, como um processo. Ao
contrário, a ideia é internalizar os princípios de forma tal que se tornem hábitos
a serem praticados todos os dias, não só no ambiente organizacional, mas tam-
bém na vida pessoal dos colaboradores.
Shigunov Neto e Campos ([s/d], p. 98) esclarecem que:
O 5S é uma ferramenta básica da qualidade, mas também pode ser
considerada um processo educacional de conscientização da Qualida-
de Total, pois trabalha-se essencialmente com educação e conscienti-
zação. Dessa forma, trata-se de um processo simples, mas que produz
resultados contínuos e duradouros. Apresenta uma dimensão educati-
va, pois envolve mudanças de hábitos e comportamentos; entretanto,
é necessária a participação e o envolvimento de todos os membros da
organização para que apresente os resultados esperados.
FERRAMENTAS DE GESTÃO
103
Combater o desperdício, no caso japonês, era vital. Afinal, o país com uma dimen-
são territorial reduzida frente à sua população, literalmente não pode desperdiçar
nada. Esse combate ao desperdício é uma doutrina, um fundamento basilar na
forma de gestão ao estilo japonês.
Silva (1996, p. 34 apud SHIGUNOV NETO ; CAMPOS, [s/d], p. 99) res-
salta que
O 5S é simples, mas um famoso escritor já disse: “ser simples é a coi-
sa mais difícil do mundo”. O 5S é profundo, pois a sua prática pode
resultar em mudanças na maneira de se perceber o trabalho e realçar
a responsabilidade de cada um na criação da qualidade de vida. Ele é
fácil de começar, difícil de manter mas, sobretudo, é altamente organi-
zador, mobilizador e transformador do potencial humano latente nas
organizações.
O 5S são cinco palavras em japonês iniciadas naquela língua com o som da letra
“S”, mas que, se traduzidas para o português, não teriam essa letra no início da
palavra. Assim, para manter a ideia do 5S, foi acrescentado a palavra “senso” no
início de cada expressão, o que é apropriado, de acordo com Shigunov Neto e
Campos ([s/d], p. 98), pois “a palavra senso deriva do latim sensus e significa a
faculdade de apreciar, julgar. Usualmente apresenta a denotação popular de valor
moral, intrínseco a uma pessoa”.
Vamos conhecer essas expressões e seus significados.
Quadro 6 - Os 5S e seus significados
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PALAVRA SENSO EM
APLICAÇÃO
ORIGINAL PORTUGUÊS
Consiste na separação dos objetos, materiais e fer-
ramentas inúteis das úteis. Este senso possibilita a
separação das coisas utilizáveis em uma atividade
Senso de ou processo daquelas que não são utilizáveis nesse
Seiri
utilização mesmo processo. Neste senso, geralmente as áreas
delimitam um espaço para a colocação de todos os
objetos, materiais e ferramentas disponibilizados, sem
que sejam de descarte definitivo.
Somente será organizado no ambiente de trabalho
aquilo que foi separado para uso da atividade ou do
processo. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu
Senso de lugar. Obedece-se ao critério de priorização no qual
Seiton
organização o que é de uso constante é guardado perto e de fácil
acesso ergonômico, o que é de uso semanal, um pouco
mais distante, e os de uso esporádico, mais distante
que os primeiros.
Não basta estar limpo, tem que parecer limpo. A ação
de limpeza deve ser uma operação de inspeção de
Senso de
Seiso desvios no que se limpa, todos os desvios, quebras e
limpeza
anomalias devem ser tratados para a manutenção da
condição ideal de trabalho.
Agora que só está no local aquilo que se utiliza, cada
Senso de
coisa tem seu lugar e está limpa e pronta para uso.
Seiketsu padroniza-
Elaboram-se padrões para manutenção da organização
ção
e limpeza, definindo, identificando e ilustrando.
FERRAMENTAS DE GESTÃO
105
Seiri - Utilização;
Seiton - Ordenação;
Seisou- Limpeza;
Seiketsu - Conservação.
SEIS SIGMA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
aplicam essa técnica. Mas, atualmente, até empresas de porte médio ou até peque-
nas empresas aplicam a ferramenta com excelentes resultados.
Como poderíamos definir o Seis Sigma? Lélis (2012, p. 113) assim a define:
É um método que tem o objetivo de melhorar os produtos e os processos
até reduzir os defeitos a 3,4 peças por milhão. Em outras palavras, se
inspecionássemos 1 milhão de peças, uma a uma, só encontraríamos
3,4 peças defeituosas. É uma meta bem ousada, não é mesmo? Isso
significaria ter uma produção com 99,9997% de aproveitamento. Esta-
mos falando, na prática, de defeito quase zero.
Sigma é uma letra grega δ, que é utilizada para indicar variação em um processo.
O princípio é relativamente simples: quanto maior o valor do sigma, menos
variação o processo terá, implicando em uma confiabilidade maior e melhor
aproveitamento. Lélis (2012) ressalta que as empresas, de forma geral, trabalham
com um nível de 3 Sigma, bem distante do objetivo “quase zero” que é proposto.
O resultado são processos medianos e não de excelência.
Veja isso exemplificado na Tabela 1, a seguir, nos níveis de erros por milhão
em cada um dos Sigma:
FERRAMENTAS DE GESTÃO
107
Sem dúvida, avançar nos níveis dos Sigma envolve investimentos muitas vezes
significativos por parte das organizações. Por conta disso, é preciso avaliar o
custo/benefício desse investimento.
DMAIC
Na primeira fase (D, definir), a equipe do projeto entra em acordo sobre o que o
projeto é e o que se pretende como resultado dele. Todos na equipe devem estar
cientes de qual é o problema e como os clientes estão sendo afetados por ele.
Nesta fase, todos precisam definir com total exatidão o escopo do projeto, bem
como qual é exatamente o benefício que esperam.
Na segunda fase (M, medir), todos precisam estar cientes de que a medição é a
razão de ser o programa seis sigma e que uma medição bem feita, com indica-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dores apropriados, é o caminho para o sucesso do projeto. Os indicadores é que
vão permitir mensurar qual a real situação do problema antes do projeto e após
o projeto terminar. Os indicadores é que demonstram as melhorias implementa-
das nos processos. As principais ferramentas utilizadas nesta fase: brainstorming,
estratificação, folha de verificação, gráfico de Pareto, carta de controle e histogra-
ma.
O objetivo da terceira fase (A, analisar) é confirmar a validade de todos os indi-
cadores levantados na fase anterior e usar esses dados para confirmar a fonte de
atrasos, desperdícios e falta de qualidade. Nesta etapa também são verificados
os padrões que serão seguidos na fase seguinte, melhoria. As principais ferra-
mentas utilizadas nesta fase: fluxograma, mapa de processo, histograma, estrati-
ficação, brainstorming, diagrama de causa e efeito e diagrama de afinidade.
A próxima fase (I, melhorar) objetiva fazer as mudanças necessárias no processo,
de maneira que este atenda aos objetivos previstos na primeira fase. É prudente
não modificar todas as atividades do processo-alvo e sim fazer o teste em um
processo piloto, no qual as oportunidades de melhoria poderão ser bem acom-
panhadas, evitando que haja qualquer desperdício se as propostas de mudança
não atingirem os seus objetivos. Principais ferramentas utilizadas nesta fase:
brainstorming, diagrama de causa e efeito, diagrama de afinidades e 5W2H.
A última fase é a mais importante, pois ela permitirá a continuidade do progra-
ma de melhoria. Na fase C (controlar), precisa-se ter a certeza de que os ganhos
serão preservados. Para que isso seja possível todos os procedimentos deverão
ser documentados, bem como os resultados quantificados e, preferencialmente,
convertidos em moeda forte, para que todos tenham consciência das vantagens
de um projeto bem-sucedido. As principais ferramentas utilizadas nesta fase: grá-
fico de Pareto, histograma, Poka-Yoke e cartas de controle.
FERRAMENTAS DE GESTÃO
109
QFD
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ aumentar a satisfação de clientes e ampliar a base de conhecimento
dos participantes do projeto de QFD.
BENCHMARKING
FERRAMENTAS DE GESTÃO
111
Dessa forma, a organização buscará em outra organização, que pode ser, mas
não necessariamente, sua concorrente, a avaliação de produtos, serviços, proces-
sos que sejam considerados de excelência e que possam servir como referenciais
para o aprimoramento da organização que está em processo de benchmarking.
Custódio (2015, p. 74) classifica o benchmarking em duas vertentes:
■ Benchmarking competitivo – em que as comparações se dão di-
retamente entre organizações concorrentes ou com mercados si-
milares;
PASSO DESCRIÇÃO
1 Identificar os problemas a serem resolvidos.
2 Separar os processos que estão gerando problemas.
3 Identificar organizações que resolveram problemas semelhantes.
4 Elaborar um plano para obtenção de dados (pesquisa/observação).
5 Coletar os dados das organizações escolhidas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Montar uma equipe para proceder à análise das informações e da
6
adaptação
7 Elaborar um plano de ação adaptado às necessidades.
8 Treinar a equipe e implementar o plano de ação.
9 Monitorar os resultados.
10 Realizar nova comparação para a verificação do benchmarking.
A aplicação dessa ferramenta deve ser avaliada com critério, pois obter infor-
mações de outras empresas deve ser conduzido de forma ética, transparente e
de forma tal que as informações obtidas possam ter referências mensuráveis que
possibilitem comparativos com as práticas atuais.
REENGENHARIA
FERRAMENTAS DE GESTÃO
113
A reengenharia pode ser vista como um conjunto de medidas que visam, quando
bem empregadas, à otimização dos métodos e processos organizacionais, redu-
zindo custos e aumentando a produtividade de forma radical. A reengenharia
repensa a maneira de desenvolver o trabalho dentro das empresas e não simples-
mente a melhoria dos processos existentes. Muda o processo completamente para
que fique lógico, eficiente e orientado pela vocação das organizações (MARSHALL
JÚNIOR et al., 2008, p. 154).
ANÁLISE DE VALOR
De acordo com Marshall Júnior et. al. (2008, p. 155), “no fim dos anos 1940, o
engenheiro Lawrence Miles desenvolveu um conjunto de técnicas apoiadas na
observação das funções dos produtos”. Nesse sentido, o mesmo autor destaca as
peculiaridades da análise de valor:
Sua concepção foi criar um método de trabalho que, independente-
mente de causas externas – como a escassez de produto, levasse as em-
presas a pensar, de forma sistemática, no processo de fabricação de seus
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
produtos, nos componentes existentes neles, nas funções desempenha-
das, procurando, em última análise, otimizar os resultados, mediante a
redução dos custos de fabricação, mas sem nunca deixar de atender às
funções essenciais, ou, melhor dizendo, sem perder a qualidade (MAR-
SHALL JÚNIOR et. al., 2008, p. 155).
FERRAMENTAS DE GESTÃO
115
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por meio da troca de informações com aproximadamente 50 fundações inter-
nacionais com prêmios similares ao brasileiro.
O PNQ estimula a melhoria da qualidade da gestão das organizações brasi-
leiras, reconhecendo anualmente aquelas que atingiram o nível de desempenho
“classe mundial”, ou seja, as organizações que se destacaram pela excelência dos
produtos e serviços brasileiros, divulgando as práticas exemplares de gestão e,
consequentemente, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do povo
brasileiro (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008).
Várias empresas já foram premiadas pela excelência em gestão de acordo
com os critérios do PNQ, estando nesse rol as seguintes organizações:
■ Albras Alumínio Brasileiro S.A. – categoria grandes empresas –
PNQ 2007;
FERRAMENTAS DE GESTÃO
117
PROCESSO DE PREMIAÇÃO
Segundo Marshall Júnior et al. (2008, p. 49), para o Prêmio Nacional da Qualidade
de 2008, os diversos setores e ramos de atividades foram subdivididos em cinco
categorias de premiação (candidatura), de acordo com o setor e porte:
■ Grandes empresas – organizações que possuem mais de 500 pesso-
as na força de trabalho;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Pequenas e microempresas – organizações com 50 ou menos pes-
soas na força de trabalho;
FERRAMENTAS DE GESTÃO
119
Segundo Marshall Júnior et al. (2008), o modelo de gestão do PNQ foi elaborado
em 1991. À medida que novos valores de gestão de organizações excelentes são
desenvolvidos e identificados, os fundamentos da excelência passam por atua-
lizações. Os principais critérios de excelência do PNQ são:
■ Pensamento sistêmico;
■ Aprendizado organizacional;
■ Cultura de inovação;
■ Visão de futuro;
■ Geração de valor;
■ Desenvolvimento de parcerias;
MODELO DE EXCELÊNCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5. Informações e conhecimento.
6. Pessoas.
7. Processos.
8. Resultados.
A Figura 3, representativa do modelo de excelência da gestão (MEG) do PNQ,
simboliza o relacionamento entre a organização, considerada um sistema adaptável
gerador de produtos e informações, e seus ambientes organizacional e tecnoló-
gico, ou seja, pode-se dizer que a figura representa um ser vivo – composto por
elementos imersos num mesmo ambiente, que interagem de forma harmônica e
sincronizada – que, para sobreviver e se desenvolver, necessita de um adequado
relacionamento com outros seres vivos do ambiente externo. Esse ser vivo é a
organização e seus elementos são os critérios de excelência (FNQ, 2016):
FERRAMENTAS DE GESTÃO
121
Clientes
Pessoas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estratégia
Liderança Resultados
e Planos
Processos
Sociedade
1. LIDERANÇA 90 130
1.1 Cultura Organizacional e
20 40
desenvolvimento da gestão
1.2 Governança 20 40
1.3 Levantamento de interesses
20 40
e exercício da liderança
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1.4 Análise do desempenho da
20 40
organização
2. ESTRATÉGIAS E PLANOS 50 80
2.1 Formulação das estratégias 20 50
2.2 Implementação das estraté-
20 50
gias
3. CLIENTES 50 80
3.1 Análise e desenvolvimento
20 50
de mercado
3.2 Relacionamento com clien-
20 50
tes
4. SOCIEDADE 50 80
4.1 Responsabilidade socioam-
20 50
biental
4.2 Desenvolvimento social 20 50
5. INFORMAÇÕES E
50 80
CONHECIMENTO
5.1 Informações da organização 20 50
5.2 Conhecimento da organiza-
20 50
ção
6. PESSOAS 90 120
FERRAMENTAS DE GESTÃO
123
ceiros
SUBTOTAL
- - 550
Processos Gerenciais
8. RESULTADOS
8.1 Econômico-financeiros 80 120
8.2 Sociais e ambientais 60 90
8.3 Relativos aos clientes e ao
80 120
mercado
8.4 Relativos às pessoas 60 90
8.5 Relativos aos processos 80 120
SUBTOTAL
- - 450
Resultados Organizacionais
TOTAL GERAL 1.000
Fonte: FNQ (2016).
Sem dúvida, obter uma premiação como o PNQ é um divisor de águas para
uma organização, que passa a ser reconhecida como possuindo excelência em
sua gestão, transmitindo uma imagem de credibilidade e confiança a todos os
seus stakeholders.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desperdícios, comprometimento com os resultados e com a melhoria contínua.
Além disso, os frutos poderão ser colhidos até mesmo externamente à organi-
zação, afetando a vida das pessoas em seu convívio social.
Outras ferramentas buscam a redução da variabilidade dos processos, como
é o caso dos Seis Sigma, muito aplicado em organizações industriais. Vimos
que, quanto maior o nível do Sigma, menos variações teremos, em uma ideia de
quase zero defeitos.
Outra ferramenta muito aplicada, não só por indústrias, mas até mesmo por
organizações de serviço é o benchmarking, em que se buscam modelos de exce-
lência no ambiente externo à organização. Esse modelo pode vir até mesmo de
um concorrente, mas não necessariamente. Pode ser em uma organização que
possua processos semelhantes ao da organização considerada.
Finalizamos esta Unidade considerando alguns princípios que norteiam
o Prêmio Nacional de Qualidade (PQN), prêmio que consolida as práticas de
excelência em gestão de organizações que adotam o Modelo de Excelência em
Gestão (MEG).
Tenho certeza de que conhecer essas ferramentas foi muito interessante, não
é verdade? Claro que, como sempre pontuo, não é possível considerar as minú-
cias envolvidas em cada uma das ferramentas. Mas certamente podemos buscar
mais conteúdos para aprimorar nossos conhecimentos. Faça isso e certamente
sua formação será mais completa. Sucesso!
FERRAMENTAS DE GESTÃO
125
Material Complementar
128
REFERÊNCIAS
GABARITO
Referências on-line:
1
Em: < https://www.fnq.org.br/Publicacao/InstrucoesCandidatura/Inst_Candidatu-
ra_2012.pdf>. Acesso em: 29 de maio 2016.
129
REFERÊNCIAS
GABARITO
1. Estruturado: o grupo é organizado para cada um poder dar sua ideia e, se a pes-
soa preferir, pode passar a vez, para que o próximo possa, então, emitir sua opi-
nião. Não estruturado: as pessoas dão sugestões à medida que elas surgem em
suas mentes.
2. A ferramenta 5W2H tem sua principal utilização no mapeamento e padroniza-
ção de processos, na elaboração de planos de ação e no estabelecimento de
procedimentos associados a indicadores. Por ser de natureza gerencial, busca o
fácil entendimento por meio da definição de responsabilidade, métodos, prazos,
objetivos e recursos associados.
3. Seiri – Senso de utilização.
Seiton – Senso de organização.
Seiso – Senso de limpeza.
Seiketsu – Senso de padronização.
Shitsuke – Senso de disciplina.
4. alternativa D.
Professor Me. Paulo Pardo
IV
OS PROCESSOS E OS
UNIDADE
AGENTES DA GESTÃO DA
QUALIDADE
Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar os processos e os agentes da gestão da qualidade.
■ Conhecer o processo de gestão da qualidade total.
■ Conhecer as características do modelo de gestão da qualidade.
■ Apresentar os agentes de decisão, transformação e consolidação
da gestão da qualidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Os processos e os agentes da gestão da qualidade total
■ O processo de gestão da qualidade total
■ Características do modelo de gestão da qualidade total
■ Os agentes de decisão, transformação e consolidação da gestão da
qualidade
■ Certificação da qualidade
133
INTRODUÇÃO
Introdução
134 UNIDADE IV
Por volta da virada do século XIX para o século XX, tornou-se evidente que as
organizações industriais apresentavam uma ineficiência em seus processos pro-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dutivos, provocados, principalmente, pela falta de consolidação de procedimentos
de planejamento e controle de produção. Essa deficiência dificultava algo que
hoje consideramos como básico para qualquer gestor: a previsibilidade. Afinal,
como prever algo sobre o qual não temos certeza de que acontecerá?
Por conta dessa necessidade, o controle de processos, desde os primórdios
da administração científica de Taylor, por volta de 1880, transformou-se em uma
das áreas mais tradicionais da avaliação da qualidade. De acordo com Paladini
(2002, p. 64), o planejamento e controle de processos “refere-se a uma área estru-
turada com base nos projetos dos gráficos de Shewhart, no início do século 20,
essa área é usada como exemplo de modelos simples da Avaliação da Qualidade”.
Imagine uma grande indústria que fabrica uma determinada linha de pro-
dutos, talvez uma indústria metalúrgica que produz metais sanitários, como
torneiras e registros hidráulicos. Essa fábrica precisa ter processos de produção
que sejam mapeados e sobre os quais se possa exercer controle e acompanha-
mento. No contexto das operações ou produção, Slack, Alistair e Johnson (2013)
definem processo como:
[...] um arranjo de recursos que produzem algum composto de pro-
dutos e serviços. São os blocos de construção de todas as operações e
formam uma rede interna dentro de uma operação. Cada processo é, ao
mesmo tempo, um fornecedor interno e um cliente interno para outros
processos (SLACK ; ALISTAIR ; JOHNSON, 2013, p. 13).
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de processos produtivos (produtos, isto é, bens tangíveis ou serviços)
estão sempre sujeitas a alterações resultantes das operações que com-
põem o processo. Daí a ideia de se criar uma imagem – qual seja, a de
uma faixa dentro da qual são inevitáveis as variações nas características
da qualidade. Isso significa que fora dessa faixa, ou intervalo, as varia-
ções só ocorrem por consequências de alguma causa identificável, que
não faz parte do processo (PALADINI, 2002, p. 65).
Paladini (2002) descreve o roteiro para construção dos gráficos de controle, ilus-
trado na Figura 1:
■ Linha média: é determinada por uma tendência central, por
exemplo, uma média aritmética associada ao conjunto de dados
(ou outra medida desse tipo, como uma mediana);
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O PROCESSO DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
Direção
Entrega
O nível em que se define a política da qualidade é a cúpula, uma vez que essa
política reflete objetivos e normas de funcionamento de toda a organização. A
alta administração é quem define as formas de atuação no mercado, o nível de
tecnologia utilizado no processo produtivo, bem como, o grau de qualificação
da mão de obra. De acordo com Paladini (2012), constitui ação básica da polí-
tica da qualidade definir cada um dos elementos a seguir listados:
■ Estratégias de atuação da empresa no mercado;
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■ Nível de prioridade para investimentos e valor associado a cada
um deles;
Segundo Miguel (2001, p. 153), “TQM é uma sigla que significa Total
Quality Management, traduzido para o português, Gerenciamento ou Gestão
pela Qualidade Total”. Além disso, O TQM incorpora uma série de ações que a
organização deve realizar para atingir a melhor qualidade possível e obter um
diferencial no mercado.
Miguel (2001) destaca que o gerenciamento da qualidade torna-se “total”
quando incorpora uma estrutura de integração que considera aspectos estratégi-
cos importantes: percepção do cliente, competitividade e eficiência operacional.
A esses três aspectos, deve-se acrescentar ainda um quarto parâmetro: o con-
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■ Liderança;
■ Gestão de fornecedores;
■ Sistema de qualidade;
■ Políticas da qualidade;
■ Treinamento;
■ Planejamento;
Weidmann (1997 apud MIGUEL 2001, p. 162) apresenta sete fatores de sucesso
para o TQM:
1. Estratégia de longo prazo;
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6. Foco nos funcionários;
Miguel (2001) indica que o gerenciamento da qualidade por meio de oito prin-
cípios da qualidade, advertindo que a abordagem da Política da Qualidade,
Gerenciamento da Qualidade e Sistema da Qualidade, como base da família
ISO 9000, é muito indireta, não expressando linguagem gerencial. Destacando
ainda, que a relação entre o sistema da qualidade de uma empresa e o sistema
gerencial não é muito clara e tão pouco operacional.
Nesse contexto, Miguel (2001) expõe que a aplicação dos Princípios de
Gerenciamento da Qualidade melhorará a base das normas ISO 9000. Esses
princípios são expostos no quadro a seguir:
Quadro 1 - Princípios de Gerenciamento da Qualidade
De acordo com Las Casas (2006, p. 20), “proporcionar qualidade total em serviços
é uma situação na qual uma organização fornece qualidade e serviços superiores a
seus clientes, proprietários e funcionários”. Isso significa que, por meio dessa defini-
ção percebemos que a qualidade não se limita somente aos clientes externos, engloba
aqueles que interagem com a empresa, ou seja, colaboradores e administradores.
Paladini (2012) indica que a noção de TQM introduziu alterações relevantes
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no modelo de gestão tradicional, acrescentando maior abrangência para a função,
evolução contínua e compromisso com o planejamento. Há outras especificida-
des que diferenciam o processo de Gestão da Qualidade do modelo tradicional.
Paladini (2012, p. 119-124), faz uma análise comparativa dos processos de
gestão e identifica outras características que geram ações específicas. Observe
as situações a seguir:
Situação 1
A visão da gestão tradicional:
A ação da Gestão da Qualidade considerava a empresa como um conjunto de se-
tores. Cada um deles possui objetivos e métodos próprios de atuação. O alcance
desses objetivos é responsabilidade de cada setor.
A visão da Gestão da Qualidade:
A missão de cada área da empresa é contribuir decisivamente para o alcance dos
objetivos da organização em sua totalidade.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. A avaliação do desempenho de cada área da empresa deve considerar
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Situação 2
A visão da gestão tradicional:
A estrutura das operações é linear, contínua e sequencial.
A visão da Gestão da Qualidade:
A estrutura das operações é interativa.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. Cada setor é definido como fornecedor do setor seguinte e cliente do setor
anterior. A meta maior continua sendo os clientes externos, mas a meta
imediata é o setor seguinte. Os primeiros objetivos de cada setor, portanto,
são voltados para o atendimento das necessidades do setor seguinte no
fluxo de produção. Esse processo amplia-se e cada setor acaba tendo algu-
ma relação cliente-fornecedor com todos os demais setores da empresa.
b. Priorizam-se as relações horizontais entre setores (mais do que as verticais).
Situação 3
A visão da gestão tradicional:
Compõe a empresa, igualmente, um conjunto de pessoas. Cada uma de-
las possui especificidades, interesses, objetivos e métodos próprios de atuação.
O alcance de níveis ótimos de desempenho de cada pessoa é responsabilidade
dela mesma.
A visão da Gestão da Qualidade:
A missão de cada recurso humano da empresa é contribuir decisiva-
mente para o alcance de toda a organização.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
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a. A avaliação do desempenho de cada funcionário da empresa deve consi-
derar sua participação efetiva no processo de alcance dos objetivos gerais
da organização (procedimento idêntico ao adotado em relação aos seto-
res) e sua capacidade de integração a grupos e áreas da empresa.
b. É fundamental estabelecer um processo de intensa interação entre pesso-
as, evitando-se a qualquer preço que elas permaneçam isoladas ou entrem
em conflito entre si.
c. A competição entre pessoas ou grupos de pessoas é pouco recomendada.
Devem ser priorizadas ações globais, com contribuições bem definidas e
caracterizadas.
d. A Gestão da Qualidade deve harmonizar objetivos e interesses individuais
com objetivos e interesses da organização. Não há outra forma de envolver
as pessoas em um esforço pela qualidade que não seja a da identidade de
objetivos.
e. Espera-se que haja um nível uniforme de competência, motivação e espe-
cialização de todos os recursos humanos da organização. Não há interes-
se, na empresa, em manter profissionais superespecializados, tampouco
pessoas despreparadas para desempenhar suas funções.
f. Enfatizam-se tanto as relações hierárquicas quanto a atribuição, a cada
funcionário, de igual importância na produção da qualidade e chances
efetivas de trabalharem para esse fim.
Situação 4
A visão da gestão tradicional:
O projeto de produtos e serviços é estruturado por setores especializados.
A visão da Gestão da Qualidade:
O projeto de produtos e serviços é estruturado com base em necessida-
des de clientes e consumidores.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. A pesquisa de mercado, em termos das características atuais dos clientes ou
de suas tendências, baliza a ação da gerência e define o rumo da empresa.
b. A Gestão da Qualidade prioriza sua própria interação com setores comerciais
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Situação 5
A visão da gestão tradicional:
a. O planejamento estratégico da organização prioriza seus pontos fortes, isto
é, as potencialidades da empresa em termos de processos, serviços e produ-
tos. Por isso, o crescimento da empresa está sempre voltado para si mesmo.
b. O planejamento estratégico deve priorizar a eliminação de defeitos no
processo de fabricação, reduzir custos de produção e minimizar causas que
comprometam o alcance de determinados níveis de produção previstos.
A visão da Gestão da Qualidade:
a. O planejamento estratégico da organização prioriza oportunidades de atu-
ação no mercado. Por isso, o crescimento da empresa está sempre voltado
para fora, em direção a mercados consumidores bem definidos.
b. O planejamento estratégico deve priorizar a eliminação das fontes de ina-
dequação do processo ao uso, reduzir a zero elementos que não agreguem
valor ao produto e minimizar causas que comprometam o alcance de
determinados níveis de satisfação do cliente.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. A Gestão da Qualidade atual prioriza diferenciações de produtos e serviços
que atendem às necessidades e preferências de segmentos específicos ou
grandes áreas do mercado.
b. A Gestão da Qualidade, hoje, considera o processo produtivo um meio para
atingir os verdadeiros objetivos da empresa: atender o cliente. Acredita que só
se justificam investimentos no processo se, de alguma forma, tais investimen-
tos contribuem para aumentar a adequação do serviço ou do produto ao uso.
c. A Gestão da Qualidade, hoje, prioriza a eliminação de perdas – mas en-
tende como perda tudo o que não contribui para manter ou aumentar a
adequação do produto ou do serviço ao uso.
Situação 6
A visão da gestão tradicional:
A qualidade é construída pela correção dos defeitos, em ações de resul-
tados imediatos.
A visão da Gestão da Qualidade:
A qualidade é construída pela prevenção de defeitos, em ações de resul-
tados consistentes, obtidos a longo prazo.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. Priorizam-se ações de longo alcance, longo prazo, que envolvem um gran-
de número de pessoas. Ações de resultados imediatos são relevantes como
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elementos motivacionais para o alcance de resultados mais amplos.
Situação 7
A visão da gestão tradicional:
a. Os controles são fixados em pontos críticos do processo, onde ocorrem,
usualmente, os defeitos. O controle é definido como um processo que visa
corrigir falhas e impor comportamento ao processo.
b. O controle operacionaliza-se pelo acompanhamento de limites máximos
de peças defeituosas, níveis médios de peças defeituosas e intervalos de
tolerância de defeitos.
A visão da Gestão da Qualidade:
a. Os controles são fixados em função do planejamento. O controle é de-
finido com um processo que visa confrontar a qualidade obtida com a
qualidade corrigida.
b. O controle operacionaliza-se pela evolução do processo rumo à perda zero.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. O planejamento da qualidade é uma ação prioritária da Gestão da Qualida-
de. Sem ele, não há como desenvolver o processo de controle. O plane-
jamento é um processo evolutivo, gradativo, que tende para zero, único
percentual de defeituosos admissível: qualquer outro percentual compro-
mete a adequação do produto ou do serviço ao uso.
Situação 8
A visão da gestão tradicional:
Quem determina a qualidade são as pessoas que atuam na fábrica – e
são as pessoas que estruturam a Gestão da Qualidade.
A visão da Gestão da Qualidade:
Quem determina a qualidade são os clientes – e são informações sobre
o comportamento deles que estruturam a Gestão da Qualidade.
Ações prioritárias da Gestão da Qualidade:
a. A gestão tende a tornar-se um pouco independente das pessoas – depen-
de mais das informações disponíveis. Idealmente, qualquer pessoa, em
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o agente de decisão, isto é, quem define as metas da qualidade e as formas de
envolvimento dos recursos da organização no esforço de atingi-las. Esse agente
pode ser um grupo de pessoas, uma área técnica, uma função administrativa,
ou pode ser uma única pessoa.
Desse modo, segundo Paladini (2012), quando a organização define “gerente
de qualidade”, não se deve entender apenas uma pessoa, mas também um grupo
de pessoas, uma área ou uma função:
Sempre se costuma pensar no gerente da qualidade como um profissio-
nal que reúne características que não existem na maioria dos mortais.
Esse conceito é falso. Ampliado o conceito de gerência da qualidade,
passa-se a pensar em um conjunto de super-homens ou em uma função
comparável a de diretor superintendente de uma empresa do porte da
IBM. Não é bem assim (PALADINI, 2012, p. 125).
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da qualidade (como priorizar a qualidade em qualquer momento,
independentemente do momento vivido pela empresa) [...];
Grupos de melhoria: ninguém sabe tanto sobre um processo quanto quem nele
trabalha. Os operadores que trabalham na linha são normalmente os que melhor
sabem sobre o processo. Os colaboradores dentro de um sistema usam as redes de
informação formais e informais. Elas não têm apenas a experiência sobre o processo,
mas também são afetadas pelas mudanças, devendo, portanto, ter os principais
papéis na melhoria do desempenho de qualidade do processo (SLACK, 2002).
Como vimos, os recursos humanos são o que há de mais complexo dentro das
organizações e, como tal, são merecedores de uma habilidade especial por parte
dos gestores, bem como de investimentos constantes em capacitação e motivação,
pois, o seu engajamento depende do atingimento das metas e objetivos propostos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organiza-
cional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como
expressam e instrumentalizam relações de dominação (FLEURY, 1989
apud PALADINI, 2012, p. 145).
CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE
É possível que você conheça ou tenha ouvido falar de empresas que exibem um
certificado ISO, por exemplo, ISO 9001, 9002, 14001, entre outros. Afinal, qual o
verdadeiro significado dessa certificação? Vamos conhecer um pouco sobre a certifi-
cação ISO. Trata-se da designação da International Organization for Standardization,
uma entidade fundada em 1946 e que tem sede em Genebra, na Suíça.
A principal razão das normas internacionais existirem é para facilitar o
comércio entre os países, estabelecendo padrões (requisitos mínimos) esperados
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por ter caráter voluntário, a certificação ISO 9000 é uma atividade que será tanto
mais aceita quanto maior for a credibilidade de quem a atesta. Nesse sentido,
Marshall Júnior et al. destacam que a certificação é realizada por um órgão acre-
ditado (autorizado formalmente para realizar essa certificação que, no Brasil, é
concedida pelo INMETRO) de terceira parte, ou seja, que não tenha vínculo com
a empresa, que, comprovando a conformidade do Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ) com as práticas adotadas pela empresa, poderá emitir esse certificado.
Certificação da Qualidade
156 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Comunicação.
■ Compatibilidade.
■ Proteção do produto.
Segurança
Comunicação Proteção do
produto
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Quem se beneficia com as normas? A ABNT (2016, grifo nosso, on-line)1 des-
creve os beneficiados com as normas:
Para as empresas, a adoção de normas significa que os fornecedores
podem desenvolver e oferecer produtos e serviços que atendam às es-
pecificações que têm ampla aceitação em seus setores. Empresas que
utilizam Normas Internacionais podem competir em muito mais mer-
cados ao redor do mundo.
Certificação da Qualidade
158 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para o comércio internacional, as Normas Internacionais criam
uma “igualdade” para todos os concorrentes nesses mercados. A exis-
tência de normas nacionais ou regionais divergentes pode criar bar-
reiras técnicas ao comércio. As Normas Internacionais são os recursos
técnicos pelos quais a política de acordos comerciais pode ser colocada
em prática.
A ABNT é a entidade no Brasil que tem assento junto a ISO em Genebra. As certifi-
cações da ISO que, no Brasil, recebem uma catalogação da ABNT são processos nos
quais uma entidade de terceira parte avalia se determinado processo ou produto
atende às normas técnicas relativas ao seu escopo. Para saber mais acesse o portal
da ABNT em: <http://www.abnt.org.br/certificacao/o-que-e>.
Fonte: o autor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
160
Fábrica de Loucuras
Ano: 1986
Sinopse: Quando uma fábrica de automóveis localizada em uma
pequena cidade americana é fechada, um pânico generalizado toma
conta do lugar, pois a maioria dos habitantes trabalha na fábrica. Até
que um funcionário (Michael Keaton) vai até Tóquio, na tentativa de
convencer os japoneses a assumirem a fábrica. Eles concordam com a
proposta, mas como os métodos de trabalho oriental e ocidental são
bem distintos, um choque cultural se torna inevitável.
Referências On-Line
1
Em: < http://www.abnt.org.br/normalizacao/o-que-e/importancia-beneficios>.
Acesso em: 24 jun. 2016.
2
Em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/recursos-humanos-
-rh-gestao-da-qualidade-e-auditoria/49350>. Acesso em 24 jun. 2016.
GABARITO
1. D.
2. E.
3. D.
4. D.
5. E.
Professor Me. Paulo Pardo
V
TÓPICOS
UNIDADE
CONTEMPORÂNEOS NA
GESTÃO DA QUALIDADE
Objetivos de Aprendizagem
■ Apresentar a norma brasileira ABNT NBR ISO 9001:2015.
■ Conhecer a auditoria da qualidade.
■ Considerar a coordenação da qualidade em cadeias de produção.
■ Avaliar os custos da qualidade e da não qualidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ A norma ISO 9001
■ Auditorias de qualidade
■ Coordenação da qualidade em cadeias de produção
■ Custos da qualidade
169
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), você já deve ter ouvido falar ou até participado de processos
de certificação da ISO. Milhares de empresas no Brasil buscaram a certificação
por uma das famílias da ISO, sendo a mais usual a da série 9000.
Você já se perguntou as razões que levam as empresas a buscarem essas
certificações?
Desde a primeira unidade, expomos uma verdade consolidada: o mercado é
competitivo e implacável. As empresas que não se adequarem aos requisitos cada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
170 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como também comentamos, a norma ISO 9001 é a mais popular e dissemi-
nada no mundo, sendo o setor industrial um dos que mais se interessaram em
sua implantação. Porém, a norma é igualmente aplicável, além do setor industrial,
nos setores de tecnologia, prestação de serviços e até mesmo setores públicos.
Pedroza (2015, p. 6) destaca a finalidade da Norma:
A finalidade da Norma é aprimorar a gestão das empresas, proporcio-
nando melhorias na prestação de serviço, garantindo satisfação aos
clientes e aperfeiçoando a capacidade de gestão da organização”. Vale
destacar que a ISO 9001 pode ser aplicada em qualquer segmento, in-
dependentemente do tamanho da organização
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
normas de sistema de gestão. Isso significa que as Organizações
devem ter uma estrutura alinhada com todos os outros sistemas
de gestão ISO, facilitando a integração com os demais sistemas;
Adequada ao
Aumentar a Ambiente complexo,
seu
confiança exigente e dinâmico
propósito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Melhor uso:
implementação e avaliação
1987: Publicação da 1ª Edição da ISO 9001, contendo também as ISO 9002 e 9003.
1994: Publicação da 2ª Edição (alterações menores).
2000: Uma grande revisão da ISO.
9001 foi publicada, com a retirada das ISO 9002 e 9003.
2008: Publicação da 4ª Edição (alterações menores).
2015: Publicação da 5ª edição com profundas alterações, usando como base a
“High Level Structure”.
Fonte: Pedroza (2015, p. 8).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gestão ambiental - Norma ISO 14001.
ISO 9001: Ano 2015
Apesar da publicação da nova revisão estar prevista para setembro de 2015, as
organizações terão um período estimado de 3 anos, aproximadamente, para
adaptação e certificação de seus sistemas. A proposta é manter a sua aplicabili-
dade em qualquer organização, promovendo o alinhamento com outras normas
de sistema de gestão aplicadas pela ISO, de modo que possam adaptar as regras
da Norma às realidades das organizações.
Fonte: Pedroza (2015, p. 8).
Há, portanto, um processo bastante claro sobre como proceder uma atualiza-
ção, processo esse que passará, necessariamente, por seis etapas, até a versão final
que será publicada. As etapas são as seguintes, conforme Pedroza (2015, p. 9):
1. Proposta.
2. Preparação.
3. Comissão.
4. Consulta.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5. Aprovação.
6. Publicação.
Vamos considerar o que envolve cada etapa. Note o detalhamento de cada uma
delas no Quadro 3, a seguir:
Quadro 3 - Detalhamento de processo de atualização de normas ISO
FASE DETALHAMENTO
A proposta passa por um processo de avaliação. É necessário
que os Membros da ISO/TC votem a favor da revisão, de modo
1. Proposta
que possam efetuar as alterações necessárias no documento e
excluir tudo que for irrelevante.
Momento no qual se cria um grupo de trabalho para avaliar
como será desenvolvido todo o projeto. Este também é o
2. Preparação
momento para agendamento das reuniões, visando à discussão
dos temas a serem debatidos.
O grupo de peritos elabora o “Projeto Committe” - CD e o
distribui. A distribuição deste documento tem a finalidade de
3. Comissão
recolher observações, comentários, protestos para adequação
da Norma. Logo após, o CD é colocado em votação.
Após o consenso da comissão, inicia-se a consulta. Esta fase,
destina-se a comentários, acusações, discussões, alinhamento,
dentre outros assuntos. Todo o projeto é apresentado como
4. Consulta
DIS/Projeto de Norma Internacional. A etapa é finalizada com a
votação. Para votação são necessários 2/3 dos membros a favor,
não podendo haver mais de 1/4 do total de votos contra.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: adaptado de Pedroza (2015).
para um sistema de gestão diferente. Por exemplo, a norma ISO da série 9000
tem a intenção de certificar um Sistema de Gestão da Qualidade. Já a norma da
série 14000 intencionam certificar um Sistema de Gestão Ambiental. E, assim,
vários outros sistemas possuem normas particulares que, embora oriundas da
mesma organização normalizadora, têm certas especificidades que podem difi-
cultar uma integração.
De acordo com o BSI Group ([s/d], p. 2),
A maior parte das organizações tem mais de uma norma de sistema de
gestão para implementar e certificar. Fazer isso individualmente toma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sem dúvida, isso será um ganho enorme, ainda mais considerando que outras
normas estão passando por atualizações, como é o caso da ISO14000 e novas nor-
mas estão previstas para serem publicadas em breve, como é o caso da esperada
ISO 45001 que trata de Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional.
Esse anexo SL, mencionado pelo BSI Group anteriormente, traz alguns
outros esclarecimentos muito importantes, como a plena definição de serviços,
algo que ficava um tanto quanto obscuro na versão anterior, que contemplava
tão somente produto. Rosa e Pimenta ([s/d], p. 2) confirmam por explicar que:
O item A.2 – Produtos e Serviços enfatiza a inclusão específica do ter-
mo serviço (já reconhecido como aplicável a muitos requisitos), porém,
mais do que isso, apresenta o entendimento de que a característica de
serviços é que pelo menos parte da saída é realizada na interface com o
cliente. Isso significa, por exemplo, que a conformidade com requi-
sitos não pode necessariamente ser confirmada antes da entrega do
serviço (grifo acrescentado pelo autor).
Outro ponto que ficou um tanto quanto diferente da versão 2008 é que, na ver-
são 2015, o conceito de partes interessadas está mais ao cargo da organização,
não estabelecendo à norma dogmaticamente quais seriam essas partes. Rosa e
Pimenta ([s/d], p. 3) esclarecem que a consequência disso para os auditores da
qualidade é que “não é função de qualquer auditor, de qualquer organismo cer-
tificador, em qualquer tempo, lugar ou empresa estabelecer que esta ou aquela
parte deve ser considerada como interessada no seu sistema de gestão”.
Como a norma na versão 2008, a nova edição também tem seu fundamento
baseado no ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act), pressupondo que a Qualidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não é estática, mas os requisitos dos clientes são dinâmicos e, portanto, os meca-
nismos de gestão precisam pensar em melhorias contínuas. Esse fundamento de
base do PDCA é demonstrado na Figura 3, a seguir:
Figura 3 – Representação da estrutura dessa Norma no ciclo PDCA
É digno de nota, também, que a própria norma, quanto à questão dos requi-
sitos, tão comentados em normas de sistemas de gestão, esclarece que:
Atender consistentemente a requisitos e abordar necessidades e expec-
tativas futuras constitui um desafio para organizações em um ambiente
progressivamente dinâmico e complexo. Para alcançar esse objetivo, a
organização pode considerar necessário adotar várias formas de me-
lhoria, além de correção e melhoria contínua, como mudança de rup-
tura, inovação e reorganização (ABNT 9001, 2015, p. VII).
Dessa forma, a norma utiliza algumas formas verbais que devem ser compreen-
didas, por exemplo, quando usa os termos:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Um ponto que tem apresentado algum temor aos gestores que já adotaram a
norma nas versões anteriores é o uso dos termos “riscos e oportunidades”. Vamos
resgatar o que a nova versão traz sobre esses termos. Diz a norma que:
A mentalidade de risco é essencial para se conseguir um sistema de
gestão da qualidade eficaz. O conceito de mentalidade de risco estava
implícito nas versões anteriores desta Norma, incluindo, por exemplo,
realizar ações preventivas para eliminar não conformidades poten-
ciais, analisar quaisquer não conformidades que ocorram e tomar ação
para prevenir recorrências que sejam apropriadas aos efeitos da não
conformidade [...] uma organização precisa planejar e implementar
ações para abordar riscos e oportunidades. A abordagem de riscos e
oportunidades estabelece uma base para o aumento da eficácia do sis-
tema de gestão da qualidade, conseguir resultados melhorados e para a
prevenção de efeitos negativos [...]Oportunidades podem surgir como
resultado de uma situação favorável ao atingimento de um resultado
pretendido, por exemplo, um conjunto de circunstâncias que possibili-
te à organização atrair clientes, desenvolver novos produtos e serviços,
reduzir desperdício ou melhorar produtividade. Ações para abordar
oportunidades podem também incluir a consideração de riscos asso-
ciados. Risco é o efeito da incerteza, e qualquer incerteza pode ter um
efeito positivo ou negativo. Um desvio positivo proveniente de um ris-
co pode oferecer uma oportunidade, mas nem todos os efeitos positi-
vos de riscos resultam em oportunidades (ABNT 9001, 2015, p. X - XI).
Dessa forma, parece não haver motivo para temor, pois a organização, a priori,
sempre buscou a identificação de riscos e oportunidades, embora não estives-
sem tão explícitos nas versões anteriores da ISO 9001. Rosa e Pimenta ([s/d], p.
4) resumem, assim, essa questão:
[...] a identificação de riscos é importante e deve atingir o cerne da or-
ganização, no entanto, o estabelecimento dos mecanismos necessários
a sua identificação, incluindo-se aí as formas de documentação das evi-
dências devem ser definidas pela própria organização e uma analogia
direta ao conceito anterior de não conformidade potencial de forma
alguma estará equivocada. Sendo assim, é fácil presumir que, para os
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sistemas mais maduros, a cultura necessária a adequação já se encontra
implementada e pode transcorrer sem maiores problemas.
Muito ainda se especulará sobre esse assunto. Vários críticos afirmam que não
há auditores preparados adequadamente para verificar a conformidade da ade-
rência das organizações às novas nuances e exigências da versão 2015. Teremos
que aguardar para constatar se essas afirmações procedem ou não.
O fato é que existe uma dead line que as organizações já certificadas pelas
versões anteriores terão que cumprir, obrigatoriamente. Essa linha do tempo de
adaptação está apresentada na Figura 4, a seguir:
Figura 4 - Linha do tempo de transição da versão anterior para a versão 2015 da ISO
ISO 9001 FDIS início do período de transição, que termina em setembro de 2018
Setembro de 2015
Publicação da norma
AUDITORIAS DE QUALIDADE
De acordo com Juran (1992 p. 320), as auditorias de qualidade têm sido tradicio-
nalmente usadas para “prover garantia de que os produtos estão em conformidade
com as especificações e as operações em conformidade com os procedimentos”.
Nos níveis gerenciais superiores, segundo Juran (1992, p. 320), o objeto das
auditorias de qualidade se expande, para fornecer respostas para perguntas, como:
Auditorias de Qualidade
182 UNIDADE V
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RAN, 1992, p. 320).
Nesse sentido, Gil (1993) aponta que as premissas básicas para a auditoria da
qualidade, segundo o modelo QGQ (Qualidade da Gestão da Qualidade), estão
escoradas/sustentadas segundo a seguinte argumentação técnica/operacional:
- auditoria da qualidade em nível operacional implica a aplicação de
testes, na análise dos resultados auferidos e na emissão de opinião
quanto a conformidade, com a tecnologia de qualidade preconizada,
dos resultados dos testes verificados, segundo o horizonte empresarial
“passado/presente”, tanto em nível das atividades-fim quanto meio;
- auditoria da qualidade em nível de gestão é a atuação consoante o
mesmo foco da auditoria da qualidade operacional e segundo o hori-
zonte empresarial “presente/futuro”, também, tanto em nível das ativi-
dades-fim, quanto meio;
-auditoria da qualidade de sistemas/de informática tem as mesmas ca-
racterísticas e subdivisões das auditorias da qualidade operacional e
de gestão, porém, com âmbito de atuação tecnologia/plataformas de
informática – hardware, software, peopleware, comunicação de dados,
sensores (GIL, 1993, p. 149-150).
■ Políticas e objetivos;
■ Organização e sua operação;
■ Educação e sua disseminação;
■ Fluxo e utilização das informações;
■ Qualidade de produtos e processos;
■ Padronização;
■ Controle e gerência;
■ Garantia da qualidade de funções, sistemas e métodos;
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■ Resultados;
■ Planos para o futuro (JURAN, 1992, p. 321).
MOMENTO EMPRESARIAL
PROCESSOS RESULTADO
MOMENTO DA QUALIDADE
Certeza de que as práticas
Uso de sistema especialis-
Qualidade operacional de qualidade exercidas são
ta para disseminação total
coerentes com a evolução
“passado/presente” e contínua das práticas de
histórica da qualidade orga-
qualidade total vigente.
nizacional.
Convicção de que a qualida-
Realização sistemática de
de organizacional continu-
Qualidade da gestão sessões de brainstorming
ará ao nível da tecnologia
de qualidade organizacio-
“presente/futuro” de ponta a ser praticada no
nal, para aflorar práticas
segmento de mercado em
de qualidade pioneiras.
que a empresa atua.
Aplicação de tecnologia Enquadramento do ambien-
de informática, conti- te de informática no mesmo
Tecnologia/plataformas de
nuamente atualizada, nível tecnológico da quali-
informática
em nível de projetos de dade que a organizacional
qualidade total. pratica.
Fonte: Gil (1993, p. 150).
Auditorias de Qualidade
184 UNIDADE V
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para alcançar os objetivos. Outros objetivos são fornecer informações
necessárias para o estabelecimento de ações corretivas. Detectar opor-
tunidades de melhoria do sistema de qualidade. O cumprimento de
exigências regulamentares e por fim permitir o reconhecimento do sis-
tema da qualidade da entidade auditada.
Segundo Fernandes et al. (2010 apud LIRA et al., 2011, p. 7), a auditoria de qua-
lidade não se restringe apenas ao sistema da qualidade, mas aplica-se também a:
■ Processos: análise dos elementos de um processo e sua avaliação em
relação à abrangência, correção das condições e provável eficácia.
■ Produtos: avaliação baseada em valores objetivos, da conformida-
de de um produto às características especificadas.
Como vimos, a auditoria da qualidade permite que façamos uma verificação sobre
o nível da qualidade atingida, ou seja, se os padrões previamente estabelecidos
foram alcançados, de modo que se possa intervir no processo com as melhorias
necessárias para atingir os devidos graus de conformidade.
A busca constante pela qualidade em produtos, processos e serviços não é
sem causa. As empresas têm implantado seus sistemas de auditoria da quali-
dade objetivando para a obtenção de vantagem competitiva, criando diferenciais
perante a concorrência, o que possibilita um retorno financeiro maior.
1
O conteúdo na íntegra dessa notícia pode ser acessado em: <http://goo.gl/b0PYLN>.
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de que “uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco”. Ou seja, não é
possível assegurar a qualidade final nesse encadeamento de ação de atores dife-
rentes se um ou mais desses autores não assegurar a qualidade de seus processos.
Boehlje et al. (1998 apud TOLEDO et al., 2004, p. 356) esclarece que o fator
motivador para que ocorra a coordenação de cadeias de produção para se obter
vantagem competitiva se dá em três fases que acontecem em sequência. São elas:
1. Melhoria na eficiência e redução de custos;
cos); e
Sem dúvida você, aluno(a), já deve ter inferido que a garantia da qualidade em
uma cadeia de produção exige uma coordenação muito eficiente, que utilizará
um insumo básico em qualquer processo de gestão, que é a INFORMAÇÃO.
Portanto, esses dois elementos, COORDENAÇÃO e INFORMAÇÃO, sempre
estarão presentes quando se trata de oferecer qualidade em cadeias de produção.
Sobre essa necessidade, Toledo et al. (2004, p. 358, grifo nosso), assim esclarecem:
define-se coordenação da qualidade em cadeias de produção como o
conjunto de atividades planejadas e controladas por um agente co-
ordenador, tendo por finalidade aprimorar a gestão da qualidade e
auxiliar no processo de garantia da qualidade dos produtos ao longo
da cadeia, por meio de um processo de transação das informações,
contribuindo para a melhoria da satisfação dos clientes e para a redu-
ção dos custos e das perdas, em todas as etapas da cadeia de produção.
TERMOS SIGNIFICADO
Tem o sentido dos conceitos da Trilogia da Qualidade
de Juran (1990), em que planejamento da qualidade
consiste em planejar atividades com o objetivo de criar
um processo capaz de gerar produtos que satisfaçam
Planejar, controlar e os consumidores; controle da qualidade consiste
aprimorar a qualidade em controlar processos com o objetivo de avaliar o
desempenho real da qualidade e agir, caso haja um
desvio; e o aprimoramento da qualidade tem como
objetivo melhorar a qualidade dos produtos e proces-
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sos.
Pode ser definido como a aquisição, gestão e distribui-
ção das informações em toda a cadeia de produção.
Processo de transação Especificamente para coordenar a qualidade, as infor-
das informações mações transacionadas dizem respeito aos requisitos
de qualidade do produto e da gestão da qualidade e
ao desempenho em qualidade da cadeia de produção.
O agente coordenador tem a finalidade de fazer com
que as informações relacionadas à qualidade de
produto e à gestão da qualidade sejam identificadas,
Agente coordenador transmitidas e controladas ao longo da cadeia. O agen-
te coordenador cumpre o papel de buscar o consenso
em relação às características da qualidade a serem
coordenadas e ao foco das ações de melhoria.
Fonte: adaptado de Toledo et al. (2004, p. 358).
Figura 5 - Visão geral dos elementos da estrutura para coordenação da qualidade em cadeias de produção
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e à gestão da qualidade podem ser repassados para todos os segmentos
da cadeia por meio do uso complementar de instrumentos como ban-
co de dados, internet, sistemas de informação, EDI (Eletronic Data In-
terchange), QFD (Quality Function Deployment), etc. Muitas empresas
utilizam a pesquisa de mercado ou até mesmo a pesquisa de satisfação
de clientes para obter informações desses requisitos de qualidade. A
existência de falhas na comunicação à montante na cadeia torna a co-
ordenação ineficiente. Exemplos típicos de ineficiência de coordenação
podem ser encontrados em situações nas quais os sistemas de padroni-
zação de produtos passam a não responder mais aos requisitos solicita-
dos pelos consumidores ou clientes, em função de mudanças exigidas
nas técnicas de processamento ou exigências quanto à segurança do
alimento (podendo ser redefinida por órgãos regulamentadores), oca-
sionando dissonâncias entre ofertantes e demandantes.
PRÁTICAS ESCLARECIMENTO
no fornecedor);
- elaboração conjunta de planos de ações de melhorias;
- acompanhamento das melhorias implementadas;
- medição das melhorias por meio de indicadores de desempenho
(redução de custos, melhoria na qualidade do produto etc.).
- orientações da empresa para preservação da qualidade do produto
final aos distribuidores e pontos de venda, tais como treinamentos
visando assegurar a forma adequada de manuseio, armazenagem,
transporte e exposição do produto final;
- incentivos fornecidos pela empresa para o varejista em termos de
desconto nos preços, melhores prazos de pagamento, tratamento
preferencial etc. para preservação da qualidade do produto;
- obtenção de um feedback de informações dos clientes com relação à
qualidade do produto e dos serviços oferecidos;
Práticas de coorde- - premiação por serviços prestados ao distribuidor/varejista;
nação da qualidade - levantamento e formulação das necessidades específicas dos consu-
no sentido empre- midores;
sa/distribuidor/
- envolvimento do consumidor final no processo de desenvolvimento
varejista/consumi-
de novos produtos;
dor final
- adoção compartilhada de práticas de gestão da qualidade para ga-
rantir a consistência na padronização de produtos;
- diagnóstico conjunto da qualidade (auditorias da qualidade realiza-
das nos distribuidores e varejistas);
- elaboração conjunta de planos de ações de melhorias;
- acompanhamento das melhorias implementadas;
- medição das melhorias por meio de indicadores de desempenho
(feedback dos clientes com relação ao produto, sugestões de clientes no
processo de desenvolvimento de produto para melhoria do mesmo etc.).
Fonte: Monteiro e Toledo (2005, p. 1388).
CUSTOS DA QUALIDADE
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Muitos empresários queixam-se de que, quando focam em qualidade, os custos de
seus produtos em relação a concorrentes que não possuem sistemas de garantia
da qualidade consolidados são mais altos. Assim, segundo afirmam alguns desses
empresários, perdem competitividade. Essa afirmação, que é um senso comum,
pode aparentemente ter alguma lógica, mas outras considerações devem ser feitas.
Uma consideração importante é que os consumidores, cada vez mais exigen-
tes, irão finalmente punir aquelas empresas que não oferecerem uma qualidade
reconhecida como superior.
Outra consideração, igualmente relevante, é que, de fato, incidem custos na
qualidade, mas esses não devem ser encarados como custos no sentido estrito
da palavra, que “tecnicamente é definido como o sacrifício financeiro decor-
rente da obtenção de bens ou serviços” (CARVALHO ; PALADINI, 2012, p. 302).
Porém, segundo Carvalho e Paladini (2012) o termo “custos da qualidade”
é bastante tradicional, tradução da expressão inglesa quality costs, e possui uma
longa história, começando em 1951 com a obra de Juran intitulada Quality
Control Handbook, passando por revisões em épocas posteriores, até chegar a
norma ISO 9004:2008, que define os custos da qualidade.
O CRC RS (2000, p. 16) define assim o conceito de custos de qualidade:
Carvalho e Paladini (2012, p. 303) complementam essa ideia por afirmar que os
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TIPO DE CUSTO DA
EXPLANAÇÃO
QUALIDADE
São resultantes dos gastos associados às medidas toma-
das para planejar a qualidade, a fim de garantir que não
Custos de prevenção ocorrerão problemas. Incluem ações para prevenir ou
reduzir o risco de não conformidade ou defeitos, para
assegurar a não ocorrência de falhas nos processos.
São aqueles associados à verificação do nível de qualida-
de obtido pelo produto, ou seja, relativos às inspeções e
Custos de avaliação
ensaios requeridos para garantir a conformidade com as
especificações e os requisitos de desempenho.
São os referentes à ocorrência de unidades ou compo-
nentes defeituosos, sejam esses identificados na orga-
Custos de falhas
nização ou no campo. Podem ser divididos em falhas
internas ou externas.
Fonte: adaptado de Carvalho e Paladini (2012).
Custos da Qualidade
194 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O recall acontece quando uma empresa convoca seus clientes para compa-
recerem para substituição de componentes defeituosos, sem ônus para os
clientes. O próprio Código de Defesa do Consumidor prevê essa ação por
parte das empresas.
Fonte: adaptado de Carvalho e Paladini (2012).
Quando uma empresa persegue o que se caracteriza como “defeito zero”, evi-
dentemente seu custo de qualidade será superior. Tanto é assim, que, conforme
vimos em unidades anteriores, quando se utiliza um critério de produção com
base nos Seis Sigma, a maior parte das empresas trabalha com um nível de Sigma
médio, à base de 3 Sigma, admitindo, portanto, falhas na qualidade. A pergunta
a ser respondida é: o consumidor estará disposto a pagar um valor superior por
um nível de qualidade perfeita?
Mesmo assim, o custo de manter a qualidade é considerado compensador
em relação ao custo da não qualidade. Townsend (1991 apud CRC RS, 2000, p.
18) afirma que não é a qualidade que custa, mas sim “a não-conformidade ou a
não-qualidade, que é dispendiosa. Para ele, atingir a qualidade é dispendioso,
exceto quando comparado com o não-atingimento dela”.
no Quadro 8, a seguir:
Quadro 8 - Tipos de desperdícios que impactam nos custos da qualidade
Custos da Qualidade
196 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Além de ocultarem outros tipos de desperdícios, sig-
nificam desperdícios de investimento e espaço. Além
disso, custos financeiros para sua manutenção, custos
quanto à obsolescência dos produtos estocados e
Estoques custos de oportunidade pela perda de mercado futuro
para a concorrência com menor lead time. A redução
dos desperdícios de estoque deve ser feita mediante
a eliminação das causas geradoras da necessidade de
manter estoques.
Fonte: adaptado de CRC RS (2000).
A tomada de decisão dos gestores deve levar em conta esses custos da qualidade
e, principalmente, os custos da não qualidade nos processos organizacionais,
visando aumentar a vantagem competitiva de suas empresas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), vimos que os crescentes níveis de exigência dos clientes têm
estimulado as empresas na busca por padrões de excelência em produtos, pro-
cessos e serviços. Uma das importantes ferramentas gerenciais para se atingir
esses padrões de excelência é a adoção das Normas ISO 9001. As normas são
acessíveis e genéricas para quaisquer segmentos de atuação profissional e tam-
bém quanto ao porte da empresa, podendo ser implantada em microempresas,
empresas de grande porte, empresas de comércio ou serviços.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
198
Referências On-Line
1
Em: <http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/vantagens.asp>. Acesso em: 29
jun. 2016.
2
Em: <http://www.decea.gov.br/ciscea-passa-por-auditoria-de-manutencao-do-
-sistema-de-gestao-da-qualidade/>. Acesso em: 30 jun. 2016.
203
GABARITO
3.
1. Proposta.
2. Preparação.
3. Comissão.
4. Consulta.
5. Aprovação.
6. Publicação (PEDROZA, 2015, p. 9).
4.
- Foco no cliente.
- Liderança.
- Engajamento das pessoas.
- Abordagem do processo.
- Melhoria.
- Tomada de decisão baseada em evidências.
- Gestão do relacionamento (ABNT 9001, 2015, p. VII).
5. A finalidade das auditorias é fornecer informações, independentes e imparciais,
não apenas aos cabeças operacionais, mas também a outros que tenham neces-
sidade de saber. No caso do desempenho em qualidade relativo às metas estra-
tégicas da qualidade, entre aqueles que têm necessidade de saber onde estão os
altos gerentes (JURAN, 1992, p. 320).
205
CONCLUSÃO