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O Capital Próprio

Enquadramento Teórico e Prático


O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 5

1. NORMAS APLICÁVEIS 6

2. CONCEITO 7

3. TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE EMPRESAS 10

4. TIPOS DE ACÇÕES 14

5. CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS 16

5.1. REQUISITOS PRÉVIOS 16


5.2. FORMA E REGISTO DO CONTRATO 16
5.3. FORMALIDADES LEGAIS 16
5.4. SUBSCRIÇÃO DO CAPITAL 19
5.5. REALIZAÇÃO DO CAPITAL 21
5.6. ASPECTOS FISCAIS 27
5.7. LIVROS OBRIGATÓRIOS 27
5.8. DESPESAS DE CONSTITUIÇÃO 28
5.9. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS 29

6. AUMENTOS DE CAPITAL 30

6.1. AUMENTO DE CAPITAL POR NOVAS ENTRADAS: 31


6.2. AUMENTO DE CAPITAL POR INCORPORAÇÃO DE RESERVAS: 38
6.3. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 40

7. ACÇÕES (QUOTAS) PRÓPRIAS 41

7.1. CONDICIONANTES LEGAIS 41


7.2. AQUISIÇÃO DE ACÇÕES (QUOTAS) PRÓPRIAS 43
7.3. ALIENAÇÃO DE ACÇÕES (QUOTAS) PRÓPRIAS 47
7.4. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 49

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8. REDUÇÕES DE CAPITAL 50

8.1. REDUÇÃO DE CAPITAL POR SAÍDA DE SÓCIOS 50


8.2. REDUÇÃO DE CAPITAL POR EXCESSO DE CAPITAL 50
8.3. REDUÇÃO DE CAPITAL PARA COBERTURA DE PREJUÍZOS 50
8.4. MODALIDADES DE REDUÇÃO DO CAPITAL 50

9. PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES E ACESSÓRIAS 53

9.1. PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES 53


9.2. PRESTAÇÕES ACESSÓRIAS 53

10. SUBSÍDIOS E DOAÇÕES 55

10.1. SUBSÍDIOS 55
10.2. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 55
10.3. DOAÇÕES 57

11. REAVALIAÇÕES 58

11.1. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 59

12. AMORTIZAÇÃO DE ACÇÕES (QUOTAS) 61

13. REMISSÃO DE ACÇÕES 64

13.1. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 65

14. RESULTADOS RETIDOS 66

14.1. RESERVA ESPECÍFICA POR IMPOSIÇÃO LEGAL OU ESTATUTÁRIA 66


14.2. RESERVA POR IMPOSIÇÃO CONTRATUAL 67
14.3. RESERVAS POR POLÍTICA GERENCIAL 68

15. DIVIDENDOS 69

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16. ALTERAÇÕES NAS POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS 71

16.1. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 71

17. ERROS 72

17.1. DIFERENÇAS ENTRE AS IFRS E O REFERENCIAL CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS: 72

18. AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE 74

BIBLIOGRAFIA 76

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INTRODUÇÃO

Pretende-se com este trabalho abordar todas as situações que impliquem movimentação de contas da
rubrica capitais próprios.
Pela sua importância, dado reflectir a situação líquida de uma empresa é importante que todos os
princípios contabilísticos sejam observados.
Será, sempre que possível, efectuada uma comparação com as Normas internacionais de contabilidade.

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1. NORMAS APLICÁVEIS

Para as diferentes operações relacionadas com rubricas do capital próprio existem no normativo nacional várias
normas: POC, Directrizes Contabilísticas, interpretações técnicas ou, supletivamente, as Normas Internacionais
emitidas pelo IASB.

 Normas Nacionais:
• POC;
• DC 15 – Remissão e Amortização de Acções;
• DC 16 – Reavaliações de Activos Imobilizados Tangíveis.
 IASB:
• Estrutura conceptual para a apresentação e preparação de Demonstrações Financeiras;
• IAS 1 – Apresentação de Demonstrações Financeiras;
• IAS 8 – Políticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros;
• IAS 16 – Activos Fixos Tangíveis;
• IAS 20 – Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação de apoios do Governo;
• IAS 32 – Instrumentos financeiros: apresentação de divulgação;
• IAS 39 – Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração;

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2. CONCEITO

Para que se entenda a informação financeira é importante a existência de algumas definições, incluindo a
de capital próprio.
O normativo português apresenta insuficiências ao nível conceptual, não oferecendo qualquer definição
do conceito de capital, nem mesmo na DC 18. Posto isto, e de acordo com a hierarquia definida na DC
18, o conceito em análise corresponderá ao do IASC:

Fonte: Framework do IASB

Conceito
Capital próprio é o valor residual dos activos duma empresa após a dedução de
de
todos os seus passivos (par.49)
Capital Próprio

O Capital próprio não é mais do que o activo deduzido de todos os passivos, representando os interesses dos
detentores do capital na sociedade.
Tem, por isso mesmo, um carácter de natureza residual, que advém do facto dos detentores do capital só terem
direito à parte “residual” do activo, que não é mais do que a parte do activo que resta após lhe ser subtraído o
passivo (interesse dos credores). O Capital próprio é um resíduo, não configurando uma reivindicação sobre os
activos no sentido em que o passivo é. Após a liquidação de uma empresa, a entidade está obrigada a distribuir
os activos remanescentes aos sócios após o pagamento aos credores.
Deste modo, o capital próprio de uma empresa representa as contribuições líquidas dos sócios/accionistas
juntamente com os resultados retidos (resultantes das transacções da empresa).
Ainda de acordo com a estrutura conceptual, o capital próprio pode ser subclassificado no balanço,
distinguindo:
 Os fundos contribuídos pelos accionistas;
 Os resultados retidos;
 As reservas que representem apropriações de resultados retidos (reservas legais e
estatutárias);
 Reservas que representem ajustamentos de manutenção do capital (reservas de
reavaliação).
O valor do capital próprio apresentado no balanço está dependente da mensuração dos activos e passivos
e, por norma, não reflecte o valor de mercado das acções nem sequer a soma que poderia ser obtida pela
alienação quer dos activos líquidos numa base fragmentária, quer da entidade como um todos segundo o
pressuposto da continuidade.
O capital de uma empresa singular é entendido, geralmente, como o valor do seu património complexivo,
ou seja, a diferença entre os valores activos e passivos que estão afectos ao negócio. Por esse motivo, é
frequente a confusão entre o capital o património líquido ou capital próprio.

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Tem, por isso mesmo um carácter variável pois aumenta com os lucros e diminui com os prejuízos (note-
se que tanto os lucros como os prejuízos são registados ao longo do exercício em contas da classe 7 e 6
respectivamente, sendo que só a importância líquida é registada na conta 51 – Capital, por incorporação,
no início do ano seguinte).
Já nas empresas colectivas o capital de uma sociedade é normalmente invariável, ou seja, o capital de uma
sociedade é calculado logo no início, encontrando-se fixado no pacto social e só pode ser aumentado ou
sofrer reduções se se verificarem determinadas situações, cumpridas certas formalidades e sempre por
meio de escritura pública.
Torna-se, deste modo, necessário distinguir Capital Próprio (ou real) de Capital Social (ou nominal).
Por capital próprio entende-se, como se viu, o excedente do activo sobre o passivo traduzindo o valor do
património social (o supra citado património complexivo). O capital social, ao qual também se chama
estatutário, representa a soma das quotas-partes subscritas pelos sócios, mantendo-se o seu valor nos
sucessivos balanços (excepto se houver alteração no pacto social) representando os fundos aplicados
pelos sócios ou proprietários (capital nominal ou social), bem como os lucros não distribuídos ou
levantados (denominados de capital ou dotação adicional).
O capital nominal pode estar ou não integralmente realizado e engloba o capital inicial e os aumentos de
capital. No capital adicional distinguem-se os lucros capitalizados (Reservas) e os lucros por aplicar
(lucros em suspenso).
Existem duas grandes categorias de capital próprio: capital contribuído e lucros retidos.
 Capital Contribuído: investimento inicial e adicional, feito pelos detentores da empresa. É
constituído por:
• Capital social ou legal (parte do capital próprio que é exigida por lei para protecção dos
credores),
• Prémios de emissão;
• Prestações suplementares;
• Doações e subsídios.
Note-se que as reservas de reavaliação só são capital contribuído quando realizadas.
 Lucros Retidos: também designado por capital obtido nas transacções e outros eventos da
empresa, é constituído por:
• Ajustamentos de períodos anteriores (resultados transitados);
• Lucros não apropriados (reservas gerais);
• Lucros apropriados (reservas específicas);
Pode ainda ser efectuada uma distinção entre capital próprio realizado e não realizado. O primeiro é todo
o aumento de capital próprio que resulte da aplicação do critério do custo histórico. O segundo é todo o
aumento ou diminuição do capital próprio que não resulte da aplicação do referido critério (caso das
reavaliações).
O valor contabilístico de uma empresa é dado pelo valor evidenciado nas contas que integram a Classe 5,
com os Resultados Líquidos, ou seja, o valor do seu património líquido é representado pelo total do seu
capital próprio.
O capital próprio é constituído pelas seguintes rubricas principais:

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- Capital social – representa o valor das entradas em dinheiro dos sócios aquando da constituição da
sociedade ou de um aumento de capital
- Reservas – resultados acumulados ao longo de exercícios anteriores
- Resultado líquido – resultado obtido no exercício a que reporta o balanço Demonstração de Resultados
É comum a confusão entre capital próprio e situação líquida e a Classe 5 do POC. No entanto, a classe 5
não deve ser identificada com a situação líquida ou capitais próprios, pois não inclui os resultados apurados no
próprio exercício, que estão representados por contas da classe 8 - «Resultados».
A confusão advém do facto da totalidade dos recursos próprios que as empresas dispõem ser dada pela situação
líquida (capital próprio ou património liquido), que é composto pelas contas que compreendem a classe 5,
conjuntamente com a conta 88- «Resultados líquidos».
O capital próprio é variável, pois, tenderá a aumentar com os lucros e diminui com os prejuízos.

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3. TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE EMPRESAS

Para o estudo da rubrica Capital Próprio interessa conhecer as formas de constituição de empresas pois
daí resultarão diferentes formas de contabilização.
É do senso comum que para que se possa desenvolver uma actividade é condição necessária reunir um
conjunto de recursos materiais e humanos.
Se a reunião desses recursos e respectiva propriedade for de uma só pessoa, estamos perante um
empresário em nome individual. Por outro lado, se duas ou mais pessoas se unirem com o fim de
constituírem uma empresa, estamos em presença de uma sociedade.
Obviamente que ambas as figuras são relevantes mas são as sociedades que, quer pelo seu número, quer
pelo seu peso em termos económicos assumem uma maior relevância.
O artigo 980º do Código Civil define contrato de sociedade como aquele em que “...duas ou mais pessoas
se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa actividade económica,
que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa actividade.”
Esta definição remete para três conceitos-chave: em primeiro lugar, o conceito de contribuição de bens ou
serviços, a denominada obrigação de entrada, entrada essa que poderá ser feita em dinheiro, bens ou até
em serviços. Em segundo lugar, o contrato de sociedade pressupõe o exercício em comum de uma
actividade económica, excluindo-se à partida todas as actividades de mera fruição, como por exemplo, o
recebimento e distribuição pelos proprietários de um prédio comum das rendas recebidas pelo seu
aluguer. Finalmente, está subjacente ainda o princípio da existência de fim lucrativo, ou seja, pressupõe a
existência da criação de excedentes, uma remuneração.
Do mesmo modo, também o artigo 1º do Código das Sociedades Comerciais no seu nº 2 define como
sociedades comerciais as sociedades que:
“(…
a) Tenham por objectivo a prática de actos de comércio;
b) Adoptem o tipo de sociedade em nome colectivo, de sociedade por quotas, de sociedade anónima ou de
sociedade em comandita.”
Nos dias que correm, apenas as sociedades anónimas e as sociedades por quotas assumem relevância.
Numa perspectiva económica, a distinção entre as sociedades é feita através da forma de financiamento,
do tipo de atribuições dos sócios e regulamentação sobre a divisão dos lucros.
Já em termos jurídicos, é a responsabilidade dos sócios que permite diferenciar os vários tipos de
sociedades, sendo que estas podem assumir as seguintes formas:
 Responsabilidade Ilimitada, tratando-se de uma sociedade em nome colectivo;
 Responsabilidade Limitada, se for uma sociedade anónima ou por quotas;
 Responsabilidade Mista, se for uma sociedade em comandita.
De acordo com o nº 2 do Artº 1 do CSC, são sociedades comerciais aquelas que tenham por objecto
a prática de comércio e adoptem o tipo de sociedade em nome colectivo, de sociedade por quotas,
de sociedade anónima, de sociedade em comandita simples ou de sociedade em comandita por
acções.

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O Artº 5 do CSC estatui que as sociedades gozam de personalidade jurídica e existem como tais a
partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do disposto
quanto à constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras.
Ainda de acordo com o nº 1 do Artº 6 CSC, a capacidade da sociedade compreende os direitos e as
obrigações necessárias ou convenientes à prossecução do seu fim, exceptuados aqueles que lhe
sejam vedados por lei ou sejam inseparáveis da personalidade singular.
Pelo exposto, é possível identificar diferentes tipos de sociedades:

Tipos de Empresas
Estabelecimentos Individuais de Responsabilidade Limitada
Empresa em Nome Individual
Sociedades Unipessoais
(singulares)
Empresas em nome individual de responsabilidade ilimitada
Sociedades em Nome Colectivo
Sociedades comerciais Sociedades por Quotas
de direito privado Sociedades Anónimas
(colectivas) Sociedades em Comandita
Sociedades Cooperativas
Empresas Públicas

Debrucemo-nos mais pormenorizadamente sobre cada um destes tipos de empresas:

Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL) – este tipo de empresa surgiu


com o DL nº 248/86 de 25 de Agosto. O montante do capital não pode ser inferior a 400 contos
realizado em dinheiro e deve estar totalmente realizado. A responsabilidade do titular fica limitada
aos bens afectos à empresa.

Empresa em Nome Individual de Responsabilidade Ilimitada – Neste tipo de empresa o capital


representa a diferença entre o activo e o passivo. O seu valor aumenta com os lucros e com
eventuais entradas adicionais e diminui com os prejuízos e os levantamentos efectuados pelo
proprietário da empresa. O património particular do comerciante confunde-se com o património da
empresa.

Sociedade Unipessoal por Quotas – Criadas pelo DL nº 275/96 encontram-se reguladas pelo artigo
270º e seguintes do CSC. Aplicam-se as normas que regulam as sociedades por quotas com
exclusão das que pressupõem a existência de mais do que um sócio.

Sociedades em nome colectivo (Artº 175 e sgtes CSC) - A responsabilidade dos sócios é ilimitada,
subsidiária em relação à sociedade e solidária com os outros sócios. Todos os bens particulares dos
associados servem de garantia à sociedade. Cada sócio responde pelas obrigações contraídas antes
da sua entrada para a sociedade mas não pelas contraídas após a sua saída. São admitidos sócios de

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indústria mas a sua contribuição não é reflectida no capital social. Uma das identificações é a
palavra “e Companhia” no final da firma. Este tipo de sociedade está obrigada a efectuar o depósito
do relatório de gestão excepto se não ultrapassarem dois dos limites fixados pelo nº 2 do artigo 262º
do CSC.

Sociedades por Quotas (Artº 197 e sgts do CSC) - Capital dividido em quotas, existindo
responsabilidade limitada ao valor do capital subscrito, por cada sócio. Os sócios são
solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas no capital social. Só o
património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade, salvo se o contrato
estipular o contrário. Valor mínimo do capital social: 5.000 € (1.002.410$00). Este tipo de
sociedade identifica-se pela inclusão da designação “Limitada” ou “Lda.”. Não são admitidos
sócios de indústria. A fiscalização deste tipo de sociedade compete a um fiscal único que será ROC
ou uma sociedade de ROCs ou a um Conselho Fiscal caso dois dos três seguintes limites for
ultrapassado (art.º 262º do CSC):
 Total do Balanço: 1500 000 euros
 Total das Vendas Líquidas e de outros proveitos: 3 000 000 euros
 Número de Trabalhadores em média durante o exercício: 50.

Sociedades Anónimas (Artº 271 e sgts do CSC) - Número de sócios por norma não inferior a 5,
excepto sociedades com o estado. Não são admitidas contribuições de indústria. O c apital encontra-
se representado por acções (títulos negociáveis), cujo valor de emissão não pode ser inferior ao
valor nominal mínimo: um cêntimo de Euro (aprox. 2 escudos) sendo que o capital social deve ser,
no mínimo 50.000 € (10.024.100$00). Responsabilidade limitada de todos os sócios. Maior
separação entre propriedade e gestão/administração. Exigência de severa fiscalização exterior
(existência de R.O.C. ou C. F.).
A administração e a fiscalização da sociedade anónima podem ser estruturadas da seguinte forma:
 Conselho de Administração e Conselho Fiscal (art. 390º a 423º do CSC);
 Direcção, Conselho Geral e Revisor Oficial de Contas (art. 424º a 446º).
Para além dos livros obrigatórios já referidos para as sociedades por quotas, as sociedades anónimas
devem ainda ter:
- Registo de Acções
- Balancete do Razão
- Balancetes de contas correntes
- Desenvolvimento de contas colectivas
- Registo das folhas diárias de vendas a dinheiro
- Resultados do exercício
- Livros de actas para a Assembleia-Geral, para o Conselho de Administração e para o Conselho
Fiscal.
Todos estes livros deverão ser selados. Este tipo de sociedades deve ainda depositar as contas na
Conservatória do Registo Comercial (art. 70º e 70º A).

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Sociedade em Comandita – neste tipo de sociedade existem sócios comanditados, cuja


responsabilidade é ilimitada e sócios comanditários com responsabilidade limitada. Podem assumir
a forma de sociedade em comandita simples ou comandita por acções. A firma destas sociedades é
formada pelo nome ou firma de pelo menos um dos sócios comanditados seguido de “em
Comandita ou “& Companhia” ou de “em Comandita por acções” ou “& Comandita por acções”. Às
sociedades em comandita simples são aplicáveis as disposições das sociedades em nome colectivo e
às sociedades em comandita por acções as disposições relativas às sociedades anónimas.

Cooperativas – reguladas pelo DL nº 454/80, as cooperativas não devem ser consideradas sociedades
porque são de capital variável, com um número variável de sócios e que não tem por objecto o lucro. De
uma maneira geral, as cooperativas estão sujeitas às mesmas obrigações das outras sociedades.

Empresas Públicas – formadas pelo Estado com capitais públicos ou fornecidos por organismos públicos
têm como fim desenvolver actividades económicas ou sociais e possuem autonomia administrativa,
financeira e personalidade jurídica. São reconhecidas pela designação Empresa Pública ou EP a seguir à
firma. A prestação de contas é efectuada por intermédio de documentos previstos em legislação específica
(idênticos aos exigidos às sociedades anónimas) e sujeitos a parecer da Inspecção Geral de Finanças.

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4. TIPOS DE ACÇÕES

A participação dos sócios no capital da sociedade assume a forma de parcelas que podem ser iguais
ou desiguais.
As acções são títulos representativos do capital social das sociedades anónimas e das sociedades em
comandita por acções, não podendo ser emitidas abaixo do valor nominal (facto que pode suceder
nas obrigações).
Conferem ainda ao seu titular a qualidade de accionista e proporcionando-lhe direitos estatutários
(direito de voto e à informação sobre a empresa) e direitos económicos (direito de receber
dividendos, de exercer a partilha do fundo social e de preferência)
As acções têm um valor nominal. Ao serem emitidas mais acções estas podem sê-lo ao par, se o
valor de emissão for igual ao valor nominal, acima do par, se forem emitidas a um preço superior ao
valor nominal designando-se a diferença por prémio de emissão. Não poderão, no entanto, ser
emitidas acções abaixo do par.
Reconhecimento inicial: as acções podem ser reconhecidas como títulos negociáveis (títulos
adquiridos com o objectivo de aplicação de tesouraria de curo prazo, ou seja, por período inferior a
um ano) ou coo investimentos financeiros (aplicações de carácter permanente);
Valorização inicial: as acções devem ser valorizadas inicialmente ao custo de aquisição que inclui
os custos de transacção;
Valorização subsequente: as acções podem ser valorizadas subsequentemente ao custo de
aquisição ou pelo método de equivalência patrimonial:
 Custo de aquisição (títulos negociáveis e investimentos financeiros); as acções adquiridas
mantêm-se registadas pelo custo de aquisição. Se o preço de mercado for inferior ao custo
de aquisição deve constituir-se uma provisão para aplicações de tesouraria ou para
investimentos financeiros.
 Método de equivalência patrimonial: o custo de aquisição é ajustado pelo valor
correspondente à proporção nos resultados líquidos da empresa filial ou associada (ganhos
ou perdas financeiras) e pelo valor correspondente à proporção noutras variações nos
capitais próprios da empresa filial ou associada (conta 55.3 do POC). Se o valor de
mercado superar o valor contabilístico deve ser constituída uma provisão (conta 55.4 do
POC).
Tipos de acções quanto à sua forma de transmissão:
 Acções nominativas tituladas (artigo 299º do CSC): têm o nome do possuidor e só podem transmitir-
se por declaração escrita no título a favor do transmissário, seguida de registo junto de intermediário
financeiro que o representa (artigo 326º do CSC)
 Acções ao portador tituladas: não têm o nome do seu possuidor e transmitem-se por entrega do título
ao adquirente conferindo o exercício de direitos de sócio (artigo 327º do CSC);
 Acções escriturais: transmitem-se pelo registo na conta do adquirente. No caso de se tratarem de
acções escriturais nominativas, o registo deve ser feito junto da entidade emitente.

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Alguns tipos de acções quanto aos direitos:


 Acções ordinárias: não conferem direitos especiais;
 Acções preferenciais sem direito a voto: o contrato social pode autorizar a emissão deste tipo
de acções até ao limite de 50% do capital. Conferem direito a um dividendo prioritário, não
inferior a 5% do valor nominal da acção bem como o direito a reembolso prioritário na
liquidação da sociedade não concedendo direito a voto. O dividendo prioritário que não for
pago num período deve sê-lo nos três períodos seguintes desde que existam lucros distribuíveis
(art. 341º a 344º do CSC).
 Acções preferenciais remíveis: beneficiam de um privilégio patrimonial mas estão sujeitas a
remissão em data fixa ou a determinar pela Assembleia-Geral (artigo 345º do CSC). No entanto
que só poderão ser remidas se estiverem totalmente liberadas sendo que a remissão é feita pelo
valor nominal, salvo se o contrato de sociedade estipular a concessão de um prémio. A remissão
de acções não implica redução do valor do capital social devendo ser constituída uma reserva
especial que só pode ser utilizada para efeitos de aumento de capital (art.º 345º do CSC).
 Acções de Fruição: representadas por títulos especiais, tratam-se de acções totalmente amortizadas e
que conferem direito a um dividendo inferior às acções de capital. Só participam no produto da
partilha após as acções de capital terem sido reembolsadas. Podem ser convertidas em acções de
capital pela retenção de lucros ou por meio de entradas oferecidas pelos accionistas interessados,
mediante deliberação da assembleia-geral e da assembleia especial dos respectivos titulares.
 Acções amortizadas: acções cujo valor nominal já foi reembolsado aos accionistas.
 Acções convertíveis: acções cujo direito ou forma de transmissão é convertido noutro diferente.

O POC preconiza que os dividendos devem ser reconhecidos quando for estabelecido o direito dos
accionistas aos mesmos (acções valorizadas ao custo de aquisição) ou quando a empresa
participante toma conhecimento do lucro obtido pela participada (acções valorizadas pelo método
da equivalência patrimonial). As acções são eliminadas geralmente quando são vendidas,
reconhecendo-se em resultados (financeiros ou extraordinários) os ganhos ou as perdas. As acções
também podem ser eliminadas quando são remidas ou amortizadas com redução do capital.

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5. CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS

5.1. Requisitos prévios

As sociedades só podem constituir-se se se verificarem determinados requisitos:

Adopção de uma firma ou denominação social:


A denominação social não poderá ser idêntica a outra já existente de forma a não gerar confusão ou
induzir em erro.

Os sócios terem feito as entradas em dinheiro:


Nas sociedades por quotas para além do valor mínimo do capital social e das quotas, a sociedade só se
pode constituir depois de cada sócio ter entrado com 50% do capital subscrito em dinheiro.
Nas sociedades anónimas, esta percentagem mínima baixa para os 30%.
Tanto nas sociedades por quotas como as sociedades anónimas as entradas realizadas em dinheiro
deverão ser depositadas numa instituição bancária, antes de celebrado o contrato, numa conta aberta em
nome da futura sociedade que só poderá se movimentada depois de o contrato se encontrar devidamente
registado ou para fins de liquidação, no caso de nulidade do contrato ou falta de registo.

5.2. Forma e Registo do Contrato

No caso de não terem sido convencionadas entradas em espécie ou quaisquer aquisições de bens pela
sociedade, as partes deverão apresentar na Conservatória do Registo Comercial um requerimento para o
registo prévio (registo provisório por natureza), juntamente com o projecto completo do contrato da
sociedade.
Ao contrato de sociedade é exigida forma externa, ou seja, tem obrigatoriamente de ser celebrado por
escritura pública, onde deverão constar os elementos especificados nos artigos 9º e 176º para o caso de ser
uma sociedade em nome colectivo, no artigo 199º se se tratar de uma sociedade por quotas, no artigo 272º
se for uma sociedade anónima ou ainda no artigo 466º se se tratar de sociedade em comandita do Código
das Sociedades Comerciais.
A escritura pública deverá ser lavrada nos termos do projecto de sociedade previamente registado sendo
que o notário terá depois 15 dias úteis para enviar ao conservador uma certidão da escritura para que o
registo provisório possa ser convertido para definitivo.
É a partir desta data que a sociedade adquire personalidade jurídica ficando deste modo adstrita a deveres
e a obrigações.

5.3. Formalidades Legais

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A constituição de uma sociedade obriga ao cumprimento de determinadas formalidades legais:

Certificado de Admissibilidade da Firma ou denominação e inscrição provisória no Registo Nacional das


Pessoas Colectivas (RNPC).
Para que se possa celebrar a escritura pública é, como se viu anteriormente indispensável a apresentação
do certificado de admissibilidade da firma ou denominação que é emitido pelo Registo Nacional de
Pessoas Colectivas (RNPC), mediante requerimento em impresso próprio, onde constam, para além da
identificação dos requerentes, o objecto social bem como as firmas ou denominações que pretendem
adoptar em alternativa e por ordem decrescente de preferência, num máximo de três.
Para que o RNPC emita o referido certificado é necessário que a firma a adoptar não seja idêntica a outra
já registada ou que não seja susceptível de gerar confusão ou induzir em erro e reflectir adequadamente o
objecto social da sociedade. A firma aprovada é garantida por um prazo de seis meses para a celebração
da escritura e por um ano, após a data da escritura, para efeitos de registo.
A sociedade deve ainda requerer o registo provisório no Registo Nacional de Pessoas Colectivas e
solicitar a atribuição de um cartão provisório de identificação de pessoa colectiva, para que possa
proceder ao registo da sociedade.

Escritura Pública de Constituição no Cartório Notarial


O pacto social deve ser celebrado mediante escritura pública ou perante um notário a quem compete zelar
pela legalidade da constituição da sociedade.
Escolhido o tipo de sociedade e elaborada a minuta do contrato de sociedade, esta é apresentada ao
notário, juntamente como certificado de admissibilidade da firma ou denominação, bem como os Bilhetes
de Identidade dos sócios intervenientes e o documento comprovativo do depósito numa instituição de
crédito das entradas em dinheiro já realizadas existem condições para que seja celebrada a escritura
pública de constituição da sociedade.

Publicações Obrigatórias
A constituição da sociedade deve ser alvo de publicação em Diário da República ou, tratando-se de
sociedade com sede nas Regiões Autónomas, nas folhas oficiais bem como num jornal da localidade da
sede após o pedido de registo na Conservatória do Registo Comercial (feito pelo conservador mas a
expensas do interessado).

Número Fiscal de Contribuinte e Declaração de Início de Actividade


Ao constituir-se, a sociedade passa a ser um sujeito passivo de impostos (IVA e IRC) pelo que deverá
proceder à sua inscrição numa repartição de finanças para que lhe seja atribuído um número fiscal de
contribuinte e onde irá declarar o início de actividade.
O número fiscal de contribuinte vai permitir identificar a sociedade enquanto sujeito passivo em todos os
actos apresentados à Administração pública, nomeadamente, requerimentos, reclamações, recursos,
declarações, impugnações, entre outros.

17
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Inscrição no Registo Comercial (matrícula da Sociedade) e inscrição definitiva no Registo Nacional de


Pessoas Colectivas
Depois de outorgada a escritura de constituição da sociedade, esta deverá requerer a sua matrícula na
Conservatória do Registo Comercial da área da sua sede bem como a sua inscrição definitiva no Registo
Nacional de Pessoas Colectivas e requerer a emissão do cartão definitivo de identificação de pessoa
colectiva.

Comunicação à delegação da Inspecção do Trabalho do inicio da actividade


Antes de iniciar a sua actividade, a sociedade deve comunicar à delegação da Inspecção do Trabalho da
área da sua sede a sua denominação, o ramo de actividade ou objecto social, endereço da sede e locais de
trabalho, o Diário da República onde o pacto social foi publicado, o domicílio do órgão gestor e o número
de trabalhadores ao seu serviço.

Inscrição na Segurança Social


Após o início da sua actividade, a sociedade tem trinta dias para se inscrever na Segurança Social,
devendo, para tal deslocar-se ao Centro Regional de Segurança Social da sua área.

A demora a que estão sujeitos todos os utentes dos serviços dos registos e do notariado para verem as
suas solicitações satisfeitas, nomeadamente no que diz respeito todas as formalidades legais exigidas para
a constituição de sociedades comerciais é factor claramente desmotivador repercutindo-se negativamente
na economia.
Com vista a acelerar todo o processo de constituição de sociedade, a publicação do Decreto-Lei nº 267/93
de 31 de Junho vem atribuir aos notários competência para promover e dinamizar a tramitação do
processo de constituição de sociedades comerciais e civis sob a forma comercial, bem como as demais
entidades referidas no artigo 1º do Código do Registo Comercial, sempre que a sua constituição seja
sujeita a escritura pública. Deste modo quando solicitado pelos interessados, os notários têm competência
para:
- apresentar o pedido de certificado de admissibilidade de frima ou denominação, assinando o respectivo
impresso;
- requerer actos sujeitos ao registo comercial;
- cobrar os emolumentos devidos por tais actos e que se destinem ao Registo Nacional de Pessoas
Colectivas e à conservatória do registo comercial competente.

Uma alternativa aos processos tradicionais de constituição, alteração e dissolução de Sociedades são os
Centros de Formalidades das Empresas (CFE) que são serviços de atendimento e de prestação de
informações aos utentes que têm por finalidade facilitar os processos de constituição, alteração ou
extinção de empresas e actos afins.
Consistem na instalação física num único local de delegações ou extensões dos Serviços ou Organismos
da Administração Pública que mais directamente intervêm nos processos referidos.
Os CFE têm competência para constituir os seguintes tipos de sociedades comerciais:

18
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

· Sociedades por quotas


· Sociedades unipessoais por quotas
· Sociedades Anónimas
· Sociedades em comandita
· Sociedades em nome colectivo
· Alteração de pactos sociais (de empresas já existentes)
· Proceder à dissolução de sociedades
Em alguns CFE existe já a possibilidade de se constituir Empresas na Hora um novo processo que permite
a constituição de sociedades por quotas (incluindo unipessoais) e anónimas num só dia.
Estão presentes em cada CFE:
· Um corpo técnico de atendimento (IAPMEI);
· Uma delegação do RNPC – Registo Nacional de Pessoas Colectivas (DGRN);
· Um cartório notarial (DGRN);
· Uma extensão da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI);
· Uma extensão do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS);
· Um Gabinete de Apoio ao Registo Comercial – GARC (DGRN);
· Um gabinete de licenciamentos (CFE de Setúbal);
· Um balcão da Caixa Geral de Depósitos.

5.4. Subscrição do Capital

A subscrição de capital consiste no acto pelo qual os futuros sócios (subscritores) assumem o
compromisso de entregar à sociedade determinados valores para a formação do capital social.
O capital social, segundo o POC respeita ao capital nominal subscrito. A conta 51 - Capital utiliza-se nas
diferentes formas jurídicas que as empresas podem assumir e, no caso das sociedades, representa o valor
nominal das partes sociais ou das acções; no domínio estrito dos comerciantes em nome individual, expressa o
valor que o empresário colocou à disposição da empresa no início ou durante a sua actividade. Também o
capital das cooperativas é registado nesta conta.
Em termos genéricos pode dizer-se que esta conta é creditada pelo capital nominal, subscrito e ainda pelos
aumentos de capital que entretanto ocorram; debita-se pelas reduções de capital. Está ainda subjacente o
princípio da manutenção do capital da empresa, ou seja, o capital não pode ser inferior à soma do capital social
e das reservas (artigo 32º do CSC). A conta capital social pode ser subdividida conforme as sociedades:
- 511 – Ordinário
- 512 – Preferencial sem voto
- 513 – Preferencial remível
- 514 – Preferencial remido
- 515 – Amortizado
- 516 – Quotas de capital
- 517 - Quotas amortizadas
- 518 – (Entradas de) capital
- 519 – Partes comanditadas

19
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Antes da celebração do contrato tem de estar definida a forma de subscrição do capital, ou seja, o
compromisso por parte dos futuros sócios de entregar à sociedade determinados bens para a formação do
capital social.
Pela subscrição de capital, os subscritores tornam-se devedores da sociedade e tal débito é objecto de
registo na conta 264 - Subscritores de Capital, que está subdividida em função da natureza da entidade
subscritora, como segue:
- 2641 - Entidades públicas.
- 2642 - Entidades privadas.
- 2649 - Outras entidades.
A subscrição do capital pode ser directa se a oferta da emissão aos investidores a que se destina é feita
directamente pela entidade emitente ou indirecta se for subscrita por um ou mais intermediários
financeiros, com a obrigação de a oferecerem aos investidores a que se destina, nos termos e condições
estabelecidos.
Uma outra distinção que importa fazer relativamente à subscrição do capital é entre a subscrição:
 Particular, quando todo o capital é subscrito por um número determinado de pessoas
previamente identificadas (os fundadores);
 Pública, quando não estão previamente determinados todos os subscritores, dado que se recorre a
qualquer forma de comercialização pública dos títulos representativos do capital.
A constituição com apelo a subscrição pública está regulada, no essencial, no artigo 279º do CSC.
Quando se faz apelo à subscrição pública há desde logo que equacionar dois cenários:
 Subscrição incompleta, que poderá conduzir à não constituição da sociedade conforme previsto
no artigo 280º;
 Excesso de subscrição de capital, que determina a devolução das respectivas importâncias.
Caso o número de acções subscritas exceda o número de acções a emitir, estas estão sujeitas a rateio, ou
seja, vai ser decidido o número de acções que caberá a cada subscritor.
Dado que a subscrição é anterior à constituição da sociedade, sendo da responsabilidade dos promotores,
e dado que constituição pode mesmo não ocorrer em virtude de subscrição incompleta, pode colocar-se a
questão de saber se as operações relativas à subscrição devem ser objecto de registo na contabilidade da
sociedade ou, se pelo contrário, aquelas operações respeitam exclusivamente aos Promotores: no caso de
se concretizar a constituição da sociedade as operações relativas à subscrição devem ser reflectidas na
contabilidade da sociedade, tanto mais que o artigo 277º do CSC prevê que as entradas em dinheiro já
realizadas devem ser depositada em instituição de crédito, antes de celebrado o contrato, numa conta
aberta em nome da futura sociedade.
No caso de se verificar excesso de subscrição é necessário proceder à sua anulação. Para registo deste
aspecto poder-se-ão criar subcontas da 264 – Subscritores de Capital, de forma a distinguir as
importâncias correspondentes ao capital nominal dos valores em excesso a anular em conformidade com
as regras de rateio previamente definidas.
Caso a verba excedente ao valor nominal não fosse expressamente considerada em crédito do sócio, tal
montante constituiria um acréscimo patrimonial a registar na conta 54 – Prémios de emissão.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

De acordo com a nota explicativa da conta “54 - Prémios de emissão de acções (quotas)” deve ser levada
a esta conta a diferença entre os valores de subscrição das acções (quotas) emitidas e o seu valor nominal.
Esta diferença é forçosamente positiva, ou seja, a natureza do saldo da conta de “prémios de emissão” é
sempre credora, pois não é possível que o valor nominal das quotas seja superior ao correspondente
montante das entradas, conforme expressamente prescreve o Artigo 25º do CSC: “O valor nominal da
parte, da quota ou das acções atribuídas a um sócio no contrato de sociedade não pode exceder o valor
da sua entrada...”
Aquela diferença é designada no artigo 295º do CSC por Ágios, e os aspectos mais marcantes do seu
regime legal são:
- Ficam sujeitos ao regime da reserva legal, conforme explicitado acima no ponto relativo à
reserva legal (Artº 295º), o que basicamente significa que não podem ser distribuídos aos sócios,
podendo apenas ser utilizados para incorporação no capital;
- Não pode ser diferido o respectivo pagamento, conforme Artº 277º do CSC, ou seja, os sócios
não podem retardar a sua realização.
Em termos económicos, os prémios de emissão normalmente têm a sua razão de ser nos lucros retidos
pela sociedade até à data da entrada para a sociedade de novo sócio que terá de pagar pelas quotas ou
acções que subscreve o respectivo valor nominal acrescido do montante correspondente aos lucros retidos
e sobre os quais passa a deter direito.
Por isso, aquando da constituição de uma sociedade não será usual a subscrição acima do valor nominal
com o correspondente registo em Prémios de emissão. Porém, nada impede a subscrição acima do valor
nominal no acto de constituição.
A emissão, subscrição e colocação de acções é regulada pelo Código dos Valores Mobiliários (CVM).
A capacidade para a emissão e a forma de representação dos valores mobiliários (acções, etc.) é definido
pela sociedade emitente e regulada pelo artigo 39º do CVM.

5.5. Realização do Capital

De acordo com a alínea g) do artigo 9º do CSC, além da indicação do valor da quota de cada sócio, o
contrato social deve especificar a natureza da entrada de cada sócio, ou seja, a indicação se o sócio irá
pagar (realizar) o montante subscrito em dinheiro ou com a entrega de outros bens diferentes de dinheiro.
De facto, as entradas para realização do capital podem revestir as seguintes naturezas:
 Dinheiro;
 Bens diferentes de dinheiro, designadas por entradas em espécie, mensuradas pelo seu justo
valor (Artigo 28º)
Quanto às entradas em dinheiro, elas podem ser antecipadas em relação à escritura, imediatas se
efectuadas no momento da outorga da escritura, ou diferida.
Regra geral, devem ser realizadas até ao momento da outorga da escritura (Artigo 26º do CSC).
Por outro lado, ter presente que “A soma das entradas em dinheiro já realizadas deve ser depositada em
instituição de crédito, antes de celebrado o contrato, numa conta aberta em nome da futura sociedade,

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

devendo ser exibido ao notário o comprovativo de tal depósito por ocasião da escritura”, conforme
prescreve o nº 3 do artigo 202º do CSC.
Mas, note-se, que nos termos do nº 4 daquele mesmo normativo “O depósito exigido pelo número
anterior pode ainda ser comprovado por declaração dos sócios, prestada sob sua responsabilidade”.
Quanto às entradas em bens diferentes de dinheiro (entradas em espécie), dever-se-á ter presente os
seguintes aspectos:
 Não é possível qualquer diferimento da sua realização, devendo ser totalmente efectuadas até à
celebração da escritura pública ou nesta, se tal forma for necessária para a transmissão dos bens
(nº 2 do Artigo 89º);
 Os bens entregues devem ser objecto de avaliação em relatório elaborado por um Revisor Oficial
de Contas (ROC), designado por deliberação dos sócios na qual estão impedidos de votar os
sócios que efectuam as entradas (nº1 do Artigo 28º);
Quando o valor atribuído aos bens exceda o do capital a realizar e do eventual prémio de emissão, tal
excesso poderá:
 Constituir um crédito do sócio, quando seja convencionada contrapartida a pagar pela sociedade,
ou
 Ficar abrangido pelo regime de reserva legal, como o prémio de emissão, conforme previsto na
alínea d) do n.º 3 do art.º 295.º para as sociedades anónimas e aplicável às sociedades por quotas
por remissão do n.º 2 do art.º 218.º;
O ROC que tenha elaborado aquele relatório não pode, durante dois anos contados da escritura, exercer
quaisquer cargos ou funções profissionais na mesma sociedade ou em sociedades em relação de domínio
ou de grupo com aquelas. (nº2 do Artigo 28º).
A confirmação do valor dos bens a entregar tem como objectivo evitar a subvalorização de activos que
corresponderiam a reservas ocultas ou a sobrevalorização a que corresponderia Capital não totalmente
realizado.
Vejamos quais os lançamentos contabilísticos a efectuar pela constituição dos diferentes tipos de
sociedades:

5.5.1. Nas sociedades por quotas:


- Pode ser diferida a efectivação de metade das entradas em dinheiro (Artigo 202º), para datas
certas ou ficar dependente de factos certos e determinados (Artigo 203º);
- A prestação pode ser exigida a partir do momento em que se cumpra o período de 5 anos sobre a
celebração do contrato ou a deliberação de aumento de capital (Artigo 203º).
Pela subscrição do capital nominal C, o movimento contabilístico a efectuar é o seguinte:

516 - Capital
C

26.4 - Subscritores de capital


C

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Pela liberação (realização) do capital:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

5.5.2. Nas sociedades em nome colectivo:

Pela subscrição do capital nominal C, o movimento contabilístico a efectuar é o seguinte:

518 - Capital
C

26.4 - Subscritores de capital


C

Pela liberação (realização) do capital:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

Também nas sociedades em nome colectivo são admitidas entradas em espécie existindo também a
sujeição a um relatório de um ROC. O que acontecerá neste caso é que a contrapartida da conta 264 –
Subscritores de capital vai ser uma conta referente ao bem que o sócio entregou.

5.5.3. Nas sociedades anónimas:


- Pode ser diferida a realização de 70% do valor nominal das acções, mas não pode ser diferido o
pagamento do prémio de emissão, quando previsto. (Artigo 277º).
- O diferimento não pode exceder 5 anos (Artigo 285º)
Nestas empresas o capital encontra-se representado por acções e duas situações podem acontecer:

1) Emissão ao par: quando o valor de subscrição da acção coincide com o valor nominal
511 - Capital

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Valor nominal

26.4 - Subscritores de capital


Valor nominal

2) Emissão acima do par: quando o valor de subscrição é superior ao valor nominal, existindo o
chamado prémio de emissão
511 - Capital
Valor nominal

26.4 - Subscritores de capital


Valor subscrição

54 - Prémios de emissão de acções


Prémio

Em relação à liberação, o movimento a efectuar é o seguinte:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

Pode ocorrer que o capital não seja integralmente realizado, devendo ser evidenciado na conta capital
qual o capital já realizado e qual o que não está. A dívida dos sócios relativa ao capital que não está
realizado está representada na conta 264.

5.5.4. Nas sociedades em comandita simples:

Os movimentos contabilísticos a efectuar são idênticos aos das sociedades em nome colectivo, com a
diferença relativa às entradas dos sócios comanditários:

Pela subscrição do capital nominal C, o movimento contabilístico a efectuar é o seguinte:

518 - Capital
C1

519 - Capital

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

C2

26.4 - Subscritores de capital


C1+C2

Pela liberação (realização) do capital:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

5.5.5. Nas sociedades em comandita por acções:

Também neste tipo de sociedades os movimentos a efectuar são idênticos aos das sociedades anónimas,
excepto no que diz respeito às entradas dos sócios comanditários:

1) Emissão ao par: quando o valor de subscrição da acção coincide com o valor nominal
518 - Capital
C1

519 - Capital
C2

26.4 - Subscritores de capital


C1+C2

2) Emissão acima do par: quando o valor de subscrição é superior ao valor nominal, existindo o
chamado prémio de emissão
518 - Capital
C1

519 - Capital
C2

26.4 - Subscritores de capital


C1+C2+Prémio

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

54 - Prémios de emissão de acções


Prémio

Em relação à liberação, o movimento a efectuar é o seguinte:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

5.5.6. Nas sociedades cooperativas:

Pela subscrição do capital nominal C, o movimento contabilístico a efectuar é o seguinte:

51 - Capital
C

26.4 - Subscritores de capital


C

Pela liberação (realização) do capital:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

Os novos cooperantes vão ainda pagar uma jóia que irá ser registada numa conta de reservas (572).
Ao verificar-se a saída de algum sócio cooperador ser-lhe-á restituída a sua quota.

5.5.7. Nas empresas em nome individual:

De acordo com o DL nº 248/86 de 25 de Agosto o comerciante em nome individual pode limitar a sua
responsabilidade aos bens afectos à prática do seu comércio. N constituição deste tipo de empresa não faz
sentido existir subscrição de capital:

511 - Capital

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

12 – Depósitos à ordem
C

Pode ainda ocorrer a transferência de bens e obrigações do comerciante em nome individual para a
empresa em nome individual.

5.5.8. Nas empresas públicas:

Apesar do POC dizer que na conta 51 – Capital se regista “o capital inicial e as dotações de capital das
empresas públicas”, o DL nº260/76 de 8 de Abril diz, no seu artigo 17º que o capital deste tipo de
empresa deve ser registado numa conta especial: Capital Estatutário.

51 – Capital Estatutário
C

26.4 - Subscritores de capital


C

Pela liberação (realização) do capital:

26.4 - Subscritores de capital


€ C

12 – Depósitos à ordem
C

5.6. Aspectos fiscais

A entrega de bens de qualquer espécie para a constituição de uma sociedade é um acto sujeito a Imposto
do Selo - sobre o valor real dos bens de qualquer natureza entregues ou a entregar pelos sócios – à taxa de
0,4%, conforme nº 26.1 da Tabela Geral do Imposto do Selo.
Por outro lado, “as entradas dos sócios com bens imóveis para a realização do capital das sociedades
comerciais” constituem um facto sujeito a IMT, conforme determina a alínea e) do nº 5 do artigo 2º do
Código do IMT.

5.7. Livros obrigatórios

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

A sociedade uma vez constituída é obrigada, nos termos do artigo 115º do Código do IRC, “...a dispor de
contabilidade organizada nos termos da lei comercial e fiscal.”
E, o artigo 13º do Código Comercial prescreve que “são indispensáveis a qualquer comerciante os
seguintes livros:
 Do inventário e balanços;
 Diário;
 Razão;
 Copiador.
§ 1.º Às sociedades são, além dos referidos, indispensáveis outros livros para actas.
Aqueles livros, sendo certo que fase às novas tecnologias o Copiador caiu em desuso, nos termos do
mesmo normativo:
- Podem ser constituídos por folhas soltas, em conjuntos de sessenta;
- Devem ser numeradas sequencialmente e rubricadas pela gerência ou pela administração, que
também lavram os termos de abertura e de encerramento e requerem a respectiva legalização.
Por sua vez, o nº 1 do artigo 32º do mesmo Código especifica que “é obrigatória a legalização dos livros
dos comerciantes, inventário e balanços e diário, bem como a dos livros das actas da assembleia-geral
das sociedades”, sendo permitida a legalização de livros já escriturados mediante menção do facto no
termo de abertura.
A legalização dos livros compete à conservatória do registo comercial e consiste na indicação do número
de matrícula e na assinatura dos termos de abertura e de encerramento e rubrica das folhas, conforme
estipula o artigo 112.º-A do Código do Registo Comercial mas a legalização só é feita depois de pagas as
importâncias determinadas na lei, conforme nº 3 do artigo 32º do Código Comercial.
O n.º 13 da Tabela Geral do Imposto do Selo dispõe que este imposto é devido quanto aos livros dos
comerciantes, obrigatórios nos termos da lei comercial, sendo de 50 cêntimos, por cada folha.
Relativamente às sociedades anónimas, a lei obriga ainda a dispor de registos correspondentes às acções
representativas do capital social.
Com efeito, de acordo com o artigo 1º do Código dos Valores Mobiliários (CVM), as acções
representativas de capital constituem valores mobiliários cuja emissão está sujeita a registo junto do
emitente, conforme prescreve o artigo 43º daquele Código.
De acordo com este normativo, do registo da emissão constam:
a) A identificação do emitente, nomeadamente a firma ou denominação, a sede, o número de
identificação de pessoa colectiva, a conservatória do registo comercial onde se encontra
matriculada e o número de matrícula;
b) As características completas do valor mobiliário, designadamente o tipo, os direitos que, em
relação ao tipo, estão especialmente incluídos ou excluídos, a forma de representação e o valor
nominal ou percentual;
c) A quantidade de valores mobiliários que integram a emissão e a série a que respeitam e,
tratando-se de emissão contínua, a quantidade actualizada dos valores mobiliários emitidos;
d) O montante e a data dos pagamentos para liberação previstos e efectuados;
e) As alterações que se verifiquem em qualquer das menções referidas nas alíneas anteriores;

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

f) A data do primeiro registo de titularidade ou da entrega dos títulos e a identificação do


primeiro titular, bem como, se for o caso, do intermediário financeiro com quem o titular
celebrou contrato para registo dos valores mobiliários;
g) O número de ordem dos valores mobiliários titulados.
Com vista a normalizar o conteúdo do registo da emissão de acções foi publicada a Portaria nº 290/2000,
de 25 de Maio que aprova o modelo do registo de valores mobiliários junto do emitente.
O artigo 3º desta Portaria prescreve termos de abertura e encerramento para este registo a serem assinados
por quem vincule o emitente e por um titular do órgão de fiscalização.
De acordo com as inscrições a efectuar na parte III do modelo previsto naquela Portaria, aquele modelo
também serve a função de registo das acções tituladas nominativas. Ou seja, sempre que as acções sejam
representadas por títulos com indicação do respectivo titular (nominativas) aquele registo manterá
actualizado a lista dos detentores dos títulos.
Relativamente aos valores mobiliários escriturais, isto é, sem representação em títulos, o artigo 61º do
CVM prevê que o seu registo conste de:
a) Conta aberta junto de intermediário financeiro, integrada em sistema centralizado; ou
b) Conta aberta junto de um único intermediário financeiro indicado pelo emitente; ou
c) Conta aberta junto do emitente ou de intermediário financeiro que o representa.
Por sua vez, o artigo 64º prescreve que:
1 - Os valores mobiliários escriturais nominativos não integrados em sistema centralizado nem
registados num único intermediário financeiro são registados junto do emitente.
2 - O registo junto do emitente pode ser substituído por registo com igual valor a cargo de
intermediário financeiro actuando na qualidade de representante do emitente.
Assim, sempre que a entidade emitente de valores mobiliários escriturais nominativos não encarregue um
intermediário financeiro do respectivo registo cabe-lhe a responsabilidade de efectuar esse registo.
O registo de valores mobiliários escriturais junto do emitente está regulado na Portaria nº 289/2000, de 25
de Maio.

5.8. Despesas de constituição

A constituição de uma sociedade implica a realização de diversas despesas, desde estudos prévios de
viabilidade até aos actos formais de escritura e registo, cujo montante se repercute pela vida da sociedade
e, por isso, o seu registo não é efectuado nos custos do exercício da constituição mas em imobilizações
incorpóreas.
Assim, as despesas de constituição devem ser:
 Contabilizadas na conta 431 – Despesas de instalação, conforme respectiva nota explicativa do
POC;
 Amortizadas no prazo máximo de 5 anos, conforme ponto 5.4.7 dos critérios de valorimetria do
POC.
Para efeitos fiscais a taxa máxima de amortização é 33,33%, conforme código 2460 da Tabela II anexa ao
Decreto Regulamentar nº 2/90.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

5.9. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português

O POC permite, como se viu, o registo de despesas com a constituição e organização da empresa na
rubrica de imobilizações incorpóreas.
A NIC 38 não prevê a capitalização destas despesas. No entanto o IASB, na NIC 16 permite a
capitalização das despesas de instalação de activos fixos tangíveis cujo custo deverá ser adicionado ao
valor do activo, o que também acontece em Portugal.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

6. AUMENTOS DE CAPITAL

O aumento de capital, tal como as restantes formas de modificação do capital, por se tratar de uma
alteração ao contrato de sociedade, está sujeito a deliberação por parte dos sócios, de acordo com o
disposto para cada tipo de sociedade devendo ser objecto de escritura pública e de registo comercial.
De acordo com o artigo 91º do CSC é da exclusiva competência dos sócios deliberar o aumento de capital
por incorporação de reservas.
Diz o artigo 184º do Código das Sociedades Comerciais, nas sociedades em nome colectivo, as alterações
no contrato de sociedade só podem ser efectuadas por decisão unânime. Nas sociedades por quotas, as
deliberações de alteração do contrato só podem ser efectuadas por maioria de três quartos dos votos
correspondentes ao capital social, ou, um nº maior caso seja exigido pelo contrato social (artigo 265º).
Para as sociedades anónimas, segundo o artigo 386º, as deliberações de alteração do contrato têm de ser
aprovados por dois terços dos votos emitidos.
Nas sociedades em nome colectivo, o aumento de capital só pode ocorrer por unanimidade, excepto no
caso do contrato social autorizar sendo que neste caso a deliberação deverá ser aprovada por pelo menos
três quartos dos votos de todos os sócios.
De acordo com ao artigo 476º, as sociedades em comandita só poderão proceder a aumento do seu capital
caso a deliberação dos sócios seja aprovada por unanimidade dos sócios comanditados e por pelo menos
dois terços do capital representado pelos sócios comanditários, salvo disposição no contrário do contrato
de sociedade.
A deliberação do aumento por novas entradas deve especificar:
 A modalidade do aumento;
 Montante do aumento;
 Valor nominal das novas participações;
 A natureza das novas entradas (ou as reservas que serão incorporadas no capital);
 Prémio de emissão;
 Os prazos dentro dos quais as entradas devem ser efectuadas, sem prejuízo do disposto no artigo
89º;
 As pessoas que participarão no aumento.
No aumento de capital podem participar os sócios com direito de preferência ou os sócios (mesmo os que
não tenham qualquer direito de preferência) ou poderá ainda ocorrer subscrição pública, consoante o que
for deliberado.
A deliberação de aumento de capital só não pode ocorrer caso não esteja definitivamente registado um
aumento anterior ou ainda se não estiverem vencidas todas as prestações de capital, inicial ou proveniente
de um aumento anterior estando sempre obrigado a ser celebrada escritura pública e a inscrição no registo
comercial.
Aumento do capital social pode ocorrer ou por novas entradas ou ainda por incorporação de reservas e só
é possível desde que o capital anterior esteja registado e realizado.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

6.1. Aumento de Capital por novas entradas:

O aumento de capital por novas entradas implica sempre um aumento do capital próprio e é oneroso para
os sócios sendo motivado, na sua grande maioria, por:
 Insuficiência do capital anterior;
 Reforço ou redução da posição de comando de certos accionistas;
 Abertura ao público de sociedades fechadas.
As novas entradas que, de acordo com o artigo 21º alínea a) do CIRC não concorrem para a formação do
lucro tributável, poderão ser efectuadas através de entregas em dinheiro e outros bens, traduzindo-se num
acréscimo efectivo do activo, ou então através de entregas de créditos sobra a sociedade, sendo que neste
último caso o activo não sofre qualquer alteração e o capital próprio aumenta por via da diminuição dos
passivos. Analisam-se, de seguida, as particularidades de cada uma destas modalidades.

6.1.1. Aumento de Capital por entradas de dinheiro e outros bens

Aplica-se ao aumento de capital sob a forma de entradas em espécie o artigo 28º do CSC tal como se se
tratasse da constituição da sociedade pelo que as entradas em espécie deverão ser objecto de um relatório
de um ROC onde constará a avaliação efectuada aos bens que não sejam dinheiro. Essa avaliação deverá
ser efectuada até 90 dias antes da celebração do contrato. Existe ainda a particularidade das entradas
deverem ser totalmente efectuadas até à celebração da escritura pública e, no caso de omissão da
deliberação quanto à exigibilidade das entradas em dinheiro estas são exigíveis a partir do momento do
registo definitivo do aumento do capital.
O aumento de capital por entradas de dinheiro e outros bens encontra-se regulado pelo CSC nos artigos
87º a 90º (na generalidade), bem como nos artigos 266ºa 269 para as sociedades por quotas e artigos 456º
a 462º para as sociedades anónimas. Para as sociedades em nome colectivo, o aumento de capital por
novas entradas trazidas por novos sócios é absorvido pela entrada ou admissão de novo sócio, segundo o
artigo 194º nº 2.
Nas sociedades anónimas é comum recorrer-se à subscrição pública para efectuar o aumento de capital.
Acontece, porém, que o aumento de capital pode não ser totalmente subscrito, pelo que estamos perante
uma subscrição incompleta. Neste caso, considera-se a deliberação dos sócios sem efeito, restituindo-se
as importâncias recebidas, excepto se a deliberação prever que, nesse caso o aumento ficaria limitado ao
valor subscrito.
A operação de aumento de capital pode provocar desigualdades entre os novos e os anteriores sócios: uma
sociedade anónima que coloque as suas acções para subscrição pelo seu valor nominal (ao par) provocaria
injustiça relativamente aos antigos accionistas pois, se a sociedade tiver constituídas reservas, significa
que esses accionistas já tiveram de dispor de parte dos lucros em prol da sociedade e, com o aumento de
capital o valor real das acções baixa.
Uma forma de minimizar esta perda é emitir as acções acima do par, ou seja, com um prémio de
subscrição.

32
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

O CSC consagra ainda o direito de preferência dos sócios em aumento de capital por entradas em
dinheiro, preferência essa que se traduz na manutenção da sua percentagem no capital social e a exclusão
de estranhos na sociedade.
Uma outra situação que pode ocorrer relativamente ao aumento de capital é a subscrição indirecta que
consiste na deliberação pela assembleia de que as acções sejam subscritas por uma instituição financeira
que será responsável pela oferta destas aos accionistas ou a terceiros.
As entradas em espécie devem ser totalmente efectuadas até à celebração da escritura pública ou nesta, se
for também necessária escritura pública para a transmissão dos bens.
Nas entradas em dinheiro, se a deliberação dos sócios for omissa quanto à sua exigibilidade, deve
entender-se que estas entradas são exigíveis a partir do registo definitivo do aumento de capital.
Para evitar desigualdades entre os novos e os antigos sócios será necessário calcular o valor por que
devem ser valorizadas as acções ou quotas antes do aumento (valor nominal e prémio de emissão).

Exemplo:
Suponha-se que antes de um aumento do capital, por entrada de novos accionistas, este mesmo capital
apresentava a seguinte composição:

Balanço
Activo Capital Próprio e Passivo
Activo 100.000,00€ Capital (50.000 acções) 50.000,00€
Reservas 50.000,00€
Total do Capital Próprio 100.000,00€

Passivo 0,00€

Total do Activo 100.000,00€ Total do Capital Próprio e Passivo 100.000,00€

A partir da análise do balanço pode-se concluir que, antes do aumento, o valor contabilístico de cada
acção é de 2 unidades monetárias porque 100.000 = 2 u.m.
50.000
Se for efectuado um aumento de 50.000 no capital, efectuado pelo valor nominal, cada acção passa a
valer 1,5, ou seja, os antigos accionistas ficam lesados:

Balanço
Activo Capital Próprio e Passivo
Activo 150.000,00€ Capital (100.000 acções) 100.000,00€
Reservas 50.000,00€
Total do Capital Próprio 100.000,00€

Passivo 0,00€

33
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Total do Activo 150.000,00€ Total do Capital Próprio e Passivo 150.000,00€

Porque 150.000 = 1.5 u.m.


100.000
Logo o aumento de capital deve contemplar um prémio de emissão acima do par, que proteja os antigos
accionistas:

Balanço
Activo Capital Próprio e Passivo
Activo 200.000,00€ Capital (100.000 acções) 100.000,00€
Prémios de Emissão 50.000,00€
Reservas 50.000,00€
Total do Capital Próprio 200.000,00€

Passivo 0,00€

Total do Activo 200.000,00€ Total do Capital Próprio e Passivo 200.000,00€

Porque 200.000 = 2 u.m.


100.000

No entanto, embora os antigos accionistas deixem de perder (em termos do valor contabilístico das
acções) pela referida emissão com prémio, perdem, ou podem perder, de outras formas:
 Em termos de direitos de voto (a sua percentagem diminui);
 A atribuição de dividendos passa a ser efectuada por um maior número de accionistas;
 Em caso de liquidação da empresa, verifica-se a mesma situação.
Em relação ao prémio de emissão, o seu pagamento não pode ser diferido.
O aumento do capital de uma sociedade por quotas, quando possua imóveis, se implicar o aumento de
uma quota para pelo menos 75%, há lugar ao pagamento de IMI conforme estabelecido no nº 6 do artº 2
do código de IMI.
Nas entradas realizadas em espécie (bens imóveis) na realização do capital social há também lugar ao
pagamento de IMI pela sociedade – nº 13 do artº 8 do CIMI.
O aumento de capital por novas entradas em dinheiro ou bens contabiliza-se da seguinte forma:

 Nas sociedades por acções:

O aumento de capital pode ser concretizado através da emissão de novas acções ou, em alternativa, pelo
aumento do valor nominal de cada acção, geralmente de valor igual ao das antigas.

34
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

1) Emissão de novas acções:

Ao contabilizar-se a emissão de novas acções deve ter-se em conta que a sociedade, durante o período de
subscrição, continua normalmente a sua actividade e que o aumento de capital apenas se concretiza após a
subscrição integral da emissão.
As entregas iniciais devem ser creditadas numa conta específica de subscrição, por forma a simplificar a
contabilização do aumento do capital propriamente dito, só realizado depois do rateio.

Pelas entregas no acto da subscrição:

11 – Caixa/12 – Depósitos à ordem


Valor das entregas

26427 – Entregas para aumentos de capital


Valor das entregas

Pelo aumento do capital propriamente dito:

26421 – Subscritores de Capital / Capital Subscrito não chamado


Parte do capital subscrito e não realizado

26427 – Entregas para aumentos de capital


Valor das entregas

511 – Capital Subscrito não chamado


Parte do capital subscrito e não realizado

512 – Capital Subscrito / Chamado e realizado


Valor das entregas

2) Aumento de capital através da elevação do valor nominal das acções:

Para aumentar o seu capital, a sociedade pode optar por elevar o valor nominal das suas acções. Nesse
caso, os lançamentos contabilísticos a efectuar serão:

35
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Pela Subscrição

26422 – Subscritores de Capital / Capital Subscrito Chamado e não realizado


Aumento do capital chamado e não realizado

512 – Capital Subscrito Chamado e não realizado


Aumento do capital chamado e não realizado

Pela Liberação (no caso desta não ser imediata):


11 – Caixa/12 – Depósitos à ordem
Valor da Liberação

26422 – Subscritores de Capital / Capital Subscrito Chamado e não realizado


Valor da Liberação

Regularização da conta 512

512 – Capital Subscrito Chamado e não realizado


Aumento do capital chamado e realizado

513 – Capital Subscrito Chamado e realizado


Aumento do capital chamado e realizado

 Nas Sociedades por Quotas:

Tal como nas sociedades por acções, também nas sociedades por quotas pode ocorrer o aumento de
capital por novas entradas, concretizáveis através do aumento das quotas existentes ou pela criação de
novas quotas.
Os sócios gozam de preferência nos aumentos de capital (artigo 266, nº do CSC).
Também neste caso se o novo sócio entregar apenas o valor da sua quota este ficará beneficiado em
detrimento dos antigos sócios. Para que se mantenha a relação entre o capital próprio e o capital social, o
novo sócio deverá entregar não só o valor da sua quota mas também o valor que passará a pertencer-lhe
nas reservas, que corresponderá a um prémio de admissão.

36
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Contabilisticamente virá:
11 – Caixa/12 – Depósitos à ordem
Valor da quota + prémio de emissão de quotas

513 – Capital Subscrito Chamado e realizado


Valor da nova quota

54 – Prémio de emissão de quotas


Prémio de emissão

Estes lançamentos seriam efectuados no caso de liberação imediata da totalidade da quota, pois se apenas
uma parte fosse liberada, teria de ser movimentada a conta 264 – Subscritores de Capital.

6.1.2. Aumento de Capital por transformação de dívidas em Capital Social

Nesta situação, o activo mantém-se e o aumento de capital ocorre por via da redução do passivo. A
sociedade consegue simultaneamente aumentar o valor do seu capital e diminuir as suas dívidas.
O aumento de capital por transformação de dívidas em Capital Social pode ser deliberado:
 Pelos sócios para conversão de créditos ordinários (incluindo suprimentos) e de empréstimos
obrigacionistas;
 Pela assembleia de credores.

6.1.2.1. Por deliberação específica dos sócios

O aumento de capital por transformação de dívidas em quinhões sociais é um processo de financiamento


sem recorrer à manipulação de fundos.

 Créditos Ordinários:

Pela Subscrição do capital

26422 – Capital Subscrito Chamado e não realizado


Valor total de emissão

512 – Capital Subscrito Chamado e não realizado


Valor do capital subscrito

37
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

541 – Prémio de emissão de quotas


Prémio de emissão

Pela Liberação das acções subscritas:

222 – Fornecedor XX
Valor da dívida

26422 – Capital Subscrito Chamado e não realizado


Valor total de emissão

Regularização das contas de capital:

512 – Capital Chamado e não realizado


Valor total de emissão

513 – Capital Chamado e realizado


Valor total de emissão

 Conversão de Obrigações em Acções:

Para se financiar, a empresa pode recorrer a empréstimos obrigacionistas. Este tipo de empréstimos
encontram-se, de acordo com o POC contabilizados na conta 2321.
De acordo com a legislação em vigor, as obrigações podem ser convertidas em acções. Esta troca de
obrigações por acções implica uma redução no montante da dívida obrigacionista.
As obrigações convertidas devem ser debitadas numa subconta específica do empréstimo obrigacionista
podendo ocorrer que o preço de reembolso ser superior ao valor nominal das acções que lhe
correspondem sendo essa diferença registada como prémio de emissão. Esquematizando:

23218 – Obrigações convertidas em acções


X

38
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

513 – Capital Chamado e realizado


X

542 – Prémios de conversão de obrigações em acções


X

6.1.2.2. Por deliberação da assembleia de credores

Regulado pelo Código de Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE), aprovado pelo decreto-lei nº
53/2004 de 18 de Março, o aumento de capital por transformação de dívidas em capital por deliberação da
assembleia de credores, constitui um caso anómalo de aumento de capital, quer pelas circunstâncias em
que surge, quer pelo seu processo.
Contabilisticamente este tipo de aumento de capital tem tratamento idêntico ao anterior.

6.2. Aumento de Capital por incorporação de Reservas:

Esta modalidade de aumento de capital é regulada pelos artigos 91º a 93º do CSC.
Nesta situação, o Activo e o Passivo mantém-se, tal como o Capital Próprio, existindo apenas uma
variação na sua composição. O que vai acontecer é que as reservas vão ser transformadas em capital
social.
São várias as razões que podem levar a este tipo de aumento:
 Aproximar o capital social do capital próprio da sociedade;
 Aumentar o crédito da sociedade;
 Evitar a distribuição de reservas;
 Reduzir a percentagem de dividendo;
 Cumprir imposições legais (para obtenção de crédito, em concursos públicos, emissão de
obrigações, etc.,...).
Com esta operação, os credores sociais não são prejudicados, pelo contrário, uma maior parcela do activo
social vai ficar sujeita ao regime de intangibilidade do capital próprio.
No aumento de capital por incorporação de reservas a deliberação deve referir expressamente:
 A modalidade do aumento;
 O montante do aumento do capital;
 As reservas que serão incorporadas no capital.
Nesta operação apenas se podem utilizar as reservas disponíveis e quando estiverem vencidas todas as
prestações do capital, inicial ou aumentado (ou seja, este deve-se encontrar totalmente realizado).
O aumento do capital por incorporação de reservas implica o aumento da participação de cada sócio no
capital da empresa, proporcionalmente à sua participação anterior. Neste tipo de aumento também são
consideradas as acções ou quotas próprias, possuídas pela empresa.

39
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

A deliberação dos sócios deverá indicar se serão criadas novas quotas ou acções ou se será aumentado o
valor nominal das existentes. Caso não se indique, considera-se que será aumentado o valor nominal das
existentes.
As reservas que podem ser utilizadas no aumento de capital são:
 Reservas livres;
 Reservas legais (alínea a) do art.º 296 do CSC);
 Reservas estatutárias quando não houver outras disponíveis para o efeito;
 Prémios de emissão;
 Reservas de reavaliação quando total ou parcialmente realizadas (reavaliações legais ou
livres)

 Nas Sociedades por Quotas:

O movimento contabilístico a efectuar é o seguinte (considerando a anão existência de quotas próprias):

57 – Reservas
C

516 – Capital
C

 Nas sociedades Anónimas:

O aumento de capital por incorporação de reservas pode ocorrer, nas sociedades anónimas através de:
1) Aumento do valor nominal das acções;
Aumentar o valor nominal implica necessariamente o aumento da cotação na bolsa, pelo que esta opção é
a preferida pelos accionistas. A sociedade pode aumentar o valor nominal das acções carimbando as
acções antigas como novo valor ou então substituindo as acções antigas por novas como novo valor.
Se a sociedade proceder À carimbagem das acções, o movimento contabilístico a efectuar será o seguinte:

57 – Reservas
C

511 – Capital
C

40
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Caso opte pela substituição das acções o registo será idêntico, mas terão de ser anuladas as acções
iniciais:

57 – Reservas
Aumento do capital

511 – Capital
Valor das acções antigas

511 – Capital
Valor do Capital após aumento

2) Distribuição de mais acções aos accionistas com o mesmo valor nominal.

Pode ocorrer que a cada acção existente sejam atribuídas um número diferente de acções. Caso o
accionista detenha acções que seja um múltiplo do nº de acções atribuir não haveria acções antigas sem
atribuição de novas mas tal pode não acontecer e, nesse caso ou o accionista adquire direitos aos outros
accionistas para perfazer o montante que lhe falta ou vende os seus direitos a outro accionista.

6.3. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

A IAS 32 dá orientações diferentes relativamente ao tratamento contabilístico da conversão de obrigações


em acções.
De acordo com os parágrafos 20 e 21, um instrumento financeiro deve ser classificado como passivo ou
como capital próprio se existir ou não, respectivamente, uma obrigação contratual do emitente para
entregar ao detentor dinheiro ou outro activo financeiro ou ainda a obrigação de trocar um por outro
instrumento financeiro com o detentor em condições que sejam potencialmente desfavoráveis ao
emitente.
As obrigações consistem um instrumento financeiro composto pois contém quer um passivo, quer um
elemento de capital próprio. O IASC considera que a posição financeira do emitente é mais
fidedignamente representada pela apresentação separada de componentes do passivo e do capital próprio
contidos num instrumento de acordo com a sua natureza (§ 24).
O valor a registar como capital próprio a que corresponde a opção de conversão das obrigações
convertíveis pode ser obtido de duas maneiras:
 Pela diferença entre o montante subscrito e recebido pela emissão das acções das obrigações;
 Determinar o valor da opção de subscrição de acções através de um modelo de avaliação de
opções ou por referência ao justo valor de uma opção semelhante, se existir. O valor

41
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

determinado de cada componente (passivo e capital próprio) é ajustado numa base “prorata” até
que a soma das duas componentes seja igual ao produto da emissão das obrigações.
Após o reconhecimento inicial, o emitente poderá registar a componente de capitais próprios do
empréstimo obrigacionista com direito de subscrição de acções ao custo histórico.

42
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

7. ACÇÕES (QUOTAS) PRÓPRIAS

As acções próprias são as acções da sociedade que ela própria adquiriu e detém integradas no seu
património.
De acordo com o POC, a conta 52 – Acções (quotas) próprias serve para registar a aquisição e a venda de
acções (quotas) próprias pelas sociedades anónimas.
A aquisição de acções (quotas) próprias corresponde a um decréscimo do capital próprio, sem todavia
implicar redução do capital pela via de alterações ao contrato de sociedade. As transacções relativas à
venda de acções (quotas) próprias não afectam, em caso algum, os resultados da sociedade.
A aquisição de acções próprias pode ocorrer:
 se um accionista pretender abandonar a sociedade e não existirem interessados na compra da sua
parte no capital da empresa;
 se a sociedade pretender impedir a entrada de accionistas inconvenientes à sociedade ou evitar os
problemas inerentes à existência de um conjunto de herdeiros detentores de um conjunto de
quotas ou acções;
 como forma de realizar uma redução do capital, sem haver necessidade de proceder à
formalização dessa redução;
 no caso de empresas com valores cotados nas bolsas de valores, esta opção pode surgir como
medida de gestão financeira, podendo deste modo, por exemplo, influenciar o seu preço em alta;
 pode servir como forma de aplicação de excedentes monetários da empresa, tendo como
vantagem que a empresa conhece os títulos em que está a investir bem como e risco que está
associado. A desvantagem reside no facto da sociedade não receber dividendos futuros dado que
não podem ser atribuídos dividendos às acções próprias;
 para aumentar a remuneração das acções/quotas da sociedade. Para o mesmo montante de
dividendos atribuídos pela sociedade, o montante proporcional recebido é superior pelo facto das
acções próprias não serem remuneradas;
 ao comprar as suas próprias acções, a empresa pode obter ganhos futuros se, quando as vender, o
fizer por um preço superior ao custo da aquisição.

7.1. Condicionantes Legais

Quotas Próprias:

A aquisição de quotas próprias está sujeita várias restrições impostas pelo Código das Sociedades
Comerciais:

Artigo nº 220º
Aquisição de quotas próprias

43
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

1. A sociedade não pode adquirir quotas próprias não integralmente liberadas, salvo o caso de perda a favor da sociedade,
previsto no artigo nº 204º.
2. As quotas próprias só podem ser adquiridas pela sociedade a título gratuito, ou em acção executiva movida contra o sócio, ou
se, para esse efeito, ela dispuser de reservas livres em montante não inferior ao dobro do contravalor a prestar.
3. São nulas as aquisições de quotas próprias com infracção do disposto neste artigo.
4. É aplicável às quotas próprias e disposto no artigo nº 324º.

Artigo nº 204º
Aviso ao sócio remisso e exclusão deste

1. Se o sócio não efectuar, no prazo fixado na interpelação, a prestação a que está obrigado, deve a sociedade avisá-lo por carta
registada de que, a partir do 30º dia seguinte à recepção da carta, fica sujeito a exclusão e a perda total ou parcial da quota.
2. Não sendo o pagamento efectuado no prazo referido no número anterior e tendo deliberado a sociedade excluir o sócio, deve
comunicar-lhe, por carta registada, a sua exclusão, com a consequente perda a favor da sociedade da respectiva quota e
pagamentos já realizados, salvo se os sócios, por sua iniciativa ou a pedido do sócio remisso, deliberarem limitar a perda à
parte da quota correspondente à prestação não efectuada; neste caso, deverão ser indicados na declaração dirigida ao sócio os
valores nominais da parte perdida por este e da parte por ele conservada.
3. A estas partes não é aplicável o disposto no artigo nº 219º, nº 3 não podendo, contudo, cada uma delas ser inferior a 50 euros.
4. Se, nos termos do nº 2 deste artigo, tiver sido declarada perdida pelo sócio remisso apenas uma parte da quota, é aplicável a
venda dessa parte, à responsabilidade do sócio e à dos anteriores titulares da mesma quota, bem comi ao destino das quantias
obtidas, o disposto nos artigos seguintes.

Artigo nº 219º
Unidade e montante da quotas

1. Na constituição da sociedade a cada sócio apenas fica a pertencer uma quota, que corresponde à sua entrada.
2. Em caso de divisão de quotas ou de aumento de capital, a cada sócio só pode caber uma nova quota. Na última hipótese,
todavia, podem ser atribuídas ao sócio tantas quotas quantas as que já possuía.
3. Os valores nominais das quotas podem ser diversos, mas nenhum pode ser inferior a 20000, salvo quando a lei o permitir, e o
seu valor tem de ser divisível por 400.
4. A quota primitiva de um sócio e as que posteriormente adquirir são independentes. O titular pode, porém, unificá-las, desde
que estejam integralmente liberadas e lhes não correspondam, segundo contrato de sociedade, direitos e obrigações diversas.
5. A unificação deve ser efectuada por escritura pública, registada e comunicada à sociedade.
6. A medida dos direitos e obrigações inerentes a cada quota determina-se segundo a proporção entre o valor nominal desta e do
capital, salvo se por força da lei ou do contrato houver de ser diversa.
7. Não podem ser emitidos títulos representativos de quotas.

Artigo nº 324º
Regime das acções próprias

1) Enquanto as acções pertencerem à sociedade, devem:


a) Considerar-se suspensos todos os direitos inerentes às acções, excepto o de o seu titular receber novas acções no caso de
aumento de capital por incorporação de reservas.
b) Tornar-se indispensável uma reserva de montante igual àquele por que elas estejam contabilizadas.
2) No relatório anual do conselho de administração ou da direcção devem ser claramente indicados.
a) O número de acções próprias adquiridas durante o exercício, os motivos das aquisições efectuadas e os desembolsos da
sociedade.
b) O número de acções próprias alienadas durante o exercício, os motivos das alienações efectuadas e os embolsos da
sociedade.
c) O número de acções próprias da sociedade por ela detidas no fim do exercício.

44
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Nos termos do artigo 220º do Código das Sociedades Comerciais, a sociedade não pode adquirir quotas
próprias que não estejam integralmente realizadas. Para além disso, a empresa deverá dispor “de reservas
livres em montante não inferior ao dobro do contravalor a prestar”.
No momento da aquisição, terá ainda de ser indisponibilizada uma reserva de montante igual àquele pelo
qual as quotas próprias estão contabilizadas (valor de aquisição).
Ainda de acordo com o artigo 246º do CSC, no seu número 1, alínea b), dependem de deliberação dos
sócios “a aquisição, a alienação e a oneração de quotas próprias (…)”

Acções Próprias:

Relativamente à aquisição de acções próprias, os artigos 317º e 32º do CSC traduzem a base legal:

7.2. Aquisição de acções (quotas) próprias

Uma vez subscrito e realizado o capital podemos ser confrontados com a sua diminuição efectiva, não que
formal, através da aquisição de parcelas daquele por parte da própria sociedade.
Se bem que existam limitações legais à aquisição de quotas ou acções próprias, adiante referidas, quando
elas se verificarem serão objecto de registo em conta distinta da do CAPITAL, pois esta será sempre a
expressão do valor nominal do capital social.
Segundo o POC, “A conta 521 «Valor Nominal» é debitada pelo valor nominal das acções ou quotas
próprias adquiridas. Ainda na fase de aquisição, a conta 522 «Descontos e prémios» é movimentada pela
diferença, entre o custo de aquisição e o valor nominal.
Quando se proceder à venda das acções ou quotas próprias, para além de se efectuar o respectivo crédito
na conta 521, movimentar-se-á a conta 522 pela diferença entre o preço de venda e o valor nominal.
Simultaneamente, a conta 522 deverá ser regularizada por contrapartida de reservas, de forma a manter os
descontos e prémios correspondentes às acções (quotas) próprias em carteira.”
As sociedades anónimas podem adquirir e vender acções próprias. Este acto de gestão é regulado pelos
artigos 220º e 316 a 325º do Código das Sociedades Comerciais, nomeadamente, no que diz respeito às
sociedades anónimas e por quotas, existe a obrigatoriedade de constituir reservas livres em montante não
inferior ao dobro do contravalor a prestar e na indisponibilidade de uma reserva de montante igual àquele
pelo qual as acções (quotas) estão contabilizadas. As sociedades anónimas estão ainda impossibilitadas de
deter por mais de três anos o número superior a 10% do capital.
A opinião, considerada no POC, é a de que as acções compradas por uma empresa que as emitiu não são
um activo da empresa, mas sim uma contracção do seu próprio capital.
Tratando-se de uma operação que se consubstancia numa contracção do capital da empresa, os ganhos ou
perdas resultantes da aquisição ou venda de acções próprias traduzem-se em variações no capital próprio
da empresa e não em resultados.
De facto, não existe uma participação da empresa em si própria, o que existe é a aquisição, por uma
empresa, das suas próprias acções, sendo por isso um acto limitado pela legislação em vigor.

45
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Dado que os interesses dos credores ou mesmo de accionistas poderiam ser afectados se houvesse
liberdade absoluta para actuar neste campo, o CSC vai limitar ou condicionar a aquisição de acções
(quotas) próprias: Por questões de sistematização, os aspectos jurídico-fiscais serão analisados
separadamente no tocante a quotas e acções:

7.2.1. Aquisição de quotas próprias

O CSC determina que a aquisição de quotas próprias, a título oneroso, só é possível se:
 A sociedade dispuser de reservas livres em montante não inferior ao dobro do contravalor a
prestar, de acordo com o Art.º 220º do CSC;
 Tornar-se indisponível uma reserva de montante igual àquele por que elas estejam
contabilizadas, conforme Artº 324º do CSC por remissão do Artº 220º.
Face a esta exigência de tornar indisponível uma reserva de igual montante à contrapartida da aquisição
de quotas próprias, então, além dos registos relativos à aquisição acima evidenciados, no mesmo
momento dever-se-á registar:

574 – Reservas Livres


X

5715 – Reservas Legais por Aquisição de Quota próprias


X

Por imposição daquele mesmo normativo, no relatório anual da gestão devem ser claramente indicados:
a) As quotas próprias adquiridas durante o exercício, os motivos das aquisições efectuadas e os
desembolsos da sociedade;
b) As quotas próprias alienadas durante o exercício, os motivos das alienações efectuadas e os
embolsos da sociedade;
c) As quotas próprias da sociedade por ela detidas no fim do exercício.
Em termos fiscais e na esfera do sócio (pessoa individual), se os sócios alienarem parte das quotas de que
dispõem, os ganhos obtidos com essa alienação, configuram rendimentos de mais-valias, sujeitos a IRS,
conforme alínea b) do nº1 do Artº 10º do CIRS.
A mais valia será dada pela diferença entre o valor de realização, ou seja, o valor pelo qual a quota foi
alienada, e o somatório do valor de aquisição dessa quota ou o valor pago no acto de realização do capital
com as despesas suportadas com a alienação.
O saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias, realizadas num dado ano, é tributado à taxa de 10%,
sem prejuízo do seu englobamento por opção dos respectivos titulares residentes em território português,
conforme prescrito no nº 4 do Artº 72º do CIRS.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Porém, se o sócio é detentor da quota desde data anterior a 1.1.1989, a mais-valia não é tributada, ao
abrigo do regime transitório das mais-valias previsto no Artº 5 do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de
Novembro.
Na esfera da empresa adquirente, no momento da aquisição de quotas próprias não há lugar ao
apuramento de qualquer valor que influencie o lucro tributável da empresa adquirente.
Na verdade, na sequência da aquisição de quotas, ainda que próprias, as mesmas passam a constar do
balanço da empresa adquirente e só no momento de posterior alienação é que há lugar ao apuramento de
ganho ou perda por comparação dos valores de aquisição e alienação.
Tenha-se entretanto presente, que o valor de aquisição das quotas próprias, caso se afaste do preço que
normalmente seriam praticados entre pessoas independentes, pode ser questionado pela Administração
Tributária por recurso aos princípios subjacentes aos preços de transferência previstos no Artº 58º do
CIRC.

7.2.2. Aquisição de acções próprias

Em regra, nos termos do nº 2 do Artº 317º do CSC, uma sociedade não pode adquirir e deter acções
próprias representativas de mais de 10% do seu capital.
Uma sociedade só pode adquirir acções próprias que ultrapassem o montante estabelecido quando:
 A aquisição resulte do cumprimento pela sociedade de disposições da lei.
 A aquisição vise executar uma deliberação de redução de capital;
 Seja adquirido um património a título universal
 A aquisição seja efectuada a título gratuito;
 A aquisição seja feita em processo executivo para cobrança de dívidas de terceiros ou por
transacção em acção declarativa proposta para o mesmo fim;
 A aquisição decorra de processo estabelecido na lei ou no contrato de sociedade para a falta de
liberação de acções pelos seus subscritores;
Por outro lado, quando possível, a aquisição está sujeita a condições idênticas às exigidas para a aquisição
de quotas próprias:
 A sociedade só pode entregar bens que, nos termos dos artigos 32º e 33º, possam ser distribuídos
aos sócios, devendo o valor dos bens distribuíveis ser, pelo menos, igual ao dobro do valor a
pagar pelas acções, conforme nº 4 do Artº 317º;
 Devem considerar-se suspensos todos os direitos inerentes às acções, excepto o de o seu titular
(a empresa) receber novas acções no caso de ser aumentado o capital por incorporação de
reservas e tornar-se indispensável a manutenção de uma reserva de quantia igual àquela pelo
qual elas estejam contabilizadas, conforme o artigo 324º do CSC.

Existem dois métodos para registar as operações sobre acções próprias:


 Método do custo;
 Método do valor nominal.
Qualquer destes dois métodos é geralmente aceite.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

O método do POC é híbrido destes dois.

Método do custo:

521 –
custo de aquisição (valor nominal + desconto)

12 –
custo de aquisição (valor nominal + desconto)

Método preconizado pelo POC:

521 –
Custo de aquisição

522 –
Desconto

12 –
Custo de aquisição (valor nominal + desconto)

Assim o POC opta por uma solução em que se contabiliza em separado, em sub-contas da conta 52, por
um lado o prémio relativo à aquisição de acções (quotas) próprias e, por outro, o seu valor nominal.
Esta solução apesar de não estar de acordo com nenhuma das soluções anteriormente citadas apresenta-se
de grande utilidade na leitura dos valores inscritos na referida conta 52.
Logo, neste método a conta 52 – acções (quotas) próprias é debitada, sendo posteriormente creditada pelo
custo, aquando da venda.
A diferença entre o preço de venda e o custo é registada como uma alteração em contas do capital
próprio. Pela aquisição, torna-se imperativo a constituição de uma reserva indisponível na conta 571 pelo
respectivo montante da aquisição, sendo igualmente exigido à empresa que possua reservas livres em
valor superior ao dobro do valor a pagar.
Em termos fiscais e na esfera do accionista (pessoa individual), a exemplo do que acontece com as
quotas, os ganhos obtidos com a alienação de acções configuram rendimentos de mais-valias, sujeitos a
IRS, conforme alínea b) do nº1 do Artº 10º do CIRS.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

A mais valia será igualmente dada pela diferença entre o valor de realização, ou seja, o valor pelo qual a
quota foi alienada, e o somatório do valor de aquisição dessa quota ou o valor pago no acto de realização
do capital com as despesas suportadas com a alienação.
O saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias, realizadas num dado ano, é tributado à taxa de 10%,
sem prejuízo do seu englobamento por opção dos respectivos titulares residentes em território português,
conforme prescrito no Artº 72º do CIRS.
Porém, nos termos do nº 2 do artº 10º do mesmo Código, excluem-se dos ganhos de maisvalias os
provenientes da alienação de acções detidas pelo seu titular durante mais de 12 meses.
A propósito da exclusão da tributação dos ganhos obtidos com a alienação de acções detidas por mais de
12 meses, convém lembrar que, nos termos da alínea b) do nº 4 do artº 43º do CIRS, a data de aquisição
de acções resultantes da transformação de sociedade por quotas em sociedade anónima é a data de
aquisição das quotas que lhes deram origem.
Isto significa que quotas adquiridas posteriormente a 31.12.1988 - e por isso os ganhos da sua alienação
estão sujeitos à taxa de 10% - poderão escapar à tributação através da transformação da sociedade em
anónima, desde que as acções sejam detidas durante 12 meses antes da alienação, sendo certo que este
prazo se conta a partir da data de aquisição das quotas transformadas em acções.
Já na esfera da empresa adquirente, a aquisição de acções próprias, tal como acontece com a aquisição de
quotas próprias, não determina o apuramento de qualquer valor que influencie o lucro tributável da
empresa adquirente.
Também a exemplo do referido quanto a quotas, se o valor de aquisição das acções se afastar do preço
que normalmente seria praticado entre pessoas independentes, pode o mesmo ser questionado pela
Administração tributária por recurso aos princípios subjacentes aos preços de transferência previstos no
Artº 58º do CIRC.

7.3. Alienação de acções (quotas) próprias

No momento em que ocorram vendas de quotas (acções) próprias registamos de forma inversa ao da
aquisição, ou seja, efectua-se o respectivo crédito na conta “521 – Valor nominal” e movimenta-se a
conta “522 – Descontos e prémios” pela diferença entre o preço de venda e o valor nominal.
Assim, qualquer ganho ou perda verificado na alienação fica a influenciar o saldo da conta 522. Porém,
para que a conta "522 - Descontos e prémios" reflicta sempre a diferença entre o preço de aquisição e o
valor nominal dos títulos detidos pela sociedade em cada momento, terá de ser regularizada pela diferença
entre os descontos e prémios contabilizados na aquisição e aqueles que se verificam na venda, por
contrapartida de Reservas.

Exemplo:
A sociedade decide adquirir a um sócio duas quotas de valor nominal 1 000/cada, pela importância de 1
200. Posteriormente, aliena uma das quotas a um novo sócio por 1 500.

Pela Aquisição.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

521 –
2000

522 –
400

12 –
2400

Pela constituição da reserva indisponível:

574 – Reservas Livres


2400

5715 – Reservas Legais por Aquisição de Quota próprias


2400

Pela Alienação
11/12
1500

521 –
1000

522 –
500

Pelo Ganho na alienação:

522 – Descontos e Prémios

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

300

574 – Reservas Livres


300

Pela regularização da Reserva indisponível

5715 – Reservas Legais por Aquisição de Quota próprias


2400

574 – Reservas Livres


2400

Após estes registos, temos os seguintes valores:


- 1 200 na conta “52 – Acções (quotas) Próprias”, que corresponde ao custo da quota própria ainda detida
pela sociedade;
- 1200 na “5715 - Por Aquisição de Quotas próprias”, que corresponde à reserva indisponível
correspondente à quota detida;
- 300, que corresponde ao acréscimo do saldo da conta “574 Reservas Livres”, pelo ganho na alienação da
quota própria.
O ganho ou perda verificado na alienação de quotas (acções) próprias, por comparação do valor de
aquisição com o correspondente valor de alienação, corresponde a variações patrimoniais e como tal
passíveis de tributação em IRC, nos termos dos Artºs 21º e 24º do CIRC.

7.4. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

A IAS 32 (§33 e 34), tal como o POC, preconiza que as acções próprias constituem uma contracção do
capital próprio. Defende ainda que quando as acções próprias forem alienadas qualquer ganho deve ser
reconhecido no capital próprio.
Ainda de acordo com esta norma, nunca poderão ser consideradas um instrumento financeiro
independentemente do motivo pelo qual foram adquiridas.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

8. REDUÇÕES DE CAPITAL

A redução de capital consiste na substituição do montante do capital que consta do contrato de sociedade
por um montante inferior, pelo configura um caso de alteração do contrato.
Para realização da escritura de redução de capital é necessária a prévia autorização judicial de acordo com
o art.º 95 do CSC.
A redução do capital implica, necessariamente uma alteração nas participações dos sócios e pode ter
origem em três factores:
 Saída de um sócio;
 Excesso de capital;
 Cobertura de prejuízos.

8.1. Redução de capital por saída de sócios

A Redução de capital ocorre através da aquisição, pela empresa, do respectivo capital pertencente ao
sócio que sai.

8.2. Redução de capital por excesso de capital

Quando se conclui que o valor do capital é excessivo quando comparado com o volume de negócios da
empresa, é a alternativa normalmente utilizada. Pela redução de capital, os sócios são reembolsados do
valor liberado das suas partes de capital e os credores vêm reduzidas as suas garantias.
A redução por excesso de capital tem por finalidade a libertação do capital desnecessário

8.3. Redução de capital para Cobertura de Prejuízos

Neste caso reduz-se o capital transferindo-o para resultados transitados, de forma a compensar o valor de
resultados negativos inscrito nessa conta.
A deliberação deve ser registada e pública sendo que os sócios não ficam exonerados de realizarem o
capital subscrito conforme a alínea b) do art.º 95 do CSC.
Em casos excepcionais o capital pode ser reduzido abaixo dos limites mínimos legais (5.000 € para a
sociedades por quotas e 50.000 € para as anónimas) desde que seja aumentado 60 dias após a deliberação
de diminuição.
A redução por prejuízos avultados tem por finalidade a adequação do capital ao património líquido actual
da sociedade.

8.4. Modalidades de Redução do Capital

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Com vista a manter a igualdade entre o montante do capital e a soma dos valores nominais das
participações sociais, a redução de capital pode revestir várias formas.

8.4.1. Redução do valor nominal das participações

Se o capital for composto por acções, a redução vai ser igual para todas. Se se tratar de quotas, a redução
será proporcional mas como as quotas podem ter valores nominais diferentes, pode acontecer que com o
consentimento dos sócios seja reduzido apenas o valor nominal de algumas quotas em vez de todas.
Esta modalidade de redução implica que nos casos em que o capital é constituído por acções, a proporção
relativa das participações globais dos accionistas. Já em relação às sociedades por quotas haverá alteração
dessa proporção no caso de serem reduzidas apenas algumas quotas.
A redução do valor nominal das acções e das quotas nunca poderá ser inferior aos limites legais (0,10€
e100,00€ respectivamente).
O assento contabilístico a efectuar será:

51X – Capital
X

25 – Sócios
X

8.4.2. Redução do capital por reagrupamento das participações

Utilizada apenas no caso do valor nominal das acções ser inferior aos limites mínimos legais, pode
ocorrer de duas formas:
 Troca por novos títulos com o novo valor nominal
 Carimbagem dos antigos títulos, substituindo-se o antigo pelo novo valor nominal.
Nesta modalidade os accionistas entregam as antigas acções à sociedade que depois lhe entregará um
número inferior de novas acções com o mesmo valor nominal ou em alternativa um menor número das
antigas acções carimbadas com a indicação de reagrupamento.
O processo de reagrupamento pode encontrar algumas dificuldades práticas, nomeadamente a
possibilidade de nem todos os títulos serem apresentados à sociedade para troca ou carimbagem e de o
número de acções detidas por certos accionistas não permitir o seu reagrupamento.
O movimento contabilístico a efectuar é idêntico ao anterior.

8.4.3. Redução do capital por saída de um sócio

A redução de capital por saída de sócios não é aplicável às sociedades por acções por razões óbvias.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Neste caso o mais comum é haver uma redução dos capitais próprios correspondente à participação do
sócio que sai. Debitam-se as contas de capital, de reservas e de resultados por contrapartida da conta 268.
Quando ocorrer o pagamento, debita-se a conta outros Credores por contrapartida de uma conta de
disponibilidades.

8.4.4. Redução do capital para cobertura de prejuízos


De acordo com o artigo 20º do CSC, todo o sócio é obrigado a quinhoar nas perdas, acrescentando ainda
o artigo 3º do mesmo código que os membros da administração que (…) verifiquem estar perdido metade
do capital social devem propor aos sócios que a sociedade seja dissolvida ou o capital seja reduzido (…).
Neste caso a contabilização seria feita da seguinte forma:

51X – Capital
Redução de capital

59 – Sócios
Redução de capital

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

9. PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES E ACESSÓRIAS

9.1. Prestações Suplementares

As prestações suplementares encontram-se reguladas pelo artigo 210º e seguintes do CSC. De acordo com o
artigo 210º, as prestações suplementares respeitam a entradas de dinheiro, como reforço do capital social, que
podem ser exigidas por contrato aos sócios das sociedades por quotas sem corresponderem, no entanto,
propriamente a um aumento de capital. Constituem, portanto, capital adicional, distinto do capital nominal.
A restituição das prestações suplementares depende de deliberação dos sócios e só pode efectivar-se quando
decidida antes de declarada a falência da sociedade e desde que a situação líquida não fique inferior à soma do
capital e da reserva legal e os sócios tenham procedido à liberação a sua quota (artigo 213º do CSC).
Refira-se ainda que as prestações acessórias não vencem juros dado que o Código de IRS não presume existir
qualquer rendimento de capital no caso de prestação suplementar.
O movimento contabilístico a efectuar de acordo com o POC será:

25x a
53 (pelas prestações exigidas aos sócios em Assembleia Geral)

11/12 a
25x (pelas entregas por parte dos sócios)

Nas sociedades anónimas poderão também ser exigidas prestações suplementares, caso o contrato de
sociedade o estabeleça, aos sócios com acções nominativas, conforme decorre do artigo 299 do CSC.
Neste caso, o movimento contabilístico a efectuar seria:

2559 a
53x (pela deliberação de exigência de prestações suplementares)

11/12 a
2559 (pelas entregas por parte dos accionistas)

9.2. Prestações Acessórias

O POC refere-se às Prestações Suplementares, atribuindo-lhe uma conta, mas nada diz em relação às
Prestações Acessórias. O CSC prevê, nos artigos 209º a 287º que o contrato de sociedade possa impor a todos
ou a alguns sócios a obrigação de efectuarem prestações, para além das entradas, desde que fixe os elementos
essenciais desta obrigação e especifique se as prestações devem ser efectuadas de forma onerosa ou de forma
gratuita.
Nas prestações gratuitas não existe obrigatoriedade por parte da sociedade em restituí-las. Já nas prestações
onerosas existe uma obrigação de restituição, mesmo não existindo lucros.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

As prestações suplementares não devem ser confundidas com suprimentos que correspondem a empréstimos
(em dinheiro ou outra coisa fungível) concedidos pelos sócios à sociedade ficando esta obrigada a restituir
outro tanto do mesmo género e qualidade, com juros; constituem, portanto, parcelas do passivo e são de incluir
na conta 25 – Accionistas (Sócios).
É possível esquematizar as principais diferenças entre prestações suplementares e suprimentos:

Prestações Suplementares Suprimentos

Posição no Balanço Capital Próprio Passivo


Objecto Dinheiro Dinheiro e/ou bens fungíveis
Depende da deliberação dos
sócios; Pode ou não depender da deliberação
Exigibilidade
Extingue-se com a dissolução da dos sócios
sociedade
Remuneração Não vencem Juros Vencem Juros
Não depende da manutenção do Não depende da manutenção do
Reembolso capital próprio e da deliberação capital próprio e da deliberação dos
dos sócios sócios

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

10. SUBSÍDIOS E DOAÇÕES

10.1. Subsídios

O POC estabelece que aquando da atribuição de subsídios seja qual for a sua espécie ou finalidade, a
conta a debitar deverá ser sempre a conta 268 – Outros Devedores e Credores, numa conta adequada por
crédito da respectiva conta correspondente ao subsídio atribuído. Prevê ainda três formas diferentes de
registo consoante se destinem:
 Destinados à exploração;
 Destinados ao Investimento;
 Destinados a outros fins
Os subsídios que não se destinem a investimentos amortizáveis nem à exploração vão ser tributados em
sede de IRC, e o seu valor deverá ser inscrito numa das linhas em branco do quadro 7 da declaração Mod.
22. Desta forma este tipo de subsídios vão constar da matéria colectável não sendo necessário proceder a
qualquer regularização contabilística.
Relativamente ao IVA, o artigo 23º do CIVA estabelece que em princípio, só os subsídios de
equipamento estão isentos de IVA.
No tratamento dos subsídios que não se destinem a investimentos amortizáveis (registados na conta 2745
– Subsídios para Investimentos) nem à exploração (registados na conta 74 – Subsídios à Exploração),
deverá ser utilizada a conta 575 – Subsídios a crédito por contrapartida da conta 11 – Caixa, 12 –
Depósitos à Ordem ou 268 – Outros Devedores e Credores (Devedores e Credores Diversos).
Em esquema vem:

575 - Subsídios

11 – Caixa / 12 – Depósitos Bancários / 268 – Outros Devedores e Credores


10.2. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

De acordo com o POC, a contabilização de subsídios ao investimento relativos a activos depreciáveis é


efectuada numa conta de Proveitos Diferidos, devendo os mesmos ser transferidos para Proveitos e
Ganhos Extraordinários, à medida que o imobilizado a que digam respeito se vai depreciando. Os
subsídios à exploração, por sua vez, devem ser contabilizados numa conta de Proveitos e Ganhos –
Subsídios à exploração. Relativamente aos subsídios relacionados com activos não depreciáveis e outros
subsídios são contabilizados, como se viu, numa conta de capitais próprios.
Acerca deste tema, o IASB emitiu a IAS 20 existindo ainda uma interpretação sobre esta norma, a SIC 10.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

De acordo com a IAS 20 – Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação do Apoio do Governo,
os subsídios do Governo só devem ser reconhecidos se existir a segurança de que a empresa cumprirá as
condições a eles associada e de que estes são efectivamente recebidos. Segundo esta norma os subsídios
recebidos, caso estejam relacionados com activos depreciáveis devem ser reconhecidos nos resultados
durante a vida do activo, ao passo que se estiverem relacionados com activos não depreciáveis deverão
ser reconhecidos nos resultados durante o período em que se suportam os gastos para cumprir as
obrigações assumidas e nunca numa conta de capital próprio. Na contabilização de subsídios relacionados
com activos a IAS permite que a contabilização possa ser efectuada de duas formas:

Alternativas Tipo de Reconhecimento Efeitos Reembolso

Reconhecimento nos Activo e Passivo O reembolso é


resultados numa base maiores diminuído ao saldo da
sistemática e raciona Depreciações conta Proveitos
durante a vida útil do superiores mas em que Diferidos.
Contabilização como
activo o excedente é A depreciação
proveito diferido
compensado com a adicional acumulada
parcela reconhecida passa ser reconhecida
como rendimento. como um gasto do
período.
Dedução do valor de Reconhecimento nos Activo apresentado O reembolso implica o
aquisição resultados por via de pelo seu valor de custo aumento do valor do
menores depreciações deduzido do montante activo.
do subsídio recebido. A depreciação
Menores depreciações adicional acumulada
mas sem efeito no passa ser reconhecida
resultado. como um gasto do
período.

A prática em Portugal tem sido a contabilização deste tipo de subsídios como proveito diferido,
efectuando-se a transferência para resultados extraordinários na mesma medida da depreciação dos bens.
Com a adopção das IFRS esta transferência não será contabilizada em resultados extraordinários mas sim
em resultados operacionais.
No caso de subsídios relacionados com resultados, se os gastos já estão incorridos ou não existam gastos
futuros relacionados, o subsídio recebido deve ser considerado resultado do período. Se os gastos estão
parcialmente incorridos, a parte incorrida deve ser levada a resultados do período e o valor dos gastos a
incorrer deve ser levada a Proveitos Diferidos, para ser transferida para resultados na mesma proporção
em que os gastos sejam incorridos. Finalmente, caso os gastos não estejam ainda incorridos, o subsídio é
levado a Proveitos Diferidos na totalidade, sendo transferido para resultados na mesma medida em que os
gastos sejam incorridos.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Tal como na contabilização de subsídios relacionados com activos, também na contabilização de


subsídios relacionados com resultados a IAS permite duas formas distintas:

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Alternativas Tipo de Reconhecimento Reembolso

Crédito na demonstração de O reembolso deve em primeiro


resultados separadamente ou lugar e caso existam ser aplicado ao
incluído em outra rubrica, por saldo da conta Proveitos Diferidos
Levar a Proveitos exemplo, outros proveitos. Se o reembolso exceder o saldo dos
operacionais proveitos diferidos ou se estes não
existirem, a alternativa é reconhecer
como custo do período esse
remanescente.
Apresentar os gastos Deduzir o subsídio aos custos O reembolso implica o aumento do
pelo montante relacionados. valor do activo.
líquido A depreciação adicional acumulada
passa ser reconhecida como um
gasto do período.

Para melhor compreensão das demonstrações financeiras pode ser necessária a divulgação do subsídio,
nomeadamente no que diz respeito à política contabilística adoptada para os subsídios do governo,
métodos de apresentação adoptados, a natureza e extensão dos subsídios do governo reconhecidos nas
demonstrações financeiras e as condições não satisfeitas ligadas ao auxílio do governo.

10.3. Doações

Segundo o artigo 940º do Código Civil, a doação “é o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de
liberdade e à custa da sua riqueza dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma
obrigação, em benefício de outro contraente.”
O POC prevê a possibilidade da sociedade ser beneficiária de doações, sejam elas de dinheiro, de bens
mobiliários, em títulos, em existências, bens tangíveis ou intangíveis.
De acordo com a Directriz contabilística nº 2/91, as doações são sempre creditadas na conta 576 –
Doações, por contrapartida de uma conta de activo, consoante a natureza do objecto da doação. O registo
da doação deverá ser valorizada pelo justo valor, ou seja “o valor pelo qual um activo pode ser trocado
entre um comprador conhecedor e interessado e um vendedor nas mesmas condições, numa transacção ao
seu alcance”. Se se tratar de um activo imobilizado este ficará sujeito ao regime de amortizações adoptado
pela sociedade.
As doações configuram uma variação patrimonial positiva, enquadrável no âmbito do artigo 21º do CIRS.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

11. REAVALIAÇÕES

Antes de abordar o tema das reavaliações, importa esclarecer o conceito de capital não realizado.
Se, como se viu, o capital realizado consiste em todos os influxos de activos ou passivos, capital não
realizado será todo o capital que, sendo considerado capital, daí não advém um efectivo influxo de activos
ou redução de passivos.
Ora, as reavaliações de activos são excedentes de capital contudo não traduzem um influxo de activos: o
bem reavaliado já existia e o seu valor aumentou por via da reavaliação. Tratam-se, por isso mesmo de
excedentes, derivados da remensuração de activos, não realizados.
Ao reavaliarem os seus activos as empresas aumentam o seu valor, melhorando os seus rácios.
O imobilizado deve ser valorizado ao custo de aquisição ou ao custo de produção, em obediência ao princípio
do custo histórico. Todavia, em consequência da quebra do poder de compra da moeda e tratando-se de bens
cuja rotação, em regra, é lenta torna-se necessário introduzir ajustamentos monetários de modo a obter uma
imagem verdadeira e apropriada da situação financeira e dos resultados das operações da empresa.
A DC nº 16 trata o tema da reavaliação de activos imobilizados tangíveis.
De acordo com esta directriz, no seu ponto 2.3., as reavaliações podem ser feitas com base na variação do
poder aquisitivo da moeda ou ainda, de acordo como justo valor, devendo ter por base uma avaliação.
Diz ainda a DC nº 16 que em cada período deve proceder-se ao novo cálculo do excedente e à diferença
para a quantia assentada devendo, nos caso em que tal seja materialmente relevante, dar-lhe o seguinte
tratamento:
 Se essa diferença for positiva, deve ser acrescida A anterior;
 Se for negativa, deve diminuir-se ao excedente e caso o ultrapasse a diferença é de considerar
como custo extraordinário.
Todos os ganhos proveniente da reavaliação efectuada devem ser registados directamente numa conta de
capitais próprios «excedentes de reavaliação». Se houver uma reversão de uma redução que tenha sido
feita e reconhecida como perda na demonstração de resultados, deve ser reconhecido como um ganho.
A utilização da reserva de reavaliação de reavaliação só é permitida para incorporação no capital social, na
medida em que não for necessário cobrir prejuízos acumulados no balanço.
Em caso de aumento de capital por incorporação da Reserva de reavaliação ou cobertura de prejuízos
apurados em anos anteriores, a conta é debitada por contrapartida das contas 51 «Capital» ou da 59-
«Resultados transitados».
As reavaliações são registadas na conta 56 – Reservas de Reavaliação. Esta conta debita-se, por crédito,
da conta 48- «Amortizações acumuladas» pela actualização das amortizações e credita-se, por débito, das
contas do activo imobilizado (41,42 e 43), cujos valores históricos foram alvo de ajustamentos
monetários.
Tratando-se de reavaliações com base no justo valor, deverá ser utilizada a conta 5691 e se se tratar de
reavaliação com base em legislação deve ser reconhecida na conta 5611.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

A influência fiscal interfere com as reavaliações já que o fisco aceita como custo fiscal 0% do aumento
das amortizações por via da reavaliação legal mas não aceita qualquer acréscimo de custos resultante das
reavaliações livres (ao justo valor).

11.1. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

De acordo com a IAS 16, Activos fixos tangíveis são os activos que sejam detidos por uma empresa para
uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arrendamento e outros ou para fins
administrativos que se espera que sejam usados durante mais de um período.
Esta norma introduz ainda outros conceitos:
 Justo valor: quantia pela qual um activo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes
conhecedoras, dispostas a isso, numa transacção em que não existe relacionamento entre as
mesmas;
 Quantia recuperável: quantia que a empresa espera recuperar a partir do uso futuro de um activo,
incluindo o seu valor residual;
 Perda por imparidade: quantia pela qual a quantia escriturada de um activo excede a sua quantia
recuperável;
 Quantia escriturada: quantia pela qual o activo é reconhecido no balanço após a dedução de
qualquer depreciação acumulada e perdas de imparidade acumuladas.
Os activos fixos tangíveis devem, de acordo com esta norma ser registados de acordo com o custo de
aquisição ou a valores reavaliados (justos valores), líquidos de amortizações acumuladas e/ou perdas de
imparidade sendo que as reavaliações fiscais não são aceites e quando se procede à reavaliação de um
elemento fixo tangível, toda a classe a que pertence deve ser reavaliada.
Em termos de mensuração subsequente ao reconhecimento inicial, o activo fixo tangível pode ser
mensurado de duas formas:
 Pelo seu custo menos a depreciação acumulada e as perdas de imparidade, caso tenha sido
utilizado este critério;
 Pelo seu justo valor à data da reavaliação menos a depreciação acumulada e as perdas de
imparidade subsequentes.
A opção por um ou pelo outro modelo tem efeitos diferentes nas demonstrações financeiras: no modelo
do custo os capitais próprios encontram-se subavaliados e existem menores encargos com depreciações.
Já no modelo do justo valor os capitais próprios encontram-se mais próximos do seu valor real e os
encargos com depreciações são maiores.
Quanto às reavaliações, quando uma quantia escriturada de um activo seja diminuída como consequência
de uma revalorização, o aumento deve ser creditado directamente no capital próprio numa conta como
título excedente de revalorização. Esse aumento de revalorização deve ser reconhecido como proveito à
medida que se veja que há uma diminuição de revalorização desse activo previamente reconhecida como
um gasto. Deve proceder-se à transferência da reserva de reavaliação para resultados transitados em
função da realização da reavaliação. Essa realização ocorre por via do abate, da venda ou depreciação do
bem.

62
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Quando se procede a reavaliações regulares deve ter-se em conta que o valor do activo não pode diferir
materialmente do justo valor na data do balanço, quer por via da reavaliação da depreciação acumulada
ou, em alternativa, eliminando a depreciação acumulada contra a quantia escriturada no activo bruto,
sendo a quantia líquida reexpressa para a quantia reavaliada. Relativamente às reavaliações devem ainda
ser divulgadas a base usada para revalorizar os activos, a data de entrada em vigor da revalorização, se
esteve ou não envolvido um avaliador independente e a natureza de quaisquer índices usados para
determinar o custo de reposição.
Pelo exposto, é possível identificar várias diferenças relativamente ao normativo nacional:
 Activo bruto registado pelo seu justo valor com base em reavaliações regulares;
 A NIC 16 aceita o justo valor como critério valorimétrico das imobilizações, desde que as
reavaliações sejam regularmente efectuadas, o que não acontece em Portugal
 A contabilização das depreciações é fortemente influenciada pela fiscalidade, através da
aplicação do decreto regulamentar nº 2/90.
Deste modo, a conversão de contas para uma base IAS implicaria a eliminação das reavaliações, para se
repor o custo de aquisição, a obtenção de avaliações dos bens e a substituição dos valores líquidos
contabilísticos pelos seus justos valores.
Em termos perdas de imparidade aparentemente, não existe diferença entre a IAS e o POC mas na
verdade não tem sido prática em Portugal efectuar-se as disposições do ponto 5.4.4 do POC, que diz
respeito à amortização extraordinária caso o seu valor seja inferior ao registado na contabilidade.. Deste
modo, deve ser analisado o cadastro do imobilizado como objectivo de se identificar bens com valor
líquido e que já não se qualifiquem como activo.

63
O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

12. AMORTIZAÇÃO DE ACÇÕES (QUOTAS)

A amortização de capital consiste no reembolso total ou parcial de activos aos sócios e que pode ocorrer
quando prevista na lei ou nos estatutos da sociedade.
A principal diferença entre a amortização de acções (quotas) e a remissão de acções reside no facto de as
acções amortizadas não serem anuladas mas sim passarem a ser acções de fruição ao passo que as acções
remidas são eliminadas.
A amortização de capital encontra-se regulada no CSC (nos artigos 232º a 238º para as sociedades por
quotas e artigos 346º e 347º para as sociedades anónimas) e na DC nº 15, podendo revestir duas
modalidades: amortização de acções (quotas) sem redução de capital ou amortização de acções (quotas)
com redução de capital. Este capítulo tratará apenas da amortização de capital que não conduza à redução
do capital próprio visto que o tema da redução do capital próprio foi já abordado no capítulo 8.
A Directriz contabilística nº 15, no seu ponto 1.3., refere que na amortização de acções sem redução do
capital, há lugar à extinção das acções enquanto participação social mas não ocorrerão alterações ao nível
do montante do capital social, por isso mesmo este tipo de operação deverá estar bem explícita no
balanço.

12.1. Nas Sociedades por Quotas

De acordo com o artigo 232º do CSC, “a amortização tem por efeito a extinção da quota, sem prejuízo
dos direitos já adquiridos e das obrigações já vencidas”, no entanto, para serem amortizadas, as quotas
devem estar totalmente liberadas.
A amortização de quota só poderá ser feita com o consentimento do sócio e sempre após deliberação.
O valor a pagar pela amortização será o da liquidação da mesma, calculado nos termos do artigo 105º, nº
2 do CSC, cujo pagamento deverá ser fraccionado em duas prestações, uma a seis meses e outra a um ano
(artigo 235º, nº 1 do CSC).
Note-se, no entanto, que a sociedade só pode amortizar quotas quando, à data da deliberação, o seu capital
próprio, depois de satisfeita a contrapartida da amortização, não ficar inferior à soma do capital social e
da reserva legal, a não ser que simultaneamente delibere a redução do seu capital (artigo 236º, nº1).
A amortização de capital sem redução deste implica, necessariamente que o valor das restantes quotas
sofra um aumento (artigo 237º) a menos que o contrato da sociedade preveja que, no caso de amortização
de quota sem redução do capital possa o valor dessa quota amortizada ser apresentada no balanço com
essa designação para que posteriormente e após deliberação dos sócios seja criada uma ou mais quotas
para serem alienadas a sócios ou a terceiros.

12.2. Nas Sociedades Anónimas

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Tal como nas sociedades por quotas, também nas sociedades anónimas a amortização de acções pode
revestir duas modalidades distintas: a amortização de acções com redução de capital e a amortização de
acções sem redução de capital, que trataremos neste capítulo.
A amortização de acções sem redução de capital ocorre quando o capital for reembolsado por deliberação
da Assembleia Geral, no todo ou em parte, utilizando apenas fundos que possam ser distribuídos aos
sócios (artigo 346º, nº 1)
Após o reembolso das acções estas adquirem novos direitos, nos termos do nº 4 do artigo 346º do CSC:
“(…)
a) Essas acções só compartilham dos lucros do exercício, juntamente com as outras, depois de a estas ter sido
atribuído um dividendo, cujo máximo é fixado no contrato de sociedade ou, na falta dessa estipulação, é
igual à taxa de juro legal;
b) Tais acções só compartilham do produto da liquidação da sociedade, juntamente com as outras, depois de
a estas ter sido reembolsado o valor nominal; as acções só parcialmente reembolsadas têm direito
proporcional a essa primeira partilha.
Deste modo, as acções amortizadas passam a designar-se por acções de fruição.
Apesar de a amortização não ter retrocesso, pode acontecer que a Assembleia Geral delibere no sentido de
as acções de fruição serem convertidas em acções de capital. Esta conversão só poderá, no entanto, ser
efectuada por contrapartida de lucros retidos num ou mais exercícios e que caberiam às acções de fruição.
Resumindo, a amortização de acções sem redução de capital só pode ser efectuada se houver reservas
livres bastantes e que possam ser utilizadas para tal ou ainda com uma reserva especialmente criada para
o efeito (este último caso alvo de uma explicação mais alargada no capítulo que se segue).
A já referida Directriz Contabilística nº 15, nos seus pontos 4 e 5 refere o tratamento contabilístico a dar à
amortização de acções sem redução de capital, quer por pare da entidade emitente, quer por parte da
entidade detentora. Assim, a entidade emitente deverá debitar a conta 524 – Acções (quotas) amortizadas
pelo seu valor nominal por contrapartida da conta 25 – Accionistas (sócios) ou de uma conta de
disponibilidades. Recomenda ainda que seja efectuado um movimento interno utilizando a conta 51 –
Capital para evidenciar a alteração qualitativa, relativa à substituição de acções ordinárias por acções
amortizadas ou por acções de fruição. Deverá ainda constar na nota 36 do anexo ao balanço e à
demonstração de resultados o número de acções de fruição ou parcialmente amortizadas, bom como o
valor desembolsado. Na nota 40 deve ainda constar a quantidade e o valor nominal das acções
amortizadas no exercício.
Quanto à entidade detentora, a DC nº 5 no seu ponto 5 refere que a quantia do reembolso deve ser
debitada na conta 25 – Accionistas ou numa conta de disponibilidades por crédito de uma conta de perdas
ou ganhos financeiros (687 ou 787) caso as acções estejam registadas como títulos negociáveis ou numa
conta de perdas ou ganhos extraordinários (6941 ou 7941) se as acções estiverem registadas como um
investimento financeiro.
Caso o justo valor atribuível às acções reembolsadas seja inferior ao valor contabilístico das mesmas, as
contas de perdas ou ganhos anteriormente referidas serão debitadas pela diferença entre esses valores.
As acções reembolsadas devem ainda ser transferidas para uma subconta diferenciada, com o título de
acções de fruição, dentro da conta 151 ou da conta 411.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Se se tiver utilizado o método da equivalência patrimonial do anexo ao balanço deverá ser regularizada a
conta 55 – Ajustamentos de partes de capital em filiais e associadas por transferência da parte respeitante
ao reembolso para a conta 59x – Resultados transitados, regularização de ajustamentos.
Deverá ainda constar na nota 48 do anexo ao balanço e à demonstração de resultados a indicação dos
reembolsos realizados, com a descriminação da conta onde essas acções estavam registadas, das
sociedades a que respeitam e o valor atribuído.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

13. REMISSÃO DE ACÇÕES

Contabilisticamente, a remissão de acções consiste no acto de adquirir e retirar de circulação determinado


número de acções pela sociedade.
A Directriz Contabilística nº 15/95 procura definir o tratamento a dar às acções remíveis remetendo ainda
para o CSC.
O montante que a sociedade irá dispor pela remissão de acções, incluindo o prémio, se o houver, terá de
ser retirado de fundos que possam ser distribuídos pelos accionistas para que se possa observar o
princípio da manutenção do capital, de acordo com os artigos 32º e 33º do CSC.
A remissão de acções encontra-se regulada ainda pelo artigo 345º do referido diploma que estatui que, a
remissão de acções deverá estar prevista no contrato de sociedade para acções que beneficiem de algum
privilégio e que estejam inteiramente pagas. Essa remissão deverá ser feita pelo valor nominal das acções
excepto se o contrato de sociedade previr a concessão de algum prémio.
A remissão não implica a redução do capital pois deverá ser criada uma reserva especial no valor nominal
das acções remidas que só poderá ser utilizada para incorporação no capital social. A sociedade poderá
ainda vir a constituir uma reserva específica, a partir de resultados transitados ou de reservas livres, que
servirá de garantia à sociedade no caso de à data da remissão de acções esta não ser efectuada e, os
accionistas detentores das acções remíveis usarem do direito de requerer a dissolução da sociedade
conforme o prescrito no nº 5 do já referido artigo 345º do CSC e no ponto 2.2 da DC nº 15. Também esta
reserva só poderá ser incorporada no capital social após a remissão.
O ponto 2 da DC nº 15/95 estabelece o tratamento contabilístico a dar à remissão de acções.
Para a entidade emitente, o movimento contabilístico a efectuar será:

523 – Acções Remidas – valor nominal (pelo valor nominal da remição)


574 – Reservas Livres (pelo prémio, quando existir) a
25 – Accionistas (sócios) ou de uma conta de disponibilidades

A DC nº 15 recomenda ainda, no ponto 2.3 que seja efectuado um movimento interno na conta 51 –
“Capital”, de forma a reflectir a alteração qualitativa ocorrida relativa à substituição de acções
preferenciais remíveis por acções remidas.
Na nota 36 do anexo ao balanço e à demonstração dos resultados deve ser explicitado o nº de acções
remidas e o seu valor nominal e prémio das acções remidas no exercício (cfr. Ponto 2.4 da DC nº 15).

Para a entidade detentora, o movimento contabilístico a efectuar será:

25 – Accionistas ou de uma conta de disponibilidades a


687 ou 787 (caso as acções estejam registadas na conta 151 – Títulos negociáveis) ou
6941 ou 7941 (se as acções estiverem registadas a conta 411 – Investimentos Financeiros, partes de
capital).

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

A DC nº15 preconiza ainda no ponto 3.2 que por contrapartida do valor contabilístico das acções remidas
deverá ser efectuado o lançamento na respectiva conta de custos ou proveitos utilizadas no movimento
anterior.
Tratando-se ainda de acções registadas pelo método da equivalência patrimonial, deverá ser efectuada a
regularização da conta 55 – Ajustamentos de partes de capital em filiais associadas, por transferência da
parte respeitante às acções remidas para a conta 59x – Resultados transitados, regularização de
ajustamentos.

13.1. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

A IAS 32 define acção preferencial como um passivo financeiro distinguindo-o de instrumento de capital
próprio pela particularidade de existir uma obrigação contratual (§21 a 24).
Os dividendos de acções preferenciais remíveis devem ser reconhecidos como gastos financeiros

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

14. RESULTADOS RETIDOS

O capital próprio pode, como se viu, ser dividido em duas categorias: o capital contribuído (que engloba o
capital contribuído pelos accionistas ou sócios e outro capital contribuído) e os lucros retidos.
Os resultados retidos não são mais do que os resultados acumulados por uma empresa menos os
dividendos distribuídos. Equivalem, deste modo, à quantia de recursos que a empresa reteve para o seu
uso nas operações e para o seu crescimento.
Da aplicação dos artigos 217º e 294º do CSC, resulta que os lucros distribuídos pela sociedade constituem
“metade do lucro do exercício que, nos termos da lei, seja distribuível.”
Desta disposição legal resulta que o remanescente constituirá investimento adicional dos
sócios/accionistas.
Os resultados retidos compreendem duas subcategorias:
 Os resultados retidos apropriados, afectos a fins específicos por deliberação da Assembleia
Geral, constituídos pelas reservas específicas;
 Os resultados retidos não apropriados ou reservas de fins gerais (as reservas livres e os
resultados transitados).
As reservas específicas são todas as reservas que só possam ser usadas para o fim para o qual foram
criadas e a sua constituição não tem qualquer impacto nos activos, não cria dinheiro, traduzindo apenas
contabilisticamente as decisões sobre a apropriação de resultados. Quando cessam os motivos que
levaram à criação de reservas específicas, o seu valor deverá ser transferido para resultados transitados ou
para reservas livres.
A criação de reservas específicas só poderá ser efectuada mediante proposta da gerência à Assembleia
Geral ou então por imposição legal ou estatutária, por imposição contratual ou ainda por política
gerencial.
Note-se, no entanto, que a constituição de reservas específicas não tem qualquer impacto nos activos, ou
seja, não implica a criação de valor, tratando-se apenas de uma tradução contabilística das decisões sobre
apropriação de resultados. Quando cessam os motivos pelos quais foram constituídas as reservas ou
quando estas tenham sido utilizadas para esse efeito, devem ser eliminadas a fim de repor as quantias em
resultados transitados, nunca podendo ser constituído um prejuízo.

14.1. Reserva específica por imposição legal ou estatutária

A reserva legal deve ser contabilizada, de acordo com o POC, na conta 571 – Reservas Legais., conta esta
que poderá ser subdividida, consoante as necessidades das empresas públicas e privadas, tendo em vista a
legislação que lhes é aplicável.
Nas sociedades em nome colectivo e em comandita, os sócios são todos ou em parte, responsáveis
ilimitada e solidariamente, pelo cumprimento das obrigações sociais, daí a não obrigatoriedade desta
reserva.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Nas sociedades por quotas e sociedades anónimas a reserva legal é obrigatória pois, de acordo com os
artigos 218º e 295º do CSC, “uma percentagem não inferior à vigésima parte dos lucros da sociedade é
destinada à constituição da reserva legal e, sendo caso disso, à sua reintegração, até que aquela represente
a quinta parte do capital social (…)”. Da lei decorre que pelo menos 5% dos lucros anuais serão afectos a
uma reserva legal e que a sua reintegração será obrigatória até atingir 1/5 do capital.
Para as sociedades por quotas o limite mínimo é de 1500,00€.
Convém ter presente que não poderão ser distribuídos aos sócios lucros do exercício que sejam
necessários para cobrir prejuízos transitados ou para formar ou reconstituir reservas impostas pela lei ou
pelo contrato de sociedade, conforme estipulado no artigo 33º do CSC.
A reserva legal só pode ser utilizada, segundo o artigo 296º do CSC, na cobertura dos prejuízos do
exercício que não possam ser cobertos pela utilização de outras reservas, na cobertura da parte dos
prejuízos transitados do exercício anterior que não possa ser coberto pelo lucro do exercício nem pela
utilização de outras reservas ou então para incorporação no capital social.
Para as cooperativas, é obrigatória a constituição de uma reserva legal, com vista a cobrir eventuais
perdas do exercício.
Para esta reserva deverão ainda reverter as jóias, quando previstas pelos estatutos bem como os
excedentes anuais líquidos, na proporção definida pelos estatutos ou pela assembleia geral.
A partir do momento em que as reservas legais igualem o capital social, cessa a obrigatoriedade por parte
da cooperativa de as reforçar.
As cooperativas devem ainda constituir uma reserva destinada a formação e educação cooperativa. Esta
reserva será constituída pela parte das jóias não afecta à reserva legal, pela parte dos excedentes anuais
líquidos, e por donativos e subsídios que forem especialmente destinados às finalidades da reserva.
A conta 571 deve, deste modo, apresentar a seguinte subdivisão:
5711 – Reserva Geral;
5712 – Reserva para educação e formação cooperativa.
Relativamente às empresas públicas e de acordo com o DL nº 260/76, estas encontram-se obrigadas a
constituir:
 Reserva Legal – constituída por pelo menos 10% dos excedentes de cada exercício, serve para
cobrir eventuais prejuízos de exercício;
 Reserva para investimentos – constituída por parte dos resultados apurados anualmente, pelas
receitas provenientes de comparticipações, dotações ou subsídios de que a empresa beneficie
para esse fim e por rendimentos especialmente afectos a investimentos;
 Reservas para fins sociais – constituídas por uma percentagem dos resultados, destinam-se a
financiar benefícios sociais entre outros.

14.2. Reserva por Imposição contratual

Classificadas na conta 573, as reservas contratuais resultam de compromissos assumidos pela empresa em
contratos.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Como exemplo de uma reserva contratual temos a constituição de uma reserva para pagamento de
obrigações, através do contrato de emissão, para que haja maior segurança para os obrigacionistas.
Pela constituição da reserva são retidos activos correspondentes à quantia da mesma.

14.3. Reservas por Política Gerencial

Normalmente relacionadas com preocupações de planeamento financeiro, este tipo de reserva tem sempre
de ser alvo de aprovação pela assembleia-geral sob proposta da administração.
No POC não estão especificadas contas para as reservas específicas sendo que estas podem ser registadas
em códigos livres para o efeito (577, 8 e 9)

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

15. DIVIDENDOS

Dividendos são distribuições de recursos aos accionistas (sócios) em proporção da quantidade de acções
(quotas de capital) detidas de cada classe.
Relativamente ao saldo da conta de resultados transitados, este pode ser reduzido por uma distribuição de
dividendos aos sócios (accionistas) ou então poderá ser utilizado para a constituição de reservas.
O CSC impõe limites à distribuição de lucros:

“Não podem ser distribuídos aos sócios os lucros do exercício que sejam necessários para cobrir prejuízos
transitados ou para formar ou reconstituir reservas impostas pela lei ou pelo contrato de sociedade”
Artigo 33º do CSC

Porém, o artigo 294º do mesmo código diz que “salvo diferente cláusula contratual ou deliberação tomada
pela maioria de três quartos dos votos correspondentes ao capital social em assembleia-geral para o efeito
convocada, não pode deixar de ser distribuído aos accionistas metade do lucro do exercício que, nos
termos da lei, lhes seja distribuível”.
A distribuição de dividendos implica uma redução do activo: antes do pagamento, os dividendos são
declarados formalmente pela administração o que implica o crédito da conta Resultados Atribuídos por
contrapartida de Resultados Transitados. Quando estes são colocados à disposição, o movimento
contabilístico a efectuar é Resultados Atribuídos a débito e Lucros Disponíveis a crédito. Na data do
pagamento aos sócios, a conta Lucros Disponíveis é debitada por contrapartida da conta Caixa ou
Depósitos à Ordem.
Esquematicamente:

59 – Resultados Transitados
X

25X3 – Resultados Atribuídos


X

Os dividendos podem ser:


 Em dinheiro
 Em espécie;
 Em passivos;
 Em acções

Os rendimentos colocados à disposição dos sócios (accionistas) são tributados pelo IRS alínea b) do
artigo 6º do Código do IRS. A empresa que coloca os rendimentos à disposição deverá reter na fonte o
imposto correspondente à taxa prevista no nº 1 do artigo 94º do CIRS.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

Pode ainda ocorrer que sejam distribuídos aos sócios (accionistas) dividendos antecipados (artigo 297º do
CSC). De acordo com o POC, os dividendos antecipados são registados na conta 89. Esta conta é debitada
por crédito da conta 25 – Accionistas pelos dividendos atribuídos no decurso do exercício, nos termos
legais e estatutários, por conta dos resultados desse exercício. No início do período seguinte, o seu saldo
deverá ser transferido para a conta 59 – Resultados Transitados.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

16. ALTERAÇÕES NAS POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS

O princípio da Consistência defendido pelo POC preconiza que se considera que a empresa não altera as
suas políticas contabilísticas de um exercício para o outro. Caso o faça, e se essa alteração tiver efeitos
materialmente relevantes, a empresa está obrigada a divulgar essa informação no Anexo ao Balanço e à
Demonstração de Resultados na nota I.

16.1. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

As normas internacionais de contabilidade e concretamente a NIC 8 no seu parágrafo 13 referem a


importância da consistência de políticas contabilísticas e explicita, no parágrafo seguinte, as situações em
que pode haver alteração nas políticas contabilísticas:
 Se a alteração for exigida por uma norma ou interpretação;
 Se resultar no facto de as demonstrações financeiras proporcionarem informação fiável e mais
relevante sobre os efeitos das transacções, outros acontecimentos ou condições na posição
financeira, desempenho financeiro ou fluxos de caixa da entidade.
A NIC 8 faz a distinção entre alteração nas políticas contabilísticas, ou seja, nos princípios, nas bases
convenções, regras, práticas específicas aplicados por uma entidade na preparação e apresentação de
demonstrações financeiras e alteração na estimativa contabilística, que constitui “um ajustamento na
quantia escriturada de um activo ou de um passivo (..)”.
A NIC 1 considera fundamental o princípio da consistência mas não exige que as políticas contabilísticas
se mantenham iguais. No entanto, esta alteração só deverá ocorrer se exigido pelos estatuto ou por uma
entidade normalizadora ou ainda se da alteração resultarem demonstrações financeiras que divulguem de
melhor forma um dado acontecimento.
No caso das alterações de políticas a NIC 8 define como tratamento de referência a aplicação
retrospectiva das políticas alteradas devendo os ajustamentos ter como contrapartida reservas e a
informação comparativa ser reelaborada. Como alternativa a esses ajustamentos podem reflectir-se no
resultado liquido corrente sem proceder à alteração dos mapas comparativos, mas elaborando mapas
como se as políticas tivessem sido sempre adoptadas.
Tal como os erros fundamentais, também as alterações nas políticas contabilísticas devem ser divulgada
bem como o impacto dessa alteração nos resultados.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

17. ERROS

A conta 59 – Resultados Transitados pode ser movimentada por regularizações não frequentes e de
grande significado, que não devam afectar os resultados do ano em causa mas sejam necessárias para
repor a verdade no valor dos capitais próprios.
O conceito de regularizações não frequentes e de grande significado encontra-se clarificado na Directriz
Contabilística nº 8. De acordo com esta directriz, a regularização não frequente e de grande significado é
um de erro fundamental.
Os erros fundamentais são todos os erros detectados no período corrente e que assumam tal dimensão que
possam afectar a credibilidade das demonstrações financeiras de um ou mais períodos.
Note-se, no entanto, que não são considerados erros fundamentais os “que ocorram em consequência de
erros aritméticos, erros na aplicação de políticas contabilísticas, interpretações erradas de factos, fraudes e
negligências, desde que qualquer das situações não seja materialmente relevante.
Daí decorre que todos os erros não fundamentais deverão ser incluídos nos respectivos custos e proveitos
operacionais e financeiros ou excepcionalmente, nas contas 697 ou 797 ou ainda, nas contas 698 ou 798.
O ponto 6 da DC nº 8 esclarece ainda em que circunstâncias se verão utilizar as contas 698 ou 798.
Esquematicamente, a movimentação é a seguinte:

59 – Resultados Transitados
- Prejuízos determinados no exercício anterior - Lucros determinados no período anterior
- Distribuição de Lucros - Cobertura de prejuízos
- Erros e Omissões de períodos anteriores - Erros e omissões de períodos anteriores
- Diferença entre lucros imputáveis às
- Excedentes derivados de revalorizações de
participações nas empresas filiais e associadas e os
Activos Fixos
lucros inerentes

17.1. Diferenças entre as IFRS e o referencial contabilístico português:

A NIC 8 – Resultados líquidos do período, erros fundamentais e alterações nas políticas contabilísticas
também se debruça sobre a problemática do tratamento contabilístico dos erros fundamentais.
De acordo com esta norma, erros são omissões e declarações incorrectas nas demonstrações financeiras
da entidade de um ou mais períodos anteriores decorrentes da falta de uso ou uso incorrecto de
informação fiável que estava disponível quando as demonstrações financeiras desses períodos foram
emitidas e que poderia razoavelmente esperar-se que tivesse sido obtida e tomada em consideração na
preparação e apresentação dessas demonstrações financeiras.
O parágrafo 42 da NIC 8 estabelece que uma entidade deve corrigir os erros materiais de períodos
anteriores retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações financeiras autorizadas para
emissão após a descoberta desses erros, através ou da reexpressão das quantias comparativas para os

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

períodos anteriores apresentados em que tenha ocorrido o erro. Este procedimento implica que o saldo de
abertura da conta de Resultados retidos (resultados transitados) seja ajustado.
Como alternativa, e no caso de o erro ter ocorrido antes do período anterior mais antigo apresentado,
através da reexpressão dos saldos de abertura dos activos, passivos e capital próprio para o período
anterior mais antigo apresentado. Este procedimento só não se fará se for impraticável.
Deverá ser divulgada a informação relativa à natureza do erro fundamental, a quantia da correcção no
período corrente e para cada período anterior apresentado, a quantia da correcção relacionada com
períodos anteriores aos incluídos na informação comparativa e o facto de a informação comparativa ter
sido reexpressa ou de tal não ter sido praticável.
Tal como a DC nº 8, esta norma faz ainda a distinção entre correcção de erro e alteração nas estimativas
contabilísticas nos mesmos termos em que o normativo português.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

18. AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

De entre as várias situações abordadas foi possível identificar várias diferenças entre as normas
internacionais de contabilidade e o POC, de entre as quais se destacam:
 Demonstração de alterações no capital próprio;
 Resultados extraordinários;
 Erros fundamentais;
 Subsídios que não se destinem a investimentos amortizáveis, nem à exploração;
 Ganhos em diferenças cambiais;
 Tratamento das acções remíveis.
 Apresenta-se, de seguida um quadro resumo com as principais diferenças entre as Normas
Internacionais e o normativo português:

Descrição IFRS vs POC/DC Observações

Apresentação de Demonstração IAS 1.96 Em Portugal não é exigida esta


de Alterações no Capital Próprio demonstração;
Informação idêntica consta nas notas
35 a 40 do Anexo ao Balanço e
Demonstração de Resultados.

Resultados Extraordinários IAS 1.85 Foi eliminado o conceito de


vs extraordinário pelas IAS
POC, contas 69 e 79 No POC continuam a ser previstas

Erros Fundamentais IAS 8.42 No POC os erros fundamentais são


vs contabilizados utilizando a conta 59 –
DC 8.1 e DC 8.3 Resultados Transitados
Nas IFRS esses erros podem dar lugar à
reexpressão das quantias comparativas
ou à reexpressão dos saldos de
abertura dos activos e passivos e
capital próprio.
Subsídios que não se destinam a IAS 20.12 AS IFRS defendem que todos os
investimentos amortizáveis ou à vs subsídios, independentemente do seu
POC nota explicativa destino , não devem ser creditados em

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

exploração à 575 e à 2745 Capital Próprio.


O POC preconiza que estes sejam
contabilizados numa conta de Capital
Próprio.
Ganhos em Diferenças Cambiais IAS 21.28 As IFRS exigem que os ganhos em
vs diferenças cambiais seja reconhecidos
POC 5.2.2 nos resultados do período.
De acordo com o POC, as “diferenças
de câmbio favoráveis resultantes de
dívidas a médio e longo prazo, deverão
ser diferidas, caso existam expectativas
razoáveis de que o ganho é reversível”.
Tratamento das acções remíveis IAS 32.18 b) A IAS prevê que as acções remíveis
vs sejam contabilizadas como um activo
DC 15.1.5 financeiro.
No POC essa contabilização é feita
numa conta de Capital Próprio.

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O CAPITAL PRÓPRIO – ENQUADRAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO

BIBLIOGRAFIA

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