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Introdução

O direito comercial (ou mercantil) é um ramo do direito que se encarrega da


regulamentação das relações vinculadas às pessoas, aos actos, aos locais e
aos contratos do comércio. Ou seja, o direito comercial é um ramo do direito
privado e abarca o conjunto de normas relativas aos comerciantes no exercício
da sua profissão. A nível geral, pode-se dizer que é o ramo do direito que
regula o exercício da actividade comercial.

Pode-se fazer a distinção entre dois critérios dentro do direito comercial. O


critério objectivo é aquele que diz respeito aos actos de comércio em si
mesmos. Em contrapartida, o critério subjectivo relaciona-se com a pessoa que
desempenha a função de comerciante.
Fundamentação teórica

Conceito de Direito Comercial

O direito comercial é uma área do direito privado que trata dos conflitos de
interesses por parte das empresas e dos empresários. Seu objectivo é
interpretar as normas que regem todas as relações de venda, ainda que não
sejam praticadas estritamente por comerciantes. 

Esta regulamentação inclui não só as relações específicas e os actos em si,


mas também os locais e contratos comerciais, regulando assim, a actividade
empresarial/comercial e abarcando suas organizações.

No sentido jurídico, “comércio” é referente às operações realizadas entre um


produtor e um consumidor com foco no lucro a ser obtido dessa troca. 

Alguns exemplos de áreas de aplicação do Direito Comercial são:

 Direito societário: estuda a formação de sociedades anónimas e a


divisão de bens e deveres entre os sócios;

 Propriedade intelectual: procura proteger os direitos de quem produziu


algo, seja uma ideia, um produto ou serviço;

 Direito falimentar: cuida de empresas que estão enfrentando grave crise


económica.

Normalmente, o direito comercial é também chamado de direito empresarial,


mas aqui vale frisar que os dois não são a mesma coisa.

Principais características do Direito Comercial

Por tratar da área económica e também devido à sua história, o Direito


Comercial tem algumas particularidades. Veja a seguir quais são suas
características mais marcantes e importantes:

1. Simplicidade: essa área jurídica é menos formal do que outras a fim de


atrapalhar o livre desenvolvimento económico;

2. Sosmopolitismo: especificamente no Direito Comercial, há a


possibilidade da aplicação de normas, leis e convenções internacionais,
uma vez que os negócios podem expandir a barreira nacional devido à
globalização;

3. Onerosidade: o lucro é sempre o objectivo final de uma actividade


comercial, de forma que nenhum acto de comércio é gratuito;

4. Elasticidade: essas normas devem acompanhar o mercado, por esse


motivo estão em constante evolução e actualização;
5. Presunção de Solidariedade:

6. Fragmentarismo: o Direito Empresarial é autónomo, o que significa que


as normas que versam sobre essa actividade são esparsas e dependem
da harmonia de diversos outros códigos, como o Civil e o de Defesa do
Consumidor. 

Acto de comércio

Conceito

Um acto de comércio é uma aquisição a título oneroso (isto é, que deve ser
paga) de um bem móvel ou de um direito sobre o mesmo, que se realiza com
vista a lucrar com a respectiva alienação. Este lucro pode ser obtido a partir do
mesmo estado em que tenha sido adquirido o bem móvel ou depois de o ter
provido de outra forma tendo assim aumentado ou reduzido o seu valor.

Convém destacar que um bem móvel é aquele que pode ser transportado sem
modificar a respectiva estrutura. Trata-se do conceito oposto a imóvel, ou seja,
as casas, os edifícios e os terrenos.

O acto de comércio é um acto jurídico que permite distinguir os casos que


pertencem ao direito comercial daqueles que se encontram sob a alçada do
direito civil. Um acto jurídico é um acto voluntário que se realiza com o
objectivo de estabelecer relações jurídicas entre as pessoas para criar,
modificar ou revogar direitos.

O conceito de acto de comércio funciona por exclusão: não se tratando de um


acto de comércio, é regido pelo direito civil. Caso contrário, é da competência
do direito comercial. Existem, contudo, actos mistos ou unilaterais, que são
comerciais em relação a uma das partes e civis em relação à outra.

A regulamentação dos actos de comércio depende das normas em vigor em


cada país. São essas normas que estabelecem as capacidades, as
competências e os termos dos ditos actos, de acordo com os procedimentos
correspondentes.

Tipos de Sociedades

Sociedade em nome colectivo

A sociedade em nome colectivo é um tipo de empresa com 2 ou mais sócios,


que podem contribuir com entradas em dinheiro, bens ou indústria. As entradas
em dinheiro e em bens formam o capital social, que não tem um mínimo
obrigatório (as contribuições em indústria não são computadas no valor do
capital social).

Responsabilidade dos sócios pelas dívidas


Os sócios da sociedade em nome colectivo têm uma responsabilidade
ilimitada, subsidiária em relação à sociedade e solidária entre si pelas dívidas
da sociedade. Isto quer dizer que, face a dívidas da sociedade, os sócios
respondem com a sua entrada na empresa, mas também com o seu património
pessoal [responsabilidade ilimitada], se a própria sociedade não responder
[responsabilidade subsidiária] e em conjunto (mesmo que em valores diferentes
ou respondendo uns e não outros) com os outros sócios [responsabilidade
solidária].

Se um sócio pagar as dívidas da sociedade, tem direito de regresso sobre os


outros sócios, ou seja, pode exigir dos restantes sócios o pagamento da parte
que lhes couber, na medida em que o pagamento exceda a importância que lhe
caberia suportar segundo as regras aplicáveis à sua participação nas perdas
sociais.

O nome da sociedade em nome colectivo

A firma da sociedade em nome colectivo deve ser formada pelo nome de todos
os sócios ou, não sendo, deve ser colocada a expressão “e companhia”, por
extenso, ou “cia”, abreviadamente, ou outra expressão que indique que existem
mais sócios (exs: “e filhos”; “e irmãos”). A firma é mais importante do que se
pensa, pois, mesmo que não seja sócio, se colocar o seu nome na firma, fica
sujeito à mesma responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade.

Os direitos e deveres dos sócios

Os sócios da sociedade em nome colectivo têm direito aos lucros da empresa,


na proporção da sua entrada na sociedade, têm direito a, pelo menos, um voto
na tomada de decisões sobre a sociedade e têm direito à informação, devendo
ser-lhes fornecida, pelos gerentes, informação verdadeira, completa e
elucidativa sobre a gestão da sociedade, nomeadamente atos já praticados ou
cuja prática é esperada, e podendo consultar pessoalmente escrituração, livros
e documentos na sede da empresa.

Por outro lado, os sócios devem participar nas perdas da sociedade e abster-se
de exercer, por conta de outrem ou própria, uma actividade concorrente com a
da sociedade (qualquer actividade abrangida no objecto social) e de ser sócios
com responsabilidade ilimitada noutras empresas, salvo se os outros sócios
consentirem.

Sociedade por Quotas

A sociedade por quotas é uma forma jurídica de empresa, com


responsabilidade limitada, constituída por dois ou mais sócios, cujo capital
social da empresa está dividido por quotas. Uma sociedade por quotas também
pode ser unipessoal, quando é constituída por apenas um sócio, que detém a
totalidade do capital social.

O nome da sociedade deve ser formada, com ou sem sigla, pelo nome de um


ou todos os sócios, por denominação particular ou por ambos, acrescido
obrigatoriamente pela expressão ‘Limitada’ ou ‘Lda.’. Deve ser administrada e
representada por um ou mais gerentes, pessoas singulares com capacidade
jurídica plena. Quem gere a sociedade tem direito a salário, estipulado pelos
sócios.

O montante do capital social - dinheiro que os sócios investem na sociedade - é


fixado de forma livre no contrato de sociedade por quotas, correspondendo à
soma das quotas de todos os sócios, que poderão ter ou não o mesmo valor
entre si (não poderá ser inferior a um euro por cada quota).

Em termos de responsabilidade perante os credores, apenas o património da


sociedade responde pelas dívidas contraídas durante a atividade. Não existe,
assim, obrigação legal dos sócios liquidarem dívidas da sociedade com o seu
património pessoal.

Importância da Sociedade por Quotas

Este tipo de sociedade apresenta algumas vantagens, salientamos as


seguintes:

 Sem limite de capital social, pois, como já mencionamos, é estabelecido


livremente;

 Responsabilidade limitada ao capital social, ou seja, apenas o


património da sociedade responde perante os credores pelas dívidas da
mesma;

 Maior investimento e conhecimento, pois tem dois ou mais sócios.

Sociedade anónima

Sociedade Anónima é um modelo de empresa caracterizada por ter o seu


capital financeiro dividido por acções. Desta forma, a empresa deve ter sempre
dois ou mais accionistas, que são os donos deste negócio. Desse modo, nesse
tipo de companhia, tanto os sócios quanto os accionistas
possuem responsabilidade limitada a respeito do negócio.

No entanto, como o capital social de uma SA é dividido em acções de igual


valor nominal, de livre negociabilidade, a responsabilidade dos accionistas de
uma SA será limitada ao preço de emissão das acções subscritas ou
adquiridas.
Ou seja, se o negócio não der certo, o sócio estará liberado de qualquer
responsabilidade patrimonial além do valor das acções que possuía, limitando
o prejuízo, como já foi dito anteriormente.

Uma vez que esse tipo de empresa é regulada pela Lei 6.404/76, também
chamada Lei das Sociedades Anónimas, elas precisam cumprir uma série de
requisitos, como será visto adiante.

A princípio, uma Sociedade Anónima possui um alto investimento inicial, com


grandes expectativas de crescimento, de forma que consiga captar recursos
com maior facilidade.

Entretanto, é preciso destacar que toda Sociedade anónima é uma pessoa


jurídica com fins lucrativos. Ou seja, nenhuma entidade do terceiro sector pode
ser constituída como SA.

Estrutura de uma Sociedade anónima

Geralmente, as SAs são compostas da seguinte forma:

 Assembleia Geral;

 Directoria;

 Conselho de Administração;

 Conselho Fiscal;

1. Assembleia Geral

O principal órgão da sociedade anónima, sendo composto pelos accionistas. A


assembleia geral é responsável pelas decisões tomadas pela empresa.

2. Directoria

Órgão que administra a empresa e representa seus interesses. Pelo menos


dois directores devem compor a directoria, sendo accionistas ou não da
companhia.

Dessa forma, quem escolhe os membros da directoria é o Conselho de


Administração (ou a Assembleia Geral, caso a SA não tenha conselho).

3. Conselho de Administração

Aconselha a directoria, sendo formado por três membros eleitos pela


Assembleia Geral. O conselho de administração possui mandato pré-
estabelecido.
4. Conselho Fiscal

O conselho fiscal é o braço assessor da Assembleia Geral, que cuida da


prestação de contas e das demonstrações financeiras da empresa.

Em suma, o conselho fiscal é composto por de três a cinco membros, todos


eleitos pela Assembleia Geral. Esses membros podem ser acionistas da
empresa ou não.

Tipos de Sociedade anónima

As Sociedades Anónimas são divididas em dois tipos:

 SA de Capital Aberto;

 SA de Capital Fechado;

Ou seja: as Sociedades Anônimas não ofertarão, necessariamente, suas ações


na bolsa, pois existem modelos diferentes desse tipo de empresa.

1. Sociedades Anónimas de Capital Aberto

Uma Sociedade anónima de Capital Aberto disponibiliza valores mobiliários


para negociação nas bolsas de valores ou mercado de balcão para captar
novos recursos.

Sendo assim, estas companhias devem ser registadas na CVM (Comissão de


Valores Mobiliários), que regulamenta esse tipo de operação.

2. Sociedades Anónimas de Capital Fechado

Uma Sociedade anónima de Capital Fechado, como o próprio nome sugere,


são grupos fechados, com accionistas já determinados.

Dessa forma, as acções de empresas dentro dessa classificação não estão


disponíveis para comercialização.

Direitos e deveres dentro de uma Sociedade anónima

Como toda Sociedade anónima é composta por acções, que representam uma
parcela do capital social da empresa emissora, deve-se ter em mente que
quem compra estes papéis adquire uma série de direitos sobre a companhia,
tais quais:

 Participação nos lucros e no acervo em caso de liquidação;

 Fiscalização da sociedade;

 Retirada;

 Preferência na subscrição de novas acções; e


 Voto nas assembleias.

Em suma, isso ocorre porque os accionistas são os donos de um percentual da


empresa, que investiram parte de suas finanças em acções.

Dessa forma, eles devem ter alguma contrapartida para que essa aplicação
seja vantajosa e atractiva.

Em virtude de empresas grandes, as SAs devem atender a uma série de regras


e do governo.

Em resumo, essas empresas são as primeiras afectadas por mudanças


contábeis e alterações nas regras de compliance, como a implantação
das normas internacionais da contabilidade (IFRS) e a obrigatoriedade de
entrega de obrigações acessórias.

Sociedade em comandita

A sociedade em comandita é uma sociedade de responsabilidade mista que


contém sócios de responsabilidade ilimitada e sócios de responsabilidade
limitada que assumem a gestão e a direção da sociedade.

Os primeiros são designados de comanditados e contribuem com bens ou


serviços. Eles assumem responsabilidade pelas dívidas da sociedade, ilimitada
e solidariamente entre si, nos mesmos termos dos sócios das sociedades em
nome colectivo.

Os segundos chamam-se de comanditários e contribuem com o capital. Estes


respondem somente pela sua entrada no capital.

Tipos de sociedade em comandita

Existem dois tipos de sociedade em comandita: simples e por acções.

Sociedade em comandita simples

Este é o tipo tradicional de sociedade em comandita, onde não há


representação do capital por acções. Nesta sociedade, o número mínimo de
sócios é dois.

Geralmente aplicam-se as disposições relativas ás sociedades em nome


colectivo a este tipo de sociedade em comandita.

Sociedade em comandita por acções

Neste tipo de sociedade em comandita, as participações dos sócios


comanditários podem estar representadas por acções. As entradas destes
sócios não podem consistir em indústria.
Conclusão

O direito empresarial também é conhecido como direito comercial e trata de


uma área do direito privado, instituindo pontos importantes sobre as actividades
empresariais.

Trata-se de um ramo do direito privado, coexistindo ao lado do direito civil, não


obstante receba profunda influência do direito público, sobretudo no que tange
a certas regras proibitivas do exercício do comércio.

Assim como todas as actividades do quotidiano, conhecer o direito é ter um


respaldo legal, uma cautela, nos actos do dia-a-dia. Prevenir sair sempre mais
barato.

O administrador ele precisa de assessoria de um escritório advocacia, para


conhecer direito empresarial/comercial, na prática, é administrar
cautelosamente e dentro da lei, o que minimizaria os erros, que poderiam
causar grandes transtornos financeiros e até sanções penais.

O direito empresarial traz informações sobre como as sociedades devem


existir, quais são as regras para relações de mercado, de concorrência, de
contratos e assim por diante. É, portanto, a matéria que orienta os empresários
em diversos sentidos, de modo a garantir uma actuação completamente
regular.

Além de tudo, é responsável por garantir a protecção da propriedade privada e


intelectual de quem tem o próprio negócio.
Referências bibliográficas

Carlos Alberto da Mota Pinto: Teoria geral do Direito civil, 4ª edição, Coimbra,


2005

Samisssone Simbarashe: Teoria Geral do Direito, 3ª edicao, Killert Valley, 2006

 Lehmann, Dom. «Direito Empresarial». Lehmann Advogados. Consultado em


22 de março de 2022

↑ «The Corporate Theft Of Human Rights Politics Essay». Consultado em 12 de


fevereiro de 2016. Arquivado do original em 16 de fevereiro de 2016

↑ Jorge Manuel Coutinho de Abreu, Curso de Direito comercial, vol. I, 6ª


edição, Coimbra, 2006

↑ «DGPJ: Código Comercial». www.dgpj.mj.pt. Consultado em 31 de outubro


de 2008

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