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Negócios Internacionais SUMÁRIO

SUMÁRIO

ABERTURA .................................................................................................................................. 7
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 7
OBJETIVO E CONTEÚDO ......................................................................................................................................................... 7
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................................. 8
PROFESSORES-AUTORES ....................................................................................................................................................... 10

MÓDULO 1 – GLOBALIZAÇÃO E SISTEMA INTERNACIONAL .................................................. 11


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 11
UNIDADE 1 – GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA ..................................................................................... 11
1.1 GLOBALIZAÇÃO ................................................................................................................................................................ 11
1.1.1 DEFINIÇÕES ..................................................................................................................................................................... 11
1.2 REGIONALISMO VERSUS GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................. 12
1.3 VISÃO MARXISTA ............................................................................................................................................................... 12
1.4 VISÃO GLOBALISTA .......................................................................................................................................................... 13
1.4.1 REORDENAÇÃO DAS RELAÇÕES DE PODER ......................................................................................................... 13
1.4.2 DIMINUIÇÃO DE PODER .............................................................................................................................................. 14
1.5 CULTURA NACIONAL ....................................................................................................................................................... 14
1.6 ISOLAMENTO DISCIPLINAR ........................................................................................................................................... 15
1.6.1 ISOLAMENTO DISCIPLINAR ....................................................................................................................................... 15
1.7 VÁCUO CONCEITUAL ...................................................................................................................................................... 16
1.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 16
1.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 16
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 16
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 17
GLOBALIZAÇÃO SOLIDÁRIA, ANTI-GLOBALIZAÇÃO OU DESGLOBALIZAÇÃO? .............................................. 17
UNIDADE 2 – CAPITALISMO TRANSNACIONAL ................................................................................. 19
2.1 CORPORAÇÕES TRANSNACIONAIS ............................................................................................................................. 19
2.1.1 REPRESENTAÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO .................................................................................................................. 19
2.1.2 PRÁTICAS DAS CORPORAÇÕES ................................................................................................................................. 20
2.1.3 ESTRATÉGIAS GLOBAIS ................................................................................................................................................ 20
2.2 ECONOMIAS NACIONAIS ............................................................................................................................................... 20
2.2.1 ANÁLISE DAS ECONOMIAS NACIONAIS ................................................................................................................ 21
2.3 SISTEMA ECONÔMICO AMERICANO ......................................................................................................................... 21
2.3.1 TENSÃO ENTRE PÚBLICO E PRIVADO ..................................................................................................................... 22
2.3.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA ................................................................................................................................... 22
2.4 SISTEMA ECONÔMICO JAPONÊS ................................................................................................................................ 23
2.4.1 DIREÇÃO ADMINISTRATIVA ........................................................................................................................................ 23
2.4.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA ................................................................................................................................... 24
2.5 SISTEMA ECONÔMICO ALEMÃO ................................................................................................................................. 24
2.5.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA ................................................................................................................................... 25
2.6 QUADRO COMPARATIVO ................................................................................................................................................ 26
2.7 POSSÍVEIS SOLUÇÕES ..................................................................................................................................................... 26
2.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 26
SUMÁRIO Negócios Internacionais

2.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 26


INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 27
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 27
O BRASIL NO CONTRA-ATAQUE ......................................................................................................................................... 27
UNIDADE 3 – REGIME INTERNACIONAL DE COMÉRCIO ..................................................................... 29
3.1 SISTEMA DE COMÉRCIO INSEGURO .......................................................................................................................... 29
3.1.1 A FAVOR DO LIVRE COMÉRCIO ................................................................................................................................. 29
3.1.2 SISTEMA DE COMÉRCIO INSEGURO ....................................................................................................................... 30
3.1.3 CONTRA O LIVRE COMÉRCIO .................................................................................................................................... 30
3.1.4 SISTEMA DE COMÉRCIO INSEGURO ....................................................................................................................... 31
3.2 COMÉRCIO PÓS-GUERRA ............................................................................................................................................... 31
3.2.1 VANTAGEM COMPETITIVA .......................................................................................................................................... 31
3.2.2 NOVA TEORIA DO COMÉRCIO ................................................................................................................................... 32
3.3 RODADA URUGUAI ........................................................................................................................................................... 32
3.3.1 ANTITRUSTE ..................................................................................................................................................................... 33
3.4 HARMONIZAÇÃO DA CONCORRÊNCIA ..................................................................................................................... 33
3.4.1 DESAFIOS .......................................................................................................................................................................... 33
3.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 34
3.6 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 34
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 34
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 34
PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO SE UNEM NA OMC ................................................................................................. 34
UNIDADE 4 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 35
GABARITOS ........................................................................................................................................ 36
GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 1 ........................................................................................................................... 36
GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 2 ........................................................................................................................... 37
GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 3 ........................................................................................................................... 38

MÓDULO 2 – RELAÇÕES GOVERNO-EMPRESA ...................................................................... 39


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 39
UNIDADE 1 – ESTADO E MULTINACIONAIS ........................................................................................ 39
1.1 CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS ............................................................................................................................. 39
1.1.1 POSTURA DOS PAÍSES RECEPTORES ....................................................................................................................... 39
1.1.2 EXPANSÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ...................................................................................................... 40
1.1.3 MUDANÇA NO PAPEL DAS CORPORAÇÕES ......................................................................................................... 40
1.2 PAPEL DAS CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS ...................................................................................................... 41
1.2.1 BARGANHA ...................................................................................................................................................................... 41
1.2.2 REGIONALISMO DEFENSIVO ..................................................................................................................................... 41
1.3 EXIGÊNCIAS DOS PAÍSES HOSPEDEIROS ................................................................................................................. 42
1.4 REGIONALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO ...................................................................................... 43
1.4.1 DEFESA DA SOBERANIA NACIONAL ....................................................................................................................... 43
1.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 44
1.6 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 44
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 44
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 45
PAÍS É 5º EM ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO, DIZ ONU ............................................................................................... 45
Negócios Internacionais SUMÁRIO

UNIDADE 2 – DIPLOMACIA TRIANGULAR ......................................................................................... 46


2.1NOVA DIPLOMACIA ........................................................................................................................................................... 46
2.2 MUDANÇA NO JOGO ...................................................................................................................................................... 47
2.2.1 NEGOCIAÇÃO ALTERNATIVA ...................................................................................................................................... 48
2.3 CRESCENTE ALCANCE DAS MULTINACIONAIS ...................................................................................................... 48
2.4 DIPLOMACIA TRIANGULAR ........................................................................................................................................... 49
2.4.1 REDE DE ACORDOS INTERNACIONAIS ................................................................................................................... 50
2.4.2 JOGO DA BARGANHA TRIANGULAR ....................................................................................................................... 50
2.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 51
2.6 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 51
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 51
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 52
O OLHAR SEVERO DO CADE ................................................................................................................................................ 52
UNIDADE 3 – COMPORTAMENTO POLÍTICO DAS MULTINACIONAIS ............................................... 54
3.1 ESTRATÉGIA DE CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS ............................................................................................. 54
3.1.1 ESTRATÉGIAS INDUSTRIAIS ........................................................................................................................................ 54
3.1.2 CREDIBILIDADE POLÍTICA DO GOVERNO ............................................................................................................. 55
3.1.3 ARRANJOS INSTITUCIONAIS ...................................................................................................................................... 55
3.2 REDE DE INTERESSES DE INTERMEDIAÇÃO ............................................................................................................ 56
3.3 CREDIBILIDADE POLÍTICA .............................................................................................................................................. 57
3.3.1 CREDIBILIDADE POLÍTICA BAIXA ............................................................................................................................. 58
3.4 CREDIBILIDADE POLÍTICA ............................................................................................................................................ 58
3.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 59
3.6 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 59
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 59
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 59
COMPORTAMENTO POLÍTICO ............................................................................................................................................. 59
UNIDADE 4 – GLOBALIZAÇÃO E DESNACIONALIZAÇÃO NO BRASIL ............................................... 61
4.1 DETERMINANTES DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL ................................................................. 61
4.2 SITUAÇÃO MACROECONÔMICA ................................................................................................................................. 61
4.2.1 INFLUÊNCIA DA TAXA BÁSICA DE JUROS ............................................................................................................ 61
4.3 PADRÕES DE CONCORRÊNCIA ..................................................................................................................................... 62
4.3.1 DEMANDA POR PRODUTOS IMPORTADOS .......................................................................................................... 63
4.4 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA ................................................................................................................................... 63
4.5 APARATO REGULATÓRIO ................................................................................................................................................. 64
4.6 PRIVATIZAÇÕES .................................................................................................................................................................. 64
4.7 TAMANHO DO MERCADO ............................................................................................................................................. 65
4.8 CAPITAL ESTRANGEIRO NA ECONOMIA BRASILEIRA ........................................................................................... 65
4.8.1 ENTRADA DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO ............................................................................................... 66
4.9 FLUXOS DE CAPITAL ESTRANGEIRO .......................................................................................................................... 66
4.10 DESNACIONALIZAÇÃO ECONÔMICA ...................................................................................................................... 67
4.11 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 67
4.12 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 67
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 67
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 68
SUMÁRIO Negócios Internacionais

DEBATE: CAPITAL ESTRANGEIRO E DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 68


UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 72
GABARITOS ........................................................................................................................................ 73
GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 1 ........................................................................................................................... 73
GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 2 ........................................................................................................................... 73
GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 3 ........................................................................................................................... 74
GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 4 ........................................................................................................................... 75

MÓDULO 3 – INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ........................................................... 77


UNIDADE 1 – MULTINACIONAIS DE PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO ............................................... 77
1.1 ESTUDO SOBRE INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE ............................................................................................... 77
1.1.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO ....................................................................................................................................... 79
1.2 RELEVÂNCIA ESTRATÉGICA DAS SUBSIDIÁRIAS BRASILEIRAS ......................................................................... 79
1.3 PAPEL DAS SUBSIDIÁRIAS ............................................................................................................................................. 80
1.3.1 PAPEL DAS SUBSIDIÁRIAS EM CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS ............................................................. 80
1.4 AUTONOMIA DAS SUBSIDIÁRIAS ............................................................................................................................... 81
1.4.1 CICLO VIRTUOSO ........................................................................................................................................................... 83
1.5 VANTAGENS ESPECÍFICAS ............................................................................................................................................. 83
1.5.1 CENTRO DE EXCELÊNCIA ............................................................................................................................................ 84
1.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 84
1.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 84
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 84
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 85
MULTINACIONAIS BRASILEIRAS AINDA SÃO POUCAS ............................................................................................... 85
UNIDADE 2 – INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS ............................................... 88
2.1 ESCOLA NÓRDICA ............................................................................................................................................................. 88
2.2 CAUTELA E INFORMAÇÃO ............................................................................................................................................. 88
2.2.1 INCERTEZA ....................................................................................................................................................................... 89
2.2.2 PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO ............................................................................................................... 89
2.2.3 CRÍTICAS AO MODELO ................................................................................................................................................ 90
2.2.4 REVISÃO DO MODELO ................................................................................................................................................. 90
2.3 HETERARQUIA ORGANIZACIONAL ............................................................................................................................. 91
2.4 REDES DE SUBSIDIÁRIAS ................................................................................................................................................ 91
2.5 ATORES DE NEGÓCIOS ................................................................................................................................................... 92
2.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 92
2.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 92
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 92
TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 93
O LADO SOCIAL DAS EXPORTAÇÕES ............................................................................................................................... 93
UNIDADE 3 – GESTÃO CROSS-CULTURAL E GESTÃO INTERNACIONAL ........................................... 95
3.1 PESQUISA CROSS-CULTURAL ....................................................................................................................................... 95
3.1.1 COMPLEXIDADE CULTURAL ...................................................................................................................................... 95
3.1.2 PRESSUPOSTOS CULTURAIS ESCONDIDOS ......................................................................................................... 95
3.1.3 GESTÃO CROSS-CULTURAL ....................................................................................................................................... 96
3.1.4 PESQUISA CROSS-CULTURAL .................................................................................................................................... 96
Negócios Internacionais SUMÁRIO

3.2 PESQUISA SOBRE GESTÃO INTERNACIONAL ......................................................................................................... 97


3.2.1 ATRIBUTOS DAS OPERAÇÕES MULTINACIONAIS .............................................................................................. 97
3.2.2 SUPERAÇÃO DE DIFERENÇAS CULTURAIS ............................................................................................................ 98
3.2.3 OTIMIZAÇÃO GLOBAL ................................................................................................................................................. 98
3.3 GESTÃO INTERNACIONAL .............................................................................................................................................. 98
3.3.1 PARADIGMAS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS ............................................................................................... 99
3.3.2 PESQUISA DE GESTÃO ............................................................................................................................................... 100
3.4 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 100
3.5 EXERCÍCIO .......................................................................................................................................................................... 100
INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO .............................................................................................................................. 100
TEXTO UTILIZADO ........................................................................................................................... 101
A INVASÃO BRASILEIRA NA BÉLGICA ............................................................................................................................. 101
UNIDADE 4 – CENÁRIOS CULTURAIS ................................................................................................ 106
GABARITOS ...................................................................................................................................... 107
GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 1 ......................................................................................................................... 107
GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 2 ........................................................................................................................ 108
GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 3 ......................................................................................................................... 109

MÓDULO 4 – ENCERRAMENTO .............................................................................................. 111


APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 111
Negócios Internacionais ABERTURA

ABERTURA

APRESENTAÇÃO
A disciplina Negócios Internacionais visa debater – segundo uma abordagem interdisciplinar,
com base nas áreas de relações internacionais – economia política internacional, negócios
internacionais e gestão internacional, as estruturas e os atores que afetam as atividades de negócios
realizadas fora do contexto nacional de origem das empresas.Tal decisão decorre da necessidade
de entendimento dos múltiplos níveis de análise – global, internacional, nacional e organizacional –
correspondentes às complexidades e interdependências de negócios realizados além das fronteiras
nacionais.

Deve ser levado em consideração que o contexto internacional contemporâneo vem sendo
pautado por intenso debate dos prós e contras do fenômeno da globalização. Consequentemente,
o desenvolvimento de um referencial analítico para entendimento dos temas e atores que afetam
o âmbito de negócios internacionais é um instrumento de grande importância para os profissionais
da área de gestão empresarial.

A disciplina promove a análise de temas como globalização, governança, regimes internacionais


e capitalismo global, com o propósito de destacar as implicações desses fenômenos para as
empresas que atuam em diversos países.

A disciplina destaca a relevância das relações entre governos e empresas, considerando tanto os
países de origem e anfitriões quanto empresas estrangeiras e domésticas, a partir de abordagens
das áreas de economia política internacional e de negócios internacionais. São abordados vários
aspectos tais como regulamentação, barreiras econômicas, sociais e ambientais para a realização
de investimentos em países anfitriões.

Ao final, a disciplina problematiza a atração de investimentos externos diretos para o Brasil, bem
como a internacionalização de empresas brasileiras. Esses temas possuem sérias implicações
para os âmbitos de gestão internacional e gestão cross-cultural, pois envolvem aspectos culturais,
estratégicos e organizacionais das operações internacionais.

OBJETIVO E CONTEÚDO
A disciplina Negócios Internacionais objetiva debater referencial teórico multidisciplinar com
o propósito de desenvolver a capacidade analítica a respeito dos temas e atores mais relevantes
da agenda internacional contemporânea. Mais especificamente, objetiva analisar como tais temas
e atores influenciam os negócios realizados além das fronteiras nacionais.

Sob esse foco, a disciplina Negócios Internacionais foi estruturado em quatro módulos, nos
quais foi inserido o seguinte conteúdo...

Módulo 1 – Globalização e o sistema internacional

O foco deste módulo será, inicialmente, o debate sobre os prós e os contras do fenômeno
da globalização econômica, supostamente o principal fenômeno organizador da
sociedade internacional contemporânea, para possibilitar o entendimento da forma

7
ABERTURA Negócios Internacionais

pela qual o sistema internacional está organizado em termos de regime de comércio.


Para melhor compreensão das estruturas e dos atores que compõem a economia
global, serão apresentadas duas visões concorrentes – dos sistemas nacionais de
economia política e da classe capitalista transnacional.

Módulo 2 – Relações governo-empresa

Neste módulo, o enfoque predominante será as relações entre o Estado e as grandes


empresas multinacionais para permitir entendimento básico de como tais relações
afetam os negócios internacionais. O modelo de diplomacia triangular será então
utilizado para ilustrar a complexidade e a importância de tais relações para os países
emergentes. A seguir, serão apresentados casos de internacionalização de empresas
de países em desenvolvimento para enfatizar como esse processo está sujeito a
influências do contexto político e como as multinacionais respondem a tais influências.

Módulo 3 – Investimentos externos diretos e internacionalização de empresas

A atração de investimentos externos diretos por parte do Brasil na última década


contextualiza o processo de desnacionalização da economia brasileira. Esse fenômeno
acabou por gerar um debate acerca da necessidade de internacionalização de empresas
brasileiras. A urgência por internacionalização resulta em novas demandas no âmbito
da gestão internacional e da gestão cross-cultural que desafiam a capacitação e o
desenvolvimento dos empresários e gerentes brasileiros.

Módulo 4 – Encerramento

Neste módulo – além da avaliação deste trabalho –, você encontrará algumas divertidas
opções para testar seus conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido nos módulos
anteriores – caça-palavras, palavras cruzadas, forca e criptograma. Entre neles e bom
trabalho!

BIBLIOGRAFIA
GILPIN, Robert. O Desafio do Capitalismo Global. Rio de Janeiro: Record, 2004.
A tradução desta obra do reconhecido economista político americano é muito
importante por conter uma análise abrangente da economia mundial nos seus múltiplos
aspectos, dos quais se destaca o sistema de comércio, o sistema monetário, as relações
entre Estado e multinacionais, o regionalismo europeu e o movimento antiglobalização.

8
Negócios Internacionais ABERTURA

GONÇALVES, Reinaldo. Economia Política Internacional. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2005.


Esta obra preenche uma lacuna no panorama bibliográfico brasileiro, na área de Relações
Internacionais e, mais especificamente, de Economia Política Internacional – EPI. O
livro apresenta, da forma mais didática possível, os fundamentos teóricos e analisa as
relações econômicas internacionais recentes do Brasil sob a ótica da EPI. Este livro é
orientado para todos aqueles interessados na compreensão das relações internacionais,
sejam estudantes ou profissionais de áreas diversas.

_________. Globalização e desnacionalização. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.


O economista apresenta nesta obra uma análise crítica do processo de abertura da
economia brasileira na década de 1990. O autor considera, inicialmente, os fatores que
representam o fenômeno da globalização, para, a seguir, analisar quais deles foram
determinantes na atração de elevados volumes de investimento direto externo para o
Brasil. Ao final de sua análise, ele afirma que a privatização e o tamanho do mercado
interno foram determinantes na atração de investimentos estrangeiros que resultaram
na desnacionalização da economia brasileira.

GUEDES, A.L. Negócios Internacionais. São Paulo: Thomson, 2007.


O entendimento de negócios internacionais é de grande importância para acadêmicos
e profissionais da área de Administração, em virtude do contexto internacional
contemporâneo, caracterixado pela globalização econômica. O amplo debate acerca
das empresas multinacionais ilustra a complexidade dos negócios internacionais e
tem, consequentemente, implicações para a constituição e definição das áreas
acadêmicas de Negócios Internacionais e de Gestão Internacional. As principais
abordagens teóricas de Negócios Internacionais podem ser agrupadas em análises
econômicas, comportamentais, culturais, gerenciais e de barganha. Nesta última
abordagem, merecem especial destaque as relações entre empresas multinacionais e
governos de países em desenvolvimento. Esta obra faz parte da coleção Debates em
Administração, que busca fornecer ao leitor informação sucinta a respeito dos assuntos
mais atuais e relevantes da área de Administração.

HELD, David e MCGREW, Anthony. Prós e contras da globalização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2001.
Os autores desta obra são reconhecidos internacionalmente como especialistas na
discussão do fenômeno da globalização e de suas implicações para a democracia e a
governança global. Nesta análise, eles problematizam a ausência de consenso e as
correntes extremas que dominam o debate acerca do conceito de globalização. A
seguir, propõem uma definição mais complexa e abrangente do fenômeno
contemporâneo. Os autores apresentam ainda uma análise das implicações da
globalização para o Estado e a cultura nacional.

9
ABERTURA Negócios Internacionais

HEMAIS, Carlos Alberto. (org.) O Desafio dos Mercados Externos:Teoria e Prática na Internacionalização
da Firma. Rio de Janeiro: Mauad, 2005, Vol. 1 e 2.
Este livro editado conta com contribuições de vários acadêmicos brasileiros dedicados
ao tema da internacionalização de empresas. A primeira parte dos volumes apresenta
contribuições teóricas, e a segunda parte apresenta estudos de casos brasileiros. O
primeiro volume está focado no processo de internacionalização de empresas brasileiras,
e o segundo, nas atividades de exportação de empresas brasileiras.

KLEIN, Naomi. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. Rio de Janeiro: Record, 2002. 2a.
ed.
Esta obra trata da supervalorização da marca em substituição às antigas formas de
produção, um fruto de marketing potencializado com a globalização. A autora canadense
também problematiza a exploração do trabalho nas regiões mais pobres do mundo
que alimentam a classe consumista nos países ricos. Klein explora como as corporações
combatem as marcas concorrentes para assegurar sua onipresença por meio do sistema
de franquias, fusões e da censura corporativa, que não tolera nenhum prejuízo à imagem
das marcas.

ROCHA, Angela. Internacionalização das empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.
A obra apresenta contribuições teóricas e empíricas acerca do processo de
internacionalização de empresas brasileiras. Os estudos resultam das atividades de
pesquisa realizadas por acadêmicos ao longo das últimas décadas tanto no que se
refere às atividades de exportação quanto aos processos de internacionalização por
meio de investimentos no exterior.

PROFESSORES-AUTORES
Ana Lucia Guedes é Ph.D. em Relações Internacionais, pela London
School of Economics and Political Science, Inglaterra. Mestre em Relações
Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e
Bacharel em Administração pela Universidade Estadual de Maringá.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Estudos Internacionais da Escola
Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio
Vargas – EBAPE/FGV. Pesquisadora e professora nas áreas de relações
internacionais e negócios internacionais dos programas de Doutorado em Administração, Mestrado
em Administração Pública e Mestrado em Gestão Empresarial da EBAPE/FGV. Professora de
Negócios Internacionais na graduação em Administração da EBAPE/FGV. Editora do Caderno
EBAPE.BR – EBAPE-FGV. Experiência profissional nas áreas de marketing Grupo Amil –, comércio
exterior – Grupo Gerdau – e relações internacionais – Ministério da Fazenda.

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Negócios Internacionais MÓDULO 1

MÓDULO 1 – GLOBALIZAÇÃO E SISTEMA INTERNACIONAL

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, inicialmente, focalizaremos o debate acerca do fenômeno da globalização,
supostamente o principal fenômeno organizador da sociedade internacional contemporânea,
para possibilitar o entendimento do regime internacional de comércio.

A seguir, para melhor compreensão das estruturas e atores que compõem a economia global,
apresentaremos duas visões concorrentes – a dos sistemas nacionais de economia política e da
classe capitalista transnacional.

UNIDADE 1 – GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA

1.1 GLOBALIZAÇÃO

Globalização é um conceito contestado, com diversas definições.

Muitos reverenciam a globalização como um fenômeno contemporâneo e duradouro.

Outros apontam seu caráter heterogêneo, desigual e desagregador, visível em demonstrações


violentas como em Seattle, em 1999, e em Gênova em 2001.

Há quem adote profecias pessimistas de que a globalização vai acabar com o Estado-
Nação ou vai homogeneizar a cultura mundial, com base na cultura norte-americana.

De fato, a globalização apresenta diversas vertentes exploradas por igual número de


autores, focados na dimensão cultural, econômica, política, jurídica e social, entre outras.

Held e McGrew definem globalização como padrões arraigados e duradouros de interligação


mundial, sejam eles de aspecto...
§ material – transportes;
§ normativo – sistemas bancários;
§ ou simbólico – idioma inglês.

1.1.1 DEFINIÇÕES
Uma das definições frequentes de globalização corresponde ao fluxo de comércio, de capital e
de pessoas em todo o globo, facilitado por infraestruturas física, normativa e simbólica.

De fato, a globalização remete à crescente intensidade de fluxos globais no qual


Estado e sociedades ficam cada vez mais enredados em sistemas mundiais de interação.

Nesse cenário, fenômenos distantes podem acarretar impactos internos e


acontecimentos locais podem gerar repercussões globais.

11
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

1.2 REGIONALISMO VERSUS GLOBALIZAÇÃO


Raciocinando em termos econômicos, a formação de blocos econômicos serve para
proteger os países-membro da força da globalização.

A globalização denota a escala crescente, a magnitude progressiva, a aceleração e o


aprofundamento do impacto dos fluxos e padrões inter-regionais de interação social.

Ferramentas como a internet encurtam distâncias e aumentam a velocidade


relativa de interações.

Hoje a questão tecnológica é compreendida como uma importante fonte de poder no cenário
internacional, que compõe a base da hegemonia, em conjunto com antigos recursos geopolíticos
ou substituindo-os.

Entretanto, a globalização não deve ser entendida como um processo harmonioso da


sociedade mundial com convergência crescente de culturas e de civilizações.

A globalização não atinge toda a população mundial, haja vista que uma parcela
significativa é excluída de seus benefícios.

A visão de Stiglitz confirma a opinião dos céticos de que a globalização é uma construção ideológica
para justificar e legitimar o projeto global neoliberal – criação de um livre mercado global e a
consolidação do capitalismo anglo-americano nas principais regiões econômicas do mundo.

Nesse contexto, o surgimento do conceito de globalização foi conveniente para promover o


Consenso de Washington, que promoveu o mito de que a desregulamentação da economia, a
privatização e a limitação da atuação governamental são ingredientes de uma receita de
prosperidade e desenvolvimento.

1.3 VISÃO MARXISTA

A globalização é uma nova versão imperialista do capital financeiro ocidental.

Na análise marxista, o capitalismo – como ordem social – tem uma lógica expansionista
patológica, uma vez que, para manter os lucros, o capital precisa estar, constantemente,
explorando novos mercados.

Na visão das Teorias das Relações Internacionais, a globalização é resultado da supremacia


econômica e militar.

A ordem internacional é constituída pelos Estados nacionais mais poderosos nos


aspectos econômico e militar.

12
Negócios Internacionais MÓDULO 1

As relações econômicas dependem das políticas e preferências das grandes potências,


pois são as únicas que podem criar e manter as condições necessárias para uma ordem
internacional aberta.

Alguns autores acreditam que é preciso uma potência hegemônica para regular tal ordem, porque,
sem hegemonia, há guerras.

1.4 VISÃO GLOBALISTA


Os globalistas enfatizam que a globalização reflete mudanças estruturais reais na escala da
organização social moderna, evidenciadas...
§ pelo crescimento das empresas multinacionais;
§ pelos mercados financeiros mundiais;
§ pela difusão da cultura popular;
§ pelo destaque dado à degradação ambiental do planeta.

A globalização não possui um status exclusivamente econômico. A globalização é um conjunto


de processos inter-relacionados que operam pelos campos econômico, político, militar, tecnológico,
social, cultural...

1.4.1 REORDENAÇÃO DAS RELAÇÕES DE PODER


A globalização é um produto de forças múltiplas que incluem os imperativos
econômicos, políticos, tecnológicos e fatores conjunturais específicos – como a criação
da antiga Rota da Seda ou o colapso do socialismo de Estado.

Há uma escala crescente em que o poder é organizado e exercido devido à reordenação de suas
relações entre e através das principais regiões do mundo.

Nessas regiões, ocorrem transformações dos padrões dominantes da organização


socioeconômica, do princípio territorial e do princípio do poder.

A globalização leva ao questionamento do processo de reconfiguração do poder político.

A globalização gera, simultaneamente...


§ cooperação e conflito;
§ integração e fragmentação;
§ exclusão e inclusão;
§ convergência e divergência;
§ ordem e desordem.

13
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

1.4.2 DIMINUIÇÃO DE PODER


Para os globalistas, o surgimento de organizações e de coletividades internacionais e transnacionais
– desde a ONU até grupos de pressão internacional como o Greenpeace e o WatchRights –
alterou a forma e a dinâmica do Estado e da sociedade civil.

Novas instituições internacionais e transnacionais têm transformado a soberania em um exercício


compartilhado de poder, com o rompimento do vínculo exclusivo entre território e poder político.

Na visão dos globalistas, as preocupações da política regional e global vão muito além da geopolítica
tradicional, englobando tráfico de drogas, fluxo de capitais financeiros, chuva ácida e terrorismo...

A cooperação internacional e a coordenação de políticas nacionais tornaram-se requisitos


indispensáveis para lidar com as consequências de um mundo globalizado.

O Estado moderno está em franca decadência, tendo que negociar para governar em conjunto
com outros organismos internacionais em um cenário em que a soberania se tornou um exercício
compartilhado de poder.

Os Estados menores buscam integração regional e participação em instituições multilaterais para


garantir a própria segurança.

Os Estados sofrem uma diminuição de poder porque a expansão das forças transnacionais reduz
o controle que cada governo pode exercer sobre as atividades de seus cidadãos e dos outros
povos.

Em resumo, a legitimidade do Estado é questionada pela globalização, haja vista que os Estados
não agem sem cooperação internacional.

1.5 CULTURA NACIONAL


Na visão dos céticos, apesar dos vastos fluxos de informação, imagens e pessoas por todo o
mundo, há poucos indícios de uma cultura universal ou global, bem como poucos sinais de
declínio da projeção política do nacionalismo.

As novas tecnologias reforçam os laços da cultura nacional por sua projeção por meio
da diferença frente às demais culturas.

Para os globalistas, a questão cultural escapa ao controle do moderno Estado-Nação,


pois apresenta uma perspectiva multiestratificada, com focos locais, nacionais, regionais
e globais.

No raciocínio globalista, a cultura é um processo construído, logo, passível de influência na era


global, pois não é imutável. Além disso, a intensa troca de ideias e fluxo de pessoas favorece a
influência de outras culturas.

14
Negócios Internacionais MÓDULO 1

Fukuyama argumenta que a globalização potencializa o perigo da existência de Estados fracos no


sistema internacional porque, com o governo fragilizado, inoperante ou inexistente, eles se tornam
abrigo para terroristas, narcotraficantes e outros criminosos.

Entretanto, Fukuyama acredita na funcionalidade do Estado democrático liberal como padrão de


sociabilidade entre os povos a ser universalizado, sob pena do caos e da proliferação de intolerância,
radicalismos e violências.

Essa é uma análise intermediária, pois acredita na relevância do Estado, mas aponta
uma fragilidade que pode sucumbir às ameaças da globalização.

O destino da cultura nacional é outra preocupação frequente devido à


expansão da globalização.

1.6 ISOLAMENTO DISCIPLINAR


A especialização promove um jargão único para uma determinada área e constrói
barreiras que inibem a entrada de outros acadêmicos.

O isolamento disciplinar é um fenômeno acadêmico, no qual pesquisadores


e estudantes de diversas disciplinas se tornam inacessíveis.

Cada pesquisador de determinada área científica explora conceitos, com perguntas, hipóteses,
metodologias próprias e de pesquisa, vocabulários indecifráveis para os não iniciados.

Mesmo que o objeto de estudo seja relevante para outras áreas do conhecimento, acadêmicos
resistem em reconhecer tal interdisciplinaridade porque não estão acostumados a trabalhar com
tópicos fora de suas áreas de pesquisa.

O isolamento disciplinar se torna problemático quando o objeto de estudo não pertence,


claramente, a um determinado campo da ciência, como, por exemplo, a globalização.

A falta de diálogo entre acadêmicos sobre o conceito de globalização torna difícil


entendê-la com precisão e estimular o desenvolvimento de pesquisas paralelas, o que
acaba promovendo o isolamento disciplinar.

A alternativa para romper esse ciclo nada virtuoso tende a ser o estudo interdisciplinar. Entretanto,
essa saída se torna difícil devido aos problemas de pensar além da fronteira científica.

1.6.1 ISOLAMENTO DISCIPLINAR


Globalização é um super tópico, estudado por diversas áreas da ciência – sociologia,
psicologia, geografia, antropologia, linguística, estudos de mídia e criminologia.

15
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

Em negócios internacionais, o conceito de globalização tem três características peculiares...

Paroquial...
A globalização é vista como ascensão e expansão das corporações multinacionais,
usualmente ela é apresentada como benéfica a todos os atores envolvidos.

Procrusteanismo...
A globalização é reduzida a questões econômicas, devido à predominância do estudo
de comércio e finanças na disciplina de negócios internacionais.

Miopia histórica...
A globalização é considerada um fenômeno recente, mas há evidências de que a
globalização é um processo antigo

1.7 VÁCUO CONCEITUAL


Clark & Knowles definem globalização como o processo pelo qual sistemas econômicos, políticos,
culturais, sociais e outros sistemas relevantes para as nações se integram em sistemas mundiais,
considerando que...
§ o sistema mundo é um complexo de canais por todo o planeta, capaz de transmitir
estímulos, simultaneamente, para distâncias geográficas distintas;
§ a extensão em que sistemas econômicos, políticos, culturais, sociais e outros
relevantes para as nações estão integrados nos sistemas mundiais são chamados
graus de globalização;
§ o grau de globalização varia consideravelmente.

Essa definição reconhece a globalização como um processo dinâmico, que


atinge diferentes fenômenos em diferentes graus e proporções.

1.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.9 EXERCÍCIO

Vimos, nesta unidade, que a globalização é considerada um fenômeno


organizador da sociedade internacional, possiblitando o entendimento do regime
internacional do comércio.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Globalização abrange diversas definições, muitos a reverenciam como um fenômeno
contemporâneo e duradouro. Outros apontam seu caráter heterogêneo, desigual e
desagregador (Stiglitz, 2002), que vai homogeneizar a cultura mundial, com base na cultura
norte-americana.

16
Negócios Internacionais MÓDULO 1

Definições frequentes de globalização correspondem ao fluxo de comércio, capital e de


pessoas em todo o globo, facilitado por infraestruturas física, normativa e simbólica.

De fato, a globalização remete à crescente intensidade de fluxos globais, no qual Estado e


sociedades ficam cada vez mais enredados em sistemas mundiais de interação.
Ferramentas, como a Internet, encurtam distâncias e aumentam a velocidade relativa de
interações.

A globalização denota a escala crescente, a magnitude progressiva, a aceleração e o


aprofundamento do impacto dos fluxos e dos padrões inter-regionais de interação social.

Aqui nossa tarefa é analisar, comparativamente, alguns aspectos do processo de globalização.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto Globalização solidária, antiglobalização ou desglobalização?, disponível
no final desta unidade;
§ analise, comparativamente, os aspectos positivos e negativos do processo de
globalização;
§ identifique, no texto indicado anteriormente, os principais pontos que promovem
uma globalização igualitária e democrática.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

GLOBALIZAÇÃO SOLIDÁRIA, ANTI-GLOBALIZAÇÃO OU DESGLOBALIZAÇÃO?


A estratégia política e a semântica sobre o que é o movimento caracterizado pela mídia como
anti-globalização foram um dos principais eixos de debate da conferência "Organismos
internacionais e arquitetura do poder mundial", realizada na manhã do dia 4, dentro do eixo
"Poder político e ética na nova sociedade". Participaram como conferencistas Walden Bello,
representante do instituto Focus on the Global South, da Tailândia, e professor da Universidade das
Filipinas, Roberto Bissio, do Social Watch, Uruguai; Susan George, do Attac França; Peter Wahl, da
WEED, Alemanha, e Aurélio Viana, da Rede Brasil. O animador da conferência foi Teivo Teivainen,
da Network Institute for Global Democratization (NIGD), da Finlândia.

17
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

Globalização solidária, globalização alternativa, antiglobalização. São vários os termos utilizados.


Walden Bello propôs a "desglobalização", com a reorientação da economia mundial e a opção do
mercado interno em vez do externo. "Não permitindo que as decisões sejam definidas pelo
mercado, mas que sejam reforçadas na produção, com destaque para as formas cooperativadas e
para a subsidiaridade", apontou Bello.

Segundo Teivo Teivainen, o mais importante é o diálogo crítico entre aqueles que compartilham
as mesmas aspirações democráticas. "Estamos enfrentando aqueles que defendem o sistema
atual". Teivainen defendeu que é importante também falar sobre como aplicar princípios
democráticos em estruturas multilaterais internacionais.

Regras legítimas

"Queremos regras legítimas, não ausência de regras. As propostas têm que sair de leis internacionais,
que surgem de leis de direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais", explicou
Susan George, do Attac França. Para ela, o que o movimento tenta fazer é criar uma nova ordem
mundial: "uma nova sociedade de sociedades diversas. Devemos formar alianças nacionais fortes
e enfatizar os pontos em que concordamos".

Para Roberto Bissio, o princípio organizador global fundamenal é a Declaração dos Direitos Humanos,
que é universal e foi aceita pelos governos do mundo. "É preciso lembrar que a delcaração diz
'Nós, os povos das nações unidas' e não 'Nós, os governantes do mundo'". O segundo princípio que
deve organizar o movimento é o da subsidiaridade (CHECAR): "as decisões devem ser tomadas o
mais próximo do povo possível", enfatiza.

Bissio destacou que organismos internacionais precisam desse subsídio. "Quando os países não
cumprem os acordos sobre direitos humanos não há grandes problemas, mas quando descumprem
tratados comerciais as retaliações são imediatas. Os direitos dos capitais não foram acompanhados
de obrigações e nem de direitos dos trabalhadores".

Realizar uma campanha em cada país pela ratificação da Corte Penal Internacional e produzir
conhecimento e informação qualificada sobre as propostas que existem para um outro mundo
possível são dois pontos principais em que se é preciso avançar, de acordo com Bissio.

Instituições multilaterais e institutos globais

O brasileiro Aurélio Viana, da Rede Brasil, destacou que é muito fácil falar de combate à pobreza
quando não se toca no assunto sistemas econômicos e sistema de poder econômico. E isso é o
que tem acontecido hoje quando Colin Powell ou os participantes do Fórum Econômico Mundial
falam de globalização solidária. Para ele, "é preciso fortalecer o nacional e o local, mas também
avançar na atuação direta nos sistemas internacionais existentes: o sistema ONU e o sistema de
Bretton Woods (FMI, Banco Mundial e bancos regionais)". Entretanto, Viana destaca que é impossível

18
Negócios Internacionais MÓDULO 1

atuar globalmente com um Estado-Nação fraco. "A participação nesses fóruns somente ocorre
por meio de governos nacionais". Segundo Viana, os países poderiam ter uma atuação mais forte
nos bancos regionais de desenvolvimento, onde não existe um desequilíbrio de poder tão grande
como o que ocorre no Banco Mundial, por exemplo.

Peter Wahl, representante da WEED (órgão ligado à economia, ecologia e desenvolvimento


mundial), disse que é preciso restringer os institutos globais, definindo o que deve ser regional e
local. "Não acredito num tribunal global. Também é uma impossibilidade democrática ter um
parlamento mundial ou um Estado global. O que queremos é promover a globalização da igualdade,
da justiça, dos direitos humanos, econômicos, políticos e sociais".

Susan George acrescentou que "é preciso democratizar o estado, já que é a única forma de atuar
em nível internacional. Não é possível um parlamento mundial quando metade dos países do
mundo vive em ditaduras".

Fonte
GLOBALIZAÇÃO solidária, anti-globalização ou desglobalização?. GERM, 02 maio 2002. Disponível em: <http://
www.mondialisations.org/php/public/art.php?id=2782&lan=PO>. Acesso em: 21 jun. 2010.

UNIDADE 2 – CAPITALISMO TRANSNACIONAL

2.1 CORPORAÇÕES TRANSNACIONAIS

Globalização é mito ou realidade?

Essa é basicamente a pergunta que Sklair tenta responder.

Para o autor, as corporações transnacionais – CTNs – representam o poder da classe capitalista


transnacional, ou seja, sem a coordenação da economia global por parte das grandes corporações,
seria impossível a existência de uma classe capitalista transnacional.

2.1.1 REPRESENTAÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO


Sklair entrevistou 80 executivos da lista da Fortune 500 – revista que lista as 500 maiores empresas
do mundo – a respeito de quatro critérios que representam a globalização...
§ investimento externo direto estrangeiro – IED;
§ melhores práticas empresariais e de benchmarking;
§ cidadania das corporações globais;
§ visão global.

Esses quatro critérios envolveram questões que diferenciam corporações multinacionais –


internacionais – das corporações globalizadas – transnacionais.

19
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

2.1.2 PRÁTICAS DAS CORPORAÇÕES


A principal questão de Sklair era identificar se as estratégias e as práticas das corporações
multinacionais e das corporações globalizadas são orientadas pelos interesses econômicos
nacionais – visão estadocêntrica – ou pelos interesses globais.

O surgimento de uma classe capitalista transnacional não é possível se as corporações


reproduzem interesses nacionais do país de origem nas subsidiárias no exterior.

Nas empresas entrevistadas, no setor de bens de consumo e serviços...

...o processo de globalização da empresa não é um projeto acabado, mas contínuo e


essencial para as corporações que desejam sobreviver e prosperar no mercado, mesmo
em segmentos muito dependentes de características locais, como o de alimentos.

...o conceito de que empresas multinacionais são empresas nacionais com unidades
no exterior é rejeitado pelos entrevistados e visto como incompatível com as demandas
da economia global contemporânea.

...as empresas não têm alternativas a não ser tornarem-se globalizadas – o esforço das
corporações em se tornarem globais permite a criação de uma classe capitalista
transnacional, e uma de suas principais funções é facilitar a globalização de empresas
em termos econômicos, políticos e ideológico-culturais.

...a mudança na estrutura industrial ocorreu nos cinco setores da Fortune 500, pois as
maiores empresas compraram empresas menores ou estabeleceram alianças
estratégicas com redes globais.

2.1.3 ESTRATÉGIAS GLOBAIS


Transformar uma corporação multinacional em transnacional – ou global – envolve questões
mais complexas do que reunir capacidades locais.

Faz-se necessário desenvolver e implementar estratégias globais que promovam


inovações econômicas, organizacionais, políticas, culturais e ideológicas.

2.2 ECONOMIAS NACIONAIS


O papel da economia doméstica de um país e as diferenças entre economias nacionais se tornaram
fatores determinantes no estudo da Economia Política Internacional – EPI.

À medida que avançou a interdependência econômica, as diferenças entre as economias


nacionais se tornaram mais relevantes em negociações internacionais.

20
Negócios Internacionais MÓDULO 1

Apesar de certa convergência no modelo orientado para o mercado, no período pós Guerra Fria
– cujo marco seria 1989 –, há diferenças significativas entre as economias...
§ dos Estados Unidos – parecida com a da Inglaterra e de outros países anglo-saxões;
§ da Alemanha – tipo de economia corporativista existente na Europa continental;
§ do Japão – modelo de desenvolvimento capitalista no leste asiático.

Os sistemas de governança corporativa e as práticas dos negócios privados também são diferentes
entre os três países...
§ nos Estados Unidos, os acionistas – stockholders – têm um papel importante no
rumo dos negócios;
§ na Alemanha e Japão os bancos assumem esse papel;
§ em relação às práticas de negócios, os americanos preferem a produção no exterior,
enquanto os japoneses concentram sua produção no próprio país.

2.2.1 ANÁLISE DAS ECONOMIAS NACIONAIS


São critérios para analisar as economias nacionais...
§ qual é a principal razão da atividade econômica da nação?
§ qual é o papel do Estado na economia?
§ qual é a estrutura de governança corporativa e as práticas dos negócios privados?

Nas sociedades liberais – em que a autonomia de mercado e o bem-estar do


consumidor são enfatizados – o papel do Estado na economia tende a ser mínimo,
corrigindo algumas imperfeições de mercado e provendo bens públicos.

Por outro lado, em países com orientações mais coletivas, o papel do Estado tende a ser mais
intervencionista na economia, proporcionando o que os japoneses chamam de direção
administrativa – administrative guidance –, semelhante ao que acontecia na antiga União Soviética.

A razão da atividade econômica determina o papel do Estado.

2.3 SISTEMA ECONÔMICO AMERICANO


O sistema de economia política americana está fundado na premissa de que a atividade
econômica deve beneficiar os consumidores e maximizar os lucros.

O modelo se aproxima do neoclássico, em que a economia de mercado competitiva é aquela na


qual os indivíduos buscam maximizar suas utilidades, e as empresas, seus lucros.

Quando o mercado não é competitivo, deve ser estimulado com políticas antitruste.

O modelo é o capitalismo gerencial, ou seja, a atividade de administração se


profissionalizou.

21
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

O papel do Estado americano na economia é limitado pela real divisão de poderes – executivo,
legislativo e judiciário – e pela autonomia de cada um dos 50 estados que compõem a federação.

A distribuição de riqueza fica em segundo plano.

Por parte do governo federal, a responsabilidade da gestão da economia é dividida entre o


secretário do Tesouro – correspondente ao ministro da Fazenda no Brasil – e o presidente do
Banco Central – Federal Reserve –, uma instituição independente do poder executivo.

2.3.1 TENSÃO ENTRE PÚBLICO E PRIVADO

A tensão entre os setores público e privado é outro fator que inviabiliza a


capacidade de o Estado americano desenvolver uma estratégia econômica.

Nessa disputa, os interesses privados acabam prevalecendo devido à


fragmentação do poder estatal para influenciar a economia.

Na microeconomia, o Estado deve permanecer ausente e intervir para corrigir imperfeições do


mercado – poder de monopólio, externalidades negativas e desequilíbrio de informação ou
informações inadequadas para o consumidor.

Na política industrial, economistas, autoridades públicas e líderes empresarias são contra


uma postura protecionista por parte do governo sob o argumento de que o Estado é
incapaz de selecionar as melhores indústrias – responsabilidade do mercado.

Entretanto, o Estado americano desenvolveu algumas políticas de proteção à agricultura, à


segurança nacional e à pesquisa e desenvolvimento.

2.3.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA


O sistema de governança corporativa e a estrutura industrial dos Estados Unidos são tão
fragmentados quanto o poder do Estado na economia, o que dificulta uma coordenação mais
eficiente.

Uma das causas dessa fragmentação é a abundância de leis antitrustes, que inviabiliza
fusões estratégicas.

Outra questão fundamental é a mentalidade do mercado de ações – as empresas são negociadas


como qualquer outra commodity, cujas ações são comercializadas visando, prioritariamente, ao
lucro.

Essa fragilidade é visível na disputa por recursos entre os setores industriais e


financeiros de uma firma.

22
Negócios Internacionais MÓDULO 1

No Japão e na Alemanha, as empresas têm objetivos sociais e responsabilidades com


seus stakeholders, ou seja, a mentalidade de estabilidade econômica supera a do lucro
financeiro.

2.4 SISTEMA ECONÔMICO JAPONÊS


No Japão, a economia é subordinada aos objetivos sociais e políticos da sociedade. Entre as
principais características desse sistema estão...
§ subordinação do indivíduo ao grupo – a identidade coletiva é mais relevante do
que a individual;
§ primazia do produtor sobre o consumidor – carro antigo, por exemplo, tem um
imposto maior do que carro novo, para estimular a troca do produto com alta
frequência;
§ estreita cooperação entre governo, empresa e trabalho – representados pelos
sindicatos.

O Estado tem forte presença na economia do país, como a responsabilidade de estimular o


desenvolvimento econômico e industrial.

O setor privado também assume tarefas públicas, como o bem-estar social de seus funcionários
e atividades regulatórias, por meio de associações comerciais e privadas.

Esse sistema teve vários rótulos...

Comunismo competitivo, capitalismo coletivo, capitalismo estratégico, capitalismo


corporativo e Japão S/A.

Tais práticas de autorregulação dos empresários japoneses provocam uma diferença


cultural que inviabiliza a entrada de investimento externo direto no país.

2.4.1 DIREÇÃO ADMINISTRATIVA


A presença estatal na economia japonesa é mais clara na política industrial, promovendo proteção
contra competição internacional, garantindo subsídios e estimulando a formação de cartéis para
diminuir a competição excessiva.

A demanda não é definida pelo mercado, mas pelo Estado, que determina os setores
que deverão receber investimentos.

Uma característica particular da intervenção estatal – e para alguns a grande


razão do sucesso industrial japonês – é a direção administrativa – administrative
guidance.

O governo pressiona o setor privado a investir em determinado setor tecnológico


de alto valor agregado mediante algumas facilitações.

23
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

Outras razões para esse sucesso são as altas taxas de poupança interna do país, sistema educacional
de alto nível e políticas macroeconômicas prudentes e estáveis, que são estratégias e iniciativas
governamentais.

A formação dos Keiretsu – grandes concentrações industriais – também tem importância


na eficiência industrial e competitividade internacional do Japão.

Uma estratégia bem-sucedida do governo japonês foi proteger indústrias nascentes em setores
que se mostraram significativos economicamente em outros países, como o automobilístico e os
eletrônicos.

2.4.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA

A indústria em geral tem um banco afiliado, e essa sustentação financeira


está no sistema postal japonês, que também funciona como banco no país e é o
maior do mundo, com créditos em torno de US$ 1 trilhão.

O sistema japonês de governança corporativa e de organização industrial é muito diferente dos


outros países desenvolvidos, principalmente em três setores – relações industriais, finanças
corporativas, organização industrial.

Os funcionários fazem carreiras nas grandes indústrias – como Toyota e Sony – com estabilidade
no emprego.

Por um lado, os funcionários são encarados pelas empresas como stakeholders e ativos
que devem ser valorizados com investimentos constantes em educação.

Por outro lado, isso provoca certa inflexibilidade no sistema de relações industriais, que
impede a demissão ou os incentivos de produtividade aos jovens por meios salariais,
devido ao respeito pela hierarquia na cultura japonesa.

Outro fator nas relações industriais é o forte financiamento e os empréstimos bancários, garantidos
pelo governo.

2.5 SISTEMA ECONÔMICO ALEMÃO

O sistema econômico alemão está entre o americano e o japonês.

Assim como os orientais, os alemães enfatizam as exportações e a poupança nacional em


detrimento do consumo. Porém, como os aliados do Atlântico Norte, permitem que o mercado
funcione com considerável liberdade.

O objetivo do Estado alemão é atender ao equilíbrio social com eficiência de mercado.

24
Negócios Internacionais MÓDULO 1

O governo, os sindicatos e o setor privado cooperam no gerenciamento da economia


e, juntos, desenvolveram um sistema de bem-estar social que garante diversos
benefícios ao trabalhador, que correspondem a 80% do salário.

A maior contribuição do Estado alemão na economia é de forma indireta. Seu rígido sistema legal
e de regulações reduziu incertezas e garantiu um clima de estabilidade para os negócios.

Outro papel importante para o sucesso da economia alemã foi a performance do Banco Central –
Bundesbank –, que não é independente do executivo, mas que desenvolveu políticas
macroeconômicas capazes de controlar a inflação no pós-guerra e manter a taxa de juros baixa.

Em relação ao papel do Estado na economia, o sistema alemão é mais parecido com o


dos Estados Unidos – orientado para o mercado – do que com o japonês – capitalismo
coletivo.

2.5.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA


O sistema de governança corporativa e a estrutura industrial da Alemanha são mais parecidos
com o keiretsu japonês do que com o sistema americano.

Na Alemanha, há uma antiga aliança entre bancos e corporações – semelhante ao Japão – e as


empresas de médio porte – mittelstand – têm um papel proeminente na economia.

Gilpin afirma que, com a globalização da economia alemã, o elo entre bancos e indústria
enfraqueceu, mas o gerente alemão está menos restrito às preocupações dos acionistas com
relação ao desempenho anual do que os gerentes americanos.

Essa condição permite que o gestor alemão tenha visão de longo prazo. Isso ocorre também
devido à direção dual, composta por um grupo de supervisores e outro de gerentes.

Como a decisão é consensual, os gerentes têm força para aprovar decisões estratégicas duradouras.

25
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

2.6 QUADRO COMPARATIVO


A relevância das diferenças entre as economias nacionais se tornou aparente com o
crescimento da interdependência entre as economias no início de 1970.

2.7 POSSÍVEIS SOLUÇÕES


A solução para eliminar as diferenças nacionais que criam obstáculos para o funcionamento e
desenvolvimento da economia global está na convergência ou na harmonização.

A convergência é baseada na teoria neoclássica de que o mercado selecionaria as


melhores práticas de negócios e os melhores sistemas devido ao desempenho das
empresas.

A harmonização poderia ter resultados mais imediatos porque seria consequência de


acordos e negociações internacionais.

Uma terceira alternativa seria o reconhecimento mútuo, quando dois ou mais


países concordam em honrar práticas de negócios e princípios econômicos.

2.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.9 EXERCÍCIO
Vimos, nesta unidade, que transformar uma corporação multinacional em transacional ou global
envolve questões mais complexas do que reunir capacidades locais.

Faz-se necessário desenvolver e implementar estratégias globais que promovam inovações


econômicas, organizacionais, políticas, culturais e ideológicas.

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Negócios Internacionais MÓDULO 1

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui nossa tarefa é analisar o processo de internacionalização de empresas brasileiras.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto O Brasil no contra-ataque, disponível no final desta unidade;
§ analise o processo de internacionalização de empresas brasileiras, considerando as
principais barreiras a serem transpostas no acesso a novos mercados;
§ exemplifique e caracterize casos de sucesso de empresas brasileiras com unidades
no exterior.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

O BRASIL NO CONTRA-ATAQUE
Empresas brasileiras abrem filiais no exterior, conquistam mercados e driblam barreiras.

Fábrica da Gerdau nos Estados Unidos: operações externas somam 30% da receita da empresa
Estação de metrô em Portugal: uma das obras da construtora Odebrecht no exterior.

Os brasileiros já se acostumaram a conviver com a presença de multinacionais das mais variadas


origens que há muito fixaram endereço no país. Agora, os estrangeiros começam a se familiarizar
com processos tipicamente brasileiros de tocar uma fábrica ou uma obra. Vem aumentando o
número de empresas nacionais que abrem fábricas no exterior. Hoje, elas são mais de 300. Essas
investidas fora das fronteiras já produzem anualmente 900 milhões de dólares em receitas. É uma
gota no oceano quando se compara com o valor obtido fora do país de origem por empresas
americanas, inglesas, italianas ou alemãs. Mas o que se nota é um esforço notável dos brasileiros
para conquistar mercados no exterior. Essa é uma maneira de contornar parte de um grave
subproduto da globalização econômica, o crescente protecionismo dos países ricos. "Uma das
formas de driblar as barreiras é operar no próprio país discriminador", diz Michel Alaby, presidente
da Associação de Empresas Brasileiras para a Integração do Mercosul.

Uma das pioneiras nesse campo foi a construtora Odebrecht, que atua fora do Brasil desde 1978. Do total
de sua receita do ano passado, mais de 60% veio do exterior. Tem escritórios nos Estados Unidos, em
Angola e em Portugal e atua em mais dez países. Suas principais obras hoje são a ampliação do aeroporto
de Miami, construção orçada em 657 milhões de dólares, uma hidrelétrica em Angola e linhas de metrô
em Portugal e na Venezuela. O projeto mais famoso foi a ponte do Rio Tejo, em Portugal.

27
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

Além de abrir novos mercados, as multinacionais brasileiras vêm fazendo vital exercício de
internacionalização. No Brasil, as empresas estão acostumadas a pensar no curto prazo e a olhar
apenas para o consumidor interno. Os grupos internacionais são obrigados a pensar mais a longo
prazo e suas estratégias raramente visam ao retorno imediato. Essa é a primeira lição que os
desbravadores brasileiros estão aprendendo. Outro ensinamento é enfrentar de peito aberto as
mais aguerridas e bem-sucedidas multinacionais do planeta no próprio país delas. Há muito
tempo essas gigantes perceberam as vantagens de espalhar plantas pelo mundo e aproveitar o
que existe de mais competitivo em cada região. A Gerdau, que tem usinas nos Estados Unidos e
no Canadá, utiliza com inteligência essa doutrina. Um fator é o mais decisivo: o custo do dinheiro.
Estabelecida no Primeiro Mundo, a empresa capta recursos pagando juros bem menores – da
ordem de um terço a um quarto – do que teria de pagar aos bancos se operasse do Brasil. "Os
custos maiores com mão-de-obra são compensados com vantagens financeiras", diz Jorge Gerdau
Johannpeter, presidente da Gerdau, um dos maiores grupos siderúrgicos do país. Atualmente,
30% de seu faturamento total vem de fora.

Outra empresa brasileira que já está consolidada no mercado internacional é a gaúcha Marcopolo,
fabricante de ônibus. Iniciou suas operações no início da década de 70, e hoje mais de 50% de seu
faturamento vem de terras estrangeiras. Está presente na Colômbia, no México, na Argentina, na
África do Sul e na China. Com plantas espalhadas em tantos lugares, a Marcopolo aprendeu a
conhecer um pouco mais as diferentes culturas de seus clientes e a adaptar os produtos ao gosto
do freguês. Para os países muçulmanos, por exemplo, ela fabrica ônibus com duas entradas e
compartimentos separados para homens e mulheres. Já vendeu mais de 5.000 unidades como
essas. Na onda de internacionalização das empresas, a AmBev, a quarta maior cervejaria do mundo,
está investindo pesado na América Latina. Recentemente, ampliou ainda mais sua força na região
com a compra de 37% da participação da tradicional fabricante de cerveja Quilmes, da Argentina.
Com a transação, já concentra a preferência de 17% da população argentina, além de ter se
fortalecido nos demais países latino-americanos.

Fonte
RAMOS, Murilo. O Brasil no contra-ataque. Veja on-line, ed. 1.752, 22 maio 2002. Disponível em: <http://
veja.abril.com.br/220502/p_118.html>. Acesso em: 21 jun. 2010.

28
Negócios Internacionais MÓDULO 1

UNIDADE 3 – REGIME INTERNACIONAL DE COMÉRCIO

3.1 SISTEMA DE COMÉRCIO INSEGURO


Gilpin mostra que um dos principais paradoxos do comércio internacional é o fato de que –
embora beneficie muito as sociedades em geral e os consumidores em particular – sua liberação
é constantemente ameaçada pelo protecionismo.

Pelo lado do consumidor, a importação permite a concorrência com os produtos locais e força
uma queda no preço dos produtos.

Pelo lado do produtor, a importação desleal reduz a margem de lucro da mercadoria, porque faz
com que o preço de venda seja menor do que o custo de produzi-la.

Pelo lado do governo, há a preocupação de manter o setor industrial e produtivo protegido e


manter a balança comercial equilibrada, com a possibilidade de geração de superávit – o valor das
exportações supera o valor das importações.

A história mostra que o protecionismo tem prevalecido sobre o livre comércio, o que leva à
expressão liberalização do comércio, ou seja, o movimento em direção ao comércio realmente
livre.

Gilpin afirma que todo economista tem argumentos para defender o livre comércio, inclusive se
todos os outros países adotarem o protecionismo.

O país que tiver a economia aberta iria se beneficiar mais das importações baratas do
que perderia com exportações que deixariam de ser feitas.

3.1.1 A FAVOR DO LIVRE COMÉRCIO


No novo milênio, a liberalização do comércio tem sido contestada de diversas formas,
desde o que seria um comportamento econômico justo e legítimo até preocupações
com o bem-estar dos trabalhadores, do meio ambiente e dos direitos humanos.

Gilpin lembra que, em mais de 200 anos, os argumentos a favor da liberalização comercial –
baseados na Teoria da mão invisível do mercado de Adam Smith e na Teoria da vantagem
comparativa de David Ricardo – se mantêm os mesmos.

A remoção dos obstáculos à livre movimentação dos bens...

...permitiria a especialização nacional e a utilização ideal de escassos fatores


de produção no mundo.

...cada país produziria e exportaria aquilo que tem de melhor.

29
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

...o mercado se encarregaria de selecionar os melhores.

...surgiriam daí os padrões de comércio internacional pelo princípio da vantagem


comparativa, ou seja, os preços.

A aplicação desse princípio garante que um país alcance maior eficiência econômica
e bem-estar social por meio da participação no comércio exterior do que mediante
proteção comercial.

3.1.2 SISTEMA DE COMÉRCIO INSEGURO

Para os economistas liberais não faltam estudos comprovando que proteger


a indústria sai mais caro do que deixá-la exposta à competição.

O protecionismo inibe a força motriz do capitalismo, que é a competição, isolando o


mercado doméstico da concorrência internacional.

O protecionismo se resume a transferir renda dos setores desprotegidos e competitivos


para os setores protegidos.

A única exceção aberta para o debate – e mesmo assim contestada por muitos – é a proteção
comercial temporária para a indústria nascente.

3.1.3 CONTRA O LIVRE COMÉRCIO


Os argumentos contra o livre comércio mantêm certa coerência ao longo dos anos – defender a
soberania.

Nos séculos XVII e XVIII, os mercantilistas justificavam o protecionismo para manter um


superávit comercial associado ao poderio militar.

Com a Revolução Industrial, a industrialização tornou-se o foco principal dos nacionalistas


econômicos.

Os nacionalistas consideravam a manufatura de grande importância para o país, devido


a sua associação ao poderio militar, à autonomia e à segurança nacional.

Em geral, as pressões em nome da proteção comercial aumentam durante os períodos de


desaquecimento econômico.

Os críticos atuais querem proteger as indústrias de alta tecnologia associadas a uma


economia industrial avançada.

Eles consideram a globalização econômica uma ameaça ao bem-estar interno, ao


meio ambiente e aos direitos humanos.

30
Negócios Internacionais MÓDULO 1

3.1.4 SISTEMA DE COMÉRCIO INSEGURO

O déficit comercial é fruto de um índice baixo de poupança, e não do


comportamento injusto de outro país.

Para Gilpin, o comércio não influencia o nível geral de empregos em uma economia, o
qual é determinado, por sua vez, por políticas macroeconômicas – fiscal e monetária.

O comércio aumenta efetivamente a eficiência nacional e o número de empregos de alta


remuneração.

O comércio reestrutura economias, permite o fechamento de indústrias pouco


competitivas e o consequente remanejamento de recursos – capital e trabalho – para
indústrias mais eficientes.

O equilíbrio comercial de um país é definido, basicamente, pela diferença entre sua


poupança interna e seus investimentos.

Com um argumento um tanto contraditório, Gilpin atribui razões éticas e políticas para compensar
os setores prejudicados pela liberalização do comércio.

3.2 COMÉRCIO PÓS-GUERRA


Em 1930, segundo a Teoria H-O – Heckscher e Ohlin –, o padrão de comércio de um
país era determinado por fatores como capital, trabalho e recursos naturais.

Hoje, considera-se que os padrões de comércio resultam também de fatores como acidentes
históricos, políticas governamentais, capital humano – mão de obra qualificada –, inovação
tecnológica e economias de escala.

Hoje, uma característica importante da economia internacional é o comércio como


transferência intrafirma – entre subsidiárias de uma mesma empresa – a preços
estabelecidos pela empresa.

Em 1990, metade do comércio americano e japonês era dessa natureza, com transferência de
recursos entre matriz e filiais das corporações multinacionais

O papel cada vez mais importante das corporações multinacionais afetou,


significativamente, o sistema de comércio.

3.2.1 VANTAGEM COMPETITIVA


A mudança do conceito de vantagem comparativa para vantagem competitiva – mérito
de Michael Porter – é outra tendência no comércio internacional.

31
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

Decisões empresariais e políticas governamentais podem ser decisivas no desenvolvimento de


vantagem competitiva e na promoção de empresas nacionais nos mercados internacionais.

Decisões empresariais e políticas governamentais podem superar o dom da mãe natureza como
responsável pelo comércio exterior bem sucedido, como previsto no conceito de vantagem
comparativa.

3.2.2 NOVA TEORIA DO COMÉRCIO


A denominada nova teoria do comércio – ou teoria do comércio estratégico – é apontada por Gilpin
como um dos fatores que contribuíram para a desaceleração do comércio mundial.

Os governos nacionais devem estimular as empresas de seus países a competir com


êxito em mercados oligopolistas, principalmente em setores de tecnologia dual – com
fins civis e militares, como a fabricação de aviões.

Os governos nacionais devem incentivar tais setores por meio de subsídios ou


estimulando o dumping.

Outra prática desleal de comércio é o dumping social – as empresas negam


direitos essenciais e condições decentes de trabalho aos empregados, cortando
custos com encargos e salários, para vender os produtos por um preço baixo,
caracterizando uma competição desigual.

Para o autor, a teoria do comércio estratégico dá um novo rótulo para antigos argumentos
protecionistas.

Gilpin afirma que muitos economistas são contra a inclusão de direitos do trabalho no
atual regime de comércio porque estimularia o protecionismo e complicaria as
negociações no âmbito da Organização Mundial de Comércio – OMC.

3.3 RODADA URUGUAI


A Rodada Uruguai reduziu tarifas formais sobre bens manufaturados e eliminou quotas de
importação e subsídios.

Novos setores da economia e temas relevantes foram incluídos nos acordos – agricultura, serviços,
propriedade intelectual e investimento estrangeiro.

A estrutura institucional do regime de comércio mudou substancialmente porque o GATT era um


acordo de comércio e a OMC uma organização de membros filiados com direitos e obrigações.

A OMC estabelece um fórum permanente de negociações, com reuniões ministeriais a cada dois
anos.

32
Negócios Internacionais MÓDULO 1

Em 1980, a aceleração da integração europeia passou a ser considerada como ameaça ao sistema
de comércio multilateral.

Os Estados Unidos passaram a pressionar os países europeus e outros parceiros comerciais por
uma nova rodada de negociações comerciais do GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio – para
fortalecer o sistema multilateral.

A Rodada Uruguai começou em 1986 e terminou em 1993, dando origem à OMC em 1995.

3.3.1 ANTITRUSTE
Atualmente, estão sendo desenvolvidas regras internacionais sobre política de concorrência –
antitruste – devido ao aumento de comportamentos anticompetitivos surgidos com a globalização...
§ tentativas de cartelizar setores de mercado;
§ crescente número de fusões e aquisições transnacionais;
§ exclusão de empresas estrangeiras de mercados domésticos.

As diferenças na legislação empresarial de cada país – atividades reguladoras, concentração de


poder corporativo, transparência das relações corporativas e apoio governamental aos negócios –
tornam-se importantes barreiras ao comércio e aos investimentos estrangeiros.

3.4 HARMONIZAÇÃO DA CONCORRÊNCIA


Dois tipos principais de abordagem têm sido propostos para harmonizar as políticas de concorrência.

Solução preferida pela União Europeia – estabelecer um código internacional e regras


de controle.

Solução preferida pelos Estados Unidos – manter as leis de concorrência nacionais ou


regionais, mas estimular a cooperação internacional na aplicação dessas leis.

3.4.1 DESAFIOS

O regionalismo econômico, face sua proliferação de 1980 a 1990,


representa um desafio por duas razões básicas.

A primeira é a tendência de blocos regionais discriminarem os não membros.

A segunda é a maior capacitação dos estados membros para atrair investimento


estrangeiro de corporações multinacionais.

Apesar dos avanços da OMC em termos de abrangência de novos setores econômicos, Gilpin
afirma que suas regras não se mostram particularmente eficazes no confronto das tendências
protecionistas dos acordos regionais.

É urgente criar normas que enfrentem a crescente competição por investimento


estrangeiro e as violações governamentais do princípio de não discriminação.

33
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

3.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.6 EXERCÍCIO

Vimos, nesta unidade, que a liberação do regime internacional de comércio,


embora beneficie muito as sociedades em geral e os consumidores em particular,
é constantemente ameaçada pelo protecionismo.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui nossa tarefa é analisar o regime internacional de comércio.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto Países em desenvolvimento se unem na OMC, disponível no final desta
unidade;
§ explique a atuação da OMC na âmbito comercial;
§ determine, com base no texto citado, os principais aspectos políticos e tributários
que são determinantes para o funcionamento do comércio entre os grupos,
indicando o seu principal opositor.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO SE UNEM NA OMC


Pela primeira vez na história da Organização Mundial do Comércio (OMC) todos os grupos de
países em desenvolvimento se reuniram para defender a liberalização agrícola e mecanismos
que ajudem as nações menos avançadas, como a ausência de cotas e imposto de importação. O
G-20, grupo liderado por Brasil e Índia, teve uma importante vitória ontem em Hong Kong: emplacou,
no comunicado final, a data-limite de até 2010 para o fim dos subsídios às exportações. A aliança
sobre a data enfraquece a União Européia (UE), principal opositora da proposta.

Participaram do encontro o G-20, o G-33 (países em desenvolvimento que defendem proteção


para alguns bens agrícolas sensíveis), o ACP (ex-colônias européias de África, Caribe e Pacífico), os
Países de Menor Desenvolvimento Econômico Relativo (PMDRs), o Grupo Africano e as Pequenas
Economias. Alguns negociadores brincavam ontem que a tendência é de que seja criado o G-110,
correspondente ao total de países presentes à reunião.

34
Negócios Internacionais MÓDULO 1

– Os países em desenvolvimento passarão a ter uma ação coordenada. Para nós, o G-20 foi
vitorioso, mesmo porque conquistou a simpatia das ex-colônias européias, antes vinculadas à UE
– afirmou o chefe da Divisão de Agricultura do Itamaraty, Flávio Damico.

Ao convocar a reunião, o G-20 também se antecipou aos países desenvolvidos e reforçou a idéia
de uma ajuda mais efetiva às economias pouco avançadas. Por isso, fez questão de incluir no
comunicado final que todos estão dispostos a importar produtos dos países pobres sem cotas ou
tarifas.

Os representantes desses grupos reclamaram do protecionismo dos ricos e exigiram o fim das
distorções que inibem suas exportações. Reivindicaram medidas que assegurem seu
desenvolvimento socioeconômico sustentável. E defenderam a definição, em Hong Kong, da
categoria Produtos Especiais e do mecanismo de salvaguardas para os países menos desenvolvidos.

Fonte
OLIVEIRA, Eliane. Países em desenvolvimento se unem na OMC. O Globo, Rio de Janeiro, 17 dez. 2005. p. 43.
Economia. Disponível em: <http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/38791/1/noticia.htm>. Acesso em: 21
jun. 2010.

UNIDADE 4 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

35
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

GABARITOS

GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 1

36
Negócios Internacionais MÓDULO 1

GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 2

37
MÓDULO 1 Negócios Internacionais

GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 3

38
Negócios Internacionais MÓDULO 2

MÓDULO 2 – RELAÇÕES GOVERNO-EMPRESA

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, enfocaremos, predominantemente, as relações entre o Estado e as empresas
multinacionais para identificar como tais relações afetam os negócios internacionais. Utilizaremos
o modelo de diplomacia triangular para ilustrar a complexidade e a importância de tais relações
para os países emergentes.

Por fim, trataremos da atração de investimentos externos diretos por parte do Brasil na última
década, o que contextualiza o processo de desnacionalização da economia brasileira e as relações
no âmbito governo-empresa.

UNIDADE 1 – ESTADO E MULTINACIONAIS

1.1 CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS

As corporações multinacionais conquistaram espaço e relevância na


economia global.

Entretanto, sua existência e seus benefícios estão longe do consenso.

Alguns acreditam que as corporações multinacionais ameacem o bem-estar social e econômico


dos trabalhadores, das pequenas empresas e de comunidades locais.

As corporações multinacionais se defendem e tentam convencer os cidadãos dos


países em que se instalam de que, efetivamente, aumentam exportações, salários e
empregos.

1.1.1 POSTURA DOS PAÍSES RECEPTORES


Os países receptores de investimento externo direto – IED – têm uma postura ambígua com
relação às corporações multinacionais.

Por um lado, querem o aporte de capitais e de tecnologia que são importantes para o
país.

Por outro lado, temem a dominação e exploração por parte dessas poderosas empresas
e a perda de autonomia nacional.

Apesar da variedade de opiniões e definições a respeito das corporações multinacionais, Gilpin


acredita que elas não são corporações globais.

39
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

O comportamento das corporações multinacionais é determinado,


basicamente, pelas políticas econômicas, estruturas econômicas e interesses
políticos da sociedade onde se originam.

As corporações multinacionais são empresas de determinada nacionalidade que


organizaram a produção, distribuição e outras atividades além das fronteiras nacionais.

1.1.2 EXPANSÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL


Os Estados Unidos se tornaram a maior economia hospedeira do mundo, além de ser a maior
economia de origem desses investimentos.

Mudou a integração das economias nacionais e a natureza do investimento.

O investimento deixou de ser em matéria-prima e manufatura para ser em serviços –


seguros, serviços bancários e vendas a varejo – devido à revolução da informação e da
crescente vinculação entre serviços e produção.

O expansionismo mundial é justificado pelas empresas que precisavam se estabelecer na tríade –


Estados Unidos, União Europeia e Japão – para permanecerem competitivas internacionalmente.

1950 e 1960 caracterizaram-se por uma enorme expansão do comércio internacional,


acompanhando a retomada do crescimento econômico e a queda de barreiras de importação.

A partir de meados de 1980, atividades corporativas de outros países – que


não os Estados Unidos – tornaram o sistema mais pluralista.

1.1.3 MUDANÇA NO PAPEL DAS CORPORAÇÕES


O papel das corporações multinacionais na economia global tem se alterado devido a
alguns fatores...

A mudança tecnológica, com os progressos revolucionários nas comunicações e nos transportes


que permitiram a organização e o gerenciamento global de sistemas industriais e de distribuição,
reduziram, significativamente, os custos da globalização dos serviços e dos setores de produção.

A desregulamentação dos mercados financeiros e de outros serviços em muitos países, facilitando


o investimento externo direto.

As mudanças nos métodos de produção e de organização industrial, que passou do modelo


americano do fordismo para produção enxuta e flexível, incorporando sofisticação tecnológica,
máxima flexibilidade, produtos customizados e amplas redes de fornecedores.

40
Negócios Internacionais MÓDULO 2

Com isso, as empresas passaram a interagir cada vez mais em escala global por meio
de redes de alianças corporativas, como as joint-ventures, subcontratações,
licenciamento e acordos.

1.2 PAPEL DAS CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS


Os argumentos contra as corporações multinacionais e a favor delas são bem conhecidos...

Os investimentos das empresas multinacionais exercem um inegável impacto na


localização das atividades econômicas em todo o mundo, nos padrões internacionais
de comércio e nos índices nacionais de crescimento econômico.

Os estados nacionais continuam sendo soberanos e atores principais do sistema


internacional e, as economias nacionais, permanecem no centro da economia global.

1.2.1 BARGANHA

As negociações têm seguido o padrão de barganha obsolescente.

As corporações multinacionais sofreram severas críticas, por parte da Teoria da


Dependência.

Houve abrandamento dos ataques, devido ao gigantesco aumento de investimento externo


direto de empresas de diversas nacionalidades, os investimentos cruzados entre economias
nacionais e a crescente integração comercial.

A maioria dos governos dos países em desenvolvimento entende que, se não conseguir atrair o
investimento externo direto, será muito difícil obter acesso a capital, tecnologia e mercado
internacional, fatores necessários ao desenvolvimento econômico.

Estabelece-se entre corporações multinacionais e governos hospedeiros uma relação de barganha


na qual cada lado tenta extrair o máximo de concessões do outro.

As empresas tentam conseguir um regime favorável de impostos e proteção comercial,


e o país hospedeiro tenta impor exigências de desempenho às empresas.

Porém, as empresas perdem poder depois de o investimento ser feito na economia hospedeira.

1.2.2 REGIONALISMO DEFENSIVO


Os críticos das corporações multinacionais apontam custos econômicos – como a competição
desigual para empresas locais.

As empresas estrangeiras recebem incentivos dos governos de origem, como subsídios e políticas
industriais, em setores estratégicos, como transportes e telecomunicações.

41
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Os custos políticos são altos – perda da soberania e autonomia nacional por interferência dos
governos de origem das corporações multinacionais – além dos custos relacionados a questões
como segurança nacional e cultura.

Gilpin acha impossível fazer uma avaliação objetiva das vantagens e desvantagens do
investimento externo direto para as economias hospedeiras.

A menos que as economias hospedeiras tenham significativas capacidades financeiras e


tecnológicas ou controle de acesso a um mercado rico, os países estarão em desvantagem na
negociação com as empresas estrangeiras.

De fato, uma das finalidades do regionalismo econômico é fortalecer governos hospedeiros em


suas negociações com as empresas estrangeiras.

As corporações multinacionais representam uma enorme concentração de poder econômico e


político.

Essa estratégia é chamada de regionalismo defensivo, como o Mercosul. Por outro lado,
o Nafta é chamado de regionalismo agressivo.

1.3 EXIGÊNCIAS DOS PAÍSES HOSPEDEIROS


A expansão do investimento externo direto levou sindicatos e críticos da globalização
a se preocuparem com a desindustrialização da economia, devido ao temor de que as
corporações passassem a produzir no exterior em vez de exportar o que era produzido
nacionalmente.

Um problema para os governos dos países de origem é a exigência de


padrões de desempenho impostos pelos países hospedeiros às corporações
multinacionais.

As corporações multinacionais – fugindo de altos custos trabalhistas e valorização cambial –


exportavam empregos para economias com salários mais baixos.

As corporações multinacionais afirmam que, ao conquistar novos mercados e


estabelecer subsidiárias no exterior, aumentam as exportações do país de origem
porque a matriz exporta tecnologia e insumos para as subsidiárias – comércio intrafirma.

Entre as exigências mais frequentes dos países hospedeiros estão...


§ compartilhamento de know-how tecnológico;
§ fixação de quotas de exportação;
§ incorporação de componentes locais ao produto.

42
Negócios Internacionais MÓDULO 2

Gilpin afirma que o papel cada vez mais importante do investimento externo direto na economia
global tem afetado o equilíbrio de poder entre os interesses econômicos dentro das sociedades
e entre elas.

Isso pode ter enfraquecido a posição dos governos dos países de origem face às
corporações multinacionais. Entretanto, o Estado-nação ainda tem poder nas disputas
com a corporação multinacional.

1.4 REGIONALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO


A regionalização dos serviços e da produção vem ocorrendo mais rapidamente do que a integração
global, o que, na prática, significa que as grandes potências econômicas vêm concentrando
investimento externo direto em suas zonas de influência.

Essa tendência se deve...


§ à facilidade de formação de economia de escala tanto na produção quanto na
distribuição;
§ à proximidade dos principais clientes;
§ às afinidades culturais;
§ ao isolamento das economias de uma região das guerras comerciais e flutuações
monetárias.

As razões apresentadas para permitir que um Estado, por motivo de segurança nacional, inviabilize
ou controle o fluxo de investimento externo direto são os mesmos daqueles que defendem o
protecionismo comercial.

A concentração regional da produção pode levar ao enfraquecimento da corrente de


liberalização do comércio iniciada após a Segunda Guerra Mundial.

1.4.1 DEFESA DA SOBERANIA NACIONAL


As estratégias corporativas e os fatores de mercado devem determinar os padrões
internacionais de investimento.

As tentativas de formalizar regras internacionais para os investimentos externos diretos não são
bem sucedidas, em função...

Da defesa da soberania nacional;

Da distribuição dos benefícios do investimento externo direto;

Da complexidade técnica da regulamentação de políticas de preços de transferência


e taxação frente às jurisdições nacionais.

43
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Os Estados continuarão a tentar aplicar suas leis de concorrência e, eventualmente, estendê-las


além das fronteiras nacionais.

Outra possibilidade é o desenvolvimento de regimes regionais de investimento.

Esses regimes podem caminhar na direção de um regime global baseado em princípios


de neutralidade ou revelar mecanismos protecionistas contra investimentos
estrangeiros, fora do bloco regional.

Apesar dessas ameaças e oportunidades, Gilpin sustenta que o investimento externo


direto – bem como o comércio internacional – é benéfico à economia mundial.

1.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.6 EXERCÍCIO
Vimos, nesta unidade, Gilpin afirmando que o investimento externo direto é benefício para a
economia mundial e assegurando que as estratégias corporativas e os fatores de mercado devem
determinar os padrões internacionais de investimento.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui nossa tarefa é...
§ analisar o posicionamento do Brasil com relação ao investimento externo direto –
IED.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto País é 5º em atração de investimento, diz ONU, disponível no final desta
unidade;
§ indique, com base no texto acima, os riscos que podem interferir no volume total
do IED;
§ aponte a importância da atração do IED para o País.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acessar o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

44
Negócios Internacionais MÓDULO 2

TEXTO UTILIZADO

PAÍS É 5º EM ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO, DIZ ONU


Apesar do câmbio valorizado, dos juros altos e do crescimento inferior ao da média dos países
emergentes, o Brasil foi apontado como o quinto destino preferencial de IED (Investimentos
Estrangeiros Diretos) em pesquisa realizada pela Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento). Divulgado ontem, o levantamento coloca o Brasil atrás de China,
Estados Unidos, Índia e Rússia. Os dados indicam ainda que o fluxo mundial de IED deve manter no
curto e médio prazos a tendência de recuperação registrada no ano passado, depois de quedas
em 2002 e 2003.

Os países em desenvolvimento, que tradicionalmente recebem de 25% a 30% do volume total


de IED, podem aumentar a sua fatia no bolo. Esse grupo representa metade dos dez destinos
preferenciais de investimentos para o período entre 2005 e 2008, segundo a pesquisa da Unctad.
O levantamento leva em conta as opiniões de três grupos: empresas transnacionais, especialistas
em IED e agências de promoção de investimentos.

A maioria dos entrevistados espera aumento de IED entre 2005 e 2008, mas ressalta que vários
riscos podem reverter o otimismo. Entre as potenciais ameaças, destacam protecionismo,
volatilidade nos preços do petróleo, redução do ritmo de crescimento nos países industrializados,
terrorismo e instabilidade financeira. Antônio Corrêa de Lacerda, professor de economia da PUC-
SP, acredita que o Brasil fechará 2005 com US$ 18 bilhões de IED, mesma marca alcançada em
2004, quando o indicador registrou alta de 80% em relação ao ano anterior. Em sua opinião, o
resultado é bom e indica que os investidores estão fazendo uma aposta no futuro do Brasil, já que
os índices de crescimento do país são inferiores à média dos emergentes. Lacerda ressalta,
porém, que os US$ 18 bilhões estão abaixo do potencial do Brasil, opinião que é compartilhada
pelo economista Julio Sergio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial).

O valor representa menos de um terço dos US$ 62 bilhões destinados em 2004 à China, país que
lidera o ranking dos destinos preferenciais para IED, de acordo com a pesquisa da Unctad. "Há uma
guerra fiscal internacional para a atração de investimentos estrangeiros diretos, na qual a política
de câmbio é decisiva", destaca Gomes de Almeida, para quem o Brasil tem potencial de receber
US$ 25 bilhões ao ano. A valorização do real em relação às demais moedas aumenta os custos de
produção no Brasil e os preços de exportação dos bens fabricados aqui -um duplo efeito negativo
sobre os investimentos. Lacerda acrescenta às desvantagens os juros altos, a elevada carga tributária
e a complexidade do sistema de impostos brasileiro. Gomes de Almeida soma os encargos
trabalhistas e a precariedade da infra-estrutura.

Apesar de o Brasil ter aparecido em quinto lugar entre os destinos preferidos de IED, a América
Latina está em pior situação na disputa global pelos recursos do que a Ásia e a Europa do Leste.
Além do Brasil, o único país da região que aparece entre os dez primeiros colocados no ranking é
o México, que está em 6º lugar na lista das empresas transnacionais. Nos países escolhidos pelos

45
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

especialistas, só o Brasil aparece entre os latino-americanos. Os números do Banco Central indicam


que, entre janeiro e julho, o Brasil recebeu US$ 10,6 bilhões de IED, o que representa aumento de
87,8% em relação a igual período do ano passado.

O percentual de crescimento tende a diminuir até o fim de 2005, já que a maior parte do IED do
ano passado foi concentrada no segundo semestre. Só a compra da Ambev pela Interbrew foi
responsável pela entrada de US$ 4,9 bilhões de investimentos em agosto de 2004 e mais US$ 1,4
bilhão em abril de 2005. Se a compra for retirada da estatística, o IED de 2004 cai para US$ 13,27
bilhões, observa o diretor-executivo Iedi. Se o mesmo critério for usado em 2005, o instituto
prevê que o indicador fechará o ano em US$ 16 bilhões, alta de 20,6%. "É bom, mas poderia ser
melhor", diz Gomes de Almeida.

Fonte
TREVISAN, Cláudia. País é 5º em atração de investimento, diz ONU. Folha de São Paulo, 06 set. 2005. Disponível
em: <http://www.fetraconspar.org.br/informativos/235_06_09_05.htm>. Acesso em: 21 jun. 2010.

UNIDADE 2 – DIPLOMACIA TRIANGULAR

2.1NOVA DIPLOMACIA
As mudanças que ocorreram na economia política internacional em 1980, com o aumento da
interdependência, alteraram o relacionamento entre estados e corporações multinacionais.

As empresas passaram a se envolver mais com os governos, e os governos


reconheceram sua dependência dos escassos recursos controlados pelas firmas.

Stopford e Strange levantam seis proposições para comprovar essas


mudanças...

Primeira Proposição...
§ os estados estão competindo mais por meios de criação de riqueza dentro do
próprio território do que por poder no exterior;
§ esse poder visa mais manter a coesão social e a ordem interna do que conduzir
conquistas no exterior e se defender de ataques militares.

Segunda Proposição...
§ o surgimento de novas formas de competição global entre firmas influencia a
forma como os estados nacionais competem por riqueza;
§ com o avanço da tecnologia e dos sistemas de rede, as firmas buscam concentrar
seus recursos em locais que oferecem o maior potencial de retorno sobre o
investimento;
§ para atrair investimento, o país precisa ter mão de obra qualificada e infraestrutura
eficiente.

46
Negócios Internacionais MÓDULO 2

Terceira Proposição...
§ os países pequenos e menos desenvolvidos enfrentam barreiras para ter acesso a
indústrias sujeitas à competição global;
§ para superar essa situação, os estados devem rever suas políticas de investimento
para se inserir no sistema internacional.

Quarta Proposição...
§ duas novas dimensões da diplomacia surgem – diplomacia triangular;
§ antes, os estados negociavam entre si;
§ atualmente, os estados devem negociar também com corporações multinacionais;
§ os dirigentes das empresas multinacionais buscam alianças estratégicas para
competir por fatias de mercado.

Quinta Proposição...
§ as novas dimensões diplomáticas ampliaram as opções políticas e administrativas
tanto dos governos quanto das firmas;
§ novos problemas são gerenciados nas múltiplas agendas.

Sexta Proposição...
§ as mudanças aumentaram a volatilidade dos resultados da nova diplomacia;
§ muitos países em desenvolvimento não conseguem respostas eficientes, devido a
obstáculos internos;
§ para os governos de países menos desenvolvidos, políticas que invistam no bem-
estar social da população rendem mais votos do que aquelas visando à eficiência
da competitividade internacional.

2.2 MUDANÇA NO JOGO


Em um contexto no qual a mudança tecnológica se acelerou e os recursos financeiros
são mais voláteis, os ativos que atraíam o investimento externo direto para os países
em desenvolvimento perderam seu valor.

A matéria-prima utilizada na produção industrial foi reduzida, assim como a mão de


obra.

O custo de transportes e de comunicação despencou e alterou o equilíbrio entre


comércio e investimento.

As desconfianças e as críticas mútuas pela parceria em busca de competitividade e


desenvolvimento interno foram deixadas de lado.

O relacionamento entre Estados em desenvolvimento e corporações multinacionais se tornou


mais pragmático.

47
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Apesar das afirmações de que os estados estão perdendo terreno na disputa com as
corporações multinacionais, Stopford e Strange acreditam que os governos – dos países
anfitrião e de origem – continuam tendo um papel relevante e talvez paradoxal nesse
processo.

Stopford e Strange afirmam que os governos de países em desenvolvimento têm a preocupação


de equilibrar as condições econômicas e sociais. E os países pobres não podem se dar o luxo de
permitir que as forças de mercado determinem os resultados.

2.2.1 NEGOCIAÇÃO ALTERNATIVA


No início de 1980, a Coreia do Sul sustentou políticas rígidas para atrair o capital
estrangeiro.

O Brasil demonstrou fragilidade na transição do regime autoritário para o democrático e entrou


em moratória.

Stopford e Strange concluem que há barganha entre corporações


multinacionais e governos anfitriões e que houve uma mudança no que os países
hospedeiros oferecem em troca de investimento externo direto.

Outra questão concerne ao poder de um estado em implementar mudanças que superem


obstáculos de natureza social, religiosa e política.

Entretanto, algumas questões devem ser ressaltadas...


§ reformas orientadas para exportação não garantem crescimento econômico;
§ prioridades para exportação e abertura de mercado geram conflitos contra
interesses internos que nem sempre podem ser solucionados pela razão econômica;
§ governo que prioriza as exportações – como a Coreia do Sul – não é menos
intervencionista do que um governo de economia fechada.

2.3 CRESCENTE ALCANCE DAS MULTINACIONAIS


Em meados de 1980, o volume da produção internacional superou, pela primeira vez,
o volume de comércio internacional.

Stopford e Strange reconhecem que a importância das multinacionais cresceu, como agente da
economia política internacional, mas alerta para um papel excessivo atribuído a elas pelo que
denominaram de má interpretação dos dados.

48
Negócios Internacionais MÓDULO 2

Esse preceito é assim questionado...


§ a parcela das multinacionais com influência sobre a produção mundial e o
comércio internacional é muito maior do que a parcela sobre a transferência
de capital;
§ o crescente papel das multinacionais como agente de integração com o
sistema mundial;
§ os números agregados mais escondem do que revelam – há concentração
de multinacionais em poucos países que ofereçam abundância de recursos
naturais, mão de obra especializada e barata e regimes regulatórios
favoráveis.

2.4 DIPLOMACIA TRIANGULAR


A competição internacional foi intensificada tanto para as firmas quanto para os estados e costumam
refletir decisões tomadas em lugares geograficamente diferentes.

A diplomacia triangular está focada nas relações entre governos, entre firmas e entre
governos e firmas, mostrando que ambos exercem poder e influência na sociedade
internacional.

governo-firma

Fonte: adaptado de Stopford e Strange, 1991, p. 21.

49
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

2.4.1 REDE DE ACORDOS INTERNACIONAIS


As mudanças na economia política internacional criaram novas assimetrias quanto à
importância relativa dos três lados da diplomacia triangular.

O crescimento da competição global dá a impressão de que o mundo está sendo condicionado


mais pela gestão de tecnocratas e menos pela noção tradicional de poder do estado.

Essa tecnocracia dá proeminência às firmas como elemento na rede que envolve habilidades
educacionais, de infraestrutura e o sistema financeiro.

Stopford e Strange denominaram essa barganha entre firmas e estados de rede de


acordos internacionais que afetam o equilíbrio de poder. Adicionalmente, a eficiência
dos acordos é determinada pelo sucesso – ou fracasso – da barganha entre os três
lados do triângulo.

Quem se preocupa só com um dos âmbitos, governo-governo, governo-


firma, firma-firma, deixa de observar outros fatores relevantes do processo da
diplomacia triangular.

Os autores desenvolvem seus argumentos no âmbito das relações governo-firma e mostram as


possibilidades de barganha, baseadas na atuação governamental.

Essa atuação se dá, por meio da intenção de política de comércio – entre substituição
de importações, exportação dependente, exportação independente –, e da firma, por
meio da estrutura competitiva – global, local ou recursos naturais e valor agregado.

2.4.2 JOGO DA BARGANHA TRIANGULAR


O poder de barganha oscila entre governo e firma ao longo do tempo.

No início da negociação, o governo pode ter maior influência e poder, principalmente sobre
questões de regulação e em face do número de concorrentes no segmento de mercado.

Entretanto, essa influência pode migrar para a firma uma vez que as operações se
iniciem.

Esse fluxo de poder pode ocorrer da forma inversa, quando a firma barganha para se estabelecer
em um país e, depois de instalada, o governo retira os incentivos fiscais e se torna mais rígido com
relação à política tributária – barganha obsolescente.

O fato é que os Estados estão perdendo o poder para implementar políticas independentes e
agora precisam dominar o jogo da barganha triangular.

50
Negócios Internacionais MÓDULO 2

A habilidade de gerenciar múltiplas agendas simultaneamente é essencial tanto para


governos quanto para empresas.

O risco de separar essas agendas é muito alto para ambos.

2.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.6 EXERCÍCIO
Vimos, nesta unidade, que a diplomacia triangular está focada nas relações entre governos, entre
firmas e entre governos e firmas, mostrando que ambos exercem poder e influência na sociedade
internacional.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui nossa tarefa é...
§ analisar as relações entre Estado e corporações multinacionais.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto O olhar severo do CADE, disponível no final desta unidade;
§ determine o papel do CADE;
§ exemplifique casos em que o CADE teve de intervir no processo de aquisição ou
fusão;
§ descreva a atuação do CADE com relação a grandes empresas multinacionais em
termos de padrões de concorrência;
§ determine o ponto de vista defendido no texto indicado acima.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

51
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

TEXTO UTILIZADO

O OLHAR SEVERO DO CADE


Sessão do cade, na quarta-feira 22: além da penalidade imposta à Ambev, o órgão regulador
também multou a Telefonica em R$ 1,9 milhão

Há muitos anos não se viam tantos advogados nos corredores do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica, o Cade. Na quarta-feira 22, por unanimidade, seis conselheiros do órgão
antitruste decidiram aplicar a maior multa da história a uma empresa acusada de concorrência
desleal. A Ambev, maior cervejaria do País, com quase 70% do mercado nacional, foi condenada
a pagar R$ 352,6 milhões por conta de um programa de fidelização de pontos de venda no varejo,
denunciado pela concorrente Schincariol. A multa equivale a 22% do lucro registrado pela
multinacional no primeiro trimestre deste ano. "Práticas comerciais que podem ser lícitas em
uma pequena empresa podem ser anticoncorrenciais quando feitas por grandes marcas", disse o
conselheiro Paulo Furkin. A decisão, ainda que venha a ser questionada na Justiça, revela uma
quebra de paradigmas nos órgãos reguladores. Não faz muito tempo, grandes empresários tratavam
com desdém as decisões do xerife da concorrêcia. "Cansei de ouvir empresários dizerem que o
que o Cade faz, a Justiça desfaz", afirma o advogado Ruy Coutinho, ele próprio ex-presidente do
órgão.

Aos 15 anos de vida, o Cade possui, hoje, a mais jovem composição de sua história. É justamente
essa gestão a que vem sendo considerada como a mais rígida na aplicação da lei anti-truste. Se no
passado o órgão podia ser visto como meramente figurativo, os novos integrantes não têm medo
de comprar briga com os pesos-pesados da economia brasileira. E a decisão mais severa da
história foi aplicada justamente à empresa que, no passado, era apontada como símbolo da
leniência dos órgãos reguladores. Há dez anos, quando a Ambev foi formada, fruto da fusão entre
Brahma e Antarctica, o argumento da criação da "multinacional brasileira" permitiu a operação
sem maiores restrições.

Nessa nova fase do Case, o presidente Arthur Badin conseguiu impor um ritmo de trabalho
frenético. Na mesma reunião em que multou a Ambev, outros 30 processos foram analisados,
entre eles o que também aplicou uma multa, de R$ 1,9 milhão, à Telefonica por descumprimento
parcial de medidas impostas pelo Cade sobre a oferta de provedores de internet. Esse processo
que começou em 2005, quando o próprio Badin era procurador-geral do Cade. Naquele ano,
apenas R$ 2 milhões relativos a multas foram inscritos na dívida ativa. Nos dois anos seguintes o
volume saltou para R$ 1 bilhão. "Isso ocorreu não porque o Cade condenou mais nesse período",
disse Badin à DINHEIRO. "Passamos a focar o contencioso para que as decisões saíssem do papel".

Uma fusão polêmica: quando Marcel Telles e Victorio de Marchi fizeram a fusão entre Brahma e
Antarctica, o Cade foi criticado por permitir a concentração. Quase uma década depois, a Ambev foi
multada por fidelizar seus clientes

52
Negócios Internacionais MÓDULO 2

Nem sempre é o que ocorre. Muitos casos arrastam-se durante anos nos tribunais. "o grande
problema do Judiciário, que prejudica todas as agências reguladoras, é a prodigalidade na concessão
de liminares", ataca Badin. Num caso envolvendo a mineradora Vale e a CSN, a pendenga encerrou-
se quase dois anos após a decisão do Cade, favorável à siderúrgica. Mas o mesmo não pode ser
dito sobre a aquisição da Garoto pela Nestlé. Ela foi vetada pelo Cade em 2004, mas a multinacional
suíça continua controlando a empresa de chocolates graças a decisões judiciais.

Entre as empresas, é comum ouvir críticas à maneira como o órgão atua. um dos advogados da
Ambev, ouvido sob a condição do anonimato pela DINHEIRO à saída do julgamento, não
economizou nas farpas. "a SDE, que tem mais cabeça no lugar, não recomendou nenhuma multa.
Por que o Cade tem de mudar um parecer que foi feito de forma razoável?", questionou.
Oficialmente, a Ambev diz que ficou surpresa com o resultado e vai esperar a íntegra da sentença
para decidir se recorre à Justiça.

Em média, um processo leva 120 dias para chegar ao plenário do Cade. Muitas grandes operações,
como as fusões entre oi e Brasil Telecom, Sadia e Perdigão e Itaú-Unibanco estão na fila (leia
quadro abaixo). Em 2008, o órgão julgou 809 fusões e aquisições em 2008 e, até junho deste ano,
foram 287. Para dar conta da demanda, 200 funcionários serão contratados. "A importância do
Cade aumenta a cada ano, pois é ele que tem de responder a um movimento crescente de
concentração das empresas, um imperativo da globalização, e ao mesmo tempo manter a
concorrência em bases legítimas", diz o empresário Horácio Lafer Piva, da Klabin.

Desde o início do mês, seguindo determinação do advogado-geral da união, Antonio Dias Toffoli,
os procuradores do órgão estão impedidos de atuar nos tribunais superiores, o que facilita os
recursos das empresas. No mercado, a decisão mais recente também foi vista como um acerto de
contas com o passado. Perguntado se o órgão havia errado ao autorizar a criação da Ambev, em
1999, o conselheiro Fernando Furlan preferiu silenciar. "O importante é que, depois da fusão, nós
monitoramos e fiscalizamos a atividade econômica", afirmou.

Fonte
GANTOIS, Gustavo. O olhar severo do Cade. Isto é, ed. 616, 24 jul. 2009. Economia. Disponível em: <http://
www.istoedinheiro.com.br/noticias/7_O+OLHAR+SEVERO+DO+CADE>. Acesso em: 21 jun. 2009.

53
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

UNIDADE 3 – COMPORTAMENTO POLÍTICO DAS MULTINACIONAIS

3.1 ESTRATÉGIA DE CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS


As pesquisas existentes focam nos conflitos, e o sucesso da implementação da estratégia de
negócios depende da colaboração entre firma e governo.

Logo, é necessária a interação entre instituições políticas, organizações governamentais


e o tipo de propriedade da empresa.

Essa interação permite moldar as preferências da política industrial, a especificidade das escolhas
de políticas públicas e a consistência de implementação ao longo do tempo.

Murtha e Lenway mostram as implicações das capacidades estratégicas dos estados em suas
interações com as firmas, e na de atração do investimento externo direto.

A capacidade de implementar e manter estratégias industriais depende das estruturas


organizacionais do estado. Mudanças nessa estrutura prejudicam a estrutura internacional
industrial...

...ou seja, mostram sob que condições a estratégia governamental afeta a estratégia
de negócios das firmas.

Há possibilidade de consenso entre as grandes indústrias e os


trabalhadores?

3.1.1 ESTRATÉGIAS INDUSTRIAIS


A estratégia industrial afeta a estratégia de corporações multinacionais, quando faz
com que firmas desviem de seus critérios estratégicos preestabelecidos.

Os estados, por definição, elaboram regras e fiscalizam seus territórios, além de possuir o monopólio
do uso da força.

Entretanto, os governos não podem comandar a performance dos negócios, devendo


induzir em vez de comandar.

O modelo de Murtha e Lenway consiste em parâmetros – como a especificidade do alvo, target


specificity – que descreve o grau em que o estado isola os componentes da atividade econômica
nacional como objeto de intervenção política.

Tais instrumentos variam desde ferramentas macroeconômicas, como política monetária e política
fiscal, a ferramentas microeconômicas, como subsídios e transações entre firmas.

54
Negócios Internacionais MÓDULO 2

Estratégias industriais são planos do governo para alocação de recursos com a intenção
de atingir objetivos econômicos nacionais a longo prazo, inclusive crescimento e
competitividade internacional.

As bases das capacidades estratégicas dos estados são...


§ autoridade;
§ autonomia de mercado;
§ direitos de propriedade.

3.1.2 CREDIBILIDADE POLÍTICA DO GOVERNO


A credibilidade política do governo depende da interação público/privado.

Empiricamente, a credibilidade política depende de dois fatores...


§ a reputação do governo entre os gerentes de corporações multinacionais para
implementar políticas econômicas consistentes ao longo do tempo;
§ as escolhas estratégicas das firmas dadas as capacidades do estado.

3.1.3 ARRANJOS INSTITUCIONAIS


O perigo reside na possibilidade de os políticos promoverem mudanças nas políticas públicas
sem aviso prévio.

Há grande relevância em relação aos arranjos institucionais, que correspondem aos


direitos de propriedade e transações governamentais.

A atividade econômica do estado pode ser dividida entre os setores público


e privado. Logo, há influência do planejamento autoritário versus a governança de
mercado sobre transações e alocações de recursos domésticos.

O grau de confiança dos países varia conforme o planejamento e a regulação dessas transações
interorganizacionais, que ficam a cargo do setor público ou privado.

A credibilidade aumenta à medida que diminui a autoridade do governo e o direito de


propriedade estatal.

Quando a autoridade pública substitui o mercado, as transações se tornam sujeitas às


contingências de políticas públicas que, por sua vez, são controladas por políticos.

A propriedade do governo leva firmas a serem mais suscetíveis às demandas dos


cidadãos, com objetivos políticos e sociais sobressaindo ao lucro e à otimização
econômica.

55
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Por isso, Murtha e Lenway afirmam que a especificidade é diretamente proporcional à autoridade
e direito de propriedade do governo sobre os recursos produtivos, porque facilita qualquer
intervenção em decisões administrativas.

3.2 REDE DE INTERESSES DE INTERMEDIAÇÃO


Murtha e Lenway desenvolveram uma matriz em que expõem os interesses de intermediação do
sistema, definido como a rede política que governa comunicação, advocacia, tomada de decisão
e divisão da responsabilidade dentre os proprietários dos recursos em um dado país.

mista

comando
da economia

No eixo vertical, está a governança transacional, que varia entre a coordenação e o planejamento
autoritário da economia, ou seja, 100% propriedade do público até o regime de mercado, em que
100% dos recursos pertencem ao setor privado.

No eixo horizontal, está a propriedade de alocação de recursos que varia na mesma proporção.

Distribuídos nos quadrantes, estão os países que comandam a economia, que representam os
regimes autoritários socialistas, como China e Cuba.

Os transacionais, que correspondem aos países do leste europeu que eram socialistas e estão em
fase de transição para economias de mercado.

Os países corporativistas estão inseridos no capitalismo, mas com grande participação de


federações de indústrias e sindicatos nacionais participando dos fóruns decisórios das transações

56
Negócios Internacionais MÓDULO 2

governamentais, ou seja, empresários e trabalhadores interagem com governo para discutir políticas
econômicas e sociais, como Brasil, Argentina, Coreia do Sul e Alemanha.

Países pluralistas, nos quais o setor privado atua sem regulamentação do governo e transações de
sindicatos, como nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.

3.3 CREDIBILIDADE POLÍTICA


Segundo Murtha e Lenway, especificidade e propriedade da alocação de recursos
econômicos estão associadas à credibilidade política.

A credibilidade política está mais associada à alocação de propriedade do que a transação


governamental, por isso, países corporativistas têm mais credibilidade do que economias em
transição.

setores
muito alta

transação /
firma/ indústria
baixa

Transações correspondem a um nível muito baixo de especificidade, ligado aos países que
comandam a economia.

Firmas correspondem a um baixo nível de especificidade e estão ligadas aos países transacionais.

Indústrias representam um alto grau de especificidade e estão associadas a países corporativistas.

Setores têm grau muito alto de especificidade e correspondem aos países pluralistas.

57
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

3.3.1 CREDIBILIDADE POLÍTICA BAIXA


Segundo Murtha e Lenway, países que comandam a economia têm credibilidade política baixa
porque a economia e as firmas estão nas mãos do estado.

Entretanto, uma estratégia industrial sustentável depende de o estado implementar


estratégias para atrair corporações multinacionais, contendo elementos de países em
transição ou de economias mistas.

Como as mudanças institucionais são lentas, quando economias fechadas introduzem


elementos de mercado, a credibilidade se deteriora.

3.4 CREDIBILIDADE POLÍTICA


Segundo Murtha e Lenway, existem estratégias de implementação de negócios por meio de
desenvolvimento de vantagens para atrair corporações multinacionais.

Para países de regime autoritário e de economias em transição, a opção seria a exportação.

Para países corporativistas, seria a adoção de estratégias no âmbito global.

Para países pluralistas, seria a estratégia multifocal, com descentralização da produção, informação
e autoridade no processo de tomada de decisão em múltiplos países.

Deve haver ainda uma realocação de recursos de firmas em decadência para novos setores.

58
Negócios Internacionais MÓDULO 2

3.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.6 EXERCÍCIO
Vimos, nesta unidade, que as corporações multinacionais são dependentes dos governos, porque
regras políticas afetam seus negócios. Concomitantemente, os governos são dependentes de
empresas estrangeiras, porque o investimento delas afeta os atores, como a mídia e o público em
geral, que influenciam o comportamento do governo.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui nossa tarefa é...
§ analisar o comportamento político de empresas multinacionais.

Para fazer este exercício...


§ leia o Estudo de caso Comportamento político, disponível no final desta unidade;
§ analise, com base no estudo de caso, o comportamento político das multinacionais
suecas – Eletrolux, ABB e Ericsson – com relação ao processo político decisório da
União Europeia e os demais atores envolvidos, como a mídia, os grupos de pressão
e as ONGs.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

COMPORTAMENTO POLÍTICO
A pesquisa de Hadjikhani (2000) aborda sobre o comportamento político de três CMNs suecas –
Electrolux, ABB e Ericsson –, relacionado com o processo político decisório da União Europeia (UE).

A Electrolux é uma empresa de utensílios domésticos com 600 subsidiárias. Sua estrutura é
descentralizada para facilitar a integração com outras empresas europeias e ficar mais próxima
dos mercados. Muito antes de a Suécia entrar no bloco econômico, a Electrolux decidiu instalar
uma unidade em Bruxelas – a Bélgica é sede política da União Europeia – para ter acesso rápido
a informações e influenciar decisões, como, por exemplo, questões sobre energia e o meio

59
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

ambiente. O principal objetivo da empresa é influenciar o processo de formulação de


regulamentações. A tarefa da unidade em Bruxelas é organizar encontros informais – onde é
mais fácil para políticos ouvirem opiniões divergentes – e coletar informações da mídia. Essa
última tarefa é importante porque ajuda a traçar uma reação do público sobre os produtos da
empresa, ajuda a conhecer grupos de pressão – como o Greenpeace – e a identificar formas de
influenciar a mídia.

A – ABB – A Brown Boveri é uma empresa de manufatura que trabalha com projetos de
infraestrutura financiada, na maioria, por governos. Devido ao tipo de produto, ao modo de operação
e ao envolvimento financeiro de governos, as unidades de produção, de pesquisa e
desenvolvimento – P&D –, e políticas são descentralizadas. A unidade de negociação com atores
políticos da ABB é bem desenvolvida, e o relacionamento com a União Europeia – cuja unidade
fica em Bruxelas – é de extrema relevância para a empresa. As questões políticas que mais
interessam a ABB são de P&D, desregulamentação e sincronismo de mercado, questões ambientais
– como padrão de auditoria ecológica – e socioeconômicas, como o desemprego. A principal
função da equipe na unidade de Bruxelas é coletar informação tecnológica, política e de mercado
em geral na mídia. Esses dados são fundamentais para o sólido embasamento das propostas da
ABB para os políticos da UE, além de manter um relacionamento social com políticos e com outros
grupos preocupados com as mesmas questões que a ABB – como universidades. Um argumento
que fortalece o comprometimento e a credibilidade a ABB é que ela negocia sempre o que fez
e o que pode fazer com relação a melhoria das condições socioeconômicas da UE.

A Ericsson é uma empresa de telecomunicações, que estabeleceu unidade em Bruxelas em


busca de conhecimento e informações estratégicas sobre o setor, discutidas na União Europeia,
para tentar influenciar questões como a liberalização do mercado, mudança nas regras de fusões
e aquisições, e sincronização dos padrões dos produtos do setor – como, por exemplo, se o
produto for testado na Suécia, tem que ser aceito pelos membros da União Europeia. Um gerente
da empresa é responsável por atividades políticas, com dois objetivos: o desenvolvimento de
relacionamentos com unidades políticas da UE e a mobilização de recursos dentro da Ericsson
quando uma proposta ou decisão política está sendo considerada. O trabalho do gerente de
política é reunir informações da mídia, relatórios financeiros e revistas científicas sobre tecnologia
da informação e sobre o setor de telecomunicações, e manter contatos sociais frequentes com
políticos.

Fonte
COMPORTAMENTO político. FGV Online, 2010.

60
Negócios Internacionais MÓDULO 2

UNIDADE 4 – GLOBALIZAÇÃO E DESNACIONALIZAÇÃO NO BRASIL

4.1 DETERMINANTES DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL

O processo de aceleração da entrada de fluxos de investimento externo


direto no Brasil iniciou-se em 1995 e apresentou um incremento excepcional.

De acordo com Gonçalves, em três anos – 1995-1998 – houve entrada de investimento


externo direto da ordem de US$ 45 bilhões, maior do que todo o estoque acumulado
durante a história da economia brasileira até 1995, ou seja, US$ 42,5 bilhões.

Explicações para essa aceleração do investimento externo direto são o processo de privatizações
promovidas no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, situação macroeconômica,
padrões de concorrência, reestruturação produtiva, estratégias empresariais, aparato regulatório
e tamanho de mercado.

4.2 SITUAÇÃO MACROECONÔMICA


A mudança mais expressiva na situação macroeconômica, desde 1995, foi a queda da
taxa de inflação, que passou de hiperinflação no período de 1980 a 1994 – de 2.709%
em 1993, para 14,8% em 1994 e 3% em 1998.

O controle dos preços trouxe certa estabilidade para a economia brasileira, o que tornou mais
atrativo o investimento no País.

Entretanto, há outros fatores do quadro macroeconômico brasileiro – como o nível de


atividades e contas públicas – que contribuem para o equilíbrio interno, e o balanço de
pagamentos, que compõe o equilíbrio externo.

Nesse contexto, Gonçalves alerta para a tendência de desaceleração do crescimento econômico


que reflete na perda de dinamismo da economia e menor desenvolvimento de mercado interno.

A evolução da taxa de desemprego passou de 4,6% em 1995 para 7,6% em


1998.

A situação das contas públicas passou de um déficit público operacional médio anual de 2,9% do
Produto Interno Bruto – entre 1980-1994 – para um déficit público operacional médio de 3,5%
do PIB, entre 1995-1998.

Os períodos são assimétricos e compõem oscilações bruscas de superávit e déficit.

4.2.1 INFLUÊNCIA DA TAXA BÁSICA DE JUROS


Na avaliação de Gonçalves, a situação se agravou a partir de 1997 devido ao aumento
dramático da taxa básica de juros.

61
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

A dívida pública federal interna passa de R$ 62 bilhões no final de 1994 para R$ 255 bilhões em 1997.

Apesar de o controle da inflação ter sido relevante para atrair investimento


externo direto, ele não pode ser explicado somente pelo equilíbrio interno.

A deterioração crescente das contas externas reflete-se no déficit de transações


correntes, que passou de US$ 1,7 bilhão em 1994 para US$ 35 bilhões em 1998.

Em termos relativos, esse déficit aumentou de 0,3% em 1994 para 4,3% em 1998.

Além do desequilíbrio de fluxo no balanço de pagamentos, Gonçalves chama a atenção para a


crescente dívida externa do país, cujo passivo externo líquido da economia brasileira passou de
US$ 150 bilhões em 1994 para US$ 256 bilhões no início de 1998.

4.3 PADRÕES DE CONCORRÊNCIA


Nesse contexto, há duas alternativas para empresas estrangeiras explorarem o mercado
brasileiro, por meio de exportações e de relações contratuais.

Um forte processo de liberalização comercial – nos anos que se seguem a 1990 – afetou a
conduta, o desempenho e as estratégias empresariais, determinando os padrões de concorrência
na economia brasileira.

Com a abertura da economia, o crescimento das importações representa um estímulo


à competitividade, pois...
§ aumenta a gama de produtos disponíveis no mercado brasileiro;
§ força a melhoria da qualidade dos produtos ofertados;
§ restringe a possibilidade de aumento de preços de produtos domésticos.

Entretanto, Gonçalves alerta que a redução de barreiras comerciais...


§ pode desestimular o investimento externo direto, uma vez que as empresas
perdem a proteção do mercado doméstico e a concorrência internacional
fecha indústrias;
§ pode representar um aumento na competitividade e forçar empresas, que
não querem sair do mercado, a investir em tecnologia avançada disponíveis
a preços mais baixos, devido à redução de barreiras tarifárias;
§ pode proporcionar aumento de produtividade e, consequentemente, das
margens de lucro;
§ pode estimular o investimento externo direto como uma forma de
internacionalização da produção devido ao aumento das exportações.

62
Negócios Internacionais MÓDULO 2

4.3.1 DEMANDA POR PRODUTOS IMPORTADOS


A liberalização comercial tem tido um impacto importante para a economia brasileira
e, em especial, sobre o setor industrial.

O aumento da demanda por produtos importados gera o potencial de economias de escala na


produção local bem como benefícios organizacionais e mercadológicos associados à proximidade
com os clientes.

Inicialmente, testa-se o mercado com as exportações.

Posteriormente, promove-se a internacionalização da produção por meio da produção local, que


exige fluxos de investimento externo direto.

A concorrência internacional pode provocar...


§ a redução do investimento externo direto, com o fechamento de fábricas;
§ o aumento do fluxo de investimento externo direto, com a modernização e
construção de novas unidades produtivas.

4.4 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA


De 1995-1997, a produção industrial brasileira apresentou uma tendência de desaceleração com
crescimento médio anual de 2%, um terço da média histórica brasileira.

Essa queda transcende a questão da liberalização comercial e está associada ao desempenho da


renda, ao investimento, ao emprego, à produtividade e às estratégias empresarias.

O coeficiente de exportação da indústria manteve-se em alta nesse período, o que leva Gonçalves
a concluir que o baixo dinamismo do mercado interno é a variável-chave nesse processo, de tal
forma que o mercado externo funciona como válvula de escape.

No caso das importações brasileiras, a valorização do Real tornou os produtos estrangeiros mais
baratos e pode ter estimulado o coeficiente de importação no período 1994-1997.

Nesse período, iniciou-se uma tendência de aumento do saldo negativo da balança comercial do
País, ou seja, um déficit comercial – quando as importações superam as exportações.

No processo de internacionalização da produção, houve aumento significativo da importância


relativa do investimento externo direto, tanto em relação à formação bruta de capital fixo quanto
aos fluxos da conta de capital do balanço de pagamentos.

O avanço do Mercosul pode ajudar a explicar o incremento nas exportações e importações


brasileiras.

63
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Além disso, houve um aumento da presença de empresas transnacionais na indústria brasileira e


um forte movimento de fusões e aquisições envolvendo empresas estrangeiras, a partir de 1994.

4.5 APARATO REGULATÓRIO


A partir de 1990, as restrições ao investimento externo direto na economia brasileira
foram sendo gradualmente abolidas.

De 1991-1993, as alterações na legislação eram orientadas para criar melhores condições


para a saída do capital estrangeiro, principalmente no que se refere às restrições quanto
à remessa de lucros e pagamentos por tecnologia.

Em 1995, a revisão constitucional eliminou restrições setoriais para a entrada de capital


estrangeiro na economia brasileira.

Esse processo de liberalização estimulou a operação de novas instituições financeiras estrangeiras


e a expansão daquelas já existentes no Brasil.

O processo de abertura para o capital estrangeiro não pode ser separado...


...do forte processo de liberalização financeira, com a possibilidade de lançar títulos no
mercado internacional.

...do uso de contas de não residentes em moeda estrangeira no país – denominado


pelo Banco Central como CC5.

...da nova legislação que atinge a propriedade intelectual e industrial que, entre outros
aspectos, permite pagamentos por tecnologia entre filial e matriz.

4.6 PRIVATIZAÇÕES
Entre 1991-1998 houve privatizações de empresas públicas pertencentes ao governo
federal e aos governos estaduais e concessões para a telefonia móvel na área de
telecomunicações.

Os investidores estrangeiros entraram com US$ 12 bilhões – participação de quase


28% do total do período.

Apenas três países – Estados Unidos, Espanha e Chile – participaram com 74% do total
de investimentos externos nesse processo.

A participação estrangeira foi particularmente elevada no caso das telecomunicações – o


investimento externo direto representou 40% do total do valor das empresas privadas.

64
Negócios Internacionais MÓDULO 2

4.7 TAMANHO DO MERCADO

O Brasil está entre as 15 maiores economias do mundo.

De acordo com Gonçalves, o tamanho do mercado é uma das principais variáveis de


influência da internacionalização da produção e do investimento externo direto.

O Brasil tem uma extraordinária vantagem pelo nível absoluto de população – 180 milhões de
habitantes – e da renda nacional, com PIB em torno de meio trilhão de dólares.

O Brasil apresenta um grande potencial de crescimento de seu mercado interno, devido...


§ ao baixo nível de renda e de consumo de expressiva parcela da população brasileira
e do elevado grau de concentração de renda;
§ a sua inserção no Mercosul, com o aumento das exportações para Argentina, Uruguai
e Paraguai.

4.8 CAPITAL ESTRANGEIRO NA ECONOMIA BRASILEIRA


A redução do investimento externo direto se deu em valores relativos do conjunto dos segmentos
da economia, haja vista que, em alguns setores, aumentou a participação de capital estrangeiro e,
em outros, diminuiu.

A economia brasileira esteve, praticamente, estagnada no período 1981-1992.

Se por um lado não houve fluxos de investimento externo direto muito significativos,
por outro também não houve nenhum movimento marcante de desinvestimento.

Não há registro, até 1995, de presença de investimento externo direto no setor de


serviços de utilidade pública.

Houve uma mudança significativa no perfil do capital estrangeiro na economia brasileira no


primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, com o programa nacional de desestatização.

Gonçalves aponta a presença de empresas de capital estrangeiro e de capital


nacional nos diversos setores da economia brasileira, desde 1977.

A participação de investimento externo direto foi reduzida depois da abertura da


economia, quando comparados os períodos de 1977-1995 e depois de 1995.

65
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

4.8.1 ENTRADA DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO


No Brasil, a entrada de investimento externo direto vem acompanhando do ciclo
internacional de investimentos.

4.9 FLUXOS DE CAPITAL ESTRANGEIRO


Gonçalves destacou que os fluxos de investimento externo direto tendem a apresentar um
comportamento cíclico e até mesmo errático.

Fluxos de investimento externo direto da ordem de US$ 1,5 bilhão no início de 1980
tornaram-se pouco expressivos ou mesmo negativos em meados da década de 1990.

O investimento externo direto cresceu de US$ 3,9 bilhões em 1995 para US$ 20 bilhões em
1998.

Houve uma significativa mudança na origem do capital estrangeiro no Brasil...

Em 1995...
Os Estados Unidos tinham 25,5% do estoque de capital estrangeiro no País.

Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Japão e França representavam 57% do total


de capital estrangeiro no País.

A partir de 1995...
Estados Unidos continuaram com a maior participação – 28,62%.

França, Espanha e Portugal aumentaram a participação em grande parte devido


ao processo de privatização.

Paraísos fiscais – Ilhas Cayman e Panamá – aumentaram sua participação.

66
Negócios Internacionais MÓDULO 2

A partir de 1995, ocorreu uma mudança no perfil do IDE no Brasil. Antes, a


indústria recebia o maior fluxo de capital estrangeiro – 55%. No governo
Fernando Henrique, passou a ser o setor de serviços, orientado principalmente
para a intermediação financeira, telecomunicações, seguros e comércio varejista
e atacadista.

4.10 DESNACIONALIZAÇÃO ECONÔMICA

Gonçalves defende o argumento de que não houve mudança significativa


no grau de desnacionalização da economia brasileira entre 1980 e 1990.

Somente no governo de Fernando Henrique Cardoso se constatou um nítido e forte


processo de desnacionalização acompanhado da perda de posição relativa, tanto das
empresas estatais quanto das empresas privadas nacionais.

4.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

4.12 EXERCÍCIO
Vimos, nesta unidade, que a economia brasileira experimentou um forte processo de liberação
comercial, afetando a conduta, o desempenho e as estratégias empresariais, determinando os
padrões de concorrência na economia brasileira.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Apesar de a entrada de capitais estrangeiros na economia brasileira ainda não ter produzido
muitos bons resultados, visões mais positivas estão sendo trabalhadas.

Aqui, nossa tarefa é...


§ analisar a entrada de capital estrangeiro no Brasil.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto Debate: capital estrangeiro e desenvolvimento, disponível no final desta
unidade;
§ aponte os objetivos a serem alcançados na economia brasileira com a entrada de
capitais estrangeiros e os entraves para a abertura de capital estrangeiro;
§ apresente a problematização acerca de resultados macro e microeconômicos
esperados;
§ analise criticamente o processo e as etapas da abertura de capital.

67
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Registro do Trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

DEBATE: CAPITAL ESTRANGEIRO E DESENVOLVIMENTO


Há no Brasil e no mundo muitas restrições ao capital estrangeiro. Umas são explícitas (Japão),
outras veladas (Estados Unidos). Os fabricantes norte-americanos de automóveis foram expulsos
do Japão no período anterior à Segunda Guerra Mundial, por motivos estratégicos. Sobre essa
indústria, precária, o Japão construiu uma base militar e foi à guerra. Nos anos 60, as incursões da
indústria automobilística japonesa no exterior foram risíveis fracassos.

A Coréia do Sul repetiu este caminho. Vetou por muitos anos a entrada das empresas estrangeiras
de automóveis e só a aceitou em condições que julgou adequadas: em associação minoritária
com nacionais, com transferência compulsória de tecnologia, assinalada e depois consolidada
localmente, junto com marcas próprias e uma ação agressiva no mercado externo. Os resultados
de ambos os esforços são visíveis. Do Japão é ocioso falar. A indústria automobilística coreana é
menos conhecida, mas já exporta milhões de automóveis, especialmente para a América do
Norte.

O tema capital estrangeiro não está na moda, até pelo efeito ideológico da globalização sobre os
importadores de idéias; mas tornou-se questão de debate e problema de política nos Estados
Unidos, onde os assessores econômicos mais próximos de Clinton (Reich e Tyson) debatem
intensamente. Apesar de até aqui não haver resultados, há leis e práticas restritivas em relação às
empresas estrangeiras (definidas como as que tenham participação de pelo menos 10% de
estrangeiros), tanto para compras governamentais (o Buy-America Act), quanto para novas
aquisições de empresas (o Exon-Florio Act, que dá ao presidente dos Estados Unidos poderes para
rejeitar a entrada de capital estrangeiro que ameace o interesse nacional daquele país, e do qual
o governo já lançou mão em dois casos de grande notoriedade – chips e cerâmicas condutoras).

Vale para nós? Tivemos uma política de "portas abertas". Fechados comercialmente, abertos para
os capitais. Por isso os resultados são diferentes? Os adversários do capital estrangeiro diriam que
sim: remessas, funções de produção inadequadas, espoliação do mercado local. Os adeptos diriam
que sem a sua participação os resultados seriam ainda piores. Críticos e defensores têm muito em
comum. Vêem o capital estrangeiro como diferenciado, mas ignoram as particularidades do
ambiente, reduzindo a receita a um único ingrediente.

68
Negócios Internacionais MÓDULO 2

As empresas estrangeiras, como as estatais, não asfixiaram o crescimento das nacionais. Pelo
contrário. Estas tiveram múltiplas oportunidades, antes e depois da internacionalização das grandes
empresas norte-americanas e européias. Preferiram quase sempre ser o sócio-menor de negócios
com sucesso garantido antecipadamente. Houve empresas que ocupavam espaços privilegiados
e no momento das tarefas e desafios maiores cederam o núcleo e passaram a orbitá-lo. Houve
também as que gritaram contra a desnacionalização, mas muitas mais preferiram usar o grito para
aumentar o preço da venda à estrangeira. Mas o caso mais freqüente é o da associação. As
empresas nacionais substituíram a disputa das posições mais dinâmicas e nobres pela disputa das
associações mais sólidas, com os atores mais fortes.

O capital estrangeiro ocupou as posições chave da indústria sem encontrar muitas resistências
das nacionais ou da política econômica. As estatais já tiveram posições análogas, mas o progresso
técnico desvalorizou-as. O aço, o petróleo e a química são indústrias básicas e tiveram papel
fundamental, mas perderam importância para novos setores. Isto coloca dois problemas para a
participação das três frações de capital: o dos setores dinâmicos tecnologicamente; e o dos
oligopólios nas áreas estabilizadas.

Nenhum setor é indiscutivelmente melhor ou pior do que os demais simplesmente pela presença
ou ausência de determinada forma de capital. Há setores liderados por empresas nacionais cujos
mercados estão organizados em bases colusivas e anti-sociais: acordos de distribuição de cotas
de mercado, fixação de preços com remuneração das ineficiências, controle dos canais de
distribuição e comercialização dos produtos. O setor automobilístico é completamente dominado
por empresas estrangeiras, muitas das quais são líderes internacionais. Nem por isso o setor pode
ser considerado muito diferente dos demais em modernização, eficiência ou progresso. Por
outro lado, setores muito menos importantes têm dinamismo econômico e efeitos sociais
superiores. De onde vêm estas diferenças?

O mercado é a instituição básica do capitalismo. Mas há mercados e mercados. Eles se organizam


segundo diferentes princípios e têm diferentes resultados dependendo das circunstâncias. Há
diversos elementos muito importantes para o seu funcionamento: os trabalhadores e as relações
trabalhistas são importantes, os consumidores são úteis para a qualidade dos produtos, existem
outras instituições com papel a desempenhar, mas os mercados só funcionam de fato se existe
por parte das empresas capacidade de competir de forma efetiva, de conceber e implementar
estratégias competitivas passíveis de resultar em vantagens, e lançar desafios aos demais
competidores. Se estas estratégias serão bem-sucedidas, se os resultados antecipados serão
efetivos, não importa, esse é um problema privado. O que move a concorrência é a busca dos
resultados. Se uma empresa vai à frente, ela assegura vantagens, depois anuladas pelo esforço de
imitação/ repetição das demais. Se todos os agentes apostam na mesma direção, a indústria
muda, o mercado é dinamizado, e nenhuma empresa garante resultados exclusivos.
Independentemente do caminho ser um ou outro, as empresas se modificaram, a indústria mudou
com concorrência. E esses são resultados sociais.

69
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Os mercados só funcionam na presença de diversas circunstâncias. Aqui, interessam-nos duas: o


reconhecimento da existência de rivais efetivos, empresas capazes de ações que fragilizam as
demais posições e os mercados inertes; a avaliação de que a ação da própria empresa pode
resultar em vantagens para si, pelo menos momentaneamente. Ou seja, o mercado funciona com
rivalidade recíproca, percepção da possibilidade de ser ultrapassado e agredido (e perder vantagem)
e capacidade de avançar e agredir (para obter vantagem).

Nem sempre isto ocorre em mercados periféricos. Subdesenvolvimento no capitalismo é atrofia


e atraso das suas estruturas básicas – empresas, indústrias, mercados. Pela sua própria constituição,
a capacidade de competir nem sempre é ativa naqueles mercados em que a presença de atores
destacados e com vantagens decisivas inibe os demais competidores. Este ator destacado pode
ser uma grande empresa nacional, mas é mais freqüentemente uma grande empresa estrangeira,
que soma às vantagens do tamanho o acesso privilegiado a fontes financeiras, produtivas,
tecnológicas e mercadológicas. Esta empresa pode até ter a sua posição num determinado mercado
fragilizada por outras empresas, nacionais ou estrangeiras; mas são muito mais freqüentes os
casos em que a presença do ator destacado inibe a ação dos demais. O resultado é um pacto
colusivo: os mais fortes não precisam competir, os mais fracos não podem competir.

Os grandes defensores dos mecanismos de mercado como forma exclusiva de regulação da


economia falham em perceber este aspecto do problema. E se percebem a inoperância dos
mercados, falham ao propor a abertura como mecanismo eficiente de correção, pois nem sempre
o problema decorre da intenção de adotar práticas colusivas, mas também do efeito inibição, que
é estrutural. Não existe um remédio único; e é possível sustentar que a abertura ao comércio
exterior pode produzir exatamente o efeito oposto.

O movimento na indústria automobilística é um exemplo. Era "atrasada e ineficiente", pela proteção


que recebia, diz-se. Ao abrir-se o mercado à importação de novos modelos veio a resposta de
modernização das filiais locais. O conflito deu lugar à cooperação e dele se chegou ao acordo
setorial. Por mais importante que seja o processo, os resultados até aqui têm sido exagerados. A
importação de novos modelos, especialmente os top, mais sofisticados, caros e lucrativos, pode
ter levado à modernização e ao barateamento dos modelos nacionais correspondentes, mas
produziu uma compressão das margens de lucro e, para compensá-la, houve um encarecimento
dos demais modelos. O resultado, ao contrário do alardeado, foi que os carros populares financiaram
a modernização – inevitavelmente ineficiente – dos modelos mais sofisticados. Além disso, a
abertura desencadeou decisões de importação de modelos e de partes, forma mais eficaz de
passar rapidamente para um novo patamar de modelos. O resultado já pode ser notado nas
estatísticas de comércio: o Brasil já é deficitário em automóveis e o cenário é desalentador. Uma
vez que a indústria não tem condições de oferecer carros básicos acessíveis a consumidores para
quem o preço é o elemento decisivo, o padrão de produção e de concorrência caminha para
modelos mais sofisticados, como atesta o "popular" mais novo. Incapaz de atingir uma escala
razoável nos modelos básicos e em que o preço é mais importante, a indústria automobilística
desnacionaliza-se, com mais importações de carros e com conteúdo importado crescente nos
veículos "nacionais".

70
Negócios Internacionais MÓDULO 2

A comparação com outros países é inevitável. A Itália produz aproximadamente o mesmo número
de veículos que o Brasil, mas tem um único grande fabricante. A Coréia tem diversos fabricantes,
mas são de grandes empresas conglomeradas, capazes de patrocinar a entrada em um setor
como o de automóveis; e elas se voltaram para modelos capazes de penetrar desde o início
(recente) no mercado exterior. Em ambos os casos houve proteção à empresa nacional, mas ela
esteve disposta a fazer a sua parte. O Brasil, como a Inglaterra, o Canadá e a Austrália, praticou uma
política de "portas abertas" para os investimentos estrangeiros. A Inglaterra é pioneira (anos 20)
em atração de capital estrangeiro para a sua indústria automobilística, o que levou à
desnacionalização e não serviu para fazer uma base mais eficiente.

Existem no Brasil algumas restrições ao capital estrangeiro. São anacrônicas. Mas o problema não
é termos restrições, é que elas, que também existem nos países avançados, não servem aqui a
nenhum propósito coerente e articula do a outras políticas e objetivos. Servem a grupos privados,
normalmente poderosos. Pode ser o caso da mineração, dos transportes, das empresas jornalísticas
ou dos audio-visuais.

Como setores tão diferentes – construção civil, financeiro, minerador e de audiovisuais – souberam
defender as suas posições restritivas e exclusivistas e o mesmo não ocorreu na indústria? Uma
resposta possível é que as estratégias das empresas estiveram em consonância com a política
econômica, que valorizou o crescimento acelerado e abriu oportunidades para a expansão do
capital nacional, em posições subordinadas, mas confortáveis.

Que proposições decorrem destes argumentos? Primeiro, se a participação do capital estrangeiro


não asfixiou o nacional, qualquer política de proteção deverá levar em conta a forma típica de
atuação do capital nacional. A aceitação pelo capital nacional da liderança estrangeira não é um
fenômeno isolado; decorre da possibilidade que tem o capital privado nacional de obter lucros
elevados mesmo em posições subordinadas. Isto está ligado à concentração da riqueza, do poder
e da renda. O poder desmesurado da riqueza oferece lucros que no mundo têm que ser alcançados
desbravando a fronteira e construindo progresso.

Portanto, além de todas as razões de justiça e compromisso histórico, há também motivos


econômicos para promover a democratização da propriedade e do acesso ao produzir: fragiliza as
práticas restritivas da concorrência e desata as forças competitivas. Ao lado do acesso à propriedade,
a evolução nos marcos desta sociedade deveria incluir: democratização do crédito, apoio a novas
empresas e à transformação das antigas, tratamento tributário diferenciado para novos empregos,
desoneração da produção e da renda e ônus à propriedade.

Segundo, em relação aos setores de liderança exclusiva de grandes empresas estrangeiras, é


necessário desenhar políticas específicas. A cooperação do governo com as empresas para o
alcance de metas é o melhor substituto para mercados estruturalmente inoperantes. Ao contrário
do senso-comum e da imprensa, a cooperação e regulação institucional é freqüentemente melhor
do que abertura, tanto para empresas e trabalhadores, quanto para os consumidores e o conjunto
da economia.

71
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

Terceiro, nos setores em que a fronteira tecnológica se desloca rapidamente, o problema é mais
complexo. Dada a timidez e fragilidade do capital privado nacional para as tarefas ambiciosas e a
existência de um mundo hierarquizado em que as multinacionais alocam a cada país apenas
algumas atividades, o problema é como avançar. No passado, quando a fronteira era estável mas
o nosso atraso imenso, foi o Estado que, depois de décadas, assumiu os desafios do novo, e com
isso permitiu o avanço das demais frações de capital. O reconhecimento de que as novas tarefas
produtivas do Estado são mais importantes do que as já feitas poderia nos ajudar a sair da posição –
imobilista e hoje retrógrada – de defender o Estado e as estatais que aí estão e repensar uma
estratégia de atuação. Afinal, as estatais que aí estão não deixarão de produzir se forem privadas.
Uma retirada inteligente e planejada dessas posições poderia permitir ao Estado avançar sobre as
novas fronteiras, que certamente não são a mineração, o aço ou o petróleo, mas podem ser uma
revolução agrícola, os medicamentos, as escolas, as comunicações, a microeletrônica e a
informática. Setores antigos e novas tecnologias; tarefas tradicionais mas em novas bases.

Fonte
FURTADO, João. Debate: capital estrangeiro e desenvolvimento. Teoria e Debate, nº 26, set./out./nov., 1994.
Disponível em: <http://fpabramo.org.br/conteudo/debate-capital-estrangeiro-e-desenvolvimento>. Acesso em:
21 jun. 2010.

UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

72
Negócios Internacionais MÓDULO 2

GABARITOS

GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 1

GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 2

73
MÓDULO 2 Negócios Internacionais

GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 3

74
Negócios Internacionais MÓDULO 2

GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 4

75
Negócios Internacionais MÓDULO 3

MÓDULO 3 – INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Neste módulo, apresentaremos casos de internacionalização de empresas de países em


desenvolvimento para enfatizar como esse processo está sujeito a influências do contexto político
e como as multinacionais respondem a tais influências.

A relevância desse tema acabou por gerar um debate acerca da necessidade de internacionalização
de empresas brasileiras. A urgência por internacionalização resulta em novas demandas no âmbito
da gestão internacional e da gestão cross-cultural que desafiam a capacitação e desenvolvimento
dos empresários e gerentes brasileiro.

UNIDADE 1 – MULTINACIONAIS DE PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

1.1 ESTUDO SOBRE INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE


Beausang investiga o papel da inovação e da competitividade de corporações multinacionais do
Brasil e do Chile, para verificar até que ponto elas contribuem para a competitividade desses
países por transferir tecnologia e melhores práticas de administração para outras firmas domésticas.

Foram estudadas quatro empresas multinacionais, que tinham pelo menos uma
subsidiária no exterior – Gerdau e Weg, do Brasil; Madeco e Lucchetti do Chile.

Gerdau
§ empresa do setor siderúrgico;
§ 7 unidades produtivas no exterior – Argentina, Uruguai, Chile, Canadá e Estados
Unidos – responsáveis por 14% da produção;
§ estratégia de investimento = comprar concorrentes, com firmas já estabelecidas e
fracas práticas administrativas;
§ opção = estrutura de produção descentralizada para...
§ reduzir custos – principalmente de distribuição;
§ ficar mais próximo dos consumidores;
§ usar fornecedores locais;
§ motivação do investimento no exterior = expandir os negócios;
§ vantagens competitivas = práticas administrativas mais eficientes e o know-how
do setor siderúrgico;
§ tática = administradores locais são responsáveis pela gestão das subsidiárias, em
respeito às culturas locais.

77
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

Weg
§ líder na construção de motores elétricos na América Latina e a quinta maior do
mundo;
§ 22% dos lucros vêm do exterior – Estados Unidos, Argentina, México, Portugal,
Alemanha, Japão, Espanha, Bélgica, Inglaterra, França, Suécia e Austrália;
§ estratégia de desenvolvimento = diversificação e verticalização da produção de
seus componentes...
§ sede da empresa em Santa Catarina = dificuldade geográfica de acesso à
matéria-prima, como cobre e peças de fusão;
§ fundadores descendentes de alemães = cooperação tecnológica com firmas
da Alemanha.
§ estratégia de investimento = posição em clusters de tecnologia, para ter melhor
visão da atividade dos concorrentes;
§ motivação do investimento no exterior = aproximar-se dos clientes, diminuir o
tempo de entrega de produtos, libertar-se dos limites de expansão no mercado
brasileiro;
§ vantagens competitivas = tecnologia de ponta, produção em escala e boa rede de
distribuição.

Madeco
§ empresa chilena de manufatura de metais, principalmente cobre, matéria-prima
de maior abundância no país;
§ exporta para 45 países e tem 25 subsidiárias – inclusive no Brasil – responsáveis por
44% do faturamento total da empresa;
§ estratégia de desenvolvimento = consolidação de sua posição no mercado local e
preparação para a abertura comercial em andamento no país;
§ estratégia de investimento = tecnologia para cabos de telefone, devido elevada
demanda e investimentos de empresas de telecomunicações;
§ motivação do investimento no exterior = crescimento, aumento de eficiência da
produtividade e baixo custo de capital;
§ vantagens competitivas = tecnologia, boas práticas administrativas e rápida
adaptabilidade às condições do novo mercado.

Lucchetti
§ empresa chilena no setor agroindustrial;
§ subsidiárias na Argentina e no Peru;
§ estratégia de desenvolvimento...
§ estabelecimento de subsidiárias para dar dimensão de longo prazo a
estratégia de internacionalização e barateamento dos custos;
§ crescimento da produção e conquista de novos mercados;
§ vantagens competitivas = eficiente administração.

78
Negócios Internacionais MÓDULO 3

1.1.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO


Beausang, depois de um estudo feito, uniu três conceitos para provar que políticas de inovação
podem promover transferência de competitividade das corporações multinacionais a outras firmas
por meio da criação de redes. Os conceitos são...
§ corporações multinacionais;
§ inovação e política de inovação;
§ competitividade.

Corporações multinacionais brasileiras e chilenas...


§ objetivo = buscam a multinacionalização como imperativo de crescimento;
§ estratégias = não apresentam uma característica própria de multinacionais do
terceiro mundo porque suas estratégias coincidem com as multinacionais dos
países desenvolvidos;
§ vantagens competitivas = locacionais dos países anfitriões e formas de entrada;
§ transferência de tecnologia e de práticas administrativas a outras firmas e suas
subsidiárias, o que aumenta a competitividade dos países de origem.

As corporações multinacionais brasileiras e chilenas comparadas às corporações multinacionais


dos países desenvolvidos...
§ corporações multinacionais muito parecidas;
§ similaridades de motivos da multinacionalização;
§ pequenas diferenças em relação às vantagens competitivas e locacionais dos
investimentos;
§ políticas governamentais ignoram o papel das corporações multinacionais na difusão
de competitividade – diferentemente do que acontece no sudeste asiático.

1.2 RELEVÂNCIA ESTRATÉGICA DAS SUBSIDIÁRIAS BRASILEIRAS


A tomada de decisões estratégicas e o desenvolvimento de iniciativas das subsidiárias
podem ser disseminados por toda a rede da multinacional.

Em 1960, o modelo de internacionalização de empresas era baseado no ciclo de vida do produto,


e o principal papel das subsidiárias de multinacionais era explorar os recursos disponíveis nos
países anfitriões.

As motivações para a internacionalização de empresas eram...


§ buscar disponibilidade de matéria-prima e mão de obra baratas;
§ conquistar um mercado consumidor volumoso e ávido por novas ofertas.

Hoje, um crescente número de subsidiárias ampliam funções por meio de atividades de marketing,
produção e pesquisa e desenvolvimento, muitas vezes por iniciativas das próprias subsidiárias.

79
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

Essa maior responsabilidade estratégica das subsidiárias frente à matriz corporativa global engloba
três perspectivas...
§ relações entre matriz e subsidiárias;
§ criação, desenvolvimento e difusão de inovações pela corporação;
§ formações de estruturas organizacionais baseadas em redes diferenciadas.

1.3 PAPEL DAS SUBSIDIÁRIAS


O trabalho de Oliveira Jr. e Borini tentou verificar a existência de subsidiárias estrategicamente
relevantes no Brasil.

Existem três perspectivas sobre a atuação da multinacional e do papel das


subsidiárias...

Primeira Perspectiva – a matriz desempenha diferentes papéis...


§ a matriz opera em diferentes ambientes e desempenha diferentes estratégias
conforme as características do ambiente local;
§ quanto maior o dinamismo da rivalidade local, das condições dos fatores, das
indústrias correlatas e de apoio, e da demanda nacional, maior a possibilidade de a
subsidiária desempenhar um papel de importância estratégica.

Segunda perspectiva – a matriz define o papel da subsidiária...


§ as determinações estratégicas da matriz – em termos de estrutura, controle,
comunicação e autonomia – definem a importância da subsidiária;
§ as subsidiárias só devem cumprir regras propostas pela matriz.

Terceira perspectiva – a subsidiária determina seu papel...


§ a subsidiária tem mais capacidade de entender a complexidade e as oportunidades
do local de atuação;
§ os recursos, as capacidades, as aspirações de seus executivos e a iniciativa dos
empregados determinam o papel da subsidiária que, contudo, deve enfrentar as
diversas barreiras que impedem sua autonomia.

1.3.1 PAPEL DAS SUBSIDIÁRIAS EM CORPORAÇÕES MULTINACIONAIS


Para traçar os riscos que envolvem matriz e subsidiárias, Bartlett e Ghoshal apontam quatro tipos
de unidades locais – líder estratégico, colaborador, implementador e buracos negros.

Essa classificação considera...


§ a importância estratégica do ambiente local – tamanho de mercado;
§ a participação dos concorrentes e sua sofisticação;
§ a competência organizacional seja em tecnologia, produção, processos e marketing.

80
Negócios Internacionais MÓDULO 3

importância estratégica do ambiente local

alta baixa

alta líder estratégico colaborador

baixa buraco negro implementador

Líder Estratégico...
No papel de líder estratégico, a subsidiária tem alta competência em um mercado
importante estrategicamente.

Buraco Negro...
No papel de buraco negro, a subsidiária está localizada em um mercado de alta
importância estratégica, mas não tem competência para atendê-lo.

Colaborador...
No papel de colaborador, a subsidiária tem capacidade elevada, mas atua em um
mercado estrategicamente pouco importante.

Implementador...
No papel de implementador, a subsidiária tem de gerar grandes receitas por meio de
economias de escala que sustentam a expansão da empresa.

1.4 AUTONOMIA DAS SUBSIDIÁRIAS


D'Cruz classificou também as subsidiárias em relação ao escopo geográfico e à autonomia das
decisões em termos de P&D, marketing internacional, mercados internacionais atendidos e
responsabilidades estratégicas de marketing.

81
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

escopo geográfico das responsabilidades

global regional local

subsidiária subsidiária subsidiária


global regional local

4 5 6

produtos satélite importadora


mundiais

1 2 3

Área 3...
Na área 3, estão as importadoras cuja responsabilidade está limitada às fronteiras
nacionais com pouca autonomia na tomada de decisões.

Área 6...
Na área 6, as subsidiárias têm responsabilidade no âmbito nacional, com maior autonomia
na tomada de decisões que permite uma adaptação dos produtos e serviços
provenientes da matriz para as necessidades locais.

Áreas 2 e 5...
Nas áreas 2 e 5, estão as subsidiárias com responsabilidades regionais.

Área 2...
Na área 2, as subsidiárias satélites, apesar de terem escopo de atuação maior, ainda são
dependentes das decisões tomadas na matriz.

Áreas 1 e 4...
Nas áreas 1 e 4, estão as subsidiárias com responsabilidade internacional ou global.

Área 1...
Na área 1, as subsidiárias apresentam certo grau de dependência em relação à tomada
de decisão, mas têm responsabilidade mundial e controle estratégico por um produto
ou linha de produto.

82
Negócios Internacionais MÓDULO 3

1.4.1 CICLO VIRTUOSO


A classificação de D'Cruz foca aspectos relativos ao contexto das subsidiárias em vez de
compreender o que realmente acontece dentro delas.

Quando as unidades deixam de atuar, exclusivamente, no mercado local, é necessário


conhecer o processo de desenvolvimento de inovações e responsabilidades
internacionais das subsidiárias.

Entretanto, muitas subsidiárias não desenvolvem iniciativas...


§ porque seus esforços não são recebidos positivamente pela matriz corporativa;
§ porque faltam habilidade e capacidade de gerentes das unidades para
desenvolverem tais iniciativas.

Trata-se de um ciclo virtuoso...

...a subsidiária estabelece uma visão e um objetivo de liderança...

...a visão e o objetivo de liderança impulsionam o desenvolvimento de recursos


especializados...

...os recursos especializados possibilitam o surgimento de iniciativas dos gerentes da


subsidiária...

...as iniciativas dos gerentes da subsidiária podem conduzir ao aumento de


responsabilidades e recursos internacionais da subsidiária...

...o aumento de responsabilidades e recursos internacionais da subsidiária leva ao


crescimento de suas iniciativas e de sua visibilidade na rede corporativa...

...a visibilidade da subsidiária na rede corporativa representa tanto a afirmação da


importância estratégica da subsidiária, quanto estimula o desenvolvimento de novas
iniciativas.

1.5 VANTAGENS ESPECÍFICAS


Rugman e Verbeke apresentam outra classificação para o desenvolvimento das vantagens
específicas de corporações multinacionais, as quais podem ser de dois tipos...

Vantagem específica local – atende perfeitamente às necessidades locais, mas é difícil


de ser disseminada na rede da empresa multinacional.

Vantagem específica não local – pode ser explorada globalmente, sendo de fácil
disseminação entre as unidades da rede, mas não atende às necessidades individuais
de cada região.

83
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

Um fator favorável à vantagem específica local é a questão geográfica. Ao


atuar no país anfitrião, as subsidiárias podem ganhar acesso às inovações, aos
talentos e aos conhecimentos específicos desenvolvidos no local.

Uma vantagem específica da empresa pode ser desenvolvida por uma rede de
multinacionais no país de origem, em um país estrangeiro onde operam subsidiárias
ou na rede intraorganizacional da corporação, por meio da atuação integrada dos
vários países onde estão as subsidiárias.

A inovação constitui a base da construção da vantagem competitiva. Só serão capazes de


desenvolver vantagens específicas as subsidiárias localizadas em regiões que permitam o
desenvolvimento de tecnologias, formas organizacionais e articulação às oportunidades locais e
globais.

1.5.1 CENTRO DE EXCELÊNCIA


As subsidiárias caracterizadas como centros de excelência são aquelas que desenvolvem
o processo de inovação global-para-global, ou seja, não locais, de forma integrada
com as unidades de rede corporativa.

Quatro dimensões são essenciais para o estabelecimento do conceito de centro de excelência...


§ tende a ter presença física, localizada em alguma subsidiária da multinacional,
entretanto, apenas uma área operacional pode desempenhar essa função
independente das demais;
§ é constituído de um conjunto de capacidades específicas e superiores dentro da
empresa multinacional, contribuindo com recursos tangíveis – equipamentos,
licenças, patentes – e intangíveis – conhecimentos e habilidades;
§ é reconhecido e declarado explicitamente pelas demais unidades da corporação;
§ tem capacidade de disseminar valores específicos da unidade para as outras
unidades da corporação seja por meio de produtos e tecnologias – recursos tangíveis
– ou por meio de conhecimento e aprendizado – recursos intangíveis.

1.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.7 EXERCÍCIO

Vimos, nesta unidade, que a internalização das empresas de países em


desenvolvimento está sujeita a influências de contexto político.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui, nossa tarefa é...
§ analisar o processo de internacionalização de empresas brasileiras.

84
Negócios Internacionais MÓDULO 3

Para fazer este exercício...


§ leia o texto Multinacionais ainda são poucas, disponível no final desta unidade;
§ determine a importância do processo de internalização de empresas;
§ descreva os aspectos envolvidos no planejamento do processo de
internacionalização de empresas, destacando sua importância para o sucesso de
empresas implantadas no exterior;
§ apresente casos de empresas multinacionais com subsidiárias no exterior e indique
as principais dificuldades enfrentadas ao estabelecerem unidades da companhia
no exterior.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

MULTINACIONAIS BRASILEIRAS AINDA SÃO POUCAS


O processo de internacionalização de empresas brasileiras, fundamental para o crescimento
sustentado, ainda engatinha. Das 30 companhias que estão ganhando o mercado externo, apenas
dez têm algum tipo de representação, comercial ou industrial, lá fora.

Dessas, só duas podem ser chamadas de multinacionais: a Embraer e a AmBev, segundo analistas.
Para elas, o Brasil deixou de ser o principal mercado. E o foco é a atuação global.

Uma evidência da fragilidade do processo de internacionalização é a repatriação de lucros. No


ano passado, entraram no país, na forma de lucros e dividendos, apenas US$ 760 milhões. É uma
gota d'água se comparada aos US$ 4,8 bilhões remetidos pelas filiais brasileiras de múltis
estrangeiras no mesmo período.

Para o país, a internacionalização das empresas é importante, pois dá fôlego à economia no longo
prazo. Quando uma companhia migra, arrasta consigo seus fornecedores, consultores e prestadores
de serviço, numa reação em cadeia. Elas ganham solidez e alavancam o crescimento.

Esse processo, entretanto, é longo e demorado. Entre a primeira fase, a da exportação pura e
simples, até a instalação de representações comerciais e, finalmente, pôr uma fábrica fora do país,
podem transcorrer 15 anos.

85
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

Nem todas as empresas que entram nessa corrida chegam à reta final. "Os desafios para se tornar
competitivo lá fora e a existência de um grande mercado interno levam os empresários brasileiros
à acomodação", diz Edson Vaz Musa, dono da Caloi.

A onda globalizante dos anos 90 também contribuiu para o atraso atual, pois acabou tragando os
embriões de multinacionais brasileiras. Empresas como Metal Leve e Cofap, que puseram bases
no exterior naquela época, acabaram sendo compradas por grupos estrangeiros. "Até agora, o
Brasil teve uma posição passiva no processo de globalização, só vendeu empresas. Temos de ser
ativos e sair para o mundo", diz Musa.

A partir do crescente movimento exportador, um grupo de companhias locais tenta retomar o


rumo da internacionalização colocando sua marca lá fora.

Planejamento

Esse movimento exige mudanças radicais de cultura organizacional, de distribuição e maior


flexibilidade na produção. Para produzir em outro país é necessário, por vezes, adaptar o negócio
a um novo modelo de administração. É obrigatório conhecer desde as regras trabalhistas até,
inclusive, definir um planejamento logístico que não faça as companhias perder dinheiro no
exterior.

A Natura, por exemplo, que só trabalha com venda direta, vai debutar no varejo para entrar no
mercado europeu. Em fevereiro de 2005, ela inaugura uma loja em Paris, em busca de espaço na
terra da Lancôme.

A Caloi, está conquistando o mercado americano a partir da China: ela terceiriza a produção das
"bikes" com sua marca, enquanto faz ajustes nas linhas de produção de Manaus para ter custos
competitivos e passar a exportar daqui. "Estamos iniciando o processo de internacionalização", diz
Marcos Bandeira de Mello, diretor de negócios da empresa.

Segundo ele, a opção de fabricar na China se deve à maior flexibilidade das fábricas chinesas e ao
custo da mão-de-obra. "Eles conseguem ser competitivos mesmo fabricando um lote pequeno
de bicicletas, coisa que não conseguimos em Manaus", diz ele.

Hoje, cruzar a fronteira é a única saída para empresas como a Embraer, AmBev, Gerdau, Weg,
Embraco,Votorantim Cimentos, Natura, Alpargatas e Tigre. "O porte delas já ultrapassa o tamanho
do mercado interno", observa Álvaro Cyrino, coordenador da pesquisa "Global Players", que está
sendo feita pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte.

Os resultados preliminares desse estudo, antecipados para a Folha, mostram um processo desigual.
"As empresas têm graus diferentes de internacionalização, mas sabem que são compromissos
irreversíveis", diz Cyrino.

86
Negócios Internacionais MÓDULO 3

Algumas delas ainda estão na fase exportadora mas conseguem quase a metade de suas receitas
lá fora.

É o caso da Sadia, a maior fabricante de alimentos do país, que conseguiu 45% do seu faturamento
do ano passado no exterior. A empresa produz apenas no Brasil e mantém representações
comerciais em 11 países.

Outras, como a Embraco, maior fabricante mundial de compressores, estão na estrada há décadas
e viraram multinacionais ao se associarem a grupos internacionais.

"Tínhamos uma presença forte no mercado internacional, mas no início dos anos 90 começamos
a sentir os efeitos da globalização, com os concorrentes instalando fábricas próximas dos grandes
mercados consumidores", diz Ernesto Heinzelmann, presidente da Embraco. "Colocar fábricas
fora do país, foi uma reação nossa ao mercado."

Fundada em 1971 por três fabricantes de refrigeradores --Consul, Springer e Prosdócimo--, a


empresa não é nacional. Associou-se em 1976 ao grupo Brasmotor e hoje é controlada pela
americana Whirpool. "Por nossas origens, e pelo fato de que o início da internacionalização partiu
dos controladores brasileiros, podemos dizer que somos hoje uma multinacional brasileira", acredita
Heinzelmann.

No momento, a Embraco tem fábricas na Itália, na China e na Eslovénia e obtém 40% do seu
faturamento no exterior. A experiência da internacionalização foi conduzida por executivos
brasileiros que migraram para aqueles países com suas famílias, para fincar as bases da companhia.

O grupo que foi para Pequim, em 1995, conta Heinzelmann, tinha um contrato para permanecer
dois anos e acabou ficando três. "Além das dificuldades com o idioma e a diferença de culturas,
eles tinham uma preocupação adicional: os atrasos de pagamento dos clientes eram comuns,
pois como as empresas eram todas estatais, tudo convergia para um único fundo no final". lembra
ele. "Essa fase está superada. Hoje, a China é outro país."

Fonte
MULTINACIONAIS brasileiras ainda são poucas. Folha Online, 23 ago. 2004. Disponível em: <http://
delegaciasjc.coreconsp.org.br/template.php?pagina=neocast/read.php&id=90&page=397&section=2>.
Acesso em: 21 jun. 2010.

87
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

UNIDADE 2 – INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS

2.1 ESCOLA NÓRDICA


Os estudos sobre o processo de internacionalização da firma desenvolvidos na Escola de Uppsala –
na Suécia – obrigou a área de negócios internacionais a cruzar as fronteiras da teoria econômica.

Antes, o limite de crescimento da firma era determinado pela demanda existente, na


qual só os aspectos macroeconômicos, como o comércio internacional, importavam.

A partir da Escola de Uppsala, a organização foi olhada por dentro, o que permitiu que o estudo de
negócios internacionais abrangesse a teoria comportamental da firma.

Na visão da Escola Nórdica, a firma internacional é uma organização caracterizada por processos
baseados em aprendizagem que apresenta uma complexa e difusa estrutura em termos de
recursos, competências e influências.

O limite de crescimento da firma internacional está associado a seus recursos humanos


e à aquisição de conhecimento coletivo.

A aquisição de conhecimento coletivo seria um processo evolutivo, consequência de experiência


direta dos funcionários.

Em resumo, as organizações são coalizões de grupos de interesse conflitantes, cujo processo


decisório é baseado em experiências passadas com regras e normas adotadas de forma gradual
e incremental.

As organizações são vistas menos como hierarquias rígidas e mais como redes de relacionamentos,
onde a habilidade de aprender pela experiência é uma ferramenta fundamental.

2.2 CAUTELA E INFORMAÇÃO


O estrangeiro é um terreno desconhecido, com incertezas culturais, políticas,
econômicas, jurídicas, linguísticas...

Uma das ideias desenvolvidas na teoria comportamental da firma e ampliada para os


estudos de internacionalização da firma na Escola Nórdica foi a de que os gerentes
evitam riscos e não tomam decisões de risco voluntariamente.

Assim como os gerentes recorrem às experiências bem-sucedidas do passado para evitar riscos,
as firmas tomam passos curtos e cautelosos na hora de explorar além de suas fronteiras.

A experiência no processo de internacionalização começa, em geral, com exportações, para a


firma adquirir mais informações sobre o novo país.

88
Negócios Internacionais MÓDULO 3

Depois de identificada a oportunidade, o envolvimento da firma com o novo mercado se aprofunda


com a melhoria nos canais de informação, abrindo a possibilidade estabelecer subsidiárias no país
estrangeiro.

Essa é uma das indagações previstas na teoria do custo de transação...

– é melhor terceirizar a produção ou montar uma subsidiária em país estrangeiro?

2.2.1 INCERTEZA
De acordo com a Escola de Uppsala, a incerteza em relação ao resultado de uma ação internacional
aumentaria na proporção direta da distância.

Entretanto, essa distância não se mede somente em quilômetros, mas também, entre os países
de origem e de operação, pelas diferenças...
§ culturais;
§ de desenvolvimento econômico e tecnológico;
§ de sistemas político;
§ de conteúdo educacional.

Essas são diferenças psíquicas. Quanto maior essa diferença, maior a incerteza.

Quanto mais longe da matriz, maior é a incerteza.

Por isso, a sequência na seleção de mercados ocorre por meio de entradas sucessivas
em países cada vez mais distantes, à medida que a firma for ganhando experiências
em operações estrangeiras.

2.2.2 PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO


Os estudos da Escola de Uppsala permitiram a identificação de um padrão do processo de
internacionalização de firmas em duas etapas...

...a primeira ocorre por meio de operações no exterior iniciadas em países próximos,
cuja expansão ocorreu de forma gradual para regiões mais distantes.

...a segunda define a entrada no mercado estrangeiro por meio de exportação,


raramente começando o processo de internacionalização com a firma implantando
unidades de venda no exterior ou por meio de subsidiárias.

Em geral, o investimento em subsidiárias só ocorre depois de anos


exportando para o mesmo local.

89
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

2.2.3 CRÍTICAS AO MODELO


Algumas características do processo de internacionalização de firmas da Escola de
Uppsala não foram corroboradas, o que levou a críticas ao modelo.

Algumas indústrias eliminaram etapas do processo sequencial previsto pela Escola Nórdica,
entrando diretamente em mercados distantes – distância psíquica – e acelerando o ritmo do
processo de internacionalização.

O modelo não se aplica aos setores de alta tecnologia, de serviços ou no


caso em que operações internacionais não são motivadas por busca de novos
mercados.

O determinismo e a generalidade do modelo ignorariam fatores específicos, como o contexto.

O modelo desconsidera ainda...


§ a possibilidade de gerentes tomarem decisões estratégicas voluntárias;
§ as fusões e aquisições como rotas de internacionalização;
§ o modo de produção por licenciamento;
§ a aplicação de alianças estratégicas, franquias e contratos de gestão.

2.2.4 REVISÃO DO MODELO


No modelo tradicional, havia uma padronização de como e por que as firmas se
internacionalizavam. Na nova versão do modelo...

...a heterogeneidade motivaria a firma a escolher mercados e estratégias de entrada


que poderiam ser bem diferentes do modelo tradicional, onde os relacionamentos –
pessoais ou de negócios – poderiam ser usados como pontes para entrada em outros
networks.

...a interação entre atores – mais do que processo de decisão estratégica – dá forma às
estruturas de network, na qual a concentração nos laços cognitivos e sociais que se
formam entre os atores mantêm os relacionamentos de negócios.

A internacionalização deixa de ser só uma questão de produção no exterior e passa a ser percebida
mais como a exploração de relacionamentos potenciais além-fronteiras.

O pensamento da Escola de Uppsala evoluiu até chegar a redes de relacionamento – networks –, seja
na esfera industrial ou no relacionamento existente entre firmas e mercados internacionais.

A diferença entre as duas versões do modelo da Escola de Uppsala é o padrão heterogêneo de


oportunidade de entrada.

90
Negócios Internacionais MÓDULO 3

2.3 HETERARQUIA ORGANIZACIONAL


A dimensão do poder não pode ser negligenciada nessa perspectiva.

O processo de internacionalização de firma previsto pela Escola Nórdica apresenta


novas perspectivas de estudo.

Uma delas é a heterarquia organizacional que, na prática, corresponde ao contrário da


hierarquia.

Para ser globalmente eficiente, cada unidade de uma multinacional deveria compartilhar
informações como um todo, e as subsidiárias seriam mais flexíveis em termos de administração.

A integração global ocorre por meio de mecanismos normativos – como cultura e


ética – em um contexto no qual a cultura corporativa e as redes de relacionamentos
são instrumentos de controle mais eficientes do que hierarquia e processos formais.

Indivíduos e grupos de interesse dentro das organizações multinacionais disputam poder


intraorganizacional.

Nesse contexto, as diferenças baseadas na cultura nacional têm impacto considerável na gestão
de firmas internacionais.

2.4 REDES DE SUBSIDIÁRIAS


As redes de subsidiárias correspondem à perspectiva de que a firma internacional é
tratada como uma network interorganizacional, especializada na criação e transferência
interna de conhecimento.

O surgimento do conhecimento é consequência da eficiência da corporação


como veículo para transferir o conhecimento para além-fronteira.

A noção de que a firma se especializaria na transferência de conhecimento é o fundamento da


teoria evolucionária da corporação multinacional.

O processo de internacionalização aceita múltiplos modos de entrada...


§ exportação;
§ licenciamento;
§ subsidiária de vendas;
§ subsidiárias para produção;
§ instalação de fábricas;
§ gestão de contratos;
§ joint ventures.

91
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

Os modos de entrada podem ser complementares e não concorrentes, sendo que a combinação
mais frequente, de acordo com Hemais e Hilal, é o licenciamento com o joint venture.

2.5 ATORES DE NEGÓCIOS


Os atores fazem parte de uma rede de relacionamentos, portanto, a política é uma
parte relevante das atividades da firma.

O comportamento político dos atores de negócios é uma dimensão


relevante das multinacionais, apesar de pouco estudada pela academia.

As multinacionais organizam suas atividades para influenciar atores políticos nos países estrangeiros,
como legisladores, por exemplo, incorporando, assim, a gestão dos atores políticos externos à
network dos negócios.

O objetivo das firmas é a coexistência e os benefícios de operação no estrangeiro – vantagens


fiscais, diminuição de barreira alfandegária...

A supremacia do poder se encontra no governo, e o network político encontra


obstáculos – tempo de duração de mandato.

A transitoriedade e a mutabilidade devido à elevada rotatividade dos atores políticos


leva a um alto esforço dos atores de negócio para manter a network ativa.

A preocupação com a captura do poder político ocorre também entre atores domésticos e é
considerada um fator estratégico que não pode ser negligenciado.

2.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.7 EXERCÍCIO

Vimos, nesta unidade, que o processo de internacionalização aceita


múltiplos modos de entrada, e que um desses modos é a exportação, que tem um
papel inquestionável na economia brasileira.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


Aqui nossa tarefa é...
§ analisar a importância da exportação na economia brasileira.

Para fazer este exercício...


§ leia o texto O lado social das exportações, disponível no final desta unidade;
§ descreva a importância das exportações na economia brasileira;

92
Negócios Internacionais MÓDULO 3

§ identifique o principal órgão de incentivo à promoção das exportações;


§ demonstre alguns casos de empresas que conquistaram o mercado por meio de
exportações;
§ indique os principais produtos da pauta de exportações no Brasil.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

O LADO SOCIAL DAS EXPORTAÇÕES


As exportações têm hoje um papel inquestionável na economia do Brasil.

Além de gerarem divisas, promovem desenvolvimento, estimulam pesquisa, resultam em criação


e aprimoramento de novos produtos e serviços, possibilitam o intercâmbio de matérias-primas e
manufaturados, potencializam e oferecem novas oportunidades às empresas nacionais, entre
outros atributos.

Mas o comércio exterior se torna ainda mais relevante e é imediatamente convertido em


investimento de longo prazo quando ressaltamos seu impacto social.

No âmbito da indústria, das entidades setoriais e do setor público, o mercado internacional


demanda qualidade, tecnologia e design diferenciado e, dessa forma, resulta no ensino formal e
na qualificação profissional. O aprendizado de idiomas e de costumes sociais de outros países, a
internalização de conceitos como globalização e a identificação de melhores usos e apresentações
para seus produtos são apenas alguns dos ganhos. Melhor capacitação profissional e a observação
de uma posição brasileira mais positiva no mundo resultam em confiança e auto-estima para o
trabalhador.

Com o intenso trabalho de promoção das exportações, sob a coordenação da Apex-Brasil (Agência
de Promoção de Exportações e Investimentos, ligada ao MDIC), hoje empresas de pequeno e
médio portes ocupam as prateleiras de renomadas lojas pelo mundo. Já é uma realidade a
presença de produtos de artesãos, microempresas, cooperativas, ONGs e APLs (Arranjos Produtivos
Locais) em centros de consumo internacionais.Tais conquistas se tornam uma significativa fonte
de renda e mais uma prova de que o Brasil tem enorme capacidade produtiva e competitiva.

93
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

De janeiro a outubro de 2005, as exportações de produtos fabricados em cooperativas em 20


Estados superaram os anos anteriores e contabilizaram um total de US$ 1,8 bilhão. As cooperativas
de Santa Catarina venderam US$ 208 milhões, um aumento de 106% em relação a 2004. As
cooperativas de Minas Gerais foram outro exemplo de desempenho, ao exportar US$ 152 milhões
de janeiro a outubro, 63% acima do valor registrado ano passado. Também de Minas Gerais, as
ONGs "Central Mãos de Minas" e o Instituto Centro Cape, por meio de convênio com a Apex-Brasil,
foram a duas feiras internacionais e alcançaram definitivamente a Europa e os Estados Unidos.
Somente no primeiro semestre de 2005, a criatividade desses artesãos gerou divisas da ordem de
US$ 110 mil. Impactante numa balança que fechou o ano acima de US$ 117 bilhões? Não, mas
certamente um valor de peso para comunidades locais.

Também em 2005, com forte trabalho de promoção e divulgação, cosméticos, café, frutas, cachaça,
mel, carnes e diversos produtos orgânicos conquistaram os mercados alemão e japonês.Tais itens,
gerados por mais de 3.300 unidades de produção essencialmente familiar, ocupam um nicho
sofisticado e criterioso que mundialmente movimenta cerca de US$ 26,5 bilhões/ano. Em março,
durante a Biofach, a maior feira de orgânicos do mundo, na Alemanha, o Brasil fechou US$ 31
milhões em negócios com produtos de cem expositores. Se tomarmos os números relativos à
participação nacional na feira de 2003, fica evidente o aumento da presença desse setor no
exterior. Naquele ano, 45 empresas brasileiras negociaram US$ 7 milhões.

No Nordeste, produtores de sisal promovem a inserção de empresas de micro, pequeno e médio


portes no mercado internacional. O foco das ações é a diversificação de produtos e mercados por
meio da melhoria da qualidade da fibra produzida no Brasil, além da identificação de novas
aplicabilidades do sisal. O projeto que o setor executa em conjunto com a agência envolve
investimentos de R$ 1 milhão e beneficia 600 mil pessoas, direta e indiretamente.

Os APLs também encontram nas exportações espaço para parte de sua produção. O governo
incluiu um suporte a eles em sua política industrial, tecnológica e de comércio exterior por se
tratar de uma estratégia de desenvolvimento regional. A Apex-Brasil, por sua vez, apóia empresas
localizadas em 76 arranjos e com estrutura para exportar. O resultado é que microprodutores de
19 Estados têm de flores a calçados por eles fabricados, vendidos para dezenas de mercados.

O excelente desempenho do Brasil no incremento das exportações não é, portanto, resultado


apenas da geração de produtos com tecnologia, qualidade e design. É resultado também de forte
investimento na mão-de-obra nacional, aprimoramento de técnicas e conceitos, valorização do
saber nacional e crescente preocupação do empresário em inovar.

Fonte
O LADO social das exportações. Folha de São Paulo, 11 jan. 2006. Disponível em: <http://www.intelog.net/site/
default.asp?TroncoID=907492&SecaoID=508074&SubsecaoID=715052&Template=../artigosnoticias/
user_exibir.asp&ID=629084>. Acesso em: 21 jun. 2010.

94
Negócios Internacionais MÓDULO 3

UNIDADE 3 – GESTÃO CROSS-CULTURAL E GESTÃO INTERNACIONAL

3.1 PESQUISA CROSS-CULTURAL


Para Usunier, a pesquisa cross-cultural em gestão internacional representou o fim do processo de
colonização, porque permitiu o acesso e a possibilidade de se conhecerem outras culturas
empresarias diferentes do modelo anglo-saxão.

Por isso, o gestor internacional...


§ deve ter mente aberta;
§ deve confrontar preconceitos e pressupostos culturais;
§ deve promover o diálogo entre diferentes costumes e civilizações;
§ deve combinar métodos de pesquisa qualitativos e quantitativos.

Pessoas de diferentes culturas se aproximam para realizar negócios!

3.1.1 COMPLEXIDADE CULTURAL

A técnica de desconstrução – inspirada na obra de Derrida – é vista com


receio porque temem que ela seja destrutiva e que seus resultados não tenham
aplicabilidade.

A cultura é construída socialmente e, por isso, corresponde a uma realidade altamente complexa.

Logo, é comum o gestor utilizar sua própria cultura como esquema interpretativo, com
seus próprios preconceitos e prejulgamentos, para obter conclusões rápidas.

Esse processo não exime o gestor de interpretar, de certa forma, sua própria realidade.

Entretanto, experiências e bagagens pessoais podem ser úteis em pesquisas cross-culturais quando
o gestor tem uma formação multicultural e multilinguística.

3.1.2 PRESSUPOSTOS CULTURAIS ESCONDIDOS


Existem três estratégias plausíveis para tentar expor a estrutura ideológica-cultural dominante...
§ a primeira é apresentar os pressupostos culturais claramente, como um ponto de
partida para o pesquisador explicitar a lente por onde enxerga seu ponto de vista;
§ a segunda é trabalhar em cooperação com outro pesquisador de cultura não igual
à sua, discutindo aspectos divergentes e tentando construir um consenso para a
pesquisa;
§ a terceira é permitir que entrevistados de outras culturas opinem sobre ferramentas
metodológicas e conceitos utilizados na pesquisa.

A falta de cuidado na busca por equivalência cross-cultural é o meio certo para gerar diferenças
de significado, resultados relativamente fracos e intelectualmente bizarros.

95
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

Usunier chama a atenção para o risco de haver pressupostos culturais escondidos ou


camuflados.

Todos têm uma raiz cultural. Ninguém é aculturado ou excluído de contextos.

É melhor explicitar preconceitos do que esconder pressupostos ou tendências culturais.

3.1.3 GESTÃO CROSS-CULTURAL


Usunier não vislumbra a possibilidade de convergência.

Sobre a questão da língua – que, aparentemente, caminha para uma convergência


para o inglês – há problemas de tradução, e as visões de mundo são distintas entre
quem fala o inglês como língua materna e aquele que fala como uma segunda língua.

Sobre a McDonaldização, a cultura mundial não vai emergir como consequência da


padronização do consumo e novas tecnologias que expandem o alcance do estilo de
vida dos países mais ricos.

Sempre vai haver comunidades em níveis locais que, apesar da conexão com uma sociedade
global, manterão suas características como herança cultural.

Os objetivos da unidade é explorar os benefícios resultantes de uma bem sucedida


gestão cross-cultural.

A compreensão das diferenças culturais, de seus valores e comportamentos distintos


é um imperativo para a paz.

A gestão cross-cultural tem ajudado a compreender e superar diferenças culturais, facilitando a


prática gerencial em diferentes contextos.

Entretanto, há quem questione sua relevância, à medida que se aprofundem


e alastrem os efeitos da globalização que promovam uma convergência cultural.

3.1.4 PESQUISA CROSS-CULTURAL


A pesquisa cross-cultural em gestão internacional não se resume a apontar semelhanças
e diferenças entre culturas, mas também serve ao propósito de criar ideias e conceitos
novos.

Alguns tópicos merecem ser estudados...


§ interações cross-culturais;
§ intermediações culturais;

96
Negócios Internacionais MÓDULO 3

§ papel de mediadores culturais;


§ processo de desaprendizagem, porque habilidades recém adquiridas de novas
culturas não são simplesmente sobrepostas a conhecimentos prévios.

A pesquisa cross-cultural deve focar situações extremas, porque o comportamento humano não
pode ser previsto por cálculo de médias, em função da criatividade e imprevisibilidade do ser
humano.

É preciso se despir de preconceitos e pressupostos de culturas anteriores


para conhecer uma nova.

3.2 PESQUISA SOBRE GESTÃO INTERNACIONAL


Contractor afirma que, a partir no início de 1990, todos os envolvidos academicamente com
administração descobriram a necessidade de internacionalizar o currículo e a pesquisa na área.

A gestão internacional é a resposta organizacional e estratégica para as diferenças de


culturas e pensamentos entre as nações – formação de preços, custos, regulações,
padrões, métodos de distribuição e medidas de valor.

O mundo continua fragmentado, apesar de algumas afirmações ou aspirações utópicas sobre


homogeneização de mercados e preferências de consumo, como consequência da globalização.

A competência e o domínio da gestão internacional foram reduzidos?

Qual é a raison d'être da gestão internacional como campo de estudo?

3.2.1 ATRIBUTOS DAS OPERAÇÕES MULTINACIONAIS


A segmentação de mercado é um conceito bem conhecido nos estudos domésticos de marketing,
mas as diferenças dentro dos países são relativamente pequenas se comparadas com as diferenças
entre as nações.

Isso já justifica, na opinião de Contractor, que gestão internacional seja um campo de


estudo independente.

Existem quatro atributos que distinguem operações de empresas multinacionais das operações
domésticas...
§ múltiplas moedas e convenções de valor – como padrões de contabilidade;
§ múltiplos ambientes governamentais e regulatórios;
§ fatores de talento e habilidades específicas de cada país;
§ multiplicidade de corporações dentro da firma internacional, isto é, a perspectiva
local de cada nação expressada pelos respectivos executivos.

97
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

3.2.2 SUPERAÇÃO DE DIFERENÇAS CULTURAIS


O gerente internacional precisa superar diferenças culturais, o que envolve quatro tipos de
atividades...
§ arbitragem, que afeta commodities, trabalho e produtos industrializados;
§ entrada em mercado estrangeiro ou internacionalização de processos, o que envolve
escolher o modelo organizacional que otimiza essa entrada;
§ esforços que reduzem barreiras regulatórias, econômicas e sociais para entrar no
país estrangeiro;
§ transferência para outros locais de vantagens específicas da firma – tecnologia,
conhecimento, habilidades organizacionais e propriedade intelectual.

3.2.3 OTIMIZAÇÃO GLOBAL


Na perspectiva de otimização global, o foco da gestão internacional é na totalidade dos países,
pois a maioria das operações das companhias ocorre nas subsidiárias nas quais os gerentes estão
sujeitos a tensões locais e da matriz.

Cada firma deve analisar as adaptações locais e as questões de padronização global,


separadamente, para cada item da cadeia de valor.

Cada firma deve mensurar o valor ótimo de cada item da cadeia de valor, pois eles
variam de acordo com mudanças no ambiente econômico, regulatório e cultural.

Cada firma deve gerir, estrategicamente, o conjunto de questões sobre diferenciação


e integração.

Encontrar um ponto ótimo entre as ordens locais e globais é complicado o


bastante para qualquer dimensão ou decisão administrativa.

Contractor argumenta que a gestão internacional deve ser um campo independente


de estudo, porque dedica ênfase especial à dimensão geográfica e de localização, a
tipos de produto e serviços, a áreas funcionais.

3.3 GESTÃO INTERNACIONAL


Hosfstede descreveu a cultura organizacional por meio da pesquisa, das filiais da empresa
multinacional americana – IBM – em 40 países e descobriu que...
§ as características culturais de cada uma das filiais eram fortemente influenciadas
pelos valores nacionais predominantes nos países onde as filiais estavam instaladas;
§ o reflexo dessa diferença cultural se manifesta em questões como distância de
poder, grau de planejamento, grau de formalização e grau de individualismo ou
solidariedade social.

98
Negócios Internacionais MÓDULO 3

A palavra internacional significa cruzar fronteiras nacionais que representem


distintos ambientes com dimensões econômicas, socioculturais e políticas. Esses
ambientes influenciam os negócios, e tais influências são suficientemente fortes
para mudar práticas e conceitos de negócios.

Martinez e Toyne analisaram os diversos significados atribuídos às palavras gestão, internacional e


gestão internacional e concluiu...
§ gestão é um conceito complexo e multidimensional que engloba contextos
políticos, legais, culturais e sociais de cada país;
§ pesquisa internacionalizada e pesquisa sobre gestão internacional são processos
distintos, porém contribuem para o conhecimento de gestão;
§ é preciso mais pesquisas interdisciplinares para desenvolver teorias próprias de
gestão internacional.

Não há uma teoria universal sobre gestão.

A definição de gestão de um país é limitada por sua cultura e não é transferível para
outras situações, outros contextos e outros países.

3.3.1 PARADIGMAS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS


Os três paradigmas em negócios internacionais são...

Paradigma da extensão...
§ enfatiza o poder de explicação das teorias de gestão nos negócios realizados em
outros ambientes – com distintas dimensões culturais, econômicas, legais e políticas;
§ seus questionamentos buscam entender a influência dos outros fatores ambientais
nas operações e na gestão de organizações quando estendidos a outros locais ou
na comparação entre dois ou mais países.

Paradigma da gestão além-fronteira...


§ foca nos desafios enfrentados pelas organizações quando operam em diversos
países ao mesmo tempo;
§ é representado pelos estudos de cross-culturais e de gestão corporativa.

Paradigma da interação emergente...


§ tenta explicar se a experiência adquirida na gestão em diferentes locais modifica
as práticas de gestão tanto no país de origem quanto no país anfitrião, onde estão
localizadas as filiais.

99
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

3.3.2 PESQUISA DE GESTÃO


Uma análise do cruzamento do significado das palavras gestão e internacional sugere três
possibilidades...
§ o ambiente no qual gestão ocorre pode ter efeito em sua prática, mas não,
necessariamente, em sua teoria;
§ internacional acentua o aspecto de a gestão existir, simultaneamente, em dois ou
mais países ou ambientes;
§ internacional significa compreensão dos resultados de processos distintos de gestão
em etapas contínuas de interação – por exemplo, uma joint venture entre empresas
japonesas e americanas.

Martinez e Toyne acreditam que pesquisar firmas multinacionais é importante, porém não deve
ser o foco primário do estudo em gestão internacional, por ser muito restritivo.

A pesquisa em gestão se tornou mais complexa e multidimensional,


abordando atividades que não são ligadas diretamente à gestão, como educação e
consultoria.

Eles defendem o desenvolvimento do campo da gestão genuinamente internacional


por meio de pesquisas com teorias de múltiplos níveis, múltiplas unidades de análise,
desenhos de pesquisa interdisciplinares e equipes de trabalho multinacionais/
multiculturais.

3.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.5 EXERCÍCIO

Vimos, nesta unidade, que a gestão cross-cultural tem ajudado a


compreender e superar diferenças culturais, facilitando a prática gerencial em
diferentes contextos.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO


A compreensão de diferenças culturais, de valores e de comportamentos distintos é importante
para o conceito de gestão cross-cultural. Contudo, a pesquisa cross-cultural em gestão internacional
não se resume a apontar semelhanças e diferenças entre culturas, mas também serve ao propósito
de criar ideias e conceitos novos.

Aqui nossa tarefa é...


§ analisar a prática de gestão cross-cultural.

100
Negócios Internacionais MÓDULO 3

Para fazer este exercício...


§ leia o texto A invasão brasileira na Bélgica, disponível no final desta unidade;
§ indique, com base no texto citado, as mudanças que os brasileiros estão fazendo
na Inbev;
§ determine o principal objetivo da AmBev com relação à prática da gestão de cross-
cultural;
§ apresente os resultados da adoção do estilo brasileiro.

Registro do trabalho

Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal...


§ acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line;
§ abra o arquivo;
§ salve esse arquivo em seu computador;
§ preencha a matriz com os dados de seu trabalho;
§ salve seu trabalho.

TEXTO UTILIZADO

A INVASÃO BRASILEIRA NA BÉLGICA


Como – apesar das diferenças e resistências – os brasileiros da AmBev estão transformando o
jeito de fazer negócio da InBev

Quando, em março do ano passado, a cervejaria belga Interbrew comprou a brasileira AmBev –
num negócio gigantesco que movimentou 11 bilhões de dólares –, muitos viam com ceticismo
o anúncio de que os brasileiros, com 25% do capital da empresa resultante, dividiriam o poder na
empresa por igual com os europeus. Pois, nos últimos meses, fica cada vez mais claro que os
céticos estavam certos. O poder não foi dividido por igual. Na verdade, está mais com os brasileiros
do que com os belgas. Uma pequena revolução tropical vem abalando a sede da InBev, em
Leuven, cidade próxima à capital, Bruxelas. No imponente edifício de seis andares que abriga a
sede mundial da companhia, uma equipe de quase 30 executivos da AmBev ocupa diversos
cargos-chave. Até janeiro de 2006, quando todas as mudanças no quadro tiverem sido completadas,
cinco dos 14 executivos que se reportam diretamente ao presidente da companhia, o americano
John Brock, serão oriundos da AmBev, enquanto o grupo de belgas será formado por apenas três
– haverá ainda três americanos e três europeus de outras nacionalidades.

Mesclar a cultura secular da antiga Interbrew com o ritmo acelerado típico da AmBev é tarefa
complexa. "O pessoal da AmBev está fazendo um ótimo trabalho, mas muito poucos amigos",
afirma um acionista da concorrente Heineken. Apesar dos insistentes pedidos, a InBev não autorizou
que EXAME entrevistasse seus principais executivos na Bélgica.

101
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

O movimento protagonizado pela InBev já vem sendo chamado por pessoas próximas às empresas
de reverse takeover – algo como aquisição às avessas.Trata-se de um evento incomum no mundo
empresarial. Em geral, empresas compradas são simplesmente absorvidas pelos novos donos,
que impõem o estilo de fazer negócios. Em casos raros, porém, prevalece a cultura considerada
mais eficiente e capaz de entregar os melhores resultados aos acionistas. É justamente o caso da
InBev, onde, apesar da trepidação interna, o estilo brasileiro gerou transformações positivas. O
balanço do primeiro semestre deste ano mostra que o lucro bruto aumentou 11% em relação ao
mesmo período de 2004. Em volume, a venda de cerveja cresceu 5,5%. Para os analistas de
investimentos, essa é uma prova de que a influência brasileira na gestão da companhia tem sido
benéfica. "Por muito tempo a Interbrew foi uma empresa que cresceu à custa de aquisições
caras", diz Concepción Moreno, analista da corretora belga Petercam. "Os executivos da AmBev
estão ajudando a tornar a companhia mais eficiente e a desenvolver novos mercados." A reunião
das duas operações deve resultar na economia de 140 milhões de euros até 2007 – 47 milhões
já em 2005.

Até a chegada do time de brasileiros, a cervejaria belga vivia sob o controle de três dinastias
aristocráticas – Mevius, Spoelberch e Van Damme –, com seus barões, condes e viscondes entre
os quase 500 familiares. Com esse lustro de nobreza, era comum que as reuniões executivas e de
conselho acontecessem em hotéis de luxo e fossem regadas a champanhe. Na AmBev, cujas
raízes remontam à compra da Brahma, em 1989, nunca houve espaço para esse tipo de pompa.
Formada pelos banqueiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira,
ex-donos do lendário banco Garantia, a empresa adotou um estilo em que os executivos estão
acostumados a se vestir informalmente – calça cáqui e camisa jeans com o logotipo da cervejaria
são o uniforme predileto – e não hesitam em incluir no vocabulário palavrões e expressões que
remetem a guerra. Uma das mais freqüentes, presente até em relatórios e apresentações, é
"execução militar" – termo usado para deixar claro que as metas devem ser atingidas a qualquer
custo. Expressões assim chocaram os belgas. "Os europeus, que já viveram duas grandes guerras,
se assustam com esse tipo de comportamento", afirma um executivo brasileiro próximo à
companhia.

102
Negócios Internacionais MÓDULO 3

Os belgas da antiga Interbrew têm estranhado, acima de tudo, a implacável gana do pessoal da
AmBev pela redução de custos. Desde que foi posto em prática o Orçamento Base Zero – programa
de corte de despesas criado ainda nos tempos da Brahma –, muitos hábitos antigos tiveram de ser
abandonados. Estadas em hotéis luxuosos foram abolidas. "Ninguém precisa dormir em quartos
com travesseiro de pena de ganso", afirma um executivo da AmBev. Passagens em classe executiva
só são permitidas em caso de vôos com mais de 6 horas de duração. Telefones celulares têm
limite de gastos. No início de outubro, a empresa anunciou a demissão de 60 dos 400 funcionários
da sede. Obviamente, esse controle não é visto com simpatia por todos. Numa convenção da
InBev realizada recentemente no Brasil, um dos diretores europeus se queixou publicamente ao
microfone por ter de dividir o quarto com um colega. Já a influência belga na administração da
AmBev é percebida de forma mais sutil. Apenas dois executivos deixaram a Bélgica para se
instalar na sede da Ambev, em São Paulo. De concreto, o que mudou até agora foi a forma de fazer
o planejamento estratégico. "Passamos a fazê-lo de modo mais formal e organizado", afirma
Milton Seligman, diretor de relações corporativas e comunicação da AmBev.

103
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

O principal desafio da AmBev talvez seja levar a cultura da meritocracia para a Bélgica com o
mesmo apelo que ela tem no Brasil. Quem trabalha na cervejaria brasileira sabe que, se cumprir
as metas, será muito bem remunerado e terá condições de ascender rapidamente na carreira. No
ano passado, a AmBev distribuiu 37 milhões de reais em bônus para os funcionários. Quase 300
executivos hoje são sócios da companhia – listada independentemente da InBev nas bolsas.
Muitos deles, na faixa dos 30 anos, já são literalmente milionários. Em comum, todos falam da
AmBev como se fossem donos da empresa – e, em alguma medida, realmente são. Por isso,
costumam colocar o trabalho em primeiro lugar. Na Europa, porém, a situação é outra. "Lá, as
relações de trabalho são muito diferentes das que encontramos no Brasil ou nos Estados Unidos",
diz Betania Tanure, pesquisadora da Fundação Dom Cabral, especialista em comportamento
organizacional. Em bom português, isso significa que trabalhar não é a prioridade na vida da
maioria das pessoas.

Essas diferenças ficam nítidas quando se conversa com funcionários de fábricas da InBev. "Querem
diminuir nosso salário fixo e aumentar a remuneração variável, mas não estamos interessados em
ganhar bônus", afirma um funcionário da fábrica de Leuven, que pediu para não ser identificado.
"Se quiserem nos mandar embora por causa disso não há problema algum, porque o Estado vai
prover tudo de que precisamos." Os funcionários também reclamam do ritmo que a AmBev está
tentando imprimir, considerado acelerado demais. "Aqui o índice de absenteísmo é de 10%,
enquanto no Brasil é inferior a 2%", diz um funcionário que tem participação ativa em um dos
mais fortes sindicatos belgas. "O pessoal da AmBev está tentando baixar nosso índice, mas não vai
ser fácil." Por causa de todas essas mudanças, ocorrerá em novembro, em São Paulo, um encontro
que contará com a presença de empregados da InBev de várias partes do mundo. Na pauta, ainda
não fechada, a discussão das mudanças no sistema de trabalho e visitas às fábricas da AmBev.
Entre os executivos do topo da hierarquia, as mudanças no sistema de remuneração já entraram
em vigor. Em 2005, já foram estabelecidas metas para 250 deles. Se cumpridos, esses objetivos
vão se traduzir em bônus e ações. "Historicamente, os bônus para executivos da Interbrew sempre
foram pagos em dinheiro", afirma o analista Nick Bevan, do Deutsche Bank. "O novo sistema
privilegia a distribuição de ações e está mais alinhado com o interesse dos acionistas."

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Negócios Internacionais MÓDULO 3

Para a sobrevivência da antiga Interbrew, esse choque de eficiência e a possibilidade de se


expandir geograficamente eram fundamentais. O mercado de cervejas é dominado atualmente
por grandes empresas com atuação quase regional – Anheuser Busch nos Estados Unidos; SABMiller
nos Estados Unidos e na África do Sul; Heineken e Carlsberg na Europa. Em algum momento, a
consolidação dessas empresas deverá acontecer. Ao comprar a AmBev, a Interbrew não apenas se
adiantou no movimento de consolidação como também conseguiu se estabelecer como líder no
disputado mercado latino-americano. De quebra, ainda incorporou uma empresa cuja taxa média
de crescimento nos últimos anos foi de 20%, dona da maior margem operacional entre todas as
cervejarias do mundo. "O desafio da InBev agora é crescer também em mercados maduros, como
França e Inglaterra, onde está perdendo terreno", afirma Richard Whitagen, da corretora européia
Delta Lloyd Securities.

Os donos da AmBev – Lemann, Telles e Sicupira – abriram mão do controle da empresa em troca
de 25% da InBev. Pessoas próximas ao trio afirmam que, depois de uma compra de ações realizada
meses atrás, eles se tornaram os maiores investidores individuais da InBev – oficialmente, a InBev
não confirma nem desmente a informação. Assim como nos tempos em que controlavam a
AmBev, os três acompanham passo a passo os planos da cervejaria. Recentemente, Telles fez uma
viagem à Sibéria para conhecer de perto como funciona o mercado russo – ao lado da China, a
Rússia é um dos países com maior potencial de crescimento. "Tinha o sonho de fazer da AmBev
a melhor companhia de bebidas das Américas", disse Telles na época do negócio com a Interbrew.
"Agora, vamos trabalhar duro para construir também a melhor do mundo."

Fonte
CORREA, Cristiane. A invasão brasileira na Bélgica. Exame, São Paulo, out. 2005. Disponível em: <http://
portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0854/internacional/m0078333.html>. Acesso em: 21 jun.
2010.

105
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

UNIDADE 4 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

106
Negócios Internacionais MÓDULO 3

GABARITOS

GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 1

107
MÓDULO 3 Negócios Internacionais

GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 2

108
Negócios Internacionais MÓDULO 3

GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 3

109
Negócios Internacionais MÓDULO 4

MÓDULO 4 – ENCERRAMENTO

APRESENTAÇÃO
Na unidade 1 deste módulo, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus
conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido em toda a disciplina, a fim de se preparar para
seu exame final. São elas...
§ caça-palavras;
§ palavras cruzadas;
§ forca;
§ criptograma.

A estrutura desses jogos é bem conhecida por todos.Você poderá escolher o jogo de sua preferência
ou jogar todos eles... a opção é sua! Em cada um deles, você encontrará perguntas – acompanhadas
de gabaritos e comentários – por meio das quais você poderá se autoavaliar.

Já na unidade 2, é hora de falarmos sério! Sabemos que o novo – e a disciplina que você terminou
de cursar enquadra-se em uma modalidade de ensino muito nova para todos nós, brasileiros –
tem de estar sujeito à crítica... a sugestões... a redefinições. Por estarmos cientes desse processo,
contamos com cada um de vocês para nos ajudar a avaliar nosso trabalho.

Finalmente, como é indicado ao final deste módulo, este é o momento de nos prepararmos para
a avaliação final da disciplina, que será feita presencialmente.

Então? Preparado?

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