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SÃO PAULO
2008
MONICA LUISA RAPP SCHMIDT
SÃO PAULO
2008
Dedico esse trabalho a todos os Disléxicos. Que
nós, médicos homeopatas, possamos ajudá-los a
alcançar os mais elevados objetivos de suas
existências.
III
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, médica e amiga, Maísa Misiara, pelo seu apoio incondicional.
Aos meus pais, Hans e Ursula, por me ensinarem as primeiras lições da vida.
Ao meu marido Fabio, agradeço por todas as vezes que me apoiou, por toda a
verdade que me fez enxergar e por toda a alegria que trouxe para a minha vida.
Ao meu filho Mauricio, razão desse trabalho, agradeço por podermos compartilhar
IV
RESUMO
homeopata, pela natureza de sua atividade e pela proposta da medicina que pratica,
reúne condições para o diagnóstico desta disfunção. Mas para isto deve estar
tratamento para Dislexia que tenha sido tão eficaz, rápido e não exaustivo. Pelo
V
SUMARIO
INTRODUÇÃO.............................................................................. 07
Material e métodos........................................................................ 09
HISTÓRICO................................................................................... 10
EPIDEMIOLOGIA.......................................................................... 15
FISIOPATOLOGIA........................................................................ 17
DIAGNÓSTICO ANATOMICO-FUNCIONAL............................... 22
DIAGNÓSTICO CLÍNICO............................................................. 31
COMORBIDADES........................................................................ 39
TRATAMENTO............................................................................. 41
Programa de leitura....................................................................... 41
Acomodações................................................................................ 42
DISLEXIA E HOMEOPATIA......................................................... 48
CONCLUSÃO................................................................................ 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 68
INTRODUÇÃO
tem para seu filho. Já muito cedo, as crianças são monitoradas, e seu futuro com
adulta. Por isso é tão importante identificar a Dislexia com precisão e precocemente,
que outras crianças atingem sem esforço nenhum, é algo além de seu alcance.
Existem várias propostas para melhor definir a Dislexia. Dentre elas, a de maior
Painel Nacional de Leitura dos Estados Unidos, que há mais de 20 anos vem se
curiosa, mas não consegue ler e escrever como seria esperado para a sua idade”.
Tão nocivo quanto qualquer vírus que ameaçam tecidos e órgãos, a Dislexia
descrita como uma incapacidade oculta, pois não havia evidencias de lesões
estruturais. Na verdade, a Dislexia, só se oculta àqueles que não têm que viver com
Este fato ocorria pelo pouco entendimento dos processos de leitura e pelos
áreas cerebrais ativadas pela leitura. Nos disléxicos foi observado a não ativação
esperada das áreas próprias referentes à leitura. Este fato possibilita o diagnóstico
Nervoso Central.
Hoje sabemos que 5 a 17% da população mundial são disléxicas1. Nos Estados
cada cinco crianças, é disléxica2, o que nos leva a conclusão de que a Dislexia é
Material e métodos
2003. Procedemos a re-análise do caso clínico, com base nos conhecimentos sobre
Dislexia.
HISTÓRICO
O caso mais antigo de dislexia foi relatado por um médico alemão, Dr.Johann
derrame. À medida que o conceito evoluía, surgiam casos na literatura médica que
Em 1877, Dr. Adolf Kussmaul deu-se conta que poderia existir uma total
cegueira para textos, apesar da visão, o intelecto e a fala estarem intactos. Fato que
Uma monogarfia “Eine Besondere Art der Blindheit”, escrita por Dr. Rudolf
Berlin em 1887, apresentava seis casos que ele próprio acompanhou. Dr. Berlin
usou pela primeira vez o termo Dislexia para o que considerava uma forma especial
determinada lesão cerebral. Ele definiu que se a lesão fosse total, seguia-se uma
escritos e impressos.
Em uma determinada manhã descobriu que não conseguia ler o exercício de francês
que um aluno lhe dera para corrigir. No dia anterior, ele havia lido e corrigido os
exercícios normalmente. Profundamente intrigado... e chamando a sua mulher,
perguntou-lhe se ela conseguia ler o exercício, o que ela fez sem a menor
dificuldade. Depois ele pegou um livro para ver se conseguia ler e descobriu que não
conseguia ler uma palavra sequer. Ficou nessa condição até o dia em que fui vê-lo.
Ao examinar sua acuidade visual com os caracteres tipográficos utilizados para
testes, descobri que ele não conseguia ler nem as letras nos maiores tipos
disponíveis. Disse-me que podia ver todas as letras com clareza, mas não conseguia
me dizer o que elas significavam... Descobri mais tarde, ao examiná-lo com
números, que ele não tinha a menor dificuldade em lê-los, sem cometer qualquer
espécie de erro. Ele conseguia ler os números impressos na escala Jaeger No 1, a
menor dos tipos utilizados nos testes. Com base em outros testes, ficou evidente que
não havia nenhuma perda na acuidade visual... Depois de observado muito
cuidadosamente, nenhum problema mental foi constatado. (Morgan, 1986)
Morgan.
considerar o uso do termo “cegueira verbal congênita” (o termo Dislexia ainda não
era usado de maneira corrente) como uma disfunção de desenvolvimento que ocorre
em crianças saudáveis.
Percy sempre foi um menino brilhante e inteligente, rápido nos jogos e em nenhum
aspecto inferior aos colegas da mesma idade. Sua grande dificuldade foi – e
permanece – sua incapacidade de ler. Está na escola ou sob a supervisão de alguém
desde os 7 anos, e muito tem sido feito para ensiná-lo a ler, mas, apesar do
treinamento trabalhoso e persistente, é só com dificuldade que ele consegue soletrar
palavras de uma sílaba... Depois testei sua capacidade de leitura de números e
descobri que fazia tudo com facilidade. Ele diz gostar de aritmética e não ter
dificuldades com ela, mas que palavras impressas ou escritas ‘não tem significado
para ele’, e o exame que fiz com ele me convenceu que sua opinião é correta... Ele
tem o que Adolf Kussmaul (neurologista alemão) chamou de cegueira verbal. Eu
poderia acrescentar que o menino é esperto e de inteligência média em seus
diálogos. Seus olhos são normais...e sua visão é boa. O professor que lhe ensinou
durante alguns anos diz que ele seria o menino mais bem preparado da escola se o
ensino fosse totalmente oral. (Percy, 1896)
jovem paciente. Embora o relato de Hinshelwood se refira a um adulto que antes lia
É uma questão de maior importância identificar tão cedo quanto possível a verdadeira
natureza deste problema, quando uma criança o tem, pois isso ajudará muito a não
perder o nosso precioso tempo e impedir que a criança passe por um tratamento
cruel. Quando uma criança manifesta grande dificuldade em aprender a ler e não
consegue acompanhar seus colegas, a causa é geralmente atribuída à burrice ou
preguiça, e nenhum método sistemático é aplicado no treinamento dela. Um pouco
de conhecimento e uma análise do caso em pouco tempo deixaria claro que a
dificuldade se deve a um defeito na memória visual que se tem das palavras e das
letras; a criança seria assim avaliada corretamente como alguém que tem um defeito
congênito em uma determinada área do cérebro, um defeito que ,contudo, pode ser
tratado com perseverança e persistência. Quanto mais cedo se identifica a natureza
do problema, maiores são as chances de a criança melhorar ... (Hinshelwood, 1902)
A Dislexia passou a ser cada vez mais percebida e relatada não apenas por
América do Sul (Buenos Aires, 1903) e depois os Estados Unidos. No ano de 1909,
aprendizado, Dr. Samuel Orton, psiquiatra, neuroanatomista, que fez vários estudos
da Dislexia, bem como vários procedimentos para a redução das suas dificuldades.
coordenado até hoje pela Dr. Sally Shaywitz. Nesse estudo foram selecionadas
metodologia, demonstrou-se que 20% das crianças estavam lendo em nível inferior
das crianças que estavam lendo em um nível inferior à sua idade haviam sido
identificadas pelas escolas. Os participantes desse estudo têm sido monitorados até
hoje.
Em 2006 teve inicio na Europa, o Neurodys8 estudo longitudinal prospectivo,
é disléxica1. A grande variação nos números da prevalência pode ser explicada pela
Dislexia se expressa no contexto da sala de aula, o que faz com que sua
Como sabemos esta não é a condição observada em uma série de países, incluindo
intervenção. Além deste fato, outros fatores contribuem para as grandes variações
Entretanto, apesar dos fatores descritos acima, não resta dúvida de que nos
Os números da Dislexia são bem maiores, por exemplo, quando comparados com
mundial.
dos pais é portador de Dislexia, a probabilidade de seu filho ser disléxico está na
faixa de 40%.
Esse distúrbio da aprendizagem não é apenas muito comum, é persistente.
de maneira bastante conclusiva que a Dislexia é uma condição crônica e que não
Figura 1
FISIOPATOLOGIA
automáticas, e não temos controle sobre elas. Nos níveis superiores da linguagem
código fonológico.
Tal código é importante tanto para a fala quanto para a leitura. Consideremos
primeiro a fala. Quando pretendemos falar a palavra tipóia, por exemplo, acessamos
Nas crianças disléxicas os fonemas não são tão bem desenvolvidos. Elas terão
disso, selecionar um fonema cujo som é semelhante. Ao invés de tipóia, ela pode
dizer jibóia. A criança sabe exatamente o que quer dizer, mas não consegue buscar
pode ser, por exemplo: “As crianças martenal” (ao invés de maternal); ”Sabe mãe, o
problema não é o calor, é a humanidade” (ao invés de umidade); “Bem vindo a essa
de caráter fonológico (baseada no som de uma palavra) e não refletiu uma falta de
que, as palavras faladas e escritas são compostas por esses fonemas ou blocos
sonoros. A maior parte das pessoas é capaz de detectar os sons ou fonemas que
como uma “mancha” amorfa, sem perceber sua natureza segmentada. Elas não
O modelo fonológico nos diz quais as medidas exatas devemos adotar para
que uma criança passe de um estágio em que vê as letras como uma confusão de
A primeira descoberta que uma criança faz quando está aprendendo a ler é a
de que as palavras são compostas por partes. Rapidamente a criança percebe que a
palavra que ouve pode ser dividida em pedaços menores de sons e assim adquire o
impressas são agora aceitas pelos circuitos neurais já preparados para processar a
a consciência fonêmica para se tornar um leitor. Isso significa que ela deve entender
princípio alfabético.
fonêmica. Sabe-se que nas crianças disléxicas, uma falha do sistema de linguagem
código da leitura.
escrito estão em plena capacidade funcional e não são afetados pelo déficit
mesmo a mais simples das palavras ou ler uma passagem em voz alta.
aptidão fonológica de um aluno na pré-escola indica como será sua leitura três anos
O fato, de a Dislexia ser o resultado de uma deficiência fonológica, faz com que
verdade, são independentes dela. Muitas crianças com inteligência superior são
disléxicas, enquanto outras com nível de inteligência muito mais baixo lêem com
que indica a facilidade para leitura, surpreende boa parte das pessoas.
que é. Por outro lado, quando tem tempo e não é pressionado a dar respostas
identificar determinadas palavras. Essa estratégia faz com que demore um pouco
mais e ajuda a explicar porque a disponibilidade de tempo extra como auxílio é tão
descoberta de Broca abriu as portas para que se aprendesse como o cérebro lê.
No inicio dos anos 80, foi possível aos cientistas, através da Tomografia de
Emissão de Positrons (PET), verem pela primeira vez, o cérebro de uma pessoa
normal em funcionamento.
nos homens e nas mulheres. Como aparece nas imagens cerebrais, os homens
ativam o giro frontal inferior esquerdo, ao passo que as mulheres ativam tanto o
mesma região cerebral que demonstrou as diferenças entre os sexos, o giro frontal
Os estudos feitos a partir das imagens cerebrais identificaram, pelo menos, dois
verbalização lenta das palavras e outro mais rápido para quem já lê bem. O exame
cuidadoso dos padrões de ativação cerebral revelou uma falha nesse último circuito
esquerdo do cérebro.
Figura 3: Sistemas cerebrais para a leitura.
inferior passa próximo da base do cérebro, é o local em que dois lobos cerebrais o
informações relevantes sobre uma palavra, ou seja, sua aparência, seu som, e seu
funções tem sentido à luz das necessidades variáveis dos leitores. Os leitores
o leitor iniciante. Lenta e analítica, sua função parece estar nos primeiros estágios
expressa para a leitura, sendo utilizada por leitores experientes. Quanto mais
experimentado o leitor, mais essa região é ativada. Ela responde muito rapidamente
inteira como sendo um padrão único. Basta um breve olhar para que a palavra seja
identificada.
A criança, ao analisar e ler corretamente uma palavra, por várias vezes, forma
um modelo neural exato dessa palavra. Este modelo, caracterizado pela forma da
processo, basta ver a palavra impressa para que o sistema e todas as informações
do cérebro - também ajuda na fase de análise lenta das palavras. Há, portanto, três
caminhos neurais para a leitura: dois caminhos mais lentos e analíticos, o parieto-
temporal e o frontal, que são usados principalmente pelos leitores iniciantes, e uma
bons leitores ativam a parte posterior do cérebro e também, até certo ponto, a parte
seja, grande ativação da parte posterior do cérebro, com menor ativação na parte
demonstram uma ativação aumentada nas regiões frontais, de maneira que, quando
Broca, isto é, passam a usar com freqüência cada vez maior o lobo frontal para a
leitura. É possível que esses leitores estivessem usando os sistemas da parte frontal
desempenho, com histórico de dislexia na infância e que são leitores precisos, mas
Figura 5: A marca neural da dislexia. Subativação dos sistemas neurais na parte posterior do
cérebro. À esquerda, leitores normais ativam sistemas neurais que estão em sua maioria na parte
posterior do cérebro (áreas sombreadas); à direita, leitores disléxicos subativam esses sistemas de
leitura da parte posterior do cérebro e tendem a superativar as áreas frontais.
A partir destas evidências, podemos concluir que a falha nas crianças
Figura 6: Os leitores disléxicos usam sistemas compensatórios para ler. O leitor normal, à esquerda,
ativa sistemas neurais que estão em sua maioria na parte posterior esquerda do cérebro; o leitor
disléxico, à direita, ativa sistemas do lado direito e na parte frontal esquerda do cérebro.
adultos disléxicos que melhoraram sua precisão de leitura, mas para quem ‘ler’,
que haja uma leitura precisa, ainda que relativamente lenta. Esses leitores disléxicos
leitura.
O avanço das pesquisas, nesta área, indica que estamos prestes a conseguir
O primeiro, o grupo disléxico clássico, ou seja, aquele que nasce com uma
falha em seus sistemas de leitura posteriores. Esse grupo tem capacidades verbais
ler lentamente.
dos sistemas de leitura posterior pode estar pronta, mas nunca foi adequadamente
ativada. Sem uma intervenção eficaz, os indivíduos deste grupo continuam sendo
Uma das aplicações mais interessantes das imagens cerebrais só agora está
sendo utilizada nos Estados Unidos: a avaliação direta dos efeitos de determinadas
meninas que tinham dificuldade em aprender a ler, que passaram por um programa
de leitura no lobo direito. O conjunto final de imagens obtidas, um ano após o início
eram muito menos proeminentes, como, havia maior desenvolvimento dos sistemas
leitores disléxicos.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
por volta de 1 (um) ano de idade e as primeiras frases por volta de 1 ano e 6 meses
palavras antes de 1 ano e 3 meses de vida e talvez não pronunciem frases antes de
histórico familiar de começar a falar mais tarde. Portanto o primeiro sinal indicativo
sua persistência, além do tempo normal, pode ser entendida como mais um sinal.
de pronunciar uma nova palavra pela primeira vez ou de verbalizar uma palavra
também a inversão, ou seja, inverter os sons internos de uma palavra, como por
complexas.
As crianças disléxicas têm problemas quando tentam penetrar na estrutura
sonora das palavras sendo, portanto, menos sensíveis às rimas. Essa sensibilidade
À medida que a criança cresce, ela pode utilizar palavras que necessitam de
precisão ou especificidade para cobrir suas dificuldades, isto é, usar palavras vagas
como coisa ou negócio em vez do nome verdadeiro do objeto. Ela sabe exatamente
padrão freqüente, mas não invariável. Algumas crianças podem ser bastante
Os pais e os professores podem ficar irritados com a criança porque ela parece
inteligente, e não conseguem entender por que ela pronuncia a palavra errada.
experimentada pela criança quando diz a palavra errada. Á medida que a criança
disléxica passa à idade adulta, sua fala continua a dar provas das dificuldades que
tem para chegar à estrutura sonora das palavras. A fala está cheia de hesitações; às
vezes, há muitas pausas longas, ou ela talvez fique buscando a palavra certa,
usando muitas palavras indiretas, no lugar da palavra correta que não consegue
de trás para frente e que escrever de maneira invertida é um sinal disso. Pelo fato de
tais crenças sobre a Dislexia prevalecerem, muitas crianças que não fazem
práxicas, como ter dificuldade para amarrar os sapatos e ser desastrado são fatores
a. Primeira infância
b. Pré-escola e 1ª série
• Erros de leitura que não demonstram conexão nenhuma dos sons com as
palavra faca;
• Incapacidade de ler palavras simples de uma só sílaba, ou de pronunciar
de ler.
aleatórias.
palavra inteira;
que compõe uma palavra, como se alguém tivesse feito um buraco no meio
mal pronunciadas;
• A leitura em voz alta não tem inflexão e parece a leitura de uma língua
estrangeira;
isoladas;
coluna vertebral;
ortográfico;
rapidez ao digitar;
• Falta de entusiasmo em relação à leitura; evita ler livros ou mesmo uma frase;
• Leitura cuja precisão aumente com o tempo, embora permaneça sem fluência
e seja trabalhosa;
uma palavra;
os nomes se parecem;
pronunciadas.
esforço;
• Falta de fluência;
menu (em geral, pede ao garçom o prato do dia ou então diz “vou querer o
mesmo que ele pediu”, para evitar o constrangimento de ter de ler o menu);
• Substituição de palavras que não consegue ler por outras inventadas, como
• Sacrifício freqüente da vida social para estudar e preferência por livros com
• Preferência por livros com menos palavras por página ou com grandes áreas
complexas ao escrever;
• Desorganização geral;
disléxicos. É tão importante essa correlação, que atualmente grande parte das
disléxicas apresentam algum sintomas psíquico aos 8 (oito) anos. Aos 18 anos o
número de sintomas psíquicos cai para 34%, mas continua muito elevado. Dos
Vários estudos recentes mostram que dos alunos que receberam o diagnóstico
população. Em estudos realizados nos Estados Unidos, pela National Center for
Skills Unit” (LSC) em conjunto com “Offenders Learning and Skills Unit” (OLSU), com
o apoio do “The Dyslexia institute”, evidenciou que 20% dos detentos apresentavam
“Learning disabilities”. Desse grupo 68% eram disléxicos. Observou-se que a taxa de
Atenção. Cerca de 60% dos pacientes diagnosticados com Déficit de Atenção, tem
outros.
única intervenção que se provou significativamente efetiva nos casos de Dislexia, foi
Programa de leitura
Atualmente, através dos estudos realizados pela Dra. Sally Shaywitz, utilizando
os sons de linguagem;
• Ortografia;
• Vocabulário e conceitos;
• Treinamento em fluência;
• Experiências lingüísticas enriquecedoras: ouvir, falar sobre um determinado
O ensino da leitura para o leitor disléxico, deve ser ministrado com grande
que não seja identificada cedo, pode exigir cerca de 150 a 300 horas de ensino
intensivo (pelo menos 90 minutos por dia todos os dias da semana por 1 a 3 anos)
para que a lacuna entre ela e seus colegas seja preenchida. Quanto mais tarde for
disléxico precisa, mas ela permanecerá lenta na grande maioria dos casos. A escrita
Acomodações
Além do treino acima descrito, existem outras medidas que podem ajudar
sugeridas são:
• Tempo extra: Como explicado anteriormente, nos leitores disléxicos, as
chegar a seu significado. Esse processo toma muito mais tempo. Os adultos
fazê-lo por meio dessas rotas neurais secundárias, que são mais lentas. A
Figura 7: Pelo fato de o caminho direto para o significado não estar disponível ao leitor disléxico, ele
deve aplicar sua inteligência, vocabulário e raciocínio ao contexto da palavra em questão para obter
seu significado. Isso significa tomar um caminho secundário de leitura que exige tempo extra.
proficientes em outra língua quando jovens. Logo, deve-se tentar obter uma
bilíngüe;
adiante por causa de sua leitura lenta. É por essa razão que nos Estados
Recording for the Blind and Dyslexic (RFB&D) contém mais de 90 mil títulos
sido gravado, a Recording for the Blind and Dyslexic fará a gravação, caso
mídia. No Brasil temos pouquíssimos áudios livros, não temos nenhum livro
Corina Nowill, para cegos, disponibiliza algumas revistas, jornais e livros, mas
só para cegos. Logo, aqui no Brasil, o papel fundamental do áudio livro deve
transcreva;
• Os trabalhos escritos devem receber nota pelo conteúdo e não pela forma ou
problemas ortográficos;
adequadamente treinados nas escolas. Além disto, muitas escolas não realizam
testes de leitura em sua rotina, como também não possuem fonoaudiólogos em seu
quadro de funcionários.
Ao longo do último ano, vários projetos de lei com o objetivo de identificar e tratar
clinicamente supostos portadores de Dislexia surgiu em diferentes partes do Brasil.
Em São Paulo, a Assembléia Legislativa do Estado aprovou o projeto de Lei 832 de
2007..... Esses projetos têm sido estimulados por profissionais voltados ao
diagnóstico e tratamento da Dislexia e ganharam impulso extra com a exposição de
Clarissa, personagem na novela Duas Caras, da TV Globo, apresentada como
portadora do distúrbio.
O CRP - SP, lado a lado com outras entidades das áreas de Saúde e da Educação,
tem combatido essas iniciativas. Não porque seja insensível às dificuldades de
expressão ou de compreensão vividas pelas pessoas, mas porque acredita que o
problema está distorcido e fora do lugar.
“Nós questionamos desde o diagnóstico propriamente dito até o uso que vem se
fazendo dessa questão para retirar da escola uma responsabilidade que lhe
pertence”, afirma a conselheira e coordenadora da Comissão de Educação do CRP -
SP, Beatriz Belluzzo.
“O campo cognitivo, onde se situa a questão de Dislexia, é uma área de
complexidade. Reduzir o seu entendimento à simples existência de um marcador
biológico é insuficiente para explicar o que acontece” diz Wagner Rannã , médico
(com formação em psicoterapia), pediatra docente da Faculdade de Medicina da
USP, que atua há 40 anos na área de saúde mental da criança.”outros fatores
inclusive sociais, podem contribuir para a explicação desse fenômeno.”...
Para Maria Aparecida Moyses, Professora titular de Pediatria no departamento de
Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, faltam dados palpáveis
para se fazer um diagnóstico confiável, com o rigor que se deve exigir para os
diagnósticos de uma doença neurológica. “A não exigência exames se deve à
ausência de exames que reconhecidamente consigam fazer tal diagnóstico”....
Não é fácil a vida de alguém que precisa provar que não existe - algo que nunca
ninguém provou que existe - como gosta de repetir a professora Maria Aparecida
Moyses....
... abordar crianças e jovens que enfrentam graves problemas na aquisição da leitura
e da escrita como portadores de uma patologia é a melhor solução diante de um
atendimento que é, em sua essência, pedagógico.
... a criança é levada a crer que ela tem um problema e que não pode evoluir da
mesma forma que seus colegas, reforça suas chances de fracasso escolar e vê-se
alijada de oportunidades futuras no mercado de trabalho.
investido milhões de dólares em estudos, uma vez que reconhecem o forte impacto
futuro profissional. Os estudos nesses países mostram que esses indivíduos ficam
aprendizagem. Talvez por este motivo, também não haja grande interesse na sua
divulgação.
DISLEXIA E HOMEOPATIA
pouco se divulga sobre esse distúrbio. Além disto, nas áreas de psicopedagogia e
neste campo. Por estes motivos, a produção científica observada no nosso país não
recebem adequada instrução a respeito desta disfunção, bem como não são
médicos serão aqueles que não irão reconhecer a Dislexia e por este motivo, a
grande maioria dos casos no Brasil não é diagnosticada. Uma das conseqüências
escrita, e por vezes a fala. Estudos bem conduzidos mostram que os disléxicos,
leitor. A leitura sempre será muito cansativa para este paciente. Outro dado
seguimento do caso.
processo de leitura e a escrita dessas crianças devem ser realizados, pois este
com esses profissionais. Esta ação irá aprimorar nossa capacidade de modalizar os
sintomas encontrados.
Entre os adultos o relato espontâneo destes sintomas é ainda mais raro. Esses
agressividade, etc. A grande maioria dos adultos disléxicos tem vergonha de admitir
A. Sintomas da leitura:
MENTAL – memória- fraqueza de- letras- unir vária letras, sobre como
que
B. Sintomas da escrita
para
C. Sintomas da fala
pronuncia mal
homeopático”3. Esse caso foi atendido e tratado seguindo a técnica unicista, que
Descricao de caso
Nome: L. P. Z.
DN: 13/03/1992
Idade: 11 anos
Nome do pai: P. R. Z.
Nome da mãe: S. P. Z.
Procedência: Itatiba - SP
Naturalidade: Itatiba – SP
Motivo da consulta:
de fono. Tinha problemas de fala também, trocava letras ao falar (“R” com “L”). Os
problemas de fono ele conseguiu corrigir, o que está complicado é que ele está
muito disperso, fora que a leitura dele está muito ruim, e também ele é muito
medicamento por 6 meses no ano passado e deu uma melhorada, porém agora
voltou a piorar e o médico disse que ele vai ter que tomar o remédio novamente,
mas eu não queria ficar dando este tipo de remédio para o meu filho. A professora
mandou uma avaliação, dizendo que ele é esforçado e dedicado, sempre apresenta
extremamente inseguro, sempre pergunta se está bom, leva tudo para ela ver se
está certo. Tem também dificuldade para escrever, se esquece de letras ou sílabas,
bastante durante a leitura (fica nervoso, e a professora diz que é por insegurança
dele). Existem palavras que não consegue ler. Para apresentar trabalhos sem ler se
sai bem. O seu relacionamento com os colegas na sala de aula, é muito bom. Não é
difícil de fazer amizades. Outra coisa que a professora falou, é que ele não coloca
tudo o que sabe por insegurança. Antes das provas ele sempre vai pensando que
vai mal. E vai bem? Geralmente se sai bem, às vezes tira algumas notas baixas.
Nunca fomos de cobrar notas. Não gosta de estudar em casa, pois não tem
paciência. Só faz a lição se estou junto. Televisão, se o filme lhe interessa assiste
todo. Quando joga no computador ele acompanha o jogo com o corpo. Durante o
filme, fica dando pulinhos no sofá. Para comer só come se for à frente da televisão.
- Como ele é? Ele é muito obediente, até demais. Ás vezes retruca um pouco, mas é
raro e acaba sempre aceitando, aceitando até demais. Faz tudo que os colegas
querem. Ele não é muito organizado com as coisas dele, larga o tênis, roupa, tudo
se nós chamamos sua atenção, seus olhos se enchem de lágrimas. Não gosta de
tomar banho, tem preguiça, mas também quando entra, não quer mais sair.
- Medo? Não acho que tenha, é mais insegurança. Dorme sempre sozinho, com luz
vezes comenta que não dormiu bem, mas acho que é coisa dele, porque dorme a
noite toda, e tem preguiça para levantar. Ele se mexe muito durante o sono. Posição
- Como reage com a temperatura? Ele não gosta de frio, pois é friorento, se sente
melhor no verão.
- O que gosta de comer? Arroz, feijão, peixe. Não gosta de carne vermelha, nem de
- Sede? Bebe muito pouca água. Bebe muito suco na hora das refeições.
- Como funciona o intestino? Ele sempre foi muito ressecado, demora para evacuar
- Antecedentes pessoais: Nasceu de parto cesárea, bem, com 3500g e 51 cm. Ele é
alérgico desde pequeno, teve bronquite asmática até os 5 anos, e também dermatite
atópica. Já teve catapora, roseola e rubéola. O leite piorava sua pele por isso dei
- L. P. Z.: Lembro-me de um sonho quando era pequeno, que acabava a luz, eu subi
no quarto para pegar uma vela, e quando desci novamente não tinha mais ninguém
e então eu fiquei sozinho. Não gosto de tomate nem de carne vermelha. Não tenho
muita sede.
Exame físico:
sem sopros. Abdômen: sem alterações. Axilas com cheiro forte. Pés com leve
A2 – Sensível; hipersensível
Somado com;
Paciente - “Fora que a leitura dele está muito ruim”. “Recusa-se a fazer
durante a leitura.”
Somado com:
Paciente – “Ele sempre foi muito ressecado, demora para evacuar, e tem
Paciente – “O leite piorava a sua pele, por isso dei muito tempo leite de
cabra.”
carne vermelha.”
B – Diagnóstico clínico:
predomínio de desatenção
Bronquite asmática
Dermatite atópica
C – Conduta:
Silicea terra: LM2; LM3; LM4; LM5. Tomar 1 gota uma vez ao dia, quinze dias cada
frasco.
Retorno em 2 meses.
Avaliação da escola:
as atividades que efetua traz para que eu as veja, perguntando se está bem feita.
gagueja bastante e há palavras que não consegue ler. Quanto à oralidade (sem
texto em mãos para ser lido), se sai muito bem. Apresentou um trabalho sobre a
linha do tempo para a classe e o fez muito bem, sem gaguejar, sem confundir-se. O
seu relacionamento com os colegas, na sala de aula, é muito bom. (Professora
Denise Zanatta)
Avaliação neurológica:
linguagem escrita e falada e uma leve ansiedade.(Dr. Carlos Alberto Lemos CRM
66.674 – Neurologista)
1º Retorno: 26/07/2003
- Como está L. P. Z.? Mãe: Acho que está mais alegre , mais brincalhão. Ontem
teve reunião de pais na escola, e as professoras disseram que já teve melhora. Foi
na fonoaudióloga e esta também achou que a sua interpretação está bem melhor, e
também achou ele bem mais atento. Voltaram algumas lesões de pele, nas flexuras
dos braços, que ele tinha quando menor, ele sempre teve dermatite atópica.
- Quanto tempo após o início da medicação? Aço que mais ou menos 20 dias após
- Usou alguma coisa? Não. Ele também não reclamou mais dos pesadelos. Na
escola a professora acha que ele está mais solto e está entendendo melhor os
textos. Está comendo melhor e está indo mais animado para as aulas.
- L. P. Z.: Eu acho que estou menos ansioso, não estou tão preocupado. Melhorou
bem meu desempenho em relação aos outros colegas. Estou conversando mais e
colocando mais as coisas. Nas apresentações dos trabalhos, estou ficando menos
tenso, estou me sentindo melhor na leitura, mais à vontade. Ainda estou gaguejando
nas leituras porém bem menos. Não estava tendo mais pesadelos, até que um dia
quebrei o braço, e logo após a redução da fratura tive um sonho: Estava em um
lugar onde havia um cachorro, que foi crescendo. O lugar parecia uma garagem,
onde as portas se fecharam quando tentei fugir do cachorro, e isso me deu medo.
Outro dia também sonhei que estava andando de bicicleta, quando veio um cachorro
grande atrás de mim, e eu quase caí, e eu então entrei na casa do meu amigo.
- O que você acha que precisa melhorar? Gostaria que melhorasse ainda mais
Exame físico:
Discussão:
alegre, mais brincalhão, mais solto, mais atento, menos ansioso, menos tenso); no
intelecto (sua interpretação está melhor); no seu apetite. Houve retorno de sintoma
antigo (voltaram algumas lesões de pele). Não estava mais tendo pesadelos, até
Conduta:
Retorno em 2 meses.
2º Retorno: 24/09/2003
- Como está L. P. Z.? Mãe: Diminuiu muito a ansiedade dele, está ficando bem
menos irritado e melhorou muito o medo de ficar sozinho. Não esta mais trocando
tanto as letras na hora de escrever. Está bem mais tranqüilo na hora de assistir
televisão.
- Como assim? Não fica mais inquieto no sofá como ficava antes do tratamento.
- Sono? Tranqüilo, só que vai dormir tarde e para acordar cedo é um sacrifício.
as fezes já não estão tão ressecadas e não sangrou mais. Continua mais solto,
- E você L. P. Z., o que tem a dizer? Acho que estou bem menos nervoso e quase
não estou mais gaguejando na hora da leitura na escola. Também quase não troco
mais letras. Minha sede continua a mesma, não bebo muita água. Não lembro de
Exame físico:
anormalidades.
Discussão:
assistir televisão. Quase não está mais gaguejando na hora da leitura.) Houve
também melhora dos sintomas gerais e locais (intestino funcionando melhor, fezes
Retorno em 45 dias.
3º Retorno: 7/11/2003
- Como esta L. P. Z.? Mãe: Está mais tranqüilo. Semana passada teve provas na
escola e não ficou nervoso e ansioso como ficava antes. A própria professora fala
- E você L. o que acha? Realmente, dessa vez não fiquei tão nervoso para fazer as
provas. Durante as leituras não estou mais gaguejando, mas acho que gostaria que
ainda melhorasse mais a minha atenção. Estou dormindo bem, meu intestino está
Mãe: Não está mais tendo problemas de leitura, esta conseguindo colocar melhor as
idéias. Acho que está mais independente, se virando melhor. A pele também
L. P. Z.: Estou me achando mais desinibido, mais solto. Não estou mais ficando
Exame físico:
Pele bem hidratada sem lesões. Suor com cheiro forte nas axilas. Restante do
Discussão:
antecipação, mais atento, menos inibido, mais solto, não esta gaguejando durante
da pele).
Conduta:
a. sintomas da fala
b. sintomas da leitura
- “leitura ruim”
c. sintomas da escrita
fonemas”
d. outros
- “insegurança”
- “ansiedade”
escrever ocorre tanto nos pacientes com Déficit de Atenção como nos pacientes
compreender, pois pulam palavras, pulam linhas inteiras, mas quando solicitados,
2. O relato da professora e do paciente foi bastante preciso, fato não muito comum.
medicamento adequado;
quando o paciente lê. Não ocorre em outros momentos da vida diária. Talvez tenha
estudos realizados até os dias de hoje. Esses estudos mostram que a dificuldade de
exposto acima, que a evolução desse caso foi uma evolução inesperada. O
outros.
nas conseqüências destas alterações. Mesmo quando citados, não são relevados,
desses sintomas e a sua modalização poderão nos permitir uma melhor escolha do
homeopático.
visando:
a evolução dos sintomas disléxicos, pré e pós tratamento homeopático, dos casos
Acesso em 02/10/2008.
Paulista de Homeopatia.
Dezembro, 1895),p.1564-70.
04/10/2008.
Acesso em 08/10/2008.
Connecticut, 1982).
14. A.,B. et al. Sex differences in the functional Organization of the Brain for
15. PRICE, C. The effect of varying Stimulus rates and duration of Brain
2004
nívelem:www.dyslexiaaction.org.uk/administration/uploads/HiddenDisabilities.
www.crp.org.br/a_acerv/jornal_crp/155/frames/fr_ciencia_profissão.htm.
Acesso em 22/07/2008.
3.7. O trabalho usa folhas de sulfite A4 O conceito para aprovação será uma
brancas média de BOM e ÓTIMO.
Avaliador: Núcleo de Metodologia
Científica
Avaliação final: _____ (__________)