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Contabilidade e Informação Financeira

Capítulo 1: As Demonstrações Financeiras, a Prestação de Contas e os


Princípios Éticos

1.1. Enquadramento do normativo contabilístico nacional:


O novo modelo de normalização- Sistema de Normalização Contabilística (SNC)- substitui o POC e a
legislação complementar. Este foi aprovado pelo DL 158/09, de 13/07.
O SNC assenta numa moldura legal formada por um Decreto-Lei, Portarias e Avisos.
O SNC inclui:

• NCRF – Norma Contabilística e de Relato Financeiro;


• NCRF-PE – Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades;
• NC-ME – Norma Contabilística para Microentidades;
• NCRF-ESNL – Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Setor não Lucrativo;
• NI – Normas Interpretativas.
Razões do aparecimento do SNC:

• Modernizar e atualizar o corpo normativo nacional;


• Alinhar com as orientações europeias de harmonização contabilística.
Objetivos:

• Aproximação ao modelo IASB (International Accounting Standards Board - é um organismo


normalizador independente) adotado na UE;
• Compatibilidade com as diretivas contabilísticas;
• Atender a diferentes exigências de relato financeiro;
• Flexibilizar atualizações.
Principais características do SNC:

• Assenta mais em princípios do que em regras explícitas;


• Assenta numa base económica – a substância económica prevalece sobre a forma legal;
• Maior incorporação de juízos de valor (julgamento profissional);
• Maior importância do Anexo;
• Influência do conceito de contabilidade-relato, ao invés do conceito tradicional de contabilidade-
registo;
• Formatos das Demonstrações Financeiras (DF) direcionadas para satisfação das necessidades de
informação de investidores e credores.

Estrutura:
• Estrutura conceptual (Aviso n.º 8254/2015);
• Bases para a apresentação de demostrações financeiras (BADF);
• Modelos de DF (Portaria 220/2015);
• Códigos de Contas (CC) (Portaria 218/2015);
• Normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) (Aviso 8256/2015);
• NCRF-PE (Aviso 8257/2015) e NCRF-ESNL (Aviso 8259/2015) 7. NC-ME (Aviso 8255/2015);
• NI (Aviso 8258/2015)
Entidade abrangidas pelo SNC:
• Sociedades nacionais e estrangeiras abrangidas pelo C. S. Comerciais;
• Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;
• Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (EIRL);
• Empresas públicas;
• Cooperativas;
• Agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos europeus de interesse económico;
• Entidades do setor não lucrativo (ESNL).

Dispensa de aplicação:
• Pessoas singulares: com atividade comerciais a nível individual que não realizem um volume de
negócios líquido superior a 200 000€ na média dos últimos 3 anos;
• ESNL: volume de negócios que não exceda 150 000€ em nenhum dos 2 períodos anteriores.

Categorização das entidades:

➔ Podem optar pela aplicação das


NCRF ou da NCRF-PE: Opção exercida na
declaração periódica de rendimento

➔ Podem optar por não aplicar as


NCRF, mas apenas a NRF-PE

1.2 Estrutura conceptual (EC) do SNC:

Utentes e necessidades de informação: Os utentes utilizam as DF a fim de satisfazerem algumas das suas
diferentes necessidades de informação nas tomadas de decisões económicas.

• Investidores: Decidir quando comprar, vender ou deter um investimento e a capacidade da entidade para
pagar dividendos;
• Empregados: Avaliar a estabilidade e lucratividade da entidade, a capacidade de proporcionar remunerações,
benefícios de reforma e oportunidades de emprego;
• Mutuantes: Avaliar se os empréstimos, e respetivos juros, serão pagos quando vencidos;
• Fornecedores e outros credores comerciais: Determinar se as quantias que lhes são devidas serão pagas no
vencimento;
• Clientes: Avaliar a continuidade da entidade;
• Governo e seus departamentos: Regulamentar as atividades da entidade e determinar as políticas de
tributação.

Objetivo das Demonstrações Financeiras:


“proporcionar informação acerca da posição
financeira, do desempenho e das alterações na
posição financeira de uma entidade que seja útil a
um vasto leque de utentes na tomada de decisões
económicas” (§12-13, da EC, SNC

Pressupostos subjacentes:

• Regime de acréscimo (periodização económica): Os rendimentos e gastos são reconhecidos quando


obtidos ou incorridos, devendo incluir-se nas DF dos períodos a que respeitam (e não quando sejam
recebidos ou pagos).
• Continuidade: a entidade continuará no futuro previsível.

Características qualitativas: atributos que tornam a informação proporcionada nas DF útil aos utentes
• Compreensibilidade (facilmente entendida pela generalidade dos utilizadores);
• Relevância (informação revelante para a tomada de decisão, dependendo da sua natureza e
materialidade);
• Fiabilidade (representação fidedigna, substância sobre a forma, neutralidade, prudência, plenitude);
• Comparabilidade (temporal e espacial, para se identificarem tendências na sua posição financeira e no
seu desempenho).

Elementos e estrutura das DF:


As DF exigidas em cada referencial contabilístico existente:

➔ Balanço: evidencia a posição financeira de uma entidade num determinado momento.


• Ativo:
o Recurso controlado pela entidade;
o Tem associado benefícios económicos futuros;
o O benefício inerente ao recurso resulta de transações ou eventos passados, ou seja, já
aconteceram;
o É passível de avaliação em termos monetários.
• Passivo:
o É uma obrigação presente da entidade;
o Proveniente de acontecimentos passados;
o Cuja liquidação se espera que resulte num exfluxo de recursos da entidade.
• Capital próprio:
o É o interesse residual nos ativos da entidade;
o Depois de deduzir todos os seus passivos.

➔ Demonstração dos resultados por Naturezas:


• Rendimentos: aumentos nos benefícios económicos
durante o período contabilístico na forma de influxos
ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos que
resultem em aumentos no capital próprio. Estes
podem ser réditos ou ganhos.
• Gastos: diminuições período contabilístico nos benefícios económicos
durante o na forma de exfluxos ou deperecimentos/diminuição de ativos ou na
incorrência/aumento de passivos que resultem em diminuições do capital próprio. Estes
podem ser gatos ou perdas.

➔ Demonstração dos fluxos de caixa:


• Elabora de acordo com uma base de caixa e não com o pressuposto do acréscimo;
• Utiliza a ótica de tesouraria, isto é, trata os pagamentos e os recebimentos de uma entidade
ocorridos num determinado período;
• Respeita aos fluxos monetários imediatos de entrada e de saída de uma entidade, em certo
período temporal, classificados pelas seguintes atividades: Operacionais; De investimento; De
financiamento.

➔ Demonstração das alterações no capital próprio:


• Visa explicar as variações nos elementos do capital próprio (composição e quantia);
• A alteração global do capital próprio representa a quantia total dos rendimentos e gastos,
incluindo ganhos e perdas, gerada pelas atividades da entidade durante esse período;
• Esta DF é de elaboração obrigatória para as entidades que aplicam as NCRF (modelo geral) do
SNC, encontrando-se dispensadas as entidades que aplicam a NCRF-PE (Pequenas Entidades)
e a NCM (Microentidades).

➔ Anexo: Visa, prestar informações (adicional e complementar) que se destinam a desenvolver e


comentar quantias incluídas nas DF e a divulgar factos ou situações que são úteis para o leitor das
contas.

Critérios de mensuração dos elementos das DF:


• Custo histórico:
o Ativos: registados pela quantia paga ou pelo justo valor da retribuição dada para os adquirir
no momento da sua aquisição;
o Passivos: registados pela quantia de proventos recebidos em troca da obrigação.
• Custo corrente:
o Ativo: Quantia de dinheiro que teria de ser paga se o ativo fosse correntemente adquirido;
o Passivo: registados pela quantia não descontada de caixa, ou equivalentes de caixa, que
será necessária para liquidar correntemente a obrigação.
• Valor realizável:
o Ativo: registados pela quantia de caixa, ou equivalentes de caixa, que possa ser
correntemente obtida ao vender o ativo numa alienação ordenada;
o Passivo: escriturados pelos seus valores de liquidação (quantias não descontadas).
• Valor presente:
o Ativos/Passivos: escriturados pelo valor presente descontado dos futuros influxos líquidos
de caixa.
• Justo valor: quantia pela qual um ativo poderia ser trocado ou um passivo liquidado.

Prestação de contas: O órgão de gestão é o responsável pela elaboração das contas (DF) e pela elaboração
do relatório da gestão, este deve apresentar uma exposição clara e fiel da evolução dos negócios da
entidade, do seu desempenho e da sua posição financeira.

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