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de Direito
Sinflório, D.;
SST Estado Democrático de Direito / Débora Sinflório
Ano: 2020
nº de p.: 10 páginas
Apresentação
Nesta Unidade, iremos estudar os elementos que compõem o Estado Democrático
de Direito, que é a democracia ligada às questões do Direito. Na democracia em si é
importante destacar que a compreensão do conceito de democracia é crucial para
que seja possível entender as formas do regime democrático.
Formas de democracia
Democracia direta
O poder soberano e as questões políticas do Estado são exercidos pelo povo. Sobre
esse tema, convém ressaltar que é comum encontrar doutrinadores que defendam
a ação popular prevista na Constituição Federal brasileira de 1998, artigo 5ª, inciso
LXXIII (qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência), como instrumento de participação de democracia direta.
• De m o c ra c ia se m idire ta o u m ista :
o povo delega ou exerce parte do poder. Ainda sobre tal tipo de democracia,
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convém destacar que o povo dispõe de instrumentos democráticos, quais se
destacam:
• Re fe re ndo :
• Ve to po pula r:
• Re c a ll:
mediante voto popular, qualquer decisão judicial pode ser anulada. Adotada
nos Estados Unidos.
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Há participação do povo na democracia
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Convém destacar que, ao elaborarem a Constituição de 1988, os legisladores
somaram a expressão Democrático ao Estado de Direito outrora utilizado pelo país
em constituições anteriores. Segundo Miguel Reale (2005, p. 149):
[…] o Estado deve ter origem e finalidade de acordo com o Direito manifestado
livre e originariamente pelo próprio povo, excluída, por exemplo, a hipótese
de adesão a uma Constituição outorgada por uma autoridade qualquer,
civil ou militar, por mais que ela consagre os princípios democráticos.
Poder-se-á acrescentar que o adjetivo “Democrático” pode também
indicar o propósito de passar-se de um Estado de Direito, meramente
formal, a um Estado de Direito e de Justiça Social, isto é, instaurado
concretamente com base nos valores fundantes da comunidade. “Estado
Democrático de Direito”, nessa linha de pensamento, equivaleria, em
última análise, a “Estado de Direito e de Justiça Social”. A meu ver, esse é
o espírito da Constituição de 1988. Não concordo, por conseguinte, com
os juristas que consideram sinônimos os termos “Estado de Direito” e
“Estado Democrático de Direito”.
A busca pela felicidade que outrora estava associada à virtude e valores, bem como
à ética e à moral, na atualidade, tem sido associada à conquista de bens e prestígio,
na qual o homem, em grande parte, ao invés de buscar a felicidade, busca no
acúmulo de bens e na fama o sentido de ser feliz.
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Os critérios dentro do conceito
“democrático”
Um regime político pode ser chamado de “democrático” se satisfizer, de forma
substancial, três critérios básicos: inclusão, competitividade e institucionalização
de direitos civis e políticos fundamentais.
• A inc lusã o
• A c o m pe titivida de
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• Instituc io na liza ç ã o de dire ito s c ivis:
A qualidade de uma democracia pode flutuar ao longo dessas dimensões, que são
variações ordinais, pois são baixo condicionantes. Exemplo: se as autoridades
forem eleitas, se o sufrágio for universal, se as eleições forem competitivas, se a
oposição for permitida aos que exercem o poder, se os direitos civis e políticos
podem ser exercidos por todos ou apenas por elites, etc.
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Casos de políticos investigados com malas de dinheiro, gravações
comprometedoras, em diversos casos não foram suficientes para que determinados
políticos e empresários fossem presos, demonstrando a face da corrupção no país
e os entraves legais.
Fechamento
O art. 1º da Constituição Federal do Brasil apresenta como fundamento o Estado
Democrático de Direito, onde há união entre a igualdade do povo (democracia) e as
leis (direito). A democracia representa um governo do povo e para o povo, onde a lei
é a base desta.
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Referências
DIAS, R. Ciência Política. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
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Estado:
finalidade,
formas de estado
e formas de
governo
Codonho, Maria Leonor Paes Cavalcanti Ferreira
SST Estado: finalidade, formas de estado e formas de gover-
no / Maria Leonor Paes Cavalcanti Ferreira Codonho
Local: 2020
nº de p. : 14
Apresentação
Os Estados nacionais são um construção histórica e um fato consolidado na
atualidade. Ser cidadão de um Estado traz diversas vantagens relacionados a
direitos da personalidade, sociais e individuais. A existência dos Estados é um fato
tão consolidado em nossas vidas que raramente nos questionamos sobre ele.
Neste estudo, o tema abordado será o Estado. Primeiro, será analisada a sua
finalidade, isto é o porquê da existência dos Estados. Na segunda partes, o enfoque
será nas formas de Estado, estudo que se refere às suas possíveis estruturas. Por
fim, serão apresentadas o que são formas de governo e analisadas duas formas de
governo específicas.
Finalidade do estado
De acordo com Fuhrer e Milaré (2005), juridicamente falando, no plano externo o
Estado visa defender sua independência e o território nacional e, no âmbito interno,
manter a ordem pública, garantindo direitos e justiça.
Os autores sustentam que o Estado tem, também, como finalidade social promover
o bem público, cabendo-lhe usar de todos os meios para favorecer ao indivíduo uma
vida melhor.
Saúde pública
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Por exemplo, no Brasil, existe o Sistema Único de Saúde (SUS), que é uma política
pública voltada para atender a todos os cidadãos brasileiros. O mesmo ocorre com
a educação: a rede de escolas públicas deve garantir vagas e acesso a todos os
cidadãos brasileiros para que cursem a Educação Básica.
Curiosidade
Que outros serviços devem ser fornecidos pelo Estado, pois são
um direito do cidadão? Verifique se a lista que você fez constitui
uma finalidade do Estado, como cumpridor do seu dever social.
Formas de estado
Quando falamos nas formas de Estado, nos referimos à sua estrutura. Enquanto
alguns Estados apresentam-se como um todo homogêneo, com uma soberania
absolutamente indivisa, outros surgem como um conjunto de outros Estados,
fracionando, de certa maneira, soberania. Assim, segundo Fuhrer e Milaré (2005), o
Estado é dividido em forma unitária e forma composta.
Forma unitária
O Estado unitário ou simples é formado por uma unidade indivisível e soberana.
Esta soberania é exercida em dois âmbitos: frente ao povo e em relação aos outros
Estados constituídos.
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Inglaterra como um exemplo de Estado unitário
Gusmão (1997) assinala que o Estado simples é aquele que, em regra, tem governo
unitário, exercido em todo o seu território. Vale lembrar que, nesta forma, existe
somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Judiciário, todos
centrais, com sede na capital.
Fuhrer e Milaré (2005) destacam que nesse caso, todas as autoridades executivas
ou judiciárias que existem no território são delegações do Poder Central, tirando
dele sua força. São exemplos de Estados que adotam essa forma unitária: Espanha,
França, Itália e Portugal.
Forma composta
O Estado composto surge quando dois ou mais Estados decidem se unir por
algum motivo específico, como ocorreu quando Portugal e Espanha uniram-se pelo
casamento realizado entre seus reis (Reino Unido de Castela e Aragão).
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Fe de ra ç ã o :
Co nfe de ra ç ã o :
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Fonte: Plataforma Deduca (2020)
Formas de Estado
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Formas de governo
É importante distinguir as formas de Estado e as formas de governo. Segundo
Martins (2010), as formas de governo são a monarquia e a república.
Monarquia
Na monarquia, quem governa e faz as leis é o soberano. Ele tem o poder supremo e
vitalício. O trono é hereditário, ou seja, passado de pai para filho.
Poder soberano
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Na monarquia limitada o exercício do poder é feito por elementos aristocráticos e
democráticos. A aristocracia é o governo de poucos, geralmente dos nobres e dos
mais ricos.
A monarquia constitucional é aquela que ocorre quando o rei governa, mas sujeita-se
às limitações previstas constitucionalmente.
República
Segundo Martins (2010), a república é uma forma democrática de governo, exercida
pelo povo, em seu benefício, por meio de voto. Na república os mandatos políticos
são temporários e não há sucessão hereditária.
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pluralidade de opções para reger as regras da convivência social, em que atuam as
instituições de direito público e privado.
Fechamento
Estudamos sobre alguns dos principais aspectos dos Estados. Como visto, além
de serem formas de organização social complexas, os Estados cumprem funções
e finalidade específicas como promover o bem comum, ser forte e garantir direitos
sociais relacionados à saúde, educação etc.
Neste estudo, foi possível reconhecer que os Estados podem assumir formatos
distintos, apesar de suas finalidades serem as mesmas. As classificações podem
levar em conta tanto as estruturas como as formas de governo.
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Referências
FUHRER, M. C. A.; MILARÉ, É. Manual de Direito Público e Privado. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005.
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História do Direito
Fernandes, Raquel
SST História do direito I / Raquel Fernandes
Local: 2020
nº de p. : 11
Apresentação
Iniciamos nosso estudo com um desafio permanente: a definição de Direito. Trata-
se de uma dificuldade, pois, como será possível observarmos nesta unidade,
percepções e costumes humanos são subjetivos, ou seja, são oriundos de
sociedades e pensamentos próprios. E, para que seja possível entendermos o Direito,
será necessário conhecermos a sua história, uma vez que ela é a manifestação de
relações sociais, ideologias e valores, que o integram.
Pode-se dizer que o Direito é reflexo das relações sociais existentes em determinada
sociedade e sempre esteve relacionado com o poder e com o domínio, conforme
estudaremos a seguir.
Assim, nas sociedades pré-modernas (China, Índia, Grécia e Roma), a estrutura social
fez com que o Direito fosse um instrumento de dominação direta, ou seja, o dono
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da terra e os negociadores em mercados eram os detentores do domínio e a eles
cabia exercer o direito. O comerciante não precisava ter relações de parentesco com
organizações familiares ou de clãs para poder negociar no mercado.
O Direito, então, passa a regular os comportamentos sociais, o que faz com que
surjam formas de jurisdição, como juízes, tribunais, advogados, réu, autor etc. Assim,
os comportamentos também são jurídicos, acarretando o aparecimento dos juristas,
os quais são especializados em entender os comportamentos de uma sociedade e
perceber se são adequados ou não.
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O Direito Romano merece destaque em nosso estudo, uma vez que os
desenvolvimentos que aconteceram no Direito, no período romano, exercem forte
influência nos dias de hoje. Ele apresenta um conjunto de princípios e lei utilizados
por Roma e seus domínios. Vamos conhecer mais a respeito na sequência.
O Direito Romano foi aplicado desde a fundação da cidade de Roma, em 753 a.C., até
a morte do imperador Justiniano, em 565 d.C. O sistema jurídico romano constituiu
um dos mais importantes do mundo e até hoje exerce influência em diversas
culturas.
• Período Régio: vai desde a fundação da Cidade de Roma até a República. Nes-
se período, o Direito era baseado nos costumes (chamados de mores);
• Período Republicano: vai desde 510 a.C. até o período imperial com Augusto,
em 27 a.C. No período de Augusto, prevalecia o Direito Sagrado, religioso e a
boa-fé. Esse Direito era comum a todos os povos do Mediterrâneo;
• Período do Principado: é conhecido como o período do Direito Clássico, que
vai do reinado de Augusto até o imperador Diocleciano. Nesse período, há
forte participação dos jurisconsultos, que é como os juristas dos dias de hoje.
Surge a administração da justiça de aplicação particular do imperador;
• Período da Monarquia Absoluta: acontece após o imperador Diocleciano e vai
até a morte do imperador Justiniano. Nesse período, surge o Direito Pós-clás-
sico, o qual é marcado pela ausência de grandes jurisconsultos e pela adapta-
ção das leis à nova religião predominante, o Cristianismo. Ocorre a formação
do Direito Moderno.
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Diante desse contexto histórico, é possível identificar que o Direito está em
movimento com os costumes de uma sociedade e, por isso, não é linear, já que estão
em constante modificação. É por esse motivo que se afirma que o Direito faz parte
da sociologia, da filosofia, da antropologia, da política etc.
C urio sida de
A Declaração Universal do Direitos Humanos traz a ideia de que,
por meio do ensino e da educação, é possível promover o respeito
aos direitos e às liberdades.
Direito contemporâneo
É importante reforçar que o Direito está em constante transformação, além de ser
resultado de fatos históricos. Na atualidade, ele assume a função de regulamentar
as relações sociais e mercantis por meio de um conjunto de regras que nasceram
dos costumes e das organizações sociais de determinada sociedade.
Existem muitas discussões entre juristas sobre ele ser jusnaturalista ou positivista. A
teoria jusnaturalista traz a ideia de que os direitos são inerentes aos seres humanos,
são “direitos naturais”, e não criações de legisladores, tribunais ou juristas. Assim,
direitos não poderiam deixar de existir, uma vez que são universais, imutáveis e
invioláveis. Já a teoria positivista traz a ideia de que os direitos são decorrentes
de ordens normativas, ou seja, são somente aqueles expressos na legislação de
determinada sociedade; normas emanadas pelo Estado. A esse respeito, o Brasil
adotou a corrente da teoria positivista.
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Teoria positivista: Direito decorrente de normas emanadas pelo Estado
Conceitos importantes
Afinal, o que é Direito? Analisando a sua história, percebemos que ele nos protege
do poder arbitrário, proporciona oportunidades iguais e ampara os vulneráveis.
Entretanto, se usado de maneira prejudicial e sem levar em consideração os diversos
contextos existentes em uma sociedade, pode ser instrumento de manipulação que
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frustra as expectativas dos vulneráveis e, por conta de sua complexidade muito
requintada e burocrática, torna-se acessível somente a uma pequena camada da
sociedade.
• O Direito é ciência?
Essa é uma das perguntas que mais causa debate entre os juristas. Nesse
aspecto, é comum ouvir os profissionais dessa área dizendo que as atividades que
desenvolvem são ciência do Direito.
O grande debate que existe sobre ele ser ou não uma ciência envolve o pensamento
de que, se é considerado ciência, torna-se empobrecido, uma vez que será visto
como uma estrutura mecânica, estagnada e vazia.
Sobre a ciência do Direito, há a ideia de que um discurso pode ser construído como
uma forma de dominação da ideologia jurídica, uma vez que poderá ser um discurso
conectado e inteligente. Porém, esse pensamento leva o jurista para um Direito
reduzido; para uma pequena parcela do que ele é.
Nesse sentido, Hans Kelsen, por exemplo, apontou que a norma jurídica, advinda do
Estado, é o que constitui o Direito e deve ser analisada por uma ciência do Direito.
Aqui, o pensamento seria de que não se deve fazer juízo de valor sobre as normas
serem boas ou ruins, pois essa ciência se resumiria somente em estudar essas
normas. Você percebe que esse pensamento não faz sentido diante do que estamos
vendo até agora sobre o Direito?
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Dialética
Existe outra discussão acerca da característica do Direito sobre o fato dele ser
dogmático ou zetético. Quando o seu enfoque é dogmático, há o entendimento de
que as situações devem ser de determinada maneira, sem muitas chances para
discussões, sendo diretivo, ligado a conceitos fixos. Nesse caso, ele se preocupa
em possibilitar uma decisão e orientar uma ação. Já quando o enfoque é zetético,
entende-se que determinada situação será questionada, havendo especulação e,
assim, indo na direção de entender o que é aquela situação, aquele ser ou aquela
coisa.
Nesse aspecto, vale conhecer o exemplo que Ferraz Júnior traz em seu livro
Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação.
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Seu questionamento é, pois, finito. Assim, enquanto a Filosofia se revela
como um saber especulativo, sem compromissos imediatos com a ação,
o mesmo não acontece com a Teologia, que tem de estar voltada para a
orientação da ação nos problemas humanos em relação a Deus. (FERRAZ
JÚNIOR, 2016, p. 20)
Fechamento
Como foi possível observarmos nesta unidade, a definição de Direito não é tão
simples e a sua história pode ser importante para se conseguir apreender o seu
conceito. Um dos primeiros passos para a sua compreensão é analisar o seu
desenvolvimento histórico, no seu acontecer desde as sociedades da antiguidade.
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Referência
FERRAZ JUNIOR, T. S. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação.
8. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
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Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
Controle de Constitucionalidade
DISCIPLINA
Elementos de Teoria do Estado e
de Jurisdição Constitucional
CONTEÚDO
Controle Concentrado de
Constitucionalidade www.cenes.com.br | 1
Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
Controle de Constitucionalidade
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Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
Controle de Constitucionalidade
Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Controle de Constitucionalidade ---------------------------------------------------------------------- 4
1.1 Origem do controle concentrado de constitucionalidade ---------------------------------------------------- 4
2 Controle concentrado de constitucionalidade no Brasil ---------------------------------------- 5
3 Ações específicas do controle judicial abstrato --------------------------------------------------- 8
3.1 Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ----------------------------------------------------------------------- 8
3.1.1 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
3.1.2 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12
3.2 Ação de inconstitucionalidade por omissão (ADO) ----------------------------------------------------------- 14
3.2.1 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
3.2.2 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
3.3 Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) -------------------------------------------------------------- 17
3.3.1 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18
3.3.2 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18
3.4 Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)------------------------------------------ 19
3.4.1 Pressupostos gerais de cabimento ------------------------------------------------------------------------------------------- 20
3.4.2 Legitimados ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22
3.4.3 Efeitos da decisão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22
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Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
Controle de Constitucionalidade
1 Controle de Constitucionalidade
A doutrina tem como marco histórico do controle de constitucionalidade o
precedente Marbury v. Madison, que, em 1803, deu origem ao que conhecemos hoje
como controle difuso de constitucionalidade. Nesse controle, também conhecido
como modelo americano, “a fiscalização constitucional é realizada por todos os órgãos
judiciais do ordenamento, sendo mais preciso denominá-lo universal”. Assim, no
modelo difuso, o controle de constitucionalidade pode ser realizado por todos os
órgãos do poder judiciário, mas claro, cada um dentro de suas competências
(DIMOULIS e LUNARDI, 2016).
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No entanto, esse pensamento não perdurou por muito tempo. Em 1933 a Corte foi
dissolvida em virtude do Decreto Presidencial nº 191, após a implementação de uma
ditadura do Poder Executivo que posteriormente culminaria na junção da Áustria à
Alemanha, que já estava sob o poder dos nazistas. Porém, conforme destacam Gilmar
Mendes e Paulo Branco (2021), “terminado o conflito, a revelação dos horrores do
totalitarismo reacendeu o ímpeto pela busca de soluções de preservação da dignidade
humana, contra os abusos dos poderes estatais”.
Assim, após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Corte foi novamente
instituída, agora com uma significativa ampliação no rol de legitimados para requerer
a realização do controle de constitucionalidade, pois, depois de todas as atrocidades
vivenciadas na época, percebeu-se que era necessária a existência de um instrumento
capaz de zelar pelas normas constitucionais. Rapidamente, o modelo de justiça
constitucional idealizado inicialmente por Kelsen se espalhou pela Europa, juntamente
com o processo de democratização dos países.
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Neste sentido, destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016) que “por mais que
se procure, na Europa não será encontrado Tribunal com as competências e os ritos
processuais do STF ou do Tribunal Constitucional da Bolívia, que são resultados
peculiares de uma experiência histórica diversa da europeia”. Isto é, ao mesmo tempo
que os Tribunais Superiores, no caso do Brasil o STF, decidem de forma concentrada
sobre a constitucionalidade das normas, os tribunais de instâncias inferiores atuam no
controle de constitucionalidade de forma difusa.
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Além disso, considerando que esse modelo se vale de ações específicas propostas
diretamente no Supremo, a via de ação é a principal. Isto é, a demanda se inicia com
a indagação sobre a constitucionalidade da norma ou do ato e se encerra com uma
sentença reconhecendo a procedência ou não do pedido realizado na inicial. No
entanto, ainda é possível, em caráter excepcional, que o controle seja realizado de
forma incidental, quando no decorrer do processo comum, a parte ou o julgador, de
ofício, questionam a constitucionalidade da lei ou do ato antes da sentença.
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deveria ser aplicada para responder a demanda principal. Assim, podemos ter uma
declaração incidental de inconstitucionalidade no controle principal e abstrato”.
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Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
Desta forma, se houver uma violação de lei federal em relação à Constituição Federal,
a competência para processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade será do
Supremo Tribunal Federal, afinal cabe a ele zelar pelos princípios constitucionalmente
estabelecidos, nos termos do art. 102, inciso I, alínea “a” da CF. Da mesma forma que
será de competência do STF se uma lei estadual violar a norma maior. No entanto, a
competência será alterada e passa ao Tribunal de Justiça caso a violação da norma
seja com relação à Constituição do Estado ou do Município, uma vez que cada Estado
tem a obrigação de zelar pelos princípios constitucionalmente estabelecidos em seus
respectivos territórios.
Além disso, é possível que uma norma contrarie, ao mesmo tempo, preceitos
estabelecidos na Constituição Estadual e na Constituição Federal, já que a primeira
reproduz muitos aspectos apresentados na segunda. Assim, em face de uma violação
estadual e federal, destaca Flávio Martins (2019), a competência será de ambos, de
modo que será cabível tanto uma ADI no Tribunal de Justiça do estado que teve sua
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Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
(ADI 1423 MC, Relator(a): MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/1996, DJ 22-11-
1996 PP-45684 EMENT VOL-01851-01 PP-00120)
Outro ponto interessante é com relação à norma municipal que viole os preceitos
estabelecidos na Constituição Federal, pois neste caso não cabe ADI estadual ou
federal, afinal não cabe ao Tribunal de Justiça analisar violações à Constituição Federal,
exceto quando a norma violar de forma simultânea as Constituições Estadual e
Federal, e o Supremo Tribunal Federal, que seria o responsável, é vedado por expressa
previsão do art. 102, I, “a”, o qual prevê a competência para decidir somente sobre lei
federal ou estadual. Assim, além do controle difuso, no qual a inconstitucionalidade
da norma poderá ser suscitada perante qualquer juiz ou tribunal, resta ao legitimado,
no controle concentrado, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(art. 102, I, “a”, segunda parte).
Ainda, no caso do Distrito Federal, considerando que ele possui atribuições Estaduais
e Municipais, existem algumas particularidades quanto ao controle de
constitucionalidade realizado em suas normas. A Lei Orgânica do DF, por força do art.
32 da CF, equipara-se à Constituição Estadual, portanto se houver uma violação de lei
distrital, caberá contra ela ADI, direcionada ao Tribunal de Justiça do DF. Agora, se a
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lei distrital violar o texto da Constituição Federal, a competência para julgar dependerá
da natureza da norma, pois o DF possui tanto a competência municipal quanto a
competência estadual. Assim, diante de uma violação constitucional de norma distrital
cuja competência seja municipal, caberá ADPF, uma vez que o tratamento será o
mesmo dado às leis municipais. Já se a violação decorrer de uma norma distrital cuja
competência seja estadual, caberá ADI direcionada ao STF, nos termos do art. 102, I,
“a” da CF.
3.1.1 Legitimados
→ LEGITIMADOS UNIVERSAIS
Presidente da República;
Mesa do Senado e da Câmara dos Deputados;
Procurador Geral da República;
Conselho Federal da OAB;
Partido Político com representação no Congresso Nacional.
→ LEGITIMADOS ESPECIAIS
Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
Governadores dos Estados ou do DF;
Confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
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No mesmo sentido, Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016) afirmam que o efeito erga
omnes é característico do controle concentrado, “elaborado para que a declaração de
inconstitucionalidade apresente efeitos gerais. A norma é anulada ou declarada ab
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Por outro lado, com relação ao alcance temporal dos efeitos da decisão, em regra
podemos classificar como ex tunc, pois quando determinada norma é declarada
inconstitucional a decisão afeta sua validade, tornando-a nula desde o seu
nascimento. Conforme destacam Dimitri Dimoulis e Soraya Lunard (2016), “no Brasil,
tradicionalmente a decisão sobre a inconstitucionalidade é considerada declaratória,
consistindo na verificação e proclamação de um vício que existia desde o início. Em
decorrência disso, proclama-se que o fato ou ato jurídico objeto do controle ‘nunca
existiu’ de iure, tendo a declaração efeito retroativo (ex tunc)”.
De acordo com Flávio Martins (2016), “várias são as hipóteses: a) em regra, os efeitos
da decisão são retroativos (retroagindo até o nascimento da lei – efeito ex tunc); b) o
STF pode determinar que sua decisão retroaja apenas por um período posterior a
edição da lei – alguns meses, alguns anos etc.; c) o STF pode determinar que sua
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A ação de inconstitucionalidade por omissão (ADO) é uma das novidades trazidas pela
Constituição Federal de 1988. Prevista no § 2º do art. 103, a ADO tem o condão de
atacar as normas e atos que se mantêm omissos em face das normas constitucionais.
No entanto, é importante destacar, logo de início, que a ação não pode ser oposta a
qualquer tipo de omissão legislativa, já que este fenômeno pode ocorrer de formas
distintas, de modo que um deles é atacável por ADO, e o outro, por mandado de
injunção, o qual será suscitado sempre que a falta de norma regulamentadora tornar
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (art. 5º, LXXI, CF).
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Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
Desta forma, segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2017) “a ADO tem como
objeto a chamada omissão inconstitucional, que ocorre quando uma norma
constitucional deixa de ser efetivamente aplicada pela falta de atuação normativa dos
órgãos dos poderes constituídos”. No entanto, de acordo com os autores, dentre os
diversos tipos de omissões, “na ADO só poderão ser impugnadas omissões normativas
federais e estaduais, bem como as omissões do Distrito Federal concernentes a suas
competências estaduais. As omissões de órgãos municipais (e do Distrito Federal,
relativas as suas atribuições municipais) não se sujeitam a impugnação em ADO
perante o Supremo Tribunal Federal”.
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3.2.1 Legitimados
Assim como na ADI, são legitimados para propor ação de inconstitucionalidade por
omissão todas as autoridades previstas no art. 103 da Constituição Federal e no art.
12-A da Lei 9.868/99.
→ Presidente da República;
→ Mesa do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados;
→ Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
→ Governador de Estado ou do DF;
→ Procurador-Geral da República;
→ Conselho Federal da OAB;
→ Partido político com representação no Congresso Nacional;
→ Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Além disso, tal como na ADI, a doutrina entende necessária para os legitimados
especiais a satisfação do requisito da pertinência temática, ou seja, para que eles
possam ingressar com a demanda em juízo é necessário demonstrar a existência de
nexo entre o objeto da ADO, as finalidades e o âmbito de atuação da entidade.
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Elementos de Teoria do Estado e de Jurisdição Constitucional |
A ADC tem por objetivo “abreviar o tempo – que em muitos casos pode ser longo –
para obtenção de uma pronúncia do STF sobre a constitucionalidade de certo ato, que
esteja originando dissenso nos juízos inferiores, consubstanciando um verdadeiro
atalho para encerrar a controvérsia sobre a sua legitimidade” (PAULO e
ALEXANDRINO, 2017). A decisão do STF manifestada em sede de ADC tem o condão
de tornar a presunção relativa de constitucionalidade – presente em toda norma ou
ato legal – em presunção absoluta de constitucionalidade.
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3.3.1 Legitimados
No entanto, como a ADI e a ADC, como diz Flávio Martins (2019), “são dois lados de
uma mesma moeda”, e por conta do caráter dúplice que representam, não faria o
menor sentido uma delas ter o rol de legitimados restrito com relação a outra. Assim,
com a reforma do judiciário, promovida por meio da EC 45/2004, alterou-se a redação
do art. 103 da Constituição Federal, equiparando o rol de legitimados para as duas
ações e revogando o § 4º onde era feito a distinção. Portanto, a partir de 2004, todos
os legitimados para propor uma ADI podem ingressar com uma ADC, inclusive no que
diz respeito ao critério da pertinência temática para os legitimados especiais.
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Portanto, assim como ocorre na ADI, a decisão manifestada em sede de ADC possui
efeito vinculante e atingirá a todos (efeito erga omnes). “Isso porque a Ação
Declaratória de Constitucionalidade consiste num controle abstrato de
constitucionalidade, num processo objetivo, sem que haja réus, por exemplo. Assim,
depois de uma análise abstrata da constitucionalidade da lei, a decisão do Supremo
Tribunal Federal produzirá efeitos contra todos (erga omnes)”.
Além disso, com relação aos efeitos temporais da decisão, este será ex tunc, ou seja,
com eficácia retroativa, uma vez que as leis já nascem com uma presunção relativa de
constitucionalidade e a decisão definitiva manifestada em sede de ação declaratória
de constitucionalidade só vem para confirmar esse pensamento, tornando a
presunção relativa absoluta.
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Assim, Luís Roberto Barroso (2016) define que, “além do pressuposto geral da
inexistência de qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade (o que lhe dá um
caráter de subsidiariedade), exige-se (i) a ameaça ou violação a preceito fundamental
e (ii) um ato estatal ou equiparável capaz de provocá-la. Trata-se, inequivocamente,
de uma ação, análoga às ações diretas já instituídas na Constituição, por via da qual
se suscita a jurisdição constitucional abstrata e concentrada do Supremo Tribunal
Federal”.
Por outro lado, a ADPF incidental, definida no art. 1º, parágrafo único e inciso I da Lei,
tem como objeto “lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluindo os
anteriores à CF 1988”, ou seja, todos objetos das outras ações de controle abstrato de
constitucionalidade estudadas anteriormente. Por isso muito se questiona na doutrina
a constitucionalidade da ADPF incidental, especialmente sobre dois aspectos, primeiro
porque a lei ampliaria de forma indevida as hipóteses de cabimento da ADPF e,
segundo porque, em tese, a Lei 9.882 contraria as dispões Constitucionais a respeito
do descumprimento de norma municipal ou promulgada antes da entrada em vigor
da CF/88. Contudo, esse tema ainda é muito sensível e não existe nada concreto, pois
aguardamos.
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Além disso, o ajuizamento da ação presume que exista uma considerável relevância
de controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo. Nas palavras de Luís
Roberto Barroso (2016), esse critério torna-se relevante por dois motivos em especial,
em primeiro lugar, porque a relevância da controvérsia “presta-se a justificar o
afastamento da competência dos demais órgãos jurisdicionais e a transferência da
discussão para o STF”, e, em segundo lugar, porque, ao apreciar a relevância da
controvérsia constitucional, “sugere que o STF deve restringir sua atuação aos casos
em que estejam em jogo questões relacionadas, por exemplo, ao núcleo dos direitos
fundamentais, à estrutura essencial do Estado, e com grande repercussão social. Essa
é a vocação de uma ação destinada a tutelar os preceitos fundamentais da
Constituição”. Portanto, o grande objetivo por trás dos pressupostos gerais de
cabimento da ADPF é direcionar a atuação dos órgãos de cúpula do Poder Judiciário
nos casos de maior relevância, tanto para que eles tenham uma análise específica do
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Tribunal quanto para que as decisões manifestadas em sede das ações do controle
abstrato de constitucionalidade tenham maior repercussão social.
3.4.2 Legitimados
Dispõe o inciso I do art. 2º da Lei 9.882/99 que são legitimados para propor arguição
de descumprimento de preceito fundamental os mesmos da ação direta de
inconstitucionalidade. Portanto, assim como as demais ações abstratas de
constitucionalidade, são legitimados para propor ADPF aqueles dispostos no rol do
art. 103 da Constituição Federal.
→ Presidente da República;
→ Mesa do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados;
→ Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF;
→ Governador de Estado ou do DF;
→ Procurador-Geral da República;
→ Conselho Federal da OAB;
→ Partido político com representação no Congresso Nacional;
→ Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Além disso, tal como na ADI, a doutrina entende necessária para os legitimados
especiais a satisfação do requisito da pertinência temática, ou seja, para que eles
possam ingressar com a demanda em juízo é necessário demonstrar a existência de
nexo entre o objeto da ADO, as finalidades e o âmbito de atuação da entidade.
A decisão manifestada em sede de ADPF será proferida por maioria dos membros do
STF – 6 Ministros –, embora tenham que estar presentes na seção de julgamento, ao
menos, 8 Ministros. Além disso, com relação aos efeitos pessoais da decisão, esta
possui efeito contra todos (erga omnes) e vinculará os demais órgãos do Poder
Judiciário, nos termos do art. 10, § 3º, da Lei 9.882/99.
Por fim, no que diz respeito aos efeitos temporais da decisão, em regra, serão
retroativos, especialmente quando o Supremo Tribunal Federal declarar a
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Referências Bibliográficas
4 Referências Bibliográficas
BAHIA, Flavia. Direito Constitucional. 3 ed. Recife: Armador, 2017.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33 ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas,
2017.
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Curso de direito constitucional. 3 ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2019.
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Referências Bibliográficas
ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição Constitucional. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
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Referências Bibliográficas
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Controle difuso de
constitucionalidade
no Brasil
Azevedo, Simone
SST Controle difuso de constitucionalidade no Brasil / Simone
Azevedo
Ano: 2020
nº de p.: 13
Apresentação
Em nosso ordenamento constitucional, há duas maneiras de se realizar o controle
da constitucionalidade de uma lei: antes da entrada em vigor ou depois da entrada
em vigor. Na fase de elaboração da norma, ou seja, antes da entrada em vigor, é
possível o controle preventivamente, e este é realizado pelo Congresso Nacional
no Legislativo, pelo presidente da República no Executivo e pelo Supremo Tribunal
Federal no Judiciário.
3
2. Co nc e ntra do - princ ipa l:
4
A força da Constituição Federal e a sua rigidez para manutenção da superioridade
Poderá ser feito esse controle preventivo pelo Poder Judiciário em caráter
excepcional, quando for impetrado um mandado de segurança por parlamentar
em face da não observância do devido processo legislativo constitucional. A
legitimidade para impetrar esse remédio constitucional é apenas de membros do
órgão parlamentar perante o qual esteja em curso o projeto de lei ou a proposta de
emenda. Trata-se, portanto, de um controle concreto de uma suposta violação de
um direito.
É possível, ainda, a rejeição de projeto de lei pelo presidente da República por meio
de veto que o considere, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao
interesse público.
Ate nç ã o
Neste tópico, interessa-nos o chamado controle difuso, que é o
exercido por vários órgãos judiciais, podendo ser realizado por
qualquer juiz ou tribunal, em conformidade com as suas regras de
competência.
5
Inspirado no controle jurisdicional estadunidense, o controle difuso pode ser feito
em qualquer processo que tramite perante o judiciário, seja cível ou penal, qualquer
que seja a sua natureza, seja o sujeito ente público ou não.
Sa iba ma is
A lei ou o ato normativo declarado inconstucional em
relação àquelas partes permanece em vigor e produzindo
efeitos em relação a outras situações e pessoas, a menos que
busquem obter igual pronunciamento pela jurisdição
constitucional. Assim, o juiz singular poderá declarar a
inconstitucionalidade de uma norma, incidentalmente, sem
atingir a vigência da norma que continua a produzir efeitos,
normalmente, no sistema.
Apesar de ser essa a regra quanto aos efeitos do controle difuso, esse sistema
tem passado por mudanças importantes no ordenamento jurídico brasileiro. Para
alguns doutrinadores, houve uma mutação das regras constitucionais a partir de
uma transformação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto ao
entendimento dos efeitos daquele controle, especialmente quanto à
interpretação do art. 52, inciso X da CF/88.
6
Supremo Tribunal Federal. Há posicionamentos doutrinários que em face dessa
disposição constitucional, entendem que as decisões em sede de controle difuso
não teriam efeito erga omnes e vinculante, posto que o referido artigo seria um
entrave para a adoção do sistema de precedentes vinculantes em sede de controle
difuso de constitucionalidade.
Cita ç ã o
Essa competência do Senado, todavia, se foi necessária nos idos
de 1934, e talvez até à década de 80, não revela hoje utilidade, em
face do novel sistema jurídico desenhado pela vigente Constituição
da República. De feito, num sistema em que se adota um controle
concentrado-principal, e as decisões de inconstitucionalidade
operam efeitos erga omnes e vinculantes, a participação do
Senado para conferir eficácia geral às decisões do Supremo
Tribunal Federal, prolatadas em sede de controle incidental,
é providência anacrônica e contraditória. Ora, se o Supremo
Tribunal Federal pode, em sede de controle concentrado-principal,
suspender, liminarmente e em caráter geral, a eficácia de uma lei
e até mesmo de uma Emenda Constitucional, qual a razão hoje
de limitar a declaração de inconstitucionalidade pronunciada pela
Corte no controle incidental às partes do processo e condicionar a
sua eficácia geral à intervenção do Senado?
7
passando a resolução do Senado a servir apenas para conferir publicidade à
decisão da Corte. É o que se denomina de mutação constitucional. O ministro
Gilmar Mendes propõe a mutação do art. 52, X, da Constituição Federal de 1988,
entendendo que é necessário limitar o ato político do Senado à concessão de
mera publicidade da decisão de inconstitucionalidade, que já se revestiria, desde a
sua publicação, de eficácia geral e vinculante (CUNHA JUNIOR, 2015).
Sa iba ma is
A doutrina processualista (referente aos estudiosos do Código de
Processo Civil) majoritária já vinha defendendo, desde 2015, um
sistema vinculatório das decisões dos Tribunais Superiores como
mecanismo de coerência, uniformidade e segurança do sistema
jurídico pátrio.
8
Art. 102, § 3º: No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar
a repercussão geral das questões constitucio- nais discutidas no caso,
nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
mem- bros. (BRASIL, 1988).
Ate nç ã o
Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência
ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses
subjetivos da causa. Considera-se, ainda, que haverá repercussão
geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a
súmula ou jurisprudência dominante do Supremo. O recorrente
obrigatoriamente deve demonstrar a existência da repercussão
geral em preliminar de recurso.
9
Curiosida de
A partir de uma análise da Constituição Federal quanto aos
dispositivos que tratam do controle de constitucionalidade e da
competência dos tribunais superiores para julgamento de recurso
especiais e extraordinário, observa-se que o sistema judiciário foi
organizado para ser uniforme, afastando contradições entre os
órgãos que o compõem.
O certo é que se vem observando que o STF vem reduzindo, por meio de
jurisprudência, as diferenças entre o controle de constitucionalidade difuso e o
concentrado.
Sa iba ma is
Assim, segundo os doutrinadores que defendem o efeito vinculante
das decisões proferidas em controle incidental, não há entraves
constitucionais para a adoção do sistema de precedentes
vinculantes nesse controle, em especial porque entendem já
existir dispositivos constitucionais que permitem a vinculação, a
exemplo do que prevê expressamente a súmula vinculante.
10
Não há como negar que a eficácia geral no controle incidental vem sendo uma
tendência no processo constitucional brasileiro, pois tem por objetivo uma
melhor prestação jurisdicional, especialmente para se obter a estabilização das
jurisprudências dos tribunais superiores pátrios.
Controle concentrado de
constitucionalidade no Brasil
O controle de constitucionalidade concentrado, também chamado de controle por
via de ação direta, portanto, abstrato, é aquele que é feito por um único órgão, com
exclusão de qualquer outro.
Ate nç ã o
No sistema jurídico brasileiro, o controle de constitucionalidade
concentrado de atos normativos federais e estaduais que
contrariem a Constituição Federal é feito pelo STF.
11
Fechamento
Observa-se que os constituintes originários elaboraram a Constituição de 88 de
maneira tal que pode ser considerada uma constituição rígida, ou seja, aquela
que para ser alterada necessita preencher uma série de requisitos tornando sua
alteração mais difícil. criou mecanismos por meio dos quais se controlam os atos
normativos. A ideia de controle, neste particular, advém dessa ideia de constituição
rígida.
12
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
CUNHA JUNIOR, D. Curso de Direito Constitucional. 6. ed. rev. ampl. e atual. Bahia:
Juspoidum, 2012.
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Direitos Autorais
DISCIPLINA
ELEMENTOS DE TEORIA DO
ESTADO E DE JURISDIÇÃO
CONSTITUCIONAL
Aula
Neoconstitucionalismo
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Apresentação
Apresentação
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É um privilégio tê-lo como nosso aluno e, desde já, dou as boas-vindas a nossa
unidade, aqui no CENES.
Sumário
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Apresentação ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
Construção histórica -------------------------------------------------------------------------------------------- 4
Neoconstitucionalismo ----------------------------------------------------------------------------------------- 6
Influências da Primeira e Segunda Guerra Mundial no Neoconstitucionalismo ---------------------------------- 8
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana -------------------------------------------------------------------------------- 10
Movimento neoconstitucionalista no Brasil ------------------------------------------------------------- 13
Neoconstitucionalismo e a centralidade da Constituição ------------------------------------------- 14
Teoria Pura do Direito ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
Competência Legislativa -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
Nova interpretação da Constituição----------------------------------------------------------------------- 19
Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21
Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------------ 22
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Construção histórica
Construção histórica
Inicialmente, antes de direcionar nossos estudos no chamado “neoconstitucionalismo”,
ou novo constitucionalismo, você precisa compreender as origens desse termo. A
compreensão do constitucionalismo pode ser estabelecida a partir do momento
histórico em que o movimento ocorreu, durante as revoluções liberais norte-
americana e francesa, que ocorreram, respectivamente, em 1787 e 1791. No entanto,
alguns doutrinadores defendem que a ideia do constitucionalismo como limitação do
poder estatal tenha surgido muito antes desses movimentos, datando suas origens a
partir da idade média.
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Construção histórica
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Neoconstitucionalismo
quais sejam:
• Verdade;
• Solidariedade;
• Consenso;
• Continuidade;
• Participação;
• Integração;
• Universalidade.
Agora que você já tem uma noção dos aspectos iniciais e introdutórios a respeito do
constitucionalismo, vamos dar continuidade ao nosso estudo, focando no objeto
principal do material, o neoconstitucionalismo.
Neoconstitucionalismo
A denominação do movimento moderno constitucional do Neoconstitucionalismo
gera discussão e controvérsia entre os estudiosos da matéria. Alguns doutrinadores
brasileiros, a exemplo de Ferreira Filho (2011), fazem críticas a esse neologismo,
entendendo que, o que se chama de Neoconstitucionalismo, na verdade, já se
observava desde os primórdios do Constitucionalismo no século XVIII.
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Neoconstitucionalismo
Contudo, Luís Roberto Barroso (2018, p. 280) explica que o direito constitucional
passou por muitas transformações ao longo dos anos, e “é possível reconstituir essa
trajetória, objetivamente, levando em conta três marcos fundamentais: o histórico, o
filosófico e o teórico. Neles estão contidas as ideias e as mudanças de paradigma que
mobilizaram a doutrina e a jurisprudência nesse período, criando uma nova percepção
da Constituição e de seu papel na interpretação jurídica em geral”. Assim, podemos
afirmar que o contemporâneo surge após a Segunda Guerra Mundial, com o intuito
de garantir a dignidade da pessoa humana à população, que tanto sofreu com as
atrocidades da época.
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Neoconstitucionalismo
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Neoconstitucionalismo
Passados 20 anos do primeiro conflito, uma nova batalha é travada pelos chamados
Aliados (Reino Unido, França, EUA, URSS etc.) contra o Eixo (Itália, Alemanha, Japão
etc.). A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre os anos de 1939 a 1945 e foi motivada
pela expansão dos regimes totalitários na Europa, pelo expansionismo germânico e,
principalmente, pelo sentimento de humilhação que tomou conta da Alemanha
depois da derrota da Primeira Grande Guerra, culminando em uma grande crise
econômica que assolou o País por muito tempo.
O período da Segunda Guerra foi marcado pela ascensão dos nazistas comandados
por Adolf Hitler na Alemanha, que, através de um governo totalitário, buscavam
reascender a economia do País, bem como o poder bélico e militar. Como era de se
esperar, a segunda batalha foi muito mais violenta que a primeira, levando a vida de
aproximadamente 60 milhões de pessoas, mortas na linha de frente e nos campos de
concentração utilizados pelos nazistas. Além das bombas atômicas, lançadas sobre
Hiroshima e Nagasaki, em 1945, que concedeu às superpotências um altíssimo poder
de destruição.
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Neoconstitucionalismo
Ainda, Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2017, p. 90) complementam dizendo que
“a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil
consagra, desde logo, nosso Estado como uma organização centrada no ser humano,
e não em qualquer outro referencial”. Além disso, os autores defendem que o princípio
pode ser analisado sob duas ópticas. “De um lado, apresenta-se como um direito de
proteção individual, não só em relação ao Estado, mas, também, frente aos demais
indivíduos. De outro, constitui dever fundamental de tratamento igualitário dos
próprios semelhantes”.
Além disso, Luís Roberto Barroso (2014, p. 14) é categórico em afirmar que “a
dignidade humana, como atualmente compreendida, se assenta sobre o pressuposto
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Neoconstitucionalismo
de que cada ser humano possui um valor intrínseco e desfruta de uma posição
especial no universo”. Dessa forma, podemos concluir que o princípio da dignidade
da pessoa humana é o elemento base da nossa sociedade, servindo como fonte do
direito constitucional contemporâneo.
Além disso, autores brasileiros, como o Min. Luís Roberto Barroso, na obra “A
dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo”, e Daniel
Sarmento, no livro “Dignidade da Pessoa Humana - conteúdo, trajetória e
metodologia”, falam sobre o princípio com maestria, relacionando os aspectos
históricos com o cenário atual.
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Neoconstitucionalismo
Nesse sentido, sobre o referido princípio, Ferreira Filho (2011) assevera que:
Falando um pouco mais sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, para
você que tem interesse nessa área, trazemos alguns aspectos relevantes sobre esse
assunto. A D.U.D.H. é um documento adotado e proclamado pela Assembleia Geral
das Nações Unidas, em Paris, através da resolução 217 A III, no dia 10 de dezembro
de 1948, que tem por objetivo assegurar a proteção universal dos direitos humanos.
Assim, logo no seu 1º artigo, a Declaração firma um de seus princípios basilares: “todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade”.
Note que o pacto foi firmado três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, e os
Países membros fizeram questão de mencionar no preâmbulo o seguinte:
“considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em
atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um
mundo em que mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da
liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais
alta aspiração do ser humano comum [...]”.
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Por fim, se a sua intenção é se aprofundar mais nessa área, indicamos alguns
documentários que falam a respeito e podem ser úteis:
Link: https://www.youtube.com/watch?v=I4bTmVyAXDg
→ Para todos em todo lugar: o ‘making of’ da Declaração Universal dos Direitos
Humanos
Link: https://www.youtube.com/watch?v=D4p3aJvFq3A&feature=emb_title
Link: https://www.youtube.com/watch?v=SJy1M4iYiMo
De acordo com Luís Roberto Barroso (2018, p. 280), “a Constituição promoveu uma
transição democrática bem-sucedida e assegurou ao país estabilidade institucional,
mesmo em momentos de crise aguda. Sob a Constituição de 1988, o direito
constitucional passou da desimportância ao apogeu em menos de uma geração”.
Ainda, é importante ressaltar que, na opinião de José Afonso da Silva (2014, p. 90),
assim como no cenário mundial, a luta pela democracia no Brasil se intensificou
durante períodos de muita repressão, de modo que:
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que só poderia consubstanciar-se numa nova ordem constitucional que refizesse o pacto
político-social (SILVA, 2014, p. 90).
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Para tornar mais didática essa questão, podemos utilizar o exemplo da Lei 8.666/1993,
lei federal que regulamenta os contratos administrativos e licitações no âmbito da
administração pública. Por ser uma lei federal, todos deverão observar estes
parâmetros, estando ela acima na “pirâmide das normas”.
Além disso, é importante destacar que, até a Segunda Guerra Mundial, a teoria jurídica
centrava-se na influência do Estado Legislativo de Direito, tendo por fonte única do
Direito a lei. Dessa forma, uma norma jurídica tinha sua validade, eficácia e vigência
vinculadas à autoridade que a editou, e não ao seu valor de justiça. Sob o fundamento
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Esse acontecimento fez o mundo repensar esse Estado Legislativo de Direito, formulando um
sistema jurídico que tivesse seus fundamentos no respeito aos direitos fundamentais. Instalou-
se, então, a constitucionalização do Direito, evidenciando, a supremacia da Carta Magna. Essa
constitucionalização do Direito é um processo de transformação de um ordenamento jurídico,
ao fim do qual a ordem jurídica em questão resulta totalmente impregnada pelas normas
constitucionais, que passam a condicionar tanto a legislação como a jurisprudência, a doutrina,
as ações dos atores políticos e as relações sociais (GUASTINI, 2009).
[...] produziu de forma reflexiva uma identidade política coletiva conciliada com uma
perspectiva universalista comprometida com os princípios do Estado Democrático de Direito.
Isto é, o patriotismo constitucional foi defendido como uma maneira de conformação de uma
identidade coletiva baseada em compromissos com princípios constitucionais democráticos e
liberais capazes de garantir a integração e assegurar a solidariedade, com o fim de superar o
conhecido problema do nacionalismo étnico, que por muito tempo opôs culturas e povos
(HABERMAS, 1998, p. 55).
Por fim, é importante lembrar que, embora a teoria de Hans Kelsen tenha sido baseada
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na hierarquia das normas, quando elas estão no mesmo plano, esse critério não é
considerado, pois não há hierarquia entre as leis federais ou estaduais, por exemplo.
Dessa forma, além da teoria pura do direito, existem outras variáveis que devem ser
consideradas diante de um eventual conflito de normas, como o critério da
competência.
Competência Legislativa
Antes de falarmos especificamente sobre a competência legislativa, precisamos
compreender alguns aspectos relativos à nossa Magna Carta. A Constituição Federal
que conhecemos hoje foi promulgada no dia 05 de outubro de 1988 e instituída pelo
chamado Poder Constituinte Originário, o qual, por meio de uma Assembleia Nacional
Constituinte, firmou as normas constitucionais originárias.
No entanto, assim como a sociedade, o direito deve estar em constante evolução para
que seja capaz de solucionar, de forma eficiente, os conflitos que lhe são
apresentados. Dessa forma, quando o texto constitucional carece de mudanças, o
Poder Constituinte Derivado, representado pelo Congresso Nacional, propõe sua
alteração através de Emendas Constitucionais.
Todavia, nesse ponto é importante lembrar que não existe hierarquia entre normas do
mesmo plano. Assim, conforme explica Nathalia Masson (2020, p. 32) “se houver um
conflito entre essas leis, a solução não será dada por critério hierárquico. Teremos que
verificar qual ente da federação (União, Estados-membros ou Municípios) possui a
competência para legislar sobre o tema. Se, por exemplo, a competência para legislar
é dos Estados, a lei estadual vai prevalecer; se é dos Municípios, a lei municipal
prevalecerá”.
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Nesse sentido, Luís Roberto Barroso (2018, p. 285-286) complementa dizendo que
“nas democracias contemporâneas, as Constituições desempenham duas funções
principais: a) a de veicular os consensos mínimos e essenciais da sociedade, que se
expressam nos valores, instituições e direitos fundamentais; e b) assegurar o
funcionamento adequado dos mecanismos democráticos, com a participação livre e
igualitária dos cidadãos, o governo da maioria e a alternância do poder”.
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suas normas sobre a saúde. Tudo porque é competência concorrente, e não privativa.
Se na Constituição estivesse expresso como competência privativa da União, teríamos
prevalência da lei federal, mas neste caso isso não ocorre.
No mais, outro ponto que deve ser observado são os limites estabelecidos pela Magna
Carta. A Constituição Federal permite que os Estados tenham Constituição própria,
mas, para tanto, devem OBSERVAR ALGUNS PRECEITOS (cláusulas de simetria), que
são previstos pela CF e que não podem ser modificados na organização dos Estados.
De modo semelhante, os Municípios também podem ter as suas Leis Orgânicas, mas
precisam observar os preceitos/princípios (limites e obrigações) previstos na
Constituição Federal e Estadual. Esse é o entendimento manifestado no art. 29, CF:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
respectivo Estado e os seguintes preceitos.
Nas palavras de Luís Roberto Barroso (2010), onde havia unidade, passou a existir uma
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[Passa], por fim, a ideia de casos difíceis. Casos fáceis são aqueles para os quais existe uma
solução pré-pronta no direito positivo. Por exemplo: a) a Constituição prevê que aos 70 anos
o servidor público deve passar para a inatividade. Se um juiz, ao completar a idade limite,
ajuizar uma ação pretendendo permanecer em atividade, a solução será dada de maneira
relativamente singela: pela mera subsunção do fato relevante – implementação da idade – na
norma expressa, que determina a aposentadoria; b) a Constituição estabelece que o Presidente
da República somente possa se candidatar a uma reeleição. Se o Presidente Lula, por exemplo,
tivesse pretendido concorrer a um terceiro mandato, a Justiça Eleitoral teria indeferido o
registro de sua candidatura, por simples e singela aplicação de uma norma expressa. A
verdade, porém, é que para bem e para mal, a vida nem sempre é fácil assim. Há muitas
situações em que não existe uma solução pré-pronta no Direito. A solução terá de ser
construída argumentativamente, à luz dos elementos do caso concreto, dos parâmetros
fixados na norma e de elementos externos ao Direito (BARROSO, 2010, p. 13).
Por outro lado, Lênio Streck (2011) tece algumas críticas a respeito do que chama
positivismo normativista pós-kelseniano. Isto é, ao positivismo que admite
discricionariedades (ou decisionismos e protagonismos judiciais). Para o jurista, esse
ativismo possui uma origem solipsista; passando, dessa forma, a democracia e os
avanços a dependerem de posições individuais da Suprema Corte. O autor considera
que, no âmbito destas reflexões, está superado
[...] o velho positivismo exegético. Ou seja, não é (mais) necessário dizer que o “juiz não é a
boca da lei” etc.; enfim, podemos ser poupados, nessa quadra da história, dessas “descobertas
polvolares”. Essa “descoberta” não pode implicar um império de decisões solipsistas, das quais
são exemplos as posturas caudatárias da Jurisprudência dos Valores (que foi “importada” de
forma equivocada da Alemanha), os diversos axiologismos, o realismo jurídico (que não passa
de um “positivismo fático”), a ponderação de valores (pela qual o juiz literalmente escolhe um
dos princípios que ele mesmo elege prima facie) etc. (STRECK, 2011, p. 31).
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Conclusão
“As últimas três décadas representam não a vitória de uma Constituição específica, concreta,
mas de uma ideia, de uma atitude diante da vida. O Estado constitucional democrático, que se
consolidou entre nós, traduz não apenas um modo de ver o Estado e o Direito, mas de desejar
o mundo, em busca de um tempo de justiça, liberdade e igualdade ampla” (BARROSO, 2018,
p.283).
Portanto, percebe-se que o ativismo judicial tem se manifestado como forma para
atender as questões sociais não enfrentadas pelo processo legislativo, sobretudo as
que envolvem assuntos de forte impacto religioso e moral.
Conclusão
Nesta aula, compreendemos que o movimento constitucionalista pode ser dividido
em várias etapas, de acordo com sua origem e fases, e que o chamado
Neoconstitucionalismo é um movimento que tem origem na Europa, no contexto de
pós-Segunda Guerra Mundial.
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Referências Bibliográficas
Além disso, vimos que esse movimento busca concretizar a supremacia material e
formal da Constituição, a partir da observação do princípio da dignidade humana, e
percebemos que, além do critério hierárquico, esse movimento estabelece a
concretização material dos direitos fundamentais. Compreendemos também que uma
parcela da doutrina constitucionalista faz críticas a essa nomenclatura –
Neoconstitucionalismo –, afirmando que pode ser chamado, entre outros, de pós-
positivismo.
Referências Bibliográficas
BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. 7 ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018.
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Referências Bibliográficas
MASSON, N.. Manual de direito constitucional. 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador:
Juspodivm, 2020.
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