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Agrupamento de escolas de Moimenta da Beira

Educação e Formação de Adultos


2009-2010
Área de Competência: Cidadania e Profissionalidade Formadores: Lurdes Almeida e Paula Brandão
Núcleo Gerador: Direitos e Deveres Temas: Democracia Representativa e Participativa (DR 3)
Direitos, Deveres e Contextos Globais (DR 4)
Unidade de Competência 1: Identificar direitos e deveres pessoais, colectivos e globais e compreender da sua emergência e
aplicação como expressões ora de tensão ora de convergência
Competências:
► Reconhecer o núcleo de direitos fundamentais típico de um Estado democrático contemporâneo.
► Elencar direitos e deveres na comunidade global.
Critérios de evidência:
- Identificar direitos fundamentais.
- Interpretar direitos através da Constituição da República Portuguesa.
- Explorar direitos relevantes com a apresentação de propostas de articulação entre representatividade e participação.

- Identificar a sustentabilidade da comunidade global.


- Reflectir sobre os direitos fundamentais através da Declaração Universal dos Direitos do Homem e outros documentos-chave.
- Ser capaz de dialogar, argumentar e participar num vasto universo social de situações reconhecidas.

Formando _________________________________________________________ Data ______________

Grupo I
Doc. nº 1

Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), directa
ou indirectamente, por meio de eleitos representantes — forma mais usual. Pode ser num sistema presidencialista ou
parlamentarista, republicano ou monárquico.
Numa frase famosa, democracia é o "governo do povo, pelo povo e para o povo". Democracia opõe-se à ditadura e ao
totalitarismo, onde o poder reside numa elite auto-eleita.
Democracias podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de distinções. A distinção mais importante
acontece entre democracia directa (algumas vezes chamada "democracia pura"), onde o povo expressa sua vontade por voto
directo em cada assunto particular, e a democracia representativa (algumas vezes chamada "democracia indirecta"), onde o povo
expressa sua vontade através da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia
nº 2 A Palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi
desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos
podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade.
Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada (só 10% da população era considerada cidadã). Apenas os homens
adultos, que tivessem prestado serviço militar e fossem filhos de pais atenienses poderiam ser considerados cidadãos e por isso
poder ir à Assembleia (Eclésia) e mostrar o seu ponto de vista acerca dos assuntos que diziam respeito à cidade (assuntos
públicos - democracia directa). A vida política era tão importante que se confundia com a esfera privada. Daí que só aqueles que
eram abastados economicamente é que se poderiam dedicar à vida política, pois os outros tinham que trabalhar para se
sustentar.
A democracia actual, e nomeadamente a portuguesa, não é assim constituída: os cidadãos (homens e mulheres) eleitores
(maiores de 18 anos e que tenham nacionalidade portuguesa) que elegem tanto o presidente da república como a assembleia. O
presidente da república é eleito por 5 anos e é quem aprova e manda publicar as leis provenientes da assembleia da república.
Assembleia da República essa que é constituída por deputados eleitos por a 4 anos e que têm como função fazer as leis e
fiscalizar as políticas do governo. O governo é constituído pelo primeiro-ministro, ministros e secretários de Estado e é
responsável pela administração pública e pela execução das leis. Tanto o Presidente da República, comos os deputados da
Assembleia como o Governos são eleitos (por voto secreto) pelo povo, passando a representar este.

1- O que entende por Estado Democrático.


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1
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Doc. nº 3

2- Elabore um comentário à banda desenhada.


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Doc. nº 4 ―No momento em que os mais avançados recursos técnicos para captação e transmissão de opiniões, como
terminais de computadores, forem utilizados para fins políticos será possível a participação directa do povo, mesmo nos grandes
Estados. Mas para isso será necessário superar as resistências dos políticos profissionais, que preferem manter o povo
dependente de representantes.
A principal promessa do Estado Democrático era trazer acréscimos, renovar o aprimoramento de instrumentos que se
prestassem a desenvolver a cultura democrática na prática política, e o sufrágio universal como conquista popular talvez tenha
sido o ápice. Do sufrágio censitário (definido pela segregação baseada na escolaridade, na cor, na raça, no poder aquisitivo), por
exemplo, passamos à regulação do sufrágio universal: estágio político em que uma margem entre 70% e 80% da população
encontra mecanismos de participação nas formas da democracia representativa ou até mesmo directa, como ocorre no
referendo, no plebiscito, no recall, no veto popular, no exercício do direito de petição. Em suma, o ápice democrático manifesta-
se no exercício do direito de oposição e de resistência ao status quo e à classe política dirigente. Resumidamente, trata-se da
evolução e da transformação por que passaram o direito de resistência e de participação:
O único modo de tornar possível o exercício da soberania popular é a atribuição ao maior número de cidadãos do direito de
participar directa e indirectamente na tomada das decisões colectivas (...) O melhor remédio contra o abuso de poder sob
qualquer forma – mesmo que "melhor" não queira realmente dizer nem óptimo nem infalível – é a participação directa ou indirecta
dos cidadãos, do maior número de cidadãos, na formação das leis. Sob esse aspecto, os direitos políticos são um complemento
natural dos direitos de liberdade e dos direitos civis, ou, para usar as conhecidas expressões tornadas célebres por Jellinek
(1851-1911), os iura activae civitatis constituem a melhor salvaguarda que num regime não fundado sobre a soberania popular
depende unicamente do direito natural de resistência à opressão (Bobbio, 1990, pp. 43-44).‖

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3.
a) Distinga democracia participativa e democracia representativa
Democracia participativa Democracia representativa
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b) Acha possível articular estes dois tipos de democracia? Em que medida?


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Doc. nº 5 ―A Constituição da República Portuguesa é a actual constituição portuguesa. Foi redigida pela Assembleia
Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país em 25 de Abril de 1975, 1.º aniversário da Revolução
dos Cravos. Os seus deputados deram os trabalhos por concluídos em 2 de Abril de 1976, tendo a Constituição entrado em vigor
a 25 de Abril de 1976. Sofreu sucessivas revisões constitucionais em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001 , 2004 e 2005 .‖

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_portuguesa_de_1976

Doc. nº 6 . O Espírito de Grandeza Pública

Esse espírito de grandeza pública que deve orientar o actual Estado Democrático, na verdade, já constava dos primeiros textos
e das clássicas manifestações dos pioneiros ou orientadores da Revolução Francesa, como vemos em Saint-Just (1989). Aliás, um
projecto de Constituição intencionalmente intitulado de O Espírito da Revolução: A liberdade, a igualdade, a justiça são os
princípios necessários daquilo que não é depravado; todas as convenções repousam sobre elas como o mar sobre sua base e
contra suas margens (...) na França não há poder, falando sensatamente; só as leis comandam, os seus ministros impõem-se a
obrigação de prestar contas uns aos outros e todos juntos à opinião, que é o espírito dos princípios (...) Os poderes devem ser
moderados, as leis implacáveis, os princípios irreversíveis. A opinião é a consequência e a depositária dos princípios.
A Constituição é o princípio e o fulcro das leis; toda instituição que não emana da Constituição é tirania; é por isso que todas as
leis civis, as leis políticas, as leis do direito das gentes devem ser positivas e nada deixar nem para as fantasias, nem para as
presunções do homem (...).
Por fim, como vimos todo o tempo, esse modelo de Estado é um caso clássico em que a política virou lei e assim passou a ser
regulada pela Constituição. (….)
Finalmente, a Constituição não deve assentar-se numa estrutura unilateral. (…) Direitos fundamentais não podem existir sem

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deveres. (…) Trata-se, em outras palavras, de assegurar a função jurídica do Estado em que os direitos individuais fundamentais
(co) existam com a mesma inclinação de força devida aos deveres públicos.
Em sentido estrito, esta passagem da política ao Direito (a positivação dos objectivos fundamentais do Estado Democrático) tem
sua fórmula definida pelo princípio democrático, pois que será uma espécie de garantia popular a fim de que as políticas públicas
e sociais estejam resguardadas (positivadas, ao abrigo das facticidades e com "força de lei") como finalidades do Estado
Público.

Doc. nº 7. As Finalidades Públicas do Princípio Democrático

O princípio democrático que norteia o Estado Democrático, por sua vez, é parte dessa complexidade que é o próprio Estado:

Em primeiro lugar, o princípio democrático acolhe os mais importantes postulados da teoria democrática representativa (...) Em
segundo lugar, o princípio democrático implica democracia participativa, isto é, a estruturação de processos que ofereçam aos
cidadãos efectivas possibilidades de aprender a democracia, participar nos processos de decisão, exercer controle crítico na
divergência de opiniões, produzir inputs político-democráticos. É para este sentido participativo que aponta o exercício
democrático do poder (...), a participação democrática dos cidadãos (...), o reconhecimento constitucional da participação directa
e activa dos cidadãos como instrumento fundamental da consolidação do sistema democrático (...) e aprofundamento da
democracia participativa.
O princípio democrático não se compadece com uma compreensão estática de democracia. Antes de mais, é um processo de
continuidade transpessoal, irredutível a qualquer vinculação do processo político a determinadas pessoas. Por outro lado, a
democracia é um processo dinâmico inerente a uma sociedade aberta e activa, oferecendo aos cidadãos a possibilidade de
desenvolvimento integral, liberdade de participação crítica no processo político, condições de igualdade económica, política e
social (...).
Tal como são um elemento constitutivo do Estado de Direito, os direitos fundamentais são o elemento básico para a realização
do princípio democrático. Mais concretamente: os direitos fundamentais têm uma função democrática dado que o exercício
democrático do poder: 1) significa a contribuição de todos os cidadãos (...) para o seu exercício (princípio - direito da igualdade e
da participação política); 2) implica participação livre assente em importantes garantias para a liberdade desse exercício (o
direito de associação, de formação de partidos, de liberdade de expressão, são, por exemplo, direitos constitutivos do próprio
princípio democrático); 3) coenvolve a abertura do processo político no sentido da criação de direitos sociais, económicos e
culturais, constitutivos de uma democracia económica, social e cultural.
De qualquer modo, por mais relevante que seja o princípio democrático, para o Estado Democrático, este princípio foi organizado
e estruturado a partir do contexto capitalista e, por isso, até o presente não se mostrou suficiente para superar as crises
sociais e económicos.
4.- Qual a importância de uma Constituição num Estado Democrático.
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5. Atente nos direitos da Constituição da República Portuguesa (Doc. nº 8).

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Princípios fundamentais Direitos e Deveres fundamentais

Artigo 1.º (República Portuguesa) TÍTULO I


Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana Princípios gerais
e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre,
justa e solidária. Artigo 12.º (Princípio da universalidade)
1. Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos
Artigo 2.º (Estado de direito democrático) aos deveres consignados na Constituição.
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na 2. As pessoas colectivas gozam dos direitos e estão
soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política sujeitas aos deveres compatíveis com a sua natureza.
democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e
liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes,
Artigo 13.º (Princípio da igualdade)
visando a realização da democracia económica, social e cultural e o
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são
aprofundamento da democracia participativa.
iguais perante a lei.
Art igo 3.º (Soberania e legalidade) 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de
segundo as formas previstas na Constituição. qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça,
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade língua, território de origem, religião, convicções
democrática. políticas ou ideológicas, instrução, situação económica,
condição social ou orientação sexual.
3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões
autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades
Artigo 16.º (Âmbito e sentido dos direitos fundamentais)
públicas depende da sua conformidade com a Constituição.
1. Os direitos fundamentais consagrados na Constituição
Art igo 10.º (Sufrágio universal e partidos políticos) não excluem quaisquer outros constantes das leis e das
regras aplicáveis de direito internacional.
1. O povo exerce o poder político através do sufrágio universal,
Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos
igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais
fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia
formas previstas na Constituição.
com a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
2. Os partidos políticos concorrem para a organização e para a
expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da
independência nacional, da unidade do Estado e da democracia
política.

TÍTULO II Artigo 36.º (Família, casamento e filiação)


Direitos, liberdades e garantias 1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair
casamento em condições de plena igualdade.
CAPÍTULO I 2. A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e
Direitos, liberdades e garantias pessoais da sua dissolução, por morte ou divórcio,
independentemente da forma de celebração.
Artigo 24.º (Direito à vida) 3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à
1. A vida humana é inviolável. capacidade civil e política e à manutenção e educação
dos filhos.
2. Em caso algum haverá pena de morte.
4. Os filhos nascidos fora do casamento não podem, por
Artigo 25.º (Direito à integridade pessoal) esse motivo, ser objecto de qualquer discriminação e a
lei ou as repartições oficiais não podem usar
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
designações discriminatórias relativas à filiação.
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas
5. Os pais têm o direito e o dever de educação e
cruéis, degradantes ou desumanos.
manutenção dos filhos.

Artigo 26.º (Outros direitos pessoais) 6. Os filhos não podem ser separados dos pais, salvo
quando estes não cumpram os seus deveres
1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao
fundamentais para com eles e sempre mediante decisão
desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania,
judicial.
ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da
intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra 7. A adopção é regulada e protegida nos termos da lei, a
quaisquer formas de discriminação. qual deve estabelecer formas céleres para a
respectiva tramitação.
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e
utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de
Artigo 37.º (Liberdade de expressão e informação)
informações relativas às pessoas e famílias.
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente
3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser
o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por
humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização
qualquer outro meio, bem como o direito de informar,
das tecnologias e na experimentação científica.
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4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só de se informar e de ser informados, sem impedimentos
podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não nem discriminações.
podendo ter como fundamento motivos políticos. 2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou
limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
Artigo 27.º (Direito à liberdade e à segurança)
1. Todos têm direito à liberdade e à segurança.
2. Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a Artigo 41.º (Liberdade de consciência, de religião e de culto)
não ser em consequência de sentença judicial condenatória pela 1. A liberdade de consciência, de religião e de culto é
prática de acto punido por lei com pena de prisão ou de aplicação inviolável.
judicial de medida de segurança. 2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou
3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e isento de obrigações ou deveres cívicos por causa das
nas condições que a lei determinar, nos casos seguintes: suas convicções ou prática religiosa.
o a) Detenção em flagrante delito; 3. Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade
o b) Detenção ou prisão preventiva por fortes indícios de acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo
prática de crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo para recolha de dados estatísticos não individualmente
limite máximo seja superior a três anos; identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a
responder.
o c) Prisão, detenção ou outra medida coactiva sujeita a
controlo judicial, de pessoa que tenha penetrado ou 4. As igrejas e outras comunidades religiosas estão
permaneça irregularmente no território nacional ou contra a separadas do Estado e são livres na sua organização e
qual esteja em curso processo de extradição ou de expulsão; no exercício das suas funções e do culto.

o d) Prisão disciplinar imposta a militares, com garantia de 5. É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião
recurso para o tribunal competente; praticado no âmbito da respectiva confissão, bem como
a utilização de meios de comunicação social próprios
o e) Sujeição de um menor a medidas de protecção,
para o prosseguimento das suas actividades.
assistência ou educação em estabelecimento adequado,
decretadas pelo tribunal judicial competente; 6. É garantido o direito à objecção de consciência, nos
termos da lei.
o f) Detenção por decisão judicial em virtude de
desobediência a decisão tomada por um tribunal ou para
Artigo 42.º (Liberdade de criação cultural)
assegurar a comparência perante autoridade judiciária
competente; 1. É livre a criação intelectual, artística e científica.

o g) Detenção de suspeitos, para efeitos de identificação, 2. Esta liberdade compreende o direito à invenção,
nos casos e pelo tempo estritamente necessários; produção e divulgação da obra científica, literária ou
artística, incluindo a protecção legal dos direitos de
o h) Internamento de portador de anomalia psíquica em
autor.
estabelecimento terapêutico adequado, decretado ou
confirmado por autoridade judicial competente.
Artigo 43.º (Liberdade de aprender e ensinar)
4. Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada
1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
imediatamente e de forma compreensível das razões da sua prisão
ou detenção e dos seus direitos. 2. O Estado não pode programar a educação e a cultura
segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas,
5. A privação da liberdade contra o disposto na Constituição e na lei
políticas, ideológicas ou religiosas.
constitui o Estado no dever de indemnizar o lesado nos termos
que a lei estabelecer. 3. O ensino público não será confessional.
4. É garantido o direito de criação de escolas
Artigo 30.º (Limites das penas e das medidas de segurança) particulares e cooperativas.

1. Não pode haver penas nem medidas de segurança privativas ou Artigo 44.º (Direito de deslocação e de emigração)
restritivas da liberdade com carácter perpétuo ou de duração 1. A todos os cidadãos é garantido o direito de se
ilimitada e indefinida. deslocarem e fixarem livremente em qualquer parte do
2. Em caso de perigosidade baseada em grave anomalia psíquica, e na território nacional.
impossibilidade de terapêutica em meio aberto, poderão as
2. A todos é garantido o direito de emigrar ou de sair do
medidas de segurança privativas ou restritivas da liberdade ser
território nacional e o direito de regressar.
prorrogadas sucessivamente enquanto tal estado se mantiver, mas
sempre mediante decisão judicial.
Artigo 45.º (Direito de reunião e de manifestação)
3. A responsabilidade penal é insusceptível de transmissão.
4. Nenhuma pena envolve como efeito necessário a perda de 1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente
quaisquer direitos civis, profissionais ou políticos. e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público,
5. Os condenados a quem sejam aplicadas pena ou medida de sem necessidade de qualquer autorização.
segurança privativas de liberdade mantêm a titularidade dos 2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de
direitos fundamentais, salvas as limitações inerentes ao sentido manifestação.
da condenação e às exigências próprias da respectiva execução.
Artigo 46.º (Liberdade de associação)
1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem
Artigo 34.º (Inviolabilidade do domicílio e da correspondência) dependência de qualquer autorização, constituir
1. O domicílio e o sigilo da correspondência e dos outros meios de associações, desde que estas não se destinem a
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comunicação privada são invioláveis. promover a violência e os respectivos fins não sejam
2. A entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua vontade só pode contrários à lei penal.
ser ordenada pela autoridade judicial competente, nos casos e 2. As associações prosseguem livremente os seus fins
segundo as formas previstos na lei. sem interferência das autoridades públicas e não
3. Ninguém pode entrar durante a noite no domicílio de qualquer podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas
pessoa sem o seu consentimento, salvo em situação de flagrante actividades senão nos casos previstos na lei e mediante
delito ou mediante autorização judicial em casos de criminalidade decisão judicial.
especialmente violenta ou altamente organizada, incluindo o 3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
terrorismo e o tráfico de pessoas, de armas e de estupefacientes, associação nem coagido por qualquer meio a
nos termos previstos na lei. permanecer nela.
4. É proibida toda a ingerência das autoridades públicas na 4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo
correspondência, nas telecomunicações e nos demais meios de militar, militarizadas ou paramilitares, nem
comunicação, salvos os casos previstos na lei em matéria de organizações racistas ou que perfilhem a ideologia
processo criminal. fascista.
Art igo 54.º (Comissões de trabalhadores)
CAPÍTULO II 1. É direito dos trabalhadores criarem comissões de
Direitos, liberdades e garantias de participação política trabalhadores para defesa dos seus interesses e
intervenção democrática na vida da empresa.
(Participação na vida pública)
2. Os trabalhadores deliberam a constituição,
1. Todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida política e aprovam os estatutos e elegem, por voto directo e
na direcção dos assuntos públicos do país, directamente ou por secreto, os membros das comissões de
intermédio de representantes livremente eleitos. trabalhadores.
2. Todos os cidadãos têm o direito de ser esclarecidos 3. Podem ser criadas comissões coordenadoras para
objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades melhor intervenção na reestruturação económica e
públicas e de ser informados pelo Governo e outras autoridades por forma a garantir os interesses dos
acerca da gestão dos assuntos públicos. trabalhadores.
4. Os membros das comissões gozam da protecção
Artigo 49.º (Direito de sufrágio) legal reconhecida aos delegados sindicais.
1. Têm direito de sufrágio todos os cidadãos maiores de dezoito 5. Constituem direitos das comissões de
anos, ressalvadas as incapacidades previstas na lei geral. trabalhadores:
2. O exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever o a) Receber todas as informações necessárias
cívico. ao exercício da sua actividade;
o b) Exercer o controlo de gestão nas
Artigo 50.º (Direito de acesso a cargos públicos) empresas;
1. Todos os cidadãos têm o direito de acesso, em condições de o c) Participar nos processos de
igualdade e liberdade, aos cargos públicos. reestruturação da empresa, especialmente no
2. Ninguém pode ser prejudicado na sua colocação, no seu emprego, tocante a acções de formação ou quando
na sua carreira profissional ou nos benefícios sociais a que tenha ocorra alteração das condições de trabalho;
direito, em virtude do exercício de direitos políticos ou do o d) Participar na elaboração da legislação do
desempenho de cargos públicos. trabalho e dos planos económico-sociais que
3. No acesso a cargos electivos a lei só pode estabelecer as contemplem o respectivo sector;
inelegibilidades necessárias para garantir a liberdade de escolha o e) Gerir ou participar na gestão das obras
dos eleitores e a isenção e independência do exercício dos sociais da empresa;
respectivos cargos.
o f) Promover a eleição de representantes dos
trabalhadores para os órgãos sociais de
Artigo 51.º (Associações e partidos políticos)
empresas pertencentes ao Estado ou a outras
1. A liberdade de associação compreende o direito de constituir ou entidades públicas, nos termos da lei.
participar em associações e partidos políticos e de através deles
concorrer democraticamente para a formação da vontade popular
Art igo 55.º (Liberdade sindical)
e a organização do poder político.
1. É reconhecida aos trabalhadores a liberdade
2. Ninguém pode estar inscrito simultaneamente em mais de um
sindical, condição e garantia da construção da sua
partido político nem ser privado do exercício de qualquer direito
unidade para defesa dos seus direitos e
por estar ou deixar de estar inscrito em algum partido legalmente
interesses.
constituído.
2. No exercício da liberdade sindical é garantido aos
3. Os partidos políticos não podem, sem prejuízo da filosofia ou
trabalhadores, sem qualquer discriminação,
ideologia inspiradora do seu programa, usar denominação que
designadamente:
contenha expressões directamente relacionadas com quaisquer
religiões ou igrejas, bem como emblemas confundíveis com o a) A liberdade de constituição de associações
símbolos nacionais ou religiosos. sindicais a todos os níveis;

4. Não podem constituir-se partidos que, pela sua designação ou o b) A liberdade de inscrição, não podendo
pelos seus objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito nenhum trabalhador ser obrigado a pagar
regional. quotizações para sindicato em que não esteja

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5. Os partidos políticos devem reger-se pelos princípios da inscrito;
transparência, da organização e da gestão democráticas e da o c) A liberdade de organização e
participação de todos os seus membros. regulamentação interna das associações
6. A lei estabelece as regras de financiamento dos partidos sindicais;
políticos, nomeadamente quanto aos requisitos e limites do o d) O direito de exercício de actividade
financiamento público, bem como às exigências de publicidade do sindical na empresa;
seu património e das suas contas. o e) O direito de tendência, nas formas que os
respectivos estatutos determinarem.
Artigo 52.º (Direito de petição e direito de acção popular)
3. As associações sindicais devem reger-se pelos
1. Todos os cidadãos têm o direito de apresentar, individual ou princípios da organização e da gestão
colectivamente, aos órgãos de soberania, aos órgãos de governo democráticas, baseados na eleição periódica e por
próprio das regiões autónomas ou a quaisquer autoridades escrutínio secreto dos órgãos dirigentes, sem
petições, representações, reclamações ou queixas para defesa dos sujeição a qualquer autorização ou homologação, e
seus direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral e, assentes na participação activa dos trabalhadores
bem assim, o direito de serem informados, em prazo razoável, em todos os aspectos da actividade sindical.
sobre o resultado da respectiva apreciação.
4. As associações sindicais são independentes do
2. A lei fixa as condições em que as petições apresentadas patronato, do Estado, das confissões religiosas,
colectivamente à Assembleia da República e às Assembleias dos partidos e outras associações políticas,
Legislativas das regiões autónomas são apreciadas em reunião devendo a lei estabelecer as garantias adequadas
plenária. dessa independência, fundamento da unidade das
3. É conferido a todos, pessoalmente ou através de associações de classes trabalhadoras.
defesa dos interesses em causa, o direito de acção popular nos 5. As associações sindicais têm o direito de
casos e termos previstos na lei, incluindo o direito de requerer estabelecer relações ou filiar-se em organizações
para o lesado ou lesados a correspondente indemnização, sindicais internacionais.
nomeadamente para:
6. Os representantes eleitos dos trabalhadores
o a) Promover a prevenção, a cessação ou a perseguição gozam do direito à informação e consulta, bem
judicial das infracções contra a saúde pública, os direitos dos como à protecção legal adequada contra quaisquer
consumidores, a qualidade de vida, a preservação do ambiente formas de condicionamento, constrangimento ou
e do património cultural; limitação do exercício legítimo das suas funções.
o b) Assegurar a defesa dos bens do Estado, das regiões
autónomas e das autarquias locais. Art igo 57.º (Direito à greve e proibição do lock-out)
1. É garantido o direito à greve.
2. Compete aos trabalhadores definir o âmbito de
interesses a defender através da greve, não
podendo a lei limitar esse âmbito.
3. A lei define as condições de prestação, durante a
greve, de serviços necessários à segurança e
manutenção de equipamentos e instalações, bem
como de serviços mínimos indispensáveis para
ocorrer à satisfação de necessidades sociais
impreteríveis.
4. É proibido o lock-out.

CAPÍTULO II Artigo 66.º


Direitos e deveres sociais (Ambiente e qualidade de vida)
Artigo 63.º
(Segurança social e solidariedade)
1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e
ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.
1. Todos têm direito à segurança social.

2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de


Artigo 67.º
segurança social unificado e descentralizado, com a participação das
(Família)
associações sindicais, de outras organizações representativas dos
trabalhadores e de associações representativas dos demais beneficiários.
1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem
direito à protecção da sociedade e do Estado e à efectivação de
3. O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice,
todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus
invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as
membros.
outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de
capacidade para o trabalho.

Artigo 68.º

8
4. Todo o tempo de trabalho contribui, nos termos da lei, para o cálculo das (Paternidade e maternidade)
pensões de velhice e invalidez, independentemente do sector de actividade
em que tiver sido prestado.
1. Os pais e as mães têm direito à protecção da sociedade e do
Estado na realização da sua insubstituível acção em relação aos
5. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade e o filhos, nomeadamente quanto à sua educação, com garantia de
funcionamento das instituições particulares de solidariedade social e de realização profissional e de participação na vida cívica do país.
outras de reconhecido interesse público sem carácter lucrativo, com vista à
prossecução de objectivos de solidariedade social consignados,
2. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais
nomeadamente, neste artigo, na alínea b) do n.º 2 do artigo 67.º, no artigo
eminentes.
69.º, na alínea e) do n.º 1 do artigo 70.º e nos artigos 71.º e 72.º.

3. As mulheres têm direito a especial protecção durante a


Artigo 64.º
gravidez e após o parto, tendo as mulheres trabalhadoras ainda
(Saúde)
direito a dispensa do trabalho por período adequado, sem perda
da retribuição ou de quaisquer regalias.
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e
promover.
4. A lei regula a atribuição às mães e aos pais de direitos de
dispensa de trabalho por período adequado, de acordo com os
2. O direito à protecção da saúde é realizado: interesses da criança e as necessidades do agregado familiar.

a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em CAPÍTULO III


conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente Direitos e deveres culturais
gratuito; Artigo 73.º
(Educação, cultura e ciência)
b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que
garantam, designadamente, a protecção da infância, da juventude e da 1. Todos têm direito à educação e à cultura
velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho,
bem como pela promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e Artigo 74.º
ainda pelo desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas de (Ensino)
vida saudável.

1. Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à


Artigo 65.º igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.
(Habitação e urbanismo)

1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de CAPÍTULO III
dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que Direitos e deveres culturais
preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar Artigo 73.º
(Educação, cultura e ciência)

1. Todos têm direito à educação e à cultura

Artigo 74.º
(Ensino)

1. Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à


igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar

Art igo 115.º (Referendo)


5. Art igo 109.º 1. Os cidadãos eleitores recenseados no território
nacional podem ser chamados a pronunciar-se
directamente, a título vinculativo, através de
6. (Participação política dos cidadãos)
referendo, por decisão do Presidente da República,
mediante proposta da Assembleia da República ou
7. A participação directa e activa de homens e mulheres na vida do Governo, em matérias das respectivas
política constitui condição e instrumento fundamental de competências, nos casos e nos termos previstos na
consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover Constituição e na lei.
a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não
2. O referendo pode ainda resultar da iniciativa de
discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.
cidadãos dirigida à Assembleia da República, que
será apresentada e apreciada nos termos e nos
Art igo 113.º (Princípios gerais de direito eleitoral) prazos fixados por lei.
1. O sufrágio directo, secreto e periódico constitui a regra geral 3. O referendo só pode ter por objecto questões de

9
de designação dos titulares dos órgãos electivos da soberania, relevante interesse nacional que devam ser
das regiões autónomas e do poder local. decididas pela Assembleia da República ou pelo
2. O recenseamento eleitoral é oficioso, obrigatório, permanente Governo através da aprovação de convenção
e único para todas as eleições por sufrágio directo e internacional ou de acto legislativo.
universal, sem prejuízo do disposto nos n.ª 4 e 5 do artigo 15.º (…)
e no n.º 2 do artigo 121.º. 4. Cada referendo recairá sobre uma só matéria,
3. As campanhas eleitorais regem-se pelos seguintes princípios: devendo as questões ser formuladas com
o a) Liberdade de propaganda; objectividade, clareza e precisão e para respostas
de sim ou não, num número máximo de perguntas a
o b) Igualdade de oportunidades e de tratamento das
fixar por lei, a qual determinará igualmente as
diversas candidaturas;
demais condições de formulação e efectivação de
o c) Imparcialidade das entidades públicas perante as referendos.
candidaturas;
5. São excluídas a convocação e a efectivação de
o d) Transparência e fiscalização das contas eleitorais. referendos entre a data da convocação e a da
4. Os cidadãos têm o dever de colaborar com a administração realização de eleições gerais para os órgãos de
eleitoral, nas formas previstas na lei. soberania, de governo próprio das regiões
5. A conversão dos votos em mandatos far-se-á de harmonia com autónomas e do poder local, bem como de
Deputados ao Parlamento Europeu.
o princípio da representação proporcional.
6. No acto de dissolução de órgãos colegiais baseados no 6. O Presidente da República submete a fiscalização
sufrágio directo tem de ser marcada a data das novas preventiva obrigatória da constitucionalidade e da
eleições, que se realizarão nos sessenta dias seguintes e pela legalidade as propostas de referendo que lhe
tenham sido remetidas pela Assembleia da
lei eleitoral vigente ao tempo da dissolução, sob pena de
inexistência jurídica daquele acto. República ou pelo Governo.

7. O julgamento da regularidade e da validade dos actos de (….)


processo eleitoral compete aos tribunais. 7. As propostas de referendo recusadas pelo
Presidente da República ou objecto de resposta
Art igo 114.º (Partidos políticos e direito de oposição) negativa do eleitorado não podem ser renovadas na
1. Os partidos políticos participam nos órgãos baseados no mesma sessão legislativa, salvo nova eleição da
sufrágio universal e directo, de acordo com a sua Assembleia da República, ou até à demissão do
Governo.
representatividade eleitoral.
2. É reconhecido às minorias o direito de oposição democrática, 8. O referendo só tem efeito vinculativo quando o
nos termos da Constituição e da lei. número de votantes for superior a metade dos
eleitores inscritos no recenseamento.
3. Os partidos políticos representados na Assembleia da
República e que não façam parte do Governo gozam, (…)
designadamente, do direito de serem informados regular e
directamente pelo Governo sobre o andamento dos principais Art igo 117.º (Estatuto dos titulares de cargos políticos)
assuntos de interesse público, de igual direito gozando os 1. Os titulares de cargos políticos respondem
partidos políticos representados nas Assembleias Legislativas política, civil e criminalmente pelas acções e
das regiões autónomas e em quaisquer outras assembleias omissões que pratiquem no exercício das suas
designadas por eleição directa relativamente aos funções.
correspondentes executivos de que não façam parte. 2. A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e
incompatibilidades dos titulares de cargos
políticos, as consequências do respectivo
incumprimento, bem como sobre os respectivos
direitos, regalias e imunidades.
3. A lei determina os crimes de responsabilidade dos
titulares de cargos políticos, bem como as sanções
aplicáveis e os respectivos efeitos, que podem
incluir a destituição do cargo ou a perda do
mandato.

Art igo 118.º (Princípio da renovação)


1. Ninguém pode exercer a título vitalício qualquer
cargo político de âmbito nacional, regional ou local.
A lei pode determinar limites à renovação sucessiva de mandatos
dos titulares de cargos políticos executivos.

a) Identifique os direitos fundamentais constantes nestes artigos da Constituição da República Portuguesa.


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b)- Identifique os artigos da Constituição da República que conferem o direito de sermos activos social e
politicamente, preenchendo o quadro seguinte.

Artigos que conferem o direito de actividade política Artigos que conferem o direito de actividade social
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Grupo II
Direitos Humanos

Doc. nº 9 O mundo do pós-guerra


A II Guerra Mundial marcou o ponto de viragem decisivo na consciência dos direitos humanos e tornou clara a
necessidade de uma acção internacional no sentido da sua definição e salvaguarda.
Os lentos progressos na definição e aplicação dos direitos humanos registados até aos anos 30 deste século foram
simplesmente aniquilados pelo regime nazi. Começando por estabelecer leis discriminatórias relativamente ao acesso à
propriedade, ao emprego e à educação, a barbárie nazi acabou por provocar uma guerra mundial e por levar a cabo o maior e mais
sistemático processo de escravização e assassinato em massa que o Homem conheceu. No final da guerra, os campos de
concentração e de extermínio tinham assassinado seis milhões de judeus, dos quais mais de um milhão de crianças com menos de
dez anos. A odiosa teoria da superioridade rácica e a trágica consequência daí retirada da sua ―purificação‖ conduziu a que a
acção aniquiladora nazi se estendesse igualmente a outros grupos – ciganos, polacos, homossexuais, deficientes físicos e mentais,
opositores políticos, prisioneiros de guerra soviéticos.
A aliança que se verificara a nível mundial para derrotar as potências do Eixo manteve-se após o final da guerra, quando
a verdadeira dimensão das atrocidades cometidas foram conhecidas. O horror sentido em relação ao Holocausto marcou o
momento em que a luta pelos direitos humanos passou a ser encarada como uma preocupação e uma responsabilidade universais,
ao contrário do que se verificava antes da guerra, em que a responsabilidade pela protecção daqueles direitos era atribuída
individualmente a cada Estado.

Doc. nº 10
Redacção e Aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)

O árduo trabalho para o consenso

Em 1946, a Comissão dos Direitos Humanos empreendeu a tarefa de definir os direitos e liberdades fundamentais numa

11
―Carta Internacional dos Direitos do Homem‖, sob a direcção de Eleanor Roosevelt, viúva do Presidente dos EUA Franklin
Roosevelt e activista em prol dos direitos humanos. Outros elementos desta Comissão desempenharam papéis determinantes:
René Cassin, da França Charles Malik, do Líbano
Peng Chun Chang, da China Hernan Santa Cruz, do Chile
Alexandre Bogomolov, da União Soviética Alexei Pavlov, da União Soviética
Lord Dukeston, do Reino Unido Geoffrey Wilson, do Reino Unido
William Hodgson, da Austrália John Humphrey, do Canadá

Muitos mais contribuíram para a redacção da ―Carta‖, desde cidadãos de nove diferentes países a numerosas
organizações não-governamentais.
Mas coube ao grupo de delegados da Comissão o trabalho, sem precedentes até aí, de identificar os direitos e
liberdades que deveriam ser património de todos os seres humanos e por eles gozados individualmente daí para a frente.
À partida era necessário definir a natureza legal dessa Carta – uma declaração de princípios gerais, ou um acordo ou

tratado legalmente vinculativo. Em face da divisão das opiniões a este respeito, vingou a posição de Eleanor Roosevelt que

advogava a redacção de ambos. A ―Carta Internacional dos Direitos Humanos‖ passou então a designar, desde a decisão da

Comissão em 1947, o conjunto de documentos em fase de redacção. Contudo, a sequência dos trabalhos e das negociações

focalizou-se sobretudo na Declaração, embora se tenham criado três grupos de trabalho, um para a Declaração, outro para o

Acordo e um terceiro para as questões da entrada em vigor.

Uma primeira proposta foi finalizada em Dezembro de 1947 e apresentada aos Estados-membros para recolha de

comentários. Com esse conjunto de materiais, a Comissão voltou ao trabalho, mas não teve tempo de prosseguir os documentos

do pacto e da entrada em vigor. Apresentou uma versão revista da declaração em Junho de 1948 ao Conselho Económico e Social

que, por sua vez, o apresentou à Assembleia Geral. O Terceiro Comité da Assembleia Geral efectuou um debate e uma análise

exaustivos do texto da Declaração, através de 81 reuniões onde considerou 168 resoluções formais, e de 1400 votações sobre

praticamente cada palavra de cada artigo.

A 6 de Dezembro, o Terceiro Comité adoptou a declaração e enviou-a para a Assembleia Geral, onde, a 10 de Dezembro

de 1948, teve lugar a votação após um longo e vivo debate.

Quarenta e oito nações votaram a favor da declaração, oito abstiveram-se – os países do bloco soviético, a África do Sul

e a Arábia Saudita – e dois países estiveram ausentes. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada como o

primeiro dos instrumentos de promoção e salvaguarda dos direitos de todos e de cada ser humano. Pela primeira vez, o conjunto

organizado das nações produzia um documento de defesa dos direitos e liberdades fundamentais e inalienáveis de todos os

membros da família humana.

A magnitude do valor do trabalho efectuado pela Comissão tem vindo a impor-se nos últimos cinquenta anos. Apesar da

Declaração não possuir a força vinculativa de um tratado, tem vindo progressivamente a registar uma adesão universal.

De um conjunto de valores e princípios morais partilhados pelos Estados-membros das Nações Unidas, a Declaração tem

vindo a transformar-se num marco fundamental do Direito internacional, e a ser integrada como referência explícita nos textos

constitucionais de um número cada vez maior de países. (ver Constituição da República Portuguesa), isto é, embora que não seja

um documento que representa obrigatoriedade legal, aconselha-se que sirva de base ao direito positivo de cada país.

Desde a sua aprovação que os pactos, convenções e tratados efectuados sobre direitos humanos foram construídos

sobre as suas fundações. Foi, igualmente, o ponto de viragem fundamental para os movimentos de defesa dos direitos humanos,

sensibilizando a opinião pública para as injustiças. Os Direitos do Homem permitem saber quais são os comportamentos

adequados para com a Humanidade, clarificando o modo de tratar os outros.

12
Muitos vêem dualidades de critérios: denunciam-se as violações desses direitos num país, mas guarda-se silêncio em

relação a idênticas violações noutro país. Esta ―tentação do silêncio‖ deve ser desmascarada. Denunciar as violações dos Direitos

Humanos, qualquer que seja o local e as circunstâncias em que são cometidas, já faz parte hoje das obrigações da pessoa

comprometida com a situação do Mundo Contemporâneo.

Doc. nº 11
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e
inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a
consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do
terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem;
Considerando que é essencial a protecção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não
seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem,
na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a
favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações
Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a
tal compromisso:
A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos
os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito,
se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas
progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as
populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1.°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir
uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2.°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção
alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social,
de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto
político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente,
sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3.°
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4.°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são
proibidos.
Artigo 5.°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6.°

13
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.
Artigo 7.°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8.°
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os
direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9.°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10.°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal
independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que
contra ela seja deduzida.
Artigo 11.°
1 - Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no
decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2 - Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face
do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em
que o acto delituoso foi cometido.
Artigo 12.°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência,
nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13.°
1 - Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
2 - Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
Artigo 14.°
1 - Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
2 - Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por
actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 15.°
1 - Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2 - Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16.°
1 - A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça,
nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
2 - O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3- A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado.
Artigo 17.°
1 - Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade.
2 - Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18.°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar
de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público
como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19.°

14
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas
opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de
expressão.
Artigo 20.°
1 - Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas:
2 - Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21.°
1 - Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
2 - Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
3 - A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes público e deve exprimir-se através de eleições honestas a
realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a
liberdade de voto.
Artigo 22.°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos
direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com
a organização e os recursos de cada país.
Artigo 23.°
1 - Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à
protecção contra o desemprego.
2 - Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3 - Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência
conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
4 - Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus
interesses.
Artigo 24.°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a
férias periódicas pagas.
Artigo 25.°
1 - Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar,
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais
necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2 - A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimónio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26.°
1 - Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar
fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos
superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2 - A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades
fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou
religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Artigo 27.°
1 - Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar
no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.

15
2 - Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou
artística da sua autoria.
Artigo 28.°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente
efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
Artigo 29.°
1 - O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua
personalidade.

2 - No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei
com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer
as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
3 - Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações
Unidas.
Artigo 30.°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado,
agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos
e liberdades aqui enunciados.‖ livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para
com os outros em espírito de fraternidade.

1) Identifique os principais direitos e liberdades consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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Envolvido num ambiente de frenéticas manifestações, pela ameaça omnipresente


do ku Klux Klan, pelo clamor dos meios de comunicação e o caos de brutais
motins, um advogado jovem e idealista tem de montar um arrebatadora defesa
para evitar que um homem se torne numa vítima da batalha entre justiça e
preconceito.
Titulo: ―Tempo de matar‖
Actores: Sandra Bullock, Samuel L. Jackson, Matthew McConaughey e Kevin
Spacey
Realizador: Joel Schumacher
Duração: 143 minutos
Ano: 1996

16
Guião do filme
1- Qual foi a cena do filme que mais o tocou? Porquê?
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2- Identifique três direitos fundamentais que tivessem sido violados.


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Leia atentamente os seguintes textos:


Doc. nº 12
A Comissão de Direitos Humanos da ONU elaborou um relatório de cerca de 40
páginas onde, com base em testemunhos recolhidos junto de ex-reclusos e respectivos
familiares, concluem que o governo americano não só tortura os prisioneiros do campo de
concentração de Guantanamo, como lhes nega o legítimo direito a um julgamento imparcial
mantendo-os em prisão arbitrária, em alguns casos há mais de quatro anos. E a CDH da
ONU acusa:
- O governo americano desenvolve e prolonga um processo em que é,
simultaneamente, juíz, acusação e defesa.
- Das condições de reclusão constam ameaças físicas constantes, negação do direito de culto e comunicação privada com
os representantes legais, encarceramento em pequenas jaulas sujeitas às intempéries.
Tudo isto provoca uma profunda deterioração da saúde mental dos detidos.
Tendo em conta tudo isto, os cinco investigadores mandatados pela Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas,
consideram que o tratamento infligido aos prisioneiros é equivalente à tortura e, por isso, sugerem que o governo dos Estados
Unidos deve fechar as instalações de detenção da Baía de Guantanamo sem mais demora.
A reacção de Bush e do governo americano foi aquela que se esperava. Atacaram as Nações Unidas e o seu Secretário
Geral e consideraram que as informações divulgadas desacreditam as Nações Unidas.
Quanto à violação dos Direitos humanos hipocritamente tão apregoados pela Administração Bush noutras alturas, nada,
nem uma palavra.
Não é de estranhar, já que estamos a falar do imperialismo norte-americano, responsável pela chacina de centenas de
milhares de pessoas civis no Afeganistão e no Iraque, onde os Direitos Humanos mais elementares são violados e ignorados
diariamente.
Trata-se de um governo que mantém o criminoso bloqueio económico a Cuba, só porque o povo cubano decidiu que tinha
direito a decidir do seu destino.
Estamos a falar de um governo que mantém no seu país o maior campo de treinos e base de acção terrorista do planeta, o
Pentágono, onde foi preparado o plano terrorista que derrubou o governo legítimo de Salvador Allende, colocou no poder
Pinochet e assassinou milhares de democratas chilenos porque ousavam ter o direito de pensar diferente e questionar os
interesses económicos das multinacionais americanas.
É lá que estão a ser preparadas as acções terroristas com que a CIA pensa derrubar o governo legítimo da Venezuela e o
seu Presidente Hugo Chávez.
Em conclusão, não devem causar surpresa as conclusões a que chegou a Comissão dos Direitos Humanos da ONU sobre a
situação dos prisioneiros de Guantanamo. A repressão física e psicológica, as acções terroristas visíveis ou invisíveis têm sido e
vão continuar a ser uma constante na política externa e interna do governo norte-americano, por uma (entre outras) razão de
fundo, faz parte da essência do capitalismo recorrer a tudo o que tiver ao seu alcance para defender os seus interesses de
classe, sempre que estejam ameaçados.
E na actualidade, embora até possa não parecer, estão ameaçados em muitas partes do mundo, onde a Administração Bush
e Companhia vão mandar os direitos humanos às urtigas e tomar medidas para continuar a garantir às multinacionais os chorudos
lucros que querem continuar a ter, mesmo que seja, como está a acontecer, à custa da miséria e da própria vida de milhões de
seres humanos.
Compete aos povos lutar contra esta barbárie e inverter o curso dos acontecimentos.
http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=5306

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doc. nº 13
Morrer e viver em Darfur
O conflito de Darfur (ou genocídio de Darfur) é um conflito armado em andamento na região de Darfur, no oeste do Sudão, que
opõe principalmente os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nómadas africanas de língua árabe e religião
muçulmana - e os povos não-árabes da área. O governo sudanês, embora negue publicamente que apoia os janjawid, tem fornecido
armas e assistência e tem participado de ataques conjuntos com aquele grupo miliciano. O conflito teve início em Fevereiro de
2003.
As mortes causadas pelo conflito são estimadas entre 50 000 (Organização Mundial da Saúde, setembro de 2004) e
450 000 (Dr. Eric Reeves, 28 de Abril de 2006). A maioria das ONGs trabalha com a estimativa de 400 000 mortes. O número
de pessoas obrigadas a deixar seus lares é estimado em 2 000 000. A mídia vem descrevendo o conflito como um caso de
"limpeza étnica" e de "genocídio". O governo dos EUA também o considera genocídio, embora as Nações Unidas ainda não o
tenham feito.
Quando os combates se intensificaram em Julho e Agosto de 2006, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a
Resolução 1706, de 31 de Agosto de 2006, que prevê o envio de uma nova força de manutenção da paz da ONU, composta de 20
000 homens, para substituir as tropas da União Africana presentes no local, que contam com 7 000 soldados. O Sudão opôs-se à
Resolução e, no dia seguinte, lançou uma grande ofensiva na região.
Como começou este conflito? Em 2003, dois grupos armados da região de Darfur rebelaram-se contra o governo central sudanês,
pro-árabe. O Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de Liberação Sudanesa acusaram o governo de oprimir os não-
árabes em favor dos árabes do país e de negligenciar a região de Darfur. Em reação, o governo lançou uma campanha de
bombardeios aéreos contra localidades darfurenses em apoio a ataques por terra efetuados por uma milícia árabe, os janjawid.
Estes últimos são acusados de cometer grandes violações dos direitos humanos, inclusive assassinatos em massa, saques e o
estupro sistemático da população não-árabe de Darfur. Os janjawid também praticam o incêndio de vilarejos inteiros, forçando
os sobreviventes a fugir para campos de refugiados localizados em Darfur e no Chade; muitos dos campos darfurenses
encontram-se cercados por forças janjawid. Até o verão de 2004, entre 50 000 e 80 000 pessoas haviam sido mortas e pelo
menos um milhão haviam fugido, provocando uma grande crise humanitária na região.
―Os janjaweeds aparecem, geralmente, ao amanhecer. Atiram tochas para as cubatas. Destroem os altos silos de terracota que
deixam escapar, e depois incendiar, fardos de painço e sorgo. Giram em torno dos braseiros, com gritos terríveis. Arrancam as
crianças dos braços das mães para as atirarem vivas para a fornalha. Violam as mulheres, espancam-nas, esventram-nas. Reúnem
os homens e abatem-nos com metralhadora. E, quando finalmente está tudo queimado, quando só restam da aldeia ruínas
dispersas e fumegantes, reagrupam os animais amedrontados e conduzem-nos para o Sudão (…)‖ Visão, 27 de Março de 2007

doc. nº 14

Em 1966, uma rapariga de dezassete anos chamada Fauziya Kassindja chegou ao Aeroporto Internacional de Newark e
pediu asilo. Tinha fugido do seu país natal, o Togo, pequena nação do oeste africano, para escapar ao que ali as pessoas chamam
de ―excisão‖. A excisão é uma intervenção desfiguradora por vezes chamada ―circuncisão feminina‖, embora tenha poucas
semelhanças com essa prática judaica. É mais frequentemente referida, pelo menos nos jornais de países ocidentais, como
―mutilação genital feminina‖.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a prática está disseminada por vinte e seis países africanos, sendo em
cada ano objecto de ―excisão‖ dois milhões de raparigas. Nalguns casos, a excisão é parte de um elaborado ritual tribal,
realizado em pequenas aldeias tradicionais, e as raparigas anseiam submeter-se a ele porque isso assinala a sua aceitação no
mundo adulto. Noutros casos, a prática é realizada por famílias citadinas em jovens que lhe resistem desesperadamente.
Fauziya Kassindja era a mais jovem de cinco filhas de família muçulmana devota. O seu pai, proprietário de uma bem
sucedida empresa de camionagem, opunha-se à excisão, e tinha a capacidade de se opor à tradição por causa da sua riqueza. As
suas primeiras quatro filhas casaram sem ser mutiladas. Mas quando Fauziya tinha dezasseis anos, ele morreu subitamente.
Fauziya ficou então sob tutela do avô, que ajustou para ela um casamento e se preparava para a submeter à excisão. Fauziya
ficou aterrorizada e a mãe e a irmã mais velha ajudaram-na a fugir. A mãe, tendo ficado sem recursos, teve de pedir desculpas
formais e submeter-se à autoridade do patriarca que ofendeu. (…)‖ James Rachels, Elementos de Filosofia Moral

1- Após o visionamento do PowerPoint ―Direitos Humanos , hoje‖ e de ler os textos, acha que este tipo de situações
coloca em causa a sustentabilidade da comunidade global? Porquê?
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2- Identifique outras situações, que conhece do seu dia a dia, que podem colocar em causa a sustentabilidade da
comunidade global.
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3- Considera importante a salvaguarda destes direitos? Porquê? Exemplifique com uma situação abordada
anteriormente.
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Grupo III
― O prodigioso desenvolvimento industrial e tecnológico baseado na ideia de que o meio natural é um recurso a
explorar pelos seres humanos cumulou a humanidade de benesses. Contudo, foi tão desenfreada tal exploração, desrespeitou de
tal modo os equilíbrios naturais que, hoje em dia, grande parte do planeta está contaminado.
Está pois, em risco o futuro de todas as espécies que o povoam. É esta a advertência dos vários movimentos
ecologistas actuais. Tal como superámos a errada concepção de que a Terra era o centro do Universo, temos de ultrapassar a
ideia de que o ser humano é dono e senhor do planeta que habita. É do nosso próprio interesse considerarmo-nos como seres
naturais, que vivem na natureza e tentar que a nossa existência se desenvolva em harmonia com as outras espécies. A Terra é a
nossa casa, não um simples objecto de consumo. O movimento ecológico chama a atenção para esta urgente mudança de
perspectiva: a cultura consumista deve ser substituída por novos hábitos de comportamento mais de acordo com a natureza, que
poupem os precisos recursos naturais e encontrar formas de crescimento económico que respeitem os
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equilíbrios naturais.
A humanidade é actualmente capaz de modificar radicalmente ou mesmo destruir o meio natural, a biosfera e os
seus habitantes. É urgente que nos tornemos responsáveis a respeito das gerações futuras, isto é, que reconheçamos o direito a
um plante habitável como um direito dos que ainda não nasceram. Esse compromisso vital foi defendido pelo filósofo alemão Hans
Jonas na obra ―O princípio de responsabilidade‖ (…) Nessa Obra, dá-nos a entender que a acção das gerações humanas actuais
deve ter um sentido fundamental: assegurar a possibilidade de uma existência digna às gerações futuras mediante a salvaguarda
da qualidade de vida. A responsabilidade a respeito das gerações futuras exige que lhes leguemos um planeta habitável e que não
alteremos as condições biológicas da humanidade.
Qual é o nosso dever no momento actual para que essa finalidade se cumpra? Antecipar as consequências
eventualmente nefastas do nosso poder científico-tecnológico e impor limites à sua dinâmica suicida.
Para Hans Jonas a ciência e a técnica têm sido postas exclusivamente ao serviço de um aumento ilimitado do poder
sobre a natureza para implementar o desenvolvimento industrial e a voracidade da sociedade consumo. Ora, a ciência e a técnica
são indispensáveis para, tornando-se sistemas produtivos respeitadores das exigências ecológicas, lutar pela preservação do
planeta e da espécie humana. O futuro da humanidade, agora concebida como perecível (às mãos do próprio Homem) é o dever
supremo dos seres humanos. Esse dever implica o respeito pela natureza, o reconhecimento de que há ―direitos da natureza‖. Por
aí passa a fidelidade, o compromisso responsável com as gerações vindouras‖ Luís Rodrigues, Filosofia, Plátano Editora, pg. 310

Após a leitura do texto apresentado redija um texto reflexivo subordinado ao tema: ―Os Direitos
Humanos e a preservação da natureza‖.
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