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DIREITO
EMPRESARIAL
VIRGINIA DE faTIMA DIAS
IESDE
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ImageFlow/Shutterstock
6 Direito falimentar 72
6.1 Noções básicas da legislação reguladora do direito falimentar 72
6.2 Recuperação de empresa 74
6.3 Falência 79
Cada uma das áreas do Direito é regulada por normas jurídicas am-
plas, advindas especialmente do direito constitucional e outras especí-
ficas às suas áreas.
10 Direito Empresarial
O direito empresarial não é composto de um conjunto de normas jurí-
dicas isoladas das demais áreas do Direito. Ao contrário, em seu exercício
é possível perceber que, embora seja um ramo autônomo, com normas e
princípios próprios, está estreitamente ligado a outras áreas jurídicas que
ora lhe dão suporte, ora se utilizam dele em suas aplicações.
12 Direito Empresarial
o primeiro período histórico do direito comercial. Nele, as cor-
Vídeo
porações de comerciantes constituem jurisdições próprias cujas
O vídeo Dicas de Direito
decisões eram fundamentadas principalmente nos usos e costu-
Fases do Direito Comercial,
mes praticados por seus membros. publicado pelo canal Leo-
nardo Rafful, explica por
Considerando o ensinamento de Coelho, o direito comercial quais fases passou o di-
reito comercial de forma
caracterizou-se como uma área jurídica corporativista em seu
clara e sucinta.
surgimento, restrita apenas aos comerciantes matriculados nas
Disponível em: https://www.youtu-
corporações de mercadores. be.com/watch?v=iB94wGUcOSs.
Acesso em: 1 out. 2019.
Mas, assim como todas as demais áreas do Direito, o direito comer-
cial ampliou-se com a evolução das relações sociais e econômicas.
14 Direito Empresarial
estabelecimento comercial que tem por objeto social a comercialização
de veículos, organiza a atividade com base em tal objeto social e sobre-
vive economicamente de tal atividade, você pode ser considerado um
empresário.
16 Direito Empresarial
Entretanto, a partir de janeiro de 2016 (considerando o período Glossário
de 180 dias da vacatio legis da Lei 13.146, de 2015), o Código Civil Vacatio legis: expressão latina
brasileiro foi alterado acerca do tema capacidade. Assim, passaram que significa “lei vaga"; é o
a ser considerados absolutamente incapazes apenas os menores de prazo legal que uma lei tem
para entrar em vigor, ou seja, o
16 anos. tempo de sua publicação até o
início de sua vigência.
O artigo 4º do Código Civil, que regula a incapacidade relativa, tam-
bém foi modificado pelo citado Estatuto. Dessa forma, atualmente
são tidos como relativamente incapazes os maiores de dezesseis e
menores de dezoito anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxi-
cos; aqueles que por causa permanente ou transitória não puderem
exprimir sua vontade; os pródigos (BRASIL, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito perpassa todas as relações sociais, com o objetivo de organi-
zar a sociedade e garantir o desenvolvimento social.
Por isso, existem normas jurídicas aplicadas a diversas áreas, e os inú-
meros ramos do direito se relacionam entre si, uma vez que nas situações
cotidianas reguladas pelas normas jurídicas, podem estar envolvidos vá-
rios aspectos jurídicos, sejam de direito constitucional, direito civil, direito
penal, direito empresarial, entre outros.
Nesse contexto, o direito empresarial surge a partir da evolução do
direito comercial. Se antes existiu um Código Comercial, instrumento de
normatização das atividades comerciais por um longo período da história,
tal codificação foi revogada em grande parte pelo Código Civil, de 2002,
surgindo a figura extremamente importante do empresário no contexto
econômico dos países.
18 Direito Empresarial
A legislação reguladora do direito empresarial não conceitua empresa,
mas denomina quem é o empresário – quem pode exercer tão relevan-
te atividade econômica para a sociedade – uma vez que gera empregos,
possibilita a competitividade econômica, paga tributos ao Estado e possui
responsabilidade social.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.
htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL, Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/
lei/l13146.htm#:~:text=O%20direito%20ao%20transporte%20e,e%20barreiras%20ao%20
seu%20acesso. Acesso em: 1 out. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2010. v. 1.
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
TADDEI, M. G. O Direito Comercial e o novo Código Civil brasileiro. Revista Jus Navigandi, v.
7, n. 57, jul. 2002. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/3004. Acesso em: 4 set. 2019.
GABARITO
1. O direito empresarial regula a atividade da empresa e todas as relações com ela
conexas.
20 Direito Empresarial
zado com os demais cadastros federais (tal como o do Instituto Nacio-
nal de Seguridade Social, por exemplo) e permite às empresas realizar
o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) na Receita Federal.
22 Direito Empresarial
Conforme previsão legal (artigo 971 do Código Civil), o trabalha-
dor rural – o qual realiza profissionalmente atividades econômicas,
como de plantação de vegetais destinados a alimentos – está dis-
pensado de realizar inscrição na Junta Comercial, mas pode fazê-lo
se assim desejar. Entretanto, ao optar pelo registro de sua atividade
econômica, o exercente da atividade rural passa a ser considerado
empresário e submete-se a todas as exigências legais voltadas a essa
categoria profissional (BRASIL, 2002).
Vídeo
Por determinação do texto constitucional, a segunda exceção no que-
O vídeo Registro e Averba-
sito de obrigatoriedade de registro da atividade econômica na Junta Co- ção (Empresa e Sociedade
Simples), publicado pelo
mercial volta-se ao microempresário e ao empresário de pequeno porte.
canal Hebert V. Durães,
explica os significados
O artigo 179 da Constituição Federal prevê que:
de registro e averbação
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensa- da sociedade empresária
e da sociedade simples,
rão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim
indicando qual legislação
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a in- regula a matéria.
centivá-las pela simplificação de suas obrigações administrati-
Disponível em: https://www.you-
vas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação tube.com/watch?v=CN57ekpsK8A.
ou redução destas por meio de lei. (BRASIL, 1988) Acesso em: 21 nov. 2019.
24 Direito Empresarial
nece, gerando a reputação da sua empresa, sendo que essa reputação
passa a ter valor patrimonial.
A segunda quer dizer que sua não utilização não implica sua perda.
Apenas após o encerramento formal da atividade empresária, o nome
empresarial deixa de existir e pode ser utilizado por outros empresá-
rios do mesmo estado da federação em que foi registrado.
26 Direito Empresarial
O estabelecimento empresarial não deve ser confundido, portanto, Vídeo
com o imóvel onde se desenvolve a atividade empresária, pois é ape- O vídeo AGU Explica – Es-
nas um de seus elementos. tabelecimento Empresarial,
publicado pelo canal Ad-
Bruscato (2011, p. 121, grifos do original) esclarece o tema, ao afir- vocacia-Geral da União
mar que se percebe: – AGU, apresenta uma
explanação bastante asser-
Percebe-se, desde logo, que não se trata dos bens corpóreos ou tiva acerca do que é esta-
incorpóreos, considerados individualmente, tampouco de sua belecimento empresarial.
consideração em conjunto, mas de todos os elementos que con-
tribuem para o desempenho e o sucesso da atividade, conside- Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=PjZg7AVyWAI.
rando-se aí a coordenação, a organização, os métodos e práticas Acesso em: 21 nov. 2019.
na utilização dos bens, por isso, complexo organizado de bens.
28 Direito Empresarial
Nesse contexto, o aviamento como atributo do estabelecimento
empresarial deve ser considerado para fins de sua avaliação econômi-
ca e, também, nas operações de trespasse, ou seja, na sua alienação.
O estabelecimento empresarial pode ser vendido pelo empresário
e o contrato de compra e venda relativo a tal negócio jurídico é deno-
minado trespasse.
O contrato de trespasse só gera efeitos jurídicos após ser averbado
na Junta Comercial da localidade do estabelecimento empresarial, sen-
do também necessária a publicação na imprensa oficial. Assim, aqueles
que se sentirem prejudicados com o negócio jurídico praticado têm o
direito de rescindir eventuais contratos mantidos antes da transferên-
cia, respeitando o prazo de 90 dias da data da publicação, conforme
previsão do artigo 1.148 do Código Civil (BRASIL, 2002).
O contrato de trespasse gera outras obrigações ao alienante, como
é chamado o empresário que vende seu estabelecimento empresarial.
O alienante tem a obrigação de comunicar aos credores, quando
não tiver bens suficientes para saldar suas dívidas, a sua intenção de
alienar o estabelecimento empresarial. Caso não cumpra tal obrigação
legal ou os credores não concordem com a alienação, poderá ser de-
cretada por sentença judicial a falência da atividade empresarial.
Outra obrigação do empresário que aliena seu estabelecimento é a
de não se estabelecer, por cinco anos, com o mesmo ramo de negócio
na mesma localidade onde mantinha seu empreendimento que foi alie-
nado. Se o fizer, estará praticando concorrência desleal.
Já no que se refere ao passivo deixado pelo empresário, a legisla-
ção empresarial determina que a responsabilidade é do adquirente,
sendo que o alienante tem responsabilidade solidária pelas dívidas
pelo prazo de um ano, contando a partir da publicação da transferên-
cia do estabelecimento ou do vencimento, no caso das dívidas que es-
tão para vencer. Caso exista alguma cláusula no contrato de trespasse
que determine prazos diferentes dos estabelecidos em lei, serão válidos
apenas entre os contratantes, a fim de que o comprador possa ajuizar
ação regressiva contra o alienante. Por exemplo, no contrato de tres-
passe realizado em 2019, os contratantes optaram por redigir cláusula
que prevê a obrigação do alienante em pagar até 2022 os fornecedores
com quem tinha relações comerciais. Caso o alienante concorde com a
cláusula e não cumpra posteriormente com tal obrigação, o comprador
pode quitar a dívida com os fornecedores e ajuizar ação regressiva con-
tra o alienante.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituicão Federal 1988. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 5
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 20 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 9.276, de 14 de maio de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasí-
lia, DF, 15 mai. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm.
Acesso em: 28 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 20 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21
nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm. Acesso em:
20 nov. 2019.
COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
30 Direito Empresarial
GABARITO
1. O registro das empresas e das sociedades empresariais é realizado nas Juntas
Comerciais dos locais onde estão estabelecidas.
32 Direito Empresarial
Sociedade é entendida como a instituição, a entidade, a pessoa jurí-
dica, que se instituiu ou se originou a partir de um contrato, documento
no qual os responsáveis por ela descrevem os requisitos fundamentais
para sua existência (PLACIDO; SILVA, 2010).
Extrai-se de tal previsão legal que para existir uma sociedade é possí-
vel a pluralidade de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas (em regra). Os
sócios contribuem de alguma maneira (com bens ou serviços) e, diferen-
temente das associações, tal união de pessoas visa ao lucro (mesmo que
ele não seja obtido, continua caracterizando a sociedade). A partilha entre Atividade 1
os sócios, ou seja, a divisão não é apenas dos lucros, como o conceito legal O que é sociedade empresária?
pode levar a crer, mas também dos prejuízos que venham a ocorrer.
34 Direito Empresarial
Além disso, tal objeto deve estar de acordo com a lei e a moral.
Exemplificando: duas ou mais pessoas que estão se unindo para reali-
zar o comércio de remédios não autorizados pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) estarão constituindo sociedade empresa-
rial cujo objeto é ilegal.
36 Direito Empresarial
sileira, deve ser feita por pessoas naturais brasileiras ou estrangeiras
(desde que tenham visto permanente e residam no Brasil).
38 Direito Empresarial
A remuneração variável revela-se interessante tanto para os sócios,
que conseguem melhores resultados advindos do bom desempenho
do administrador, como ao gestor contratado, que se sente estimulado
a atingir os objetivos da sociedade de maneira eficiente.
40 Direito Empresarial
ca e o seu patrimônio pessoal, uma vez que, assim, não correm o risco
Vídeo
de perder seus bens pessoais.
O vídeo Direito Civil –
Existem, segundo a legislação civil brasileira, diversos tipos de pes- Aula#19 – Desconside-
ração da Personalidade
soas jurídicas, como associações, fundações, partidos políticos, orga- Jurídica, publicado pelo
nizações religiosas, empresa individual de responsabilidade limitada, canal É isso!, apresenta
explicações bastante es-
entre outras. Porém, o objeto do presente estudo são as sociedades, clarecedoras acerca do
espécies de pessoas jurídicas de direito privado (BRASIL, 2002). Por- tema. Assista ao vídeo
até 16'45", momento em
tanto, a análise a ser feita aqui estará voltada à última pessoa jurídica que há os fundamentos
mencionada, ou seja, as sociedades. acerca do assunto, uma
vez que ocorreram mu-
Uma vez que algumas pessoas, com o passar do tempo, foram danças sobre a descon-
sideração da personali-
criando táticas para não cumprir as obrigações que contraíam em dade jurídica por meio
nome da pessoa jurídica, foi criada a figura da desconsideração da per- da Lei n. 13.874, de 20
de setembro de 2019,
sonalidade jurídica. Conforme analisa Mamede (2012, p. 237-238): que modifica alguns as-
pectos apresentados
muito cedo, alguns perceberam que poderiam utilizar a persona-
depois do tempo indi-
lidade jurídica de associações, sociedades e, mesmo, fundações cado (16'46" em diante).
para a prática de atos ilícitos (contra a lei) ou fraudatórios (em
fraude à lei), lesando terceiros em benefício próprio. A tentação Disponível em: https://www.you-
de fazê-lo é ainda maior nas sociedades em que se prevê uma tube.com/watch?v=KRHjFeP_pO0.
limitação entre as obrigações da sociedade e o patrimônio dos Acesso em: 14 out. 2019.
42 Direito Empresarial
patrimônio da pessoa jurídica ou de si próprio, para frustrar o paga-
mento das dívidas contraídas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do direito empresarial envolve o tema direito societário, o
qual explica a constituição das sociedades empresariais, tão importantes
para a movimentação da economia de um país.
Ao decidir por constituir uma sociedade, os indivíduos devem consi-
derar que estarão optando por uma relação jurídica complexa, não só
REFERÊNCIAS
BRASIL. Instrução Normativa n. 38, de 2 de março de 2017. Diário Oficial da União, 6 mar.
2017. Disponível em: https://mapajuridico.files.wordpress.com/2017/03/in-drei-38-2017.
pdf. Acesso em: 14 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 20 set. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/L13874.htm. Acesso em: 14 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 18 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L6404consol.htm. Acesso em: 14 out. 2019.
BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União,
Poder Legislativo, Brasilia, DF, 15 dez. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 24 set. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D.; FABRETTI, D. R. Direito Empresarial para os Cursos de
Administração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 2015.
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Forense, 2018.
44 Direito Empresarial
GABARITO
1. A sociedade empresária é resultado da conjugação de esforços de seres
humanos que, cooperando entre si, com bens ou serviços, criam uma
instituição para o desenvolvimento de atividade econômica organizada,
bem como realizam a divisão dos frutos financeiros obtidos.
46 Direito Empresarial
Assim, o contrato social pode ser compreendido como a certidão
de nascimento da sociedade. Ele é registrado pelos sócios quando eles
constituem a sociedade e deve ser averbado, quando tal documento
sofre modificações, na Junta Comercial (no caso das sociedades em-
presariais) e no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas (no caso de
sociedade simples). Esse ato constitutivo é utilizado para sociedades
compostas de pessoas, como é o caso da sociedade limitada.
Sociedade composta de pessoas ou de ações remete à classificação
que se refere à estrutura econômica. As sociedades de pessoas são
compostas em função das qualidades pessoais dos sócios. Por isso,
nesse tipo de sociedade, há restrições na cessão e transferência de
cotas a terceiros; da mesma forma, o falecimento do sócio não garan-
te sua substituição por herdeiros no vínculo social. São sociedades de
pessoas a sociedade em comum, a sociedade em comandita simples, a
sociedade em conta de participação e a sociedade limitada.
Já a sociedade formada por ações (ou sociedade de capital) é cons-
tituída em função do investimento feito, não sendo importantes as
características do investidor. Assim, as ações podem ser transferidas
livremente de titularidade. A sociedade em comandita por ações e a
sociedade anônima são de capital.
Dentre as classificações das sociedades, uma extremamente rele-
vante refere-se ao regime de responsabilidade dos sócios, pois está re-
lacionada a quem está obrigado a cumprir os encargos contraídos em
nome da sociedade.
Nessa esteira, Bruscato (2011, p. 204) afirma que:
A sociedade, seja qual for o tipo societário escolhido, sempre
responderá ilimitadamente pelas obrigações que assumir. No
entanto, devido ao princípio da separação patrimonial, que de-
corre, por sua vez, da personalização da sociedade, é lícito aos
sócios optar por modelo societário que influencie na sua respon-
Atividade 1
sabilidade pelas dívidas sociais, criando ou não solidariedade
Como se classificam as
entre a sociedade e seus membros. Nesse sentido, três possibi-
sociedades quanto ao regime de
lidades se abrem aos sócios: adotar tipo societário cujo regime responsabilidade dos sócios?
de responsabilidade dos sócios seja ilimitado, limitado e misto.
48 Direito Empresarial
saldar as dívidas –, os credores não possuem o direito de executar o
patrimônio pessoal dos sócios para receber os valores que lhes são
devidos, tendo de suportar o prejuízo.
50 Direito Empresarial
4.2 Personificação
Vídeo A sociedade passa a ser uma pessoa jurídica apenas após o arquiva-
mento de seu ato constitutivo, seja contrato social ou estatuto, no órgão
competente, após trinta dias da data de sua assinatura pelos sócios. No
caso das sociedades empresariais, o órgão de registro é a Junta Comercial;
no caso das sociedades simples, o Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas.
52 Direito Empresarial
4.3 Regime de dissolução e liquidação
Vídeo A sociedade tem início a partir da união de vontades para atingir um
objetivo específico do cumprimento das exigências legais. Ela executa
seu objeto por um prazo determinado ou indeterminado e chega ao
final de suas atividades, ocorrendo a sua extinção. Também pode ocor-
rer a dissolução da sociedade devido ao término da affectio societatis,
que é a vontade, a intenção de contrair sociedade.
54 Direito Empresarial
cio, como se dá nas hipóteses legais de exercício do direito de recesso
(BRASIL, 2015).
4.3.3 Liquidação
Após ocorrer a dissolução da sociedade, a pessoa jurídica ainda não
deve ser considerada extinta, pois é necessário iniciar a liquidação da
sociedade. Liquidação significa que todo o ativo e o passivo devem ser
levantados, a fim de que o passivo seja quitado e o que restar do ativo
seja partilhado entre os sócios.
Caso a dissolução não seja amigável, mas sim judicial, por solicita-
ção de um dos sócios, caberá ao juiz determinar quem será o liquidan-
te, considerando se há no ato constitutivo indicação ou não de sócio ou
pessoa estranha à sociedade para ser o liquidante.
Vídeo Conforme ressalta Mamede (2012, p. 89, grifos do original),
No vídeo Como dissolver
Em todos os atos, documentos ou publicações, o liquidante em-
e liquidar uma sociedade
- Henrique Arake, publica-
pregará a firma ou denominação da sociedade sempre seguida
do pelo canal Henrique da cláusula em liquidação, assinando-os com a declaração de sua
Arake, temos uma breve, qualidade de responsável pela liquidação (liquidante). O trabalho
mas didática, explanação do liquidante deve ser cuidadoso, respondendo pessoalmen-
acerca da maneira legal
te pela prática de atos ilícitos (dolosos ou culposos) que criem
como deve ser dissolvida
danos aos sócios, bem como a terceiros, embora, aqui, responda
a sociedade empresária.
solidariamente com o patrimônio social.
Disponível em: https://www.you- Seja escolhido pelos sócios ou pelo juiz, em ação judicial, o liquidan-
tube.com/watch?v=W4pHhBSJG-
PA. Acesso em: 21 nov. 2019. te desempenha papel de grande relevância e responsabilidade, pois
cabe a ele saldar as dívidas da sociedade com os bens sociais, fazer a
partilha do patrimônio remanescente e, por fim, prestar contas, finali-
zando, assim, seu trabalho. Se causar danos por sua atuação, responde
pessoalmente por eles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito societário estabelece regras aos indivíduos que constituem
sociedade, buscando resguardar os interesses da sociedade, bem como
dos credores.
Por fazer parte do direito privado, suas normas são dispositivas e as
bases legais para a constituição das sociedades são ajustadas pelos só-
cios, mas o não cumprimento do que foi convencionado traz consequên-
cias jurídicas. Exemplo disso é a responsabilidade dos sócios em relação
às obrigações sociais. Uma vez escolhido o tipo societário, é necessário
que conduzam a atividade econômica de maneira que haja respeito à lei,
56 Direito Empresarial
ao ato constitutivo e às normas de ordem pública, sob pena de responde-
rem com seus bens particulares.
Se iniciar uma sociedade é instigante, faz-se necessário estar prepara-
do para seu término que, conforme a situação que o enseja, pode gerar,
inclusive, ações judiciais para o cumprimento das normas de dissolução e
liquidação. Portanto, a extinção da pessoa jurídica significa ir muito além
de simplesmente fechar as portas do empreendimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de setembro de 1976. Diário Oficial da União. Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.
htm. Acesso em: 21 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União. Poder Legislativo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 21 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 fev. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11101.htm. Acesso em: 28 nov. 2019
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União. Poder Legislativo,
Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 21 nov. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D.; FABRETTI, D. R. Direito Empresarial para os cursos de Adminis-
tração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 2015.
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
GABARITO
1. Quanto ao regime de responsabilidade dos sócios, as sociedades classificam-se em: de
responsabilidade ilimitada, de responsabilidade limitada e de responsabilidade mista.
3. As duas circunstâncias que levam à dissolução total das sociedades são: dissolução de
pleno direito e por determinação judicial.
58 Direito Empresarial
O empresário é quem assume o risco do negócio, investindo capital Vídeo
em mercadorias, máquinas etc., contrata trabalhadores e administra O vídeo O que é EIRELI?
esses fatores econômicos, visando obter lucro. O grau de formação es- (Empresa Individual de Res-
ponsabilidade Limitada)
colar do seu titular é indiferente (FABRETTI, 2015). – Jurídi...O que?!?!, publi-
cado pelo canal Canal SL,
Como apontado, não há grandes exigências legais para se tornar explica o que é empresa
um empresário individual no Brasil, pois tais exigências se resumem individual de responsabi-
lidade limitada e como se
em ter capacidade civil e não estar impedido por lei. constitui. Observe que o
vídeo é de 2014, mas não
Para atender às formalidades legais, o empresário individual preci-
ocorreram mudanças na
sa realizar um requerimento de inscrição na Junta Comercial contendo: lei sobre a matéria.
Essa era a única opção para o empresário que não tinha a intenção
de constituir sociedade para exercer a atividade econômica, embora
com a desvantagem de levar a risco seu patrimônio pessoal.
Surgiu, assim, mais uma opção para que não seja necessário constituir
sociedade com o intuito de desenvolver atividade empresarial, uma vez
que muitas pessoas preferem não o fazer por receio dos conflitos decor-
rentes da falta de afinidade, visões mercadológicas distintas, diferenças
na aplicação de esforços e habilidades ao realizar contrato de sociedade.
A Eireli passa a ser também uma solução para quando, em uma so-
ciedade limitada constituída por apenas duas pessoas, uma delas fale-
ce ou se retira da sociedade, pois, nesse caso, o sócio remanescente da
sociedade limitada tem apenas 180 dias para conseguir outro sócio ou
pode optar por constituir uma empresa individual de responsabilidade
limitada, desde que cumpra as exigências legais.
60 Direito Empresarial
para constituição da Eireli, que não existe para o empresário individual,
ainda existe a diferença em relação ao nome adotado.
Para o autor, tal fato era explicado pela simplicidade em sua for-
mação e continuidade, determinadas pelo Decreto n. 3.708, de 1919.
Porém, tal norma jurídica foi revogada pelo Código Civil, de 2002. Ainda
62 Direito Empresarial
gralização do capital social. Exemplificando: se no contrato social foi
descrito o capital social de R$ 1 milhão, sendo que dois sócios integra-
lizaram R$ 700 mil na constituição da sociedade, e um terceiro sócio
consignou que integralizaria posteriormente os R$ 300 mil restantes,
mas não o fez, os outros dois sócios também respondem pelo valor to-
tal, que é de R$ 1 milhão. Além disso, o sócio que não cumpriu com sua
obrigação (denominado nesse caso de sócio remisso) pode ser excluído
da sociedade pelos demais sócios.
Após isso, a regra geral é que passem a não mais responder com
seus bens por qualquer obrigação social, exceto em situações em que
atuem desrespeitando o ato constitutivo ou a lei, na desconsideração
da personalidade jurídica, em caso de débitos tributários, trabalhistas
e previdenciários.
64 Direito Empresarial
ela continuará sendo empresarial. Por exemplo, uma empresa de distri-
Vídeo
buição de energia elétrica tem como objeto a prestação de serviços.
No vídeo Você sabe o que
Seu ato constitutivo, diferentemente das sociedades formadas por é Sociedade Anônima?, pu-
pessoas, é o estatuto, porque sua estrutura é mais complexa e pode blicado pelo canal Franco
Maziero // Canal Mais Di-
envolver muitas pessoas. Isso faz com que exista a obrigação de seguir- reito, há uma apresenta-
-se muitas formalidades no intuito de proteger a empresa, os acionis- ção bem didática sobre o
que é sociedade anônima
tas e o público.
e suas características.
O estatuto da companhia deve descrever com exatidão seu objeto,
Disponível em: https://www.youtube.
o qual pode ser qualquer empresa que objetive lucro, contanto que com/watch?v=dtvd1ynGENo.
respeite a lei, a ordem e os bons costumes (MAMEDE, 2012). Acesso em: 6 nov. 2019.
66 Direito Empresarial
Existem duas modalidades de Assembleia Geral, a ordinária e a ex-
traordinária. A ordinária é uma reunião obrigatória dos acionistas fei-
ta para tomar as contas dos administradores, examinar as finanças,
deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e eleger os
administradores e membros do Conselho Fiscal. Essa eleição deve ser
realizada nos quatro primeiros meses após o término do exercício so-
cial (BRASIL, 1976).
É notório que no Brasil os juros bancários são uns dos mais altos
do mundo, o que, certamente, desmotivaria empreendedores a buscar
empréstimos em tais estabelecimentos financeiros, para garantir um
68 Direito Empresarial
capital consistente, necessário a médios e grandes empreendimentos.
Fabretti quer esclarecer que, com a venda de suas ações, a companhia
consegue obter capital de maneira mais barata, uma vez que não pre-
cisa pagar juros aos bancos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União. Poder Executivo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404compilada.htm. Acesso em: 11 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União. Poder Executivo,
Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 11 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 12.441, de 11 de julho de 2011. Diário Oficial da União. Poder Legislativo,
Brasília, DF, 12 jul. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2011/Lei/L12441.htm. Acesso em: 6 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília,
DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.
Acesso em: 2 out. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D.; FABRETTI, D. R. Direito Empresarial para os Cursos de
70 Direito Empresarial
Administração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 2015.
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
SILVA, D. P. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004
GABARITO
1. A exigência legal para constituir uma empresa social de responsabilidade limitada é
que a integralização do capital social que não deve ser inferior a cem vezes o maior
salário mínimo vigente no país, conforme artigo 980 da Lei n. 12.441/2011.
Tais penas podiam ser desde a retirada dos bens do devedor até
torná-lo escravo do credor. Percebe-se que a responsabilidade não era
72 Direito Empresarial
patrimonial, mas pessoal. Assim, o corpo do devedor servia como ga-
rantia do credor (BRUSCATO, 2011).
Direito falimentar 73
a conceder uma dilatação de prazo para recebimento de seus
créditos, com ou sem rebate sobre o valor dos mesmos.
74 Direito Empresarial
Por esta razão, o princípio da preservação da empresa, fundamenta-
do na proteção à continuidade das atividades de produção de riquezas,
a fim de que não ocorram prejuízos econômicos e sociais, foi norteador
da Lei n. 11.101, de 2005. A lei regula não apenas o procedimento es-
pecial do processo de falência, mas também de recuperação judicial e
extrajudicial, conforme é possível depreender do texto da própria lei:
A recuperação tem o objetivo de viabilizar a superação da situa-
ção de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir
a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalha-
dores e dos interesses dos credores, promovendo assim a pre-
servação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica. (BRASIL, 2005)
Direito falimentar 75
Segundo o ordenamento jurídico brasileiro atual, há dois tipos de re-
cuperação judicial, a recuperação judicial e a recuperação extrajudicial.
76 Direito Empresarial
cialmente, formação em Administração, Direito, Ciências Contábeis ou
Ciências Econômicas, desde que seja profissional idôneo. A lei permite
também pessoa jurídica especializada como administrador judicial. No
mesmo ato, intima-se o Ministério Público como fiscal de aplicação da
lei. Também há a comunicação às Fazendas Públicas de todas as esfe-
ras públicas em que o devedor tiver estabelecimento.
Direito falimentar 77
No período em que ocorrer o procedimento de recuperação, o de-
vedor e os administradores da empresa são mantidos na condução
da atividade, mas ficam sob a fiscalização do administrador judicial e
do comitê de credores (o qual pode ou não existir), exceto se tiverem
cometido algum ato considerado fraudulento, antes ou durante a re-
cuperação, ou terem sido condenados por crime falimentar contra o
patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica anteriormente.
78 Direito Empresarial
Somente após a concordância e adesão dos credores com o pla-
no apresentado pelo devedor é que ele será levado ao Judiciário para
homologação.
Mas para que seja validada a adesão ao plano e para que ocorra o
requerimento da homologação da recuperação extrajudicial, o devedor
precisa convencer os credores a representarem “no mínimo três quin-
tos dos créditos de cada espécie” englobada pelo plano (BRUSCATO,
2011, p. 627). Assim, se alcançada tal exigência, todos os credores esta-
rão obrigados a concordar.
6.3 Falência
Vídeo Falência significa a insolvência do empresário ou da sociedade em-
presária, isto é, que as dívidas excedem o patrimônio do devedor.
Direito falimentar 79
ativos e recursos produtivos) e assegurar o tratamento paritário dos
credores (BRASIL, 2005).
Vídeo
O afastamento do devedor do mercado torna-se um dos objetivos
O vídeo AGU Explica - Pres-
supostos para a Falência,
da falência porque, devido à inadimplência, o comerciante passa a ser
publicado pelo canal Ad- malvisto. A preservação dos bens da empresa tem relação direta com
vocacia-Geral da União -
AGU, explica de maneira
a possibilidade de saldar as dívidas contraídas pelo empresário. E, uma
resumida os pressupos- vez que não existam bens suficientes para pagar todos os credores,
tos legais previstos na
cabe à lei definir qual será a ordem de pagamento.
Lei n. 11101/2005 para
solicitação do pedido da Quem pode ter a falência decretada é o empresário individual, a
falência.
sociedade empresária ou a empresa individual de responsabilidade li-
mitada (Eireli).
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=udGzibpAKPQ. O procedimento previsto na Lei n. 11.101 não se aplica ao deve-
Acesso em: 07 nov. 2019.
dor civil, ao profissional liberal, aos que exercem atividade rural sem
inscrição na Junta Comercial, às cooperativas e às sociedades simples,
assim como as empresas públicas, as sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público, instituições financeiras, cooperativas
de crédito, administradoras de consórcio e entidades de previdência
complementar (BRASIL, 2005). Isso ocorre porque existe outro regime
legal para a situação de insolvência nos casos indicados.
80 Direito Empresarial
O inadimplemento injustificado, segundo a lei, deve ser de obri-
gação superior a 40 salários mínimos, constante de título executi-
vo, que precisa ter sido protestado. É permitido que os credores se
reúnam para somar os valores devidos e, assim, cheguem ao limite
estabelecido por lei.
Direito falimentar 81
ilimitada, eles também devem ser citados porque a falência da socieda-
de implica a falência deles também.
82 Direito Empresarial
Já em relação ao falido e seus bens, ocorre a inaptidão para o exer-
cício de atividade empresarial, sob pena de responder por crime fa-
limentar; perda do direito de administração e de disponibilidade dos
bens da massa falida, sob pena de nulidade de seus atos; cumprimento
de deveres sob pena de crime de desobediência. São exemplos de tais
deveres: prestar esclarecimentos sobre todos os aspectos referentes à
falência, depositar em cartórios todos os livros obrigatórios e demais
documentos indicados pelo administrador; não se ausentar do local do
juízo da falência em motivo justo e comunicar ao juiz (BRASIL, 2005).
Direito falimentar 83
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tornar-se um empreendedor e manter-se no mercado não é tarefa
fácil, visto que não basta ter o capital necessário para investir, vontade
de trabalhar e o conhecimento da área específica de atuação econômica.
Existem outras variantes, tais como as oscilações econômicas, advindas
de situações políticas e sociais internas e até mesmo do exterior.
A respeito da situação da inadimplência de obrigações, seja por parte
da pessoa física ou da pessoa jurídica, ressaltamos que sempre existiu,
historicamente falando. Entretanto, com a evolução das relações sociais e
econômicas, surgiu a necessidade de auxiliar o devedor no cumprimento
de suas obrigações financeiras e não apenas de o punir.
Em específico, no que se refere ao empreendedor, ficou clara a sua im-
portância social como gerador de empregos, pagador de tributos, fomen-
tador de concorrência (o que permite melhores preços aos consumidores)
e fortalecedor da economia. Por isso, a legislação passa a oportunizar ao
empresário ético a possibilidade de se reestruturar economicamente, a
fim de que consiga dar continuidade ao seu empreendimento, ainda que
atravesse um momento de crise financeira.
Nessa esteira, a Lei n. 11.101/2005 regula o direito material, ou seja,
o procedimento a ser adotado pelos empresários para viabilizar a manu-
tenção de sua empresa por meio de negociação com os credores. Tam-
bém apresenta normas de direito processual, determinando como deve
ser o procedimento adotado pelo Poder Judiciário para garantir o apoio
aos bons empresários, assim como punir os que não atendam a critérios
legais e éticos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União. Poder Legislativo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 2 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Diário Oficial a União. Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 fev. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11101.htm. Acesso em: 17 out. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D.; FABRETTI, D. R. Direito Empresarial para os Cursos de
Administração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 2015.
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
SILVA, D. P. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
84 Direito Empresarial
GABARITO
1. Ao criar a recuperação judicial da empresa na Lei n. 11.101/2005, a intenção do
legislador foi evitar a decretação judicial da falência, possibilitando a superação da
crise econômica pela qual passa o empresário e, assim, mantendo o funcionamento
da empresa devido a sua função social.
2. Na recuperação judicial. Sua não homologação pelo juiz a converte em falência, o que
não ocorre com o pedido de recuperação extrajudicial.
Direito falimentar 85
7
Noções gerais de
propriedade industrial
Neste capítulo são apresentadas, aos iniciantes nos estudos de
direito empresarial, noções gerais acerca da proteção aos direi-
tos intelectuais, mais especificamente em relação à propriedade
industrial.
86 Direito Empresarial
maquinários, equipamentos etc. O ativo intangível é constituído Vídeo
de bens incorpóreos que muitas vezes são fruto da ideia huma-
Por meio do vídeo Pro-
na, tais como marcas, patentes de invenções, desenhos e mode- priedade Industrial [Dir.
los industriais, entre outros. Embora sejam representados em Empresarial] - É isso!, pu-
um suporte físico, uma embalagem de produto, por exemplo sua blicado pelo canal É isso!,
é possível ter uma breve
essência, consiste em algo material: direitos, ideias, concepções, noção de propriedade in-
projetos, sistemas de computadores etc. dustrial e de quais as leis
que regem a matéria.
Assim como os produtos tangíveis, os bens intangíveis, como mar-
cas e invenções, por exemplo, também possuem valor econômico e, Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=Cew5nCS-
por isso, precisam de proteção legal, pois integram o patrimônio do M-BI. Acesso em: 29 out. 2019.
empresário ou da sociedade empresária.
88 Direito Empresarial
Como bem evidencia o autor, muitas vezes a marca é um fator deci-
sivo no momento de aquisição de um produto ou serviço. Desse modo,
os bens tutelados pelo direito de propriedade industrial são: a inven-
ção, o modelo de utilidade, a marca e o desenho industrial.
Há, ainda, outro critério para classificação das marcas, que consi-
dera “o seu reconhecimento na sociedade e na atividade comercial”
(FABRETTI, 2015, p. 165). Daí surgem a marca de alto renome e marca
notoriamente conhecida.
90 Direito Empresarial
A primeira é aquela reconhecida nacionalmente ou no âmbito de
um território, mas o reconhecimento da notoriedade deve ser atestado
após solicitação ao INPI. Por sua vez, a marca notória é a que tem reco-
nhecimento em nível mundial e, de acordo com legislações nacional e
internacional, garante-se a ela o direito de exclusividade de seu deten-
tor, mesmo sem registro, nos países onde é comercializada, como é o
caso da marca Toyota.
A não colidência com marca notória ou de alto renome, outra exi- Atividade 3
gência para se registrar a marca, refere-se às marcas conhecidas em Quais são os requisitos legais
todo o território nacional, muito famosas e que, por isso, são prote- para se obter a patente?
gidas em todos os ramos de atividades. A marca notoriamente co-
92 Direito Empresarial
7.3 Patente e suas características
Vídeo O inventor é figura fundamental no processo de desenvolvimento
tecnológico e, consequentemente, econômico de um país. Por isso, a
Constituição Federal brasileira prevê a existência de lei que assegure,
aos autores de inventos industriais, privilégio temporário para utiliza-
ção dessa ideia como uma maneira de incentivo ao desenvolvimento
da capacidade inventiva.
Vídeo
Por um lado, a Lei n. 9.279, de 1996, atende aos O vídeo O que é uma pa-
interesses do inventor ao lhe garantir um direito ex- tente, publicado pelo ca-
nal Capim da Sabedoria
clusivo de exploração do bem patenteado. Sob outro – Guia prático do empre-
aspecto, responde aos interesses da comunidade, sário, explica, de maneira
breve e objetiva, o que é
quando esta exige do inventor a divulgação da tec- uma patente e os requi-
nologia patenteada. sitos para sua existência.
94 Direito Empresarial
Nesse sentido, uma invenção atende ao requisito de aplicação in-
dustrial quando pode ser produzida e utilizada em escala industrial.
Por conseguinte, é suscetível de utilização industrial o objeto da in-
venção que tenha condições de ser produzido para o consumo da
sociedade e que, também, seja aplicável em, ao menos, um setor do
sistema produtivo.
96 Direito Empresarial
7.3.2 Patente de modelo de utilidade
A patente pode ser concedida, também, ao modelo de utilidade, se
respeitados os requisitos legais, que são os mesmos para a concessão
do direito de exclusividade voltados à invenção – novidade, atividade
inventiva, aplicação industrial e licitude.
Tal conceito deixa claro que ao trazer novas utilidades a algo que já
existe, por meio de mudanças em sua forma ou atribuindo-lhe novas
funções, o responsável por tal inovação possui os mesmos direitos do
inventor, uma vez que tenha realizado o registro no INPI e que a paten-
te sobre o modelo de utilidade tenha lhe sido concedida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitas são as estratégias, assim como bens, nas quais o empresário e
a sociedade empresarial investem para obtenção do lucro no desenvolvi-
mento da atividade econômica.
Para resguardar os investimentos e propiciar incentivo à inovação e
às pesquisas científica e tecnológica – capacitando e alcançando a auto-
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996. Diário Oficial da União. Poder Executivo,
Brasília, DF, 15 mai. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.
htm. Acesso em: 23 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da União. Poder Executivo,
Brasília, DF, 20 fev. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.
htm. Acesso em: 29 out. 2019.
COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Saraiva, 2010.
DI BLASI, G. A Propriedade Industrial: os sistemas de marcas, patentes, desenhos industriais
e transferência de tecnologia. Rio de Janeiro: Forense, 2010.
FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D.; FABRETTI, D. R. Direito Empresarial para os Cursos de
Administração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 2015.
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
GABARITO
1. Marcas e invenções precisam de proteção legal, pois também possuem valor
econômico, uma vez que integram o patrimônio do empresário ou da sociedade
empresarial.
2. Marca é um sinal, uma representação por meio de símbolos, que permite a identificação
de um produto ou de um serviço, cuja proteção existe a partir do momento em que é
registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
98 Direito Empresarial
8
Títulos de crédito
Neste capítulo, temos como objetivo fornecer a você que está
iniciando seus estudos jurídicos uma visão ampla acerca do direto
cambiário. Essa área do Direito teve sua origem na Idade Média e
sempre representou um facilitador às transações comerciais.
Ainda que ocorra, hoje, ampla utilização dos cartões de crédito,
que vieram representar confiança e segurança nas transações
financeiras, existe a necessidade de estudar os documentos que
por séculos representaram o crédito e ainda o fazem, uma vez que
são utilizados pelos empresários até o presente momento.
Por isso, explica-se o que são os títulos de crédito, as
características necessárias para seu reconhecimento, os
princípios legais norteadores de sua criação, as classificações e as
especificações sobre alguns dos tipos desses documentos.
Títulos de crédito 99
Vídeo A existência dos títulos de crédito não é recente, como esclarece
O vídeo O que são títulos Mamede (2012, p. 316):
de crédito - Empresarial de
Há muitos séculos, estabeleceu-se entre os seres humanos o
leve, publicado pelo canal
CEISC, traz uma breve ex- conceito e a prática dos títulos de crédito, isto é, de documentos
plicação acerca de títulos que materializavam o direito de exigir bens ou dinheiro. José Sa-
de crédito, apresentando raiva, clássico do tema, identifica versões remotas de títulos de
sua importância, seu con-
ceito, comentando seus
crédito na Antiguidade: na Índia, na Assíria do séc. XII a. C., entre
princípios e tratando do os hebreus, entre os gregos (Atenas, séc. V a.C.) e em Roma, a
aval. partir do fim da República.
Disponível em: https://www.you- Mas, com a evolução do comércio, ele foi aperfeiçoado e passou
tube.com/watch?v=bS68ENSIbAg. a ser mais utilizado, em especial nas transações oriundas do direito
Acesso em: 26 nov. 2019.
empresarial, pois as empresas precisam de crédito, ou seja, de pra-
zo para pagamento de suas dívidas, o que é proporcionado por tais
documentos.
Quando a lei determina que o título deve ser emitido a partir da von-
tade livre, significa que não deve ocorrer a vontade viciada por qual-
quer um dos defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação, estado de
perigo, lesão, fraude). Portanto, se uma pessoa emite ou assina uma
nota promissória porque foi coagido a fazê-lo, tal documento não terá
validade legal (desde que a situação seja comprovada judicialmente).
Os títulos abstratos, por sua vez, podem ser emitidos sem vincula-
ção a determinado negócio jurídico. É o caso das notas promissórias,
que podem ser criadas por liberalidade do emitente.
8.3.2 Duplicata
A duplicata é regulada pela Lei n. 5.474/1968, denominada Lei de
Duplicatas, e também, nas omissões da norma jurídica citada, pela Lei
Uniforme de Genebra, de 1930, acerca de emissão, circulação e paga-
mento. É considerada um título de crédito causal, pois sua emissão tem
sempre como causa um contrato de compra e venda mercantil ou um
contrato de prestação de serviços (BRASIL, 1968). A duplicata é uma
ordem de pagamento.
8.3.3 Cheque
O cheque é um documento tratado como título de crédito e contém
ordem de pagamento à vista sacada contra um banco (o sacado), por
quem tenha fundos disponíveis em poder dele (o emitente), em favor
do beneficiário.
Por outro lado, se o cheque for apresentado e existir saldo, não ha-
vendo nenhum impedimento (assinatura falsa do emitente, por exem-
plo), o banco sacado efetua o pagamento, providenciando o débito do
valor na conta do sacador.
O Banco Central, por meio da Resolução n. 1.682/1990, determi-
na que, caso o cheque seja devolvido duas vezes por insuficiência de
fundos, seu emitente deve ser incluído no cadastro de emitentes de
cheques sem fundos, perdendo, assim, o direito de receber novos
talões de cheques.
REFERÊNCIAS
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução n. 1.682, de 31 de janeiro de 1990. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 31 jan. 1990. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/
busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/44941/
Res_1682_v1_O.pdf. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Decreto n. 57.663/66, de 24 de janeiro de 1966. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 31 jan. 1966. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/Antigos/D57663.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 5.474, de 18 de julho de 1968. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 19 jul. 1968. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5474.
htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 7.357, de 2 de setembro de 1985. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 2 set. 1985. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7357.
htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de direito empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
COELHO, F. U. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2010.
FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D.; FABRETTI, D. R. Direito empresarial para os cursos de
Administração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 2015.
MAMEDE, G. Manual de direito empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
GABARITO
1. Título de crédito é um documento que comprova um direito, ou seja, uma obrigação
financeira, desde que o documento atenda às exigências legais.