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Economia do Trabalho para AFT

Teoria e exercícios comentados


Prof. Jeronymo Marcondes – Aula 03

AULA 03 – Oferta de trabalho

SUMÁRIO PÁGINA
1. As preferências dos trabalhadores 2
2. Restrição orçamentária 13
3. A escolha do trabalhador e a oferta de trabalho 16
4. Elasticidade da oferta de trabalho e mais um pouquinho sobre
26
elasticidade
Questões Propostas 47
Gabarito 54

Chegamos à aula 03! Estamos quase lá! Antes um adendo: gente,


economia é difícil mesmo.

- “Por que você está falando isso”?

Porque eu sei que tem gente que deve estar tendo dificuldade em acompanhar, mas
fiquem tranquilos. Economia funciona assim, você vai estudando e absorvendo os
conceitos aos poucos e, quando se derem conta, vocês terão total domínio da
disciplina.

Ao final de nossas aulas, disponibilizaremos um material extra que os ajudará na


“fixação do conteúdo”. Ao fim do curso vocês estarão entendendo a matéria como
parte de um “todo teórico”, pode confiar.

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Em nossa aula de hoje, iremos estudar a teoria de oferta de trabalho neoclássica!


Ela tem esse nome por causa da teoria neoclássica, que é uma escola de
pensamento da Economia que, dentre muitas coisas, desenvolveu esta teoria.

Esta aula será tão “malvada” quanto à anterior. Lembram-se que na última aula eu
peguei pesado? Esta a aula será também, mas será muito útil por vários motivos:
1) cai pra burro;
2) ela ajudará na fixação do conteúdo da aula anterior, ambas tem muitos conceitos
semelhantes; e
3) vamos aproveitar para mandar ver nos exercícios!

Vamos lá!

1. As preferências dos trabalhadores

Nós vamos estudar o modelo neoclássico de escolha entre lazer e trabalho


neoclássico.

Sabe por que o modelo de preferência dos trabalhadores se baseia na escolha entre
lazer e trabalho? É meio que óbvio, não? Qual será a escolha do nosso
trabalhador? Se ele decide ou não trabalhar. E se decide trabalhar, quantas horas
ele vai querer trabalhar.

A escolha que o trabalhador deve fazer é quantas horas ele irá trabalhar,
podendo, inclusive, ser 0 (zero) horas, ou seja, não trabalhar.

Toda teoria econômica se baseia no conceito de que, na maioria dos casos, “para
se ter uma coisa, é preciso abrir mão de outra”. Isso é conhecido na teoria como
trade-off. Ou seja, a maior parte das escolhas com que os agentes econômicos se
defrontam segue o princípio de que não há como uma escolha só gerar ganhos,
pois, se isso fosse possível, o agente já a teria feito anteriormente, dado que todas
as pessoas são racionais, têm informação perfeita e visam à maximização do

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bem-estar (pressupostos básicos da teoria neoclássica para o modelo que iremos
estudar). “Para se ganhar de um lado, é preciso perder por outro”.

No caso do trabalhador, ele estará escolhendo entre lazer e trabalho, essa é a


escolha básica do modelo! A ideia toda se centra na tese de que o trabalhador irá
escolher a quantidade de horas que irá dedicar ao trabalho e, por consequência, o
tempo destinado ao lazer (que será igual à quantidade de horas disponíveis para o
trabalho menos a quantidade de horas que este escolheu trabalhar).

Uma forma de simplificar a análise é trabalhar com o conceito de custo de


oportunidade.

Veja, se o trabalhador ganha R$ 10,00 por hora e tem 10 horas do dia disponíveis
para o trabalho (isso é, 24 horas menos o tempo necessário para dormir, descansar,
comer e outras necessidades fundamentais), o mesmo irá escolher sua
remuneração com base nestas variáveis.

Vamos supor que o mesmo decida trabalhar 8 horas, dedicando duas horas para o
lazer. Neste caso, a sua remuneração será de R$ 80,00 por dia. Mas, é só isso?
Não! Esta escolha está custando R$ 20,00 ao trabalhador. Por que? Este é o custo
de oportunidade do lazer, pois ele está deixando de ganhar este valor por ter
decidido descansar essa quantidade de horas. Ou seja, há um custo implícito no
lazer, que é a própria taxa salarial!

Assim, podemos pensar na escolha do trabalhador como uma decisão entre o valor
a ser ganho através do trabalho, que será utilizado no consumo de bens (𝐶), e a
quantidade de tempo que será dedicado ao lazer (𝐿)!

Lembram da função de produção? Agora vocês terão de pensar em uma função que
nos dê um valor de “utilidade” (𝑈) para cada escolha feita pelo trabalhador. Assim:

𝑈 = 𝑓(𝐶, 𝐿)

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Vocês estão entendendo? Para determinados valores de consumo e lazer, nós


teremos um “valor de utilidade”. É assim, quanto maior a utilidade, “mais feliz está o
trabalhador”. O objetivo do trabalhador é maximizar esta função, sujeita às
restrições que possam estar impostas sobre ela.

Vocês percebem a correspondência deste conceito


com a função de produção? A diferença é que a
utilidade depende da escolha dos trabalhadores,
enquanto que a produção depende da escolha das
empresas.

Olha, as funções de produção são diferentes para empresas com tecnologias


diferentes! Para o trabalhador, nós podemos afirmar que a forma funcional desta
função depende das preferências do trabalhador em questão.

Por exemplo, suponha 2 (duas) funções diferentes:

𝑈1 = 2𝐿 + 𝐶

𝑈2 = 𝐿 + 𝐶

Neste caso, o trabalhador que tem a função de utilidade 𝑈1 dá mais valor ao lazer
do que o outro com a função 𝑈2 . Isso porque, a variação do lazer em uma unidade
gerará maior alteração positiva de 𝑈 no trabalhador 1 do que no 2.

Ambos estes fatores que compõem a função de utilidade, são chamados de “bens”.
Bem óbvio, “estes são bens porque não são males”. O aumento em suas
quantidades torna o trabalhador mais feliz, ou seja, aumenta o valor de sua função
utilidade.

Mas, uma pergunta, como nós podemos medir a alteração de utilidade decorrente
de uma variação no uso (ou consumo, como os economistas chamam) de algum
destes bens?

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Oba! Agora é fácil! Lembram-se da Produtividade Marginal? Agora nós vamos falar
da Utilidade Marginal! E o que é a Utilidade Marginal (UMg)?

Utilidade Marginal de um bem é a variação na


utilidade total decorrente da variação de uma unidade
na quantidade deste bem, mantidos todos os demais
constantes.

Igualzinho não? É o mesmo conceito, só que, agora, aplicado às variáveis da função


de utilidade e não à da função de produção.

Guarde isso: a Lei dos Rendimentos Marginais decrescentes se aplica à


utilidade marginal também. É por isso que se chama “lei”, seria um axioma
que serviria para tudo: ao aumentar a quantidade de algum fator econômico
indefinidamente, mantido tudo mais constante, sua influência final na “função
resultado” iria diminuindo.

Portanto, para um determinado bem de consumo x, a sua função utilidade total e


utilidade marginal seriam:

Utilidade total
20

15
Utilidade

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9

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Utilidade Marginal
6
5
4
3
2
Utilidade

1
0
-1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-2
-3
-4

Agora, de novo, vamos forçar a memória! Lembram-se da isoquanta?

-“Claro professor, é uma representação das diversas combinações possíveis de


fatores de produção que podem ser combinadas por uma determinada empresa
(com uma determinada tecnologia de produção) de forma a gerar uma mesma
quantidade de produto final”!

Perfeito, futuro AFT! Agora vocês vão conhecer as Curvas de Indiferença! Você
tentaria chutar o que elas representam?

É isso aí, as curvas de indiferença representam as


diversas combinações de lazer e consumo que geram um mesmo valor de
utilidade para um determinado trabalhador com determinadas preferências.

Como seriam tais combinações expressas de forma gráfica:

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Este gráfico está te dizendo o seguinte: o trabalhador fica “indiferente”, ou seja, ele
obtém a mesma utilidade ao ter 5 (cinco) horas de lazer e obter R$ 100,00 de renda
do que ter 8 (oito) horas de lazer e obter uma renda de R$ 20,00. Nesta curva há
inúmeras, até infinitas, combinações que fazem com que a utilidade do trabalhador
seja constante. Esta é a Curva de Indiferença (CI)!

E quais as propriedades de uma CI? Isso, as mesmas das isoquantas! Vamos


repetir:

1) Cada CI possui infinitas combinações possíveis de utilidade.

Isso é, dentro de cada CI, há uma infinidade de combinações possíveis que geram
um mesmo valor de utilidade. Tal como os pares ordenados do exemplo acima
(100,5) e (20,8).

2) Há infinitas CI possíveis e cada uma destas CI estará associada a um nível mais


alto de utilidade quanto mais longe estiver da origem.

Vamos de novo!

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Veja, a Curva U(2), mais deslocada para fora que U(1), associa um consumo de R$
100,00 a 6 horas de lazer, e não mais 5. Como ambos os fatores são “bens”, uma
maior quantidade de lazer, para um dado valor de consumo, resulta em maior
utilidade total. Portanto, curvas mais deslocadas estarão associadas a valores
maiores de utilidade.

3) As CI se inclinam negativamente.

Lembrem-se da aula anterior! Por que elas são inclinadas para baixo?

É o seguinte: ambos os bens aumentam o valor da função de utilidade, certo?


Então, se você aumentar a quantidade consumida, por exemplo, o que deveria
acontecer com a quantidade de lazer aproveitada pelo trabalhador para que sua
utilidade ficasse constante coeteris paribus?

Exatamente, você se submete ao trade-off da vida, descansa menos! Se todo resto


permanecer constante, só há uma forma de você consumir mais, descansando
menos! Essa é a ideia inerente ao conceito de CI!

Graficamente, como representar este trade-off?

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Viram? Para aumentar o consumo de 20 para 100, é necessário reduzir a


quantidade de horas de lazer de 8 para 5. Isso implica CI negativamente inclinada!

4) As CI nunca se cruzam.

Isso deriva da própria definição, pois se elas se cruzassem haveria um ponto em


comum entre elas, de forma que este ponto geraria a mesma utilidade total. Como
as CI são combinações de bens que geram a mesma utilidade, se duas CI têm um
ponto em comum, ambas se referem à mesma utilidade total.

Mas, se há duas CI com a mesma utilidade total, a formulação das curvas está
incorreta, pois só pode haver uma única CI associada a um determinado nível
utilidade.

5) As isoquantas são convexas com relação à origem

Isso quer dizer: todas as CI “bem comportadas” têm “a boca virada para cima”, tal
como no gráfico:

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Essa propriedade deriva de uma condição teórica que vocês não precisam saber
para fazer sua prova, ok?

Decoraram? Agora é a segunda vez que vocês estão lendo, então tente forçar
a memória de forma a memorizar de vez essas propriedades!

Vocês devem estar achando que eu estou repetindo a aula anterior, mas é que
os conceitos são muito semelhantes mesmo! Só para vocês verem, vamos à
definição de inclinação de uma CI!

Qual é a inclinação de uma CI? É essa:

𝚫𝑪 𝑼𝑴𝒈𝑳
𝑻𝑴𝑺 = =
𝚫𝑳 𝑼𝑴𝒈𝑪

Sendo 𝑈𝑀𝑔𝐿 a utilidade marginal do lazer e 𝑈𝑀𝑔𝐶 a utilidade marginal do consumo.


Essa inclinação é chamada de Taxa Marginal de Substituição (TMS) e ela mede a
inclinação da CI em um determinado ponto ao longo da curva.

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A intuição por detrás deste conceito é semelhante à das isoquantas, que pode ser
entendido por meio de uma operação desta função de forma a (multiplicando
invertido):

𝑈𝑀𝑔𝐶 ∙ Δ𝐶 = 𝑈𝑀𝑔𝐿 ∙ Δ𝐿

Tentem entender. O que esta função está dizendo é que, ao longo de uma CI, a
utilidade marginal do lazer (o quanto varia a utilidade total com o acréscimo de uma
unidade nas horas de lazer) multiplicada pela variação quantidade de horas de
lazer deve ser igual à utilidade marginal do consumo (o quanto varia a utilidade total
com o acréscimo de uma unidade de consumo) multiplicada pela variação
quantidade consumida total. Se isso não estiver ocorrendo sairemos de uma
determinada CI.

Por exemplo, se há uma variação na quantidade consumida de um trabalhador de


modo que 𝑈𝑀𝑔𝐶 ∙ Δ𝐶 = 10, qual a variação necessária no lazer para que a utilidade
total fique constante? Isso! 𝑈𝑀𝑔𝐿 ∙ Δ𝐿 = 10. Essa condição garante que estamos em
uma mesma curva de indiferença.

Antes de encerrarmos a seção de preferências, vocês notaram que as preferências


dos trabalhadores não serão todas iguais?

Tal como na produção, em que a forma das isoquantas será determinada pela
tecnologia, no caso do trabalhador, a forma de suas CI dependerá de suas
preferências.

Vamos a um exemplo, suponha dois trabalhadores diferentes, associados às curvas


de indiferença “1” e “2”, conforme gráfico abaixo:

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Veja que o trabalhador 1 não aumenta muito sua quantidade de horas dedicadas ao
trabalho com uma elevação salarial. No caso, ao elevar o salário em R$ 20,00, o
trabalhador aumenta sua oferta de trabalho (ou, de forma equivalente, reduz o seu
tempo de lazer) em 1 hora. Por outro lado, o trabalhador 2 aumenta a sua oferta de
horas de trabalho em 11 horas (20 menos 9) com a mesma elevação salarial. Daí
tiramos uma característica interessante, as CI mais inclinadas indicam um
trabalhador mais avesso ao trabalho, enquanto que as menos inclinadas
representam um trabalhador mais propenso ao trabalho.

Esse é só um tipo de representação das preferências por trabalho, dado que esta
poderia representar bens substitutos perfeitos, por exemplo, tal como explicado na
aula anterior, dentre infinitas possibilidades.

Respire um pouco! Vai valer a pena todo este esforço, você vai ser AFT!
Vamos continuar.

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2. Restrição Orçamentária

De novo! Lembram-se da isocusto? É a mesma coisa! O que iremos discutir é a


limitação econômica imposta ao trabalhador pelo mercado, o que será um dos
aspectos que irá determinar sua escolha.

Veja, a renda de um trabalhador é determinada pela sua taxa salarial (salário por
hora, que, por hipótese, será constante independentemente da quantidade de horas
de trabalho ofertadas) multiplicada pela quantidade de horas trabalhadas mais a
renda do não trabalho. Assim:

𝐶 =𝑤∙𝑕+𝑉

Sendo 𝐶 o valor gasto no consumo de bens, 𝑤 a taxa salarial, 𝑕 a quantidade de


horas de trabalho ofertadas e 𝑉 a renda do não trabalho. A renda do não trabalho
é definida como uma renda que o trabalhador possui, independentemente de
trabalhar ou não. Esse 𝑉 poderia ser o valor de uma herança, uma aposentadoria,
dentre outros exemplos.

Se chamarmos as horas totais de um dia que podem ser destinadas ao trabalho de


𝑇 e o tempo destinado ao lazer de 𝐿, podemos substituir 𝑕 = 𝑇 − 𝐿, certo?
Substituindo encontramos a restrição orçamentária:

𝐶 = 𝑤 ∙ (𝑇 − 𝐿) + 𝑉

𝑪= 𝒘∙𝑻+𝑽 −𝒘∙𝑳

A inclinação da restrição orçamentária é 𝒘.

Essa é a restrição orçamentária do trabalhador! Veja o que ela te diz, que a renda
total disponível para o consumo será igual à taxa salarial multiplicada pelas horas
disponíveis para o trabalho mais a renda do não trabalho menos a taxa salarial

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multiplicada pelas horas destinadas ao lazer. Portanto, a renda total será igual à
toda renda possível para o trabalhador, do trabalho e do não trabalho, menos o
custo de oportunidade do lazer.

Graficamente, podemos expressar a restrição orçamentária da seguinte forma:

Prestem atenção! Caso o trabalhador escolha trabalhar 0 (zero) horas (𝐿 horas de


lazer), o mesmo só terá a renda do não trabalho (𝑉). Porém, caso o mesmo trabalhe
em toda sua disponibilidade de tempo (𝑇), ele obterá renda total de 𝑤 ∙ 𝑇 + 𝑉.

Esta reta orçamentária é chamada de fronteira do conjunto de oportunidades do


trabalhador! Estas combinações são as escolhas que fazem com que:

𝐶 = 𝑤∙𝑇+𝑉 −𝑤∙𝐿

Perceba que todos os pontos abaixo da reta estão disponíveis para o trabalhador,
enquanto que os pontos acima não. A união da reta orçamentária com todas as
escolhas que estão abaixo dela compõe o conjunto de oportunidades do
trabalhador. Isso é, este conjunto é composto por todas as escolhas possíveis pelo
trabalhador, inclusive aquelas com que o valor disponível para o consumo seja
menor do que 𝐶.

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Vamos ver:

Veja que o ponto sobre o conjunto de oportunidades do trabalhador, dado um valor


de consumo de (𝑤 ∙ 𝑇) ∙ 0,3 + 𝑉, é de 𝑇 − 5 horas de lazer. Portanto, se o
trabalhador abre mão de 5 horas de lazer, ele obterá a renda de trabalho de
𝑤 ∙ 𝑇 ∙ 0,3, se situando no ponto C. Gente, usei 30% do valor possível a ser
ganhado como salário a título de ilustração, no caso, 0,3*wT, mas poderia ser
qualquer valor, ok?

Daí nós podemos perceber porque o trabalhador pode, mas nunca escolherá um
ponto interior à fronteira do conjunto de possibilidades, como A. Isso decorre do fato
de que o trabalhador visa maximizar sua utilidade, assim, com a renda de 𝑤 ∙ 𝑇 ∙
0,3 pode ser associada a uma quantidade de horas de lazer de 𝑇 − 5, mas, no ponto
A, ela estará associada a 𝑇 − 10, o que não seria uma escolha racional. O ponto A
faz parte do conjunto de oportunidades do trabalhador, sendo que nunca será
escolhido por estar “atrás” da reta orçamentária.

Do mesmo modo, um ponto como B geraria mais utilidade para o trabalhador do que
C, já que uma renda de (𝑤 ∙ 𝑇) ∙ 0,3 + 𝑉 poderia estar associada a 𝑇 + 4 horas de
lazer e não mais 𝑇 − 5. Mas, devido à limitação das horas diárias disponíveis, seria
impossível atingir tal ponto, apesar de ele ser preferível.

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Portanto, concluímos que a escolha do trabalhador sempre estará sobre o
conjunto de possibilidades, ou seja, “em cima da linha”!

3. A escolha do trabalhador e a oferta de trabalho

Bom, vamos pensar, o que o trabalhador quer é maximizar a sua função de


utilidade, mas ele está sujeito à restrição orçamentária imposta pelo mercado, de
forma que o problema com que este se defronta, em termos matemáticos, pode ser
escrito como:

𝑀𝑎𝑥 𝑈 = 𝑓 𝐶, 𝐿

𝑠. 𝑎. 𝐶 = 𝑤∙𝑇+𝑉 −𝑤∙𝐿

Matematicamente, como encontrar o ponto que maximiza esta função? Basta


substituir a expressão de baixo na de cima, derivar e igualar a zero!

Mas, calma! Não precisa ficar nervoso, vou explicar isso com mais calma para
vocês mais a frente. Apenas que quero que vocês lembrem-se da aula
anterior, na qual eu explico que para encontrar o ponto de ótimo de uma
função é preciso derivá-la e igualar o resultado a zero.

Vamos começar falando da escolha ótima em termos geométricos, que é mais fácil.

A escolha ótima do trabalhador ocorre no ponto


de tangencia entre sua restrição orçamentária
com uma de suas curvas de indiferença.

-“Por que, professor”?

-“Isso me lembra a aula anterior”!

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Mas, é isso mesmo! A escolha ótima ocorre no ponto de tangencia porque este
ponto associa a restrição orçamentária com a CI mais alta possível. Dê uma olhada:

A restrição orçamentária é a linha escura que vai de 𝑤𝑇 a 𝑇, enquanto que as CI


estariam representadas pelo conjunto de curvas no gráfico. Se definirmos a renda
do não trabalho igual a zero (𝑉 = 0, na equação lá em cima, lembra?), a restrição
possuirá um intercepto com o eixo horizontal, dado que, quando ele resolver
trabalhar zero (0) horas, não terá dinheiro para consumo.

No caso, o ponto A é a CI mais alta associada à restrição orçamentária à qual o


trabalhador se submete, indicando que este é o ponto de maximização de utilidade.

Todo ponto de tangência significa que a inclinação das duas curvas são iguais.
Portanto, no ponto de maximização de utilidade:

𝚫𝑪 𝑼𝑴𝒈𝑳
𝑻𝑴𝑺 = = =𝒘
𝚫𝑳 𝑼𝑴𝒈𝑪

Entenderam? Veja que tudo que vocês aprenderam nesta aula serve para o
entendimento da aula anterior e vice-versa!

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Bom, vamos falar um pouco de Estática Comparativa!

O que você acha que acontece se, no nosso exemplo, a renda do não trabalho, se
eleva de 0 (zero) para R$ 100,00?

Veja, o aumento da renda do não trabalho desloca (direção da seta) a restrição


orçamentária para cima em seu valor (R$ 100,00), fazendo com que o intercepto
passe de 𝑤 ∙ 𝑇 para 𝑤 ∙ 𝑇 + 100. Perceba que a inclinação da curva não muda, pois
a taxa salarial não se alterou. Neste caso, o trabalhador irá aumentar a sua
quantidade de horas de lazer em 5 horas - (T-10) – (T-5).

Para saber se uma curva desloca, volte à aula 00, e


pense: para um dado tempo de lazer (𝑻, por exemplo), a renda que ele obtém é
maior, menor, ou igual? Vá até o novo ponto com este valor (de T para H, no
nosso exemplo) e trace a curva a partir daí! O segundo ponto necessário para
traçar a curva será o intercepto, que é a renda que o trabalhador aufere se

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trabalhar tudo que é possível. Ligando estes dois pontos, você encontra a
nova curva. O mesmo vale para uma redução da renda do não trabalho. Faça o
raciocínio reverso com uma redução deste valor e você verá que a curva
deslocará para baixo!

Veja que no caso que analisamos, ao aumentar a renda do não trabalho, o


trabalhador escolhe trabalhar menos! Não há como saber o que vai acontecer,
depende do formato das CI dos trabalhadores, ou seja, das suas preferências. Mas,
é sensato pensar que, ao aumentar a renda de uma pessoa, mantendo o salário
constante, ela decidirá trabalhar menos, pois o lazer é um bem normal.

Um bem normal é aquele cujo consumo responde


positivamente a um aumento de renda, mantidos
todos os demais fatores constantes. Este é o caso
mais comum, que se aplica à maioria dos bens.

Entretanto, alguns bens são inferiores, cujo


consumo responde negativamente a aumentos de
renda, tal como o consumo de coxão duro, por
exemplo, pois, ao ter sua renda aumentada, o
consumidor poderá preferir consumir mais picanha!

Assim, por hipótese iremos trabalhar com a hipótese de que, ao aumentar a renda
de um trabalhador, mantido tudo mais constante, ele decidirá dedicar mais tempo ao
lazer, ok? Isso é chamado de efeito renda!

E se houver uma variação na taxa salarial? O que ocorreria?

Antes de irmos tão fundo ao problema, temos de destacar dois efeitos distintos, o
efeito renda, já estudado, e o efeito substituição.

A ideia é a seguinte, ao ter sua taxa salarial alterada, há como decompor o efeito
desta variação sobre a oferta de trabalho em 2 efeitos:

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1) O Efeito Renda (𝐸𝑅): você concorda que uma alteração salarial afeta a riqueza de
um trabalhador? Por exemplo, se o trabalhador tiver um aumento salarial, ele se
torna “mais rico”, portanto, toda a renda auferida pelas suas horas já trabalhadas
será maior.

Assim, seria possível “enxergar um efeito riqueza”, de forma que, mantida a taxa
salarial constante, possamos avaliar qual seria o impacto de uma variação da
renda do trabalhador sobre sua oferta de trabalho. Nós já conhecemos este efeito e
o chamamos de Efeito Renda e sabemos que ele irá operar de forma a reduzir a
oferta de trabalho quando há uma elevação da “renda”.

2) O Efeito Substituição (𝐸𝑆): por outro lado, se o trabalhador tem uma alteração em
sua taxa salarial, há uma “variação nos termos de troca” de trabalho por lazer. A
intuição nos diz que, se o salário se altera e mantida a renda constante, a
oferta de trabalho irá variar no mesmo sentido da variação salarial! Ou seja,
salários maiores (menores) estarão associados a uma menor (maior) demanda
por lazer.

-“Professor, não estou entendendo”!

É o seguinte, uma variação salarial pode ser decomposta nestes dois efeitos no que
se refere ao seu impacto na oferta de trabalho. Vou explicar com calma.

Suponha que haja uma elevação salarial, neste caso ocorrem 2 coisas: aumento
da “riqueza” do trabalhador e mudança nos termos de troca de lazer por
salário! A ideia é separar estes dois efeitos e isolá-los de forma a podermos estudar
seu comportamento de maneira mais pormenorizada.

É assim, o aumento salarial deixou o trabalhador “mais rico” e “mudou os termos de


troca de lazer por trabalho”, aumentando o custo de oportunidade do lazer. A união
deste dois efeitos pode ter qualquer resultado na oferta de trabalho, aumentando ou
diminuindo a oferta de trabalho do indivíduo em função deste aumento salarial. O
que queremos é separar estes dois efeitos (a fim de entender a forma como cada

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um impacta na decisão do trabalhador). Mas, para fazermos isso, temos de
considerar o impacto destes dois efeitos isoladamente. Isso só é possível
analisando como o aumento de “riqueza” influencia na decisão do trabalhador,
mantendo o salário constante (retirando o efeito de alteração nos termos de troca de
lazer e trabalh) e como a “mudança nos termos de troca de lazer por trabalho” afeta
a oferta de trabalho, mantendo a riqueza fixa (retirando o efeito renda).

Neste exemplo:

1) O ER mostra qual seria o impacto de uma alteração de renda, de mesma


magnitude da gerada pelo aumento do salário, mas com o salário constante,
sobre a oferta de trabalho. Complicado! Olhe, uma elevação salarial não aumenta a
renda do trabalhador em x unidades, por exemplo? Então, aplique essa variação de
x unidades diretamente na renda (na renda do não trabalho (𝑉), por exemplo), mas
sem alterar o salário e, por consequência, sem alterar os termos de troca de lazer
por trabalho.

É a mesma coisa que um empregador que, ao invés de aumentar a taxa de salário


de seu empregado em x, resove dar a ele uma bonificação de fim de ano, que não
depende das suas horas trabalhadas, mas que tem o mesmo valor desta variação
salarial multiplicada pelas horas trabalhadas em um ano. Isso é um simples
aumento de renda, mas sem respercussões quanto ao trade-off lazer/trabalho,
certo? Nós sabemos que isso irá gerar uma redução da oferta de horas de trabalho
via efeito renda.

2) O ES mostra qual seria o impacto de uma variação salarial, mantida constante a


renda (de forma a não considerar o efeito renda). Neste caso, há uma alteração no
“preço do lazer” (custo de oportunidade), mas sem variação de riqueza. Complicado
de novo! Aumente o salário do trabalhador, mas “retire” o valor em excesso que ele
irá ganhar com este aumento (pegue a restrição orçamentária e tire um valor fixo de
lá que corresponda este aumento de renda).

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Seria como se fosse aquele trabalhador que está para entrar em uma nova faixa do
imposto de renda. Se o salário dele aumentar, a sua renda não irá alterar (no nosso
exemplo de que a variação salarial é igual ao montante a mais que o fisco irá retirar
dele), mas o “preço do seu lazer” mudou. Essa alteração no custo de oportunidade
do lazer (aumento do salário), mantida a renda constante, gera maior oferta de
trabalho no nosso exemplo.

O resultado da soma destes efeitos nos diz qual o impacto da variação sobre a
oferta de trabalho (𝑂), de forma que:

Δ𝑂
= 𝐸𝑆 + 𝐸𝑅
Δ𝑤

Assim, podemos ver o impacto final de uma variação salarial, o que nos permite
construir a oferta de trabalho. Assim, a conclusão é que a oferta de trabalho irá
em direção oposta à variação salarial se o efeito renda for maior do que o
substituição e, se o efeito substituição for maior do que o renda, a oferta de
trabalho irá operar no mesmo sentido da alteração salarial.

Vamos supor que houve uma sequência de aumentos na taxa salarial, de forma
que:

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Veja, começamos na restrição orçamentária dada pela reta que liga os ponto T e C,
que chamaremos, por convenção de reta TC. Na reta TC, a escolha ótima do
trabalhador está na sua intersecção com a CI mais alta possível, ou seja, no ponto
de tangência 1.

O aumento do salário do trabalhador faz com que sua restrição fique mais inclinada,
já que a inclinação da mesma é dada por 𝑤, sem mudar o intercepto horizontal (que
é fixo, dado pela quantidade máxima de horas de lazer).

Um primeiro aumento poderia inclinar a restrição orçamentária, de forma a surgir um


novo conjunto de possibilidades, dado pela reta TP. Neste caso, a tangência
ocorreria em uma CI mais elevada, mas associada a uma menor quantidade de
lazer (ou seja, maior oferta de trabalho). No caso, a tangência ocorreria no ponto 2.

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Se continuarmos a aumentar o salário, poderíamos ter uma nova restrição, tal como
a reta TD, gerando um novo ponto de tangência, 3.

Estão percebendo um padrão? Daí nós podemos encontrar a curva de oferta de


trabalho, que relaciona a quantidade ofertada de trabalho para cada valor de salário.
No caso do nosso exemplo, a curva seria tal que:

Essa é a curva de oferta de trabalho do trabalhador do nosso exemplo!

Você que é espertinho percebeu que este não é o único formato de curva possível,
não?

Olhe, quando nós aumentamos a inclinação da restrição, fazendo com que ela
tangenciasse uma CI mais elevada, nós supusemos que esta nova CI estaria
associada a uma maior oferta de trabalho! Isso não é necessariamente verdade,
pois, o efeito renda poderia ter sido maior do que o efeito substituição,
resultando em uma menor oferta de trabalho.

Se o efeito renda fosse maior do que o substituição, como seria a curva de


oferta de trabalho do trabalhador? Exatamente, negativamente inclinada!

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A teoria sugere uma curva de oferta que seria representativa do que costuma
acontecer com todos os trabalhadores: a curva de oferta de trabalho reversa, ou
backward curve.

Segundo a teoria:

- baixos valores de salários = ER < ES

- Salários mais elevados = ER > ES

Isso nos daria a seguinte curva de oferta de trabalho:

Viram? O trabalhador sempre aumentaria sua oferta de trabalho em resposta a


aumentos salariais (ES > ER) até o ponto B, pois, até este patamar, “valeria a pena
ganhar um pouquinho mais”! Mas, acima de R$ 500,00 a hora, o trabalhador
começaria a ofertar menos trabalho em resposta a aumentos salariais (ES < ER),
pois, neste ponto, ele “já ganha bem, então prefere descansar um pouco”.

Vocês têm que conhecer essa curva. Mas, daqui para frente, a menos que seja
dito o contrário, nós só trabalharemos nos pontos onde ES > ER, ou seja, em
que a reta é crescente!

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Bom gente, a parte teórica está quase no fim. Só vou aproveitar que estamos
aqui e dar uma aprofundada no tópico “elasticidade”, pois, pelas provas da
CESPE, dá para ver que ela adora o conceito! Os tópicos nesta seção não
guardam relação direta entre si, ok? É só um aprofundamento da matéria para
atendermos à CESPE.

4. Elasticidade da oferta de trabalho e mais um pouquinho sobre elasticidade

Gente, qual é a elasticidade da oferta de trabalho com relação ao salário, ou


“elasticidade da oferta de trabalho” (𝜀𝑜 )?

Isso é fácil, lembrem-se do conceito de elasticidade da demanda, pois é muito


parecido:

Δ%𝑂 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑛ç𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙𝑛𝑎 𝑜𝑓𝑒𝑟𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙𝑕𝑜


𝜀𝑜 = =
Δ%𝑤 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑛ç𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑠𝑎𝑙á𝑟𝑖𝑜

Na aula 00 eu já dei uma pincelada para vocês em alguns fatores que afetam o
valor da elasticidade, que nada mais é do que uma medida de “sensibilidade” de
uma variável com relação à outra.

Já falei para vocês, quanto mais inclinada uma curva de oferta de trabalho,
menor a sua elasticidade da oferta.

Atenção! Em uma primeira versão da aula 00 este conceito


veio com um erro de digitação, que colocava que, quanto mais inclinada fosse a
curva, maior seria sua elasticidade. Já está corrigido na aula 00. Baixem a aula de
novo, ok?

Veja:

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A curva o1 é mais inclinada do que o2. Perceba que uma variação igual de preços
para ambas as curvas (de P0 para P1) tem impactos muito diferentes em cada uma.
A curva o2 é mais sensível a variações de preço (mais elástica), sendo que o
impacto final em termos de quantidade de horas ofertadas de trabalho é muito
grande (de q3 para q4), no caso, bem maior do que em o1 (de q1 para q2).

Os casos extremos de elasticidade de curvas de oferta ou de demanda são as


infinitamente elásticas e infinitamente inelásticas. Essas são, respectivamente,
curvas com sensibilidade extrema ou nenhuma sensibilidade a variações no salário.

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-“Professor, mas você está falando de oferta ou demanda de trabalho”?

Neste caso, de infinitamente elástica ou inelástica, tanto faz! Elas terão o mesmo
formato!

Agora pessoal, eu vou fazer uma série de observações, com tópicos


referentes ao assunto elasticidade. A ideia é dar mais instrumentos a vocês
para que possam fazer uma prova da CESPE, que adora elasticidade.

Obs 1. Cálculo da elasticidade via derivada

Gente, tem um jeito de calcular a elasticidade de uma curva qualquer via derivada
(𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑓𝑢𝑛çã𝑜𝑔 = 𝑕 𝑥 , 𝑠𝑢𝑎 𝑑𝑒𝑟𝑖𝑣𝑎𝑑𝑎 é 𝑑 𝑔 𝑜𝑢 𝑑(𝑕 𝑥 ) ). A forma de se fazer
isso é a seguinte, dada uma função 𝑦 = 𝑓(𝑥), a elasticidade no ponto (𝜀) é:
𝑥 𝑥
𝜀 = 𝑑𝑦 ∙ = 𝑑𝑓 𝑥 ∙
𝑦 𝑓(𝑥)
Veja porque essa é a forma da elasticidade! A derivada não é:
Δ𝑦
𝑑𝑓 𝑥 =
Δ𝑥
quando x tende a zero? Então, ao realizarmos a expressão da elasticidade acima, o
que estaríamos fazendo é:
𝚫𝒚
Δ𝑦 𝑥 𝒚
∙ → =𝜺
Δ𝑥 𝑦 𝚫𝒙
𝒙
Mas, o que é isso? É a variação percentual em 𝒚 para uma variação percentual
de 1% em 𝒙. Isso é a elasticidade de 𝒚 com relação a 𝒙.

Entenderam? Vamos a um exemplo:


𝑦 = 5 + 𝑥2
Vamos derivar essa função,o que nos gera:
𝑑𝑦 = 2𝑥
Agora, vamos multiplicar este resultado por um fator dado por uma divisão de 𝑥
(variável que sofreu impulso) por 𝑦 (variável reposta). Assim:

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𝑥 𝟐𝒙²
𝜀 = 2𝑥 ∙ =
𝑦 𝟓 + 𝒙²
Essa é a elasticidade da curva! Vocês perceberam que ela não é constante ao longo
da curva? Só há alguns tipos de formas funcionais que nos dão um valor
constante para a elasticidade, mas, na maioria das vezes, o valor da elasticidade
não é constante ao longo de uma curva.

Ao substituirmos os valores de 𝑥 na expressão, encontraríamos a elasticidade no


ponto.

Obs 2. Elasticidade no arco

Vamos a um exemplo:

Salário (𝒘) Demanda de trabalho (𝐷 )


1º momento 10 100
2º momento 12,5 80

Calcule a elasticidade!

-“Fácil, professor”!

80 − 100
100 20%
𝜀= = = 𝟎, 𝟖
12,5 − 10 25%
10

Perceba que a demanda é inelástica (lembrem-se que o conceito de elasticidade é


em módulo)!

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E se:

Salário (𝒘) Demanda de trabalho (𝐷 )


1º momento 12,5 80
2º momento 10 100

Neste caso:
100 − 80
80 25%
𝜀= = = 𝟏, 𝟐𝟓
10 − 12,5 20%
12,5
Neste caso a demanda é elástica!

Vocês percerberam que atabela é a mesma, só mudamos a ordem dos números? A


curva de demanda de trabalho é a mesma, mas a diferença é que estamos nos
movendo em direções distintas, o que gerou diferentes elasticidades. Essa é uma
dificuldade do conceito padrão de elasticidade, pois este depende do ponto inicial
em que estamos e não somente da taxa de variação.

Para resolver este problema, podemos usar o conceito de elasticidade no arco.


Este é dado por:

Δ𝐷
𝐷1 + 𝐷2
Γ= 2
Δ𝑤
𝑤1 + 𝑤2
2
Assim:

20
100 + 80
2 20 11,25
Γ= = ∙ =𝟏
90 2,5
2,5
22,5
2

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Ou seja, a elasticidade no arco é unitária. Esse cálculo não depende do ponto


inicial a partir do qual calculamos, mas apenas da variação.

Obs. 3 Elasticidades de funções lineares – algumas propriedades

Este tópico é só para decorar, ok? Uma curva de demanda linear (veja a aula 00
para definição de função linear), ou melhor, uma linha reta, tem elasticidade
decrescente ao longo dela, de forma que:

Neste caso, de uma curva de demanda linear, a


elasticidade tem o seguinte comportamento:

1) No ponto B, a elasticidade é infinita

2) Entre B e C, a região é elástica

3) No ponto C a elasticidade é unitária

4) Entre o ponto C e D, a região é inelástica

5) No ponto D, a elasticidade é igual a zero.

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Decorem isso!

Mais uma coisa para vocês decorarem. No caso de uma


oferta linear:

Guarde:

1) Uma curva de oferta como O1 tem elasticidade unitária e constante ao longo da


curva.

2) Uma curva de oferta como O2 tem elasticidade maior que 1 e variável ao longo
da curva.

3) Uma curva de oferta como O3 tem elasticidade menor que 1 e variável ao longo
da curva.

É isso aí pessoal! Chega de blá, blá e blá, vamos aos exercícios! Vou
compensar vocês pela aula anterior e vou caprichar na quantidade de
exercícios.

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(DPU – CESPE/2012 - modificada) Julgue as afirmativas:

Exercício 1

O efeito Renda altera o preço relativo dos bens, mantendo o poder aquisitivo
constante.

Resolução

Falsa. O conceito é exatamente o contrário, pois o efeito renda altera o poder


aquisitivo, mantendo constante a relação de preços.

Exercício 2

O efeito Substituição mantém os preços relativos do lazer e do consumo


constantes, além de manter constante a utilidade do consumidor.

Resolução

Falso. Essa alternativa não tem lógica. A ideia o efeito substituição é exatamente o
contrário, mudar os preços relativos do lazer e do consumo, mantendo constante a
renda. Nada pode ser dito quanto à utilidade.

Exercício 3

Isoquantas entre dois fatores de produção substitutos têm o formato de “L”.

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Resolução

Lembrem-se da aula anterior, as isoquantas que têm o formato de “L” são às dos
fatores de produção que são complementares entre si. Portanto, falsa.

Exercício 4

A elasticidade de uma demanda por trabalho linear tem elasticidade que tende
para o infinito quando o salário é zero.

Resolução

Lembrem-se da curva que desenhamos acima.

Neste caso, estaríamos no ponto D, salário igual a zero. Neste ponto a elasticidade
é zero. Alternativa falsa.

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(Ministério da Saúde – CESPE/2012 – modificada)

Exercício 5

O conjunto orçamentário do trabalhador engloba todas as combinações


possíveis de renda e lazer, excluindo-se apenas as combinações sobre a reta
orçamentária.

Resolução

Falso. As combinações sobre a reta orçamentária, como explicamos na aula,


referem-se às combinações que o consumidor realmente irá escolher, pois são as
que dão maior utilidade. Esta reta compõe o conjunto orçamentário, isso é o
conjunto de todas as escolhas que o consumidor pode tomar.

Exercício 6

A reta orçamentária é o conjunto de escolhas entre lazer e trabalho que geram


a quantidade de dinheiro que o trabalhador possui ou menos que isso.

Resolução

Esta é a definição de conjunto de oportunidades do trabalhador (ou possibilidades, a


depender do autor). A definição está errada por causa do finalzinho, “menos que
isso”.

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Exercício 7

Se a função de demanda por trabalho for linear, então a elasticidade da


procura por esse fator de produção será igual a -1 no ponto onde o salário for
igual ao ponto médio da curva de demanda.

Resolução

Perfeito! Olhem o gráfico da questão 4 e vejam que o ponto médio está sempre
relacionado à elasticidade unitária em uma demanda linear.

Exercício 8

Mantidas constantes as quantidades dos outros fatores de produção, a curva


de produto marginal passa sobre o ponto de mínimo da curva de produto
médio.

Resolução

Força na peruca e pense na aula anterior. Vamos à aula anterior:

“Perceba que há uma relação bastante óbvia entre as curvas PMg e PMe. O
produto marginal de um fator será maior que o produto médio enquanto este
último estiver aumentando e será menor enquanto o produto médio estiver
diminuindo.

Isso decorre da própria definição de média. O PMe é uma média, enquanto que o
PMg são “valores acrescentados à média”, pois trata-se da variação da produção
a cada unidade de trabalho. Assim, ao acrescentarmos valores superiores
(inferiores) à média, a média irá aumentar (diminuir). Graficamente”:

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PMg e PMe

PMg
PMe

Viram? Dada esta definição, onde ocorrerá a intersecção das duas curvas? O ponto
de máximo da curva de produto médio.

Alternativa falsa.

Exercício 9

Isoquantas de fatores de produção que são complementares perfeitos no


processo produtivo têm inclinação constante.

Resolução

Falso. Nós vimos na aula anterior que esta é uma propriedade das isoquantas de
bens substitutos perfeitos.

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Exercício 10

(AFT/MTE – ESAF/2006) Suponha um modelo neoclássico de oferta de


trabalho individual em que a utilidade do indivíduo dependa apenas do
consumo (C) e do lazer (L) e que o indivíduo disponha de uma dotação inicial
dos dois bens: C0 e L0. Suponha que L0=24horas. Suponha também que a
função utilidade U (C,L) = CaL1-a, onde 0<a<1, que a restrição orçamentária
seja linear e que o preço do bem de consumo C seja 1 or unidade do bem.
Considere as seguintes afirmações:

I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal


modo que a taxa de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer
e do consumo, dado que o salário de mercado é maior que o salário de
reserva.

II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar
zero horas de trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.

III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente


inclinado, desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-
dotação compense o efeito-substituição. Nesse trecho negativamente
inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com relação ao salário é
negativa.

A opção correta é:
a) I, II, III estao incorretas.
b) I e II estao corretas e III esta incorreta.
c) I esta incorreta; II e III estao corretas.
d) I e III estao incorretas; II esta correta
e) I, II e III estao corretas.

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Resolução

Vamos analisar as alternativas:

I) Verdadeiro. Este é o conceito de escolha maximizadora:

𝚫𝑪 𝑼𝑴𝒈𝑳
𝑻𝑴𝑺 = = =𝒘
𝚫𝑳 𝑼𝑴𝒈𝑪

II) Nós vimos este conceito na aula 00. O salário de reserva é aquele valor que
deixa o empregado indiferente entre ofertar e não ofertar trabalho. Verdadeiro.

III) Olhe pessoal, desconsidere estes nomes de “efeito renda ordinário” e “efeito
renda dotação”, já que os manuais modernos de Economia do Trabalho não fazem
mais esta separação. Quando você ver estas palavras leia, somente, efeito renda e
pronto!

Bom, veja o que a alternativa está te falando, que quando ER>ES, a curva de oferta
de trabalho se curva para trás! Mas, é isso mesmo que fizemos quando derivamos a
curva de oferta reversa, não?

Quanto à elasticidade, vamos ao conceito, naquele trecho negativamente inclinado,


um aumento percentual do salário gera uma redução percentual na oferta de
trabalho, portanto:
(−)
𝑆𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = = (−)
(+)
Ou seja, alternativa correta.

Portanto, alternativa (e).

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Exercício 11

(AFT/MTE – ESAF/1998) Considerando a curva de oferta neoclássica de


trabalho derivada da escolha individual entre renda e lazer, podemos afirmar
que:
a) quando a taxa de salário aumenta, o efeito substituição induz a uma
quantidade menor de trabalho.
b) a curva de oferta de trabalho é sempre positivamente inclinada, mudando
apenas a declividade de acordo com o efeito substituição.
c) a curva de oferta de trabalho é derivada do efeito substituição entre renda e
lazer, ao passo que o efeito renda provoca apenas deslocamentos desta
curva.
d) o caso em que o aumento da taxa de salario leva a uma diminuição da
oferta de trabalho não pode ser representado pela curva de oferta de trabalho.
e) a curva de oferta de trabalho pode ser negativamente inclinada, caso o
efeito renda supere o efeito substituição.

Resolução

Vamos às alternativas:

a) É o contrário, o ES induz a um aumento da oferta de trabalho

b) Errado, não se esqueça da curva reversa.

c) Errado. O ER faz com que ela “vire” para trás.

d) Errado. Vide curva reversa.

e) Perfeito. Alternativa correta pela própria definição da curva de oferta de trabalho


reversa.

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Exercício 12

(AFT/MTE – ESAF/2003) A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa


porque, quando o salário real fica suficientemente elevado:
a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.
b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.
c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.
d) o lazer passa a ser um bem "inferior".
e) o efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.

Resolução

Essa é a definição da curva reversa, viu como cai? Ela vira para trás quando ER >
ES. Alternativa (e).

Exercício 13

(STN – ESAF - alterada) É uma decorrência do aumento da


produtividade marginal do trabalho:
a) Aumento do salário real, queda na demanda por trabalho e quedas no
emprego e na produção global.
b) Diminuição da demanda por trabalho, queda no salário real e aumentos do
emprego e da produção global.
c) Aumento da demanda por trabalho, aumento do salário monetário e
aumentos do emprego e da produção e da produção global.
d) Aumento da demanda por trabalho, queda do salário monetário e aumentos
do emprego e da produção global.
e) Diminuição da demanda por trabalho, aumento do salário monetário,
aumento do nível de preços e aumentos do emprego e da produção global.

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Resolução

Pessoal, vocês se lembram do mantra?

𝒑 ∙ 𝑷𝑴𝒈𝑳 = 𝑽𝑷𝑴𝒈𝑳 = 𝒘

Isso define a escolha ótima de mão de obra, no curto prazo, por uma empresa. Isso
vale para o curto e longo prazo, mas no longo prazo temos de considerar a
interação entre os preços dos fatores e suas produtividades marginais.

Voltando à aula, o que ocorre se há um aumento externo na produtividade dos


trabalhadores, mantida constante a quantidade de trabalhadores? É muito
semelhante a um aumento de preços:

Veja, para um dado valor de salário monetário, se o PMgL é maior, mais


trabalhadores serão contratados, deslocando a curva de valor do produto marginal
do trabalho para fora - de VPMgL (1) para VPMgL (2).

Bom isso faz com que a curva de demanda de trabalho desloque-se para fora,
até porque a curva VPMgL é a curva de demanda por trabalho no curto prazo.
Como o exercício não falou de outros fatores, supõe-se que eles estão sendo

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mantidos constantes, tal como ocorre no curto prazo. Assim, vamos trabalhar
assim.

Bom, isso nós vamos ver na próxima aula, mas vamos interagir as curvas de
demanda por trabalho e oferta de trabalho, na sua parte de inclinação positiva (A
menos que o exercício fale, trabalhe na região positivamente inclinada. Só
cuidado com as pegadinhas tipo “sempre é positivamente inclinada, etc). Mas,
vocês já viram os formatos das curvas de oferta e demanda por trabalho, além de
terem aprendido sobre a dinâmica de oferta e demanda na aula 00, então vamos lá:

Viram? O emprego na empresa irá se elevar (de L1 para L2) com o deslocamento
para fora da demanda de D1 para D2. Por consequência, o salário de equilíbrio
também irá se altera, elevando-se de w1 para w2.

Este efeito ocorrerá em todas as empresas da economia, o que fará com que
toda economia apresenta aumentos salariais e de emprego, já que a totalidade
do mercado é resultado do somatório das empresas individuais.

Este caso serve para o caso de um aumento de preços do produto final


também.

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Na próxima discutiremos mais as questões relacionadas a equilíbrio do mercado de


trabalho.

Alternativa (c).

(MDS – CESPE/2013 – modificada)

Exercício 14

O custo marginal corresponde ao acréscimo no custo total decorrente da


variação de uma unidade na produção da empresa.

Resolução

Esta é a definição de Custo Marginal. Correta!

Exercício 15

Em razão da lei de rendimentos decrescentes, quando a produtividade média


do fator trabalho atinge seu ponto máximo, o produto marginal é nulo e a
produção total cresce a taxas crescentes.

Resolução

Já falamos disso. A CESPE gosta disso hein? O Produto Marginal não é nulo
quando a produtividade média atinge seu máximo, este último é interceptado pela
curva de produto marginal no seu máximo. Falsa.

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Exercício 16

(Proposta pelo autor) Se há uma mudança nos gostos dos trabalhadores, que
mudam sua preferência entre lazer/trabalho de modo a dar mais preferência ao
lazer, a curva de oferta de trabalho desloca-se para fora e há uma redução no
salário de equilíbrio.

Resolução

Gente, como eu disse, o assunto equilíbrio será tratado mais a frente, mas acredito
que, como vocês conhecem os formatos das curvas de oferta e demanda de
trabalho e estudaram os conceitos básicos de equilíbrio na aula 00, vocês já tem
condições de resolver a questão.

Vamos lá. Se os trabalhadores decidem querer ficar “mais tranquilos” e trabalharem


menos, isso quer dizer que, para um dado valor de salário, os trabalhadores irão
ofertar menos trabalho. Tal como:

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Veja, se, para um dado valor de salário, os trabalhadores ofertam menos


trabalho, a curva desloca-se para trás, ou, como alguns livros chamam “para
dentro” (indo de B para A)! Neste caso, a nova curva será O1 e não mais O2.

Se colocarmos a demanda junto para encontrarmos o novo equilíbrio de mercado:

Veja o que houve! O deslocamento para trás da curva de oferta gera um aumento
salarial e uma redução do número de trabalhadores empregados no equilíbrio.

Alternativa falsa.

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Questões Propostas

(DPU – CESPE/2012 - modificada) Julgue as afirmativas:

Exercício 1

O efeito Renda altera o preço relativo dos bens, mantendo o poder aquisitivo
constante.

Exercício 2

O efeito Substituição mantém os preços relativos do lazer e do consumo


constantes, além de manter constante a utilidade do consumidor.

Exercício 3

Isoquantas entre dois fatores de produção substitutos têm o formato de “L”.

Exercício 4

A elasticidade de uma demanda por trabalho linear tem elasticidade que tende
para o infinito quando o salário é zero.

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(Ministério da Saúde – CESPE/2012 – modificada)

Exercício 5

O conjunto orçamentário do trabalhador engloba todas as combinações


possíveis de renda e lazer, excluindo-se apenas as combinações sobre a reta
orçamentária.

Exercício 6

A reta orçamentária é o conjunto de escolhas entre lazer e trabalho que geram


a quantidade de dinheiro que o trabalhador possui ou menos que isso.

Exercício 7

Se a função de demanda por trabalho for linear, então a elasticidade da


procura por esse fator de produção será igual a -1 no ponto onde o salário for
igual ao ponto médio da curva de demanda.

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Exercício 8

Mantidos constantes as quantidades dos outros fatores de produção, a curva


de produto marginal passa sobre o ponto de mínimo da curva de produto
médio.

Exercício 9

Isoquantas de fatores de produção que são complementares perfeitos no


processo produtivo têm inclinação constante.

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Exercício 10

(AFT/MTE – ESAF/2006) Suponha um modelo neoclássico de oferta de


trabalho individual em que a utilidade do indivíduo dependa apenas do
consumo (C) e do lazer (L) e que o indivíduo disponha de uma dotação inicial
dos dois bens: C0 e L0. Suponha que L0=24horas. Suponha também que a
função utilidade U (C,L) = CaL1-a, onde 0<a<1, que a restrição orçamentária
seja linear e que o preço do bem de consumo C seja 1 or unidade do bem.
Considere as seguintes afirmações:

I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal


modo que a taxa de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer
e do consumo, dado que o salário de mercado é maior que o salário de
reserva.

II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar
zero horas de trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.

III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente


inclinado, desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-
dotação compense o efeito-substituição. Nesse trecho negativamente
inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com relação ao salário é
negativa.

A opção correta é:
a) I, II, III estao incorretas.
b) I e II estao corretas e III esta incorreta.
c) I esta incorreta; II e III estao corretas.
d) I e III estao incorretas; II esta correta
e) I, II e III estao corretas.

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Exercício 11

(AFT/MTE – ESAF/1998) Considerando a curva de oferta neoclássica de


trabalho derivada da escolha individual entre renda e lazer, podemos afirmar
que:
a) quando a taxa de salário aumenta, o efeito substituição induz a uma
quantidade menor de trabalho.
b) a curva de oferta de trabalho é sempre positivamente inclinada, mudando
apenas a declividade de acordo com o efeito substituição.
c) a curva de oferta de trabalho é derivada do efeito substituição entre renda e
lazer, ao passo que o efeito renda provoca apenas deslocamentos desta
curva.
d) o caso em que o aumento da taxa de salario leva a uma diminuição da
oferta de trabalho não pode ser representado pela curva de oferta de trabalho.
e) a curva de oferta de trabalho pode ser negativamente inclinada, caso o
efeito renda supere o efeito substituição.

Exercício 12

(AFT/MTE – ESAF/2003) A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa


porque, quando o salário real fica suficientemente elevado:
a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.
b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.
c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.
d) o lazer passa a ser um bem "inferior".
e) o efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.

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Exercício 13

(STN – ESAF - alterada) É uma decorrência do aumento da


produtividade marginal do trabalho:
a) Aumento do salário real, queda na demanda por trabalho e quedas no
emprego e na produção global.
b) Diminuição da demanda por trabalho, queda no salário real e aumentos do
emprego e da produção global.
c) Aumento da demanda por trabalho, aumento do salário monetário e
aumentos do emprego e da produção e da produção global.
d) Aumento da demanda por trabalho, queda do salário monetário e aumentos
do emprego e da produção global.
e) Diminuição da demanda por trabalho, aumento do salário monetário,
aumento do nível de preços e aumentos do emprego e da produção global.

(MDS – CESPE/2013 – modificada)

Exercício 14

O custo marginal corresponde ao acréscimo no custo total decorrente da


variação de uma unidade na produção da empresa.

Exercício 15

Em razão da lei de rendimentos decrescentes, quando a produtividade média


do fator trabalho atinge seu ponto máximo, o produto marginal é nulo e a
produção total cresce a taxas crescentes.

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Exercício 16

(Proposta pelo autor) Se há uma mudança nos gostos dos trabalhadores, que
mudam sua preferência entre lazer/trabalho de modo a dar mais preferência ao
lazer, a curva de oferta de trabalho desloca-se para fora e há uma redução no
salário de equilíbrio.

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1–F
2–F
3–F
4–F
5–F
6–F
7–V
8–F
9–F
10 – e
11 – e
12 – e
13 – c
14 – V
15 – F
16 – F

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