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ISADORA DE MELO – ES102426 – DIR365 – UNIDADE II

PRÍNCIPIOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO

→ CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:
• Os princípios fundamentais da Constituição, chamados por Canotilho de
estruturais, não possuem o objetivo de regular situações específicas, pois possuem
maior amplitude, além de terem um caráter normativo, garantindo caráter
sistemático à Constituição e servindo de critério para criação e interpretação de
normas.
• Ainda sobre a definição de Canotilho, os princípios estruturantes alicerçam a
organização política do Estado, teórica e de pensamento, além das convicções das
assembleias constituintes.

→ PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO:


• São os valores fundamentais e estruturantes do Estado, postulados normativos
interpretativos – princípios instrumentais e normas jurídicas vinculantes-, que
estabelecem as diretrizes políticas inerentes à forma e estrutura de governo e
Estado. Tais princípio são muito importantes para manter a legitimidade do
Estado.

→ PRINCÍPIO REPUBLICANO:
• República: sendo uma forma de poder, a república se contrapõe à monarquia, pois
o povo detém o poder soberano, enquanto no absolutismo, pertence ao rei. Ela
possui como base a igualdade entre os indivíduos, a eletividade dos representantes
políticos – vinculados à vontade popular - e a responsabilidade política do Chefe
de Governo e de Estado, diferentemente do absolutismo.
• O Princípio Federativo:
-O Federalismo é uma forma de Estado, em que há uma união indissolúvel
de organizações políticas dotadas de autonomia para a criação e
manutenção do Estado Federal, o que é descrito no art.18, caput, da CF/88;
-A soberania pertence ao Estado Federal, e os entendes federados possuem
certa autonomia;
-Sua base está na descentralização política, com a repartição de
competências, que podem variar conforme o Estado;
-No Brasil, tem-se um federalismo centrífugo, com a descentralização do
Estado unitário - com certa centralização de poder;
• O Estado Democrático de Direito (Estado de Direito Democrático): o Estado de
Direito baseia-se na norma, com uma impessoalidade do poder político, que se
submete à lei, logo, um Estado Constitucional. Vale ressaltar que a Democracia
exige a participação popular no poder político que, afinal, seja ela direta ou
indireta, deve ocorrer. Atualmente, a ideia de democracia reflete à superioridade
da Constituição, direitos fundamentais, legalidade das ações estatais, garantias
jurídicas e processuais, com a escolha de atores políticos, proteção constitucional
e o protagonismo da vontade popular, além da possibilidade de ditar publicamente
a respeito de decisões de questões - conforme afirma Cláudio Pereira Souza Neto.
Com isso, tem-se a ideia de democracia semidireta, com cunho participativo, com
o objetivo de desenvolver uma cidadania total e inclusiva, com liberdades, como
com:
-Plebiscito – art. 14, I;
-Referendum – art. 14, II;
-Iniciativa legislativa popular – art. 14, III, e art. 61;
-Ação popular – art. 5, LXXIII.

Ademais, nota-se que a soberania popular é a base desse Estado, com a


participação total do povo e a garantia dos direitos fundamentais. Seus princípios
são o da constitucionalidade, do sistema de direitos fundamentais, justiça social,
igualdade, divisão de poderes, legalidade e segurança jurídica, com o Estado
seguindo a vontade popular.

Segundo José Afonso da Silva, resumidamente, “a democracia que o EDD realiza


há de ser um processo de convivência social numa sociedade livre, justa e solidária
(art. 3º, I) em que o poder emana do povo, e deve ser exercido em proveito do
povo, diretamente ou por representantes eleitos (art. 1º, parágrafo único);
participativa, porque envolve a participação crescente do povo no processo
decisório e na formação dos atos de governo; pluralista, porque respeita a
pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe, assim, o diálogo entre opiniões
e pensamentos divergentes e a possibilidade de convivência de formas de
organização e interesses diferentes da sociedade; há de ser um processo de
liberação da pessoa humana das formas de opressão que não depende apenas do
reconhecimento formal de certos direitos individuais, políticos e sociais, mas
especialmente da vigência de condições econômicas suscetíveis de favorecer o seu
pleno exercício”.

Outrossim, o autor também afirma que “o princípio da legalidade é também um


princípio basilar do EDD. É da essência do seu conceito subordinar-se à
Constituição e fundar-se na legalidade democrática. Sujeita-se, como todo Estado
de Direito, ao império da lei, mas da lei que realize o princípio da igualdade e da
justiça não pela sua generalidade, mas pela busca da igualização das condições
dos socialmente desiguais. Deve, pois, ser destacada a relevância da lei no EDD,
não apenas quanto ao seu conceito formal de ato jurídico abstrato, geral,
obrigatório e modificativo da ordem jurídica existente, mas também à sua função
de regulamentação fundamental, produzida segundo um procedimento
constitucional qualificado”. Devendo a lei ser justa e buscar a igualdade dentro da
Democracia.

→ PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES (FUNDAMENTAIS):


• Artigos 1º a 4º da CF/88.
• Artigo 1º: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a
dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; V - o pluralismo político. P.U.: Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”.
• A Soberania surge com a ideia de Estado Nacional. Assim, Jean Bodin, em 1576,
define a summa potestas, ou seja, a soberania do rei. Já Rousseau, em 1762, define
a soberania popular, dialogando com a democracia. Ela possui como principais
características a unidade, indivisibilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
Ademais, tem-se, atualmente, uma flexibilização da soberania com os efeitos da
Globalização e do Direito Comunitário – Internacional.
• A Cidadania é a participação política dos indivíduos e entidades nas discussões
do Estado, indo além dos direitos políticos e da capacidade de votar e ser votado,
podendo o povo a participar a todo momento dos assuntos do Estado. Logo,
conforme afirma Bernardo Golçalves Fernandes, a cidadania é um status e um
direito, sendo um processo, com os direitos fundamentais do homem, pela nova
ideia de cidadania firmada em uma Constituição dirigente – segundo José Affonso
da Silva.
• A Dignidade humana, na antiguidade, advinha da posição social do indivíduo na
sociedade estratificada. Já na Idade Média, baseada nos ideais religiosos, a
dignidade estava ligada a autonomia. Com a influência do Racionalismo e
Iluminista, dessacraliza-se o ideal de dignidade humana, pois o homem passa a
ser visto como o centro das relações, e não a Igreja. No período pós-Guerras,
houve a valorização da igualdade e dos direitos humanos para a obtenção da
dignidade humana. Nos dias atuais, a dignidade passou a ser uma meta-princípio,
ou seja, deve ser atingida, mas também seguida, tendo os direitos a vida,
propriedade, liberdade e igualdade sob a dignidade humana. Segundo Bernardo
Fernandes e Ingo Sarlet, a dignidade humana é um superprincípio, de extrema
relevância, com um objetivo integrador e hermenêutico. Sobre isso, tem-se os
parâmetros para aferir a dignidade humana:
-Não instrumentalização, pois o indivíduo não é um fim em si mesmo, e
não meio;
-Autonomia existencial: cada indivíduo tem autonomia e direito para viver
da forma que escolher (licitude e pluralismo);
-Direito ao mínimo existencial, logo, condições básicas materiais para que
se tenha uma vida digna e para o exercício das liberdades privadas e
públicas, ou seja, autonomia existencial e direitos políticos;
-Direito ao reconhecimento, ou seja, não discriminação.
• Os Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são as garantias de condições
justas de trabalho e remuneração, buscando a realização do indivíduo, com seus
direitos trabalhistas dignos. A livre iniciativa consiste, resumidamente, na
liberdade da empresa e de contrato, para assegurar dignidade e justiça – tais
questões são abordadas no artigo 170 da CF/88. Vale ressaltar que o benefício do
mercado não deve ficar à frente aos direitos básicos do trabalhador.
• O Pluralismo político – do princípio democrático – confere proteção jurídica a
diferentes pensamentos, devendo o Estado respeitar ambos. Segundo Bernardes
Fernandes, o pluralismo político também assegura a participação em partidos.
• Artigo 2º: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”:
-Cláusula pétrea: CF, art. 60, § 4º;
-Limitação do poder pelo poder garante a liberdade pública, afinal, o poder
é limitado pela liberdade garantida, conforme já fora visto;
-Para Canotilho, a separação de poder pode ser positiva, afinal, estrutura
os poderes constituídos, ligando suas atribuições, e, ainda, negativa, pois
acabar por controlar as relações entre os poderes.
• Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3°): “Art. 3º
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I -
construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento
nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, referindo-se,
então, à busca da promoção de uma vida digna com igualdade.
• Princípios responsáveis por reger as relações internacionais do Brasil: “Art. 4º - A
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III -
autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os
Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao
terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade; X - concessão de asilo político. P.U.: A República Federativa do
Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações”, norteando as relações internacionais do país e indo de acordo com as
normas de parte dos demais países.

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