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Formação OCC

PREPARAÇÃO DA
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

DIS 5617

Leonor F Ferreira
Objetivos

Saber preparar a demonstração dos fluxos de caixa:


• Compreender os conceitos associados à demonstração dos fluxos de
caixa (DFC).
• Conhecer as obrigações de relato sobre fluxos de caixa e modelos de
demonstrações dos fluxos de caixa aplicáveis em Portugal.
• Distinguir o essencial das normas contabilísticas sobre fluxos de
caixa: NCRF 2 e IAS 7.
• Articular a DFC com a outras demonstrações financeiras.
• Analisar e interpretar a informação da DFC.

• Com base em exemplos de empresas reais.

PREPARAÇÃO E ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA © ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 2
Passaremos em revista...

• Conceitos de caixa e equivalentes de caixa;


• Distinção entre fluxos de caixa das atividades operacionais, das atividades
de investimento e das financiamento;
• Métodos de cálculo dos fluxos de caixa das atividades operacionais;
• Modelos de apresentação da DFC;
• Divulgações sobre fluxos de caixa no anexo às demonstrações financeiras;
• Articulação entre a DFC, a demonstração dos resultados e o balanço;
• Panorâmica das normas sobre DFC: NCRF 2 e IAS 7, versus FAS 95;
• Conceitos de free cash flow, rácios da qualidade das vendas e da qualidade
dos resultados

PREPARAÇÃO E ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA © ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 3
Importância da
Demonstracão dos fluxos de caixa
• A DFC enfatiza informação sobre a forma como a empresa gera e utiliza
dinheiro, num determinado período:
– Fluxos líquidos de caixa das atividades operacionais;
– Pagamentos e recebimentos das atividades de investimento;
– Pagamentos e recebimentos das atividades de financiamento;
– Variação em caixa e equivalentes entre o início e o fim do período.
• A DCF é um instrumento de previsão orçamental e de controlo de gestão
– determinar as necessidades da empresa de utilizar os fluxos de caixa em
tempo útil.

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Obrigatoriedade de apresentar a
demonstração de fluxos de caixa

• Sociedades com títulos admitidos à cotação na Euronext


Lisbon:
– Adotam as IAS/ IFRS no relato, conforme estipula o
regulamento 1606/2002, desde 2015;
– Reportam a demonstração dos fluxos de caixa de acordo
com a IAS 7.

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Categorias de entidades
à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites seguintes...

• Microentidades
a) Total do balanço: € 350 000;
b) Volume de negócios líquido: € 700 000;
DISPENSADAS
c) Número médio de empregados durante o período: 10. DE APRESENTAR
• Pequenas entidades A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
a) Total do balanço: € 4 000 000; Decreto-lei n.º 98/2015, Artigo 9.º
b) Volume de negócios líquido: € 8 000 000;
c) Número médio de empregados durante o período: 50.
• Médias entidades
a) Total do balanço: € 20 000 000;
b) Volume de negócios líquido: € 40 000 000;
c) Número médio de empregados durante o período: 250.
• Grandes entidades
– Entidades acima limites anteriores;
– Entidades de interesse público.

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Obrigatoriedade de apresentar a
demonstração de fluxos de caixa

Artigo 11.º - Demonstrações financeiras


1 - As entidades sujeitas ao SNC são obrigadas a apresentar as seguintes demonstrações
financeiras:
a) Balanço;
b) Demonstração dos resultados por naturezas;
c) Demonstração das alterações no capital próprio;
d) Demonstração dos fluxos de caixa pelo método direto;
e) Anexo.

Decreto-lei n.º 98/2015,


em vigor a partir de 1 Jan 2016

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Obrigatoriedade de apresentar a
demonstração de fluxos de caixa
Artigo 11.º
Demonstrações financeiras
1 — As entidades sujeitas à normalização contabilística para as ESNL apresentam as seguintes demonstrações
financeiras:
a) Balanço; Decreto-lei n.º 98/2015,
em vigor a partir de 1 Jan 2016
b) Demonstração dos resultados por naturezas ou por funções;
Art.11.º
c) Demonstração dos fluxos de caixa;
d) Anexo.
2 — As entidades sujeitas à normalização contabilística para as ESNL apresentam uma demonstração das
alterações nos fundos patrimoniais por opção ou por exigência de entidades públicas financiadoras e
3 — As entidades obrigadas à apresentação de contas em regime de caixa nos termos do disposto no n.º 3 do
artigo anterior divulgam a seguinte informação:
a) Pagamentos e recebimentos;
b) Património fixo;
c) Direitos e compromissos futuros.
4 — As entidades públicas financiadoras podem exigir outros mapas, designadamente para efeitos de controlo
orçamental. [Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, Artigo 11.º
Ver também Portaria 105/2011, de 14 de março, Artigo 1º]

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Em resumo…

• A apresentação da DFC é:
– Obrigatória, para as entidades com títulos cotados em bolsa.
– Obrigatória, para as entidades que adotam o regime geral SNC e
para as ESNL.
– Opcional, para microentidades e pequenas entidades.

• Modelos de apresentação da DFC:


– SNC inclui dois modelos obrigatórios: Portaria n.º 220/2015 de 24 de
julho (Anexos 5 e 15, este para as ESNL)
– IAS 7 não apresenta modelo de DFC

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Equação da demonstração dos fluxos de caixa

Um mapa que sintetiza as alterações da entidade resultantes de


recebimentos e pagamentos originados, durante um certo período, em:
• decisões OPERACIONAIS (Ro-Po);
• decisões de INVESTIMENTO (Ri-Pi);
• decisões de FINANCIAMENTO (Rf-Pf).
• Saldo Inicial de Caixa e seus Equivalentes +
Saldo
= Inicial de Caixa e seus Equivalentes +
+ (Recebimentos
= Saldo – Pagamentos)
Final de Caixa =
e seus Equivalentes
= Saldo Final de Caixa e seus Equivalentes

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Conceito de Caixa e equivalentes de caixa

• Caixa
– Numerário;
– Depósitos bancários imediatamente mobilizáveis.

• Equivalentes a caixa
– Investimentos de curto prazo, com liquidez elevada, rapidamente
convertíveis em numerário e sujeitos a riscos insignificantes de
alteração de valor.
[IAS 7: 7.7 a 7.9 e 7.45 a 7.47; NCRF 2:§4, §7 e §8]

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Classificação dos fluxos de caixa

“A demonstração de fluxos de caixa deve relatar os fluxos durante o


período classificados por atividades operacionais, de investimento e
de financiamento.

A classificação por atividades proporciona informação que


permite aos utentes determinar o impacto dessas atividades na
posição financeira da entidade e nas quantias de caixa e seus
equivalentes.”
[NCRF 2, §7 e §8]

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Apresentação de Fluxos de Caixa
Classificação dos Fluxos de Caixa
• Os Recebimentos e Pagamentos devem ser analisados por:
• Atividades operacionais.
• Atividades de investimento.
• Atividades de financiamento.

• Objetivo subjacente: uma empresa adquire recursos de financiadores a um


dado custo e investe esses recursos em ativos que geram rendimentos e
recebimentos de caixa futuros.

• As atividades que não são geradoras de caixa são reportadas em anexo à


demonstração dos fluxos de caixa.

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Demonstração dos Fluxos de Caixa

Fluxos de Caixa das Atividades Operacionais

• Entradas e saídas de caixa e seus equivalentes relativas a atividades que:


– constituem o objeto de negócio da empresa
• Ex.: recebimentos de clientes, pagamentos a fornecedores,
pagamentos de salários.
– não constituem o objeto de negócio da entidade, mas não podem
classificar-se como atividades de investimento nem de financiamento
• Ex.: pagamento do IVA ao Estado.

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Demonstração dos Fluxos de Caixa
Fluxos de Caixa das Atividades de Investimento

• Entradas e saídas de caixa e seus equivalentes


relativas a aquisições e alienações de ativos não
correntes e de outros investimentos não incluídos
em equivalentes a caixa
• Exemplos:
– Pagamento de edifício;
– Dividendos recebidos de uma subsidiária.

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Demonstração dos Fluxos de Caixa
Fluxos de Caixa das Atividades de Financiamento

• Entradas e saídas de caixa e seus equivalentes relativas a atividades


resultantes de alterações na dimensão e composição do capital próprio e
dos empréstimos obtidos
– Exemplos:
• Realização de aumento de capital nominal por entrada de
dinheiro fresco;
• Recebimento proveniente da emissão de um empréstimo por
obrigações;
• Pagamento de juros aos obrigacionistas que subscreveram aquele
empréstimo;
• Pagamento de dividendos aos acionistas da empresa.

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NCRF 2 Demonstração de Fluxos de Caixa
Classificação das atividades

• A NCFR 2 define:
– Atividades operacionais: as atividades produtoras de rédito da entidade
e outras atividades que não sejam de investimento nem de
financiamento.
– Atividades de investimento: a aquisição e alienação de ativos a longo
prazo e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa;
– Atividades de financiamento: as atividades que alteram a dimensão e a
composição do capital próprio contribuído e os empréstimos obtidos
pela entidade.
[NCRF 2, §3 a §6]

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Passos na preparação da
demonstração dos fluxos de caixa

• Calcular a variação de caixa e equivalentes de caixa


• Calcular o fluxo de caixa das atividades operacionais líquido.
• Utilizar a informação da demonstração dos resultados do ano e a informação
dos ativos e passivos correntes dos balanços dos dois períodos adjacentes.
• Calcular os fluxos de caixa das actividades de investmento e os fluxos de
caixa das actividades de financiamento líquidos.
• Examinar todas as outras variações das contas do balanço.
• Incluir o resumo do aumento (redução) do saldo de caixa e equivalentes de
caixa.
• Divulgar as transações que não movimentam caixa separadamente

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Existem duas formas de determinar os
fluxos de caixa das atividades operacionais

• Método direto: detalhado, discrimina as principais categorias de recebimentos


de caixa brutos;
– divulga os fluxos de recebimentos operacionais por origem (e.g., recebimentos de
clientes) e os fluxos de pagamentos operacionais por aplicação (e.g., pagamentos a
fornecedores) na seção das atividades operacionais da demonstração dos fluxos
de caixa.

• Método indireto: agregado, discrimina o fluxo de caixa líquido de atividades


operacionais através do ajuste do resultado líquido tomando os efeitos de
vários itens (incluindo itens não-caixa), deste modo criado por um utilizador
externo.

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Fluxos de caixa das actividades operacionais
Método indirecto
O método indireto ajusta o resultado líquido por eliminação dos items que não são fluxos de caixa.

+/- variações em
activos correntes e
passivos correntes
Resultado líquido Fluxos de caixa das
actividades operacionais

+ Perdas não operacionais e + Despesas que não sejam de


- Ganhos não operacionais caixa (e .g.depreciação e
amortização)

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Fluxos de caixa das atividades operacionais
Método direto versus método indireto

O método indireto não foi contemplado na NCRF 2


mas está previsto na IAS 7

– NCRF 2: uma entidade deve relatar os fluxos de caixa provenientes de


atividades operacionais pelo uso do método direto, pelo qual são divulgadas
as principais classes dos recebimentos e as principais classes dos
recebimentos dos pagamentos brutos de caixa. [NCRF 2, §14 e §15]

– IAS 7: encoraja a relatar os fluxos de caixa das actividades operacionais pelo


método direto [IAS 7.18]

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O método direto…

…é mais simples de compreender do que o método indireto


Apresenta as classes de recebimentos e pagamentos:
+ Recebimentos de clientes
- Pagamentos a fornecedores
- Pagamentos ao pessoal
- Pagamentos outras despesas correntes
- Pagamentos de juros
(na IAS 7 e a NCRF 2: os juros pagos podem ser classificado como fluxo de caixa das atividades de financiamento se
a FAS 95 for adotada, os juros figuram aqui)
- Impostos pagos
= Recebimentos Líquidos das atividades operacionais

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O relato dos fluxos de caixa das actividades operacionais
prevê em alternativa…

• Pelo método direto, alternativamente, a informação sobre as principais classes de


recebimentos brutos e pagamentos brutos pode obter-se:

– a partir dos registos contabilísticos da entidade;

– pelo ajustamento de vendas, custo das vendas (juros e réditos similares e gasto
de juros e encargos similares para uma instituição financeira) e outros itens da
demonstrações dos resultados relativamente a:
• alterações, durante o período em inventários e dívidas operacionais a
receber e a pagar;
• outros itens que não sejam de caixa;
• outros itens pelos quais os efeitos de caixa sejam fluxos de caixa de
investimento ou de financiamento.
[IAS 7, 7.19]

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Articulação entre as demonstrações financeiras

- Existe uma estreita relação entre as demonstrações financeiras que são


preparadas a partir de informação relativa às mesmas transações.
- Os seguintes itens aparecem em dois mapas:
- Resultado líquido do período: aparece no Balanço e na Demonstração
dos resultados;
- Saldo final de caixa e seus equivalentes: aparece no Balanço e na
Demonstração dos fluxos de caixa.

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Articulação entre as demonstrações financeiras
Recebimentos de clientes

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

+ Saldo inicial de N relativo a dívidas a receber de clientes


+ Vendas e prestações de serviços durante o período N
- Saldo final de N relativo a dívidas a receber de clientes
= Recebimentos de clientes durante o período N

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Articulação entre as demonstrações financeiras
Pagamentos a fornecedores

Aumento nos FLUXO DE CAIXA DAS


Adicionar ATIVIDADES OPERACIONAIS
+ Inventários

Custo das Diminuição nos


mercadorias fornecedores
vendidas e Pagamentos a
matérias Fornecedores
consumidas Redução de
Inventários
Subtrair
- Aumento de
fornecedores

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Articulação entre as demonstrações financeiras
Valor bruto ativos fixos tangíveis

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO


+ Valor bruto dos ativos fixos tangíveis no final de N

+ Valor bruto dos ativos fixos tangíveis adquirido durante N+1

+ Revalorições de ativos fixos tangíveis durante N+1

- Valor bruto dos ativos fixos tangíveis alienados e abatidos durante N+1

= Valor bruto ativos fixos tangíveis no final de N+1


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Articulação entre as demonstrações financeiras
Depreciações acumuladas
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO

+ Depreciações acumuladas, saldo no final de N


+ Depreciação do período N+1

+ Aumento de depreciações acumuladas durante o período N devido a


revalorizações ocorridas durante o período N+1

- Depreciações acumuladas de ativos vendidos ou abatidos durante o período N+1

= Depreciações acumuladas, saldo no final de N+1

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Articulação entre as demonstrações financeiras
Dividendos distribuídos

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO

+ Resultados transitados, saldo inicial de N

+ Resultado líquido do período N

- Resultados transitados, saldo final de N

= Dividendos distribuídos durante N

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Preparação da demonstração dos fluxos de caixa
Particularidades

• Transações que não movimentam caixa.


• Fluxos de caixa em moeda estrangeira.
• Juros e dividendos.
• Impostos sobre o rendimento.
• Fluxos de caixa de aquisições e alienações de subsidiárias, associadas e
empreendimentos conjuntos.
• Reconciliação com o balanço da ‘caixa e seus equivalentes’.

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NCRF 2 Demonstração de Fluxos de Caixa
Transações que não sejam por Caixa

– as operações de investimento e de financiamento que não exijam


o uso de caixa ou seus equivalentes:
• devem ser excluídas de uma demonstração de fluxos de caixa.
• devem ser divulgadas no anexo de tal modo que proporcionem toda
a informação relevante acerca das atividades de investimento e
financiamento.
[NCRF 2, §§ 32 e 33]

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NCRF 2 Demonstração de Fluxos de Caixa
Fluxos de caixa em moeda estrangeira

•Os fluxos de caixa de operações expressas em moeda estrangeira devem ser registados
em euros, pela aplicação da taxa de câmbio à data dos respetivos recebimentos e
pagamentos.
[NCRF 2, §18]

•Os ganhos e as perdas não realizados provenientes de alterações de taxas de câmbio de


moeda estrangeira não são fluxos de caixa.
•A fim de reconciliar caixa e seus equivalentes no começo e no fim do período, esta
quantia é apresentada separadamente e inclui as diferenças, se as houver, caso esses
fluxos de caixa tivessem sido relatados às taxas de câmbio do fim do período.
[NCRF 2, §21]

•Os fluxos de caixa de uma subsidiária estrangeira devem ser transpostos às taxas de
câmbio entre euros e a moeda estrangeira às datas dos fluxos de caixa.
[NCRF 2, §19]

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Classificação dos juros e dos dividendos
NCRF 2 versus IAS 7 versus FAS 95

Fluxos de caixa IAS 7 e NCRF 2 FAS 95

Juros recebidos FA operacional ou FA investimento FA operacional

Juros pagos FA operacional ou FA financiamento FA operacional

Dividendos recebidos FA operacional ou FA investimento FA operacional

Dividendos pagos FA operacional ou FA financiamentou FA financiamento

• Juros e dividendos recebidos: os fluxos de caixa dos juros e dividendos


recebidos devem em princípio ser classificados nas atividades de investimento
(retorno de investimento).
[NCRF 2, §24]

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NCRF 2 Demonstração de Fluxos de Caixa
Impostos sobre o rendimento

• Impostos sobre o rendimento: os fluxos de caixa provenientes de


impostos sobre o rendimento devem ser classificados como fluxos de
atividades operacionais, a menos que possam ser identificados com
outras atividades.
• [NCRF 2, §26]

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NCRF 2 Demonstração de Fluxos de Caixa
Participações noutrs empresas

• Investimentos em subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos:


– quando contabilizados pelo método da equivalência patrimonial ou pelo
método do custo, os fluxos de caixa devem restringir-se aos fluxos entre a
empresa participante e a participada ( v.g., dividendos e adiantamentos)
[NCRF 2, § 27 e §28]

• Aquisições e alienações de subsidiárias e outras unidades empresariais:


– os fluxos de caixa agregados provenientes de destas operações devem ser
apresentados separadamente e classificados como atividade de investimento.
[NCRF 2, §29 e §30]

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No final deste bloco formativo, devemos saber...

• Compreender os conceitos de fluxo de caixa e caixa e equivalentes


de caixa e as convenções em que assenta.
• Conhecer as obrigações das empresas quanto ao relato da DFC.
• Ser capaz de preparar uma demonstração dos fluxos de caixa, com
destaque para particularidades quanto à classificação dos fluxos de
caixa.
• Distinguir o método direto do método indireto no cálculo dos fluxos
de caixa das atividades operacionais.
• Compreender como uma DFC se interliga com as outras
demonstrações financeiras.
• Saber o essencial da NCFR 2 e da IAS 7.
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Obrigada

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PREPARAÇÃO DA
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

Leonor F Ferreira
Aos preparadores e utilizadores dos Relatórios
Financeiros, interessa…

• Saber como uma entidade gera e utiliza caixa e seus equivalentes.


• A demonstração dos fluxos de caixa é a ferramenta desenhada para
ajudar a perceber como as empresas e entidades sem fins lucrativos
utilizam os fluxos de tesouraria.
• A demonstração dos fluxos de caixa é uma componente integral do
relato financeiro.
• Em alguns países é obrigatório publicá-la, noutros é opcional. Na
prática, a maioria das grandes empresas em todo o mundo incluem
um mapa de fluxos de caixa nos relatórios e contas anuais.

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Modelos de apresentação dos fluxos de caixa

• Em Portugal, a apresentação da DFC é:


– Obrigatória, para as entidades com títulos cotados em bolsa.
– Obrigatória, para as entidades que adotam o regime geral SNC.
– Opcional, para microentidades e pequenas entidades.

• Existem modelos obrigatórios para apresentar a DFC:


– SNC inclui dois modelos obrigatórios: Portaria n.º 220/2015 de 24 de julho
(Anexo 5 no SNC geral e Anexo 15 para as ESNL)
– A IAS 7 não apresenta modelos de DFC.

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A demonstração dos fluxos de caixa divide os
fluxos de caixa em três atividades

Operacionais, de Investimento e Financeiras.

• Os Fluxos de caixa de Atividades Operacionais derivam primariamente das


principais atividades da empresa, geradoras do seu rendimento. Portanto, estes
fluxos tendem a resultar de transações ou outras ocorrências centrais ao
apuramento de lucros ou prejuízos.
• 5

• Os Fluxos de caixa de Atividades de Investimento representam as despesas


incorridas para obter recursos cujo propósito é gerar rendimentos e fluxos de caixa
futuros.
• Os Fluxos de caixa de Atividades de Financiamento ajudam a prever que parte dos
fluxos de caixa futuros será devida aos credores da empresa. São o resultado
líquido de caixa gerada pelas emissões de ações ou dívida, por reembolsos de
empréstimos e de dividendos pagos.

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Fluxos de caixa das actividades operacionais
Modelos de DFC no SNC geral e ESNL
[Anexo 5 e Anexo 11, Portaria n.º 220/2015 de 24 de julho, em vigor a partir de 2016]
RUBRICAS NOTAS N N-1
Fluxos de caixa das actividades operacionais
Recebimentos de Clientes e utentes + +
Pagamento de subsídios - -
Pagamento de apoios - -
Pagamento de bolsas
- -
Pagamentos a fornecedores
- -
Pagamentos ao pessoal - -
Caixa gerada pelas operações +/- +/-
Pagamento/ recebimento do imposto s/ rendimento -/+ -/+
Outros recebimentos/pagamentos +/- +/-
Fluxos de caixa das actividades operacionais (1) +/- +/-

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Fluxos de caixa das actividades de investimento
Modelos de DFC no SNC geral e ESNL
RUBRICAS NOTAS N N-1
Fluxos de caixa das actividades de investimento
Pagamentos respeitantes a:
Activos fixos tangíveis - -
Activos intangíveis - -
Investimentos financeiros - -
Outros activos - -
Recebimentos provenientes de:
Activos fixos tangíveis + +
Activos intangíveis + +
Investimentos financeiros + +
Outros activos + +
Subsídios ao investimento + +
Juros e rendimentos similares + +
Dividendos + +
Fluxos de caixa das actividades de investimento (2) +/- +/-
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Fluxos de caixa das actividades de financiamento
Modelos de DFC no SNC geral e ESNL
RUBRICAS NOTA N N-1
S
Fluxos de caixa das actividades de financiamento
Recebimentos provenientes de:
Financiamentos obtidos + +
Realizações de capital e outr. instr. de cap. próp. / Realização de fundos + +
Cobertura de prejuízos + +
Doações + +
Outras operações de financiamento + +
Pagamentos respeitantes a:
Financiamentos obtidos - -
Juros e gastos similares - -
Dividendos - -
Reduções de capital e de outros instrumentos de capital próprio / Redução de fundos - -
Outras operações de financiamento - -
Fluxos de caixa das actividades de financiamento (3) +/- +/-
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Modelos de DFC no SNC geral e ESNL

(1) Fluxos de caixa das atividades operacionais


(2) Fluxos de caixa das atividades de investimento
(3) Fluxos de caixa daas atividades de financiamento
Variação de caixa e seus equivalentes (1) + (2) + (3)

Efeito das diferenças de câmbio


Confirmação:
+ Caixa e seus equivalentes no início do período
- Caixa e seus equivalentes no início do período
[Anexo 5 e Anexo 11, Portaria n.º 220/2015 de 24 de julho, em vigor a partir de 2016]

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NCRF 2 Demonstração de Fluxos de Caixa
Exemplos de divulgações no anexo

– Atividades de investimento e/ou financiamento que não envolvam


movimentos de caixa;
– Discriminação de caixa e seus equivalentes e reconciliação com balanço;
– Restrições ao uso dos valores em caixa e equivalentes de caixa;
– Créditos bancários não sacados;
– Fluxos de caixa relacionados com interesses em empreendimentos
conjuntos;
– Fluxos de caixa por segmentos.

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Divulgações
Anexo às demonstrações financeiras

NO PASSADO RECENTE, entre 2010 e 2015

4 — Fluxos de caixa
4.1 — Comentário da gerência sobre a quantia dos saldos
significativos de caixa e seus equivalentes que não estão
disponíveis para uso:
4.2 — Desagregação dos valores inscritos na rubrica de caixa e
em depósitos bancários.

[SNC, Portaria n.º 986/2009, de 7 de Setembro]

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Divulgações
Anexo às demonstrações financeiras

ATUALMENTE, DIVULGAÇÕES ADICIONAIS:


5 — Fluxos de caixa
5.1 e . 5.2 — igual a 4.1. e 4.2. na Portaria n.º 986/2009.
5.3 — Uma entidade deve divulgar, agregadamente, quanto à obtenção e perda de
controlo de subsidiárias ou de outras unidades empresariais durante o período:
a) a retribuição total paga ou recebida;
b) a parte da retribuição que consista em caixa e equivalentes;
c) a quantia de caixa e seus equivalentes na subsidiária ou na unidade empresarial
sobre as quais o controlo é obtido ou perdido; e
d) a quantia dos ativos e passivos que não caixa ou equivalentes na subsidiária ou
unidade empresarial, resumida por cada categoria principal.
5.4 — Indicação das transações de investimento e de financiamento que não tenham
exigido o uso de caixa ou equivalentes, de forma a proporcionar toda a informação
relevante acerca das atividades de investimento e de financiamento.
[SNC, Anexo 6 e Anexo 16, Portaria n.º 220/2015 de 24 de julho, em vigor a partir de 2016]

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Questões essenciais para um utilizador da
demonstração dos fluxos de caixa

Na perspetiva do negócio/ empresa:


• a saúde de uma empresa depende dos fluxos de caixa gerados:
– os fluxos de tesouraria são suficientes para pagar os gastos operacionais?
– os fluxos de tesouraria permitem reembolsar os financiamentos em tempo?
remunerar os sócios (dividendos)? sustentar o investimento e crescimento?
Na perspetiva de sócio, analisa-se a dinâmica de tesouraria:
– a empresa está a gerar ou a consumir fluxos de tesouraria líquidos?
– de que modo estão a ser aplicados os fluxos de tesouraria gerados e que
remuneração estão a gerar?

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 49


Influência dos impostos nos fluxos de caixa da empresa

• Os impostos pagos pelas sociedades afetam negativamente os fluxos de caixa


operacionais, reduzem a parte do cash flow total de cada período que fica
disponível para aplicação em decisões de investimento e de financiamento;

• Se uma empresa obtém lucros, em regra esta e os seus sócios suportarão, mais
tarde ou mais cedo, impostos sobre o rendimento;

• Os juros suportados pelas empresas são dedutíveis no cálculo do imposto sobre o


rendimento, enquanto os lucros distribuídos aos sócios não são:
• A dedução dos juros suportados pelas empresas é apenas parcial em alguns países (em
Portugal, desde 2013 em diante)
• Existem contudo, mecanismos legais para evitar a dupla tributação dos lucros.

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Como interpretar e usar os fluxos de caixa

• É desejável que, pelo menos no longo prazo, os fluxos de caixa das atividades operacionais
sejam suficientes para cobrir os fluxos de caixa das atividades de investimento e das
atividades de financiamento.

• O fluxo de caixa das atividades operacionais deduzido do fluxo de caixa de investimento


mínimo que seria necessário para manter vantagem competitiva da empresa. fluxo de
caixa excedentário
• O fluxo de caixa disponível é o fluxo de caixa excedentário menos quaisquer
investimentos discricionários adicionais.
• O free cash flow (ou fluxo de caixa livre) é usado na avaliação de empresas e nas análises
de risco. O fluxo de caixa livre corresponde ao fluxo de caixa disponível menos os
dividendos pagos. Representa os fluxos de caixa que estarão livres para eventual
reembolso de dívidas.

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Análise financeira com base na
demonstração de fluxos de caixa
• A demonstração de fluxos de caixa pode ser analisada com base em
rácios financeiros para medir rendibilidade, desempenho, liquidez e
solidez financeira.
• Vários rácios capturam a dinâmica dos fluxos de caixa. Estes
incluem o rácio da qualidade das vendas e o rácio de
qualidade dos resultados.

A análise financeira será sempre comparativa!

NOTA: Qual a ligação ao orçamento de tesouraria?

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Rácios construídos com base em fluxos de caixa

• Os rácios especialmente indicados para a análise das DFC


permitem conhecer:
– Qual a relação entre fluxos de caixa e vendas?
– Qual a relação entre fluxos de caixa e recebimentos? (O
CFO é > ou >0?)
– Qual é a capacidade da empresa de pagar os seus passivos?

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Rácio Qualidade das Vendas

Fluxos de caixa operacionais / Vendas


Fluxos de caixa em percentagem das vendas

• Ao comparar o fluxo de caixa operacional com as vendas líquidas,


pode medir-se a evolução da transformação das vendas em dinheiro.
• A evolução deste rácio período a período clarifica, por exemplo, se
as vendas da empresa variam ao longo de um triénio e se os
recebimentos estagnados são um indicador de dificuldades de
tesouraria em novos produtos ou serviços que a empresa fornece.

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Rácio Qualidade do Resultado

Fluxos de caixa das atividades operacionais


Resultado líquido do período

Qualidade do 6,55 €
resultado = 4,30 € = 1,52 Será bom este valor?

Interpretação do rácio:
• Quanto maior o valor assumido pelo rácio, melhor;
• Um valor superior a um indica um resultado de elevada qualidade.

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A informação sobre fluxos de caixa como
input para a avaliação de empresas

• O excedente dos fluxos de caixa das atividades operacionais sobre as


despesas de investimento denomina-se free cash flow.

• Quando se avalia uma empresa, o analista pode calcular diferentes fluxos de


tesouraria, consoante a ótica adoptada:
• óptica do sócio: free cash flow to equity (FCFE).
• ótica do negócio/ empresa: free cash flow to the firm (FCFF).

• A demonstração dos fluxos de caixa auxilia a estimativa dos FCFE e FCFF.

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Uso dos fluxos de caixa na avaliação de
negócios e participações sociais

k FCFS VSk
VS = ∑ +
j

j =1 (1 + tS ) j
(1 + tS )k

Vs – Valor da empresa (ou do negócio) para o sócio (ou para a entidade)


FCFS – Free cash flow para o sócio (ou para a entidade)
Vs – Valor residual
ts – taxa de atualização na ótica do sócio (ou na ótica da entidade)
K – número de períodos de previsão explícita

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Acerca do Free Cash Flow…

• O free cash flow toma em consideração não apenas os rendimentos da


empresa, mas também as despesas de capital, passadas e atuais, e os
investimentos em fundo de maneio.
– FCF crescente: é frequentemente um prenúncio de lucros crescentes; as empresas
obtêm FCF crescentes devido a crescimento dos rendimentos, melhorias de
eficiência e reduções de custos que podem recompensar os accionistas no futuro.
– FCF insuficiente: pode forçar a empresa a expandir os níveis de endividamento; uma
empresa com FCF insuficientes pode não ter liquidez para se manter no negócio.

No longo prazo, as empresas eoutras entidades devem gerar


fluxos das atividaeds operacionais positivos

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No final desta formação …

…deveremos ser capazes de preparar uma demonstração


dos fluxos de caixa:
• Conhecer as obrigações das empresas e ESNL quanto a relato da DFC e as principais
normas sobre fluxos de caixa (IAS 7 e NCRF 2)
• Compreender os conceitos de fluxo de caixa e caixa e equivalentes de caixa.
• Saber classificar os fluxos de caixa das três atividades.
• Distinguir o método direto do método indireto nas atividades operacionais.
• Compreender como uma DFC se interliga com as outras demonstrações financeiras.
• Conhecer os modelos de apresentação de DFC e as divulgações exigidas no anexo.
• Saber analisar uma DFC e utilizar e rácios construídos com base na informação das
DFC.
• Reconhecer as vantagens de uma demonstração dos fluxos de caixa

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