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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE FINANÇAS E CONTABILIDADE
DISCIPLINA: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
DOCENTE: PROFA. MA. DANIELLE KARLA

FLUXO DE CAIXA

CONCEITOS E RELATÓRIOS

Discentes: GRUPO 1
CARLA CAROLINA COSTA
CLÁUDIO OLIVEIRA DE LIMA
JOSINALDO FORTUNATO

João Pessoa/PB
2023
1 – INTRODUÇÃO

A obrigatoriedade de elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é uma


das importantes inovações trazidas pela Lei nº 11.638, de 8 de dezembro de 2007.
As alterações na Lei das Sociedades por Ações ocorreram principalmente no que
tange às práticas contábeis, com o objetivo de criar condições para que haja um processo de
harmonização entre os procedimentos de elaboração das demonstrações financeiras
adotados no país e aqueles aceitos e praticados pelos principais mercados financeiros do
mundo.
Convém ressaltar, no entanto, que as grandes empresas nacionais constituídas sob
a forma jurídica de sociedades por ações, baseadas em parâmetros internacionais, sob a
orientação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já vinham apresentado esse
documento desde o início da década de 1990, opcionalmente, como complemento das
informações contidas nas demais Demonstrações Contábeis por elas elaboradas e
publicadas. Os critérios adotados derivavam de dois organismos internacionais que tratam
dessa matéria: o International Accounting Standads Comittee (IASC), cujas práticas contábeis
estabelecidas são adotadas por vários países, e o Financila Accounting Standards Board
(FASB), órgão normatizador das práticas contábeis dos Estados Unidos.
No Brasil, a DFC, portanto, substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de

Recursos (DOAR), que embora fosse, por um lado, uma demonstração rica em informações,

por outro, era de difícil compreensão pela maioria dos investidores que atuavam no

mercado de capitais, geralmente desprovidos de conhecimentos contábeis. Assim, a DFC,

por utilizar linguagem e conceitos mais simples, surge como instrumento mais acessível à

maioria dos usuários das Demonstrações Contábeis.

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2 – CONCEITOS

CAIXA – Compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis,

segundo o item 6 da NBC TG 03, aprovada pela Resolução CFC nº 1296/2010.

EQUIVALENCIA DE CAIXA são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez,

que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e então sujeitas a um

insignificante risco de mudança de valor.

FLUXOS DE CAIXA – São entradas e saídas e equivalentes de caixa.

Portanto, para fins da DFC, o conceito de caixa engloba todas as disponibilidades da

empresa existentes nas contas: Caixa (dinheiro em poder da própria empresa); Bancos conta

Movimento (dinheiro da empresa em poder de estabelecimentos bancários, depositado em

contas correntes) e Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata (dinheiro da empresa

investido em aplicações de altíssima liquidez com vencimento de, no máximo, três meses a

contar da data da aquisição).

Caixa, Bancos conta Movimento e Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata,

essas três contas integram o grupo das Disponibilidades no Ativo Circulante do Balanço

Patrimonial.

Exemplos de investimentos financeiros que podem ser considerados como

equivalentes de caixa: caderneta de poupança, CDB, RDB prefixados etc.

A DFC, quando elaborada, requer que as aplicações financeiras consideradas pela

empresa como equivalentes de caixa sejam relacionadas em notas explicativas.

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EXEMPLO SIMPLIFICADO DE UMA DFC

Suponhamos o seguinte: em 31 de dezembro de X1, o saldo da conta Caixa era igual

a 100; e, em 31 de dezembro de X2, igual a 220. Suponhamos, ainda, que durante o exercício

de X2, tenham ocorrido as seguintes operações de entradas e saídas no Caixa:

a) recebimento de clientes decorrente de vendas de mercadorias à vista: 300;

b) pagamento em dinheiro a fornecedores em decorrência de compras de

mercadorias: 150; e

c) pagamento em dinheiro de despesas diversas: 30.

DEMONSTRAÇÕES DOS FLUXOS DE CAÍXA

ENTRADAS

Recebimento de Clientes 300

TOTAL DAS ENTRADAS 300

SAÍDAS

Pagamento a Fornecedores (150)

Pagamento de Despesas (30)

TOTAL DAS SAÍDAS (180)

VARIAÇÃO DO PERÍODO (entradas – saídas) 120

(+) SALDO NO INÍCIO DO PERÍODO 100

= SALDO NO FINAL DO PERÍODO 220

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Nota: - Havia um saldo inicial na conta Caixa de 100 e que, durante o período,

ocorreram entradas no valor de 300. Se não ocorressem saídas de dinheiro no referido

período, o saldo final de Caixa seria igual a 400. Entretanto, como ocorreu saída de Caixa no

valor de 180, o saldo final foi igual a 220.

- Analisando as informações contidas na DFC, pode-se compreender qual foi o

destino dado aos 180 que saíram do Caixa no período.

- Com poucas ocorrências, fica fácil entender por que o saldo do Caixa, que

era de 100, passou para 220.

- Vamos analisar, então, os motivos que levaram o Caixa a aumentar o seu

saldo em 120.

- Dos 300 que ingressaram no Caixa, apenas 30 deixaram de integrar o

patrimônio, uma vez que foram utilizados para o pagamento de despesas, e 150 foram

ativados pela compra de Estoques, já que houve um pagamento a fornecedores nesse valor.

3 – ESTRUTURA DA DFC

A Lei nº 6.404/1976 também não fixou um modelo de DFC a ser observado por

todas as empresas. Ela limitou-se a estabelecer no inciso I do art. 188 que a DFC deverá

indicar no mínimo as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e

equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em três fluxos: das operações dos

financiamentos e dos investimentos.

Ao demonstrar as variações do caixa (e dos equivalentes de caixa) de uma empresa em


determinado período, portanto, a DFC considera:

As entradas:

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 Receita de vendas
 Contratação de empréstimos (aumento das obrigações perante terceiros)
 Receita proveniente de alienação (venda) de ativos.
E as saídas:

 Pagamento de fornecedores
 Diminuição de obrigações (como a amortização de dívidas)
 Distribuição de dividendos etc.

4 – CLASSIFICAÇÃO DAS ENTRADAS E SAÍDAS DE CAIXA POR ATIVIDADES

O ideal é que as transações relativas às entradas e saídas de caixa sejam

selecionadas em três grupos de atividades, a saber:

Atividades Operacionais – são as principais atividades geradoras de receita da

entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento.

Elas podem ser exemplificadas pelo recebimento de uma venda, pagamento de

fornecedores por compra de materiais, pagamento dos funcionários etc.

Atividades de Investimento – são as referentes à aquisição e à venda de Ativos de

longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Por exemplo,

as aquisições ou vendas de participações em outras empresas e de Ativos utilizados na

produção de bens ou na prestação de serviços ligados ao objeto social da empresa. É

importante citar que as atividades de investimentos não compreendem a aquisição de Ativos

com os objetivos de revenda.

É importante salientar que cuidados especiais precisam ser tomados no momento

da classificação das transações em seus respectivos grupos de atividades.

Para as normas internacionais derivadas do IASB, os juros pagos que serão

capitalizados juntamente ao valor de um Ativo, devem ser classificados juntamente com o

Ativo ao qual estes pagamentos foram efetuados. Assim, quando os juros pagos forem

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capitalizados como parte do custo do imobilizado ou do intangível, deverá integrar o grupo

das Atividades de investimentos; quando capitalizados como parte do custo dos Estoques,

deverá ser classificado entre as Atividades Operacionais.

5 – TRANSAÇÕES QUE DEVEM INTEGRAR A DPC

ATIVIDADES OPERACIONAIS – A NBC TG 03, em seu item 14, apresenta os

seguintes exemplos de fluxos de caixa que decorrem das:

a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços;

b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras

receitas;

c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;

d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;

e) recebimentos e pagamento de caixa por seguradora de prêmios e sinistros,

anuidades e outros benefícios da apólice;

f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos que

possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de

investimentos; e

g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação

imediata ou disponíveis para venda futura.

ATIVIDADES DE INVESTIMENTO – A NBC TG 03, em seu item 14, apresenta os

seguintes exemplos de fluxos de caixa advindos das:

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a) pagamentos em caixa para aquisição de Ativo Imobilizado, Intangíveis e outros

Ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de

desenvolvimento ativados e aos Ativos Imobilizados de construção própria;

b) recebimentos de caixa resultantes da venda de Ativo Imobilizado, Intangíveis e

outros Ativos de longo prazo;

c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou

instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures

(exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa

ou aqueles mantidos para negociação imediata ou futura);

d) recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou

instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures

(exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de

caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou futura);

e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles

adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira);

f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de

empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de

instituição financeira); e

g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto

quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou os

pagamentos forem classificados como atividades de financiamentos.

ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO – A NBC TG 03, em seu item 17, apresenta os

seguintes exemplos de fluxos de caixa advindos das:

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a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais;

b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade;

c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias,

outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos; e

d) amortização de empréstimos e financiamentos.

6 – TRANSAÇÕES QUE NÃO DEVEM INTEGRAR A DPC

Exemplos de transações que não envolvem caixa ou equivalente de caixa são:

a) a aquisição de Ativos quer seja pela assunção direta do Passivo respectivo, quer

seja por meio de arrendamento financeiro;

b) a aquisição de entidade por meio de emissão de instrumentos patrimoniais; e

c) a conversão de dívida em instrumentos patrimoniais.

7 – MÉTODOS DE ESTRUTURAÇÃO DA DPC

Existem dois métodos que podem ser utilizados e diferem um do outro em relação à

forma de apresentação dos fluxos de caixa derivados das atividades operacionais, enquanto

nas atividades de investimento e financiamento são as mesmas nos dois métodos.

MÉTODO INDIRETO – Também denominado Método da Reconciliação, os recursos

derivados das atividades operacionais são demonstrados a partir do resultado do exercício

antes da tributação pela Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) e pelo Imposto de

Renda (lucro líquido ou prejuízo), e ajustado pela adição das despesas e exclusão das

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receitas consideradas na apuração do resultado e que não afetaram o caixa da empresa, isto

é, que não representaram saídas ou entradas de dinheiro, bem como pela exclusão das

receitas realizadas no exercício e recebidas no exercício anterior.

Deve-se incluir entre os ajustes, as variações positivas ou negativas ocorridas no

período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar, uma vez que essas

variações, por não representarem despesas nem receitas, não foram incluídas na apuração

do resultado do exercício e pela natureza não integrarão os fluxos de caixa das atividades de

investimento e de financiamento.

MÉTODO DIRETO – A DFC pelo método direto é semelhante à DFC pelo método

indireto. No método direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos

recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais, efetuados durante o

período. Pelo método direto, as atividades operacionais são apresentadas através das

principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos.

Enquanto o Demonstrativo de Fluxo de Caixa por Método Direto se preocupa com a receita

obtida, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa por Método Indireto ocupa-se do Lucro Líquido. E

para tal, compra os valores patrimoniais para compreender se entrou ou saiu do negócio.

Quando a empresa optar pela elaboração da DFC pelo método direto, deverá

divulgar, adicionalmente, uma conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das

atividades operacionais. De acordo com a NBC TG 03, “a conciliação deve apresentar,

separadamente, por categoria, os principais itens a serem conciliados, à semelhança do que

deve fazer a entidade que usa o método indireto em ralação aos ajustes ao lucro líquido ou

prejuízo para apurar o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais.

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8 – COMO ELABORAR A DFC

Para elaboração da DFC, seja pelo método direto ou indireto, os dados são

coletados dos Balanços do exercício (atual e anterior) e da Demonstração do Resultado do

Exercício (DRE) do exercício atual, além de consultas em fichas de Razão de algumas contas.

Você pode fazer a demonstração de fluxo de caixa de duas maneiras: pelo método direto,
que usa os dados da escrituração contábil, ou pelo método indireto, que usa a evidenciação
do lucro líquido e seus ajustes.

A estrutura do método direto, mais aderente à realidade das empresas, é a seguinte:

Atividades operacionais

 (+) Entradas de caixa


 (-) Saídas de caixa
 (=) Caixa gerado pelas operações.
Atividades de investimento

 (+) Entradas de caixa


 (-) Saídas de caixa
 (=) Caixa gerado pelos investimentos.
Atividades de financiamento

 (+) Entradas de caixa


 (-) Saídas de caixa
 (=) Caixa gerado pelos financiamentos.
Variação do caixa disponível

 Saldo inicial 
 Movimentação
 Saldo final.

9 – RELATÓRIOS

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FLUXO DE CAIXA – EVOLUÇÃO DO SALDO

FLUXO DE CAIXA – EVOLUÇÃO DO SALDO

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Magazine Luiza S.A.
Demonstrações dos fluxos de caixa
Exercícios findos em 31 de dezembro de 2022 e 2021
(Valores expressos em milhares de Reais - R$)

Magazine Luiza S.A.


Demonstrações dos fluxos de caixa
Exercícios findos em 31 de dezembro de 2022 e 2021
(Valores expressos em milhares de Reais - R$)

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Magazine Luiza S.A.
Demonstrações dos fluxos de caixa

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10 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A demonstração do fluxo de caixa, quando usada em conjunto com outras demonstrações


contábeis, oferece informações valiosas sobre a performance do negócio. A demonstração
de fluxo de caixa, como vimos, consiste em um importante relatório, não apenas para uso do
administrador, mas de outros stakeholders, como investidores, credores etc. Em conjunto
com outras demonstrações contábeis, retrata a saúde financeira da empresa e seu
desempenho ao longo do tempo.O objetivo é manter sob controle a gestão contábil e
financeira do negócio, fator preponderante para o crescimento sustentável.

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REFERÊNCIAS:

Demonstração de fluxo de caixa: exemplo e como analisar (contabilix.com.br)

MGLU_DF_POR_4T22.pdf

Demonstração de fluxo de caixa: aprenda agora como fazer (keruak.com.br)

DINIZ, Josedilton Alves; MIRANDA, Gilberto José. Eliseu. Análise didática das

demonstrações contábeis. Atlas. 2012.

https://suporte.conube.com.br/como-funciona-o-gr%C3%A1fico-fluxo-de-caixa

https://www.google.com/search?q=fluxo%20de%20caixa%20simples&tbm=isch&hl=pt-

BR&sa=X&ved=0CBwQtI8BKABqFwoTCODC6IjVvv4CFQAAAAAdAAAAABAG&biw=1366&bi

h=657&dpr=1

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