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FUNDAMENTOS
DE ECONOMIA
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

SUMÁRIO

UNIDADE I .................................................................................................................... 6
PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA ........................................................................ 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
DE QUE TRATA A ECONOMIA? .................................................................................... 9
POR QUE A ECONOMIA É CONSIDERA UMA CIÊNCIA SOCIAL E NÃO EXATA? ............. 10
BENS E SERVIÇOS ...................................................................................................13
AS EMPRESAS E OS FATORES DE PRODUÇÃO.......................................................... 14
TERRA .................................................................................................................... 14
TRABALHO.............................................................................................................. 14
CAPITAL OU BENS DE CAPITAL ................................................................................15
CAPACIDADE EMPRESARIAL ....................................................................................15
AGENTES ECONÔMICOS ...........................................................................................16
MERCADO ................................................................................................................ 17
O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ..................................................................... 17
ESTRUTURA DE MERCADO .......................................................................................19
MERCADO VENDEDOR ..............................................................................................19
CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA ........................................................................19
OLIGOPÓLIO......................................................................................................... 20
MONOPÓLIO ......................................................................................................... 20
MERCADO COMPRADOR........................................................................................... 20
MONOPSÔNIO ...................................................................................................... 20
OLIGOPSÔNIO ...................................................................................................... 20
DISTORÇÕES NA ESTRUTURA DE MERCADO ............................................................ 21
SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA (SBDC) ................................ 22
QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS .............................................................. 22
A CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO: UMA ILUSTRAÇÃO DO PROBLEMA DA
ESCASSEZ E DA ESCOLHA ...................................................................................... 23
O CUSTO DE OPORTUNIDADE .................................................................................. 25
SISTEMA ECONÔMICO ............................................................................................. 26
O FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA ...................................................... 26

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

FLUXO REAL E MONETÁRIO .................................................................................... 28


AS LEIS DE MERCADO E A TEORIA MICROECONÔMICA ............................................. 29
DEMANDA ............................................................................................................... 29
POR QUE ALGUÉM DESEJARIA DEMANDAR MAIS CRÉDITO SE OS JUROS FOREM
MENORES? ............................................................................................................. 30
DESLOCAMENTO NA DEMANDA................................................................................31
EXCEÇÕES A LEI DA DEMANDA ............................................................................... 33
BENS DE GIFFEN: ................................................................................................ 33
BENS DE VEBLEN ................................................................................................ 33
UNIDADE II ................................................................................................................. 34
DIVISÃO DA TEORIA MICROECONÔMICA: OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO ......... 35
TEORIA DA PRODUÇÃO. ........................................................................................... 37
CONCEITOS BÁSICOS .............................................................................................. 38
Empresa ou Firma................................................................................................ 38
Produção ............................................................................................................. 38
Processo de Produção ......................................................................................... 38
Curto Prazo e Longo Prazo ................................................................................... 39
Funções de Produção .......................................................................................... 39
Eficiência técnica e a eficiência econômica ......................................................... 40
FUNÇÃO DE PRODUÇÃO COM UM FATOR VARIÁVEL OU RELAÇÃO FATOR-PRODUTO
(ANÁLISE DE CURTO PRAZO) ................................................................................... 40
Conceito de Produção Total, Produtividade Média e Produtividade Marginal ......... 41
Produção Total (PT) ..................................................................................................... 41
Produtividade Média do Fator Variável ......................................................................... 41
Produtividade Marginal do Fator Variável ............................................................. 42
UNIDADE III ................................................................................................................ 45
TEORIA DOS CUSTOS .............................................................................................. 46
CUSTOS DE PRODUÇÃO........................................................................................... 46
Custos explícitos e implícitos ............................................................................... 46
CUSTO DE OPORTUNIDADE ..................................................................................... 47
CUSTO PRIVADO E CUSTO SOCIAL ........................................................................... 47
CUSTO FIXO, CUSTO VARIÁVEL E CUSTO TOTAL ..................................................... 48
CURVAS DE CUSTO NO LONGO PRAZO ..................................................................... 52
INFLAÇÃO ............................................................................................................... 53
Inflação de Demanda ........................................................................................... 54

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Inflação de Custos ............................................................................................... 54


Inflação Inercial ................................................................................................... 54
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ................................................. 55
Educação ............................................................................................................ 57
Saúde .................................................................................................................. 57
Economia ............................................................................................................ 57
Escala do IDH....................................................................................................... 58
Índice de Gini ....................................................................................................... 58
UNIDADE IV ................................................................................................................ 59
INTRODUÇÃO A MACROECONOMIA .......................................................................... 60
Instrumentos de Política Macroeconômica. ...........................................................61
Política Fiscal .......................................................................................................61
Política Monetária ................................................................................................ 62
Política Cambial e Comercial ................................................................................ 62
Política de Rendas ............................................................................................... 62
ESTRUTURA DE ANÁLISE MACROECONÔMICA ......................................................... 62
Mercado de Bens e Serviços ................................................................................ 62
Mercado de Trabalho ........................................................................................... 63
Mercado Monetário .............................................................................................. 63
Mercado de Títulos............................................................................................... 63
Mercado de Divisas .............................................................................................. 63
ECONOMIA INTERNACIONAL ................................................................................... 64
TAXA DE CÂMBIO .................................................................................................... 65
Definição ............................................................................................................. 65
Determinação da taxa de câmbio real ................................................................... 65
Os regimes cambiais: uma trajetória histórica ...................................................... 66
BALANÇO DE PAGAMENTOS.................................................................................... 68
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA .......................................................................... 68
Nas empresas ...................................................................................................... 69
Nos governos....................................................................................................... 69
Vantagens da sustentabilidade econômica: ......................................................... 70
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL E ZONA FRANCA DE ............................ 71
MANAUS .................................................................................................................. 71
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL ........................................................... 71

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Mais afinal o que são APLs? .................................................................................. 72


Referências ............................................................................................................ 74

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

UNIDADE I

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA


Caro(a) acadêmico(a)

Nossa disciplina abordará os fundamentos da Ciência Econômica, perpassando


pelos diversos contextos da sociedade. Para tanto serão necessárias abordagens sobre
as noções gerais de economia, entendendo como a mesma está presente em nosso
cotidiano impactando diretamente em todas as necessidades do ser humano. Noutro
instante, teremos o estudo do objeto central da Ciência Econômica: “A Escassez” a fim
de elucidar o quanto as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos estão
limitadíssimos. Abordaremos também as questões econômicas fundamentais fazendo
uso das Terias Micro e Macroeconômicas buscando o equilíbrio de Mercado. O estudo
terá seu prosseguimento na Teoria da Produção e na Teoria dos Custos relatando o
quanto essas teorias são fundamentais para montar estratégias de produção a fim de
alavancar os lucros das empresas, crescer e desenvolver o País de maneira sustentável.
Por fim, há uma explanação sobre a Economia Internacional, bem como sustentabilidade
econômica e desenvolvimento econômico regional citando o grande marco
socioeconômico do Estado do Amazonas – A Zona Franca de Manaus.
Na sociedade do conhecimento em que vivemos, o capital intelectual constitui
recurso econômico, ao lado dos fatores terra, trabalho e capital, tradicionalmente
estudados pelas ciências econômicas. Essa realidade tem provocado mudanças nas
empresas. Gerir o conhecimento e otimizá-lo na busca de soluções criativas é condição
decisiva para que elas sobrevivam. Nesse contexto, os cursos de economia
desenvolvidos visam atender à demanda por um conhecimento que se faz necessário a
qualquer profissional, pois, cada vez mais os mesmos atuam como verdadeiros
consultores econômicos para gerir e tomar decisões rotineiras.
A segunda metade do século passado foi notável no avanço da economia como
ciência. Dada sua influência no cotidiano dos diferentes grupos sociais, hoje as pessoas
– sejam estadistas, sejam trabalhadores de uma pequena unidade de produção – se
interessam por esse ramo do conhecimento.
O laboratório da ciência econômica é a sociedade. O estudo dos aspectos
econômicos da vida faz parte de uma das mais abrangentes categorias do conhecimento
humano: as Ciências Sociais, e seu estudo supõe a interação com outros campos, como
Política, Sociologia, Antropologia, Direito, História, Psicologia.

INTRODUÇÃO
Embora a ação econômica tenha sempre despertado a atenção dos povos, só a
partir do século XVIII a economia tornou-se disciplina acadêmica. Em 1776 Adam Smith
publicou seu livro pioneiro: A riqueza das Nações. Já em 1867, no intervalo de mais um
século e meio entre o aparecimento do livro de Adam Smith e a publicação da Teoria
Geral do emprego, do juro e da moeda, por John Maynard Keynes, a economia, passou
por muitos estágios de desenvolvimento. Até que em 1867 surge o “ Capital”, a crítica mais
contundente do capitalismo.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Nesse sentido, a simples aplicação de modelos matemáticos, reconhecidamente


valiosos instrumentais para os formuladores de políticas econômicas, não tem dado
suficientes respostas para os complexos problemas econômicos. E mais: a
multiplicidade de fatores que afetam as decisões dos agentes econômicos dificulta até
mesmo a formação de consensos entre os economistas a respeito de soluções para os
problemas da economia brasileira.
• De que trata a Economia?
• De que trata a Ciência Econômica?
• O que vem a ser Custo de Oportunidade?
• Qual a Diferença entre Micro e Macroeconomia

Estas são algumas das questões de que trata a economia. Muitas outras existem.
Procure respondê-las com suas próprias palavras. Não se preocupe com a precisão dos
termos. Afinal, embora possa parecer um campo impenetrável, você verá que, ao final do
estudo da Unidade, essas e outras questões serão facilmente respondidas. Esta Unidade
foi especialmente desenvolvida para constituir o pontapé inicial da grande partida que
pretendemos empreender: O Conhecimento da Ciência Econômica.
Neste primeiro momento, estudaremos: de que trata a economia. Nosso objetivo
é que, ao final do estudo, você possa: conceituar ciência econômica; descrever os
campos da ciência econômica; conceituar produção e consumo; identificar os fatores
de produção; relacionar alternativas de escolha com a escassez dos fatores de
produção.
A palavra “Economia”, vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Teríamos,
então, a palavra oikonomia que significa administração de uma casa, ou administração
de um Estado (Nogami e Passos, 2012).
A Ciência Econômica surge justamente para organizar, equilibrar e normatizar um
Estado, uma Economia isto porque, as necessidades humanas não cessam, casa vez
mais a humanidade consome, necessitam de algo e, a natureza, o meio ambiente já não
conseguem atender a todas essas necessidades surgindo assim a Escassez. Se não
houvesse Escassez não haveria razão de existir a ciência econômica. A figura 1
demonstra a situação da escassez:

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Figura 1 – O Problema da Escassez

Fonte: Google imagens, 2018.

Nota-se que, o objeto central da economia é a “A Escassez”. Em linhas gerais,


costumamos dizer que estamos cansados de ser pobres, porém, é preciso não confundir
pobreza com escassez, pois, pobreza significa ter poucos bens, já a escassez são mais
desejos do que bens para satisfazê-los. Neste sentido fica nítido que a Escassez é um
problema de qualquer sociedade, seja ela rica ou pobre, justamente por conta de
nenhuma sociedade obter tudo aquilo que consome. É válido frisar que diversas nações
têm o problema da escassez de maneira mais avassaladora, outras nem tanto como
Estados Unidos e China por terem ainda recursos financeiros que atendam grande parte
de suas necessidades.

DE QUE TRATA A ECONOMIA?


Partindo do princípio de que as pessoas possuem desejos materiais ilimitados, e
considerando que os recursos são escassos, há necessidade de fazer escolhas. Assim,
neste curso adotaremos um conceito focado na relação entre recursos escassos versus
utilizações alternativas.
Economia é o estudo de como a sociedade escolhe empregar recursos escassos,
que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados e distribuí-los para
consumo, agora ou no futuro, entre os vários indivíduos e grupos da sociedade.
Para Paul Samuelson (1988), a economia é o estudo de como as pessoas e a
sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações
alternativas, para produzir bens variados e para os distribuir para consumo, agora ou no
futuro, entre várias pessoas e grupos da sociedade.
Mais uma vez o autor traz à tona a preocupação da ciência econômica que é o de
alocar esses recursos escassos de maneira correta para atender não tão somente a
sociedade hoje, mas as gerações futuras.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

POR QUE A ECONOMIA É CONSIDERA UMA CIÊNCIA SOCIAL E NÃO


EXATA?
Apesar de possuir diversos modelos matemáticos, apresentar gráficos e muitos
índices a Economia preocupa-se com o comportamento humano e estuda como as
pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de
bens e serviços. De nada adianta preocupa-se em abrir mercados, diversificar produtos,
se não preocupa-se com o fluxo real que a economia possui onde existe uma
necessidade de as pessoas precisarem e sentirem que aquele bem e/ou serviço é útil a
ela, para tanto é este ser humano que responde se essas organizações, empresas,
mercados terão solidez. Para isso a Ciência Econômica deve-se valer de muitas teorias
e argumentos que passem para esta sociedade confiança e credibilidade para constituir
e continuar este fluxo.
Partindo desse pressuposto chegamos no conceito de Economia Positiva e
Economia Normativa. De acordo Com Nogami e Passos (2012), os argumentos que
compõem a teoria econômica classificam-se em: “positivos” e “normativos”.
Os argumentos positivos procuram entender e explicar os fenômenos
econômicos como realmente são; assim, qualquer rejeição a estes argumentos podem
ser confrontados com a realidade. Exemplo: “São Paulo é o primeiro Estado na produção
Industrial Brasileira”. Assim, se duas pessoas discordarem em relação a essa questão,
devem estar em condições de dirimir a divergência diante dos fatos (Nogami e Passos,
2012).
Os argumentos normativos, por sua vez, dizem respeito ao que “deveria ser”. Os
argumentos normativos são pontos de vista influenciados por fatores filosóficos, sociais
e culturais; dependem de nosso julgamento a respeito do que é certo ou errado, do que
é bom e do que é ruim. Por envolverem “juízos de valor” sobre o que deve ser, tais
argumentos não podem ser confrontados com os fatos objetivos da realidade. Exemplo:
“O combate ao desemprego deveria ser uma prioridade dm relação ao combate da
inflação”. Assim, se duas pessoas estiverem discutindo sobre desemprego e inflação,
pode ser que, dependendo do que cada uma pensa em relação ao assunto, não se consiga
chegar a um acordo sobre ele.
Voltando para a análise econômica propriamente dita, a análise econômica
positiva tem por objetivo maior a compreensão e a previsão dos fenômenos econômicos
do mundo real, sem que haja qualquer intenção de julgar essa realidade, ou de alterar o
curso dos acontecimentos. Uma questão de natureza positiva seria, por exemplo: “Qual
deverá ser o aumento no preço dos automóveis populares caso o Governo aumente o IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) desse tipo de veículo em 10%?
A análise econômica normativa preocupa-se em compreender e prever a
realidade, questionando se algo é moralmente bom ou não. Uma questão de natureza
normativa seria, por exemplo: “Deve-se elevar o IPI dos automóveis populares?
Vale ressaltar segundo os autores que, na prática, a análise econômica positiva e
a análise econômica normativa estão intimamente relacionadas. Um economista
dificilmente consegue adotar uma atitude exclusivamente positiva desvencilhando-se
de sua realidade social, econômica, política e cultural e, jamais conseguirá construir uma
teoria econômica normativa sem os conhecimentos da economia positiva.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Para que tudo ocorra em perfeito funcionamento é necessário que se


compreendam e que se adotem alguns conceitos de ordem econômica.
De acordo com Nogami (2012, p. 10), imagine-se andando em uma praia de areias
brancas entrecortadas por verdes palmeiras que contrastam com o azul do mar e que,
ironia do destino, você esbarra em algo como um bule com tampa semienterrado na
areia. Ao tomá-lo nas mãos e recordando da antiga estória, por brincadeira, resolvesse
dar uma esfregada em um dos lados do objeto. E... como por encanto, uma fumaça
esbranquiçada começasse a sair pelo bico formando a figura do velho gordo e
preguiçoso personagem do sonho infantil, e ele, após um largo sorriso e uma leve
reverência, lhe dissesse: “Pode parecer um sonho mas não é! Estou aqui para servi-lo e
lhe proporcionar três desejos”. Quais os três desejos que você pediria a ele?
Com certeza, entre as muitas respostas, o dinheiro de alguma forma estará
sempre presente. E por que a resposta mais comum é o dinheiro? Muito simples, ele é o
que possibilita às pessoas consumir, ou seja, satisfazer suas necessidades e desejos.
Dessa forma, podemos dizer que o centro de todo problema que aflige a sociedade
mundial está no indivíduo. Por quê? Simplesmente porque cada um de nós,
indistintamente se recém-nascido ou idoso, carrega 24 horas por dia, 365 dias do ano,
uma caixa sobre os ombros, que vamos chamá-la de “caixa de desejos”. Tudo o que
fazemos ao longo da vida visa obter recursos para simplesmente suprir nossas
necessidades e desejos que estão dentro dessa caixa.
E de que maneira, no mundo moderno, podemos suprir essa “caixa de desejos”?
Utilizando-se da linguagem econômica podemos dizer que é pelo consumo de bens e
serviços. E à medida que melhor satisfizermos a “caixa de desejos”, mais felizes nos
sentiremos, pelo menos do ponto de vista material. Como assim? Mais uma vez, do ponto
estritamente material, o que nos faria sentir plenamente satisfeitos e felizes? Poder
satisfazer plenamente a nossa “caixa de desejos”. Dessa constatação, podemos
desenvolver uma expressão matemática, apresentada abaixo, em que a felicidade é dada
pela relação entre consumo e “caixa de desejos”. Se consumo e desejos forem iguais, o
quociente será um, ou seja, estaremos 100% felizes. A fórmula é expressa conforme
figura abaixo:

Figura 2 – Fórmula da Coxa de Desejos

Fonte: Nogami (2012)

Dessa forma Nogami (2012) conclui que, esta abordagem, demonstra a


capacidade que cada indivíduo tem em satisfazer necessidades e desejos, pelo menos
do ponto de vista material, irá definir o grau de felicidade do mesmo. Entretanto,

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

percebe-se que por maior que seja a capacidade de consumir do indivíduo, ele nunca se
sentirá plenamente satisfeito, o que nos leva a inferir que desejos tendem a infinito. Ora,
se na fórmula acima substituirmos a “caixa de desejos” por infinito, então qualquer que
seja o volume de consumo dividido, por infinito, tenderá a zero, ou seja, a felicidade não
existe. Aí está a essência do problema mundial, pelo menos do ponto de vista material.
Para ilustrar a lógica do indivíduo consumista, ou do Homo economicus (homem
econômico), Nogami (2012), utiliza-se de uma figura onde tem-se o indivíduo como o
centro de todo problema que aflige a sociedade mundial, sustentando uma caixa de
desejos. Essa caixa será satisfeita através do consumo de bens e serviços. Mas como os
bens e serviços que consomem são escassos, eles possuem um preço. A figura 3 ilustra
bem esa teoria.

Figura 3 – A essência do Problema Econômico

Fonte: Nogami, 2012

Dessa forma, Nogami (2012) nos mostra que, é em função dos preços dos mais
diferentes bens e serviços que consumimos para satisfazer nossas necessidades e
desejos é que cada um de nós possui uma estrutura de consumo. E podemos despender
recursos o quanto quisermos? Claro que não, pois temos um elemento delimitador para
o consumo que chamamos de renda. Assim fica mais fácil entender toda relação
econômica: quanto maior a renda, maior o consumo e, consequentemente, mais felizes
estaremos.
O mesmo autor nos remete ao conceito de consumo que nada mais é que uma
atitude econômica utilizada para atender as necessidades humanas, ou seja, satisfazer
necessidades e desejos. É sabido que cada ser humano necessita de ar, água, alimentos,
roupas, para sobreviver. Sabe-se, também, que não há limite à variedade e à quantidade
das necessidades humanas. Entretanto, isso não é tudo. Pode-se desejar também outras

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

coisas pessoais e imateriais, e que são igualmente importantes em matéria de qualidade


de vida, como a sabedoria, autoconfiança, prestígio, paz, liberdade e amor.
Diante deste contexto, pode-se afirmar que o consumidor possui dois tipos de
necessidades: as necessidades econômicas (que são satisfeitas com bens que podem
ser produzidos) e as necessidades não econômicas (que são satisfeitas com bens que
não podem ser produzidos, como o ar que respiramos). Para a Ciência Econômica,
entretanto, o que importa é o atendimento das necessidades humanas que possam ser
satisfeitas por bens que não sejam gratuitos, mas que o homem precisa fornecer e/ou
produzir. Neste caso, temos o consumo para atender necessidades econômicas. E os
bens que as satisfazem são chamados bens econômicos, e são aqueles que têm preço.

BENS E SERVIÇOS
De modo geral, Nogami (2012) relata que bem é tudo aquilo que permite satisfazer
uma ou várias necessidades humanas. Por essa razão, um bem é procurado porque é útil.
Os bens são classificados em bens livres e bens econômicos, em função de sua escassez.
Os bens livres são aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com
pouco ou nenhum esforço humano. Nessa categoria estão a luz solar, o ar, a areia da
praia etc., que são bens porque satisfazem necessidades, mas cuja utilização não
implica relações de ordem econômica. A principal característica dos bens livres é a de
que não possuem preço.
Os bens econômicos, ao contrário, são relativamente escassos e supõem a
ocorrência do esforço humano na sua obtenção. Tais bens apresentam como
característica básica o fato de terem um preço (preço maior que zero). Quanto à natureza
estes bens são classificados em dois grupos: bens materiais e bens imateriais ou
serviços.
Os primeiros são de natureza material, sendo, portanto, tangíveis, e a eles
podemos atribuir características como peso, altura etc. Alimentos, roupas e automóveis
são exemplos de bens materiais. Os serviços, ao contrário, são intangíveis, ou seja, não
podem ser trocados. Fazem parte dessa categoria de bens o atendimento médico, os
serviços de um advogado, o serviços de transporte etc., que acabam no mesmo
momento da sua produção. Outra característica importante é a de que eles não podem
ser estocados.
Quanto ao destino, os bens materiais classificam-se em bens de consumo e bens
de capital. Bens de consumo são aqueles diretamente utilizados para satisfazer as
necessidades humanas. Esses bens podem ser de uso não durável, ou seja, que
desaparecem quando utilizados (alimentos, bebidas, gasolina etc.), ou de uso durável,
que têm como característica o fato de poderem ser utilizados várias vezes durante muito
tempo (televisores, geladeira, móveis etc.).
Os bens de capital, por sua vez, são aqueles que são utilizados para produzir
outros bens. Como exemplos têm-se as máquinas, computadores, equipamentos,
edificações etc. Tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são classificados
como bens finais, uma vez que já passaram por todos os processos de transformação
possíveis, o que significa que estão acabados. Além dos bens finais existem ainda os

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

bens intermediários, que são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir
sua forma definitiva. Como exemplo podemos citar o fertilizante utilizado nas mais
diferentes culturas, ou então, o aço, o vidro etc.

AS EMPRESAS E OS FATORES DE PRODUÇÃO


O que é necessário para dar existência a uma empresa? Uma ideia, dinheiro, mão
de obra e matérias-primas? Em Economia, denominamos esses elementos de,
respectivamente, capacidade empresarial, capital, mão de obra ou trabalho e recursos
naturais ou terra. Esses itens representam os fatores de produção, ou recursos
produtivos, que pertencem em última instância às famílias ou indivíduos. Assim sendo,
podemos dizer que os fatores de produção, também denominados recursos produtivos,
são elementos utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de
mercadorias, as quais, por sua vez, são utilizadas para satisfazer necessidades e desejos
dos indivíduos. Os fatores de produção podem ser classificados, portanto, em quatro
grandes grupos: Terra, trabalho, Capital e Capacidade Empresarial.

TERRA
Terra, ou recursos naturais, é o nome dado pelos economistas para designar os
recursos naturais existentes, tais como florestas, recursos minerais, recursos hídricos
etc. Compreende não só o solo utilizado para fins agrícolas, mas também o solo utilizado
na construção de imóveis, estradas etc. O fluxo circular da atividade econômica 29 Na
verdade, toda a natureza, a energia do Sol, os ventos, as marés, a gravidade da Terra são
utilizados na produção de bens econômicos. A utilidade desses elementos, segundo
Passos e Nogami (2012, p. 13), vai variar em função de fatores como facilidade de
extração, refino e transporte, entre outros. O que devemos destacar é que a quantidade
de recursos naturais, ou Terra, é limitada, até mesmo para as nações consideradas ricas.

TRABALHO
É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção
de bens e serviços. Assim, constitui trabalho no sentido econômico o serviço prestado
por um médico, o trabalho de um operário empregado na construção civil, a supervisão
de um gerente de banco, o trabalho de um agricultor no campo. O tamanho da população,
de acordo com Passos e Nogami (2012, p. 13), estabelece para esse fator de produção um
limite em termos de quantidade. Entretanto, importa também a qualidade do trabalho.
Todos sabemos que duas pessoas que trabalham oito horas por dia não são,
necessariamente, igualmente produtivas. Por essa razão, em qualquer país, a qualidade
e o tamanho da força de trabalho são limitados, o que implica dizer que a quantidade total
do recurso denominado trabalho também o é.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

CAPITAL OU BENS DE CAPITAL


Passos e Nogami (2012) definem capital ou bens de capital como o conjunto de
bens fabricados pelo homem e que não se destinam à satisfação das necessidades
através do consumo, mas que são utilizados no processo de produção de outros bens. O
capital inclui todas as instalações, edifícios e todos os tipos de equipamentos que podem
ser utilizados na produção de bens. Exemplos de capital são computadores, máquinas,
usinas, estradas de ferro, instalações fabris, e todos os tipos de equipamento utilizados
na fabricação de bens e serviços. É usual que, ao falarmos de capital, pensemos em
coisas tais como dinheiro, ações, certificados de depósito bancário, títulos públicos etc.
Tais instrumentos, entretanto, devem ser considerados como capital financeiro e não
constituem realmente riqueza, e sim direitos a ela. O fluxo circular da atividade
econômica Não haverá aumento de riqueza na sociedade se esses direitos de papel
aumentarem, sem que ocorram aumentos correspondentes de edifícios, equipamentos,
estoques etc., ou seja, na capacidade de produção das empresas.

CAPACIDADE EMPRESARIAL
Alguns economistas, como Passos e Nogami (2012, p. 13), consideram a
capacidade empresarial também como um fator de produção. Isto porque o empresário
exerce funções fundamentais para o processo produtivo. É ele quem organiza a
produção, reunindo e combinando os demais recursos produtivos, assumindo, assim,
todos os riscos inerentes à elaboração de bens e serviços. É ele quem colhe os ganhos
do sucesso (lucro) ou as perdas do fracasso (prejuízo). Em algumas firmas, o empresário
pode ter dupla função e ser também o gerente; em outras, tal fato não ocorre. De
qualquer maneira, a função empresarial é necessária na economia.
Portanto, os recursos produtivos são limitados. Cabe destacar, a remuneração
dos proprietários dos recursos produtivos. O que significa a remuneração dos
proprietários dos recursos? De um modo geral, é o preço pago pela utilização dos
serviços dos fatores de produção aos proprietários desses mesmos fatores.
Numa empresa, os trabalhadores oferecem a sua força de trabalho e recebem, em
troca, um salário. Se os capitalistas emprestam dinheiro, recebem juros. Proprietários
de terra, aluguéis...e os proprietários de empresas, lucros. Isso fica bem ilustrado na
figura abaixo:
Figura 4 – Remuneração dos Fatores Produtivos

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Esses fatores, somados ao nível tecnológico e de organização empresarial,


determinam a capacidade de produzir bens para ofertar aos consumidores, tanto na sua
vertente de qualidade quanto na de quantidade, porque interferem diretamente na
produtividade da empresa.
Produtividade, então, expressa o nível de eficiência alcançado pela utilização dos
recursos produtivos, tendo em vista obter a máxima produção em menor unidade de
tempo e com menores custos. A produtividade do trabalho é influenciada pelo
desenvolvimento técnico e tecnológico dos instrumentos (máquinas, ferramentas) e
pelo grau de qualificação (competências) do trabalhador. Mas a capacidade de produção
não é infinita, uma vez que os recursos à sua disposição são escassos. Como os recursos
são escassos, os agentes têm que fazer escolhas.

AGENTES ECONÔMICOS
O processo de troca de bens e serviços dá-se entre agentes que têm necessidade
de algo, oferecendo seus excedentes como forma de pagamento. A satisfação dessa
necessidade efetiva-se nos mercados, onde são formados os preços relativos, a partir
da conjunção entre disponibilidades de bens e serviços e necessidades ou possibilidades
dos agentes envolvidos. Esses agentes, produtores e consumidores, constituem os
agentes econômicos “empresa” e “família”. Além destes, são também considerados
agentes econômicos o sistema financeiro, o governo e o resto do mundo. Abaixo
conheceremos a função de cada um desses agentes:
• Empresas: são os agentes encarregados de produzir e comercializar bens
e serviços. Como é realizada a produção? Através da combinação dos
fatores produtivos adquiridos juntos às famílias. As decisões da empresa
são todas guiadas para o objetivo de se conseguir o máximo de lucro e mais
investimentos;
• Famílias: incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e
que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e
serviços, objetivando o atendimento de suas necessidades. São as famílias
os proprietários dos recursos produtivos e são elas que fornecem às
empresas os diversos fatores de produção, tais como: trabalho, terra,
capital e capacidade empresarial. Recebem em troca, como pagamento,
salários, aluguéis, juros e lucros, e é com essa renda que compram os bens
e serviços produzidos pelas empresas. O que sempre as famílias buscam é
a maximização da satisfação de suas necessidades.
• Governo: inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão
sob o controle do Estado, nas suas esferas federais, estaduais ou
municipais. O governo pode atuar no sistema econômico, produzindo bens
e serviços, através, por exemplo, da Petrobrás, Empresas de Correios e
etc.

O preço relativo, como o próprio nome diz, é o quanto vale uma mercadoria em
relação a uma outra. É a proporção entre os preços de duas mercadorias. Digamos que

16
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

uma lata de óleo de um litro para cozinha valha, por exemplo, 80% de um pacote de feijão
de um quilo. É a essa proporção que chamamos preço relativo.

MERCADO
Mercado é o locus, o ponto de encontro entre vendedores e compradores. Um
mercado pode estar em qualquer lugar: na esquina de uma rua, no outro lado do mundo,
ou bem perto, como o telefone ou os classificados do jornal. Não precisa ser
necessariamente um lugar físico. Nele, estão presentes os fundamentos da procura e da
oferta, que são as forças que movem as economias de mercado e representam os
interesses de consumidores (ou compradores) e produtores (ou vendedores).
Dependendo da ótica pela qual se olhe, os mercados assumem características
específicas, cada qual com seu objeto e sua finalidade. O estudo do comportamento do
mercado é fator determinante para a gestão econômica. Por exemplo, para saber como
um fato ou medida de política econômica afetará a economia, é preciso prever seu
impacto sobre o comportamento da oferta e a demanda. Por isso, conhecimento,
previsibilidade e expectativas adequadas com relação ao comportamento do mercado
podem determinar a eficácia dessas políticas. A figura abaixo demonstra claramente
esse conceito.
Figura 5 – Comportamento do Mercado

Fonte: Universidade Corporativa do Banco do Brasil, 2018

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Ao estudarmos o fenômeno da escassez, vimos que as necessidades humanas
são ilimitadas, ao passo que os bens ou meios de satisfazê-las são sempre finitos. E que
esse fato leva os agentes econômicos a fazerem escolhas. Da mesma forma, existem
variáveis que condicionam o comportamento do consumidor. Vamos lembrar que, por
definição, bens e serviços são consumidos porque (a) são necessários, ou porque (b)
provocam prazer ao serem consumidos. Em termos da linguagem microeconômica, bens
e serviços são úteis e, portanto, representam “utilidade”.
Os economistas estabelecem uma relação formal, matemática, entre o consumo
de bens e serviços e o nível de utilidade. Dessa relação, chamada função utilidade, deriva
também o conceito de “curva de indiferença”. Um exemplo nos auxiliará no entendimento
do conceito.

17
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Imagine um colega que tenha ascendido a uma posição hierárquica mais elevada
dentro da empresa, posição essa que exija dele trajar-se de maneira mais formal, o que
o levará a abandonar o jeans e o tênis no ambiente de trabalho. Para atender à nova
situação, decide ir ao shopping refazer seu guarda-roupa. Para efeito de estudo, vamos
concentrar suas compras em calças e camisas (ou saias e blusas, no caso feminino).
Ao colega, inicialmente, é indiferente quantas peças de cada tipo irá comprar, ou
seja, existe um número variado de combinações calça/camisa que irá gerar o mesmo
grau de satisfação. Suponha que ele tenha gostado muito de duas camisas de marcas
diferentes, ou seja, qualquer delas lhe proporcionaria igual nível de satisfação, sendo-
lhe, em princípio, indiferente escolher uma ou outra. Em termos microeconômicos,
sempre que, no conjunto de nossas escolhas, nos defrontarmos com opções que nos
deixam igualmente felizes (satisfeitos), dizemos que somos indiferentes a essas opções.
Ocorre, porém, que nosso colega ainda não assumiu o novo cargo, ou seja, seu
salário ainda é o mesmo, e ele não pretende tomar crédito. Dessa forma, sua decisão
estará condicionada à sua renda atual e, assim, os preços dos produtos é que irão
orientar sua escolha. Em outras palavras, sua restrição orçamentária acabará
desempenhando papel fundamental na escolha: se ambas as camisas são igualmente
desejáveis, a escolha recairá sobre aquela que atenda à sua restrição orçamentária.
Se ambas atenderem a esse requisito, sua escolha recairá sobre aquela que
consumir a menor parcela de sua renda, ou seja, que custar menos. Esse exemplo
clarifica o papel do preço dos bens e serviços em nossas decisões. Deixa claro que o
preço que estamos dispostos a pagar por determinado bem (ou seja, quanto desejamos
comprometer de nossa restrição orçamentária) está diretamente ligado à satisfação
proporcionada por esse bem.
Vimos que o consumidor pode ter seu comportamento orientado pela busca de
obter a maior satisfação possível, considerada sua restrição orçamentária. Essas
variáveis são importantes, mas não são as únicas. Existem outros fatores que interferem
na decisão de consumir, principalmente:

• Preço dos bens complementares ou substitutos;


• Fatores climáticos e Sazonais;
• Propaganda;
• Expectativas sobre o futuro;
• Facilidades de crédito e etc...

Resumindo, são diversas as variáveis que interferem na decisão de


consumidores. Como na frase popularizada por Milton Friedman, não existe almoço
grátis. Em todas as transações está embutido um custo, que pode ser representado por
um preço. E esse preço é um dos principais fatores determinantes nas decisões dos
agentes. Tanto que a análise tradicional da ciência econômica, ao explicar a dinâmica do
mercado, dá grande ênfase ao preço, colocando todas as demais variáveis no plano

18
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

secundário, ou admitindo que tudo o mais permaneça inalterado, num fenômeno


identificado pela expressão latina ceteris paribus, ou coeteris paribus, como tudo o mais
permanecendo constante.

ESTRUTURA DE MERCADO
Em decorrência da própria dinâmica da economia capitalista, o poder dos
diferentes agentes econômicos é diferenciado e, assim, o comportamento de ofertantes
e demandantes não é uniforme. Veremos a seguir as características básicas dos
principais tipos de mercado.
Concorrência perfeita O mercado de concorrência perfeita ocorre em situações
em que grande número de consumidores e ofertantes atuam de forma pulverizada, de
modo que nenhum comprador ou vendedor tenha condições de influenciar os preços ou
o comportamento dos demais agentes. A concorrência perfeita é identificada quando
há:
• Perfeita mobilidade de recursos;
• Perfeito conhecimento das regras por parte dos que a integram, a começar
pelo preço;
• Ausência de entraves ao ingresso de novos vendedores;
• Relativa homogeneidade de produtos.

Como exemplo clássico de mercado perfeito, teríamos as feiras livres que


acontecem nos quatro cantos do país. Porém, principalmente nos grandes centros, o que
se vê é a centralização das compras por alguns agentes nas centrais de distribuição e
abastecimento, e sua distribuição para as pequenas bancas dos vendedores, o que
dificulta a caracterização desses mercados como perfeitos. Mas nas pequenas cidades
do interior ainda encontramos produtores locais que se reúnem em uma feira livre para
ofertar seus produtos. Por isso, ainda vale o exemplo.

MERCADO VENDEDOR
CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
Estrutura mais próxima da concorrência perfeita, acontece em um mercado que
agregue grande número de empresas, com fracas barreiras quanto ao ingresso e saída
do mercado de vendedores. Cada concorrente estabelece um produto que possui
substitutos próximos, mas que se torna único, por ser ligeiramente diferenciado dos
demais pela marca, embalagem, publicidade, atendimento, ou por outras diferenças
mais subjetivas que objetivas. São exemplos as lojas de roupas, as farmácias, as
pizzarias e outras assemelhadas. Essa diferenciação de produtos garante algum poder
de mercado ao ofertante no que diz respeito ao estabelecimento de preços.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

OLIGOPÓLIO
O mercado é dito oligopolizado quando um pequeno número de empresas controla
parcela expressiva do segmento. Tem por características a interdependência entre as
empresas que o compõem, forte bloqueio à entrada de concorrentes e tendência à
formação de cartéis e à rigidez de preços. Nesse mercado, que opera com produtos
padronizados ou diferenciados, cada agente formula suas políticas levando em conta os
efeitos sobre seus rivais. São exemplos a indústria automobilística, de vidros, cimento,
aço, pneumáticos, química, petroquímica, bancos etc.

MONOPÓLIO
O monopólio caracteriza-se pela existência de uma única empresa produtora de
bens e serviços para os quais, no curto prazo, não existam substitutos próximos. Suas
dimensões são estabelecidas pela empresa via determinação prévia do volume de
produção e dos preços desejáveis. Nesse tipo de mercado existem barreiras legais,
tecnológicas e econômicas ao ingresso de concorrentes e o lucro total da empresa é
máximo para cada nível de produção e preço por ela estabelecido. São exemplos as
companhias de água e esgoto de determinadas localidades.

MERCADO COMPRADOR
MONOPSÔNIO
É a versão do monopólio na vertente do comprador. Nele, há uma única empresa
compradora de determinado produto, que impõe suas condições para compra. É o caso,
por exemplo, da fábrica de cigarros na aquisição de fumo em determinadas localidades.

OLIGOPSÔNIO
Da mesma forma, é a versão do oligopólio na vertente do comprador. Nesse tipo
de mercado, poucas empresas compradoras determinam o preço de aquisição dos
produtos e impõem grande dificuldade à entrada de novos compradores. É o caso, por
exemplo, da indústria automobilística e da agroindústria na compra de insumos.
A seguir é fornecida uma tabela com a síntese dos tipos de estruturas de
mercado:

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Tabela 1 – Estruturas de Mercado

Fonte: Universidade Corporativa do Banco do Brasil, 2018

DISTORÇÕES NA ESTRUTURA DE MERCADO


Observam-se no mercado também algumas distorções decorrentes das
diferentes estruturas que impedem a equivalência de forças com melhor alocação dos
recursos. Isso ocorre porque diferentes estruturas de concorrência geram diferentes
resultados do ponto de vista da eficiência econômica. Essas distorções estão
relacionadas ao poder de mercado e às formas de atingi-lo ou mantê-lo. É o caso do
truste, do dumping e do cartel.
Truste: O truste é o tipo de estrutura em que várias empresas, que já detenham a
maior parte do mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle,
estabelecendo preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro.
Dumping: Dumping é uma palavra inglesa que deriva do termo “dump” que, entre
outros, tem o significado de despejar ou esvaziar. A palavra é utilizada para designar a
prática de colocar no mercado produtos abaixo do custo com o intuito de eliminar a
concorrência e aumentar as quotas de mercado. O dumping, assim, caracteriza-se pela
venda de produtos a preços mais baixos que os custos, com a finalidade de eliminar
concorrentes e conquistar fatias maiores de mercado. Quando o dumping é praticado no
mercado externo, a Organização Mundial do Comércio (OMC) permite que se apliquem
tarifas especiais (sobretaxas) de importação para compensar os efeitos dessa prática de
concorrência desleal.
Cartel: Caracteriza-se o cartel quando um grupo de empresas independentes
estabelece acordo para atuação coordenada, com vista à fixação de preços, divisão de
mercado e controle das fontes de matéria-prima. O tipo mais comum de cartel é o de
empresas que produzem artigos semelhantes, de forma a constituir um monopólio de
mercado.

21
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA (SBDC)


O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) é responsável pela
promoção de uma economia competitiva, por meio da prevenção e da repressão de
ações que possam limitar ou prejudicar a livre concorrência no Brasil. O SBDC é formado
pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Secretaria de
Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda.
O Cade é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e
foro no Distrito Federal, que exerce em todo o território nacional as atribuições dadas
pela Lei nº 12.529/2011, que introduziu no ordenamento jurídico brasileiro o sistema
obrigatório de análise prévia dos atos de concentração.
O Cade é constituído pelo Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, pela
Superintendência-Geral e pelo Departamento de Estudos Econômicos. Dessa estrutura
participam também, de forma auxiliar, a Procuradoria Federal e o Ministério Público
Federal. O Cade tem como missão zelar pela livre concorrência no mercado, sendo a
entidade responsável, no âmbito do Poder Executivo, não só por investigar e decidir, em
última instância, sobre a matéria concorrencial, como também fomentar e disseminar a
cultura da livre concorrência. Essa entidade exerce três funções:
Preventiva Analisar e posteriormente decidir sobre as fusões, aquisições de
controle, incorporações e outros atos de concentração econômica entre grandes
empresas que possam colocar em risco a livre concorrência;
Repressiva Investigar em todo o território nacional, e posteriormente julgar
cartéis e outras condutas nocivas à livre concorrência;
Educacional ou pedagógica Instruir o público em geral sobre as diversas condutas
que possam prejudicar a livre concorrência; incentivar e estimular estudos e pesquisas
acadêmicas sobre o tema, firmando parcerias com universidades, institutos de
pesquisa, associações e órgãos do governo; realizar ou apoiar cursos, palestras,
seminários e eventos relacionados ao assunto; editar publicações, como a Revista de
Direito da Concorrência, além e cartilhas orientadoras (www.cade.gov.br).

QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS


Esta Unidade abordará as questões que a Ciência Econômica precisa responder
para alocar recursos escassos e atender as necessidades humanas, pois, qualquer
sociedade, seja ela um estado capitalista, comunista, socialista, uma ilha isolada na
Oceania, ou até mesmo uma colmeia, deve, de uma maneira ou outra, enfrentar três
problemas econômicos básicos, fundamentais e interdependentes: o que? como? e
para quem produzir? Isso ocorre porque a sociedade não dispõe de recursos produtivos
em quantidade suficiente para produzir tudo o que a população deseja.
O que e quanto produzir? Já que não se pode produzir a quantidade desejada pela
sociedade dos mais diversos tipos de bens e serviços, a sociedade deve escolher entre
as várias alternativas, quais bens e serviços serão produzidos e em que quantidades.
Devemos produzir mais automóveis do que roupas? Mais roupas e menos alimentos?
Quanto de roupas e quanto de alimentos?

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Como produzir? A sociedade tem que decidir a maneira pela qual o conjunto de
bens escolhidos será produzido. Normalmente, os bens podem ser obtidos mediante
diferentes combinações de recursos e técnicas. Isto é, por quem e com que recursos,
e por qual processo tecnológico eles serão produzidos? Nesse sentido, deve-se optar
pela técnica que resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtido.
Para quem produzir? Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a
sociedade tem de tomar uma terceira decisão fundamental: quem vai receber esses
bens e serviços? Sabemos que a produção total de bens e serviços deverá ser
distribuída entre os diferentes indivíduos que compõem a sociedade. De que maneira
essa distribuição ocorrerá? Será que todas as pessoas receberão a mesma quantidade
de bens e serviços? Ou será que a distribuição de bens e serviços será feita segundo a
contribuição de cada um à produção? Ou a cada um segundo a sua necessidade?
Nogami e Passos (2012) afirmam que, o que produzir, como e para quem não
constituiriam problema se os recursos produtivos fossem ilimitados. Se fosse possível,
produzir uma quantidade infinita de cada produto, ou se as necessidades humanas
estivessem plenamente satisfeitas, não faria diferença se a sociedade produzisse uma
quantidade excessiva de qualquer produto em particular. Muito menos haveria
importância se o trabalho e as matérias-primas fossem combinados de maneira não
racional. Desde que todos pudessem ter tudo o que desejassem, não importaria a
maneira pela qual os bens, os serviços e as rendas fossem distribuídas entre os
diferentes indivíduos e famílias. Não haveria, então, bens econômicos, isto é, bens que
são relativamente escassos, e certamente não haveria a necessidade de se
economizar.

A CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO: UMA ILUSTRAÇÃO DO


PROBLEMA DA ESCASSEZ E DA ESCOLHA
Como podemos perceber, a limitação dos fatores de produção capazes de
produzir diferentes mercadorias impõe uma escolha entre produtos relativamente
escassos. Isso pode ser ilustrado quantitativamente através de exemplos aritméticos
gráficos. Dessa forma, a análise das ilimitadas necessidades humanas e da escassez de
recursos empreendida até aqui conduz à conclusão de que a Economia é uma ciência
ligada a problemas de escolha.
• Três hipóteses básicas são necessárias para que possamos
desenvolver o modelo da curva de possibilidades de produção:
• Existência de uma quantidade fixa de recursos. A
quantidade e a qualidade dos recursos produtivos permanece inalterada
durante o período de análise;
• Existência de pleno emprego dos recursos. A economia
opera com todos os fatores de produção plenamente empregados e
produzindo o maior nível de produto possível; e
• A tecnologia permanece constante.

23
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Para fins de simplificação, discutiremos o dilema da opção e suas possíveis


soluções aplicadas a um empreendimento agrícola citado por Passos e Nogami (2012).
Posteriormente, a questão da escolha será abordada no âmbito de uma economia.
Consideremos, inicialmente, uma fazenda com uma determinada extensão de
terra, um conjunto de instalações, máquinas e equipamentos e um número fixo de
trabalhadores. Imaginemos, ainda, que o proprietário dessa fazenda possua
qualificações técnicas que lhe permitam se dedicar a qualquer tipo de atividade
agrícola.
Ao decidir o que e como produzir, o fazendeiro estará decidindo a maneira pela
qual os seus recursos produtivos serão distribuídos entre as várias combinações de
bens possíveis. Para simplificar, vamos supor que essa fazenda só produza dois tipos
de bens: milho e soja.
Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área
disponível para o plantio de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à
cultura de soja, utilizando-se de toda a sua propriedade para esse fim, não poderá
plantar milho. Estamos diante de duas situações extremas. Existirão, é claro, soluções
alternativas intermediárias, com a utilização de parte das terras para o plantio de soja,
ficando a fração restante para a cultura do milho. As diferentes possibilidades de
produção, desse fazendeiro, são apresentadas na tabela 2:

Tabela 2 -Possibilidades alternativas de produção de um fazendeiro

Fonte: Passos e Nogami (2012)

Se colocarmos esses dados em um eixo cartesiano, temos a figura 1. O eixo das


ordenadas, vertical, representa a quantidade de milho que a fazenda pode produzir e o
eixo das abscissas, horizontal, representa a quantidade de soja que pode ser obtida,
conforme mostrado na figura abaixo:

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Figura 6 – A Curva de possibilidades de uma Fazenda

Fonte: Passos e Nogami (2012)

A linha que mostra todas as combinações possíveis dos bens que a Economia
está apta a produzir – a partir de um determinado nível de conhecimento tecnológico e
pressupondo-se a plena utilização dos limitados recursos produtivos – passa pelos
pontos A, B, C, D e E.
Como já vimos anteriormente, ela se denomina curva de possibilidades de
produção e nos mostra as combinações máximas entre dois bens que a sociedade está
apta a produzir. Do mesmo modo que o exemplo da fazenda produzir em um ponto
dentro da curva de possibilidades de produção, significara que os recursos não estão
sendo plenamente empregados. Pontos situados fora da curva, por sua vez,
representam combinações de bens impossíveis de se obter com a atual disponibilidade
de recursos e grau de conhecimento tecnológico. Pontos situados na curva de
possibilidades de produção indicam uma situação de pleno emprego.

O CUSTO DE OPORTUNIDADE
Na situação de pleno emprego, para se produzir mais bens de consumo,
devemos desistir de uma determinada quantidade de bens de capital, a fim de liberar
recursos utilizados na produção de bens de capital para a produção de bens de
consumo.
O custo de quantidades adicionais de bens de consumo pode ser expresso em
termos de quantidades sacrificadas de bens de capital. Se, por exemplo, a Economia
estiver operando no ponto C, com uma produção de 350 mil toneladas de bens de capital
e dois milhões de toneladas de bens de consumo, e a sociedade decidir passar para o
ponto D, qual será o custo de oportunidade de bens de consumo? O custo de
oportunidade será dado pelas 150 mil toneladas de bens de capital que a Economia
deixará de produzir para que se produza um milhão de toneladas a mais de bens de
consumo.

25
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

O fenômeno dos custos crescentes verifica-se quando, para obter as mesmas


quantidades adicionais de um bem, a sociedade deve sacrificar quantidades cada vez
maiores de outro bem. De acordo com o nosso exemplo, a produção do primeiro milhão
de toneladas de bens de consumo custa 50 mil toneladas de bens de capital, que e a
quantidade desse bem que terá de ser sacrificada. Já o segundo milhão de toneladas
de bens de consumo custa 100 mil toneladas de bens de capital, que e a quantidade de
bens de capital que deixarão de ser produzidos.
O custo de bens de consumo, em termos de bens de capital, e cada vez maior,
fato esse que determina o formato da curva de possibilidades de produção côncava em
relação a origem. De acordo com Passos e Nogami (2012, p. 55), “isso ocorre porque os
recursos utilizados em uma atividade podem não ter a mesma eficiência quando
transferidos para outra atividade”.

SISTEMA ECONÔMICO
É a forma na qual uma sociedade está organizada em termos econômicos,
políticos e sociais para desenvolver as atividades econômicas de produção, troca,
consumo de bens e serviços. Toda uma economia precisa ter seu sistema econômico
organizado e requer a obediência de algumas regras para que o mesmo possa funcionar
de forma adequada. Existem diversos tipos se Sistema Econômico os mais conhecidos
são: O Sistema Capitalista e o Sistema Socialista. O sistema Capitalista não tem
intervenção do governo pertencendo a livre concorrência, já o Socialista tem seu curso
pautado em um órgão de Planejamento, ou seja, pertencem ao Estado.

O FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA


Para Passos e Nogami (2012) a expressão pode parecer estranha a primeira vista,
mas, na verdade, retrata a maneira pela qual a economia se movimenta como um todo.
São aspectos diretamente relacionados ao nosso dia a dia e sobre os quais nunca
paramos para pensar. A economia, nos dias de hoje, se caracteriza por uma quantidade
infinita e continua de transações entre pessoas, entre firmas, e entre pessoas e firmas,
significando que todas as unidades econômicas transacionam entre si.
O fluxo circular da atividade econômica mostra de forma simplificada a maneira
pela qual, indivíduos e empresas, interagem na economia, cada qual buscando atingir
diferentes objetivos. As firmas procurando maximizar seus lucros e os indivíduos
procurando maximizar a satisfação de seus desejos e necessidades.
Nesta nossa analise, inicialmente, consideraremos uma sociedade bem simples,
na qual existam apenas dois setores: indivíduos ou famílias e empresas. Os indivíduos
oferecem mão de obra para as empresas, que a utilizam para a produção de bens e
serviços, remunerando-os sob a forma de salários. Com esses salários eles adquirem
bens e serviços produzidos pelas empresas. O fluxo dessas operações e apresentado
na figura 7 (a seguir).
Pelo que foi descrito acima, notamos a relação que se pode estabelecer entre
indivíduos e empresas, e o papel que cada um desempenha no contexto de uma

26
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

sociedade. Mas e importante observar que existe uma relação ainda mais forte entre
esses dois agentes econômicos – entenda-se por agentes econômicos aqueles que
contribuem para o funcionamento do sistema econômico, ou seja, os indivíduos, as
empresas e os governos. Toda a economia, no seu fundamento básico, gira em torno
deles. Eles representam a essência da atividade econômica.
Figura 7 Fluxo básico de uma Economia

Fonte: Passos e Nogami, 2012

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

FLUXO REAL E MONETÁRIO


Devemos observar que o fluxo da atividade econômica, ou o fluxo circular de
renda, como também e conhecido, e composto de outros dois fluxos, bem definidos,
conforme ilustrado na figura 8:

Por fluxo real entende-se o movimento dos recursos produtivos e de bens e


serviços entre os diversos agentes econômicos. Explicando um pouco melhor. As
firmas contratam mão de obra, compram matérias-primas e bens de investimentos, e
produzem bens que são, posteriormente, vendidos a outras firmas que transformam o
produto ainda mais, até que o produto final seja vendido ao consumidor.
Durante todas essas posições, há uma constante transferência de bens e
serviços entre os agentes econômicos, que representa o fluxo real da Economia. Como
contrapartida monetária dos fluxos reais temos os fluxos monetários. Toda vez que um
bem ou serviço e transferido de um agente para outro, são efetuados pagamentos em
troca deles. O fluxo monetário, consequentemente, gira em direção contraria ao fluxo
real.
A figura 8 retrata o mesmo fluxo de renda visto anteriormente. Entretanto,
agora, na parte superior temos o movimento dos fatores de produção e de bens e
serviços produzidos pelas empresas, que denominamos fluxo real. O pagamento em
moeda pela utilização desses recursos produtivos e pela aquisição dos bens e serviços
denomina-se fluxo monetário, conforme
ilustrado na parte inferior da figura 8. Em linhas gerais, conforme estabelece
Passos e Nogami (2005, p. 372), “pode-se dizer que a preocupação do estudo
macroeconômico e com o que determina a magnitude desses fluxos e por que esses
fluxos variam ao longo do tempo”.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

AS LEIS DE MERCADO E A TEORIA MICROECONÔMICA


Microeconomia é o estudo do comportamento econômico individual e particular,
ignorando o conjunto geral da economia, mas focando apenas nos mercados
específicos e nas ações de produtores e consumidores.
Também conhecida como a Teoria dos Preços, esta é a parte das Ciências
Econômicas que estuda o fenômeno da formação dos preços dos bens de consumo e
serviços, assim como os fatores de produção, a partir da analise de mercados
específicos e do comportamento das unidades de consumo (os indivíduos, as famílias,
etc).
Para conseguir explicar como são gerados os preços finais dos produtos, a
microeconomia se baseia em alguns princípios, sendo o da "oferta e demanda" um dos
principais.

DEMANDA
Em uma definição formal, de livro-texto, a demanda, ou procura, e entendida
como a quantidade de um bem ou serviço que uma pessoa deseja e esta apta a comprar
a determinado preço em dado intervalo de tempo, ceteris paribus, ou seja, tudo o mais
permanecendo inalterado. E importante registrar que, no estudo da demanda, quando
falamos em “consumidor”, estamos nos referindo a uma entidade abstrata, que tanto
pode significar uma pessoa individualmente, ou as pessoas em sua coletividade.
Em outras palavras: individualmente, uma pessoa estará disposta a adquirir
mais unidades de um bem ou serviço se tiver sua renda aumentada, tudo o mais
permanecendo constante; ou, coletivamente, mais pessoas estariam dispostas a
adquirir aquele bem ou serviço, ceteris paribus, se a renda da coletividade aumentar,
por exemplo. Decorre daí que a cada preço corresponde uma quantidade demandada.
Exemplificando: Suponha que um colega foi recentemente promovido. A
determinado preço e condicionado pela restrição orçamentaria, ele comprara
determinada quantidade de camisas. Se o preço for menor, e como “camisa” e um bem
que representa utilidade e lhe da satisfação, ele estará disposto a comprar, demandar,
mais camisas porque, mesmo comprando mais, ele estará respeitando sua restrição
orçamentária.
Essa relação e uma regra geral (que também possui exceções), que pode ser
representada pela escala abaixo, considerada como exemplo a procura por credito.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Figura 09 – Escala de Demanda

Fonte: Universidade Corporativa do Banco do Brasil, 2018

POR QUE ALGUÉM DESEJARIA DEMANDAR MAIS CRÉDITO SE OS


JUROS FOREM MENORES?
Como sabemos, juros menores são coerentes com prestações menores para o
mesmo valor obtido de credito, ou possibilitam que a mesma prestação seja compatível
com um volume de credito maior. Volumes maiores permitirão atender a novas
necessidades. Assim, e ainda que credito não possa causar satisfação direta, ele e o
meio pelo qual podemos satisfazer desejos que, de outra forma, não poderiam ser
satisfeitos. Em resumo, a relação credito/juros pode ser considerada semelhante a
relação camisa/preço de nosso colega promovido. Outra forma de expressar essas
diversas alternativas mostradas na tabela seria por meio de um gráfico cartesiano.

1. O gráfico cartesiano e uma figura composta por duas retas


perpendiculares entre si e que se cruzam no canto inferior
esquerdo, a que chamamos eixo (vertical e horizontal).
2. O espaço formado entre as retas constitui o cenário onde
serão estabelecidas relações entre duas grandezas.
3. Ao cruzamento dos eixos, geralmente, estabelecemos o
valor zero, como na figura.

No nosso exemplo, temos a taxa de juros, que


corresponde ao preço do dinheiro, e a quantidade demandada
de credito.

30
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

1. Por convenção, nos livros-texto situamos a variável


quantidade no eixo horizontal e a identificamos por Q, de
quantidade.
2. O preço, em consequência, estará localizado no eixo vertical
e Identificado por P.
3. Ao longo dos eixos, situamos as réguas de graduação,
conforme apurado na tabela. O gráfico completo, pronto para
receber as informações, assumiria esta conformação.

4. Utilizando os dados da tabela, os valores lançados no gráfico


produzem uma curva inclinada de cima para baixo e da esquerda
para a direita, mostrando que, quanto menor o preço, maior
será a quantidade demandada.

Isso significa que o consumidor desejara adquirir mais bens ou serviços quanto
menor for o preço, uma vez que ele tem por objetivo alcançar a máxima satisfação
possível de suas necessidades a partir de uma renda limitada (lembra da restrição
orçamentária?). Por outro lado, quanto maior for o preço, a tendência ser a redução na
quantidade demandada, seja porque individualmente a pessoa tenda a consumir
menos, seja porque coletivamente menos pessoas estariam disposta a consumir
aquele preço (tem que ajustar o desejo de consumir a realidade orçamentária).
Por isso, a curva de demanda será sempre negativamente inclinada. Por fim,
lembremos que existem outras variáveis intervenientes no processo de escolha do
consumidor, como preferencias, facilidades de credito, entre outras já vistas.
Tenhamos sempre em mente que a lei da procura considera o comportamento do
consumidor apenas a partir da variável preço, ceteris paribus(tudo o mais
permanecendo constante).
Por fim, lembremos que existem outras variáveis intervenientes no processo de
escolha do consumidor, como preferencias, facilidades de credito, entre outras já
vistas. Tenhamos sempre em mente que a lei da procura considera o comportamento
do consumidor apenas a partir da variável preço, ceteris paribus.

DESLOCAMENTO NA DEMANDA
Quatro fatores principais podem deslocar a curva de demanda são eles:
Mudanças nos preços de bens relacionados; Bens podem ser substitutos ou
complementares de outros bens.
Substitutos: quando a queda do preço de um bem faz com que consumidores
fiquem mais dispostos a comprar o outro bem, ou seja, existem outras marcas os quais
impulsionam a guerra de preços. Isso é ótimo para o consumidor, pois, o mesmo tem
opção de barganhar.

31
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Complementares: São bens que precisam de outros bens para existirem. Ex:
Carro e Gasolina. Se a gasolina estiver muito cara o sentirá um desestímulo para a
compra desse bem e, procurará substituí-lo por um carro a álcool, ou a gás.
Mudanças na renda: Passamos a classificar os Bens em normais ou inferiores
Normais: aumento na renda aumenta a demanda por esses bens. Bens Normais
são aqueles que todos necessitam e atendem as necessidades básicas como:
alimentos, vestuários, etc...
Inferiores: aumento na renda diminui a demanda por esse bem. Ao passo que se
ganha mais se passa a deixar de lado alguns itens. Exemplo: Substitui a carne bovina
patinho por uma Carne bovina de filé.
Mudanças de gosto
Cada consumidor possui um determinado gosto uma determinada cultura,
aumentando a necessidade de se pulverizar os tipos de bens.
Mudanças nas expectativas.
Observe agora um exemplo hipotético de vendas de entradas em um show:

Observe que quando o preço dos ingressos caem para R$ 215, 00 reais a
quantidade demandada sobre para 5.000 unidades o dobro da quantidade vendida a R$
350,00. Há um deslocamento da Curva de demanda para direita. O inverso ocorreria
caso os preços subissem teríamos ai um deslocamento da curva de Demanda para a
esquerda.
Com esses fenômenos conseguimos chegar a Lei Geral da Demanda que afirma:
“A quantidade demanda de um bem ou serviço, em qualquer período de tempo, varia
inversamente a seu preço, pressupondo-se que tudo mais que possa afetar a demanda
– especialmente a renda, o gosto e preferência do consumidor, o preço dos bens
relacionados e as expectativas quanto a renda, preços e disponibilidades – permaneça
o mesmo”.

32
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

EXCEÇÕES A LEI DA DEMANDA


BENS DE GIFFEN:
São bens de baixo valor, mas de grande peso no orçamento doméstico de
pessoas de baixa renda. Se esse tipo de bem apresentar elevação de preço, seu
consumo tenderá a aumentar não sobrando renda para mais nada.
Vale Ressaltar que além dos determinantes da Demanda outro deve ser
destacado: O número de compradores economicamente aptos a participar do Mercado.

BENS DE VEBLEN
O “efeito Veblen” ou “efeito do esnobismo” é uma teoria do economista e
sociólogo Veblen que pode ser traduzida da seguinte maneira: na área do consumo dos
bens de luxo, a alta do preço de um produto o torna mais desejável ainda. De uma
maneira inversa, a queda do preço do produto se traduz por uma queda do interesse dos
compradores potenciais.
O efeito Veblen foi utilizado recentemente para explicar porque os grupos
ligados à venda de vinhos prestigiosos levaram 10 anos para denunciarem um falsário
brilhante. Invariavelmente, a quantidade procurada de determinado bem ou serviço, é
inversamente proporcional ao seu preço, segundo os seguintes fatos:
• Efeito Substituição Os consumidores tenderão a demandar uma maior
quantidade das mercadorias cujo preço foi reduzido e uma menor
quantidade daquelas que agora se tornaram mais caras relativamente;
• Efeito Renda: Se o preço ao consumidor final aumenta, o mesmo reduz o
consumo, ocorrendo o inverso caso o preço diminua. Costumamos dizer
que o consumidor perde poder de renda quando os preços se elevam
ficando então mais pobre.

33
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

UNIDADE II

34
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

DIVISÃO DA TEORIA MICROECONÔMICA: OFERTA E EQUILÍBRIO DE


MERCADO
Nesta unidade você será capaz de compreender como se comporta o empresário
no mercado. É sabido que o desejo de qualquer empresário é aumentar seus lucros e para
isso o desejo de vender é cada vez mais intenso.
Para aumentar sua lucratividade o empresário precisar aumentar suas receitas
que nada mais é que o retorto da quantidade vendida de seus produtos e/ou a quantidade
vendida de seus serviços. A fórmula do Lucro é: Receita Total – Custo Total.
Partindo desse pressuposto nós vamos iniciar esta unidade conceituando a outra
parte da Teoria Microeconômica que é a OFERTA.
A oferta e definida como a quantidade de bens ou serviços que um vendedor ou
produtor está disposto a oferecer a cada preço e em determinado período de tempo,
ceteris paribus.
Aqui vale também o registro feito no estudo da demanda. Quando falamos em
“vendedor”, estamos nos referindo a uma entidade abstrata, que tanto pode significar um
ofertante individualmente, ou os vendedores em sua coletividade. Em outras palavras:
individualmente, um vendedor estará disposto a ofertar mais unidades de um bem ou
serviço; ou, coletivamente, mais vendedores estariam dispostos a oferecer aquele bem
ou serviço, aquele preço, ceteris paribus.
Mais à frente, veremos como as mudanças nessas variáveis afetam as condições
de oferta. Para exemplificar, consideremos a mesma tabela de juros utilizada no estudo
da demanda para expressar aquelas alternativas por meio da curva de oferta, no mesmo
gráfico cartesiano, agora com o comportamento do vendedor, ou seja, do ponto de vista
da instituição financeira que ofertara o credito.
Vale destacar que, No caso do mercado de crédito, essa relação positiva entre
oferta de crédito e taxa de juros pode não ser verdadeira em todas as situações. Se a taxa
de juros já estiver suficientemente elevada e tivermos alto nível de inadimplência, pode
ser que as instituições financeiras não reajam positivamente com a oferta de crédito
diante de novos ajustes para cima da taxa de juros, pois o risco de inadimplência seria
ainda maior.
Do mesmo modo, a redução da taxa de juros não necessariamente implicará
retração do crédito, pois os bancos tentarão compensar a queda na rentabilidade com
volumes maiores de financiamento. Entretanto, em condições normais (ceteris paribus)
e para os objetivos aqui propostos, podemos continuar utilizando a relação positiva entre
oferta de crédito e taxa de juros.
A curva de oferta (S) e a representação gráfica da escala de oferta. Uma curva de
oferta inclina-se para cima, da esquerda para a direita, refletindo o fato de que a
quantidade ofertada de dado produto varia diretamente com seu preço. Quanto mais alto
for o preço de mercado, maiores quantidades os vendedores estarão dispostos a
oferecer.

35
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Quanto mais baixo for o preço, menores quantidades os vendedores estarão


dispostos a oferecer.
Lembremos que existem outras variáveis interferentes na decisão de produzir
para vender, como alterações no custo de produção. Tenhamos em mente que a lei
considera o comportamento do vendedor apenas a partir da variável preço, ceteris
paribus. Além das variáveis apresentadas anteriormente, existem inúmeras outras
causas que podem influenciar as quantidades ofertadas, como:
• Capacidade instalada e desenvolvimento tecnológico;
• Mudança nos preços relativos de outros bens e insumos;
• Redução dos custos de produção;
• Maior acesso ao credito bancário;
• Condições climáticas;
• concessão de subsídios ao produto;
• Aumento dos impostos sobre o produto;
• Expectativas de demanda.

A lei da oferta indica que à medida que o preço de um determinado produto ou


serviço sobe, os fornecedores desejam fornecer mais deste produto. A relação direta
entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que,
coeteris paribus, um aumento do preço de mercado eleva a rentabilidade das empresas,
estimulando-as a elevar a produção. Conforme figura 9 abaixo:

36
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade


de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado. Na intersecção das curvas de
oferta e demanda (ponto E), teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o preço
e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos produtores
simultaneamente.
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio E (A, por
exemplo), teremos uma situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre
os consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas.
Formar-se-ão filas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio (ponto
E), quando as filas cessarão.
Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de
equilíbrio E (B, por exemplo), haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo
de estoques não programado do produto, o que provocará uma competição entre os
produtores, conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio
E. Como se observa, quando há competição tanto de consumidores como de ofertantes,
há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio
estacionário – sem filas e sem estoques não desejados pelas empresas.
Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços, ou seja,
se o sistema é de concorrência pura ou perfeita, será observada essa tendência natural
de o preço e a quantidade atingirem determinado nível desejado tanto pelos
consumidores como pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja
interferência nem do governo nem de forças oligopólicas, que têm poder de afetar o
preço de mercado. A figura abaixo mostrará como se dá esse fenômeno econômico:

Figura 10- Equilíbrio de Mercado

TEORIA DA PRODUÇÃO.
Nesta unidade você conhecerá a teoria da produção quais os impactos desta
teoria para uma unidade produtiva ou uma empresa. Na Teoria da Produção a unidade
econômica em estudo e a firma ou empresa. Assim esta teoria visa proporcionar ao

37
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

produtor a base racional necessárias para suas decisões, com relação à produção, que é
precondição para se chegar a oferta.
A importância do estudo da Teoria da Produção reside no fato de que:
• Seus princípios gerais proporcionam as bases para a análise dos custos e
da oferta dos bens produzidos; e
• Seus princípios, também, se constituem peças fundamentais para a
análise dos preços e do emprego dos fatores de produção, bem como da
alocação desses fatores entre os diversos usos alternativos na economia.
Para um melhor entendimento temos que explicitar, inicialmente, alguns
conceitos básicos da Teoria da Produção, que são apresentados a seguir.

CONCEITOS BÁSICOS
Empresa ou Firma
Para Passos e Ngami (2012) trata-se de uma unidade técnica que produz bens e/ou
serviços de forma racional, procurando maximizar seus resultados relativos a produção
e o lucro. Esse conceito abrange um empreendimento de modo geral, que inclui as
atividades industriais e agrícolas, as atividades profissionais, técnicas e de serviços.
Assim, é uma firma um mecânico de automóveis, um barbeiro, um médico, uma loja de
confecções etc.

Produção
É o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção em produtos
e serviços.

Processo de Produção
É a técnica por meio da qual um ou mais produtos vão ser obtidos a partir da
utilização de determinadas quantidades de fatores de produção.
Fatores de Produção
Os fatores de produção são bens ou serviços transformáveis em produção, e se
dividem em:

38
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

• Fatores de produção primários - são os fatores naturais, que existem


independentemente da ocorrência de um processo produtivo anterior.
Exemplo de fator de produção primário é a terra;
• fatores de produção secundários - são aqueles que necessitam de um
processo produtivo anterior para criá-los. Exemplo de um fator de
produção secundário são as máquinas;
Os fatores de produção também podem ser classificados considerando uma
distinção puramente temporal em:
Fatores fixos: São aqueles cuja quantidade utilizada não se modifica, embora se
altere a quantidade produzida do produto. Ex: mão-de-obra permanente (contratada)
benfeitorias etc.
Fatores variáveis: São aqueles em que a quantidade varia com a variação na
quantidade produzida do produto. Ex: semente, adubo, mão-de-obra etc.

Curto Prazo e Longo Prazo


• Curto prazo: É o período de tempo no qual existe pelo menos um fator de
produção fixo.
Y = f(X1/X2, X3,... , Xn)
• Longo prazo: É o período de tempo no qual todos os fatores de produção
variam.
Y = f(X1, X2, X3,... Xn)

Funções de Produção
É a relação técnica entre as quantidades físicas produzidas de determinado
produto e as quantidades físicas dos fatores empregados na sua produção em
determinada unidade de tempo.
Ex: milho→ terra, trabalho, semente, fertilizante etc.
A função de produção pode ser representada por:
Y = f(X1, X2, X3,... Xu),
onde:
Y = quantidade máxima produzida do bem, sendo q > 0 e
X1 , X2, ..., Xn são as quantidades utilizadas dos diversos fatores de produção,
sendo xi > 0 (i = 1, 2, ..., n).
i) O nível de produção depende de técnicas de produção utilizada (tenologia)

39
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

ii) O nível de produção depende dos níveis de uso dos fatores (alocação).
Admitir-se-á que o produtor utilizará a mais eficiente tecnologia, assim, o
problema tornar-se-á apenas um problema de alocação dos insumos.

Eficiência técnica e a eficiência econômica


Segundo Passos e Nogami (2012) na teoria de produção há ainda dois conceitos, a
saber, os quais fazem a diferença entre empresas ou firmas e em cooperativas. A
eficiência técnica e a eficiência econômica são meios pelos quais afetam a produção.
A eficiência técnica envolve aspectos físicos da produção. Assim, a produção é
tecnicamente eficiente quando não há a possibilidade de substituir um processo
produtivo por outro capaz de obter o mesmo nível de produção com uma quantidade
inferior de insumos, exemplo: Se para produzir 10 ton de feijão são necessários 100 Kg
de sementes e 10ha, e se verificar que utilizando 90Kg de sementes não afeta na
produção com a mesma área, desta forma podemos dizer que houve uma eficiência
técnica.
A eficiência econômica envolve os aspectos monetários da produção de modo a
conduzir o processo produtivo de forma a deter máximo lucro ou menor custo.
Para entender melhor esses conceitos consideremos o seguinte exemplo:
suponha que temos uma fazenda de 100 hectares, dos quais 80 são aptos ao plantio de
milho.
A fazenda é uma firma. Os 80 hectares de terra adequados ao plantio de milho, o
trabalho utilizado, as sementes, os inseticidas, os corretivos de solo etc., são os fatores
de produção. Esses serão combinados, através de determinada técnica, para gerar a
produção de milho.
Existem várias técnicas de plantio de milho, sementes por metro linear,
agrotóxicos, variedades etc. Cada uma dessas técnicas é um processo de produção. A
função de produção considera o processo de produção que permite obter o máximo
produto a partir de certa quantidade de fatores de produção. Portanto, a função de
produção indica o máximo de produto que se pode obter com as quantidades dos fatores,
uma vez escolhido determinado processo de produção mais conveniente.

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO COM UM FATOR VARIÁVEL OU RELAÇÃO


FATOR-PRODUTO (ANÁLISE DE CURTO PRAZO)
Consideremos uma função de produção com apenas dois fatores de produção,
sendo um fixo (que não varia com a realização do processo produtivo) e outro variável:

40
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

q = f(x1, x 2),
onde:
q = quantidade de produto;
x1 = fator variável; e
x2 = fator fixo;
Esta relação se fundamenta na Lei dos Rendimentos Decrescentes ou Lei das
Proporções Variáveis que diz:
“Quando aumentamos a quantidade do fator variável, mantendo as demais
constantes, a produção aumenta inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas
decrescentes, atinge um máximo e finalmente decresce”(Passos e Nogami, 2012).
Três pontos devem ser ressaltados na Lei dos Rendimentos Decrescentes:
a) só ocorre quando temos apenas um fator variável e todos os demais fixos;
b) ocorre devido a uma alteração nas proporções da combinação entre os
fatores e
c) foi considerada por Ricardo como válida para a agricultura e generalizada
pelos Neoclássicos para toda a economia.

Devido a Lei dos Rendimentos Decrescentes, a curva do produto total é formada


de três segmentos: o primeiro é convexo em relação ao eixo de x1, o segundo é côncavo
em relação ao eixo de x1 e o terceiro tem inclinação negativa.

Conceito de Produção Total, Produtividade Média e Produtividade


Marginal
Produção Total (PT)
Representa as máximas quantidades do produto (Y) que podem ser obtidas a
determinados níveis de usos do insumo (mediante adequada escolha do processo
produtivo).

Produtividade Média do Fator Variável


Relação entre o nível do produto e a quantidade do fator de produção, num
determinado período de tempo:

41
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Exemplos:
Produtividade média da mão-de-obra:

(é o produto por trabalhador)


Produtividade média do capital:

(é o produto pelo capital empatado)


Produtividade média da terra:

(é a produção por hectare)

Produtividade Marginal do Fator Variável


É a variação no PT decorrente da variação na quantidade do fator, num
determinado período de tempo. A Teoria Marginalista estabelece a valorização dos bens
pela sua utilidade. E, para medir o grau de utilidade e portanto a necessidade da sua
produção e consumo, entramos no âmbito individual das necessidades de cada empresa
ou indivíduo.
No caso da Teoria da Produção, o produto marginal revela quanto se consegue
produzir a mais com o acréscimo de uma unidade do fator variável, ou seja, em quanto
varia Q a partir de L, conforme podemos observar na fórmula do Pmg acima.
Esse cálculo deve ser feito considerando-se a quantidade produzida no período t
menos a quantidade produzida no período t-1 (período anterior), dividido pela quantidade
de mão-de-obra usada no período t menos a quantidade de mão-de-obra usada no
período t-1. Ou seja, estamos comparando quantidades produzidas em relação às
quantidades do fator variável mão-de-obra utilizada nos respectivos períodos. Como
resultado, teremos a medida de quanto se produz a mais com o acréscimo de uma
unidade do fator variável. Exemplificando:

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Fonte:Passos e Nogami, 2012

À medida que se empregam sucessivas unidades de mão-de-obra, a produção


cresce, atingindo o máximo quando contratado o 5º trabalhador (60 sacas). A partir do 6º
trabalhador, há diminuição da produção total. Conclusão: à medida que combinamos
unidades adicionais de um fator de produção variável a um dado montante de fatores de
produção fixos, a produção total inicialmente cresce, em seguida atinge um valor
máximo e depois decresce.
Você pode verificar na coluna do produto marginal que ele pode ter resultado zero
ou negativo. Imagina-se que, a partir do acréscimo de uma unidade do fator variável no
processo produtivo, a quantidade relativa do produto é relativamente menor. Ou seja, a
combinação dos fatores de produção, supondo-se apenas o acréscimo do fator variável,
revela um grau de produtividade menor, uma vez que, pelo aumento do fator variável de
produção, obtiveram-se quantidades produzidas relativamente menores do que em
outras combinações nas quais o produto marginal resultou positivo.

Figura 10 – Produto Total, Produto Médio e Produtividade Marginal

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Fonte: Passos e Nogami, (2018)

O gráfico nos ajuda a observar aspectos muito importantes da decisão do


produtor quanto ao uso das combinações de quantidades dos fatores de produção:
• Até a terceira unidade de L o produto total cresce a taxas crescentes e,
portanto, o produto marginal também cresce;
• Quando L é igual a 3, o Pmg atinge seu máximo (Pmg = 17 sacas). Nesse
ponto, o Pme é igual ao Pmg e, a partir daí, aplicamos a lei dos rendimentos
decrescentes (ver tópico 5). Concluímos que, quando o Pme = Pmg,
estamos diante da quantidade resultante do uso dos insumos na sua
forma mais produtiva;
• Quando L é igual a 5, o PT é igual a 60 sacas. Se adicionarmos mais uma
unidade de L, a produção total não aumentará. O Pmg, quando se usam 6
unidades de L, é zero. E, a partir desse ponto, o Pmg passa a ser negativo,
o que significa que acréscimos do capital variável fazem decrescer a
quantidade produzida proporcionalmente. A partir daí, portanto, não é
mais interessante para o produtor acréscimos da mão-de-obra como fator
de produção.

Outro aspecto importante a destacar é que o produtor decide pela quantidade


produzida em um ponto de máximo do gráfico. A matemática nos indica, pois,
exatamente o que prevemos por intuição: o produtor visa produzir o máximo com o uso
mais produtivo possível dos fatores de produção.

44
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

UNIDADE III

45
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

TEORIA DOS CUSTOS


Olá, tudo bem?!
Nesta seção teremos como base as discussões acerca da Teoria dos Custos e
suas nuances para a tomada de decisão dos empresários.

CUSTOS DE PRODUÇÃO
Como visto na aula anterior, a oferta de um bem pelas empresas é determinada
pelo preço que será cobrado e pelos custos de produção. Esses fatores são
fundamentais na determinação do lucro, o preço influencia na receita, e os custos estão
associados à tecnologia disponível para produzir os bens. Uma empresa escolhe a forma
de produção capaz de produzir a maior quantidade ao menor custo possível. Agora,
estudaremos de forma mais minuciosa os custos de uma empresa, primeiramente
fazendo uma distinção dos tipos de custo, e posteriormente observando como a firma
considera esse fator nas suas decisões, quando seu objetivo é o maior lucro possível.

Custos explícitos e implícitos


Comumente, divide-se o custo de produção em custos explícitos e custos
implícitos. Os custos explícitos conforme Aires (2003) são as despesas contábeis, ou
seja, aquelas que envolvem uma transação monetária. Nesse sentido podemos citar o
quanto foi gasto na aquisição de matérias-primas, bens intermediários e máquinas, na
remuneração dos trabalhadores, no pagamento de aluguel e de outros serviços
contratados.
Os custos explícitos também incluem pagamentos devido à depreciação dos
equipamentos, e perdas incorridas na produção. Os custos implícitos são aqueles que
não estão refletidos na declaração contábil das firmas, pois não envolvem o pagamento
direto de fatores de produção.
Esses custos são compostos, principalmente, pelo uso dos recursos do próprio
do proprietário (tais como trabalho, terra e capital) no processo produtivo, além dos
custos de oportunidade (estudado na aula 01 e relembrado a seguir). É importante
ressaltar que, por considerar os custos implícitos, o lucro econômico não é igual ao lucro
contábil. O lucro econômico é uma vantagem relativa, ou seja, uma firma que apresenta
lucro econômico na produção de um bem apresenta um benefício maior nessa atividade
do que se conseguiria aplicando seus recursos em outras indústrias. Para que possamos
compreender melhor a definição de lucro econômico, vamos revisar o conceito de custo
de oportunidade, já visto na aula anterior.

46
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

CUSTO DE OPORTUNIDADE
Para uma empresa, o custo de oportunidade (também denominado custo
alternativo) corresponde ao rendimento que uma firma deixa de obter por não utilizar os
seus fatores de produção próprios da melhor forma possível. Por exemplo, imagine que
um dentista possua um consultório em um edifício comercial, um dos custos de
oportunidade no qual incorre, ao escolher atender seus pacientes nesta sala, é o aluguel
que ele deixará de receber por ela.
Como não envolve um pagamento direto (uma transação monetária) os custos de
oportunidade são custos implícitos das firmas. Uma firma somente apresenta lucro
econômico se sua receita supera o custo de oportunidade, ou seja, se supera a receita
que seria obtida em outras atividades. Por isso, afirmamos há pouco que o lucro
econômico representa uma vantagem em relação a atividades alternativas.
Por causa dessa vantagem, a presença de lucro econômico motiva a entrada de
novas firmas na indústria. Além do custo de oportunidade, quando uma empresa decide
operar no mercado, ela observa que essa operação gerará tanto custos privados quanto
custos sociais, pontos que serão analisados agora.

CUSTO PRIVADO E CUSTO SOCIAL


Ao produzir, segundo Aires (2003) as firmas incorrem em custos que as afetam
de forma exclusiva, por isso eles são chamados de custos privados de produção. Todos
os custos vistos até o momento se enquadram nessa categoria, pois são custos que
somente a própria firma arca.
Contudo, ao produzir um determinado bem ou serviço, as firmas podem afetar
outros agentes da economia, gerando custos que não são contabilizados por ela.
Por exemplo, uma empresa que emite gases poluentes durante a produção gera
custos adicionais para o restante da coletividade, apesar disso, ela os ignora na
mensuração de seus lucros. O custo social representa todos os custos envolvidos na
produção, tanto os custos privados, como aqueles custos que são percebidos pelo
restante da sociedade (como o caso da poluição). Quando os custos sociais diferem dos
custos privados, diz-se que há uma externalidade.
Se os custos sociais superam os custos privados, então há uma externalidade
negativa, a sociedade tem um prejuízo que não é assumido pela firma que o produz. Mas,
se os custos privados superam os custos sociais, então a firma produz uma
externalidade positiva. Um exemplo de externalidade positiva ocorre quando uma firma
sustenta um projeto social que, apesar de ser um custo para a ela, promove um benefício
para o restante da sociedade.

47
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

CUSTO FIXO, CUSTO VARIÁVEL E CUSTO TOTAL


Quando analisa a viabilidade da sua operação, a empresa considera outros tipos
de custos além dos enunciados. Os custos são distintos também em função de sua
relação com a quantidade produzida. Nesse sentido, os custos fixos são aqueles que não
variam com a quantidade produzida. O aluguel da sala na qual se localiza o escritório de
uma empresa é um exemplo de custo fixo, pois, independente de quanto essa empresa
venha a produzir, sempre terá que incorrer no mesmo valor deste custo.
Matematicamente:

Onde CF é um valor não negativo constante. Por outro lado, alguns custos se
alteram a depender do volume de produção, são os custos variáveis. Por exemplo, se
para uma firma produzir mais for necessário contratar mais trabalhadores, ou mesmo o
pagamento de mais horas extras, então os custos com salários são custos variáveis, pois
dependem da quantidade que as firmas decidirão produzir. Em termos matemáticos:
Cv (Q),
Onde Cv( Q), é o custo variável, uma função cuja variável independente é a
quantidade produzida. O custo total de produção é dado pela soma do custo fixo e do
custo variável. Podemos representá-lo por meio da função custo:
Ct (Q )= Cf + Cv
No plano cartesiano, podemos representar curva dos custos fixos e a curva dos
custos variáveis e a curva de custo total conforme a figura a seguir.
Figura 11 – Curva de Custos

48
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

O custo fixo independe do nível de produção, sendo apresentado, graficamente,


como uma linha reta paralela ao eixo da produção. As curvas de custo variável e total têm
os seus formatos associados à lei dos rendimentos decrescentes. Com o aumento do
nível de produção, e o consequente aumento da produtividade, o custo cresce menos. A
adição sucessiva de unidades de trabalho faz com que o trabalho passe a ser menos
produtivo, o que gera um aumento crescente nos custos. Como o custo total é a soma do
custo total com o custo variável, ele terá o mesmo formato do custo variável, mas cortará
o eixo vertical no custo fixo. Compreendido um pouco mais sobre a estrutura de custos
de uma empresa, passamos a analisar outros custos que também são levados em
consideração por uma empresa. Os custos médios e o custo marginal.
Custo médio e custo marginal Para completar o estudo sobre os custos de
produção devemos definir e entender as diferenças e a relação entre o custo marginal e
o custo médio. Primeiramente, o custo marginal, também definido como custo
incremental, é o aumento no custo total devido à produção de uma unidade adicional do
produto. Como o custo total se modifica devido ao custo variável, já que o custo fixo
permanece igual, também podemos definir o custo marginal como a variação do custo
variável ocasionada pela produção de uma unidade a mais.
Matematicamente, o custo marginal é dado por:

Onde C Q mg (é o custo marginal, C Q T) é a variação no custo total, e Q é a


variação na quantidade produzida. Note que, como o valor custo total varia a depender
da quantidade, o mesmo ocorre para o custo marginal. Por sua vez, o custo total médio,
ou simplesmente custo médio, é o custo por unidade produzida, ou seja, qual foi (em
média) o custo para produzir cada unidade. Ele é facilmente obtido pela divisão do custo
total pela quantidade:

Podemos dividir o custo total médio em custo fixo médio e custo variável médio.
O custo fixo médio é a parcela de custo fixo por unidade produzida. De forma análoga, o
custo variável médio é o custo variável por unidade produzida:

49
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Para entender a relação entre o custo médio e o custo marginal é preciso entender
o formato das curvas de custo. Na tabela a seguir, temos os dados de custos para uma
firma fictícia. Perceba que à medida que a quantidade produzida aumenta, o custo fixo
médio diminui. Isso ocorre porque o seu valor total, que permanece inalterado, será
dividido por uma quantidade cada vez maior de produtos.

Fonte: Aires, 2003

Agora analise a coluna relativa ao custo marginal. Para pequenas quantidades


produzidas, o custo marginal é menor que o custo variável médio. Isso significa que para
produzir uma unidade a mais de produto, o custo variável médio irá diminuir.

50
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Fonte: Aires, 2003

Note ainda que, na tabela, que o custo variável médio se reduz enquanto o custo
marginal for menor, ou graficamente, enquanto a curva de custo marginal estiver abaixo
da curva de custo variável médio. No entanto, como o custo marginal é crescente, a curva
de custo marginal passa a curva de custo variável médio quando a firma produz a oitava
unidade. A partir desse ponto, a curva de custo variável médio passa a crescer com a
quantidade. Deste modo, percebe-se que a curva de custo marginal cruza a curva de
custo variável médio no seu ponto de mínimo (o que ocorre quando a firma produz sete
unidades do bem).

Fonte: Aires, 2003

O formato da curva do custo total médio será o mesmo da curva de custo variável
médio, mas em uma posição um pouco mais acima, pois ao custo variável médio soma-

51
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

se o custo fixo médio. A distância entre as duas curvas se reduz com o aumento da
quantidade porque o custo fixo médio é cada vez mais próximo de zero. Então, a curva
de custo marginal também cruza a curva de custo médio no seu ponto de mínimo (nesse
caso, quando a produção é de oito bens).
As firmas não operam enquanto o custo marginal for inferior ao custo médio, pois
não seria eficiente na busca pela maximização do lucro. Quando o custo marginal for
inferior ao custo médio, esse será decrescente, o que significa que o custo médio será
reduzido se a próxima unidade for produzida. Caso a produção da unidade adicional não
altere o preço, teríamos que a firma poderia aumentar sua margem de lucro em cada
peça, pois receberia o mesmo valor na venda, mas teria um custo médio de produção
menor. Então, enquanto o custo médio for decrescente, a firma decidirá por produzir a
unidade adicional. Para finalizar o estudo dos custos de uma empresa, vamos
compreender como são os custos no longo prazo.

CURVAS DE CUSTO NO LONGO PRAZO


Até o momento, estudamos apenas o comportamento das curvas de custo no
curto prazo, portanto ainda resta analisá-las no longo prazo. Primeiramente, devemos
diferenciar o curto e o longo prazo. Apenas relembrando, considera-se que o curto prazo
é o horizonte temporal em que alguns custos não podem ser alterados, ou seja, existem
custos fixos, já que existem insumos fixos. Por longo prazo, compreende-se como o
horizonte de tempo em que todos os custos são variáveis.
Para entender melhor vamos refletir no seguinte exemplo: uma empresa no curto
prazo tem que se contentar com o aluguel que paga por operar em uma determinada
planta, mas no longo prazo ela pode decidir se deseja aumentar ou reduzir essa planta de
produção, de modo a mudar sua capacidade produtiva. Sendo assim, o custo fixo do
aluguel da planta atual, pode variar no longo prazo – tempo necessário para que a firma a
altere.
A aparência das curvas de longo prazo não difere das curvas de curto prazo, pois
a relação entre custo marginal e médio que foi discutida para o curto prazo continua
vigorando no longo prazo, qual seja: enquanto o custo marginal for menor que o custo
médio, esse será decrescente, quando o custo marginal passar a ser superior, o custo
médio será crescente.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Fonte: Aires, 2003

Quando uma empresa apresenta um nível de produção em que o custo médio a


longo prazo (CMeLP) esteja diminuindo, o custo marginal de longo prazo (CMgLP) é menor
que o CMeLP. Quando o CMeLP apresenta elevação, o CMgLP é maior que o CMeLP. As
duas curvas interceptam-se no ponto A, onde a curva de CMeLP atinge seu valor mínimo.
Também podemos avaliar o formato da curva de custo médio de longo prazo através dos
conceitos de economias e deseconomias de escala. Para quantidades reduzidas, temos
que o custo marginal será menor que o custo médio, de modo que se a firma aumentar a
quantidade no longo prazo, o custo médio será inferior. Nesse caso, haveria ganhos em
economias de escala. Por outro lado, para quantidades de produção elevadas, o custo
marginal é maior que o médio, então se a firma aumentar o seu nível de produção, o custo
médio irá aumentar – nesse caso diz que há deseconomias de escala.
A curva de custo médio a longo prazo (CMeLP), corresponde à envolvente das
curvas de custo médio a curto prazo (CMeCP1, CMeCP2, CMeCP3). Havendo economias e
deseconomias de escala, os pontos mínimos das curvas de custo médio a curto prazo
não se encontram situados na curva de custo médio a longo prazo.

INFLAÇÃO
Inflação não é a simples subida de preços, não se pode falar de inflação sempre
que o padeiro decide aumentar o preço do pão ou quando se registam aumentos dos
bilhetes do cinema. Isso porque, em economia, os preços são gerados pelos movimentos
de oferta e procura e o fato do preço do pão aumentar não significa que se perca poder
de compra, porque a par desse aumento podem verificar-se diminuições nos preços de

53
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

outros produtos, como a bolacha, e, então, pode acontecer que o pão seja substituído
pela bolacha.
Ela diz respeito ao processo persistente e relativamente generalizado de
aumento dos preços em vigor numa dada economia, observado ao longo de um dado
período de tempo. Importa reter nesta definição a expressão “aumento generalizado”, o
que significa que a inflação não recai apenas sobre os preços de alguns bens ou serviços,
mas sim sobre os preços da maioria dos bens e serviços.
Existem alguns tipos de inflação que são:

Inflação de Demanda
Ocorre quando os consumidores, por algum motivo, elevam o consumo de
mercadorias. Quando isso ocorre, eles terão de disputar entre si as poucas mercadorias
disponíveis para a venda. E o empresário normalmente decide vender para aquele que se
dispor a pagar mais pela mercadoria escassa. Daí a razão dos preços subirem. Para se
combater este tipo de inflação, torna-se necessário aumentar a oferta ou diminuir a
demanda. Como dificilmente a oferta pode ser elevada no curto prazo, geralmente, o
governo acaba optando pela segunda alternativa.

Inflação de Custos
É o tipo de inflação que acontece quando a demanda permanece estável, mas os
custos de produção do empresário se elevam. Essa elevação pode ocorrer ou por uma
elevação dos salários, nos preços dos insumos ou, ainda, por um encarecimento das
fontes de energia. Toda elevação de custos implica numa redução do incentivo ao
empresário em produzir determinada mercadoria, caso ele não possa repassar
integralmente a elevação dos custos ao consumidor.
Dessa forma, tende a ocorrer uma redução da oferta da mercadoria. Com a queda
na produção, a mercadoria fica mais escassa e chegará ao consumidor final por um preço
mais elevado. Constata-se que o combate a este tipo de inflação é ainda mais difícil. Ele,
em parte, pode ser conseguido com a redução das margens de lucro das empresas, mas
nem todas estarão dispostas a fazê-lo. Uma alternativa seria a busca de fontes de
energia ou insumos que também não estão sempre disponíveis.

Inflação Inercial
Consiste numa situação especial, na qual a inflação não é necessariamente
gerada por uma demanda muito elevada ou por uma oferta reduzida. Também é
conhecida como inflação psicológica. Ela ocorre quando a população de modo geral
acredita que os preços irão continuar subindo. Essa crença se deve a um processo
conhecido por indexação da economia. Indexar significa atrelar preços, salários,

54
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

contratos, aluguéis, dentre outros, a determinados índices de mensuração da inflação


(IGP-DI, IGP-M,IPA-DI,INCC,INPC,IPCA, etc.).
Constata-se que indexação da economia é um recurso utilizado quando a
inflação se torna crônica em um determinado país. O seu objetivo então é louvável. Pela
indexação de contratos, preços, aluguéis e salários, as perdas decorrentes da
desvalorização da moeda são minimizadas. O grande inconveniente é que a inflação
passada serve de parâmetro para o aumento de preços futuros, mesmo que as causas
originais de elevação de preços (elevação da demanda ou redução da oferta), já
detenham desaparecido.
Com isso, a inflação se retroalimenta, gerando muitas vezes uma tendência
de crescimento exponencial, que pode culminar num processo hiperinflacionário, como
ocorreu no Brasil no ano de 1993, quando a inflação chegou a 2,491% ao ano. Constata-
se que a inflação crônica brasileira forçou o país a mudar várias vezes o seu padrão
monetário. Em um período pouco superior a oito anos (de fevereiro de 1986 a julho de
1994) o Brasil mudou cinco vezes de moeda. Por várias vezes foi necessário eliminar
“zeros” da moeda e, ocasionalmente, os centavos eram extintos.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO


Segundo Vasconcelos e Garcia (2014), o caminho para analisar as diferenças do
desenvolvimento entre países é a partir dos elementos que constituem a chamada
“função de produção agregada” do país. O crescimento da produção e da renda decorre
de variações na quantidade e na qualidade de dois insumos básicos: capital e mão de
obra. Nesse sentido, as fontes de crescimento são:
1. Aumento na Força de trabalho: derivado do crescimento demográfico e da
imigração;
2. Aumento do estoque de capital, ou da capacidade produtiva;
3. Melhoria na qualidade de mão de obra, com programas de educação,
treinamento e especialização;
4. Melhoria Tecnológica, que aumenta a eficiência na utilização do estoque
de capital;
5. Eficiência organizacional, ou seja, eficiência na forma com os insumos
interagem.
Já o desenvolvimento econômico é um termo em ciências econômicas que é
passível de diversas interpretações baseado no pensamento de cada escola econômica
em si. Pode ser considerado o aumento da Renda Nacional durante um longo período de
tempo ou o crescimento da Renda Per Capita por certo período de tempo. Para outros,
desenvolvimento econômico pode ser considerado o crescimento da Renda Nacional e
sua relação com o bem estar social que pode ser medido pelo Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH).

55
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Atualmente o estudo do desenvolvimento econômico tem abordado várias outras


variáveis que podem influenciar não só na economia, mas também na vida dos indivíduos
e da sociedade como um todo. Para Amartya Sen (2000) o desenvolvimento econômico
estava baseado na liberdade que o indivíduo possui em uma determinada economia, para
ele:
O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de
privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de
oportunidades econômicas e destituição social sistemática,
negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência
excessiva de Estrados repressivos. A despeito de aumentos sem
precedentes na opulência global, o mundo atual nega liberdades
elementares a um grande número de pessoas – talvez até mesmo
à maioria. (SEN, Amartya K. 2000 p. 18).

Para Ignacy Sachs (2004) o estudo do desenvolvimento econômico não pode ser
estudado sem sua relação com a sustentabilidade. Assim sendo, para Sachs é necessário
conceituar desenvolvimento sustentável acrescentando as dimensões de
sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social considerando fatores como: social,
ambiental, territorial, econômico e político para tais análises. Conforme Sachs,
desenvolvimento econômico, social e ambiental se inter relacionam: “(…) Outras
estratégias, de curto prazo, levam ao crescimento ambiental destrutivo, mas
socialmente benéfico, ou ao crescimento ambiental benéfico, mas socialmente
destrutivo” (SACHS, Ignacy. 2004, p 14).
Atualmente o estudo das ciências econômicas é divido em períodos ao qual cada
período com seus respectivos pensadores ganham o nome de Escola de Pensamento
Econômico. Cada escola formulou suas teorias baseadas na realidade vivida em cada
período, e consequentemente o estudo e a abordagem do crescimento e
desenvolvimento econômico estava atrelada ao período histórico de cada escola.
A história do pensamento econômico pode ser dividida, grosso modo, em três
períodos: Pré-moderno (grego, romano, árabe), Moderno (mercantilismo, fisiocracia) e
Contemporâneo (a partir de Adam Smith no final do século XVIII). A análise econômica
sistemática tem se desenvolvido principalmente a partir do surgimento da Modernidade.
No período mais antigo o estudo da economia se fundia com a filosofia, porém após a
segunda revolução industrial a economia ganhou status de ciências econômicas
independente.
O conceito de desenvolvimento econômico é bastante complexo para a economia
atual, principalmente quando se pretende determinar o fator gerador e motivador de tal
desenvolvimento. Baseado nas diversas variáveis econômicas existentes, nos fatores
macroeconômicos, locais e regionais o estudo se torna ainda mais complexo. Por esse
motivo os modelos se limitaram a estudar a origem dos agentes causadores do
desenvolvimento em modelos endógenos ou exógenos a economia.

56
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Um dos mecanismos de apoio ao estudo do desenvolvimento econômico vem a


ser o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um índice que serve de comparação
entre os países, com objetivo de medir o grau de desenvolvimento econômico e a
qualidade de vida oferecida à população. O relatório anual de IDH é elaborado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), órgão da ONU.
O IDH surgiu a partir da necessidade de criar um novo índice que levasse em conta
os fatores sociais e não apenas os econômicos de um país.
Por isso, o economista indiano Amartya Sen e o paquistanês Mahbub ul Haq
criaram uma metodologia que considerava o papel do Estado para o bem-estar da
sociedade.
Com isso, o IDH rompe com a função determinista da análise econômica, baseada
apenas em índices como o Produto Interno Bruto (PIB), consumo, industrialização e
renda familiar.
Para realizar o cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), três fatores
são considerados: educação, saúde e economia.

Educação
Dois números são levados em conta: a taxa de alfabetização e o tempo de
escolaridade. O nível de alfabetização de uma população revela que todos tiveram
oportunidade de receber a educação mais elementar, adquirindo habilidades de leitura,
escrita e matemática. Já o tempo de escolaridade, mede o tempo que cada cidadão deve
permanecer na escola para considerar-se escolarizado. Esses dois números podem
revelar o quanto está estendida a educação de um território.

Saúde
Acesso à medicina, tratamentos e aspectos que medem a longevidade
demonstram as reais condições de saúde e qualidade de vida local. Todos esses números
são considerados para calcular o IDH.

Economia
Dados como o PIB per capita e taxa de desemprego nos oferecem informações
acerca do padrão de vida e poder aquisitivo alcançado em cada nação.

57
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Escala do IDH
O IDH consiste numa escala de 0,000 até 1 (0 a 1) e quanto mais próximo do nº 1,
mais desenvolvida é a nação. Por outro lado, quanto mais perto do 0, mais
subdesenvolvido é o país.
• Países com índice superior à 0,800, possuem um IDH alto.
• Entre 0,500 e 0,799 são considerados com IDH mediano.
• De 0 até 0,499, o IDH é classificado abaixo da média.

Outra ferramenta importante vem a ser o índice Gini, que é o que veremos a seguir:

Índice de Gini
É um dado estatístico utilizado, mais comumente, para avaliar o grau de
concentração de renda em determinado grupo, isto é, medir o grau de desigualdade que
há em uma sociedade.
Ele consiste em um número entre 0 e 1 (ou 0 e 100), onde 0 significa uma situação
de perfeita igualdade e 1 uma situação de desigualdade máxima.
Limitações:
• Os dados informados nem sempre são precisos e referem-se a um período
relativamente curto ao longo do ano, o que diminui o seu grau de precisão;
• Os dados são obtidos a partir de um fornecimento voluntário por parte dos
governos e agências de pesquisa, de forma que, conforme os diferentes
interesses, as informações podem apresentar distorções;
• Esse dado não verifica a potencialidade de crescimento da população mais
rica em face da população mais pobre e vice-versa, apresentando apenas
informações “estáticas”.

Por fim observamos que a uma diferença clássica entre desenvolvimento e


crescimento econômico e que, muitas das vezes uma economia cresce, porém, não se
desenvolve. Isso não pode ocorrer, pois, ambos precisam andar alinhados.

58
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

UNIDADE IV

59
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

INTRODUÇÃO A MACROECONOMIA
Olá, tudo bem?!
Nesta seção teremos como base os desafios a que possivelmente está submetida
a Macroeconomia. Para estudar a Macroeconomia, antes é necessário defini-la. Afinal,
do que trata a Macroeconomia? Macroeconomia é o estudo do comportamento agregado
da economia. A economia “acontece” no dia-a-dia a partir da interação entre os
indivíduos e instituições. Transações comerciais e financeiras são realizadas, a taxa de
juros sobe e desce, a inflação varia acima ou abaixo, o Governo adota determinada
política fiscal, assim como o Banco Central determina a política monetária.
A soma de todos estes eventos constitui a “mão de obra” da macroeconomia. Isto
é, à macroeconomia cabe avaliar e entender as tendências gerais da economia, em vez
de examinar a situação individual de cada indivíduo/instituição.
E foi assim que a macroeconomia surgiu como campo individual de estudo. Na
década de 30 (a Macroeconomia nasceu depois de Dercy Gonçalves...), um eminente
economista de nome John Maynard Keynes causou uma revolução na economia como
um todo. Uma de suas principais contribuições foi separar o estudo de variáveis
agregadas, tais como “emprego”, “juros”, “renda”, “consumo”, “investimento” entre outras,
dos demais tópicos em economia. No entanto, não é verdade que Keynes criou a
macroeconomia. Tão somente ela era estudada com demais áreas do conhecimento,
como a política e filosofia.
Objetivos da Política Macroeconômica:
• Alto nível de emprego;
• Estabilidade de preços;

O alto nível de emprego é importante, pois, dessa forma, as pessoas recebem um


salário e têm condições de adquirir mercadorias. Ao contrário, o desemprego gera pouca
demanda, fazendo com que os produtos permaneçam nas prateleiras. Logo, se não há
procura de produtos, a produção diminui e consequentemente o lucro também. Assim
existe uma preocupação quanto ao nível de emprego para que haja um equilíbrio entre a
demanda e a oferta.
Um fator que influi na estabilidade dos preços é a tão famosa inflação.
• Distribuição Equitativa da Renda;
• Crescimento Econômico

É ela a responsável pelo aumento contínuo e generalizado no nível de preços.


Contudo, aceita-se que um pouco de inflação seja integrante dos ajustes de uma
sociedade em crescimento, porque esse avanço econômico dificilmente se realiza sem
que ocorram elevações dos preços.

60
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Enquanto que países em desenvolvimento enfocam a análise da inflação, os


industrializados preocupam-se com o problema do desemprego.
A distribuição justa de renda também é meta da macroeconomia, tanto em
relação ao nível pessoal quanto ao nível regional. Observa-se que a cada dia essa
disparidade aumenta, ou seja, os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres, mais
pobres. Mas, Garcia e Vasconcellos (2014, p. 86) apontam que "[...] a renda de todas as
classes aumentou. O problema é que, embora o pobre tenha ficado menos pobre, o rico
ficou relativamente mais] "Interessante é observar que o rico jamais perde, ao contrário,
sua riqueza só aumenta. Talvez está aí a forma de igualar a distribuição da renda,
diminuindo daqueles que têm demasiadamente.

Instrumentos de Política Macroeconômica.


A Política macroeconômica segundo Vasconcelos e Garcia(2008) envolve a
atuação do governo sobre a capacidade produtivas (oferta agregada) e as despesas
planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir que a economia opere a
pleno emprego, com baixas taxas de inflação, com distribuição de renda justa e cresça
de forma contínua e sustentável.
Os principais instrumentos segundo Vasconcelos e Garcia(2008) são:

Política Fiscal
Diz respeito aos instrumentos disponíveis pelo governo para a arrecadação de
impostos e contribuições, e o controle de suas despesas. Ela também é utilizada para
estimular ou inibir os gastos do setor privado.
Assim, se o objetivo é reduzir a taxa de inflação, as medidas fiscais empregadas
são a redução dos gastos da coletividade ou o aumento da carga tributária, o que inibe o
consumo. Porém, se a meta é o crescimento do emprego, aumentam-se os gastos
públicos e diminuem-se os tributos, elevando assim a demanda. Se o objetivo a atingir é
a melhor distribuição da renda, então os recursos utilizados devem se dar em benefício
dos menos favorecidos. O governo passa, então, a gastar em regiões mais atrasadas,
impor impostos progressivos, ou seja, quanto maior o nível de renda, maior a proporção
paga do imposto em relação à renda, etc.
O Princípio da Anterioridade rege que a execução de uma medida só pode ocorrer
a partir do ano seguinte ao de sua aprovação pelo Congresso Nacional. Segundo este
princípio constitucional, a que toda política tributária deve obedecer, é proibido que as
autoridades públicas cobrem impostos ou contribuições no mesmo exercício financeiro
em que a lei tenha sido publicada.

61
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Política Monetária
Nesta, o governo atua sobre a quantidade de moeda e títulos públicos, sendo os
recursos disponíveis a sua emissão, compra e venda de títulos, regulamentação sobre
crédito e taxas de juros, entre outros.
Se o objetivo é controlar a inflação, por exemplo, compra-se títulos públicos,
diminuindo o estoque monetário da economia. Quando se anseia o crescimento
econômico, o meio seria aumentar o estoque de moedas.
Esta política não necessita obedecer o Princípio da Anterioridade e pode ser
implementada logo depois da sua aprovação. E é exatamente esta a vantagem da política
monetária sobre a política fiscal já que ambas representam meios diferentes para as
mesmas finalidades – melhor distribuição de renda, questão distributiva.

Política Cambial e Comercial


Ambas atuam sobre o setor externo da economia. A política Cambial diz respeito
a ação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo fixa ou permite que a taxa de
câmbio seja flexível, através do Banco Central. A política Comercial refere-se aos
instrumentos que estimulam as exportações – estímulos fiscais e taxas de juros
subsidiadas – e ao controle das importações – tarifas e barreiras maiores.

Política de Rendas
Refere-se a interferência do governo na formação de renda, através do controle
e congelamento dos preços. Esse controle sobre os preços e salários é obtido através do
combate ao aumento persistente e generalizado nos preços, que é a inflação. As políticas
anti-inflacionárias brasileiras são o salário mínimo, o congelamento de preços e salários
etc.

ESTRUTURA DE ANÁLISE MACROECONÔMICA


A estrutura básica macroeconômica constitui-se de cinco mercados, que através
de suas ofertas e demandas determinam os agregados macroeconômicos. São eles:

Mercado de Bens e Serviços


Determina o nível de produção agregada, bem como o nível geral de preços. Para
Garcia e Vasconcellos (2008, p. 113) "A idéia seria a de idealizarmos a economia como se
ela teoricamente produzisse apenas um único bem, que seria obtido através da
agregação dos diversos bens produzidos."
O nível geral dos preços e do agregado da produção depende da demanda
agregada – consumidores, empresas, governo, setor externo – e da oferta agregada de

62
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

bens e serviços. Para que ao menos houvesse um equilíbrio de mercado, seria necessário
que a oferta agregada de bens e serviços fosse igual a demanda agregada de bens e
serviços.
O mercado de bens e serviços define as variáveis de: nível de renda, produto
nacional e de preços, consumo, poupança e investimentos agregados e exportações e
importações globais.

Mercado de Trabalho
Nesse mercado admite-se um único tipo de mão-de-obra, independente do grau
de qualificação, escolaridade, sexo etc. Ele determina os salários e o nível de emprego.
A oferta de mão-de-obra dá-se pelo salário e pela evolução da população
economicamente ativa. E a procura de mão-de-obra ocorre pelo seu custo à empresa e
do nível de produção desejada pela mesma. O equilíbrio nesse mercado se dá pela
igualdade entre a oferta e a demanda de mão-de-obra.
Esse mercado determina o nível de emprego e a taxa de salário.

Mercado Monetário
Existem em função de que todas as operações comerciais da economia são
realizadas através da moeda. Nele existe, portanto, uma demanda e também uma oferta
de moeda – através do Banco Central –, que juntas determinam uma taxa de juros. Aqui,
a igualdade entre a oferta e a demanda de moeda é dá a condição de equilíbrio no
mercado monetário. E é ele que impõem, além da taxa de juros, o estoque de moeda.

Mercado de Títulos
Determina o preço dos títulos, por exemplo, do título público federal.
Ele analisa o papel dos agentes econômicos superavitários – que gastam menos e
ganham mais, podendo efetuar empréstimos – e dos agentes econômicos deficitários –
que gastam mais que ganham, que geralmente recorrem à empréstimos dos
superavitários. Quando a oferta de títulos se iguala a sua demanda, ocorre o equilíbrio
desse mercado.

Mercado de Divisas
Divisas são moedas estrangeiras, dessa forma ele também é chamado de
mercado de moeda estrangeira, e cuida das transações da economia com o resto do
mundo. Para que ocorra um equilíbrio nesse mercado a oferta de divisas – gerada pelas
exportações e entrada de capital – seja iguala sua demanda – gerada pelas importações

63
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

e saída de capital financeiro. A taxa de câmbio é a variável determinada neste mercado


que possui interferência do Banco Central, que fixa ou deixa a taxa de câmbio flutuar.
Na análise macroeconômica, os gastos do governo e a oferta da moeda [...] não
são determinadas nesses mercados, mas sim de forma autônoma pelas autoridades. [...]
já que dependem do tipo de política econômica adotada pelas autoridades. [...] Elas vão
condicionar o comportamento de todos os demais agregados, [...] (GARCIA;
VASCONCELLOS, 2008, p. 92).

ECONOMIA INTERNACIONAL
Nesta Unidade iremos entender como uma economia depende da outra para se
manter. Até porque nenhuma nação produz tudo o que necessita.
Atualmente, pelo menos do ponto de vista econômico, o mundo se apresenta
crescentemente interligado. De modo geral, as relações econômicas internacionais tem
posição fundamental para a maioria dos países inclusive o Brasil.
Dizemos que a o Estudo da Economia Internacional em dois grandes blocos: os
aspectos microeconômicos que procura justificar os benefícios advindos desse
comércio; e os aspectos macroeconômicos relativos a taxa de câmbio e ao balanço de
pagamentos.
O assunto de interesse da Economia Internacional, portanto, consiste em temas
originados em problemas especiais da interação econômica entre os estados soberanos.
Parte da teoria Econômica que estuda as relações entre os países, as quais
envolvem transações com mercadorias, transações com serviços e transações
financeiras.
O estudo da Economia Internacional se centraliza em:
• GANHOS DO COMÉRCIO;
• O PADRÃO DE COMÉRCIO;
• O PROTECIONISMO;
• O BALANÇO DE PAGAMENTOS;
• A DETERMINAÇÃO DA TAXA CAMBIAL;
• A COORDENAÇÃO DAS POLÍTICAS INTERNACIONAIS;
• O MERCADO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

TAXA DE CÂMBIO
Definição
A definição de taxa de câmbio é a referência em valor da moeda nacional com
relação à moeda estrangeira. Assim, no Brasil a taxa de câmbio representa o preço, em
moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira, normalmente o dólar. Uma
elevação da taxa de câmbio representa uma desvalorização do real com relação ao dólar.
Ao contrário, uma diminuição da taxa de câmbio representa uma valorização do real com
relação ao dólar.
Uma desvalorização cambial tende a desestimular as importações e estimular as
exportações, pois no mercado interno encarece os bens importados e aumenta a renda
dos exportadores. No mercado externo barateia os bens que o país exporta.

Determinação da taxa de câmbio real


Quando tratamos a taxa de câmbio consideramos os conceitos de:
Taxa de câmbio nominal: é a relação entre quantidades de moeda.
Taxa de câmbio real: corresponde ao relativo de preços entre o produto nacional
e o estrangeiro. Por que isto? Porque os países têm reflexos do valor da moeda no preço
das mercadorias. Ou seja, há inflação. É exatamente para neutralizar o efeito da inflação
na definição da taxa de câmbio que se trata a referência dos preços de uma mesma
mercadoria em dois países.
A fórmula de obtenção da taxa de câmbio real é:

onde:
q = taxa de câmbio real
E = taxa de câmbio nominal
P* = preço do produto estrangeiro
P = preço do produto nacional
Um exemplo nos auxilia ilustrar a situação do câmbio no comércio entre dois
países. Vamos imaginar o Brasil comparando o valor de um carro com os Estados Unidos.
A taxa de câmbio nominal E é 1, o valor do carro nos Estados Unidos é US$ 12.000,00, e o
valor do carro no Brasil é R$ 15.000,00. Qual será a taxa de câmbio real entre os dois
países? Substituindo estes valores na equação temos:

65
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Uma observação para a obtenção do resultado: simplificou-se US$ da taxa


nominal de câmbio com US$ do valor do carro nos Estados Unidos, resultando o valor em
reais no numerador.
Este valor de 0,8 da taxa de câmbio real nos aponta que o carro é 20% mais barato
nos Estados Unidos. Podemos conferir então que tratamos os valores do carro nos dois
países relativos ao preço de comércio interno dos dois países.
Seguindo ainda o exemplo, na situação de aumento do valor nominal do real com
respeito ao dólar, imaginemos que E tenha aumentado para 1,25. Isto resulta na
desvalorização da taxa de câmbio real  que será 1,0. Esta desvalorização resulta que o
produto nacional ficou relativamente mais barato que o estrangeiro, uma vez que o
resultado será R$ 15.000,00 o valor do carro no Brasil e US$ 15.000,00 nos Estados
Unidos. Diante desta situação de câmbio é interessante ao Brasil exportar mais e
importar menos.
As informações passadas até aqui para que se tenha a compreensão da razão de
ser da taxa de câmbio para a economia brasileira esbarra no significado do risco país. A
resposta da oferta de dólar diante do aumento da taxa de juros brasileira é bem menos
sensível que a resposta da demanda de dólares ao aumento da taxa de juros norte-
americana.
Diante do grau de dependência do Brasil ao capital estrangeiro para fechar as suas
contas a cada período no Balanço de Pagamentos que estudaremos a seguir, o Brasil é
considerado de alto risco de calote da dívida, o que o obriga a pagar uma taxa de juros
muito alta em relação aos países desenvolvidos para cobrir o “risco país”. Assim, o
diferencial das taxas de juros dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento
implica que uma mudança na taxa dos países desenvolvidos tende a despertar mais
reações que nos países em desenvolvimento.

Os regimes cambiais: uma trajetória histórica


Historicamente temos o grande marco do encontro dos representantes dos
países após a II Guerra Mundial em New Hampshire, na Inglaterra, quando na cidade de
Bretton Woods determinou-se o sistema de câmbio fixo que levava o nome da cidade
como referência ao local da reunião. O dólar norte-americano foi definido como a
referência das demais moedas. Todos os países fixaram ou atrelaram suas moedas ao
dólar americano.
O sistema Bretton Woods durou até o início da década de 1970, quando várias
economias o abandonaram e passaram ao sistema atual, o sistema de câmbio flexível.

66
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Neste sistema os mercados livres determinam os valores das taxas cambiais. Nesse
sistema a taxa de câmbio de uma moeda é determinada por sua oferta e demanda.
Ainda que o sistema de taxa de câmbio fixa, ofereça benefícios, também exige que
os países mantenham políticas econômicas semelhantes, inclusive mantendo taxas de
inflação e de juros semelhantes. Os reflexos da impossibilidade de alteração da taxa de
câmbio, causa reflexos na balança comercial e no balanço de pagamentos de um país,
motivo este que levou à quebra do sistema Bretton Woods de taxa de câmbio fixa no
início dos anos 1970 nos Estados Unidos primeiramente.
Após a adoção do sistema de taxa de câmbio flexível observou-se a
ultrapassagem mais amena dos países às duas fases difíceis de comércio e finanças no
mundo quando ocorreram as duas crises do petróleo no início e no final da década de
1970.
E a partir dos anos 1990, quando as economias do mundo passaram a integrar-se
por meio do sistema financeiro e do comércio de bens e serviços, o avanço financeiro
passou a ter o papel fundamental da intermediação entre os países.
Hoje os residentes dos Estados Unidos podem investir em empresas da Ásia e da
América Latina, assim como uma empresa da Tailândia que queira iniciar um
empreendimento pode tomar recursos emprestados do Japão, dos Estados Unidos ou
da Europa. Bancos japoneses fazem empréstimos a empresas dos outros países. E
recentemente os governos de muitos países promoveram o processo econômico de
liberalização financeira, abrindo seus mercados financeiros a participarem de países
estrangeiros.
Há instituições financeiras internacionais que amparam a interdependência dos
mercados. A principal delas é o Fundo Monetário Internacional (FMI), com sede em
Washington, DC, que funciona conjuntamente com os governos do mundo para promover
políticas financeiras eficientes e mais efetivas para facilitar o crescimento do comércio
mundial.
Por outro lado devemos considerar que em decorrência das relações econômicas
entre os países há uma maior fragilidade do sistema global. Crises financeiras localizadas
podem afetar muitos países, a exemplo da crise financeira do México em 1994, da Ásia
em 1997 e da Rússia em 1998.
A taxa de câmbio no Brasil é determinada no mercado desde 1999, ou seja, pela
interação entre oferta e demanda de moeda estrangeira. Neste ano o Brasil adotou o
regime de câmbio flutuante. Até então o Brasil tinha o regime de câmbio fixo, com
minidesvalorizações cambiais, em que o governo determinava qual seria o preço em
moeda nacional por cada unidade de moeda estrangeira. Nos Estados Unidos o sistema
de câmbio flutuante opera desde 1973, após o primeiro choque do petróleo.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

BALANÇO DE PAGAMENTOS
Balanço de Pagamentos (Definição): BP é o registro contábil de todas as
transações econômicas entre um país e o resto do mundo durante um determinado
período de tempo. É utilizada para avaliar o estado das finanças internacionais de um
país, permitindo acompanhar a evolução do fluxo de recursos materiais (físicos) e
financeiros entre os agentes residentes e não residentes em uma determinada
economia.
No Brasil, os registros do BP seguem as normas internacionais publicadas pelo
FMI (Fundo Monetário Internacional), que são compatíveis com o SCN da ONU. O registro
e a divulgação são de responsabilidade do Banco Central do Brasil(Bacen), que
disponibiliza estatísticas anuais desde 1947, estatísticas trimestrais desde 1979 e as
mensais desde 1995.
O BP consiste em um conjuntos de contas agregadas, que se divide em subcontas,
dependendo do objeto de análise. Contas analíticas (informações relevantes para análise
econômica do BP):
Conta-corrente: Registra o comércio de bens e serviços, os pagamentos e
recebimentos de rendas de capital e trabalho e as transferências unilaterais de renda
entre o país e o resto do mundo.
Conta Capital: Registra as transferências unilaterais de ativos reais, ativos
financeiros e de ativos intangíveis entre residentes e não residentes = transferências de
patrimônio entre residentes e não residentes.
Conta Financeira: Registra todos os tipos de fluxos decorrentes de transações
com ativos e passivos financeiros entre residentes e não residentes.

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

68
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Fonte:
<googleimagens<https://www.google.com.br/search?q=SUSTENTABILIDADE+ECON%C3%94MICA&sour
ce=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjbz8mW6pLeAhWDjJAKHYVeAvgQ_AUIDygC&biw=1536&bih=75
4#imgrc=6jKkZI0KDK3O8M:>

Nesta unidade, abordaremos as principais nuances de sustentabilidade


econômica que nada mais é que, um conjunto de práticas econômicas, financeiras e
administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um país ou empresa,
preservando o meio ambiente e garantindo a manutenção dos recursos naturais para as
futuras gerações (sua pesquisa, 2018).
O grande desafio de uma política econômica, seja empresarial ou governamental,
é gerar crescimento econômico, lucro, renda e criar empregos sem ocasionar danos ao
meio ambiente.
Exemplos (ações economicamente sustentáveis):

Nas empresas
• Utilização, sempre que possível, de fontes de energia limpa e renovável.
Exemplos: eólica e solar.
• Tratamento de todos os resíduos orgânicos e materiais gerados no
processo produtivo, inclusive priorizando a reciclagem do lixo.
• Processos produtivos que usem de forma racional a energia elétrica e a
água.
• Tratamento adequado a todos os poluentes gerados na produção de
mercadorias e serviços.
• Uso, sempre que possível, de meios de transportes de mercadorias mais
econômicos e menos poluentes. O meio ferroviário e marítimo são os mais
recomendáveis.

Nos governos
• Políticas de desenvolvimento de infraestrutura necessárias que não
agridam o meio ambiente.
• Incentivos fiscais para empresas que reciclam ou desenvolvem
tecnologias que visem o desenvolvimento sustentável.
• Fiscalização e punição as empresas que poluem ou gerem qualquer tipo de
dano ambiental.
• Conciliação, através de políticas econômicas, entre desenvolvimento
econômico (geração de renda, empregos e crescimento econômico) com
uso racional de recursos naturais e proteção ao meio ambiente.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Vantagens da sustentabilidade econômica:


• Empresas e governos com atitudes sustentáveis geram mais economias
financeiras a médios e longos prazos.
• A imagem de governos e empresas que priorizam a sustentabilidade
econômica melhora muito diante os cidadãos e consumidores.
• Empresas, governos e cidadãos só têm a ganhar com estas atitudes, pois
terão um meio ambiente preservado, maior desenvolvimento econômico e
a garantia de uma vida melhor para as futuras gerações.

Marques (2017) relata que, de uns tempos para cá, uma das práticas que mais tem
feito diversas empresas ao redor do mundo se destacar no mercado é sua preocupação
com aquilo que envolve a sustentabilidade. As organizações que desejam obter sucesso
e mostrar valor a seus clientes adotam medidas de preservação do meio ambiente, que
vem sendo cada vez mais degrado, devido há anos e anos de ação do homem sobre a
natureza.
A sustentabilidade envolve ações em relação ao meio ambiente e ao
desenvolvimento da sociedade. Um empresa sustentável se preocupa com o impacto
que suas atividades afetam a natureza e a sociedade em que está inserida.
Isso não significa que ela deve parar de gerar lucros, muito pelo contrário. A
sustentabilidade também se refere à saúde financeira da instituição (pilar do
desenvolvimento econômico). Afinal, as empresas muitas vezes sustentam a economia
da localidade a qual estão inseridas. Assim, a sustentabilidade empresarial se refere ao
posicionamento que as empresas devem ter frente a ética ambiental e social. Suas
práticas devem favorecer seu crescimento econômico sem agredir o meio ambiente e
colaborando com a qualidade de vida da sociedade.
Claro que lidar com tantas exigência não é fácil, porém o mercado necessita se
valer de algumas regras para que as gerações futuras possam ter acesso a produtos e
serviços que atendam pelo menos suas necessidades básicas. Dados alarmantes
fizeram com que padrões internacionais surgissem, entre eles certificações internas e
externas com o intuito de obrigar determinadas empresas a se adequarem à proteção do
meio Ambiente. Então obter hoje uma empresa economicamente sustentável é sinônimo
de solidez de mercado e confiabilidade futura.
Um dos grandes exemplos vem a ser as certificações em ISSO 14001, A norma ISO
14001 é uma ferramenta criada para auxiliar empresas a identificar, priorizar e gerenciar
seus riscos ambientais como parte de suas práticas usuais. A norma faz com que a
empresa dê uma maior atenção às questões mais relevantes de seu negócio. A ISO 14001
exige que as empresas se comprometam com a prevenção da poluição e com melhorias
contínuas, como parte do ciclo normal de gestão empresarial. A norma é baseada no ciclo
PDCA do inglês "plan-do-check-act" - planejar, fazer, checar e agir - e utiliza terminologia
e linguagem de gestão conhecida.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL E ZONA FRANCA DE


MANAUS
Nesta unidade compreenderemos como se deu e ainda está evoluindo o
desenvolvimento regional do Amazonas. Perceberemos o quanto a Zona Franca de
Manaus colabora não só para desenvolver o Pólo Industrial, mas, também as
potencialidades de grandes municípios.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL


Conforme atesta Pimentel (2017), Nesses últimos 50 anos que o estado do
Amazonas vivenciou o projeto Zona Franca de Manaus (ZFM) pouco se tem preocupado
com o desenvolvimento econômico local (DEL) que de fato pudesse ser um objetivo para
sair da dependência econômica que se vive desse único projeto que sustenta a economia
do Amazonas, por suas resultantes econômicas, todo o sistema de receita pública
estadual por via de suas atividades produtivas dinâmicas.
Apesar se se saber que o Estado do Amazonas possui diversas potencialidades
ainda pouco exploradas e, de acordo com informações da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa), consegue-se perceber que a Zona Franca de Manaus (ZFM)
é um modelo de desenvolvimento econômico implantado pelo governo brasileiro
objetivando viabilizar uma base econômica na Amazônia Ocidental, promover a melhor
integração produtiva e social dessa região ao país, garantindo a soberania nacional sobre
suas fronteiras.
A mais bem-sucedida estratégia de desenvolvimento regional, o modelo leva à
região de sua abrangência (estados da Amazônia Ocidental: Acre, Amazonas, Rondônia e
Roraima e as cidades de Macapá e Santana, no Amapá) desenvolvimento econômico
aliado à proteção ambiental, proporcionando melhor qualidade de vida às suas
populações.
A ZFM compreende três polos econômicos: comercial, industrial e agropecuário.
O primeiro teve maior ascensão até o final da década de 80, quando o Brasil adotava o
regime de economia fechada. O industrial é considerado a base de sustentação da ZFM.
O pólo Industrial de Manaus possui aproximadamente 600 indústrias de alta tecnologia
gerando mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos, principalmente nos
segmentos de eletroeletrônicos, duas rodas e químico. Entre os produtos fabricados
destacam-se: aparelhos celulares e de áudio e vídeo, televisores, motocicletas,
concentrados para refrigerantes, entre outros. O pólo Agropecuário abriga projetos
voltados à atividades de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo,
beneficiamento de madeira, entre outras.

71
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Buscando distribuir os recursos financeiros gerados pelo PIM a toda sua área de
atuação, que inclui 153 municípios, a Suframa mantém, em suas linhas de atuação
estratégica, seu Programa de Interiorização do Desenvolvimento, atualmente
incorporado ao Programa Orçamentário 2029 da União – Desenvolvimento Regional,
Territorial Sustentável e Economia Solidária; e à Ação Orçamentária 210L – Promoção do
Desenvolvimento Econômico Regional da Amazônia Ocidental e Municípios de Macapá e
Santana (AP). O referido programa é mantido basicamente com recursos arrecadados
pela própria Suframa, provenientes de taxas de serviços administrativos (TSA), cobradas
das empresas do PIM, e de emendas parlamentares alocadas em seu orçamento.
No período de 1995 a 2014, a Suframa implementou 794 convênios, os quais
totalizaram um montante de R$ 593.939.835,40, considerados os repasses até o mês de
julho de 2014, conforme dados do Portal da Transparência. Grande parte desses projetos
apresentavam objetivos convergente, em maior ou menor graus, ao apoio aos APLs
existentes na área de atuação da Autarquia.

Mais afinal o que são APLs?


APLs são arranjos produtivos locais. Após consolidar um detalhado diagnóstico
das potencialidades nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e dos
municípios de Macapá e Santana, no Amapá, a Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa) promove o fortalecimento de Arranjos Produtivos Locais (APL’s), em
parceria com estes Estados. A meta é intensificar a política da autarquia para a
interiorização do desenvolvimento, por meio da articulação das ações desenvolvidas
pelo setor público, organizações não-governamentais, iniciativa privada e instituições
de crédito e de ensino e pesquisa.
Percebe-se então que, a Zona Franca não está resumida só ao Pólo Industrial, mas
também em projetos sustentáveis para expansão e intensificação das potencialidades
existentes em muitos municípios. Sabe-se que ainda há muito a fazer, porém o primeiro
passo já foi dado e isso fica evidente em alguns dados econômicos apresentados por
estes municípios.
O sistema de APL tem se revelado uma ferramenta importante para aumentar o
impacto positivo de atividades econômicas porque estimula a adoção de planejamento
estratégico para o desenvolvimento de segmentos produtivos, diz a coordenadora geral
de Desenvolvimento Regional da Suframa, Eliany Gomes.
Com o planejamento, os APL’s crescem em bases mais sólidas, a partir da
otimização de recursos, de sinergias e do fortalecimento de parcerias público-privadas,
acrescenta a coordenadora.
De acordo com Eliany Gomes, o sucesso do APL depende da cooperação de todos
os elos da cadeia produtiva, que terão a sua parcela de contribuição para a oferta de um
produto de qualidade, capaz de competir no mercado nacional e internacional e de atrair
novos investidores. “É preciso que haja cooperação entre as várias instituições na busca

72
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

de parcerias para resolver problemas e obter uma produção economicamente viável,


ecologicamente correta e que tenha o grande foco social”, afirma.
A zona franca Gera Riquezas: Faturamento 83,0 bilhões Empregos: 129,0 mil
empregos diretos, mais de 500 mil empregos indiretos só no Amazonas; Receita Pública:
R$ 10,0 bilhões em Tributos Federais e R$ 8,0 bilhões em Tributos Estaduais. Além disso
ela reparte essa riqueza, pois, entre 2003 e 2013 o Amazonas repassou ao País cerca de
R$ 51,8 bilhões de reais para ser reinvestido no País. Vale destacar que a mesma fortalece
a indústria local fazendo com que diversos consumidores tenham acesso a tecnologias
que outrora não tiveram. A geração de empregos e rotatividade da economia ficou bem
mais fortalecido a partir da criação desse tão poderoso Pólo.
Por fim conclui-se que, apesar de tantas críticas e muitos acharem que a Zona
Franca de Manaus é apenas um enfoque político para conquistar votos, percebe-se que
a mesma é muito mais que uma simples questão política e sim uma SUSTETABILIDADE
ECONÔMICA para todo o Estado do Amazonas e parte da Região Norte, movimentando
diversos setores desta economia.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Referências

BRASIL. Decreto nº. 288, de 28 de fevereiro de 1967. Altera as disposições da Lei


n°. 3.173, de 6 de junho de 1957, e regula a Zona Franca de Manaus. Diário Oficial da União.
Brasília, 1967.
CGU – CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO. Portal da Transparência. Disponível
em:http://www.portaltransparencia.gov.br. Acesso em: 5 out. 2018.
Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Disponível
em:<http://www.suframa.gov.br/cba/ . Acesso em: 6 out. 2018.

MARQUES.M.10 Práticas sustentáveis nas empresas. Disponível em:<


http://marcusmarques.com.br/estrategias-de-negocio/10-praticas-sustentaveis-
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PASSOS, C.R.M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira


Thomson Learning, 2014.

PIMENTEL,N. O desenvolvimento Econômico Local – Amazonas. Disponível em:<


http://www.seplancti.am.gov.br/wp-content/uploads/2017/02/O-Desenvolvimento-
Economico-Local-Amazonas.pdf>. Acesso em 30 de setembro de 2018.

SERRA, C. H. A.; BEKER, J. Globalização: Influencia e Desafios Enfrentados na


Mudança do Paradigma da Formação Profissional. Seget, Resende, v. -, n. -, p.1-15, out.
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SUFRAMA – SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Portal


Institucional Suframa. Disponível em: <http://www.suframa.gov.br Acesso em: 5 out.
2018.

TANCINI, P. E. G. Processos de Interculturalidade no Contexto da Globalização.


Ntercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Ouro
Preto, v. -, n. -, p.1-12, jun. 2012.

VASCONCELOS, M.A.S.de; OLIVEIRA, R.G.de. Manual de Microeconomia. São


Paulo: Atlas, 2000.
VASCONCELLOS,MARCO ANTONIO S. / GARCIA,MANUEL E. Fundamentos de
Economia.São Paulo: Saraiva, 2008.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

VERONEZZI, F. O fim da chefia. Disponível em:


<http://www.guiadacarreira.com.br/carreira/o-fim-da-chefia/>. 2014. Acesso em: 01
set. 2018.

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