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SUMÁRIO PÁGINA
1. Produção e produtividade 3
2. Maximização do lucro no mercado competitivo 11
3. Escolha da empresa competitiva no longo prazo 29
4. Efeitos Substituição e Escala 42
5. As regras de Marshall da demanda derivada 45
Questões propostas 51
Gabarito 56
Boa, Aula 02! Olha pessoal, para quem não é economista, agora é que a “cobra
fuma”. Mas, fiquem tranquilos, se você entender bem esta aula, o resto do curso vai
ficar muito mais fácil
DICAS DE UM CONCURSEIRO
Então, saiu o edital! Mas, respirem e fiquem calmos, afinal não há grandes
surpresas no que se refere à Economia do Trabalho.
Vamos ao edital:
Entenderam? Não há com que se preocupar, pois nosso conteúdo irá direto ao
ponto!
A minha ideia é dar a vocês um “certo” aprofundamento da parte teórica, que será
testado, ao longo das aulas, com exercícios de provas anteriores da CESPE e de
AFT. Se vocês só ficarem fazendo um monte de exercícios da CESPE, mas sem
uma teoria adequada, vocês nunca fariam uma prova discursiva da CESPE!
Concurseiro escaldado que nem eu é desconfiado mesmo!
No caso da CESPE, pode acreditar, a prova vai ser difícil! Essa filha da mãe adora ir
na minúcia da teoria! As questões da CESPE costumam ser chatas de fazer e
sujeitas a duplo sentido. O diferencial vai estar no detalhe.
Mas, novamente, não se preocupem, está tudo sob controle. Estudem a teoria com
muito afinco, façam muitos exercícios e mandem as dúvidas. Eu não tenho dúvida
de que, com o esforço adequado, você será AFT logo, logo.
1. Produção e produtividade
Perfeito, futuro AFT. Então, pense, o que seria uma função de produção?
Olha, é uma relação entre duas variáveis, só que especificada. Trata-se da relação
que existe entre quantidade produzida e insumos utilizados por uma empresa.
Por exemplo, suponha que uma determinada empresa produza sapatos e que se
utiliza de dois insumos (ou fatores de produção, lembra?): trabalho ( ) e capital
( ).
Lembrem-se da discussão de nossa aula 00, trabalho pode ser entendido como o
total de horas de trabalho contratadas por uma empresa. Assim, a quantidade de
“trabalho” que uma empresa contrata tem a ver com a quantidade de horas
trabalhadas pelos empregados da empresa.
Perceba que há simplificações muito fortes neste conceito. Uma mais óbvia seria
que todos os trabalhos têm a mesma participação na produção da empresa, não
diferenciando um tipo de trabalho de outro. Há outras simplificações, mas não vale a
pena discutir isso aqui!
Vamos a um exemplo.
Suponha uma sapataria, que tem alguns trabalhadores que produzem sapatos com
máquinas. Um exemplo de função que poderia descrever a função de produção da
sapataria seria:
( )
Sendo e . Neste caso, seria a quantidade de sapatos produzidas em
função da quantidade de “trabalho” e “capital” contratados pela empresa.
Isso não faz muito sentido no caso do Brasil. Mas, em outros países é comum a
contratação de horas determinadas de trabalho e não uma “jornada de trabalho
fechada”, tal como é especificado pela Consolidação das Leis Trabalhistas no Brasil.
Seja como for, você poderia encontrar esse pela multiplicação do número de
trabalhadores da empresa por sua carga horária.
Bom, vamos lá. Vocês viram como funciona uma função de produção? A ideia é
encontrar uma relação matemática que exprime a quantidade de produtos
produzidos por uma empresa em função da quantidade de insumos contratados.
A pergunta que um economista se faz, quando olha para uma função de produção
é: qual é a quantidade ótima de fatores de produção que devem ser contratados por
uma empresa de modo a maximizar seu lucro?
( ) ( )
Obs. (delta) é uma letra grega utilizada na matemática para indicar “variação”. A
partir daqui, guarde esta definição.
Viram? Isso nada mais é do que uma “taxa de variação”, a saber, a taxa de variação
na produção decorrente da variação de uma unidade no “trabalho”, mantendo todo o
resto constante.
Muita atenção de novo! Veja que nós estamos falando da variação de produção
decorrente da contratação de mais uma unidade de um insumo! Ou seja, se eu falar
que em um determinado ponto da função de produção o produto marginal do
trabalho é de 10 (dez), o que estou dizendo é: se, nesse ponto, eu contratar mais
uma hora de trabalho, eu conseguirei produzir mais dez unidades de produto final.
Veja, algo muito importante sobre o conceito de PMg é a Lei dos Rendimentos
Marginais Decrescentes.
Prestem atenção! Veja que a quantidade capital fica constante em zero (isso é muito
importante). Olhe, quando há variação de zero para uma unidade trabalho, a
Você deve estar se perguntado, “de onde você tirou isso, professor”.
Vamos ao nosso exemplo da sapataria. Suponha que você seja o dono da sapataria
e precise decidir quanto trabalho contratar. Bom, neste primeiro momento, no curto
prazo, você não teria condições de alterar a quantidade de capital, até porque é
muito caro e demorado alterar a quantidade capital de uma empresa.
Bom, voltando ao exemplo. O que você acha que vai acontecer se você começar a
contratar trabalhadores indefinidamente?
Isso está demonstrado na curva de PMg que descrevemos acima. Perceba que em
estágios iniciais de produção, a taxa de variação da produção para cada empregado
acrescido (PMgL) é crescente, porém, a partir de 4 (quatro) unidades de trabalho, a
produção cresce a taxas decrescentes, chegando até o ponto de ficar negativa.
Perceba que isso não vale só para o trabalho, mas para qualquer fator de produção.
Assim, a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes afirma que, ao
aumentarmos a quantidade contratada de um fator de produção, mantendo
todos os demais constantes, a produtividade marginal do fator irá aumentar
em estágios iniciais da produção, reduzindo-se posteriormente, podendo até
ficar negativa.
Tranqüilo? Antes de você dar uma paradinha para respirar, vamos estudar o
conceito de Produto Médio.
No exemplo da sapataria:
Perceba que há uma relação bastante óbvia entre as curvas PMg e PMe. O
produto marginal de um fator será maior que o produto médio enquanto este
último estiver aumentando e será menor enquanto o produto médio estiver
diminuindo.
Isso decorre da própria definição de média. O PMe é uma média, enquanto que o
PMg são “valores acrescentados à média”, pois trata-se da variação da produção
a cada unidade de trabalho. Assim, ao acrescentarmos valores superiores
(inferiores) à média, a média irá aumentar (diminuir). Graficamente:
PMg e PMe
PMg
PMe
Nós já falamos na aula 00 sobre o mercado competitivo. Mas, vamos adentrar mais
fundo no conceito.
Pense, se você tiver uma barraquinha de frutas, você não pode cobrar mais do que
as outras, pois, neste caso, todos os consumidores migrarão para seus
concorrentes e você não venderá nada. Por outro lado, se você cobrar menos do
que os outros, você ficará com todo o mercado, o que é um contra senso, pois por
que você não teria feito isso antes? Este é o típico caso em que o preço não é
A demanda pelos produtos de uma empresa que opera em um mercado deste tipo é
infinitamente elástica (lembra do conceito de elasticidade da aula 00?), dado que
haveria infinitos produtores, pequenos com relação ao total de mercado, de forma
que:
No nosso estudo, o mesmo vai valer para o mercado de fatores de produção, que
também será competitivo. Se você tem uma escala pequena com relação ao
tamanho do mercado, você não terá condições de influenciar o preço dos insumos.
Assim, tal como no caso do preço do produto final, o preço dos fatores será
exógeno (externo às vontades da empresa). Portanto, você poderá comprar o
quanto quiser dos insumos trabalho e capital a seus preços de mercado.
( )
Podemos dar alguns exemplos para ilustrar. Se a derivada de uma função é dada
por:
( )
( )
Vamos parar de falar bonito e explicar isso de forma intuitiva. Olhe o gráfico abaixo:
Obs. A linha cinza não é parte do gráfico, ela somente mostra em que ponto as
curvas se interceptam.
Veja o ponto formado pelo par ordenado Y(1) e X(1). Neste ponto, a inclinação é
dada por aquela reta com tracejado mais escuro que passa de forma “reta” sobre o
ponto. Essa é a inclinação da função no ponto! E mais, perceba que, quando a
variação em x for muito pequena, tendendo a zero, essa inclinação irá representar o
quanto Y irá variar em decorrência desta variação em x.
Isso é a derivada! A derivada irá medir esta taxa de variação instantânea, ou,
em termos geométricos, a inclinação da função no ponto.
Simples! Decore! Vou ensinar 3 regras de diferenciação que serão suficientes para
que você faça a prova, apesar de existirem mais. Foco no propósito, seu objetivo
é a prova de AFT!
( )
É:
( )
- “Não entendi”!
( )
( )
( )
Neste caso:
( )
E a derivada de:
( )
( ( ))
E se a função for:
( )
( ( )) ( ( ))
( )
Exatamente, zero (0)! Ao variar o , o único impacto dessa dinâmica é direto, pois o
não afeta a função de forma indireta via . Portanto:
( ( )) ( ) ( )
( ( ))
( )
Dado que:
Aí você está vendo uma forma pela qual a derivada de ( ) com relação a terá
dois efeitos, um direto (igual a ) e indireto, via :
( ( )) ( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ( )) ( ( )) ( ( ))
( ) ( ) ( ),
Tem-se que:
( ( )) ( ( )) ( ( ))
Assim, vamos à derivada de uma função ln. Assim, dada uma função:
( ) ( )
Temos que:
( ( ))
Bom, o porquê de tudo isso é ensinar a vocês como encontrar o ponto máximo ou
mínimo de uma função, isso é, um ponto extremo.1
Como você encontra um ponto extremo de uma função? Simples! Derive a função e
iguale a zero. Por exemplo, suponha a função:
( )
( )
( )
1
Para quem entende de matemática, saiba que estamos tratando de pontos extremos locais e não
globais. É só uma introdução mesmo.
Bom, vocês não se esqueceram da função que uma empresa competitiva visa
maximizar se quiser obter o lucro máximo, não é? Caso tenham esquecido:
( )
Maravilha! Como podemos encontrar a escolha ótima da firma com base nesta
função? Pense um pouco. É isso aí, vamos derivar a função! No caso, como
estamos em Economia do Trabalho, nós queremos encontrar a “escolha ótima” de
trabalho, portanto, vamos derivar a função lucro em e igualar o resultado a zero.
( ) ( ( )) ( ) ( )
( ) ( ( )) ( ( ))
Isso não é a definição de taxa de variação da derivada? Então, quando você deriva
uma função de produção com relação a um de seus fatores de produção, você
obterá o Produto Marginal deste fator!2
( )
2
Você “espertão” já deve ter percebido! Na derivada eu falei de “variação infinitesimal”, enquanto que
na teoria eu falei de “variação em uma unidade”. Perfeito! Não vou adentrar nisso, pois não é o
objetivo do curso! Só entenda que esta é uma simplificação feita para podermos utilizar o cálculo
diferencial na análise do problema econômico, ok?
Já sabemos que para encontrar o ponto ótimo precisamos igualar esta função a
zero. Assim:
𝒑 𝑷𝑴𝒈𝑳 𝒘
Meus amigos, este é o seu mantra! Você vai repetir isso todo dia! Essa é a essência
de toda teoria de demanda por trabalho!
Calma! Eu sei que a matemática foi pesada para alguns. Mas, não tem jeito,
esta é a melhor forma de passar o conteúdo! Apenas decore a fórmula e
entenda a explicação intuitiva que darei a seguir.
Olhe a fórmula:
𝒑 𝑷𝑴𝒈𝑳 𝒘
Isso não é nada além da produção adicional que será trazida por esta nova mão de
obra multiplicada pelo preço pelo qual estes produtos serão vendidos. Este é o
Aí é que entra a maximização! Até que ponto a empresa deve contratar mão de
obra?
Uma resposta bem óbvia: até o ponto em que seus ganhos com o trabalhador sejam
iguais a seus gastos com mão de obra!
Não entenderam? Você se lembra que o PMg está sujeito a Lei dos Rendimentos
Marginais decrescentes? Portanto, este, a partir de certo ponto, começará a
diminuir. Sabendo que o salário de mercado não é afetado por decisões da
empresa, conclui-se que a empresa irá contratar trabalho até o ponto em que VPMg
for igual ao salário de mercado.
𝒑 𝑷𝑴𝒈𝑳 𝒘
E se:
𝒑 𝑷𝑴𝒈𝑳 < 𝒘
Perceba que a escolha ótima será dada por L(1). Isso ocorre, pois se forem
contratados mais (menos) trabalhadores do que L(1), o valor do Produto Marginal do
trabalho, ou o ganho monetário da empresa com este trabalhador adicional, será
menor (maior) do que o custo para mantê-lo.
Com o conceito de equilíbrio que eu dei na aula 00, qual o “ponto ótimo”? Ou seja,
qual a única escolha da empresa em que não há estímulos para mudar de
estratégia, coeteris paribus?
𝒑 𝑷𝑴𝒈𝑳 𝒘
Veja que no eixo horizontal temos o salário nominal, ou seja, seu valor monetário.
Porém, há outra forma de visualizarmos a demanda por trabalho, ao realizarmos
uma operação matemática no nosso mantra, de forma que:
𝒘
𝑷𝑴𝒈𝑳
𝒑
Neste caso, estamos igualando o produto marginal do trabalho ao salário real. Este
salário é “real” porque está dividido pelo nível de preços, o que mostra o seu real
poder de compra em termos do produto em análise. Nesse caso, a demanda por
trabalho pode ser descrita graficamente da seguinte forma:
Assim, a curva de PMgL também pode ser descrita como a curva de demanda por
trabalho de uma empresa competitiva no curto prazo, sendo que a única mudança é
a sua correspondência no eixo vertical que indicará o salário real e não o nominal.
Na curva de demanda por trabalho podemos aplicar todos aqueles exercícios que
realizamos na aula 00 para vermos o que ocorre com a curva quando fatores
externos a ela variam, mantendo todos os demais constantes, o que nós
economistas chamamos de exercícios de Estática Comparativa.
Veja que a curva que determina o salário de mercado desloca-se para cima, para
valor superior a w (até w¹), fazendo com que a demanda por trabalhadores reduza
de L(1) para L(2). Isso decorre do fato de que, sob este novo salário, para valer a
pena contratar um trabalhador seu PMg deve ser mais alto que anteriormente, o que
só é possível com menos trabalhadores.
Caso haja uma redução no salário, o movimento será o inverso, com mais
trabalhadores contratados no equilíbrio.
E se houver um aumento dos preços do produto final? Se isso ocorrer, para uma
dada curva de PMg, o valor monetário obtido pela empresa será maior para cada
trabalhador acrescido, incentivando a contratação. Neste caso, a curva do VPMg irá
deslocar para a direita, aumentando a quantidade de trabalhadores contratados no
ponto ótimo. Caso o preço reduza, o efeito será o inverso.
Ufa! Esta aula está pesada! Vamos fazer exercícios para relaxar.
Exercício 1
Resolução
Este é o caso típico de um exercício que você não precisa saber todos os conceitos
de todas as alternativas. Concurseiro é pragmático e vai na alternativa certa!
Alternativa (d).
Exercício 2
Resolução
Este é o tipo de exercício que eu gosto.
Veja:
Alternativa (a).
Exercício 3
Resolução
Exercício 4
Resolução
É isso mesmo! Conforme nós vimos, o aumento do nível de preços dos produtos
ofertados pela empresa, para um salário nominal fixo, exige que haja um aumento
na quantidade empregada de trabalhadores na firma, a fim de que se reduza o
PMgL:
( ) ( ) ( )
Isso fará com que a curva de PMgL desloque-se para a direita, aumentando a
quantidade ótima de trabalhadores a serem contratados.
Verdadeiro!
Exercício 5
Resolução
Lembrem-se da aula 00! Um dos eixos exprime o valor monetário a ser pago pelo
trabalho. Se este valor aumenta, não haverá deslocamento da curva de demanda
por trabalho, a única coisa que acontecerá é que o ponto no qual a função será
otimizada será diferente. Graficamente, uma elevação hipotética de w(1) para w(2)
ocorreria da seguinte forma:
Isso geraria uma redução da mão de obra contratada, mas sem deslocar a curva de
demanda por trabalho.
Agora, relaxem, pois a abstração será intensa! Porém, o objetivo do curso não
é ensinar Microeconomia para vocês, com toda teoria da estrutura de mercado
e funcionamento das empresas. Pretendo manter vocês com o foco no
concurso. Vamos fazer assim, quando eu falar “decorem”, vocês decoram,
ok?
Bom, nós já estudamos o conceito de curto e longo prazo, então vocês já podem me
dizer o que será diferente na análise desta seção em comparação com a anterior.
Olha gente:
A ideia é criar um mecanismo que não seja a própria função de produção para
descrever como as quantidades dos insumos utilizados no processo produtivo
poderão ser associadas de forma a gerar diferentes níveis de produção. Veja:
Não confunda com o primeiro item. O que se quer dizer aqui é que não há um limite
de número de isoquantas. A empresa pode produzir qualquer quantidade de produto
final. Veja:
Perceba que pode haver infinitas isoquantas, cada uma associada com um nível de
produção diferente. Nesse sentido, as curvas mais “deslocadas para a direita”
estarão associadas a maiores níveis de produção, assim:
( ) ( ) ( )
Quanto mais deslocada para fora, maior a produção associada. Isso deriva do fato
de que, para um dado valor de um fator de produção, K(1) por exemplo, as curvas
mais deslocadas estarão utilizando maiores quantidades de trabalho (L(1), L(2) e
L(3), respectivamente).
Veja o gráfico acima. A isoquanta se inclina “para baixo”. A ideia por detrás deste
conceito é que ao aumentar a quantidade de um fator empregado no processo de
produção e manter a produção total constante (isso é, ficar na mesma isoquanta),
seria necessário diminuir a quantidade empregada do outro fator.
Se há uma relação estável que permite a troca de um fator por outro, como 1 para
1, por exemplo, estes são chamados de substitutos perfeitos. Neste caso, a
empresa irá se especializar no mais barato, já que tanto faz um ou outro insumo. As
isoquantas representativas desta tecnologia seriam da seguinte forma:
Você percebe que a isoquanta é uma “linha reta”, porque, como os fatores são
substitutos perfeitos, a taxa a qual você pode trocar um pelo outro, de forma a
manter a produção constante (ou ficar na mesma isoquanta), é sempre igual. Ou
seja,a inclinação da curva é constante, portanto trata-se de uma “linha reta”.
Isso quer dizer: todas as isoquantas “bem comportadas” têm “a boca virada para
cima”, tal como no gráfico:
𝚫𝑲 𝑷𝑴𝒈𝑳
𝑻𝑴𝑺𝑻
𝚫𝑳 𝑷𝑴𝒈𝑲
Para encontrarmos este ponto, iremos definir outra curva: isocusto. Essa curva
representa todas as combinações de trabalho e capital que geram um valor fixo de
custos ( ).
Veja, para um dado valor de custo total ( ) incorrido por uma empresa, pode-se
descrever uma função de tal forma que:
E se você puder gastar mais um pouquinho, aumentando o custo total incorrido? Por
exemplo, suponha que a empresa decida que pode arcar com um Custo Total maior
do que o anteriormente incorrido, ( ), e não mais ( ), de forma que ( ) ( ).
Graficamente, isso pode ser representado:
Olha, há toda uma discussão na teoria das condições que fazem com que a
minimização de lucros implique na maximização de lucros. Isso é completamente
inútil para seu concurso! Por hora assuma que a minimização dos custos implica a
maximização de lucros.
Neste sentido, a relação deve ser igual a 2 (dois), indicando que os juros
Olha só o que estamos falando, caso essa relação não seja verdade, não podemos
estar no ponto de ótimo. Por exemplo, suponha que:
Neste caso, o valor monetário gasto no capital gera menos resultado do que o
mesmo valor gasto no insumo trabalho.
Porque, nessa situação, você pode deslocar parte dos recursos aplicados em capital
de forma a gastá-los na contratação de trabalho. Isso geraria um aumento do PMgK
e do PMgL, resultando em ganhos em termos de produtividade para a empresa.
Portanto, se é possível alocar os recursos aplicados de maneira mais
eficiente, de forma a gerar ganhos de produtividade, não podemos estar no
ponto ótimo! (toda essa explicação valeria igualmente para o caso em que o valor
gasto em capital gerasse maiores ganhos do que o valor gasto em trabalho)
O único ponto em que não haveria estímulos para alterar as escolhas já tomadas
seria na situação em que:
Graficamente:
Por exemplo:
Neste caso, os pontos B e C não podem ser pontos de máximo, pois seria possível
conseguir a mesma produção a um custo menor (C(0) < C(1)). Assim, a única
situação de equilíbrio possível seria a que as curvas se tangenciam (ponto A).
Trocando em miúdos, o que isso quer dizer? Quer dizer que a condição de ótimo
seria conseguir produzir o máximo ao mínimo custo.
- “Tudo bem, professor! Teve um blá, blá, blá desgraçado, mas e a curva de
demanda por trabalho no longo prazo?”
Olha pessoal, a ideia desta seção é decompor o impacto de uma variação salarial
sobre o emprego de uma empresa nos efeitos “escala” e “renda”, tal como
estudados na aula 00.
Por outro lado, outro efeito decorrente da redução de salários é o efeito substituição.
Este efeito faz com que a empresa repense a alocação ótima de recursos de
trabalho e capital. Veja, a redução salarial implica em uma redução da demanda por
capital, haja vista o trabalho ter se tornado relativamente mais barato que o capital.
Portanto, o efeito substituição incentiva a empresa a alterar o mix de insumos
utilizados, substituindo capital por trabalho.
Faça um exercício mental que você vai perceber que esta conclusão também é
válida para o caso de uma elevação no salário de mercado: ambos os efeitos –
escala e substituição - terão o mesmo sentido, de reduzir a demanda por trabalho.
Mas, atenção a um ponto pessoal! É isso aí, o que vai acontecer com a quantidade
demandada de capital não é sempre igual! Isso depende se o capital e o trabalho
são, em algum grau, substitutos ou complementares. No caso que descrevemos
acima, o trabalho é, em algum grau, substituto, do capital, por isso a redução no
salário de equilíbrio fez com que a empresa “trocasse” capital por trabalho. Em
outras palavras, por serem substitutos, o efeito substituição é superior ao efeito
escala, resultando em redução na demanda por capital.
-”Mas professor, como eu vou saber a intensidade pela qual uma empresa substitui
um fator por outro?”
Boa pergunta, querido aluno e futuro AFT! Uma forma de medir o efeito substituição
é a partir de um velho conhecido nosso: a elasticidade. No caso, iremos nos utilizar
do conceito de elasticidade de substituição ( ). Essa é dada por:
( )
( )
Opa! O que você está medindo com isso? Bom, é a mesma coisa que uma
elasticidade padrão que vimos lá na aula 00. Só que nesse caso, estamos medindo
a variação percentual na relação capital/trabalho em decorrência de outra variação
na relação salário/juros. Portanto, em termos leigos, estamos visualizando qual é a
alteração percentual no mix de fatores de produção em virtude de uma variação de
um ponto percentual na relação salário/juros. Ou seja, medindo o efeito substituição!
Neste caso, se esta elasticidade cruzada for positiva, os bens são, em algum grau,
substitutos entre si no processo produtivo, pois um aumento (redução) do salário
implica em maior (menor) quantidade demandada de capital. Por outro lado, com
Bom, para finalizar, vamos para um assunto mais “light”. Nós já entendemos de
onde vem a demanda por trabalho e quais os efeitos de eventos externos sobre a
mesma, tanto no curto quanto no longo prazo. Então agora vamos discutir as
famosas regras de Marshall para demandas derivadas, que se tratam de demandas
que advém de outras demandas, tal como a demanda por trabalho, que deriva da
procura pelo produto final da empresa (ou seja, essa demanda não depende só de
si mesma, mas “deriva” de outra demanda, a dos produtos finais).
Segundo o autor, alguns fatores fazem com que uma determinada demanda
derivada seja sempre mais elástica. Estes são:
Isso é meio óbvio. Quanto mais fácil for substituir trabalho por capital, maior será a
elasticidade de demanda por trabalho.
Essa é fácil, pessoal! Se dá pra substituir facilmente trabalho, a sua demanda será
mais elástica.
Ufa! Foi difícil até para mim, estou morto! Vamos fazer uns exercícios e testar
seus conhecimentos.
Exercício 6
Resolução
Pessoal, esta aí é só dar uma lidinha com calma nas regras de Marshall que eu ditei
acima. Alternativa (b), pois, quanto mais fácil substituir o trabalho por outros fatores,
maior será a elasticidade de sua demanda.
Exercício 7
Resolução
Este é o próprio item 4 das regras de Marshall. No longo prazo, a empresa terá
possibilidade de substituir trabalho por capital, o que é impossível no curto prazo,
tornando a demanda por trabalho mais elástica no longo prazo. Alternativa (c).
Exercício 8
Resolução
Exercício 9
Resolução
Alternativa (c).
Exercício 10
Resolução
Questões propostas
Exercício 1
Exercício 2
Exercício 3
Exercício 4
Exercício 5
Exercício 6
Exercício 7
Exercício 8
Exercício 9
Exercício 10
1–d
2–a
3–b
4–V
5–F
6–b
7–c
8–d
9–c
10 – V
Beleza pessoal! Hoje eu maneirei nos exercícios porque a aula foi tensa! Estudem
bem a teoria e mandem dúvidas! O edital está aí, esqueça um pouco da vida!
Um abraço
jeronymo@estrategiaconcursos.com.br