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10/02/2022

FARMÁCIA
HOMEOPÁTICA

Eduardo R. Cole

HISTÓRIA, PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS


DA HOMEOPATIA

468 – 377 a.C. – Surge a 1ª semente da Homeopatia


através de Hipócrates, o “pai da Medicina”, que
estabelecia para a Medicina bases racionais,
subordinando a terapêutica à “Vis medicatrix naturae”
(expectativa), à lei dos semelhantes (Similia similibus
curantur) e à lei dos contrários (Contraria contrariis
curantur).

1493 – 1541 – Paracelso: resgate das idéias de


Hipócrates – a) estudo da natureza; b) individualização do
doente e do medicamento; c) lei da similitude.

1608 – Crolius: defesa do princípio da semelhança e das


doses infinitesimais.

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1755 – Meissen, Alemanha (Saxônia), nasce Christian


Frederich Samuel Hahnemann, o criador da
Homeopatia.

Aos 20 anos – inicia os estudos de Medicina na


Universidade de Leipzig. Para se manter na Universidade,
traduzia para o alemão obras publicadas em italiano,
francês e inglês.

1777 – Transfere-se para Viena: “ensino precário em


Leipzig”.

1779 – Defende tese na Universidade de Erlagen,


recebendo o grau de “Doutor em Medicina”. Nesta época
dominava 8 diferentes línguas, além do alemão.

Hipócrates Hahnemann

Saxônia

Paracelso

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1781 – Muda-se para Dessau, onde prossegue seus


estudos em química e farmácia (laboratório da farmácia
Moro – 2 anos).

1784 – Reinício das traduções: “A arte de fabricar


produtos químicos”, do francês Demachy, um importante
tratado de tecnologia.

Dos 30 – 35 anos: Escreve trabalhos originais e traduz


para o alemão diferentes obras, num total de 3500 páginas,
muitas da área farmacêutica – Toxicologia, Bromatologia e
Tecnologia: “Léxico Farmacêutico”, “Envenenamento
pelo arsênico, seu tratamento e pesquisas jurídicas”,
“Pureza e fabricação de medicamentos”, “Pesquisas
sobre o princípio adstringente dos vegetais”,
“Contribuição à arte de analisar o vinho”, etc. = lado
farmacêutico de Hahnemann.

1789 – Retorna a Leipzig como clínico notório, mas,


desiludido com a prática médica da época (purgativos,
sangrias, aplicação de cáusticos, etc.), uma terapêutica
que só fazia sofrer ainda mais os doentes, abandona a
Medicina, conseguindo sobreviver graças às suas
traduções.

1790 – Traduz do inglês para o alemão a Matéria Médica


de Cullen, onde encontra a seguinte explicação do autor
para a ação da China officinalis na febre da malária:
“sabor amargo e tônico do estômago”. Não concordando
com a explicação, Hahnemann, que já havia tido malária,
torna à usá-la: aparecimento sucessivo de todos os
sintomas da malária, como febre intermitente, mas sem os
tremores que a caracterizam.

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1796 – Publica “Ensaio sobre um novo princípio para


descobrir as virtudes das substâncias medicinais,
seguidas de algumas apreciações sobre os princípios
admitidos até os nossos dias”, obra considerada o
marco inicial da Homeopatia.

Após a China, Hahnemann experimentou outras drogas,


como o enxofre, o mercúrio, a belladonna, a digitalis, o
ouro, a prata, o Lycopodio, o cloreto de sódio, etc., num
total de 61 substâncias diferentes, concluindo sempre pela
infalhabilidade da lei terapêutica que mais tarde iria
formular “Similia similibus curantur”.

China officinalis

Conclusões decorrentes destas experimentações:


* Enxofre – produz uma erupção cutânea semelhante à
aquela que é capaz de curar.
* Mercúrio – desenvolve, na sua poderosa ação sobre o
organismo, sintomas análogos àqueles que
ordinariamente faz desaparecer.
* Belladonna – produz erupção em placas, vermelho
escuro, acompanhada de sintomas que lhe são
característicos.
* Que os mesmos efeitos eram produzidos em todas as
experimentações do mesmo medicamento.
Após inúmeras experimentações, conclui: “Para curar
realmente certas afecções crônicas, deve-se procurar
medicamentos que originalmente provoquem no
organismo humano uma moléstia análoga e a mais
análoga possível”.

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Nas experimentações que realizou, Hahnemann,


sucessivamente, foi diminuindo as doses, promovendo as
diluições e justificando: “Não foi em virtude de uma opinião
preconcebida, nem por amor à excentricidade, que decidi
em favor de doses tão fracas tanto em relação à quinquina,
como a qualquer outra substância. Cheguei até lá depois
de experiências e observações que maiores quantidades
de medicamentos, mesmo em casos que fazem bem, agem
com intensidade maior do que a necessária para obter a
cura. Por isso diminuí-as e, como continuei a observar os
mesmos efeitos, embora em grau menor, desci até às mais
mínimas doses, que me pareceram suficientes para
exercer uma ação salutar, sem agirem com violência capaz
de retardar a cura” (CH). Posteriormente é incorporado o
conceito de sucussão (“agitação”).

Dinamização: Diluição + Sucussão (Agitação).

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1810 – Hahnemann publica “Organon da Arte de Curar”,


onde estão todos os princípios da doutrina que criou, seus
fundamentos científicos e filosóficos, regras para o exame
do doente, para a experimentação dos medicamentos,
para a sua preparação, para a escolha dos mesmos
seguindo o princípio “Similia similibus curantur”. Existem 6
edições, sendo a última delas publicada somente após a
morte do autor em 1921.

Hoje – A Homeopatia é praticada em diversos países, nos


vários continentes, mas está especialmente muito bem
representada na Alemanha, na Argentina, na Bélgica, no
Brasil, na França, na Índia e na Inglaterra.

HOMEOPATIA NO BRASIL

1840 – Introdução da Homeopatia no Brasil pelo médico


francês Benoit Jules Mure. As tinturas e as substâncias
utilizadas em Homeopatia vinham da Europa e os próprios
médicos manipulavam-nas devido à inexistência de
farmácias especializadas.

1851 – a Escola Homeopática do Brasil, sob forte pressão


dos farmacêuticos, resolve aprovar a separação da prática
médica da prática farmacêutica.

1880 – Fundação do Instituto Hahnemanniano do Brasil.

1886 – Decreto n.º 9.554: surge uma lei que dá o direito


de manipulação apenas aos farmacêuticos.

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Pós 1965 – Surgem leis específicas para a Farmácia


Homeopática, até que, finalmente, por esforço dos
médicos e farmacêuticos, por meio do Decreto n.º 78.841,
foi publicada a parte geral da 1.ª edição da Farmacopéia
Homeopática Brasileira.

1980 – Resolução n.º 1.000/80: a Homeopatia é


reconhecida como especialidade médica pelo CFM.

1988 – Congresso Brasileiro de Homeopatia, Gramado


(RS): publicação do Manual de Normas Técnicas para
Farmácia Homeopática (MNTFH), editado pela
Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas
(ABFH). Este manual foi revisado 3 anos depois, contando
com a colaboração de farmacêuticos de todo o Brasil, por
meio de grupos de estudos, trabalhos científicos, revisões
bibliográficas e encontros regionais.

19/08/1997 – Portaria n.º 1.180: aprovação da Parte I da


2.ª edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira.

2003 – Publicada a 3.ª edição do MNTFH.

2003 – RDC n.º 151/2003: aprovação do Fascículo I da


Parte II da 2.ª edição da Farmacopéia Homeopática
Brasileira. Além de conter mais de 41 monografias de
insumos ativos e insumos inertes, incluiu em seu corpo
alguns anexos como, por exemplo, aqueles referentes a
Métodos de Análises e Ensaios e outros.

2007 – Publicada a 4.ª edição do MNTFH.

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2011 – RDC n.º 39/2011: aprovação da 3.ª edição da


Farmacopéia Homeopática Brasileira. Traz 82
monografias de insumos ativos utilizados na preparação
de medicamentos homeopáticos, das quais 46 são inéditas
e 36 são revisões das monografias que já estavam
inscritas na 2ª. Edição.

MNTFH 4.ed. (2007)

FHB 2.ed. (1997) –


Parte I

O QUE É HOMEOPATIA?

Especialidade médica e farmacêutica que consiste em


ministrar ao doente doses mínimas do medicamento para
evitar a intoxicação e estimular a reação orgânica. Esta
ciência tem por fundamento 4 princípios:

1. Lei dos Semelhantes: o semelhante será curado pelo


semelhante (Similia similibus curantur).

“Qualquer substância capaz de provocar em um homem


sadio, porém sensível, determinados sintomas, é capaz de
curar, desde que em doses adequadas, um homem que
apresente um quadro mórbido semelhante, com exceção
das lesões irreversíveis”.

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“O medicamento deve ser a imagem do doente vista em


um espelho”.

Patogenesia – Conjunto de sinais e sintomas, objetivos


(físicos) e subjetivos (emocionais e mentais), que um
organismo sadio apresenta ao experimentar determinada
substância medicinal.

Matéria Médica Homeopática – Constituída pelo


conjunto das Patogenesias.

Simillimum – “Remédio” que abrange a totalidade dos


sintomas de um homem doente, ou seja, aquele
medicamento cuja patogenesia melhor coincidir com os
sintomas apresentados pelo doente.

2. Experimentação no homem sadio (Experimentação


patogenética, homeopática ou pura): procedimento de
testar substâncias medicinais em indivíduos sadios para
elucidar os sintomas que irão refletir sua ação.

3. Doses mínimas (Doses infinitesimais): “... um


remédio cuja escolha tenha sido corretamente
homeopática deve ser tanto mais salutar quando sua dose
for reduzida ao grau de apropriada pequenez para um
efeito terapêutico suave” (Organon – § 277).

4. Remédio único – O ideal homeopático: “Não é


concebível que possa existir a menor dúvida quanto ao que
é mais conforme à natureza e racional: prescrever numa
doença de cada vez um medicamento único, conhecido, ou
uma mistura de várias drogas, cada qual agindo
diferentemente” (Organon - § 273).

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ESCOLAS MEDICAS HOMEOPÁTICAS

* Unicismo (Hahnemanniano x Kentismo)


Belladonna 6CH (glóbulos) – Tomar 05 glóbulos pela
manhã, em jejum. (Hahnemann)

Platina 2.000FC – XX/20mL (DU) – Tomar o conteúdo do


frasco em jejum. (Kent)

* Pluralismo ou Alternismo
1. Calcarea carbonica 200CH (glóbulos) – Tomar 03
glóbulos Seg./Qua./Sex.

2. Phosphorus 200CH (glóbulos) – Tomar 03 glóbulos


Ter./Qui./Sab.

* Complexismo
{Mercurius iodatus ruber/Kali bichromicum/Hydrastis
canadensis} ãã 6CH (tabletes)
Tomar 04 tabletes 3 vezes ao dia.

* Organicismo
Arnica montana D5 (gotas) – Tomar 04 gotas 3x/dia. Iniciar
10 dias antes da cirurgia.

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Matérias Médicas
Organon da Arte
de Curar

Repertórios

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Sinais e Sintomas de Aconitum

Sinais e Sintomas de
Bryonia

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Criança de Bryonia

Criança de Aconitum

Criança de Calcarea carbonica

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Criança de Nitri-acidum

Matéria Médica de Lacticum acidum


(Nilo Cairo)

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Matéria Médica de Calcarea


carbonica
(Nilo Cairo)

Herpes e os diferentes
medicamentos
homeopáticos aplicáveis
(Nilo Cairo)

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REFERÊNCIAS
Farmacopéia Homeopática Brasileira Parte I – Métodos
Gerais. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 1997.

FONTES, O. L. Farmácia Homeopática: Teoria e Prática.


2.ed. São Paulo: Manole, 2005.

Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática.


3.ed. São Paulo: ABFH, 2003.

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