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MANUAL

UFCD 3479
PROCURA E
OFERTA TURÍSTICA
ÍNDICE

ENQUADRAMENTO ........................................................................ Erro! Marcador não definido.


1. Procura Turística.......................................................................................................................... 3
1.1. Noção e Tipos de Procura Turística ........................................................................................ 3
1.2. Caraterística fundamental da Procura Turística .................................................................... 4
1.3. Fatores Determinantes da Procura Turística.......................................................................... 6
1.4. Dimensão e Caraterísticas da Procura Turística ................................................................... 8
1.5. Motivações e a Influência no Desenvolvimento da Procura Turística .............................. 12
1.6. Tendências de Evolução e a Emergência de Novos Tipos de Turismo........................... 18
1.7. Perspetivas da Procura Internacional .................................................................................... 24
2. Oferta Turística ........................................................................................................................... 27
2.1. Definição de Caraterísticas e Componentes ........................................................................ 27
2.2. Negócios Turísticos .................................................................................................................. 33
2.3. Componentes da Oferta Turística .......................................................................................... 34
___2.3.1. Componentes da Oferta Turística de Base ................................................................. 34
___2.3.2. Componentes da Oferta Turística “Complementar” ................................................... 37
2.4. Produtos Turísticos ................................................................................................................... 41
Bibliografia ....................................................................................................................................... 45
1. Procura Turística

1.1. Noção e Tipos de Procura Turística


O aumento do nível de vida e o desenvolvimento dos transportes provocou o
desenvolvimento das viagens, levando também a que os analistas tivessem interesse em
estudar a procura turística.

Turismo não é só sinónimo de procura turística, mas esta reflete a importância alcançada
pelos movimentos turísticos – a procura é, do ponto de vista económico, a quantidade de
bens e serviços que as pessoas que se deslocam adquirem num determinado momento.

Esta corresponde, então, a todos os bens e serviços que os visitantes adquirem para
realizar as suas viagens, expressas em quantidades.

A procura turística pode ser vista em diferentes perspetivas:

a) Procura Física
Corresponde às deslocações no âmbito das definições do conceito de visitante (critério
fronteira). A procura é constituída pelos fluxos turísticos medidos pelas chegadas às
fronteiras e pelas dormidas nos meios de alojamento de um país.

b) Procura Monetária
Na vertente monetária, a procura turística é expressa pelo valor do conjunto dos consumos
realizados pelos visitantes - as receitas turísticas; são todos os gastos relacionados com a
viagem.

Corresponde à soma das receitas de origem externa (divisas trazidas pelos estrangeiros)
com os gastos efetuados pelos residentes nas viagens dentro do país.

c) Procura Geográfica
Os movimentos turísticos gerados num determinado espaço geográfico: locais de origem e
destinos. Nesta vertente, são analisados os fluxos turísticos, de onde surgem, por onde
passam e para onde se dirigem.

d) Procura Global
Ao nível de um país, a procura global é avaliada pela “taxa de partida”: relação entre a
população total e a sua parte desta que passa férias, ou que tem propensão para viajar.
Na procura global podemos distinguir dois grupos:

 Procura Efetiva – percentagem de população que efetivamente faz turismo numa


determinada altura; é a procura efetiva que aparece nos dados estatísticos.
 Procura Suprimida – divide-se em dois grupos:

1) Procura Potencial: parte da população que numa dada altura não viaja por
qualquer motivo, mas com condições para viajar no futuro caso os motivos de
impedimento à viagem sejam alterados.
2) Procura Diferida: inclui todos aqueles que não viajam por falta de
oportunidade/condições.

1.2. Caraterística fundamental da Procura Turística


O homem atua na esfera económica com o único fim de obter plena satisfação para
necessidades que crescem ininterruptamente.
De acordo com Maslow, o homem é um animal insatisfeito a ainda mal satisfez uma
necessidade já uma outra a substituiu.

O processo é contínuo e apresenta se em degraus sucessivos, isto é, segundo uma


hierarquia de importância:
No fundo da escala encontram se as necessidades fisiológicas que correspondem à
razão de viver: fome, repouso, exercício, amor, habitação e proteção contra os
elementos;
Depois surgem as necessidades de segurança que constituem um desejo de
proteção contra o perigo, a ameaça e a privação;
Em seguida, o homem deseja satisfazer necessidades sociais como a posse, a
associação, a integração em grupo a de ser aceite pelos seus semelhantes;
A necessidade de estima respeita à confiança em si próprio, a independência, a
competência, o saber. Esta necessidade tem a ver com a reputação, a condição
social, a consideração, o respeito dos outros que induz a pessoa a procurar o
reconhecimento do seu próprio valor ou das coisas a que atribui valor;
No topo da hierarquia encontram se as necessidades de autorrealização, isto é, a
realização das aspirações do indivíduo.

Esta hierarquia pode ser apresentada segundo uma pirâmide de necessidades.

Pirâmide das Necessidades

Ilustração 1 – Pirâmide das Necessidades de Maslow

A pirâmide das necessidades apresentada por Maslow leva a considerar que, só após
satisfeita a necessidade do nível inferior, a pessoa é levada a satisfazer as necessidades
do nível superior; isto é, as pessoas tendem a subir na escala das necessidades à medida
que vão adquirindo maior experiência de viagem.

Do mesmo modo, o nível mais elevado de necessidades inclui o nível mais baixo, o que
significa que só quando estão satisfeitas as necessidades dos níveis inferiores se passa
para a satisfação das do nível superior; há um certo número de consumos que só se
realizam quando o rendimento alcança um determinado valor a estes bens assumem o
carácter de bens de luxo ou sumptuários.

No início do turismo, principalmente durante o século passado, as viagens eram


consideradas como um devaneio e privilégio das classes mais abastadas e, portanto, um
luxo para a generalidade da população; com a elevação do nível de vida, o
desenvolvimento do transportar a de outros fatores que influenciam a procura turística, o
acesso as viagens foi se alargando a todas as classes sociais passando a fazer parte das
respetivas pirâmides de necessidades.

Só quando estão cobertas as primeiras necessidades se podem fazer viagens, mas o


mesmo se passa com outros bens que hoje são objeto de consumo corrente.

Se, no passado, o turismo era um bem de luxo, hoje converteu se num bem que as
pessoas desejam para lá de muitas outras coisas estando dispostas a fazer sacrifícios e
mesmo a endividar se para poderem desfrutar da satisfação que as viagens proporcionam.

A necessidade temporária de deslocação, que é a essência do turismo, é comum à


generalidade dos homens embora só possa ser satisfeita após a obtenção de
determinados níveis de rendimento, mas uma vez alcançados as pessoas não abdicam de
fazer férias.

1.3. Fatores Determinantes da Procura Turística


A procura turística global é influenciada por um conjunto de fatores que atuam no sentido
positivo ou negativo contribuindo para o seu aumento ou para a sua diminuição.
A este conjunto de fatores dá-se o nome de determinantes da procura turística e define-se
pela combinação de um certo número de fatores económicos, socioeconómicos, psico-
socioeconómicos, demográficos e geográficos.

Alguns destes fatores exercem uma influência permanente, outros influenciam a procura no
curto prazo e outros atuam sobre o médio e longo prazo.

De acordo com o modo temporal da sua influência podemos classificar os determinantes


da procura turística em determinantes estruturais e conjunturais.

Determinantes Estruturais
Definem a tendência a médio e longo prazo e que se encontram ligados ao processo de
crescimento económico e ao modo de vida inerente à industrialização. O sentido da sua
evolução é comum à maioria dos países industrializados.
Exemplos: Demografia, desenvolvimento económico, duração do tempo de trabalho,
a densidade populacional e taxa de urbanização.

Determinantes Conjunturais
Ligados à situação económica de cada país e definem, de um período curto para outro, o
volume e o tipo de procura, a duração da permanência, os preços dos serviços turísticos.
Exemplos: Variações cambiais, Inflação.

Existem diversos fatores que influenciam as pessoas a viajar e determinam as suas


decisões quanto a incluir ou não as viagens nas suas opções de gasto. As diversas
análises feitas a estes fatores agrupam-se em 4 grupos:

1) Fatores Socioeconómicos
Rendimentos (São um dos fatores principais, pois as viagens dependem do
rendimento disponível após as outras obrigações e necessidades básicas);
Preços (A procura turística é influenciada pela variação dos preços nos outros
bens, como a alimentação, transportes, etc.);
Demografia (As alterações demográficas e as mudanças na estrutura da população
estão ligadas afetem a procura; não são os países mais populosos do mundo que
origina maior procura. São os países mais desenvolvidos economicamente e de
população mais envelhecida que tem mais relevo na procura turística: foi nestes
países que se desenvolveu o “turismo sénior” e é também nestes países que existe
uma maior taxa de “propensão á viagem”, em virtude dos maiores rendimentos e
maior disponibilidade por parte da população que não tem encargos familiares (ex.
baixa natalidade);
Urbanização (A procura é sobretudo originada por turistas provenientes de zonas
urbanas; é nestas zonas que as pessoas possuem mais rendimentos e também
onde o stress e as tensões obrigam a uma maior necessidade de viajar);
Duração do lazer (o cada vez maior tempo de lazer (redução do horário de
trabalho), o direito a férias pagas pela Organização Internacional do Trabalho,
iniciado em 6 dias em 1936 e atualmente de 22 dias e a idade de reforma cada vez
mais cedo);
2) Fatores Técnicos
São os fatores ligados a o desenvolvimento técnico e tecnológico, tais como a
evolução dos transportes para meios mais rápidos, confortáveis e seguros, que tem
feito aumentar a procura. Iguais efeitos tiveram os meios de comunicações mais
rápidos e menos caros, como a internet, e as novas facilidades nos procedimentos
de reservas, pagamentos e trocas de informações.

3) Fatores Aleatórios
São fatores variáveis, imprevisíveis e ocasionais que afetem os comportamentos
dos consumidores. Exemplos são os fenómenos naturais (tempestade, terramotos)
que impedem as viagens, enquanto outros podem ser um atrativo (ex. erupções
vulcânicas). A instabilidade política pode criar entraves às viagens, bem como os
conflitos sociais (greves, manifestações)

4) Fatores Psicossociológicos
São fatores ligados a gostos, preferências e catos dos consumidores. Podem ser de
ordem pessoal (viajar de acordo às aspirações e desejos individuais, a vontade de
viajar), cultural (viajar é sinónimo de maior conhecimento, maior cultura, status
social) e social (viajar como forma de evasão, fuga à rotina e aos meios urbanos e
aos constrangimentos da vida urbana).

1.4. Dimensão e Caraterísticas da Procura Turística


São caraterísticas fundamentais da procura turística:
a) Crescimento constante
A evolução num sentido crescente é uma caraterística que corresponde a uma
expansão global. Nos últimos 50 anos, a procura turística mundial, avaliada pela
chegada de turistas a todos os países do mundo aumentou de 25 milhões em 1950
para 698 milhões em 2000.
Apesar de alguns abrandamentos, o crescimento foi sempre verificado, sendo difícil
haver outra atividade no mundo com um comportamento semelhante.

b) Heterogeneidade
As motivações que levam as pessoas a viajar são tão diversas que conduzem a
situações díspares. As pessoas podem viajar por razões pessoais (psicológicas),
sociais (imitação, afirmação social), profissionais (negócios, congressos), familiares
(visitas) e outras.
As motivações tendem a aumentar, levando ao surgir de novos tipos de turismo
e de produtos turísticos:
o Antes, em 1950, os 25 milhões de turistas eram na quase totalidade oriundos
da Europa Ocidental e da América do Norte, pertencentes às camadas sociais
de elevados rendimentos e os motivos das suas deslocações eram muito
semelhantes.
Hoje, cerca de 700 milhões de turistas são oriundos de um número cada maior
de países de todas as idades e classes sociais. Os motivos são cada vez mais
variados, havendo a necessidade de um maior número de produtos para lhes
dar satisfação – este processo é inerente à democratização do turismo e que
acompanha a alteração nos modos de vida.

c) Concentração
A concentração do turismo, em períodos curtos de grande procura e períodos
largos de baixa procura (sazonalidade) podem ser por diversas razões/causas:
Climatéricas: busca do bom tempo e evitar de épocas de frio, chuvas e calor
com demasiada humidade;
Regimes e épocas de férias: as épocas de férias são determinadas em épocas
semelhantes para a maior parte das pessoas;
Hábitos: em relação à escolha do período de férias; hábito de ir sempre na
mesma altura;
Condições sociais: moda e espírito de imitação coincidentes com a época alta;
Razões económicas: quando a produção é baixa (Verão) as empresas
mandam os empregados de férias.

A procura concentra-se no tempo, espaço e em atrativos.


Tempo
Nos diversos países, a procura concentra-se em poucos meses do ano, com
períodos grandes de baixa procura e períodos curtos de grande procura, levando a
situação de sazonalidade (época alta e época baixa)
Espaço
A procura é fortemente dependente no espaço, quer do ponto de vista dos destinos
como das origens. Este facto está muito relacionado com o nível de
desenvolvimento económico: são os países onde o desenvolvimento económico é
maior e onde o nível de vida da população também é maior que originam as
maiores correntes ou fluxos turísticos.

A Europa é a região do globo com maior concentração turística, quer ao nível de


destino como de origem – recebe cerca de 60% dos fluxos mundiais.

Ao nível de receitas, cerca de 50% estão concentradas nos EUA, Alemanha,


França, Reino Unido e Itália, enquanto ao nível de chegada de turistas, cerca de
35% estão concentradas na França, Espanha EUA e China.

Atrativos:
Apesar da grande diversidade de motivações, a procura turística continua a ser
fortemente concentrada em atrativos. O mar, montanhas, grandes cidades e os
grandes centros culturais concentram as preferências: é para este tipo de destinos
que se dirigem as correntes turísticas mais significativas. Nem todos os países têm
estes tipos de espaços, pelo que também origina concentração.
O turismo de negócios e os parques temáticos são duas tendências com forte
crescimento.

d) Consequências da concentração
A concentração do turismo origina problemas de difícil solução que têm de ser tomados
em consideração no processo de desenvolvimento turístico. Alguns dos problemas são
inerentes, logo não elimináveis, mas podem ser atenuados.

Sazonalidade
A sazonalidade origina problemas para as empresas, para a administração pública,
para os trabalhadores e para os turistas.
Para as empresas turísticas, a sazonalidade provoca a subutilização em épocas
baixas; por vezes onde terão de equipar os empreendimentos de modo a serem
atrativos nestes períodos. Surgem daí também problemas de tesouraria, por
exemplo, muitos hotéis têm mais dificuldades financeiras nesta altura pelos
investimentos feitos para atrair mais turistas.
A administração pública tem que fazer investimentos em infraestruturas para que
não sejam estrangulados os serviços básicos em épocas altas (ex. fornecimento de
energia, água, vias de comunicação em época alta). O mesmo se aplica aos
serviços públicos e o seu reforço nas épocas altas (ex. correio, transportes,
segurança).

Outro problema da sazonalidade na procura, que afeta os turistas, está ligado aos
trabalhadores de serviços turísticos: os trabalhadores fixos são sujeitos a um maior
desgaste e pressão (pior desempenho), enquanto os trabalhadores temporários
podem estar mal preparados para a sua função.

Concentração no espaço
Acontece quando a procura é concentrada em origens, o que é comum à maior
parte dos destinos, cuja procura está dependente de dois ou três mercados.

Exemplo: em 2000, 65% das dormidas hoteleiras no Algarve são de britânicos e


alemães, que são também 50% das dormidas totais do país. Assim a economia de
um momento para o outro pode ficar abalada se acontecer algum problema nestes
países de origem.

Por outro lado, a demasiada concentração de construção para turismo num


determinado local/área/região pode por em causa a mesma, a sua capacidade de
carga e o seu sistema ambiental.

A concentração também origina desequilíbrios regionais. Em Portugal, são


evidentes os desequilíbrios Norte/Sul e Litoral/Interior, que provocam também uma
fraca distribuição dos benefícios do turismo.

Atrativos:
Existem concentração neste aspeto quando um determinado pais ou região tem
maior número de atrativos face a outro. Existe cada vez menor dependência de
atrativos históricos e monumentais em virtude do aparecimento de equipamentos
espetaculares que se transformam em recursos turísticos.
Exemplo: os parques temáticos e de diversão (Disney World e Magic Kingdom, Florida,
Sun City – África do Sul ) dão origem a verdadeiras “industrias” do turismo: complexos de
hotéis, restaurantes, comércio, equipamentos desportivos, agências de viagens, guias, etc.

Estes espaços tornam-se autónomos face a recursos históricos ou naturais.

1.5. Motivações e a Influência no Desenvolvimento da Procura Turística


O sucesso de um negócio turístico depende, em grande parte, da capacidade de resposta
às necessidades e preferências dos consumidores.

A capacidade de resposta depende do conhecimento dos motivos que levam as pessoas a


viajar, o que implica a compreensão do comportamento dos turistas e das razões das suas
decisões.

Uma forma de conhecer os motivos que levam as pessoas a viajar deriva dos inquéritos
realizados, junto dos consumidores em geral e, em particular, dos próprios turistas através
dos quais se obtêm informações sobre os seus desejos, necessidades, gostos e
preferências.

Os resultados desses inquéritos podem indicar motivos do domínio do subconsciente e não


podem ser determinados facilmente, mas apesar disso, indicam sempre uma tendência
geral e constituem o modo mais adequado para conhecer o modo de agir dos turistas.

Os motivos que levam o homem a deslocar-se são variados e complexos e dependem de


uma gama diversificada de fatores desde os psicológicos aos económicos e culturais.

A internacionalização e as interdependências da vida económica, política e cultural


provocam uma forte movimentação de pessoas cujas motivações são facilmente
identificáveis sendo comuns a todos os viajantes de todas as nacionalidades.

Já o mesmo não se passa relativamente às deslocações realizadas durante os tempos


livres que têm na sua origem motivações complexas e diferenciadas.
As razões que levam as pessoas a viajar assumem nuns casos carácter de obrigação,
noutros um carácter de satisfação pessoal. Podemos distinguir entre:
Motivações Constrangedoras (negócios, reuniões, missões, saúde, estudos);
Motivações Libertadoras (férias, desportos, repouso, cultura);
Motivações Mistas.

Para além destas a OMT (Organização Mundial do Turismo) classifica as motivações em


duas categorias que estão na origem das imagens que se fazem de um destino:
Motivações de tipo racional: a confiança, a segurança, a poupança, a tradição, o
conformismo e o modernismo;
Motivações de tipo afetivo: a curiosidade, a novidade, a simpatia, o maravilhoso,
a afetividade, a liberdade e a amizade.

A variedade de motivações que originam as deslocações leva a admitir que o turismo não
tenha motivações próprias já que todas as que é possível identificar são comuns a todas as
formas de atividade humana podendo, mesmo, identificar-se motivações opostas em
função das necessidades de cada momento de partida ou em função das caraterísticas
pessoais de cada viajante.

Por vezes, o que leva as pessoas a viajar ou a escolher determinados destinos são
fenómenos coletivos de moda ou imitação. São motivações coletivas que têm origem em
fatores coletivos e não em fatores individuais.

Porém, desde sempre o homem procurou descobrir coisas novas: novos locais, novas
paisagens, novas civilizações. A procura da diversidade e da variedade foi sempre uma
das caraterísticas dominantes do comportamento humano a que, hoje, o turismo permite
dar uma satisfação em condições inexistentes no passado.

Pode, então, dizer-se que o que melhor caracteriza o turismo é a sua faculdade de permitir
a satisfação da necessidade de diversidade e o que distingue o turismo das restantes
atividades é a necessidade de deslocação temporária do homem.
A busca da diversidade, de qualquer coisa de novo, de diferente, constitui o motor da
evolução humana, social e cultural surgindo logo após a satisfação das necessidades
fundamentais. Esta é a base geral das motivações que levam à deslocação durante o
tempo livre.

Com base nestas considerações podemos concluir que o turismo se deve orientar pelo
princípio básico de manter e valorizar as diferenças culturais, conceptuais e arquitetónicas.

A tendência turística para a uniformização descaracteriza e destrói as diferenças, o que


acaba por ser prejudicial para o próprio turismo porque deixa de corresponder à motivação
essencial da procura.

Motivações por Afinidades


1. Motivos Culturais e Educativos
a) Ver como vivem as pessoas de outros países e locais;
b) Ver curiosidades e coisas novas;
c) Melhor compreender a atualidade;
d) Assistir a manifestações especiais;
e) Ver monumentos, museus, centros arqueológicos e outras civilizações;
f) Estudar.

2. Divertimento e Descanso
a) Escapar à rotina;
b) Passar o tempo agradavelmente;
c) Repousar;
d) Fazer o que quiser, ser livre.

3. Saúde
a) Recuperar da fadiga física e mental;
b) Fazer tratamentos;
c) Cuidar da saúde, prevenir as doenças.
4. Razões Étnicas
a) Visitar o berço familiar;
b) Visitar os locais que a família ou os amigos já visitaram;
c) Visitar parentes e amigos.

5. Sociológicas e Psicológicas
a) Aprender a conhecer o mundo;
b) Snobismo;
c) Conformismo;
d) Aventura.

6. Climatéricas
a) Escapar às condições climatéricas adversas;
b) Tomar banhos de sol;
c) Praticar desportos de Inverno.

7. Profissionais e Económicas
a) Participar em reuniões, congressos, missões, exposições, feiras;
b) Realizar estudos;
c) Desenvolver ou realizar negócios.

8. Diversas
a) Participar em reuniões políticas;
b) Praticar atividades desportivas;
c) Retomar a forma.

Os diversos motivos que levam as pessoas a viajar coincidem, frequentemente, na mesma


pessoa embora uns predominem com mais intensidade do que outros. São as motivações
a que chamamos enérgicas, isto é, que exercem uma influência determinante na decisão
de viajar.
Tipologia dos Turistas

MODELO DE STANLEY PLOG


Stanley Plog (Cientista Social) criou uma nova tipologia do carácter dos turistas,
identificando dois grupos opostos: psicocêntricos e alocêntricos.
Psicocêntricos: agrupam os turistas que concentram o seu comportamento nas suas
pequenas preocupações pessoais e têm um limitado interesse pelo mundo exterior.
Na eleição dos seus destinos turísticos preferem encontrar o que já conhecem,
preferem os locais mais frequentados e têm reduzida preocupação em desenvolver
atividades que os desviem da normalidade. São mais passivos do que cativos.
Alocêntricos: são os turistas que se interessam por um grande número de
atividades, desejam descobrir o mundo e manifestam uma curiosidade geral por tudo
que os cerca. Distinguem-se pelo desejo de aventura e pela curiosidade.

Entre estas duas categorias extremas encontra-se a maioria da população turística que se
reparte por três categorias intermédias: os quase-psicocêntricos, os cêntricos e os quase-
alocêntricos.

Psicocêntricos
Destinos que não perturbem o seu modo de vida;
Atividades recreativas pouco originais;
Turismo sedentário;
Destinos acessíveis por automóvel;
Instalações e equipamentos turísticos tradicionais;
Viagens organizadas, estruturadas e bem preparadas.

Quase-Psicocêntricos
Satisfação do ego e procura de “status”;
Procura de conforto social;
Visitas a locais muito frequentados ou mencionados pelos meios de comunicação
social.

Cêntricos
Descontração e prazer: simples diversão e entretenimento;
Clima, sol, termas;
Mudança durante algum tempo;
Oportunidade de fugir aos problemas diários;
Atracão real ou imaginária do destino;
Gratificação sensual: gastronomia, descanso, conforto, bebida;
O prazer de viajar e a apreciação da beleza: parques naturais, lagos, montanhas;
Compras para recordações e ofertas;
O prazer sentido antes e depois da viagem: planeamento da viagem,
aprendizagem, sonho e, posteriormente, o prazer de mostrar fotografias,
recordações e de descrever a viagem.

Quase-Alocêntricos
Participar em certames ou atividades desportivas;
Viagens de tipo desafio: explorações, alpinismo, passeios a pé, peregrinações;
Viagens de negócios, congressos, reuniões, convenções;
Visitas a teatros, espetáculos especiais;
Oportunidades de experimentar um estilo de vida diferente.

Alocêntricos
Regiões não desenvolvidas turisticamente;
Novas experiências e descobertas;
Destinos “diferentes”;
Atividade desdobrante durante a estada;
Viagens de organização flexível;
Atrativos educacionais e culturais;
Procura do exótico;
Satisfação e sensação de poder e liberdade;
Melhoria de perspetivas.

Os grupos alocêntricos e quase-alocêntrico constituem o primeiro segmento de mercado a


ser atraído para um novo destino turístico que pretende crescer e desenvolver-se.
O segmento cêntrico, que se calcula abranger à volta de 60% da população turística global,
é, pelas suas caraterísticas e dimensão, o mais significativo para fomentar o
desenvolvimento e crescimento dos empreendimentos turísticos de grande escala.

Os psicocêntricos despendem a quase totalidade do seu tempo e dos seus recursos nos
empreendimentos que utilizam, não contribuindo para o desenvolvimento do centro
turístico, mas contribuindo para o aumento da sua frequência.

A ligação entre os tipos de turistas e os tipos de destinos fornece um método para prever o
comportamento das viagens, mas duas coisas têm de ser observadas:
Um turista pode viajar por motivos diferentes de uma viagem para a outra;
Um determinado destino pode garantir uma variedade de experiências que podem
satisfazer um grande número de turistas dependendo da forma como a viagem for
organizada.

1.6. Tendências de Evolução e a Emergência de Novos Tipos de Turismo


A diversidade de motivações turísticas traduz-se por uma diversidade de tipos de turismo.
Como as regiões e os países de destino apresentam também uma grande diversidade de
atrativos, a identificação dos vários tipos de turismo permite avaliar a adequação da oferta
existente ou a desenvolver às motivações da procura.

Embora as razões que levam os homens a viajar sejam extremamente variadas e, muitas
vezes, se misturem na mesma pessoa, é possível distinguir certos tipos de turismo e
agrupando por afinidades os motivos de viagens, podem destacar-se os tipos a seguir
enumerados que, porém, não esgotam todos os que se podem identificar nem estabeleçam
uma barreira entre eles.
Ilustração 2 – Tipos de Turismo

Turismo de Recreio
Este tipo de turismo é praticado pelas pessoas que viajam para «mudar de ares»,
por curiosidade, ver coisas novas, desfrutar de belas paisagens, das distrações que
oferecem as grandes cidades ou os grandes centros turísticos.
Algumas pessoas encontram prazer em viajar pelo simples prazer de mudar de
lugar, outras por espírito de imitação e de se imporem socialmente.
Este tipo de turismo é particularmente heterogéneo porque a simples noção de
prazer muda conforme os gostos, o carácter, o temperamento ou o meio em que
cada um vive.

Turismo de Repouso
A deslocação dos viajantes incluídos neste grupo é originada pelo facto de
pretenderem obter um relaxamento físico e mental, de obterem um benefício para a
saúde ou de recuperarem fisicamente dos desgastes provocados pelo «stress», ou
pelos desequilíbrios psicofisiológicos provocados pela agitação da vida moderna, ou
pela intensidade do trabalho.
Para eles, o turismo surge como um fator de recuperação física e mental e
procuram, por via de regra, os locais calmos, o contacto com a natureza, as
estâncias termais ou os locais onde tenham acesso à prestação de cuidados físicos

como as modernas health farms, ou beauty/arms.


Constituem um importante segmento de mercado, principalmente originário dos
grandes centros urbanos, que não desdenha a animação, os desportos e a
recreação.

Turismo Cultural
As viagens das pessoas incluídas neste grupo são provocadas pelo desejo de ver
coisas novas, de aumentar os conhecimentos, de conhecer as particularidades e os
hábitos doutras populações, de conhecer civilizações e culturas diferentes, de
participar em manifestações artísticas ou, ainda, por motivos religiosos.
Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no
passado as grandes civilizações do mundo, os monumentos, os grandes centros de
peregrinação ou os fenómenos naturais ou geográficos constituem a preferência
destes turistas.
Incluem-se neste grupo as viagens de estudo, bem como as realizadas para
aprender línguas.

Turismo Desportivo
Hoje as motivações desportivas respeitam a camadas cada vez mais vastas das
populações de todas as idades e de todos os estratos sociais, quer se trate de
assumir perante as atividades desportivas uma atitude passiva, quer ativa.
No primeiro caso, o objetivo da viagem é o de assistir às manifestações desportivas
como os jogos olímpicos, os campeonatos de futebol, os jogos de inverno; no
segundo, o objetivo centra-se nas práticas de atividades desportivas como a caça, a
pesca, os desportos náuticos, o alpinismo, o ski, o ténis, o golfe, etc.
As modernas tendências da procura, em que a preferência pelas férias ativas
assume uma importância cada vez maior, obrigam a que o desenvolvimento de
qualquer centro turístico deva ser equipado com os meios mais apropriados à
prática dos desportos tendo em consideração as possibilidades de cada local.

Turismo de Negócios
As profissões e os negócios têm como consequência movimentos turísticos
importantes e de grande significado económico, hoje extraordinariamente
desenvolvido pelo crescente grau de internacionalização das economias e das
empresas, pelo aumento das reuniões científicas e pela proliferação de
manifestações de divulgação de produtos, como as feiras e as exposições.
Do mesmo modo, constituem frequentemente ocasiões para viajar as visitas aos
grandes complexos industriais ou técnicos e às explorações agrícolas ou pecuárias
bem como a participação em congressos.
Incluem-se neste grupo as deslocações organizadas pelas empresas para os seus
colaboradores, quer como prémio, quer para participarem em reuniões de contacto
com outros que trabalham em locais ou países diferentes: as chamadas «viagens
de incentivo».
Este tipo de turismo assume um elevado significado para os locais ou países
visitados na medida em que, regra geral, as viagens são organizadas fora das
épocas de férias e pagas pela empresa, ou pela instituição a que os viajantes
pertencem.
Implica, contudo, a existência de equipamentos e serviços adequados, tais como
salas de reuniões, centros de congressos, espaços para exposições e facilidades
de contactos internacionais.

O Turismo de negócios engloba, assim: Viagens de Negócios Individuais /


Congressos e Convenções / Feiras, Exposições e Salões Especializados /
Seminários e Reuniões de Empresa / Conferências e Colóquios / Incentivos e
Workshops.

Turismo Político
A participação em acontecimentos ou reuniões políticas provocam uma
movimentação significativa de pessoas, quer se trate de ocasiões esporádicas, quer
de reuniões ou acontecimentos regulares.
São exemplos das primeiras as comemorações do duplo centenário da Revolução
Francesa, em Paris, os funerais do Imperador do Japão, ou, mais distante, a
coroação da Rainha de Inglaterra; são exemplos das segundas as reuniões
originadas pelos trabalhos da União Europeia em Bruxelas, ou pelo Parlamento
Europeu em Estrasburgo.
São, porém, casos específicos que não traduzem a realidade dos movimentos das
pessoas por razões políticas já que, diariamente, eles se verificam com maior ou
menor intensidade, quer interna, quer internacionalmente.
Tem caraterísticas e efeitos semelhantes ao turismo de negócios e exige ainda
condições idênticas, necessariamente acrescidas de uma organização mais
cuidada por razões diplomáticas e de segurança.

Turismo de Saúde
Termalismo
O termalismo é praticado desde, pelo menos, os tempos da ocupação romana. As
qualidades terapêuticas das águas foram desde então utilizadas, tendo atingido, a
nível europeu o seu maior desenvolvimento, nos séculos XVIII e XIX.
A permanência, durante um certo período de tempo, nas termas, oferece a imagem
tranquilizadora de cuidados sérios com a saúde, fazendo, atualmente, as termas um
esforço para se adaptarem às novas exigências científicas e tecnológicas da nossa
época.
Paralelamente a este esforço de modernização assiste-se ao aparecimento de
novos produtos designados “Fitness” ou “Manter a Forma”, que complementam os
tradicionais produtos para clientes que buscam a cura de um determinado tipo de
doença.
Os clientes dos produtos “Fitness” desejam encontrar o equilíbrio mais intensivo,
uma vez que engloba aspetos físicos, psicológicos e sociológicos. Trata-se de um
bem-estar que se liga a sentimentos de reequilíbrio e de vitalidade, ou seja, manter
a unidade do corpo e do espírito, para além das adversidades da vida.

Turismo Religioso
De forma a simplificar podemos afirmar que existem duas grandes correntes
religiosas:
As religiões para as quais a peregrinação faz parte integrante da prática
religiosa (católicos, muçulmanos e budistas). Estas religiões, em particular a
católica, criaram organizações para encorajar e facilitar a sua prática.
As religiões para as quais a peregrinação não existe, mas cujos crentes,
praticam pelo menos uma forma de turismo ligada à religião – os Judeus e os
Protestantes visitam locais que guardam as marcas dos seus correligionários:
lugares de memória que são em geral, lugares de peregrinação.
O Turismo religioso tem normalmente três tipos de abordagem:
1. A abordagem espiritual – o turismo é um meio do indivíduo se aproximar de DEUS. O
participante encara a peregrinação como parte integrante da sua prática religiosa.
Aquele que realiza esta viagem pode, a qualquer instante, tocado pela emoção do lugar
ou pelo espírito que o habita, converter-se a esta fé.
2. A abordagem sociológica – o turismo religioso é um meio para o crente conhecer
melhor a história do grupo a que pertence.
3. A abordagem cultural – a visita a lugares de culto e a santuários é um modo do
indivíduo, crente ou não, compreender as religiões, que influenciam as nossas
sociedades, no plano histórico, sociológico e simbólico.

Turismo Étnico e de Carácter Social


Incluem-se neste grupo as viagens realizadas para visitar amigos, parentes e
organizações, para participar na vida em comum com as populações locais, as viagens
de núpcias ou por razões de prestígio social.
Uma parte significativa de pessoas que integra este grupo é formada por jovens que
pretendem aumentar os seus conhecimentos ou, temporariamente, se integrarem em
organizações ou manifestações juvenis.
Incluímos neste grupo as viagens realizadas ao país de origem, pelos nacionais de um
país, seus descendentes e afins residentes no estrangeiro e que, em muitos casos,
constitui um mercado de grande dimensão.
Os portugueses e seus descendentes, residentes em França ou nos Estados Unidos da
América, constituem vastos mercados potenciais para Portugal com uma
disponibilidade para serem motivados, incomparavelmente superior à dos nacionais
desses países.
Nas fronteiras portuguesas não se procede à recolha de informações relativas aos
movimentos dos portugueses residentes no estrangeiro, não sendo, por isso, possível
avaliar a importância que assumem para o turismo português.
No entanto, em Espanha contam-se, em cada ano, à volta de 4 milhões de entradas de
espanhóis residentes no estrangeiro, ou seja, o quarto maior fornecedor de visitantes
ao país; por sua vez, quase 5 milhões de britânicos deslocam-se anualmente ao
estrangeiro para visitar amigos e parentes.
Novos Produtos Turísticos
O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), uma iniciativa do Governo, da
responsabilidade do Ministério da Economia e da Inovação, define as ações para o
crescimento sustentado do Turismo Nacional nos próximos 10 anos, e orienta a
atividade do Turismo de Portugal, a entidade pública central do sector.
Portugal dispõe das "matérias-primas" – condições climatéricas, recursos naturais e
culturais – potenciadoras do desenvolvimento e consolidação de 10 produtos
turísticos estratégicos:
Sol e Mar;
Touring Cultural e Paisagístico;
City Break;
Turismo de Negócios;
Turismo de Natureza;
Turismo Náutico;
Saúde e Bem-estar;
Golfe;
Resorts Integrados e Turismo Residencial;
Gastronomia e Vinhos.

Os produtos turísticos estratégicos foram selecionados tendo em conta os recursos e os


fatores distintivos de Portugal, mas também o seu potencial de crescimento futuro.

1.7. Perspetivas da Procura Internacional


A análise da evolução da procura turística, avaliada pela chegada de turistas e todos os
países do mundo e pelos respetivos gastos (receitas turísticas), permite destacar a
conclusão de que se tem registado um crescimento contínuo desde 1950.

Em 50 anos, a procura turística internacional multiplicou-se quase 28 vezes, e nos últimos


10 anos foi acrescida de mais de 20 milhões de novos turistas em cada ano.

Apesar da evolução da procura turística se ter alargado a todos os continentes e a todos os


pontos do globo, nem todas as regiões e nem todos os países beneficiam igualmente do
turismo.
A procura turística internacional não se reparte igualmente por todas as zonas do mundo.
Algumas revelam grande capacidade de atracão dos fluxos turísticos enquanto outras têm
uma fraca participação nessas correntes.

A Europa é o continente mais beneficiado pelas correntes turísticas e onde se concentram


mais de metade dos fluxos turísticos mundiais.

A maior parte do turismo internacional que chega à Europa provém de países da própria
região, daí poder afirmar-se que existe o mercado “Europa” dentro da região Europa, sendo
este o mais importante e, por vezes, pouco valorizado.

Tradicionalmente, as correntes turísticas estabeleceram-se, principalmente, entre o Norte e


as regiões do Sul da Europa em busca do sol e das praias, descanso e diversão.

Desta forma, podemos concluir que os países do Norte da Europa são países
predominantemente emissores de turistas, ao passo que os países do sul da Europa são
predominantemente recetores.

Os mercados de origem dos hóspedes que ocupam o top 5 no ano de 2019 foram:
Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e Suíça.

Ilustração 3 – Nº de Hóspedes registados no ano 2019

Estima-se que em 2019 o número de chegadas a Portugal de turistas não residentes tenha
aumentado 7,9% para 24,6 milhões (crescimento de 7,5% em 2018).
Espanha manteve-se como o principal mercado emissor de turistas internacionais (quota
de 25,5%; +0,1 p.p.), tendo registado um crescimento de 8,2% em 2019 e contribuído com
cerca de 26,1% para o acréscimo total no número de turistas chegados.
Os turistas do Reino Unido (15,4% do total) aumentaram 7,6%.

As chegadas de turistas de França (quota de 12,6%) cresceram 2,1%, com este país a
perder alguma representatividade (-0,7 p.p.).

O mercado alemão (7,9% do total) apresentou uma variação nula em 2019, enquanto o
mercado brasileiro (5,5% do total) aumentou 13,9%.

A chegada de turistas a Portugal aumentou 7,9%.


2. Oferta Turística

2.1. Definição de Caraterísticas e Componentes

Definição de Oferta Turística:


Conjunto dos fatores naturais, equipamentos, bens e serviços que provoquem a
deslocação de visitantes, satisfaçam as suas necessidades de deslocação e de
permanência e sejam exigidos por estas necessidades.

Componentes da Oferta Turística


A primeira componente da oferta turística é constituída pelos recursos naturais. Mas, só
pelo facto de existir, um elemento natural não é um recurso turístico, com capacidade para
satisfazer necessidades.
A atividade turística baseia-se em recursos naturais ou não, ou seja, todos os elementos ou
atividades humanas que provoquem a deslocação de pessoas ou satisfaçam necessidades
decorrentes dessa deslocação.

A OMT distingue dois conceitos diferenciados entre si:


Património Turístico – conjunto potencial (conhecido ou desconhecido) dos bens
materiais ou imateriais que estão à disposição do homem e que podem utilizar-se,
mediante um processo de transformação, para satisfazer necessidades turísticas.
Recursos Turísticos – todos os bens e serviços que, por intermédio da atividade
humana, tornam possível a atividade turística e satisfazem as necessidades da procura.

O património turístico constitui o elemento fundamental que o homem transforma em


recursos turísticos utilizando meios técnicos, económicos e financeiros.

Os recursos turísticos são constituídos pelo património turístico, que, mediante uma
intervenção do homem, se transformam em património utilizável.

Empresas e Atividades turísticas Primárias ou Imediatas


Empresas cuja atividade serve unicamente, ou principalmente, o turismo e somente em
razão do qual existem.

Empresas e atividades turísticas acessórias ou mediatas


Estabelecimentos cuja existência não repousa unicamente no turismo, mas que satisfaz
também as necessidades da população local.

Empresas complementares não turísticas


Empresas cuja atividade se desenvolve em função exclusiva das necessidades dos
residentes, mas cujas produções também são utilizadas pelos turistas.

Bens e serviços que satisfazem necessidades turísticas


Bens livremente disponíveis
Não sendo bens económicos, por definição, constituem as bases fundamentais da
procura turística: o clima, as paisagens, o relevo, praias, lagos, fontes termais.

Bens imateriais
Resultando da maneira de viver do homem, exercem sobre os outros homens um
fenómeno de atracão: tradições, cultura, exotismo, tipicidade.

Bens turísticos básicos criados


Pelas suas caraterísticas ou dimensões, provocam o desejo de viagem:
monumentos, museus, parques temáticos, centros desportivos, estâncias termais.

Bens e serviços turísticos complementares


Resultando, em exclusivo, da ação do homem, permitem as deslocações e
garantem as necessidades de permanência: meios de transporte, vias de
comunicação, meios de alojamento, restauração.

Tipologia de Recursos Turísticos

Recursos Naturais
Os recursos naturais são todos os elementos do meio natural que podem ser utilizados
para satisfação de necessidades humanas.
Designa-se como núcleos recetores naturais todos os destinos que baseiam a sua
capacidade de geral movimentos turísticos na existência de atracões naturais, ou seja,
não produzidas pela atividade humana.
O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia dos principais tipos e subtipos de
atracões naturais que se constituem como recursos para o turismo:

TIPOS SUB-TIPOS

Elementos climáticos Sol


Neve

Montanhas Serras
Picos
Morros/ colinas

Outras formas de relevo Vales


Arribas
Planaltos
Planícies

Formações geológicas Grutas


Jazidas minerais
Vestígios paleontológicos

Hidrografia Rios
Estuários
Lagos/ lagoas
Praias fluviais
Quedas d’água
Zonas costeiras ou litorais Praias
Baías/ enseadas
Falésias
Cabos/ pontas
Dunas

Terras insulares Ilhas


Arquipélagos
Recifes

Florestas Pinhais
Eucaliptais
Soutos

Diversos Pântanos
Reservas especiais de flora e
fauna
Fontes hidrominerais/ termais
Áreas de caça e pesca

Recursos Culturais
Os recursos culturais constituem os elementos ligados à evolução das civilizações
decorrentes da intervenção humana.

As atracões culturais, desde sempre um dos principais motivadores de deslocações


turísticas, podem ser de natureza material ou imaterial, podendo ainda englobar
equipamentos produzidos exclusivamente com o fim de usufruir de certos elementos ou
testemunhos de índole social, cultural, técnica, científica ou artística.

O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia dos principais tipos e subtipos de
atracões culturais que se constituem como recursos para o turismo:
Tipos Subtipos

Monumentos Arquitetura militar


Arquitetura civil
Arquitetura religiosa
Arquitetura industrial
Arquitetura vernacular

Sítios Sítios históricos


Sítios arqueológicos
Sítios científicos

Equipamentos de Museus
pesquisa e lazer Bibliotecas
Arquivos
Institutos históricos e
geográficos

Manifestações, usos e Festas/ comemorações/


tradições populares atividades religiosas
Festas/ comemorações
populares e folclóricas
Festas/ comemorações cívicas
Gastronomia
Artesanato
Feiras e mercados
Realizações técnicas e Exploração agrícola/ pastoril
científicas Exploração industrial
Jardins zoológicos/ aquários/
viveiros
Jardins botânicos
Planetários
Outros

Eventos Congressos e convenções


Feiras e exposições
Realizações desportivas
Realizações artísticas/ culturais
Realizações sociais/
assistenciais
Realizações gastronómicas e
enológicas

Caraterísticas da Oferta Turística


Constituem caraterísticas da oferta turística:
Carácter endógeno;
Imobilidade temporal e espacial;
Rigidez relativamente às exigências e alterações da procura turística;
Esgotamento da produção no ato de consumo: os equipamentos e instalações
turísticas não podem produzir para armazenamento e venda posterior nem os bens
e serviços produzidos podem ser transportados para serem consumidos noutros
locais.

Oferta turística segundo a sua finalidade


Oferta Turística de Atracão
Constituída por todos os elementos ou fatores de origem natural ou criados pelo
homem que dão resposta às motivações turísticas, originando uma deslocação.
Oferta Turística de Receção
Conjunto dos equipamentos, bens e serviços que permitem a permanência no local
visitado e satisfazem necessidades decorrentes dessa permanência.

Oferta Turística de Fixação ou Retenção


Constituída por todos os elementos que, contendo ou não motivos de atracão,
contribuem para aumentar a permanência dos visitantes ou torná-la mais agradável.

Oferta Turística de Animação


Todos os elementos, criados pelo homem, suscetíveis de satisfazer necessidades
de recreio ou de ocupação de tempos livres.

Oferta Turística de Deslocação


Constituída pelo conjunto de infraestruturas, equipamentos e serviços que permitem
a deslocação dos turistas.
O desenvolvimento turístico de um determinado destino inicia-se com a oferta
de atracão a que se segue a instalação de alguma forma de alojamento que
inicia o processo de dotação da oferta de receção.
O desenvolvimento sustentado e a competitividade desse destino só se
asseguram com a dotação dos restantes tipos de oferta e da criação de um
sistema de relações que garanta o seu funcionamento equilibrado.

2.2. Negócios Turísticos


Embora algumas atividades (negócios) só existam em função do turismo outras há que são
indispensáveis ao funcionamento deste, embora não existam em função dele, podendo
distinguir-se três níveis de negócios turísticos:

Negócios Primários
Compreendem os meios para a realização das viagens, os sistemas de transporte e as
razões para viajar (as atracões), nele se incluindo os transportes, a organização das
viagens, o alojamento, o fornecimento de refeições (catering) e as atracões turísticas.

Negócios secundários
São aqueles que beneficiam diretamente dos gastos dos turistas, normalmente no destino,
mas nem sempre, tais como os seguros, os bancos, serviços pessoais (cabeleireiros,
limpeza) ou lojas comerciais.
Negócios Terciários
São aquele cujo benefício resulta indiretamente dos consumos (gastos) dos turistas, tais
como os serviços públicos, a publicidade ou o fornecimento de combustíveis.

Em função da importância de algumas atividades têm para o turismo e sem as quais não é
possível estruturar-se como atividade económica, podem eleger-se os seguintes principais
grupos de atividades ou negócios para o turismo:
Atracões: parques temáticos, museus, parques nacionais, centros históricos e
arqueológicos, atividades desportivas, balneários terapêuticos e termais, grutas,
casinos;
Transportes: companhias aéreas, caminhos-de-ferro, transportes rodoviários, aluguer
de automóveis;
Alojamento: hotelaria, apartamentos, aldeamentos, caravanismo, aldeias de férias,
campismo;
Alimentação e bebidas: restaurantes, bares, cervejarias, cafetarias;
Recreio e desporto: golfe, discotecas, ténis, parques aquáticos, piscinas,
espetáculos, mergulho, pesca;
Mistas: cruzeiros marítimos e fluviais, marinas e portos de recreio, excursões;
Organização de viagens: operadores turísticos, agências de viagens; organização de
conferências, reservas;
Administração e informação: organismos oficiais de turismo, associações, órgãos
locais e regionais de turismo.

2.3. Componentes da Oferta Turística


2.3.1. Componentes da Oferta Turística de Base

Transporte
O transporte faz parte integrante do sistema turístico. É o transporte que permite o acesso
ao destino a partir da residência habitual dos visitantes.

Considerando que o meio de transporte turístico é aquele que é utilizado por um visitante
para se deslocar entre o seu lugar de residência habitual e os lugares visitados podemos
classificá-los do seguinte modo:
Transportes Aéreos
Voos regulares;
Voos não regulares;
Voos de baixo custo;
Outros serviços aéreos.
Transportes Marítimos
Barcos de linhas regulares;
Cruzeiros;
Diversos.
Transportes Terrestres
Caminhos-de-ferro;
Autocarros e outros transportes públicos por estrada;
Veículos privados (até 8 lugares);
Veículos de aluguer;
Outros transportes terrestres.

Alojamento
Embora possam existir fluxos turísticos sem alojamento (caso das localidades visitadas por
excursionistas), não é possível estruturar destinos turísticos sem alojamento. O alojamento
é a base essencial do destino turístico e sem o qual este não existe como tal.

O alojamento turístico apenas representa, para o turista, um meio para desfrutar das
atracões do destino, não constituindo uma atracão.

Por vezes, os meios de alojamento, pelas suas caraterísticas ou pelas suas tradições e
representações históricas constituem uma atracão em si mesmos exercendo uma função
idêntica à dos outros recurso naturais e patrimoniais.

Os meios e formas de alojamento turístico são muito diversificados e variam de país para
país e de época para época, não sendo fácil encontrar um conceito único e válido
universalmente.

Consideram -se empreendimentos turísticos os estabelecimentos que se destinam a


prestar serviços de alojamento, mediante remuneração, dispondo, para o seu
funcionamento, de um adequado conjunto de estruturas, equipamentos e serviços
complementares.

Não se consideram empreendimentos turísticos:


a) As instalações ou os estabelecimentos que, embora destinados a proporcionar
alojamento, sejam explorados sem intuito lucrativo ou para fins exclusivamente de
solidariedade social e cuja frequência seja restrita a grupos limitados;
b) As instalações ou os estabelecimentos que, embora destinados a proporcionar
alojamento temporário com fins lucrativos, revistam natureza de alojamento local nos
termos do artigo seguinte.

Os empreendimentos turísticos podem ser integrados num dos seguintes tipos:


a) Estabelecimentos hoteleiros;
b) Aldeamentos turísticos;
c) Apartamentos turísticos;
d) Conjuntos turísticos (resorts);
e) Empreendimentos de turismo de habitação;
f) Empreendimentos de turismo no espaço rural;
g) Parques de campismo e de caravanismo;
h) Empreendimentos de turismo da natureza.

Restauração e bebidas
No ramo dos restaurantes, encontramos várias formas de exploração diversas.

Restaurante Tradicional
Designa aquele que tem serviço apenas de comida, sem proporcionar qualquer outra
distração. É o restaurante clássico, com serviço à lista, de mesa redonda, ou com ambos.
Mais ou menos luxo, maior ou menor categoria, de acordo com o tipo de estabelecimento.

Restaurante Típico
Restaurantes que pela cozinha, mobiliário, decoração e eventualmente, pela exibição de
folclore, apresentam no todo um ambiente característico de um país ou de uma região.

Snack-Bar
São estabelecimentos mistos, entre o bar e a restauração. Onde se servem refeições
ligeiras (quentes ou frias), de preparação rápida e a qualquer hora.

Taberna ou Tasca
Estabelecimento onde a venda de vinhos é o principal negócio, mas onde algumas vezes
se vendem também pratos típicos regionais ou sanduíches. A decoração é simples, com a
exibição de grandes tonéis e um balcão para atendimento ao cliente, para além de toscas
mesas.

Bar
O bar é um estabelecimento confortável, com mesas baixas e cadeiras estofadas ou
tamboretes. A sua principal atividade é a venda e preparação de bebidas, o que inclui uma
oferta mais sofisticada que pode abarcar os cocktails. O bar pode funcionar como unidade
independente ou agregado a uma exploração hoteleira.

Café
Estabelecimentos destinados à venda de café em chávena e bebidas alcoólicas. Na sala,
distribuem-se várias mesas, servidas por empregados que efetuam o transporte das
bebidas em bandejas. Não são estabelecimentos muito luxuosos, mas têm por vezes uma
decoração agradável.

2.3.2. Componentes da Oferta Turística “Complementar”

Atracão Turística – qualquer elemento ou fator que provoque a deslocação de


pessoas para fora da sua residência habitual e, por si, ou em conjunto com outros,
garanta a existência de uma atividade turística.

Atracões Naturais – praias, montanhas, parques naturais, cataratas, rios, etc.


Atracões Criadas pelo Homem sem a intenção de atrair visitantes: catedrais,
centros de peregrinação, palácios, centros urbanos, etc.
Atracões Artificiais criadas com o fim de atrair visitantes: parques temáticos,
ecomuseus, casinos, centros de exposições, centros comerciais, etc.
Eventos Especiais e Megaeventos: festivais de arte, jogos desportivos,
exposições, aniversários históricos, etc.

Principais Núcleos de Atracão

Núcleos Recetores Naturais


Reservas Naturais - áreas classificadas como de proteção de habitats de flora e
fauna tendo por efeito possibilitar a adoção de medidas que permitam assegurar as
condições naturais necessárias à estabilidade ou à sobrevivência das espécies
quando estas requerem a intervenção humana para a sua perpetuação;
Parque Natural - áreas naturais, pouco transformadas pela exploração ou
ocupação humana que, em razão da beleza das suas paisagens e da riqueza e
representatividade dos seus ecossistemas, possuem valores ecológicos, estéticos,
educativos e científicos cuja conservação merece uma atenção particular;
Monumento Natural - ocorrência natural contendo um ou mais aspetos que pela
sua singularidade ou representatividade em termos ecológicos, estéticos, científicos
ou culturais exige a sua conservação e manutenção da sua integridade;
Paisagem Protegida - área com paisagens naturais, seminaturais ou humanizadas,
de interesse regional ou local, resultante da interação harmoniosa do homem e da
natureza que evidencie grande valor estético ou natural;
Jardins - áreas constituídas por elementos naturais dispostos por intervenção
humana de tal forma que, pela sua singularidade, representatividade em termos
ecológicos ou valor estético, geram movimentos turísticos.

Núcleos Recetores Monumentais e Culturais


Uma das mais importantes motivações do turismo internacional é o desejo de
conhecer outros povos e o seu modo de vida bem como conhecer as civilizações do
passado.
Como o modo de vida de cada povo é influenciado pelas suas tradições, pela
cultura e pela história, os valores artísticos e monumentais fazem parte do turismo
como fator de primeira grandeza.

Núcleos Recetores Religiosos


Os locais de culto constituem, desde a mais remota Antiguidade, grandes centros
de atracão de pessoas podendo dizer-se que, com eles, nasceram as primeiras
correntes turísticas.

Na atualidade os centros religiosos continuam a exercer uma forte atracão,


constituindo destinos turísticos de grande importância.
Núcleos Climáticos e Hidrológicos
Praias
A procura de “sol e mar” nas décadas de 50 e 60 permitiu o “boom” turístico do Sul
da Europa que, rapidamente, se transformou na região de maior atracão turística
mundial.
Estâncias Montanhosas de Inverno
Nos últimos 20 anos o esqui transformou-se numa atividade desportiva muito
popular que inclui pessoas de todas as faixas etárias provocando um grande
desenvolvimento turístico das zonas montanhosas onde a queda de neve é mais
abundante.
Estâncias Hidrológicas e Climáticas
As estâncias hidrológicas e climáticas utilizam a água do mar (salgada) e a água de
nascentes (doce), associada ao clima, com fins idênticos: tratamentos e bem-estar.
As primeiras deram origem à talassoterapia e as segundas ao termalismo.

As novas tendências e o alargamento do conceito de turismo de saúde a todo o mundo e


ao mero bem-estar deram, contudo, lugar ao aparecimento e desenvolvimento de novos
conceitos:
Estâncias de saúde (health resort)
Locais onde os visitantes permanecem participando em atividades para melhorar ou
manter a sua saúde. O principal objetivo da estância é o de providenciar uma
experiência de manutenção de saúde num ambiente agradável e o respetivo
mercado engloba as estâncias termais (resort spas), os destinos termais
(destination spas) e os centros de tratamento (day spas) que apenas oferecem
tratamentos sem alojamento
Destinos termais (destination spas)
São constituídos, simultaneamente, pelo turismo e pela saúde. Atraem as pessoas
interessadas na mudança do seu estilo de vida desfrutando, ao mesmo tempo, de
férias.

Estâncias termais (resort spas)


Oferecem geralmente programas de exercícios, hidroterapia, fisioterapia e outros
tratamentos em simultâneo com as atracões que, normalmente, se encontram numa
estância: paisagem, ambiente, alimentação, recreio e atividades desportivas.

Núcleos Recetores Temáticos


Na aceção comum o turismo temático é um tipo de turismo em que os visitantes são
motivados por um ou vários temas.
O turismo temático é uma forma de turismo que satisfaz, simultaneamente, os
seguintes requisitos:
i. Corresponde à busca de novas experiências por parte da procura;
ii. As atracões resultam principalmente da ação do homem e portanto têm uma
caraterística predominantemente artificial;
iii. Resultam da necessidade das regiões menos favorecidas para o turismo
criarem formas de atracão ou de aumentarem a sua competitividade;
iv. Possuem um carácter marcadamente lúdico de diversão ou de entretenimento.

Parques Temáticos, Casinos, Compras de ócio, Turismo industrial.

Núcleos Turísticos Desportivos


O desporto inclui-se, na atualidade, entre as principais razões da deslocação de
pessoas seja para assistir a espetáculos desportivos seja para a prática de uma
atividade de carácter desportivo.

Eventos Especiais e Megaeventos


Os megaeventos turísticos são acontecimentos de grande dimensão realizados, por
uma ou mais vezes, mas de duração limitada, com o objetivo de promover um
destino turístico a curto e longo prazo.
Os efeitos esperados destes acontecimentos, que em regra exigem a mobilização
de consideráveis meios financeiros, são:
i. Aumento da cobertura publicitária e de informação através dos meios de
comunicação internacional e/ou mundial;
ii. Melhoria e expansão das infraestruturas turísticas e dos serviços de turismo;
iii. Aumento das atividades promocionais das indústrias do turismo a fim de
capitalizar o ambiente favorável que o acontecimento cria;
iv. Aumento dos fluxos turísticos durante e após o acontecimento.
Atividades de Animação

Animação turística
Todas as atividades que visam contribuir para melhorar ou aumentar as condições
de atracão, constituir um meio para a ocupação dos tempos livres dos visitantes ou
para satisfação das necessidades e experiências decorrentes da sua permanência
no local visitado.

A animação no turismo desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento do


mesmo, através da realização de atividade de entretenimento e/ou lazer. Existem inúmeras
atividades de animação turística, as quais se podem inserir ou subdividir em diversos
grupos ou tipos.

2.4. Produtos Turísticos

Produto turístico – conjunto dos elementos que, podendo ser comercializado, direta ou
indiretamente, motiva as deslocações, gerando uma procura.

Conjunto de elementos tangíveis e intangíveis:


Centrados numa atividade específica;
Centrados num destino específico;
Compreende e combina as atracões catuais e potenciais de um destino;
Compreende as facilidades;
Compreende as acessibilidades.

Componentes do produto turístico


a) Recursos Turísticos – conjunto dos elementos naturais, culturais, artísticos,
históricos ou tecnológicos que geram uma atracão turística. Neste conjunto incluem-
se os atributos positivos que atraem as pessoas e fortalecem o produto turístico.
b) Infraestruturas – conjunto de construções e equipamentos exigidos pelo
desenvolvimento de atividades humanas dos residentes e visitantes. São
constituídas por: construções e equipamentos, quer subterrâneos, quer de
superfície; sistemas de fornecimento de água; sistemas de fornecimento de energia;
saneamento básico; estradas, etc.
c) Superestruturas – conjunto de facilidades necessárias para acomo0dar, manter e
ocupar os tempos livres dos turistas: terminais de tráfego; alojamentos; restauração;
animação; centros de congressos; comércio; transportes locais; outros serviços.
d) Acolhimento e Cultura – o espírito, as atitudes e os comportamentos existentes
em relação aos visitantes, bem como as manifestações culturais: música; dança;
outras atividades turísticas; desporto; outras formas de animação.
e) Acessibilidade – formado pelos meios de transporte externos, incluindo os serviços
e respetivas tarifas.

A criação e promoção de produtos turísticos corresponde ao reconhecimento da existência


de grupos de pessoas, com motivações próprias, que se deslocam por razões idênticas e
possuem idênticas necessidades – Segmentos de mercado diferenciados.

O desenvolvimento do marketing proporcionou este reconhecimento e induziu à


formatação de produtos turísticos pela combinação das diversas componentes da
oferta.
A cada segmento de mercado corresponde um ou mais produtos definidos em
função das condições específicas de cada país ou região;
Não há produtos turísticos universais, igualmente válidos para cada caso;
Cada país ou região possui caraterísticas diferentes que influenciam diferentemente
o produto que lhes respeita;
Os produtos existentes num país não podem ser transpostos para outro na sua
totalidade.

CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS


A conjugação das alterações das preferências e necessidades dos consumidores com as
forças da concorrência conduz a que os produtos se desenvolvam segundo um ciclo de
vida que começa com o seu nascimento, passando pelo seu crescimento até ao seu
desaparecimento.
Ilustração 4 – Ciclo de Vida de um Produto

FASE EMBRIONÁRIA
A descoberta ou criação de um novo produto desenvolve-se nos planos técnico,
conceptual e comercial até que possa ser lançado no mercado sob a forma de
produto novo.
Caraterísticas desta fase:
Despesas elevadas;
Risco elevado;
Lucros negativos.

FASE DE INTRODUÇÃO
Corresponde ao período de penetração no mercado sendo a fase mais crucial em
que a margem entre o sucesso e o fracasso é mínima. O sucesso dependerá da
aceitação do produto e também da política comercial adotada.
Caraterísticas desta fase:
Elevados custos;
Volume de vendas relativamente baixo;
Lucros negativos ou muito reduzidos.

FASE DE CRESCIMENTO
Caraterizada pela aceitação do produto ou serviço pelos consumidores, traduzindo-
se pelo crescimento das vendas e dos lucros.
Caraterísticas desta fase:
As despesas de promoção mantêm-se elevadas;
Surgem os concorrentes atraídos pelo sucesso do produto lançado;
Começam a manifestar-se erros na gestão das empresas, cujas consequências
vão ser sentidas posteriormente.

FASE DE MATURIDADE
As vendas ainda aumentam, mas as taxas de crescimento são cada vez mais
reduzidas entrando num plano de estagnação.
Caraterísticas desta fase:
Concorrência torna-se maior;
Margens de lucro diminuem;
Preços competitivos da parte da concorrência;
Procura de novas vias para manter a quota de mercado.

SATURAÇÃO
Surge quando as vendas atingem o máximo e o produto ou o serviço alcançou o maior
grau possível de penetração no mercado.
Caraterísticas desta fase:
Produtos tornam-se obsoletos dando lugar à inovação de outros produtos que
substituem os anteriores.

DECLÍNIO
A procura reduz-se rapidamente, as despesas de publicidade são baixas e inicia-se a
fase de prejuízos e os produtos tendem a desaparecer e, muitas vezes, com eles, as
próprias empresas.
Caraterísticas desta fase:
Quando um produto entra na fase da saturação é possível evitar o declínio
mediante alterações que o vivifiquem ou o adaptem às novas exigências do
mercado.
Dá-se, então, uma inovação parcial ao alterar-se um ou mais elementos do
produto e uma inovação total, ou seja, uma renovação, quando se alteram,
simultaneamente, todos os elementos que o constituem.
Bibliografia

Alves, S. D. (s.d.). UFCD 3479 - Procura e Oferta Turística.


Cunha, L. (2003). Perspetivas e Tendências do Turismo . Edições Universitárias Lusófonas.
Cunha, L. (2013). Economia e Política do Turismo . LIDEL.
Martins, C. (2015). Princípios Gerais de Turismo.

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