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Aula 01 - Profº Celso

Natale (PDF) e Amanda


Aires (Videoaulas)
CNU (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do
Trabalhador) Conhecimentos Específicos
- Eixo Temático 3 - Sociologia e
Autor:
Psicologia Aplicadas ao Trabalho - 2024
Alessandra Lopes, Celso Natale,
(Pós-Edital)
Thayse Duarte Varela Dantas
Cesar

20 de Janeiro de 2024
Alessandra Lopes, Celso Natale, Thayse Duarte Varela Dantas Cesar
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SUMÁRIO
1 O mercado de trabalho ..................................................................................................................... 3

2 Oferta de trabalho .............................................................................................................................. 4

2.1 Cesta de Bens ................................................................................................................................ 5

2.2 Utilidade ......................................................................................................................................... 9

2.3 Curvas de indiferença ................................................................................................................ 13

2.4 Restrição Orçamentária ............................................................................................................. 21

2.5 A decisão de trabalhar e a opção renda x lazer ..................................................................... 26

3 A curva de oferta de trabalho ........................................................................................................ 33

3.1 Curva de oferta de mercado..................................................................................................... 36

4 Elasticidades da oferta .................................................................................................................... 38

5 Salário de reserva e renda econômica ......................................................................................... 39

Referências Bibliográficas ...................................................................................................................... 40

Apêndice: Derivadas .............................................................................................................................. 41

Questões Comentadas........................................................................................................................... 42

Lista de Questões.................................................................................................................................... 58

Gabarito.................................................................................................................................................... 64

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INTRODUÇÃO
Saudações!

Dando prosseguimento ao nosso curso, nesta aula, daremos atenção à oferta de trabalho,
conceitos que estão implícitos nestes itens do edital:

4.4 Atores no mercado de trabalho. 4.6 Agentes econômicos. 4.7 Trabalho e


empresa. (Oferta de trabalho)

Se você nunca estudou economia, alguns raciocínios desta aula podem parecer confusos,
especialmente no começo. Mas não se assuste. Se você travar em algum ponto, apenas
prossiga. Se o travamento for total, vá fazer outra coisa ou estudar outra matéria, e depois volte.
Garanto que as coisas vão ficando mais claras.

Além disso, muito raramente são cobrados conceitos realmente avançados. Acho improvável
que isso aconteça, mas para o caso de acontecer, esse tipo de conteúdo também será coberto
na aula. Afinal, a proposta é ser o material mais completo, suficiente para você passar em
primeiro.

Mas esse nível não é necessário para todos, e se você conseguir um aproveitamento razoável
(não precisa ser perfeito), nesta aula, algo entre 70 e 80% de desempenho nas questões, já está
pronto ou pronta para quase tudo que pode aparecer na prova sobre o tema.

No geral, fiz um grande esforço para tornar conceitos que são aprendidos lá pelo final da
graduação de Economia em algo acessível para alguém que nunca viu nada sobre a matéria.
Mas vai requerer esforço também de sua parte.

Por fim, o histórico de questões sobre o tema é um tanto escasso, então elaborei algumas para
ajudar na sua preparação.

E se tiver dúvidas, já sabe: fale comigo!

Boa aula!

@profcelsonatale

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1 O MERCADO DE TRABALHO
A partir deste ponto da aula, nossa abordagem passará de uma visão conceitual, onde
aprendemos uma série de termos e definições, para uma abordagem mais prática, onde
modelos econômicos ganham a cena e nos ajudam a entender o mercado de trabalho.

Como em qualquer mercado, nossa tarefa começa por entender o comportamento de


“consumidores” e “produtores”.

Começamos fazendo uma definição muito importante. Ao contrário do que ocorre nos
mercados de bens e serviços, no mercado de trabalho:

• Quem oferta trabalho são as pessoas;


• Quem demanda trabalho são as empresas.

Sendo assim, vamos começar entendendo o comportamento da oferta de trabalho no


mercado.

Ou melhor, começaremos entendendo como cada indivíduo toma a decisão de quanto


trabalhar, o que nos coloca no terreno da Microeconomia.

A Economia é dividida em duas grandes áreas: a Microeconomia e a


Macroeconomia.

Enquanto a Microeconomia estuda o comportamento em nível mais


individual, debruçando-se sobre as decisões individuais de pessoas e
empresas em mercados específicos, a Macroeconomia estuda os chamados
agregados, como a produção de um país inteiro (PIB), sua inflação, nível de
emprego, entre outros.

A Economia do Trabalho utiliza as duas áreas, pois estuda o mercado de


trabalho e suas variáveis (oferta/demanda e emprego/desemprego) tanto no
nível do indivíduo quanto no nível agregado.

Sendo assim, nosso primeiro passo para compreender a oferta de trabalho no mercado passa
por compreendermos o que as pessoas levam em consideração na hora de decidir se vão
trabalhar e, principalmente, quanto trabalho irão ofertar individualmente.

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2 OFERTA DE TRABALHO
Iremos analisar a oferta de trabalho utilizando o modelo neoclássico de escolha entre
trabalho e lazer.

MODELOS ECONÔMICOS são simplificações do mundo real. Ajudam-nos a


compreender como ocorrem as interações entre os diversos agentes
econômicos.

Para isso, ignoram deliberadamente alguns fatores que complicariam


excessivamente a compreensão, já que a ideia é justamente facilitar o
entendimento e permitir a tomada de decisões.

De que valeria um mapa da sua cidade em tamanho real? Ou para que serviria
uma maquete de uma casa se ela tivesse o mesmo tamanho da casa?

A simplificação que esse modelo adota é que o indivíduo obtém satisfação de duas formas: por
meio do consumo – que representaremos simplesmente como C – ou por meio do lazer (L).

Isso significa que esse indivíduo pode obter diversas combinações de quantidades de
consumo e de lazer. Faz sentido medirmos as quantidades de consumo em unidades
monetárias (reais) e as quantidades de lazer em horas, né?

Sendo assim, um exemplo de combinação seria um indivíduo obter 500 reais de consumo e 20
horas de lazer. Se isso ocorre em um dia, uma semana ou um mês não importa no momento.
Estamos mais interessados em descobrir qual combinação ele escolherá.

Contudo, precisamos definir um conceito bem importante: as cestas de bens.

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2.1 Cesta de Bens

Uma cesta de bens nada mais é do que determinada variedade e determinada quantidade de
algo que pode satisfazer as necessidades de um indivíduo (isso é o que significa “bem”, em
Economia).

Eu posso, por exemplo, ter uma cesta composta por 3 bananas e 5 laranjas.

Mas a cesta também pode ser de 229 aviões-caça, 21 ovos de galinhas d’angola, 10
mensalidades de Netflix e 15,2 minutos de pilates. Apesar de que a representação matemática
de uma cesta assim seria bastante confusa...

Por isso, para fins de simplificação, os modelos econômicos que veremos utilizam apenas dois
bens.

Naturalmente, aqui em Economia do Trabalho, enquanto estudamos a oferta de trabalho do


indivíduo, vamos nos concentrar nos bens Consumo (C) e Lazer (L).

Uma cesta com dois bens quais é representada por X = (q1, q2), onde:
X: cesta de bens
q1: quantidade do bem 1
q2: quantidade do bem 2

Isso permite representarmos cestas de bens por meio de gráficos bidimensionais, com o eixo
horizontal representando a quantidade do bem 1 e o eixo vertical representando a quantidade
do bem 2.

Com um exemplo fica mais claro, e é o que faremos agora.

2.1.1 Representação gráfica das cestas de bens

Como você sabe, nosso indivíduo obtém satisfação com Consumo e com Lazer.

Inicialmente, não nos preocuparemos com o tempo e o dinheiro disponíveis para esse
indivíduo. Portanto, ao menos nesta parte da aula, suponha que ele dispõe ele não possui
qualquer restrição nesse sentido.

Determinando que Lazer (L) é o bem 1, traçamos o eixo horizontal que demonstrará
quantidades (em horas) que o indivíduo pode dedicar ao lazer, digamos, em um mês:

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Agora, determinamos que o Consumo (C) de bens será o “bem 2”, e traçamos o eixo vertical.

Por fim, vamos às cestas. Diremos:

“cesta A = (100,150)”

Isso quer dizer que a cesta A contém 100 horas de lazer (bem 1) e 150 reais em consumo (bem
2). Podemos, então, posicioná-la no gráfico que desenhamos.

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Aí está! Já temos nossa representação gráfica de uma cesta de bens. Só para fechar o tópico,
vamos definir, também arbitrariamente, mais duas cestas: B=(0,400) e C=(400,350).

Elas servirão ao nosso próximo propósito, que envolve colocá-las no gráfico:

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Pronto! Fácil, né?

Acho que podemos complicar um pouco: vamos começar a precisar utilizar matemática, mas
bem de leve. Afinal, o curso todo foi planejado para aumentar gradativamente o nível de
dificuldade.

Antes, deixa eu explicar uma dúvida que você nem sabe que tem: estou falando da ordem em
que devemos colocar os bens no gráfico. Isso terá implicações importantes na hora de
acertar as questões, então preste bastante atenção.

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EM QUAL EIXO COLOCAR CADA BEM?

Por convenção, colocamos o primeiro bem que for mencionado no eixo


horizontal, e o segundo bem mencionado no eixo vertical.

Portanto, se a questão falar que a cesta é composta por roupa e alimento, você
vai colocar roupa nas abcissas (perdão pelo trocadilho) e alimento nas
ordenadas.

Normalmente, a questão vai falar em “bem x” e “bem y”, ou “bem a” e “bem “b”,
reforçando que a ordem que importa.

Mas se falar apenas “lazer e consumo”, por exemplo, você já sabe o que fazer:
lazer no eixo horizontal, e consumo no vertical.

Agora sim, podemos prosseguir.

2.2 Utilidade

Provavelmente você deve estar pensando que a cesta C, que vimos acima, era melhor que a
cesta A. Afinal, 400 de lazer e 350 de consumo é melhor que 100 e 150. Isso está correto. Mas
não é a história completa. Precisamos falar sobre utilidade.

A utilidade é simplesmente um valor numérico atribuído às cestas de bens. Dessa forma, as


cestas com maior utilidade são preferidas às cestas com menor utilidade.

Simples assim.

Pode-se dizer que a utilidade é uma medida da satisfação trazida ao indivíduo por determinada
cesta de bens. Quanto mais satisfeito ele ficar com a cesta, maior o valor da utilidade atribuída.

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Se há uma “cesta A” e uma “cesta B”, o indivíduo pode preferir “A” a “B”.
Também pode preferir “B” a “A”, ou ser indiferente entre “A” e “B”, ou seja,
“tanto faz ‘A’ ou ‘B’”.
Utilizamos o símbolo ≻ para indicar que uma cesta é preferível à outra. O
símbolo ≻ serve para indicar que uma cesta é ao menos tão preferida quanto a
outra. Por fim, o símbolo ∼ indica que o indivíduo é indiferente entre as cestas.
Por exemplo:
A≻B significa que A é preferível a B.
A≻B significa que A é pelo menos tão boa quanto B.
A∼B significa que A e B são indiferentes.
Além disso, ≻ pode ser chamado de preferência forte, enquanto ≻ é a
preferência fraca. Ok. É assim que representamos as preferências do
indivíduo. Para avançarmos na teoria, precisamos saber quais são suas
premissas.

Suponha, por exemplo, que o indivíduo se depara com 5 cestas, de forma que sabemos, por
suas escolhas, que:

A≻B≻C∼D≻E

Portanto, diversos valores de utilidade poderiam ser atribuídos a cada uma das cestas, desde
que as cestas preferidas recebessem valores maiores, ou seja, desde que a ordem de
preferência do indivíduo fosse refletida na ordem dos valores de utilidade de cada cesta. Nesse
caso, U(A) seria a utilidade atribuída à cesta A, U(B) seria a utilidade atribuída à cesta B, e assim
por diante.

O parágrafo acima pode ser representado da seguinte forma:

A≻B≻C∼D≻E ⇔ U(A)>U(B)>U(C)=U(D)>U(E)

Se o indivíduo ordena sua preferência pelas cestas de determinada forma, então ele atribui
utilidades maiores às cestas preferidas.

Examine no quadro abaixo e conclua quais valores de utilidades seriam válidos para ordenar as
cestas conforme os gostos do indivíduo em questão:

Cesta de Ordem de Utilidade Atribuída


bens preferência U1 U2 U3 U4
A 1ª 4 10.000 100 0
B 2ª 3 312 99 4
C 3ª 2 0,01 98 3
D 4ª 2 0,01 97 3

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E 5ª 1 -5 96 1

U1 e U2 são válidas, pois ordenam corretamente as cestas. U3 não serve, pois atribuiu utilidades
diferentes às cestas C e D, o que é incompatível com a indiferença do indivíduo em relação a
elas. U4 atribuiu um valor menor à cesta A que é, entre todas, a preferida do indivíduo.

É claro que existe uma forma muito melhor de atribuir valores de utilidade do que como fiz
acima: são as funções-utilidade.

2.2.1 Utilidade Ordinal X Utilidade Cardinal

Antes de começarmos, vale fazer uma observação. Vamos nos preocupar apenas com a
ordenação das cestas que a utilidade nos fornece.

Por exemplo, se as cestas A e B possuírem respectivas utilidades de 20 e 1.000, só nos importa


que a utilidade de B é maior e, portanto, “B” será preferida a “A” (B≻A). O tamanho da
diferença não importa.

Será assim pois adotaremos o conceito de utilidade ordinal, ou seja, importará apenas o fato
de uma cesta ser preferível à outra, e não quanto preferida ela é.

A utilidade cardinal, aquela que procura determinar, através dos valores de suas utilidades,
quanto uma cesta é preferida à outra, depara-se com um grande problema: como mensurar
essa satisfação? Como dizer que uma cesta é duas vezes preferida à outra?

Talvez se o indivíduo estiver disposto a pagar duas vezes mais por ela. Mas e se eu estiver
disposto a pagar o dobro e ainda caminhar duas vezes mais para obter a cesta? Ela é quatro
vezes preferida?

De toda forma, mensurar o quanto uma cesta é preferida à outra é bastante trabalhoso e
impreciso, e traz um benefício muito pequeno à teoria, que está muito bem com a utilidade
ordinal, obrigado.

Portanto, adotaremos a utilidade ordinal, como fazem as bancas. O conhecimento do conceito


de utilidade cardinal é mais do que suficiente para resolver uma eventual questão sobre o
assunto.

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2.2.2 Função utilidade

Uma função é uma regra que relaciona elementos. No nosso caso, a função-utilidade irá
determinar de que forma as quantidades de cada bem resultarão na utilidade obtida pelo
indivíduo.

De forma genérica, representamos uma função de utilidade assim:

U = f (C, L)

Lemos a expressão acima deste jeito: a utilidade (U) é determinada em função (f) das
quantidades de consumo (C) e de lazer (L).

E como qualquer função, ela irá fornecer um valor para uma variável dependendo dos valores
que forem atribuídos a outra variável.

Quer ver um exemplo mais prático?

Poderíamos dizer, por exemplo, que a utilidade obtida pelo indivíduo é igual à quantidade
total de lazer e consumo que ele recebe:

U=C+L

Nesse caso, se ele obtivesse 100 unidades de cada, a utilidade seria 200. Simplesmente:

U = 100 + 100 = 200

Achou fácil? Bem, também poderíamos dizer que a utilidade obtida pelo indivíduo é igual à
quantidade consumo elevada ao quadrado somada a três vezes a quantidade de lazer:

U = C² + 3.L

Ou, ainda mais útil e comum, uma função de utilidade possível seria a multiplicação dos termos
C e L:

U = C.L

A função utilidade determinará o formato das curvas de indiferença. Mas, antes de mostrar
como isso acontece, quero te apresentar à curva de indiferença.

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2.3 Curvas de indiferença

Esta é uma curva de indiferença:

Ela serve para representar graficamente as preferências do indivíduo.

Mais precisamente, ela mostra quais cestas, compostas cada uma por diferentes quantidades
de lazer e de consumo, que são indiferentes para o indivíduo.

Veja o gráfico abaixo, onde temos cinco cestas (A, B, C, X e Z) e duas curvas de indiferença (α e
β).

Portanto, as cestas A, B e C são indiferentes entre si para o indivíduo, já que estão sobre a
mesma curva de indiferença. Para ele, tanto faz qualquer uma dessas três cestas, todas o fazem
igualmente “feliz”.

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As cestas X e Z, por sua vez, por estarem na mesma curva de indiferença β, são indiferentes
entre si.

Entretanto, X e B, por exemplo, não são indiferentes para o indivíduo. E se não são indiferentes,
significa que ele irá preferir uma delas em relação à outra.

Agora que sabemos o que elas mostram, vamos ver de onde vem esse formato das curvas de
indiferença. Observe a figura:

A relação entre a variação dos bens [∆C/∆L] determina o que chamamos de taxa de
substituição. É simplesmente de quantas reais em Consumo o indivíduo está disposto a
desistir para obter mais horas de lazer, permanecendo na mesma curva de indiferença, ou seja,
obtendo o mesmo nível de utilidade.

No exemplo a acima, seria "–250/200" = "–5/4". Portanto, são necessárias quatro horas de lazer
para compensar cada cinco reais em consumo, ou simplesmente 200 horas de lazer para
compensar 250 reais de consumo.

Mas tem outra coisa interessante no gráfico:

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Você vê que a taxa de substituição é a inclinação da reta que passa pelas duas cestas em
questão. Note que ainda não usei o termo marginal. A taxa marginal de substituição (TMS) é a
taxa de substituição quando a variação na quantidade de lazer (∆L) é muito pequena.

Nesse caso, as cestas estarão tão próximas uma da outra que a TMS será igual à inclinação da
reta que tangencia (passa “raspando”) a curva de indiferença naquele ponto determinado:

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E isso é muito importante! Guarde essa informação. Ainda resumiremos e revisaremos, mas
guarde!

Guarde também a fórmula da TMS:

-∆C
TMS=
∆L
O valor negativo ocorre porque sempre dividiremos um valor negativo por um valor positivo,
ou vice-versa. Como o valor negativo é “padrão” na TMS, às vezes, é comum omitir o sinal de
menos.

Mas tem algo ainda mais importante e interessante a respeito da TMS.

Bom, você deve concordar que quando variamos a quantidade de Lazer, por exemplo, também
estamos, necessariamente, variando a utilidade que o indivíduo recebe.

Se aumentamos o lazer, aumentamos a utilidade fornecida pelo lazer. Se diminuímos o lazer,


diminuímos a utilidade fornecida pelo lazer.

Essa variação na utilidade que ocorre quando variamos a quantidade de um bem recebe o
nome de utilidade marginal.

Sendo assim, a utilidade marginal do lazer (UMGL) é a quantidade adicional de utilidade que o
indivíduo recebe quando aumentamos a quantidade de lazer. A utilidade marginal do consumo
(UMGC), por sua vez, é a utilidade adicional que o indivíduo recebe quando obtém uma
unidade adicional de consumo.

E a curva de indiferença, como você viu, demonstra determinado nível de utilidade.

Portanto, quando “andamos” sobre a curva de indiferença, da esquerda para a direita, estamos
diminuindo a utilidade obtida pelo consumo e aumentando a utilidade obtida pelo lazer na
mesma medida, ou então não ficaríamos sobre a mesma curva de indiferença, certo?

Portanto, outra igualdade importante é a seguinte:

-∆C UMGL
TMS = =
∆L UMGC

Afinal, se a TMS é igual a 5/4, por exemplo, significa que estou trocando 5 unidades de
consumo por 4 unidades de lazer, e permanecendo sobre a mesma curva de indiferença. Isso
só é possível porque eu perdi 20 unidades de utilidade (-5 unidades de consumo, cada uma
com 4 de utilidade marginal) mas ganhei 20 unidades de utilidade (+4 unidades de lazer, cada
uma com 5 de utilidade marginal).

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Curvas de indiferença “bem-comportadas” (Convexas)

O formato da curva de indiferença que vimos até agora, chamado de convexo, é o mais usual,
e decorre do fato de o indivíduo preferir diversificar, ou seja, preferir equilibrar entre lazer e
consumo, em vez de se especializar em apenas um deles.

O formato convexo decorre da TMS decrescente, ou seja, que diminui conforme vamos da
esquerda para a direita na curva de indiferença. Veja só:

Partindo do Ponto A, quando se tem 350 reais de consumo e apenas 50 horas de lazer (para
consumo mensal, talvez), a escassez relativa do bem 1 (lazer) torna o indivíduo disposto a abrir
mão de uma grande quantidade de consumo (bem 2) e, ainda assim, manter-se na mesma
curva de indiferença.

Para passar de A para B, por exemplo, abre-se mão de 200 unidades de consumo para obter
apenas 100 unidades lazer, mas, ainda assim, o indivíduo fica “na mesma”, ou seja, é indiferente
entre as cestas A = (50,350) e B = (150,150).

Quando o indivíduo tem a cesta C = (300,50) e vai para a cesta B, a coisa inverte: ele tem muito
lazer e consumo, e por isso um pequeno ganho do bem 2 (100 reais de consumo) compensa
uma grande perda do bem 1 (150 horas de lazer).

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Outra forma de extrairmos a preferência pela diversificação de um indivíduo é o fato de que a


média entre quaisquer duas cestas de qualquer curva convexa será preferida às duas cestas.
Veja a cesta D abaixo:

Na cesta D, o indivíduo tem 200 horas de lazer e 200 reais de consumo. Essa combinação é
superior à cesta B em relação aos dois bens. Então D é preferível a B, certo? Sim!

Como A e C são indiferentes à B, podemos concluir que D é preferida a elas também. Isso
ocorre por D ser mais diversificada, ou menos especializada, do que A e C. Mas também nos
leva a outra conclusão: mais é melhor.

Monotonicidade

Quando falamos de bens, e não de males, é razoável supor que o indivíduo prefira mais, e não
menos. Digamos então que A é uma cesta composta por uma quantidade x de Lazer e uma
quantidade x de consumo, então: A=(xL,xC). B é composta por quantidades y desses bens, e
assim: B=(yL,yC).

Então, se A tem pelo menos a mesma quantidade dos dois bens que B, e um bem a mais, então
A≻B. Essa suposição é chamada monotonicidade forte das preferências. Ela garante que as
curvas de indiferença:

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✓ Sejam negativamente inclinadas;


✓ Mais distantes da origem sejam preferíveis (veja gráfico abaixo);
✓ Demonstrem as preferências antes da saciedade, ou seja, enquanto mais ainda for
melhor para o indivíduo;

Se as curvas de indiferença mais distantes da origem são preferíveis às mais próximas (I3≻I2≻I1),
temos outra consequência importantíssima.

As curvas de indiferença não podem se cruzar:

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Vamos ver o absurdo que seriam curvas de indiferença se cruzando, analisando no gráfico
acima:

i. “C” é preferível a “A”, pois tem maiores quantidades, tanto de lazer, quanto de consumo.
ii. Como “B” está na mesma curva que “A”, então “C” tem de ser preferível a “B”.
iii. “B” é preferível a “D”, pois tem maior quantidade dos dois bens.
iv. Como “D” está na mesma curva de indiferença que “C”, logo “B” tem de ser preferível
a “C”. #ERRO#

Dessa forma, C≻B e B≻C é tão impossível quanto 9 ser maior que 10.

O nome dessa propriedade, que garante que as curvas de indiferença não se cruzam, é
transitividade.

Enfim, podemos testar como uma função de utilidade como “U=L.C” produz curvas de
indiferença bem-comportadas.

Nesse caso, podemos partir de uma cesta A=(50,200), para a qual U(A)=50.200=10000.

Notaremos que a cesta B=(100,100) e a cesta C=(200,50) geram exatamente o mesmo nível de
utilidade, afinal:

• 100.100 = 10000
• 200.50 = 10000

Colocando essas três cestas no gráfico, identificaremos sua curva de indiferença:

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Uma cesta preferível seria a X=(100,400), que traria um nível de utilidade de 40.000
(200.200=40000), assim como as cestas Y=(200,200) e Z=(400,100). Naturalmente, as cestas X,
Y e Z devem ficar em uma curva de indiferença mais alta:

Talvez você esteja se perguntando quem vai determinar a função-utilidade? A resposta é: a


banca.

E na “vida real”? A observação empírica, modelos econométricos... Mas vamos nos preocupar
somente com a banca.

2.4 Restrição Orçamentária

Até aqui, temos ignorado um fato muito importante: nenhum indivíduo pode obter
quantidades ilimitadas de consumo e de lazer.

Na vida e em nosso modelo, a quantidade desses bens que o indivíduo pode obter é limitada
por dois fatores: tempo e dinheiro, ou melhor, o que limita as quantidades de lazer e consumo
que uma pessoa pode obter são:

• Tempo
• Renda

Parte da renda de uma pessoa vem de seu trabalho, e depende da quantidade de horas que
ela trabalha. Portanto, ele recebe determinado salário (w) por hora trabalhada (h). Essa é sua
“renda trabalho”, dada por w.h (salário vezes número de horas).

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Outra parte, vem de fontes que não têm relação com o tanto que ela trabalha, como
rendimentos de investimentos, aluguéis de propriedades entre outros. Essa parte é chamada
“renda não trabalho”, representada por “V”.

Em outras palavras, a renda total de um indivíduo é dada pela soma de sua renda trabalho (w.h)
com sua renda não trabalho (V), e essa renda total indica o máximo de consumo (C) que ele
pode obter:

C = wh + V (vamos chamar de equação 1)

O tempo (T) da pessoa, por sua vez, pode ser utilizado em horas de trabalho (h) ou horas de
lazer (L):

T=h+L

Manipulando a equação acima, obtemos:

h=T–L

O que não é nenhuma surpresa, já que as horas trabalhadas são iguais às horas totais menos as
horas de lazer.

Mas fizemos essa manipulação para poder usar “T – L” no lugar de “h” na equação 1, que ficará
assim:

C = w(T -L) + V

Desenvolvendo os cálculos, teremos:

C = wT - wL + V

Essa é a restrição orçamentária, e nos leva a algumas conclusões importantes, além de permitir
traçarmos a reta orçamentária.

Veja, por exemplo, o que acontece se uma pessoa decide dedicar 100% de seu tempo
disponível (T) para o lazer. Isso significa que T será igual a L, e, portanto, teríamos o seguinte:

C = wT - wT + V

C = 0+ V

C=V

O que faz todo sentido: a pessoa não estaria recebendo nenhuma renda do trabalho, já que
está dedicada totalmente ao lazer, mas ainda recebe sua renda não trabalho (V), e essa renda
será todo o seu consumo.

Vamos colocar essa informação no gráfico:

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No outro extremo, temos a situação na qual o indivíduo dedica todo seu tempo disponível ao
trabalho. Naturalmente, nesse caso, ele não obtém nenhum lazer, mas seu consumo é levado
ao nível máximo:

C = wT - wL + V

C = wT – w.0 + V

C = wT – 0 + V

C = wT + V

Ou seja, seu consumo será ao seu salário multiplicado por todo seu tempo disponível (wT)
somada à sua renda não trabalho (V). Colocando essa situação no gráfico, teremos:

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==14b95d==

Vimos dois extremos: de um lado, o indivíduo que só trabalha, e de outro, o indivíduo que
apenas se diverte. No meio dessas duas situações extremas, estão todas as combinações
possíveis que incluem alguma quantidade de trabalho e alguma quantidade de lazer.

Isso significa que ligando os pontos entre A e B, obtemos a reta de restrição orçamentária (ou
linha orçamentária), que mostra todas as cestas possíveis para o indivíduo, todas as diferentes
quantidades de consumo e lazer que ele pode obter, a depender de quanto ele escolha
trabalhar.

Note que, em Economia do Trabalho, o termo “orçamento” é utilizado com um sentido


ligeiramente diferente do uso comum.

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As cestas C e D surgem como exemplos entre inúmeras outras cestas que o indivíduo pode
obter, caso ele deseje.

Antes, só um detalhe: em uma função de primeiro grau, como é a restrição orçamentária, a


variável que multiplica também determina a inclinação do gráfico:

C = wL - wT + V

C = -wT + (wL +V)

Isso quer dizer que “-w”, ou seja, o salário por hora com sinal negativo, determina a inclinação
da linha orçamentária. O valor é negativo porque a reta vai “descendo”, ou seja, tem inclinação
negativa.

E quanto maior o valor de “w”, mais inclinada será a reta, enquanto um valor baixo de “w”
implicará em uma reta mais “deitada”, ou horizontal.

A inclinação da reta orçamentária é determinada pelo salário (w),


com sinal negativo, ou seja, -w.

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Muito bem! Já sabemos algo sobre os desejos do indivíduo (sua utilidade).

Só falta combinar as duas coisas.

2.5 A decisão de trabalhar e a opção renda x lazer

Chegou o momento de descobrir quanto trabalho o indivíduo decidirá ofertar no mercado.

E vou fazer essa explicação de uma forma um pouco diferente do usual.

Primeiro, vou mostrar a solução para você, e só depois vou mostrar como chegamos a ela e
provar que ela é a melhor solução possível.

E a solução é a seguinte:

O trabalhador maximizará sua utilidade escolhendo a cesta de consumo/lazer cuja taxa


marginal de substituição tangencia a linha orçamentária.

Em outras palavras, o trabalhador escolherá a cesta que fica no ponto exato onde curva de
indiferença e linha orçamentária têm a mesma inclinação.

Ele escolherá a cesta A, abaixo:

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A primeira observação a ser feita é que acrescentei as horas de trabalho no gráfico, como a
diferença entre as horas totais disponíveis e as horas de lazer.

Por exemplo, se o trabalhador usasse 100 horas para lazer, sobrarão 300 horas para trabalho,
afinal, ele tem 400 horas disponíveis.

Isso significa que, ao escolher a cesta A, nosso trabalhador estará obtendo:

• 250 horas de lazer;


• 200 reais em consumo; e
• 150 horas de trabalho.

Ou seja, ele ofertará 150 horas de trabalho.

Mas eu estou te devendo a prova de que essa será a escolha. E, para fazer isso, vou acrescentar
uma curva de indiferença e algumas cestas ao gráfico. Teremos muita informação, então vamos
por partes:

Vamos lá! Eu disse que o trabalhador escolherá a cesta A.

E por que não escolher B?

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O motivo para ele não escolher B é mais simples: se escolhesse B, ele teria menos Lazer e
menos consumo. Veja:

• Cesta A: 250 horas de lazer e 200 reais de consumo;


• Cesta B: 200 horas de lazer e 150 reais de consumo.

Além disso, essa cesta B não esgota seu orçamento. Portanto, o trabalhador sempre utilizará
todas as suas possibilidades orçamentárias.

Mas por que não escolher C? Repare que C está sobre uma curva de indiferença mais baixa
que a curva de indiferença onde está A. Portanto, necessariamente, a cesta C possui utilidade
menor do que a cesta A.

Isso nos leva à cesta D. Ela está em uma curva de indiferença mais alta do que a cesta A, certo?
Sim, mas ela também está além da linha orçamentária, o que significa que o indivíduo não é
capaz, com seu tempo e renda, de alcançar a cesta D.

Assim, resta provado que a cesta A é a melhor escolha. E, de forma mais geral, a condição de
maximização de utilidade:

Portanto, o trabalhador sempre escolherá a cesta de bens que faz com que a inclinação da
linha orçamentária seja igual à TMS, e por consequência determinará sua oferta de trabalho.

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Agora, vamos ver o que acontece quando há mudanças nas variáveis “renda não trabalho” e
salário.

2.5.1 Variações na renda não trabalho

Quando aumenta a renda não trabalho por um motivo qualquer – como um prêmio de loteria –
temos o deslocamento da linha orçamentária para cima.

Isso indicará que o indivíduo poderá obter mais consumo (mesmo sem trabalhar) e,
consequentemente, alcançar curvas de indiferença mais altas:

Nosso indivíduo teve um aumento de 100 em sua “renda não trabalho”, e isso deslocou a linha
orçamentária para cima (LO1 para LO2).

Consequentemente, ele mudou sua escolha da cesta A para a cesta B. Agora, ele aumentou
seu consumo de 200 para 275, suas horas de lazer de 250 para 300. Mas, não tão
supreendentemente, ele diminuiu sua oferta de trabalho em 50 horas, de 150 para 100.

Mas sempre será assim? Não necessariamente. A depender do formato a da posição das curvas
de indiferença, o indivíduo poderá aumentar sua oferta de trabalho mesmo diante de um
aumento da renda não trabalho:

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Desta vez, tivemos o mesmo aumento na renda não trabalho, mas esse outro indivíduo
escolheu uma cesta B que lhe fornece mais consumo (de 200 para 350), é verdade, mas ele
também diminuiu suas horas de lazer (de 250 para 200) e aumentou sua oferta de trabalho (150
para 200).

Isso de aumentar a renda, mas reduzirmos o consumo de algo, é um tanto contraintuitivo, e por
isso tem até um nome na economia: bens inferiores.

Para o nosso segundo indivíduo, o lazer é um bem inferior, pois a elevação da renda levou a
uma diminuição no “consumo” de lazer. Para o primeiro indivíduo, por outro lado, tanto
consumo quanto lazer eram bens normais, pois o aumento da renda levou ao aumento de
ambos.

2.5.2 Variações no salário

Vamos ver o que ocorre quando há um aumento no salário pago por hora trabalhada.

Graficamente, haverá um deslocamento para cima do intercepto vertical da linha orçamentária,


ou seja, ela tocará no eixo vertical em um ponto mais alto, indicando que o indivíduo passa a
conseguir maiores níveis de consumo para suas horas trabalhadas.

Contudo, caso não trabalhe e consuma apenas com sua renda não trabalho, ele perceberá que
não haverá diferença alguma:

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Uma vez que “w” é a inclinação da linha orçamentária, se mudarmos “w”, mudamos a inclinação
da linha. Faz sentido, não?

E, quando colocamos as curvas de indiferença e analisamos a escolha do trabalhador, algumas


coisas interessantes aparecem:

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Nesse caso, após o aumento do salário, o indivíduo optou por aumentar seu lazer e,
consequentemente, reduzir o tempo de trabalho.

Mas, será que faz sentido trabalhar menos, sendo que estão pagando mais por isso?

Vejamos que o resultado pode ser outro:

Nesse caso, o indivíduo, diante da mesma elevação salarial, optou por aumentar suas horas de
trabalho.

Mas por que há esses dois resultados possíveis?

Na verdade, quando você tem um aumento salarial, duas coisas passam pela sua cabeça:

1. Opa! Vou ganhar mais, então poderei desfrutar de mais bens do que podia antes,
inclusive posso ter mais lazer.
2. Opa! Mas agora, o lazer custa relativamente mais caro... afinal, se eu deixar de trabalhar
para ter lazer, deixarei de ganhar mais dinheiro do que ganhava antes.

O efeito 1 é chamado de efeito renda. Ele é resultado de o indivíduo ficar relativamente mais
rico, ou seja, ampliar suas possibilidades de consumo.

O efeito 2 é chamado de efeito substituição. Ele é resultado de o lazer ficar relativamente mais
caro quando há um aumento no salário.

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Se o efeito renda for mais intenso que o efeito substituição, o indivíduo aproveitará seu
aumento salarial para trabalhar menos, elevando seu consumo de bens e de lazer.

Por outro lado, se o efeito substituição superar o efeito renda, o indivíduo vai preferir
trabalhar mais para aproveitar o aumento, reduzindo seu lazer que ficou relativamente caro.

Diante de um aumento do salário (w)

efeito renda > efeito substituição


=
- trabalho
+ lazer

efeito substituição > efeito renda


=
+trabalho
- lazer

Isso é importante por si só, mas também será importante quando falarmos sobre a curva de
oferta. E será agora.

3 A CURVA DE OFERTA DE TRABALHO


A curva de oferta de trabalho é representada por um gráfico, no qual as diferentes quantidades
de trabalho ofertada pelo indivíduo dependem dos diferentes níveis salariais.

Ou seja, a curva de oferta relaciona duas variáveis:

1. Horas de trabalho ofertadas


2. Valores de salários

E para obter uma curva dessas, precisamos usar tudo que aprendemos até aqui.

Começaremos com um ponto de escolha ótima do indivíduo, e aumentaremos seu salário:

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O aumento no salário levou a um aumento na oferta de trabalho (horas trabalhadas). Faz


sentido que, no começo, isso ocorra. Afinal, o salário era tão baixo que o indivíduo abriu mão
alegremente de um pouco de lazer para aproveitar o aumento.

E já temos o que precisamos para começar a construir nossa curva de oferta. Você notará que
omitiremos os valores. Até poderíamos mantê-los, mas eles não são importantes agora.

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Mas agora que está ganhando bem, um novo aumento salarial resultará em um efeito renda
superior ao efeito substituição. Ou seja, o indivíduo irá preferir aproveitar o aumento salarial
para ter mais lazer, em vez de trabalhar mais.

A conclusão é simples: salários muito elevados podem levar as pessoas a ofertarem menos
trabalho. Tecnicamente, o que ocorre é que o efeito substituição é mais forte no começo, com
salários mais baixos, mas acaba por ser superado pelo efeito renda.

Podemos marcar esses momentos na curva de oferta de trabalho:

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3.1 Curva de oferta de mercado

Até aqui, definimos a curva de oferta individual, ou seja, vimos quanto trabalho um indivíduo
oferta no mercado dependendo do salário oferecido.

Para chegarmos à curva de oferta de mercado, basta agregarmos as curvas individuais.

A curva de oferta de mercado é dada pela soma (horizontal, no gráfico) das curvas de oferta
individuais.

Vejo o gráfico a seguir, com duas curvas de oferta individuais, de trabalhadores com
diferentes preferências e decisões, onde acrescentei valores para facilitar a compreensão:

Para facilitar a compreensão do próximo passo, vamos colocar os valores em uma tabela:

Salário por hora Oferta do trabalhador 1 Oferta do trabalhador 2


4 5 18
20 50 80
40 10 52

Agora, imagine que o salário pago pelo mercado é de 4 reais/hora. Nesse caso, o trabalhador 1
ofertará 5 horas de trabalho, e o trabalhador 2 ofertará mais 18 horas, totalizando 23 horas de
trabalho.

Podemos aplicar o mesmo raciocínio para os demais salários, e teremos o seguinte:

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Oferta do Oferta do Oferta de trabalho


Salário por hora
trabalhador 1 trabalhador 2 do mercado
4 5 18 23
20 50 80 130
40 10 52 62

Podemos, com isso, obter nossa curva de oferta de mercado.

Naturalmente, usei apenas dois trabalhadores para simplificar, mas poderiam ser centenas,
milhares ou milhões.

Mais importante: nossa conclusão é que a curva de oferta de mercado é a soma horizontal
das curvas de oferta individuais, ficando à direita delas.

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4 ELASTICIDADES DA OFERTA
Vimos que um aumento no salário pode levar ao aumento (ou diminuição) da oferta de
trabalho. Sendo assim, já sabemos o que pode acontecer.

A elasticidade consiste em mensurar quanto.

Portanto, a elasticidade-salário da oferta de trabalho vai nos dizer quanto varia a oferta de
trabalho diante de uma variação do salário.

ELASTICIDADE-SALÁRIO DA OFERTA DE TRABALHO (E)

É uma medida de quanto varia, percentualmente, a oferta de trabalho (OT)


diante de uma variação no salário (w) pago ao trabalhador por hora trabalhada.

Demonstramos a elasticidade simplesmente como:

∆%OT
E=
∆%w
Um exemplo numérico: digamos que um aumento de 10% no salário levou a um aumento de
5% na oferta de trabalho. Teríamos:

5
E= = 0,5
10

Nesse caso, a elasticidade foi de 0,5. O valor da elasticidade nos diz muito a respeito do
comportamento da oferta de trabalho.

• Quanto mais alto o valor da elasticidade, mais sensível a oferta de trabalho é a mudanças
no salário;
• Quanto mais baixo o valor da elasticidade, menos sensível a oferta de trabalho é a
mudanças no salário;
• Valores positivos indicam relação positiva (direta), com aumentos salariais elevando a
oferta de trabalho. Portanto, a curva de oferta é positivamente inclinada no trecho em
que a elasticidade é positiva;
• Valores negativos indicam relação negativa (inversa), com aumentos salariais reduzindo
a oferta de trabalho. Portanto, a curva de oferta é negativamente inclinada no trecho em
que a elasticidade é negativa.

Agora, só falta um assunto para fecharmos essa parte do curso.

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5 SALÁRIO DE RESERVA E RENDA ECONÔMICA


Esse último tópico é bastante simples e conceitual, o que significa que não precisaremos
desenvolver o modelo, mas apenas definir os conceitos.

Começando pelo chamado salário de reserva, que nada mais é do que o menor salário pelo
qual o indivíduo aceitaria trabalhar. Abaixo dele, nada de trabalho, acima dele, haverá trabalho.

Em seguida, e tão objetivamente quanto, definimos renda econômica como o valor que o
trabalhador recebe acima de seu salário de reserva.

Sendo assim, se o salário de reserva de alguém é, digamos, R$100/hora, quando ele recebe
R$125/hora ele estará obtendo R$25/hora de renda econômica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Borjas, George J. Economia do Trabalho – 5ª ed. – Porto Alegre: AMGH, 2012.

Pindyck, Robert; Rubinfeld, Daniel. Microeconomia (p. 63). Edição do Kindle.

Varian, Hal. Microeconomia - Uma Abordagem Moderna (p. 585). GEN Atlas. Edição do Kindle.

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APÊNDICE: DERIVADAS
Em alguns casos, ainda que raros, pode ser útil conhecer uma ferramenta de Cálculo chamada
Diferenciação, um processo utilizado para descobrir funções Derivadas.

Este é um dos raros momentos no curso em que peço que você decore a fórmula, em vez de
entender a ideia por trás dela. Faço isso pois o custo de compreender derivadas seria muito
alto, supondo que você não esteja familiarizado com trigonometria e limites. Precisaríamos de
3 ou 4 aulas apenas para isso, com um ganho bem pequeno.

O que preciso que você saiba é:

A derivada de uma função X qualquer é outra função Y que representa a


inclinação da função X.

Por exemplo: a derivada de uma função de oferta de trabalho seria a função de oferta marginal.
A derivada de uma função e utilidade seria uma função de utilidade marginal.

E é claro que vou te mostrar como derivar (mesmo que você não saiba o que está fazendo, por
enquanto):

Suponha que temos a função de produção q = L3.K

Para obter o produto marginal do trabalho, fazemos o seguinte passo-a-passo:

1) Descemos uma cópia do expoente do trabalho (L), que passa a multiplicar L.


Deste jeito:

2) Subtraímos 1 do expoente:

Pronto, esta é a derivava da função de produção q = L3.K e, portanto, a nossa


função de produto marginal:

Perceba que sempre derivamos em relação a alguma variável. No nosso exemplo acima,
derivamos em relação ao trabalho, e assim descobrimos quanto varia a produção conforme
variamos a quantidade de trabalho. Mas poderíamos ter derivado em relação a outra variável
da função.

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QUESTÕES COMENTADAS
1. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)
O mercado de trabalho é dotado de dinâmicas próprias e sua compreensão passa pelo
conhecimento de seus atores. Nesse sentido, assinale os atores que ofertam trabalho no
mercado.
a) Empresas
b) Governo
c) Mercado Financeiro
d) Terceiro Setor
e) Trabalhadores

Comentários:

No mercado de trabalho, o trabalho é o “produto”. E quem possui esse produto para ofertar,
em troca de dinheiro (salários), são os trabalhadores.

Gabarito: “e”

2. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


Na economia, a compreensão do mercado de trabalho é fundamental para entender como as
forças de oferta e demanda interagem em um contexto único. Neste mercado, os papéis são
distintos: as pessoas são as ofertantes de trabalho, utilizando suas habilidades, experiências e
qualificações como sua "mercadoria", enquanto as empresas atuam como demandantes,
buscando preencher suas necessidades de mão-de-obra. A dinâmica entre esses dois agentes
é crucial para determinar as condições de trabalho, os salários e, em última análise, a saúde do
mercado de trabalho como um todo.
Com base no trecho acima e nos conceitos econômicos pertinentes, qual das alternativas a
seguir melhor descreve a relação entre oferta e demanda no mercado de trabalho?
a) no mercado de trabalho, a oferta e a demanda são influenciadas apenas pelas políticas
governamentais, sem levar em conta as decisões individuais de trabalhadores e empresas.
b) as empresas, como demandantes de trabalho, tendem a aumentar os salários quando há
escassez de mão-de-obra qualificada, a fim de atrair trabalhadores adequados.
c) a oferta de trabalho é invariável e não é afetada por fatores econômicos externos, como
mudanças nas taxas de desemprego ou nas condições de mercado.
d) as pessoas, como ofertantes de trabalho, não têm capacidade de influenciar as condições
de trabalho ou os salários que as empresas estão dispostas a pagar.
e) as empresas, na posição de ofertantes de trabalho, determinam unilateralmente as
condições do mercado, e os trabalhadores, como demandantes, devem se adaptar às
necessidades das empresas.

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Comentários:

Está correta a letra “b”. As empresas, como demandantes de trabalho, tendem a aumentar os
salários quando há escassez de mão-de-obra qualificada, a fim de atrair trabalhadores
adequados.

Mas vamos explorar, com finalidades didáticas, os erros das demais alternativas:

a) no mercado de trabalho, a oferta e a demanda são influenciadas apenas pelas políticas


governamentais, sem levar em conta as decisões individuais de trabalhadores e empresas.

Errado. As políticas governamentais, de fato e como veremos em aula específica, podem


influenciar o mercado de trabalho, por exemplo, ao colocar impostos sobre as contratações
(redução da demanda por trabalho) ou ao dar algum estímulo para os trabalhadores (aumento
da oferta de trabalho). Contudo, naturalmente, é incorreto afirmar que apenas essas políticas
influenciam.

Como vimos nesta aula, as preferências dos trabalhadores em relação ao lazer e ao consumo
são importantes determinantes da oferta por trabalho. Sobre a demanda, ainda falaremos.

c) a oferta de trabalho é invariável e não é afetada por fatores econômicos externos, como
mudanças nas taxas de desemprego ou nas condições de mercado.

Não é invariável. Ela é influenciada, entre outros fatores, pela quantidade de trabalhadores e
por suas preferências individuais.

d) as pessoas, como ofertantes de trabalho, sempre elevam sua quantidade de trabalho diante
de aumentos salariais.

As pessoas, de fato, são ofertantes de trabalho. Mas também vimos que, a partir de
determinado nível de salário, as pessoas podem reduzir sua oferta de trabalho, optando por
desfrutar mais de seu tempo com lazer.

e) as empresas, na posição de ofertantes de trabalho, determinam unilateralmente as condições


do mercado, e os trabalhadores, como demandantes, devem se adaptar às necessidades das
empresas.

Errado. As empresas são demandantes de trabalho. Além disso, já vimos nesta aula o papel dos
trabalhadores na dinâmica.

Gabarito: “b”

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3. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


Quanto à preferência do trabalhador, utilidade cardinal é aquela em que:
a) a utilidade das preferências não pode ser quantificada.
b) não considera a intensidade das preferências.
c) não especifica quão preferíveis são as opções.
d) não permite o ordenamento das alternativas.
e) a utilidade das preferências pode ser quantificada.

Comentários:

A utilidade cardinal é aquela na qual a quantidade importante. Nesse sentido, uma cesta com
utilidade 1000 é mil vezes preferível a uma cesta com utilidade 1.

Como vimos, esse tipo de utilidade é pouco utilizado em Economia, onde adotamos muito
mais a utilidade ordinal (apenas a ordem das preferências importa). Mas conhecer o conceito
ainda é importante.

Gabarito: “e”

4. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


Suponha que um trabalhador possui um salário de 5 reais por hora e uma renda não trabalho
de 2 reais. Nesse caso, a inclinação de sua reta orçamentária será de
a) -5
b) -2
c) 0
d) 5
e) 10

Comentários:

Como vimos nesta aula, A inclinação da reta orçamentária é determinada pelo salário (w), com
sinal negativo, ou seja, -w.

Portanto, a resposta está na letra A.

Gabarito: “a”

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5. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
A curva de oferta de mão de obra é descendente por causa do produto marginal decrescente.

Comentários:

Ainda falaremos sobre o produto marginal e como ele afeta a demanda por trabalho.

Mas já sabemos que a oferta de trabalho pode ser crescente ou decrescente, conforme
prevalecem os efeitos substituição ou renda, respectivamente.

Portanto, a direção da inclinação da curva de oferta de mão de obra (trabalho) decorre dos
efeitos renda e substituição que, por sua vez, decorrem das preferências do trabalhador em
relação a lazer e consumo.

Gabarito: Errado

6. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
Imigração, mudança nas preferências do trabalhador e mudanças tecnológicas deslocam a
curva de oferta de mão de obra.

Comentários:

Essa questão tem muito problemas.

Para começar, ela não define se a curva de oferta de mão de obra que ela menciona é a curva
individual ou de mercado.

Isso é importante porque a imigração, que é em última análise a chegada de novos


trabalhadores, por exemplo, acrescenta novas curvas de oferta de trabalho individuais, e assim
desloca a curva de oferta de mercado.

Sendo assim, a imigração desloca a curva de mercado, mas não desloca a curva do trabalhador
individual.

Já a mudança na preferência de um trabalhador em relação a consumo e lazer desloca sua


curva de oferta individual, pois muda suas escolhas ótimas. E se desloca as curvas individuais,
desloca a curva de mercado, uma vez que ela é o agregado.

Mas o que “mata” mesmo a questão é mencionar as mudanças tecnológicas, das quais não
falamos nesta aula por um motivo simples: elas afetam a demanda por trabalho, e não a oferta.
Portanto, elas não deslocam as curvas de oferta, nem individual, nem de mercado.

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Assim, a questão está errada de qualquer forma, e o fato de a banca não ter especificado de
qual curva ela está falando acaba por ser irrelevante.

Gabarito: Errado

7. (2006/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


Suponha um modelo neoclássico de oferta de trabalho individual em que a utilidade do
indivíduo dependa apenas do consumo (C) e do lazer (L) e que o indivíduo disponha de uma
dotação inicial dos dois bens: C0 e L0. Suponha que L0=24 horas. Suponha também que a
função utilidade seja U (C,L) = C a L 1-a, onde 0 < a < 1, que a restrição orçamentária seja linear
e que o preço do bem de consumo C seja 1 por unidade do bem. Considere as seguintes
afirmações:
I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo que a taxa
de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do consumo, dado que o
salário de mercado é maior que o salário de reserva.
II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero horas de
trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.
III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente inclinado,
desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação compense o efeito-
substituição. Nesse trecho negativamente inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com
relação ao salário é negativa.
A opção correta é:
a) I, II e III estão incorretas.
b) I e II estão corretas e III está incorreta.
c) I está incorreta; II e III estão corretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão corretas.

Comentários:

Apesar de definir a função utilidade e uma série de outras variáveis, a única coisa relevante para
acertar a questão são as afirmações I, II e III. Vamos a elas:

I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo que a taxa de
salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do consumo, dado que o salário de
mercado é maior que o salário de reserva.

Certo! Se o salário de mercado for maior que o salário de reserva, e a afirmativa está dando
essa informação, então tudo que aprendemos aqui valerá, ou seja, o trabalhador concordará
em trabalhar, de acordo com suas preferências.

Sendo assim, o que a afirmativa define é a condição de maximização da utilidade:

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Inclinação da linha orçamentária (salário w) igual à inclinação da curva de indiferença


(UMgL/UMgC).

II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero horas de
trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.

Certo! Definimos o salário de reserva como menor salário pelo qual o indivíduo aceitaria
trabalhar. Abaixo dele, nada de trabalho, acima dele, haverá trabalho. Portanto, exatamente no
salário de reserva, há indiferença por parte do trabalhador.

III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente inclinado, desde
que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação compense o efeito-substituição.
Nesse trecho negativamente inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com relação ao
salário é negativa.

Certo! A afirmativa define perfeita os efeitos renda e substituição, e o que provocam em termos
de inclinação da curva de oferta de trabalho.

Ela separa o efeito renda em duas partes: efeito renda dotação e efeito renda ordinário. Essa
divisão não é usual, mas esclareço:

efeito renda = efeito renda dotação + efeito renda ordinário

O efeito renda ordinário (ou normal) diz respeito ao aumento da capacidade orçamentária do
indivíduo, enquanto o efeito renda dotação diz respeito à ampliação das possibilidades de
consumo, ou seja, novas combinações que ficam acessíveis.

Gabarito: “e”

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8. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


A reta orçamentária do trabalhador pode ser definida da seguinte maneira:
a) “É a representação do conjunto de combinações máximas possíveis de lazer/trabalho e
consumo, dado o tempo disponível do trabalhador, seu salário e sua renda não decorrente do
trabalho. ”
b) “É o montante de renda disponível do trabalhador, em dado período de tempo.”
c) “É o instrumental gráfico que serve para ilustrar as preferências do trabalhador.”
d) “É a representação gráfica que demonstra a utilidade ou satisfação que o lazer e o consumo
representam para o trabalhador.”
e) “É o lugar geométrico de pontos representando diferentes combinações de lazer e
consumo que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade.”

Comentários:

Vamos ver cada uma das alternativas.

a) “É a representação do conjunto de combinações máximas possíveis de lazer/trabalho e


consumo, dado o tempo disponível do trabalhador, seu salário e sua renda não decorrente do
trabalho. ”

Definição perfeita! Pode marcar esta alternativa como gabarito, mas não deixe de conferir as
próximas para fixar o aprendizado.

b) “É o montante de renda disponível do trabalhador, em dado período de tempo.”

Não. Vimos que a limitação da restrição orçamentária do trabalhador é seu tempo e sua renda
(do trabalho ou não), e não se resume à sua renda.

c) “É o instrumental gráfico que serve para ilustrar as preferências do trabalhador.”

Isso seria uma boa descrição para um conjunto de curvas de indiferença. Elas sim mostram as
preferências do trabalhador.

d) “É a representação gráfica que demonstra a utilidade ou satisfação que o lazer e o consumo


representam para o trabalhador.”

e) “É o lugar geométrico de pontos representando diferentes combinações de lazer e consumo


que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade.”

Já essas duas última alternativas descrevem uma curva de indiferença individual.

Gabarito: “a”

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9. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


A teoria econômica do trabalho aborda a decisão de trabalhar com base na opção entre
consumo e lazer, modelando a escolha ótima de um trabalhador face a diferentes cestas
factíveis de bens. Nesse contexto, a escolha ótima do trabalhador deverá ser:
a) a curva de indiferença que se situar no ponto médio da restrição orçamentária.
b) a cesta de bens que conferir o maior nível de utilidade ao trabalhador e que estiver fora de
seu conjunto orçamentário.
c) a cesta de bens, pertencente ao conjunto orçamentário do trabalhador, que se situar na
curva de indiferença mais alta.
d) a curva de indiferença que estiver mais inclinada positivamente.
e) a curva de indiferença que possuir o maior número de cestas indiferentes.

Comentários:

Vamos analisar cada uma das alternativas:

a) a curva de indiferença que se situar no ponto médio da restrição orçamentária.

Não necessariamente. Pode até ocorrer de a curva de indiferença tangenciar o ponto médio da
restrição orçamentária, hipótese na qual o trabalhador optará pela mesma quantidade dos
dois. Contudo, a alternativa não traz uma hipótese muito específica, e não uma regra.

b) a cesta de bens que conferir o maior nível de utilidade ao trabalhador e que estiver fora de
seu conjunto orçamentário.

Errado. Seria uma beleza se pudéssemos escolher qualquer cesta fora de nosso conjunto
orçamentário não é mesmo? Lazer e consumo infinitos...

Contudo, cestas localizadas além da restrição não são escolhas possíveis ao trabalhador e,
portanto, não pode ser essa a escolha ótima.

c) a cesta de bens, pertencente ao conjunto orçamentário do trabalhador, que se situar na curva


de indiferença mais alta.

A definição é perfeita. A cesta deve, ao mesmo tempo, estar dentro das possibilidades
orçamentárias do trabalhador, pois isso indica o que ele pode, e situada na curva mais alta, pois
isso indica o melhor que ele pode. Portanto, este é o gabarito.

d) a curva de indiferença que estiver mais inclinada positivamente.

Errado. Simplesmente sem sentido ou fundamento.

e) a curva de indiferença que possuir o maior número de cestas indiferentes.

Errado também. É como se cada curva de indiferença tivesse infinitas combinações entre os
dois bens. Por exemplo, entre as cestas (4;5) e (5;4), teríamos a cesta (4,5;4,5).

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Esse conceito é chamado de continuidade ou densidade das curvas de indiferença.

Gabarito: “c”

10. (2003/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa porque, quando o salário real fica
suficientemente elevado,
a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.
b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.
c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.
d) o lazer passa a ser um bem "inferior".
e) o efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.

Comentários:

A curva de oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa quando o efeito renda supera o
efeito substituição.

Em outras palavras, o salário se torna tão alto que o indivíduo prefere desfrutar mais de lazer e
outros bens do que trabalhar mais.

Isso torna “e” nosso gabarito, mas vejamos as demais alternativas.

a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.

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Errado. O custo de oportunidade de lazer se torna cada vez maior, conforme aumenta o salário,
do início ao fim da curva. Ele é a causa do efeito substituição, e sempre agirá. Contudo, em
determinado momento, esse custo é superado pela utilidade gerada por mais consumo, e é
quando o trabalhador decide oferta menos trabalho diante de aumentos salariais.

b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.

Errado. Eles atuam em direções diferentes (exceto no caso de bens inferiores), e o efeito renda
supera o efeito substituição.

c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.

Errado. Vimos que é o contrário.

d) o lazer passa a ser um bem "inferior".

Errado. Na verdade, quem se torna um bem inferior é o “trabalho”, pois o indivíduo reduz sua
escolha por trabalho diante de elevações na renda.

Gabarito: “e”

11. (2002/CEBRASPE-CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo)


Com relação à perspectiva neoclássica do mercado de trabalho, julgue o item abaixo.
Os trabalhadores possuem o mesmo salário de reserva (reservation wages), que pode ser
representado pela curva de oferta de mão-de-obra.

Comentários:

Nada disso. Cada trabalhador possui suas próprias preferências, que podem ou não serem
iguais às preferências de outros trabalhadores.

A mesma conclusão vale para seus salários de reserva, que são individuais. Não há um “salário
de reserva de mercado”, compartilhado por todos os trabalhadores.

Gabarito: Errado

12. (2002/CEBRASPE-CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo)


Com relação à perspectiva neoclássica do mercado de trabalho, julgue o item abaixo.
Um aumento de salário sempre induzirá a uma elevação no número de horas que cada
trabalhador estará disposto a ofertar.

Comentários:

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Não necessariamente. Quando o efeito renda supera o efeito substituição, temos justamente o
contrário: aumentos no salário levam a uma redução no número de horas que cada trabalhador
está disposto a ofertar.

Gabarito: Errado

13. (1998/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


Considerando a curva de oferta neoclássica de trabalho derivada da escolha individual entre
renda e lazer, podemos afirmar que
a) quando a taxa de salário aumenta, o efeito substituição induz a uma quantidade menor de
trabalho
b) a curva de oferta de trabalho é sempre positivamente inclinada, mudando apenas a
declividade de acordo com o efeito substituição
c) a curva de oferta de trabalho é derivada do efeito substituição entre renda e lazer, ao passo
que o efeito renda provoca apenas deslocamentos desta curva
d) o caso em que o aumento da taxa de salário leva a uma diminuição da oferta de trabalho
não pode ser representado pela curva de oferta de trabalho
e) a curva de oferta de trabalho pode ser negativamente inclinada, caso o efeito renda supere
o efeito substituição

Comentários:

Vamos analisar cada uma das alternativas.

a) quando a taxa de salário aumenta, o efeito substituição induz a uma quantidade menor de
trabalho

Errado. Quando o salário aumenta, o lazer fica relativamente mais caro, e isso é o efeito
substituição, que eleva a tendência do trabalhador em aumentar o tempo trabalhado e reduzir
o tempo de lazer.

b) a curva de oferta de trabalho é sempre positivamente inclinada, mudando apenas a


declividade de acordo com o efeito substituição

Errado. Nem sempre. Dependerá da interação entre os efeitos renda e substituição. Se o


primeiro superar o segundo, inclusive, teremos a curva de oferta negativamente inclinada.

c) a curva de oferta de trabalho é derivada do efeito substituição entre renda e lazer, ao passo
que o efeito renda provoca apenas deslocamentos desta curva

Errado. Os dois efeitos determinam o formato da curva, ou seja, a curva é derivada de ambos.
Deslocamentos da curva serão provocados por outras variáveis, como mudanças nas
preferências do consumidor, no caso da curva individual, ou fatores como imigração, no caso
da curva de mercado.

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d) o caso em que o aumento da taxa de salário leva a uma diminuição da oferta de trabalho não
pode ser representado pela curva de oferta de trabalho

Errado:

e) a curva de oferta de trabalho pode ser negativamente inclinada, caso o efeito renda supere o
efeito substituição

Certo.

Gabarito: “e”

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14. (2002/CEBRASPE-CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo)


Considerando a perspectiva neoclássica e o arcabouço analítico proposto por Hicks-Marshall,
julgue o item subsequente.
Pode-se caracterizar a idade ótima para aposentadoria em função do custo de oportunidade
decorrente do exercício da atividade profissional.

Comentários:

Essa questão é interessante.

Perceba que ela apenas leva ao limite a situação que vimos, na qual o indivíduo oferta menos
trabalho conforme aumenta o custo de oportunidade de desfrutar de consumo e lazer.

Aqui, no caso de aposentadoria, o indivíduo tem a opção de receber uma renda não trabalho,
elevando suas possibilidades de consumo mesmo sem trabalhar.

Essa é, essencialmente, a decisão tomada pelo indivíduo quando ele decide se aposentar: se o
nível de consumo que ele obterá com a renda não trabalho resultar em maior utilidade do que
aquela que ele obtém trabalhando, ele se aposentará.

Gabarito: Certo

15. (2002/CEBRASPE-CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/Analista Legislativo)


Acerca do crescimento da economia informal, fenômeno comum a países em diferentes
estágios de desenvolvimento, julgue o item a seguir.
O fato de a oferta de trabalho feminino ser mais inelástica, combinado com a maior propensão
das mulheres a prestarem serviços em domicílio — incluindo-se aí a prestação de serviços
domésticos remunerados — e a trabalharem em pequenos negócios, lista-se entre os fatores
explicativos do crescimento significativo da participação das trabalhadoras na economia
informal.

Comentários:

A questão faz uma afirmação que parece ter base empírica: a oferta de trabalho das mulheres é
mais inelástica, ou seja, menos elástica.

Embora certamente existam estudos confirmando e estudos contestando essa afirmação, e


resultados diferentes dependendo do período e do local onde é feito o estudo, o que importa
aqui é analisarmos se a afirmação tem lógica diante do conceito de elasticidade da oferta de
trabalho.

E a resposta é que não tem. Afinal, a afirmativa busca justificar o crescimento da participação
das mulheres na economia informal como um resultado de elas serem insensíveis a mudanças
salariais. Ora, se elas respondem pouco a mudanças salariais, elas vão aumentar pouco sua

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participação no mercado, em comparação com os homens que, supostamente, teriam uma


oferta mais elástica.

Portanto, espera-se que o lado mais elástico (homens ou mulheres) responda com mais oferta
de trabalho diante de variações salariais.

Complementarmente, Borjas afirma que ocorre justamente o contrário do afirmado na questão:

“De um modo geral, o modelo sugere que a oferta de trabalho de mulheres pode ser mais
sensível às mudanças salariais que a oferta de trabalho dos homens.”

Assim, portanto, as mulheres teriam a oferta de trabalho mais elástica.

Gabarito: Errado

16. (2003/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


Suponha que a utilidade de um indivíduo possa ser representada por U = R*Hlazer, onde R é a
renda e Hlazer as horas de lazer. Além disso, sabemos que esse indivíduo divide as horas
totais de seu dia entre horas de trabalho e horas de lazer (Htrabalho + Hlazer = 24) e que sua
renda está determinada pela taxa nominal de remuneração por horas trabalhadas (W) vezes o
número de horas trabalhadas (R = W*Htrabalho). Assim, a curva de oferta de mão-de-obra
desse indivíduo poderá ser expressa por:
a) Htrabalho = 12 - W
b) Htrabalho = 24 - W
c) Htrabalho = 24
d) Htrabalho = 12
e) Htrabalho = 12 + W

Comentários:

Essa é uma questão vem avançada, e existe uma forma bem mais elaborada de resolver essa
questão, utilizando cálculo diferencial e o conceito de derivadas, mas prefiro uma abordagem
mais simples e lógica.

Veja que o indivíduo obtém o mesmo nível de utilidade com lazer ou com consumo. Sabemos
disso olhando para sua função de utilidade, que atribui o mesmo valor a R e Hlazer:

U = R*Hlazer

Portanto, como ele tem apenas 24 horas para dividir entre os dois, ele maximizará sua utilidade
dedicando horas iguais a trabalho e a lazer: 12 horas para cada.

Não há nenhuma outra combinação que resulte em maior nível de utilidade, e vou provar com
a tabela abaixo, onde atribuí o valor arbitrário de 10 para o salário, e calculei usando a função
de utilidade U = w*Htrabalho*Hlazer:

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w Htrabalho Hlazer Utilidade (w*Htrabalho*Hlazer)


10 0 24 0
10 4 20 800
10 8 16 1280
10 12 12 1440
10 16 8 1280
10 20 4 800
10 24 0 0

Portanto, a letra “d” é o gabarito, e o mesmo raciocínio pode ser aplicado a qualquer função de
utilidade de atribua iguais valores para ambos os bens.

Aviso: Se você conhece os conceitos de cálculo diferencial, mostrarei a resolução por


essa abordagem a seguir. Se você não conhece, apenas alerto que ele nunca foi
necessário em questões sobre o assunto que vimos nesta aula. Mas, se assim desejar, há
um apêndice ao final desta aula ensinando o básico sobre derivação.

Estamos diante de uma situação na qual precisamos maximizar o nível de


utilidade, com a limitação de 24 horas.

Para tanto, partimos da função de utilidade:

U = w . HT. HL (1)

Sabemos que a soma das horas de trabalho (HT) com as horas de lazer (HL) deve
ser igual ao total de horas, ou seja, 24 horas:

HT + HL = 24
HL = 24 - HT (2)

Então, substituímos (2) em (1):

U = w . HT. (24 - HT)


U = 24w . HT. – w . HT2

Agora, derivamos em relação às horas de trabalho (a variável que estamos


escolhendo para maximizar a utilidade):

U’=24 – 2HT

Quando a utilidade marginal for igual a zero, a curva de utilidade estará em se


ponto máximo, ou seja, a utilidade será máxima:

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0 = 24 – 2HT

2HT = 24

HT = 24/2

HT = 12

Gabarito: “d”

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LISTA DE QUESTÕES
1. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)
O mercado de trabalho é dotado de dinâmicas próprias e sua compreensão passa pelo
conhecimento de seus atores. Nesse sentido, assinale os atores que ofertam trabalho no
mercado.
a) Empresas
b) Governo
c) Mercado Financeiro
d) Terceiro Setor
e) Trabalhadores

2. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


Na economia, a compreensão do mercado de trabalho é fundamental para entender como as
forças de oferta e demanda interagem em um contexto único. Neste mercado, os papéis são
distintos: as pessoas são as ofertantes de trabalho, utilizando suas habilidades, experiências e
qualificações como sua "mercadoria", enquanto as empresas atuam como demandantes,
buscando preencher suas necessidades de mão-de-obra. A dinâmica entre esses dois agentes
é crucial para determinar as condições de trabalho, os salários e, em última análise, a saúde do
mercado de trabalho como um todo.
Com base no trecho acima e nos conceitos econômicos pertinentes, qual das alternativas a
seguir melhor descreve a relação entre oferta e demanda no mercado de trabalho?
a) no mercado de trabalho, a oferta e a demanda são influenciadas apenas pelas políticas
governamentais, sem levar em conta as decisões individuais de trabalhadores e empresas.
b) as empresas, como demandantes de trabalho, tendem a aumentar os salários quando há
escassez de mão-de-obra qualificada, a fim de atrair trabalhadores adequados.
c) a oferta de trabalho é invariável e não é afetada por fatores econômicos externos, como
mudanças nas taxas de desemprego ou nas condições de mercado.
d) as pessoas, como ofertantes de trabalho, não têm capacidade de influenciar as condições
de trabalho ou os salários que as empresas estão dispostas a pagar.
e) as empresas, na posição de ofertantes de trabalho, determinam unilateralmente as
condições do mercado, e os trabalhadores, como demandantes, devem se adaptar às
necessidades das empresas.

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3. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


Quanto à preferência do trabalhador, utilidade cardinal é aquela em que:
a) a utilidade das preferências não pode ser quantificada.
b) não considera a intensidade das preferências.
c) não especifica quão preferíveis são as opções.
d) não permite o ordenamento das alternativas.
e) a utilidade das preferências pode ser quantificada.

4. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


Suponha que um trabalhador possui um salário de 5 reais por hora e uma renda não trabalho
de 2 reais. Nesse caso, a inclinação de sua reta orçamentária será de
a) -5
b) -2
c) 0
d) 5
e) 10

5. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
A curva de oferta de mão de obra é descendente por causa do produto marginal decrescente.

6. (2010/CEBRASPE-CESPE/MPU/Analista - Economia)
Acerca da relação existente entre o comportamento do mercado de trabalho e o nível de
atividade e da relação existente entre salários, inflação e desemprego, julgue o item a seguir.
Imigração, mudança nas preferências do trabalhador e mudanças tecnológicas deslocam a

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7. (2006/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


Suponha um modelo neoclássico de oferta de trabalho individual em que a utilidade do
indivíduo dependa apenas do consumo (C) e do lazer (L) e que o indivíduo disponha de uma
dotação inicial dos dois bens: C0 e L0. Suponha que L0=24 horas. Suponha também que a
função utilidade seja U (C,L) = C a L 1-a, onde 0 < a < 1, que a restrição orçamentária seja linear
e que o preço do bem de consumo C seja 1 por unidade do bem. Considere as seguintes
afirmações:
I. Os indivíduos irão escolher as horas de trabalho a serem ofertadas de tal modo que a taxa
de salário seja igual à razão das utilidades marginais do lazer e do consumo, dado que o
salário de mercado é maior que o salário de reserva.
II. O salário de reserva é aquele que torna o indivíduo indiferente entre ofertar zero horas de
trabalho ou ofertar horas positivas de trabalho.
III. A curva de oferta de trabalho individual pode ter um trecho negativamente inclinado,
desde que a soma do efeito renda-ordinário e do efeito renda-dotação compense o efeito-
substituição. Nesse trecho negativamente inclinado, a elasticidade da oferta de trabalho com
relação ao salário é negativa.
A opção correta é:
a) I, II e III estão incorretas.
b) I e II estão corretas e III está incorreta.
c) I está incorreta; II e III estão corretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão corretas.

8. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


A reta orçamentária do trabalhador pode ser definida da seguinte maneira:
a) “É a representação do conjunto de combinações máximas possíveis de lazer/trabalho e
consumo, dado o tempo disponível do trabalhador, seu salário e sua renda não decorrente do
trabalho. ”
b) “É o montante de renda disponível do trabalhador, em dado período de tempo.”
c) “É o instrumental gráfico que serve para ilustrar as preferências do trabalhador.”
d) “É a representação gráfica que demonstra a utilidade ou satisfação que o lazer e o consumo
representam para o trabalhador.”
e) “É o lugar geométrico de pontos representando diferentes combinações de lazer e
consumo que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade.”

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9. (INÉDITA/Prof. Celso Natale)


A teoria econômica do trabalho aborda a decisão de trabalhar com base na opção entre
consumo e lazer, modelando a escolha ótima de um trabalhador face a diferentes cestas
factíveis de bens. Nesse contexto, a escolha ótima do trabalhador deverá ser:
a) a curva de indiferença que se situar no ponto médio da restrição orçamentária.
b) a cesta de bens que conferir o maior nível de utilidade ao trabalhador e que estiver fora de
seu conjunto orçamentário.
c) a cesta de bens, pertencente ao conjunto orçamentário do trabalhador, que se situar na
curva de indiferença mais alta.
d) a curva de indiferença que estiver mais inclinada positivamente.
e) a curva de indiferença que possuir o maior número de cestas indiferentes.

10. (2003/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


A oferta de trabalho passa a ter inclinação negativa porque, quando o salário real fica
suficientemente elevado,
a) o custo de oportunidade do lazer passa a ser menor.
b) o efeito substituição e o efeito renda atuam na mesma direção.
c) o efeito substituição se torna maior que o efeito renda.
d) o lazer passa a ser um bem "inferior".
e) o efeito renda se torna maior do que o efeito substituição.

11. (2002/CEBRASPE-CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo)


Com relação à perspectiva neoclássica do mercado de trabalho, julgue o item abaixo.
Os trabalhadores possuem o mesmo salário de reserva (reservation wages), que pode ser
representado pela curva de oferta de mão-de-obra.

12. (2002/CEBRASPE-CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo)


Com relação à perspectiva neoclássica do mercado de trabalho, julgue o item abaixo.
Um aumento de salário sempre induzirá a uma elevação no número de horas que cada
trabalhador estará disposto a ofertar.

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13. (1998/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


Considerando a curva de oferta neoclássica de trabalho derivada da escolha individual entre
renda e lazer, podemos afirmar que
a) quando a taxa de salário aumenta, o efeito substituição induz a uma quantidade menor de
trabalho
b) a curva de oferta de trabalho é sempre positivamente inclinada, mudando apenas a
declividade de acordo com o efeito substituição
c) a curva de oferta de trabalho é derivada do efeito substituição entre renda e lazer, ao passo
que o efeito renda provoca apenas deslocamentos desta curva
d) o caso em que o aumento da taxa de salário leva a uma diminuição da oferta de trabalho
não pode ser representado pela curva de oferta de trabalho
e) a curva de oferta de trabalho pode ser negativamente inclinada, caso o efeito renda supere
o efeito substituição

14. (2002/CEBRASPE-CESPE/SENADO FEDERAL/Consultor Legislativo)


Considerando a perspectiva neoclássica e o arcabouço analítico proposto por Hicks-Marshall,
julgue o item subsequente.
Pode-se caracterizar a idade ótima para aposentadoria em função do custo de oportunidade
decorrente do exercício da atividade profissional.

15. (2002/CEBRASPE-CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/Analista Legislativo)


Acerca do crescimento da economia informal, fenômeno comum a países em diferentes
estágios de desenvolvimento, julgue o item a seguir.
O fato de a oferta de trabalho feminino ser mais inelástica, combinado com a maior propensão
das mulheres a prestarem serviços em domicílio — incluindo-se aí a prestação de serviços
domésticos remunerados — e a trabalharem em pequenos negócios, lista-se entre os fatores
explicativos do crescimento significativo da participação das trabalhadoras na economia
informal.

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16. (2003/ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho)


Suponha que a utilidade de um indivíduo possa ser representada por U = R*Hlazer, onde R é a
renda e Hlazer as horas de lazer. Além disso, sabemos que esse indivíduo divide as horas
totais de seu dia entre horas de trabalho e horas de lazer (Htrabalho + Hlazer = 24) e que sua
renda está determinada pela taxa nominal de remuneração por horas trabalhadas (W) vezes o
número de horas trabalhadas (R = W*Htrabalho). Assim, a curva de oferta de mão-de-obra
desse indivíduo poderá ser expressa por:
a) Htrabalho = 12 - W
b) Htrabalho = 24 - W
c) Htrabalho = 24
d) Htrabalho = 12
e) Htrabalho = 12 + W

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GABARITO
1. E 7. E 13. E
2. B 8. A 14. C
3. E 9. C 15. E
4. A 10. E 16. D
5. E 11. E
6. E 12. E

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