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A SILICEA NA HOMEOPATIA

INTRODUÇÃO

O termo Homeopatia possui, etimologicamente, raízes Greco-latinas,

derivando de homeo, que em livre tradução significa semelhante, e pathos, que

quer dizer sofrimento. Trata-se de uma área médica bicentenária que, segundo

Santos e Sá (2014, p. 61), “avançou no caminho da ciência, através de

métodos científicos de investigação, com base em avanços nas áreas de

imunologia, genética, física, etc”.

A homeopatia é uma vertente da Medicina Hipocrática, devido às suas

similaridades, isto é, as duas entendem os processos de enfermidade (doença)

e saúde (cura), como processos advindos do organismo humano em seus

equilíbrios e desequilíbrios. Ademais, ambas percebem o ser humano de

maneira globalizada, não o percebendo por segmentos isolados (DINIZ, 2006).

De acordo com Pustiglione et al (2017, p. 01), Homeopatia é o termo

utilizado ao referir-se à uma prática que tem mais de dois séculos de existência

e que, “ao longo de sua história tem demonstrado, resolutivamente, baixo

custo, grande alcance e incontestável aceitação social”. Nesse sentido,

Monteiro e Iriart (2007) entendem que no Brasil, a homeopatia vem sendo

estudada e explorada desde 1840. Contudo, os mesmos autores apontam o

“uso da medicina caseira” bem antes disso, por volta de 1820, na época em

que a imigração alemã se estabelecia no Brasil, quando aqueles imigrantes já

lançavam mão das orientações do livro escrito pelo médico alemão Dr. Samuel

Hahnemann, criador dessa nova medicina.


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Dessa maneira, percebe-se que, oficialmente, o médico francês Dr.

Benoit-Jules Mure (1809-1858) foi quem trouxe os conhecimentos da

Homeopatia para o Brasil, mas que, na prática, o uso de alternativas aos

tratamentos tradicionais já era conhecido e comum para parte dos brasileiros.

Para Santos e Sá (2014), a nova medicina, fundamentada em 1796 por

Hahnemann baseia-se nos princípios de cura pelo semelhante, experimento

em indivíduo sadio, medicamento único, diluído e dinamizado. Assim sendo,

em 1918 a Homeopatia recebeu oficialização no ensino, porém, só foi

reconhecida realmente como especialidade médica no Brasil pelo Conselho

Federal de Medicina, CFM, nos anos 1980, por meio da Resolução

CFM1000/80, que encontra-se fundamentalmente baseada no princípio de

“similitude, experimentação no indivíduo sadio, medicamento único, diluído e

dinamizado” (GALHARDI, 2008; RODRIGUES – NETO et al, 2009; TEIXEIRA,

2011).

A prática médica homeopática reconhece o homem como sujeito da


sua saúde e as consultas são caracterizadas pelo desenvolvimento
do auto-reconhecimento do paciente, permitindo, assim, o resgate da
autonomia pelo indivíduo em relação ao seu próprio corpo (SANTOS;
SÁ, 2014, p. 63).

Nesse sentido, a prática e o estudo da homeopatia defendem seus

princípios pois entendem que o medicamento precisa ajustar-se tanto em

qualidade quanto em quantidade às necessidades de cada paciente,

individualizando o tratamento de forma a compreendê-lo sob diferentes

aspectos.
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Para ___________ (PÁG. 95 DA FOTO) , o Silício, Si, é o “segundo

elemento em abundância na crosta terrestre, depois do oxigênio”. Contudo, não

é possível encontrar o Silício em sua forma livre, mas somente em combinação

com o próprio Oxigênio, que resulta em SiO 2, ou seja, dióxido de silício,

também chamado de sílica. Essa substância apresenta-se sob forma

cristalizada, semelhante a diamantes, com aspecto cúbico de face centrada.

(PÁGINA 95 DA FOTO) Dessa substância se extrai a SILICEA.

A Silicea é um composto utilizado na Homeopatia no tratamento

terapêutico, principalmente de doenças inflamatórias e infecciosas. Entretanto,

a Silicea pode ser ministrada também em diferentes áreas que divergem entre

si, mesmo dentro da Medicina Tradicional. A dermatologia, a oftalmologia, a

pneumologia, a urologia, entre outras, são exemplos de áreas que costumam

fazer uso da Silicea em seus tratamentos. Com isso, percebe-se que a sua

aplicação abrange um enorme número de patologias e vem evidenciando

resultados positivos nos tratamentos das mesmas.

Neste estudo, realizou-se uma investigação na literatura da Medicina

Homeopática, que forneceu o embasamento teórico necessário para o

entendimento do uso da Silicea na Homeopatia. Assim sendo, esta

investigação lançou mão de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo

bibliográfica.

Para tanto, buscou-se na literatura médica por artigos científicos que

versam sobre a temática ora abordada. Além disso, realizou-se uma análise do

uso da Silicea em tratamentos homeopáticos, bem como suas restrições,


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interações medicamentosas, contra-indicações e possíveis efeitos colaterais de

seu uso.

Assim, estruturou-se este registro sob dois capítulos fundamentais, os

quais referem-se à Medicina Homeopática, sua origem e aplicabilidade, e à

Silicea e seus usos na Medicina Homeopática. Dessa maneira, foi possível

levantar uma discussão entre o que dizem estudiosos da área homeopática e

autores, a fim de determinar a importância do uso da Silicea para os

tratamentos homeopáticos.
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CAPÍTULO 1: A HOMEOPATIA

“As mudanças que ocorrem em substâncias materiais, especialmente nas medicinais, através
da trituração com pó não medicinal, ou quando dissolvida, através da agitação com um fluido
não-medicinal, são tão incríveis, que aproximam-se de miraculosas, e é motivo de alegria que
a descoberta destas mudanças pertença à Homeopatia.”
Hahnemann, Doenças Crônicas

1.1 ORIGEM

Altman (2015), em seu artigo sobre a vida de Hahnemann, considerado


o precursor da Homeopatia, afirma que antes mesmo de 1796, ano da
publicação do ensaio “Um novo método para averiguar os princípios curativos
das drogas”, de autoria do próprio Hahnemann, os princípios que fundamentam
a Homeopatia já eram conhecidos. Nesse sentido, o autor evidencia que ainda
no século V a.C., “Hipócrates, pai da Medicina, já afirmava que uma doença
podia ser combatida com substâncias que causavam sintomas parecidos”. O
autor ressalta ainda que essa teoria usada por Hipócrates já havia sido
mencionada na Índia “mais de dois milênios antes”.

Ainda, em um período anterior a Hahnemann, no século XVI, na Suíça, o


médico Paracelso (1493-1541) teorizou que a administração de doses mínimas
de alguns venenos poderia curar doenças da época. Contudo, o princípio até
então conhecida como “Similibus Curantur” só recebeu o nome de Homeopatia
por meio dos estudos de Hahnemann. O médico alemão escolheu o termo que
hoje define essa área tão importante da saúde, originado das palavras gregas
homonion, similar e pathos, doença.

Fundamentado nos princípios da similitude, Hahnemann iniciou suas


investigações sob aplicações de grandes doses se substâncias em seus
tratamentos. Todavia, ao detectar a incidência de muitos efeitos colaterais,
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buscou solucionar tais incidências a fim de proteger seus pacientes,


desenvolvendo um método que afastasse a possibilidade de intoxicações.

O método de Hahnemann consistia na diluição das substâncias


ministradas, sendo estas, aplicadas em quantidades muito menores. “Com a
intenção de minimizar os efeitos indesejáveis, que por vezes ocorriam,
começou a diluir os medicamentos” (KOSSAK-ROMANACH, 2003). Durante o
processo de suas pesquisas, Hahnemann entendeu a dinamicidade existente
na doença e na cura, o que o levou a perceber a necessidade de que o
antídoto, o medicamento, também fosse dinâmico. Essa percepção o levou ao
desenvolvimento do denominado processo de dinamização, presente no
preparo das medicações homeopáticas. O processo de dinamização consistia
basicamente em agitar e diluir, de acordo com Cesar (2008) e Altman (2015)
“ao serem preparadas, deveriam sofrer batidas fortes e ritmadas para despertar
a energia contida nos elementos”.

Chamamos de “dinamizar” ao conjunto das operações de diluir e


agitar soluções, ou, no caso de sólidos, desconcentrar e triturar pós.
Este fundamento nos foi apresentado por Hahnemann, provavelmente
desenvolvido através de reflexões, mas também de maneira intuitiva,
ao longo de sua vida, enquanto buscava formas para melhor aplicar a
Lei da Semelhança no tratamento de doentes. Este é o processo
fundamental para o preparo de medicamentos homeopáticos
(CESAR, 2008, p. 34).

Kossak-Romanach (2003), aponta que ao agitar o medicamento a fim de


homogeneizá-lo, Hahnemann percebeu a intensificação do seu efeito
terapêutico.

Além disso, o processo era capaz de fazer surgir poder


terapêutico em substâncias que eram naturalmente inertes. Foi a
descoberta de uma lei da natureza, segundo a qual substâncias
naturais submetidas à ação mecânica de trituração ou agitação,
desde que acrescidas de um veículo não medicamentoso, tornam-se
possuidoras de um poder medicamentoso, capaz de alterar
organismos vivos (HAHNEMANN,2013).

César (2008, p. 36-37), afirma que durante seus estudos acerca da Lei
da Semelhança e as possibilidades de sua utilização em indivíduos doentes,
Hahnemann entendeu “a necessidade de usar pequenas quantidades das
substâncias, já que elas próprias provocavam sintomas”. Desse modo, passou
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a diluir as substâncias, optando pela proporção de 1 parte de substância ativa


para cada 100 partes de diluente. Criava-se assim um dos processos mais
importantes na Homeopatia como a vemos hoje: a Diluição. “À época,
Hahnemann (2013), afirmava que “.. Então 1 grão é dissolvido em 99 grãos de
uma solução feita com partes iguais de água e álcool, e dinamizado através de
27 frascos, com 2 sucussões.” Nesse sentido,

Usou como veículos a água (de chuva ou de neve) e o álcool etílico,


este último para conservação das soluções dinamizadas. Com isto
criou as centesimais, hoje chamadas CHs, ou seja, Centesimais
Hahnemannianas, conforme notação preconizada pelo Manual de
Normas Técnicas da Associação Brasileira de Farmacêuticos
Homeopatas (ABFH) e depois seguida pela 2a. edição da
Farmacopéia Homeopática Brasileira (CESAR, 2008, p., 37).

Assim, após realizar inúmeros experimentos que envolviam dinamização


dos medicamentos, bem como elaborar e publicar “matérias médicas
correlacionando as propriedades efetivas os medicamentos com os sintomas
produzidos pelas drogas experimentadas” (CESAR, 2008), além de manifestar
discordância frente aos métodos de cura fundamentados na medicna galênica
(que lhe parecia muito especulativa), Hahnemann percebeu que desenvolvera
uma medicina de base experimental. Desse modo, o Conselho Regional de
Farmácia do Estado de São Paulo, CRFSP (2019) evidencia:

Hahnemann desenvolveu uma medicina de base experimental


quando, em 1796, publicou no Jornal de Medicina Prática, dirigido por
Christoph Wilhelm Friedrich Hufeland, seu “Ensaio Sobre um Novo
Princípio para Descobrir as Virtudes Curativas das Substâncias
Medicinais, Seguido de Algumas Exposições Sumárias Sobre os
Princípios Aceitos até Nossos Dias” (CRFSP, 2019, p. 15).

Desse modo, Guerra (2012) aponta que a história da origem da


Homeopatia funde-se com a história do próprio Hahnemann, uma vez que ele
“criou uma ciência de curar eficaz, rápida e segura, partindo unicamente de
fatos” que foram observados atentamente por ele, para que destes,
posteriormente, fossem extraídas suas hipóteses e teorias.

É a história de um homem obstinado, quase arrogante, que não se


curvou ao senso comum nem para evitar sua fome e a de sua
numerosa família. Um homem que defendeu arduamente o ideal de
curar sem prejudicar, contra uma classe médica irada que não podia
aceitar que este médico de origem humilde fosse ensinar-lhes uma
nova arte e ciência de curar. Um homem que até seus últimos dias
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cuidou de aprimorar seu legado maior à humanidade, a Homeopatia


(GUERRA, 2012).

Contudo, os avanços dos métodos homeopáticos recebiam críticas,


proporcionalmente. Nesse sentido, Altman (2015) discorre acerca do fato de
que os médicos que eram adeptos da medicina tradicional, à época, deram
início à uma campanha que difamava o novo método entre a classe médico-
farmacêutica, afirmando que este seria um método baseado em especulações
e, portanto, nulo e até prejudicial à saúde. Países como a Áustria, por exemplo,
decretaram proibições e multavam e chegavam ao extremo de cassar as
licenças de médicos que aderissem à Homeopatia, expondo-os em praça
pública.

No ano de 183, entretanto, a comunidade médica teve que render-se


frente à importante ajuda prestada por Hahnemann na contenção de uma
epidemia de cólera na Europa. Esse evento despertou interesse mundial pela
medicina homeopática. Aboliram-se os decretos proibitivos e nos EUA criou-se
uma sociedade homeopática. Tempo depois, Hahnemann recebeu
reconhecimento na França, local onde viveu até sua morte aos 88 anos em
1843. Seus estudos, contudo, foram rapidamente difundidos, chegando ao
Brasil juntamente com a imigração europeia. Todavia, oficialmente, de acordo
com a Associação Paulista de Homeopatia, APH (2016), “a prática
homeopática chegou ao Brasil no dia 21 de novembro de 1840, graças ao
médico francês Jules Benoit Mure. Nesta data se comemora, no País, o “Dia da
Homeopatia”.

1.2 APLICABILIDADE

Altman (2015) afirma que Hahnemann e seus seguidores, durante o


processo de desenvolvimento da Medicina Homeopática, chegaram a
dinamizar cerca de 100 substâncias curativas. Porém, esse número, na
atualidade chega a aproximar-se das 3mil substâncias curativas, pois, como
aponta o autor, os métodos homeopáticos desenvolvidos por Hahnemann
evoluíram com o tempo e os estudos de outros pesquisadores homeopatas,
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mas mantiveram sempre os princípios que os fundamentaram, mesmo após


mais de 200 anos.

Para Sigolo (2019, p. 1318), a Homeopatia assume contornos mais reais

à população leiga, principalmente após debates ocorridos entre homeopatas e

médicos convencionais divulgados amplamente na imprensa na primeira

metade do Século XX. Essas discussões geraram interesse e curiosidade da

população que buscou informações e conheceu novas formas de tratamento

para as enfermidades que enfrentava.

De acordo com Mendes (2005), as doenças, sob o olhar da Medicina

Homeopática, são individualizadas, ou seja, apresentam sintomas e

características particulares em cada pessoa. Para o autor, a enfermidade

individual apresenta caráter holístico e, portanto, não se restringe aos fatores

orgânicos, considerando o doente de forma global, incluindo-se aí, fatores

hereditários e psicológicos entre outros aspectos subjetivos. Sobre isso,

Teixeira (2019) aponta:

Em vista de o modelo homeopático valorizar os sintomas psíquicos e


emocionais como aspectos de alta hierarquia no conjunto das
manifestações humanas, seja na experimentação patogenética
homeopática ou na compreensão da etiopatogenia dos distúrbios
orgânicos, essa classe de características subjetivas faz parte do ideal
de cura homeopático (TEIXEIRA, 2019, p.144).

Nesse sentido, o Portal Homeopatia Brasil (2020) em matéria


publicada em 01 de janeiro de 2020, apontou que, diferentemente da medicina
alopática (tradicional), que mantém o foco sobre a doença, “o tratamento
homeopático foca no paciente (...) e dá o estímulo que o organismo precisa
para processar a auto cura”. Dessa forma, o tratamento homeopático age de
maneira não agressiva ao organismo, restabelecendo a saúde sem a presença
de efeitos colaterais.
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Esses processos são facilmente identificáveis nas diferentes áreas onde


a homeopatia atua, a exemplo da homeopatia pediátrica e da odontologia
homeopática. Além disso, a homeopatia atua também na medicina veterinária e
na agricultura, no tratamento de animais de rebanho ou domésticos,
apresentando resultados satisfatórios e, comprovando que não se trata de
efeito placebo.

Desse modo, a aplicabilidade da Medicina Homeopática se dá pela


terapêutica, por meio da administração de medicamentos diluídos que têm a
capacidade de restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a energia vital do
organismo.

Portanto, a Medicina Homeopática possui aplicabilidade em seres


humanos, dos bebês aos idosos, bem como em todas as espécies de animais,
de plantas e de solos. Segundo Altman (2015), “qualquer doença pode ser
tratada com Homeopatia, desde uma praga na lavoura ou uma contaminação
em um animal, assim como uma gripe ou uma infecção”, além de enfermidades
como a depressão e a ansiedade.

Quando no tratamento de doenças mais agressivas, como o câncer, a


Homeopatia se aplica como terapia complementar, geralmente sendo usada no
tratamento dos efeitos causados pelos tratamentos convencionais, como as
náuseas ou a perda de apetite provocado pela quimioterapia ou pela
radioterapia.

O Brasil é um dos países com maior número de médicos homeopatas do


mundo e estima-se que cerca de 17 milhões de brasileiros já lançaram mão da
medicina Homeopática.

1.3 TRATAMENTOS HOMEOPÁTICOS: ABRANGÊNCIA

De acordo com Muniz (2017), um medicamento homeopático é aquele


que é produzido a partir de substâncias encontradas nos reinos vegetal, animal
e mineral, que são manipuladas e diluídas a fim de que ofereçam pequenas
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doses, ditas doses infinitesimais, dos seus princípios ativos que, ao serem
ingeridas com certa regularidade, são capazes de restabelecer o equilíbrio do
organismo.

Nesse sentido, a Farmacopédia Homeopática Brasileira, em sua 3ª


edição, aponta que os medicamentos homeopáticos podem ser dispensados
sob formas específicas, sendo estas: líquidas, apresentadas em gotas,
Cinquenta Milesimal, dose única líquida ou formulação magistral, sólidas,
apresentadas como glóbulos, tabletes, comprimidos e pós, líquidas de uso
interno, apresentados como linimentos, preparações nasais, oftálmicas e
otológicas e, ainda sob formas sólidas de uso externo, por meio de apósitos e
pós medicinais, supositórios retais e vaginais (óvulos).

Assim, a administração de medicamentos homeopáticos traz menores


impactos negativos ao organismo, além de surtirem efeito rapidamente, sendo
indicados para pessoas de qualquer idade. Para reforçar essa ideia, Barros
(2018) ressalta que a Medicina Homeopática engloba mais de 2 mil tipos de
medicações diferentes que são utilizadas no tratamento de muitas, a exemplo
das enfermidades respiratórias, ginecológicas, dermatológicas e do trato
gastrointestinal, bem como infecções virais e bacterianas, além de alergias.
Não obstante, a autora aponta que a Medicina Homeopática pode ser indicada
ainda no tratamento complementar da depressão e de outros males
psicológicos e comportamentais.

O responsável pelas prescrições deverá ser um médico homeopata.


Este deverá realizar uma profunda anamnese com o paciente de forma a
conhecer sua enfermidade de forma global, conhecendo-o a fundo e
personalizando suas necessidades.

Atualmente no Brasil, aproximadamente 15 mil médicos atuam na


Medicina Homeopática, além de dois mil farmacêuticos e mais de 2 mil
farmácias especializadas. Para Santos e Sá (2014, p. 11-12):

Medicamento homeopático é conceituado como toda forma


farmacêutica de dispensação ministrada segundo o princípio da
semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou
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preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e usado para uso


interno ou externo (SANTOS; SÁ, 2014, p. 11-12).

De acordo com César (2017), “remédio pode ser usado tanto para tratar
os doentes como para evitar o surgimento dos mesmos sintomas. Isto é, uma
prevenção específica para aquela doença”.

O preparo dos medicamentos homeopáticos está perfeitamente descrito


na Farmacopeia Homeopática Brasileira, publicada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, ANVISA, bem como sua metodologia de preparo, sendo
oficiais e tendo autorização de serem conduzidas em território nacional
(CESAR, 2017).

Assim, é perceptível que a literatura da Medicina Homeopática lança


mão dos estudos de Hahnemann e de outros pesquisadores para a prescrição
mais acertada. Dentre os fundamentos literários da Medicina Homeopática,
estão o Organon, escrito pelo próprio Hahnemann, o Repertório Homeopático
(dicionário dos sintomas registrados na matéria médica), e outros livros e
pesquisas relevantes à área homeopática.

Nesse sentido, Vieira (2009, p. 84), aponta que “para conhecer a


homeopatia é fundamental o conhecimento da matéria médica”, Para o autor, o
médico homeopata que objetiva o conhecimento e o domínio de toda a
“patogenesia de um medicamento com seus sintomas característicos,
importantes e secundários tende ao sucesso”. Na mesma direção, César
(2017) afirma que “Samuel Hahnemann, tido como fundador da homeopatia,
criou o conceito de ‘gênio epidêmico’. É o seguinte: para medicar uma doença
epidêmica, é necessário antes de tudo anotar os sintomas que diversos
doentes apresentam.”.

Dessa forma, o médico homeopata em momento posterior à anamnese


realizada junto ao paciente, “elege os sintomas mais e menos importantes, ou
seja, faz a hierarquização. (NETO, 2006, p. 27)

Depois, procura-se no repertório esses sintomas, buscando quais são os


medicamentos que nas experimentações produziram tal conjunto de sintomas.
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Este processo de consulta ao repertório chama-se Repertorização (NETO,


2006, p. 28).

O médico homeopata dispõe de um compêndio de clínica


denominado “matéria médica”. Trata-se da descrição minuciosa dos
sintomas provocados, ou comprovadamente curados na prática, pelas
inúmeras substâncias que já fazem parte do rol de medicamentos
homeopáticos (NETO, 2006, p. 22).

De posse da relação sintomática, o médico homeopata busca pelo


medicamento que cubra essa totalidade e que melhor se adéque à pontuação
dos sintomas.

Resumindo. A base da consulta homeopática é a busca pelo


medicamento mais semelhante ao doente. Os passos dessa busca
são: a observação minuciosa, a escuta atenta, o questionamento, a
anotação da história de vida e o exame físico. A repertorização é
facilitada com o uso do computador, mas não dispensa a verificação
no livro de medicamentos (matéria médica). A grande dificuldade - a
parte artística da medicina homeopática - está na eleição dos
sintomas a serem repertorizados, ou seja, na escolha daqueles
sintomas que representam a totalidade da pessoa doente (NETO,
2006, p. 29).

Destarte, pode-se perceber que o conhecimento dos sintomas que o


paciente apresenta, em sua totalidade, possibilita ao médico homeopata uma
individualização adequada do seu paciente e que essa individualização é a
chave para a cura deste.

No tocante ao estudo das substâncias que embasam os


medicamentos homeopáticos, Vieira (2009, p. 84) aponta que John Henry
Clarke, autor de uma Matéria Médica composta por três volumes, se referia ao
conhecimento da sintomatologia de 13 medicamentos selecionados. Afirma o
autor que o conhecimento dessas substâncias habilitaria, de maneira prática o
tratamento bem sucedido da maioria das enfermidades que um homeopata
pudesse encontrar. Ainda, prescrevia Clarke que essas substâncias deveriam
ser estudadas na seguinte ordem, (VIEIRA, 2009):

1 – Sulfur;
2 – Calcarea Carbonica;
3 – Lycopodium;
4 – Arsenicum Album;
5 – Thuya;
6 – Aconitum;
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7 – Nux Vomica;
8 – Pulsatilla;
9 – Silicea;
10 – Hepar Sulfur;
11 – China;
12 – Belladonna;
13 – Bryonia.

Uma das substâncias mais utilizadas na dinamização dos medicamentos


homeopáticos é o ácido silícico, sílica ou silicea. Amplamente conhecida pela
Medicina Homeopática, ainda não adquiriu o mesmo status na medicina
alopática. No capítulo a seguir, aborda-se a utilização da SILICEA na
Homeopatia.
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CAPÍTULO 2: A SILICEA

Para Pereira (2010, 02), a silicea é um composto oxigenado do óxido de


silício, dois dos elementos mais abundantes na crosta terrestre, encontrado nos
três reinos: mineral, vegetal e animal. A sílica e seus compostos constituem
cerca de 60% em peso de toda a crosta terrestre. Nesse sentido, o autor
explica que no reino mineral a silicea é encontrada sob diferentes formas,
cristalizada (quartzo), amorfa (sílex, ágata, ônix...), salicilatos, isto é, sais de
sílica constituída por rochas de granito, sendo o principal componente da areia
e a principal matéria prima do vidro, além de ser encontrada sob a forma
coloidal, em águas naturais. Silicea terra fornece o "grão" da crosta terrestre,
da vida vegetal, e em grande parte da vida animal também. (J.H.Clarke).

A principal característica desse mineral é a dureza. No reino vegetal


Pereira (2010) aponta que a silicea coloidal “é assimilada pelos vegetais e
entra na constituição das partes mais resistentes como nodos de Bambu e
fibras têxteis”. Já no reino animal, a silicea é encontrada em pequenos
organismos, fazendo parte da sua constituição esquelética e em animais
maiores, está na composição dos tecidos conjuntivos e nos esqueletos.

Torres (2019) denota que se sugere que o silício, elemento base da


silicea, tenha desempenhado um importante papel, até mesmo indispensável
para o surgimento da vida no planeta. O autor discorre sobre a presença desse
elemento no corpo humano ao afirmar que este está presente, em média de 6 a
90 mg /100 gramas de tecido muscular. Contudo, essa proporção depende da
idade do indivíduo. Afirma ainda: “Os pulmões têm cerca de 10 mg na infância
e podem chegar a 2000 mg por 100 g de tecido na velhice. Em estado natural é
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um corpo insolúvel de ação nula; dinamizado é um dos remédios mais


poderosos da matéria médica”.

Enquanto preparação dinamizada, usa-se a silicea pura, extraída do


cristal de rocha, as três primeiras dinamizações por trituração e depois por
diluição Hahnemanniana (PEREIRA, 2010). No mesmo sentido, Logan (2020)
ressalta que como medicamento homeopático, a silicea é utilizada sob a forma
de comprimidos, líquida coloidal ou topicamente como um gel para tratar
doenças ósseas, cáries dentárias e necrose.

Por apresentar estrutura densa e seca, leva a crer que possa ser
utilizada ainda em processos de cicatrizações, crescimento e tratamentos de
pele e dermatológicos de maneira geral, bem como no tratamento e
fortalecimento de cabelos e unhas. Uma das filosofias fundamentais da
homeopatia é que as condições que são secas e duras, a exemplo das
cicatrizes, precisam receber tratamento pelo que também se apresenta sob
forma seca e dura em sua chamada natureza elementar. A essa filosofia,
podem ser atribuídos os elementos sílicos, como a silicea.

Silicea estimula a pele do corpo homeopaticamente a reabsorver o


tecido cicatricial, incluindo quelóides. Esse uso deve ser monitorado
por um médico homeopata, pois uma condição subjacente, como uma
infecção ou um distúrbio cutâneo, pode ser reabsorvida com o tecido
cicatricial ou queloide e começar a se fixar novamente no corpo
(LOGAN, 2020).

Existem vários usos da silicea na Medicina Homeopática, podendo esta


ser prescrita por diferentes razões. Conforme o canal Saúde (2019), a silicea
pode ser recomendada para tratamentos de humor, por exemplo, para a falta
de assertividade, falta de confiança, indecisão e exaustão. Ainda, pode ser
indicada para atender sintomas de vulnerabilidade a resfriados, dores de
garganta e dores de cabeça acompanhadas de náuseas, sudorese e
transpiração excessivas, dentre inúmeros outros.

Para Torres (2019) a silicea constitui um importante medicamento


imunomodulador e equilibrador, tanto físico como emocional que representa
grande auxílio em problemas infecciosos de repetição, em patologias ósseas e
esqueléticas, em situações de fragilidade física ou emocional e que quando
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utilizado com regularidade pode provocar alterações na flora bacteriana e no


sistema defensivo do corpo humano.

Conforme o canal Saúde (2019) “existe um tipo específico de


personalidade adequado à silicea na Homeopatia, e as pessoas que combinam
com esse tipo são beneficiadas com o tratamento com a silicea”. De acordo
com a matéria, o tipo de personalidade é referente às pessoas com a pele
pálida e quebradiça, cabelos e unhas facilmente quebráveis e uma
suscetibilidade ao cansaço e infecções. Este grupo também inclui pessoas que
sentem frio o tempo todo e que apresentam dificuldades em falar em público,
ou timidez. As crianças típicas do Silicea de acordo com Torres (2019), são
fisicamente e emocionalmente letárgicas. Conforme o autor, essas crianças se
cansam facilmente, são pobres e não seguram nada. Eles são teimosos, mas
não agressivos ou beligerantes, mas amigáveis e discretos. Mesmo com os
bebês, a falta de autoconfiança pode levar ao medo do fracasso e, assim, ao
surgimento de ansiedade.

Os principais efeitos pretendidos do uso da silicea incluem o


fortalecimento das unhas quebradiças e dos cabelos, tratar as condições da
pele, prevenir a caspa e auxiliar na cicatrização. Pode ser usada ainda para
tratar e auxiliar na absorção de nutrientes pelo organismo, ou para a remoção
de corpos estranhos no organismo.

A silicea, portanto, pode ser utilizada, de acordo com Logan (2020) em


conjunto com o ácido ortossilicato estabilizado com colina, como suplemento
nutricional sob a forma de comprimidos, tratando cabelos, unhas quebradiças,
densidade mineral, formação óssea e ainda para promover a formação de
colágeno ósseo em pacientes osteopênicas.

Sua formulação apresenta-se na forma de gel ou comprimido, em


concentrações que variam de 12X a 30C. Os números romanos X e C são
usados para demonstrar quanto ingrediente ativo foi diluído enquanto o número
representa a quantidade de vezes que essa diluição foi repetida, o X em 12X
simboliza 10, o quer dizer que a solução foi diluída a uma parte do ingrediente
ativo em 9 partes de água, e o processo foi repetido 12 vezes. O C em 30C
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significa 100, o que significa que uma parte de silicea foi diluída em 99 partes
de água e o processo foi repetido 30 vezes.

Logan (2020) afirma ainda que a silicea, enquanto complemento


nutricional, trabalha de forma natural no sistema digestório, auxiliando na
absorção e na assimilação dos nutrientes. O autor defende que alguns efeitos
colaterais para quem tem problemas com a assimilação da silicea podem
ocorrer, tais como indigestão e/ou constipação. No entanto, o mesmo autor
aponta que o acréscimo de suplementos adicionais que incluem o boro, o
cálcio, o magnésio e potássio, amenizariam esses efeitos e potencializariam os
resultados do tratamento. Além disso, o autor defende que

“se, após aumentar os suplementos adicionais, você descobrir que você


ainda não assimila a forma de comprimido de silicea-algumas pessoas
continuam a sentir uma digestão leve e desconforto gastrointestinal - o
conteúdo mineral também está disponível em fontes alimentares como
beterraba, arroz integral, pimentão, soja, alfafa, vegetais de folhas verdes como
couve e grãos integrais” (LOGAN, 2020).

Kalí (2010) aponta que a silicea CH30 trabalha em conjunto com Hepar
sulphur, atuando como um dos principais medicamentos de abscessos,
reduzindo a supuração constante, reabsorvendo as endurações e promovendo
a expulsão de corpos estranhos do organismo. No mesmo sentido, Logan
(2020) aponta que:

Pesquisa feita no Centro Birchall de Química Inorgânica e Ciência dos


Materiais concentrou-se em adicionar ácido silícico a bebidas
enlatadas, para observar a capacidade do ácido silícico em reduzir a
ingestão de alumínio no sistema digestivo e ajudar o corpo a excretá-
lo pelos rins. O alumínio que é retido no corpo humano é considerado
um possível fator contributivo para a doença de Alzheimer (LOGAN ,
2020, p.01).

Inúmeros são os benefícios e as indicações do uso terápico da silicea,


seja como medicamento de substância única ou em concomitância com outras
substâncias. De acordo com Torres (2019), algumas pesquisas dão conta de
que a silicea pode ser usada em suplementos dietéticos, bem como na
19

eliminação da substância alumínio do organismo. Sobre o mesmo assunto,


Logan (2020) entende:

Tenha cuidado Beber cinco a oito xícaras de água por dia, se você
está tentando neutralizar os efeitos do alumínio em seu corpo com
silicea. Ajuda os rins a processar e excretar tanto o alumínio como o
silicea (LOGAN, 2020).

Assim, pesquisas sobre a silicea e sua funcionalidade dão conta de que


essa substância têm se mostrado eficiente em muitos tratamentos de
enfermidades humanas. Um desses estudos foi realizado por Găleșanu (2014)
acerca da eficiência da silicea no tratamento de problemas da tireóide, o que
demonstrou que o uso da silicea “resultou na normalização gradual dos valores
plasmáticos dos hormônios tireóideos e hipofisários, assim como na
negativação dos autoanticorpos no prazo de nove meses” de uso constante da
substância.

Segundo Torres (2019), os sintomas e queixas que indicam a Silicea


como medicamento em tratamento homeopático são os seguintes:

 Sensível, tímido, indulgente, indeciso


 Medo de objetos pontiagudos
 muito sensível ao frio, precisa de calor
 É muito fácil pegar frio sempre que a cabeça ou as mãos e os
pés ficam frios
 Tendência à formação de pus
 Doenças curam apenas lentamente
 linfonodos inchados, endurecidos e purulentos
 Ácido, mau cheiro e dor de suor, especialmente nos pés
 Vacinas não são bem toleradas
 Intolerância e vômito de leite, até leite materno
 Fadiga e fraqueza
 as queixas tornam-se melhores por calor, envolvimento quente
(especialmente da cabeça), no verão, por urinar
 As queixas são pior do frio, correntes de ar, humidade, pressão
e toque, lua cheia, mudanças de tempo, esforço físico e mental,
nevoeiro e humidade, o álcool (TORRES, 2019).

O mesmo autor aponta ainda, que os sintomas citados podem evidenciar


sinais reais da doença ou acompanhá-la indicando que a silicea se adéqua
como melhor medicação ao caso. De posse das informações necessárias à
prescrição, o médico homeopata poderá prescrever os medicamentos aos seus
pacientes de forma que este possa iniciar o seu tratamento, e, em caso de não
adaptação, possa adequar-se a novas substâncias.
20

Contudo, mesmo anteriormente a esses novos estudos, a silicea já havia


se estabelecido enquanto uma das substâncias mais importantes na Medicina
Homeopática. Na Matéria Médica, a Silicea é usada quando se detectam os
seguintes sintomas, os quais ocorrem sob fatores específicos concomitantes. A
esses fatores, atribuem-se geralmente dosagens do medicamento descritas no
quadro elaborado pela autora desta investigação e que se detalha no quadro a
seguir:

Sintomas/enfermidade Fatores concomitantes Dosagem sugerida/


Posologia
Dor de cabeça / - dor opressiva 3 glóbulos Silicea D6 até
enxaqueca cinco vezes por dia ou 3
- como se a cabeça
glóbulos Silicea D12 até
quisesse explodir
duas vezes por dia.

- A dor se move do
pescoço e da parte de
trás da cabeça para
frente e fica presa sobre
os olhos

- dor de cabeça no
excesso de trabalho
mental

- dor de cabeça do ruído

- couro cabeludo
sensível

- piora quando se vira se


inclina e fala

Ansiedade de teste medo do fracasso Repetir 3 Globuli Silicea


C30 na noite anterior ao
- superficialmente com teste, se necessário
21

imediatamente antes do
todos os detalhes teste.

- memória fraca
Grão de cevada / - se ocorrerem repetida Aguda: 3 glóbulos
granizo e frequentemente Silicea D6 até cinco
vezes por dia ou 3
glóbulos Silicea D12 até
duas vezes por dia.

Como precaução: repita


3 Globuli Silicea C30
após uma semana.

Sinusite - muco espesso que Para um curso crônico:


corre pela parte 3 glóbulos Silicea C30.
posterior da garganta Repita depois de uma
semana.
- sim, com inflamações
crônicas de longa Em caso agudo não é
duração adequado.

- Risco de a inflamação
se espalhar para os
ossos
Amigdalite amêndoas inchadas 3 glóbulos Silicea D6 até
cinco vezes por dia ou 3
- gosto amargo na boca
glóbulos Silicea D12 até
duas vezes por dia.
- dor pungente, como se
de uma agulha

- dor ao engolir

- Expectoração de
glóbulos de muco fétidos
22

Inflamação ocular - Inflamação das 3 glóbulos Silicea D6 até


pálpebras, conjuntiva e cinco vezes por dia ou 3
córnea glóbulos Silicea D12 até
duas vezes por dia.
- Inchaço e inflamação
do canal lacrimal e Somente após o
bolsas controle oftalmológico,
possivelmente além da
- corrimento viscoso-
terapia médica
purulento
convencional.

- Infecções das lágrimas


ou lágrimas bloqueadas
em recém-nascidos

Otite - Orelhas como 3 glóbulos Silicea D6 até


entupidas, por vezes, cinco vezes por dia ou 3
subir com um som alto glóbulos Silicea D12 até
ao bocejar ou engolir duas vezes por dia. As
queixas são geralmente
- surdez
muito fortes, por isso é
essencial ter o curso
- o tímpano pode
controlado pelo médico.
explodir

- Perigo de que a
inflamação no osso do
crânio se sobreponha

Frio Coryza com crostas no 3 glóbulos Silicea D6 até


nariz e dor ou cinco vezes por dia ou 3
glóbulos Silicea D12 até
- Nariz escorrendo com
duas vezes por dia.
secreção aquosa, o que
23

torna a pele dolorida

Bronquite tosse forte e convulsiva 3 glóbulos Silicea D6 até


cinco vezes por dia ou 3
- Tossir e fazer cócegas
glóbulos Silicea D12 até
na garganta
duas vezes por dia. As
queixas são geralmente
- forte chocalhar no peito
muito fortes, por isso é
- expectoração viscosa, essencial ter o curso
purulenta e fétida controlado pelo médico.

- Sensação de um fio de
cabelo na língua que
entra na traqueia e
causa tosse

- Bronquite às vezes
pára todo o inverno

Dor de dente / cárie - tendência à cárie 3 glóbulos Silicea C30.


dentária dentária Repita depois de uma
semana.
- Sentir como se os
dentes fossem grandes
e compridos demais
para a boca
Gengivite - também com úlceras 3 glóbulos Silicea D6 até
nas gengivas cinco vezes por dia ou 3
glóbulos Silicea D12 até
duas vezes por dia.
Abscesso / ferve - em todas as partes 3 glóbulos Silicea D6 até
possíveis do corpo cinco vezes por dia ou 3
glóbulos Silicea D12 até
- tendência à formação
duas vezes por dia.
24

Verifique o curso pelo


de fístula
médico. Uma vez que o
abcesso se abre, o
consumo deve ser
interrompido.

Feridas gravemente - até mesmo pequenas Aguda: 3 glóbulos


cicatrizadas feridas curam mal Silicea D6 até cinco
vezes por dia ou 3
- fester facilmente glóbulos Silicea D12 até
duas vezes por dia.
Cicatrizes de repente se
tornam dolorosas Para evitar cicatrizes
dolorosas ou inchadas:
- formação de queloide
Repetir 3 Globuli Silicea
C30 após uma semana.
Lascas e outros objetos - Permitir que tais 3 Globuli Silicea D12,
estranhos corpos estranhos duas vezes ao dia. Por
migrem para o exterior um período máximo de
2 semanas. Se não
houver sucesso, pare o
tratamento.

Erupção - comichão, 3 glóbulos Silicea D6


principalmente durante até cinco vezes por dia
o dia ou apenas à noite ou 3 glóbulos Silicea
D12 até duas vezes por
- inflamado e purulento
dia.

- tendência a abscessos
Pés suados - suor fedorento 3 glóbulos Silicea C30.
Repita semanalmente
- suor abundante
por um mês.

- mais em crianças do
25

que em adultos

- principalmente com
pés gelados

- O suor do pé pode
deixar seus dedos do pé
doloridos

- muitas vezes à noite


dormindo
Quadro 01: Relação das doenças, sintomas e posologias sugeridas pela
Matéria Médica.
Fonte: A própria elaboradora (2020)

Assim, Vieira (2009) entende que após o m o Simillimum, isto é, o


conjunto sintomático individual do paciente, há que determinar a Diluição, a
Dose e a Frequência com que o remédio será administrado. Por ser um
remédio homeopático que apresenta longa duração de ação, a silicea não deve
ser repetida com muita freqüência (LOGAN, 2020). Quando aplicada ao
tratamento de doenças crônicas, a silicea é aplicada em baixas potências,
sendo que inicia-se com potência D6 e aumenta-se gradualmente a quantidade
de glóbulos por dia, em caso de se verificar necessidade.

O seguinte se aplica: A sílica D6 pode ser derretida sob a língua a


cada meia hora em uma emergência, mas não mais do que cinco
vezes em 24 horas. Se os sintomas forem mais pronunciados ou
durarem mais, é melhor usar o Silicea D12 ou D30. No entanto, você
não deve repetir essas potências com mais frequência do que duas
vezes por dia (LOGAN, 2020).

Se a psique e os nervos ou a suscetibilidade ao resfriado comum forem


positivamente influenciados pelo efeito Silicea, é preciso ter potências mais
altas. Tentativas de auto-tratamento deve ser iniciado com cuidado com uma
dose única de três esferas Silicea C30 (LOGAN, 2020).

No tratamento de doenças crônicas ou nas severas, uma dosagem


maior é recomendada. De acordo com Vieira (2009) os poderes elevados só
26

devem ser prescritos por um médico homeopata que esteja acompanhando o


tratamento de perto.

Por fim, percebe-se que para Vieira (2009), Logan (2020), Pereira (2010)
entre outros, apontam que como em todos os medicamentos administrados
pela Medicina Homeopática, a silicea não apresenta efeitos colaterais de forma
direta, no entanto, salientam que se as queixas apresentadas durante a
avaliação inicial permanecerem, mesmo com o uso regular e prescrito dos
medicamentos homeopáticos, o tratamento deverá ser interrompido. Contudo,
recomendam que, devido às suas propriedades de expulsar corpos estranhos
do corpo, a silicea não deve ser prescrita em pacientes com implantes, marca-
passos ou que fazem uso de contraceptivos implantados.
27

METODOLOGIA

Segundo Fonseca (2002) “a pesquisa científica é o resultado de um


inquérito ou exame minucioso, realizado com o objetivo de resolver um
problema, recorrendo a procedimentos científicos”. Este estudo é referente ao
uso da substância medicamentosa silicea na Medicina Homeopática. Para
alcançar os objetivos propostos inicialmente, estabeleceu-se que este registro
seria resultante de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo descritiva e
bibliográfica, uma vez que pretendeu entender como a silicea é utilizada nos
tratamentos homeopáticos em diferentes áreas. Acerca das pesquisas de
abordagem qualitativa, Knechtel (2014) aponta que:

A pesquisa qualitativa busca entender fenômenos humanos,


buscando deles obter uma visão detalhada e complexa por meio de
uma análise científica do pesquisador. Esse tipo de pesquisa se
preocupa com o significado dos fenômenos e processos sociais. Mas
sendo uma análise relacionada também à subjetividade, quais são os
critérios do pesquisador? Bem, ele leva em consideração as
motivações, crenças, valores e representações encontradas nas
relações sociais (KNECHTEL, 2014).

Assim, esta pesquisa trata dos benefícios trazidos pelo uso da silicea em
diversas enfermidades, humanas ou não, haja vista que a saúde certamente
representa grande importância sociail, e que, desse modo, a pesquisa
qualitativa apresenta relevância na temática abordada.

Destarte, esta pesquisa de abordagem qualitativa se desenvolveu sob


características descritivas e bibliográficas. Sobre as pesquisas do tipo
descritivas, Triviños (1987) afirma que: “A pesquisa descritiva exige do
investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo
de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade”.

Quanto à pesquisa do tipo bibliográfica, entende-se que:


28

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de


referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.
Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,
que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o
assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam
unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas
publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos
prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta
(FONSECA, 2002, p. 32).

Desse modo, esta pesquisa científica utilizou como método de coleta de


dados a revisão bibliográfica acerca do uso da silicea na Medicina
Homeopática.

Realizou, portanto, um estudo sobre artigos que versavam acerca da


mesma temática, em portais virtuais, bem como em livros referentes ao tema
abordado.
29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Medicina Homeopática, ciência bicentenária vem ganhando a cada dia


mais adeptos e com isso, ampliando seu alcance. Trata-se de uma forma
diferente de se perceber não só a doença mas também o ser humano. Ao
considerar o indivíduo como um ser globalizado e seus sintomas como reflexos
do que ele é e de como vive, A Medicina Homeopática aborda de forma
diferente as doenças, tratando-a e restabelecendo o equilíbrio do organismo.
Como conseqüência, o paciente passa a ter uma melhor qualidade de vida
também de forma global, pois, se o tratamento segue a linha holística, a saúde
também o segue. Para tanto, a Medicina Homeopática faz uso de elementos da
natureza, associando-o aos sintomas individualizados de cada enfermo. A
silicea é um dos mais importantes elementos dos quais a Medicina
Homeopática lança mão.

Presente em grande parte da crosta terrestre, em plantas e nos animais,


a silicea é derivada do Silício (Si) e, nesse sentido, tive a oportunidade de
buscar em artigos e na literatura, informações acerca desse medicamento que
é utilizado no tratamento de uma variedade imensa de enfermidades.

Com este estudo, pude averiguar ainda que a silicea é utilizada apenas
na Medicina Homeopática não apenas em seres humanos, mas que, tem
demonstrado resultados significativos também na agricultura e na criação de
animais, tanto domésticos quanto de rebanho.

As vantagens da utilização da silicea são inúmeras, podendo esta ser


utilizada em doenças dermatológicas ou infecciosas. Ademais, a silicea vem
denotando bons resultados em doenças hormonais (em tratamentos da
tireóide) e também atua como auxiliar em complementação medicamentosa de
doenças como o câncer e outras doenças graves.

Não posso deixar de enaltecer os benefícios funcionais da Homeopatia,


em especial da silicea em tempos de epidemias, como foi o caso de
Hahnemann ao dispor seus conhecimentos para auxiliar durante o período de
cólera na França. Assim como àquela época, não descarto a possibilidade de
30

que a Medicina Homeopática possa ser de grande valia atualmente, e espero


que possa contribuir também para a erradicação das doenças que assolam a
sociedade contemporânea.
31

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