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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

ACADÊMICO: JHOMERSON NUNES DA SILVA


Resenha Crítica
FERTONANI, H. P.; DE PIRES, D. E. P.; BIFF,D.; SCHERER M. D.dos
A. Modelo assistencial em saúde: conceitos e desafios para a
atenção básica brasileira, In: Ciência e Saúde Coletiva, 2015.
Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/csc/a/ZtnLRysBYTmdC9jw9wy7hKQ/?lang=pt>

Modelo assistencial em saúde: conceitos e desafios para a atenção básica brasileira

O artigo em análise trata de uma reflexão teórica que objetivou o resgate o


debate conceitual sobre o modelo assistencial em saúde e seus desafios para a atenção
básica no Brasil. O artigo afirma que o estudo realizado, caracteriza os diversos
conceitos e terminologias relacionados a expressão modelo assistencial e mostra que a
saúde da família tem promovido uma ampliação de acesso incorporação de acolhimento
e humanização das práticas.
Diversas são as discussões que tratam das formas de organização das práticas
de saúde. Contudo dois enfoques principais se destacam: o entendimento conceitual da
expressão "modelo assistencial" e e suas concepções terminológicas, e a ideia do que
poderia ser um novo modelo de saúde orientado pelos princípios e diretrizes do sistema
único de Saúde (SUS), bem como as dificuldades apresentadas nas propostas que
implicam em sua implantação no Brasil, principalmente após aprovação das leis
orgânicas da Saúde número 8080 e nº 8142 de 1990, que instituíram o SUS e o controle
social.
O que se entende pelo "modelo biomédico" exerce influência direta o modo como
as organizações dos serviços e a produção científica em saúde tenha ocorrido até
agora, assim como na forma como os profissionais de saúde recebem formação.
Entretanto, diferentes países percebem de diferentes formas seus modelos biomédicos.
Assim sendo, se instala uma hegemonia de tal modelo, que instaura críticas de
relevância internacional a partir da década de 70, o que ocorre também no Brasil,
demonstrando maior intensidade na segunda metade dos anos 80.
Inicialmente o modelo estrangeiro foi adotado e reconhecido, bem como
incorporado aos serviços de Saúde pública, por apresentar maiores benefícios
Todavia, de forma limitada, essa aplicação apesar de reconhecida incorporada
devido aos seus benefícios para promover o alívio da dor e o tratamento de muitas
doenças, evidenciando o foco no indivíduo indiferenciado e predominantemente com
intervenção no seu corpo e na parte afetada com ênfase nas ações e no tratamento das
doenças. Outros aspectos semelhantes são, análise de forma rasa dedicada aos
determinantes do processo saúde e doença e das escolhas sobre sua implantação. Do
Assim sendo, na década de 80 com os movimentos anti-ditadura pró-democracia que
buscavam a implantação desse modelo, em função dos altos custos com serviços de
Saúde até então vigentes. Desse jeito, após a promulgação da Constituição de 1988, e
com a VIII Conferência Nacional de Saúde, o SUS foi finalmente implantado
definitivamente no Brasil em 1990.
Entretanto, as discussões não perderam força na década de 90 e continuaram
em conferências nacionais de saúde, colocando a necessidade da construção de um
modelo de atenção para a qualidade de vida, um atendimento humanizado em pauta.
Em 2012, o Programa Saúde da Família do Ministério da Saúde, posteriormente
chamado de Estratégia Saúde da Família (ESF), juntamente com o papel da atenção
básica (AB), foram fortalecidos pela Política Nacional Da Atenção Básica (PNAB),
trazendo importantes implementações aos princípios do SUS. Esse novo modelo
assistencial tinha nas práticas a ordenação orientada pelos determinantes do processo
saúde- doença, ao considerar o indivíduo em seu contexto, como parte de grupos, de
uma comunidade, incluindo aí ações no campo da Vigilância em Saúde (VS) e da
Promoção da Saúde (PS). Com isso criou-se a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), que deu origem ainda ao Programa Saúde na Escola de forma universalizada,
ao considerar que o indivíduo precise de atenção e de ligação com a rede de atenção à
saúde desde o período escolar. Essas ações foram chamadas de Atenção Básica e
Atenção Primária à Saúde. dessa forma a PNAB trata a Saúde da Família como
estratégia prioritária para consolidação dá atenção, estando esta sob a responsabilidade
do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais de saúde com apoio governamental.
Entretanto PNAB apresenta fragilidades nos processos de promoção às mudanças nas
práticas assistenciais, o que evidencia que as ações continuam predominantemente
"centradas no médico, no tratamento e reabilitação de doenças e com deficiências do
trabalho em equipe ".
Ademais a identificação de uma não uniformidade no emprego do termo "modelo
assistencial", é evidente. Nesse sentido, o artigo analisado objetivo um resgate e a
discussão sobre as formulações conceituais desse modelo assistencial em saúde e dos
desafios para a atenção básica no Brasil.
O primeiro tópico discutido no artigo analisado é: Modelo Assistencial:
Denominações e Conceitos. Nele as autoras apontam que a denominação “modelo
tecnoassistencial” é utilizada para designar um processo composto por "tecnologia do
trabalho em saúde" (MERHY), e a "assistência" é tratada como uma “tecnologia do
cuidado” que trabalha por três tipos de arranjos tecnológicos: "tecnologias leves, leve-
duras e duras". O autor citado contribui para a discussão acerca da necessidade de
mudanças do modelo assistencial hegemônico defendendo que para tal é importante
"impactar o núcleo do cuidado, do trabalho vivo sobre o trabalho morto”. Assim sendo,
um investimento em tecnologias leves do tipo relacionais, que se sentam nas
necessidades dos usuários, traduza esse nas normas, equipamentos e materiais .
Assim, as autoras discutem conceitos de modelos assistenciais, modelos de
atenção ou modos de intervenção em saúde observando que ambos são entendidos de
diferentes formas por ocuparem diferentes tipos de tecnologias e tem diferentes
finalidades para atender as necessidades de saúde, organizar serviços ou intervir em
situações "em função do perfil epidemiológico e da investigação dos danos e riscos à
saúde. "
Dessa forma, as autoras realizam um desenho de conceitos em torno da temática
"modelo assistencial, concluindo que o termo tem diferentes sentidos pois pode
designar diferentes aspectos de um fenômeno mais abrangente. Contudo, as autoras
apontam que dependendo do contexto social, todos os modelos de assistência
representam organizações e serviços para a Saúde em suas práticas que valorizam a
vida e os direitos humanos.
Em uma segunda seção do trabalho analisado, que encontra-se sobre título
Desafios para a Construção de um Modelo Assistencial na Atenção Básica, as autoras
reiteram que o modelo Saúde da família (SF), determina a promoção da saúde e
assistência em saúde, previstos pela constituição de 1988 e também pelos princípios do
SUS dessa forma pode-se entender que é SF encontra-se sob a PNAB, e que o
conteúdo da mesma referencias internacionalmente pelo desenvolvimento conceitual
que abordam os cuidados primários de saúde.
Posteriormente, as autoras abordam o conceito de atenção primária à saúde ou
cuidados primários de saúde, desenvolvendo conceitos como a saúde da família. A ESF
serve portanto para reafirmar os princípios do SUS. Nesse sentido as autoras apontam
três desafios principais para o modelo assistencial vigente. O primeiro deles é a de
centralidade das ações dos cuidados do corpo biológico no diagnóstico e tratamento de
patologias. O segundo grande desafio, encontrado na literatura, refere-se às
dificuldades na implantação da integralidade, independente da perspectiva de
entendimento multidimensional do ser humano, isto é, do seu contexto. Em terceiro
lugar, a formação inadequada ou insuficiente para o trabalho na saúde da família, se
destaca. Ademais, um outro desafio importante refere-se a necessidade de superação
de significativos déficits nas condições de trabalho. Assim, as dificuldades de relacionar
os profissionais de saúde com suas comunidades se tornam ainda, um quinto desafio.
Após elencarem os principais desafios para o modelo assistencial anteriormente
conceituado pelas autoras, estas concluem que este esteja orientado para a
integralidade e as necessidades ampliadas de Saúde, relacionados aos princípios do
SUS, e que a busca pela superação dos problemas decorrentes dessa hegemonia da
biomedicina refere-se a um dos principais desafios que o sistema de saúde brasileiro
tenha atualmente.
As autoras evidenciam que essas características são muito discutidas nas
produções acadêmicas, em conferências e congressos sobre saúde, e nas políticas
públicas. Nesse sentido, a ESF em sua consolidação, ainda precisa superar muitos
problemas mesmo com a ampliação do acesso e da promoção de programas de
atenção à saúde da criança, da mulher, atendimento pré-natal de baixo risco
puericultura, além do cuidado de doenças crônicas e ao idoso. Mesmo assim as autoras
identificaram também que o modelo biomédico hegemônico exerce grande influência
nas práticas assistenciais, mesmo diante de propostas de políticas públicas relevantes
para o tema.
Entende-se portanto que a implementação de um novo modelo assistencial no
Brasil aborda novas perspectivas teóricas e implementação de políticas públicas sobre
ele o que revelam grandes desafios que precisam ser assimilados pelo serviço de saúde
oferecido pelo governo federal. Nesse sentido, penso que muito há o que melhorar
ainda no sistema de Saúde público brasileiro. Apesar de saber que este seja um
sistema eficiente e internacionalmente invejado, ainda apresenta falhas que podem ser
sanadas por meio da implementação de políticas públicas e da discussão dos
problemas de forma mais aberta e democrática incluindo a população nas decisões.
BOA VISTA, RR 2021

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