Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Caros colegas,
A Escola de Veterinária e o Conselho Regional
de Medicina Veterinária de Minas Gerais têm a sa-
tisfação de encaminhar à comunidade veterinária e
zootécnica este número do Cadernos Técnicos de
Veterinária e Zootecnia.
O presente Cadernos Técnicos trata, de for-
ma objetiva, a temática sobre Epidemiologia e
Conservação de Animais Silvestres, abordando os
aspectos relacionados à interface das relações en-
tre Seres Humanos, Animais e Ambiente. O tema
apresenta alta importância, já que a Medicina da
Conservação é uma área de grande relevância na
medicina veterinária, demandando uma atualiza-
ção constante de veterinários e profissionais de áre-
as correlatas. Desse modo, este volume representa
uma contribuição para o entendimento e aprofun-
damento nesta área do conhecimento.
Com este número do Cadernos Técnicos espe-
ramos contribuir tanto para a conscientização quan-
to para a informação de colegas, auxiliando para que
Universidade Federal possam construir melhores opções para a conserva-
de Minas Gerais
ção aos animais no contexto em que estão inseridos.
Escola de Veterinária
Fundação de Estudo e Pesquisa em Portanto, parabéns à comunidade de leitores
Medicina Veterinária e Zootecnia
- FEPMVZ Editora que utilizam o Cadernos Técnicos para aprofundar
Conselho Regional de seu conhecimento e entendimento sobre a medici-
Medicina Veterinária do
Estado de Minas Gerais na veterinária da conservação, em benefício dos ani-
- CRMV-MG mais e da sociedade.
www.vet.ufmg.br/editora
Correspondência:
Prof. Antonio de Pinho Marques Junior - CRMV-MG 0918
Editor-Chefe da FEMVZ-Editora
FEPMVZ Editora Prof. José Aurélio Garcia Bergmann - CRMV-MG 1372
Caixa Postal 567 Diretor da Escola de Veterinária da UFMG
30161-970 - Belo Horizonte - MG
Telefone: (31) 3409-2042 Prof. Marcos Bryan Heinemann - CRMV-MG 8451
Editor Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia
E-mail:
editora.vet.ufmg@gmail.com Prof. Nivaldo da Silva - CRMV 0747
Presidente do CRMV-MG
2 Medicina da Conservação:
a ciência da saúde do ecossistema.............................................................16
Júlia Angélica Gonçalves da Silveira
Mirella Lauria D’Elia
A desafiante interface que integra as saúdes humana, animal e ambiental e a
crescente demanda de pesquisadores atuantes no Brasil.
3 Implicações epidemiológicas
da interface entre humanos, animais domésticos e
silvestres....................................................................................................28
Nelson Henrique de Almeida Curi
Conheça os fatores epidemiológicos mais importantes na área da medicina da
conservação.
Quase Vulnerável
ameaçada (NT) (VU)
Avaliada
Não ameaçada
(LC)
Não avaliada
Figura 1 - Esquema para avaliação das espécies segundo a IUCN. Fonte: Machado
et al., 2008
pelas autoridades e comunidade cientí- Além da lista da IUCN, existem
fica (Machado et al., 2008; Vié, Hilton- também as listas nacionais e estadu-
Taylor & Stuart 2009). As espécies são ais. A lista estadual tem como objetivo
organizadas em diferentes categorias, de principal o de proteger aquelas espé-
acordo com critérios da IUCN (Figura cies que não constam nas listas nacio-
1). As categorias Vulnerável (VU), Em nais por serem abundantes em alguma
Perigo (EN) e Criticamente em Perigo parte do país, mas são representadas
(CR) representam, respectivamente, ní- por populações pequenas ou isoladas
veis crescentes de risco de extinção em em alguns Estados, enquadrando-se na
escalas de tempo cada vez menores, e as categoria Regionalmente Ameaçadas.
espécies classificadas em qualquer uma Como exemplo, pode ser citado o caso
delas são consideradas “ameaçadas” da anta, que está na lista de Minas
(Mace & Lande, 1991). Gerais, mas não está na lista nacio-
Unidades de Conservação e espécies ameaçadas 11
Peixes 0 0 0 37 6 6 49 17,88
Anfíbios 0 0 0 3 0 7 10 3,65
Répteis 0 0 0 1 1 4 6 2,2
Mamíferos 0 1 0 7 21 16 45 16,42
EX: Extinta, RE: Regionalmente Extinta, EW: Extinta na Natureza, CR: Criticamente em Perigo, EM: Em
Perigo, VU: Vulnerável.¹ Excluindo-se as espécies classificadas nas categorias Quase Ameaçadas (29),
Deficientes de Dados (686), Não Ameaçadas (1.033), Não Aplicável (113) e as indicadas, mas não ava-
liadas (6). Fonte: adaptação de Drummond et al, 2008.
AMBIENTE
SILVESTRES DOMÉSTICOS
Migração Intensificação
Soltura da pecuária
Translocação Trânsito de animais
Introdução, invasão
Spill-over e Spill-back
Figura 2. Fatores relacionados ao fluxo de agentes potencialmente patogênicos entre as esferas huma-
nos, animais silvestre e animais domésticos.
Ilustração: Mirella Lauria D’Elia e Júlia Silveira. Adaptado de Daszak et al., 2000.
Spill-back
Figura 3. Exemplo de ocorrência de spill-over e spill-back entre cervídeos e bovinos. Imagens: Mirella
D’Elia, 2012; Paula Senra, 2012.
Figura 4. Exemplar de Puma concolor, da instituição NEX (No Extinction). Paula Senra, 2013.
Animais Silvestres. Este novo cenário 3. ÁVILA-PIRES, F., 1989. Zoonoses: Hospedeiros e
Reservatórios. Caderno de saúde Pública, 5: 82-97.
expressa a crescente demanda de ve-
4. BALMFORD, A.; BRUNER, A.; COOPER.;
terinários e zootecnistas na área, com COSTANZA, R.; FARBER, S.; GREEN, R.E.;
intuito de ampliarmos e auxiliarmos JENKINS, M.; JEFFERISS, P.; JESSAMY, V.;
MADDEN. J.; MUNRO, K.; MYERS, N.; NAEEM,
outros profissionais nesse grande que- S.; PAAVOLA, J.; RAYMENT, M.; ROSENDO,
bra-cabeças em um país com imensas S.; ROUGHGARDEN, J.; TRUMPER, K.;
extensões territoriais e, em mesma TURNER, R.K. 2002. Economic reasons for con-
serving wild nature. Science, 297(5583):950-3.
proporção, obstáculos e desafios.
5. BISHOP, J.; BERTRAND, N.; EVISON, W.;
Talvez por esse motivo o maior GILBERT, S.; GRIGG, A.; HWANG, L.;
feito da ascensão da medicina da con- KALLESOE, M.; VAKROU, A.; VAN DER LUGT,
C.; VORHIES, F. 2010. TEEB – A Economia dos
servação vá muito além do estudo e Ecossistemas e da Biodiversidade. Relatório para o
da busca de soluções frente a crises sa- Setor de Negócios – Sumário Executivo.
nitárias ambientais e de seus viventes. 6. CARO, T.M. & O´DOHERTY, G. 1999. On the
use of surrogate species in conservation biology.
Seu maior triunfo encontra-se em sua Conservation Biology, 13:805-814.
abordagem multidisciplinar e na con- 7. DASZAK, P.; CUNNINGHAM A.A.; HYATT,
vergência de instituições, pesquisado- A.D. 2000. Emerging infectious diseases of wild-
res e órgãos que, em cooperação, bus- life--threats to biodiversity and human health.
Science. 287(5452):443-9.
cam a vigilância da saúde nessas esferas
8. FOLEY, J.E.; FOLEY, P.; BROWN, R.N.; ET AL.
e a prevenção de crises. Buscamos um 2004. Ecology of granulocytic ehrlichiosis and
verdadeiro wolf-howling composto de Lyme disease in the western United States. Journal
of Vector Ecology, 29:41–29:
diversas frequências que se comple-
9. FURTADO, M. M.; FILONI, C. 2008. Diseases
mentam e se fortalecem na certeza de and their role for jaguar conservation. Cat News
que, juntos, podemos extrair o melhor Special Issue 4:35-40.
pela e para a conservação. 10. HAYDON, D.T., CLEAVELAND, S., TAYLOR,
L.H., LAURENSON, M.K., 2002. Identifying re-
1. Introdução
Desde mais de duas dé-
cadas atrás a importância
bilateral das doenças para a
conservação da biodiversi-
dade e para a saúde humana
é bem reconhecida (Daszak
et al., 2000). Desde então
existem questionamentos
sobre o que ocorre quan-
to à transmissão de doen-
ças e parasitas em áreas de bigstockphoto.com
bigstockphoto.com
Continua
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, São Paulo.
Email para contato: vkurtlo@gmail.com
70 -
60 -
Número de argos
50 -
40 -
30 -
20 -
10 -
0-
Ano
Figura 1. Aumento exponencial do número de trabalhos/artigos relacionados à reintrodução de ani-
mais silvestres entre 1942 e 2005 (Seddon, 2007)
Figura 2. Número de projetos de reintrodução com fracassos ou sucessos em 2010, de acordo com
relatório da IUCN (SOORAE, P. S., 2010)
Figura 3. Número de projetos de reintrodução com fracassos ou sucessos em 2011, de acordo com
relatório da IUCN (SOORAE, P. S., 2011)
Figura 4. Número de projetos de reintrodução com fracassos ou sucessos em 2013, de um total de 67,
de acordo com relatório da IUCN (SOORAE, P. S., 2013)
participativa em áreas
protegidas – o manejo
do pirarucu como
estudo de caso
Tatiana Maria Machado de Souza¹ - CRMV-MG 8916;
Leonardo da Silveira Rodrigues² - CRBio 49892/04-D
1
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Email para contato: tatimsouza@gmail.com
2
Educador Ambiental
Ampliação da gestão participativa em áreas protegidas – O manejo do pirarucu como estudo de caso 79