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FAESA – CENTRO UNIVERSITÁRIO

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DE VITÓRIA


GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

KELLI RENATA DA COSTA MEDEIROS ARAÚJO

O ESPAÇO PÚBLICO COMO AGENTE NA REDUÇÃO DO RISCO SOCIAL:

PROJETO DE PRAÇA NO PARQUE DAS GAIVOTAS – SERRA/ES

Artigo produzido como Trabalho de Conclusão


de Curso de Graduação em Arquitetura e
Urbanismo apresentado às Faculdades
Integradas Espírito-santenses, sob orientação
da Professora Ma. Patrícia Stelzer da Cruz.

VITÓRIA
2018
1
O ESPAÇO PÚBLICO COMO AGENTE NA REDUÇÃO DO RISCO SOCIAL:
PROJETO DE PRAÇA NO PARQUE DAS GAIVOTAS (NOVA ALMEIDA) –
SERRA/ES

The PUBLIC SPACE AS AN AGENT IN THE REDUCTION OF SOCIAL RISK:


PROJECT SQUARE IN THE PARQUE DAS GAIVOTAS (NOVA ALMEIDA) –
SERRA/ES

KELLI RENATA DA COSTA MEDEIROS ARAÚJO, GRADUANDA EM


ARQUITETURA E URBANISMO – FAESA
PATRICIA STELZER DA CRUZ, PROFESSORA FAESA

Resumo

Vazios urbanos sem usos específicos são muitas vezes vistos como inseguros. A
partir disto, acredita-se que o espaço público tem grande potencial como agente na
redução do risco social. O objetivo deste trabalho é apresentar a nível de estudo
preliminar a proposta de urbanização da Praça no Parque Das Gaivotas (Nova
Almeida) – Serra/ES. Foram utilizados livros, manuais técnicos e sites relacionados
ao assunto, além do Plano diretor Municipal da Serra. Pressupõe-se que espaços
públicos qualificados em vazios urbanos de bairros periféricos sejam capazes de
absorver ações que reduzam a exposição de crianças e adolescentes ao risco social.
O ensaio projetual propõe a apropriação do espaço pelas comunidades, em sua
diversidade através da urbanização, implantação de equipamentos públicos para
atividades esportivas, de lazer e encontros sociais.

Palavras-chave: risco social, vazio urbano, praça inclusiva.

Abstract

Urban voids without specific uses are often seen as insecure. From this, it is
believed that the public space has great potential as an agent in the reduction of
social risk. The objective of this study is to present the level of preliminary study
the proposal of urbanization of the square at Parque das Gaivotas (Nova
Almeida) - Sierra/ES. Were used books, technical manuals and sites related to
the subject, in addition to the Municipal Director Plan da Serra. Were used books,
technical manuals and sites related to the subject, in addition to the Municipal
2
Director Plan da Serra. It is assumed that skilled empty spaces in urban
peripheral neighborhoods are capable of absorbing actions that reduce the
exposure of children and teenagers at social risk. The test design proposes the
appropriation of space by the communities, in all its diversity through
urbanization, deployment of public equipment for sports activities, leisure and
social gatherings.

Keywords: Social risk, empty urban, inclusive square

1. INTRODUÇÃO

Ao caminhar pelas cidades é possível encontrar vazios em áreas públicas com


limitadas características e atrativos para moradores ou usuários da região. Espaços
sem vida e função bem definidas podem, a partir da urbanização e implantação de
equipamentos urbanos inserir ambientes propícios para abrigar atividades de esporte
e lazer para melhor uso e ocupação do espaço.

Áreas na cidade sem função especifica participam, por vezes, da formação marginal
de parcelas da sociedade. Os pontos viciados de deposição de lixo, as áreas de
consumo e tráfico de drogas, vazios residuais, são muitas vezes áreas evitadas pelos
transeuntes, e demandam um olhar que busque soluções não apenas de projeto, mas
também de inclusão social e recuperação da imagem do lugar por meio da inserção
de práticas de esporte e lazer no bairro (COSTA, 2014, p. 135).

O presente projeto em nível de estudo preliminar propõe a análise e arranjo urbano


do espaço adjacente ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Guiomar Araújo
Bulhões, um vazio urbano existente, localizado no Bairro Parque das Gaivotas, região
de Nova Almeida, Serra – ES.

A área de aproximadamente 8.700m² contígua ao CMEI, apresenta potencial de uso


em esporte e lazer pelos moradores, mas pouco aproveitado pela população local
devido à falta de infraestrutura. É perceptível o contraste na paisagem entre o espaço
edificado utilizado pela escola e o terreno adjacente que está implantado um campo
de futebol popularmente conhecido como Campo do América (FIGURA 01).

3
FIGURA 01 – Implantação do local de estudo

CAMPO DO
AMÉRICA

CMEI

Fonte: Google maps adaptado pelo autor, 2018

Com base na influência dos espaços no comportamento social, BESTETTI (2014, p.


609), enfatiza que: “a humanização possibilita o acolhimento e a produção de
subjetividades”. Assim sendo, arranjos espaciais que estimulem encontros sociais
podem ser um ponto de partida no processo de inclusão e exclusão social por meio
de espaços públicos, o desenvolvimento deste estudo visa discutir e identificar
possibilidades de urbanização e infra estruturação para vazios urbanos em bairros
residenciais periféricos, valorizando seu entorno urbano, e definindo um programa
baseado no uso e convívio social.

O espaço aqui denominado como Praça Campo do América, possui deficiências como
a falta de urbanização que restringe as condições de uso e apropriação. Um exemplo
é a falta de áreas flexíveis para atividades da comunidade como manifestações
sociais, religiosas e culturais, assim como para confraternização da comunidade. Além
da falta de equipamentos para uso das crianças e jovens do bairro.

Os vazios urbanos não infraestruturados podem ser caracterizados como


remanescentes urbanos ou áreas ociosas que não possuem função específica. Se
formam devido à ausência de ocupação funcional, de interesses sociais e
transformações de usos urbanos, podendo assim transformar-se em espaços
degradados, ou serem tomados por apropriação informal, tornando-se potencial

4
influenciador ao abrigo e acesso de crianças e jovens em situação de risco social a
atividades ilícitas, gerando assim um crescimento da marginalização (SILVA, 2015, p.
17).

No espaço urbano é comum encontrar vazios urbanos em situação de degradação,


abandono e apropriação informal propícios a práticas de delinquência. Diante de tal
situação, somente a construção de uma praça não seria suficiente para dar vitalidade
ao local, visto que o ambiente que outrora seria um vazio urbano ocupado por
marginais e usuários de drogas, tornando-se uma praça será arriscar-se a torna abrigo
para os mesmos. Fator este que inibe o uso e ocupação da população, podendo gerar
no espaço a característica de área evitada pelos moradores locais (RODRIGUES,
2011, p.30).

Dessa forma, a pergunta que guia essa pesquisa é: o projeto de urbanização de vazios
urbanos, seria capaz de gerar espaços propícios para o desenvolvimento social de
um bairro? A urbanização das praças no entorno com implantação de equipamentos
pode fomentar a inclusão de crianças e jovens na sociedade reduzindo a situação de
risco social?

A hipótese é que espaços públicos qualificados em vazios urbanos de bairros


periféricos sejam capazes de absorver ações que reduzam a exposição de crianças e
adolescentes ao risco social. Desta forma, o projeto urbano é voltado para o
conhecimento da realidade local somado ao planejamento urbano realizado pelos
órgãos públicos. Acredita-se que o projeto urbano e a implantação de equipamentos
públicos e comunitários planejados a partir dos desejos dos moradores promova a
apropriação do espaço pelas comunidades, em sua diversidade. Um espaço onde seja
possível desenvolver atividades esportivas, de lazer e encontros sociais, além de
atividades promovidas pelas instituições presentes na comunidade. Soma-se à ideia
de que o espaço público da praça pode ser um promotor da formação de jovens em
situação de vulnerabilidade social, buscando o resgate ou inserção de valores
fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem dos jovens.

Para tal fim, o objetivo deste trabalho é a elaboração de projeto de urbanização em


nível de estudo preliminar por meio da formação de um programa de necessidades
pautado em demandas locais e projetos de referência contextualizados com a

5
realidade local da praça objeto de estudo, localizada em Parque das Gaivotas, Nova
Almeida, Serra/ES.

Como objetivos específicos da pesquisa, dar uso ao vazio urbano, atestando as


influencias dos espaços vazios no comportamento social e as possibilidades de
integração e socialização da população. Promover áreas de lazer com inclusão de
espaços educadores contemplando mobiliário urbano, assim como articular ações que
proporcionem inclusão social através de atividades relacionadas ao lazer, educação
e esporte. Incentivar ações relacionadas a saúde, melhorar condições paisagísticas e
de conforto ambiental, além da criação de espaços para a promoção da
microeconomia.

Para isso o projeto é antecedido pela realização de pesquisas bibliográficas,


documental e fotográfica a fim de definir os conceitos e as abordagens que mais se
relacionam com o objeto de estudo. Levantamento de dados referente aos aspectos
históricos, sociais, econômicos e urbanos em órgãos de Estudos e Pesquisas
Governamentais como o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

De maneira empírica, mas sem deixar de lado a necessária alteridade, são realizados
estudos de campo e pesquisas por meio de aplicação de questionários no entorno
imediato da área de intervenção com moradores e nas duas escolas próximas a área
de estudo a fim de avaliar potencialidades e limitações da região. E a partir dos
resultados a elaboração de um programa de necessidades e fundamentação da
escolha do tema e do terreno através de contextualização de projetos de referências
e com a realidade local.

Em seguida são realizados levantamentos nas legislações locais, que possam


influenciar decisões positivas através de consulta no Plano Diretor do Município da
Serra (PDM), com a finalidade de apontar as áreas de expansão urbana, uso e
ocupação conforme o previsto no zoneamento. Elaboração de mapa de uso das
áreas adjacentes da praça.

Para a elaboração do projeto ao nível de estudo preliminar, foi utilizada a base


cartográfica em extensão .dwg disponibilizada pela Prefeitura Municipal da Serra –
PMS, associada ao levantamento topográfico feito no local por equipe topográfica

6
contratada, além de imagens de satélites disponíveis no Google Maps. Foram
realizados registros fotográficos do local de estudo para ilustrar e caracterizar a área
do projeto.

As atividades existentes na área de estudo são jogos de futebol e feiras promovidos


por moradores. Como produto, é elaborado um ensaio projetual que busca a
qualificação do espaço público, atualmente é utilizado como campo de futebol, o
espaço encontra-se cercado por telas, o que causa a apropriação informal por meio
de buracos feitos na tela. A intenção é que seja evitado assim que o vazio urbano
se torne um espaço residual propicio ao mal-uso e à criminalidade. O projeto propõe
oferecer espaço que contribua com a inclusão social e a recuperação da imagem
do lugar.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 VULNERABILIDADE SOCIAL E O ESPAÇOS PÚBLICO

A especificidade do espaço público deve-se ao seu caráter público, ou seja, espaço


aberto a todos e com possibilidade de interações. Ainda que os espaços públicos
sejam abertos a todos, há restrições sociais que emergem no processo de interação
e que fazem com que os diferentes grupos sociais não frequentem todo e qualquer
espaço público de um mesmo modo, essa restrição leva ao contexto de segregação
e exclusão social (CADERNOS DA JUVENTUDE 07, 2017, P. 09).

É de suma importância a compressão sobre vulnerabilidade social, Monteiro (2011, p.


03) descreve:

O tema da vulnerabilidade social não é novo, uma vez que essa terminologia
vem sendo usualmente aplicada por cientistas sociais2 de diferentes
disciplinas há bastante tempo. O tema caracteriza-se por um complexo
campo conceitual, constituído por diferentes concepções e dimensões que
podem voltar-se para o enfoque econômico, ambiental, de saúde, de direitos,
entre tantos outros.

A autora enfatiza ainda que essa temática vem sendo trabalhada ao longo de anos, e
cabe salientar que ela consiste em um conceito em construção, tendo em vista sua
magnitude e complexidade.

As expressões vulnerabilidade, risco e exclusão social podem ser associados a


algumas das características relevantes de fácil reconhecimento como as condições
precárias de moradia e saneamento básico, os meios de subsistência ineficazes e a
ausência de um ambiente familiar e social estruturado.
São múltiplos os condicionantes da vulnerabilidade social, assim como são diversos
os conceitos e opiniões a respeito, desde as mais complexas como ANANIAS et al.
(2009, p.34) que evidencia:

Numa sociedade complexa a vulnerabilidade social não é só econômica,


ainda que os de menor renda sejam mais vulneráveis pelas dificuldades de
acesso aos fatores e condições de enfrentamento a riscos e agressões
sociais.

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Até as mais simples como Janczura (2012, p. 302) que conceitua vulnerabilidade
social como a definição das características e condições dos grupos de indivíduos que
estão à margem da sociedade, ou seja, pessoas ou famílias que estão em processo
de exclusão social, principalmente por fatores socioeconômicos.

Buscando a definição mais precisa de risco social e vulnerabilidade, se faz necessário


à associação de diversos contextos histórico-sociais e as diferentes áreas científicas
que as desenvolveram para dar conta de seus instrumentos. Embora risco social e
vulnerabilidade sejam conceitos diferentes estão intimamente relacionados, pois,
enquanto risco se refere às fragilidades da sociedade, vulnerabilidade identifica a
posição dos indivíduos nesse contexto. Janczura (2012, p. 302) conceitua:
“Vulnerabilidade social como a definição das características e condições dos grupos
de indivíduos que estão à margem da sociedade, ou seja, pessoas ou famílias que
estão em processo de exclusão social, principalmente por fatores socioeconômicos”.

A respeito de vulnerabilidade social é propicio citar o distanciamento das pessoas civis


de baixa renda às políticas públicas sociais. O que dispersa da finalidade que foi
criada, já que o principal motivo pela qual existem as políticas públicas é propriamente
para atender às parcelas da população que não conseguem alcançar por sua própria
conta os requisitos mínimos necessários para sua sobrevivência e formação como
cidadãos (GOMES et al., 2015, p.125).

Pessoas que sofrem de vulnerabilidade social estão em uma situação debilitada, com
diversos problemas sociais. Este é um problema que não atinge somente indivíduos
sozinhos caracterizados como pessoas em situação de ruas, mas famílias que de
forma semelhante não possuem voz para pedir ajuda ou relatar seus problemas,
podendo desta forma iniciar um processo de risco social. A vulnerabilidade social,
neste caso, está ligada à pobreza e às condições em que as classes mais pobres e
menos favorecidas da sociedade se encontram. Portanto é possível dizer que existe
uma equiparação entre as definições de vulnerabilidade e risco social, e muitas vezes
elas podem trazer confusão e ser consideradas sinônimas, pois ambas geralmente
estão ligadas à pobreza (ROGERS; BALLANTYNE, 2008, P. 31).

Monteiro (2011, p.35) evidencia a respeito de Vulnerabilidade que:

9
A vulnerabilidade social, assim compreendida, pressupõe um conjunto de
características, de recursos materiais ou símbolos e de habilidades inerentes
a indivíduos ou grupos, que podem ser insuficientes ou inadequadas para o
aproveitamento das oportunidades disponíveis na sociedade. Assim, essa
relação ira determinar maior ou menor grau de deterioração de qualidade vida
dos sujeitos.

Conclui-se que o risco social surge em decorrência da vulnerabilidade. O risco social,


portanto, só irá existir se houver vulnerabilidade. E a exclusão social é a consequência
de ambos.

2.2 RISCO SOCIAL E POBREZA

Falar em riscos sociais não se restringe às situações de pobreza, existe um leque de


situações que o promovem. Entre eles o desemprego, dificuldades de inserção social,
enfermidades, violência, etc. Simultaneamente, a pobreza não pode ser definida de
forma única, isto seria uma incoerência em razão da grande visibilidade assumida na
ocasião em que parte da população não é capaz de gerar renda suficiente para ter
acesso sustentável aos recursos básicos de sobrevivência como água, saúde,
educação, alimentação, moradia, renda e cidadania (CANÇADO et al. 2014 ,p. 04).

O autor enfatiza ainda sobre a ineficiência de buscar soluções unicamente


econômicas para problemas de ordem estrutural, que em sua maioria possui raízes
profundas, como problemas herdados da própria formação local do bairro, tendo como
exemplo áreas urbanas ocupadas de forma irregular do tipo invasões,
atravessamentos no planejamento urbano, entre outros (CANÇADO et al. 2014 ,p.
04).

Tratando-se de bairros com configuração carente em diversos fatores como


econômico, serviços públicos e infraestrutura de qualidade, é quase que automático a
inserção de crianças e jovens nos grupos sociais de vulnerabilidade. Entre tantos
motivos que poderiam ser citados, estão os obstáculos para o acesso à educação de
qualidade, o que acarreta na falta de preparo escolar para competição no mercado.
Além da discriminação por residirem em comunidades periféricas, o que limita ainda
mais suas possibilidades, e por consequência atravessam grande dificuldade e até
preconceito na aceitação para iniciar uma carreira sólida no mercado de trabalho.

10
Conseguinte, enfrentam barreiras de mobilidade social devido à condição de pobreza
(GUADALUPE, 2011, p. 11).

Na contrapartida o envolvimento dos jovens com a violência e a criminalidade merece


destaque igualmente como um dos impedimentos para sua inclusão no mercado de
trabalho, uma vez que muitos se inserem na criminalidade cometendo pequenos
delitos desde a infância. Segundo O Globo (2013) especialistas em segurança pública
apontam o envolvimento de menores com o tráfico de drogas como o principal
precursor pelo aumento nos últimos anos da entrada de crianças e adolescentes no
mundo do crime. Outros fatores que contribuem para o envolvimento de menores em
crimes e delitos citados são o atual sistema de proteção social, a má qualidade dos
ensinos fundamental e médio e a falta de iniciativas e programas governamentais para
o atendimento de menores, tanto os que estão em situação de risco como os já
inseridos no mundo do crime (O Globo, 2013).

Ao passo que se decidirem sair da marginalidade e se dispuserem a integração ou


reintegração no mercado de trabalho também poderão enfrentar impedimentos, caso
se esbarrarem na exigência do certificado de bons antecedentes para conseguir um
emprego. Segundo Silva (2011, p. 40) citado por Cavalcante e Souza (2014):

(...) Os egressos do cárcere estão sujeitos a uma outra terrível condenação:


- o desemprego. Legalmente, dentro dos padrões convencionais, não podem
viver ou sobreviver. A sociedade que os enclausurou sob o pretexto hipócrita
de reinseri-los depois em seu seio, repudia-os, repele-os, rejeita-os. Deixa, aí
sim, de haver alternativa, o ex-condenado só tem uma solução: - incorporar-
se ao crime organizado.

A esses obstáculos é possível somar muitos outros, entre eles o acesso aos avanços
tecnológicos, que dificilmente é acompanhado pelas camadas de baixa renda,
gerando uma partição ocupacional e digital (CASTRO; ABRAMOVAY, 2002, p. 153).

Em decorrência desta situação, muitos optam por permanecer em situação de


estagnação, não buscando assim uma forma de ultrapassar as barreiras de exclusão
e preconceito. Fato este que se torna determinante no crescimento da segregação,
violência e criminalidade.

11
A desigualdade socioeconômica é também fator de forte risco geradora de
vulnerabilidades sociais, onde se insere a população infanto-juvenil e adulta
que vive nas ruas constituindo um grupo que merece atenção especial, pois
os riscos sociais têm relação direta com a vida e o modo de viver das
pessoas, que são sobre determinados por sua condição social (ANANIAS et
al., 2009, p.30)

São diversas as adversidades, caso elas sejam ampliadas de forma sistemática


podem deixar de serem vistas apenas como fenômenos sociais específicos da
convivência social e passam a ser aprofundadas a partir de suas fontes e princípios,
das quais as raízes são de ordem econômica, urbana e política.

2.3 SEGREGAÇÃO URBANA: CENTRO X PERIFERIA

No contexto de risco social e pobreza é pertinente a colocação a respeito de


segregação urbana. Segundo Villaça (2012, p. 46), no Brasil a forma mais tradicional
de estudo a respeito de segregação urbana é aquela que aborda o centro versus a
áreas periféricas. A segregação inicia-se através dos círculos concêntricos, com os
mais ricos no centro e os mais pobres na periferia.

Para objeto de estudo, firma-se o cenário em que é nos centros que frequentemente
se concentra a maior parte dos equipamentos específicos de lazer, a distância que
separa a periferia da região central, é um dos fatores que inviabilizam a participação
e o acesso de grande parte da população à intensa vida cultural que faz a fama da
metrópole. Condição esta que leva os moradores a saírem de seus bairros para
usufruírem de atividades de lazer simples como jogar bola e brincar nos parquinhos
com seus filhos. O que propicia a discussão sobre o controle de tempo e deslocamento
dos moradores de bairros para as regiões centrais e a justa distribuição do espaço
urbano e custos com deslocamentos (ANDRADE, MARCELLINO, 2011, p. 04).

A afirmação de Brenner, Dayrell e Carrano (2005, p. 179), é que:

Nas médias e grandes cidades brasileiras, as periferias, os bairros populares,


os morros e as favelas são verdadeiros desertos de equipamentos culturais;
ainda que a média de equipamentos seja elevada, estes se encontram
concentrados em centros culturais de difícil acesso físico e simbólico aos
setores populares.
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Essa segregação cria um ônus para os moradores de áreas afastadas dos centros e
uma excepcional vantagem para os moradores de áreas centrais. Villaça (2012, p. 70)
ainda enfatiza que ao contrário do que se pensa, o tempo e os espaços urbanos não
são obras da natureza, mas produtos do trabalho humano.

Assim sendo, o tempo se manifesta fundamentalmente por meio do período gasto


pelos moradores em seus deslocamentos espaciais em busca de atividades
corriqueiras. O que poderia ser facilmente amenizado com o uso de transporte público
de qualidade no deslocamento. Na contrapartida abre uma nova contrariedade, o
custo que isso geraria na renda familiar quando se trata de moradores de regiões
periféricas, além de economicamente inviável, é muito desgastante.

2.4 LAZER NA PERIFERIA

A palavra lazer é derivada do latim "licere", que significa “ser lícito” ou “ser permitido”.
O direito ao lazer está na Constituição de 1988 – artigo 6º, caput, artigo 7º, IV, artigo
217, § 3º, e artigo 227. O lazer está inserido no capítulo dos Direitos Sociais, e este,
por sua vez, está inserido no Título dos Direitos Fundamentais.

O lazer, portanto, é um direito subjetivo, fundamental. Lembremos deste último: os


direitos de 1ª geração foram plasmados na Constituição de 1988 e são,
genericamente, as liberdades. O direito ao lazer surgiu, em 1988, como uma liberdade
do indivíduo. O direito ao lazer nunca esteve em nenhuma Constituição Brasileira
anterior, desde nossa primeira Constituição em 1824, quer como liberdade, quer como
direito social (BRASIL, 1988, p. 18).

Assim o lazer torna-se um dever da família, da sociedade, do Estado, cabendo ao


Poder Público incentivar o lazer, como forma de promoção social. Logo pode-se
salientar que o Poder Público está obrigado a construir hospitais e escolas como
também está obrigado a fornecer meios para que os indivíduos, trabalhadores ou não,
possam gozar e usufruir do lazer. Pois os benefícios alcançados com isso vão além
do bem-estar pessoal ou familiar.

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O direito social ao lazer tem a finalidade de favorecer a todos e especialmente os mais
fracos, realizando plenamente a isonomia e a felicidade. O direito ao lazer busca
melhorar a vida humana. Por consequência, melhora também a saúde. O lazer serve
de essência para a transformação, efetividade e realização de inúmeros outros direitos
fundamentais. O Estado deve então, juntamente com a população incentivar esses
momentos de lazer e diversão, e isso pode ser proporcionado através de quadras de
esporte, playgrounds, praças públicas e festas organizadas dentro do bairro
(BRESSAN; FERREIRA, 2014).

Se o lazer é um direito de todos assegurado pela constituição, porque ele não é


acessível a todos da forma que rege a lei? Barros (2016, p. 5) descreve que:

O lazer é muito explorado de modo a gerar lucros, sem qualquer preocupação


com o desenvolvimento do ser humano na busca de valores importantes para
sua própria sobrevivência e melhoria da qualidade de vida. Esta situação é
provocada pela indústria cultural do lazer, porém essa indústria não considera
a população dos bairros de baixa renda como público merecedor de lazer e
favorecido pela falta de infraestrutura não investe em serviços e
equipamentos que disponibilizem qualquer diversão para essas
comunidades.

A distância que separa a periferia da região central, onde se concentra a maior parte
dos equipamentos específicos de lazer é um importante fator que inviabiliza o acesso
da população domiciliada em áreas afastadas dos centros. Uma vez que os parques
pequenos e bons habitualmente são situados nas regiões centrais da cidade
(ANDRADE; MARCELLINO, 2011, p. 4).

Em geral, tratando-se da importância do lazer no processo de desenvolvimento da


sociedade MAGNANI (1994, p. 2) explana que para a população de origem periférica
o lazer configura mais que a conveniência de reposição das forças gastas no trabalho,
mas uma oportunidade de entretenimentos e encontros. Constitui sociabilidade, o que
é de grande valia quando se trata de uma população cujo cotidiano não se caracteriza
exatamente pelo gozo pleno dos direitos de cidadania, além do contraste direto com
as situações de risco e vulnerabilidade social.

14
2.4.1 O jovem e a apropriação do espaço

As atividades físicas e esportivas são fundamentais para o desenvolvimento humano


e podem colaborar significativamente para o exercício da cidadania. Um fator
potencial para o crescimento da violência é a falta de opção de lazer nos bairros
periféricos, os jovens em constante estado de ociosidade canalizam suas energias e
direcionam suas ideias para atos criminosos de maior ou menor grau, o processo de
violência é quase sempre desenvolvido entre os jovens que vivem em bairros de baixa
renda (BARROS, 2016, p. 6). O jovem entretido não dispõe de tempo para o crime,
visto que parte do seu tempo deveria ser ocupado durante a semana na escola onde
passam por ensinos e valores que contribuem para sua formação como cidadão.
Porém, a ociosidade do jovem nos seus momentos de lazer, e nos finais de semana
desfaz todo o processo engajado pela escola, e a cada segunda-feira é um novo
começo no trabalho dos educadores de sociabilizar esses jovens. O incentivo da
escola ao esporte, promovendo competições é também uma estratégia eficaz contra
a violência, as atividades extraclasse ocupam o jovem em seu tempo livre ao mesmo
tempo em que lhe proporciona lazer. Isso leva a concluir que o ócio sem atividade é
um poderoso gerador da violência (BARROS, 2016, p. 7).

Esse problema de violência associado a juventude não é uma adversidade exclusiva


do Brasil. O Ex-prefeito de Medellín, na Colômbia Aníbal Gavíria disse em entrevista
ao jornal O povo (2017) que: “Para uma transformação é preciso envolver toda a
sociedade”. Ele apontou ainda os caminhos que levam ao pertencimento e
engajamento da sociedade na luta pela vida, o que é de extrema importância, visto
que uma sociedade que não tem o meio público como seu, não o valoriza e faz bom
uso do mesmo. Segundo ele o espaço público nas cidades tem de ser mais importante
que o espaço privado. Foi com essa linha de planejamento que o ex-prefeito de
Medellín, pautou a gestão, de 2012 a 2015, e conseguiu reverter números que
jogavam contra a vida em uma metrópole considerada uma das mais violentas do
mundo num período de 10 anos. O índice dos homicídios era uma dessas estatísticas.
De 429 mortes violentas para cada mil colombianos, houve a queda para 19 mortos.
Ele frisou ainda que: “não é o prefeito, nem o governo. Para uma transformação é
preciso envolver toda a sociedade” e que para um processo social desta dimensão,
se requer tempo. Não é um ano, nem dois, não é um governo, são vários governos.

15
Vários bons governos sucessivos e sintonizados, visto que as transformações em
níveis de estatísticas são extraordinárias.

Na pratica uma das principais medidas no combate a violência em Medellín foi investir
na educação, ato justificado por sua grande importância em uma sociedade jovem.
Aníbal Gavíria acredita que a educação não é só uma ferramenta para o futuro, mas
uma forma de tirar o jovem da violência (O POVO 2017).

Cada vez mais a população jovem se transforma e muda à sua maneira de inserção
na cidade e de utilização dos seus espaços. Trazendo este contexto para a Região
Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), que possui grande concentração de jovens
em relação ao restante do Estado do Espírito Santo, Conforme a (Tabela 1), observa-
se que o percentual de jovens é maior nos municípios de Viana e Serra, revelando
alta concentração da população jovem, com percentuais de 28,85% e 29,28%,
respectivamente, seguidos de Cariacica, Vitória e Vila Velha que estão no mesmo
nível de concentração de jovens, com percentuais de 27,58%, 27,08% e 26,66%,
respectivamente. Por último, temos os municípios de Guarapari e Fundão que
apresentam o menor percentual de concentração de jovens com 25,86% e 24,88%,
respectivamente (CADERNOS DA JUVENTUDE, 2017, p.25).

TABELA 1 - População jovem (15 a 29 anos) dos municípios da RMGV em relação à população
municipal.

Fonte: CADERNOS DA JUVENTUDE, 2017, p.25

É conveniente estabelecer uma aproximação de interação do jovem com o espaço


público, especialmente para esportes e/ou lazer, e as possibilidades de ocorrência
afetiva desses espaços de forma difusa no território metropolitano por meio de sua
16
distribuição espacial e de seu uso pela população jovem. A experiência do espaço
público prepara os cidadãos para o enfrentamento das adversidades, cria processos
de resiliência e promove a construção de identidades. Nessa perspectiva, o bom
planejamento desses espaços deve ser a regra, e não a exceção. Se os espaços
públicos não são agradáveis e preservados, ou se eles transmitem uma sensação de
insegurança, são critérios que limitam a sua apropriação. Desta forma, acredita-se
que o espaço público ataca a violência porque gera convivência e encontros cidadãos.
Logo, o ideal seria a implementação de espaços públicos de qualidade para a
promoção da apropriação espacial urbana de qualidade (CADERNOS DA
JUVENTUDE, 2017, p. 9-10).

A Coordenação de Estudos Territoriais do IJSN por meio de pesquisas de campo


apresentou o ranking das principais atividades praticadas nos bairros da RMGV.
Através de perguntas abertas respondidas por moradores pode-se notar que de forma
significativa em relação às demais, o futebol foi a atividade mais citada pelos
moradores, 568 vezes no total. Atividades de capoeira e zumba foram citadas
respectivamente por 134 e 76 moradores (Gráfico 01). Cabe ressaltar ainda, que um
número expressivo de moradores, 127 no total, responderam não haver atividades
praticadas em seu bairro, enquanto outros 34 informaram não ter conhecimento
(CADERNOS DA JUVENTUDE, 2017, p.49).

Gráfico 01: Ranking das principais atividades praticadas nos bairros, em números absolutos

Fonte: Cadernos da Juventude, 2017, P.49

17
É conhecido que a prática de esportes contribui para o desenvolvimento físico e motor
das crianças e jovens, permitindo que eles tenham uma vida mais saudável. Porém,
os benefícios dessas atividades não param por aí. Ao participar de uma ou mais
modalidades esportivas, as crianças e os jovens desenvolvem competências técnicas
e habilidades emocionais e cognitivas que são essenciais para a formação como ser
humano e cidadão.

Principalmente nas atividades esportivas em grupo, onde aprendem a se relacionar


melhor com o próximo, além de aprimorarem a memória e a tomada de decisões
(COLÉGIO MARUPIARA, 2017).

2.5 A INFLUÊNCIA DA PRAÇA NA CIDADE

A importância das praças como local público vem desde a antiguidade. Elas sempre
estiveram presentes na história da cidade. As mais antigas guardam histórias e
acontecimentos da vida pública e privada, sagrada e profana, política e social, por
isso, se torna tão necessário suas modificações e adequações à vida moderna. As
cidades eram construídas partindo de um centro de convivência e de encontros que
determinava toda a distribuição do espaço. As praças são geralmente lembradas
como áreas de intensa manifestação popular (BAIRROS, A. et al., 2016, P.5).

Lamas citado por De Angelis (2005, p.2) define a praça como o lugar intencional de
encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações
da vida urbana e comunitária e de funções estruturantes e arquiteturas significativas.
Um local de beleza, memórias, onde se estabelece a alma da cidade. Nela se
encontram marcos referenciais, projetos paisagísticos que estimulam o convívio. Além
de se constituírem de um espaço não construído dentro da malha urbana elas
carregam diversas funções e benefícios ao bem-estar social. Rompem a
homogeneidade urbana como pontos de descompressão entre as edificações que as
envolvem.

As praças são o cenário onde se desenvolve a história da humanidade, Waterman


(2010, p.15) relata que desde os tempos antigos a vida no espaço público já era muito
importante, especialmente em Roma e na Grécia antiga. Nessas cidades haviam
18
inúmeros locais voltados a eventos esportivos, culturais e intelectuais, todos
fundamentados de acordo com o planejamento de cada cidade.

A praça deve ser mais que um vazio na cidade, um espaço convidativo, que permita
o convívio e a integração social, a promoção de encontros, descanso, práticas de
atividades de lazer e esporte, além de ser um local de contemplação em meio à vida
urbana. Vargas (apud Alex, 2008, p.10) caracteriza a praça como um “espaço para
troca”.

A praça brasileira como figura urbana é praticamente desconhecida em sua


essência tanto por seus usuários como criadores, sejam eles arquitetos,
engenheiros, técnicos diversos, curiosos e outros mais. Duas figuras se
destacam no imaginário popular: de um lado, a visão do jardim, e, do outro a
da praça de esportes, ambos bastante limitados e pouco abrangentes. A
praça, juntamente com a rua, consiste em um dos mais importantes espaços
públicos urbanos da história das cidades no pais, tendo desde os primeiros
tempos da colônia, desempenhando um papel fundamental no contexto das
relações sociais em desenvolvimento. De simples terreiros a sofisticados
jardins, de campo de jogos a centros esportivos complexos, a praça é por
excelência, um centro, um ponto de convergência da população, que a ela
ocorre para o ócio, para trocar ideias, para encontros românticos ou políticos,
para o desempenho da vida urbana ao ar livre.

Entre os benefícios que a praça carrega é propicio citar a função social, visto que a
praça age como ponto de sociabilidade entre a população, uma vez que é usada como
palco para atividades da comunidade como manifestações de ordem religiosas,
culturais, lazer e esportivas, assim como para confraternização da comunidade. O
benefício social se relaciona com as possibilidades oferecidas através da praça à
população. Desde um simples gramado sombreado, a locais com quadras e jardins
projetados, as praças oferecem oportunidades de relacionamentos para seus
usuários. Ela funciona como um local de interações e trocas de ideias (PRAÇAS,
2017).

Outro benefício que merece destaque é a ação educativa, como espaço público as
praças podem funcionar como um local propício para atividades educativas. Tanto
para ações governamentais quanto para escolas que desejam realizar o
desenvolvimento de atividades extraclasse e de programas de educação ambiental.

19
A pedagoga Mariana Moretti citada por Praças (2017), disse a respeito de ações
educativas na praça que:

As praças, quando frequentadas, proporcionam momentos de interação e


bem-estar no convívio ao ar livre. Espaços de recreação e lazer são palcos
importantes para as crianças, que podem entender a importância de sua
conservação na medida em que a usufruem.

Seja em tempos remotos ou na atualidade, fica claro que as praças desempenham


importante papel como espaço público democrático, de uso comum, palco de decisões
e local de convívio e lazer de toda comunidade. Conhecer a importância, os usos e
funções destas áreas é essencial para a valorização e preservação das praças
públicas, especialmente numa época em que a preocupação global volta-se para o
meio ambiente, a sustentabilidade e a qualidade de vida da população (BAIRROS, A.
et al., 2016, P.5).

2.6 VAZIO URBANO

Com o desenvolvimento dos bairros, as transformações são bastante significativas,


uma vez que se adensam, ganham novas atividades e novos moradores, é possível
que algumas áreas não acompanhem o crescimento e apareçam na paisagem
remanescentes vazios urbanos, espaços não construídos, que se tornam áreas
ociosas. Estes vazios urbanos existem devido ausência de ocupação funcional, de
interesses sociais e transformações de usos urbanos (CARLOS, 2007, p. 35).

Este processo de crescimento e que provoca o vazio no cheio, é o fundamento que


Carlos (2007, p. 58) chama de espaço amnésico – um espaço sem referências e
inóspito à vida, porque limita e restringe as modalidades do uso. Usos esses
favoráveis ao convívio da sociedade, de tal meio que se revele no espaço como modo
da reprodução da vida através da apropriação.

O prognóstico de vazio urbano segundo Dittmar (2006, p. 03) trata-se: “condição de


que se o vazio urbano é o resultado da ação antrópica sobre o meio, este, enquanto
estagnação ou modificação de um uso, pode ser considerado como um fragmento da
memória de uma paisagem que se modificou”. Ainda segundo Dittmar (2006, p.69).
20
O vazio urbano é um termo mais abrangente, que abarca o remanescente, a
área ociosa e o residual urbano. São muitas as questões relacionadas ao
termo, contudo, existe consenso entre vários autores, que consideram os
vazios urbanos como áreas “construídas”, não no sentido físico, mas no que
se refere ao trabalho social em seu entorno. O vazio pode caracterizar-se
pelas questões físicas simplesmente ou pelo esvaziamento de uso e, muitas
vezes, pelas duas situações.

Para Nuno Portas (2000), citado por UFMS (2016, p. 61) vazio urbano é uma
expressão ambígua, “até porque a terra pode não estar literalmente vazia, mas
encontrar-se simplesmente desvalorizada com potencialidade de reutilização para
outros destinos, mais ou menos cheios”.

Segundo Magalhães (2005, p. 8), o conceito de vazio urbano é bastante amplo,


envolvendo termos como terrenos vagos, terras especulativas, terras devolutas,
terrenos subaproveitados, relacionando-se com a propriedade urbana, regular ou
irregular, ao tamanho e à localização.

Villaça (2005, p.9) utilizou a definição de vazio urbano como uma grande extensão de
área urbana equipada ou semi-equipada, com quantidade significativa de glebas ou
lotes vagos. Atualmente esse conceito se expandiu, pois, surgiram diversas tipologias
de vazios urbanos em estudos variados. Vazio urbano para fins deste trabalho é
qualquer área privada, desocupada ou subocupada (ocupação menor que 25% de sua
área), localizada no interior do perímetro urbano, independente de possuir, ou não,
infraestrutura e serviços públicos (UFMS, 2016). As demais áreas vazias públicas
foram classificadas como espaços livres ou áreas de domínio público.

2.7. CONTEXTO HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO


2.7.1 Nova Almeida: História, cultura e contexto urbano

O Distrito de Nova Almeida é um balneário no litoral norte do município da Serra, e


integrante na Região Metropolitana da Grande Vitória. (Figura 02).

21
FIGURA 02 – Localização do Distrito de Nova Almeida, destacando o Bairro Parque das Gaivotas

Nova Almeida

Fonte: Adaptado pelo autor – Dnit, 2017; Google maps, 2018

A região de Nova Almeida tem praias de águas rasas e quentes, onde os recifes de
rochas vermelhas formam piscinas naturais na maré baixa. Em suas belas falésias se
pratica o voo livre (FIGURA 03), há possibilidade de voo o ano inteiro devido ao vento
Nordeste predominante, e ainda proporciona o que seria uma das melhores vistas
para o mar do Espírito Santo. O balneário abriga ainda o mais visitado ponto turístico
da Serra, a Igreja e Residência Reis Magos, um patrimônio histórico nacional fundado
pelos jesuítas no ano de 1580. A igreja situa-se no alto de uma colina, de onde se
pode ver a foz do rio Reis Magos, o manguezal e boa parte da orla. O quindim e os
picolés caseiros são famosas iguarias da tradição local. Essas e outras atividades
locais atraem turistas e visitantes no período de verão, feriados e fins de semana.
(ESPÍRITO SANTO, 2017).

22
FIGURA 03 - Pratica de voo livre - Falésias de Nova Almeida - Serra – ES

Fonte: Guia 4 ventos - Brasil, 2018

Em meio à rotina urbana, o bairro Nova Almeida guarda características de cidade de


interior. Um dos Distritos mais conhecidos da Serra, Nova Almeida é contornado por
praias e tem o turismo como vocação principal. A igreja e residência dos Reis Magos
(FIGURA 4) é o centro do bairro, por sua importância histórica e turística. O balneário
mantém a pesca como uma de suas características mais fortes (A Gazeta, 2016,
P.13).

FIGURA 4 - Igreja e Residência dos Reis Magos

Fonte: Melhor guia, 2018


23
Entre as manifestações culturais típicas da região que continuam preservadas em
Nova Almeida, o Congo é a principal delas e marca presença nos festejos da cidade
- em especial na "Puxada do Mastro", que acontece no dia de São Benedito no mês
de dezembro; e na procissão marítima de São Sebastião que acontece em janeiro
(ARAÚJO, 2015).

A região de Nova Almeida é delimitada pela Orla Marítima, área de preservação


permanente, Rio Reis Magos e a Rodovia ES-010, o Bairro Parque das Gaivotas fica
a cerca de 3km de distância do centro de Nova Almeida (FIGURA 05).

FIGURA 5 – O Bairro Parque das Gaivotas em relação ao Distrito de Nova Almeida

PARQUE DAS GAIVOTAS NOVA ALMEIDA (CENTRO)

Fonte: Google Maps adaptado, 2018

24
2.7.2 Parque das Gaivotas: História e contexto sócio educacional

O Bairro Parque das Gaivotas está localizado no distrito de Nova Almeida e sua
fundação é marcada por lutas e brigas na justiça (A Tribuna, 2002, p.07). Visto que o
local é fruto de uma ocupação irregular. Na contrapartida, o local foi projetado para
ser mais um loteamento da Serra, no entanto os planos não saíram como esperado
após a chegada de moradores que foram provenientes de diferentes partes do Estado
e do País (A Tribuna, 2002, p.07).

A falta de rede de infraestrutura urbana básica não foi empecilho para que os lotes
vazios fossem invadidos, uma vez que em 1993 quando o loteamento Parque das
Gaivotas iniciou sua ocupação de forma irregular, não havia qualquer indicio de
infraestrutura básica coletiva (redes de energia, água e saneamento). No entanto, um
ano após a ocupação cerca de 600 famílias encontravam-se instaladas na região.
Apesar disso, somente em 1995, dois anos após a ocupação irregular, período este
em que os moradores fizeram uso de ligações clandestinas, é que as companhias de
luz e saneamento regularizaram as ligações, ampliando suas instalações. A partir de
então a comunidade foi avançando até ser reconhecida como bairro. Em 1998, o
Bairro passou a contar com transporte coletivo e hoje possui três opções de ônibus
passando pelo bairro: as linhas circulares 806 Terminal de Jacaraipe ao bairro Nova
almeida via Parque Gaivotas com a denominação “A e B” e a linha 873, Parque
Residencial Nova Almeida ao terminal de Jacaraipe via Parque das Gaivotas (A
Tribuna, 2002, p.07).

Devido sua história de ocupação irregular e o rumo que tomou o loteamento, o bairro
Parque das Gaivotas está inserido em uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS
02/01), caracterizado como áreas para assentamentos habitacionais de população de
baixa renda no Plano Diretor Municipal da Serra 2012 (FIGURA 6).

25
FIGURA 6 – Zoneamento da Região do Parque das Gaivotas

Fonte: Serra adaptado pela autora, 2015

A descrição de ZEIS vai ao encontro a história do bairro, PREFEITURA MUNICIPAL


DA SERRA (2012, p.33) evidencia que

As ZEIS, são áreas urbanas ocupadas, predominantemente, por população


de baixa renda, ou que tenham sido objeto de loteamentos, invasões e/ou
conjuntos habitacionais irregulares, que exigem tratamento singularizado dos
critérios de uso e ocupação do solo urbano. Essas áreas possuem
necessidade de projetos especiais de urbanização, reurbanização,
regularização urbanística, fundiária e programas de inclusão social.

Tal classificação reforça carências infraestruturais e sociais que foram identificadas


no bairro por meio dos levantamentos in loco. O bairro está localizado no extremo
norte da RMGV e apresenta predominância de uso residencial. As moradias se
mesclam entre habitações precárias e de padrão básico, porém a infraestrutura é o
que apresenta maiores deficiências. Embora possua rede de drenagem e
esgotamento sanitário em Nova Almeida, no Parque das Gaivotas ainda é uma
deficiência. Faltam ainda espaços de lazer público infraestruturados e as vias locais
26
não possuem pavimentação. A partir do mapa de usos é possível notar a
predominância residencial no Bairro (FIGURA 7) e que nos entornos da praça a
predominância é residencial.

FIGURA 7 – Mapa de usos

ZPA

Fonte: adaptado de Serra, 2015

Na região existem duas escolas, a (EMEF) Escola Municipal de Ensino Fundamental


Professor Darcy Ribeiro (FIGURA 8) foi a primeira a ser construída em 2000.

Em entrevista realizada com a diretora da EMEF “Darcy Ribeiro” foi possível


identificar dados importantes como os principais desafios do bairro, e quais são as
sugestões para a implantação da praça em estudo. Segundo informações da diretora
a escola hoje atende 941 alunos moradores do bairro, sendo 469 no turno matutino e
472 no vespertino. O horário de funcionamento da escola é de 07:00h ás 12:00h no
turno matutino e de 13:00h ás 18:00h no vespertino e não tem aulas no período
noturno.

27
Em relação às atividades realizadas no pátio da escola a diretora expôs que os alunos
fazem uso para aulas de educação física, porém a quadra não possui cobertura contra
intempéries.

Questionada sobre o uso da área livre da praça “Campo do América”, a mesma relatou
que o bairro não oferece segurança para atividades com as crianças fora das
dependências da escola e que a praça não possui urbanização que justificasse o
deslocamento dos alunos para a praça.

Em relação a atividades da escola em conjunto com a comunidade, foi mencionado


festas em comemoração ao dia da família, festas juninas, cafés poéticos e reuniões
trimestrais com os país dos alunos.

Sobre os maiores desafios enfrentados no bairro a diretora citou a situação de


carência da população, infraestrutura precária e a insegurança como pontos focais.

Num projeto de reforma da praça o que poderia ser implantado na praça para
aproveitamento das atividades da escola foram apontados a quadra poliesportiva,
playground, tabela de basquete, além de jardim e arborização.

FIGURA 8 – Escola Municipal de Ensino Fundamental Darcy Ribeiro (EMEF)

Fonte: Acervo do autor, 2018

28
Em 2016 foi inaugurado o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Guiomar
Araújo Bulhões (FIGURA 09), obra está que foi escolhida pela comunidade como
prioridade no Orçamento Participativo de 2015 e possuía pretensão em atender cerca
de 320 crianças que residem no bairro. (CIDADES, 2002). Segundo dados da direção
da CMEI Guiomar Araújo Bulhões, em 2018 a escola tem 320 alunos matriculados
com idade entre 3 a 5 anos. O horário de funcionamento da escola é de 07:00h ás
11:00h no turno matutino e de 13:00h ás 17:00h no vespertino e não tem aulas no
período noturno.

Em relação às dependências da escola e atividades realizadas no pátio a diretora


expôs que o espaço é amplo, porém não possui quadra e área verde para uso dos
alunos, e em relação ao uso da área da praça ela disse não se sentir segura para
expor as crianças fora do pátio da escola. Visto que são muito pequenos e o bairro
possui reputação violenta.

Sobre os maiores desafios enfrentados no bairro a diretora citou a falta de segurança


como ponto focal de preocupação.

Ao ser perguntada sobre o que poderia ser implantado na praça para aproveitamento
das atividades da escola, foi sugerido pela diretora a uma quadra poliesportiva e horta
comunitária.

FIGURA 9 – (CMEI) Centro Municipal de Educação Infantil Guiomar Araújo Bulhões

Fonte: Acervo do autor, 2018

29
A fim de compreender as características físicas sociais sob o olhar dos moradores,
foram realizadas entrevistas (FORMULÁRIO APÊNDICE I) entre os dias 09/04 e
13/04/2018 no horário de 09:00h às 11:00h e 15:00h às 17:00h respectivamente, nas
ruas adjacentes ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Guiomar Araújo
Bulhões e da Escola municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Darci Ribeiro. Foram
realizadas 30 entrevistas com moradores visando caracteriza-los e identificar
demandas por espaços de lazer. Dos entrevistados, 53,3% eram homens e 46,7%
mulheres (FIGURA 10), sendo de faixa etária predominante entre 20 e 29 anos de
idade (FIGURA 11).

FIGURA 10 e 11: Sexo e faixa etária dos entrevistados

Fonte: Acervo do autor, 2018

A maioria dos entrevistados reside no bairro a pelo menos 6 anos, sendo que apenas
3% está na região por até 05 anos (FIGURA 11).

30
FIGURA 11: Tempo que reside no Bairro

FONTE: Acervo do autor, 2018

Com relação às atividades de lazer sugeridas para o bairro, destacou-se jogar bola
com 32%. Outra atividade bastante citada foi jogos de mesa, com 18% de solicitação
(FIGURA 12).

FIGURA 12: Atividades de lazer desejadas no Bairro

31
FONTE: Acervo do autor, 2018

É possível notar que a atividade jogar bola possui real predominância tanto nas
solicitações das escolas como também entre os moradores em geral. Tal
predominância foi confirmada pela ação social promovida por moradores em parceria
com as escolas e comerciantes do bairro, que está implantando a escolinha de futebol
“Craques do Futuro” na área da praça em estudo. O projeto foi idealizado pelo
Professor Geovane Santos, em conversa com o mesmo, ele contou que é morador do
Bairro e que na sua infância a mais ou menos 20 anos atrás, foi beneficiado por um
projeto semelhante e que graças a este projeto ele se tornou atleta e posteriormente
professor de educação física. Destacou que muitos dos seus amigos se perderam no
uso de drogas e alguns já faleceram devido ao tráfico. Da mesma forma que teve sua
vida transformada pelo esporte, ele e o coordenador Rafael iniciaram o projeto com
ajuda dos comerciantes locais em 07 de maio de 2018. Frisou ainda que a proposta
não é focada apenas no futebol, mas que em parceria com escolas e pais as crianças
vão ser observadas no contexto de desempenho e convívio social, buscando uma
formação que avança para além das atividades esportivas. Ele contou ainda que a
princípio o público alvo seriam crianças de 07 a 17 anos, porém, devido à grande
demanda de país que o procuraram solicitando a inclusão dos seus filhos com idade
menor, a escola vai abrir vagas para crianças com idade entre 5 a 17 anos. Na ficha
de pré-inscrição é solicitado o valor de 10 reais como matricula e 10 reais como
mensalidade, o valor cobrado será para investimento em material de uso nas aulas
32
como coletes e bolas (FIGURA 13). Questionado sobre os benefícios que a
urbanização do local poderia oferecer ao bairro, o professor Geovane enfatizou que a
implementação de uma quadra poliesportiva seria importante para dar suporte às
ações e atividades de lazer a população do Bairro.

FIGURA 13: Ficha de pré-inscrição do projeto Craques do Futuro

FONTE: Acervo do autor, 2018

Outra importante atividade desenvolvida pela Associação de Moradores com apoio de


um vereador do Bairro é a Feirinha Gaivotas. Segundo o Panfleto para divulgação da
Feirinha (FIGURA 14), ela acontece em frente ao CMEI Guiomar Araújo Bulhões, a
feirinha teve início em 07 de abril de 2018 e contou com a participação da companhia
de ballet Pliê e com jovens talentos musicais. Além de comidas típicas, feira de
artesanato e cantinho de beleza para a comunidade.

FIGURA 14: Panfleto para divulgação da Feirinha Gaivotas

33
FONTE: Acervo do autor, 2018

Analisando a área de estudo em questão, ela não se encontra totalmente vazia. É


possível notar a presença de uma tela de proteção que delimita o que chamam de
campo do América. O espaço possui portões que permanecem fechados com
cadeados, o que impede o uso livre da área pela população, fato este que leva os
moradores a criar entradas alternativas através de aberturas na tela para atividades
de lazer (Figura 15).

FIGURA 15 – a) Portão permanece fechado; b) Entrada improvisada pelos moradores.

a) b)
Fonte: Acervo pessoal do autor

2.7.3 Fatores de criminalidade e suas influências no Bairro

34
Segundo o Folha Vitória (2018), o município da Serra registrou o maior número de
mortes em toda a Grande Vitória em 2017 com 312 pessoas mortas. No ano de 2016
foram 267 assassinatos.

Em entrevista ao Jornal Tempo Novo (2015), o tenente Coronel Moacir Barreto do 6º


Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento de toda a Serra explanou
que são grandes os desafios de promover a segurança da população do município
onde mais se mata no ES e que está entre os lugares mais violentos do mundo.
Conforme informações do tenente, o município da Serra é onde a PM atende mais
ocorrências no Estado, com cerca de 300 por dia. E os dias de maior demanda são
de quinta a domingo. Ele aponta ainda que as regiões mais violentas são na maior
parte onde se concentram as áreas de crescimento desordenado. Entre muitas
citadas está a Grande Nova Almeida onde ele destaca o Parque das Gaivotas e o
Bairro Praia Mar que também pertence ao Distrito de Nova Almeida.
Questionado sobre o que fazer para reverter o quadro de violência na Serra o tenente
enfatiza que,

Homicídio não se reduz só prendendo homicida, mas é um fator importante.


A Serra precisa ter dois tribunais do Júri e não apenas um. E também mais
uma delegacia 24h, hoje só tem a de Laranjeiras. Mas além do aspecto
repressivo – preventivo, é preciso uma cultura da paz, incutir na mente das
crianças, adolescentes e jovens uma perspectiva de futuro, de crescimento
pessoal, com uma política de estado eficiente para isto. Ensino integral, por
exemplo. Se a polícia tivesse como reduzir homicídio sozinha já tinha
resolvido (TEMPO NOVO, 2015).

Além dos problemas relacionados à violência, outro fator crítico no bairro é a


deficiência de locais para lazer e esporte. Embora possua potencial turístico na região
de inserção as áreas de lazer não são equilibradamente distribuídas nos bairros,
sendo comum o deslocamento para a área central na busca por atividades do tipo
jogar bola, andar de bicicleta, atividades que poderiam ser feitas no próprio bairro.
Isso se dá pela baixa ou inexistente oferta de áreas de lazer como praças públicas,
quadras poliesportivas entre outros, no Bairro e em bairros vizinhos a deficiência é a
mesma (FIGURA 16).

FIGURA 16 - Praças e áreas de lazer na região de Nova Almeida e Praia Grande


35
Áreas de lazer e atividades de esporte

Fonte: Google Earth; adaptado pela autora, 2018


Conforme o censo 2010, a população de Parque das Gaivotas é de 3915 habitantes,
distribuídos entre homens e mulheres. A População masculina, representa 1.957
habitantes, e a população feminina, 1.958 habitantes.

Entre os grupos etários no censo do IBGE (2010), destacam-se os grupos de 0 a 4


anos, 05 a 14 anos, 15 a 64 anos e 65 anos e mais, 64% da população do bairro
possui entre 15 e 64 anos (TABELA 02).

Tabela 2 – Faixa etária da população do bairro Parque das Gaivotas.

Fonte: IBGE, 2010

36
O bairro vizinho Praia Grande município de Fundão, apresenta baixa concentração de
jovens, com percentual que varia entre 16,67 e 23,00%. Os moradores de Praia
Grande deslocam-se para a praça central de Nova Almeida em busca de atividades
de lazer e esportes, visto que existem apenas um equipamento público de esporte e
lazer em toda a área urbana de Praia Grande – Fundão (FIGURA 17), o que denota
poucos investimentos em equipamentos e reforça a necessidade da implantação de
um novo espaço público na região (CADERNOS DA JUVENTUDE 07, 2017, P. 42).

FIGURA 17 – Distribuição Espacial dos equipamentos públicos de esporte e lazer em Praia Grande.

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor (2018)

2.7.4 Área de estudo: Caracterização do Espaço

Em vista aérea, é facilmente possível identificar o espaço de estudo situado no Bairro


Parque das Gaivotas, o vazio ocupa uma área equivalente a 29 lotes com 300m² cada
um (FIGURA 18):

FIGURA 18 – Vista aérea da região do Parque das Gaivotas com delimitação do vazio urbano.

37
N N

Fonte: Google maps, adaptado pelo autor, 2017

Através de observação local, é notável a diferença socioeconômica entre as


ocupações nas ruas que circundam a praça. A praça como vazio urbano evidencia o
contraste entre a precariedade de algumas construções e outras de bom padrão
construtivo.

A área da praça campo do América assume a função de campo de futebol restringindo


a possibilidade de atender a públicos diversos por ser inclusive fechado (FIGURA 15).
O bairro possui características de marginalidade e alto índice de crianças e jovens em
situação de risco social, desta forma o remanescente urbano tem se tornado abrigo e
sustentação de atividades ilícitas como tráfico de drogas, pequenos assaltos e até
uma espécie de “guarita invisível” onde crianças e jovens portam armas ilegalmente,
fazem uma espécie de controle de entrada e saída do bairro. Nos muros é possível
notar avisos com os seguintes escritos: “Morador abaixe os faróis, acenda a luz interna
e abaixe os vidros” (FIGURA 19). Tais práticas tem provocado medo e apreensão
entre os moradores e transeuntes. Diante de tal situação, se reforça a necessidade
de um projeto que promova um novo uso ao vazio urbano e contemple meios e ações
que promovam a inclusão de crianças e jovens em risco social. Além da inserção de
uma nova visibilidade ao bairro, deixando assim a população de sofrer preconceitos
pelo simples fato de serem moradores de bairros periféricos, além da generalização

38
errônea de que todos moradores desta região são ou tem participação na
criminalidade.

FIGURA 19 – Avisos expostos em muros do Bairro Parque das Gaivotas.

Fonte: Acervo do autor (2018)

Com relação à infraestrutura e características físicas do entorno a praça é delimitada


pelas Ruas Divino Rossi Veci, Vargem Alta, Muqui e Avenida Soldado Dovalcir Otávio
Bispo (FIGURA 20).

FIGURA 20 – Entorno dá área de estudo

39
Rua Divino Rossi Veci

Rua Muqui

Avenida Soldado Dovalcir Otávio Bispo

Fonte: Adaptado de Google Maps, 2018

Na Rua Divino Rossi Veci pode-se observar que não possui pavimentação, e que as
casas assim como a Igreja possui padrão construtivo simples, a circulação da Rua é
apenas por moradores locais (FIGURA 21).

FIGURA 21: Rua Divino Rossi Veci

Fonte: Acervo do autor (2018)

40
Rua Vargem Alta - pode-se observar que é uma via pavimentada de maior porte, e
que as casas e comércios da mesma possuem padrão construtivo médio. Ela possui
transito mais intenso de pessoas e veículos, visto que é utilizada para acessar a escola
e na sua extensão ela cruza com a Avenida Ponto Belo por onde os ônibus do Bairro
circulam e onde está implantado a única farmácia do Bairro (FIGURA 22).

FIGURA 22: Rua Vargem Alta

Fonte: Acervo do autor (2018)

Na Avenida Soldado Dovalcir Otávio Bispo - É uma avenida pavimentada, e as casas


e comércios da mesma possuem padrão construtivo médio. Ela possui transito mais
intenso de pessoas e veículos, é utilizada para acessar as duas escolas do Bairro e
na sua extensão ela cruza com a Avenida Beira Rio, principal via do Bairro por onde
os ônibus entram e saem do Bairro (FIGURA 23).

FIGURA 23: Avenida Soldado Dovalcir Otávio Bispo

Fonte: Acervo do autor (2018)

41
Na Rua Muqui, demarcado na Figura 18 com o número 4 - pode-se observar que não
possui pavimentação, e que as casas possuem padrão construtivo simples, a
circulação da Rua Muqui é apenas por moradores locais (FIGURA 24).

FIGURA 24: Avenida Soldado Dovalcir Otávio Bispo

Fonte: Acervo do autor (2018)

Os levantamentos de campo revelam que embora a praça exista como espaço


público, sua infraestrutura é deficiente e seu entorno apresenta contrastes sociais
insuficientes para uso da população. Vale destacar a importância de áreas de lazer
destinadas a atividades que promovam interação. A experiência do espaço público
prepara os cidadãos para o enfrentamento das adversidades, cria processos de
resiliência e promove a construção de identidades. Nessa perspectiva, o bom
planejamento desses espaços deve ser a regra, e não a exceção. Se os espaços
públicos não são agradáveis e preservados, ou se eles transmitem uma sensação de
insegurança, são critérios que limitam a sua apropriação.
O espaço público em suas diversas categorias – praça, rua, mercado – legitimou ao
longo do tempo a conquista de uma fruição coletiva, assumindo uma função social e
cultural por excelência e uma forte representação simbólica, política e territorial
associada à vida urbana (CADERNOS DA JUVENTUDE 07, 2017, P. 09-10; 15), fato
que leva a importância da praça Campo do América e seu entorno.

42
3. REFERENCIAL ARQUITETÔNICO

Para compreender ações e projetos em praças com localizações periféricas e


características sociais semelhantes, foram estudadas 3 praças a fim de conhecer
possibilidades projetuais e elementos importantes nessa categoria de espaço público.

3.1 Parque Urbano de Cocal


O bairro Cocal implantado por meio de um loteamento, Cocal foi entregue a
comunidade sem nenhuma infraestrutura. Faltavam energia elétrica, instalações
hidráulicas e asfaltamento. As primeiras obras de pavimentação aconteceram em
1988, com o revestimento de duas ruas (VILA CAPIXABA, 2004).

O Parque Urbano de Cocal foi inaugurado no dia 20 de maio de 2016, com uma área
de 23 mil m². Localizado próximo ao Ginásio Tartarugão, o parque conta com um
Centro de Convivência do Idoso, playground, academia da 3ª idade, pista de
caminhada, quadra poliesportiva, área de ginástica, skate park, paisagismo e bastante
área verde para piquenique, além de iluminação, calçada acessível em todo o seu
entorno e estacionamento (TERRA CAPIXABA, 2016).

As observações feitas pelo Terra Capixaba (2016), em relação ao parque destacam


alguns atributos do espaço como:

O parque é excelente, bem amplo, com bastante espaço para a criançada se


divertir à beça. Além disso, sua área verde também merece destaque - muitas
famílias e grupos de igreja tem ido lá para fazer piquenique, cantar e se
divertir. E quando falamos de alimentação, há essa opção também no parque,
com barraquinhas oferecendo lanches diversos - mesmo assim, muitas
famílias têm optado em levar de casa.

A figura 25, destaca o espaço amplo da praça e a implantação da área verde e mesas
de jogos em sua extensão. No espaço conta também com academia popular e quadra
poliesportiva (FIGURA 26).

FIGURA 25 - Área verde e mesas de jogos da Praça de Cocal – Vila Velha

43
Fonte: Terra capixaba, 2016)

FIGURA 26 - academia popular e quadra poliesportiva na Praça de Cocal – Vila Velha

Fonte: Terra capixaba, 2016)

Além de pista para corrida e playground para as crianças, com áreas sombreadas
(FIGURA 27).

FIGURA 27 - Pista para corrida e playground da Praça de Cocal – Vila Velha

Fonte: Terra capixaba, 2016)

44
3.2 Praças da Paz

O Instituto Sou da Paz (2011, p.05) considera a violência como um dos maiores
problemas das metrópoles brasileiras, que impacta significativamente nos hábitos e
comportamentos de seus habitantes. Baseia-se no envolvimento da comunidade na
revitalização de praças, ambicionando a democratização do espaço público na
periferia de São Paulo (Região Metropolitana). Ao se tornarem palco para debate, as
praças reconquistam seu valor enquanto espaço ativo, onde se pode discutir a vida
pública. A vida em comunidade transforma um cenário com altos índices de violência
em um espaço de trocas e encontro.
Segundo Rosa (2011, p.104), o projeto Praças da Paz pretende interferir na ocorrência
da violência na medida em que se propõe a possibilitar uma experiência de
valorização do espaço público e de fortalecimento dos laços comunitários para
promover reflexões e ações referentes às questões coletivas. Um aspecto importante
desse projeto é o envolvimento da população, que por meio de diálogos participa do
processo que antecede o projeto e mapeia as atividades desejadas por eles. Dessa
forma, o espaço projetado é um resultado de discussões coletivas e do envolvimento
comunitário.
Problema: Potencialidade local – Terrenos vazios localizados em áreas densas e
carentes de infraestrutura. Vazios delimitados e envoltos por autoconstruções de no
máximo 3 pavimentos sobre terreno inclinado. Configura-se um espaço construído
densamente, no qual faltam áreas abertas para atividades de lazer.
Proposta: Adicionar equipamentos de lazer capazes de ativar o vazio, com base nos
usos sugeridos pelos moradores do entorno próximo – futuros usuários.
Ações: Adicionar quadra esportiva, plataforma para o grafite, tabela de basquete,
mesas de jogos, playground, arquibancada, espaço para reuniões e festas, espaço
para conversar, empinar pipa, jogar bola, assistir, sentar-se, brincar, contemplar a
paisagem revelada (FIGURA 28).

FIGURA 28 - Praça Sete Jovens, no bairro Brasilândia em São Paulo, antes e depois da revitalização.

Fonte: Instituto Sou da Paz, 2018.


45
Com base nas solicitações dos entrevistados e no estudo de caso foi formulado o
programa de necessidades para a praça e diretrizes urbanas para o entorno.

 Campo society;
 Quadra poliesportiva;
 Espaço de permanência para pais e crianças próximo a escola com mesas e
bancos com sombreamento;
 Espaço para atividades de dança e capoeira;
 Espaço multifuncional para feira e atividades ao ar livre (soltar pipas, por
exemplo);
 Espaço de apoio para atividades da praça com banheiro e vestiário;
 Pista para corrida e bicicletas;
 Playground;
 Mesas de jogos;
 Mobiliário multifuncional (arquibancada).

46
4. METODOLOGIA

O modelo de pesquisa que irá subsidiar o estudo será do tipo empírica, na qual, se
define por ser uma pesquisa que é dedicada ao tratamento dos fatos da realidade
local, onde produz e analisa os dados, procedendo sempre pelo controle empírico e
fatual.

Pesquisa bibliográfica de conceitos relacionados ao tema.

Levantamento topográfico da área de estudo

Levantamento de dados e mapeamento dos vazios e revisão de todos os dados.

Pesquisa, dados, entrevistas e questionários visando conhecer as reais


necessidades do bairro;

Pesquisa sobre mobiliário urbano que promova saúde e lazer aos usuários

Levantamentos de arvores, arbustos e outras plantas menores utilizadas pela


Prefeitura da Serra em seu paisagismo, salientando benefícios relacionados a saúde
física e mental da população através do conforto.

Pesquisa sobre meios de inclusão social por meio de espaços públicos.

Pesquisa online no arquivo público e instituto Jones dos Santos Neves de dados
históricos e origem do bairro.

47
5. DIRETRIZES DE PROJETO

A proposta apresentada ao nível de estudo preliminar tem a intenção de promover o


uso da praça, proporcionando uma infraestrutura adequada e atrativa para seus
usuários. Para isso, o programa de necessidades foi definido de acordo com as
atividades preferidas dos moradores e também de acordo com algumas demandas
observadas em visitas ao local. Após observações e conversas com moradores,
realizadas in loco, percebeu-se quais eram as principais solicitações requeridas pela
comunidade. Dentre elas, a construção de uma quadra poliesportiva, campo society,
um palco para programações e atividades como dança e capoeira, playground para
as crianças que não encontravam atrativos no bairro, mesas de jogos, estacionamento
com vagas para idosos e portadores de necessidades especiais, espaço para
permanência. Além de espaços livres para usos flexíveis (FIGURA 29).

Figura 29 – Implantação geral da proposta para Praça.

Fonte: Acervo do autor, 2018

48
Contornando a praça foi proposto uma pista para bicicleta, onde as crianças vão poder
praticar a atividade com segurança. A pista permite um passeio agradável em meio à
arborização que confere um sombreamento agradável. O material utilizado foi o piso
em concreto pintado na cor vermelho. Ela também funciona como delimitadora de
espaço, pois contorna toda a extensão da praça (FIGURA 30, 31).

Figura 30 – Pista para bicicleta.

Fonte: Acervo do autor, 2018

Figura 31 – Pista para bicicleta.

Fonte: Acervo do autor, 2018

49
A fim de atender a principal solicitação da comunidade, foi proposto a implantação de
uma quadra poliesportiva e um campo society para garantir maior conforto e
segurança para realização das atividades de esporte (FIGURA 32).

Figura 32 – Pista para bicicleta.

Fonte: Acervo do autor, 2018

Foi realizada também uma proposta de arquibancada para a quadra, devido à


demanda observada no local por espaços ao redor que permitissem assistir aos jogos.
O mobiliário pensado para a arquibancada atende a quadra e o campo society ao lado
(FIGURA 33).

Figura 33 – arquibancada.

Fonte: Acervo do autor, 2018

50
O mobiliário distribuído ao redor da praça delimita o paisagismo dos canteiros e cria
um visual orgânico. O muro da escola ficou à disposição para arte de rua incluindo
assim personalidade a praça (FIGURA 34).

Figura 34 – Mobiliário urbano.

Fonte: Acervo do autor, 2018

Para apoio a praça e aos pais que buscam as crianças na escola foi proposto um
bicicletário frente a escola e ao playground (FIGURA 35).

Figura 35 – Mobiliário urbano.

Fonte: Acervo do autor, 2018

51
Com a intenção de destacar a área destinada a eventos na praça, foi proposta uma
paginação de piso que delimita espaços no entorno do palco, no entanto, a paginação
não existe como uma barreira que limita o uso, mas que auxilia na organização e
realização das atividades. O material utilizado foi o piso intertravado pintado nas cores
azul, amarelo e vermelho. As mesmas cores já utilizadas na escola. O restante da
praça recebeu também a paginação em piso intertravado na cor cinza e áreas com
grama (FIGURA 36).

Figura 36 – Vista da paginação de piso.

Fonte: Acervo do autor, 2018

A fim de criar um espaço adequado e atrativo para a realização das principais


atividades como dança e capoeira, foi proposto um palco localizado em uma das
extremidades da praça, cercado por árvores. O palco possui rampa para possibilitar
total acessibilidade de acesso (FIGURA 37).

Figura 37 – Vista do palco.

52
Fonte: Acervo do autor, 2018

Com o intuito de estabelecer um local específico de recreação para as crianças, o


playground ganhou um espaço amplo e confortável, também em formato circular, com
piso em areia e mobiliário no entorno para os pais e responsáveis que desejam
permanecer, supervisionar ou realizar outras atividades enquanto os filhos brincam.
Esse mobiliário permite o assento para os dois lados, possibilitando a vista para o
playground, para o palco e também para a entrada da escola (FIGURA 38).

Figura 38 – Vista do playground.

53
Fonte: Acervo do autor, 2018

Com a intenção de tornar acessível todas as entradas da praça, as faixas de pedestres


no entorno foram propostas em elevação, no nível da praça, com rampas para os
veículos. Nas vias onde foram propostas intervenções, o nível das faixas de veículos
é o mesmo nível da praça, mas com a finalidade de reduzir a velocidade dos
automóveis, foi proposto o uso do piso intertravado cinza (FIGURA 39 e 40).

Figura 39 – Vista da faixa elevada.

Fonte: Acervo do autor, 2018

Figura 40 – Vista da faixa elevada.


54
Fonte: Acervo do autor, 2018

Para apoio as atividades da praça foi proposto um bloco de banheiros com vestiário
atrás do palco (FIGURA 41).

Figura 41 – Planta baixa do bloco de banheiros.

55
Fonte: Acervo do autor, 2018

56
Foi proposto em meio ao jardim, mesas de jogos abaixo das sombras das arvores,
possibilitando lazer e bem-estar no contato com a natureza (FIGURA 42).

Figura 42 – Vista das mesas de jogos.

Fonte: Acervo do autor, 2018

A fim de proporcionar ventilação, sombreamento e melhorar o microclima local, o


paisagismo foi proposto com árvores de grande, médio e pequeno porte, arbustos e
herbáceas rasteiras. A área permeável dos canteiros foi coberta com grama-
amendoim. As árvores escolhidas de grande, médio e pequeno porte foram,
respectivamente, o oiti, a eritrina verde-amarela e a árvore-samambaia, todas
adequadas para exposição ao sol pleno ou meia sombra. Os arbustos que compõem
a vegetação são as murtas de cheiro, e as vegetações de pequeno porte propostas
são filodendro Brasil ou singônio e a margaridinha (FIGURA 43).

57
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