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ANTES QUE O CASAMENTO NOS SEPARE

© 2011 Editora Luz às Nações Copyright © 2011 por Philip


Murdoch, todos os direitos reservados
Publicado por Editora Luz às Nações, Rua Rancharia, 62, parte —
Itanhangá — Rio de Janeiro, Brasil CEP: 22753-070. Tel. (21)
2490-2551 1ª edição: agosto de 2011. Todos os direitos reservados.
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da Nova Versão Internacional, 2001, Editora Vida.

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M949a
Murdoch, Philip, 1968-
Antes que o casamento nos separe : como fazer do
seu casamento um
pedacinho do céu, e não uma filial do inferno
[livro eletrônico] /
Philip Murdoch. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Luz às
Nações, 2014.
2Mb ; ePUB
ISBN 978-85-99858-60-8
1. Casamento - Aspectos religiosos - Cristianismo.
I. Título.
CDD: 248.84
11-5250.
CDU: 27-452

Todos os direitos reservados por Editora Luz às Nações Ltda.


Rua Rancharia, 62/ parte - Itanhangá 22753-070 - Rio de Janeiro, RJ
- Brasil Tel. (21) 2490-2551
Sumário

Prefácio

1. Como dizer “eu te amo”, Como ouvir “eu te amo”

2. Unidade — Como 1 mais 1 pode ser 1?

3. Sou homem com “H” maiúsculo!

4. Sou uma verdadeira mulher

5. Sexo — eu quero tudo a que tenho direito, mas tenho


vergonha de admitir

6. Minha mãe é uma santa e minha sogra é o capeta

7. Seu cônjuge é seu melhor amigo


8. Dinheiro — O que é seu é meu, e o que é meu é meu
também!

9. O que nos espera no futuro, velhice ou legado?

10. Nunca pare de crescer


Dedicatória

Dedico este livro ao meu amor, Renée,


linda amante e esposa,
mãe dos meus filhos
Julia, Micah, Caroline e Ethan.
Agradecimentos

Escrever este livro foi um esforço para mim e


um sacrifício para muitos. Foram muitos os
que colaboraram para que esta obra fosse
completada, mas, acima de tudo, agradeço ao
Senhor que me protegeu, instruiu, guiou e
aconselhou durante minha jornada de
aprendizado.

Agradeço também à Igreja Luz às Nações, no


Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, que
tem sido tão paciente e encorajadora neste
projeto, especialmente a Heston Delgado,
Scott Dalton, Mike Courville, Hugh e
Joanne Murdoch, Eduardo de Paula e Elton
Tavares, que me ajudaram profundamente, e
especialmente a Ana Carla.
Prefácio

E ste livro é uma compilação de minhas


experiências e de meu aprendizado sobre
casamento e relacionamento sexual. Oba, ele vai
falar de sexo! Sim, vou falar de sexo, porque ele é
parte fundamental da vida do casal. Uma vida
conjugal feliz também é uma vida sexual feliz, mas
isso fica para depois. Quero me apresentar a você
primeiro!
Como pastor de uma igreja muito jovem, tenho
tido oportunidades maravilhosas de assistir a jovens
recém-casados transformarem sua história em lindos
casamentos com propósitos divinos. Entretanto,
também vi, com tristeza, casais destruírem sua vida
por falta de orientação ou por não seguirem as
recomendações recebidas. Não é isso que você quer
viver, não é mesmo? Tenho certeza de que você quer
viver o casamento que sonhou e ser feliz com a
pessoa que escolheu. Não sou perfeito (se você me
conhecesse, saberia disso), mas posso dizer que
tenho um casamento maravilhoso. E desejo o
mesmo para você!
Conheci minha esposa Renée em um culto do
movimento evangélico estudantil nos Estados
Unidos. No primeiro momento em que a vi, soube
que Deus tinha algo preparado para mim por meio
de sua vida. Precisei lutar por minha esposa, e
aprendi que há certas coisas na vida pelas quais vale
a pena lutar e nas quais vale a pena investir, e a
pessoa com quem você irá viver por toda a vida é
uma delas.
Nos últimos quinze anos, tenho vivido um longo e
rico aprendizado na área dos relacionamentos
românticos, seja por meio de minha experiência,
dos aconselhamentos que tive a oportunidade de
oferecer em meu ministério pastoral e,
principalmente, por meio dos conselhos recebidos e
lidos ao longo da vida. Tenho buscado aprender de
todas as formas a desenvolver meu talento como
amigo e amante da minha esposa.
É importante dizer que não aprendi tudo sozinho.
Esse permanente exercício tem me conduzido à
leitura de diferentes livros como As Cinco Linguagens
do Amor, de Gary Chapman; Love Busters, de
Willard Harley Jr.; Window on Love, do Dr. Lasse
Hassel; O Ato Conjugal, de Tim e Beverly LaHaye;
Comunicação, a Chave para os Relacionamentos, de H.
Norman Wright; Becoming One, de Don Meredith;
entre muitos outros. Além da leitura, também
tenho frequentado seminários e falado com
conselheiros, psicólogos e terapeutas familiares. Na
busca de ser o melhor marido possível e também de
poder ajudar outros, entrevistei sexólogos e
ginecologistas e conversei com casais cujos
casamentos são exemplares, tais como Dave e Joyce
Meyer, Larry e Melanie Stockstill, e Hugh e Joanne
Murdoch. Também tenho recebido palavras claras e
orientações do Senhor, as quais ministro em
inúmeras palestras sobre este assunto em diversas
igrejas. Ao longo dos anos de minha vida conjugal,
reuni pequenos erros e graves erros, pequenas e
grandes vitórias, por isso meu relacionamento serve
de ferramenta para o exercício desse ministério tão
importante para novos casais. Minha oração é para
que este livro seja uma janela que se abre para
compartilhar — com todos aqueles que desejam se
casar e se manter casados — a experiência que tem
tornado a vida amorosa com minha esposa a mais
frutífera, agradável e motivadora possível.
Você já deve ter ouvido muitas coisas sobre a vida
conjugal. Experiências boas e também ruins; já deve
ter visto pessoas felizes com seus casamentos e
outras decepcionadas com a escolha que fizeram.
Mas se você realmente confia em Deus de todo o
seu coração, no íntimo do seu ser sabe que tudo
aquilo que Deus criou é bom — e o casamento é
uma ideia original de Deus! Infelizmente, muitas
pessoas iniciam a vida a dois com motivações
erradas: não querem ficar sozinhas de jeito nenhum;
todas as amigas já se casaram; querem ter filhos;
gostariam de ter uma vida melhor e veem no outro
a ponte para uma situação mais confortável;
simplesmente querem ser felizes; entre tantas outras.
Todas essas escolhas erradas trazem como
consequência casamentos fracassados, lares
destruídos e falta de esperança. Mas lembre: tudo o
que Deus faz é bom, e quando uma união é
construída sobre decisões corretas e a motivação
certa, ela será um verdadeiro pedaço do céu.
Capítulo 1

Como dizer “eu te amo”,


Como ouvir “eu te amo”

V ocê se casou! Depois de seguir todas as


instruções para a escolha de seu cônjuge, você
tem certeza de que terá uma vida maravilhosa em
um castelo com seu príncipe encantado, ou com sua
princesa que será louca por sexo todos os dias.
Certo? Errado! Desculpe ter de lhe dizer a verdade,
mas apenas ter seguido todas as regras não garante
nada. Você escolheu o caminho certo, mas o
casamento ainda está começando. Se continuar
trabalhando para que ele funcione, tudo dará certo
(apesar dos pequenos arranhões do percurso!). Você
precisa aprender que nem tudo será como
imaginamos e que precisamos aprender mais
algumas lições para conquistar a felicidade no
relacionamento.
Você já deve ter ouvido falar do evangelista Billy
Graham. Esse grande homem de Deus foi casado
com a senhora Ruth Graham por 64 anos. Você
pode imaginar que deve ter sido uma maravilha ser
casada com um santo homem de Deus como Billy.
Certa vez, um jornalista perguntou à Ruth se
alguma vez ela havia pensado em se divorciar de seu
marido. “Oh, não meu jovem, jamais pensei em me
divorciar de Billy. Já pensei em apertar o pescoço
dele uma centena de vezes, mas me divorciar,
nunca!”. Pode soar engraçado, mas
independentemente de essa história ser verdadeira
ou apenas mais uma das histórias que ouvimos no
meio cristão, ela nos mostra a realidade da vida a
dois: os problemas e desentendimentos podem
alcançar até o mais santo dos homens e a mais pura
das mulheres! Por isso é tão importante aprender e
aplicar desde o início as lições que podem ensiná-lo
a superar as dificuldades que todos podem enfrentar
em seu casamento.

A importância da comunicação

Há um tremendo livro do Dr. Gary Chapman


chamado As Cinco Linguagens do Amor. A revelação
que ele compartilha com os leitores é uma das
melhores explicações de como o amor funciona na
prática entre as pessoas no dia a dia. Neste capítulo,
sintetizo os conceitos do Dr. Chapman muito
brevemente, por isso gostaria que todos vocês
adquirissem este livro para terem um entendimento
mais abrangente destes conceitos. Não estou
ganhando nada para fazer propaganda, mas
realmente fiquei impactado ao lê-lo. É um daqueles
livros que você lê e diz: “Uau! Por que nunca pensei
nisto?”.
O amor é uma linguagem. Assim como há várias
linguagens verbais, também existem diferentes
linguagens de amor. Se alguém que só fala japonês
se casar com alguém que só fala português, haverá
um compartilhamento de sentimentos pouco
profundo. Após um tempo sem conseguirem se
comunicar livremente, os dois se sentirão frustrados.
E se um não aprender a língua do outro, o
sentimento de satisfação e felicidade com o
relacionamento irá se dissolver, porque nenhum
deles poderá usufruir o potencial do casamento.
Lembro-me de um funcionário que tivemos há
alguns anos na igreja, a quem vamos chamar apenas
de João. Ele se apaixonou por uma norte-americana
que começou a frequentar nossa igreja. Sempre que
eu passava pela mesa dele, em lugar de estar
empenhado no trabalho, ele estava elaborando
cartinhas de amor para ela. Havia apenas um
problema: João não falava inglês e sua pretendente
não falava português. No início, as cartas eram
traduzidas por outro funcionário, mas depois da
décima carta ficou muito chato para ele ficar
traduzindo cartinhas de amor. Assim, João
começou a usar o tradutor automático do Google.
Lembro que, certo dia, João havia ido ao banheiro,
e eu não resisti e dei uma espiada na carta que
estava traduzida na tela de seu computador. Que
inglês ruim! Mal dava para entender! Mas eles se
apaixonaram e se casaram, mesmo com um nível de
comunicação muito baixo. Por quê? Será que o
relacionamento era puramente físico?
A realidade é que, na fase inicial do namoro, o
principal tipo de comunicação é a não verbal. Existe
uma química, uma “poção de amor” que parece ter
sido derramada sobre o ar que respiramos. Sei que
você sabe do que estou falando. Porém, se essa
poção de amor não for substituída por uma
comunicação adequada, a “nuvem do amor” irá
passar e não sobrará nada. É por isso que pessoas
casadas dizem: “Como posso ter me casado com
você?” ou “Não conheço você” mesmo depois de
estarem casadas por anos. A comunicação na
linguagem de amor do outro é uma das ferramentas
mais importantes para o sucesso do seu casamento,
e graças a Deus é algo que você pode aprender.
Cada pessoa tem um reservatório de amor.
Quando nós nos apaixonamos, esse reservatório se
enche de esperanças, de amor e de paixão. Em um
bom casamento os dois noivos investem
significativamente em encher o reservatório de amor do
seu cônjuge. Mas, como encher esse reservatório de amor?
Como fazer com que seu cônjuge se sinta satisfeito e feliz
emocionalmente? Podemos amar nosso cônjuge com
todas as forças, mas só conseguiremos “encher” o
reservatório dele de amor se soubermos como
comunicar o amor que sentimos, para que não
apenas nós saibamos que o amamos, mas
principalmente para que ele saiba que é amado.
O Dr. Gary Chapman diz que há cinco
linguagens básicas de amor. Vamos analisar cada
uma de maneira independente.

LINGUAGEM Nº 1: PALAVRAS DE ENCORAJAMENTO

Ouvi falar de um casal que estava tendo sérios


problemas no casamento. Finalmente, foram se
aconselhar com o pastor que os tinha casado. A
esposa (como é de costume) começou a falar e
explicar o problema ao pastor. Ela disse: “Meu
marido não me ama mais; ele não tem mais
interesse em mim, simplesmente me ignora”. Ao
ouvir as palavras da esposa, o marido reagiu: “Isso
não é verdade! Eu trabalho, trago comida para casa!
Nunca faltou nada! Quando seu carro precisa de
algo, eu conserto, troco o óleo, até abasteço quando
necessário. Faço tudo por você, como pode dizer
que eu não a amo?”. A esposa olhou para o pastor e
disse: “Em doze anos de casamento, ele nunca me
disse que me amava”. O marido ficou de pé e negou
essa acusação enfaticamente. “Isso é mentira! Eu já
disse que amava você!”. Vendo que as coisas
estavam prestes a ficar fora de controle, o pastor
interrompeu o marido dizendo: “Quando foi que
você disse a sua esposa que a amava?” O marido
olhou para a mulher e disse: “No dia em que nos
casamos eu lhe disse que a amava. Se isso tivesse
mudado, eu teria dito!”. (Pasmem, queridas leitoras,
mas o que vocês acabaram de ler não é uma piada.
Foi real!)
O problema nesse casamento não era a falta de
amor, mas a falta de comunicar o amor de uma
maneira que o cônjuge pudesse entender e receber.
O marido amava a esposa por meio de atos de
serviço, ou seja, para ele, amar era servir ao outro.
Por isso, em sua mente, ele estava amando sua
esposa em cada coisa que fazia por ela.
Provavelmente, jamais passou por sua cabeça que
ela não se sentia amada. Entretanto, a esposa só
conseguia entender o amor por meio de palavras
que a fizessem se sentir segura. Sua linguagem de
amor eram as palavras de encorajamento. Ela entendia
o amor e se sentia amada somente por meio daquilo
que ouvia. É por isso que muitos casamentos
terminam amigavelmente, com o casal dizendo:
“Ele era um excelente marido, fazia tudo que um
marido deveria fazer, mas não me amava”. Ou
então: “Ela era uma excelente esposa, cuidava da
casa e dos filhos de forma exemplar, mas nunca me
amou”. O problema não é o amor, mas como o
amor é comunicado.
Pessoas que falam a linguagem de amor por meio
das palavras de encorajamento só conseguem
entendê-lo com palavras de incentivo. “Como você
está linda hoje!”, “Puxa como você é inteligente!”,
“Eu nunca conseguiria fazer isso sozinho, obrigado
por sua ajuda!”. Elas precisam de encorajamento
constante para manter cheio o seu “tanque de
amor”. Se o marido ou a esposa não encorajarem
um ao outro verbalmente, eles se sentirão
desprezados e não amados. Não importa o quanto
se faça coisas pelo outro, isso não o fará sentir-se
amado. O interessante é que esse tipo de linguagem
de amor não pode ser substituído por outra
linguagem. Pessoas que falam essa linguagem de
amor só conseguem entender que são amadas dessa
forma.

LINGUAGEM Nº 2: RECEBER PRESENTES

A segunda linguagem de amor chama-se receber


presentes. Um dos meus filhos “fala” essa língua. Às
vezes passo tempo com ele, converso e o encorajo,
mas noto que ele ainda não se sente amado. Porém,
quando trago um presente, ele se anima! Pessoas
que entendem o amor dessa forma se sentem
amadas quando veem outros investindo seu tempo
procurando algo de que eles gostam, investindo seu
dinheiro comprando algo de que gostam e
investindo seu esforço emocional em se lembrar da
outra pessoa por meio de presentes.
Devemos ter cuidado para não fazer uma avaliação
rápida e afirmar que pessoas com essa linguagem de
amor são “superficiais”. Precisamos ter a mente
aberta a fim de entender como as pessoas
funcionam, sem criticá-las simplesmente. Podemos
pensar que a melhor linguagem do amor é a que
trata das palavras de encorajamento; que pessoas
que falam a linguagem de receber presentes são
interesseiras ou egoístas. Isso é ridículo. É como
dizer que o português é a única língua correta e
boa, e que o japonês é uma língua idiota. É obvio
que não! Se nós realmente amamos nossos cônjuges,
precisamos aprender a falar a língua deles, e não
forçá-los a falar nossa língua.

LINGUAGEM Nº 3: TEMPO DE QUALIDADE

Quando Renée e eu éramos recém-casados, lembro


que tínhamos uma casa grande com um gramado
enorme. Havia mais de dois mil metros quadrados
de grama para cortar a cada duas semanas. Eu
odiava cortar grama, e ainda odeio. Um dos
maiores conflitos que tínhamos como recém-
casados era a contínua briga de minha esposa me
mandando cortar a grama. Até hoje me dá arrepios.
Certo dia, fazia um calor de quase quarenta graus.
Mesmo assim, concordei em cortar a grama, mas
com uma condição: que minha esposa ficasse
sentada me vigiando. Ela ficou sentada na entrada
da casa. Alguns pensariam: “Ele está ralando
enquanto ela não faz nada!”. Para outros, seria uma
afronta à sua masculinidade ver a esposa “tomando
conta do serviço”, mas para mim era encorajador,
significava que ela desejava ficar me observando e
passando tempo de qualidade comigo.
Algumas pessoas só recebem amor com tempo de
qualidade. Eu sou assim. Recebo amor quando
minha esposa está simplesmente sentada do meu
lado. Ela não precisa dizer nada, na verdade, se
tivermos de falar demais é um desgaste.
Simplesmente quero saber que eu sou mais
importante do que todas as outras urgências do
mundo. Às vezes ela me diz todas as coisas que
precisa fazer, como preparar o lanche das crianças,
fazer um esboço para uma reunião na escola, etc.
Mas eu quero que ela pare tudo para assistir a um
filme ao meu lado. Para ela isso é improdutivo, mas
para mim é o que me alimenta e enche meu tanque
de amor.

LINGUAGEM Nº 4: ATOS DE SERVIÇO

A quarta maneira por meio da qual algumas pessoas


recebem amor é a linguagem de amor de atos de
serviço. Minha esposa cresceu em um lar onde o
amor só era demonstrado dessa forma. Sua mãe era
uma excelente cozinheira, e a casa estava sempre
limpa. Seu padrasto era muito atencioso com o
jardim e nunca deixava passar do tempo de cortar a
grama ou podar as árvores. Os carros eram
mantidos em perfeita condição. O óleo e as revisões
eram sempre feitas antes do tempo programado.
Talvez por isso, quando minha esposa casou
comigo, ela esperava o mesmo. É claro que o meu
jeito de ser foi uma supressa para ela! Como muitos
pastores, sou bom de papo, mas ruim nas
atividades. Eu prometo muito, mas faço pouco. Ao
decorrer dos nossos primeiros doze anos de
casamento, descobri que minha esposa não estava se
sentindo amada. Eu dizia constantemente como ela
era linda e sexy. Também a encorajava em muitas
áreas, inclusive no ministério, mas nada parecia
encher o tanque de amor dela, até que percebi que
eu precisava servi-la. Para mim isso é a coisa mais
difícil. Preferia ser pregado em uma cruz de cabeça
para baixo a pegar uma toalha. Essa é uma
linguagem de amor que eu não conhecia, não
apreciava e não queria falar. Para mim, seria como
apreender chinês, até as letras eram diferentes!
Porém, a Bíblia diz: “Maridos, ame cada um a sua
mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-
se por ela” (Efésios 5:25, grifo meu). O verdadeiro
amor acontece quando aprendemos a falar a
linguagem do nosso cônjuge, custe o que custar.
No capítulo 2 do livro de Atos vemos um episódio
em que um grupo de cristãos aprende a falar outras
línguas de uma forma sobrenatural. Realmente foi
um milagre tremendo, que resultou em milhares de
pessoas sendo tocadas em seu coração e três mil
pessoas sendo acrescentadas à igreja! Tudo isso foi
consequência do aprendizado sobrenatural de uma
linguagem nova. Acredito que, nos
relacionamentos, um mecanismo similar pode
acontecer se permitirmos a ação do Espírito Santo.
No início do nosso casamento tivemos grandes
confrontos como consequência de minha esposa não
se sentir amada. De repente, ela começava a agir de
uma forma aparentemente irracional, brigando
comigo por razões que eu não conseguia entender.
Não posso dizer como ou quando aconteceu, mas o
Espírito Santo tocou meu coração e me deu a
capacidade de perceber, entender e até começar a
falar a linguagem de atos de serviço. Antes, quando
escutava minha esposa começar a bater nas panelas
e nos pratos eu não percebia o que ela (ou o
Espírito Santo) estava tentando comunicar. Hoje, o
Espírito Santo fala comigo por meio dos barulhos
de panelas caindo no chão e copos quebrando. O
Espírito Santo está me dizendo: “Vá ajudar sua
esposa!”.
Isso pode estar acontecendo em seu
relacionamento! Muitas vezes o marido ou a esposa
têm reações explosivas ou discutem sem qualquer
razão aparente. Antes de reagir a isso e dar início a
uma briga, tente perceber se há uma razão
“escondida” naquela reação. As mulheres tendem a
agir dessa forma quando não encontram uma forma
de expressar o que estão sentindo. Você será um
marido sensível e amoroso se abraçá-la em um
momento como esse e tentar descobrir o que está
acontecendo realmente, o que a está entristecendo.
Eu pude contar com a ajuda do Espírito Santo para
isso, e você também pode! Conte sempre com Ele
para ajudá-lo a resolver as dificuldades em seu
casamento.

LINGUAGEM Nº 5: TOQUES FÍSICOS

A última linguagem de amor é a de toques físicos.


Se você é homem, deve estar pensando, oba, vamos
finalmente falar de sexo! Controle-se, não é nada
disso. Algumas pessoas vivem do amor transferido
por meio de um toque físico, mas não sexual. Um
abraço, um tapinha nas costas, um beijo
inesperado. Carinho físico constante é uma das
maneiras de receber amor. Ouvi que certa vez foi
feito um estudo com crianças órfãs da Romênia,
onde um grupo de crianças recém-nascidas foi
abraçado e cuidado com carinho físico pelas
enfermeiras, enquanto outro grupo de bebês foi
simplesmente alimentado e cuidado, mas não
receberam carinho físico. Ao fim da experiência, a
maioria das crianças criadas sem carinho não
sobreviveu.
Não basta apenas reconhecer que sua esposa ou
seu marido entendem ser amado de determinada
forma, você precisa se esforçar para falar com seu
cônjuge nessa linguagem. Como seres humanos,
nossa tendência é utilizar a linguagem para
demonstrar à nossa maneira! Ou seja, eu insistia ao
longo dos anos em demonstrar amor por minha
esposa ficando ao seu lado, ou dizendo palavras de
estímulo. Mas essas não eram as linguagens dela! A
consciência de que essas linguagens existem irá abrir
sua mente para compreender seu relacionamento de
forma totalmente diferente, mas aplicar essa
linguagem irá certamente levá-lo a outro nível.
Além disso, quando alguém se sente amado, ele
automaticamente é levado a dar amor. No fim das
contas, ao falar a linguagem de amor de seu
cônjuge, o maior beneficiado será você!
Capítulo 2

Unidade — Como 1 mais 1 pode


ser 1?

C erta vez estava participando de uma


cerimônia de casamento e ouvi o ministro que
estava celebrando dizer que “1 mais 1 nunca
poderia ser 1, pois essa soma sempre daria 2”. Ele
continuou a explicar que duas pessoas são dois
indivíduos completamente diferentes e que nunca
podem ser um. Ele até usou o profeta de uma
religião como fundamento para a afirmação que
estava fazendo. Ouvindo-o falar, tive de concordar
que suas palavras faziam sentido, mas há um
problema com elas: são o oposto do que Jesus disse.
Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e os dois se tornarão uma só carne. Assim, eles já não são
dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém
separe.
— Mateus 19:5,6

Na realidade, a unidade é a essência espiritual que


Deus deseja revelar por meio do casamento. Tudo
no universo nos mostra que a unidade é algo
divino. Analisando a palavra “um” e pensando
sobre o que o “um” representa, pensamos logo em
Deus. Afinal de contas, qual é o numero de Deus?
Será que é o sete? Muitos teólogos diriam que sim.
Será o três? Já ouvi um padre católico dizer que
Deus é dez! Mas a realidade é o que a Bíblia diz:

Deus é um.
— Gálatas 3:20
Deus é um. Ele é mais “um” do que qualquer
outro. Contudo, apesar de ser um, Deus fala de si
mesmo no plural: “Façamos o homem à nossa
imagem...” (Gênesis 1:26). Também sabemos,
mesmo que não compreendamos totalmente como
isso funciona, que Deu é três em um. Como pode
ser?
A realidade é que a unidade sempre requer um
grande sacrifício. Jesus e Seu Pai tinham desejos
diferentes. O Pai queria restaurar Sua unidade com
o homem, mas Jesus queria ser poupado daquele
sofrimento. Ele orou: “Meu Pai, se for possível,
afasta de mim este cálice”. Creio que naquele
momento toda a criação parou, chocada com a frase
de Jesus. Será que satanás sairia vitorioso? Jesus
reconsiderou o episódio em que foi tentado no deserto?
Toda unidade é confrontada várias vezes com esse
mesmo sentimento e essa mesma tentação. Lembre-
se de que Jesus enfrentou todas as tentações comuns
ao ser humano, inclusive a tentação da rebelião e de
colocar seus desejos e sentimentos em primeiro
lugar, pelo menos uma vez. Porém, como sabemos,
no momento seguinte Jesus declarou: “(...)
contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu
queres”.
Essa é a essência da unidade: radical sacrifício.
Para ter unidade com o ser humano, o Pai teve de
radicalmente sacrificar seu filho. O filho, a fim de
ter unidade com o Pai, teve de sacrificar sua
vontade. Para ter unidade com você, Jesus teve de
sacrificar sua vida. Para ter unidade com a esposa, o
marido precisa sacrificar sua vida por e para ela. Para
ter unidade com o marido, a esposa também deve
sacrificar sua vontade submetendo-se à vontade do
marido, assim como Jesus sacrificou sua vontade a
Deus.
Interessante que uma das passagens bíblicas que
fala mais claramente sobre o casamento está em
Efésios 5, que trata sobre Cristo e a igreja, usando o
casamento para exemplificar como deve ser nosso
relacionamento com Ele (Efésios 5:32). Ou seja, o
casamento é um exemplo para outros de como deve
ser um relacionamento com Deus. Agora, querido,
veja a responsabilidade que você tem: o
relacionamento com sua esposa irá ajudar ou
prejudicar outros no entendimento de Deus e no
relacionamento que Ele tem conosco. Por isso, seu
casamento não afeta somente você e seu cônjuge.
Acredito que à medida que casamentos são
enfraquecidos, o nível espiritual da sociedade
também o é!
O casamento é o relacionamento natural mais
análogo ao nosso relacionamento com Jesus. Deus
requer tudo de nós e em troca também dá tudo.
Seu cônjuge vai requerer tudo de você e em troca
também dará tudo. Mas isso é impossível e
impraticável pastor! Sim, mas é a vontade de Deus.
Lembre, o que é impossível para o homem é
possível para Deus.
Hoje em dia a sociedade nos ensina que
casamento é um contrato de conveniência, ficamos
juntos enquanto estamos recebendo mais do que
estamos dando. Sustentamos e “aguentamos” um
casamento enquanto a balança está pendendo para
o nosso lado. Quando nos casamos, os cartórios e a
sociedade nos empurram para um regime de
comunhão parcial de bens. Afinal de contas, isso é
apenas ser sábio. É verdade, mas também é apostar
no fracasso, indo diretamente contra o que Deus
deseja nos ensinar sobre unidade. Unidade é dar,
não receber. Jesus disse que “é mais abençoado dar
do que receber”. Casamento é comunhão total de
tudo!

Renúncia voluntária gera unidade; renúncia


forçada gera ressentimento e divisão

Lembro-me de um dia quando minha esposa e eu


estávamos ministrando a um grupo de pastores em
um retiro. Estávamos em um quarto de hotel, em
uma cama que não era nossa e era, na realidade,
bem mais estreita do que a cama que temos em
casa. Muito cedo, ainda de madrugada, o Senhor
me acordou com uma palavra profética poderosa
para os pastores. Em um instante meu coração se
encheu de fogo e imediatamente peguei meu laptop
para começar a anotar, a fim de ministrar aos
pastores logo que amanhecesse. Só havia um
problema: minha esposa estava dormindo. Assim
que liguei o computador, o som do sistema
operacional carregando a incomodou,
desapertando-a de uma profunda hibernação como
um urso no Alasca. Pude ouvi-la bufar, indicando
que não estava nada satisfeita. Era como se dissesse:
“Por favor, pare com esta bobagem, eu quero
dormir”. Pressionado pela palavra poderosa sendo
entregue a mim, comecei a datilografar com o
maior cuidado possível para não incomodá-la. Tic,
tic, tic, tic, tic, tic, tic... Tic, tic, tic, tic, tic, tic,
tic... Depois de mais dois minutos, visivelmente
irritada, minha esposa agarrou os cobertores e deu
um puxão, virando de lado. Eu sabia que a estava
irritando, mas também sabia que tinha uma palavra
de grande poder para anotar. Decidi continuar,
agora tentando digitar mais devagar: Tic... Tic...
Tic... Tic... Tic... Foi nesse instante que minha
esposa saiu da cama com todos os cobertores, quase
derrubando meu computador no chão.
Qual é a moral dessa história? Ao forçar alguém a
se submeter ao que você deseja, toda a unidade que
poderia existir é destruída. Depois de anotar a
mensagem, queria poder compartilhá-la com minha
linda esposa. Queria ouvi-la dizer como eu era
maravilhoso, como eu era um grande homem de
Deus que tinha capturado uma realidade
diretamente do trono de Deus! Depois de ouvir
essas coisas, eu iria abraçá-la e depois beijá-la, e
quem sabe até outras coisas boas poderiam rolar!
Porém, nada disso aconteceu porque em lugar de
criar o ambiente em que ela pudesse entender e
voluntariamente se sacrificar, forcei Renée a
sacrificar uma hora de sono, sem pedir. Mais uma
vez: sacrifício voluntário une; sacrifício forçado desune.
Para a maioria das pessoas, a palavra sacrifício
denota um conceito negativo. Vivemos por nós
mesmos e fugimos de todo e qualquer sacrifício.
Recentemente, vi um famoso pregador
internacional falando sobre sacrifício na televisão.
Ele afirmava que Jesus havia se sacrificado por nós a
fim de que nós não precisássemos nos sacrificar.
Essa pregação é muito agradável, mas não é o que
diz a Bíblia. O fundamento da nossa vida é o
sacrifício. A santa ceia, por exemplo, é uma
celebração de sacrifício e de unidade. A Bíblia diz:

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim.
— Gálatas 2:20
No casamento, todo mundo perde?

Ao contrário, você irá ganhar! Todo sacrifício é


mais do que correspondido. Em nossa vida cristã,
mesmo que sacrifiquemos a vida, a vontade e o
futuro, recebemos muito mais em troca, e esse
sacrifício acaba se transformando em benefício, por
isso passamos a nem senti-lo mais como sacrifício.
Isso também vale para o seu casamento. Durante a
maior parte do tempo em meu casamento, não
sinto que estou fazendo qualquer sacrifício. Sinto
alegria e satisfação, vivo desfrutando de grandes
benefícios, porém não deixa de ser uma vida
sacrifical. Além disso, quando falo de sacrifício,
quero dizer que cada um de vocês irá abrir mão de
algo em favor do outro — isso significa que seu
marido ou sua esposa também irá abrir mão de
algumas coisas em seu favor: escolhas, opiniões;
aquele lado mais macio do colchão; a última fatia
do bolo que está na geladeira... O mais importante
é saber que vocês dois irão ganhar muito! Pense em
duas metades da laranja que irão se tornar uma
única laranja. Ela precisa perder metade de si para
se unir à outra e formar uma nova fruta. Se
coubesse a você a tarefa de cortá-la ao meio, tenho
certeza de que escolheria a melhor metade de cada
para somar à outra: a mais bonita, com a casca mais
firme e brilhante, o lado que não tem partes podres
ou imperfeições, certo? Assim é o casamento! O seu
melhor e o melhor de seu cônjuge se unem para
formar um casal mais forte, mais poderoso, mais
capaz do que qualquer um de vocês seria sozinho.
Quando deixamos de estar dispostos a viver
sacrificialmente, perdemos os benefícios.

Lista de renúncias

Em Mateus 13, Jesus contou a parábola da pérola


de grande valor. Ele disse que essa pérola era tão
preciosa que valia a pena abrir mão de tudo para tê-
la, valia a pena renunciar a outras coisas para
desfrutá-la. Essa pérola é uma analogia do Reino de
Deus, pois vale a pena renunciar as coisas do
mundo pelas coisas de Deus — e vale muito! E
assim como é no Reino de Deus, é nos
relacionamentos. Nosso relacionamento com Deus
é assim. Aprendemos que sacrifício é essencial em
qualquer relacionamento. Aprendemos que quanto
maior o nível do relacionamento, maior o sacrifício.
Vimos o exemplo do Pai sacrificando Jesus para ter
relacionamento com a humanidade; vimos Jesus
sacrificando Sua vontade para obedecer ao Pai.
Assim, o homem sacrifica sua vida por sua esposa, e
a esposa sacrifica sua vontade para ter um
relacionamento com o marido. A essência de
sacrifício é a renúncia. Se estivermos dispostos a nos
sacrificar por outra pessoa, então estamos dispostos
a abrir mão de certos direitos que pensamos que
nunca renunciaríamos. Em outras palavras, a
convivência sob um mesmo teto só se torna possível
quando um pensa no outro mais do que em si
mesmo. Poderíamos chamar isso de renúncia.
Significa deixar uma coisa menor por outra maior.
Não o inverso como a maioria das pessoas imagina.
Descrevo a seguir uma lista de seis renúncias que
são uma parte necessária do sacrifício em todo
casamento sadio. Novamente é importante frisar
que essas renúncias se referem a nós, nunca são
aspectos que devem ser exigidos do nosso cônjuge.

Liderança — Quando entregamos nossa vida a


Jesus, renunciamos a nossa liderança e a entregamos
a Ele. Assim também é no casamento: uma esposa
renuncia à liderança para o marido. Não é fácil!
Enquanto alguém lidera na direção que você
normalmente andaria, nunca há um problema.
Porém, quando o líder toma uma direção, uma
atitude ou uma determinação contrária à do
liderado, então vemos se temos a verdadeira
disposição para renunciar. Se a esposa disser,
“renuncio à liderança em favor do meu marido
somente enquanto ele me liderar na direção que eu
quiser ir”, então não houve renúncia alguma. O
exemplo perfeito dessa renúncia foi Jesus, ao dizer
ao Pai: “Não a minha vontade, mas a Sua seja
feita”.
E o marido? Ele deve renunciar também. Assim
como Cristo se entregou pela igreja, o homem deve
se entregar por sua esposa. O marido deve renunciar
a seu estilo antigo de liderança. Ele não lidera mais
na direção do que é melhor para ele, mas na direção
mais apropriada para sua esposa e sua família. Isso
pode ser visto na maneira como ele administra seu
tempo, seu dinheiro, suas amizades, seu lazer e suas
prioridades. Essa é a verdadeira submissão, não
somente da esposa ao marido, mas cada um
cedendo o lugar ao outro e entendendo sua posição
no casamento.
Liberdade de Pensamento — Há certas coisas que
não podemos mais pensar. Jesus disse que se
olharmos para outra mulher com desejo, somos
culpados de adultério. Jesus mostrou claramente
que, na nova aliança, o problema não está somente
nos atos externos, como havia sido até aquele ponto
na lei, mas Deus revela que está avaliando também
as motivações, os pensamentos e as intenções do
coração. Seu casamento também é uma nova
aliança. Não é o suficiente manter uma vida social
exemplar. Não é o suficiente viver e agir de uma
forma impecável, sua liberdade de pensar de
qualquer forma sobre qualquer assunto também
deve ser renunciada.

Levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a


Cristo.
— 2 Coríntios 10:5
Geralmente um casamento é iniciado com
pensamentos corretos. Cada um pensa o melhor do
outro. Contudo, após cada parceiro ter tido sua
dose de desapontamentos com seu cônjuge, pode
ser gerada uma raiz de amargura ou uma tendência
a se esperar o pior em vez de o melhor. Esse
mecanismo é profundamente prejudicial a qualquer
relacionamento. Pensamentos como, Ela sempre me
envergonha diante dos meus amigos ou Ele nunca se
importa comigo, são exemplos dos pensamentos que
precisamos tornar cativos e trazer à obediência de
Cristo.
Vocês devem procurar sempre pensar o que é bom
sobre o outro. Alguns diriam: “Eu tenho o direito
de ver as coisas como são!”. Não, não tem mais!
Hoje você renuncia aos seus direitos como um
sacrifício por seu cônjuge e por Jesus. Se der lugar a
pensamentos negativos sobre seu cônjuge, eles irão
moldar a imagem que você tem dele. Aos poucos
essa imagem pode se desfazer, e você deixará de
respeitá-lo, honrá-lo e considerá-lo como alguém
especial. Discipline seu pensamento a seguir a
instrução de Paulo:

Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for


nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que
for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de
excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.
— Filipenses 4:8

Influência dos Pais — Um dos problemas


potenciais no casamento é a influência exagerada
dos pais. Como vimos antes, o conselho dos pais
antes do casamento é de primordial importância.
Mas no momento em que casamos há uma
mudança no tipo de autoridade que está vinculada
a esses conselhos. Já vi muitos casamentos serem
destruídos por causa do peso esmagador dos sogros.
Há um ciclo saudável e normal na influência dos
pais na vida dos filhos. Quando somos recém-
nascidos os pais tem de fazer tudo: nos alimentar,
vestir e limpar. À medida que os filhos crescem, a
atuação dos pais vai diminuindo, em proporção à
responsabilidade que o filho deve ter. Por exemplo,
se seus pais ainda escolhessem sua roupa você nunca
teria desenvolvido a responsabilidade necessária
para viver sua vida sem eles. A realidade é que a
maioria de nós aprende por meio de tentativa e
erro. Tanto o sucesso quanto o fracasso fazem parte
da vida. O problema é que alguns pais de filhos
casados ou prestes a se casar têm medo de que seus
filhos não tenham a capacidade necessária para
governar a nova família e constantemente
protegem, financiam, dão palpites e acabam
travando o desenvolvimento da autoridade na vida
dos filhos. Assim como um pai não pode tratar um
adolescente como um recém-nascido, ele não pode
controlar seu filho no casamento. Na verdade, o
casamento marca um ponto de mudança radical no
nível de autoridade dos pais e no nível de
autoridade dos filhos. Os pais devem ser cuidadosos
em claramente aconselhar, mas nunca exercer
pressão sobre a vida do novo casal. Presentes que os
pais dão aos filhos devem ser avaliados para
determinar se seu benefício excede o custo gerado
pela perda de autoridade. Queridos, nunca aceitem
presentes ou dinheiro regularmente, algo que possa
se tornar um laço emocional ou de dependência na
sua nova família. Pessoalmente, acho prejudicial
receber dinheiro regular dos seus pais ou sogros, a
não ser que você esteja trabalhando em troca de um
salário. A Bíblia diz:

Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua


mulher, e eles se tornarão uma só carne.
— Gênesis 2:24
O conselho da sua esposa ou do seu marido tem
de ser sempre muito mais influente na sua vida do
que o conselho dos seus pais. É lógico que não
estou descartando de nenhuma forma o valor do
conselho dos seus pais ou sogros. A posição deles é
de dar conselhos quando solicitados ou, raramente,
até dar conselhos quando não solicitados, se veem
que há uma direção desastrosa para a nova família.
Por causa dos problemas que essa influência pode
trazer ao casal, é importante pensar bem e buscar a
direção sobre onde o casal irá morar. Ouvi uma
frase engraçada sobre isso uma vez: “sua sogra deve
viver perto o bastante para não vir à sua casa com
uma mala, e longe o bastante para não vir de
chinelo!” É comum em nosso país, por causa da
difícil situação financeira, vermos casais indo morar
na casa de um dos pais após o casamento, ou
construindo sua casa no quintal deles, ou na parte
de cima da casa. Para mim isso é um grande perigo
e, honestamente, uma falta de fé. Nunca é uma boa
opção para um casal morar junto com os pais.
Sempre vai gerar estresse no casamento e um
sentimento de que um dos cônjuges está sendo
prejudicado. Ore a Deus e tenha fé de que Ele pode
prover uma solução para o seu problema, mesmo
que pareça impossível aos seus olhos sair em busca
do próprio espaço.

Dinheiro Individual — Quando me casei com a


Renée, sempre brincava com ela dizendo que no
casamento tudo que era meu continuaria sendo
meu, mas o que era dela se tornaria meu também!
Acho que o “tiro saiu pela culatra”, e descobri por
que ela nunca reclamou dessa brincadeira! Depois
de me casar, descobri que o que ela tinha eram
apenas dívidas. Renée tinha um carro, que
praticamente pertencia ao banco; além de
empréstimos para pagar a faculdade e muitos outros
gastos — e tudo isso passou a ser meu. É por isso
que eu sou radicalmente contra casamentos que não
sejam com comunhão total de bens. Não consigo
entender casais que dizem: “Agora somos uma só
carne, mas nosso dinheiro continua separado”.
Tenho visto um imenso número de casais que não
entendem esse conceito. Se dizemos que somos um,
por que temos cada um o seu dinheiro? Será porque
não confiamos nos hábitos financeiros do nosso
cônjuge? Será que é porque queremos nossa
independência? Será que temos segredos no nosso
uso do dinheiro? Não há uma boa justificativa para
manter finanças separadas. O certo sempre é
confrontar o uso indevido do dinheiro e solucionar
os problemas, jamais mascará-los por meio da
solução de “contas separadas”. Se você estiver
pensando em se casar com alguém em que não
confia, mesmo que somente na área financeira, não
se case.
Nem o marido, nem a esposa têm o direito de
gastar quantias significantes de dinheiro sem a
permissão específica do cônjuge. Se o fizer, você
gerará uma raiz de amargura que crescerá e acabará
destruindo o casamento. É importante tomar as
decisões em conjunto, tornando a renda familiar
única, a fim de que o casal possa se beneficiar do
que há de melhor na união. Temos uma orientação
bíblica a esse respeito:

É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a


recompensa do trabalho de duas pessoas.
— Eclesiastes 4:9

Além do aumento dos recursos, tratar as finanças


do casal de forma única é inteligente quando no
relacionamento aquele que tem facilidade para
administrar os recursos e fazê-los multiplicar é
deixado no comando dessa área (embora com a
participação ativa do outro), pois trará equilíbrio a
essa parte tão importante na nova vida do casal. A
falta de recursos financeiros ou a má administração
do dinheiro produzem danos ao lar e ao
relacionamento. Uma recente pesquisa do Instituto
Gallup mostrou que 56% dos casais norte-
americanos que se divorciam apontam como razão o
fato de experimentarem tensões na área financeira.

Segredos particulares — 1 Pedro 3:7 chama a


mulher de a parte mais frágil. Muitos têm usado
esse versículo como justificativa para manter certas
coisas em segredo de suas esposas. A justificativa,
“minha esposa não vai poder suportar a realidade.
Ela não pode saber disso ou vai explodir”, entre
outras são usadas como desculpas para se manter
segredos. Esse tipo de comportamento faz com que
sua esposa tenha uma visão distorcida da realidade.
Como sua esposa pode lhe dar conselhos de valor e
ajudá-lo se ela não está consciente da situação real?
Além disso, quando ela descobrir a verdade, e isso
sempre acontece, a confiança e o respeito pelo
marido serão corroídos. Esse episódio pode até se
tornar uma justificativa para que ela comece a
esconder a verdade do marido também.
Dentro do casamento um dos mais sagrados tratos
é o compromisso de honestidade total e completa.
Não há nada que eu não compartilhe com minha
esposa, e não há nada que ela não compartilhe
comigo. Ela é minha proteção e eu sou a proteção
dela. Tiago diz para confessarmos nossos pecados
uns ao outros, e isso se inicia no relacionamento
mais forte que há: o matrimônio.
Quando você vive um estilo de vida de total
transparência e honestidade com seu cônjuge, talvez
isso até possa produzir mais conflito. Contudo, a
maneira certa de destruir seu casamento é trocar a
honestidade duradoura pela paz temporária. Mas
ao mesmo tempo também produzirá mais confiança
e mais respeito. Seu cônjuge talvez não admita em
um momento de raiva, mas dentro de seu coração
está sendo dito: Pelo menos ele (ela) sempre diz a
verdade e não há nada pior que ainda não tenha me
dito.

Liberdade Emocional — Quando você se casa, a


Bíblia diz que você não pertence mais a si mesmo.
Até o seu corpo não é mais seu. Você existe para
servir ou se entregar ao seu cônjuge. Assim,
renunciamos a muitas das nossas liberdades.
Perdemos a liberdade de não ter vontade de fazer
sexo. Perdemos até nossa liberdade de termos o
direito de nos sentirmos deprimidos ou irritados.
Perdemos a liberdade de ficarmos de mau humor
pela manhã. E perdemos principalmente a
liberdade de poder ficar com a cara amarrada. O
seu “todo” pertence ao seu cônjuge, até seu humor
e suas emoções. Jesus certa vez disse ao Pai algo
como: “Não estou com vontade de fazer a sua
vontade” (ver Mateus 26:39). Muitas vezes no
casamento você irá se sentir sem vontade disso ou
com vontade daquilo. Mas assim como Jesus
submeteu Sua vontade ao Pai mesmo sem querer,
provando Sua unidade, nós temos de fazer o
mesmo. Agora, é importante lembrar aqui que essas
renúncias são voluntárias, ou seja, abrimos mão
dessas coisas por vontade própria, jamais são
atitudes que devemos exigir de nosso cônjuge.
Afinal, sacrifício voluntário traz unidade, mas
sacrifício forçado traz divisão.
Presentes do casamento

A unidade não é gerada somente por meio de


renúncias. Imagine como seria nossa vida se o
resumo de tudo fosse renúncia, sacrifício e
abnegação. Isso é depressivo. Certa vez ouvi sobre
um homem que deu seu testemunho na igreja sobre
sua experiência de salvação. Ele disse: “No passado,
eu só pensava em mim mesmo. Tinha tantas
mulheres que nem posso contar, parece que elas se
jogavam aos meus pés implorando por mim.
Também tinha grandes amigos do mundo... que
amigos! Nós tínhamos altas conversas até a
madrugada; até hoje preciso tomar cuidado para
não me lembrar daquelas piadas. Juntos, nós
bebíamos e nos divertíamos em altas loucuras. Toda
noite era uma farra de boate em boate. Ah, como
era ruim a minha vida! Certo dia, encontrei Jesus, e
minha vida mudou. Hoje não saio mais à noite,
não tenho namorada, meus amigos só conversam
sobre assuntos sacros, vou à igreja todas as semanas.
Agora vivo uma vida de sacrifício e minha vida é
muito melhor”.
Que testemunho deprimente! Sim, nossa vida deve
ser uma vida de sacrifício, e devemos entender que
ele representa uma parte essencial de unidade, tanto
com Deus quanto com qualquer relacionamento,
especialmente o casamento. Porém, Deus tem
muito, muito mais para você. Jesus disse:

“Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente”.


— João 10:10

Esse é o presente que há para nós em Cristo.


Somos mais do que vencedores, temos autoridade,
fomos adotados como filhos de Deus, entre tantas
outras coisas. Por isso, nossa vida em Cristo não é
caracterizada pelo sacrifício, mas sim pela
abundância de vida, apesar de precisarmos estar
preparados e certos de que sacrifício será necessário
e exigido. O mesmo princípio se aplica ao nosso
casamento.
Lembro-me de outra história. Havia um casal que
estava casado há cerca de vinte anos. De repente, fui
informado de que eles iriam se divorciar. Como
tinha grande respeito por eles, não conseguia
entender essa realidade, mas, após conversar com os
dois, descobri a resposta. O marido tinha um perfil
perfeccionista. Ele poderia ser descrito como
alguém altamente ético. A esposa era alguém que
poderia ser descrita como alguém altamente prática.
Durante os vinte anos de casados eles tiveram
frequentes conflitos como qualquer casal. Durante
um deles, a esposa confrontou o marido dizendo:
“Você não me ama”. E ele, honesto e ético como
era, concordou: “Não amo mesmo, mas sou fiel e
sempre vou ser fiel. Fiz uma promessa de fidelidade
a você e pode estar certa de que nós sempre
estaremos juntos, mesmo que infelizes, porque não
há sacrifício grande demais que me faça quebrar
minha promessa de entregar minha vida por você”.
Diante dessa perspectiva de infelicidade, sacrifício e
miséria emocional para o resto da vida, a esposa
disse: “Eu não estou disposta enfrentar esse
sacrifício. Adeus”. Ela se foi. Hoje está recasada e
feliz. O homem ainda vive uma vida basicamente
caracterizada muito mais pelo sacrifício do que por
uma vida abundante.
Seu casamento não pode ser assim. Seu casamento
foi projetado por Deus para ser a imagem de como
o relacionamento Dele é conosco, ou seja, seu
casamento deve fluir em abundância de vida. Seu
casamento envolve sacrifício sim, porém, quando
você se lembra, fala e pensa sobre ele, o que deve vir
à mente são as tremendas bênçãos que você vive.
Por isso é necessário se concentrar nos presentes que
você pode dar ao seu cônjuge. A seguir há uma lista
de cinco presentes essenciais que devem ser
desenvolvidos, embrulhados em papel de presente e
entregues de uma forma especial e romântica ao seu
cônjuge durante o casamento.

Presente nº 1: Satisfação Espiritual — O primeiro


presente é a satisfação espiritual. Muitas vezes as
verdades espirituais são contraintuitivas, ou seja,
vão contra o senso comum. Jesus disse que devemos
orar pelos nossos inimigos, embora o senso comum
diga que devemos persegui-los. Quando olhamos
para nossa igreja, vemos uma predominância de
mulheres. Quando analisamos ouvintes de rádio
evangélicas, vemos que a cada dez mulheres temos
apenas um homem. Quando avaliamos os dons do
espírito fluindo nas igrejas, a predominância está
entre as mulheres. Então, como pode o homem ser
chamado para liderar, enquanto são as mulheres
que parecem “dominar”?
A realidade é que as mulheres geralmente têm uma
sintonia mais afinada a situações espirituais e
emocionais, porém o homem é comandado a ser o
líder também nessa área. As mulheres não têm
dificuldade em agregar valor espiritual ao
relacionamento, porém, em geral, os homens o têm.
Isso gera uma tremenda responsabilidade para os
homens. Se um homem ignorar essa área
importantíssima, ou mesmo terceirizá-la ao pastor
ou líder, certamente perderá o respeito de sua
esposa. Com o respeito, perde-se também o amor, a
submissão, e até o casamento. Homens, vocês
precisam enfatizar esse presente espiritual para suas
esposas, caso contrário, o respeito devido a você
pode ser entregue a outro.
Cresci em um lar extremamente abençoado. Desde
que lembro, meus pais leem a Bíblia e oram
diariamente juntos. Lembro-me de sentar à mesa
para o café da manhã todos os dias e ver meus pais
lendo a Bíblia. É até engraçado lembrar como eram
diferentes as perspectivas do meu pai e da minha
mãe. Minha mãe sentia Deus falar com ela, falava
em línguas e profetizava, enquanto meu pai recebia
direção para uma enorme quantidade de decisões,
desde quantos sacos de cimento deveria comprar até
como confrontar seu chefe no trabalho.
Homens são muito diferentes de mulheres até na
maneira como fluem no Espírito. O risco é que
enquanto os homens veem as mulheres sendo
usadas poderosamente e as igrejas honrando os dons
na vida delas, eles podem sentir que deveriam estar
fluindo da mesma forma. Outros homens se sentem
ameaçados pela espiritualidade da esposa, pois
pensam que nunca poderão competir com ela nessa
área. Queridos amigos, entendam: Homens são
diferentes de mulheres. O perigo é que eles
podem desprezar sua liderança espiritual assim
como Esaú desprezou seu lugar de filho
primogênito. Nunca faça isso. Homens, prevaleçam
e liderem suas esposas e seus filhos na leitura da
Bíblia, na oração e na meditação da Palavra. Não
pensem que por eu ser pastor seja fácil liderar
minha esposa na área espiritual. Na verdade, é
necessário um esforço constante para manter um
caminhar avançando. É um esforço constante dar a
ela o presente de liderança espiritual. Se eu não o
fizer, minha esposa vai passar a minha frente e ela
irá me liderar. Com isso, o respeito dela por mim
diminuirá e minha motivação de continuar
avançando com Deus também.
Pelo fato de a mulher estar sintonizada mais
intimamente com a área espiritual e emocional, ela
pode se sentir superior aos homens nessa área. Por
isso, toda mulher é constantemente tentada a
duvidar da espiritualidade do marido. Porém, se ela
decidir lhe dar o presente do encorajamento e da
submissão nessa área, irá colher frutos de grande
valor enquanto vê o marido crescer e assumir sua
posição designada por Deus. Esse presente pode ser
dado quando a mulher agradece pelo envolvimento
de seu marido e o encoraja a continuar
perseverando na área espiritual. Mulher, comece a
dizer como seu marido é espiritual, sábio, e como
ele tem a Palavra de Deus fluindo em seu coração.
Comece e profetizar como ele é um homem de
Deus e como Deus o usa. Encoraje seu marido e
nunca use palavras para menosprezar o
envolvimento dele na área espiritual.

Presente nº 2: Satisfação Física — Na mente do


homem, quando você pergunta, “Seu cônjuge
satisfaz suas necessidades físicas?”, ele pensa em
sexo, enquanto a mulher pensa em carinho. A
regra geral é que seu corpo não é mais seu, é do seu
conjugue (1 Coríntios 7:4). O objetivo do sexo é
sempre ser um presente que você pode dar e nunca
um direito que você pode tomar.
Com isso em mente, quero dizer às mulheres:
homens sempre querem mais sexo. Mulher, se você
pensa acabamos de ter sexo ontem, certamente ele não
quer de novo, então você não entende nada sobre
como o homem pensa. O homem precisa de sexo
como precisa do ar que respira.
Agora, digo aos homens: seu corpo também não é
seu, portanto você existe para satisfazer os desejos
de sua esposa. Às vezes o desejo dela não é sexo. Às
vezes ela deseja carinho, um abraço, uma palavra
afetiva, ou um ato de serviço. Se você se sente
roubado dos seus direitos, veja se está suprindo os
desejos dela antes de apresentar suas necessidades.

Presente nº 3: Satisfação Intelectual — Já vi casais


com compatibilidade intelectual se casarem, porém,
no decorrer dos anos, houve o avanço de um e
recuo do outro. Um exemplo muito comum são
casais que casam quando ainda são jovens, e o
marido consegue um emprego compatível com seu
nível de estudo dentro de uma empresa que lhe dá
capacidade de progredir. Com o passar do tempo, o
marido desenvolve um nível cada vez maior de
capacidade de se relacionar com pessoas muito bem
educadas e cultas. Por causa da carreira, ele é
convidado a jantares, festas e eventos com sua
esposa. Nesses eventos, a esposa, que não teve o
privilégio de se entrosar com o mesmo tipo de
pessoas que o marido teve, se sente como um peixe
fora d’água. Por outro lado, o marido também
começa a se sentir envergonhado da esposa. Ele
pode até começar a pensar que o avanço de sua
carreira é limitado pela falta do avanço intelectual
da esposa. É obvio que esse exemplo pode ocorrer e
já ocorreu em casos em que tanto o marido como a
esposa são o cônjuge que avançou. Esse exemplo é
muito triste e causa uma gradual mudança na esfera
de amizades de cada cônjuge, até o ponto de um
deles dizer: “Você não é mais a pessoa com quem
casei”; e de fato não é!
O presente da satisfação intelectual é essencial
para todo casamento, e para alguns é ainda mais
necessário. Queridos, cada um de vocês tem o dever
de desenvolver todos os dons que Deus lhe deu,
inclusive sua mente. Há uma frase muito usada nos
Estados Unidos que diz: “Uma mente é algo terrível
para se desperdiçar”. Contudo, as estatísticas nos
mostram que uma alta porcentagem de adultos
nunca mais leem um livro após saírem da escola.
Um jovem casal recentemente me perguntou se
minha esposa e eu costumamos ler os mesmos
livros. Eu lhe disse que é muito raro. Talvez sejam
menos que cinco o número de livros em comum
que minha esposa e eu lemos. Mas lemos vários
livros individualmente. Esses livros estimulam
conversas entre nós. Isso é um presente que posso
dar a ela e ela a mim.
Meu conselho para você é que não fique para trás.
Motive a si mesmo a avançar e esteja sempre pronto
a demonstrar ao seu cônjuge que você pode
acompanhá-lo em qualquer nível. Se você for
alguém que tem dificuldade nessa área, encare isso
como um desafio e um sacrifício do seu tempo,
dessa forma seu cônjuge irá admirar seu esforço. Se
você tem facilidade nesta área, encoraje suavemente
seu cônjuge, sem constrangê-lo, e lembre-se de que
presentes não são coisas que se exige, mas que se
recebe com grande agradecimento.
Outra maneira de dar o presente da satisfação
intelectual é identificar problemas em comum e
desenvolver soluções juntos. Estou me lembrado de
um casal que estava aconselhando certa vez. Eram
cristãos maduros e tinham até sido consagrados a
pastores. Eles tinham dons fantásticos e
costumavam ser usados juntos no ministério.
Estavam casados há quase vinte anos, e pela
diminuição na atividade do ministério, começaram
a se interessar por suas carreiras individuais,
diminuindo o número de problemas externos e de
interesses em comum. Certo dia, o marido me ligou
e disse que não dava mais. Ele saiu de casa e disse
que nunca mais voltaria. A esposa revelou que iria
arranjar outro homem. Em minhas tentativas de
trazer paz e aconselhamento (uma área na qual
creio que geralmente alcanço sucesso), me vi
totalmente incapaz de conseguir qualquer avanço.
Diante dessa situação desesperadora, informei a
cada um que iria começar a somente profetizar
restauração e arrependimento sobre sua vida. Na
realidade, eu estava sem plano e estratégia, mas
confiava que Deus tinha uma solução. A separação
durou algumas semanas, até que houve um grande
problema financeiro. Alguém a quem eles tinham
emprestado dinheiro não pagou, e esse dinheiro era
necessário para pagar uma parcela intermediária de
um terreno que haviam comprado. O devedor não
pagava. Era a velha história: “Eu faço o depósito
amanhã de manhã”. Essa situação gerou um
“inimigo” em comum. Um problema que tinha de
ser resolvido por ambos de uma forma inteligente.
Eles uniram forças, e Deus utilizou um enorme
problema para trazer uma enorme restauração. Até
hoje não sei se receberam o dinheiro, mas sei que
esse acontecimento desastroso para as finanças foi
fundamental para a restauração do casamento.
A moral da história é: Gere uma cultura no seu
casamento de conversarem sobre assuntos em
comum, resolvam problemas em comum, e até
tenham inimigos em comum, se necessário.
Outras áreas de solução em comum estão ligadas a
problemas que nossos filhos enfrentam na escola, ao
planejamento para um avanço familiar — como a
construção de uma casa, a compra de um carro ou
investimento de dinheiro. Minha esposa e eu
passamos horas conversando e analisando sistemas,
problemas ou relacionamentos dentro da nossa
igreja. Essas são algumas das conversas de maior
satisfação que recebo da Renée. Quando sinto que
ela está engajada na solução dos mesmos problemas
que eu, sinto-me energizado e alimentado por ela.
O presente intelectual que vocês podem dar um ao
outro depende de seu avanço pessoal e de sua
capacidade de contribuir para soluções de
problemas em comum ou com a formação de
conceitos e valores familiares em comum. Leia
livros, converse sobre assuntos cotidianos, analise
pessoas e, se necessário, até critique pessoas, mas
gere a cultura de transferir seu presente intelectual
ao seu cônjuge regularmente.

Presente nº 5: Satisfação Material — Quando


casamos, as diferenças de ambição entre os cônjuges
geralmente são mascaradas pela paixão e pelo
romance que sentem um pelo outro. Às vezes a
mulher tem uma ambição material ou empresarial
superior a do marido; às vezes é o marido que a
supera nessa questão. O desejo de conquistar e de
dominar existe no ser humano desde a criação do
universo. A ordem divina de subjugar a terra e
dominá-la está em Gênesis 1:27,28, e foi dada tanto
ao homem quanto à mulher (ver v. 27). No decorrer
da história da igreja, esse princípio não tem sido
entendido claramente, gerando rótulos como
“mulher-macho” ou “homem relaxado ou
preguiçoso”. A verdade é que cada um de nós tem
uma motivação interior de nível diferente. Deus
nunca quis que casássemos com alguém exatamente
igual a nós. Geralmente somos atraídos por pessoas
opostas, e na minha experiência, a questão da
ambição é uma área de grandes diferenças em
muitos casamentos.
Certa vez conheci um casal que havia se casado
quando ambos já tinham cerca de quarenta anos de
idade. O relacionamento deles parecia maravilhoso.
Ambos estavam há muito tempo sozinhos,
encontraram-se na igreja e todos pensaram que a
união dos dois seria como a realização de um conto
de fadas. Pouco tempo após o casamento, porém,
eles vieram conversar comigo. A esposa havia
iniciado uma empresa que estava tendo muito
sucesso. O marido era autônomo, mas não era
alguém muito motivado a trabalhar. Quanto mais a
empresa da esposa avançava, mais respeito pelo
marido ela perdia. Simultaneamente, quanto menos
respeito ela demonstrava por ele, menos confiança
ele sentia para avançar. Infelizmente, essa é uma
história não tão incomum. Quando conversei com
eles, disse à esposa que, na verdade, ela havia se
casado com ele daquele jeito; ele não havia mudado
algo que ela já conhecia. Mas também disse ao
marido que devia à esposa um avanço intelectual e
material.
Qual é a moral da história? A realidade é que
Deus não nos fez para ficarmos parados. Para
alguns, será necessário voltar a estudar para
conquistar um avanço na área material. Se você
sente que está perdendo as rédeas na área de avanço
material ou sente que sua capacidade de dar esse
presente ao seu cônjuge está diminuindo, pense
sobre o que você pode fazer para se recuperar nessa
área. Afinal, seu cônjuge vale esse esforço e muito
mais.
A tendência a ser evitada é pensar que todos
devem ser como nós. Ou seja, seu cônjuge deveria
ser mais motivado, esforçado, focado no futuro. Ou
então, deveria valorizar a família mais do que a
carreira. Assim sendo, cada um de nós tem de
avaliar o presente de satisfação material que nosso
cônjuge mais deseja ou precisa.
Algumas pessoas vivem para trabalhar. Se você é
impulsionado por uma motivação interior de
dominar, o presente que você pode dar ao seu
cônjuge é de encorajá-lo e motivá-lo a avançar na
área material, mas ao mesmo tempo nunca
menosprezá-lo por uma filosofia menos agressiva.
Outras pessoas trabalham para viver. Você que é
motivado por desfrutar a vida, cuidado. Não há
nada mais abusivo do que viver esbanjando o
trabalho do cônjuge. O presente que você pode dar
ao seu cônjuge que vive para trabalhar é reconhecer
e apreciar todo o esforço dele. Nunca, nunca, nunca
reclame das diferenças existentes entre vocês! Em
vez disso, entenda que vocês são diferentes e, por
isso, mais fortes. Se os dois fossem totalmente
dedicados ao trabalho, não saberiam desfrutar os
frutos do trabalho ou descansar, o que é bom e
bíblico. Se tiverem filhos, eles talvez sejam
descuidados por causa da dedicação dos pais à
conquista. Por outro lado, se os dois são mais
descansados e preocupados em curtir a vida, isso
poderia trazer grandes problemas financeiros. O
equilíbrio das diferenças é o presente que vocês
podem desfrutar juntos!

Presente nº 6: Satisfação Emocional — No


decorrer dos anos, tive a oportunidade de
aconselhar muitos casais. Por isso, percebi que,
talvez, o problema mais comum seja a falta de
conexão emocional. Os casais vivem juntos e
toleram o dia a dia, permitindo que a rotina os
carregue de um dia para o próximo. O amor pelos
filhos, ou às vezes simplesmente o medo de mudar,
faz com que muitos permaneçam casados por anos
no modo “automático”, até que um dia algo muda.
Pode ser uma tragédia, um filho que se casa ou
outra situação significante. Nesse momento, parece
que a rotina é quebrada e casais casados há décadas
acordam um dia e percebem que seu casamento é
uma farsa. O lamentável é que essa conclusão
correta é seguida de uma solução desastrosa: o
divórcio.
Tanto o homem quanto a mulher foram
chamados a sacrificarem a vida para apreenderem
como satisfazer as necessidades emocionais do
cônjuge. Em João 2, vemos Jesus em uma festa de
casamento. Há muitas coisas a falar sobre essa
passagem bíblica, mas o principal é que a festa, que
começou bem, estava terminando mal. A alegria, a
química e as faíscas imprevisíveis geradas pelo vinho
no casamento acabaram, e a festa continuou sem o
brilho de antes. O milagre de Jesus foi transformar
o tédio em uma alegria imprevisível e espontânea.
Esse é o presente emocional que você deve ao seu
cônjuge. Cada um de nós tem o dever de gerar o
milagre da transformação de água em vinho em
nosso casamento, assim como Jesus fez no
casamento em Caná.
Sei que a interpretação religiosa pode não estar de
acordo com minha perspectiva, mas, para mim, o
vinho representa algo que gera o inesperado. Ele
afeta nossa emoção reservada liberando as mais
variadas emoções possíveis. Já vi pessoas com um
copo de vinho na mão rindo quase sem controle,
falando tudo que lhes vinha à mente, chorando e
até dançando de uma forma que não pode ser
descrita em um livro evangélico!
Queridos, é isso que Jesus deseja nos casamentos
em que Ele frequenta. Ele deseja que seu casamento
seja sempre cheio de vinho, de alegria e de emoção.
Deseja que o vinho da sua paixão gere liberdade em
você para falar tudo que lhe vem à mente, rir
livremente e até chorar. Creio que em alguns casos,
Ele até deseja que esse vinho da Sua presença faça
você dançar para seu cônjuge estimulando nele
emoções e alegrias profundas. Queridos, se está
faltando vinho no seu relacionamento, Jesus é o
mestre da transformação de água em vinho. Ele
ainda opera esse milagre. Meu conselho é que você
peça ao Senhor uma renovação diária do vinho
sobrenatural para estimular sua satisfação
emocional.
Em resumo, o presente da satisfação emocional é
aquele que faz com que seu cônjuge saia de casa
para o trabalho pensando em voltar. É o presente
que gera um pensamento que interrompe o cônjuge
em seu trabalho, no meio do dia, fazendo-o pensar
no seu amado ou amada. É o presente que faz você
viver de maneira extraordinária.
Nos dois capítulos seguintes, aprenderemos sobre
as cinco maiores necessidades do nosso cônjuge e
como podemos apreender a satisfazê-las de modo
completo.
Capítulo 3

Sou homem com “H” maiúsculo!

H omem, pelo amor de deus seja homem! Eu


vejo um movimento na igreja hoje em dia
cujos ensinos acabam enfraquecendo drasticamente
o homem. Eu até entendo porque isso acontece. No
passado, houve grandes avanços no feminismo em
volta do mundo. E a grande maioria das conquistas
foram excelentes e trouxeram enorme benefício para
a sociedade. Eu me recordo de um anúncio na
CNN (canal de notícias vinte e quatro horas da tevê
por assinatura) que começa dizendo assim: “O
maior recurso do planeta está sendo desperdiçado”.
Com isso você vê um imenso deserto árido e
imediatamente você pensa: água. Estamos
desperdiçando água! Depois de alguns instantes
você vê uma pessoa andando no deserto, depois
duas, depois quatro e dez e então cem, depois mil,
dois mil, uma multidão. Enquanto a multidão se
aproxima, você começa a notar que todas as pessoas
na multidão são mulheres. É uma realidade. Graças
a Deus pelo movimento feminino, que conquistou
para as mulheres igualdade de direitos, e para os
homens uma sociedade mais produtiva e
equilibrada. É até possível que em algumas áreas
ainda haja conquistas a serem alcançadas pelas
mulheres.
O problema é que a pressão da sociedade em
corrigir esses erros tem criado uma tendência a se
pensar que a masculinidade é algo errado, ou
opressor, ou de alguma forma tribal e retrógada.
Por isso, até mesmo na igreja, evitamos falar sobre a
liderança do homem. Em vez disso, falamos sempre
sobre o homem agradar a mulher, não ser machista,
evitar discutir e obedecer a todos os desejos dela.
Isso é a pior coisa para a mulher, para os filhos,
para a sociedade e, é claro, para o homem também.
Quando lemos o texto bíblico, “Maridos, ame cada
um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja
e entregou-se por ela” (Efésios 5:25), o que vem à
mente é fazer tudo por nossa esposa a ponto de
tentar tornar realidade todos os desejos dela.
Realmente parece confuso quando tentamos
reconciliar os dois mandamentos bíblicos “entregar
sua vida por ela” e “ser o cabeça”. É nessa decisão
diária de equilibrar a liderança do marido com o
serviço de ambos que problemas sérios ocorrem.
Muitos homens têm renunciado à liderança porque
sentem uma pressão da sociedade para isso, e
recebem um ensino na igreja que confirma essa
orientação. Essa filosofia está fora de equilíbrio e
tem prejudicado muitos casais por gerar homens
fracos, crianças mimadas e, consequentemente,
famílias disfuncionais.
Sei o que você está pensando. Esse cara é o maior
machista que eu já ouvi. Permita que eu explique
minha posição. No decorrer da minha vida cristã,
tenho visto uma ênfase crescente na igreja sobre o
ensino do comportamento dos homens em relação a
suas esposas. Isso é ótimo, exceto que, na grande
maioria das ocasiões, esse ensino é focado nas áreas
externas em vez de nas áreas internas. Por exemplo,
sempre abra a porta do carro para sua esposa.
Sugestões assim são boas, importantes e de valor.
Porém, sempre se referem ao comportamento
externo do homem. O grande perigo é ocultar os
valores internos que deveriam governar as ações do
homem. Jesus disse:

Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copo e do prato, para


que o exterior também fique limpo.
— Mateus 23:26
O que significa isso? Enquanto a antiga aliança se
concentrava em leis e regulamentos que guiavam
nosso comportamento, Jesus focava os valores, as
motivações e as razões pelas quais deveríamos ter
um comportamento correto.
Vamos explorar a filosofia com respeito às atitudes
de um homem. Falamos anteriormente que a
sociedade e a igreja ensinam os homens a abrirem a
porta do carro para sua esposa, depois fechar a
porta antes de ir para o outro lado do carro. É
impressionante como muitos se apegam ao visível e
se esquecem dos valores internos invisíveis. Um
amigo que é pastor, casado há doze anos, ligou para
mim certo dia dizendo que estava se separando da
esposa. Eu mal podia acreditar. Renée e eu saímos
com eles várias vezes. Renée sempre comentava
comigo como ele era gentil e sempre abria a porta
para a esposa e a tratava com gentileza. Eu via
aquela situação com outros olhos. Para mim, ele
estava sempre preocupado sobre como os outros
interpretariam seu modo de tratar a esposa. Ele
estava preocupado com as aparências externas, e
não com o alicerce do casamento. Quando
perguntei por que ele iria se separar, ele me disse
que desde o primeiro dia de casamento sua esposa
não o respeitava. Interessante é que ele tinha sido
ensinado pela cultura evangélica que para receber o
respeito da esposa você precisa fazer uma lista de
coisas, quando na realidade o respeito não é gerado
pelo fazer, e sim pelo ser. Ele estava fazendo uma
lista de exigências tentando agradar a esposa e aos
outros, sem realmente ser o que deveria ter sido.
Muitas vezes uma ênfase desproporcional nas
aparências externas causa uma defasagem nos itens
muito mais importantes, que falam do coração.

Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o


dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm
negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a
misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem
omitir aquelas.
— Mateus 23:23

O principal valor que devo gerar em minha vida


deve ser o de entregá-la por minha esposa; ou
honrá-la como vaso mais fraco (1 Pedro 3:7). Se
esse valor estiver presente no meu interior, então
será evidenciado no exterior, e eu vou abrir a porta
do carro para ela mesmo que isso nos atrase um
pouco. Não deveria abrir a porta do carro porque
sinto uma pressão exterior para fazer isso, mas por
causa da pressão interior dos meus valores.
O perigo de focar no externo antes de confrontar
o interno é de nos tornarmos como os fariseus, que
só obedecem aos ensinamentos, sem se importarem
com a razão desses ensinamentos. Homem, você é
homem porque Deus o fez homem. Isso não faz de
você alguém melhor, mas exige certas atitudes que
não podem ser substituídas a fim de tentar se
“conformar” a determinadas ações externas.
O mais importante que o homem deve conquistar
diariamente em sua mulher é seu respeito. E
respeito não se conquista evitando conflitos.
Conflitos fazem parte de todo casamento; é a
maneira como são resolvidos que pode gerar
respeito ou desgaste. Um homem nunca foge de um
conflito. Em Mateus 10:34 o próprio Jesus disse
que não veio para trazer paz, e o contexto dessa fala
era justamente o familiar. Nós temos de ser homens
de princípios, pois o respeito é conquistado fazendo o
certo, em toda ocasião, e nunca trocando o certo pelo
errado para ganhar a paz.
Para fixar bem esse princípio, preciso ser
“politicamente incorreto” aqui. Homens têm a
tendência a serem machistas, arrogantes,
dominadores e seguros. Apesar do que a sociedade
nos ensina, esses atributos são o projeto de Deus.
Calma, vou explicar! O extremo desses atributos
obviamente é pecado, porém, quando são
administrados na medida correta, produzem aquela
atitude de alguém que vê o certo, agarra-o sem
questionar e utiliza todos os seus recursos para
realizá-lo.
Mulheres, por outro lado, tendem a ser
reclamadoras, manipuladoras, questionadoras e
inseguras. Todos esses atributos têm uma conotação
negativa, mas eles também são projeto de Deus. A
mulher é a ajudadora idônea do homem, por isso
sua opinião tem tremendo valor. Em outras
palavras, o homem que é seguro demais do que faz,
que nunca se questiona, precisa de uma esposa para
equilibrar essa certeza com seu questionamento.
Muitas vezes o questionamento da mulher salva um
homem de tomar uma decisão ou direção
desastrosa. Quando uma mulher se une ao marido,
forma-se uma equipe de incrível poder. Essa equipe,
que tem transformado a sociedade, é chamada de
família.
Em Gêneses 2:18, Deus identificou a primeira
coisa na criação que não era boa. Isso tinha a ver
com a individualidade e a solidão do homem. Não
era bom para o homem estar só; ele precisava de
alguém que lhe correspondesse e fosse uma
ajudadora idônea para ele. Vamos olhar por um
instante o que Deus não disse. Ele não disse: “O
homem precisa de uma linda mulher porque precisa
de sexo”. Ele também não disse “O homem está
sozinho e precisa de alguém para que não se sinta
solitário”. Deus estava de fato dizendo que o
homem não consegue funcionar sozinho, ele precisa
operar em equipe. Homens, sua esposa é metade de
uma equipe, e você é a outra metade. Juntos, vocês
formam a equipe da família.
Quando um homem se torna excessivamente
machista, arrogante, dominador e autoconfiante é
porque não está agindo pelo conceito de equipe.
Talvez porque se sinta inseguro em compartilhar a
equipe com sua esposa, ou talvez porque esteja
tentando reconquistar a liderança da equipe; de
qualquer forma, é uma perversão que deveria ser
corrigida com a compreensão do princípio de
equipe e sua implementação no lar. O machismo e
a arrogância excessiva nunca serão corrigidos com o
foco nas ações externas, mas somente quando nos
concentrarmos nos valores internos.
Da mesma forma, quando uma esposa se torna
excessivamente reclamadora, manipuladora,
questionadora e insegura é porque tampouco está
operando dentro do conceito de equipe. Muitas
vezes essas características se manifestam porque ela
sente que sua contribuição é desprezada. Homem, o
maior presente que você já recebeu aqui na terra é
sua esposa. Trate-a sempre como a integrante
essencial da equipe que você lidera. Lembre-se de
que Deus disse que, sem ela, você não é bom!
Há alguns anos foi feita uma pesquisa por um
casal de psicólogos a partir da seguinte pergunta a
centenas de casais: “Qual é a necessidade mais
importante que seu cônjuge precisa suprir para
você?”. Essa pesquisa foi publicada no livro Ela
Precisa, Ele Deseja do Dr. Willard Harley, e eu
recomendo que você o leia se deseja um
entendimento mais profundo desse assunto. A
seguir apresento um resumo das cinco maiores
necessidades da mulher, e no capítulo seguinte as
cinco maiores necessidades do homem.

As necessidades da mulher

Afeição — A primeira e mais notável resposta da


maioria das mulheres é que a mulher precisa de
afeição não sexual. Para um homem, ler isso é como
receber um soco na boca do estômago — nós
ficamos sem reação. Não sexual? E agora? Mas não é
tão complicado. Ela quer apenas sentir que você se
importa com ela, demonstrando com alguma
evidência física. Um beijo inesperado ou flores; um
jantar romântico ou um carinho físico que não gere
uma pressão por sexo...

Conversa — Mulheres são diferentes dos homens.


Uma universidade norte-americana realizou uma
experiência na área de psicologia em que cada
participante recebeu um valor em dinheiro apenas
para ficar em uma sala de observação com nada
além de duas cadeiras, lado a lado. Um participante
entrava e permanecia na sala com outro
participante desconhecido, do mesmo sexo, por um
período de quatro horas. Os homens entraram em
pares e se sentavam lado a lado, esperando
pacientemente pelo pagamento. Quando se tratava
de um par de mulheres, a diferença era gritante.
Nos primeiros trinta minutos elas colocavam as
cadeiras frente a frente e começavam a conversar.
Geralmente, após a experiência elas ainda ficavam
conversando no saguão da clínica. Mulheres precisam
de tempo face a face! Na verdade, o estudo concluiu
que mulheres precisam de quinze horas de conversa
íntima por semana. Marido, pense sobre isto:
quinze horas por semana!

Honestidade e Transparência — A terceira


necessidade mais vista no estudo foi a honestidade e
a transparência. Se a mulher sente que o marido
não é totalmente transparente sobre o passado, o
futuro ou sobre seus sonhos, ela não pode se abrir
com ele. Nunca tenha segredo algum, ou jamais
pense: não vou contar isto à minha esposa porque ela
não consegue entender ou suportar a verdade. Em
minha opinião, essa área é a menos entendida entre
os casais. Já ouvi pastores escondendo fatos de suas
esposas com várias justificativas. Nunca evite um
confronto escondendo a verdade. Obviamente,
temos de nos tornar peritos em como e quando
falarmos a verdade total. Lembro-me de uma piada
sobre três cunhados que foram pescar: João, Zé e
Pedro. Eles saíram de barco e, durante a noite, veio
uma tempestade e o afundou. Os três tentaram
chegar à praia, mas apenas dois conseguiram: João e
Pedro. Na praia, os dois homens começaram a
discutir. João disse: “Acho quer devemos mentir
para a esposa do Zé e dizer que ele fugiu com outra
mulher para os Estados Unidos”. Pedro disse que,
por ser evangélico, não podia participar de uma
mentira e que eles tinham de contar a verdade. Mas
também disse que, por ser gago, ele não poderia
falar com a esposa do Zé, mas João sim. João
firmou o pé e disse: “Eu não conto de jeito
nenhum. Você conta, afinal, você só é gago quando
você fala. Cante uma música para não gaguejar”.
Os dois acharam a ideia boa, então ensaiaram o que
iriam dizer à Terezinha, esposa do Zé. Finalmente,
foram à casa da Terezinha, que já estava
preocupada com o atraso do marido. Pedro cantou
a seguinte música para ela, usando o ritmo de
“Atirei o pau no gato”:

Adivinha quem morreu, reu, reu


Lá no mar, mar, mar,
Afogou, gou, gou,
O João, ão, ão,
Se salvou, vou, vou,
Eu também, eu também, mas Zé morreu,
E tchau!

Queridos, deixando a brincadeira de lado,


precisamos ser sábios em como comunicamos certas
coisas às nossas esposas, porém, nunca devemos
permitir sequer a hipótese de omitir a verdade ou
mentir.

Sustento Financeiro — O compromisso do marido


é sustentar a família a qualquer custo. Esse é o
compromisso, mesmo quando isso significa
melhorar sua educação para que ele possa conseguir
um emprego melhor. Esse princípio é até mais
importante na sociedade de hoje, onde mulheres
competem de igual para igual no mercado de
trabalho. Um homem que se sente ameaçado
porque sua esposa ganha mais do que ele, ou que se
sente inseguro porque sua esposa tem um grau de
educação superior ao dele, precisa se esforçar para
crescer nessas áreas, nunca desistir. Quando um
homem desiste e diz, “Minha esposa ganha mais
que eu, ela é mais inteligente, ela pode trabalhar”,
ele perde o respeito por si mesmo. E quando um
homem perde o respeito por si mesmo, é impossível
que a esposa o respeite.
Não é errado a mulher trabalhar. Não é errado a
mulher ganhar mais que o marido. Não é errado a
mulher estudar ou ter educação superior à do
marido. O que é errado é o marido desistir de
avançar porque sente que está tão atrasado que
nunca conseguirá chegar a um lugar de respeito. O
que as mulheres respeitam não é dinheiro ou educação,
mas garra! Homens, nunca percam a garra e a
determinação!

Ajuda Doméstica — A última categoria de


necessidade demonstrada pela pesquisa é a de ajuda
doméstica. O que isso significa? Significa que as
mulheres desejam sentir que os maridos apreciam
tudo que elas fazem. Todos nós que servimos em
qualquer área desejamos de vez em quando que as
pessoas a quem servimos reconheçam o sacrifício do
nosso serviço. Ajudar nas tarefas domésticas é uma
forma de fazer isso.
Agora, homens, quero confessar algo a vocês.
Estou tentando escrever sobre como a mulher deseja
que nós sejamos. Isso é difícil! Na verdade, a
primeira versão deste livro tinha cinco páginas
falando sobre como a mulher deveria ser e somente
duas sobre como o homem deveria ser. Quando o
mostrei a alguns amigos de confiança, uma amiga
me disse que era óbvio que o livro havia sido escrito
por um homem. Então, perguntei a várias mulheres
como seria o homem perfeito.
Bem, aqui vai! A mulher chega do trabalho e o
marido se esforçaria para chegar ao mesmo tempo, a
fim de que os dois tivessem tempo de conversar
antes do jantar. Nada na casa estaria fora de ordem
ou quebrado, porque o marido já teria resolvido
todos os problemas antes até que a esposa visse.
Caso a esposa visse algum problema, o marido teria
a capacidade de ler a mente dela para resolver todos
os seus desejos sem que ela precisasse pedir coisa
alguma. Eles conversariam enquanto preparavam o
jantar juntos. Os filhos seriam cuidados pelo
homem enquanto os últimos detalhes do jantar
fossem preparados pela mulher. Na hora do jantar,
não haveria distração. A televisão não estaria ligada
e todos conversariam sobre como foi o dia. Após o
jantar, o marido limparia tudo enquanto a esposa
prepararia as crianças para dormir. Quando as
crianças estivessem dormindo, a esposa veria que o
marido preparara flores e velas aromáticas. Depois,
o marido se sentaria e perguntaria à esposa como foi
o dia dela. Ele ouviria atentamente até que ela
contasse todos os detalhes! Em seguida, ele sugeriria
que ambos fossem para a cama. Lá ele iniciaria
carícias que vagarosamente esquentariam o
ambiente. Dependendo da vontade dela (lembrem
que esse marido é capaz de ler mentes), ele iniciaria
um sexo fabuloso ou simplesmente daria um abraço
carinhoso que duraria a noite toda. Caso houvesse
sexo, o marido utópico desejaria conversar mais
com a esposa após o ato. Ele faria mais algumas
perguntas sobre o dia dela que não tinham ficado
totalmente explicadas.
Puxa vida! Quando leio isso fico exausto. Quando
descobri o que as mulheres desejam, fiquei
totalmente desesperado. Mas isso é utópico. É claro
que esse marido não existe, ou pelo menos, não que
eu conheça. É importante, porém, que os homens
conheçam o que elas desejam secretamente.
Nos dias de hoje o papel da mulher tem mudado.
As mulheres geralmente trabalham tanto quanto os
homens, e quando chegam em casa iniciam seu
segundo trabalho. Um verdadeiro homem não tem
medo de ajudar a esposa. Uma das mais
importantes tarefas domésticas que um homem
deve sempre assumir e nunca abdicar, se estiver
presente, é a disciplina dos filhos. Ele deve ser o
iniciador de disciplina sempre que estiver por perto.
Homem, cuide para que nuca possa ser dito que
você foi preguiçoso nessa área tão fundamental para
sua família. Que nunca seja dito que você não
apoiou sua esposa e tomou o partido dos filhos
diante dela. Isso teria um impacto extremamente
negativo em seus filhos, e certamente em seu
casamento.
O homem deveria assumir o papel de cuidar e de
disciplinar os filhos. Na verdade, sua vida de lazer
deveria mudar. O homem deveria descobrir o que
cada um dos filhos gosta de fazer e assumir isso
como seu lazer também, para que tenham tempo de
qualidade juntos. Não há nada que ganhe mais o
respeito e a dedicação de uma esposa do que um
marido que se dedica aos filhos. Lares nos quais os
meninos crescem vendo o pai em uma atitude de
omissão em relação a seu comportamento
indisciplinado, que deixam a disciplina totalmente
por conta da mãe, acabam gerando homens de mau
caráter, violentos com as mulheres ou, no outro
extremo, homens apáticos e fracos. Provérbios
23:13,14 (ARA), diz: “Não retires a disciplina da
criança; pois se a fustigares com a vara, nem por
isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a
sua alma do inferno”. Ora, como você poderá
enviar seu filho para o inferno segundo o texto?
Deixando de discipliná-lo com a vara: “A vara e a
repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a
si mesma, envergonha a sua mãe” (Provérbios
29:15)
Seu papel principal é o de forjar o caráter de seus
filhos, e você fará isso convivendo com eles: saindo
juntos, brincando, conversando, compartilhando
momentos e disciplinando como o cabeça de seu
lar.
Capítulo 4

Sou uma verdadeira mulher

A s mulheres de hoje enfrentam uma difícil crise


de identidade. Isso se deve ao fato de que, em
alguns aspectos, o papel da mulher foi mudado
pelo avanço da agenda feminista. Na grande
maioria das questões, esse avanço é positivo. Como
dito no capítulo anterior, a mulher agora tem a
liberdade de contribuir poderosamente para a
sociedade em áreas muito diversas, desde o aspecto
físico ao intelectual.
Contudo, o movimento feminista também tem
seu lado negativo: as mulheres agora sentem uma
pressão para não serem femininas, mas feministas. A
Bíblia jamais limitou a mulher em sua possibilidade
de trabalhar, opinar ou liderar na sociedade.
Inclusive, o exemplo bíblico da mulher em
Provérbios 31 mostra uma mulher que cuida da
família, compra terrenos, faz investimentos e exerce
liderança. Isso soa muito mais como as mulheres de
hoje do que como as mulheres de cem anos atrás. A
boa notícia é que estamos andando na direção certa.
Ao mesmo tempo, a Bíblia também diz:

Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus maridos, a fim de


que, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem
palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta
honesta e respeitosa de vocês. A beleza de vocês não deve estar nos
enfeites exteriores, como cabelos trançados e joias de ouro ou
roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece,
beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de
grande valor para Deus.
— 1 Pedro 3:1-4
Assim sendo, a principal meta da mulher perante
o homem é satisfazer as suas necessidades. É lógico
que é impossível uma mulher satisfazer necessidades
que não são realistas, porém a ênfase aqui é na sua
atitude. Mulheres, vocês deveriam desejar agradar
seus maridos! Espero que você compreenda minhas
palavras e não pense que sou um machista que
defende a superioridade do homem. Não se trata
disso! Gostaria simplesmente que cada mulher — e
cada homem — compreendesse que somente
encontrará satisfação total se estiver fazendo aquilo
para o qual foi criada e projetada por Deus. Isso
não a exclui de nenhuma atividade de trabalho ou
negócios, mas é importante na definição de suas
prioridades. E a principal atividade, se você é uma
mulher casada, é desejar satisfazer as necessidades
de seu marido.
Como no capítulo anterior, analisamos os
resultados da pesquisa sobre a pergunta feita a
vários casais, separadamente: “Qual é a necessidade
mais importante que seu cônjuge precisa suprir para
você?”. A seguir há um resumo das conclusões sobre
o que é importante para os homens, em escala de
prioridade.

Satisfação Sexual — Como é de se esperar (se você


pensa como homem) a primeira necessidade
levantada pelos homens da pesquisa foi sexo. Na
verdade, esse item foi listado em primeiro lugar pela
grande maioria, fazendo os outros itens parecerem
quase irrelevantes. Poderíamos até dizer que as
cinco maiores necessidades do homem são sexo,
sexo, sexo, sexo e sexo! Para muitas mulheres, é
difícil imaginar que seu marido deseje sexo tanto
assim. Mulher, seu marido vai desejar muito sexo, e
se ele não apresentar esse desejo talvez tenha algum
problema. É possível que você tenha negado sexo a
ele tantas vezes que ele tem vergonha de pedir
novamente e está resolvendo essa necessidade sem
você! Esse assunto é tão importante que reservamos
um capítulo inteiro para ele à frente.

Companheirismo nos Momentos de Lazer — A


segunda maior necessidade apresentada pelos
homens da pesquisa foi o companheirismo. Como
vimos antes, mulheres desejam uma conversa
íntima, enquanto homens estão mais interessados
em ação. Na pesquisa mencionada anteriormente,
vimos que as mulheres colocaram as cadeiras frente
a frente e conversaram durante todo o tempo em
que estiveram na sala preparada para a experiência.
Os homens, ao contrário, mantiveram as cadeiras
lado a lado e não conversaram. Assim, percebemos
que as mulheres precisam de tempo de face a face,
ou seja, conversa. Homens, por sua vez, necessitam
de tempo lado a lado, ou seja, companheirismo. O
que um homem realmente deseja é uma esposa que
seja sua companheira nas atividades que ele aprecia.
Ele não quer falar, simplesmente deseja que sua
mulher esteja ao seu lado, desfrutando a presença
maravilhosa do seu “macho”! Mulheres, sei que é
impossível estar presente todo o tempo, porém
procure aprender as regras do futebol, ou se ele
gosta de pescar procure ir com ele. Talvez ele não
admita que quer sua presença, mas certamente a
deseja. Uma advertência: quando acompanhá-lo, há
duas coisas que você não deve fazer: 1) transformar
a atividade dele em uma oportunidade de forçá-lo a
falar intimamente com você, e 2) reclamar da
atividade e pedir para ir para casa.

Atração Física — Todo homem deseja uma linda


mulher. Lembre que o amor realmente é cego. Às
vezes fico admirado com alguns homens que acham
suas esposas lindas e eu acho que eles devem ser
cegos. Será que estão mentindo? Será que eles estão
vivendo uma farsa? Creio que não.
A atração física é despertada inicialmente pela
beleza da mulher, ou seja, por sua aparência.
Porém, essa não é a única maneira de atrair. No
trecho de 1 Pedro que lemos anteriormente, vemos
que a beleza de uma mulher é transmitida também
por sua atitude. Conheço mulheres que poderiam
ser bonitas, mas parece que desprezam o cuidado
com a aparência. Na verdade, uma mulher que se
acha atraente realmente acaba se tornando atraente.
Um homem deseja uma mulher assim, que se acha
bonita e que se cuida, principalmente para agradá-
lo. Algumas mulheres, especialmente no inverno,
vestem-se dos pés à cabeça na hora de dormir,
colocam pijama, meias, luvas, agasalho — ficam
parecendo um astronauta! Isso é injusto com seu
marido. Na hora de dormir, sempre digo à minha
esposa Renée: “Quanto menos roupa melhor!” A
mulher deve ter uma preocupação com sua
aparência física a fim de agradar a seu marido. Isso
vale tanto na cama quanto em público. Mulheres,
lembrem que na hora de dormir os homens desejam
uma aparência mais sexy, enquanto que em público
desejam ter uma esposa da qual se orgulhem. Isso é
algo que você, mulher, deve a ele.

Suporte Doméstico — A quarta necessidade mais


votada entre os homens é a ajuda doméstica. Isso é
interessante porque também foi a quinta mais
votada entre as mulheres. Nessa área, o que o
homem deseja é paz. Ele deseja chegar em casa e
não brigar. Ele não quer briga com a esposa, nem
com os filhos. Na verdade, na mente do homem o
que ele quer é utópico: ele deseja que a esposa abra
a porta e o receba com um beijo apaixonado.
Depois deseja se sentar e assistir à televisão
enquanto a esposa prepara a mesa, servindo em
seguida um jantar maravilhoso. Ele deseja ver todos
os filhos arrumados e bem comportados à mesa, e
que todos o cumprimentem: “Oi papai, como foi
seu dia de trabalho? Obrigado por trabalhar tanto
para que nós possamos ter uma vida tão feliz!”.
Após o jantar o homem deseja ver mais um pouco
de televisão enquanto a esposa limpa a mesa e
coloca as crianças para dormir, e se prepara para
uma noite apaixonante de sexo fantástico. É isso,
simples assim! A realidade é que isso talvez nunca
aconteça; é utópico, porém é importante que você,
como esposa, entenda o que ele deseja secretamente.
É importante também que você queira agradá-lo na
medida do possível.

Admiração — A última categoria de satisfação que


o homem deseja é a admiração. Ele deseja ser o
mais respeitado e admirado ser humano em sua
vida. Ele deseja que ao olhar para ele seus olhos
digam: “Como você é forte, como você é lindo,
como você é inteligente, como você é responsável,
como você me protege, como você é sexy! Sou a
mulher mais feliz do mundo por ter me casado com
o melhor homem do planeta”. O oposto da
admiração é a crítica. Se a esposa perde a admiração
pelo marido, ele perde a motivação por viver uma
vida de excelência. Já vi muitos maridos que
perderam a motivação e suas esposas não os
admiram mais. Admiração é semelhante a respeito.
A Bíblia diz sobre a importância de respeitar o
marido: “Portanto cada um de vocês também ame a
sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o
marido com todo o respeito” (Efésios 5:33).
Antes que você diga que estou sendo totalmente
machista neste capítulo, quero lembrar o que
falamos sobre o lado negativo do movimento
feminista, que deturpou a imagem feminina da
mulher e o propósito para o qual Deus a criou: ser
cooperadora de seu marido. Atender às necessidades
dele é uma maneira de cooperar, entre outras.
Desejar amar, respeitar, honrar seu marido, cuidar
de sua aparência para agradá-lo e satisfazer sua
necessidade sexual não deveria fazê-la se sentir
diminuída, ao contrário, deveria lhe dar consciência
de seu papel e de sua importância no projeto de
Deus para o equilíbrio da família. Fazer essas coisas
faz de você uma mulher em sua essência, e a
valoriza como ser diferente do homem, criada por
Deus com um propósito específico. Portanto, seja
mulher e seja feminina!
Capítulo 5

Sexo
Eu quero tudo a que tenho
direito, mas tenho vergonha de
admitir

O sexo talvez seja a área do casamento que


reúne o maior número de falsas expectativas.
Isso é verdadeiro tanto para jovens que já tiveram
uma vida sexual ativa quanto para jovens virgens.
Jovens que já tiveram relações sexuais antes do
casamento têm a expectativa de que, assim como
antes, o sexo dentro do casamento será envolto por
uma sensação misteriosa e excitante, similar ao que
se sente quando se faz algo que você sabe que não é
correto — quando encorajam sua namorada ou seu
namorado a participar de algo que ambos querem,
mas ao mesmo tempo sabem que não devem fazer.
A sensação de pecar pode ser profundamente
agradável, mas ainda assim é pecado. Obviamente,
dentro do casamento o sexo não é pecado. O perigo
é se você já vinculou o sentimento prazeroso do
pecado ao sexo, pois sua expectativa será pervertida
e nunca será realizada. Sexo após o casamento é
totalmente diferente de sexo antes do casamento.
Ao mesmo tempo, jovens que nunca tiveram
relações sexuais chegam ao casamento com uma
expectativa romântica. Geralmente essa expectativa
está muito mais fundamentada no mistério e no
medo do que na liberdade que há para o sexo
dentro do casamento. Conheço vários casais que
mesmo após o casamento não conseguiram ter
relações sexuais por dez meses ou mais. Isso é uma
grande tristeza, e em nome de Jesus não irá
acontecer no seu casamento. Então, preste atenção!
Deus sempre quis que o sexo fosse a expressão
máxima de comunicação e intimidade entre o casal.
A primeira forma de comunicação criada foi o
diálogo entre Deus e o homem, a partir do qual a
intimidade com Deus pode existir. E a segunda
forma de comunicação foi a que existe entre os
humanos, da qual a forma mais íntima é o sexo.
Há várias similaridades entre a intimidade que
temos com Deus e a intimidade que temos com o
nosso cônjuge. Quando alguém entrega sua vida a
Jesus, imediatamente há um período de grande
intimidade, a lua de mel. Com o tempo, essa
intimidade pode começar a ser substituída por uma
“lista de tarefas” que começamos a fazer para Deus;
à medida que nosso foco vai sendo transferido de
Deus para a Sua obra, começamos a perder o nível
de intimidade que experimentávamos no passado.
Na verdade, alguém que se converteu há mais
tempo precisa se empenhar muito mais para ter
intimidade com Deus do que um novo convertido.
No casamento ocorre um processo similar. No
início, existe uma grande disposição para nos
concentrarmos totalmente em nosso cônjuge. Com
o decorrer do tempo, começamos a sentir a pressão
das obrigações cotidianas, e às vezes substituímos
nossa paixão pelo cônjuge pela preocupação em
manter a família. Sempre digo aos jovens a quem
ministro que o cônjuge vem em primeiro lugar.
Mulheres, seu marido é mais importante que seus
filhos, e você vai viver com ele por muito mais
tempo. Homens, sua esposa é muito mais
importante que seu trabalho, seu esporte ou seus
amigos — ela é a parte indispensável de sua equipe.
Durante as pesquisas que fiz para escrever este
livro, entrevistei o Dr. Ricardo Galgoul, médico
especialista em sexologia. Conversamos bastante
sobre os mecanismos de desenvolvimento de
intimidade e também de seu esfriamento. Para uma
vida plena de satisfação sexual, é importante que
você tenha consciência da necessidade de
intimidade e do que fazer para desenvolvê-la, ou
para não perdê-la com o passar do tempo. Acredite,
você pode viver uma vida de satisfação sexual com
seu cônjuge continuamente!
A seguir estão alguns pontos-chave para que você
desfrute em seu casamento uma vida ativa, excitante
e vibrante na comunicação mais íntima que pode
existir entre um homem e uma mulher... o SEXO!

O que pode? O que não pode?

A Bíblia é muito clara em muitas áreas, dentre elas


a da sexualidade, mas também é muito vaga sobre
algumas questões específicas dessa área. Creio que
essa ausência de definição clara não foi um erro de
Deus. Não posso acreditar que Deus tenha se
esquecido de acrescentar um parágrafo à Bíblia. A
Bíblia é vaga em algumas áreas por projeto divino.
Por outro lado, seria um grave erro chegar ao
extremo de dizer: “Já que a Bíblia não menciona
que não podemos fazer isso ou aquilo, vamos fazer
o que quisermos!”. Se seguíssemos esse raciocínio,
estaríamos nos matando ou fazendo outras coisas
que todos concordam não ser da vontade de Deus.
Em relação ao sexo especificamente, vemos muitos
religiosos usarem versículos bíblicos como
fundamento para conclusões que proíbem
determinado tipo de sexo. Antes de determinar o
“pode” e o “não pode”, vamos considerar primeiro
aquilo que é consensualmente óbvio e que apresenta
claro respaldo bíblico. Sexo com animais, por
exemplo, é errado. Errado porque é claramente
mencionado na Bíblia (veja Êxodo 22:19; Levítico
18:23; Deuteronômio 27:21); além disso, não
contribui para o propósito divino que é a
comunicação íntima entre você e seu cônjuge.
Outro consenso diz respeito ao sexo com um
parceiro do mesmo sexo, o homossexualismo. Isso é
uma perversão que rapidamente está sendo
justificada em nossa cultura, porém é claramente
condenada na Bíblia (veja Levítico 18:22; Romanos
1:26,27; 1 Coríntios 6:9). Relacionamentos sexuais
com parentes próximos também é uma perversão
(veja Levítico 18:6-16), bem como um
relacionamento sexual com outra pessoa além de
seu cônjuge, ou seja, o adultério (veja Provérbios
7:7-23). A gravidade do adultério pode ser
percebida pela importância que Jesus lhe dá, pois
Ele deixa claro que isso é a única justificativa
aceitável para o divórcio. Embora Deus odeie o
divórcio, Jesus declara em Mateus 19:9 que ele
pode ocorrer por causa da nossa dificuldade para
perdoar esse nível de traição. Contudo, todas essas
práticas são condenadas.
Além do que a Bíblia orienta, há outro parâmetro
para determinar o que devemos ou não devemos
praticar em nosso relacionamento sexual: o desejo
do nosso cônjuge. O sexo é um presente que se dá,
e não um presente que se recebe. É lógico que no
sexo nós também recebemos e é maravilhoso,
porém, nossa atitude deve ser de dar o melhor ao
nosso cônjuge, e não exigir o melhor dele. Por essa
razão, conversar sobre o que cada um deseja é
importante, a fim de abrir mão do que você deseja
se isso ofende ou incomoda seu parceiro. Se você se
sentir satisfeito enquanto seu cônjuge se sente
violado, você perverteu a intenção de Deus.
Nesse sentido, vamos analisar três pontos
extremamente importantes.
Em primeiro lugar, o sexo deve ser desfrutado
somente entre você e sua esposa. Quando terceiros
são introduzidos nesse relacionamento, mesmo que
por meio de vídeos, fotos ou revistas, a intimidade
deixa de pertencer exclusivamente ao casal e se dilui
entre outros. Alguns argumentam que assistem a
vídeos eróticos como forma de aumentar o prazer,
mas esquecem de que assim diminuem o propósito
de Deus para o sexo, que é a intimidade. Por essa
razão, até mesmo olhar para outra pessoa com
desejo é algo totalmente contrário ao projeto de
Deus.
Segundo, desejar que seu cônjuge fantasie ser
outra pessoa, como enfermeira, marinheiro ou
qualquer outro personagem além dele mesmo,
também destrói a intimidade. Por trás da fantasia o
que realmente existe é o desejo de compartilhar
intimidade com alguém diferente. Na verdade, a
intimidade é plena entre o casal quando os cônjuges
entendem que estão totalmente apaixonados, sem
precisarem fingir ser outra pessoa para estimular a
excitação.
Em terceiro lugar, se o sexo foi projetado por
Deus para desenvolver a intimidade entre um casal
que possui uma aliança de vida, fazer sexo sozinho é
uma perversão, pois não promove intimidade. Você
foi criado para derramar toda a sua paixão sobre
uma só pessoa, e não sobre você mesmo.
Depois de falarmos sobre algumas orientações
básicas, estou certo de que você ainda tem
perguntas sobre sexo. É importante lembrar que a
Bíblia é vaga em muitas áreas, deixando a decisão
para cada casal. Tenha em mente também que a
decisão é do casal, e não individual. Apesar de
minha experiência como homem casado, também
fiz essas mesmas perguntas que você faz em sua
mente ao Dr. Ricardo Galgoul, frisando mais o
aspecto médico e técnico do que o propriamente
espiritual. Compartilho a seguir as respostas dele,
que me parecem andar em linha com o bom senso.

Qual é a frequência correta?

Talvez essa seja a pergunta mais comum entre os


casais. Imagino que muitos de vocês possam ter
pulado outros capítulos apenas para ler esses
parágrafos. Querido, não faça isso, por favor. O
livro deve ser lido na íntegra, pois as palavras deste
capítulo sem o contexto total do livro podem
ofender, ou serem usadas para justificar atitudes
erradas.
Disse anteriormente que o sexo gera muitas
expectativas, muitas vezes não realistas. Um casal
presente em um curso de noivos que Renée e eu
ministramos nos disse que a expectativa do noivo
era de ter sexo três vezes por dia, sempre. A noiva,
que era virgem, olhou espantada para ele, mas sem
saber se aquilo era o certo. Muitos homens casados
que sentem que não estão usufruindo
suficientemente de sexo talvez também estejam
procurando uma arma, uma justificativa em algum
livro expressa por um especialista para mostrar à
esposa que o nível de sexo que eles têm é inferior a
uma média. Eu não vou ajudá-lo a fazer isso! Como
disse antes, essa é uma questão pessoal, que varia de
casal para casal e deve ser abordada de forma íntima
e com liberdade entre os dois, a fim de que cada um
expresse sua opinião e expectativa.
É importante dizer que em quase todos os casos o
homem deseja ter sexo mais frequentemente que a
mulher. Já que o sexo não deve ser exigido, mas sim
oferecido, é natural que em um casamento sadio
haja dias em que o homem deseja sexo, mas não
tem esse desejo satisfeito. Da mesma forma, é
também natural que no mesmo casamento sadio a
mulher muitas vezes não deseje o sexo, porém se
permita ser conduzida a ser excitada a ponto de ter
seu desejo mudado. Mulheres, por favor, acreditem
em mim! Não querer sexo no momento não
significa que depois de vinte minutos você não o
desejará. Homens, por favor, acreditem em mim
também! Vocês têm a capacidade e o dever de
conduzir sua esposa a desejar profundamente ou até
implorar por sexo.
A Bíblia diz: “A mulher não tem poder sobre o
seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também
da mesma maneira o marido não tem poder sobre o
seu próprio corpo, mas tem-no a mulher” (1
Coríntios 7:4).
Bem, as estatísticas que tenho visto me levam a
crer que o sexo entre casais normalmente ocorre
entre duas e três vezes por semana. Em minha
experiência, creio que o homem deseja sexo pelo
menos a cada dois dias e meio. Em geral, as
mulheres naturalmente desejam sexo um pouco
menos (ou seja, quando não estão sendo
diretamente excitadas). É claro que cada pessoa é
diferente e cada casal é diferente, por isso vocês
devem estabelecer o próprio ritmo.
O Dr. Ricardo Galgoul diz que a frequência da
atividade sexual pode variar de casal para casal. A
variação depende de vários fatores como idade,
atividade física e estado físico. Em geral, um casal
com um bom relacionamento sexual pratica sexo
uma vez a cada dois dias e meio. Ele afirma que
meio dia faz uma grande diferença. Por que essa
diferença de meio dia? Justamente para variar o
horário da atividade sexual. Se possível, é
importante essa variação para que o sexo não se
torne monótono.
Lembro que no início do nosso casamento minha
esposa comprou uma dessas revistas femininas.
Geralmente essas revistas trazem na capa uma
chamada para alguma matéria sobre um tema
sexual. Obviamente, isso é feito para aumentar a
venda da revista. No caso da minha esposa, essa
estratégia funcionou. Ela leu a reportagem que, se
me lembro bem, dizia: “Sete Dias de Sexo em Sete
Posições Diferentes com seu Marido”. Sendo um
homem superconservador como sou, com um alto
padrão de piedade e religiosidade, repreendi minha
esposa por ter uma mente tão suja ao ponto de
comprar aquela revista. É claro que após tê-la
repreendido, peguei a revista escondido e li a
reportagem. Até que a leitura deu uma “animada”
na nossa atividade sexual.
Pressões do dia a dia, filhos, trabalho, trânsito,
tevê, tudo isso contribui para diminuir o desejo
sexual. Às vezes comparo nosso desejo a uma bateria
de carro. Se for usada frequentemente a bateria
mantém a carga, mas se passar um período sem
atividade, a bateria perde a carga parcial ou
totalmente. Quando descarrega, precisa ser
recarregada. Dependendo do nível de descarga, a
solução pode ser uma carga mais forte em uma loja,
ou uma simples “chupeta” utilizando a bateria de
outro carro. Com o sexo é similar. Se percebo que
há uma diminuída na frequência, vejo como algo
que deve ser estrategicamente trabalhado.
Por isso, foi um ótimo exercício ler e colocar em
prática (parcialmente) os conselhos encontrados na
revista que minha esposa comprou. É claro que,
como cristãos, precisamos tomar muito cuidado
com as recomendações que recebemos. A ideia da
recarga é simplesmente tentar algo de novo, como
concordar em fazer sexo durante sete dias seguidos,
ou de fazer algo divertido juntos. Na maioria das
vezes, se um casal observar sua vida sexual como um
indicador importante de seu relacionamento, pode
evitar grandes problemas agindo a tempo.
Para outros, a bateria precisará ser carregada por
mais tempo. O Dr. Ricardo Galgou recomenda
férias de trinta dias para casais que vem diminuindo
o nível de desejo sexual. Seria como recarregar a
bateria para casos sérios. Ele diz que uma semana
não é suficiente para esquecer as pressões do dia a
dia que interrompem o desejo sexual. É necessária
uma carga completa de intimidade entre o casal —
e isso leva tempo. Ele foi enfático na necessidade de
viajar, de sair do ambiente familiar para que o
romance e a intimidade possam ser restaurados.
Outro fator que afeta profundamente a atividade
sexual são os desentendimentos. Em uma briga, por
definição, cada parte pensa estar com a razão. Além
disso, nenhum dos dois quer dar o braço a torcer e
iniciar a reaproximação. Isso faz com que cada um
vá dormir no seu lado da cama. Não se misturam,
não se tocam, não se falam. É nesses casos que
temos de ser radicais em colocar em prática o que a
Bíblia diz:

Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apazigúem a sua ira


antes que o sol se ponha.
— Efésios 4:26

É normal ter conflitos, mas é pecado deixar isso se


prolongar, mesmo que seja por apenas um dia.
Determine hoje que você não irá pecar, mas será o
primeiro a buscar a restauração. A Bíblia diz:
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles
serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9). Siga
a orientação bíblica e separe um tempo para
conversar sobre o que os está entristecendo e
afastando. Ouçam um ao outro, perdoem-se e
voltem a desfrutar a intimidade física.
Orgasmos — devo esperar ter prazer sempre?

A expectativa gerada em noivos cristãos é a de que o


sexo será maravilhoso, fácil, natural e sem
dificuldades, especialmente durante os primeiros
meses. Às vezes essa expectativa se concretiza, porém
é muito comum haver uma fase de adaptação sexual
entre o casal. Na realidade, o sexo é uma atividade
em conjunto. Um depende do outro. Um excita o
outro. Por isso, alguns casais enfrentam dificuldades
em ter orgasmos ou orgasmos simultâneos durantes
os primeiros dias, semanas ou até mais. Isso é
normal, e um casal que se ama se concentra em
resolver esse problema juntos. O importante é
continuar descobrindo e explorando como você
pode dar o presente de sexo ao seu cônjuge de uma
forma mais prazerosa, ou seja, de glória em glória!
Também é importante falar sobre orgasmos. Ao
longo dos anos de minha atividade pastoral,
conheci pessoas que tinham grande dificuldade para
ter orgasmos. Em algumas situações extremas,
mulheres vivem anos de casamento sem nunca
experimentar ou até saber o que é um orgasmo.
Não sabem se gostam ou não gostam, ou mesmo se
já experimentaram, porque de fato nunca tiveram
um orgasmo.
As razões são muito variadas, mas o principal
motivo entre as mulheres geralmente é um fator
psicológico. Nos homens, a ausência do orgasmo é
caracterizada como impotência sexual, e pode tanto
ter uma causa psicológica quanto uma causa física.
O importante é lembrar que um casamento em que
não há orgasmos frequentes e regulares para os dois
parceiros, como resultado da excitação produzida
pelo cônjuge, é um casamento em que problemas
irão ocorrer. Sim, é possível e até normal que
ocasionalmente um dos parceiros não tenha um
orgasmo, porém isso deve ser uma raridade. Ou
seja, menos que uma vez em vinte. Se um dos
parceiros não está experimentando um orgasmo,
então há um sério problema para os dois. Nunca
permita que em seu casamento esse problema seja
apenas de um dos parceiros. O problema é serio, e
cabe aos dois.
De uma forma geral, vocês dois precisam ter orgasmos
toda vez que tiverem sexo. Se isso não acontecer em
seu casamento, sugiro os seguintes passos:

1. Nunca aceite esse fato como normal, ainda que


seja preciso lutar por um tempo para solucioná-
lo.
2. Orem juntos por uma solução rápida e total.
3. Invistam tempo significante em criar um clima
para o sexo por meio de conversas e flertes
durante o dia. Prepare também o ambiente. Ele
deve ser tranquilo, limpo, saudável, etc. Utilize
artifícios românticos, como velas, se necessário.
4. Dediquem tempo significante (duas horas ou
mais se necessário) para estimular um ao outro
com beijos, carícias e toques físicos em áreas
erógenas do corpo. Lembre-se de que, para a
mulher, ter pressa nesse momento pode ser
como jogar um balde de água fria sobre ela.
Homens, ouçam suas esposas tanto no que elas
comunicam verbalmente quanto não
verbalmente. Aprendam a interpretar sons e
movimentos como sinais de algo de que gostam
ou não. Não tenham pressa! O corpo de sua
esposa precisa ser aquecido lentamente.
5. Se mesmo após significantes e repetidas
tentativas do casal ainda há problemas para
alcançar o orgasmo, deve-se procurar um médico
para avaliar se existem problemas físicos. Se o
problema não for físico, o casal deve marcar
uma consulta com um psicólogo cristão ou com
seu pastor, se sentirem que há intimidade com
ele suficiente para tratar desse assunto.
6. Não descanse até que o problema seja resolvido.
Muitas mulheres, por quererem cumprir o
versículo de 1 Coríntios 7:4: “A mulher não tem
autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o
marido…” sem compreendê-lo corretamente,
simplesmente deitam e, em submissão, permitem
que seus maridos se satisfaçam sexualmente, sem
que elas tenham um orgasmo. Quero ser claro aqui
em dizer que, embora a intenção da mulher seja
agradar a seu marido, isso é uma perversão. Para o
homem, saber que a mulher foi profundamente
satisfeita e que ele tem o poder de satisfazê-la é tão
importante quanto o próprio orgasmo. As mulheres
devem participar do sexo, e os homens devem
conduzir suas esposas a desejarem isso.
Em resumo, nossa vida sexual é um fator
importante em nosso casamento. Na verdade, o
sexo é um indicador da saúde do nosso casamento.
Assim como um médico que avalia um paciente
utiliza os sinais vitais como respiração, pulso,
pressão sanguínea, entre outros, assim também
podemos identificar sinais vitais no nosso
casamento. A frequência e o desejo sexual são
alguns desses fatores. Lembre-se de que, com
exceção das limitações bíblicas e pessoais de cada
um, o sexo deve ser livre e divertido entre o casal.
Capítulo 6

Minha mãe é uma santa e minha


sogra é o capeta

A Bíblia diz: “Por esta razão, o homem deixará


pai e mãe e se unirá à sua mulher” (Marcos
10:7). Ela é clara em estabelecer a nova família,
delimitando a influência dos sogros. Mas por que é
tão importante que haja essa separação?
Durante toda a minha vida, meu pai infundiu em
meu coração a seguinte filosofia de vida, na qual ele
acreditava: “Filhos não devem nada aos pais. São os
pais que devem aos filhos”. Isso é interessante,
porque vai diretamente contra o que a Bíblia
ensina:
Mas se uma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam
primeiramente a colocar a sua religião em prática, cuidando de sua
própria família e retribuindo o bem recebido de seus pais e avós,
pois isso agrada a Deus… Se alguém não cuida de seus parentes, e
especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que
um descrente.
— 1 Timóteo 5:4;8

Se a Bíblia enfatiza a responsabilidade que os


filhos têm por seus pais, por que meu pai, um
profundo conhecedor da Bíblia, dizia que eu não
devia nem nunca deveria nada a ele ou à minha
mãe? A realidade é que a Palavra de Deus é
absolutamente completa. Muitas vezes a Bíblia traz
passagens que, embora pareçam contrárias, na
verdade são complementares sobre o mesmo tema.
Por exemplo, para relacionamentos entre
trabalhadores e escravos, ela diz que o escravo deve
trabalhar com todo o seu empenho, obedecendo
mesmo quando o chefe não está olhando. Esse
versículo foi utilizado abusivamente por donos de
escravos ao longo dos séculos. Mas, ao mesmo
tempo, a Bíblia descreve como deveria ser a atitude
dos patrões, afirmando que eles não deveriam
ameaçar os escravos porque Deus não faz acepção
de pessoas. Falando sobre relacionamentos, a Bíblia
diz que a esposa deve obedecer, mas complementa,
dizendo que o homem deve se entregar.
O mesmo é verdade entre filhos, pais e sogros.
Como vimos, para os filhos, a ordem bíblica é a de
cuidar dos pais. Para os pais, no entanto, a Bíblia
diz:

… os filhos não devem ajuntar riquezas para os pais, mas os pais


para os filhos.
— 2 Coríntios 12:14

A Bíblia mais uma vez alcança a todos em se


tratando de relacionamento. Cabe aos filhos amar e
cuidar de seus pais quando eles precisarem. E aos
pais, cabe trabalhar durante a vida para que não
sejam um peso para seus filhos, ao contrário, sejam
benção ao deixarem uma herança. A atitude do
filho deve ser ouvir, ajudar e respeitar os pais. E a
atitude dos pais deve ser tomar muito cuidado para
nunca se impor ou exigir, transtornar ou
importunar a vida de seus filhos e os cônjuges dos
filhos.
O problema é que a natureza humana tende a
reivindicar os direitos e não enfatizar os deveres.
Todas as verdades bíblicas que citamos foram
escritas para ensinar a atitude correta a quem são
dirigidas, nunca para serem armas de manipulação e
controle por parte daqueles que são beneficiados
por elas. Se o marido diz: “Mulher, a Bíblia diz que
você tem de se submeter a mim”, isso é um exemplo
de manipulação.
Não é a toa que a sogra tem uma reputação
horrível. Já vi inúmeras situações em que sogros
com boas intenções criaram pressão para manipular
seus filhos. Os filhos cedem à pressão e acabam
transferindo a honra devida ao cônjuge para os pais.
Decisões que deveriam ser exclusivas do casal
acabam sendo compartilhadas entre o filho e a mãe,
ou entre a filha e o pai. Essas coisas sempre afetam
negativamente um casamento. Lembre-se de que
você vive com seus pais por um terço da vida, mas
com seu cônjuge você viverá cerca de dois terços
dela.
Muitos pais se tornaram peritos em manipular
seus filhos por meio de chantagem emocional ou
até financeira. Em capítulos anteriores falamos
sobre a autoridade dos nossos pais antes do
casamento. Essa autoridade continua após o
matrimônio, porém a maneira como ela é exercida
deve mudar radicalmente. Se um dos pais está
tentando controlar seu filho ou filha após o
casamento, está pervertendo a ordem divina.
Geralmente, uma conversa franca e direta do filho
com seus pais é o suficiente para mudar a situação.
Quando se casam, o homem é o rei e a esposa é a
rainha do novo lar. Devem viver em um palácio que
pertence a eles e ter uma vida relativamente
soberana. Devem levantar o próprio sustento, e não
viver do favor de ninguém. É uma ideia ruim
aceitar dinheiro dos pais regularmente, a não ser
que seja o salário por seu trabalho. Se o filho
trabalha com os pais ou sogros, deve ser o
empregado exemplar.
Por causa dos problemas que a influência dos pais
pode trazer ao casal, é importante pensar bem e
buscar a direção sobre onde irão morar. É comum
em nosso país, por causa da difícil situação
financeira, vermos casais casando e indo morar na
casa de um dos pais, ou construindo sua casa no
quintal deles, ou na parte de cima da casa. Seja
franco em avaliar a maneira como seus sogros ou
pais lidam com o relacionamento de vocês para
previrem problemas futuros. Caso a opção de morar
com os pais ou muito próximo a eles indique
problemas futuros, ore a Deus e tenha fé que Ele
pode prover uma solução para o seu problema,
mesmo que pareça impossível aos seus olhos sair em
busca do próprio espaço.

Níveis de influência

Nosso ciclo de vida é interessante. Nascemos e não


sabemos nada. Não sabemos como comer, andar ou
falar. A influência dos pais é fundamental nessa
fase, caso contrário morremos. Após alguns anos,
porém, o nível de influência dos pais deve começar
a decrescer. O filho começa a andar, e os pais
devem estar atentos para não exercer um controle
excessivo em seu avanço. Uma criança de cinco
anos, por exemplo, nunca deveria andar em um
carrinho de bebê, seja qual for a argumentação dos
pais. A proteção excessiva acaba impedindo o filho
de ter acesso a algo essencial: o crescimento. Ao
contrário de quando se é um bebê, momento em
que os pais são nossos protetores.
À medida que as crianças crescem, a
responsabilidade vai sendo delegada cada vez mais a
elas e menos aos pais. Aos três anos, todos os nossos
filhos se vestiam e comiam sozinhos. Tinham a
responsabilidade e a autoridade de escolher a roupa
que usariam, além de se vestir e se alimentar.
Logicamente os pais precisam acompanhar, instruir
e corrigir, e até se envolver se for necessário. Quanto
mais cedo você acostuma a criança a ter
responsabilidade, mais autoridade ela terá quando
adulta. Quando somos crianças, nossos pais são
nossos instrutores.
Na adolescência, a liberdade deve continuar
crescendo. Os jovens precisam estar cientes de que
os problemas que criarem não serão resolvidos pelos
pais. Na adolescência, os filhos às vezes cometem
muitos erros. Quando eu tinha dezoito anos, um
amigo do meu pai me emprestou seu carro. Era um
carro potente, e lembro bem que ao sair de casa
pela manhã, minha mãe disse: “Philip, tome
cuidado, hein!”. Naquela tarde, enchi o carro com
meus amigos, dirigi em alta velocidade e sofri um
grave acidente. O carro nunca mais foi o mesmo.
Com o choque, um de meus amigos foi lançado
pela janela. Fiquei preso por quase um dia inteiro.
Meu pai me tirou da prisão e pagou pelo conserto
do carro. Por fim, graças a Deus todos se
recuperaram.
Sim, os jovens erram, mas eles precisam errar. Será
que meus pais me deram liberdade demais? Creio
que não, pois não há como prevenir erros,
problemas ou pecados. Se tentarmos, colocaremos
nossos filhos em uma situação ainda mais perigosa,
em que eles desenvolverão uma falsa sensação de
proteção vinda dos pais. Essa falsa sensação acaba
sendo usada como um substituto da própria
responsabilidade, e assim eles não se desenvolvem
corretamente. Quando somos jovens, os pais são
nossos guias.
Quando nos casamos, nossos pais se tornam
nossos conselheiros. Hoje, meu pai é meu melhor
amigo. Ele é minha ovelha, membro da igreja da
qual sou pastor, mas também é meu conselheiro. É
difícil imaginar alguém que tenha pais melhores
que os meus, porém isso ocorre porque eles nunca
ultrapassam os limites de autoridade. Atualmente,
meu pai quase não dá sua opinião em minhas
decisões, exceto quando pergunto. Por outro lado,
quase não tomo nenhuma decisão importante sem
pedir a opinião dele.
As opiniões de seus pais e sogros devem ser
consideradas, mas também devem ser limitadas a
conselhos. Assim, poderão ser bênçãos em nossos
momentos de dificuldade e decisão, sem interferir
na unidade da nova família.
Capítulo 7

Seu cônjuge é seu melhor amigo

M inha esposa Renée é minha melhor amiga e


eu sou o melhor amigo dela — e ponto
final. É possível ter um melhor amigo e essa pessoa
não ser o seu cônjuge? Creio que não, ou pelo
menos não de uma forma saudável. Se você investir
tempo, dedicação e outras coisas a outra pessoa que
não seja o seu cônjuge, certamente essa atitude
gerará ciúmes nele. Não é justo permitir uma
circunstância que promoverá uma competição por
sua atenção. Você se casou apenas com uma pessoa.
Invista nela.
Antes de se casar você provavelmente tinha um
círculo de amigos e sua esposa outro. Após o
casamento vocês se tornaram uma só carne, e é
natural que comecem a construir um círculo de
amizades em comum. Isso é muito importante.
Um dos elementos mais importantes para a
construção da estabilidade no casamento e na
família são relacionamentos fortes com outras
pessoas. Há três níveis de relacionamentos que
trazem equilíbrio ao casal:

1. Relacionamentos de autoridade sobre nós. São


criados para nos proteger, ensinar e discipular.
Quando vivemos uma vida sem esse tipo de
relacionamento, cometemos muitos erros sem
mesmo perceber. Quantas pessoas hoje em dia
vivem um círculo vicioso cometendo os mesmos
erros, ano após ano, sem nunca avançar em uma
área da vida! Jesus nos ensinou que o segredo para
ter autoridade em nossa vida é nos submetermos à
autoridade. Em Mateus 8:9, o centurião que teve
seu servo milagrosamente curado por Jesus, disse a
Ele: “Pois eu também sou homem sujeito à
autoridade e com soldados sob o meu comando.
Digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele
vem. Digo a meu servo: Faça isto, e ele faz”. Ter
autoridade sobre nossa vida produz autoridade em
nossa vida.
Ninguém tinha mais autoridade do que Jesus. A
Bíblia diz que todo joelho se dobrará e toda
língua confessará que Ele é o Senhor. Porém, a
Bíblia também diz que Jesus não fazia nada sem
que o pai lhe mostrasse, ensinasse ou revelasse.
Alguns modelos de autoridade sobre nossa vida
devem ser nossos pastores e líderes na igreja, bem
como as autoridades civis governamentais. A
melhor autoridade é aquela que nos ama, logo, a
suprema autoridade sobre nós é o Bom Pastor,
Jesus. De qualquer forma, Deus nos colocou em
uma sociedade em que há autoridades que Ele
mesmo reconhece. Ainda que vocês sejam o rei e a
rainha de seu palácio, precisam reconhecer uma
autoridade em comum sobre sua vida. Escolham
com sabedoria, pois a escolha certa irá ajudá-los
em momentos de crise.

2. Relacionamentos laterais de amizade. Esse nível é


essencial em nossa vida, e talvez seja o que nos
protege mais do que qualquer outro. Também é o
nível em que aprendemos mais. São aqueles
relacionamentos que nos desafiam
constantemente, motivando e encorajando. A
maioria dos relacionamentos em nossa vida
deveria pertencer a esse nível, pois neles nossos
pensamentos são desafiados e um crescimento
verdadeiro ocorre. Efésios 4:16 diz: “O corpo,
ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas,
cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida
em que cada parte realiza a sua função”. No
original, as palavras “ajustado e unido” falam de
conexões de madeira que eram utilizadas para unir
duas peças com firmeza. Assim devem ser nossos
relacionamentos, firmes e provados pelo atrito
normal das relações, capazes de aguentar “trancos”
e opiniões diversas. Seja no casamento ou no
namoro, esse é o tipo de relacionamento com o
qual mais aprendemos. Aprendemos o certo e o
errado com aqueles que representam autoridade
sobre nós, mas praticamos a aplicação desses
princípios nos relacionamentos laterais de
amizade.
Em muitas igrejas existem grupos familiares,
pequenos grupos ou células que são fundamentais
para gerar um ambiente no qual os conflitos do
casamento podem ser expostos e tratados. Um
estudo feito por uma grande igreja dos Estados
Unidos analisou e comparou casais que
frequentavam regularmente um grupo familiar e
casais que não o faziam. O índice de divórcio
entre os casais que não frequentavam um grupo
foi de quase 50%, enquanto entre os casais que
regularmente frequentavam era inexistente!
Quando casais nutrem amizades compartilhadas,
uma grande força para superar problemas é
liberada.

3. Relacionamentos sobre os quais temos autoridade.


Esse nível nos traz significado, dando um peso de
responsabilidade às nossas ações. No casamento,
esse relacionamento ocorre principalmente entre
pais e filhos, mas também pode incluir outro casal
que você passe a ajudar ou discipular. Somente
quando crescemos a ponto de discipular outras
pessoas é que sentimos o verdadeiro peso da
responsabilidade. O que falamos, como vivemos e
nossas atitudes, tudo isso se multiplica na vida de
outros. Se vivermos nossa vida sem nunca
crescermos a ponto de discipular, acabaremos
vivendo uma vida duplamente irresponsável. Em
primeiro lugar, porque vivemos de qualquer modo
já que não temos outras pessoas nos seguindo, e
em segundo lugar porque não obedecemos ao
mandamento de Deus para multiplicarmos e ao
mandamento de Jesus para fazermos discípulos.
Capítulo 8

Dinheiro — O que é seu é meu, e


o que é meu é meu também!

Q uando minha esposa e eu nos casamos em


1994, tivemos de enfrentar uma situação
financeira bastante difícil. Nossa renda não podia
pagar nada além das contas. Renée trouxe para o
casamento um carro que ainda não estava quitado e
alguns empréstimos que fizera para pagar a
faculdade. Eu trouxe minha cultura de nunca pegar
nada emprestado, nem um rolo de papel higiênico,
mesmo que estivesse em grande necessidade.
Filosofias diferentes sobre dinheiro entre dois
indivíduos que a Bíblia declara que são um!
De fato, muitas das brigas no casamento
acontecem por motivações financeiras. Por que isso
acontece? É simples. São as filosofias diferentes que
promovem os conflitos. Por exemplo, a mulher
deseja ter as melhores roupas para os filhos,
enquanto o homem deseja economizar para
comprar uma casa própria ou um carro novo. Ou o
homem deseja um “brinquedo novo” para ele,
como um carro esportivo, um barco, uma casa de
campo, um computador ou até um videogame mais
moderno, enquanto a mulher deseja segurança
sobre o futuro e se preocupa com a casa própria.

Contas separadas ou em conjunto?

A realidade é que pessoas pensam de maneira


diferente e têm prioridades diferentes. No
casamento, porém, o alvo deve ser de se tornar cada
vez mais “um”. Isso significa que filosofias
diferentes sobre dinheiro precisam convergir para
uma “filosofia da família”. Por isso, todas as
estruturas financeiras familiares que não
contribuem para a unidade devem ser removidas.
Ouvi a história de um casal de velhinhos que
ilustra muito bem esse princípio. Certo dia eles
foram a uma lanchonete e pediram um
hambúrguer, uma porção de batatas fritas, um
refrigerante e um copo extra. Sentaram-se e o
velhinho dividiu o hambúrguer exatamente ao
meio, fazendo o mesmo com as batatas, uma a
uma, e depois dividindo o refrigerante em dois
copos.
O velhinho começou a comer a sua metade do
lanche, enquanto a velhinha ficou olhando. Um
funcionário, que assistia a cena, se comoveu e
ofereceu ao casal um lanche a mais, pago do seu
bolso, para que eles não tivessem de repartir um
lanchinho tão pequeno. O velhinho agradeceu e
respondeu com voz trêmula:
— Estamos casados há mais de cinquenta anos e a
vida toda sempre dividimos tudo meio a meio.
Obrigado pela sua gentileza, de qualquer forma.
O funcionário, então, perguntou para a velhinha
se ela não iria comer a sua metade, e ela respondeu:
— Daqui a pouco, meu filho... Estou esperando a
dentadura...

Brincadeiras à parte, não precisamos ser tão


radicais na divisão de todas as coisas, mas
tampouco podemos ser individuais quanto ao uso
dos bens e do dinheiro que recebemos como
família. Conheço várias famílias que lidam com
dinheiro de maneira individual. Ela trabalha e tem
o dinheiro dela. Ele trabalha e tem o dinheiro dele.
Ele paga o aluguel, ela paga a luz; ele paga a tevê
por assinatura; ela paga a escola das crianças, etc.
Muitas vezes, esse tipo de estrutura é criado no
intuito de evitar conflitos, mas acabará cooperando
para o desenvolvimento de duas vidas separadas que
vivem apenas em comum acordo, uma espécie de
“acordo entre cavalheiros”. Querido, isso não é
casamento. O casamento é um mistério tão
profundo que é usado para descrever a unidade que
deveríamos ter com Deus. No casamento somos
uma só carne.
O entendimento correto sobre o dinheiro é o de
que tudo é nosso: Seu dinheiro é nosso; meu
dinheiro é nosso! Suas dívidas são minhas; minhas
dívidas são suas! Suas prioridades são as minhas
prioridades! Seus sonhos são os meus sonhos! Essa
mentalidade pode ser radical, mas é a única forma
de se construir um verdadeiro casamento em que
dois são um.
Lembre que no casamento o objetivo não é a paz,
mas a unidade. Inicialmente, essa filosofia pode
gerar conflitos enquanto pensamentos diferentes se
alinham. Contudo, a única maneira de convergir
seus pensamentos é confrontar essas divergências.
Querido, nunca fuja do conflito, isso simplesmente
irá adiar o confronto e gerar um conflito muito
maior, a ponto de você desconhecer a pessoa com
quem se casou.
Conheci um casal que exemplifica essa verdade.
Casados há mais de vinte anos, ambos eram
evangélicos e frequentavam a igreja. O marido tinha
um emprego que o fazia ficar fora de casa a maior
parte da semana, por isso a esposa costumava
controlar as finanças. Certo dia, o maridou mudou
de emprego e passou a estar presente em casa. Foi
uma dura realidade para os dois descobrirem que
tinham filosofias profundamente diferentes sobre
finanças, que estavam mascaradas pela separação
das contas há vinte anos. O marido era dizimista e
ofertante fiel, mas um péssimo administrador, que
desperdiçava dinheiro com jantares e diversão. A
esposa não dizimava nem ofertava, mas tinha um
controle excelente do dinheiro e era uma excelente
administradora, com uma exceção: também gastava
enormes quantias de dinheiro a cada semana no
bingo. A Bíblia ensina que o marido precisa da
esposa e a esposa precisa do marido. Na verdade,
um protege o outro de suas fraquezas e pecados, e
muitas vezes essa proteção vem em formas de brigas
e confrontos. Quando fugimos de confronto e
brigas, estamos fugindo da proteção divina sobre
nossa família.
Um casal deve ter tudo em comum: contas,
dinheiro, dívidas, sonhos e principalmente o desejo
de convergir suas filosofias em uma, ainda que isso
gere confronto.

O que significa viver sem roubar as margens?

Em Levítico há uma lei de grande importância para


a benção do povo. Essa lei é tão importante que é
comunicada várias vezes pelo Senhor.
Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as
extremidades da sua lavoura, nem ajuntem as espigas caídas de sua
colheita. Não passem duas vezes pela sua vinha, nem apanhem as
uvas que tiverem caído. Deixem-nas para o necessitado e para o
estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.
— Levítico 19:9,10

O versículo anterior abre uma janela para revelar o


coração de Deus. O mundo nos ensina que não
devemos deixar sobrar nada, mas o versículo nos dá
outra filosofia de vida.
Hoje em dia, nosso tempo, nosso dinheiro e todos
os nossos recursos são tão exigidos que não sobra
nada para ninguém. Esse estilo de vida produz um
estresse muito grande em nossa vida e em nossos
relacionamentos. O Senhor deseja que possamos
deixar propositalmente uma “margem” no papel da
vida; um lugar onde não se escreve, uma área onde
não se colhe, a fim de fazer da nossa vida um
documento legível, claro e fácil de se viver.
Para todos os seus recursos, seja dinheiro, tempo
ou disponibilidade, deve ser deixada uma previsão
para os outros. Isso não deve ser feito de forma
institucional, mas relacional. Por exemplo, se Deus
falar com você para fazer o que o bom samaritano
fez no livro de Lucas 10, você deve ter tempo para
obedecer. Lembre-se de que o samaritano parou seu
dia corrido para ajudar outra pessoa. Ele utilizou
seu remédio, ou talvez o remédio das crianças, para
curar a outro. Ele deu do seu dinheiro para pagar as
contas médicas daquele homem e empregou um
valioso esforço emocional se preocupando com ele.
Como está seu tempo? Você tem uma “margem”
para permitir que outros sejam abençoados? Como
está seu dinheiro? Você tem uma margem para
permitir que outros usufruam? Grande parte do
ministério de Jesus foi permitir que outros
utilizassem a “margem” que havia em Sua vida.
Quase todos os milagres que Jesus fez foram
quando ele era interrompido em seu caminho ou
objetivo principal.
Em seu casamento, é imperativo deixar uma
margem em todos os recursos a fim de que os
outros possam ser abençoados.

Orçamento familiar

Uma das ferramentas mais importantes para casais


jovens na área de finanças é o orçamento familiar.
Ele força o casal a conversar e estabelecer
prioridades sobre a maneira como gastam sua
renda. Também favorece que as decisões sejam
tomadas antecipadamente, com calma, em vez de
simplesmente chegarem ao fim mês dizendo: “Não
sabemos aonde foi parar nosso dinheiro”. Há
muitos casais que estão juntos há décadas e não
conseguiram construir nada para a família por falta
de planejamento.
Conheço duas famílias que exemplificam a
importância do orçamento familiar. Na primeira
família, o marido trabalha em serviços gerais e
ganha dois salários mínimos. A esposa não trabalha.
Eles têm duas filhas, e uma delas estuda em um
colégio particular. Na segunda família, o marido e a
esposa trabalham. Eles também têm dois filhos, e
ambos estudam em escola pública. A renda da
segunda família é quatro vezes maior que a da
primeira. A família que ganha dois salários mínimos
já comprou um terreno, construiu uma boa casa,
comprou um carro e tem uma vida financeira
controlada, enquanto a segunda família mora de
aluguel, não tem carro, tem muitas dívidas e uma
vida totalmente descontrolada.
Qual é a diferença? Certamente não é a
quantidade de dinheiro, mas a disciplina com que o
dinheiro é utilizado. A seguir, preparei o esboço de
um orçamento familiar como sugestão para sua
família.
Orçamento Familiar
10% de tudo antes de pagar impostos, inclusive
Dízimo
do 13º salário e outras rendas
Ofertas 5% para a igreja ou outros
Imposto de
0 a 30%
Renda
Margem 5%
15 a 30% dependendo do objetivo do casal. Se
estiverem buscando uma aquisição maior, como
Economias
um carro ou uma casa, o valor economizado será
maior
Aluguel/Prestação
20 a 25%
da casa
20 a 40% dependendo da quantidade de
Alimentação
dinheiro disponível
Transporte/carro 10 a 15%
Roupas 5 a 10%
Diversão 2 a 5%
Pagamento de
0 a 8%
dívidas
Outros 8%

Esse orçamento é apenas uma ideia para motivá-lo


a, juntamente com seu cônjuge, elaborar um
orçamento que funcione para vocês.
No início do nosso casamento, quando as coisas
estavam muito “apertadas”, nós utilizamos um
método de orçamento familiar chamado de “O
método do envelope”. Sacávamos nosso dinheiro
para todo o mês e o depositávamos em envelopes
com o nome de cada área de gasto. Assim, quando a
quantidade no orçamento para alimentação
esgotava, vivíamos de pão e água. Até hoje me
lembro de ter passado vários dias, durante meses,
nos alimentando somente de pão e água. Foi um
sacrifício que minha esposa e eu fizemos juntos.
Nem posso imaginar o que você pensa sobre isso,
mas posso testemunhar que hoje nossa família é
mais forte por consequência desse sacrifício em
conjunto.
Caso você tenha gostado da ideia dos envelopes
para começar seu planejamento, que é bastante
simples e não exige cálculos complexos, é
importante lembrar que os envelopes devem ser
guardados em um local muito seguro, obviamente
para não serem usados para outros fins. Vocês
também devem concordar em jamais retirar
dinheiro de uma área para cobrir outra sem a
concordância dos dois.
Capítulo 9

O que nos espera no futuro,


velhice ou legado?

A beleza dos jovens está na sua força; a gloria dos idosos nos seus
cabelos brancos.
— Provérbios 20:29

R ecentemente meus pais completaram quarenta


anos de casamento. Eles têm três filhos que
vivem em diferentes continentes do globo. Todos os
dias eles falam com os filhos e netos pela internet,
por videoconferência. Todos os filhos servem no
ministério de alguma forma. Todos eles se casaram
com pessoas que amam a Deus. Todos estão felizes.
Meus pais acordam cedo todos os dias e se
exercitam. Duas vezes por semana vão à academia e
outras duas fazem caminhadas em seu condomínio.
Após o exercício, eles sentam para um tempo de
leitura da Bíblia e oração. Para falar a verdade, uma
das lembranças mais fortes em minha mente é o
tempo de leitura e oração dos meus pais.
Sei o que você está pensando. Isso funciona quando
você está aposentado, não para mim que tenho uma vida
tão corrida. Querido, durante os vinte anos em que
morei com meus pais, sempre via a mesma cena
todas as manhãs. Saía do quarto às seis da manhã e
via meus pais orando e conversando sobre os textos
bíblicos que tinham lido. Tudo bem, mas aposto que
eles não tinham um emprego de grande responsabilidade.
Meu pai trabalhava como gerente de uma grande
multinacional petroquímica, e durante parte de sua
carreira foi diretor de algumas subsidiárias. Seu
emprego era muito exigente e estressante. Ele
acordava às cinco e quinze, saía de casa às seis e
meia e só retornava bem depois das sete e meia da
noite.
Queridos, os hábitos que vocês criarem no início
do casamento serão os hábitos que vocês terão até o
fim dele.

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua


justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.
— Mateus 6:33

Hoje, meus pais afirmam que tudo que possuem é


um presente gratuito e desmerecido de Deus. É
verdade, mas também sabemos que é fruto de um
estilo de vida de sessenta e cinco anos vividos em
obediência ao único Deus vivo. Minha oração por
vocês, que estão iniciando sua vida conjugal, é que
possam aprender todas as coisas que aprendi com a
vida consagrada de meus pais, Hugh e Joanne.
Nos tempos bíblicos era comum que os pais ou as
pessoas mais velhas lançassem uma benção sobre os
mais novos ou sobre seus filhos. A benção na
realidade era uma profecia e falava sobre
posteridade, prosperidade, autoridade e influência.
Querido, se você permitir, hoje eu gostaria de
lançar uma benção profética sobre você e o seu
casamento.

Seu casamento será estabelecido e reconhecido no céu.


O Único Deus vivo será testemunha entre você e a
esposa da sua juventude. O fruto do seu ventre será
uma honra para vocês; seus filhos serão como flechas e
atingirão alvos mais distantes do que você possa
imaginar. Os beijos de seu cônjuge serão para você
como mel que nunca para de fluir; suas carícias serão
melhores que o vinho. As palavras de seu cônjuge
sempre elevarão seu coração e suas opiniões lhe trarão
segurança e proteção. O fruto do seu trabalho lhe dará
satisfação e prosperidade ano após ano. As conquistas
materiais crescerão ano após ano e as provisões
transbordarão. Vocês terão o suficiente para emprestar
e não pegar emprestado. Sua vida e sua família serão
um exemplo e trarão refrigério a muitas outras
famílias. Vocês andarão como Adão e Eva, conversarão
com o Senhor pela manhã e escutarão sempre a voz do
Bom Pastor.

Desejo que você receba essa benção em seu


coração e queira viver para realizar em seu
casamento todas essas coisas boas profetizadas sobre
sua vida. Viva cada dia como um casal determinado
a deixar um legado para as gerações futuras que
reflita o caráter e o desejo de Deus para o homem.
Assim como aconteceu na vida dos meus pais, que
seus filhos e netos possam aprender por meio do
exemplo de vida consagrada dado por você e seu
cônjuge.
Capítulo 10

Nunca pare de crescer

C rescimento é um conceito interessante.


Sempre pensei que tudo que Deus abençoa
cresce e multiplica. Certamente o livro de Gênesis
ensina que em um casamento, o normal é
multiplicar. Mas será que vamos continuar
crescendo para sempre, ou temos um limite?
No nível físico, é fácil identificar um limite.
Golias tinha quase três metros de altura, mas hoje
em dia é raro encontrar pessoas com mais de dois
metros de altura. Parece que nossa altura tem um
limite. Na realidade, toda a criação física de Deus
tem um limite. Árvores de várias espécies crescem
até certa altura. É verdade que o ambiente, os
nutrientes o solo, a temperatura, tudo afeta o
crescimento da árvore. As maiores árvores do
mundo estão na Califórnia e são chamadas de
Sequoias. Existe uma árvore tão grande que foi
preciso construir um túnel para passagem de carros
pelo meio dela, permitindo que a árvore continue
viva. Dizem que algumas Sequoias têm cerca de
dois mil anos de idade e crescem até cento e quinze
metros de altura, alcançando até sete metros de
diâmetro na base. É impressionante, mas ainda é
um limite. Não existem árvores de quatro mil anos
e mil metros de altura.

Limites intelectuais

Será que existe um limite para o nível intelectual?


Analisando a história, vemos alguns grandes
homens e mulheres que contribuíram de forma
impressionante para o avanço da humanidade.
Albert Einstein, por exemplo, representa uma das
maiores contribuições do tempo moderno com a
teoria da relatividade. Ele demonstrou o vínculo
existente entre energia e massa. Sua teoria se tornou
a base da física moderna e é utilizada para explicar
uma infinidade de outros fenômenos. O
interessante sobre Albert Einstein é que ele se
formou em pedagogia aos vinte e dois anos, recebeu
o diploma de doutorado e publicou sua famosa
teoria em 1905, aos vinte e seis anos. Após a
publicação, Einstein foi morar nos Estados Unidos
e passou a viver da fama do passado. Publicou
alguns artigos, mas nada de tanto valor como sua
primeira teoria. Seus amigos mais próximos
lamentaram o desperdício do que chamavam de “a
mente mais brilhante da história moderna”.
Einstein chegou a ser convidado para ser primeiro-
ministro de Israel em 1948, mas recusou a
oportunidade. Ele parou de crescer aos vinte e seis
anos e passou a viver velejando em um lago.
Imaginem o que ele poderia ter alcançado se
continuasse crescendo e se empenhando por toda a
vida. Einstein morreu aos setenta e seis anos, em 18
de abril de 1955. Seu limite de crescimento foi
determinado aos vinte e seis anos. Querido, não
pare de crescer!
Em contrapartida, vemos a história de Luiz Inácio
Lula da Silva, presidente do Brasil por dois
mandatos, de 2002 a 2010. Lula nasceu em 27 de
outubro de 1945, em uma casa humilde em
Vargem Grande, atual Caetés, no sertão
pernambucano, em uma família de lavradores
analfabetos. Sobre a data de nascimento, ele diz que
até hoje é a maior polêmica. Porque seu pai o
registrou dia 6 de outubro, mas, na verdade, prefere
acreditar na memória da mãe, que diz que ele
nasceu no dia 27. Enquanto Lula ainda era recém-
nascido, seu pai viajou para Santos, em São Paulo,
à procura de trabalho na indústria portuária. Pouco
tempo depois, toda a família com Lula e sete
irmãos, viajaram treze dias em um caminhão pau de
arara para morar no litoral paulista.
Lula estudou apenas até o Ensino Fundamental,
quando saiu da escola para trabalhar como
engraxate de sapatos e entregador em uma
tinturaria. Aos quatorze anos, começou a trabalhar
doze horas por dia com carteira assinada na
indústria metalúrgica, e ao mesmo tempo iniciou
um curso técnico de torneiro mecânico que
concluiu com dezoito anos, em 1963. Com esse
curso, Lula conseguiu dar mais um passo
trabalhando no turno da noite na Metalúrgica
Aliança, onde em um acidente de trabalho perdeu
seu dedo mínimo da mão esquerda. Aos vinte e um
anos, casou-se com Maria de Lourdes, que logo
engravidou. Como muitos de nós, aguardou com
alegria o nascimento do filho, mas houve
complicações, e sua esposa e seu filho morreram
durante o parto. Em uma grande demonstração de
coragem, Lula não permitiu que a tragédia o
derrotasse, passando a se dedicar à vida sindical e
política. Aos vinte e sete, Lula ganha sua primeira
eleição como primeiro-secretário do Sindicato de
Metalurgia de São Bernardo do Campo, ainda em
São Paulo. Aos vinte e nove, conheceu e se casou
com sua atual esposa, Marisa, com quem tem três
filhos. Sua carreira continuou a crescer passo a
passo. Em 1975 e 1978, foi eleito presidente do
sindicato de metalurgia. Aos trinta e cinco, foi
eleito deputado federal com maior número de votos
do país. Ele continuou avançando e se candidatou
três vezes à Presidente da República, fracassando em
todas. Finalmente, na quarta tentativa, aos
cinquenta e sete anos, Lula venceu a eleição para
presidente, sendo reeleito aos sessenta e um. Hoje
Lula tem fama mundial de ser o presidente mais
amado do mundo. Até o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, disse a ele em um encontro
internacional: “Lula, you are the man!”, algo como
“Você é o cara!”. Qual será o limite de Lula? Ele
continuou empurrando seu limite à frente, sem
parar de avançar. Que fantástico aproveitamento do
dom de uma vida! Independentemente de sua visão
política, temos de reconhecer o êxito de uma vida
que não para de avançar.
O livro de Gênesis fala de um homem que muitos
de nós conhecemos das gincanas bíblicas:
Matusalém. A Bíblia fala de uma forma muito
específica sobre ele, afirmando que Matusalém
viveu 969 anos — o homem mais velho de que já
ouvimos falar. Mas ele também teve um limite. O
que eu acho mais triste na história dele foi que a
única coisa que a Bíblia menciona são seus filhos e
os anos que ele conseguiu sobreviver. Será que Deus
tinha um propósito para a vida de Matusalém que
não foi cumprido? Será que, em Sua misericórdia, o
Senhor manteve Matusalém vivo na esperança de
que ele caísse em si e começasse a viver pelo
propósito para o qual havia sido criado? Querido,
não pare de crescer!
Assim como Matusalém, frequentemente ouvimos
lindas histórias de casais que viveram juntos
cinquenta, sessenta, e até oitenta anos. É bonito
ouvir isso, mas será essa a única forma pela qual o
Senhor irá nos medir? Será suficiente chegar ao céu
e dizer: “Deus, o Senhor me deu a salvação e a
minha esposa. Já se passaram oitenta anos de
salvação e cinquenta anos de casamento. Eu
continuo salvo e aqui está minha esposa de volta”.
Se você e seu cônjuge formam uma equipe, para que
servem?
A Bíblia diz no Salmo 92:12-15: “Os justos
florescerão como a palmeira, crescerão como o
cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor,
florescerão nos átrios do nosso Deus. Mesmo na
velhice darão fruto, permanecerão viçosos e
verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo”.
Deus nos garante que poderemos dar frutos
durante toda a vida, até mesmo nos dias da nossa
velhice! Portanto, não desperdice o dom de Deus
em sua vida. Viaje com seu cônjuge pela jornada
que fará vocês descobrirem por que o Senhor os
uniu e o que, como uma equipe, vocês devem
realizar. Ler este livro é parte dessa jornada, mas
não parem de crescer!
Lula ainda não parou de crescer, e parece ainda
não ter alcançado seu limite. E é exatamente isso
que a Bíblia nos ensina; se nossa vida se conformar
ao propósito de Deus poderemos ter um dia melhor
que o outro. Como será sua vida? Como será seu
casamento?

Limites de intimidade

No capítulo 2 do Evangelho de João, Jesus foi


confrontado com uma crise em uma festa de
casamento: o vinho havia acabado. O limite foi
atingido. Essa história se repete sempre: o vinho, o
fogo, a alegria, a criatividade, a motivação, o ânimo
chegam ao fim. Sei que para você que é noivo,
noiva ou recém-casado, é difícil imaginar essa
situação, mas ela acontece com quase todos os
casais. Qual é a solução? Para alguns, é o divórcio.
Para outros, o adultério. Para alguns, uma vida
silenciosa de sofrimento. Porém, para outros, a
solução é quebrar os limites; implorar, buscar o
Senhor do milagre que pode trazer mais vinho para
o casamento. No milagre do casamento, quando
Jesus transformou a água em vinho, é maravilhoso
notar que ele usou a água que já havia no
casamento. Além disso, o vinho de Jesus era melhor
do que aquele que eles tinham antes. Meu querido
irmão, com Jesus no casamento, o melhor sempre
está por vir. Essa verdade precisa ser reafirmada ano
após ano em seu casamento.
O melhor ainda está por vir. Não aceite limites.
Busque no Senhor do Vinho um renovo diário. Não pare
de crescer!

Limites de frutificação e propósito


Na parábola dos talentos, em Mateus 25, Jesus
disse que o Mestre estabeleceu limites para os dons
que cada servo receberia. O interessante é que eles
não foram julgados pelo que tinham, mas pela
maneira como usaram seus dons. Ainda mais
interessante é que os servos fiéis não apenas
multiplicaram seus talentos, como também
receberam os dons e talentos dos servos infiéis. Ou
seja, justamente porque os servos aumentaram seus
limites, Deus os honrou com ainda mais talentos
que inicialmente estavam designados a outros.
Sim, você tem limites, mas deve procurar
ultrapassá-los! Ao ver sua fidelidade, Deus pode
romper seus limites, expandir seus horizontes de
conquista e lhe dar os dons que eram designados a
outros, que não foram fiéis com aquilo que o
Senhor lhes deu.
Costumamos dizer que o maior presente que
recebemos do Senhor é a nossa salvação, e em
segundo lugar nosso cônjuge e nossa família. Bem,
se esse é o caso, como você está tratando esses dois
maiores dons que o Senhor lhe deu? Seu casamento
tem limites, mas você também pode ampliá-los.
Não se esconda atrás dos limites, mas avance no
Senhor. Não parem de crescer como família!
O grande pregador Jonathan Edwards é um
exemplo do poder que uma família pode exercer em
sua sociedade, influenciando suas gerações e as
gerações futuras. Ele era o único homem entre dez
filhas; seu pai Timothy Edwards era pastor, e sua
mãe Esther Stoddard era filha de Solomon
Stoddard, um famoso reverendo da época. O avô de
Edwards foi o líder espiritual da cidade de
Northampton, Massachusetts por cinquenta e sete
anos.
Dois anos antes de sua morte, seu neto Jonathan
Edwards subiu de pastor-assistente para pastor.
Jonathan Edwards aprendeu muito com o avô,
principalmente sobre a importância de trabalhar
duro e estudar bastante. O pai dele lhe ensinou o
latim e outros idiomas como grego e hebraico. Aos
seis anos ele já conseguia conjugar os verbos em
latim. Aos treze anos, Jonathan Edwards entrou
para a Faculdade de Yale, e lá estudou teologia.
Edwards lutou para resgatar o significado de
verdadeira revivificação cristã.
Edwards foi um grande homem de Deus que
muito colaborou, direta e indiretamente, para o
reavivamento bíblico, e para que hoje você e eu
possamos conhecer a Palavra de Deus e seu
significado. E apesar de um horário de trabalho
rigoroso que incluía acordar às quatro e meia da
manhã para ler e escrever em sua biblioteca, viagens
extensas e reuniões administrativas infinitas, ele
fazia questão de dedicar muito de seu tempo aos
seus filhos. Apesar de sua vida agitada, Edwards se
comprometeu a passar pelo menos uma hora por
dia com eles, principalmente lhes ensinando
princípios cristãos.
Recentemente, o estudante Benjamim B. Warfield
encontrou, depois de muitas pesquisas, 1.394
descendentes conhecidos de Edwards. E nessa
pesquisa podemos constatar o maravilhoso legado
que Edwards deixou aos seus descendentes por meio
de sua vida cristã. Dos 1.394 descendentes de
Edwards, encontramos:

3 presidentes de universidades
3 senadores dos Estados Unidos
30 juízes
100 advogados
60 médicos
65 professores de universidades
75 oficiais de exército e marinha
100 pregadores e missionários
60 escritores de destaque
1 vice-presidente dos Estados Unidos
80 altos funcionários públicos
250 formados em universidades, entre eles governadores de
Estado e diplomatas enviados a outros países.1
O exemplo de Jonathan Edwards nos mostra a
importância de deixarmos esse legado cristão aos
nossos filhos, às nossas gerações e às gerações
futuras. Se não deixarmos de crescer, o impacto de
nossa vida poderá continuar mesmo após nossa
morte.
Jamais enterre seu dom, sua salvação ou sua
família na terra esperando a volta do Senhor. Se
você se casar, o Senhor deseja que essa união seja
usada de forma impactante. É verdade, alguns de
nós vamos produzir dez, enquanto outros vão
produzir cinco — não há problema! Mas pelo amor
de Deus, não seja aquele que simplesmente devolve
o que foi dado a você. Não pare de crescer!
Você e seu cônjuge são a analogia mais próxima
daquilo que o Senhor e a Igreja representam. Todo
o poder do Senhor é derramado por meio da igreja,
Sua noiva. Há um tremendo poder que o Senhor
deseja derramar por intermédio de vocês, por isso,
não parem de ler juntos; não parem de conversar
juntos; não parem de sonhar juntos. Não limitem
seus sonhos somente a coisas materiais; não limitem
seus sonhos a vocês e a sua família. Sonhem juntos
sobre o Reino; sonhem juntos sobre os avanços
espirituais que há para vocês. Não parem de crescer
para todos os lados!
Existem limites físicos e talvez haja limites
intelectuais; nosso espírito, porém, viverá para
sempre. Não há limites espirituais para o nosso
crescimento, pois Deus é infinito. Se nós iremos
segui-lo, essa jornada será eterna — eternamente
crescendo, eternamente aprendendo, eternamente
fazendo, eternamente crendo.
A linguagem do espírito é a fé. Ela é uma das
coisas que permanece para sempre. Agora mesmo
Renée (minha linda esposa) e eu estamos lançando
em fé meu próximo livro, que será sobre o eterno
desenvolvimento da fé. Vamos continuar
desenvolvendo nossa capacidade de comunicar a fé
até lá. Também estamos sonhando e conversando
acerca de um livro sobre a criação de filhos, para
que eles sejam como setas em nossa aljava.
Desejamos que nossos filhos, assim como os seus,
atinjam alvos maiores que os nossos, mas
precisamos prepará-los para isso.
Querido, não seja como Einstein, que parou de
crescer e avançar. Deixe sua marca e seu legado em
sua geração. Chegando ao fim deste livro, meu
maior desejo para você e seu cônjuge é este:
Não parem de crescer! Não parem de crescer! Não
parem de crescer!

1. Fonte: Centro Cristão de Pesquisas (www.cpr.org.br), por Rogerio


Strazzeri.
O Pastor Philip Murdoch e sua esposa
Renée estão casados desde 1994 e têm
quatro filhos, Julia, Micah, Caroline e
Ethan. Pastoreiam a Igreja Luz às
Nações, no Rio de Janeiro e em Niterói,
e lideram um movimento
interdenominacional de implantação de
igrejas através do Brasil com mais de 420
igrejas fundadas desde o ano de 2000.
Philip é Engenheiro Civil e trabalhou por
vários anos como Diretor Financeiro e
'Chief of Staff' da Bethany World Prayer
Center com o Pastor Larry Stockstill,
uma das maiores igrejas em células dos
Estados Unidos

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