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Economia do Trabalho p/ AFT

Teoria e exercícios comentados


Prof. Jeronymo Marcondes – Aula 06

AULA 06 – Discriminação, Segmentação e Desemprego

SUMÁRIO PÁGINA
1. Discriminação e Segmentação no mercado de trabalho 2
2. Desemprego 12
3. Salário-Eficiência, modelo “incluído-excluído” e histerese. 18
Questões Propostas 33
Gabarito 38

Bem vindos de volta! Força, essa é a penúltima aula, estamos quase acabando. A
CESPE é uma banca que pega pesado e adora conceitos bem teóricos, então,
vamos nos atentar a cada detalhe.

Percebam que a aula de hoje será especialmente importante para o entendimento


de um tópico da próxima: “marcado de trabalho no Brasil”. A taxa de desemprego
recente no Brasil está em nível muito baixo e a dificuldade de explicar este
fenômeno vem causando desconforto entre os economistas, apesar de existirem
algumas explicações mais prováveis, o que discutiremos na próxima aula.

DICA DE UM CONCURSEIRO

Concurseiro tem de ser uma pessoa informada. Não digo isso


só para a disciplina de Economia do Trabalho, mas para
todas. Gente, leiam jornais, assistam noticiários, etc. Não tem
jeito, isso já salvou minha pele várias vezes!

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1. Discriminação e Segmentação no mercado de trabalho

Pessoal, a primeira coisa a fazer é definir discriminação:

Discriminação no mercado de trabalho ocorre


quando trabalhadores, com idênticas características produtivas, são tratados
diferentemente dos outros em virtude dos grupos demográficos a que
pertencem.

Já entendeu, certo? Suponha 2 indivíduos: um da cor negra e outro de cor branca.


Haverá discriminação nesse mercado de trabalho se ambos tiverem mesma
produtividade, mas receberem tratamento diferente em função de sua cor. Esta é
uma discriminação racial.

Há outros tipos de discriminação, como a sexual, que separa homens de mulheres,


a de etnias, que pode separar estrangeiros de nacionais, etc. A ideia é a seguinte:
ao ocorrer a discriminação, os grupos que são discriminados acabam por receber
uma remuneração menor do que os outros.

O economista Gary Becker foi o primeiro a dar um tratamento econômico para o


problema da discriminação ao “monetizar” este fenômeno social. Essa teoria se
baseia no gosto pela discriminação de alguns dos agentes na economia, ou seja,
alguns indivíduos estarão dispostos a “gastar mais” em virtude de seus preconceitos
pessoais.

Vamos supor que existam dois tipos de trabalhadores: homens e mulheres. Um


empregador competitivo irá se deparar com preços constantes para esses insumos:
é o salário a ser pago, na média, para indivíduos do sexo masculino e do sexo
feminino. Além disso, vamos supor que a função de produção do empregador trate
homens e mulheres como insumos de produção substitutos perfeitos entre si, ou
seja, em termos de produção e produtividade, tanto faz contratar um homem ou uma
mulher.

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Assim:

( ) ( )

Sendo o produto total, o emprego total, o emprego de homens e o


emprego de mulheres (por simplicidade, estamos desconsiderando o capital). Veja
que, na função, o que importa é o total de empregados e não seu sexo, ou seja,
tratam-se de insumos que são substitutos perfeitos, podendo ser livremente
substituídos um pelo outro sem afetar o produto total.

Agora, pela teoria de Becker, se o empregador é preconceituoso contra mulheres,


para ele contratar uma mulher custa ( ) e não somente , sendo o
coeficiente de discriminação. Essa é chamada de discriminação do
empregador e ( ), será o salário ajustado pela utilidade.

Vocês estão entendendo? Um empregador preconceituoso acha mais “custoso”


empregar alguém do sexo feminino do que do sexo masculino, por motivos pessoais
que o modelo não leva em conta.

O que você acha que isso pode gerar?

a) Discriminação do Empregador

Essa discriminação tem origem na forma pela qual um empresário seleciona e


remunera seus empregados.

Voltando à nossa função de produção, percebe-se que pelo fato de os insumos


serem substitutos perfeitos, a sua produtividade marginal teria de ser a mesma no
ponto de maximização de lucro da empresa competitiva, pois, como vocês já
sabem, o nosso “mantra” é:

Ou seja:

( )

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Assim, se qualquer um dos sexos apresentasse uma produtividade marginal do


trabalho superior a do outro, valeria a pena contratar mais pessoas deste sexo até o
ponto em que ambas fossem iguais (mesmo argumento de sempre).

Mas, se houver discriminação no mercado de trabalho, haverá uma separação do


mercado de trabalho entre homens e mulheres. O que ocorre com a empresa
preconceituosa? No caso da demanda por mulheres, ela irá maximizar lucro no
ponto em que:

( ) ( )

Ou seja, ela vai escolher um ponto de maximização relacionado a um salário


ajustado pela utilidade que será maior do que o salário de mercado dos
trabalhadores em geral:
( )
O que isso ocasiona? Veja, o preço do produto final, , é constante e dado pelo
mercado, pois estamos tratando de uma empresa competitiva. Assim, para que o
nosso “mantra” permaneça verdade, a empresa deverá operar em um ponto no qual
o ( ) é mais alto. Como fazer isso? Contratando menos mulheres (lembre-se
da lei dos rendimentos marginais decrescentes).

Isso, quando realizado por todas as empresas preconceituosas (vamos supor


que existam várias empresas preconceituosas e várias não), gerará um
aumento relativo na demanda por trabalhadores homens no mercado, de forma
que:

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Assim, haverá um aumento na demanda por homens (de D para D’), o que fará com
que seja relativamente mais caro contratá-los. Então, a empresa preconceituosa irá
contratar homens até o ponto em que:

( )

Se:
( )
A empresa preconceituosa só irá empregar homens, mesmo tendo que pagar acima
do salário de mercado, , o que fará com que haja uma subcontratação de
homens. Assim, o número de pessoas a serem empregadas na empresa
preconceituosa, ( ), será menor do que o da empresa competitiva ( ), de forma
que, em termos de produção:

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Viram? A empresa irá produzir menos em virtude de um custo virtual, que é o


preconceito. Este custo virtual irá afetar o mercado de trabalho de homens,
elevando o salário de equilíbrio. A depender da magnitude do coeficiente de
discriminação, a empresa, mesmo com o aumento do salário dos homens, irá
preferir contratar somente empregados do sexo masculino, produzindo bem menos
do que seria possível se agisse sem preconceito. Mas, perceba que, mesmo se
( ) , a empresa ainda não estará otimizando a sua produção, pois ela irá
contratar somente mulheres, mas em menor quantidade do que seria
economicamente “ótimo”.

E as empresas sem preconceito? Elas irão contratar somente mulheres ao


salário de e maximizarão o valor produzido!

Essa conclusão de Becker nos mostra uma coisa importante: economicamente


falando, preconceito não vale a pena. As empresas sem preconceito obterão lucros
maiores e acabarão por “expulsar” do mercado às empresas preconceituosas, que
não estão conseguindo obter o melhor lucro possível em virtude de aspectos
puramente psicológicos de seus empresários. O mercado não tolera ineficiência!
Empresas ineficientes perdem fatia de mercado e entram em falência. Ou seja, o
mercado tende a acabar com a discriminação do empregador.

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Só para destacar, nossos resultados podem ser estendidos para o caso de uma
empresa que prefira contratar mulheres. Neste caso, existiria um coeficiente de
nepotismo associado ao salário da mulheres, de forma que o salário das mulheres
seria:
( ),
sendo o valor do coeficiente. Isso é, seria “mais barato” empregar uma mulher.
Neste caso também haveria uma distorção que prejudicaria as empresas que
assumem tal prática.

Belezinha? Estão entendendo? Ótimo. Vamos a mais um tipo de discriminação


possível.

b) Discriminação do Empregado

Neste caso, os colegas de trabalho são as pessoas que têm o preconceito, ou seja,
alguns trabalhadores achariam “pior” trabalhar com pessoas de diferentes sexos,
etnias, etc. Vamos continuar no nosso exemplo de discriminação contra mulheres e
supor que há infinitas empresas de dois tipos: com empregados pré-existentes
preconceituosos e não preconceituosos.

Em termos econômicos, seria mais “custoso” para um determinado empregado


preconceituoso trabalhar com uma mulher, assim, se o mesmo trabalhasse com
uma mulher, seu salário seria:
( )
Viram? Em termos monetários, o salário do empregado preconceituoso seria menor
do que o salário de mercado, , pois haveria um custo associado a ter que trabalhar
com uma mulher.

O que você acha que vai acontecer?

Bom, se a empresa for competitiva, sem preconceito e for composta somente de


empregados preconceituosos, a contratação de uma mulher lhe ocasionará
problemas. Perceba que, ao contratar uma mulher, os trabalhadores pré-existentes

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acharão muito custoso ter de trabalhar ao lado de uma pessoa de outro sexo,
portanto, para continuar ofertando a mesma mão de obra anterior, estes exigirão
uma remuneração mais alta!

Como ambos os funcionários têm a mesma produtividade, a empresa tomará a


decisão “ótima” de não contratar mulheres e maximizará o lucro no ponto em que:

Entenderam? Como o empregado preconceituoso exige o salário de mercado caso


não haja mulheres no ambiente de trabalho, será “ótimo” para a empresa oferecer
este ambiente de trabalho (sem mulheres) e pagar o salário de mercado para eles,
maximizando o lucro.

-“E as mulheres, professor”?

Elas não vão ficar desempregadas! Devido à redução na demanda pelas


mulheres por parte das empresas com homens preconceituosos, o seu salário
irá reduzir, de forma que algumas empresas sem tal característica acharão
mais lucrativo contratar somente mulheres.

-“Até que ponto essas empresas contratarão, professor”?

Até o ponto em que:

Sendo o salário das mulheres.

Viram o que ocorre? Devido à redução no salário das mulheres, outras empresas,
não compostas de empregados preconceituosos, pensarão ser ótimo começar a
contratar somente mulheres para seus postos, o que fará com que o salário das
mulheres suba novamente até o nível de salário de mercado.

Assim, você entendeu: a discriminação do empregado não afeta o salário que


as partes discriminadas e discriminantes do mercado recebem, além de não
haver uma tendência para sua eliminação com o passar do tempo, pois a

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lucratividade das empresas não é afetada. O que ocorre é uma total
segregação da mão de obra.

Obs. Segregação no mercado de trabalho

Vocês perceberam que o que nós falamos até agora é de como a discriminação faz
com que pessoas com habilidades semelhantes sejam tratadas diferentemente em
termos salariais.

Mas, essa não é toda estória, existe o caso da segregação, ou, como também é
chamado, agrupamento ocupacional. Este fenômeno consiste no seguinte: a
classe discriminada é intencionalmente “empurrada” para ocupações de
remuneração mais baixa.

-“Não entendi, professor”!

Pense em duas funções: engenheiro e recepcionista. A sociedade como um todo


tende a considerar a engenharia uma profissão tipicamente masculina, o que pode
ser verificado nas classes de engenharia na universidade (só tem homem)! Neste
caso, uma mulher é praticamente “afastada” de tal ocupação, que costuma ser bem
remunerada.

Por outro lado, se você perguntar à maioria das pessoas, elas te dirão que ser
recepcionista é um serviço predominantemente “de mulher”. Assim, a sociedade
como um todo acaba por levar às mulheres para este tipo de ocupação.

Este é um exemplo de agrupamento ocupacional. “Empregos de homem”,


“empregos de mulheres”, “empregos de negros”, etc. Neste caso, a pessoa não
receberia menos por ser negra, mulher, ou por possuir qualquer outra
característica discriminada, mas por atuar em ocupações que possuem
remuneração mais baixa.

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c) Discriminação do cliente

Agora quem tem preconceito é o cliente da empresa, ou seja, as decisões de


compra dos produtos de uma empresa dependem do gosto pela discriminação
dos compradores.

Veja o caso de clientes que possuem preconceito contra pessoas negras. Neste
caso, o consumidor consideraria mais “caro” comprar uma mercadoria ou ser
atendido por um funcionário negro.

O que muitas empresas costumam fazer? Os indivíduos discriminados costumam


ser colocados em funções que não têm tanto contato com o público, como operador
de empilhadeira, por exemplo. Você consegue enxergar que a discriminação do
cliente pode ser uma das causas da segregação no mercado de trabalho?

Mas, nem sempre é fácil “esconder” tais funcionários! Assim, isso explicaria porque
há bairros e regiões nas quais os funcionários são compostos por pessoas com uma
determinada característica “discriminável”. Veja o caso do Brooklin em Nova York, o
mesmo é composto quase em sua totalidade por pessoas negras, o que pode ser
decorrência da própria discriminação do cliente nos bairros “brancos” (que não
querem negros) e nos bairros “negros” (que não querem brancos).

d) Discriminação Estatística

Esta discriminação é um pouco diferente das outras! Ela não é fruto de preconceito,
mas do comportamento estatístico advindo da avaliação do comportamento de
alguns grupos.

Por exemplo, no Brasil há uma ilusão que afirma que os estudantes advindos de
universidades públicas são melhores e mais produtivos dos que advém de
universidades privadas. Isso decorre do processo seletivo muito exigente das
universidades públicas, que selecionaria “melhores candidatos”.

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Se você estiver entrevistando 2 jovens para um emprego na sua firma, a primeira


coisa que você vai pedir é o currículo, certo? Suponha que ambos são igualmente
bem qualificados, com boas notas, participação em projetos alternativos e praticam
esportes, mas com uma diferença: um é formado em universidade pública e outro
em privada.

Você não tem como saber mais do jovem do que você captou na entrevista e do que
está escrito no currículo, configurando um caso de informação assimétrica, isso é
quando uma das partes em uma transação sabe mais do que a outra.

Assim, para tomar sua decisão, você resolve fazer um estudo estatístico da
produtividade de alunos de universidades públicas contra os da universidade
privada. Por alguma razão, você chega à conclusão de que os alunos de
universidade pública são, na média, mais produtivos!

Como os dois candidatos são igualmente bons, você decide contratar o aluno de
universidade pública com base no seu estudo! Isso é discriminação estatística!

Você não tem nenhum preconceito e não tem porque achar que os alunos de
universidades públicas são melhores, mas o que você sabe é que, na média, estes
tendem a ser mais produtivos.

-“Mas, por que isso é discriminação”?

Porque você não sabe nada do candidato na sua frente! O que você conhece é
como, na média, se comporta o grupo do qual ele faz parte!

Beleza pessoal? Isso é tudo que temos para falar de discriminação! Vamos ao
próximo tópico do edital: desemprego.

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2. Desemprego

Bom pessoal, agora vamos falar do desemprego. Este é um mal que acomete a
todas as economias de mercado do mundo. Entretanto, apesar de anos estudando o
fenômeno, os economistas nunca chegaram a uma conclusão definitiva do que gera
este problema econômico.

Alguns desempregos são considerados “mais importantes” do que outros no que se


refere ao problema social/econômico envolvido. Assim, é importante conhecer todos
os tipos de desemprego relatados pela literatura e suas possíveis implicações em
termos de políticas públicas.

Um dos tipos de desemprego considerados pela teoria é o desemprego friccional


ou conjuntural. Este desemprego ocorre em virtude do lapso temporal necessário
para que pessoas desempregadas possam encontrar um novo trabalho.

-“Nossa, parece complicado”!

É assim meu amigo, quando um trabalhador se demite ou é demitido e ele quer


outro trabalho, este novo trabalho não é encontrado na hora, pelo menos não na
maioria das vezes. Normalmente, há um lapso de tempo necessário para que este
trabalhador encontre um novo emprego que atenda a suas expectativas.

Você consegue perceber que este desemprego é fruto de um problema de


“falta de informação”? Veja, se o trabalhador conhecesse todas as oportunidades
de trabalho disponíveis na economia, o mesmo poderia fazer uma pré-seleção e ir
direto ao que lhe interessa, reduzindo o tempo de desemprego. Ou seja, políticas
públicas que favorecem a divulgação dos postos de mercado de trabalho
disponíveis tendem a reduzir o desemprego friccional.

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Há uma classe de modelos chamados de “modelos de busca por emprego” que


tratam da forma como o desemprego friccional ocorre em virtude da busca e das
expectativas dos indivíduos em relação ao salário que podem obter. Segundo estes
modelos, os indivíduos farão buscas de emprego com vistas a maximizar a
probabilidade que encontrem o “melhor trabalho possível”, sendo que, a depender
de suas estratégias, maior será o tempo de desemprego.

Atente-se que este desemprego existe mesmo em mercados competitivos, ou


seja, este desemprego é compatível com o conceito de pleno emprego.

Pleno emprego é aquele nível de emprego que


encontramos no equilíbrio de mercado pela
intersecção das curvas de oferta e demanda
por trabalho. Este implica que todos que
querem trabalhar ao salário de mercado,
estão trabalhando, ou seja, não há
desemprego involuntário!

O desemprego friccional é o único dos que iremos estudar que é compatível com o
pleno emprego, pois o pleno emprego será atingido, só temos de “esperar o ajuste”.
Mas, você concorda que, ainda assim, há desemprego? Há um desemprego
baseado em fatores friccionais e no fato de que muitas pessoas não querem
trabalhar ao salário de mercado! Essa é a taxa natural de desemprego.

Taxa natural de desemprego é aquela


compatível com o equilíbrio de mercado. No caso,
há pessoas que não querem trabalhar ao salário
de mercado (desemprego voluntário) e que
estão em transição entre empregos
(desemprego friccional). Essa taxa tem a
característica de ser um desemprego que não
advém de flutuações ou falhas de mercado, é um
desemprego que sempre existirá em “tempos
normais”.

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Outro tipo de desemprego é o desemprego sazonal. Este é um desemprego que é


característico de determinados setores que seguem um padrão regular de atividade
ao longo do tempo.

Por exemplo, o setor canavieiro. A estação de corte de cana de açúcar só ocorre


em determinados períodos do ano, portanto, há uma intensa contratação de
pessoas no início deste período, seguindo-se de uma demissão em massa após seu
término. Este desemprego é um tipo de desemprego sazonal, ou seja, que ocorre de
maneira regular em determinados períodos de tempo, a depender das
características inerentes à atividade econômica em estudo.

Estes dois tipos de desemprego têm uma característica comum: não costumam
preocupar tanto os economistas.

-“Por que, professor”?

Pelo fato de ambos se tratarem de desempregos que não estão ligados a


problemas estruturais da economia. Veja, não há um problema de mercado que
gera estes desempregos, sendo que o desemprego friccional é somente um período
de ajuste, enquanto que o desemprego sazonal pode ser facilmente previsto pelos
aplicadores de políticas públicas.

Atenção! Algumas bancas consideram o desemprego sazonal compatível com


pleno emprego e taxa natural de desemprego. Não é o caso da ESAF! “E o
caso da CESPE”? Não encontrei nada! Então fiquem atentos a isso, ok?

Agora isso não vale para o desemprego estrutural, este reflete problemas
estruturais da economia. O desemprego estrutural se refere ao desemprego
derivado de um descompasso entre as qualificações exigidas pelos empregadores e
as efetivamente disponíveis para contratação. Em termos simples, o desemprego
estrutural resulta do fato de que os trabalhadores que estão procurando emprego
não se “encaixarem” nas vagas disponíveis.

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Por exemplo, suponha que no ano de 2000 a maior parte dos estudantes se formou
em Economia, o que não serve de muita coisa! Mas, devido ao avanço da
tecnologia da informação, a maior parte das empresas quer empregados com
formação em áreas ligadas à computação.

Você percebe o que está acontecendo? Há uma excessiva demanda por pessoas
das áreas de informática, mas uma oferta muito pequena, enquanto que há uma
oferta muito grande de economistas, sem respectiva demanda.

Este é um caso de desemprego estrutural. Perceba que o mesmo não tem como
ser facilmente solucionado no curto prazo. O problema é a qualificação dos
indivíduos, que estão em total descompasso com o que é desejado na economia.

Essa excessiva demanda pelos profissionais de informática fará com que seu
salário de mercado suba, o que vai atrair muitos candidatos espertos que não irão
querer fazer Economia, resolvendo o problema do desemprego. Mas, além do fato
de esse ajustamento demorar, ou mesmo nunca ocorrer, a economia está em
constante mudança, o que pode alterar novamente as preferências dos empresários
pelos formados em informática – eles podem começar a achar que economistas são
mais úteis. Viram como é difícil para o governo resolver isso?

Outro bem complicado é o desemprego cíclico ou de insuficiência de demanda.

Este é o caso de desemprego mais famoso de todos, pois seu termo foi cunhado
pelo economista J. M. Keynes (até por isso, esse desemprego às vezes é chamado
de keynesiano). A ideia de Keynes é a seguinte: sabem aquele mecanismo de
ajuste de demanda e oferta de trabalho até o equilíbrio de mercado? Então, ele
disse, esqueçam!

Segundo Keynes, os salários dos trabalhadores não se ajustam ao equilíbrio de


mercado em decorrência de uma redução da demanda por trabalho. Vamos a um
exemplo, suponha que a economia esteja passando por uma recessão, de forma

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que todas as empresas passem a querer reduzir sua produção. O que vai acontecer
com a demanda por trabalho dos economistas, por exemplo?

Exatamente! Ela se reduzirá, de forma a deslocar a curva de demanda de D para D’.

-“Professor, porque você não colocou os novos pontos de equilíbrio”?

Pelo seguinte, a nossa teoria tradicional prega que os salários se reduziriam até o
ponto em que a oferta igualasse a nova demanda, certo? Keynes afirma que isso
não irá ocorrer. Segundo o autor, os salários dos trabalhadores são rígidos por
diversos motivos, como contratos de trabalho, por exemplo.

Veja no caso do Brasil! Você que vai ser AFT tem de saber que é proibido para
qualquer empregador reduzir o salário de um empregado. Isso é fruto de várias
coisas, como a legislação trabalhista, a participação de sindicatos, contratos de
trabalho, etc.

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Então, imagine que a lei exige que o piso salarial para um economista é de w*.
Neste caso, o mercado não poderá se ajustar de forma a chegar no novo equilíbrio
com salário mais baixo. Assim:

Viram? O mercado não se ajusta! Após a redução de demanda, o salário não se


reduz, de forma que, ao salário de w*, os trabalhadores irão querer ofertar L(1)
unidades de mão de obra, mas as empresas só irão desejar L(2). Portanto, há um
desemprego involuntário (ou desemprego de espera) da ordem de L(2) – L(1).
Este desemprego é involuntário porque, ao salário vigente, há mais pessoas
querendo trabalhar do que os empregadores querem contratar.

Entenderam? O Keynes chamou atenção para a rigidez salarial, principalmente no


que se refere à redução de salários, o que acabou impactando na forma como
visualizamos o mercado de trabalho. O ajuste de mercado, ou, o market clearing
não ocorre, gerando desemprego involuntário.

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Mas, o que gera este comportamento de salários fixos? Como se comporta o
desemprego? Isso é o que iremos discutir no próximo tópico.

3. Salário-Eficiência, modelo “incluído-excluído” e histerese.

Há diversas explicações para a causa do desemprego nas economias, mas, para


sua prova, selecionei 3!

1) Salário-Eficiência

O salário-eficiência é uma explicação do porquê os salários poderiam não se reduzir


até o nível de equilíbrio em função de uma redução de demanda.

A teoria afirma que há uma assimetria de informação constante nas operações de


uma empresa, pois, muitas vezes seria muito difícil para esta monitorar “quem
realmente trabalha”. Esse problema informacional é chamado de risco moral, pois
este é o caso em que não é possível observar com exatidão as ações de um agente
econômico.

Em termo simples, sabe aquele colega de trabalho folgado, que só fica na internet e
atrapalhando os outros? Então, como diferenciá-lo de você, um futuro AFT que quer
trabalhar bastante?

A teoria afirma que uma alternativa seria pagar salários acima do equilíbrio de
mercado.

-“Por que”?

Porque, quanto maior o salário, maior será a perda do trabalhador se ele for
apanhado “trapaceando”, ou seja, não trabalhando. Se o seu colega ganhar R$
800,00, a perda decorrente de ser apanhado não é grande, pois há vários trabalhos
que pagam este valor. Entretanto, se ele ganhar R$ 10.000, a perda do emprego
será uma desgraça, pois para alguém como ele conseguir outro trabalho desse será
muito difícil.

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Então, valeria a pena para a empresa pagar acima do salário de equilíbrio a fim de
desencorajar a vagabundagem. E por que isso ocorre? Porque os custos de
monitorar todos os trabalhadores, o tempo todo, seria excessivamente alto.

Este salário acima do nível de mercado gera aquele tipo de desemprego involuntário
a là Keynes, tal como vimos acima.

Modelo Incluído-excluído

De acordo com este modelo, os atuais empregados de uma empresa teriam maior
poder de influência nas decisões dos empresários dos que não trabalham na
mesma, ou seja, dos que estão procurando emprego.

Veja os trabalhadores de uma indústria automobilística, por exemplo. Caso haja


uma redução na demanda por trabalho de uma empresa em virtude de uma
recessão, os sindicatos irão se reunir, fazer piquetes, usar sua influência política
para evitar reduções salariais e por aí vai.

Assim, os atuais trabalhadores da empresa, os incluídos, têm maior poder de


influência sobre as decisões salariais do que os excluídos, que são aqueles
trabalhadores que estão no mercado e aceitariam trabalhar por menos do que o
antigo salário de mercado.

Esse poder de influência evitaria a queda salarial durante a recessão, o que geraria
o mesmo tipo de desemprego involuntário que já estudamos.

Histerese

Histerese é uma característica estatística de algumas variáveis econômicas. Assim,


uma variável que tenha tal característica exibiria uma dinâmica tal que eventuais
desvios do seu valor anterior não serão facilmente absorvidos e a mesma não
retorna, pelo menos no curto prazo, ao seu patamar anterior.

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-“Meu deus, do que você está falando”?

É o seguinte amigos: uma economia com altas taxas de desemprego tende a


apresentar um comportamento estatístico para essa variável tal que, mesmo após o
esgotamento dos efeitos que geraram sua elevação, o desemprego não voltaria
imediatamente a seu patamar anterior.

Veja, após uma grande recessão, mesmo com a recuperação da atividade


econômica, muitas vezes, o desemprego não retorna ao seu patamar pré-recessão.
Isso é histerese.

Só guarde isso: histerese não é uma explicação econômica, mas estatística - seus
motivos vão além do escopo deste curso. Até por ser uma explicação estatística,
isso não ocorre sempre, mas há uma probabilidade de que possa ocorrer.

É isso aí! Dê uma voltinha e respire um pouco! Mas, volte logo para os
exercícios!

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(MTE – CESPE/2008/alterada) Julgue as afirmativas.

Exercício 1

A lei dos rendimentos decrescentes é incompatível com o fato de, agregando-


se trabalhadores adicionais ao processo produtivo, a produtividade marginal
da mão-de-obra crescer a taxas crescentes.

Resolução

Falso. Como nós vimos em aulas anteriores, a lei dos rendimentos marginais
decrescentes só implica que, a partir de determinado ponto, trabalhadores
acrescidos ao processo produtivo terão um retorno em termos de produto
decrescente. Mas, em um primeiro momento, quando há muito poucos
trabalhadores na empresa, seu retorno, ainda assim, pode ser crescente durante um
determinado intervalo.

Exercício 2

A inclinação negativa da curva de demanda por trabalho requer que o efeito


escala reforce o efeito substituição e, portanto, ambos devem ser negativos.

Resolução

Verdadeiro. O efeito escala e substituição irão no mesmo sentido quando se referem


ao impacto de uma variação salarial sobre a demanda por trabalho e impactarão de
forma oposta a demanda por trabalho.

Por exemplo, um(a) aumento (redução) salarial reduz (aumenta) a demanda por
trabalho via efeito escala (pois todos os custos serão maiores) e via efeito
substituição (pois o trabalho será relativamente mais caro que o capital).

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(CESPE – Ministério dos Esportes/2008 – alterada) Julgue as afirmativas.

Exercício 3

Para as empresas que acham que um trabalhador deve ser sempre


acompanhado de uma unidade de capital, as isoquantas entre esses dois bens
são lineares.

Resolução

Falsa. As isoquantas lineares referem-se ao caso de bens substitutos perfeitos. Este


caso seria o de bens complementares perfeitos, de forma que suas isoquantas
teriam a seguinte forma:

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Exercício 4

A alta recente das taxas médias de juros e a redução dos prazos para
financiamentos de carros novos deslocam a curva de demanda por trabalho
desse setor para baixo e para a esquerda.

Resolução

Correta.

Olha pessoal, o que você acha que ocorre com o setor de veículos quando estes
fenômenos ocorrem? Isso! Sua demanda por carros vai reduzir (indo de D para D’),
assim:

Veja que houve uma redução no preço final! Lembrando-se do mantra:

O que ocorre com a demanda por trabalho?

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A demanda por trabalho irá reduzir de L(0) para L(1).

Exercício 5

O fato de as pessoas maximizarem seus níveis de utilidade e considerarem


que a utilidade marginal derivada do consumo de determinado bem é
decrescente conflita com a existência de uma curva de demanda
negativamente inclinada para esse mesmo bem.

Resolução.

Nada a ver pessoal! A utilidade marginal relaciona a quantidade de bens com o


ganho de utilidade que este bem adicional trás para o trabalhador, enquanto que a
demanda relaciona preço do bem com quantidade demandada. Nem tem muito que
comentar, a descrição está péssima.

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Exercício 6

Supondo-se que trabalhadores são substitutos para bens de capital, então, no


caso de um aumento dos salários, o efeito substituição é nulo.

Resolução

De jeito nenhum pessoal. O efeito substituição tem papel significativo quando dois
insumos são substitutos, o que pode gerar, inclusive, um aumento na demanda por
bens de capital se o efeito substituição for superior ao efeito escala.

Exercício 7

No curto prazo, o fato de o aumento do emprego levar à redução da


produtividade marginal do trabalho viola a lei dos rendimentos decrescentes.

Resolução

Errado! Isso pode, inclusive, estar reforçando a lei dos rendimentos marginais
decrescentes, pois esta afirma que a produtividade marginal dos fatores de
produção apresentarão retornos decrescentes quanto mais insumos forem
acrescidos ao processo produtivos, mantendo todos os outros constantes.

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Exercício 8

Se a função de produção apresentar rendimentos crescentes de escala, então


as produtividades marginais de todos os insumos utilizados, além de
positivas, devem também ser crescentes com o nível de utilização do insumo.

Resolução

Errado! Atenção, a CESPE gosta disso! Produtividade marginal não tem relação
com retornos de escala! Por que? Porque a produtividade marginal se baseia em
alterar a quantidade de um fator e manter todos os outros constantes, enquanto que
os rendimentos de escala tratam do caso em que todos os fatores são alterados
ao mesmo tempo. Rendimentos decrescentes, crescentes ou constantes não
inviabilizam a lei dos rendimentos marginais decrescentes, ok?

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(CEEE/RS – CESPE/2005/alterada) Julgue as afirmativas.

Exercício 9

Campanhas publicitárias bem-sucedidas, como a das sandálias havaianas e a


da melissa, contribuem para aumentar a elasticidade preço da demanda do
produto divulgado.

Resolução

Pense um pouquinho pessoal! O que você acha que uma campanha publicitária
faz? Ela diferencia um produto de outro! Ou seja, no caso em questão, ela quer
mostrar que a sandália havaiana não é igual às outras! Se ela é bem sucedida,
os consumidores vão achar:

-“Não há um substituto próximo para a havaiana, pois ela é diferente”!

Isso torna a demanda pela sandália mais inelástica! Lembrem-se das regras da
demanda derivada de Marshall (aula 02)! Como não há substitutos próximos,
uma alteração no preço não irá afetar tanto a demanda, pois “trocar havaiana
por outra sandália não seria a mesma coisa”!

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Exercício 10

No Brasil, o crescimento da violência aumentou a procura por empregados de


vigilância pelas empresas, o que provocou um deslocamento, para cima e
para a direita, da curva de demanda por esses trabalhadores.

Resolução

Certo.

As empresas irão demandar mais trabalhadores da área de vigilância. Neste caso,


houve um aumento exógeno na demanda por este trabalho, o que vai deslocar a
curva de demanda da seguinte forma:

Ou seja, para um dado salário, as empresas irão demandar mais trabalhadores


devido ao aumento da violência.

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Exercício 11

A maximização de lucros de determinada empresa implica que o custo


marginal iguala-se à receita marginal.

Resolução

Decore isso! Isso é a verdade absoluta!

𝑹𝑴𝒈 𝑪𝑴𝒈

O que ocorre se, em um determinado ponto de produção, a receita marginal for


maior do que o custo marginal? Neste caso, a produção de uma unidade adicional
irá gerar mais receita do que custos, pois a receita marginal decorrente desta
unidade produzida será maior do que seu respectivo custo marginal. Portanto, vale
a pena aumentar a produção e ter este lucro adicional decorrente da produção desta
unidade adicional.

E se em um determinado ponto de produção, a receita marginal for inferior ao custo


marginal? Neste caso, a produção de uma unidade adicional irá gerar mais custos
do que receitas. Portanto, vale a pena reduzir a produção e diminuir os prejuízos
que esta produção em excesso está gerando.

Qual o único ponto em que não dá para melhorar de situação? É isso aí, quando a
receita marginal for igual ao custo marginal. Neste ponto, não haverá como gerar
mais ganhos para a empresa, pois ela estará obtendo o maior lucro possível.

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Exercício 12

(AFT/MTE – ESAF/1998) Se uma empresa paga um "salario de eficiência",


então:

a) a curva de demanda de mão-de-obra se deslocará para a direita.


b) os trabalhadores não irão "enrolar", mesmo que não sejam monitorados.
c) a curva de oferta de mão-de-obra se deslocará para a esquerda.
d) a curva de oferta de mão-de-obra se deslocará para a direita.
e) produzirá desemprego involuntário.

Resolução

O salário eficiência é uma das explicações do porquê o salário é rígido,


principalmente na recessão. Assim, esta seria uma explicação do porquê o ajuste de
mercado não ocorre e aparece o desemprego involuntário durante uma recessão,
ou seja, o caso de uma redução de demanda.

Mas, eu te pergunto: salário-eficiência é igual a desemprego involuntário?

Não! Ele pode ser uma causa, mas sua existência não implica em desemprego
involuntário, como a alternativa (e) quer te pegar.

O objetivo do salário eficiência é impedir que os trabalhadores não trabalhem


via estímulo monetário, isso é, impedir a enrolação.

Alternativa (b).

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Exercício 13

(AFT/MTE – ESAF/1998) Considere as frases a seguir:


I – A teorias de salario-eficiencia partilham da hipotese de que a empresa
funciona de forma mais eficiente se paga salarios elevados aos seus
empregados.
II – Pelas teorias de salario-eficiencia, pode-se diminuir o chamado “risco
moral” pagando um salario mais elevado do que o de equilibrio.
III – As teorias de salario-eficiencia implicam rigidez salarial e o chamado
desemprego de espera.
Podemos entao afirmar que:
a) somente a I e a II são corretas
b) somente a I é correta
c) I, II e III são corretas
d) somente a II é correta
e) somente a I e a III são corretas.

Resolução

Vamos avaliar:
I) Exatamente. Devido ao problema do risco moral, as empresas acharão
que pagar salários acima do nível de equilíbrio é uma estratégia ótima
para evitar a “vagabundagem”.
II) Perfeito, pois quanto maior o salário, mais arriscado para o trabalhador
será “não trabalhar”.
III) Certo. Nós vimos que essa prática gera rigidez salarial e, portanto,
dificulta o ajuste da economia em uma recessão, gerando desemprego
involuntário.

Alternativa (c).

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Exercício 14

(AFT/MTE – ESAF/1998) Quanto aos conceitos de pleno emprego e de


desemprego, e correto afirmar que
a) o pleno emprego é o nível de emprego consistente com a taxa natural de
desemprego, que reflete fatores basicamente friccionais.
b) a taxa natural de desemprego reflete um desemprego cíclico devido a
situações recessivas no mundo dos negócios.
c) o pleno emprego pode ser compatível com desemprego não friccional,
desde que este seja cíclico.
d) abaixo do pleno emprego, pode ser possível a existência apenas de
desemprego friccional, desde que a taxa natural de desemprego seja zero.
e) o desemprego friccional é aquele decorrente de um ciclo recessivo na
economia de caráter conjuntural.

Resolução

Vamos lá:
a) Perfeito, no pleno emprego o único dos tipos de desemprego que estudamos
que permanece é o friccional.
b) Não! A taxa natural não reflete o desemprego cíclico, somente o friccional e o
voluntário.
c) Errado. Leia alternativa acima.
d) Errado, se não estivermos no pleno emprego haverá desemprego
involuntário.
e) Errado, o desemprego friccional decorre do lapso temporal de busca por
empregos.

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Questões Propostas

(MTE – CESPE/2008/alterada) Julgue as afirmativas.

Exercício 1

A lei dos rendimentos decrescentes é incompatível com o fato de, agregando-


se trabalhadores adicionais ao processo produtivo, a produtividade marginal
da mão-de-obra crescer a taxas crescentes.

Exercício 2

A inclinação negativa da curva de demanda por trabalho requer que o efeito


escala reforce o efeito substituição e, portanto, ambos devem ser negativos.

(CESPE – Ministério dos Esportes/2008 – alterada) Julgue as afirmativas.

Exercício 3

Para as empresas que acham que um trabalhador deve ser sempre


acompanhado de uma unidade de capital, as isoquantas entre esses dois bens
são lineares.

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Exercício 4

A alta recente das taxas médias de juros e a redução dos prazos para
financiamentos de carros novos deslocam a curva de demanda por trabalho
desse setor para baixo e para a esquerda.

Exercício 5

O fato de as pessoas maximizarem seus níveis de utilidade e considerarem


que a utilidade marginal derivada do consumo de determinado bem é
decrescente conflita com a existência de uma curva de demanda
negativamente inclinada para esse mesmo bem.

Exercício 6

Supondo-se que trabalhadores são substitutos para bens de capital, então, no


caso de um aumento dos salários, o efeito substituição é nulo.

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Exercício 7

No curto prazo, o fato de o aumento do emprego levar à redução da


produtividade marginal do trabalho viola a lei dos rendimentos decrescentes.

Exercício 8

Se a função de produção apresentar rendimentos crescentes de escala, então


as produtividades marginais de todos os insumos utilizados, além de
positivas, devem também ser crescentes com o nível de utilização do insumo.

(CEEE/RS – CESPE/2005/alterada) Julgue as afirmativas.

Exercício 9

Campanhas publicitárias bem-sucedidas, como a das sandálias havaianas e a


da melissa, contribuem para aumentar a elasticidade preço da demanda do
produto divulgado.

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Exercício 10

No Brasil, o crescimento da violência aumentou a procura por empregados de


vigilância pelas empresas, o que provocou um deslocamento, para cima e
para a direita, da curva de demanda por esses trabalhadores.

Exercício 11

A maximização de lucros de determinada empresa implica que o custo


marginal iguala-se à receita marginal.

Exercício 12

(AFT/MTE – ESAF/1998) Se uma empresa paga um "salario de eficiência",


então:

a) a curva de demanda de mão-de-obra se deslocará para a direita.


b) os trabalhadores não irão "enrolar", mesmo que não sejam monitorados.
c) a curva de oferta de mão-de-obra se deslocará para a esquerda.
d) a curva de oferta de mão-de-obra se deslocará para a direita.
e) produzirá desemprego involuntário.

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Exercício 13

(AFT/MTE – ESAF/1998) Considere as frases a seguir:


I – A teorias de salario-eficiencia partilham da hipotese de que a empresa
funciona de forma mais eficiente se paga salarios elevados aos seus
empregados.
II – Pelas teorias de salario-eficiencia, pode-se diminuir o chamado “risco
moral” pagando um salario mais elevado do que o de equilibrio.
III – As teorias de salario-eficiencia implicam rigidez salarial e o chamado
desemprego de espera.
Podemos entao afirmar que:
a) somente a I e a II são corretas
b) somente a I é correta
c) I, II e III são corretas
d) somente a II é correta
e) somente a I e a III são corretas.

Exercício 14

(AFT/MTE – ESAF/1998) Quanto aos conceitos de pleno emprego e de


desemprego, e correto afirmar que
a) o pleno emprego é o nível de emprego consistente com a taxa natural de
desemprego, que reflete fatores basicamente friccionais.
b) a taxa natural de desemprego reflete um desemprego cíclico devido a
situações recessivas no mundo dos negócios.
c) o pleno emprego pode ser compatível com desemprego não friccional,
desde que este seja cíclico.
d) abaixo do pleno emprego, pode ser possível a existência apenas de
desemprego friccional, desde que a taxa natural de desemprego seja zero.
e) o desemprego friccional é aquele decorrente de um ciclo recessivo na
economia de caráter conjuntural.

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1-F
2-V
3-F
4-V
5-F
6-F
7-F
8-F
9-F
10-V
11-V
12-B
13-C
14-A

Ufa! Estamos quase no fim! Continuem firmes no propósito!

Um abraço e bons estudos.

jeronymo@estrategiaconcursos.com.br

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