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PROFESSOR SÉRGIO GABRIEL

TEORIA GERAL DO DIREITO DE EMPRESA

1. Introdução
Com o advento do novo Código Civil surge a necessidade de repensarmos o antigo
Direito Comercial.
Os doutrinadores comercialistas muito relutaram em aceitar a inserção do Código
Comercial no bojo do Código Civil, no entanto, tal unificação não significa a perda da especialidade
da matéria, e sim, a necessidade de enxergarmos esse ramo do direito de forma revitalizada.
Assim é que por força da Teoria da Empresa, há muito difundida pela doutrina mais
moderna, aos poucos o Direito Comercial foi ganhando novos contornos, o que acabou por culminar
com sua introdução dentro do principal compêndio legislativo de Direito Privado, o Código Civil.
O raciocínio para tal evolução foi relativamente simples. Com a evolução da
sociedade empresarial no Brasil, tínhamos dois grandes grupos econômicos. De um lado estava a
atividade comercial que foi por longo tempo o maior símbolo de desenvolvimento econômico
nacional em razão da circulação de riquezas, e de outro lado, já por volta dos anos 80 (oitenta), a
atividade de serviços que surgiu e se tornou à atividade econômica que mais cresceu no país nos
últimos tempos.
Ocorre, porém, que apesar de tratarmos de duas atividades com elementos
idênticos: o risco e o lucro, as condições oferecidas pelo legislador como regra de disciplina de suas
atividades eram totalmente distintas, o que gerava uma desproporção entre as condições de
desenvolvimento empresarial de cada um.
Enquanto o Direito Comercial disciplinava a atividade comercial gerando obrigações
e concedendo benefícios aos comerciantes, a atividade de serviços carecia de uma legislação
específica que pudesse lhe outorgar um conjunto próprio de obrigações e benefícios, gerando para
atividades com os mesmos elementos, regramentos e condições distintas, como asseverado
anteriormente.
Mais essas diferenças foram sendo questionadas aos poucos no Poder Judiciário,
pois, em tempos de crise econômica, tinham os comerciantes à possibilidade de fazer uso do
benefício da concordata, no entanto, a atividade de serviços não podia se beneficiar deste
dispositivo já que a regra era aplicável somente aos comerciantes.
Mas não é só, no tocante ao direito do uso da Ação Renovatória de Aluguel,
inicialmente só o comerciante podia se beneficiar deste dispositivo legal, porém, ao longo do tempo
o Poder Judiciário foi sendo invocado e esse entendimento começou a ser ampliado, outorgando-
se a atividade de serviço o direito de renovação locatícia, até que o legislador acabou cedendo e
ampliando o espectro de aplicação da norma de locações.
Esses são apenas pequenos exemplos para observarmos e refletirmos como a
ausência de um regramento único gerava distorções para atividades tão semelhantes.
Porém, se estamos tratando de atividades que propiciam o desenvolvimento
econômico de um país, nada mais coerente do que o legislador caminhar no sentido de eliminar as
diferenças legislativas de forma a não permitir qualquer entrave que gere a obstaculização desse
desenvolvimento econômico, o que justificou assim, a criação do Direito de Empresa inserido no
bojo do Código Civil de 2002.

2. Teoria da Empresa
É importante para melhor compreendermos essa alteração legislativa que façamos
uma análise sobre a Teoria da Empresa.
Sabemos que o que impulsiona duas ou mais pessoas a se unirem e constituírem uma
empresa é a conjugação de dois fatores: colaboração e risco.
2.1. Colaboração – haja vista que o poder de melhor desenvolver uma atividade empresarial
está justamente na reunião de recursos, viabilizando o estabelecimento com estrutura mais sólida
e, portanto, menos suscetível de fracasso;
2.2. Risco – pois, ainda que a estrutura seja mais sólida pela colaboração entre pessoas, o
risco será sempre inerente ao negócio, e a união de várias pessoas a sua volta permite a diluição do
risco da atividade entre os participantes da mesma sociedade.
Assim é, que o modelo empresarial atual caminha para a formação de sociedades. E
como já vimos anteriormente, o modelo histórico de sociedades comerciais e sociedades civis já não
coadunava mais com nosso tempo, razão pela qual a análise agora passa a ser exclusivamente a de
empresa.
É de se notar também, que a razão que levou a criação dessa teoria da empresa foi
exclusivamente econômica, já que a atividade do empresário para o mundo econômico é o único
meio de circulação de riquezas. Com isso, é possível traçar até um paralelo entre a globalização e
essa realidade atual, pois se analisarmos as nações que aderiram ao mundo globalizado estimulando
a circulação de riquezas, comparadas as nações que possuem economia fechada, e, portanto, com
circulação de riquezas em potencial bem inferior, conclui-se que as primeiras estão
economicamente muito mais desenvolvidas que as segundas, razão essencial que justifica o
tratamento isonômico entre as varias atividades empresariais.
Mas se para o mundo econômico o importante é a estimulação da circulação de
riquezas, para o mundo jurídico o importante é a empresa. Para tanto, nosso ordenamento jurídico
deve evoluir no sentido de criar um modelo de empresa que permita o desenvolvimento econômico
de forma ética e organizada.
A organização virá com a adoção de formas societárias que permitam ao empresário
a facilitação do atingimento de seus objetivos, e por parte do Estado com a adoção de mecanismos
que permitam o total controle da atividade empresarial para intervenção no mercado caso seja
necessário.
A ética por seu turno deve vir através de um modelo societário que exija do
empresário um comportamento condizente com os princípios da livre concorrência e de respeito ao
consumidor.
E neste ponto entendemos oportuna a introdução do livro de Direito de Empresa
dentro do Código Civil, haja vista que a codificação civilista prima pelo princípio da eticidade tão
necessário para as atividades empresariais no Brasil.
2.3. Organização da atividade empresarial - Na realidade existia no Brasil um modelo
societário que oferecia ao empresário 07 (sete) formas distintas para se organizar. No Código Civil
de 2002 o legislador manteve praticamente a mesma estrutura, porém, não é a estrutura o ponto
mais deficiente da organização empresarial.
Se de um lado essa organização deve permitir mecanismos aos empresários para a
manutenção de sua atividade econômica organizada, de outro deve permitir ao Estado total
controle sobre essa atividade, já que ela interessa diretamente a sociedade como principal pólo de
desenvolvimento econômico nacional.
O que se tem observado nos últimos anos é um modelo societário falido, pois se de
um lado, em partes o Estado vem cumprindo seu papel através da adoção de mecanismos
facilitadores da atividade econômica, não se pode dizer o mesmo sobre o controle dessas atividades.
Não tem sido pequeno o número de empresas que praticam golpes contra a sociedade brasileira,
como foi o caso da Encol, da Fazenda Reunidas Boi Gordo, e outras. Além disso, inúmeras empresas
fecham as portas do dia para a noite lesando a sociedade; ou ainda, empresas registradas nos órgãos
estatais com endereços inexistentes; com sócios denominados laranjas, etc.
Talvez por tudo isso o modelo atual mereça críticas e uma profunda reflexão, e de
antemão nos permite, data máxima vênia, duas sugestões essenciais para o controle dessa
atividade: fiscalização e revisão de sistema de registro.
É obrigação do Estado, e, aliás, deveria ser essa a principal atividade do Poder
Executivo, a instituição de mecanismos de fiscalização que pudessem permitir ao órgão estatal um
permanente controle sobre o exercício da atividade empresarial.
Já no tocante ao sistema de registro, necessário seria um modelo que pudesse checar
cada uma das informações constantes do instrumento de registro exibido pelo empresário,
principalmente no que tange as pessoas que compõe a sociedade e ao local onde a empresa está
estabelecida.
Poderíamos ir além, poderíamos sugerir inclusive, a exigência de outorga de garantias
por parte de quem pretenda se estabelecer, no entanto, tal exigência poderá esbarrar no entrave
econômico. Mas se fizermos uma análise fria, a Encol era uma empresa economicamente sólida e
que poderia ter ofertado garantias para a manutenção de seu registro o que geraria uma
minimização dos prejuízos que recentemente causou a sociedade.
De qualquer forma sabemos que tanto o modelo anterior como o atual, embora
coadunem com a necessidade econômica do país, estão longe de permitir a almejada segurança
jurídica que clama a sociedade brasileira.

3. Direito Empresarial atual


O Direito Empresarial com os novos contornos dados pelo Código Civil de 2002 e pela
própria evolução da atividade empresarial ganha contornos muito mais abrangentes e passa a ter
características próprias. Seu estudo inicia-se pela tríade da empresarialidade – cerne da Teoria da
Empresa.
3.1. Tríade da Empresarialidade - A identificação da empresa é feita pela verificação dos
elementos encontrados na tríade da empresarialidade, quais sejam: empresário, estabelecimento
e atividade econômica organizada. Tratou o Código Civil de disciplinar apenas a figura do
empresário, exigindo-se que a figura da empresa se verifique a partir da constatação dos elementos
a seguir estudados:
a) empresário: é a pessoa que exerce a atividade econômica organizada profissionalmente (art. 966
do Código Civil) em nome próprio, distinguindo-se, portanto, dos prepostos da empresa e do próprio
sócio quando organizada na forma societária. Essa atividade econômica organizada
profissionalmente pode ser de serviço, comércio ou industria;
b) estabelecimento: formado pelo conjunto de elementos necessários ao exercício da atividade
empresarial, sejam eles materiais ou imateriais;
c) atividade econômica organizada: essa atividade econômica organizada por seu turno exige a
conjugação de 03 (três) outros fatores, a saber: profissionalismo, risco e lucro;
c.1) profissionalismo: que se caracteriza pelo exercício habitual da atividade empresarial na
produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, é o exercício da atividade
profissionalmente, o que o diferencia de uma atividade que seja exercida esporadicamente;
c.2) risco: inerente à prática de atividade econômica, haja vista que qualquer atividade econômica
exercida por conta própria gera riscos ao seu exercente de forma a exigir o profissionalismo para
viabilizar o negócio;
c.3) lucro: caracterizado pela finalidade da atividade e não necessariamente pelo resultado, pois, se
existe o exercício profissional o lucro é a meta que justifica tal exercício.
3.2. Abrangência do Direito Empresarial - Pela análise feita inicialmente podemos concluir
que o Direito Empresarial é muito mais complexo que o antigo Direito Comercial demandando
estudo sobre a teoria geral da empresa; dos títulos de crédito; dos contratos mercantis; das
sociedades empresárias; da aplicação dos institutos da falência e da concordata; da propriedade
intelectual; da disciplina jurídica da concorrência e das relações de consumo.
A doutrina de modo geral já vinha incorporando todos essas subespécies jurídicas no
conjunto dos direitos empresariais, alguma resistência existem apenas quanto às relações de
consumo e a propriedade intelectual. É que são subespécies também abordadas no direito civil.
Quanto à propriedade intelectual, certo é que os bens de propriedade intelectual
próprios de exercentes de atividade empresarial serão objeto de estudo do Direito Empresarial e as
demais propriedades intelectuais serão objeto de apreciação do Direito Civil. Já no tocante ao
Direito do Consumidor, nenhuma razão assiste aos que defendem tal matéria como subespécie de
Direito Civil, haja vista que a relação de consumo pressupõe relação jurídica entre o consumidor e
a pessoa exercente profissional de atividade econômica organizada, devidamente disciplinada no
artigo 966 do Código Civil, dentro do livro especial de Direito de Empresa, portanto, matéria deste
ramo do direito. Logo, podemos concluir que são subespécies do Direito Empresarial: Direito
Comercial; Direito Cambiário; Direito Contratual; Direito Societário; Direito Falimentar; Direito de
Propriedade Industrial e congêneres; Direito Concorrencial e Direito do Consumidor.
3.3. Características do Direito Empresarial - Embora o Direito Empresarial em termos
legislativos passe a ter seu principal regramento inserido no bojo do Código Civil, continua a possuir
características próprias como: simplicidade; cosmopolitismo, onerosidade, elasticidade e
fragmentarismo:
a) simplicidade: porque em suas relações habituais no mercado permite o exercício da atividade
econômica sem maiores formalidades, pois, se contrário fosse, o formalismo poderia obstar o
desenvolvimento econômico;
b) cosmopolitismo: o Direito Empresarial vive de práticas idênticas ou semelhantes adotadas no
mundo inteiro, principalmente com a globalização da economia, transcendendo as barreiras do
direito pátrio, mas nem sempre exigindo legislação internacional a respeito;
c) onerosidade: em se tratando de uma atividade econômica organizada, a onerosidade estará
sempre presente no elemento lucro almejado pelo empresário. Às vezes é comum encontrarmos
promoções oferecendo produtos a baixo do preço de custo, o que não retira o caráter de
onerosidade, haja vista que normalmente são promoções com o objetivo de gerar sinergia nas
vendas, onde o consumidor leva o produto abaixo do custo junto com outros produtos em que não
exista a mesma promoção. Ou ainda, em situações em que o empresário busca minimizar
determinado prejuízo;
d) elasticidade: o Direito Empresarial por transcender os limites do território nacional precisa estar
muito mais atento aos costumes do que aos ditames legais. Dessa forma, sempre que uma nova
prática empresarial é adotada em larga escala internacionalmente ela passa a ser adaptada ainda
de forma costumeira ao Direito Empresarial pátrio de forma a contemplar o dinamismo desse meio
econômico;
e) fragmentarismo: que consiste justamente na existência do Direito Empresarial vinculado a outros
ramos do direito, pois ainda que com características próprias, sua existência depende da harmonia
com o conjunto de regras de outros diplomas legislativos. Ou seja, não existe ramo autônomo no
direito, apenas especialidades, haja vista a unicidade desta ciência
3.4. Legislação aplicável - As fontes de direito primário aplicáveis ao Direito Empresarial são
inesgotáveis, porém, no que concerne à fonte legal, especificamos aqui as principais leis atinentes
a esse ramo do direito: Constituição Federal; Código Civil; Código Comercial; Estatuto da Micro e
Pequena Empresa; Lei nº 9279/96, Lei nº 11.101/05; Lei nº 6404/76.

4. Fases da empresa
4.1. Antiguidade: na antiguidade a atividade empresarial nasceu do escambo. As pessoas
produziam para subsistência e o excedente virava mercadoria para troca por outros produtos
também necessários a subsistência. No entanto, como se tratava de pura troca de mercadoria por
outra mercadoria, não recebeu do direito o tratamento adequado, por tratar-se de atividade não
econômica. Tal visão era equivocada na medida em que o valor individual de um produto pressupõe
o seu caráter econômico, ainda que utilizado em atividade de troca.
4.2. Atividade econômica: embora nosso objeto de estudo aqui não seja o econômico, mas
sim o jurídico, a atividade de troca praticada na antiguidade era sim verdadeira atividade
empresarial, já que o indivíduo poderia escolher um determinado produto que conhecesse melhor
o manejo para intensificar a produção, visando justamente possibilitar a troca futura, inclusive, indo
além do necessário a subsistência e pensando em outras trocas, revestindo-se assim a operação de
finalidade lucrativa.
4.3. Comércio: superada essa fase inicial da troca que não teria sido reconhecida como
atividade empresarial, portanto denominada de subjetivista, o comércio entrou em sua fase
objetivista adotando como instrumento de troca o metal, que futuramente viria a ser
convencionado como padrão monetário. Ainda em sua fase não econômica o comércio adotou dois
outros padrões monetários, o pecus (boi) e o salarium (sal), moedas que não vingaram em razão do
caráter perecível.
4.4. Comércio como forma de desenvolvimento econômico: foi à atividade comercial o
principal elemento de desenvolvimento do mundo, haja vista que os grandes descobrimentos se
deram em razão exclusiva da busca de novos mercados comerciais, o que possibilitou o povoamento
e conseqüentemente o desenvolvimento social globalizado.
4.5. Industria: a atividade industrial sempre esteve contemplada no mesmo conjunto de
regras inerentes aos comerciantes, vez que a atividade industrial exige a necessária venda de sua
mercadoria, ligando-se assim, a atividade comercial pela compra e venda exercida por natureza.
4.6. Serviços: como já esboçado anteriormente, a denominação comércio foi sendo ao longo
do tempo superada por uma necessidade mercadológica, é que o mercado passou a conviver com
duas atividades distintas, de um lado a atividade comercial e de outro a atividade de serviços, o que
levou ao desenvolvimento da teoria da empresa com o objetivo de unificação das duas atividades e
da concepção da empresa como se encontra regulada atualmente em nosso direito.
4.7. Empresa: embora o legislador não tenha cuidado de definir especificamente empresa,
temos que o seu conceito nasce da reunião dos elementos da tríade da empresarialidade
anteriormente estudados, merecendo ao nosso ver a seguinte definição: “empresa é a reunião dos
elementos necessários à prática da atividade empresarial implementada através de determinada
atividade econômica organizada” de serviço, industria ou comércio, exercidas profissionalmente.

5. Direito Empresarial
5.1. Conceito: Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas que regulam as
transações econômicas privadas que visam à produção e a circulação de bens e serviços através de
atos exercidos profissional e habitualmente, com o objetivo de lucro.
5.2. Exceção: às vezes teremos algumas relações que embora pareçam tipicamente
empresarial não estarão afetas a este regime, pois por ser praticada entre empresários e entes
públicos, e apesar da natureza meramente empresarial, estarão afetas ao regime de Direito
Administrativo, visto que é este ramo de direito que regula as atividades obrigacionais em que faça
parte o Estado.

6. Fontes de Direito Empresarial


6.1. Fonte: objeto de estudo do primeiro ano dos bancos das faculdades de direito, as fontes
constituem o nascedouro do direito.
6.2. Classificação: várias são as classificações adotadas pela doutrina para o estudo das
fontes do direito. No entanto, apenas para elucidar o estudo do Direito Empresarial:
a) fontes de Direito Empresarial: inicialmente é de se asseverar que as fontes primárias de Direito
Empresarial tanto podem ser consideradas como materiais ou formais, já que geram direitos e
também disciplinam a sua aplicação, necessitando-se fazer uma análise individual de cada
dispositivo;
a.1) fontes primárias: em Direito Empresarial temos como fontes primárias a Constituição Federal,
o Código Civil, o Código Comercial e a legislação extravagante empresarial. Os tratados comerciais
internacionais também são fontes primárias de Direito Empresarial, até porque, são recepcionados
em nosso ordenamento jurídico através de lei;
a.2) fontes secundárias: àquelas aplicadas subsidiariamente não se esgotam, podendo se
considerar qualquer ordenamento jurídico não empresarial aplicável à espécie, ademais, os usos e
costumes, analogias, jurisprudência e os princípios gerais de direito estão sempre presentes no
estudo do Direito Empresarial;
b) usos e costumes: o Direito Empresarial em razão da sua dinâmica utiliza constantemente os usos
e costumes como fonte de direito. A exemplo temos o contrato de factoring que embora ainda não
tenha sido recepcionado pelo nosso ordenamento jurídico, possui aceitação normal no nosso meio
empresarial por força de uma pratica costumeira internacional, razão pela qual o costume merece
destaque no estudo nessa espécie de direito.

7. Empresário
7.1. Conceito: o conceito de empresário encontra-se definitivamente estabelecido no Código
Civil em seu artigo 966 – “Empresário é aquele que exerce profissionalmente a atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens e serviços”
7.2. Formas de exercício profissional: o empresário no exercício habitual da atividade
empresarial poderá atuar nas formas: individual ou societária, ambas objeto futuro de apreciação
deste trabalho.
7.3. Elementos: constituem elementos de caracterização do empresário:
a) atividade regular: será considerado empresário quem exercer regularmente a profissão, ou seja,
com a habitualidade e profissionalismo necessários a caracterizá-lo como tal;
b) atividade econômica organizada: atividade comercial, industrial ou de serviços em que esteja
presente a existência de estabelecimento, lucro e risco;
c) circulação de bens ou de serviços: o conceito jurídico de atividade empresarial trouxe o principal
elemento econômico que é a circulação de riquezas, mola mestra do desenvolvimento econômico,
principalmente no mundo globalizado, de forma que essa circulação de riquezas compreende tanto
o produto observado nas relações comerciais quanto o serviço observado nas relações até então
meramente civis;
d) nome próprio: caso a pessoa não exerça a atividade em nome próprio não será considerado
empresário, será sócio, mero colaborador ou empregado da empresa;
e) abrangência: note-se que com isso, empresário será a pessoa física ou jurídica exercente
profissional de atividade econômica organizada;
e.1) pessoa física: pessoa que exerce a atividade empresarial individualmente, sem constituir-se na
forma societária;
e.2) pessoa jurídica: na forma societária, que exerça atividade econômica organizada de circulação
de bens ou serviços através de uma pessoa jurídica criada especificamente para esse fim;
f) excluídos do conceito: o direito empresarial permite a exclusão de duas atividades cuja natureza
poderia se pressupor empresarial: a intelectual e a rural;
f.1) atividade intelectual: segundo dispõe o parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, a pessoa
que exerça atividade intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda que utilize
auxiliares ou colaboradores não será considerada empresário, exceto se estiverem presentes os
elementos de empresa anteriormente verificados;
f.2) atividade rural: o exercente de atividade rural terá a faculdade de optar ou não pelo regime
jurídico empresarial, conforme inteligência do artigo 971 do Código Civil;
g) empresário: poderá será considerado empresário quem preencha os requisitos previstos no
artigo 972 do Código Civil, ou seja: esteja em pleno gozo da capacidade civil; na livre administração
de seus bens; quem não for legalmente impedido, objeto de estudo a seguir.

8. Distinção entre empresário e sócio


8.1. Empresário: é importante também distinguir a figura do empresário do sócio da
empresa, enquanto o primeiro representa em nome próprio o seu negócio profissional, o segundo
é mero representante de uma sociedade que possui personalidade própria respondendo pelos
negócios praticados. Esta distinção não se justifica do ponto de vista econômico, porém, do ponto
de vista jurídico ganha contornos próprios.
8.2. Sócio: integrante do quadro social de uma sociedade, in casu empresarial, que
representa esta entidade ficta nos negócios por ela praticados. O sócio só responde pessoalmente
pelos atos praticados quando configurar situação de confusão patrimonial ou de desvio de
finalidade.
8.3. Responsabilidade civil: o regime de responsabilização civil do direito brasileiro é
patrimonial, ou seja, quando contraímos uma obrigação, é através da expropriação de nossos bens
que os credores poderão satisfazer a obrigação resistida. A exceção a essa regra se dá apenas nos
casos de inadimplemento de obrigação alimentícia cuja responsabilidade passa a ser pessoal
podendo o alimentante responder pessoalmente por essa obrigação com a decretação de sua prisão
civil. Mas vejamos como se dá a responsabilidade civil no caso da atividade empresarial:
a) empresário: como o empresário exerce a sua atividade em nome próprio, impossível é a distinção
de seu patrimônio com o patrimônio próprio de sua atividade empresarial, razão pela qual ele
responderá ilimitadamente pelas obrigações assumidas até o limite de seu patrimônio;
b) sócio: o sócio como já vimos anteriormente, em regra não responde pessoalmente pelas
obrigações da sociedade, recaindo essas obrigações sobre a própria sociedade que responderá até
o limite de seu patrimônio pelas obrigações contraídas. Excepcionalmente, poderão as obrigações
da sociedade recair sobre a pessoa dos sócios, no entanto, tal transferência se dará apenas nos
casos legalmente previstos como nos casos de verificação de crime falimentar, danos praticados ao
consumidor, dívidas de natureza fiscal e trabalhista.

9. Exercício da atividade empresarial


9.1. Requisitos: vimos anteriormente que para o exercício da atividade empresarial é
necessário que o empresário ou o sócio de sociedade empresarial possua capacidade civil, encontre-
se na livre administração de seus bens, e que não seja impedido de exercer a atividade empresarial
(artigo 972 do Código Civil).
9.2. Capacidade civil: segundo o novo diploma civil, possuí plena capacidade civil as pessoas
descritas em seu artigo 5º:
a) 18 anos de idade: pessoas que já tenham completado a idade limite;
b) menores com emancipação: com autorização dos pais mediante instrumento público ou por
força de decisão judicial desde que possua pelo menos 16 (dezesseis) anos de idade;
c) casados: ainda que menores, o casamento lhes outorga a plena capacidade civil por força de
emancipação;
d) emprego público: trata-se do atingimento da capacidade através de posse em cargo público por
menores de idade;
e) estabelecimento com economia própria: havendo a comprovada possibilidade do menor se
estabelecer com economias próprias poderá exercer a atividade empresarial, basta para tanto a
demonstração de depósito bancário em valor suficiente para o estabelecimento.
9.3. Livre administração dos bens: ainda que possua capacidade civil, existindo
impedimento judicial que verifique não ter a pessoa à plena capacidade para administrar os próprios
bens, a deixará de possuir capacidade para o estabelecimento empresarial.
9.4. Impedidos de exercer a atividade empresarial: o artigo 972 ao falar da capacidade para
o exercício da atividade empresarial estabelece como requisito negativo, a ausência de
impedimento para o exercício da atividade:
a) impedidos ou proibidos: anteriormente a doutrina cuidava de separar entre os proibidos
(àqueles que não podiam exercer a atividade) dos impedidos (àqueles que temporariamente não
podiam exercer a atividade). No entanto, é de se verificar que o legislador retirou essa preocupação
da doutrina, generalizando o impedimento ao exercício, de forma que quem não tenha plena
capacidade encontra-se impedido de exercer a atividade empresarial;
b) impedidos: descrevemos a seguir as pessoas que não podem exercer a atividade empresarial:
b.1) absolutamente incapaz: compreendem-se como absolutamente incapazes as pessoas
descritas no artigo 3º do Código Civil, ou seja: os menores de 16 (dezesseis) anos, os que por
enfermidade ou deficiência mental não puderem discernir sobre seus atos; e os que não puderem
exprimir sua vontade;
b.2) relativamente incapaz: compreendem-se como relativamente incapazes as pessoas
descritas nas condições previstas no artigo 4º do Código Civil e que não se encontrem amparados
pelo parágrafo único do artigo 5º do mesmo diploma, ou seja: maiores de 16 (dezesseis) e menores
de 18 (dezoito) anos; ébrios habituais; viciados em tóxicos; deficientes mentais com discernimento
reduzido; excepcionais sem desenvolvimento mental completo; e os pródigos;
b.3) ocupantes de cargos públicos: os ocupantes de cargos públicos dependem de legislação
específica para observar o devido impedimento. Cabe ao regime jurídico de cada esfera do
funcionalismo público (Federal, Estadual ou Municipal) verificar o respectivo impedimento. No
entanto, o que se tem observado na prática é que a vedação é para o exercício individual da
atividade empresarial, ou de ocupação de cargo de gerência ou direção de sociedades empresariais.
Quanto aos cargos de natureza política (Presidente, Governadores e Prefeitos), membros do Poder
Judiciário (artigo 95, parágrafo único, inciso I, Constituição Federal), Promotores Públicos e
Procuradores de Justiça (artigo 128, parágrafo 5º, inciso II, letra “c”, da Constituição Federal), e
Militares (artigo 29 da Lei nº 6.880/80), pois. pela própria natureza já geram impedimento, embora
a Constituição Federal garanta este direito com reservas aos membros do Poder Legislativo (artigo
54 da Constituição Federal);
b.4) falidos não reabilitados: às pessoas que já tenham exercido anteriormente a atividade
empresarial e que tenham sua falência decretada, só poderão voltar ao exercício da atividade
empresarial após a reabilitação no processo falimentar que se dá com o pagamento mínimo de 50%
(cinquenta por cento) das obrigações ou com a prescrição dessas obrigações;
b.5) leiloeiros: por serem considerados auxiliares do comércio e do próprio Poder Judiciário
quando participantes da liquidação de bens em litígio judicial, os leiloeiros por impedimento
expresso previsto no Decreto nº 21.981/32 não podem exercer atividade empresarial;
b.6) cônsules e embaixadores: pelo mesmo motivo dos leiloeiros, os Cônsules e
Embaixadores, que podem atuar como representantes estatais em tratados internacionais, não
podem exercer atividade empresarial (Decreto nº 4.868/1882);
b.7) despachantes aduaneiros: possuem vedação apenas parcial para o exercício da
atividade empresarial, haja vista que o Decreto nº 646/92 veda a eles a comercialização de produtos
estrangeiros;
b.8) médicos: os médicos por força do disposto na Lei nº 5.991/73 e do Decreto nº 20.877/31
não podem exercer atividade empresarial na área de comércio e fabricação de medicamentos, no
entanto, por força do mesmo entendimento estariam proibidos de exercer atividade empresarial
de comércio de insumos relativos a sua especialidade profissional;
b.9) condenados criminalmente: alguns crimes praticados que já tenham trânsito em
julgado de sua decisão levam ao impedimento da atividade empresarial antes de ocorrida à
reabilitação criminal, são eles:
b.9.1) crime falimentar: trata-se da apuração de crime dentro do processo falimentar
em que se verifique a contribuição do falido para a ocorrência da falência pela pratica de
determinados atos considerados pela lei como suspeitos;
b.9.2) prevaricação: é o crime praticado pelo funcionário público que deixa de
observar o estrito dever legal;
b.9.3) concussão: é o crime praticado por funcionário público que exerça a sua
função de maneira abusiva visando à obtenção de vantagens;
b.9.4) peculato: é o crime em que funcionário público utiliza recursos públicos em
proveito próprio;
b.9.5) suborno (corrupção ativa): é o crime que comete quem oferece vantagem
indevida a funcionário público para que pratique ou deixe de praticar determinado ato de
ofício;
b.9.6) crimes contra a economia popular: são os crimes cometidos contra
consumidores e de concorrência desleal;
b.9.7) crimes contra a fé-pública: são crimes ligados à emissão e falsificação de
moeda, títulos de crédito, títulos e papéis públicos; falsidade documental; falsidade
ideológica e uso de documentos falsos;
b.10) devedores do INSS: para o registro como empresário a pessoa terá que apresentar
CND – Certidão Negativa de Débitos junto a Previdência Social, o que implicará em impedimento
caso haja débito pendente por força da determinação expressa no artigo 95 da Lei nº 8.212/91;
b.11) estrangeiros não residentes no país: para o registro necessário será a apresentação
de comprovação de domicílio em território nacional;
c) atividade empresarial exercida por impedido: o exercício de atividade empresarial por pessoa
enquadrada em pelo menos uma das hipóteses anteriormente mencionadas configura prática de
contravenção penal, possibilidade de interdição da atividade pelos entres públicos e
responsabilidade ilimitada pelos atos praticados;
c.1) contravenção penal: sujeita o seu infrator as penas legalmente previstas no artigo 47 da Lei de
Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41) “quem exercer a profissão ou atividade econômica
ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o exercício –
Pena de prisão de 15 dias a 3 meses”;
c.2) interdição da atividade: o exercício da atividade empresarial por impedido pode gerar a
interdição temporária da atividade por força do inciso II do artigo 47 do Código Penal;
c.3) responsabilidade ilimitada: ademais, o exercício da atividade por pessoa impedida gera
responsabilidade civil ilimitada pelos atos praticados nos termos do artigo 973 do Código Civil.
9.5. Impedimento superveniente:
a) conceito: é o impedimento que surge após o registro do empresário no Registro Público de
Empresas Mercantis;
b) alvará judicial: para que o indivíduo continue a exercer a atividade empresarial após o
impedimento superveniente, necessária será a concessão de alvará judicial, além do que a liberação
judicial ainda depende de representação do impedido;
c) conveniência e revogação: a concessão de alvará judicial será faculdade do juiz após a análise da
conveniência em concedê-lo mediante exame pericial e audiência de justificação, além do mais, tal
ato pode ser revogado a qualquer tempo. A revogação não prejudicará interesse de terceiros;
d) responsabilidade civil: como o nosso regime é patrimonial, os bens que o incapaz possuía e que
não faziam parte do acervo de sua atividade empresarial não poderão ser atingidos por eventual
execução das obrigações, razão pela qual ao conceder o alvará o juiz fará a descrição minuciosa dos
bens que compõe a atividade empresarial;
e) nomeação de gerente: caso o representante indicado não possua a qualidade de empresário, ou
possua algum impedimento para o exercício, ou se ainda pretender o juiz, deverá ser nomeado um
gerente para administração da atividade. Logo, se verifica a possibilidade dupla na nomeação de
representante, um pelo próprio empresário e outro pelo Poder Judiciário, até porque, uma
nomeação ou indicação não exclui a outra.

10. Prepostos da empresa


10.1. Conceito: pessoas que intervém na prática empresarial auxiliando direta ou
indiretamente o empresário sem, contudo, exercer a atividade empresarial em nome próprio.
Anteriormente o Direito Comercial tratava tais pessoas como agentes auxiliares da empresa:
a) empregados: pessoas com vínculo de emprego ligadas diretamente à atividade empresarial,
porém, não obrigatórios, a sua existência depende exclusivamente da dimensão da atividade
empresarial, e os atos por eles praticados no exercício profissional geram responsabilidade in
eligendo ao empresário, ou seja, o empresário responderá por todos os atos praticados por seus
funcionários. Os funcionários respondem diretamente ao empresário pelo excesso ou pela prática
de atos dolosos cometidos no exercício da função;
b) gerentes (artigo 1172 do Código Civil): gerentes são pessoas nomeadas pelo empresário para
dirigir a atividade empresarial, cujo ato de nomeação deve ser arquivado no registro de empresas.
Normalmente os gerentes agem através de instrumento de mandato que lhes é outorgado para o
exercício, no entanto, responderão pessoalmente pelo excesso cometido neste exercício. Como são
nomeados para cargo de direção, sua atuação se dá dentro e fora do estabelecimento, inclusive em
juízo;
c) contabilistas (artigo 1177 do Código Civil): uma vez que a escrituração de documentos contábeis
é obrigatória aos exercentes de atividade empresarial, necessariamente todo empresário deverá ter
como preposto um contabilista que não precisa necessariamente ser empregado da empresa,
podendo ser prestador de serviços, no entanto, os atos por ele praticados obrigam o empresário;
d) auxiliares independentes: também conhecidos como auxiliares indiretos, permitem a
complementação da atividade empresarial dentro de determinada especialidade, são eles: os
corretores; os leiloeiros; despachantes aduaneiros; transportadores; representantes comerciais;
tradutores, etc.
10.2. Exercício da atividade empresarial: os prepostos, como representantes diretos ou
indiretos do empresário, ficam proibidos de exercer atividade empresarial no mesmo gênero de
atividade do proponente, seja em nome próprio ou de terceiro por determinação expressa do artigo
1170 do Código Civil.
10.3. Responsabilidade por atos de preposto: os atos praticados pelos prepostos obrigarão
a pessoa jurídica de acordo com o local de sua realização:
a) dentro do estabelecimento: obrigam o proponente ainda que não autorizados expressamente,
consoante inteligência do artigo 1178 do Código Civil;
b) fora do estabelecimento: desde que praticados dentro dos limites estabelecidos, conforme
preceitua o artigo 47 e parágrafo único do artigo 1178 do Código Civil.
10.4. Interesse de terceiros: quando os atos praticados por prepostos se der em nome da
pessoa jurídica não prejudica interesse de terceiros, cabendo ao proponente ação regressiva contra
o preposto dos atos a ele imputados. Essa regra só não se aplica para àqueles casos em que a
qualidade de preposto deveria ser comprovada documentalmente.

11. Atos Empresariais


11.1. Conceito: é todo o ato jurídico praticado habitualmente com o objetivo de lucro, para
mediação, circulação e intermediação de bens e serviços.
11.2. Espécies: os atos empresariais são atos jurídicos que se subdividem em atos de
comércio e atos civis empresariais. Embora a Teoria da Empresa não permita mais essa divisão,
alguns diplomas legislativos como a Lei de Locações ainda a adotam, especificando a figura do
comerciante. Ocorre, porém, que qualquer legislação que se refira apenas ao comerciante por força
do disposto no Código Civil agora deve ser interpretada irrestritamente a qualquer atividade
empresarial, consoante determina o artigo 2037 do citado diploma:
a) teoria dos atos de comércio: em razão da revogação expressa da parte I do Código Comercial
verificada no artigo 2045 do Código Civil, a teoria dos atos de comércio não prevalece mais na nossa
doutrina. Tal teoria tinha como escopo a natureza das atividades desenvolvidas, estando no seu
campo de abrangência tão somente os comerciantes por natureza e os praticantes de atos de
comércio por força de lei que eram alguns prestadores de serviço. Essa teoria se subdividia em atos
de comércio por natureza, por força de lei ou atos mistos;
a.1) atos de comércio por natureza: eram os atos de compra e venda propriamente ditos, ou seja,
os atos próprios da atividade direta do comerciante, sendo que em termos de aplicação dos
institutos falimentares, as pessoas que praticavam atos de comércio por natureza estavam sujeitos
às suas implicações;
a.2) atos de comércio por força de lei: os atos de comércio por força de lei eram aqueles atos
praticados por empresários ou empresas que não comerciavam diretamente, mas que por
imposição de lei eram equiparados aos comerciantes. Assim tínhamos: as instituições financeiras,
as seguradoras, as incorporadoras imobiliárias, os armazéns gerais, as operadoras de turismos, as
transportadoras, hotéis, etc. E, se por força de lei estavam equiparados aos comerciantes, também
estavam sujeitos as implicações do regime falimentar. Especificamente quanto às instituições
financeiras e as seguradoras, não se tratava de aplicação direta de falência, mas sim de liquidação
nos moldes da lei;
a.3) atos de comércio por conexão ou dependência: essa terceira categoria verificava os atos
indiretos da atividade do comerciante, como os de preparação ou modificação das instalações do
estabelecimento, porém, de pouca valia para verificação dos institutos falimentares, já que o
enquadramento dependia da verificação de um dos atos anteriormente verificados;
a.4) atos mistos ou bifrontes: eram atos de serviço e de comércio na mesma atividade empresarial,
como o que se verifica com os comércios de alimentos que utilizam serviços de entrega, em que a
venda de alimentos configura atos de comércio por natureza e a entrega da mercadoria se configura
em prestação de serviços não abrangidos pela teoria dos atos de comércio. Dessa forma, necessário
era se verificar qual a atividade principal do empresário para saber se ele estava ou não afeto a Lei
de Falências;
b) teoria da empresa: com o advento da teoria da empresa foi expressamente revogada a parte
primeira do Código Comercial, sucumbindo consigo a teoria dos atos de comércio. E mesmo que
assim não fosse, teria se operado a revogação por incompatibilidade do dispositivo antigo em
relação ao dispositivo atual, já que o Código Civil adotou a teoria da empresa em substituição a
teoria dos atos de comércio, considerando apenas para fins empresariais a atividade econômica
organizada e não mais distinguindo entre comerciante, industrial e prestador de serviços. Com isso,
a polêmica estabelecida sobre a aplicação dos institutos falimentares aos prestadores de serviços
parece de pouca relevância, já que qualquer disposição em contrário contraria o principal
ordenamento jurídico empresarial que é o Código Civil.

12. Estabelecimento Empresarial


12.1. Conceito: é o conjunto de meios necessários ao exercício da atividade empresarial,
também conhecido como fundo de negócio, fundo de comércio ou azienda.
12.2. Distinção entre estabelecimento e empresário: empresário é a pessoa física ou jurídica
que exerce a atividade empresarial através do estabelecimento que reúne o conjunto de meios
necessários para esse exercício profissional.
12.3. Distinção entre estabelecimento e empresa: empresa é o objeto da atividade
econômica organizada, é um ente ficto, enquanto o estabelecimento é o conjunto de meios para o
exercício da empresa.
12.4. Finalidade do estabelecimento: propiciar meios para a atividade empresarial e auxiliar
na definição do valor econômico de uma empresa.
12.5. Estabelecimento X Lei de Falências: o estabelecimento serve para definir a
competência para o processamento do pedido de falência da empresa ou do empresário.
12.6. Composição: o estabelecimento é composto de bens corpóreos e incorpóreos:
a) corpóreos ou materiais: são os elementos físicos necessários a atividade empresarial, a seguir
exemplificados: balcões; vitrines; máquinas; equipamentos; móveis; instalações; veículos, etc;
b) incorpóreos ou imateriais: são os elementos necessários à atividade empresarial que nascem em
decorrência dela, e que não estão compreendidos entre os bens físicos;
b.1) ponto comercial: trata-se do local onde a atividade empresarial é exercida de forma aparente,
ou seja, o local onde o consumidor identifica a atividade empresarial. O ponto comercial para ser
considerado bem do estabelecimento não precisa ser necessariamente próprio, haja vista que aqui
não estamos tratando do prédio físico, mas apenas do local;
b.2) título do estabelecimento: nome fantasia utilizado pelo empresário para identificar-se junto
ao público consumidor;
b.3) nome comercial: ou razão social, é o nome que o empresário utilizou para registrar-se junto
aos órgãos de registro da empresa;
b.4) marca: trata-se de um sinal distintivo gráfico que identifique um produto, um serviço, uma
família de produtos ou serviços, ou a própria empresa;
b.5) patente: trata-se de uma invenção industrializável que venha solucionar problemas pré-
existentes e que ainda não tenha sido objeto de reconhecimento pelo Instituto Nacional da
Propriedade Industrial por outra pessoa;
b.6) processos de fabricação: trata-se de fórmulas de fabricação para insumos ou produtos
comercializáveis ou utilizados no estabelecimento;
b.7) clientela: carteira de clientes de determinado empresário;
b.8) aviamento: capacidade lucrativa do estabelecimento comercial aferida a partir de sua carteira
de clientes;
b.9) contratos futuros: os contratos vigentes com efeitos presentes e futuros compõe o
estabelecimento do empresário;
b.10) créditos: os créditos com vencimento futuro, ou com vencimento passado, mas que ainda não
tenham sido saudados, fazem parte do estabelecimento.
12.7. Proteção do estabelecimento:
a) abrangência: como vimos anteriormente, o estabelecimento é composto de um conjunto de bens
corpóreos e incorpóreos e, de acordo com a natureza desses bens é que se determina o âmbito
jurídico de sua proteção;
a.1) bens corpóreos: os bens corpóreos são protegidos pelo Direito Civil no tocante ao aspecto
patrimonial e pelo Direito Penal no tocante ao aspecto criminal que possa afetá-los;
a.2) nome empresarial: tem a sua proteção disciplina pelo Direito Civil quanto a sua composição,
além do que, possui proteção em âmbito administrativo uma vez que a Junta Comercial não permite
o registro de duas empresas na mesma área de atuação com o mesmo nome;
a.3) marcas e patentes: as marcas e patentes tem proteção específica da Lei de Propriedade
Industrial (lei 9.279/96);
a.4) processo de fabricação: o processo de fabricação, softwares, know how e demais escritos da
empresa não protegidos pela Lei de Propriedade Industrial gozam de proteção pela Lei de Direitos
Autorais;
a.5) ponto empresarial: o ponto comercial é protegido pela Lei de Locações, inclusive com a
possibilidade de ação renovatória locatícia.
12.8. Alienação do estabelecimento: antes de mais nada convém rever o conceito de
alienação, haja vista que não compreende apenas a venda, mas também a troca ou a doação 1. A
alienação do estabelecimento comercial, também denominada de trespasse, está sujeita à observância
1
Alienação: também chamada de alheação ou alheamento, é o termo jurídico, de caráter genérico, pelo qual se designa todo e qualquer ato que tem o
efeito de transferir o domínio de uma coisa para outra pessoa, seja por venda, por troca ou por doação. De Plácido e Silva: 55.
de cautelas específicas, criadas para assegurar os interesses dos credores, haja vista que o
estabelecimento compõe o patrimônio do empresário. Para tanto, a alienação do estabelecimento deve
observar as seguintes regras:
a) contrato escrito: a alienação do estabelecimento exige a forma escrita e para que seja oponível
contra terceiros deve estar devidamente arquivado na Junta Comercial, gerando efeitos e sendo,
portanto, oponível contra terceiros depois de publicado no Diário Oficial;
b) notificação aos credores: para alienar o estabelecimento o empresário deverá notificar todos os
credores para no prazo de 30 (trinta) dias se manifestarem sobre o consentimento ou não da alienação;
c) anuência dos credores: o empresário deverá ter a anuência expressa dos credores, ou tácita,
configurada depois de decorridos os 30 (trinta) dias da notificação;
c.1) dispensa da anuência: poderá o empresário deixar de observar a exigência da anuência dos
credores, desde que em seu patrimônio restem bens suficientes para garantir o cumprimento de suas
obrigações;
d) inobservância: a inobservância das regras para alienação do estabelecimento sujeita o empresário
à falência com fundamento no artigo 94, III da Lei de Recuperação e Falências por presunção do
estado falimentar, tornando nula a alienação produzida;
e) recuperação judicial: a alienação do estabelecimento nos casos de empresário em processo de
recuperação judicial implica na necessidade de anuência expressa de todos os credores, não se
admitindo a possibilidade de anuência tácita anteriormente verificada;
f) solidariedade: ao alienar o estabelecimento, o adquirente por sucessão empresarial assumirá todos
os passivos do alienante, porém, no período de 01 (um) ano, o alienante será solidário ao adquirente
perante os credores, de nada valendo eventual cláusula de responsabilidade exclusiva do adquirente
em instrumento particular contratado entre eles;
g) regresso: pode ser que no instrumento de alienação conste a responsabilidade do vendedor pelos
débitos anteriores a venda do estabelecimento, porém, tal cláusula não será oponível contra terceiros,
restando ao adquirente o direito de regresso contra o alienante;
h) credores trabalhistas: os empregados credores poderão demandar tanto o alienante quanto o
adquirente por força do disposto no artigo 448 da CLT;
i) credor tributário: assim como os credores trabalhistas, os credores tributários também gozam de
privilégio para executar a divida por força do disposto no artigo 133 do Código Tributário Nacional
que gera responsabilidade subsidiária integral ao alienante;
j) outorga conjugal: no caso do empresário casado, independentemente do regime de casamento,
poderá alienar os bens que compõe o estabelecimento empresarial sem a necessidade de outorga
uxória, inclusive bens imóveis consoante determina o artigo 978 do Código Civil;
k) concorrência: de forma a não permitir a concorrência desleal entre alienante e adquirente, o
legislador civil estabeleceu que durante um período de 5 (cinco) anos o alienante não poderá
estabelecer-se em ramo idêntico ao do adquirente, salvo autorização expressa em contrário.

13. Proteção do ponto: ponto comercial, local onde o empresário exerce sua atividade, goza de
proteção legal para que possa ele investir na atividade com a tranqüilidade necessária ao
desenvolvimento empresarial, assim, a legislação de locação outorga a ele a garantia de ficar
estabelecido no mesmo local fazendo uso de Ação Renovatória, desde que satisfeitos os seguintes
requisitos:
13.1. Empresário regular: estar devidamente registrado na Junta Comercial como
empresário individual ou sociedade empresária;
13.2. Locação mínima de cinco anos: a relação locatícia precisa ser de no mínimo cinco anos,
ainda que somados os períodos anteriores, inclusive contado o período do alienante ou do
arrendador quando de transferência do estabelecimento;
13.3. Exercício ininterrupto de no mínimo três anos: no mesmo ramo de atividade, pois caso
ele mude de ramo durante esse período perderá direito à ação renovatória.
13.4. Decadência: o direito de propor ação renovatória deve ser exercitado no máximo até
6 (seis) meses antes de vencer o contrato de locação, sob pena de decair o direito.
13.5. Exceções à concessão de renovatória: embora a lei outorgue proteção ao ponto
comercial, essa proteção não pode se sobrepor ao direito de propriedade constitucionalmente
garantido, permitindo a não concessão de renovatória nas seguintes hipóteses:
a) insuficiência da proposta de renovação: havendo proposta na ação renovatória inferior ao valor
de mercado, pode o juiz indeferir o pedido de renovação;
b) proposta melhor de terceiro: comprovando o locador proposta melhor de terceiro, e não
havendo interesse por parte do locatário em cobri-la, pode o juiz indeferir o pedido de renovação;
c) reforma inadiável do prédio: havendo necessidade de reforma estrutural e que não possa ser
adiada, poderá o juiz indeferir o pedido de renovação;
d) uso próprio: o uso próprio do imóvel justifica o indeferimento do pedido, desde que o locador
venha se estabelecer em ramo distinto do qual estava estabelecido o locatário;
e) para estabelecimento empresarial de cônjuge, ascendente ou descente: a regra é a mesma para
os casos de estabelecimento próprio, acrescentando-se a exigência de que exista estabelecimento
anterior há mais de um ano em outro local na mesma atividade.

15. Nome Empresarial


15.1. Conceito: nome empresarial é o nome pelo qual se registra a empresa ou o empresário
individual nos órgãos de registro de empresas, é o elemento de identificação da empresa.
15.2. Abrangência: quando falamos de nome empresarial, a impressão que se têm é que
tudo aquilo que possa identificar o nome do empresário perante o seu público alvo, ou seja,
consumidor, tem a mesma natureza. Assim, temos neste conjunto: nome empresarial, título do
estabelecimento, domínio na Internet e marca. No entanto, veremos que o direito possui
tratamento específico para cada uma dessas situações.
15.3. Espécies: vamos tratar especificamente das espécies de nome empresarial sem nos
atermos as identificações ligadas ao mesmo nome. Podem ser: firma ou denominação conforme
previsão do artigo 1155 do Código Civil:
a) firma (artigo 1156 do Código Civil): é o nome empresarial representado pelo próprio nome civil
do empresário, visto que firma significa assinatura, estando presa à própria pessoa civil do
empresário, acrescendo-se ou não o ramo de atividade empresarial. Exemplo: José da Silva
Alimentos Ltda. ou José da Silva Ltda. A firma permite o uso do nome civil completo, abreviado ou
parcial;
a.1) sócio com responsabilidade ilimitada: havendo este tipo de sócio na sociedade, deverá ele
emprestar o nome acrescido da expressão “e companhia” ou “e cia.”, conforme inteligência do
artigo 1157 do Código Civil. Os sócios cujo nome não aparecem, cuja dedução decorre apenas da
palavra “companhia”, são sócios cuja responsabilidade seja limitada;
b) denominação: trata-se da utilização de elemento de fantasia na composição do nome
empresarial, de forma que não é possível identificar a empresa pelo empresário. Exemplo: Bom
Doce Comércio de Alimentos Ltda.
15.4. Individualmente:
a) Empresário individual: o empresário individual, pessoa inscrita no serviço de registro de
empresas na forma individual como pessoa física, deverá necessariamente adotar a espécie firma
para designação de seu nome empresarial. A mesma regra vale para o MEI – Microempreendedor
individual, considerando que ele também é um empresário individual, mas com o registro
simplificado.
b) Empresa individual de responsabilidade limitada: a empresa individual, uma pessoa jurídica
pertencente a um único titular, poderá adotar firma ou denominação acrescida da sigla “EIRELI”.
15.5. Sociedades empresárias: as sociedades possuem regras próprias para a escolha do
nome, no entanto, é de se observar que o uso de firma nas sociedades está ligado diretamente à
responsabilidade dos sócios:
a) sociedade em conta de participação (art. 991 e 1162 do C. Civil): como não possui personalidade
jurídica, a atividade empresarial é toda desenvolvida em nome pessoal do sócio ostensivo,
aparecendo então a “firma individual” do sócio ostensivo ou participante;
b) sociedade em nome coletivo (art. 1.041 do C. Civil): obrigatoriamente deverá adotar a espécie
firma, podendo constar o nome de um só sócio, de alguns ou de todos eles;
c) sociedade em comandita simples (art. 1047 do C.Civil): obrigatoriamente devem utilizar a
espécie firma, no entanto, só poderá compor o nome da sociedade o nome dos sócios
comanditados, caso o sócio comanditário venha emprestar nome à sociedade, sua responsabilidade
girará de acordo com o previsto no parágrafo único do artigo 1157 do Código Civil;
d) sociedade limitada (art. 1064 e 1158 do C. Civil): poderá utilizar firma ou denominação acrescida
da palavra “limitada” ou da sigla “Ltda”;
d.1) objeto social (parágrafo 2º do artigo 1158 do Código Civil): caso venha a sociedade limitada
adotar denominação, deverá constar o objeto social da empresa;
d.2) omissão da palavra limitada (parágrafo 3º do art. 1158 do C.Civil): a omissão da palavra
limitada ou de sua forma abreviada gera responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores
da sociedade;
e) sociedade anônima (Lei nº 6404/76, art. 1160 do C.Civil): deverá utilizar denominação
designativa do objeto social acrescida da expressão “sociedade anônima”, “companhia” ou da sigla
“S/A”. A título honorífico poderá constar o nome do fundador, acionista ou colaborador;
f) sociedade em comandita por ações (art. 1090 e 1161 do C. Civil): poderá utilizar firma ou
denominação, sendo que essa última deverá ser designativa do objeto social e ser acrescida da
expressão “comandita por ações”;
g) microempresário (Lei Complementar nº 123/06): deve seguir as regras próprias do tipo
societário adotado acrescendo ao nome a sigla ME;
h) pequeno empresário (Lei Complementar nº 123/06): deve seguir as regras próprias do tipo
societário adotado acrescendo ao nome a sigla EPP.
15.6. Alteração do nome empresarial: nosso direito contempla duas possibilidades de
alteração do nome empresarial, as facultativas e as compulsórias:
a) alteração facultativa: pode ocorrer para simples modificação do nome empresarial que está a
cargo do empresário, quando for do seu interesse alterar seu nome empresarial, poderá fazê-lo
mediante alteração de registro na Junta Comercial, devendo para tanto, respeitar as formas de
criação do nome empresarial;
b) alteração compulsória: é de caráter obrigatório e deverá ser procedida sempre quando o nome
empresarial estiver realizado na espécie de firma e esta sofra alteração por conta de um fator ligado
à pessoa do empresário:
b.1) alteração do patronímico: uma vez tendo o empresário que cedeu seu nome civil para
composição do nome empresarial alterado seu registro civil por força de Ação Judicial de Retificação
de Assento, deverá necessariamente proceder à respectiva alteração do nome empresarial no
registro de empresa;
b.2) alteração do tipo social: havendo alteração do tipo social, deverá o nome empresarial respeitar
as regras de formação do novo tipo social;
b.3) por ato judicial: quando na proteção dos direitos de outro empresário o Poder Judiciário
determinar a alteração do nome do empresário;
b.4) alteração do quadro social (art. 1165 do Código Civil): quando ocorra a saída de sócio, seja por
cessão ou alienação das quotas; por morte, ou por exclusão do sócio.
15.7. Alienação do nome empresarial (art. 1164 do Código Civil): o nome empresarial
enquanto elemento do estabelecimento não pode ser comercializado. É permitida apenas a
manutenção do nome do alienante acrescido do nome do sucessor e com a designação do sucedido.
15.8. Perda do nome empresarial (art. 1168 do C. Civil): em situações específicas está o
empresário sujeito a perder o nome empresarial, que pode ocorrer em razão do término, liquidação
ou transformação da sociedade:
a) término da empresa: a empresa pode ter o término de sua atividade determinado por transcurso
de prazo previsto no contrato, em se tratando de sociedade constituída por tempo determinado;
b) liquidação da empresa: a liquidação da empresa por vontade dos sócios ou por determinação
judicial e põe fim à sociedade e consequentemente ao nome empresarial;
c) transformação societária: dependendo da forma de transformação societária o nome
empresarial atual pode se tornar incompatível, razão pela qual pode provocar a perda daquele
nome empresarial;
d) sócio retirante (art. 1165 do Código Civil): o sócio que sair da sociedade cujo nome seja composto
por firma, seja por falecimento ou por exclusão, não poderá ser conservado na firma social, exceto
nas hipóteses legais.
16. Proteção do Nome Empresarial: como visto anteriormente, o nome empresarial possui regras
próprias para sua definição, e a partir daí o direito põe a salvo esse nome não permitindo o registro
de mais de um empresário com o mesmo nome, observando as seguintes regras:
16.1. Registro estadual (art. 1166 do Código Civil): o registro do nome empresarial é de
âmbito estadual, de forma que a proteção do nome empresarial só se dá no estado de registro ou
nos demais em que possua filial devidamente registrada na respectiva junta.
16.2. Registro Nacional (parágrafo único do art. 1166 do Código Civil): para poder gozar de
proteção nacional o empresário deverá proceder ao registro do núcleo de seu nome empresarial
como marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, já que até o presente momento
ainda não existe lei especial disciplinando o registro nacional de empresas.
16.3. Empresários com mesmo nome (parágrafo único do art. 1163 do Código Civil):
havendo o pedido de registro de uma empresa ou empresário com o mesmo nome de outro já
existente, deverá se utilizar uma forma de distinção do já existente. Exemplo: Mundo da Lua
Comércio de Alimentos Ltda., Mundo da Lua – Guarulhos Comércio de Alimentos Ltda.
16.4. Objetivo de proteção: preservação do crédito, da clientela e dos direitos de
personalidade:
a) preservação do crédito: o uso do mesmo nome por duas pessoas, tendo uma delas o nome
vinculado a qualquer fato ilícito ou depreciativo, abalará o crédito da outra. Lembrem-se do
exemplo dos casos das empresas Shering do Brasil e Shering Plugt da Alemanha, cujo envolvimento
da primeira na comercialização de pílulas anticoncepcionais composta exclusivamente de “farinha”
gerou uma depreciação do nome da segunda que precisou apresentar informes publicitários
explicando a desvinculação das duas empresas;
b) preservação da clientela: dois nomes com núcleos idênticos podem levar o consumidor a adquirir
produto de uma empresa imaginando que está adquirindo produto da outra. E para tanto, o mesmo
exemplo anteriormente citado pode demonstrar essa confusão;
c) direitos de personalidade (art. 52 do Código Civil): em se tratando de empresário pessoa física
já existia a proteção aos direitos de personalidade, e com o advento do Código Civil de 2002 o
legislador estendeu esses direitos também à pessoa jurídica no que couber. No conjunto de direitos
de personalidade temos a honra, a imagem e o nome da pessoa. Em se tratando da proteção ao
nome, o direito civil resguarda não só a proteção ao uso indevido do nome como também permite
indenização por danos materiais e morais que o uso indevido venha gerar. Quando o dispositivo
citado usa a expressão “no que couber”, claro está que o legislador pretendia a tutela do nome e da
imagem da pessoa jurídica, já que a honra diz respeito somente à pessoa natural.
16.5. Efeitos da proteção: no resguardo dos direitos do empresário, o direito coloca
mecanismos de ação a disposição para dar eficácia à proteção do nome empresarial, a saber:
a) interdição da atividade: o uso indevido do nome empresarial pode levar a interdição da atividade
empresarial do usurpador;
b) apreensão de mercadorias: havendo a total identidade de atividades e de produtos, pode ser
determinada à apreensão das mercadorias;
c) perdas e danos: poderá ainda o lesado requerer indenização por perdas e danos que tenha sido
causada pelo uso indevido do nome e da imagem empresarial;
d) imprescritibilidade (art. 1167 do Código Civil): a proteção do nome empresarial é imprescritível,
podendo o interessado argüir a qualquer tempo a anulação da inscrição do nome empresarial do
usurpador.

17. Título do estabelecimento: o título do estabelecimento ou nome fantasia é a denominação que


o empresário utiliza para ser identificado junto aos consumidores. Portanto, necessariamente não
se confunde com o nome empresarial desde que sejam diversos.
17.1. Nomes idênticos: na hipótese de serem idênticos o título do estabelecimento e o nome
empresarial, gozará o título da mesma proteção que o nome empresarial.
17.2. Nomes diversos: sendo diversos os nomes, o título poderá gozar de proteção através
da Lei de Propriedade Industrial desde que registrado como marca da empresa ou através da Lei de
Defesa da Concorrência.

18. Marca: a marca, representada por qualquer sinal distintivo gráfico, tem sua proteção através da
Lei de Propriedade Industrial, e no caso específico do nome empresarial ou o título do
estabelecimento, pode ele ser registrado como marca para proteção ampla.

19. Obrigações dos empresários


19.1. Registro (artigo 967 do Código Civil): todo empresário está obrigado a registrar-se no
Registro de Empresas mantido pela Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua
atividade;
19.2. Escrituração: manter a escrituração regular de seus documentos e livros conforme
determina o artigo 1179 do Código Civil.
19.3. Balanço: apresentação de balanço anual de patrimônio e de resultado econômico.
19.4. Descumprimento das obrigações: não permite que o empresário se beneficie da
concordata; não pode participar de licitação pública; não poderá abrir ou tornar-se sócio de outra
empresa, além de estar sujeito a sanções falimentares e penais.

20. Registro de empresas


20.1. Órgãos de registro: a estrutura de registro das empresas por parte do Poder Público se
subdivide em dois órgãos distintos, um de âmbito federal e outro de âmbito estadual:
a) DREI – Diretoria de Registro e Integração: trata-se do órgão federal vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento que tem por finalidade controlar em âmbito nacional a atividade empresarial no
Brasil, e entre suas atribuições se destacam:
a.1) normatização de registros: estabelece normas e instruções para execução de registros
empresariais pelas Juntas Comerciais estaduais;
a.2) fiscalização: fiscalizar a atuação das Juntas Comerciais em todo o país;
a.3) correição: a pedido dos Governos Estaduais pode intervir nas Juntas Comerciais para atuação
correicional que consiste na verificação da regularidade ou não das atividades desenvolvidas pelos
órgãos estaduais;
a.4) cadastro: implantação e manutenção do cadastro nacional de empresas, atividade esta
atualmente somente supletiva, sem finalidade de controle. Futuramente, sobrevindo lei federal
para uniformização de registro empresarial poderá tornar esse cadastro como elemento único de
verificação prévia que deve anteceder para a realização de um registro;
b) juntas comerciais: são órgãos ligados aos governos estaduais que atuam no controle das
empresas instaladas nos limites de seu território geográfico, tendo como principais funções:
b.1) registro de empresas: efetuar o registro de criação, modificação e extinção de empresas, bem
como dos livros obrigatórios;
b.2) tradutores juramentados: habilitar, fiscalizar e controlar a atividade profissional dos tradutores
juramentados;
b.3) autenticidade: consoante determinação expressa do artigo 1153 do Código Civil cabe às juntas
comerciais a verificação da autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento de registro
de empresa;
b.4.) fiscalização: por força do mesmo dispositivo citado anteriormente, cabe também às juntas a
fiscalização das prescrições legais concernentes ao ato de registro, bem como da documentação
apresentada.
20.2. Atos de registro da empresa:
a) abertura: trata-se do registro do ato constitutivo do empresário, seja ficha de inscrição individual,
contrato social ou estatuto, que se realiza mediante arquivamento;
b) alterações: toda alteração relativa à atividade empresarial, como mudança de objeto, forma
social, composição social, capital, etc, devem ser levadas à averbação junto ao registro do
empresário;
c) autenticação e controle de livros: os livros do empresário para terem validade precisam ser
autenticados pela junta, bem como controlados para verificação de inatividade do empresário;
d) encerramento: para dar baixa na atividade empresarial e desonerar-se das obrigações próprias
da atividade empresarial deverá o empresário arquivar na Junta Comercial o respectivo termo de
baixa. O não registro do termo de encerramento da empresa, ainda que essa já não mais esteja em
atividade faz com que as obrigações tributárias e administrativas continuem sendo lançadas.
20.3. Falta de registro: o empresário que exerce sua atividade sem registro será considerado
irregular ou de fato, com as seguintes consequências:
a) responsabilidade ilimitada: uma vez que não será possível se verificar o limite de sua
responsabilidade pela ausência de ato constitutivo regular, responderá integralmente pelas
obrigações assumidas, inclusive com seus bens pessoais, haja vista a impossibilidade de se distinguir
os bens da atividade empresarial de seus bens pessoais;
b) legitimidade para requerer falência e recuperação: não poderá pedir a falência de outro
empresário na qualidade de empresário, já que a Lei de Recuperação e Falências exige que o
requerente empresário demonstre sua regularidade. Uma vez pleiteando a falência na qualidade de
credor civil, abrirá margem para que o empresário que tenha falência requerida alegue ilegitimidade
do pólo ativo do pedido falimentar;
c) decretação de falência: embora não esteja devidamente registrado como empresário, o
empresário irregular está sujeito à falência em razão da atividade econômica organizada profissional
que exerce, além do mais, pela irregularidade estará sujeito à falência mesmo que pague suas
obrigações em dia por presunção do estado falimentar;
d) crime falimentar: pelo mesmo motivo anteriormente descrito, em razão das irregularidades, pela
ausência de escrituração que só é possível aos empresários regulares, responderá também por
crime falimentar;
e) recuperação judicial: uma vez irregular não poderá requerer judicialmente a sua recuperação
judicial, sujeitando-se a falência caso não cumpra suas obrigações pecuniárias;
f) ação renovatória de locação: embora a lei de locações proteja o ponto empresarial, a ausência
de regularidade não permite o deferimento do pedido;
g) licitação pública: as licitações públicas iniciam-se pela fase de qualificação onde os interessados
exibem a documentação que comprove a qualidade exigida pelo certame, o que não será possível
de cumprimento por parte do empresário irregular;
h) sanção de natureza fiscal: como vimos anteriormente, não poderá o empresário irregular
proceder a sua escrituração contábil, haja vista que essa exige a regularidade da atividade, logo,
estará sujeito a sanções de natureza fiscal.

21. Contabilidade e Escrituração


21.1. Contabilidade: além da obrigatoriedade do registro, o empresário deve manter
controle e registro de sua administração econômica através de seus livros.
21.2. Escrituração (art. 1183 do Código Civil): redução a escrito das operações mercantis em
livros e formulários legalmente previstos, seja pela União, Estado ou Município:
a) forma: mecanizada (datilografada ou micrografada) ou manual;
b) idioma e moeda: corrente, ou seja, em língua portuguesa e atualmente em real;
c) ordem: cronológica e crescente;
d) espaços: na escrituração dos livros e documentos não podem existir espaços (linhas) em branco;
e) rasuras: são proibidas, devendo se observar à forma de correção de erros para que não se
presuma fraude;
f) correção de erros: lançamento de estorno, trata-se de operação de lançamento posterior inversa
do ato anterior de forma a zerar contabilmente os atos do primeiro lançamento. As correções
devem ser feitas na forma de estorno, ou seja, é mantido o lançado errado que é suprimido
contabilmente através de um lançamento seguinte contrário ao anterior para negativá-lo e em
seguida efetua-se o lançamento na forma correta;
21.3. Conservar e guardar a escrituração (art. 1194 do C. Civil):
a) local: seguro, não precisa estar necessariamente no estabelecimento, sendo que quando de
fiscalização é concedido prazo ao empresário para exibição da documentação;
b) prazo de guarda: cinco anos dada à natureza fiscal dos documentos. Neste ponto, alguns
doutrinadores sustentam a necessidade de guardar por tempo maior justamente pela natureza
fiscal. Do ponto de vista prescricional do lançamento, cinco anos seriam suficientes para a guarda,
no entanto, para fins de defesa judicial tributária pode existir a necessidade da manutenção dos
documentos por tempo superior, tornando-se inclusive inviável dizer quanto tempo seria necessária
essa guarda em razão da delonga no andamento das lides tributárias.

22. Formar anualmente balanço geral: toda empresa deve anualmente exibir balanço contábil,
exceto para as microempresas que apresentam apenas declaração anual de rendas, dado o regime
de simplificação fiscal a que estão submetidas em razão de lei especial.
22.1. Patrimonial: o balanço apresentado deve discriminar o ativo e passivo, demonstrando
a situação patrimonial da empresa.
22.2. Resultados: além da situação patrimonial o balanço deve demonstrar os lucros e
perdas do exercício contábil.
22.3. Consequências: além das sanções de natureza administrativa e fiscal, do ponto de vista
empresarial a ausência de balanço no prazo de 60 (sessenta) dias depois de requerida pelo juiz,
permite a decretação de falência do empresário por presunção do estado falimentar, bem com a
configuração da prática de crime falimentar, embora haja jurisprudência em contrário quanto à
responsabilização criminal.

23. Livros empresariais: são livros que descriminam as operações diretas e indiretas do empresário
mercantil e devem ser registrados na Junta Comercial de forma a manter a sua validade e permitir
o controle da atividade de cada empresário. Os livros empresariais não se confundem com os livros
de natureza tributária exigidos por cada ente fiscal.
23.1. Obrigatórios:
a) diário (artigo 1180 do Código Civil): livro de registro do resultado diário da atividade financeira
da empresa, sendo o único livro obrigatório a todos os empresários. Alguma persiste quanto aos
microempresários já que o regime jurídico empresarial específico a que estão submetidos prega
pela dispensa, o que não se verifica na legislação tributária;
b) registro de duplicatas (Lei nº 5.474/68): para os empresários que emitem duplicatas é
obrigatório o registro de cada cártula emitida em livro próprio;
c) entrada e saída de mercadorias: assemelha-se ao registro de inventário, trata-se de livro
obrigatório somente para os empresários do ramo de armazéns gerais e para àqueles que trabalham
com estoque de mercadoria de terceiros;
d) registro de ações: quando a empresa tiver seu capital constituído na forma de ações deverá ser
registrado, a emissão, transferência de ações, subscrição de capital, ou seja, qualquer
movimentação no valor ou no quadro acionário da empresa;
e) atas de assembleias gerais: para as sociedades estatutárias e para as sociedades limitadas que
deliberem através de assembleia, será obrigatório à redução a termo e registro das atas de
assembléias, controle de presença de sócios, etc.
23.2. Facultativos: são livros que a lei não exige, mas que podem auxiliar o empresário da
escrituração contábil, porém, se utilizados devem respeitar a forma legal de escrituração para que
não faça prova contra o empresário:
a) caixa: trata-se de um livro semelhante ao livro diário, que tem por finalidade permitir o registro
de entrada e saída de dinheiro do caixa da empresa;
b) conta-corrente: trata-se do livro próprio para registro da movimentação bancária da empresa;
c) livro de estoque: livro de controle de mercadorias em estoque, seja nas dependências da própria
empresa, ou em armazéns gerais;
d) contas a receber e a pagar: livro de escrituração de recebimentos e dívidas futuras.
23.3. Irregularidade dos livros empresariais: como tais livros possuem regras legais de
escrituração, além da necessidade de autenticação pela Junta Comercial, a inobservância gera as
seguintes consequências para a vida do empresário:
a) requerer falência: como já asseverado anteriormente, a pessoa para requerer a falência na
qualidade de credor empresário deverá demonstrar sua regularidade documental;
b) prova judicial: toda a documentação do empresário serve como meio de prova a favor dele, para
tanto, deverá estar devidamente regularizada;
c) pena de confissão em processos judiciais: da mesma forma que a documentação faz prova a
favor do empresário também faz prova contra ele, aplicando-se a espécie à pena de confissão
quanto aos fatos que não puderem ser elucidados em razão da irregularidade, a menos que o
empresário apresente prova documental em contrário;
d) recuperação judicial: a exemplo do requerimento de falência, a recuperação judicial exige
regularidade por parte do empresário;
e) crime falimentar: uma vez que a documentação irregular faz prova contra o empresário, essa
irregularidade não só permite a sua falência por presunção do estado falimentar, como também
viabiliza a sua condenação por crime falimentar;
f) licitação pública: a exemplo do registro do empresário, seus livros também são requisitos para
habilitação em processo licitatório, o que pode ser obstado em razão da irregularidade;
g) crime contra a fé pública (falsificação de documentos): dependendo da irregularidade verificada,
além da possibilidade de crime falimentar pode o empresário sujeitar-se a tipificação nos crimes de
falsidade, como por exemplo nos casos de emissão de nota fiscal na forma de “espelho”.
23.4. Exibição judicial dos livros empresariais: em razão da natureza concorrencial da
atividade empresarial, os livros do empresário constituem verdadeiras fontes que podem revelar a
estratégia empresarial tão importante nos dias atuais para a atuação profissional. Dessa forma, o
direito põe a salvo o sigilo do empresário, expressamente previsto no artigo 1190 do Código Civil,
só se permitindo a exigibilidade dos livros nas hipóteses legalmente previstas na legislação
extravagante ou nas hipóteses do artigo 1191 do Código Civil:
a) total: importa na retenção dos livros pelo órgão judicante a requerimento da parte interessada,
e somente poderá ser exigida a exibição dos livros em ações que tratam de Direito Empresarial,
Falimentar, Concorrencial, Fiscal ou Administrativo;
b) parcial: importa na exibição dos livros com a sua devolução, e poderá ser feita de ofício pelo
órgão judicante ou a requerimento de pessoa interessada, em qualquer litígio, desde que seja meio
útil de prova. Normalmente a doutrina de direito material não se aprofunda nos aspectos
processuais, e aqui, dessa forma cabe uma observação sobre a utilidade da prova, pois, havendo
outro meio de prova, a exigibilidade do livro empresarial, ainda que parcialmente será afastada. Por
outro lado, a exibição de ofício só tem ocorrido nos processos de natureza falimentar.

24. Inatividade do Empresário


24.1. Conceito: é a perda da qualidade de empresário com o consequente cancelamento do
registro.
24.2. Hipóteses: o Direito Empresarial estabelece três hipóteses em que a inatividade pode
ser reconhecida permitindo a Junta Comercial o cancelamento do registro:
a) pedido de encerramento: trata-se da comunicação feita sobre o encerramento da atividade
empresarial na Junta Comercial por iniciativa do próprio empresário;
b) comunicação de falência: trata-se da comunicação feita pelo Poder Judiciário da decisão final de
falência com o decurso do trânsito em julgado da sentença;
c) ausência de escrituração: conforme visto anteriormente, compete ao empresário a autenticação
dos livros obrigatórios na Junta Comercial, não ocorrendo qualquer autenticação no período de 10
(dez) anos, sendo que tal situação configurara inatividade.
24.3. Consequências: o cancelamento do registro importa na perda de todos os dispositivos
de proteção do empresário, como: direito à ação renovatória, requerimento de falência de outro
empresário, beneficiar-se de recuperação judicial, etc. Ademais, a prática do exercício da atividade
empresarial após o cancelamento do registro importa em exercício irregular da atividade com
sanções própria para a irregularidade anteriormente verificadas.
24.4. Notificação: para que a Junta Comercial possa cancelar o registro do empresário
necessário se faz à constatação de uma das hipóteses anteriormente verificadas, além da
notificação ao empresário que poderá ser realizada por edital.

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