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Apostila

CNU
Concurso Nacional Unificado
Conhecimentos Gerais
Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
Políticas Públicas
Conteúdo Desafios do Estado de Direito:
+ Democracia e Cidadania
Questões Ética e Integridade
Diversidade e Inclusão na Sociedade
Administração Pública Federal
Finanças Públicas

Apostila elaborada conforme


edital 08/2024 Personalizada
versão 01 -17/01/2024 e Humanizada
Personalizada e Humanizada

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34 9897-5262

Apresentação
Fazer parte do serviço público é o objetivo de muitas pessoas.
Nesse sentido, esta apostila reúne os conteúdos cobrado no edital de abertura do concurso.
A Tutoria tem o cuidado de selecionar as informações do conteúdo programático das
disciplinas abordadas. Toda essa disposição de assuntos foi pensada para auxiliar em uma
melhor compreensão e fixação do conteúdo de forma clara e eficaz.
A apostila que você tem em mãos é resultado da experiência e da competência da Tutoria,
que conta com especialistas em cada uma das disciplinas.
Ressaltamos a importância de fazer uma preparação focada e organizada para obter o
desempenho desejado. A apostila da Tutoria será o diferencial para o seu sucesso e na
realização do seu sonho.

Importante
O conteúdo desta apostila tem por objetivo atender às exigências do edital. Assim, recomendamos ampliar seus
conhecimentos em livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios, para sua melhor preparação.
Atualizações legislativas poderão ser encontradas nos sites governamentais.
A presente apostila não está vinculada à instituição pública e à empresa organizadora do concurso público a que
se destina, a sua aquisição não inclui a inscrição do candidato no concurso público e também não garante a sua
aprovação no concurso público.

Proteção de direitos
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução
de qualquer parte deste material didático, sem autorização prévia expressa por escrito pela Tutoria.
Como montar um cronograma
de estudos para concurso
Todo estudante sabe que o sucesso começa bem antes da prova e, sendo assim, é preciso ter um cronogra-
ma de estudos para ajudar a manter o foco, organização e rendimento. Confira as dicas.
Prestar um concurso exige muita dedicação, foco e tempo de estudos. Para conseguir ser bem-sucedido na caminha-
da, é preciso criar um cronograma de estudos para concurso eficaz que se encaixe na sua rotina e nos compromissos
que você tem.
Montar um plano vai te ajudar a se concentrar melhor nos seus afazeres e pode te deixar motivado para cumprir seu
objetivo de passar num concurso público.

Entender a rotina
O primeiro passo para montar um cronograma de estudos para concurso é compreender a sua rotina. É preciso
entender como você gasta as horas dos seus dias, quais atividades tomam mais tempo, quais são indispensáveis e
quando você realiza cada uma. Então, é hora do papel e caneta: anote!
Escreva detalhadamente o que você faz em cada dia da semana:
• Quando acorda;
• Horário de trabalho;
• Seus intervalos;
• Todas as refeições.

Definir horas de estudo


Agora que você já consegue ver sua rotina detalhada, calcule quantas horas você tem de sobra em cada dia.
Vale também calcular o tempo que pode ser retirado de atividades não tão importantes. Por exemplo, 15 minutos da
hora do almoço para estudar, mesmo que pareça pouco tempo, pode ser aproveitado com a técnica correta.
Outra dica é utilizar algum tempo à noite, talvez após o jantar para estudar mais. Mas faça isso apenas se você achar
que é possível! Dormir bem é imprescindível para manter o cérebro aguçado.
Existe uma técnica que consiste em focar 25 minutos seguidos em uma única atividade e tirar um intervalo de 5 a 15
minutos até a próxima tarefa. Se você conseguir deixar isso definido, seu cronograma de estudos para concurso ficará
ainda melhor. No entanto, é necessário lembrar que eventualmente acontecerão imprevistos e seus horários precisa-
rão ser reorganizados.

Definir o que estudar


Você já definiu os horários que terá para estudar, mas o que exatamente você pretende estudar? Para definir isso, é
preciso saber qual concurso você quer prestar. Coloque o nome da seleção como título da planilha.
Existem alguns fatores que precisam ser analisados na hora de priorizar disciplinas:
• Disciplinas que tem maior peso;
• Matérias que você tem mais dificuldade;
• Assuntos que você tem menos conhecimento;
• Recorrência dos temas.
Montar o cronograma de estudos para concurso
Com as disciplinas listadas por nível de prioridade e sabendo quanto tempo terá para estudar, você já pode montar
seu plano diário. Para isso, use um planner ou crie uma planilha no computador. Se o concurso já está marcado,
veja quanto tempo você tem até a data das provas. Novamente: você vai dividir cada disciplina, dessa vez com hora
marcada:
• Começo dos estudos;
• Intervalos;
• Hora de revisar;
• Fechar os cadernos.

Ter comprometimento e regularidade


Independentemente de como foi montado seu cronograma de estudos, é necessário ter comprometimento e regulari-
dade. Estudar todos os dias e intercalar as disciplinas sempre relembrando o que já foi estudado fazem parte de uma
metodologia eficaz. São pontos importantes:
• Não ficar muito tempo sem estudar determinada disciplina;
• Colocar mais tempo às disciplinas que tem mais dificuldade;
• Priorizar também as matérias de maior peso ou que se repetem nas provas;
• Revisar conteúdo de outro dia para não cair no esquecimento.

Conhecer técnicas de estudo


Existem algumas técnicas que você pode adotar no seu cronograma de estudo para aproveitar melhor o seu tempo,
como a criação de resumos e mapas mentais. Na primeira, você anota os pontos importantes que você compreendeu
sobre o assunto. A segunda técnica é quase como um resumo, mas ela é ainda mais simplificada: selecione a ideia
principal/geral e, a partir dela, puxe ramificações para assuntos mais específicos. Você pode também:
• Fazer marcações em textos: isso ajuda nos resumos e mapas mentais, bem como na revisão;
• Intercalar os estudos: num período de quatro horas, você estuda 45 minutos acerca de uma disciplina. Então, faz um
intervalo de 15 minutos e depois estuda mais 45 minutos de outra disciplina;
• Responder questões de provas anteriores e simulados: coloque seus conhecimentos em prática e veja o quanto você
consegue acertar.
Na questão de distribuição de tempo, uma técnica bacana é a de ciclo. Ela funciona da seguinte maneira: vamos
supor que você tenha 20 horas semanais disponíveis para estudar. Distribua este tempo de acordo com a prioridade
das disciplinas e siga seu cronograma normalmente. Caso algum imprevisto aconteça, como precisar ir ao médico, e
isso atrapalhar seu momento de estudo, na próxima oportunidade que tiver para estudar siga de onde você parou.
Não fique fixo ao sistema de escola: hoje é português, amanhã é matemática e toda sexta é Direito Administrativo.
Esse formato pode prejudicar seus estudos, porque se você simplesmente deixar de estudar uma disciplina na sema-
na, na próxima vez ficará atrasado. Já na técnica de ciclo, você pode se recuperar o conteúdo e flexibilizar o cronogra-
ma de estudos para concursos públicos.
Com o tempo, você vai ganhar confiança e internalizará os conteúdos mais rápido. Sendo assim, poderá acrescentar
outras disciplinas complementares ao seu calendário de estudos, bem como fazer outros ajustes possíveis e neces-
sários.

Cuidar com o físico e o psicológico


Estudar para concurso em pouco tempo pode ser um pouco complicado e talvez você até pense em usar seu tempo
de lazer para se focar. Bom, você pode até diminuir esse tempo e utilizar um pouco dele para estudar, mas não redu-
za seus momentos de prazer a zero. Seu corpo e seu cérebro precisam de descanso para conseguir assimilar tudo
que você estudou.
Você também pode assistir a um filme, ver uma série, ligar para um amigo, testar uma receita nova. Qualquer coisa
que te dê prazer e relaxe a mente.
Cronograma de estudos

Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo


Conhecimentos Gerais
Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
CNU - Conhecimentos Gerais - Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

SUMÁRIO

Políticas Públicas
1. Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias ............................................................................................................ 7
2. Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos de decisão; implementação, seus planos, projetos e programas;
monitoramento e avaliação ....................................................................................................................................................... 17
3. Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado .................................................................... 18
4. Federalismo e descentralização de políticas públicas no Brasil: organização e funcionamento dos sistemas de programas
nacionai ..................................................................................................................................................................................... 18

Desafios do Estado de Direito: Democracia e Cidadania


1. Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, representação política e participação cida-
dã ............................................................................................................................................................................................... 23
2. Divisão e coordenação de Poderes da República....................................................................................................................... 23
3. Presidencialismo como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas e especificidades do caso brasileiro .. 24
4. Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de Estado ................................................. 25
5. Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009) ............................................................................ 25
6. Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial, etária e de gênero ................................... 62
7. Desenvolvimento sustentável, meio ambiente e mudança climática ........................................................................................ 63

Ética e Integridade
1. Princípios e valores éticos do serviço público, seus direitos e deveres à luz do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, e do
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994) ........................... 67
2. Governança pública e sistemas de governança (Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017); Gestão de riscos e medidas
mitigatórias na Administração Pública ....................................................................................................................................... 74
3. Integridade pública (Decreto nº 11.529/2023) .......................................................................................................................... 80
4. Transparência e qualidade na gestão pública, cidadania e equidade social .............................................................................. 83
5. Governo eletrônico e seu impacto na sociedade e na Administração Pública; Lei nº 14.129/2021 .......................................... 88
6. Acesso à informação; Lei nº 12.527/2011 ................................................................................................................................. 97
7. Transparência e imparcialidade nos usos da inteligência artificial no âmbito do serviço público ............................................. 104

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SUMÁRIO

Diversidade e Inclusão na Sociedade


1. Diversidade de sexo, gênero e sexualidade; diversidade étnico-racial; diversidade cultural..................................................... 107
2. Desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados: crianças e adolescentes; idosos; LGBTQIA+; pessoas com
deficiências; pessoas em situação de rua, povos indígenas, comunidades quilombolas e demais minorias sociais ................. 110

Administração Pública Federal


1. Princípios constitucionais e normas que regem a administração pública (artigos de 37 a 41 da Constituição Federal de
1988) .......................................................................................................................................................................................... 115
2. Estrutura organizacional da Administração Pública Federal (Decreto Lei nº 200/1967)............................................................ 121
3. Agentes públicos: Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações) ...................................................................... 152

Finanças Públicas
1. Atribuições econômicas do Estado ............................................................................................................................................ 195
2. Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento................................................................................................... 196
3. Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro .................................................. 196
4. Noções de orçamento público: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual
(LOA) .......................................................................................................................................................................................... 197
5. Federalismo fiscal no Brasil; Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) ................................................ 244

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POLÍTICAS PÚBLICAS

INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS E TIPOLOGIAS

Políticas Públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a
participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado
seguimento social, cultural, étnico ou econômico.
Para Seichi1 as Políticas Públicas, analiticamente, ocorrem com o monopólio de atores estatais, segundo esta concepção, o que
determina se uma política é ou não “pública” é a personalidade jurídica do formulador, em outras palavras, é política pública somente
quando emanada de ator estatal.
As Políticas Públicas são formadas para atender as demandas da sociedade nas mais diversas áreas ou seguimentos, a iniciativa
ocorre por parte dos poderes executivo e legislativo. A lei que institui uma política pública pode, se necessário, assegurar a participação
da sociedade na criação, no processo, no acompanhamento e na avaliação da lei, a participação pode ocorrer em forma de conselhos
estabelecidos no âmbito municipal, estadual ou federal.
O quadro a seguir apresenta alguns conceitos de Políticas Públicas dados por estudiosos da área, os conceitos se integram e completam
o significado ainda que em diferentes períodos:

Autor Definição de Políticas Públicas Ano


Campo dentro do estudo da política que analisa o governo
Mead 1995
à luz de grandes questões públicas.
Conjunto específico de ações do governo que irão produzir
Lynn 1980
efeitos específicos
Soma das atividades dos governos, que agem diretamente
Peters ou através de delegação, e que influenciam as vidas dos 1986
cidadãos.
Dye O que o governo escolhe fazer ou não fazer. 1984
Responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por
Laswell 1958
que e que diferença faz.
Fonte: Oliveira (2012).

Assim as Políticas Públicas podem ainda ser consideradas como “outputs”2 como tratado na linguagem dos processos estabelecidos
em uma organização, elas são resultados das atividades políticas.
A política pública difere da decisão política, há uma necessidade de envolver diversas ações estratégicas para se implementar decisões
tomadas e não apenas uma escolha entre outras alternativas, sendo assim, nem todas as decisões políticas podem ser consideradas como
políticas públicas.
A complexidade da sociedade moderna ocorre devido a fatores como: idade, religião, sexo, estado civil, renda, escolaridade, profissão,
ideais, interesses, costumes, e tudo isso causa em algum momento uma série de conflitos.
O gerenciamento desses conflitos pode assegurar a sobrevivência e progresso da sociedade como um todo, e isto é estabelecido por
meio da política. Segundo Seichi3, organizações privadas, organizações não governamentais, organismos multilaterais, redes de políticas
públicas (policy networks), juntamente com atores estatais, são protagonistas no estabelecimento das políticas públicas.

Dica: Política Pública é um conceito que comporta diferentes expressões, existem várias definições esclarecedoras a respeito, que são
importantes para formar uma ideia geral sobre o que seja política e política pública.

1 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. SP: Cengage Learning, 2010.
2 Saídas
3 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. SP: Cengage Learning, 2010.

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POLÍTICAS PÚBLICAS

Convém lembrar que Política Pública é diferente de política, A maneira pela qual a sociedade expressa os interesses e ne-
porque Política é ampla, envolve um conjunto de procedimentos cessidades é através de solicitações aos grupos organizados. Essas
formais e informais que expressam relações de poder e que se des- necessidades são apresentas aos vereadores/deputados/senado-
tinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos, já res, e estes levam os interesses e demandas da sociedade aos pre-
Política Pública possui soluções/ações específicas. feitos/governadores/presidente da República, membros do Poder
Executivo escolhidos para representar a sociedade e atender ao
Os instrumentos que compõem as Políticas Públicas são: bem-estar coletivo.
- Planejamento: os planos são direcionados a estabelecerem Os grupos organizados podem ser chamados de Sociedade Civil
as diretrizes, prioridades e objetivos em geral, ao estabelecerem os Organizada, incluindo também sindicatos, associações, entidades
planos são firmadas metas estratégicas para períodos longos. empresariais, associações patronais e ONGs em geral.
- Execução: os programas são estabelecidos buscando atender Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por uma grande
objetivos gerais com foco em um determinado tema, público, diversidade, ou seja, diferentes valores, cultura, costumes, religião,
conjunto ou área. idade, sexo, profissão, interesses e ainda por inúmeras necessida-
- Monitoramento: o monitoramento é realizado por meio de des com uma quantidade escassa de recursos.
ações que visam alcançar determinados objetivos preestabelecidos A formação de grupos que possuem interesses comuns é um
no programa. caminho muito comum para criar força e se organizar para reivindi-
- Avaliação: as atividades de avaliação são estabelecidas com car direitos e melhorias para a sociedade, é importante que essas
o objetivo de avaliar os resultados ou percursos alcançados a partir ações sejam sempre estabelecidas de acordo com as conformida-
dos objetivos preestabelecidos. des da legislação vigente.
Levando em conta que as necessidades são ilimitadas faz-se
Atores das Políticas Públicas necessário ao formulador de políticas públicas selecionar as prio-
Esse é o nome dado aos grupos que apresentam as ridades de modo que as políticas sejam então respostas que aten-
reivindicações que possivelmente poderão ser convertidas em dam as expectativas e demandas da sociedade voltando o governo
Políticas Públicas, as ações estabelecidas por este grupo levam aos para o atendimento dos interesses públicos da sociedade buscando
dirigentes os interesses da sociedade e promovem uma integração assim atender o bem-estar da sociedade.
dos grupos com o Sistema Político. Os interesses apresentados pelos grupos aos dirigentes do go-
Esses atores são todas as pessoas, grupos ou instituições que, verno podem ser específicos para atender uma parte específica do
direta ou indiretamente participam da formulação e implementação grupo de pessoas, como por exemplo a construção de uma creche,
de uma política. Os envolvidos no processo de discussão, criação ou um sistema de captação de águas, ou mesmo de interesse geral
e execução das Políticas Públicas podem ser classificados como da sociedade, como por exemplo, a necessidade de melhorias na
estatais ou privados: saúde pública ou na questão da segurança.
- Estatais: são os procedentes do Governo ou do Estado, alguns A apresentação das demandas e interesses não significa ne-
foram eleitos pela sociedade por um período determinado (os cessariamente que serão atendidas mas a força, justificativas ou
políticos eleitos) e outros atuarão de forma permanente exercendo o impacto com que as reivindicações chegam aos dirigentes pode
funções públicas no Estado (servidores). Os servidores teoricamente demonstrar a urgência e importância de tal ação para o grupo ou
deveriam atuar de forma neutra, sem agir de acordo com os a sociedade.
interesses pessoais, mas sim contribuindo de modo essencial para
um bom desempenho das ações governamentais. Modelos de Tomada de Decisão em Políticas Públicas
- Privados: são os procedentes da Sociedade Civil, eles não
possuem um vínculo direto com a administração do Estado, esse As decisões são escolhas entre diferentes cursos de ações pos-
grupo é formado por sindicatos de trabalhadores, sindicatos síveis, normalmente uma pessoa faz escolhas diariamente para
patronais, entidades de representação da Sociedade Civil diferentes situações ou circunstâncias e isso também ocorre no
Organizada, a imprensa, os centros de pesquisa, entre outros. contexto organizacional, essas decisões têm inúmeras implicações,
inclusive no alcance de resultados e no consumo de recursos da
Ao longo dos anos as mudanças que ocorreram na sociedade empresa.
como um todo levaram o Estado a ampliar seu papel de atuação O estudo sistemático do processo decisório pode maximizar as
que concentrava-se na segurança pública e defesa externa em caso chances de decisões boas a serem tomadas e minimizar as chances
de ataques inimigos. Essa ampliação foi tomada pela democracia e de serem tomadas decisões que tragam consequências negativas
pelas novas responsabilidades que levaram o Estado a atuar pelo para a organização.
bem-estar da sociedade como um todo. Com a finalidade de descobrir a melhor decisão para determi-
As atividades realizadas pelo Estado no exercício e busca pelo nadas situações, cabe ao indivíduo tomador de decisões construir
bem-estar comum são desenvolvidas nas mais diversas áreas como: o máximo de alternativas possíveis para que então possa escolher
saúde, trabalho, educação, meio ambiente, segurança, etc. o melhor caminho otimizando e possibilitando o crescimento e
Dessa forma, as políticas públicas são ações que buscam atingir desenvolvimento da empresa nesse contexto de competitividade
resultados nessas diversas áreas e consequentemente promover o agressiva.
bem-estar da sociedade, sendo assim, elas podem ser compreen-
didas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas
para a solução (ou não) de problemas da sociedade, que é a soma
das ações, metas e planos que os governos estabelecem buscando
alcançar o bem-estar da sociedade.

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POLÍTICAS PÚBLICAS

12. Qual dos seguintes aspectos é um desafio significativo en- (D) implementação contribui para os esforços de efetivação da
frentado pela descentralização de políticas públicas no Brasil? ação governamental, mediante a verificação da pertinência,
(A) Uniformidade de diretrizes em todo o território nacional. viabilidade e eficácia potencial de um programa.
(B) Cooperação entre Estados e Municípios. (E) avaliação identifica o conjunto de assuntos e problemas
(C) Variação na capacidade administrativa e financeira entre que os gestores públicos e a comunidade política entendem
Municípios e Estados. como mais relevantes em um dado momento.
(D) Implementação de políticas de saúde em nível nacional.

13. No contexto do federalismo brasileiro, quais são as respon- GABARITO


sabilidades primárias dos Municípios?
(A) Defesa nacional e política externa.
(B) Regulação do comércio internacional.
1 A
(C) Educação básica e serviços de saúde de atenção primária.
(D) Gestão de políticas ambientais e recursos naturais. 2 B
3 D
14. Como os sistemas de programas nacionais são organizados
no federalismo descentralizado brasileiro? 4 B
(A) Através da centralização das decisões em um único nível 5 E
de governo.
(B) Mediante a eliminação total da autonomia dos governos 6 D
locais. 7 D
(C) Estabelecendo diretrizes nacionais, mas permitindo adapta-
8 C
ções às necessidades locais.
(D) Por meio da uniformidade estrita de implementação em to- 9 A
dos os estados e municípios. 10 B
15. FGV - 2023 - AL-MA - Técnico de Gestão Administrativa - Ci- 11 B
ências Sociais (Sociólogo) -O estudo das políticas públicas usa mo- 12 C
delos na forma de ciclos de etapas sucessivas, de modo a facilitar
sua análise e identificar uma possível intervenção, como no exem- 13 C
plo proposto a seguir. 14 C
15 A

Nesse modelo, a(s) etapa(s)


(A) identificação do problema e formação da Agenda corres-
pondem aos processos de reconhecimento de uma questão
social como problema público e de sua legitimação na pauta
pública, em determinado momento.
(B) formulação das alternativas consiste na escolha técnico-po-
lítica dos rumos a seguir, decidindo entre as alternativas formu-
ladas de ação efetiva ou não.
(C) tomada de decisão refere-se à capacidade de oferecer uma
solução consistente indicando os encaminhamentos e progra-
mas para o problema social diagnosticado.

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:


DEMOCRACIA E CIDADANIA

meio de iniciativas populares. A Constituição também estimulou a


ESTADO DE DIREITO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: formação de associações civis, organizações não governamentais e
CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA, REPRESENTAÇÃO PO- outros grupos de interesse, reconhecendo o papel vital que essas
LÍTICA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ entidades desempenham na articulação de interesses e na promo-
ção de mudanças sociais.
O Estado de Direito e a Constituição Federal de 1988 no Bra- Desafios e Avanços
sil estão intrinsecamente ligados à consolidação da democracia, à Apesar dos avanços significativos trazidos pela Constituição
representação política e à participação cidadã. A Constituição de Federal de 1988, a consolidação da democracia no Brasil continua
1988, frequentemente chamada de “Constituição Cidadã”, marca a enfrentar desafios. Questões como a corrupção, a desigualdade
um ponto de virada na história política brasileira, estabelecendo as social, e a efetiva implementação de políticas públicas permanecem
bases para um Estado democrático de direito e enfatizando os direi- como obstáculos significativos. No entanto, a Constituição forneceu
tos e garantias fundamentais. uma estrutura robusta para o enfrentamento desses desafios, es-
tabelecendo um sistema legal e institucional capaz de promover
Consolidação da Democracia reformas e garantir a justiça social.
A Constituição de 1988 foi promulgada após um longo período A Constituição Federal de 1988 foi um marco decisivo na his-
de regime militar autoritário, representando um forte movimento tória do Brasil, estabelecendo as fundações de um Estado de Di-
de redemocratização. Ela estabeleceu um sistema de governo de- reito democrático. Ela consolidou a democracia, reforçou a repre-
mocrático, baseado na separação de poderes - Executivo, Legisla- sentação política e ampliou a participação cidadã, tornando-se um
tivo e Judiciário - e no respeito aos direitos humanos e liberdades símbolo de uma nova era na política brasileira. Embora desafios
fundamentais. A Constituição também reforçou as instituições de- permaneçam, a Constituição de 1988 continua a ser um guia para
mocráticas, estabelecendo regras claras para eleições livres e justas, o desenvolvimento democrático e a justiça social no Brasil, ofere-
o funcionamento dos partidos políticos e a alternância de poder. cendo um caminho para um futuro mais inclusivo e representativo.
Esses elementos são essenciais para a consolidação da democracia, Através dela, os cidadãos têm não apenas direitos, mas também
pois garantem que o governo reflita a vontade do povo e que haja canais para participar ativamente na construção de uma sociedade
mecanismos para a accountability e a transparência. mais justa e igualitária. A experiência brasileira destaca a importân-
cia de uma constituição democrática não apenas como um docu-
Representação Política mento legal, mas como um compromisso vivo com os valores da
A representação política é um pilar central da democracia, e democracia, da justiça e da participação cidadã.
a Constituição Federal de 1988 abordou essa questão com grande
ênfase. Ela estabeleceu um sistema político representativo, no qual
os cidadãos elegem seus representantes para atuar em seu nome DIVISÃO E COORDENAÇÃO DE PODERES DA REPÚBLICA
nos níveis federal, estadual e municipal. A Constituição também
procurou garantir uma representação mais equitativa e plural, re-
conhecendo a diversidade da sociedade brasileira e incentivando a A divisão e coordenação de poderes da República são conceitos
participação de grupos historicamente marginalizados. Este aspecto fundamentais em qualquer democracia moderna, incluindo a Repú-
é crucial, pois a representação política efetiva é fundamental para blica Federativa do Brasil. Estes princípios estão arraigados na ideia
que todos os segmentos da sociedade tenham suas vozes ouvidas e de que para haver um governo eficiente e justo, é necessário dividir
seus interesses atendidos. Além disso, a representação política sob as funções estatais entre diferentes órgãos, garantindo, ao mesmo
a égide da Constituição de 1988 visa assegurar que os processos de tempo, a sua coordenação e equilíbrio.
tomada de decisão sejam responsivos e responsáveis, fortalecendo
assim os princípios democráticos. A Divisão de Poderes
O conceito de divisão de poderes foi popularizado por Montes-
Participação Cidadã quieu no século XVIII. Ele propôs que o poder do Estado deveria ser
A Constituição de 1988 também colocou um foco especial na dividido em três ramos independentes: o Legislativo, o Executivo e
participação cidadã como um meio de fortalecer a democracia. Ela o Judiciário. Essa divisão tem como objetivo evitar a concentração
reconheceu que a democracia vai além do simples ato de votar, en- de poder nas mãos de uma única entidade ou grupo, o que poderia
globando a participação ativa dos cidadãos na vida política e nas levar à tirania. Cada um desses poderes tem funções específicas e
decisões que afetam suas vidas. Isso se manifesta de várias formas, distintas:
incluindo a participação direta em plebiscitos e referendos, o enga-
jamento em audiências públicas e o direito de propor legislação por

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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: DEMOCRACIA E CIDADANIA

8. No processo de reparação de direitos humanos após um regi- dicação da pobreza.


me autoritário, qual das seguintes medidas é geralmente adotada?
(A) Indenização financeira e exoneração dos perpetradores de 14. Por que a gestão responsável de resíduos e a redução do
violações de direitos humanos. uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para prote-
(B) Responsabilização dos perpetradores e compensação para ger o meio ambiente?
as vítimas. (A) Para promover a conveniência no descarte de resíduos.
(C) Promoção exclusiva de compensações financeiras, sem in- (B) Para combater a poluição e proteger ecossistemas aquáti-
vestigação das violações. cos e terrestres.
(D) Anistia geral para todos os envolvidos em abusos, sem qual- (C) Para aumentar a produção de plásticos descartáveis.
quer forma de compensação às vítimas. (D) Para aumentar a demanda por recursos naturais.

9. Qual é um dos principais desafios no processo de lidar com o 15. O que causa a mudança climática e quais são algumas das
legado da violência de Estado em regimes autoritários? medidas mencionadas no texto para enfrentá-la?
(A) Reconstruir a confiança nas instituições e lidar com o trau- (A) A mudança climática é causada pelo aumento da produção
ma coletivo e divisões sociais. agrícola, e a principal medida é a urbanização.
(B) Eliminar completamente todas as formas de governo auto- (B) A mudança climática é causada pela expansão da indústria
ritário futuras. de alimentos, e a principal medida é o desmatamento.
(C) Estabelecer um novo regime autoritário que seja mais be- (C) A mudança climática é causada pela emissão excessiva de
nevolente. gases de efeito estufa, e medidas incluem a transição para fon-
(D) Ignorar completamente o passado para evitar conflitos na tes de energia limpa e a conservação de florestas.
sociedade. (D) A mudança climática é causada pela pesca excessiva, e me-
didas incluem a redução do consumo de frutos do mar.
10. Qual das seguintes é uma abordagem eficaz para combater
as desigualdades regionais, conforme mencionado no texto?
(A) Redução do investimento em infraestrutura em áreas ur- GABARITO
banas.
(B) Incentivos para negócios que promovam o desenvolvimen-
to local. 1 B
(C) Centralização de serviços públicos em grandes cidades. 2 C
(D) Ignorar as disparidades de desenvolvimento entre áreas ru-
rais e urbanas. 3 B
4 B
11. De acordo com o texto, qual é um dos principais meios para
5 A
combater a discriminação racial?
(A) Aumento de barreiras comerciais entre países. 6 C
(B) Redução de investimentos em educação multicultural. 7 B
(C) Implementação de legislação anti-discriminatória e políticas
de ação afirmativa. 8 B
(D) Promoção de políticas de isolamento cultural. 9 A
12. No contexto da luta contra a discriminação de gênero, qual
10 B
a importância da educação, conforme discutido no texto?
(A) A educação é irrelevante para a questão da igualdade de 11 C
gênero. 12 B
(B) Educação sobre igualdade de gênero desde cedo pode mol-
dar uma geração mais justa e igualitária. 13 C
(C) Educação formal deve ser evitada para promover a igualda- 14 B
de de gênero.
(D) Educação em igualdade de gênero deve ser restrita ao en- 15 C
sino superior.

13. O que significa o conceito de desenvolvimento sustentável


e quais são seus três pilares fundamentais?
(A) Desenvolvimento sustentável refere-se apenas à preserva-
ção ambiental.
(B) Desenvolvimento sustentável é um termo usado exclusiva-
mente no contexto econômico.
(C) Desenvolvimento sustentável busca equilibrar os pilares
econômico, social e ambiental.
(D) Desenvolvimento sustentável concentra-se apenas na erra-

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CNU - Conhecimentos Gerais - Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

ÉTICA E INTEGRIDADE

gados a deveres, como o cumprimento das obrigações funcionais, a


PRINCÍPIOS E VALORES ÉTICOS DO SERVIÇO PÚBLICO, atuação de acordo com os princípios éticos e a observância das leis
SEUS DIREITOS E DEVERES À LUZ DO ARTIGO 37 DA CONS- e regulamentos.
TITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E DO CÓDIGO DE ÉTICA PRO- A Constituição Federal também estabelece que o servidor pú-
FISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXE- blico deve dedicar-se integralmente ao serviço, não se envolver em
CUTIVO FEDERAL (DECRETO Nº 1.171/1994) atividades político-partidárias e atuar com zelo e probidade.
Os princípios e valores éticos do serviço público, conforme deli-
neados pelo Artigo 37 da Constituição Federal de 1988, constituem
O serviço público desempenha um papel crucial na sociedade, a base para a construção de uma administração pública transpa-
proporcionando serviços essenciais, aplicando a lei e promovendo rente, eficiente e responsável. O cumprimento desses princípios e
o bem-estar geral. Para garantir que o serviço público seja eficiente, valores é essencial para garantir que o serviço público atenda aos
transparente e justo, a Constituição Federal de 1988, no Artigo 37, interesses da sociedade, promovendo o bem-estar e o desenvolvi-
estabelece princípios e valores éticos que devem orientar a atuação mento do país. É responsabilidade de todos os agentes públicos, em
dos agentes públicos. Este texto explorará os princípios, valores, di- todas as esferas de governo, agir de acordo com esses princípios e
reitos e deveres no contexto do serviço público brasileiro, conforme valores, contribuindo para uma gestão pública ética e eficaz.
estabelecido pelo Artigo 37 da Constituição.
Direitos e Deveres dos Servidores Públicos1
Princípios do Serviço Público Os direitos do servidor público estão consagrados, em grande
O Artigo 37 da Constituição Federal de 1988 estabelece diver- parte, na Constituição Federal (arts. 37 a 41); não há impedimento,
sos princípios fundamentais que devem nortear a atuação dos ser- contudo, para que outros direitos sejam outorgados pelas Consti-
vidores públicos. Alguns desses princípios incluem: tuições Estaduais ou mesmo nas leis ordinárias dos Estados e Mu-
• Legalidade: Os agentes públicos devem atuar de acordo com nicípios.
a lei, respeitando os limites e competências definidos por ela. Os direitos e deveres do servidor público estatutário constam
• Impessoalidade: A atuação do servidor público deve ser neu- do Estatuto do Servidor que cada unidade da Federação tem com-
tra, sem discriminação ou favorecimento pessoal. petência para estabelecer, ou da CLT, se o regime celetista for o es-
• Moralidade: A administração pública deve pautar-se pela éti- colhido para reger as relações de emprego. Em qualquer hipótese,
ca e probidade, buscando o bem comum. deverão ser observadas as normas da Constituição Federal.
• Publicidade: Os atos da administração pública devem ser Os estatutos promulgados antes da atual Constituição consig-
transparentes, de forma a permitir o controle social. nam os direitos e deveres do funcionário. A Lei nº 8.112/90, tam-
• Eficiência: O serviço público deve ser prestado com qualidade bém estabelece em seus artigos os direitos e deveres dos servido-
e de forma eficiente, visando ao melhor atendimento das necessi- res públicos.
dades da sociedade. Dentre os direitos, incluem-se os concernentes a férias, licen-
ças, vencimento ou remuneração e demais vantagens pecuniárias,
Valores Éticos no Serviço Público assistência, direito de petição, disponibilidade e aposentadoria, al-
Além dos princípios, o serviço público também é regido por va- guns deles já analisados no item concernente às normas constitu-
lores éticos fundamentais. Entre esses valores estão: cionais.
• Integridade: A honestidade e a retidão moral são valores es- Com relação à retribuição pecuniária (direito ao estipêndio), já
senciais para a atuação no serviço público. foi visto que a Emenda Constitucional nº 19/98 introduziu, ao lado
• Respeito: O respeito pelos direitos e dignidade das pessoas é do regime de remuneração ou vencimento, o sistema de subsídio.
fundamental para a construção de uma sociedade justa. Para estes, o estipêndio compõe-se de uma parcela única, vedado
• Responsabilidade: A responsabilidade na gestão dos recur- acréscimo de vantagens outras de qualquer espécie. Para os servi-
sos públicos e no cumprimento das atribuições é crucial. dores em regime de remuneração, continuam a existir as vantagens
• Accountability: A prestação de contas é um valor que assegu- pecuniárias acrescidas ao padrão fixado em lei.
ra a transparência e a responsabilização dos agentes públicos. A legislação ordinária emprega, com sentidos precisos, os vo-
cábulos vencimento e remuneração, usados indiferentemente na
Direitos e Deveres dos Servidores Públicos Constituição. Na lei federal, vencimento é a retribuição pecuniária
Os servidores públicos têm direitos garantidos pela Constitui- pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao padrão fixado
ção, como a estabilidade no emprego, remuneração digna e acesso em lei (art. 40 da Lei nº 8.112/90) e remuneração é o vencimento e
à capacitação. No entanto, esses direitos estão intrinsecamente li- mais as vantagens pecuniárias atribuídas em lei (art. 41). Provento
1 [ Pietro, Maria Sylvia Zanella D. Direito Administrativo. (36th edição).
Grupo GEN, 2023.]
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CNU - Conhecimentos Gerais - Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

ÉTICA E INTEGRIDADE

é a retribuição pecuniária a que faz jus o aposentado. E pensão é o Os vencimentos do servidor público (empregada a palavra em
benefício pago aos dependentes do servidor falecido. O vencimen- sentido amplo, para abranger também as vantagens pecuniárias)
to, o subsídio e a remuneração (inclusive as vantagens pecuniárias têm caráter alimentar e, por isso mesmo, não podem ser objeto
de qualquer espécie), os proventos e a pensão são definidos em lei de penhora, arresto ou sequestro, consoante artigos 649, IV, 821 e
(arts. 37, X, 40, §3º, 61, §1º, a e d, da Constituição). 823 do CPC. Pelo artigo 833, IV, do novo CPC, são impenhoráveis os
Com relação às vantagens pecuniárias, Hely Lopes Meirelles, vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,
faz uma classificação que já se tornou clássica; para ele, “vantagens os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os mon-
pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas tepios. Pela mesma razão, o artigo 100 da Constituição e o artigo 33
a título definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de ser- de suas disposições transitórias, ao excluírem os créditos de natu-
viço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais reza alimentar do processo especial de execução contra a Fazenda
(ex facto officii), ou em razão das condições anormais em que se Pública, sempre foram interpretados de modo a incluir, na ressalva,
realiza o serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de os vencimentos devidos aos servidores públicos. Esse entendimen-
condições pessoais do servidor (propter personam). As duas primei- to foi adotado, no Estado de São Paulo, pelo Decreto nº 29.463,
ras espécies constituem os adicionais (adicionais de vencimento e de 19-12-88, e pelo artigo 57, §3º, de sua Constituição. Agora, a
adicionais de função), as duas últimas formam a categoria das grati- matéria constitui objeto de preceito constitucional contido no ar-
ficações de serviço e gratificações pessoais”. A Lei nº 8.112/90, em tigo 100, §1º-A, da Constituição, com a redação dada pela Emenda
seu artigo 49, prevê as vantagens que podem ser pagas ao servidor, Constitucional nº 30/00; ficou expresso que “os débitos de natureza
incluindo, além dos adicionais e gratificações, também as indeniza- alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, venci-
ções, que compreendem a ajuda de custo, as diárias, o transporte e mentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
o auxílio-moradia (definidos nos artigos subsequentes). previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na
São exemplos de adicionais por tempo de serviço os acréscimos responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julga-
devidos por quinquênio e a sexta parte dos vencimentos, previstos do”.
na Constituição paulista (art. 129). Eles aderem ao vencimento e Ainda com relação aos direitos dos funcionários, é importan-
incluem-se nos cálculos dos proventos de aposentadoria. te lembrar que muitos deles correspondem a benefícios previstos
Os adicionais de função são pagos em decorrência da natureza para os integrantes da Previdência Social ou, mais amplamente, da
especial da função ou do regime especial de trabalho, como as van- Seguridade Social (que abrange previdência, saúde e assistência).
tagens de nível universitário e o adicional de dedicação exclusiva. Com efeito, em relação aos servidores, o Poder Público pode
Em regra, também se incorporam aos vencimentos e aos proventos determinar a sua inclusão na previdência social (ressalvados aque-
desde que atendidas as condições legais. les direitos, como aposentadoria e disponibilidade, que constituem
A gratificação de serviço é retribuição paga em decorrência das encargos que a Constituição atribui ao Estado) ou assumi-los como
condições anormais em que o serviço é prestado. Como exemplo, encargos próprios. A primeira opção normalmente é utilizada para
podem ser citadas as gratificações de representação, de insalubri- os servidores contratados pela legislação trabalhista e, a segunda,
dade, de risco de vida e saúde. para os estatutários.
As gratificações pessoais correspondem a acréscimos devidos Assim, examinando-se os Estatutos funcionais, normalmente,
em razão de situações individuais do servidor, como o salário-espo- encontram-se vantagens, como a licença para tratamento de saúde,
sa e o salário-família. licença-gestante, licença ao funcionário acidentado ou acometido
Embora a classificação citada seja útil, até para fins didáticos, de doença profissional e auxílio-funeral, entre outras. Na esfera fe-
o critério distintivo – incorporação dos adicionais aos vencimentos deral, com a Lei nº 8.112/90, essas vantagens passaram a ter cará-
e não incorporação das gratificações – nem sempre é o que decor- ter previdenciário (art. 185).
re da lei; esta é que define as condições em que cada vantagem
é devida e calculada e estabelece as hipóteses de incorporação. Em regra, os mesmos direitos dos trabalhadores da esfera pri-
É frequente a lei determinar que uma gratificação (por exemplo, vada se aplicam aos servidores públicos, como:
a de risco de vida e saúde) se incorpore aos vencimentos depois
de determinado período de tempo. É evidente, contudo, que, no – Garantia de salário nunca inferior ao mínimo, incluindo aque-
silêncio da lei, tem-se que entender que a gratificação de serviço les que recebem remuneração variável;
somente é devida enquanto perdurarem as condições especiais de – Décimo terceiro salário;
sua execução, não havendo infringência ao princípio constitucional – Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno;
da irredutibilidade de vencimento na retirada da vantagem quando – Remuneração das horas extras em no mínimo 50% a mais da
o servidor deixa de desempenhar a função que lhe conferiu o acrés- hora normal;
cimo. As gratificações que não se incorporam não são incluídas nos – Salário família para os dependentes;
vencimentos para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria e – Jornada de trabalho não superior a 8 horas diária e 44 sema-
de pensão dos dependentes. nais + repouso semanal remunerado;
O princípio da irredutibilidade de vencimentos diz respeito – Férias anuais remunerada com, pelo menos, um terço a mais
ao padrão de cada cargo, emprego ou função e às vantagens pe- do que o salário normal;
cuniárias já incorporadas; não abrange as vantagens transitórias, – Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
somente devidas em razão de trabalho que está sendo executado com duração de 120 a 180 dias;
em condições especiais; cessado este, suspende-se o pagamento – Licença paternidade, nos termos fixados em lei;
do acréscimo, correspondente ao cargo, emprego ou função. – Proteção do mercado de trabalho da mulher;
– Redução de riscos inerentes ao trabalho;
– Proibição de diferença de salários, idade, cor ou estado civil.
68
68

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ÉTICA E INTEGRIDADE

cialidade da IA no governo.

9.Qual é o objetivo principal do Governo Eletrônico, conforme


discutido no texto?
(A) Facilitar o acesso dos servidores públicos aos documentos
governamentais.
(B) Tornar a administração pública mais burocrática.
(C) Melhorar a eficiência, transparência e acessibilidade dos
serviços governamentais.
(D) Restringir o acesso dos cidadãos à informação governamen-
tal.

10. Texto: “A integridade pública é essencial para a credibilida-


de e a eficiência do governo. Ela promove a confiança dos cidadãos
nas instituições públicas, fortalece a democracia e garante o uso
adequado dos recursos públicos.”
De acordo com o texto, qual é a importância da integridade
pública?
(A) A integridade pública é importante apenas para garantir a
eficiência do governo.
(B) A integridade pública é essencial para a credibilidade do go-
verno, a confiança dos cidadãos e o uso adequado dos recursos
públicos.
(C) A integridade pública não tem relevância para a democra-
cia.
(D) A integridade pública só afeta o setor privado, não o go-
verno.

GABARITO

1 C
2 B
3 C
4 E
5 C
6 B
7 C
8 B
9 C
10 B

106
106

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DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA
SOCIEDADE

Além disso, políticas públicas inclusivas são fundamentais para


DIVERSIDADE DE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE; DIVERSI- garantir os direitos e a proteção de todas as pessoas, independente-
DADE ÉTNICO-RACIAL; DIVERSIDADE CULTURAL mente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Isso inclui
legislações contra discriminação, acesso a cuidados de saúde ade-
quados e representação igualitária em todos os aspectos da vida
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um tema de cres- social, econômica e política.
cente reconhecimento e importância na sociedade contemporânea. A representação na mídia e na cultura popular também tem
Este tema abrange uma vasta gama de identidades e expressões um papel importante na normalização e celebração da diversidade.
que transcendem as tradicionais concepções binárias de masculino Quando filmes, programas de TV, livros e outras formas de mídia
e feminino, desafiando as normas e expectativas sociais estabeleci- retratam uma variedade de identidades de gênero e orientações
das. A compreensão e aceitação dessa diversidade é fundamental sexuais de maneira positiva e autêntica, eles ajudam a criar uma
para a promoção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. cultura mais inclusiva e compreensiva.
Sexo, geralmente atribuído ao nascimento, refere-se a caracte- Por fim, é vital criar espaços seguros e de suporte para pessoas
rísticas biológicas e fisiológicas que definem humanos como mascu- de todas as identidades de gênero e orientações sexuais. Isso pode
linos, femininos ou intersexuais. Pessoas intersexuais nascem com incluir grupos de apoio, serviços de aconselhamento e eventos co-
características sexuais (como cromossomos, genitália e padrões munitários que celebram a diversidade. A promoção do diálogo
hormonais) que não se encaixam nas noções típicas de corpos mas- aberto e respeitoso, a educação continuada e a defesa dos direitos
culinos ou femininos. A diversidade no espectro do sexo biológico é são essenciais para avançar na compreensão e aceitação da diversi-
mais complexa do que a simples dicotomia. dade de sexo, gênero e sexualidade.
Gênero, por outro lado, é um constructo social e cultural re- A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um aspecto in-
lativo às características, comportamentos, atividades e papéis que trínseco da condição humana. Reconhecer, respeitar e celebrar essa
uma sociedade considera apropriados para homens e mulheres. A diversidade é essencial para a construção de uma sociedade mais
identidade de gênero é o senso pessoal de alguém sobre a própria justa, igualitária e empática, onde cada pessoa é valorizada e res-
identidade de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo atri- peitada por sua singularidade.
buído ao nascimento. Além dos gêneros masculino e feminino, exis-
tem identidades de gênero não binárias, como agênero, bigênero, Diversidade étnico-racial
gênero-fluido, entre outras, que refletem a complexidade e variabi- A Constituição Federal determina:
lidade da experiência humana em relação ao gênero. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
A sexualidade, que engloba a orientação sexual e as práticas rativa do Brasil:
sexuais, também faz parte dessa diversidade. A orientação sexual I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
refere-se à atração afetiva, emocional ou sexual por indivíduos do II - garantir o desenvolvimento nacional;
mesmo sexo, de sexo oposto, de ambos os sexos, ou mais, incluindo III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
atrações que não se baseiam no gênero. Portanto, abrange iden- gualdades sociais e regionais;
tidades como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
assexual, entre outras. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Reconhecer e respeitar a diversidade de sexo, gênero e sexu-
alidade é crucial para o bem-estar e a dignidade de todos os indi-
víduos. A falta de reconhecimento e aceitação pode levar a discri-
minação, estigmatização e violência. É essencial que as sociedades
promovam a inclusão e a igualdade, proporcionando ambientes
seguros e acolhedores onde todas as pessoas possam expressar li-
vremente suas identidades e viver suas vidas sem medo de precon-
ceito ou marginalização.
A educação desempenha um papel crucial neste processo. En-
sinar sobre a diversidade de sexo, gênero e sexualidade nas escolas
pode ajudar a desmantelar estereótipos e preconceitos desde cedo.
A inclusão de tópicos sobre identidade de gênero e orientação sexu-
al em currículos educacionais promove a compreensão e o respeito
pelas diferenças, além de fornecer apoio essencial a jovens que es-
tão explorando ou questionando suas próprias identidades.

107

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DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

O racismo pode ser dividido em diversas espécies, entre elas:

RACISMO INSTITUCIONAL RACISMO ESTRUTURAL RACISMO RELIGIOSO RACISMO AMBIENTAL


Ocorre no funcionamento das ins- Práticas corriqueiras nos Ofensa à religiões e cren- Exclusão dos lugares de
tituições e organizações. Provoca desi- costumes, e que provoca pre- ças. Inclui perseguição e into- tomada de decisão. Aniquila-
gualdade na distribuição de serviços, conceito. É comum em piadas lerância. ção do seu espaço, deslegiti-
benefícios e oportunidades. ofensivas. mação da fala e desqualifica-
ção dos membros.

O Racismo Sexual é definido como preconceito em relações sexuais. Surgiu em razão de um aplicativo de relacionamento amoroso, no
qual havia a opção de selecionar a etnia desejada.
A lei 7.716/89 define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce-
dência nacional.

O STF incluiu a homofobia nesta lei:


1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos
incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aver-
são odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua
dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na
Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo
torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);

2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer
que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e
líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra,
pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros
e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos
e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva,
desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a
hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;

3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou feno-
típicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar
a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e
da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de
hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento
jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do
sistema geral de proteção do direito.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 13/6/2019 (Info 944).

Apesar da ampla diversidade étnico-racial, o Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo. É raro ver um negro no poder,
em razão da discriminação feita desde pequeno até o momento que vai para o mercado de trabalho.
As causas do racismo estão relacionadas à escravidão de povos de origem africana, e, também à tardia abolição da escravidão.
Além disso, a abolição da escravidão causou enorme marginalização, pois não assegurou um futuro aos libertados. Ou seja, houve
grande irresponsabilidade na organização da abolição, que não se preocupou com a inclusão dos ex-escravos na sociedade.
Para tentar corrigir a desigualdade histórica, o STF julgou constitucional o sistema de cotas, inclusive em concursos públicos:
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em concursos públicos. Consti-
tucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Procedência do pedido.

1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provi-
mento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, por três fundamentos.
1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio
da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir
a igualdade material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da
população afrodescendente.

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DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE

(C) Discriminação contra indivíduos em espaços públicos.


(D) Ofensa à liberdade de expressão religiosa. GABARITO

3. Como o STF classificou as condutas homofóbicas e transfóbi-


cas no contexto dos crimes de preconceito? 1 D
(A) Como crimes inafiançáveis e imprescritíveis.
(B) Como expressões de racismo, ajustando-se aos preceitos da 2 B
Lei nº 7.716/1989. 3 B
(C) Como infrações menores, sujeitas a penas administrativas.
(D) Como delitos que não se enquadram na legislação sobre 4 B
racismo. 5 B
6 C
4. Quais são as principais causas do racismo no Brasil, segundo
o texto? 7 C
(A) Diferenças culturais e falta de educação cívica. 8 B
(B) Escravidão de povos de origem africana e a tardia abolição
da escravidão.
(C) Falta de políticas públicas eficientes e problemas econômi-
cos.
(D) Diferenças linguísticas e barreiras geográficas.

5. Qual a decisão do STF em relação ao sistema de cotas em


concursos públicos?
(A) Declarou a inconstitucionalidade da reserva de vagas para
negros.
(B) Julgou constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva 20%
das vagas para negros.
(C) Limitou o sistema de cotas apenas a instituições educacio-
nais.
(D) Ampliou o sistema de cotas para incluir outras minorias.

6. Qual grupo é reconhecido internacionalmente como vulne-


rável e merece proteção especial na busca pela igualdade material
entre os sexos?
(A) Pessoas com deficiência.
(B) Mulheres.
(C) Povos indígenas.
(D) Imigrantes e refugiados.

7. Como são consideradas as crianças no âmbito dos direitos


humanos?
(A) Como indivíduos plenamente capazes de decisões legais.
(B) Como responsáveis por suas ações na sociedade.
(C) Como outro grupo vulnerável protegido, promovendo a
igualdade material.
(D) Como participantes ativos nas decisões políticas.

8. Qual documento internacional é considerado o mais relevan-


te na proteção dos direitos das pessoas com deficiência?
(A) Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(B) Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
(C) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
(D) Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

– Princípio da Impessoalidade
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E NORMAS QUE REGEM A Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTIGOS DE 37 A 41 DA CONS- servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá-
TITUIÇÃO FEDERAL DE 1988) rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de
sua função é sempre o interesse público.
Disposições gerais e servidores públicos
A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz – Princípio da Moralidade
a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público
resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
e pessoas que desempenham função pública. probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra- A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen-
ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de- tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou (moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
seja, que estão a serviço da coletividade. O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi-
do a atos de improbidade administrativa:
Princípios da Administração Pública
Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- Sanções ao cometimento de atos de improbidade administra-
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, tiva
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política)
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
PE”. Observe o quadro abaixo: – Princípio da Publicidade
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
Princípios da Administração Pública blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
salvo a hipótese de sigilo necessário.
L Legalidade
A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
I Impessoalidade tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
M Moralidade sibilitar o controle por todos os interessados.

P Publicidade – Princípio da Eficiência


E Eficiência Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
LIMPE evitando atuações amadorísticas.
Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
Passemos ao conceito de cada um deles: com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
– Princípio da Legalidade medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
De acordo com este princípio, o administrador não pode agir o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. boa administração).
O quadro abaixo demonstra suas divisões. Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
Princípio da Legalidade tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
Em relação à A Administração Pública
for atingido.
Administração Pública somente pode fazer o que a lei
permite → Princípio da Estrita
Legalidade
Em relação ao Particular O Particular pode fazer tudo
que a lei não proíbe

115

112
CNU - Conhecimentos Gerais - Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

14-CESPE / CEBRASPE - 2022


A administração pública é regida por normas e por princípios
constitucionais e legais. Entre os princípios que foram estabelecidos
por lei, mas que não se encontram na Constituição Federal de 1988,
inclui-se o princípio da
(A) eficiência.
(B) moralidade.
(C) impessoalidade.
(D) publicidade.
(E) razoabilidade.

15-FUNDATEC - 2021
Em relação aos princípios constitucionais que regem a adminis-
tração pública(conforme artigo 37 da Constituição Federal vigente),
analise as assertivas a seguir:
• O Princípio da __________ exige que a atividade administrati-
va seja desenvolvida de modo leal e que assegure a toda a comuni-
dade a obtenção de vantagens justas. • As ações do administrador
público são plenamente vinculadas ao que estabelecem as normas
vigentes, ou seja, ele somente pode fazer o que a lei autoriza ou
determina. Diferente do gestor privado, que pode fazer tudo o que
a lei não proíbe. Esse é o Princípio da __________. • O Princípio da
__________ exige que os atos estatais sejam levados ao conheci-
mento de todos, ressalvadas hipóteses em que se justificar o sigilo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen-
te, as lacunas dos trechos acima.
(A) Eficiência – Impessoalidade – Transparência
(B) Eficiência – Legalidade – Transparência
(C) Moralidade – Impessoalidade – Publicidade
(D) Moralidade – Impessoalidade – Transparência
(E) Moralidade – Legalidade – Publicidade

GABARITO

1 B
2 B
3 C
4 D
5 D
6 D
7 A
8 A
9 D
10 B
11 A
12 D
13 C
14 E
15 E

193

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CNU - Conhecimentos Gerais - Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

FINANÇAS PÚBLICAS

Mercado
ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DO ESTADO As relações entre Estado, mercado e sociedade civil organizada,
se constituem em uma problemática que vem sendo explorada por
diferentes esforços teóricos, na busca de se compreender como se
Estado dão tais interações. Entre estas perspectivas, duas correntes, a neo-
Define-se o Estado como pessoa jurídica territorial, ou seja, é a liberal e a neoestatal, são as mais comumente utilizadas.
unidade de pessoas reconhecida pela ordem jurídica como sujeito
de direitos e obrigações. A extensão de terra na qual o Estado exer- Atribuições Econômicas do Estado
ce sua soberania denomina-se território1. As grandes empresas, os monopólios, o protecionismo e os
O Estado refere-se à convivência humana, à sociedade política, sindicatos iniciaram a destruição inapelável do mercado como me-
e capta o significado de poder, força e direito. Trata-se de uma so- canismo regulador do sistema econômico. A Demanda Global mais
ciedade natural, no sentido de que decorre naturalmente do fato o Investimento Global, determinam a Renda Global (Tripé Macroe-
de que os homens vivem necessariamente e se organizam em so- conômico keynesiano), sob três funções:
ciedade, realizando o bem geral que lhes é próprio, ou seja, o bem • Função Alocativa
comum. Justifica-se a atividade estatal na alocação de recursos nos ca-
O Estado é formado pelo conjunto de instituições públicas que sos em que não houver a necessária eficiência por parte do sistema
representam, organizam e atendem os anseios da população que de mercado. Exemplos dessa alocação são os investimentos na in-
habita o seu território, dentre essas instituições, pode-se citar: o fraestrutura econômica e a provisão de bens meritórios.
governo, as escolas, as prisões, os hospitais públicos, o exército, Tanto pode ser produzido/ofertado diretamente pelo Poder
etc. Ele é organizado politicamente, socialmente e juridicamente, público quanto incentivada a sua produção ou oferta pela iniciativa
ocupando um território definido, onde normalmente a lei máxima privada. O principal instrumento utilizado pela função alocativa é o
é uma constituição escrita, e dirigida por um governo que possui orçamento público.
soberania reconhecida tanto interna como externamente.
A Administração Pública é a forma como o Estado governa, • Função Distributiva
ou seja, como executa as suas atividades para o bem-estar de seu O sistema de mercado é ineficiente para corrigir suas próprias
povo. A função da administração no setor público, é semelhante ao falhas. A ação do Estado é requerida para discussão de medidas
setor privado, que é planejar, organizar, dirigir e controlar recursos que solucionem os problemas graves de miséria e de melhoria da
humanos, materiais e financeiros, com a finalidade de atingir deter- qualidade de vida das camadas mais pobres da população, oriun-
minados objetivos. dos da concentração da riqueza em um determinado patamar da
O objetivo do Estado é o bem público e o agente público deverá sociedade, combinando tributos progressivos sobre as classes de
agir em conformidade com os ditames da Lei, em concordância com renda mais elevada com a transferência de renda para as camadas
o princípio da Legalidade, que se encontra entre os princípios da mais pobres da população, utilizando o orçamento público como
Administração Pública, inseridos no caput do artigo 37 da Constitui- instrumento dessa distribuição.
ção Federal: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade
e Eficiência. • Função Estabilizadora
Quanto aos recursos, os contribuintes são a fonte de receita do A política fiscal busca a manutenção do nível de emprego, esta-
Estado, que arrecada por meio de impostos, que não necessaria- bilidade nos níveis de preço, equilíbrio no balanço de pagamentos
mente, são convertidos em serviços públicos. e uma taxa de crescimento econômico compatível. Considerada a
mais moderna das três funções, adquiriu grande importância a par-
Sociedade tir da depressão dos anos 30.
A sociedade classifica-se como uma rede de relacionamento No caso do emprego e do preço, em função das características
entre pessoas, uma comunidade interdependente e organizada, ou do mercado, a ação estatal se dá sobre a demanda agregada, con-
seja, um grupo de indivíduos que formam um sistema semiaberto, forme a necessidade. Além dos instrumentos fiscais, pode-se utili-
no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos zar instrumento monetários na busca da estabilização do mercado.
pertencentes ao mesmo grupo.
Na sociedade o conjunto de pessoas compartilham propósitos,
preocupações e costumes, e interagem entre si constituindo uma
comunidade.

1 MORAES, A.; Direito Constitucional, 23a ed. São Paulo: Atlas, 2008.
195

192
CNU - Conhecimentos Gerais - Blocos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

FINANÇAS PÚBLICAS

(C) Decisões sobre tributação e gastos públicos, influenciando


a economia.
(D) Gestão de políticas externas e relações comerciais interna-
cionais

12-Qual das seguintes opções melhor descreve a importância


do orçamento público?
(A) Estabelecer padrões de comércio exterior.
(B) Planejar receitas e despesas, refletindo as prioridades eco-
nômicas e políticas.
(C) Definir taxas de juros bancários.
(D) Regular a cotação da moeda nacional

13-Quais são as principais características de um sistema tribu-


tário eficiente?
(A) Alta complexidade e taxas de tributação variáveis.
(B) Foco exclusivo em grandes corporações.
(C) Equidade, simplicidade e eficiência econômica.
(D) Tributação progressiva e incentivos fiscais para exportação.

14-Qual é a principal fonte de receita do Estado brasileiro?


(A) Impostos, taxas e contribuições.
(B) Empréstimos internacionais.
(C) Vendas de empresas estatais.
(D) Doações de organizações internacionais

15-Como são classificadas as despesas do governo brasileiro?


(A) Despesas primárias e secundárias.
(B) Despesas correntes e de capital.
(C) Despesas fixas e variáveis.
(D) Despesas internas e externas.

GABARITO

1 E
2 E
3 B
4 B
5 D
6 B
7 A
8 A
9 A
10 A
11 C
12 B
13 C
14 A
15 B

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