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FACULDADES INTEGRADAS SANTA CRUZ DE CURITIBA

Mantenedora: UNIÃO PARANAENSE DE ENSINO E CULTURA – UNIPEC

Disciplina
Contabilidade Avançada

Unidade III: DFC – Demonstração de


Fluxo de Caixa

Professora Rafaela da Rocha


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INTRODUÇÃO

O Demonstrativo do Fluxo de Caixa é um relatório contábil que indica as entradas e


saídas de dinheiro em caixa. Esses registros possibilitam ao gestor tomar decisões
pertinentes às áreas: Operacionais, de Investimentos e de Financiamentos.

CONCEITOS E APRESENTAÇÃO DO DFC


O demonstrativo do fluxo de caixa, conhecido como DFC, foi estabelecido e tornando
obrigatório com o advento da lei nº 11.638/2007, pois antes sua publicação era de caráter
facultativo. A lei que a disciplina está contida no artigo 188 da lei nº 6.404/1976:
“Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei
indicarão, no mínimo:
I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no
saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no
mínimo, 3 (três) fluxos: a) das operações; b) dos financiamentos; e c) dos
investimentos;
Sua obrigatoriedade foi impelida a partir do ano calendário de 2008, e com algumas
ressalvas para empresas de capital fechado, a lei diz que somente se tornaria obrigatório
para estas empresas, ao qual na data do balanço, o valor do patrimônio líquido tenha sido
superior a 2 milhões de reais.
“Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que
deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações
ocorridas no exercício:
(...) IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (...) § 6º A companhia fechada com
patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de
reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de
caixa. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)”

CONCEITO DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA


O caixa representa todo e qualquer valor em numerários e depósitos bancários.
Representa toda a entrada e saída de dinheiro em caixa da empresa. Equivalentes de caixa
representam aplicações financeiras de curto prazo, ao qual tenham uma liquidez imediata
e se revertam prontamente em dinheiro em caixa, e que representem baixo risco de
investimento.

Classificação das contas na demonstração de fluxo de caixa


Para demonstrar as movimentações ocorridas no caixa e equivalente de caixa, a
contabilidade segrega essas movimentações em grupos de atividade, em função da
natureza da transação que as originou. Dessa forma, tem-se:
• fluxo de caixa das atividades operacionais;
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• fluxo de caixa das atividades de investimento;


• fluxo de caixa das atividades de financiamento.
A evidenciação das movimentações segregadas nesses três tipos de atividades
proporciona aos usuários avaliar o impacto das atividades sob o ponto de vista financeiro e
patrimonial da organização, conforme apontam Borinelli e Pimentel (2017). Por esse motivo,
é essencial a adequada classificação das transações ocorridas no caixa e equivalente de
caixa, para dar clareza e transparência à DFC.
A soma do caixa gerado ou consumido em cada uma das atividades resulta na
variação total de caixa e equivalente de caixa do período, que deve refletir o balanço
patrimonial — isto é, a comparação entre o saldo inicial e final dos valores de caixa e
equivalente de caixa.

DIVULGAÇÃO DO DFC – FLUXOS POR ATIVIDADES


As empresas devem divulgar o demonstrativo do fluxo de caixa das atividades
operacionais, de investimentos e financiamentos, pois estes são seus enfoques.
Atividades operacionais
São aquelas principais atividades geradoras de receitas para as empresas, pois
derivam de vendas de mercadorias e ou prestação de serviços, e outras atividades que não
estejam no rol de atividades de investimentos e financiamentos.
Representa pagamentos e recebimentos derivados da geração de lucro das
operações da entidade. Em virtude disso, o fluxo de caixa das atividades operacionais está
relacionado diretamente às transações que ocorreram na DRE e no balanço patrimonial
(ativo circulante e passivo circulante). Os aumentos do fluxo de caixa das atividades
operacionais são provenientes das receitas e das movimentações ocorridas no ativo
circulante. As diminuições de caixa estão associadas às despesas e às movimentações no
passivo circulante.
De acordo com o CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010),
o valor referente ao fluxo de caixa de atividades operacionais é um indicador importante
para as companhias identificarem se possuem fluxo de caixa suficiente para amortizar
empréstimos, manter sua capacidade operacional, pagar dividendos e juros sobre capital
próprio e realizar novos investimentos sem a necessidade de obter financiamento com
fontes externas.
Com base no CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010), são
listados abaixo alguns exemplos de transações que aumentam o fluxo de caixa das
atividades operacionais:
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• venda de mercadorias ou prestação de serviços à vista;


• recebimento de clientes oriundos das vendas de mercadorias ou prestação de
serviços;
• recebimento decorrente de seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros
benefícios da apólice;
• recebimento decorrente de contratos mantidos para negociação imediata ou
disponíveis para venda futura;
• recebimento de royalties, honorários e comissões;
• recebimento de juros provenientes de empréstimos concedidos ou aplicações
financeiras;
• recebimento de dividendos e juros sobre capital próprio pela participação em outras
organizações.
Ainda com base no CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2010), são apresentados abaixo alguns exemplos de transações que diminuem o fluxo de
caixa das atividades operacionais:
• compra de serviços, matérias-primas ou mercadorias à vista;
• pagamentos diversos a fornecedores de mercadorias, matérias-primas e serviços;
• pagamento de salários e benefícios a empregados;
• pagamento de impostos e contribuições ao governo, exceto se forem identificados
como atividade de financiamento ou de investimento;
• adiantamento a fornecedores de mercadorias e serviços;
• pagamento de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para
venda futura;
• pagamento de juros dos financiamentos obtidos.

Atividades de financiamentos
São aquelas atividades que demonstram a origem dos recursos, e de foram os meios
para o financiamento destes. Pois evidenciam mudanças no capital próprio da empresa e
o seu grau de endividamento.
São movimentações que resultam em mudança no tamanho e na composição do
capital próprio e do capital de terceiros da organização (COMITÊ DE
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010). As operações nesse fluxo estão relacionadas
com as operações registradas no passivo não circulante e no patrimônio líquido. Dessa
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forma, a análise do fluxo de caixa das atividades de financiamento permite que a entidade
identifique o caixa necessário para manter o seu negócio a longo prazo.
Com base no CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010),
abaixo são listados alguns exemplos de transações que aumentam o fluxo de caixa das
atividades de financiamento:
• recebimento referente à emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais;
• recebimento de empréstimos adquiridos junto a instituições financeiras;
• integralização de capital em dinheiro por parte dos acionistas.
Ainda com base no CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2010), abaixo são apresentados alguns exemplos de transações que diminuem o fluxo de
caixa das atividades de financiamento:
• amortização de empréstimos e financiamentos;
• pagamento de juros sobre capital próprio e dividendos;
• aquisição a prazo de ativos imobilizado, intangível e de investimento.

Atividades de investimentos
São aquelas atividades que demonstram a aquisição e vendas de ativos de
investimentos a longo prazo, e que não tenham sido caracterizados como equivalentes de
caixa.
É composto por entradas e saídas de caixa relacionados com ativos realizáveis a
longo prazo, como investimento, imobilizado, intangível e ativos financeiros em instrumento
de capital e em instrumentos de dívida não classificados como equivalentes de caixa,
conforme leciona Almeida (2018). Dessa forma, pode-se dizer que são transações
realizadas com a finalidade de gerar lucro e fluxo de caixa futuro.
Com base no CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010),
abaixo são listados alguns exemplos de transações que aumentam o fluxo de caixa das
atividades de investimento:
• recebimento proveniente de venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de
longo prazo;
• recebimento por liquidação de adiantamento ou empréstimos realizados a terceiros,
exceto aqueles realizados por instituições financeiras.
Ainda com base no CPC 03 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2010), abaixo são apresentados alguns exemplos de transações que diminuem o fluxo de
caixa das atividades de investimento:
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• aquisição à vista de ativos imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo;


• adiantamentos de caixa e empréstimos realizados a terceiros, exceto aqueles
realizados por instituições financeiras;
• pagamento referente à aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de
dívidas de outras organizações e participações societárias em joint ventures, exceto
se o recebimento for referente a títulos considerados como equivalentes de caixa e
aqueles mantidos para negociação imediata ou futura;
• pagamento proveniente de contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto
quando os contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou
os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento.
Conforme mencionado anteriormente, as atividades são influenciadas por
transações ocorridas no balanço patrimonial. As atividades operacionais estão relacionadas
ao ativo circulante e ao passivo circulante. As atividades de investimento estão ligadas ao
ativo não circulante (realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e intangível), e as
atividades de financiamento são relacionadas ao passivo não circulante e ao patrimônio
líquido, conforme apresentado na Figura.

MÉTODOS DO DFC – DIRETO E INDIRETO


Existem dois métodos para elaboração da DFC: direto e indireto. No método direto, a
contabilidade utiliza as movimentações financeiras para demonstrar o caixa gerado ou
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consumido em determinado período. No método indireto, inicia-se a partir do lucro contábil,


que é então ajustado para evidenciar o efeito de caixa ocorrido. É importante ressaltar que
somente o fluxo de caixa das atividades operacionais é tratado de maneira diferente quando
há elaboração
O método direto consiste em divulgar os recebimentos e desembolsos “brutos”, numa
ordem sequencial de lançamentos, no qual segue um padrão simples e de fácil
visualização. São demonstradas as entradas e saídas brutas de dinheiro, evidenciando a
procedência do dinheiro e onde ele foi gasto. É um método de fácil compreensão e que não
exige conhecimentos contábeis específicos.
Os métodos indiretos consistem em divulgar os ajustes realizados nas contas de
lucros e prejuízos, através de transações que não mexam com o caixa, sobre diferimentos
(adiamento) de pagamentos ou recebimentos operacionais de períodos anteriores ou
futuros, e também de constas relacionadas com investimentos e financiamentos que
envolvam o fluxo de caixa.
Há reconciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações. Para isso,
deve-se ajustar o lucro líquido aos efeitos dos eventos que não afetaram o caixa do
exercício, como:
• mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas a pagar e a receber;
• itens que não impactam caixa, como depreciação, provisão, impostos diferidos,
variações cambiais não realizadas, resultado de equivalência patrimonial em
investimentos e participação de minoritários, quando existir;
• todos os outros itens cujos efeitos sobre o caixa sejam fluxos de caixa decorrentes
das atividades de investimento ou de financiamento.
Após a reconciliação, são analisadas as variações ocorridas nas contas do ativo
circulante e do passivo circulante. Dessa maneira, de acordo com Santos e Schmidt (2011),
é possível verificar o quanto do lucro líquido do exercício (aspecto econômico) efetivamente
gerou impacto no caixa (aspecto financeiro).
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Conteúdo Complementar.

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja Comitê de


Pronunciamentos Contábeis. Demonstração dos fluxos de caixa: DFC 03:
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2004.pdf

Exercícios

1. Você é o contador de uma média empresa que está em pleno processo de expansão.
O conselho gestor da empresa precisa ser orientado sobre uma potencial capacidade de
crescimento da organização. Apesar de não ser obrigatória a elaboração da DFC, você
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sugere que seja elaborada como ferramenta na tomada de decisões. No entanto, o


conselho solicita, antes de autorizar a elaboração da DFC, que você o oriente quanto a
características que contém uma DFC e porque seria útil neste momento de análise do
crescimento da empresa.
Você decide elaborar um roteiro de benefícios para o manuseio da DFC e disponibilizar
para a empresa. Descreva as características dos benefícios que podem ser entregues ao
conselho gestor da empresa.

2. Na elaboração da DFC, são consideradas somente transações que alteram caixa e


equivalente de caixa da entidade. Entretanto, podem acontecer operações que não os
afetam, ou seja, não aumentam nem diminuem o caixa e o equivalente de caixa. Entre as
alternativas a seguir, assinale aquela que contém transação que não impacta caixa e
equivalente de caixa:
a) Compra de matérias-primas à vista.
b) Aumento de capital social em dinheiro.
c) Recebimento de vendas à vista.
d) Depreciação.
e) Amortização de empréstimos junto às instituições financeiras.

3. Ao elaborar sua Demonstração dos Fluxos de Caixa, a NE S.A. apurou alguns saldos de
suas contas:
• Dinheiro em caixa: R$ 9.000,00
• Conta Corrente no Banco T: R$ 200.000,00
• Investimentos em Poupança: R$ 70.000,00
• Contas a Receber de Clientes, com vencimento em 7 dias: R$ 90.000,00
• CDB - Certificado de Depósito Bancário, com 30 dias de carência: R$ 500.000,00
• Contas a Receber de Clientes, com vencimento em 80 dias: R$ 400.000,00
• Fundos de Investimentos, com 5 anos de carência: R$ 8.000,00
Sendo assim, para efeitos da Demonstração dos Fluxos de Caixa, o total a ser apresentado
como Caixa e Equivalentes de Caixa, em reais, é de
A. 209.000,00
B. 779.000,00
C. 869.000,00
D. 1.269.000,00
E. 1.277.000,00
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4. Assinale a alternativa que apresenta a classificação correta das operações apresentadas


referente às atividades operacionais, de investimento e de financiamento presentes na
Demonstração dos Fluxos de Caixa.
1. Recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras
receitas.
2. Amortização de empréstimos e financiamentos.
3. Pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de
longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de
desenvolvimento ativados e aos ativos imobilizados de construção própria.
4. Adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos
e empréstimos feitos por instituição financeira).
5. Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços.
Assinale a alternativa correta.
A. 1 e 2 são atividades de financiamento.
B. 2 e 4 são atividades de financiamento.
C. 3 e 4 são atividades de investimento.
D. 1, 4 e 5 são atividades operacionais.
E. 2, 3 e 4 são atividades de investimento.

5. A empresa Vai na Fé S/A apresenta inicialmente os seguintes saldos contábeis:


Banco – 100.000
Duplicatas a receber – 80.000
Financiamentos – 80.000
Capital Social – 100.000
No decorrer do mês realizou as seguintes operações:
1) comprou 100.000 em mercadorias com ICMS de 20.000, sendo 50.000 a vista;
2) comprou um veículo por 40.000 a prazo;
3) obteve um empréstimo de 60.000;
4) recebeu 60.000 das duplicatas com juros de 10%;
5) apropriou o aluguel do mês de 10.000;
6) pagou os juros do financiamento de 8.000;
7) vendeu a vista o estoque por 200.000 com ICMS de 40.000;
8) emprestou 20.000 para receber a longo prazo;
9) comprou a vista um imóvel por 100.000;
10) aceitou um novo sócio com 100.000 em dinheiro;
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11) apropriou os salários do mês de 10.000.


Apresentar a DFC pelo método direto da entidade.
Obs.: para complementar a realização do exercício elaborar os lançamentos contábeis,
encerramento de balanço patrimonial e demonstração de resultado.

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