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20 de Janeiro de 2024
Alessandra Lopes, Celso Natale, Thayse Duarte Varela Dantas Cesar
Aula 01 - Profº Celso Natale (PDF) e Amanda Aires (Videoaulas)
SUMÁRIO
1 O mercado de trabalho ..................................................................................................................... 3
Questões Comentadas........................................................................................................................... 42
Lista de Questões.................................................................................................................................... 58
Gabarito.................................................................................................................................................... 64
CNU (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 3 - Sociologia e Psicologia
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INTRODUÇÃO
Saudações!
Dando prosseguimento ao nosso curso, nesta aula, daremos atenção à oferta de trabalho,
conceitos que estão implícitos nestes itens do edital:
Se você nunca estudou economia, alguns raciocínios desta aula podem parecer confusos,
especialmente no começo. Mas não se assuste. Se você travar em algum ponto, apenas
prossiga. Se o travamento for total, vá fazer outra coisa ou estudar outra matéria, e depois volte.
Garanto que as coisas vão ficando mais claras.
Além disso, muito raramente são cobrados conceitos realmente avançados. Acho improvável
que isso aconteça, mas para o caso de acontecer, esse tipo de conteúdo também será coberto
na aula. Afinal, a proposta é ser o material mais completo, suficiente para você passar em
primeiro.
Mas esse nível não é necessário para todos, e se você conseguir um aproveitamento razoável
(não precisa ser perfeito), nesta aula, algo entre 70 e 80% de desempenho nas questões, já está
pronto ou pronta para quase tudo que pode aparecer na prova sobre o tema.
No geral, fiz um grande esforço para tornar conceitos que são aprendidos lá pelo final da
graduação de Economia em algo acessível para alguém que nunca viu nada sobre a matéria.
Mas vai requerer esforço também de sua parte.
Por fim, o histórico de questões sobre o tema é um tanto escasso, então elaborei algumas para
ajudar na sua preparação.
Boa aula!
@profcelsonatale
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1 O MERCADO DE TRABALHO
A partir deste ponto da aula, nossa abordagem passará de uma visão conceitual, onde
aprendemos uma série de termos e definições, para uma abordagem mais prática, onde
modelos econômicos ganham a cena e nos ajudam a entender o mercado de trabalho.
Começamos fazendo uma definição muito importante. Ao contrário do que ocorre nos
mercados de bens e serviços, no mercado de trabalho:
Sendo assim, nosso primeiro passo para compreender a oferta de trabalho no mercado passa
por compreendermos o que as pessoas levam em consideração na hora de decidir se vão
trabalhar e, principalmente, quanto trabalho irão ofertar individualmente.
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2 OFERTA DE TRABALHO
Iremos analisar a oferta de trabalho utilizando o modelo neoclássico de escolha entre
trabalho e lazer.
De que valeria um mapa da sua cidade em tamanho real? Ou para que serviria
uma maquete de uma casa se ela tivesse o mesmo tamanho da casa?
A simplificação que esse modelo adota é que o indivíduo obtém satisfação de duas formas: por
meio do consumo – que representaremos simplesmente como C – ou por meio do lazer (L).
Isso significa que esse indivíduo pode obter diversas combinações de quantidades de
consumo e de lazer. Faz sentido medirmos as quantidades de consumo em unidades
monetárias (reais) e as quantidades de lazer em horas, né?
Sendo assim, um exemplo de combinação seria um indivíduo obter 500 reais de consumo e 20
horas de lazer. Se isso ocorre em um dia, uma semana ou um mês não importa no momento.
Estamos mais interessados em descobrir qual combinação ele escolherá.
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Uma cesta de bens nada mais é do que determinada variedade e determinada quantidade de
algo que pode satisfazer as necessidades de um indivíduo (isso é o que significa “bem”, em
Economia).
Eu posso, por exemplo, ter uma cesta composta por 3 bananas e 5 laranjas.
Mas a cesta também pode ser de 229 aviões-caça, 21 ovos de galinhas d’angola, 10
mensalidades de Netflix e 15,2 minutos de pilates. Apesar de que a representação matemática
de uma cesta assim seria bastante confusa...
Por isso, para fins de simplificação, os modelos econômicos que veremos utilizam apenas dois
bens.
Uma cesta com dois bens quais é representada por X = (q1, q2), onde:
X: cesta de bens
q1: quantidade do bem 1
q2: quantidade do bem 2
Isso permite representarmos cestas de bens por meio de gráficos bidimensionais, com o eixo
horizontal representando a quantidade do bem 1 e o eixo vertical representando a quantidade
do bem 2.
Como você sabe, nosso indivíduo obtém satisfação com Consumo e com Lazer.
Inicialmente, não nos preocuparemos com o tempo e o dinheiro disponíveis para esse
indivíduo. Portanto, ao menos nesta parte da aula, suponha que ele dispõe ele não possui
qualquer restrição nesse sentido.
Determinando que Lazer (L) é o bem 1, traçamos o eixo horizontal que demonstrará
quantidades (em horas) que o indivíduo pode dedicar ao lazer, digamos, em um mês:
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Agora, determinamos que o Consumo (C) de bens será o “bem 2”, e traçamos o eixo vertical.
“cesta A = (100,150)”
Isso quer dizer que a cesta A contém 100 horas de lazer (bem 1) e 150 reais em consumo (bem
2). Podemos, então, posicioná-la no gráfico que desenhamos.
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Aí está! Já temos nossa representação gráfica de uma cesta de bens. Só para fechar o tópico,
vamos definir, também arbitrariamente, mais duas cestas: B=(0,400) e C=(400,350).
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Acho que podemos complicar um pouco: vamos começar a precisar utilizar matemática, mas
bem de leve. Afinal, o curso todo foi planejado para aumentar gradativamente o nível de
dificuldade.
Antes, deixa eu explicar uma dúvida que você nem sabe que tem: estou falando da ordem em
que devemos colocar os bens no gráfico. Isso terá implicações importantes na hora de
acertar as questões, então preste bastante atenção.
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Portanto, se a questão falar que a cesta é composta por roupa e alimento, você
vai colocar roupa nas abcissas (perdão pelo trocadilho) e alimento nas
ordenadas.
Normalmente, a questão vai falar em “bem x” e “bem y”, ou “bem a” e “bem “b”,
reforçando que a ordem que importa.
Mas se falar apenas “lazer e consumo”, por exemplo, você já sabe o que fazer:
lazer no eixo horizontal, e consumo no vertical.
2.2 Utilidade
Provavelmente você deve estar pensando que a cesta C, que vimos acima, era melhor que a
cesta A. Afinal, 400 de lazer e 350 de consumo é melhor que 100 e 150. Isso está correto. Mas
não é a história completa. Precisamos falar sobre utilidade.
Simples assim.
Pode-se dizer que a utilidade é uma medida da satisfação trazida ao indivíduo por determinada
cesta de bens. Quanto mais satisfeito ele ficar com a cesta, maior o valor da utilidade atribuída.
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Se há uma “cesta A” e uma “cesta B”, o indivíduo pode preferir “A” a “B”.
Também pode preferir “B” a “A”, ou ser indiferente entre “A” e “B”, ou seja,
“tanto faz ‘A’ ou ‘B’”.
Utilizamos o símbolo ≻ para indicar que uma cesta é preferível à outra. O
símbolo ≻ serve para indicar que uma cesta é ao menos tão preferida quanto a
outra. Por fim, o símbolo ∼ indica que o indivíduo é indiferente entre as cestas.
Por exemplo:
A≻B significa que A é preferível a B.
A≻B significa que A é pelo menos tão boa quanto B.
A∼B significa que A e B são indiferentes.
Além disso, ≻ pode ser chamado de preferência forte, enquanto ≻ é a
preferência fraca. Ok. É assim que representamos as preferências do
indivíduo. Para avançarmos na teoria, precisamos saber quais são suas
premissas.
Suponha, por exemplo, que o indivíduo se depara com 5 cestas, de forma que sabemos, por
suas escolhas, que:
A≻B≻C∼D≻E
Portanto, diversos valores de utilidade poderiam ser atribuídos a cada uma das cestas, desde
que as cestas preferidas recebessem valores maiores, ou seja, desde que a ordem de
preferência do indivíduo fosse refletida na ordem dos valores de utilidade de cada cesta. Nesse
caso, U(A) seria a utilidade atribuída à cesta A, U(B) seria a utilidade atribuída à cesta B, e assim
por diante.
A≻B≻C∼D≻E ⇔ U(A)>U(B)>U(C)=U(D)>U(E)
Se o indivíduo ordena sua preferência pelas cestas de determinada forma, então ele atribui
utilidades maiores às cestas preferidas.
Examine no quadro abaixo e conclua quais valores de utilidades seriam válidos para ordenar as
cestas conforme os gostos do indivíduo em questão:
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E 5ª 1 -5 96 1
U1 e U2 são válidas, pois ordenam corretamente as cestas. U3 não serve, pois atribuiu utilidades
diferentes às cestas C e D, o que é incompatível com a indiferença do indivíduo em relação a
elas. U4 atribuiu um valor menor à cesta A que é, entre todas, a preferida do indivíduo.
É claro que existe uma forma muito melhor de atribuir valores de utilidade do que como fiz
acima: são as funções-utilidade.
Antes de começarmos, vale fazer uma observação. Vamos nos preocupar apenas com a
ordenação das cestas que a utilidade nos fornece.
Será assim pois adotaremos o conceito de utilidade ordinal, ou seja, importará apenas o fato
de uma cesta ser preferível à outra, e não quanto preferida ela é.
A utilidade cardinal, aquela que procura determinar, através dos valores de suas utilidades,
quanto uma cesta é preferida à outra, depara-se com um grande problema: como mensurar
essa satisfação? Como dizer que uma cesta é duas vezes preferida à outra?
Talvez se o indivíduo estiver disposto a pagar duas vezes mais por ela. Mas e se eu estiver
disposto a pagar o dobro e ainda caminhar duas vezes mais para obter a cesta? Ela é quatro
vezes preferida?
De toda forma, mensurar o quanto uma cesta é preferida à outra é bastante trabalhoso e
impreciso, e traz um benefício muito pequeno à teoria, que está muito bem com a utilidade
ordinal, obrigado.
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Uma função é uma regra que relaciona elementos. No nosso caso, a função-utilidade irá
determinar de que forma as quantidades de cada bem resultarão na utilidade obtida pelo
indivíduo.
U = f (C, L)
Lemos a expressão acima deste jeito: a utilidade (U) é determinada em função (f) das
quantidades de consumo (C) e de lazer (L).
E como qualquer função, ela irá fornecer um valor para uma variável dependendo dos valores
que forem atribuídos a outra variável.
Poderíamos dizer, por exemplo, que a utilidade obtida pelo indivíduo é igual à quantidade
total de lazer e consumo que ele recebe:
U=C+L
Nesse caso, se ele obtivesse 100 unidades de cada, a utilidade seria 200. Simplesmente:
Achou fácil? Bem, também poderíamos dizer que a utilidade obtida pelo indivíduo é igual à
quantidade consumo elevada ao quadrado somada a três vezes a quantidade de lazer:
U = C² + 3.L
Ou, ainda mais útil e comum, uma função de utilidade possível seria a multiplicação dos termos
C e L:
U = C.L
A função utilidade determinará o formato das curvas de indiferença. Mas, antes de mostrar
como isso acontece, quero te apresentar à curva de indiferença.
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Mais precisamente, ela mostra quais cestas, compostas cada uma por diferentes quantidades
de lazer e de consumo, que são indiferentes para o indivíduo.
Veja o gráfico abaixo, onde temos cinco cestas (A, B, C, X e Z) e duas curvas de indiferença (α e
β).
Portanto, as cestas A, B e C são indiferentes entre si para o indivíduo, já que estão sobre a
mesma curva de indiferença. Para ele, tanto faz qualquer uma dessas três cestas, todas o fazem
igualmente “feliz”.
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As cestas X e Z, por sua vez, por estarem na mesma curva de indiferença β, são indiferentes
entre si.
Entretanto, X e B, por exemplo, não são indiferentes para o indivíduo. E se não são indiferentes,
significa que ele irá preferir uma delas em relação à outra.
Agora que sabemos o que elas mostram, vamos ver de onde vem esse formato das curvas de
indiferença. Observe a figura:
A relação entre a variação dos bens [∆C/∆L] determina o que chamamos de taxa de
substituição. É simplesmente de quantas reais em Consumo o indivíduo está disposto a
desistir para obter mais horas de lazer, permanecendo na mesma curva de indiferença, ou seja,
obtendo o mesmo nível de utilidade.
No exemplo a acima, seria "–250/200" = "–5/4". Portanto, são necessárias quatro horas de lazer
para compensar cada cinco reais em consumo, ou simplesmente 200 horas de lazer para
compensar 250 reais de consumo.
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Você vê que a taxa de substituição é a inclinação da reta que passa pelas duas cestas em
questão. Note que ainda não usei o termo marginal. A taxa marginal de substituição (TMS) é a
taxa de substituição quando a variação na quantidade de lazer (∆L) é muito pequena.
Nesse caso, as cestas estarão tão próximas uma da outra que a TMS será igual à inclinação da
reta que tangencia (passa “raspando”) a curva de indiferença naquele ponto determinado:
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E isso é muito importante! Guarde essa informação. Ainda resumiremos e revisaremos, mas
guarde!
-∆C
TMS=
∆L
O valor negativo ocorre porque sempre dividiremos um valor negativo por um valor positivo,
ou vice-versa. Como o valor negativo é “padrão” na TMS, às vezes, é comum omitir o sinal de
menos.
Bom, você deve concordar que quando variamos a quantidade de Lazer, por exemplo, também
estamos, necessariamente, variando a utilidade que o indivíduo recebe.
Essa variação na utilidade que ocorre quando variamos a quantidade de um bem recebe o
nome de utilidade marginal.
Sendo assim, a utilidade marginal do lazer (UMGL) é a quantidade adicional de utilidade que o
indivíduo recebe quando aumentamos a quantidade de lazer. A utilidade marginal do consumo
(UMGC), por sua vez, é a utilidade adicional que o indivíduo recebe quando obtém uma
unidade adicional de consumo.
Portanto, quando “andamos” sobre a curva de indiferença, da esquerda para a direita, estamos
diminuindo a utilidade obtida pelo consumo e aumentando a utilidade obtida pelo lazer na
mesma medida, ou então não ficaríamos sobre a mesma curva de indiferença, certo?
-∆C UMGL
TMS = =
∆L UMGC
Afinal, se a TMS é igual a 5/4, por exemplo, significa que estou trocando 5 unidades de
consumo por 4 unidades de lazer, e permanecendo sobre a mesma curva de indiferença. Isso
só é possível porque eu perdi 20 unidades de utilidade (-5 unidades de consumo, cada uma
com 4 de utilidade marginal) mas ganhei 20 unidades de utilidade (+4 unidades de lazer, cada
uma com 5 de utilidade marginal).
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O formato da curva de indiferença que vimos até agora, chamado de convexo, é o mais usual,
e decorre do fato de o indivíduo preferir diversificar, ou seja, preferir equilibrar entre lazer e
consumo, em vez de se especializar em apenas um deles.
O formato convexo decorre da TMS decrescente, ou seja, que diminui conforme vamos da
esquerda para a direita na curva de indiferença. Veja só:
Partindo do Ponto A, quando se tem 350 reais de consumo e apenas 50 horas de lazer (para
consumo mensal, talvez), a escassez relativa do bem 1 (lazer) torna o indivíduo disposto a abrir
mão de uma grande quantidade de consumo (bem 2) e, ainda assim, manter-se na mesma
curva de indiferença.
Para passar de A para B, por exemplo, abre-se mão de 200 unidades de consumo para obter
apenas 100 unidades lazer, mas, ainda assim, o indivíduo fica “na mesma”, ou seja, é indiferente
entre as cestas A = (50,350) e B = (150,150).
Quando o indivíduo tem a cesta C = (300,50) e vai para a cesta B, a coisa inverte: ele tem muito
lazer e consumo, e por isso um pequeno ganho do bem 2 (100 reais de consumo) compensa
uma grande perda do bem 1 (150 horas de lazer).
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Na cesta D, o indivíduo tem 200 horas de lazer e 200 reais de consumo. Essa combinação é
superior à cesta B em relação aos dois bens. Então D é preferível a B, certo? Sim!
Como A e C são indiferentes à B, podemos concluir que D é preferida a elas também. Isso
ocorre por D ser mais diversificada, ou menos especializada, do que A e C. Mas também nos
leva a outra conclusão: mais é melhor.
Monotonicidade
Quando falamos de bens, e não de males, é razoável supor que o indivíduo prefira mais, e não
menos. Digamos então que A é uma cesta composta por uma quantidade x de Lazer e uma
quantidade x de consumo, então: A=(xL,xC). B é composta por quantidades y desses bens, e
assim: B=(yL,yC).
Então, se A tem pelo menos a mesma quantidade dos dois bens que B, e um bem a mais, então
A≻B. Essa suposição é chamada monotonicidade forte das preferências. Ela garante que as
curvas de indiferença:
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Se as curvas de indiferença mais distantes da origem são preferíveis às mais próximas (I3≻I2≻I1),
temos outra consequência importantíssima.
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Vamos ver o absurdo que seriam curvas de indiferença se cruzando, analisando no gráfico
acima:
i. “C” é preferível a “A”, pois tem maiores quantidades, tanto de lazer, quanto de consumo.
ii. Como “B” está na mesma curva que “A”, então “C” tem de ser preferível a “B”.
iii. “B” é preferível a “D”, pois tem maior quantidade dos dois bens.
iv. Como “D” está na mesma curva de indiferença que “C”, logo “B” tem de ser preferível
a “C”. #ERRO#
Dessa forma, C≻B e B≻C é tão impossível quanto 9 ser maior que 10.
O nome dessa propriedade, que garante que as curvas de indiferença não se cruzam, é
transitividade.
Enfim, podemos testar como uma função de utilidade como “U=L.C” produz curvas de
indiferença bem-comportadas.
Nesse caso, podemos partir de uma cesta A=(50,200), para a qual U(A)=50.200=10000.
Notaremos que a cesta B=(100,100) e a cesta C=(200,50) geram exatamente o mesmo nível de
utilidade, afinal:
• 100.100 = 10000
• 200.50 = 10000
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Uma cesta preferível seria a X=(100,400), que traria um nível de utilidade de 40.000
(200.200=40000), assim como as cestas Y=(200,200) e Z=(400,100). Naturalmente, as cestas X,
Y e Z devem ficar em uma curva de indiferença mais alta:
E na “vida real”? A observação empírica, modelos econométricos... Mas vamos nos preocupar
somente com a banca.
Até aqui, temos ignorado um fato muito importante: nenhum indivíduo pode obter
quantidades ilimitadas de consumo e de lazer.
Na vida e em nosso modelo, a quantidade desses bens que o indivíduo pode obter é limitada
por dois fatores: tempo e dinheiro, ou melhor, o que limita as quantidades de lazer e consumo
que uma pessoa pode obter são:
• Tempo
• Renda
Parte da renda de uma pessoa vem de seu trabalho, e depende da quantidade de horas que
ela trabalha. Portanto, ele recebe determinado salário (w) por hora trabalhada (h). Essa é sua
“renda trabalho”, dada por w.h (salário vezes número de horas).
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Outra parte, vem de fontes que não têm relação com o tanto que ela trabalha, como
rendimentos de investimentos, aluguéis de propriedades entre outros. Essa parte é chamada
“renda não trabalho”, representada por “V”.
Em outras palavras, a renda total de um indivíduo é dada pela soma de sua renda trabalho (w.h)
com sua renda não trabalho (V), e essa renda total indica o máximo de consumo (C) que ele
pode obter:
O tempo (T) da pessoa, por sua vez, pode ser utilizado em horas de trabalho (h) ou horas de
lazer (L):
T=h+L
h=T–L
O que não é nenhuma surpresa, já que as horas trabalhadas são iguais às horas totais menos as
horas de lazer.
Mas fizemos essa manipulação para poder usar “T – L” no lugar de “h” na equação 1, que ficará
assim:
C = w(T -L) + V
C = wT - wL + V
Essa é a restrição orçamentária, e nos leva a algumas conclusões importantes, além de permitir
traçarmos a reta orçamentária.
Veja, por exemplo, o que acontece se uma pessoa decide dedicar 100% de seu tempo
disponível (T) para o lazer. Isso significa que T será igual a L, e, portanto, teríamos o seguinte:
C = wT - wT + V
C = 0+ V
C=V
O que faz todo sentido: a pessoa não estaria recebendo nenhuma renda do trabalho, já que
está dedicada totalmente ao lazer, mas ainda recebe sua renda não trabalho (V), e essa renda
será todo o seu consumo.
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No outro extremo, temos a situação na qual o indivíduo dedica todo seu tempo disponível ao
trabalho. Naturalmente, nesse caso, ele não obtém nenhum lazer, mas seu consumo é levado
ao nível máximo:
C = wT - wL + V
C = wT – w.0 + V
C = wT – 0 + V
C = wT + V
Ou seja, seu consumo será ao seu salário multiplicado por todo seu tempo disponível (wT)
somada à sua renda não trabalho (V). Colocando essa situação no gráfico, teremos:
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==14b95d==
Vimos dois extremos: de um lado, o indivíduo que só trabalha, e de outro, o indivíduo que
apenas se diverte. No meio dessas duas situações extremas, estão todas as combinações
possíveis que incluem alguma quantidade de trabalho e alguma quantidade de lazer.
Isso significa que ligando os pontos entre A e B, obtemos a reta de restrição orçamentária (ou
linha orçamentária), que mostra todas as cestas possíveis para o indivíduo, todas as diferentes
quantidades de consumo e lazer que ele pode obter, a depender de quanto ele escolha
trabalhar.
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As cestas C e D surgem como exemplos entre inúmeras outras cestas que o indivíduo pode
obter, caso ele deseje.
C = wL - wT + V
Isso quer dizer que “-w”, ou seja, o salário por hora com sinal negativo, determina a inclinação
da linha orçamentária. O valor é negativo porque a reta vai “descendo”, ou seja, tem inclinação
negativa.
E quanto maior o valor de “w”, mais inclinada será a reta, enquanto um valor baixo de “w”
implicará em uma reta mais “deitada”, ou horizontal.
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Primeiro, vou mostrar a solução para você, e só depois vou mostrar como chegamos a ela e
provar que ela é a melhor solução possível.
E a solução é a seguinte:
Em outras palavras, o trabalhador escolherá a cesta que fica no ponto exato onde curva de
indiferença e linha orçamentária têm a mesma inclinação.
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A primeira observação a ser feita é que acrescentei as horas de trabalho no gráfico, como a
diferença entre as horas totais disponíveis e as horas de lazer.
Por exemplo, se o trabalhador usasse 100 horas para lazer, sobrarão 300 horas para trabalho,
afinal, ele tem 400 horas disponíveis.
Mas eu estou te devendo a prova de que essa será a escolha. E, para fazer isso, vou acrescentar
uma curva de indiferença e algumas cestas ao gráfico. Teremos muita informação, então vamos
por partes:
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O motivo para ele não escolher B é mais simples: se escolhesse B, ele teria menos Lazer e
menos consumo. Veja:
Além disso, essa cesta B não esgota seu orçamento. Portanto, o trabalhador sempre utilizará
todas as suas possibilidades orçamentárias.
Mas por que não escolher C? Repare que C está sobre uma curva de indiferença mais baixa
que a curva de indiferença onde está A. Portanto, necessariamente, a cesta C possui utilidade
menor do que a cesta A.
Isso nos leva à cesta D. Ela está em uma curva de indiferença mais alta do que a cesta A, certo?
Sim, mas ela também está além da linha orçamentária, o que significa que o indivíduo não é
capaz, com seu tempo e renda, de alcançar a cesta D.
Assim, resta provado que a cesta A é a melhor escolha. E, de forma mais geral, a condição de
maximização de utilidade:
Portanto, o trabalhador sempre escolherá a cesta de bens que faz com que a inclinação da
linha orçamentária seja igual à TMS, e por consequência determinará sua oferta de trabalho.
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Agora, vamos ver o que acontece quando há mudanças nas variáveis “renda não trabalho” e
salário.
Quando aumenta a renda não trabalho por um motivo qualquer – como um prêmio de loteria –
temos o deslocamento da linha orçamentária para cima.
Isso indicará que o indivíduo poderá obter mais consumo (mesmo sem trabalhar) e,
consequentemente, alcançar curvas de indiferença mais altas:
Nosso indivíduo teve um aumento de 100 em sua “renda não trabalho”, e isso deslocou a linha
orçamentária para cima (LO1 para LO2).
Consequentemente, ele mudou sua escolha da cesta A para a cesta B. Agora, ele aumentou
seu consumo de 200 para 275, suas horas de lazer de 250 para 300. Mas, não tão
supreendentemente, ele diminuiu sua oferta de trabalho em 50 horas, de 150 para 100.
Mas sempre será assim? Não necessariamente. A depender do formato a da posição das curvas
de indiferença, o indivíduo poderá aumentar sua oferta de trabalho mesmo diante de um
aumento da renda não trabalho:
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Desta vez, tivemos o mesmo aumento na renda não trabalho, mas esse outro indivíduo
escolheu uma cesta B que lhe fornece mais consumo (de 200 para 350), é verdade, mas ele
também diminuiu suas horas de lazer (de 250 para 200) e aumentou sua oferta de trabalho (150
para 200).
Isso de aumentar a renda, mas reduzirmos o consumo de algo, é um tanto contraintuitivo, e por
isso tem até um nome na economia: bens inferiores.
Para o nosso segundo indivíduo, o lazer é um bem inferior, pois a elevação da renda levou a
uma diminuição no “consumo” de lazer. Para o primeiro indivíduo, por outro lado, tanto
consumo quanto lazer eram bens normais, pois o aumento da renda levou ao aumento de
ambos.
Vamos ver o que ocorre quando há um aumento no salário pago por hora trabalhada.
Contudo, caso não trabalhe e consuma apenas com sua renda não trabalho, ele perceberá que
não haverá diferença alguma:
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Uma vez que “w” é a inclinação da linha orçamentária, se mudarmos “w”, mudamos a inclinação
da linha. Faz sentido, não?
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Nesse caso, após o aumento do salário, o indivíduo optou por aumentar seu lazer e,
consequentemente, reduzir o tempo de trabalho.
Mas, será que faz sentido trabalhar menos, sendo que estão pagando mais por isso?
Nesse caso, o indivíduo, diante da mesma elevação salarial, optou por aumentar suas horas de
trabalho.
Na verdade, quando você tem um aumento salarial, duas coisas passam pela sua cabeça:
1. Opa! Vou ganhar mais, então poderei desfrutar de mais bens do que podia antes,
inclusive posso ter mais lazer.
2. Opa! Mas agora, o lazer custa relativamente mais caro... afinal, se eu deixar de trabalhar
para ter lazer, deixarei de ganhar mais dinheiro do que ganhava antes.
O efeito 1 é chamado de efeito renda. Ele é resultado de o indivíduo ficar relativamente mais
rico, ou seja, ampliar suas possibilidades de consumo.
O efeito 2 é chamado de efeito substituição. Ele é resultado de o lazer ficar relativamente mais
caro quando há um aumento no salário.
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Se o efeito renda for mais intenso que o efeito substituição, o indivíduo aproveitará seu
aumento salarial para trabalhar menos, elevando seu consumo de bens e de lazer.
Por outro lado, se o efeito substituição superar o efeito renda, o indivíduo vai preferir
trabalhar mais para aproveitar o aumento, reduzindo seu lazer que ficou relativamente caro.
Isso é importante por si só, mas também será importante quando falarmos sobre a curva de
oferta. E será agora.
E para obter uma curva dessas, precisamos usar tudo que aprendemos até aqui.
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E já temos o que precisamos para começar a construir nossa curva de oferta. Você notará que
omitiremos os valores. Até poderíamos mantê-los, mas eles não são importantes agora.
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Mas agora que está ganhando bem, um novo aumento salarial resultará em um efeito renda
superior ao efeito substituição. Ou seja, o indivíduo irá preferir aproveitar o aumento salarial
para ter mais lazer, em vez de trabalhar mais.
A conclusão é simples: salários muito elevados podem levar as pessoas a ofertarem menos
trabalho. Tecnicamente, o que ocorre é que o efeito substituição é mais forte no começo, com
salários mais baixos, mas acaba por ser superado pelo efeito renda.
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Até aqui, definimos a curva de oferta individual, ou seja, vimos quanto trabalho um indivíduo
oferta no mercado dependendo do salário oferecido.
A curva de oferta de mercado é dada pela soma (horizontal, no gráfico) das curvas de oferta
individuais.
Vejo o gráfico a seguir, com duas curvas de oferta individuais, de trabalhadores com
diferentes preferências e decisões, onde acrescentei valores para facilitar a compreensão:
Para facilitar a compreensão do próximo passo, vamos colocar os valores em uma tabela:
Agora, imagine que o salário pago pelo mercado é de 4 reais/hora. Nesse caso, o trabalhador 1
ofertará 5 horas de trabalho, e o trabalhador 2 ofertará mais 18 horas, totalizando 23 horas de
trabalho.
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Naturalmente, usei apenas dois trabalhadores para simplificar, mas poderiam ser centenas,
milhares ou milhões.
Mais importante: nossa conclusão é que a curva de oferta de mercado é a soma horizontal
das curvas de oferta individuais, ficando à direita delas.
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4 ELASTICIDADES DA OFERTA
Vimos que um aumento no salário pode levar ao aumento (ou diminuição) da oferta de
trabalho. Sendo assim, já sabemos o que pode acontecer.
Portanto, a elasticidade-salário da oferta de trabalho vai nos dizer quanto varia a oferta de
trabalho diante de uma variação do salário.
∆%OT
E=
∆%w
Um exemplo numérico: digamos que um aumento de 10% no salário levou a um aumento de
5% na oferta de trabalho. Teríamos:
5
E= = 0,5
10
Nesse caso, a elasticidade foi de 0,5. O valor da elasticidade nos diz muito a respeito do
comportamento da oferta de trabalho.
• Quanto mais alto o valor da elasticidade, mais sensível a oferta de trabalho é a mudanças
no salário;
• Quanto mais baixo o valor da elasticidade, menos sensível a oferta de trabalho é a
mudanças no salário;
• Valores positivos indicam relação positiva (direta), com aumentos salariais elevando a
oferta de trabalho. Portanto, a curva de oferta é positivamente inclinada no trecho em
que a elasticidade é positiva;
• Valores negativos indicam relação negativa (inversa), com aumentos salariais reduzindo
a oferta de trabalho. Portanto, a curva de oferta é negativamente inclinada no trecho em
que a elasticidade é negativa.
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Começando pelo chamado salário de reserva, que nada mais é do que o menor salário pelo
qual o indivíduo aceitaria trabalhar. Abaixo dele, nada de trabalho, acima dele, haverá trabalho.
Em seguida, e tão objetivamente quanto, definimos renda econômica como o valor que o
trabalhador recebe acima de seu salário de reserva.
Sendo assim, se o salário de reserva de alguém é, digamos, R$100/hora, quando ele recebe
R$125/hora ele estará obtendo R$25/hora de renda econômica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Borjas, George J. Economia do Trabalho – 5ª ed. – Porto Alegre: AMGH, 2012.
Varian, Hal. Microeconomia - Uma Abordagem Moderna (p. 585). GEN Atlas. Edição do Kindle.
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APÊNDICE: DERIVADAS
Em alguns casos, ainda que raros, pode ser útil conhecer uma ferramenta de Cálculo chamada
Diferenciação, um processo utilizado para descobrir funções Derivadas.
Este é um dos raros momentos no curso em que peço que você decore a fórmula, em vez de
entender a ideia por trás dela. Faço isso pois o custo de compreender derivadas seria muito
alto, supondo que você não esteja familiarizado com trigonometria e limites. Precisaríamos de
3 ou 4 aulas apenas para isso, com um ganho bem pequeno.
Por exemplo: a derivada de uma função de oferta de trabalho seria a função de oferta marginal.
A derivada de uma função e utilidade seria uma função de utilidade marginal.
E é claro que vou te mostrar como derivar (mesmo que você não saiba o que está fazendo, por
enquanto):
2) Subtraímos 1 do expoente:
Perceba que sempre derivamos em relação a alguma variável. No nosso exemplo acima,
derivamos em relação ao trabalho, e assim descobrimos quanto varia a produção conforme
variamos a quantidade de trabalho. Mas poderíamos ter derivado em relação a outra variável
da função.
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QUESTÕES COMENTADAS
1. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)
O mercado de trabalho é dotado de dinâmicas próprias e sua compreensão passa pelo
conhecimento de seus atores. Nesse sentido, assinale os atores que ofertam trabalho no
mercado.
a) Empresas
b) Governo
c) Mercado Financeiro
d) Terceiro Setor
e) Trabalhadores
Comentários:
No mercado de trabalho, o trabalho é o “produto”. E quem possui esse produto para ofertar,
em troca de dinheiro (salários), são os trabalhadores.
Gabarito: “e”
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Comentários:
Está correta a letra “b”. As empresas, como demandantes de trabalho, tendem a aumentar os
salários quando há escassez de mão-de-obra qualificada, a fim de atrair trabalhadores
adequados.
Mas vamos explorar, com finalidades didáticas, os erros das demais alternativas:
Como vimos nesta aula, as preferências dos trabalhadores em relação ao lazer e ao consumo
são importantes determinantes da oferta por trabalho. Sobre a demanda, ainda falaremos.
c) a oferta de trabalho é invariável e não é afetada por fatores econômicos externos, como
mudanças nas taxas de desemprego ou nas condições de mercado.
Não é invariável. Ela é influenciada, entre outros fatores, pela quantidade de trabalhadores e
por suas preferências individuais.
d) as pessoas, como ofertantes de trabalho, sempre elevam sua quantidade de trabalho diante
de aumentos salariais.
As pessoas, de fato, são ofertantes de trabalho. Mas também vimos que, a partir de
determinado nível de salário, as pessoas podem reduzir sua oferta de trabalho, optando por
desfrutar mais de seu tempo com lazer.
Errado. As empresas são demandantes de trabalho. Além disso, já vimos nesta aula o papel dos
trabalhadores na dinâmica.
Gabarito: “b”
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Comentários:
A utilidade cardinal é aquela na qual a quantidade importante. Nesse sentido, uma cesta com
utilidade 1000 é mil vezes preferível a uma cesta com utilidade 1.
Como vimos, esse tipo de utilidade é pouco utilizado em Economia, onde adotamos muito
mais a utilidade ordinal (apenas a ordem das preferências importa). Mas conhecer o conceito
ainda é importante.
Gabarito: “e”
Comentários:
Como vimos nesta aula, A inclinação da reta orçamentária é determinada pelo salário (w), com
sinal negativo, ou seja, -w.
Gabarito: “a”
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5. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
A curva de oferta de mão de obra é descendente por causa do produto marginal decrescente.
Comentários:
Ainda falaremos sobre o produto marginal e como ele afeta a demanda por trabalho.
Mas já sabemos que a oferta de trabalho pode ser crescente ou decrescente, conforme
prevalecem os efeitos substituição ou renda, respectivamente.
Portanto, a direção da inclinação da curva de oferta de mão de obra (trabalho) decorre dos
efeitos renda e substituição que, por sua vez, decorrem das preferências do trabalhador em
relação a lazer e consumo.
Gabarito: Errado
6. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
Imigração, mudança nas preferências do trabalhador e mudanças tecnológicas deslocam a
curva de oferta de mão de obra.
Comentários:
Para começar, ela não define se a curva de oferta de mão de obra que ela menciona é a curva
individual ou de mercado.
Sendo assim, a imigração desloca a curva de mercado, mas não desloca a curva do trabalhador
individual.
Mas o que “mata” mesmo a questão é mencionar as mudanças tecnológicas, das quais não
falamos nesta aula por um motivo simples: elas afetam a demanda por trabalho, e não a oferta.
Portanto, elas não deslocam as curvas de oferta, nem individual, nem de mercado.
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Assim, a questão está errada de qualquer forma, e o fato de a banca não ter especificado de
qual curva ela está falando acaba por ser irrelevante.
Gabarito: Errado
Comentários:
Apesar de definir a função utilidade e uma série de outras variáveis, a única coisa relevante para
acertar a questão são as afirmações I, II e III. Vamos a elas:
I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo que a taxa de
salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do consumo, dado que o salário de
mercado é maior que o salário de reserva.
Certo! Se o salário de mercado for maior que o salário de reserva, e a afirmativa está dando
essa informação, então tudo que aprendemos aqui valerá, ou seja, o trabalhador concordará
em trabalhar, de acordo com suas preferências.
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II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero horas de
trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.
Certo! Definimos o salário de reserva como menor salário pelo qual o indivíduo aceitaria
trabalhar. Abaixo dele, nada de trabalho, acima dele, haverá trabalho. Portanto, exatamente no
salário de reserva, há indiferença por parte do trabalhador.
III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente inclinado, desde
que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação compense o efeito-substituição.
Nesse trecho negativamente inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com relação ao
salário é negativa.
Certo! A afirmativa define perfeita os efeitos renda e substituição, e o que provocam em termos
de inclinação da curva de oferta de trabalho.
Ela separa o efeito renda em duas partes: efeito renda dotação e efeito renda ordinário. Essa
divisão não é usual, mas esclareço:
O efeito renda ordinário (ou normal) diz respeito ao aumento da capacidade orçamentária do
indivíduo, enquanto o efeito renda dotação diz respeito à ampliação das possibilidades de
consumo, ou seja, novas combinações que ficam acessíveis.
Gabarito: “e”
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Comentários:
Definição perfeita! Pode marcar esta alternativa como gabarito, mas não deixe de conferir as
próximas para fixar o aprendizado.
Não. Vimos que a limitação da restrição orçamentária do trabalhador é seu tempo e sua renda
(do trabalho ou não), e não se resume à sua renda.
Isso seria uma boa descrição para um conjunto de curvas de indiferença. Elas sim mostram as
preferências do trabalhador.
Gabarito: “a”
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Comentários:
Não necessariamente. Pode até ocorrer de a curva de indiferença tangenciar o ponto médio da
restrição orçamentária, hipótese na qual o trabalhador optará pela mesma quantidade dos
dois. Contudo, a alternativa não traz uma hipótese muito específica, e não uma regra.
b) a cesta de bens que conferir o maior nível de utilidade ao trabalhador e que estiver fora de
seu conjunto orçamentário.
Errado. Seria uma beleza se pudéssemos escolher qualquer cesta fora de nosso conjunto
orçamentário não é mesmo? Lazer e consumo infinitos...
Contudo, cestas localizadas além da restrição não são escolhas possíveis ao trabalhador e,
portanto, não pode ser essa a escolha ótima.
A definição é perfeita. A cesta deve, ao mesmo tempo, estar dentro das possibilidades
orçamentárias do trabalhador, pois isso indica o que ele pode, e situada na curva mais alta, pois
isso indica o melhor que ele pode. Portanto, este é o gabarito.
Errado também. É como se cada curva de indiferença tivesse infinitas combinações entre os
dois bens. Por exemplo, entre as cestas (4;5) e (5;4), teríamos a cesta (4,5;4,5).
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Gabarito: “c”
Comentários:
A curva de oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa quando o efeito renda supera o
efeito substituição.
Em outras palavras, o salário se torna tão alto que o indivíduo prefere desfrutar mais de lazer e
outros bens do que trabalhar mais.
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Errado. O custo de oportunidade de lazer se torna cada vez maior, conforme aumenta o salário,
do início ao fim da curva. Ele é a causa do efeito substituição, e sempre agirá. Contudo, em
determinado momento, esse custo é superado pela utilidade gerada por mais consumo, e é
quando o trabalhador decide oferta menos trabalho diante de aumentos salariais.
Errado. Eles atuam em direções diferentes (exceto no caso de bens inferiores), e o efeito renda
supera o efeito substituição.
Errado. Na verdade, quem se torna um bem inferior é o “trabalho”, pois o indivíduo reduz sua
escolha por trabalho diante de elevações na renda.
Gabarito: “e”
Comentários:
Nada disso. Cada trabalhador possui suas próprias preferências, que podem ou não serem
iguais às preferências de outros trabalhadores.
A mesma conclusão vale para seus salários de reserva, que são individuais. Não há um “salário
de reserva de mercado”, compartilhado por todos os trabalhadores.
Gabarito: Errado
Comentários:
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Não necessariamente. Quando o efeito renda supera o efeito substituição, temos justamente o
contrário: aumentos no salário levam a uma redução no número de horas que cada trabalhador
está disposto a ofertar.
Gabarito: Errado
Comentários:
a) quando a taxa de salário aumenta, o efeito substituição induz a uma quantidade menor de
trabalho
Errado. Quando o salário aumenta, o lazer fica relativamente mais caro, e isso é o efeito
substituição, que eleva a tendência do trabalhador em aumentar o tempo trabalhado e reduzir
o tempo de lazer.
c) a curva de oferta de trabalho é derivada do efeito substituição entre renda e lazer, ao passo
que o efeito renda provoca apenas deslocamentos desta curva
Errado. Os dois efeitos determinam o formato da curva, ou seja, a curva é derivada de ambos.
Deslocamentos da curva serão provocados por outras variáveis, como mudanças nas
preferências do consumidor, no caso da curva individual, ou fatores como imigração, no caso
da curva de mercado.
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d) o caso em que o aumento da taxa de salário leva a uma diminuição da oferta de trabalho não
pode ser representado pela curva de oferta de trabalho
Errado:
e) a curva de oferta de trabalho pode ser negativamente inclinada, caso o efeito renda supere o
efeito substituição
Certo.
Gabarito: “e”
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Comentários:
Perceba que ela apenas leva ao limite a situação que vimos, na qual o indivíduo oferta menos
trabalho conforme aumenta o custo de oportunidade de desfrutar de consumo e lazer.
Aqui, no caso de aposentadoria, o indivíduo tem a opção de receber uma renda não trabalho,
elevando suas possibilidades de consumo mesmo sem trabalhar.
Essa é, essencialmente, a decisão tomada pelo indivíduo quando ele decide se aposentar: se o
nível de consumo que ele obterá com a renda não trabalho resultar em maior utilidade do que
aquela que ele obtém trabalhando, ele se aposentará.
Gabarito: Certo
Comentários:
A questão faz uma afirmação que parece ter base empírica: a oferta de trabalho das mulheres é
mais inelástica, ou seja, menos elástica.
E a resposta é que não tem. Afinal, a afirmativa busca justificar o crescimento da participação
das mulheres na economia informal como um resultado de elas serem insensíveis a mudanças
salariais. Ora, se elas respondem pouco a mudanças salariais, elas vão aumentar pouco sua
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Portanto, espera-se que o lado mais elástico (homens ou mulheres) responda com mais oferta
de trabalho diante de variações salariais.
“De um modo geral, o modelo sugere que a oferta de trabalho de mulheres pode ser mais
sensível às mudanças salariais que a oferta de trabalho dos homens.”
Gabarito: Errado
Comentários:
Essa é uma questão vem avançada, e existe uma forma bem mais elaborada de resolver essa
questão, utilizando cálculo diferencial e o conceito de derivadas, mas prefiro uma abordagem
mais simples e lógica.
Veja que o indivíduo obtém o mesmo nível de utilidade com lazer ou com consumo. Sabemos
disso olhando para sua função de utilidade, que atribui o mesmo valor a R e Hlazer:
U = R*Hlazer
Portanto, como ele tem apenas 24 horas para dividir entre os dois, ele maximizará sua utilidade
dedicando horas iguais a trabalho e a lazer: 12 horas para cada.
Não há nenhuma outra combinação que resulte em maior nível de utilidade, e vou provar com
a tabela abaixo, onde atribuí o valor arbitrário de 10 para o salário, e calculei usando a função
de utilidade U = w*Htrabalho*Hlazer:
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Portanto, a letra “d” é o gabarito, e o mesmo raciocínio pode ser aplicado a qualquer função de
utilidade de atribua iguais valores para ambos os bens.
U = w . HT. HL (1)
Sabemos que a soma das horas de trabalho (HT) com as horas de lazer (HL) deve
ser igual ao total de horas, ou seja, 24 horas:
HT + HL = 24
HL = 24 - HT (2)
U’=24 – 2HT
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0 = 24 – 2HT
2HT = 24
HT = 24/2
HT = 12
Gabarito: “d”
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LISTA DE QUESTÕES
1. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)
O mercado de trabalho é dotado de dinâmicas próprias e sua compreensão passa pelo
conhecimento de seus atores. Nesse sentido, assinale os atores que ofertam trabalho no
mercado.
a) Empresas
b) Governo
c) Mercado Financeiro
d) Terceiro Setor
e) Trabalhadores
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5. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
A curva de oferta de mão de obra é descendente por causa do produto marginal decrescente.
6. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
Imigração, mudança nas preferências do trabalhador e mudanças tecnológicas deslocam a
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GABARITO
1. E 7. E 13. E
2. B 8. A 14. C
3. E 9. C 15. E
4. A 10. E 16. D
5. E 11. E
6. E 12. E
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