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a) Custo de alimentação;
b) Custo de bens e serviços urbanos.
A orientação da indústria foi sempre voltada para os mercados urbanos, não só pelo consumo, mas
por conta de um modelo de crescimento que se dá por concentração, que possibilita o surgimento de
setores de “ponta”.
Embora produtividade agrícola e industrial se distanciem, a agricultura tem um papel vital para
expansão do sistema.
Embora a agricultura pouco represente como mercado para a indústria, aquela redefine as condições
estruturais dessa ao introduzir novas relações de produção no campo viabilizando a agricultura
comercial de consumo interno e externo pela formação de um proletariado rural.
Assim não há separação entre os dois setores, mas relações estruturais na lógica do tipo de expansão
capitalista das décadas de 1950, 1960 e 1970.
Mas, a experiência Argentina desmonta essa tese pois se industrializou entre 1870 e 1930 em
crescente integração com o capitalismo internacional e em regime livre cambista, com ampla
capacidade de importação.
Se existe uma massa urbana (industrial e de serviços) de baixo custo de reprodução (afim de se
garantir a inversão) é inevitável produzir aquilo que faz parte do custo de reprodução dessa massa
urbana. Produziu-se inicialmente, assim bens de consumo não duráveis para as classes populares –
respaldado pelos recursos naturais do país – e numa segunda etapa bens de consumo duráveis.
Essa segunda etapa se fará possível em função da redefinição das relações trabalho-capital,
ampliação do “exército de reserva”, aumento da taxa de exploração, as velocidades diferenciais de
crescimento de salários e produtividade que reforçam a acumulação.
Que os preços nacionais sejam maiores que importados, é preciso que sejam pois ao transmitirem
interindustrialmente a outras produções elevam a média dos preços dos demais ramos.
Do ponto de vista da acumulação essa produção pode realizar-se porque há concentração de renda
que torna consumíveis os produtos e reforça a acumulação pois a alta produtividade dos novos
ramos em comparação com o crescimento dos salários dá um salto que reforça a tendência a
concentração de renda.
O que é necessário é que os altos preços não se transmitam aos bens que formam parte do custo de
reprodução da força de trabalho, o que ameaçaria a acumulação.
Os preços dos produtos dos ramos “dinâmicos” podem e devem ser mais altos que importados já que
se realizam internamente.
Preços competitivos só sentido no mercado externo. O preço do café tem que ser competitivo, mas
carros nacionais podem ser 2 ou 3 vezes mais caros que os nacionais.
A produção nacional de bens duráveis se destina a uma classe alta dentro de uma extrema
desigualdade de distribuição de renda. Esse ramo industrial está entre os mais rentáveis e
promissores e orientam a estrutura produtiva. E a orientação é para a acumulação e não para o
consumo baixar o preço dos carros não está no horizonte pois significaria vender mais carros sem
retorno favorável nos lucros.
TERCIÁRIO - SERVIÇOS/ Repercussão desse conjunto heterogêneo de atividades cuja unidade está
em não produzirem bens materiais.
O terciário tinha participação no produto interno líquido de 55% em 1939 e passou para 53% em
1969. Foi o setor que mais absorveu os incrementos da força de trabalho na porcentagem da
população ativa pulou nesse mesmo período de 24% para 38%.
Antes de 1930 base de acumulação capitalista pobre já que agricultura fundada sobre “acumulação
primitiva” e não sentou as bases da infraestrutura urbana para a indústria. Antes de 1920 fora o Rio
de Janeiro, todas cidades eram burgos acanhados.
Entre 1939 e 1969 a participação da indústria no produto líquido passa de 19 para 30% e na força de
trabalho de 10 para 18%.
O crescimento industrial teria que centrar toda a virtualidade da acumulação capitalista na empresa
industrial, mas apoiada em serviços urbanos diferenciados e desligados da unidade fabril. A carência
de tais serviços na primeira onda industrial levou a autarquização das unidades fabris logo
substituído por trabalho fora dos muros da fábrica.
Com a ausência de uma acumulação capitalista prévia que financiasse a implantação de serviços se
reproduziu nas cidades um crescimento horizontal, extensivo, de baixíssimos coeficientes de
capitalização. Baseada na abundância da mão de obra, revivescendo formas artesanais de profissão,
principalmente os serviços de reparação.
Entre 1940 e 1950 serviços de produção passam de 9,2% para 10,4%. Serviços de consumo coletivo
de 4,2% para 5,1%. Serviços de consumo individual se mantem em 6,3%.
Entre 1950 e 1960 os serviços de produção seguem para 11, 5% e os demais serviços se mantêm.
O terciário não está inchado, está na dimensão ligada à acumulação urbano-industrial. A aceleração
do crescimento exige das cidades uma infraestrutura em serviços que não estavam previamente
dadas.
Daí o crescimento não capitalístico do setor terciário. Os serviços são realizados a base de pura força
de trabalho, remunerada em níveis baixíssimos, transferindo permanentemente uma fração de seu
valor para atividade de corte capitalistas.
Exemplos:
Aumento da frota de carros paralelo aos serviços braçais de lavagem de carros assim como dos
serviços de pequenas oficinas de re-produção de carros.
Todos esses serviços crescem exatamente em 1970, quando a indústria se recupera e gera empregos
e todo o processo se cristaliza numa distribuição de renda mais desigual.
Esses serviços são adequados ao processo de acumulação global e da expansão capitalista e reforçam
a tendência à concentração da renda.
Habitações construídas em mutirões pelos próprios trabalhadores contribuíram para aumentar a taxa
de exploração da força de trabalho deprimindo os valores reais pagos pelas empresas. Uma atividade
de “economia natural” se casa bem com um processo de expansão capitalista, que tem suas bases e
seus dinamismo na intensa exploração da força de trabalho.
ORIGINALIDADE
Foi necessário algo original – introduzir relações novas no arcaico, liberando força de trabalho que
suporta a acumulação industrial-urbana e reproduzir relações arcaicas no novo, que preserva o
potencial de acumulação liberado exclusivamente para expansão do novo.