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Malte e
Malteação
ME. LORENA SAVIANI TRENTIN
GRADUAÇÃO
Malte e Malteação
Me. Lorena Saviani Trentin
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; TRENTIN, Lorena Saviani.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Malte e Malteação. Lorena Saviani Trentin. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
120 p.
“Graduação - Híbridos”. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Malte 2. Malteação 3. EaD. I. Título. Design Educacional Débora Leite; Head de
ISBN 978-85-459-2112-7 Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
CDD - 22 ed. 338 Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock
13
Processo de
Malteação
dos Cereais
35
Malteação de Cereais
e as Enzimas
57
Variedades de
Malte, suas
Denominações e
suas Características
Sensoriais Atribuídas
às Cervejas
Produzidas
81
99
Estrutura e componentes do
24
grão de cevada
Molécula de Glicose, Amilose
60
e Amilopctina
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
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Realidade Aumentada.
Me. Lorena Saviani Trentin
Características dos
Grãos Aplicados na
Fabricação de Maltes
e Adjuntos
PLANO DE ESTUDOS
Tipos de Adjuntos
Portaria nº 691, de 22
Malte e Adjunto Aplicados na Fabricação
de novembro de 1996.
de Cervejas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar os termos malte e o adjunto, bem como definir • Apresentar os tipos de adjuntos e os grãos utilizados, as-
suas funções e importância na fabricação da cerveja. In- sim como elucidar o mais utilizado pela indústria cervejeira
formar a quantidade de maltearias no Brasil e a demanda e demonstrar como eles podem ser usados.
nacional. • Listar os grãos que podem ser malteados. Evidenciar os
• Apresentar os produtos que, em sua formulação, utilizam mais usados pela indústria e caracterizá-los.
o malte como matéria-prima. • Expor a Portaria cabível à cevada cervejeira.
Malte e
Adjunto
Na etapa de maceração, o grão é imerso em A maior maltaria da América Latina está locali-
água, ocasionando a hidratação do endosperma zada em Guarapuava/PR, com capacidade pro-
e do embrião. Na germinação, o embrião começa dutiva de 350 mil toneladas de malte por ano,
a crescer e o grão apresenta radículas. Na seca- atendendo cerca de 30% da demanda nacional
gem, o crescimento das radículas é interrompido e tendo como carro chefe o malte tipo Pilsen.
e faz-se a retirada da umidade. Fonte: adaptado de Agrária ([2019], on-line)1.
Fonte: adaptado de Macleod e Evans (2016).
UNIDADE 1 15
Produtos Fabricados
a Partir do Malte
CEREAIS MATINAIS
Sendo o ingrediente de sabor predo-
minante no cereal matinal, o malte
tem de ter o nível de enzimas muito
baixo, para que a presença delas não
cause alteração no sabor do produto
(EDNEY; IZYDORCZYK, 2003).
VINANGRE
Na produção de alguns vinagres, o malte serve como fonte de nutrientes
e de açúcares fermentescíveis para as leveduras, a fim de obter uma maior
quantidade de álcool, pois estes se converterão em ácido acético com o auxílio
de algumas enzimas microbianas (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003).
UÍSQUE
O malte não só está presente na produção da cerveja, sendo esta uma
das bebidas mais populares no mundo, como também no famoso e
apreciado uísque.
Para a produção de uísque, é misturado à água quente e alguns
cereais cozidos, como o centeio, o milho e o trigo, juntamente com o
malte. Durante a fermentação, a enzima do malte irá transformar os
amidos dos outros grãos em açúcares (CHIVAS, 2016, on-line)2.
Outros Alimentos com Malte
Na Tabela 1, encontram-se alguns alimentos que, em sua composição, possuem o malte ou o seu
extrato, seguido de seus respectivos fabricantes.
Tabela 1 - Alimentos que contém malte
Alimentos Fabricantes
Achocolatado Ovomaltine Liotécnica Tecnologia em Alimentos Ltda.
Achocolatado em pó Toddy Pepsico do Brasil Ltda.
Barra de cereal light Nutrimental S.A.
Barra de proteína Probar Neonutri Soy Life Alimentos Saudáveis Ltda.
Barra de cereal de banana Ritter Alimentos S.A.
Biscoito água gergelim Ind Prod Ali Piraquê S.A.
Caferazzi café e chocolate gelado Wow Ind e Com Ltda.
Cereal All Bran Original Kellogg Brasil Ltda.
Granola de cereais zero Trio United Mills Alimentos Ltda.
Pão sírio integral Pita Bread Ind. Panificação Ltda.
Torrada Integral Bauducco Pandurata Alimentos Ltda.
Fonte: adaptada de Tabela Nutricional (2018, on-line) . 3
Agora que já sabemos que do malte se pode fazer outros alimentos além da cerveja, veremos quais são
esses adjuntos e a sua aplicação no processo cervejeiro.
UNIDADE 1 19
Os adjuntos são classificados de acordo com o Os adjuntos sólidos, com exceção do açú-
seu estado material e podem ser tanto sólidos como car granulado, necessitam ser hidrolisados no
líquidos. Os sólidos são a cevada e o trigo não mal- processo de mosturação, como também é co-
tados, o arroz, o milho, a aveia, o sorgo, o centeio e o nhecida, juntamente com o malte, enquanto
açúcar granulado. No grupo dos adjuntos líquidos que os adjuntos líquidos, juntamente com o
estão os xaropes derivados da cana-de-açúcar e açúcar granulado, podem ser adicionados ao
da beterraba e o extrato de malte. Os mais utiliza- mosto cozido durante a fervura (BOGDAN;
dos pela indústria são o milho, o arroz e a cevada BOGACKA, 2017).
(REINOLD, 1997; BOGDAN; BOGACKA, 2017).
Milho Arroz
O milho é composto por água, proteínas, gorduras O arroz tem a mesma composição química que o
e amido. Como adjunto, ele é utilizado na forma milho: água, proteínas, gordura e amido. Este deve
de gritz, ou seja, o milho está sem gérmen e sem ser utilizado em flocos, ou seja, o arroz deve estar
óleo (REINOLD, 1997). partido e sem casca (REINOLD, 1997).
Reinold (1997) afirma que é necessário que Assim como o milho, existem também al-
esse gritz esteja com alto teor de extrato; com gumas exigências a respeito do arroz, dessa
baixa gordura; odor puro, pois milho com cheiro forma, este deve ter a umidade abaixo de 13%
rançoso afeta a estabilidade do paladar e a espuma e gordura abaixo de 1%, deve ser puro e branco,
da cerveja; ausente de impurezas; com a granu- com o odor não rançoso, ausente de impurezas
lometria adequada; umidade abaixo de 13%; e e possuir um teor de extrato de 93 a 95% (REI-
proteínas entre 8 e 9%. NOLD, 1997).
UNIDADE 1 21
Grãos Aplicados na
Fabricação dos Maltes
Cevada
UNIDADE 1 25
Ao conter insetos vivos e sementes tóxicas, a Dessa forma, alunos, encerramos a primeira uni-
cevada será desclassificada temporariamente, dade da nossa matéria Malte e Malteação, na qual
até o seu rebeneficiamento ou expurgo e caberá aprendemos sobre malte, adjuntos, suas principais
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do matérias-primas e as leis e portarias cabíveis.
Abastecimento – MAPA a decisão quanto ao Espero que tenha sido proveitoso e de grande
destino do produto desclassificado (BRASIL, aprendizado. Recomendo que se dedique à leitura
1996). do material complementar e à resolução das ati-
A Portaria também contempla sobre alguns vidades de estudo que serão propostos.
limites que devem ser atendidos, como:
1. Como estudamos, o malte pode ser substituído por adjuntos e que, ao utilizá-
-los, a empresa produtora de cerveja consegue reduzir seus custos. Em média,
quantos por cento o custo é reduzido?
a) 15%
b) 30%
c) 8%
d) 10%
e) 5%
27
3. Após o estudo sobre o malte e o adjunto e baseando-se nesta unidade, assinale
Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) Somente a cevada necessita passar por análises quando chega à empresa.
( ) No Brasil, há muitas maltarias, fazendo com que o país atenda toda a demanda
necessária.
( ) Quando a cevada é utilizada como adjunto, seu teor de proteína deve ser alto
e o poder de germinação não é um fator importante.
( ) Muitos cereais podem ser maltados e utilizados como ingredientes no processo
produtivo da cerveja.
4. Nesta unidade, aprendemos que, para o grão tornar-se malte, este passa pelo
processo de malteação. Dessa forma, o que este processo causa no grão?
28
WEB
29
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31
1. C.
2. C.
3. D.
4. O malte contribui na cor, no aroma e no sabor da cerveja, além de fornecer proteínas, amido e
enzimas que contribuem no processo de fermentação da cerveja. Assim, o papel da malteação
é enriquecer o grão com enzimas e formar compostos aromáticos.
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Me. Lorena Saviani Trentin
Processo de Malteação
dos Cereais
PLANO DE ESTUDOS
Maceração Secagem
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Definir os parâmetros que os grãos devem atender para • Conceituar e explicar todo o processo de secagem.
serem maltados, bem como introduzir o processo de • Definir os parâmetros de qualidade que devem ser aten-
malteação. didos ao final do processo de malteação, bem como con-
• Conceituar e explicar toda a etapa de maceração. textualizar sobre prazo de validade, formas de armazena-
• Conceituar e explicar todo o processo de germinação. mento e de transporte.
Parâmetros
dos Grãos
Você deve estar se questionando: energia de ger- presentes no mosto cervejeiro durante a fermenta-
minação e poder germinativo não são as mesmas ção (BRASIL, 2001), para isso, utiliza-se a Equação
coisas? A resposta é não! Deixe-me explicar a você. de Bishop, que nos dá uma noção da porcentagem
Algumas proteínas estão presentes no grão e do teor de extrato.
o nível destas deve ser baixo; em contrapartida o Extrato % = A – 0,85P + 0,15G
teor de amido deve ser alto, a fim de maximizar Em que,
o potencial de rendimento do extrato na cerveja A = constante dependente do tipo de grão
(MACLEOD; EVANS, 2016). P = teor de proteína
O extrato nada mais é que a quantidade de G = peso de 1.000 grãos de cevada; geralmente
açúcares, proteínas e outros compostos solúveis esse peso é em torno de 35 a 48 gramas.
UNIDADE 2 37
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
Além de afetar o extrato, o alto teor de proteína brados e palha; posteriormente, eles são armaze-
tem influência sobre a produção e a qualidade do nados (MACLEOD; EVANS, 2016).
malte e do produto final, a cerveja. Cevadas com No entanto, não somente se deve levar em con-
níveis mais baixos de proteína são consideradas sideração a limpeza e integridade do grão, mas
mais nobres e utilizadas, preferencialmente, na também a higiene do ambiente onde o malte será
produção de malte claro. Por outro lado, as ce- produzido.
vadas com maiores teores de proteína são mais É necessário que esse local seja limpo, que se-
difíceis de serem processadas, mas podem ser jam usados recipientes de aço inoxidável, assim
melhor aproveitadas para a produção de malte como o layout do sistema produtivo deve ser sim-
escuro (BARROS; GHESTI, 2016). ples, a fim de facilitar a limpeza e garantir um
Baixos teores de proteína também podem produto de qualidade com segurança alimentar
resultar em cervejas com pouca espuma, corpo (MACLEOD; EVANS, 2016).
leve e pouco poder enzimático. Em contrapar- Um dos fatores que deve ser cuidado ao estocar
tida, altos teores podem gerar turbidez e baixo o grão é a umidade; ao reduzir o teor de umidade,
rendimento da brassagem (BARROS; GHESTI, reduz-se também a proliferação de fungos e o
2016). poder germinativo é mantido. No Brasil, o teor
Depois de o grão recebido ser analisado, este máximo de umidade permitido na estocagem é
é limpo, passando por uma série de peneiras com de 13%. Se porventura o teor de umidade estiver
diferentes aberturas e sofrendo agitação, com o elevado, é realizada uma pré-secagem (BOAN;
intuito de separar materiais estranhos, grãos que- COLLINI; PEREZ, 2014).
Para determinar a energia de germinação, coleta-se amostra aleatória do grão e conta-se 100
unidades. Após, verifica-se quantos grãos desses 100 germinaram, determinando, dessa forma, a
porcentagem de energia de germinação.
Fonte: adaptado de EBC (2007).
UNIDADE 2 39
Maceração
UNIDADE 2 41
Além disso, o grau de mace-
ração influencia na formação
de enzimas, pois quanto mais
alto o teor de umidade, maior
será a formação destas, até que
elas atinjam determinado limite
(REINOLD, 1997).
Dessa forma, os objetivos ge-
rais desta etapa do processo de
malteação consistem em (BOAN;
COLLINI; PEREZ, 2014):
I. Higienizar o grão e des-
cartar a água suja.
II. Eliminar todo o material
flutuante, ou seja, a sujeira.
III. Propiciar o aumento da
umidade de 12% (teor da
cevada) até, aproximada-
mente, 44%, para come-
çar a germinação.
IV. Fornecer oxigênio sufi-
ciente para o embrião.
V. Remover inibidores de
crescimento, os quais são
parte dos mecanismos de
dormência.
UNIDADE 2 43
A aeração ou descanso mais intenso do grão
durante a maceração propicia rápido início da
germinação e, além disso, o grau de maceração, a
temperatura, o tempo e o ar durante a germinação
são parâmetros que possuem grandes influências
no processo dele (MALLETT, 2014).
A temperatura utilizada no processo de ger-
minação também é diferente quando se deseja
obter maltes diferentes. Para maltes claros, a in-
dústria utiliza temperaturas mais amenas, de 17
a 18 °C e, para maltes mais escuros, trabalha-se
com uma temperatura um pouco mais quente,
de 23 a 25 °C (PASCARI et al., 2018).
Além do controle da temperatura, o fluxo
de ar e as aspersões de água são usados a fim
de manter a umidade, a temperatura e os níveis
de oxigênio nos grãos, que respiram à medida
que desenvolvem suas radículas e brotos (MA-
CLEOD; EVANS, 2016).
Ao longo da germinação, os grãos devem ser
revolvidos periodicamente, pois, dessa forma, evi-
ta-se a formação de massas de grãos, o entupimen-
to das raízes, bem como facilita a passagem do
fluxo de ar e a distribuição da água, contribuindo
para que os grãos germinem homogeneamente
(MACLEOD; EVANS, 2016).
Você pode perceber que um parâmetro muito
importante nessa etapa do processo de malteação
é a temperatura, pois se esta for alta demais, em-
bora acarrete uma germinação mais rápida, pode
ocasionar uma menor degradação proteica. Em
contrapartida, se este parâmetro for mais baixo,
obtêm-se maltes ricos em enzimas, maior teor de
extrato, melhor degradação proteica, assim como,
consequentemente, um tempo de germinação
mais longo.
Durante o processo, a umidade do grão tende
a aumentar e chegar em torno de 45% no segundo
dia de germinação, propiciando, dessa forma, o
crescimento das raízes e brotos e, simultaneamen-
te, a produção das enzimas, como a beta-amilase,
UNIDADE 2 45
Secagem
Durante a malteação, também é comum o grão sofrer perdas de massa. Essa perda é atribuída à lavagem
e respiração dos grãos durante o processo de maceração, a remoção das radículas após a secagem, entre
outros, como está melhor exemplificado na Tabela 2.
Tabela 2 - Etapas do processo e suas respectivas perdas
Perdas Percentual
Limpeza, grãos finos e matérias estranhas 1%
Perdas por respiração, CO2 e calor 6%
Radículas 4%
Variação de Umidade (13% na cevada e 4% no malte) 9%
Total 20%
Fonte: Boan, Collini e Perez (2014, p. 65).
UNIDADE 2 47
Dessa forma, para obter 100 to-
neladas de maltes limpos, são ne-
cessárias cerca de 120 toneladas
de cevada (BOAN; COLLINI;
PEREZ, 2014).
Terminada a secagem, o malte
é resfriado para não haver mais
perdas enzimáticas, aumento da
cor e alteração no paladar da cer-
veja, as radículas são removidas
dos maltes, uma vez que estas
podem causar um sabor amargo,
e o malte pode ser armazenado
por até 12 meses, sem perder sua
qualidade (MACLEOD; EVANS,
2016; REINOLD, 1997).
Dessa forma, as principais al-
terações que ocorrem durante a
secagem são (BOAN; COLLINI;
PEREZ, 2014):
I. Redução da atividade da
enzima.
II. Aumento da cor.
III. Diminuição do pH.
IV. Diminuição de nitrogê-
nio solúvel.
V. Diminuição do extrato, no
qual parte é consumido
pela respiração do grão.
VI. Aumento de polifenóis
extraíveis.
UNIDADE 2 49
O grão, após o processo de maltagem, torna-se Antes de o malte deixar a malteria e dali seguir
frágil, pois facilmente pode ser quebrado ou da- para uma cervejaria, ele deve ficar armazenado de
nificado, acarretando alterações no processo de 15 a 30 dias, sendo que esse armazenamento leva o
fermentação da cerveja e aumentando as perdas nome de “Pousio”.
de produção. Dessa forma, recomenda-se que seu É fundamental, também, que se evite manter a
transporte seja cauteloso, não gerando danos (MA- superfície de contato do malte com o ar ambiente
CLEOD; EVANS, 2016). o mínimo possível, com o intuito de não ocorrer
Os lotes de maltes são analisados individualmen- um excesso de hidratação, com a umidade do ar
te, para checagem das características de qualidade, (REINOLD, 1997).
utilizando-se métodos padrões de análises e seguin- Para normalizar as características do malte e en-
do também as especificações de cada cliente. tregar um produto homogêneo e que atinja as es-
Geralmente, são determinados os níveis de umi- pecificações, pode ser realizada a blendagem, a qual
dade, os quais devem ter cerca de 4%, pois acima consiste na mistura ou combinação de diferentes
disso o armazenamento será por tempo limitado, lotes, como misturar um lote com alta proteína com
podendo acarretar no desenvolvimento de mofos, outro que esteja com baixa proteína, de modo que a
afetando a qualidade e o preço do malte (MA- mistura atenda as especificações (BOAN; COLLINI;
CLEOD; EVANS, 2016; REINOLD, 1997). PEREZ, 2014).
Além da umidade, é averiguada também a pro- Agora, sim, o malte está pronto para ser destina-
teína, a cor, o extrato de rendimento, o poder diastá- do a uma cervejaria e tornar-se cerveja!
tico, o índice de Kolbach, o potencial de fermentabi- Dessa forma, encerramos nossa segunda uni-
lidade do mosto, o pH e a viscosidade (MACLEOD; dade, em que aprendemos como o grão, seja ele de
EVANS, 2016; REINOLD, 1997). trigo, de cevada ou outros, vira malte e de como o
Além das análises realizadas no malte, são ava- processo é simples.
liados o tamanho e a homogeneidade do grão, se há Espero que tenham aprendido bastante. Não
presença de fungos e se o malte está livre de impure- deixe de assistir ao vídeo que deixei como material
zas, pois é aceitável um máximo de 2% de variação complementar, pois este irá ajudá-lo(a) a entender
(REINOLD, 1997). melhor o processo produtivo, bem como visualizá-lo.
51
3. Nesta unidade, estudamos e aprendemos sobre a chegada do grão, sobre as três
etapas do processo de produção do malte e, por fim, sobre o malte já pronto
e seu armazenamento. Baseando-se nesta unidade, assinale Verdadeiro (V) ou
Falso (F):
( ) Assim que recepcionado, o grão passa por algumas análises.
( ) O processo de maceração, além de estimular a germinação, propicia a limpeza
e desinfecção do grão.
( ) No processo de germinação, juntamente com as raízes e brotos, desenvol-
vem-se também as enzimas.
( ) Temperaturas muito altas e tempo longo na secagem podem desnaturar
algumas enzimas.
( ) Temperaturas mais amenas na secagem podem trazer uma sensível perda na
estabilidade da espuma
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V-V-V.
b) V-F-V-F-V.
c) F-F-F-F-F.
d) F-F-V-V-V.
e) F-V-F-V-F.
52
WEB
WEB
53
BARROS, C. R.; GHESTI, G. F. Malte: essência da cerveja; edição e redação Chiara Rêgo Barros e Grace Ferreira
Ghesti. Brasília: Universidade de Brasília, 2016.
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on mycotoxin contamination. A review. Food Research International, v. 103, p. 121-129, 2018.
REINOLD, M. R. Manual prático de cervejaria. 1. ed. São Paulo: Ed. ADEN, 1997.
54
1. E.
2. D.
3. A.
4.
• Análises preliminares: são realizadas análises sensoriais, como verificação da cor, odor, tamanho dos
grãos, grau de impureza e de materiais estranhos e fungos. Também são feitas análises para a determi-
nação da umidade, do poder e da energia germinativa, proteínas, entre outras, ou seja, verificar se os
grãos estão ou não em conformidades com os padrões de qualidade.
• Maceração: é um processo onde o grão fica imerso em água e em aeração, com o intuito de se hidratar,
estimulando o início da germinação.
• Secagem: interrompe o crescimento das raízes, conserva atributos adquiridos no processo e torna o
malte claro ou escuro.
• Resfriamento: o malte é resfriado para não alterar a cor, não ter perdas enzimática ou alterar o paladar
da cerveja.
• Remoção das Raízes: são removidas dos maltes, pois podem causar um sabor amargo e diminuir o vo-
lume no armazenamento.
• Análises e Checagens: verifica se o malte está atendendo os parâmetros de qualidade e dos clientes.
55
56
Me. Lorena Saviani Trentin
Malteação de Cereais e
as Enzimas
PLANO DE ESTUDOS
Reações Químicas
Degradação
Durante o Processo de
do Amido
Maceração e Germinação
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar os principais componentes dos grãos e abor- • Demonstrar como acontece a degradação do amido e
dá-los. definir o que são e as funções das enzimas alfa-amilase
• Elucidar as principais reações químicas que ocorrem nas e beta-amilase.
duas primeiras etapas da produção do malte, bem como • Explanar sobre as principais reações que ocorrem no
as alterações químicas da proteína e do teor lipídico. malte no processo de secagem, principalmente a reação
• Explicar a degradação de polímeros presentes na parede de Maillard e conceituar o poder diastático.
celular.
Composição
do Grão
5
Açúcar para Álcool e CO2 H
O
H
H
4 1
Dentre todas as substâncias, o amido é o mais abundante no grão de
OH H
cevada, cerca de 55 a 65%. O amido é um polissacarídeo composto OH OH
por dois tipos de moléculas: a amilose e a amilopectina (BARROS; 3 2
GHESTI, 2016).
H OH
As moléculas de amilose são pequenas e solúveis, formadas por
Figura 1 - Moléculas de glicose que
moléculas de glicose com ligações alfa 1,4 e têm sua estrutura linear compõem o amido
(BARROS; GHESTI, 2016). Fonte: Barros e Ghesti (2016, p. 20).
H OH H OH H OH H OH
n
CH2OH
O
H H H
OH H
. ...
O
O
H OH
x
CH2OH CH2OH CH2 CH2OH
O O O O
H H HH H HH H HH H H
... . OH H OH H OH H OH H
. ...
O O O O O
H OH H OH H OH H OH
y
Figura 3 - Molécula de amilopectina
Fonte: Barros e Ghesti (2016, p. 21).
Sendo assim, o amido é um carboidrato formado por açúcares simples, como a glicose; por açúcares
duplos, como a maltose; e por açúcares múltiplos, também chamados de polissacarídeos, como a dex-
trina (BARROS; GHESTI, 2016).
UNIDADE 3 59
Durante o processo cervejeiro, As proteínas de alto peso molecular causam uma boa e estável
as enzimas amilases degradarão o formação de espuma, bem como promovem um melhor corpo
amido e o converterão em açúca- para a cerveja. As de médio peso molecular fixam o gás carbô-
res fermentescíveis e não fermen- nico, atribuindo frescor à bebida. Em contrapartida, as de baixo
tescíveis, influenciando, dessa for- peso molecular contribuem para a nutrição da levedura (BARROS;
ma, a nutrição das leveduras e o GHESTI, 2016).
corpo da cerveja, quando pronta O excesso de proteína pode trazer à cerveja turbidez e perda
(BARROS; GHESTI, 2016). significativa de rendimento. A maior parte das proteínas presentes
Essa degradação será melhor no grão são eliminadas no bagaço do malte, na etapa de filtragem
abordada no tópico “Degrada- do mosto cervejeiro (BARROS; GHESTI, 2016). Nos próximos
ção do Amido”. tópicos, veremos melhor sobre as proteínas.
As proteínas compõem cerca de O grão possui de 2,5 a 3,5% de minerais, e a maior parte é for-
10% do grão, são compostas por mada por fosfato de potássio. O zinco, o manganês e o cobre
aminoácidos e tem um papel são minerais de extrema importância para as leveduras, que
fundamental na cerveja. Tal qual serão adicionadas na cerveja, durante seu processo (BARROS;
os açúcares, as proteínas também GHESTI, 2016).
serão degradadas por enzimas As graxas são constituídas por ácidos graxos e glicerina e estas
durante o processo cervejeiro podem acarretar à cerveja aromas de ranço, quando presentes em
(BARROS; GHESTI, 2016). grande quantidade (BARROS; GHESTI, 2016).
Enzimas
UNIDADE 3 61
Reações Químicas Durante
o Processo de Maceração
e Germinação
Açúcares Endosperma
Embrião
AA
Enzimas Enzimas
AG
UNIDADE 3 63
Outra propriedade que se modifica com o pro- malte, 40 a 45% das proteínas totais são solúveis
cesso de malteação é a proteína que, ao final, com o em água (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003).
malte já pronto, representa 10,7% do peso do grão. Além de proteínas, o grão de malte também
Após a hidratação, as reservas que estão no escutelo possui lipídios. Os lipídios totais variam de 2 a
– assim como na camada de aleurona – são degra- 4,4%, dentre esses, 67 a 78% são lipídios não po-
dadas e alguns dos aminoácidos liberados sinteti- lares, 8 a 13% de glicolipídios e 14 a 21% de fosfo-
zam as enzimas hidrolíticas, as quais são liberadas lípidos (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003).
do endosperma. Durante o processo de maceração No estágio da germinação, os lipídios de
e de germinação, os níveis de enzimas hidrolíticas armazenamento são utilizados como fonte de
tendem a subir, havendo um declínio durante a energia metabólica e como ácidos graxos para a
secagem (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). síntese de novos lipídios de membranas estru-
As proteínas de reservas, situadas no endos- turais, havendo, com isso, uma queda dos lipí-
perma, são degradadas para peptídeos solúveis e dios totais durante todo o processo de maltagem
aminoácidos pela ação das enzimas proteolíticas. (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003).
Os peptídeos simples, a amidase e os aminoáci- Agora que já compreendemos as reações quí-
dos vão para o embrião, onde são degradados por micas que ocorrem durante as etapas de macera-
completo, interconvertidos e utilizados pelo pró- ção e germinação do grão que está sendo maltado,
prio embrião que está em estado de crescimento vejamos, no próximo tópico, como ocorre a degra-
para formar novas proteínas nas radículas. No dação dos polímeros na parede celular.
Embrião (2)
(produz giberelinas)
Endosperma EXTREMIDADE
DISTAL
EXTREMIDADE
PROXIMAL
polifenóis
celulose
Água (1) Casca
sujidades
Camada de Aleurona (3) contaminantes
Grânulos de Amido
(pequenos e grandes)
70% β-glucanos
Parede 20% pentosanos
Celular 5% proteínas
CÉLULA DO 2% celulose
ENDOSPERMA
UNIDADE 3 65
Matriz Grânulos Esta consiste, principalmente, de
Proteica de Amido polissacarídeos, como celulose,
hemiceluloses e pectinas (TAIZ;
ZIEGER, 2002).
A parede celular secundária
é depositada após cessar o cres-
Parede cimento celular e deve propor-
Celular cionar estabilidade mecânica
Externa à planta. Assim como a parede
primária, a secundária apresenta
compostos de celulose e hemi-
celulose, mas estes são, muitas
vezes, impregnados de lignina.
Além dos polissacarídeos, a pa-
Figura 7 - Célula do Parede Celular rede das células vegetais contém
endosperma
Fonte: Weckl e Schwarz Interna centenas de diferentes proteínas
(2019, on-line)1. (β-glucana) (TAIZ; ZIEGER, 2002).
H OH H OH H OH H OH H OH H OH H OH H OH
y y
Ala Leu
Ser Cys
grupo amina O
NH2
C
H C COOH + H2N C
OH
CH3
C12 CH
grupo grupo
CH3 ácido amina CH3
carboxilico
Na matriz protéica os aminoácidos são
unidos por ligação por uma ligação
O
peptídica entre o grupo carboxílico de NH2 C
OH CH3
uma molécula com o grupo amino da H C C N O C
outra molécula. C12 CH + H2O
CH3 O H CH3
Antes da Modificação
Após a Modificação
UNIDADE 3 67
Degradação
do Amido
β-amilase
α-amilase
Dextrinase limite
α-glucosidase
Alfa-amilase
As enzimas chamadas de alfa-amilases têm Estas enzimas ainda podem agir isoladamente
o poder de hidrolisar o grânulo de amido e e degradar a amilose e fragmentar a amilopectina.
são responsáveis pela sua degradação inicial Duas isoenzimas de alfa-amilase são sintetizadas
durante a maltagem. Estas enzimas possuem durante a etapa de germinação, a alfa-amilase I
ação hidrolítica mais devagar em cadeias e a alfa-amilase II, as quais possuem as mesmas
curtas e variam sua capacidade de hidroli- especificações de substrato aparente e de pa-
sar as ligações em estreita proximidade com drões de ação, mas se diferem nas propriedades
os pontos de ramificação (IZYDORCZYK; (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Estas diferentes
EDNEY, 2003). propriedades são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Diferentes propriedades da alfa-amilase I e II
UNIDADE 3 69
Beta-amilase grão de cevada contém proteína
a qual é estável à alta tempera-
As beta-amilases são exoenzimas que clivam, ou seja, fragmentam a tura e acaba inibindo a enzima,
penúltima ligação da extremidade não redutora das cadeias polimé- mas ao decorrer de todo o pro-
ricas e liberam a maltose. Esta enzima pode agir sozinha e degradar cesso, este inibidor diminui, só
toda a amilose em maltose e degrada somente a cadeia externa da não o suficiente, pois o que resta
amilopectina (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). inibe a maior parte da dextri-
Estas enzimas não são sintetizadas durante a etapa de germina- nase-limite (IZYDORCZYK;
ção, como é a alfa-amilase, e ocorrem no endosperma amiláceos, EDNEY, 2003).
podendo estas serem em formas livres ou ligadas a proteínas. O nível
de beta-amilase livre cai no início do processo de maltagem, mas
durante o processo, a quantidade tende a aumentar (IZYDORC- Alfa-glucosidase
ZYK; EDNEY, 2003).
A alfa-glucosidase participa
da conversão final da malto-
Dextrinase-limite se e de outras pequenas dex-
trinas em glicose, assim que
A enzima dextrinase-limite, durante a germinação, hidrolisa as liga- se inicia a germinação, na ca-
ções das dextrinas ramificadas com maior facilidade do que a das mada aleurona e no embrião,
grandes moléculas de amilopectina (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). ocorre uma síntese rápida de
A cevada, por exemplo, antes do processo de maltagem, contém algumas isoenzimas da alfa-
baixas quantidades de enzimas, mas ao decorrer da germinação, de- -glucosidase (IZYDORCZYK;
vido à síntese da aleurona, estas quantidades aumentam. Contudo, o EDNEY, 2003).
Amido
Enzimas Fermento
UNIDADE 3 71
complexas entre proteínas e açúcares simples,
assim como substâncias aromatizantes de baixo
peso molecular, como aldeídos, cetonas, ésteres,
ácidos e álcoois são formados, o que leva à forma-
ção de aromas e sabores característicos do malte
(MACLEOD; EVANS, 2016).
É claro que não somente a reação de Mail-
lard é responsável pelas características do mal-
te, mas outras reações também estão envolvidas
(IZYDORCZYK; EDNEY, 2003).
Como já vimos, a temperatura e o tempo são
parâmetros importantes, pois, na medida em
que o grão for seco, deve-se ocorrer uma míni-
ma desnaturação de enzimas; temperaturas ina-
propriadas podem acarretar a perda de enzimas
(MACLEOD; EVANS, 2016).
Algumas enzimas são termossensíveis, isto é,
em temperaturas muito altas, perdem seu poder
enzimático, o qual também é chamado de poder
diastático.
Geralmente, os maltes especiais não possuem
esse poder, pois não convertem amido em açú-
cares fermentescíveis devido à desnaturação das
enzimas que ocorre durante o processo de cara-
melização ou de torra, por causa das altas tempe-
raturas, geralmente acima de 78 °C.
Dessa forma, finalizamos a Unidade 3 do nosso
livro “Malte e Malteação”. Espero que tenha sido
de grande conhecimento e aprendizagem tudo o
que estudamos nesses cinco tópicos.
73
3. Durante toda esta unidade, estudamos sobre os processos químicos e bio-
químicos que ocorrem com o grão que está sendo submetido ao processo de
maltagem. Baseando-se nesta unidade, assinale verdadeiro (V) ou falso (F):
( ) Durante o processo de maceração e germinação, tem-se a dissolução do
endosperma.
( ) Temperaturas baixas fazem com que os grãos percam seu poder enzimático.
( ) O amido é um carboidrato, formado somente por açúcares simples.
( ) Nas células do endosperma amiláceo, ficam armazenados os grânulos de amido
insolúvel, os quais contêm dois polímeros: a amilose com cerca de 10 a 30%
e a amilopectina de 70 a 80%.
( ) No estágio da germinação, os lipídios de armazenamento são utilizados como
fonte de energia metabólica e como ácidos graxos para a síntese de novos
lipídios de membranas estruturais.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V-V-V.
b) V-V-F-F-V.
c) F-F-F-F-F.
d) V-F-F-V-V.
e) V-F-F-F-V.
74
WEB
75
BARROS, C. R.; GHESTI, G. F. Malte: essência da cerveja. Brasília: Universidade de Brasília, 2016.
IZYDORCZYK, M. S.; EDNEY, M. J. Malt – Chemistry of Malting. In: Encyclopedia of Food Sciences and
Nutrition. 2. ed. Academic Press, 2003. p. 3677-3685.
MACLEOD, L.; EVANS, E. Barley: Malting. Encyclopedia of Food Grains. In: Encyclopedia of Food Sciences
and Nutrition. 2. ed. Academic Press, 2016. p. 423-433 (Volume 3).
SCHUSSLER, V. Laudo de malte: Leitura dos parâmetros. 2018. Disponível em: http://www.agraria.com.br/
extranet/arquivos/agromalte_arquivo/b1880876efc73028fdc813229323e177.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 3. ed. Sunderland: Sinauer Associates, 2002.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: https://engarrafadormoderno.com.br/ingredientes/tipos-de-malte-como-utiliza-los. Acesso em: 14 nov.
2019.
76
1. A.
2. E.
3. E.
4. As moléculas de amilose são pequenas e solúveis. São formadas por moléculas de glicose com ligações
alfa 1,4 e têm a estrutura linear. Já as moléculas de amilopectina são ramificadas, insolúveis, viscosas em
meio aquoso, podendo apresentar outros tipos de ligação, como a alfa 1,4 e alfa 1,6.
Necessitam de enzimas diferentes para a sua degradação. A amilose está significativamente associada aos
lipídios, e o complexo amilose-lipídeos pode ser menos suscetível à degradação enzimática, enquanto a
amilopectina consiste em um alto peso molecular e se difere da amilose por possuir uma estrutura longa
de ramificação.
77
78
79
80
Me. Lorena Saviani Trentin
Variedades de Malte,
suas Denominações e
suas Características
Sensoriais Atribuídas
às Cervejas Produzidas
PLANO DE ESTUDOS
Características
Tipos de Malte Malte Caramelo
Atribuídas à Cerveja
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Introduzir os tipos de maltes que são possíveis obter por • Apresentar, definir e caracterizar os maltes torrados.
meio do processo de malteação. • Apresentar e explicar as características que cada tipo de
• Apresentar, definir e caracterizar o malte base. malte atribui à cerveja.
• Apresentar, definir e caracterizar os maltes caramelos.
Tipos de
Malte
UNIDADE 4 83
Malte
Base
Malte Pilsen
Com o crescimento de microcervejarias, esse malte O malte Mild é produzido igualmente ao malte
ganhou mais espaço no mercado. A principal diferen- Pale Ale, mas sua secagem é feita em uma tem-
ça desse malte é a sua cor, pois possui uma coloração peratura um pouco mais elevada, sua coloração
em torno de 5 a 7 EBC, enquanto um malte pilsen vai em torno de 5,5 a 8 EBC. Embora necessite
fica em torno de 3,8 EBC (EDNEY; IZYDORCZYK, de temperaturas mais altas para sua secagem, ele
2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. segue com poder diastático suficiente para con-
Pale Ale é um malte base de cor clara, sendo seco verter a maioria das receitas. Este malte geral-
entre 90 e 95 °C. Geralmente, é usado como malte mente é utilizado na fabricação de cerejas escuras
base ou em combinação com malte Pilsen, a fim de (PUCCINELLI, 2018, on-line)2.
produzir um sabor de malte mais forte e cor adi-
cional. Este malte pode adicionar um tom dourado
ao mosto (CASTLE MALTING, [2019], on-line)3. Malte Munique
O malte Pale Ale proporciona um sabor mais pro-
nunciado que o do Pilsen. As enzimas do malte Pale Caracterizado pelo aroma rico e cor escura, o malte
Ale podem comportar o uso de maltes especiais não Munique é seco em altas temperaturas e chega a
enzimáticos (CASTLE MALTING, [2019], on-line)3. ter 60 EBC em coloração. É muito utilizado para
fazer cervejas escuras, aromáticas e encorpadas;
raramente ele é usado sozinho como malte base
Malte Vienna (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI,
2018, on-line)2.
O malte Vienna é produzido igual ao malte Pale Ale, Este malte é seco entre 100 e 105 °C. Propor-
mas com uma temperatura de secagem superior. É ciona um aumento modesto na cor, próxima de
caracterizado pela sua cor dourada que fica em torno um laranja agradável e dourado. Adiciona um
de 8 a 10 EBC, seu poder de conversão é um pouco sabor pronunciado de grãos maltados a vários
mais baixo que o Pale Ale (EDNEY; IZYDORCZYK, estilos de cerveja sem afetar a estabilidade da
2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. espuma e corpo. Também é usado em peque-
Este malte é comumente empregado na fabri- nas quantidades em combinação com Pilsen
cação de cervejas mais coloridas, mas também é para produzir cervejas de cor clara, melhoran-
utiliza para corrigir a cor de cervejas produzidas do o sabor maltado e proporcionando uma cor
à base de maltes muito claros, só que, nesta últi- mais rica. Aprimora o sabor de algumas cervejas
ma hipótese, utiliza-se em quantidade menores características (CASTLE MALTING, [2019],
(EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). on-line)3.
UNIDADE 4 85
Malte
Caramelo
UNIDADE 4 87
Maltes
Torrados
UNIDADE 4 89
Outros Maltes
UNIDADE 4 91
Malte Base Malte Torrado
Na Tabela 1, podemos ver os atributos sensoriais Na Tabela 3, podemos observar os atributos sen-
que os maltes bases oferecem às cervejas. soriais que os maltes Torrados oferecem às cer-
Tabela 1 - Atributos proporcionados à cerveja pelos maltes vejas.
Tabela 3 - Atributos proporcionados à cerveja pelos maltes
Maltes Atributos Sensorial
Maltes Atributos Sensoriais
Pilsen Aromas maltados e adocicados
com sutis notas de mel Biscuit Aroma e sabor de pão quentinho
e biscoitos
Pale Ale Notas de pão, frutas secas e mel
Chocolate Aroma e sabor de café tostado e
Vienna Notas adocicadas de malte, suave chocolate escuro
mel e nozes (amêndoas e avelã) Black Sabor levemente queimado ou
Mild Sabor tostado, levemente adocicado defumado
92 Variedades de Malte, suas Denominações e suas Características Sensoriais Atribuídas às Cervejas Produzidas
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Entre todos os maltes estudados nesta unidade, qual deles também é conhecido
como malte Dextrina?
a) Pilsen.
b) Biscuit.
c) Carapils.
d) Chit.
e) Chocolate.
93
3. Dentre tudo que estudamos nesta unidade e baseando-se nela, leia atentamente
as afirmações a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) Quanto mais claro o malte Cristal for, menos aroma de caramelo ele terá; em
contrapartida, quanto mais escuro, mais aroma de tostado, nozes, entre outros.
( ) Os maltes Chit são empregados no processo cervejeiro para reforçar o aroma
de malte nas cervejas Alemãs escuras, devido ao seu malte ter cor predomi-
nantemente escura.
( ) Os cervejeiros somente podem usar em uma receita de um a dois tipos de
maltes.
( ) O malte ácido recebe esse nome devido ao acréscimo de lactobacilos que
abaixa o pH da mosturação.
( ) O malte Black é um dos maltes mais escuros que podemos encontrar no
mercado, sua cor é de 1200 EBC.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V-V-V.
b) V-F-F-V-F.
c) F-F-F-F-F.
d) F-V-V-F-V.
e) F-V-F-V-F.
94
WEB
95
AGRÁRIA. Catálogo de Produtos. 2019. Disponível em: http://www.agraria.com.br/arquivos/catalago_pro-
dutos_agraria_malte_2019.pdf. Acesso em: 11 nov. 2019.
EDNEY, M J.; IZYDORCZYK, M. S. Malt – malt type and products. Encyclopedia of Food Sciences and
Nutrition. 2th ed., p. 3671-3677, 2003.
PASCARI, X.; RAMOS, A. J.; MARÍN, S.; SANCHÍS, V. Mycotoxins and beer. Impact of beer production process
on mycotoxin contamination. A review. Food Research International, v. 103, p. 121-129, 2018.
REFERÊNCIA ON-LINE
Em: https://www.cervesia.com.br/artigos-tecnicos/tecnicos/materia-prima/malte/819-tipos-de-malte.html.
1
Em: https://www.lamasbrewshop.com.br/blog/2018/04/especial-de-maltes-malte-base-x-malte-especial.html.
2
96
1. C.
2. E.
3. B.
4. O malte base mantém a cor original do endosperma do grão durante a sua produção, e o malte especial
é todo aquele que não seja malte base.
Para ter cor e aroma, os maltes especiais passam por altas temperaturas, que causam desnaturação das
enzimas; por esta razão, faz-se o blend, ou seja, uma mistura de maltes base com o especial, trazendo à
bebida: aroma, sabor, corpo, proteína de médio peso molecular para melhorar a estabilidade da espuma
e, sobretudo, açúcares para as leveduras, assim como outras características que aguçam a percepção do
consumidor pela cerveja.
Maltes especiais são usados em quantidades relativamente pequenas quando comparados ao malte base.
Por causa das altas temperaturas, eles não possuem poder enzimático (diastático).
97
98
Me. Lorena Saviani Trentin
Ficha Técnica
dos Maltes e
Adjuntos Cervejeiros
PLANO DE ESTUDOS
Análises Realizadas
Especificações do
no Malte para Controle
Malte e da Rotulagem
de Qualidade
Procedimentos
Informações Contidas Exemplo de
Operacionais para a
na Ficha Técnica Ficha Técnica
Classificação do Malte
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar as informações que devem conter em uma • Abordar a importância das análises quanto à classificação
ficha técnica e explicá-la. do malte, suas características e princípios.
• Elucidar sobre as especificações do malte. • Exemplificar uma ficha técnica.
• Abordar como é realizada a classificação do malte.
Informações Contidas
na Ficha Técnica
Parâmetros
Aplicação
Os parâmetros são as especificações que o malte
A aplicação nada mais é que em quais tipos de deve atender. Geralmente, para cada parâmetro,
cervejas este malte pode ser utilizado, sua função existe um valor mínimo ou um valor máximo tole-
e proporção. Como estudamos no capítulo ante- rável, quando não, os dois. Estando os parâmetros
rior, cada malte tem seus atributos, como sabor, dentro das especificações, o produto está atenden-
cor e aroma e é muito importante saber em quais do à qualidade e dentro do especificado. Sobre a
cervejas podem ser adicionados. especificação, veremos em um próximo tópico.
UNIDADE 5 101
Transporte
Nesta seção, é importante que seja informada a A integridade do veículo transportador tam-
forma como será transportado o malte, em sacos, bém deve ser descrita, como: veículos limpos,
big bags ou se será a granel, assim como a forma protegidos de poeira, umidade e materiais que
que o produto será organizado dentro do veículo possam oferecer riscos de contaminação e em
transportador. temperatura ambiente.
UNIDADE 5 103
Tabela 2 - Exemplos de especificações
a) denominação de ven-
Parâmetro Unidade Máximo Mínimo
da do produto, ou seja, a
Umidade % - 4,5 expressão “malte de ce-
Extrato (base seca) % 81,0 - vada” seguida da marca
comercial do produto,
Cor do Mosto EBC (°L) - 3,5 (1,9)
quando houver;
Proteína Total % 11,2
b) identificação do lote,
Proteínas Solúveis % 3,5 4,4
que caberá ao responsá-
Índice de Kolbach % 35,0 45,0 vel pelo produto; e
Viscosidade cp 1,6 c) nome empresarial, re-
pH 5,6 6,0 gistro no Cadastro Na-
Poder Diastático WK 250 cional de Pessoa Jurídica
(CNPJ) ou no Cadastro
Friabilidade % 81,0
Nacional de Pessoa Física
Tempo de Sacarificação Minuto 15
(CPF), o endereço da em-
Clarificação do Mosto Claro presa embaladora ou do
Fonte: Castle Malting (2018, p. 13). responsável pelo produto.
Lembrando que esta tabela é um exemplo, embasado de uma ficha A rotulagem do produto embala-
técnica do Malte Pilsen. Nesta unidade, estudaremos o que signi- do deve ser de fácil visualização e
fica cada especificação dessas, quais análises que envolvem, seus de difícil remoção, suas informa-
princípios e importância. ções devem estar corretas, claras
As especificações de qualidade do malte de cevada referentes e precisas. A informação relativa
à rotulagem devem estar em consonância com o Documento de ao tipo deve ser grafada com a
Classificação. No caso do malte de cevada embalado, destinado expressão “Tipo Único”, sendo
diretamente à alimentação humana, a rotulagem deverá conter as que o produto pode, ainda, ser
seguintes informações (BRASIL, 2013, on-line): rotulado como “Fora de Tipo”,
I - relativas à classificação do produto: tipo. se for o caso, como veremos no
II - relativas ao produto e ao seu responsável: próximo tópico (BRASIL, 2013).
UNIDADE 5 105
O malte pode ser classificado em grupos e tipos. O produto será desclassificado se constatar a
De acordo com o processo de malteação emprega- presença de substâncias em limites superiores ao
do, o malte será classificado nos seguintes grupos: máximo estabelecido ou, ainda, quando se cons-
I - Malte Pilsen: produto que durante o tatar a presença de substâncias não autorizadas
processo de malteação mantém a cor ori- para o produto (BRASIL, 2013).
ginal do endosperma da cevada, cabendo Segundo o MAPA, será desclassificado e proi-
ao responsável pelo produto prestar essa bida a comercialização e a sua entrada no país o
informação; e lote de malte que se enquadrar em uma ou mais
II - Malte Especial: qualquer malte que não das situações indicadas: mau estado de conserva-
seja do grupo “Malte Base”, independente- ção, incluindo aspecto generalizado de mofo ou
mente de sua denominação, cabendo ao fermentação; odor estranho, impróprio ao pro-
responsável pelo produto prestar essa in- duto, que inviabilize a sua utilização para o uso
formação (BRASIL, 2013, on-line). proposto; ou presença de sementes tratadas ou
sementes tóxicas na carga ou no lote amostrado
O malte será classificado em “Tipo Único” de acor- (BRASIL, 2013).
do com os limites de tolerâncias estabelecidos, Ao ser constatada uma das características que
podendo, ainda, ser enquadrado como “Fora de desclassifica o produto, a entidade credenciada
Tipo” ou “Desclassificado” (BRASIL, 2013). para tal deverá emitir um Laudo de Classifica-
Será considerado como Fora de Tipo o malte ção enquadrando o produto como desclassificado
que não atender os limites de tolerâncias estabele- (BRASIL, 2013).
cidos para a umidade ou peso do hectolitro, e este O MAPA poderá realizar análises de subs-
poderá ser comercializado como se apresenta ou tâncias nocivas à saúde, matérias macroscópicas,
utilizado para processamento, quando for o caso, microscópicas e microbiológicas relacionadas ao
desde que identificado como “Fora de Tipo”; ou risco à saúde humana e análise para detecção de
rebeneficiado, desdobrado ou recomposto para Organismos Geneticamente Modificados - OGM,
efeito de enquadramento em tipo (BRASIL, 2013). independentemente do resultado da classificação
O malte enquadrado como Fora de Tipo por do produto (BRASIL, 2013).
exceder o limite máximo para matéria estranhas, Para a classificação do malte, alguns pro-
impurezas e avariados não poderá ser comercia- cedimentos operacionais são seguidos, assim
lizado como se apresenta, devendo ser rebenefi- como deve ser observado se a amostra apresenta
ciado, desdobrado ou recomposto para efeito de qualquer situação desclassificante. Na hipótese
enquadramento em tipo. Já o malte que apresentar de constatação, deve emitir o correspondente
insetos vivos ou outras pragas de grãos armazena- Laudo de Classificação, enquadrando o produto
dos deverá ser expurgado ou submetido a outra como Desclassificado e comunicar o fato à Su-
forma eficaz de controle antes da sua comercia- perintendência Federal de Agricultura, Pecuária
lização (BRASIL, 2013). e Abastecimento - SFA, da Unidade da Federação
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Análises Realizadas
no Malte para Controle
de Qualidade
Teor de Umidade
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Poder Diastático pH
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Fabricante Unicesumar Ltda
Origem Brasil
Malte Pilsen
Atributos Malte de alta qualidade, produzido a partir de variedades de cevada refinadas. Pro-
porciona um sabor forte e adocicado, além de ter grande poder enzimático suficiente
o que o faz ser usado como malte base.
MALTE PILSEN
Parâmetro Unidade Máximo Mínimo
Umidade % 4,5
Extrato % 81,0
(base seca)
Cor do Mosto EBC (°L) 3,5 (1,9)
Proteína Total % 11,2
Proteínas Solúvel % 3,5 4,4
Índice de Kolbach % 35,0 45,0
Viscosidade cp 1,6
pH 5,6 6,0
Poder Diastático WK 250
Friabilidade % 81,0
Tempo de Minuto 15
Sacarização
Clarificação Claro
do Mosto
O transporte é realizado em sacos de 25 kg sobre paletes 110x110 cm, podendo ser até 1500
kg cada, por caminhão. Ou em Big Bags 1300 kg sobre palete 110x110 cm por caminhão.
A quantidade por caminhão pode variar de acordo com os tipos de maltes.
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3. Após o malte pronto, este é submetido a algumas análises. Baseando-se nas
análises realizadas no malte para controle de qualidade, assinale verdadeiro
(V) ou falso (F).
( ) É aconselhável usar o método visual para determinar a cor.
( ) Para a análise de viscosidade existe um tempo limite para a medição.
( ) O poder diastático é uma análise de extrema importância.
( ) Atenuação Real é o percentual de redução do extrato final real obtido na mos-
turação. Para obter esse nível, não se deve remover o álcool.
( ) A determinação da fermentabilidade do mosto se dá utilizando levedura Sac-
charomyces cerevisiae.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V-V-V.
b) V-V-F-F-V.
c) F-V-V-F-V.
d) F-F-V-V-F.
e) F-V-F-V-F.
4. Vamos imaginar que você tem uma grande indústria de malte e que precisa
enviar a um novo cliente a ficha técnica de um dos seus maltes, como ela seria?
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WEB
A sugestão que deixo para você são outros exemplos de fichas técnicas dos
maltes que estão disponíveis no site de um fabricante. Nele, você pode ver
todos os tipos de maltes que eles fabricam, bem como a ficha técnica de cada
um. É muito importante que dê uma olhada para que, assim, você consiga
compreender melhor.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
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ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Amostragem de resíduos sólidos. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004.
BRASIL. Instrução Normativa n° 11, de 13 de março de 2013. Regulamento técnico do Malte de cevada.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2013. Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/
sislegis/action/detalhaAto.do?method=visualizarAtoPortalMapa&chave=1050721743. Acesso em: 18 nov. 2019.
BRASIL. RDC n° 17, de 16 de abril de 2010. Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Me-
dicamentos. Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
anvisa/2010/res0017_16_04_2010.html. Acesso em: 18 nov. 2019.
CASTLE MALTING. Maltes belgas que fazem a sua cerveja muito especial. Castle Malting, 2018.
Disponível em: http://www.castlemalting.com/Presentations/CastleMaltingBrochurePT.pdf. Acesso
em: 18 nov. 2019.
EBC. European Brewery Convention. European Brewery Convention Analytica – EBC. 5. ed.
Germany, Nurnberg: Fachverlag Hans Carl, 2007.
GOMES, M. A. Boas Práticas de Fabricação de Cosméticos, Produtos de Higiene e Saneantes.
Controle e garantia de qualidade. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2013. 105 slides. Dispo-
nível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/DiogoPracz/Vigilancia_Sanitaria/capacitacoes/
controle_qualidade.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019.
HORNINK, G. G.; GALEMBECK, G. Glossário cervejeiro: da cultura à ciência. 1. ed. Minas Gerais:
Editora Universidade Federal de Alfenas, 2019.
WHITE, C.; ZAINASHEFF, J. Yeast: The Practical Guide to Beer Fermentation. Ed. Brewers, 2013.
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1. C.
2. D.
3. C.
4. É interessante que seja feita uma ficha técnica, similar à do exemplo explorado na unidade. Nela, devem
constar as informações que foram estudadas.
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118
119
CONCLUSÃO