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Unidade III
5 EQUIPAMENTOS DE MEDICINA NUCLEAR E PROTOCOLOS
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define medicina nuclear como sendo a especialidade que se
ocupa do diagnóstico, tratamento e investigação médica, com o uso de fontes radioativas abertas,
o radioisótopo.
A Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular define medicina nuclear
como sendo a especialidade médica que utiliza fontes radiativas abertas, os radionuclídeos com
finalidade de diagnóstico e terapia.
Pode‑se dizer que a medicina nuclear é um conjunto de procedimentos de alta sensibilidade para
encontrar anormalidades na estrutura e na função de órgãos e, devido ao uso dos radiofármacos, é
capaz de identificar precocemente numerosas alterações orgânicas e funcionais. É considerado um
método seguro, praticamente indolor e muito eficiente, capaz de fornecer informações que nenhum
outro método é capaz.
Lembrete
Fontes abertas ou não seladas são aquelas em que o material radioativo
está sob a forma sólida (pó), líquida ou mais raramente gasosa, em
recipientes abertos ou que permitem que o conteúdo seja fracionado sob
as condições normais de uso. Os riscos associados às fontes abertas são de
irradiação e contaminação.
Desde que passou a ser utilizada, a medicina nuclear tornou‑se indispensável, tanto para o
diagnóstico como para o acompanhamento de doenças cardíacas, endócrinas, traumatológicas, renais
e pulmonares. Como terapia, também é muito segura, eficiente e de baixo custo para tratar alterações
patológicas benignas ou malignas curáveis com radiação. O tratamento com radioisótopos é indolor,
não é invasivo e, geralmente, é utilizado quando as condições do paciente não permitem cirurgias ou
outros tratamentos.
A medicina nuclear era denominada medicina atômica até 1952, sendo em 1946 o início do
desenvolvimento e da fabricação de equipamentos para uso nessa modalidade médica.
A gama-câmara, como conhecemos hoje, foi descrita pela primeira vez por Anger em 1957. Ela
consistia de 7 tubos fotomultiplicadores de 3,8 cm de diâmetro, acoplados a um cristal de iodeto de
sódio (NaI) de 10 cm de diâmetro e 0,6 cm de espessura, e um colimador tipo “pinhole”. Foi usada para
produzir imagens da glândula tireoide de um paciente.
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Unidade III
Em 1958, com colimadores de multifuros, o equipamento podia gerar imagens de órgãos maiores.
As informações obtidas eram transformadas em imagens e exibidas em tubos de raios catódicos, e,
posteriormente, registradas em chapas fotográficas. Os equipamentos mais modernos são derivados da
câmara Anger. A figura a seguir apresenta a primeira câmara Anger.
Figura 28 – Hal Anger criou as bases para sistemas sofisticados de imagem em uso hoje em dia
A partir de 1960, com o início da era da informática, já era possível adquirir e processar as
imagens obtidas para extrair parâmetros fisiológicos e corrigir distorções no mecanismo de formação
das imagens.
SPECT é uma técnica de imagem tomográfica da medicina nuclear que utiliza radiação
gama. A gama‑câmara é composta pela cabeça ou gantry, sistema de movimentação, sistema de
processamento, sistema de armazenamento de dados e sistema de impressão. O exame que usa
SPECT chama‑se cintilografia. A imagem formada é muito parecida com a da gama‑câmara, uma
imagem planar da medicina nuclear convencional.
A técnica de SPECT fornece imagens em 3D, apresentadas como cortes transversais do paciente
que são trabalhadas num software de computador, podendo ser reformatada em cortes sagitais e
manipuladas quando necessário.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Colimador: é usado para permitir que apenas aqueles raios de uma certa direção atinjam o detector.
Existem três tipos principais: de furos paralelos, de furos divergentes e de furos convergentes.
• Cristal: é o receptor de radiação, que depois de colimada, o atinge e interage com ele. A interação
pode ocorrer de 4 maneiras:
— Evento válido: a radiação gama é emitida paralelamente aos buracos do colimador, atravessa
um deles e interage por efeito fotoelétrico com o cristal, depositando toda a sua energia
num local apenas. Nesse evento ideal, todo fóton incidente é convertido totalmente em
energia elétrica.
— Penetração septal: a radiação gama é emitida na direção do colimador, mas não paralelamente
a ele. Devido à atenuação incompleta, causada pelas paredes finas do colimador, há alguma
chance de essa radiação atingir o cristal e interagir com ele.
• Fotomultiplicadores: também chamadas células fotoelétricas, são tubos de vidro sob vácuo,
contendo um cátodo (eletrodo negativo), recoberto por material que absorve a luz e emite
elétrons, que são acelerados em direção a um ânodo (eletrodo positivo). No caminho, esses elétrons
chocam‑se com dinodos, que estão progressivamente a potenciais mais altos e em cada um deles
um elétron desloca cerca de 3 a 4 novos elétrons, que são acelerados até o próximo dinodo.
A reconstrução da imagem é realizada por programas que têm corretor de linearidade e uniformidade,
que tentam evitar o borramento e o aparecimento de artefatos.
A gama‑câmara rotaciona em volta do paciente para produzir imagem em SPECT. São capturadas
inúmeras imagens bidimensionais (2D) do corpo de paciente. A cada 3 ou 6 graus, durante a rotação, a
radiação é captada em pontos definidos, normalmente uma rotação de 360° para otimizar a reconstrução.
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Unidade III
Os equipamentos mais modernos têm mais de uma cabeça com todo o sistema de detecção. Quanto
mais cabeças, mais radiação será capturada simultaneamente, diminuindo o tempo total de exame.
• Energia: se for muito baixa, há probabilidade de acontecer eventos não ideais, como detecção de
espalhamento, espalhamento do objeto e penetração septal.
• Espessura do cristal: não pode ser muito grosso, tem que ter uma espessura ideal para evitar o
evento de detecção de espalhamento.
• Eficiência de coleta da radiação proveniente do paciente: deve ser muito eficiente para evitar
prejuízo da imagem, que poderia fazer com que o médico não visse um câncer.
• Tipo de buraco do colimador: cada um ligado ao seu campo de captação. O colimador de furos paralelos
capta radiação de uma área exatamente do tamanho da sua. O colimador de furos divergentes capta
radiação de uma área maior do que a dele e tem forma de leque. O colimador de furos convergentes
capta radiação de uma área menor do que a dele e tem forma de funil.
A cintilografia por SPECT é uma modalidade de exame largamente utilizada na medicina nuclear
porque possibilita a visualização da funcionalidade de todos os sistemas do corpo.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
A figura a seguir apresenta um equipamento SPECT atual e mais moderno, com uma cabeça, duas
cabeças e três cabeças.
A)
B)
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Unidade III
C)
Figura 29 – A) Equipamento Symbia IntevoTM da Siemens, de uma cabeça; B) equipamento SPECT, duas
cabeças fixas e perpendiculares; C) sistema de SPECT/CT AnyScan(R), trio, com três cabeças
Os equipamentos mais avançados da câmara SPECT possuem mais de uma cabeça ou são
construídas com um anel de detectores. Tanto as câmaras de uma cabeça como aquelas de múltiplas
cabeças, possuem um sistema mecânico para mover as cabeças e fazê-las girar em volta do paciente.
O anel de detecção pode conter pequenos cristais individuais ou um único cristal que não gira.
Quando a câmara possui uma única cabeça, ela gira em 360° para obter todas as imagens necessárias;
se possui duas cabeças, cada uma vai rotacionar em 180°; e, se possui 3 cabeças, cada uma vai fazer o
giro em 120°, para obter o mesmo efeito.
A figura a seguir mostra um diagrama com informações que vão desde a captação da radiação que
emana do paciente até a formação de imagens num computador.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Radiação gama
Colimador
Fotomultiplicadoras
Câmaras digitais
Pré-amplificador
Circuito soma Circuito diferença
“Energia” “Posição”
Pulso Y
Pulso Z Pulso X
Computador
Cada parte no diagrama é fundamental para uma boa imagem. Assim, para um melhor entendimento,
vejamos alguns dos componentes principais:
• Cabeça (gantry): componente que compõe o sistema de detecção da radiação e está acoplado a
um sistema eletrônico necessário a sua detecção.
Fonte de energia
Monitor de
Câmera de vídeo controle de
tela sensível
Caixa de ao toque
engrenagens
de alta precisão
para rotação da
cabeça
Braço de rotação
da cabeça
Cabeças
Cama de fibra de
Placa de aquisição carbono removível
de dados de alto
desempenho Colimador LEHR Eixo de rotação
A da cabeça
B
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Unidade III
Crystal
Pb
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Fotomultiplicadora: os fotomultiplicadores são tubos de vidro sob vácuo que têm como função
amplificar o sinal produzido pela luz incidente, possibilitando um fóton único a ser detectado, além de
transformar em energia elétrica para ser processado no computador.
Eletrodo de foco
(conectado ao
catodo) Fotocatodo
Conexão com
fotocatodo
Primeiro dinodo
Eletrodo acelerador
(conectado ao
primeiro dinodo) Segundo dinodo
Terceiro dinodo
Tela Mica
Getter
Anodo
Indicações
Contraindicações
• Angina instável.
• Miocardite.
• Valvulite.
• Pericardite.
• Embolia pulmonar.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Preparação do paciente
• Jejum mínimo de 3 horas para exame sob esforço ou estudo farmacológico, opcional para exame
em repouso.
• Medicação cardiológica a ser suspensa antes do estudo de estresse (se autorizado pelo cardiologista
responsável):
• O paciente não deve se alimentar entre a injeção do radiofármaco e a aquisição das imagens, para
evitar a interposição de alças intestinais que dificultam a reconstrução do estudo e podem causar
artefatos. Após a realização do estudo, o paciente deve ingerir uma refeição rica em gorduras para
favorecer a eliminação hepatobiliar do radiofármaco e assim diminuir a irradiação da vesícula biliar.
Radiofármaco
• 20 mCi (740 MBq) em estudo em esforço para um adulto de 70 kg ou sensibilizado com drogas.
Forma de administração:
• Para estudo em repouso, é injetado por via intravenosa, não necessitando de nenhum cuidado
especial.
• Para o estudo sensibilizado com esforço ergométrico, injeta‑se no momento do esforço máximo,
mantendo‑o por 1 a 2 minutos, se for possível. A pré‑colocação de um cateter venoso pode
facilitar a injeção durante o exercício.
• Para estudo com dipiridamol, é injetado 2 minutos após o término da administração do medicamento.
• Para o estudo sensibilizado com dobutamina, é injetado quando a dose máxima (40 mcg/kg/min)
é atingida ou quando a infusão é interrompida por outro motivo.
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Unidade III
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até o término do estudo, instruí‑lo a evitar
inspirações profundas e a não adormecer.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Utilizar detector em projeção oblíqua anterior direita o mais próximo possível do tórax
do paciente.
• Utilizar órbita circular, elíptica ou de contorno, nesse último caso utilizando contorno automático
ou manual. É importante usar sempre o mesmo tipo de órbita. Verificar se todo o coração está
contido no campo e se a rotação está sendo realizada livremente sem tocar no paciente ou na maca.
• Número de imagens:
• Modalidade:
• Matriz: 64 × 64 pixels.
• Zoom: 1,5‑2.
Processamento
• Reconstrução: por retroprojeção filtrada, limites acima e abaixo das paredes anterior e inferior
do coração.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Filtro: Butterworth ordem 4, frequência de corte 0,18 Nyquist (variável entre 0,15 e 0,25), filtro
vertical ativado.
• Correção de atenuação: não se aplica, a menos que haja um sistema de correção por fonte de
transmissão linear, implementado com algumas câmeras com duas ou três cabeças.
Documentação do estudo
Observações
• Nas câmaras de duas cabeças (ângulo de 90°) realizar a metade da rotação com cada detector, os
demais parâmetros se mantêm.
• Pode‑se usar o protocolo de um dia, no qual se realiza primeiro o exame em repouso (10 mCi) e
em esforço 4 a 6 horas depois (30 mCi), ou vice‑versa. Nesse caso, os filtros de processamento
devem ser adaptados às diferentes densidades de contas.
• Tanto o estudo em estresse quanto o estudo em repouso pode ser adquirido de forma disparada
(sincronizada com o ECG), para o qual se recomenda aumentar o tempo de aquisição para
40 segundos/passo e adquirir 8 imagens por ciclo cardíaco, mantendo o restante dos parâmetros
não modificados. Essa técnica requer um software especial de aquisição e processamento.
Utilidade clínica
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Unidade III
Observação
Indicações
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Contraindicações
• Angina instável.
• Miocardite.
• Valvulite.
• Pericardite.
• Embolia pulmonar.
Preparação do paciente
• Jejum mínimo de 3 horas para exame sob esforço ou estudo farmacológico, opcional para
exame em repouso.
• Medicação cardiológica a ser suspensa antes do estudo de estresse (se autorizado pelo
cardiologista responsável):
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Unidade III
• O paciente não deve se alimentar entre a injeção do radiofármaco e a aquisição das imagens,
para evitar a interposição de alças intestinais que dificultam a reconstrução do estudo e podem
causar artefatos. Após a realização do estudo, o paciente deve ingerir uma refeição rica em
gorduras para favorecer a eliminação hepatobiliar do radiofármaco e assim diminuir a irradiação
da vesícula biliar.
Radiofármaco
• 2‑3 mCi (74-111 MBq) em estudo em esforço para um adulto de 70 kg ou sensibilizado com drogas.
• 1-1,5 mCi (37-55,5 MBq) para reinjeção em repouso (diagnóstico de viabilidade miocárdica).
Forma de administração:
• Para o estudo sensibilizado com dobutamina, é injetado quando a dose máxima (40 mcg/kg/min)
é atingida ou quando a infusão é interrompida por outro motivo.
• Para estudo em repouso (reinjeção) administrar por via intravenosa, não requerendo nenhum
cuidado especial.
• Avisar ao paciente para permanecer imóvel até que o estudo seja concluído e instruí‑lo a evitar
respirar profundamente e não adormecer.
• Utilizar analisador de pulso com janelas de 20% centradas nos fotopicos de 70 keV e 167 keV.
• Utilizar um detector em projeção oblíqua anterior direita o mais próximo possível do tórax
do paciente.
• Utilizar órbita circular, elíptica ou de contorno, nesse último caso utilizando contorno automático
ou manual. Usar sempre o mesmo tipo de órbita. Verificar se todo o coração está contido no
campo e se a rotação está sendo realizada livremente sem tocar no paciente ou na maca.
• Utilizar rotação de 180° desde oblíqua anterior direita (OAD) a oblíqua posterior esquerda (OPE).
• Número de imagens:
• Modalidade:
• Matriz: 64 × 64 pixels.
• Zoom: 1,5-2.
Processamento
• Reconstrução: por retroprojeção filtrada, limites acima e abaixo das paredes anterior e
inferior do coração.
• Filtro: Butterworth ordem 4, frequência de corte 0,15 Nyquist (variável entre 0,12 e 0,25), filtro
vertical ativado.
• Correção de atenuação: não se aplica, a menos que haja um sistema de correção por fonte de
transmissão linear, implementado com algumas câmeras com duas ou três cabeças.
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Unidade III
Documentação do estudo
Observações
• Nas câmaras de duas cabeças (ângulo de 90°) realizar a metade da rotação com cada detector, os
demais parâmetros se mantêm.
Utilidade clínica
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Cortes tomográficos
- Referência
Eixo curto
Indicação
• Tromboembolismo pulmonar.
Preparação do paciente
Radiofármaco
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Unidade III
Dose:
Forma de administração:
• Injetável em bolus, por via intravenosa, sem puxar o êmbolo, para evitar que o conteúdo seja
misturado com o sangue do paciente ainda na seringa. Solicitar ao paciente que mantenha o
braço injetado levantado por alguns segundos.
• Lembrar que a seringa contendo a dose deve ser agitada continuamente para evitar a precipitação
das partículas.
• Advertir o paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo esteja finalizado.
• Utilizar analisador de pulso com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Zoom: 1.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Processamento
• Reconstrução: por retroprojeção filtrada, limites imediatamente acima e abaixo dos pulmões.
• Filtro: Butterworth de ordem 4, frequência de corte 0,25 Nyquist (variável entre 0,20 e 0,30), filtro
vertical ativado.
Documentação do estudo
Observações
• Nos equipamentos de duas cabeças, realizar metade da rotação com cada detector, ou outros
parâmetros devem ser mantidos.
• O estudo deve ser sempre acompanhado de imagens planares convencionais, pelo menos
6 projeções.
Utilidade clínica
• A superioridade do exame de cintilografia por SPECT sobre a imagem planar para o diagnóstico
de tromboembolismo pulmonar não foi comprovada e, portanto, não é a técnica de escolha na
rotina clínica.
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Unidade III
Observação
Cintilografia de mama
Indicações
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Preparação do paciente
Radiofármaco
• 99mTc-Mibi (6-metoxi-isobutil-isonitrila).
Dose:
Forma de administração:
• Deve ser injetada via intravenosa, sendo muito importante selecionar cuidadosamente o local
da injeção. Deve ser injetado no braço contralateral à lesão ou, no caso de tumores mamários
bilaterais, injetar no pé.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Usar preferencialmente órbita elíptica ou de contorno, nesse último caso, usando contorno
automático ou manual. Verificar se a região de interesse está contida no campo e se rotação está
sendo realizada livremente, sem tocar no paciente ou na maca.
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Unidade III
• Zoom: 1.
Processamento
• Filtro: Butterworth de ordem 4, frequência de corte de 0,30 Nyquist (variável entre 0,25 e 0,35),
filtro vertical ativado.
Documentação do estudo
Observações
• Nos equipamentos de duas cabeças, realizar metade da rotação com cada detector, os demais
parâmetros deverão ser mantidos.
• Esse estudo deve ser acompanhado de imagens estáticas de ambas as mamas em projeção lateral,
com a paciente em decúbito ventral, e, também, imagem estática em projeção anterior da região
torácica, incluindo as axilas.
Utilidade clínica
• Alguns estudos indicam certa superioridade do exame de cintilografia SPECT em relação às imagens
planares para a detecção do envolvimento axilar, mas não para a detecção do tumor primário.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Saiba mais
Cintilografia hepática
Indicações
Preparação
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Unidade III
Radiofármaco
• 99mTc-S0(enxofre coloidal).
• 99mTc-Fitato.
Dose:
Forma de administração:
• Deve ser injetado por via intravenosa, não requerendo precauções especiais.
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo seja finalizado.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Utilizar detector em projeção anterior o mais próximo possível do abdômen do paciente, centrado
no epigástrico.
• Utilizar preferencialmente órbita elíptica ou de contorno, e nesse último caso, contorno automático
ou manual. Verificar se todo o fígado e o baço estão contidos no campo e se a rotação está sendo
realizada livremente sem tocar no paciente ou a maca.
• Matriz: 64 × 64 pixels.
• Zoom: 1.
Processamento
• Reconstrução: por retroprojeção filtrada, limites imediatamente acima e abaixo do fígado e baço.
• Filtro: Butterworth de ordem 4, frequência de corte de 0,30 Nyquist (variável entre 0,25 e 0,40),
filtro vertical ativado.
Documentação do estudo
Observações
• Nos equipamentos de duas cabeças realizar metade da rotação em cada detector, os demais
parâmetros são mantidos.
• Esse estudo deve ser acompanhado de pelo menos uma imagem estática em projeção anterior
com uma marca no rebordo costal, que forneça informações sobre o tamanho e a posição do
fígado e do baço.
Utilidade clínica
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Unidade III
A)
B)
Figura 38 – Cintilografia de fígado e vias biliares: A) função hepatocística normal, vias biliares pérvias
e ausência de concentração do radiotraçador na vesícula biliar, sugerindo quadro de colecistite aguda;
B) hepatocintilografia sem evidências cintilográficas de colecistite aguda
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Indicações
Preparação do paciente
Radiofármaco
• Glóbulos vermelhos marcados com pertecnetato de 99mTc, por administração prévia de cloreto
de estanho.
Dose:
• 20-30 mCi (740-1110 MBq) para adultos de 70 kg, administração prévia (15 mL) de cloreto
estanhoso (marcação in vivo).
Forma de administração:
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo seja finalizado.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Utilizar, de preferência, órbita elíptica ou de contorno, e nesse último caso, usar contorno
automático ou manual. Verificar se todo o fígado e o baço estão contidos no campo e se a rotação
está sendo realizada livremente sem tocar o paciente ou a maca.
• Matriz: 64 × 64 pixels.
• Zoom: 1.
Processamento
• Filtro: Butterworth de ordem 4, frequência de corte de 0,25 Nyquist (variável entre 0,20 e 0,30),
filtro vertical ativado.
Documentação do estudo
Observações
• Nos equipamentos de duas cabeças, realizar metade da rotação com cada detector, os demais
parâmetros se mantêm.
• A marcação de eritrócitos também pode ser realizada pela técnica in vitro ou mista, in vivo e in vitro.
• Esse estudo deve ser acompanhado por uma fase dinâmica de primeira passagem e imagens
estáticas de referência.
Utilidade clínica
• A cintilografia por SPECT permite aumentar a sensibilidade diagnóstica e topográfica das lesões com
maior precisão comparada com as imagens planares, para o qual constitui o processo de escolha.
Cintilografia renal
Indicações
Preparação do paciente
Radiofármaco
Dose:
Forma de administração:
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo esteja finalizado.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Utilizar detector em projeção lateral o mais próximo possível do tronco do paciente, centrado na
região lombar.
• Utilizar órbita elíptica ou de contorno, nesse último caso, contorno automático ou manual. Verificar
que ambos os rins estão contidos no campo e se a rotação está sendo realizada livremente, sem
tocar no paciente ou na maca.
• Matriz: 64 × 64 pixels.
Documentação do estudo
Observações
• Nos equipamentos com duas cabeças (ângulo a 90°) realizar metade da rotação com cada detector,
os outros parâmetros permanecem os mesmos.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Obter sempre uma imagem planar da região lombar em projeção PA e, opcionalmente, oblíqua e PA.
• Para a função renal absoluta, meça também a seringa com a dose antes e depois da injeção.
Utilidade clínica
Cintilografia renal dinâmica com DTPA-99mTc: estase funcional em sistema pielocalicial à esquerda.
Nota-se bom esvaziamento após uso do diurético com T1/2 de excreção inferior a 10 minutos
A)
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Unidade III
Cintilografia renal dinâmica com DTPA-99mTc: obstrução da junção uretero-pélica bilateral com
dilatação e estase pielo-calicial sem resposta satisfatória ao uso de diurético bilateralmente.
B)
Cintilografia óssea
Indicações
Preparação do paciente
128
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Hidratação abundante desde o momento da injeção (com exceção de pacientes com insuficiência
renal que apresentam restrição hídrica).
Radiofármaco
• 99mTc-MDP (metileno-difosfonato)
• 99mTc-HMDP (hidroxi-metil-difosfonato).
Dose:
Forma de administração:
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo seja finalizado.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Utilizar detector na projeção adequada segundo a região a ser estudada, o mais próximo possível
do paciente, centrado na zona de estudo.
• Utilizar órbita preferencialmente não circular, usando contorno automático ou manual. Verificar
se a área a ser estudada está contida no campo e se a rotação está sendo realizada livremente sem
tocar no paciente ou na maca.
129
Unidade III
• Número de imagens: 60 para rotação de 360° e 30 para 180° (movimento angular de 6°).
Processamento
• Reconstrução: por retroprojeção filtrada, limites imediatamente acima e abaixo da região de estudo.
• Filtro:
Documentação do estudo
Observações
• Em equipamentos com duas cabeças (ângulo a 90° para rotações de 180°, a 180° para rotações de
360°), realizar metade da rotação com cada detector, os outros parâmetros devem ser mantidos.
• Em pacientes com insuficiência renal, a hidratação pode não ser indicada. Pode ser necessário
atrasar o início do estudo por mais de 3 horas.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Lembrar que a cintilografia óssea é complementar e deve ser sempre acompanhada de um estudo
planar convencional.
• Acalmar o paciente com analgésicos intravenosos antes do estudo, se ele estiver com muita dor e
se sentir que não vai aguentar o posicionamento pelo tempo necessário.
Utilidade clínica
Imunocintilografia
Indicações
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Unidade III
Preparação do paciente
Radiofármaco
Dose:
Forma de administração:
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo esteja finalizado.
• Utilizador analisador de pulsos com janela de 15% centrada no fotopico de 140 keV.
• Utilizar detector em projeção anterior o mais próximo possível do paciente, centrado na região de
interesse (segundo dados clínicos).
• Utilizar órbita não circular, usando contorno automático ou manual. Verificar se a área em
estudo está contida no campo e se a rotação está sendo realizada livremente sem tocar no
paciente ou na maca.
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Matriz: 64 × 64 pixels.
• Zoom: 1.
Processamento
• Reconstrução: por retroprojeção filtrada, colocação de limites opcional (segundo dados clínicos).
• Filtro: Butterworth de ordem 4, frequência de corte de 0,25 Nyquist (variável entre 0,20 e 0,35),
filtro vertical ativado.
Documentação do estudo
Observações
• Em equipamentos de duas cabeças, realizar metade da rotação com cada detector, os outros
parâmetros devem ser mantidos.
• Dependendo do caso, uma nova cintilografia SPECT pode ser necessária em 24 horas.
Utilidade clínica
• Não existe evidência sobre a utilidade da imunocintilografia, mas é provável que ofereça vantagens
em termos de sensibilidade diagnóstica e localização topográfica.
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Unidade III
Indicação
• Linfopatia tumoral (Hodgkin e não Hodgkin): diagnóstico diferencial entre adenopatias ativas e
massas fibrosas residuais.
• Sarcoidose.
Preparação do paciente
Radiofármaco
• 67Ga-citrato.
Dose:
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MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Forma de administração:
Aquisição de imagens (6 a 24 horas pós‑injeção para infecções, 72 horas a 10 dias pós‑injeção para
linfopatias tumorais)
• Paciente em decúbito dorsal, com membros superiores colocados fora da região de estudo.
• Avisar ao paciente que deve permanecer imóvel até que o estudo esteja finalizado.
• Utilizar analisador de pulsos com janela de 20% nos fotopicos de 90, 184 e 300 keV.
• Utilizar detector em projeção anterior o mais próximo possível do paciente, centrado na região
de interesse.
• Utilizar órbita não circular, usando contorno automático ou manual. Verificar se a área em estudo
está contida no campo e a rotação está sendo realizada livremente sem tocar no paciente ou na maca.
• Matriz: 64 × 64 pixels.
Processamento
• Filtro: Butterworth de ordem 4, frequência de corte de 0,30 Nyquist (variável entre 0,20 e 0,40),
filtro vertical ativado.
Documentação do estudo
Observações
• Em equipamentos com duas cabeças, realizar metade da rotação com cada detector, os demais
parâmetros são mantidos.
• Pode ser necessário mais cedo ou mais tarde, de acordo com os dados clínicos e os achados
apresentados.
Utilidade clínica
• Existe evidência sobre a utilidade da cintilografia SPECT para avaliação de linfopatias tumorais,
constituindo‑se em método incluído em algoritmos clínicos de rotina. Não é assim em outras
aplicações, onde há dados insuficientes.
A figura a seguir apresenta uma cintilografia com uso de 67Ga em paciente com doença de Hodgkin.
136
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Indicação
• Avaliação de doença cerebrovascular, tais como acidente vascular cerebral agudo (AVCA), isquemia
cerebral crônica (ICC), vasculites e avaliação pré‑operatória da reserva vascular cerebral.
Preparação do paciente
• É necessário que o paciente fique com a cabeça por 30 a 60 minutos durante a aquisição de
imagem. Em caso de paciente pediátrico ou claustrofóbico, pode ser visto com o médico algum
tipo de sedação.
• Não ingerir nenhum tipo de bebida estimulante (café, refrigerante, chocolate, bebidas energéticas),
álcool e não fazer uso de quaisquer drogas.
• Ficar deitado num quarto escuro, sem nenhum estímulo sensorial por 5 minutos, antes e depois
da injeção do radiofármaco.
Radiofármaco
• 99mTc-ECD ou 99mTc-HMPAO
Dose:
137
Unidade III
Forma de administração:
• Endovenosa.
Aquisição de imagens
Processamento
• Matriz: 64 × 64 pixels.
• Órbita: 180°.
• Zoom: 1.
• Número de projeções: 60, sendo 30 por detector e 2 detectores em uma geometria de 90°.
• Contorno: circular.
Documentação do estudo
Indicação
• Avaliar a função da glândula tireoide (mesmo pessoas alérgicas a iodo podem realizar o exame).
138
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Preparação do paciente
• Paciente liberado para voltar depois de 24 horas (em alguns casos 4 horas) para realização da
captação cervical e mapeamento da tireoide (considerada normal, com 3% a 8%, em captação
realizada 2 horas após a ingestão e 12% a 32% em captação realizada após 24 horas).
• Medicamentos que devem ser suspensos por 30 dias: Puran T4, Synthroid, Levoid e Euthyrox.
• Medicamentos que contenham como princípio ativo a amiodarona devem ser suspensos por, no
mínimo, 90 dias (a critério médico). Nos casos de uso prolongado dessa medicação, o tempo de
suspensão pode ser maior do que esse período.
• Medicamentos que devem ser suspensos por 7 a 10 dias: corticoides (sob orientação médica).
• Drogas antitireoidianas devem ser suspensas por 2 a 3 semanas para pacientes que fazem uso de
Propiltiouracil (PTU) e por 2 dias para pacientes que fazem uso de metimazol.
• Não realizar radiografias com contraste iodado e exame ginecológico (teste de Schiller), além de
não utilizar medicamentos que contenham iodo (xarope, vitaminas e complementos, soluções
tópicas como Povidine e álcool iodado) entre 60 e 90 dias antes do exame.
• Evitar praia e banho de mar, além de bronzeadores, por 15 dias antes do exame.
Radiofármaco
• 131I.
139
Unidade III
Forma de administração:
Aquisição de imagens
• Paciente deitado, imóvel, sobre a maca do aparelho, por 15 minutos aproximadamente. Para
obtenção das imagens, o paciente ficará deitado por 30 minutos.
O quadro a seguir apresenta a dieta de iodo que o paciente deverá se submeter para realização do
exame (iniciar a dieta 2 semanas antes do tratamento.).
Observação
O 131I pode ser substituído pelo 123I para o diagnóstico, porque esse é
gama puro e tem meia‑vida de 13,2 horas.
140
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é uma das técnicas mais avançadas no diagnóstico por
imagem e sua utilização na medicina mundial ocorreu a partir da década de 1980.
Em 1951, o físico americano Gordon L. Brownell, que morreu em 2008 aos 82 anos, propôs
ao médico neurologista americano William Herbert Sweet (1910‑2001), do Hospital Geral de
Massachusetts, Boston, a utilização de emissores de pósitrons para detecção de tumores cerebrais.
Em 1953, descreveram o primeiro dispositivo de imagem utilizando pósitrons e a primeira tentativa
de registrar dados tridimensionais na detecção de pósitrons em seu artigo “Localization of brains
tumors with positron emitters”, na revista Nucleonics (1953). Esse foi o início da tomografia por
emissão de pósitrons (PET).
Nos anos de 1970, dois grupos de físicos das universidades UCLA e de Washington – desta chefiado
pelo professor e biofísico Michael Edward Phelps (1939) e da primeira chefiado pelo neurocientista
coreano Zang‑Hee Cho (1936) – desenvolveram o primeiro PET e, em 1973, Phelps realizou os primeiros
exames na própria Universidade de Washington.
141
Unidade III
A ideia de medição in vivo de processos biológicos e/ou bioquímicos já estava prevista desde a década
de 1930, quando os primeiros radionuclídeos produzidos artificialmente dos elementos biológicos
importantes, como carbono, nitrogênio e oxigênio, que decaem sob a emissão de radiação externamente
detectável, foram descobertos a partir do desenvolvimento do cíclotron. Esses radionuclídeos decaem
por produção de pares com a emissão de pósitrons (β+) e aniquilação de pósitrons e elétrons, resultando
em dois fótons γ de 511 keV, sob um ângulo relativo de 180°, medidos em coincidência.
A tecnologia que permite a tomografia por emissão de pósitrons só pode existir com a produção de
detectores com cristais de cintilação inorgânica para detecção de radiação gama, os sistemas eletrônicos
mais sensíveis para medidas de coincidência e computadores mais potentes, permitindo a aquisição e
reconstrução de imagens com maior resolução.
Os radionuclídeos de meia-vida curta devem ser marcados por moléculas como 11CO2, 11CO, C15O,
C15O2, H215º, além das moléculas mais complexas, como 18FDG, 18F-DOPA, 18FLT, H11CN, 11CH4, 11CH3I ou 13NH3.
142
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
PET não exibe detalhes anatômicos e estruturais de órgãos e tecidos tão bem quanto a tomografia
computadorizada (CT) ou a ressonância magnética (RM).
O sistema PET é usado na avaliação do fluxo sanguíneo e atividade cerebral e de coração, ou ainda na
detecção de câncer e outras anormalidades. A figura a seguir apresenta um equipamento PET da atualidade.
Os estudos com PET incluem o metabolismo de glicose, fluxo de sangue cerebral, metabolismo do oxigênio,
além de outros processos fisiológicos. O metabolismo da glicose é medido utilizando o 18F, o fluxo cerebral é
medido utilizando o 15O, em ambos os casos, combinados com um fármaco que tem afinidade com o órgão.
O cérebro é um órgão que depende da glicose como fonte de energia, que é usada para manter os
níveis de potencial das membranas e para restaurar gradientes iônicos a nível celular. Para a medida do
metabolismo da glicose, o paciente deverá ficar imóvel durante 40 minutos, após injeção intravenosa de FDG
(flúor‑desoxi‑glicose), que se distribui pelas células até atingir o equilíbrio. Após o equilíbrio o 18F, é medido em
várias secções tomográficas, que depende das condições específicas da glicose na patologia cerebral. A taxa
de glicose encontrada na maior parte das doenças é o argumento mais importante para medição da glicose.
PET é uma técnica com habilidade para detectar tecidos malignos e quantificar alterações na
concentração de glicose em tumores durante e após o tratamento. Uma das técnicas, chamada cerebral
143
Unidade III
blood flow (CBF), utiliza alterações fisiológicas e patológicas em regiões de fornecimento de sangue,
assumindo que o aumento no fluxo sanguíneo está associado a um aumento da atividade funcional.
O 15O pode ser medido, após ativação, com imagens coloridas e codificadas de CBF, mostrando áreas
do cérebro que são ativadas (iluminadas) após uma atividade, como por exemplo, durante uma leitura.
Tubo de
resposta
Linha de
resposta
Detector 2 Detector 2
Figura 46 – Representação esquemática da tomografia por emissão de pósitrons (PET)
Detector HO CH2
n Coincidências
p np H OH
n np e+
e- H
Isótopo p n pp Alcance OH H
deficiente Pósitron HO OH
Injeção de
de nêutrons fármaco H 18F
Detector
marcado 18
FDG
Projeção
Projeção paralelas Coluna
φ Z Imagem por PET
Pulmões
φ Fígado
φ Baço kl L1
Rins (F) (F) Modelagem
S Sinogramas Intestino k2 L2
S
Intestino
144
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Se a aniquilação ocorrer fora do volume entre os dois detectores, apenas um dos fótons poderá
ser detectado, sendo rejeitado, uma vez que a detecção de fóton único não satisfaz a condição de
incidência. A detecção simultânea fornece um campo de visão preciso com sensibilidade uniforme.
A imagem obtida se apresenta com níveis de cinza de uma secção cruzada do objeto em que a
intensidade de cada elemento de imagem seja proporcional à concentração dos isótopos no objeto.
Para corrigir imagens não nítidas, é feita uma relação tabulada e determinada empiricamente, entre
profundidade de interação e a mais provável altura de pulsação para cada raio gama detectado.
A PET é utilizada dentro de certos limites e tem a capacidade de detectar mudanças bioquímicas
dentro do corpo, para qualquer região do corpo que apresente mudanças bioquímicas anormais. É
por essa razão que a PET teve um impulso enorme em aplicações clínicas para doenças neurológicas,
incluindo doenças vasculares no cérebro, epilepsia, tumores cerebrais e na localização de metástases
linfogenéticas.
A PET também pode ser usada para se entender a farmacocinética e a farmacodinâmica de moléculas
com potencial terapêutico. Para isso, essas moléculas precisam ser marcadas com radioisótopos, o que
permite acompanhar seu percurso pelo organismo e sua interação com alvos celulares específicos.
E tem a capacidade de fornecer modelos para funções fisiológicas e biológicas do corpo, das
concentrações de radioatividade regional num órgão em particular e para localizações melhoradas
de atividade, principalmente quando acompanhada de imagens de tomografia convencional e
ressonância magnética.
145
Unidade III
A PET tem sido utilizada para estudar o mecanismo cerebral que supervisiona o condicionamento
humano clássico, com um estudo realizado por medição da distribuição do fluxo sanguíneo no cérebro.
O estudo é realizado em três fases: pré-condicionamento, condicionamento e pós‑condicionamento. Na
fase de condicionamento, são enviados choques elétricos rápidos ao investigado. A PET é utilizada na
primeira e na terceira fase, constatando um acréscimo de ativação nas regiões frontal e temporal na fase
de condicionamento, especialmente no hemisfério direito do cérebro. A figura a seguir apresenta imagens
observadas em PET.
R L
* *
146
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Quase 45% das pacientes com câncer de mama metastático têm expressão discordante do
receptor de estrogênio nas lesões, isto é, (18)F-FES-PET-positivas e (18)F-FES-PET-negativas. A baixa
captação pelo tumor de (18)F-FES‑PET em metástases pode prever falha da terapia hormonal em
pacientes com tumores primários positivos para receptores de estrogênio; (18)F‑FES‑PET mostrou que
a capacidade de ligação do receptor de estrogênio muda após a intervenção com hormônios, mas os
achados precisam ser confirmados. Além da expressão do receptor de estrogênio, outros fatores como
menopausa e outras terapias em conjunto, que podem afetar absorção pelo tumor de (18)F‑FES‑PET,
devem ser levados em consideração durante a avaliação do paciente (KRUCHTEN et al, 2013).
É importante lembrar que receptores são proteínas que podem se ligar a determinadas substâncias
sanguíneas. As células normais e algumas células cancerígenas da mama têm receptores que se ligam
ao estrogênio e à progesterona e dependem desses hormônios para poder crescer.
Na mama, as células cancerígenas podem ter um ou ambos receptores, ou também nenhum deles:
Conhecer o status dos receptores hormonais do tumor é importante para definir o tipo de tratamento.
A presença de um ou de ambos os receptores hormonais no tumor indica que é possível diminuir os níveis
de estrogênio ou impedi‑lo de atuar nas células cancerígenas da mama com o uso de medicamentos de
147
Unidade III
hormonioterapia. Esse tratamento funciona para receptor hormonal positivo, mas não para receptores
hormonais negativos.
Como cerca de 67% dos cânceres de mama têm pelo menos um dos receptores, é importante que
todos os cânceres de mama sejam avaliados quanto aos receptores, seja na remoção do tumor, seja na
biópsia, por intermédio do exame de imunoistoquímico, que orientarão os médicos quanto aos melhores
tratamentos para cada paciente.
A PET tem sido usada para estudar vários aspectos da fisiopatologia do câncer de mama. O FDG
tem sido largamente utilizado em estudos de câncer com PET devido às observações do aumento da
concentração desse fármaco em quase todos os tumores malignos, ou seja, há um aumento da taxa de
glicose no tecido tumoral. O uso desse fármaco em PET provou a confiabilidade na distinção de massas
mamárias benignas e malignas, além de conseguir avaliar a extensão regional do tumor. A figura a
seguir apresenta imagens observadas em PET.
A)
B)
Figura 49 – A) PET/CT demonstrando discreto aumento de concentração de FDG na localização da
lesão da mama esquerda, carcinoma ductal in situ no quadrante inferomedial com cortes axial e
sagital; B) PET/CT demonstrando aumento heterogêneo da concentração de FDG na localização
da massa na mama esquerda, carcinoma ductal invasivo (subtipo triplo‑negativo) no quadrante
superolateral associado a linfonodomegalia axilar e espessamento difuso da pele (tumor inflamatório)
com cortes axial e sagital
148
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Altos níveis de fluxo sanguíneo e níveis de metabolismo fazem com que os rins fiquem muito
distinguíveis nas imagens de PET. O 11C‑acetato produzem imagens de rins excelentes em estudos com
PET. Mesmo quando o fluxo sanguíneo é bastante reduzido devido a doenças renais, ainda assim é
possível uma boa visualização.
Para visualizar informações complexas em exame por PET é feita a combinação do método standard
PET com modelos estatísticos aproximados e técnicas de visualização para melhor compreensão dos
resultados das análises. Os perfis topográficos representam o funcionamento de redes metabolicamente
covariantes, perceptíveis através de processos convencionais de aquisição e processamento de imagens
e técnicas estatísticas devido a sua pequena magnitude quando comparada a efeitos globais. Essas
redes são quantificadas, identificadas e ilustradas, então criam-se marcadores neuronais independentes
para fazer a diferenciação entre desordens neurodegenerativas similares e mecanismos fisiológicos
dessas doenças.
149
Unidade III
Figura 50 – Exame neurológico por meio de PET-CT, apresentando um paciente saudável, um com
dano cognitivo brando e um com doença de Alzheimer
A imaginologia híbrida é uma técnica recente e suas aplicações iniciaram‑se nos anos de
1990. A fusão de estudos tomográficos de radionuclídeos com exames anatômicos tornou‑se uma
prática padrão, tanto na tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) como na
tomografia por emissão de pósitrons (PET). Contudo, a fusão de imagens cintilográficas planares com
uma modalidade anatômica permanece distintamente incomum, apesar dos métodos para fazê-la
serem encontrados na literatura há cerca de duas décadas, mesmo que esporadicamente.
Softwares personalizados, comerciais ou de domínio público têm sido usados para registrar imagens
planares, mas para a obtenção de imagens híbridas foram usados, principalmente, métodos de fusão
de cores não seletivos. Ainda estão em estudo técnicas de fusão de imagens linfocintilográficas
planares com topogramas CT (imagens scout) obtidas na SPECT-CT de uma maneira a compensar a
variação dependente da posição na ampliação que afeta o scout CT. A grande vantagem dessa técnica
é que ambas as imagens componentes são adquiridas no mesmo gantry, não havendo necessidade de
reposicionar o paciente.
150
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
A B
Figura 52 – Corpo humano de frente: à esquerda é a tomografia que mostra com detalhes a anatomia;
ao meio, a PET mostra onde ocorre o consumo de glicose (cérebro e coração normais – a bexiga tem
concentração de FDG, que vem do rim e no fígado –; a terceira imagem, o computador junta as duas
imagens e faz a coloração, mostrando com clareza a presença de câncer no fígado (seta branca)
151
Unidade III
5.3.1 SPECT/CT
5.3.2 Pet/CT
152
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
No câncer de mama, esse exame está indicado para pacientes com neoplasia localmente avançada
(tumores palpáveis na mama ou linfonodo) e, também para paciente com suspeita de doença à distância
(metástases em outros órgãos). Muitos estudos mostraram que pacientes com câncer de mama
apresentando tumores maiores do que 2 cm ou com linfonodo axilar comprometido, inicialmente avaliadas
na fase de estadiamento com PET/CT, apresentaram em torno de 30% de mudança de tratamento,
devido à detecção de lesões metastáticas em locais não identificados por métodos convencionais.
Um único exame de PET/CT é capaz de avaliar lesões metastáticas. Cabe ressaltar, ainda, que a
superioridade da técnica PET/CT é comprovada na detecção de lesões ósseas e comprometimento de
linfonodos quando comparada a técnicas de raios X ou mesmo cintilografia planar óssea, ou mesmo
ultrassonografia de abdômen ou ecografia de abdômen.
Em pacientes que recebem tratamento quimioterápico para reduzir o câncer de mama antes da
cirurgia, a PET/CT pode apresentar, precocemente, quais pacientes responderão bem ao tratamento,
porque estes mostrarão uma redução do metabolismo da glicose antes de ocorrer redução das dimensões
de lesões. O exame deve ser realizado no início e no fim do tratamento para que possa haver comparação.
A técnica de PET/CT é indicada para pacientes que já trataram câncer de mama e onde exista suspeita
de recorrência. É uma técnica com elevada acurácia para mostrar onde se encontram essas lesões,
principalmente quando existem alterações anatômicas secundárias a tratamento prévio com cirurgia e
radioterapia. É uma técnica de estudo metabólico eficiente na diferenciação de alterações cicatriciais
ou fibróticas dos processos pós‑terapêuticos daqueles tecidos tumorais, que poderão ser um indício do
retorno de câncer, principalmente na parede torácica, axila e cadeias linfonodais fora da axila.
A técnica de PET/CT não é indicada para rastreamento ou detectar lesões iniciais da mama, devido à
baixa sensibilidade em detectar lesões pequenas, como carcinoma in situ (CDIS), lesões com crescimento
lento, como carcinoma tubular com taxas entre 2% e 25%, e tumores menores que 2 cm. Para tumores
grandes a sensibilidade aumenta para 92%. É um exame indicado para pacientes com mamas densas
ou com implantes de silicone. Também, para detectar multiplicidade, localizar tumor primário em
paciente com doença metastática sem tumor primário detectado pelos métodos tradicionais ou quando
o paciente não pode fazer uma biópsia.
No tecido cerebral, o metabolismo da glicose fornece aproximadamente 95% do ATP necessário para
a função cerebral. O metabolismo da glicose está fortemente ligado à atividade neural, seja em condições
fisiológicas como em algumas patologias. Assim, doenças que induzem mudanças na atividade neuronal
são refletidas em alterações no metabolismo da glicose, podendo ser observadas nas imagens de PET.
153
Unidade III
• Auxiliar no diagnóstico diferencial de demências, tais como doença de Alzheimer (DA), demência
frontotemporal e outras.
Contraindicações:
• gravidez;
Efeitos colaterais:
• reações ao radiofármaco são extremamente raras e quando ocorrem são de leve intensidade; os
efeitos descritos na literatura são: febre, náusea, eritema, rash (irritação da pele) cutâneo, cefaleia,
dor torácica, hipotensão, tontura, astenia, entre outros.
154
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
5.3.3 PET/RM
A união das técnicas de tomografia por emissão de pósitrons e ressonância magnética é muito
recente e economicamente só passou a ser viável em 2010 devido à incompatibilidade de componentes
e ajustes dos sistemas eletroeletrônicos.
A PET e a RM são modalidades de diagnóstico por imagem que podem ser utilizadas para o estudo
de distúrbios do sistema nervoso central, ambas oferecendo informações complementares, onde a
ressonância magnética contribui com a aquisição de imagens estruturais do cérebro com alta resolução
espacial e de contraste tecidual e a técnica de tomografia por emissão de pósitrons contribui com
informações fisiológicas sobre o metabolismo cerebral.
A combinação entre PET e RM é muito complexa, uma vez que os detectores utilizados em PET,
juntamente com seus componentes elétricos associados, como tubos fotomultiplicadores, não
desempenham suas funções de forma adequada na presença de campos magnéticos elevados. Para
resolver o problema, adaptações e modificações dos sistemas foram necessárias, com o desenvolvimento
de uma nova tecnologia de detectores compatíveis com campos magnéticos à base de silício (SiPM), que
possibilitam maior sensibilidade de detecção com maior flexibilidade dos protocolos PET/RM.
155
Unidade III
é operado no modo Geiger, ou seja, produz uma avalanche de elétrons quando recebe pelo menos
um fóton, independentemente da quantidade de fótons e de sua energia. Os fotomultiplicadores de
silício são operados com pequenos fluxos de luz, de modo que nunca haja mais de um fóton para cada
fotodiodo. Dessa maneira, basta contar o número de fotodiodos que uma avalanche produziu para
contar o número de total de fótons que chegaram ao detector.
A tensão operacional depende da tecnologia do detector, mas, geralmente, fica entre 25 V e 70 V, o que
significa que é 30 a 50 vezes menor do que a tensão aplicada em tubos fotomultiplicadores convencionais.
A aquisição de imagens na PET/RM tem início com o focalizador de ressonância magnética, que
definirá a área de cobertura da imagem, servindo coo base para a programação de aquisição de imagem
em PET/RM. A seguir, as imagens em PET são adquiridas em blocos sequenciais de posições do leito,
incidência craniocaudal. E as sequências em RM são programadas para cada leito, de acordo com a
sequência estipulada. Quando forem necessárias sequências mais longas em RM em um segmento
específico do corpo, o tempo de aquisição em PET deve ser proporcional ao em RM.
156
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
O 18F‑FDG é transportado via membrana celular de modo similar à glicose, mas realiza apenas a
primeira parte da glicólise, a formação de 18F-flúor-2-deoxi-D-glicose, que permanece na célula alterada
e não é metabolizada.
Nos indivíduos sadios, o 18F-FDG é distribuído de forma abrangente por todo o organismo. Para
aquisição de imagens cerebrais em PET/RM, o paciente deve ser mantido numa sala silenciosa e com
luminosidade reduzida para a administração do radiofármaco e na fase de captação subsequente.
E, antes disso, uma verificação da glicemia do paciente.
A ressonância magnética (RM) sozinha não é específica para doença de Alzheimer, apesar de muito
sensível na identificação de lesões estruturais. Na fusão com PET permite que imagens estruturais e
imagens metabólicas sejam uma ferramenta confiável na classificação das demências.
157
Unidade III
A B C
Figura 56 – Imagens de F-FDG PET/RM de corpo inteiro de um paciente masculino com mieloma
múltiplo após a quimioterapia, mostrando atividade metabólica residual na crista ilíaca e linfonodo
supraclavicular esquerdo hipermetabólico (setas): A) PET, projeção em máxima intensidade; B e C)
imagem fundida de PET/RM, corte coronal ponderado em T1
Rejeito radioativo é definido como qualquer material resultante de atividades humanas que contenha
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção, ou seja, aqueles estabelecidos por
órgãos reguladores, para o qual a reutilização é imprópria ou não prevista.
O descarte de rejeitos e resíduos radioativos segue uma classificação, com embalagem e transporte
a unidades de tratamento e armazenamento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), onde
podem ser monitoradas pelo tempo que for necessário, com foco na proteção às pessoas em geral e ao
meio ambiente.
158
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
A norma CNEN NN 8.01 trata da Gerência de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de
Radiação foi aprovada pela Comissão Deliberativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear, expresso
na Resolução CNEN/CD n. 167 de 30 de abril de 2014, através de artigo 1º. Ela estabelece os critérios
gerais e requisitos básicos de segurança e proteção radiológica relativos à gerência de rejeitos
radioativos de baixo e médio níveis de radiação, bem como de rejeitos radioativos de meia‑vida
muito curta.
A Resolução n. 166 de 16 de abril de 2014 aprovou em seu artigo 1º a norma CNEN NN 6.02
(Licenciamento de Instalações Radioativas), que estabelece os requisitos para o licenciamento de
instalações radiativas, com foco na localização, no projeto descritivo que inclui segurança, construção,
operação, modificações e retirada de operação, como também o controle de aquisição e movimentação
de fontes radioativas. O artigo 4º delibera sobre as instalações que manipulam, armazenam e utilizam
fontes não seladas, que devem se enquadrar num dos cinco grupos que tem por base o nível de isenção
estabelecido pela Norma NN 3.01 – Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica e na Posição Regulatória
PR 3.01/001 – Critérios de Exclusão, Isenção e dispensa de Requisitos de Proteção Radiológica. O artigo 5º da
seção III delibera sobre as instalações que utilizam equipamentos geradores de radiação ionizante, que
estão classificadas no grupo 7, compreendendo aceleradores de partículas e aparelhos de raios X. Os
subgrupos limitam os valores de energia.
As normas facilitam o entendimento dos riscos e dá diretrizes de como proceder de forma correta e
com segurança, respeitando os profissionais, clientes e ambiente, mantendo‑os protegidos.
No setor de medicina nuclear é previsto um local onde serão guardados os rejeitos provenientes do
tratamento, que englobam seringas, luvas e tudo que, naturalmente, seria lixo hospitalar, mas que nesse
setor, pelo fato do uso de fontes radioativas abertas, é necessário que sejam guardadas, por assim dizer,
até que haja o decaimento a um nível seguro.
Nessa sala, o rejeito é etiquetado e diariamente é feita a medida da atividade até que possam ser
descartados. Rejeitos provenientes de dejetos humanos (urina e fezes), após a injeção ou ingestão de
material radioativo, serão acondicionados em local próprio, não sendo dispersos no aterro sanitário até
que haja o decaimento radioativo.
A sala onde os radiofármacos são acondicionados possuem blindagem para as seringas, glove box,
castelinhos de chumbo e todo tipo de estrutura para que o indivíduo ocupacionalmente exposto possa
manusear os materiais sem correr risco, além de um Geiger-Müller para medir a atividade dentro da sala.
159
Unidade III
A figura a seguir mostra alguns equipamentos de proteção coletiva usados nas salas de medicina
nuclear para proteção dos indivíduos que manuseiam os radiofármacos.
A)
B)
C)
Figura 57 – A) Tijolo de chumbo modelo base; B) protetor de seringa em chumbo; C) glove box de chumbo
160
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
6 RADIOTERAPIA
A radioterapia é uma especialidade médica que utiliza radiação ionizante como forma de
tratamento de doenças preexistentes, como o câncer, requerendo do profissional da área um extenso
conhecimento, principalmente, de física das radiações e radiobiologia, além de outros princípios e
disciplinas científicas, uma vez que a radioterapia utiliza radiação potencialmente deletéria para
destruir ou diminuir células cancerígenas e, ocasionalmente, trata condições benignas. A radioterapia
requer habilidade práticas e tecnológicas:
• controle de qualidade;
• segurança radiológica.
A radioterapia utiliza radiação ionizante de alta energia, incluindo partículas, raios X e raios
gama. Quando a fonte radioativa está à distância do paciente, 60 cm a 100 cm, a forma de
tratamento é chamada de teleterapia. Nesse caso, a radiação é produzida por uma fonte selada
(cobalto, césio etc.) ou por um acelerador liner (raios X). A quantidade de radiação que é liberada na
região de tumor é frequentemente limitada devido aos riscos de danos aos tecidos sadios vizinhos.
Uma maneira segura de elevar a dose sem o risco de danificar tecidos vizinhos é utilizar fontes
seladas muito pequenas, diretamente no tumor. Esse método é chamado de braquiterapia ou curieterapia.
Quando a fonte é colocada dentro de uma cavidade do corpo, é chamada intracavitária ou intraluminal,
e quando implantada dentro do tumor, é chamada de intersticial.
O físico médico é o conhecedor dos fenômenos atômicos e nucleares e deve controlar o uso das
fontes de radiação, além de desenvolver programas de controle de qualidade e propiciar uma rápida
assimilação e desenvolvimento de novas tecnologias, atualizando planos de tratamento, assegurando
aos pacientes maior curabilidade e melhor qualidade de vida. A maioria dos serviços de radioterapia
no Brasil emprega um ou mais físicos médicos e dosimetristas, que têm como função promover
o serviço em todos os aspectos referentes ao uso de feixes de radiação ionizante, em especial na
dosimetria, no planejamento do tratamento, na radioproteção, no ensino e na pesquisa.
Como sabemos, os raios X foram descobertos pelo físico e engenheiro alemão Wilhelm Conrad
Röntgen (1845‑1923) em 8 de novembro de 1895, no laboratório do Instituto de Física da Universidade
de Würzburgo (Julius‑Maximilians‑Univeristät), de Wüzburg, na Bavaria. Röntgen estava investigando o
161
Unidade III
fenômeno causado pela passagem de uma descarga elétrica em tubos de vidro, contendo gases rarefeitos
e observou que um ècran coberto com material fluorescente de platinocianureto de bário tornava‑se
iluminado, mesmo quando o tubo estava coberto com papel preto e o experimento realizado em um
quarto totalmente escuro. Röntgen chamou essa radiação desconhecida, que produzia o fenômeno de
fluorescência, de raios X.
O físico francês Antoine Henri Becquerel (1852‑1908) foi responsável pelos estudos que levaram à
descoberta da radioatividade, em 1896. Becquerel revelou chapas fotográficas, previamente colocadas
sob amostras de sal duplo, de sulfato de urânio e potássio.
Com a descoberta dos raios X, muitos cientistas estudaram a possibilidade de emissão de radiação
similar em outras substâncias. Becquerel apresentou sua descoberta à Academia de Ciências da
França e publicou o artigo “On Visible Radiations Emitted by Phosphorescent Bodies”, no Compter
Rendus, onde relatou a propriedade que apresentavam certos elementos, como urânio e tório, de
emitir, espontaneamente, radiação similar aos raios X, entretanto, muito mais penetrantes. A partir
desse pronunciamento, a radioatividade natural foi considerada descoberta. O físico inglês Silvanus
Phillips Thomson (1851‑1916), simultaneamente, realizou experimentos em Londres, trabalhando com
nitrato de urânio.
Em 1898, em Paris, França, a física, matemática e química polonesa Maria Salomea Sklodowska, Marie
Curie ou Madame Curie (1867-1934), e seu marido, o físico e químico francês Pierre Curie (1859‑1906),
descobriram o polônio e o rádio, estudando o minério uranita (pechblenda). O casal Curie anunciou sua
descoberta na Academia de Ciências de Paris em 26 de dezembro de 1898, contudo, só conseguiram
isolar sais de rádio em 20 de abril de 1902. O termo radioatividade foi introduzido por Madame Curie e
o nome polônio foi uma homenagem ao país de nascimento de Marie Curie. O prêmio Nobel de Física de
1903 foi dividido por Madame Curie e Becquerel. Em 1910, Marie Curie, auxiliada pelo químico francês
André Louis Debierne (1874‑1949), isolou o rádio metálico puro, cuja descoberta lhe deu um prêmio
Nobel de Química em 1911, sendo a primeira pessoa a receber dois prêmios Nobel e a única em duas
disciplinas. Debierne descobriu o elemento actínio em 1899.
O eletrômetro de Curie detectava as radiações e mostrava que a sua intensidade era proporcional à
massa de urânio presente. A figura a seguir apresenta os equipamentos básicos utilizados pelo casal Curie
para detectar radiação. Das muitas substâncias estudadas, o casal percebeu que apenas compostos de
tório tinham propriedades similares às do urânio e o mineral pechblenda apresentava maior intensidade
de radiação.
162
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
(A) (C)
(B)
Figura 58 – Equipamentos usados por Marie e Pierre Curie em seus experimentos com materiais
radioativos: A) câmara de ionização; B) balança de quartzo; C) eletrômetro de quadrante, inventado
por William Thomson (1824‑1907), Lord Kelvin e aperfeiçoado por Pierre, que descobriu, junto com
seu irmão Jacques, o efeito piezoelétrico em cristais de quartzo
163
Unidade III
São equipamentos de raios X que operam com tensão entre 10 kVp e 100 kVp (raios X superficiais)
e entre 100 kVp e 250 kVp (ortovoltagem), utilizados para o tratamento de lesões de pele ou com
infiltração até cerca de 3 cm de profundidade, como, por exemplo, a irradiação preventiva dos queloides,
cicatriz hipertrófica, hemangiomas e carcinomas basocelulares.
Atualmente, estes equipamentos têm sido substituídos pela eletronterapia, também chamada
betaterapia, proveniente de aceleradores lineares, que se utiliza de feixes de elétrons com energia entre
4 MeV e 10 MeV. Com energia de 16 MeV é possível tratar lesões com profundidade de cerca de 5 cm.
Na eletronterapia, o tratamento é realizado em uma única sessão, usando a radioterapia com feixe
de elétrons. Com uma duração de aproximadamente 1 hora, a eletronterapia reduz em até 15 vezes o
tempo de tratamento de um paciente.
Fontes de 60Co liberam fótons sob a forma de raios gama com energias de 1,17 MeV e 1,33 MeV. O 60Co
é um isótopo radioativo sintético com meia‑vida de 5,2713 anos, produzido artificialmente em reatores
nucleares por ativação de nêutrons de isótopos de ferro (54Fe, 56Fe, 57Fe, 58Fe) nas estruturas de aço do
reator, através da criação de seus 59Co precursores, monoisotópico e mononuclídeo. O caso mais simples
resultaria da ativação do 58Fe. O 60Co sofre decaimento beta para o isótopo estável níquel‑60 (60Ni).
Fontes radioativas são fontes de emissão contínua. Quando o equipamento não está sendo utilizado,
a fonte permanece guardada numa blindagem adequada que bloqueia a passagem de radiação gama.
Uma fonte de 60Co para teleterapia deve ser trocada, pelo menos, a cada 8 anos. Contudo, apesar
da eficiência maior de aceleradores lineares, necessitam de mais manutenção do que um equipamento
que utiliza 60Co.
O Centro de Tecnologia Nuclear (CDTN) de Belo Horizonte tem desenvolvido 60Co para uso em
controladores de nível, em sistemas de lingotamento contínuo. Os maiores produtores de cobalto são
a República Democrática do Congo, a República Popular da China, a Zâmbia, a Rússia e a Áustria.
Alguns serviços mais antigos ainda usam fontes de césio‑137 (137Cs), mais recomendados quando se
deseja baixa penetração do feixe de radiação. A figura a seguir apresenta uma bomba de cobalto para
tratamento radioterapêutico, mostrando um paciente em tratamento.
164
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Esses aparelhos usam micro‑ondas para acelerar elétrons a grandes velocidades em um tubo com
vácuo. Numa extremidade do tubo, os elétrons chocam‑se com um alvo metálico, de alto número
atômico. Na colisão com os núcleos dos átomos do alvo, os elétrons são desacelerados, liberando
energia relativa a esta perda de velocidade. Parte da energia é transformada em raios X de freamento
(bremsstrahlung), com energia variável na faixa de 1 MeV até a energia máxima do elétron no
momento do choque. Um acelerador linear que acelera elétrons de até 10 MeV, produz raios X com
energias entre 1 MeV e 10 MeV.
• Canhão de elétrons: filamento onde são gerados os elétrons que serão acelerados.
• Seção aceleradora: onde os elétrons são acelerados para atingirem a energia esperada.
• Circulador e carga-d’água: responsáveis pela absorção das micro‑ondas que não chegam à
seção aceleradora.
165
Unidade III
• Carrossel: responsável pela localização dos filtros específicos para obter elétrons ou fótons.
Gantry
Estrutura estacionária
Colimador
Controle remoto
Monitor
Teclado
Mesa de tratamento
Torre do
computador
Console de controle
Os aceleradores lineares podem gerar fótons de energia maiores que os do 60Co. Fótons de alta
energia liberam menor dose na pele e nos tecidos sadios do paciente. Contudo, os aceleradores lineares
166
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Em alguns aceleradores lineares, retirando-se o alvo de átomos pesados, é possível irradiar o paciente
diretamente. Os elétrons não penetram o tecido profundamente e liberam a dose necessária numa
profundidade em torno de 5 cm, diminuindo drasticamente após esta profundidade.
Esse tipo de tratamento com elétrons é adequado quando o órgão a ser irradiado é superficial com
estruturas radiossensíveis ao seu redor, como no caso de linfonodos cervicais que têm a medula espinhal
atrás e lesões infiltradas de pele.
Gantry
Detector de radiação
para imagem
Marquesa
Fonte de raios-x
para imagem
É possível obter maior concentração da dose no tumor com o uso de diversos campos de
irradiação entrando por diferentes locais do corpo, desde que todos localizados no volume tumoral.
Quanto maior a dose, mais campos devem ser empregados. Para facilitar o uso de múltiplos feixes,
167
Unidade III
alguns aparelhos giram em torno de um único eixo, chamado isocentro, onde deve ficar o centro do
volume tumoral, tornando fácil dirigir todos os campos para o tumor e girar o equipamento de uma
posição para outra.
Como os campos de irradiação não são complexos e necessitam, normalmente, apenas de blindagens
com geometria regular e de fácil modelagem e manuseio, os aceleradores lineares são os equipamentos
mais indicados para este tipo de tratamento. Pode haver necessidade de suportes, máscaras para o conforto
e imobilização da região a ser tratada. Os casos mais comuns aos quais a técnica se aplica são metástases
ósseas e cerebrais, sarcomas de extremidades e alguns tipos de linfoma.
Essa técnica foi utilizada durante alguns anos, mas como um grande volume de tecido sadio era
irradiado, consequentemente, ocorria um maior índice de complicações tanto agudas quanto tardias, o
que limitava a dose final de radiação.
168
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Tomografia de planejamento: para moldar um acessório (ex. máscara termoplástica, colchão de vácuo
etc.) e estudar o melhor posicionamento para realização da TC e, consequentemente, do tratamento.
• Simulação para localização do alvo: acontece num simulador, específico para essa finalidade.
São realizadas as radiografias para localização da região a ser tratada, delimitada na pele ou na
máscara do paciente.
169
Unidade III
passará por consultas semanais, e a enfermagem da radioterapia sempre fica disponível para
tirar dúvidas, dar orientações e algumas consultas.
Em muitos casos, é necessário que a tomografia seja feita com contraste, e, em outros casos, pode
ser necessária a fusão de imagens de CT/RM ou PET/CT para que haja maior precisão na localização e
definição de contornos da lesão.
A imagem tridimensional é inserida no sistema de planejamento, que pode ser o CAT3D, que
é um dos sistemas para planejamento de tratamento de radioterapia disponíveis comercialmente,
que conta com recursos de dosimetria para teleterapia e braquiterapia, e um módulo opcional para
IMRT, entre muitos outros recursos que ajudam os profissionais nas técnicas de radioterapia. Permite
aos médicos radioterapeutas delinear as estruturas a serem tratadas e aquelas a serem protegidas.
O físico médico, em seguida, irá planejar a entrega homogênea da dose prescrita à lesão e minimizar
ao máximo a dose nas estruturas sadias adjacentes. Quando a dose prescrita é entregue à lesão e
as estruturas sadias não excedem o limite de dose previsto, o planejamento é então aceito pelo
médico radioterapeuta.
A conformação do feixe de radiação pode ser feita através de conformadores físicos (liga metálica)
ou de colimadores multilâminas (MLC), ambos disponíveis comercialmente.
A radioterapia conformacional é indicada para a maior parte dos casos radioterápicos, pois o fato
de conformar o feixe de radiação faz com que se poupe órgãos e tecidos sadios circunvizinhos, o que
na maioria dos casos é vital. Entre os casos mais comuns, estão os tratamentos de cabeça e pescoço,
esôfago, mama, estômago, pulmão, bexiga, próstata e reto.
170
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
A B
C D
Saiba mais
171
Unidade III
São necessários, no mínimo, três parâmetros para descrever um tratamento com radiações ionizantes:
volume tratado, dose de radiação e técnica utilizada, aplicados de maneira uniforme nas diferentes
instituições, para que os tratamentos possam ser analisados e comparados.
A norma ICRU-50 (International Commission on Radiation Units and Measurements) foi publicada
em 1993 com essa intenção. Em 1999 foi acrescentado um adendo à norma ICRU-62, que descreve a
prescrição, registro e relato dos tratamentos com feixe de fótons.
Para os tratamentos tridimensionais que são guiados por CT foram definidos volumes para padronizar
os tratamentos com radioterapia pela ICRU.
• GTV – volume tumoral grosseiro (gross tumor volume): é o volume tumoral palpável ou
visível. É o local onde se concentram a maior quantidade de células malignas.
• CTV – volume-alvo cínico (clinical target volume): onde estão incluídas as áreas de risco
para doença subclínica (microscópica). Na prática, corresponde a vários fatores, como a história
natural da doença, a capacidade de invasão do tumor e seu potencial de disseminação para as
regiões linfonodais.
• PTV – volume alvo do planejamento (planning target volume): inclui margens de segurança
em torno do volume alvo clínico (CTV) para abranger potenciais erros de posicionamento e
movimentações diárias dos órgãos. Está relacionado com os campos de radiação através de seu
sistema de coordenadas.
• OAR – órgãos em risco (organ at risk): definidos de acordo com o local do tumor. São tecidos
normais cuja sensibilidade à radiação pode influenciar o planejamento e/ou a dose prescrita. Pode
ser dividido em 3 classes:
— classe III: lesões radioterápicas são passageiras, reversíveis ou não resultam em uma morbidade
significativa.
172
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Volume tratado: englobado por uma isodose escolhida pelo médico radioterapeuta como sendo
apropriada para o alcance da proposta de tratamento.
• Volume irradiado: é o volume de tecido que recebe uma dose considerada significativa em
relação à tolerância dos tecidos normais, que depende das técnicas de tratamento utilizada.
PTV
ITV
CTV
GTV
Volume
tratado
Volume
irradiado
• Bolus: placas colocadas sobre a pele para estabelecer a superfície da dose. Esse acessório consiste
em um jogo de placas com densidade semelhante aos tecidos do corpo humano, em diferentes
espessuras, ideal para o uso em superfícies planas. Para posicioná‑lo, basta repousar a placa
sobre a área a ser tratada, obedecendo as margens de segurança. Podem ser placas de petrolato
gelatinoso, material emborrachado, cera ou algum polímero.
• Blocos cerrobend: blocos customizados de liga de chumbo e cádmio, cujo formato é produzido com
base em filmes de simulação ou de reconstrução digital (se o planejamento for computadorizado).
São colocados em suporte próprio, no gantry do acelerador linear ou unidade de cobaltoterapia
para bloquear o feixe de radiação. Nos últimos anos, esses blocos vêm sendo substituídos pelos
colimadores multifolhas.
• Equipamento para portal com imagem eletrônica (Epid): usado para fazer imagem digital dos
campos de tratamento idealizados na simulação.
• Filtro em cunha: dispositivo modificador do feixe, que pode ser físico ou virtual. Quando é físico,
é constituído de chumbo e tem formato de cunha. Sua função principal é compensar a falta de
tecido em determinados ângulos do feixe ou, propositadamente, modificar os ângulos da isodose,
para atingir melhor cobertura dosimétrica do alvo.
174
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
• Rampa de mama: é a mesa usada no tratamento da mama. Ajustável, a rampa permite que a
paciente seja elevada de forma que o feixe tangencial fique situado na horizontal da parede do
tórax. A rampa proporciona apoio para o braço, acima da cabeça. Assim move braço, antebraço e
mão para fora do percurso dos feixes tangenciais.
A IMRT utiliza um feixe modulado de radiação, permitindo o aumento de dose no volume tumoral.
É uma técnica nova que consegue proteger os tecidos saudáveis combatendo com eficácia as células
cancerígenas. É a modalidade de radioterapia conformacional 3D que utiliza um computador e técnicas
de imagem, como TC, para focar o tratamento somente no tumor e em regiões muito próximas à
região tumoral.
175
Unidade III
IGRT (image guided radiotherapy treatment) consiste na realização de imagens, em tempo real,
no próprio equipamento de tratamento antes de cada aplicação de radioterapia, garantindo com
a maior precisão possível que o tumor esteja dentro do campo de irradiação em todas as sessões,
uma vez que eles podem mudar de posição durante o tratamento. Isso pode ocorrer devido aos
movimentos respiratórios, ao preenchimento ou esvaziamento de alguns órgãos ou até mesmo
por pequenas alterações de posicionamento de um dia para o outro. A IGRT envolve radioterapia
conformacional guiada por imagem, como tomografia computadorizada, realizada diariamente
na sala de tratamento, antes do procedimento radioterápico. A imagem obtida é comparada com
aquela realizada durante o planejamento e, então, são feitos os ajustes necessários. Isso ajuda os
tecidos normais adjacentes.
A IGRT ganhou mais importância devido a radioterapia externa ter limitações quanto as margens
de segurança devido as incertezas geométricas, que limitam o escalonamento da dose. Essa técnica
aumenta a precisão devido ao uso frequente de imagens do alvo e do tecido sadio adjacente, que são
obtidas previamente ao tratamento.
176
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
6.6 Radiobiologia
Esse campo tem como objetivo estudar os efeitos biológicos causados pelas radiações, subdividindo‑se
em radiobiologia das radiações ionizantes e radiobiologia das radiações não ionizantes.
Em raras ocasiões, o tratamento direcionado a um sistema pode ter efeitos fora do campo de
tratamento. Estes efeitos podem ser positivos, como no caso de regressão de outros sítios de doenças,
ou negativos, como no desenvolvimento de pneumonite difusa. Efeitos abscopais são provavelmente
resultados de resposta imune ativada. No âmbito da imunoterapia, a definição de efeito abscopal é
descrita como sendo o efeito da radiação que é manifestada em sítio distante do que foi diretamente
irradiado, em outras palavras, é o efeito sistêmico da radioterapia.
177
Unidade III
É uma técnica de tratamento não invasiva que utiliza altas doses de radiação em dose única para
tratar tumores e malformações arteriovenosas cerebrais, sem necessidade de cortes, anestesias ou
internação hospitalar, diminuindo os custos, em uma única sessão de tratamento ou poucas sessões.
É realizada em um acelerador linear que gera um feixe de radiação de alta energia, focalizado
precisamente sobre o tumor.
Os feixes de radiação, nessa modalidade, são direcionados ao tumor, chegando a lugares muitas
vezes, a partir de múltiplos ângulos para cada região particular do tumor, inatingíveis quando do uso da
cirurgia convencional, o que faz desse procedimento muito vantajoso.
Além de uma técnica segura e não invasiva, o custo é muito baixo e, como não precisa de internação,
a recuperação do paciente é muito mais rápida. Apesar disso, a técnica tem uma limitação no caso de
tumores cerebrais porque só pode ser utilizada em tumores com diâmetro máximo de 2,8 cm.
Outra indicação desta técnica é a irradiação do locus cirúrgico após a ressecção de alguma metástase
cerebral por cirurgia convencional, com o objetivo de diminuir as chances de recorrência do tumor.
O paciente deve passar por exames de alta precisão para delinear o alvo a ser tratado antes de se
submeter à radiocirurgia.
178
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
6.8 Braquiterapia
A palavra “braquiterapia” tem origem grega. O prefixo “braqui” vem do grego “brachy”, que significa
“curto”, portanto, ela pode ser entendida como “tratamento a curta distância”. De fato, a braquiterapia é
uma forma de radioterapia que utiliza fontes radioativas seladas e muito pequenas em contato íntimo
com o tumor.
• contato, quando as fontes se encontram na vizinhança imediata. Esse grupo pode ser dividido em
subgrupos, de acordo com a localização:
• Braquiterapia de alta taxa de dose (HDR): libera alta taxa de dose durante um curto período
de tempo, em torno de minutos. São utilizados cateteres, denominados aplicadores, colocados
sob anestesia local ou geral, dependendo da área a ser tratada, que direciona a fonte radioativa
ao tumor. Depois que os aplicadores são inseridos, são realizadas as imagens para determinar a
posição dos cateteres, definir o plano de tratamento, fazer a distribuição das fontes radioativas
e calcular o tempo de tratamento. O tratamento é iniciado quando o planejamento é finalizado,
usando a técnica afterloading, que são os aplicadores carregados com as fontes radioativas
somente após estarem posicionadas no paciente. Esses aplicadores estão ligados a uma
máquina que contém as fontes radioativas, que por meio de um sistema de cabos as carregará
até os aplicadores quando for acionada. A equipe médica iniciará o tratamento do lado de
fora, numa área de controle, depois que os cabos estiverem conectados. Automaticamente, a
fonte será acionada desde o carregador até o local de tratamento, por meio dos aplicadores. No
fim do tratamento, as fontes são recolhidas com segurança até o carregador. Na maioria dos
tratamentos, o paciente volta para sua residência logo depois do tratamento, sem necessidade
de internação.
179
Unidade III
• Braquiterapia de baixa taxa de dose (LDR): a radiação é liberada em baixas doses e de forma
contínua, envolvendo a inserção de fontes radioativas próximas ao tumor de forma permanente.
As fontes radioativas, chamadas sementes, após a inserção, deixarão o paciente ligeiramente
radioativo, contudo, o nível de radiação irá diminuir gradativamente ao longo do tempo. A maior
parte da radiação será liberada nos primeiros meses.
A dose de radiação diminui rapidamente com a distância a partir de uma fonte de braquiterapia.
Assim, como o tumor está praticamente em contato com a fonte radioativa, recebe altas doses, enquanto
os tecidos vizinhos, que supostamente estão sadios, recebem baixas doses. Normalmente, o período de
execução da braquiterapia é de 24 a 72 horas, quando então as fontes são retiradas do paciente.
Quando as fontes utilizadas têm meia‑vida curta, como o uso de sementes de ouro‑198 (198Au), estas
podem permanecer no paciente.
Infelizmente, o pessoal da enfermagem que deve atender o paciente após a carga do material
radioativo continua recebendo dose na braquiterapia manual de baixa taxa de dose. Devido a isso é uma
técnica que está sendo abandonada.
O pós‑carregamento remoto elimina o problema de alta dose do pessoal da enfermagem, bem como
de toda a equipe. É utilizada uma máquina especial onde estão contidas as fontes radioativas.
180
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
Figura 71 – Figura ilustrativa para demonstrar o tamanho de uma semente usada em braquiterapia
181
Unidade III
Lembrete
As curvas de isodose são uma poderosa ferramenta de trabalho em radioterapia porque representam
um conjunto de pontos de algum plano num determinado meio (água, acrílico, músculo etc.) que
apresentam o mesmo valor de dose absorvida para um determinado feixe de tratamento.
As curvas de isodose são medidas por um físico médico e, atualmente, feitas num set up SSD.
O phantom é nivelado e alinhado no gantry, e sua altura é ajustada até que a superfície da água esteja
no isocentro do equipamento de tratamento. O detector é alinhado com o campo luminoso e o processo
de varredura é iniciado, tanto na horizontal quanto na vertical. É recomendado que seja usado um
planejamento semelhante ao tipo de tratamento a ser realizado para que as medidas sejam adequadas.
A posição do detector varia conforme a profundidade, permitindo, como resultado, curvas de percentual
de dose profunda e perfis de campo, que serão utilizados na construção das curvas de isodose. Inúmeros
aspectos físicos são observados nas curvas de isodose, como profundidade de máximo, penumbra dos
feixes, qualidade da radiação, planura e simetria do feixe e ângulo do filtro.
182
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
a) b)
Figura 72 – Curvas de isodose: A) compostas nas direções de obtenção do perfil lateral de dose;
B) do percentual de dose em profundidade (PDP)
183
Unidade III
Resumo
• cintilografia óssea;
184
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
185
Unidade III
Exercícios
Questão 1. Gamagrafia é uma técnica na qual a radiação gama é revelada em um filme fotográfico.
Na área médica, a gamagrafia é aplicada na cintilografia, que é um exame no qual o percurso de um
radiofármaco pelo organismo é acompanhado em uma tela.
A) Nos estudos de cintilografia, o radiofármaco deve sempre ser administrado por via intravenosa.
B) A cintilografia da tireoide é realizada com iodo-131. Esse radiofármaco permite detectar os focos
de neoplasia, mas não os elimina, pois o iodo-131 emite apenas radiação gama.
C) Pacientes submetidos à cintilografia são expostos a doses muito baixas de radiofármacos e, por
esse motivo, não emitem radiação após o término do exame.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: nos estudos de cintilografia, os radiofármacos podem ser administrados por via
intravenosa, oral, inalatória ou até mesmo intratecal, dependendo da finalidade do estudo.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o iodo-131 é naturalmente captado pela tireoide, o que permite identificar focos de
neoplasia (que captam mais iodo-131 do que os tecidos circundantes). O iodo-131, além de emitir
radiação gama, emite partículas beta menos, altamente energéticas, o que resulta na destruição do
tecido neoplásico hiperfuncionante.
C) Alternativa incorreta.
186
MEDICINA NUCLEAR E RADIOTERAPIA
D) Alternativa correta.
Justificativa: o SPECT permite a obtenção de várias imagens bidimensionais do órgão avaliado. Essas
imagens são reconstruídas em uma imagem tridimensional.
E) Alternativa incorreta.
Com base no texto e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa correta sobre a técnica
de braquiterapia.
B) Forma de tratamento em que a fonte radioativa não entra em contato com o órgão a ser tratado e
permanece distante do tumor. É utilizada no tratamento de tumores de intestino, próstata e colo
uterino que evoluíram com metástases.
C) Forma de tratamento que não emprega fonte radioativa, mas que se beneficia de radiação de
outras fontes como, por exemplo, a magnética, que é posicionada em local próximo ao tumor
primário, independentemente de haver o estabelecimento de metástases.
D) Forma de tratamento externa, na qual a fonte fica a certa distância do local tratado. É utilizada
no tratamento dos tumores de próstata, mama e colo uterino quando não houve estabelecimento
de metástases.
187
Unidade III
Análise da questão
Nessa técnica, os radioisótopos em fontes seladas podem ser colocados em moldes na superfície
da pele (superficial) ou no interior de cavidades naturais do corpo (intracavitária). Também podem ser
inseridas diretamente no próprio tumor (intersticial).
Uma das vantagens da braquiterapia é a possibilidade de irradiar o tumor com altas taxas de dose,
maiores do que as doses fornecidas pela teleterapia ou radioterapia com feixe externo. Outra vantagem
é proporcionar uma alternativa de tratamento aos pacientes com doença localizada, já que a fonte
radioativa emite radiação no local do tumor de forma mais precisa, o que reduz a dose absorvida nos
tecidos sadios circunjacentes.
As principais indicações para tratamento por braquiterapia (cerca de 80% delas) são para câncer
cervical uterino, de próstata e de mama. Também é uma boa opção para doenças tumorais localizadas
nos brônquios, quando a teleterapia não é apropriada. Pode ser usada tanto para tumores malignos
quanto para tumores não malignos.
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