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VITÓRIA
2018
1
O ESPAÇO PÚBLICO COMO AGENTE NA REDUÇÃO DO RISCO SOCIAL:
PROJETO DE PRAÇA NO PARQUE DAS GAIVOTAS (NOVA ALMEIDA) –
SERRA/ES
Resumo
Vazios urbanos sem usos específicos são muitas vezes vistos como inseguros. A
partir disto, acredita-se que o espaço público tem grande potencial como agente na
redução do risco social. O objetivo deste trabalho é apresentar a nível de estudo
preliminar a proposta de urbanização da Praça no Parque Das Gaivotas (Nova
Almeida) – Serra/ES. Foram utilizados livros, manuais técnicos e sites relacionados
ao assunto, além do Plano diretor Municipal da Serra. Pressupõe-se que espaços
públicos qualificados em vazios urbanos de bairros periféricos sejam capazes de
absorver ações que reduzam a exposição de crianças e adolescentes ao risco social.
O ensaio projetual propõe a apropriação do espaço pelas comunidades, em sua
diversidade através da urbanização, implantação de equipamentos públicos para
atividades esportivas, de lazer e encontros sociais.
Abstract
Urban voids without specific uses are often seen as insecure. From this, it is
believed that the public space has great potential as an agent in the reduction of
social risk. The objective of this study is to present the level of preliminary study
the proposal of urbanization of the square at Parque das Gaivotas (Nova
Almeida) - Sierra/ES. Were used books, technical manuals and sites related to
the subject, in addition to the Municipal Director Plan da Serra. Were used books,
technical manuals and sites related to the subject, in addition to the Municipal
2
Director Plan da Serra. It is assumed that skilled empty spaces in urban
peripheral neighborhoods are capable of absorbing actions that reduce the
exposure of children and teenagers at social risk. The test design proposes the
appropriation of space by the communities, in all its diversity through
urbanization, deployment of public equipment for sports activities, leisure and
social gatherings.
1. INTRODUÇÃO
Áreas na cidade sem função especifica participam, por vezes, da formação marginal
de parcelas da sociedade. Os pontos viciados de deposição de lixo, as áreas de
consumo e tráfico de drogas, vazios residuais, são muitas vezes áreas evitadas pelos
transeuntes, e demandam um olhar que busque soluções não apenas de projeto, mas
também de inclusão social e recuperação da imagem do lugar por meio da inserção
de práticas de esporte e lazer no bairro (COSTA, 2014, p. 135).
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FIGURA 01 – Implantação do local de estudo
CAMPO DO
AMÉRICA
CMEI
O espaço aqui denominado como Praça Campo do América, possui deficiências como
a falta de urbanização que restringe as condições de uso e apropriação. Um exemplo
é a falta de áreas flexíveis para atividades da comunidade como manifestações
sociais, religiosas e culturais, assim como para confraternização da comunidade. Além
da falta de equipamentos para uso das crianças e jovens do bairro.
4
influenciador ao abrigo e acesso de crianças e jovens em situação de risco social a
atividades ilícitas, gerando assim um crescimento da marginalização (SILVA, 2015, p.
17).
Dessa forma, a pergunta que guia essa pesquisa é: o projeto de urbanização de vazios
urbanos, seria capaz de gerar espaços propícios para o desenvolvimento social de
um bairro? A urbanização das praças no entorno com implantação de equipamentos
pode fomentar a inclusão de crianças e jovens na sociedade reduzindo a situação de
risco social?
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realidade local da praça objeto de estudo, localizada em Parque das Gaivotas, Nova
Almeida, Serra/ES.
De maneira empírica, mas sem deixar de lado a necessária alteridade, são realizados
estudos de campo e pesquisas por meio de aplicação de questionários no entorno
imediato da área de intervenção com moradores e nas duas escolas próximas a área
de estudo a fim de avaliar potencialidades e limitações da região. E a partir dos
resultados a elaboração de um programa de necessidades e fundamentação da
escolha do tema e do terreno através de contextualização de projetos de referências
e com a realidade local.
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contratada, além de imagens de satélites disponíveis no Google Maps. Foram
realizados registros fotográficos do local de estudo para ilustrar e caracterizar a área
do projeto.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
O tema da vulnerabilidade social não é novo, uma vez que essa terminologia
vem sendo usualmente aplicada por cientistas sociais2 de diferentes
disciplinas há bastante tempo. O tema caracteriza-se por um complexo
campo conceitual, constituído por diferentes concepções e dimensões que
podem voltar-se para o enfoque econômico, ambiental, de saúde, de direitos,
entre tantos outros.
A autora enfatiza ainda que essa temática vem sendo trabalhada ao longo de anos, e
cabe salientar que ela consiste em um conceito em construção, tendo em vista sua
magnitude e complexidade.
8
Até as mais simples como Janczura (2012, p. 302) que conceitua vulnerabilidade
social como a definição das características e condições dos grupos de indivíduos que
estão à margem da sociedade, ou seja, pessoas ou famílias que estão em processo
de exclusão social, principalmente por fatores socioeconômicos.
Pessoas que sofrem de vulnerabilidade social estão em uma situação debilitada, com
diversos problemas sociais. Este é um problema que não atinge somente indivíduos
sozinhos caracterizados como pessoas em situação de ruas, mas famílias que de
forma semelhante não possuem voz para pedir ajuda ou relatar seus problemas,
podendo desta forma iniciar um processo de risco social. A vulnerabilidade social,
neste caso, está ligada à pobreza e às condições em que as classes mais pobres e
menos favorecidas da sociedade se encontram. Portanto é possível dizer que existe
uma equiparação entre as definições de vulnerabilidade e risco social, e muitas vezes
elas podem trazer confusão e ser consideradas sinônimas, pois ambas geralmente
estão ligadas à pobreza (ROGERS; BALLANTYNE, 2008, P. 31).
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A vulnerabilidade social, assim compreendida, pressupõe um conjunto de
características, de recursos materiais ou símbolos e de habilidades inerentes
a indivíduos ou grupos, que podem ser insuficientes ou inadequadas para o
aproveitamento das oportunidades disponíveis na sociedade. Assim, essa
relação ira determinar maior ou menor grau de deterioração de qualidade vida
dos sujeitos.
10
Conseguinte, enfrentam barreiras de mobilidade social devido à condição de pobreza
(GUADALUPE, 2011, p. 11).
A esses obstáculos é possível somar muitos outros, entre eles o acesso aos avanços
tecnológicos, que dificilmente é acompanhado pelas camadas de baixa renda,
gerando uma partição ocupacional e digital (CASTRO; ABRAMOVAY, 2002, p. 153).
11
A desigualdade socioeconômica é também fator de forte risco geradora de
vulnerabilidades sociais, onde se insere a população infanto-juvenil e adulta
que vive nas ruas constituindo um grupo que merece atenção especial, pois
os riscos sociais têm relação direta com a vida e o modo de viver das
pessoas, que são sobre determinados por sua condição social (ANANIAS et
al., 2009, p.30)
Para objeto de estudo, firma-se o cenário em que é nos centros que frequentemente
se concentra a maior parte dos equipamentos específicos de lazer, a distância que
separa a periferia da região central, é um dos fatores que inviabilizam a participação
e o acesso de grande parte da população à intensa vida cultural que faz a fama da
metrópole. Condição esta que leva os moradores a saírem de seus bairros para
usufruírem de atividades de lazer simples como jogar bola e brincar nos parquinhos
com seus filhos. O que propicia a discussão sobre o controle de tempo e deslocamento
dos moradores de bairros para as regiões centrais e a justa distribuição do espaço
urbano e custos com deslocamentos (ANDRADE, MARCELLINO, 2011, p. 04).
A palavra lazer é derivada do latim "licere", que significa “ser lícito” ou “ser permitido”.
O direito ao lazer está na Constituição de 1988 – artigo 6º, caput, artigo 7º, IV, artigo
217, § 3º, e artigo 227. O lazer está inserido no capítulo dos Direitos Sociais, e este,
por sua vez, está inserido no Título dos Direitos Fundamentais.
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O direito social ao lazer tem a finalidade de favorecer a todos e especialmente os mais
fracos, realizando plenamente a isonomia e a felicidade. O direito ao lazer busca
melhorar a vida humana. Por consequência, melhora também a saúde. O lazer serve
de essência para a transformação, efetividade e realização de inúmeros outros direitos
fundamentais. O Estado deve então, juntamente com a população incentivar esses
momentos de lazer e diversão, e isso pode ser proporcionado através de quadras de
esporte, playgrounds, praças públicas e festas organizadas dentro do bairro
(BRESSAN; FERREIRA, 2014).
A distância que separa a periferia da região central, onde se concentra a maior parte
dos equipamentos específicos de lazer é um importante fator que inviabiliza o acesso
da população domiciliada em áreas afastadas dos centros. Uma vez que os parques
pequenos e bons habitualmente são situados nas regiões centrais da cidade
(ANDRADE; MARCELLINO, 2011, p. 4).
14
2.4.1 O jovem e a apropriação do espaço
15
Vários bons governos sucessivos e sintonizados, visto que as transformações em
níveis de estatísticas são extraordinárias.
Na pratica uma das principais medidas no combate a violência em Medellín foi investir
na educação, ato justificado por sua grande importância em uma sociedade jovem.
Aníbal Gavíria acredita que a educação não é só uma ferramenta para o futuro, mas
uma forma de tirar o jovem da violência (O POVO 2017).
Cada vez mais a população jovem se transforma e muda à sua maneira de inserção
na cidade e de utilização dos seus espaços. Trazendo este contexto para a Região
Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), que possui grande concentração de jovens
em relação ao restante do Estado do Espírito Santo, Conforme a (Tabela 1), observa-
se que o percentual de jovens é maior nos municípios de Viana e Serra, revelando
alta concentração da população jovem, com percentuais de 28,85% e 29,28%,
respectivamente, seguidos de Cariacica, Vitória e Vila Velha que estão no mesmo
nível de concentração de jovens, com percentuais de 27,58%, 27,08% e 26,66%,
respectivamente. Por último, temos os municípios de Guarapari e Fundão que
apresentam o menor percentual de concentração de jovens com 25,86% e 24,88%,
respectivamente (CADERNOS DA JUVENTUDE, 2017, p.25).
TABELA 1 - População jovem (15 a 29 anos) dos municípios da RMGV em relação à população
municipal.
Gráfico 01: Ranking das principais atividades praticadas nos bairros, em números absolutos
17
É conhecido que a prática de esportes contribui para o desenvolvimento físico e motor
das crianças e jovens, permitindo que eles tenham uma vida mais saudável. Porém,
os benefícios dessas atividades não param por aí. Ao participar de uma ou mais
modalidades esportivas, as crianças e os jovens desenvolvem competências técnicas
e habilidades emocionais e cognitivas que são essenciais para a formação como ser
humano e cidadão.
A importância das praças como local público vem desde a antiguidade. Elas sempre
estiveram presentes na história da cidade. As mais antigas guardam histórias e
acontecimentos da vida pública e privada, sagrada e profana, política e social, por
isso, se torna tão necessário suas modificações e adequações à vida moderna. As
cidades eram construídas partindo de um centro de convivência e de encontros que
determinava toda a distribuição do espaço. As praças são geralmente lembradas
como áreas de intensa manifestação popular (BAIRROS, A. et al., 2016, P.5).
Lamas citado por De Angelis (2005, p.2) define a praça como o lugar intencional de
encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações
da vida urbana e comunitária e de funções estruturantes e arquiteturas significativas.
Um local de beleza, memórias, onde se estabelece a alma da cidade. Nela se
encontram marcos referenciais, projetos paisagísticos que estimulam o convívio. Além
de se constituírem de um espaço não construído dentro da malha urbana elas
carregam diversas funções e benefícios ao bem-estar social. Rompem a
homogeneidade urbana como pontos de descompressão entre as edificações que as
envolvem.
A praça deve ser mais que um vazio na cidade, um espaço convidativo, que permita
o convívio e a integração social, a promoção de encontros, descanso, práticas de
atividades de lazer e esporte, além de ser um local de contemplação em meio à vida
urbana. Vargas (apud Alex, 2008, p.10) caracteriza a praça como um “espaço para
troca”.
Entre os benefícios que a praça carrega é propicio citar a função social, visto que a
praça age como ponto de sociabilidade entre a população, uma vez que é usada como
palco para atividades da comunidade como manifestações de ordem religiosas,
culturais, lazer e esportivas, assim como para confraternização da comunidade. O
benefício social se relaciona com as possibilidades oferecidas através da praça à
população. Desde um simples gramado sombreado, a locais com quadras e jardins
projetados, as praças oferecem oportunidades de relacionamentos para seus
usuários. Ela funciona como um local de interações e trocas de ideias (PRAÇAS,
2017).
Outro benefício que merece destaque é a ação educativa, como espaço público as
praças podem funcionar como um local propício para atividades educativas. Tanto
para ações governamentais quanto para escolas que desejam realizar o
desenvolvimento de atividades extraclasse e de programas de educação ambiental.
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A pedagoga Mariana Moretti citada por Praças (2017), disse a respeito de ações
educativas na praça que:
Para Nuno Portas (2000), citado por UFMS (2016, p. 61) vazio urbano é uma
expressão ambígua, “até porque a terra pode não estar literalmente vazia, mas
encontrar-se simplesmente desvalorizada com potencialidade de reutilização para
outros destinos, mais ou menos cheios”.
Villaça (2005, p.9) utilizou a definição de vazio urbano como uma grande extensão de
área urbana equipada ou semi-equipada, com quantidade significativa de glebas ou
lotes vagos. Atualmente esse conceito se expandiu, pois, surgiram diversas tipologias
de vazios urbanos em estudos variados. Vazio urbano para fins deste trabalho é
qualquer área privada, desocupada ou subocupada (ocupação menor que 25% de sua
área), localizada no interior do perímetro urbano, independente de possuir, ou não,
infraestrutura e serviços públicos (UFMS, 2016). As demais áreas vazias públicas
foram classificadas como espaços livres ou áreas de domínio público.
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FIGURA 02 – Localização do Distrito de Nova Almeida, destacando o Bairro Parque das Gaivotas
Nova Almeida
A região de Nova Almeida tem praias de águas rasas e quentes, onde os recifes de
rochas vermelhas formam piscinas naturais na maré baixa. Em suas belas falésias se
pratica o voo livre (FIGURA 03), há possibilidade de voo o ano inteiro devido ao vento
Nordeste predominante, e ainda proporciona o que seria uma das melhores vistas
para o mar do Espírito Santo. O balneário abriga ainda o mais visitado ponto turístico
da Serra, a Igreja e Residência Reis Magos, um patrimônio histórico nacional fundado
pelos jesuítas no ano de 1580. A igreja situa-se no alto de uma colina, de onde se
pode ver a foz do rio Reis Magos, o manguezal e boa parte da orla. O quindim e os
picolés caseiros são famosas iguarias da tradição local. Essas e outras atividades
locais atraem turistas e visitantes no período de verão, feriados e fins de semana.
(ESPÍRITO SANTO, 2017).
22
FIGURA 03 - Pratica de voo livre - Falésias de Nova Almeida - Serra – ES
24
2.7.2 Parque das Gaivotas: História e contexto sócio educacional
O Bairro Parque das Gaivotas está localizado no distrito de Nova Almeida e sua
fundação é marcada por lutas e brigas na justiça (A Tribuna, 2002, p.07). Visto que o
local é fruto de uma ocupação irregular. Na contrapartida, o local foi projetado para
ser mais um loteamento da Serra, no entanto os planos não saíram como esperado
após a chegada de moradores que foram provenientes de diferentes partes do Estado
e do País (A Tribuna, 2002, p.07).
A falta de rede de infraestrutura urbana básica não foi empecilho para que os lotes
vazios fossem invadidos, uma vez que em 1993 quando o loteamento Parque das
Gaivotas iniciou sua ocupação de forma irregular, não havia qualquer indicio de
infraestrutura básica coletiva (redes de energia, água e saneamento). No entanto, um
ano após a ocupação cerca de 600 famílias encontravam-se instaladas na região.
Apesar disso, somente em 1995, dois anos após a ocupação irregular, período este
em que os moradores fizeram uso de ligações clandestinas, é que as companhias de
luz e saneamento regularizaram as ligações, ampliando suas instalações. A partir de
então a comunidade foi avançando até ser reconhecida como bairro. Em 1998, o
Bairro passou a contar com transporte coletivo e hoje possui três opções de ônibus
passando pelo bairro: as linhas circulares 806 Terminal de Jacaraipe ao bairro Nova
almeida via Parque Gaivotas com a denominação “A e B” e a linha 873, Parque
Residencial Nova Almeida ao terminal de Jacaraipe via Parque das Gaivotas (A
Tribuna, 2002, p.07).
Devido sua história de ocupação irregular e o rumo que tomou o loteamento, o bairro
Parque das Gaivotas está inserido em uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS
02/01), caracterizado como áreas para assentamentos habitacionais de população de
baixa renda no Plano Diretor Municipal da Serra 2012 (FIGURA 6).
25
FIGURA 6 – Zoneamento da Região do Parque das Gaivotas
ZPA
27
Em relação às atividades realizadas no pátio da escola a diretora expôs que os alunos
fazem uso para aulas de educação física, porém a quadra não possui cobertura contra
intempéries.
Questionada sobre o uso da área livre da praça “Campo do América”, a mesma relatou
que o bairro não oferece segurança para atividades com as crianças fora das
dependências da escola e que a praça não possui urbanização que justificasse o
deslocamento dos alunos para a praça.
Num projeto de reforma da praça o que poderia ser implantado na praça para
aproveitamento das atividades da escola foram apontados a quadra poliesportiva,
playground, tabela de basquete, além de jardim e arborização.
28
Em 2016 foi inaugurado o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Guiomar
Araújo Bulhões (FIGURA 09), obra está que foi escolhida pela comunidade como
prioridade no Orçamento Participativo de 2015 e possuía pretensão em atender cerca
de 320 crianças que residem no bairro. (CIDADES, 2002). Segundo dados da direção
da CMEI Guiomar Araújo Bulhões, em 2018 a escola tem 320 alunos matriculados
com idade entre 3 a 5 anos. O horário de funcionamento da escola é de 07:00h ás
11:00h no turno matutino e de 13:00h ás 17:00h no vespertino e não tem aulas no
período noturno.
Ao ser perguntada sobre o que poderia ser implantado na praça para aproveitamento
das atividades da escola, foi sugerido pela diretora a uma quadra poliesportiva e horta
comunitária.
29
A fim de compreender as características físicas sociais sob o olhar dos moradores,
foram realizadas entrevistas (FORMULÁRIO APÊNDICE I) entre os dias 09/04 e
13/04/2018 no horário de 09:00h às 11:00h e 15:00h às 17:00h respectivamente, nas
ruas adjacentes ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Guiomar Araújo
Bulhões e da Escola municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Darci Ribeiro. Foram
realizadas 30 entrevistas com moradores visando caracteriza-los e identificar
demandas por espaços de lazer. Dos entrevistados, 53,3% eram homens e 46,7%
mulheres (FIGURA 10), sendo de faixa etária predominante entre 20 e 29 anos de
idade (FIGURA 11).
A maioria dos entrevistados reside no bairro a pelo menos 6 anos, sendo que apenas
3% está na região por até 05 anos (FIGURA 11).
30
FIGURA 11: Tempo que reside no Bairro
Com relação às atividades de lazer sugeridas para o bairro, destacou-se jogar bola
com 32%. Outra atividade bastante citada foi jogos de mesa, com 18% de solicitação
(FIGURA 12).
31
FONTE: Acervo do autor, 2018
É possível notar que a atividade jogar bola possui real predominância tanto nas
solicitações das escolas como também entre os moradores em geral. Tal
predominância foi confirmada pela ação social promovida por moradores em parceria
com as escolas e comerciantes do bairro, que está implantando a escolinha de futebol
“Craques do Futuro” na área da praça em estudo. O projeto foi idealizado pelo
Professor Geovane Santos, em conversa com o mesmo, ele contou que é morador do
Bairro e que na sua infância a mais ou menos 20 anos atrás, foi beneficiado por um
projeto semelhante e que graças a este projeto ele se tornou atleta e posteriormente
professor de educação física. Destacou que muitos dos seus amigos se perderam no
uso de drogas e alguns já faleceram devido ao tráfico. Da mesma forma que teve sua
vida transformada pelo esporte, ele e o coordenador Rafael iniciaram o projeto com
ajuda dos comerciantes locais em 07 de maio de 2018. Frisou ainda que a proposta
não é focada apenas no futebol, mas que em parceria com escolas e pais as crianças
vão ser observadas no contexto de desempenho e convívio social, buscando uma
formação que avança para além das atividades esportivas. Ele contou ainda que a
princípio o público alvo seriam crianças de 07 a 17 anos, porém, devido à grande
demanda de país que o procuraram solicitando a inclusão dos seus filhos com idade
menor, a escola vai abrir vagas para crianças com idade entre 5 a 17 anos. Na ficha
de pré-inscrição é solicitado o valor de 10 reais como matricula e 10 reais como
mensalidade, o valor cobrado será para investimento em material de uso nas aulas
32
como coletes e bolas (FIGURA 13). Questionado sobre os benefícios que a
urbanização do local poderia oferecer ao bairro, o professor Geovane enfatizou que a
implementação de uma quadra poliesportiva seria importante para dar suporte às
ações e atividades de lazer a população do Bairro.
33
FONTE: Acervo do autor, 2018
a) b)
Fonte: Acervo pessoal do autor
34
Segundo o Folha Vitória (2018), o município da Serra registrou o maior número de
mortes em toda a Grande Vitória em 2017 com 312 pessoas mortas. No ano de 2016
foram 267 assassinatos.
36
O bairro vizinho Praia Grande município de Fundão, apresenta baixa concentração de
jovens, com percentual que varia entre 16,67 e 23,00%. Os moradores de Praia
Grande deslocam-se para a praça central de Nova Almeida em busca de atividades
de lazer e esportes, visto que existem apenas um equipamento público de esporte e
lazer em toda a área urbana de Praia Grande – Fundão (FIGURA 17), o que denota
poucos investimentos em equipamentos e reforça a necessidade da implantação de
um novo espaço público na região (CADERNOS DA JUVENTUDE 07, 2017, P. 42).
FIGURA 17 – Distribuição Espacial dos equipamentos públicos de esporte e lazer em Praia Grande.
FIGURA 18 – Vista aérea da região do Parque das Gaivotas com delimitação do vazio urbano.
37
N N
38
errônea de que todos moradores desta região são ou tem participação na
criminalidade.
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Rua Divino Rossi Veci
Rua Muqui
Na Rua Divino Rossi Veci pode-se observar que não possui pavimentação, e que as
casas assim como a Igreja possui padrão construtivo simples, a circulação da Rua é
apenas por moradores locais (FIGURA 21).
40
Rua Vargem Alta - pode-se observar que é uma via pavimentada de maior porte, e
que as casas e comércios da mesma possuem padrão construtivo médio. Ela possui
transito mais intenso de pessoas e veículos, visto que é utilizada para acessar a escola
e na sua extensão ela cruza com a Avenida Ponto Belo por onde os ônibus do Bairro
circulam e onde está implantado a única farmácia do Bairro (FIGURA 22).
41
Na Rua Muqui, demarcado na Figura 18 com o número 4 - pode-se observar que não
possui pavimentação, e que as casas possuem padrão construtivo simples, a
circulação da Rua Muqui é apenas por moradores locais (FIGURA 24).
42
3. REFERENCIAL ARQUITETÔNICO
O Parque Urbano de Cocal foi inaugurado no dia 20 de maio de 2016, com uma área
de 23 mil m². Localizado próximo ao Ginásio Tartarugão, o parque conta com um
Centro de Convivência do Idoso, playground, academia da 3ª idade, pista de
caminhada, quadra poliesportiva, área de ginástica, skate park, paisagismo e bastante
área verde para piquenique, além de iluminação, calçada acessível em todo o seu
entorno e estacionamento (TERRA CAPIXABA, 2016).
A figura 25, destaca o espaço amplo da praça e a implantação da área verde e mesas
de jogos em sua extensão. No espaço conta também com academia popular e quadra
poliesportiva (FIGURA 26).
43
Fonte: Terra capixaba, 2016)
Além de pista para corrida e playground para as crianças, com áreas sombreadas
(FIGURA 27).
44
3.2 Praças da Paz
O Instituto Sou da Paz (2011, p.05) considera a violência como um dos maiores
problemas das metrópoles brasileiras, que impacta significativamente nos hábitos e
comportamentos de seus habitantes. Baseia-se no envolvimento da comunidade na
revitalização de praças, ambicionando a democratização do espaço público na
periferia de São Paulo (Região Metropolitana). Ao se tornarem palco para debate, as
praças reconquistam seu valor enquanto espaço ativo, onde se pode discutir a vida
pública. A vida em comunidade transforma um cenário com altos índices de violência
em um espaço de trocas e encontro.
Segundo Rosa (2011, p.104), o projeto Praças da Paz pretende interferir na ocorrência
da violência na medida em que se propõe a possibilitar uma experiência de
valorização do espaço público e de fortalecimento dos laços comunitários para
promover reflexões e ações referentes às questões coletivas. Um aspecto importante
desse projeto é o envolvimento da população, que por meio de diálogos participa do
processo que antecede o projeto e mapeia as atividades desejadas por eles. Dessa
forma, o espaço projetado é um resultado de discussões coletivas e do envolvimento
comunitário.
Problema: Potencialidade local – Terrenos vazios localizados em áreas densas e
carentes de infraestrutura. Vazios delimitados e envoltos por autoconstruções de no
máximo 3 pavimentos sobre terreno inclinado. Configura-se um espaço construído
densamente, no qual faltam áreas abertas para atividades de lazer.
Proposta: Adicionar equipamentos de lazer capazes de ativar o vazio, com base nos
usos sugeridos pelos moradores do entorno próximo – futuros usuários.
Ações: Adicionar quadra esportiva, plataforma para o grafite, tabela de basquete,
mesas de jogos, playground, arquibancada, espaço para reuniões e festas, espaço
para conversar, empinar pipa, jogar bola, assistir, sentar-se, brincar, contemplar a
paisagem revelada (FIGURA 28).
FIGURA 28 - Praça Sete Jovens, no bairro Brasilândia em São Paulo, antes e depois da revitalização.
Campo society;
Quadra poliesportiva;
Espaço de permanência para pais e crianças próximo a escola com mesas e
bancos com sombreamento;
Espaço para atividades de dança e capoeira;
Espaço multifuncional para feira e atividades ao ar livre (soltar pipas, por
exemplo);
Espaço de apoio para atividades da praça com banheiro e vestiário;
Pista para corrida e bicicletas;
Playground;
Mesas de jogos;
Mobiliário multifuncional (arquibancada).
46
4. METODOLOGIA
O modelo de pesquisa que irá subsidiar o estudo será do tipo empírica, na qual, se
define por ser uma pesquisa que é dedicada ao tratamento dos fatos da realidade
local, onde produz e analisa os dados, procedendo sempre pelo controle empírico e
fatual.
Pesquisa sobre mobiliário urbano que promova saúde e lazer aos usuários
Pesquisa online no arquivo público e instituto Jones dos Santos Neves de dados
históricos e origem do bairro.
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5. DIRETRIZES DE PROJETO
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Contornando a praça foi proposto uma pista para bicicleta, onde as crianças vão poder
praticar a atividade com segurança. A pista permite um passeio agradável em meio à
arborização que confere um sombreamento agradável. O material utilizado foi o piso
em concreto pintado na cor vermelho. Ela também funciona como delimitadora de
espaço, pois contorna toda a extensão da praça (FIGURA 30, 31).
49
A fim de atender a principal solicitação da comunidade, foi proposto a implantação de
uma quadra poliesportiva e um campo society para garantir maior conforto e
segurança para realização das atividades de esporte (FIGURA 32).
Figura 33 – arquibancada.
50
O mobiliário distribuído ao redor da praça delimita o paisagismo dos canteiros e cria
um visual orgânico. O muro da escola ficou à disposição para arte de rua incluindo
assim personalidade a praça (FIGURA 34).
Para apoio a praça e aos pais que buscam as crianças na escola foi proposto um
bicicletário frente a escola e ao playground (FIGURA 35).
51
Com a intenção de destacar a área destinada a eventos na praça, foi proposta uma
paginação de piso que delimita espaços no entorno do palco, no entanto, a paginação
não existe como uma barreira que limita o uso, mas que auxilia na organização e
realização das atividades. O material utilizado foi o piso intertravado pintado nas cores
azul, amarelo e vermelho. As mesmas cores já utilizadas na escola. O restante da
praça recebeu também a paginação em piso intertravado na cor cinza e áreas com
grama (FIGURA 36).
52
Fonte: Acervo do autor, 2018
53
Fonte: Acervo do autor, 2018
Para apoio as atividades da praça foi proposto um bloco de banheiros com vestiário
atrás do palco (FIGURA 41).
55
Fonte: Acervo do autor, 2018
56
Foi proposto em meio ao jardim, mesas de jogos abaixo das sombras das arvores,
possibilitando lazer e bem-estar no contato com a natureza (FIGURA 42).
57
REFERÊNCIAS
A GAZETA: Nova Almeida: ponto turístico e histórico. Espírito Santo, 27 set. 2016.
Disponível em:
<http://www.ijsn.es.gov.br/ConteudoDigital/20160927_aj16153_bairro_novaalmeida_
serra.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2018.
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58
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