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assim, adaptar tais empreendimentos à nossa realidade, à cultura local, como foi 0 Bibliografia

caso do Wet and Wildem Salvador, observam as autoras. BRUNO, P. L.; FRANZINI, R. X. G. Os parques temáticos e a indústria do entretenimento. In: ANSARAH,
É importante destacar, ainda, outros aspectos negativos, como a grande formação M.G.R. (Org.) Turismo: segmentação de mercado. São Paulo: Futura, 1999.
de lixo, de sucatas em que se transformam os equipamentos quando esses empreendi- BOITEUX, B.; WERNER, M. Promoção, entretenimento e planejamento turístico. Série Turismo,
mentos não dão certo e vão à falência, trazendo outras agressões ao meio ambiente. São Paulo: Aleph, 2002.
CHON, K.; SPARROWE, R. Hospitalidade: conceitos e aplicações. São Paulo: Thomson Learning, 2003.
Mesmo sendo empreendimentos privados, outro ponto a ser questionado é a forma
de cobrança de ingressos e a obtenção do lucro pelos empresários desse setor. Muitos EMBRATUR. Estudo Econômico-financeiro dos meios de hospedagem e parques temáticos no
Brasil. FADE-UFPE, Brasília: 1998.
parques brasileiros, além do ingresso de entrada, têm cobrado pela utilização de seus equi-
SALOMÃO, M. Parque de diversões no Brasil: entretenimento, consumo e negócios. Rio de Janeiro,
pamentos, principalmente quando a pessoa é estudante e, por lei, tem direito a 50% de
Mauad (Coleção Cultura e Consumo), 2000.
desconto na entrada. Diversos parques aquáticos, também, somente liberam o uso de bói-
TRIGO, L.G. Viagem na Memória: guia histórico das viagens e do turismo no Brasil. São Paulo,
as e colchões infláveis após o pagamento de taxas extras. Nesses, ainda, se cobra pelo uso
2. ed., Editora do SENAC, 2002.
de armários no vestiário. Outras reclamações dos visitantes dizem respeito ao preço do
www.adibra.com.br, acesso em 15/10/2003.
estacionamento e alimentação no local. Os preços tendem a ser elevados, principalmente
nos parques regionais, afastados dos centros urbanos, em que os visitantes não têm ou-
tras opções próximas e dependem desses serviços ao visitar o parque.
Salomão (2000, p. 67) aponta, ainda, alguns pontos criticados por alguns teóri-
PLANEJAMENTO
cos que vêem os parques corno "momentos de extrema fragilidade e vulnerabilidade
intelectual dos visitantes que, ao rebaixarem seu senso crítico, acabam por absorver De maneira geral, o ato de planejar faz parte da rotina diária. Planejamos as ações a
informações das mais variadas fontes sem o devido questionamento". Isso criaria, ser desenvolvidas ao longo do dia, da semana, do mês. Estamos, a cada momento,
segundo alguns teóricos, uma visão distorcida da realidade desde a infância precoce, planejando como realizar a próxima tarefa ou atividade, seja no ambiente residenci-
evidencia o autor. Os parques da Disney são os mais criticados, por constituírem uma al, profissional, político, afetivo e, até mesmo, nos momentos de lazer.
poderosa força do imperialismo cultural norte-americano que distorcem a realidade
Inicialmente, o termo planejamento indica a ideia de se fazer algo para que se
tanto histórico-temporal quanto geográfica dos Estados Unidos. Salomão (2000, p.
possa implantar e colher os resultados no futuro. Para tanto, precisamos compreen-
67) considera os parques da Disney como "uma doença social, maquiavelicamente
der a necessidade de intervenção em uma dada realidade, seja para ampliar, modifi-
criada com fins de domínio comercial e cultural". Mesmo nos Estados Unidos,
muitos acreditam que os parques podem provocar a distorção da realidade histó- car ou melhorar os resultados previstos.
rica através de suas atrações, que mostram "os fatos como deveriam ter sido" e não Considerando a produção de conhecimentos sobre o assunto, encontramos di-
como "realmente foram". Isso ocorreu no Estado de Virgínia, quando a população versas aplicações para o termo planejamento. Esse tema vem sendo estudado por
local repeliu a ideia da criação de um parque Disney que contaria a história da inúmeras áreas, tais como administração, economia, geografia e turismo, dentre ou-
guerra civil americana. A sociedade local não aprovou o projeto do parque, pois tras, cada uma analisando e entendendo o planejamento conforme lhe convém.
ficou temerosa que houvesse distorção dos fatos importantes dessa parte da histó- Ruschmann (1996, p.66) afirma que o "planejamento, de forma geral, consiste
ria (SALOMÃO, 2000). em um conjunto de atividades que envolvem a intenção de estabelecer condições
Esse debate relembra, segundo Salomão (2000), o grande debate que ocorreu favoráveis para alcançar objetivos propostos."
sobre os males da televisão. Talvez a presença de um profissional do lazer com for- Assim, o planejamento implica, fundamentalmente, a ideia inicial e continu-
mação universitária consciente desses aspectos e de muitos outros pudesse desen- ada de um projeto, sobre como ele ocorrerá, e sobre quais os impactos gerados a
volver o senso crítico e criativo dos visitantes, sem deixar de lado o prazer de usu- partir das iniciativas propostas, em termos de resultados concretos. O planejamento
fruir essa organização de lazer. é também fruto de uma ideia com base no cenário atual e no ideal que se pretende
Olívia C. F. Ribeiro alcançar.
Sua elaboração é complexa. Para planejar, é necessário ter um diagnóstico pre-
Já o planejamento tático compreende os mecanismos que serão necessários
ciso sobre as condições holísticas do ambiente. Sua orientação é influenciada por
para que sejam atingidos os objetivos propostos no planejamento estratégico. As ati-
diversas variáveis, como tempo, espaço geográfico, recursos, gestão.
vidades são organizadas para a execução em médios prazos. Na hierarquia organiza-
Autores da geografia apresentam o conceito de planejamento da paisagem (lan- cional, os planejamentos táticos ocorrem nos níveis de gerência ou coordenação, con-
dscape planning), que surgiu em 1949 na conferência da União Internacional para a forme o organograma institucional. Em geral, na administração, é mais comum
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais-IUCN (TURNER, 1983; apud PIRES, encontrarmos profissionais com habilidades táticas do que estratégicas. O domínio
1993). Nesse aspecto da paisagem, os especialistas distinguiram escalas de abordagem, do cenário mais amplo é restrito a poucos decisores.
utilizando os termos planejamento visual (amenity planning), planejamento local e
O planejamento operacional acontece no nível hierárquico organizacional
planejamento de sítio para propriedades pequenas; e planejamento físico e planeja-
de supervisão. É onde está, geralmente, o maior número de funcionários-colabora-
mento paisagístico para regiões com forte conotação conservacionista. (PIRES, 1993).
dores da organização, seja no ramo de produção ou prestação de serviços. É o dia-a-
O planejamento sustentável ganhou maior relevância nas discussões acerca do
dia da empresa. Ocorre em prazos curtos, bastante reduzidos. É como planejar a or-
património natural e em menor escala, inicialmente, do património histórico-cultu-
dem de importância das atividades e realizá-las conforme sua urgência e necessidade.
ral. A preocupação com a preservação e conservação patrimonial fez com que algu-
A organização, o ordenamento e a execução das tarefas diárias acontecem a partir de
mas iniciativas fossem repensadas, no intuito de poder realizar uma exploração me-
um planejamento operacional.
lhor, mais consciente e duradoura desses recursos, tanto por parte do turismo como
pela iniciativa privada, pelo setor público e por demais envolvidos. O planejamento No campo da administração, muitas são as empresas que elaboram seus pla-
pode contribuir sobremaneira para evitar danos ambientais, buscando o equilíbrio nejamentos com base na chamada "qualidade total", um mecanismo de sobrevivên-
entre os recursos envolvidos, como o meio ambiente natural, o meio ambiente modi- cia das organizações. Os processos administrativos ocorrem, em muitos casos, com
ficado e os valores socioculturais da comunidade, garantindo a preservação do pa- base nessa teoria. Cabe lembrar cinco dimensões constituintes da qualidade:
trimónio em questão para as gerações seguintes. - qualidade: é a qualidade intrínseca do produto/serviço;
Há ainda outras aplicações para o termo planejamento nas diversas ciências. No - custo: é a preocupação com o custo para executar o produto/serviço e com o
campo da administração, o planejamento pode ser realizado em três níveis: estratégico, preço de venda;
tático e operacional. Cada um desses níveis tem uma amplitude diferenciada. - atendimento ou entrega: é a dimensão da qualidade total referente à entrega
O planejamento estratégico tem origem no contexto militar. Mas, antes disso, no prazo certo, no lugar certo e na quantidade certa (logística);
houve o conceito de planejamento de longo prazo, em que Fayol já descrevia a impor-
- moral: preocupação com a ambiência do ser humano, como ambiente de tra-
tância da variável tempo no processo de planejamento. Entretanto, o tempo não é o
balho dos funcionários;
único elemento que interfere no planejamento, pois outras variáveis também são con-
sideradas em sua composição. Assim, a expressão "planejamento estratégico" expres- - segurança: integridade física das pessoas, internas ou externas à organização,
sa melhor a necessidade de elaborar estratégias para o melhor aproveitamento dos tanto na execução do trabalho como na utilização dos produtos/serviços da organização.
recursos existentes, em virtude do resultado que se espera alcançar. No contexto mi- É comum na contemporaneidade ouvirmos falar sobre "qualidade total". As
litar, estratégia é um termo entendido como a aplicação de forças em larga escala organizações buscam continuamente aprimorar, aperfeiçoar e adaptar seus produ-
contra o inimigo (PETROCCHI, 1998). tos e serviços às necessidades dos clientes, demandas e exigências do mercado e da
Petrocchi (1998), considerando o conceito empresarial, define estratégia como legislação. No contexto da "qualidade total", existe uma forma de sistematizar essa
um conjunto harmonioso e integrado de objetivos que são de importância funda- problemática. Trata-se do ciclo PDCA, cujas iniciais representam: Plan, Do, Check,
mental para a sobrevivência satisfatória, e em longo prazo, de uma organização. Action. Também conhecido como ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, dado a expressi-
Em suma, o planejamento estratégico é elaborado no mais alto nível hierárqui- va atuação do estatístico W. Edwards Deming no campo da administração. Deming afir-
co organizacional, compreendendo, geralmente, as mais importantes decisões, defi- mava que 85% dos problemas organizacionais são de responsabilidade da administração,
nindo objetivos gerais e trabalhando com longos prazos. enquanto somente 15% são dos funcionários, já demonstrando a necessidade e impor-
tância do planejamento para o sucesso e a sobrevivência das organizações.
í [DICIONÁRIO CRITICO pó LAZER!
O ciclo de Deming funciona com quatro fases e oito etapas, podendo ser visua- POLÍTICAS PÚBLICAS
lizado conforme o quadro a seguir:
A expressão "políticas públicas" somente pode ser entendida ao fazermos uma in-
FASE ETAPAS DESCRIÇÃO OBJETIVO cursão pelo significado dado ao termo "política". A política, nos diversos enfoques
que pode ter, seja como ciência ou arte, teoria ou prática, no senso comum ou na
1 Identificar o problema Definir c reconhecer sua
importância linguagem dos especialistas, refere-se ao exercício de alguma forma de poder, com
2 Observação Pesquisar características de suas múltiplas consequências. Contudo, relacionar a palavra política apenas ao
(P) PLAN- PLANEJAR forma ampla exercício do poder não designa a totalidade de sua abrangência. É necessário refle-
3 Análise Descobrir as causas tir sobre o que é exercer poder. Em poucas palavras, poderíamos afirmar que é um
fundamentais
processo pelo qual um grupo de pessoas, cujas opiniões ou interesses são a princí-
4 Plano de Ação Estudar plano para bloquear as pio divergentes, toma decisões coletivas que se tornam regras obrigatórias para o
causas
grupo e se executam de comum acordo.
(D) DO -FAZER
5 Ação Bloquear as causas fundamentais
Essa definição traz elementos que requererem uma análise à parte para apre-
6 Verificação Checar se bloqueio foi efetivado endermos a ideia. Em primeiro lugar, pressupõe que a definição dos objetivos de um
(C) CHECK VERIFICAR
? 0 bloqueio foi feito? Sim, prosseguir, Não, voltar à grupo, ou de uma sociedade, apresenta uma diversidade de opiniões. Dessa forma, será
etapa 2.
pela mediação dos conflitos, das divergências, quando não há consenso, que a política
7 Padronização Para evitar a repetição do aparecerá. Em segundo lugar, a política se relaciona com a maneira que as decisões
(A)ACTION-ATUAR problema
coletivas são tomadas, que pode ser pela persuasão, pela negociação, pela imposição ou
Refletir sobre o processo.
Considerar anomalias pendentes pelo estabelecimento de um mecanismo que leve à tomada da decisão final. A persua-
8 Conclusão e planejar trabalho futuro. são é a possibilidade de convencer todos sobre os méritos das propostas; a negociação
(In: Petrocchi, 1998)
implica um acordo entre opiniões díspares, na qual uma das partes cede às demandas
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro: 2001.
de seus adversários. Qualquer dessas alternativas de tomada de decisão coletiva é pou-
co edificante, pois subentende a decepção ou o sacrifício de princípios para obtenção
Em japonês, kaisen - melhoria contínua - é o objetivo maior da qualidade de vantagens políticas. A imposição implica um regime de exceção, quando as vontades
total, que ocorre com o ciclo PDCA. são exercidas pela coerção, pelo uso da força. Por fim, há o estabelecimento de um me-
Quando falamos de planejamento, não podemos desconsiderar, portanto, a im- canismo de tomada da decisão final que pode ser exercido pelo voto democrático, por
portância de prever os impactos causados com a utilização, apropriação e explora- assembleias populares ou, ainda, pela participação ativa da população em todas as ins-
ção dos recursos existentes, quer na esfera administrativa, laborai, geográfica, ambi- tâncias deliberativas, de um grupo ou de uma sociedade. Em terceiro lugar, uma vez
ental, turística, financeira, quer em todas possibilidades existentes. O planejamento adotada uma decisão, esta será considerada legítima pelo grupo em questão e ado-
deve buscar a sustentabilidade dos recursos, sejam ambientais, humanos, financei- tada como policy, programa de ação, distinguindo-se do termo politics, que em
ros ou outros, evitando sua extinção e garantindo a permanência e a perpetuação da geral é usado no sentido de política como dominação. Em quarto lugar, embora a
atividade na esfera que lhe for compatível. política seja inconcebível sem autoridade, pois na prática existe a necessidade de
impor as regras estabelecidas pelo grupo àqueles elementos que não as aceitam,
Daniel Braga Hubner fazendo-os as cumprir, essa faceta da política é detestável para as ideologias anar-
Fontes bibliográficas quistas e para algumas tendências do marxismo que pregam o fim da política ou o
de uma sociedade sem Estado.
PETROCCHI, Mário. Turismo: planejamento e gestão. Futura, São Paulo: 1998.
PIRES, Paulo dos Santos. Procedimentos para análise da paisagem na avaliação de impactos Dadas essas quatro características do exercício do poder ou da definição da
ambientais. In: Maia,2.ed.,PIAB, 1993. política, poderemos concluir que no mundo moderno o cenário principal desse
RUSCHMANN.DorisVandeMeene. Turismo e planejamento sustentável Campinas: Papirus, 1996. exercício seja o Estado, já que ele é a autoridade mais compreensiva que podemos

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