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CURSO TECNICO DE AGÊNCIAS DE VIAGENS E TRANSPORTES

UFCD 3479
PROCURA E OFERTA TURÍSTICA
CÓDIGO: 3479

CARGA HORÁRIA: 50 HORAS - 67 TEMPOS DE 45 00 MINUTOS


1.2. Necessidades Turísticas
1.3. Utilidade Turística
1.4. Elasticidade da Procura Turística
1.5. Consumo Turístico
2. Determinantes da Procura Turística
2.1. Determinantes Estruturais
2.2. Determinantes Conjunturais
3. Dimensão e Características da Procura Turística
3.1. Características comportamentais do consumidor
3.1.1. Fatores Culturais
3.1.2. Fatores Sociais
3.1.3. Fatores Pessoais
4. As Motivações e a sua Influência no desenvolv. da procura turística
4.1. Motivações para o turismo e comportamentos do turista
4.2. Critérios para a definição de perfis socioeconómicos dos turistas
4.3. Impactos das motivações na organização da oferta turística
4.4. Tipologia dos turistas
5. Indicadores da Atividades Turística
5.1. A Oferta Turística
Introdução - O SISTEMA FUNCIONAL DE TURISMO

O VISITANTES

R PROMOÇÃO TRANSPORTES
O
A

E
ATRACÇÕES

T
EQUIPAMENTOS

A E SERVIÇOS TURÍSTICOS
A Procura Turística
Noção e Formas da Procura Turística
O aumento do nível de vida e o desenvolvimento dos transportes
provocou o desenvolvimento das viagens, levando também a que
os analistas tivessem interesse em estudar a procura turística.
Turismo não é só sinónimo de procura turística, mas esta reflete
a importância alcançada pelos movimentos turísticos – a procura
é, do ponto de vista económico, a quantidade de bens e serviços
que as pessoas que se deslocam adquirem num determinado
momento. Corresponde, então, a todos os bens e serviços que os
visitantes adquirem para realizar as suas viagens, expressas em
quantidades.
A procura turística pode ser vista em diferentes perspetivas:
a) Procura Física
Corresponde ás deslocações no âmbito das definições do
conceito de visitante (critério fronteira). A procura é constituída
pelos fluxos turísticos medidos pelas chegadas às fronteiras e
pelas dormidas nos meios de alojamento de um país.
b) Procura Monetária
Na vertente monetária, a procura turística é expressa pelo valor
do conjunto dos consumos realizados pelos visitantes, as receitas
turísticas; são todos os gastos relacionados com a viagem.
Corresponde à soma das receitas de origem externa (divisas
trazidas pelos estrangeiros) com os gastos efetuados pelos
residentes nas viagens dentro do país. 06-03-2018
c) Procura Geográfica

Os movimentos turísticos gerados num determinado espaço


geográfico: locais de origem e destinos. Nesta vertentes, são
analisados os fluxos turísticos, de onde surgem, por onde
passam e para onde se dirigem.

d) Procura Global

Ao nível de um país, a procura global é avaliada pela “taxa de


partida”: relação entre a população total e a sua parte desta
que passa férias, ou que tem propensão para viajar.
Na procura global podemos distinguir dois grupos:
Procura Efetiva – percentagem de população que
efetivamente faz turismo numa determinada altura; é a
procura efetiva que aparece nos dados estatísticos.
Procura Suprimida – divide-se em dois grupos:
1) Procura Potencial: parte da população que numa dada
altura não viaja por qualquer motivo, mas com condições
para viajar no futuro caso os motivos de impedimento à
viagem sejam alterados.
2) Procura Diferida: inclui todos aqueles que não viajam por
falta de oportunidade/condições.
Razões 2009 2006 2004
Motivos económicos 62 65 62

Motivos profissionais 19 17 15

Razões de saúde pessoal ou de familiares 5 2 7

Reformados/idade 12 2 4

Motivos familiares 3 3 6

Não tem direito a férias 6 2 2

Desemprego 3 2 1

Não costuma gozar férias 3 4 4

Outras razões - 1 5
Razões pelas quais os portugueses não gozaram férias(2009,06,04)
Unidade: %
Fonte: DGT, Férias dos Portugueses em 2009
No quadro anterior podemos ver que, dos portugueses que
não gozaram ferias em 2009, 19% não o fizeram por motivos
profissionais e que 5% por motivos de saúde e familiares – ou
seja, 24% dos portugueses fazem parte da procura potencial,
pois não gozarão férias por razões momentâneas. Por outro
lado, 6% da população não tem direito a férias, fazendo parte
da procura diferida.
Necessidades Turísticas
O homem atua na esfera económica com o único fim de
obter plena satisfação para necessidades que crescem
ininterruptamente.
De acordo com Maslow, o homem é um animal insatisfeito a
ainda mal satisfez uma necessidade já uma outra a
substituiu.
O processo é continuo e apresenta se em degraus
sucessivos, isto é, segundo uma hierarquia de importância.
- No fundo da escala encontram se as necessidades
fisiológicas que correspondem à razão de viver: fome,
repouso, exercício, amor, habitação e proteção contra os
elementos;
continua
- Depois surgem as necessidades de segurança que
constituem um desejo de proteção contra o perigo, a ameaça e
a privação;
- Em seguida, o homem deseja satisfazer necessidades sociais
como a posse, a associação, a integração em grupo a de ser
aceite pelos seus semelhantes
- A necessidade de estima respeita à confiança em si próprio,
a independência, a competência, o saber. Esta necessidade
tem a ver com a reputação, a condição social, a consideração,
o respeito dos outros que induz a pessoa a procurar o
reconhecimento do seu próprio valor ou das coisas a que
atribui valor;
- No topo da hierarquia encontram se as necessidades de auto
realização, isto é, a realização das aspirações do indivíduo;
Esta hierarquia pode ser apresentada segundo uma pirâmide
de necessidades.

Pirâmide das Necessidades

Auto realização

Estima de si próprio
Laços Sociais, amizade
Segurança e Proteção

Necessidades fisiológicas
A pirâmide das necessidades apresentada por Maslow leva a
considerar que, só após satisfeita a necessidade do nível
inferior, a pessoa é levada a satisfazer as necessidades do
nível superior; isto é, as pessoas tendem a subir na escala das
necessidades à medida que vão adquirindo maior experiência
de viagem; do mesmo modo, o nível mais elevado de
necessidades inclui o nível mais baixo, o que significa que só
quando estão satisfeitas as necessidades dos níveis inferiores
se passa para a satisfação das do nível superior; 20-03-2018
;há um certo número de consumos que só se realizam quando o rendimento
alcança um determinado valor a estes bens assumem o carácter de bens de luxo
ou sumptuários; no início do turismo, principalmente durante o século passado,
as viagens eram consideradas como um devaneio e privilégio das classes mais
abastadas e, portanto, um luxo para a generalidade da população; com a
elevação do nível de vida, o desenvolvimento dos transportar a de outros fatores
que influenciam a procura turística, o acesso as viagens foi se alargando a todas
as classes sociais passando a fazer parte das respetivas pirâmides de
necessidades; só quando estão cobertas as primeiras necessidades se podem
fazer viagens mas o mesmo se passa com outros bens que hoje são objeto de
consumo corrente; se, no passado, o turismo era um bem de luxo, hoje
converteu se num bem que as pessoas desejam para lá de muitas outras coisas
estando dispostas a fazer sacrifícios e mesmo a endividar se para poderem
desfrutar da satisfação que as viagens proporcionam; A necessidade temporária
de deslocação, que é a essência do turismo, é comum à generalidade dos
homens embora só possa ser satisfeita após a obtenção de determinados níveis
de rendimento mas uma vez alcançados as pessoas não abdicam de fazer
férias.
Utilidade Turística
Em geral, define-se utilidade como a qualidade que os bens
possuem para satisfazer desejos e, portanto, um bem ou um
serviço é útil quando é efetivamente desejado por um
consumidor que, ao adquiri-lo, calcula o benefício ou utilidade
que obterá com o fim de satisfazer as suas necessidades
objetivas e subjetivas. Os bens possuem, para o sujeito
económico, determinado valor que depende da utilidade que lhes
é atribuída. Não é, portanto, uma propriedade objetiva dos bens
mas sim uma relação entre estes e o sujeito.
Podemos então, dizer que a utilidade do turismo é a capacidade e
os bens e serviços turísticos possuem para satisfazer as
necessidades de viagem quaisquer que sejam as motivações que
estão na sua origem.
Elasticidade da Procura Turística
A procura turística responde às variações do preço dos bens
e serviços turísticos como também responde às variações do
rendimento dos consumidores.
Para avaliar a intensidade dessa resposta utiliza-se o
conceito da elasticidade, definida da seguinte maneira, em
relação.
Variação da Procura
Procura
e= ___________________________
Variação do Preço
Preço
Cujo resultado é negativo dado que os preços e as
quantidades adquiridas variam em sentido contrário. Deste
modo, a elasticidade da procura-preço define-se como a
variação da procura resultante de uma dada variação do
preço.
1.5. Consumo Turístico
O consumo turístico é um agregado, expresso em termos monetários, resultante
das despesas derivadas da procura de bens e serviços turísticos, podendo ser
definido como o valor do conjunto dos bens e serviços consumidos pelos turistas
durante a sua deslocação e permanência ou com vista à sua deslocação, bem
como os serviços prestados pelos organismos que concorrem diretamente para o
desenvolvimento turístico.
Nesta aceção, são consideradas despesas de consumo turístico não só as que são
efetuadas durante a deslocação ( transportes, por exemplo) e no destino (
alojamento e outros), mas também a que ocorrem antes da deslocação com vista
a esta ( despesas com passaportes, compras de equipamentos, entre outros),
bem como as despesas efetuadas pela administração pública com vista ao
desenvolvimento turístico (despesas de promoção, postos de informação, entre
outros). Por exemplo, a aquisição de selos do correio não é, pela sua natureza,
um consumo turístico, mas sê-lo-á se o adquirente for um turista.
1.Determinantes da Procura Turística
A procura turística global é influenciada por um conjunto
de fatores que atuam no sentido positivo ou negativo
contribuindo para o seu aumento ou para a sua
diminuição. A este conjunto de fatores dá-se o nome de
determinantes da procura turística e define-se pela
combinação de um certo número de fatores económicos,
socioeconómicos, psico-socioeconómicos, demográficos
e geográficos.
Alguns destes fatores exercem uma influência
permanente, outros influenciam a procura no curto prazo
e outros atuam sobre o médio e longo prazo. De acordo
com o modo temporal da sua influência podemos
classificar os determinantes da procura turística em
determinantes estruturais e conjunturais.
2.1. Determinantes Estruturais
Definem a tendência a médio e longo prazo e que se
encontram ligados ao processo de crescimento económico
e ao modo de vida inerente à industrialização. O sentido da
sua evolução é comum à maioria dos países
industrializados. Ex. Demografia, desenvolvimento
económico, duração do tempo de trabalho, a densidade
populacional e taxa de urbanização, progresso cientifico e
técnico e os transportes
2.2. Determinantes Conjunturais
Ligados à situação económica de cada pais e definem, de
um período curto para outro, o volume e o tipo de procura,
a duração da permanência, os preços dos serviços
turísticos. Ex. Variações cambiais, Inflação
3. Dimensão e Características da Procura Turística
Crescimento constante
A evolução num sentido crescente é uma
característica que corresponde a uma expansão
global. Nos últimos 50 anos, a procura turística
mundial, avaliada pela chegada de turistas a todos os
países do mundo aumentou de 25 milhões em 1950
para 698 milhões em 2000.
Apesar de alguns abrandamentos, o crescimento foi
sempre verificado, sendo difícil haver outra atividade
no mundo com um comportamento semelhante.
08-05-2018
As motivações que levam as pessoas a
viajar são tão diversas que conduzem a
situações díspares. As pessoas podem
viajar por razões pessoais (psicológicas),
sociais (imitação, afirmação social),
profissionais (negócios, congressos),
familiares (visitas) e outras.
As motivações tendem a aumentar,
levando ao surgir de novos tipos de
turismo e de produtos turísticos:
Antes, em 1950, os 25 milhões de turistas eram
na quase totalidade oriundos da Europa Ocidental
e da América do Norte, pertencentes às camadas
sociais de elevados rendimentos e os motivos das
suas deslocações eram muito semelhantes.
Hoje, cerca de 700 milhões de turistas são
oriundos de um número cada maior de países de
todas as idades e classes sociais. Os motivos são
cada vez mais variados, havendo a necessidade
de um maior número de produtos para lhes dar
satisfação – este processo é inerente à
democratização do turismo e que acompanha a
alteração nos modos de vida.
Concentração
A concentração do turismo, em períodos curtos de grande
procura e períodos largos de baixa procura (sazonalidade)
pode ser por diversas razões/causas:
➢ Climatéricas: busca do bom tempo e evitar de épocas de
frio, chuvas e calor com demasiada humidade;
➢ Regimes e épocas de férias: as épocas de férias são
determinadas em épocas semelhantes para a maior
parte das pessoas;
➢ Hábitos: em relação à escolha do período de férias;
hábito de ir sempre na mesma altura;
➢ Condições sociais: moda e espírito de imitação
coincidentes com a época alta;
➢ Razões económicas: quando a produção é baixa (Verão)
as empresas mandam os empregados de férias. 16-05-18
A procura concentra-se no tempo, espaço e em
atractivos.
a) Tempo:
Nos diversos países, a procura concentra-se em poucos
meses do ano, com períodos grandes de baixa procura e
períodos curtos de grande procura, levando a situação
de sazonalidade (época alta e época baixa)
b) Espaço:
A procura é fortemente dependente no espaço, quer do
ponto de vista dos destinos como das origens. Este facto
está muito relacionado com o nível de desenvolvimento
económico: são os países onde o desenvolvimento
económico é maior e onde o nível de vida da população
também é maior que originam as maiores correntes ou
fluxos turísticos.
A Europa é a região do globo com maior concentração turística,
quer ao nível de destino como de origem – recebe cerca de 60%
dos fluxos mundiais. Ao nível de receitas, cerca de 50% estão
concentradas nos EUA, Alemanha, França, Reino Unido e Itália,
enquanto que ao nível de chegada de turistas, cerca de 35%
estão concentradas na França, Espanha EUA e China.
c) Atractivos:
Apesar da grande diversidade de motivações, a procura
turística continua a ser fortemente concentrada em atractivos.
O mar, montanhas, grandes cidades e os grandes centros
culturais concentram as preferências: é para este tipo de
destinos que se dirigem as correntes turísticas mais
significativas. Nem todos os países têm estes tipos de espaços,
pelo que também origina concentração.
O turismo de negócios e os parques temáticos são duas
tendências com forte crescimento. 24-05-2018
Consequências da concentração
A concentração do turismo origina problemas de difícil
solução que têm de ser tomados em consideração no
processo de desenvolvimento turístico. Alguns dos
problemas são inerentes, logo não elimináveis, mas podem
ser atenuados.
- Sazonalidade - A sazonalidade origina problemas para as
empresas, para a administração pública, para os
trabalhadores e para os turistas.
Para as empresas turísticas, a sazonalidade provoca a
subutilização em épocas baixas; por vezes onde terão de
equipar os empreendimentos de modo a serem atrativos
nestes períodos. Surgem daí também problemas de
tesouraria, por exemplo, muitos hotéis têm mais dificuldades
financeiras nesta altura pelos investimentos feitos para
atrair mais turistas.
A administração pública tem que fazer investimentos em
infra-estruturas para que não sejam estrangulados os
serviços básicos em épocas altas (ex. fornecimento de
energia, água, vias de comunicação em época alta). O
mesmo se aplica aos - serviços públicos e o seu reforço
nas épocas altas (ex. correio, transportes, segurança). ;
Outro problema da sazonalidade na procura, que afeta os
turistas, está ligado aos trabalhadores de serviços
turísticos: os trabalhadores fixos são sujeitos a um maior
desgaste e pressão (pior desempenho), enquanto que os
trabalhadores temporários podem estar mal preparados
para a sua função.
- Concentração no espaço
Acontece quando a procura é concentrada em origens, o que
é comum à maior parte dos destinos, cuja procura está
dependente de dois ou três mercados.
Exemplo: em 2000, 65% das dormidas hoteleiras no
Algarve são de britânicos e alemães, que são também 50%
das dormidas totais do país. Assim a economia de um
momento para o outro pode ficar abalada se acontecer
algum problema nestes países de origem
Por outro lado, a demasiada concentração de construção
para turismo num determinado local/área/região pode por
em causa a mesma e o seu sistema ambiental.
A concentração também origina desequilíbrios regionais. Em
Portugal, são evidentes os desequilíbrios Norte/Sul e
Litoral/Interior, que provocam também uma fraca
distribuição dos benefícios do turismo.
- Atrativos:
Existe concentração neste aspeto quando um determinado
pais ou região tem maior número de atrativos face a outro.
Existe cada vez menor dependência de atrativos históricos e
monumentais em virtude do aparecimento de equipamentos
espetaculares que se transformam em recursos turísticos.
Exemplo: os parques temáticos e de diversão ( Disney World
e Magic Kingdom, Florida, Sun City – África do Sul) dão origem
7 a verdadeiras “industrias” do turismo: complexos de hotéis,
restaurantes, comercio, equipamentos desportivos, agências
de viagens, guias, etc. Este tipo de espaços tornam-se
autónomos face a recursos históricos ou naturais.
Fatores determinantes da Procura

Existem diversos fatores que influenciam as pessoas


a viajar e determinam as suas decisões quanto a incluir
ou não as viagens nas suas opções de gasto. As diversas
análises feitas a estes fatores agrupam-se em 4 grupos:
1) Fatores Socioeconómicos
• Rendimentos (São um dos fatores principais, pois as
viagens dependem do rendimento disponível após as outras
obrigações e necessidades básicas)
• Preços (A procura turística é influenciada pela variação
dos preços nos outros bens, como a alimentação,
transportes, etc). 30-05-2018
• Demografia (As alterações demográficas e as mudanças na
estrutura da população estão ligadas afectam a procura;
não são os países mais populosos do mundo que origina
maior procura. São os países mais desenvolvidos
economicamente e de população mais envelhecida que tem
mais relevo na procura turística: foi nestes países que se
desenvolveu o “turismo sénior” e é também nestes países
que existe uma maior taxa de “propensão á viagem”, em
virtude dos maiores rendimentos e maior disponibilidade
por parte da população que não tem encargos familiares
(ex. baixa natalidade).
• Urbanização (A procura é sobretudo originada por turistas
provenientes de zonas urbanas; é nestas zonas que as
pessoas possuem mais rendimentos e também onde o
stress e as tensões obrigam a uma necessidade de viajar)
• Duração do lazer (o cada vez maior tempo de lazer (redução
do horário de trabalho), o direito a férias pagas pela
Organização Internacional do Trabalho, iniciado em 6 dias
em 1936 e atualmente de 22 dias e a idade de reforma cada
vez mais cedo)
2) Fatores Técnicos
São os fatores ligados a o desenvolvimento técnico e
tecnológico, tais como a evolução dos transportes para
meios mais rápidos, confortáveis e seguros, que tem feito
aumentar a procura. Iguais efeitos tiveram os meios de
comunicações mais rápidos e menos caros, como a
internet, e as novas facilidades nos procedimentos de
reservas, pagamentos e trocas de informações.
3) Fatores Aleatórios
São fatores variáveis, imprevisíveis e ocasionais que
afetam os comportamentos dos consumidores. Exemplos
são os fenómenos naturais (tempestade, terramotos) que
impedem as viagens, enquanto que outros podem ser um
atrativo (ex. erupções vulcânicas). A instabilidade política
pode criar entraves ás viagens, bem como os conflitos
sociais (greves, manifestações)
4) Fatores Psicossociológicos
São fatores ligados a gostos, preferências e atos dos
consumidores. Podem ser de ordem pessoal (viajar de
acordo às aspirações e desejos individuais, a vontade de
viajar), cultural (viajar é sinónimo de maior conhecimento,
maior cultura, status social) e social (viajar como forma de
evasão, fuga à rotina e aos meios urbanos e aos
constrangimentos da vida urbana). 07-06-2018
4.As Motivações e a sua Influência no desenvolvimento da
procura turística
O sucesso de um negócio turístico depende, em grande
parte, da capacidade de resposta às necessidades e
preferências dos consumidores;
A capacidade de resposta depende do conhecimento dos
motivos que levam as pessoas a viajar, o que implica a
compreensão do comportamento dos turistas e das razões
das suas decisões;
Uma forma de conhecer os motivos que levam as pessoas a
viajar deriva dos inquéritos realizados, junto dos
consumidores em geral e, em particular, dos próprios
turistas através dos quais se obtêm informações sobre os
seus desejos, necessidades, gostos e preferências;
Os resultados desses inquéritos podem indicar motivos do
domínio do subconsciente e não podem ser determinados
facilmente, mas apesar disso, indicam sempre uma tendência
geral e constituem o modo mais adequado para conhecer o modo
de agir dos turistas;
Os motivos que levam o homem a deslocar-se são variados e
complexos e dependem de uma gama diversificada de fatores
desde os psicológicos aos económicos e culturais;
A internacionalização e as interdependências da vida económica,
política e cultural provocam uma forte movimentação de pessoas
cujas motivações são facilmente identificáveis sendo comuns a
todos os viajantes de todas as nacionalidades;
Já o mesmo não se passa relativamente às deslocações
realizadas durante os tempos livres que têm na sua origem
motivações complexas e diferenciadas;
4.1. Motivações para o turismo e comportamentos do turista
As razões que levam as pessoas a viajar assumem nuns casos
carácter de obrigação, noutros carácter de satisfação pessoal.
Podemos distinguir entre:
Motivações constrangedoras (negócios, reuniões, missões,
saúde, estudos)
Motivações libertadoras(férias, desportos, repouso, cultura)
Motivações mistas
Para além destas a OMT (Organização Mundial do Turismo)
classifica as motivações em duas categorias que estão na
origem das imagens que se fazem de um destino:
Motivações de tipo racional: a confiança, a segurança, a
poupança, a tradição, o conformismo e o modernismo;
Motivações de tipo afetivo: a curiosidade, a novidade, a
simpatia, o maravilhoso, a afetividade, a liberdade e a
amizade. 18-06-2018
A variedade de motivações que originam as deslocações leva
a admitir que o turismo não tenha motivações próprias já que
todas as que é possível identificar são comuns a todas as
formas de atividade humana podendo, mesmo, identificar-se
motivações opostas em função das necessidades de cada
momento de partida ou em função das características
pessoais de cada viajante. Por vezes, o que leva as pessoas a
viajar ou a escolher determinados destinos são fenómenos
coletivos de moda ou imitação. São motivações coletivas que
têm origem em fatores coletivos e não em fatores individuais.
Porém, desde sempre o homem procurou descobrir coisas
novas: novos locais, novas paisagens, novas civilizações. A
procura da diversidade e da variedade foi sempre uma das
características dominantes do comportamento humano a que,
hoje, o turismo permite dar uma satisfação em condições
inexistentes no passado.
Pode, então, dizer-se que o que melhor caracteriza o turismo é
a sua faculdade de permitir a satisfação da necessidade de
diversidade e o que distingue o turismo das restantes
atividades é a necessidade de deslocação temporária do
homem.
A busca da diversidade, de qualquer coisa de novo, de
diferente, constitui o motor da evolução humana, social e
cultural surgindo logo após a satisfação das necessidades
fundamentais. Esta é a base geral das motivações que levam à
deslocação durante o tempo livre.
Com base nestas considerações podemos concluir que o
turismo se deve orientar pelo princípio básico de manter e
valorizar as diferenças culturais, conceptuais e arquitetónicas.
A tendência turística para a uniformização descaracteriza e
destrói as diferenças, o que acaba por ser prejudicial para o
próprio turismo porque deixa de corresponder à motivação
essencial da procura.
4.2. Critérios para a definição de perfis socioeconómicos dos
turistas
Motivações por afinidades
1.Motivos culturais e educativos
a.Ver como vivem as pessoas de outros países e locais;
b.Ver curiosidades e coisas novas;
c.Melhor compreender a atualidade;
d.Assistir a manifestações especiais;
e.Ver monumentos, museus, centros arqueológicos e outras
civilizações;
f.Estudar.
2.Divertimento e descanso
a.Escapar à rotina;
b.Passar o tempo agradavelmente;
c.Repousar;
d.Fazer o que quiser, ser livre.
1.Saúde
a.Recuperar da fadiga física e mental;
b.Fazer tratamentos;
c.Cuidar da saúde, prevenir as doenças.
2.Razões étnicas
a.Visitar o berço familiar;
b.Visitar os locais que a família ou os amigos já visitaram;
c.Visitar parentes e amigos.
3.Sociológicas e psicológicas
a.Aprender a conhecer o mundo;
b.Snobismo;
c.Conformismo;
d.Aventura.
4.Climatéricas
a.Escapar às condições climatéricas adversas;
b.Tomar banhos de sol;
c.Praticar desportos de Inverno.
1.Sociológicas e psicológicas
a.Aprender a conhecer o mundo;
b.Snobismo;
c.Conformismo;
d.Aventura.
2.Climatéricas
a.Escapar às condições climatéricas adversas;
b.Tomar banhos de sol;
c.Praticar desportos de Inverno.
Os diversos motivos que levam as pessoas a viajar
coincidem, frequentemente, na mesma pessoa embora uns
predominem com mais intensidade do que outros. São as
motivações a que chamamos enérgicas, isto é, que exercem
uma influência determinante na decisão de viajar.
4.3. Impactos das motivações na organização da oferta
turística
1- Quando viajamos, não abandonamos completamente a
nossa vida quotidiana (transportamo-la como um
«passageiro que se senta ao nosso lado no avião»).
a.Não nos tornamos pessoas diferentes só porque viajamos;
estamos ligados ao nosso estilo de vida diário.
b.As pessoas querem chegar ao destino que sonharam o
mais rápido possível. Aí comportam-se como fazem em
casa: acordam à mesma hora, vão para a praia, comem,
dormem, sempre pontualmente.
c.Se o local for muito diferente do "quadro" (meio) habitual,
produz um sentimento de insegurança. As pessoas
preferem aquilo que lhes é familiar.
2- Outra característica está relacionada com uma motivação
meramente egoísta dos turistas o que torna, por vezes, a
viagem (o turismo) como uma fenómeno agressivo e
colonialista:
a.Os turistas estão longe de casa e estão livres.
b.Fazem o que lhes apetece: comer, dormir, festejar, gastar
dinheiro…
c.Comportam-se como pessoas completamente diferentes.
d.Quebram as regras do dia a dia, mas também têm a
pretensão de observar as normas do país que vão a visitar.
e.As próprias boas maneiras mais elementares são
esquecidas (são "deixadas em casa"): «Have a good
time»; «Tomorrow we sham be gone again». («Ter um
bom tempo»; «Amanhã nós obriga a sumir novamente»).
f. A responsabilidade é rejeitada.
3- Outra característica típica dos turistas é que estes
desejam encontrar a confirmação da sua "imagem" formada
da área de férias, resultante dos sonhos e das fotografias
que são espalhadas pela publicidade turística.

a.Todos nós enquanto turistas temos na mente estas


imagens quando vamos em viagem e queremos que estas
promessas sejam cumpridas.

a.O que é fornecido pela indústria turística cria e satisfaz


simultaneamente a necessidade para ver algo de familiar,
seguro e coisas agradáveis tanto quanto possível rodeadas
de exotismo.
4.4. Tipologia dos turistas

MODELO DE STANLEY PLOG


Stanley Plog criou uma nova tipologia do carácter dos
turistas, identificando dois grupos opostos: psicocêntricos e
alocêntricos.
• Psicocêntricos: agrupam os turistas que concentram o seu
comportamento nas suas pequenas preocupações pessoais
e têm um limitado interesse pelo mundo exterior. Na
eleição dos seus destinos turísticos preferem encontrar o
que já conhecem, preferem os locais mais frequentados e
têm reduzida preocupação em desenvolver atividades que
os desviem da normalidade. São mais passivos do que
ativos.
• Alocêntricos: são os turistas que se interessam por um
grande número de atividades, desejam descobrir o
mundo e manifestam uma curiosidade geral por tudo
quanto os cerca. Distinguem-se pelo desejo de
aventura e pela curiosidade.
Entre estas duas categorias extremas encontra-se a
maioria da população turística que se reparte por três
categorias intermédias: os quase-psicocêntricos, os
cêntricos e os quase-alocêntricos.
Cêntricos: representam a maior percentagem dos
viajantes e caracterizam-se pelo fraco pendor pela
aventura e pela procura dos destinos mais em voga.
PREFERÊNCIAS E MOTIVAÇÕES
Psicocêntricos
o Destinos que não perturbem o seu modo de vida;
o Atividades recreativas pouco originais;
o Turismo sedentário;
o Destinos acessíveis por automóvel;
o Instalações e equipamentos turísticos tradicionais;
o Viagens organizadas, estruturadas e bem
preparadas.
Quase-psicocêntricos
o Satisfação do ego e procura de “status”;
o Procura de conforto social;
o Visitas a locais muito frequentados ou mencionados
pelos meios de comunicação social.
Cêntricos
Descontração e prazer: simples diversão e entretenimento
o Clima, sol, termas;
o Mudança durante algum tempo;
o Oportunidade de fugir aos problemas diários;
o Atração real ou imaginária do destino;
o Gratificação sensual: gastronomia, descanso, conforto
bebida;
o O prazer de viajar e a apreciação da beleza: parques
naturais, lagos, montanhas;
o Compras para recordações e ofertas;
o O prazer sentido antes e depois da viagem: planeamento
da viagem, aprendizagem, sonho e, posteriormente, o
prazer de mostrar fotografias, recordações e de
descrever a viagem.
Quase-alocêntricos
o Participar em certames ou atividades desportivas;
o Viagens de tipo desafio: explorações, alpinismo,
passeios a pé, peregrinações;
o Viagens de negócios, congressos, reuniões,
convenções;
o Visitas a teatros, espetáculos especiais;
o Oportunidades de experimentar um estilo de vida
diferente.
Alocêntricos
o Regiões não desenvolvidas turisticamente;
o Novas experiências e descobertas;
o Destinos “diferentes”;
o Atividade desdobrante durante a estada;
o Viagens de organização flexível;
o Atractivos educacionais e culturais;
o Procura do exótico;
o Satisfação e sensação de poder e liberdade;
o Melhoria de perspetivas.
Os grupos alocêntrico e quase-alocêtrico constituem o
primeiro segmento de mercado a ser atraído para um
novo destino turístico que pretende crescer e
desenvolver-se.
O segmento cêntrico, que se calcula abranger à volta
de 60% da população turística global, é, pelas suas
características e dimensão, o mais significativo para
fomentar o desenvolvimento e crescimento dos
empreendimentos turísticos de grande escala.

Os psicocêntricos despendem a quase totalidade do


seu tempo e dos seus recursos nos empreendimentos
que utilizam, não contribuindo para o
desenvolvimento do centro turístico mas
contribuindo para o aumento da sua frequência.
A ligação entre os tipos de turistas e os tipos de
destinos fornece um método para prever o
comportamento das viagens mas duas coisas têm de
ser observadas:
1.Um turista pode viajar por motivos diferentes de
uma viagem para a outra;

1.Um determinado destino pode garantir uma


variedade de experiências que podem satisfazer um
grande número de turistas dependendo da forma
como a viagem for organizada.

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